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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DO

ACÓRDÃO Nº XXXX, PELA XXXX CÂMARA CRIMINAL DO EGRÉGIO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS.

Processo nº XXXX

TEODÓSIO, já qualificado, nos autos da Apelação em epígrafe, por seu defensor infra-
assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, inconformado com o acórdão
de fls. XX, opor EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE, com fundamento no
artigo 609, parágrafo único, do Código de Processo Penal (CPP).
Requer seja o presente recebido e seja ordenado o seu processamento, com as razões em
anexo.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Goiânia, 20 de março de 2019.

__________________________________
ADVOGADO
OAB-GO XXXX
RAZÕES DE EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE
EMBARGANTE: TEODÓSIO
EMBARGADA: JUSTIÇA PÚBLICA
Recurso nº XXXX da XX Câmara do Tribunal de Justiça do Estado Goiás.

EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA,

Em que pese o notório saber jurídico do nobre Turma Julgadora, impõe-se a reforma do
referido acórdão, pelas razões fáticas e de direito que passa a expor.

1 DOS FATOS

O Sr. Teodósio, ora embargante, fora denunciado pelo Ministério Público sob a
acusação de ter subtraído para si, de um supermercado, um queijo importado, duas latas de
refrigerante e um tablete de chocolate, somados na importância de R$25,00 (vinte e cinco reais).
Desse modo, após regular instrução criminal o Embargante fora, ao final, condenado à
pena de 01 (um) ano de reclusão, sendo-lhe concedido o benefício do “sursis” para 02 (dois)
anos.
Inconformado com a respeitável decisão, o embargante recorreu. De tal modo que
julgado o recurso pelo tribunal competente, a sentença fora mantida por maioria de votos, sendo
que o Magistrado vencido, embora mantivesse a condenação, reduzia a reprimenda para 08
(oito) meses de detenção em razão do privilégio disposto no próprio tipo penal, convertendo a
pena corporal em restritiva de direitos, em face do artigo 44 do Código Penal (CP).
Destarte, irresignado com a decisão Sr. Teodósio não encontrou outra alternativa senão
a apresentação deste recurso, conforme será fundamentado nos próximos tópicos.
O próprio CPP possui dispositivo próprio do art. 609, parágrafo único, que contribui
com a pretensão do recorrente, in verbis:
Art. 609. Os recursos, apelações e embargos serão julgados pelos Tribunais de Justiça,
câmaras ou turmas criminais, de acordo com a competência estabelecida nas leis de
organização judiciária.
Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda instância,
desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão
ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão, na forma do
art. 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto de
divergência.

Percebe-se que o embargante observou o artigo supracitado, pois conforme exposto na


narrativa fática, não houve unanimidade na decisão proferida pelo 2º Juízo. O Magistrado
vencido, ainda que mantendo a condenação, pugnou pela redução da reprimenda para 08 (oito)
meses de detenção em virtude do privilégio disposto no próprio tipo penal, convertendo a pena
corporal em restritiva de direitos, conforme art. 44 do CP.
Nessa esteira, nos ensina a renomada doutrina:

Os embargos infringentes e de nulidade só podem ser opostos contra decisão tomada


em julgamento de recurso em sentido estrito ou de apelação, descabendo sua
utilização para desafiar acórdão proferido em julgamento de habeas corpus, de
mandado de segurança ou de revisão criminal.
Os embargos infringentes e de nulidade destinam -se a devolver o julgamento da
matéria a órgão colegiado composto por maior número de julgadores, dentre os quais
aqueles responsáveis pela prolação da decisão embargada. Assim, a oposição dos
embargos ensejará a possibilidade de retratação por parte dos desembargadores que
compunham o órgão fracionário recorrido [...].
A matéria a ser discutida em sede de embargos estará restrita ao limite da divergência
existente na decisão embargada. Dessa forma, se o voto vencido divergir dos
vencedores tão somente em relação a parte da matéria, os embargos permitirão ao
acusado postular em seu benefício a reversão do julgado somente no tocante a essa
questão [...].
É inadmissível a oposição de embargos fundada apenas na discrepância da
fundamentação dos votos de decisão unânime 1 (REIS, 2016, p. 770).

