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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

MBA EM ENGENHARIA BIOMÉDICA COM


ÊNFASE EM ENGENHARIA CLÍNICA

ELETROCARDIÓGRAFO

Carlos Adriano Martins Navegantes Pereira

Trabalho da disciplina Instrumentação


Médico-Hospitalar I
Tutora: Prof. César Cosenza de Carvalho

Belém/PA
2018

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1. ELETROCARGIÓGRAFO
Eletrocardiógrafo é um equipamento projetado para coletar a diferença de potencial
presente no corpo devido à atividade cardíaca e apresentá-los de forma gráfica.

Coletar, amplificar e desenhar um sinal cardíaco não é tarefa simples. Os potenciais


devido à atividade cardíaca estão imersos em ruído ambiente e misturados com outros
potenciais que emanam da atividade do organismo, como o ruído muscular, por exemplo. O
sinal é pequeno (da ordem de miliVolts) e, após coletado através dos eletrodos, deve ser
amplificado uniformemente, armazenado e desenhado com resolução (≤5 microVolts) e
amostragem (500Hz/canal) que possibilitem representar ondas rápidas e pequenas com
clareza.

Para o usuário do eletrocardiógrafo, resta a pergunta: como garantir que o sinal


mostrado pelo eletrocardiógrafo representa o sinal biológico que está presente no paciente?
Ou seja, como sabemos se o eletrocardiógrafo não introduz ondas ou ruído que não
deveriam estar ali ou, pelo contrário, se ele não está retirando partes do sinal relevantes para
o diagnóstico?

Até 2009 a única garantia dada ao médico era a segurança básica, ou seja, itens como
proteção contra choque, descarga de desfibrilador e aterramento eram garantidos quando o
equipamento possuía o certificado pela norma ABNT NBR IEC 60601-2-25 de 2001. Nesse
cenário, ficava sob a reponsabilidade do médico o risco de usar um equipamento que poderia
não ter qualidade suficiente para apresentar corretamente o sinal, prejudicando o diagnóstico.

Com a evolução da prática e da interação entre médicos e engenheiros, ficaram claras


quais características técnicas do eletrocardiógrafo devem ser testadas e quais os limites para
cada uma delas. Esse conhecimento (know-how, savoir-faire) foi embutido nas novas normas
técnicas ABNT NBR IEC 60601-2-51 de 2005 e ABNT NBR IEC 60601-2-25 de 2014 que
foram elaboradas por organismos de certificação internacionais e introduzida no Brasil pela
ABNT. Nessas normas estão descritos os ensaios necessários para garantir o desempenho,
ou seja, os testes que o equipamento deve ser submetido para verificar se o sinal
apresentado pelo eletrocardiógrafo é suficientemente preciso para uso clínico.

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Dessa forma, quando é usado um eletrocardiógrafo certificado pela 2-51, o médico tem
a garantia não só da segurança, mas também da qualidade do sinal entregue pelo
eletrocardiógrafo, já que ele foi testado por um laboratório acreditado pelo INMETRO.

Por isso, usar um eletrocardiógrafo certificado pela 2-51 ou 2-25 (2014) é a garantia
legal de que o equipamento usado está conforme as mais recentes normas técnicas e de
acordo com os padrões nacionais e internacionais de qualidade.

Exemplo de itens de desempenho testados pelo laboratório para certificar um equipamento


pela 2-51 ou 2-25(2014):

 Ensaio de redes de derivação: verifica que os canais são combinados corretamente


para formar as derivações.
 Tempo de recuperação: verifica que o sinal retorna rapidamente após saturação

 Impedância de entrada: Verifica se a amplitude do sinal mostrado pelo


eletrocardiógrafo é a mesma do sinal biológico do paciente com uma precisão maior
ou igual a 84%

 Rejeição de modo comum: Verifica se o eletrocardiógrafo é capaz de eliminar ruídos


externos com eficácia.

 Limite ruído introduzido pelos filtros: Verifica se os filtros não distorcem o


eletrocardiograma.

 Distorção/Resposta em Frequência: Garante a banda passante entre 0,67Hz e 150Hz.

 Visibilidade dos pulsos de marca-passo: verifica que pulsos de marca-passo (2mV,


tempo de subida <100us e duração de 0,5ms) produzem um sinal na gravação ou uma
marca.

 Linearidade e Faixa dinâmica: Verifica sob várias condições que a variação de


amplitude de um sinal não é superior a 50 microVolts.

