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Inserção da Mulher Negra Brasileira no Mercado

de Trabalho no Período de 1980 – 2010


The Insertion of the Brazilian Black Woman in the Labour Market in the
Period 1980 ­ 2010
Inserción de la Mujer Negra Brasileña en el Mercado de Trabajo en el
Periodo 1980 ­ 2010

Andréa Aparecida Esteves Mendes


Universidade do Contestado, Brasil
aemendesbr@yahoo.com.br

Maria Luiza Milani


Universidade do Contestado, Brasil
marialuiza@unc.br
Resumo
O presente estudo visa analisar as desigualdades do recorte racial e de gênero, na sociedade
brasileira, para o acesso das mulheres negras no mercado de trabalho mostrado pelos censos
brasileiros de 1980, 1991, 2000 e 2010. Os dados dos Censos Demográficos, considerados no
presente estudo, foram extraídos do Integrated Public Use Microdata Series, concebido e
administrado pelo Minnesota Population Center, da Universidade de Minnesota. As definições
descritivas e analíticas, para a variável posição por ocupação, foram processadas utilizando­se o
software Stata, versão 10. Com os dados e análises, constatou­se que existe uma diferenciação
permanente entre o segmento de mulheres ocupadas, brancas e negras, com o mesmo nível de
escolaridade, no mercado de trabalho.

Palavras­Chave: Desigualdades; Mulheres Negras; Mercado de Trabalho.

Abstract
The present study aims to analyze the inequalities in the racial and gender cutting in the Brazilian
society, for the inclusion of black women into the labor market showed in Brazilian census in 1980,
1991, 2000 and 2010. Demographic Census Data founded in this study, were extracted from
Integrated Public Use Microdata Series, designed and administered by Minnesota Population
Center of the University of Minnesota. The descriptive and analytic definition the position by
occupation were processed using the software Stata version 10. With the data and analysis, it was
observed that there is a permanent difference between the segment of black and white working
women, with the same level of education in the labor market.

Keywords: Inequality; Black Women; Labor Market.


Resumen
Este estudio tiene como objetivo analizar las desigualdades raciales y de género, en la sociedad
brasileña, para el acceso de las mujeres negras al mercado de trabajo mostrado por los censos
brasileños de 1980, 1991, 2000 y 2010. Los datos de los Censos Demográficos considerados en este
estudio fueron extraídos del Integrated Public Use Microdata Series concebido y administrado por
el Minnesota Population Center de la Universidad de Minnesota. Las definiciones descriptivas y
analíticas para la variable posición por ocupación se procesaron utilizando el software Stata versión
10. Con los datos y el análisis se constató que existe una diferenciación permanente entre el
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 7, n. 2, p. 178 - 194, ago. / dez. 2016.
Inserção da mulher negra brasileira no mercado
de trabalho no período de 1980 – 2010

segmento de mujeres ocupadas, blancas y negras, con el mismo nivel de escolaridad, en el mercado
laboral.

Palabras­Clave: Desigualdades; Mujeres Negras; Mercado de Trabajo.

Introdução (MUNANGA, 2009). Incide sobre a mulher


negra uma espécie de dupla discriminação,
No estudo das desigualdades raciais e de por pertencer à raça negra e ao gênero
gênero e das desigualdades sociais, enfrenta­ feminino.
se um duplo desafio, necessário para a leitura Observa­se que no indicador
do espaço socioeconômico que a mulher socioeconômico existe uma desvantagem
negra ocupa, na construção histórica do sistemática das mulheres em relação aos
Brasil e no processo de conquista de sua homens, e do conjunto de negros de ambos
emancipação identitária. os sexos em relação aos brancos, projetando
A desqualificação e desvalorização das a mulher negra em último lugar na escala
mulheres em relação aos homens, e dos social. Por isso, torna­se importante analisar
negros em relação aos brancos, afeta a ambos e compreender as desvantagens sistemáticas
os grupos da população brasileira, e está na das mulheres negras no acesso ao mercado de
base da reprodução desigual de segmentação trabalho (áreas em que é possível mensurar a
ocupacional (IPEA, 2011; Departamento discriminação), tanto em comparação com os
Intersindical de Estatística e Estudos trabalhadores em geral, quanto com homens
Socioeconômicos [DIEESE], 2005, 2011; brancos, mulheres brancas e homens negros
IBGE, 1991, 2000, 2010). Esta reprodução em particular.
insiste em não reconhecer em que pese o A desigualdade de oportunidades, no que
sistema de proteção legal dos direitos se refere à inserção no mercado de trabalho,
humanos mais fundamentais, a condição de penaliza o segmento negro e, em especial, as
ator dos sujeitos e de igualdade de mulheres negras. Por isso, o estudo se propõe
oportunidades fáticas e substantivas, o que a discutir, por meio das estatísticas nacionais
explica, em parte, a dificuldade de inserção e da produção científica, como os processos
de mulheres e negros, no mercado de discriminatórios ora excluem, ora
trabalho no Brasil. comprometem a inserção dessas mulheres em
É importante destacar que a menção áreas tão determinantes para o progresso e o
'negra/negro', que estará presente em todo o desenvolvimento humano, base para o
corpo de estudo, refere­se às categorias preto desenvolvimento local, regional.
e pardo como uma categorização analítica, Com a organização dos dados pretende­se
que toma as duas categorias conjuntamente. evidenciar que, apesar do quadro de aparente
Para Osório (2003), o negro sintetiza, melhora, as desigualdades raciais e de gênero
estatisticamente, as semelhanças potencializam obstáculos, contrastando a
socioeconômicas entre pretos e pardos. Além inserção social entre o segmento branco e o
disso, segundo esse autor, são da mesma negro. Pesquisar a inclusão das mulheres
natureza as discriminações sofridas pelo negras, correlacionando­as ao mercado de
negro independentemente de ser pardo ou trabalho pode ser uma ferramenta estratégica,
preto. pensada a gestão pública, para o
Em se tratando da mulher negra, uma enfrentamento de uma problemática que tem
forma de discriminação potencializa a outra contornos regionais bem característicos.

