Вы находитесь на странице: 1из 16

9

PROGRAMAS DE 1. INTRODUÇÃO 291

TRANSFERÊNCIA DE RENDA Entre os anos de 2005 e 2008, em todo o mundo emergente, houve
Um paradigma em proteção queda na porcentagem de pessoas vivendo em extrema pobreza2.
Esta é a primeira redução em um período de três anos de mo-
social e combate à pobreza
nitoramento desde que o Banco Mundial começou a publicar o
índice. Os dados, porém, ainda preocupam: em 2008, em torno
de 1,29 bilhões de pessoas ainda vivia com menos de US$ 1,25 por
dia. Além disso, os cerca de 660 milhões que superaram a linha da
pobreza extrema ainda são pobres para os padrões de países de
Flávia Neme maior desenvolvimento(BANCO MUNDIAL, [s.d.]b).
Henrique Fialho Barbosa É com o objetivo de promover igualdade de oportunidades e
João Pedro Lang desenvolvimento econômico e social que surgem os programas
Raphaella Gurgel Pinheiro1 de transferência de renda (TR). Iniciativas tomadas por governos
de países em desenvolvimento, esses programas hoje são imple-
mentados em conjunto com diversas organizações internacio-
nais, até mesmo por países desenvolvidos, e têm alcançado gran-
Porque o necessitado não será esquecido de sucesso em meio às redes de proteção social.
para sempre, nem a expectação dos Este artigo tem por objetivo demonstrar a capacidade dos
pobres perecerá perpetuamente. programas de TR de atuar na redução da pobreza e no combate
Salmos 9:18 à desigualdade social. Primeiramente, serão expostos conceitos
de pobreza e desigualdade. Depois, serão abordadas as caracte-

1
Os autores agradecem à Professora Doutora Geovana Lorena Bertussi, do Departa-
mento de Economia da Universidade de Brasília, e a Corina Nassif Avelar pelo inesti-
mável auxílio na revisão deste artigo.
2
Para o Banco Mundial, extrema pobreza é caracterizada pelo consumo diário médio
de US$1,25 ou menos por pessoa, e corresponde a viver no limite da subsistência
(BANCO MUNDIAL, [s.d.]a).
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

rísticas fundamentais dos programas de TR, bem como sua estru- sendo forte indício da pobreza (KAKWANI, 2006). Segundo defi-
turação e implementação. Outro ponto importante diz respeito nição do Conselho Econômico e Social da Assembleia Geral das
aos resultados por eles alcançados, tanto em aspectos econômicos Nações Unidas (ECOSOC, 1998, [s.p.]):
quanto sociais. Porém, não estarão ausentes críticas a erros de pla-
nejamento e a má execução dos programas. Será destacado tam- [...] a pobreza é uma negação de escolhas e oportunidades, uma vio-
bém o papel de agentes externos no sistema de proteção social, e lação da dignidade humana. Significa a falta da capacidade básica
por fim, serão apresentados dois estudos de caso. de participar efetivamente da sociedade. [...] Significa insegurança,
falta de poder e exclusão de indivíduos, famílias e comunidades.
2. CONCEITOS INICIAIS
A partir da ampliação do conceito de Direitos Humanos no âmbi-
Esta seção pretende introduzir conceitos e definições necessárias ao to das Nações Unidas, em 1976, para incluir direitos econômicos,
artigo. Primeiramente, serão apresentados conceitos de pobreza e sociais e culturais, a pobreza passou a ser encarada como uma
desigualdade social. Segue-se uma explicação sobre a evolução his- violação dos direitos e da dignidade humana. Desde então, os
tórica e as particularidades dos sistemas de proteção social. Dentro pobres são amplamente reconhecidos como titulares de direitos
desse quadro, destacaremos os programas de transferência de ren- sociais, podendo, portanto, reivindicar o acesso a bens e serviços
292 da e a diferença entre seus modelos condicional e não condicional. essenciais. O Estado teria, assim, a obrigação de garantir tal aces- 293
so (CECCHINI et al., 2009).
2.1. Pobreza Nesse cenário de atenção à pobreza mundial, são importantes
O termo “pobreza” é frequentemente associado à carência ou à os instrumentos utilizados em seu monitoramento. A base dessa
falta de acesso, por longos períodos, a recursos, bens e serviços vigilância é o conceito de linha da pobreza, definido como a renda
essenciais à qualidade de vida (MARTINS, 2008). Há, porém, diver- mínima necessária para se ter acesso a recursos básicos, isto é, o
sas perspectivas sobre esse fenômeno. Conforme a perspectiva da “custo monetário [...] de um nível de bem-estar de referência” (RA-
renda, a pobreza é definida como a simples falta de acesso à renda VALLION, 1998, p. 3). Essa renda mínima assume diferentes defi-
para consumo; os pobres seriam aqueles com renda insuficiente nições e valores de acordo com a instituição ou país que a define –
para “satisfazer necessidades básicas definidas pela sociedade” para o Banco Mundial, corresponde a um consumo de 1,25 dóla-
(KAKWANI, 2006, [s.p.], tradução nossa). res diário por pessoa. Já para o governo brasileiro, esse valor é igual
Há, todavia, outros direitos e necessidades básicas que não à renda familiar per capita de 70 reais mensais (BRASIL, [2011]).
dependem necessariamente da renda – como o acesso à alimenta- Já o ciclo de reprodução intergeracional da pobreza (“ciclo da
ção e à água, à saúde, à educação, ao transporte, ao saneamento, à pobreza”) é um conceito que descreve sua propagação por gera-
informação e à cidadania (MARTINS, 2008). Surgiu, então, uma se- ções em famílias e comunidades. É causado, de modo abrangente,
gunda perspectiva, que predomina na literatura especializada atu- pela falta de oportunidades de ascensão social, como a falta de
al e será adotada no presente artigo. Em vez de conceituar pobreza acesso à educação e a discriminação (SANT’ANNA, 2009).
como a falta de meios para atingir padrões básicos de bem-estar3,
ela é simplesmente definida como o não acesso a esses padrões 2.2. Desigualdade social
(KAKWANI, 2006). Os pobres seriam aqueles que usufruem de um Outro problema relativo à negação de oportunidades é a desi-
nível de vida, em termos de acesso ao consumo e a serviços, abaixo gualdade social. A exemplo da pobreza, ela não se resume ape-
dos padrões de uma dada sociedade, o que não depende somente nas à desigualdade de renda, estendendo-se às desigualdades na
da renda de que dispõem4 (NARAYAN, 1999).
A pobreza é, assim, multidimensional. De fato, ela não é ape-
nas uma questão econômica, ligada à renda; há também a exclu- 3
“Bem-estar” não abrange apenas o bem-estar físico, mas também o psicológico. Fe-
são social, o não acesso à cultura e à ciência, a impotência política nômenos como tra-tamento desumano, humilhação e preconceito também afetam,
portanto, o bem-estar (NARAYAN, 1999).
e econômica, a privação e a vulnerabilidade (exposição ao risco) 4
A pobreza também é caracterizada pela não disponibilidade de bens de consumo e
(NARAYAN, 1999). Ainda assim, a carência de renda permanece serviços necessários ao bem-estar. Isto é, a ausência de infraestrutura também é fator
gerador de pobreza.
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

educação, de poder político e de acesso a bens e serviços. De fato, mas de proteção social nos países em desenvolvimento (STAN-
todas essas facetas estão relacionadas (MARTINS, 2008). Ambas, DING, 2007). Em contraste, simultaneamente diversos países, em
pobreza e desigualdade, levam à exclusão social, à privação de di- especial na América Latina, começavam a implantar programas
reitos e ao não acesso a bens e serviços fundamentais (NARAYAN, mais amplos de assistência social, particularmente de transferên-
1999). Diversos obstáculos se colocam contra a redução desses fa- cia de renda (FISZBEIN; SCHADY, 2009).
tores, como diferenças regionais, o preconceito e a falta de opor- Há diversos programas de proteção social, havendo também
tunidades à ascensão social (SANT’ANNA, 2009). objetivos variados. O foco dos programas de assistência social é
No século XX, a pobreza e a desigualdade começaram a ser reduzir os efeitos da pobreza e da desigualdade, gerar oportuni-
amplamente discutidas como problemas a ser solucionados. For- dades de ascensão aos pobres e, em longo prazo, promover inclu-
mularam-se uma série de políticas públicas para reduzi-las, como são, rompendo o ciclo da pobreza (SANT’ANNA, 2009).
parte dos sistemas de proteção social que surgiam (KAKWANI, Cada programa de proteção social se adéqua a determinado
2006). Logo depois, a discussão alcançou o plano internacional, contexto, objetivo e localidade. Para emergências alimentares, há
sendo a pobreza inserida na agenda de órgãos internacionais. programas de distribuição de alimento e água (seguro social5); onde
Agências também foram criadas especificamente para combatê- há epidemias, adéquam-se mutirões de saúde e prevenção (FISZ-
-las, como é o caso do Banco Mundial (FISZBEIN; SCHADY, 2009). BEIN; SCHADY, 2009). Para reduzir a desigualdade de oportunida-
294 A desigualdade de renda é, numericamente, a “distância” (isto des, podem-se implantar medidas afirmativas6, como a reserva de 295
é, a diferença em termos de renda) entre as porções mais ricas e as vagas no acesso à universidade e ao serviço público (SANT’ANNA,
mais pobres de uma sociedade. O coeficiente de Gini é um indica- 2009). Para mitigar a pobreza e a desigualdade, uma opção são pro-
dor muito usado na medição da desigualdade de um país. Ele varia gramas de transferência de renda (FISZBEIN; SCHADY, 2009).
de 0 a 1, de modo que 0 é a perfeita igualdade de renda (distribui-
ção ideal) e 1 é a total desigualdade (VERSIANI; CARVALHO, 2012). 2.4. Programas de transferência de renda
Transferência, em Economia, denota uma movimentação financei-
2.3 Sistemas de proteção social ra de mão única, na qual um agente fornece (mercadorias, serviços,
“Proteção social” é um termo amplo que designa toda espécie de renda) e outro recebe, sem haver contrapartida material isto é, o be-
transferência de renda, auxílio, serviço e garantia que vise proteger neficiário não tem a obrigação de compensar, na forma de bens ou
a população pobre, necessitada ou em situação de risco. Sistemas de serviços, o montante transferido7. As transferências podem ser
de proteção social podem, também, ser levados a cabo por outros privadas, como doações à caridade e remessas de dinheiro a paren-
agentes que não governos. A proteção social se popularizou no sé- tes, ou governamentais, que são geralmente utilizadas como parte
culo XX, em meio ao modelo do Estado de bem-estar social ­(welfare de sistemas de proteção social, como as pensões estatais (auxílio-
state), inicialmente na forma de serviços públicos e seguridade so- -maternidade) e a transferência de renda (PAULANI; BRAGA, 2007).
cial (STANDING, 2007). No final do século, ela passou a ser vista Programas de transferência de renda são sistemas de proteção
também como forma de inclusão social ­(CECCHINI et al., 2009). e assistência social que envolvem repasse de recursos monetários
Bem como todo o modelo do “bem-estar social”, a proteção a famílias, indivíduos ou comunidades de recursos escassos, na
social governamental começou a ser duramente criticada nas últi- forma de transferências governamentais (CECCHINI et al., 2009).
mas décadas do século XX, em meio à doutrina libertária ou “ne- Adotamos neste artigo a definição stricto sensu, delimitando
oliberal”. Autores como Friedrich Hayek e Milton Friedman defen- nosso objeto de estudo para programas que transferem dinheiro
diam que os sistemas de proteção social deveriam ser de iniciativa
privada, e que a caridade e a doação voluntária deveriam ser reva-
lorizadas (VAN DIJK, 1998). De acordo com esses autores, a prote- 5
Segundo Mankiw (2012), “seguro social” são políticas governamentais voltadas
ção social gastava ineficientemente o dinheiro dos impostos e teria para a proteção de indivíduos contra o risco de adversidades.

