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FORTALEZA
2017
MÁRCIA PEREIRA FORTE
FORTALEZA
2017
MÁRCIA PEREIRA FORTE
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Profa. Dra. Evânia Maria Oliveira Severiano (Orientadora)
Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza – FAMETRO
___________________________________________________
Prof. MSc. Ana Rosa Alves da Silva
Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza – FAMETRO
___________________________________________________
Prof. MSc. Herta Maria Castelo Branco Ribeiro
Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza – FAMETRO
A Deus, minha mãe, meu pai (in
memorian), meu esposo e filhos!
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus! Obrigada, Senhor, por minha saúde, pelos quatro anos como
aluna do Curso de Serviço Social, permitindo que eu o concluísse.
Ao meu marido, Arlindo de Almeida Forte, por seu carinho e paciência de ouvir meus
desabafos, sempre me dando forças para que eu não desistisse.
À minha Mãe, Maria do Livramento de Lima Pereira, por estar sempre comigo nos
momentos de grandes lutas e desafios impostos pela vida.
A meu pai, Francisco Ocian Pereira, in memorian, que, se aqui estivesse, estaria muito
feliz por ver meu sonho se tornar realidade, pois sempre acreditou em mim e me amou.
Aos meus três filhos, Roberto Castelo Branco, Ocian Pereira Neto e Arlindo de
Almeida Forte Filho, pois me mostraram que nunca é tarde para recomeçar e sonhar.
Às minhas amigas de trabalho, Nayara da Costa Bastos, Maria Virlene, Danielle Fialho
e Janne Andrade, pelo apoio na conclusão de minhas pesquisas e estágio acadêmico.
Às minhas amigas de curso, Andreia Kely Nascimento, Ana Paula Pereira Silva,
Edvanda Duarte Costa, Joana Dárc Andrade Gomes, Lívia, Maria Jacqueline, Neuza
Rayanna da Silva Lessa, Soraya Razoni Cavalcante Barros e Samya Ferreira Paula
Brito, obrigada por caminharem comigo em nossa trajetória acadêmica.
Às assistentes sociais da Santa Casa, por terem contribuído com minha pesquisa.
Às minhas professoras Paula Vieira, Rejane Vasconcelos, Ana Rosa e Edna Leite,
que se dedicaram e contribuíram para minha formação como profissional do serviço
social, como também para meu aprimoramento intelectual.
E, de forma especial, à minha orientadora, Dra. Evania Severiano, por me passar seus
preciosos conhecimentos, com dedicação e paciência. Admiroa-a!
RESUMO
Keywords: Social Assistent. Social Service. The Social Service's instrumentality. The
technical operative dimension of the Social Service.
LISTA DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2 A TESSITURA HISTÓRICA DO SUS NO BRASIL ............................................... 15
2.1 A saúde pública brasileira antes do SUS – do Regime Militar a 1988 .......... 15
2.2 O Sistema Único de Saúde (SUS) no contexto da Constituição Federal
de 1988 ............................................................................................................... 19
2.3 O SUS e a Emenda Constitucional 95.............................................................. 21
3 A INSTRUMENTALIDADE NO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA
SAÚDE ................................................................................................................... 24
3.1 Conceitos ........................................................................................................... 24
3.2 Parâmetros......................................................................................................... 25
4 AS CONFIGURAÇÕES DO TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA
SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE FORTALEZA .......................................... 28
4.1 A tessitura histórica do lócus da pesquisa - a instituição Santa Casa ........ 28
4.2 Perfil das Assistentes sociais da SCMF .......................................................... 31
4.3 O processo de trabalho do Assistente Social na SCMF ................................ 32
4.3.1 Processo de admissão de acompanhante........................................................ 33
4.3.1.1 Acompanhamento de paciente em situação de rua ...................................... 35
4.3.2 Processo em caso de óbito de paciente ........................................................... 36
4.3.2.1 Procedimentos no óbito de pessoa em situação de rua ................................ 37
4.4 As principais demandas no cotidiano da profissão ....................................... 38
4.4.1 Assistentes sociais ........................................................................................... 38
4.4.2 Coordenadora do Serviço Social ...................................................................... 39
4.5 Principais respostas e a mobilização da dimensão técnico-operativa ........ 40
4.6 Respostas à instrumentalidade do serviço social ......................................... 47
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 52
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 54
ANEXOS ................................................................................................................... 58
ANEXO 1 - FOLHA DIÁRIA DE ACOMPANHANTE ................................................ 59
ANEXO 2 - MANUAL DO ACOMPANHANTE .......................................................... 60
ANEXO 3 - AUTORIZAÇÃO TEMPORÁRIA DE ACOMPANHAMENTO................. 61
ANEXO 4 - AUTORIZAÇÃO DE VISITA................................................................... 62
ANEXO 5 - AUTORIZAÇÃO PARA TROCA DE ACOMPANHANTE ...................... 63
APÊNDICES ............................................................................................................. 64
APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO – ASSISTENTES SOCIAIS .................................. 65
11
1 INTRODUÇÃO
sua primeira1 inauguração, dispunha de apenas 80 leitos para uma população de 160
mil habitantes, e hoje conta com 328 leitos. Os sujeitos da investigação da pesquisa
de campo, contou com a participação de três Assistentes Sociais que atuam na
instituição estudada, tendo entre 2,5 e 19 anos de atuação na área, e 2,5 e 6,9 anos
de trabalho na instituição estudada. A instituição possui quatro Assistentes sociais em
seu quadro de funcionários, porém, no período em que a pesquisa foi autorizada e
iniciaram-se as entrevistas, uma delas estava em período de férias e, portanto, não
participou do estudo.
