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RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 239

RECURSO EXCEPCIONAL
ADESIVO CRUZADO

Pedro Miranda de Oliveira1

Resumo: é um breve en-


Recurso excepcional adesivo cruzado

saio que visa a analisar os principais aspectos relativos a esta


modalidade recursal que assim ousamos denominar. Em sín-
tese, trata-se de recurso extraordinário ou especial que ade-
re, respectivamente, a recurso especial ou extraordinário, de
forma, podemos dizer, . Pouco se escreveu sobre o
cruzada

assunto, isso para não afirmarmos que nada existe na dou-


trina processual brasileira e para se evitar injustiça aos auto-
res que eventualmente tenham tratado do tema, mas que,
não obstante, desconhecemos seus textos. Por outro lado, em
incessante pesquisa realizada na base de dados dos tribu-
nais superiores (STF e STJ) não encontramos registro algum
acerca do assunto, embora saibamos que estas pesquisas
jurisprudenciais são perfeitamente falíveis. Esse pouco (ou
nenhum) interesse da doutrina aliado à escassa (ou ausência
de) jurisprudência poder-nos-ia fazer pensar que o tema pro-
posto é desinteressante. No entanto, o assunto a que nos pro-
pusemos suscitar coloca em evidência uma das maiores ino-
vações do sistema recursal brasileiro introduzida pelo CPC
de 1973, qual seja, a forma adesiva de interposição de recur-

1
Especialista em Direito Processual Civil pela UFSC; Mestre em Direito pela PUC-PR; Douto-
rando em Direito pela PUC-SP; Advogado.

REVISTA DA ESMESC, v.13, n. 19, 2006


240 PEDRO MIRANDA DE OLIVEIRA

sos, bem como sua aplicação no instigante âmbito dos recur-


sos excepcionais. O instituto em apreço pode realmente le-
vantar muitas questões, algumas sedutoras. Daí a relevância
do estudo, na medida em que o debate acerca do recurso ex-

está apenas iniciando.


cepcional adesivo cruzado

Palavras-chaves: Recurso, recursos excepcionais (extraordi-


nário e especial); Forma adesiva de interposição; Recurso ex-
cepcional adesivo cruzado.
Abstract: Special cross appeal is a brief essay that aims to
analyze the main aspects related to this type of appeal,
denominated as such by us. In summary, it is an extraordinary
or special appeal that adheres, respectively, to a special or
extraordinary review, in a cross form, so to speak. To our
knowledge, little has been written on the subject - we state
that not to affirm that it does not exist within the Brazilian
procedural doctrine and to avoid being unfair to authors that
might have dealt with this subject; nonetheless, we don’t know
of any other text on it. On the other hand, after incessant
research within the database of the Federal Court of Appeals
and the Supreme Court (Superior Tribunal de Justiça and Su-
premo Tribunal Federal) we couldn’t find any records
regarding the subject, although we know that such case law
reseraches may be perfectly fallible. That lack of interest by
the doctrine (or its absence altogether) and the scarcity (or
absence) of jurisprudence could lead us to think that the subject
in examination is uninteresting. However, it highlights the
greatest innovations of the brazilian appeals system introduced
by the Code of Civil Procedure (Código de Processo Civil -
CPC) of 1973, that is, the cross form of appeal intervention, as
well as its application in the stimulating sphere of exceptional
appeals. The institute under examination may sure raise many
questions, some of them quite attractive, which render this
study relevant, in so far as the debate concerning cross appeal
is just starting.
Key words: Appeal, extraordinary reviews, special reviews;
Cross form of intervention; Cross appeal.

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1 Introdução

O objeto do presente ensaio consiste na análise dos princi-


pais aspectos relativos ao que ousamos denominar recurso ex-
cepcional adesivo “cruzado”. Em síntese, essa espécie recur-
sal está consubstanciada no recurso extraordinário ou especial
que adere, respectivamente, a recurso especial ou extraordiná-
rio, de forma, podemos dizer, cruzada.
De início, convém registrar que a classificação dos recursos
em ordinários e extraordinários (lato sensu) ou excepcionais
foi duramente criticada por parcela significativa da doutrina pro-
cessual brasileira, entre os quais destacamos Barbosa Moreira2
e Ovídio Baptista da Silva3, este último ao argumento de que
“esta é uma classificação freqüente tanto na doutrina brasileira
quanto na lição de processualistas europeus. Os critérios segui-
dos pelos sistemas jurídicos europeus, no entanto, não corres-
pondem, quanto a esta questão, aos aceitos pelo direito brasi-
leiro. Para determinados sistemas europeus – como é o caso do
direito italiano e português –, são ordinários todos os recursos
que correspondam a meios de impugnação formulados na mes-
ma relação processual, capazes de prolongar a pendência da
causa evitando a formação da coisa julgada; enquanto conside-
ram-se extraordinários os recursos interpostos contra uma sen-
tença já trânsita em julgado, como ocorre, por exemplo, no

2
Propõe o referido autor o arquivamento dessa classificação: “Merece ela, em nossa opinião,
ser arquivada para todo o sempre, além do mais, pelos equívocos que é capaz de gerar, e de
fato tem gerado, mercê da constante e notável flutuação dos critérios doutrinariamente sugeri-
dos para fundá-la” (Comentários ao Código de Processo Civil, p. 252-253).
3 Curso de Processo Civil, p. 411-412.

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direito português, com o recurso de revisão (art. 771) e a oposi-


ção de terceiros (art. 778); ou com a denominada oposizione di
terzo do direito italiano (art. 404)”.
Dessa forma, no sistema brasileiro, todos os recursos seriam
ordinários, no sentido em que os definem os sistemas jurídicos
europeus, uma vez que não consideramos recursos todos os
meios autônomos de impugnação, como a ação rescisória e os
embargos de terceiro.
Não se pode negar, no entanto, que, apesar disso, há um nú-
cleo comum que aproxima e harmoniza os recursos excepcio-
nais, permitindo neles detectar certas características, as quais
explicam o porquê de sua qualificação e sua utilização neste es-
tudo para designarmos os recursos extraordinário e especial. De
resto, compreende-se apresentarem vários pontos em comum, já
que, em última análise, o recurso especial é uma variante do ex-
traordinário, advindo da Constituição de 1988, juntamente com
a criação do Superior Tribunal de Justiça.
Rodolfo de Camargo Mancuso sustenta, com propriedade,
que são características comuns a esses recursos: (a) exigem o
prévio esgotamento das instâncias ordinárias; (b) não são voca-
cionados à correção da injustiça do julgado recorrido; (c) não
servem para a mera revisão da matéria de fato; (d) apresentam
sistema de admissibilidade desdobrado ou bipartido, com uma
fase perante o tribunal a quo e outra perante o ad quem; (e) os
fundamentos específicos de sua admissibilidade estão na Cons-
tituição Federal e não no Código de Processo Civil; (f) a execu-
ção que se faça na sua pendência é provisória4.

4 Cf. Recurso extraordinário e recurso especial, p. 99.

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Feita essa observação, salienta-se que pouco se escreveu


sobre o recurso excepcional adesivo cruzado. Isso para não se
afirmar que nada existe na doutrina processual brasileira e para
se evitar injustiça aos autores que eventualmente tenham trata-
do do tema, mas que, não obstante, desconhecemos seus tex-
tos. Por outro lado, em incessante pesquisa realizada na base de
dados dos tribunais superiores (STF e STJ) não encontramos
registro algum acerca do assunto, embora saibamos que essas
pesquisas jurisprudenciais são perfeitamente falíveis.
Esse pouco (ou nenhum) interesse da doutrina aliado à escas-
sa (ou ausência de) jurisprudência poder-nos-ia fazer pensar que
o tema proposto é desinteressante. No entanto, o assunto a que
nos propusemos suscitar coloca em evidência uma das maiores
inovações do sistema recursal brasileiro introduzida pelo Códi-
go de Processo Civil de 1973, qual seja, a forma adesiva de inter-
posição de recursos5, bem como sua aplicação no instigante âm-
bito dos recursos excepcionais. O instituto em apreço pode real-
mente levantar muitas questões, algumas sedutoras.
Nosso interesse sobre ele surgiu de debates com mestrandos
da PUC/PR, em disciplina ministrada pela professora Teresa
Arruda Alvim Wambier. Embora a questão tenha nascido no
meio acadêmico, é inquestionável que sua repercussão se dê,
efetivamente, no campo prático. Daí a relevância do estudo, na
medida em que o debate acerca do recurso excepcional adesivo
cruzado está apenas iniciando.

5 Nas palavras de Athos Gusmão Carneiro, “o vigente CPC, art. 500, em inovação merecedora
de aplauso quase geral, instituiu no Brasil o recurso adesivo (rectius, recurso ‘subordinado’),
sob três espécies: apelação adesiva, embargos infringentes adesivo e recurso extraordinário
[lato sensu] adesivo” (Observações sobre o recurso adesivo, RePro 18/161).