levado à derrocada do modelo do welfare state (STANDING, 2007). 6


Medidas afirmativas são aquelas que visam à superação de discriminações
(CECCHINI et al., 2009).
Seguindo essa doutrina, instituições financeiras internacio- 7
Uma transferência, no entanto, pode exigir outro tipo de contrapartida que não
nais, como o Banco Mundial, apoiaram a privatização de progra- seja material. Isso, como será visto adiante, é comum no caso das dos programas de
transferência de renda.
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

diretamente e têm origem em Estados nacionais (governos). Não também é, de modo geral, restritiva: quando deixa de ser cum-
serão analisados, portanto, outros tipos de transferência, como prida, a transferência é suspensa ou encerrada, usualmente após
doações de agentes privados, tampouco outros sistemas de pro- certo prazo de adequação (FISZBEIN; SCHADY, 2009).
teção social, como a saúde pública e a reserva de vagas em uni- A transferência de renda não condicional, por sua vez, dis-
versidades, muito embora esses programas possam levar à redis- pensa a existência de uma contrapartida. Seus defensores argu-
tribuição de renda como um efeito indireto (SOARES, 2004). mentam que as corresponsabilidades não seriam necessárias,
É apropriado comentar sobre três características fundamen- pois o mecanismo de transferência de renda levaria, por si só, à
tais da transferência de renda. Em primeiro lugar, os beneficiá- melhoria dos níveis de capital humano (SOARES, 2004).
rios são, na maioria dos casos, famílias, tanto pela facilidade em As contrapartidas também poderiam ser consideradas arbi-
averiguar a renda familiar (em oposição à renda individual ou co- trárias, pois os pobres deveriam ter autonomia para seguir seus
munitária) quanto pelo papel fundamental da dinâmica familiar interesses (DE BRAUW; HODDINOTT, 2008). Contudo, a princi-
na formação de capacidades (CECCHINI et al., 2009). Em segun- pal razão para adotar modelos não condicionais é a impossibili-
do lugar, a TR é uma política de curto e longo prazo; o efeito de dade de se exigir contrapartidas, devido a deficiências em infra-
curto prazo é a suplementação da renda e redução imediata da estrutura, como a inexistência de sistemas públicos abrangentes
pobreza (SOARES, 2004). No longo prazo, pretende-se mitigar a de educação e saúde (CECCHINI, 2009).
296 pobreza, auxiliar a geração de independência financeira na for- Assim, não há, na literatura econômica, uma “modalidade 297
ma de renda permanente, fomentar o capital humano e romper o ideal” de transferência de renda – se com ou sem condicionalida-
ciclo da pobreza (CECCHINI et al., 2009). Em terceiro lugar, trata- des. É relativo consenso que cada tipo se adéqua melhor a deter-
-se de uma política essencialmente complementar à renda dos minado contexto social (CECCHINI, 2009).
mais pobres (MANKIW, 2012).
Os programas de TR podem, ainda, ser considerados siste- 3. ESTRUTURAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO
mas de seguro social, pois, apesar da estratégia de longo prazo,
podem conter riscos em eventuais adversidades. A transferência O processo de estruturação e implementação de programas de
de renda seria, assim, um seguro feito pelos indivíduos de uma TR exige cautela. Para a estruturação, deve-se ter em mente o ob-
sociedade para a eventualidade de se tornarem pobres (MANKIW, jetivo do programa para definir as demais configurações, como,
2012). Um dos principais desafios dos programas de TR é a sua in- por exemplo, a adoção de corresponsabilidades, se ele tem prazo
tegração com outros projetos de proteção social, a fim de garantir de término ou deve se estender até o findar da situação que pro-
uma rede integrada de seguridade (SANT’ANNA, 2009). piciou sua instauração. Para a implementação, é importante pos-
Nas décadas de 1990 e 2000, viu-se uma expansão global da suir mecanismos de acompanhamento, como coleta de dados, e,
transferência de renda, devido à experiência de sucesso do Bra- assim, readequar o programa conforme necessidades.
sil e do México. Se em 1997 havia apenas três programas de TR
de abrangência nacional, atualmente eles existem em grande 3.1.Estruturação
parte dos países em desenvolvimento – no Sul Asiático, na África Como dito anteriormente, os programas de TR podem ser atre-
Subsaariana e, principalmente, na América Latina e no Caribe lados ou não a corresponsabilidades. Elas têm o potencial de au-
(FISZBEIN; SCHADY, 2009). mentar os efeitos produzidos, mas o contexto regional prevalece
Existem dois tipos gerais de programa de transferência de
renda. A TR condicional, modalidade mais amplamente adotada,
transfere renda sob a condição do cumprimento, por parte dos 8
Como se trata de uma transferência, essa contrapartida não diz respeito a bens e
beneficiários, de contrapartidas, também chamadas de corres- serviços. O termo “corresponsabilidade” denota que existe dupla responsabilidade:
do Estado, em prover a transferência de renda; e dos beneficiários, em obedecer às
ponsabilidades e condicionalidades8. De modo geral, elas ocor- condições do programa (PAULANI; BRAGA, 2007).
rem na forma de investimentos em capital humano9, ou seja, o 9
Em Economia, capital humano é o acúmulo de investimentos feitos sobre as pesso-
cumprimento perceptível de metas em educação, saúde e nutri- as. Geralmente, repre-senta o conjunto educação, saúde e nutrição. Talvez a nutrição
ção; um exemplo é a exigência de matrícula em uma escola. Ela seja a mais básica, pois a desnutrição in-fantil alimenta um ciclo vicioso, tendo im-
pactos negativos nos outros fatores (MANKIW, 2012).
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

na decisão de exigi-las ou não. Um exemplo disso é o caso de pa- Após a definição sobre corresponsabilidades, a escolha do públi-
íses da África Subsaariana, onde os níveis de educação são infe- co-alvo é a próxima consideração a ser feita. Esse é um ponto cha-
riores ao restante do mundo e, por esse motivo, o programa de ve da estruturação, pois é essencial para a definição das demais
TR condicional pode ter sua eficácia reduzida. Assim, reforça-se a configurações do programa, bem como para garantir sua eficiên-
necessidade de avaliar o real valor de aplicação de corresponsa- cia. Nessa fase, deve-se definir sua abrangência geográfica (todo
bilidades em cada região (GARCIA; MOORE, 2012). o território nacional ou apenas parte dele), o método de identi-
O sucesso do programa mexicano Oportunidades10 favore- ficação e registro dos beneficiários de transferência e de moni-
ceu a propagação de programas condicionais – a maioria deles toramento do projeto (INTERNATIONAL FEDERATION OF RED
tendo como metas reduzir a pobreza e estimular investimentos CROSS, 2007). Esse é um ponto crítico, já que “requer intensa
em capital humano – mas, ainda assim, não representam um mo- interação entre assistentes sociais12 e as famílias, não apenas na
delo único a ser seguido (FISZBEIN; SCHADY, 2009). Ao definir fase de diagnóstico, mas também em termos de monitoramento”
as configurações do programa, devem-se analisar certos fatores, (FISZBEIN; SCHADY, 2009, p. 173, tradução nossa).
alguns deles presentes no seguinte fluxograma: Nesse sentido, o caso do Chile13 (Chile Solidario) “deve ser-
vir de modelo para outros países de renda média, mas pode não
ser acessível para muitos países emergentes” (FISZBEIN; SCHA-
298 REDISTRIBUIR OU NãO? DY, 2009, p. 173, tradução nossa). Ainda assim, se o subsídio for 299
demandado em situação emergencial (como em casos de guer-
ra), os métodos mais complexos e demorados para definição de
público-alvo devem ser ignorados para que haja uma resposta
SIM rápida e refinados ao estabilizar da situação (IFRC, 2007).
A escolha das corresponsabilidades está atrelada à disponibi-
lidade de infraestrutura encontrada na região de ação do progra-
ma, como escolas e um sistema básico de saúde acessível, bem
SUBINVESTIMENTO EM como na possibilidade de monitorar o cumprimento das condi-
CAPITAL HUMANO?
ções aplicadas. No caso do programa Bolsa Família14 exige-se va-
SIM cinação, acompanhamento médico regular, participação da mãe
em seminários sobre saúde e nutrição e matrícula e frequência
em escolas de filhos dos seis aos dezessete anos, com o mínimo
TRANSFERÊNCIA DE RENDA
CONDICIONAL de assiduidade de 85%. Entretanto, tais condições não poderiam
NÃO ser exigidas em alguns países africanos e sul-asiáticos por não
Fonte11 : FISZBEIN; SCHADY, 2009, p.12, tradução nossa.

