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1.

INTRODUÇÃO
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Nesta pesquisa abordamos sobre a prevalência da filariose linfática nas Aldeias de Quipetele e
Progresso do município do Dande, onde mostraremos a evolução histórica da filariose ao
longo do mundo, falaremos das características e patogenia do agente etiológico e em
consequência as sinais e sintomas, tratamento, diagnóstico e Prevenção da mesma patologia.

O termo filariose linfática, também conhecida por elefantíase - reúne as filarioses brugiana e
bancroftiana, transmitidas por mosquitos. A brugiana é a infecção pelas Brugia malayi e B.
timori, encontradas em forma endêmica apenas na Ásia. Em contraste com a bancroftose,
causada pela Wuchereria bancrofti, a doença crônica do sistema gênito-urinário (quilúria,
hidrocele e quilocele) não existe na filariose brugiana.

A Filariose Linfática (FL) ou Bancroftiana é uma parasitose negligenciada, de caráter


debilitante que possui como principal agente etiológico helmintos da espécie Wuchereria
bancrofti (REY, 2008; FONTES et al., 2005).

A prevalência da filariose linfática vem aumentando em países de clima tropical e subtropical,


principalmente pela expansão de urbanização não planejada em muitas áreas endêmicas.
Estima-se que cerca de 120 milhões de pessoas estejam infectadas com Wuchereria bancrofti
e oito milhões com Brugia malayi. Muitos desses indivíduos exibem formas clínicas da
doença, sendo o linfedema (tanto em áreas de W. bancrofti como de Brugia malayi) e a
hidrocele (somente em bancroftose) as manifestações mais prevalentes (WHO, 2013).

Diante do grave problema de saúde pública que essa parasitose representa e considerando as
peculiaridades biológicas da W. bancrofti, que possui o homem como único hospedeiro, a
OMS, lançou em 1997 o Plano Global de Eliminação da Filariose Linfática (PGEFL), que
visa a eliminação da infecção através da interrupção da transmissão em todos os focos ativos
da doença até 2020. Tendo como estratégias o tratamento em massa das populações residentes
nas áreas endêmicas com drogas antifilariais e a assistência aos portadores de morbidade,
principalmente linfadema e hidrocele (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2005).

Em colaboração com o PGEFL, a Fundação Nacional de Saúde – FUNASA / Ministério da


Saúde - MS, junto com a OPAS e a OMS, estabeleceram um Plano Nacional de Eliminação
da Filariose Linfática no Brasil (PNEFL) e definiram o Programa Nacional de Eliminação da
Filariose Linfática (BRASIL, 2009). Este programa teve suas atividades credenciadas ao
grupo de trabalho, fundado em 1986, no Departamento de Parasitologia do Centro de

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Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM) – Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), atualmente
denominado Serviço de Referência Nacional em Filarioses – SRNF (ROCHA, 2008).
No continente Americano estima-se que existam 720.000 infectados, com registro de
transmissão da doença em quatro países: Haiti (aproximadamente 560.000 infectados), Brasil
(aproximadamente 60.000 infectados), República Dominicana e Guiana (ambos com
aproximadamente 50.000 infectados) (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE,
2007).

A FL é uma das maiores causas de incapacidades fisicas permanentes ou de longo prazo,


sendo cerca de 112 milhoes o numero de pessoas infectadas por W. bancrofti em todo o
mundo. Nas ultimas decadas houve consideravel avanco nas estrategias de combate a essa
endemia. Por isso, em 1997, a Organizacao Mundial da Saude (OMS) propos sua eliminacao
global como problema de saude publica ate o ano 2020. O Brasil aderiu ao chamado da OMS,
tornando-se signatario dessa proposta nesse mesmo ano. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

O programa mundial de eliminação da FL tem dois fundamentos principais: a eliminacao da


transmissao, ou seja, impedir o surgimento de novos casos; e o controle dos casos de
pacientes que, embora tenham sido tratados dessa parasitose, apresentam lesoes e sequelas em
sua decorrencia, os portadores de morbidade filarial. No Brasil, o perfil epidemiologico dessa
doenca foi estabelecido na decada de 1950, quando foram realizados inqueritos hemoscopicos
em todo o pais. Com base nos resultados desses inqueritos foram identificados os focos, e
eleitas areas prioritarias para intervencao. Essas areas, um total de 11 cidades em seis estados,
foram entao consideradas os “focos de filariose” no pais. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

A partir da identificacao desses focos, uma serie de estrategias foram implantadas/


implementadas com o proposito de diminuir o dano produzido por esta endemia. Ao longo
das ultimas cinco decadas, o trabalho visando a reducao da infeccao apoiou - se
principalmente na eliminacao das fontes de infecção. Assim, milhares de exames
hemoscopicos foram realizados anualmente nas populacoes residentes nas areas endemicas,
seguindo-se o tratamento dos casos de microfilariemicos detectados. Embora as acoes
ambientais visando o controle vetorial nao tenham sido uma prioridade do programa, em
muitos momentos, o controle da filariose foi beneficiado pela adoção dessas ações em
campanhas contra outros agravos, o que certamente contribuiu para o quadro epidemiologico
atual, no qual considera-se que a transmissao esteja restrita a alguns poucos locais do Pais.
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Em 1997, de acordo com a proposição da OMS, o Brasil adotou a meta de eliminar/ erradicar
a FL. A partir de então houve um novo enfoque programatico, tornou-se necessario
aprofundar as ações que pudessem eliminar a transmissão, evitando o surgimento de novos
casos e estruturar a assistencia aos pacientes com manifestacoes clinicas. Como signatario do
projeto mundial de eliminacao, o Brasil tem se esforçado no sentido de ampliar as ações
tradicionalmente desenvolvidas, visando no menor espaço de tempo o alcance desse objetivo.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Para fundamentar as discussões que pensamos como de interesse para o presente estudo e para
atender ao seu objetivo mais geral que é o estudo da prevalência da filariose bancroftiana…
elegemos a questão do atual contexto sanitário de Angola, a importância do estudo da filariose
para o país e o referencial teórico da doença como os três aspetos introdutórios para estas
discussões. (BUNGO, 2002).

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1.1 PROBLEMÁTICA
A filaríase linfática causada pela Wuchereria bancrofti constitui um problema de saúde
pública, de magnitude significativa, que atinge pessoas de todas as idades e de ambos os
sexos em mais de 80 países, distribuídos principalmente nas regiões tropicais e subtropicais
em todo o mundo.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há uma estimativa de que existem 120
milhões de pessoas portadoras de Microfilaremia (100 milhões com Bancroftose e 20 milhões
infetadas pelas Brugias) e mais de 900 milhões vivendo sob risco de adquirir a infeção
(Fontes,2005).
Em decorrência da escassez na investigação, assistência e acompanhamento dos pacientes
portadores da infecção filarial da importância do Serviço de Referência, da relevância dele no
rastreio e controle da doença no país.
Tem se notado a ausencia de dados e a ignorância dos habitantes sobre a doença em questão,
sinais e sintomas bem como metodos de prevenção.
Baseando-se nesses fatores expostos formulou-se a seguinte questão de pesquisa: Qual é a
prevanência de filariose linfática nos habitantes da comuna de Caxito, município do Dande
nas aldeias de Quipetele e Progresso?

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1.2 JUSTIFICATIVA
O interesse em escrever sobre esse tema partiu da necessidade de dotar a população de
conhecimentos e métodos de prevenção sobre a doença, por ser uma doença crônica com um
período de incubação prolongado e de início insidioso, cujos efeitos da doença não são
sentidos de imediato.
Esta doença é causada por um tipo de microrganismo (as Filárias) que tem como vetor
mosquitos do gênero Culex, Anopheles, Aedes e Mansonia spp, dependendo da região, e a sua
transmissão é dada pela picada do mosquito (vetor) transmissor do parasita que causa a
doença. As características geomorfológicas e o clima tropical de Angola, são elementos
preponderantes que determinam a existência de fatores epidemiológicos favoráveis à
disseminação dos vetores desta doença e em consequência disto causarem a proliferação da
Filariose linfática.

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2. OBJECTIVOS
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2.1 Geral
Avaliar a prevalência da filariose linfática nos habitantes em duas aldeias da Província do
Bengo, município do Dande durante o II° semestre de 2018.

2.2 ESPECÍFICOS
 Caracterizar a população de acordo com dados sociodemográficos como idade,
género, proveniência;
 Identificar a frequência da filariose linfática na população em estudo;
 Determinar a frequência da população positiva para filariose em relação ao gênero, e
idade;
 Identificar os fatores de risco nos habitantes acometidos por Wuchereria Bancrofti do
município do Dande nas aldeias de Quipetele e Progresso.
 Observar a existência de processos obstrutivos (hidrocele e linfodemas) na população
afetada.

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3. REVISÃO DA LITERÁTURA
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3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA NO
MUNDO
A elefantíase consiste em uma doença parasitária originária da Polinésia, sendo
posteriormente introduzida na China e em outras regiões da Ásia e em seguida, no continente
africano. Acredita-se que a parasitose tenha sido introduzida nas Antilhas e na América do Sul
através do tráfico de escravos (LAURENCE, 1991).

Por volta dos séculos XVII e XVIII, por ocasião da descoberta das ilhas do Pacífico, a
elefantíase já era frequentemente registrada na Polinésia Oriental e Ocidental, o que veio a ser
posteriormente confirmado pelos missionários que lá chegaram. Do Leste Pacífico, através da
migração, a W. bancrofti teria sido introduzida na Ásia (LAURENCE, 1991).

