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ISSN 1806-6526
Curitiba PR
2011
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FAE- Centro Univc:rsitúi.o
IFSB - lnsriruco de Filosofia Sio Boaventura
SBFM - Sociedade Bcasileita de Filosofia Medieval
O !FSB é mantido pela &tociaçio Fcanci.Kana de Etuino Senhor Bom Jesus (AFESBJ)
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Catalogação na fonte
Scintilla- revista ck 6losofia c mCsrica medieval. Cu.ritiba: InstiNto de Fil0$0fLJ. Sio
Boaventura, Sociedade Brasileira de Filosofia Medieval, Ccrmo UniversiWio
Franciscano, v. I, D.l, 2004-
Semc.stral
ISSN 1806-6526
1. Filosofia - Periódicos 2. Medievalútica - Periódicos.
3. Mútica - Periódicos.
coo (20. ed.) 105
189
189.5
SUMÁRIO
Almcos ............................................................................... 11
O vocabulário da argumcnta~u c a auutura du artigo
nas obras de Santo Tomás ................................................. 13
F. A. B/4ncht, O.P
Anotações sobre as substâncias separadas em
Tomás de Aquino ............................................................. 39
Rosalit Htlma dt Souza Pn-tira
La prudencia política arquitetônica- Los moddos de
Platón, Aristóteles y Tomas de Aquino .............................. 75
]osl lücardo Pitrpauli
Os nol1)es divinos na Suma ttol6gica de
Tomás de Aquino ............................................................. I 03
/vanaltio Santos
As vias ascética e mística segundo Santo Tomás
de Aquino ........................................................................ 117
Paulo Faintanin
A noção de pessoa nas obras de S. Albeno Magno ............. 14 5
Oris dt 0/ivtira
O VOCABUlÁRIO DA
ARGUMENTAÇÃO E A ESTRUTURA
DO ARTIGO NAS OBRAS DE
SANTO TOMÁS'
F. A. Bltmch<, O.P.
o sistema dt: notação que usarei no léxico. T, Sum. Ttolog.; p, prólogo; t, dwlo; c, corpo
doanigo;a 1, argumenroda t•~rie;a2 ,argwncntoda 2asérie,ouwlcontra; r, ~posta
aos íllgumcntos (quando não 1ú. senão uma série); r1, resposta aos a1; r, resposta aos a~.
Mesma notação para toCas as obras divididas cm artigos. Ex.: I, 2 T. lO.~. 3 a1 •l~ 2•
Srun. T..L,quest. 10,art.4,3'ars. da 1•sáie(citadascgundoaediçáoleonina). Qumões
DisputaiÚu: Vr, ti< Vnirar.-, Pt, ti< l'otmti4; MI, ti< M.Jo; Ql, QJ<oálib"' 4 Ql, 18 • 4'
Quodl., art. 18. G, C.•tTil Gmtikr, 2 G, 89 = Conrr• Gmt.,livro 2, cap. 89. S,
Ú>mmtJrWsobr~tUSmlmfar. 4 S, 10, I, I, 7 r"' 411 livrodasSmrmras. distinção 10,
quen.1,an.l,rcsp.ad7'~. Mt, Cuw.mtdriosolm•MatzfoiCJZIÚArisr4ukr,7Mt,
13. 1381. -7•1iv. daMeraf. lição 13. n'l381,dacdição Cathala (Turim. Maricni,
1915). PA, CommtbWoosAna/ltiros Portniora. I PA, 22,6 ·l•livrol'rJJt. An., lição
22, paclgr. 6 da edição leonina. Salvo as accçõcs assinaladas, as refuenc:W se repoream
I edição Vi~. Para as refi:rencias lsobr.s de Aristótdcs, emprogo as sigbs de H. Bonicz,
lnJn AristokÜCW, ~ volume da ed. das obras de Aristóteles, de 1. Beldcer, Berlim,
1831. A. a,~- fhmnrosA,../Itic..-, liv. I c 2;A. y, ó. Stp.JosA.../Iticos, liv. I c2;
M. Mnafoi<a, A,liv. l';a, liv. 2';~. liv. 3',cte.; T, Tdpi<os,a.fJ, liv.I-8;Tt,A'PmmiDI
S.foticos!J:o</!. 'HryK.);oj>, Trowioti<uJ,...,n. tjlux~ç,a-y,liv.l-3;ascifrasquc
seguem reenviam aos cap., piginasc linhas da ediçlo Bekkcr.
