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Resumo
O presente artigo procura verificar e analisar se através da Declaração Universal dos Direitos Humanos
(DUDH) proclamada pela Organização das Nações Unidas em 1948, a sociedade civil brasileira, em especial a
comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros), vivenciou uma redução das
desigualdades no que se refere a essa parcela populacional. A partir da DUDH, que se tornou um marco na promoção
dos direitos humanos no mundo, procura-se verificar nas políticas públicas brasileiras a sua influência no que concerne
ao desenvolvimento de ações para reduzir a violência e discriminação contra a população LGBT. Ademais, é preciso
que sociedade civil e governo busquem um diálogo que se traduza em políticas sociais que, com efeito, reduzam os
casos de discriminação que esse grupo sofre no país, pautados pela ideia inicial de que todos possuem direitos e
liberdades iguais.
Introdução
1
Graduando em Relações Internacionais na Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). E-mail:
aruana13@hotmail.com.
O movimento LGBT no Brasil surge então com mais força a partir dos anos 70 e 80,
tomando como data de início o ano de 1978, em que a pauta primeiramente era o direito dos
homossexuais e, posteriormente abrangendo os LGBTs, e como aponta ROSSI (2010) “também
estamos tomando essa data como ponto de partida porque grande parte do movimento no Brasil a
considera a data inicial das atividades, associada à criação do primeiro grupo homossexual no
Brasil, o Grupo Somos, em São Paulo”.
A organização dessa população, mesmo que na clandestinidade, seja pela repressão que
sofriam pela ditadura militar, ou pela discriminação que vivenciavam pela própria sociedade
brasileira, foi primordial para os posteriores desdobramentos que ocorreram no movimento.
Inicialmente, é o movimento homossexual que se organiza para lutar pela livre orientação
sexual e seu exercício e como aponta FACCHINI:
O movimento homossexual tem seu surgimento no Brasil, registrado
pela bibliografia sobre o tema, na segunda metade dos anos 1970. O termo
movimento homossexual é aqui entendido como o conjunto das associações
e entidades, mais ou menos institucionalizadas, constituídas com o objetivo
de defender e garantir direitos relacionados à livre orientação sexual e/ou
reunir, com finalidades não exclusivamente, mas necessariamente políticas,
indivíduos que se reconheçam a partir de qualquer uma das identidades
sexuais tomadas como sujeito desse movimento (FACCHINI, 2003, p.84).
O jornal Lampião da Esquina que começou a circular a partir do ano de 1978 como mídia
alternativa, trouxe como eixo principal a temática dos homossexuais e sua exclusão da sociedade
brasileira, assim como a marginalização das minorias sociais, procurando tirar do “gueto” essas
Cabe ressaltar ainda que esses dados demonstram apenas as denúncias que chegaram ao
conhecimento do governo federal, sendo a violência contra os LGBTs muito mais numerosa, na
medida em que as violações dos direitos humanos ocorrem diariamente sem necessariamente serem
denunciadas.
O contexto político da época favorecia o surgimento e crescimento de grupos sociais que
contestassem a logica vigente, uma vez que a repressão politica e social dominavam a sociedade
brasileira, já que o regime estabelecido proibia qualquer tipo de busca por informações que não
estivessem ligadas ao governo estabelecido.
Os movimentos sociais, assim como toda a população brasileira, sofreram com esses anos de
repressão e falta de liberdade. As ruas se tornaram palco de verdadeiras prisões arbitrárias e atos
violentos por parte da polícia do regime, que além de violentar, promovia prisões sem maiores
explicações.
A medida que os anos se passaram e o contexto econômico, político e social ficaram
instáveis a ponto de não se sustentarem mais, a ditadura militar perdeu força e aos poucos a
sociedade civil brasileira foi se manifestando, seja pela formação de organizações que lutassem pela
causa dos homossexuais, seja coalização política que procuravam realizar para contestar o regime.
Com o Lampião da Esquina, um importante passo foi dado pelo reconhecimento dos direitos
dos homossexuais no Brasil, reafirmando que era preciso desfazer a imagem do homossexual
estereotipado pela sociedade brasileira e que enquanto sujeito de direito, ele deveria exercer sua
sexualidade com liberdade:
Mostrando que o homossexual recusa para si e para as demais minorias a
pecha de casta, acima ou abaixo das camadas sociais; que ele não quer viver
em guetos, nem erguer bandeiras que o estigmatizem; que ele não é um
eleito nem um maldito; e que sua preferência sexual deve ser vista dentro do
contexto psicossocial da humanidade como um dos muitos traços que um
Ao longo de suas edições, o Lampião da Esquina trouxe para discussão a problemática que
outras parcelas populacionais enfrentavam na época, como os índios, as lésbicas e os negros,
entendidas como minorias que necessitavam de voz na mídia para serem protagonistas de sua
própria história.