possuírem a estrutura mínima de forma a garantir acesso a esses


serviços (FISZBEIN; SCHADY, 2009).
CONSIDERAR TRADE-OFFS

SIM
10
O programa mexicano será analisado na subseção 7.2.
11
Externalidades são “o impacto das ações de uma pessoa sobre o bem-estar de
outras que não tomam parte da ação” (MANKIW, 2012, p. 11).
ECONOMIA POLÍTICA ANTIPOBREZA? 12
Em programas de TR, “assistentes sociais prestam assistência às famílias que se
aplicam para o pro-grama, além de apoio psicossocial”(GARCIA; MOORE, 2012, p.
NÃO 287, tradução nossa).
13
O programa chileno serve de exemplo por apresentar um público alvo estreito e
pela eficiência admi-nistrativa (FISZBEIN; SCHADY, 2009).
TRANSFERÊNCIA DE RENDA 14
Bolsa Família é um programa brasileiro de TR condicional. Foi criado para unificar
NÃO CONDICIONAL
os então quatro programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação e
Auxílio Gás e tem como objetivo ultimatar a pobreza extrema no país (BRASIL, 2012).
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

A seleção de níveis de pagamento depende, principalmente, alcançar as metas [de capital humano nos programas de transfe-
dos objetivos do programa, seja alimentação, seja recuperação rência condicional de renda] exigirá adaptação do suprimento de
dos meios de subsistência, por exemplo. Também se deve levar serviços. Em alguns países, essa adaptação pode necessitar que os
em conta se os beneficiários já recebem outro auxílio e se os pre- governos ou outros agentes providenciem serviços onde nada exis-
ços dos itens que serão adquiridos tendem a aumentar durante a tia antes (FISZBEIN; SCHADY, 2009, p. 24, tradução nossa).
duração do programa (IFRC, 2007). Alguns fatores importantes a
observar são a transferência para se atingir os objetivos do pro- Segundo Fiszbein e Schady (2009), por esse motivo, na maioria das
grama, seu orçamento e o período de reajuste de valores. Nessa vezes diferentes programas de TR condicionais de um mesmo país
decisão, há importantes trade-offs15: associam-se, complementando-se e agregando características di-
ferentes. Mais ainda, é importante ter em mente que os programas
O primeiro deles é que quanto mais os implementadores do pro- de TR não são suficientes para resolver a pobreza ou solucionar
grama gastarem expandindo o público-alvo, menor será o valor emergências. “Eles podem agir como complemento de outras for-
disponível para transferir a cada beneficiário; o segundo é que, em mas de assistência, mas não substituí-las” (IFRC, 2007, p. 16).
contraste, a introdução por autodeclaração é mais fácil e barata de Outro ponto essencial para o bom desempenho dos programas
se administrar16, porém suas oportunidades são limitadas e no caso é o monitoramento, que visa assegurar seu funcionamento (IFRC,
300 da transferência de renda, e quando os níveis de pobreza são altos, 2007). Para isso, podem ser usados sistemas de dados que permi- 301
raramente é efetiva (SLATER; FARRINGTON, 2009, p. 2). tem a elaboração de relatórios regulares de custos, atividades, re-
sultado se beneficiários, que, por sua vez, possibilitam o aumento
Além disso, há a escolha em relação ao gênero do chefe da família de cobertura, a melhoria de qualidade dos serviços envolvendo
ao qual será repassado o benefício. Como será visto na seção 4, há eventuais corresponsabilidades e a adequação ao cenário estabe-
respaldo na literatura para que seja repassado às mulheres. lecido. Esse processo, se feito continuadamente, permite o aperfei-
É importante, também, considerar as condições regionais, pois çoamento e a efetividade do programa (GARCIA; MOORE, 2012).
essas podem ser “um fator limitante à efetividade de programas Aos casos em que se aplica, a verificação de cumprimento de
condicionais” (FISZBEIN; SCHADY, 2009, p. 187, tradução nossa). condicionalidades varia bastante – há casos de conferência men-
Assim, deve-se moldar cada projeto de acordo com a circunstân- sal (Turquia – Social Risk Mitigation Project) até e anual (Camboja –
cia e necessidades locais, uma vez que certas demandas surgem Female Secondary School Assistance Program). Enquanto para
fundamentadas no cenário nacional, não sendo proveitoso utili- alguns programas o não cumprimento pode ser justificado – por
zar métodos aplicados em outros países. São exemplos os casos motivo de doença, por exemplo –, para outros pode implicar em
de programas como o alemão implantado em 2002 e o brasileiro redução no valor do subsídio ou até a sua suspensão já na primei-
Bolsa Escola: o primeiro tinha como objetivo auxiliar as pessoas ra ocorrência (FISZBEIN; SCHADY, 2009).
mais afetadas a suprirem suas necessidades quanto à recuperação
e reconstrução emergenciais após fortes chuvas e alagamentos 4. IMPACTOS DOS PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE RENDA
(IFRC, 2007), enquanto o segundo tem o objetivo de aumentar o
nível de escolaridade e reduzir o índice de trabalho infantil no país Um aspecto fundamental no que diz respeito a programas de TR
(GLEWWE; KASSOUF, 2011). Ressalta-se, portanto, que, ainda que é até que ponto estes são úteis em fazer aquilo a que se propõem:
alguns programas apresentem certas similaridades, cada um deles aliviar a pobreza e serem instrumentos de desenvolvimento eco-
é criado para um cenário específico, característico de cada país. nômico e redução das desigualdades sociais. A eficiência dos

3.2. Implementação
Ainda que sejam eficazes, os programas de transferência condi- 15
“Trade-off é uma expressão que define uma situação de escolha conflitante, isto é,
cional de renda não solucionam todos os problemas relacionados quando uma ação econômica que visa à resolução de determinado problema acarre-
ta, inevitavelmente, outros.” (MANKIW, 2012, p.4)
à pobreza. Por privilegiarem o investimento em capital humano, 16
Quando as próprias famílias ou indivíduos optam por participar do programa. Nes-
funcionam como um foco de mudança a fim de se reduzir a po- se caso, os custos com levantamento de dados para definir o público alvo, bem como
breza extrema. Nesse sentido, o número de participantes tendem a ser menores.
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

