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Polícia Civil do Estado do Paraná

PC-PR
Investigador de Polícia e
Escrivão de Polícia
A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial
com base no Edital anterior, para que o aluno antecipe seus estudos.

MR032-2017
DADOS DA OBRA

Título da obra: Polícia Civil do Estado do Paraná

Cargo: Investigador de Polícia e Escrivão de Polícia.

Atualizada até 03/2017

(Baseado no Edital: Edital N° 001/2009)

• Língua Portuguesa • Economia e Demografia Paranaense • Noções de Informática


• Raciocínio Lógico • Noções do Estatuto da Polícia Civil • Noções de Direito Penal
• Noções de Direito Constitucional • Noções de Direito Administrativo
• Noções de Direito Processual Penal • Noções de Legislação Específica

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Suelen Domenica Pereira

Capa
Rosa Thaina dos Santos

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno

Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

Compreensão e interpretação de textos, com elevado grau de complexidade, incluindo textos de divulgação científica. ...... 01
Reconhecimento da finalidade de textos de diferentes géneros. ........................................................................................................ 07
Localização de informações explícitas no texto. Inferência de sentido de palavras e/ou expressões. Inferência de infor-
mações implícitas no texto e das relações de causa e consequência entre as partes de um texto. Distinção de fato e
opinião sobre esse fato. Interpretação de linguagem não-verbal (tabelas, fotos, quadrinhos etc). ...................................... 29
Reconhecimento das relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios, preposições
argumentativas, locuções etc. Reconhecimento das relações entre partes de um texto, identificando repetições ou subs-
tituições que contribuem para sua continuidade. Identificação de efeitos de ironia ou humor em textos variados. ..... 32
Reconhecimento de efeitos de sentido decorrentes do uso de pontuação, da exploração de recursos ortográficos e/ou
morfossintáticos, de campos semânticos, e de outras notações. Identificação de diferentes estratégias que contribuem
para a continuidade do texto (anáforas, pronomes relativos, demonstrativos etc). ..................................................................... 52
Compreensão de estruturas temática e lexical complexas. Ambiguidade e paráfrase. Relação de sinonímia entre uma
expressão vocabular complexa e uma palavra.............................................................................................................................................. 96

Economia e Demografia Paranaense


Agricultura................................................................................................................................................................................................................... 01
Pecuária........................................................................................................................................................................................................................ 01
Indústria....................................................................................................................................................................................................................... 03
Exportação. Importação......................................................................................................................................................................................... 04
Turismo......................................................................................................................................................................................................................... 04
Indicadores Demográficos e Sociais................................................................................................................................................................. 07
Etnografia.................................................................................................................................................................................................................... 07
Concentração urbana e rural................................................................................................................................................................................ 07
Principais centros urbanos.................................................................................................................................................................................... 08

Noções de Informática
Arquitetura e Organização de Computadores: Componentes. Periféricos;....................................................................................... 01
Internet: World Wide Web: Conceitos. Browser (Internet Explorer 7.0).............................................................................................. 23
Correio Eletrônico: conceitos; Gerenciador de e-mail (Outlook Express 6.0);................................................................................... 40
Vírus;.............................................................................................................................................................................................................................. 49
BrOffice 3.1: BrOffice Documento Texto (Writer): Atalhos e barra de ferramentas; Modos de seleção de texto; Formata-
ção de texto; Formatação de Parágrafos; Alinhamento;........................................................................................................................... 51
BrOffice Planilha (Cale): Atalhos e barra de ferramentas; Formatação de Dados; Seleção de Células; Atributos de Carac-
tere................................................................................................................................................................................................................................. 74

Raciocínio Lógico
Compreensão de estruturas lógicas. Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões. Diagramas
lógicos. Princípios de contagem e probabilidade........................................................................................................................................ 01

Noções do Estatuto da Polícia Civil


Estatuto da Polícia Civil (Lei Complementar nº 14/82 e alterações posteriores)............................................................................. 01

Noções de Direito Penal


Infração penal: elementos, espécies................................................................................................................................................................. 01
Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal......................................................................................................................................... 05
Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade......................................................................................................................................... 05
Erro de tipo e erro de proibição......................................................................................................................................................................... 07
Imputabilidade penal.............................................................................................................................................................................................. 08
SUMÁRIO

Concurso de pessoas.............................................................................................................................................................................................. 09
Crimes contra a pessoa.......................................................................................................................................................................................... 10
Crimes contra o patrimônio................................................................................................................................................................................. 18
Crimes contra a administração pública............................................................................................................................................................ 28

Noções de Direito Constitucional


Direitos e deveres fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade; direitos sociais; nacionalidade; cidadania e direitos políticos; partidos políticos; garantias
constitucionais individuais; garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos............................................................................. 01
Poder Legislativo: fundamento, atribuições e garantias de independência...................................................................................... 37
Poder Executivo: forma e sistema de governo; chefia de Estado e chefia de governo; atribuições e responsabilidades do
presidente da República........................................................................................................................................................................................ 39
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública...................... 46
Ordem social: base e objetivos da ordem social; seguridade social; educação, cultura e desporto; ciência e tecnologia;
comunicação social; meio ambiente; família, criança, adolescente e idoso...................................................................................... 48
Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU-1948)....................................................................................................................... 57

Noções de Direito Administrativo


Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização; natureza, fins e princípios.......01
Organização administrativa da União: administração direta e indireta. ............................................................................................ 06
Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função públicos; regime
jurídico único: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; direitos e vantagens; regime disciplinar;
responsabilidade civil, criminal e administrativa.......................................................................................................................................... 09
Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do
poder............................................................................................................................................................................................................................. 13
Serviços públicos: conceito, classificação, regulamentação e controle; forma, meios e requisitos; delegação: concessão,
permissão, autorização........................................................................................................................................................................................... 14
Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo; respon-
sabilidade civil do Estado...................................................................................................................................................................................... 25

Noções de Direito Processual Penal


Inquérito policial; notitia criminis....................................................................................................................................................................... 01
Ação penal: espécies............................................................................................................................................................................................... 04
Jurisdição; competência......................................................................................................................................................................................... 09
Prova (artigos 158 a 184 do CPP)....................................................................................................................................................................... 11
Prisão em flagrante.................................................................................................................................................................................................. 18
Prisão preventiva....................................................................................................................................................................................................... 18
Prisão temporária (Lei n.° 7.960/1989)............................................................................................................................................................. 18

Noções de Legislação Específica


Legislação e suas alterações. Tráfico ilícito e uso indevido de drogas (Lei n.° 11.343/2006)..................................................... 01
Crimes hediondos (Lei n.° 8.072/1990)............................................................................................................................................................ 09
Crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor (Lei n.° 7.716/1989)..................................................................................... 11
Abuso de Autoridade (Lei n.° 4.898/1965)...................................................................................................................................................... 12
Crimes de tortura (Lei n.° 9.455/1997)............................................................................................................................................................. 14
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.° 8.069/1990)..................................................................................................................... 14
Estatuto do desarmamento (Lei n.° 10.826/2003)....................................................................................................................................... 51
Crimes previstos no Código de proteção e defesa do consumidor (Lei n.° 8.078/1990)............................................................. 57
Crimes contra o meio ambiente (Lei n.° 9.605/1998)................................................................................................................................. 69
Juizados especiais (Lei n.° 9.099/1995 e Lei 10.259/2001)....................................................................................................................... 77
Crimes previstos no Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9503/1997)..................................................................................................... 87
LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de textos, com elevado grau de complexidade, incluindo textos de divulgação científica. ..... 01
Reconhecimento da finalidade de textos de diferentes géneros. ....................................................................................................... 07
Localização de informações explícitas no texto. Inferência de sentido de palavras e/ou expressões. Inferência de infor-
mações implícitas no texto e das relações de causa e consequência entre as partes de um texto. Distinção de fato e
opinião sobre esse fato. Interpretação de linguagem não-verbal (tabelas, fotos, quadrinhos etc). ...................................... 29
Reconhecimento das relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios, preposições
argumentativas, locuções etc. Reconhecimento das relações entre partes de um texto, identificando repetições ou subs-
tituições que contribuem para sua continuidade. Identificação de efeitos de ironia ou humor em textos variados. .... 32
Reconhecimento de efeitos de sentido decorrentes do uso de pontuação, da exploração de recursos ortográficos e/ou
morfossintáticos, de campos semânticos, e de outras notações. Identificação de diferentes estratégias que contribuem
para a continuidade do texto (anáforas, pronomes relativos, demonstrativos etc). .................................................................... 52
Compreensão de estruturas temática e lexical complexas. Ambiguidade e paráfrase. Relação de sinonímia entre uma
expressão vocabular complexa e uma palavra............................................................................................................................................. 96
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação – na semântica (significado das palavras)


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e cono-
DE TEXTOS, COM ELEVADO GRAU DE tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
COMPLEXIDADE, INCLUINDO TEXTOS DE gem, entre outros.
DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA. - Capacidade de observação e de síntese e
- Capacidade de raciocínio.
Interpretar X compreender

É muito comum, entre os candidatos a um cargo públi- Interpretar significa


co, a preocupação com a interpretação de textos. Por isso, - Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento - Através do texto, infere-se que...
de responder às questões relacionadas a textos. - É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar Compreender significa
e decodificar ). - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente
está escrito.
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. - o texto diz que...
Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz - é sugerido pelo autor que...
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando con- - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
dições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido.
ção...
A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que
- o narrador afirma...
o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma
frase for retirada de seu contexto original e analisada se-
Erros de interpretação
paradamente, poderá ter um significado diferente daquele
inicial.
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
Intertexto - comumente, os textos apresentam referên- de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
cias diretas ou indiretas a outros autores através de cita- - Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do con-
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. texto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por
conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia - Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um con-
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, junto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas entendimento do tema desenvolvido.
na prova.
- Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias con-
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
cadas e, consequentemente, errando a questão.
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamen-
tais de uma argumentação, de um processo, de uma épo- Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor
ca (neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova
quais definem o tempo). de concurso, o que deve ser levado em consideração é o
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou que o autor diz e nada mais.
de diferenças entre as situações do texto.
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
com uma realidade, opinando a respeito. relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si.
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun- Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um
dárias em um só parágrafo. pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono-
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala- me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se
vras. vai dizer e o que já foi dito.

Condições básicas para interpretar OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia
-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e
Fazem-se necessários: do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do
- Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer
literários, estrutura do texto), leitura e prática; também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante-
texto) e semântico; cedente.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

Os pronomes relativos são muito importantes na in- Texto para a questão 2:


terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que DA DISCRIÇÃO
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, Mário Quintana
a saber: Não te abras com teu amigo
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, Que ele um outro amigo tem.
mas depende das condições da frase. E o amigo do teu amigo
- qual (neutro) idem ao anterior. Possui amigos também...
- quem (pessoa) (http://pensador.uol.com.br/poemas_de_amizade)
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois 2-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE COMU-
o objeto possuído. NITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) De acordo com o
- como (modo) poema, é correto afirmar que
- onde (lugar) (A) não se deve ter amigos, pois criar laços de amizade
quando (tempo) é algo ruim.
quanto (montante) (B) amigo que não guarda segredos não merece res-
peito.
Exemplo: (C) o melhor amigo é aquele que não possui outros
Falou tudo QUANTO queria (correto) amigos.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria (D) revelar segredos para o amigo pode ser arriscado.
aparecer o demonstrativo O ). (E) entre amigos, não devem existir segredos.
Dicas para melhorar a interpretação de textos 3-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – SE-
CRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA – AGENTE PENITEN-
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do CIÁRIO – VUNESP/2013) Leia o poema para responder à
assunto; questão.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa
a leitura;
Casamento
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto
pelo menos duas vezes;
Há mulheres que dizem:
- Inferir;
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
- Voltar ao texto quantas vezes precisar;
mas que limpe os peixes.
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
autor;
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
compreensão; É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada de vez em quando os cotovelos se esbarram,
questão; ele fala coisas como “este foi difícil”
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. “prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
Fonte: O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu- atravessa a cozinha como um rio profundo.
gues/como-interpretar-textos Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Questões Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- (Adélia Prado, Poesia Reunida)
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
O contexto em que se encontra a passagem – Se deixou de A ideia central do poema de Adélia Prado é mostrar que
bajular os príncipes e princesas do século 19, passou a servir (A) as mulheres que amam valorizam o cotidiano e não
reis e rainhas do 20 (2.º parágrafo) – leva a concluir, corre- gostam que os maridos frequentem pescarias, pois acham
tamente, que a menção a difícil limpar os peixes.
(A) príncipes e princesas constitui uma referência em (B) o eu lírico do poema pertence ao grupo de mulheres
sentido não literal. que não gostam de limpar os peixes, embora valorizem os
(B) reis e rainhas constitui uma referência em sentido esbarrões de cotovelos na cozinha.
não literal. (C) há mulheres casadas que não gostam de ficar sozi-
(C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma re- nhas com seus maridos na cozinha, enquanto limpam os
ferência em sentido não literal. peixes.
(D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma re- (D) as mulheres que amam valorizam os momentos
ferência em sentido literal. mais simples do cotidiano vividos com a pessoa amada.
(E) reis e rainhas constitui uma referência em sentido (E) o casamento exige levantar a qualquer hora da noite,
literal. para limpar, abrir e salgar o peixe.

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LÍNGUA PORTUGUESA

4-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas


FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques- do texto acima apresentado, julgue os próximos itens.
tão, considere o texto abaixo. A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18
estados do país” tem, nesse contexto, valor restritivo.
A marca da solidão (...) CERTO ( ) ERRADO
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a 7-) (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMINIS-
testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de TRAÇÃO – AOCP/2010) “A carga foi desviada e a viatura,
penumbra na tarde quente. com os vigilantes, abandonada em Pirituba, na zona norte
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den- de São Paulo.”
tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com Pela leitura do fragmento acima, é correto afirmar que,
pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando peque- em sua estrutura sintática, houve supressão da expressão
nas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é a) vigilantes.
capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a b) carga.
marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta. c) viatura.
d) foi.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Ja- e) desviada.
neiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo 8-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
reduzido no qual o menino detém sua atenção é Um carteiro chega ao portão do hospício e grita:
(A) fresta. — Carta para o 9.326!!!
(B) marca. Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está
(C) alma. em
(D) solidão. branco, e um outro pergunta:
(E) penumbra. — Quem te mandou essa carta?
— Minha irmã.
5-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
— Mas por que não está escrito nada?
PE/2012)
— Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando!
O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com
totalidade do universo, toda a sociedade, a história, a con-
adaptações).
cepção de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo,
O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto
que se estende a todas as coisas e à qual nada escapa. É,
acima decorre
de alguma maneira, o aspecto festivo do mundo inteiro, em
A) da identificação numérica atribuída ao louco.
todos os seus níveis, uma espécie de segunda revelação do
mundo. B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a
carta no hospício.
Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o C) do fato de outro louco querer saber quem enviou
Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: a carta.
Hucitec, 1987, p. 73 (com adaptações). D) da explicação dada pelo louco para a carta em bran-
co.
Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente tex- E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele.
tual “O riso”.
(...) CERTO ( ) ERRADO 9-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
Um homem se dirige à recepcionista de uma clínica:
6-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2010) — Por favor, quero falar com o dr. Pedro.
Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atin- — O senhor tem hora?
giu pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge O sujeito olha para o relógio e diz:
uma explicação oficial satisfatória para o corte abrupto e — Sim. São duas e meia.
generalizado de energia no final de 2009. — Não, não... Eu quero saber se o senhor é paciente.
Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elé- — O que a senhora acha? Faz seis meses que ele não me
trica (ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa es- paga o aluguel do consultório...
tatal Furnas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com
900 km que separam Itaipu de São Paulo. adaptações).
Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de in-
vestimentos e também erros operacionais conspiraram para No texto acima, a recepcionista dirige-se duas vezes ao
produzir a mais séria falha do sistema de geração e distri- homem para saber se ele
buição de energia do país desde o traumático racionamento A) verificou o horário de chegada e está sob os cuida-
de 2001. dos do dr. Pedro.
Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adapta- B) pode indicar-lhe as horas e decidiu esperar o paga-
ções). mento do aluguel.

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LÍNGUA PORTUGUESA

C) tem relógio e sabe esperar. (D) torna-se legítima se houver consenso em todos os
D) marcou consulta e está calmo. grupos quanto à escolha do líder e ao modo como ele irá
E) marcou consulta para aquele dia e está sob os cui- mobilizar esses grupos em torno de seus objetivos pes-
dados do dr. Pedro. soais.

(GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO DA 11-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉC-
FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010 - ADAPTADA) Atenção: As NICO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O texto deixa
questões de números 10 a 13 referem-se ao texto abaixo. claro que
Liderança é uma palavra frequentemente associada a (A) a importância do líder baseia-se na valorização de
feitos e realizações de grandes personagens da história e da todo o grupo em torno da realização de um objetivo co-
vida social ou, então, a uma dimensão mágica, em que al- mum.
gumas poucas pessoas teriam habilidades inatas ou o dom (B) o líder é o elemento essencial dentro de uma orga-
de transformar-se em grandes líderes, capazes de influenciar nização, pois sem ele não se poderá atingir qualquer meta
outras e, assim, obter e manter o poder. ou objetivo.
Os estudos sobre o tema, no entanto, mostram que a (C) pode não haver condições de liderança em algumas
maioria das pessoas pode tornar-se líder, ou pelo menos equipes, caso não se estabeleçam atividades específicas
desenvolver consideravelmente as suas capacidades de lide- para cada um de seus membros.
rança. (D) a liderança é um dom que independe da participa-
Paulo Roberto Motta diz: “líderes são pessoas comuns ção dos componentes de uma equipe em um ambiente de
que aprendem habilidades comuns, mas que, no seu conjun- trabalho.
to, formam uma pessoa incomum”. De fato, são necessárias 12-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNI-
algumas habilidades, mas elas podem ser aprendidas tanto CO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O fenômeno da
através das experiências da vida, quanto da formação volta- liderança só ocorre na inter-relação ... (4º parágrafo)
da para essa finalidade. No contexto, inter-relação significa
O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; en- (A) o respeito que os membros de uma equipe devem
volve duas ou mais pessoas e a existência de necessidades demonstrar ao acatar as decisões tomadas pelo líder, por
para serem atendidas ou objetivos para serem alcançados, resultarem em benefício de todo o grupo.
que requerem a interação cooperativa dos membros envol-
(B) a igualdade entre os valores dos integrantes de um
vidos. Não pressupõe proximidade física ou temporal: pode-
grupo devidamente orientado pelo líder e aqueles propos-
se ter a mente e/ou o comportamento influenciado por um
tos pela organização a que prestam serviço.
escritor ou por um líder religioso que nunca se viu ou que
(C) o trabalho que deverá sempre ser realizado em
viveu noutra época. [...]
equipe, de modo que os mais capacitados colaborem com
Se a legitimidade da liderança se baseia na aceitação
os de menor capacidade.
do poder de influência do líder, implica dizer que parte desse
(D) a criação de interesses mútuos entre membros de
poder encontra-se no próprio grupo. É nessa premissa que
se fundamenta a maioria das teorias contemporâneas sobre uma equipe e de respeito às metas que devem ser alcan-
liderança. çadas por todos.
Daí definirem liderança como a arte de usar o poder 13-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNI-
que existe nas pessoas ou a arte de liderar as pessoas para CO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) Não pressupõe
fazerem o que se requer delas, da maneira mais efetiva e proximidade física ou temporal ... (4º parágrafo)
humana possível. [...] A afirmativa acima quer dizer, com outras palavras, que
(Augusta E.E.H. Barbosa do Amaral e Sandra Souza (A) a presença física de um líder natural é fundamen-
Pinto. Gestão de pessoas, in Desenvolvimento gerencial na tal para que seus ensinamentos possam ser divulgados e
Administração pública do Estado de São Paulo, org. Lais aceitos.
Macedo de Oliveira e Maria Cristina Pinto Galvão, Secre- (B) um líder verdadeiramente capaz é aquele que sem-
taria de Gestão pública, São Paulo: Fundap, 2. ed., 2009, p. pre se atualiza, adquirindo conhecimentos de fontes e de
290 e 292, com adaptações) autores diversos.
(C) o aprendizado da liderança pode ser produtivo,
10-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNI- mesmo se houver distância no tempo e no espaço entre
CO DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) De acordo com o aquele que influencia e aquele que é influenciado.
texto, liderança (D) as influências recebidas devem ser bem analisadas
(A) é a habilidade de chefiar outras pessoas que não e postas em prática em seu devido tempo e na ocasião
pode ser desenvolvida por aqueles que somente executam mais propícia.
tarefas em seu ambiente de trabalho.
(B) é típica de épocas passadas, como qualidades de 14-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR –
heróis da história da humanidade, que realizaram grandes FGV PROJETOS/2010)
feitos e se tornaram poderosos através deles.
(C) vem a ser a capacidade, que pode ser inata ou até Painel do leitor (Carta do leitor)
mesmo adquirida, de conseguir resultados desejáveis da- Resgate no Chile
queles que constituem a equipe de trabalho.

4
LÍNGUA PORTUGUESA

Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de 16-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
salvamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo – VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar
de uma mina de cobre e ouro no Chile. que, assim como seus amigos, a autora viaja para
Um a um os mineiros soterrados foram içados com (A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
sucesso, mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cum- (B) escapar do lugar em que está.
primentando seus companheiros de trabalho. Não se pode (C) reencontrar familiares queridos.
esquecer a ajuda técnica e material que os Estados Unidos, (D) praticar esportes radicais.
Canadá e China ofereceram à equipe chilena de salvamen- (E) dedicar-se ao trabalho.
to, num gesto humanitário que só enobrece esses países. E,
também, dos dois médicos e dois “socorristas” que, demons- 17-) Ao descrever a Ilha do Nanja como um lugar onde,
trando coragem e desprendimento, desceram na mina para “à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce como
ajudar no salvamento. um bosque” (último parágrafo), a autora sugere que viajará
(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – pai- para um lugar
nel do leitor – 17/10/2010) (A) repulsivo e populoso.
(B) sombrio e desabitado.
Considerando o tipo textual apresentado, algumas ex- (C) comercial e movimentado.
pressões demonstram o posicionamento pessoal do leitor (D) bucólico e sossegado.
diante do fato por ele narrado. Tais marcas textuais podem (E) opressivo e agitado.
ser encontradas nos trechos a seguir, EXCETO: 18-) (POLÍCIA MILITAR/TO – SOLDADO – CONSUL-
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...” PLAN/2013 - ADAPTADA) Texto para responder à questão.
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma
mina de cobre e ouro no Chile.”
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...”
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.”
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, des-
ceram na mina...”
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO –
VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às
questões de números 15 a 17.
Férias na Ilha do Nanja
Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as
malas nos seus carros, olhando o céu para verem que tempo
faz, pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, (Adail et al II. Antologia brasileira de humor. Volume 1.
fissuras* – sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre Porto Alegre: L&PM, 1976. p. 95.)
as fissuras, as pedras soltas e as barreiras...
Meus amigos partem para as suas férias, cansados de A charge anterior é de Luiz Carlos Coutinho, cartunis-
tanto trabalho; de tanta luta com os motoristas da contra- ta mineiro mais conhecido como Caulos. É correto afirmar
mão; enfim, cansados, cansados de serem obrigados a viver que o tema apresentado é
numa grande cidade, isto que já está sendo a negação da (A) a oposição entre o modo de pensar e agir.
própria vida. (B) a rapidez da comunicação na Era da Informática.
E eu vou para a Ilha do Nanja. (C) a comunicação e sua importância na vida das pes-
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as soas.
férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio (D) a massificação do pensamento na sociedade mo-
cresce como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já es- derna.
tou vendo os pescadores com suas barcas de sardinha, e a
moça à janela a namorar um moço na outra janela de outra Resolução
ilha.
(Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende. 1-)
Adaptado) Pela leitura do texto infere-se que os “reis e rainhas”
do século 20 são as personalidades da mídia, os “famosos”
*fissuras: fendas, rachaduras e “famosas”. Quanto a príncipes e princesas do século 19,
esses eram da corte, literalmente.
15-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABA-
LHO – VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descre- RESPOSTA: “B”.
ver a maneira como se preparam para suas férias, a autora
mostra que seus amigos estão 2-)
(A) serenos. Pela leitura do poema identifica-se, apenas, a informa-
(B) descuidados. ção contida na alternativa: revelar segredos para o amigo
(C) apreensivos. pode ser arriscado.
(D) indiferentes.
(E) relaxados. RESPOSTA: “D”.

5
LÍNGUA PORTUGUESA

3-) 11-)
Pela leitura do texto percebe-se, claramente, que a autora O texto deixa claro que a importância do líder baseia-
narra um momento simples, mas que é prazeroso ao casal. se na valorização de todo o grupo em torno da realização
de um objetivo comum.
RESPOSTA: “D”.
4-) RESPOSTA: “A”.
Com palavras do próprio texto responderemos: o mun-
do cabe numa fresta. 12-)
Pela leitura do texto, dentre as alternativas apresenta-
RESPOSTA: “A”. das, a que está coerente com o sentido dado à palavra “in-
ter-relação” é: “a criação de interesses mútuos entre mem-
5-) bros de uma equipe e de respeito às metas que devem ser
Vamos ao texto: O riso é tão universal como a seriedade;
alcançadas por todos”.
ele abarca a totalidade do universo (...). Os termos relacio-
nam-se. O pronome “ele” retoma o sujeito “riso”.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “CERTO”.
13-)
6-) Não pressupõe proximidade física ou temporal = o
Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo aprendizado da liderança pode ser produtivo, mesmo se
menos 1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por “o houver distância no tempo e no espaço entre aquele que
qual”, portanto, trata-se de um pronome relativo (oração su- influencia e aquele que é influenciado.
bordinada adjetiva). Quando há presença de vírgula, temos
uma adjetiva explicativa (generaliza a informação da oração RESPOSTA: “C”.
principal. A construção seria: “do apagão, que atingiu pelo
menos 1800 cidades em 18 estados do país”); quando não 14-)
há, temos uma adjetiva restritiva (restringe, delimita a infor- Em todas as alternativas há expressões que represen-
mação – como no caso do exercício). tam a opinião do autor: Assisti ao maior espetáculo da
Terra / Não se pode esquecer / gesto humanitário que só
RESPOSTA: “CERTO’. enobrece / demonstrando coragem e desprendimento.

7-) RESPOSTA: “B”.


“A carga foi desviada e a viatura, com os vigilantes, aban-
donada em Pirituba, na zona norte de São Paulo.” Trata-se 15-)
da figura de linguagem (de construção ou sintaxe) “zeugma”, “pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas,
que consiste na omissão de um termo já citado anteriormen- fissuras – sem falar em bandidos, milhões de bandidos en-
te (diferente da elipse, que o termo não é citado, mas facil- tre as fissuras, as pedras soltas e as barreiras...” = pensar
mente identificado). No enunciado temos a narração de que nessas coisas, certamente, deixa-os apreensivos.
a carga foi desviada e de que a viatura foi abandonada.
RESPOSTA: “C”.
RESPOSTA: “D”. 16-)
8-)
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta
Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais
da própria autora!
aparece no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah,
porque nós brigamos e não estamos nos falando”.
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “D”.
17-)
9-) Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de ruim.
“O senhor tem hora? (...) Não, não... Eu quero saber se o
senhor é paciente” = a recepcionista quer saber se ele mar- RESPOSTA: “D”.
cou horário e se é paciente do Dr. Pedro.
RESPOSTA: “E”. 18-)
Questão que envolve interpretação “visual”! Fácil. Basta
10-) observar o que as personagens “dizem” e o que “pensam”.
Utilizando trechos do próprio texto, podemos chegar à
conclusão: O fenômeno da liderança só ocorre na inter-re- RESPOSTA: “A”.
lação; envolve duas ou mais pessoas e a existência de ne-
cessidades para serem atendidas ou objetivos para serem
alcançados, que requerem a interação cooperativa dos
membros envolvidos = equipe
RESPOSTA: “C”.

6
LÍNGUA PORTUGUESA

tor sobre o assunto em evidência. Nesse tipo de texto a


RECONHECIMENTO DA FINALIDADE DE expressão das ideias, valores, crenças são claras, evidentes,
pois é um tipo de texto que propõe a reflexão, o debate
TEXTOS DE DIFERENTES GÉNEROS.
de ideias. A linguagem explorada é a denotativa, embora o
uso da conotação possa marcar um estilo pessoal. A obje-
tividade é um fator importante, pois dá ao texto um valor
Tipologia Textual universal, por isso geralmente o enunciador não aparece
porque o mais importante é o assunto em questão e não
Tipo textual é a forma como um texto se apresenta. As quem fala dele. A ausência do emissor é importante para
únicas tipologias existentes são: narração, descrição, dis- que a ideia defendida torne algo partilhado entre muitas
sertação ou exposição, informação e injunção. É impor- pessoas, sendo admitido o emprego da 1ª pessoa do plural
tante que não se confunda tipo textual com gênero textual. - nós, pois esse não descaracteriza o discurso dissertativo.
- expõe um tema, explica, avalia, classifica, analisa;
Texto Narrativo - tipo textual em que se conta fatos - é um tipo de texto argumentativo.
que ocorreram num determinado tempo e lugar, envol- - defesa de um argumento: apresentação de uma tese
vendo personagens e um narrador. Refere-se a objeto do que será defendida; desenvolvimento ou argumentação;
mundo real ou fictício. Possui uma relação de anterioridade fechamento;
e posterioridade. O tempo verbal predominante é o pas- - predomínio da linguagem objetiva;
sado. - prevalece a denotação.
- expõe um fato, relaciona mudanças de situação,
aponta antes, durante e depois dos acontecimentos (ge- Texto Argumentativo - esse texto tem a função de
ralmente); persuadir o leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia im-
- é um tipo de texto sequencial; posta pelo texto. É o tipo textual mais presente em ma-
- relato de fatos; nifestos e cartas abertas, e quando também mostra fatos
- presença de narrador, personagens, enredo, cenário, para embasar a argumentação, se torna um texto disserta-
tempo; tivo-argumentativo.
- apresentação de um conflito; Texto Injuntivo/Instrucional - indica como realizar
- uso de verbos de ação; uma ação. Também é utilizado para predizer acontecimen-
- geralmente, é mesclada de descrições; tos e comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e sim-
- o diálogo direto é frequente. ples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo
imperativo, porém nota-se também o uso do infinitivo e
Texto Descritivo - um texto em que se faz um retrato o uso do futuro do presente do modo indicativo. Ex: Pre-
por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um visões do tempo, receitas culinárias, manuais, leis, bula de
objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção remédio, convenções, regras e eventos.
é o adjetivo, pela sua função caracterizadora. Numa abor-
dagem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou Narração
sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterio-
ridade. É fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da A Narração é um tipo de texto que relata uma história
personagem a que o texto refere. Nessa espécie textual as real, fictícia ou mescla dados reais e imaginários. O texto
coisas acontecem ao mesmo tempo. narrativo apresenta personagens que atuam em um tempo
- expõe características dos seres ou das coisas, apre- e em um espaço, organizados por uma narração feita por
senta uma visão; um narrador. É uma série de fatos situados em um espa-
- é um tipo de texto figurativo; ço e no tempo, tendo mudança de um estado para outro,
- retrato de pessoas, ambientes, objetos; segundo relações de sequencialidade e causalidade, e não
- predomínio de atributos; simultâneos como na descrição. Expressa as relações entre
- uso de verbos de ligação; os indivíduos, os conflitos e as ligações afetivas entre es-
- frequente emprego de metáforas, comparações e ses indivíduos e o mundo, utilizando situações que contêm
outras figuras de linguagem; essa vivência.
- tem como resultado a imagem física ou psicológica. Todas as vezes que uma história é contada (é narrada),
o narrador acaba sempre contando onde, quando, como e
Texto Dissertativo - a dissertação é um texto que ana- com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narra-
lisa, interpreta, explica e avalia dados da realidade. Esse ção predomina a ação: o texto narrativo é um conjunto de
tipo textual requer reflexão, pois as opiniões sobre os fatos ações; assim sendo, a maioria dos verbos que compõem
e a postura crítica em relação ao que se discute têm grande esse tipo de texto são os verbos de ação. O conjunto de
importância. O texto dissertativo é temático, pois trata de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história
análises e interpretações; o tempo explorado é o presente que é contada nesse tipo de texto recebe o nome de en-
no seu valor atemporal; é constituído por uma introdução redo.
onde o assunto a ser discutido é apresentado, seguido por
uma argumentação que caracteriza o ponto de vista do au-

7
LÍNGUA PORTUGUESA

As ações contidas no texto narrativo são praticadas Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-
pelas personagens, que são justamente as pessoas en- se de tal forma, que não é possível compreendê-los iso-
volvidas no episódio que está sendo contado. As persona- ladamente, como simples exemplos de uma narração. Há
gens são identificadas (nomeadas) no texto narrativo pelos uma relação de implicação mútua entre eles, para garantir
substantivos próprios. coerência e verossimilhança à história narrada. Quanto aos
Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mes- elementos da narrativa, esses não estão, obrigatoriamente
mo sem querer) ele acaba contando “onde” (em que lugar)  sempre presentes no discurso, exceto as personagens ou o
as ações do enredo foram realizadas pelas personagens. fato a ser narrado.
O lugar onde ocorre uma ação ou ações  é chamado de
espaço, representado no texto pelos advérbios de lugar. Exemplo:
Além de contar onde, o narrador também pode es-
clarecer “quando” ocorreram as ações da história. Esse Porquinho-da-índia
elemento da narrativa é o tempo, representado no texto
narrativo através dos tempos verbais, mas principalmente Quando eu tinha seis anos
pelos advérbios de tempo. É o tempo que ordena as ações Ganhei um porquinho-da-índía.
no texto narrativo: é ele que indica ao leitor “como” o fato Que dor de coração me dava
narrado aconteceu. Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
A história contada, por isso, passa por uma introdução Levava ele pra sala
(parte inicial da história, também chamada de prólogo), Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
pelo desenvolvimento do enredo (é a história propria- Ele não gostava:
mente dita, o meio, o “miolo” da narrativa, também cha- Queria era estar debaixo do fogão.
mada de trama) e termina com a conclusão da história (é o Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
final ou epílogo). Aquele que conta a história é o narrador,  - O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira na-
que pode ser pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu...) ou impes- morada.
soal (narra em 3ª pessoa: Ele...).
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por ver- Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira. 4ª ed.
bos de ação, por advérbios de tempo, por advérbios de Rio de Janeiro, José Olympio, 1973, pág. 110.
lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens,
que são os agentes do texto, ou seja, aquelas pessoas que Observe que, no texto acima, há um conjunto de trans-
fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma formações de situação: ganhar um porquinho-da-índia é
rede: a própria história contada. passar da situação de não ter o animalzinho para a de tê
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que -lo; levá-lo para a sala ou para outros lugares é passar da
conta a história. situação de ele estar debaixo do fogão para a de estar em
Elementos Estruturais (I): outros lugares; ele não gostava: “queria era estar debaixo
do fogão” implica a volta à situação anterior; “não fazia caso
- Enredo: desenrolar dos acontecimentos. nenhum das minhas ternurinhas” dá a entender que o me-
- Personagens: são seres que se movimentam, se re- nino passava de uma situação de não ser terno com o ani-
lacionam e dão lugar à trama que se estabelece na ação. malzinho para uma situação de ser; no último verso tem-se
Revelam-se por meio de características físicas ou psicológi- a passagem da situação de não ter namorada para a de ter.
cas. Os personagens podem ser lineares (previsíveis), com- Verifica-se, pois, que nesse texto há um grande con-
plexos, tipos sociais (trabalhador, estudante, burguês etc.) junto de mudanças de situação. É isso que define o que se
ou tipos humanos (o medroso, o tímido, o avarento etc.), chama o componente narrativo do texto, ou seja, narrativa
heróis ou anti-heróis, protagonistas ou antagonistas. é uma mudança de estado pela ação de alguma persona-
- Narrador: é quem conta a história. gem, é uma transformação de situação. Mesmo que essa
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico. personagem não apareça no texto, ela está logicamente
- Tempo: época em que se passa a ação. Cronológico: implícita. Assim, por exemplo, se o menino ganhou um
o tempo convencional (horas, dias, meses); Psicológico: o porquinho-da-índia, é porque alguém lhe deu o animalzi-
tempo interior, subjetivo. nho. Assim, há basicamente, dois tipos de mudança: aquele
em que alguém recebe alguma coisa (o menino passou a
Elementos Estruturais (II): ter o porquinho-da índia) e aquele alguém perde alguma
coisa (o porquinho perdia, a cada vez que o menino o le-
Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista vava para outro lugar, o espaço confortável de debaixo do
Acontecimento - O quê? Fato fogão). Assim, temos dois tipos de narrativas: de aquisição
Tempo - Quando? Época em que ocorreu o fato e de privação.
Espaço - Onde? Lugar onde ocorreu o fato
Modo - Como? De que forma ocorreu o fato
Causa - Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato
Resultado - previsível ou imprevisível.
Final - Fechado ou Aberto.

8
LÍNGUA PORTUGUESA

Existem três tipos de foco narrativo: Esse gaúcho desabotinado levou a existência inteira a
cruzar os campos da fronteira; à luz do Sol, no desmaiado
- Narrador-personagem: é aquele que conta a his- da Lua, na escuridão das noites, na cerração das madru-
tória na qual é participante. Nesse caso ele é narrador e gadas...; ainda que chovesse reiúnos acolherados ou que
personagem ao mesmo tempo, a história é contada em 1ª ventasse como por alma de padre, nunca errou vau, nunca
pessoa. perdeu atalho, nunca desandou cruzada!...
- Narrador-observador: é aquele que conta a história (...)
como alguém que observa tudo que acontece e transmite Aqui há poucos – coitado! – pousei no arranchamento
ao leitor, a história é contada em 3ª pessoa. dele. Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não no víamos
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o desde muito tempo. (...)
enredo e as personagens, revelando seus pensamentos e Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório
sentimentos íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas na matança dos leitões e no tiramento dos assados com
vezes, aparece misturada com pensamentos dos persona- couro.
gens (discurso indireto livre). (J. Simões Lopes Neto – Contrabandista)
Estrutura: - Em 3ª pessoa:
- Apresentação: é a parte do texto em que são apre- Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira
sentados alguns personagens e expostas algumas circuns- pessoa. Exemplo:
tâncias da história, como o momento e o lugar onde a ação
se desenvolverá. “Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fan-
- Complicação: é a parte do texto em que se inicia pro- tasiaram de borboleta. Por isso não pôde defender-se. E
priamente a ação. Encadeados, os episódios se sucedem, saiu à rua com ar menos carnavalesco deste mundo, mor-
conduzindo ao clímax.
rendo de vergonha da malha de cetim, das asas e das an-
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge
tenas e, mais ainda, da cara à mostra, sem máscara piedosa
seu momento crítico, tornando o desfecho inevitável.
para disfarçar o sentimento impreciso de ridículo.”
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas
(Ilka Laurito. Sal do Lírico)
ações dos personagens.
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história
Tipos de Personagens:
como sendo vista por uma câmara ou filmadora. Exemplo:
Os personagens têm muita importância na constru-
ção de um texto narrativo, são elementos vitais. Podem ser Festa
principais ou secundários, conforme o papel que desem-
penham no enredo, podem ser apresentados direta ou in- Atrás do balcão, o rapaz de cabeça pelada e avental
diretamente. olha o crioulão de roupa limpa e remendada, acompanha-
A apresentação direta acontece quando o personagem do de dois meninos de tênis branco, um mais velho e outro
aparece de forma clara no texto, retratando suas caracterís- mais novo, mas ambos com menos de dez anos.
ticas físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se Os três atravessam o salão, cuidadosamente, mas reso-
dá quando os personagens aparecem aos poucos e o leitor lutamente, e se dirigem para o cômodo dos fundos, onde
vai construindo a sua imagem com o desenrolar do enredo, há seis mesas desertas.
ou seja, a partir de suas ações, do que ela vai fazendo e do O rapaz de cabeça pelada vai ver o que eles querem. O
modo como vai fazendo. homem pergunta em quanto fica uma cerveja, dois guara-
- Em 1ª pessoa: nás e dois pãezinhos.
__ Duzentos e vinte.
Personagem Principal: há um “eu” participante que O preto concentra-se, aritmético, e confirma o pedido.
conta a história e é o protagonista. Exemplo: __Que tal o pão com molho? – sugere o rapaz.
__ Como?
“Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bam- __ Passar o pão no molho da almôndega. Fica muito
bas, o coração parecendo querer sair-me pela boca fora. mais gostoso.
Não me atrevia a descer à chácara, e passar ao quintal vi- O homem olha para os meninos.
zinho. Comecei a andar de um lado para outro, estacando __ O preço é o mesmo – informa o rapaz.
para amparar-me, e andava outra vez e estacava.” __ Está certo.
(Machado de Assis. Dom Casmurro) Os três sentam-se numa das mesas, de forma canhes-
tra, como se o estivessem fazendo pela primeira vez na
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode vida.
acreditar, eu estava lá e vi. Exemplo: O rapaz de cabeça pelada traz as bebidas e os copos e,
em seguida, num pratinho, os dois pães com meia almôn-
“Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre dega cada um. O homem e (mais do que ele) os meninos
teso do Jango Jorge, um que foi capitão duma maloca de olham para dentro dos pães, enquanto o rapaz cúmplice
contrabandista que fez cancha nos banhados do Ibirocaí. se retira.

9
LÍNGUA PORTUGUESA

Os meninos aguardam que a mão adulta leve solene Andando. Paraná mandara-lhe não ficar observando as
o copo de cerveja até a boca, depois cada um prova o seu vitrines, os prédios, as coisas. Como fazia nos dias comuns.
guaraná e morde o primeiro bocado do pão. Ia firme e esforçando-se para não pensar em nada, nem
O homem toma a cerveja em pequenos goles, obser- olhar muito para nada.
vando criteriosamente o menino mais velho e o menino __ Olho vivo – como dizia Paraná.
mais novo absorvidos com o sanduíche e a bebida. Devagar, muita atenção nos autos, na travessia das
Eles não têm pressa. O grande homem e seus dois me- ruas. Ele ia pelas beiradas. Quando em quando, assomava
ninos. E permanecem para sempre, humanos e indestrutí- um guarda nas esquinas. O seu coraçãozinho se apertava.
veis, sentados naquela mesa. Na estação da Sorocabana perguntou as horas a uma
(Wander Piroli) mulher. Sempre ficam mulheres vagabundeando por ali, à
noite. Pelo jardim, pelos escuros da Alameda Cleveland. Ela
Tipos de Discurso: lhe deu, ele seguiu. Ignorava a exatidão de seus cálculos,
mas provavelmente faltava mais ou menos uma hora para
Discurso Direto: o narrador passa a palavra diretamen- chegar em casa. Os bondes passavam.
te para o personagem, sem a sua interferência. Exemplo: (João Antônio – Malagueta, Perus e Bacanaço)
Discurso Indireto-Livre: ocorre uma fusão entre a fala
Caso de Desquite do personagem e a fala do narrador. É um recurso relati-
__ Vexame de incomodar o doutor (a mão trêmula na vamente recente. Surgiu com romancistas inovadores do
boca). Veja, doutor, este velho caducando. Bisavô, um neto século XX. Exemplo:
casado. Agora com mania de mulher. Todo velho é sem-
vergonha. A Morte da Porta-Estandarte
__ Dobre a língua, mulher. O hominho é muito bom. Só
não me pise, fico uma jararaca. Que ninguém o incomode agora. Larguem os seus bra-
__ Se quer sair de casa, doutor, pague uma pensão. ços. Rosinha está dormindo. Não acordem Rosinha. Não é
__ Essa aí tem filho emancipado. Criei um por um, está preciso segurá-lo, que ele não está bêbado... O céu baixou,
bom? Ela não contribuiu com nada, doutor. Só deu de ma- se abriu... Esse temporal assim é bom, porque Rosinha não
mar no primeiro mês. sai. Tenham paciência... Largar Rosinha ali, ele não larga
__Você desempregado, quem é que fazia roça? não... Não! E esses tambores? Ui! Que venham... É guerra...
__ Isso naquele tempo. O hominho aqui se espalhava. ele vai se espalhar... Por que não está malhando em sua ca-
Fui jogado na estrada, doutor. Desde onze anos estou no beça?... (...) Ele vai tirar Rosinha da cama... Ele está dormindo,
mundo sem ninguém por mim. O céu lá em cima, noite e Rosinha... Fugir com ela, para o fundo do País... Abraçá-la no
dia o hominho aqui na carroça. Sempre o mais sacrificado, alto de uma colina...
está bom? (Aníbal Machado)
__ Se ficar doente, Severino, quem é que o atende?
__ O doutor já viu urubu comer defunto? Ninguém Sequência Narrativa:
morre só. Sempre tem um cristão que enterra o pobre.
__ Na sua idade, sem os cuidados de uma mulher... Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias:
__ Eu arranjo. uma coordena-se a outra, uma implica a outra, uma subor-
__ Só a troco de dinheiro elas querem você. Agora tem dina-se a outra.
dois cavalos. A carroça e os dois cavalos, o que há de me- A narrativa típica tem quatro mudanças de situação:
lhor. Vai me deixar sem nada? - uma em que uma personagem passa a ter um querer
__ Você tinha amula e a potranca. A mula vendeu e a ou um dever (um desejo ou uma necessidade de fazer algo);
potranca, deixou morrer. Tenho culpa? Só quero paz, um - uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma
prato de comida e roupa lavada. competência para fazer algo);
__ Para onde foi a lavadeira? - uma em que a personagem executa aquilo que queria
__ Quem? ou devia fazer (é a mudança principal da narrativa);
__ A mulata. - uma em que se constata que uma transformação se
(...) deu e em que se podem atribuir prêmios ou castigos às
(Dalton Trevisan – A guerra Conjugal) personagens (geralmente os prêmios são para os bons, e os
castigos, para os maus).
Discurso Indireto: o narrador conta o que o persona-
gem diz, sem lhe passar diretamente a palavra. Exemplo: Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se
pressupõem logicamente. Com efeito, quando se constata
Frio a realização de uma mudança é porque ela se verificou, e
O menino tinha só dez anos. ela efetua-se porque quem a realiza pode, sabe, quer ou
Quase meia hora andando. No começo pensou num deve fazê-la. Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um
bonde. Mas lembrou-se do embrulhinho branco e bem fei- apartamento: quando se assina a escritura, realiza-se o ato
to que trazia, afastou a idéia como se estivesse fazendo de compra; para isso, é necessário poder (ter dinheiro) e
uma coisa errada. (Nos bondes, àquela hora da noite, po- querer ou dever comprar (respectivamente, querer deixar
deriam roubá-lo, sem que percebesse; e depois?... Que é de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido
que diria a Paraná?) despejado, por exemplo).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Algumas mudanças são necessárias para que outras se Caracterização Formal:


deem. Assim, para apanhar uma fruta, é necessário apanhar
um bambu ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter Em geral, a narrativa se desenvolve na prosa. O aspec-
um carro, é preciso antes conseguir o dinheiro. to narrativo apresenta, até certo ponto, alguma subjetivi-
dade, porquanto a criação e o colorido do contexto estão
Narrativa e Narração em função da individualidade e do estilo do narrador. De-
pendendo do enfoque do redator, a narração terá diver-
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narra- sas abordagens. Assim é de grande importância saber se
tividade é um componente narrativo que pode existir em o relato é feito em primeira pessoa ou terceira pessoa. No
textos que não são narrações. A narrativa é a transforma- primeiro caso, há a participação do narrador; segundo, há
ção de situações. Por exemplo, quando se diz “Depois da uma inferência do último através da onipresença e onis-
abolição, incentivou-se a imigração de europeus”, temos ciência.
um texto dissertativo, que, no entanto, apresenta um com- Quanto à temporalidade, não há rigor na ordenação
ponente narrativo, pois contém uma mudança de situação: dos acontecimentos: esses podem oscilar no tempo, trans-
do não incentivo ao incentivo da imigração européia. gredindo o aspecto linear e constituindo o que se deno-
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos mina “flashback”. O narrador que usa essa técnica (carac-
de texto, o que é narração? terística comum no cinema moderno) demonstra maior
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três carac- criatividade e originalidade, podendo observar as ações
terísticas: ziguezagueando no tempo e no espaço.
- é um conjunto de transformações de situação (o tex-
to de Manuel Bandeira – “Porquinho-da-índia”, como vi- Exemplo - Personagens
mos, preenche essa condição);
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens “Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr.
e fatos concretos (o texto “Porquinho-da-índia” preenche Amâncio não viu a mulher chegar.
também esse requisito); - Não quer que se carpa o quintal, moço?
- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face
tal que, entre elas, existe sempre uma relação de anterio- escalavrada. Mas os olhos... (sempre guardam alguma coisa
ridade e posterioridade (no texto “Porquinho-da-índia” o do passado, os olhos).”
fato de ganhar o animal é anterior ao de ele estar debaixo
do fogão, que por sua vez é anterior ao de o menino levá (Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre:
-lo para a sala, que por seu turno é anterior ao de o porqui- Mercado Aberto, p. 5O)
nho-da-índia voltar ao fogão).
Exemplo - Espaço
Essa relação de anterioridade e posterioridade é sem- Considerarei longamente meu pequeno deserto, a re-
pre pertinente num texto narrativo, mesmo que a sequên- dondeza escura e uniforme dos seixos. Seria o leito seco
cia linear da temporalidade apareça alterada. Assim, por de algum rio. Não havia, em todo o caso, como negar-lhe
exemplo, no romance machadiano Memórias póstumas de a insipidez.”
Brás Cubas, quando o narrador começa contando sua mor- (Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann.
te para em seguida relatar sua vida, a sequência temporal Porto Alegre: Movimento, 1981, p. 51)
foi modificada. No entanto, o leitor reconstitui, ao longo
da leitura, as relações de anterioridade e de posterioridade. Exemplo - Tempo
Resumindo: na narração, as três características expli-
cadas acima (transformação de situações, figuratividade e “Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-
relações de anterioridade e posterioridade entre os episó- se: a mulher lhe pediu que a chamasse cedo.”
dios relatados) devem estar presentes conjuntamente. Um (Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados. p.4)
texto que tenha só uma ou duas dessas características não
é uma narração. Tipologia da Narrativa Ficcional:
Esquema que pode facilitar a elaboração de seu texto
narrativo: - Romance
- Introdução: citar o fato, o tempo e o lugar, ou seja, o - Conto
que aconteceu, quando e onde. - Crônica
- Desenvolvimento: causa do fato e apresentação dos - Fábula
personagens. - Lenda
- Desenvolvimento: detalhes do fato. - Parábola
- Conclusão: consequências do fato. - Anedota
- Poema Épico

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LÍNGUA PORTUGUESA

Tipologia da Narrativa Não-Ficcional: - que todas as frases expõem ocorrências simultâneas


(ao mesmo tempo que gastava duas horas para reter aqui-
- Memorialismo lo que os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Rai-
- Notícias mundo tinha grande medo ao pai);
- Relatos - por isso, não existe uma ocorrência que possa ser
- História da Civilização considerada cronologicamente anterior a outra do ponto
de vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na
Apresentação da Narrativa: escola é cronologicamente anterior a retirar-se dela; no ní-
vel do relato, porém, a ordem dessas duas ocorrências é
- visual: texto escrito; legendas + desenhos (história em indiferente: o que o escritor quer é explicitar uma caracte-
quadrinhos) e desenhos. rística do menino, e não traçar a cronologia de suas ações);
- auditiva: narrativas radiofonizadas; fitas gravadas e - ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-
discos. se), todas elas estão no pretérito imperfeito, que indica
- audiovisual: cinema; teatro e narrativas televisiona- concomitância em relação a um marco temporal instalado
das. no texto (no caso, o ano de 1840, em que o escritor fre-
quentava a escola da rua da Costa) e, portanto, não denota
Descrição nenhuma transformação de estado;
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não
É a representação com palavras de um objeto, lugar, correríamos o risco de alterar nenhuma relação cronológi-
situação ou coisa, onde procuramos mostrar os traços mais ca - poderíamos mesmo colocar o últímo período em pri-
particulares ou individuais do que se descreve. É qualquer meiro lugar e ler o texto do fim para o começo: O mestre
elemento que seja apreendido pelos sentidos e transfor- era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola
mado, com palavras, em imagens. Sempre que se expõe depois do pai e retirava-se antes...
com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma paisagem a
alguém, está fazendo uso da descrição. Não é necessário Evidentemente, quando se diz que a ordem dos enun-
que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do obser- ciados pode ser invertida, está-se pensando apenas na
vador varia de acordo com seu grau de percepção. Dessa ordem cronológica, pois, como veremos adiante, a ordem
forma, o que será importante ser analisado para um, não em que os elementos são descritos produz determinados
será para outro. A vivência de quem descreve também in- efeitos de sentido.
fluencia na hora de transmitir a impressão alcançada sobre Quando alteramos a ordem dos enunciados, preci-
determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente, emo- samos fazer certas modificações no texto, pois este con-
ção vivida ou sentimento. tém anafóricos (palavras que retomam o que foi dito an-
tes, como ele, os, aquele, etc. ou catafóricos (palavras que
Exemplos: anunciam o que vai ser dito, como este, etc.), que podem
perder sua função e assim não ser compreendidos. Se to-
(I) “De longe via a aleia onde a tarde era clara e redon- marmos uma descrição como As flores manifestavam
da. Mas a penumbra dos ramos cobria o atalho. todo o seu esplendor. O Sol fazia-as brilhar, ao inver-
Ao seu redor havia ruídos serenos, cheiro de árvores, termos a ordem das frases, precisamos fazer algumas al-
pequenas surpresas entre os cipós. Todo o jardim triturado terações, para que o texto possa ser compreendido: O Sol
pelos instantes já mais apressados da tarde. De onde vinha fazia as flores brilhar. Elas manifestavam todo o seu
o meio sonho pelo qual estava rodeada? Como por um zu- esplendor. Como, na versão original, o pronome oblíquo
nido de abelhas e aves. Tudo era estranho, suave demais, as é um anafórico que retoma flores, se alterarmos a or-
grande demais.” dem das frases ele perderá o sentido. Por isso, precisamos
(extraído de “Amor”, Laços de Família, Clarice Lis- mudar a palavra flores para a primeira frase e retomá-la
pector) com o anafórico elas na segunda.
Por todas essas características, diz-se que o fragmento
(II) Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, do conto de Machado é descritivo. Descrição é o tipo de
aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas texto em que se expõem características de seres concretos
em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cin- (pessoas, objetos, situações, etc.) consideradas fora da re-
quenta minutos; vencia com o tempo o que não podia fa- lação de anterioridade e de posterioridade.
zer logo com o cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai.
Era uma criança fina, pálida, cara doente; raramente estava Características:
alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes.
O mestre era mais severo com ele do que conosco. - Ao fazer a descrição enumeramos características,
(Machado de Assis. “Conto de escola”. Contos. 3ed. comparações e inúmeros elementos sensoriais;
São Paulo, Ática, 1974, págs. 31-32.) - As personagens podem ser caracterizadas física e psi-
cologicamente, ou pelas ações;
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do pro- - A descrição pode ser considerada um dos elementos
fessor da escola que o escritor frequentava. Deve-se notar: constitutivos da dissertação e da argumentação;

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LÍNGUA PORTUGUESA

- É impossível separar narração de descrição; outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto
- O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, lustroso dava, pelo contraste, mais brilho à calva; mas não
mas sim a capacidade de observação que deve revelar tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos
aquele que a realiza. da boca. Era muito pálido; nunca tirava as lunetas escuras.
- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exem- Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito
plo: “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; parecia mais ve- despegadas do crânio.”
lha pelo desenvolvimento das proporções. Grande, carnu- (Eça de Queiroz - O Primo Basílio)
da, sanguínea e fogosa, era um desses exemplares exces-
sivos do sexo que parecem conformados expressamente - Emprego de figuras (metáforas, metonímias, compa-
para esposas da multidão (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu) rações, sinestesias). Exemplo:
- Como na descrição o que se reproduz é simultâneo,
não existe relação de anterioridade e posterioridade entre “Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não
seus enunciados. muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso chinês.
- Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade
que se usem então as formas nominais, o presente e o pre- buliçosa e saltitante que lhe dava petulância de rapaz e ca-
tério imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferên- sava perfeitamente com os olhinhos de azougue.”
cia aos verbos que indiquem estado ou fenômeno. (José de Alencar - Senhora)
- Todavia deve predominar o emprego das compara- - Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo:
ções, dos adjetivos e dos advérbios, que conferem colorido
ao texto. “Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa ve-
lha, e essa casa era assim: na frente, uma grade de ferro;
A característica fundamental de um texto descritivo é depois você entrava tinha um jardinzinho; no final tinha
essa inexistência de progressão temporal. Pode-se apre- uma escadinha que devia ter uns cinco degraus; aí você
sentar, numa descrição, até mesmo ação ou movimento, entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido
desde que eles sejam sempre simultâneos, não indicando de onde saíam três portas; no final do corredor tinha a co-
progressão de uma situação anterior para outra posterior. zinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e
Tanto é que uma das marcas linguísticas da descrição é o atrás ainda tinha um galpão, que era o lugar da bagunça...”
predomínio de verbos no presente ou no pretérito imper- (Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ)
feito do indicativo: o primeiro expressa concomitância em
relação ao momento da fala; o segundo, em relação a um Recursos:
marco temporal pretérito instalado no texto.
Para transformar uma descrição numa narração, basta- - Usar impressões cromáticas (cores) e sensações tér-
ria introduzir um enunciado que indicasse a passagem de micas. Ex: O dia transcorria amarelo, frio, ausente do calor
um estado anterior para um posterior. No caso do texto II alegre do sol.
inicial, para transformá-lo em narração, bastaria dizer: Re- - Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exa-
unia a isso grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se tas, concretas. Ex: As criaturas humanas transpareciam um
desse medo... céu sereno, uma pureza de cristal.
- As sensações de movimento e cor embelezam o po-
Características Linguísticas: der da natureza e a figura do homem. Ex: Era um verde
O enunciado narrativo, por ter a representação de um transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer um.
acontecimento, fazer-transformador, é marcado pela tem- - A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez
poralidade, na relação situação inicial e situação final, en- do texto. Ex: Vida simples. Roupa simples. Tudo simples. O
quanto que o enunciado descritivo, não tendo transforma- pessoal, muito crente.
ção, é atemporal.
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintá- A descrição pode ser apresentada sob duas formas:
tico-semânticas encontradas no texto que vão facilitar a
compreensão: Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a
- Predominância de verbos de estado, situação ou in- passagem são apresentadas como realmente são, concre-
dicadores de propriedades, atitudes, qualidades, usados tamente. Exemplo:
principalmente no presente e no imperfeito do indicativo
(ser, estar, haver, situar-se, existir, ficar). “Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70kg. Aparência atlética,
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que ombros largos, pele bronzeada. Moreno, olhos negros, cabe-
é descrito; los negros e lisos”.

Exemplo: Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento.


“Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço Exemplo:
entalado num colarinho direito. O rosto aguçado no quei-
xo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco
amolgado no alto; tingia os cabelos que de uma orelha à

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LÍNGUA PORTUGUESA

“A casa velha era enorme, toda em largura, com por- O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a vi-
ta central que se alcançava por três degraus de pedra e sualizar uma cena. É como traçar com palavras o retrato de
quatro janelas de guilhotina para cada lado. Era feita de um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas característi-
pau-a-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos cas exteriores, facilmente identificáveis (descrição objetiva),
e apoios de madeira-de-lei. Telhado de quatro águas. Pin- ou suas características psicológicas e até emocionais (des-
tada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, crição subjetiva).
provavelmente sede de alguma fazenda que tivesse ficado, Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de ad-
capricho da sorte, na linha de passagem da variante do Ca- jetivos, também denominado adjetivação. Para facilitar o
minho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua aprendizado desta técnica, sugere-se que o concursando,
Direita – sobre a qual ela se punha um pouco de esguelha após escrever seu texto, sublinhe todos os substantivos,
e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).” acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma
(Pedro Nava – Baú de Ossos) locução adjetiva.

Descrição Subjetiva: quando há maior participação Descrição de objetos constituídos de uma só parte:
da emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a cena, a pai-
sagem são transfigurados pela emoção de quem escreve, - Introdução: observações de caráter geral referentes à
podendo opinar ou expressar seus sentimentos. Exemplo: procedência ou localização do objeto descrito.
“Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso - Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (com-
ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe no peito paração com figuras geométricas e com objetos semelhan-
como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo tes); dimensões (largura, comprimento, altura, diâmetro
era um anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram etc.)
de um rei...” - Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso,
(“O Ateneu”, Raul Pompéia) cor/brilho, textura.
“(...) Quando conheceu Joca Ramiro, então achou outra - Conclusão: observações de caráter geral referentes a
esperança maior: para ele, Joca Ramiro era único homem, sua utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o
par-de-frança, capaz de tomar conta deste sertão nosso, objeto como um todo.
mandando por lei, de sobregoverno.”
Descrição de objetos constituídos por várias partes:
(Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)
- Introdução: observações de caráter geral referentes à
procedência ou localização do objeto descrito.
Os efeitos de sentido criados pela disposição dos ele-
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentá-
mentos descritivos:
rios das partes que compõem o objeto, associados à expli-
cação de como as partes se agrupam para formar o todo.
Como se disse anteriormente, do ponto de vista da
- Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um
progressão temporal, a ordem dos enunciados na descri-
ção é indiferente, uma vez que eles indicam propriedades todo (externamente) - formato, dimensões, material, peso,
ou características que ocorrem simultaneamente. No en- textura, cor e brilho.
tanto, ela não é indiferente do ponto de vista dos efeitos - Conclusão: observações de caráter geral referentes a
de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-versa, do sua utilidade ou qualquer outro comentário que envolva o
detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos objeto em sua totalidade.
de sentido distintos.
Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio”, Descrição de ambientes:
de Bocage: - Introdução: comentário de caráter geral.
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura glo-
Magro, de olhos azuis, carão moreno, bal do ambiente: paredes, janelas, portas, chão, teto, lumi-
bem servido de pés, meão de altura, nosidade e aroma (se houver).
triste de facha, o mesmo de figura, - Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a
nariz alto no meio, e não pequeno. objetos lá existentes: móveis, eletrodomésticos, quadros,
esculturas ou quaisquer outros objetos.
Incapaz de assistir num só terreno, - Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira
mais propenso ao furor do que à ternura; no ambiente.
bebendo em níveas mãos por taça escura
de zelos infernais letal veneno. Descrição de paisagens:
- Introdução: comentário sobre sua localização ou
Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão, 1968, pág. qualquer outra referência de caráter geral.
497. - Desenvolvimento: observação do plano de fundo (ex-
plicação do que se vê ao longe).
O poeta descreve-se das características físicas para as - Desenvolvimento: observação dos elementos mais
características morais. Se fizesse o inverso, o sentido não próximos do observador - explicação detalhada dos ele-
seria o mesmo, pois as características físicas perderiam mentos que compõem a paisagem, de acordo com deter-
qualquer relevo. minada ordem.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Conclusão: comentários de caráter geral, concluin- Textos descritivos literários: Na descrição literária
do acerca da impressão que a paisagem causa em quem predomina o aspecto subjetivo, com ênfase no conjunto
a contempla. de associações conotativas que podem ser exploradas a
partir de descrições de pessoas; cenários, paisagens, espa-
Descrição de pessoas (I): ço; ambientes; situações e coisas. Vale lembrar que textos
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de descritivos também podem ocorrer tanto em prosa como
qualquer aspecto de caráter geral. em verso.
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso,
cor da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, boca, voz, roupas). Dissertação
- Desenvolvimento: características psicológicas (perso-
nalidade, temperamento, caráter, preferências, inclinações, A dissertação é uma exposição, discussão ou interpre-
postura, objetivos). tação de uma determinada ideia. É, sobretudo, analisar al-
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de gum tema. Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica,
caráter geral. raciocínio, clareza, coerência, objetividade na exposição,
um planejamento de trabalho e uma habilidade de expres-
Descrição de pessoas (II): são. É em função da capacidade crítica que se questionam
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de pontos da realidade social, histórica e psicológica do mun-
qualquer aspecto de caráter geral. do e dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação
- Desenvolvimento: análise das características físicas, no seu significado diz respeito a um tipo de texto em que
associadas às características psicológicas (1ª parte). a exposição de uma ideia, através de argumentos, é feita
- Desenvolvimento: análise das características físicas, com a finalidade de desenvolver um conteúdo científico,
associadas às características psicológicas (2ª parte). doutrinário ou artístico. Exemplo:
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de
caráter geral. Há três métodos pelos quais pode um homem chegar
a ser primeiro-ministro. O primeiro é saber, com prudência,
A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. como servir-se de uma pessoa, de uma filha ou de uma
É uma estrutura pictórica, em que os aspectos sensoriais
irmã; o segundo, como trair ou solapar os predecessores; e
predominam. Porque toda técnica descritiva implica con-
o terceiro, como clamar, com zelo furioso, contra a corrup-
templação e apreensão de algo objetivo ou subjetivo, o
ção da corte. Mas um príncipe discreto prefere nomear os
redator, ao descrever, precisa possuir certo grau de sensi-
que se valem do último desses métodos, pois os tais faná-
bilidade. Assim como o pintor capta o mundo exterior ou
ticos sempre se revelam os mais obsequiosos e subservien-
interior em suas telas, o autor de uma descrição focaliza
tes à vontade e às paixões do amo. Tendo à sua disposição
cenas ou imagens, conforme o permita sua sensibilidade.
todos os cargos, conservam-se no poder esses ministros
Conforme o objetivo a alcançar, a descrição pode ser
não-literária ou literária. Na descrição não-literária, há subordinando a maioria do senado, ou grande conselho,
maior preocupação com a exatidão dos detalhes e a pre- e, afinal, por via de um expediente chamado anistia (cuja
cisão vocabular. Por ser objetiva, há predominância da de- natureza lhe expliquei), garantem-se contra futuras pres-
notação. tações de contas e retiram-se da vida pública carregados
com os despojos da nação.
Textos descritivos não-literários: A descrição técnica Jonathan Swift. Viagens de Gulliver.
é um tipo de descrição objetiva: ela recria o objeto usan- São Paulo, Abril Cultural, 1979, p. 234-235.
do uma linguagem científica, precisa. Esse tipo de texto é Esse texto explica os três métodos pelos quais um ho-
usado para descrever aparelhos, o seu funcionamento, as mem chega a ser primeiro-ministro, aconselha o príncipe
peças que os compõem, para descrever experiências, pro- discreto a escolhê-lo entre os que clamam contra a cor-
cessos, etc. Exemplo: rupção na corte e justifica esse conselho. Observe-se que:
- o texto é temático, pois analisa e interpreta a realida-
Folheto de propaganda de carro de com conceitos abstratos e genéricos (não se fala de um
homem particular e do que faz para chegar a ser primeiro-
Conforto interno - É impossível falar de conforto sem ministro, mas do homem em geral e de todos os métodos
incluir o espaço interno. Os seus interiores são amplos, para atingir o poder);
acomodando tranquilamente passageiros e bagagens. O - existe mudança de situação no texto (por exemplo, a
Passat e o Passat Variant possuem direção hidráulica e ar mudança de atitude dos que clamam contra a corrupção da
condicionado de elevada capacidade, proporcionando a corte no momento em que se tornam primeiros-ministros);
climatização perfeita do ambiente. - a progressão temporal dos enunciados não tem im-
Porta-malas - O compartimento de bagagens possui portância, pois o que importa é a relação de implicação
capacidade de 465 litros, que pode ser ampliada para até (clamar contra a corrupção da corte implica ser corrupto
1500 litros, com o encosto do banco traseiro rebaixado. depois da nomeação para primeiro-ministro).
Tanque - O tanque de combustível é confeccionado em
plástico reciclável e posicionado entre as rodas traseiras,
para evitar a deformação em caso de colisão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Características: - Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos


que compõem o texto.
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é - Interrogação: questionamento. Ex: “Volta e meia se
temático; faz a pergunta de praxe: afinal de contas, todo esse entu-
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de si- siasmo pelo futebol não é uma prova de alienação?”
tuação; - Suspense: alguma informação que faça aumentar a
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de curiosidade do leitor.
anterioridade e de posterioridade dos enunciados não têm - Comparação: social e geográfica.
maior importância - o que importa são suas relações ló- - Enumeração: enumerar as informações. Ex: “Ação à
gicas: analogia, pertinência, causalidade, coexistência, cor- distância, velocidade, comunicação, linha de montagem,
respondência, implicação, etc. triunfo das massas, Holocausto: através das metáforas e
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos das realidades que marcaram esses 100 últimos anos, apa-
de redação. Já a estrutura, o conteúdo e a estilística pos- rece a verdadeira doença do século...”
suem características próprias a cada tipo de texto. - Narração: narrar um fato.
 
