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Revista Brasileira de Análise do Comportamento / Brazilian Journal of Behavior Analysis, 2009,Vol.

5, Nº 1, 117-137

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO E A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CONHECIMENTO1

BEHAVIOR ANALYSIS AND THE SOCIAL CONSTRUCTION OF KNOWLEDGE

Bernard Guerin
UNIVERSITY OF WAIKATO – NOVA ZELÂNDIA

Tradutores:2
Henrique Valle Belo Ribeiro Angelo3
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Márcio Borges Moreira4


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA E UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

Ricardo Corrêa Martone5


NÚCLEO PARADIGMA DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

RESUMO
Um fenômeno de interesse contemporâneo na psicologia social é a construção social do conhecimento – o conhecimento que
surge na interação entre as pessoas em comunidades, ao invés daquele que surge em interações em um ambiente não social. Uma aná-
lise comportamental do conhecimento construído socialmente é apresentada, baseada nos tipos funcionais de comportamento verbal
de Skinner (1957) e nas contingências sociais que os mantêm. Conhecimento construído socialmente ocorre na forma de intraverbais,
tatos com falha na discriminação, ou quando existem poderosos controles sociais determinando o comportamento verbal em um
grupo. A diferença entre comportamento governado por regras e governado por contingências mostra os limites do conhecimento
construído socialmente, enquanto contingências sociais envolvidas na influência de uma minoria e em inovações mostram como
mudanças podem ocorrer nas representações de uma comunidade.
Palavras-chave: representações sociais, análise do comportamento, psicologia social, comportamento verbal.

ABSTRACT

A phenomenon of contemporary interest in social psychology is the social construction of knowledge – knowledge arising out of the
interactions of people in communities rather than from interaction with nonsocial environment. A behavior analysis of such social
constructed knowledge is presented, based on Skinner’s (1957) functional types of verbal behavior and the social contingencies that
maintain them. Socially constructed knowledge occurs as intraverbals, as tacts with loose discrimination, and when there are power-
ful social controls determining the verbal behavior in a group. The distinction between rule-governed and contingency-governed
behavior shows the limits of socially constructed knowledge, whereas the social contingencies involved in minority influence and
innovation show how changes can occur in community representations.
Keywords: social representations, behavior analysis, social psychology, verbal behavior.

1
A publicação do artigo em língua portuguesa foi autorizada por Bernard Guerin. Publicado originalmente em: Guerin, B. (1992). Behavior
analysis and the social construction of knowledge. American Psychologist, 47, 1423-1432.
2
Os tradutores agradecem à dra. Camila Muchon de Melo pela cuidadosa revisão e supervisão da tradução.
3
Graduando pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. E-mail: rick.angelo@hotmail.
4
Mestre pelo Instituto de Educação Superior de Brasília e Universidade de Brasília. QMSW 05 Lt.2 Bl. D apto. 105, Ed. Montblanc, Sudoeste,
Brasília/DF, 70680-500. E-mail: borgesmoreira@gmail.com. Tels.: (61) 8154-8063 / (61) 3253-9147.
5
Doutor pelo Núcleo Paradigma de Análise do Comportamento. E-mail: rcmartone@gmail.com

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B. GUERIN

Analistas do comportamento têm feito & Luckmann, 1967; Farr & Moscovici, 1984;
análises experimentais e conceituais de mui- Gergen, 1985; Gergen & Davis, 1985; Ger-
tos fenômenos tradicionalmente estudados gen & Semin, 1990; Kitzinger, 1987; Mosco-
pela psicologia social, incluindo processos vici, 1988; Mugny, 1989).
como cooperação, competição, compara- Muitas abordagens têm sido utilizadas
ção social, comportamento de ajuda, crenças para descrever e pesquisar construções e re-
e processos de interdependência (Azrin & presentações sociais, mas todas têm o mesmo
Lindsley, 1956; Emurian, Emurian, & Brady, pressuposto básico: que muito do que conhe-
1985; Fraley, 1984; Hake,Vukelich, & Olvera, cemos é aprendido por meio de processos
1975; Olvera & Hake, 1976; Schmitt, 1987; sociais – ou seja, é construído socialmente.
Skinner, 1953; Spradlin, 1985; Vukelich & Isso significa que muito do que conhecemos
Hake, 1980). No entanto, esses trabalhos não sobre o mundo é construído socialmente e
têm tido muito impacto na psicologia social, nos possibilita viver, como diz Moscovici
apesar dos avanços que originalmente alcan- (1987), em “mundos virtuais”. Por exemplo,
çaram. Uma razão para esse pequeno impac- grande parte do que sabemos sobre saúde e
to reside no fato de que muitos fenômenos comportamentos saudáveis é aprendido por
de interesse da psicologia social parecem ser meio de conversas e da interação com outras
negligenciados por analistas do comporta- pessoas, e não por meio de experiências pró-
mento. Psicólogos sociais argumentaram que, prias com a saúde e com a doença (Herzlich,
apesar de cooperação, competição e outros 1973; Jodelet, 1984).
fenômenos serem importantes, é a maneira Meus objetivos neste artigo são, em
pela qual alguém percebe, ou pensa sobre es- primeiro lugar, delinear como a análise do
ses processos sociais, que determina parte do comportamento pode lidar com construções
comportamento. Com esse objetivo, existe sociais; em segundo, mostrar o que a análise
uma extensa literatura em processos cogniti- do comportamento pode adicionar aos fun-
vos mediando o comportamento social (e.g., damentos da construção social; e, finalmente,
Markus & Zajonc, 1985). Devido ao fato de mostrar como uma séria compreensão dada
que a análise do comportamento aparente- às construções sociais pode mudar a forma
mente negligencia esses mediadores, uma com que analistas do comportamento con-
aproximação tem sido rejeitada pela maioria duzem a análise experimental de comporta-
dos psicólogos sociais mais tradicionais. mento social.
Os fenômenos de interesse dos psicólo-
gos sociais podem ser estudados pela análise Construcionismo social na psicologia
do comportamento, mas temos de procurar
material relevante na análise do comporta- Várias formas de construcionismo social
mento verbal ao invés de na literatura cita- podem ser encontradas nas obras dos pri-
da. Para tal, analisarei um fenômeno de atual meiros autores das ciências sociais, incluindo
interesse na psicologia social: a construção Durkheim (1974), Mead (1934; cf. Blackman,
social do conhecimento ou representações 1991) e Vygostsky (1934/1986). A partir
sociais (Augoustinos & Innes, 1990; Berger desses estudos, emergiram duas abordagens