No entendimento que o trabalho de campo se apresenta como a melhor
opção para atender aos objetivos desta pesquisa, que é conhecer o nível de
compreensão da dimensão técnico-operativa do serviço social dos assistentes sociais
da instituição estudada, concorda-se com as argumentações de Minayo (2002),
quando esta assegura que:
1 Como será melhor explicado no ponto 4.1, a Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza teve uma
história conturbada, tendo sido inaugurada e fechada algumas vezes.
14
Até o ano de 1985, não houve grandes mudanças nas políticas de saúde
pública brasileira. Nesse período, na verdade, as poucas mudanças que ocorreram
não beneficiaram a maioria da população, pelo contrário, tenderam a continuar
18
beneficiando o setor privado (PAIM et al, 2012). De forma geral, esse período foi
caracterizado pelos seguintes acontecimentos:
3 Constituição Federal de 1988 – Capítulo II – Seção I – Disposições Gerais: Art. 194. A seguridade
social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com
base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; (BRASIL,
1988)
19
3.1 Conceitos
[... ] isso pressupõe que, mais do que copiar e seguir manuais de instruções,
o que se coloca para o Assistente Social hoje é sua capacidade criativa, o
que inclui o potencial de utilizar instrumentos consagrados da profissão, mas
também de criar outros tantos que possam produzir mudanças na realidade
social, tanto em curto quanto em médio e longo prazos. (SOUSA, 2008, p.
124).
O que foi dito por Sousa (2008) e Guerra (2009) vem de encontro às
respostas das Assistentes sociais da SCMF, que não fizeram esta ilação em referência
à instrumentalidade do Serviço Social, como poderá ser visto mais adiante. Contudo,
ressalte-se que o fato de as assistentes sociais não terem, diretamente, relacionado
suas respostas ao contexto apresentados pelos autores citados, não implica em que
elas não entendam ou deixem de se apropriar dessas definições. Essa realidade pode,
sem dúvidas, derivar de inúmeros fatores, como: rotina desgastante, falta de recursos
financeiros e humanos, questões também tratadas com mais profundidade na
sequência desta pesquisa.
3.2 Parâmetros
sociais, mas de boa parte da sociedade que desejava ser inserida no contexto de
apropriação de seus legítimos direitos sociais. Dessa forma, promovendo novos
significados da profissão, sendo fundamentados pelo projeto profissional articulado
sob os três eixos fundantes que trazem as dimensões teóricas, normativas e legais
constituídas pela Lei que regulamenta a profissão, o código de ética de 1993 e as
novas diretrizes curriculares da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em
Serviço Social (ABEPSS), que direciona novas proposições para a formação
profissional com desdobramentos nos parâmetros para a profissão.
A Associação Brasileira de Ensino de Serviço Social (ABESS) e o Centro
de Documentação e Pesquisa em Políticas Sociais e Serviço Social (CEDEPSS)
iniciaram, em 1994, o que viria a ser a base das Diretrizes Curriculares da Assistência
Social, formulada a partir de inúmeros debates, encontros, oficinas e seminários
regionais e nacionais. “Entre 1994 e 1996 foram realizadas aproximadamente 200
(duzentas) oficinas locais nas 67 Unidades Acadêmicas filiadas à ABESS, 25 (vinte e
cinco) oficinas regionais e duas nacionais” (COSTA, 2008, p. 44).
