Вы находитесь на странице: 1из 76

Índice

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................03
2. FORRAGICULTURA...........................................................................................04
2.1 PASTAGENS NATIVAS.................................................................................05
2.2 PASTAGENS CULTIVADAS.........................................................................05
2.3 PASTAGEM MELHORADA...........................................................................05
3. ESCOLHA DAS FORRAGEIRAS.......................................................................05
3.1 AS FORRAGEIRAS MAIS USADAS............................................................07
4. A PASTAGEM NOS TRÓPICOS ÚMIDOS.........................................................10
4.1 PRÁTICAS DE PASTOREIO........................................................................12
4.1.1 Pastejo contínuo...................................................................................12
4.1.2 Pastejo diferido.....................................................................................13
4.1.3 Pastejo rotacionado..............................................................................13
5. DEGRADAÇÃO DAS PASTAGENS...................................................................14
5.1 SINAIS DE DEGRADAÇÃO DA PASTAGEM...............................................15
5.2 CAUSAS DA DEGRADAÇÃO.......................................................................20
5.3 CAUSAS DE DEGRADAÇÃO RELACIONADAS AO ESTABELECIMENTO
DA PASTAGEM.............................................................................................20
5.4 LOCAL DE PLANTIO....................................................................................22
5.5 ASPECTOS CLIMÁTICOS...........................................................................22
5.6 ASPECTOS DO SOLO.................................................................................23
5.7 TOPOGRAFIA DA REGIÃO..........................................................................23
5.8 TOLERÂNCIA À CIGARRINHA....................................................................23
5.9 ÉPOCA DE PLANTIO E PREPARO DO SOLO............................................25
5.10 CALAGEM E ADUBAÇÃO DE PLANTIO...................................................26
5.11 USO DO GESSO AGRICOLA.....................................................................27
5.12 PLANTIO.....................................................................................................28
5.13 ADUBAÇÃO DE COBERTURA..................................................................29
5.14 CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS...................................................29
5.15 UTILIZAÇÃO DA PASTAGEM....................................................................30
6. CAUSAS DE DEGRADAÇÃO RELACIONADAS AO MANEJO.........................30
6.1 SUPERPASTEJO.........................................................................................30
6.2 DEFICIÊNCIA DE NITROGÊNIO.................................................................31
6.3 DEFICIENCIA DE OUTROS NUTRIENTES.................................................31
6.4 USO DA QUEIMA.........................................................................................31
6.5 ESPECIE FORRAGEIRA INADEQUADA.....................................................34
7. MANEJO DAS PASTAGENS..............................................................................34
8. FORMAÇÃO E MANEJO DE CAPINEIRA.........................................................36
8.1 O CAPIM-ELEFANTE...................................................................................37
8.2 CULTIVARES................................................................................................38
8.2.1 Mineiro..................................................................................................38
8.2.2 Taiwan a-146.........................................................................................38
8.2.3 Napier...................................................................................................39
8.2.4 Cameroon.............................................................................................39
8.2.5 Pioneiro.................................................................................................39
9. ESCOLHA DA ÁREA..........................................................................................40
9.1 LEITO MENOR.............................................................................................40
1
9.2 LEITO MAIOR...............................................................................................40
9.3 TERRAÇO.....................................................................................................41
9.4 MEIA-ENCOSTA...........................................................................................41
9.5 MORRO ÀREA CONCOVA E CONVEXA....................................................41
9.6 TOPO DO MORRO.......................................................................................41
10. PREPARO DA ÁREA........................................................................................42
10.1 CONSERVAÇÃO DO SOLO.......................................................................43
10.2 CALAGEM E ADUBAÇÃO..........................................................................43
10.2.1 Fósforo................................................................................................44
10.2.2 Potássio..............................................................................................44
10.2.3 Nitrogênio............................................................................................45
10.2.4 Enxofre e Micronutrientes...................................................................46
11. DISTRIBUIÇÃO DO CALCÁRIO.......................................................................46
11.1 ARAÇÃO DO SOLO....................................................................................46
11.2 PLANTIO.....................................................................................................47
11.3 SULCAMENTO...........................................................................................47
11.4 USO DE ADUBO ORGÂNICO....................................................................47
11.5 COLHEITA DAS MUDAS............................................................................48
11.6 TRANSPORTE DAS MUDAS.....................................................................48
11.7 DISTRIBUIÇÃO DAS MUDAS NOS SULCOS...........................................48
11.8 CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS.....................................................49
11.9 UTILIZAÇÃO DA CAPINEIRA.....................................................................49
12. PLANTAS TÔXICAS MAIS IMPORTANTES NA REGIÃO AMAZÔNICA.........50
12.1 PLANTAS TOXÍCAS DE DISTRIBUIÇÃO LIMITADA.................................52
12.2 PLANTAS TÓXICAS DE MENOR IMPORTÂNCIA....................................53
13. PRAGAS DAS PASTAGENS E FORRAGEIRRAS..........................................55
13.1 CIGARRINHAS...........................................................................................56
13.2 CONTROLE................................................................................................59
13.3 COCHONILHA DAS PASTAGENS.............................................................61
13.4 CONTROLE................................................................................................62
13.5 CURUQUERÉ DOS CAPINZAIS................................................................63
13.6 CONTROLE................................................................................................65
13.7 CUPINS......................................................................................................68
13.8 GAFANHOTOS...........................................................................................68
13.9 SAÚVAS......................................................................................................70
14. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA......................................................................74

2
Forragicultura e Pastagem
1
Everaldo de Sousa Guimarães

1. INTRODUÇÃO

O Estado do Amazonas é um Estado totalmente dependente de produtos


lacticínios e parcialmente dependente de carne bovina, só no ano de 2001 importamos
do Estado do Acre cerca de 46,5% da carne resfriada com osso produzida naquele
Estado (Tabela 1), no entanto, possui imensas áreas desmatadas para fins pecuários,
ou seja, utilizadas para a implantação de pastos, que no passado por motivos técnicos
(forrageira inadequada, manejo, áreas não propícias etc.), não deram certo.
Dessa forma alguns poucos municípios se destacam hoje com vocação para
pecuária. Segundo (KITAMURA, 1994), apesar de continuar a expansão pecuária na
região amazônica, a tecnologia de implantação e de manejo de pastagens e do rebanho
na Amazônia apresentam ainda um padrão mais ou menos homogêneo: são bastante
rudimentares, e na maioria das vezes importadas das regiões de origem dos
produtores.
Assim sendo (MORAIS, 1995), diz que o tempo do “olho do dono engorda o boi”
já passou. Naquela época, as grandes extensões, grande número de animais por
fazenda e principalmente por não haver onde gastar, embora os baixos rendimentos,
permitiam uma vida de largueza. Hoje , mais que o “olho do dono”, tem que haver sobra
de pasto, manejo adequado do mesmo, áreas de pasto para os períodos de inverno,
competência gerencial e vocação para a atividade. No momento em que mais
produtores pensam assim, estará mais próximo o dia da riqueza novamente voltar ao
campo. Segundo esse mesmo autor, para que isso ocorra é necessário o acesso às
novas tecnologias, que exigem financiamentos com juros civilizados, prazos adequados
e preços justos ao produtor.

1
Engenheiro Agrônomo
3
Tabela 1: Destinação da produção de carne bovina sob inspeção federal (SIF) no
Estado do Acre. 2001.

2. FORRAGICULTURA

Como o próprio nome sugere, a palavra forragicultura significa cultivo de


forrageiras, e entende-se por forrageira toda aquela planta que se destina à
alimentação animal.
Existem muitas famílias de plantas apropriadas a este fim, mas daremos ênfase
a duas principais famílias que são forrageiras na forma mais fácil, econômica e de
melhores resultados na nutrição animal: as gramíneas e leguminosas. Assim sendo
achamos importante descrever as características principais destas duas famílias.
a) gramíneas- morfologia externa: raiz fasciculada, flores unissexuais ou
hermafroditas, formando espiguetas, inflorescência em panícula ou espiga e
fruto tipo cariopse.
b) Leguminosa- raiz axial pivotante, folhas compostas, flores e inflorescências
variadas, fruto tipo legume.
As gramíneas são as dominantes de qualquer trato vegetal e reúnem maior
número de gêneros e espécie que as leguminosas. As leguminosas ocorrem em
situações onde as condições do solo sejam mais favorecidas por pH, presença de

4
fósforo, cálcio e potássio, momento em que podem exaltar sua presença porque o meio
lhes é favorável. As leguminosas podem eventualmente estar presente em uma
comunidade vegetal, sem no entanto serem importantes, se não encontrarem aí as
condições favoráveis. Segundo (PUPO, 1977), as gramíneas produzem principalmente
a fração energética da alimentação e as leguminosas, além da fração protéica, são
também responsáveis pela fixação do nitrogênio atmosférico, devido à simbiose:
leguminosa + bactéria. Da ocorrência de gramíneas, ou delas com leguminosas, forma-
se a cobertura vegetal, que chamamos de pastagens e que, segundo sua origem, são
classificadas como nativas e cultivadas ou artificiais.
2.1 PASTAGENS NATIVAS

São formadas principalmente por plantas nativas ou adaptadas, mas distribuídas


naturalmente. Nas pastagens nativas, encontramos espécies anuais e perenes. Uma
pastagem nativa, quando submetida a um intenso e contínuo pastejo, tende a se tornar
mais grosseira, de inferior qualidade, com predominância de espécies anuais de ciclo
curto.
2.2 PASTAGENS CULTIVADAS

São aquelas em que o homem contribuiu diretamente para sua formação,


utilizando espécies adaptadas, podendo ser formadas por uma ou mais espécies
reunidas (consorciadas).
Neste tipo de pastagem, encontramos as perenes ou permanentes e anuais ou
suplementares. As primeiras são formadas de espécies perenes e permanecem por
vários anos sem necessidade de novas semeaduras. As segundas utilizadas em
determinadas épocas do ano.
2.3 PASTAGEM MELHORADA

Ela é o produto da pastagem nativa, onde o homem interveio através da limpeza,


adubações e introduções de espécies, sem mexer na comunidade vegetal; isto é, sem
labores no solo, com grades ou arados.
3. ESCOLHA DAS FORRAGEIRAS

5
Para a escolha das forrageiras a serem plantadas é necessário levar em
consideração a raça do gado e o tipo de exploração que se pretende usar a forragem:
de cria e leite, de corte, ovinos ou eqüinos. Para gado de cria, de leite e ovinos a
preferência é pela pastagem baixa, ou seja, forrageiras de porte baixo. Se as
forrageiras forem usadas em pastejo permanente às gramas estoloníferas são as mais
indicadas, com seu sistema radicular pouco profundo e seus pontos vegetativos
completamente expostos, suportam melhor o pisoteio e as tosas freqüentes.
Forrageiras que suportam inundação, como o pasto negro, não crescem em solos
encharcados ou inundados por muito tempo, diferente das canaranas, ou capim arroz
que consegui crescer em solos inundados.
Existem forrageiras que suportam a queimada, como o capim-colonião ou soja-
perene, mas não gostam de fogo rotineiro. Os capins próprios ao fogo são de
baixíssimo valor nutritivo, como a barba-de-bode, o capim-cabeludo ou o capim-frecha.
Uma forrageira somente é econômica quando existem condições básicas para o
seu desenvolvimento. Quando correção do solo, adubação e irrigação tem de criar as
condições exigidas, então é melhor não plantar (PRIMAVESI, 1999).
Pastagem melhorada não quer dizer obrigatoriamente corrigida e adubada. Quer
dizer somente que implantaram-se forrageiras melhores do que as já existentes. Por
exemplo: implantando siratro e centrosema ou guandu no capim-gordura melhora-se a
pastagem, aumenta-se o suporte, contribui para o melhor aproveitamento do capim. Ou
implantando-se soja perene no colonião melhora-se a pastagem, tanto no que diz
respeito ao solo, dando uma vida maior ao capim colonião, por não expor o solo
desnudo ao sol e a chuva, quando o capim for rebaixado pelo gado, como para o
alimento do gado, que fica mais bem nutrido. Pastagem melhorada significa
proporcionar uma alimentação melhor ao gado e aumentar o suporte, especialmente
por proporcionar forragem verde durante a estação adversa, que o frio no sul e a seca
no Brasil tropical (PRIMAVESI, 1999).
A escolha da forrageira deve ser muito criteriosa, segundo (PRIMAVESI, 1999),
numa experiência feita no Pará, semeando uma mistura de 9 forrageiras entre
gramíneas e leguminosas, após três anos houve o seguinte resultado: o capim-colonião
desapareceu da maioria dos pastos, permanecendo somente em algumas pastagens
com terra mais fértil. A Brachiaria decumbens instalou-se em terrenos planos de

6
fertilidade fraca, o capim-gordura tomou conta das lombadas de cascalho laterítico,
junto com o calopogônio. A puerária tomou conta das terras baixas e úmidas, mas sem
inundação. O quicuio-da-amazônia estabeleceu-se, junto com o estilosantes, nas
ladeiras de fertilidade fraca, e as canaranas ficaram nos terrenos que sofreram
inundação periódica. A centrosema desapareceu. Se tivesse sido usada uma única
forrageira, em todos os terrenos menos adequados teria enfraquecido a tal ponto que a
“juquira,” ou seja, a rebrota da mata e as plantas invasoras pós-roça teriam tomado
conta. A limpeza do pasto depende da agressividade da forrageira.
3.1 AS FORRAGEIRAS MAIS USADAS

Segundo a mesma autora, a procura da melhor forrageira baseia-se, entre


outros, no fato de na Europa existir uma rainha das forrageiras que é a alfafa (Medicago
Sativo), que no entanto não é usada como forrageira única, mais somente de feno para
suplementar animais com elevada necessidade de proteínas, como vacas leiteiras com
alta produção, cavalos, touros, etc. Porém, em clima tropical, a formação de proteínas
não é tão difícil como em clima temperado, e elevados teores em proteínas não são
raros. Pela (Tabela 2) abaixo se pode observar o teor em proteínas brutas na matéria
seca de algumas forrageiras variando com o solo e a secagem.