programas, o montante de dinheiro envolvido e efeitos adversos (antecessor do programa Oportunidades), também apresentam a
no mercado de trabalho são exemplos de questionamentos que comprovação de resultados positivos, beneficiando-se da grande
podem ser feitos ao se discutir sua existência. ênfase colocada na avaliação de resultados.
Esta seção se propõe a apresentar a ampla gama de evidên- É possível então afirmar que há provas robustas de que pro-
cias empíricas já produzidas pelos diversos programas ao redor gramas de TR condicional podem funcionar – o que não significa
do mundo, como o Bolsa Família, no Brasil, e o Oportunidades, que funcionem sempre. Mas a literatura econômica não se atém
no México. Em primeiro lugar discutem-se os benefícios eco- somente aos programas de transferência condicional. Existem
nômicos gerados por programas de transferência de renda. Em também evidências da eficácia de diversos programas de trans-
segundo lugar discutem-se alguns dos principais efeitos sociais ferência não condicional.
observados pelos estudiosos do tema. Um dos maiores programas de transferência não condicio-
nal na África é o sul-africano Child Support Grant, que oferece
4.1. Impactos econômicos dos programas de transferência de renda R280, cerca de US$ 32, (ÁFRICA DO SUL, [s.d.]) com o objetivo de
O principal objetivo dos programas de TR é a diminuição da po- melhorar as condições de criação de crianças em situação de po-
breza nos grupos envolvidos, principalmente em termos de con- breza. Tanto Agüero, Carter e Woolard (2007) como um relatório
sumo mínimo. Por isso, desde o início de sua aplicação têm-se interagencial de avaliação (DSD, SASSA e UNICEF, 2012) chegam
302 preocupado em medir se, de fato, a diminuição da pobreza é um à conclusão de que o programa é fonte de resultados expressivos, 303
efeito que pode ser observado e atribuído a eles. principalmente em termos de nutrição infantil.
Programas de transferência de renda condicional e não con- Por último, deve ser considerada a questão da relação custo-
dicional têm especificidades e diferenças, mas ambos apresen- -benefício no que diz respeito a programas de TR. Ainda que estes
tam fortes evidências de sucesso. O relatório do Banco Mundial apresentem resultados positivos, um custo desproporcional signifi-
sobre transferências condicionais, escrito por Fiszbein e Schady caria trade-offs importantes em relação a outras políticas públicas. A
(2009), traz a avaliação de vários programas para demonstrar que evidência, no entanto, aponta que tais programas geram excelentes
existem indícios empíricos para a sustentação do sucesso desses resultados para o montante investido. Behrman e Skoufias (2006),
programas em geral. também apontam para uma boa relação custo-benefício, ainda que
Utilizando um indicador chamado Índice de Profundidade reconheçam as dificuldades inerentes à valoração econômica dos
da Pobreza ao Quadrado (BANCO MUNDIAL, [s.d.]c), que mede benefícios gerados, como melhor educação, nutrição, entre outros.
“a severidade da pobreza, e tem em conta as desigualdades entre
os pobres” (VIEIRA, 2005, p.13), o Banco Mundial calculou que o 4.2. Impactos sociais dos programas de transferência de renda
programa mexicano Oportunidades foi causa de redução de 29% Programas de TR têm, principalmente no que diz respeito à apli-
nesse índice, o que significa um efeito bastante positivo. OPATH, cação de condicionalidades, outros objetivos além do alívio ime-
da Jamaica, reduziu-o em 13% e o Bolsa Família, em 15%” (FISZ- diato da pobreza econômica. Ademais existe, como em toda po-
BEIN; SCHADY, 2009). Isso significa que há evidências de que tais lítica pública, consequências que não estavam entre os objetivos
programas obtiveram sucesso em melhorar a vida dos mais pobres. dos formuladores da política, mas que devem ser avaliadas. Este
Ravaillon (2006) afirma que uma questão importante na ado- artigo foca em questões sociais específicas para tentar avaliar os
ção de programas de transferência condicional de renda é garan- impactos dos programas: mercado de trabalho; educação e traba-
tir que os benefícios de tais programas sejam realmente acessa- lho infantil; nutrição infantil e empoderamento feminino.
dos por pessoas pobres. A leitura de Soares et al. (2006) responde
a esse questionamento para o caso do Brasil e corrobora os resul- 4.2.1. Mercado de trabalho
tados encontrados pelo Banco Mundial. Segundo os autores, 80% Uma das preocupações correntes no que diz respeito a programas
dos benefícios do Bolsa Família eram destinados a pessoas abaixo de transferência de renda é um possível efeito de desincentivo à
da linha de pobreza. Além disso, o artigo afirma que o programa participação no mercado de trabalho. Ou seja, que as pessoas ten-
foi responsável por 21% na queda do Índice de Gini, entre 1995 e dam a trabalhar menos ou tolerar mais facilmente o desemprego
2004. Behrman e Skoufias (2006), avaliando o programa Progresa por conta da renda suplementar obtida por meio da transferência.
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

Há uma quantidade significativa de literatura acadêmica so- mente importante: a diminuição da incidência de trabalho in-
bre o tema. Talvez por ser uma das críticas mais facilmente feitas fantil. Esse efeito se dá por dois caminhos. O primeiro é, como
a programas de TR, foram feitos consideráveis esforços para veri- mencionado, a aposição de condicionalidades: a necessidade
ficar se esse efeito pode ser observado. Fiszbein e Schady (2009) de comparecer à escola para garantir o benefício faz com que a
analisam algumas pesquisas feitas nos programas do México, criança tenha menos tempo disponível para trabalhar. O segundo
Equador e Camboja e em nenhum dos casos pode ser observado é um efeito-renda: com a renda auxiliar advinda dos programas
o desincentivo ao trabalho. Behrman e Skoufias (2006) também de transferência, as famílias tornam-se menos dependentes da
não observam esse efeito ao estudarem o Oportunidades. renda que os filhos costumavam auferir por meio do seu trabalho.
Apenas no caso da Nicarágua (MALLUCCIO; FLORES, 2005) O relatório do Banco Mundial sobre transferências condicionais
pôde-se observar uma redução do número de horas trabalhadas de renda afirma que muitos programas tiveram sucesso em dimi-
por homens adultos, mas não por mulheres adultas. Isso mostra nuir o trabalho infantil, como o do Camboja, que reduziu o tra-
que é possível organizar um programa de TR que não signifique balho infantil em 11%, além dos programas do México, Equador,
um desincentivo à participação no mercado de trabalho, mas entre outros (FISZBEIN; SCHADY, 2009).
também que esta é uma questão que não pode ser ignorada pelos
formuladores de políticas públicas. 4.2.3. Nutrição infantil
304 A desnutrição infantil é um dos mais preocupantes problemas de 305
4.2.2. Educação e trabalho infantil saúde pública em países em desenvolvimento, principalmente
Muitos programas de transferência de renda condicional, como o porque é o fator que mais contribui para a mortalidade infantil.
Bolsa Família, estabelecem como um dos requisitos para o rece- Analisando o programa de transferência não condicional Child
bimento que as crianças e adolescentes da família estejam matri- Support Grant, da África do Sul, Agüero, Carter e Woolard (2006)
culados e frequentando a escola. O objetivo é utilizar incentivos concluíram que a renda suplementar decorrente do programa in-
econômicos para garantir o desenvolvimento de capital humano fluenciou positivamente os níveis de nutrição infantil, medidos
entre os mais pobres. por meio da relação altura/idade em crianças.
Os estudos mostram que a estratégia funciona: na Nicarágua, Behrman e Hoddinott (2005) afirmam encontrar uma corre-
o programa Red de Protección Social (RPS) foi responsável por um lação positiva e substancial entre os programas de TR e a suple-
aumento de 72% para 92,7% de matrícula escolar para crianças mentação nutricional de crianças entre 12 e 36 meses de idade.
de 7 a 13 anos, em apenas dois anos (MALLUCIO; FLORES, 2005). Apesar disso, em alguns programas, como em Honduras, a cor-
Apesar disso, é preciso garantir presença na sala de aula. Os auto- relação mencionada não foi observada, e o conjunto das obser-
res calculam que, no RPS, o efeito na presença foi ainda maior do vações em todos os programas apresenta um resultado misto em
que o efeito na matrícula. vez de uma resposta clara. Mesmo assim existem outras corre-
Filmer e Schady (2006) avaliaram um programa de TR condi- lações, como por exemplo as que dizem respeito aos impactos
cional cujo objetivo específico era aumentar a escolaridade entre de um programa de TR condicional na incidência de anemia
meninas no Camboja. Segundo o censo de 2000, 78% das meni- ­(FISZBEIN; SCHADY, 2009).
nas em áreas rurais daquele país havia completado a primeira
série, mas apenas 17% havia completado a sétima. Os impactos 4.2.4. Empoderamento feminino
do programa foram maiores do que o objetivado inicialmente: A questão do efeito das transferências de renda para o empode-
estima-se um impacto positivo de 30% na matrícula e 43,6% na ramento feminino é menos conspícua do que as tratadas acima.
presença. Ainda que, como os próprios autores admitem, tais es- Apesar disso, alguns trabalhos sublinham a sua importância nes-
timativas estejam sujeitas a um erro padrão considerável, ainda sa questão. Essa influência pode se dar tanto diretamente, como
assim são resultados relevantes. no caso do Camboja, onde um programa de transferência de ren-
A utilização de programas de TR para aumentar a escolari- da voltado para a escolaridade feminina foi capaz de impactar o
dade entre crianças e adolescentes tem ainda outro efeito igual- cenário local, ou indiretamente, por meio de um maior poder de
decisão nos gastos familiares (FILMER; SCHADY, 2006).
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