1 Por quntão, entendo aqui cada artigo e não a seção que se divide em artigos.
' TÍ iUTl Ç~Toq,cv, oTov TI OOv lari llcóç. rr TÍ iUTlV cM/pwrroç; A. ó. I, 89
b 34. E, na passagtm citada mais adiante, ... mi Ç~Toüvrcr;, oTov, "ÓTcpov rJÀOc
KAlwv 11 EwKpÓT1JÇ ... c/ y4> ~a f:vcôixno, ycAolov TÓ lpWTrll'a(M. t. 5,
I055 b 35- I056 a ' (a interrogação seria ridícula). "Quid ... solum ~táumntitz
(não in=oga somente sobre a cssàlcia), wi ~nitzm d. "'f'posiiD. 14: QuiJ1l4tat
in mttri!Pi1<is"(P• 9,4,1 t). "Dicitquodülil{l'iwluntitrqWm.,;_,.(proauwa~) •
... ~pr;..s~tasimilmr#lrillis'{l'i..rimt'i""..W.U"(3M•I,340i ...
rot:ç Ç~....:ivroç d'vw TOÜ DlampíPar """""" ... (M. ~- I. 995 a 35).
1 Eo que fazem, por exemplo, Alexandre de Halcs e Albeno Magno, e as fórmulas que
empregam variam frequen[emente. - M dottriMSIIUIU Scriptuwu vtl ThtoltJgUusit
scitntUl?'" (Aiex. de Hales, Univers. Theolog. Sum. I• P. Quaest. I, Memb. I. Venetiis,
1576). "Quotupkx sit modus Sa<r«Smpturu?"lbid .• Mcmb. 3, an. 4.- "Qviásit
th<oÚJgút smmáum tlrfinitionmr?" (Alb. Magno. Sum. Thcolog.l• P. Q. 2. Ed. Vivés.
Paril, 1894, T:31). "Dup••sit Th.-.IDgW utd.subj«tb"(lbid .• Q, 3).- Em Samo
TorrW, as exceçõcs são bastazm: raGS. Por a.: ·Pmes qu«i co~n Jivmiw inter
anim~UJNWionnllmnáatur•(Vr, 26, 4). Cf. Vr, 1, l; 5, 1; 13, 1 e4 c: S: 14,1 e 2 e4;
Pt. 9. I c 2; MI. 4. 2:7. 12:8. 4; 9, 3: 14,3: 15,3: I T, 10. 5: 20.4:29. I etc.
pies. Se nos exprimimos assim: t que (ãpá y<) animal terrestre bípede
~a definição do homem? ... esta interrogação constitui uma proposi-
ção; ... mas, se dizemos: ani~ terrestre bípede é, ou não, (rrÓTEpov)
a definição do homem? ... se propõe um problema•. As questões que
se encontram no início dos arrigos de Santo Tomá< são, porranto,
problemas, no sentido aristot~lico da palavra, e ~. aliás, a forma de
interrogação que serve de introdução narural à disputa, visto que ela
apresenta a dificuldade sob o aspecto de uma alternativa.
Disputar uma questão é discutir sobre um ponto o pró e o contra.
