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A ÉTICA DO OLHAR ATENTO

Ao ser convidado para escrever na coluna Filósofos da região pensei em refletir


junto ao/a leitor/a sobre um tema caro na minha pesquisa e na minha prática cotidiana
que é o olhar atento, penso ser ela uma prática ou um exercício que pode colaborar
em nossa orientação ética no mundo, cada vez mais complicado e acelerado.
Curiosamente, trata-se de um exercício eminentemente filosófico, se compreendermos
a filosofia de outro modo.

Geralmente associamos filosofia com teorias abstratas, com livros e


bibliotecas, em suma, reduzimos facilmente filosofia a um conhecimento mais
elaborado, sistemático e radical, por querer atingir a raiz das coisas, isto é, seu sentido
último. Embora possamos relacionar filosofia e conhecimento desde a antiguidade
grega, não é tão evidente, especialmente hoje em dia, sua relação com nossa
experiência cotidiana, sua presença nas pequenas ações do nosso dia a dia,
transformando-a em uma filosofia viva.

Se atualmente é tão estranha para nós a ideia de uma filosofia vivida, para os
gregos antigos, filosofia era algo que se praticava através de exercícios espirituais que
expressavam um cuidado de si mesmo, assim para eles, conhecer a si e cuidar de si
faziam parte de uma mesma busca pela sabedoria. Além de respostas racionais para
as questões mais relevantes acerca da existência humana, caberia também à filosofia
o exercício de uma sabedoria prática, relacionado a um processo de (trans)formação
de si mesmo através dos exercícios espirituais.

Dietas alimentares, exercícios físicos, a manutenção de um diário pessoal, a


relação com um diretor espiritual, dentre outros são exercícios espirituais mais
conhecidos nas escolas filosóficas da época, nestes exercícios está incluído o
exercício da Prosocké, isto é, da atenção. Recuperando um modo particular de
indagação próprio da filosofia, questionamos, mas o que é mesmo a atenção?
Prosseguindo podemos indagar sobre como permanecer atentos a nós mesmos, aos
outros e ao mundo? E ainda, qual a diferença de uma experiência vivida com e sem
atenção? É possível manter uma conduta ética, preocupada com o Outro e com o
mundo, quer distraído ou egoisticamente autocentrado? São questões iniciais que
podem nos ajudar a refletir (e depois praticar) sobre a riqueza que pode constituir a
manutenção da atenção em nosso dia a dia.

Para o filosófo catalão Josep Maria Esquirol, a atenção, o olhar atento manteria
uma íntima relação com atitude moral que parece fazer falta nas relações humanas
contemporâneas, palavra de ordem em escolas, nas ruas, nas redes: o Respeito. O
filósofo catalão encontra na raiz da palavra respeito justamente a atitude da atenção,
pois respeito vem do latim respectum, em que res indicando uma ré, uma volta sobre
aquilo que precisa ser olhado (spectum) novamente, olhado com atenção.

Finalizando nossa reflexão, convido o/a leitor/a a realizar um exame do seu


próprio olhar iluminado pelo seguinte questionamento, quais são as coisas ou
situações que requerem um olhar atento, ou seja, que requerem respeito? Quais são
as coisas ou situações que os meios de comunicação nos induzem a prestar mais
atenção? Tais coisas e situações são importantes para nós ou são importantes para
eles?

Genivaldo de Souza Santos. Professor de Filosofia do IFSP – Instituto de Educação,


Ciência e Tecnologia de São Paulo – Campus Birigui. Pós-Doutor em Educação pela
UNESP/Marília. Militante da causa ambiental e indígena.

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