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CARA E COROA

Considerações sobre epistemologia, experiência de si, literatura e outros assuntos gerais.

Não há um dia em que não se faça uma escolha. Preferimos e descartamos compulsoriamente,
desapercebidamente, irrefletidamente. Neste processo, muitas vezes, nos dedicamos a
escolhas menos relevantes e deixamos passar despercebidas escolhas importantíssimas. Das
escolhas importantíssimas, eis uma: o modo como assimilamos e agimos sobre o mundo.
Podemos aperfeiçoar-nos incansavelmente numa técnica ou avançar numa compreensão,
sutilmente tomamos partido de um destes lados da mesma moeda para tentar compreender e
manipular a nós mesmos, ao outro, a nossa relação com o outro, o tempo, o espaço, a nossa
relação com o tempo e o espaço, etc.

Acontece que esta é uma escolha que não se faz de dentro para fora ou de fora para dentro,
não tendo ponto de partida para não ter ponto de chegada. Não sendo totalmente uma
escolha é antes, quase, um reconhecimento, uma tomada de partido. Meu modo de manipular
o mundo foi escolhido por uma intuição invisível que fez uma escolha invisível, muito tempo
depois reconhecida: a base da minha estratégia para agir sobre o mundo será o pensamento,
não a técnica.

O lado da moeda do qual tomamos partido é o que precisará ser lustrado primeiro, é a cara ou
coroa que aparece para o apostador que joga contra nós. Se a técnica exige o sacrifício da
repetição, a compreensão exigirá lanternas. Aqueles que desejam compreender o mundo
deverão fazer o sobresforço de burlar a entediante, aniquiladora e proposital burocracia do
conhecimento, precisarão criar método próprio, caminhos possíveis. Precisarão de um plano,
epistemológico, razoavelmente objetivo... Precisarão de um mapa, bússola e a consciência
sempre em mãos, de que é muito fácil se perder.

Sendo assim, já aviso que, este é um exercício de fazimento do meu mapa epistemológico, é
um traçar de rotas que compreende o desejo de manipular o mundo a partir do conhecimento,
da experiência, do prazer, do saber. Mas saber e prazer são imensos e imprevisíveis, mais uma
vez é preciso tomar partido, fazer uma escolha, reconhecer-se no saber e no prazer que
intuitivamente já existem em nós e ainda assim nos aguardam. Meus prazeres e saberes
intuitivos estão na linguagem, no falar, no ouvir, no escrever, no ler. É a partir da linguagem
que desejo compreender o mundo em sua complexidade, é pensando sobre a linguagem que,
por analogia, posso compreender o mundo. É esticando, observando e moldando a massa
mole da linguagem que me observo, me estico, me moldo. É preciso escolher um caminho e
um método, porque quem não tem caminho nem método não só não chega a lugar nenhum,
como também não sai do lugar. Meu caminho é a linguagem, passemos ao método.

Escolher a linguagem como caminho implica em torná-la centro de uma rede de


conhecimentos que se ligarão para produzir sentido e mudança. Pensar o método é pensar o
modo de construir esta rede conectada sempre à linguagem
--

Assim como os leitores se fazem no processo de leitura, o escritor se faz no processo de


escrita. Para o escritor não importa tanto a história que deseja contar, mas as reviravoltas que
escrita faz em torno da escrita e que clareiam e avançam a compreensão de mundo do próprio
escritor. É ao escrever que o escritor percebe a fragilidade de seu discurso e torna a escrever
para pedir desculpas, e torna a escrever para repensar, sai do subjetivo pra alcançar a
universalidade literária.

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