Aristóteles tinha já empregado este método; em particular, naM~tafoica,
onde todo o Livro III é consagrado a levantar as dificuldades que
concernem a esta ci~ncia c a apresentar os argumentos que motivam
cada dúvida. No início deste livro', Aristóteles mostra que a dúvida
deve ser o primeiro movimento daquele que quer adquirir uma cerre-
za. Nesta dúvida que tende para a ciência, o espírito não permanece de
maneira alguma passivo em face de uma obscuridade; ele procura as
razões de duvidar e prolonga a dúvida tão longe quanto possível. Eis a!
a condição indispensável de uma explicação satisfatória, pois a desce-
berra da verdade consiste na solução da dúvida e a dúvida só pode ser
resolvida se vemos claramente o que a causa. Da mesma maneira que
um homem que foi amarrado não poderia se.solrar antes de :er exami-
nado como está preso, assim também a inteligência não pode se de-
sembaraçar da dúvida, que é uma espécie de nó espiritual, antes de ter
cuidadosamente considerado 3 maneiro em que estão formados os nós
que a retêm. Apresentar os argumentos em sentidos contrários que
motivam a dúvida chama-se dispurar: disputard8taMy<a6ar)', em-
r
'o Myot Kal a/ OKlY,w; Elui I'~ lOTa rrcpi TOÚTWV. A. a. 27,43 a 43 (As
discussões c as pcsquisas).lv ôi: Tolç Myotç Aav9ávct. A. y. 12. n b 31. Aqui,
nas disputas dial4!:cicas, por opo.s1çáo às materniticas: •paul 'f"Dá si nomirut infinil4
tignificmt• ••• mt7>lliotiwáitpot4IÍIJ-(4 Mt. 7, 615). rpavcpàv lfTI OÚK liv c r~
Myoç [M. y. 4. 1006 b 6).
"3 Mt, I. 343.
11 Exccto no Comnudrio sobrt m Smttnfas, na medida em que o anigo compreende
estuda todos os g!!ncros de cawm; em seguida. comra a pluralidade das ciências que
traQill das diferentes causas: do mesmo modo, contra a unidade, depois, contra a
pluralidade, para a cilncia que considera de uma $Ó vez os axiomas c a sub.sdncia.
Mandonnet, O.P. '"Chronologie des Quesrions Disput«s de .sai.m Thomas d' Aquin",
na&vw Thumistt, jul.-set. c out.-dcz. (1918), pp. 266-287,341-371. Sob.., a manei-
ra cm que se dcscruobvam cmas dispuras no final do século XIY. cf Dcniftc-Chatdain,
~ Unn-. P...uinuis. Pari., 1891, T.ll, IA DUputná.. C.ibg<d<S.riNnn<.
Rig/nnmtdu 13 nDu. 1344, p. 555, n11 1096. Para ccn:as disputas solenes, como as
Vc:spáias c asÁulicas, v. ibid., Appcndix, pp. 603 c scgs. Ver também, pan<Sta mesma
lpoca, F. Pdstcr, S.)., Th.nuzs wns.utonO.[pcra] P.[hilosophica] etc. 2• an. Ztia<hrifi
fi" IGúhDiisch. Thtologit, 3. Quart. Hcft ( 1922), pp. 362-371.
IS &rase precavuconuacsseobstfculo, basta imaginar que, em nossos dias, no espaço de
dez anos, se vl às vaes o ensino das Universidades so&er modiflc:açõcs importantes. Seria,
pois, aventurar-se muitoconduirdoquctinhalugarcm 1360ouem 1340 àquilo que se
passava 100 anos ou me~ mo 70 anos antes, para aquilo que diz respeito ao detalhe da
disput>. Que se renha publiado, cm rallpoca, ..guiamentos de cerras dispu1as, ~o índio:
de que se mudava, cm qualquer medida, o que era praric:ado até então; as now do
Carrulmo da Universida<ic de Paris ;minalam, aliás, algumas dessas modifiClÇÕ<$.
1' ·t.r hoc tpiiNi bonum t!t objtctum volunt41is, ptJkll habm (se pode concluir) quoJ
volunWJ nihi/ lltlit nisi TMb rllliont boni • {MI, 6, 6 r).
JO Ens~ aqui partidpio (presenrc), comoocorn: bastante frcqucntcmcnrc.
u Cf. ": .. rlltio i/14 concúuJ.n.n. si usmtifl fUii'fiUle itA corpori unintur'f'I'Jd essn omnino
corporimbjugtJtA~ Vr, 13, 4, 5r. ·
"Ver outros exemplos, (abaixo) pp. 22-23 (no original, pp. 185·186).