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CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CONHECIMENTO

modernas: as de Kenneth J. Gergen (1985) e tanto das trocas no ambiente social como
Serge Moscovici (1988). Embora muitos de no ambiente não social. O quarto pressupos-
seus pressupostos sejam os mesmos, Gergen to é que o conhecimento construído social-
elucidou a estrutura ampla do construcio- mente está relacionad=o a outras atividades
nismo social, e Moscovici tem contribuído sociais e não é separável do restante de nossa
mais com os processos sociais psicológicos. vida social.
Por essa razão, eu os discutirei separadamente Existem outros pressupostos que Gergen
a seguir. (1985) não explicitou. O primeiro deles é
a assertiva de que “nós geralmente assumi-
Gergen mos como conhecimento aquilo que é re-
Gergen (1985) apontou quatro pressu- presentado por proposições linguísticas” (p.
postos explícitos de construcionismo social, 270). Nos termos de Ryle (1949), Gergen só
o qual é “preocupado em explicar os proces- lidou com o “saber que” (knowing that), e não
sos pelos quais pessoas descrevem, explicam com o “saber como” (knowing how). Por co-
ou de alguma forma lidam com o mundo nhecimento ele estava se referindo ao que a
(incluindo elas próprias) no qual vivem” (p. análise do comportamento chamaria de com-
266). O primeiro pressuposto é que nossas portamento verbal.
relações com o mundo nem sempre corres- Outro pressuposto implícito é que “co-
pondem ao mundo real. Objetos e relações nhecimento não é algo que as pessoas possu-
são inventados ou construídos, mas ainda am em algum lugar de suas cabeças, mas, sim,
assim influenciam nossos comportamentos algo que as pessoas fazem juntas. A lingua-
e nossos pensamentos. Por exemplo, alguns gem é um conjunto de atividades compar-
psicólogos explicam a raiva em termos de tilhadas” (Gergen, 1985, p. 270). Novamente,
substratos biológicos, mas a raiva é também Gergen assumiu que o conhecimento está
“uma ação social historicamente contingen- ligado ao uso da linguagem e que essa é uma
ciada” (p. 267). Isto é, parte do que enten- atividade social. Isso coincide com a posição
demos por raiva é construído socialmente, e de Durkheim (1898/1974), Mead (1934),
não apenas biologicamente dado. Vygotsky (1934/1986), Wittgenstein (1953;
O segundo pressuposto é que os termos veja Deitz & Arrington, 1984) e Skinner
que usamos para explicar o mundo são tam- (1957). Gergen, entretanto, não deixou claro
bém produtos sociais, que surgem de uma por que o uso da linguagem precisa ser ne-
“tarefa ativa e cooperativa de pessoas que se cessariamente social, especialmente quando
relacionam” (Gergen, 1985, p. 267). O ter- muitos psicólogos tratam a linguagem como
ceiro pressuposto é que a prevalência de uma um processo individual (Chomsky, 1975).
construção ou compreensão social não é di- O pressuposto final de Gergen (1985) é
retamente relacionada à sua validade empí- que há uma descontinuidade entre processos
rica, mas, sim, “às vicissitudes dos processos psicológicos e processos de construção social,
sociais (e.g., comunicação, negociação, con- de tal forma que, ao invés de “considerar uma
flito, retórica)” (p. 268). Ou seja, se o conhe- aproximação com as ciências naturais e a psi-
cimento é mantido ou não pode depender cologia experimental, uma afinidade é rapi-

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B. GUERIN

damente percebida dentro do que podem ser não inclui o pressuposto de um grupo social
chamadas de disciplinas interpretativas, isto é, coeso que compartilha tais representações
disciplinas preocupadas principalmente em sociais. Na sociedade moderna, por exemplo,
abordar os sistemas humanos de significado” representações sociais podem ser formadas a
(p. 270; veja também Gergen, 1988). Não partir de processos sociais muito vagos, in-
fica claro o quão rígida essa descontinuidade fluenciados pela mídia, pelo contato entre
pode ser – isto é, se a psicologia poderia um subgrupos, ou por conflitos gerados devido
dia prover as bases para esses sistemas huma- à existência de diversos grupos na mesma so-
nos de significado. ciedade (Moscovici, 1988).
De acordo com Moscovici, representa-
Moscovici ções sociais já estão presentes quando cresce-
Uma das explicações mais duradouras mos e somos obrigados a adotá-las. Em geral,
e completas sobre as formas sociais de co- elas aparecem para nós como um conheci-
nhecimento é a fornecida por Moscovici e mento objetivo já existente. Elas mudam, en-
seus colegas (Moscovici, 1961, 1988; Doise tretanto, e Moscovici tem pesquisado como
& Mugny, 1984; Farr & Moscovici, 1984). representações sociais podem ser modificadas
Moscovici lançou a ideia de representações so- pela influência de grupos minoritários (Mos-
ciais – estruturas de conhecimento que são covici, 1980) e por meio de outras formas de
construídas e compartilhadas por grupos de inovação (Moscovici, 1976a).
pessoas. Por exemplo, um grupo de pesso- Assim como Gergen, Moscovici assumiu
as em uma comunidade provavelmente tem que grande parte de nossas vidas é baseada
formas semelhantes de explicar e interpre- em representações sociais, escrevendo que
tar saúde e doença (Herzlich, 1973); essa é “nisso se constitui o fato de que vivemos ba-
uma representação social de saúde e doença. sicamente em ‘mundos virtuais’” (Moscovici,
Representações sociais têm como função dar 1987, p. 517). Ele também reconheceu que
sentido ao desconhecido, colocar os “grandes representações sociais são mediadas por pro-
enigmas da vida” em uma forma manejável e cessos sociais: “Se nós desejássemos nos co-
familiar (Moscovici, 1984, p. 941). municar e criar representações sociais junto
Representações sociais são conhecimen- com outros homens, teríamos um sentimen-
tos socialmente construídos formados por to de confiança” (Moscovici, 1987, p. 518).
meio do “dar e receber” da vida social (Mos- Isto é, processos sociais de interdependên-
covici, 1987, p. 518). Entretanto, elas vão além cia são parte das trocas verbais e da criação
de atitudes e crenças individuais devido ao das representações sociais. Um último ponto
fato de não serem ocupações de uma única destacado por Moscovici é que, dentro de es-
pessoa, mas de todo um grupo ou comuni- truturas socialmente construídas, não se po-
dade (Di Giacomo, 1980). Nenhuma pessoa deria falar no fracasso em agir racionalmente
sozinha poderia conhecer a representação como sendo agir de forma irracional. Ele ar-
social por completo. No entanto, diferente- gumentou que outras formas de pensamento
mente da noção de representações coletivas de social existentes não são erradas, nem o que
Durkheim (1974), o conceito de Moscovici se chama usualmente de “irracional” (Mos-