Na região do Pacífico, a parasitose se distribui por 24 países (WORLD HEALTH


ORGANIZATION, 2000). Nessa região cerca de 1,8 milhão de indivíduos são portadores da
infecção. Destacam-se, aqui, as ilhas Filipinas, onde aproximadamente 20 milhões de pessoas
vivem em áreas de risco em 58,5% das províncias do arquipélago são endêmicas para a
bancroftose, com um total estimado de 645.232 portadores da parasitose (KRON, 2000).

Na Ásia a W. bancrofti distribui-se nas áreas de clima tropical e subtropical, com exceção das
áreas do deserto (SASA, 1976). A situação da filariose linfática na região do sudeste encontra-
se configurada através da endemicidade comprovada em oito países, com cerca de 62,4
milhões de pessoas infectadas (DAS, 1997). Somente a Índia detém 44% do total de casos da
região e possui cerca de 454 milhões de pessoas vivendo em áreas de risco, sendo 113
milhões residentes de áreas urbanas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000).
Encontram-se relatos da infecção filarial na Índia desde o século VI A.C., também, pode ser
encontrada descrição dos sinais e sintomas da doença século VII D.C. e a elefantíase nas
pernas foi descrita em Cochin por Clarke (1709). A microfilária foi diagnosticada no sangue
periférico em um homem hindu por Lewis em 1872 (SASA, 1976).

Acredita-se que a introdução da filariose bancroftiana na África tenha ocorrido devido ao


movimento forçado de africanos na condição de escravos durante o século XIX. Outra teoria
menos provável, relaciona a introdução da parasitose com a peregrinação dos viajantes do
Cairo a Meca (rota de comércio) (LAURENCE, 1991).

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No continente africano 84,76% dos países que compõem a região são endêmicos para filariose
linfática, estimando-se em 420 milhões o número de pessoas residentes em áreas de risco e
em 50,6 milhões o quantitativo de infectados pela doença, com taxa média de prevalência de 9%
(MICHAEL, 1997).

No Egipto a endemia é conhecida desde os tempos dos faraós (WORLD HEALTH


ORGANIZATION, 2000). Estudo realizado com 325.000 mil residentes de 314 aldeias da
região do delta do Nilo revelou taxa de prevalência de 20% em 1993 (HARB, 1993). Em 1951
esse índice era de 1% e encontrava-se em alguns focos (HARB, 1993). Atualmente estima-se
que aproximadamente 3,7 milhões de pessoas vivam em áreas de risco e que dessas, 242.400
mil já estão infectadas (HARB, 1993).

Nas Américas, os primeiros relatos de filariose linfática por W. bancrofti foram encontrados
na América do Norte, cidade de Charleston, Carolina do Sul (EUA); presumivelmente, a
introdução do parasito ocorreu pela imigração das Índias Ocidentais. Na América do Sul, a
introdução do parasito, provavelmente, deu-se através do tráfico de escravos de Barbados para
o Suriname (LAURENCE, 1991).

Haiti é um dos quatro países endêmicos nas Américas e apresenta cerca de 90% da carga da
doença por FL na região. Wuchereria bancrofti apresentou prevalência entre zero a 45% em
crianças e em 88% dos seus 120 municípios avaliados apresentou prevalência maior que 1%
(BEAU DE ROCHARS, 2004).

Antígenos circulantes do parasito foram detectados pelo uso do ICT em 87,9% em crianças de
133 comunidades no Haiti. Apesar de ter distribuição nacional, as maiores prevalências foram
diagnosticadas em Leogane e em Porto Príncipe (BEAU DE ROCHARS, 2004). Estudo
realizado por MADSEN (2004), no Haiti foram identificados resultados inesperados, em
comunidades diferentes no “planalto do Departamento Central” (BEAU DE ROCHARS,
2004). Apesar da localidade apresentar muitos canais de água poluída, onde as larvas do
mosquito são abundantes, a prevalência do antígeno filarial na comunidade de Hinche foi
baixa (1%). Em contraste, a comunidade rural de Saut d'Eau nas colinas, a uma altitude de
614 metros, teve antígeno circulante para o parasito 44% (BEAU DE ROCHARS, 2004).

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Figura 1 – Distribuição geográfica da filariose linfática no mundo.

Fonte: WHO, 2013

No Brasil, o primeiro a encontrar a microfilária foi o pesquisador Otto Wucherer, na Bahia,


em 1866, estudando a esquistossomose ele encontrou na urina hematoquilosa de um paciente
do Dr. Silva Lima (WUCHERER, 1868). Em 1877, o Dr. Silva Araújo denominou o verme
adulto de Wuchereria bancrofti, homenageando o Dr. Otto Wucherer (descobridor da
microfilária) e o Dr. Joseph Bancrofti (descobridor do verme adulto) (AMARAL,1919).

Alguns estudos investigativos foram conduzidos no Brasil sobre a filariose bancroftiana,


anteriores aos estudos sistematizados da década de 1950. O primeiro desses estudos foi
efetuado por Patterson (1878), na cidade de Salvador, que identificou um índice de
microfilaremia de 8,4% (FRANCO, 1967). O trabalho seguinte foi realizado por Oliveira, em
1908, na mesma cidade, no qual 400 pessoas foram examinadas, com prevalência de 9,5%
(FRANCO, 1967).

Em 1922, Coqueiro realizou estudo na cidade de Maceió, encontrou 17% de positividade,


sendo que 46,5% apresentavam manifestações clínicas da doença (FRANCO, 1967).
No período de novembro de 1942 a dezembro de 1943, foram realizados exames hemoscópico
em 5.000 pessoas de Belém-PA, com 10,8¨% de casos da infecção filarial e 1,3% deles com
elefantíase (CAUSEY, 1945).

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No ano de 1948, entre os meses de junho a setembro foi realizado inquérito para verificar a
prevalência de Wuchereria bancrofti na população da cidade de Manaus-AM. O total de 2.405
lâminas foram examinadas, sendo que 2% dos examinados foram positivo para microfilária de
W. bancrofti e em 0,6% para as microfilárias de Mansonella ozzardi (DEANE, 1949).

Até a década de 1950, as informações disponíveis sobre a prevalência e a distribuição espacial


da filariose linfática no Brasil, eram provenientes de inquéritos hemoscópicos isolados, como
os de Paterson (1878), Oliveira (1908), Magalhães (1928), todos na cidade de Salvador-BA
(CAUSEY, 1945), na cidade de Belém-PA, o de Coqueiro (1922) e em Maceió-AL
(FRANCO, 1967).
A partir da criação da campanha contra a filariose linfática pelo Ministério da Educação e
Saúde, em 1951, é que foram realizados inquéritos epidemiológicos sistemáticos em todo o
país. A responsabilidade pela realização dessa campanha foi atribuída ao Serviço Nacional de
Malária e, posteriormente, ao Departamento Nacional de Endemias Rurais – DNERu, e a
coordenação coube a René Rachou (FRANCO, 1967). A principal tarefa consistia na
consecução de estudos sobre a prevalência e a distribuição geográfica da doença no país,
promovendo simultaneamente as ações necessárias ao seu combate (FRANCO, 1967).
Entre 1951 e 1958, foram efetuados inquéritos epidemiológicos em 538 localidades, sendo
encontrados portadores de microfilaremia em 89 delas. No entanto, em apenas 11 dessas
localidades ficou comprovada a transmissão ativa, através do encontro simultâneo de
mosquitos com larvas infectantes e indivíduos portadores de microfilaremia (FRANCO,
1967). Entre as localidades, Manaus-AM, Belém-PA, São Luís-MA, Recife-PE, Maceió-AL,
Salvador-BA, Castro Alves-BA, Florianópolis-SC, Ponta Grossa-SC, Barra de Laguna-SC e
Porto Alegre-RS, com prevalências que variavam de 0,1% em Porto Alegre a 14,5% em Ponta
Grossa (FRANCO, 1967).
Segundo Rachou (1960), entre as cidades acima citadas os de maior importância médico-
sanitária foram de Belém (9,8%) e o de Recife (6,9%), estimando com cerca de 50.000 e
80.000, respectivamente, o número de portadores da parasitose. Segundo os resultados desses
inquéritos a distribuição geográfica da filariose linfática é fundamentalmente focal e urbana,
incidindo mais fortemente em cidades litorâneas.

Em 1985, o Ministério da Saúde (MS), considerando o declínio apresentado nos índices de


microfilaremia em Recife (6,9% em 1954 para 0,7% em 1984) e Belém-PA (9,8% em 1952
para 0,03% em 1983), concluiu que a endemia estava sendo controlada de forma satisfatória e

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não oferecia a mesma gravidade do passado (BRASIL, 1985). Entretanto, estudos realizados
nas cidades de Maceió-AL e Recife-PE questionavam o fato da endemia esta devidamente
controlada (FONTES, 2008).

Em Maceió-AL Dreyer et al. (1991), examinaram 731 militares, encontrando dois casos
positivos autóctones da localidade de Jacintinho. O inquérito realizado por Fontes et al.(1998)
com 10.857 estudantes de escolas públicas estaduais de Maceió-AL, no período noturno revelou
0,7% de casos de infecção filarial autóctones (FONTES, 2008).

Rocha et al. (2000), ao realizarem um inquérito epidemiológico nos mesmos bairros


estudados por Fontes et al. (1994) em Maceió-AL, foram examinadas 10.973 pessoas,
encontram 226 casos de positividade, com taxas de prevalência que variaram de 0,0% em Chã
de Jaqueira até 5,4% em Feitosa, com prevalência média de 2,5%, indicando que a situação da
filariose linfática necessitava do acompanhamento das autoridades de saúde locais.Os
resultados das pesquisas conduzidas por Fontes et al. (1994) indicaram que aproximadamente
80% dos parasitados detectados entre os escolares estavam concentrados em duas regiões
vizinhas, Feitosa e Jacintinho, com prevalências de 5,25% e 1,24%.