A seguinte jurisprudência trata da hipótese de cabimento:

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. FURTO SIMPLES. CONDENAÇÃO


MANTIDA NO JULGAMENTO DE APELAÇÃO CRIMINAL. DETERMINAÇÃO
DE EXPEDIÇÃO IMEDIATA DE MANDADO DE PRISÃO. IMPOSSIBILIDADE.
EMBARGOS INFRINGENTES OPOSTOS PELA DEFESA. VIAS RECURSAIS
ORDINÁRIAS NÃO EXAURIDAS. ORDEM CONCEDIDA.
I - O Supremo Tribunal Federal, evoluindo em seu entendimento, consignou, por
ocasião do julgamento do HC n. 126.292/SP, que 'A execução provisória de acórdão
penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial
ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de
inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal' (HC n.
126.292/SP, Tribunal Pleno, Rel. Min. Teori Zavascki, DJe de 17/5/2016).

1
REIS, Alexandre Cebrian Araújo; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito processual penal
esquematizado. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
II - Dessarte, em outras palavras, está autorizada a execução provisória da pena após
o julgamento em segunda instância, ressalvadas hipóteses em que seja possível a
superação de tal entendimento pela existência de flagrante ilegalidade.
III - Na hipótese, não estão exauridas as vias recursais ordinárias, tendo-se em vista
que houve a oposição de embargos infringentes pela defesa, pendentes de julgamento,
fato que impede, por enquanto, a aplicação do precedente fixado pelo col. Pretório
Excelso.
Ordem concedida para determinar que o paciente, salvo se por outro motivo estiver
preso, aguarde em liberdade o esgotamento das vias recursais ordinárias2.

Não obstante, foi obedecido o lapso temporal de 10 dias, conforme artigo supracitado.

2 DO DIREITO

Conforme exposição fática, o acusado foi condenado a pena de 1 (um) ano de reclusão,
sendo-lhe concedido o benefício do sursis para 2 (dois) anos. Entretanto, após interposição de
recurso, ainda que a sentença tenha sido mantida por maioria de votos, o Magistrado vencido
reduziu a pena para 8 (oito) meses de detenção, antes de converte-la para restritiva de direitos.
Segundo o art. 155, §2º do CP, poderá o juiz substituir a pena de reclusão pela de
detenção, a diminuindo de um a dois terços, ou aplicando somente multa caso o acusado seja
réu primário e sendo a coisa furtada de ínfimo valor. In verbis:

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:


Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou
aplicar somente a pena de multa.

Ainda segundo a melhor doutrina acerca do PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA:

Funciona como causa de exclusão de tipicidade, desempenhando uma


interpretação restritiva do tipo penal. E, para o Supremo Tribunal Federal, a
mínima ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade social da ação, o
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão
jurídica constituem os requisitos de ordem objetiva autorizadores da aplicação desse
princípio3 (MASSON, 2008, p. 25, grifos do autor).

Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais superiores:

RECURSO ESPECIAL. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ATO INFRACIONAL


ANÁLOGO À TENTATIVA DE FURTO QUALIFICADO MEDIANTE O

2
HC 372.357/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 22/11/2016, DJe 30/11/2016.
3
MASSON, Cleber Rogério. Direito penal esquematizado - Parte geral. Rio de Janeiro: Forente, 2008.
CONCURSO DE AGENTES (ART. 103 DA LEI N. 8.069/90 COMBINADO COM
O ART. 155, § 4.º, IV, E ART. 14, II, TODOS DO CÓDIGO PENAL). ÓBICE AO
CONHECIMENTO DO RECURSO, POR NÃO ESGOTAMENTO DAS
INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. CABIMENTO DE EMBARGOS INFRINGENTES
PELA DEFESA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 207/STJ.
POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO. SUBTRAÇÃO DE
PRODUTOS DE HIGIENE PESSOAL, BELEZA E GÊNEROS ALIMENTÍCIOS
AVALIADOS EM R$ 52,97. VALOR ÍNFIMO. BONS ANTECEDENTES. BENS
RESTITUÍDOS NO LOCAL.
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. POSSIBILIDADE.
PRECEDENTE. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO. ORDEM
CONCEDIDA DE OFÍCIO.
I. Nos termos da Súmula n. 207 desta Corte: "É inadmissível recurso especial quando
cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem". No
caso dos autos, o Tribunal de origem, por maioria de votos, negou provimento ao
recurso de Apelação, mantendo os termos da sentença condenatória.
II - Os embargos infringentes, recurso exclusivo da defesa, previsto no art. 609 do
Código do Processo Penal, não possui a exigência de que o acórdão tenha reformado
a sentença de mérito, consoante o art.
530 do Código de Processo Civil. No processo penal, basta que o acórdão tenha sido
não unânime e seja desfavorável ao Réu.
Precedentes.
III. No caso dos autos, a Paciente é primária, de bons antecedentes, o valor dos objetos
subtraídos é ínfimo (R$ 52,97), consubstanciados em produtos de higiene pessoal e
beleza (dois desodorantes e creme para cabelo) e gêneros alimentícios (sete barras de
chocolate), tendo sido os objetos devolvidos à vítima, quando a menor infratora ainda
estava no local da infração.
III. Recurso especial não conhecido, concedido habeas corpus, de ofício, para aplicar
o princípio da insignificância, absolvendo a Paciente 4.