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CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CONHECIMENTO

covici & Hewstone, 1983). Como mostrarei bém existe como metal ou papel (Moscovici,
adiante neste artigo, colocar limites dentro do 1987), e isso tudo é parte do que ele entendia
escopo das representações sociais clarifica a como representação social.
distinção entre racional e irracional.
Algumas diferenças entre as visões de Uma análise comportamental do
Gergen e Moscovici merecem destaque. Pri- conhecimento social
meiro, Moscovici seguiu a tradição durkhei-
miana ao enfatizar que as representações so- Ao propor como a análise do compor-
ciais podem se tornar concretas ou objetivas tamento poderia lidar com os fenômenos
e quase ganhar vida por si só em uma so- destacados anteriormente, faz-se necessário
ciedade, enquanto Gergen pouco falou sobre estabelecer uma distinção entre dois tipos
isso. Representações sociais, para Moscovici, de conhecimento (Hineline, 1983). Conhe-
cimento pode significar, inicialmente, com-
lidam com os eventos da vida diária e com os portamento modelado diretamente pelo
intercâmbios físicos e simbólicos entre indiví- ambiente, o que corresponde ao conceito de
duos de modo imediato e com os pés no chão.6 saber como de Ryle (1949). Pode ser dito que
Como esses intercâmbios são repetidos e, even- um animal sabe como pressionar a barra da
tualmente, transformam-se em rotinas, assumem esquerda na presença de uma luz verde e a
um caráter objetivo como práticas e crenças ins- barra da direita na presença de uma luz ver-
titucionalizadas e, até mesmo, como movimen- melha. Não há indícios do animal reportan-
tos coletivos. (Moscovici, 1988, p. 213) do-se verbalmente a si mesmo ou a outros. O
animal meramente se comporta de um jeito
Outra diferença entre as duas explicações particular em um contexto particular de es-
sobre o conhecimento socialmente constru- tímulos, e isso algumas vezes é referido como
ído é que Moscovici viu as representações conhecer (Hineline, 1983).
sociais como sendo mais do que o uso da Se existem contingências semelhantes
linguagem (Moscovici, 1987, p. 527). Muitas presentes, então animais diferentes responde-
vezes, ele comentou que representações so- rão da mesma forma. Entretanto, não é a isso
ciais consistem em imagens tanto quanto em que Gergen ou Moscovici se referem como
formas linguísticas (e.g., Moscovici, 1985a). conhecimento construído socialmente, por-
Também teriam suas bases materiais, ao in- que são as contingências ambientais comuns,
vés de uma base interpretativa, como disse e não um grupo social, que controlam com-
Gergen, e Moscovici ainda argumentou que portamentos semelhantes. Da mesma forma,
as representações sociais podem estar tanto todos nós viramos maçanetas de forma se-
“lá fora” como “aqui dentro”7 (Moscovici, melhante, no entanto, isso não é conheci-
1987). Por exemplo, dinheiro é uma repre- mento construído socialmente, porque são as
sentação social de valor e riqueza, mas tam- mesmas condições de estímulo e as mesmas
consequências automáticas de portas abertas
6
A expressão na língua inglesa era “down to earth”. (N.T.) que controlam esses comportamentos seme-
7
Do original “out there” e “in here”. (N.T.) lhantes (ver Vaughan & Michael, 1982).

121
B. GUERIN

O segundo conceito de conhecimen- pográficas distintas que um tratamento espe-


to, e o utilizado no construcionismo social, cial pode ser assim justificado, e, de fato, exi-
corresponde à categoria de saber que de Ryle gido” (Skinner, 1957, p. 2). Como discutirei
(1949). Nesse sentido, conhecer significa que mais adiante, essas propriedades distintas são
podemos nos comportar com o comporta- a razão para que as construções sociais pare-
mento verbal apropriado. Conhecer qual a çam ser embasadas em uma nova disciplina
capital do Peru significa ser capaz de dizer – as “disciplinas interpretativas”, que Gergen
“Lima” em um contexto apropriado tanto (1985) sugeriu. Com relação ao comporta-
para você quanto para outros, por exemplo, mento verbal, entretanto, os princípios são os
depois de um questionamento apropriado mesmos para qualquer tipo de conhecimen-
(Skinner, 1974, capítulo 9). to e uma nova disciplina não é requerida.
Com essa distinção, analistas do com- A principal fonte de controle do com-
portamento podem especificar limites às portamento verbal pode ser encontrada na
realidades que podem ser socialmente cons- sua definição como “comportamento refor-
truídas, algo que não foi mencionado nem çado por meio da mediação de outras pesso-
por Gergen, nem por Moscovici. Realidades as” (Skinner, 1957, p. 14). Isso significa que,
socialmente construídas só existem na me- para analistas do comportamento, o compor-
dida em que existem contingências verbais. tamento verbal é inerentemente um processo
Quando contingências ambientais modelam social, porque comportamentos verbais não
diretamente comportamentos comuns, não podem ser efetivos e não podem manter sua
estamos falando de construções sociais ou efetividade sem outras pessoas (Lee, 1984;
representações sociais. Isso significa que uma MacCorquodale, 1969). Gritar para uma pa-
análise comportamental da construção social rede de tijolos ou conversar com árvores não
deve focar-se na manutenção do comporta- produz efeito sobre elas.
mento verbal para mostrar como o conheci- Há muitas formas de comportamento
mento construído socialmente funciona. verbal pelas quais esse controle funciona. As-
sumo no presente artigo que construções so-
Fontes de controle no comportamento verbal ciais envolvem apenas as formas chamadas de
As fontes de controle e manutenção do intraverbais, tatos e autoclíticos (Oah & Dickin-
comportamento verbal foram delineadas por son, 1989; Skinner, 1957), embora somente
Skinner (1957; Catania, 1972, fez uma pro- as duas primeiras formas possam ser discuti-
veitosa comparação com os psicolinguistas das neste trabalho. Autoclíticos modificam o
tradicionais). Embora a análise do comporta- controle de outras formas de comportamen-
mento verbal seja baseada nos mesmos prin- to verbal (Catania, 1980).
cípios que a análise de outros comportamen- Intraverbais são comportamentos verbais
tos, o comportamento verbal tem algumas que estão sob controle discriminativo de ou-
propriedades especiais que o fazem parecer tras palavras (Skinner, 1957, p. 71). Ou seja,
diferente: “O comportamento que é efetivo a condição para sua ocorrência, efetividade
apenas por meio da mediação de outras pes- e manutenção dessa efetividade é a presença
soas tem tantas propriedades dinâmicas e to- de outras palavras (Chase, Johnson, & Sulzer-

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CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CONHECIMENTO

