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s* Emérico Lobo de Mesquita Rica e, em I8oo, pârâ o Rio de Janeiro, no


momento em que o também mulato José

José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita


foi Maurício Nunes Garcia (t7 6Z -t 8 I o) chegava
um dos principais compositores do chamado à idade adulta. Em todos esses locais, sua
barroco mineiro. Nascido na Vila do Príncipe atividade certamente dividia-se entre o ensino, a

do Serro Frio em 1746, de pai português e organização de orquestres pere as funções


mãe escrava, é autor de inúmeras obras, embora religiosas de destaque e compromissos
muitas tenham se perdido. assumidos com ume ou mais irmandades, No
A dimensão do movimento musical de Minas final de I 80 I, já no Rio, reconhecido como
Gerais na segunda metade do século XVIII, professor de música e organista, ajustou-se
bastante equivalente àquela das artes plásticas, com a Ordem Terceira de Nossa Senhora do
ficou ignorada e despr ezada até meados do Carmo para tocer o instrumento, recentemente
século XX, quando se iniciaram as pesquisas do reparado, nas missas, em todos os sábados,
musicólogo uruguaio Francisco Curt Lange. domingos e dias santos, com o pegamento
Desde então, alocalização e reconstituição de anual de 40 mil réis ea obrigação de

partituras não mais cessou, embora ainda se providenciar um substituto em suas faltas.
mostre insuficiente. Na realidade, com Nessa posição, viria a falecer em I o de abril de
freqüência as composições aparecem em cópias r 8o5. (GPN)
de segunda ou terceira mão, reahzadas por
membros de alguns dos conjuntos locais do *; Referências BibliográJicas

século XIX e inícios do XX, que continuaram a BARBOSA, E. C. C. et alii. O ciclo do ouro: o tempo e

utilizá-las até o fim deste século, como é o caso Rio de Janeiro, PUC-RJ,
a música do barroco católico.

da orquestra Ribeiro Bastos, de São João del I979; LANGE, F. C. "Os compositores na
R"y. capitania geral das Minas Gerais". Estudos

De qualquer modo, esses Pesquisas revelaram históricos. Marília, )/ 4: ) ) -I 12, 196 5;

uma intensa atividade musical na capitania, REZENDE, M. C. A música na história de Minas

enuolvendo um numeroso contingente de colonial. Belo Horizonte, Itatiaia, I989.


cantores e instrumentistas vivendo basicamente
de seu ofício. Muitos deles demonstravam um
considerável domínio técnico e o conhecimento
de algumas das novidades européias da época. SD Engenho
Como no ceso dos artífices plásticos, sua
atuação girava em torno das irmandades e das O engenho de açúcar éa unidade produtiva que
festas e cerimônias que promoviam, a sua melhor caracterìzaas condições de riqueza,
produção consistindo quase exclusivamente em poder, prestígio e nobreza do Brasil colonial.
música religiosa. Ser proprietário de engenho, nas palavras que
Inicialmente, Lobo de Mesquita estabeleceu-se iniciam o livro de Antonil (t7tt), significava a

no Arraial do Tejuco (atual Diamantina), onde aspiração maior dos contemporâneos: "O ser

atuou por 20 anos como mestre de música e, a senhor de engenho é título a que muitos
partir de 1784, como organista da irmandade aspiram, porque traz consigo o ser servido,
do Santíssimo Sacramento da matriz de Santo obedecido e respeitado de muitos." Eram
Antônio. Em 1798, transferiu-se para Vila equiparados, portento, em terras coloniais, aos
. i"