São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvi- Desenvolvimento: é a argumentação da ideia inicial,
mento / Conclusão. de forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais
importante do texto. Podem ser desenvolvidos de várias
Introdução: em que se apresenta o assunto; se apre- formas:
senta a ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu de-
senvolvimento. Tipos: - Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova
com este tipo de abordagem.
- Divisão: quando há dois ou mais termos a serem dis- - Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar
cutidos. Ex: “Cada criatura humana traz duas almas consi- a idéia principal ao máximo, esclarecendo o conceito ou a
go: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de definição.
fora para dentro...” - Comparação: estabelecer analogias, confrontar si-
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona tuações distintas.
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta
a um fato presente. Ex: “A crise econômica que teve início
pontos favoráveis e desfavoráveis.
no começo dos anos 80, com os conhecidos altos índices
- Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato
de inflação que a década colecionou, agravou vários dos
ou descrever uma cena.
históricos problemas sociais do país. Entre eles, a violência,
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados es-
principalmente a urbana, cuja escalada tem sido facilmente
tatísticos.
identificada pela população brasileira.”
- Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para
- Proposição: o autor explicita seus objetivos.
prováveis resultados.
- Convite: proposta ao leitor para que participe de al- - Interrogação: Toda sucessão de interrogações deve
guma coisa apresentada no texto. Ex: Você quer estar “na apresentar questionamento e reflexão.
sua”? Quer se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não - Refutação: questiona-se praticamente tudo: concei-
entre pelo cano! Faça parte desse time de vencedores des- tos, valores, juízos.
de a escolha desse momento! - Causa e Consequência: estruturar o texto através
- Contestação: contestar uma idéia ou uma situação. dos porquês de uma determinada situação.
Ex: “É importante que o cidadão saiba que portar arma de - Oposição: abordar um assunto de forma dialética.
fogo não é a solução no combate à insegurança.” - Exemplificação: dar exemplos.
- Características: caracterização de espaços ou aspec-
tos. Conclusão: é uma avaliação final do assunto, um fe-
- Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex: chamento integrado de tudo que se argumentou. Para ela
“Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios brasileiros com convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas.
televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque
de aparelhos receptores instalados do mundo). Ao todo, - Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese.
existem no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar - Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um
programas) e 2.624 repetidoras (que apenas retransmitem pensamento ou faz uma proposta, incentivando a reflexão
sinais recebidos). (...)” de quem lê.
- Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato. Exemplo:
- Citação: opinião de alguém de destaque sobre o as-
sunto do texto. Ex: “A principal característica do déspota Direito de Trabalho
encontra-se no fato de ser ele o autor único e exclusivo das
normas e das regras que definem a vida familiar, isto é, o Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um
espaço privado. Seu poder, escreve Aristóteles, é arbitrário, novo modelo econômico: o capitalismo, que até o século
pois decorre exclusivamente de sua vontade, de seu prazer XX agia por meio da inclusão de trabalhadores e hoje pas-
e de suas necessidades.” sou a agir por meio da exclusão. (A)

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LÍNGUA PORTUGUESA

A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo o Ainda temos:


trabalho automático, devido à evolução tecnológica e a ne-
cessidade de qualificação cada vez maior, o que provoca o Tema: compreende o assunto proposto para discus-
desemprego. Outro fator que também leva ao desemprego são, o assunto que vai ser abordado.
de um sem número de trabalhadores é a contenção de des- Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo
pesas, de gastos. (B) discutido.
Segundo a Constituição, “preocupada” com essa crise so- Argumentação: é um conjunto de procedimentos lin-
cial que provém dessa automatização e qualificação, obriga guísticos com os quais a pessoa que escreve sustenta suas
que seja feita uma lei, em que será dada absoluta garantia aos opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É for-
trabalhadores, de que, mesmo que as empresas sejam auto- necer argumentos, ou seja, razões a favor ou contra uma
matizadas, não perderão eles seu mercado de trabalho. (C) determinada tese.
Não é uma utopia?! Estes assuntos serão vistos com mais afinco posterior-
Um exemplo vivo são os bóias-frias que trabalham na co-
mente.
lheita da cana de açúcar que devido ao avanço tecnológico
e a lei do governador Geraldo Alkmin, defendendo o meio
Alguns pontos essenciais desse tipo de texto são:
ambiente, proibindo a queima da cana de açúcar para a co-
lheita e substituindo-os então pelas máquinas, desemprega
milhares deles. (D) - toda dissertação é uma demonstração, daí a necessi-
Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão cur- dade de pleno domínio do assunto e habilidade de argu-
sos de cabeleleiro, marcenaria, eletricista, para não perderem mentação;
o mercado de trabalho, aumentando, com isso, a classe de - em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao
trabalhos informais. tema;
Como ficam então aqueles trabalhadores que passaram - a coerência é tida como regra de ouro da dissertação;
à vida estudando, se especializando, para se diferenciarem e - impõem-se sempre o raciocínio lógico;
ainda estão desempregados?, como vimos no último concur- - a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer
so da prefeitura do Rio de Janeiro para “gari”, havia até advo- ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na demonstra-
gado na fila de inscrição. (E) ção do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural,
Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos original, nobre, correta gramaticalmente. O discurso deve
têm o direito de trabalho, cabe aos governantes desse país, ser impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa).
que almeja um futuro brilhante, deter, com urgência esse
processo de desníveis gritantes e criar soluções eficazes para O parágrafo é a unidade mínima do texto e deve apre-
combater a crise generalizada (F), pois a uma nação doente, sentar: uma frase contendo a ideia principal (frase nuclear)
miserável e desigual, não compete a tão sonhada moderni- e uma ou mais frases que explicitem tal ideia.
dade. (G) Exemplo: “A televisão mostra uma realidade idealizada
(ideia central) porque oculta os problemas sociais realmen-
1º Parágrafo – Introdução te graves. (ideia secundária)”.
Vejamos:
A. Tema: Desemprego no Brasil. Ideia central: A poluição atmosférica deve ser comba-
Contextualização: decorrência de um processo histórico tida urgentemente.
problemático.
Desenvolvimento: A poluição atmosférica deve ser
2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento
combatida urgentemente, pois a alta concentração de ele-
mentos tóxicos põe em risco a vida de milhares de pessoas,
B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que
remetem a uma análise do tema em questão. sobretudo daquelas que sofrem de problemas respirató-
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro rios:
dado da realidade.
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de - A propaganda intensiva de cigarros e bebidas tem
quem propõe soluções. levado muita gente ao vício.
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição. - A televisão é um dos mais eficazes meios de comuni-
cação criados pelo homem.
7º Parágrafo: Conclusão - A violência tem aumentado assustadoramente nas ci-
F. Uma possível solução é apresentada. dades e hoje parece claro que esse problema não pode ser
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com mo- resolvido apenas pela polícia.
dernidade. - O diálogo entre pais e filhos parece estar em crise
É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar atualmente.
sobre o que não se conhece. A leitura de bons textos é um - O problema dos sem-terra preocupa cada vez mais a
dos recursos que permite uma segurança maior no momento sociedade brasileira.
de dissertar sobre algum assunto. Debater e pesquisar são O parágrafo pode processar-se de diferentes maneiras:
atitudes que favorecem o senso crítico, essencial no desen-
volvimento de um texto dissertativo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Enumeração: Caracteriza-se pela exposição de uma - O espírito competitivo foi excessivamente exercido
série de coisas, uma a uma. Presta-se bem à indicação de entre nós, de modo que hoje somos obrigados a viver
características, funções, processos, situações, sempre ofe- numa sociedade fria e inamistosa.
recendo o complemente necessário à afirmação estabele-
cida na frase nuclear. Pode-se enumerar, seguindo-se os Tempo e Espaço: Muitos parágrafos dissertativos mar-
critérios de importância, preferência, classificação ou alea- cam temporal e espacialmente a evolução de ideias, pro-
toriamente. cessos.
Exemplo: Exemplos:

1- O adolescente moderno está se tornando obeso por Tempo - A comunicação de massas é resultado de uma
várias causas: alimentação inadequada, falta de exercícios lenta evolução. Primeiro, o homem aprendeu a grunhir. De-
sistemáticos e demasiada permanência diante de compu- pois deu um significado a cada grunhido. Muito depois,
tadores e aparelhos de Televisão. inventou a escrita e só muitos séculos mais tarde é que
passou à comunicação de massa.
2- Devido à expansão das igrejas evangélicas, é gran- Espaço - O solo é influenciado pelo clima. Nos climas
de o número de emissoras que dedicam parte da sua pro- úmidos, os solos são profundos. Existe nessas regiões uma
gramação à veiculação de programas religiosos de crenças forte decomposição de rochas, isto é, uma forte transfor-
variadas. mação da rocha em terra pela umidade e calor. Nas regiões
temperadas e ainda nas mais frias, a camada do solo é pou-
3- co profunda. (Melhem Adas)
- A Santa Missa em seu lar.
- Terço Bizantino. Explicitação: Num parágrafo dissertativo pode-se
- Despertar da Fé. conceituar, exemplificar e aclarar as ideias para torná-las
- Palavra de Vida. mais compreensíveis.
- Igreja da Graça no Lar. Exemplo: “Artéria é um vaso que leva sangue prove-
niente do coração para irrigar os tecidos. Exceto no cordão
4-
umbilical e na ligação entre os pulmões e o coração, todas
- Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o
as artérias contém sangue vermelho-vivo, recém oxigena-
governo brasileiro diante de tantos desmatamentos, dese-
do. Na artéria pulmonar, porém, corre sangue venoso, mais
quilíbrios sociológicos e poluição.
escuro e desoxigenado, que o coração remete para os pul-
- Existem várias razões que levam um homem a enve-
mões para receber oxigênio e liberar gás carbônico”.
redar pelos caminhos do crime.
- A gravidez na adolescência é um problema seríssimo,
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação,
porque pode trazer muitas consequências indesejáveis.
- O lazer é uma necessidade do cidadão para a sua so- deve delimitar-se o tema que será desenvolvido e que po-
brevivência no mundo atual e vários são os tipos de lazer. derá ser enfocado sob diversos aspectos. Se, por exemplo,
- O Novo Código Nacional de trânsito divide as faltas o tema é a questão indígena, ela poderá ser desenvolvida a
em várias categorias. partir das seguintes ideias:

Comparação: A frase nuclear pode-se desenvolver - A violência contra os povos indígenas é uma constan-
através da comparação, que confronta ideias, fatos, fenô- te na história do Brasil.
menos e apresenta-lhes a semelhança ou dessemelhança. - O surgimento de várias entidades de defesa das po-
Exemplo: pulações indígenas.
- A visão idealizada que o europeu ainda tem do índio
“A juventude é uma infatigável aspiração de felicida- brasileiro.
de; a velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e - A invasão da Amazônia e a perda da cultura indígena.
persistente sentimento de dor, porque já estamos nos con-
vencendo de que a felicidade é uma ilusão, que só o sofri- Depois de delimitar o tema que você vai desenvolver,
mento é real”. deve fazer a estruturação do texto.
(Arthur Schopenhauer)
A estrutura do texto dissertativo constitui-se de:
Causa e Consequência: A frase nuclear, muitas vezes,
encontra no seu desenvolvimento um segmento causal Introdução: deve conter a ideia principal a ser desen-
(fato motivador) e, em outras situações, um segmento in- volvida (geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura
dicando consequências (fatos decorrentes). do texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e chamar
Exemplos: a atenção para dois itens básicos: os objetivos do texto e o
plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema,
- O homem, dia a dia, perde a dimensão de humanida- seus limites, ângulo de análise e a hipótese ou a tese a ser
de que abriga em si, porque os seus olhos teimam apenas defendida.
em ver as coisas imediatistas e lucrativas que o rodeiam.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Desenvolvimento: exposição de elementos que vão Conclusão.


fundamentar a ideia principal que pode vir especificada
através da argumentação, de pormenores, da ilustração, da Observe o texto a seguir, que contém os elementos
causa e da consequência, das definições, dos dados esta- referidos do plano-padrão da argumentação formal.
tísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da
citação. No desenvolvimento são usados tantos parágrafos Gramática e desempenho Linguístico
quantos forem necessários para a completa exposição da
ideia. E esses parágrafos podem ser estruturados das cinco Pretende-se demonstrar no presente artigo que o es-
maneiras expostas acima. tudo intencional da gramática não traz benefícios signifi-
Conclusão: é a retomada da ideia principal, que ago- cativos para o desempenho linguístico dos utentes de uma
ra deve aparecer de forma muito mais convincente, uma língua.
vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento Por “estudo intencional da gramática” entende-se o
da dissertação (um parágrafo). Deve, pois, conter de forma estudo de definições, classificações e nomenclatura; a rea-
sintética, o objetivo proposto na instrução, a confirmação lização de análises (fonológica, morfológica, sintática); a
da hipótese ou da tese, acrescida da argumentação básica memorização de regras (de concordância, regência e colo-
empregada no desenvolvimento. cação) - para citar algumas áreas. O “desempenho linguís-
tico”, por outro lado, é expressão técnica definida como
Texto Argumentativo sendo o processo de atualização da competência na pro-
dução e interpretação de enunciados; dito de maneira mais
Texto Argumentativo é o texto em que defendemos simples, é o que se fala, é o que se escreve em condições
uma ideia, opinião ou ponto de vista, uma tese, procuran- reais de comunicação.
do (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor A polêmica pró-gramática x contra gramática é bem
aceite-a, creia nela. Num texto argumentativo, distinguem- antiga; na verdade, surgiu com os gregos, quando surgi-
se três componentes: a tese, os argumentos e as estraté- ram as primeiras gramáticas. Definida como “arte”, “arte
gias argumentativas. de escrever”, percebe-se que subjaz à definição a ideia da
sua importância para a prática da língua. São da mesma
Tese, ou proposição, é a ideia que defendemos, neces- época também as primeiras críticas, como se pode ler em
sariamente polêmica, pois a argumentação implica diver- Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc. II a.C.: “Raça
gência de opinião. de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, es-
Argumento tem uma origem curiosa: vem do latim Ar- túpidas lagartas que sujais as grandes obras, ó flagelo dos
gumentum, que tem o tema ARGU, cujo sentido primeiro poetas que mergulhais o espírito das crianças na escuridão,
é “fazer brilhar”, “iluminar”, a mesma raiz de “argênteo”, ide para o diabo, percevejos que devorais os versos belos”.
“argúcia”, “arguto”. Os argumentos de um texto são facil- Na atualidade, é grande o número de educadores,
mente localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta filólogos e linguistas de reconhecido saber que negam a
por quê? Exemplo: o autor é contra a pena de morte (tese). relação entre o estudo intencional da gramática e a me-
Por que... (argumentos). lhora do desempenho linguístico do usuário. Entre esses
Estratégias argumentativas são todos os recursos especialistas, deve-se mencionar o nome do Prof. Celso
(verbais e não-verbais) utilizados para envolver o leitor/ou- Pedro Luft com sus obra “Língua e liberdade: por uma nova
vinte, para impressioná-lo, para convencê-lo melhor, para concepção de língua materna e seu ensino” (L&PM, 1995).
persuadi-lo mais facilmente, para gerar credibilidade, etc. Com efeito, o velho pesquisar apaixonado pelos problemas
da língua, teórico de espírito lúcido e de larga formação
A Estrutura de um Texto Argumentativo linguística, reúne numa mesma obra convincente funda-
mentação para seu combate veemente contra o ensino
A argumentação Formal da gramática em sala de aula. Por oportuno, uma citação
apenas:
A nomenclatura é de Othon Garcia, em sua obra “Co- “Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez
municação em Prosa Moderna”. O autor, na mencionada abandonem a superstição da teoria gramatical, desistindo
obra, apresenta o seguinte plano-padrão para o que cha- de querer ensinar a língua por definições, classificações,
ma de argumentação formal: análises inconsistentes e precárias hauridas em gramáticas.
Proposição (tese): afirmativa suficientemente definida Já seria um grande benefício”.
e limitada; não deve conter em si mesma nenhum argu- Deixando-se de lado a perspectiva teórica do Mestre,
mento. acima referida suponha-se que se deva recuperar linguisti-
Análise da proposição ou tese: definição do sentido camente um jovem estudante universitário cujo texto apre-
da proposição ou de alguns de seus termos, a fim de evitar sente preocupantes problemas de concordância, regência,
mal-entendidos. colocação, ortografia, pontuação, adequação vocabular,
Formulação de argumentos: fatos, exemplos, dados coesão, coerência, informatividade, entre outros. E, esti-
estatísticos, testemunhos, etc. mando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma gramática que
ele passaria a estudar: que é fonética? Que é fonologia?
Que é fonemas? Morfema? Qual é coletivo de borboleta?

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LÍNGUA PORTUGUESA

O feminino de cupim? Como se chama quem nasce na Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se de-
Província de Entre-Douro-e-Minho? Que é oração subor- finem as expressões “estudo intencional da gramática” e
dinada adverbial concessiva reduzida de gerúndio? E de- “desempenho lingüístico”, citadas na tese.
corasse regras de ortografia, fizesse lista de homônimos, Terceiro Estágio: terceiro, quarto, quinto, sexto, sétimo
parônimos, de verbos irregulares... e estudasse o plural de e oitavo parágrafos, em que se apresentam os argumentos.
compostos, todas regras de concordância, regências... os - Terceiro parágrafo: parágrafo introdutório à argu-
casos de próclise, mesóclise e ênclise. E que, ao cabo de mentação.
todo esse processo, se voltasse a examinar o desempenho - Quarto parágrafo: argumento de autoridade.
do jovem estudante na produção de um texto. A melhora - Quinto parágrafo: argumento com base em ilustração
seria, indubitavelmente, pouco significativa; uma pequena hipotética.
melhora, talvez, na gramática da frase, mas o problema de - Sexto parágrafo: argumento com base em dados es-
coesão, de coerência, de informatividade - quem sabe os tatísticos.
mais graves - haveriam de continuar. Quanto mais não seja - Sétimo e oitavo parágrafo: argumento com base em
porque a gramática tradicional não dá conta dos mecanis- fatos.
mos que presidem à construção do texto. Quarto Estágio: último parágrafo, em que se apresen-
Poder-se-á objetar que a ilustração de há pouco é ape- ta a conclusão.
nas hipotética e que, por isso, um argumento de pouco
valor. Contra argumentar-se-ia dizendo que situação como A Argumentação Informal
essa ocorre de fato na prática. Na verdade, todo o ensino
de 1° e 2° graus é gramaticalista, descritivista, definitório, A nomenclatura também é de Othon Garcia, na obra já
classificatório, nomenclaturista, prescritivista, teórico. O re- referida. A argumentação informal apresenta os seguintes
sultado? Aí estão as estatísticas dos vestibulares. Valendo estágios:
40 pontos a prova de redação, os escores foram estes no - Citação da tese adversária.
vestibular 1996/1, na PUC-RS: nota zero: 10% dos candida- - Argumentos da tese adversária.
tos, nota 01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. - Introdução da tese a ser defendida.
Ou seja, apenas 20% dos candidatos escreveram um texto - Argumentos da tese a ser defendida.
que pode ser considerado bom. - Conclusão.
Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lem-
brando que são os gramáticos, os linguistas - como es-
Observe o texto exemplar de Luís Alberto Thompson
pecialistas das línguas - as pessoas que conhecem mais a
Flores Lenz, Promotor de Justiça.
fundo a estrutura e o funcionamento dos códigos linguís-
Considerações sobre justiça e equidade
ticos. Que se esperaria, de fato, se houvesse significativa
influência do conhecimento teórico da língua sobre o de-
Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico a aca-
sempenho? A resposta é óbvia: os gramáticos e os linguis-
dêmico nacional, a ideia de que o julgador, ao apreciar os
tas seriam sempre os melhores escritores. Como na prática
isso realmente não acontece, fica provada uma vez mais a caos concretos que são apresentados perante os tribunais,
tese que se vem defendendo. deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça e
Vale também o raciocínio inverso: se a relação fosse equidade e menos por razões de estrita legalidade, no in-
significativa, deveriam os melhores escritores conhecer - tuito de alcançar, sempre, o escopo da real pacificação dos
teoricamente - a língua em profundidade. Isso, no entan- conflitos submetidos à sua apreciação.
to, não se confirma na realidade: Monteiro Lobato, quan- Semelhante entendimento tem sido sistematicamente
do estudante, foi reprovado em língua portuguesa (muito reiterado, na atualidade, ao ponto de inúmeros magistra-
provavelmente por desconhecer teoria gramatical); Macha- dos simplesmente desprezarem ou desconsiderarem de-
do de Assis, ao folhar uma gramática declarou que nada terminados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas le-
havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Veríssimo gais sob a pecha de injustiça ou inadequação à realidade
saberia o que é um morfema; nem é de se crer que todos nacional.
os nossos bons escritores seriam aprovados num teste de Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura
Português à maneira tradicional (e, no entanto eles são os pessoal aos insignes juízes que se filiam a esta corrente,
senhores da língua!). alguns dos quais reconhecidos como dos mais brilhantes
Portanto, não há como salvar o ensino da língua, como do país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves consi-
recuperar linguisticamente os alunos, como promover um derações sobre os perigos da generalização desse enten-
melhor desempenho linguístico mediante o ensino-estudo dimento.
da teoria gramatical. O caminho é seguramente outro. Primeiro, porque o mesmo, além de violar os preceitos
dos arts. 126 e 127 do CPC, atenta de forma direta e frontal
Gilberto Scarton contra os princípios da legalidade e da separação de pode-
res, esteio no qual se assenta toda e qualquer ideia de de-
Eis o esquema do texto em seus quatro estágios: mocracia ou limitação de atribuições dos órgãos do Estado.
Isso é o que salientou, e com a costumeira maestria, o
Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se insuperável José Alberto dos Reis, o maior processualista
enuncia claramente a tese a ser defendida. português, ao afirmar que: “O magistrado não pode so-

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LÍNGUA PORTUGUESA

brepor os seus próprios juízos de valor aos que estão en- Terceiro Estágio: terceiro parágrafo, em que se intro-
carnados na lei. Não o pode fazer quando o caso se acha duz a tese a ser defendida.
previsto legalmente, não o pode fazer mesmo quando o Quarto Estágio: do quarto ao décimo quinto, em que
caso é omisso”. se apresentam os argumentos.
Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte Quinto Estágio: os últimos dois parágrafos, em que
qualquer espécie de legalidade ou garantia de soberania se conclui o texto mediante afirmação que salienta o que
popular proveniente dos parlamentos, até porque, na lúci- ficou dito ao longo da argumentação.
da visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa
situação, se arvorando, de forma absolutamente espúria, Texto Injuntivo/Instrucional
na condição de legislador.
A esta altura, adotando tal entendimento, estaria insti- No texto injuntivo-instrucional, o leitor recebe orien-
tucionalizada a insegurança social, sendo que não haveria tações precisas no sentido de efetuar uma transformação.
mais qualquer garantia, na medida em que tudo estaria ao É marcado pela presença de tempos e modos verbais que
sabor dos humores e amores do juiz de plantão. apresentam um valor diretivo. Este tipo de texto distingue-
De nada adiantariam as eleições, eis que os represen- se de uma sequencia narrativa pela ausência de um sujeito
tantes indicados pelo povo não poderiam se valer de sua responsável pelas ações a praticar e pelo caráter diretivo
maior atribuição, ou seja, a prerrogativa de editar as leis. dos tempos e modos verbais usado e uma sequência des-
Desapareceriam também os juízes de conveniência e critiva pela transformação desejada.
oportunidade política típicos dessas casas legislativas, na Nota: Uma frase injuntiva é uma frase que exprime
medida em que sempre poderiam ser afastados por uma uma ordem, dada ao locutor, para executar (ou não exe-
esfera revisora excepcional. cutar) tal ou tal ação. As formas verbais específicas destas
A própria independência do parlamento sucumbiria in- frases estão no modo injuntivo e o imperativo é uma das
tegralmente frente à possibilidade de inobservância e des- formas do injuntivo.
consideração de suas deliberações.
Ou seja, nada restaria, de cunho democrático, em nos- Textos Injuntivo-Instrucionais: Instruções de monta-
sa civilização. gem, receitas, horóscopos, provérbios, slogans... são textos
Já o Poder Judiciário, a quem legitimamente compete que incitam à ação, impõem regras; textos que fornecem
fiscalizar a constitucionalidade e legalidade dos atos dos
instruções. São orientados para um comportamento futuro
demais poderes do Estado, praticamente aniquilaria as
do destinatário.
atribuições destes, ditando a eles, a todo momento, como
proceder.
Texto Injuntivo - A necessidade de explicar e orien-
Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto
tar por escrito o modo de realizar determinados procedi-
dessa concepção.
mentos, manipular instrumentos, desenvolver atividades
Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra,
lúdicas e desempenhar algumas funções profissionais, por
sem sombra de dúvidas, o desconhecimento do próprio
conceito de justiça, incorrendo inclusive numa contradictio exemplo, deu origem aos chamados textos injuntivos, nos
in adjecto. quais prevalece a função apelativa da linguagem, criando-
Isto porque, e como magistralmente o salientou o in- se uma relação direta com o receptor. É comum aos textos
superável Calamandrei, “a justiça que o juiz administra é, dessa natureza o uso dos verbos no imperativo (Abra o ca-
no sistema da legalidade, a justiça em sentido jurídico, isto derno de questões) ou no infinitivo (É preciso abrir o cader-
é, no sentido mais apertado, mas menos incerto, da confor- no de questões, verificar o número de alternativas...). Não
midade com o direito constituído, independentemente da apresenta caráter coercitivo, haja vista que apenas induz
correspondente com a justiça social”. o interlocutor a proceder desta ou daquela forma. Assim,
Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios torna-se possível substituir um determinado procedimento
concretos de efetivação da Justiça social compete, funda- em função de outro, como é o caso do que ocorre com
mentalmente, ao Legislativo e ao Executivo, eis que seus os ingredientes de uma receita culinária, por exemplo. São
membros são indicados diretamente pelo povo. exemplos dessa modalidade:
Ao Judiciário cabe administrar a justiça da legalidade, - A mensagem revelada pela maioria dos livros de au-
adequando o proceder daqueles aos ditames da Constitui- toajuda;
ção e da Legislação. - O discurso manifestado mediante um manual de ins-
Luís Alberto Thompson Flores Lenz truções;
- As instruções materializadas por meio de uma receita
Eis o esquema do texto em seus cinco estágios; culinária.

Primeiro Estágio: primeiro parágrafo, em que se cita Texto Instrucional - o texto instrucional é um tipo de
a tese adversária. texto injuntivo, didático, que tem por objetivo justamen-
Segundo Estágio: segundo parágrafo, em que se cita te apresentar orientações ao receptor para que ele realize
um argumento da tese adversária “... fulminando ditos dile- determinada atividade. Como as palavras do texto serão
mas legais sob a pecha de injustiça ou inadequação à rea- transformadas em ações visando a um objetivo, ou seja,
lidade nacional”. algo deverá ser concretizado, é de suma importância que

21
LÍNGUA PORTUGUESA

nele haja clareza e objetividade. Dependendo do que se Contexto – um texto é constituído por diversas
trata, é imprescindível haver explicações ou enumerações frases. Em cada uma delas, há uma certa informação
em que estejam elencados os materiais a serem utilizados, que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior,
bem como os itens de determinados objetos que serão ma- criando condições para a estruturação do conteúdo a ser
nipulados. Por conta dessas características, é necessário um transmitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto.
título objetivo. Quanto à pontuação, frequentemente empre- Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande,
gam-se dois pontos, vírgulas e pontos e vírgulas. É possível que, se uma frase for retirada de seu contexto original e
separar as orientações por itens ou de modo coeso, por meio analisada separadamente, poderá ter um significado
de períodos. Alguns textos instrucionais possuem subtítulos diferente daquele inicial.
separando em tópicos as instruções, basta reparar nas bulas
de remédios, manuais de instruções e receitas. Pelo fato de Intertexto - comumente, os textos apresentam
o espaço destinado aos textos instrucionais geralmente não referências diretas ou indiretas a outros autores através de
ser muito extenso, recomenda-se o uso de períodos. Leia os citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
exemplos.
Interpretação de Texto - o primeiro objetivo de uma
Texto organizado em itens:
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia
Para economizar nas compras principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias,
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações,
Quem deseja economizar ao comprar deve: que levem ao esclarecimento das questões apresentadas
- estabelecer um valor máximo para gastar; na prova.
- escolher previamente aquilo que deseja comprar antes
de ir à loja ou entrar em sites de compra; Textos Ficcionais e Não Ficcionais
- pesquisar os preços em diferentes lojas e sites, se pos-
sível; Os textos não ficcionais baseiam-se na realidade, e os
- não se deixar levar completamente pelas sugestões dos ficcionais inventam um mundo, onde os acontecimentos
vendedores nem pelos apelos das propagandas; ocorrem coerentemente com o que se passa no enredo da
- optar pela forma de pagamento mais cômoda, sem se história.
esquecer de que o uso do cartão de crédito exige certa cau-
tela e planejamento. Ficcionais: Conto; Crônica; Romance; Poemas; História
Do mais, é só ir às compras e aproveitar! em Quadrinhos.

Texto organizado em períodos: Não Ficcionais:

Para economizar nas compras - Jornalísticos: notícia, editorial, artigos, cartas e textos
de divulgação científica.
Para economizar ao comprar, primeiramente estabeleça
um valor máximo para gastar e então escolha previamente - Instrucionais: didáticos, resumos, receitas, catálogos,
aquilo que deseja comprar antes de ir à loja ou entrar em sites índices, listas, verbetes em geral, bulas e notas explicativas
de compra. Se possível, pesquise os preços em diferentes lojas de embalagens.
e sites; não se deixe levar completamente pelas sugestões dos
vendedores nem pelos apelos das propagandas e opte pela
- Epistolares: bilhetes, cartas familiares e cartas
forma de pagamento mais cômoda: não se esqueça de que o
formais.
uso do cartão de crédito exige certa cautela e planejamento.
Do mais, aproveite as compras!
- Administrativos: requerimentos, ofícios e etc.
Observe que, embora ambos os textos tratem do mesmo FICCIONAIS
assunto, o segundo é uma adaptação do primeiro: tanto o
modo verbal quanto a pontuação sofreram alterações; além CONTO
disso, algumas palavras foram omitidas e outras acrescenta-
das. Isso ocorreu para que o aspecto instrucional, conferido É um gênero textual que apresenta um único conflito,
pelos itens do primeiro exemplo, não se perdesse no segundo tomado já próximo do seu desfecho. Encerra uma história com
texto, o qual, sem essas adaptações, passaria a impressão de poucas personagens, e também tempo e espaço reduzido.
ser um mero texto expositivo. A linguagem pode ser formal ou informal. É uma obra de
ficção que cria um universo de seres e acontecimentos, de
Gêneros Textuais fantasia ou imaginação. Como todos os textos de ficção,
o conto apresenta um narrador, personagens, ponto de
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e vista e enredo. Classicamente, diz-se que o conto se define
relacionadas entre si, formando um todo significativo pela sua pequena extensão. Mais curto que a novela ou o
capaz de produzir interação comunicativa (capacidade de romance, o conto tem uma estrutura fechada, desenvolve
codificar e decodificar). uma história e tem apenas um clímax. Exemplo:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Lépida sobre os motivos que levam alguns heróis a se superarem.


Vitor já havia vencido o cume mais alto do mundo. Quis
Tudo lento, parado, paralisado. provar mais, fazendo a escalada sem a ajuda do oxigênio
- Maldição! - dizia um homem que tinha sido o melhor suplementar. O que leva um ser humano bem sucedido a
corredor daquele lugar. vencer desafios assim?
- Que tristeza a minha - lamentava uma pequena Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a
bailarina, olhando para as suas sapatilhas cor-de-rosa. humanidade. Se cada um repetisse meu exemplo, ficando
Assim estava Lépida, uma cidade muito alegre que solidamente instalado no chão, sem tentar a aventura, ainda
no passado fora reconhecida pela leveza e agilidade de estaríamos nas cavernas, lascando o fogo com pedras,
seus habitantes. Todos muito fortes, andavam, corriam e comendo animais crus e puxando nossas mulheres pelos
nadavam pelos seus limpos canais. cabelos, como os trogloditas - se é que os trogloditas faziam
Até que chegou um terrível pirata à procura da riqueza isso. Somos o que somos hoje devido a heróis que trocam
do lugar. Para dominar Lépida, roubou de um mago um a vida pelo risco. Bem verdade que escalar montanhas, em
si, não traz nada de prático ao resto da humanidade que
elixir paralisante e despejou no principal rio. Após beberem
prefere ficar na cômoda planície da segurança.
a água, os habitantes ficaram muito lentos, tão lentos que
Mas o que há de louvável (e lamentável) na aventura
não conseguiram impedir a maldade do terrível pirata. Seu
de Vítor Negrete é a aspiração de ir mais longe, de superar
povo nunca mais foi o mesmo. Lépida foi roubada em seu marcas, de ir mais alto, desafiando os riscos. Não sei até que
maior tesouro e permaneceu estagnada por muitos anos. ponto ele foi temerário ao recusar o oxigênio suplementar.
Um dia nasceu um menino, que foi chamado de Zim. O Mas seu exemplo - e seu sacrifício - é uma lição de luta,
único entre tantos que ficou livre da maldição que passara mesmo sendo uma luta perdida.
de geração em geração. Diferente de todos, era muito ágil (Autor: Carlos Heitor Cony.
e, ao crescer, saiu em busca de uma solução. Encontrou Publicado na Folha Online)
pelo caminho bruxas de olhar feroz, gigantes de três, cinco
e sete cabeças, noites escuras, dias de chuva, sol intenso. ROMANCE
Zim tudo enfrentou.
E numa noite morna, ao deitar-se em sua cama de O termo romance pode referir-se a dois gêneros
folhas, viu ao seu lado um velho de olhos amarelos e literários. O primeiro deles é uma composição poética
brilhantes. Era o mago que havia sido roubado pelo pirata popular, histórica ou lírica, transmitida pela tradição
muitos anos antes. Zim ficou apreensivo. Mas o velho oral, sendo geralmente de autor anônimo; corresponde
mago (que tudo sabia) deu-lhe um frasco. Nele havia um aproximadamente à balada medieval. E como forma
antídoto e Zim compreendeu o que deveria fazer. Despejou literária moderna, o termo designa uma composição em
o líquido no rio de sua cidade. prosa. Todo Romance se organiza a partir de uma trama, ou
Lépida despertou diferente naquela manhã. Um copo seja, em torno dos acontecimentos que são organizados
de água aqui, um banho ali e eram novamente braços que em uma sequência temporal. A linguagem utilizada em
se mexiam, pernas que corriam, saltos e sorrisos. E a dança um Romance é muito variável, vai depender de quem
das sapatilhas cor-de-rosa. escreve, de uma boa diferenciação entre linguagem escrita
(Carla Caruso) e linguagem oral e principalmente do tipo de Romance.
Quanto ao tipo de abordagem o Romance pode ser:
CRÔNICA Urbano, Regionalista, Indianista e Histórico. E quanto à
época ou Escola Literária, o Romance pode ser: Romântico,
Realista, Naturalista e Modernista.
Em jornais e revistas, há textos normalmente assinados
por um escritor de ficção ou por uma pessoa especializada
POEMA
em determinada área (economia, gastronomia, negócios,
entre outras) que escreve com periodicidade para uma Um poema é uma obra literária geralmente
seção (por exemplo, todos os domingos para o Caderno apresentada em versos e estrofes (ainda que possa
de Economia). Esses textos, conhecidos como crônicas, são existir prosa poética, assim designada pelo uso de temas
curtos e em geral predominantemente narrativos, podendo específicos e de figuras de estilo próprias da poesia).
apresentar alguns trechos dissertativos. Exemplo: Efetivamente, existe uma diferença entre poesia e poema.
A luta e a lição Segundo vários autores, o poema é um objeto literário
com existência material concreta, a poesia tem um carácter
Um brasileiro de 38 anos, Vítor Negrete, morreu no imaterial e transcendente. Fortemente relacionado com a
Tibete após escalar pela segunda vez o ponto culminante música, beleza e arte, o poema tem as suas raízes históricas
do planeta, o monte Everest. Da primeira, usou o reforço nas letras de acompanhamento de peças musicais. Até
de um cilindro de oxigênio para suportar a altura. Na a Idade Média, os poemas eram cantados. Só depois o
segunda (e última), dispensou o cilindro, devido ao seu texto foi separado do acompanhamento musical. Tal como
estado geral, que era considerado ótimo. As façanhas na música, o ritmo tem uma grande importância. Um
dele me emocionaram, a bem sucedida e a malograda. poema também faz parte de um sarau (reuniões em casas
Aqui do meu canto, temendo e tremendo toda a vez que particulares para expressar artes, canções, poemas, poesias
viajo no bondinho do Pão de Açúcar, fico meditando etc). Obra em verso em que há poesia. Exemplo:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Soneto do amigo

Enfim, depois de tanto erro passado


Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado


Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O objetivo do Calvin era vender ao seu pai um desenho
O amigo: um ser que a vida não explica de sua autoria pela exorbitante quantia de 500 dólares.
Que só se vai ao ver outro nascer Ele optou por valorizar o desenho, mostrando todas as
E o espelho de minha alma multiplica... habilidades conquistadas para conseguir produzi-lo. O
pai, no último quadrinho, reconhece o empenho do filho,
Vinicius de Moraes utilizando-se de um conector de concessão (“Ainda assim”),
valorizando a importância de tudo aquilo. Contudo, afirma
que não pagaria o valor pedido (como se dissesse: “sim,
HISTÓRIA EM QUADRINHOS filho, foi um esforço absurdo, mas não vou pagar por isso!”).
A graça está no fato de Calvin elaborar um discurso
As primeiras manifestações das Histórias em “maduro” em relação ao seu desenvolvimento cognitivo e
Quadrinhos surgiram no começo do século XX, na busca de motor nos dois primeiros quadrinhos e, somente depois,
novos meios de comunicação e expressão gráfica e visual. ficar claro para nós, leitores, que toda a força argumentativa
Entre os primeiros autores das histórias em quadrinhos foi em prol da cobrança pelo desenho que ele mesmo
estão o suíço Rudolph Töpffer, o alemão Wilhelm Bush, o fez. Em outras palavras, o personagem empenha-se na
francês Georges, e o brasileiro Ângelo Agostini. A origem construção de um raciocínio em prol de uma finalidade
dos balões presentes nas histórias em quadrinhos pode absurda – o que nos faz sorrir no último quadrinho, já que
ser atribuída a personagens, observadas em ilustrações é somente nele que conseguimos “completar” o sentido.
europeias desde o século XIV. Claro, se você conhece os quadrinhos do Calvin, sabe que
As histórias em quadrinhos começaram no Brasil no ele tem apenas 6 anos, o que torna tudo ainda mais hilário,
século XIX, adotando um estilo satírico conhecido como mas a falta deste conhecimento não prejudica em nada a
cartuns, charges ou caricaturas e que depois se estabeleceria interpretação textual.
com as populares tiras. A publicação de revistas próprias
de histórias em quadrinhos no Brasil começou no início do NÃO FICCIONAIS - JORNALÍSTICOS
século XX também. Atualmente, o estilo cômicos dos super-
heróis americanos é o predominante, mas vem perdendo NOTÍCIA
espaço para uma expansão muito rápida dos quadrinhos
japoneses (conhecidos como Mangá). O principal objetivo da notícia é levar informação atual
A leitura interpretativa de Histórias em Quadrinhos, a um público específico. A notícia conta o que ocorreu,
assim como de charges, requer uma construção de sentidos quando, onde, como e por quê. Para verificar se ela está
que, para que ocorra, é necessário mobilizar alguns bem elaborada, o emissor deve responder às perguntas:
processos de significação, como a percepção da atualidade, O quê? (fato ou fatos); Quando? (tempo); Onde? (local);
a representação do mundo, a observação dos detalhes Como? (de que forma) e Por quê? (causas). A notícia
visuais e/ou linguísticos, a transformação de linguagem apresenta três partes:
conotativa (sentido mais usual) em denotativa (sentido
amplificado pelo contexto, pelos aspetos socioculturais - Manchete (ou título principal) – resume, com
etc). Em suma, usa-se o conhecimento da realidade e objetividade, o assunto da notícia. Essa frase curta e de
de processos linguísticos para “inverter” ou “subverter” impacto, em geral, aparece em letras grandes e destacadas.
produzindo, assim, sentidos alternativos a partir de - Lide (ou lead) – complementa o título principal,
situações extremas. Exemplo: fornecendo as principais informações da notícia. Como a
manchete, sua função é despertar a atenção do leitor para
Observe a tirinha em quadrinhos do Calvin: o texto.
- Corpo – contém o desenvolvimento mais amplo e
detalhado dos fatos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A notícia usa uma linguagem formal, que segue O teste aponta que o aprendizado de Matemática,
a norma culta da língua. A ordem direta, a voz ativa, os Leitura e Ciências durante o ciclo fundamental é sofrível, e
verbos de ação e as frases curtas permitem fluir as ideias. perdemos para países como Colômbia, Tailândia e México.
É preferível a linguagem acessível e simples. Evite gírias, Já passa da hora de as autoridades melhorarem a gestão
termos coloquiais e frases intercaladas. de nossa Educação Pública e seguir o exemplo da pequena
Os fatos, em geral, são apresentados de forma Paulista.
impessoal e escritos em 3ª pessoa, com o predomínio da Fonte: http://www.oestadoce.com.br/noticia/
função referencial, já que esse texto visa à informação. editorial-cidade-paraibana-e-exemplo-ao-pais
A falta de tempo do leitor exige a seleção das ARTIGOS
informações mais relevantes, vocabulário preciso e termos
específicos que o ajudem a compreender melhor os fatos. É comum encontrar circulando no rádio, na TV, nas
Em jornais ou revistas impressos ou on-line, e em programas revistas, nos jornais, temas polêmicos que exigem uma
de rádio ou televisão, a informação transmitida pela notícia posição por parte dos ouvintes, espectadores e leitores, por
precisa ser verídica, atual e despertar o interesse do leitor. isso, o autor geralmente apresenta seu ponto de vista sobre o
tema em questão através do artigo (texto jornalístico).
EDITORIAL Nos gêneros argumentativos, o autor geralmente tem
a intenção de convencer seus interlocutores e, para isso,
Os editoriais são textos de um jornal em que o conteúdo precisa apresentar bons argumentos, que consistem em
expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe verdades e opiniões. O artigo de opinião é fundamentado
de redação, sem a obrigação de ter alguma imparcialidade em impressões pessoais do autor do texto e, por isso, são
ou objetividade. Geralmente, grandes jornais reservam fáceis de contestar.
um espaço predeterminado para os editoriais em duas ou O artigo deve começar com uma breve introdução,
mais colunas logo nas primeiras páginas internas. Os boxes que descreva sucintamente o tema e refira os pontos mais
(quadros) dos editoriais são normalmente demarcados com importantes. Um leitor deve conseguir formar uma ideia
uma borda ou tipografia diferente para marcar claramente clara sobre o assunto e o conteúdo do artigo ao ler apenas
que aquele texto é opinativo, e não informativo. Exemplo: a introdução. Por favor tenha em mente que embora esteja
familiarizado com o tema sobre o qual está a escrever,
Cidade paraibana é exemplo ao País
outros leitores da podem não o estar. Assim, é importante
clarificar cedo o contexto do artigo. Por exemplo, em vez
Em tempos em que estudantes escrevem receita de
de escrever:
macarrão instantâneo e transcrevem hino de clube de
Guano é um personagem que faz o papel de mascote
futebol na redação do Exame Nacional do Ensino Médio e
do grupo Lily Mu. Seria mais informativo escrever:
ainda obtém nota máxima no teste, uma boa notícia vem
Guano é um personagem da série de desenho animado
de uma pequena cidade no interior da Paraíba chamada
Paulista, de cerca de 12 mil habitantes. Alunos da Escola Kappa Mikey que faz o papel de mascote do grupo Lily Mu.
Municipal Cândido de Assis Queiroga obtiveram destaque Caracterize o assunto, especialmente se existirem
nas últimas edições da Olimpíada Brasileira de Matemática opiniões diferentes sobre o tema. Seja objetivo. Evite o uso
das Escolas Públicas. de eufemismos e de calão ou gíria, e explique o jargão.
O segredo é absolutamente simples, e quem explica No final do artigo deve listar as referências utilizadas, e ao
é a professora Jonilda Alves Ferreira: a chave é ensinar longo do artigo deve citar a fonte das afirmações feitas,
Matemática através de atividades do cotidiano, como fazer especialmente se estas forem controversas ou suscitarem
compras na feira ou medir ingredientes para uma receita. dúvidas.
Com essas ações práticas, na edição de 2012 da Olimpíada,
a escola conquistou nada menos do que cinco medalhas CARTAS
de ouro, duas de prata, três de bronze e 12 menções
honrosas. Orgulhosa, a professora conta que se sentia Na maioria dos jornais e revistas, há uma seção
triste com a repulsa dos estudantes aos números, e teve a destinada a cartas do leitor. Ela oferece um espaço para
ideia de pô-los para vivenciar a Matemática em suas vidas, o leitor elogiar ou criticar uma matéria publicada, ou fazer
aproximando-os da disciplina. sugestões. Os comentários podem referir-se às ideias
O que parecia ser um grande desafio tornou-se de um texto, com as quais o leitor concorda ou não; à
realidade e, hoje, a cidade inteira orgulha-se de seus filhos maneira como o assunto foi abordado; ou à qualidade
campeões olímpicos. Os estudantes paraibanos devem do texto em si. É possível também fazer alusão a outras
ser exemplo para todo o País, que anda precisando, sim, cartas de leitores, para concordar ou não com o ponto de
de modelos a se inspirar. O Programa Internacional de vista expresso nelas. A linguagem da carta costuma variar
Avaliação de Estudantes (PISA, na sigla em inglês) – o mais conforme o perfil dos leitores da publicação. Pode ser mais
sério teste internacional para avaliar o desempenho escolar descontraída, se o público é jovem, ou ter um aspecto mais
e coordenado pela Organização para a Cooperação e formal. Esse tipo de carta apresenta formato parecido com
Desenvolvimento Econômico – continua sendo implacável o das cartas pessoais: data, vocativo (a quem ela é dirigida),
com o Brasil. No exame publicado de 2012, o País aparece corpo do texto, despedida e assinatura.
na incômoda penúltima posição entre 40 países avaliados.

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LÍNGUA PORTUGUESA

TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA RESUMOS

Sua finalidade discursiva pauta-se pela divulgação de Resumo é uma exposição abreviada de um
conhecimentos acerca do saber científico, assemelhando- acontecimento. Fazer um resumo significa apresentar o
se, portanto, com os demais gêneros circundantes no meio conteúdo de forma sintética, destacando as informações
educacional como um todo, entre eles, textos didáticos essenciais do conteúdo de um livro, artigo, argumento
e verbetes de enciclopédias. Mediante tal pressuposto, de filme, peça teatral, etc. A elaboração de um resumo
já temos a ideia do caráter condizente à linguagem, uma exige análise e interpretação do conteúdo para que sejam
vez que esta se perfaz de características marcantes - a transmitidas as ideias mais importantes.
objetividade, isentando-se de traços pessoais por parte do Escrever um texto em poucas linhas ajuda o aluno a
emissor, como também por obedecer ao padrão formal desenvolver a sua capacidade de síntese, objetividade e
da língua. Outro aspecto passível de destaque é o fato de clareza: três fatores que serão muito importantes ao longo
que no texto científico, às vezes, temos a oportunidade de da vida escolar. Além de ser um ótimo instrumento de
nos deparar com determinadas terminologias e conceitos estudo da matéria para fazer um teste. Resumo é sinônimo
próprios da área científica a que eles se referem. de “recapitulação”, quando, ao final de cada capítulo de
Veiculados por diversos meios de comunicação, seja em um livro é apresentado um breve texto com as ideias chave
jornais, revistas, livros ou meio eletrônico, compartilham-se do assunto introduzido. Outros sinônimos de resumo são:
com uma gama de interlocutores. Razão esta que incide sinopse, sumário, síntese, epítome e compêndio.
na forma como se estruturam, não seguindo um padrão
rígido, uma vez que este se interliga a vários fatores, RECEITAS
tais como: assunto, público-alvo, emissor, momento
histórico, dentre outros. Mas, geralmente, no primeiro e A receita tem como objetivo informar a fórmula
segundo parágrafos, o autor expõe a ideia principal, sendo de um produto seja ele industrial ou caseiro, contando
representada por uma ideia ou conceito. Nos parágrafos detalhadamente sobre seu preparo. É uma sequência
que seguem, ocorre o desenvolvimento propriamente dito
de passos para a preparação de alimentos. As receitas
da ideia, lembrando que tais argumentos são subsidiados
geralmente vêm com seus verbos no modo imperativo, para
em fontes verdadeiramente passíveis de comprovação
dar ordens de como preparar seu prato seja ele qual for.
- comparações, dados estatísticos, relações de causa e
Elas são encontradas em diversas fontes como: livros, sites,
efeito, dentre outras.
programas (TV/Rádio), revistas ou até mesmo em jornais e
panfletos. A receita também ajuda a fazer vários tipos de
NÃO FICCIONAIS – INSTRUCIONAIS
pratos típicos e saudáveis e até sobremesas deliciosas.
DIDÁTICOS
CATÁLOGOS
Na leitura de um texto didático, é preciso apanhar
suas ideias fundamentais. Um texto didático é um texto Catálogo é uma relação ordenada de coisas ou pessoas
conceitual, ou seja, não figurativo. Nele os termos significam com descrições curtas a respeito de cada uma. Espécie
exatamente aquilo que denotam, sendo descabida a de livro, guia ou sumário que contém informações sobre
atribuição de segundos sentidos ou valores conotativos lugares, pessoas, produtos e outros. Têm o objetivo de dar
aos termos. Num texto didático devem se analisar ainda opções para uma melhor escolha.
com todo o cuidado os elementos de coesão. Deve-se
observar a expectativa de sentido que eles criam, para que ÍNDICES
possa entender bem o texto.
O entendimento do texto didático de uma determinada Enumeração detalhada dos assuntos, nomes de
disciplina requer o conhecimento do significado exato dos pessoas, nomes geográficos, acontecimentos, etc., com a
termos com que ela opera. Conhecer esses termos significa indicação de sua localização no texto.
conhecer um conjunto de princípios e de conceitos sobre
os quais repousa uma determinada ciência, certa teoria, LISTAS
um campo do saber. O uso da terminologia científica dá
maior rigor à exposição, pois evita as conotações e as Enumeração de elementos selecionados do texto, tais
imprecisões dos termos da linguagem cotidiana. Por outro como datas, ilustrações, exemplo, tabelas etc., na ordem de
lado, a definição dos termos depende do nível de público sua ocorrência.
a que se destina.
Um manual de introdução à física, destinado a VERBETES EM GERAL
alunos de primeiro grau, expõe um conceito de cada
vez e, por conseguinte, vai definindo paulatinamente O verbete é um tipo de texto predominantemente
os termos específicos dessa ciência. Num livro de física descritivo. A elaboração reflete o conflito seminal que
para universitários não cabe a definição de termos que define a elegância científica: a negociação constante entre
os alunos já deveriam saber, pois senão quem escreve síntese e exaustividade. Os padrões do gênero valorizam
precisaria escrever sobre tudo o que a ciência em que ele é tanto a brevidade e a abordagem direta dos temas quanto
especialista já estudou. o detalhamento e a completude da informação.

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LÍNGUA PORTUGUESA

É um texto escrito, de caráter informativo, destinado NÃO FICCIONAIS – EPISTOLARES


a explicar um conceito segundo padrões descritivos
sistemáticos, determinados pela obra de referência da BILHETES
qual faz parte: mais comumente, um dicionário ou uma
enciclopédia. O verbete é essencialmente destinado a O bilhete é uma mensagem curta, trocada entre as
consulta, o que lhe impõe uma construção discursiva pessoas, para pedir, agradecer, oferecer, informar, desculpar
sucinta e de acesso imediato, embora isso não incorra ou perguntar. O bilhete é composto normalmente de: data,
necessariamente em curta extensão. Geralmente, os nome do destinatário antecedido de um cumprimento,
verbetes abordam conceitos bem estabelecidos em algum mensagem, despedida e nome do remetente. Exemplo:
paradigma acadêmico-científico, ao invés de entrar em
polêmicas referentes a categorias teóricas discutíveis. Belinha,
Por sua pretensão universalista e pela posição Passei na sua casa para contar o que aconteceu comigo
respeitável que ocupa no sistema de valores da cultura ontem à noite.
racionalista, espera-se que todo verbete siga as normas Telefone para mim hoje à tarde, que eu vou contar
padrão de uso da língua escrita, em um nível elevado
tudinho para você!
de formalidade. Por sua natureza sistemática e por ser
Um beijinho da amiga Juliana. 14/03/2013
destinado à consulta, espera-se que a linguagem do verbete
seja também o mais objetiva possível. As consequências
gramaticais desse princípio são: no nível lexical, precisão na CARTAS FAMILIARES E CARTAS FORMAIS
escolha dos termos e ausência de palavras que expressem
subjetividade (opiniões, impressões e sensações); no A carta é um dos instrumentos mais úteis em situações
nível sintático, simplificação das construções; e no nível diversas. É um dos  mais antigos  meios de comunicação.
estilístico, denotação (ausência de ornamentos e figuras de Em uma carta formal é preciso ter cuidado na coerência
linguagem). do tratamento, por exemplo, se começamos a carta no
É comum a presença de terminologia especializada tratamento em terceira pessoa devemos ir até o fim em
na construção do verbete, embora sua frequência varie terceira pessoa, seguindo também os pronomes e formas
conforme o público consumidor da obra de referência em verbais na terceira pessoa. Há vários tipos de cartas,  o
que se insere o texto. Elementos de linguagens não verbais formato da carta depende do seu conteúdo:
(especialmente pictóricos) são tradicionalmente agregados - Carta Pessoal é a carta que escrevemos para amigos,
ao verbete com função de esclarecimento. parentes, namorado(a), o remetente é a própria pessoa que
assina a carta, estas cartas não têm um modelo pronto, são
BULAS escritas de uma maneira particular.
- Carta Comercial se torna o meio mais efetivo e
Bula pode referir-se a: seguro de comunicação dentro de uma organização. A
linguagem deve ser clara, simples, correta e objetiva. 
Bula Pontifícia - documento expedido pela Santa Sé.
Refere-se não ao conteúdo e à solenidade de um documento A carta ao ser escrita deve ser primeiramente bem
pontifício, como tal, mas à apresentação, à forma externa analisada em termos de língua portuguesa, ou seja, deve-
do documento, a saber, lacrado com pequena bola (em se observar a concordância, a pontuação e a maneira de
latim, “bulla”) de cera ou metal, em geral, chumbo. Assim, escrever com início, meio e então o fim, contendo também
existem Litterae Apostolicae (carta apostólica) em forma ou um cabeçalho e se for uma carta formal, deve conter
não de bula e também Constituição Apostólica em forma pronomes de tratamento (Senhor, Senhora, V. Ex.ª etc.) e
de bula. Por exemplo, a carta apostólica “Munificentissimus
por fim a finalização da carta que deve conter somente um
Deus”, bem como as Constituições Apostólicas de criação
cumprimento formal ou não (grato, beijos, abraços, adeus
de dioceses. A bula mais antiga que se conhece é do Papa
etc.). Depois de todos esses itens terem sido colocados na
Agapito I (535), conservada apenas em desenho. O mais
antigo original conservado é do Papa Adeodato I (615-618). carta, a mesma deverá ser colocada em um envelope para
ser enviado ao destinatário. Na parte de trás e superior do
Bula (medicamento) - folha com informações envelope deve-se conter alguns dados muito importantes
sobre medicamentos. Nome que se dá ao conjunto de tais como: nome do destinatário, endereço (rua, bairro e
informações sobre um medicamento que obrigatoriamente cidade) e por fim o CEP. Já o remetente (quem vai enviar a
os laboratórios farmacêuticos devem acrescentar à carta), também deve inserir na carta os mesmos dados que
embalagem de seus produtos vendidos no varejo. As o do destinatário, que devem ser escritos na parte da frente
informações podem ser direcionadas aos usuários dos do envelope. E por fim deve ser colocado no envelope
medicamentos, aos profissionais de saúde ou a ambos. um selo que serve para que a carta seja levada à pessoa
mencionada.
NOTAS EXPLICATIVAS DE EMBALAGENS

As notas explicativas servem para que o fabricante do


produto esclareça ou explique aspectos da composição,
nutrição, advertências a respeito do produto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

NÃO FICCIONAIS – ADMINISTRATIVOS Conclusão: em que é reafirmada ou simplesmente


reapresentada a posição recomendada sobre o assunto.
REQUERIMENTOS
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto
É o instrumento por meio do qual o interessado requer nos casos em que estes estejam organizados em itens ou
a uma autoridade administrativa um direito do qual se títulos e subtítulos.
julga detentor. Estrutura:
- Vocativo, cargo ou função (e nome do destinatário), LOCALIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES
ou seja, da autoridade competente. EXPLÍCITAS NO TEXTO. INFERÊNCIA DE
- Texto incluindo: Preâmbulo, contendo nome do SENTIDO DE PALAVRAS E/OU EXPRESSÕES.
requerente (grafado em letras maiúsculas) e respectiva
qualificação: nacionalidade, estado civil, profissão, INFERÊNCIA DE INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS
documento de identidade, idade (se maior de 60 anos, para NO TEXTO E DAS RELAÇÕES DE CAUSA E
fins de preferência na tramitação do processo, segundo a CONSEQUÊNCIA ENTRE AS PARTES DE UM
Lei 10.741/03), e domicílio (caso o requerente seja servidor TEXTO. DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO
da Câmara dos Deputados, precedendo à qualificação SOBRE ESSE FATO. INTERPRETAÇÃO DE
civil deve ser colocado o número do registro funcional e LINGUAGEM NÃO-VERBAL (TABELAS, FOTOS,
a lotação); Exposição do pedido, de preferência indicando QUADRINHOS ETC).
os fundamentos legais do requerimento e os elementos
probatórios de natureza fática.
- Fecho: “Nestes termos, Pede deferimento”.
- Local e data. Informações explícitas e implícitas
- Assinatura e, se for o caso de servidor, função ou
cargo. Texto:

OFÍCIOS “Neto ainda está longe de se igualar a qualquer um des-


ses craques (Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé),
O Ofício deve conter as seguintes partes: mas ainda tem um longo caminho a trilhar (...).”
Veja São Paulo, 26/12/1990, p. 15.
- Tipo e número do expediente, seguido da sigla do
órgão que o expede. Exemplos: Esse texto diz explicitamente que:
Of. 123/2002-MME - Rivelino, Ademir da Guia, Pedro Rocha e Pelé são cra-
Aviso 123/2002-SG ques;
Mem. 123/2002-MF - Neto não tem o mesmo nível desses craques;
- Neto tem muito tempo de carreira pela frente.
- Local e data. Devem vir por extenso com alinhamento
à direita. Exemplo: O texto deixa implícito que:
- Existe a possibilidade de Neto um dia aproximar-se
Brasília, 20 de maio de 2013 dos craques citados;
- Assunto. Resumo do teor do documento. Exemplos: - Esses craques são referência de alto nível em sua es-
Assunto: Produtividade do órgão em 2012. pecialidade esportiva;
Assunto: Necessidade de aquisição de novos - Há uma oposição entre Neto e esses craques no que
computadores. diz respeito ao tempo disponível para evoluir.