Muitos programas de TR escolhem as mulheres como reci- dicional, já que estes possuem uma abordagem multidimensio-
pientes. Existem evidências de que elas tendem a alocar os recur- nal para a redução da pobreza. Essa abordagem requer coorde-
sos dos programas de modo mais favorável em relação à nutrição nação entre diferentes setores, como os de educação e de saúde,
de crianças ou à segurança alimentar, por exemplo. Apontam-se e unidades territoriais, como estados e municípios, o que é difícil
três motivos pelos quais transferências de renda destinadas às quando as instituições são frágeis (CECCHINI, 2009).
mulheres aumentam o status da mulher e seu poder de decisão: Também são necessários sistemas de gerenciamento de
por meio do questionamento de preconceitos sobre o trabalho informações para registrar beneficiários e sistemas bancários
feminino, demonstrando que este pode ser tão valioso quanto o consolidados para a realização dos pagamentos. Países de baixo
trabalho masculino; aumentando o status da mulher perante a rendimento, porém, geralmente têm fraca capacidade estatística
sociedade e também aumentando a própria autoestima de mu- e frágeis sistemas bancários. A Guatemala, que hoje realiza paga-
lheres em situação de pobreza(KHOGALI; TAKHAR, 2001). mentos através de um banco estatal, no passado careceu de am-
A partir dos estudos empíricos sobre os efeitos dos programas bos: os pagamentos eram feitos em espécie em eventos de massa.
de transferência de renda condicional e não condicional, é possí- Na Nicarágua, a renda era transferida por empresas de segurança
vel concluir que existem muitos benefícios proporcionados por es- contratadas para esse propósito (CECCHINI, 2009).
ses programas, principalmente para os mais pobres. Não significa
306 que todos os programas sejam eficientes ou que exista algum livre 5.2. Duração 307
de falhas. É preciso expandir as pesquisas sobre os resultados e Outro desafio é a quebra do ciclo de pobreza, evitando uma de-
construir modelos ainda mais eficientes, delimitando quais estra- pendência da renda transferida. Para isso, é necessário que as
tégias dão certo e quais precisam ser reformuladas ou descartadas. crianças beneficiadas recebam suporte contínuo durante todo o
seu ciclo educacional. Em contraste a essa necessidade, progra-
5. DESAFIOS E PERSPECTIVAS DE APRIMORAMENTO mas como o paraguaio Tekoporâ são criados com o objetivo de
retirar famílias da pobreza no curto prazo (no caso mencionado,
Como visto anteriormente, os programas de TR têm obtido suces- três anos) (SOARES; BRITTO, 2007).
so considerável em muitas áreas. Apesar disso, veremos que são Já o programa Chile Solidario é tido por analistas como mo-
muitos os entraves ao seu desenvolvimento, bem como as medi- delo na abordagem desse problema, apesar de ter duração de
das tomadas para superar esses problemas. dois anos para cada família. Isso porque durante esse período,
além da transferência de renda, é provido intenso apoio psicos-
5.1. Desafios em países de baixo rendimento social (SOARES; BRITTO, 2007). Esse suporte se dá por meio de
Para países de baixo rendimento e com instituições17 fracas, os de- um trabalho domiciliar realizado por assistentes sociais, voltado
safios são ainda maiores, pois possuem recursos limitados para o ao desenvolvimento das capacidades das famílias, de modo que
investimento nos programas. Honduras, por exemplo, investe ape- superem a extrema pobreza (DRAIBE, 2007). Ademais, após seu
nas 0,02% de seu PIB, enquanto o México, um país de médio ren- término as famílias ainda podem candidatar-se a participar de
dimento, investe 0,44% (CECCHINI et al., 2009). Há também um outros programas de TR do país (SOARES; BRITTO, 2007).
alcance muito menor; como na Nicarágua, cujo programa alcança Por outro lado, o fato de muitos programas serem curtos de-
apenas 7,8% da população em extrema pobreza, em comparação mais não se deve apenas a uma estruturação inadequada, mas,
com o Brasil e com o México, que têm um número de beneficiários principalmente, à já mencionada escassez de suporte financeiro
maior até do que o número de pessoas vivendo em extrema pobre- e institucional. Esse é também o motivo pelo qual tem havido, no
za. Quando há poucos recursos financeiros, tanto a variedade de Tekoporâ, mudança do foco em melhorias em capital humano
ações que o programa pode realizar quanto seu alcance são meno- para a execução de atividades complementares, como a agricultu-
res. Assim, o programa tem efeito reduzido em comparação a ou-
tros planejados e executados com mais recursos (CECCHINI, 2009).
Além disso, a ausência de instituições fortes é um entrave, 17
Tidas, aqui, como regras formais: leis, procedimentos e organização das entidades
principalmente em relação aos programas de transferência con- públicas, além das próprias entidades (NORTH, 1991)
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

ra (MOTA; AMARAL; PERUZZO, 2010). Essas poderiam alavancar como exemplo ainda o caso brasileiro, inúmeras foram as des-
as capacidades produtivas das famílias, para que elas superassem cobertas de desvio de verbas destinadas ao Bolsa Família, como
a pobreza no período de três anos sem os altos gastos necessários pessoas recebendo o benefício mesmo tendo renda muito su-
ao investimento em capital humano (SOARES; BRITTO, 2007). perior à estabelecida para a elegibilidade ao programa e ainda
interrupções inexplicadas na sua distribuição (O GLOBO, 2012).
5.3. Clientelismo Para o combate à corrupção, o primeiro passo é efetuar um bom
Como já dito, programas de TR são instrumentos importantes na planejamento e uma execução eficiente do programa. Os respon-
redução da pobreza. Porém, sua implementação implica o risco sáveis pela seleção dos beneficiários devem ser extremamente
do clientelismo político – troca de votos por favores. A fim de con- cuidadosos, buscando comprovações de adequação das famílias
seguir participação no programa e receber ajuda financeira, famí- ao público-alvo. Instituições fortes também diminuem o risco de
lias confiam em autoridades encarregadas do registro de bene- corrupção, já que tornam o processo regulamentado e assim me-
ficiários e da verificação das condicionalidades. Como resultado, nos suscetível a brechas para a inclusão de parentes ou amigos de
os governantes gozam de uma posição privilegiada em nível local, autoridades responsáveis pelo programa. Sistemas de informa-
podendo pedir apoio político em troca (HEVIA, 2010). ção transparentes e de fácil acesso ao público também são armas
No Brasil, o programa Bolsa Família desenvolveu procedi- no combate à corrupção (FISZBEIN; SCHADY, 2009).
308 mentos preventivos para reduzir esses riscos: os critérios de ele- É necessário o aprimoramento do sistema anticorrupção, 309
gibilidade para beneficiários são claros, seus dados são públicos, para que esta não reduza os recursos destinados ao programa
os benefícios são pagos por meio de instituições bancárias e há nem mine a sua credibilidade, principalmente no cenário nacio-
accountability18 no monitoramento das autoridades responsáveis. nal. Conforme veremos na subseção seguinte, o apoio interno é
Além disso, o programa fortaleceu relações diretas entre o gover- fator determinante à sustentabilidade de programas de proteção
no e a população, e inibiu a mediação de líderes e organizações, a social como os de TR, que necessitam de um considerável inves-
fim de evitar o clientelismo em nível local. Por isso, informações timento de dinheiro público.
a respeito do registro no programa foram divulgadas na televisão,
no rádio e em escolas, e a comunicação com as famílias benefi- 5.5.Apoio interno
ciadas foi estabelecida por meio de cartas e escritórios de serviço O programa condicional da Nicarágua, Red de Protección Social
assistencial (HEVIA, 2010). (RPS), foi aclamado internacionalmente por seus resultados. Nú-
Apesar disso, é frequente no país o pensamento de que o meros positivos em indicadores de educação, saúde e empodera-
programa teria como grande motivação angariar votos para seus mento feminino transformaram-no em uma espécie de modelo.
realizadores. Acredita-se que ainda exista influência do progra- Porém, para a surpresa da comunidade internacional, o governo
ma nas votações, porém a tendência é que isso diminua à medida nicaraguense voluntariamente o encerrou (MOORE, 2009).
que a população entenda o programa como algo natural. Nesse A queda do RPS não se deu por falta de resultados, mas em
momento, sua importância diminuirá na escolha de candidatos parte por sua falha em estabelecer uma imagem positiva dentro
políticos (O GLOBO, 2012). do país. Havia uma forte crença entre a população de que o RPS
Ainda nesse sentido, há o risco de que programas de suces- estava perpetuando a pobreza ao dar dinheiro aos mais pobres.
so sejam interrompidos quando um novo governo é eleito. É im- Contribuiu para isso o fato de os componentes educacionais do
portante que iniciativas positivas sejam tratadas como políticas programa não serem muito conhecidos ou entendidos pelos crí-
de Estado, não de partidos, a serem mudadas a cada nova admi- ticos nacionais (MOORE, 2009).
nistração para que esta possa lograr influência junto aos pobres
(CECCHINI, 2009).
18
Accountability é a capacidade da instituição em ser responsável com seus cidadãos,
5.4. Corrupção abdicando de suas preferências de modo a aumentar a participação política destes e
reconhecendo as normas e costumes sociais da sociedade que está inserida, inclusi-
Além do clientelismo, outra crítica aos programas de TR é que ve prestando-lhe contas (BANCO MUNDIAL, 2011).
em determinados países são muito passíveis à corrupção. Tendo
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