-Azaroff, 1985; Vargas, 1986). Por exemplo, Tatos são relatos sobre o ambiente, in-
seguindo a sequência “Um, Dois, ...” a pro- cluindo autorrelatos (Skinner, 1957, p. 81;
dução de uma unidade verbal “Feijão com Stafford, Sundberg, & Braam, 1988). Tatos
arroz”8 não é controlada por ver ou ouvir são afirmações descritivas sobre nós mesmos
algo no ambiente, mas, sim, controlada pela ou sobre o ambiente e estão sob o contro-
história de dizer “Feijão com arroz” depois le de estímulos ambientais. Assim, formam
de “Um, Dois, ...”. As únicas consequências boa parte da base do conhecimento verbal e
na natureza que podem reforçar isso são incluem o relato científico de eventos tanto
aquelas que envolvem outras pessoas. Nova- quanto descrições do senso comum (Mosco-
mente, o comportamento verbal só é efetivo vici, 1961; Moscovici & Hewstone, 1983). A
por meio de outras pessoas. Não é provável mudança de tatos para intraverbais é crucial
que essas consequências sejam óbvias, entre- para a manutenção das representações sociais,
tanto, em razão de serem intermitentes e me- isto é, quando o controle de estímulos passa
diadas por várias pessoas. do ambiente para outras palavras.
Parte do controle funcional de constru- A análise comportamental do conhe-
ções sociais virá do conhecimento do intra- cimento socialmente construído está for-
verbal. Os cognitivistas usualmente chamam temente embasada nas fontes de controle
isso de associações ou redes associativas e não es- presentes no tato, e é ai que surgem as mais
pecificam o controle ou as bases funcionais interessantes e distintas propriedades (Skin-
de tal conhecimento socialmente construído. ner, 1957, capítulo 5). Tatos são controla-
Di Giacomo (1980), por exemplo, usou um dos e mantidos por consequências sociais
método de associações livres para estudar as generalizadas (Skinner, 1953, 1957). Con-
representações sociais a respeito de um mo- sequências generalizadas são aquelas que
vimento de protesto. Muitas das associações no passado conduziram a uma variedade
encontradas por ele eram intraverbais, pura- de consequências funcionais que podem
mente sob controle de outros comportamen- controlar o comportamento. Dinheiro, por
tos verbais e da história funcional de usar essas exemplo, é considerado um reforçador ge-
palavras. Alguns estudantes envolvidos no pro- neralizado porque leva a uma variedade de
testo sabiam sobre os eventos apenas de ouvir outros reforçadores.
outras pessoas falando sobre eles; portanto, seus Tatos são mantidos por consequências
comportamentos verbais poderiam apenas generalizadas, as quais são mediadas por
estar sendo controlados por palavras e conse- outras pessoas. Isso significa que uma varie-
quências sociais por repetir aquelas palavras em dade de efeitos sociais generalizados, como
contextos apropriados. Isso ainda deixa aber- aprovação, atenção, afeição e submissão,
ta a questão sobre o que controla a produção controlam e mantêm sua produção (Skin-
das palavras que são estímulos discriminativos ner, 1953). Desde a infância, nosso com-
para intraverbais. É aí que aparecem os tatos. portamento de descrever corretamente o
ambiente foi gradualmente fortalecido por
outras pessoas, desde nossa primeira palavra
8
A expressão original utilizada foi “One, Two, ...” “Buckle my shoe”. A
expressão foi substituída para adequar-se à cultura brasileira. (N.T.) “gato” na presença de um gato, até dizer

123
B. GUERIN

“Está chovendo lá fora” quando vemos que consequências funcionais sejam generaliza-
começa a chover. Esses exemplos de tato não das. Skinner (1957) chamou esses compor-
possuem nenhuma consequência funcional tamentos de “tatos distorcidos”. Isso significa
imediata, mas são intermitente e diferente- que tatos controlados por pequenos grupos
mente fortalecidos por outras pessoas. Desse ou comunidades estarão sempre propensos
modo, passamos a fazer relatos do ambiente ao viés. Em um caso extremo, uma unidade
sem nenhuma consequência aparentemente verbal pode parecer um tato, mas estar sob
mediada por outras pessoas. Esse controle é o controle das palavras da comunidade ver-
tão forte e intermitente que as pessoas muitas bal, podendo assim ser mais apropriadamente
vezes farão relatos sobre o ambiente mesmo chamada de intraverbal.
estando sozinhas. Devido ao fato de comunidades ver-
Apesar de a comunidade verbal que man- bais poderem enviesar tatos, consequências
tém o uso de um idioma particular (como o sociais generalizadas são essenciais para a
inglês) ser muito ampla e o controle ser inter- postura científica sobre o mundo (Skinner,
mitente e difuso, mudanças no uso do idioma 1957). O comportamento verbal científico
podem estar sob o controle de subcomunida- não deveria ser motivado por consequências
des verbais menores. Tais subculturas podem específicas, porque isso estaria enviesando
modelar mudanças na forma como as pessoas os relatos. Relatos científicos deveriam ser
falam e escrevem tanto quanto as palavras que mantidos mais por consequências generaliza-
usam. Tomadas em menor escala, a “comuni- das do que reforçados por relatar um “fato”
dade verbal” de Skinner (1957) é equivalente particular ou punidos por relatar outro “fato”
aos “coletivos” de Durkheim (1914, 1974), (Schnaitter, 1980).
aos “outros generalizados” de Mead (1934), à Em resumo, existem duas bases essencial-
“comunidade linguística” ou à “comunidade mente sociais do conhecimento construído
de discurso” de Saussure (1913/1983) e aos socialmente e das representações sociais. A
“subgrupos” de representação social de Mos- primeira é a produção do comportamento
covici (1988). Como mencionado anterior- verbal por si só: o comportamento verbal só
mente, Moscovici argumentou que a nature- é efetivo por meio de outras pessoas e geral-
za das comunidades verbais tem mudado na mente ocorre somente na presença de outras
sociedade moderna, e que essas comunidades pessoas. Segundo, certos comportamentos
agora são mais difusas e impessoais e media- verbais podem ser mantidos por pequenos
das pela mídia de massa. grupos que funcionam como contextos dis-
Uma propriedade interessante do tato criminativos na produção de comportamen-
vem da base social de suas consequências tos verbais, mesmo inserido em uma grande
funcionais. Se o tato está sob controle de comunidade verbal que mantém o uso da
pequenos grupos que reforçam certos rela- linguagem. Esses pontos provêm uma resposta
tos verbais e punem outros, então as carac- à questão de por que o conhecimento so-
terísticas desse grupo ou comunidade verbal cialmente construído, representações sociais,
(Skinner, 1957) podem começar a contro- atribuições, atitudes e cognições sociais têm
lar o conhecimento relatado, mesmo que as de ser sociais (Forgas, 1981; Moscovici, 1972).