De acordo com Costa (2008), todos estes encontros embasaram e
promoveram a aprovação do Currículo Mínimo do Serviço Social, na Assembleia Geral
Extraordinária da ABESS/CEDEPSS, em 1996. Mas, segundo Costa, o Ministério da
Educação (ME), através de uma decisão polêmica, definiu que os currículos mínimos
deveriam ser substituídos por diretrizes curriculares, cabendo a cada unidade de
ensino superior criar seu próprio projeto pedagógico.
A intervenção feita pelo ME foi muito danosa para os assistentes sociais,
pois deixou de lado todo o esforço resultante dos intensos debates que serviriam para
orientar os projetos pedagógicos nas instituições de ensino, de forma que, o que está
estabelecido, e em vigor, é a Resolução CNE/CES nº 15, de 13 de março de 2002,
que estabelece as Diretrizes Curriculares para os cursos de Serviço Social (DCSS).
Nestas Diretrizes Curriculares do Serviço Social, o assistente social é apresentado
como um:
5 Entendendo-se que a SCMF, mesmo não sendo pública, tem seus serviços, quase totalmente
realizados pelo SUS.
33
6 A FDA, na realidade, é o Laudo Médico para a Solicitação de: (uma série de medidas, dentre elas a
autorização de acompanhante). O formulário recebe a denominação de FDA no setor do Serviço
Social.
34
Para pacientes em situação de rua que são internados na SCMF e que têm
necessidade de serem acompanhados durante a sua permanência na instituição, as
assistentes sociais iniciam um estudo social em busca de localizar a família do
paciente. Caso a família seja encontrada, as assistentes sociais solicitam que seja
enviada uma pessoa para fazer acompanhamento do paciente – em alguns casos, é
necessária uma visita in loco para tentar convencer a família. Neste tipo de visita, há
uma grande exposição das assistentes sociais à possibilidade de serem recebidas de
forma violenta, inclusive, pois muitas dessas famílias residem em áreas de alta
incidência de eventos violentos e tráfico de drogas, e muitas dessas famílias são
diretamente envolvidas.
Assim, quando a família, depois de inúmeros contatos e visitas, recusa o
acompanhamento, as assistentes sociais enviam um relatório ao Centro de Referência
Especializado da Assistência Social (CREAS), informando sobre a situação do
paciente e todas as medidas já tomadas. Após este procedimento, o CREAS também
promove uma série de visitas à família, tentando convencê-la a enviar um
acompanhante para o familiar internado. Caso a família concorde em enviar alguém
para o acompanhamento do paciente, o caso passa a ser tratado pelos trâmites
normais da SCMF. Todavia, caso persista a negativa familiar, o CREAS procura o
serviço social da SCMF e comunica a sua decisão e os procedimentos a serem
tomados ou discutidos com a instituição.
Sabe-se, que, por lei, não é possível obrigar nenhuma pessoa a
acompanhar um paciente. E, em relação aos pacientes em situação de rua, essa
realidade é ainda mais crítica. Essa circunstância de desestruturação familiar é
identificada no estudo de Petrini (2003 citado por NOGUEIRA, 2009), quando este
afirma que os membros das famílias mais pobres (de onde invariavelmente veem os
indivíduos em situação de rua) não conseguem se relacionar ou sociabilizar de forma
satisfatória entre si e, por isso mesmo, são mais vulneráveis a sentimentos de
desapego e indiferença, uns para com os outros. É esse, justamente, o quadro
encontrado pelas assistentes sociais da SCMF ao visitarem os familiares dos
moradores em situação de rua internados na instituição.
Todavia, no Manual Sobre o Cuidado à Saúde Junto a População em
Situação de Rua, do Ministério da Saúde, publicado em 2012, a exigência de
36
SVO.
37
Se está é a realidade enquanto a pessoa ainda vive, o que pode ser dito
em relação à sua morte? Levando-se em consideração o alto grau de desprezo e
desumanidade com que a polícia trata as pessoas em situação de rua que vão a óbito
nos hospitais da cidade, pode-se até afirmar que este tipo de atitude só reafirma a
invisibilidade social da pessoa em situação de rua.
38
11
Na década de 1970, a SCMF teve sua gestão oficialmente desligada da Diocese de Fortaleza. Fonte:
<http://www.santacasace.org.br/instituicao/historia>. Acesso em: 15 jun. 2017.