- Destinatário. O nome e o cargo da pessoa a quem é Todos os textos transmitem explicitamente certas infor-
dirigida a comunicação. No caso do ofício, deve ser incluído mações, enquanto deixam outras implícitas. Por exemplo,
também o endereço. o texto acima não explicita que existe a possibilidade de
Neto se equiparar aos quatro futebolistas, mas a inclusão
- Texto. Nos casos em que não for de mero do advérbio ainda estabelece esse implícito. Não diz tam-
encaminhamento de documentos, o expediente deve bém com explicitude que há oposição entre Neto e os ou-
conter a seguinte estrutura: tros jogadores, sob o ponto de vista de contar com tempo
para evoluir. A escolha do conector “mas” entre a segunda
Introdução: que se confunde com o parágrafo de e a primeira oração só é possível levando em conta esse
abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a dado implícito. Como se vê, há mais significados num texto
comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, do que aqueles que aparecem explícitos na sua superfície.
“Tenho o prazer de”, “Cumpreme informar que”, empregue Leitura proficiente é aquela capaz de depreender tanto um
a forma direta; tipo de significado quanto o outro, o que, em outras pa-
Desenvolvimento: no qual o assunto é detalhado; se lavras, significa ler nas entrelinhas. Sem essa habilidade, o
o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas leitor passará por cima de significados importantes ou, o
devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere que é bem pior, concordará com ideias e pontos de vista
maior clareza à exposição; que rejeitaria se os percebesse.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Os significados implícitos costumam ser classificados A aceitação do pressuposto estabelecido pelo emissor
em duas categorias: os pressupostos e os subentendidos. permite levar adiante o debate; sua negação compromete
o diálogo, uma vez que destrói a base sobre a qual se cons-
Pressupostos: são ideias implícitas que estão implica- trói a argumentação, e daí nenhum argumento tem mais
das logicamente no sentido de certas palavras ou expres- importância ou razão de ser. Com pressupostos distintos, o
sões explicitadas na superfície da frase. Exemplo: diálogo não é possível ou não tem sentido.
A mesma pergunta, feita para pessoas diferentes, pode
“André tornouse um antitabagista convicto.” ser embaraçosa ou não, dependendo do que está pressu-
posto em cada situação. Para alguém que não faz segredo
A informação explícita é que hoje André é um antitaba- sobre a mudança de emprego, não causa o menor emba-
gista convicto. Do sentido do verbo tornarse, que significa raço uma pergunta como esta:
“vir a ser”, decorre logicamente que antes André não era “Como vai você no seu novo emprego?”
antitabagista convicto. Essa informação está pressuposta.
Ninguém se torna algo que já era antes. Seria muito estra- O efeito da mesma pergunta seria catastrófico se ela se
nho dizer que a palmeira tornouse um vegetal. dirigisse a uma pessoa que conseguiu um segundo empre-
go e quer manter sigilo até decidir se abandona o anterior.
“Eu ainda não conheço a Europa.” O adjetivo novo estabelece o pressuposto de que o inter-
A informação explícita é que o enunciador não tem rogado tem um emprego diferente do anterior.
conhecimento do continente europeu. O advérbio ainda
deixa pressuposta a possibilidade de ele um dia conhecêla. Marcadores de Pressupostos
As informações explícitas podem ser questionadas
pelo receptor, que pode ou não concordar com elas. Os - Adjetivos ou palavras similares modificadoras do
pressupostos, porém, devem ser verdadeiros ou, pelo me- substantivo
nos, admitidos como tais, porque esta é uma condição para Julinha foi minha primeira filha.
garantir a continuidade do diálogo e também para forne- “Primeira” pressupõe que tenho outras filhas e que as
cer fundamento às afirmações explícitas. Isso significa que, outras nasceram depois de Julinha.
se o pressuposto é falso, a informação explícita não tem
Destruíram a outra igreja do povoado.
cabimento. Assim, por exemplo, se Maria não falta nunca a
“Outra” pressupõe a existência de pelo menos uma
aula nenhuma, não tem o menor sentido dizer “Até Maria
igreja além da usada como referência.
compareceu à aula de hoje”. Até estabelece o pressuposto
da inclusão de um elemento inesperado.
- Certos verbos
Na leitura, é muito importante detectar os pressupos-
tos, pois eles são um recurso argumentativo que visa a
Renato continua doente.
levar o receptor a aceitar a orientação argumentativa do
O verbo “continua” indica que Renato já estava doente
emissor. Ao introduzir uma ideia sob a forma de pressu- no momento anterior ao presente.
posto, o enunciador pretende transformar seu interlocutor
em cúmplice, pois a ideia implícita não é posta em discus- Nossos dicionários já aportuguesaram a palavrea co-
são, e todos os argumentos explícitos só contribuem para pydesk.
confirmála. O pressusposto aprisiona o receptor no sistema O verbo “aportuguesar” estabelece o pressuposto de
de pensamento montado pelo enunciador. que copidesque não existia em português.
A demonstração disso pode ser feita com as “verdades
incontestáveis” que estão na base de muitos discursos po- - Certos advérbios
líticos, como o que segue:
A produção automobilística brasileira está totalmente
“Quando o curso do rio São Francisco for mudado, será nas mãos das multinacionais.
resolvido o problema da seca no Nordeste.” O advérbio totalmente pressupõe que não há no Brasil
indústria automobilística nacional.
O enunciador estabelece o pressuposto de que é certa - Você conferiu o resultado da loteria?
a mudança do curso do São Francisco e, por consequên- - Hoje não.
cia, a solução do problema da seca no Nordeste. O diálogo A negação precedida de um advérbio de tempo de
não teria continuidade se um interlocutor não admitisse âmbito limitado estabelece o pressuposto de que apenas
ou colocasse sob suspeita essa certeza. Em outros termos, nesse intervalo (hoje) é que o interrogado não praticou o
haveria quebra da continuidade do diálogo se alguém in- ato de conferir o resultado da loteria.
terviesse com uma pergunta deste tipo:
- Orações adjetivas
“Mas quem disse que é certa a mudança do curso do
rio?” Os brasileiros, que não se importam com a coletividade,
só se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na
rua, fecham os cruzamentos, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O pressuposto é que “todos” os brasileiros não se im- guém vai investigá-lo. Se essa pessoa for absolutamente
portam com a coletividade. honesta, faz um relatório claro relatando os fatos com ab-
soluta fidelidade e após esse relato objetivo, apresenta sua
Os brasileiros que não se importam com a coletividade opinião sobre os acontecimentos. É usualmente desejável
só se preocupam com seu bemestar e, por isso, jogam lixo na que ela dê sua opinião porque, se foi escalada para investi-
rua, fecham os cruzamentos, etc. gar o crime é porque tem qualificação para isso; além disso,
Nesse caso, o pressuposto é outro: “alguns” brasileiros o próprio fato de ela ter investigado já lhe dá autoridade
não se importam com a coletividade. para opinar.
No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, É importante considerar:
é restritiva. As explicativas pressupõem que o que elas ex-
pressam se refere à totalidade dos elementos de um con- - Vivemos num mundo em que tomamos decisões a
junto; as restritivas, que o que elas dizem concerne apenas partir de informações;
a parte dos elementos de um conjunto. O produtor do tex- - Estas nos chegam por meio de relatos de fatos e ex-
to escreverá uma restritiva ou uma explicativa segundo o pressões de opiniões;
- Fatos usualmente podem ser submetidos à prova: por
pressuposto que quiser comunicar.
números, documentos, registros;
- Opiniões, por outro lado, refletem juízos, valores, in-
Subentendidos: são insinuações contidas em uma fra-
terpretações;
se ou um grupo de frases. Suponhamos que uma pessoa - Muitas pessoas confundem fatos e opiniões, e quan-
estivesse em visita à casa de outra num dia de frio glacial do isso ocorre temos de ter cuidado com as informações
e que uma janela, por onde entravam rajadas de vento, que vêm delas;
estivesse aberta. Se o visitante dissesse “Que frio terrível”, - Igualmente temos de estar atentos às nossas próprias
poderia estar insinuando que a janela deveria ser fechada. opiniões, pois elas podem ser tomadas como fatos por ou-
Há uma diferença capital entre o pressuposto e o su- tros;
bentendido. O primeiro é uma informação estabelecida - Nossas decisões devem ser baseadas em fatos, mas
como indiscutível tanto para o emissor quanto para o re- podem levar em conta as opiniões de gente qualificada so-
ceptor, uma vez que decorre necessariamente do sentido bre tais fatos.
de algum elemento linguístico colocado na frase. Ele pode
ser negado, mas o emissor coloca o implicitamente para Exemplo:
que não o seja. Já o subentendido é de responsabilidade
do receptor. O emissor pode esconder-se atrás do sentido Trecho do livro “Sufismo no Ocidente”
literal das palavras e negar que tenha dito o que o receptor
depreendeu de suas palavras. Assim, no exemplo dado aci- Um mestre que conhecia o caminho para a sabedoria
ma, se o dono da casa disser que é muito pouco higiênico foi visitado por um grupo de buscadores. Encontraram-no
fechar todas as janelas, o visitante pode dizer que também num pátio, cercado de discípulos, em meio ao que parecia
acha e que apenas constatou a intensidade do frio. ser uma festa.
O subentendido serve, muitas vezes, para o emissor Alguns buscadores disseram:
protegerse, para transmitir a informação que deseja dar a – Que ofensivo, esta não é a forma de se comportar,
conhecer sem se comprometer. Imaginemos, por exemplo, qualquer que seja o pretexto.
que um funcionário recémpromovido numa empresa ou- Outros disseram:
visse de um colega o seguinte: – Isto nos parece excelente, gostamos desta sessão de
ensinamento e desejamos participar dela.
E outros disseram:
“Competência e mérito continuam não valendo nada
– Estamos meio perplexos e queremos saber mais sobre
como critério de promoção nesta empresa...”
este enigma.
Os demais buscadores comentaram entre si:
Esse comentário talvez suscitasse esta suspeita: – Pode haver alguma sabedoria nisto, mas não sabemos
se devemos perguntar ou não.
“Você está querendo dizer que eu não merecia a pro- O mestre afastou todos.
moção?” Todas estas pessoas, em conversas ou por escrito, difun-
diram suas opiniões sobre o ocorrido. Mesmo aqueles que
Ora, o funcionário preterido, tendo recorrido a um su- não falaram por experiência direta foram afetados por ele, e
bentendido, poderia responder: suas palavras e obras refletiram sua opinião a respeito.
Algum tempo depois, determinados membros do grupo
“Absolutamente! Estou falando em termos gerais.” de buscadores passaram novamente por ali e foram ver o
Fato e Opinião mestre. Parados à sua porta, observaram que, no pátio, ele
e seus discípulos estavam agora sentados com decoro, em
Qual é a diferença entre um fato e uma opinião? O fato profunda contemplação.
é aquilo que aconteceu, enquanto que a opinião é o que – Assim está melhor — disseram alguns dos visitantes.
alguém pensa que ocorreu, uma interpretação dos fatos. — É evidente que alguma coisa aprenderam com os nossos
Digamos: houve um roubo na portaria da empresa e al- protestos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

– Isto é excelente — falaram outros — porque, na última


vez, sem sombra de dúvida ele só nos estava colocando à
prova.
– Isto é demasiado sombrio — outros disseram. — Po-
díamos ter encontrado caras sérias em qualquer lugar.
E houve outras opiniões, faladas e pensadas. O sábio,
quando terminou o tempo de reflexão, dispensou todos estes
visitantes. Essas figuras fazem uso apenas de imagens para co-
Muito tempo depois, um pequeno número deles voltou municar o que representam.
para pedir sua interpretação do que haviam experimenta-
do. Apresentaram-se diante da porta e olharam para dentro A Língua é um instrumento de comunicação, sendo
do pátio. O mestre estava sentado, sozinho, nem em diver- composta por regras gramaticais que possibilitam que de-
timento, nem em meditação. Em parte alguma se via qual- terminado grupo de falantes consiga produzir enunciados
quer dos seus anteriores discípulos. que lhes permitam comunicar-se e compreender-se. Por
exemplo: falantes da língua portuguesa.
– Agora podem escutar a história completa — disse-lhes. A língua possui um caráter social: pertence a todo um
— Pude despedir meus discípulos, já que a tarefa foi reali- conjunto de pessoas, as quais podem agir sobre ela. Cada
zada. Quando vieram pela primeira vez, a aula tinha estado membro da comunidade pode optar por esta ou aquela
demasiadamente séria. Eu estava aplicando o corretivo. Na forma de expressão. Por outro lado, não é possível criar
segunda vez em que vieram, haviam estado demasiado ale- uma língua particular e exigir que outros falantes a com-
gres. Eu estava aplicando o corretivo. Quando um homem preendam. Dessa forma, cada indivíduo pode usar de ma-
está trabalhando, nem sempre se explica diante de visitantes neira particular a língua comunitária, originando a fala. A
eventuais, por muito interessado que eles acreditem estar. fala está sempre condicionada pelas regras socialmente
Quando uma ação está em andamento, o que conta é a cor- estabelecidas da língua, mas é suficientemente ampla para
reta realização dessa ação. Nestas circunstâncias, a avalia- permitir um exercício criativo da comunicação. Um indiví-
ção externa torna-se um assunto secundário. duo pode pronunciar um enunciado da seguinte maneira:
A família de Regina era paupérrima.
Linguagem Verbal e Não Verbal
Outro, no entanto, pode optar por:
Linguagem é a capacidade que possuímos de expres-
sar nossos pensamentos, ideias, opiniões e sentimentos. A família de Regina era muito pobre.
Está relacionada a fenômenos comunicativos; onde há co- As diferenças e semelhanças constatadas devem-se
municação, há linguagem. Podemos usar inúmeros tipos às diversas manifestações da fala de cada um. Note, além
de linguagens para estabelecermos atos de comunicação, disso, que essas manifestações devem obedecer às regras
tais como: sinais, símbolos, sons, gestos e regras com sinais gerais da língua portuguesa, para não correrem o risco de
convencionais (linguagem escrita e linguagem mímica, por produzir enunciados incompreensíveis como:
exemplo). Num sentido mais genérico, a linguagem pode
ser classificada como qualquer sistema de sinais que se va- Família a paupérrima de era Regina.
lem os indivíduos para comunicar-se.
A linguagem pode ser: Não devemos confundir língua com escrita, pois são
dois meios de comunicação distintos. A escrita represen-
- Verbal: aquela que faz uso das palavras para comu- ta um estágio posterior de uma língua. A língua falada
nicar algo. é mais espontânea, abrange a comunicação linguística em
toda sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom
de voz, algumas vezes por mímicas, incluindo-se fisiono-
mias. A língua escrita não é apenas a representação da lín-
gua falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido,
uma vez que não conta com o jogo fisionômico, as mímicas
e o tom de voz do falante. No Brasil, por exemplo, todos
falam a língua portuguesa, mas existem usos diferentes da
As figuras acima nos comunicam sua mensagem atra- língua devido a diversos fatores. Dentre eles, destacam-se:
vés da linguagem verbal (usa palavras para transmitir a in-
formação). - Fatores Regionais: é possível notar a diferença do
português falado por um habitante da região nordeste e
- Não Verbal: aquela que utiliza outros métodos de outro da região sudeste do Brasil. Dentro de uma mesma
comunicação, que não são as palavras. Dentre elas estão a região, também há variações no uso da língua. No estado
linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a lingua- do Rio Grande do Sul, por exemplo, há diferenças entre a
gem corporal, uma figura, a expressão facial, um gesto, etc. língua utilizada por um cidadão que vive na capital e aque-
la utilizada por um cidadão do interior do estado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Fatores Culturais: o grau de escolarização e a for- uma real imagem sonora, armazenada em nosso cérebro
mação cultural de um indivíduo também são fatores que que é o significante do signo “cachorro”. Quando escuta-
colaboram para os diferentes usos da língua. Uma pessoa mos essa palavra, logo pensamos em um animal irracional
escolarizada utiliza a língua de uma maneira diferente da de quatro patas, com pelos, olhos, orelhas, etc. Esse concei-
pessoa que não teve acesso à escola. to que nos vem à mente é o significado do signo “cachorro”
- Fatores Contextuais: nosso modo de falar varia de e também se encontra armazenado em nossa memória.
acordo com a situação em que nos encontramos: quando Ao empregar os signos que formam a nossa língua,
conversamos com nossos amigos, não usamos os termos devemos obedecer às regras gramaticais convencionadas
que usaríamos se estivéssemos discursando em uma sole- pela própria língua. Desse modo, por exemplo, é possível
nidade de formatura. colocar o artigo indefinido “um” diante do signo “cachor-
- Fatores Profissionais: o exercício de algumas ativi- ro”, formando a sequência “um cachorro”, o mesmo não
dades requer o domínio de certas formas de língua chama- seria possível se quiséssemos colocar o artigo “uma” diante
das línguas técnicas. Abundantes em termos específicos, do signo “cachorro”. A sequência “uma cachorro” contraria
essas formas têm uso praticamente restrito ao intercâmbio uma regra de concordância da língua portuguesa, o que
técnico de engenheiros, químicos, profissionais da área de faz com que essa sentença seja rejeitada. Os signos que
direito e da informática, biólogos, médicos, linguistas e ou- constituem a língua obedecem a padrões determinados
tros especialistas. de organização. O conhecimento de uma língua engloba
- Fatores Naturais: o uso da língua pelos falantes tanto a identificação de seus signos, como também o uso
sofre influência de fatores naturais, como idade e sexo. adequado de suas regras combinatórias.
Uma criança não utiliza a língua da mesma maneira que
um adulto, daí falar-se em linguagem infantil e linguagem Signo: elemento representativo que possui duas par-
adulta. tes indissolúveis: significado e significante. Significado (é o
conceito, a ideia transmitida pelo signo, a parte abstrata
Fala do signo) + Significante (é a imagem sonora, a forma, a
parte concreta do signo, suas letras e seus fonemas).
É a utilização oral da língua pelo indivíduo. É um ato
Língua: conjunto de sinais baseado em palavras que
individual, pois cada indivíduo, para a manifestação da fala,
obedecem às regras gramaticais.
pode escolher os elementos da língua que lhe convém,
conforme seu gosto e sua necessidade, de acordo com a
Fala: uso individual da língua, aberto à criatividade
situação, o contexto, sua personalidade, o ambiente socio-
e ao desenvolvimento da liberdade de expressão e com-
cultural em que vive, etc. Desse modo, dentro da unidade
preensão.
da língua, há uma grande diversificação nos mais variados
níveis da fala. Cada indivíduo, além de  conhecer o que fala,
conhece também o que os outros falam; é por isso que
somos capazes de dialogar com pessoas dos mais variados RECONHECIMENTO DAS RELAÇÕES LÓGICO-
graus de cultura, embora nem sempre a linguagem delas DISCURSIVAS PRESENTES NO TEXTO,
seja exatamente como a nossa.  MARCADAS POR CONJUNÇÕES, ADVÉRBIOS,
Devido ao caráter individual da fala, é possível observar PREPOSIÇÕES ARGUMENTATIVAS,
alguns níveis: LOCUÇÕES ETC. RECONHECIMENTO
DAS RELAÇÕES ENTRE PARTES DE UM
- Nível Coloquial-Popular: é a fala que a maioria das TEXTO, IDENTIFICANDO REPETIÇÕES OU
pessoas utiliza no seu dia a dia, principalmente em situa- SUBSTITUIÇÕES QUE CONTRIBUEM PARA
ções informais. Esse nível da fala é mais espontâneo, ao
SUA CONTINUIDADE. IDENTIFICAÇÃO DE
utilizá-lo, não nos preocupamos em saber se falamos de
EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM TEXTOS
acordo ou não com as regras formais estabelecidas pela
língua. VARIADOS.

- Nível Formal-Culto: é o nível da fala normalmente


utilizado pelas pessoas em situações formais. Caracteriza- Coesão
se por um cuidado maior com o vocabulário e pela obe-
diência às regras gramaticais estabelecidas pela língua. Uma das propriedades que distinguem um texto de um
amontoado de frases é a relação existente entre os ele-
Signo mentos que os constituem. A coesão textual é a ligação,
a relação, a conexão entre palavras, expressões ou frases
É um elemento representativo que apresenta dois as- do texto. Ela manifesta-se por elementos gramaticais, que
pectos: o significado e o significante. Ao escutar a palavra servem para estabelecer vínculos entre os componentes do
“cachorro”, reconhecemos a sequência de sons que formam texto. Observe:
essa palavra. Esses sons se identificam com a lembrança “O iraquiano leu sua declaração num bloquinho comum
deles que está em nossa memória. Essa lembrança constitui de anotações, que segurava na mão.”

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nesse período, o pronome relativo “que” estabelece São anafóricos ou catafóricos os pronomes demons-
conexão entre as duas orações. O iraquiano leu sua decla- trativos, os pronomes relativos, certos advérbios ou locu-
ração num bloquinho comum de anotações e segurava na ções adverbiais (nesse momento, então, lá), o verbo fazer,
mão, retomando na segunda um dos termos da primeira: o artigo definido, os pronomes pessoais de 3ª pessoa (ele,
bloquinho. O pronome relativo é um elemento coesivo, e a o, a, os, as, lhe, lhes), os pronomes indefinidos. Exemplos:
conexão entre as duas orações, um fenômeno de coesão.
Leia o texto que segue: “Ele era muito diferente de seu mestre, a quem sucedera
na cátedra de Sociologia na Universidade de São Paulo.”
Arroz-doce da infância
O pronome relativo “quem” retoma o substantivo mes-
Ingredientes tre.
1 litro de leite desnatado
150g de arroz cru lavado “As pessoas simplificam Machado de Assis; elas o veem
1 pitada de sal como um pensador cín iço e descrente do amor e da ami-
4 colheres (sopa) de açúcar zade.”
1 colher (sobremesa) de canela em pó
O pronome pessoal “elas” recupera o substantivo pes-
Preparo soas; o pronome pessoal “o” retoma o nome Machado de
Em uma panela ferva o leite, acrescente o arroz, a pitada Assis.
de sal e mexa sem parar até cozinhar o arroz. Adicione o “Os dois homens caminhavam pela calçada, ambos tra-
açúcar e deixe no fogo por mais 2 ou 3 minutos. Despeje em jando roupa escura.”
um recipiente, polvilhe a canela. Sirva.
Cozinha Clássica Baixo Colesterol, nº4. O numeral “ambos” retoma a expressão os dois homens.
São Paulo, InCor, agosto de 1999, p. 42.
“Fui ao cinema domingo e, chegando lá, fiquei desani-
Toda receita culinária tem duas partes: lista dos ingre-
mado com a fila.”
dientes e modo de preparar. As informações apresentadas
na primeira são retomadas na segunda. Nesta, os nomes
O advérbio “lá” recupera a expressão ao cinema.
mencionados pela primeira vez na lista de ingredientes
vêm precedidos de artigo definido, o qual exerce, entre
“O governador vai pessoalmente inaugurar a creche dos
outras funções, a de indicar que o termo determinado por
funcionários do palácio, e o fará para demonstrar seu apreço
ele se refere ao mesmo ser a que uma palavra idêntica já
fizera menção. aos servidores.”
No nosso texto, por exemplo, quando se diz que se
adiciona o açúcar, o artigo citado na primeira parte. Se A forma verbal “fará” retoma a perífrase verbal vai
dissesse apenas adicione açúcar, deveria adicionar, pois se inaugurar e seu complemento.
trataria de outro açúcar, diverso daquele citado no rol dos
ingredientes. - Em princípio, o termo a que o anafórico se refere deve
Há dois tipos principais de mecanismos de coesão: re- estar presente no texto, senão a coesão fica comprometida,
tomada ou antecipação de palavras, expressões ou frases e como neste exemplo:
encadeamento de segmentos.
“André é meu grande amigo. Começou a namorá-la há
Retomada ou Antecipação por meio de uma palavra vários meses.”
gramatical
(pronome, verbos ou advérbios) A rigor, não se pode dizer que o pronome “la” seja um
anafórico, pois não está retomando nenhuma das palavras
“No mercado de trabalho brasileiro, ainda hoje não há citadas antes. Exatamente por isso, o sentido da frase fica
total igualdade entre homens e mulheres: estas ainda ga- totalmente prejudicado: não há possibilidade de se de-
nham menos do que aqueles em cargos equivalentes.” preender o sentido desse pronome.
Pode ocorrer, no entanto, que o anafórico não se refi-
Nesse período, o pronome demonstrativo “estas” reto- ra a nenhuma palavra citada anteriormente no interior do
ma o termo mulheres, enquanto “aqueles” recupera a pa- texto, mas que possa ser inferida por certos pressupostos
lavra homens. típicos da cultura em que se inscreve o texto. É o caso de
Os termos que servem para retomar outros são deno- um exemplo como este:
minados anafóricos; os que servem para anunciar, para an-
tecipar outros são chamados catafóricos. No exemplo a se- “O casamento teria sido às 20 horas. O noivo já estava
guir, desta antecipa abandonar a faculdade no último ano: desesperado, porque eram 21 horas e ela não havia compa-
recido.”
“Já viu uma loucura desta, abandonar a faculdade no
último ano?”

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LÍNGUA PORTUGUESA

Por dados do contexto cultural, sabe-se que o prono- “O rei do futebol (=Pelé) som podia ser um brasileiro.”
me “ela” é um anafórico que só pode estar-se referindo à
palavra noiva. Num casamento, estando presente o noivo, “O herói de dois mundos (=Garibaldi) foi lembrado
o desespero só pode ser pelo atraso da noiva (representa- numa recente minissérie de tevê.”
da por “ela” no exemplo citado).
- O artigo indefinido serve geralmente para introduzir Referência ao fato notório de Giuseppe Garibaldi haver
informações novas ao texto. Quando elas forem retoma- lutado pela liberdade na Europa e na América.
das, deverão ser precedidas do artigo definido, pois este “Ele é um hércules (=um homem muito forte).
é que tem a função de indicar que o termo por ele deter-
minado é idêntico, em termos de valor referencial, a um Referência à força física que caracteriza o herói grego
termo já mencionado. Hércules.

“O encarregado da limpeza encontrou uma carteira na “Um presidente da República tem uma agenda de tra-
sala de espetáculos. Curiosamente, a carteira tinha muito balho extremamente carregada. Deve receber ministros, em-
dinheiro dentro, mas nem um documento sequer.” baixadores, visitantes estrangeiros, parlamentares; precisa a
todo momento tomar graves decisões que afetam a vida de
- Quando, em dado contexto, o anafórico pode refe- muitas pessoas; necessita acompanhar tudo o que acontece
rir-se a dois termos distintos, há uma ruptura de coesão, no Brasil e no mundo. Um presidente deve começar a traba-
porque ocorre uma ambiguidade insolúvel. É preciso que o lhar ao raiar do dia e terminar sua jornada altas horas da
texto seja escrito de tal forma que o leitor possa determinar noite.”
exatamente qual é a palavra retomada pelo anafórico.
A repetição do termo presidente estabelece a coesão
“Durante o ensaio, o ator principal brigou com o diretor entre o último período e o que vem antes dele.
por causa da sua arrogância.”
O anafórico “sua” pode estar-se referindo tanto à pala- “Observava as estrelas, os planetas, os satélites. Os as-
vra ator quanto a diretor. tros sempre o atraíram.

“André brigou com o ex-namorado de uma amiga, que Os dois períodos estão relacionados pelo hiperônimo
trabalha na mesma firma.” astros, que recupera os hipônimos estrelas, planetas, saté-
lites.
Não se sabe se o anafórico “que” está se referindo ao “Eles (os alquimistas) acreditavam que o organismo do
termo amiga ou a ex-namorado. Permutando o anafórico homem era regido por humores (fluidos orgânicos) que per-
“que” por “o qual” ou “a qual”, essa ambiguidade seria des- corriam, ou apenas existiam, em maior ou menor intensi-
feita. dade em nosso corpo. Eram quatro os humores: o sangue, a
fleuma (secreção pulmonar), a bile amarela e a bile negra.
Retomada por palavra lexical E eram também estes quatro fluidos ligados aos quatro ele-
(substantivo, adjetivo ou verbo) mentos fundamentais: ao Ar (seco), à Água (úmido), ao Fogo
(quente) e à Terra (frio), respectivamente.”
Uma palavra pode ser retomada, que por uma repeti- Ziraldo. In: Revista Vozes, nº3, abril de 1970, p.18.
ção, quer por uma substituição por sinônimo, hiperônimo,
hipônimo ou antonomásia. Nesse texto, a ligação entre o segundo e o primeiro
Sinônimo é o nome que se dá a uma palavra que pos- períodos se faz pela repetição da palavra humores; entre
sui o mesmo sentido que outra, ou sentido bastante apro- o terceiro e o segundo se faz pela utilização do sinônimo
ximado: injúria e afronta, alegre e contente. fluidos.
Hiperônimo é um termo que mantém com outro uma É preciso manejar com muito cuidado a repetição de
relação do tipo contém/está contido; palavras, pois, se ela não for usada para criar um efeito de
Hipônimo é uma palavra que mantém com outra uma sentido de intensificação, constituirá uma falha de estilo.
relação do tipo está contido/contém. O significado do ter- No trecho transcrito a seguir, por exemplo, fica claro o uso
mo rosa está contido no de flor e o de flor contém o de da repetição da palavra vice e outras parecidas (vicissitudes,
rosa, pois toda rosa é uma flor, mas nem toda flor é uma vicejam, viciem), com a evidente intenção de ridicularizar a
rosa. Flor é, pois, hiperônimo de rosa, e esta palavra é hi- condição secundária que um provável flamenguista atribui
pônimo daquela. ao Vasco e ao seu Vice-presidente:
Antonomásia é a substituição de um nome próprio
por um nome comum ou de um comum por um próprio. “Recebi por esses dias um e-mail com uma série de pia-
Ela ocorre, principalmente, quando uma pessoa célebre das sobre o pouco simpático Eurico Miranda. Faltam-me
é designada por uma característica notória ou quando o provas, mas tudo leva a crer que o remetente seja um fla-
nome próprio de uma personagem famosa é usada para menguista.”
designar outras pessoas que possuam a mesma caracterís-
tica que a distingue:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Segundo o texto, Eurico nasceu para ser vice: é vice Coesão por Conexão
-presidente do clube, vice-campeão carioca e bi vice-cam-
peão mundial. E isso sem falar do vice no Carioca de futsal, Há na língua uma série de palavras ou locuções que
no Carioca de basquete, no Brasileiro de basquete e na são responsáveis pela concatenação ou relação entre seg-
Taça Guanabara. São vicissitudes que vicejam. Espero que mentos do texto. Esses elementos denominam-se conecto-
não viciem. res ou operadores discursivos. Por exemplo: visto que, até,
José Roberto Torero. In: Folha de S. Paulo, ora, no entanto, contudo, ou seja.
08/03/2000, p. 4-7. Note-se que eles fazem mais do que ligar partes do
texto: estabelecem entre elas relações semânticas de di-
A elipse é o apagamento de um segmento de frase versos tipos, como contrariedade, causa, consequência,
que pode ser facilmente recuperado pelo contexto. Tam- condição, conclusão, etc. Essas relações exercem função
bém constitui um expediente de coesão, pois é o apaga- argumentativa no texto, por isso os operadores discursivos
mento de um termo que seria repetido, e o preenchimento não podem ser usados indiscriminadamente.
do vazio deixado pelo termo apagado (=elíptico) exige, ne- Na frase “O time apresentou um bom futebol, mas não
cessariamente, que se faça correlação com outros termos
alcançou a vitória”, por exemplo, o conector “mas” está
presentes no contexto, ou referidos na situação em que se
adequadamente usado, pois ele liga dois segmentos com
desenrola a fala.
orientação argumentativa contrária.
Vejamos estes versos do poema “Círculo vicioso”, de
Machado de Assis: Se fosse utilizado, nesse caso, o conector “portanto”, o
resultado seria um paradoxo semântico, pois esse opera-
(...) dor discursivo liga dois segmentos com a mesma orienta-
Mas a lua, fitando o sol, com azedume: ção argumentativa, sendo o segmento introduzido por ele
a conclusão do anterior.
“Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imorta, que toda a luz resume!” - Gradação: há operadores que marcam uma grada-
Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1979, ção numa série de argumentos orientados para uma mes-
v.III, p. 151. ma conclusão. Dividem-se eles, em dois subtipos: os que
indicam o argumento mais forte de uma série: até, mesmo,
Nesse caso, o verbo dizer, que seria enunciado antes até mesmo, inclusive, e os que subentendem uma escala
daquilo que disse a lua, isto é, antes das aspas, fica suben- com argumentos mais fortes: ao menos, pelo menos, no mí-
tendido, é omitido por ser facilmente presumível. nimo, no máximo, quando muito.
Qualquer segmento da frase pode sofrer elipse. Veja
que, no exemplo abaixo, é o sujeito meu pai que vem elidi- “Ele é um bom conferencista: tem uma voz bonita, é bem
do (ou apagado) antes de sentiu e parou: articulado, conhece bem o assunto de que fala e é até se-
dutor.”
“Meu pai começou a andar novamente, sentiu a pontada
no peito e parou.” Toda a série de qualidades está orientada no sentido
Pode ocorrer também elipse por antecipação. No de comprovar que ele é bom conferencista; dentro dessa
exemplo que segue, aquela promoção é complemento tan- série, ser sedutor é considerado o argumento mais forte.
to de querer quanto de desejar, no entanto aparece apenas
depois do segundo verbo: “Ele é ambicioso e tem grande capacidade de trabalho.
“Ficou muito deprimido com o fato de ter sido preferido. Chegará a ser pelo menos diretor da empresa.”
Afinal, queria muito, desejava ardentemente aquela promo-
Pelo menos introduz um argumento orientado no mes-
ção.”
mo sentido de ser ambicioso e ter grande capacidade de
trabalho; por outro lado, subentende que há argumentos
Quando se faz essa elipse por antecipação com verbos
que têm regência diferente, a coesão é rompida. Por exem- mais fortes para comprovar que ele tem as qualidades re-
plo, não se deve dizer “Conheço e gosto deste livro”, pois queridas dos que vão longe (por exemplo, ser presidente
o verbo conhecer rege complemento não introduzido por da empresa) e que se está usando o menos forte; ao me-
preposição, e a elipse retoma o complemento inteiro, por- nos, pelo menos e no mínimo ligam argumentos de valor
tanto teríamos uma preposição indevida: “Conheço (deste positivo.
livro) e gosto deste livro”. Em “Implico e dispenso sem dó
os estranhos palpiteiros”, diferentemente, no complemento “Ele não é bom aluno. No máximo vai terminar o se-
em elipse faltaria a preposição “com” exigida pelo verbo gundo grau.”
implicar. No máximo introduz um argumento orientado no mes-
Nesses casos, para assegurar a coesão, o recomendá- mo sentido de ter muita dificuldade de aprender; supõe
vel é colocar o complemento junto ao primeiro verbo, res- que há uma escala argumentativa (por exemplo, fazer uma
peitando sua regência, e retomá-lo após o segundo por um faculdade) e que se está usando o argumento menos for-
anafórico, acrescentando a preposição devida (Conheço te da escala no sentido de provar a afirmação anterior; no
este livro e gosto dele) ou eliminando a indevida (Implico máximo e quando muito estabelecem ligação entre argu-
com estranhos palpiteiros e os dispenso sem dó). mentos de valor depreciativo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Conjunção Argumentativa: há operadores que as- O comparativo de igualdade tem no texto uma função
sinalam uma conjunção argumentativa, ou seja, ligam um argumentativa: mostrar que o problema da fuga de presos
conjunto de argumentos orientados em favor de uma dada cresce à medida que aumenta a corrupção entre os agen-
conclusão: e, também, ainda, nem, não só... mas também, tes penitenciários; por isso, os segmentos podem até ser
tanto... como, além de, a par de. permutáveis do ponto de vista sintático, mas não o são do
ponto de vista argumentativo, pois não há igualdade argu-
“Se alguém pode tomar essa decisão é você. Você é o mentativa proposta, “Tanto maior será a corrupção entre os
diretor da escola, é muito respeitado pelos funcionários e agentes penitenciários quanto mais grave for o problema da
também é muito querido pelos alunos.” fuga de presos”.
Muitas vezes a permutação dos segmentos leva a con-
Arrolam-se três argumentos em favor da tese que é o clusões opostas: Imagine-se, por exemplo, o seguinte diá-
interlocutor quem pode tomar uma dada decisão. O último logo entre o diretor de um clube esportivo e o técnico de
deles é introduzido por “e também”, que indica um argu-
futebol:
mento final na mesma direção argumentativa dos prece-
dentes.
“__Precisamos promover atletas das divisões de base
Esses operadores introduzem novos argumentos; não
significam, em hipótese nenhuma, a repetição do que já para reforçar nosso time.
foi dito. Ou seja, só podem ser ligados com conectores __Qualquer atleta das divisões de base é tão bom quan-
de conjunção segmentos que representam uma progres- to os do time principal.”
são discursiva. É possível dizer “Disfarçou as lágrimas que Nesse caso, o argumento do técnico é a favor da pro-
o assaltaram e continuou seu discurso”, porque o segundo moção, pois ele declara que qualquer atleta das divisões de
segmento indica um desenvolvimento da exposição. Não base tem, pelo menos, o mesmo nível dos do time princi-
teria cabimento usar operadores desse tipo para ligar dois pal, o que significa que estes não primam exatamente pela
segmentos como “Disfarçou as lágrimas que o assaltaram excelência em relação aos outros.
e escondeu o choro que tomou conta dele”. Suponhamos, agora, que o técnico tivesse invertido os
segmentos na sua fala:
- Disjunção Argumentativa: há também operadores
que indicam uma disjunção argumentativa, ou seja, fazem “__Qualquer atleta do time principal é tão bom quanto
uma conexão entre segmentos que levam a conclusões os das divisões de base.”
opostas, que têm orientação argumentativa diferente: ou,
ou então, quer... quer, seja... seja, caso contrário, ao contrário. Nesse caso, seu argumento seria contra a necessidade
da promoção, pois ele estaria declarando que os atletas do
“Não agredi esse imbecil. Ao contrário, ajudei a separar time principal são tão bons quanto os das divisões de base.
a briga, para que ele não apanhasse.”
- Explicação ou Justificativa: há operadores que in-
O argumento introduzido por ao contrário é diame- troduzem uma explicação ou uma justificativa em relação
tralmente oposto àquele de que o falante teria agredido ao que foi dito anteriormente: porque, já que, que, pois.
alguém.
“Já que os Estados Unidos invadiram o Iraque sem au-
- Conclusão: existem operadores que marcam uma torização da ONU, devem arcar sozinhos com os custos da
conclusão em relação ao que foi dito em dois ou mais
guerra.”
enunciados anteriores (geralmente, uma das afirmações
de que decorre a conclusão fica implícita, por manifestar
Já que inicia um argumento que dá uma justificativa
uma voz geral, uma verdade universalmente aceita): logo,
portanto, por conseguinte, pois (o pois é conclusivo quando para a tese de que os Estados Unidos devam arcar sozinhos
não encabeça a oração). com o custo da guerra contra o Iraque.
“Essa guerra é uma guerra de conquista, pois visa ao - Contrajunção: os operadores discursivos que as-
controle dos fluxos mundiais de petróleo. Por conseguinte, sinalam uma relação de contrajunção, isto é, que ligam
não é moralmente defensável.” enunciados com orientação argumentativa contrária, são
as conjunções adversativas (mas, contudo, todavia, no en-
Por conseguinte introduz uma conclusão em relação à tanto, entretanto, porém) e as concessivas (embora, apesar
afirmação exposta no primeiro período. de, apesar de que, conquanto, ainda que, posto que, se bem
que).
- Comparação: outros importantes operadores discur- Qual é a diferença entre as adversativas e as conces-
sivos são os que estabelecem uma comparação de igual- sivas, se tanto umas como outras ligam enunciados com
dade, superioridade ou inferioridade entre dois elementos, orientação argumentativa contrária?
com vistas a uma conclusão contrária ou favorável a certa Nas adversativas, prevalece a orientação do segmento
ideia: tanto... quanto, tão... como, mais... (do) que. introduzido pela conjunção.
“Os problemas de fuga de presos serão tanto mais gra-
ves quanto maior for a corrupção entre os agentes peniten- “O atleta pode cair por causa do impacto, mas se levan-
ciários.” ta mais decidido a vencer.”

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nesse caso, a primeira oração conduz a uma conclu- O conector introduz uma amplificação do que foi dito
são negativa sobre um processo ocorrido com o atleta, antes.
enquanto a começada pela conjunção “mas” leva a uma
conclusão positiva. Essa segunda orientação é a mais forte. “Ele é um técnico retranqueiro, como aliás o são todos os
Compare-se, por exemplo, “Ela é simpática, mas não é que atualmente militam no nosso futebol.
bonita” com “Ela não é bonita, mas é simpática”. No primei- O conector introduz uma generalização ao que foi afir-
ro caso, o que se quer dizer é que a simpatia é suplanta- mado: não “ele”, mas todos os técnicos do nosso futebol
da pela falta de beleza; no segundo, que a falta de beleza são retranqueiros.
perde relevância diante da simpatia. Quando se usam as
conjunções adversativas, introduz-se um argumento com - Especificação ou Exemplificação: também há ope-
vistas a determinada conclusão, para, em seguida, apresen- radores que marcam uma especificação ou uma exempli-
tar um argumento decisivo para uma conclusão contrária. ficação do que foi afirmado anteriormente: por exemplo,
Com as conjunções concessivas, a orientação argu-
como.
mentativa que predomina é a do segmento não introduzi-
do pela conjunção.
“A violência não é um fenômeno que está dissemina-
“Embora haja conexão entre saber escrever e saber gra- do apenas entre as camadas mais pobres da população. Por
mática, trata-se de capacidades diferentes.” exemplo, é crescente o número de jovens da classe média
A oração iniciada por “embora” apresenta uma orien- que estão envolvidos em toda sorte de delitos, dos menos
tação argumentativa no sentido de que saber escrever e aos mais graves.”
saber gramática são duas coisas interligadas; a oração prin- Por exemplo assinala que o que vem a seguir especifica,
cipal conduz à direção argumentativa contrária. exemplifica a afirmação de que a violência não é um fenô-
Quando se utilizam conjunções concessivas, a estraté- meno adstrito aos membros das “camadas mais pobres da
gia argumentativa é a de introduzir no texto um argumen- população”.
to que, embora tido como verdadeiro, será anulado por
outro mais forte com orientação contrária. - Retificação ou Correção: há ainda os que indicam
A diferença entre as adversativas e as concessivas, por- uma retificação, uma correção do que foi afirmado antes:
tanto, é de estratégia argumentativa. Compare os seguin- ou melhor, de fato, pelo contrário, ao contrário, isto é, quer
tes períodos: dizer, ou seja, em outras palavras. Exemplo:

“Por mais que o exército tivesse planejado a operação “Vou-me casar neste final de semana. Ou melhor, vou
(argumento mais fraco), a realidade mostrou-se mais com- passar a viver junto com minha namorada.”
plexa (argumento mais forte).”
“O exército planejou minuciosamente a operação (argu- O conector inicia um segmento que retifica o que foi
mento mais fraco), mas a realidade mostrou-se mais com- dito antes.
plexa (argumento mais forte).” Esses operadores servem também para marcar um es-
clarecimento, um desenvolvimento, uma redefinição do
- Argumento Decisivo: há operadores discursivos que conteúdo enunciado anteriormente. Exemplo:
introduzem um argumento decisivo para derrubar a argu-
mentação contrária, mas apresentando-o como se fosse “A última tentativa de proibir a propaganda de cigarros
um acréscimo, como se fosse apenas algo mais numa sé-
nas corridas de Fórmula 1 não vingou. De fato, os interesses
rie argumentativa: além do mais, além de tudo, além disso,
dos fabricantes mais uma vez prevaleceram sobre os da
ademais.
saúde.”
“Ele está num período muito bom da vida: começou a
namorar a mulher de seus sonhos, foi promovido na empre- O conector introduz um esclarecimento sobre o que
sa, recebeu um prêmio que ambicionava havia muito tempo foi dito antes.
e, além disso, ganhou uma bolada na loteria.” Servem ainda para assinalar uma atenuação ou um re-
O operador discursivo introduz o que se considera a forço do conteúdo de verdade de um enunciado. Exemplo:
prova mais forte de que “Ele está num período muito bom
da vida”; no entanto, essa prova é apresentada como se “Quando a atual oposição estava no comando do país,
fosse apenas mais uma. não fez o que exige hoje que o governo faça. Ao contrário,
suas políticas iam na direção contrária do que prega atual-
- Generalização ou Amplificação: existem operado- mente.
res que assinalam uma generalização ou uma amplificação O conector introduz um argumento que reforça o que
do que foi dito antes: de fato, realmente, como aliás, tam- foi dito antes.
bém, é verdade que. - Explicação: há operadores que desencadeiam uma
explicação, uma confirmação, uma ilustração do que foi
“O problema da erradicação da pobreza passa pela ge- afirmado antes: assim, desse modo, dessa maneira.
ração de empregos. De fato, só o crescimento econômico “O exército inimigo não desejava a paz. Assim, enquanto
leva ao aumento de renda da população.” se processavam as negociações, atacou de surpresa.”

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LÍNGUA PORTUGUESA

O operador introduz uma confirmação do que foi afir- Esse texto contém três períodos. O segundo indica a
mado antes. causa de a reforma política ser indispensável. Portanto o
ponto-final do primeiro período está no lugar de um por-
Coesão por Justaposição que.
A língua tem um grande número de conectores e se-
É a coesão que se estabelece com base na sequência quenciadores. Apresentamos os principais e explicamos
dos enunciados, marcada ou não com sequenciadores. sua função. É preciso ficar atento aos fenômenos de coe-
Examinemos os principais sequenciadores. são. Mostramos que o uso inadequado dos conectores e a
utilização inapropriada dos anafóricos ou catafóricos ge-
- Sequenciadores Temporais: são os indicadores de ram rupturas na coesão, o que leva o texto a não ter sen-
anterioridade, concomitância ou posterioridade: dois meses tido ou, pelo menos, a não ter o sentido desejado. Outra
depois, uma semana antes, um pouco mais tarde, etc. (são falha comum no que tange a coesão é a falta de partes
utilizados predominantemente nas narrações). indispensáveis da oração ou do período. Analisemos este
“Uma semana antes de ser internado gravemente exemplo:
doente, ele esteve conosco. Estava alegre e cheio de planos
para o futuro.” “As empresas que anunciaram que apoiariam a campa-
- Sequenciadores Espaciais: são os indicadores de po- nha de combate à fome que foi lançada pelo governo fede-
sição relativa no espaço: à esquerda, à direita, junto de, etc. ral.”
(são usados principalmente nas descrições). O período compõe-se de:
- As empresas
“A um lado, duas estatuetas de bronze dourado, repre- - que anunciaram (oração subordinada adjetiva restriti-
sentando o amor e a castidade, sustentam uma cúpula oval va da primeira oração)
de forma ligeira, donde se desdobram até o pavimento bam- - que apoiariam a campanha de combate à fome (ora-
bolins de cassa finíssima. (...) Do outro lado, há uma lareira, ção subordinada substantiva objetiva direta da segunda
não de fogo, que o dispensa nosso ameno clima fluminense, oração)
ainda na maior força do inverno.”
- que foi lançada pelo governo federal (oração subordi-
José de Alencar. Senhora.
nada adjetiva restritiva da terceira oração).
São Paulo, FTD, 1992, p. 77.
Observe-se que falta o predicado da primeira oração.
- Sequenciadores de Ordem: são os que assinalam a
Quem escreveu o período começou a encadear orações su-
ordem dos assuntos numa exposição: primeiramente, em
bordinadas e “esqueceu-se” de terminar a principal.
segunda, a seguir, finalmente, etc.
Quebras de coesão desse tipo são mais comuns em
“Para mostrar os horrores da guerra, falarei, inicial- períodos longos. No entanto, mesmo quando se elaboram
mente, das agruras por que passam as populações civis; em períodos curtos é preciso cuidar para que sejam sintatica-
seguida, discorrerei sobre a vida dos soldados na frente de mente completos e para que suas partes estejam bem co-
batalha; finalmente, exporei suas consequências para a eco- nectadas entre si.
nomia mundial e, portanto, para a vida cotidiana de todos Para que um conjunto de frases constitua um texto,
os habitantes do planeta.” não basta que elas estejam coesas: se não tiverem unidade
de sentido, mesmo que aparentemente organizadas, elas
- Sequenciadores para Introdução: são os que, na não passarão de um amontoado injustificado. Exemplo:
conversação principalmente, servem para introduzir um
tema ou mudar de assunto: a propósito, por falar nisso, mas “Vivo há muitos anos em São Paulo. A cidade tem exce-
voltando ao assunto, fazendo um parêntese, etc. lentes restaurantes. Ela tem bairros muito pobres. Também o
Rio de Janeiro tem favelas.”
“Joaquim viveu sempre cercado do carinho de muitas
pessoas. A propósito, era um homem que sabia agradar às Todas as frases são coesas. O hiperônimo cidade reto-
mulheres.” ma o substantivo São Paulo, estabelecendo uma relação
entre o segundo e o primeiro períodos. O pronome “ela”
- Operadores discursivos não explicitados: se o texto recupera a palavra cidade, vinculando o terceiro ao segun-
for construído sem marcadores de sequenciação, o leitor do período. O operador também realiza uma conjunção
deverá inferir, a partir da ordem dos enunciados, os ope- argumentativa, relacionando o quarto período ao terceiro.
radores discursivos não explicitados na superfície textual. No entanto, esse conjunto não é um texto, pois não apre-
Nesses casos, os lugares dos diferentes conectores estarão senta unidade de sentido, isto é, não tem coerência. A coe-
indicados, na escrita, pelos sinais de pontuação: ponto-fi- são, portanto, é condição necessária, mas não suficiente,
nal, vírgula, ponto-e-vírgula, dois-pontos. para produzir um texto.
“A reforma política é indispensável. Sem a existência da
fidelidade partidária, cada parlamentar vota segundo seus
interesses e não de acordo com um programa partidário. As-
sim, não há bases governamentais sólidas.”

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LÍNGUA PORTUGUESA

Coerência Que é a unidade de sentido resultante da relação que


se estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a
Infância compreender a outra, produzindo um sentido global, à luz
do qual cada uma das partes ganha sentido. No poema aci-
O camisolão ma, os subtítulos “Infância”, “Adolescência”, “Maturidade”
O jarro e “Velhice” garantem essa unidade. Colocar a participação
O passarinho formal do nascimento da filha, por exemplo, sob o título
O oceano “Maturidade” dá a conotação da responsabilidade habi-
A vista na casa que a gente sentava no sofá tualmente associada ao indivíduo adulto e cria um sentido
unitário.
Adolescência Esse texto, como outros do mesmo tipo, comprova que
um conjunto de enunciados pode formar um todo coeren-
Aquele amor te mesmo sem a presença de elementos coesivos, isto é,
Nem me fale mesmo sem a presença explícita de marcadores de relação
entre as diferentes unidades linguísticas. Em outros termos,
Maturidade a coesão funciona apenas como um mecanismo auxiliar na
produção da unidade de sentido, pois esta depende, na
O Sr. e a Sra. Amadeu verdade, das relações subjacentes ao texto, da não-con-
Participam a V. Exa. tradição entre as partes, da continuidade semântica, em
O feliz nascimento síntese, da coerência.
De sua filha A coerência é um fator de interpretabilidade do texto,
Gilberta pois possibilita que todas as suas partes sejam englobadas
Velhice num único significado que explique cada uma delas. Quan-
do esse sentido não pode ser alcançado por faltar relação
O netinho jogou os óculos de sentido entre as partes, lemos um texto incoerente,
Na latrina como este:
Oswaldo de Andrade. Poesias reunidas. A todo ser humano foi dado o direito de opção entre a
4ª Ed. Rio de Janeiro mediocridade de uma vida que se acomoda e a grandeza de
Civilização Brasileira, 1974, p. 160-161. uma vida voltada para o aprimoramento intelectual.
Talvez o que mais chame a atenção nesse poema, ao A adolescência é uma fase tão difícil que todos enfren-
menos à primeira vista, seja a ausência de elementos de tam. De repente vejo que não sou mais uma “criancinha”
coesão, quer retomando o que foi dito antes, quer enca- dependente do “papai”. Chegou a hora de me decidir! Tenho
deando segmentos textuais. No entanto, percebemos nele que escolher uma profissão para me realizar e ser indepen-
um sentido unitário, sobretudo se soubermos que o seu dente financeiramente.
título é “As quatro gares”, ou seja, as quatro estações. No país em que vivemos, que predomina o capitalismo,
Com essa informação, podemos imaginar que se trata o mais rico sempre é quem vence!
de flashes de cada uma das quatro grandes fases da vida: a Apud: J. A. Durigan, M. B. M. Abaurre e Y. F. Vieira
infância, a adolescência, a maturidade e a velhice. A primei- (orgs).
ra é caracterizada pelas descobertas (o oceano), por ações A magia da mudança. Campinas, Unicamp, 1987,
(o jarro, que certamente a criança quebrara; o passarinho p. 53.
que ela caçara) e por experiências marcantes (a visita que Nesses parágrafos, vemos três temas (direito de opção;
se percebia na sala apropriada e o camisolão que se usava adolescência e escolha profissional; relações sociais sob o
para dormir); a segunda é caracterizada por amores perdi- capitalismo) que mantêm relações muito tênues entre si.
dos, de que não se quer mais falar; a terceira, pela forma- Esse fato, prejudicando a continuidade semântica entre as
lidade e pela responsabilidade indicadas pela participação partes, impede a apreensão do todo e, portanto, configura
formal do nascimento da filha; a última, pela condescen- um texto incoerente.
dência para com a traquinagem do neto (a quem cabe a Há no texto, vários tipos de relação entre as partes que
vez de assumir a ação). A primeira parte é uma sucessão de o compõem, e, por isso, costuma-se falar em vários níveis
palavras; a segunda, uma frase em que falta um nexo sintá- de coerência.
tico; a terceira, a participação do nascimento de uma filha;
e a quarta, uma oração completa, porém aparentemente Coerência Narrativa
desgarrada das demais.
Como se explica que sejamos capazes de entender A coerência narrativa consiste no respeito às implica-
esse poema em seus múltiplos sentidos, apesar da falta de ções lógicas entre as partes do relato. Por exemplo, para
marcadores de coesão entre as partes? que um sujeito realize uma ação, é preciso que ele tenha
A explicação está no fato de que ele tem uma qualida- competência para tanto, ou seja, que saiba e possa efetuá
de indispensável para a existência de um texto: a coerência. -la. Constitui, então, incoerência narrativa o seguinte exem-
plo: o narrador conta que foi a uma festa onde todos fu-
mavam e, por isso, a espessa fumaça impedia que se visse

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LÍNGUA PORTUGUESA

qualquer coisa; de repente, sem mencionar nenhuma mu- patíveis umas com as outras. Seria estranho (para dizer o
dança dessa situação, ele diz que se encostou a uma colu- mínimo) que alguém, ao descrever um jantar oferecido no
na e passou a observar as pessoas, que eram ruivas, loiras, palácio do Itamarati a um governador estrangeiro, depois
morenas. Se o narrador diz que não podia enxergar nada, de falar de baixela de prata, porcelana finíssima, flores, can-
é incoerente dizer que via as pessoas com tanta nitidez. delabros, toalhas de renda, incluísse no percurso figurativo
Em outros termos, se nega a competência para a realização guardanapos de papel.
de um desempenho qualquer, esse desempenho não pode
ocorrer. Isso por respeito às leis da coerência narrativa. Ob- Coerência Temporal
serve outro exemplo:
Por coerência temporal entende-se aquela que concer-
“Pior fez o quarto-zagueiro Edinho Baiano, do Paraná ne à sucessão dos eventos e à compatibilidade dos enun-
Clube, entrevistado por um repórter da Rádio Cidade. O Pa- ciados do ponto de vista de sua localização no tempo. Não
raná tinha tomado um balaio de gols do Guarani de Campi- se poderia, por exemplo, dizer: “O assassino foi executado
nas, alguns dias antes. O repórter queria saber o que tinha na câmara de gás e, depois, condenado à morte”.
acontecido. Edinho não teve dúvida sobre os motivos:
__ Como a gente já esperava, fomos surpreendidos pelo Coerência Espacial
ataque do Guarani.”
Ernâni Buchman. In: Folha de Londrina. A coerência espacial diz respeito à compatibilidade dos
enunciados do ponto de vista da localização no espaço.
A surpresa implica o inesperado. Não se pode ser sur- Seria incoerente, por exemplo, o seguinte texto: “O filme ‘A
preendido com o que já se esperava que acontecesse. Marvada Carne’ mostra a mudança sofrida por um homem
que vivia lá no interior e encanta-se com a agitação e a di-
Coerência Argumentativa versidade da vida na capital, pois aqui já não suportava mais
a mesmice e o tédio”. Dizendo lá no interior, o enunciador
A coerência argumentativa diz respeito às relações de dá a entender que seu pronunciamento está sendo feito de
implicação ou de adequação entre premissas e conclusões algum lugar distante do interior; portanto ele não poderia
ou entre afirmações e consequências. Não é possível al- usar o advérbio “aqui” para localizar “a mesmice” e “o té-
guém dizer que é a favor da pena de morte porque é con- dio” que caracterizavam a vida interiorana da personagem.
tra tirar a vida de alguém. Da mesma forma, é incoerente
Em síntese, não é coerente usar “lá” e “aqui” para indicar o
defender o respeito à lei e à Constituição Brasileira e ser
mesmo lugar.
favorável à execução de assaltantes no interior de prisões.
Coerência do Nível de Linguagem Utilizado
Muitas vezes, as conclusões não são adequadas às
premissas. Não há coerência, por exemplo, num raciocínio
A coerência do nível de linguagem utilizado é aquela
como este:
que concerne à compatibilidade do léxico e das estrutu-
ras morfossintáticas com a variante escolhida numa dada
Há muitos servidores públicos no Brasil que são verda-
deiros marajás. situação de comunicação. Ocorre incoerência relacionada
O candidato a governador é funcionário público. ao nível de linguagem quando, por exemplo, o enunciador
Portanto o candidato é um marajá. utiliza um termo chulo ou pertencente à linguagem infor-
mal num texto caracterizado pela norma culta formal. Tan-
Segundo uma lei da lógica formal, não se pode con- to sabemos que isso não é permitido que, quando o faze-
cluir nada com certeza baseado em duas premissas parti- mos, acrescentamos uma ressalva: com perdão da palavra,
culares. Dizer que muitos servidores públicos são marajás se me permitem dizer. Observe um exemplo de incoerência
não permite concluir que qualquer um seja. nesse nível:
A falta de relação entre o que se diz e o que foi dito
anteriormente também constitui incoerência. É o que se vê “Tendo recebido a notificação para pagamento da cha-
neste diálogo: mada taxa do lixo, ouso dirigir-me a V. Exª, senhora prefeita,
“__ Vereador, o senhor é a favor ou contra o pagamento para expor-lhe minha inconformidade diante dessa medida,
de pedágio para circular no centro da cidade? porque o IPTU foi aumentado, no governo anterior, de 0,6%
__ É preciso melhorar a vida dos habitantes das grandes para 1% do valor venal do imóvel exatamente para cobrir
cidades. A degradação urbana atinge a todos nós e, por con- as despesas da municipalidade com os gastos de coleta e
seguinte, é necessário reabilitar as áreas que contam com destinação dos resíduos sólidos produzidos pelos moradores
abundante oferta de serviços públicos.” de nossa cidade. Francamente, achei uma sacanagem esta
armação da Prefeitura: jogar mais um gasto nas costas da
Coerência Figurativa gente.”

A coerência figurativa refere-se à compatibilidade das Como se vê, o léxico usado no último período do texto
figuras que manifestam determinado tema. Para que o lei- destoa completamente do utilizado no período anterior.
tor possa perceber o tema que está sendo veiculado por
uma série de figuras encadeadas, estas precisam ser com-

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ninguém há de negar a incoerência de um texto como À primeira vista, parece não haver nenhuma coerência
este: Saltou para a rua, abriu a janela do 5º andar e dei- na enumeração desses elementos. Quando ficamos saben-
xou um bilhete no parapeito explicando a razão de seu sui- do, no entanto, que eles fazem parte de um texto intitulado
cídio, em que há evidente violação da lei sucessivamente “100 motivos para gostar de São Paulo”, o que aparente-
dos eventos. Entretanto talvez nem todo mundo concorde mente era caótico torna-se coerente:
que seja incoerente incluir guardanapos de papel no jantar
do Itamarati descrito no item sobre coerência figurativa, 100 motivos para gostar de São Paulo
alguém poderia objetivar que é preconceito considerá-los
inadequados. Então, justifica-se perguntar: o que, afinal, 1. Um chopps
determina se um texto é ou não coerente? 2. E dois pastel
A natureza da coerência está relacionada a dois concei- (...)
tos básicos de verdade: adequação à realidade e conformi- 5. O polpettone do Jardim de Napoli
dade lógica entre os enunciados. (...)
Vimos que temos diferentes níveis de coerência: nar- 30. Cruzar a Ipiranga com a av. São João
rativa, argumentativa, figurativa, etc. Em cada nível, temos (...)
duas espécies diversas de coerência: 43. O “Parmera”
- extratextual: aquela que diz respeito à adequação (...)
entre o texto e uma “realidade” exterior a ele. 45. O “Curíntia”
- intratextual: aquela que diz respeito à compatibili- (..)
dade, à adequação, à não-contradição entre os enunciados 59. Todo mundo estar usando cinto de segurança
do texto. (...)
A exterioridade a que o conteúdo do texto deve ajus- O texto apresenta os traços culturais da cidade, e to-
tar-se pode ser: dos convergem para um único significado: a celebração da
- o conhecimento do mundo: o conjunto de dados capital do estado de São Paulo no seu aniversário. Os dois
referentes ao mundo físico, à cultura de um povo, ao con- primeiros itens de nosso exemplo referem-se a marcas lin-
teúdo das ciências, etc. que constitui o repertório com que
guísticas do falar paulistano; o terceiro, a um prato que tor-
se produzem e se entendem textos. O período “O homem
nou conhecido o restaurante chamado Jardim de Napoli; o
olhou através das paredes e viu onde os bandidos escon-
quarto, a um verso da música “Sampa”, de Caetano Veloso;
diam a vítima que havia sido sequestrada” é incoerente,
o sexto e o sétimo, à maneira como os dois times mais
pois nosso conhecimento do mundo diz que homens não
populares da cidade são denominados na variante linguís-
vêem através das paredes. Temos, então, uma incoerência
tica popular; o último à obediência a uma lei que na época
figurativa extratextual.
ainda não vigorava no resto do país.
- os mecanismos semânticos e gramaticais da lín-
gua: o conjunto dos conhecimentos sobre o código lin- - A situação de comunicação:
guístico necessário à codificação de mensagens decodifi-
cáveis por outros usuários da mesma língua. O texto se- __A telefônica.
guinte, por exemplo, está absolutamente sem sentido por __Era hoje?
inobservância de mecanismos desse tipo:
“Conscientizar alunos pré-sólidos ao ingresso de uma Esse diálogo não seria compreendido fora da situação
carreira universitária informações críticas a respeito da de interlocução, porque deixa implícitos certos enunciados
realidade profissional a ser optada. Deve ser ciado novos que, dentro dela, são perfeitamente compreendidos:
métodos criativos nos ensinos de primeiro e segundo grau:
estimulando o aluno a formação crítica de suas ideias as __ O empregado da companhia telefônica que vinha
quais, serão a praticidade cotidiana. Aptidões pessoais serão consertar o telefone está aí.
associadas a testes vocacionais sérios de maneira discursiva __ Era hoje que ele viria?
a analisar conceituações fundamentais.”
- O conhecimento de mundo:
Apud: J. A. Durigan et alii. Op. cit., p. 58.
31 de março / 1º de abril
Fatores de Coerência Dúvida Revolucionária

- O contexto: para uma dada unidade linguística, fun- Ontem foi hoje?
ciona como contexto a unidade linguística maior que ela: Ou hoje é que foi ontem?
a sílaba é contexto para o fonema; a palavra, para a sílaba;
a oração, para a palavra; o período, para a oração; o texto, Aparentemente, falta coerência temporal a esse poema:
para o período, e assim por diante. o que significa “ontem foi hoje” ou “hoje é que foi ontem?”.
“Um chopps, dois pastel, o polpettone do Jardim de Na- No entanto, as duas datas colocadas no início do poema
poli, cruzar a Ipiranga com a avenida São João, o “Parmera”, e o título remetem a um episódio da História do Brasil, o
o “Curíntia”, todo mundo estar usando cinto de segurança.” golpe militar de 1964, chamado Revolução de 1964. Esse

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LÍNGUA PORTUGUESA

fato deve fazer parte de nosso conhecimento de mundo, subjetivas; que sua posição é antimetafísica; que não deve-
assim como o detalhe de que ele ocorreu no dia 1º de abril, mos interpretar a realidade pela inteligência, pois essa in-
mas sua comemoração foi mudada para 31 de março, para terpretação conduz a simples conceitos vazios, em síntese,
evitar relações entre o evento e o “dia da mentira”. é preciso ter lido textos de Caeiro. Por outro lado, é preciso
saber que o ortônimo (Fernando Pessoa ele mesmo) expri-
- As regras do gênero: me suas emoções, falando da solidão interior, do tédio, etc.

“O homem olhou através das paredes e viu onde os ban- Incoerência Proposital
didos escondiam a vítima que havia sido sequestrada.”
Existem textos em que há uma quebra proposital da
Essa frase é incoerente no discurso cotidiano, mas é coerência, com vistas a produzir determinado efeito de
completamente coerente no mundo criado pelas histórias sentido, assim como existem outros que fazem da não-
de super-heróis, em que o Super-Homem, por exemplo, coerência o próprio princípio constitutivo da produção de
tem força praticamente ilimitada; pode voar no espaço a sentido. Poderia alguém perguntar, então, se realmente
uma velocidade igual à da luz; quando ultrapassa essa ve- existe texto incoerente. Sem dúvida existe: é aquele em que
locidade, vence a barreira do tempo e pode transferir-se a incoerência é produzida involuntariamente, por inabili-
para outras épocas; seus olhos de raios X permitem-lhe ver dade, descuido ou ignorância do enunciador, e não usada
através de qualquer corpo, a distâncias infinitas, etc. funcionalmente para construir certo sentido.
Nosso conhecimento de mundo não é restrito ao que Quando se trata de incoerência proposital, o enuncia-
efetivamente existe, ao que se pode ver, tocar, etc.: ele in- dor dissemina pistas no texto, para que o leitor perceba
clui também os mundos criados pela linguagem nos dife- que ela faz parte de um programa intencionalmente dire-
rentes gêneros de texto, ficção científica, contos maravi- cionado para veicular determinado tema. Se, por exemplo,
lhosos, mitos, discurso religioso, etc., regidos por outras ló- num texto que mostra uma festa muito luxuosa, aparecem
gicas. Assim, o que é incoerente num determinado gênero figuras como pessoas comendo de boca aberta, falando em
não o é, necessariamente, em outro. voz muito alta e em linguagem chula, ostentando sua últi-
mas aquisições, o enunciador certamente não está queren-
- O sentido não literal: do manifestar o tema do luxo, do requinte, mas o da vul-
garidade dos novos-ricos. Para ficar no exemplo da festa:
“As verdes ideias incolores dormem, mas poderão ex- em filmes como “Quero ser grande” (Big, dirigido por Penny
plodir a qualquer momento.” Marshall em 1988, com Tom Hanks) e “Um convidado bem
trapalhão” (The party, Blake Edwards, 1968, com Peter Sel-
Tomando em seu sentido literal, esse texto é absurdo, lers), há cenas em que os respectivos protagonistas exibem
pois, nessa acepção, o termo ideias não pode ser qualifica- comportamento incompatível com a ocasião, mas não há
do por adjetivos de cor; não se podem atribuir ao mesmo incoerência nisso, pois todo o enredo converge para que o
ser, ao mesmo tempo, as qualidades verde e incolor; o ver- espectador se solidarize com eles, por sua ingenuidade e
bo dormir deve ter como sujeito um substantivo animado. falta de traquejo social. Mas, se aparece num texto uma fi-
No entanto, se entendermos ideias verdes em sentido gura incoerente uma única vez, o leitor não pode ter certe-
não literal, como concepções ambientalistas, o período za de que se trata de uma quebra de coerência proposital,
pode ser lido da seguinte maneira: “As idéias ambientalis- com vistas a criar determinado efeito de sentido, vai pensar
tas sem atrativo estão latentes, mas poderão manifestar-se a que se trata de contradição devida a inabilidade, descuido
qualquer momento.” ou ignorância do enunciador.
Dissemos também que há outros textos que fazem da
- O intertexto: inversão da realidade seu princípio constitutivo; da incoe-
rência, um fator de coerência. São exemplos as obras de
Falso diálogo entre Pessoa e Caeiro Lewis Carrol “Alice no país das maravilhas” e “Através do es-
pelho”, que pretendem apresentar paradoxos de sentido,
__ a chuva me deixa triste... subverter o princípio da realidade, mostrar as aporias da
__ a mim me deixa molhado. lógica, confrontar a lógica do senso comum com outras.
José Paulo Paes. Op. Cit., p 79.
Reproduzimos um poema de Manuel Bandeira que
Muitos textos retomam outros, constroem-se com contém mais de um exemplo do que foi abordado:
base em outros e, por isso, só ganham coerência nessa re-
lação com o texto sobre o qual foram construídos, ou seja, Teresa
na relação de intertextualidade. É o caso desse poema. Para
compreendê-lo, é preciso saber que Alberto Caeiro é um A primeira vez que vi Teresa
dos heterônimos do poeta Fernando Pessoa; que heterô- Achei que ela tinha pernas estúpidas
nimo não é pseudônimo, mas uma individualidade lírica Achei também que a cara parecia uma perna
distinta da do autor (o ortônimo); que para Caeiro o real é
a exterioridade e não devemos acrescentar-lhe impressões Quando vi Teresa de novo

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LÍNGUA PORTUGUESA

Achei que seus olhos eram muito mais velhos Mais prazer encontro eu lá;
[que o resto do corpo Minha terra tem palmeiras,
(Os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando Onde canta o Sabiá.
[que o resto do corpo nascesse)
Da terceira vez não vi mais nada Não permita Deus que eu morra,
Os céus se misturaram com a terra Sem que eu volte para lá;
E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face Sem que desfrute os primores
[das águas. Que não encontro por cá;
Poesias completas e prosa. Rio de Janeiro, Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Aguilar, 1986, p. 214. Onde canta o Sabiá.”

