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Fichamento de O autômato espiritual – A subjetividade moderna segundo a Ética

de Espinosa (Lia Levy)

...o pensamento infinito exprime-se necessariamente no homem como consciência de si.


É apenas enquanto o pensamento a alma humana que sua forma envolve a referência a
um ‘eu’.Em outras palavras ,a referencia a si – considerada como o próprio da
consciência – é o que caracteriza o pensamento humano. Toda consciência será, na
Ética, uma modalidade da consciência de si, pois, para um sujeito apreender as ideias
como lhe pertencendo não é senão apreender-se a si mesmo como sujeito de suas ideias
(31).

Conceber o pensamento como consciência significa concebê-lo como uma realidade,


cuja característica principal consiste em ser percebida por um ego... (41)

A expressão ‘consciência de si’ designa assim a capacidade de se referir corretamente,


e de forma incorrigível, a si mesmo como sujeito pensante. Nesse sentido, deve-se dizer
que toda consciência é uma modificação da consciência de si. (43)

Mas é por essa mesma razão que a certeza do sum torna-se ainda mais intrigante: é
somente através do questionamento da fonte “tradicional” de nossas verdades que se vê
surgir à certeza de nossa própria existência. A certeza de nossa existência emerge no
mesmo momento em que nos persuadimos de que nenhuma existência pode ser
conhecida. (45)

O que não sou eu é conhecido por modificações de mim mesmo; tese que ficou
conhecido pelo nome de acesso privilegiado. Donde a questão: como saber se o que me
aparece como pertencendo a alguma coisa exterior pertence realmente a essa coisa?(47)

O sujeito passa a ser, antes de mais nada,o sujeito pensante, para o qual os outros entes
não podem ser apreendidos senão por representação ,isto é ,a partir de suas
modificações ,que põem o ser enquanto objeto. Em resumo, o que definirá
primeiramente a posição de sujeito será a atividade de representação. (48)

Mas, então, que significa exatamente pensar? Não é necessariamente produzir os


conteúdos pensados, mas, antes, atualizar esses conteúdos diante de si. Em outros
termos, ‘pensar em algo’ significa dar a um conteúdo qualquer a forma de um modo do
pensamento, que é a única maneira pela qual nós podemos percebê-lo (50).

As obras anteriores à Ética acusam a presença, ainda que irregular e, talvez, heterodoxa
aos olhos de um cartesiano, da concepção do pensamento humano como consciência
nessa fase do pensamento de Espinosa. Essa presença manifesta-se não apenas pela
ocorrência do termo, como também – e sobretudo – pelas teses que dela decorrem.(55)

Os autômatos desprovidos de alma não são apenas homens obnubilados pelos


preconceitos,tal como o autômato espiritual antes da “reforma de seu entendimento”,
mas entes que resistem a toda cura,pois, “se algo lhes é provado, não sabem se o
argumento prova ou falha”(§48;G II,18,21-23)O autômato inteiramente desprovido de
ala é um caso limite que ,enquanto tal, não pode participar do diálogo racional: “...de
modo que afinal devem calar-se (adeò ut tandem debeant obmutescere)...”(§47;G
II,18,16-17);ou ainda: “...não se há de falar com eles sobre as ciências (cum ipsis non est
loquendum de scientiis)...”(§48;G II,18,19).(59)

...o que distingue os dois casos é que o autômato espiritual, ainda que seu conhecimento
seja determinado por certas leis, sabe que ele sabe alguma coisa, ao passo que o
autômato inteiramente desprovido de alma é alguém que duvida ,ou ,antes, que pretende
duvidar que ele sabe alguma coisa.(60)

Tal precedência parece sugerir que a consciência de si é uma característica da alma


humana unicamente enquanto concebida como ideia de um corpo existente em ato. A
noção de consciência de si na Ética deve, portanto, estar ligada à concepção da alma
como ideia, senão do corpo, ao menos de uma coisa finita existente em
ato.Assim,segundo Espinosa,não haveria nenhum sentido em afirmar que a consciência
que a alma tem de si mesma é logicamente anterior à consciência do corpo.(85)

De fato, Espinosa é conduzido a proceder ao exame da noção de livre-arbítrio,


evidenciando as dificuldades que ela implica, precisamente para eliminar os
preconceitos contra sua concepção de Deus.(103)

A reforma de nossa ideia de Deus não pode ser bem sucedida ,sem a reforma de ideia
que fazemos de nós mesmos;e essas duas correções não podem ser empreendidas sem a
correção da ideia de causa.Trata-se ai de uma exigência fundamental do espinosismo, a
saber, o valor supremo que ele atribui ao principio de causalidade,compreendido da
seguinte maneira:uma vez que o nada não pode absolutamente ser causa de nada,toda
coisa deve ter uma causa positiva pela qual ela é o que é,e pela qual existe,assim
como,se ela não existe ,deve haver uma causa positiva pela qual ela não existe (E1P11
outra demonstração)(103)

É fundamental precisa que não se trata ,nesse caso ,de abandonar a noção de
vontade,mas apenas uma determinada compreensão dessa noção,a saber,aquela que a
define como um poder ininito (ou indefinido) absolutamente indeterminado de afirmar
ou de negar,de fazer ou de não fazer.(105)

A noção de livre-abitrio poderia, assim,ser considerada uma ficção e figurar na lista dos
entes de imaginação,visto que ela toma por algo de positivo,o que é somente uma
negação:a ignorância das causas de nossas ações.Na situação cognitiva bastante
especifica ,na qual ignoramos as causas de nossas ações,dizer que elas ,tal como o nosso
apetite, dependem somente de nossa vontade não significa senão confessar ,por outras
palavras,que ignoramos o que queremos,apetecemos ou agimos.A vontade assim
interpretada é apenas um nome ao qual não corresponde nenhuma ideia,orque não se é
capaz de explicar o que eça é e como ela pode mover o corpo.(109)

A essência de uma coisa finita,ao exprimir a essência de Deus,exprime,nessa mesma


medida,a sua potência(E3P6 e E3P7);em outros termos,a essência de uma coisa finita
é,tal como a essência divina,uma potência,ainda que sua finitude implique certas
restrições que especificam a maneira pela qual essa potência se realiza.Nesse sentido ,a
potencia das coisas finitas deve ser compreendida como esforço para perseverar no seu
próprio ser (E3P6-P7)(129-130)

Além disso,no que concerne às ações,é preciso assinalar que toda ação
humana,compreendida simplesmente como uma atividade ,implica também ,de uma
maneira ou de outra,uma determinação da alma a agir e ,portanto,uma modalidade do
conatus.(131)

Se um ser é determinado a agir,quer ele seja ou não determinado por causas


exteriores,sua essência é sempre uma das causas de sua ação e deve necessariamente ser
levada em consideração na explicação da ação.(133)

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