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2 Recurso principal e recurso subordinado

Muitos são os critérios utilizados pela doutrina para classifi-


car e reclassificar os recursos. Um dentre estes critérios é o ati-
nente a relações entre os próprios recursos.
No que concerne às relações entre si, os recursos podem ser
classificados em principal e subordinado. Como se sabe, na
hipótese de uma sentença, cuja sucumbência seja recíproca, cada
um dos litigantes poderá interpor apelação no prazo legal, im-
pugnando a parte da decisão que lhe causou gravame.
Se ambas as partes assim o fizerem, cada recurso será inde-
pendente, haja vista que, admitido, será regularmente proces-
sado, independentemente do apelo interposto pela parte contrá-
ria não ser conhecido. Aqui, consideram-se ambos os recursos
como principais6.
Em outras palavras, se cada um recorrer no prazo de 15 (quin-
ze) dias da apelação, por exemplo, que recorra. Os dois recur-
sos irão subir independentemente. Um nada terá que ver com o
outro. Na haverá subordinação alguma entre eles7.
Todavia, no caso de uma das partes não apelar dentro do
prazo comum, disporá, ainda, de outra oportunidade para fazê-
lo, assim que intimado do recebimento do recurso interposto
pelo adverso. Nessa hipótese, ao primeiro recurso (interposto
no prazo legal) dá-se a denominação de principal, sendo o se-
gundo chamado de adesivo ou subordinado.

6
Cf. Pedro Miranda de Oliveira, O novo sistema recursal cível brasileiro, p. 50.
7 Cf. Sérgio Rizzi, Recurso adesivo, RePro 30/260.

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RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 245

Em decorrência da parte só ter recorrido adesivamente em


virtude da decisão (na parte que o favorecia) ter sido impugna-
da pela parte contrária, resta o recurso adesivo (CPC, art. 500)
subordinado ao recurso principal. Destarte, na hipótese de o
principal não ser conhecido, o adesivo restará prejudicado, ou
seja, “para chegar a ser apreciada pelo órgão ad quem a impug-
nação do recorrente adesivo, não basta que o seu próprio recur-
so preencha todos os respectivos requisitos de admissibilidade:
é necessário, além disso, que também do recurso principal pos-
sa conhecer o órgão ad quem”8.

3 Recurso adesivo no direito processual brasileiro

3.1 Nomenclatura

O vocábulo recurso adesivo, de origem alemã e espanhola,


não tem cabimento na sistemática recursal brasileira. Como leci-
ona Manoel Caetano Ferreira Filho, “a rigor, o recorrido não adere
ao recurso da parte contrária, pois, diversamente, o que ele quer
é que o recurso seja desprovido”9. Com efeito, não há adesão
alguma. Esta pressuporia anuência às razões do recurso princi-
pal, o que é idéia oposta ao procedimento instituído no art. 500
do Código de Processo Civil. Recurso adesivo era a apelação
adesiva, prevista nos arts. 470 e 488 do Codice di Procedura
Civile italiano de 1865, que cabia ao litisconsorte do apelante. Aí
sim havia adesão ao recurso da parte que compunha o mesmo
pólo processual.

8
José Carlos Barbosa Moreira, O novo processo civil brasileiro, p. 115.
9 Comentários ao Código de Processo Civil, p. 48.

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Barbosa Moreira, tratando do assunto, sustenta que o “recur-


so ‘adesivo’ nada mais é do que o recurso contraposto ao da
parte adversa, por aquela que se dispunha a não impugnar a deci-
são, e só veio a impugná-la porque o fizera o outro litigante”10.
Em outros países, como na Itália e na França, esse procedi-
mento recursal denomina-se recurso incidental. No entanto,
recurso subordinado, do processo lusitano11, pensamos ser a
denominação mais adequada, em confronto a recurso princi-
pal, ou, ainda, recurso dependente, em contraposição a recurso
independente, como consta do próprio art. 500 do CPC12. Afi-
nal, a impugnação adesiva tem a sua admissibilidade subordi-
nada (dependente) à do recurso principal.

3.2 Breve histórico

A rigor, o recurso adesivo não é da tradição do direito luso-


brasileiro, embora Portugal já o tivesse acolhido desde seu
Código de Processo Civil de 1939 (art. 682). Esse procedi-
mento recursal nunca estivera sequer nas cogitações do legis-
lador pátrio.

10
Em outra passagem, afirma que “no art. 500, apenas se trata do recurso que se contrapõe ao
do primeiro recorrente; não se cogita do recurso que o reforça, como seria o interposto pelo
litisconsorte” (Comentários ao Código de Processo Civil, p. 306-312).
11
Muito bem explica Barbosa Moreira a distinção entre a figura do recurso subordinado e a do
recurso adesivo no direito português: “Ocorre a primeira quando, tendo ficado ‘vencidas’ ambas
as partes, uma delas aguarda o decurso do prazo normal de interposição, para só impugnar a
decisão por havê-lo antes feito o adversário; ‘o recurso subordinado pode ser interposto dentro
de 10 dias, a contar da notificação do despacho que admite o recurso da parte contrária’ (...). De
‘adesão ao recurso’ fala-se apenas com referência à hipótese de ‘sucumbência paralela’, como
condição legal, sob determinadas circunstâncias, para que a impugnação oferecida por um dos
litisconsortes aproveite aos outros” (Comentários ao Código de Processo Civil, p. 308-309).
12 Cf. José Afonso da Silva, Do recurso adesivo no processo civil brasileiro, p. XV-XVI.

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O instituto ingressou em nosso direito positivo por influên-


cia eminentemente alienígena. Alfredo Buzaid, na figura de autor
do Anteprojeto do Código de Processo Civil de 1973, intentou
reestruturar o sistema recursal vigente na época. E, ao redigir o
Projeto, deixou claro sua preocupação pelo aperfeiçoamento
do sistema.
Pretendeu-se uma alteração radical do regime até então vi-
gente no país, o qual era responsável por gerar uma insuportá-
vel parafernália de mecanismos de impugnações das decisões
judiciais. Nesse sentido, o novo Código teve o mérito de sim-
plificar o confuso sistema recursal do Código de Processo Ci-
vil de 1939, que, em muitos casos, provocava a incerteza quan-
to ao recurso cabível em determinado caso concreto, tão com-
plicada era a sua sistematização. Como explana o próprio
Buzaid, “na tarefa de uniformizar a teoria geral dos recursos,
foi preciso não só refundi-los, atendendo a razões práticas, mas
até suprimir alguns, cuja manutenção não mais se explica à luz
da ciência”13. Dessa forma, aboliu-se o recurso de revista, os
embargos de nulidade, além dos agravos de petição e no auto
do processo.
Nas palavras de Alcides de Mendonça Lima, “realmente Al-
fredo Buzaid conseguiu redigir um Anteprojeto que reafirma o
alto merecimento alcançado pelo autor e honra a cultura jurídi-
ca nacional, equiparado aos melhores similares estrangeiros.
Alfredo Buzaid teve o dom de transmitir à obra todo o seu ca-
bedal jurídico e humanístico, com raízes profundas nos clássi-
cos mais puros do Direito, remontando ao milenário ordena-

13 Anteprojeto do Código de Processo Civil, item 28 da Exposição de Motivos.

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mento romano, passando pelos glosadores medievais e pelos


mais doutos mestres estrangeiros”14.
Concebeu-se que o sistema recursal deveria abrigar duas re-
alidades. De um lado, a necessidade de se criar um ordenamen-
to com poucos recursos. De outra parte, a noção de contar com
mecanismos que permitissem às partes permanecer com o in-
conformismo retido, de modo a não fazerem uso obrigatório do
recurso quando isso lhes pareça oportuno.
Daí, entre as novidades trazidas pelo novo código, a imple-
mentação da figura do recurso adesivo – objeto deste ensaio –,
até então ignorado pelo nosso processo civil. Sérgio Rizzi vai
mais longe, para dizer acreditar que “essa inovação realmente
tenha sido a inovação mais útil colocada no sistema recursal
brasileiro”15.
Na vigência do Código de 1939, diante de uma sentença,
cuja sucumbência fosse recíproca, um litigante ficava com re-
ceio de que a outra parte fosse recorrer e, para evitar surpresas,
ambas as partes acabavam por recorrer quando, na verdade, te-
riam intenção de acatar desde logo o decidido. Ou seja, na in-
certeza da atitude do oponente e pelo temor de ver levada ao
conhecimento do tribunal apenas a inconformidade da parte
contrária era comum o litigante recorrer da sentença com a qual,
em princípio, estaria de acordo16.

Os recursos no Anteprojeto do Código de Processo Civil, RT 386/8-9.


14

Recurso adesivo, RePro 30/262.


15

16
Cf. Athos Gusmão Carneiro, Observações sobre o recurso adesivo, RePro 18/161. “Em ou-
tras palavras, ao contrário do que sugere uma sadia política legislativa, o regime legal anterior
favorecia o prolongamento do processo, talvez desnecessário e nem sequer verdadeiramente
querido pelas partes” (José Carlos Barbosa Moreira, Comentários ao Código de Processo Civil,
p. 305).

