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Cap.

2 do Vygotsky (Martha Kohl) : A Mediação Simbólica

Do ponto de vista neurológico, a consciência é um fenômeno de face dupla: de um lado, o


estado de vigília, desperto do indivíduo, dado pela formação reticular ativadora e pelas
estruturas subcorticais do cérebro; e, do outro lado, a cognição, compreendendo a capacidade de
atenção, percepção, memória, linguagem, praxia e intelecto, dependentes do córtex cerebral.
Essas funções cognitivas não são “faculdades mentais” indivisíveis e localizáveis em “centros”
restritos do cérebro, mas “sistemas funcionais” (Anokhin, 1935), com uma estrutura psicológica
complexa, requerendo para o seu funcionamento a cooperação de diferentes regiões cerebrais.
Não pode haver cognição sem um estado de vigília ótimo. Segundo Bakhtin (1988), “se privarmos a
consciência de seu conteúdo semiótico e ideológico, não sobra nada. A imagem, a palavra, o gesto
significante, etc, constituem seu único abrigo. Fora desse material, há apenas o simples ato
fisiológico, não-iluminado pela consciência, desprovido do sentido que os signos lhe conferem”.
Consciência humana  na história do psiquismo, pela primeira vez, o sujeito destaca-se de
sua própria atividade (espelha-se), atividade que passa a ser o processo de transformação
recíproca entre o sujeito e o objeto, em que o objeto se torna sua forma subjetiva (imagem
mental) e a atividade do sujeito transforma-se em seus resultados objetivos (produtos), ou, de
acordo com Marx ( Marx e Engels, in, Obras escolhidas ), na produção (trabalho social) o sujeito
é objetivizado, e no sujeito o objeto é subjetivizado. (Os 2 parágrafos acima, retirados do texto:
Desenvolvimento neuropsíquico: suas Raízes Biológicas e Sociais, de Damasceno, B. e
Guerreiro, M. – Unicamp)

Vygotsky dedica-se ao estudo das chamadas FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES ou


PROCESSOS MENTAIS SUPERIORES que tem a ver com a consciência humana.
Angel Pino/ FE Unicamp

O CONCEITO DE MEDIAÇÃO SIMBÓLICA OU SEMIÓTICA É CENTRAL NA OBRA DE


VYGOTSKY. Constitui o “elo epistemológico” dos trabalhos de Vygotsky e de outros autores da
corrente sócio-histórica da Psicologia. Por “elo-epistemológico” entendo (Angel Pino/ FE Unicamp)
um conceito-chave que funciona como operador na articulação dos diferentes componentes de um
sistema teórico, conferindo a este unidade e coerência lógicas.A mediação semiótica permite
explicar, por exemplo, os processos de internalização e objetivação, as relações entre
pensamento e linguagem ou a interação entre sujeito e objeto do conhecimento, questão
fundamental da teoria do conhecimento.
A corrente sócio-histórica concebe o psiquismo humano como uma construção social,
resultado da apropriação, por parte dos indivíduos, das produções culturais da sociedade através
da mediação dessa mesma sociedade (Leontiev, 1978). A apropriação implica um processo de
interiorização das funções psíquicas desenvolvidas ao longo da história social dos homens. A
interiorização ocorre numa rede complexa de inter-relações que articulam a atividade social dos
indivíduos.

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Num sentido amplo, mediação é toda a intervenção de um terceiro “elemento” que possibilita
a interação entre os “termos” de uma relação. É utilizado para designar a função dos sistemas
de signos na comunicação entre os homens e na construção do universo sócio-cultural..
Diferentemente dos animais (têm mecanismos mediadores das relações entre os indivíduos,
que são os sistemas sinaléticos), os seres humanos criaram instrumentos e sistemas de signos,
cujo uso lhes permite transformar e conhecer o mundo, comunicar suas experiências e
desenvolver novas funções psicológicas. A mediação dos sistemas de signos constitui o que
denominou “mediação semiótica”

MEDIAÇÃO – relação do homem com o mundo deixa de ser direta e passa a ser mediada.

A presença de elementos mediadores introduz um elo a mais nas relações indivíduo/meio que
se tornam mais complexas. As relações mediadas começam a predominar sobre as diretas.

Há 2 tipos de elementos mediadores: Os Instrumentos e os Signos


Com a mediação o comportamento é mais controlado, menos impulsivo – a ação psicológica
torna-se mais sofisticada.
Os Instrumentos controlam a relação do homem com a natureza; (instrumentos como
extensão da mão humana, que ampliam a capacidade humana de conhecer e controlar a natureza).
O Signo é “um instrumento psicológico” uma marca externa que será internalizada mais
adiante que assim auxilia o homem em tarefas que exigem memória e atenção  representam algo
que não está presente e expandem, ampliam a capacidade do homem em sua ação no mundo .Ex:
varetas que representam quantidades e facilitam o armazenamento da quantificação de dados.
Entrar aqui com definições do César Coll sobre símbolos e afins.
Símbolos são representações de representações.
Símbolos são signos  não por uma relação de causalidade ou contigüidade, mas por uma
relação de representação  representam seus referentes.Então, palavras, imagens mentais,
desenhos  são signos que representam seus referentes.

CONCLUSÃO:
O PROCESSO DE MEDIAÇÃO POR MEIO DE INSTRUMENTOS E SIGNOS É FUNDAMENTAL
PARA O DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES PSICOLÓGICAS SUPERIORES,
DISTINGUINDO O HOMEM DOS OUTROS ANIMAIS.

OS SISTEMAS SIMBÓLICOS E O PROCESSO DE INTERNALIZAÇÃO

Duas mudanças qualitativas ocorrem no uso dos signos tanto no desenvolvimento da espécie
quanto do indivíduo, que são:
1) A utilização de marcas externas vai se transformando em processos internos de mediação –
PROCESSO DE INTERNALIZAÇÃO

2
2 Os SISTEMAS SIMBÓLICOS ORGANIZAM OS SIGNOS EM ESTRUTURAS COMPLEXAS
E ARTICULADAS.
Os processos de internalização e os sistemas simbólicos são fundamentais para o
desenvolvimento das funções mentais superiores e reafirmam a importância das interações
sociais na construção do mundo cultural e subjetivo de cada um . “É como se, ao longo de seu
desenvolvimento, o indivíduo se apropriasse das formas de comportamento fornecidas pela
cultura, num processo em que as atividades externas e as funções interpessoais transformam-se
em atividades internas, intrapsicológicas”(pg.38).É portanto um processo ativo de transformação,
de síntese.

LINGUAGEM – SISTEMA SIMBÓLICO BÁSICO DE TODOS OS GRUPOS HUMANOS


(pensamento e linguagem serão discutidos no cap. 3)

Em seu desenvolvimento o indivíduo deixa de necessitar de marcas externas e passa a utilizar


signos internos , que são  Representações mentais que substituem os objetos do mundo real.
REPRESENTAÇÃO MENTAL: lembrar, comparar, inferir, relatar, estabelecer relações entre....
As representações mentais permitem ao homem operar mentalmente sobre o mundo; segundo
Dewey “agir sem agir”

 PROCESSOS MENTAIS SUPERIORES – CARACTERIZAM O PENSAMENTO TIPICAMENTE


HUMANO AÇÕES CONSCIENTEMENTE CONTROLADAS, AÇÃO VOLUNTÁRIA,
MEMORIZAÇÃO ATIVA, PENSAMENTO ABSTRATO, COMPORTAMENTO INTENCIONAL 
isto é , o homem se liberta do presente e pode estabelecer relações entre idéias, pensamentos,
imaginar, projetar, prever.
 PROCESSOS MENTAIS SUPERIORES SÃO MEDIADOS POR SISTEMAS SIMBÓLICOS
 HÁ 2 TIPOS DE ELEMENTOS MEDIADORES: INSTRUMENTOS E SIGNOS
 INSTRUMENTOS: SURGEM NO ÂMBITO DO TRABALHO (ONDE SÃO DESENVOLVIDAS
AS ATIVIDADES COLETIVAS E AS RELAÇÕES SOCIAIS)
 SIGNOS: INSTRUMENTO DA ATIVIDADE PSICOLÓGICA – INSTRUMENTOS
PSICOLÓGICOS – ELEMENTOS QUE REPRESENTAM OBJETOS, EVENTOS E SITUAÇÕES.

 SISTEMA SIMBÓLICO BÁSICO DE TODOS OS GRUPOS HUMANOS – LINGUAGEM

Ao longo de seu desenvolvimento o indivíduo se apropria das formas de comportamento


dadas pela cultura.
“ A interação face a face entre indivíduos particulares desempenha um papel fundamental
na construção do ser humano: é através da relação interpessoal concreta com outros homens que
o indivíduo vai chegar a interiorizar as formas culturalmente estabelecidas de funcionamento
psicológico”(pg.38)
O processo de desenvolvimento é “de fora para dentro”, do social para o psicológico, dos
signos sociais para sua internalização num processo de síntese.

