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Jueves 14 de Marzo de 2019


23:13 hs.

ALCOOLISMO

Corote e as consequências do alcoolismo


para a classe trabalhadora

Fábio Nunes
Vale do Paraíba

Publicado em 1845 "A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra" de


Friedrich Engels é um marco na interpretação do processo de
desenvolvimento do capitalismo. Percorrendo os bairros operários de
grandes centros industriais como Manchester e Liverpool, o jovem Engels
descreve as condições de vida e de trabalho do proletariado urbano inglês
no final do século XIX.

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As casas são ruínas, há lixo pelas ruas, a fome é um fantasma que ronda os
bairros operários ingleses. Engels fala de crianças deformadas por mais de dez
horas de trabalho forçado no chão das fábricas e de trabalhadores embriagados
perambulando pela miséria produzida em nome do lucro da indústria capitalista.

Assassinato social, assim Engels vai denominar as inúmeras mortes levada a


cabo pela burguesia. Conforme o autor, são várias as formas que esta classe
social dominante utiliza para cometer seus crimes contra a classe trabalhadora
e a produção e o estímulo ao consumo de bebidas alcoólicas é uma delas.
Engels dedica um capítulo desta obra à análise das conseqüências do
alcoolismo sobre os trabalhadores e as trabalhadoras pobres da Inglaterra em
1845
Num exercício de pensar as análises deste autor nos dias atuais, tentaremos
aproximar suas idéias desenvolvidas no capítulo dedicado ao alcoolismo para
pensarmos as consequências do alcoolismo para a juventude e a classe
trabalhadora e a produção/consumo de bebidas alcoólicas de péssima
qualidade destinadas aos setores mais precários da sociedade. Elencamos a
cachaça "Corote" como um símbolo atual desta devastação social.

"Michelzinho Temer tem 2 milhoes em bens e eu só 5 reais para tomar um


"Corote".
"Gostosa, prática e acessível, é um sucesso! Pioneira no segmento, a Cachaça
Corote virou sinônimo da categoria, mas a legítima só a Missiato".

Produzida pela Missiato Indústria e Comércio Ltda (SP) o "Corote" ou


"corotinho" é encontrada na versão 500ml em embalagem PET. Vendida por R$
3,50, R$ 4 em mercados e bares é uma pinga de péssima qualidade consumida
por milhares de jovens e trabalhadores pobres em todo o país. Também
conhecida como "barrigudinha", tem efeito devastador, segundo médicos,
assistentes sociais e consumidores. O "Corote" tem agravado a situação de
moradores de rua e usuários de crack. Meio litro de pinga barata com alto teor
alcoólico ajuda à disfarçar o frio e a fome.

O mundo é vasto e velho e por isso não podemos afirmar que toda bebida
alcoólica consumida é em nome da miséria. Outros povos, outras histórias e
mesmo nas sociedades capitalistas não podemos trabalhar com tal afirmativa.
Pois nem tudo que é bebido, fumado ou inalado é resposta ao desespero. Nem
tudo que delira sofre. O álcool pode fazer parte de uma celebração.

Mas no caso do "Corote" e de outras bebidas alcoólicas a situação é trágica em


muitos casos. O que temos são condições de miséria social tão profundas que
articuladas à solidão, ao desespero, levam a juventude e a classe trabalhadora
à buscar formas imediatas de alivio numa bebida alcoólica que devasta o corpo
e a mente. Nesse sentido, o álcool e aqui elencamos o "Corote" como um
símbolo atual, aparece como um instrumento utilizado pela burguesia para
controlar e destruir.

Como mecanismo de controle, faz com que o trabalhador sublime seus


sofrimentos diários, ao invés de se revoltar contra o trabalho extenuante e se
organizarem contra a patronal, o trabalhador se alcooliza para fugir da dura
realidade cotidiana degradante. Aos poucos, de gole em gole, o álcool corrói o
corpo exausto pela exploração, sem se falar em seus efeitos físicos indiretos.
Socialmente também é comum a pessoa alcoolizada canalizar suas frustrações
cotidianas sobre pessoas não diretamente envolvidas na produção de sua
opressão. Bêbados, os trabalhadores brigam entre si e tendem a esquecer e/ou
desviar a parcela de responsabilidade da burguesia sobre a miséria social a
qual os trabalhadores estão imersos.

Não há qualquer celebração, estamos no terreno da produção e do consumo


capitalistas, onde o mais importante é o lucro e a manutenção das sociedades
burguesas. O álcool e o "Corotinho" em particular aparece aqui como mais um
paliativo, um “remédio” para a insanidade moderna. Uma forma deprimente e
ilusória de abrigo entre corpos deformados pela violência do trabalho exausto e
de tantas outras formas de opressão.

No lugar do coletivo organizado, o corpo frágil dos trabalhadores vitimados pelo


consumo excessivo de álcool. Depois de horas de trabalho, a classe
trabalhadora corre desesperadamente atrás de um copo de alguma bebida
alcoólica barata e geralmente de péssima qualidade, uma forma mais acessível
de relaxamento físico.

O corpo ganha novos movimentos, estes não são compassados pelo tempo das
fábricas, por alguns reais a liberdade temporária, o lúdico momentâneo enfeita a
jaula de ferro. Para Engels, amortecida, culpando-se por estar jogada nas
piores formas de vida e habitação, adoecida, inválida, a classe trabalhadora,
lançada ao microcosmo do fracasso individual, encontra dificuldades para
organizar uma revolução social.

Enquanto isso, a família Missiato, produtora do "Corote", vende milhares e


milhares de litros desta bebida alcoólica que vem adoecendo e matando jovens,
trabalhadores e pessoas em situação de rua. Como coloca Engels no livro "A
Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra", trata-se de assassinato social.
Para lucrar e encher seus cofres produzem e reproduzem a miséria
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