O jornal tem seu término no ano de 1981, e como aponta FERREIRA (2010) “em suas
ultimas edições o periódico se tornou mais ousado e explicito, contendo ensaios sensuais e cada vez
tratando de assuntos mais polêmicos, dentre eles: masturbação, sadomasoquismo, transexualismo
dentre outros.”
O Grupo SOMOS – Grupo de Afirmação Homossexual, surge no Brasil também a época da
ditadura militar, no ano de 1978, e demonstra que apesar do contexto repressivo vivido naquele
momento, diversos grupos surgem para lutar pelos direitos civis que muitas vezes estavam negados
a população.
Apesar de ser um dos primeiros grupos a lutar pelo direito dos homossexuais no Brasil, o
SOMOS não deixou de enfrentar problemas internos, e segundo ROSSI:
Ao longo de sua existência, cada vez mais o grupo ia se dividindo, e
novos grupos foram surgindo, como a inserção das lésbicas no grupo, surgiu
o Grupo Lésbico-feminista que posteriormente se separou. As posições
ideológicas dos militantes daquela época levaram ao primeiro grande racha
dentro do movimento. A ala do Somos que defendia uma unificação do
Com essa crescente divisão dentro do próprio grupo, no ano de 1983 o grupo tem seu fim
decretado, deixando como legado a luta primordial contra uma sociedade machista e outros grupos
surgiriam inspirados no ativismo deste grupo.
A década de oitenta no Brasil é marcada pelo período conhecido como a redemocratização
brasileira e a abertura política começa a proporcionar a população uma maior articulação na luta
pelos seus direitos sociais e políticos, uma vez que os anos anteriores foram representados pela falta
de liberdade de expressão e direitos. O movimento homossexual aparece com maior força, e ROSSI
aponta que:
A partir da década de 1980, os movimentos de cidadania e direitos
homossexuais se espalharam por todo o Brasil – Grupo Gay da Bahia;
Grupo Dialogay (Sergipe); Grupo Atobá e Triângulo Rosa (Rio de Janeiro);
Grupo Dignidade(Curitiba); Grupo Gay do Amazonas; dentre outros. Eles
mantinham entre si a reivindicação de direitos e a afirmação de uma
identidade, lutando contra todas as expressões de discriminação (ROSSI,
2010, p. 74).
O presidente a época, era Luís Inácio Lula da Silva, Lula, que como aponta
DANILIAUSKAS (2011) “quando Lula assumiu a presidência, realizou, em seu primeiro ano, uma
importante reforma ministerial: criou as secretarias especiais ligadas diretamente à Presidência da
República”. Ainda segundo o autor, essas reformas possibilitaram maior diálogo e parceria diante
de uma estrutura governamental mais participativa e que procurava reduzir as desigualdades sociais.
Trazendo a Conferência Mundial de Beijing, ocorrida em 1995, como percussora do tema
em âmbito internacional do combate a discriminação por orientação sexual, o Brasil sem
Homofobia define como um de seus princípios:
A reafirmação de que a defesa, a garantia e a promoção dos direitos
humanos incluem o combate a todas as formas de discriminação e de
violência e que, portanto, o combate à homofobia e a promoção dos direitos
humanos de homossexuais é um compromisso do Estado e de toda a
sociedade brasileira (CONSELHO Nacional de Combate à Discriminação,
2004, p.12).
Os outros eixos do Programa estão divididos da seguinte forma: II- Legislação e Justiça; III-
Cooperação Internacional; IV- Direito à Segurança: combate à violência e à impunidade; V- Direito
à Educação: promovendo valores de respeito à paz e à não-discriminação por orientação sexual; VI-
Direito à Saúde: consolidando um atendimento e tratamentos igualitários; VII- Direito ao Trabalho :
Considerações Finais
Desde a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas de
1948, diversos países tem buscado garantir a preservação da segurança de seus indivíduos, assim
como estar em acordo com os princípios dos direitos humanos da ONU.
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