Para percebermos a coerência desse texto, é preciso, (Gonçalves Dias)


no mínimo, que nosso conhecimento de mundo inclua o
poema: Canção do Exílio

O Adeus de Teresa Minha terra tem macieiras da Califórnia


onde cantam gaturamos de Veneza.
A primeira vez que fitei Teresa, Os poetas da minha terra
Como as plantas que arrasta a correnteza, são pretos que vivem em torres de ametista,
A valsa nos levou nos giros seus... os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
Castro Alves gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Para identificarmos a relação de intertextualidade en- Os sururus em família têm por testemunha a
tre eles; que tenhamos noção da crítica do Modernismo                                                        [Gioconda
às escolas literárias precedentes, no caso, ao Romantismo, Eu morro sufocado
em que nenhuma musa seria tratada com tanta cerimônia em terra estrangeira.
e muito menos teria “cara”; que façamos uma leitura não Nossas flores são mais bonitas
literal; que percebamos sua lógica interna, criada pela dis- nossas frutas mais gostosas
seminação proposital de elementos que pareceriam absur- mas custam cem mil réis a dúzia.
dos em outro contexto.
Ai quem me dera chupar uma carambola de 
                                        [verdade
Intertextualidade e ouvir um sabiá com certidão de idade! 

A Intertextualidade pode ser definida como um diálo- (Murilo Mendes)


go entre dois textos. Observe os dois textos abaixo e note
como Murilo Mendes (século XX) faz referência ao texto de Nota-se que há correspondência entre os dois textos.
Gonçalves Dias (século XIX): A paródia piadista de Murilo Mendes é um exemplo de in-
tertextualidade, uma vez que seu texto foi criado tomando
Canção do Exílio   como ponto de partida o texto de Gonçalves Dias.
Na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualida-
Minha terra tem palmeiras, de é persistente. Sabemos que todo texto, seja ele literário
Onde canta o Sabiá; ou não, é oriundo de outro, seja direta ou indiretamente.
As aves, que aqui gorjeiam, Qualquer texto que se refere a assuntos abordados em ou-
Não gorjeiam como lá. tros textos é exemplo de intertextualização.
Nosso céu tem mais estrelas, A intertextualidade está presente também em outras
Nossas várzeas têm mais flores, áreas, como na pintura, veja as várias versões da famosa
Nossos bosques têm mais vida, pintura de Leonardo da Vinci, Mona Lisa:
Nossa vida mais amores. Mona Lisa, Leonardo da Vinci. Óleo sobre tela, 1503.
Mona Lisa, Marcel Duchamp, 1919.
Em cismar, sozinho, à noite, Mona Lisa, Fernando Botero, 1978.
Mais prazer encontro eu lá; Mona Lisa, propaganda publicitária.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Pastiche: uma recorrência a um gênero.


- Tradução: está no campo da intertextualidade porque
implica a recriação de um texto.
- Referência e alusão.

Para ampliar esse conhecimento, vale trazer um exem-


plo de intertextualidade na literatura. Às vezes, a superpo-
sição de um texto sobre outro pode provocar uma certa
atualização ou modernização do primeiro texto. Nota-se
Pode-se definir então a intertextualidade como sendo isso no livro “Mensagem”, de Fernando Pessoa, que retoma,
a criação de um texto a partir de um outro texto ja existen- por exemplo, com seu poema “O Monstrengo” o episódio
te. Dependendo da situação, a intertextualidade tem fun- do Gigante Adamastor de “Os Lusíadas” de Camões. Ocorre
ções diferentes que dependem muito dos textos/contextos como que um diálogo entre os dois textos. Em alguns ca-
em que ela é inserida. sos, aproxima-se da paródia (canto paralelo), como o poe-
Evidentemente, o fenômeno da intertextualidade está ma “Madrigal Melancólico” de Manuel Bandeira, do livro
ligado ao “conhecimento do mundo”, que deve ser com- “Ritmo Dissoluto”, que seguramente serviu de inspiração e
partilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de assim se refletiu no seguinte poema:
textos. O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do co- Assim como Bandeira
nhecimento, não se restringindo única e exclusivamente a
textos literários. O que amo em ti
Na pintura tem-se, por exemplo, o quadro do pintor não são esses olhos doces
barroco italiano Caravaggio e a fotografia da americana delicados
Cindy Sherman, na qual quem posa é ela mesma. O qua- nem esse riso de anjo adolescente.
dro de Caravaggio foi pintado no final do século XVI, já o
trabalho fotográfico de Cindy Sherman foi produzido qua- O que amo em ti
se quatrocentos anos mais tarde. Na foto, Sherman cria o não é só essa pele acetinada
mesmo ambiente e a mesma atmosfera sensual da pintura, sempre pronta para a carícia renovada
reunindo um conjunto de elementos: a coroa de flores na nem esse seio róseo e atrevido
cabeça, o contraste entre claro e escuro, a sensualidade do a desenhar-se sob o tecido.
ombro nu etc. A foto de Sherman é uma recriação do qua-
dro de Caravaggio e, portanto, é um tipo de intertextuali- O que amo em ti
dade na pintura. não é essa pressa louca
Na publicidade, por exemplo, a que vimos sobre anún- de viver cada vão momento
cios do Bom Bril, o ator se veste e se posiciona como se nem a falta de memória para a dor.
fosse a Mona Lisa de Leonardo da Vinci e cujo slogan era
“Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima”. Esse O que amo em ti
enunciado sugere ao leitor que o produto anunciado deixa não é apenas essa voz leve
a roupa bem macia e mais perfumada, ou seja, uma ver- que me envolve e me consome
dadeira obra-prima (se referindo ao quadro de Da Vinci). nem o que deseja todo homem
Nesse caso pode-se dizer que a intertextualidade assume flor definida e definitiva
a função de não só persuadir o leitor como também de di- a abrir-se como boca ou ferida
fundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com nem mesmo essa juventude assim perdida.
a arte (pintura, escultura, literatura etc).
Intertextualidade é a relação entre dois textos caracte- O que amo em ti
rizada por um citar o outro. enigmática e solidária:
É a Vida!
Tipos de Intertextualidade (Geraldo Chacon, Meu Caderno de Poesia,
Flâmula, 2004, p. 37)
Pode-se destacar sete tipos de intertextualidade:
- Epígrafe: constitui uma escrita introdutória. Madrigal Melancólico
- Citação: é uma transcrição do texto alheio, marcada
por aspas. O que eu adoro em ti
- Paráfrase: é a reprodução do texto do outro com a não é a tua beleza.
palavra do autor. Ela não se confunde com o plágio, pois o A beleza, é em nós que ela existe.
autor deixa claro sua intenção e a fonte. A beleza é um conceito.
- Paródia: é uma forma de apropriação que, em lugar E a beleza é triste.
de endossar o modelo retomado, rompe com ele, sutil ou Não é triste em si,
abertamente. Ela perverte o texto anterior, visando a ironia mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
ou a crítica.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(...) Texto Original


Minha terra tem palmeiras
O que eu adoro em tua natureza, Onde canta o sabiá,
não é o profundo instinto maternal As aves que aqui gorjeiam
em teu flanco aberto como uma ferida. Não gorjeiam como lá.
nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me! (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”)
O que eu adoro em ti, é a vida.
(Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira, Paráfrase
José Olympio, 1980, p. 83) Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
A relação intertextual é estabelecida, por exemplo, no Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
texto de Oswald de Andrade, escrito no século XX, “Meus Eu tão esquecido de minha terra…
oito anos”, quando este cita o poema , do século XIX, de Ai terra que tem palmeiras
Casimiro de Abreu, de mesmo nome. Onde canta o sabiá!
Meus oito anos (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e
Bahia”)
Oh! Que saudade que tenho Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é mui-
Da aurora da minha vida, to utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia, aqui
Da minha infância querida o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto pri-
Que os anos não trazem mais mitivo conservando suas ideias, não há mudança do senti-
Que amor, que sonhos, que flores do principal do texto que é a saudade da terra natal.
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar
Debaixo dos laranjais! outros textos, há uma ruptura com as ideologias impostas
(Casimiro de Abreu) e por isso é objeto de interesse para os estudiosos da lín-
gua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação,
“Meus oito anos” a voz do texto original é retomada para transformar seu
sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica de suas ver-
dades incontestadas anteriormente, com esse processo
Oh! Que saudade que tenho
há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma
Da aurora da minha vida,
busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e
Da minha infância querida
da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo
Que os anos não trazem mais
dessa arte, frequentemente os discursos de políticos são
Naquele quintal de terra
abordados de maneira cômica e contestadora, provocando
Da rua São Antonio
risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada
Debaixo da bananeira pela classe dominante. Com o mesmo texto utilizado ante-
Sem nenhum laranjais! riormente, teremos, agora, uma paródia.
A intertextualidade acontece quando há uma referên- Texto Original
cia explícita ou implícita de um texto em outro. Também Minha terra tem palmeiras
pode ocorrer com outras formas além do texto, música, Onde canta o sabiá,
pintura, filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alu- As aves que aqui gorjeiam
são à outra ocorre a intertextualidade. Não gorjeiam como lá.
Apresenta-se explicitamente quando o autor informa o
objeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo, (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”)
o autor do texto citado é indicado, já na forma implícita, a
indicação é oculta. Por isso é importante para o leitor o co- Paródia
nhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer e Minha terra tem palmares
identificar quando há um diálogo entre os textos. A inter- onde gorjeia o mar
textualidade pode ocorrer afirmando as mesmas ideias da os passarinhos daqui
obra citada ou contestando-as. Vejamos duas das formas: não cantam como os de lá.
a Paráfrase e a Paródia. (Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”)

Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia O nome Palmares, escrito com letra minúscula, subs-
do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre titui a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social
para atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do e racial neste texto, Palmares é o quilombo liderado por
texto citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sentido
Temos um exemplo citado por Affonso Romano Sant’Anna do texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravi-
em seu livro “Paródia, paráfrase & Cia” : dão existente no Brasil.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Na literatura relativa à Linguística Textual, é frequente pós-modernos. Para ilustrar, pode-se mencionar, entre ou-
apontar-se como um dos fatores de textualidade a refe- tros escritores brasileiros, Ana Cristina Cesar, poetisa cario-
rência - explícita ou implícita - a outros textos, tomados ca, que usa e “abusa” da intertextualidade em seus textos, a
estes num sentido bem amplo (orais, escritos, visuais - ar- tal ponto que, sem a identificação das referências, o poema
tes plásticas, cinema - , música, propaganda etc.) A esse se torna, constantemente, ininteligível e chega a ser conside-
“diálogo”entre textos dá-se o nome de intertextualidade. rado por algumas pessoas como um “amontoado aleatório
Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “co- de enunciados”, sem coerência e, portanto, desprovido de
nhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou sentido.
seja, comum ao produtor e ao receptor de textos. Os teóricos costumam identificar tipos de intertextuali-
A intertextualidade pressupõe um universo cultural dade, entre os quais se destacam:
muito amplo e complexo, pois implica a identificação / o - a que se liga ao conteúdo (por exemplo, matérias jor-
reconhecimento de remissões a obras ou a textos / trechos nalísticas que se reportam a notícias veiculadas anteriormen-
mais, ou menos conhecidos, além de exigir do interlocutor te na imprensa falada e/ou escrita: textos literários ou não
a capacidade de interpretar a função daquela citação ou -literários que se referem a temas ou assuntos contidos em
alusão em questão. outros textos etc.). Podem ser explícitas (citações entre aspas,
Entre os variadíssimos tipos de referências, há provér- com ou sem indicação da fonte) ou implícitas (paráfrases, pa-
bios, ditos populares, frases bíblicas ou obras / trechos de ródias etc.);
obras constantemente citados, literalmente ou modifica- - a que se associa ao caráter formal, que pode ou não es-
dos, cujo reconhecimento é facilmente perceptível pelos tar ligado à tipologia textual como, por exemplo, textos que
interlocutores em geral. Por exemplo, uma revista brasileira “imitam” a linguagem bíblica, jurídica, linguagem de relatório
adotou o slogan: “Dize-me o que lês e dir-te-ei quem és”. etc. ou que procuram imitar o estilo de um autor, em que co-
Voltada fundamentalmente para um público de uma de- menta o seriado da TV Globo, baseado no livro de Guimarães
terminada classe sociocultural, o produtor do menciona- Rosa, procurando manter a linguagem e o estilo do escritor);
do anúncio espera que os leitores reconheçam a frase da - a que remete a tipos textuais (ou “fatores tipológicos”),
Bíblia (“Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”). Ao ligados a modelos cognitivos globais, às estruturas e superes-
adaptar a sentença, a intenção da propaganda é, eviden- truturas ou a aspectos formais de caráter linguístico próprios
de cada tipo de discurso e/ou a cada tipo de texto: tipologias
temente, angariar a confiança do leitor (e, consequente-
ligadas a estilos de época. Por superestrutura entendem-se,
mente, a credibilidade das informações contidas naquele
entre outras, estruturas argumentativas (Tese anterior), pre-
periódico), pois a Bíblia costuma ser tomada como um livro
missas - argumentos (contra-argumentos - síntese), conclu-
de pensamentos e ensinamentos considerados como “ver-
são (nova tese), estruturas narrativas (situação - complicação
dades” universalmente assentadas e aceitas por diversas
- ação ou avaliação – resolução), moral ou estado final etc.;
comunidades. Outro tipo comum de intertextualidade é
Um outro aspecto que é mencionado muito superficial-
a introdução em textos de provérbios ou ditos populares,
mente é o da intertextualidade linguística. Ela está ligada ao
que também inspiram confiança, pois costumam conter que o linguista romeno, Eugenio Coseriu, chama de formas
mensagens reconhecidas como verdadeiras. São aprovei- do “discurso repetido”:
tados não só em propaganda mas ainda em variados textos - “textemas” ou “unidades de textos”: provérbios, ditados
orais ou escritos, literários e não-literários. Por exemplo, ao populares; citações de vários tipos, consagradas pela tradi-
iniciar o poema “Tecendo a manhã”, João Cabral de Melo ção cultural de uma comunidade etc.;
Neto defende uma ideia: “Um galo sozinho não tece uma - “sintagmas estereotipados”: equivalentes a expressões
manhã”. Não é necessário muito esforço para reconhecer idiomáticas;
que por detrás dessas palavras está o ditado “Uma andori- - “perífrases léxicas”: unidades multivocabulares, empre-
nha só não faz verão”. O verso inicial funciona, pois, como gadas frequentemente mas ainda não lexicalizadas (ex. “gra-
uma espécie de “tese”, que o texto irá tentar comprovar vemente doente”, “dia útil”, “fazer misérias” etc.).
através de argumentação poética.
A intertextualidade tem funções diferentes, dependendo
Há, no entanto, certos tipos de citações (literais ou dos textos/contextos em que as referências (linguísticas ou
construídas) e de alusões muito sutis que só são compar- culturais) estão inseridas. Chamo a isso “graus das funções
tilhadas por um pequeno número de pessoas. É o caso de da intertextualidade”.
referências utilizadas em textos científicos ou jornalísticos Didaticamente pode-se dizer que a referência cultural e/
(Seções de Economia, de Informática, por exemplo) e em ou linguística pode servir apenas de pretexto, é o caso de
obras literárias, prosa ou poesia, que às vezes remetem “epígrafes” longinquamente vinculadas a um trabalho e/ou a
a uma forma e/ou a um conteúdo bastante específico(s), um texto. Sem dizer com isso que todas as epígrafes funcio-
percebido(s) apenas por um leitor/interlocutor muito bem nem apenas como pretextos. Em geral, o produtor do texto
informado e/ou altamente letrado. Na literatura, podem- elege algo pertinente e condizente com a temática de que
se citar, entre muitos outros, autores estrangeiros, como trata. Existam algumas, todavia, que estão ali apenas para
James Joyce, T.S. Eliot, Umberto Eco. mostrar “conhecimento” de frases famosas e/ou para servir
A remissão a textos e para-textos do circuito cultural de “decoração” no texto. Neste caso, o “intertexto” não tem
(mídia, propaganda, outdoors, nomes de marcas de produ- um papel específico nem na construção nem na camada
tos etc.) é especialmente recorrente em autores chamados semântica do texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Outras vezes, o autor parte de uma frase ou de um Um texto remete a outro para defender as ideias nele
verso que ocorreu a ele repentinamente (texto “A última contidas ou para contestar tais ideias. Assim, para se definir
crônica”, em que o autor confessa estar sem assunto e tem diante de determinado assunto, o autor do texto leva em
de escrever). Afirma então: consideração as ideias de outros “autores” e com eles dia-
loga no seu texto.
“Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo Ainda ressaltando a importância da intertextualidade,
meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembran- remetemos às considerações de Vigner: “Afirma-se aqui a
ça: assim eu quereria meu último poema.” importância do fenômeno da intertextualidade como fator
essencial à legibilidade do texto literário, e, a nosso ver, de
Descreve então uma cena passada em um botequim, todos os outros textos. O texto não é mais considerado só
em que um casal comemora modestamente o aniversário nas suas relações com um referente extra-textual, mas pri-
da filha, com um pedaço de bolo, uma coca cola e três meiro na relação estabelecida com outros textos”.
velinhas brancas. O pai parecia satisfeito com o sucesso da Como exemplo, temos um texto “Questão da Objetivi-
celebração, até que fica perturbado por ter sido observado, dade” e uma crônica de Zuenir Ventura, “Em vez das células,
mas acaba por sustentar a satisfação e se abre num sorriso.
as cédulas” para concretizar um pouco mais o conceito de
O autor termina a crônica, parafraseando o verso de Ma-
intertextualidade.
nuel Bandeira: “Assim eu quereria a minha última crônica:
que fosse pura como esse sorriso”. O verso de Bandeira não
pode ser considerado, nessa crônica, um mero pretexto. Questão da Objetividade
A intertextualidade desempenha o papel de conferir uma
certa “literariedade” à crônica, além de explicar o título e As Ciências Humanas invadem hoje todo o nosso espaço
servir de “fecho de ouro” para um texto que se inicia sem mental. Até parece que nossa cultura assinou um contrato
um conteúdo previamente escolhido. Não é, contudo, im- com tais disciplinas, estipulando que lhes compete resolver
prescindível à compreensão do texto. tecnicamente boa parte dos conflitos gerados pela acelera-
O que parece importante é que não se encare a in- ção das atuais mudanças sociais. É em nome do conheci-
tertextualidade apenas como a “identificação” da fonte e, mento objetivo que elas se julgam no direito de explicar os
sim, que se procure estudá-la como um enriquecimento da fenômenos humanos e de propor soluções de ordem ética,
leitura e da produção de textos e, sobretudo, que se tente política, ideológica ou simplesmente humanitária, sem se
mostrar a função da sua presença na construção e no(s) darem conta de que, fazendo isso, podem facilmente con-
sentido(s) dos textos. verter-se em “comodidades teóricas” para seus autores e em
Como afirmam Koch & Travaglia, “todas as questões “comodidades práticas” para sua clientela. Também é em
ligadas à intertextualidade influenciam tanto o processo de nome do rigor científico que tentam construir todo o seu
produção como o de compreensão de textos”. campo teórico do fenômeno humano, mas através da ideia
Considerada por alguns autores como uma das condi- que gostariam de ter dele, visto terem renunciado aos seus
ções para a existência de um texto, a intertextualidade se apelos e às suas significações. O equívoco olhar de Narciso,
destaca por relacionar um texto concreto com a memória fascinado por sua própria beleza, estaria substituído por um
textual coletiva, a memória de um grupo ou de um indiví- olhar frio, objetivo, escrupuloso, calculista e calculador: e as
duo específico. disciplinas humanas seriam científicas!
Trata-se da possibilidade de os textos serem criados (Introdução às Ciências Humanas. Hilton Japiassu.
a partir de outros textos. As obras de caráter científico re- São Paulo, Letras e Letras, 1994, pp.89/90)
metem explicitamente a autores reconhecidos, garantindo,
assim, a veracidade das afirmações. Nossas conversas são Comentário: Neste texto, temos um bom exemplo do
entrelaçadas de alusões a inúmeras considerações arma-
que se define como intertextualidade. As relações entre
zenadas em nossas mentes. O jornal está repleto de refe-
textos, a citação de um texto por outro, enfim, o diálogo
rências já supostamente conhecidas pelo leitor. A leitura
entre textos. Muitas vezes, para entender um texto na sua
de um romance, de um conto, novela, enfim, de qualquer
obra literária, nos aponta para outras obras, muitas vezes totalidade, é preciso conhecer o(s) texto(s) que nele fora(m)
de forma implícita. citado(s).
A nossa compreensão de textos (considerados aqui da No trecho, por exemplo, em que se discute o papel das
forma mais abrangente) muito dependerá da nossa expe- Ciências Humanas nos tempos atuais e o espaço que estão
riência de vida, das nossas vivências, das nossas leituras. ocupando, é trazido à tona o mito de Narciso. É preciso,
Determinadas obras só se revelam através do conhecimen- então, dispor do conhecimento de que Narciso, jovem do-
to de outras. Ao visitar um museu, por exemplo, o nosso tado de grande beleza, apaixonou-se por sua própria ima-
conhecimento prévio muito nos auxilia ao nos depararmos gem quando a viu refletida na água de uma fonte onde foi
com certas obras. matar a sede. Suas tentativas de alcançar a bela imagem
A noção de intertextualidade, da presença contínua de acabaram em desespero e morte.
outros textos em determinado texto, nos leva a refletir a O último parágrafo, em que o mito de Narciso é citado,
respeito da individualidade e da coletividade em termos demonstra que, dado o modo como as Ciências Humanas
de criação. Já vimos anteriormente que a citação de outros são vistas hoje, até o olhar de Narciso, antes “fascinado
textos se faz de forma implícita ou explícita. Mas, com que por sua própria beleza”, seria substituído por um “olhar
objetivo? frio, objetivo, escrupuloso, calculista e calculador”, ou seja,

47
LÍNGUA PORTUGUESA

o olhar de Narciso perderia o seu tom de encantamento O texto se constrói, à medida que retoma fatos já co-
para se transformar em algo material, sem sentimentos. A nhecidos. Nesse sentido, quanto mais amplo for o repertó-
comparação se estende às Ciências Humanas, que, de hu- rio do leitor, o seu acervo de conhecimentos, maior será a
manas, nada mais teriam, transformando-se em disciplinas sua competência para perceber como os textos “dialogam
científicas. uns com os outros” por meio de referências, alusões e ci-
tações.
Em vez das células, as cédulas Para perceber as intenções do autor desta crônica, ou
seja, a sua intencionalidade, é preciso que o leitor tenha
Nesses tempos de clonagem, recomenda-se assistir ao conhecimento de fatos atuais, como as referências ao do-
documentário Arquitetura da destruição, de Peter Cohen. A cumentário recém lançado no circuito cinematográfico, à
fantástica história de Dolly, a ovelha, parece saída do filme, ovelha clonada Dolly, aos “laranjas” e “fantasmas”, termos
que conta a aventura demente do nazismo, com seus so- que dizem respeito aos envolvidos em transações econô-
nhos de beleza e suas fantasias genéticas, seus experimen- micas duvidosas. É preciso que conheça também o que foi
tos de eugenia e purificação da raça. o nazismo, a figura de Hitler e sua obsessão pela raça pura,
Os cientistas são engraçados: bons para inventar e pés- e ainda tenha conhecimento da existência do filósofo Niet-
simos para prever. Primeiro, descobrem; depois se assus- zsche e do compositor Wagner.
tam com o risco da descoberta e aí então passam a gritar O vocabulário utilizado aponta para campos semân-
“cuidado, perigo”. Fizeram isso com quase todos os inven- ticos relacionados à clonagem, à raça pura, aos binômios
tos, inclusive com a fissão nuclear, espantando-se quando arte/beleza, arte/destruição, corrupção.
“o átomo para a paz” tornou-se uma mortífera arma de - Clonagem: experimentos, avanços genéticos, ovelhas,
guerra. E estão fazendo o mesmo agora. cientistas, inventos, células, clones replicantes, manipula-
(...) Desde muito tempo se discute o quanto a ciên- ção genética, descoberta.
cia, ao procurar o bem, pode provocar involuntariamente - Raça Pura: aventura, demente do nazismo, fantasias
o mal. O que a Arquitetura da destruição mostra é como genéticas, experimentos de eugenia, utopia perversa, ma-
a arte e a estética são capazes de fazer o mesmo, isto é, nipulação genética, imperfeições físicas, eugenia.
como a beleza pode servir à morte, à crueldade e à des- - Arte/Beleza - Arte/Destruição: estética, sonhos de
truição. beleza, crueldade, tirano artista ditador de gênio, nietzs-
Hitler julgava-se “o maior ator da Europa” e acredita- chiano, wagneriano, grandiosa ópera, diretor, protagonista,
va ser alguma coisa como um “tirano-artista” nietzschiano espetáculos de massa e tochas acesas.
ou um “ditador de gênio” wagneriano. Para ele, “a vida era - Corrupção: laranjas, clonagem financeira, cédulas,
arte,” e o mundo, uma grandiosa ópera da qual era diretor fantasmas.
e protagonista.
O documentário mostra como os rituais coletivos, os Esses campos semânticos se entrecruzam, porque en-
grandes espetáculos de massa, as tochas acesas (...) tudo globam referências múltiplas dentro do texto.
isso constituía um culto estético - ainda que redundante
(...) E o pior - todo esse aparato era posto a serviço da per-
versa utopia de Hitler: a manipulação genética, a possibi- Efeitos de ironia de texto
lidade de purificação racial e de eliminação das imperfei-
ções, principalmente as físicas. Não importava que os mais A ironia é um instrumento de literatura ou de retórica
ilustres exemplares nazistas, eles próprios, desmoralizas- que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa,
sem o que pregavam em termos de eugenia. deixando entender uma distância intencional entre aquilo
O que importava é que as pessoas queriam acreditar que dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na Litera-
na insensatez apesar dos insensatos, como ainda há quem tura, a ironia é a arte de gozar com alguém ou de alguma
continue acreditando. No Brasil, felizmente, Dolly provoca coisa, com vista a obter uma reação do leitor, ouvinte ou
mais piada do que ameaça. Já se atribui isso ao fato de que interlocutor.
a nossa arquitetura da destruição é a corrupção. Somos Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o obje-
craques mesmo é em clonagem financeira. O que seriam tivo de denunciar, de criticar ou de censurar algo. Para tal,
nossos laranjas e fantasmas senão clones e replicantes vir- o locutor descreve a realidade com termos aparentemente
tuais? Aqui, em vez de células, estamos interessados é em valorizantes, mas com a finalidade de desvalorizar. A ironia
manipular cédulas. convida o leitor ou o ouvinte, a ser ativo durante a leitura,
(Zuenir Ventura, JB, 1997) para refletir sobre o tema e escolher uma determinada po-
sição.
Comentário: Tendo como ponto de partida a alusão ao A maior parte das teorias de retórica distingue três ti-
documentário Arquitetura da destruição, o texto mantém pos de ironia: oral, dramática e de situação.
sua unidade de sentido na relação que estabelece com ou-
tros textos, com dados da História. - A ironia oral é a disparidade entre a expressão e a
Nesta crônica, duas propriedades do texto são facil- intenção: quando um locutor diz uma coisa mas pretende
mente perceptíveis: a intertextualidade e a inserção histó- expressar outra, ou então quando um significado literal é
rica. contrário para atingir o efeito desejado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- A ironia dramática (ou sátira) é a disparidade entre “Olá, Carlos. Como você está em forma!”
a expressão e a compreensão/cognição: quando uma pa-
lavra ou uma ação põe uma questão em jogo e a plateia “Meus parabéns pelo seu belo serviço!”
entende o significado da situação, mas a personagem não.
- A ironia de situação é a disparidade existente entre a As duas frases só podem ser compreendidas ironica-
intenção e o resultado: quando o resultado de uma ação é mente se a entonação da voz se der nas palavras “forma” e
contrário ao desejo ou efeito esperado. Da mesma manei- “belo”. Entretanto, isso não seria necessário se inseríssemos
ra, a ironia infinita é a disparidade entre o desejo humano essas afirmações nos seguintes contextos:
e as duras realidades do mundo externo.
Frase 1 – Carlos está pesando atualmente 140 kilos.
Exemplo: Frase 2 – O funcionário elogiado é um segurança que
__Você está intolerante hoje. dormiu em serviço e, por isso, não viu o meliante que rou-
__Não diga, meu amor! bou todo o dinheiro da empresa.
É também um estilo de linguagem caracterizado por Não seria necessário inserir o contexto na frase 1, se a
subverter o símbolo que, a princípio, representa. A ironia
reformularmos da seguinte maneira:
utiliza-se como uma forma de linguagem pré-estabelecida
para, a partir e de dentro dela, contestá-la.
“Olá, Carlos! Como você está em forma… de baleia!”
Foi utilizada por Sócrates, na Grécia Antiga, como fer-
ramenta para fazer os seus interlocutures entrarem em
contradição, no seu método socrático. Portanto, definimos como ironia a figura de linguagem
Leia este trecho escrito por Murilo Mendes: que afirma o contrário do que se quer dizer.
São avaliadas diversas situações onde a ironia se apre-
“Uma moça nossa vizinha dedilhava admiravelmente senta nas suas mais variadas formas, buscando apontar as
mal ao piano alguns estudos de Litz”. melhores direções para o uso da mesma e quando se deve
evitar a utilização dela. Os resultados obtidos nessa avalia-
Observe que a expressão “admiravelmente” é exata- ção não são de caráter totalmente conclusivo, sua função
mente o oposto do adjetivo posterior “mal”, deixando bas- real é apresentar um panorama sobre a adequação do uso
tante clara a presença da ironia ou antífrase, figura de lin- desta figura semântica. É necessário também ressaltar que
guagem que expressa um sentido contrário ao significado como base para essa análise foi utilizado apenas material
habitual. teórico, ou seja, sem nenhuma experiência prática. Por fim
busca-se mostrar que a ironia é uma “arma” que se utili-
Segundo Pires, existem três tipos de ironia: zada de uma maneira inteligente possui um grande valor.
- asteísmo: quando louva; Jornalismo, Literatura, Política e até mesmo em cenas
- sarcasmo: quando zomba; cotidianas como conversas entre amigos ou no trabalho a
- antífrase: quando engrandece ideias funestas, erra- ironia se faz presente muitas vezes.
das, fora de propósito e quando se faz uso carinhoso de Definir essa figura semântica nos leva a percorrer di-
termos ofensivos. versos caminhos, pois se trata de algo com múltiplas faces
Veja exemplos na literatura: e consequentemente com várias teorias e linhas de pensa-
mentos.
“Moça linda bem tratada, três séculos de família, burra Além da velha definição de ironia que é dizer uma coi-
como uma porta: um amor! (Mário de Andrade) sa e dar a entender o contrário pode-se também a definir
de outras maneiras como, por exemplo, a busca por dizer
“A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar
algo que venha a instigar uma série de interpretações sub-
crianças”. (Monteiro Lobato)
versivas sobre o que foi dito.
Exemplo em textos falados:
Ter domínio do bom senso e alguma noção sobre ética
“Quem foi o inteligente que usou o computador e apa- é importante para ser irônico sem ser ofensivo, para ser
gou tudo o que estava gravado?” “escrachado” e mesmo assim ser inteligente, para usar essa
ferramenta como algo enriquecedor no contexto determi-
“Essa cômoda está tão limpinha que dá para escrever nado.
com o dedo.” O fato de ser irônico gera muitas controvérsias, certo
descontentamento, normalmente ligado a dificuldade de
“João é tão experto que travou o carro com a chave den- entendimento dessa figura linguística, o que nos remete a
tro.” outras questões como raciocínio lógico, senso de humor e
mente aberta.
O contexto é de fundamental importância para a com- A ironia realmente está quase que totalmente inter-
preensão da ironia, pois, inserindo a situação onde a fala ligada com o humor, dentre as várias formas do mesmo,
foi produzida e a entonação do falante, determinamos até pode se dizer que é preciso um certo refinamento de
em que sentido as palavras estão empregadas. Veja estes humor para entender grande parte das questões onde se
exemplos: emprega elementos irônicos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Outra questão importante a ser ressaltada é o fato do A maior parte das teorias de retórica distingue três ti-
domínio de contexto/situação para que possa haver uma pos de ironia: oral, dramática e de situação.
melhor compreensão da ideia que está se tentando pas-
sar ao se expressar ironicamente, havendo isso ocorre uma - A ironia oral é a disparidade entre a expressão e a
facilitação maior que vai possibilitar uma melhor interação intenção: quando um locutor diz uma coisa mas pretende
entre todas as partes. expressar outra, ou então quando um significado literal é
A ironia é definida por muitos teóricos como a figu- contrário para atingir o efeito desejado.
ra de linguagem mais interessante que existe, tanto pelo - A ironia dramática (ou sátira) é a disparidade entre
seu caráter ousado e desafiador, mas também pela grande a expressão e a compreensão/cognição: quando uma pa-
possibilidade de enriquecimento da fala e escrita. Seu uso lavra ou uma ação põe uma questão em jogo e a plateia
feito de forma adequada possui uma tendência muito forte entende o significado da situação, mas a personagem não.
de ser o diferencial do trabalho ou situação, sempre tendo - A ironia de situação é a disparidade existente entre a
em vista todas essas questões contextuais e as consequên- intenção e o resultado: quando o resultado de uma ação é
cias de empregar corretamente esse elemento linguístico. contrário ao desejo ou efeito esperado. Da mesma manei-
Por se tratar de um elemento linguístico com uma enorme ra, a ironia infinita é a disparidade entre o desejo humano
possibilidade de uso nas mais variadas formas, compreen- e as duras realidades do mundo externo.
der um pouco das questões do surgimento da ironia e das
relações desta com as situações onde é empregada, se tor- Exemplo:
na fundamental, não só para uma melhor compreensão, __Você está intolerante hoje.
mas também para uma melhor utilização,que assim terá __Não diga, meu amor!
uma maior tendência de ser melhor absorvida pela outra(s)
parte(s) do diálogo. É também um estilo de linguagem caracterizado por
A ironia pode ser considerada o elemento de lingua- subverter o símbolo que, a princípio, representa. A ironia
gem mais provocador que existe. Seu uso na maioria das utiliza-se como uma forma de linguagem pré-estabelecida
vezes visa mesmo fazer uso dessas provocações geradas para, a partir e de dentro dela, contestá-la.
por essa figura linguística. Por isso mesmo é necessário Foi utilizada por Sócrates, na Grécia Antiga, como fer-
muito cuidado ao ser irônico, pois a compreensão por par- ramenta para fazer os seus interlocutures entrarem em
contradição, no seu método socrático.
te de todos depende primeiramente da forma com que
Leia este trecho escrito por Murilo Mendes:
a ironia é passada. A observação bem feita do contexto/
situação onde está ocorrendo a atividade é mais do que
“Uma moça nossa vizinha dedilhava admiravelmente
importante, é fundamental, caso contrário o tiro pode sair
mal ao piano alguns estudos de Litz”.
pela culatra, a arma poderosa pode ter efeito contrário e
colocar por água abaixo uma série de questões relevantes.
Observe que a expressão “admiravelmente” é exata-
Então, ter um domínio mesmo que mínimo desses fatos,
mente o oposto do adjetivo posterior “mal”, deixando bas-
pode ser suficiente para uma utilização “correta” e sem tante clara a presença da ironia ou antífrase, figura de lin-
maiores perigos. Bom senso também é algo totalmente re- guagem que expressa um sentido contrário ao significado
levante dentro dessas questões. habitual.
Provocante, ousada, pra muitos até irritante. Esses são
alguns dos muitos adjetivos que são dados a ironia, sendo Segundo Pires, existem três tipos de ironia:
que essa é realmente algo muito complicado de se obter - asteísmo: quando louva;
uma definição final, não só pela sua amplitude mas tam- - sarcasmo: quando zomba;
bém pela sua versatilidade. - antífrase: quando engrandece ideias funestas, erra-
das, fora de propósito e quando se faz uso carinhoso de
Efeitos de ironia de texto termos ofensivos.
Veja exemplos na literatura:
A ironia é um instrumento de literatura ou de retórica
que consiste em dizer o contrário daquilo que se pensa, “Moça linda bem tratada, três séculos de família, burra
deixando entender uma distância intencional entre aquilo como uma porta: um amor! (Mário de Andrade)
que dizemos e aquilo que realmente pensamos. Na Litera-
tura, a ironia é a arte de gozar com alguém ou de alguma “A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar
coisa, com vista a obter uma reação do leitor, ouvinte ou crianças”. (Monteiro Lobato)
interlocutor.
Ela pode ser utilizada, entre outras formas, com o obje- Exemplo em textos falados:
tivo de denunciar, de criticar ou de censurar algo. Para tal,
o locutor descreve a realidade com termos aparentemente “Quem foi o inteligente que usou o computador e apa-
valorizantes, mas com a finalidade de desvalorizar. A ironia gou tudo o que estava gravado?”
convida o leitor ou o ouvinte, a ser ativo durante a leitura,
para refletir sobre o tema e escolher uma determinada po- “Essa cômoda está tão limpinha que dá para escrever
sição. com o dedo.”

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LÍNGUA PORTUGUESA

“João é tão experto que travou o carro com a chave den- A ironia realmente está quase que totalmente inter-
tro.” ligada com o humor, dentre as várias formas do mesmo,
O contexto é de fundamental importância para a com- até pode se dizer que é preciso um certo refinamento de
preensão da ironia, pois, inserindo a situação onde a fala humor para entender grande parte das questões onde se
foi produzida e a entonação do falante, determinamos emprega elementos irônicos.
em que sentido as palavras estão empregadas. Veja estes Outra questão importante a ser ressaltada é o fato do
exemplos: domínio de contexto/situação para que possa haver uma
melhor compreensão da ideia que está se tentando pas-
“Olá, Carlos. Como você está em forma!” sar ao se expressar ironicamente, havendo isso ocorre uma
facilitação maior que vai possibilitar uma melhor interação
“Meus parabéns pelo seu belo serviço!” entre todas as partes.
A ironia é definida por muitos teóricos como a figu-
As duas frases só podem ser compreendidas ironica- ra de linguagem mais interessante que existe, tanto pelo
mente se a entonação da voz se der nas palavras “forma” e
seu caráter ousado e desafiador, mas também pela grande
“belo”. Entretanto, isso não seria necessário se inseríssemos
possibilidade de enriquecimento da fala e escrita. Seu uso
essas afirmações nos seguintes contextos:
feito de forma adequada possui uma tendência muito forte
Frase 1 – Carlos está pesando atualmente 140 kilos.
Frase 2 – O funcionário elogiado é um segurança que de ser o diferencial do trabalho ou situação, sempre tendo
dormiu em serviço e, por isso, não viu o meliante que rou- em vista todas essas questões contextuais e as consequên-
bou todo o dinheiro da empresa. cias de empregar corretamente esse elemento linguístico.
Por se tratar de um elemento linguístico com uma enorme
Não seria necessário inserir o contexto na frase 1, se a possibilidade de uso nas mais variadas formas, compreen-
reformularmos da seguinte maneira: der um pouco das questões do surgimento da ironia e das
relações desta com as situações onde é empregada, se tor-
“Olá, Carlos! Como você está em forma… de baleia!” na fundamental, não só para uma melhor compreensão,
mas também para uma melhor utilização,que assim terá
Portanto, definimos como ironia a figura de linguagem uma maior tendência de ser melhor absorvida pela outra(s)
que afirma o contrário do que se quer dizer. parte(s) do diálogo.
São avaliadas diversas situações onde a ironia se apre- A ironia pode ser considerada o elemento de lingua-
senta nas suas mais variadas formas, buscando apontar as gem mais provocador que existe. Seu uso na maioria das
melhores direções para o uso da mesma e quando se deve vezes visa mesmo fazer uso dessas provocações geradas
evitar a utilização dela. Os resultados obtidos nessa avalia- por essa figura linguística. Por isso mesmo é necessário
ção não são de caráter totalmente conclusivo, sua função muito cuidado ao ser irônico, pois a compreensão por par-
real é apresentar um panorama sobre a adequação do uso te de todos depende primeiramente da forma com que
desta figura semântica. É necessário também ressaltar que a ironia é passada. A observação bem feita do contexto/
como base para essa análise foi utilizado apenas material situação onde está ocorrendo a atividade é mais do que
teórico, ou seja, sem nenhuma experiência prática. Por fim importante, é fundamental, caso contrário o tiro pode sair
busca-se mostrar que a ironia é uma “arma” que se utili- pela culatra, a arma poderosa pode ter efeito contrário e
zada de uma maneira inteligente possui um grande valor. colocar por água abaixo uma série de questões relevantes.
Jornalismo, Literatura, Política e até mesmo em cenas Então, ter um domínio mesmo que mínimo desses fatos,
cotidianas como conversas entre amigos ou no trabalho a pode ser suficiente para uma utilização “correta” e sem
ironia se faz presente muitas vezes.
maiores perigos. Bom senso também é algo totalmente re-
Definir essa figura semântica nos leva a percorrer di-
levante dentro dessas questões.
versos caminhos, pois se trata de algo com múltiplas faces
Provocante, ousada, pra muitos até irritante. Esses são
e consequentemente com várias teorias e linhas de pensa-
mentos. alguns dos muitos adjetivos que são dados a ironia, sendo
Além da velha definição de ironia que é dizer uma coi- que essa é realmente algo muito complicado de se obter
sa e dar a entender o contrário pode-se também a definir uma definição final, não só pela sua amplitude mas tam-
de outras maneiras como, por exemplo, a busca por dizer bém pela sua versatilidade.
algo que venha a instigar uma série de interpretações sub-
versivas sobre o que foi dito.
Ter domínio do bom senso e alguma noção sobre ética
é importante para ser irônico sem ser ofensivo, para ser
“escrachado” e mesmo assim ser inteligente, para usar essa
ferramenta como algo enriquecedor no contexto determi-
nado.
O fato de ser irônico gera muitas controvérsias, certo
descontentamento, normalmente ligado a dificuldade de
entendimento dessa figura linguística, o que nos remete a
outras questões como raciocínio lógico, senso de humor e
mente aberta.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3- Antes de uma explicação ou esclarecimento


- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, viven-
RECONHECIMENTO DE EFEITOS DE SENTIDO do a rotina de sempre.
DECORRENTES DO USO DE PONTUAÇÃO,
DA EXPLORAÇÃO DE RECURSOS 4- Em frases de estilo direto
ORTOGRÁFICOS E/OU MORFOSSINTÁTICOS, Maria perguntou:
DE CAMPOS SEMÂNTICOS, E DE OUTRAS - Por que você não toma uma decisão?
NOTAÇÕES. IDENTIFICAÇÃO DE DIFERENTES
ESTRATÉGIAS QUE CONTRIBUEM PARA A Ponto de Exclamação
CONTINUIDADE DO TEXTO 1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
(ANÁFORAS, PRONOMES RELATIVOS, susto, súplica, etc.
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
DEMONSTRATIVOS ETC).
2- Depois de interjeições ou vocativos
- Ai! Que susto!
- João! Há quanto tempo!
Ponto de Interrogação
PONTUAÇÃO Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que vedo)
servem para compor a coesão e a coerência textual, além
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Ve- Reticências
jamos as principais funções dos sinais de pontuação co- 1- Indica que palavras foram suprimidas.
nhecidos pelo uso da língua portuguesa. - Comprei lápis, canetas, cadernos...

Ponto 2- Indica interrupção violenta da frase.


1- Indica o término do discurso ou de parte dele. “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em
que se encontra. 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite. - Este mal... pega doutor?
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava.
4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr. - Deixa, depois, o coração falar...

Ponto e Vírgula ( ; ) Vírgula


1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
importância. Não se usa vírgula
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo *separando termos que, do ponto de vista sintático, li-
pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; gam-se diretamente entre si:
os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) - entre sujeito e predicado.
2- Separa partes de frases que já estão separadas por Todos os alunos da sala foram advertidos.
vírgulas. Sujeito predicado
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, monta- - entre o verbo e seus objetos.
nhas, frio e cobertor. O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
V.T.D.I. O.D. O.I.
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
tivos, decreto de lei, etc. Usa-se a vírgula:
- Ir ao supermercado; - Para marcar intercalação:
- Pegar as crianças na escola; a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
- Caminhada na praia; dância, vem caindo de preço.
- Reunião com amigos. b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
Dois pontos c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
1- Antes de uma citação trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: querem abrir mão dos lucros altos.

2- Antes de um aposto - Para marcar inversão:


- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
tarde e calor à noite. Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fe-
chadas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos 03.(BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BNDES/2012)
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. Em que período a vírgula pode ser retirada, mantendo-se o
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de sentido e a obediência à norma-padrão?
maio de 1982. (A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o trei-
no.
- Para separar entre si elementos coordenados (dispos- (B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos es-
tos em enumeração): portes?
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. (C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se pre-
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais. para para o evento.
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimo-
- Para marcar elipse (omissão) do verbo: ramento do desportista.
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. (E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda:
- Para isolar: judô, natação e canoagem.
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei-
ra, possui um trânsito caótico.
04. (BANPARÁ/PA – TÉCNICO BANCÁRIO – ESPP/2012)
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
Assinale a alternativa em que a pontuação está correta.
Fontes: http://www.infoescola.com/portugues/pontua- a) Meu grande amigo Pedro, esteve aqui ontem!
cao/ b) Foi solicitado, pelo diretor o comprovante da tran-
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula. sação.
htm c) Maria, você trouxe os documentos?
d) O garoto de óculos leu, em voz alta o poema.
Questões sobre Pontuação e) Na noite de ontem o vigia percebeu, uma movimen-
tação estranha.
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alterna-
tiva em que a pontuação está corretamente empregada, de 05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). As-
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. sinale a alternativa em que a frase mantém-se correta após
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, o acréscimo das vírgulas.
embora, experimentasse, a sensação de violar uma intimi- (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en- pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrô-
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua nica ao grupo ou acione o código na internet.
dona. (B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, o código foi acionado.
embora experimentasse a sensação, de violar uma intimi- (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando en- dos, recebem automaticamente, uma mensagem dizendo
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua que a criança foi encontrada.
dona. (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega pri-
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, meiro às, areias do Guarujá.
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o te-
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar lefone de quem a encontrou e informar um ponto de re-
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. ferência
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e,
embora experimentasse a sensação de violar uma intimi-
06. (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, en-
Para que o fragmento abaixo seja coerente e gramatical-
contrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua
dona. mente correto, é necessário inserir sinais de pontuação.
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- Assinale a posição em que não deve ser usado o sinal de
bora, experimentasse a sensação de violar uma intimidade, ponto, e sim a vírgula, para que sejam respeitadas as re-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar gras gramaticais. Desconsidere os ajustes nas letras iniciais
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. minúsculas.
O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas
02. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013 - ADAP- de bambu para 4600 alunos da rede pública de São Pau-
TADA) Jogadores de futebol de diversos times entraram em lo(A) o programa desenvolve ainda oficinas e cursos para as
campo em prol do programa “Pai Presente”, nos jogos do crianças utilizarem a bicicleta de forma segura e correta(B)
Campeonato Nacional em apoio à campanha que visa 4 re- os alunos ajudam a traçar ciclorrotas e participam de ati-
duzir o número de pessoas que não possuem o nome do pai vidades sobre cidadania e reciclagem(C) as escolas partici-
em sua certidão de nascimento. (...) pantes se tornam também centros de descarte de garrafas
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai PET(D) destinadas depois para reciclagem(E) o programa
em sua certidão de nascimento” não é antecedida por vírgu- possibilitará o retorno das bicicletas pela saúde das crian-
la porque tem natureza restritiva. ças e transformação das comunidades em lugares melhores
( ) Certo ( ) Errado para se viver.

53
LÍNGUA PORTUGUESA

(Adaptado de Vida Simples, abril de 2012, edição 117) RESOLUÇÃO


a) A
b) B 1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas
c) C (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
d) D embora, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma
e) E intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a
07. (DETRAN - OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO – VU- sua dona.
NESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto ao uso da (B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa
pontuação. e, embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando
circunstâncias, ceder à frustração para que a raiva seja ali- encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a
viada. sua dona.
(B) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, por- (D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa
que você está junto; com os outros motoristas cujos com- e, embora experimentasse a sensação de violar uma inti-
portamentos, são desconhecidos. midade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X)
(C) Os motoristas, devem saber, que os carros podem encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a
ser uma extensão de nossa personalidade. sua dona.
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; au- (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
mentar os níveis de estresse em alguns motoristas. embora , (X) experimentasse a sensação de violar uma in-
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na timidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando ,
rua, são as principais causas da ira de trânsito. (X) encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era
a sua dona.
08. (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS
GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU- 2-) A oração restringe o grupo que participará da cam-
MARC/2013) “Paciência, minha filha, este é apenas um ciclo panha (apenas os que não têm o nome do pai na certidão
econômico e a nossa geração foi escolhida para este vexame,
de nascimento). Se colocarmos uma vírgula, a oração tor-
você aí desse tamanho pedindo esmola e eu aqui sem nada
nar-se-á “explicativa”, generalizando a informação, o que
para te dizer, agora afasta que abriu o sinal.”
dará a entender que TODAS as pessoa não têm o nome do
No período acima, as vírgulas foram empregadas em
pai na certidão.
“Paciência, minha filha, este é [...]”, para separar
RESPOSTA: “CERTO”.
(A) aposto.
(B) vocativo.
3-)
(C) adjunto adverbial.
(A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o trei-
(D) expressão explicativa.
09. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL no. = mantê-la (termo deslocado)
PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011) O perío- (B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos espor-
do corretamente pontuado é: tes? = mantê-la (vocativo)
(A) Os filmes que, mostram a luta pela sobrevivência (C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se pre-
em condições hostis nem sempre conseguem agradar, aos para para o evento.
espectadores. = mantê-la (explicação)
(B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes en- (D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimo-
tre si, podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma ramento do desportista.
história ficcional. = pode retirá-la (advérbio de tempo)
(C) A história de heroísmo e de determinação que nem (E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda:
sempre, é convincente, se passa em um cenário marcado, judô, natação e canoagem.
pelo frio. = mantê-la (enumeração)
(D) Caminhar por um extenso território gelado, é correr 4-) Assinalei com (X) a pontuação inadequada ou fal-
riscos iminentes que comprometem, a sobrevivência. tante:
(E) Para os fugitivos que se propunham, a alcançar a a) Meu grande amigo Pedro, (X) esteve aqui ontem!
liberdade, nada poderia parecer, realmente intransponível. b) Foi solicitado, (X) pelo diretor o comprovante da
transação.
GABARITO c) Maria, você trouxe os documentos?
01. C 02. C 03. D 04. C 05. E d) O garoto de óculos leu, em voz alta (X) o poema.
06. D 07. A 08. B 09.B e) Na noite de ontem (X) o vigia percebeu, (X) uma mo-
vimentação estranha.

5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade-


quadas

54
LÍNGUA PORTUGUESA

(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá ORTOGRAFIA


na pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem
eletrônica ao grupo ou acione o código na internet. A ortografia é a parte da língua responsável pela grafia
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais correta das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão culto
de onde o código foi acionado. da língua.
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra- As palavras podem apresentar igualdade total ou par-
dos , (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem cial no que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo ten-
dizendo que a criança foi encontrada. do significados diferentes. Essas palavras são chamadas
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega de homônimas (canto, do grego, significa ângulo / canto,
primeiro às , (X) areias do Guarujá. do latim, significa música vocal). As palavras homônimas
6-) dividem-se em homógrafas, quando têm a mesma grafia
O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas (gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular do verbo
de bambu para 4600 alunos da rede pública de São Pau- gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço, pa-
lo(A). O programa desenvolve ainda oficinas e cursos para lácio ou passo, movimento durante o andar).
as crianças utilizarem a bicicleta de forma segura e corre- Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem-
ta(B). Os alunos ajudam a traçar ciclorrotas e participam de se observar as seguintes regras:
atividades sobre cidadania e reciclagem(C). As escolas parti- O fonema s:
cipantes se tornam também centros de descarte de garrafas
PET(D), destinadas depois para reciclagem(E). O programa Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras substan-
possibilitará o retorno das bicicletas pela saúde das crian- tivadas derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel,
ças e transformação das comunidades em lugares melhores corr e sent: pretender - pretensão / expandir - expansão /
para se viver. ascender - ascensão / inverter - inversão / aspergir aspersão
A vírgula deve ser colocada após a palavra “PET”, posi- / submergir - submersão / divertir - diversão / impelir - im-
ção (D), pois antecipa um termo explicativo. pulsivo / compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer
- recurso / discorrer - discurso / sentir - sensível / consentir
7-) Fiz as indicações (X) das pontuações inadequadas: - consensual
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas
circunstâncias, ceder à frustração para que a raiva seja ali- Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes deri-
viada. vados dos verbos cujos radicais terminem em gred, ced,
(B) Dirigir pode aumentar, (X) nosso nível de estresse, prim ou com verbos terminados por tir ou meter: agredir
porque você está junto; (X) com os outros motoristas cujos - agressivo / imprimir - impressão / admitir - admissão /
comportamentos, (X) são desconhecidos. ceder - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /
(C) Os motoristas, (X) devem saber, (X) que os carros regredir - regressão / oprimir - opressão / comprometer -
podem ser uma extensão de nossa personalidade. compromisso / submeter - submissão
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, (X) acidentes e; (X) *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
aumentar os níveis de estresse em alguns motoristas. a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na trico / re + surgir - ressurgir
rua, (X) são as principais causas da ira de trânsito. *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
plos: ficasse, falasse
8-) Paciência, minha filha, este é... = é o termo usado
para se dirigir ao interlocutor, ou seja, é um vocativo. Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS os vocábulos
de origem árabe: cetim, açucena, açúcar
9-) Fiz as marcações (X) onde as pontuações estão ina- *os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó,
dequadas ou faltantes: Juçara, caçula, cachaça, cacique
(A) Os filmes que,(X) mostram a luta pela sobrevivência *os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
em condições hostis nem sempre conseguem agradar, (X) uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
aos espectadores. esperança, carapuça, dentuço
(B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes en- *nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / de-
tre si, podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma ter - detenção / ater - atenção / reter - retenção
história ficcional. *após ditongos: foice, coice, traição
(C) A história de heroísmo e de determinação (X) que *palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r):
nem sempre, (X) é convincente, se passa em um cenário marte - marciano / infrator - infração / absorto - absorção
marcado, (X) pelo frio.
(D) Caminhar por um extenso território gelado, (X) é O fonema z:
correr riscos iminentes (X) que comprometem, (X) a sobre-
vivência. Escreve-se com S e não com Z:
(E) Para os fugitivos que se propunham, (X) a alcançar *os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
a liberdade, nada poderia parecer, (X) realmente intrans- tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
ponível. freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa, etc.

55
LÍNGUA PORTUGUESA

*os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, meta- As letras e e i:
morfose. *os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
*as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
quiseste. *os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
*nomes derivados de verbos com radicais terminados escritos com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui.
empresa / difundir - difusão - atenção para as palavras que mudam de sentido
*os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (su-
Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho
perfície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expan-
*após ditongos: coisa, pausa, pouso
*em verbos derivados de nomes cujo radical termina dir) / emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar estância, que anda a pé), pião (brinquedo).

Escreve-se com Z e não com S: Fonte: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portu-


*os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje- gues/ortografia
tivo: macio - maciez / rico - riqueza
*os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- Questões sobre Ortografia
gem não termine com s): final - finalizar / concreto - con-
cretizar 01. (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre
*como consoante de ligação se o radical não terminar as frases que seguem, a única correta é:
com s: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis + a) Ele se esqueceu de que?
inho - lapisinho b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distribui
O fonema j:
-lo entre os presentes.
c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas crí-
Escreve-se com G e não com J:
*as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, ticas.
gesso. d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações
*estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. dos funcionários.
*as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com e) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge.
02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alter-
Observação: Exceção: pajem nativa cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo
*as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, com a norma- -padrão.
litígio, relógio, refúgio. (A) Os tabeliãos devem preparar o documento.
*os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir. (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
*depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
gir.
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos.
*depois da letra “a”, desde que não seja radical termina-
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos!
do com j: ágil, agente.
Escreve-se com J e não com G:
*as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. 03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
*as palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para infor-
manjerona. mar os usuários sobre o festival Sounderground.
*as palavras terminada com aje: aje, ultraje. Prezado Usuário
________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do
O fonema ch: metrô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30,
começa o Sounderground, festival internacional que presti-
Escreve-se com X e não com CH: gia os músicos que tocam em estações do metrô.
*as palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba- Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen-
caxi, muxoxo, xucro. tarão e divirta-se!
*as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J): Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se
xampu, lagartixa.
preencher as lacunas, correta e respectivamente, com as
*depois de ditongo: frouxo, feixe.
*depois de “en”: enxurrada, enxoval. expressões
A) A fim ...a partir ... as B) A fim ...à partir ... às
Observação: Exceção: quando a palavra de origem não C) A fim ...a partir ... às D) Afim ...a partir ... às
derive de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente) E) Afim ...à partir ... as

Escreve-se com CH e não com X: 04. (TRF - 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -


*as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, FCC/2011) As palavras estão corretamente grafadas na se-
chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha. guinte frase:

56
LÍNGUA PORTUGUESA

(A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é D) É difícil entender o por quê de tanto sofrimento,
boa a ansiedade com que enfrentam o excesso de passa- principalmente daqueles que procuram viver com dignida-
geiros nos aeroportos. de e simplicidade.
(B) Comete muitos deslises, talvez por sua espontanei- E) As dificuldades por que passamos certamente nos
dade, mas nada que ponha em cheque sua reputação de fazem mais fortes e preparados para os infortúnios da vida.
pessoa cortês.
(C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do só- 09.Assinale a alternativa cuja frase esteja incorreta:
cio de descançar após o almoço sob a frondoza árvore do A) Porque essa cara? B) Não vou porque não
pátio. quero.
(D) Não sei se isso influe, mas a persistência dessa má- C) Mas por quê? D) Você saiu por quê?
goa pode estar sendo o grande impecilho na superação
dessa sua crise. 10-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNICO
(E) O diretor exitou ao aprovar a retenção dessa alta FORENSE - CESPE/2013 - adaptada) Uma variante igual-
quantia, mas não quiz ser taxado de conivente na conces- mente correta do termo “autópsia” é autopsia.
são de privilégios ilegítimos. ( ) Certo
( ) Errado
05.Em qual das alternativas a frase está corretamente
escrita? GABARITO
A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupan-
sa. 01.E 02. D 03. C 04. A 05. B
B) O mendigo não depositou na caderneta de poupan- 06. E 07. C 08. E 09. A 10. C
ça.
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupans- RESOLUÇÃO
sa.
D) O mendingo não depozitou na carderneta de pou- 1-)
pansa. (A) Ele se esqueceu de que? = quê?
(B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para
06.(IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM] - CCI) – VU- distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
NESP/2011) Assinale a alternativa em que o trecho – Mas (C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos ex-
ela cresceu ... – está corretamente reescrito no plural, com o
cessivos nas críticas.
verbo no tempo futuro.
(D) O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às reivindi-
(A) Mas elas cresceram...
cações dos funcionários.
(B) Mas elas cresciam...
(E) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
(C) Mas elas cresçam...
(D) Mas elas crescem...
2-)
(E) Mas elas crescerão...
07. (IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM – CCI] – VU- (A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = ta-
NESP/2011 - ADAPTADA) Assinale a alternativa em que o beliães
trecho – O teste decisivo e derradeiro para ele, cidadão an- (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
sioso e sofredor...– está escrito corretamente no plural. = cidadãos
(A) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadãos (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
ansioso e sofredores... = certidões
(B) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadães (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = de-
ansioso e sofredores... graus
(C) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadãos 3-) Prezado Usuário
ansiosos e sofredores... A fim de oferecer lazer e cultura aos passageiros do me-
(D) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadões trô, a partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, começa
ansioso e sofredores... o Sounderground, festival internacional que prestigia os mú-
(E) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadães sicos que tocam em estações do metrô.
ansiosos e sofredores... Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen-
tarão e divirta-se!
08. (MPE/RJ – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FUJB/2011) A fim = indica finalidade; a partir: sempre separado; an-
Assinale a alternativa em que a frase NÃO contraria a nor- tes de horas: há crase
ma culta:
A) Entre eu e a vida sempre houve muitos infortúnios, 4-) Fiz a correção entre parênteses:
por isso posso me queixar com razão. (A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é
B) Sempre houveram várias formas eficazes para ultra- boa a ansiedade com que enfrentam o excesso de passa-
passarmos os infortúnios da vida. geiros nos aeroportos.
C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes (B) Comete muitos deslises (deslizes), talvez por sua
que vermos a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa espontaneidade, mas nada que ponha em cheque (xeque)
vida. sua reputação de pessoa cortês.

57
LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio 1. Em palavras compostas por justaposição que formam
de descançar (descansar) após o almoço sob a frondoza uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem
(frondosa) árvore do pátio. para formar um novo significado: tio-avô, porto-alegrense,
(D) Não sei se isso influe (influi), mas a persistência des- luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas,
sa mágoa pode estar sendo o grande impecilho (empeci- guarda-chuva, arco- -íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
lho) na superação dessa sua crise.
(E) O diretor exitou (hesitou) ao aprovar a retenção des- 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e zoo-
sa alta quantia, mas não quiz (quis) ser taxado de conivente lógicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora-meni-
na concessão de privilégios ilegítimos. na, erva-doce, feijão-verde.

3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém


5-)
e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-casa-
A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupan-
do, aquém- -fiar, etc.
sa. = mendigo/caderneta/poupança
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupans- 4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
sa. = mendigo/caderneta/poupança mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo
D) O mendingo não depozitou na carderneta de pou- uso: cor- -de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-
pansa. =mendigo/depositou/caderneta/poupança de-meia, água-de- -colônia, queima-roupa, deus-dará.
6-) Futuro do verbo “crescer”: crescerão. Teremos: mas 5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-
elas crescerão... Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Al-
7-) Como os itens apresentam o mesmo texto, a alter- sácia-Lorena, etc.
nativa correta já indica onde estão as inadequações nos
demais itens. 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super-
quando associados com outro termo que é iniciado por r:
8-) Fiz as correções entre parênteses: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc.
A) Entre eu (mim) e a vida sempre houve muitos infor-
túnios, por isso posso me queixar com razão. 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor,
B) Sempre houveram (houve) várias formas eficazes ex- -presidente, vice-governador, vice-prefeito.
para ultrapassarmos os infortúnios da vida.
C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré-
que vermos (virmos) a pobreza e a miséria fazerem parte natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc.
de nossa vida.
D) É difícil entender o por quê (o porquê) de tanto so- 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra-
frimento, principalmente daqueles que procuram viver com ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
dignidade e simplicidade.
10. Nas formações em que o prefixo tem como segun-
E) As dificuldades por que (= pelas quais; correto) pas-
do termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, ele-
samos certamente nos fazem mais fortes e preparados
tro-higrómetro, geo-história, neo-helênico, extra-humano,
para os infortúnios da vida.
semi-hospitalar, super- -homem.
9-) Por que essa cara? = é uma pergunta e o pronome 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo prefixo
está longe do ponto de interrogação. termina na mesma vogal do segundo elemento: micro-on-
das, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.
10-) autopsia s.f., autópsia s.f.; cf. autopsia Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros
(fonte: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/ termos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
sys/start.htm?sid=23)
RESPOSTA: “CERTO”. - Lembre-se: ao separar palavras na translineação (mu-
HÍFEN dança de linha), caso a última palavra a ser escrita seja for-
mada por hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escre-
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para verei anti-inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na
ligar os elementos de palavras compostas (couve-flor, ex linha debaixo escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas
-presidente) e para unir pronomes átonos a verbos (ofere- as linhas).
ceram-me; vê-lo-ei). Não se emprega o hífen:
Serve igualmente para fazer a translineação de palavras,
isto é, no fim de uma linha, separar uma palavra em duas 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo ter-
partes (ca-/sa; compa-/nheiro). mina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou “s”.
Uso do hífen que continua depois da Reforma Orto- Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antirre-
gráfica: ligioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia,
microrradiografia, etc.