 Amostragem e quantização: verifica que o eletrocardiógrafo é capaz de exibir


corretamente ondas rápidas e amplitudes pequenas.

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 Medidas Automatizadas de ECG: Garante que o algoritmo de medida possui erro
menor que o estipulado. Para o QRS, por exemplo, a diferença da média máxima é de
10ms com desvio padrão máximo de 10ms.

 Verificação da exatidão da sensibilidade: Verifica a precisão das escalas, N/2, N e 2N.

2. FUNCIONAMENTO DO ELETROCARDIÓGRAFO

Um Circuito de Eletrocardiógrafo segue as seguintes etapas:


 Aquisição de Sinal;
 Amplificador de Instrumentação;

 Filtro passa alta;

 Filtro passa baixa;

 Filtro Notch;

 Visualização gráfica pelo osciloscópio.

É necessária alimentação simétrica para os ampOps de +15V e –15V que pode ser
obtido através de um divisor resistivo de uma fonte de 30V. Por se tratar de um equipamento
que vai ser conectado diretamente ao corpo do paciente, a fonte precisa ser isolada por
questões de segurança. Outra opção bastante segura seria alimentar o circuito com duas
baterias de 9V em série e um inversor para gerar a tensão negativa.

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Figura 2: Diagrama em blocos do nosso projeto de eletrocardiógrafo

Ao final destes estágios deseja-se obter um gráfico em tempo real do batimento


cardíaco de uma pessoa. Para atingirmos uma qualidade consideravelmente boa de ECG, a
especificação do projeto precisa ter os seguintes requisitos:
 CMRR mínimo de 100 dB: devido ao fato que o biopotencial de ECG tem
baixíssima amplitude de tensão;
 Rejeita frequências (incluindo sinal contínuo) abaixo de 0,1 Hz;

 Rejeita frequências acima de 150 Hz;

 Rejeita o ruído de interferência do sinal da rede (60 Hz);

 Ganho total = 1000;

No desenvolvimento são especificados em detalhes os cálculos feitos na elaboração


de cada um dos estágios.

2.1. Aquisição de sinal


Os sinais do batimento cardíaco deverão ser obtidos utilizando três eletrodos ECG
descartáveis que podem ser comprados facilmente pela internet. Geralmente já são vendidos
junto com o gel. Um deles deve ser colocado no pulso direito, outro no pulso esquerdo para
as entradas V1 e V2. O terceiro eletrodo é tradicionalmente colocado na perna direita, mas
pode ser colocado no abdômen mais para o lado da perna direita em curto com o sinal de
terra. Também é possível, ao invés de colocar nos pulsos, colocar um em cada ombro. É
imprescindível que a pele esteja limpa, em uma área sem pêlos e que haja aplicação de gel
eletrólito entre a pele e o eletrodo. Esse gel tem função adesiva e de condução elétrica. Dos
eletrodos até o circuito pode-se utilizar pontas de prova comuns com garra jacaré.

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Figura 3: Exemplo de eletrodo ECG comum descartável

Figura 4: Impedância equivalente da pele com eletrodo.

Como estamos considerando frequências bem baixas, próximas a 1Hz, podemos


considerar que teremos uma impedância de saída de aproximadamente de 200 KΩ.

2.2 . Amplificador de instrumentação (INA)


Para este estágio utilizaremos o circuito clássico de amplificador de instrumentação
com 3 amplificadores operacionais e suas fórmulas conhecidas. Foi escolhido para este
projeto o TL074CN que apresenta alta taxa de rejeição em modo comum (CMRR) pois os
amplificadores mais comuns como o 741 não atenderia este requisito.

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Figura 5: Amplificador de Instrumentação

Vamos utilizar as equações conhecidas deste circuito para calcular o ganho


diferencial Ad:

Substituindo os valores:

De acordo com o seu datasheet, o TL074CN possui CMRR típico de 100dB o que
satisfaz este requisito. Repare que Ra é ajustável para que possa compensar a imprecisão
dos resistores.

Uma opção interessante seria usar um amplificador de instrumentação pronto, tal


como o INA133 ou o SSM2141. Isso pode facilitar o desenvolvimento e otimizar os resultados
pois os resistores são mais precisos.

