I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano.

06 e 07 de novembro de 2012.

CULTIVO IN VITRO DE CAGAITEIRA: UTILIZAÇÃO DE

ANTIOXIDANTES E BAP
CABRAL, Juliana Silva Rodrigues (Doutoranda)1; SOUSA, Ísis Danielle (Estudante
IC)1; PEREIRA, Flávia Dionísio (Colaboradora)2; SILVA, Fabiano
Guimarães(Colaborador)2, MENEZES, Carlos César Evangelista (Colaborador)2;
SANTANA, João das Graças (Orientador)1

1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Câmpus Rio Verde - GO.
isis_danielle_sousa@hotmail.com; Centro Tecnológico Comigo (CTC – Comigo)2

RESUMO: A cagaita (Eugenia dysenterica Mart.) ocorre em áreas de cerrado, possui frutos
consumidos in natura e suas folhas e cascas são utilizadas na medicina popular. Sua propagação é
feita via semente que são sensíveis à perda de água o que lhes confere um caráter recalcitrante. Com
isso, a cultura de tecidos constitui uma ferramenta promissora para obtenção de grande quantidade de
plantas em menor espaço de tempo. Objetivou-se com esse trabalho avaliar o efeito de diferentes
antioxidantes e de BAP(6-benzilaminopurina) no meio de cultivo, visando o melhor crescimento in
vitro de cagaiteira. Foram avaliadas dez combinações de antioxidantes (carvão ativado, peptona, ácido
cítrico, ácido ascórbico) com concentração de 2 g L-1 no meio WPM acrescidos ou não de 5µM L-1
de BAP. Verificou-se que o meio de cultivo WPM contendo carvão ativado e suplementado com 5
µM de BAP, propicia maior comprimento médio da parte aérea, número de folhas expandidas e de
gemas in vitro de plântulas de cagaiteira.
Palavras-chave adicionais: Micropropagação, Frutífera e Cerrado goiano.

INTRODUÇÃO Por isso, objetivou-se com esse trabalho

A cagaiteira (Eugenia dysenterica Mart.)
é uma espécie frutífera nativa do Cerrado,
pertencente à família Myrtaceae que ocorre em
áreas de Cerrado, Cerradão, Campo sujo, sendo
adaptada a solos pobres. (MARTINOTTO et al.,
2007). Sua propagação é feita quase que
exclusivamente via sementes, que são sensíveis à
perda de água, o que lhes confere um caráter
recalcitrante, gerando grande variabilidade de
plantas e frutos. (SOUZA et al., 2002).
Com isso, a cultura de tecidos constitui
uma técnica promissora para obtenção de grande
quantidade de plantas em menor espaço de tempo,
de espécies que normalmente possuem lento
processo de germinação e produção de mudas
desuniformes. A micropropagação é a técnica
mais bem sucedida, de maior impacto e de
resultados mais concretos dentro da cultura de
tecidos, engloba diferentes etapas que vão desde o
estabelecimento da cultura in vitro até seu
enraizamento, culminando com a aclimatização de
plântula (BASTOS et al., 2007; PINHAL et al.,
2011).
avaliar o efeito de diferentes antioxidantes e de
BAP no meio de cultivo, visando o melhor
crescimento in vitro de cagaiteira. Foram
avaliadas dez combinações de antioxidantes
(carvão ativado, peptona, ácido cítrico, ácido
ascórbico) com concentração de 2 g L-1 no meio
WPM, acrescidos ou não de 5µM L-1 de BAP.
BAP propicia maior comprimento médio da parte
aérea, número de folhas expandidas e de gemas in
vitro de plântulas de cagaiteira.
MATERIAL E MÉTODOS
Como fontes de explantes foram
utilizados segmentos nodais provenientes de
sementes preestabelecidas in vitro. Os explantes
foram transferidos para tubos de ensaio (25 x 150
mm), contendo 20 mL de meio de cultivo WPM
(LLOYD e McCOWN, 1980), mais as vitaminas
proposta por White (1943).
Cada segmento tinha 2 cm de
comprimento e duas gemas axilares. Foram
avaliados 10 tratamentos que diferenciavam na
composição do meio de cultivo: T1) WPM

1
 I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano.
06 e 07 de novembro de 2012.

(controle), T2) WPM + carvão ativo (2 g L-1), T3) Tabela 1 - Comprimento médio de parte aérea
WPM + BAP (5µM L-1), T4) WPM + carvão (cm), número médio de folhas expandidas e
ativo (2 g L-1) + BAP (5µM L-1), T5) WPM + número médio de brotações por explante de
ácido cítrico (2 g L-1), T6) WPM + ácido cítrico cagaiteira (Eugenia dysenterica Mart.) aos 30
(2 g L-1) + BAP (5µM L-1), T7) WPM + peptona dias de cultivo in vitro em diferentes
(0,08 g L-1), T8) WPM + peptona (0,08 g L-1) + composições do meio WPM.
BAP (5µM L-1), T9) WPM + ácido ascórbico (2 g
L-1), T10) WPM + ácido ascórbico (2 g L-1) +
BAP (5µM L-1).
Após avaliação dos 30 dias, os explantes
foram transferidos para um novo meio de cultivo,
idêntico ao realizado no 1º subcultivo, e
conduzidos nas mesmas condições experimentais
até a avaliação aos 60 dias. Aos 30 e 60 dias,
avaliaram o comprimento médio da parte aérea,
número de gemas, folhas expandidas e brotações.
O delineamento experimental foi
inteiramente ao acaso mediante a análise de
variância, testando as médias pelo teste Scott-
Knott (5%), utilizando o software SISVAR
(FERREIRA, 2003).