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CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CONHECIMENTO

A construção de “mundos virtuais” grupo social. É possível relatar que existe um


Todo comportamento verbal, enquanto elefante rosa na sala, e um grupo particular
considerado como conhecimento (principal- (ou peculiar?) pode reforçar esse comporta-
mente intraverbais e tatos), é conhecimento mento como se fosse correto. Como não há
socialmente construído. Uma das proprieda- elefante rosa na sala controlando meu com-
des do conhecimento socialmente construí- portamento verbal, a unidade verbal não é,
do, e especialmente na visão de Moscovici de por definição, um tato. Outros grupos re-
representações sociais, é que o conhecimento forçam o relato da presença de fantasmas e
social pode aparecer como se fosse descolado espíritos, e isso pode ser mantido por meio
do mundo – como se existisse um mundo de consequências sociais intrincadas (Guerin,
virtual (Moscovici, 1987). Em um caso ex- 1992, no prelo9).
tremo, todos os tipos de ficção podem ser A segunda forma pela qual o conheci-
mantidos por subcomunidades que reforçam mento socialmente construído pode pa-
o comportamento verbal. Esses casos são de recer descolado é por meio do reforço de
interesse especial para os psicólogos sociais, e, intraverbais como se eles fossem tatos. Isto
portanto, discuto as condições de suas ocor- é, intraverbais são reforçados quando pare-
rências nesta seção. cem ser relatos de estímulos que controla-
Reunindo todos os pontos apresentados ram anteriormente o comportamento. Isso
até agora, a análise do comportamento pode- pode fortalecer nosso comportamento de
ria prever que o conhecimento socialmente dizer que reatores nucleares não são seguros,
construído pode se tornar descolado do am- que o sistema mundial está a ponto de entrar
biente de três formas: a) se o controle social em colapso ou que o vírus da síndrome de
do tato tornar-se estreitamente controlado imunodeficiência adquirida (Aids) foi cria-
por um grupo que não reforça necessaria- do em um projeto conspiratório secreto. Em
mente relatos precisos do ambiente; b) se cada um desses casos, a maioria de nós não
intraverbais, no domínio do conhecimen- apresenta nenhuma experiência direta com
to, passarem a ser reforçados por um grupo esses eventos, mesmo que eles sejam apresen-
como se fossem tatos passados, relembrados; tados como se fossem tatos (“Você não sabe
e c) se as consequências funcionais genera- que reatores nucleares não são seguros?)”. Ao
lizadas tornarem-se tão generalizadas que contrário, lemos ou ouvimos de outras pes-
passem a manter o tatear de uma forma não soas sobre eles e fomos reforçados por repeti-
discriminada. -los em contextos verbais (sociais) particu-
Sobre o primeiro desses pontos, mencio- lares. Repetir esses comportamentos é con-
nei anteriormente que tatos geralmente são trolado por ouvir os tópicos mencionados (o
reforçados quando existem relatos corretos contexto de estímulos) e por consequências
do ambiente. Nossa história de consequên- sociais que reforçam sua produção (porque
cias funcionais é na maioria das vezes resul-
9
Nota do editor: A indicação “no prelo” foi mantida, respeitando o
tado do reforçamento de relatos corretos e texto original. A referência atualizada do artigo é “Guerin, B. (1992).
punição dos incorretos. Mas a definição de Behavior analysis and social psychology: A review of Lana’s Assump-
tions of Social Psychology. Journal of the Experimental Analysis of Beha-
relato “correto” pode ser controlada por um vior, 58, 589-604”.

125
B. GUERIN

pararíamos se o mesmo grupo punisse fazer ao ambiente. Isso significa que, nos compor-
esses comentários na menção do tópico). tamentos chamados de irracionais, tanto por
Então, apesar de serem intraverbais, eles são indivíduos como por comunidades (Mosco-
reforçados por serem apresentados como se vici, 1985b), as contingências sociais alterna-
fossem tatos. tivas para relatos incorretos podem se tornar
A terceira forma pela qual o comporta- mais fortes do que o controle conjunto exer-
mento verbal pode aparecer descolado ocor- cido pelos estímulos presentes e pela história
re quando consequências sociais mantene- passada para um tato mais preciso. As pessoas
doras tornam-se extensamente intermitentes que produzem tais comportamentos verbais
e generalizadas e, portanto, desvinculadas do irracionais ainda estão agindo racionalmente
controle ambiental direto (não social). Nesses em relação a contingências sociais não evi-
casos, as consequências sociais funcionais não dentes, embora pareçam estar agindo irra-
são discriminativas do conteúdo verbal, de tal cionalmente com respeito ao ambiente não
forma que a comunidade reforça o compor- social e ao controle habitual de estímulos.
tamento verbal sem levar em consideração o O segundo ponto sobre a realidade do
que foi dito. Por exemplo, eu poderia estar conhecimento socialmente construído se re-
sentado em um bar público dizendo à mi- fere ao argumento de Moscovici (1988) de
nha audiência desinteressada e intermitente- que representações sociais aparecem para nós
mente atenciosa que o câncer é causado por como uma realidade objetiva. Isso pode ser
tomar banho demais, e eles poderiam oca- clarificado por uma abordagem analítico-
sionalmente concordar e balançar suas cabe- -comportamental, porque o conhecimento
ças em sinal de aprovação, especialmente se aparecerá como uma realidade “objetiva”
o mesmo é feito quando eles vierem a falar quando estiver sob o controle de fortes es-
a mesma coisa. Nesse caso, a audiência pode tímulos ambientais. Quando o ambiente ob-
reforçar comportamentos verbais fictícios viamente determina nosso comportamento,
por meio de controle social fraco. dizemos que há uma realidade objetiva: não
Cada um desses três pontos fornece uma podemos andar através das paredes, e isso é
base para a produção do comportamento parte de nossa realidade objetiva.
puramente social. Apesar de a base ambiental O conhecimento socialmente construído
de tal comportamento verbal poder ser con- parece ser objetivo porque as consequências
trafactual (elefante rosa na sala), as contin- sociais (frequentemente chamadas de “subje-
gências envolvidas são reais, embora sociais. tivas”) são tão fortes para a pessoa envolvida
Isso nos ajuda a entender dois pontos levan- quanto contingências presentes em qualquer
tados por Moscovici e Gergen. O primeiro controle ambiental não social. Os efeitos de
ponto é que, se o conhecimento construído dizer a palavra errada no contexto errado
socialmente for contrafactual, ele não deve podem ter uma influência tão poderosa para
ser considerado irracional (cf. Beattie, 1970). os comportamentos futuros da pessoa quanto
O comportamento verbal geralmente é cha- ir de frente a uma parede. Para um observa-
mado racional se a consequência funcional dor, entretanto, as consequências sociais de
for contingente a um tato mais verossímil dizer palavras erradas não são tão evidentes