58
LÍNGUA PORTUGUESA

2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo 05.Fez um esforço __ para vencer o campeonato __. Qual
termina em vogal e o segundo termo inicia-se com vogal alternativa completa corretamente as lacunas?
diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoestrada, A) sobreumano/interregional
autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoescola, in- B) sobrehumano-interregional
fraestrutura, etc. C) sobre-humano / inter-regional
D) sobrehumano/ inter-regional
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos E) sobre-humano /interegional
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o h inicial: desu-
mano, inábil, desabilitar, etc. 06. Suponha que você tenha que agregar o prefixo sub-
às palavras que aparecem nas alternativas a seguir. Assina-
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando le aquela que tem de ser escrita com hífen:
o segundo elemento começar com “o”: cooperação, coo- A) (sub) chefe
brigação, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, B) (sub) entender
etc. C) (sub) solo
D) (sub) reptício
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção E) (sub) liminar
de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis-
ta, etc. 07.Assinale a alternativa em que todas as palavras estão
grafadas corretamente:
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei- A) autocrítica, contramestre, extra-oficial
to, benquerer, benquerido, etc. B) infra-assinado, infra-vermelho, infra-som
C) semi-círculo, semi-humano, semi-internato
Questões sobre Hífen D) supervida, superelegante, supermoda
E) sobre-saia, mini-saia, superssaia
01.Assinale a alternativa em que o hífen, conforme o
08.Assinale o item em que o uso do hífen está incorreto.
novo Acordo, está sendo usado corretamente:
A) infraestrutura / super-homem / autoeducação
A) Ele fez sua auto-crítica ontem.
B) bem-vindo / antessala /contra-regra
B) Ela é muito mal-educada.
C) contramestre / infravermelho / autoescola
C) Ele tomou um belo ponta-pé.
D) neoescolástico / ultrassom / pseudo-herói
D) Fui ao super-mercado, mas não entrei.
E) extraoficial / infra-hepático /semirreta
E) Os raios infra-vermelhos ajudam em lesões.
09.Uma das alternativas abaixo apresenta incorreção
02.Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do
quanto ao emprego do hífen.
hífen: A) O pseudo-hermafrodita não tinha infraestrutura para
A) Pelo interfone ele comunicou bem-humorado que relacionamento extraconjugal.
faria uma superalimentação. B) Era extraoficial a notícia da vinda de um extraterreno.
B) Nas circunvizinhanças há uma casa malassombrada. C) Ele estudou línguas neolatinas nas colônias ultrama-
C) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido. rinas.
D) Nossos antepassados realizaram vários anteprojetos. D) O anti-semita tomou um anti-biótico e vacina antir-
E) O autodidata fez uma autoanálise. rábica.
E) Era um suboficial de uma superpotência.
03.Assinale a alternativa incorreta quanto ao emprego
do hífen, respeitando-se o novo Acordo. 10.Assinale a alternativa em que ocorre erro quanto ao
A) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo. emprego do hífen.
B) O meia-direita fez um gol de sem-pulo na semifinal A) Foi iniciada a campanha pró-leite.
do campeonato. B) O ex-aluno fez a sua autodefesa.
C) Era um sem-vergonha, pois andava seminu. C) O contrarregra comeu um contra-filé.
D) O recém-chegado veio de além-mar. D) Sua vida é um verdadeiro contrassenso.
E) O vice-reitor está em estado pós-operatório. E) O meia-direita deu início ao contra-ataque.

04.Segundo o novo Acordo, entre as palavras pão duro GABARITO


(avarento), copo de leite (planta) e pé de moleque (doce) o
hífen é obrigatório: 01. B 02. B 03. A 04. E 05. C
A) em nenhuma delas. 06. D 07. D 08. B 09. D 10. C
B) na segunda palavra.
C) na terceira palavra.
D) em todas as palavras.
E) na primeira e na segunda palavra.

59
LÍNGUA PORTUGUESA

RESOLUÇÃO Morfossintaxe do Adjetivo:

1-) O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função


A) autocrítica dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
C) pontapé como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
D) supermercado ou do objeto).
E) infravermelhos
2-)B) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assom- Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
brada.
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Ob-
3-) A) O semianalfabeto desenhou um semicírculo. serve alguns deles:
4-) Estados e cidades brasileiros:
a) pão-duro / b) copo-de-leite (planta) / c) pé de mo- Alagoas alagoano
leque (doce) Amapá amapaense
a) Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apre- Aracaju aracajuano ou aracajuense
sentam elementos de ligação. Amazonas amazonense ou baré
b) Usa-se o hífen nos compostos que designam espé- Belo Horizonte belo-horizontino
cies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, Brasília brasiliense
raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação. Cabo Frio cabo-friense
c) Não se usa o hífen em compostos que apresentam Campinas campineiro ou campinense
elementos de ligação.
Adjetivo Pátrio Composto
5-) Fez um esforço sobre-humano para vencer o cam-
peonato inter-regional. Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
- Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h.
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, eru-
- Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma
dita. Observe alguns exemplos:
letra com que se inicia a outra palavra
África afro- / Cultura afro-americana
6-) Com os prefixos sub e sob, usa-se o hífen também
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto
diante de palavra iniciada por r. : subchefe, subentender,
-inglesas
subsolo, sub- -reptício (sem o hífen até a leitura da pala-
América américo- / Companhia américo-africana
vra será alterada; /subre/, ao invés de /sub re/), subliminar
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
7-) China sino- / Acordos sino-japoneses
A) autocrítica, contramestre, extraoficial Espanha hispano- / Mercado hispano-português
B) infra-assinado, infravermelho, infrassom Europa euro- / Negociações euro-americanas
C) semicírculo, semi-humano, semi-internato França franco- ou galo- / Reuniões franco-italia-
D) supervida, superelegante, supermoda = corretas nas
E) sobressaia, minissaia, supersaia Grécia greco- / Filmes greco-romanos
8-) B) bem-vindo / antessala / contrarregra Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
9-) D) O antissemita tomou um antibiótico e vacina an- Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
tirrábica. Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros
Flexão dos adjetivos
10-) C) O contrarregra comeu um contrafilé.
O adjetivo varia em gênero, número e grau.
CLASSES DE PALAVRAS
Gênero dos Adjetivos
Adjetivo
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
característica do ser e se relaciona com o substantivo. substantivos, classificam-se em:
Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, per- Biformes - têm duas formas, sendo uma para o mas-
cebemos que, além de expressar uma qualidade, ela pode culino e outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa,
ser colocada ao lado de um substantivo: homem bondoso, mau e má, judeu e judia.
moça bondosa, pessoa bondosa. Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no fe-
Já com a palavra bondade, embora expresse uma qua- minino somente o último elemento. Por exemplo: o moço
lidade, não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: ho- norte-americano, a moça norte-americana.
mem bondade, moça bondade, pessoa bondade. Bondade, Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
portanto, não é adjetivo, mas substantivo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino Comparativo


como para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher
feliz. Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no buída a dois ou mais seres ou duas ou mais característi-
feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença cas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de
político-social. igualdade, de superioridade ou de inferioridade. Observe
os exemplos abaixo:
Número dos Adjetivos Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
No comparativo de igualdade, o segundo termo da
Plural dos adjetivos simples comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
quão.
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
substantivos simples. Por exemplo: mau e maus, feliz e feli- rioridade Analítico
zes, ruim e ruins boa e boas No comparativo de superioridade analítico, entre os
dois substantivos comparados, um tem qualidade supe-
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do
função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que” ou “mais...que”.
que estiver qualificando um elemento for, originalmente,
um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe-
a palavra cinza é originalmente um substantivo; porém, se rioridade Sintético
estiver qualificando um elemento, funcionará como adje-
tivo. Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de su-
cinza. perioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles:
Veja outros exemplos: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior,
Motos vinho (mas: motos verdes) grande/maior, baixo/inferior.
Paredes musgo (mas: paredes brancas). Observe que:
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
a) As formas menor e pior são comparativos de supe-
rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res-
Adjetivo Composto
pectivamente.
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor-
(melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas
tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-
o último elemento concorda com o substantivo a que se
se usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais gran-
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja de e mais pequeno. Por exemplo:
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto fica- Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
rá invariável. Por exemplo: a palavra rosa é originalmente mentos.
um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen- Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala- duas qualidades de um mesmo elemento.
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um
substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
invariável. Por exemplo: ferioridade
Camisas rosa-claro. Sou menos passivo (do) que tolerante.
Ternos rosa-claro. Superlativo
Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. O superlativo expressa qualidades num grau muito ele-
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. vado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser ab-
soluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades:
Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
quer adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de
invariáveis. um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre-
- Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha senta-se nas formas:
têm os dois elementos flexionados.
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de pala-
Grau do Adjetivo vras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo:
O secretário é muito inteligente.
Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a inten- Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: de sufixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo.
o comparativo e o superlativo.

61
LÍNGUA PORTUGUESA

Observe alguns superlativos sintéticos: não deixará de ocupar tal função. Temos aí o que chama-
benéfico beneficentíssimo mos de locução adverbial, representada por algumas ex-
bom boníssimo ou ótimo pressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, de
comum comuníssimo modo algum, entre outras.
cruel crudelíssimo Dependendo das circunstâncias expressas pelos advér-
difícil dificílimo bios, eles se classificam em distintas categorias, uma vez
doce dulcíssimo expressas por:
fácil facílimo
fiel fidelíssimo de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pres-
sas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral,
um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres. frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior
Essa relação pode ser: parte dos que terminam em -”mente”: calmamente, triste-
mente, propositadamente, pacientemente, amorosamente,
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala. docemente, escandalosamente, bondosamente, generosa-
mente
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em
Note bem: excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto,
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio quão, tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase,
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, de todo, de muito, por completo.
etc., antepostos ao adjetivo.
2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora,
duas formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en-
radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo fim, afinal, breve, constantemente, entrementes, imediata-
mente, primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às
ou érrimo. Por exemplo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A
vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
forma popular é constituída do radical do adjetivo portu-
quando, de quando em quando, a qualquer momento, de
guês + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
tempos em tempos, em breve, hoje em dia
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariís-
simo, necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as
de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá,
formas seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desa-
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí,
gradável hiato i-í.
abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures,
adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, exter-
Advérbio namente, a distância, à distancia de, de longe, de perto, em
cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta
O advérbio, assim como muitas outras palavras exis-
tentes na Língua Portuguesa, advém de outras línguas. de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
Assim sendo, tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
ideia de proximidade, contiguidade. Essa proximidade faz
referência ao processo verbal, no sentido de caracterizá-lo, de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavel-
ou seja, indicando as circunstâncias em que esse processo mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
se desenvolve. de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efe-
O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no senti- tivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubi-
do de caracterizar os processos expressos por ele. Contu- tavelmente (=sem dúvida).
do, ele não é modificador exclusivo desta classe (verbos),
pois também modifica o adjetivo e até outro advérbio. Se- de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
guem alguns exemplos: mente, simplesmente, só, unicamente
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto,
você está até bem informado. de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam-
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o ad- bém
jetivo alheio, representando uma qualidade, característica.
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente
O artista canta muito mal.
Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica de designação: Eis
outro advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos
pudemos verificar que se tratava de somente uma palavra de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quan-
funcionando como advérbio. No entanto, ele pode estar do? (tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade),
demarcado por mais de uma palavra, que mesmo assim para quê? (finalidade)

62
LÍNGUA PORTUGUESA

Locução adverbial Constatemos as circunstância


os em que os artigos se manifestam:
É reunião de duas ou mais palavras com valor de advér-
bio. Exemplo: - Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
Carlos saiu às pressas. (indicando modo) numeral “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar
Maria saiu à tarde. (indicando tempo) das olimpíadas.

Há locuções adverbiais que possuem advérbios corres- - Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso
pondentes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza,
apressadamente. A Bahia...

Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de - Quando indicado no singular, o artigo definido pode
modo são flexionados, sendo que os demais são todos in- indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
variáveis. A única flexão propriamente dita que existe na
categoria dos advérbios é a de grau: - No caso de nomes próprios personativos, denotando
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe do artigo: O Pedro é o xodó da família.
- longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
inconstitucionalissimamente, etc.; - No caso de os nomes próprios personativos estarem
Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto - no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
pertinho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho. os Incas, Os Astecas...

Artigo - Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)


para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o
Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, artigo), o pronome assume a noção de qualquer.
indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
gênero e o número dos substantivos. (qualquer classe)

Classificação dos Artigos - Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa-


cultativo:
Artigos Definidos: determinam os substantivos de ma- Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo.
neira precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma
Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter
maneira vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei é uns vinte anos.
um animal.
- O artigo também é usado para substantivar palavras
Combinação dos Artigos oriundas de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de
tudo isso.
É muito presente a combinação dos artigos definidos
e indefinidos com preposições. Veja a forma assumida por - Nunca deve ser usado artigo depois do pronome re-
essas combinações: lativo cujo (e flexões).
Este é o homem cujo amigo desapareceu.
Preposições Artigos Este é o autor cuja obra conheço.
o, os
a ao, aos - Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no
de do, dos sentido de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme),
em no, nos a menos que venham especificadas.
por (per) pelo, pelos Eles estavam em casa.
a, as um, uns uma, umas Eles estavam na casa dos amigos.
à, às - - Os marinheiros permaneceram em terra.
da, das dum, duns duma, dumas Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
na, nas num, nuns numa, numas
pela, pelas - - - Não se emprega artigo antes dos pronomes de trata-
mento, com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa
- As formas à e às indicam a fusão da preposição a com excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria.
o artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhe-
cida por crase.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Não se une com preposição o artigo que faz parte do - ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância.
nome de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
Estado de S. Paulo. Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora,
quer...quer, já...já.
Morfossintaxe
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às ora-
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas ções. Ex. Estudei muito, por isso mereço passar.
relações com o substantivo. Assim, nas orações da língua Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois
portuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal (depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.
do substantivo a que se refere. Tal função independe da
função exercida pelo substantivo: - EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex.
A existência é uma poesia. É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá
Uma existência é a poesia. fora.
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (an-
Conjunção tes do verbo), porquanto.
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações Conjunções subordinativas
ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por
exemplo: - CAUSAIS
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as Principais conjunções causais: porque, visto que, já que,
amiguinhas. uma vez que, como (= porque).
Ele não fez o trabalho porque não tem livro.
Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as - COMPARATIVAS
amiguinhas Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...
como, mais...do que, menos...do que.
Cada informação está estruturada em torno de um ver-
Ela fala mais que um papagaio.
bo: segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três ora-
ções:
- CONCESSIVAS
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que,
1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e
mesmo que, apesar de, se bem que.
mostrou 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um
A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e fato inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”.
a terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de
As palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações. estar cansada)
Apesar de ter chovido fui ao cinema.
Observe: Gosto de natação e de futebol.
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são - CONFORMATIVAS
partes ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra Principais conjunções conformativas: como, segundo,
“e” está ligando termos de uma mesma oração. conforme, consoante
Morfossintaxe da Conjunção Cada um colhe conforme semeia.
Expressam uma ideia de acordo, concordância, confor-
As conjunções, a exemplo das preposições, não exer- midade.
cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
Classificação - CONSECUTIVAS
- Conjunções Coordenativas Expressam uma ideia de consequência.
- Conjunções Subordinativas Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”,
“tanto”, “tão”, “tamanho”).
Conjunções coordenativas Falou tanto que ficou rouco.

Dividem-se em: - FINAIS


- ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex. Gos- Expressam ideia de finalidade, objetivo.
to de cantar e de dançar. Todos trabalham para que possam sobreviver.
Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas tam- Principais conjunções finais: para que, a fim de que, por-
bém, não só...como também. que (=para que),

- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de opo- - PROPORCIONAIS


sição, de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada. Principais conjunções proporcionais: à medida que,
Principais conjunções adversativas: mas, porém, contu- quanto mais, ao passo que, à proporção que.
do, todavia, no entanto, entretanto. À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha.

64
LÍNGUA PORTUGUESA

- TEMPORAIS Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = senten-
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, ça (sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!”
logo que.
Quando eu sair, vou passar na locadora. A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em
que não há uma ideia organizada de maneira lógica, como
Diferença entre orações causais e explicativas são as sentenças da língua, mas sim a manifestação de um
suspiro, um estado da alma decorrente de uma situação
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais particular, um momento ou um contexto específico. Exem-
(OSA) e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos de- plos:
paramos com a dúvida de como distinguir uma oração Ah, como eu queria voltar a ser criança!
causal de uma explicativa. Veja os exemplos: ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
atropelado”: hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificati-
va ou uma explicação do fato expresso na oração anterior. O significado das interjeições está vinculado à maneira
b) As orações são coordenadas e, por isso, independen- como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que
tes uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as ora- dita o sentido que a expressão vai adquirir em cada contex-
ções que vêm marcadas por vírgula. to de enunciação. Exemplos:
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado. Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expres-
Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Ora- são na rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te
ção Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela chamando! Ei, espere!”
será explicativa. Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo im- em um hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por
perativo) favor, faça silêncio!”
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra puxa: interjeição; tom da fala: euforia
cidade porque não havia cemitério no local.” Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada puxa: interjeição; tom da fala: decepção
(parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo
verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-la é As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
colocá-la no início do período, introduzida pela conjunção 1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
como - o que não ocorre com a CS Explicativa. tristeza, dor, etc.
Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar Você faz o que no Brasil?
os mortos em outra cidade. Eu? Eu negocio com madeiras.
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente Ah, deve ser muito interessante.
dependentes uma da outra.
Interjeição 2) Sintetizar uma frase apelativa
Cuidado! Saia da minha frente.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções,
sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre As interjeições podem ser formadas por:
o interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento - simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
sem que, para isso, seja necessário fazer uso de estruturas - palavras: Oba!, Olá!, Claro!
linguísticas mais elaboradas. Observe o exemplo: - grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!,
Droga! Preste atenção quando eu estou falando! Ora bolas!

No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. A ideia expressa pela interjeição depende muitas ve-
Toda sua raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia zes da entonação com que é pronunciada; por isso, pode
ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou sim- ocorrer que uma interjeição tenha mais de um sentido. Por
plesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga! exemplo:
As sentenças da língua costumam se organizar de for- Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contra-
ma lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e riedade)
os distribui em posições adequadas a cada um deles. As in- Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)
terjeições, por outro lado, são uma espécie de “palavra-fra-
se”, ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um Classificação das Interjeições
conjunto de palavras - locução interjetiva) que poderia ser
colocada em termos de uma sentença. Veja os exemplos: Comumente, as interjeições expressam sentido de:
Bravo! Bis! - Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi mui- Atenção!, Olha!, Alerta!
to bom! Repitam!” - Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô!

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva! - Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitati-
- Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah! vas, que exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bumba!
- Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!, Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca!
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, - Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
Boa! a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã! tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, e não a fazemos depois do “ó” vocativo.
Safa!, Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora! “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá! Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
- Desculpa: Perdão!
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, - Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas
Oh!, Eh! de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, no diminutivo ou no superlativo: Calminha! Adeusinho!
Epa!, Ora! Obrigadinho!
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!,
Quê!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Interjeições, leitura e produção de textos
Cruz!, Putz!
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Usadas com muita frequência na língua falada informal,
Raios!, Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora! quando empregadas na língua escrita, as interjeições cos-
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade! tumam conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquiali-
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, dade. Além disso, elas podem muitas vezes indicar traços
Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha- pessoais do falante - como a escassez de vocabulário, o
me, Deus! temperamento agressivo ou dócil, até mesmo a origem
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio! geográfica. É nos textos narrativos - particularmente nos
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh! diálogos - que comumente se faz uso das interjeições com
o objetivo de caracterizar personagens e, também, graças à
Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto sua natureza sintética, agilizar as falas. Natureza sintética e
é, não sofrem variação em gênero, número e grau como conteúdo mais emocional do que racional fazem das inter-
os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto jeições presença constante nos textos publicitários.
e voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
gumas interjeições sofrem variação em grau. Deve-se ter Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
claro, neste caso, que não se trata de um processo natural morf89.php
dessa classe de palavra, mas tão só uma variação que a
linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, Numeral
até loguinho.
Locução Interjetiva Numeral é a palavra que indica os seres em termos nu-
méricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma ex- em determinada sequência.
pressão com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora bo-
las! Quem me dera! Virgem Maria! Meu Deus! Ó Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
de casa! Ai de mim! Valha-me Deus! Graças a Deus! [quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
Alto lá! Muito bem! Eu quero café duplo, e você?
...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
Observações: A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
- As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. ...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência
Por exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! = de “fila”]
Peço-lhe que me desculpe.
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
- Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o os números indicam em relação aos seres. Assim, quando
seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se
gramaticais podem aparecer como interjeições. trata de numerais, mas sim de algarismos.
Viva! Basta! (Verbos) Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
Fora! Francamente! (Advérbios) ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala-
vras consideradas numerais porque denotam quantidade,
- A interjeição pode ser considerada uma “palavra-fra- proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década,
se” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.: dúzia, par, ambos(as), novena.
Socorro!, Ajudem-me!, Silêncio!, Fique quieto!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação dos Numerais

Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico: um, dois, cem mil, etc.
Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada: primeiro, segundo, centésimo, etc.
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada:
dobro, triplo, quíntuplo, etc.

Leitura dos Numerais

Separando os números em centenas, de trás para frente, obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte e seis.
45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.

Flexão dos numerais

Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas
em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
primeiro segundo milésimo
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e con-
seguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do
medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças
partes
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de senti-
do. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego dos Numerais

*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo
e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo:
Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são lar-
gamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades
comunitárias de seu bairro.

Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normal-
mente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

Tipos de Preposição

1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, contra,
de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições: como, durante,
exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma delas:
abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de,
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concordância
em gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Vale ressaltar que essa concordância não é característi- A dona da casa não quis nos atender.
ca da preposição, mas das palavras às quais ela se une. Como posso fazer a Joana concordar comigo?
Esse processo de junção de uma preposição com outra
palavra pode se dar a partir de dois processos: - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
1. Combinação: A preposição não sofre alteração. termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
preposição a + artigos definidos o, os Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
a + o = ao Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para pro-
preposição a + advérbio onde curar um tratamento adequado.
a + onde = aonde
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração. - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
lugar e/ou a função de um substantivo.
Preposição + Artigos Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como
De + o(s) = do(s) parte da família
De + a(s) = da(s)
Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém. /
De + um = dum
Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
De + uns = duns
De + uma = duma
De + umas = dumas 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio
Em + o(s) = no(s) das preposições:
Em + a(s) = na(s) Destino = Irei para casa.
Em + um = num Modo = Chegou em casa aos gritos.
Em + uma = numa Lugar = Vou ficar em casa;
Em + uns = nuns Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
Em + umas = numas Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
A + à(s) = à(s) Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
Por + o = pelo(s) Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tra-
Por + a = pela(s) tamento.
Preposição + Pronomes Instrumento = Escreveu a lápis.
De + ele(s) = dele(s) Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
De + ela(s) = dela(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
De + este(s) = deste(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
De + esta(s) = desta(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + esse(s) = desse(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + essa(s) = dessa(s) Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + aquele(s) = daquele(s) Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + aquela(s) = daquela(s) Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + isto = disto Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + isso = disso Fonte:
De + aquilo = daquilo http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + aqui = daqui
De + aí = daí Pronome
De + ali = dali
De + outro = doutro(s)
Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou
De + outra = doutra(s)
a ele se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o
Em + este(s) = neste(s)
Em + esta(s) = nesta(s) de alguma forma.
Em + esse(s) = nesse(s)
Em + aquele(s) = naquele(s) A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
Em + aquela(s) = naquela(s) [substituição do nome]
Em + isto = nisto
Em + isso = nisso A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
Em + aquilo = naquilo [referência ao nome]
A + aquele(s) = àquele(s)
A + aquela(s) = àquela(s) Essa moça morava nos meus sonhos!
A + aquilo = àquilo [qualificação do nome]
Dicas sobre preposição Grande parte dos pronomes não possuem significados
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro
1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome pes- de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên-
soal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a” seja cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos
um artigo, virá precedendo um substantivo. Ele servirá para pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
determiná-lo como um substantivo singular e feminino. nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes

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LÍNGUA PORTUGUESA

têm por função principal apontar para as pessoas do dis- - 1ª pessoa do singular: eu
curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação - 2ª pessoa do singular: tu
no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, - 3ª pessoa do singular: ele, ela
os pronomes apresentam uma forma específica para cada - 1ª pessoa do plural: nós
pessoa do discurso. - 2ª pessoa do plural: vós
- 3ª pessoa do plural: eles, elas
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala]
Atenção: esses pronomes não costumam ser usados
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? como complementos verbais na língua-padrão. Frases
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram
fala] eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser
evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
se fala] me até aqui”.

Em termos morfológicos, os pronomes são palavras Obs.: frequentemente observamos a omissão do pro-
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- nome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência próprias formas verbais marcam, através de suas desinên-
através do pronome seja coerente em termos de gênero cias, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fi-
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto, zemos boa viagem. (Nós)
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.
Pronome Oblíquo
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos-
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
sa escola neste ano.
tença, exerce a função de complemento verbal (objeto di-
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância
reto ou indireto) ou complemento nominal.
adequada]
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
[neste: pronome que determina “ano” = concordância
adequada]
Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor-
variante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação
dância inadequada]
indica a função diversa que eles desempenham na oração:
pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, marca o complemento da oração.
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
Pronomes Pessoais tônicos.
São aqueles que substituem os substantivos, indicando Pronome Oblíquo Átono
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve
assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
“vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
“ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa fraca: Ele me deu um presente.
ou às pessoas de quem fala. O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim con-
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- figurado:
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto - 1ª pessoa do singular (eu): me
ou do caso oblíquo. - 2ª pessoa do singular (tu): te
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
Pronome Reto - 1ª pessoa do plural (nós): nos
- 2ª pessoa do plural (vós): vos
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen- - 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
tença, exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
Nós lhe ofertamos flores. Observações:
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê- O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se
nero (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en-
principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por
Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi- acompanhar diretamente uma preposição, o pronome
gurado: “lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos Atenção: Há construções em que a preposição, apesar
diretos como objetos indiretos. de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o
objetos diretos. verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro-
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combi- nome, deverá ser do caso reto.
nar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for- Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
mas como mo, mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, Não vá sem eu mandar.
lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las.
Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem: - A combinação da preposição “com” e alguns prono-
- Trouxeste o pacote? mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
- Sim, entreguei-to ainda há pouco. conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
- Não contaram a novidade a vocês? quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
- Não, no-la contaram. companhia.
No português do Brasil, essas combinações não são Ele carregava o documento consigo.
usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
é muito raro.
por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas
especiais depois de certas terminações verbais. Quando o todos, ambos ou algum numeral.
verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma Você terá de viajar com nós todos.
lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal Estávamos com vós outros quando chegaram as más no-
é suprimida. Por exemplo: tícias.
fiz + o = fi-lo Ele disse que iria com nós três.
fazeis + o = fazei-lo Pronome Reflexivo
dizer + a = dizê-la
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome as- São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
sume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
viram + o: viram-no da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
repõe + os = repõe-nos expressa pelo verbo.
retém + a: retém-na O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
tem + as = tem-nas - 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Eu não me vanglorio disso.
Pronome Oblíquo Tônico Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.

Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos - 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. Assim tu te prejudicas.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função Conhece a ti mesmo.
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica
forte. - 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim con- Guilherme já se preparou.
figurado: Ela deu a si um presente.
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo Antônio conversou consigo mesmo.
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
- 1ª pessoa do plural (nós): nos.
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
Lavamo-nos no rio.
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
- 2ª pessoa do plural (vós): vos.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô- Vós vos beneficiastes com a esta conquista.
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As - 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. Eles se conheceram.
Elas deram a si um dia de folga.
- As preposições essenciais introduzem sempre prono-
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso A Segunda Pessoa Indireta
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
língua formal, os pronomes costumam ser usados desta A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se
forma: quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem
Não há mais nada entre mim e ti. nosso interlocutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados prono-
Não há nenhuma acusação contra mim. mes de tratamento, que podem ser observados no quadro
Não vá sem mim. seguinte:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes de Tratamento

Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus

Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito
à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.

Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação
à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.

*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.

- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratar-
mos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado suposta-
mente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.

- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a 3ª
pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar na
3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não
poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus cabelos. (correto)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (correto)

Pronomes Possessivos

São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa pos-
suída).
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do singular)

NÚMERO PESSOA PRONOME


singular primeira meu(s), minha(s)
singular segunda teu(s), tua(s)
singular terceira seu(s), sua(s)
plural primeira nosso(s), nossa(s)
plural segunda vosso(s), vossa(s)
plural terceira seu(s), sua(s)
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam com
o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele momento difícil.

Observações:
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, seu José.

72
LÍNGUA PORTUGUESA

2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos- - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
se. Podem ter outros empregos, como: invariáveis, observe:
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
la(s).
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 Invariáveis: isto, isso, aquilo.
anos.
- Também aparecem como pronomes demonstrativos:
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá - o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
seus defeitos, mas eu gosto muito dela. puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela
o pronome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência que te indiquei.)
trouxe sua mensagem?
- mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas que
4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- o procuraram ontem.
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
anotações. - próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram
o problema.
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí-
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe - semelhante(s): Não compre semelhante livro.
os passos. (= Vou seguir seus passos.)
- tal, tais: Tal era a solução para o problema.
Pronomes Demonstrativos
Note que:
Os pronomes demonstrativos são utilizados para expli-
citar a posição de uma certa palavra em relação a outras - Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em
ou ao contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de construções redundantes, com finalidade expressiva, para
espaço, no tempo ou discurso. salientar algum termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa
é que dera em cheio casando com o José Afonso. Desfrutar
No espaço: das belezas brasileiras, isso é que é sorte!
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o
carro está perto da pessoa que fala. - O pronome demonstrativo neutro ou pode represen-
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o tar um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso
carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da em que aparece, geralmente, como objeto direto, predi-
pessoa que fala. cativo ou aposto: O casamento seria um desastre. Todos o
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que pressentiam.
o carro está afastado da pessoa que fala e daquela com
quem falo. - Para evitar a repetição de um verbo anteriormente ex-
presso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer,
Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que faz as
quanto por meio de correspondência, que é uma moda- vezes de): Ninguém teve coragem de falar antes que ela o
lidade escrita de fala), são particularmente importantes o fizesse.
este e o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao
emissor; o segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los - Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa
pode causar ambiguidade. mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em
Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar primeiro lugar: O referido deputado e o Dr. Alcides eram
informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da univer- amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. [ou então: este
sidade destinatária). solteiro, aquele casado]
Reafirmamos a disposição desta universidade em partici-
par no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universida- - O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irô-
de que envia a mensagem). nica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?

No tempo: - Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em


Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta,
refere ao ano presente. disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se = naquilo)
refere a um passado próximo.
Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele
está se referindo a um passado distante.

73
LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Indefinidos Indefinidos Sistemáticos

São palavras que se referem à terceira pessoa do dis- Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, per-
curso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando cebemos que existem alguns grupos que criam oposição
quantidade indeterminada. de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sen-
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém tido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm sentido
-plantadas. negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade afirmati-
va, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade negativa;
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e algo/nada,
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma que se referem à coisa; certo, que particulariza, e qualquer,
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu- que generaliza.
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des- Essas oposições de sentido são muito importantes na
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu- tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- de que fazem parte:
guém, outrem, quem, tudo. Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
Algo o incomoda? prático.
Quem avisa amigo é. Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
pessoas quaisquer.
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade Pronomes Relativos
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s).
Cada povo tem seus costumes. São aqueles que representam nomes já mencionados
Certas pessoas exercem várias profissões. anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
as orações subordinadas adjetivas.
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
ora pronomes indefinidos adjetivos: um grupo racial sobre outros.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), (afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, = oração subordinada adjetiva).
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema”
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s),
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias.
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
Menos palavras e mais ações.
O antecedente do pronome relativo pode ser o prono-
Alguns se contentam pouco.
me demonstrativo o, a, os, as.
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
Não sei o que você está querendo dizer.
riáveis e invariáveis. Observe:
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
expresso.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
Quem casa, quer casa.
tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, ne-
nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, Observe:
algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
outras, quantas. quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, quantas.
algo, cada. Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Note que:
- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego,
São locuções pronominais indefinidas: sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs-
tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu
cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que), antecedente for um substantivo.
quem quer (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
(que), tal qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a
uma ou outra, etc. qual)
Cada um escolheu o vinho desejado. Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as
quais)

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LÍNGUA PORTUGUESA

- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente Pronomes Interrogativos


pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que São usados na formulação de perguntas, sejam elas di-
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa referem- -se à 3ª pessoa do discurso de modo
por motivo de clareza ou depois de determinadas preposi- impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual
ções: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, (e variações), quanto (e variações).
o qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço.
geraria ambiguidade.) Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas
preferes.
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dú- Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quan-
vidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.) tos passageiros desembarcaram.

- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e Sobre os pronomes:


se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
de ser poeta, que era a sua vocação natural. O pronome pessoal é do caso reto quando tem função
de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
- O pronome “cujo” não concorda com o seu antece- quando desempenha função de complemento. Vamos en-
dente, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, tender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na
dos quais, das quais. frase e que função exerce. Observe as orações:
Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas. 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
(antecedente) (consequente) 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
lhe ajudar.

- “Quanto” é pronome relativo quando tem por antece- Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
dente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo: exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
Emprestei tantos quantos foram necessários. reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe”
(antecedente) exercendo função de complemento, e, consequentemente,
Ele fez tudo quanto havia falado. é do caso oblíquo.
(antecedente) Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso,
o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
precedido de preposição. devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).
É um professor a quem muito devemos.
(preposição) Importante: Em observação à segunda oração, o em-
prego do pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do ver-
- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an- bo intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode
tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo
casa onde morava foi assaltada. principal (no caso “ajudar”) esteja no infinitivo ou gerúndio.
Eu desejo lhe perguntar algo.
- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou Eu estou perguntando-lhe algo.
em que.
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
no exterior. tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa- diferentemente dos segundos que são sempre precedidos
lavras: de preposição.
- como (= pelo qual): Não me parece correto o modo - Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu
como você agiu semana passada. estava fazendo.
- quando (= em que): Bons eram os tempos quando po- - Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o
díamos jogar videogame. que eu estava fazendo.
Colocação Pronominal

- Os pronomes relativos permitem reunir duas orações A colocação pronominal é a posição que os pronomes
numa só frase. pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao
O futebol é um esporte. verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos:
O povo gosta muito deste esporte. me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos.
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. O pronome oblíquo átono pode assumir três posições
na oração em relação ao verbo:
- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode 1. próclise: pronome antes do verbo
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de 2. ênclise: pronome depois do verbo
gente que conversava, (que) ria, (que) fumava. 3. mesóclise: pronome no meio do verbo

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LÍNGUA PORTUGUESA

Próclise Mesóclise

A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado
- Palavras com sentido negativo: no futuro do presente ou no futuro do pretérito:
Nada me faz querer sair dessa cama. A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela
Não se trata de nenhuma novidade. se realizará)
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
- Advérbios: proposta a você)
Nesta casa se fala alemão.
Naquele dia me falaram que a professora não veio. Questões sobre Pronome

- Pronomes relativos: 01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012).


A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje. Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram. está claro até onde pode realmente chegar uma política ba-
seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para
- Pronomes indefinidos: o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra.
Quem me disse isso? É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. e da água faça em si diferença, as companhias não podem
suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares por
- Pronomes demonstrativos: tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portanto,
Isso me deixa muito feliz! elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim, ninguém
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! encontrou até agora uma maneira de quantificar adequada-
mente os insumos básicos. E sem eles a maioria das políticas
- Preposição seguida de gerúndio: de crescimento verde sempre será a segunda opção.
Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais (Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)
indicado à pesquisa escolar.
Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, re-
ferem- -se, respectivamente, a
- Conjunção subordinativa:
(A) dúvidas e preços.
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.
(B) dúvidas e insumos básicos.
(C) companhias e insumos básicos.
Ênclise
(D) companhias e preços do carbono e da água.
(E) políticas de crescimento e preços adequados.
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta
não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos áto- 02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-
nos. A ênclise vai acontecer quando: adap.). Fazendo-se as alterações necessárias, o trecho gri-
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: fado está corretamente substituído por um pronome em:
Amem-se uns aos outros. A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo
Sigam-me e não terão derrotas. B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-
- O verbo iniciar a oração: lhes desalentado
Diga-lhe que está tudo bem. C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
Chamaram-me para ser sócio. conhecê-lo?
D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da pre- parecia ser-lhe
posição “a”: E) incomodaram o general... − incomodaram-no
Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
Passaram a cumprimentar-se mutuamente. 03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.).
A substituição do elemento grifado pelo pronome cor-
- O verbo estiver no gerúndio: respondente, com os necessários ajustes, foi realizada de
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreo- modo INCORRETO em:
cupada. A) mostrando o rio= mostrando-o.
Despediu-se, beijando-me a face. B) como escolher sítio= como escolhê-lo.
C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes.
- Houver vírgula ou pausa antes do verbo: D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam = nada
Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no lhes acrescentariam.
mesmo instante. E) viu uma dessas marcas= viu uma delas.
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.
04. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013). Assinale a
alternativa em que o pronome destacado está posicionado
de acordo com a norma-padrão da língua.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(A) Ela não lembrava-se do caminho de volta. ... e fez de tudo para convencer os tripulantes...
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família. Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais. grifados acima foram corretamente substituídos por um
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha. pronome, na ordem dada, em:
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança. (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
(B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2011). Assinale a alterna- (C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes
tiva cujo emprego do pronome está em conformidade com (D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los
a norma padrão da língua. (E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos.
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está aba- 10. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013-
lada. adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras dos
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks. estabelecimentos felizmente comprovam os acontecimen-
(D) Conformado, se rendeu às punições. tos, e testemunhas vão ajudar a polícia na investigação.
(E) Todos querem que combata-se a corrupção. – de acordo com a norma-padrão, os pronomes que subs-
tituem, corretamente, os termos em destaque são:
06. (Papiloscopista Policial = Vunesp - 2013). Assinale A) os comprovam … ajudá-la.
a alternativa correta quanto à colocação pronominal, de B) os comprovam …ajudar-la.
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. C) os comprovam … ajudar-lhe.
(A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que D) lhes comprovam … ajudar-lhe.
eles sejam sempre trazidos junto ao corpo. E) lhes comprovam … ajudá-la.
(B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situa-
ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. GABARITO
(C) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. 01. C 02. E 03. C 04. D 05. C
(D) O homem se indignou quando propuseram-lhe que 06. A 07. C 08. E 09. A 10. A
abrisse a bolsa que encontrara.
(E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma ten- RESOLUÇÃO
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
1-) Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primei-
07. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). ro, não está claro até onde pode realmente chegar uma
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ- política baseada em melhorar a eficiência sem preços ade-
tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______ quados para o carbono, a água e (na maioria dos países
prazo. pobres) a terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos
Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta preços do carbono e da água faça em si diferença, as com-
e respectivamente, considerando a norma culta da língua. panhias não podem suportar ter de pagar, de repente, di-
A) a que … acaba … à gamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer
B) com que … acabam … à preparação. Portanto, elas começam a usar preços-som-
C) de que … acabam … a bra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma-
D) em que … acaba … a neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.
E) dos quais … acaba … à E sem eles a maioria das políticas de crescimento verde
sempre será a segunda opção.
08. (Agente de Apoio Socioeducativo – VUNESP – 2013- 2-)
adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e res- A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los
pectivamente, as lacunas do trecho. B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os
______alguns anos, num programa de televisão, uma jo- desalentado
vem fazia referência______ violência______ o brasileiro estava C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
sujeito de forma cômica. conhecê-las ?
A) Fazem... a ... de que D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
B) Faz ...a ... que parecia sê-lo
C) Fazem ...à ... com que
D) Faz ...à ... que 3-) transpor [...] as matas espessas= transpô-las
E) Faz ...à ... a que
4-)
09. (TRF 3ª região- Técnico Judiciário - /2014) (A) Ela não se lembrava do caminho de volta.
As sereias então devoravam impiedosamente os tripu- (B) A menina tinha se distanciado muito da família.
lantes. (C) A garota disse que se perdeu dos pais.
... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabe- (E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança
ça...

77
LÍNGUA PORTUGUESA

5-) ainda funcionar como núcleo do complemento nominal ou


(A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos. do aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do ob-
(B) Falaram-nos que a diplomacia americana está aba- jeto ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
lada. substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de
(D) Conformado, rendeu-se às punições. adjuntos adverbiais - quando essas funções são desempe-
(E) Todos querem que se combata a corrupção. nhadas por grupos de palavras.

6-) Classificação dos Substantivos


(B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situação
de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. 1- Substantivos Comuns e Próprios
(C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila, com
(D) O homem indignou-se quando lhe propuseram que muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no
abrisse a bolsa que encontrara. Brasil, toda a sede de município é cidade). 2. O centro de
(E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma ten- uma cidade (em oposição aos bairros).
dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
7-) Há pessoas que, mesmo sem condições, compram e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
produtos de que não necessitam e acabam tendo cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
de pagar tudo a prazo. comum.
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
8-) Faz alguns anos, num programa de televisão, uma uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
jovem fazia referência à violência a que o brasileiro homem, mulher, país, cachorro.
estava sujeito de forma cômica. Estamos voando para Barcelona.
Faz, no sentido de tempo passado = sempre no singular
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
9-) pécie cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Pró-
prio: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie
devoravam - verbo terminado em “m” = pronome oblí-
de forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
quo no/na (fizeram-na, colocaram-no)
impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto;
2 - Substantivos Concretos e Abstratos
“lhe” é para objeto indireto

convencer - verbo transitivo direto = pede objeto dire-
LÂMPADA MALA
to; “lhe” é para objeto indireto
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
Os substantivos lâmpada e mala designam seres com
existência própria, que são independentes de outros seres.
10-) – Em ambos os casos, as câmeras dos estabeleci- São substantivos concretos.
mentos felizmente comprovam os acontecimentos, e teste-
munhas vão ajudar a polícia na investigação. Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
felizmente os comprovam ... ajudá-la existe, independentemente de outros seres.
(advérbio) Obs.: os substantivos concretos designam seres do
mundo real e do mundo imaginário.
Substantivo Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Brasília, etc.
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Subs- Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
tantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais ma, etc.
denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenôme-
nos, os substantivos também nomeiam: Observe agora:
-lugares: Alemanha, Porto Alegre... Beleza exposta
-sentimentos: raiva, amor... Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
-estados: alegria, tristeza...
-qualidades: honestidade, sinceridade... O substantivo beleza designa uma qualidade.
-ações: corrida, pescaria...
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que
Morfossintaxe do substantivo dependem de outros para se manifestar ou existir.
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em ge- observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa
ral exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para
atua como núcleo do sujeito, dos complementos verbais se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo
(objeto direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode abstrato.

78
LÍNGUA PORTUGUESA

Os substantivos abstratos designam estados, qualida- molho chaves, verduras


des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser multidão pessoas em geral
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado), ninhada pintos
rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento). nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.)
penca bananas, chaves
3 - Substantivos Coletivos pinacoteca pinturas, quadros
quadrilha ladrões, bandidos
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra ramalhete flores
abelha, mais outra abelha. rebanho ovelhas
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. récua bestas de carga, cavalgadura
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame. repertório peças teatrais, obras musicais
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- réstia alhos ou cebolas
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, romanceiro poesias narrativas
mais outra abelha... revoada pássaros
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural. sínodo párocos
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no sin- talha lenha
gular (enxame) para designar um conjunto de seres da tropa muares, soldados
mesma espécie (abelhas). turma estudantes, trabalhadores
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. vara porcos
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mes-
mo estando no singular, designa um conjunto de seres da Formação dos Substantivos
mesma espécie.
Substantivos Simples e Compostos
Substantivo coletivo Conjunto de:
assembleia pessoas reunidas Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
alcateia lobos terra.
acervo livros O substantivo chuva é formado por um único elemento
antologia trechos literários selecionados ou radical. É um substantivo simples.
arquipélago ilhas
banda músicos Substantivo Simples: é aquele formado por um único
bando desordeiros ou malfeitores elemento.
banca examinadores Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja
batalhão soldados agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois
cardume peixes elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
caravana viajantes peregrinos Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou
cacho frutas mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
cáfila camelos
cancioneiro canções, poesias líricas Substantivos Primitivos e Derivados
colmeia abelhas
chusma gente, pessoas Meu limão meu limoeiro,
concílio bispos meu pé de jacarandá...
congresso parlamentares, cientistas.
elenco atores de uma peça ou filme O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de
esquadra navios de guerra nenhum outro dentro de língua portuguesa.
enxoval roupas Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de
falange soldados, anjos nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O
fauna animais de uma região substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir
feixe lenha, capim da palavra limão.
flora vegetais de uma região Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou-
frota navios mercantes, ônibus tra palavra.
girândola fogos de artifício Flexão dos substantivos
horda bandidos, invasores
junta médicos, bois, credores, examinadores O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
júri jurados vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
legião soldados, anjos, demônios exemplo, pode sofrer variações para indicar:
leva presos, recrutas Plural: meninos Feminino: menina
malta malfeitores ou desordeiros Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho
manada búfalos, bois, elefantes,
matilha cães de raça

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LÍNGUA PORTUGUESA

Flexão de Gênero - Substantivos terminados em -or:


- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar - troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há
dois gêneros: masculino e feminino. Pertencem ao gênero - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: cônsul
masculino os substantivos que podem vir precedidos dos - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque -
artigos o, os, um, uns. Veja estes títulos de filmes: duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
O velho e o mar - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
Um Natal inesquecível final por -a: elefante - elefanta
Os reis da praia
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculino
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que po- e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
dem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
A história sem fim - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
Uma cidade sem passado pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
As tartarugas ninjas czar – czarina réu - ré
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar no-
mes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está Epicenos:
relacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas for- Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
mas, uma para o masculino e outra para o feminino. Obser-
ve: gato – gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso
- prefeita ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma
para indicar o masculino e o feminino.
Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
para o feminino. Classificam-se em:
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré
macho e fêmea.
fêmea.
A cobra macho picou o marinheiro.
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pes-
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
soas: a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio,
o ídolo, o indivíduo.
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pes- Sobrecomuns:
soas por meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a Entregue as crianças à natureza.
doente, o artista e a artista.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo mas-
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem
em ema ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sistema, o sintoma, o teorema. sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
- Existem certos substantivos que, variando de gênero, A criança chorona chamava-se João.
variam em seu significado: o rádio (aparelho receptor) e a A criança chorona chamava-se Maria.
rádio (estação emissora) o capital (dinheiro) e a capital (ci-
dade) Outros substantivos sobrecomuns:
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes criatura.
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
- Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno - Marcela faleceu
aluna. Comuns de Dois Gêneros:
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
masculino: freguês - freguesa
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino de Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
três formas: É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã A distinção de gênero pode ser feita através da análise
-troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti-
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem
Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão - - uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran-
sultana cês - repórter francesa

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LÍNGUA PORTUGUESA

- A palavra personagem é usada indistintamente nos mento, pena grande das asas das aves), o grama (unidade de
dois gêneros. peso), a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa
(recipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada pre- (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
ferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens os bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
personagens dos contos de carochinha. nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino: a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
O problema está nas mulheres de mais idade, que não acei- (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
tam a personagem. ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (estação emissora), o
voga (remador), a voga (moda, popularidade).
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Flexão de Número do Substantivo
Observe o gênero dos substantivos seguintes:
Em português, há dois números gramaticais: o singular,
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
maracajá, o clã, o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o do plural é o “s” final.
soprano, o proclama, o pernoite, o púbis.
Plural dos Substantivos Simples
Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido, - Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa). “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon
- São geralmente masculinos os substantivos de ori- - cânones.
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o - Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o “ns”: homem - homens.
eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
ma, o hematoma. - Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural
pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.
Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.

Gênero dos Nomes de Cidades: Atenção: O plural de caráter é caracteres.

Com raras exceções, nomes de cidades são femininos. - Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
A histórica Ouro Preto. se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
A dinâmica São Paulo. col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul
A acolhedora Porto Alegre. e cônsules.
Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. - Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
duas maneiras:
Gênero e Significação:
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
Muitos substantivos têm uma significação no masculino
e outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que à - Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar
em conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco, Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas
manejando um bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
marca um limite ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe),
a cabeça (parte do corpo), o cisma (separação religiosa, dissi- - Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
dência), a cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor duas maneiras:
cinzenta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinhei-
ro), a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma - Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
(cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na
administração da crisma e de outros sacramentos), a crisma - Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
(sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície
de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (docu-

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de Plural das Palavras Substantivadas


três maneiras.
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos no plural, as flexões próprias dos substantivos.
Pese bem os prós e os contras.
- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: O aluno errou na prova dos noves.
o látex - os látex. Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou
Plural dos Substantivos Compostos “z” não variam no plural: Nas provas mensais consegui mui-
tos seis e alguns dez.
-A formação do plural dos substantivos compostos de-
pende da forma como são grafados, do tipo de palavras Plural dos Diminutivos
que formam o composto e da relação que estabelecem en-
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final
como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/ pãe(s) + zinhos = pãezinhos
malmequeres. animai(s) + zinhos = animaizinhos
O plural dos substantivos compostos cujos elementos botõe(s) + zinhos = botõezinhos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir: farói(s) + zinhos = faroizinhos
tren(s) + zinhos = trenzinhos
- Flexionam-se os dois elementos, quando formados colhere(s) + zinhas = colherezinhas
de: flore(s) + zinhas = florezinhas
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores mão(s) + zinhas = mãozinhas
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per- papéi(s) + zinhos = papeizinhos
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
feitos
funi(s) + zinhos = funizinhos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
pai(s) + zinhos = paizinhos
pé(s) + zinhos = pezinhos
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
pé(s) + zitos = pezitos
formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
Plural dos Nomes Próprios Personativos
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
alto- -falantes Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos sempre que a terminação preste-se à flexão.
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando Os Napoleões também são derrotados.
formados de: As Raquéis e Esteres.
substantivo + preposição clara + substantivo = água-
de-colônia e águas-de-colônia Plural dos Substantivos Estrangeiros
substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
lo-vapor e cavalos-vapor Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es-
substantivo + substantivo que funciona como determi- critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exce-
nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo to quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os
do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba jazz.
-relógio - bombas-relógio, notícia-bomba - notícias-bomba,
homem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada. Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor-
do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
- Permanecem invariáveis, quando formados de: jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons,
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora os réquiens.
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa- Observe o exemplo:
ca-rolhas Este jogador faz gols toda vez que joga.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
- Casos Especiais
o louva-a-deus e os louva-a-deus Plural com Mudança de Timbre
o bem-te-vi e os bem-te-vis
o bem-me-quer e os bem-me-queres Certos substantivos formam o plural com mudança de
o joão-ninguém e os joões-ninguém. timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato
fonético chamado metafonia (plural metafônico).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Singular Plural O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não


corpo (ô) corpos (ó) os seus possíveis significados. Observe que palavras como
esforço esforços corrida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo
fogo fogos ao de alguns verbos mencionados acima; não apresentam,
forno fornos porém, todas as possibilidades de flexão que esses verbos
fosso fossos possuem.
imposto impostos Estrutura das Formas Verbais
olho olhos
osso (ô) ossos (ó) Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode
ovo ovos apresentar os seguintes elementos:
poço poços - Radical: é a parte invariável, que expressa o significa-
porto portos do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am.
posto postos (radical fal-)
tijolo tijolos - Tema: é o radical seguido da vogal temática que in-
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo:
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol- fala-r
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar),
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne),
2ª - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I -
de molho (ó) = feixe (molho de lenha).
(partir).
Particularidades sobre o Número dos Substantivos - Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)
norte, o leste, o oeste, a fé, etc. falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)
- Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, - Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. signa a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (sin-
- Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do gular ou plural):
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)
bom nome) e honras (homenagem, títulos). falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
- Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural: Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados
Aqui morreu muito negro. (compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação,
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”,
improvisadas. apesar de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em
Flexão de Grau do Substantivo algumas formas do verbo: põe, pões, põem, etc.
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera- dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
do normal. Por exemplo: casa bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
do ser. Classifica-se em: no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, aprende-
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje- rão, nutriríamos.
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Classificação dos Verbos
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
cador de aumento. Por exemplo: casarão.
Classificam-se em:
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho - Regulares: são aqueles que possuem as desinências
do ser. Pode ser: normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca al-
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo terações no radical: canto cantei cantarei cantava
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. cantasse.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi- - Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
cador de diminuição. Por exemplo: casinha. ções no radical ou nas desinências: faço fiz farei fi-
zesse.
Verbo - Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
gação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pessoa, e pessoais:
número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros * Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Nor-
processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover); malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
ocorrência (nascer); desejo (querer). principais verbos impessoais são:

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LÍNGUA PORTUGUESA

** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se ou fazer (em orações temporais).
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)

** fazer, ser e estar (quando indicam tempo)


Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
Era primavera quando a conheci.
Estava frio naquele dia.

** Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci mal- -humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figu-
rado. Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal.

Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)


Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

** São impessoais, ainda:

1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo: Já passa das seis.


2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de, indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referência a
sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos,
então, pessoais.
4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uns trocados?

* Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
A fruta amadureceu.
As frutas amadureceram.

Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadureceu
bastante.

Entre os unipessoais estão os verbos que significam vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo, caca-
rejar: galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo

Os principais verbos unipessoais são:


1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário, etc.):
Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos bastante.)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)

2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.

* Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos contextos.
- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de
sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de
formas verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento
e a popularização da informática, tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas
(particípio irregular). Observe:
INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR
Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais,
ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal,
quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar as moscas.


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

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LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

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LÍNGUA PORTUGUESA

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mes-
ma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:

- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abs-
ter-se, ater- -se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade
já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia re-
flexiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.

87
LÍNGUA PORTUGUESA

Observações: Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em


- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exem-
oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem plo:
função sintática. Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
- Há verbos que também são acompanhados de pro- Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
nomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente
pronominais, são os verbos reflexivos. Nos verbos refle- - Particípio: quando não é empregado na formação
xivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa dos tempos compostos, o particípio indica geralmente o
idêntica à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exem- resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gê-
plo: nero, número e grau. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me Terminados os exames, os candidatos saíram.
(objeto direto) - 1ª pessoa do singular
Quando o particípio exprime somente estado, sem ne-
Modos Verbais nhuma relação temporal, assume verdadeiramente a fun-
ção de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a alu-
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas na escolhida para representar a escola.
pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, exis-
tem três modos: Tempos Verbais
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu sem-
pre estudo. Tomando-se como referência o momento em que se
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Tal- fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
vez eu estude amanhã. tempos. Veja:
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda
agora, menino. 1. Tempos do Indicativo

Formas Nominais - Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste co-


légio.
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for- - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido
mas que podem exercer funções de nomes (substantivo, num momento anterior ao atual, mas que não foi comple-
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas tamente terminado: Ele estudava as lições quando foi inter-
nominais. Observe: rompido.
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo - Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
substantivo. Por exemplo: Ele estudou as lições ontem à noite.
Viver é lutar. (= vida é luta) - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já tinha es-
tudado as lições quando os amigos chegaram. (forma com-
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen- posta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por (forma simples).
exemplo: - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve
É preciso ler este livro. ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento
Era preciso ter lido este livro. atual: Ele estudará as lições amanhã.
- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode
- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três ocorrer posteriormente a um determinado fato passado:
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não Se eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im-
pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira: 2. Tempos do Subjuntivo
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós) - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no mo-
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós) mento atual: É conveniente que estudes para o exame.
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles) - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado,
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele ven-
boa colocação. cesse o jogo.
Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas cons-
- Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo truções em que se expressa a ideia de condição ou desejo.
ou advérbio. Por exemplo: Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do cam-
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad- peonato.
vérbio) - Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de ad- ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando
jetivo) ele vier à loja, levará as encomendas.

88
LÍNGUA PORTUGUESA

Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à
loja, levará as encomendas.
Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação

CANTAR VENDER PARTIR


cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

89
LÍNGUA PORTUGUESA

Futuro do Pretérito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação

CANTAR VENDER PARTIR


cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa
correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

90
LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

Questões sobre Verbo

01. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO - ASSISTENTE SOCIAL JUDICIÁRIO - VUNESP/2012) Assinale a
alternativa em que todos os verbos estão conjugados segundo a norma-padrão.
(A) Absteu-se do álcool durante anos; agora, voltou ao vício.
(B) Perderam seus documentos durante a viagem, mas já os reaveram.
(C) Avisem-me, se vocês verem que estão ocorrendo conflitos.
(D) Só haverá acordo se nós propormos uma boa indenização.
(E) Antes do jantar, a criançada se entretinha com jogos eletrônicos.

02. (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)


... e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Central até o mar Cáspio e além.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está em:
(A) ... e de lá por navios que contornam a Índia...
(B) ... era a capital da China.
(C) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
(D) ... dispararam na última década.
(E) ... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...

91
LÍNGUA PORTUGUESA

03. (TRF - 2ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - 07. (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) É importante
FCC/2012) O emprego, a grafia e a flexão dos verbos estão que a inserção da perspectiva da sustentabilidade na cultura
corretos em: empresarial, por meio das ações e projetos de Educação Am-
(A) A revalorização e a nova proeminência de Paraty biental, esteja alinhada a esses conceitos.
não prescindiram e não requiseram mais do que o esqueci- O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o
mento e a passagem do tempo. verbo grifado na frase acima está em:
(B) Quando se imaginou que Paraty havia sido para (A) ... a Empresa desenvolve todas as suas ações, polí-
sempre renegada a um segundo plano, eis que ela imerge ticas...
do esquecimento, em 1974. (B) ... as definições de Educação Ambiental são abran-
(C) A cada novo ciclo econômico retificava-se a impor- gentes...
tância estratégica de Paraty, até que, a partir de 1855, so- (C) ... também se associa o Desenvolvimento Sustentá-
breviram longos anos de esquecimento. vel...
(D) A Casa Azul envidará todos os esforços, refreando (D) ... e incorporou [...] também aspectos de desenvol-
as ações predatórias, para que a cidade não sucumba aos vimento humano.
atropelos do turismo selvagem. (E)... e reforce a identidade das comunidades.
(E) Paraty imbuiu da sorte e do destino os meios para
que obtesse, agora em definitivo, o prestígio de um polo 08. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JA-
turístico de inegável valor histórico. NEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIO-
TECONOMIA – FGV PROJETOS /2014) Na frase “se você
04. (TRF - 3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - quiser ir mais longe”, a forma verbal empregada tem sua
FCC/2014) Tinham seus prediletos ... forma corretamente conjugada. A frase abaixo em que a
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o forma verbal está ERRADA é
grifado acima está em: (A) se você se opuser a esse desejo.
(A) Dumas consentiu. (B) se você requerer este documento.
(B) ... levaram com eles a instituição do “lector”. (C) se você ver esse quadro.
(C) ... enquanto uma fileira de trabalhadores enrolam (D) se você provier da China.
charutos... (E) se você se entretiver com o jogo.
(D) Despontava a nova capital mundial do Havana.
(E) ... que cedesse o nome de seu herói... 09. (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ENGENHEIRO –
ÁREA CIVIL – VUNESP/2011) Considere as frases:
05.(Analista – Arquitetura – FCC – 2013-adap.). Está ade- I. Há diversos projetos de lei em tramitação na Câmara.
quada a correlação entre tempos e modos verbais na frase: II. Caso a bondade seja aprovada, haverá custo adicional
A) Os que levariam a vida pensando apenas nos valores de 5,4 bilhões de reais por ano.
absolutos talvez façam melhor se pensassem no encanto Assinale a alternativa que, respectivamente, substitui o
dos pequenos bons momentos. verbo haver pelo verbo existir, conservando o tempo e o
B) Há até quem queira saber quem fosse o maior ban- modo.
dido entre os que recebessem destaque nos popularescos (A) Existe – existe
programas da TV. (B) Existem – existirão
C) Não admira que os leitores de Manuel Bandeira gos- (C) Existirão – existirá
tam tanto de sua poesia, sobretudo porque ela não tenha (D) Existem – existirá
aspirações a ser metafísica. (E) Existiriam – existiria
D) Se os adeptos da fama a qualquer custo levarem em
conta nossa condição de mortais, não precisariam preocu- 10. (MPE/PE – ANALISTA MINISTERIAL – FCC/2012)
par-se com os degraus da notoriedade. ... pois assim se via transportado de volta “à glória que foi
E) Quanto mais aproveitássemos o que houvesse de a Grécia e à grandeza que foi Roma”.
grande nos momentos felizes, menos precisaríamos nos O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o
preocupar com conquistas superlativas. grifado acima está em:
a) Poe certamente acreditava nisso...
06. (TRF - 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – b) Se Grécia e Roma foram, para Poe, uma espécie de
FCC/2012) ...Ou pretendia. casa...
O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o c) ... ainda seja por nós obscuramente sentido como
grifado acima está em: verdadeiro, embora não de modo consciente.
a) ... ao que der ... d) ... como um legado que provê o fundamento de nos-
b) ... virava a palavra pelo avesso ... sas sensibilidades.
c) Não teria graça ... e) Seria ela efetivamente, para o poeta, uma encarnação
d) ... um conto que sai de um palíndromo ... da princesa homérica?
e) ... como decidiu o seu destino de escritor.

92
LÍNGUA PORTUGUESA

GABARITO 6-) Pretendia = pretérito imperfeito do Indicativo


a) ... ao que der ... = futuro do Subjuntivo
01.E 02. B 03. D 04. D 05. E b) ... virava = pretérito imperfeito do Indicativo
06.B 07. E 08. C 09. D 10.B c) Não teria = futuro do pretérito do Indicativo
RESOLUÇÃO d) ... um conto que sai = presente do Indicativo
e) ... como decidiu = pretérito perfeito do Indicativo
1-) Correção à frente:
(A) Absteu-se = absteve-se 7-) O verbo “esteja” está no presente do Subjuntivo.
(B) mas já os reaveram = reouveram (A) ... a Empresa desenvolve = presente do Indicativo
(C) se vocês verem = virem (B) ... as definições de Educação Ambiental são = pre-
(D) Só haverá acordo se nós propormos = propusermos sente do Indicativo
(E) Antes do jantar, a criançada se entretinha com jogos (C) ... também se associa o Desenvolvimento Sustentá-
eletrônicos. vel... = presente do Indicativo
(D) ... e incorporou [...] = pretérito perfeito do Indicativo
2-) Percorriam = Pretérito Imperfeito do Indicativo (E)... e reforce a identidade das comunidades. = presen-
A = contornam – presente do Indicativo te do Subjuntivo.
B = era = pretérito imperfeito do Indicativo
C = foi = pretérito perfeito do Indicativo
8-)
D = dispararam = pretérito mais-que-perfeito do Indi-
(A) se você se opuser a esse desejo.
cativo
E = acompanham = presente do Indicativo (B) se você requerer este documento.
(C) se você ver esse quadro.= se você vir
3-) Acrescentei as formas verbais adequadas nas ora- (D) se você provier da China.
ções analisadas: (E) se você se entretiver com o jogo.
(A) A revalorização e a nova proeminência de Paraty
não prescindiram e não requiseram (requereram) mais do 9-) Há = presente do Indicativo / haverá = futuro do
que o esquecimento e a passagem do tempo. presente do indicativo.
(B) Quando se imaginou que Paraty havia sido para Ao substituirmos pelo verbo “existir”, lembremo-nos de
sempre renegada a um segundo plano, eis que ela imerge que esse sofrerá flexão de número (irá para o plural, caso
(emerge) do esquecimento, em 1974. seja necessário):
(C) A cada novo ciclo econômico retificava-se a impor- I. Existem diversos projetos de lei em tramitação na Câ-
tância estratégica de Paraty, até que, a partir de 1855, so- mara.
breviram (sobrevieram) longos anos de esquecimento. II. Caso a bondade seja aprovada, existirá custo adicio-
(D) A Casa Azul envidará todos os esforços, refreando nal de 5,4 bilhões de reais por ano.
as ações predatórias, para que a cidade não sucumba aos Existem / existirá.
atropelos do turismo selvagem.
(E) Paraty imbuiu da sorte e do destino os meios para 10-) Foi = pretérito perfeito do Indicativo
que obtesse, (obtivesse) agora em definitivo, o prestígio de a) Poe certamente acreditava = pretérito imperfeito do
um polo turístico de inegável valor histórico. Indicativo
b) Se Grécia e Roma foram = pretérito perfeito do In-
4-)Tinham = pretérito imperfeito do Indicativo. Vamos dicativo
às alternativas: c) ... ainda seja = presente do Subjuntivo
Consentiu = pretérito perfeito / levaram = pretérito d) ... como um legado que provê = presente do Indi-
perfeito (e mais-que-perfeito) do Indicativo
cativo
Despontava = pretérito imperfeito do Indicativo
e) Seria = futuro do pretérito do Indicativo
Cedesse = pretérito do Subjuntivo

5-) Vozes do Verbo


A) Os que levam a vida pensando apenas nos valores
absolutos talvez fariam melhor se pensassem no encanto Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para
dos pequenos bons momentos. indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente da
B) Há até quem queira saber quem é o maior bandido ação. São três as vozes verbais:
entre os que recebem destaque nos popularescos progra-
mas da TV. - Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação
C) Não admira que os leitores de Manuel Bandeira gos- expressa pelo verbo. Por exemplo:
tem tanto de sua poesia, sobretudo porque ela não tem Ele fez o trabalho.
aspirações a ser metafísica. sujeito agente ação objeto (pacien-
D) Se os adeptos da fama a qualquer custo levassem em te)
conta nossa condição de mortais, não precisariam preocu-
par-se com os degraus da notoriedade.

93
LÍNGUA PORTUGUESA

- Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a Abriram-se as inscrições para o concurso.


ação expressa pelo verbo. Por exemplo: Destruiu-se o velho prédio da escola.
O trabalho foi feito por ele. Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva
sujeito paciente ação agente da pas- sintética.
siva Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz la-
- Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agen- tina de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacio-
te e paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo: nam com o significado sofrimento, padecimento. Daí vem
O menino feriu-se. o significado de voz passiva como sendo a voz que expres-
sa a ação sofrida pelo sujeito. Na voz passiva temos dois
Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com elementos que nem sempre aparecem: SUJEITO PACIENTE
a noção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao e AGENTE DA PASSIVA.
outro)
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva
Formação da Voz Passiva
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
A voz passiva pode ser formada por dois processos: tancialmente o sentido da frase.
analítico e sintético. Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
1- Voz Passiva Analítica
A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Pas-
Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio
siva)
do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada. Sujeito da Passiva Agente da Passiva
O trabalho é feito por ele.
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o
Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo
da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de solda- Observe mais exemplos:
dos.
- Pode acontecer ainda que o agente da passiva não - Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
esteja explícito na frase: A exposição será aberta amanhã. Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
mestres.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma- - Eu o acompanharei.
ção das frases seguintes: Ele será acompanhado por mim.
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo)
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indi- Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado,
cativo) não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) Saiba que:
- Aos verbos que não são ativos nem passivos ou refle-
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) xivos, são chamados neutros.
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) O vinho é bom.
Aqui chove muito.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa.
- Há formas passivas com sentido ativo:
Observe a transformação da frase seguinte:
É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva
analítica com outros verbos que podem eventualmente - Inversamente, usamos formas ativas com sentido pas-
funcionar como auxiliares. Por exemplo: A moça ficou mar- sivo:
cada pela doença. Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)
2- Voz Passiva Sintética
- Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido
A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o
o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. sujeito é paciente.
Por exemplo: Chamo-me Luís.