41
13 Por reiteradas vezes tratou-se aqui, e ainda será tratado, da vulnerabilidade financeira da SCMF,
como um dos principais fatores que dificultam e, em certos casos até, impedem que as assistentes
sociais dessa instituição consigam utilizar toda a instrumentalidade do Serviço Social no atendimento
às demandas de seus usuários. Esse contexto, em boa monta, não impede que pequenas, mas
importantes vitórias sejam alcançadas, circunstância várias vezes presenciadas durante as
observações de campo.
48
14 Todas as entrevistas foram realizadas dentro de um contexto, pode-se dizer, de exceção, em virtude
da grande demanda dos atendimentos das assistentes sociais da SCMF, principalmente, em virtude
de uma delas estar em gozo de férias, sobrecarregando as que ficaram, e pelas inúmeras
internações por Zika e Chikungunya, o que demandou inumeráveis autorizações, requisições e
visitas às clínicas. Assim, foram várias as vezes que as entrevistas tiveram que ser interrompidas e
retomadas horas ou dias depois, como no caso da Assistente C.
50
“(a) É o projeto que norteia nossa profissão, que defende uma nova ordem
societária sem exploração, que defende a liberdade, a democracia... (b)
Materializamos nosso PEP, quando prestamos um atendimento de qualidade
aos nossos usuários, agindo com ética preconizando o que diz o código de
ética do assistente social”. (Assistente B, parte “b” - Código de ética
profissional, 1993, parte “a”, da resposta).
“É o uso de instrumentos necessários a operacionalidade do serviço social.
Ou seja, é a utilização de técnicas que permitem colocar na prática a teoria”.
(Assistente C).
As respostas das duas assistentes sociais indicam que estas não percebem
na instituição, e partindo delas mesmas, as práticas do modelo tradicional do serviço
social, ou seja, das ações puramente paliativas e assistencialistas, sem a
administração de todas as orientações necessárias para a aquisição dos direitos
sociais dos usuários da SCMF.
Em relação à todas as respostas à utilização da instrumentalidade do
serviço social na instituição estudada, pelas observações de campo foi possível
perceber que a própria rotina das assistentes sociais sofria alterações demandadas
pela realidade social dos usuários da SCMF. E, a partir das alterações de suas
próprias rotinas, a rotina e a realidade desses usuários também era alterada,
promovendo a descoberta e aquisição de direitos, aquilo a que Guerra (2009) chama
de dar instrumentalidade às suas ações.
De modo geral, percebeu-se que as entrevistadas possuem a compreensão
do significado social da profissão e reconhecem as demandas da sociedade,
51
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
DESMONTE do SUS: 'A partir de 2018, vamos ter uma volta ao passado'. Rede
Brasil Atual. 4 mar. 2017. São Paulo: RBS, 2017. Disponível em:
<http://cebes.org.br/2017/02/debate-sus-em-desmonte-discute-momento-atual-da-
saude-publica-cebes-sp/ >. Acesso em: 02 ago. 2017.
ANEXOS
59
APÊNDICES
65
1. Nome:
2. Sexo:
3. Filhos:
4. Quantos:
5. Ano de formação:
6. Unidade de formação:
7. Titulação:
8. Tempo de trabalho na Previdência Social:
9. Idade:
10. Carga horária:
11. Recursos institucionais: (sala, equipamentos, material de trabalho) (aqui você
quer abordar as condições éticas e técnicas de trabalho?) Computador, telefone,
material de escritório, birô, cadeira, impressora, cartucho.
12. Possui outro emprego (caso sim; é formal ou informal; qual a jornada de trabalho)?
13. Participa de instância de organização política da categoria?
14. Participa de conselho de direito?
15. Renda em salários mínimos:
DIMENSÃO TÉCNICO-OPERATIVA:
16. Quais são os instrumentos e técnicas utilizados com mais frequências pelo
Serviço Social na instituição? Quais as finalidades desses instrumentais?
17. Quais as facilidades e as dificuldades percebidas na utilização destes
instrumentos e técnicas?
18. Quais os instrumentos comuns entre o serviço social e outros profissionais?
19. Quais as principais atividades realizadas pelo Serviço Social?
20. Você realiza encaminhamentos a serviço, sistemas e políticas? Quais são os
principais?
24. Para você, o que é o Projeto Ético-Político do Serviço Social? Como você busca
materializar o PEP no seu cotidiano profissional?
25. Hoje, o que você percebe de reatualização do "serviço social tradicional" presente
na prática do serviço social na instituição?