7
Tabela 2. Forrageiras e composição percentual de proteína bruta
Forrageira PB (proteína bruta) %
Puerária (Pueraria phaseoloides) 20,92 a 23,83
Soja-perene (Glycine wightii tinaroo) 20,11 a 20,94
Leucena (Leucena leucocephala) 20,00
Siratro (Macroptiluim atropurpureum) 19,00 a 20,83
Mucuna-preta (Stizolobium aterrimum) 18,36 a 21,07
Alfafa (Medicago sativo) 14,70 a 22,80
Cornichão (Lotus corniculatos) 17,13 a 17,24
Pega-pega (Desmodium adscendens) 16,36 a 17,33
Guandu (Cajanus cajan) 14,00 a 15,20
Soja (Glycine Max Merrill) (palha após 15,50
colheita)
Lab-lab (Dolichos lablab) 14,80
Mas existem também capins com elevado teor em PB na matéria seca
Quicuio (Pennisteum clandestinum) 17,20
Capim-elefante (P. purpureum) 10,24 a 13,64
Brachiaria (Brachiaria humidicola) 11,90
Bermuda-grauss(C. dactylon 10,70
cv Taiwan)
Grama-branca (Panicum reptans) 13,53
Jaraguá (Hyparrhenia rufa) 5,83 a 14,3
Capim-papuã (Brachiaria plantaginea) 13,93

Fonte: PRIMAVESI, (1999)

Verifica-se que o valor protéico de nossas forrageiras não é problema. E se uma


gramínea não possui o valor exigido, a consorciação com uma leguminosa resolverá o
caso. Como no Estado não temos trabalhos técnicos atualizados voltados no
desempenho de certas gramíneas e leguminosas para nossas condições, mais que se
assemelham com as condições do Acre, falaremos d as principais gramíneas e
leguminosas forrageiras recomendadas para a formação de pastagens no Acre, e que
também já são utilizadas por aqui, são:

8
Brachiaria decumbens cv. Basilisk (braquiarinha) – devido à sua susceptibilidade à
cigarrinha-das-pastagens, esta espécie é recomendada apenas em mistura com outras
espécies, na proporção de até 20% da composição botânica do pasto;
Brachiaria brizantha cv. Marandu (brizantão) – recomendada somente para áreas com
solos bem drenados;
Brachiaria brizantha cv. Xaraés – gramínea forrageira recentemente lançada pela
Embrapa, com excelente desempenho no Acre. Para solos de baixa permeabilidade,
recomenda-se plantar em mistura com o capim-humidícola, na proporção de 1:1;
Brachiaria humidicola cv. Quicuio-da-Amazônia (humidícola) - recomendada
principalmente para áreas que apresentam solos de baixa permeabilidade;
Panicum maximum cvs. Tanzânia, Mombaça e Massai – recomendadas para solos mais
férteis, com topografia pouco acidentada para evitar a erosão. Pastagens formadas com
estas gramíneas devem ser manejadas sob pastejo rotacionado;
Paspalum atratum cv. Pojuca – recomendado principalmente para áreas que apresentam
solos de baixa permeabilidade, com topografia pouco acidentada, e com período seco mais
ameno;
Cynodon nlemfuensis cv. Estrela Africana Roxa – como não existem sementes
disponíveis no mercado (produz sementes inférteis), esta gramínea tem que ser plantada
por mudas, sendo recomendada para a recuperação e melhoramento de pastagens já
estabelecidas, principalmente em solos mais férteis. Tem apresentado excelente
desempenho nos solos de baixa permeabilidade, onde o brizantão tem morrido. Também é
recomendada para plantio em malhadouros e entorno de currais, devido à sua
agressividade e boa tolerância ao pisoteio nestas condições, bem como em barragens de
açudes. Outras espécies de gramíneas forrageiras, principalmente as braquiárias anfíbias
(angola, tangola e tanner-grass), têm sido utilizadas em condições específicas pelos
produtores, porém ainda não foram validadas pela pesquisa.
Duas leguminosas forrageiras são atualmente recomendadas para as pastagens no
Acre:
Pueraria phaseoloides (puerária) – única com sementes disponíveis no mercado, é
recomendada tanto para a formação de pastagens em áreas novas quanto para a
renovação de pastagens degradadas, apresentando boa capacidade de consorciação com
as gramíneas do gênero Panicum maximum, com todas as braquiárias e com o capim-
pojuca, não sendo recomendada sua consorciação com a estrela roxa;

9
Arachis pintoi cv. Belmonte (amendoim forrageiro) – leguminosa de porte
rasteiro,estolonífera, que tem apresentado excelente adaptação às condições
edafoclimáticas do Acre, principalmente nos locais com período seco mais ameno. É
plantada por mudas (estolões), sendo recomendada para a recuperação, renovação e
melhoramento de pastagens, principalmente com gramíneas de porte mais baixo
(braquiárias, estrela roxa, capim-pojuca e capim-massai). (Figuras 1 e 2)

Figura 1. Introdução do amendoim forrageiro em pastagem


de capim Massai (Panicum maximum).

Figura 2. Arranquio de mudas do amendoim forrageiro cv.


Belmonte.

4. A PASTAGEM NOS TRÓPICOS ÚMIDOS

Segundo (PRIMAVESI, 1999), distinguem-se essencialmente três tipos de


pastagens diferentes, ou seja: as dos cerrados de Mato Grosso, Goiás, e Pará, com
uma vegetação entouceirada, muito pobre, sendo composta de gramíneas de muito
baixo valor nutritivo, com variedades de barba-de-bode, de capim-chorão, de rabo-de-
burro, capim-cabeludo e cabelo-de-porco (Aristida, Eragrostis, Andropogon,

10
Trachypogon ciperceae) na paisagem típica do fogo. Segundo, existem as pastagens de
terra firme que hoje, em sua maioria, são plantadas, e finalmente as das várzeas, que
possuem uma vegetação toda específica, que é de muita boa qualidade, sendo
composta por plantas que suportam a inundação ou que vegetam na água, como as
canaranas (Echinochloa polystachya) e (E. pyramidalie), diversos sorgos (Hymenachne
amplexicaulis) e (H. donacifolia), diversos Panicum (Panicum elephantipes, P.
zizanoides), diverso arroz nativo (Oryza gandiplumis, O. perenis, O. hexandra),
Paspalum (P. fasciculatum, P. repens), etc. O valor nutritivo destas pastagens equivale
aos cultivos de melhor qualidade. É absolutamente antieconomico querer drenar as
várzeas para plantar pastagens exóticas. No período de seca, estas forrageiras servem
para bovinos, nas águas são plantadas quase exclusivamente para bubalinos. Porém,
ancorando-se no solo podem flutuar formando ilhas de capim. Estas, em parte, são
rebocadas servindo de alimento ao gado recolhido nas marombas. Estas pastagens
praticamente não têm indicação de manejo, a não ser evitar o superpastoreio na
estação mais seca, onde o pisoteio pesado e a tosa excessiva podem prejudicá-las.
As pastagens melhores situam-se por toda à parte nos solos mais baixos, não
importando se sofrem somente de inundação temporária ou por longo tempo.
Como na Mata em geral não existia capim, as pastagens na terra firme são
praticamente todas plantadas, em boa parte abandonadas por terem sido escolhidas
forrageiras inadequadas para as condições climáticas e de solo e sendo invadidas
maciçamente por jurubebas, malvas-brancas, vassoura-de-botão (Borreria verticilata),
assa-peixe (Vernonia spp), capim-amargo (Trichachne insularis) e rabo-de-burro
(Andropogon bicornis).
O problema mais comum nas pastagens de terra firme é seu crescimento muito
rápido, de modo que o gado não consegue vencer a forragem. Sua lignificação rápida
baixa seu valor nutritivo drasticamente. Embaixo, na forragem densa, graças ao
ambiente úmido, assentam-se fungos.
Fungos atacam igualmente as sementes das forrageiras, como uma espécie de
carvão, as sementes do capim colonião ou a mela nas leguminosas.
A leguminosa que se adaptou rapidamente é o Kudzu-tropical (Pueraria
phaseoloides), que invade áreas de solos frescos e é usada paracobrir o solo nos

11
cultivos de capim-colonião, elefante, guiné e outros. Porém não suporta pisoteio pesado
nem queimadas e em estado fresco é pouco procurado pelo gado.
Nas pastagens de terra firme têm sido promissores o quicuio-da-amazônia
(Brachiaria humidicola), a leucena (Leucaena leucocephala) e o guandu (Cajanas
cajan), todas de boa aceitação pelo gado. A maioria das leguminosas testadas
apresenta sérios problemas fitossanitários, por causa de ataque de fungos.
A brachiaria, inicialmente muito plantada, foi aniquilada em muitas pastagens
pela cigarrinha (Deois incompleta), que hoje está atacando a maioria dos capins,
inclusive a cana-de-açúcar (PRIMAVESI, 1999).
4.1 PRÁTICAS DE PASTOREIO

As práticas de pastejo são recursos que fazemos emprego, segundo a utilidade,


possibilidade, tipo de exploração, conforme o caráter da vegetação que possuímos. O
pastoreio poderá ser contínuo, diferido e rotativo.
4.1.1 Pastejo contínuo

É a forma mais primitiva empregada para o para o aproveitamento do pasto.


Consiste em deixar que os animais pastejem durante todo o ano ou durante vários anos
na mesma pastagem. Nesta forma de pastejo, não se dá à planta oportunidade de
refazer suas reservas alimentícias, provocando por conseguinte o seu enfraquecimento.
Esta forma apresenta ainda o grande inconveniente de favorecer um pastejo seletivo,
que irá, gradativamente, prejudicar as plantas mais palatáveis, criando, assim,
condições melhores para as plantas menos palatáveis ou invasoras não-forrageiras.
Os animais são colocados no pasto após ter sido observada à disponibilidade de
forragem, levando em consideração a fisiologia da planta, altura (que varia com a
espécie e época do ano) e seu estágio de maturidade. Além disso é necessário saber o
momento certo para a retirada dos mesmos, pois é preciso permitir que as plantas
conservem parte de sua área foliar para que haja uma boa recuperação do capim, a
manutenção de boa cobertura do solo (menores riscos de erosão e susceptibilidade às
plantas invasoras), além da produtividade da pastagem. Destina-se a sistemas de
produção extensivos nos quais se espera investir menos capital, e tomar menos
decisões de manejo.

12
4.1.2 Pastejo diferido

Para se evitar os inconvenientes supramencionados, houve necessidade de se


adotar outros sistemas de pastejo. Um destes é o pastejo diferido, que consiste em que
se deixe que as plantas cumpram seu ciclo vegetativo, fazendo os animais pastorear
em seguida, para combater as vegetações grosseiras e enterrar as sementes. É preciso
que tenhamos nossa propriedade dividida em vários potreiros, nos quais o pastejo se
difira distintamente a cada ano. As vantagens desta prática de pastejo são muitas:
evitar o superpastejo; restabelece e adensa a pastagem, evitando a erosão; diminui a
possibilidade de infestação de invasoras, pois dá as plantas forrageiras melhores
oportunidades na competição com aquelas; efeito favorável sobre a vegetação, pelo
descanso dado às plantas.
4.1.3 Pastejo rotacionado

Utilizado em sistemas de produção intensivos cujo objetivo é obter altos índices


de produtividade. Neste caso, a pastagem é dividida em piquetes e o cálculo se baseia
na fisiologia de crescimento da espécie vegetal em questão, respeitando assim, o seu
período de descanso e considerando os dias de ocupação dos animais. Proporciona
economia de material e mão de obra, pois se recomenda a utilização de cercas
elétricas por sua praticidade no manejo dos animais dentro da área. Estes por sua vez,
tem acesso a um corredor com água, independentemente de qual piquete estejam
ocupando, ou a água é distribuída dentro da área de piquetes.
O sistema de pastejo rotacionado, promove melhor persistência das plantas na
área, principalmente as leguminosas. Outros aspectos, é que ao adotar este sistema,
existe possibilidade maior de conservação de forragens no pastejo diferido e maior
utilização do pasto no período das águas, embora haja declínio mais acelerado da
qualidade do material pastejado. Estudos mostram que, a produção de leite declina
quando se está com os animais em fases mais avançadas do período de pastejo, em
determinado piquete.

13
O sistema de pastejo rotacionado possui limitações de uso, as quais são
baseadas no fato de serem necessárias maiores decisões de manejo. Na (figura 3)
temos esquemas de sistemas de pastejos rotacionados.

Figura 3. esquemas de pastejos rotacionados. FONTE: (RODRIGUES e REIS, 1997)

5. DEGRADAÇÃO DAS PASTAGENS

O processo de degradação das pastagens se caracteriza como a perda evolutiva


de vigor, produtividade, capacidade de recuperação natural das pastagens para
sustentar os níveis de produção e qualidade exigida pelos animais, assim como, a de
superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e invasoras, culminando com a

14
degradação avançada dos recursos naturais. Ocorre, então, redução na produção de
forragem e também no seu valor nutritivo, mesmo em épocas favoráveis ao
crescimento, havendo queda considerável na produtividade potencial para as condições
edafoclimáticas e bióticas a que está submetida.
A produção de forragem perde gradativamente a capacidade de manter
determinado número de animais no pasto por determinado período de tempo. É
conveniente comentar que o processo de degradação do solo; que se caracteriza por
estar associado a processos de deterioração de suas propriedades, por perda de
volume e estrutura por erosão e compactação; perda de fertilidade por erosão e manejo
inadequado; e, alterações causadas por adubos químicos e pesticidas; sempre leva à
degradação das pastagens. Contudo, a degradação das pastagens não
necessariamente conduz à degradação dos solos, a menos que o processo de
degradação das mesmas esteja em estágio avançado, contudo, pode-se esquematizar
a degradação conforme (Figura 4).

Figura 4 - Representação gráfica simplificada do processo de degradação de pastagens


cultivadas em suas diferentes etapas no tempo. FONTE: (JÚNIOR, D; N. et al; 1999)

5.1 SINAIS DE DEGRADAÇÃO DA PASTAGEM

É muito comum que pastagens que foram bem formadas e apresentaram-se


produtivas durante os primeiros anos após o estabelecimento venham a perder sua
produtividade com o passar do tempo. A redução na produção de forragem e também
no seu valor nutritivo, mesmo nas épocas do ano favoráveis ao crescimento das plantas
(estação chuvosa), são os primeiros sinais de um processo que se convencionou
15
chamar de “degradação das pastagens”. Outros sinais do início de degradação das
pastagens são a diminuição na área de solo que é coberta com forrageiras (Figura 5) e
a redução no número de plantas novas, provenientes de ressemeadura natural. Além
disso, ocorrem mudanças nos tipos de plantas que povoam a pastagem, com tendência
de entrada de plantas invasoras.

Figura 5 - Pastagem com pontos sem cobertura vegetal.


FONTE: (JÚNIOR, D; N. et al; 1999)

O grau de degradação de uma pastagem pode ser medido de várias maneiras e


é o ponto de partida para se tomar decisões que dizem respeito às formas de
recuperação. Obviamente as diferentes maneiras de se avaliarem o nível de
degradação de uma pastagem estão sujeitas a variações de examinador para
examinador, visto que são subjetivas. Segundo (JÚNIOR, D; N. et al. 1999), no 11º
Simpósio sobre Manejo da Pastagem, em Piracicaba-SP, (NASCIMENTO JR. et al.
1994) citaram algumas formas de se avaliar o grau de degradação das pastagens. Um
método que parece ser bastante prático é o que avalia a condição da pastagem
dividindo-a em quatro classes, representadas na (Figura 6).

16
Figura 6- Critério de avaliação da degradação de pastagens FONTE: (JÚNIOR, D; N. et al; 1999)

Alguns exemplos desses graus de degradação em pastagens de colonião podem


ser vistos na (Figura 7).

17
Figura 7 - Fotos de pastagens de Panicum maximun em diferentes graus de degradação. a)
pobre, b) razoável, c) boa e d) excelente. FONTE: (JÚNIOR, D; N. et al; 1999)

Esse método parece ser bastante razoável, visto que une duas formas de
avaliação: a cobertura de forragem na pastagem e a composição botânica, ou seja, o
grau de empraguejamento por invasoras. A entrada de invasoras na pastagem segue o
padrão teórico descrito na (Figura 8), na qual se pode observar que, à medida que a
pastagem vai se degradando, as invasoras vão ganhando espaço, por serem menos
palatáveis e mais adaptadas a solos de baixa qualidade e fertilidade.
18
Figura 8 - Mudança na cobertura por espécies forrageiras e na entrada de invasoras nas
pastagens segundo o estágio de degradação. FONTE: (JÚNIOR, D; N. et al; 1999).

A presença de plantas invasoras não afeta a produção animal somente do ponto


de vista do fornecimento de nutrientes. A invasão das pastagens pelas plantas daninhas
leva a erodibilidade por menor cobertura do solo e pelo fenômeno denominado
alelopatia.
Este termo tem origem grega, sendo um neologismo que significa "uma planta
afetando outra". No entanto, em seu sentido mais amplo o termo refere-se a compostos
denominados agentes aleloquímicos ou alelopáticos que, quando liberados por algumas
plantas ou seus resíduos, podem beneficiar ou prejudicar o desenvolvimento de outras.
Alguns exemplos de plantas que podem ser encontradas em pastagem e que
possuem propriedades alelopáticas estão listados na (Tabela 3).