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RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 249

Com efeito, “se a lei propiciasse situação diversa, em que


cada um pudesse, enquanto litigante parcialmente sucumbente,
ficar observando a conduta do outro também vencido em parte,
e só recorresse após o outro havê-lo feito, muito recursos certa-
mente não nasceriam”17. Afinal, se de um lado está o inconfor-
mismo pela derrota, de outro está o interesse na consolidação
da vitória. Daí a utilidade do recurso adesivo. A parte só o in-
terporia condicionalmente, ou seja, se a parte adversa interpu-
sesse o principal.
Conforme constata Barbosa Moreira, o mecanismo em apreço
não constitui – como à primeira vista poderia aparecer – um
expediente de facilitação dos recursos, mas ao contrário, atua
como contra-estímulo às impugnações nos casos de sucumbên-
cia parcial18.

3.3 Natureza jurídica

Carlos Silveira Noronha confere ao recurso adesivo a nature-


za de recurso. Diz o processualista que “a natureza recursal do
instituto é negada por Rosenberg, na Alemanha. Entre nós, não
pode ser aceita a teoria do mestre. As características especiais
com que ingressou no ordenamento processual pátrio fazem da
impugnação adesiva verdadeiro recurso, não obstante sua proxi-
midade com as espécies alemãs”. E complementa: “Aqui, o re-
curso adesivo possui a mesma estrutura e se constitui dos mes-
mos elementos formativos do recurso principal. Deste se distin-

17
Sérgio Rizzi, Recurso adesivo, RePro 30/256.
18 Cf. Comentários ao Código de Processo Civil, p. 306.

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gue apenas por uma circunstância extrínseca e formal, de or-


dem temporal: a interposição posterior”19. Parece-nos, contu-
do, que essa não é a melhor doutrina.
O recurso adesivo não está elencado no rol taxativo do art.
496 do Código de Processo Civil ao lado dos recursos propria-
mente ditos: apelação, agravo, embargos infringentes, embargos
de declaração, recurso ordinário, recurso especial, recurso extra-
ordinário e embargos de divergência.
Como se vê, a impugnação adesiva não pode ser considerada
uma espécie autônoma de recurso. Não deve ser colocada no rol
dos recursos do sistema processual cível brasileiro, não obstante,
algumas vezes e equivocadamente, levar o referido título.
Na verdade, não se trata de espécie recursal. Muito pelo con-
trário. É tão-somente forma, pode-se dizer um modo especial,
de interposição de apelação, embargos infringentes, recurso
extraordinário e recurso especial. É um procedimento recursal
aplicado a estes 4 (quatro) recursos20.
Tanto é verdade, que a forma adesiva de interposição de re-
curso está disciplinada de forma exaustiva no art. 500 do Códi-
go de Processo Civil. Na há regulamentação sobre o recurso
adesivo em outros capítulos do Código, tão menos em outros
códigos ou em leis extravagantes. Sua disciplina resume-se a
esse dispositivo.

Do recurso adesivo, p. 193.


19

Nesse sentido, a lição de José Afonso da Silva, a qual, pela clareza e elegância, merece ser
20

transcrita: “O recorrente adesivo, em verdade, interpõe sua apelação, ou seus embargos infrin-
gentes ou seu recurso extraordinário, utilizando-se desse procedimento especial que lhe faculta
a lei. Como tal, o recurso adesivo não tem outra natureza do que o de procedimento especial
daqueles (...) recursos: modo especial de interpô-los” (Do recurso adesivo no processo civil
brasileiro, p. 117-118).

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RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 251

3.4 Interesse recursal e a sucumbência recíproca

Para que se vislumbre e se reconheça o interesse recursal, é


necessário que o recorrente possa alcançar alguma utilidade ou
proveito pelo provimento do recurso interposto.
Quais são as medidas do interesse em recorrer? São duas: a
primeira, a parte deverá mostrar a necessidade do recurso. Em
segundo, a parte terá que evidenciar a utilidade do recurso, isto
é, a circunstância de não poder melhorar a sua situação de resul-
tado no processo, a não ser por meio da impugnação recursal21.
Na lição de Nelson Nery Júnior, estão ligados à utilidade os
conceitos mais ou menos sinônimos de sucumbência, gravame,
prejuízo, entre outros. E, segundo ele, “é a própria lei processu-
al que fala em parte vencida, como legitimada a recorrer (art.
499, CPC)”22.
Há quem entenda que o interesse em recorrer decorre da
sucumbência. É a velha máxima: só recorre quem perdeu. Não
concordamos com os que assim pensam. Não nesses termos,
de forma absoluta. Existem situações em que é viável ao réu
recorrer de uma sentença que lhe tenha sido favorável. No
caso, por exemplo, de sentença que extingue o processo sem
julgamento do mérito (carência de ação, v.g.), o réu poderá
apelar visando fosse o pedido julgado improcedente. O máxi-
mo que o réu pode visar numa demanda é a improcedência do
pedido do autor. No entanto, a sentença que extingue o pro-
cesso sem julgamento do mérito não confere razão ao réu,

21
Cf. Sérgio Rizzi, Recurso adesivo, RePro 30/255.
22 Princípios fundamentais: teoria geral dos recursos, p. 265.

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252 PEDRO MIRANDA DE OLIVEIRA

ensejando a possibilidade de ajuizamento de nova demanda.


Daí o interesse do demandado em recorrer de sentença que
lhe fora favorável23.
O inverso, todavia, não é verdadeiro. Se a sentença rejeita
preliminar de carência de ação, mas julga o pedido improce-
dente, não precisa o réu aderir à apelação do autor, a fim de que
o tribunal aprecie a preliminar afastada na sentença. Tal apreci-
ação prescinde do recurso do réu, pois se trata de matéria de
ordem pública, da qual o tribunal pode conhecer ex officio. Dessa
forma, não há interesse na interposição de recurso adesivo quan-
do a matéria nele suscitada já está abrangida pelo efeito devo-
lutivo do recurso principal24.
O art. 500 unicamente admite o recurso adesivo quando “ven-
cidos autor e réu”, ou seja, quando houver o que a doutrina
resolveu chamar de sucumbência recíproca. Isso importa im-
pedir recurso adesivo ao litigante vitorioso. De fato, entende-
mos que um dos seus requisitos de admissibilidade é a existên-
cia de sucumbência recíproca, contudo, esse pressuposto não é
absoluto, de forma que a essa regra existe exceção.

23
Nesse talvegue, Nelson Nery Júnior (Princípios fundamentais: teoria geral dos recursos, p.
268). Em sentido contrário, Leonardo José Carneiro da Cunha: “Na verdade, analisando-se cada
uma das hipóteses de extinção do processo sem julgamento do mérito, conclui-se pela impossi-
bilidade de o réu recorrer da sentença terminativa, dada a ausência de interesse recursal, res-
salvadas, apenas, as hipóteses em que haja error in procedendo, a permitir o aforamento do
apelo, pelo réu, para se obter a anulação do julgado, sendo despropositada sua reforma” (Sobre
o interesse do réu em recorrer da sentença terminativa, RDPC 22/777).
24 Cf. Manoel Caetano Ferreira Filho, Comentários ao Código de Processo Civil, p. 52. E como

bem explica José Carlos Barbosa Moreira: “O interesse em recorrer adesivamente afere-se da
função processual do recurso adesivo, que é a de levar à cognição do órgão ad quem matéria
ainda não abrangida pelo efeito devolutivo do recurso principal, que portanto ficaria preclusa em
não ocorrendo a adesão. Se o órgão ad quem já poderia conhecer da matéria ao julgar o primei-
ro recurso, em princípio deve negar-se ao recorrente adesivo o interesse em recorrer, por falta
de necessidade” (Comentários ao Código de Processo Civil, p. 317).

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RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 253

Ao vencedor, por vezes, convém aderir ao recurso do venci-


do, para que o tribunal confirme a decisão por razões e argu-
mentos mais firmes que os invocados pelo juiz25 . Mas no siste-
ma processual brasileiro não haveria sequer o interesse em re-
correr, porquanto a apelação é integral na profundidade de seu
efeito devolutivo. Recurso ordinário por excelência, a apelação
tem o maior âmbito de devolutividade dentre os recursos pro-
cessuais civis26 . Essa regra decorre da letra do art. 515, § 2°, in
verbis: “Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um funda-
mento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá
ao tribunal o conhecimento dos demais”. Desse modo, incabível
seria a interposição de apelação adesiva para que o tribunal
adotasse outros argumentos que não os da sentença, pois quem
não tem interesse em apelar pela via principal também não o
terá pela via adesiva.
Manoel Caetano Ferreira Filho sustenta que, “no caso da
apelação, em que, do ponto de vista da sua profundidade, o
efeito devolutivo é total (arts. 515 e 516), o que se acaba de
afirmar é absoluto: quem não tem interesse para interpor recur-
so autônomo não o tem igualmente para o adesivo”27. No en-
tanto, não se pode afirmar o mesmo quanto aos embargos in-
fringentes e aos recursos excepcionais (extraordinário e espe-
cial), em que a devolução não é total.