126
CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CONHECIMENTO

(como se eles caminhassem pelas paredes), mente sacrificados em muitas comunidades


isso devido ao fato de envolverem uma his- (Guerin, 1992, no prelo).
tória de interações sociais que são intermi-
tentes e generalizadas. O fato de elas não se- O quanto vivemos em mundos virtuais?
rem evidentes também significa que causas Uma das questões com as quais Mosco-
individuais (“subjetivas” ou cognitivas) têm vici se confrontou diz respeito às condições
sido atribuídas por psicólogos sociais a rea- sobre as quais o conhecimento socialmente
lidades socialmente construídas porque sua construído se desenvolve. Ele escreveu que
base social não é tão evidente. o conhecimento socialmente construído se
Nesse sentido, Moscovici estava correto desenvolve para “os grandes enigmas da vida”
ao dizer que representações sociais tornam- (Moscovici, 1984, p. 941) e que é utilizado
-se objetivas quando são repetidas e rotinei- para tornar familiar aquilo que não é familiar
ras. Se todos em uma comunidade mantive- (Moscovici, 1981). Isso sugere que os gran-
rem a ficção de que Papai Noel é real, e se des enigmas da vida são eventos com cujas
os comportamentos relacionados com essa contingências as pessoas têm pouco contato
ficção forem reforçados pela comunidade, – quando elas não sabem como. Tais eventos
então nós poderemos concluir que, em um não familiares podem tornar-se familiares se
sentido social, e somente nesse sentido, Papai tivermos formas de falar sobre eles, mesmo se
Noel realmente existe em tal sistema. Exis- eles forem somente intraverbais que se asse-
tem consequências reais para os comporta- melhem a tatos.
mentos relacionados com o Papai Noel, em- Os fenômenos que têm sido estudados
bora não existam consequências relacionadas com o nome de representações sociais emba-
a perceber o ambiente e reportá-lo de forma sam isso. São eventos com os quais as pessoas
correta, porque os comportamentos rela- têm pouco contato direto, que não podem
cionados com o Papai Noel não podem ser ser experienciados porque existem somen-
mantidos em uma situação não social. te como comportamentos verbais abstratos:
O último comentário a se fazer sobre emoção, gênero, self, pessoalidade, saúde e
a manutenção social de um conhecimento doença (e.g., Farr & Moscovici, 1984). Por
fictício é que analistas do comportamento exemplo, apesar de a maioria das pessoas te-
só têm considerado tal controle nos casos rem experienciado uma doença e poderem
negativos de comportamentos verbais mal- descrever os sintomas, elas não tiveram con-
-adaptados e em seu tratamento (Glenn, tato com as contingências que removeram
1983; Lowe & Chadwick, 1990; Mace & ou causaram a doença, então não podem ta-
Lalli, 1991; Parsons, 1989; Zettle & Hayes, tear as causas da doença. Qualquer atribuição
1986). Mas a manutenção de funções sociais sobre as causas da saúde e da doença (talvez
importantes por meio do controle verbal disfarçadas de tatos) serão construções sociais
pode apresentar aspectos positivos ou negati- e, portanto, contam com o suporte da co-
vos. Para os poderosos benefícios das relações munidade. Para um relato mais preciso sobre
sociais e da cooperação comunitária, os rela- as causas da doença e da saúde, é necessário
tos fidedignos e a verdade objetiva são geral- ter experienciado tanto a causa quanto a re-

127
B. GUERIN

moção da doença, o que é feito por pesqui- com os argumentos de Moscovici de que o
sadores em medicina (Bernard, 1865/1957; controle das representações sociais na socie-
também em Thompson, 1984). dade moderna tem mudado, não sendo mais
A questão mais geral sobre a prevalência originado em pequenas comunidades, como
do conhecimento socialmente construído é discutido por Durkheim (1898/1974). Em
o quanto do que nós fazemos é comporta- termos analítico-comportamentais, as fon-
mento verbal determinado por contingências tes de controle têm mudado de pequenas
sociais e o quanto é determinado por contin- comunidades coesas para um controle mais
gências presentes em um ambiente não social. generalizado e extremamente difundido. O
Como mencionei anteriormente, Moscovici problema com a mídia informativa moderna,
(1990) sugeriu que a prevalência e a forma- como a televisão, é que ela pode auxiliar na
ção de representações sociais têm mudado construção de representações sociais contra-
na sociedade ocidental. Isso pode ser com- factuais mesmo na ausência do grupo social,
parado à preocupação de Skinner (1987) de isso porque as consequências de repetir algo,
que, apesar de cada vez mais estar sendo feito ouvir ou ler dessa forma são extremamen-
pelas pessoas em sociedade, e apesar de nós te difusas e intermitentes (cf. Mander, 1980).
aparentemente aprendermos mais na escola Isso significa que existe grande potencial
e passarmos mais tempo estudando, cada vez para que o conhecimento contrafactual seja
menos isso envolve comportamentos físicos. mantido na sociedade moderna devido ao
Apesar de Skinner (1987) não ter usado fato de o comportamento estar se tornan-
esses termos, ele notou que nós aprendemos do cada vez mais verbal, e porque o controle
mais comportamento verbal, ou saber que. O do comportamento verbal está se tornando
grande número de horas que passamos na es- mais facilmente descolado do controle do
cola parece ter sido preenchido com a apren- ambiente não social, e porque a mídia de
dizagem de intraverbais. Aprender a agir so- massa pode manter comportamentos verbais
bre o ambiente, ao invés de aprender a falar contrafactuais que anteriormente só seriam
sobre como agir no ambiente, parece cada controlados pela comunidade.
vez menos frequente. Se isso for verdade, a Isso é parte de um cenário maior apre-
frequência de representações sociais deve es- sentado por Sampson (1989), que argumen-
tar aumentando, mesmo que a extensa litera- tou (colocado aqui em termos analítico-
tura científica nos diga que um maior conta- -comportamentais) que, a partir do controle
to com o ambiente e seus efeitos está sendo de consequências sociais presentes em pe-
feito. De fato, grande parte de nossas vidas é, quenos grupos coesos (pré-modernidade), a
atualmente, gasta escrevendo e conversando sociedade adotou formas de consequências
sobre o mundo e seus efeitos, e isso é manti- sociais liberais e individualistas (modernida-
do mais pelos efeitos sobre as pessoas do que de), e que a sociedade está se movendo agora
pelo controle de estímulos do ambiente não para uma nova forma (pós-modernidade), na
social que está sendo descrito. qual consequências sociais estão globalmente
Caso seja verdade, a análise de compor- ligadas, o que significa que elas serão cada
tamentos sociais modernos está de acordo vez mais verbais ou mediadas verbalmente.