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O INSTRUMENTO E O SÍMBOLO NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
(in, Vygotsky- A formação social da mente. S.Paulo, Martins Fontes, cap.I)

Vygotsky busca aspectos tipicamente humanos do comportamento e levanta hipóteses sobre


a formação de tais características na historia da humanidade. Sua analise aborda:
a- qual a relação entre humanos e seus ambientes físico e social?
b- quais novas formas de atividade que tornaram o trabalho o meio principal de relação entre
Homem e Natureza? Quais as conseqüências psicológicas dessas formas de atividade?
c- qual a natureza das relações entre o uso de instrumentos e o desenvolvimento da linguagem?
Desenvolvimento dos comportamentos humanos caracteriza-se por transformações
complexas, qualitativas, de uma forma de comportamento em outra.
Vy. vai falar e descrever estudos de autores que entendem o desenvolvimento infantil a
partir de:  abordagem botânica processos maturacionais, tomando por base a psicologia
animal;
 abordagem modernamodelos zoológicos que fazem uma psicologia infantil comparada com a
animal; Para ele importante a convergência entre psicologia animal e psicologia da criança pois
fornece as bases biológicas do comportamento humano e o estudo dos processos psicológicos
elementares; daí a conseqüência e´ que tal tipo de teorização aparece na analise da
inteligência pratica das crianças a partir do uso de instrumentos.

Inteligência prática nos animais e nas crianças


Ele lembra Kohler que faz analogia entre inteligência pratica na criança e respostas
similares dadas por primatas.
Cita K. Buhler  fase na criança “idade do chimpanzé”, que e´ uma analogia entre
comportamento de resolução de problemas nas 2 espécies ;
Vy. concorda com Buhler que inicio da inteligência pratica na criança “raciocínio técnico”
e´ independente da fala.
Charlotte Buhler  relata que aos 6 meses de idade  1as manifestações de inteligência
pratica via uso de instrumentos, sendo que desenvolvem-se também movimentos sistemáticos,
percepção, cérebro e mãos, ou o organismo como um todo.Donde “o sistema de atividade da
criança e´ determinado em cada estagio, tanto pelo seu grau de desenvolvimento orgânico quanto
pelo grau de domínio do uso de instrumentos”.
K. Buhler cria o principio que: os 1o s esboços da fala inteligente são precedidos pelo
raciocínio técnico, que da´ origem ao desenvolvimento cognitivo.
Vy. verifica que há integração entre fala e raciocínio pratico ao longo do
desenvolvimento. Também valoriza conclusões de Guillaume e Meyerson que apóiam sua suposição
que a fala tem um papel essencial na organização das funções psicológicas superiores. Tais
autores observam a utilização de métodos similares para realizar uma tarefa entre primatas e
crianças afásicas .

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Vy.  busca descrever e especificar a atividade pratica das crianças na idade de inicio da
fala e o desenvolvimento das formas de inteligência pratica humana.

Relação entre fala e uso de instrumentos


Vy. refere que na época, pesquisas sobre o uso de instrumentos não eram conjugadas com os
estudos sobre o uso de signos. Para ele há um imbricamento entre estas 2 funções . Cita Stern
para quem o reconhecimento do fato que tais signos verbais tem significado constitui “a maior
descoberta da vida da criança”
Ele também critica Piaget quanto a seu conceito de fala egocêntrica, que não atribui papel
importante `a fala na organização da atividade infantil e não valoriza sua função de comunicação
.
Assim, para Vy. a atividade simbólica tem uma função organizadora especifica, que
invade o processo do uso dos instrumentos e produz formas fundamentalmente novas de
comportamento.

A interação social e a transformação da atividade pratica


Nasce a inteligência humana (pratica e abstrata) quando a fala e a atividade pratica,
ate´ ai´, processos independentes de desenvolvimento, convergem.
A criança começa controlando o ambiente com a ajuda da fala  o que cria novas relações
com o ambiente,acrescidas de nova organização do próprio comportamento.Frente a uma situação
problemática a criança age e também fala para atingir seu objetivo.Então a fala coordena as
diferentes percepções para a resolução do problema.
A criança de 4/5 anos fala enquanto resolve um problema e, quanto mais complicada a
situação, mais aumenta a intensidade da fala que ela utiliza:
1o para descrição e analise da situação ;
2o adquirindo um caráter de planejamento da ação com vários caminhos ate´ a solução;
3o finalmente fala incluída como parte da solução .
Para Vy. “as crianças resolvem suas atividades praticas com a ajuda da fala, assim como
dos olhos e das mãos” . Tal unidade de percepção, fala e ação, que em ultima instancia provoca a
internalização do campo visual, constitui o objeto central de qualquer analise da origem das
formas caracteristicamente humanas de comportamento.
Vy coloca as questões :
o
1 :o que distingue as ações de 1 criança que fala das de um primata na solução de problemas
práticos?
A-e´ a liberdade muitíssimo maior das operações das crianças e sua maior independência em
relação `a estrutura da situação visual concreta, ou seja, ela e´ capaz de ignorar a linha direta
entre o agente e o objetivo criando métodos instrumentais ou mediados (indiretos), ou seja, ela
pode incluir estímulos que não estão em seu campo visual.Usando palavras (uma classe de
estímulos) para criar um plano de ação, ela realiza 1 variedade maior de atividades usando-as
como instrumentos úteis para sua resolução, como também para planejar ações futuramente.
B- operações praticas de uma criança falante tornam-se menos impulsivas,ie, via fala ela planeja
como solucionar o problema e a seguir executa o elaborado com uma atividade visível. Donde a
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fala controla também o comportamento da criança, que adquire a capacidade de ser tanto sujeito
quanto objeto de seu próprio comportamento.

2o: a quantidade de fala egocêntrica (da criança) aumenta em relação direta com a dificuldade do
problema.
Assim, hipótese de Vygotsky  fala egocêntrica e´ 1 forma de transição entre a fala
exterior e a fala interior. Ou seja,
1o – há comunicação, que e ´ a linguagem interpessoal
2o - há interiorização , que e´ a linguagem intrapessoal, que nasce como nova função da
linguagem.
A fala egocêntrica e´ “como se” a criança estivesse dialogando com um interlocutor.
A história do processo de internalização da fala social e´ também a história da socialização
do intelecto pratico das crianças: primeiramente a fala acompanha as ações da criança diante de
um problema; posteriormente, com o desenvolvimento a fala aparece no inicio do processo de
modo a preceder a ação .Ela funciona então a partir de um planejamento já pronto mas ainda não
realizado na prática.Como analogia, crianças pequenas identificam seus desenhos depois de
completados  precisam vê-los para decidir o que são.Mais adiante, vão decidir antes o que irão
desenhar. Isto indica um deslocamento temporal do processo de nomeação  indica uma mudança
na função da fala, que e´ seu aspecto planejador. Ou seja, funções emocionais e comunicativas da
fala são acrescidas da função planejadora. A criança adquire independência em relação ao seu
ambiente concreto imediato deixa de agir em função do ambiente imediato e passa a ter a
função de antecipar.
As crianças pequenas não têm um desenvolvimento da fala e da ação que seja regular e
unidimensional: provavelmente fundirão ação e fala em resposta a pessoas e objetos; tal fusão e´
análoga ao sincretismo na percepção, referido por psicólogos do desenvolvimento.

Cap. 3 Pensamento e Linguagem (Martha Kohl)

A linguagem ocupa lugar central na obra de Vygotsky. Ele trabalha com 2 funções básicas
da linguagem:

♦ Intercâmbio Social  Linguagem desenvolve-se pelo humano para se comunicar com seus
semelhantes. Se observarmos o bebê através de sons, gestos e expressões, ele comunica
aos outros seus desejos e estados emocionais. A linguagem se desenvolve inicialmente em
função da necessidade humana de comunicação.
♦ Pensamento Generalizante  para que haja a comunicação entre os indivíduos o mundo
da experiência de cada um tem que ser extremamente simplificado e generalizado para
poder ser traduzido aos outros, através de signos, que transmitam suas vontades,
desejos, expectativas, idéias, intenções, etc. O conceito de algo será traduzido,
representado por uma palavra específica que indica uma categoria sob a qual elementos

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englobados nesta palavra a identificam e ao mesmo tempo, diferenciam-na de outras
categorias.