94
LÍNGUA PORTUGUESA

Batizei-me na Igreja do Carmo. 06.(SEE/SP – PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II E PRO-


Operou-se de hérnia. FESSOR II – LÍNGUA PORTUGUESA - FCC/2011) ...permite
Vacinaram-se contra a gripe. que os criadores tomem atitudes quando a proliferação de
algas tóxicas ameaça os peixes.
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ A transposição para a voz passiva da oração grifada aci-
morf54.php ma teria, de acordo com a norma culta, como forma verbal
Questões sobre Vozes dos Verbos resultante:
(A) ameaçavam.
01. (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) A fra- (B) foram ameaçadas.
se que admite transposição para a voz passiva é: (C) ameaçarem.
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado. (D) estiver sendo ameaçada.
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma (E) forem ameaçados.
grande diversidade de fenômenos.
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda- 07. (INFRAERO – ENGENHEIRO SANITARISTA –
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação. FCC/2011) Transpondo-se para a voz passiva a frase Um
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da figurante pode obscurecer a atuação de um protagonista, a
vida (...). forma verbal obtida será:
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido (A) pode ser obscurecido.
e da falsa consciência. (B) obscurecerá.
(C) pode ter obscurecido.
02. (TRE/RS – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) ... a (D) pode ser obscurecida.
Coreia do Norte interrompeu comunicações com o vizinho ... (E) será obscurecida.
Transpondo a frase acima para a voz passiva, a forma
verbal corretamente obtida é: 08.(GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – PRO-
a) tinha interrompido. CON – ADVOGADO – CEPERJ/2012) “todos que são impac-
b) foram interrompidas.
tados pelas mídias de massa”
c) fora interrompido.
O fragmento transcrito acima apresenta uma constru-
d) haviam sido interrompidas.
ção na voz passiva do verbo. Outro exemplo de voz passiva
e) haveriam de ser interrompidas.
encontra-se em:
A) “As crianças brasileiras influenciam 80% das decisões
03. (FCC-TRE-Analista Judiciário – 2011) Transpondo-se
de compra de uma família”
para a voz passiva a frase Hoje a autoria institucional en-
frenta séria concorrência dos autores anônimos, obter-se-á B) “A publicidade na TV é a principal ferramenta do
a seguinte forma verbal: mercado para a persuasão do público infantil”
(A) são enfrentados. C) “evidenciaram outros fatores que influenciam as
(B) tem enfrentado. crianças brasileiras nas práticas de consumo.”
(C) tem sido enfrentada. D) “Elas são assediadas pelo mercado”
(D) têm sido enfrentados. E) “valores distorcidos são de fato um problema de or-
(E) é enfrentada. dem ética”

04. (TRF - 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – 09. (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – CASA CI-
FCC/2012) Para o Brasil, o fundamental é que, ao exercer a VIL – EXECUTIVO PÚBLICO – FCC/2010) Transpondo a frase
responsabilidade de proteger pela via militar, a comunida- o diretor estava promovendo seu filme para a voz passiva,
de internacional [...] observe outro preceito ... obtém-se corretamente o seguinte segmento:
Transpondo-se o segmento grifado acima para a voz (A) tinha recebido promoção.
passiva, a forma verbal resultante será: (B) estaria sendo promovido.
a) é observado. (C) fizera a promoção.
b) seja observado. (D) estava sendo promovido.
c) ser observado. (E) havia sido promovido.
d) é observada.
e) for observado. 10. -) (MPE/PE – ANALISTA MINISTERIAL – FCC/2012)
Da sede do poder no Brasil holandês, Marcgrave acompa-
05. (Analista de Procuradoria – FCC – 2013-adap) Trans- nhou e anotou, sempre sozinho, alguns fenômenos celestes,
pondo- -se para a voz passiva a frase O poeta teria sobretudo eclipses lunares e solares.
aberto um diálogo entre as duas partes, a forma verbal re- Ao transpor-se a frase acima para a voz passiva, as for-
sultante será: mas verbais resultantes serão:
A) fora aberto. a) eram anotados e acompanhados.
B) abriria. b) fora anotado e acompanhado.
C) teria sido aberto. c) foram anotados e acompanhados.
D) teriam sido abertas. d) anota-se e acompanha-se.
E) foi aberto. e) foi anotado e acompanhado.

95
LÍNGUA PORTUGUESA

GABARITO 9-) o diretor estava promovendo seu filme = dois ver-


bos na voz ativa, três na passiva: seu filme estava sendo
01. B 02.B 03. E 04.B 05. C produzido.
06. E 07. D 08. D 09.D 10.C
10-)Marcgrave acompanhou e anotou alguns fenô-
RESOLUÇÃO menos celestes = voz ativa com um verbo (sem auxiliar!),
então na passiva teremos dois: alguns fenômenos foram
1-) acompanhados e anotados por Marcgrave.
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado.
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
grande diversidade de fenômenos. COMPREENSÃO DE ESTRUTURAS TEMÁTICA
- Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e E LEXICAL COMPLEXAS. AMBIGUIDADE E
explicada pelo conceito... PARÁFRASE. RELAÇÃO DE SINONÍMIA ENTRE
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda- UMA EXPRESSÃO VOCABULAR COMPLEXA E
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
UMA PALAVRA.
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
vida (...).
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
e da falsa consciência. Ambiguidade

2-) ... a Coreia do Norte interrompeu comunicações Ela surge quando algo que está sendo dito admite
com o vizinho = voz ativa com um verbo, então a passiva mais de um sentido, comprometendo a compreensão do
terá dois: comunicações com o vizinho foram interrompi- conteúdo. Isso pode suscitar dúvidas no leitor e levá-lo a
das pela Coreia... conclusões equivocadas na interpretação do texto. A am-
biguidade é um dos problemas que podem ser evitados.
3-) Hoje a autoria institucional enfrenta séria concor- A inadequação ou a má colocação de elementos como
rência dos autores anônimos = Séria concorrência é en- pronomes, adjuntos adverbiais, expressões e até mesmo
frentada pela autoria... enunciados inteiros podem acarretar em duplo sentido,
comprometendo a clareza do texto. Observe os exemplos
4-) a comunidade internacional [...] observe outro pre- que seguem:
ceito = se na voz ativa temos um verbo, na passiva tere- “O professor falou com o aluno parado na sala”
mos dois: outro preceito seja observado. Neste caso, a ambiguidade decorre da má construção
sintática deste enunciado. Quem estava parado na sala? O
5-) O poeta teria aberto um diálogo entre as duas par- aluno ou o professor? A solução é, mais uma vez, colocar
tes = Um diálogo teria sido aberto... “parado na sala” logo ao lado do termo a que se refere:
“Parado na sala, o professor falou com o aluno”; ou “O pro-
6-) Quando a proliferação ameaça os peixes = voz ativa fessor falou com o aluno, que estava parado na sala”.
Quando os peixes forem ameaçados pela proliferação...
= voz passiva “A polícia cercou o ladrão do banco na Rua Santos.”

7-) Um figurante pode obscurecer a atuação de um O banco ficava na Rua Santos, ou a polícia cercou o
protagonista. ladrão nessa rua? A ambiguidade resulta da má colocação
Se na voz ativa temos um verbo, na passiva teremos do adjunto adverbial. Para evitar isso, coloque “na Rua San-
dois; se na ativa temos dois, na passiva teremos três. Então: tos” mais perto do núcleo de sentido a que se refere: “Na
A atuação de um protagonista pode ser obscurecida por rua Santos, a polícia cercou o ladrão”; ou “A polícia cercou o
um figurante. ladrão do banco que localiza-se na rua Santos”.

8-) “Pessoas que consomem bebidas alcoólicas com fre-


A) “As crianças brasileiras influenciam 80% das deci- quência apresentam sintomas de irritabilidade e depressão.”
sões de compra de uma família” = voz ativa
B) “A publicidade na TV é a principal ferramenta do Mais uma vez a duplicidade de sentido é provocada
mercado para a persuasão do público infantil” = ativa (ver- pela má colocação do adjunto adverbial. Assim, pode-se
bo de ligação); não dá para passar para a passiva entender que “As pessoas que, com frequência, consomem
C) “evidenciaram outros fatores que influenciam as bebidas alcoólicas apresentam sintomas de irritabilidade e
crianças brasileiras nas práticas de consumo.” = ativa depressão” ou que “As pessoas que consomem bebidas al-
D) “Elas são assediadas pelo mercado” = voz passiva coólicas apresentam, com frequência, sintomas de irritabili-
E) “valores distorcidos são de fato um problema de or- dade e depressão”.
dem ética” = ativa (verbo de ligação); não dá para passar
para a passiva

96
LÍNGUA PORTUGUESA

Em certos casos, a ambiguidade pode se transformar “Um rei que é fraco torna fraco até mesmo um povo
num importante recurso estilístico na construção do sen- vigoroso.”
tido do texto. O apelo a esse recurso pode ser fundamen-
tal para provocar o efeito polissêmico do texto. Os textos Nem é preciso dizer que não existem paráfrases per-
literários, de maneira geral (como romances, poemas ou feitas.
crônicas), são textos com predomínio da linguagem cono- Paralelismo
tativa (figurada). Nesse caso, o caráter metafórico pode de- Notadamente, a construção textual é concebida como
rivar do emprego deliberado da ambiguidade. um procedimento dotado de grande complexidade, haja
Podemos verificar a presença da ambiguidade como vista que o fato de as ideias emergirem com uma certa fa-
recurso literário analisando a letra da canção “Jack Soul cilidade não significa transpô-las para o papel sem a devi-
Brasileiro”, do compositor Lenine. da ordenação. Tal complexidade nos remete à noção das
Já que sou brasileiro competências inerentes ao emissor diante da elaboração
E que o som do pandeiro é certeiro e tem direção do discurso, dada a necessidade de este se perfazer pela
Já que subi nesse ringue clareza e precisão.
E o país do suingue é o país da contradição Infere-se, portanto, que as competências estão rela-
Eu canto pro rei da levada cionadas aos conhecimentos que o usuário tem dos fatos
Na lei da embolada, na língua da percussão linguísticos, aplicando-os de acordo com o objetivo pre-
A dança, a muganga, o dengo tendido pela enunciação. De modo mais claro, ressaltamos
A ginga do mamulengo a importância da estrutura discursiva se pautar pela pon-
O charme dessa nação (...) tuação, concordância, coerência, coesão e demais requisi-
tos necessários à objetividade retratada pela mensagem.
Podemos observar que o primeiro verso (“Já que sou Atendo-nos de forma específica aos inúmeros aspectos
brasileiro”) permite até três interpretações diferentes. A que norteiam os já citados fatos linguísticos, ressaltamos
primeira delas corresponde ao sentido literal do texto, em determinados recursos cuja função se atribui por conferi-
que o poeta afirma-se como brasileiro de fato. A segunda rem estilo à construção textual, o paralelismo sintático e
interpretação permite pensar em uma referência ao cantor semântico. Caracterizam-se pelas relações de semelhança
e compositor Jackson do Pandeiro - o “Zé Jack” -, um dos existente entre palavras e expressões que se efetivam tanto
maiores ritmistas de todos os tempos, considerado um íco- de ordem morfológica (quando pertencem à mesma classe
ne da história da música popular brasileira, de quem Lenine gramatical), sintática (quando há semelhança entre frases
se diz seguidor. A terceira leitura para esse verso seria a ou orações) e semântica (quando há correspondência de
referência à “soul music” norte-americana, que teve grande sentido entre os termos).
influência na música brasileira a partir da década de 1960. Casos recorrentes se manifestam no momento da es-
crita indicando que houve a quebra destes recursos, tor-
Na publicidade, é possível observar o “uso e o abuso” nando-se imperceptíveis aos olhos de quem a produz,
da linguagem plurissignificante, por meio dos trocadilhos interferindo de forma negativa na textualidade como um
e jogos de palavras. Esse procedimento visa chamar a todo. Como podemos conferir por meio dos seguintes ca-
atenção do interlocutor para a mensagem. Para entender sos:
melhor, vamos analisar a seguir um anúncio publicitário,
veiculado por várias revistas importantes. Durante as quartas-de-final, o time do Brasil vai enfren-
tar a Holanda. Constatamos a falta de paralelismo semân-
Sempre presente - Ferracini Calçados tico, ao analisarmos que o time brasileiro não enfrentará o
país, e sim a seleção que o representa. Reestruturando a
O slogan “Sempre presente” pode apresentar, de iní- oração, obteríamos: Durante as quartas-de-final, o time do
cio, duas leituras possíveis: o calçado Ferracini é sempre Brasil vai enfrentar a seleção da Holanda.
uma boa opção para presentear alguém; ou, ainda, o cal-
çado Ferracini está sempre presente em qualquer ocasião, Se eles comparecessem à reunião, ficaremos muito
já que, supõe-se, pode ser usado no dia a dia ou em uma agradecidos. Eis que estamos diante de um corriqueiro
ocasião especial. procedimento linguístico, embora considerado incorreto,
sobretudo, pela incoerência conferida pelos tempos ver-
Paráfrase bais (comparecessem/ficaremos). O contrário acontece se
disséssemos: Se eles comparecessem à reunião, ficaríamos
A paráfrase consiste na tradução do sentido de uma muito agradecidos.
expressão ou de um enunciado com palavras diferentes.
Exemplo: Ambos relacionados à mesma ideia, denotando uma
incerteza quanto à ação. Ampliando a noção sobre a corre-
“Um fraco rei faz fraca a forte gente.” ta utilização destes recursos, analisemos alguns casos em
que eles se aplicam:
Esse famoso verso de Camões pode ser assim parafra-
seado:

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LÍNGUA PORTUGUESA

- não só... mas (como) também: A violência não só - Adversário e antagonista.


aumentou nos grandes centros urbanos, mas também no in- - Translúcido e diáfano.
terior. Percebemos que tal construção confere-nos a ideia - Semicírculo e hemiciclo.
de adição em comparar ambas as situações em que a vio- - Contraveneno e antídoto.
lência se manifesta. - Moral e ética.
- Colóquio e diálogo.
- Quanto mais... (tanto) mais: Atualmente, quanto - Transformação e metamorfose.
mais se aperfeiçoa o profissionalismo, mais chances tem de - Oposição e antítese.
se progredir. Ao nos atermos à noção de progressão, pode-
mos identificar a construção paralelística. O fato linguístico de existirem sinônimos chama-se si-
nonímia, palavra que também designa o emprego de si-
- Seja... Seja; Quer... Quer; Ora... Ora: A cordialidade nônimos.
é uma virtude aplicável em quaisquer circunstâncias, seja no
ambiente familiar, seja no trabalho. Confere-se a aplicabili- Antônimos: são palavras de significação oposta. Exem-
dade do recurso mediante a ideia de alternância. plos:
- Tanto... Quanto: As exigências burocráticas são as - Ordem e anarquia.
mesmas, tanto para os veteranos, quanto para os calouros. - Soberba e humildade.
Mediante a ideia de adição, acrescida àquela de equivalên- - Louvar e censurar.
cia, constata-se a estrutura paralelística. - Mal e bem.

- Não... E não/nem: Não poderemos contar com o au- A antonímia pode originar-se de um prefixo de senti-
xílio de ninguém, nem dos alunos, nem dos funcionários da do oposto ou negativo. Exemplos: Bendizer/maldizer, sim-
secretaria. Recurso este empregado quando se quer atri- pático/antipático, progredir/regredir, concórdia/discórdia,
buir uma sequência negativa. explícito/implícito, ativo/inativo, esperar/desesperar, co-
- Por um lado... Por outro: Se por um lado, a desistên- munista/anticomunista, simétrico/assimétrico, pré-nupcial/
cia da viagem implicou na economia, por outro, desagradou pós-nupcial.
aos filhos que estavam no período de férias. O paralelismo
efetivou-se em virtude da referência a aspectos negativos e Homônimos: são palavras que têm a mesma pronún-
positivos relacionados a um determinado fato. cia, e às vezes a mesma grafia, mas significação diferente.
Exemplos:
- Tempos verbais: Se a maioria colaborasse, haveria - São (sadio), são (forma do verbo ser) e são (santo).
mais organização. Como dito anteriormente, houve a - Aço (substantivo) e asso (verbo).
concordância de sentido proferida pelos verbos e seus Só o contexto é que determina a significação dos ho-
respectivos tempos. mônimos. A homonímia pode ser causa de ambiguidade,
por isso é considerada uma deficiência dos idiomas.
Significação das Palavras O que chama a atenção nos homônimos é o seu aspec-
to fônico (som) e o gráfico (grafia). Daí serem divididos em:
Quanto à significação, as palavras são divididas nas se-
guintes categorias: Homógrafos Heterofônicos: iguais na escrita e dife-
rentes no timbre ou na intensidade das vogais.
Sinônimos: são palavras de sentido igual ou aproxima- - Rego (substantivo) e rego (verbo).
do. Exemplo: - Colher (verbo) e colher (substantivo).
- Alfabeto, abecedário. - Jogo (substantivo) e jogo (verbo).
- Brado, grito, clamor. - Apoio (verbo) e apoio (substantivo).
- Extinguir, apagar, abolir, suprimir. - Para (verbo parar) e para (preposição).
- Justo, certo, exato, reto, íntegro, imparcial. - Providência (substantivo) e providencia (verbo).
- Às (substantivo), às (contração) e as (artigo).
Na maioria das vezes não é indiferente usar um sinô- - Pelo (substantivo), pelo (verbo) e pelo (contração de
nimo pelo outro. Embora irmanados pelo sentido comum, per+o).
os sinônimos diferenciam-se, entretanto, uns dos outros,
por matizes de significação e certas propriedades que o Homófonos Heterográficos: iguais na pronúncia e di-
escritor não pode desconhecer. Com efeito, estes têm sen- ferentes na escrita.
tido mais amplo, aqueles, mais restrito (animal e quadrúpe- - Acender (atear, pôr fogo) e ascender (subir).
de); uns são próprios da fala corrente, desataviada, vulgar, - Concertar (harmonizar) e consertar (reparar, emen-
outros, ao invés, pertencem à esfera da linguagem culta, dar).
literária, científica ou poética (orador e tribuno, oculista e - Concerto (harmonia, sessão musical) e conserto (ato
oftalmologista, cinzento e cinéreo). de consertar).
A contribuição Greco-latina é responsável pela existên- - Cegar (tornar cego) e segar (cortar, ceifar).
cia, em nossa língua, de numerosos pares de sinônimos. - Apreçar (determinar o preço, avaliar) e apressar (ace-
Exemplos: lerar).

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Cela (pequeno quarto), sela (arreio) e sela (verbo se- No segundo exemplo, ouro sugere ou evoca riquezas,
lar). poder, glória, luxo, ostentação; tem o sentido conotativo, pos-
- Censo (recenseamento) e senso (juízo). sui várias conotações (ideias associadas, sentimentos, evoca-
- Cerrar (fechar) e serrar (cortar). ções que irradiam da palavra).
- Paço (palácio) e passo (andar).
- Hera (trepadeira) e era (época), era (verbo). Exercícios
- Caça (ato de caçar), cassa (tecido) e cassa (verbo cas-
sar = anular). 01. Estava ....... a ....... da guerra, pois os homens ....... nos
- Cessão (ato de ceder), seção (divisão, repartição) e erros do passado.
sessão (tempo de uma reunião ou espetáculo). a) eminente, deflagração, incidiram
b) iminente, deflagração, reincidiram
Homófonos Homográficos: iguais na escrita e na pro- c) eminente, conflagração, reincidiram
núncia. d) preste, conflaglação, incidiram
- Caminhada (substantivo), caminhada (verbo). e) prestes, flagração, recindiram
- Cedo (verbo), cedo (advérbio).
- Somem (verbo somar), somem (verbo sumir). 02. “Durante a ........ solene era ........ o desinteresse do mes-
- Livre (adjetivo), livre (verbo livrar). tre diante da ....... demonstrada pelo político”.
- Pomos (substantivo), pomos (verbo pôr). a) seção - fragrante - incipiência
- Alude (avalancha), alude (verbo aludir). b) sessão - flagrante - insipiência
c) sessão - fragrante - incipiência
Parônimos: são palavras parecidas na escrita e na pro- d) cessão - flagrante - incipiência
núncia: Coro e couro, cesta e sesta, eminente e iminente, e) seção - flagrante - insipiência
tetânico e titânico, atoar e atuar, degradar e degredar, cé-
tico e séptico, prescrever e proscrever, descrição e discri- 03. Na ..... plenária estudou-se a ..... de direitos territoriais a ..... .
ção, infligir (aplicar) e infringir (transgredir), osso e ouço, a) sessão - cessão - estrangeiros
sede (vontade de beber) e cede (verbo ceder), comprimento b) seção - cessão - estrangeiros
c) secção - sessão - extrangeiros
e cumprimento, deferir (conceder, dar deferimento) e diferir
d) sessão - seção - estrangeiros
(ser diferente, divergir, adiar), ratificar (confirmar) e retifi-
e) seção - sessão - estrangeiros
car (tornar reto, corrigir), vultoso (volumoso, muito grande:
soma vultosa) e vultuoso (congestionado: rosto vultuoso).
04. Há uma alternativa errada. Assinale-a:
a) A eminente autoridade acaba de concluir uma viagem política.
Polissemia: Uma palavra pode ter mais de uma signi- b) A catástrofe torna-se iminente.
ficação. A esse fato linguístico dá-se o nome de polissemia. c) Sua ascensão foi rápida.
Exemplos: d) Ascenderam o fogo rapidamente.
- Mangueira: tubo de borracha ou plástico para regar e) Reacendeu o fogo do entusiasmo.
as plantas ou apagar incêndios; árvore frutífera; grande 05. Há uma alternativa errada. Assinale-a:
curral de gado. a) cozer = cozinhar; coser = costurar
- Pena: pluma, peça de metal para escrever; punição; b) imigrar = sair do país; emigrar = entrar no país
dó. c) comprimento = medida; cumprimento = saudação
- Velar: cobrir com véu, ocultar, vigiar, cuidar, relativo d) consertar = arrumar; concertar = harmonizar
ao véu do palato. e) chácara = sítio; xácara = verso
Podemos citar ainda, como exemplos de palavras po-
lissêmicas, o verbo dar e os substantivos linha e ponto, que 06. Assinale o item em que a palavra destacada está in-
têm dezenas de acepções. corretamente aplicada:
a) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
Sentido Próprio e Sentido Figurado: as palavras po- b) A justiça infligiu a pena merecida aos desordeiros.
dem ser empregadas no sentido próprio ou no sentido fi- c) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.
gurado. Exemplos: d) Devemos ser fiéis ao cumprimento do dever.
- Construí um muro de pedra. (sentido próprio). e) A cessão de terras compete ao Estado.
- Ênio tem um coração de pedra. (sentido figurado).
- As águas pingavam da torneira, (sentido próprio). 07. O ...... do prefeito foi ..... ontem.
- As horas iam pingando lentamente, (sentido figura- a) mandado - caçado
do). b) mandato - cassado
c) mandato - caçado
Denotação e Conotação: Observe as palavras em des- d) mandado - casçado
taque nos seguintes exemplos: e) mandado - cassado
- Comprei uma correntinha de ouro.
- Fulano nadava em ouro. Respostas: (01.B)(02.B)(03.A)(04.D)(05.B)(06.C)(07.B)
No primeiro exemplo, a palavra ouro denota ou desig-
na simplesmente o conhecido metal precioso, tem sentido
próprio, real, denotativo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

FIGURAS DE LINGUAGEM. É a designação de um ser através de alguma de suas


características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou.
Segundo Mauro Ferreira, a importância em reconhecer A Veneza Brasileira também é palco de grandes espetáculos.
figuras de linguagem está no fato de que tal conhecimento, (Veneza Brasileira = Recife)
além de auxiliar a compreender melhor os textos literários, A Cidade Maravilhosa está tomada pela violência. (Cidade
deixa-nos mais sensíveis à beleza da linguagem e ao Maravilhosa = Rio de Janeiro)
significado simbólico das palavras e dos textos.
Definição: Figuras de linguagem são certos recursos não- Antítese
-convencionais que o falante ou escritor cria para dar maior Consiste no uso de palavras de sentidos opostos.
expressividade à sua mensagem. Nada com Deus é tudo.
Tudo sem Deus é nada.
Metáfora
É o emprego de uma palavra com o significado de outra Eufemismo
em vista de uma relação de semelhanças entre ambas. É uma Consiste em suavizar palavras ou expressões que são
comparação subentendida. desagradáveis.
Minha boca é um túmulo. Ele foi repousar no céu, junto ao Pai. (repousar no céu =
Essa rua é um verdadeiro deserto. morrer)
Os homens públicos envergonham o povo. (homens
Comparação públicos = políticos)
Consiste em atribuir características de um ser a outro, em
virtude de uma determinada semelhança. Hipérbole
O meu coração está igual a um céu cinzento. É um exagero intencional com a finalidade de tornar mais
O carro dele é rápido como um avião. expressiva a ideia.
Ela chorou rios de lágrimas.
Prosopopeia Muitas pessoas morriam de medo da perna cabeluda.
É uma figura de linguagem que atribui características
humanas a seres inanimados. Também podemos chamá-la de Ironia
PERSONIFICAÇÃO. Consiste na inversão dos sentidos, ou seja, afirmamos o
O céu está mostrando sua face mais bela. contrário do que pensamos.
O cão mostrou grande sisudez. Que alunos inteligentes, não sabem nem somar.
Sinestesia Se você gritar mais alto, eu agradeço.
Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes
(mistura dos cinco sentidos). Onomatopeia
Raquel tem um olhar frio, desesperador. Consiste na reprodução ou imitação do som ou voz
Aquela criança tem um olhar tão doce. natural dos seres.
Catacrese Com o au-au dos cachorros, os gatos desapareceram.
É o emprego de uma palavra no sentido figurado por falta Miau-miau. – Eram os gatos miando no telhado a noite toda.
de um termo próprio.
O menino quebrou o braço da cadeira. Aliteração
A manga da camisa rasgou. Consiste na repetição de um determinado som
consonantal no início ou interior das palavras.
Metonímia O rato roeu a roupa do rei de Roma.
É a substituição de uma palavra por outra, quando existe Elipse
uma relação lógica, uma proximidade de sentidos que permite Consiste na omissão de um termo que fica subentendido
essa troca. Ocorre metonímia quando empregamos: no contexto, identificado facilmente.
- O autor pela obra. Após a queda, nenhuma fratura.
Li Jô Soares dezenas de vezes. (a obra de Jô Soares) Zeugma
Consiste na omissão de um termo já empregado anteriormente.
- o continente pelo conteúdo. Ele come carne, eu verduras.
O ginásio aplaudiu a seleção. (ginásio está substituindo os
torcedores) Pleonasmo
Consiste na intensificação de um termo através da sua
- a parte pelo todo. repetição, reforçando seu significado.
Vários brasileiros vivem sem teto, ao relento. (teto substitui Nós cantamos um canto glorioso.
casa) Polissíndeto
É a repetição da conjunção entre as orações de um período
- o efeito pela causa. ou entre os termos da oração.
Suou muito para conseguir a casa própria. (suor substitui Chegamos de viagem e tomamos banho e saímos para dançar.
o trabalho) Assíndeto
Ocorre quando há a ausência da conjunção entre duas orações.
Perífrase Chegamos de viagem, tomamos banho, depois saímos para dançar.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Anacoluto “Menino do Rio / Calor que provoca arrepio...”


Consiste numa mudança repentina da construção sintática “Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e
da frase. não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que
Ele, nada podia assustá-lo. desatina sem doer;” (Camões)
- Nota: o anacoluto ocorre com frequência na linguagem
falada, quando o falante interrompe a frase, abandonando o 4) Eufemismo
que havia dito para reconstruí-la novamente. Consiste em empregar uma expressão mais suave,
mais nobre ou menos agressiva, para atenuar uma verdade
Anáfora tida como penosa, desagradável ou chocante. Exemplos:
Consiste na repetição de uma palavra ou expressão “E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus
para reforçar o sentido, contribuindo para uma maior lhe pague”. (Chico Buarque).
expressividade. paz derradeira = morte
Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
5) Gradação
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Na gradação temos uma sequência de palavras que
Para Deus e em Deus com um sussurro noturno. (Fernando Pessoa)
intensificam a mesma ideia. Exemplo:
Silepse
“Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo.”
Ocorre quando a concordância é realizada com a ideia
(Castro Alves).
e não sua forma gramatical. Existem três tipos de silepse:
gênero, número e pessoa.
6) Hipérbole
- De gênero: Vossa excelência está preocupado com as
É a expressão intencionalmente exagerada com o
notícias. (a palavra vossa excelência é feminina quanto à
intuito de realçar uma ideia, proporcionando uma imagem
forma, mas nesse exemplo a concordância se deu com a
emocionante e de impacto. Exemplos:
pessoa a que se refere o pronome de tratamento e não com
“Faz umas dez horas que essa menina penteia esse cabelo”.
o sujeito).
Ele morreu de tanto rir.
- De número: A boiada ficou furiosa com o peão e
derrubaram a cerca. (nesse caso a concordância se deu com
7) Ironia
a ideia de plural da palavra boiada).
Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação,
- De pessoa: As mulheres decidimos não votar em
pela contradição de termos, pretende-se questionar certo
determinado partido até prestarem conta ao povo. (nesse
tipo de pensamento. A intenção é depreciativa ou sarcástica.
tipo de silepse, o falante se inclui mentalmente entre os
Exemplos:
participantes de um sujeito em 3ª pessoa). Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que
Fonte:http://juliobattisti.com.br/tutoriais/josebferraz/ estão por perto.
figuraslinguagem001.asp “Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, / burra
São conhecidas pelo nome de figuras de pensamento como uma porta: / um amor.” (Mário de Andrade).
os recursos estilísticos utilizados para incrementar o
significado das palavras no seu aspecto semântico. 8) Prosopopeia ou Personificação
São oito as figuras de pensamento: Consiste na atribuição de ações, qualidades ou
1) Antítese características humanas a seres não humanos. Exemplos:
É a aproximação de palavras ou expressões de sentidos Chora, viola.
opostos. O contraste que se estabelece serve para dar uma A morte mostrou sua face mais sinistra.
ênfase aos conceitos envolvidos, o que não ocorreria com O morro dos ventos uivantes.
a exposição isolada dos mesmos. Exemplos:
Viverei para sempre ou morrerei tentando. Figuras de construção ou sintaxe integram as chamadas
Do riso se fez o pranto. figuras de linguagem, representando um subgrupo destas.
Hoje fez sol, ontem, porém, choveu muito. Dessa forma, tendo em vista o padrão não convencional que
prevalece nas figuras de linguagem (ou seja, a subjetividade,
2) Apóstrofe a sensibilidade por parte do emissor, deixando às claras
É assim denominado o chamamento do receptor seus aspectos estilísticos), devemos compreender sua
da mensagem, seja ele de natureza imaginária ou não. É denominação. Em outras palavras, por que “figuras de
utilizada para dar ênfase à expressão e realiza-se por meio construção ou sintaxe”?
do vocativo. Exemplos: Podemos afirmar que assim se denominam em virtude
Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? de apresentarem algum tipo de modificação na estrutura da
Pai Nosso, que estais no céu; oração, tendo em vista os reais e já ressaltados objetivos da
enunciação (do discurso) – sendo o principal conferir ênfase
Ó meu querido Santo António;
a ela.
3) Paradoxo
Assim sendo, comecemos entendendo que, em termos
É uma proposição aparentemente absurda, resultante
convencionais, a estrutura sintática da nossa língua se perfaz
da união de ideias que se contradizem referindo-se ao de uma sequência, demarcada pelos seguintes elementos:
mesmo termo. Os paradoxos viciosos são denominados
Oxímoros (ou oximoron). Exemplos:

101
LÍNGUA PORTUGUESA

SUJEITO + PREDICADO + COMPLEMENTO Polissíndeto


Figura cuja principal característica se define pela repetição
(Nós) CHEGAMOS ATRASADOS À REUNIÃO. enfática do conectivo, geralmente representado pela
conjunção coordenada “e”. Observemos um verso extraído de
Temos, assim, um sujeito oculto – nós; um predicado verbal uma criação de Olavo Bilac, intitulada “A um poeta”: “Trabalha
– chegamos atrasados; e um complemento, representado por e teima, e lima, e sofre, e sua!”
um adjunto adverbial de lugar – à reunião. Assíndeto
Quando há uma ruptura dessa sequência lógica, Diferentemente do que ocorre no polissíndeto,
materializada pela inversão de termos, repetição ou até manifestado pela repetição da conjunção, no assíndeto ocorre
mesmo omissão destes, é justamente aí que as figuras em a omissão deste. Vejamos: Vim, vi, venci (Júlio César)
questão se manifestam. Desse modo, elas se encontram Depreendemos que se trata de orações assindéticas,
muito presentes na linguagem literária, na publicitária e justamente pela omissão do conectivo “e”.
na linguagem cotidiana de forma geral. Vejamos cada uma Anacoluto
delas de modo particular: Trata-se de uma figura que se caracteriza pela
Elipse interrupção da sequência lógica do pensamento, ou seja,
Tal figura se caracteriza pela omissão de um termo na em termos sintáticos, afirma-se que há uma mudança na
oração não expresso anteriormente, contudo, facilmente construção do período, deixando algum termo desligado
identificado pelo contexto. Vejamos um exemplo: do restante dos elementos. Vejamos:
Rondó dos cavalinhos Essas crianças de hoje, elas estão muito evoluídas.
[...] Notamos que o termo em destaque, que era para
representar o sujeito da oração, encontra-se desligado dos
Os cavalinhos correndo, demais termos, não cumprindo, portanto, nenhuma função
E nós, cavalões, comendo... sintática.
O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo... Inversão (ou Hipérbato)
O sol tão claro lá fora, Trata-se da inversão da ordem direta dos termos da
O sol tão claro, Esmeralda,
oração. Constatemos: Eufórico chegou o menino.
E em minhalma — anoitecendo!
Deduzimos que o predicativo do sujeito (pois se trata
Manuel Bandeira
de um predicado verbo-nominal) encontra-se no início da
Notamos que em todos os versos há a omissão do verbo oração, quando este deveria estar expresso no final, ou
estar, sendo este facilmente identificado pelo contexto. seja: O menino chegou eufórico.

Zeugma Pleonasmo
Ao contrário da elipse, na zeugma ocorre a omissão de um Figura que consiste na repetição enfática de uma ideia
termo já expresso no discurso. Constatemos: Maria gosta de antes expressa, tanto do ponto de vista sintático quanto
Matemática, eu de Português. semântico, no intuito de reforçar a mensagem. Exemplo:
Observamos que houve a omissão do verbo gostar. Vivemos uma vida tranquila.
O termo em destaque reforça uma ideia antes
Anáfora ressaltada, uma vez que viver já diz respeito à vida. Temos
Essa figura de linguagem se caracteriza pela repetição uma repetição de ordem semântica.
intencional de um termo no início de um período, frase ou A ele nada lhe devo.
verso. Observemos um caso representativo:
Percebemos que o pronome oblíquo (lhe) faz referência
A Estrela à terceira pessoa do singular, já expressa. Trata-se, portanto,
Vi uma estrela tão alta, de uma repetição de ordem sintática demarcada pelo que
Vi uma estrela tão fria! chamamos de objeto direto pleonástico.
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia. Observação importante: O pleonasmo utilizado sem
a intenção de conferir ênfase ao discurso, torna-se o que
Era uma estrela tão alta! denominamos de vício de linguagem – ocorrência que deve
Era uma estrela tão fria! ser evitada. Como, por exemplo: subir para cima, descer
Era uma estrela sozinha para baixo, entrar para dentro, entre outras circunstâncias
Luzindo no fim do dia. linguísticas.
[...]
Manuel Bandeira
Notamos a utilização de termos que se repetem
sucessivamente em cada verso da criação de Manuel Bandeira.

102
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

Agricultura................................................................................................................................................................................................................... 01
Pecuária........................................................................................................................................................................................................................ 01
Indústria....................................................................................................................................................................................................................... 03
Exportação. Importação......................................................................................................................................................................................... 04
Turismo......................................................................................................................................................................................................................... 04
Indicadores Demográficos e Sociais................................................................................................................................................................. 07
Etnografia.................................................................................................................................................................................................................... 07
Concentração urbana e rural................................................................................................................................................................................ 07
Principais centros urbanos.................................................................................................................................................................................... 08
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

AGRICULTURA. PECUÁRIA.

A agricultura paranaense é diversificada, graças as di- O Valor Bruto da Produção Paranaense (VBP) da pe-
ferentes características climáticas e físicas. Os índices de cuária em 2015, considerando dados do Ministério da Agri-
produtividade do estado estão entre os mais altos do país, cultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA), totalizou R$
devido aos desenvolvimentos de sistemas de produção 23,95 bilhões, representando 38% no VBP total do estado.
avançados. Os principais produtos da agricultura para- O crescimento do VBP estadual total foi de 4,1% enquanto
naense são: soja, milho, feijão, café, algodão e trigo, além o VBP da pecuária teve crescimento de 3,8%.
de uma produção significativa de produtos como a cana- Entre as maiores participações no VBP paranaense em
de-açúcar, mandioca, batatas e arroz. Recentemente estão 2015, a pecuária destaca-se, respectivamente, com Frango
sendo desenvolvidos programas de implantação de poma- (23,9%), bovinos (4,9%), leite (4,3%) e suínos (3,54%), que
res em diversas regiões do estado, com destaque as produ- juntos representam 36,62% do VBP total. No último ano,
ções de laranja e maçã. O Paraná foi o maior exportador nacional de frango, con-
O Paraná tem um grande rebanho bovino, entre os tribuindo para que o Brasil conquistasse o segundo lugar
maiores do país, além de ser significativa também a criação na produção mundial. Na suinocultura, houve aumento do
de suinos e de aves. número de abates apesar da queda nos preços. O Valor
A produção industrial paranaense é diversificada. As Bruto da Produção do leite teve redução no estado, princi-
principais indústrias instaladas no estado são: automobilís- palmente pela redução no volume captado pela indústria e
ticas, agroindústrias, papel e celulose, alimentícia, madei- a queda nos preços pagos ao produtor.
reira, química, fertilizantes, têxtil, cimento, eletroeletrônica, Com a desvalorização do real frente ao dólar, os pro-
entre outras. dutos brasileiros ganharam competitividade no mercado
Por vários séculos, o setor extrativista concentrou-se na externo favorecendo as exportações. Contudo, a valori-
extração de madeira, sobretudo da araucária, árvore que, zação da moeda norte americana e a alta nos preços dos
alias, é símbolo do estado e que agora é protegida por lei. insumos utilizados na produção, o ano de 2016 desafia os
Por outro lado, por meio de incentivos fiscais, aumentaram produtores a aumentarem a eficiência das propriedades.
significativamente as áreas de reflorestamento no estado. FRANGO – Paraná o maior exportador nacional.
Atualmente, a mineração é a principal atividade extrativista O VBP da avicultura em 2015 totalizou R$ 15,05 bilhões
do estado. As seguintes matérias primas são encontradas representando 23,9% do VBP do estado, a maior partici-
no estado: xisto betuminoso, calcário, argila, carvão, fluo- pação no VBP dos últimos nove anos. Os R$ 15,05 bilhões
rita,  chumbo, brita de  basalto, talco, pedras ornamentais, representaram 30,24% do VBP da avicultura no país.
granitos e mármores. Em relação a 2014, o VBP da avicultura de 2015 teve
O potencial turístico do Paraná é grande, embora ainda aumento de 8,0% no Paraná e de 4,2% no Brasil. Segundo
não seja bem aproveitado. Os principais pontos turísticos o IBGE, no comparativo do terceiro trimestre de 2015 com
são os seguintes: o mesmo período de 2014, o aumento no número de ca-
- Cataratas do Iguaçu – na cidade de Foz do Iguaçu beças de frango abatidas foi de 10,5% no Paraná e 6,9%
- Usina de Itaipu – maior usina hidrelétrica do mundo no Brasil.
- Canyon Guartelá – sexto maior do mundo Em 2015, segundo a Associação Brasileira de Proteína
- Estrada de ferro da Serra do Mar – Mata Atlântica. Animal (ABPA), a produção brasileira de carne de frango to-
talizou 13,146 milhões de toneladas superando em 3,58% a
Além destes pontos turísticos, a capital do estado, produção de 2014. O Brasil assumiu a segunda posição na
Curitiba, é famosa por ser uma cidade com transporte in- produção mundial superando a China. As exportações fo-
tegrado e por realizar a coleta de lixo reciclável a mais de ram ampliadas, mantendo a posição do país entre os maio-
dez anos. Na capital, a visita ao Jardim Botânico, a Boca res exportadores, representando 36% do mercado mundial
Maldita, aos parques da cidade e ao bairro italiano de San- dessa carne. O dólar valorizado fez com que os exportado-
ta Felicidade são indispensáveis. res brasileiros recebessem mais pelo produto.
O terceiro trimestre de 2015 alcançou o novo recorde
Fonte: http://www.infoescola.com/parana/economia- da série histórica do número de cabeças de frangos abati-
do-parana/ das no país desde 1997, e novo recorde no volume in na-
tura das exportações de carne de frango. Neste período, o
Paraná foi o estado brasileiro que liderou as exportações de
frangos para o mercado externo, superando em 72.843,04
toneladas o terceiro trimestre de 2014, conforme o IBGE.
No mercado interno os preços do frango superaram ligei-
ramente os valores praticados em 2014. O indicador Ce-
pea/Esalq  do preço do frango resfriado com ICMS posto

1
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

no frigorífico (R$/kg)  foi de R$3,62/kg, indicando aumento Os produtores rurais, além de arcarem com receita
de 9,12% no comparativo entre os terceiros trimestres de menor devido às quedas de 6,7% na produção de leite e
2015/2014. O aumento dos preços das carnes bovina e suí- de 6,08% no preço médio recebido em 2015, continuarão
na, aliado a redução do poder aquisitivo do consumidor, enfrentando em 2016, ao que tudo indica a alta do dólar
contribui para o frango tomar o lugar de outras carnes. que eleva os custos de produção, já que parte dos insumos
Em 2016 o Brasil deve manter sua posição no mercado é importada, além do impacto dos altos preços do milho e
mundial com crescimento mais modesto. Também precisa da soja, principais ingredientes das rações concentradas.
se prevenir dos riscos sanitários que assolam outros países, SUÍNOS – Aumento no número de abates.
como os surtos de Influenza Aviária (IA), e continuar inves- O VBP da suinocultura em 2015 totalizou R$ 2,23 bi-
tindo em tecnologia para manter a eficiência da produção, lhões representando 3,54% do VBP total paranaense. A
que está sobre a pressão da elevação dos custos. Principal- participação se manteve próxima à participação média dos
mente pela alta dos preços do milho e da soja, principais últimos nove anos de 3,68%. A suinocultura paranaense
componentes da alimentação. representou 15,5% do VBP total da suinocultura no país.
LEITE – Redução no Valor bruto da Produção. Segundo o IBGE, no ano de 2015 houve aumento das ex-
Em 2015, o VBP da atividade leiteira totalizou R$ 2,72 portações de carne suína in natura e do número de cabe-
bilhões, o que representa 4,32% do VBP total do Paraná, ças abatidas no Paraná. Apesar da ligeira queda registrada
ocupando a 6ª posição na participação do estado. A parti- nos preços do suíno vivo quando comparado com o ano
cipação de 4,32% se manteve próxima à participação mé- passado.
dia dos últimos nove anos de 4,18%. O município para- Para o indicador do suíno vivo Cepea/Esalq, o preço
naense de Castro é o maior polo produtor de leite do Brasil, médio recebido pelo produtor (R$/kg) sem ICMS e animal
segundo o IBGE. posto granja no Paraná em 2015 foi de R$ 3,33/kg, varian-
O VBP do leite no estado reduziu 13,38% em relação a do de R$ 2,87/kg a R$ 3,80/kg. O preço médio recebido
2014, o que é explicado pela redução de 6,7% na captação pelo produtor entre os estados do sul (PR, SC e RS) teve
e de 6,08% no preço médio pago ao produtor. queda de 6,24% no comparativo entre os terceiros trimes-
Segundo o IBGE, a aquisição de leite cru pelos estabe- tres de 2015 e 2014.
lecimentos que atuam sobre algum tipo de inspeção – seja No balanço de 2015 divulgado pela CNA, um dos prin-
ela federal, estadual ou municipal – no terceiro trimestre cipais indicadores de rentabilidade da suinocultura, a rela-
de 2015, foi 6,7% menor no Paraná comparada a quanti- ção de troca média de quilos de milho que o suinocultor
dade captada no terceiro trimestre de 2014. A queda na conseguiria comprar com a venda de 1 quilo de suíno vivo
aquisição de leite ocorreu em todas as regiões do país, no foi 10% inferior a 2014. O mesmo comportamento ocorreu
terceiro trimestre de 2015 o volume captado de leite foi para a soja, com redução de 22% no poder aquisitivo do
3,9% menor comparando ao mesmo período de 2014. Nos suinocultor.
estados do Sul, o excesso de chuvas prejudicou a produção Para 2016, o Departamento de Agricultura dos Esta-
e dificultou a captação do produto, segundo o Cepea. dos Unidos (USDA) estima o incremento de apenas 1,7%
No Paraná, segundo a série de preços nominais do lei- na produção brasileira de carne suína em relação ao ano
te pagos ao produtor (R$/l) do Cepea, o preço médio em de 2015. Para o IBGE, a oferta de animais para abate pode
2015 foi de R$ 0,9897/l, redução de 6,08% comparado a superar 40 milhões de cabeças.
2014. No Brasil, o preço médio pago ao produtor em 2015
teve redução de 3,55% em comparação ao mesmo período A demanda do mercado interno, que absorve 85% da
do ano de 2014. produção, os comportamentos das exportações, que tem
Em 2015, houve uma redução de 6,43% nas importa- oscilado nos últimos anos e o preço das carnes concorren-
ções (US$) e de 7,49% nas exportações (US$) de lácteos tes ao consumidor vão influenciar o preço que o suíno será
no Brasil comparando com 2014. O início do segundo se- comercializado em 2016.
mestre, apresentou um superávit na balança comercial de
lácteos, algo que não ocorria desde abril de 2014. No en- Os especialistas de mercado sinalizam a manutenção
tanto, no acumulado do ano de 2015 o saldo foi deficitário da cotação do dólar em patamares elevados, o que favo-
em 23,87%, no ano anterior esse déficit foi de 22,92%. “O rece as exportações, aumentando a competitividade do
aumento na produção mundial de leite associado às me- produto brasileiro. Contudo, a elevação dos preços da soja
nores cotações das commodities lácteas favorecem as im- e do milho, influenciados pelas exportações, podem contri-
portações e dificultam as exportações”, segundo o balanço buir no aumento do custo de produção.
de 2015 da CNA. Para 2016, a situação econômica do país
afetará diretamente a demanda no setor lácteo. O menor Fonte: http://www.agronovas.com.br/pecuaria-no-pa-
poder de compra da população implica na redução do con- rana/
sumo de produtos de maior valor agregado, como é o caso
dos derivados lácteos. Com a cotação do dólar em alta, a
indústria nacional ganha competividade frente às importa-
ções, e as exportações são favorecidas pela desvalorização
do real.

2
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

O ambiente favorável inseriu o Paraná no mapa de


INDÚSTRIA. grandes integradoras  de computadores (informática, te-
lecomunicações, eletrônica industrial e comercial) . As in-
dústrias que se instalaram no Estado formaram um ecossis-
tema produtivo, começando pelos fabricantes do produto
final, sendo completado por fabricantes de insumos. Isto
O setor industrial do Paraná responde por quase 30% pode ser exemplificado pela produção de gabinetes para
do PIB do Estado. computador, onde o Paraná é hoje líder; pela composição
Nos dois últimos séculos o mundo passou por altera- de placas-mãe, que é o segundo insumo mais importan-
ções profundas. No que se refere à industrialização, esse te depois do processador para a composição do produto
processo veio em etapas. Inicialmente, a preocupação da final.  Só a indústria de computadores oferece hoje 6 mil
indústria era de se expandir horizontalmente, com o au- empregos diretos no Paraná e produz por ano mais de 4,5
mento cada vez maior de empresas. Hoje, esse processo milhões de computadores. Também  a Electrolux, depois de 
ocorre de forma vertical, com a busca incessante do aper- comprar  a paranaense Refripar, selecionou o Paraná como
feiçoamento e do incremento tecnológico.
sua base de produção para a América Latina.
E foi assim que aconteceu com a indústria do Paraná. 
Do lado interno, o governo do Paraná criou um pro-
Ao longo dos dois últimos séculos passou por grandes mu-
grama de incentivos fiscais, com a dilação no pagamento
danças, mas também sofreu com as várias crises econômi-
cas, hiperinflação, globalização, além dos diversos planos do ICMS, que vigorou no período de 1994 a 1998, e que
econômicos adotados pelos governos entre os anos de recebeu o nome de Paraná Mais Empregos. Este progra-
1980 e 1990. A alternativa foi uma progressiva moderniza- ma foi retomado em 2011 com a denominação de Paraná
ção e diversificação do seu parque industrial. Competitivo e conseguiu atrair para o Estado, nos últimos
De um estado essencialmente agrícola e exportador três anos e meio,  investimentos industriais de  R$ 35 bi-
de energia barata, a mudança de perfil possibilitou que o lhões, segundo informações do secretário da Fazenda, Luis
Paraná se destacasse no cenário nacional. Nos últimos 11 Eduardo Sebastiani.
anos (2002-2013), enquanto a produção industrial brasilei- Apesar da diversificação, a indústria de alimentos é
ra cresceu 26,63% o desempenho da indústria paranaen- ainda a maior em número de receitas, seguida pelas mon-
se foi excepcional. Puxada pelo setor automotivo e pela tadoras de veículos automotores e do refino de petróleo,
agroindústria, a produção estadual cresceu 59,47%  e ocu- segundo dados do Departamento Econômico da Fiep.
pou a primeira posição no ranking calculado pelo Instituto As transformações permitiram que o  Paraná ocupe
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), seguida do Es- hoje  o primeiro lugar do ranking nacional na produção
pírito Santo (35,12%) e Minas Gerais (31,77%), segundo e de energia,  madeira MDF e HDFG,  farinha de trigo, amido
terceiro colocados. de mandioca, frangos, seda e grãos. É o segundo maior
A mudança do perfil industrial do Estado começou em na produção brasileira de equipamentos de comunicações,
1962 com a criação da Companhia de Desenvolvimento do computadores, papel e tratores. E é terceiro maior produ-
Paraná (Codepar), mais tarde transformada no Badep.  A tor nacional de automóveis, caminhões, eletrodomésticos
fonte primária dos recursos de fomento era uma parcela e móveis.
do Imposto de Vendas e Consignações (IVC) que os contri- A indústria de transformação paranaense emprega
buintes paranaenses destinavam ao Fundo de Desenvolvi- 710.369 trabalhadores. Este número representa um cresci-
mento Econômico, gerido pelo Badep. Fortes investimen- mento de 74% em relação há 11 anos,  segundo os últimos
tos em infraestrutura colocaram o Paraná como alternativa dados da RAIS  (Relação Anual de Informações Sociais).
importante de localização de empreendimentos industriais.  O maior número de empregados está na indústria de ali-
A implantação da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) na dé-
mentos com 155 mil, ou 21% do total. Em segundo lugar
cada de 70  foi outro marco importante da industrialização
estão as montadoras de veículos, reboques e carrocerias
paranaense.
com 44 mil ou 6% do total. O terceiro maior empregador
Entretanto, a mudança mais profunda na economia do
Paraná aconteceu no final da década de 90,  com a chegada na indústria de transformação é o de móveis com 42 mil
das montadoras de veículos Renault e Volkswagen, que se trabalhadores.
somaram a Volvo, presente no Paraná desde a década de Várias fases marcam a industrialização  paranaense.
70 e a New Holland. A Chrysler veio junto com a Renault Tudo começou com a erva-mate, no início do século XIX,
e Volkswagen, mas teve uma passagem muito rápida. Em mais precisamente em 1820. Inicialmente, os ervateiros se
2001, a unidade localizada em Campo Largo, que recebeu situavam em Morretes e Antonina e utilizam nos engenhos,
investimento de US$ 315 milhões, foi desativada como par- a tração hidráulica.  A produção era exportada para o Uru-
te do processo de reestruturação internacional da empresa. guai, Argentina e Chile.  De acordo com informações do
Junto com as montadoras vieram as fornecedoras de Departamento Econômico da Federação das Indústrias do
autopeças e perto de 300 indústrias de vários segmentos, Estado do Paraná (Fiep), a indústria do Paraná quando foi
isso apenas nos oito anos do governo Jaime Lerner. O Pla- instalada já se comportava de forma diferente das empre-
no Real mostrava resultados positivos, a inflação estava sas caseiras do resto do País, pois usava somente mão de
controlada e para ajudar, houve a retomada de investi- obra livre, ao contrário de outros estados que utilizam tra-
mentos diretos externos em busca de oportunidades em balho escravo. Em 1856, o vapor substitui a tração hidráu-
economias emergentes. lica e os engenhos começam a se mudar para Curitiba. Foi

3
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

neste período que aconteceu a emancipação do Paraná e a


Guerra do Paraguai. Os paraguaios eram os nossos  únicos EXPORTAÇÃO. IMPORTAÇÃO.
concorrentes na produção de erva-mate. Com a guerra, to-
dos os engenhos daquele país foram destruídos e o mer-
cado paranaense passou a dominar o mercado mundial de
mate. No final do século XIX começam a chegar os imigran- As exportações do Paraná estão cada vez mais concen-
tes italianos e alemães. Com eles, começa a diversificação tradas, tanto em produtos como destinos. Os dez princi-
na área industrial. Os italianos dão início às indústrias de pais importadores de mercadorias do estado – liderados
barricas de madeiras onde o mate passa a ser embalado por países como China, Argentina, Holanda e Estados Uni-
para exportação. Também ligada ao mate, surge a indústria dos – foram responsáveis, no ano passado, por 59% das
metalúrgica, mais particularmente, a fábrica Müller, depois vendas de empresas paranaenses. Em 2012, esse índice era
denominada Irmãos Müller, que produz as novas máquinas de 54,4%.
para a moagem da erva. No total, os dez maiores importadores registraram um
Outro setor que se desenvolvia era a indústria gráfica. aumento de 11% nas encomendas, bem acima da média
A primeira empresa do setor foi a Impressora Paranaense, das exportações do estado, que cresceram 3%. O Paraná
que fabricava os rótulos para as barricas. fechou o ano com exportações de US$ 18,2 bilhões contra
O ciclo do mate permitiu a diversificação do setor in- US$ 17,7 bilhões em 2012.
dustrial e o aparecimento da classe média urbana. O mer- As exportações para a Holanda, considerada a porta de
cado passa a ser suprido pelas indústrias caseiras locais entrada para a Europa, foram as que mais cresceram, com
com pequenas fábricas de sapatos, roupas, vidro e piano, avanço de 28% no ano passado, e refletiram a recuperação
no caso a Essenfelder. da economia europeia. A melhora do cenário nos Estados
Na década de 20 começou o declínio da indústria erva- Unidos provocou um crescimento de 12%. A China cresceu
teira, tendo como causa principal as medidas protecionis- 17% e a Argentina, 12%.
tas adotadas pela Argentina, que passou a plantar e refinar Os dez principais itens exportados – entre eles produ-
a sua própria erva-mate. Em consequência, o Paraná per- tos do complexo soja, automóveis, autopeças, açúcar, ma-
deu um mercado que absorvia a maior parte da produção. deira e papel – representaram no ano passado perto de
Com o declínio da erva-mate, o esforço da produção se 80% dos embarques.
redireciona para a indústria madeireira que antes de aten- O Paraná depende cada vez mais das exportações de
der o mercado interno,  passa a abastecer os países da Ba- produtos primários. Em 2006, eles representavam um ter-
cia do Prata e Chile. O curioso é que até a década de 40, as ço dos embarques. Agora, são mais de 50%, o que explica
indústrias paranaenses estavam vinculadas ao mercado da também a ascensão da China como principal importador
América do Sul (Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile) mais do estado. A soja é tão importante para as exportações pa-
do que ao mercado brasileiro. ranaenses que, sem ela, as vendas externas teriam caído
O boom cafeeiro da indústria paranaense começou na 0,9% em 2013.
década de 40 e com isso a indústria perdeu o peso relativo Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/economia/
que até então detinha. quase-60-das-exportacoes-do-parana-vao-para-apenas-
O começo da década de 60 marca o processo de con- 10-paises-9ehlchizwycpzt27r7flpgz7y
centração da indústria brasileira. As grandes indústrias
paulistas provocaram a falência e fechamento de muitas
indústrias caseiras, que não tinham condições de competir. TURISMO.
São Paulo então passa a ser o estado produtor e o Paraná
o fornecedor de matéria-prima agrícola.
Nos anos 70, o Paraná experimenta outro boom eco-
nômico, aproveitando a situação nacional com a elevação São tantas as possibilidades, que ele foi dividido em 14
dos investimentos. Ocorre uma significativa modernização regiões para melhor disponibilizar sua enorme variedade
da agropecuária, com a expansão das cultas de soja e trigo. de atrações turísticas: belezas naturais inigualáveis, gran-
No setor industrial, novos segmentos  como mecânica, ma- des reservas da Mata Atlântica preservada, rios, cachoeiras,
terial elétrico e de comunicações, material de transporte, todas as riquezas cultivadas em seu solo, um riquíssimo
refino de petróleo e fumo passam a explorar o mercado acervo histórico e cultural, além das inúmeras e diferentes
paranaense. Também, nesse período, ocorre a diversifica- alternativas de lazer e gastronomia para você e sua família.
ção dos gêneros tradicionais como madeira e produtos As 14 Regiões Turísticas oferecem ao visitante uma esti-
alimentares. mulante jornada, seja qual for seu perfil. São elas: Campos
A década de 80 foi marcada pela desaceleração da Gerais, Cataratas do Iguaçu e Caminhos ao Lago de Itaipu,
economia, com a elevação dos níveis de ociosidade em di- Corredores das Águas, Ecoaventuras Histórias e Sabores,
versos setores. Depois do Plano Real em 1994, a indústria Entre Morros e Rios, Lagos e Colinas, Litoral do Paraná, Nor-
do Paraná avança e entra fortalecida no Século 21. te do Paraná, Norte Pioneiro, Riquezas do Oeste, Rotas do
Pinhão, Terra dos Pinheirais, Vale do Ivaí e Vales do Iguaçu. 
Fonte: http://miriangasparin.com.br/2014/09/indus- E é essa diversidade cultural e geográfica que faz do Para-
tria-do-parana-muda-perfil-e-ganha-competitividade/ ná um Estado muito visitado e o coloca em posição alta-

4
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

mente requisitada por brasileiros e estrangeiros. Aqui, cada rios Paraná, Paranapanema, Ivaí e Piquiri são quatro pre-
região apresenta encantos especiais com surpresas que sentes da natureza para o Noroeste. É uma região de clima
conduzem todos os seus visitantes a viagens inesquecíveis. tropical úmido, verões quentes e que se destaca por suas
Deixe-se seduzir por estas terras. Seja qual for o seu estilo, alternativas de lazer, pousadas rurais, atividades náuticas e
você vai se surpreender! pesqueiras, eventos e negócios que ocorrem principalmen-
te em Maringá, onde se ergue a imponente Catedral Me-
CAMPOS GERAIS tropolitana, além das inúmeras possibilidades de aventura
A característica principal da Região é o contraste e ecoturismo na conhecida Costa Rica.
entre os campos, onde surgem as imponentes araucá- ECOAVENTURAS HISTÓRIAS E SABORES
rias e as escarpas serranas. Esta paisagem proporcio- Entre os principais atrativos turísticos da região desta-
na cenários naturais de magia e beleza, com destaque cam-se as edificações religiosas, as peregrinações da Rota
para os arenitos de Vila Velha, as imensas furnas e o Câ- da Fé e a gastronomia com pratos típicos e festividades
nion do Guartelá. Nestes santuários, ou em seu entor- como a Festa do Carneiro no Buraco e a Comcam Fest. Com
no, os passeios podem ser de pura contemplação da pousadas rurais e um dos mais expressivos equipamentos
paisagem, ou ainda de aventura com a prática de rapel, hoteleiros do Estado com fontes termais, a região é opção
rafting, trekking e banhos de cachoeira, entre outros.  para descanso e lazer na área rural. Conta com duas unida-
No século XVIII era passagem de inúmeros rebanhos de des de conservação – a Estação Ecológica do Cerrado, que
gado e tropeiros que percorriam o Caminho do Viamão, preserva remanescentes deste ecossistema e desenvolve
desde o Rio Grande do Sul até as feiras de São Paulo. Este atividades em educação ambiental, e o Parque Estadual de
caminho passa pelos Campos Gerais e o antigo fluxo des- Vila Rica do Espírito Santo, que além de ser refúgio de flora
ses viajantes exerceu fundamental importância na forma- e fauna, possui rico patrimônio arqueológico com ruínas de
ção cultural e econômica do Paraná, que acolheu aqui vá- uma das 16 comunidades jesuíticas espanholas fundadas
rias levas de imigrantes europeus, fatos estes traduzidos nos séculos XVI e XVII.
em um passado repleto de histórias e que pode ser revi-
vido percorrendo o Circuito da Colonização dos Imigran- ENTRE MORROS E RIOS
tes Europeus e a Rota dos Tropeiros. O Santuário de Nossa A região é marcada pelos costumes tradicionalistas dos
Senhora das Brotas homenageia a padroeira dessa Rota.  tropeiros, preservando a tradição campeira recorrente em
CATARATAS DO IGUAÇU E CAMINHOS AO LAGO DE pousadas rurais, cavalgadas e eventos. Também resguar-
ITAIPU da sua colonização europeia. A região possui inúmeras hi-
A região turística Cataratas do Iguaçu e Caminhos ao drelétricas no Rio Iguaçu que formam imensos lagos, favo-
Lago de Itaipu traz no seu nome e no seu território dois im- recendo a prática de esportes náuticos e a pesca.
ponentes atrativos dentre inúmeros que podem ser visita-
dos e aproveitados nessa encantadora parte da América. A LAGOS E COLINAS
exuberância do Parque Nacional do Iguaçu, onde a beleza A região é margeada pelo rio Iguaçu e conta com inú-
e magnitude das Cataratas se perpetua, atraindo milhares meras hidrelétricas e seus lagos que favorecem a prática
de turistas brasileiros e estrangeiros e a Usina Hidrelétrica de esportes náuticos e a pesca esportiva além de recantos
de Itaipu. Cenários de grandes espetáculos. A cidade, na de lazer nas represas de Foz do Areia, Salto Osório e Salto
tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina é marca- Santiago. A transformação ocorrida o território está bem
da com muitas atrações, naturais, culturais e de compras, representada no Museu Regional do Iguaçu, que possui um
além de excelente infraestrutura de serviços. dos mais expressivos acervos regionais do Paraná. A região
O Lago de Itaipu, que vai de Foz do Iguaçu a Guaíra, também concentra reservas indígenas e oferece belas pai-
passando pelos municípios que o margeiam, compõe a re- sagens como a do Horto Florestal, na Vila de Faxinal do
gião que tem a água como uma característica da região, Céu, e rica agricultura familiar. Outro destaque é a Festa
seja ela das cataratas, dos rios ou do lago. Os caminhos que Nacional do Charque com seu ponto alto na gastronomia,
levam a atrações de lazer, pesca, balneários de água doce, além de atividades artísticas e feira agropecuária.
a cultura remanescente de alemães e italianos, o turismo
em áreas naturais como no Parque de Ilha Grande e o tu- LITORAL DO PARANÁ
rismo cultural. Tudo pode ser vivenciado em passeios que Chega-se à região de trem, pela centenária ferrovia
despertam todos os sentidos: ver as apresentações cultu- Paranaguá - Curitiba que atravessa a Serra do Mar, ou de
rais, aproveitar os cheiros da gastronomia, ouvir as músicas carro, ao longo da sinuosa e florida Estrada da Graciosa
e sons da natureza, degustar pratos típicos e produtos re- ou pela moderna rodovia de pista dupla BR-277. Berço da
gionais, sentir a emoção de estar num lugar único! colonização do Estado, no litoral se encontram cidades
históricas - como Paranaguá e seu centro histórico, Mata
CORREDORES DAS ÁGUAS Atlântica e muitas praias localizadas em badalados balneá-
A riqueza desta região provém principalmente das rios, ou em ilhas como a do Mel e a do Superagüi. Suas
atividades da agroindústria e das grandes confecções e baías são propícias para a prática do turismo náutico e a
shoppings de atacado. As inúmeras cooperativas formadas Serra do Mar esconde magníficos cenários para ecoturismo
para o cultivo e processamento de grãos e do bicho-da- e turismo de aventura.
seda deixam suas marcas na paisagem local. Os caudalosos

5
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

É dessa região um dos pratos típicos do Paraná, o Em seu entorno podem ser descobertos muitos outros
saboroso Barreado, que costuma ser apreciado acompa- encantos na conhecida “Rotas do Pinhão”, um misto de
nhado de banana in natura, principalmente em Morretes, aventura, história, ruralidade e natureza, que oferece, além
grande produtor de cachaça. Famosa é a bala de banana da paisagem, restaurantes, vinícolas, spas, parques, lojas
de Antonina. A diversidade da culinária à base de frutos do e áreas rurais para lazer e hospedagem em diversificados
mar também está presente, vai da tainha ao caranguejo, roteiros. Além dos roteiros, também merece destaque a le-
do siri à ostra, sempre acompanhado da especial farinha gendária cidade da Lapa, palco da Revolução Federalista.,
de mandioca. cujo Centro Histórico, possui 14 quarteirões, com 235 imó-
veis tombados pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacio-
NORTE DO PARANÁ nal, integrando a Rota dos Tropeiros.
De grande beleza cênica, a região foi colonizada entre
as décadas de 1920 a 1950, devido a expansão da cafeicul- TERRA DOS PINHEIRAIS
tura. Possui fortes marcas da cultura japonesa e de outros Localizada no centro-sul do Paraná, é uma região privi-
povos (árabes, alemãs, italianos e portugueses) impulsio- legiada com densas florestas de araucária, clima tempera-
nadores das atividades agropecuárias na Rota do Agrone- do, rios caudalosos e cultura rica e diversificada. Seu relevo
gócio. O visitante encontrará empreendimentos com tec- propiciou a formação das famosas Cachoeiras em Pruden-
nologia de ponta em contraste com propriedades rurais tópolis e União da Vitória. 
onde a agropecuária tem presença marcante. Já na Rota Podem ser apreciadas as belezas naturais e ainda é
do Café, muitas das propriedades cafeeiras estão abertas possível conhecer as culturas ucraniana, polonesa, italiana
ao lazer, com alternativas de hospedagem e alimentação. A e alemã que marcam a história e o cotidiano de seu povo,
região se destaca pela pujante Londrina, pelo turismo rural com destaque para a saborosa gastronomia, o artesanato
e de negócios e eventos. refinado, a dança, a música, a rica arquitetura, além do vi-
nho de amora, novidade nacional. Os templos religiosos
NORTE PIONEIRO destas etnias justificam, por si só, uma viagem à região,
Esta região foi uma das entradas para colonização do assim como os diversificados eventos culturais e agroin-
Paraná abrigando até hoje indicativos culturais da expansão dustriais e as fontes de água sulfurosa.
econômica nos primórdios dos séculos XIX. Entre os princi-
pais atrativos destacam-se a Represa de Chavantes e o Rio VALE DO IVAÍ
das Cinzas, com potencial para o turismo náutico, de pesca A região concentra importantes santuários religiosos
e esportivo, alem de passeios de barco, campeonatos de do Estado, como o dedicado a Santo Expedito em Apuca-
pesca e canoagem. A oferta hoteleira inclui um resort com rana e outro à Santa Rita de Cássia em Lunardelli, ambos
piscinas de água mineral e pousadas. O patrimônio cultu- interligados pelo circuito Rota da Fé. Os recursos naturais
ral está representado por edificações religiosas integrantes e o setor agrícola favorecem as atividades vinculadas ao
da Rota do Rosário. As características produtivas e naturais turismo rural, ecoturismo e turismo de aventura.
da região também favorecem o desenvolvimento de ativi-
dades no turismo rural e lazer, incluindo antigas fazendas VALES DO IGUAÇU
produtoras de café que integram a Rota do Café. Região marcada por agroindústrias, pelas reservas de
Araucária, pelo clima frio e pelas represas do Rio Iguaçu,
RIQUEZAS DO OESTE que formam lagos propícios para o lazer e esportes náu-
A região se destaca pelo desenvolvimento do agro- ticos. É privilegiada também pela presença de reservas in-
negócio, com expressão maior no eixo Cascavel - Toledo, dígenas, por fontes de água hidrotermal - com destaque
onde eventos como o Show Rural e o Porco no Rolete, para as águas do Verê - e pelo cultivo da uva, responsável
fazem da tecnologia e da gastronomia grandes atrações pela presença de vinícolas e realização de festas gastronô-
turísticas. Eventos automobilísticos - arrancadões, provas micas.
de rally e fórmula truck, entre outras competições, são re- Além das hidrelétricas, a presença do Rio Iguaçu é tam-
ferências no circuito nacional e internacional, assim como bém marcante pelo início do Parque Nacional do Iguaçu,
os eventos culturais. O cultivo de flores também vem se no município de Capanema, onde um roteiro rural está es-
sobressaindo, principalmente em Corbélia e Maripá, onde truturado.
as orquídeas são atrações. Destacam-se ainda na sua paisagem bucólica, os Cam-
pos de Palmas com usinas eólicas e o Marco Divisório entre
ROTAS DO PINHÃO Paraná, Santa Catarina e Argentina, em Barracão, além do
Na capital, Curitiba, é possível fazer uma viagem pelo Museu do Iguaçu em Reserva do Iguaçu.
mundo. Com mais de três séculos de existência e nascida
Vila de Nossa Senhora dos Pinhais, a cidade abriga espaços Fonte: http://www.turismo.pr.gov.br/modules/conteu-
culturais, históricos, memoriais e endereços gastronômicos do/conteudo.php?conteudo=946
que remetem às várias etnias que a formaram, sendo ainda
um modelo de planejamento urbano, transporte público e
preservação ambiental.