E engenho b}l Drctos-ÁRÍo Do B*Àsn Corón-t,rr

Acima: Frans Post, gravura extraída do livro de foice, pera e lavoura, os da moenda e, ainda, os
Gaspar Barléu, Rerum per octennium in Brasilia ü alibí domésticos. O senhor administrava também
nuptr gestarum, I647 .
sua família, mulher, filhos e agregados,
transpondo ao governo da casa o poder que
fidalgos do reino, espécie de "nobreza da adquirira na administração da produção e nâ
terra", como Evaldo Cabral de Mello esfera política. O cabedal (bens) que tinha de
caracterizou a "açucarocracie" pernambucana. ter um senhor do chamado engenho real
Mas havia hierarquias entre os engenhos. O deveria ser grande o suficiente para enfrenrar os
mais rico e complexo era o engenho real, movido elevados custos de implantação e
a água, que poderia chegar produzir quarro
a funcionamento do engenho. Isto sem falar nas
mil pães de açúcar, incluindo as canas moídas secas ou chuvas excessivas, de modo que,
de sua propriedade e as de lavradores sem mesmo com quebra de safra, rinham que saldar
engenho. Esses senhores tinham em torno de si suas dívidas, pois o crédito era o maior cabedal
uma grande variedade de oficiais de serviço a de um senhor honrado. Os demais engenhos,
soldo, necessários à produção, como mestre de movidos por escravos ou animais, e as
açúcar, purgador, calafares, carpinteiros, engenhocas, voltadas pera a produção de
pedreiros, carreiros, oleiros, vaqueiros, aguardente, exigiam investimento menor.
pastores, pescadores, caixeiros, feitores. E um Foi com base no citado Cultura e opulência do
grande número de escravos: os de enxada e Brasil, de Antonil, que diversos historiadores
8D .DrcroxÁR,Ío Do Bn,rsrl CoLo^-LeL engenho

escreveram sobre os engenhos coloniais. Ao IOO e I50. Segundo Schwartz, são esles os

lado de outros documentos, como cartes de que mais se assemelham à imagem idealizada
sesmaria e correspondência oficial entre os do engenho colonial, mas eles erem atípicos.
administradores ea metrópole, esse livro Em outras áreas açucareiras do Brasil, o padrão
acabou determinando o modelo de engenho era ainda mais reduzido, como os Campos dos

colonial: latifundiário, com escravaria de I5o Goitacases, na capitania do Rio de Janeiro, em


ou 2oo trabalhadores. Antonil o escreveu em que o número médio de escravos por engenho
forma de manual, pretendendo ser útil aos que era de ) 5, no fim do século XVIII. O porte dos
queriam dedicar-se à produção açucareira, engenhos da Bahia, considerados os maiores do
alertando para toda sorte de desventura a que Brasil colonial, ea estrutura de posse de
esteriem su;eitos caso não tivessem cabedal e escravos para todas as categorias populacionais

conhecimento suficientes. O autor tinha como diferem muito do observado noutras colônias
referência o bem-sucedido engenho de Sergipe açucareiras, como nas Antilhas, onde era
do Conde, grande unidade açucareira dos comum a existência de propriedades com mais
jesuítas no recôncavo baiano. Antonil escrevia de IOO escrâvos. Na Bahia, ao contrário, a

um pouco sobre o que observara e muito sobre escravaria mais comum mal atingia 2o cativos.

o que considerava teoricamente adequado. Schwartz conclui que nem o escravo nem o
Muito se escreveu sobre os privilégios dos senhor de engenho típicos viviam nos grandes
senhores de engenho com base no modelo de engenhos do Brasil colonial. Mas, em todas as

Antonil, mas sem o apoio de fontes seriadas áreas açucareiras estudadas, erâm os donos de

que permitissem comparações. O modelo do engenho os que mais concentravam mão-de-


senhor de engenho com poder ilimitado, dono obra escrava em relação ao conjunto de
de centenas de escravos e de terras sem fim, senhores, sinal evidence de riqueza, sendo eles
ganhou proporções mais modestas em os mais prestigiados, conforme sugeria Antonil.
pesquisas baseadas noutras fontes. Exemplo A lucratividade dos engenhos era muito variada,
disso dá-nos o trabalho de Stuart Schwartz pois a agricultura dependia enormemente de
relativo à Bahia. Nele se percebe a atipicidade fatores climáticos. Calcula-se em torno de Io%
do engenho de Sergipe do Conde. Fundado por a lucratividade anual média de um engenho.
Mem de Sá, em meados do século XVI, Certos elementos, entretanto, poderiam levar
recebido pela irmã, a condessa de Linhares, seus proprietários à falência, situação muico
como herança, depois transferido aos jesuítas, freqüente, como chuuas ou secâ por períodos
era engenho muito diferente do comum dos longos, morte de escravos (em epidemias),
engenhos coloniais. endividamento, ausência de lenha etc., o que
Levantamentos gerais sobre as propriedades do provocava grande rotatividade entre os
período colonial só existem em relação ao final possuidores. Raramente a propriedade de um
do século XVIII e início do XIX. Constâtou-se engenho passavâ para a segunda geração. A
que a grande maioria dos engenhos não possuía imagem criada sobre os engenhos de açúcar
tante terra nem tantos escravos quento se coloniais está mais vinculada à importância
supôs, epesar da favorável conjuntura do simbólica dos que detinham sua propriedade do
açúcar. O número médio de escravos por que aos rendimentos reais que auferiam. A
engenho era de 6J. Apenas um engenho tinha lucratividade no comércio era bem maior do que
mais de 2OO escravos e só I5% tinham entre a obtida na agriculture, mas o verdadeiro
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E enlwados J}'; DrcroNÁRro
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Do BnatLr,Cor-ÕNrer