25
No México fala-se de apelación adesiva “para designar a apelação interponível pelo litigante
que, embora vitorioso, pretende obter do órgão ad quem decisão mais bem fundamentada que
a do órgão a quo, e com esse fim ‘adere’ ao recurso do vencido” (José Carlos Barbosa Moreira,
Comentários ao Código de Processo Civil, p. 310).
26
Cf. Nelson Nery Júnior e Rosa Maria Andrade Nery, Código de Processo Civil comentado, p.
857.
27 Comentários ao Código de Processo Civil, p. 52.

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254 PEDRO MIRANDA DE OLIVEIRA

Partirmos do princípio de que a cognição (= devolutividade)


no âmbito dos recursos pode referir-se a dois planos distintos:
horizontal, que diz respeito à amplitude do recurso e, sob este
prisma, limitado pelo recorrente; e vertical, que permite ao ma-
gistrado atingir em profundidade a cognição acerca dos funda-
mentos defendidos.
Essa devolutividade a que nos referimos é diferente nos
recursos ordinários e excepcionais. Com efeito, essa possibi-
lidade – de recorrer adesivamente mesmo tendo sido vence-
dor – decorre da devolutividade restrita dos recursos excepci-
onais, os quais são desprovidos da dimensão vertical, tendo
apenas dimensão horizontal. Dessa forma, diante da possibi-
lidade evidente de provimento do recurso excepcional (prin-
cipal) interposto pela parte contrária, presentes estão todos os
requisitos necessários para a admissibilidade de recurso ex-
cepcional adesivo, independentemente da existência de su-
cumbência recíproca.
Imaginemos uma ação de cobrança. No julgamento da ape-
lação, o tribunal afasta a tese da prescrição, mas acolhe a do
pagamento, dando provimento ao apelo do réu. Nesse momen-
to, o réu não tem interesse de recorrer, pois saiu vitorioso (im-
procedência da ação de cobrança com base no pagamento). En-
tretanto, se o autor, com base no acórdão (que afastava o paga-
mento), interpuser recurso especial, surgirá para o réu o risco
de, no julgamento desse recurso, ver reformado o acórdão na
parte em que saiu vitorioso (pagamento). Dessa forma, surge o
interesse do réu em interpor recurso especial, na forma adesiva,
a fim de obter a apreciação da tese prescrição pelo STJ, sob
pena de preclusão da matéria.

REVISTA DA ESMESC, v.13, n. 19, 2006


RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 255

Portanto, o interesse em recorrer, quando se fala de recurso


adesivo não está presente apenas na situação em que a decisão
cause um prejuízo e o recurso possa trazer uma situação favo-
rável, mas também na hipótese em que o recurso visa garantir
(preservar) aquilo que a decisão impugnada já lhe concedeu,
numa espécie de função cautelar do recurso adesivo.

3.5 Amplitude da adesividade

Como já dito, se o recurso principal não for admitido, o re-


curso adesivo, conseqüentemente, também não o será. Nesse
plano e tão-somente nesse plano dá-se a adesividade (subordi-
nação) de um recurso em relação ao outro.
Entretanto, parte da jurisprudência nacional vem exigindo
compatibilidade entre o discutido no principal e o pleiteado no
adesivo: “Não é conhecido o recurso adesivo que não se con-
trapõe ao recorrente principal. A parte da sentença não con-
trariada faz coisa julgada, de sorte que, para impugnar total-
mente o veredicto a parte deve manifestar seu inconformis-
mo, em recurso independente, no prazo legal. Fora desse pra-
zo, o apelo adesivo fica circunscrito à matéria enfocada no
recurso do ex adverso”28.

28
TJSC, Ap. cív. nº 32.389, rel. Des. Xavier Vieira, DJSC 22/01/1992. Na mesma esteira: “Não
há que se conhecer de apelo adesivo quando não ventila ele, objetivando-lhe a reapreciação
sob ângulo diverso, de matéria também enfocada no recurso principal, uma vez que a parte não
abordada pela sentença e nem atacada recursalmente pelo vencido, transita de imediato em
julgado. Pretendendo a parte insatisfeita fazer prevalecer o seu entendimento, impõe-lhe a lei
que deduza recurso autônomo e específico no prazo previsto na legislação processual, eis que,
fora isso, a insurgência adesivamente interposta fica sempre circunscrita à matéria agitada no
apelo principal” (TJSC, Ap. cív. nº 96.001018-1, rel. Des. Trindade dos Santos, DJSC 31/03/
2000).

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256 PEDRO MIRANDA DE OLIVEIRA

Para Salvatore Satta, “o apelo incidental deve manter-se no


âmbito da demanda proposta. Se exceder, isso é, se o apelado
quer impugnar um ponto autônomo do qual foi condenado, de-
verá acatar o prazo do apelo principal”29.
Parece-nos, contudo, que esse posicionamento não merece
acolhida da nossa melhor doutrina. Com efeito, o fato de o re-
curso adesivo ter caráter subordinado poder-nos-ia levar a en-
tender, equivocadamente, que ele só incide nos capítulos da
decisão que tenham sido impugnados pelo recurso principal.
Foi a interpretação que se pretendeu dar às impugnações que
lhe correspondem nos sistemas estrangeiros. Prevaleceu, po-
rém, a tese ampliativa: o recurso adesivo tanto pode atacar o
capítulo da decisão objeto do recurso principal, como outros,
que não tenham sido por este impugnados.
Leciona Barbosa Moreira que não é requisito de admissibi-
lidade do recurso adesivo a existência de vínculo substancial
entre a matéria nele discutida e a suscitada no recurso princi-
pal. Sustenta o eminente processualista que “pouco importa que
se trate, num e outro, de capítulos perfeitamente distintos da
sentença”30. Outra não é a opinião de Carlos Silveira Noronha,
assim resumida: “No Brasil, onde o julgamento do recurso su-
bordinado segue as mesmas regras adotadas para o recurso prin-
cipal, a apelação adesiva possui efeito devolutivo amplo”31.
Pontes de Miranda, comentando acerca da incidência do re-
curso principal no recurso adesivo, assevera que “a repercus-

29
Direito processual civil, p. 438.
30
Comentários ao Código de Processo Civil, p. 314.
31 Do recurso adesivo, p. 105.

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RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 257

são só atende à admissão e à permanência do recurso”32, ou


seja, não há restrição quanto à amplitude da adesividade. Nesse
sentido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça, em acórdão
lavrado pelo Min. Eduardo Ribeiro: “Recurso adesivo. Embora
sua admissibilidade condicione-se a que seja interposto e co-
nhecido o principal, o objeto da impugnação não deve guardar,
necessariamente, relação com a matéria cogitada naquele”33.
Além disso, o Código de Processo Civil, em seu art. 500, não
exige que a matéria objeto do recurso adesivo esteja relacionada
com a do apelo principal. E mais: restringir o âmbito do recurso
adesivo seria reduzir a eficácia prática do instituto, além de ve-
dar o acesso à justiça. Outrossim, não podemos perder de vista a
necessidade de se interpretar o ordenamento jurídico brasileiro
considerando a finalidade maior do processo civil, qual seja, a
busca do direito material. Dessa forma, se os recursos buscam,
em última análise, fazer justiça no caso concreto, restringir a atua-
ção do recurso adesivo seria negar sua finalidade.

32
Comentários ao Código de Processo Civil, p. 73.
33
STJ, 3ª Turma, REsp. nº 41.398/ES, rel. Min. Eduardo Ribeiro, DJU 23/05/1994. Na mesma
direção: “A subordinação do recurso adesivo prevista no art. 500, III, da Lei Instrumental Civil, é
a de existência e de juízo de admissibilidade positivo do recurso principal. Descabida a exigên-
cia de vinculação de mérito entre os recursos adesivo e principal” (STJ, 4ª Turma, REsp. nº
332.826/MG, rel. Min. Aldir Passarinho Júnior, DJU 08/04/2002). E, ainda: “O artigo 500 do CPC
não impõe deva o adesivo contrapor-se unicamente ao tema impugnado no recurso principal,
pois a lei faz referência apenas à sucumbência recíproca, à interposição do recurso principal, ao
atendimento do prazo para oferecer as razões e ao conhecimento do recurso principal como
condição para o exame do adesivo” (STJ, 3ª Turma, REsp. nº 203.874/SC, rel. Min. Waldemar
Zveiter, DJU 09/04/2001). Por último: “O recurso do aderente não tem como requisito contrapor-
se diretamente à matéria suscitada no recurso principal, sendo, sim, oportunidade para que o
aderente, conformado com a sua sucumbência parcial, diante da interposição do recurso princi-
pal, procure reformar a sentença na parte em que decaiu” (STJ, 4ª Turma, REsp. nº 262.650/RS,
rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, DJU 18/12/2000).