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Figura 6: Amplificador de Instrumentação com INA133

2.3. Filtro passa altas

O estágio seguinte é um filtro passa altas com as seguintes características:


 Filtro ativo;
 1ª ordem;

 Frequência de corte = 0,1 Hz;

 Ganho = 10;

Observe que a frequência de corte não pode atenuar sinais próximos de 1Hz e até
mesmo um pouco menos que isso para não cortar o sinal desejado. Observe também que
com o ganho anterior somado a este, conseguiremos atingir o ganho total de 1000.

Seguindo as equações:

Considerando os valores comerciais de resistores e capacitores, os valores que mais


se aproximam são:

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De modo que:

Para o ganho:

Figura 7: Filtro passa altas

O resistor R10 não altera a fórmula de ganho do filtro, apenas aumenta a impedância
de entrada do mesmo.

Calculando o ganho deste estágio com o do amplificador de instrumentação:

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O que se aproxima bem da nossa especificação. É recomendado não deixar o ganho
total para um único estágio para o circuito não perder estabilidade.

2.4. Filtro passa baixas

Essa parte é bem simples. Consiste apenas em um filtro passa baixas com as seguintes
características:
 Filtro passivo
 1ª ordem

 fc = 150 Hz

 Ganho unitário

Cálculo da frequência de corte (fc):

Para se aproximar da frequência de corte é usado:

Calculando este valor temos que:

Figura 8: Filtro passa baixas

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2.5. Filtro rejeita faixa (NOTCH)

Depois de tudo precisamos ainda fazer mais uma coisa: eliminar a interferência de
sinal da rede elétrica. Mas como? Através de um filtro rejeita faixas (Notch) com uma largura
de banda de corte muito estreita que elimine apenas sinais de 60Hz. E para isso utilizaremos
o Notch com topologia conhecida como duplo T, onde são utilizados dois AmpOps
funcionando como buffer.
Nosso Filtro terá as seguintes características:
 Frequência a ser eliminada = 60 Hz;
 Ganho unitário.

Equações do circuito duplo T:

Para C1=100nF e R1=27KΩ, temos fc=58,9761 Hz o que se aproxima o suficiente


de 60 Hz.

Quanto ao fator de Qualidade Q, determinaremos que seja próximo a 0,8 para que a
largura de banda seja estreita. Segundo a fórmula:

Para Q = 0,8 podemos usar R5=4,7KΩ e R6=10KΩ.

Nosso Filtro Notch será apresentado na figura abaixo.

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Figura 9: Filtro Notch

Na prática, é recomendado substituir o divisor de tensão feito por R5 e R6 por um


potenciômetro e ir ajustando para se atingir a curva de atenuação e largura de banda
necessária.

2.6. Juntando todas as partes

Colocando todos os estágios em série, temos finalmente o nosso circuito pronto.

O circuito buzzer é opcional conectado a saída. Serve para “apitar” nos picos de tensão.

Uma ponta de prova do osciloscópio deve ser colocada na saída e outra ponta no terra
para a visualização do gráfico do eletrocardiograma.

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Figura 10: Esquema Elétrico do ECG

3. MERCADOS DE ATUAÇÃO DO ELETROCARDIÓGRAFO

3.1 Consultórios, Clínicas e Laboratórios

Para a avaliação clínica e emergencial das condições cardíacas do


paciente.

3.2 Saúde Ocupacional e Medicina do Trabalho

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Para realização do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

3.3 Secretarias de Saúde Pública (estadual e municipal)

Para reduzir custos e ampliar o acesso a saúde pública da população.

4. ELETRODOS DE ECG

4.1 Cardioclipe

Utilizado em exames de repouso, pela fácil colocação.

4.2 Peras de Sucção

Bastante utilizado, por sua facilidade e custo, por ser reutilizável.

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4.3 Eletrodo Descartável

Utilizado principalmente em exames de esforço – teste ergométrico.

4.4 Eletrodo Jacaré

Eletrodo específico para a medicina veterinária.

5. Terminações ECG

5.1 Terminação tipo Banana

Vantagem: Maior durabilidade do material.

Desvantagem: Compatível com a maioria dos eletrodos, exceto


eletrodos descartáveis.

5.2 Terminação tipo Neo Pinch

Vantagem: Compatibilidade com todos os eletrodos.

Desvantagem: Menor durabilidade, por se tratar de um dispositivo


mecânico.

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6. Cabos ECG

6.1 Cabo de 10 vias

Vantagem: realiza 12 derivações simultâneas.