A LINGUAGEM ORDENA O REAL, agrupando todas as ocorrências de uma mesma classe


de objetos, eventos, situações, sob uma mesma categoria conceitual.
Assim, a função do pensamento generalizante é tornar a linguagem um instrumento de
pensamento.

A LINGUAGEM FORNECE OS CONCEITOS E FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO


REAL QUE FAZEM A MEDIAÇÃO ENTRE O SUJEITO E O OBJETO DE
CONHECIMENTO

PARA ENTENDER O FUNCIONAMENTO PSICOLÓGICO, TEMOS QUE ENTENDER A


RELAÇÃO ENTRE PENSAMENTO E LINGUAGEM.

O Pensamento e a Linguagem têm origens e trajetórias diferentes, apesar da estreita


ligação entre eles.

Vygotsky estuda chimpanzés como meio de entender as linguagens precursoras da


linguagem e pensamento humanos.

LINGUAGEM PENSAMENTO
Pré- intelectual Pré-verbal
Ex: Animais emitem sons, se comunicam Ex: animais sobem em caixotes ou usam
gestos função função de alívio emociopara pegar alimentos – não dependem da
Funciona como meio de expressão emociona linguagem.
comunicação difusa com os outros. Nã Inteligência Prática
função de
signo.
Num determinado momento do desenvolvimento filogenético, as duas trajetór
unem.

♦ O PENSAMENTO SE TORNA VERBAL E A LINGUAGEM RACIONAL

Essa associação acontece como conseqüência do intercâmbio entre os indivíd


situação de trabalho.

O SURGIMENTO DO PENSAMENTO VERBAL E DA LINGUAGEM COMO SISTEMA


DE SIGNOS É UM MOMENTO CRUCIAL NO DESENVOLVIMENTO DA ESPÉCIE
HUMANA – MOMENTO EM QUE BIOLÓGICO SE TRANSFORMA EM SÓCIO-
HISTÓRICO.
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O significado das palavras

Para estudar o pensamento verbal, Vygotsky usa como unidade de análise o significado
da palavra. Para ele, a palavra é o elemento fundamental da relação linguagem e pensamento,
“pois codifica a experiência humana, designa objetos e ações, individualiza
características, estabelece relações, reúne os objetos e as ações em sistemas cada vez
mais amplos e hierárquicos, cristaliza e transmite experiências” (Coutinho e
Moreira,2001).
A linguagem possibilita a duplicação do seu mundo (Piaget diz o mesmo) e passa a
representar objetos através de palavras. A palavra propicia o salto do sensível ao racional.
Para Vygotsky, “a palavra é o microcosmo da consciência humana”.
O significado da palavra é também um ato de pensamento, pois já é uma generalização.
No significado da palavra  a fala e o pensamento se unem em pensamento verbal(em
torno de 2 anos de idade).
No significado encontram-se as duas funções básicas da linguagem: o intercâmbio
social e o pensamento generalizante.
Uma palavra sem significado é um som vazio. O significado possibilita a mediação
simbólica e, portanto o meio, o filtro para compreender o mundo e agir sobre ele.
Na psicologia, significado é uma generalização ou um conceito, portanto um
fenômeno do pensamento.
Significados transformam-se historicamente. Ex: palavra boêmio: nascido na Boêmia.
Lá também é a terra dos ciganos, povo nômade; assim com o tempo adquiriu o significado de
sujeito da noite, não do dia que é a regra.Ou o termo baiano, aqui em São Paulo.
Igualmente, no processo de desenvolvimento da linguagem na criança os significados
sofrem transformações. Inicialmente são restritos ao universo de vivências da criança e,
através da comunicação verbal se ampliam para dotá-los do sentido maior no seu grupo
cultural.
Há uma relação estreita entre o desenvolvimento da palavra e o desenvolvimento da
consciência. Na medida em que a criança se desenvolve, não só se altera o significado da
palavra, como muda também o reflexo das ligações e relações na consciência.
No animal ocorre uma fala sem pensamento e uma comunicação sem linguagem (ela
ordena o real).
No homem, graças à imagem mental que aparece por volta dos dois anos de idade,
torna-se possível a substituição do objeto pelo seu representante, num sistema simbólico de
linguagem. E quando a inteligência se articula com a linguagem é que as possibilidades
intelectuais crescem em progressão geométrica.
Com a transformação dos significados teremos: o significado propriamente dito e o
“sentido” das palavras.
- o significado é socialmente compartilhado;
- o sentido é individual e tem a ver com relações entre o contexto do uso da palavra e as
vivências afetivas do sujeito.
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EX: A palavra relógio.

Discurso interior e fala egocêntrica

A generalização e a abstração só ocorrem através da palavra. A função generalizante


da palavra é que a torna um instrumento do pensamento  o que pressupõe a
internalização da linguagem.
Com a internalização da linguagem vão aparecer o pensamento verbal e o “discurso
interior” que é um forma interna de linguagem dirigida a si mesmo, como que um diálogo
interno que tem uma estrutura própria diferente daquela estrutura par comunicar-se com os
outros.O discurso interior contém núcleos de significado Ex: direita-Brasil—obelisco-
Domingosquando organizo um percurso.
O discurso interior vem da atividade interpsíquica para a intrapsíquica.
Nessa transição aparece a “fala egocêntrica” que acompanha a atividade da criança,
que apóia o pensamento como organização de seqüências de ação e para auxiliar na resolução
de problemas.Então:

LINGUAGEM INICIALMENTE COM FUNÇÃO DE COMUNICAÇÃO, MAIS


ADIANTE TAMBÉM SE TORNA INSTRUMENTO (INTRAPSÍQUICO) DE
PENSAMENTO.

FALA EGOCÊNTRICA COMO UM PROCESSO DE TRANSIÇÃO ENTRE O


DISCURSO QUE ESTÁ SE TORNANDO INTERIOR, MAS SOB A FORMA DE UMA
FALA SOCIALIZADA, EXTERNA.

A FALA EGOCÊNTRICA CONSTITUI-SE NA MAIOR DIVERGÊNCIA ENTRE


PIAGET E VYGOTSKY.

PARA PIAGET A FALA EGOCÊNTRICA É UMA TRANSIÇÃO DA SIMBÓLICA


INDIVIDUAL PARA A SIMBÓLICA SOCIAL E O PENSAMENTO LÓGICO.PORTANTO A
TRAJETÓRIA É “DE DENTRO PARA FORA”.

PARA VYGOTSKY A TRANSIÇÃO É DE “FORA PARA DENTRO”.

(PG. 56 Marta Kohl)  segundo Vygotsky “.....a relação entre o pensamento e a palavra não é
uma coisa mas um processo, um movimento contínuo de vaivém do pensamento para a palavra, e
vice-versa. Nesse processo, a relação entre o pensamento e a palavra passa por transformações
que, em si mesmas, podem ser consideradas um desenvolvimento no sentido funcional.
O pensamento não é simplesmente expresso em palavras: é por meio delas que ele passa a
existir. Cada pensamento tende a relacionar alguma coisa com outra, a estabelecer uma relação
entre as coisas.

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Cap. 4: DESENVOLVIMENTO E APRENDIZADO (Martha Kohl)

Vygotsky interessa-se pela origem e desenvolvimento dos processos psicológicos e assim,


faz uma abordagem genética do desenvolvimento humano.Ou melhor, uma abordagem centrada
nos processos de construção dos fenômenos psicológicos ao longo do desenvolvimento.
Para ele são essenciais o desenvolvimento e os processos de aprendizado. Usa o termo
aprendizado, que é mais amplo que aprendizagem, pois envolve relação e interação social.
“Desde o nascimento o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de
desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente
humanas”(Vygotsky).
Há os processos de maturação do organismo individual, mas é o aprendizado que
possibilita o despertar de processos internos de desenvolvimento em contato com a
cultura.Ex:indivíduo que vive numa cultura sem escrita; ou, crianças normais criadas entre
crianças surdas não desenvolvem a linguagem oral.Para ele aprendizado e´ o processo pelo qual o
individuo adquire informações,habilidades, atitudes, valores, etc, a partir de seu contato com a
realidade, o ambiente, as outras pessoas.N ex., o desenvolvimento da linguagem não se deu por
falta de situações propicias ao aprendizado.
Em Vygotsky conceitos envolvem sempre interação social.
Então, o desenvolvimento de uma capacidade específica não ocorre caso não haja
situações de aprendizado que o favoreçam. O aprendizado leva ao desenvolvimento.
Situações de aprendizado ocorrem na relação social com o Outro  daí ele vai criar o
conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal.
Para falar deste conceito, ele analisa o que a criança já sabe fazer, como critério de
desenvolvimento real, ou seja, já alcançado e que ela desempenha sozinha. Portanto,

NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO REAL: ETAPAS JÁ ALCANÇADAS PELA


CRIANÇA. É O QUE ELA JÁ SABE FAZER SOZINHA. Para isso, a criança se utiliza
de funções psicológicas bem estabelecidas, resultado de processos de
desenvolvimento consolidados.