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Para destacar as conquistas e desafios ao presença e participação destas mulheres na


gênero feminino e assumidamente de cor população em idade ativa. Para tanto, se
negra, estes foram obtidos dos bancos preparou a base de dados para contemplar o
censitários de 1980, 1991, 2000 e 2010, objeto de análise.
elaborados pelo IBGE nesses anos. Entre As variáveis raça/cor e sexo são
tantos dados desses censos, foram acessados importantes para o estudo, cuja análise se dá
os dados relativos à idade, sexo, raça/cor, pela categoria analítica negra (preta e parda).
escolaridade e mercado de trabalho. Para a construção da estrutura ocupacional,
Assumiu­se dar evidência ao espaço tomada a variável posição na ocupação,
temporal de 30 anos de trajetória da considerou­se os trabalhadores domésticos,
sociedade brasileira, pois este se constituiu outros empregados (inclusive funcionários
tempo suficiente para poder falar, não apenas públicos e militares), conta
em termos de experiências de coortes1 própria/empregador e outros (compreendidos
distintas, mas também de gerações. Outro aqui os trabalhadores não remunerados2 e
aspecto desta delimitação se referiu aos trabalhadores para o próprio consumo).
cenários socioeconômicos e políticos­ Partiu­se do pressuposto de que a estrutura
culturais que mudaram significativamente ocupacional selecionada poderia retratar o
neste intervalo, cujos reflexos se projetam quadro de inserção de brancos e negros no
sobre as manifestações dos movimentos que se refere às oportunidades de empregos,
sociais e as políticas públicas direcionadas serviços, negócios e outros.
para os segmentos gênero e raça. Para o ano censitário de 1980, a categoria
Ainda, neste delimite temporal houve de trabalhadores domésticos foi incluída na
acontecimentos significativos para a categoria outros empregados, tendo em conta
democracia, direitos e inclusão social no que não foi citada formalmente na pesquisa.
Brasil, após a promulgação da Constituição Estas definições, tanto as descritivas quanto
Federal do Brasil de 1988, tais como: o as mais analíticas, foram processadas
fortalecimento dos movimentos sociais; o utilizando­se o software Stata, versão 10.
impacto dos tratados internacionais temáticos
de direitos humanos ratificados pelo Brasil; a Significados e Determinações de Gênero,
entrada das questões raciais e de gênero para Raça/Cor
agenda política brasileira; a criação de
políticas públicas específicas, destinadas a As relações de gênero ocorrem entre
ambos os grupos, até a aprovação do Estatuto sujeitos historicamente situados. Estas
Racial em 2010. Estes se constituem no relações geram desigualdades, fazendo com
marco legal das conquistas das mulheres que sujeitos tenham mais poder sobre os
negras. outros, maior prestígio, maior segurança,
Os dados censitários de 1980 a 2000, maiores oportunidades, maior
considerados para este estudo, foram reconhecimento profissional, maior
extraídos do Integrated Public Use valorização e respeito do que os outros. Esta
Microdata Series (IPUMS), concebido e diferença negativa (desigualdade) de uns em
administrado pelo Minnesota Population relação aos outros, cria um contexto em que
Center da Universidade de Minnesota. determinados sujeitos tenham mais liberdade
O foco deste estudo é o grupo de mulheres para desenvolverem a sua autonomia do que
negras na faixa etária dos 15 aos 64 anos. A os outros. As relações de gênero e as
escolha desta faixa etária é justificada pela representações de gênero também podem

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variar segundo o status social, raça, cor, em conta o seu 'novo' e complexo status. E,
idade. esta nova divisão do trabalho, ao contrário da
A questão de gênero também é um velha divisão, não pode ser equivocada. Ela
conceito construído socialmente, de forma tem que estar voltada para o combate à
que, quando nos referimos às noções de reprodução do machismo e do sexismo na
masculino e feminino, referenciamos a sociedade. Sobretudo na educação e no
reivindicação das mulheres ao direito à mercado de trabalho, mudando assim a
cidadania política, à cidadania do mundo do concepção das novas gerações sobre as
trabalho. Mas, o que importa reter desse tipo relações de gênero. Os papéis considerados
de episódio é que a mulher, ao ter acesso ao como masculinos ou femininos são, pois,
salário e a direitos trabalhistas conquistados, nada mais, nada menos, que puras
ao direito à cidadania, passou a ter certa construções sociais, que refletem uma relação
autonomia em relação ao homem, que deixou assimétrica entre homens e mulheres. Então,
de ser o único provedor, contudo, isso não a como estes papéis não são naturais, nada
livrou das amarras domésticas e passou a obsta que eles possam ser mudados. Sabemos
exercer uma dupla jornada no trabalho e em que a questão salarial e a oportunidade de
casa. ingresso em boas colocações de emprego não
As mulheres com baixa renda limitante são iguais para homens e mulheres (LONGO,
aos mínimos necessários à vida e, com baixa 2011).
escolaridade, vendem sua força de trabalho Pensada a situação da mulher negra, a
para garantir basicamente o seu sustento e o pertença ao gênero feminino não explica, por
da família. A sua forte inserção no trabalho si só, a sua situação de sujeito discriminado
informal evidência, a priori, a forte opressão no mercado de trabalho. Logo, é preciso ir a
de gênero a que se encontram submetidas. fundo à questão de definição de raça. E ainda
Neste sentido, segundo Bourdieu (2002), os que perdure o pensamento de que as teorias
indivíduos possuem uma série de raciais já tenham sido ultrapassadas, no que
características particulares (gênero, cor, raça, se refere a sua contribuição e impacto nas
etnia, escolaridade, profissão, rendimento, práticas de discriminação e preconceito, elas
entre outros) onde a análise de persistem com força ideológica suficiente
correspondência permite indagar quais para nutrir as desigualdades baseadas na raça.
características são capazes de aproximarem Billings (apud GANDIN et. al., 2002, p.
ou diferenciarem os indivíduos. 279) escreve que, “academicamente, a noção
As mulheres precisam rever os diversos de raça vive um importante momento de
papéis que foram impostos a elas, tais como: recuperação, refletida na busca por um
mãe, esposa, filha, organizadora do ambiente sentido mais preciso de sua aplicação”. Mas,
doméstico e profissional, em busca de uma que elementos históricos, psicológicos,
redefinição desses papéis dentro e fora de político­ideológicos, culturais estão incutidos
casa. Todas estas funções sobrecarregam­na, na noção que desenvolvemos sobre raça(s)?
porque a incorporação da mulher ao mercado Daí a importância em se desvelar a origem
de trabalho não levou em conta o papel e intenção da aplicação de raça, nas práticas
central dela no ambiente doméstico. sociais e sua influência sobre a organização
A redefinição mencionada acima, social. Embora as teorias raciais tenham sido
basicamente, passa por uma mudança social, desbancadas pela comunidade científica
estrutural, que reenquadra a mulher numa internacional, na segunda metade do século
nova divisão sexual/social do trabalho, tendo XX, há no século XXI pessoas que