Desvantagem: necessita da tricotomia.

Recomendação: Área Clínica e Laboratorial.

6.2 Cabo de 5 vias

Vantagem: Evita a realização da tricotomia.

Desvantagem: Exame em 6 etapas (V1 à V6).

Recomendação: Medicina Ocupacional ou do Trabalho.

7. FISIOLOGIA DO SINAL ELETROCARDIOGRÁFICO

As partes do coração normalmente batem em sequência ordenada. A contração dos


átrios (sístole atrial) é seguida pela contração dos ventrículos (sístole ventricular), durante a
diástole, todas as quatro câmaras estão relaxadas.
O sistema de condução do sinal eletrocardiográfico é formado pelo nódulo sinoatrial
(SA), pelas vias internodais atriais, pelo nódulo atrioventricular (AV), pelo feixe de His e pelo
sistema de Purkinje.
O nódulo SA é o marca-passo natural; é ele que determina a taxa com que o coração
bate. Os impulsos gerados no nódulo SA passam através das vias atriais para o nódulo AV;
deste para o feixe de His, e, através dos ramos do feixe de His, para o sistema de Purkinje,
que o distribui por entre a musculatura ventricular. O caminho do sinal elétrico no coração e

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as respectivas formas de onda do sinal elétrico em cada ponto estão apresentados na Figura
11 (GANONG, 2003).

Figura 11 – Sistema de condução do coração; à esquerda, os potencias de ação típicos para cada parte do
coração, e sua correlação com a atividade elétrica adquirida na pele (ECG).

Fonte: GANONG, 2003

A Tabela 1 indica a velocidade de propagação do sinal elétrico em cada parte do


coração.
Devido aos fluidos corporais serem bons condutores de eletricidade, as flutuações no
potencial elétrico que representam a soma algébrica dos potencias de ação nas fibras do
miocárdio podem ser adquiridas em qualquer parte do corpo. A maior parte dos
equipamentos de eletrocardiografia (ECG) adquirem o sinal de forma não-invasiva, isto é,
através de eletrodos que não causam dor, risco de choques elétricos ou infecções. Os sinais
adquiridos podem ser gravados em tiras de papel, ou arquivados digitalmente para análise
futura.

TABELA 1 – Velocidade de condução do sinal elétrico em cada tecido do coração.


Tecido Velocidade de condução
Nódulo SA 0,05 m/s
Vias internodais atriais 1,00 m/s
Nódulo AV 0,05 m/s
Feixe de His 1,00 m/s

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Sistema de Purkinje 4,00 m/s
Músculo ventricular 1,00 m/s
ECG pode ser adquirido pela medição da diferença de potencial de um eletrodo,
posicionado em um ponto da pele, até um potencial de referência (registro unipolar) ou
através da diferença de potencial elétrica entre dois eletrodos (registro bipolar). Quando o
sinal de despolarização se move em direção a um eletrodo, causa uma variação positiva no
sinal deste eletrodo e, quando se move na direção oposta, causa uma variação negativa
(GANONG, 2003).

8. SISTEMA DE DERIVAÇÕES

Existem vários modos de se posicionarem os eletrodos para o exame de ECG; a


principal montagem bipolar é o sistema de Einthoven, e as unipolares são as de Goldberger e
a de Wilson.

8.1 Sistema de derivações de Einthoven


Em 1912, Einthoven propôs uma padronização na colocação e posicionamento dos
eletrodos de eletrocardiografia. O sistema proposto era constituído de três eletrodos,
posicionados no braço direito (BD), no braço esquerdo (BE) e na perna esquerda (PE),
formando um triângulo, que ficou conhecido como triângulo de Einthoven. Cada um dos eixos
de projeção deste triângulo forma uma derivação bipolar, nomeada com os numerais
romanos I, II e III (MALMIUVO; PLONSEY, 1995), conforme apresentado na Figura 12.

Figura 12 – Sistema de derivações idealizado por Einthoven. (1) Representação visual das formas de onda. (2)
Representação triangular das derivações bipolares de Einthoven. (3) Representação vetorial das derivações
bipolares de Einthoven.

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8.2 Sistema de derivações de Wilson
Um sistema de derivações unipolares foi proposto por Frank Wilson, por volta de 1930,
com o intuito de representar de forma mais fidedigna a atividade elétrica cardíaca. Wilson
propôs seis derivações pré-cordiais, nomeadas de V1 a V6, referenciadas a um terminal
central (MALMIUVO; PLONSEY, 1995). O sistema de derivações pré-cordiais está
representado na Figura 13.