6
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

Os dados, quase que contraditórios, mostram as difi-


INDICADORES DEMOGRÁFICOS E SOCIAIS. culdades distintas que os setores estruturais e econômicos
enfrentam para se desenvolver, principalmente em um cur-
to período de tempo.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cida-
Não foi dessa vez que o Paraná conseguiu ascender à dania/parana-nao-atinge-patamar-de-idh-muito-alto-mas
“primeira divisão” do Índice de Desenvolvimento Humano -avanca-em-educacao-3l517bkgsw3qckpu4392sl499
(IDH). Novo levantamento divulgado nesta terça-feira (22),
que analisa a evolução da taxa entre 2011 e 2014, mostra ETNOGRAFIA.
que o estado superou o Rio de Janeiro, assumiu a 4.ª colo-
cação no ranking entre todas as unidades federativas, mas
ainda assim não conseguiu alcançar o patamar mais eleva-
do, que é o “IDH muito alto” – título mantido apenas por A etnografia é um método de estudo utilizado pelos
Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal. antropólogos com o intuito de descrever os costumes e as
No intervalo analisado, o IDH paranaense avançou tradições de um grupo humano. Este estudo ajuda a co-
3,81%, passando de 0,761 em 2011 para 0,790 em 2014, nhecer a identidade de uma comunidade humana que se
uma impulsão maior que a média nacional, que cresceu, desenvolve num âmbito sociocultural concreto.
A etnografia implica a observação participante do an-
no mesmo período, 3,11% (de 0,738 para 0,761). A lógica é
tropólogo durante um período de tempo em que esteja em
que quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento
contato direto com o grupo a estudar. O trabalho pode ser
humano interpretado pelo indicador, constituído em cima complementado com entrevistas para recolher mais infor-
das vertentes educação, longevidade e renda. mações e descobrir dados que sejam inacessíveis a simples
Especialistas apontam crise econômica, falta de investi- vista para uma pessoa que não pertencer à cultura visada.
mento em políticas sociais e uma tímida administração re- É hábito o investigador assumir um papel ativo nas ati-
gionalista como os maiores entraves a uma colocação mais vidades diárias da comunidade para se envolver com a com-
avançada do Paraná no IDH. Segundo eles, embora não se preensão da cultura. Estas atividades, por outro lado, permi-
possa ignorar as melhorias conquistadas nos últimos anos tem-lhe pedir esclarecimentos acerca das ações e dos com-
– tanto educação, como longevidade e renda evoluíram no portamentos a cada um dos integrantes do grupo estudado.
estado –, o “terremoto” que engoliu a estabilidade econô- Dá-se o nome de descrição densa ao relatório que apre-
mica e política do país – ainda que atinja apenas o final do senta o antropólogo para descrever em pormenor os cos-
intervalo levado em conta pela pesquisa – pode ser obser- tumes, as práticas, as crenças e os mitos de uma cultura. O
vado como um dos reflexos nos indicadores estruturados investigador, de uma forma geral, recorre tanto ao método
pelo estudo. qualitativo como ao quantitativo para desenvolver o seu
“O contexto do início da crise não ajudou o Paraná, trabalho.
que mesmo sendo um dos ponteiros neste ranking, aca- É fundamental que o antropólogo não tenha uma vi-
bou sendo dos mais prejudicados”, pontua Daniel Nojima, são/perspectiva etnocêntrica na hora de avaliar os compor-
diretor do Centro de Pesquisa do Instituto Paranaense de tamentos da comunidade; caso contrário, o seu trabalho
Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). Nojima perde credibilidade.
explica que o impacto sofrido por setores da indústria no Um dos estudos mais populares da etnografia intitu-
qual o estado sempre manteve destaque, como o ramo au- la-se “Os argonautas do Pacífico Ocidental”, escrito por
tomobilístico e de bens de capital, por exemplo, atingiu em Bronislaw Malinowski (1884-1942), o qual foi publicado em
cheio os nossos indicadores. 1922. Trata-se de uma obra consagrada aos rituais e às prá-
ticas sociais dos habitantes das Ilhas Trobriand.
Educação puxa IDH do Paraná Fonte: http://conceito.de/etnografia
Enquanto o IDH longevidade e renda cresceram entre
2011 e 2014, respectivamente, 1,9% e 2,8%, o IDH de edu-
cação evoluiu 7,31% no Paraná no mesmo período. O au- CONCENTRAÇÃO URBANA E RURAL.
mento foi suficiente para tirar o estado, nessa vertente, de
um índice médio e passá-lo para um índice alto.
Entre nove regiões metropolitanas avaliadas no estudo O êxodo rural corresponde ao processo de migração
Radar IDHM, divulgado nesta terça-feira (22), a de Curitiba em massa da população do campo para as cidades, fenô-
(RMC) foi a que mais avançou entre 2011 e 2014 em termos meno que costuma ocorrer em um período de tempo con-
de desenvolvimento humano. A região saltou de 0,782, em siderado curto, como o prazo de algumas décadas. Trata-se
2011 para 0,817, em 2014. A oscilação positiva (4,5%) foi, de um elemento diretamente associado a várias dinâmicas
assim como no Paraná, alavancada pelo IDH de Educação, socioespaciais, tais como a  urbanização, a  industrializa-
que subiu 9,6% no período. Por outro lado, a vertente do ção, a concentração fundiária e a mecanização do campo.
IDH que avalia a renda na mostrou um avanço quase que Um dos maiores exemplos de como essa questão
imperceptível na região, de apenas 2,6%. costuma gerar efeitos no processo de produção do espa-
ço pode ser visualizado quando analisamos a conjuntura
do êxodo rural no Brasil. Sua ocorrência foi a grande res-

7
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

ponsável pela aceleração do processo de urbanização em – Formação de vazios demográficos no campo: em re-
curso no país, que aconteceu mais por valores repulsivos giões como o Sudeste, o Sul e, principalmente, o Centro
do que atrativos, isto é, mais pela saída de pessoas do cam- -Oeste, formaram-se verdadeiros vazios demográficos no
po do que pelo grau de atratividade social e financeira das campo, com densidades demográficas praticamente nulas
cidades brasileiras. em várias áreas.
O êxodo rural no Brasil ocorreu, de forma mais inten- Já entre as causas do êxodo rural no Brasil, é possível
sa, em apenas duas décadas: entre 1960 e 1980, mantendo citar:
patamares relativamente elevados nas décadas seguintes e – Concentração da produção do campo, na medida em
perdendo força total na entrada dos anos 2000. Segundo que a menor disponibilidade de terras proporciona maior
estudos publicados pela Embrapa (Empresa Brasileira de mobilidade da população rural de média e baixa renda;
Pesquisa Agropecuária), o êxodo rural, nas duas primeiras – Mecanização do campo, com a substituição dos tra-
décadas citadas, contribuiu com quase 20% de toda a ur- balhadores rurais por maquinários, gerando menos empre-
banização do país, passando para 3,5% entre os anos 2000 gos no setor primário e forçando a saída da população do
e 2010.¹ campo para as cidades;
– Fatores atrativos oferecidos pelas cidades, como mais
De acordo com o Censo Demográfico de 2010 divul- empregos nos setores secundário e terciário, o que foi pos-
gado pelo IBGE, o êxodo rural é, realmente, desacelerado sível graças ao rápido – porém tardio – processo de indus-
nos tempos atuais. Em comparação com o Censo anterior trialização vivido pelo país na segunda metade do século
(2000), quando a taxa de migração campo-cidade por ano XX.
era de 1,31%, a última amostra registrou uma queda para Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geogra-
0,65%. Esses números consideraram as porcentagens em fia/Exodo-rural-no-brasil.htm
relação a toda a população brasileira.
Se considerarmos os valores do êxodo rural a partir
do número de migrantes em relação ao tamanho total da
população residente no campo no Brasil, temos que, en- PRINCIPAIS CENTROS URBANOS.
tre 2000 e 2010, a taxa de êxodo rural foi de 17,6%, um
número bem menor do que o da década anterior: 25,1%.
Na década de 1980, essa taxa era de 26,42% e, na déca-
da de 1970, era de 30,02%. Portanto, nota-se claramente a Rede urbana
tendência de desaceleração, ao passo que as regiões Cen- As maiores cidades do estado, além de sua capital,
tro-Oeste e Norte, até mesmo, apresentam um pequeno Curitiba, são Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Cascavel,
crescimento no número de habitantes do campo. Foz do Iguaçu, Guarapuava, Colombo, Paranaguá, Umua-
Os principais fatores responsáveis pela queda do êxo-
rama, Apucarana e Campo Mourão.
do rural no Brasil são: a quantidade já escassa de traba-
O território paranaense se encontra situado dentro da
lhadores rurais no país, exceto o Nordeste, que ainda pos-
área de influência da cidade de São Paulo. A metrópole
sui uma relativa reserva de migrantes; e os investimentos,
paulista comanda a vida econômica do estado por inter-
mesmo que tímidos, para os pequenos produtores e agri-
médio dos centros urbanos de Ourinhos, em São Paulo,
cultores familiares. Existem, dessa forma, vários programas
e Jacarezinho, Maringá, Londrina e Curitiba, no Paraná.
sociais do governo para garantir que as pessoas encontrem
Ourinhos e Jacarezinho dominam, em conjunto, a porção
melhores condições de vida no campo, embora esses in-
vestimentos não sejam considerados tão expressivos. oriental do norte do Paraná; Londrina o centro da região, e
Entre os efeitos do êxodo rural no Brasil, podemos Maringá, a parte ocidental.
destacar: Curitiba serve a todo o resto do estado do Paraná e
– Aceleração da urbanização, que ocorreu concentra- ainda a quase todo o estado de Santa Catarina, excluindo-
da, sobretudo, nas grandes metrópoles do país, sobretudo se no leste a região de Tubarão e, no oeste, a de Chapecó.
as da região sudeste ao longo do século XX. Essa concen- A ação da capital, em sua área de influência paranaense, se
tração ocorreu, principalmente, porque o êxodo rural foi faz sentir diretamente ou por meio dos centros interme-
acompanhado de uma migração interna no país, em dire- diários de Ponta Grossa e Pato Branco. A área de influên-
ção aos polos de maiores atratividades econômicas e com cia direta compreende todo o leste e o sudeste do estado.
mais acentuada industrialização; Pato Branco serve à porção sudoeste, e Ponta Grossa, todo
– Expansão desmedida das periferias urbanas, com a o centro e o oeste.
formação de habitações irregulares e o crescimento das fa-
velas em várias metrópoles do país; Fonte: http://www.coladaweb.com/geografia-do-bra-
– Aumento do desemprego e do emprego informal: sil/estados-brasileiros/parana
o êxodo rural, acompanhado do crescimento das cidades,
propiciou o aumento do setor terciário e também do cam-
po de atuação informal, gerando uma maior precarização
das condições de vida dos trabalhadores. Além disso, com
um maior exército de trabalhadores de reserva nas cidades,
houve uma maior elevação do desemprego;

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ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES A Poesia


SOBRE: LÍNGUA PORTUGUESA De cada dia
(Andrade, Oswald. Pau-Brasil. Obras completas de Os-
01-) (TRF/4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – wald de Andrade. São Paulo, Globo, Secretaria de Estado
FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de da Cultura, 1990, p. 63)
concordância verbal e nominal em: Texto II
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais O texto abaixo reproduz algumas afirmativas do
como entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais Manifesto Pau-Brasil, que Oswald de Andrade, um dos
sofisticadas às mais humildes, são cada vez mais co- mentores do movimento modernista brasileiro de 1922,
muns nos dias de hoje. lançou no Correio da Manhã em 18 de março de 1924.
b) A importância de intelectuais como Edward Said A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e
e Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre ques- de ocre nos verdes da Favela, sob o sol cabralino, são
tões polêmicas de seu tempo, não estão apenas nos li- fatos estéticos. O carnaval do Rio é o acontecimento
vros que escreveram. religioso da raça. Pau-Brasil. Wagner submerge ante os
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio en- cordões de Botafogo. Bárbaro e nosso. A formação ét-
tre árabes e judeus, responsável por tantas mortes e nica rica.
tanto sofrimento, estejam próximos de serem resolvi- A poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como uma
dos ou pelo menos de terem alguma trégua. criança.
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e
verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo neológica. A contribuição milionária de todos os erros.
ponto relativa, costumam encontrar muito mais detra- Como falamos. Como somos.
tores que admiradores. Nenhuma fórmula para a contemporânea expres-
e) No final do século XX já não se via muitos inte- são do mundo. Ver com olhos livres.
lectuais e escritores como Edward Said, que não apenas Temos a base dupla e presente − a floresta e a es-
era notícia pelos livros que publicavam como pelas po- cola. A raça crédula e dualista e a geometria, a álge-
sições que corajosamente assumiam. bra e a química logo depois da mamadeira e do chá de
erva-doce. Um misto de “dorme nenê que o bicho vem
Fiz as correções entre parênteses: pegá” e de equações.
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como Obuses de elevadores, cubos de arranha-céus e a
entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofis- sábia preguiça solar. A reza. O Carnaval. A energia ínti-
ticadas às mais humildes, são (é) cada vez mais comuns ma. O sabiá. A hospitalidade um pouco sensual, amo-
(comum) nos dias de hoje. rosa.
b) A importância de intelectuais como Edward Said e (http://www.lumiarte.com/luardeoutono/oswald/ma-
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões nifpaubr.html acesso em 11/02/2012)
polêmicas de seu tempo, não estão (está) apenas nos livros
que escreveram. 02-) (TRF/2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio en- FCC/2012) Wagner submerge ante os cordões de Bota-
tre árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto fogo.
sofrimento, estejam (esteja) próximos (próximo) de serem A afirmativa que exprime corretamente, com ou-
(ser) resolvidos (resolvido) ou pelo menos de terem (ter) tras palavras, o sentido original da frase acima é:
alguma trégua. (A) Os cordões de Botafogo superam Wagner.
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a (B) Wagner supera o que se faz nos cordões de Bo-
verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo tafogo.
ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores (C) Botafogo, com seus cordões, retoma a superio-
que admiradores. ridade de Wagner.
e) No final do século XX já não se via (viam) muitos (D) Diante dos cordões de Botafogo, Wagner será
intelectuais e escritores como Edward Said, que não apenas a superação.
era (eram) notícia pelos livros que publicavam como pelas (E) Para os cordões de Botafogo, Wagner é superior.
posições que corajosamente assumiam.
Pela leitura do texto e analisando a afirmativa do enun-
RESPOSTA: “D”. ciado, entende-se que os cordões de Botafogo superam
Wagner.
(TRF/2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012
- ADAPTADO) Atenção: As questões de números 02 e RESPOSTA: “A”.
03 baseiam-se nos Textos I e II, a seguir.
Texto I 03-) (TRF/2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
No Pão de Açúcar FCC/2012) ... o tema das mudanças climáticas pressiona
De cada dia os esforços mundiais para reduzir a queima de combus-
Dai-nos Senhor tíveis.

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ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

A mesma relação entre o verbo grifado e o comple- (A) Os manifestantes de todas as idades desfilaram
mento se reproduz em: pelas ruas da cidade.
(A) ... a Idade da Pedra não acabou por falta de pe- (B) Não junte este líquido verde com aquele abra-
dras... sivo.
(B) ... o estilo de vida e o modo da produção (...) são (C) A casa pertence aos Nemer desde 1982.
os principais responsáveis... (D) Patrocinou o evento do último sábado.
(C) ... que ameaçam a nossa própria existência. (E) Encontraram com um comerciante essas anota-
(D) ... e a da China triplicou. ções.
(E) Mas o homem moderno estaria preparado...
Regência do verbo “gostar”: transitivo indireto.
O verbo grifado é transitivo direto (pressiona quem? A – desfilaram – intransitivo
o quê?): B – junte – transitivo direto
A – acabou – intransitivo C – pertence – transitivo indireto
B – são – verbo de ligação D – patrocinou – transitivo direto
C – ameaçam quem? – transitivo direto E – transitivo direto preposicionado
D – triplicou = no contexto: intransitivo
RESPOSTA: “C”.
E – estaria – verbo de ligação
06-) (TRF/1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
RESPOSTA: “C”.
FCC/2011) As palavras estão corretamente grafadas na
seguinte frase:
04-) (TRF/2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - (A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é
FCC/2012) O verbo que, dadas as alterações entre pa- boa a ansiedade com que enfrentam o excesso de pas-
rênteses propostas para o segmento grifado, deverá ser sageiros nos aeroportos.
colocado no plural, está em: (B) Comete muitos deslises, talvez por sua esponta-
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvi- neidade, mas nada que ponha em cheque sua reputa-
das) ção de pessoa cortês.
(B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do (C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do
planeta) sócio de descançar após o almoço sob a frondoza ár-
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O vore do pátio.
consumo mundial de barris de petróleo) (D) Não sei se isso influe, mas a persistência dessa
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete- mágoa pode estar sendo o grande impecilho na supe-
-se no custo da matéria-prima... (Constantes aumentos) ração dessa sua crise.
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os (E) O diretor exitou ao aprovar a retenção dessa alta
esforços mundiais... (a preocupação em torno das mu- quantia, mas não quiz ser taxado de conivente na con-
danças climáticas) cessão de privilégios ilegítimos.

(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) = Fiz a correção entre parênteses:
“há” permaneceria no singular (A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é
(B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do pla- boa a ansiedade com que enfrentam o excesso de passa-
neta) = “sabe” permaneceria no singular geiros nos aeroportos.
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua (B) Comete muitos deslises (deslizes), talvez por sua
... (O consumo mundial de barris de petróleo) = “dá” espontaneidade, mas nada que ponha em cheque (xeque)
sua reputação de pessoa cortês.
permaneceria no singular
(C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se
de descançar (descansar) após o almoço sob a frondoza
no custo da matéria-prima... Constantes aumentos) = “re-
(frondosa) árvore do pátio.
flete” passaria para “refletem-se”
(D) Não sei se isso influe (influi), mas a persistência
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es- dessa mágoa pode estar sendo o grande impecilho (empe-
forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças cilho) na superação dessa sua crise.
climáticas) = “pressiona” permaneceria no singular (E) O diretor exitou (hesitou) ao aprovar a retenção
dessa alta quantia, mas não quiz (quis) ser taxado de coni-
RESPOSTA: “D”. vente na concessão de privilégios ilegítimos.

05-) (TRF/1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - RESPOSTA: “A”.


FCC/2011) “Gosto de Ouro Preto”, explicou Elizabeth
ao poeta Robert Lowell... 07-) (TRF/4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
No segmento acima, o verbo “gostar” está empre- FCC/2010) A substituição do elemento grifado pelo
gado exatamente com a mesma regência com que está pronome correspondente, com os necessários ajustes
empregado o verbo da seguinte frase: no segmento, está INCORRETA em:

10
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

a) continua a provocar irritação = continua a pro- A) O Brasil apresenta bastante = bastantes.


vocá-la. B) A situação ficou meia = meio
b) a constituir um deslocamento = a lhe constituir. C) É necessário segurança para se viver bem.
c) batalhar [...] contra a leucemia = batalhar contra D) Esses cidadãos estão quite = quites
ela. E) Os soldados permaneceram alertas = alerta
d) que treinavam a elite = que a treinavam.
e) gerou uma subdisciplina acadêmica = gerou-a. RESPOSTA: “C”.

a) continua a provocar irritação = continua a provocá- 10-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ-
-la. RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que a
b) a constituir um deslocamento = a lhe constituir. = frase – É ela que faz o interlocutor se emocionar... – está
constituí-lo corretamente reescrita, tendo um pronome assumindo
c) batalhar [...] contra a leucemia = batalhar contra ela. as mesmas relações de sentido expressas pela expres-
d) que treinavam a elite = que a treinavam. são destacada, de acordo com a norma--padrão.
e) gerou uma subdisciplina acadêmica = gerou-a. (A) É ela que emociona-o.
(B) É ela que o emociona.
RESPOSTA: “B”. (C) É ela que emociona-lhe.
(D) É ela que emociona ele.
08-) (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) (E) É ela que ele emociona.
Assinale a alternativa em que a concordância das for-
mas verbais destacadas está de acordo com a norma- Como temos a presença do “que” (independente de
-padrão da língua. sua função), devemos usar a próclise: É ela que o emociona.
(A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em hi-
gienização subterrânea. RESPOSTA: “B”.
(B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os
trabalhadores da área de limpeza. 11-) (PREFEITURA MUNICIPAL DE JAPERI/RJ -
ORIENTADOR PEDAGÓGICO - FUNDAÇÃO BENJAMIN
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos
CONSTANT/2013) Assinale o item em que a vírgula foi
riscos de se contrair alguma doença.
usada para isolar o aposto.
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era
(A) Ele já morou em Natal, em Fortaleza, em São
sete da manhã, eu já estava fazendo meu serviço.
Paulo.
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemen-
(B) Os dois rapazes, Rodrigo e Paulo, eram primos.
te, começou a adotar medidas mais rigorosas para a
(C) Com muito cuidado, a advogada analisou o do-
proteção de seus funcionários.
cumento.
(D) A igreja era pequena e pobre. Os altares, hu-
Fiz as correções: mildes.
(A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular) (E) Você ainda não sabe, mocinha vaidosa, que a
(B) Ainda existe muitas pessoas = existem vida é difícil.
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos
riscos (A) Ele já morou em Natal, em Fortaleza, em São Paulo.
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era = enumeração
sete da manhã = eram (B) Os dois rapazes, Rodrigo e Paulo, eram primos. =
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, explicação de um termo anterior (aposto)
começou = começaram (C) Com muito cuidado, a advogada analisou o docu-
mento. = advérbio
RESPOSTA: “C”. (D) A igreja era pequena e pobre. Os altares, humildes.
= zeugma
09-) (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – (E) Você ainda não sabe, mocinha vaidosa, que a vida é
ALUNO SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) difícil. = vocativo
Apenas uma das opções abaixo está correta quanto à
concordância nominal. Aponte-a. RESPOSTA: “B”.
A) O Brasil apresenta bastante problemas sociais. 12-) (BANCO DO BRASIL – MÉDICO DO TRABALHO
B) A situação ficou meia complicada depois das mu- – FCC/2012) Atente para as seguintes frases:
danças. I. Quem nos ensina a olhar são os pintores e fotó-
C) É necessário segurança para se viver bem. grafos, que andam em volta dos objetos à procura de
D) Esses cidadãos estão quite com suas obrigações. novos ângulos.
E) Os soldados permaneceram alertas durante a II. Felizes as pessoas que, todos os dias, sabem en-
manifestação. contrar companhia em tudo o que as cerca.
III. Em silêncio, nos oferecerão sua muda compa-
Fiz as correções: nhia.

11
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

A supressão da(s) vírgula(s) acarretará mudança de 15-) (SEE/SP – PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II
sentido para o que está APENAS em E PROFESSOR II – LÍNGUA PORTUGUESA - FCC/2011)
(A) I. ...permite que os criadores tomem atitudes quando a
(B) II. proliferação de algas tóxicas ameaça os peixes.
(C) II e III. A transposição para a voz passiva da oração grifada
(D) I e II. acima teria, de acordo com a norma culta, como forma
(E) III. verbal resultante:
(A) ameaçavam.
I. Quem nos ensina a olhar são os pintores e fotógra- (B) foram ameaçadas.
fos que andam em volta dos objetos à procura de novos (C) ameaçarem.
ângulos. = agora teremos uma restrição (adjetiva restritiva) (D) estiver sendo ameaçada.
II. Felizes as pessoas que todos os dias sabem encon- (E) forem ameaçados.
trar companhia em tudo o que as cerca. = facultativo o uso
da vírgula (advérbio) Quando a proliferação ameaça os peixes = voz ativa
III. Em silêncio, nos oferecerão sua muda companhia. = Quando os peixes forem ameaçados pela prolifera-
facultativo o uso da vírgula (advérbio) ção... = voz passiva

RESPOSTA: “A”. RESPOSTA: “E”.


13-) (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – 16-) (COPERGÁS - TÉCNICO OPERACIONAL MECÂ-
ALUNO SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) NICO - FCC/2011 - ADAPTADA)
Apenas uma das frases abaixo foge à norma culta no ... para desovar e criar seus filhotes até que sejam
que se refere à colocação pronominal. Aponte-a. capazes de seguir para o oceano.
A) Enviar-lhe-ei por Sedex os documentos solicita- O verbo que se encontra conjugado nos mesmos
dos. tempo e modo que o grifado na frase acima está em:
B) Quem se candidataria à prefeito nesse momen- (A) ... espaços que misturam água do mar e de rios
to?
em meio a árvores de raízes expostas.
C) O jogo que realiza-se hoje contará com a presen-
(B) ... que ela prejudique ainda mais a vida dos pei-
ça de políticos eminentes.
xes e das pessoas.
D) Viu-se obrigado a tomar uma atitude que não
(C) ... Mario Barletta, que, com seu grupo, percorre
desejava.
os estuários da América do Sul.
E) Realizar-se-á uma nova eleição.
(D) ... que várias espécies de peixes precisam de re-
dutos distintos no mangue ...
A) Enviar-lhe-ei por Sedex os documentos solicitados.
= correta (E) ... uma equipe da Universidade Federal de Per-
B) Quem se candidataria à prefeito nesse momento? nambuco verificou que várias espécies de peixes ...
= correta
C) O jogo que realiza-se = o jogo que se realiza “Sejam” está no presente do Subjuntivo.
D) Viu-se obrigado a tomar uma atitude que não de- (A) ... espaços que misturam = presente do Indicativo
sejava. = correta (B) ... que ela prejudique = presente do Subjuntivo
E) Realizar-se-á uma nova eleição. = correta (C) ... Mario Barletta, que, com seu grupo, percorre =
presente do Indicativo
RESPOSTA: “C”. (D) ... que várias espécies de peixes precisam = presen-
te do Indicativo
14-) (BANCO DO BRASIL – MÉDICO DO TRABALHO (E) ... uma equipe da Universidade Federal de Pernam-
– FCC/2012) Ficava difícil se apoiar em algum chavão. buco verificou = pretérito perfeito do Indicativo
O período acima passa de composto a simples caso
se substitua o elemento sublinhado por RESPOSTA: “B”.
(A) para algum chavão apoiá-lo.
(B) que algum chavão o apoiasse. 17-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) A substi-
(C) apoiá-lo em algum chavão. tuição do elemento grifado pelo pronome correspon-
(D) algum chavão vir a apoiá-lo. dente foi realizada de modo INCORRETO em:
(E) o apoio em algum chavão. (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os
Para que tenhamos um período simples é necessária a (C) para fazer a dragagem = para fazê-la
presença de um único verbo. Fazendo a alteração e man- (D) que desviava a água = que lhe desviava
tendo o sentido da frase inicial, a alternativa “o apoio em (E) supriam a necessidade = supriam-na
algum chavão” é a que está escrita de maneira correta.
(A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu = cor-
RESPOSTA: “E”. reta

12
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os = correta (D) ... e incorporou [...] = pretérito perfeito do Indicativo
(C) para fazer a dragagem = para fazê-la = correta (E)... e reforce a identidade das comunidades. = pre-
(D) que desviava a água = que lhe desviava = que a sente do Subjuntivo.
desviava
(E) supriam a necessidade = supriam-na = correta RESPOSTA: “E”.

RESPOSTA: “D”. 20-) (TRF/4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –


FCC/2010) Se a tendência se mantiver, teremos cada
18-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) Conside- vez mais...
rada a substituição do segmento grifado pelo que está Ao substituir o segmento grifado acima por “Caso
entre parênteses ao final da transcrição, o verbo que a tendência”, a continuação que mantém a correção e o
deverá permanecer no singular está em: sentido da frase original é:
(A) ... disse o pesquisador à Folha de S. Paulo. (os a) se mantenha, teremos cada vez mais...
pesquisadores) b) fosse mantida, teríamos cada vez mais...
(B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu c) se manter, teremos cada vez mais...
para a ruína dessa sociedade... (as mudanças do clima) d) for mantida, teremos cada vez mais...
(C) No sistema havia também uma estação... (várias e) seja mantida, teríamos cada vez mais...
estações)
(D) ... a civilização maia da América Central tinha Ao empregarmos o termo “caso a”, conjugaremos o
um método sustentável de gerenciamento da água. (os verbo utilizando o modo hipotético (Subjuntivo). A trans-
povos que habitavam a América Central) formação será: Caso a tendência se mantenha, teremos
(E) Um estudo publicado recentemente mostra que cada vez mais...
a civilização maia... (Estudos como o que acabou de ser
publicado). RESPOSTA: “A”.

(A) ... disse (disseram) (os pesquisadores) 21-) (TRF/4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
(B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu (con- FCC/2010) Não se trata de negar ...... crianças o aces-
tribuíram) (as mudanças do clima) so aos meios eletrônicos, tarefa indesejável e mesmo
(C) No sistema havia (várias estações) = permanecerá impossível de ser realizada, mas de impor limites ......
no singular utilização desses equipamentos tão sedutores, para que
(D) ... a civilização maia da América Central tinha (ti- elas também possam se dedicar ...... outras atividades
nham) (os povos que habitavam a América Central) fundamentais para o seu desenvolvimento.
(E) Um estudo publicado recentemente mostra (mos- Preenchem corretamente as lacunas da frase acima,
tram) (Estudos como o que acabou de ser publicado). na ordem dada:
a) às - a - à
RESPOSTA: “C”. b) as - a - à
c) às - à - a
19-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) É importante d) as - à - a
que a inserção da perspectiva da sustentabilidade na cultu- e) às - à – à
ra empresarial, por meio das ações e projetos de Educa-
ção Ambiental, esteja alinhada a esses conceitos. Não se trata de negar às (regência verbal de “negar”
O verbo empregado nos mesmos tempo e modo pede objeto direto – o acesso – e indireto – às crianças)
que o verbo grifado na frase acima está em: crianças o acesso aos meios eletrônicos, tarefa indesejável
(A) ... a Empresa desenvolve todas as suas ações, e mesmo impossível de ser realizada, mas de impor limites
políticas... à (regência verbal de “impor” pede objeto direto – limites
(B) ... as definições de Educação Ambiental são – e indireto – à utilização) utilização desses equipamentos
abrangentes... tão sedutores, para que elas também possam se dedicar
(C) ... também se associa o Desenvolvimento Sus- a (regência verbal de “dedicar” pede preposição, mas há
tentável... presença de pronome indefinido) outras atividades funda-
(D) ... e incorporou [...] também aspectos de desen- mentais para o seu desenvolvimento.
volvimento humano.
(E)... e reforce a identidade das comunidades. RESPOSTA: “C”.

O verbo “esteja” está no presente do Subjuntivo. 22-) (SABESP – TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRA-
(A) ... a Empresa desenvolve = presente do Indicativo BALHO - FCC/2014) Reconstroem o pátio da escola -
(B) ... as definições de Educação Ambiental são = pre- entender essa estranha melancolia - restabelecer o elo
sente do Indicativo Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
(C) ... também se associa o Desenvolvimento Sustentá- grifados acima foram corretamente substituídos por
vel... = presente do Indicativo um pronome, na ordem dada, em:

13
ECONOMIA E DEMOGRAFIA PARANAENSE

(A) Reconstroem-no - entendê-la - restabelecê-lo c) ... ainda que saiba = presente do Subjuntivo
(B) Reconstroem-lhe - a entender - restabelecer-lhe d) ... que se esmeram = presente do Indicativo
(C) O reconstroem - entender-lhe - restabelecê-lo e) ... e permitem = presente do Indicativo
(D) Reconstroem-no - lhe entender - restabelecer-
-no RESPOSTA: “C”.
(E) O reconstroem - entendê-la - restabelecer-lhe
25-) (POLÍCIA CIVIL/SP – PERITO CRIMINAL – VU-
O verbo “reconstruir” é transitivo direto. O objeto dire- NESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto à
to será “no”, sobrando-nos as alternativas A e D. “ E n - concordância verbal e à colocação pronominal, de acor-
tender” também requer objeto direto (em D, o “lhe” exer- do com a norma-padrão.
ce a função de indireto). Então, temos: reconstroem-no / (A) Em sua dissertação, Jason Lindo e Charles Stoe-
entendê-la / restabelecê-lo. cker expõem que se manifestam até hoje, na vida civil
dos soldados dos EUA, a violência vivida e praticada
RESPOSTA: “A”. por estes no Vietnã.
(B) Se manifesta até hoje, na vida civil dos soldados
23-) (TRF/4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – dos EUA, a violência vivida e praticada por eles no Viet-
FCC/2010) ... o aparelho de tevê era um móvel exclusivo nã, segundo expõem Jason Lindo e Charles Stoecker em
da sala de estar ... sua dissertação.
A frase cujo verbo está flexionado nos mesmos (C) Em sua dissertação, Jason Lindo e Charles Stoe-
tempo e modo que o grifado na frase acima é: cker expõe que manifesta-se até hoje, na vida civil dos
a) ... adultos que passaram a maior parte de sua in- soldados dos EUA, a violência vivida e praticada por es-
fância e adolescência ... tes no Vietnã.
b) ... com que aumentasse a exposição aos meios (D) Se manifestam até hoje, na vida civil dos solda-
eletrônicos. dos dos EUA, a violência vivida e praticada por eles no
c) ... que não roubavam muito tempo dos estudos e Vietnã, segundo expõe Jason Lindo e Charles Stoecker
das brincadeiras com amigos. em sua dissertação.
d) ... a tevê ganhou tempo de programação, varie- (E) Manifesta-se até hoje, na vida civil dos soldados
dade de canais e cores... dos EUA, a violência vivida e praticada por eles no Viet-
e) O leitor com 50 anos talvez resgate na memória nã, segundo Jason Lindo e Charles Stoecker expõem em
uma época... sua dissertação.
Era = pretérito imperfeito do Indicativo
a) ... adultos que passaram = pretérito imperfeito (e (A) Em sua dissertação, Jason Lindo e Charles Stoecker
mais-que-perfeito) do Indicativo expõem que se manifestam (manifesta) até hoje, na vida
b) ... com que aumentasse = pretérito do Subjuntivo civil dos soldados dos EUA, a violência vivida e praticada
c) ... que não roubavam pretérito imperfeito do Indi- por estes no Vietnã.
cativo (B) Se manifesta (manifesta-se) até hoje, na vida civil
d) ... a tevê ganhou = pretérito perfeito do Indicativo dos soldados dos EUA, a violência vivida e praticada por
e) O leitor com 50 anos talvez resgate = presente do eles no Vietnã, segundo expõem Jason Lindo e Charles
Subjuntivo Stoecker em sua dissertação.
(C) Em sua dissertação, Jason Lindo e Charles Stoecker
RESPOSTA: “C”. expõe (expõem) que (se) manifesta-se (X) até hoje, na vida
civil dos soldados dos EUA, a violência vivida e praticada
24-) (TRF/4ª REGIÃO – ENFERMAGEM – FCC/2010) por estes no Vietnã.
Não é raro que a escola esteja completamente desvincu- (D) Se manifestam (manifesta-se) até hoje, na vida civil
lada das atividades culturais .... dos soldados dos EUA, a violência vivida e praticada por
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo em eles no Vietnã, segundo expõe Jason Lindo e Charles Stoe-
que se encontra o grifado acima está na frase: cker em sua dissertação.
a) Mas raramente há referência ao analfabetismo (E) Manifesta-se até hoje, na vida civil dos soldados
funcional daquela larga parcela da população... dos EUA, a violência vivida e praticada por eles no Vietnã,
b) ...porque está aquém do manejo minimamente segundo Jason Lindo e Charles Stoecker expõem em sua
competente da informação cultural ... dissertação.
c) ...ainda que saiba ler e escrever ...
d) ... que se esmeram em falar o “computacionês” RESPOSTA: “E”.
incompreensível.
e) ... e permitem a qualquer semialfabetizado ...

Esteja = presente do Subjuntivo


a) Mas raramente há = presente do Indicativo
b) ... porque está = presente do Indicativo

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Arquitetura e Organização de Computadores: Componentes. Periféricos;....................................................................................... 01


Internet: World Wide Web: Conceitos. Browser (Internet Explorer 7.0).............................................................................................. 23
Correio Eletrônico: conceitos; Gerenciador de e-mail (Outlook Express 6.0);.................................................................................. 40
Vírus;.............................................................................................................................................................................................................................. 49
BrOffice 3.1: BrOffice Documento Texto (Writer): Atalhos e barra de ferramentas; Modos de seleção de texto; Formata-
ção de texto; Formatação de Parágrafos; Alinhamento;........................................................................................................................... 51
BrOffice Planilha (Cale): Atalhos e barra de ferramentas; Formatação de Dados; Seleção de Células; Atributos de Carac-
tere................................................................................................................................................................................................................................. 74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

“CARO CANDIDATO, POR SE TRATAR DE UMA MAINFRAMES


APOSTILA PREPARATÓRIA, COLOCAMOS AS VER-
SÕES MAIS ATUAIS DOS PROGRAMAS”

ARQUITETURA E ORGANIZAÇÃO DE
COMPUTADORES: COMPONENTES.
PERIFÉRICOS;

HISTÓRICO

Os primeiros computadores construídos pelo homem


foram idealizados como máquinas para processar números
(o que conhecemos hoje como calculadoras), porém, tudo
era feito fisicamente.
Existia ainda um problema, porque as máquinas pro-
cessavam os números, faziam operações aritméticas, mas
depois não sabiam o que fazer com o resultado, ou seja, Os computadores podem ser classificados pelo porte.
eram simplesmente máquinas de calcular, não recebiam Basicamente, existem os de grande porte ― mainframes
instruções diferentes e nem possuíam uma memória. Até ― e os de pequeno porte ― microcomputadores ― sen-
então, os computadores eram utilizados para pouquíssi- do estes últimos divididos em duas categorias: desktops ou
mas funções, como calcular impostos e outras operações. torres e portáteis (notebooks, laptops, handhelds e smar-
Os computadores de uso mais abrangente apareceram tphones).
logo depois da Segunda Guerra Mundial. Os EUA desen- Conceitualmente, todos eles realizam funções internas
volveram ― secretamente, durante o período ― o primei- idênticas, mas em escalas diferentes.
ro grande computador que calculava trajetórias balísticas. Os mainframes se destacam por ter alto poder de pro-
A partir daí, o computador começou a evoluir num ritmo cessamento, muita capacidade de memória e por controlar
cada vez mais acelerado, até chegar aos dias de hoje. atividades com grande volume de dados. Seu custo é bas-
tante elevado. São encontrados, geralmente, em bancos,
Código Binário, Bit e Byte grandes empresas e centros de pesquisa.

O sistema binário (ou código binário) é uma repre-


sentação numérica na qual qualquer unidade pode ser
demonstrada usando-se apenas dois dígitos: 0 e 1. Esta é CLASSIFICAÇÃO DOS COMPUTADORES
a única linguagem que os computadores entendem. Cada
um dos dígitos utilizados no sistema binário é chamado de A classificação de um computador pode ser feita de
Binary Digit (Bit), em português, dígito binário e representa diversas maneiras. Podem ser avaliados:
a menor unidade de informação do computador. • Capacidade de processamento;
Os computadores geralmente operam com grupos de • Velocidade de processamento;
bits. Um grupo de oito bits é denominado Byte. Este pode • Capacidade de armazenamento das informações;
ser usado na representação de caracteres, como uma letra • Sofisticação do software disponível e compatibi-
(A-Z), um número (0-9) ou outro símbolo qualquer (#, %, lidade;
*,?, @), entre outros. • Tamanho da memória e tipo de CPU (Central Pro-
Assim como podemos medir distâncias, quilos, tama- cessing Uni), Unidade Central de Processamento.
nhos etc., também podemos medir o tamanho das infor-
mações e a velocidade de processamento dos computa- TIPOS DE MICROCOMPUTADORES
dores. A medida padrão utilizada é o byte e seus múltiplos,
conforme demonstramos na tabela abaixo: Os microcomputadores atendem a uma infinidade de
aplicações. São divididos em duas plataformas: PC (compu-
tadores pessoais) e Macintosh (Apple).
Os dois padrões têm diversos modelos, configurações
e opcionais. Além disso, podemos dividir os microcompu-
tadores em desktops, que são os computadores de mesa,
com uma torre, teclado, mouse e monitor e portáteis, que
podem ser levados a qualquer lugar.

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

DESKTOPS Para tentarmos definir o que seja processamento de


dados temos de ver o que existe em comum em todas es-
São os computadores mais comuns. Geralmente dis- tas atividades. Ao analisarmos, podemos perceber que em
põem de teclado, mouse, monitor e gabinete separados todas elas são dadas certas informações iniciais, as quais
fisicamente e não são movidos de lugar frequentemente, chamamos de dados.
uma vez que têm todos os componentes ligados por cabos. E que estes dados foram sujeitos a certas transforma-
São compostos por: ções, com as quais foram obtidas as informações.
• Monitor (vídeo) O processamento de dados sempre envolve três fases
• Teclado essenciais: Entrada de Dados, Processamento e Saída da
• Mouse Informação.
• Gabinete: Placa-mãe, CPU (processador), memó- Para que um sistema de processamento de dados fun-
rias, drives, disco rígido (HD), modem, portas USB etc. cione ao contento, faz-se necessário que três elementos
funcionem em perfeita harmonia, são eles:
PORTÁTEIS
Hardware
Os computadores portáteis possuem todas as partes
integradas num só conjunto. Mouse, teclado, monitor e
Hardware é toda a parte física que compõe o sistema
gabinete em uma única peça. Os computadores portáteis
começaram a aparecer no início dos anos 80, nos Estados de processamento de dados: equipamentos e suprimentos
Unidos e hoje podem ser encontrados nos mais diferen- tais como: CPU, disquetes, formulários, impressoras.
tes formatos e tamanhos, destinados a diferentes tipos de
operações. Software

LAPTOPS É toda a parte lógica do sistema de processamento de


dados. Desde os dados que armazenamos no hardware,
Também chamados de notebooks, são computadores até os programas que os processam.
portáteis, leves e produzidos para serem transportados fa-
cilmente. Os laptops possuem tela, geralmente de Liquid Peopleware
Crystal Display (LCD), teclado, mouse (touchpad), disco rí-
gido, drive de CD/DVD e portas de conexão. Seu nome vem Esta é a parte humana do sistema: usuários (aqueles
da junção das palavras em inglês lap (colo) e top (em cima), que usam a informática como um meio para a sua ativi-
significando “computador que cabe no colo de qualquer dade fim), programadores e analistas de sistemas (aqueles
pessoa”. que usam a informática como uma atividade fim).
Embora não pareça, a parte mais complexa de um sis-
NETBOOKS tema de processamento de dados é, sem dúvida o People-
ware, pois por mais moderna que sejam os equipamentos,
São computadores portáteis muito parecidos com o por mais fartos que sejam os suprimentos, e por mais inte-
notebook, porém, em tamanho reduzido, mais leves, mais ligente que se apresente o software, de nada adiantará se
baratos e não possuem drives de CD/ DVD. as pessoas (peopleware) não estiverem devidamente trei-
PDA nadas a fazer e usar a informática.
O alto e acelerado crescimento tecnológico vem apri-
É a abreviação do inglês Personal Digital Assistant e morando o hardware, seguido de perto pelo software.
também são conhecidos como palmtops. São computado-
Equipamentos que cabem na palma da mão, softwares que
res pequenos e, geralmente, não possuem teclado. Para a
transformam fantasia em realidade virtual não são mais
entrada de dados, sua tela é sensível ao toque. É um assis-
novidades. Entretanto ainda temos em nossas empresas
tente pessoal com boa quantidade de memória e diversos
programas para uso específico. pessoas que sequer tocaram algum dia em um teclado de
computador.
SMARTPHONES Mesmo nas mais arrojadas organizações, o relaciona-
mento entre as pessoas dificulta o trâmite e consequente
São telefones celulares de última geração. Possuem processamento da informação, sucateando e subutilizando
alta capacidade de processamento, grande potencial de equipamentos e softwares. Isto pode ser vislumbrado, so-
armazenamento, acesso à Internet, reproduzem músicas, bretudo nas instituições públicas.
vídeos e têm outras funcionalidades.

Sistema de Processamento de Dados

Quando falamos em “Processamento de Dados” trata-


mos de uma grande variedade de atividades que ocorre
tanto nas organizações industriais e comerciais, quanto na
vida diária de cada um de nós.

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

POR DENTRO DO GABINETE Devido à complexidade das motherboards, da sofisti-


cação dos sistemas operacionais e do crescente aumento
do clock, o chipset é o conjunto de CIs (circuitos integra-
dos) mais importante do microcomputador. Fazendo uma
analogia com uma orquestra, enquanto o processador é o
maestro, o chipset seria o resto!

• BIOS

O BIOS (Basic Input Output System), ou sistema básico


de entrada e saída, é a primeira camada de software do
micro, um pequeno programa que tem a função de “iniciar”
o microcomputador. Durante o processo de inicialização, o
BIOS é o responsável pelo reconhecimento dos componen-
Identificaremos as partes internas do computador, lo- tes de hardware instalados, dar o boot, e prover informa-
calizadas no gabinete ou torre: ções básicas para o funcionamento do sistema.
• Motherboard (placa-mãe) O BIOS é a camada (vide diagrama 1.1) que viabiliza a
• Processador utilização de Sistemas Operacionais diferentes (Linux, Unix,
• Memórias Hurd, BSD, Windows, etc.) no microcomputador. É no BIOS
• Fonte de Energia que estão descritos os elementos necessários para ope-
• Cabos racionalizar o Hardware, possibilitando aos diversos S.O.
• Drivers acesso aos recursos independe de suas características es-
• Portas de Entrada/Saída pecíficas.
MOTHERBOARD (PLACA-MÃE)

É uma das partes mais importantes do computador. A


motherboard é uma placa de circuitos integrados que ser-
ve de suporte para todas as partes do computador.
Praticamente, tudo fica conectado à placa-mãe de al-
guma maneira, seja por cabos ou por meio de barramentos. O BIOS é gravado em um chip de memória do tipo
A placa mãe é desenvolvida para atender às caracte- EPROM (Erased Programmable Read Only Memory). É um
rísticas especificas de famílias de processadores, incluindo tipo de memória “não volátil”, isto é, desligando o com-
até a possibilidade de uso de processadores ainda não putador não há a perda das informações (programas) nela
lançados, mas que apresentem as mesmas características contida. O BIOS é contem 2 programas: POST (Power On
previstas na placa. Self Test) e SETUP para teste do sistema e configuração dos
A placa mãe é determinante quanto aos componentes parâmetros de inicialização, respectivamente, e de funções
que podem ser utilizados no micro e sobre as possibilida- básicas para manipulação do hardware utilizadas pelo Sis-
des de upgrade, influenciando diretamente na performan- tema Operacional.
ce do micro. Quando inicializamos o sistema, um programa chama-
do POST conta a memória disponível, identifica dispositi-
Diversos componentes integram a placa-mãe, como: vos plug-and-play e realiza uma checagem geral dos com-
• Chipset ponentes instalados, verificando se existe algo de errado
Denomina-se chipset os circuitos de apoio ao micro- com algum componente. Após o término desses testes, é
computador que gerenciam praticamente todo o funciona- emitido um relatório com várias informações sobre o hard-
mento da placa-mãe (controle de memória cache, DRAM, ware instalado no micro. Este relatório é uma maneira fácil
controle do buffer de dados, interface com a CPU, etc.). e rápida de verificar a configuração de um computador.
O chipset é composto internamente de vários outros Para paralisar a imagem tempo suficiente para conseguir
pequenos chips, um para cada função que ele executa. Há ler as informações, basta pressionar a tecla “pause/break”
um chip controlador das interfaces IDE, outro controlador do teclado.
das memórias, etc. Existem diversos modelos de chipsets,
cada um com recursos bem diferentes.

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Caso seja constatado algum problema durante o POST, PROCESSADOR


serão emitidos sinais sonoros indicando o tipo de erro en-
contrado. Por isso, é fundamental a existência de um alto-
falante conectado à placa mãe.
Atualmente algumas motherboards já utilizam chips de
memória com tecnologia flash. Memórias que podem ser
atualizadas por software e também não perdem seus da-
dos quando o computador é desligado, sem necessidade
de alimentação permanente.
As BIOS mais conhecidas são: AMI, Award e Phoenix.
50% dos micros utilizam BIOS AMI.

• Memória CMOS

CMOS (Complementary Metal-Oxide Semicondutor)


é uma memória formada por circuitos integrados de bai- O microprocessador, também conhecido como pro-
xíssimo consumo de energia, onde ficam armazenadas as cessador, consiste num circuito integrado construído para
informações do sistema (setup), acessados no momento realizar cálculos e operações. Ele é a parte principal do
do BOOT. Estes dados são atribuídos na montagem do mi- computador, mas está longe de ser uma máquina completa
crocomputador refletindo sua configuração (tipo de win- por si só: para interagir com o usuário é necessário memó-
chester, números e tipo de drives, data e hora, configura- ria, dispositivos de entrada e saída, conversores de sinais,
ções gerais, velocidade de memória, etc.) permanecendo entre outros.
armazenados na CMOS enquanto houver alimentação da É o processador quem determina a velocidade de pro-
bateria interna. Algumas alterações no hardware (troca e/ cessamento dos dados na máquina. Os primeiros modelos
ou inclusão de novos componentes) podem implicar na al- comerciais começaram a surgir no início dos anos 80.
teração de alguns desses parâmetros. • Clock Speed ou Clock Rate
Muitos desses itens estão diretamente relacionados É a velocidade pela qual um microprocessador execu-
com o processador e seu chipset e portanto é recomen- ta instruções. Quanto mais rápido o clock, mais instruções
dável usar os valores default sugerido pelo fabricante da uma CPU pode executar por segundo.
BIOS. Mudanças nesses parâmetros pode ocasionar o tra- Usualmente, a taxa de clock é uma característica fixa do
vamento da máquina, intermitência na operação, mau fun- processador. Porém, alguns computadores têm uma “cha-
cionamento dos drives e até perda de dados do HD. ve” que permite 2 ou mais diferentes velocidades de clock.
Isto é útil porque programas desenvolvidos para trabalhar
• Slots para módulos de memória em uma máquina com alta velocidade de clock podem não
Na época dos micros XT e 286, os chips de memória trabalhar corretamente em uma máquina com velocidade
eram encaixados (ou até soldados) diretamente na placa de clock mais lenta, e vice versa. Além disso, alguns com-
mãe, um a um. O agrupamento dos chips de memória em ponentes de expansão podem não ser capazes de trabalhar
módulos (pentes), inicialmente de 30 vias, e depois com 72 a alta velocidade de clock.
e 168 vias, permitiu maior versatilidade na composição dos Assim como a velocidade de clock, a arquitetura inter-
bancos de memória de acordo com as necessidades das na de um microprocessador tem influência na sua perfor-
aplicações e dos recursos financeiros disponíveis. mance. Dessa forma, 2 CPUs com a mesma velocidade de
Durante o período de transição para uma nova tecno- clock não necessariamente trabalham igualmente. Enquan-
logia é comum encontrar placas mãe com slots para mais to um processador Intel 80286 requer 20 ciclos para multi-
de um modelo. Atualmente as placas estão sendo pro- plicar 2 números, um Intel 80486 (ou superior) pode fazer
duzidas apenas com módulos de 168 vias, mas algumas o mesmo cálculo em um simples ciclo. Por essa razão, estes
comportam memórias de mais de um tipo (não simulta- novos processadores poderiam ser 20 vezes mais rápido
neamente): SDRAM, Rambus ou DDR-SDRAM. que os antigos mesmo se a velocidade de clock fosse a
mesma. Além disso, alguns microprocessadores são supe-
• Clock rescalar, o que significa que eles podem executar mais de
Relógio interno baseado num cristal de Quartzo que uma instrução por ciclo.
gera um pulso elétrico. A função do clock é sincronizar to- Como as CPUs, os barramentos de expansão também
dos os circuitos da placa mãe e também os circuitos inter- têm a sua velocidade de clock. Seria ideal que as velocida-
nos do processador para que o sistema trabalhe harmoni- des de clock da CPU e dos barramentos fossem a mesma
camente. para que um componente não deixe o outro mais lento. Na
Estes pulsos elétricos em intervalos regulares são me- prática, a velocidade de clock dos barramentos é mais lenta
didos pela sua frequência cuja unidade é dada em hertz que a velocidade da CPU.
(Hz). 1 MHz é igual a 1 milhão de ciclos por segundo. Nor- • Overclock
malmente os processadores são referenciados pelo clock Overclock é o aumento da frequência do processador
ou frequência de operação: Pentium IV 2.8 MHz. para que ele trabalhe mais rapidamente.

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A frequência de operação dos computadores domésti- NEC, Cyrix e AMD; sendo que atualmente apenas essa últi-
cos é determinada por dois fatores: ma marca mantém-se fazendo frente aos lançamentos da
• A velocidade de operação da placa-mãe, conhecida INTEL no mercado. Por exemplo, um modelo muito popular
também como velocidade de barramento, que nos compu- de 386 foi o de 40 MHz, que nunca foi feito pela INTEL, cujo
tadores Pentium pode ser de 50, 60 e 66 MHz. 386 mais veloz era de 33 MHz, esse processador foi obra
• Um multiplicador de clock, criado a partir dos 486 da AMD. Desde o lançamento da linha Pentium, a AMD foi
que permite ao processador trabalhar internamente a uma obrigada a criar também novas denominações para seus
velocidade maior que a da placa-mãe. Vale lembrar que processadores, sendo lançados modelos como K5, K6-2,
os outros periféricos do computador (memória RAM, cache K7, Duron (fazendo concorrência direta à ideia do Celeron)
L2, placa de vídeo, etc.) continuam trabalhando na veloci- e os mais atuais como: Athlon, Turion, Opteron e Phenom.
dade de barramento. MEMÓRIAS
Como exemplo, um computador Pentium 166 trabalha
com velocidade de barramento de 66 MHz e multiplica-
dor de 2,5x. Fazendo o cálculo, 66 x 2,5 = 166, ou seja, o
processador trabalha a 166 MHz, mas se comunica com os
demais componentes do micro a 66 MHz.
Tendo um processador Pentium 166 (como o do exem-
plo acima), pode-se fazê-lo trabalhar a 200 MHz, simples-
mente aumentando o multiplicador de clock de 2,5x para
3x. Caso a placa-mãe permita, pode-se usar um barramen-
to de 75 ou até mesmo 83 MHz (algumas placas mais mo-
dernas suportam essa velocidade de barramento). Neste
caso, mantendo o multiplicador de clock de 2,5x, o Pentium
166 poderia trabalhar a 187 MHz (2,5 x 75) ou a 208 MHz
(2,5 x 83). As frequências de barramento e do multiplicador
podem ser alteradas simplesmente através de jumpers de
configuração da placa-mãe, o que torna indispensável o Vamos chamar de memória o que muitos autores de-
manual da mesma. O aumento da velocidade de barramen- nominam memória primária, que é a memória interna do
to da placa-mãe pode criar problemas caso algum perifé- computador, sem a qual ele não funciona.
rico (como memória RAM, cache L2, etc.) não suporte essa A memória é formada, geralmente, por chips e é uti-
velocidade. lizada para guardar a informação para o processador num
Quando se faz um overclock, o processador passa a determinado momento, por exemplo, quando um progra-
trabalhar a uma velocidade maior do que ele foi projetado, ma está sendo executado.
fazendo com que haja um maior aquecimento do mesmo. As memórias ROM (Read Only Memory - Memória So-
Com isto, reduz-se a vida útil do processador de cerca de mente de Leitura) e RAM (Random Access Memory - Me-
20 para 10 anos (o que não chega a ser um problema já mória de Acesso Randômico) ficam localizadas junto à pla-
que os processadores rapidamente se tornam obsoletos). ca-mãe. A ROM são chips soldados à placa-mãe, enquanto
Esse aquecimento excessivo pode causar também frequen- a RAM são “pentes” de memória.
tes “crashes” (travamento) do sistema operacional durante
o seu uso, obrigando o usuário a reiniciar a máquina. FONTE DE ENERGIA
Ao fazer o overclock, é indispensável a utilização de um
cooler (ventilador que fica sobre o processador para redu-
zir seu aquecimento) de qualidade e, em alguns casos, uma
pasta térmica especial que é passada diretamente sobre a
superfície do processador.
Atualmente fala-se muito em CORE, seja dual, duo ou
quad, essa denominação refere-se na verdade ao núcleo
do processador, onde fica a ULA (Unidade Aritmética e Ló-
gica). Nos modelos DUAL ou DUO, esse núcleo é duplica-
do, o que proporciona uma execução de duas instruções
efetivamente ao mesmo tempo, embora isto não aconteça
o tempo todo. Basta uma instrução precisar de um dado É um aparelho que transforma a corrente de eletricida-
gerado por sua “concorrente” que a execução paralela tor- de alternada (que vem da rua), em corrente contínua, para
na-se inviável, tendo uma instrução que esperar pelo tér- ser usada nos computadores. Sua função é alimentar todas
mino da outra. Os modelos QUAD CORE possuem o núcleo as partes do computador com energia elétrica apropriada
quadruplicado. para seu funcionamento.
Esses são os processadores fabricados pela INTEL, em- Fica ligada à placa-mãe e aos outros dispositivos por
presa que foi pioneira nesse tipo de produto. Temos tam- meio de cabos coloridos com conectores nas pontas.
bém alguns concorrentes famosos dessa marca, tais como

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CABOS São as portas do computador nas quais se conectam


todos os periféricos. São utilizadas para entrada e saída de
dados. Os computadores de hoje apresentam normalmen-
te as portas USB, VGA, FireWire, HDMI, Ethernet e Modem.

Veja alguns exemplos de dispositivos ligados ao com-


putador por meio dessas Portas: modem, monitor, pen dri-
ve, HD externo, scanner, impressora, microfone, Caixas de
som, mouse, teclado etc.

Obs.: são dignas de citação portas ainda bastante


usadas, como as portas paralelas (impressoras e scan-
Podemos encontrar diferentes tipos de cabos dentro ners) e as portas PS/2(mouses e teclados).
do gabinete: podem ser de energia ou de dados e co-
nectam dispositivos, como discos rígidos, drives de CDs e MEMÓRIAS E DISPOSITIVOS
DVDs, LEDs (luzes), botão liga/desliga, entre outros, à pla- DE ARMAZENAMENTO
ca-mãe.
Os tipos de cabos encontrados dentro do PC são: IDE, Memórias
SATA, SATA2, energia e som.
Memória ROM
DRIVERS

No microcomputador também se encontram as me-


mórias definidas como dispositivos eletrônicos respon-
sáveis pelo armazenamento de informações e instruções
São dispositivos de suporte para mídias - fixas ou re- utilizadas pelo computador.
movíveis - de armazenamento de dados, nos quais a in-
formação é gravada por meio digital, ótico, magnético ou Read Only Memory (ROM) é um tipo de memória em
mecânico. que os dados não se perdem quando o computador é des-
Hoje, os tipos mais comuns são o disco rígido ou HD, ligado. Este tipo de memória é ideal para guardar dados
os drives de CD/DVD e o pen drive. Os computadores mais da BIOS (Basic Input/Output System - Sistema Básico de
antigos ainda apresentam drives de disquetes, que são Entrada/Saída) da placa-mãe e outros dispositivos.
bem pouco usados devido à baixa capacidade de armaze-
namento. Todos os drives são ligados ao computador por Os tipos de ROM usados atualmente são:
meio de cabos.
• Electrically-Erasable Programmable Read-Only
PORTAS DE ENTRADA/SAÍDA Memory (Eeprom)
É um tipo de PROM que pode ser apagada simples-
mente com uma carga elétrica, podendo ser, posterior-
mente, gravada com novos dados. Depois da NVRAM é o
tipo de memória ROM mais utilizado atualmente.

• Non-Volatile Random Access Memory (Nvram)

Também conhecida como flash RAM ou memória flash,


a NVRAM é um tipo de memória RAM que não perde os
dados quando desligada. Este tipo de memória é o mais
usado atualmente para armazenar os dados da BIOS, não
só da placa-mãe, mas de vários outros dispositivos, como
modems, gravadores de CD-ROM etc.