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continuam classificando e categorizando perspectiva, a diferença entre raça e etnia é,


raça. também, o lugar do discurso do politicamente
Ao se analisar o conjunto de acepções correto. Nesse sentido, o termo etnia e suas
para raça, seja na linguagem coloquial, seja variações (como etnicidade, étnico­raciais)
na linguagem científica, observa­se uma série são opções linguísticas, ideológicas,
de diferentes significados para o mesmo imateriais, convenções arbitrárias, assim
significante (STELLING, 2007, p. 19). Para como a raça também é uma convenção
referido autor, o significante “raça” remete à arbitrária. De tal modo “[...] que a linguagem
“[...] inexatidão e falta de consenso para o determina a prática social e é por ela
uso deste termo, o que o torna dúbio e determinada” (SILVA, s/d, p. 11). Em síntese,
movediço” (op. cit., p. 19). a aplicação do termo raça, ou do termo etnia
Esquemas classificatórios como de Linné, fica circunscrita à dinamicidade das relações
Buffon, Blumenbach, Coon, baseados em sociais e, do discurso político que a
critérios imprecisos tais como cor da pele, convence.
antropometria3 do crânio, características Munanga (2005/2006) define o conteúdo
faciais e comportamentais, resultaram na da raça como social e político. Para este autor
produção de uma infinidade de taxionomias não é relevante que o conceito inexista para a
raciais por parte da Antropologia. biologia molecular ou para a genética
Precisamente, a antropologia física, que é a humana, se ela se faz presente no imaginário
responsável por consolidar e dar ao termo dos racistas e de suas vítimas, já que existe
raça um caráter científico, “[...] mas nunca um fosso social e histórico que não se
bem delimitado” (ABADIA, 2010, p.15). preenche automaticamente com as
Nesta ordem de ideias, “[...] raça é uma referências científicas de negação da raça.
percepção social que categoriza” (ARAÚJO, Em outras palavras, a negação da raça diante
1987, p. 15 apud QUEIROZ, 2001, p. 18), na do reconhecimento da igualdade, sob o ponto
medida em que as tipologias se projetam de vista biológico, não é suficiente para
sobre a construção hierárquica da dominância apagar as categorias mentais, produzidas
do elemento superior branco sobre os demais pelas teorias raciais do século XIX, que as
grupos considerados inferiores ou sustentam e que povoam o imaginário
dominados , como negros, índios, amarelos.
4 coletivo.
Quando tratamos sobre a problemática do Para a maior parte dos autores até aqui
racismo no século XXI, inevitavelmente nos referenciados, o sentido de raça não mais
deparamos com a questão da raça (construção existe como categoria de cunho científico,
social, cultural, política). O que significa que classificatória de hierarquias fundamentadas
o termo etnia ainda não foi capaz de abolir a nas diferenças biológicas. Entretanto, ela é
noção de raça, do discurso à prática nas uma construção social cuja desconsideração
relações raciais (STOLCKE, 1991). Mesmo ou descarte impede o entendimento do
quando empregada a expressão étnico­racial. motivo do racismo e de sua persistência.
Sob tal ótica, faz sentido que o Estatuto, que Azevedo (2005) expõe que o discurso
é considerado ferramenta catalizadora para a racial, entendido como construção social, tem
promoção da igualdade racial, chame­se superado o discurso da raça como um fato
Estatuto da Igualdade Racial. inscrito natureza. E que esta tendência é
Se o uso do discurso politicamente correto perceptível, inclusive no Estatuto da
refere­se à neutralização de um termo Igualdade Racial. Pela análise de Gomes
considerado discriminatório, então, sob esta (2005, p. 49), o entendimento de raça é um

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“[...] misto de construções sociais, políticas e brancos. As relações raciais, as relações


culturais nas relações sociais e de poder ao sociais, sob tal ponto de vista são carregadas
longo do processo histórico. Não significa, de de significados simbólicos.
forma alguma, um dado da natureza”. Pensada particularmente, a situação da
Assim, o uso das teorias raciais, em cada mulher negra e, na forma como o racismo e o
momento histórico, correspondeu não só às sexismo se estruturam, pertencer ao gênero
técnicas de afirmação hierárquica do homem feminino ou masculino, ser branco ou negro,
branco sobre os homens não brancos, faz a diferença. A mulher negra é,
catalogando­os e determinando­os como simultaneamente, vítima do racismo e do
primitivos, inferiores, débeis (e até mesmo sexismo. A tal ponto que, o estereótipo “[...]
criminosos), como, por longo tempo, direcionado para um homem negro tem
justificou esta dominação por via da elementos particulares que não fazem parte
escravidão e do genocídio. da imagem negativa e preconceituosa
Raça e gênero, apesar dos estatutos vinculada à mulher negra” (NUNES, 2001, p.
diferenciados “[...] podem e devem se 61). Raça e gênero se sobrepõem
relacionar” (ABRAMO, 2004, p. 17). Tais evidenciando o grau de dupla vulnerabilidade
estatutos, por sua vez, dizem respeito ao que atinge essa mulher.
modo como as duas categorias articulam­se, O Censo 2010 apresentou mudanças na
dialogam e organizam­se em movimentos composição raça ou cor declarada no Brasil.
sociais próprios. “No caso do Brasil, existem Tal mudança reflete que o pertencimento
movimentos sociais organizados — e racial pode derivar não só dos interesses
diferenciados — em torno dessas duas culturais, sociais e políticos em classificar
questões: os direitos da mulher e o um indivíduo em determinado grupo. O
feminismo, e os direitos dos negros e o mesmo ocorre com a autoclassificação,
combate ao racismo” (LOC. CIT). momento em que o sujeito se reconhece
Entre as décadas de 1960 a 1980, raça e como branco, pardo, preto, amarelo ou
gênero formavam categorias circunscritas aos indígena (segundo classificação do IBGE).
debates de classe social (KAERCHER, Para Sales Júnior (2009, p. 29­30), “[...] a cor
2006). A partir de 2000, estudos realizados da pele funciona como um signo metonímico,
sobre a pobreza e a sua principal isto é, condensa e conota uma série de
determinante, a desigualdade de acessos a atributos que compõem a identidade social
recursos (saúde, educação, trabalho, do indivíduo, seu locus e seu status social”.
habitação e outros), tem revelado a relação Os dados estatísticos associam a raça
entre discriminação da raça e gênero, negra (o preto e o pardo) no Brasil à pobreza,
detectando particularidades “[...] na às precárias condições de moradia nas
construção social da pobreza que eram favelas, à marginalidade, à violência, às
ignoradas (GUIMARÃES, 2002, p. 77)”. posições na ocupação no mercado informal e
Existe, portanto, uma impositiva precário.
convergência (alimentada por mecanismos de A cor da pele estigmatiza o sujeito a tal
controle ideológico), nas questões da raça e ponto que se torna uma espécie de marca. A
do gênero, que estruturam e determinam a cor da pele, o cabelo crespo, a largura do
desigual posição hierárquica e o lugar das nariz, a grossura dos lábios, no racismo
mulheres em relação aos homens, dos negros brasileiro, define o que é ser branco ou ser
em relação aos brancos e, de mulheres e negro. No caso dos negros, em uma
homens negros em relação aos homens sociedade racista, essa marca o difere pela