3.2 O AGENTE ETIOLÓGICO


Segundo Paily et al (2009), os principais vermes filariais que parasitam o ser humano são: W.
bancrofti, Brugia malayi, B. timori, Onchocerca volvulus, Loa loa, Mansonella streptocerca,
M. ozzardi, M. perstans e Dracunculus medinensis (Quadro 1).

Quadro 1 – Filarioses humanas ao redor do mundo, sistema acometido, localização das


microfilárias e quadro clínico.

PARASITO OCORRÊNCIA LOCALIZAÇÃO MICROFILÁRIAS VETORES DE PATOLOGIAS


DOS VERMES TRANSMISSÃO
ADULTOS
Wuchereria África, Linfática Sangue Culex Linfangite
bancrofti Ásia, quinquefasciatus,
Américas Anopheles spp,
Aedes spp
Brugia Ásia Linfática Sangue Mansonia spp Linfangite
malayi
Brugia Indonésia Linfática Sangue An. barbirostris Linfangite
timori

Onchocerca África, Pele, nódulos Pele e olhos Simulium sp Dermatites

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volvulus América subcutâneos lesões
Central e do oculares
Sul, Yemen cegueira

Loa loa África Tecidos Sangue Tabanídeos Edema,Cala


subcutâneos bar,Irritação
nos olhos,
febre

Mansonella América Mesentério e Sangue Simulium sp Edema


ozzardi Central e Parede Pele linfoide, dor
Sul Abdominal articular
febre

Mansonella América Tecido Sangue Culicideos Dor


perstans Central e peritoneal articular,
Sul cavidade febre
pleural e
pericárdio
Mansonella África e Tecido Pele e Sangue Culicideos Prurido, dor
streptocerca Américas subcutâneo articular,
febre
Dracunculus Américas, Tecido Pele Microcrustáceos Ulcerações
medinensis Ásia e subcutâneo (Cyclops) na pele,
África bolhas
Fonte: retirado e adaptado de PAILY et al., 2009.

Vermes Nematoides das especies Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori sao os
agentes causadores da FL. Nas Americas, onde foi introduzida pelos escravos, apenas a W.
bancrofti e causadora da FL, sendo, portanto, a especie que particularmente nos interessa,
pois e responsavel pelos casos que ocorrem no Brasil.
A W. bancrofti possui diferentes formas evolutivas nos hospedeiros vertebrados (humanos) e
invertebrados (mosquitos vetores), ou seja, filarias e microfilarias nos humanos e larvas nos
mosquitos. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
Os vermes adultos (filárias) apresentam sexos distintos e habitam o sistema
linfático (vasos de transporte e linfonodos), produzindo embriões (microfilárias) que se
desenvolvem em mosquitos hematófagos, principalmente do gênero Culex, que funcionam
como hospedeiro intermediário (FERREIRA, 1991).

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O macho (Figura 2) mede de 3,5 a 4cm de comprimento e 0,1mm de diâmetro, com a
extremidade anterior afilada e posterior enrolada ventralmente. A fêmea mede de sete a 10cm
de comprimento e 0,3mm de diâmetro, possui órgãos genitais duplos, com exceção da vagina,
que e única e se exterioriza em uma vulva localizada próximo a extremidade anterior do
parasito. A reprodução é sexuada, possui dois tubos uterinos que ocupam grande parte do
corpo. Os ovos são observados na porção mais posterior, enquanto que os embriões e as
microfilárias imaturas mais próximas da vagina. (FONTES, 2005).

Figura 2 - Vermes adultos de Wuchereria Bancrofti.

Fonte: MINISTÉRIO DA SAUDE, 2009

As microfilárias são os embriões resultantes do acasalamento entre os vermes adultos. São


liberados pelas fêmeas grávidas, de onde saem dos ductos linfáticos do hospedeiro e ganham a
circulação sanguínea, onde se movimentam ativamente. Medem de 250 a 300μm de
comprimento e possuem uma membrana de revestimento (bainha) que é flexível. A
observação da bainha é importante, pois alguns filarídeos encontrados no sangue humano não
possuem essa estrutura, sendo este um dos critérios morfológicos para o diagnóstico
diferencial (Figura 3). Podem ser observadas vivas e em movimento ativo, em exame direto a
fresco do sangue, logo após colhido de indivíduos parasitados. A microfilaremia pode
persistir no organismo do hospedeiro definitivo por um período de cinco a 10 anos, sem que
seja necessária a ocorrência de reinfecção. (FONTES, 2005).

No vetor, as microfilárias (mf) sofrem 3 mudas e se transformam em larvas infectantes ou L3.


Após nova hematofagia, as larvas são depositadas na pele do indivíduo sadio e, por
movimentos ativos, através de solução de continuidade da pele, chegam ao sistema linfático,

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onde sofrem duas mudas, transformando-se em vermes adultos, cujas fêmeas liberam mf,
reiniciando o ciclo (DREYER, 1997).

Figura 3 – A - Esquema da morfologia de Wuchereria bancrofti; B – Foto da microfilária


Wuchereria bancrofti corada pelo Giemsa ( Originais: A – Gilberto Fontes; B – Edson
Fidelis).

Fonte: A – http://slideplayer.com.br/slide/3660053/
B - https://sites.google.com/site/infectologiafilariose/o-que-e-filariose/o-parasito

As formas larvais são encontradas em três estádios no vetor transmissor. A primeira é a L1


que mede em torno de 300μm, as larvas L2 que têm tamanho aproximado de 700μm de
comprimento e na última fase de desenvolvimento as larvas infectantes são denominadas de
larvas L3 (Figuras 4 e 5), possuem comprimento entre 1,5mm e 2,0mm de comprimento.
(FONTES, 2005).
Após a entrada da microfilária no vetor, em poucas horas, perdem a sua bainha de
revestimento, atravessam a parede do estômago, alojam-se nos músculos torácicos e 4

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transformam-se em L1. Seis a 10 dias após, ocorre à segunda muda transformando-se em L2.
Esta cresce muito, e entre 10 e 15 dias sofre a terceira muda, e assume a forma infectante L3,
que migra para a probóscida do inseto. O tempo de transformação de L2 para L3 pode variar
em função da umidade e temperatura do ambiente (CHANDRA, 2008).

Figura 4 - Momento da saída do parasito da probóscida do vetor na forma larval L3 para


infectar o ser humano (400x).

Fonte: FONTES E ROCHA, 2005

Figura 5 - Larva infectante (L3) de Wuchereria bancrofti junto à probóscida de fêmea de


Culex quinquefasciatus (400X).

Fonte: FONTES E ROCHA, 2005

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3.2.1 CLASSIFICAÇÃO DA FILA RIOSE

A filariose é uma parasitose provocada por vermes alongados e filiformes pertencentes à


classe de Nemátoda e são comumente chamados de filárias. Estes vermes pertencem à
Superfamília Filaroidea, que se dividem em duas famílias (Drancunculidae e Filariidae).
Segundo Chabaud (1974), a W. bancrofti, agente etiológico da filariose linfática nas
americas, apresenta a seguinte classificação taxonómica:

Quadro 2 - Classificação da Wuchereria Bancrofti.

Reino Animalia
Filo Nemathelminthes
Classe Nematoda
Sub classe Secernentea
Ordem Spirulida
Sub ordem Spirulina
Superfamília Filorioidea
Família Onchocercidae
Sub família Oochocercinae
Gênero Wuchereria
Classe Wuchereria bancrofti (Cobbold, 1877)

Das espécies de filárias patogênicas que parasitam as populações humanas, cinco parece
estarem presentes em Angola, W. bancrofti, L. loa, O. volvulus, A. streptocerca e A. perstans.
(Bungo, 2002).

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3.2.2 CICLO BIOLÓGICO
A Wuchereria bancrofti é um parasito heteroxênico e necessita de um estágio de maturação
em artrópodes, como hospedeiros intermediários e o homem como hospedeiro definitivo para
completar seu ciclo evolutivo (Figura 6). (FONTES, 2005).

O ciclo intrínseco ocorre a partir da penetração do estádio infectante (L3) (Figura 6) após ter
sido depositada pelo mosquito sobre a pele do indivíduo, no ato da hemofagia. A larva migra
através da circulação sanguínea e se instala nos vasos linfáticos ou linfonodos, onde realiza
duas mudas até atingir a fase adulta. Aproximadamente entre nove e 10 dias após a sua
penetração, o estádio L3, sofre a primeira muda e transforma-se em L4. (PAILY, 2009).

Figura 6 – Ciclo evolutivo do parasito Wuchereria Bancrofti.

Fonte: http://biologymais.blogspot.com/2016/03/wuchereria-bancrofti-e-filariose.html

Uma característica peculiar das mf é a chamada periodicidade no sangue periférico do


hospedeiro, encontrada em certas regiões endêmicas. Por razões desconhecidas, as mf
localizam–se nos capilares profundos da rede vascular dos pulmões durante o dia e ao
anoitecer migram para a circulação periférica (HAWKING, 1966). A periodicidade das

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microfilárias, na corrente circulatória sanguínea periférica, pode obedecer a três padrões
distintos. A periodicidade noturna que é caracterizada por apresentar picos de filaremia entre
22:00h e 1:00h. Na sub periodicidade noturna as microfilárias podem estar presente durante
todo o dia sendo, porém a maior concentração no período noturno. E na periodicidade diurna
a microfilaremia pode ser diagnosticada durante todo o dia, com picos entre as 12:00 e 20:00h
(PAILY, 2009).