Mas há aquilo que a criança pode fazer com a ajuda do adulto:

NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO POTENCIAL: CRIANÇA CONTA COM A AJUDA D


ALGUÉM PARA DESEMPENHAR A TAREFA. PODE TAMBÉM OBSERVAR ESSE
ALGUÉM. Isso se dá em idades específicas. A criança que não está pronta para determinada
atividade, não conseguirá realizá-la nem com ajuda. Ex. criança de 6 meses não saberá ler.

A partir desses dois postulados, Vygotsky define:

ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL:

“A distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução
independente de problemas e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução
de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.” 10
Zona de Desenvolvimento Proximal:
- funções em estado embrionário.
- funções que estão em processo de amadurecimento.
- é onde a interferência de outros indivíduos é mais transformadora.

Então, a Zona de desenvolvimento proximal (ou potencial) é um domínio psicológico em constante


transformação.O aprendizado desperta processos de desenvolvimento que com o tempo tornam-
se parte das funções psicológicas consolidadas.

DESENVOLVIMENTO X APRENDIZAGEM:

Processo de DESENVOLVIMENTO é mais lento do que o Processo de APRENDIZADO.

O APRENDIZADO impulsiona O DESENVOLVIMENTO.


Haverá então implicações de sua teoria na pedagogia, ou seja, escola com papel fundamental na
construção do indivíduo psicológico adulto (em sociedades com escola).

Assim, a escola deve agir na ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL, tomando:


- como ponto de partida o nível de desenvolvimento real.
- como ponto de chegada os objetivos da escola.
- como ponto de chegada o nível de desenvolvimento potencial da criança.

Segundo Vygotsky, o único bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento.

Interpretação errônea de Piaget: postura espontaneísta. Criança


deve ser deixada livre na sua relação com objetos que desenvolverá
suas potencialidades.

Interpretação errônea de Vygotsky: postura 100% intervencionista,


à

A escola deve olhar a criança e auxiliá-la em sua trajetória de compreensão do mundo.


Assim, a escola vai intervir no aprendizado favorecendo o desenvolvimento das crianças. É então
fundamental a intervenção do professor e das outras crianças, no sentido da promoção do
desenvolvimento individual.
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Ele trabalha com a idéia de reelaboração permanente dos significados que vêm pelo grupo
cultural, para desenvolver a consciência e o universo subjetivo individuais.Assim, ocorre também
a reconstrução cultural que se dá através de cada um de seus membros.

IMITAÇÃO

1.
Não é um processo mecânico para Vygotsky.
2.
É a reconstrução individual daquilo que é observado.
3.
A criança amadurece pela imitação.
4.
A criança realiza ações que estão além das suas capacidades.Ex: quando imita a
escrita de um outro, ativa processos de desenvolvimento que levá-la-ão a seu
aprendizado.
IMITAÇÃO X ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL

“Só é possível a imitação de ações que estão dentro da Zona de desenvolvimento proximal”
(imita o que está em desenvolvimento para ser seu).
Portanto, interação entre crianças pode levá-las a funcionar como mediadoras do
aprendizado de umas com as outras.Crianças, via interação social, dão origem a situações
informais de aprendizado e aí têm acesso a novas informações. Ex: aprendem regras de
jogos.
(Pg. 64)  “Qualquer modalidade de interação social, quando integrada num contexto
realmente voltado para a promoção do aprendizado e do desenvolvimento, poderia ser
utilizada, portanto, de forma produtiva na situação escolar” (Marta Kohl).
Então, situações de aprendizado ativam processos de desenvolvimento. Isto se trabalha na
Zona de Desenvolvimento proximal, ou seja, a criança pode imitar o que já está nesta sua
zona.
Ela imita, internaliza e se apropria de novas funções psicológicas.
A autora refere-se também à postura de pesquisa de Vygotsky, indicando que ele
utilizava um modo de intervenção similar ao modo de trabalhar no método clínico de
Piaget.Trata-se de uma intervenção que desafia o pesquisado, questiona suas respostas, com
o intuito de estudar como a interferência de outra pessoa nesta situação afeta o
desempenho do sujeito bem como serve para observar seus processos psicológicos em
transformação.
Em relação à pesquisa educacional contemporânea, tal metodologia lembra a pesquisa-
ação, a pesquisa-intervenção ou pesquisa participante na situação escolar, em que o
pesquisador é um elemento que faz parte da situação de estudo. Portanto, sua ação e os
efeitos dela são material importante para a pesquisa.

BRINQUEDO E DESENVOLVIMENTO

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O brinquedo também cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança e,
Vygotsky privilegia o brincar de faz-de-conta quanto ao papel do brinquedo no
desenvolvimento.
A criança pequena é presa da percepção da situação imediata. Ao brincar de faz-de –
conta: 1) vive no mundo da imaginação libertando-se do presente concreto e deste modo, vai
separando objeto de significado. O brinquedo possibilita a transição da ação da criança com
objetos para as ações com significados.
2) O brinquedo é também regido por regras. Quando a criança assume papéis na brincadeira,
ela procura imitar modelos reais, e através das regras de seu funcionamento (papéis) daí vai
extraindo seu significado.
O brincar então, gera uma zona de desenvolvimento proximal pois ao brincar ela comporta-
se de modo mais maduro que na vida real.
Vygotsky – brincadeira faz de conta
Piaget – jogo simbólico

ESCRITA E DESENVOLVIMENTO
A escrita é um processo de representação da realidade. Segundo Vygotsky, este processo
inicia-se muito antes do aprendizado formal na escola. Ele vai estudar a gênese da escrita, sua
pré-história. Então, a evolução da escrita.

1. RABISCOS MECÂNICOS imitação do formato da escrita do adulto mas, não consegue


recuperar o que “escreveu”, pois não há representação de conteúdos (pg. 69).
2. MARCAS TOPOGRÁFICASdistribuição dos registros no papel. Aqui ela apreende
ritmos da fala, i.e., frases curtas registradas com marcas pequenas e frases longas com
marcas grandes.Aqui ela descobre a função instrumental da escrita.
3. REPRESENTAÇÕES PICTOGRÁFICAS desenho estilizado, usado como forma de
escrita.Aqui desenhos utilizados como signos mediadores que representam conteúdos
determinados.
4. A seguir aparecerá a Escrita Simbólica,inicialmente dela e mais adiante a escrita
propriamente dita. (pg.72)
Escrita – também, como o brinquedo, tem um caráter representativo: utilizam signos para
representar significados.
A ESCRITA É O DESENHO DA FALA

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PERCEPÇÃO, ATENÇÃO E MEMÓRIA

Percepção – no limite há o fenômeno fisiológico. Mas a percepção, ao longo do desenvolvimento,


deixa de ser o contato direto sujeito-mundo e vai sendo mediada por conteúdos culturais.
Percebemos o objeto como um todo, como uma realidade completa articulada e não como um
amontoado de informações sensoriais.Ex: podemos distinguir ao longe uma mosca de um avião.

Atenção – inicialmente baseada em processos neurológicos inatos, também se complexifica. Com o


tempo dirigimos a atenção para o relevante. Mesmo a atenção involuntária é mediada por
significados aprendidos culturalmente.
Ex. Criança para de prestar atenção em algo e olha para outra criança ou para comercial de
bichos.

Memória – diferencia memória natural


A memória mediada permite ao sujeito controlar seu próprio comportamento.Ex: o sujeito sabe
que está procurando uma loja, ou uma determinada loja, cujo significado está mediado pelas
representações mentais arquivadas na memória.
Grupos humanos desenvolvem signos para auxiliar a memória: calendários, agendas, listas de
compras, etc, o que aumenta significativamente a capacidade de memorização.
Pg. 78  ler os dois últimos parágrafos.

14
Cap. 5 O biológico e o cultural: os desdobramentos do pensamento de Vygotsky
( in. Oliveirq, Marta Kohl de Vygotsky: aprendizado e Desenvolvimento
O capítulo aborda a obra de seus colaboradores, enquanto desdobramentos de sua obra.
Serão abordados 3 aspectos:
- o funcionamento cerebral como suporte biológico do funcionamento psicológico;
- a influência da cultura no desenvolvimento cognitivo dos indivíduos;
- a atividade do homem no mundo, inserida num sistema de relações sociais, como foco
principal da psicologia.

A NEUROPSICOLOGIA DE LURIA (1902-1977) A base biológica do funcionamento


Psicológico.