Figura 13 – Sistema de derivações idealizado por Wilson. (1) Eletrodos posicionados no peito e o terminal central
conectando os membros. (2) Detalhe do posicionamento dos eletrodos no peito.

8.3 Sistema de derivações de Goldberger


Outro sistema de derivações unipolares foi proposto por Emanuel Goldberger em 1942.
Este método é obtido através da desconexão do eletrodo mais próximo da derivação unipolar
a ser medida.
A nomenclatura das derivações se inicia com a letra “a”, por ser chamada de derivação
aumentada, formando as derivações aVR, aVL e aVF. Os sinais obtidos com as derivações
aumentadas podem apresentar amplitude até 50% maiores que as derivações unipolares pré-
cordiais. (MALMIUVO; PLONSEY, 1995). O sistema de derivações aumentadas está
representado na Figura 14.
A sequência em que as partes do coração são despolarizadas e da posição do coração
em relação aos eletrodos são importantes na interpretação das formas de onda em cada
derivação. Há uma variação considerável na posição do coração normal, e esta afeta a
configuração dos complexos do eletrocardiograma em diversas derivações.

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Figura 14 – Sistema de derivações idealizado por Goldberger. (1) Exemplo da obtenção da derivação aVR pela
desconexão do eletrodo do braço direito. (2) Triângulo demonstrando a forma de obtenção das derivações
aumentadas.

9. DESCRITORES MORFOLÓGICOS DO SINAL ELETROCARDIOGRÁFICO

A morfologia do sinal de eletrocardiografia pode ser utilizada para identificar e


diagnosticar diversas condições cardíacas. Uma das condições mais perigosas ocorre
quando o coração começa a conduzir os impulsos elétricos desordenadamente. Nesta
situação, chamada fibrilação ventricular, o coração não é capaz de gerenciar a abertura e o
fechamento das válvulas de forma apropriada e o fluxo sanguíneo para o corpo cessa. Esta
condição é caracterizada pela ausência de padrão repetitivo no eletrocardiograma do
paciente, identificável apenas como um ruído de baixas amplitude e frequência.
Outra condição de gravidade extrema é a parada cardíaca, quando o coração não
mais produz o pulso elétrico e todos as suas fibras musculares não apresentam mais
atividade elétrica. Esta condição é caracterizada no eletrocardiograma pela ausência de sinal
além da linha isoelétrica (MARIEB, 2004).

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Figura 15 – Forma de onda de um ECG normal nas derivações de Einthoven (I, II e III), de Goldberger (aVR,
aVL e aVF) e nas derivações precordiais de Wilson (V1, V2, V3, V4, V5 e V6).

9.1 Frequência cardíaca


A frequência cardíaca, normalmente medida através do intervalo de tempo entre duas
ondas R consecutivas, é um fator importante na análise do ritmo cardíaco.
A frequência cardíaca considerada normal para um indivíduo adulto é de 72 bpm, no
entanto, em condições adversas, a frequência pode aumentar ou diminuir, sendo indicativo
de situação anômala. Quando a frequência cardíaca se eleva acima de 100 bpm, atinge-se
um estado denominado de taquicardia. A taquicardia pode indicar aumento da temperatura
corporal, estimulação por nervos simpáticos e toxicidade do coração. A bradicardia é a
condição contrária à taquicardia, caracterizada por valores de frequência cardíaca abaixo de
60 bpm, sendo, normalmente, indicativo de estimulação vagal. Em atletas, a bradicardia é
uma situação normal para o indivíduo em repouso (GUYTON; HALL, 2002).

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9.2 Onda P
A onda P é gerada no nódulo SA, próximo da veia cava, e está relacionada à
condução elétrica nos átrios. A anormalidade no formato da onda P indica anomalias
presente nos átrios, como a taquicardia paroxística atrial, caracterizada pela inversão da
polaridade da onda P durante o batimento acelerado. A ausência da onda P pode indicar
bloqueio sinoatrial ou taquicardia paroxística nodal A-V (MARIEB, 2004).

9.3 Onda T
A inversão da polaridade da onda T, quando associada a mudanças na forma do
complexo QRS, são um indicativo de contração prematura dos ventrículos (WIDMAIERS et
al., 2006).