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suposta inferioridade (excludente). Não é por aumento da população negra também pode
mero acaso que a população negra se ter um caráter subjetivo, maior miscigenação
classifica de várias formas (ou cores), livre e/ou maior identificação com os grupos de
da classificação fechada do IBGE. pertença de cor ou raça (autoatribuição).
Abordada as concepções de gênero e Soares (2008 apud IPEA, 2012) considera
raça/cor, segue­se com seus desdobramentos que a ampliação do número de negros deve­
que geraram entre as ações humanas, o se ao reconhecer­se como negro (preto ou
racismo, a discriminação e o preconceito. pardo), pois ao se levar em conta a diferença
das taxas de fecundidade entre mulheres
Relação Raça, Cor e Sexo no Contexto negras e brancas, apenas em 2020 a
Nacional população negra tornar­se­ia majoritária.
O crescimento na autoatribuição para a
O Censo de 2010 revela que a população categoria negra também pode ter ocorrido
negra (soma de pretos e pardos) superou a pela ação dos movimentos e das ações de
população branca, ao constituir 50,9% do valorização da cultura negra, que vem sendo
total de habitantes, somadas as categorias desenvolvido há décadas pelo movimento
preta (7,5%) e parda (43,4%). A população negro e à implementação das políticas
branca corresponde a 47,5% da população afirmativas e das medidas de reparação
total5. É a primeira vez que o percentual de empreendidas nos últimos anos pelo Estado
pessoas que se declararam pretas e pardas brasileiro.
superou o percentual de pessoas brancas no A ampliação da população autodeclarada
Brasil. negra, comparativamente à população não
Quando separados os dados pela categoria negra, no Censo de 2010, ocorreu em todas
sexo, os homens representam 49% da camada as regiões brasileiras, com menor percentual
da população brasileira. Neste universo, os no Sul do país, onde, historicamente, a
homens na categoria preta, constituem 8% e população branca sempre foi maioria. Tal
na categoria parda 44%, o que totaliza 52% ampliação pode traduzir, ainda, a
em comparação aos 46,5% de homens de cor omissão/negação da raça, pelos recenseados,
branca. O universo feminino indica que a nos Censos anteriores. Todavia, esta
população brasileira é formada em sua ampliação não se reflete na ocupação no
maioria por este grupo6, 51%. Destacando mercado de trabalho, embora a população
que neste universo 48,5% das mulheres são negra seja maioria, tanto em relação à
brancas e 49,8% são negras (42,8% na População em Idade Ativa – PIA – quanto em
categoria parda e 7% na categoria preta). relação à População Economicamente Ativa
O crescimento da população, no que se – PEA. A população negra encontra­se sobre
refere à autodeclaração ou heterodeclaração representada nos serviços informais,
como preta ou parda pode estar relacionado à precários e no contingente de
taxa de fecundidade mais alta da população desempregados, mesmo com todos os
negra (2,1 filhos em 2009), apesar da queda avanços verificados.
geral na taxa de fecundidade das mulheres Em sequência, a discussão é focada na
brasileiras (IBGE, 2010). Em 1999, a taxa de população dos 15 aos 64 anos, considerada
fecundidade para mulheres negras era de 2,7 potencialmente ativa, por grupos: homens
filhos por mulher, enquanto a taxa para brancos (Hb), mulheres brancas (Mb), Hn
mulheres brancas era de 2,2 filhos no mesmo (homens negros) e Mn (mulheres negras).
ano, declinando para 1,9 filhos em 20097 Constata­se que, em 2010, a população
(IPEA, 2010; BRUSCHINI et. al., 2011). O dos 15 aos 64 anos de idade representava

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68,5% da população brasileira. Reflete­se no


Posição na Ocupação
perfil dessa população, considerado o
quadrante de 2000 e 2010, o expressivo A posição na ocupação é uma variável
aumento da população autodeclarada como importante para evidenciar e explicar a
negra e a predominância das mulheres, e das cristalização e a reprodução das
mulheres negras sobre ela. desigualdades raciais e de gênero no acesso
Comparados os dados censitários dos anos ao mercado de trabalho.
1980, 1991, 2000 e 2010, não houve, em Serão analisadas as categorias de posição:
termos absolutos, redução entre os quatro trabalhadores domésticos, outros
grupos. Os Censos de 1980, 1991 e 2000 empregados, conta própria/empregador e
foram marcados pela maior presença da outros (que engloba os sem remuneração e
população branca, com predominância trabalhadores para o próprio consumo) nos
feminina neste grupo. Embora, em termos últimos 30 anos. A categoria “trabalhadores
relativos, tenha se observado uma redução na domésticos” foi destacada de outros
participação desta população, ou seja, menos empregados por ser uma categoria com
pessoas se declarando como brancas e, em características próprias, que serão discutidas
contrapartida, mais pessoas se declarando a seguir.
como negras (tabela 1), excetuando no Na tabela 2, verifica­se que a maior
quadrante de 1991 e 2000, quando se verifica concentração do segmento feminino está nas
o aumento da população branca concomitante ocupações 'trabalhador doméstico' e 'outros'.
à redução da população negra. O que evidencia o nível de precarização a
No quadrante de 2000 e 2010 a redução que as mulheres encontram­se sujeitas.
no número das Mb (3,7 p.p.) foi superior ao Na análise sobre a participação das
dos Hb (3,1 p.p), que se refletiu sobre a mulheres no mercado de trabalho nos últimos
diferença entre os dois grupos. No Censo de 30 anos, observa­se o contínuo crescimento
1980, ela era de 2,6 p.p, caindo para 2,0 p.p. da atividade feminina, possivelmente ligada
no Censo de 2010. O aumento verificado ao maior nível de instrução, embora o nível
para os Hn e as Mn, no mesmo quadrante, foi de ocupação entre as mulheres seja inferior
respectivamente de 3,2 p.p. e 3,7 p.p. E a ao registrado entre os homens.
diferença entre eles, que era de 0,3 p.p. no
Censo de 1980, cai para em 0,1 p.p no Censo
de 2010.