A Neuropsicologia é uma área interdisciplinar cujo objetivo é estudar as inter-relações entre


as funções psicológicas humanas e sua base biológica.
Para Luria, as investigações de Vygotsky sobre lesões cerebrais, perturbações da linguagem e
organização das funções psicológicas em condições normais e anormais, “lançaram as bases para
a nova ciência, a Neuropsicologia, que só recentemente se estabeleceu e que suas idéias sobre a
organização cerebral incorporaram-se completamente á ciência moderna”.
Para Vygotsky “não podemos pensar o cérebro como um sistema fechado, com funções pré-
definidas, que não se altera no processo de relação do homem com o mundo. E, sim, o cérebro
como um sistema aberto que está em constante interação com o meio, e que transforma
suas estruturas e mecanismos de funcionamento ao longo desse processo de interação”.
Referindo-se ao bebê humano, do ponto de vista psicológico “organismo humano nasce muito
“pouco pronto”, i.,é.,com muitas características em aberto, a serem desenvolvidas no contato
com o mundo externo e, particularmente com outros humanos.
Assim, cérebro humano concebido como Sistema Funcional ou seja, as funções mentais não
podem ser localizadas em pontos específicos do cérebro ou em grupos isolados de células. Tais
funções são organizadas a partir da ação de diversos elementos que atuam de forma articulada,
cada um desempenhando um papel naquilo que se constitui como um sistema funcional complexo.
Estes elementos podem estar localizados em áreas diferentes do cérebro, geralmente
distantes entre si.
O exemplo (pg.85) de como podemos somar de diferentes maneiras evidencia a ligação entre o
funcionamento mental e o indivíduo num dado contexto sócio-histórico.
Portanto a idéia da plasticidade cerebral significa uma estrutura básica que terá um modo de
funcionamento do SNC diferente para cada membro da espécie.
Luria, com relação à estrutura do cérebro, distingue três unidades de funcionamento:
1- Unidade para regulação da atividade cerebral e do estado de vigília processos
mentais só ocorrem quando organismo desperto; cérebro funciona num nível adequado de
atividade(nem muito excitado/inibido); sistema deve estar alerta para a necessidade de
mudança de comportamento).
2- Unidade para recebimento, análise e armazenamento de informações (pg.87)

15
Sensorial que se integra no perceptual, da informação mais simples às mais complexas e, que
são armazenadas na memória para utilização quando for necessário.
3- Unidade para programação, regulação e controle da atividade “atividade consciente
apenas começa com a obtenção de informações e sua elaboração, terminando com a
formação de intenções do programa de ação e com a realização desse programa em atos
exteriores motores ou interiores mentais...........para isso é necessário acompanhar as ações
em curso, comparando o efeito da ação exercida com as intenções iniciais”
Para Luria qualquer forma de atividade psicológica é um sistema complexo que envolve o
trabalho simultâneo destas três unidades.
Um outro aspecto importante para Luria é que a estrutura dos processos mentais e as relações
entre os vários sistemas funcionais transformam-se ao longo do desenvolvimento individual
na criança atividades mentais apóiam-se sobre funções mais elementares e mais adiante as
funções superiores, sobretudo apoiadas na linguagem, são as que prevalecem.
Luria realiza uma pesquisa intercultural para estudar os fundamentos culturais e sociais do
desenvolvimento cognitivo na Ásia Central, numa comunidade que sofria aceleradas
transformações culturais, com a pergunta: o que acontece com os indivíduos que passam por
tais transformações sociais, quanto ao seu funcionamento psicológico?(pgs. 89-95).
Michael Cole, contemporaneamente estudando relações entre cultura e pensamento diz sobre
Luria “ a estrutura do pensamento depende da estrutura dos tipos de atividades dominantes em
diferentes culturas”.
1. MODO GRÁFICO FUNCIONAL: refere-se ao pensamento baseado na experiência
individual, em contextos concretos, em situações reais vivenciadas pelo sujeito. É chamado
gráfico, no sentido de que se baseia em configurações perceptuais que estão no campo de
experiência do sujeito; e funcional, pois se refere às relações concretas entre os objetos, em
situações práticas de uso.
2. MODO CATEGORIAL: refere-se ao pensamento baseado em categorias abstratas, à
capacidade de lidar com atributos genéricos dos objetos, sem referência aos contextos
práticos em que o sujeito se relaciona concretamente com os objetos.

LEONTIEV (1904-1979) – Teoria da Atividade


Atividade  Homem orienta-se por objetivos, agindo intencionalmente através de ações
planejadas. Ele diferencia-se de outras espécies pela capacidade consciente de formular e
perseguir objetivos. A atividade de cada indivíduo se dá num sistema de relações sociais, no
qual o trabalho ocupa lugar central.
Ele analisa a estrutura da atividade humana em três níveis de funcionamento: atividade
propriamente dita, as ações e as operações (pg.97, ex.). Assim,
A Atividade é uma forma complexa de relação homem-mundo que envolve finalidades
conscientes e atuação coletiva e cooperativa. A atividade é realizada por meio de ações.
Operações (pg.98)  aspecto prático das ações, o “como” uma ação pode ser levada a cabo
(lembra o sistema funcional de Luria).
“Conforme se transforma historicamente, a estrutura da interação social, a estrutura do
pensamento também se transformará”.
16
CONCLUSÃO

A autora critica a escolha da “melhor” teoria para psicologia da educação. Compara Piaget e
Vygotsky, que, embora tenham semelhanças, partem de questionamentos diferentes:
Piaget: tenta desvendar as estruturas e mecanismos universais do funcionamento psicológico
do homem.

Vygotsky: toma o homem como essencialmente histórico e portanto sujeito às


especificidades do seu contexto cultural.
Em relação às suas semelhanças:
Piaget e Vygotsky:

 compreensão da gênese;
 consideram mecanismos filogenéticos e ontogenéticos.
 Metodologia qualitativa.
 Interacionistas (sujeito e meio): indivíduo ativo.
 Consideram que a capacidade de representação simbólica, evidenciada pela aquisição da
linguagem, marca um salto qualitativo no processo de desenvolvimento do ser humano.

17
VYGOTSKY PIAGET
 Matriz epistemológica:  Influência da filosofia kantiana

dialética materialista  Estruturalista

 organismo com alto grau de  Privilégio do sujeito – dispondo

plasticidade – percebe o efeito dos mecanismos de adaptação e


diferencial que a variação do do nível de maturação, a
ambiente sócio-histórico pode criança interage com o meio,
exercer sobre o construindo estruturas cada
desenvolvimento cognitivo. vez mais complexas.
 Preocupa-se com as interações  Investiga a essência dos
entre as condições sociais em mecanismos pelos quais o
constante pensamento se desenvolve.
 modificação e com o substrato  As formas (mecanismos) estão

biológico. além das possíveis variações


 Denomina estruturas contextuais – não se atém em
elementares – totalidades definir meio físico e social.
psicológicas construídas por  Adota um suporte mais
determinantes biológicos biológico que lhe permite
 em seguida, denomina as postular um caráter universal
estruturas superiores que dos estágios de
emergem no processo de desenvolvimento.
desenvolvimento cultural.  Estuda o aspecto psicossocial e

 Relação recíproca entre a o psicológico (opta pelo


maturação (biológica) e segundo, pois acredita que é
interações sociais no processo esse desenvolvimento
de desenvolvimento. espontâneo que constitui a
 Não admite esquema universal condição para o
(plasticidade). desenvolvimento).
 Atividade: trabalho organizado  A ação individual move o
desenvolvido coletivamente em processo de conhecimento.
um dado momento histórico. Ação não é atividade, é feita
pela criança e tem por objetivo
 O conhecimento acumulado promover seu desenvolvimento.
pelas gerações precedentes e  O desenvolvimento da
veiculado pelos signos e inteligência provém de
instrumentos é passado através processos maturacionais que
da interação social; podem ser estimulados pela
educação, mas não decorrem
dela.
 Fala se forma na socialização;  Elemento social está implícito

nas ações do indivíduo.


 O ambiente social é o meio

onde as operações tornam-se 18


socializadas.
 Desenvolvimento do  Fala se torna socializada a
Texto b- PALANGANA, Isilda Campaner. “A relevância do Social numa perspectiva
interacionista” IN Desenvolvimento e Aprendizagem. São Paulo: Plexus, 1994, p. 124-160.
O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO E LINGUAGEM- VYGOTSKY

Pensamento e linguagem = origens diferentes, trajetórias diferentes e independentes,


antes que a ligação ocorra.