19
Tabela 3 - Plantas encontradas em pastagens e que apresentam potencial alelopático.

5.2 CAUSAS DA DEGRADAÇÃO

A degradação das pastagens normalmente está associada a três grandes


fatores: a) má implantação da pastagem, b) declínio da fertilidade do solo e c)
condições ambientais nas quais a pastagem está inserida. Estes fatores são
potenciados por práticas inadequadas de manejo, que incluem má adequação da carga
animal, falta de reposição da fertilidade, uso da queima, entre outros.
5.3 CAUSAS DE DEGRADAÇÃO RELACIONADAS AO ESTABELECIMENTO DA
PASTAGEM

Duas práticas agronômicas ligadas ao estabelecimento que, quando não


realizadas devidamente, contribuem para a degradação das pastagens são o preparo e
a adubação do solo (Figura 9 A, B, C e D). O preparo do terreno para o plantio deve
obedecer a práticas de conservação do solo. Quando isso não acontece, pode haver
perda de solo por erosão, o que será tanto mais grave quanto mais acentuada for a
declividade do terreno.
A falta de adubação em solos com deficiências nutricionais, ou adubação
incorreta, além de não permitir um bom estabelecimento, concorre para reduzir a
produtividade e valor nutritivo da pastagem, principalmente quando o manejo é
inadequado.

20
Figura 9 - A) Terraceamento para controle de erosão; B) Gradagem para melhoria física do solo; C e D)
Correção para melhoria das condições químicas do solo. FONTE: (JÚNIOR, D; N. et al; 1999).

Então, o objetivo do estabelecimento é a obtenção de uma adequada população


inicial de plantas. O sucesso do estabelecimento de pastagens em determinada área,
depende de conhecimentos prévios sobre as características de clima, solo, relevo e da
existência de espécies ou cultivares que se adapte bem a essas condições existentes
nessa região. Esses conhecimentos poderão nos auxiliar a adequar os diversos fatores
de manejo ou práticas agronômicas que afetam o estabelecimento de tal forma a
minimizar os riscos de fracasso no estabelecimento das pastagens.
As várias modalidades de formação de pastagens diferenciam-se basicamente
quanto ao grau de preparo do solo e das práticas utilizadas durante o processo do
estabelecimento. Assim, vemos a seguir detalhes para a implantação de pastagens.
O investimento na formação ou implantação de pastagem pode ser considerado
uma das atividades mais importantes, sob o ponto de vista econômico, para a produção
dos bovinos. Esta prática é tão importante, que deve ser considerada como um plantio
semelhante a outras culturas, e, como tal, o produtor deve procurar, da melhor maneira
possível, as técnicas agronômicas mais adequadas.
Sabe-se que a produtividade do pasto está intimamente relacionada com
aspectos, como:
21
· escolha do local para implantação da pastagem;
· escolha das espécies forrageiras;
· época de plantio e preparo do solo;
· calagem, adubação e controle de plantas invasoras;
· cuidados no plantio;
· utilização da pastagem.
5.4 LOCAL DE PLANTIO

Na escolha do terreno que deve ser transformado em pastagem, pela introdução


de espécies forrageiras, deve -se levar em conta que as altas produções são obtidas
em solos de maiores fertilidades.
A locação das pastagens depende da topografia, das aguadas e das facilidades
de se realizar a construção de boas cercas. A maioria das espécies forrageira não tolera
solos encharcados. Onde for possível, é recomendável que haja disponibilidade de
árvores ou bosque em cada pastagem, para proteger o gado contra o sol, as chuvas e
os ventos frios.
5.5 ASPECTOS CLIMÁTICOS

O clima de uma região exerce acentuada influência sobre a vegetação local,


determinando as espécies forrageiras a serem introduzidas. A precipitação
pluviométrica, a temperatura e a luminosidade (fotoperíodo) são os fatores mais
importantes e os que promovem, através de suas variações, as sazonalidade de
produção das forrageiras.
Assim, as gramíneas tropicais, que são normalmente originárias da África,
começam a ter seus crescimentos prejudicados em condições de temperaturas abaixo
de 20ºC. Verifica-se que a produtividade de uma forrageira varia de acordo com as
estações do ano; seu crescimento vegetativo começa na primavera, com o início das
chuvas e aumento da temperatura inclusive do fotoperíodo. Sua produção começa a
decrescer no outono, quando normalmente ocorre o período reprodutivo, com emissão
da inflorescência e produção de sementes. No inverno, a produção torna-se muito
pequena, limitada basicamente pela baixa umidade no solo e temperaturas mais baixas.

22
5.6 ASPECTOS DO SOLO

Foi observado que, para a escolha da espécie forrageira a ser utilizada, o clima
tem uma considerável influência. Além dele, o solo, nos aspectos de topografia,
profundidade e principalmente fertilidade, constitui fator determinante.
Tomando como exemplo a tolerância ao alumínio no solo, pode-se considerar
que as espécies como Brachiaria decumbens, humidicola e Andropogon gayanus são
tolerantes, portanto mais indicadas para área com alto alumínio, como os solos de
cerrado. Espécies do gênero Panicum, como colonião, Tanzânia, centenário e
variedades de capim-elefante, são menos tolerantes, portanto merecendo cuidados na
escolha da área e na correção do solo, visando minimizar os efeitos tóxicos do
alumínio, inclusive em perfis mais profundos do solo.
É oportuno informar que a diversificação, ou seja, o uso de variadas espécies
forrageiras é sempre aconselhável, pois caso alguma espécie sofra ação de pragas ou
doenças que venham a prejudicar sua produção, temos outras espécies como reserva
estratégica (obviamente deve -se escolher espécies com diferentes graus de resistência
às diversas doenças e pragas).
5.7 TOPOGRAFIA DA REGIÃO

São grandes os riscos de erosão durante o processo de formação e utilização de


pastagens em áreas montanhosas. Entretanto, esses riscos poderão ser diminuídos ,
através da adoção de métodos adequados de preparo do solo, como o de faixas
alternadas e em nível, e da escolha de uma espécie forrageira que, além de apresentar
um rápido estabelecimento, também permita uma boa cobertura vegetal do solo,
protegendo-o, assim, da erosão. Mesmo em áreas mais planas, como é o caso do
Brasil Central, torna-se necessária à adoção de técnicas conservacionistas, como
curvas em nível e outras, para preservar o solo de possíveis intempéries.
5.8 TOLERÂNCIA À CIGARRINHA

Nos últimos anos, vem ocorrendo, em muitas regiões do Brasil, uma acentuada
incidência de cigarrinhas-das-pastagens (Deois flavopicta) – (Figura 10). Isto se deve,

23
em parte, à substituição total e de forma desordenada das forrageiras nativas ou
naturalizadas por outras espécies susceptíveis a essa praga, como é o caso da
Brachiaria spp.

Figura 10 - Algumas espécies de cigarrinha importantes nas pastagens brasileiras. A) Zulia


enteriana; B) Deois flavopicta; C) Deois schach.

Os prejuízos causados por essa praga se caracterizam, inicialmente, por uma


perda do valor nutritivo da forragem, diminuição de sua palatabilidade e, numa etapa
posterior, pela morte das plantas, com reflexos negativos na produção animal. Portanto,
um dos pontos fundamentais num programa de formação de pastagens é a utilização
de espécies forrageiras resistentes a cigarrinhas. A (Tabela 4) mostra o grau de
resistência de algumas gramíneas forrageiras a essa praga.

Tabela 4 - Grau de eficiência de gramíneas forrageiras às cigarrinhas das pastagens

R: Resistentes; MR: Moderadamente resistentes, MS: Moderadamente susceptível; S:


24
Susceptível. FONTE: (JÚNIOR, D; N. et al; 1999)..

5.9 ÉPOCA DE PLANTIO E PREPARO DO SOLO

A umidade e o calor são importantes no momento do plantio, o qual deve ser


realizado no início da estação de chuva, que, para as condições do Brasil Central,
ocorre de outubro a dezembro.
O preparo do solo deve ser realizado no fim do período da seca, nos meses de
agosto e setembro. As práticas mais recomendadas são:
a. Destoca do terreno, caso seja necessária, fazê-la com trator de esteira. Em destocas
leves, pode ser realizada com trator de pneu com lâmina, e realizada em nível, para
evitar possíveis erosões, provocadas por chuvas ocasionais.
b. Controle da erosão recomendam-se os terraços de base estreita, nivelados,
construídos com arado de discos (passando 3 a 5 vezes no mesmo lugar), distanciados
de acordo com a declividade do terreno e tipo de solo.
c. Aração deve ser o mais profunda possível, para maior revolvimento do solo e
combate às plantas invasoras. Deve ser realizada em nível, acompanhando os terraços
(Figura 11).

Figura 11 - Aração do solo para revolvimento. FONTE: (JÚNIOR, D; N. et al; 1999).

25
d. Gradagem possui a finalidade de destorroar o solo e controlar as plantas invasoras.
Em muitos casos, recomenda-se uma segunda gradagem (após 20 dias da primeira),
para eliminar o restante das ervas daninhas (Figura 12).

Figura 12 -Processo de gradagem para destorroamento e nivelação. FONTE: (JÚNIOR, D; N. et al; 1999).

5.10 CALAGEM E ADUBAÇÃO DE PLANTIO

O primeiro passo a ser realizado com relação a estas duas práticas é a análise
de solo.
A calagem ou aplicação do calcário deve ser em função da análise do solo e
deve ser distribuída em toda a superfície do terreno, antes da aração, podendo ser
realizada a lanço (Figura 13A) ou mecanicamente (Figura 13B). O calcário deve ser
dolomítico (presença de magnésio), e o produtor deve ter informações analíticas a
respeito da qualidade desse calcário.

26
Figura 13 - A) Aplicação de calcário a lanço e B) mecanicamente. FONTE: (JÚNIOR, D; N. et al; 1999).

Na adubação de plantio, recomenda-se basicamente a aplicação de fósforo


(superfosfato simples, superfosfato triplo, termofosfato), observando-se a análise de
solo.
Misturas formuladas ricas em fósforo como 4-30-10 + zinco ou 4-30-16 + zinco
são também apropriadas, principalmente nos solos pobres em potássio. Esta adubação
deve ser realizada, em toda a superfície do solo, após a aração e antes da gradagem,
para que haja incorporação do fósforo.
Outro elemento importante para as plantas forrageiras é o enxofre. É oportuno
observar que o superfosfato simples contém 10 a 12%, e o gesso agrícola, em torno de
15% de enxofre.
5.11 USO DO GESSO AGRÍCOLA

O gesso agrícola (sulfato de cálcio) tem sido recomendado a áreas cujos teores
de alumínio são altos e os de cálcio baixos, nas camadas subsuperficiais (abaixo de 20
cm) do solo, como é o caso do Brasil central. É indicado para culturas anuais e perenes
e, no caso de pastagem, principalmente, para aquelas formadas com espécies mais
susceptíveis ao alumínio e mais exigentes em cálcio, como as espécies do gênero
Panicum e os cultivares de capim - elefante.
O gesso não é corretivo de acidez e não substitui o calcário. O calcário atua na
camada arável do solo (onde foi aplicado), e o gesso, abaixo dessa camada, pois, após
dissolução, se mobiliza rapidamente e se fixa nas camadas inferiores do solo. Sua
movimentação é acompanhada de cálcio, magnésio (do calcário) e outros cátions. Com
isto, aumentam os teores destes elementos, e a toxidez do alumínio se reduz e, em
conseqüência, favorece o aprofundamento das raízes, permitindo às plantas superar
veranicos e usar com maior eficiência os nutrientes aplicados ao solo. O gesso, além de
melhorar as condições físicas do solo, é também uma fonte de enxofre (em torno de
15%). Deve ser aplicado com critério nas doses recomendadas, pois, em excesso, pode
causar movimentação de nutrientes no solo com possíveis perdas. Pode ser aplicado,
antes ou depois do calcário, incorporado ou na superfície do solo.

27
Para a recomendação de gesso é necessária a análise do solo, inclusive, na
camada de 30 a 50 cm abaixo da superfície do solo. Encaminhar as amostras à análise
química, solicitando também a análise do teor de argila, pois As quantidades a serem
aplicadas dependem dessa fração no solo.
5.12 PLANTIO

O primeiro ponto a ser considerado é a quantidade de semente ou taxa de


semeadura (Tx). Basicamente, a quantidade a ser utilizada está em função do valor
cultural das sementes e de uma constante (K), de acordo com a espécie forrageira a
ser plantada. O valor cultural (VC), que deve estar explícito na embalagem, por sua vez,
está em função do índice de
germinação e pureza das sementes.
Para se chegar à quantidade mínima de semente ou à taxa de semeadura,
expressa em kg/ha, divide-se a constante pelo valor cultural (Tx = K/CV). Algumas
constantes: Brachiaria brizantha = 210; capim-colonião = 160; B. decumbens e B.
humidicola = 180; capimandropogon = 200. É sempre conveniente consultar técnicos,
inclusive os ligados às empresas produtoras de semente.
A maneira mais indicada para se realizar a semeadura é com o uso de
semeadeiras especiais para pastagem (Figura 14). Entretanto, pode-se utilizar
semeadeiras de cereais, distribuidores de calcáreo ou mesmo o plantio manual a lanço.
Em geral, as sementes devem ser enterradas a uma profundidade de 1 a 2 cm. Quando
não se usa a plantadeira especial, deve-se adaptar atrás dos implementos rolos (de
pneus por exemplo) ou mesmo uma peça de madeira ou correntes, que são arrastadas
sobre o terreno, para que haja maior contato da semente com as partículas do solo.

28
Figura 14 - Plantadeira-adubadeira de pastagens. FONTE: (JÚNIOR, D; N. et al; 1999).

5.13 ADUBAÇÃO DE COBERTURA

Consiste na adubação nitrogenada e potássica e deve ser realizada a lanço, 30 a


40 dias após o plantio. Aplicar de 30 a 50 kg de nitrogênio/ha (sulfato de amônio,
nitrocálcio, uréia). A aplicação de potássio será realizada de acordo com a análise de
solo. Recomendam-se também as formulações 20-0-20, 20-05-20 ou 20-05-15,
observando-se os teores de potássio no solo.

5.14 CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS

Após o plantio da forrageira, normalmente é necessário o controle de plantas


invasoras ou daninhas. Além dos métodos convencionais (manual ou mecânico), o
controle das plantas daninhas por intermédio de herbicidas (Figura 15A e B) tem-se
mostrado muito eficiente e com uma relação de benefício/custo bastante favorável.

29
Figura 15 - A) Controle químico geral de invasoras com herbicida seletivo; B) Controle local da invasora.
FONTE: (JÚNIOR, D; N. et al; 1999).

As vantagens do controle de plantas invasoras na implantação da pastagem são:


· melhor formação das pastagens;
· liberação da pastagem aos animais em aproximadamente 90 dias após o plantio;
· a antecipação no uso da pastagem pelos animais cobre os custos com a aplicação;
· maior perfilhamento das gramíneas, com touceiras mais vigorosas;
· maior número de plantas forrageiras por m2;
· menor necessidade de gastos com controle das plantas daninhas nos anos seguintes.

5.15 UTILIZAÇÃO DA PASTAGEM

Quando bem formada, a pastagem poderá, de um modo geral, ser utilizada pelo
rebanho, após 90 dias a partir da germinação. Caso a forrageira não tenha coberto todo
o espaço de solo, deixar sementear para posteriormente permitir o pastejo. Os
primeiros pastejos devem ser realizados com lotação animal mais leve. Assim, pode-se
dizer que os resultados de um estabelecimento adequado da pastagem serão
traduzidos em melhor desempenho do animal que irá utilizar uma pastagem de melhor
qualidade e também no lucro gerado, uma vez que uma pastagem bem implantada terá
uma maior produtividade e tempo de utilização.