prestígio residia em ser senhor de terras e de associadas eo sentimento de culpa e ao pecado.


homens, sinal de nobrezatípico do Antigo No século XVII, Antônio Vieira associou, num
Regime. A possibilidade de riquezaesteve no sermão, a loucura ao amor, isto é, eo amor
comércio, mas o prestígio e a nobreza profano, à paixão desordenada. Há quem afirme
vinculavam-se à terra, que por sua vez produzia que os saberes europeus dos séculos XVI e

gerações mais empobrecidas. Daí o sentido do XVII ignoravam de tal maneira os loucos que
ditado popular colonial que indicava este os tratavem como possuídos pelo demônio, os
movimento: "pai taberneiro, filho barão e neto possessos (que mais tarde virariam mesmo
mendicante". (SCF) sinônimos de loucos). Mas não é exato,
tratando-se do século XVI. Diferenciava-se o
possesso do louco, embora o primeiro fosse
ANTONIL, A. J. Cultura e opulência do Brasil por dispensado ao cuidado de exorcistes, ao pesso
suas drogas e minas. (tZt t). 2u ed. São Paulo, que o segundo foi deixado à deriva por muiro
Melhoramenros, L976; FARIA, S. C. ,4 colônia em tempo. Até o século XMII, não havia saberes
movimento: fortuna e Jamília no cotidiano colonial. Rio médicos organizados sobre a loucura, nem
de )aneiro, Nova Fronteira, I998; MELLO, E. instituições asilares específicas.
C. Olinda restaurada: gl,terra e açúcar no nordeste A documentação inquisitorial relativa ao Brasil
(rglò.2u ed. Rio de Janeiro, Topbooks, I998; colônia fornece umas reras pistas sobre os
SCHWARTZ, S. B. Segredos internos: engenhos e loucos daquele tempo. Na visitação
escravos na sociedade colonial. (I985) Trad. São inquisitorial de I 59I-95, por exemplo,
Paulo, Companhia das Letras, I988. apareceram homens cuja conduta foi
considerada de aluados, porque gritavam coisas
sem nexo. Nesses casos, ovisitador sequer
mandou anoter as "sem-razões" que porventura
ô; E,nluados disseram os enluados. Noutros câsos,
indivíduos foram tidos como aluados porque
Enluado, aluado elunático eram expressões cometiem extravagâncias quando da "mudança
utilizadas no século XVI para designar os das luas", espancando pessoes, urrando,
loucos ou, pelo menos, os que tinham "ecessos quebrando objetos. Alguns até admitiam que
de loucura". Embora fosse muiro rematizada no sofriam de tais acessos "por causa das luas".
século XM, inspirando pinturas e livros Testamentos dos séculos XVII e XVIII ttazem,
importantes, a loucura não era então igualmente, expressões e fórmulas
medicalizade e quese não deixou vestígios nos interessantes pere nominar os loucos:
arquivos. Filosoficamente, erâ pensada como "demente", "embestado", " v azio de juí2o",
um e stado d'alma situado na fronteira enrre a "padece em tempos de lua suas loucuras". Era
sabedoria extrema ea sem-razão absoluta. Os senso comum que a lua exercia especial
loucos eram pintados como seres influência sobre certos indivíduos, havendo
extravagantes, por vezes bufões, porém mesmo uma tratadística sobre o assunto que
integrados na vida das comunidades. Os dataua de séculos. O direito eclesiásrico rocou
jesuítas deixaram escritos que, tratendo dos no assunto, a exemplo das Constituições do
estados d'alma, tangenciaram a loucura, Arcebispado da Bahia (tZoZ), que proibia aos
aproximando-a da melancolia, ume e outra doudos edesasisados de contrair matrimônio,

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