Estudo com chimpanzés = identifica “fase pré-verbal do desenvolvimento do pensamento e a


fase pré-intelectual do desenvolvimento da linguagem”

Inteligência prática (uso de instrumentos nos macacos)- solução de problemas e alteração do


ambiente para obtenção de um fim prático. Independente da linguagem = fase pré-verbal do
desenvolvimento do pensamento

Uso linguagem – gestos, expressões, sons função de alívio emocional e meio de contato
psicológico com outros membros do grupo = uso pré-intelectual – não tem função de signo.
Ou seja, a trajetória é diferente, num determinado momento as trajetórias se unem o
pensamento se torna verbal e a linguagem racional.
Associação entre pensamento e linguagem é articulada `a necessidade de intercâmbio dos
indivíduos durante o trabalho, atividade especificamente humana Momento em que o
biológico transforma-se em sócio-histórico.
Na evolução do indivíduo, essa fase pré-verbal do desenvolvimento do pensamento pode ser
associada ao período sensório-motor descrito por Piaget, no qual a ação da criança no mundo
é feita por meio de sensações e movimentos, sem mediação de representações simbólicas.
Aproximadamente aos 2 anos percursos se encontram : pensamento e
linguagem.(representação ) Criança faz a maior descoberta de sua vida (pg.53) que “cada
coisa tem seu nome”  uso funcional dos signos.
O impulso é dado pela própria inserção da criança num grupo cultural. Interação propicia
salto qualitativo para o pensamento verbal.
Nova forma de funcionamento psicológico  fala torna-se intelectual com função simbólica
generalizante e o pensamento torna-se verbal mediado por significados dados pela
linguagem.
A linguagem não depende necessariamente do som, mas do uso funcional dos signos.
Essa nova aquisição não exclui a anterior, mas passa a predominar nas ações tipicamente
humanas.(Pensamento e linguagem pg. 51).
A fala que era afetivo-conativa passa agora `a fase intelectual.
A fala não pode ser “descoberta” sem o pensamento. (pg.54)
O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS
SIGNIFICADO: É um componente essencial da palavra e é ao mesmo tempo, um ato de
pensamento, pois o significado de uma palavra já é, em si, uma generalização. Isto é, no
significado da palavra é que o pensamento e a fala se unem em pensamento verbal.
19
No significado encontra-se o intercâmbio social e o pensamento generalizante.
O Significado propicia a mediação simbólica entre o indivíduo e o mundo= filtro ( através do
qual o indivíduo é capaz de compreender o mundo e agir sobre ele).
O Significado é um fenômeno do pensamento pois implica em generalizações e conceitos.
Os Significados estão em constante transformação são constituídos ao longo da história dos
grupos humanos, com base nas relações dos homens com o mundo físico e social em que
vivem.
2 componentes do significado:
• O significado propriamente dito= núcleo relativamente estável de compreensão.
• O sentido =significado da palavra para cada indivíduo, composto por relações que dizem
respeito ao contexto de uso da palavra e às vivências afetivas do indivíduo.

O DISCURSO INTERIOR E A FALA EGOCÊNTRICA


• A generalização e a abstração só se dão pela linguagem.
• Discurso interior = dialeto pessoal; é fragmentado, abreviado contendo apenas núcleos
de significado e não todas as palavras usados em um diálogo.
• Percurso: é da atividade social interpsíquica p/ atividade individualizada intrapsíquica.

• Criança- primeiro utiliza a fala socializada com a função de comunicar, de manter um


contato social. Com o desenvolvimento é que ela passa a ser capaz de utilizar a linguagem
como instrumento de pensamento, com a função da adaptação social. Isto é, a internalização
do discurso é um processo gradual que se completará em fases mais avançadas de aquisição
da linguagem.
Pensamento e linguagem pg. 61-62
Dados sobre linguagem infantil sugerem que por 1 longo tempo a palavra e´ uma propriedade
do objeto ( ex. pensamentos estão na boca). A criança capta a estrutura externa palavra-
objeto mais cedo que a estrutura simbólica interna.
Pg. 62  na fase pré-escolar uso funcional de um novo signo e´ precedido pelo domínio da
estrutura externa do signo.
• FALA EGOCÊNTRICA : ligada às necessidades de pensamento. Trajetória vai dos
processos socializados para os processos internos. É uma fase de transição para / Piaget e
Vygotsky, embora de processos diferentes.
• Pensamento e linguagem pg.56-57
• RELAÇÃO pensamento- palavra – não é uma coisa – é um processo- movimento
contínuo de vaivém do pensamento p/ a palavra e vice-versa.
• FALA tem 2 planos distintos:
- aspecto interior – semântico e significativo
- aspecto exterior – fonético
UNIDADE da fala é uma unidade complexa e não homogênea.

20
• Homem biológico transforma-se em social por meio de um processo de internalização de
atividades, comportamentos e signos culturalmente desenvolvidos.
• O percurso do desenvolvimento humano se dá de fora para dentro, por meio da internalização de
processos interpsicológicos.

• A intervenção dos membros mais maduros da cultura no aprendizado das crianças é essencial
para o seu desenvolvimento (importância da intervenção do professor)

Desenvolvimento de Conceitos Científicos


(in, Vygotsky, Pensamento e Linguagem)

“O conceito de mediação inclui 2 aspectos complementares:


 por um lado refere-se ao processo de representação mental  conteúdos mentais que
representam objetos, situações e eventos do mundo real no universo psicológico do
individuo.(pg.26, Piaget,Vygotsky,Wallon).ais representações possibilitam que o humano
opere mentalmente sobre o mundo, ie, transcenda o espaço e o tempo presentes, libertando-
se dos limites dados pelo mundo fisicamente perceptível e pelas ações motoras abertas.

 Os processos simbólicos que se interpõem entre sujeito e objeto do conhecimento


tem origem social, ie., a cultura que fornece ao individuo os sistemas simbólicos de
21
representação da realidade, e por meio deles o universo de significações que permite
construir uma ordenação , uma interpretação dos dados do mundo real.. O individuo ao longo
de seu desenvolvimento internalizara´formas culturalmente dadas de comportamento, num
processo em que atividades externas, funções interpessoais, transformam-se em atividades
internas, intrapsicologicas. As funções psicológicas superiores, baseadas na operação com
sistemas simbólicos, são pois, construídas de fora para dentro do individuo.(Martha Kohl de
Oliveira,1991)

O Processo de Formação de Conceitos

Cap.6-Interação entre Aprendizado e Desenvolvimento(in, Vygotsky - Formação social da


Mente)

Há 3 posições teóricas sobre a questão da relação entre Desenvolvimento e Aprendizado em


crianças.
1a ) Processos de desenvolvimento independentes do Aprendizado (que e´ considerado
puramente externo).
Aprendizado se utiliza dos avanços do desenvolvimento. Ex: Piaget .
Nas suas entrevistas pelo método clinico, o experimentador investiga as tendências do
pensamento da criança, independentes do aprendizado.Desenvolvimento para ele e´ pre´-
requisito para o aprendizado. Assim, os ciclos de desenvolvimento precedem os ciclos de
aprendizado.

2a ) Aprendizagem e´ desenvolvimento
Teoria Behaviorista. Aqui, desenvolvimento enquanto domínio dos reflexos condicionados.
Assim, aprendizagem e desenvolvimento misturados.
Para William James  processo de aprendizagem tem a ver com a formação de hábitos.
Identificou Aprendizagem com Desenvolvimento.

3a ) Kofka  Atribui importância ao aprendizado no desenvolvimento da criança.


Desenvolvimento apóia-se em 2 aspectos: de um lado a maturação do SN e de outro no
Aprendizado que e´ em si um processo de desenvolvimento. Processos de maturação dão
base para um processo especifico de aprendizado.
Vygotsky coloca sua posição teórica via conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal:
1o Relação geral entre Aprendizado e Desenvolvimento
2o Aspectos específicos dessa relação quando a criança esta´ em idade escolar.
Ele diz que o aprendizado das crianças inicia-se antes da escola formal. Por ex., ela aprende
sobre quantidades antes de ingressar na escola , quando vai aprender matemática.