"Cf. I Ql,2, e6e7 e9cte.
"Cf. Mandonncc. "Chron.dccQucst. Oi,p.", na &v.. Thomist<,jul.·scr. (1918), p.
268 e seg. '" ... um domingo, um dia de fcs(a, ou qualquer outro obstácuJo podia
impc:d.ir que esse fosse mesmo o dia seguinte da disputa ... " (ibid.).
Cf. Pomt IZUtml tdiquiJ conua praediaa objiccre qwJ D~i subsuzntia nt aliquiJ
10
mAjw qruzm omn;, tpuU ipt<faarr. vd in~e/ljgm, wl wlk po~t pramr stipsvm. 3 G, 56.
réplica sutil com a qual se poderia fazer uma objeção contra o primei-
ro argumento". k palavras obvi4rt, obvi4tio implicam a idéia de resis-
tência. O espírito não se rende ao argumento que lhe foi dado, porque ele
apercebe urna dificuldade que ~nliaquece este argumento, ou mesmo, o
destt6i. É o que um outto emprego da palavra obvillrt e o sinônimo mistnt
mostram. "Solum mim I4pimtum ... <rt hujumwdi pf1S$ionibw obviart (3
G, I 54). É somente feiro de sages... resistir às paixões de esta espécie".
"Smmdo [ostendit] qwditer resisrendum m ns appamzm-... Tm'"' qualiter
ns obviandum m m:unáum vmtatnn (4 Mt, IS, 711). Em segundo
lugar [mostra] de qual maneira se pode lhes fazer oposição do ponto de
vi.ra sofistico [que é odeies]. Em rerceiro, como se podedirigiramtraeles
objeções fundadas sobre a verdade".
A mesma idéia é também expressa pelas palavras instart, instanria
~-- rtmovebitur opinio talium qui contra omnia instant (li Mt, 5, 2223).
A opinião de semelhantes (espíritos), que contestam tudo, será
repelida"". "QJ4ia vüúbatur hoc habtrt instantiam in principiis a Pi4tone
positis... itleo consequmtn hoc exdudit (12 Mr, 4, 2462). Como pare-
cia que esse se chocava contra uma objeção tirada dos primeiros prin-
cipies admitidos por Platão, ... pois de afasta em seguida esta (dificul-
dade)". "... Ostmdit qualitnformda esset instantia in dnnonstrativis ...
(I PA, 22, 6). Mostra como deveria ser dirigida a objeção nas ciencias
demonstrativas"". "Nec habet instantiam tk pÍuribw trahmtibw navem
(I T. 52, 3, c). E o caso de vários homens que puxam um barco não
constitui ai urna objt9-o". "Nec cont:nz hoc potmfim instantia tk JuqbuJ
quqrum unum ab aturo depmdm4 sed non e contrario (I G, 13). E não
J-4 João de Santo Torús ~mprqa ainda os termos insta", instantüt. no mesmo sentido
que o autor da Suma. Cf. •Et iNtatur i/ia constqumtia: convmit aliquidacciJnralirn
aliqui, "f..tÜstinguiiW" ali iUo •f"U" m, tJ<m ... nr. A esta inferencia: uma coisa convWI
a uma outra acidentalmente, ponanto da se distingue da outta na rc:a.lidade, scobjcta
que ... c que .. .'' ct(;. Ph. Nal. JP. Q. 7, art. 4. Ed. VivC.S. T. II, p. 119, col. 2. "&f-
expliclllionr solvmtur plum in;tantiu, tpUUCOfltrll isttzm tkfinilirnum objiâpossunt".
!bid., Q 14, a. I, p. 259, col. I (• Curswphit.sophi<us Thomuticus. Phit.s. MtrlTtllis.
p., 1-lll. Ed. B. R.iser, O.S.B. Taurini, Marieni, 1933, r. 2, p. l35,coL2,1. 12-15;p.