Deste modo, entende-se que o voto do Magistrado vencido deveria ter sido aplicado,
pois logrou aplicação correta do benefício do mencionado artigo.
Ademais, analisando-se o art. 44, CP, conclui-se pelo cabimento da substituição por
pena restritiva de direito, pois, a pena privativa de liberdade aplicada foi não superior a 4 anos
e o crime não foi cometido com grave ameaça a pessoa. In verbis:

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de


liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição
seja suficiente.
§ 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa
ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de
liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas
restritivas de direitos.

4
REsp 1293097/RS, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, QUINTA TURMA, julgado em 05/11/2013, DJe
11/11/2013.
O Supremo Tribunal de Justiça expõe tal entendimento ao publicar a seguinte decisão
jurisprudencial:

HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO


CABÍVEL.
UTILIZAÇÃO INDEVIDA DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. VIOLAÇÃO AO
SISTEMA RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO.
1. A via eleita revela-se inadequada para a insurgência contra o ato apontado como
coator, pois o ordenamento jurídico prevê recurso específico para tal fim,
circunstância que impede o seu formal conhecimento. Precedentes.
2. O alegado constrangimento ilegal será analisado para a verificação da eventual
possibilidade de atuação ex officio, nos termos do artigo 654, § 2º, do Código de
Processo Penal.
TRÁFICO DE DROGAS. PACIENTE CONDENADA À PENA INFERIOR A 4
(QUATRO) ANOS DE RECLUSÃO. AUSÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIAS
JUDICIAIS NEGATIVAS.
FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA PARA A FIXAÇÃO DO REGIME
INICIAL SEMIABERTO E PARA A NEGATIVA DE APLICAÇÃO DO ARTIGO
44 DO CÓDIGO PENAL. ESTABELECIMENTO DO MODO ABERTO PARA A
EXECUÇÃO DA REPRIMENDA RECLUSIVA E SUBSTITUOÇÃO DA PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO.
CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO.
1. O Supremo Tribunal Federal, nos verbetes 718 e 719, sumulou o entendimento de
que a opinião do julgador acerca da gravidade abstrata do delito não constitui
motivação idônea a embasar o encarceramento mais severo do sentenciado.
2. Por sua vez, este Superior Tribunal de Justiça, por meio do enunciado 440 da
respectiva Súmula, consignou que, "fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da
sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito".
3. Na espécie, tratando-se de condenada à pena inferior a 4 (quatro) anos de reclusão,
primária e de bons antecedentes, com quem foi apreendida quantidade de substâncias
tóxicas que não se revela expressiva ou elevada, impõe-se o estabelecimento do
regime aberto para o cumprimento inicial da reprimenda privativa de liberdade, bem
como a sua substituição por sanções restritivas de direitos.
2. Habeas Corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para fixar o regime
aberto para o cumprimento inicial da pena privativa de liberdade cominada à paciente,
substituindo-a por reprimendas restritivas de direitos a serem definidas pelo Juízo
competente5.

Diante disso, afirma-se que o recurso interposto pelo acusado deveria ter sido julgado
procedente, razão pela qual os presentes embargos devem ser reconhecidos e a pena reduzia
para 8 (oito) meses de detenção, bem como convertida em restritiva de direitos.

3 DO PEDIDO

Diante do exposto, requer que este MM. Juízo se digne de:


a) Receber e processar o presente recurso, juntando-se as inclusas razões.

5
HC 484.184/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 12/03/2019, DJe 19/03/2019.
b) Receber os Embargos Infringentes, reformando-se o venerando Acórdão outrora
prolatado, a fim de que prevaleça o entendimento disposto no voto vencido.

Nestes Termos,
Pede e espera Deferimento.

Goiânia, 20 de março de 2019.


__________________________________
ADVOGADO
OAB-GO XXXX

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