Tabela 1 – Distribuição da população de 15 a 64 anos por raça/cor e sexo – Brasil, 1980, 1991, 2000 e 2010
BRASIL (%)
CATEGORIA 1980 1991 2000 2010

Homem branco 27,8 25,6 26,3 23,2


Mulher branca 29,4 28,0 28,9 25,2
Homem negro 21,5 23,4 22,6 25,8
Mulher negra 21,2 23,1 22,2 25,9
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: IBGE – Censo Demográfico.

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Tabela 2 ­ Posição na ocupação da população de 15 aos 64 anos, segundo a raça, cor e o sexo por ano censitário – Brasil
BRASIL (%)

Trabalhadores Outros Conta Própria /


ANO CATEGORIA Domésticos (1) Empregados Empregador Outros (3) Total
(2)
Homem branco ­ 65,4 31,2 3,4 100,0
Mulher branca ­ 80,7 13,9 5,3 100,0
1980
Homem negro ­ 62,0 34,6 3,3 100,0
Mulher negra ­ 73,4 21,1 5,5 100,0
Homem branco 0,5 61,9 35,2 2,4 100,0
Mulher branca 11,3 64,8 19,4 4,5 100,0
1991
Homem negro 0,7 60,5 36,0 2,8 100,0
Mulher negra 22,1 53,6 21,1 3,3 100,0
Homem branco 0,7 62,2 34,8 2,3 100,0
Mulher branca 14,0 59,8 20,8 5,5 100,0
2000
Homem negro 1,1 63,3 32,5 3,1 100,0
Mulher negra 25,7 48,4 20,4 5,5 100,0
Homem branco 0,7 68,0 28,7 2,6 100,0

2010 Mulher branca 11,1 64,7 20,0 4,1 100,0


Homem negro 1,0 70,2 23,8 5,0 100,0
Mulher negra 19,9 56,5 16,4 7,1 100,0
Fonte: IBGE – Censo Demográfico
(1) Em 1980, os trabalhadores domésticos estavam incluídos na categoria 'Outros empregados';
(2) Inclusive funcionários públicos e militares;
(3) Incluem trabalhadores não remunerados e trabalhadores para o próprio consumo.

Os maiores anos de escolaridade das 1994). Nessa ordem de ideias, as mulheres


mulheres não lhes asseguram a igualdade de têm buscado a inserção no mercado de
concorrência com os homens, para uma trabalho, aliada à ascensão profissional e
melhor inserção em postos de trabalho com isonomia salarial (DIEESE, 2012).
poder de decisão, tradicionalmente ocupados Quando analisados os dados sobre a
por homens (BRUSCHINI et. al. 2011). E a distribuição por setor de atividade, é notória
diferença salarial permanece a favor dos a segmentação ocupacional nos quadrantes
homens, mesmo quando as mulheres atingem raça/cor e sexo. As mulheres – especialmente
o ápice da pirâmide ocupacional (LOVELL, as negras – concentram­se no setor de

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serviços sociais8 (IBGE, 2010; IPEA, 2011), decréscimo na participação: de 3,9 p.p. para
com predomínio de mulheres negras no as Mb, e de 5,8 p.p. para as Mn. Esta redução
serviço doméstico remunerado em todo o pode estar associada ao aumento nos anos de
Brasil. escolaridade da população brasileira –
Os trabalhadores domésticos formam uma especialmente das mulheres – com possível
categoria profissional cuja interferência de migração para postos de trabalho não
raça/cor e sexo, revela as mais significativas precários. Nesse sentido, o trabalho
desigualdades. A maior participação das doméstico pode ter deixado de ser a porta de
mulheres negras no trabalho doméstico entrada obrigatória para o acesso das Mn e
revela o peso da discriminação setorial­ das Mb, jovens e pobres, ao mercado de
regional­ocupacional sobre elas (SOARES, trabalho.
2000). Observa­se que, enquanto a inserção das
Em 30 anos, a proporção de trabalhadores Mn na ocupação 'Conta Própria/Empregador'
domésticos não apresentou mudanças vem sendo reduzida, continuamente, desde o
significativas para os homens. Sua Censo de 1991, nos demais grupos, ela esteve
participação manteve­se igual ou inferior a em crescente até o Censo de 2000, quando
1%. A evidência do menor acesso à educação começa a declinar.
formal, priva esse segmento, e o das Mb que A tabela acima ainda permite identificar,
aí se encontram, de ocupar melhores postos entre os Censos de 2000 e 2010, as seguintes
no mercado de trabalho. Desse modo, tendências complementares: o aumento do
estabelece­se uma relação causa­efeito entre número de trabalhadores na ocupação 'outros
mercado de trabalho, nível de escolaridade e empregados', independente da raça/cor e
qualificação para ocupação nos melhores sexo, e o decréscimo na ocupação 'conta
empregos. própria/empregador'.
Existe uma diferença de inserção entre o Desde o Censo de 1980, com relação às
segmento de mulheres ocupadas, brancas e demais formas de ocupação, pode­se
negras, mesmo quando elas possuem o observar que a participação dos trabalhadores
mesmo nível de escolaridade. No Censo de na ocupação “outros empregados” superou
2010, 19,9% das Mn ocupadas são todas as outras tratadas no estudo.
trabalhadoras domésticas, ao passo que, entre Feita a análise da posição na ocupação,
as Mb elas correspondem a 11,1% (tabela 2). concentrando­se nas principais tendências ao
Em contrapartida, verifica­se uma longo do tempo, o passo seguinte é o de
participação relativamente maior das Mb, apresentar a análise regional com foco nas
ocupadas que trabalham nos setores mais semelhanças e diferenças, destacando a
organizados da economia, onde existe uma evolução no período de 1980 a 2010.
maior probabilidade de se obter melhores Em 2010, a população dos 15 aos 64 anos
salários e condições laborais (BRUSCHINI, de idade representa 68,5% da população
et. al., 2011). A desigualdade entre essas brasileira. Reflete­se sobre ela as
mulheres relaciona­se com as questões transformações ocorridas no perfil
estruturais e discriminatórias. Dentre os demográfico do país, no que diz respeito a
componentes estruturais, o aspecto maior autodeclaração e/ou heterodeclaração
educacional é o mais relevante. para a raça/cor negra. Neste item, é feita uma
No quadrante de 2000 e 2010, entre as análise geral da distribuição da população
mulheres que estavam na ocupação por raça/cor e sexo pelas cinco grandes
trabalhadora doméstica, houve um regiões. Em seguida, as análises se