9.4 Onda U
Embora a origem da onda U não tenha sido totalmente estabelecida, atribui-se a sua
presença ao potencial de repolarização tardia de regiões do miocárdio ventricular (BERBARI,
2000). A pesquisa com células M apontou uma ligação entre a propagação lenta dos
potenciais de ação nestas células com a presença da onda U. Há indícios da relação entre a
hipopotassemia e mudanças no eletrocardiograma, com o aparecimento de ondas U e
redução na amplitude de ondas T (RIBEIRO et al., 2004).

9.5 Intervalo PQ (ou PR)


O intervalo médio entre o início da onda P e o início do complexo QRS é 0,16s com
frequência cardíaca de 72 bpm. Este intervalo pode ser utilizado para diagnosticar condições
como o bloqueio incompleto cardíaco de primeiro grau e para determinar a gravidade de
algumas doenças cardíacas, como a febre reumática. Quando, além do tempo prolongado do
intervalo PR, há a ausência de alguns batimentos, é possível diagnosticar o bloqueio
cardíaco de segundo grau. Bloqueios de terceiro grau e contrações atriais prematuras
também podem ser diagnosticados através da medição do intervalo PR (GUYTON; HALL,
2002).

9.6 Intervalo QT

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A medição do intervalo QT apresenta aplicações práticas na detecção de algumas
cardiopatias como a síndrome do QT longo e a síndrome do QT curto. Seus graus de
dispersão também podem pré-diagnosticar arritmias ventriculares graves e risco de morte
súbita. (MAIA et al., 1998) e (BAUTISTA et al., 2004 apud PETRY et al., 2006, p. 3). O valor
da dispersão temporal do intervalo QT é utilizado em um índice preditivo do risco de morte
súbita, denominado índice da variabilidade do intervalo QT (BERGER et al., 1997).

9.7 Intervalo RR
O tempo entre cada excitação do coração difere levemente entre um pulso e outro. O
intervalo RR é o intervalo de tempo entre duas contrações consecutivas do coração e a
quantificação das flutuações dos ciclos RR normais permite avaliar o perfil autonômico
cardíaco. Baixas variabilidades indicam a existência de depressão da atividade vagal
(ALEXANDER, 1989).

9.8 Intervalo ST
O segmento ST se inicia no ponto de junção J (final do complexo QRS) e prossegue
até o início da onda T, devendo permanecer no mesmo potencial em que se situam o
segmento PR e o segmento TP. Segmentos ST elevados e planos podem indicar infarto do
miocárdio, enquanto segmentos ST inclinados ou deprimidos podem ser indicativos de
isquemia coronariana (GUYTON; HALL, 2002).

9.9 Complexo QRS


Durante algumas condições, como o bloqueio intraventricular incompleto, o complexo
QRS fica acentuadamente modificado. Durante a contração prematura dos ventrículos, o
complexo QRS se prolonga e apresenta tensões mais altas que as tensões normais
(WIDMAIERS et al., 2006).

10. INOVAÇÕES E TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS NA GESTÃO DA SAÚDE

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Nas últimas décadas temos presenciado um processo de transformação e de inovação
tecnológica sem precedentes na área da saúde. Como consequência, a diferenciação dos
serviços da saúde em seus subsetores públicos e de mercado é aprofundada.

A era da informação não deixou à margem a área da saúde. De fato, a tecnologia


ultrapassou o processamento-padrão de dados para funções administrativas comuns em
todas as organizações, tais como recursos humanos, folhas de pagamento, sistemas de
contabilidade, entre outros, e agora desempenha um papel fundamental tanto no cuidado ao
paciente, na interpretação do eletrocardiograma, como em escalas de trabalho, prescrição,
relatório de resultados e sistemas de prevenção.

Reduzir custos e aumentar a eficiência é uma busca constante de qualquer empresa,


mas no caso dos hospitais essa combinação pode ser uma questão de sobrevivência. A
situação do sistema da saúde brasileiro exige cuidados especiais. Com o crescimento dos
gastos em saúde, resultado da adoção de alta tecnologia para diagnóstico, e o alto índice de
desperdício, o segmento enfrenta dificuldades para equilibrar as contas.

Seja na área pública, reconhecidamente carente, ou na privada, em que as operadoras


de planos da saúde reclamam das perdas contabilizadas, não há dúvidas de que é preciso
rever processos e investir em tecnologias capazes de aumentar o controle e melhorar a
qualidade da assistência.