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258 PEDRO MIRANDA DE OLIVEIRA

3.6 Preclusão consumativa

Duas são as questões práticas atinentes à incidência da pre-


clusão consumativa nos recursos adesivos.
A primeira diz respeito à preocupação de parcela significati-
va da doutrina processual brasileira de que o recurso adesivo se
transformasse na salvação da parte relapsa que, eventualmente,
tivesse perdido o prazo do recurso34.
No entanto, corretamente, “a jurisprudência não tem admiti-
do recurso adesivo quando interposto em substituição a recur-
so de apelação declarado intempestivo”35. Sem dúvida, desvir-
tua a finalidade do recurso adesivo a interposição que visa con-
tornar a perda do prazo no oferecimento do recurso principal.
Patente essa intenção, sobretudo quando o recorrente se limita
a trocar a nomenclatura do recurso, reproduzindo integralmen-
te os argumentos expendidos na apelação intempestiva, não se
deve conhecer do recurso (adesivo)36. Existe, ainda, o forte ar-
gumento de que quem interpôs fora de prazo o recurso princi-
pal não pode interpor o adesivo, porque contra ele já transitou
em julgado a sentença ou acórdão37.

34
Em sentido contrário, Marcos Salvador de Toledo Piza, segundo o qual a “permanência do
recurso adesivo no Código de Processo Civil não será motivo de retardamento do processo nem
será tampouco uma porta aberta à parte relapsa que perdeu o prazo para o recurso principal”
(Recurso adesivo, RT 490/258).
35
STJ, 5ª Turma, REsp. nº 39.303/SP, rel. Min. Assis Toledo, DJU 06/02/1995.
36
Cf. STJ, 4ª Turma, REsp. nº 9.806/SP, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJU 30/03/
1992. No mesmo sentido: “A parte que, fora do prazo legal, apresentar apelação, não pode
interpor recurso adesivo” (STJ, 1ª Turma, AGA nº 153104/SP, rel. Min. Garcia Vieira, DJU 02/03/
1998).
37 RT 597/124.

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RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 259

É certo não ter sido o recurso adesivo concebido para bene-


ficiar o litigante que interpõe recurso intempestivamente. Preclui
o direito de recorrer quando a parte oferece o recurso, mesmo
intempestivamente.
O segundo ponto refere-se à possibilidade de aditamento do
recurso principal pela via adesiva. Paulo Cezar Aragão inclina-
se pela resposta afirmativa. Segundo ele, o princípio da exclu-
são dos recursos complementares obsta apenas a interposição
de “duas impugnações da mesma natureza, e não uma principal
e a outra adesiva. Não poderá a parte interpor um segundo re-
curso idêntico (adesivo ou principal), mas nada veda a coexis-
tência de dois distintos – com objetos diversos – contra a mes-
ma decisão”38. Ousamos discordar, entretanto, desse autor. Vi-
gora no nosso sistema recursal o princípio da preclusão consu-
mativa. Esse princípio dispõe que, interposta impugnação, não
há mais oportunidade para a apresentação de novo recurso, que
se encerrou com o ato da interposição.
Exercido o direito de recorrer, consuma-se a oportunidade
de fazê-lo, de maneira a impedir que o recorrente volte a im-
pugnar o decisum já impugnado39. Caso contrário, estaríamos
diante de reproposição do recurso, ainda que sob forma distin-
ta. E isso, a nosso ver, o sistema não admite.

38
Recurso adesivo, p. 56. Exemplifica o autor: “Uma eventualidade também não muito remota
é a coexistência, de lado a lado, de recursos adesivos e principais. Se Caio aciona Tício para
haver a, b, c e d, concedendo-lhe a sentença apenas a e c, recorrendo principalmente apenas
quanto à denegação de b, ao mesmo tempo em que Tício coisa idêntica faz, irresignado somen-
te com a concessão de a, surgirá para ambas as partes, inicialmente conformadas com os
demais capítulos da sentença, o interesse em aderir ao recurso do adversário de cada uma,
para obter, Caio, d, e para recuperar, Tício, c” (Recurso adesivo, p. 34).
39 Cf. Pedro Miranda de Oliveira, O novo sistema recursal cível brasileiro, p. 46-47.

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260 PEDRO MIRANDA DE OLIVEIRA

A doutrina brasileira classifica a preclusão em três modalida-


des: temporal, lógica e consumativa. Egas Dirceu Moniz de
Aragão disserta acerca do tema, aduzindo que “a preclusão é um
dos efeitos da inércia da parte, acarretando a perda da faculdade
de praticar o ato processual. Mas nem só da inação poderá resul-
tar. Além da temporal, que se forma pelo decurso do tempo, há a
lógica, que decorre da incompatibilidade entre o ato praticado e
outro, que se quereria praticar também, e a consumativa, que se
origina de já ter sido realizado um ato, não importa se com mau
ou bom êxito, não sendo possível tornar a realizá-lo”40.
Percebe-se a preclusão consumativa em ambos os casos ana-
lisados, seja na interposição de recurso intempestivo, seja na im-
pugnação parcial da decisão. Não pode vir a parte através do
recurso subordinado corrigir ou complementar eventual falha
do recurso principal.
E não há que se falar em aplicação da fungibilidade. Este
princípio do sistema recursal brasileiro consiste na possibilida-
de de recebimento de recurso inadequado, como se correto fos-
se, sempre que houver dúvida objetiva acerca da escolha do
recurso contra determinada decisão judicial. As hipóteses em
apreço, a rigor, não se tratam de interposição de recurso princi-
pal e, em seguida, de recurso adesivo. O que existe é o recurso
de apelação, por exemplo, interposto num primeiro momento
pela via principal e depois pela via adesiva, vedando aplicação
da fungibilidade.
Sem dúvida que essa dupla recorribilidade viola ainda o
princípio da singularidade recursal, segundo o qual, para cada

40 Comentários ao Código de Processo Civil, p. 97.

REVISTA DA ESMESC, v.13, n. 19, 2006


RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 261

caso, há um recurso adequado, e somente um. Da sentença cabe


apelação. E apenas uma apelação (na modalidade principal ou
adesiva). Jamais duas.
Em outras palavras, pelo princípio da singularidade, tam-
bém chamado de princípio da unirrecorribilidade ou da unici-
dade, não se admite a interposição simultânea de mais de um
recurso contra a mesma decisão. O Código de 1939 era expres-
so no concernente a esta vedação ao dispor, no art. 809, que “a
parte não poderá usar ao mesmo tempo, de mais de um recur-
so”. Apesar de o atual Diploma de Processo Civil ser omisso
quanto a este ponto, o princípio subsiste em face do sistema
recursal vigente41.
Ressalva-se, por fim, que, nas hipóteses de sucumbência re-
cíproca, se qualquer das partes interpuser recurso independente
no prazo normal e dele desistir ainda perante o órgão a quo,
mas vir a ser intimada após a desistência da interposição de
recurso pelo adversário, pode agora renovar, adesivamente, a
sua impugnação, que naturalmente se subordinará, em tal caso,
ao recurso principal interposto pela parte contrária42.

3.7 Outros requisitos peculiares da via adesiva

Dois requisitos, é sabido, para a admissibilidade, são funda-


mentais à disciplina do instituto: a sucumbência recíproca43 e a
existência de um recurso principal.

41
Cf. Pedro Miranda de Oliveira, O novo sistema recursal cível brasileiro, p. 41-42.
42
Cf. José Carlos Barbosa Moreira, O novo processo civil brasileiro, p. 126.
43
Como já visto, há casos em que se dispensa a sucumbência, ou seja, quando o vencedor tem
interesse em interpor a impugnação adesiva, mesmo que vencedor.

REVISTA DA ESMESC, v.13, n. 19, 2006


262 PEDRO MIRANDA DE OLIVEIRA

O recurso adesivo antes de ser adesivo, é recurso (na verda-


de é um procedimento recursal) e, como tal, está sujeito aos
pressupostos necessários para sua validade. Num ensaio sem
pretensão de esgotar o assunto como este seria fora de propósi-
to o enfoque dos pressupostos genéricos, bem como os referen-
tes a qualquer recurso. O mesmo não se pode dizer, todavia,
quanto a certos requisitos peculiares da via adesiva, os quais
nos limitamos a analisar, como o preparo, a regularidade for-
mal e a tempestividade.
Preceitua o parágrafo único do art. 500 do Código de Pro-
cesso Civil que: “Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas
regras do recurso independente, quanto às condições de admis-
sibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior”.
Com base nesse dispositivo, o Superior Tribunal de Justiça
vem decidindo, por exemplo, “se não há exigência de preparo
para o recurso principal, tampouco haverá para o adesivo”44, ou
seja, “se o apelo principal não está condicionado a preparo, o
recurso adesivo também não o estará”45.
Contudo, não nos parece razoável aludida interpretação lite-
ral do artigo sob exame. Pensamos que, por serem recursos in-
dependentes – no sentido da subordinação dizer respeito tão-
somente à admissibilidade do recurso principal –, não há plau-

44
STJ, 1ª Turma, REsp. nº 123.153/SP, rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJU 29/03/1999.
45 STJ, 1ª Turma, REsp. nº 182.159/MG, rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJU 01/07/
1999. No mesmo sentido: “Processual civil. Recurso adesivo. Preparo. Exigibilidade. Art. 500,
par. único, do CPC. 1. O preparo do recurso adesivo só será devido quando também o for para
o apelo principal. 2. Estando a municipalidade desobrigada do pagamento do preparo do seu
recurso, a parte que recorreu adesivamente não está sujeita a esse ônus. 3. Recurso especial
conhecido e provido” (STJ, 2ª Turma, REsp. nº 40.220/SP, rel. Min. Francisco Peçanha Martins,
DJU 21/10/1996).