Na grande maioria dos países onde se verifica a ocorrência dessa doença, as microfilárias
apresentam uma periodicidade noturna bem marcada e encontrando-se em maior número na
circulação periférica entre aproximadamente 22 a 2 horas. (BUNGO, 2002). Segundo PINTO
(1986), em Angola a periodicidade é noturna.

Figura 7: Porcentagem de microfilaremia média e porcentagem de pacientes com exames


positivos. Os resultados foram baseados em análise de gota espessa de sangue quantitativa
para microfilárias de Wuchereria bancrofti, ao longo de 24 horas, em microfilarêmicos
(FONTES et al., 2000).

Densidade das Microfilárias Percentagem de indivíduos positivos

120

100

80

60

40

20

0
08:00 12:00 15:00 18:00 20:00 23:00 01:00 06:00 08:00

Fonte: Tirado e adaptado de FONTES et al, 2000

38
Chandra (2008) demonstrou que existe uma correlação entre as taxas de transmissão e o
sincronismo entre o período de maior proliferação do vetor, a temperatura, umidade do ar e a
evolução das formas larvais da W. bancrofti. Nos períodos onde a umidade do ar e
temperaturas favorecem a proliferação do vetor, muitas vezes não coincide com o melhor
período de desenvolvimento das formas larvais L2 para L3, podendo ser tão longo quanto seis
semanas, inviabilizando dessa forma a transmissão do parasito.

Quadro 3 - Periodicidade das microfilárias em relação à geografia do parasito.

PARASITO FORMA PERIÓDICA OCORRÊNCIA

Wuchereria bancrofti Periódica Noturna Ásia, África, Malásia,


Filipinas, Américas

Wuchereria bancrofti Noturno subperiódico Tailândia

Wuchereria bancrofti Periodicidade Diurna Pacifico Sul, Ilhas


Nicobar e Andaman

Brugia malayi Periodicidade


PeriodicidadeNoturna Índia,
Índia,China,
China,Malásia,
Malásia,
Noturna Indonésia,
Indonésia, Filipinas,
Filipinas,
Japão
Japão
e Coréia
e Coréia
Brugia Noturno Malásia,
malayi subperiódica Indonésia,
Filipinas
Brugia Periódica Ilhas do
timori Noturna Timor
Fonte: PAILY et al., 2009

39
3.3 O VETOR
Os vetores dos agentes etiológicos da filariose linfática são mosquitos do gênero Culex,
Anopheles, Aedes e Mansonia spp, dependendo da região. (SASA,1976)

O Culex é o principal gênero de vetor nas regiões onde a microfilaremia periférica é noturna,
coincidindo com o seu período de hemofagia sendo também o mosquito que ingere a maior
quantidade de sangue o que significa que ingere o número maior de microfilárias
(ALBUQUERQUE, 1999).

Apenas as fêmeas são vetores do parasito, porque somente estas são hematófagas. Nenhuma
espécie de culicideo dos gêneros Aedes e Anopheles foi incriminada como vetor em nosso
meio, embora transmitam a FL em outras partes do mundo (BRASIL, 2009).

Figura 8 - Mosquito Culex quinquefasciatus realizando a hematofagia.

Fonte: https://phil.cdc.gov/phil_images/20030925/1/phil_4464_lores.jpg

Sobre o mecanismo de reprodução do mosquito C. quinquefasciatus (Figura 7), inicia com a


ovoposição em águas paradas e poluídas, encontrando nesse meio ambiente as condições
perfeitas de proliferação, principalmente se houver infraestrutura precária de saneamento e
esgoto (BARBOSA,2008).

40
3.3.1 Modo de transmissão
A fêmea do mosquito Culex quinquefasciatus ao picar pessoas parasitadas, ingere MF que no
tubo digestivo do inseto, apos poucas horas, perdem a bainha de revestimento, atravessam a
parede do estomago, caem na cavidade geral, alojam-se nos musculos torácicos e
transformam-se em larva salsichoide ou L1 (BRASIL, 2009; NEVES, 2011). Segundo a OMS
(1984) os mosquitos Anopheles são os vetores transmissores de paludismo e de filariose
bancroftiana, que é o caso do Município do Buco-Zau em Angola.

Seis a 10 dias apos o repasto infectante, ocorre a segunda muda originando a larva L2. Esta
cresce muito e, 10-15 dias depois, sofre a terceira muda transformando-se em larva infectante
L3, medindo aproximadamente 2mm, que migra pelo inseto ate alcancar a tromba ou
proboscida. O ciclo no hospedeiro invertebrado e de 15 a 20 dias em temperatura de 20-250C,
mas, em temperaturas mais elevadas, pode ocorrer em menor periodo. Quando o inseto vetor
faz novo repasto sanguineo, as larvas L3 penetram no novo hospedeiro atraves da pele lesada
pela picada do mosquito (nao sao inoculadas pelos mosquitos), migram para os vasos
linfaticos e, sete a nove meses depois, tornam-se vermes adultos, com as femeas gravidas
produzindo as primeiras microfilarias que vao para o sangue periferico do hospedeiro humano
(BRASIL, 2009). A transmissao ocorre unicamente pela picada da femea infectada de Culex
quinquefasciatus. Como a vida media de mosquitos do gênero Culex é de aproximadamente
um mes e o ciclo do parasito no inseto (de microfilaria ate larva L3) ocorre em torno de 20
dias, e curto o periodo de tempo no qual o vetor pode transmitir o parasito ao ser humano.
A maioria dos portadores de microfilarias nao tem sintomatologia aparente, porem funcionam
como fonte de infeccao e, do ponto de vista epidemiologico, necessitam de atencao para evitar
a dispersao da parasitose. A pessoa infectada pode transmitir microfilarias por longos
periodos, devido a longevidade dos vermes adultos, em geral 4 a 8 anos, podendo ser mais
(BRASIL, 2009; NEVES, 2011).

41
3.4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA FILARIOSE LINFÁTICA
A filariose linfática causada por Wuchereria bancrofti não possui sinal clínico
patognomónico, sendo a enfermidade caracterizada por um amplo espectro de manifestações
como febre, linfangite, quilúria, hidrocele e elefantíase. Porém, encontra-se mais associada a
quadros mórbidos crônicos de hidrocele e elefantíase, que são as duas manifestações mais
estigmatizantes, que possui na maior parte das vezes, um caráter irreversível tornando o
indivíduo impossibilitado para o trabalho, além de afastá-lo do convívio social, o que origina
graves consequências socioeconômicas (DREYER, 1989).

As manifestações clínicas podem ser derivadas tanto dos vermes adultos quanto das
microfilárias. Enquanto os vermes adultos causam lesão, primariamente no vaso linfático, as
microfilárias são as responsáveis pela produção de manifestações extralinfáticas (DREYER,
2007).

A filariose linfática pode apresentar manifestações clínicas agudas, como mal-estar, estados
recorrentes de hipertermia, associados com quadros de linfadenite, uma reação inflamatória
aguda nos linfonodos, comuns nas regiões inguinais, axilar e epitrocleana, e/ou com linfangite
retrógrada, inflamação dos vasos linfáticos no sentido da raiz do membro para a sua
extremidade (FONTES, 2005).

3.4.1 LINFANGITE FILARIAL AGUDA (LFA)

Com o incremento no conhecimento da fisiopatologia da filariose linfática. Essa evolução


permitiu uma abordagem clínica mais acurada e terapêutica dos pacientes, principalmente no
reconhecimento das duas síndromes agudas: a Linfangite Aguda Filarial (LAF) e a
Dermatolinfoangioadenite Aguda (DLAA) (SHENOY,2008).

A LFA (Figura 9) é causada pela reação inflamatória que decorre da morte de vermes adulto
espontâneo ou após o tratamento, enquanto que a DLAA é causada pela dilatação dos vasos
linfáticos e pelas reações inflamatórias causadas pelas substâncias imunomoduladoras
produzidas pelos vermes adultos (SHENOY,2008).

42
3.4.2 LINFADENOPATIA

A linfadenopatia é causada pelo enfartamento dos gânglios linfáticos comprometidos, os quais


formam uma massa palpável compacta de superfície irregular, na qual não se identificam os
gânglios isoladamente. Essa massa geralmente e indolor e localiza - se preferencialmente nas
regiões inguinal (Figura 9), epitróclear e axilar. A linfadenopatia pode acometer indivíduos
de todas as faixas etárias, sendo mais frequente em crianças (DREYER, 1999).

Figura 9 – A Linfangite filarial aguda (LFA); B Adenite inguinal (Originais A – Abraham


Rocha; B – Ana Maria Aguiar dos Santos)

A B

Fonte: https://sites.google.com/site/infectologiafilariose/o-que-e-filariose/manifestacoes-
clinicas

43
3.4.3 MANIFESTAÇÕES CRÔNICAS

Na sua forma crônica, a filariose é responsável pelas principais alterações físicas incapacitante
do paciente, principalmente nos casos de elefantíase – que decorre das reinfecções recorrentes
da área com linfangiectasias. O linfedema (Figura 10 A) é um dos quadros mórbidos
corriqueiramente observados entre portadores de W. bancrofti. Ocorre por uma disfunção do
sistema linfático superficial, gerado pela sobrecarga causada pelo acúmulo de líquidos e
proteínas no tecido. Uma de suas complicações é o fibroedema, caracterizado pelo
endurecimento na textura da pele e do tecido subcutâneo devido à alta concentração de
proteínas presentes no líquido acumulado. A elefantíase (Figura 10 C) é uma manifestação
crônica normalmente irreversível, com repercussões sociais e econômicas negativas para seu
portador, uma vez que provoca deformidade estética, e em casos mais graves pode determinar
a incapacidade profissional ou até o isolamento social do indivíduo (GUEDES, 2004).