Outra crença equivocada era a de que o programa era ine- Colômbia, Quênia, Macedônia, Paquistão e Filipinas (FISZBEIN;
ficiente e caro. O RPS poderia ter recebido mais apoio se os im- SCHADY, 2009).
pactos do programa houvessem sido frequentemente divulgados. O segundo caso é importante porque a maioria das ações de
Em vez de responder às acusações, os responsáveis estavam mais apoio de órgãos externos se dá por meio de prestação de assis-
preocupados em refutar críticas externas, como forma de evitar tência técnica ao projeto. Mesmo em casos onde a doação ocorre,
o corte de fundos providos por credores internacionais. Por mais ela vem acompanhada de assistência para garantir o uso ótimo
que haja certa razão nessa ação, ela negligencia a importância da dos recursos. O apoio financeiro provido pelo Banco Mundial a
aprovação doméstica (MOORE, 2009). operações de TR atinge agora 13 países, com suporte técnico tan-
to aos governos nacionais quanto aos doadores [países e outras
5.6. Integração e troca de know-how entre países organizações] (FISZBEIN; SCHADY, 2009, tradução nossa).
Para que erros como os já citados não se repitam e os programas Essa assistência técnica é muito importante pelo fato de o
possam ser aprimorados, é importante que haja troca de experi- Banco Mundial ser um centro de referência em expertise técnica
ências. Para isso, é necessário que os países construam um amplo relacionada a programas de desenvolvimento. O extenso know-
sistema de informação, para que dados sejam coletados e isso -how em projetos acumulado pelo Banco permite que governos
possibilite tanto a avaliação interna de resultados quanto a troca possam gerir seus programas com menos erros e mais acertos,
310 de know-how com outros países (FISZBEIN; SCHADY, 2009). economizando dinheiro e tempo. 311
Nesse quesito, temos como exemplos o Oportunidades, no Não somente o Banco Mundial tem a capacidade de prover su-
México, e o Bolsa Família, no Brasil. Ambos realizaram grandes porte técnico a programas de transferência de renda em países em
coletas de informações, o que facilita o intercâmbio (FISZBEIN; desenvolvimento. Órgãos como o DFID, Departamento de Desen-
SCHADY, 2009). As experiências do Bolsa Família, por exemplo, volvimento Internacional do governo do Reino Unido, também atu-
já foram levadas para Angola e Moçambique (FERNANDES JR, am nessa área, muitas vezes trabalhando em conjunto. Um exem-
2012). A partir dessas trocas, é possível discutir e pensar novas plo disso pode ser visto no programa de TR condicional do governo
soluções para problemas comuns. das Filipinas, Pantawid Pamilya. O Banco Mundial, junto à Agên-
cia de Desenvolvimento Internacional da Austrália (AusAID), aju-
6. O PAPEL DOS AGENTES EXTERNOS dou o programa a incorporar mais elementos anticorrupção e de
governança. A UNICEF também atua no programa Pantawid Pa-
Esta seção tem por objetivo discutir de que modo os organismos milya, auxiliando o governo local a completar um sistema de mo-
internacionais e outros agentes externos aos governos nacionais nitoramento comunitário e um mapeamento da pobreza na região
podem impactar a formulação ou implementação de programas para identificar onde estariam os mais necessitados (DSWD, 2012).
de TR de modo positivo. O primeiro ponto a ser levado em consi- Muitos outros exemplos podem ser mencionados, como a
deração é que esses programas são políticas de responsabilidade pesquisa apoiada pelo DFID no Egito, a qual foi o ponto de par-
primariamente de Estados. Apesar disso, organismos internacio- tida para a criação de um programa de transferência condicional
nais podem ter um papel importante em garantir a efetividade e de renda voltado ao empoderamento feminino (DFID, 2010), ou
continuidade de tais programas, por duas vias principais: a pri- o relatório de avaliação do programa Bolsa Família, feito por uma
meira é a doação direta de dinheiro. A segunda, possivelmente empresa privada em parceria com o Programa das Nações Uni-
ainda mais relevante, é o fornecimento de assistência técnica às das para o Desenvolvimento (PNUD, 2012).
diversas fases de formulação do programa.
No primeiro caso, agências internacionais como o Banco 7. ESTUDOS DE CASO
Mundial podem ajudar por meio da doação de dinheiro. Em
2009, por exemplo, o Banco Mundial disponibilizou cerca de Nesta seção, serão feitos dois estudos referentes à implementa-
US$ 2,4 bilhões para o início ou expansão de programas de ção, aos resultados e aos impactos da transferência de renda. Em
transferência condicional de renda em países como Bangladesh, primeiro lugar, será analisado o projeto guatemalteco Mi Familia
Progresa, que é recente e enfrenta, ainda, vários desafios (CEC-
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

CHINI et al., 2009). A seguir, será analisado o mexicano Oportuni- 7.1.2. Implementação e impacto
dades, uma das primeiras experiências de TR em escala nacional O programa guatemalteco Mi Familia Progresa (MFP) foi implan-
(FISZBEIN; SCHADY, 2009). tado em 2008 e, embora seja recente, é relativamente eficaz em
Escolheu-se abordar dois países de grande proximidade geo- termos de cobertura, alcançando 47% das famílias em extrema
gráfica para excluir fatores regionais e de distribuição étnica; pelo pobreza no país. No entanto, ainda não é suficiente para uma re-
mesmo motivo, ambos os programas são de TR condicional. Ex- dução da pobreza em larga escala (CECCHINI et al., 2009).
cluídas essas variáveis, a diversidade de resultados entre os pro- O MFP faz parte de uma série de iniciativas implantadas após
jetos pode ser atribuída à sua implementação. Assim, defendere- uma sucessão de guerras civis que levou à miséria boa parte dos
mos o argumento de que o sucesso ou o fracasso desses projetos guatemaltecos; conseguiu-se, desde então, reduzir a pobreza em
se deve, a princípio, à sua adequação ao contexto social em que 20%. Ainda assim, há graves quadros de desnutrição, evasão es-
atuam e à meticulosidade no planejamento e na execução. colar e mortalidade infantil no país (CECCHINI et al., 2009). Para
combater esses fenômenos, o MFP tem como público-alvo famí-
7.1. O caso Guatemala – Projeto Mi Familia Progresa lias de baixa renda com crianças até 15 anos de idade (FISZBEIN;
7.1.1. Contextualização SCHADY, 2009). Visando diminuir a desigualdade étnica e regio-
A Guatemala está entre os países mais pobres e mais desiguais nal, as primeiras localidades cobertas foram, em geral, municí-
312 da América Latina. A proporção da população abaixo da linha da pios pobres e/ou de maioria indígena (CECCHINI et al., 2009). 313
pobreza é de 51%. Há, em relação à desigualdade, um forte com- Os pagamentos são realizados bimensalmente e somam 600
ponente étnico: os grupos indígenas, cerca de 40% da população, quetzals (moeda local), o correspondente a cerca de 40 dólares
também são a parcela mais pobre do país (CECCHINI et al., 2009). americanos (FISZBEIN; SCHADY, 2009). O montante é conside-
O IDH do país é de 0,574, considerado como de médio a baixo rado significativo para o nível de renda do país, mas não é sufi-
desenvolvimento (PNUD, 2012). ciente para a mitigação, em larga escala, da pobreza. Na família, a
No capital humano, a situação também é preocupante (FISZ- recipiente da transferência é a mãe, como estratégia de empode-
BEIN; SCHADY, 2009). Segundo a Agência Central de Inteligência ramento feminino (CECCHINI et al., 2009).
norte-americana, a CIA, (2012), apenas 37,3% das crianças se- O benefício ocorre na forma de dois subsídios, voltados para
guem para o ensino secundário e o analfabetismo atinge 31% da a educação e a saúde. Recebem o subsídio educacional as famí-
população. As taxas de mortalidade e trabalho infantil, de desnu- lias com crianças de 6 a 15 anos de idade, e recebem o subsídio
trição e de incidência de enfermidades como AIDS e tuberculose de saúde famílias com gestantes ou crianças com menos de 6
estão entre as mais altas da América Latina. anos. As contrapartidas envolvem, no campo da saúde, controles
A proporção de trabalho informal é também muito elevada – de crescimento e consultas médicas regulares das crianças e ges-
dois terços dos trabalhadores têm baixa remuneração e alta ins- tantes. No plano educacional, requer-se ao menos 90% de com-
tabilidade no emprego (CECCHINI et al., 2009). Como consequ- parecimento escolar (FISZBEIN; SCHADY, 2009). A transferência
ência, a renda familiar é pequena e o PIB per capita, um dos mais pode ser suspensa se as contrapartidas forem descumpridas por
baixos do mundo, contribuindo, assim, para a intensificação da três vezes; a sua verificação, contudo, ainda não foi totalmente
pobreza (CIA, 2012). estabelecida (CECCHINI et al., 2009).
Os problemas sociais do país são, ainda, agravados pela ine-
ficácia do Estado e pela fragilidade da democracia. O acesso à já 7.1.3. Análise de resultados
escassa proteção social é também baixo, devido à concentração Na Guatemala, a ideia de um programa nacional de TR surgiu da
da população no meio rural. Assim, apesar de haver altos índices vontade política de se fazer ações concretas contra a pobreza, base-
de pobreza e desigualdade, pouco se investe para resolvê-los, e os ando-se na experiência do México. Porém, não houve preparação
frutos dos investimentos não estão disponíveis à maior parte da razoável – de concepção nem de estrutura. A exigência de condi-
população (CECCHINI et al., 2009). cionalidades ocorreu sem mecanismos de fiscalização, nem infra-
estrutura para atender o aumento da demanda por esses serviços;
a seleção de beneficiários também não é, ainda, sistematizada. Em
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