294, col. 1,1. 40-42).
l~ Eles adquirem este sentido cm Billuart c Goudin, por exemplo: insttlbis, rtp!Uabis. ~
esre úlrimo oenrido que a palavt> inswna(insdncia) conservou na nossa língua (&ancesa):
"novo argumento pelo qual se retorque a resposta feita a um primdro argumento•
(HATZFELD,A; DARMS1ETER,A;THOMAS,A Diaionn. Gm. tklaúznpr
Fr41tfaist, v~rbete insUtNt.
~ Cf. ainda, I T, 17, I, r' (designado, aqui, porad4"): I, 2T, 8, 3 r' (Em I, 2T, 85,6
c, a resposta!! dada ao mesmo tempo para os crês a1 c para os u!s a1). Caso frequente nas
Qum.lJispuwlm. Vr, 10, 12, I r',ctc.; 12, I, I r',e<c.e7, I r',ecc. e9, I r',etc.eassim
quase em cada questão. ~preciso reconhco:r, todavia, que na Suma o argumento a!, ou
Sul Contrll, exprime quase ~mprc a t~ susten12da no anigo c é decisivo.
"Arisr6tdes observa nos Tópicos(a. ~- lOS a 3-nque nem todo problema~ digno de
exame. Cenas questões não merecem senão uma reprimenda; quando, por exemplo,
alguc!m pergunta se c! preciso honrar os deuses e amar seus progenitores. H4 outras
(questões), a que se contenta de ~pondec: abri os olhos, escutai, tocai etc. Em ouuos
termos, uma simples percepção basta. Por ocmplo, quando se pcrgunu se a neve~
branca. Somente os problemas cplC exprimem dúvidas cuja soluç5.o exige o raciocínio
devem ser examinados.
"Aiexandrt:d.Aliodísias.comen:andoa-emqueAristótdcsdistingueapropo-
sição do problem.a (cf. acima), estim.a que se pode compreender assim cst:l dikn:nça. A
proposição (qucstio simples) pede que se responda por uma das panes da oposição
contraditória; quanto ao problema, de não exige (somente) a resposta (por wna das
panes). mas a demonsrração dem pane. Dito de outro modo. o problema não t<ebma
um.a simples resposta. mas """ RSpOSta motivada. plenamente csdarooedora. O proble-
maéqualificado 71l10JlaTIK~ lpWT1JOI~querdizcr. pedido de explicação.... 61óKai
OoKÚ 71l10JlaTIKq ptv ipWTI(O<I TÓ rrpá{3~qpa iÕ1Kfva1 (aTT1JCTIÇ ydp
KaTam:cuqç i<JTI Kal &l~cuç Kai ÔlaMKTIKOÚ Myou)... ,AI=>rd in Top. l, 4
(As. 101 b 19-28) Edit. M. Walhes. Berlim.l891. p.40.1. 29-30.
prim~iro caso, ter uma opinião justa ou exata, no segundo, ter uma
opinião inexata. Santo Tomás traduz por rtctt dic~, non rtct< dicm:''.
Por ex.: "Aqueles que admitem as ideias têm, de uma pane, uma opi-
nião justa (Tfj ptv q:,BWç J.iyoum: Santo Tomás, "in hoc rtct< dicunt")
acerca do que consideram como seres separados, enquanto das são
substâncias; mas, de outra pane, sua opinião é fàlsa (Tfj Ó!OÚr< ópBWt;:
Santo Tomás, "in hoc autnn non dixmmt rtct?) acerca do que cha-
mam ideia, o que, sendo uno, é comum a muitas coisas" (M. l;. 16,
1040 b 27-30; Santo Tomás, 7 Mt, 16, 1642-1643). ":Ei.JrrEÓOKÀ~Ç
Ó[J}Ú KaÀWÇ Elp'7KE TOÜTO ••• (ljl. ~· 4, 415 b 28). E a opinião
expressa por Empédoclcs não é cxata acen;a disto ... " 40
O que bem mostra que esta expressão marca ames a quaLdade das
ideias que a dos termos é esta outra passagem da M<tafoica em que
Aristóteles faz observar que, se (alguém) se põe do ponto de vista de
Anaxágoras e expõe distintamente o que ele quis dizer, parecerá talvez
que sua doutrina apresente qualquer coisa de mais novo que a de
Empédodes: "... lowç ãv rpaYEÍ'7 Kal vorrpmcGTtpwç Àiywv (M.