6. CAUSAS DE DEGRADAÇÃO RELACIONADAS AO MANEJO DA PASTAGEM

6.1 SUPERPASTEJO

30
O superpastejo nada mais é do que o pastejo de uma área com número de
animais superior ao suportado pela forrageira. Ocorre principalmente na época seca
quando as pastagens perdem o vigor e não produzem massa suficiente para alimentar
a quantidade de bovinos que geralmente é colocada nas águas. Como nessa época o
preço de mercada do boi magro é baixo, o pecuarista tende a deixar o animal no pasto
para vendê-lo quando do aquecimento do mercado, mantendo assim número excessivo
de rezes na pastagem, exercendo assim altas pressões de pastejo.
A pressão de pastejo pode ser alterada de duas formas, 1) modificando
(aumentando ou diminuindo) a área e mantendo o número de animais fixo ou 2)
modificando (aumentando ou diminuindo) o número de animais e mantendo a área fixa .
É uma das principais causas da degradação das pastagens, pois, em virtude do
grande número de animais, o superpastejo reduz o vigor das plantas e sua capacidade
de rebrotação e de produção de sementes. Isto acontece porque a intensidade com que
o animal promove o pastejo é aumentada, podando as plantas cada vez mais próximas
do nível do solo, reduzindo a quantidade de resíduo vegetal (forragem não consumida)
que cai ao solo e passa a constituir fonte de nutrientes que são reaproveitados pelas
plantas forrageiras, o que se conhece como reciclagem de nutrientes. A conseqüência
desses efeitos do superpastejo sobre a pastagem será menor produtividade e menor
capacidade de competição com as invasoras e gramíneas nativas.
6.2 DEFICIÊNCIA DE NITROGÊNIO

Em algumas situações, quando há quantidade de nitrogênio (N) suficiente na


matéria orgânica, como ocorre em alguns solos de pastagem, a aplicação de nitrogênio
por ocasião do plantio de forrageiras é desnecessária. Isto se deve ao efeito que o
preparo do solo (aração e gradagem) exerce sobre a disponibilidade de nitrogênio no
solo.
O cultivo da terra estimula a decomposição da matéria orgânica, liberando
nitrogênio, que é elemento essencial ao crescimento das forrageiras. Esse nutriente é
usado pelas plantas nessa fase e algum tempo após o estabelecimento das pastagens.
Após a fase de estabelecimento, a decomposição da matéria orgânica se processa
mais lentamente, de modo que a disponibilidade de nitrogênio para as plantas
forrageiras tende a diminuir. Com o tempo, a deficiência desse elemento se acentua,

31
sobretudo quando o manejo da pastagem não favorece a reciclagem de nutrientes, com
isto torna-se necessária à fertilização periódica, conforme análise do solo.
6.3 DEFICIÊNCIA DE OUTROS NUTRIENTES

Para a persistência das pastagens cultivadas, entre outros fatores, é necessário


que haja adequado suprimento de nutrientes no solo, a fim de assegurar o crescimento
das forrageiras. A demanda por esses nutrientes na fase de produção da pastagem
varia com o tipo de solo, espécies utilizadas, níveis de adubação usados no plantio e
intensidade de utilização das pastagens. A não aplicação dos nutrientes necessários
contribui para acelerar a degradação das pastagens cultivadas.
6.4 USO DA QUEIMA

Embora a queima seja uma prática de manejo muito usada, principalmente em


pastagens nativas, o seu uso em excesso prejudica a produtividade e a persistência
das pastagens. Queimas freqüentes prejudicam as plantas forrageiras por esgotar as
reservas das raízes e base do caule, diminuindo o vigor da rebrotação. Além disso, há
perdas de nitrogênio, enxofre e outros elementos contidos na vegetação queimada. Em
alguns casos, há também perda de sementes de forrageiras, o que concorre para
diminuir a densidade das mesmas na pastagem.
O valor do fogo como um instrumento de manejo varia dependendo do
ecossistema da pastagem se árido ou úmido, porque ele pode alterar a sua composição
botânica. Dentro de uma comunidade de pequenas forrageiras e umidade limitada, a
disponibilidade de forragem é baixa, mas a qualidade tende a ser alta, da mesma forma
que o material senescente na planta. Conseqüentemente, fogo em pastagens de clima
árido é prejudicial para a produção de animais, porque ele destrói uma forragem
valiosa.
A queima de pastagens na Região dos Cerrados constitui uma prática
largamente adotada e é realizada, normalmente, na estação seca e próximo do início
do período chuvoso.
Uma das vantagens em queimar a pastagem estaria na incorporação ao solo de
nutrientes contidos na matéria seca, contribuindo assim para a melhoria da fertilidade.
O uso do fogo no manejo das pastagens está quase sempre associado à pecuária

32
extensiva e extrativista, principalmente em áreas que apresentam baixo potencial
agrícola.
Em locais de difícil acesso, como em matas fechadas, em áreas não
mecanizáveis, em áreas com muita pedra ou em áreas ainda não destocadas, é comum
a utilização do fogo para remover a vegetação e preparar a “cama” para as sementes
do capim. Normalmente, a queima da vegetação é feita no final do período seco e a
semente é jogada ao solo, a lanço manualmente ou por avião, antes das primeiras
chuvas. Este processo de remoção da vegetação é tradicionalmente utilizado durante a
ocupação e colonização de grandes áreas cobertas por florestas, matas fechadas ou
mesmo por cerrado. A utilização do fogo, nesta situação, permite a implantação de
grandes áreas de pastagens com rapidez e a baixo custo.
Assim foram formadas grande parte das pastagens do Sul do Pará, do
Amazonas e do Centro -Oeste brasileiro.
O efeito do fogo sobre o teor de matéria orgânica do solo, é variável,
dependendo do grau de umidade do solo, do tempo e temperatura da queima e com a
época em que é realizada. Em pastagem, a ação do fogo é relativamente rápida e o
impacto sobre o teor de matéria orgânica não é significativo quando se considera
apenas uma queima. Entretanto, queimas em anos sucessivos numa mesma área,
podem modificar os teores de matéria orgânica do solo. O Nitrogênio pode ser perdido
por volatilização pelo processo da queima, dependendo da temperatura atingida.
A erosão hídrica é um processo complexo que se manifesta em intensidades
variáveis, condicionada por vários fatores e suas interações. A proteção do solo contra
a ação das chuvas relaciona-se, em grande parte, com a cobertura proporcionada pelas
plantas e com o regime de chuvas.
A manutenção de uma cobertura vegetal densa é primordial para o controle das
perdas de solo por erosão e da sua fertilidade. A camada superficial do solo, rica em
matéria orgânica e, normalmente a mais fértil, é a camada mais erodida.
Devem-se considerar perdas de solo, de água, de parte da liteira e de matéria
orgânica do solo. A utilização da queima na implantação de pastagens e,
principalmente, na limpeza ou na eliminação da macega, pode trazer conseqüências
como a exposição do solo às intempéries e o aumento do processo erosivo, com
perdas significativas de solo e água.

33
A resistência das plantas forrageiras ao fogo é uma característica da espécie e
variedade. Entretanto, condições locais de umidade, qualidade do solo, o clima e a
ocorrência de doenças e pragas, podem afetar o desenvolvimento da rebrotação após a
queima. Na (Tabela 5) são mostrados algumas características de adaptação de
forrageiras. O valor do fogo como uma ferramenta de manejo de pastagens depende,
fundamentalmente, do entendimento do ecossistema de pastagens. As conseqüências
da utilização do fogo podem se somar a cada queima, e a pastagem tenderá, no tempo,
a degradar-se, porque ocorrem perdas de nutrientes, de solo e de água, que
normalmente não são repostas.
Espera-se que, com o desenvolvimento da pecuária, especialmente na produção
de bovinos a pasto e com melhor manejo de pastagens, o uso do fogo fique restrito a
situações mais específicas.

Tabela 5 - Características de adaptação de gramíneas tropicais

FONTE: (JÚNIOR, D; N. et al; 1999).

34
6.5 ESPÉCIE DE FORRAGEIRA INADEQUADA

Algumas pastagens ficam degradadas mais rapidamente porque foram formadas


com forrageiras não adaptadas às condições de solo e clima do local ou com
forrageiras de hábito de crescimento inadequado ao relevo da área. São exemplos
disso, no primeiro caso, o plantio de espécies de alta exigência nutricional em solos
ácidos, de baixa fertilidade, e, no segundo caso, o plantio de forrageiras cespitosas
(que formam touceiras) em área de declividade acentuada. Nesse último caso, mesmo
que a fertilidade do solo seja compatível com as exigências da forrageira, o solo estará
sujeito à erosão e poderá perder sua fertilidade, a não ser que o estabelecimento e o
manejo da pastagem sejam muito bem conduzido.
7. MANEJO DAS PASTAGENS

O manejo correta das pastagens é fundamental para qualquer sistema de criação de


bovinos a pasto. Em pastagens bem manejadas, o pasto normalmente apresenta
crescimento vigoroso, protege melhor o solo e consegue competir com vantagens com as
plantas invasoras, resultando em menor gasto com limpeza e manutenção das pastagens.
O manejo correto, assegurando taxas de lotação compatíveis com a capacidade de
suporte das pastagens, também contribui para melhorar a nutrição do rebanho e,
conseqüentemente, para aumentar seus índices produtivos, reprodutivos e sanitários.
No manejo das pastagens existem dois fatores principais que devem ser planejados
e controlados: (a) o sistema de pastejo, que representa a modalidade de utilização da
pastagem; e (b) a taxa de lotação, que define a intensidade de utilização do pasto.
Dois sistemas de pastejo podem ser utilizados para o manejo das pastagens: o
contínuo e o rotacionado. Ambos possuem vantagens e desvantagens, havendo situações
em que um é mais recomendado do que o outro. Entretanto, na maioria das situações, o
sistema rotacionado é o mais recomendado, principalmente por proporcionar melhor
controle da utilização do pasto, possibilitando o uso de maior taxa de lotação. Entretanto,
nada impede que uma propriedade adote os dois sistemas para o manejo de suas
pastagens. Em propriedades envolvidas com a atividade de cria, por exemplo, é
recomendável que os piquetes maternidade sejam manejados sob pastejo contínuo,
evitando a manipulação das vacas paridas e de suas crias. Em pastagens formadas com

35
gramíneas de crescimento cespitoso (touceiras), o sistema de pastejo recomendado é o
rotacionado.
No sistema de pastejo rotacionado, devem ser definidos os períodos de descanso e
de pastejo, e o número de piquetes do módulo. O período de descanso (PD) deve ser
estabelecido em função da gramínea forrageira predominante na pastagem (Tabela 6).
Durante o período seco, quando o crescimento do pasto é mais lento, o período de
descanso deve ser aumentado em 5 a 7 dias. O período de pastejo (PP) deve ter duração
de três dias a uma semana. Períodos mais curtos implicam em aumento desnecessário no
número de piquetes e, mais longos, em menor controle da utilização do pasto. O número de
piquetes (NP) do módulo é função do período de descanso e do período de pastejo, sendo

PD
calculado com base na fórmula (NP =  1 ). Para as condições do Acre, módulos
PP
constituídos por 5 a 8 piquetes são adequados para a maioria das situações.

Tabela 6. Períodos de descanso recomendados para o manejo das principais gramíneas forrageiras do
Estado do Acre, sob pastejo rotacionado.

8. FORMAÇÃO E MANEJO DE CAPINEIRA

36
A produção de forrageiras e pastagens constitui uma das principais etapas na
exploração racional de um sistema de produção de leite. Não adianta ter numa fazenda
um ótimo rebanho leiteiro, se o produtor não tiver disponibilidade de forragens em
quantidades e qualidade para transformar a atividade em algo rentável. A existência de
quantidades suficientes de forragem, numa propriedade, possibilita o animal externar
tanto o seu potencial máximo de produção, influenciando diretamente a produção de
leite, como o seu potencial reprodutivo, desde que se estabeleça uma boa estratégia de
corte sanitário do rebanho.
A capineira é uma área de terra cultivada com gramíneas de elevado potencial
de produção de forragem que são cortadas e picadas para fornecimento de alimento
verde no cocho, em especial, na época seca. O capim-elefante é a gramínea mais
utilizada para esse fim, apresentando, porém, grande exigência em termos de
fertilidade do solo e manejo de cortes, para evitar perda de qualidade da forragem. Em
propriedades menores, onde são alimentados poucos animais e com produtividade
elevada, plantam-se os capins Guatemala e Venezuela, de rendimentos inferiores aos
do capim-elefante, porém de excelente qualidade nutricional.
Estas espécies são plantadas nos meses de janeiro a novembro, por mudas
oriundas de plantas com três a cinco meses de idade, distribuídas em sucos espaçados
de 0,70 a 1,00 m, devendo ser adubadas com adubo orgânico e fertilizantes químicos,
tanto no plantio como em manutenção. No estabelecimento e ao longo de sua
utilização, devem ser procedidos tratos culturais, tais como controle de ervas-daninhas,
formigas, lagartas, cigarrinha, cupins e outras pragas, que serão mencionados
posteriormente.
8.1 O CAPIM-ELEFANTE

O capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum.) é uma gramínea perene


(figura 16), de alto potencial de produção, adaptando-se muito bem as condições de
clima e solo de praticamente todo Brasil. Entretanto, aproximadamente 70 a 80% da
sua produção de matéria seca, concentra-se na época das chuvas, na maioria das
regiões brasileiras. Isto mostra a necessidade de suplementação do pasto na época
seca do ano, com volumosos, como silagens de milho ou sorgo, fenos ou cana-de-

37
açúcar e com algum tipo de concentrado, especialmente protéico, dependendo do
potencial de produção de leite das vacas.

Figura 16. capim-elefante. FONTE: (RESENDE e BRUSCHI, 2003.)

O capim-elefante é ainda bastante utilizado como capineira, sendo fornecido aos


animais na forma de capim picado, mais comumente como complemento da pastagem
na estação chuvosa, ou parte do volumoso na estação seca do ano. Na seca, constitui
apenas parte do volumoso devido à produção estacional (20 a 30% da produção da
época das águas) e não ha produção em quantidades suficiente para atender as
necessidades dos animais se a sua área fosse aumentada conforme a demanda da
época seca do ano. Usualmente isso não é viável na prática, visto que haverá sobra de
capim na época das águas.
8.2 CULTIVARES

Existem diversas cultivares de capim-elefante que são utilizadas para corte,


visando o fornecimento no cocho. Porém, pode-se dizer que tanto a produtividade como
a qualidade da forragem estão mais relacionadas com o manejo do que com a cultivar
utilizada, apesar de ser importante buscar uma cultivar que mais se adapte a região em
que a capineira será implantada. É por isso que, em grande parte das propriedades, os
resultados obtidos, em termos de produção de leite, são bastante variáveis,
considerando, na maior parte das vezes, que se faz à utilização de forragem com
diferentes idades e que apresentam valores nutritivos variáveis, afetando,
conseqüentemente, o consumo diário dos animais.