resumo, a grande pressão política para a criação do projeto fez com como operações descoordenadas e desequilíbrio entre as áreas
que fosse instalado um programa inacabado (CECCHINI, 2009). urbana e rural. Percebeu-se, então, a necessidade da integra-
Havendo-se percebido essa fragilidade institucional, desde ção entre eles. Em 2002, o Progresa teve seu nome mudado para
o advento do MFP têm sido elaborados programas para ampliar Oportunidades e integrou os programas anteriormente isolados e
a infraestrutura do país. O Mi Escuela Progresa, por exemplo, foi de impacto limitado (RODRIGUEZ, 2007).
concebido para trabalhar em conjunto com o MFP nas comuni- O Oportunidades mostrava-se uma nova iniciativa por diversas
dades indígenas. Essas medidas são importantes, e têm mostra- razões. Entre elas, pode-se citar a transferência de benefícios em
do algum resultado, mas a infraestrutura ainda não é suficiente dinheiro e direta aos beneficiários, o investimento em capital
(CECCHINI, 2009). humano (nutrição, saúde e educação), a seleção minuciosa do
Outra fraqueza do MFP é a sua inadequação à sociedade público-alvo e a adaptação do enfoque de forma a evitar a depen-
multiétnica da Guatemala: as corresponsabilidades não levam dência de assistência social em longo prazo (LEVY, 2006). Mais
em conta as tradições locais. A desnutrição também foi pouco ainda, o Oportunidades substituiu diversos programas que se
considerada, de forma que o programa não combateu eficiente- mostravam ineficazes e tinha:
mente um dos principais problemas enfrentados pelas crianças
do país (CECCHINI, 2009). a necessidade de superar o problema do “pare-siga” que havia sitia-
314 Não se pode afirmar que o MFP, ainda no começo de seu ci- do no passado muitas campanhas de combate a pobreza e que con- 315
clo de vida, tenha sido um fracasso. Porém, percebe-se que o pro- sistia na interrupção do programa ao começo do governo seguinte
grama poderia ter atingido melhores resultados caso não houves- sem que houvesse tido tempo de alcançar os objetivos previstos
se contrapartidas – ou caso elas fossem mais flexíveis. De fato, a (LEVY, 2006, p. 21, tradução nossa).
literatura econômica aponta que o modelo mais adequado a paí-
ses de baixa renda é a TR não condicional. Assim, o programa, em 7.2.2. Implementação e impacto
sua concepção, ignorou as particularidades locais, não tendo se O Oportunidades assiste cerca de cinco milhões de famílias – 25%
adequado eficientemente ao contexto do país (CECCHINI, 2009). da população mexicana. Suas corresponsabilidades envolvem saú-
Um dos pontos fortes do programa, apesar das suas debili- de, educação e nutrição. No que tange à primeira, exige-se a “ob-
dades, é o seu caráter de prioridade política – as medidas e os re- servância por todos os membros da família ao número requerido
cursos financeiros contra a pobreza são questões discutidas am- de visitas ao centro de saúde e a presença materna em palestras de
plamente; a coordenação estratégica entre os setores do governo saúde e nutrição” (FISZBEIN; SCHADY, 2009, p.37). Nota-se, por-
também é um ponto positivo. Sem essa característica, torna-se tanto, que sua ênfase está na prevenção (BANCO MUNDIAL, 2004).
“muito difícil levar a cabo programas de alto impacto” (CECCHINI Atrelada a ela está a questão nutritiva, que inclui uma taxa
et al., 2009, p. 44, tradução nossa). repassada mensalmente, direcionada a crianças entre dois e qua-
tro anos e mulheres grávidas e lactantes para que melhorem sua
7.2. O caso México – Projeto Oportunidades alimentação. Já na questão escolar, subsídios são fornecidos para
7.2.1. Contextualização mães cujos filhos estão matriculados na escola (do ensino primá-
Iniciado em 1997, o Progresa (nome inicial do projeto) foi criado rio ao médio) e tenham presença em no mínimo 85% das aulas.
para diminuir a pobreza e a desigualdade no México entre famí- Para meninas, o benefício financeiro é maior a partir do ensino
lias habitantes de zona rural. De acordo com um levantamento fundamental, pois tendem a abandonar a escola mais frequente-
realizado em 1996 pelo Banco Mundial, aproximadamente 29% mente que meninos nessa faixa etária (BANCO MUNDIAL, 2004).
da população daquele país estava abaixo da linha da pobreza – A escolha das famílias beneficiadas é feita com base em pes-
equivalentes a 4,8 milhões de famílias, sendo quase 60% morado- quisas e o repasse é feito em dinheiro para a mulher chefe de
res da zona rural. Ainda segundo essa pesquisa, descobriu-se que família em pontos específicos de pagamento, já que, de acordo
a maior parte eram crianças (RODRIGUEZ, 2007). com a literatura internacional, as mulheres empregam melhor
O governo tentou amenizar essas deficiências por meio de os recursos financeiros que lhes são disponibilizados (BANCO
programas isolados que não atingiram suas metas por problemas MUNDIAL, 2004). A aplicação de corresponsabilidades é rigorosa
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

e há redução do benefício já na primeira incidência de descum- 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS


primento (FISZBEIN; SCHADY, 2009). Após a exposição de fatos e análises sobre programas de trans-
Por esse conjunto de fatores, o programa tem mostrado im- ferência de renda ao longo do artigo, fica clara sua eficiência na
pactos relevantes como aumento no nível de consumo, no poder redução da pobreza e da desigualdade. Seus resultados, compro-
de barganha feminino e demais resultados nitidamente compro- vados por índices e pesquisas, vão além do já importante comba-
vados (FISZBEIN; SCHADY, 2009). te à fome e à miséria: atacam a pobreza em suas mais variadas di-
mensões, trazendo melhorias em índices educacionais, de saúde,
7.2.3. Análise de resultados consumo e renda, entre outros.
Como dito no item anterior, o programa Oportunidades gerou um Não se pode esquecer, porém, de um ponto fundamental ao
avanço importante na questão de gênero no México. Os resulta- entendimento das discussões sobre o sucesso ou insucesso des-
dos da avaliação feita pelo International Food Policy Research sas políticas: muitos projetos ainda carecem de melhor estrutu-
Institute (IFPRI) mostram que com pouco tempo em operação o ração, pesquisas e melhorias na implementação. O que não sig-
programa já mostrava resultados positivos, pois: nifica, contudo, que sejam ineficazes. Estes constituem políticas
recentes de proteção social, e como tais necessitam de aprimo-
(...) depois de apenas três anos, as crianças pobres mexicanas que ramento e ganho de experiência para alcançar resultados ainda
316 habitam áreas rurais onde o Oportunidades opera já tinham aumen- mais satisfatórios. Condições prejudiciais ao crescimento desses 317
tado seu nível de escolarização, apresentavam dietas mais balance- programas, como corrupção, clientelismo e rejeição por parte de
adas, recebiam mais atenção médica e estavam aprendendo que o não beneficiários pouco a pouco são confrontadas por ações de
futuro pode ser bem diferente do passado (BANCO MUNDIAL, 2004). governos e agentes externos.
Nesse sentido, é de suma importância a cooperação entre
Notou-se, portanto, uma melhora nos três níveis nos quais o pro- países que desenvolvem programas do tipo, por meio da troca
grama se propõe a agir, em apenas três anos de operação. Segun- de informações e experiências. A atenção dada nos últimos anos
do Levy (2006), com nove anos em operação, o programa assistiu a políticas de proteção social deve-se ao entendimento geral de
um número superior de famílias que aquelas em extrema pobre- que aliviar a pobreza e a desigualdade é também propiciar dig-
za. Segundo o mesmo autor, o projeto pode ser dividido em duas nidade aos mais pobres, oferecendo oportunidades para que es-
fases: a primeira, de concepção, cujo objetivo era o de mostrar tes possam não mais ser expostos à vulnerabilidade da pobreza,
que um programa desse tipo é de fato funcional; e a segunda, ain- e, em um futuro próximo, possam buscar seus interesses mesmo
da mais importante, deveria expandir o projeto de forma a provar sem a ajuda de programas de proteção social.
que supera todos aqueles aos quais substituiu.
Em síntese, atribui-se o sucesso do programa ao seu proces-
so de monitoramento e gestão, que é dividido em três partes19; e 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ao fato de suas informações estarem na internet, de livre acesso
ÁFRICA DO SUL. Child support Grant, [s.d.]. Disponível em: <http://www.services.
ao público. Apesar de todo o aparato tecnológico necessário, 98% gov.za/services/content/Home/ServicesForPeople/Socialbenefits/childsupportgrant/
dos pagamentos são feitos em tempo regular (CASTAÑEDA, 2006, en_ZA#Description>. Acessoem: 10 out. 2012.
apud FISZBEIN; SCHADY, 2009) e os custos de transição de pa-
AGÜERO, J.M.; CARTER, M.R.; WOOLARD, I.The Impact of Unconditional Cash
gamentos são responsáveis por apenas 3% do custo total do pro- Transfers on Nutrition: The South African Child Support Grant. International Poverty
grama (GOMEZ-HERMOSILLO, 2006, apud FISZBEIN; SCHADY, Centre Working Paper no. 39, sep. 2007.
2009). Mais ainda, o Oportunidades promoveu maior igualdade
de acesso a serviços públicos, aperfeiçoou o funcionamento da
democracia, aumentou a igualdade de oportunidades para grupos 19
O Oportunidades criou três estruturas para monitorar as operações e resultados
excluídos, encorajou a participação de cidadãos e promoveu maior do programa desde os seus primeiros estágios de desenvolvimento. A primeira de-
las, em funcionamento desde 1998, gera indicadores de monitoramento e gestão a
participação das mulheres na sociedade (HOLMES; SLATER, 2007). cada dois meses; a segunda, implementada em 2000, produzinformações sobre a
qualidade do serviço semestralmente e a terceira, peritos externos usam dados de
monitoramento e gestão para fazer avaliações periódicas das operações do programa
(BANCO MUNDIAL, 2009).
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

BANCO MUNDIAL. Extreme poverty rates continue to fall, [s.d.]a.Disponível em: DE BRAUW, A.; HODDINOTT, J. Is the conditionality necessary in conditional cash
<http://data.worldbank.org/news/extreme-poverty-rates-continue-to-fall>. Acesso em: transfer programmes? Evidence from Mexico. International Poverty Centre, s.l., n. 64,
06 dez. 2012. Aug. 2008. United Nations Development Programme. Não paginado.

______. World Bank Sees Progress Against Extreme Poverty, But Flags Vulnerabilities, DEPARTMENT FOR INTERNATIONAL DEVELOPMENT (DFID). Conditional Cash
[s.d.]b. Disponível em: <http://web.worldbank.org/WBSITE/EXTERNAL/NEWS/0,,con Transfers (CCT) Pilot in Aines-Sira, 2010.Disponível em: <http://www.dfid.gov.uk/
tentMDK:23130032~pagePK:64257043~piPK:437376~theSitePK:4607,00.html>. Acesso What-we-do/Research-and-evidence/case-studies/research-case-studies/2010/
em: 02 dez. 2012. Conditional-Cash-Transfers/>. Acesso em: 06 dez. 2012

______. Squared Poverty Index, [s.d.]c. Disponível em: <http://web.worldbank.org/ DEPARTMENT OF SOCIAL WELFARE AND DEVELOPMENT (DSWD). UNICEF
WBSITE/EXTERNAL/TOPICS/EXTPOVERTY/EXTPA/0,,contentMDK:20242881~isC supports Pantawid Pamilya in Northern Samar, 2011. Disponível em: <http://
URL:Y~menuPK:492130~pagePK:148956~piPK:216618~theSitePK:430367,00.html> . pantawid.dswd.gov.ph/index.php/news/218-unicef-supports-pantawid-pamilya-in-
Acessoem: 10 out. 2012. northern-samar>. Acesso em: 05 nov. 2012.