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de trabalho no período de 1980 – 2010

concentraram sobre as diferenças e que concentra o maior número das Mn, na


semelhanças entre essas regiões, no tocante à faixa dos 15 aos 64 anos de idade.
escolaridade e ao mercado de trabalho. Mas, enquanto se observa uma
Em linhas gerais, em 30 anos, a população aproximação das Mn em relação aos Hn, nas
do Sul, historicamente branca e com o regiões onde elas ainda se apresentam em
predomínio de Mb, mantém características menor número (exceto no Sul), a população
próximas de sua composição por raça/cor e das Mn no Nordeste quebra a sequência de
sexo. A região Norte, por sua vez, é o aproximação dos Hn, mantendo­se como
extremo da região Sul. Ela tem a maior grupo predominante na região.
população negra do Brasil, com predomínio Outro ponto que vale destacar, nesta
dos Hn. análise sobre as características da população
Nas regiões Sudeste e Centro­Oeste de 15 a 64 anos no Brasil por raça/cor e sexo,
ocorreram mudanças significativas nas é o movimento da população branca no Norte
composições raça/cor de suas respectivas e Nordeste, regiões predominantemente
populações. Este evento tornou o Centro­ negras. Presença minoritária, o número das
Oeste majoritariamente negro, mantendo­se o Mb e dos Hb em cada uma destas regiões,
predomínio dos Hn. Enquanto a região supera a presença de negros na região Sul,
Sudeste destaca­se por ser a única região em predominantemente branca. Dado comum a
que foi suprimida a diferença entre os Hn e essas três regiões é a presença das Mb em
as Mn (22,3% cada). Esta configuração só foi maior número do que os Hb, respeitadas as
possível em razão do aumento no número das proporções deste grupo em cada uma das
Mn, comparativamente ao número dos Hn, regiões.
superando, assim, a diferença entre estes dois A região Nordeste abriga a maior
grupos, que variou entre 0,5 e 0,6 p.p. desde população branca, num universo
o Censo de 1980 até o Censo de 2000. predominantemente negro. E esta parcela é
Ainda sobre a região Sudeste, no Censo de formada, em sua maioria, pelas Mb. Ainda
1980, a população branca representava mais que população branca das regiões Norte e
do que o dobro da população negra. Mas no Nordeste tenha sofrido um decréscimo no
Censo de 2010, a diferença entre brancos e Censo de 2010, ela permanece maior do que
negros caiu de forma expressiva. Porém, não a configuração do Censo de 1980. Ao
foi o suficiente para alterar o quadro que contrário do que ocorreu nas regiões Sul,
caracteriza a região, onde o número de Sudeste e Centro­Oeste.
pessoas brancas supera o de pessoas negras,
com o predomínio das Mb. Análise Regional da Posição na Ocupação
As regiões Norte e Nordeste destacam­se
por uma maior concentração da população Nos últimos 30 anos, vêm ocorrendo
negra. Todavia, quando se fala em população mudanças no perfil da população brasileira
negra na região Norte, deve se ater ao fato de ocupada nas cinco Grandes Regiões do
que esta maioria tem se declarado de raça/cor Brasil. Um recorte importante no tratamento
parda (Censo de 2010). Enquanto na região dos dados sobre posição na ocupação diz
Nordeste, a população é em sua maioria de respeito à distribuição regional. Neste item
raça/cor preta. são tratadas as diferenças e semelhanças
Nas regiões de predomínio negro, Norte, entre as regiões.
Nordeste e Centro­Oeste, a região Nordeste é Dentre as principais características
aquela, dentre as cinco regiões brasileiras, estruturais da força de trabalho, entre os

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Censos de 2000 a 2010, observa­se o já Em contrapartida, a menor redução na


citado aumento no percentual de mulheres presença das Mn na ocupação trabalhador
ocupadas. doméstico ocorreu nas regiões Norte e
O crescimento no percentual das Mb Nordeste. Esta menor redução, em duas
ocupadas deu­se em todas as regiões, nas regiões predominantemente de raça/cor
principais posições da ocupação. O que negra, expõe: a saída mais lenta deste
comprova à interferência da maior segmento da baixa escolaridade nas citadas
escolaridade na inserção desse grupo no regiões, e as limitações das políticas em
mercado de trabalho. Do mesmo modo, na curso para minimizar/solucionar os
comparação entre os quatro Censos, as Mn problemas aí existentes. Neste sentido, vale
continuam sobrerrepresentadas na ocupação reportar que os menores percentuais para as
de trabalhador doméstico. Mb, na mesma ocupação, nessas duas
Entretanto, confirmou−se que o regiões, ocorreram no Censo de 1991
movimento da perda de ocupações no (10,3%), enquanto nas demais ocorreram no
trabalho doméstico, entre os Censos de 2000 Censo de 2010.
e 2010, deu­se por meio das maiores Desde o Censo de 1980, a maioria da
reduções registradas para as Mn nas regiões: população ocupada é formada por outros
Sul (11 p. p.), Centro­Oeste (9,1 p. p.) e empregados. Exceto pela região Norte, as Mn
Sudeste (7,8 p.p.). Lembrando que nestas são minoria nesta ocupação desde o Censo de
regiões também ocorreram os maiores 1991. Enquanto que os Hn e os Hb das
aumentos do nível de escolaridade. regiões Sudeste, Centro­Oeste destacam­se,
Outro dado interessante é o de que, em superando as Mb.
2010, as regiões Norte (16,2%) e a Sudeste Verifica­se uma redução no percentual de
(22,6%) apresentam, respectivamente, o trabalhadores por conta
menor e o maior percentual das Mn na própria/empregadores. E a maior presença
ocupação trabalho doméstico. das Mn, nas regiões Norte e Nordeste, na
Em face deste cenário, observa­se que a ocupação trabalho doméstico evidencia a
queda na participação do trabalhador situação de informalidade e precariedade
doméstico pode ser um indicativo do vividas por estas mulheres, em comparação
crescimento de oportunidades para o as outras regiões. Pois o trabalho doméstico
segmento em outros setores. Além do que, o remunerado é uma atividade que ainda
aumento de escolaridade, mesmo que seja a arregimenta um expressivo percentual de
conclusão do nível Fundamental/Médio, mulheres de baixa renda.
permite uma maior mobilidade do
trabalhador para outras ocupações de ganho. Considerações Finais
Por outro lado, a não conclusão ou a baixa
escolaridade podem dificultar sua saída da No que se refere ao sexo, o aumento
precariedade. relativo da ocupação feminina foi maior do
Não está descartada a hipótese de que a que a masculina. Esta configuração reflete a
melhor escolarização do segmento o evolução das mulheres no mercado de
mantenha dentro da ocupação trabalhador trabalho brasileiro, ocorrida, com maior
doméstico. Esta permanência, entretanto, ênfase, a partir da década de 1970. O
vincula­se aos maiores rendimentos e acesso aumento da incorporação de mulheres infere,
à maior cobertura da proteção laboral e ainda, sobre a exigência do mercado de
social. trabalho por profissionais com maior nível de