REVISTA DA ESMESC, v.13, n. 19, 2006


RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 263

sibilidade em se admitir que o recurso interposto na modalida-


de adesiva não necessitaria ser preparado apenas em virtude de
o principal não o ter sido. Ora, caso o recurso fosse interposto
pela via principal não teria que ser preparado? Evidentemente,
sim. Então por que nasceria esse privilégio na via adesiva? To-
memos por exemplo uma ação contra a União. Na sentença há
sucumbência recíproca. Ambas as partes podem recorrer. Se o
fizerem, a União não precisará preparar o recurso, mas a outra
parte (particular) sim. Contudo, se apenas a União recorrer e a
parte adversa interpuser apelação adesiva, então, segundo a re-
gra analisada, esta também estará liberada da exigência. Defi-
nitivamente, parece-nos não haver sentido. Afinal, o recurso, a
rigor, é a apelação. Interposta na via principal ou na adesiva,
deve ser devidamente preparada.
Outro ponto a ser destacado refere-se à nomenclatura a ser
utilizada na impugnação adesiva. Não obsta o conhecimento
do recurso adesivo o simples fato de haver o apelante deixado
de empregar o vocábulo “adesivo” para designar o apelo inter-
posto, aplicando-se aqui o princípio da instrumentalidade das
formas46. Como preleciona Manoel Caetano Ferreira Filho, “o
simples fato de a parte não rotular de adesivo o recurso que
interpõe no prazo para responder ao recurso principal não deve
ser interpretado como interposição intempestiva de recurso prin-
cipal”47. Ora, quando se interpõe uma apelação pela via princi-
pal não se utiliza a expressão apelação principal, apenas ape-
lação. E não seria na via adesiva que se exigiria a utilização do
termo adesivo.

46
Cf. STJ, 4ª Turma, REsp. nº 173.747/MG, rel. Min. Barros Monteiro, DJU 05/06/2000.
47 Comentários ao Código de Processo Civil, p. 54.

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264 PEDRO MIRANDA DE OLIVEIRA

Ressalva-se, ainda, que o recurso adesivo não está condicio-


nado à apresentação de contra-razões ao recurso principal, por-
que são independentes ambos os institutos de direito processu-
al, restando assegurado, pela ampla defesa e contraditório cons-
titucionais, tanto o direito de recorrer, como o de responder ao
recurso48. E mais: a resposta do recurso principal e a interposi-
ção da impugnação adesiva não precisam ser apresentadas si-
multaneamente, na mesma data. Por serem atos processuais dis-
tintos, os prazos são autônomos, apesar de coincidentes. Não
há que se falar aqui em preclusão consumativa. Dessa forma,
nada impede a apresentação de contra-razões ao recurso princi-
pal e interposição de recurso adesivo em datas distintas, desde
que dentro do prazo de 15 (quinze) dias.
Por outro lado, é indispensável a abertura de vista à parte con-
trária para oferecimento de contra-razões ao recurso adesivo49,
haja vista que a este aplicam-se as mesmas normas que discipli-
nam o principal. Assim, constituiu formalidade essencial a aber-
tura de vista ao recorrido, sendo que a ausência de oportunidade
de contra-razões obriga a conversão do julgamento em diligên-
cia, sob pena de faltar-lhe condição de procedibilidade.

4 Aspectos do recurso excepcional adesivo

Alguns aspectos do recurso excepcional adesivo devem ser


ressaltados.

Cf. STJ, 2ª Turma, EDREsp. nº 171.543/RS, rel. Min. Nancy Andrighi, DJU 14/08/2000.
48

Este é o posicionamento pacífico do Superior Tribunal de Justiça: “Interposto recurso adesi-


49

vo, impõe-se intimar a parte nele recorrida para oferecer contra-razões” (STJ, 3ª Turma, REsp.
nº 178.822/DF, rel. Min. Waldemar Zveiter, DJU 02/04/2001).

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RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 265

Como já dissemos, o recurso excepcional a que nos referi-


mos alude ao recurso extraordinário e ao recurso especial.
A função do Supremo Tribunal Federal é, precipuamente,
ser o fiel guardião da Constituição Federal. O Supremo é a
máxima instância de superposição em relação a todos os ór-
gãos de jurisdição. Sua competência vem expressamente regu-
lada na Constituição Federal, sendo que, dentre suas formas de
atuação, está a de julgar mediante recurso extraordinário (CF,
art. 102, III) as causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida: (a) contrariar dispositivo da Cons-
tituição; (b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
federal; (c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado
em face da Constituição.
Em contrapartida, a função primordial do Superior Tribunal
de Justiça é uniformizar a jurisprudência relativa à interpretação
das leis federais (infraconstitucionais). Em outras palavras, ao
STJ coube a atribuição de ser o intérprete da legislação federal
infraconstitucional. Como diz Gleydson Kleber Lopes de Oli-
veira, “a Constituição Federal de 1988 criou um tribunal nacio-
nal – Superior Tribunal de Justiça – e lhe transferiu a atribuição
de ser o guardião e intérprete maior da legislação federal, por
meio do recurso especial, dispondo, no art. 105, III, alíneas a, b e
c, acerca dos seus requisitos específicos, ficando afeto à legislação
infraconstitucional o disciplinamento dos requisitos genéricos”50.
50
Recurso especial, p. 400. A história do recurso extraordinário divide-se em duas fases nitida-
mente distintas: a anterior e a posterior à Constituição de 1988. Na primeira fase, a finalidade do
remédio, na sistemática constitucional brasileira, era a de assegurar a inteireza positiva, a vali-
dade, a autoridade e a uniformidade de interpretação da Constituição e das leis federais.
Com o advento da Carta de 1988 cindiu-se “a matéria antes abrangida pelo recurso extraordiná-
rio: a este ficou reservada a suscitação de questões relativas à própria Constituição Federal (art.
102, III), enquanto as restantes passaram a ser suscetíveis por meio de recurso especial, cujo

REVISTA DA ESMESC, v.13, n. 19, 2006


266 PEDRO MIRANDA DE OLIVEIRA

Enfim, por meio do recurso especial, o STJ corrige decisões


que violam a lei federal, bem como uniformiza a interpretação
do direito federal. Aliás, o que há de comum entre as hipóteses
de cabimento do recurso especial é o fato de, em todas elas,
discutir-se a aplicação/interpretação de lei infraconstitucional.
Como se vê, o que fundamenta a existência dos recursos ex-
cepcionais, tanto na sua forma principal como na adesiva, é o
interesse do Estado em assegurar, em todo o País, a uniformida-
de de interpretação da Constituição Federal e das leis federais.
A correlação entre o recurso excepcional principal e o recur-
so excepcional adesivo é quase que absoluta. Em regra, ambos
possuem a mesma natureza, os mesmos efeitos e os mesmos
fundamentos, exceto quando a interposição do recurso adesivo
excepcional se opera de forma cruzada. Nesse caso, a correla-
ção entre eles ficará restrita somente aos mesmos efeitos – am-
bos serão recebidos apenas no efeito devolutivo –, já que não
há identidade entre recurso especial e extraordinário quanto à
natureza e aos fundamentos (de um lado, violação à Constitui-
ção, de outro, à lei federal).
É bom lembrar que o recurso excepcional adesivo só será
cabível caso se verifiquem os respectivos pressupostos especí-
ficos do recurso extraordinário e/ou especial51, e desde que te-

julgamento se inclui na competência do então criado STJ (art. 105, III)” (José Carlos Barbosa
Moreira, Comentários ao Código de Processo Civil, p. 565-566).
Dessa forma, o papel do recurso extraordinário no quadro dos recursos cíveis à luz da Constitui-
ção Federal de 1988 é exatamente o de ser um dos instrumentos – ao lado da ação direta de
inconstitucionalidade e da ação direta de constitucionalidade – através do qual o Supremo exer-
ce a sua função de guardião da Carta Magna.
51
É precisa a observação de Manoel Caetano Ferreira Filho referindo-se aos recursos excepci-
onais, quando constata que, “se o acórdão (desprezando aqui a possibilidade de recurso
extraordinário contra decisão de primeiro grau) proferido em única ou última instância acolher