22
E´ na escola que podemos observar a zona de desenvolvimento proximal nas crianças e nela
investir.
Assim, discutindo os conceitos de nível de desenvolvimento real e proximal e zona de
desenvolvimento proximal, ele propõe que aquilo que a criança consegue fazer com ajuda
e muito mais indicativo de seu nível de desenvolvimento mental.
Pg.112 ele define zona de desenvolvimento proximal que e´ a distancia entre o nível de
desenvolvimento real e nível de desenvolvimento proximal.
A idade mental da criança tem a ver com o que ela realiza por si só.
A zona de desenvolvimento proximal e´ um preditor do nível de desenvolvimento da criança.
Na criança pre´-escolar a pesquisa mostrou que, a zona de desenvolvimento proximal hoje
será´ o nível de desenvolvimento real amanha.
O nível de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento mental retrospectivamente,
enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o desenvolvimento mental
prospectivamente.
Assim, o estado de desenvolvimento mental de uma criança será determinado pelos 2 níveis :
o de desenvolvimento real e a zona de desenvolvimento proximal (que pode não coincidir em 2
ou mais crianças com o mesmo desenvolvimento real).
Pg. 114  Zona de desenvolvimento proximal e Imitação .
Para a Psicologia clássica imitação não indica desenvolvimento mental.
Vygotsky cita pesquisas da época que mostravam que “só se imita o que esta´ no seu nível de
desenvolvimento  o que vai alterar as concepções da relação entre aprendizado e
desenvolvimento, fortalecendo na área educacional o papel da escola em ativar nas crianças a
zona de desenvolvimento proximal.
Ler na pg.117, ex. de escola trabalhando crianças com retardo mental somente sobre o
concreto, pois estava implícito que ela não atingiria o pensamento abstrato.Experiência que
não deu certo .Vygotsky acreditava que no caso, a zona de desenvolvimento proximal a ser
estimulada era justamente no que era mais limitado para tais crianças.Assim,a zona de
desenvolvimento proximal propõe que o “bom aprendizado” e´ aquele que se adianta ao
desenvolvimento.

23
A pré-história da linguagem escrita ( in, Formação Social da Mente)

A linguagem escrita é um sistema particular de símbolos e signos cuja dominação prenuncia


um ponto crítico em todo desenvolvimento cultural da criança. Ela é constituída por sistemas
de signos que designam os sons e as palavras da linguagem falada, que são os signos das
relações e entidades faladas. O elo intermediário (linguagem falada) desaparece e a
linguagem escrita converte-se num sistema de signos que simboliza diretamente as
entidades e as relações entre elas, esse domínio é desenvolvido ao longo do processo de
desenvolvimento de funções comportamentais complexas.
Apesar do estudos existentes não se consegue dar uma história completa da
linguagem escrita na criança, se consegue dar os pontos importantes desse desenvolvimento.
A história começa com os gestos e signos visuais.
O gesto é o signo visual inicial que contém a futura escrita da criança. Wurth assinalou a
ligação entre gestos e a escrita pictórica ou pictográfica, os gestos figurativos denotam
simplesmente a reprodução de um signo gráfico, e os signos por outro lado são fixação de
gestos.
O primeiro domínio onde os gestos estão ligados à origem dos signos escritos são os
rabiscos. Freqüentemente as crianças usam a dramatização, demonstrando por gestos o que
elas deveriam mostrar nos desenhos; os traços constituem somente um suplemento a essa
representação gestual. Tendemos a ver os primeiros rabiscos e desenhos das crianças mais
como gestos do que como desenho e tendemos a imputar ao mesmo tipo de fenômeno ao fato,
experimentalmente demonstrado, as crianças ao desenharem um objeto complexo, não o
fazem pelos seus componentes e sim pelas suas qualidades gerais, como por exemplo a
impressão do redondo.
O segundo domínio é o desenvolvimento do simbolismo do brinquedo, dos jogos das crianças. A
chave para a função simbólica do brinquedo é a utilização de alguns objetos como brinquedos e
a possibilidade de executar, com eles um gesto representativo. Não é importante o grau de
similaridade do objeto com que se brinca e o objeto denotado. Os gestos da criança é que
atribuem a função de signo ao objeto e lhe dão significado.
É somente na base desses gestos indicativos que esses objetos adquirem, gradualmente seu
significado, assim como o desenho que, de início apoiado por gestos, transforma-se num signo
24
independente. O que importa é que os objetos admitam o gesto apropriado e possam funciona
como um ponto de aplicação dele e os objetos que não permitem a realização dessa estrutura
gestual são sumariamente rejeitados pela criança. Por exemplo, pedir a criança que use os
dedos da mão e suponha que eles são crianças. Elas não irão aceitar pois os dedos estão
conectados aos seus corpos que não podem ser considerados como objetos.
Os objetos cumprem a função de substituição, no entanto somente os gestos adquiridos
conferem a eles os significados. Já as crianças mais velhas descobrem que os objetos só podem
indicar as coisas que eles estão representando, como também, substituí-las. Ex. pegar um livro
de capa preta e dizer que ele representará um floresta.
Sob o impacto do novo objeto adquirido, modifica-se a estrutura corriqueira dos objetos que
começa refletir na nova estrutura e essa modificação estrutural torna-se tão forte que se
incute um determinado significado simbólico.
H. Hetzer estudou experimentalmente como a representação simbólica dos objetos, se
desenvolve em crianças de três e seis anos de idade. Possuía quatro series básicas; a primeira,
investigou a função dos símbolos dos brinquedos nas crianças; na segunda, utilizou blocos e
materiais com que as crianças pudessem construir coisas; a terceira, envolveu desenhos com
lápis de cor e a quarta serie de experimentos teve a função de investigar, na forma de uma
brincadeira de correio, até que ponto as crianças conseguiam perceber combinações puramente
ao acaso de signos.
Existe uma concordância entre todos os psicólogos em que a criança deve descobrir que os
traços feitos por ela podem significar algo. Embora o processo de reconhecimento do que está
desenhando já seja encontrado cedo na infância, ele ainda não eqüivale a descoberta da função
simbólica.
Hetzer afirma que a representação simbólica primária deve ser atribuída à fala e que é
utilizando-a como base que todos os outros sistemas de signos são criados. Também no
desenvolvimento do desenho se nota o forte impacto da fala, que pode ser exemplificado pelo
deslocamento contínuo do processo de nomeação ou identificação para o inicio do desenhar.
Luria foi o responsável por tentar criar experimentalmente o processo de simbolização na
escrita, para estuda-lo de forma sistemática. Luria fez experiências com as crianças que ainda
não eram capazes de escrever, mas que foram colocadas para elaborar formar simples de
notação grafica, pedia-se as crianças que não se esquecessem de um certo numero de frases
que ia além da sua capacidade, e as crianças se convenciam de que não podiam guarda-las
quando começaram a representar na escrita ficaram surpresas com o resultado marcaram
quase todas as frases.
Implicações Práticas
Para se ter uma visão completa do desenvolvimento da linguagem escrita nas crianças existem
três conclusões de caráter prático.
A primeira é que seria natural transferir o ensino da escrita para a pré-escola. As crianças
mais novas são capazes de descobrir a função simbiótica da escrita deveria ser a
responsabilidade da educação pré-escolar. Na Inglaterra a grande maioria das crianças já são
capazes de ler aos quatro anos meio. Na Itália, através de exercícios preparatórios, todas as
crianças começam a escrever aos quatro anos e podem ler tão bem quanto as crianças que estão
25
no primeiro ano regular. A leitura e a escrita devem ser algo de que a criança necessite.
Ensinar a escrita nos anos pré-escolares impõe, necessariamente que a escrita deve ser
importante à vida.
Uma segunda é que a escrita deve ter significado para a criança, de que uma necessidade
intrínseca deve ser incorporada a uma tarefa necessária e relevante para a vida
• terceiro ponto é a necessidade de a escrita ser ensinada naturalmente. Montessori mostrou
os aspectos motores da escrita podem ser acoplados com o brinquedo infantil e que o
escrever pode ser cultivado ao invés de imposto. Pois dessa forma a criança passa a ver a
escrita como um momento natural no seu desenvolvimento.

O Papel de Brinquedo no Desenvolvimento (Formação Social da Mente)

Para Vygotsky o brinquedo preenche necessidades das crianças, i.é., tudo aquilo
que é motivo para a ação (incentivos que a colocam em ação).
“Toda criança se apresenta como um teórico que se desloca de um estágio a outro
de desenvolvimento, uma vez que todo avanço está conectado a mudança acentuada
nas motivações, tendências e incentivos” (contrariamente ao que a maioria dos
psicólogos entende avanço enquanto desenvolvimento intelectual). Ex: o que
interessa a um bebê deixa de interessar uma criança maior.
Para ele, ao brincar a criança satisfaz determinadas necessidades, e assim o
brinquedo será entendido como uma forma de atividade.
Crianças pequenas são imediatistas.