______. Poverty in Mexico: An Assessment of Conditions, Trends and Government DRAIBE, S. Concepções, estratégias e mecanismos operacionais de programas de
Strategy. Washington: Oxford, 2004. transferências condicionadas (PTC) para o combate à pobreza. São Paulo: Unicamp, 2007.

______. Latin American Countries Face Crisis with stronger Social Programs, 2009. DSD; SASSA; UNICEF.The South African Child Support Grant Impact Assessment:
Disponível em: <http://go.worldbank.org/HM68DWUH40>. Acesso em: 28 nov. 2012. Evidence from a survey of children, adolescents and their households. Pretoria: UNICEF
South Africa, 2012.
318 319
______. World Development Report 2011: Conflict, Security and Development.
Washington: Oxford, 2011. FARRINGTON, J.; SLATER, R. Cash transfers: Targeting. Project Briefings, Overseas
Development Institute, n. 29, nov. 2009. Disponível em: <http://www.odi.org.uk/
BEHRMAN, J.R.; HODDINOTT, J. Programme Evaluation with Unobserved publications/3505-social-cash-transfers-targeting-project-briefing>. Acesso em: 14
Heterogeneity and Selective Implementation: The Mexican PROGRESA Impact on Child ago. 2012.
Nutrition. Oxford Bulletin of Economics and Statistics, vol. 67, no. 4, 2005.
FERNANDES JR, O. Cada vez mais distantes. Desafios do desenvolvimento, IPEA,
BEHRMAN, J.R.; SKOUFIAS, E. Mitigating Myths about Policy Effectiveness: Evaluation out. 2005.
of Mexico’s Antipoverty and Human Resource Investment Program. Annals of the
American Academy of Political and Social Science, 606, jul. 2006. FILMER, D.; SCHADY, N. Getting Girls into School: Evidence from a Scholarship
Program in Cambodia. World Bank Policy Research Working Paper 3910, may 2006.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Plano Brasil sem
Miséria. Brasília, [2011]. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/sobre/ cidadania/ FISZBEIN, A.; SCHADY, N. Conditional Cash Transfers: Reducing Present and Future
brasil-sem-miseria/album_tecnico_final_modificado-internet.pdf>. Acesso em: 02 Poverty. Washington, dc: World Bank, 2009.
dez. 2012.
GARCIA, M.; MOORE, C. M. T. The Cash Dividend: The Rise of Cash Transfer Programs
______. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Bolsa Família – in Sub-Saharan Africa. Washington, DC: World Bank, 2012.
Institucional. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/falemds/perguntas-frequentes/
bolsa-familia/bolsa-familia/beneficiario/institucional-bolsa-familia>. Acesso em: 16 GLEWWE, P.; KASSOUF, A. L.The impact of the BolsaEscola/Familia conditional cash
nov. 2012. transfer program on enrollment, dropout rates and grade promotion in Brazil. Journal
of Development Economics, Elselvier, vol. 97, páginas 505–517, março 2012.
CECCHINI, S. Do CCT programmes work in low-income countries? International
Policy Centre for Inclusive Growth, s.l., n. 90, jul. 2009. United Nations Development HAUGHTON, J.; KHANDKER, S. R. Handbook on poverty and inequality. Washington,
Programme. Não paginado. D.C.: The World Bank, 2009.

CECCHINI, S. et al. Desafíos de los programas de transferencias con HEVIA, F. Direct or Mediated Relationships? Civic Involvement and Social
corresponsabilidad: los casos de Guatemala, Honduras y Nicaragua. CEPAL-ASDI. Accountability in the Bolsa Família Programme.Brasília: Centro Internacional de
Santiago, Chile: Nações Unidas, 2009. Políticas para o Crescimento Inclusivo, 2010.

CENTRAL INTELLIGENCE AGENCY (CIA). The World Factbook.S.l.: CIA, 2012. HOLMES, R.; SLATER, R. Conditional Cash Transfers: What Implications for Equality
Disponível em: <https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/>. and Social Cohesion? The experience of Oportunidades in Mexico. ReinoUnido:
Acesso em: 03 dez. 2012. Overseas Development Institute, 2007.

CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL DAS NAÇÕES UNIDAS (ECOSOC). Statement of INTERNATIONAL RED CROSS AND RED CRESCENT MOVEMENT (IFRC).Guidelines
commitment for action to eradicate poverty adopted by Administrative Committee for cash transfer programming. Genebra: IRFC, 2007.
on Coordination. ECOSOC/5759. Nações Unidas, 20 May 1998. Disponível em:
<http://www.unesco.org/most/acc4pov.htm>. Acesso em: 14 dez. 2012.
Simulação das Nações Unidas para Secundaristas | 2013 Programas de Transferência de Renda

KAKWANI, N. What is poverty? International Poverty Centre, s.l., n. 22, Sept. 2006. RODRIGUES, P. C.; VERSIANI, F. R. Balanço de pagamentos. Brasília: UnB, 2012.
Não paginado.
RODRIGUEZ, E. Notes on Mexico’s Oportunidades (Progresa) Program Design
KHOGALI, H.; TAKHAR, P. Empowering Women through Cash Relief in Humanitarian and Implementation Issues of Selected Safety Net and Unemployment Assistance
Contexts. Gender and Development, vol 9, no. 3, nov. 2001. Instruments. Jordânia: [s.n.], 2007.

LEHMANN, C. Beneficiando-se sem receber dinheiro? Externalidades dos programas SANT’ANNA, J. Irmãos que não se falam: programas de transferência de renda,
de transferência condicionada de renda na escolaridade, saúde e na economia sistemas de proteção social e a desigualdade na América Latina. Rio de Janeiro: Latin
comunitária. International Policy Research Brief: Centre for Inclusive Growth, s.l., n. American Studies Association, 2009.
13, mar. 2010. Nãopaginado.
SOARES, F. Conditional cash transfers: a vaccine against poverty and inequality?
LEVY, S. Progress Against Poverty: Sustaining Mexico’s ProgresaOportunidades Program, International Poverty Centre, s.l., n. 3, Oct. 2004. United Nations Development
Washington, DC: Brookings Institution, 2006. Programme. Não paginado.

MALLUCCIO, J.A.; FLORES, R. Impact Evaluation of a Conditional Cash Transfer SOARES, F; BRITO, T. ‘Growing Pains’: Key Challenges for New Conditional Cash
Program: The Nicaraguan Red de Protección Social. Washington: International Food Transfer Programmes in Latin America. Brasília: Centro Internacional de Políticas
Policy Institute, Research Report no. 141, 2005. para o Crescimento Inclusivo, 2007.

MANKIW, N. G. Introdução à economia. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. SOARES, F. V.; SOARES, S.; MEDEIROS, M.; OSÓRIO, R. G. Programas de transferência
de renda no Brasil: impactos sobre a desigualdade. Brasília: Ipea, 2006.
320 321
MARTINS, R. D. O. Transferência de renda como fator preponderante na diminuição
da desigualdade social no Brasil: os efeitos do Programa Bolsa Família. São Paulo: STANDING, G. Social protection.Development in practice, v. 17, n. 4 e 5, p. 511-522,
Universidade de São Paulo, 2008. Aug. 2007.

MOORE, C. Impact is not enough: Image and CCT Sustainability in Nicaragua. VAN DIJK, F. Private support and social security. Journal of Population Economics,
International Policy Research Brief: Centre for Inclusive Growth, s.l., n. 79, mar. 2009. v. 11, n. 3, p. 345-371, Aug. 1998.
Não paginado.
VERSIANI, F. R.; CARVALHO, L. W. R. Desenvolvimento econômico e desigualdade
MOTA, A.; AMARAL, A.; PERUZZO, J. Políticas Sociais na América Latina, 2012. social. Brasília: UnB, 2012.
Disponível em: <http://rediu.org/MOTA.mesa10.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2012.
VIEIRA, S.P. Crescimento Económico, desenvolvimento humano e pobreza:
NARAYAN, D. et al. Can anyone hear us? Voices from 47 countries.Washington, D.C.: Análise da situação em Moçambique. Lisboa: Centro de Estudos sobre África e do
The World Bank, 1999. v. I. Desenvolvimento do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica
de Lisboa, 2005.
NORTH, D. Institutions, institutional change and economic performance.
Nova York: Cambridge University Press, 1990.

O GLOBO. Bolsa Família não garante mais votos ao PT em cidades com o programa,
2012. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/pais/bolsa-familia-nao-garante-mais-
votos-ao-pt-em-cidades-com-programa-6634611>. Acesso em: 05 nov. 2012.

PAULANI, L. M.; BRAGA, M. B. A nova contabilidade social: uma introdução à ma-


croeconomia. 3. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2007.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD). Human


Development Report 2011 – Sustainability and equity: a better future for all. Nova
Iorque: PNUD, 2011. Disponível em: <http://bit.ly/tGOaqM>. Acesso em: 13 nov. 2012.

______. Pesquisa Avalia Impactos do programa Bolsa Família, 2012. Disponível em:
< http://www.pnud.org.br/Noticia.aspx?id=3632 >. Acesso em: 06 nov. 2012

RAVALLION, M. Poverty lines in theory and practice. LSMS Working Paper, n. 133.
Washington, D.C.: The World Bank, 1998.

______. Transfers and Safety Nets in Poor Countries: Revisiting the Trade-Offs and Policy
Options. In: BANERJEE, A.V.; BÉNABOU, R.; MOOKHERJEE, D. Understanding Poverty.
New York: Oxford University Press, 2006.

Вам также может понравиться