38
Entre as cultivares preferidas para corte, em propriedades leiteiras pode-se citar:
mineiro, napier, Taiwan, cameroon e cultivar roxo, com plantas que apresentam
diferentes tipos morfológicos. Os produtores têm usado características individuais da
planta para orientar a melhor forma de uso dos cultivares. O custo de formação,
características produtivas e adaptação ambiental dos cultivares disponíveis são
referencias importantes para orientar a escolha. É preciso considerar que logicamente
as cultivares que apresentam predominância de perfilhos basais é que são mais
indicadas para a formação de uma capineira. Por outro lado, deve-se levar em conta
que existem poucos cultivares indicados para uso específico sob pastejo, constituindo
exemplos o pioneiro e a Mott.
8.2.1 Mineiro

É considerada como uma das promissoras, já tendo sido estudada em


praticamente todas as regiões do país. As touceiras apresentam um formato aberto,
com até 3,80 m de altura, e colmos de espessura média. As folhas apresentam pêlos
nas suas duas faces.
8.2.2 Taiwan a-146

Este cultivar cresce em touceiras semi-eretas, como o Napier. Suas folhas são
cobertas por pêlos nas duas faces, e tem largura média de 3,9 cm na porção central.
Em trabalho de pesquisa conduzido na Embrapa Gado de Leite, apresentou produção
de 38 t de matéria seca por hectare ao ano, um dos valores mais altos entre as varias
cultivares estudadas.
8.2.3 Napier

É utilizada no Brasil desde os anos 60, e por isso tornou-se uma das mais
populares. As touceiras apresentam um formato semi-ereto, atingindo altura de até 2,80
m. os colmos, tem em média, 1,80 cm, enquanto as folhas apresentam pêlos apenas na
sua face superior. Nos diversos estudos realizados por centros de pesquisas, o capim
Napier sempre está entre os melhores em termos de produção de forragem, tendo-se
registro de produção de até 37 t de matéria seca por hectare ano.
8.2.4 Cameroon

39
Também foi introduzido no Brasil, na década de 60, difundindo-se muito para o
uso em capineiras. As touceiras apresentam formato ereto, com até 3,0 m de altura. Os
colmos têm dois centímetros de diâmetro médio, as folhas são largas com pêlos na
parte superior. É cultivar com maior folhosidade. Quando estudada em comparação
com outras cultivares, quando a adaptação as condições do Brasil Central, a variedade
Cameroon não apresenta vantagens que justifiquem a sua grande disseminação em um
número tão grande em fazendas.
8.2.5 Pioneiro

Lançada pela Embrapa Gado de Leite, para uso em pastejo rotativo nas
condições do norte do estado de Minas Gerais, onde o clima é seco, com chuvas
concentradas e pouco volumosas. Tendo formato aberto, as touceiras do Pioneiro
apresentam intenso perfilhamento aéreo e basal, colmos finos e folhas eretas. O
crescimento pós-plantio é vigoroso, e apesar do hábito de crescimento cespitoso,
permite uma boa cobertura do solo. Nas condições para as quais foi desenvolvido, o
pioneiro produziu 46.735 t de matéria seca por hectare ao ano, numero muito superior
ao obtido com as outras cultivares testadas.

9. ESCOLHA DA ÁREA

O conhecimento da propriedade é um dos fatores importantes, pois permite


selecionar forrageiras adaptadas a cada um dos diferentes segmentos da paisagem. A
(figura 17) descreve a situação de cada um desses segmentos.

40
Figura 17. FONTE: RESENDE e BRUSCHI, 2003.

9.1 LEITO MENOR

Este segmento é caracterizada pela presença de fontes de água da propriedade,


normalmente constituído por olhos d’ água, minas d’ água, córregos, riachos e rios,
açudes, etc.
9.2 LEITO MAIOR

Este segmento é caracterizado por inundações periódicas. Pode permanecer


coberto de água por períodos prolongados, ou pode haver escoamento rápido de
excesso de água. Caracteriza-se também por um enriquecimento de sua fertilidade
natural, em virtude das constantes alagamentos, apresenta fortes limitações relativas à
drenagem e a mecanização motorizada. Normalmente, é utilizada nessa área
gramíneas forrageiras resistentes ao encharcamento, citando como exemplo: Angola,
Tanner grass, Tangola, Coastal-cross, Setária, etc.

9.3 TERRAÇO

Este é também um segmento plano da paisagem, porém mais elevado que o


leito maior, não estando sujeito a inundações. Por isso, nele são erguidas casas,
currais, sala de ordenha, silos, armazéns, etc.
41
9.4 MEIA-ENCOSTA

Apresenta-se de forma côncava, facilitando a deposição de partículas de solo


removidas dos segmentos morro e topo do morro pelo processo de erosão, o que
enriquece sua fertilidade natural. Pode ser cultivado, utilizando-se tração animal e, ou,
mecanizada. Por apresentar uma maior fertilidade natural e possibilidade de
mecanização, esse segmento deverá ser utilizado com forrageiras que apresentem um
alto potencial de produção de biomassa, utilizando-se práticas culturais que visem à
intensificação da produção.
9.5 MORRO – ÁREA CONCOVA E CONVEXA

Esse segmento é caracterizado por solos de baixa fertilidade natural e forte


impedimento à mecanização por tração motorizada. Em razão dessa baixa fertilidade
natural e declive acentuado, é recomendado para cultivos com forrageiras que
apresente características de tolerância a fatores de acidez do solo; adaptação à baixa
fertilidade natural; rapidez na cobertura do solo, após plantio; boa capacidade de
sementeação, dentre outros.
As forrageiras mais indicadas para esse segmento, são:
- braquiárias (especialmente B. ruziziensis e B. decumbens);
- capim-gordura (Melinis minutiflora L.) entre outras.
O cultivo em morros implica na utilização de práticas conservacionistas de
manejo de solo.
9.6 TOPO DO MORRO

Caracteriza-se por apresentar, via de regra, baixa fertilidade natural, entretanto,


permite a utilização de mecanização por tração animal ou motorizada. Nesse segmento
poderão ser cultivadas forrageiras adaptadas a solos de baixa fertilidade e acidez
elevada, bem como forrageiras com alta capacidade de produção de biomassa. Neste
caso, haverá necessidade de se elevarem os níveis de calagem e de adubação de
plantio e de manutenção.
10. PREPARO DA ÁREA

42
Essa operação tem o objetivo de deixar a área isenta de restos culturais,
entulhos diversos (galhos, tocos, pedras, etc.), facilitando a aração, a gradagem e o
sulcamento.
Normalmente, constitui-se pelas operações de desmatamento, roçada, destoca,
enleiramento e queima.
O desmatamento é feito, em geral, mediante o uso de machado, foice,
motoserra, trator, e outros. Quando a área a ser preparada é pequena, o desmatamento
poderá ser feito apenas com o uso do machado. Em áreas maiores, a utilização da
motoserra agiliza a operação de roçada.
Quando a área a ser preparada estiver coberta com vegetação rasteira,
recomenda-se, inicialmente, promover um superpastejo, eliminando-se o máximo
possível da forragem disponível, facilitando-se por conseguinte, as operações de solo.
A operação de desmatamento de uma área deverá ser devidamente autorizada,
com objetivo de preservação da vegetação arbórea e, ou, arbustiva. Par conseguir esta
autorização, dirija-se ao IBAMA.
A retirada da madeira da área, durante a época de desmatamento, deve-se ter o
cuidado de separar as árvores que poderão ser aproveitadas para carvoaria.
O destoque da área é feita normalmente executada por trator de esteira, tem por
finalidade de eliminar tocos de diâmetro maior, que normalmente não são eliminados no
processo de aração.
Todo o material que sobrou, após a retirada da madeira e após destoca, deverá
ser amontoado em faixas (enleiradas). Essa operação tem o objetivo de facilitar a
operação seguinte, que é a queima. Em áreas maiores, esta operação é normalmente
feita com trator de esteira, deve-se ter o cuidado de não remover muito o solo da
camada arável.
A distância entre cada leira dependerá da quantidade de material a ser enleirado.
Assim, quando maior a quantidade de material existente na área, menor será a
distância entre cada leira.
A queima ocorre após o material ser em leirado e já seco, procedem-se à
operação de queima, tomando alguns cuidados especiais com a queima:

43
- o solo deve estar úmido por ocasião da queimada. Esta umidade é importante, pois
evita que a temperatura do solo se eleve demasiadamente, reduzindo, assim, os efeitos
prejudiciais da queima sobre a microfauna;
- o fogo deve ser colocado preferencialmente à tarde, ou quando não estiver ventando;
- se a área a ser queimada for declivosa, o fogo deve ser colocado preferencialmente
morro a baixo.
10.1 CONSERVAÇÃO DO SOLO

A conservação do solo é uma das práticas mais importantes no manejo do solo,


pois, através dela, é que o homem tem garantia de ver perpetuando o principal recurso
natural não renovável.
Em terrenos acidentados, as práticas normalmente utilizadas para conservação
do solo são:
- aração e gradagem, seguindo as curvas de contorno no terreno (curva de nível)
- sulcamento, o qual também deverá seguir as linhas de contorno do terreno.
- em terrenos mais declivosos, justifica-se fazer terraceamento. Os terraços poderão ser
de base larga ou de base estreita.
10.2 CALAGEM E ADUBAÇÃO

Segundo (SOARES,et al, 2002), as gramíneas e leguminosas forrageiras


recomendadas para o Estado do Acre são tolerantes à acidez do solo, e os resultados
de pesquisa têm demonstrado que não respondem à calagem. Portanto, a aplicação de
calcário só é necessária, em pequenas doses, em solos deficientes em cálcio ou
magnésio. Assim, quando a análise de solo indicar que a soma dos teores de Ca 2+ e
Mg2+ é inferior a 1,0 cmolc/dm3 ou quando o teor de Mg 2+ for menor que 0,4 cmolc/dm3,
recomenda-se aplicar 200 kg/ha de calcário dolomítico (PRTN = 100%) visando suprir
as deficiências destes nutrientes. Esta aplicação pode ser feita antes da passagem da
grade niveladora.

10.2.1 Fósforo

44
A adubação fosfatada é a mais importante para garantir o sucesso da renovação
da pastagem, por causa da grande demanda por fósforo apresentada pelas forrageiras
durante o seu estabelecimento, principalmente nos primeiros 30 dias após a
germinação. As doses de fósforo recomendadas variam em função do teor de argila e
de fósforo disponível no solo (Tabela 7). Deve-se aplicar o adubo fosfatado a lanço,
antes da passagem da grade niveladora, ou simultaneamente à semeadura, caso se
utilize plantadeira/adubadeira em linha, dando-se preferência a fontes granuladas de
fósforo.

Tabela 7. Doses de fósforo recomendadas para renovação de pastagens, com base no teor de argila e
de fósforo disponível no solo. Fonte (SOARES,et al; 2002)

10.2.2 Potássio

Nos solos mais pobres, as doses recomendadas variam de 20 a 60 kg/ha de


K2O, dependendo do teor de K disponível no solo e do tipo de pasto que se pretende
formar, se constituído apenas por gramíneas ou pelo consórcio com leguminosas
(Tabela 8). Nos solos mais argilosos, a adubação potássica poderá ser feita por ocasião
do plantio, porém naqueles mais arenosos recomenda-se aplicar o adubo em cobertura,
cerca de 45 dias após o plantio ou quando as plantas cobrirem 60% a 70% do solo, de
modo a reduzir as perdas por lixiviação.

45
Tabela 8.Doses de potássio recomendadas para renovação de pastagens, com base no teor de K disponível no solo
e tipo de pasto a ser formado. Fonte (SOARES,et al; 2002)

Teores de potássio no Doses de potássio kg/ha de k2o


solo Mg/dm3 Pasto de gramíneas Pasto de leguminosas

0 – 25 40 60
25 – 50 20 40
>50 0 0

10.2.3 Nitrogênio

Na renovação de pastagens com preparo mecanizado do solo geralmente não há


necessidade de adubação nitrogenada, devido ao estímulo a mineralização da matéria
orgânica do solo, liberando quantidade de nitrogênio quase sempre suficiente para
suprir a demanda das forrageiras durante o seu estabelecimento.
Entretanto, principalmente em solos arenosos e pobres em matéria orgânica,
pode ser necessário fazer uma adubação nitrogenada de cobertura para garantir o
sucesso do estabelecimento das forrageiras, aumentando sua capacidade de
competição com as invasoras. Assim, recomenda-se aplicar 50 kg/ha de nitrogênio (N)
caso as forrageiras apresentem sintomas de deficiência (crescimento lento ou
amarelecimento das folhas).
Para pastos consorciados, caso a gramínea apresente sintomas de deficiência
durante o período de estabelecimento, recomenda-se a mesma adubação, uma vez que
a leguminosa ainda não está em condições de suprir a necessidade de N por meio da
fixação simbiótica, o que deverá ocorrer apenas no ano seguinte à renovação da
pastagem.
A aplicação do fertilizante nitrogenado deverá ser feita cerca de 45 dias após o
plantio, ou no momento em que as plantas cobrirem 60% a 70% do solo. Quando a
fonte de nitrogênio for à uréia, deve-se dispensar cuidado especial ao momento da
aplicação, para evitar perdas de nitrogênio. A aplicação de uréia em solo seco pode
levar a grandes perdas de nitrogênio, por volatilização da amônia. A adubação com
uréia deverá ser feita, preferencialmente, quando o solo estiver úmido, logo depois de
uma chuva, ou se houver previsão de chuva logo após a aplicação.
10.2.4 Enxofre e Micronutrientes

46
As necessidades de enxofre (S) e de micronutrientes, tanto para renovação
quanto para a manutenção de pastagens no Acre nem no Amazonas, ainda não foram
determinadas. No caso do enxofre, a utilização de superfosfato simples (10% a 12% de
S) para adubação fosfatada ou de sulfato de amônio (22% a 24% de S) para adubação
nitrogenada contribui para o fornecimento deste nutriente.
11. DISTRIBUIÇÃO DO CALCÁRIO

A distribuição do calcário deverá ser feita a lanço, em toda a área plantada,


podendo ser feita de forma manual ou mecanizada, dependendo da condição
topográfica do terreno e da área a ser plantada.
A distribuição deverá ser feita após a aração do terreno, seguida de uma
gradagem. Entretanto, para reduzir os custos de implantação da cultura e aumentar a
profundidade de incorporação do calcário, recomenda-se que esta distribuição seja
anterior a aração. Essa distribuição, seguida de incorporação, deverá ser precedida de
um período mínimo de 60 dias para o plantio. Em cultivos irrigados, poderá ser feita
entre 20 a 30 dias antes do plantio, uma vez que as reações durante o processo de
neutralização ocorrem de forma mais rápida, quando a umidade do solo não constitui
fator limitante.
11.1 ARAÇÃO DO SOLO

A aração do solo, juntamente com a gradagem, tem o objetivo de melhorar suas


condições físicas, melhorando a aeração e a absorção de água, facilitando a
germinação das mudas.
Dependendo da área a ser preparada, a aração poderá ser feita com tração
animal ou mecanizada.
A tração animal (bovinos ou muares) é mais indicada para preparação de áreas
menores, bem como em áreas de topografia acidentada. Independente do tipo de
tração utilizada, a profundidade de aração deverá variar entre 15 a 20 cm.
Sob hipótese alguma, em áreas de relevo acidentado, é permitida a aração
morro abaixo e morro acima. Esta prática, as vezes utilizada, é totalmente condenada,
quando se pensa em manejo racional do solo. Quando a aração é feita dessa forma, o
solo fica demasiadamente exposto aos efeitos danosos da erosão, removendo, via de

47
regra, grande quantidade de material de solo da camada arável. A gradagem do solo
poderá ser feita, utilizando-se tração animal ou mecanizada.
11.2 PLANTIO

A capineira é uma área de terra cultivada com gramíneas de elevado potencial


de produção de forragem que são cortadas e picadas para fornecimento de alimento
verde no cocho.
Uma forrageira bastante utilizada para esse fim é o capim-elefante, espécie que
apresenta grandes exigências em termos de fertilidade do solo.
Para a manutenção de altas produções, é necessário que o produtor considere a
capineira uma cultura de grande valor econômico, que necessita de cuidados especiais
para produzir por longo tempo grande quantidade de matéria seca.
A melhor época para plantar a capineira é no início das chuvas, usando mudas
de um cultivar que tenha boa qualidade, como o Mineiro, Mercker ou Napier. Para isso,
a análise do solo, a calagem, a aração e gradagem da área devem ser planejadas e
executadas com antecedência.
11.3 SULCAMENTO

Os sulcos devem ter entre 25 a 30 cm de profundidade, espaçadas de 50 a 70


cm entre si. Plantios mais espaçados facilitam o aparecimento de invasoras. Os sulcos
podem ser feitos tanto por sulcador de tração animal, como por sulcador acoplado ao
trator, ou manualmente. Em áreas mais declivosas o plantio deve ser feito em curvas de
nível, a fim de proteger o solo contra a erosão.
11.4 USO DE ADUBO ORGÂNICO

A adubação orgânica na implantação da capineira depende da disponibilidade de


esterco na propriedade. A aplicação entre 20 e 50 t/ha de esterco no sulco são
recomendadas.