Figura 10 – Manifestações Clínicas crônicas da filariose linfática bancroftiana. A –Membro


inferior direito com linfedema; B – Sinal de Cacifo, normalmente observado após a
compressão digital no membro afetado com linfedema; C – Elefantíase (Originais: B – Dr.
Abraham Rocha; C – Professores Dr. Gilberto Fontes e Dra. Eliana M. M. da Rocha).

A B C

Fontes: A - http://www.angiologista.org/leitura-de-artigo.php?id=58
B - https://www.mdsaude.com/2009/02/inchaco-e-edema.html
C - https://www.news-medical.net/news/20130718/2209/Portuguese.aspx

44
3.5 EPIDEMIOLOGIA
A doença é endêmica em várias regiões tropicais, englobando as Américas, Leste do
Mediterrâneo, Sudeste Asiático, África e Ilhas do Pacífico, com cerca de 72,8 milhões de
indivíduos portadores de filariose linfática bancroftiana em todo o mundo, segundo estimativa
da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 1992 (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
2008). Esta prevalência parece estar subestimada e o número real pode estar em cerca de cem
milhões de pessoas infectadas, sendo que parte significativa delas já exibe sinais de doença
aguda e/ou crônica (DREYER, 2007).

As características geomorfológicas e os presentes fatores socio - políticos determinam a


existência de fatores epidemiológicos favoráveis à disseminação e agravamento das doenças
transmissíveis. A proliferação de vetores, a deterioração das condições de higiene e
saneamento do meio, a escassez de água potável, os grandes movimentos de populações,
sobretudo, para os centros urbanos em consequência da guerra que assolou o país há mais de
40 anos e que se agudizou no início da década de 90, a destruição da rede sanitária, a
degradação das condições econômicas e sociais, o limitado acesso aos serviços de saúde, o
analfabetismo e a desarticulação do sistema nacional de saúde concorrem para a existência de
um perfil de doenças transmissíveis de elevada morbidade e mortalidade e de consequências
econômicas incalculáveis permitindo a ocorrência de epidemias, o aumento das doenças
endêmicas e a má nutrição (BUNGO, 2002).

Atualmente, foi considerado na última Conferência Nacional sobre as grandes endemias em


Angola (Fevereiro/2000), como principais endemias do país: paludismo, tuberculose,
HIV/SIDA, tripanossomíase africana, lepra e schistossomíase.

FILARIOSE - A filariose, embora tivessem sido discutidos os seus métodos gerais de


diagnóstico laboratorial conforme se pode ler nos anais da Conferência Nacional sobre as
grandes endemias (Fevereiro, 2000), não foi considerada ao nosso ver como uma parasitose
endêmica prioritária em Angola. Seria o caso de se questionar. A justificativa, certamente, se
deve pelo fato da filariose ser uma doença crônica com um período de incubação prolongado
e de início insidioso, provocando muito raramente a morte e cujos efeitos da doença não são
sentidos de imediato. A esses fatos se associa a pouca informação disponível sobre a doença e
a pouca demanda nos serviços de saúde, já que a maior parte dos doentes só tardiamente

45
procura aqueles serviços, altura em que se produz lesões graves, muitas vezes desfigurantes, o
que torna esta endemia num flagelo silenciado em Angola. (BUNGO, 2002).

3.5.1 DISTRIBUIÇÃO RELATIVA À PESSOA


A frequencia de parasitados e significativamente maior em jovens do sexo masculino, sendo o
pico de microfilaremicos na faixa dos 18 aos 25 anos. A deteccao de criancas parasitadas e
um forte indicio de que ainda esta ocorrendo transmissao em uma area, assim como, a
ocorrencia de morbidade filarial em adultos acima de 30 anos pode estar relacionada a
transmissao em periodos anteriores. A maioria dos microfilaremicos nao tem sintomatologia
aparente, porem funcionam como fonte de infeccao e, do ponto de vista epidemiologico,
necessitam de atencao para evitar a dispersao da parasitose. (Brasil, 2009).

3.5.2 OS PRINCIPAIS FATORES QUE INTERFEREM NA EPIDEMIOLOGIA DA FL


Presença do mosquito doméstico Culex quinquefasciatus, sendo que somente as femeas sao
hematofagas obrigatorias (no Brasil foi mostrado que Aedes aegypti nao e transmissor da W.
bancrofti).
• O ser humano como unica fonte de infeccao (ausencia de animais reservatorios).
• Temperatura ambiente (28-30oC) e humidade relativa do ar elevadas (80% a 90%),
importantes para o desenvolvimento das larvas nos mosquitos e penetracao das
mesmas na pele do hospedeiro humano.
• Longo tempo de residencia na area endemica (>10 anos como fator de risco).
A transmissao da FL esta na dependencia de uma serie de fatores e por esta razao a infeccao e
pouco esperada naquelas pessoas em transito ou residentes por pequenos periodos em areas
endemicas. Nessas areas, tem risco aumentado as pessoas que vivem em locais onde as
condicoes socioambientais favorec m a presenca do vetor. (BRASIL, 2009).

3.6 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA FILARIOSE EM ANGOLA


A filariose é uma parasitose endêmica em Angola (Janz et al., 1961). Embora a doença tivesse
sido reportada pela primeira vez em Angola em 1920 (Gillet) é, ainda hoje, pouca conhecida.
Casaca (1966) Pela revisão bibliográfica feita, notou-se poucos estudos do país publicados. E,
mesmo nestes, há maior ênfase da Oncocercose que teve a sua primeira publicação em 1950
por Strangway & Strangway (BUNGO, 2002).

Num estudo sobre as microfilárias sanguíneas na Lunda (leste do país), Pires et al. (1959)
diagnosticaram a existência da filária de espécie Acanthoceilonema perstans
46
(Dipetalonema) e descobre a espécie Loa loa e estuda novamente O. volvulus e A. perstans .
Há referências de ser este autor (Sasa, 1976), o primeiro a admitir a possibilidade da
existência de filariose da espécie Wuchereria bancrofti no norte de Angola, nomeadamente
em Cabinda. Finalmente, Pinto (1986), num estudo integrado de filariose, paludismo e
tripanossomíase africana, estudou 460 indivíduos de ambos sexos na aldeia do Sinde,
Município de Buco-Zau, e constatou uma prevalência de parasitemia W. bancrofti e L. loa de
24,8% tendo como vetores, os mosquitos das espécies A. gambiae e A. funestus tanto para
filariose bancroftiana quanto para paludismo (BUNGO, 2002).

3.7. DIAGNÓSTICO

3.7.1 CLÍNICO
O diagnóstico clínico é difícil, pois os sinais e sintomas apresentados pelos infectados são
semelhantes às alterações clínicas comuns a várias outras doenças. Para auxilio desse
diagnóstico, é recomendada uma anamnese minuciosa do paciente, um exame físico
detalhado, associados ao diagnóstico laboratorial, principalmente se o paciente apresentar um
quadro de febre recorrente associado à adenolinfangite e eosinofilia pulmonar tropical
(FONTES, 2005).

3.7.2 LABORATORIAL PARASITOLÓGICO

3.7.2.1 Gota Espessa de Sangue (GE)

A gota espessa de sangue (Figura 11) é muito utilizada em inquéritos epidemiológicos para a
pesquisa de microfilárias no sangue periférico do hospedeiro por ser uma técnica de baixo custo e
simplicidade para realização do exame. Esta técnica permite a identificação das diferentes
espécies de filarias, através da observação de características morfológicas específicas das
microfilárias. O teste apresenta uma boa sensibilidade em indivíduos com microfilaremia acima
10mf/mL de sangue, sendo recomendada a confecção de mais de uma lâmina para cada
examinado. O uso desta técnica é aconselhável inclusive em áreas onde existe a possibilidade de
ocorrer infeções mistas (FONTES, 2005).

Estudo realizado em Maceió demonstrou que a sensibilidade da gota espessa de sangue em


indivíduos microfilarêmicos com mais de 10mf/mL, foi de 98,5% e para indivíduos parasitados
com menos de 10mf/mL, foi de 60% (LEITE, 2003). Para realização dessa técnica, são colhidos
de 60μl a 80μl de sangue por punção capilar digital, durante a noite, obedecendo à periodicidade

47
das microfilárias no sangue periférico dos hospedeiros, entre as 22h00 e 24h00h (FONTES,
2005).
Figura 11 – Gota espessa de sangue corado por Giemsa.

Fonte: Fidelis, 2014

3.7.2.2 Teste de Imunocromatografia Rápida


O teste de Imunocromatografia rápida (ICT), por meio do anticorpo monoclonal AD12, identifica
antígenos dos vermes adultos ou microfilárias de W. bancrofti (WEIL 1997).

Esse é o primeiro teste rápido para pesquisa de antígeno filarial é utilizado como recomendação
da OMS em programas de eliminação da filariose linfática implantados pelo mundo, para
mapeamento e monitoramento de áreas endêmicas. O teste de ICT utiliza um anticorpo
monoclonal conjugado a ouro coloidal que é mais estável do que os conjugados e substratos
encontrados no ensaio imunoenzimático (ELISA). A sensibilidade variou de 84,5% a 98,5% e a
especificidade de 72,4% a 100% (WEIL 1997).