A. 8, 989 b 5) ... Appar.bit <jus dictum mirabilius u subtilius
pra<mlmtiumphilosophorumdictis" (Santo Tomás, I Mt, 12, 196). É
claro que Anaxágoras, não tendo, nem completamente, nem distinca-
mente, exprimido seu pensamento, não são o~ termos que ele empre-
gou, mas as idéias envolvidas naquilo que ele disse confusamente que
Aristóteles tem aqui em vista. De acordo com isso, seria preciso tradu-
zir assim R~ondto dirtndum: "Eu respondo. eis aqui ;1 opinião que é
preciso adorar, ou, a solução justa é está'. As razões a favor de cada
uma das panes da alternativa não sendo expressas sob forma de inter-
rogação, a critica que delas é feita, após o corpo do anigo, não começa
por mpond.o, mas simplesmente por dicmdum "a solução é está' (ou,
corporais. •Dico prirM: Nrm potm natura spmfiaz tx sob:t mti~~Ue SJUt ... eu~ priruipium
tui«tJutum inJ.iuiJ.,.tionis. [_.) Dico s~cundo: Non potrst IIJSigNZri pro prir~ipio
individUAtitmis h•tcuitas ttc. [... J Dico tntio: Primum tt rtuiü•k principium
indiviáu.alionis non poust tsst fi'n'n4 mbstantiAJis• etc. Ph. Ntzt. 3 P, Q. 9, an. 3. Ed.
Vivb. T. 3, pp. 5 I, 56, 58(= CumJS phiúnophi<w Thomisti<W. PhiitJs. nan..rzlis. Pars I-
III. Ed. B. R<U.r,O.S.B. Taurini, Marierri, 1933. r. 2, p. n2,col.l, I. 21-25: p. m,
col.l,l.47-col.2,1.1;p. n9,col.l,l.l9-21).
"Túmp plv oJv TOÚTU lhwpía6w ~al úrroycyp6tp(Jw rrcpl opux~;($. ~-I,
413 a9).- "Que nosso esquema e nossoesboçodaddinição geraldaalmao:jam. pois,
wimapreendidos" (RODIER. G. TnUJtúl'Am.. Paris,I900, T.l, p. 71).
"fllwpiOJJévwv ói TO<.hwv (ojl. ~. 5, 416 b 32). Estando estabelecid"'.,,., pomos
(ibid., p. 95).
" NÜv ót trpWTOV rrtpl y.&poo ~ai dxo~> Ó!Opíowpcv (ibid., 8, 419 b 4).
Agora. tratemos de infcio do som e do ouvido (lbíd., p. 113).
"''EX" yqo nlv Elpryúvov Ólop!OJJÓV (M. y. 3, IQ05 b 23). Pois (.,!e princípio)
tem os caraaera (liter.dmente, a determinação) que acabamos de indicar. 7.'/)CnpiiTal
yàp TaüTa ruv lv nji ÓloplOJIIÍi rrpooÓVTWV fvta (M. 9. 5, 1048 a 20). "N•m
ta I{"M txk'TiUJ prohibrnt rnnovmt •liq1111 ft1rum qwu posiuz nmt Jllpfflw ;,.
determinationectJm,wripouibilU"'(9 M[, 4, 1821).
46Dnnmi:narrofetecc\Ulla nuancc que não tem ôrop(,trv; implica que a decisão vale,
não somente pelas razões que a motivam, mas ainda pela autoridade daquele que a dá;
pois nio cabe senão ao meruc determinar ou pronunciar. Aqudcs que não são mestres
podem bem respondu, qutr dizer, resolver um argumento proposto, mas não "deter~
minar"'. Por isso, se encontra a palavra tlttnmiruur ao lado de tkfinirrpara exprimir as
decisões dos Condlios e dos Papas. "Rim> in a...Irtdmrnui Sy>wt/4 rongr.g••s«vli srmt
smtmtiam úoniJ PapM, qui Mttrminavit Chri.Jmm tsu in dualnu n.turi.J post
in<•rn4tiormn"(Pt,IO, 4,13 t).