48
11.5 COLHEITA DAS MUDAS

Os materiais mais usados no plantio de capim-elefante são colmos, que podem


ser inteiros ou fracionados preferencialmente (estacas). A quantidade do material
vegetativo para o plantio é de fundamental importância e envolve aspectos como a
idade dos colmos e as partes do colmo a serem utilizadas.
Os colmos utilizados não devem ter menos de três meses de idade. Na prática, e
nas condições de Brasil central, para cultivos efetuados no início da época chuvosa, os
colmos deverão ter no mínimo 100 dias, no entanto, deverão ter menos de um ano, se a
capineira for cortada no início do ano. É importante que as mudas não apresentem
indícios de brotações.
O tamanho da estaca e a parte do colmo podem ser fatores que afetam a
eficiência do estabelecimento do capim-elefante. Resultados de experimentos indicam
que estacas com três ou mais nos são mais eficientes do que estacas com um nó, ou
com um ou dois nós. A qualidade da estaca também está relacionada com a parte do
colmo de onde é retirada, e, com espessura do colmo apresenta mais brotações que a
porção superior, e se tem maior produção de matéria seca e maior numero de perfilhos,
quando se usam estacas grossas.
O gasto de mudas varia de 3,0 a 4,0 t/ha. Em média, 1,0 ha produz muda para
plantar entre 5 a 8 ha de capineira.
11.6 TRANSPORTE DAS MUDAS

As mudas depois de cortadas devem ser levadas devem ser levadas para o local
de plantio, usando-se carretas ou carroças.
Devem ser colocadas porções de mudas espaçadas uniformemente ao longo do
sulco de plantio. Essa operação facilita a distribuição das mudas, economizando tempo
e mão-de-obra.
11.7 DISTRIBUIÇÃO DAS MUDAS NOS SULCOS

Os colmos inteiros devem ser colocados no sulco, em linha dupla, tipo pé com
ponta, não necessitando retirar-lhes as folhas para o plantio (figura 18).

49
Figura 18. FONTE: RESENDE e BRUSCHI, 2003.

Uma vez no sulco, as mudas devem ser seccionadas (cortadas com facão, em
toletes menores. Isso permite uma brotação mais rápida e uniforme das gemas). As
mudas devem ser cobertas com uma camada de 10 a 15 cm de terra.
11.8 CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS

Na capineira, devem ser feitas capinas, quando necessário, para manter a área
livre de invasoras. Normalmente, em plantios bem executados, não se precisam
controlar plantas daninhas. As capineiras que permitem o aparecimento de invasoras,
indicam que teve manejo anterior errada, quer seja por plantio em espaçamento largo
ou pela adubação mal equilibrada ou pelos dois motivos.
11.9 UTILIZAÇÃO DA CAPINEIRA

O manejo correto de uma capineira permite utilizar mais eficientemente este


recurso forrageiro. É preciso, no entanto, relacionar a área disponível de capineira na
propriedade com o número de animais a serem tratados, devendo-se manejá-la todo
ano.
Para facilitar esse manejo a capineira deve ser dividida em talhões com
diferentes alturas de capim, permite ao produtor estabelecer comparações entre os
talhões e, também, permite estimar a quantidade de capim disponível em curto prazo.
Em caso de sobra de capim de um talhão, este deve ser cortado e fornecido para
categorias menos exigentes. A capineira poderá ser utilizada para ensilagem, caso haja
previsão de sobra de capim no período de maior crescimento.

50
O corte deve ser feito quando o capim-elefante estiver com 1,80 m de altura ou a
cada 60 dias, na época das águas; na época da seca, deve-se cortá-lo com 1,50 m.
nessa altura, o capim apresenta razoável valor nutritivo e grande produção de massa
verde. O capim deve ser cortado em quantidades suficientes para dois dias de
fornecimento aos animais.
O corte manual deve ser rente ao solo, de preferência com enxada bem
amolada, facilitando os cortes seguintes, o que não é conseguido, quando se faz corte
a 20 ou 30 cm de altura. Após o corte manual, deve-se levar a forragem cortada para
picadeira. Neste caso, as facas da picadeira além de afiadas, devem estar reguladas
para picar a forragem no tamanho de 1,0 a 2,0 cm.
No corte mecanizado, o capim já é picado pela própria máquina. Forneça a
forragem picada aos animais, essa deve ser distribuída no cocho para os animais.
A adubação química deverá ser feita em função da produção da produção de
forragem que foi removida da área, pois é essencial que exista um equilíbrio entre
vários elementos do solo para um bom desenvolvimento da capineira. Normalmente,
são utilizados 120 kg/ha de N, 50 kg/ha de P 2O5 e 150 kg/ha de K2O, aplicados
proporcionalmente nos cortes efetuados durante o período chuvoso.
Exemplo:
120 kg/ha de N correspondente a 600 kg/ha de sulfato de Amônia, por apresentar
na sua formula 20% de nitrogênio.
50 kg/ha de P2O5 correspondem a 250 kg/ha de Superfosfato simples, por
apresentar na sua formula 20% de fósforo.
150 kg/ha de K2O correspondem a 250 Kg/ha de cloreto de Potássio, por
apresentar na sua formula 60% de potássio.
O cálcio e o magnésio devem ser repostos pela calagem, desde que
recomendados pela análise de solo.
12. PLANTAS TÓXICAS MAIS IMPORTANTES NA REGIÃO AMAZÔNICA

Planta tóxica sob o ponto de vista pecuário, é somente aquela que quando
ingerida pelo animal, em condições naturais, causa danos a sua saúde ou mesmo a
morte, e só podem ser incluídas no rol das plantas tóxicas do ponto de vista pecuário,

51
aquelas cuja toxidade fora comprovada experimentalmente, o que é muito importante
enfatizar, uma vez que há muitas crenças infundadas neste em relação a esse assunto.
A Amazônia é a região do Brasil onde as plantas tóxicas causam os maiores
prejuízos ao rebanho bovino. Depois das perdas causadas pela fome por ocasião das
enchentes é a maior responsável pela mortalidade dos bovinos adultos.
São somente três as plantas responsáveis por cause todas as mortes causadas
por plantas tóxicas na Amazônia.
Paulicourea marcgravii- Rubiácea, cafezinho, café bravo, erva café, erva de rato,
roxa, roxinha, roxona.
Planta tóxica mais importante para bovinos na região Amazônica, possui cheiro
característico de bálsamo de bengüê quando esmagada. A maioria das mortes na terra
firme em bovinos, são causadas por ele, e são erroneamente atribuídas ao timbó,
timborana, cururu, tingui.
Não ocorre na várzea, necessita de sombra, cresce na mata e a beira desta.
Em condições naturais, a intoxicação ocorre em bovinos, somente quando estes
penetram a mata, em capoeiras onde existe a planta, ou em pastos recém formados.
Sintomas de intoxicação:
- queda repentina do animal.
- morte dentro de poucos minutos. Às vezes antes de cair apresenta desequilíbrio nos
membros posteriores.
- tremores musculares.
- respiração ofegante.
O exercício físico pode acelerar a morte, recomenda-se deixar os animais
sossegados.
Profilaxia: cercar matos e capoeiras, ou promover a erradicação desta planta,
dos locais onde os animais tem acesso.
Arrabidea bilabiata- Bignoneacea, conhecida por gibata ou chibata. Planta tóxica para
herbívoros mais importante na bacia Amazônica, toxidade muito conhecida pelos
criadores da região, que ocorre naturalmente só em bovinos.
Os casos mais freqüentes ocorrem no período de mudança dos animais, ou seja,
quando estes são levados para várzea (julho, agosto), ou quando estes são levados da
várzea para terra firme (fevereiro a março).

52
Sintomas de intoxicação (6 a 24 horas após a ingestão):
- animais caem ou se deitam precipitadamente.
- ficam em decúbito lateral.
- pedalam.
- cerram fortemente as pálpebras.
- Berram.
- morte.
Exercícios físicos precipitam os sintomas e a morte. Devem-se deixar os animais
em repouso.
Profilaxia: evitar que os animais passem fome e erradicar a erva.
Arrabidea japarensis- planta trepadeira, ocorre nos lavrados de Roraima onde causa a
intoxicação em bovinos. Seu habitat natural são as margens dos grandes rios da região,
em clareiras abertas, bordas das matas que margeiam estes rios.
Os primeiros sintomas ocorrem 6 a 22 horas após a ingestão da planta.
Sintomas:
- andar cambaleante
- tremores musculares
- perda repentina de equilíbrio e queda do animal
- pedalagem
- berros
- morte
- relutam em andar
- micções e defecções freqüentes
Não há tratamento, deve-se deixar o animal em paz. Talvez a medida mais
indicada, seja o combate à planta através de herbicida.
12.1 PLANTAS TÓXICAS DE DISTRIBUIÇÃO LIMITADA

Paulicourea grandiflora- tem sido identificada como responsável por mortes somente
em Rondônia. Seu habitat é a mata. Mortandades por ingestão desta planta ocorrem
somente quando bovinos penetram a mata.
Sintomas:
- o animal não se movimenta, mesmo se forçado a isto.

53
- deita-se ou então cai.
- apresenta espasmos.
- movimentos de pedalagens.
- berros.
- morte.
Profilaxia: não permitir a entrada dos animais no mato.
Paulicourea juruana- conhecida popularmente, como roxa ou roxinha. Tem sido
identificada como causa da morte em bovinos na região de Paragominas, Estado do
Pará. Seu habitat e a mata e a capoeira e ainda, pastos recém-formados, onde antes
havia mata ou capoeira. Os animais a ingerem mesmo sem fome, aparentemente tem
boa palatabilidade.
Sintomas:
- Animal reluta em andar.
- taquicardia
- deita-se ou cai no chão.
- dispnéia
- movimentos de pedalagens intermitentes.
- berros.
- morte.
Profilaxia: erradicação da planta. Evitar que os animais pastejem em locais
infestados por estas plantas.
12.2 PLANTAS TÓXICAS DE MENOR IMPORTÂNCIA

Ipomoea fistulosa- também conhecida popularmente por “manjorana”, seu habitat e a


margem dos rios e das lagoas ou em regiões inundáveis que ficam alagadas parte do
ano. É apontada como tóxica, mas não parece sr importante como causa de
mortalidade, é preciso que esteja ocorrendo fome e a existência de grandes
quantidades de plantas.
Os animais para mostrarem sintomas de intoxicação, precisam ingeri-la quase
que exclusivamente durante semanas. Diz-se que alguns animais viciam-se ao
alimentar-se delas.
Sintomas:

54
- os primeiros sintomas ocorrem algumas semanas após sua ingestão.
- andar desequilibrado como se estivessem embriagados.
- emagrecimento progressivo.
- não há recuperação.
Profilaxia: evitar a ingestão pelos animais.
Ipomoea asarifolia- conhecida como salsa ou batatarana. Na região Amazônica pouco
se sabe sobre a sua importância como planta tóxico. Ocorre a beiras dos rios e lagoas.
O que leva os animais a consumi-la, é a fome, uma vez que se mantém verde durante
todo o ano, inclusive na estação seca, sendo normalmente rejeitada pelos animais.
Para que ocorra intoxicação deve haver um consumo quase que exclusivo da mesma.
Sintomas:
- ocorrem 2 a 4 dias após a ingestão.
- tremores musculares.
- desequilíbrio do trem posterior.
- não havendo ingestão os sintomas cessam após alguns dias.
Lantana câmara- também conhecida como chumbinho , cambarar, câmara. Causa a
fotossensibilização, que são manifestações de sensibilidade exagerada do animal aos
raios solares.
Sintomas:
- anorexia.
- diminuição e parada do rúmen.
- expostos ao sol manifestam fotossensibilização, por isso procuram a sombra.
- urina de coloração marrom.
- pequena quantidade de diarréia enegrecida.
Pteridium aquilinum- conhecida popularmente como samambaia e samambaia do
campo. Ocorre em todo mundo. É a fome que faz com que o animal ingira a planta,
adquire o vicio depois de consumi-la algum tempo.
Sintomas:
- ocorrem de 3 a 8 semanas após a sua ingestão
- febre alta.
- Hemorragia na pele e mucosas visíveis.
- animal sangra prolongadamente por qualquer ferida, até mesmo picadas de insetos.

55
- muco sanguinolento escorre pelas narinas.
- mortalidade alta.
Profilaxia: limpeza da pastagem para evitar consumo.
Ricinus communis- seu nome comum é mamona ou carrapateira, ocorre em todo
Brasil. Para que os animais a ingiram é necessário que estejam com fome.
Sintomas:
- ocorrem de 3 a 4 horas após a sua ingestão.
- necessidade de se deitarem após curta caminhada.
- dificuldade de deitar.
- temores musculares.
- movimentos vazios de mastigação.
- eructação excessiva.
- recuperação ou morte rápida depende da quantidade ingerida.
Profilaxia: evitar que os animais tenham acesso a plantios de mamona.
Manihot esculenta - vulgarmente conhecida como mandioca, maniçoba. A intoxicação
é rara, uma vez que o princípio e altamente volátil. Utilizada na alimentação animal, a
mandioca pode causar serias intoxicações nos mesmos.
Sintomas: o acido cianídrico pode matar instantaneamente, com espasmos e
paralisia respiratória. Inicialmente a respiração torna-se demasiadamente acelerada,
para mais tarde tornar-se salientes e vítreos, as pupilas dilatadas, insensíveis à luz. A
boca e as narinas em geral ficam cheias de espuma e freqüentemente o animal defeca
e urina involuntariamente.
Profilaxia: evitar a entrada dos animais aonde tenha a planta, e se essa for
colocada como alimentação para o gado, deve ser secada pelo menos dois dias em
pleno sol, para a volatilização do ácido cianídrico, depois colocadas para os animais.
13. PRAGAS DAS PASTAGENS E FORRAGEIRAS

As pastagens e forrageiras, como outra cultura qualquer, são atacadas por um


grande número de pragas, as quais reduzem sensivelmente sua produção, criando
dessa forma, certa inquietude entre pecuaristas. O emprego de inseticidas clorados no
controle a essas pragas é proibido por lei, uma vez que deixam resíduos no leite e na
carne, neste caso condenando-a para exportação (PUPO, 1977).

56
Na aplicação de inseticidas em pastagens nunca devemos nos esquecer que as
condições ambientais, a umidade do solo, o estágio do inseto e o estado da planta
influem no êxito da aplicação.
Outro aspecto importantíssimo que devemos observar, são os dias necessários
de descanso (carência) para a eliminação do resíduo tóxico, a fim de novamente
introduzir com segurança, os animais nos pastos tratados.