REVISTA DA ESMESC, v.13, n. 19, 2006


RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 267

nha havido interposição de recurso excepcional principal e este


continue eficaz, ou seja, como se sabe, uma das condições para
que se conhecer do recurso adesivo é admissibilidade do recur-
so principal.
Sem dúvida, essa averiguação da admissibilidade nos recur-
sos excepcionais é repleta de nuances. Parte da doutrina defen-
de que o juízo de admissibilidade do recurso especial ou ex-
traordinário deve-se fundar apenas na alegação de violação à lei
federal ou à Constituição, enquanto, no juízo de mérito, deve-se
analisar a efetiva ocorrência da citada violação. Barbosa Moreira,
referindo-se exclusivamente ao recurso especial, averba que “é
suficiente, para o cabimento do recurso especial, a alegação de
que a decisão recorrida contrariou lei federal. Se o recorrente
faz tal alegação, tem o Superior Tribunal de Justiça de conhe-
cer o recurso. Em seguida, averiguará se a alegação é fundada,
isto é, se na verdade se consumou a ofensa”52.
No entanto, a orientação segundo a qual, no juízo de ad-
missibilidade, basta a alegação de violação de lei federal ou da
Constituição não é adotada pela jurisprudência do STJ e do
STF. De acordo com entendimento prevalecente nessas Cortes,
o mérito do recurso excepcional somente é apreciado nas hipó-

parcialmente a pretensão de ambos os litigantes, ao recurso que um deles interpuser o outro


só poderá aderir se, no capítulo em que sucumbiu, encontrar fundamento para um dos pres-
supostos constitucionais de cabimento destes recursos” (Comentários ao Código de Proces-
so Civil, p. 50).
52 Que significa não conhecer de um recurso? In: Temas de direito processual. Sexta Série, p.

128-129. Ainda, o mesmo autor: “Dêem-se aos bois os nomes adequados, e a paisagem de
imediato se aclara. Recurso especial em que se alegue violação de lei federal – presentes todos
os outros requisitos de admissibilidade – é recurso de que se conhece, e ao qual, depois, se dá
ou se nega provimento, conforme se verifique, respectivamente, que a lei foi ou não violada”
(Julgamento do recurso especial, ex art. 105, III, a, da Constituição Federal: sinais de uma
evolução auspiciosa, RF 349/81-82).

REVISTA DA ESMESC, v.13, n. 19, 2006


268 PEDRO MIRANDA DE OLIVEIRA

teses em que o acórdão recorrido houver infringido a lei federal


ou a Constituição, sobrepondo-se, dessa forma, juízo de admis-
sibilidade e de mérito. Caso não se constate a violação, o recur-
so não será admitido53.
Dessa forma, a inadmissibilidade do recurso principal, que enseja
o não-conhecimento do recurso excepcional adesivo, é aquela de
ordem processual, não abrangendo a de índole específica dos re-
cursos excepcionais. Em outras palavras, o vocábulo inadmissí-
vel traduz apenas a situação sob o prisma tipicamente processu-
al: o não-conhecimento do recurso excepcional intempestivo ou
deserto, por exemplo. Já o não-conhecimento por motivo de mé-
rito, como é o não-conhecimento técnico, peculiar dos recursos
extraordinários lato sensu, comporta solução diversa, pois aqui
efetivamente há uma análise da questão dita de fundo54.
Nesse sentido, já decidiu o Supremo Tribunal Federal: “Não
obsta, em princípio, à admissão do RE adesivo, que o recurso
extraordinário ou especial principal, interposto pela letra a, se-
gundo a terminologia do STF, não seja conhecido, porque se
repute inexistente a contrariedade à Constituição ou à lei fede-
ral, conforme o caso”55.

Cf. Carlos Silveira Noronha, Do recurso adesivo, p. 197.


53

Eis a doutrina de Manoel Caetano Ferreira Filho, que pela clareza e elegância, merece ser
54

transcrita: “Todavia, é preciso distinguir, nos casos do recurso extraordinário e do especial, a


inadmissibilidade por ‘motivo de mérito’ da inadmissibilidade por ‘razões tipicamente processu-
ais’. Ocorre que, nas hipóteses em que estes recursos são interpostos com fundamento na letra
a (dos arts. 102, III, e 105, III, respectivamente, da Constituição Federal), o não-conhecimento
decorre da afirmação de que não houve contrariedade a dispositivo constitucional ou de lei
federal, sendo estas as ‘razões de mérito’, para que não sejam conhecidos. Todavia, poderão
não ser conhecidos, por exemplo, por intempestivos, o que caracteriza uma razão ‘tipicamente
processual’. Nos casos de inadmissão do recurso extraordinário ou do especial por motivo de
mérito o recurso adesivo não fica prejudicado, devendo ser examinado quanto aos seus pressu-
postos de admissibilidade” (Comentários ao Código de Processo Civil, p. 56).
55 STF, RE nº 196.430/RS, 1ª Turma, rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU 21/11/1997.

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RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 269

Assim, se o recurso excepcional não for conhecido sob o


argumento de que não restou demonstrada a violação e/ou ne-
gativa de vigência de dispositivo da Constituição ou de lei fe-
deral, tal decisão não será suficiente para não conhecer do re-
curso adesivo. Essa inadmissibilidade do recurso principal não
contamina o conhecimento do recurso adesivo.

5 Viabilidade do recurso excepcional adesivo


cruzado

Embora estranha nos possa parecer, num primeiro momen-


to, a adesão de um recurso extraordinário a um recurso especi-
al, ou vice-versa, pelo fato de um recurso ser endereçado ao
STF e o outro ao STJ, não há qualquer vedação no Código de
Processo Civil a tal possibilidade.
Inexiste imposição de que o recurso adesivo deva aderir a
um recurso da mesma espécie. O art. 500, III, do CPC, limita-
se a dispor que a impugnação adesiva “será admissível na ape-
lação, nos embargos infringentes, no recurso extraordinário e
no recurso especial”. Isso basta para o cabimento do recurso ade-
sivo, cujo caráter subordinado não o prende ao principal nesse
aspecto.
Ocorre que até 1988 essa possibilidade não existia, pois o Su-
premo concentrava a competência para julgar os recursos não só
referentes à violação da Constituição, mas também aqueles ati-
nentes às leis federais. Com o advento da Constituição Federal,
no entanto, houve um bifurcamento dessa competência entre o
STF e o STJ, cabendo a este o controle das leis federais, restrin-
gindo-se aquele apenas à matéria eminentemente constitucional.

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270 PEDRO MIRANDA DE OLIVEIRA

Com isso, surgiu a possibilidade de um recurso excepcional


aderir a outro de forma cruzada, ou seja, um recurso extraordi-
nário subordinado a um especial ou o contrário. Vejamos al-
guns exemplos: Tese tributária. Duas fundamentações: ilegali-
dade e inconstitucionalidade. Acórdão: exclui o tributo com
base na ilegalidade. O contribuinte venceu e, portanto, nesse
exato momento, não tem interesse em recorrer. Contudo, o fis-
co interpõe recurso especial para discutir a ilegalidade. Nesse
instante surge o interesse recursal para o contribuinte interpor
recurso extraordinário adesivo ao recurso especial do fisco, a
fim de que a tese da inconstitucionalidade seja analisada no
STF, caso o STJ afaste a ilegalidade. Se não interpuser o recur-
so excepcional adesivo cruzado, o contribuinte verá sua tese de
inconstitucionalidade precluir com o prazo de apresentação das
contra-razões ao recurso especial. Outro exemplo semelhante,
para não dizer igual: Ação revisional de contrato bancário. Dis-
cussão acerca da limitação de juros de 12% ao ano. Duas fun-
damentações: inconstitucionalidade (CF, art. 192, § 3°) e ilega-
lidade (Lei de Usura). Acórdão: limita os juros com base na
Constituição. Não há interesse do autor em interpor recurso
especial, pois não é sucumbente. Ao interpor recurso extraordi-
nário, o banco possibilita ao correntista a aderir ao seu recurso
para ver a aplicação da Lei de Usura ser apreciada no Superior
Tribunal de Justiça.
Há que se fazer aqui uma observação de relevo: caso o acór-
dão fosse no sentido de limitar ou não os juros em 12% utili-
zando-se de ambos os fundamentos (constitucional e inconsti-
tucional), a parte vencida é obrigada a interpor tanto o recurso
extraordinário quanto o especial, sob pena de o recurso não ser
conhecido ao argumento de inexistência de interesse de agir, já
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RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 271

que, cada fundamento, por si mesmo, é suficiente para manter a


decisão do tribunal local.
Preceitua a Súmula 126 do STJ: “É inadmissível recurso
especial quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos
constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente,
por si só, parta mantê-lo, e a parte vencida não manifesta recur-
so extraordinário”. Extrai-se da jurisprudência: “O recurso não
reúne condições de prosseguir, haja vista que a decisão impug-
nada assentou-se em fundamento constitucional (art. 192, § 3º)
e infraconstitucional (Lei de Usura) para limitar os juros remu-
neratórios ao percentual de 12% ao ano, qualquer deles sufici-
ente para, por si sós, manterem o aresto rebatido, não tendo a
parte vencida atacado a lei federal pela via do especial, fazen-
do, com isso, incidir na espécie o enunciado na Súmula nº 283
do Supremo Tribunal Federal”56.
Tal caso retrata a hipótese da ausência de um requisito de
admissibilidade dos recursos – interesse recursal –, pois, com a
interposição apenas do recurso especial ou extraordinário, quan-
do a decisão recorrida se assente em fundamentos constitucio-
nal e legal federal suficientes autonomamente para mantê-la,
não é possível o recorrente alcançar uma situação jurídica mais
favorável, porque mesmo que seja dado provimento àquele re-
curso interposto a decisão da qual se recorreu se manteria pelo
fundamento inatacado57.
Feito esse parêntese, vamos a outro exemplo. Os dois pri-
meiros referem-se à mesma possibilidade: determinado capítu-

56
TJSC, RE nº 97.008373-4, rel. Des. Jorge Mussi, DJSC 26/03/2002.
57 Cf. Gleydson Kleber Lopes de Oliveira, Recurso especial, p. 305.