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de trabalho no período de 1980 – 2010

escolaridade. desenvolvimento socioeconômico. O


Também se pode dizer que as Desenvolvimento Regional, visto apenas sob
transformações, ocorridas na base produtiva e o enfoque do “econômico”, limita o campo
que afetaram de modo diferenciado os territorial de si mesmo, prestigiando a
homens e as mulheres ocupadas, não foram estrutura dinâmica das economias, sem se
suficientes para reverter o quadro de ater à condição de privação de determinados
desigualdade entre eles. Isto porque, as grupos sociais.
desigualdades existentes no mercado de Ao se buscar a medida de igualdade para
trabalho reproduzem, de modo geral, as grupos socialmente excluídos, como no caso
desigualdades já existentes em outras esferas das mulheres negras, pauta­se pela ideia de
das relações sociais. que as desigualdades raciais e de gênero
O progresso das mulheres também tem se devem ser eliminadas por meio de políticas
destacado por ser gradual e constante, públicas, estendendo as vantagens de um
evidenciando uma mudança de valores dado grupo social a outros que dela se
sociais, promovida pelas conquistas dos encontrem privados, ou pelo menos,
Movimentos das Mulheres. E, se mantida, equiparando­os.
reverterá o quadro de ocupação nas próximas Considera­se que o enfrentamento pelo
duas décadas. Movimento de Mulheres, no que se refere às
Apesar da evolução da mulher em questões discriminatórias direcionadas ao
ocupações tradicionalmente masculinas, e segmento negro, é tímido e, por isso, deixam
apesar do maior nível de instrução, os descobertas questões pontuais que interessam
salários não acompanharam este movimento, às mulheres dessa cor. Enquanto o
perpetuando a discriminação em razão da Movimento Negro prioriza a luta contra o
raça/cor e sexo. Um grande desafio para as racismo, a discriminação racial e o
mulheres desta geração é tentar reverter o preconceito, secundarizando a problemática
quadro da desigualdade salarial entre homens da mulher negra, cuja trajetória é marcada
e mulheres. por um processo discriminatório típico.
Outro grave problema a ser vencido é a Dessa forma, o enfrentamento da
diferença entre as mulheres brancas e negras desigualdade racial e de gênero dá­se num
no acesso aos maiores anos de escolaridade e plano mais geral, e não responde a demanda
à mobilidade laboral. Essa diferença das mulheres negras no mérito da sua
evidencia, mais do que nunca, a força dos problemática.
mecanismos discriminatórios sobre o O acesso ao mercado de trabalho formal e
progresso ou estagnação da mulher negra. a ascensão profissional tende a ser mais
Os avanços das mulheres negras ainda limitado para a população negra do que para
evidenciam a existência de uma o segmento não negro (DIEESE, 2012). Em
hierarquização de raça/cor, que as projeta se tratando da mulher negra, verifica­se o
para uma posição de distanciamento em impacto da discriminação transversal de raça
relação ao segmento branco. e gênero sobre elas. As mulheres negras estão
A interseção do estudo com o sobrerrepresentadas no trabalho doméstico e,
Desenvolvimento Regional verifica­se na em ocupações precárias, informais e não
medida em que, ao se configurar as remuneradas. Mas por outra via, as mulheres
desigualdades raciais e de gênero entende­se negras, jovens e pobres, através da maior
que, a desigualdade interfere no processo do escolaridade, acabam encontrando outras
desenvolvimento humano e do formas de acesso ao mercado de trabalho,

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Inserção da mulher negra brasileira no mercado
de trabalho no período de 1980 – 2010