13.1 CIGARRINHAS

Segundo (PUPO, 1977) as principais espécies de cigarrinhas que atacam as


pastagens são: Deois flavopicta, Deois schach, Zulia entreriana. Essas pragas são
conhecidas por cigarrinhas das pastagens ou dos capinzais, sendo encontradas
principalmente nos estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso,, Espírito Santo e
Bahia. (GUAGLIUMI & MARQUES, 1971) citados por (PUPO, 1977), citam que a Z.
entreriana é praga bastante comum também nos Estados de Santa Catarina, Rio de
Janeiro, Minas Gerais e Paraíba.
Elas atacam o capim gordura, colonião, napier, pangola, jaraguar, quicuio,
angola, angolinha, imperial, sempre-verde, bermuda e grama inglesa. Segundo esse
mesmo autor o napier também é atacado por outra cigarrinha, a Mahanarva
Fimbriolata.
A espécie D. flavopicta mede aproximadamente 10 mm de comprimento, possui
coloração preta, apresentando 2 faixas amarelas transversais na asa. O abdomem e as
patas são vermelhos (Figura 19).

57
Figura 19. D. flavopicta. FONTE:PUPÓ, 1977.

A espécie D. schach também mede 10 mm, cabeça verde escura, asa anterior
com faixa transversal quase junto ao ápice, de coloração alaranjada. Abdome
alaranjado e patas vermelhas (Figura 20).

Figura 20. D. schach FONTE:PUPÓ, 1977.

A espécie Z. entreriana mede 7 mm de comprimento, possui coloração preta


brilhante, faixa branco amarelada transversal nas asas anteriores (Figura 21).

58
Figura 21. Z. entreriana FONTE:PUPÓ, 1977

Os adultos dessas cigarrinhas são facilmente observados voando e saltando por


sobre as folhas e talos do capim, onde sugam a seiva para sua alimentação. As formas
jovens atacam as raízes descobertas e o coleto, dos quais sugam a seiva e exudam
uma espuma branca, semelhante à de sabão, que as protegem (Figura 22).

Figura 22. FONTE: PUPO, 1977

A disseminação dessas cigarrinhas se da principalmente pelo transporte de gado


em caminhões, aonde elas vão alojadas nas camas de capins.
As cigarrinhas causam prejuízos pela sucção contínua da seiva, que provoca um
acentuado enfraquecimento das plantas, que em plana estação chuvosa se mostram

59
com coloração amarelada e com o porte reduzido, causando com isso uma sensível
diminuição da capacidade de suporte das pastagens.
Além disso, o adulto enquanto se alimenta da seiva, provoca uma forma de
intoxicação sistêmica chamada “candelilla” (queima), que se manifesta com o
aparecimento de largas manchas, inicialmente amarelas e logo pardas, nas folhas
picadas.
Essas manchas, quando são numerosas, causam sérios transtornos fisiológicos
que prejudicam notavelmente as folhas, advindo à morte das partes afetadas, e às
vezes de toda a planta.
Essas pragas são sensíveis à falta de umidade e sua população cai
sensivelmente já no início da estação seca.
Os maiores estragos são feitos nas épocas de maiores chuvas ou de umidade
mais intensa, pois é nesta ocasião que os insetos se tornam mais ativos. Outro fator
que favorece o aumento da população é a ausência de inimigos naturais.
Um intenso ataque de cigarrinhas pode causar em pouco tempo, o extermínio de
vastas extensões de pastagens, tornando-as secas e impalatáveis para o gado.
13.2 CONTROLE

Segundo (PUPO, 1977), a cigarrinha das pastagens é um inseto que necessita


de bastante calor e umidade para se desenvolver e proliferar e suas formas jovens
necessitam da proteção oferecida pela espuma por elas exudadas. Sabendo disso o
autor descreve os principais tipos de controle mais utilizados:
a) Químico – o Instituto Biológico de São Paulo, realizou ensaios para o controle da
cigarrinha, os quais mostraram que o Thimet granulado, o Servin M, e Fenthion E,
apresentaram alto grau de eficiência.
O Thimet granulado a 1% e 0,5% é aplicado na dosagem de 400 gramas/100 m 2
de pasto, e seus resíduos permanecem por 26 dias após a aplicação.
O Servin M e o Fenthion E apresentaram persistência de resíduos por 15 dias e
mais de 26 dias respectivamente.
Outros testes do Instituto Biológico mostraram que o Carbaryl, o Propoxur e o
Ometoato ofereceram eficiente controle tanto das formas jovens, como adultas da
cigarrinha.

60
O Carbaryl é encontrado no comércio com os nomes de Sevin, Shellvin,
Dicarban, Carvin, Menkatol, Inivin e Ferteryl. Estes produtos são encontrados na
forma de pó seco 7,5 % para polvilhamento, e na forma de pó molhável a 85% para
pulverização.
Faz-se três aplicações espaçadas cada 15 a 20 dias, durante os meses em que
o ataque da cigarrinha é maior. Em polvilhamento gastam-se de 12 a 14 Kg do
produto por hectare, e em pulverização 200 gramas do produto por cada 100 litros
de água, com gasto médio de 500 litros de calda por Hectare.
Recomenda-se respeitar um período de carência (retirar o gado), de 15 dias.
O Propoxur é encontrado no comércio com o nome de Unden 50 e é aplicado na
base de 900 gramas do produto por hectare. Neste caso recomenda-se retirar o
gado do pasto pelo período de uma semana.
O Ometoato é encontrado a venda no comercio com o nome de Folimat 1.000, e
é aplicado a base de 900 ml por hectare, esperando-se 15 a 20 dias para retornar a
utilizar o pasto.
Para extensas áreas muito infestadas em virtude das grandes dificuldades em
que o pecuarista se depara, sugere-se a aplicação do Folimat 1.000 a ultrabaixo-
volume por aviões, na base de 0,6 litros do produto em 6 a 7 litros de água, por
hectare.
A Bayer recomenda lebaycid Emulsão 50% na dosagem de 100 ml para cada
100 litros de água, gastando-se de 1.000 a 2.000 litros de calda por hectare
dependendo da altura do capim. Já Basf indica o basfatol 4, pó seco, à base de 30
quilos por hectare. Deve ficar bem claro que, em todos os casos de aplicação de
produtos químicos em pastagens, os animais devem ficar afastados das áreas
tratadas, principalmente se o inseticida for aplicado na estação seca, pois seus
resíduos permanecerão nas pastagens por um período mais longo.
b) Cultural – Devido aos problemas com resíduos tóxicos, tem-se pensado em
aplicar inseticidas somente em casos excepcionais, recorrendo-se então ao controle
cultural. Neste tipo de controle elimina-se o máximo possível da vegetação existente
na área em questão, possibilitando a ação de outros agentes destruidores das
cigarrinhas.

61
Quando se trata de capineiras, cortam-se as plantas rente ao solo e se o caso for
pastagens recorre-se a uma super lotação da área, onde os animais alimentam-se,
reduzem a massa vegetativa, além de esmagar muitas formas jovens através do
pisoteio. Outro aspecto positivo dessa redução da vegetação, é a exposição das
formas jovens á ação dos raios solares que provocam o secamento das espumas
protetoras com conseqüente morte das mesmas.
c) Biológico – o início dos estudos sobre o controle biológico da cigarrinha das
pastagens no Brasil teve início no ano de 1969, quando o Instituto Agronômico de
Pernambuco (IPA) encontrou um fungo parasitando as referidas cigarrinhas. Trata-
se do fungo entomológico Metharrhizium anisopliae M., que aplicado na forma
liquida penetra no inseto corroendo-o até matá-lo, recobrindo-o depois de morto. Há
informações de que o emprego desse fungo obteve êxito no sertão baiano porém,
urge a necessidade de um trabalho de pesquisa, no sentido de que se obtenha
dados concretos para todo território nacional.
A obtenção desse fungo é feita através da inoculação em meio da cultura, obtido
a partir de 100 g de arroz e 60 ml de água ou leite, procedendo-se o cozimento.
Após ajustar o meio de cultura para o pH = 6.0, coloca-o em frasco esterilizado
(pode ser uma garrafa transparente) e aquecidos a 120º C por 15 minutos. Inocula-
se o fungo e após sua esporulação a cultura é misturada em água e peneirada, de
modo a serem aproveitadas apenas os esporos suspensos, ficando o meio de
cultura retido na peneira. Esses esporos são aplicados através de pulverizações,
com água sobre a área infestada, com o cuidado de, anteriormente, eliminar os
resíduos de produtos químicos do aparelho, pois eles podem ocasionar a morte do
fungo.
O uso deste método não é a solução única para o problema. É importante que se
tomem medidas para a manutenção do equilíbrio biológico nas fazendas,evitando-se
o extermínio de inimigos naturais do inseto, tais como: aranhas, bem-te-vis,
perdizes, sapos, calangos etc.
d) Integrado – ao que tudo indica, este tipo de controle parece ser mais indicado
para o controle da cigarrinha das pastagens. Segundo (PUPO, 1977) sugere em seu
livro o seguinte programa de controle integrado de cigarrinhas, com as seguintes
etapas:

62
1. Controle químico – quando a população da praga atinge um nível muito elevado,
pode-se usar um inseticida de baixo poder residual, baixa toxidade ao homem e de
fácil aplicação, para baixar essa população a um ponto que possa iniciar a aplicação
do controle biológico.
2. Manejo dos pastos – utilizando-se de uma super lotação, divisão de mangas,
queimadas orientadas, variedades resistentes de capim, implantação de bosques de
essências florestais, etc.
3. Controle biológico – aplicação do fungo, Metharrhizium anisopliae M. através de
atomizadores.
Outro modo de se empregar este tipo de controle é integrar o controle cultural, no
qual eliminam-se as condições favoráveis para o desenvolvimento do inseto e os
deixam a descoberto, o que é conseguido com a redução da massa vegetativa, com
o controle químico, isto é, posterior aplicação de bons inseticidas.
13.3 COCHONILHA DAS PASTAGENS

É um pequeno coccídeo, Antonina graninis. quando adulto, mede


aproximadamente 1 mm de comprimento e possui o corpo ovalado com coloração
pardacenta, às vezes muita escura ou arroxeada. Quando esmagado este inseto
solta um líquido semelhante a sangue. As cochonilhas adultas são partenogenéticas
e ovovivíparas com reprodução contínua, cujo ciclo biológico dura aproximadamente
60 a 70 dias, sofrendo 3 mudas ou ecdises.
Sugando intensamente a seiva do vegetal provocam um definhamento do
mesmo, reduzindo sensivelmente a capacidade de suporte das pastagens. Além
disso as cochonilhas que se alojam nas proximidades das gemas, ao sugarem a
seiva, promovem a morte da mesma e conseqüentemente reduzem a capacidade de
rebrota das plantas.
Como conseqüência de um intenso ataque surgem extensas manchas de capins
secos, chamados vulgarmente de “geadas”.
13.4 CONTROLE

Inúmeros métodos têm sido testados para o controle da cochonilha, dentro os


quais destaca-se:

63
1. Químico – (WENE & RIHERD, 1950) citados por (PUPO, 1977) conseguiram um
controle parcial das larvas da cochonilha, utilizando 568 litros de emulsão de óleo, a
1,6 % para cada 4.000 m 2. o controle das larvas durou 3 dias, sendo que após este
período o efeito desapareceu. As cochonilhas adultas não foram afetadas, motivo
este atribuído ao fato dessas cochonilhas se localizarem nos colos das plantas,
região de difícil acesso ao inseticida.
Também citado por (PUPO, 1977), (SUPLICY et al, 1969), demonstrou em
experimentos que o emprego de 2 produtos inseticidas aplicados separadamente, o
fogo e a associação de fogo, mais cada um dos inseticidas aplicados
separadamente, o fogo e a associação de fogo, mais cada um dos inseticidas
testados, mostraram-se, sem exceção, ineficientes no controle a cochonilha.
Em ensaios realizados no Centro de Nutrição Animal e Pastagens N. em São
Paulo, testaram-se diversos inseticidas não sistêmicos e por diversas vezes
efetuaram-se a contagem de cochonilhas vivas por perfilho.
Inicialmente (48 horas após a aplicação) o número de cochonilhas vivas foi
essencialmente igual em todos os tratamentos, inclusive a testemunha. Entretanto,
72 dias após, analisando-se separadamente a contagem, confirmou-se a eficiência
do Arprocarb (Unden) granulado a 5% quando aplicado à base de 400Kg por
hectare. Admite-se que esse efeito se deve a sua ação fumegante porém, apesar de
estar incluído na relação de tolerância de pesticidas na legislação brasileira.
Outro inseticida que demonstrou resultados satisfatórios foi o Carbaryl.
2. Cultural – empregando-se irrigação, fertilização e uma boa utilização do pasto.
3. Físico – como se pode observar no ensaio de (SUPLICY, 1969) citado por (PUPO,
1977) o emprego do fogo foi ineficiente, além de ser uma prática pouco
recomendável.
4. Biológico – ao que tudo indica, o único método de controle realmente eficiente e
econômico é o biológico.
13.5 CURUQUERÊ DOS CAPINZAIS

Temos a Mocis latipes e a Spodoptera frugiperda , a primeira delas é também


chamada de lagarta militar, lagarta dos milharais e lagarta mede palmo (quando
anda parece está medindo palmos) (Figura 23). Possuem uma coloração verde

64
escura, com estrias longitudinais castanho escuras limitadas por estrias amarelas
longitudinais, e quando completamente desenvolvida, essa lagarta chaga a medir 30
a 40 mm de comprimento.

Figura 23. FONTE: (PUPO, 1977)

O adulto é uma mariposa de 40 mm de envergadura,(Figura 24) asas pardo-


acinzentadas ou cinzento-escuras. As asas posteriores são da mesma cor, porém
amareladas. Nota-se seu ataque através de um exame das folhas, as quais
aparecem irregularmente devoradas a partir dos bordos.

65
Figura 24. FONTE: (PUPO,1977)

A segunda, também chamada de lagarta militar, possui uma coloração que varia
do verde-claro ao pardacento escuro ou quase preto. Mostram cinco listras
amareladas no sentido horizontal do corpo, sendo duas destas mais largas. Quase
preta a cabeça apresenta estrias claras que formam um “Y” invertido. Esta lagarta
também consegue atingir 40 mm de comprimento e, seu adulto é uma mariposa com
30 a 40 mm de envergadura, cujas asas anteriores são pardo-escuras, a as
posteriores branco-acinzentadas. Seu ataque é percebido quando as folhas
atacadas aparecem perfuradas.
Em virtude de seu habito noturno, após o acasalamento, as mariposas colocam
seus ovos à noite, em camadas superpostas nos dois lados da folha. Após um
período de incubação de 7 a 12 dias surgem as lagartinhas que se alimentam da
parte mais tenra da folha, passando depois para toda a planta. São tão famintas que
migram de uma planta para outra, mesmo para plantas diferentes das que estão
atacando. O período larval dura cerca de 25 dias, finda o qual penetra no solo e
transformando-se em crisálida (parda) a uma profundidade de 10 a 15 mm, de onde
14 dias após emerge o adulto.
O ataque aparece preferencialmente no verão (prolongando-se até abril) e me
formas de surtos, pois as mariposas vêm de longe e desovam desordenadamente
no campo, aparecendo em pouco tempo núcleos salteados de lagartinhas.
Além de atacarem muitas gramíneas, essas lagartas atacam também as
leguminosas, tais como o siratro, soja perene, galáctia, etc.