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272 PEDRO MIRANDA DE OLIVEIRA

lo do acórdão ser fundamentado com argumentos de ordem


constitucional ou inconstitucional, rejeitando-se o outro. Aqui
não há, a rigor, sucumbência parcial. Entretanto, há a hipótese
de sucumbência recíproca concernente a diferentes capítulos
do acórdão: ganha-se um pedido com fundamento constitucio-
nal, mas perde-se outro com fundamento infraconstitucional.
Vejamos: Revisional de contrato bancário. Duas discussões: TR
(Taxa Referencial) e juros de 12%. Acórdão: limita os juros em
12% ao ano com base no art. 192, § 3° da CF, mas mantém a
TR como fator de atualização monetária. Sem dúvida, há su-
cumbência recíproca. Apenas o banco interpõe recurso extra-
ordinário discutindo a auto-aplicabilidade do art. 192, § 3° da
CF, a fim de que se aplique os juros pactuados. Ao correntista,
que até então estava conformado com o acórdão, exsurge a fa-
culdade de, no prazo para contra-arrazoar o recurso da institui-
ção financeira, interpor recurso especial adesivo, a fim de que a
TR seja substituída, v.g., pelo INPC (Índice Nacional de Preço
ao Consumidor).
Como se constata, o recurso excepcional adesivo cruzado é,
atualmente, imprescindível para a harmonização do sistema re-
cursal que se implementou no Brasil, sob pena de se descaracte-
rizar o alcance e a utilidade prática do referido instituto, bem
como de se vedar acesso às instâncias extraordinárias.

6 Procedimento nos tribunais superiores

Devem ser feitas algumas considerações acerca do procedi-


mento do recurso excepcional adesivo nos tribunais superio-
res. Existem duas regras vigentes no sistema recursal brasileiro

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RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 273

quanto à ordem de julgamento que podem ser aplicadas nesse


caso: (a) o julgamento do recurso especial precede ao julga-
mento do recurso extraordinário; e (b) o julgamento do recurso
principal precede ao julgamento do recurso adesivo58. Ambas
as regras, entretanto, são relativas e devem se adequar entre si.
Como se sabe, interpostos recurso extraordinário e especial
simultaneamente, os autos serão encaminhados, primeiro, ao
Superior Tribunal de Justiça, para que seja processado e julga-
do o recurso especial (CPC, art. 543). Se o relator do recurso
especial considerar que o recurso extraordinário é prejudicial
daquele, remeterá os autos ao Supremo para que julgue primei-
ro o recurso extraordinário (CPC, art. 543, § 2°).
Ressalva-se que compete ao relator do recurso extraordiná-
rio o controle da decisão que o considera prejudicial do recurso
especial. Por isso, se entender que não existe essa relação de
prejudicialidade, devolverá os autos ao STJ, que, deverá, en-
tão, julgar primeiro o recurso de sua competência (CPC, art.
543, § 3°). Aceitando a existência da relação de prejudicialidade,
julgará o recurso extraordinário o qual, se provido (para anular
ou reformar o acórdão recorrido), tornará sem objeto o recurso
especial. Se desprovido, retornarão os autos ao STJ para o res-
pectivo julgamento do recurso especial59.
Em se tratando de recurso extraordinário adesivo a recurso
especial não há maiores observações a fazer. Prevalecem as duas
regras: o recurso especial (principal) será julgado primeiro.
58
Pontes de Miranda alerta que “o corpo julgador tem de prestar atenção à diferença entre não
conhecer do recurso principal e dar-lhe julgamento desfavorável. Aí está a razão para se ter de
julgar primeiro o recurso principal, mesmo se ocorrem circunstâncias que o demorem, e nunca
antes dele o recurso adesivo” (Comentários ao Código de Processo Civil, p. 73).
59 Cf. Manoel Caetano Ferreira Filho, Comentários ao Código de Processo Civil, p. 354-355.

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274 PEDRO MIRANDA DE OLIVEIRA

Problemas surgem, no entanto, quando é o recurso especial


que adere ao recurso extraordinário. Parece-nos que nesse caso,
ao contrário do que dispõe o art. 543 do CPC, primeiramente os
autos deverão ser remetidos ao STF para que seja realizado o
juízo de admissibilidade do recurso extraordinário (principal).
Ao Supremo não lhe incumbe nessa oportunidade verificar se o
recurso extraordinário é fundado ou infundado, senão proceder
ao controle da respectiva admissibilidade, indeferindo-o se lhe
faltar algum requisito. Se inadmitido, extinguem-se ambos os
recursos. Se admitido, os autos deverão ser enviados ao STJ para
que se proceda ao julgamento do recurso especial (adesivo).
Em seguida, então, os autos deverão ser novamente remetidos
ao Supremo para que, daí sim, se julgue o mérito do recurso
extraordinário (principal).
Essa inversão de julgamento entre recurso principal e adesi-
va é aceita pela doutrina que tratou da matéria mais a fundo.
Quando o recurso adesivo tiver por objeto matéria preliminar
ou prejudicial capaz de influir no julgamento do mérito do princi-
pal deverá o órgão julgador inverter a ordem de julgamento60.
Muito bem analisa essa situação o processualista português
José Alberto dos Reis, ao explicar que, “como a vitalidade do
recurso subordinado depende da do principal, o tribunal tem,
em primeiro lugar, de se assegurar de que o recurso principal
está em condições de poder conhecer-se do seu objeto; obtida
esta certeza, cumpre ao tribunal começar por julgar a questão
posta no recurso subordinado, quando o conhecimento do seu
objeto deva preceder o do recurso principal”61.

60
Cf. Carlos Silveira Noronha, Do recurso adesivo, p. 113.
61 Código de Processo Civil anotado, p. 290.

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RECURSO EXCEPCIONAL ADESIVO CRUZADO 275

Deve-se averiguar, portanto, caso a caso, a conveniência de


se julgar primeiramente o recurso extraordinário ou o especial,
independentemente de terem sido interpostos pela via principal
ou adesiva.
A solução proposta não agride o sistema, antes o comple-
menta, pois o que não podemos admitir é que seja negado cabi-
mento ao recurso excepcional adesivo em virtude de eventual
entrave de ordem meramente procedimental.

7 Conclusões

Esta foi apenas uma rápida abordagem atinente ao recurso


excepcional adesivo cruzado, na qual analisamos os aspectos
que nos pareceram mais atraentes. Por certo, muitas questões
interessantes devem ter ficado sem análise. Mas, como disse-
mos de início, a discussão acerca do tema ainda é virgem e,
futuramente, esperamos, outras questões hão de ser levantadas
pela doutrina e pela jurisprudência.
Destacamos, por fim, algumas notas de cunho conclusivo:
(a) o vocábulo recurso adesivo não é o mais adequado para
designar essa forma de interposição recursal, pois não há
adesividade alguma. O que existe é uma subordinação do re-
curso adesivo quanto à admissibilidade do recurso principal;
(b) a sucumbência recíproca não é requisito absoluto de
cabimento do recurso adesivo. Mesmo a parte vencedora po-
derá interpor recurso adesivo caso tenha interesse recursal para
fazê-lo;
(c) o recurso adesivo não fica restrito à amplitude do recurso

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276 PEDRO MIRANDA DE OLIVEIRA

principal. Tanto pode atacar a matéria objeto do recurso princi-


pal, como outras, as quais não tenham sido por este recorridas;
(d) não contamina o conhecimento do recurso excepcional
adesivo a inadmissibilidade do recurso principal ao argumento
de ausência de violação a dispositivo constitucional ou de lei
federal;
(e) não há em nosso ordenamento jurídico obstáculo algum
capaz de vedar admissibilidade de recurso excepcional adesivo
interposto de forma cruzada;
(f) para que sejam processados recursos excepcionais adesi-
vos cruzados nos tribunais superiores são necessários alguns
ajustes atinentes ao procedimento, levando-se em considera-
ção a prejudicialidade entre recurso especial e recurso extraor-
dinário, bem como a preferência do julgamento do recurso prin-
cipal em relação ao subordinado.

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