47 Masoenconttamos,ocasionalmcmc,nosan:igos.C( 1T.l, 7, 2a1, 2 r; Vr, l2,3,8,a 1•
Jtcundum, ou quantum ati, ou a parte etc. Esta razão vale para, em,
segundo, quanto a, do ponto de vista de etc. Ex.: "Objtctio i/la prottdit
dt pattrnitatt, Jtcundum quod tst rtl4tio, tt non stcundum quod tst
constitutiva pi!rSonat (I T, 40, 4, 2 r). Este raciocínio vale para a pater-
nidade, enquanto ela é relação, e não (vale para da), enquanto da cons-
titui a pessoa". "Ratio i/la proudit in his quat a atquo dividuntur (I T,
60, 5, I r). Esta razão é válida para as coisas que são, ao mesmo título,
membros de uma divisão". "Objtetio i/14 proudit quantum a.d
impositionnn nominis (I T, 13, 6, I r). Este argumento vale quanto à
imposiçio do nome". •Jllat ration~s proudunt s~cundum divmitlltmz
prudicationis (I T, 13, 10, 2-3 r). Esu.s razõc.s são válidas, no que
concerne à diversidade de atribuição". "Ratio i/la proudit a p~rtt
ntcmitatis mattriat (MI, 5, 5, I r 1). Esta razão vale do ponto de vista
daquilo que move necessariamenle a maléria". Encontramos também
por vezes, absolutamente, 110n proudit. "Et idto ratio no" proudit (Vr,
2, 10, 3, r 1). E, por esta razão, o argumento não é válido".
Como assinalei acima, os sin6nimos de proudert, nesle sentido,
são ttntrt e vakrt. "Ratio i/la """" dt txtmp/4to quod ptiftctt
repratsentat atmplar (I T, 47, I, 2 r). Esta razão valeria para a cópia
que representa perfeitamente o modelo ... ". "Hatc solutio non vidttur
vakrt (Pt, 5, 4, I r). Esta solução não parece válida".
A distinção é também expressa por proudtrt no sentido de con-
cluir, provar. "Ratio i/la prcudit quod folsitas non sit in stnsu sicut in
cognoscmu verum el folsum ( 1 T, 17, 2, 3 r)~. Esca razão prova que o
erro nio se enconlra no senddo, corno naquele que conhece o verda-
deiro e o falso". "Objtctio i/la proudit ac si ma/um ha.bnrt causam ptr
~~preciso, porWlto, suprimir a vfrgula posta entre proctdite tp14f1 na edição Leonina
(in 4•, T. rv.. p. 220, col2. Roma.c, 1888) pois ela conduz a um contra-senso. Santo
Tonúsdiria; ..em: argumentooondui, porque•, enquantoqueaoconcririo,em lugazde
o conceder, ele o distingue, fazendo observar: ,.de prova (somente) que etc., c não
mostra que o erro não existe. sob fonna alguma. nos smtidos".
,, Traduzo Cllfl14 P" It por cawa essencia1: pois CIZJI.Silper st significa que a causa produz
tal objeto em virtude de sua essencia; em outros termos, ~ porque a causa tem tal
essblcia que o efeito~ o que é, c, reciprocamente, um efeito tendo tal essl:nda reclama
como causa um agente tendo a essência correspondente.
"Expressão aristotdica: IFrrl lJt .,.Wv I/1.JOII<WV piv, 6~t5{wv 6t OÚ<11WV dAAoç
Aóyoç(,W.,rariD). M. ').4. 1044 b6. SanroTom:ls traduz aqui:·... NDnestsimairer
....urUzsiadin corporalibwtmnobilibw"eoc. (8 Mt, 4, 1740); cf. acxpressiocontri.-
ria:d ô aUTOÇ Aóyoç .-ai irrl .,.Wv dAAwv yEvWV, M.t. 2,1054a4. "Eu.Jnn
nuiontinDmnibwtmnibw"(10Mt,3,1971).