26
A criança pré-escolar já tem algumas necessidades/desejos que não podem ser
satisfeitos de imediato e para Vygotsky o brincar existe para satisfazer
necessidades que não podem ser imediatamente realizáveis. Para ele, nos pré-
escolares e nos adolescentes a imaginação é o brinquedo sem ação.
No brinquedo a criança cria uma situação imaginária( é definidora do brinquedo).
Para ele o principal no brinquedo é o papel da motivação e as circunstâncias da
atividade da criança.
Pg. 123--_ Vygotsky criticando leituras que olham o brinquedo como situação
simbólica; como importante nos processos cognitivos, bem como não ajudam a
compreender o papel do brinquedo no desenvolvimento que se segue.
Então, se todo brincar é a realização na situação, de desejos que não podem ser
imediatamente satisfeitos, então os elementos das situações imaginárias vão
constituir parte da atmosfera emocional do brincar.
Assim, qual o significado do comportamento da criança na situação imaginária do
brincar?
Por ex: tem regras. Não há brinquedo sem regras.
No brinquedo ela realiza o que tem como conceito dos papéis que exerce. Assim,
tem que se comportar como...., tem que falar como...( o papel prescreve).

Ação e significado do brinquedo


É no brincar que a criança se desprende do campo visual perceptual e aprende a
agir na área cognitiva a partir das motivações e tendências internas, ou seja,
Ela vê um objeto e age de modo diferente em relação àquilo que vê.Começa a
agir independentemente do que vê, o que se dá através de um longo processo.
Então ela tem o objeto/situação que vê e seu significado.
Na fase pré-escolar inicia-se a divergência entre os campos visual e do
significado. Assim, no brinquedo o pensamento está separado dos objetos e a
ação surge das idéias.
E a ação que é regida por regras é determinada pelas idéias.
Aqui ocorre mudança estrutural da criança com a realidade, pois modificou-se a
estrutura de sua percepção que antes ia do objeto para o significado( forma
circular com ponteiros: é um relógio) e agora vai do significado para o objeto( cabo
de vassoura que se torna o cavalo).
Vygotsky diz que o cabo de vassoura não é um símbolo, é um significado, o qual é o
ponto nuclear do brinquedo.

27
A criança lida com os significados como se fossem objetos( o cabo de vassoura que
ela imagina ser um cavalo).
Lembremos que no significado de uma palavra estão o intercâmbio social e o
pensamento generalizante.

O mesmo processo ocorre no campo da ação que se transforma da ação/significado


para significado/ação.
Então separar significado de objeto tem conseqüências diferentes de separar
significado da ação.
Trabalhar com o significado das coisas leva ao pensamento abstrato.
Trabalhar com o significado das ações leva ao desenvolvimento da vontade e de
fazer escolhas conscientes.

Conclusão (pg 133)


1- Brinquedo como fator de desenvolvimento
O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal no qual a criança se
comporta de modo mais maduro do que na realidade.
O brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma
condensada, sendo ele próprio uma grande fonte de desenvolvimento.
2- Mudança no decorrer do próprio brinquedo de um número maior de situações
imaginárias para a predominância de regras.
3- Mudanças internas que decorrem como conseqüência do brinquedo.

A pré-história da linguagem escrita

A linguagem escrita é um sistema particular de símbolos e signos cuja dominação


prenuncia um ponto crítico em todo desenvolvimento cultural da criança. Ela é constituída por
sistemas de signos que designam os sons e as palavras da linguagem falada, que são os signos
das relações e entidades faladas. O elo intermediário (linguagem falada) desaparece e a
linguagem escrita converte-se num sistema de signos que simboliza diretamente as entidades e as
relações entre elas, esse domínio é desenvolvido ao longo do processo de desenvolvimento de
funções comportamentais complexas.
Apesar do estudos existentes não se consegue ter uma história completa da linguagem
escrita na criança, e sim os pontos importantes desse desenvolvimento. A história começa com os
gestos e signos visuais.
28
O gesto é o signo visual inicial que contém a futura escrita da criança. O gesto é a escrita
no ar. Wurth assinalou a ligação entre gestos e a escrita pictórica ou pictográfica, os gestos
figurativos denotam simplesmente a reprodução de um signo gráfico, e os signos por outro lado
são fixações de gestos.
O primeiro domínio onde os gestos estão ligados à origem dos signos escritos são os
rabiscos. Freqüentemente as crianças usam a dramatização, demostrando por gestos o que elas
deveriam mostrar nos desenhos; os traços constituem somente um suplemento a essa
representação gestual. Tendemos a ver os primeiros rabiscos e desenhos das crianças mais como
gestos do que como desenho e tendemos a imputar ao mesmo tipo de fenômeno ao fato,
experimentalmente demonstrado, as crianças ao desenharem um objeto complexo, não o fazem
pelos seus componentes e sim pelas suas qualidades gerais, como por exemplo a impressão do
redondo.
O segundo domínio é o desenvolvimento do símbolismo do brinquedo, dos jogos das crianças.
A chave para a função simbólica do brinquedo é a utilização de alguns objetos como brinquedos e a
possibilidade de executar, com eles um gesto representativo. Não é importante o grau de
similaridade do objeto com que se brinca e o objeto referido. Os gestos da criança é que
atribuem a função de signo ao objeto e lhe dão significado.
É somente na base desses gestos indicativos que esses objetos adquirem, gradualmente seu
significado, assim como o desenho que, de início apoiado por gestos, transforma-se num signo
independente. O que importa é que os objetos admitam o gesto apropriado e possam funcionar
como um ponto de aplicação dele e os objetos que não permitem a realização dessa estrutura
gestual são sumariamente rejeitados pela criança. Por exemplo, pedir a criança que use os dedos da
mão supondo que são crianças. Elas não aceitarão pois os dedos estão conectados aos seus corpos
que não podem ser considerados como objetos.
Os objetos cumprem a função de substituição, no entanto somente os gestos adquiridos
conferem a eles os significados. Já as crianças mais velhas descobrem que os objetos só podem
indicar as coisas que eles estão representando, como também, substituí-las. Ex. pegar um livro de
capa preta e dizer que ele representará uma floresta.
Sob o impacto do novo objeto adquirido, modifica-se a estrutura corriqueira dos objetos que
começa refletir na nova estrutura e essa modificação estrutural torna-se tão forte que se incute
um determinado significado simbólico.
H. Hetzer estudou experimentalmente como a representação simbólica dos objetos, se
desenvolve em crianças de três e seis anos de idade. Possuía quatro series básicas; a primeira,
investigou a função dos símbolos dos brinquedos nas crianças; na segunda, utilizou blocos e
materiais com que as crianças pudessem construir coisas; a terceira, envolveu desenhos com lápis
de cor e a quarta serie de experimentos teve a função de investigar, na forma de uma brincadeira
de correio, até que ponto as crianças conseguiam perceber combinações puramente ao acaso de
signos.
Existe uma concordância entre todos os psicólogos de que a criança deve descobrir que os
traços feitos por ela podem significar algo. Embora o processo de reconhecimento do que está
desenhando já seja encontrado cedo na infância, ele ainda não eqüivale à descoberta da função
simbólica.
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Hetzer afirma que a representação simbólica primária deve ser atribuída à fala e que é
utilizando-a como base que todos os outros sistemas de signos são criados. Também no
desenvolvimento do desenho se nota o forte impacto da fala, que pode ser exemplificado pelo
deslocamento contínuo do processo de nomeação ou identificação para o inicio do desenhar.
Luria foi o responsável por tentar criar experimentalmente o processo de simbolização na
escrita, para estuda-lo de forma sistemática; fez experiências com crianças que ainda não eram
capazes de escrever, mas que foram colocadas para elaborar formas simples de notação gráfica,
pedia-se as crianças que não se esquecessem de um certo numero de frases que ia além da sua
capacidade, e as crianças se convenciam de que não podiam guarda-las; quando começaram a
representar na escrita ficaram surpresas com o resultado, pois marcaram quase todas as frases.

Implicações Práticas

Para se ter uma visão completa do desenvolvimento da linguagem escrita nas crianças
existem três conclusões de caráter prático.
A primeira é que seria natural transferir o ensino da escrita para a pré-escola. As crianças
mais novas são capazes de descobrir a função simbólica da escrita, que deveria ser
responsabilidade da educação pré-escolar. Na Inglaterra a grande maioria das crianças já é capaz
de ler aos quatro anos e meio. Na Itália, através de exercícios preparatórios, todas as crianças
começam a escrever aos quatro anos e podem ler tão bem quanto as crianças que estão na 1a série .
A leitura e a escrita devem ser algo de que a criança necessite. Ensinar a escrita nos anos pré-
escolares impõe, necessariamente que a escrita deve ser importante à vida.
Uma segunda implicação é que a escrita deve ter significado para a criança,, que uma
necessidade intrínseca deve ser incorporada a uma tarefa necessária e relevante para a vida
O terceiro ponto é a necessidade de a escrita ser ensinada naturalmente. Montessori
mostrou que os aspectos motores da escrita podem ser acoplados com o brinquedo infantil e que o
escrever pode ser cultivado ao invés de imposto. Pois dessa forma a criança passa a ver a escrita
como um momento natural no seu desenvolvimento.

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