128
CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CONHECIMENTO

A análise de Sampson também sugere que o Como frisado em outros trabalhos (Gue-
conhecimento socialmente construído pode rin, 1991), o papel das consequências sociais
se tornar mais frequente no futuro. Existe o na manutenção das contingências compor-
potencial para se reforçarem comunidades tamentais tem sido negligenciado pela psi-
verbais que existam apenas por meio da mí- cologia social tradicional. Psicólogos sociais
dia, e não em carne e osso. têm trabalhado primeiramente em cenários
nos quais o comportamento é mantido por
O que há de novo em uma abordagem consequências sociais generalizadas – conse-
analítico-comportamental? quências que não são evidentes e parecem
ser desnecessárias em um relato científico.
A questão que deve ser respondida é: o Por lidar com tais cenários, psicólogos sociais
que se ganha ao se colocarem os principais têm sido capazes de descrever a condição de
pontos do conhecimento socialmente cons- estímulos e então predizer o comportamen-
truído e das representações sociais em termos to por si só, mas somente porque as conse-
analítico-comportamentais? Tal exercício só quências eram generalizadas (por exemplo:
tem utilidade se há ganhos em termos con- a aprovação generalizada da comunidade
ceituais, empíricos e metodológicos. por realizar determinado comportamento).
Qualquer consequência mais específica que
Diretrizes para a psicologia social do conhecimento estiver presente deve ser tratada como fator
Um dos ganhos é que a psicologia so- especial de relevância hedônica. O papel das
cial do conhecimento ganhou novas for- consequências se torna explícito na análise
mas de pensar e fazer experimentos com do comportamento e isso auxilia quando se
fenômenos sociais. Como pode ser visto consideram forma de intervenção e mudança
a partir da história, a psicologia social fre- do comportamento social. Sem consequên-
quentemente tem adotado novas estruturas cias generalizadas mantendo conformidade
e terminologias. A teoria de cognição social, social, a maioria das previsões da psicologia
muito difundida atualmente, está começan- social falharia.
do a ser criticada pela psicologia social, e es- Outra vantagem específica da análise do
pecialmente por psicólogos sociais interes- comportamento é que a definição do com-
sados no conhecimento socialmente cons- portamento verbal (Skinner, 1957) inclui
truído (Gergen, 1989; Gergen & Semin, muitos comportamentos, além de falar e es-
1990). Se os psicólogos sociais perceberem crever, os quais Moscovici (1985a) também
que a análise do comportamento tem sido argumentou fazerem parte das representa-
mal interpretada e que pode lidar de ma- ções sociais. Esses incluem os gestos, a arte, a
neira útil com tais fenômenos, uma estrutu- música, o falar para si mesmo e a imaginação
ra teórica ampla para a colocação de novas – qualquer comportamento que possa ser
questões sobre os fenômenos sociais e novas mediado por outras pessoas. Os tradicionais
metodologias promissoras para responder a comportamentos “não verbais” da psicologia
essas novas questões se tornarão disponíveis social, por exemplo, são realmente compor-
(Sidman, 1960). tamentos verbais porque não poderiam ser

129
B. GUERIN

mantidos sem consequências sociais (cf. Mc- nhecimento socialmente construído será res-
Neill, 1985). Uma piscadela, por exemplo, tringido, em primeiro lugar, pela amplitude
não tem um efeito sobre o mundo exceto da manutenção do comportamento exercida
por meio da mediação de outras pessoas. pelo controle de estímulos não sociais. Eu
Com uma análise comportamental da não diria que um elefante rosa está no quar-
construção social do conhecimento, novas to se meu comportamento verbal tivesse sido
disciplinas interpretativas (Gergen, 1985, modelado sob controle de estímulos preciso
1988) não são necessárias. Os princípios (por consequências sociais generalizadas do
usados neste artigo estão embasados na ci- tato). A proposta das afirmações científicas é
ência natural e, portanto, não há necessidade manter forte controle de estímulos, de modo
de uma distinção artificial entre natureza e que eu diga o que é medido, e não o que
sociedade humana (também discutida por minha audiência quer ouvir.
Moscovici, 1976b). Como delineado an- O segundo limite ao conhecimento so-
teriormente, o conhecimento socialmente cialmente construído está na amplitude que
construído precisa de uma nova base, porque comportamentos podem ser mantidos por
as consequências que mantêm o comporta- uma comunidade verbal. Embora eu tenha
mento verbal não são tão evidentes, e por- enfatizado que é possível que haja pessoas que
que o conhecimento algumas vezes parece verbalizem declarações obviamente fictícias
ser um tato quando na verdade não é, assim e que vivam em mundos virtuais, tais fatos
como se pensa que novas realidades (univer- necessitam de forte controle social exercido
sos de textos ou discursos) parecem ser ne- por um grupo (Asch, 1956). Essa forte pres-
cessárias. De fato, muito do que nós pensa- são controladora geralmente produzirá con-
mos ser único nas ciências sociais surgiu por- tracontrole quando especificar contingências
que os fenômenos de interesse apoiam-se no contrafactuais (Skinner, 1953), a menos que
controle do comportamento verbal, e assim seja mantida por um pequeno grupo coeso
parecem ser diferentes das fontes de controle (Guerin, 1992). Essa última estratégia, por
encontradas nas ciências biológicas (Black- sua vez, provavelmente só funcionará quando
man, 1991). Devido às consequências sociais existirem fortes benefícios em pertencer a
generalizadas não evidentes que mantêm a tal grupo que supervalorize o tato acurado
maior parte dos comportamentos verbais e e reforce em conformidade com a comuni-
ao duplo papel do comportamento social dade verbal.
como contexto discriminativo e consequên-
cia (Guerin, 1992, no prelo), fenômenos das Diretrizes para análise experimental do
ciências sociais parecem ser inacessíveis para comportamento social
as ciências naturais.
Uma última vantagem da análise do Os pontos levantados neste artigo têm
comportamento é que tal abordagem for- implicações para como a análise experimen-
nece condições que delimitam o conheci- tal do comportamento social deveria ser con-
mento socialmente construído, ponto esse duzida. O ponto mais importante é que a
não discutido pelos psicólogos sociais. O co- pesquisa em análise do comportamento tem

130
CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CONHECIMENTO

sido predominantemente sobre contingências contingências envolvidas: “Se você tocar no


ambientais diretas não mediadas por outras fogão, vai se queimar”. As consequências en-
pessoas, ao invés de ser sobre as propriedades volvidas nesses dois eventos são muito dife-
especiais do comportamento verbal. Isso sig- rentes. Em particular, no caso da consequência
nifica que precisamos saber mais sobre como mantenedora da segunda possibilidade, um
o controle social é colocado em prática por evento verbalmente controlado será mediado
intermédio de comunidades verbais, porque por outra pessoa, porque tocar no fogão ou
não podemos olhar para os efeitos do am- não dependerá da minha confiança naquela
biente para mostrar as variáveis controladoras. pessoa (isto é, por consequências anteriores
Particularmente, a presente análise mos- de seguir suas instruções).
tra que o controle verbal do comportamen- Tal pesquisa tem se concentrado em situa-
to social é muito amplo. Mais do que outra ções nas quais o comportamento verbal está
pessoa ganhar ou perder pontos (e.g., Hake, controlando o comportamento não verbal.
Olvera, & Bell, 1975), o controle social fre- O caminho apropriado que os pesquisadores
quentemente envolve tatear eventos ima- dos fenômenos que envolvem representações
ginários e muitas formas sutis de controle. sociais precisam seguir consiste em duas mu-
Formas primárias de controle social não ver- danças. Em primeiro lugar, enfatizar o con-
bal estudadas em pesquisas anteriores, por trole social envolvido no comportamento go-
exemplo, sobre cooperação e competição vernado verbalmente (ou “pliance”, como foi
(Hake & Olvera, 1978), são importantes, chamado por S. C. Hayes, Zettle, & Rosen-
mas as formas verbais não receberam a no- farb, 1989), algo que não tem sido feito. Na
toriedade que provavelmente merecem. Os maioria dos estudos, o experimentador (ou
numerosos estudos sobre representações so- o computador) fornece as instruções verbais
ciais realizados por psicólogos sociais (Farr a serem seguidas, de forma que as variáveis
& Moscovici, 1984) indicam que há fenô- de controle social não são sistematicamente
menos sociais importantes ainda a serem manipuladas (ver Torgrud & Holborn, 1990,
abordados pela a análise do comportamento; p. 290). Em segundo lugar, pesquisadores têm
o presente artigo fornece uma forma inicial examinado como o comportamento verbal
de capturar esses fenômenos em termos ana- pode controlar o comportamento não ver-
lítico-comportamentais. bal. Para o estudo dos fenômenos de repre-
Uma área da análise do comportamen- sentações sociais, precisamos estudar como
to que aborda parcialmente essas questões o comportamento verbal pode ser socialmen-
é aquela que examina as diferenças entre te controlado pelo comportamento verbal
comportamento governado por contingên- de outra pessoa. Um ponto a ser levantado
cias e governado por regras (ou verbalmente com relação ao conhecimento social é que
governado, L. J. Hayes & Chase, 1991; S. C. um grupo social pode levar alguém a dizer
Hayes, 1989;Vargas, 1988). Por exemplo, uma coisas que não diria se tivesse crescido em
pessoa pode evitar tocar em um fogão quen- outra comunidade. Assim, o controle verbal
te por já ter se queimado anteriormente ou do comportamento verbal é importante para
por alguém ter especificado verbalmente as o fenômeno discutido neste artigo.