RESULTADO E DISCUSSÃO

Aos 30 dias, as plântulas em meio

contendo carvão ativado e meio contendo carvão
ativado e suplementado com 5 µM de BAP
obtiveram maior comprimento médio de parte
aérea, com valores médios de 2,45 e 2,57 cm,
respectivamente (Tabela 1). Meio de cultivo
contendo carvão ativado suplementado com 5 µM
de BAP e meio contendo peptona e suplementado
com 5 µM de BAP proporcionaram maiores
números médios de folhas expandidas (0,84 e
1,00, respectivamente) (Tabela 1).
Quando foi utilizado meio suplementado
com 5 µM de BAP, meio contendo ácido cítrico e
5 µM de BAP e meio contendo peptona e
suplementado com 5 µM de BAP houve maior
formação de brotações, com valores médios de
0,78; 0,94; 0,76, respectivamente (Tabela 1). As
diferentes composições do meio WPM não
exerceram influência no número médio de gemas.
1
Médias seguidas pela mesma, não diferem entre si pelo teste
Scott-Knott (5%).
2
± Erro padrão da média.
Aos 60 dias, meio de cultivo com carvão
ativado e meio contendo carvão ativado com 5
µM de BAP foi o mais adequado para o
comprimento médio da parte aérea das plântulas,
obtendo os valores médios 3,04 e 2,73 cm,
respectivamente (Tabela 2).
O cultivo de plântulas de cagaiteira em
meio de cultivo contendo carvão ativado, meio de
cultivo com carvão ativado e suplementado com 5
µM de BAP e meio contendo peptona e
suplementado com 5 µM de BAP obtiveram
maiores números médios de folhas expandidas
(0,81; 0,84 e 0,84, respectivamente) (Tabela 2).
Para número médio de gemas foi
verificado que meio WPM sem modificações,
meio contendo carvão ativado, meio com carvão
ativado e suplementado com 5 µM de BAP, com
ácido cítrico, contendo ácido cítrico e
suplementado com 5 µM de BAP, com peptona e
contendo peptona e suplementado com 5 µM de
2
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BAP foram os mais adequados, com maiores
valores médios (Tabela 2).
Quando foi utilizado meio suplementado
com 5 µM de BAP e meio contendo ácido cítrico
suplementado com 5 µM de BAP houve maior
número médio de brotações, obtendo valores
médios de 1,25 e 1,23, respectivamente (Tabela
2).
Tabela 2- Comprimento médio de parte aérea
(cm), número médio de folhas expandidas,
número médio de gemas e número médio de
brotações por explante de cagaiteira (Eugenia
dysenterica Mart.) aos 60 dias de cultivo in
vitro em diferentes composições do meio WPM.
1
Médias seguidas pela mesma, não diferem entre si pelo teste
Scott-Knott (5%).
2
± Erro padrão da média
As diferentes composições do meio WPM
não influenciaram na formação de raízes
adventícias aos 30 e 60 dias avaliados.
06 e 07 de novembro de 2012.
CONCLUSÃO
Meio de cultivo WPM contendo carvão
ativado e suplementado com 5 µM de BAP é
indicado para o cultivo in vitro de cagaita.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BASTOS, L. P.; MOREIRA, M. J. S.; COSTA,
M. A. P. de C.; ROCHA, M. C. da; HANSEN, D.
de S.; SILVA. S. A.; DANTAS, A. C. V. L.;
SOUSA.; C. da S. Cultivo in vitro de mangabeira
(Hancornia speciosa). Revista Brasileira de
Biociências, v. 5, supl. 2, p. 1122-1124, 2007.
FERREIRA, D. F. SISVAR - versão 4,3.
DEX/UFLA - Lavras, MG, 2003.
MARTINOTTO, C.; PAIVA, R.; SANTOS, B.
R.; SOARES, F. P.; NOGUEIRA, R. C.; SILVA,
A. A. N. Efeito da escarificação e luminosidade
na germinação in vitro de sementes de cagaiteira
(Eugenia dysenterica DC.). Ciência e
Agrotecnologia, v. 31, n. 6, p. 1668-1671, 2007.
PINHAL, H. F.; ANASTÁCIO, M. R.;
CARNEIRO, P. A. P.; SILVA, V. J. da;
MORAIS, T. P. de; LUZ, J. M. Q. Aplicações da
cultura de tecidos vegetais em fruteiras do
Cerrado. Ciência Rural, v. 41, n. 7, p. 1136-
1142, 2011.
SOUZA, E. R. B.; NAVES, R. V.; CARNEIRO, I.
F.; LEANDRO, W. M.; BORGES, J. D.
Crescimento e sobrevivência de mudas de
cagaiteira (Eugenia dysenterica DC.) nas
condições do cerrado. Revista Brasileira de
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LLOYD, G.; McCOWN, B. Commercially
feasible micropropagation of montain laurel,
Kalmia latifolia, by use of shoot tip culture.
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Propagators Society, v. 30, p. 421-327, 1980.
WHITE, P. R. Nutrient deficiency studies and an
improved inorganic nutrient medium for
cultivation of excised tomato roots. Growth, v. 7,
p. 53-65, 1943.