66
Um intenso ataque dessas lagartas provoca grandes prejuízos pois, destruindo
tudo que encontram pela frente, reduzem sensivelmente a capacidade de suporte
das pastagens.
13.6 CONTROLE

O controle do curuquerê dos capinzais pode ser feito de varias maneiras,


isoladas ou de forma integrada.
a) cultural: é feito através de uma roçada do pasto que, além de eliminar o alimento
das lagartas (folhas) expõe as formas jovens à ação dos raios solares matando-as.
b) mecânico: é feito quando se notar os primeiros sinais de ataque, utilizando-se
rolo-faca sobre a população das lagartas nos pastos.
Preferentemente à roçada emprega-se um superpastejo pois, além dos
benefícios apresentados pela roçada, matam muitos indivíduos através do intenso
pisoteio, e o que é mais importante, sem desperdiçar a forragem, uma vez que a
mesma é consumida pelo gado.
c) biológico: é feito empregando-se o Bacillus thuringiensis que é um defensivo de
natureza biológica, cujos esporos constituem-se no princípio ativo de formulações
em pó fino para polvilhamento ou pulverizações. Ingerido pelo inseto ele se
multiplica e solta uma toxina que provoca a morte do mesmo. Em pulverizações usa-
se 1 grama (aproximadamente 16 milhões de esporos) por litro de água. Esse
defensivo é encontrado com nomes comerciais de Thuricide-3 BP e Plantibac P. M.
d) químico: é feito com aplicação de produtos inseticidas, dentre os quais poucos
foram testados especificamente em aplicações em pastagens porém, os demais,
sendo eficientes para o controle das mesmas lagartas em culturas anuais, nada
impede que também sejam eficientes quando aplicados em pastagens.
Sevin: 5% pó seco, na dosagem de 25 Kg/ha, 7,5% pó seco na dosagem de 25
Kg/ha, 85% pó molhavel, na dosagem de 1,2 a 1,5 Kg/ha.
Endrex 20% C. E. na dosagem de 0,5 l/ha.
Imidan 50% P. M. na dosagem de 0,5 l/ha.
Thiodan 35% C. E. na dosagem de 0,5 l/ha.
A quantidade de água a ser gasta por hectare varia muito, pois depende do
estagio de crescimento do pasto, da maquinaria, do operador, etc. dessa forma é

67
necessário à consulta de um Engenheiro Agrônomo para determinar a calibração do
equipamento, por exemplo: Calibração do pulverizador costal para a aplicação de
inseticida ou fungicida.
Antes de tudo devemos ter a preocupação de usar na calibração os EPIs, pois a
maioria dos acidentes com produtos fitossanitários ocorre no momento da aplicação.
Para calibração correta devemos seguir os seguintes passos:
a) encha o tanque do pulverizador com água limpa, sem tirar a peneira
b) coloque o pulverizador nas costas regulando as alças
c) pulverize 10 plantas, mantendo velocidade e pressão constantes
d) retire o pulverizador das costas
e) encha novamente o pulverizador com água, observando a quantidade de água
gasta, esta operação deve ser repetida pelo menos 3 vezes para se retirar à
média da quantidade de água gasta nas 3 aplicações.
Exemplo: Primeira aplicação = 12 litros gastos
Segunda aplicação = 13 litros gastos
Terceira aplicação = 16 litros gastos
Média = 12+13+16 =13,8 litros
3
f) dividida a média por 10 (número de plantas molhadas), obtendo a quantidade de
água gasta por planta.
Exemplo: 13,8/10 = 1,38 litros por planta.
g) calcule o número de plantas existentes em 1 hectare. O número de plantas
existentes em 1 hectare depende do espaçamento utilizado. Exemplo:
Mamoeiro- espaçamento: 3m x 2m
Calculo da área ocupada por 1 planta: 6m2
Um hectare = 10.000m2 , então o numero de plantas por hectare é encontrado,
dividindo-se a área de 1 hectare (10.000m2) pela área ocupada por um mamoeiro
(6m2).
10.000/6 = 1.666 plantas por he.
h) calcule o gasto de água por hectare, este cálculo é feito multiplicando-se a
média obtida pelo número de plantas presentes em um hectare.
Exemplo:

68
Média = 1,38 litros
Número de plantas = 1.666 plantas/ he
Quantidade de calda por hectare = 1,38 x 1.666 = 2299,08 litros.
Se a recomendação do produto for por exemplo é o DECIS 25 CE, recomendado
para combater o mandarová, na concentração de 30ml/100 litros de água, o calculo
é o seguinte:
30ml 100 litros
x 20 litros
x = 6ml do produto

Se o produto recomendado for por exemplo um inseticida ou herbicida na dose de


1,5 Kg por Hectare, o calculo é o seguinte:
2299,08 1,5 Kg
20 litros x
x = 0,0134 Kg do produto ou 13,04 g do produto em 20 litros.
Muitas firmas recomendam que a aplicação deve ser repetida 10 a 15 dias após
a primeira, e até se necessário, efetuar uma terceira aplicação 10 a 15 dias após a
segunda.
Para aplicação dos produtos citados há necessidade primordial de se
“RESPEITAR O PERÍODO DE CARÊNCIA”, isto é, o período que o pasto deve ficar
sem animais.
O período de carência é muito variável, e como medida de precaução o mesmo
deve ser prolongado para que assim se fique prevenido para quaisquer intoxicações
no gado, provenientes dos resíduos do produto que por ventura ainda existam.
Uma excelente medida que pode e deve ser seguida, é a aplicação do produto
logo após a retirada do gado do pasto, isto é, quando se vai proporcionar um
período de descanso para o mesmo. Em média, esse pasto deverá estar em boas
condições para ser pastejado novamente, após um período de 30 a 35 dias, tempo
suficiente para eliminar todo e qualquer resíduo do produto aplicado.
Existem outras pragas com menos importância para as pastagens, mais que
podem causar danos econômicos, tais como:
13.7 CUPINS

69
Seus ninhos ocupam boa parte do pasto e dificultam o manejo de máquinas.
Danificam mourões, cochos e postes de madeira, além do madeiramento das
construções, que porventura existam nas proximidades.
Os cupins subterrâneos destroem as sementes e plantas novas, prejudicando
igualmente os toletes e as socas de cana.
O controle dos cupins subterrâneos são controladas preventivamente tratando-se
os sulcos de plantio com Aldrin 2,5%, Heptacloro 5%, Canfeno clorado 10%, a base
de 3 gramas por metro linear, isoladamente ou em mistura com adubos.
Para os cupins de montículo, o controle é feito com diversos inseticidas, de
preferência na forma de concentrados emulsionáveis em mistura com água. Para
sua aplicação, efetua-se uma perfuração vertical e central do cupinzeiro com o
auxilio de uma sonda de aço medindo 2,5 cm de diâmetro e 60 cm de comprimento,
batida ate atingir a câmara de celulose. Em seguida retira-se a sonda e introduz-se
o inseticida através de um funil, não sendo necessária a obstrução do orifício, pois
os próprios cupins se incumbem dessa tarefa.
Pode-se usar: Telorim 15% - 12,5 ml / 0,5 l água / cupinzeiro
Aldrin 40% - 10,0 ml / 0,5 l água / cupinzeiro
Parathion etílico 60% - 5,0 ml / 0,5 l água / cupinzeiro
Heptacloro 40% - 10,0 ml / 0,5 l água / cupinzeiro
Thiodan 35% - 22,4 ml / 0,5 l água / cupinzeiro
Estes produtos podem ser também empregados na forma de concentrados
emulsionáveis, adicionados de 0,5 litro de água.
Existem dados que comprovam também a eficiência e a economicidade do aldrin
40% P.M. a base de 6 gramas por cupinzeiro, aplicados com o auxilio de bomba
manual, a mesma usada no combate de sauveiros.
13.8 GAFANHOTOS

Este terrível inseto constitui-se, felizmente, em uma praga periódica e não muito
freqüente na maior parte do Brasil (figura 25). logo após o seu nascimento as
formas jovens já providas de um poderoso aparelho bocal mastigador, começam a
se alimentar de plantas rasteiras, e posteriormente, atacam arbustos e até arvores.

70
A aplicação de inseticidas para o controle dessa praga é bastante problemática,
pois produtos cuja eficiência é comprovada, pertencem ao grupo dos clorados, cuja
aplicação em pastagens é proibida por lei federal.
Outro grande problema é a permanência de resíduos tóxicos que irão causar
sérios problemas, caso o gado não seja retirado, ou ainda, se for retirado mas não
obedecido rigorosamente um período de carência satisfatório para o retorno do
mesmo.

Figura 25. FONTE: (PUPO,1977)

Segundo o Instituto Biológico de São Paulo, um dos poucos inseticidas a atender


essas condições é o Malathion 95% (em ultrabaixo volume) na dosagem de 1,2 a
1,5 litros para 100 litros de água por hectare. Em outros ensaios, outros inseticidas
demonstraram ser eficiente, tais como: Sevin 85 PM – 1,2 a 1,5 Kg por hectare e o
Sevin 7,5 – 14 a 17 Kg por hectare.
Como já foi dito anteriormente, há absoluta necessidade de se obedecer a um
período de carência, o qual, por precaução, pode ser igual ao período de descanso
do pasto manejado em sistema de rodízio, porém, nunca inferior a 20 a 25 dias.

13.9 SAÚVAS

71
As formigas saúvas, ou simplesmente saúvas, são insetos extremamente sociais
que vivem em formigueiros subterrâneos compostos de panelas e galerias ou
canais.
Na superfície do solo, os formigueiros apresentam um monte de terra solta e
numerosos orifícios denominados olheiros. Segundo alguns autores as formigas
cortam e transportam capins em quantidade igual ao consumo de um milhão de
cabeças de gado por ano. Outros afirmam que 10 sauveiros promovem o corte de
capins equivalentes ao consumo de um boi.
Como se pode observar, os prejuízos causados pelas saúvas são grandemente
significativos, como bem diz o ditado: “ Onde impera a saúva, nada ou quase nada
se pode cultivar”.
O controle das saúvas deve ser dirigido contra os formigueiros de dois ou mais
olheiros porém, quanto maior o sauveiro, mais difícil se torna o combate devido a
sua estrutura arquitetônica muito complexa.
Para que o controle seja perfeito, a aplicação do inseticida precisa ser feita com
muita técnica, de modo a atingir as panelas do formigueiro. Pensava-se inclusive
antigamente, que estas formigas encontravam-se resistentes a certos inseticidas
porém, ficou provado que o que realmente acontecia, era a má técnica de aplicação
dos mesmos, que não chegavam a atingir as panelas.
Para uma boa aplicação, em primeiro lugar, deve-se avaliar a área da terra fofa
do formigueiro, pois a quantidade de formicida a ser aplicado dela dependerá, se
bem que a terra fofa pode não indicar a sede real do formigueiro.
O cálculo da área pode ser feito com passadas largas de 1 metro, mede-se o
maior comprimento e a maior largura da terra solta. Suponhamos que as medidas
encontradas sejam 10 passadas por 5 (cerca de 10 e 5 metros), o que dará uma
área de 50 m2. (figura 26)

72
Figura 26. FONTE: (PUPO,1977)

O cálculo da quantidade de formicida, se o inseticida a ser aplicado for pó cuja


dose recomendada é 30 gramas por metro quadrado, esse sauveiro receberá 1.500
gramas, ou seja, 1,5 Kg do produto inseticida. Se houver necessidade de uma
aplicação para cada 10 metros quadrados, o sauveiro deverá sofrer 5 aplicações (50
 10). Escolhe-se 5 olheiros, e aplica-se em cada um, 300 gramas do formicida.
Devem-se escolher os olheiros com mais intenso movimento de formiga e mais
ou menos uniformemente distribuídos pela área de terra solta. O cálculo do número
de canais a ser tratado de acordo com a área de terra solta, observa a seguinte
tabela:
Tabela 9.
Área de terra solta em m2 Nº de canais a serem tratados
0-1 1
2-3 2
4-6 3
7-9 4
10-12 5
13-18 6
19-26 7
27-40 8
41-60 9
61-100 10

FONTE: (PUPO,1977)

73
Se os olheiros estiverem em chão firme pode-se aplicar o veneno, em caso
contrário, a terra solta deve antes ser afastada dos orifícios, pois poderão entupir os
canais e impedir a penetração do tóxico. Neste caso, o formicida deve ser aplicado 24 a
48 horas depois, tempo este suficiente para que as formigas reabram os canais. Caso o
formigueiro apresente atividades após 75 dias da aplicação, deve-se repetir a aplicação
na parte ativa, para que assim se obtenha uma maior eficiência.
Os insucessos na aplicação de formicidas podem ser oriundos de dosagens
menores que as recomendadas, produto alterado, aplicações feitas em maus alheiros, o
formicida não atinja algumas panelas muito profundas, etc.
As pesquisas realizadas visando o combate às saúvas, permitiram a elaboração
de uma (Tabela 10), a qual trata do emprego de diferentes inseticidas por metro
quadrado de sauveiro. Tabela 10.
Formicidas Dosagem por m2 Compasso máximo
de aplicação
Gases liquefeitos
Brometo de metila 4 ml 5
“M M 33” 10 ml 5
Bissulfeto de carbono 75 ml 5
Pós
Aldrin a 5% 30 gramas 3
F 214 30 gramas 3
Clordane a 10% 30 gramas 3
Heptacloro a 5% 30 gramas 3
Líquidos
Aldrin a 40% 5 ml + 0,5 L de água 2
Clordane a 75% 10 ml + 0,5 L de água 2
Heptacloro a 40% 10 ml + 0,5 L de água 3
Iscas granuladas
Aldrin ou Heptacloro de
2 a 4,4% 5 gramas 3
Mirex 0,45% 10 gramas 3
FONTE: (PUPO,1977)

74
Compasso de aplicação: é o número de aplicações necessárias para uma
perfeita distribuição do formicida, e foi determinado após intensos estudos sobre a
complexa estrutura dos sauveiros.
As iscas granuladas são práticas e econômicas, desprezando o excessivo gasto
com mão-de-obra, como acontece com os formicidas em pó. Para aplicá-las basta
distribuí-las ao longo dos carreiros (lateralmente) para que as formigas carreguem-na
para dentro do sauveiro e as coloquem na horta de cultivo do fungo. Aplicando-se nas
regiões mais ativas, as iscas são levadas para todas as regiões dos sauveiros, fazendo
com que todas as panelas de fungo recebam a isca inseticida. Outras pragas podem
atacar as pastagens esporadicamente, mais podem causar danos econômicos, caso
isso ocorra é necessário à orientação de um técnico para correta orientação do
controle.

75
14. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

FERREIRA, M.B. et al. Plantas daninhas de pastagem no Estado de Minas Gerais e


recomendações para sua erradicação. Belo Horizonte-MG: Empresa de Pesquisa
Agropecuária de Minas Gerais, 1979. 44p

JÚNIOR, D. N.; OLIVEIRA, R. L.; DIOGO, J. M. S. Manejo de Pastagens. Viçosa-MG:


Universidade Federal de Viçosa, 1999. 31p.

KITAMURA, P. C. A Amazônia e o desenvolvimento sustentável. Brasília: Empresa


Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Centro Nacional de Pesquisa de Monitoramento e
Avaliação de Impacto Ambiental, 1994. 182p.

MORAES, Y. J. B. Forrageiras: conceitos, formação e manejo. Guaíba-RS: Livraria e


Editora Agropecuária, 1995. 215p.

PRIMAVESI, ANA. Manejo Ecológico de Pastagens. São Paulo: Editora Nobel, 1999.
185.

PUPO, N. I. H. Pastagens e Forrageiras: pragas, doenças, plantas invasoras e tóxicas,


controles. Campinas-SP: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1977. 303 p.

RESENDE, H.; BRUSCHI, J. H. Formação e manejo de capineira. Viçosa-MG: CPT,


2003. 118p.

RODRIGUES, L.R.A., REIS, R.A., Conceituação e modalidades de sistemas intensivos


de pastejo rotacionado. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, XIV. Anais...
FEALQ, ESALQ,/USP, Piracicaba-SP, 1997.

SOARES, C.M.; VALENTIM, J.F.; WADT, P.G.S. Recomendação de calagem e


adubação para pastagens no Acre. Rio Branco-AC: Embrapa Acre, 2002. 6p. (Circular
Técnica 46)

76

Вам также может понравиться