que não pela via do trabalho doméstico. Sua pela sociedade civil organizada para o devido
condição se reflete diretamente sobre os seus cumprimento de suas atribuições. Esta
dependentes, no geral crianças e jovens. letargia ou demora crônica, na ausência de
A desigualdade pressupõe a existência de uma terminologia mais adequada, em atender
múltiplos fatores agregados que afetam o as demandas da parcela da sociedade
desenvolvimento do país como um todo. excluída, inscrevendo suas necessidades
Pobreza, renda, saúde, educação, trabalho, básicas na agenda de governo, tem raízes
violência, quando associados à discriminação históricas.
racial ou de gênero, interferem em todos os O racismo é um fator que interfere no
níveis de desenvolvimento, desde o humano, acesso à renda e, por conseguinte, determina
passando pelo local, regional e o nacional. a pobreza. Sua intersecção com o sexismo
Não por acaso, o Brasil ainda é considerado expõe a vulnerabilidade social da mulher.
um país muito desigual. As transformações no mundo do trabalho
A exclusão socioeconômica a que está interferiram no contexto de inclusão da
submetida o segmento negro, também é mulher e, em especial, da mulher negra. E
responsável por naturalizar as desigualdades elas estão associadas às mudanças nos
entre brancos e negros, além de reforçar o padrões culturais e no reconhecimento da
processo de estigmatização, cujo impacto importância da mulher como força produtiva.
recai sobre a socialização e a cidadania da Embora a divisão sexual do trabalho ainda
população negra. No caso deste estudo, oriente o mercado, a participação das
focou­se a educação e o mercado de trabalho. mulheres, com maior escolarização que os
Mas, na verdade, a discriminação alcança homens, vem num crescente. Por outro lado,
todos os setores da vida social do segmento a participação do segmento feminino, no
negro. mercado brasileiro, identifica o esforço
Outro ponto relevante no processo de redobrado das mulheres para que esta
configuração da desigualdade racial é o inserção se realize em condições de
entendimento de que os processos igualdade. A diferença que caracteriza o
discriminatórios são legitimados pela rendimento salarial, entre homens e
reprodução dos preconceitos, estigmas, mulheres, inter e intragrupos, aponta para a
estereótipos. Não é possível entender a prevalência da discriminação racial e de
complexidade do processo, se extrai dele gênero (BASTOS, et. al., 2007).
aquilo que o identifica. Logo, a desigualdade Existe uma diferenciação permanente
racial só existe e persiste em razão do entre o segmento de mulheres ocupadas,
racismo, da discriminação e do preconceito. brancas e negras, com o mesmo nível de
Um dos grandes problemas para o escolaridade, no mercado de trabalho, traço
enfretamento desta questão é o fato de que, discriminatório em razão da raça/cor. Talvez,
no imaginário coletivo, estes processos ora se por isso, o avanço das mulheres brancas, na
confundem, ora são minimizados. Mas basta saída da baixa escolaridade e na participação
ficar atento a cada um dos efeitos, que cada nos maiores anos de escolaridade, seja tão
um deles produz sobre a construção da expressivo quando comparado ao segmento
autoestima e a identidade do negro, para negro. A desigualdade entre elas relaciona­se
enxergar suas especificidades. com as questões estruturais e discriminatórias
Embora uma das tarefas precípuas do (JACCOUD; BEGHIN, 2002; HERING,
Estado seja a de promover a igualdade SILVA, J., 2011). No que se refere aos
material, este ainda necessita ser provocado componentes estruturais, o aspecto

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Inserção da mulher negra brasileira no mercado
de trabalho no período de 1980 – 2010

educacional apresenta­se como o mais Amostra/resultados_gerais_amostra.pdf>. Acesso em


relevante e se propaga sobre o processo de 07 de setembro de 2012. 239p.
escolarização intergeracional e 3 A Antropologia Criminal, representada por
intrageracional. Cesare Lombroso (1835­1909), servindo­se da
Aqui também deve ser destacado o fato de antropometria, afirmava ser a criminalidade um
que, dentre todos os segmentos cobertos pela fenômeno físico e hereditário. Baseava­se na análise
análise, as mulheres negras são as mais de aspectos externos da raça para determinar o
criminoso.
oneradas, elas, assim como os homens
negros, entram mais cedo no mercado de 4 O problema com o uso das tipologias ou
trabalho de forma precária e, têm uma longa taxionomias raciais reside na gênese intuitiva para os
permanência nele (IPEA, 2011). A exceção se tipos morfológicos. O que significa dizer que mesmo
apresenta para as mulheres pobres mais os pesquisadores mais experientes estão presos a uma
escolha arbitrária, subjetiva.
jovens, brancas e negras, beneficiadas por
uma maior escolarização e por programas do 5 Dentre as categorias que não fazem parte do
governo no que se refere à inserção e estudo, amarelos correspondem a 1,10%; indígenas
permanência na escola. 0,43% e, sem declaração 0,02%.
Mais um aspecto relevante a ser 6 Homens só superam o número de mulheres
mencionado é a referência ao nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso,
empoderamento da mulher e, neste universo, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins (IBGE, 2010).
o empoderamento da mulher negra.
Exemplos extraídos de experiências 7 A redução nas taxas de fecundidade vem
internacionais demonstram na prática a ocorrendo com maior incidência “[...] nas cidades e
nas regiões mais desenvolvidas do Brasil”
interferência positiva do empoderamento (BRUSCHINI et.al., 2011, p. 144).
sobre todos ODM’s.
A sistematização das informações aqui 8 Saúde, educação, serviços sociais e
apresentadas favorece uma reflexão sobre a domésticos.
inferência das desigualdades raciais e de
gênero sobre a mulher e o negro, com Referências
enfoque na mulher negra, ao nível do
território nacional. ABADIA, Lília. A identidade e o
patrimônio negro no Brasil. 2010.
_____________________ Dissertação (Programa de Pós­Graduação
em Ciências da Cultura) ­ Universidade de
1 Uma coorte é definida, de maneira geral, Lisboa, Lisboa.
como um grupo de pessoas que vivenciam
conjuntamente uma série de eventos em um período de
tempo.
ABRAMO, Laís. Perspectiva de Gênero e
Raça nas Políticas Públicas. Apresentação
2 Segundo publicação “Censo Demográfico feita no Seminário Internacional América do
2010: resultados gerais da amostra” (2010, p. 36), Sul, África, Brasil: acordos e compromissos
entende­se por trabalhador não remunerado “[...] para a promoção da igualdade racial e
pessoa que trabalhou sem remuneração, durante pelo
menos uma hora completa na semana de referência,
combate a todas as formas de discriminação,
em ajuda na atividade econômica de morador do Brasília, 22­24 de março de 2004. Disponível
domicílio que era conta própria, empregador ou em:
empregado do setor privado”. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/pub/bcmt/mt_25e.pd
<ftp://ftp.ibge.gov.br/ Censos/ Censo_Demografico_ f>. Acesso em 8 de abril de 2012.
2010/ Resultados_Gerais_da_

Andréa Aparecida Esteves Mendes e Maria Luiza Milani


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Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 7, n. 2, p. 178 - 194, ago. / dez. 2016.
Inserção da mulher negra brasileira no mercado
de trabalho no período de 1980 – 2010

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1830. Horizontes Antropológicos, v. 11. n. Professora Glória Ladson – Billings.
24, p. 297 – 320, 2005. Educação & Sociedade, v. 23, n. 79, p. 275
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Recebido em 28 de novembro de 2014.
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Andréa Aparecida Esteves Mendes e Maria Luiza Milani


194
Revista Latino-americana de Geografia e Gênero, Ponta Grossa, v. 7, n. 2, p. 178 - 194, ago. / dez. 2016.

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