O teste de imunocromatografia rápida pode ser realizado em campo, com a visualização do


resultado qualitativo após 10 minutos da realização do teste, com a opção de serem identificados e
armazenados os dados após o uso (WEIL 1997). O teste é provido de um controle que assegura a
confiabilidade do mesmo, pois se não executado corretamente a banda de controle da membrana
não aparece (Figura 12).

Figura 12 - Esquema visual do teste de imunocromatografia rápida (ICT): A - Teste Negativo


(somente a banda do controle reagiu) B – Teste Positivo (banda do controle e do teste reagiram)

Fonte: Fidelis, 2014


48
3.8 TRATAMENTO

O tratamento da filariose baseia-se nos efeitos da medicação sobre: a) as microfilárias; b)


clareamento da antigenemia; c) efeito sobre as macrofilárias (vermes adultos); e d) prevenção
das alterações e complicações clinicas da filariose (FERNANDO, 2011).

A escolha das medidas mais adequadas para o tratamento dos pacientes portadores de filariose
linfática requer o conhecimento das diversas manifestações clínicas, assim como os seus
diferentes mecanismos patogênicos. Para o tratamento da filariose linfática, a Organização
Mundial da Saúde (OMS), preconiza a administração via oral do Citrato de Dietilcarbamazina
(DEC), utilizando uma posologia padrão de 6mg/Kg de peso durante um período de 12 dias
(DREYEG, 2002).

Ocorrendo falha no tratamento com a DEC pelo fato do paciente apresentar vermes adultos
não susceptíveis e continuar produzindo microfilárias e reaparecendo sinais clínicos, é
utilizado a coadministração da DEC com a ivermectina (6mg/kg e 400μg/kg de peso). Essa
indicação tem como objetivo a melhor ação microfilaricida da combinação das duas drogas e
consequentemente a obtenção de um maior tempo de clearance das microfilárias circulantes
(DREYEG, 2002).

3.8.1 Tratamento em Massa - Interrupção da Transmissão.


Durante os últimos 20 anos, novos tratamentos, estratégias e ferramentas de diagnóstico
mudaram drasticamente as perspectivas de controle da filariose linfática a partir do
lançamento do Programa Global de Eliminação da Filariose Linfática (GPELF). A meta
principal é interromper a transmissão da filariose linfática através da administração de
medicamentos em massa (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013).

O tratamento individual da infecção filarial é indicado em todos os indivíduos com evidência


de infecção ativa, independente de manifestação clínica. O esquema recomendado pela OMS
para o tratamento individual dos microfilarêmicos é o de 6mg/kg de peso durante doze dias.
Já para atuar nos vermes adultos, a dose de DEC utilizada é de 6mg/kg em dose única, pois
seu efeito macrofilaricida é dose independente (DREYEG, 2002).

A ivermectina é uma droga que atua diretamente sobre as microfilárias. Com uma única dose,
de 200 a 400 μg/kg, e mesmo após um ano, os níveis de microfilaremia são reduzidos e

49
comparam-se ao DEC. Não existe ação da ivermectina sobre os vermes adultos. Essa droga
também é usada para o tratamento da oncocercose e tem ação sobre outros parasitas, tanto
intestinais como pediculose e escabiose (PALUMBO, 2008).

O tratamento em massa com ivermectina ou DEC, em combinação com albendazol é o


recomendado pelo PGEFL. A combinação DEC e albenzadol é indicada como primeira opção
para o tratamento em massa, apresentando como benefícios para a população, além da
redução da infecção filarial, a redução da infecção por helmintos, como ascaridíase, tricuríase
e ancilostomíase (ROCHARS, 2004).

Na África, onde pode existir a infecção por Onchocerca ou por Loa loa, com exceção do
Egito, há o risco potencial de reações adversas severas com o uso da DEC, tornando
impossível sua distribuição nas regiões endêmicas de bancroftose. Nessas áreas, a
coadministração de ivermectina e albendazol é o tratamento de escolha (AWADZI, 2003). Para
as drogas mencionadas e suas diversas combinações, o nível de cobertura populacional e a
duração do tratamento requerido para interromper a transmissão, não foram ainda
estabelecidos de forma precisa nas áreas endêmicas com diferentes espécies de vetores e com
diferentes cargas de microfilaremia (AWADZI, 2003).

50
3.9 PROFILAXIA E CONTROLE
Não existe um medicamento profilático para quem se encontra em áreas endêmicas, mesmo
que por pequeno período de tempo. Deve ser evitado o contato humano-vetor. O controle tem
com base principalmente três pontos básicos: tratamento de todas as pessoas parasitadas,
combate ao inseto vetor e melhoria sanitária. (NEVES, 2011).

A primeira medida consegue-se com a ação do medicamento dietilcarbamazina. Em algumas


áreas endêmicas, o tratamento em massa conseguiu reduzir sensivelmente essa parasitose,
com a administração de uma dose do medicamento de seis em seis meses ou anualmente a
toda a população, sem se fazer previamente exames para indicação dos parasitados. (NEVES,
2011).

Uma alternativa para o controle da filariose linfática é o uso de dietilcarbamazina associada


ao sal de cozinha. O uso desta associacão em comunidades endêmicas na Ásia e África tem
levado a uma grande redução na microfilaremia, sem que a população apresente reações
adversas aparentes.O controle do inseto é dificil, mas, dependendo da região, pode-se tentar
exterminar as larvas e os adultos. Há necessidade de colaboração da população, pois apesar
dos insetos voarem até dois a três quilômetros, a maioria dos criadouros é de águas poluídas
peridomiciliares. Contra as larvas podem-se usar larvicidas químicos, como organofosforados
ou, no caso de resistência, carbamatos e piretróides. Também pode-se usar larvicidas
biológicos, como Bacillus sphaericus ou B. thuringiensis. O uso desse tipo de larvicida deve
ser incentivado, pois não provoca efeitos indesejáveis ao meio ambiente. (NEVES, 2011).

Segundo Neves (2011), devemos ter em mente que a educação e o saneamento ambienta1
constituem elementos importantes e permanentes para a redução desses insetos vetores, como
também redução de várias parasitoses nas áreas urbanas. É expectativa da OMS, a eliminação
da filariose linfática como problema de saúde pública no mundo até o ano de 2020, com base
em programas regionais e multissetoriais que vêm sendo desenvolvidos nos países endêmicos.
Nas Américas, a natureza focal da infecção sugere que essa meta possa ser atingida antes da
proposta global.

51
3.9.1 PROGRAMA GLOBAL DE ELIMINAÇÃO DA FILARIOSE LINFÁTICA (PGEFL):
ESTRATÉGIAS ALTERNATIVAS
Após resolução da Assembleia Mundial de Saúde em maio de 1997, a Organização Mundial
da Saúde lançou o Programa Global de Eliminação da Filariose Linfática (PGEFL) em 1998,
para eliminação desta endemia como problema de saúde pública até o ano 2020 (FONTES,
2012).

O PGEFL, para atingir seu pleno êxito, deve necessariamente alcançar dois objetivos:
interrupção da transmissão e a prevenção e alívio de incapacidades associadas à filariose
linfática (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2013). Para o planejamento das ações de
interrupção da transmissão é essencial à delimitação das áreas endêmicas da bancroftose
(SABESAN, 2006). As ferramentas mais utilizadas para este fim são os inquéritos
parasitológicos através da técnica de gota espessa de sangue e pesquisa antigênica por Binax
NOW Filariasis que apesar de eficazes, têm custo operacional elevado e no caso da gota
espessa, há a inconveniência do horário de coleta e processamento demorado (LEANG, 2004).

Diversos estudos de prevalência de microfilaremia e morbidade têm sido realizados em várias


áreas endêmicas de bancroftose. No entanto, acredita-se que o número de casos de indivíduos
portadores de doença seja subestimado e apesar dos recentes avanços no conhecimento sobre
a morbidade filarial e seu tratamento, permanece a necessidade de assistência dirigida a esta
população (CHESNAIS, 2014).

No Brasil, a partir da proposta da OMS, implantou o Programa Nacional de Eliminação da


Filariose Linfática (PNEFL) (1997) com as mesmas premissas do PGEFL(1998) ( ADDISS,
2005). Na Região Metropolitana do Recife (RMR-PE), desde 2003, vêm sendo realizados
tratamentos coletivos com Dietilcarbamazina em áreas de maiorprevalência nos municípios de
Recife e Olinda. A cobertura inicial de 18.000 tratamentos anuais foi expandida para 55.000
tratamentos anuais em 2005.

O Brasil já teve êxito interrompendo a transmissão de filariose linfática em outros Estados


como Alagoas, Bahia, Pará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Atualmente no Brasil os
únicos focos ativos de filariose linfática concentram-se nas cidades de Recife, Olinda, Paulista
e Jaboatão dos Guararapes (FONTES, 2012).

52
De acordo com essas informações faz-se necessário seguir as orientações da nota técnica do
Ministério da Saúde (2013), que para o controle de novos focos da doença é necessária
vigilância efetiva que garanta a investigação precoce e tratamento rápido dos casos, em razão
da possível migração de doentes provenientes de outros países, bem como da migração
interna no

53
4. METODOLOGIA
___________________________________________________________________________

54
4.1 TIPO DE ESTUDO
Realizou - se um estudo com abordagem quantitativa, do tipo Transversal. Usou – se a
amostragem Probabilística aleatória simples, onde rastreou – se a filariose linfática nos
habitantes do bengo, comuna de Caxito, Municípios de Quipetele e Progresso, durante o
segundo semestre de 2017.

