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Folha busca Momo por dois dias no YouTube Kids,

mas figura não aparece


Espalhar o boato, que é o novo terror de pais e mães, pode torná-lo realmente
prejudicial

19.mar.2019 às 20h31

Phillippe Watanabe

SÃO PAULO A notícia falsa da vez envolve preocupação de pais, relatos de


choros dos filhos e ação de "trolls" da internet. Tudo envolve a figura
grotesca Momo, que supostamente está presente em vídeos do YouTube Kids
ensinando crianças a se matar.

A reportagem da Folha passou dois dias assistindo a vídeos no YouTube Kids


à procura de Momo (https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/03/momo-o-terror-da-internet-so-e-
real-para-quem-ajuda-a-espalhar-o-boato.shtml). A busca começou com as animações que

teriam a imagem bizarra, segundo relatos nas redes sociais, e depois


continuou com as recomendações de vídeos oferecidas e sua reprodução
automática. 
Ilustração da personagem Momo - Tracy Ma/The New York Times

Em meio a vacas comendo hambúrgueres azuis e andando de costas e sucos


feitos com uvas de plástico, a imagem de Momo não foi vista nenhuma vez. O
YouTube declarou que não há evidências da aparição de Momo em nenhum
vídeo de sua plataforma. 

No entanto, em uma busca sobre a personagem bizarra no Google a


reportagem achou um vídeo de uma animação que, após alguns minutos, é
interrompida com imagem de um homem que dá indicações sobre
automutilação, em inglês. 

O vídeo era citado como exemplo contraindicado a crianças em um blog que


alertava pais sobre possíveis riscos do YouTube. Procurada, a empresa não
respondeu até a publicação desta reportagem.

Liubiana Arantes, neurocientista e presidente do departamento científico de


comportamento e desenvolvimento da SBP (Sociedade Brasileira de
Pediatria), diz que o pânico gerado pelo Momo é um eco do jogo Baleia Azul
(https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/05/1882467-baleia-azul-e-fake-news-que-virou-realidade-diz-presidente-da-

safernet.shtml), de 2017. À época, Thiago Tavares, presidente da ONG Safernet,


disse que a história falsa acabou virando realidade com a atenção da mídia
(https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/05/1882467-baleia-azul-e-fake-news-que-virou-realidade-diz-presidente-da-

safernet.shtml).

"Os pais têm que ter maturidade e discernimento para saber o que vão
divulgar e compartilhar, até para serem exemplo para as crianças de uso
consciente da tecnologia (https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2018/04/com-que-idade-as-
criancas-devem-acessar-redes-sociais.shtml?loggedpaywall)."

Arantes afirma que mostrar o conteúdo ou divulgar a história na tentativa de


alertar as crianças sobre os perigos tem o efeito contrário. "Quanto mais os
pais divulgam, mais o boato ganha força. Se ninguém divulgasse, o risco de
que crianças recebessem essas mensagens seria mínimo." Ou seja, quem
procura acha.

Originalmente, Momo é uma escultura do artista japonês Keisuke Aiso,


apresentada em 2016 na Galeria Vanilla, em Tóquio, segundo o site Know
your Meme, que rastreia a origem de memes.

A escultura bizarra passou a aparecer em publicações de Instagram e ganhou


espaço em fóruns de internet fora de seu contexto original. O rastreio da
origem de Momo indica que ela vem de página de trolls, com chamadas
sensacionalistas e imagens aleatórias em busca de cliques.

Reportagens sem evidências em jornais pelo mundo só ajudaram a espalhar


o boato e o medo. Na Argentina, um tabloide ligou Momo ao suicídio de uma
menina. Na Índia se alastraram relatos não confirmados e de origem pouco
substanciada sugerindo que Momo teria levado a suicídios reais no ano
passado.

Em fevereiro deste ano, um jornal escocês reportou que uma mãe disse que
seu filho teria tido contato com a imagem de Momo enquanto assistia vídeos
de pegadinhas. Em seguida, uma escola do Reino Unido fez a alegação de que
havia sido avisada de que a figura Momo estava aparecendo em vídeos no
Youtube Kids, mais uma vez sem nada concreto a apresentar. 

A história chegou ao celular de Kim Kardashian que postou em 26 de


fevereiro sobre o suposto desafio para os seus 131 milhões de seguidores. 

Veículos internacionais avisaram que não passava de fake news, mas ainda
assim o pavor foi se espalhando pelas redes sociais até chegar ao Brasil e
inundar os grupos de WhatsApp de pais e mães daqui. 

Departamentos policiais e administradores escolares também divulgaram o


fenômeno como uma ameaça verificada e iminente, com base em relatos de
segunda ou terceira mão de crianças aflitas transmitidos pelos pais.

Em agosto de 2018, por exemplo, a Polícia Civil de Pernambuco começou a


investigar se a morte por enforcamento de um menino de nove anos, no
Recife, estava ligada a Momo. O caso, ainda sem data para conclusão das
investigações, fez com que escolas de diferentes regiões do Brasil
disparassem alertas.

Os comunicados encaminhados aos pais de crianças e adolescentes, de


maneira geral, apresentam a "Boneca Momo" como uma isca plantada por
criminosos para roubar dados pessoais e propor desafios que podem levar à
morte —mas não há evidências disso, frisa-se. "Orientamos os pais que
fiquem atentos e conversem com seus filhos para evitarem maiores
problemas", diz comunicado de um dos Colégios Maristas.

Quando o assunto é internet, uma boa dica é que os pais só permitam que os
filhos entrem em redes sociais a partir dos 13 anos ou até mais tarde,
dependendo da maturidade das crianças. Além disso, acompanhá-las na vida
online —estar de olho em postagens e até dividir senhas em alguns casos—
pode garantir um pouco mais de segurança. 

A Sociedade Brasileira de Pediatria indica que o uso diário de tecnologia seja


limitado: máximo de 1 hora por dia para crianças entre 2 e 5 anos, com
acompanhamento e explicações dos pais.
A Academia Americana de Pediatria indica que para crianças maiores de 6
anos deve-se colocar limites de tempo para uso de telas.

PERGUNTAS E RESPOSTAS PARA PAIS

Com que idade devo deixar meu filho criar um perfil nas redes sociais?
Especialistas recomendam respeitar a norma das próprias redes —quase
sempre, a idade mínima é 13 anos, mas vale analisar cada caso

Devo ter a senha das contas do meu filho?


Se os pais acham que o filho tem maturidade para criar um perfil, não
deveria ser necessário compartilhar a senha —o que não significa deixá-los
sem supervisão. O importante é acompanhar o que eles postam e até, de vez
em quando, entrar no perfil junto com eles, e não escondido

Como saber se tem algo errado acontecendo com meu filho nas redes?
Crianças e jovens que passam por problemas como bullying ou abuso na
internet costumam mudar a atitude. Ansiedade, tristeza, variações bruscas
de humor, mudanças no sono e na alimentação são alguns sinais

ENDEREÇO DA PÁGINA

https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2019/03/folha-busca-
momo-por-dois-dias-no-youtube-kids-mas-figura-nao-aparece.shtml

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