Nos ambientes hospitalares é frequente encontrar centenas de aplicações diferentes e


que, além disso, os softwares de informatização hospitalar sejam geralmente complexos, de
alto custo, e de difícil desenvolvimento e implementação. Assim, faz-se necessário um
posicionamento estratégico das organizações da área da saúde para o tratamento dos
recursos informacionais, bem como, a escolha de uma ferramenta tecnológica, capaz de
trazer os benefícios esperados para estas organizações.

11. A IMPORTÂNCIA DO ELETROCARDIOGRAMA (E.C.G.)

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Uma avaliação médica deveria ser o primeiro passo para que uma pessoa possa se
iniciar seguramente em uma atividade física, sem riscos à sua saúde. Isto parece,
infelizmente, não ser o exemplo a ser seguido por milhões de praticantes de exercícios
físicos e esportes de todos os tipos por todo o país.

Lamentavelmente, ao não fazer um exame médico minucioso antes de se iniciar em


exercícios e atividades físicas mais intensas, os indivíduos correm o risco de comprometer
seriamente sua saúde.

Um destes testes é o eletrocardiograma que vai detectar possíveis e minuciosas


alterações cardíacas que poderiam trazer algum risco.

Mas qual é a importância real do E.C.G. ?

Imprescindível, pois o eletrocardiograma (E.C.G.) avalia a atividade do músculo


cardíaco e detecta possíveis alterações e distúrbios que possam comprometer à prática
regular de determinadas atividades físicas.

O E.C.G deve ser realizado em repouso e em esforço (Teste ergométrico) a fim de que
se possa avaliar o estado do coração durante o exercício físico, porque uma pessoa pode ter
um E.C.G. de repouso sem alterações, porém quando submetida ao esforço podem aparecer
alterações significativas que possam sugerir doença cardíaca, principalmente isquemia
miocárdica*¹.

O check-up cardiológico completa-se com um exame Ecocardiográfico que estuda a


anatomia do coração e a função das válvulas cardíacas mostrando possíveis anomalias e
distúrbios mais graves.

Estas informações são coletadas pelo cardiologista e são de grande importância para
quem se inicia num programa de atividade física com segurança e responsabilidade.

Em resumo, depois de um exame clínico a avaliação cardiológica faz-se necessária e


indispensável para se determinar com precisão a capacidade física de iniciantes e as
possíveis contra-indicações de diferentes programas de exercícios sobre seu organismo.

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12. REFERÊNCIAS

1
CARVALHO, M. K. T. de. Eletrocardiograma resumido. Disponível em:
<http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAg0MAG/eletrocardiograma-resumido> Acesso em:
10 fev. 18

Site Minuto Saudável: Eletrocardiograma (ECG): o que é, para que serve e como é feito o
exame. Disponível em: <https://minutosaudavel.com.br/eletrocardiograma-ecg-o-que-e-para-
que-serve-e-como-e-feito-o-exame/> Acesso em: 15 fev.18

Site Tecnologia Eletrônica Brasileira: O que é um bom eletrocardiógrafo? Disponível em:


<http://www.teb.com.br/o-que-e-um-bom-eletrocardiografo/> Acesso em: 10 fev. 18

Site Ventrix: O que é um Eletrocardiógrafo? Disponível em:


<https://www.ventrix.com.br/eletrocardiografo/#av_section_1> Acesso em: 14 fev. 18

MOREIRA, Thiago. Projeto de circuito para Eletrocardiógrafo. Disponível em:


<https://www.embarcados.com.br/projeto-eletrocardiografo/> Acesso em: 15 fev. 18

SCHWARZ, Leandro. Artigo de Revisão: Eletrocardiograma. Disponível em:


<http://ilhadigital.florianopolis.ifsc.edu.br/index.php/ilhadigital/article/view/4> Acesso em: 14
fev. 18

Site Tutorzone: Eletrocardiograma: Princípios, Conceitos e Aplicações. Disponível em :


<http://www.tutorzone.com.br/eletrocardiograma-principios-conceitos-e-aplicacoes/> Acesso
em: 15 fev. 18

Site Dimave: Eletrocardiógrafo – O que é, e como usar. Disponível em:


<https://dimave.com.br/eletrocardiografo/> Acesso em 15 fev. 18

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