4.2 LOCAL DE ESTUDO

O estudo foi realizado na comuna do Úcua, município do Dande no Bengo, em moradores de


várias idades das aldeias de Quipetele e Progresso, em dezembro de 2017. Dande é um
município da província do Bengo, em Angola, com sede na cidade do Caxito.

O Bengo é uma província do norte de Angola, com capital na cidade de Caxito, no município
de Dande. A província tem 31 371 km² e é composta por seis municípios: Ambriz, Bula
Atumba, Dande, Dembos, Nambuangongo e Pango Aluquém.

A população da província do Bengo faz parte do habitat da etnia dos Ambundu. No entanto,
as migrações causadas em Angola pela Guerra da Independência levaram à constituição de
núcleos de Bakongo e de Ovimbundu no seu território.

A população total da província não para de aumentar. Segundo o censo 2014 (INE - Angola) o
município do Dande tem 217.929 habitantes. É limitado a Norte pelos municípios de Ambriz
e Nambuangongo, a Este pelos municípios dos Dembos e de Pango Aluquém, a Sul pelos
municípios de Cambambe e Ícolo e Bengo e a Oeste pelo município de Cacuaco e pelo
Oceano Atlântico. O município é constituído pelas comunas de Barra do Dande, Caxito,
Mabubas, Quicabo e Úcua.

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA EM ESTUDO


A nossa população abrangeu os habitantes dos Municípios do Dande na aldeias de Quipetele
e Progresso, comuna de Caxito. A amostra foi de 100 pessoas de cada aldeia colhidos de
forma aleatória

4.3.1 Variáveis de Estudo


 Idade
 Sexo
 Proveniência
55
4.4 PROCEDIMENTO ÉTICO
No estudo foi utilizado amostra de conveniência, onde os habitantes foram convidados a
participar, os que aceitaram assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE)
(Apêndice A) e responderam ao questionário (Apêndice B) para obtenção de informações
sobre os dados pessoais.

As coletas de sangue foram realizadas a partir das 23:00h, onde de cada morador foram
retirados por meio da punção digital, posteriormente retirada com um tubo capilar
(heparinizado) 100μl de sangue,EDTA e houve a realização do teste de imunocromotografia
rápida (ICT card test BINAX).

4.5 PROCEDIMENTO DE RECOLHA DE DADOS E AMOSTRAS


Para a recolha de dados usou - se um questionário padronizado de perguntas fechadas.
Para a recolha de amostras usou – se a punção capilar digital com lancetas descartáveis (Figura
13).

Figura 13 – Punção digital, com uma lanceta.

Fonte: (MINSA, 2008)

4.6. TÉCNICA DE DIAGNÓSTICO


A técnica de diagnóstica utilizada foi pesquisa de antígeno de W. bancrofti, por
imunocromatografia rápida.

4.6.1 Teste de Imunocromatografia Rápida


As amostras de sangue foram processadas utilizando-se o cartão para pesquisa de antígeno de
W. bancrofti, por imunocromatografia rápida (ICT card test BINAX). O teste de
imunocromatografia rápida foi feito de acordo com especificações do fornecedor: O kit era
mantido no laboratório, na geladeira a uma temperatura de 4ºC a 8ºC.

56
As amostras de sangue foram obtidas por meio da punção digital, posteriormente retirada com
um tubo capilar (heparinizado) 100μl de sangue, depositadas na parte superior da almofada. O
cartão foi fechado após ser colocado o sangue, que juntamente com o anticorpo policlonal e
antígeno do parasito, percorrem uma membrana de nitrocelulose contendo anticorpo
monoclonal. É possível visualizar o resultado qualitativo após 10 - 15 minutos da realização
do teste.

4.7. ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS DADOS


Os resultados serão apresentados utilizando gráficos no programa Excel e tabelas e o texto no
programa Microsoft Office Word 2007.

4.8 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO


Foram incluídos na pesquisa, todos Munícipes do Dande, das aldeias de Quipetele e
Progresso.

4.9 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO


Foram excluídas todas as pessoas que não residem no Municípios do Dande, nas aldeias de
Quipetele e Progresso.

57
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
___________________________________________________________________________

58
Os resultados encontrados nessa pesquisa são apresentados em conjunto com a discussão,
com a finalidade de facilitar a análise e a observação dos dados.

As tabelas são apresentadas segundo as frequências absolutas e relativas. Para a discussão,


foram utilizados os dados de outros estudos ou literaturas para efeito de confrontação.

Tabela 1. Distribuição dos habitantes avaliados relativa a Idade, Gênero e a proveniência.

Idades Quipetele Progresso


Gênero Gênero Total
M F Total M F Total n %
≤16 - - - 4 5 9 9 4.5
17 - 26 3 11 14 9 15 24 38 19
27 - 36 6 11 17 4 11 15 32 16
37 – 46 10 13 23 2 11 13 36 18
47 - 56 5 18 23 7 10 17 40 20
57 - 66 7 9 16 4 8 12 28 14
67 – 76 2 4 6 6 3 9 15 7.5
77 - 86 1 - 1 - - - 1 0.5
≥87 - - 1 1 1 0.5
-
Total 34 66 100 37 63 100 200 100

Os resultados da tabela 1 mostram que na aldeia de Quipetele foram avaliados 34 moradores


do gênero masculino e 66 do gênero feminino. Na faixa etária dos 37 á 46 anos encontrou-se
o maior número de moradores do gênero masculino, para o gênero feminino encontrou – se o
maior numero de moradores na faixa etária entre 47 á 56 anos.

Já na aldeia do Progresso, foram avaliados 37 moradores do gênero masculino e 63 do gênero


feminino. A faixa etária dos 17 á 26 anos encontrou- se o maior número de moradores do
gênero masculino, de igual modo para o gênero feminino.

59
Tabela 2. Prevalência da filariose linfática nos habitantes avaliados com respeito a Idade.

Idades N % Positivos Negativos


N % N %
≤16 9 4.5 0 0 9 4.5
17 - 26 38 19 0 0 39 19.5
27 - 36 32 16 2 1 23 11.5
37 – 46 36 18 0 0 39 19.5
47 - 56 40 20 0 0 42 21
57 - 66 28 14 0 0 31 15.5
67 – 76 15 7.5 1 0,5 12 6
77 - 86 1 0.5 0 0 1 0,5
≥87 1 0.5 0 0 1 0,5
Total 200 100 3 1,5 197 98.5

Os resultados da tabela 2, mostram que a idade média dos habitantes avaliados era entre 16 a
90 anos, a maior prevalência foi na faixa etária dos 47 á 56 anos, que corresponde a 40 (20%),
seguido dos indivíduos das faixas etárias entre 17 á 26 anos que corresponde a 38 (19%) e a
faixa etária dos 37 á 46 anos correspondendo a 36 (18%). As menores prevalências foram
observadas nos indivíduos entre os 77 a 86 anos e também nos indivíduos com idade maior ou
igual a 87 anos de idade correspondendo de igual modo a 1 (0.5%) respetivamente.

Os casos positivos foram encontrados nos moradores das faixas etárias entre 27 a 36 com dois
(2) casos correspondendo a 1% e a faixa etária entre 67 a 76 com um (1) caso apenas
correspondendo a 0,5% totalizando uma prevalência de 1,5%. A maior Prevalência das
idades entre 47 e 56 anos que corresponde 40 (20%) observada neste estudo, deve-se ao facto
desta psequisa ter sido feito numa população que vive numa zona rural, onde a sua principal
actividade é a agricultura e o comércio na qual a predominância era de individuos jovens
adultos.

O estudo feito por BUNGO (2002), sobre a Situação epidemiológica da filariose linfática no
foco endêmico de Maceió-Alagoas, discorda com o nosso estudo pois em relação à
prevalência por idade notou-se uma prevalência mais alta na faixa etária de 15 a 49 anos com
33,45% (69), seguida de 23,81% (5) no grupo de 5 a 14 anos.

60
Tabela 3. Distribuição dos habitantes avaliados relativo ao Gênero e aos resultados.

Gênero N % Positivos Negativos


N % N %
Masculino 75 37,5 3 1,5 72 36

Feminino 125 62.5 0 0 125 62,5

Total 200 100 3 1,5 197 98,5

Entre moradores examinados, foram encontrados 125 (62,5%) do gênero feminino sem
apresentar nenhum caso positivo. No gênero masculino uma percentagem de (37,5%) que
corresponde a 75 e um total de 3 (1,5%) de casos positivos.

Estes dados estão de acordo o estudo feito sobre a prevalência da filariose Bancroftiana e
Loana na vila do Buco-Zau, norte de Angola, onde mostrou que em relação ao sexo,
observou-se um moderado aumento da doença filarial no sexo masculino, mas sem
significância estatística. O predomínio do sexo masculino na doença filarial é referenciado na
pesquisa do Anosike et al. (1994). Em relação ao gênero, nota-se que quando comparada com
a idade e gênero dos indivíduos, observa-se prevalências maiores nos homens que nas
mulheres, situação corroborada por outros trabalhos da filariose, como nas Filipinas (Go,
1993), no Kénia (Estambale et al., 1994), na Etiópia (Jemaneh & Kesbede, 1995), na Índia
(Prakash et al., 1998), no Brasil (Rocha et al., 2000) e na Tanzânia (Massaga et al., 2000).
Especula-se que os homens tendem a expor mais o corpo do que as mulheres (Maciel et al.,
1994). (BUNGO, 2002).