131
B. GUERIN

Uma área de pesquisa que precisa ser en- ria da verdade sobre a nova representação
fatizada é a mudança de representações so- (Moscovici, 1980; Nemeth, 1986). Essas
ciais, área que já possui algumas bases em- mudanças sutis nas consequências sociais
píricas (Moscovici, 1976a, 1980, 1988). Pela formam um “estilo comportamental” (Mos-
presente análise do comportamento social, covici, 1976a) que facilita a influência pela
isso poderia ocorrer de três formas: alterando minoria (Mugny, 1982).
intraverbais, alterando a mediação social da Em termos analítico-comportamentais, a
consequência ou mudando as características primeira maneira de se alterarem represen-
de um grupo social. Todas precisam que as tações sociais baseia-se no deslocamento de
contingências sociais da comunidade sejam consequências sociais generalizadas do tato
modificadas, o que será difícil, porque tais para consequências mais especificas que re-
contingências não são óbvias, são generaliza- forcem tatos distorcidos e intraverbais. A
das e intermitentes. Intervenções comunitá- consistência da minoria e os outros fatores de
rias em análise do comportamento têm sido controle são métodos para fortalecer a mu-
feitas predominantemente, provendo conse- dança em consequências sociais. Evidências
quências específicas para comportamentos indicam que duas pessoas que são consisten-
específicos (e.g., Society for the experimental tes, em seus reforçamentos generalizados, po-
analysis of behavior, 1987). dem controlar o comportamento verbal de
Os trabalhos de Moscovici e seus colegas muitas outras (Mugny, 1982).
têm detalhado algumas das formas em que A segunda forma de mudança social, ar-
subgrupos de minorias podem influenciar as gumentos persuasivos, baseia-se no uso do
representações sociais de uma maioria e como comportamento verbal para especificar con-
inovações podem gradualmente transformar tingências precisas no mundo. Essa estraté-
as representações da comunidade (Moscovi- gia funcionará até o ponto em que ouvintes
ci, 1980; Moscovici, Mugny, & Van Avermaet, puderem entrar em contato com as contin-
1985; Mugny, 1982). Os fenômenos de mu- gências especificadas nos argumentos e então
dança que eles descrevem e suas condições passarem a ser reforçados por contingências
para esses fenômenos serão úteis para analistas não sociais. Os analistas do comportamento
do comportamento que pesquisem essa área. têm chamado isso de tracking (S. C. Hayes et
Entretanto, o trabalho da psicologia so- al., 1989). Controle social ainda é requerido,
cial não demonstra explicitamente o papel entretanto, para que as pessoas prestem aten-
das consequências sociais quando há mu- ção a argumentos persuasivos, de forma que
dança nas representações sociais. Por exem- entra em jogo uma variedade de conflitos in-
plo, as condições pelas quais uma minoria teressantes nas consequências sociais quando
pode influenciar uma maioria dependem se tenta uma mudança social.
tanto do estabelecimento de uma pequena Uma última mudança de direção para a
comunidade verbal (uma minoria consisten- análise experimental do comportamento ao
te) que reforce a nova representação como lidar com fenômenos como conhecimento
do uso por parte de uma minoria de argu- social e representações sociais é que os ana-
mentos persuasivos para convencer a maio- listas do comportamento podem dizer mais

132
CONSTRUÇÃO SOCIAL DO CONHECIMENTO

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comportamentais formam os eventos de uma In B. R. Wilson (Ed.). Rationality (pp. 240-268).
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tenha sido tímido para especular sobre pro- Berger, P. L., & Luckmann,T. (1967). The social construc-
cessos sociais, poucos outros seguiram sua tion of reality. Harmondsworth, England: Penguin.
liderança (para bons exemplos recentes, ver Bernard, C. (1957). An introduction to the study of
Glenn, 1989, e Malagodi & Jackson, 1989). experimental medicine. New York: Dover. (Obra
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sociais na análise do comportamento permi- Blackman, D. E. (1991). B. F. Skinner and G. H.
te novas formas de analisar mudanças sociais. Mead: On biological science and social science.
Dois exemplos disso que mencionei neste Journal of the Experimental Analysis of Behavior,
artigo são: como as contingências na socie- 55, 251-265.
dade moderna devem estar mudando com Catania, A. C. (1972). Chomsky’s formal analysis of
o advento dos sistemas de mídia de massa; natural language: A behavioral translation. Be-
e como os métodos de mudar as represen- haviorism, 1, 1-15.
tações de uma comunidade por meio da in- Catania, A. C. (1980). Autoclitic processes and the
fluência de uma minoria, ou inovação, po- structure of behavior. Behaviorism, 8, 175-186.
dem ser estudados de forma melhor quando Chase, P. N., Johnson, K. R., & Sulzer-Azaroff, B.
as consequências sociais são explicitamente (1985). Verbal relations within instruction: Are
examinadas. Isso significa que muitas suti- there subclasses of the intraverbal? Journal of the
lezas podem ser adicionadas às especulações Experimental Analysis of Behavior, 43, 301-313.
pioneiras de Skinner e que o estudo da so- Chomsky, N. (1975). Reflections on language. Glasgow,
ciedade pode ser posto no campo das ciên- Scotland: Fontana.
cias naturais, mantendo-se, ainda, suas pro- Deitz, S. M., & Arrington, R. L. (1984). Wittgens-
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