61
Tabela 4. Distribuição dos habitantes avaliados relativo a proveniência e aos resultados.

Proveniência N % Positivos Negativos

N % N %
Quipetele 100 50 3 1,5 97 48.5

Progresso 100 50 0 0 100 50

Total 200 100 3 1,5 197 98.5

Observou – se na tabela 4 que 100 (50%), que corresponde a metade, eram da aldeia de
Quipetele e a mesma apresentou 3 (1.5%) de casos positivos correspondendo a outra metade
representado por 100 (50%), corresponde aos habitantes da aldeia do Progresso sem caso
positivo.

Estes dados coadunam com LIMA, (2007) no seu estudo sobre a Situação epidemiológica da
filariose linfática no foco endêmico de Maceió-Alagoas após a implantação do programa de
eliminação, onde disse que avaliando a proporção de microfilarêmicos entre as regiões que
apresentam a maior frequência (Feitosa, Pitanguinha e Canal do Reginaldo,) verificou – se
que não há diferença significativa entre as mesmas.

62
Tabela 5. Distribuição dos habitantes avaliados relativo ao tempo de permanência nas aldeias
e os resultados.

Tempo N % Positivos Negativos

N % N %
5 – 9 anos 60 30 2 1 58 29

Mais de 10 anos 140 70 1 0,5 139 69.5

Total 200 100 3 1,5 197 98.5

Observou – se na tabela 5 que 140 (70%) dos habitantes avaliados residem na sua aldeia a
mais de 10 anos na qual, 1 (0,5%) deste grupo é positivo a W. Bancrofti e 60 (30%) dos
habitantes residem entre 5 a 9 anos sendo entre estes 2 (1%) são positivos.

LIMA, (2007), no seu estudo sobre a Situação epidemiológica da filariose linfática no foco
endêmico de Maceió-Alagoas disse que verificando o tempo de residência na área endêmica
dos microfilarêmicos observou – se que os 118 (64,8%) nascidos em Maceió apresentaram
um tempo médio de 11,5 anos de residência nas áreas endêmicas.

O tempo de permanência na área endêmica influencia diretamente na aquisição de w.


Bancrofti assim como já foi descrito por Fontes e Cols. em 1998. Comparando o tempo médio
de residência de Microfilarêmios e amicrofilarêmios em cada região, verificou – se que a
diferença foi significativa apenas no Birro de Feitosa (LIMA, 2007).

O que coincide com o nosso estudo visto que há microfilarêmicos de 5- 9 e outro a mais de 10
anos na aldeia. Estes dados indicam que o habitante positivo que reside na aldeia a mais de 10
anos provavelmente serviu de fonte de contaminação aos habitantes positivos que se
encontram em menos tempo na aldeia, iniciando assim um ciclo de contaminação.

63
Tabela 6. Distribuição dos habitantes avaliados relativo ao uso do mosquiteiro.

Uso do mosquiteiro N % Positivos Negativos

N % N %
Sim 129 64,5 2 1 127 63,5

Não 71 35,5 1 0,5 70 35

Total 200 100% 3 1,5 197 98.5

Observou – se na tabela 6 que (64,5%) da população faz o uso do mosquiteiro e (35,5%) não
faz, sendo que a maior parte da população faz uso do mosquiteiro isso implica uma
interrupção na tríade epidemiológica de doenças, reduzindo então os casos positivos para essa
doença. Um dado curioso, é que dos (64,5%) temos (1%) de positividade e dos (35,5%) temos
(0,5%) positividade. Os indivíduos que fazem o uso do mosquiteiro e ainda assim são
positivos, provavelmente da – se pelo facto da exposição de partes do corpo durante a
atividade laboral.

Segundo a OMS (1984) os mosquitos do género Anopheles são os vetores transmissores de


paludismo e de filariose bancroftiana, que é o caso do Município do Buco-Zau em Angola
(BUNGO, 2002).
Para proteção individual, devem-se usar repelentes, dormir sob mosquiteiros ou telar as
janelas e portas das residências. Em algumas regiões, utilizam- se mosquiteiros impregnados
com inseticida para aumentar a proteção (NEVES, 2011).
Segundo o autor supracitado, a hematofagia é crepuscular, mas algumas espécies podem
fazê-lo preferentemente durante a noite (noturnos), outros durante o dia (diurnos) ou, ainda,
tanto de dia como de noite. Há também espécies que só sugam dentro de casa (domésticos),
outros fora de casa (silvestres), ou indiferentemente.

64
Tabela 7. Distribuição dos habitantes avaliados relativo a sintomatologia.

Sintomatologia N %

Linfoma de membro 0 0
superior

Linfoma de membro 0 0
inferior

Linfoma o seio 0 0

Hidrocele 0 0

Nenhum 200 100

Total 200 100

Observou – se na tabela 7, um dado curioso, 200 (100%) dos habitantes examinados não
apresentaram manifestações clinicas, isso deu – se ao facto de 98,5% da população em estudo
ser negativa a antígeno da W. Bancrofti, e 1,5% que corresponde a (3) casos positivos. Dois
(2) destes residem nas aldeias entre 5 a 9 anos indicando haver possível contaminação recente,
e apenas um (1) caso a mais de 10 anos.

Segundo BUNGO (2002), nos seu estudo feito sobre a prevalência da filariose Bancroftiana e Loana
na vila do Buco-Zau, norte de Angola, analisou 1024 amostras onde as manifestações clínicas
foram observadas em 27 indivíduos (9%) sendo 19 (15,83%) no sexo masculino e, 8 (4,44%)
em feminino. Nos homens, foi mais prevalente a hidrocele com 13 casos (10,83%) e nas
mulheres, a linfedema com 5 (2,78%). Estes dados não estão de acordo com a nossa pesquisa
pois foi feita em uma zona Endêmica ao contrário do nosso estudo.

O que não coincide com o nosso trabalho pois o desenvolvimento da sintomatologia depende
muito do tempo de infeção, outro fator é que 98,5% da polução estudada encontra – se
negativa a filariose linfática.

65
6. CONCLUSÃO
___________________________________________________________________________

66
O presente estudo colaborou com a investigação da prevalencia da filariose linfática em duas
aldeias na Província do Bengo município do Dande, com antigemina de W. bancrofti. O
método de diagnóstico utilizado foi Texte Imunocromatográfico (ICT card BIMAX) foram os
preconizados pelo INSP/OMS.
Nesse estudo foram encontrados tres (3) casos positivos para antigenio de W. bancrofti, entre
os habitantes das aldeias de Quipetele e Progresso do município do Dande examinados sendo
a prevalencia de (1,5%).
Os habitantes das aldeias em estudo na sua maioria são do gênero Femenino com 125
correspondendo a (62,5%) dos avaliados e não apresentaram caso positovo.
No gênero masculino, foram avaliados 75 hábitantes que corresponde a (37,5%) e
apresentaram um total de tres (3) casos positivos, correspondendo a (1,5%), com a maior
faixa etária encontrada entre os 47 – 56 anos correspondendo a 40 (20%).
Os casos positivos são todas da aldeia de Quipetele, 140 habitantes avaliados correspondendo
a (70%), residem nas suas aldeias a mais de 10 anos.
Constatou – se que 129 habitantes avaliados que corresponde a (64,5%) fazem o uso de
mosquiteriro e 71 habitantes dos avaliados correspondendo a (35,5%) não fazem o uso do
mosquiteiro.
Quanto as manifestações clinicas, 200 dos habitantes avaliados correspondendo a (100%) não
apresentaram manifestações clinicas.

67
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
___________________________________________________________________________

68
A Filariose é uma infeção que atinge os seres humanos. Ocorre em diversos países, e em
Angola é de suma importância que a conheçamos, pois o nosso país encontra – se indicado
pela OMS como sendo uma zona endêmica. Predomina em áreas de maior pobreza e
urbanização inadequada. Os indivíduos afetados merecem atenção, mesmo os que não
apresentam sintomatologia, para não serem reservatórios e transmissores da doença.

Diante do que foi possível analisar, consideramos que a prevalência da Filariose linfática nas
aldeias de Quipetele e progresso, corrobora com o descrito na escassa literatura existente no
Pais sobre tal tema. E em virtude de acreditar que esse conhecimento tem relevante papel no
combate à filariose, pretendemos usar as informações encontradas na obtenção de elementos
que proporcionem o preenchimento de lacunas e a melhoraria dos serviços de saúde.

7.1 SUGESTÕES

__________________________________________________________________________

69
Ao Ministério da Saúde que efetue o monitoramento e avaliação do Programa Global de
Eliminação da Filariose Linfática (PGEFL). Que faça o monitoramento efetivo, avaliação
epidemiológica e análise subsequente são necessários para atingir o objetivo de interromper a
transmissão da FL.

Que o Ministério da Saúde efetua uma campanha de tratamento no município e nas outras
áreas endémicas, onde foi encontrado os casos positivos para interromper a transmissão do
mesmo parasitas. Que realize o controle vectorial na zona identificada para impossibilitar a
transmisão do agente etiológico.

A promoção de palestras, seminários e rastreio das doenças negligenciadxas e especialmente a


filariose linfática.

A população que evite manter focos de multiplicação e disseminação do vetor, evitando


manter as cacimbas descobertas, que se tornam um reservatório do vetor.

Que faça o uso de mosquiteiros com inseticidas, que evitam o contado do mosquito com o
homem. Efectuar a borrifação de inseticidas em domicílio, fazer o extermínio das larvas com
agentes químicos.
Fazer o uso de roupas que cubram a maior parte de pele possível, evitar o uso de roupas
escuras, fazer sempre o uso de repelentes principalmente quando se encontrar em áreas de
risco.

70
8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
___________________________________________________________________________

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