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

É justamente o fato do BIOS da placa-mãe ser gravado A memória cache é um tipo de memória de acesso
em memória flash que permite realizarmos upgrades de rápido utilizada, exclusivamente, para armazenamento de
BIOS. Na verdade essa não é exatamente uma memória dados que provavelmente serão usados novamente.
ROM, já que pode ser reescrita, mas a substitui com van- Quando executamos algum programa, por exemplo,
tagens. parte das instruções fica guardada nesta memória para
que, caso posteriormente seja necessário abrir o programa
• Programmable Read-Only Memory (Prom) novamente, sua execução seja mais rápida.
É um tipo de memória ROM, fabricada em branco, sen- Atualmente, a memória cache já é estendida a outros
do programada posteriormente. Uma vez gravados os da- dispositivos, a fim de acelerar o processo de acesso aos
dos, eles não podem ser alterados. Este tipo de memória é dados. Os processadores e os HDs, por exemplo, já utilizam
usado em vários dispositivos, assim como em placas-mãe este tipo de armazenamento.
antigas. DISPOSITIVOS DE ARMAZENAMENTO

Memoria RAM Disco Rígido (HD)

Random Access Memory (RAM) - Memória de acesso


aleatório onde são armazenados dados em tempo de pro-
cessamento, isto é, enquanto o computador está ligado e,
também, todas as informações que estiverem sendo exe-
cutadas, pois essa memória é mantida por pulsos elétricos.
Todo conteúdo dela é apagado ao desligar-se a máquina,
por isso é chamada também de volátil.
O módulo de memória é um componente adicionado à O disco rígido é popularmente conhecido como HD
placa-mãe. É composto de uma série de pequenos circui- (Hard Disk Drive - HDD) e é comum ser chamado, também,
tos integrados, chamados chip de RAM. A memória pode de memória, mas ao contrário da memória RAM, quando o
ser aumentada, de acordo com o tipo de equipamento ou computador é desligado, não perde as informações.
das necessidades do usuário. O local onde os chips de me- O disco rígido é, na verdade, o único dispositivo para
mória são instalados chama-se SLOT de memória. armazenamento de informações indispensável ao funcio-
A memória ganhou melhor desempenho com versões namento do computador. É nele que ficam guardados to-
mais poderosas, como DRAM (Dynamic RAM - RAM dinâ- dos os dados e arquivos, incluindo o sistema operacional.
mica), EDO (Extended Data Out - Saída Estendida Dados), Geralmente é ligado à placa-mãe por meio de um cabo,
entre outras, que proporcionam um aumento no desempe- que pode ser padrão IDE, SATA ou SATA2.
nho de 10% a 30% em comparação à RAM tradicional. Hoje,
as memórias mais utilizadas são do tipo DDR2 e DDR3. HD Externo

Memória Cache

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os HDs externos são discos rígidos portáteis com alta Blu-Ray


capacidade de armazenamento, chegando facilmente à
casa dos Terabytes. Eles, normalmente, funcionam a partir O Blu-Ray é o sucessor do DVD. Sua capacidade varia
de qualquer entrada USB do computador. entre 25 e 50 GB. O de maior capacidade contém duas
camadas de gravação.
As grandes vantagens destes dispositivos são: Seu processo de fabricação segue os padrões do CD
• Alta capacidade de armazenamento; e DVD comuns, com a diferença de que o feixe de laser
• Facilidade de instalação; usado para leitura é ainda menor que o do DVD, o que
• Mobilidade, ou seja, pode-se levá-lo para qual- possibilita armazenagem maior de dados no disco.
quer lugar sem necessidade de abrir o computador. O nome do disco refere-se à cor do feixe de luz do lei-
CD, CD-R e CD-RW tor ótico que, na verdade, para o olho humano, apresenta
uma cor violeta azulada. O “e” da palavra blue (azul) foi
O Compact Disc (CD) foi criado no começo da década retirado do nome por fins jurídicos, já que muitos países
de 80 e é hoje um dos meios mais populares de armazenar não permitem que se registre comercialmente uma palavra
dados digitalmente. comum. O Blu-Ray foi introduzido no mercado no ano de
Sua composição é geralmente formada por quatro ca- 2006.
madas: Pen Drive
• Uma camada de policarbonato (espécie de plásti-
co), onde ficam armazenados os dados
• Uma camada refletiva metálica, com a finalidade
de refletir o laser
• Uma camada de acrílico, para proteger os dados
• Uma camada superficial, onde são impressos os
rótulos
Na camada de gravação existe uma grande espiral que
tem um relevo de partes planas e partes baixas que repre- É um dispositivo de armazenamento de dados em me-
sentam os bits. Um feixe de laser “lê” o relevo e converte a mória flash e conecta-se ao computador por uma porta
informação. Temos hoje, no mercado, três tipos principais USB. Ele combina diversas tecnologias antigas com baixo
de CDs: custo, baixo consumo de energia e tamanho reduzido, gra-
ças aos avanços nos microprocessadores. Funciona, ba-
1. CD comercial sicamente, como um HD externo e quando conectado ao
(que já vem gravado com música ou dados) computador pode ser visualizado como um drive. O pen
drive também é conhecido como thumbdrive (por ter o ta-
2. CD-R manho aproximado de um dedo polegar - thumb), flashdri-
(que vem vazio e pode ser gravado uma única vez) ve (por usar uma memória flash) ou, ainda, disco removível.
Ele tem a mesma função dos antigos disquetes e dos
3. CD-RW CDs, ou seja, armazenar dados para serem transportados,
(que pode ter seus dados apagados e regravados) porém, com uma capacidade maior, chegando a 256 GB.
Atualmente, a capacidade dos CDs é armazenar cerca
de 700 MB ou 80 minutos de música. Cartão de Memória

DVD, DVD-R e DVD-RW

O Digital Vídeo Disc ou Digital Versatille Disc (DVD) é


hoje o formato mais comum para armazenamento de vídeo
digital. Foi inventado no final dos anos 90, mas só se popu-
larizou depois do ano 2000. Assim como o CD, é composto
por quatro camadas, com a diferença de que o feixe de
laser que lê e grava as informações é menor, possibilitando
uma espiral maior no disco, o que proporciona maior capa-
cidade de armazenamento.
Também possui as versões DVD-R e DVD-RW, sendo Assim como o pen drive, o cartão de memória é um
R de gravação única e RW que possibilita a regravação de tipo de dispositivo de armazenamento de dados com me-
dados. A capacidade dos DVDs é de 120 minutos de vídeo mória flash, muito encontrado em máquinas fotográficas
ou 4,7 GB de dados, existindo ainda um tipo de DVD cha- digitais e aparelhos celulares smartphones.
mado Dual Layer, que contém duas camadas de gravação, Nas máquinas digitais registra as imagens capturadas
cuja capacidade de armazenamento chega a 8,5 GB. e nos telefones é utilizado para armazenar vídeos, fotos,
ringtones, endereços, números de telefone etc.

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O cartão de memória funciona, basicamente, como o Teclado


pen drive, mas, ao contrário dele, nem sempre fica aparen-
te no dispositivo e é bem mais compacto.
Os formatos mais conhecidos são:
• Memory Stick Duo
• SD (Secure Digital Card)
• Mini SD
• Micro SD

OS PERIFÉRICOS
Os periféricos são partes extremamente importantes
dos computadores. São eles que, muitas vezes, definem
sua aplicação.
É o periférico mais conhecido e utilizado para entrada
Entrada de dados no computador.
São dispositivos que possuem a função de inserir da- Acompanha o PC desde suas primeiras versões e foi
dos ao computador, por exemplo: teclado, scanner, cane- pouco alterado. Possui teclas representando letras, núme-
ta óptica, leitor de código de barras, mesa digitalizadora, ros e símbolos, bem como teclas com funções específicas
mouse, microfone, joystick, CD-ROM, DVD-ROM, câmera (F1... F12, ESC etc.).
fotográfica digital, câmera de vídeo, webcam etc.
Mouse

Câmera Digital

É utilizado para selecionar operações dentro de uma


tela apresentada. Seu movimento controla a posição do
cursor na tela e apenas clicando (pressionando) um dos
botões sobre o que você precisa, rapidamente a operação
estará definida.
O mouse surgiu com o ambiente gráfico das famílias
Macintosh e Windows, tornando-se indispensável para a
utilização do microcomputador.
Câmera fotográfica moderna que não usa mais filmes
Touchpad fotográficos. As imagens são capturadas e gravadas numa
memória interna ou, ainda, mais comumente, em cartões
de memória.
O formato de arquivo padrão para armazenar as fotos
é o JPEG (.jpg) e elas podem ser transferidas ao compu-
tador por meio de um cabo ou, nos computadores mais
modernos, colocando-se o cartão de memória diretamente
no leitor.

Câmeras de Vídeo

Existem alguns modelos diferentes de mouse para no-


tebooks, como o touchpad, que é um item de fábrica na
maioria deles.
É uma pequena superfície sensível ao toque e tem a
mesma funcionalidade do mouse. Para movimentar o cur-
sor na tela, passa-se o dedo levemente sobre a área do
touchpad.

9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As câmeras de vídeo, além de utilizadas no lazer, são Existem scanners que funcionam apenas em preto e
também aplicadas no trabalho de multimídia. As câmeras branco e outros, que reproduzem cores. No primeiro caso,
de vídeo digitais ligam-se ao microcomputador por meio os sensores passam apenas uma vez por cada ponto da
de cabos de conexão e permitem levar a ele as imagens em imagem. Os aparelhos de fax possuem um scanner desse
movimento e alterá-las utilizando um programa de edição tipo para captar o documento. Para capturar as cores é pre-
de imagens. Existe, ainda, a possibilidade de transmitir as ciso varrer a imagem três vezes: uma registra o verde, outra
imagens por meio de placas de captura de vídeo, que po- o vermelho e outra o azul.
dem funcionar interna ou externamente no computador. Há aparelhos que produzem imagens com maior ou
menor definição. Isso é determinado pelo número de pon-
tos por polegada (ppp) que os sensores fotoelétricos po-
dem ler. As capacidades variam de 300 a 4800 ppp. Alguns
modelos contam, ainda, com softwares de reconhecimento
de escrita, denominados OCR.
Hoje em dia, existem diversos tipos de utilização para
os scanners, que podem ser encontrados até nos caixas de
supermercados, para ler os códigos de barras dos produtos
vendidos.

Webcam

Scanner

É uma câmera de vídeo que capta imagens e as trans-


fere instantaneamente para o computador. A maioria delas
não tem alta resolução, já que as imagens têm a finalidade
de serem transmitidas a outro computador via Internet, ou
seja, não podem gerar um arquivo muito grande, para que
possam ser transmitidas mais rapidamente.
Hoje, muitos sites e programas possuem chats (bate
-papo) com suporte para webcam. Os participantes podem
É um dispositivo utilizado para interpretar e enviar à conversar e visualizar a imagem um do outro enquanto
memória do computador uma imagem desenhada, pintada conversam. Nos laptops e notebooks mais modernos, a câ-
ou fotografada. Ele é formado por minúsculos sensores fo- mera já vem integrada ao computador.
toelétricos, geralmente distribuídos de forma linear. Cada
linha da imagem é percorrida por um feixe de luz. Ao mes- Saída
mo tempo, os sensores varrem (percorrem) esse espaço e
armazenam a quantidade de luz refletida por cada um dos São dispositivos utilizados para saída de dados do
pontos da linha. computador, por exemplo: monitor, impressora, projetor,
A princípio, essas informações são convertidas em car- caixa de som etc.
gas elétricas que, depois, ainda no scanner, são transforma-
das em valores numéricos. O computador decodifica esses Monitor
números, armazena-os e pode transformá-los novamente
em imagem. Após a imagem ser convertida para a tela, É um dispositivo físico (semelhante a uma televisão)
pode ser gravada e impressa como qualquer outro arquivo. que tem a função de exibir a saída de dados.

10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A qualidade do que é mostrado na tela depende da Ainda é possível encontrar monitores CRT (que usavam
resolução do monitor, designada pelos pontos (pixels - Pic- o tubo de cinescópio), mas os fabricantes, no entanto, não
ture Elements), que podem ser representados na sua su- deram continuidade à produção dos equipamentos com
perfície. tubo de imagem.
Todas as imagens que você vê na tela são compostas Os primeiros monitores tinham um tamanho de, geral-
de centenas (ou milhares) de pontos gráficos (ou pixels). mente, 13 ou 14 polegadas. Com profissionais trabalhando
Quanto mais pixels, maior a resolução e mais detalhada com imagens, cores, movimentos e animações multimídia,
será a imagem na tela. Uma resolução de 640 x 480 signi- sentiu-se a necessidade de produzir telas maiores.
fica 640 pixels por linha e 480 linhas na tela, resultando em Hoje, os monitores são vendidos nos mais diferentes
307.200 pixels. formatos e tamanhos. As televisões mais modernas apre-
sentam uma entrada VGA ou HDMI, para que computado-
A placa gráfica permite que as informações saiam do
res sejam conectados a elas.
computador e sejam apresentadas no monitor. A placa
determina quantas cores você verá e qual a qualidade dos Impressora Jato de Tinta
gráficos e imagens apresentadas.
Os primeiros monitores eram monocromáticos, ou
seja, apresentavam apenas uma cor e suas tonalidades,
mostrando os textos em branco ou verde sobre um fun-
do preto. Depois, surgiram os policromáticos, trabalhando
com várias cores e suas tonalidades.
A tecnologia utilizada nos monitores também tem
acompanhado o mercado de informática. Procurou-se re-
duzir o consumo de energia e a emissão de radiação ele-
tromagnética. Outras inovações, como controles digitais,
tela plana e recursos multimídia contribuíram nas mudan- Atualmente, as impressoras a jato de tinta ou inkjet
ças. (como também são chamadas), são as mais populares do
Nos desktops mais antigos, utilizava-se a Catodic Rays mercado. Silenciosas, elas oferecem qualidade de impres-
Tube (CRT), que usava o tubo de cinescópio (o mesmo são e eficiência.
princípio da TV), em que um canhão dispara por trás o fei- A impressora jato de tinta forma imagens lançando a
tinta diretamente sobre o papel, produzindo os caracteres
xe de luz e a imagem é mostrada no vídeo. Uma grande
como se fossem contínuos. Imprime sobre papéis espe-
evolução foi o surgimento de uma tela especial, a Liquid
ciais e transparências e são bastante versáteis. Possuem
Crystal Display (LCD) - Tela de Cristal Líquido. fontes (tipos de letras) internas e aceitam fontes via soft-
A tecnologia LCD troca o tubo de cinescópio por mi- ware. Também preparam documentos em preto e branco
núsculos cristais líquidos na formação dos feixes de luz até e possuem cartuchos de tinta independentes, um preto e
a montagem dos pixels. Com este recurso, pode-se aumen- outro colorido.
tar a área útil da tela.
Os monitores LCD permitem qualidade na visibilidade
da imagem - dependendo do tipo de tela ― que pode ser:
• Matriz ativa: maior contraste, nitidez e amplo cam- Impressora Laser
po de visão
• Matriz passiva: menor tempo de resposta nos mo-
vimentos de vídeo
Além do CRT e do LCD, uma nova tecnologia esta ga-
nhando força no mercado, o LED. A principal diferença en-
tre LED x LCD está diretamente ligado à tela. Em vez de
células de cristal líquido, os LED possuem diodos emissores
de luz (Light Emitting Diode) que fornecem o conjunto de
luzes básicas (verde, vermelho e azul). Eles não aquecem
para emitir luz e não precisam de uma luz branca por trás,
o que permite iluminar apenas os pontos necessários na
tela. Como resultado, ele consume até 40% menos energia. As impressoras a laser apresentam elevada qualidade
A definição de cores também é superior, principalmen- de impressão, aliada a uma velocidade muito superior. Uti-
te do preto, que possui fidelidade não encontrada em ne- lizam folhas avulsas e são bastante silenciosas.
nhuma das demais tecnologias disponíveis no mercado. Possuem fontes internas e também aceitam fontes via
Sem todo o aparato que o LCD precisa por trás, o LED software (dependendo da quantidade de memória). Algu-
também pode ser mais fina, podendo chegar a apenas uma mas possuem um recurso que ajusta automaticamente as
polegada de espessura. Isso resultado num monitor de de- configurações de cor, eliminando a falta de precisão na im-
sign mais agradável e bem mais leve. pressão colorida, podendo atingir uma resolução de 1.200
dpi (dots per inch - pontos por polegada).

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Impressora a Cera IMPORTANTE: A impressora multifuncional pode ser


classificada como periférico de Entrada/Saída, pois sua
Categoria de impressora criada para ter cor no impres- principal característica é a de realizar os papeis de impres-
so com qualidade de laser, porém o custo elevado de ma- sora (Saída) e scanner (Entrada) no mesmo dispositivo.
nutenção aliado ao surgimento da laser colorida fizeram
essa tecnologia ser esquecida. A ideia aqui é usar uma su- BARRAMENTOS – CONCEITOS GERAIS
blimação de cera (aquela do lápis de cera) para fazer im-
pressão. Os barramentos, conhecidos como BUS em inglês, são
conjuntos de fios que normalmente estão presentes em to-
Plotters das as placas do computador.
Na verdade existe barramento em todas as placas de
produtos eletrônicos, porém em outros aparelhos os téc-
nicos referem-se aos barramentos simplesmente como o
“impresso da placa”.
Barramento é um conjunto de 50 a 100 fios que fazem
a comunicação entre todos os dispositivos do computador:
UCP, memória, dispositivos de entrada e saída e outros. Os
sinais típicos encontrados no barramento são: dados, clock,
endereços e controle.
Os dados trafegam por motivos claros de necessidade
de serem levados às mais diversas porções do computador.
Os endereços estão presentes para indicar a localiza-
ção para onde os dados vão ou vêm.
O clock trafega nos barramentos conhecidos como sín-
cronos, pois os dispositivos são obrigados a seguir uma
Outro dispositivo utilizado para impressão é a plotter, sincronia de tempo para se comunicarem.
que é uma impressora destinada a imprimir desenhos em O controle existe para informar aos dispositivos en-
grandes dimensões, com elevada qualidade e rigor, como volvidos na transmissão do barramento se a operação em
plantas arquitetônicas, mapas cartográficos, projetos de curso é de escrita, leitura, reset ou outra qualquer. Alguns
engenharia e grafismo, ou seja, a impressora plotter é des- sinais de controle são bastante comuns:
tinada às artes gráficas, editoração eletrônica e áreas de • Memory Write - Causa a escrita de dados do barra-
CAD/CAM. mento de dados no endereço especificado no barramento
Vários modelos de impressora plotter têm resolução de endereços.
de 300 dpi, mas alguns podem chegar a 1.200 pontos por • Memory Read - Causa dados de um dado endereço
polegada, permitindo imprimir, aproximadamente, 20 pá- especificado pelo barramento de endereço a ser posto no
ginas por minuto (no padrão de papel utilizado em impres- barramento de dados.
soras a laser). • I/O Write - Causa dados no barramento de dados se-
Existe a plotter que imprime materiais coloridos com rem enviados para uma porta de saída (dispositivo de I/O).
largura de até três metros (são usadas em empresas que • I/O Read - Causa a leitura de dados de um dispositivo
imprimem grandes volumes e utilizam vários formatos de de I/O, os quais serão colocados no barramento de dados.
papel). • Bus request - Indica que um módulo pede controle
Projetor do barramento do sistema.
• Reset - Inicializa todos os módulos
É um equipamento muito utilizado em apresentações
Todo barramento é implementado seguindo um con-
multimídia.
junto de regras de comunicação entre dispositivos conhe-
Antigamente, as informações de uma apresentação cido como BUS STANDARD, ou simplesmente PROTOCOLO
eram impressas em transparências e ampliadas num retro- DE BARRAMENTO, que vem a ser um padrão que qualquer
projetor, mas, com o avanço tecnológico, os projetores têm dispositivo que queira ser compatível com este barramento
auxiliado muito nesta área. deva compreender e respeitar. Mas um ponto sempre é
Quando conectados ao computador, esses equipa- certeza: todo dispositivo deve ser único no acesso ao bar-
mentos reproduzem o que está na tela do computador em ramento, porque os dados trafegam por toda a extensão
dimensões ampliadas, para que várias pessoas vejam ao da placa-mãe ou de qualquer outra placa e uma mistura de
mesmo tempo. dados seria o caos para o funcionamento do computador.

Entrada/Saída Os barramentos têm como principais vantagens o fato


São dispositivos que possuem tanto a função de inse- de ser o mesmo conjunto de fios que é usado para todos os
rir dados, quanto servir de saída de dados. Exemplos: pen periféricos, o que barateia o projeto do computador. Outro
drive, modem, CD-RW, DVD-RW, tela sensível ao toque, ponto positivo é a versatilidade, tendo em vista que toda
impressora multifuncional, etc. placa sempre tem alguns slots livres para a conexão de no-
vas placas que expandem as possibilidades do sistema.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A grande desvantagem dessa idéia é o surgimento de Foi o primeiro barramento a incorporar o conceito plu-
engarrafamentos pelo uso da mesma via por muitos perifé- g-and-play.
ricos, o que vem a prejudicar a vazão de dados (troughput). Seu lançamento foi em 1993, em conjunto com o pro-
Dispositivos conectados ao barramento cessador PENTIUM da Intel. Assim o novo processador
realmente foi revolucionário, pois chegou com uma série
• Ativos ou Mestres - dispositivos que comandam o de inovações e um novo barramento. O PCI foi definido
acesso ao barramento para leitura ou escrita de dados com o objetivo primário de estabelecer um padrão da in-
• Passivos ou Escravos - dispositivos que simplesmente dústria e uma arquitetura de barramento que ofereça baixo
obedecem à requisição do mestre. custo e permita diferenciações na implementação.
Exemplo:
- CPU ordena que o controlador de disco leia ou escre- Componente PCI ou PCI master
va um bloco de dados. Funciona como uma ponte entre processador e barra-
A CPU é o mestre e o controlador de disco é o escravo. mento PCI, no qual dispositivos add-in com interface PCI
estão conectados.
Barramentos Comerciais
- Add-in cards interface
Serão listados aqui alguns barramentos que foram e Possuem dispositivos que usam o protocolo PCI. São
alguns que ainda são bastante usados comercialmente. gerenciados pelo PCI master e são totalmente programá-
veis.
ISA – Industry Standard Architeture
AGP – Advanced Graphics Port

Foi lançado em 1984 pela IBM para suportar o novo


PC-AT. Tornou-se, de imediato, o padrão de todos os PC-
compatíveis. Era um barramento único para todos os com-
ponentes do computador, operando com largura de 16 bits
e com clock de 8 MHz.

PCI – Peripheral Components Interconnect Esse barramento permite que uma placa controladora
gráfica AGP substitua a placa gráfica no barramento PCI.
O Chip controlador AGP substitui o controlador de E/S do
barramento PCI. O novo conjunto AGP continua com fun-
ções herdadas do PCI. O conjunto faz a transferência de
dados entre memória, o processador e o controlador ISA,
tudo, simultaneamente.
Permite acesso direto mais rápido à memória. Pela por-
ta gráfica aceleradora, a placa tem acesso direto à RAM,
eliminando a necessidade de uma VRAM (vídeo RAM) na
própria placa para armazenar grandes arquivos de bits
como mapas e textura.
O uso desse barramento iniciou-se através de placas-
mãe que usavam o chipset i440LX, da Intel, já que esse
chipset foi o primeiro a ter suporte ao AGP. A principal van-
tagem desse barramento é o uso de uma maior quantidade
de memória para armazenamento de texturas para objetos
tridimensionais, além da alta velocidade no acesso a essas
PCI é um barramento síncrono de alta performance, texturas para aplicação na tela.
indicado como mecanismo entre controladores altamen- O primeiro AGP (1X) trabalhava a 133 MHz, o que pro-
te integrados, plug-in placas, sistemas de processadores/ porciona uma velocidade 4 vezes maior que o PCI. Além
memória. disso, sua taxa de transferência chegava a 266 MB por se-

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

gundo quando operando no esquema de velocidade X1, e Assim sendo, o padrão PCI Express 1X pode represen-
a 532 MB quando no esquema de velocidade 2X. Existem tar também taxas de transferência de dados de 500 MB por
também as versões 4X, 8X e 16X. Geralmente, só se en- segundo.
contra um único slot nas placas-mãe, visto que o AGP só A Intel é uma das grandes precursoras de inovações
interessa às placas de vídeo. tecnológicas.
No início de 2001, em um evento próprio, a empresa
PCI Express mostrou a necessidade de criação de uma tecnologia capaz
de substituir o padrão PCI: tratava-se do 3GIO (Third Ge-
neration I/O – 3ª geração de Entrada e Saída). Em agosto
desse mesmo ano, um grupo de empresas chamado de
PCI-SIG (composto por companhias como IBM, AMD
e Microsoft) aprovou as primeiras especificações do 3GIO.
Entre os quesitos levantados nessas especificações,
estão os que se seguem: suporte ao barramento PCI, pos-
sibilidade de uso de mais de uma lane, suporte a outros
tipos de conexão de plataformas, melhor gerenciamento
de energia, melhor proteção contra erros, entre outros.

Esse barramento é fortemente voltado para uso em


subsistemas de vídeo.
Na busca de uma solução para algumas limitações dos Interfaces – Barramentos Externos
barramentos AGP e PCI, a indústria de tecnologia trabalha
no barramento PCI Express, cujo nome inicial era 3GIO. Tra- Os barramentos circulam dentro do computador, co-
ta-se de um padrão que proporciona altas taxas de transfe- brem toda a extensão da placa-mãe e servem para co-
rência de dados entre o computador em si e um dispositivo, nectar as placas menores especializadas em determinadas
por exemplo, entre a placa-mãe e uma placa de vídeo 3D. tarefas do computador. Mas os dispositivos periféricos
A tecnologia PCI Express conta com um recurso que
precisam comunicarem-se com a UCP, para isso, historica-
permite o uso de uma ou mais conexões seriais, também
mente foram desenvolvidas algumas soluções de conexão
chamados de lanes para transferência de dados. Se um
tais como: serial, paralela, USB e Firewire. Passando ainda
determinado dispositivo usa um caminho, então diz-se que
por algumas soluções proprietárias, ou seja, que somente
esse utiliza o barramento PCI Express 1X; se utiliza 4 lanes ,
funcionavam com determinado periférico e de determina-
sua denominação é PCI Express 4X e assim por diante. Cada
do fabricante.
lane pode ser bidirecional, ou seja, recebe e envia dados.
Cada conexão usada no PCI Express trabalha com 8 bits
por vez, sendo 4 em cada direção. A freqüência usada é Interface Serial
de 2,5 GHz, mas esse valor pode variar. Assim sendo, o PCI Conhecida por seu uso em mouse e modems, esta in-
Express 1X consegue trabalhar com taxas de 250 MB por terface no passado já conectou até impressoras. Sua carac-
segundo, um valor bem maior que os 132 MB do padrão terística fundamental é que os bits trafegam em fila, um
PCI. Esse barramento trabalha com até 16X, o equivalente por vez, isso torna a comunicação mais lenta, porém o cabo
a 4000 MB por segundo. A tabela abaixo mostra os valores do dispositivo pode ser mais longo, alguns chegam até a
das taxas do PCI Express comparadas às taxas do padrão 10 metros de comprimento. Isso é útil para usar uma baru-
AGP: lhenta impressora matricial em uma sala separada daquela
onde o trabalho acontece.
As velocidades de comunicação dessa interface variam
de 25 bps até 57.700 bps (modems mais recentes). Na par-
AGP PCI Express te externa do gabinete, essas interfaces são representadas
AGP 1X: 266 MB por PCI Express 1X: 250 MB por por conectores DB-9 ou DB-25 machos.
segundo segundo
AGP 4X: 1064 MB por PCI Express 2X: 500 MB por
segundo segundo
AGP 8X: 2128 MB por PCI Express 8X: 2000 MB por
segundo segundo
PCI Express 16X: 4000 MB por
 
segundo

É importante frisar que o padrão 1X foi pouco utilizado


e, devido a isso, há empresas que chamam o PC I Express
2X de PCI Express 1X.

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Interface Paralela O que é USB 3.0?

Criada para ser uma opção ágil em relação à serial, essa Como você viu no tópico acima, o USB 3.0 surgiu por-
interface transmite um byte de cada vez. Devido aos 8 bits que o padrão precisou evoluir para atender novas neces-
em paralelo existe um RISCo de interferência na corrente sidades. Mas, no que consiste exatamente esta evolução?
elétrica dos condutores que formam o cabo. Por esse moti- O que o USB 3.0 tem de diferente do USB 2.0? A principal
vo os cabos de comunicação desta interface são mais cur- característica você já sabe: a velocidade de até 4,8 Gb/s (5
tos, normalmente funcionam muito bem até a distância de Gb/s, arredondando), que corresponde a cerca de 600 me-
1,5 metro, embora exista no mercado cabos paralelos de gabytes por segundo, dez vezes mais que a velocidade do
até 3 metros de comprimento. A velocidade de transmissão USB 2.0. Nada mal, não?
desta porta chega até a 1,2 MB por segundo.
Nos gabinetes dos computadores essa porta é encon-
trada na forma de conectores DB-25 fêmeas. Nas impres-
soras, normalmente, os conectores paralelos são conheci-
dos como interface centronics.

Símbolo para dispositivos USB 3.0

Mas o USB 3.0 também se destaca pelo fator “alimen-


tação elétrica”: o USB 2.0 fornece até 500 miliampéres, en-
quanto que o novo padrão pode suportar 900 miliampéres.
Isso significa que as portas USB 3.0 podem alimentar dis-
positivos que consomem mais energia (como determina-
dos HDs externos, por exemplo, cenário quase impossível
com o USB 2.0).
É claro que o USB 3.0 também possui as caracterís-
ticas que fizeram as versões anteriores tão bem aceitas,
USB – Universal Serial Bus como  Plug and Play  (plugar e usar), possibilidade de co-
nexão de mais de um dispositivo na mesma porta, hot-s-
A tecnologia USB surgiu no ano de 1994 e, desde en- wappable (capacidade de conectar e desconectar disposi-
tão, foi passando por várias revisões. As mais populares são tivos sem a necessidade de desligá-los) e compatibilidade
as versões 1.1 e 2.0, sendo esta última ainda bastante utili- com dispositivos nos padrões anteriores.
zada. A primeira é capaz de alcançar, no máximo, taxas de
transmissão de 12 Mb/s (megabits por segundo), enquanto Conectores USB 3.0
que a segunda pode oferecer até 480 Mb/s.
Como se percebe, o USB 2.0 consegue ser bem rápido, Outro aspecto no qual o padrão USB 3.0 difere do 2.0
afinal, 480 Mb/s correspondem a cerca de 60 megabytes diz respeito ao conector. Os conectores de ambos são bas-
por segundo. No entanto, acredite, a evolução da tecno- tante parecidos, mas não são iguais.
logia acaba fazendo com que velocidades muito maiores
sejam necessárias. Conector USB 3.0 A
Não é difícil entender o porquê: o número de conexões
à internet de alta velocidade cresce rapidamente, o que faz Como você verá mais adiante, os cabos da tecnologia
com que as pessoas queiram consumir, por exemplo, ví- USB 3.0 são compostos por nove fios, enquanto que os
deos, músicas, fotos e jogos em alta definição. Some a isso cabos USB 2.0 utilizam apenas 4. Isso acontece para que
ao fato de ser cada vez mais comum o surgimento de dis- o padrão novo possa suportar maiores taxas de transmis-
positivos como smartphones e câmeras digitais que aten- são de dados. Assim, os conectores do USB 3.0 possuem
dem a essas necessidades. A consequência não poderia ser contatos para estes fios adicionais na parte do fundo. Caso
outra: grandes volumes de dados nas mãos de um número um dispositivo USB 2.0 seja utilizado, este usará apenas os
cada vez maior de pessoas. contatos da parte frontal do conector. As imagens a seguir
Com suas especificações finais anunciadas em novem- mostram um conector USB 3.0 do tipo A:
bro de 2008, o USB 3.0 surgiu para dar conta desta e da
demanda que está por vir. É isso ou é perder espaço para
tecnologias como o  FireWire ou  Thunderbolt, por exem-
plo. Para isso, o USB 3.0 tem como principal característica
a capacidade de oferecer taxas de transferência de dados
de até 4,8 Gb/s (gigabits por segundo). Mas não é só isso...

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Micro-USB 3.0
O conector micro-USB, utilizado em smartphones, por
exemplo, também sofreu modificações: no padrão USB 3.0
- com nome de micro-USB B -, passou a contar com uma
área de contatos adicional na lateral, o que de certa forma
diminui a sua praticidade, mas foi a solução encontrada
para dar conta dos contatos adicionais:

Estrutura interna de um conector USB 3.0 A

Conector micro-USB 3.0 B - imagem por USB.org

Para facilitar a diferenciação, fabricantes estão adotan-


do a cor azul na parte interna dos conectores USB 3.0 e,
algumas vezes, nos cabos destes. Note, no entanto, que é
essa não é uma regra obrigatória, portanto, é sempre con-
veniente prestar atenção nas especificações do produto
antes de adquiri-lo.
Conector USB 3.0 A
Sobre o funcionamento do USB 3.0
Você deve ter percebido que é possível conectar dis-
Como você já sabe, cabos USB 3.0 trabalham com 9
positivos USB 2.0 ou 1.1 em portas USB 3.0. Este último é
fios, enquanto que o padrão anterior utiliza 4: VBus (VCC),
compatível com as versões anteriores. Fabricantes também
D+, D- e GND. O primeiro é o responsável pela alimentação
podem fazer dispositivos USB 3.0 compatíveis com o pa-
elétrica, o segundo e o terceiro são utilizados na transmis-
drão 2.0, mas neste caso a velocidade será a deste último. são de dados, enquanto que o quarto atua como “fio terra”.
E é claro: se você quer interconectar dois dispositivos por No padrão USB 3.0, a necessidade de transmissão de
USB 3.0 e aproveitar a sua alta velocidade, o cabo precisa dados em alta velocidade fez com que, no início, fosse
ser deste padrão. considerado o uso de fibra óptica para este fim, mas tal
característica tornaria a tecnologia cara e de fabricação
Conector USB 3.0 B mais complexa. A solução encontrada para dar viabilidade
Tal como acontece na versão anterior, o USB 3.0 tam- ao padrão foi a adoção de mais fios. Além daqueles uti-
bém conta com conectores diferenciados para se adequar lizados no USB 2.0, há também os seguintes: StdA_SSRX-
a determinados dispositivos. Um deles é o conector do tipo e StdA_SSRX+ para recebimento de dados, StdA_SSTX- e
B, utilizado em aparelhos de porte maior, como impresso- StdA_SSTX+ para envio, e GND_DRAIN como “fio terra”
ras ou scanners, por exemplo. para o sinal.
Em relação ao tipo B do padrão USB 2.0, a porta USB O conector USB 3.0 B pode contar ainda com uma va-
3.0 possui uma área de contatos adicional na parte supe- riação (USB 3.0 B Powered) que utiliza um contato a mais
rior. Isso significa que nela podem ser conectados tantos para alimentação elétrica e outro associado a este que ser-
dispositivos  USB 2.0 (que aproveitam só a parte inferior) ve como “fio terra”, permitindo o fornecimento de até 1000
quanto USB 3.0. No entanto, dispositivos 3.0 não poderão miliampéres a um dispositivo.
ser conectados em portas B 2.0: Quanto ao tamanho dos cabos, não há um limite defi-
nido, no entanto, testes efetuados por algumas entidades
especialistas (como a empresa Cable Wholesale) recomen-
dam, no máximo, até 3 metros para total aproveitamento
da tecnologia, mas esta medida pode variar de acordo com
as técnicas empregadas na fabricação.
No que se refere à transmissão de dados em si, o USB
3.0 faz esse trabalho de maneira bidirecional, ou seja, entre
dispositivos conectados, é possível o envio e o recebimen-
to simultâneo de dados. No USB 2.0, é possível apenas um
Conector USB 3.0 B - imagem por USB.org tipo de atividade por vez.

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O USB 3.0 também consegue ser mais eficiente no con- Novo conector “tipo C”: uso dos dois lados
trole do consumo de energia. Para isso, o host, isto é, a Em dezembro de 2013, a USB.org anunciou outra no-
máquina na qual os dispositivos são conectados, se comu- vidade para a versão 3.1 da tecnologia: um conector cha-
nica com os aparelhos de maneira assíncrona, aguardando mado (até agora, pelos menos) de tipo C que permitirá que
estes indicarem a necessidade de transmissão de dados. você conecte um cabo à entrada a partir de qualquer lado.
No USB 2.0, há uma espécie de “pesquisa contínua”, onde Sabe aquelas situações onde você encaixa um cabo ou
o host necessita enviar sinais constantemente para saber pendrive de um jeito, nota que o dispositivo não funcionou
qual deles necessita trafegar informações. e somente então percebe que o conectou incorretamente?
Ainda no que se refere ao consumo de energia, tan- Com o novo conector, este problema será coisa do passa-
to o host quanto os dispositivos conectados podem entrar do: qualquer lado fará o dispositivo funcionar.
em um estado de economia em momentos de ociosidade. Trata-se de um plugue reversível, portanto, semelhan-
Além disso, no USB 2.0, os dados transmitidos acabam indo te aos conectores  Lightning  existentes nos produtos da
do host para todos os dispositivos conectados. No USB 3.0, Apple. Tal como estes, o conector tipo C deverá ter tam-
essa comunicação ocorre somente com o dispositivo de bém dimensões reduzidas, o que facilitará a sua adoção em
destino. smartphones, tablets e outros dispositivos móveis.
Tamanha evolução tem um preço: o conector tipo C
Como saber rapidamente se uma porta é USB 3.0 não será compatível com as portas dos padrões anteriores,
exceto pelo uso de adaptadores. É importante relembrar,
Em determinados equipamentos, especialmente lap- no entanto, que será possível utilizar os conectores já exis-
tops, é comum encontrar, por exemplo, duas portas USB tentes com o USB 3.1.
2.0 e uma USB 3.0. Quando não houver nenhuma descrição A USB.org promete liberar mais informações sobre esta
identificando-as, como saber qual é qual? Pela cor existen- novidade em meados de 2014.
te no conector.
Pode haver exceções, é claro, mas pelo menos boa par- Firewire
te dos fabricantes segue a recomendação de identificar os
conectores USB 3.0 com a sua parte plástica em azul, tal O barramento firewire, também conhecido como IEEE
como informado anteriormente. Nas portas USB 2.0, por 1394 ou como i.Link, é um barramento de grande volu-
sua vez, os conectores são pretos ou, menos frequente- me de transferência de dados entre computadores, peri-
mente, brancos.
féricos e alguns produtos eletrônicos de consumo. Foi de-
senvolvido inicialmente pela Apple como um barramento
USB 3.1: até 10 Gb/s
serial de alta velocidade, mas eles estavam muito à frente
da realidade, ainda mais com, na época, a alternativa do
Em agosto de 2013, a USB.org anunciou as especifica-
barramento USB que já possuía boa velocidade, era barato
ções finais do  USB 3.1  (também chamado deSuperSpeed
e rapidamente integrado no mercado. Com isso, a Apple,
USB 10 Gbps), uma variação do USB 3.0 que se propõe a
mesmo incluindo esse tipo de conexão/portas no Mac por
oferecer taxas de transferência de dados de até 10 Gb/s (ou
seja, o dobro). algum tempo, a realidade “de fato”, era a não existência de
Na teoria, isso significa que conexões 3.1 podem alcan- utilidade para elas devido à falta de periféricos para seu
çar taxas de até 1,2 gigabyte por segundo! E não é exagero, uso. Porém o desenvolvimento continuou, sendo focado
afinal, há aplicações que podem usufruir desta velocidade. principalmente pela área de vídeo, que poderia tirar gran-
É o caso de monitores de vídeo que são conectados ao des proveitos da maior velocidade que ele oferecia.
computador via porta USB, por exemplo.
Para conseguir taxas tão elevadas, o USB 3.1 não faz Suas principais vantagens:
uso de nenhum artefato físico mais elaborado. O “segre- • São similares ao padrão USB;
do”, essencialmente, está no uso de um método de codi- • Conexões sem necessidade de desligamento/boot do
ficação de dados mais eficiente e que, ao mesmo tempo, micro (hot-plugable);
não torna a tecnologia significantemente mais cara. • Capacidade de conectar muitos dispositivos (até 63
Vale ressaltar que o USB 3.1 é compatível com conecto- por porta);
res e cabos das especificações anteriores, assim como com • Permite até 1023 barramentos conectados entre si;
dispositivos baseados nestas versões. • Transmite diferentes tipos de sinais digitais:
Merece destaque ainda o aspecto da alimentação vídeo, áudio, MIDI, comandos de controle de disposi-
elétrica: o USB 3.1 poderá suportar até de 100 watts na tivo, etc;
transferência de energia, indicando que dispositivos mais • Totalmente Digital (sem a necessidade de converso-
exigentes poderão ser alimentados por portas do tipo. Mo- res analógico-digital, e portanto mais seguro e rápido);
nitores de vídeo e HDs externos são exemplos: não seria • Devido a ser digital, fisicamente é um cabo fino, flexí-
ótimo ter um único cabo saindo destes dispositivos? vel, barato e simples;
A indústria trabalha com a possiblidade de os primei- • Como é um barramento serial, permite conexão bem
ros equipamentos baseados em USB 3.1 começarem a facilitada, ligando um dispositivo ao outro, sem a necessi-
chegar ao mercado no final de 2014. Até lá, mais detalhes dade de conexão ao micro (somente uma ponta é conec-
serão revelados. tada no micro).

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A distância do cabo é limitada a 4.5 metros antes de


haver distorções no sinal, porém, restringindo a velocida-
de do barramento podem-se alcançar maiores distâncias
de cabo (até 14 metros). Lembrando que esses valores são
para distâncias “ENTRE PERIFÉRICOS”, e SEM A UTILIZAÇÃO
DE TRANSCEIVERS (com transceivers a previsão é chegar a
até 70 metros usando fibra ótica).
O barramento firewire permite a utilização de dispo-
sitivos de diferentes velocidades (100, 200, 400, 800, 1200
Mb/s) no mesmo barramento.
O suporte a esse barramento está nativamente em
Macs, e em PCs através de placas de expansão específicas
ou integradas com placas de captura de vídeo ou de som. Conector e placa de vídeo com conexão VGA
Os principais usos que estão sendo direcionados a essa
Conector DVI (Digital Video Interface)
interface, devido às características listadas, são na área de
multimídia, especialmente na conexão de dispositivos de
Os conectores DVI  são bem mais recentes e propor-
vídeo (placas de captura, câmeras, TVs digitais, setup bo-
cionam qualidade de imagem superior, portanto, são con-
xes, home theather, etc). siderados substitutos do padrão VGA. Isso ocorre porque,
conforme indica seu nome, as informações das imagens
podem ser tratadas de maneira totalmente digital, o que
não ocorre com o padrão VGA.

INTERFACE DE VIDEO

Conector VGA (Video Graphics Array)

Os conectores VGA são bastante conhecidos, pois estão


presentes na maioria absoluta dos “grandalhões” monito-
res CRT (Cathode Ray Tube) e também em alguns modelos
que usam a tecnologia LCD, além de não ser raro encontrá
-los em placas de vídeos (como não poderia deixar de ser).
O conector desse padrão, cujo nome é D-Sub, é composto Conector DVI-D
por três “fileiras” de cinco pinos. Esses pinos são conecta-
dos a um cabo cujos fios transmitem, de maneira indepen- Quando, por exemplo, um monitor LCD trabalha com
dente, informações sobre as cores vermelha (red), verde conectores VGA, precisa converter o sinal que recebe para
(green) e azul (blue) - isto é, o conhecido esquema RGB - e digital. Esse processo faz com que a qualidade da imagem
diminua. Como o DVI trabalha diretamente com sinais di-
sobre as frequências verticais e horizontais. Em relação a
gitais, não é necessário fazer a conversão, portanto, a qua-
estes últimos aspectos: frequência horizontal consiste no
lidade da imagem é mantida. Por essa razão, a saída DVI
número de linhas da tela que o monitor consegue “preen-
é ótima para ser usada em monitores LCD, DVDs, TVs de
cher” por segundo. Assim, se um monitor consegue varrer plasma, entre outros.
60 mil linhas, dizemos que sua frequência horizontal é de É necessário frisar que existe mais de um tipo de co-
60 KHz. Frequência vertical, por sua vez, consiste no tempo nector DVI:
em que o monitor leva para ir do canto superior esquerdo DVI-A: é um tipo que utiliza sinal analógico, porém ofe-
da tela para o canto inferior direito. Assim, se a frequên- rece qualidade de imagem superior ao padrão VGA;
cia horizontal indica a quantidade de vezes que o canhão DVI-D: é um tipo similar ao DVI-A, mas utiliza sinal digi-
consegue varrer linhas por segundo, a frequência vertical tal. É também mais comum que seu similar, justamente por
indica a quantidade de vezes que a tela toda é percorrida ser usado em placas de vídeo;
por segundo. Se é percorrida, por exemplo, 56 vezes por DVI-I: esse padrão consegue trabalhar tanto com DVI
segundo, dizemos que a frequência vertical do monitor é -A como com DVI-D. É o tipo mais encontrado atualmente.
de 56 Hz. Há ainda conectores DVI que trabalham com as espe-
É comum encontrar monitores cujo cabo VGA possui cificações Single Link e Dual Link. O primeiro suporta reso-
pinos faltantes. Não se trata de um defeito: embora os co- luções de até 1920x1080 e, o segundo, resoluções de até
nectores VGA utilizem um encaixe com 15 pinos, nem to- 2048x1536, em ambos os casos usando uma frequência de
dos são usados. 60 Hz.

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O cabo dos dispositivos que utilizam a tecnologia DVI


é composto, basicamente, por quatro pares de fios trança-
dos, sendo um par para cada cor primária (vermelho, verde
e azul) e um para o sincronismo. Os conectores, por sua
vez, variam conforme o tipo do DVI, mas são parecidos en-
tre si, como mostra a imagem a seguir:

Placa de vídeo com conectores S-Video, DVI e VGA


Atualmente, praticamente todas as  placas de vídeo  e
Component Video (Vídeo Componente)
monitores são compatíveis com DVI. A tendência é a de
O padrão  Component Video  é, na maioria das vezes,
que o padrão VGA caia, cada vez mais, em desuso.
usado em computadores para trabalhos profissionais - por
Conector S-Video (Separated Video) exemplo, para atividades de edição de vídeo. Seu uso mais
comum é em aparelhos de DVD e em televisores de alta
definição (HDTV - High-Definition Television), sendo um
dos preferidos para sistemas de home theater. Isso ocorre
justamente pelo fato de o Vídeo Componente oferecer ex-
celente qualidade de imagem.

Padrão S-Video Component Video

Para entender o S-Video, é melhor compreender, pri- A conexão do Component Video é feita através de um
meiramente, outro padrão: o Compost Video, mais conhe- cabo com três fios, sendo que, geralmente, um é indicado
cido como Vídeo Composto. Esse tipo utiliza conectores do pela cor verde, outro é indicado pela cor azul e o terceiro
tipo RCA e é comumente encontrado em TVs, aparelhos de é indicado pela cor vermelha, em um esquema conhecido
DVD, filmadoras, entre outros. como  Y-Pb-Pr  (ou  Y-Cb-Cr). O primeiro (de cor verde), é
Geralmente, equipamentos com Vídeo Composto fa- responsável pela transmissão do vídeo em preto e branco,
zem uso de três cabos, sendo dois para áudio (canal es- isto é, pela “estrutura” da imagem. Os demais conectores
querdo e canal direito) e o terceiro para o vídeo, sendo este trabalham com os dados das cores e com o sincronismo.
o que realmente faz parte do padrão. Esse cabo é constituí- Como dito anteriormente, o padrão S-Video é cada vez
do de dois fios, um para a transmissão da imagem e outro mais comum em placas de vídeo. No entanto, alguns mo-
que atua como “terra”.
delos são também compatíveis com Vídeo Componente.
O S-Video, por sua vez, tem seu cabo formado com
Nestes casos, o encaixe que fica na placa pode ser do tipo
três fios: um transmite imagem em preto e branco; outro
transmite imagens em cores; o terceiro atua como terra. É que aceita sete pinos (pode haver mais). Mas, para ter cer-
essa distinção que faz com que o S-Video receba essa de- teza dessa compatibilidade, é necessário consultar o ma-
nominação, assim como é essa uma das características que nual do dispositivo.
faz esse padrão ser melhor que o Vídeo Composto. Para fazer a conexão de um dispositivo ao computador
O conector do padrão S-Video usado atualmente é co- usando o Component Video, é necessário utilizar um cabo
nhecido como Mini-Din de quatro pinos (é semelhante ao especial (geralmente disponível em lojas especializadas):
usado em mouses do tipo PS/2). Também é possível en- uma de suas extremidades contém os conectores Y-Pb-Pr,
contrar conexões S-Video de sete pinos, o que indica que o enquanto a outra possui um encaixe único, que deve ser
dispositivo também pode contar com Vídeo Componente inserido na placa de vídeo.
(visto adiante).
Muitas placas de vídeo oferecem conexão VGA ou DVI MONITOR DE VÍDEO
com S-Video. Dependendo do caso, é possível encontrar os O monitor é um dispositivo de saída do computador,
três tipos na mesma placa. Assim, se você quiser assistir na cuja função é transmitir informação ao utilizador através
TV um vídeo armazenado em seu computador, basta usar da imagem.
a conexão S-Video, desde que a televisão seja compatível
com esse conector, é claro.

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os monitores são classificados de acordo com a LCD


tecnologia de amostragem de vídeo utilizada na for-
mação da  imagem. Atualmente, essas tecnologias são
três: CRT , LCD e plasma. À superfície do monitor sobre a
qual se projecta a imagem chamamos tela, ecrã ou écran.

Tecnologias
CRT

Um monitor de cristal líquido.


LCD (Liquid Cristal Display, em inglês, sigla de tela de cris-
tal líquido) é um tipo mais moderno de monitor. Nele, a tela é
composta por cristais que são polarizados para gerar as cores.
Tem como vantagens:
• O baixo consumo de energia;
• As dimensões e peso reduzidas;
Monitor CRT da marca LG. • A não-emissão de radiações nocivas;
• A capacidade de formar uma imagem praticamen-
CRT (Cathodic Ray Tube), em inglês, sigla de (Tubo de te perfeita, estável, sem cintilação, que cansa menos a vi-
raios catódicos) é o monitor “tradicional”, em que a tela são - desde que esteja operando na resolução nativa;
é repetidamente atingida por um feixe de  elétrons, que As maiores desvantagens são:
atuam no material fosforescente que a reveste, assim for- • o maior custo de fabricação (o que, porém, tende-
mando as imagens. rá a impactar cada vez menos no custo final do produto, à
medida que o mesmo se for popularizando);
• o fato de que, ao trabalhar em uma resolução di-
Este tipo de monitor tem como principais vantagens: ferente daquela para a qual foi projetado, o monitor LCD
• longa vida útil; utiliza vários artifícios de composição de imagem que aca-
• baixo custo de fabricação; bam degradando a qualidade final da mesma; e
• grande banda dinâmica de cores e contrastes; e • o “preto” que ele cria emite um pouco de luz, o
• grande versatilidade (uma vez que pode funcionar que confere ao preto um aspecto acinzentado ou azulado,
em diversas resoluções, sem que ocorram grandes distor- não apresentando desta forma um preto real similar aos
ções na imagem). oferecidos nos monitores CRTs;
• o contraste não é muito bom como nos monitores
As maiores desvantagens deste tipo de monitor são: CRT ou de Plasma, assim a imagem fica com menos de-
• suas dimensões (um monitor CRT de 20  polega- finição, este aspecto vem sendo atenuado com os novos
das pode ter até 50 cm de profundidade e pesar mais de paineis com iluminação por  leds  e a fidelidade de cores
20 kg); nos monitores que usam paineis do tipo TN (monitores co-
• o consumo elevado de energia; muns) são bem ruins, os monitores com paineis IPS, mais
• seu efeito de cintilação (flicker); e raros e bem mais caros, tem melhor fidelidade de cores,
• a possibilidade de emitir radiação que está fora chegando mais proximo da qualidade de imagem dos CRTs;
do espectro luminoso (raios x), danosa à saúde no caso de • um fato não-divulgado pelos fabricantes: se o cris-
longos períodos de exposição. Este último problema é mais tal líquido da tela do monitor for danificado e ficar exposto
frequentemente constatado em monitores e televisores ao ar, pode emitir alguns compostos tóxicos, tais como o
antigos e desregulados, já que atualmente a composição óxido de zinco e o sulfeto de zinco; este será um problema
do vidro que reveste a tela dos monitores detém a emissão quando alguns dos monitores fabricados hoje em dia che-
dessas radiações. garem ao fim de sua vida útil (estimada em 20 anos).
• Distorção geométrica. • ângulo de visão inferiores: Um monitor LCD, dife-
rente de um monitor CRT, apresenta limitação com relação
ao ângulo em que a imagem pode ser vista sem distorção.
Isto era mais sensível tempos atrás quando os monitores
LCDs eram de tecnologia passiva, mas atualmente apresen-
tam valores melhores em torno de 160º.

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Apesar das desvantagens supra mencionadas, a venda As portas são, por definição, locais onde se entra e sai.
de monitores e televisores LCD vem crescendo bastante. Em termos de tecnologia informática não é excepção. As
portas são tomadas existentes na face posterior da caixa
Principais características técnicas do computador, às quais se ligam dispositivos de entrada e
Para a especificação de um monitor de vídeo, as carac- de saída, e que são directamente ligados à motherboard .
terísticas técnicas mais relevantes são: Estas portas ou canais de comunicação podem ser:
• Luminância; * Porta Dim
• Tamanho da tela; * Porta PS/2
• Tamanho do ponto; * Porta série
• Temperatura da cor; * Porta Paralela
• Relação de contraste; * Porta USB
• Interface (DVI ou VGA, usualmente); * Porta FireWire
• Frequência de sincronismo horizontal;
• Frequência de sincronismo vertical; Porta DIM
• Tempo de resposta; e É uma porta em desuso, com 5 pinos, e a ela eram li-
• Frequência de atualização da imagem gados os teclados dos computadores da geração da Intel
80486, por exemplo. Como se tratava apenas de ligação
LED para teclados, existia só uma porta destas nas mother-
Painéis LCD com retro iluminação LED, ou LED TVs, o boards. Nos equipamentos mais recentes, os teclados são
mesmo mecanismo básico de um LCD, mas com ilumina- ligados às portas PS/2.
ção LED. Ao invés de uma única luz branca que incide sobre
toda a superfície da tela, encontra-se um painel com milha-
res de pequenas luzes coloridas que acendem de forma in-
dependente. Em outras palavras, aplica-se uma tecnologia
similar ao plasma a uma tela de LCD.

KIT MULTIMÍDIA
Multimídia nada mais é do que a combinação de textos,
sons e vídeos utilizados para apresentar informações de
maneira que, antes somente imaginávamos, praticamente Porta PS/2
dando vida às suas apresentação comerciais e pessoais. A Surgiram com os IBM PS/2 e nos respectivos teclados.
multimídia mudou completamente a maneira como as pes- Também são designadas por mini-DIM de 6 pinos. Os te-
soas utilizam seus computadores. clados e ratos dos computadores actuais são, na maior par-
Kit multimídia nada mais é do que o conjunto que te dos casos, ligados através destes conectores. Nas mo-
compõem a parte física (hardwares) do computador rela- therboards actuais existem duas portas deste tipo.
cionados a áudio e som do sistema operacional. Porta Série
Podemos citar como exemplo de Kit Multimídia, uma A saída série de um computador geralmente está lo-
placa de som, um drive de CD-ROM, microfone e um par calizada na placa MULTI-IDE e é utilizada para diversos fins
de caixas acústicas. como, por exemplo, ligar um fax modem externo, ligar um
rato série, uma plotter, uma impressora e outros periféri-
cos. As portas cujas fichas têm 9 ou 25 pinos são também
designadas de COM1 e COM2. As motherboards possuem
uma ou duas portas deste tipo.

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Porta Paralela FAX/MODEM


A porta paralela obedece à norma Centronics. Nas por-
tas paralelas o sinal eléctrico é enviado em simultâneo e,
como tal, tem um desempenho superior em relação às por-
tas série. No caso desta norma, são enviados 8 bits de cada
vez, o que faz com que a sua capacidade de transmisssão
atinja os 100 Kbps. Esta porta é utilizada para ligar impres-
soras e scanners e possui 25 pinos em duas filas.

Porta USB (Universal Serial Bus)


Desenvolvida por 7 empresas (Compaq, DEC, IBM, In- Placa utilizada para conecção internet pela linha disca-
tel, Microsoft, NEC e Northern Telecom), vai permitir co- da (DIAL UP) geralmente opera com 56 Kbps(velocidade de
nectar periféricos por fora da caixa do computador, sem transmissão dos dados 56.000 bits por segundo( 1 byte = 8
a necessidade de instalar placas e reconfigurar o sistema. bits).Usa interface PCI.
Computadores equipados com USB vão permitir que os
periféricos sejam automaticamente configurados assim O SISTEMA OPERACIONAL E OS OUTROS SOFT-
que estejam conectados fisicamente, sem a necessidade de WARES
reboot ou programas de setup. O número de acessórios
ligados à porta USB pode chegar a 127, usando para isso Um sistema operacional (SO) é um programa (softwa-
um periférico de expansão. re) que controla milhares de operações, faz a interface en-
A conexão é Plug & Play e pode ser feita com o com- tre o usuário e o computador e executa aplicações.
putador ligado. O barramento USB promete acabar com os Basicamente, o sistema operacional é executado quan-
problemas de IRQs e DMAs. do ligamos o computador. Atualmente, os computadores
O padrão suportará acessórios como controles de mo- já são vendidos com o SO pré-instalado.
nitor, acessórios de áudio, telefones, modems, teclados, Os computadores destinados aos usuários individuais,
mouses, drives de CD ROM, joysticks, drives de fitas e dis- chamados de PCs (Personal Computer), vêm com o sistema
quetes, acessórios de imagem como scanners e impresso- operacional projetado para pequenos trabalhos. Um SO
ras. A taxa de dados de 12 megabits/s da USB vai acomo- é projetado para controlar as operações dos programas,
dar uma série de periféricos avançados, incluindo produtos como navegadores, processadores de texto e programas
baseados em Vídeo MPEG-2, digitalizadores e interfaces de e-mail.
de baixo custo para ISDN (Integrated Services Digital Net- Com o desenvolvimento dos processadores, os com-
work) e PBXs digital. putadores tornaram-se capazes de executar mais e mais
instruções por segundo. Estes avanços possibilitaram aos
sistemas operacionais executar várias tarefas ao mesmo
tempo. Quando um computador necessita permitir usuá-
rios simultâneos e trabalhos múltiplos, os profissionais da
tecnologia de informação (TI) procuram utilizar computa-
dores mais rápidos e que tenham sistemas operacionais
robustos, um pouco diferente daqueles que os usuários
comuns usam.

Os Arquivos

Porta FireWire O gerenciador do sistema de arquivos é utilizado pelo


A porta FireWire assenta no barramento com o mesmo sistema operacional para organizar e controlar os arquivos.
nome, que representa um padrão de comunicações recen- Um arquivo é uma coleção de dados gravados com um
te e que tem várias características em comum como o USB, nome lógico chamado “nomedoarquivo” (filename). Toda
mas traz a vantagem de ser muito mais rápido, permitindo informação que o computador armazena está na forma de
transferências a 400 Mbps e, pela norma IEEE 1394b, irá arquivos.
permitir a transferência de dados a velocidades a partir de Há muitos tipos de arquivos, incluindo arquivos de
800 Mbps. programas, dados, texto, imagens e assim por diante. A
As ligações FireWire são utilizadas para ligar discos maneira que um sistema operacional organiza as informa-
amovíveis, Flash drives (Pen-Disks), Câmaras digitais, tele- ções em arquivos é chamada sistema de arquivos.
visões, impressoras, scanners, dispositivos de som, etc. . A maioria dos sistemas operacionais usa um sistema de
Assim como na ligação USB, os dispositivos FireWire arquivo hierárquico em que os arquivos são organizados
podem ser conectados e desconectados com o computa- em diretórios sob a estrutura de uma árvore. O início do
dor ligado. sistema de diretório é chamado diretório raiz.

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Funções do Sistema Operacional Tipos de Sistemas Operacionais

Não importa o tamanho ou a complexidade do com- Atualmente, quase todos os sistemas operacionais
putador: todos os sistemas operacionais executam as mes- são multiusuário, multitarefa e suportam multithreading.
mas funções básicas. Os mais utilizados são o Microsoft Windows, Mac OSX e
- Gerenciador de arquivos e diretórios (pastas): um sis- o Linux.
tema operacional cria uma estrutura de arquivos no disco O Windows é hoje o sistema operacional mais popu-
rígido (hard disk), de forma que os dados dos usuários pos- lar que existe e é projetado para funcionar em PCs e para
sam ser armazenados e recuperados. Quando um arquivo ser usado em CPUs compatíveis com processadores Intel e
é armazenado, o sistema operacional o salva, atribuindo a AMD. Quase todos os sistemas operacionais voltados
ele um nome e local, para usá-lo no futuro. ao consumidor doméstico utilizam interfaces gráficas para
- Gerenciador de aplicações: quando um usuário re- realizar a ponte máquina-homem.
quisita um programa (aplicação), o sistema operacional lo- As primeiras versões dos sistemas operacionais
caliza-o e o carrega na memória RAM. foram construídas para serem utilizadas por somente
Quando muitos programas são carregados, é trabalho uma pessoa em um único computador. Com o decor-
do sistema operacional alocar recursos do computador e rer do tempo, os fabricantes atenderam às necessidades
gerenciar a memória. dos usuários e permitiram que seus softwares operassem
múltiplas funções com (e para) múltiplos usuários.
Programas Utilitários do Sistema Operacional
Sistemas Proprietários e Sistemas Livres
Suporte para programas internos (vulto-in): os progra-
mas utilitários são os programas que o sistema operacional O Windows, o UNIX e o Macintosh são sistemas
usa para se manter e se reparar. Estes programas ajudam operacionais proprietários. Isto significa que é necessá-
a identificar problemas, encontram arquivos perdidos, re- rio comprá-los ou pagar uma taxa por seu uso às com-
param arquivos danificados e criam cópias de segurança panhias que registraram o produto em seu nome e cobram
(backup). pelo seu uso.
Controle do hardware: o sistema operacional está O Linux, por exemplo, pode ser distribuído livremen-
situado entre os programas e o BIOS (Basic Input/Output te e tem grande aceitação por parte dos profissionais
System - Sistema Básico de Entrada/Saída). da área, uma vez que, por possuir o código aberto,
O BIOS faz o controle real do hardware. Todos os pro- qualquer pessoa que entenda de programação pode
gramas que necessitam de recursos do hardware devem, contribuir com o processo de melhoria dele.
primeiramente, passar pelo sistema operacional que, por Sistemas operacionais estão em constante evolução
sua vez, pode alcançar o hardware por meio do BIOS ou e hoje não são mais restritos aos computadores. Eles são
dos drivers de dispositivos. usados em PDAs, celulares, laptops etc.
Todos os programas são escritos para um sistema
operacional específico, o que os torna únicos para cada
um. Explicando: um programa feito para funcionar no INTERNET: WORLD WIDE WEB: CONCEITOS.
Windows não funcionará no Linux e vice-versa.
BROWSER (INTERNET EXPLORER 7.0).
Termos Básicos

Para compreender do que um sistema operacional é


capaz, é importante conhecer alguns termos básicos. Os INTERNET
termos abaixo são usados frequentemente ao comparar ou
descrever sistemas operacionais: “Imagine que fosse descoberto um continente tão
• Multiusuário: dois ou mais usuários executando vasto que suas dimensões não tivessem fim. Imagine
programas e compartilhando, ao mesmo tempo, dispositi- um mundo novo, com tantos recursos que a ganância
vos, como a impressora. do futuro não seria capaz de esgotar; com tantas oportuni-
• Multitarefa: capacidade do sistema operacional dades que os empreendedores seriam poucos para apro-
em executar mais de um programa ao mesmo tempo. veitá-las; e com um tipo peculiar de imóvel que se
• Multiprocessamento: permite que um computa- expandiria com o desenvolvimento.”
dor tenha duas ou mais unidades centrais de processa- John P. Barlow
mento (CPU) que compartilhem programas. Os Estados Unidos temiam que em um ataque nuclear
• Multithreading: capacidade de um programa ficassem sem comunicação entre a Casa Branca e o Pentá-
ser quebrado em pequenas partes podendo ser car- gono.
regadas conforme necessidade do sistema operacional. Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da dé-
Multithreading permite que os programas individuais cada de 60, ficou em poder exclusivo do governo conec-
sejam multitarefa. tando bases militares, em quatro localidades.

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nos anos 70, seu uso foi liberado para instituições Estes documentos são escritos em hipertexto, que uti-
norte-americanas de pesquisa que desejassem aprimorar liza uma linguagem especial, chamada HTML.
a tecnologia, logo vinte e três computadores foram conec-
tados, porém o padrão de conversação entre as máquinas Domínio
se tornou impróprio pela quantidade de equipamentos. Designa o dono do endereço eletrônico em ques-
Era necessário criar um modelo padrão e univer- tão, e onde os hipertextos deste empreendimento estão
sal para que as máquinas continuassem trocando da- localizados. Quanto ao tipo do domínio, existem:
dos, surgiu então o Protocolo Padrão TCP/IP, que permi- .com = Instituição comercial ou provedor de serviço
tiria portanto que mais outras máquinas fossem inseridas .edu = Instituição acadêmica
àquela rede. .gov = Instituição governamental
Com esses avanços, em 1972 é criado o correio eletrô- .mil = Instituição militar norte-americana
nico, o E-mail, permitindo a troca de mensagens entre as .net = Provedor de serviços em redes
máquinas que compunham aquela rede de pesquisa, assim .org = Organização sem fins lucrativos
no ano seguinte a rede se torna internacional.
Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do
HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de
Brasil conectou sua grande rede à ARPANET, gerando aqui-
Trasferência em Hipertexto
lo que conhecemos hoje como internet, auxiliando portan-
É um protocolo ou língua específica da internet, res-
to o processo de pesquisa em tecnologia e outras áreas a
nível mundial, além de alimentar as forças armadas brasi- ponsável pela comunicação entre computadores.
leiras de informação de todos os tipos, até que em 1990 Um hipertexto é um texto em formato digital, e
caísse no domínio público. pode levar a outros, fazendo o uso de elementos espe-
Com esta popularidade e o surgimento de softwares ciais (palavras, frases, ícones, gráficos) ou ainda um Mapa
de navegação de interface amigável, no fim da década de Sensitivo o qual leva a outros conjuntos de informação na
90, pessoas que não tinham conhecimentos profundos de forma de blocos de textos, imagens ou sons.
informática começaram a utilizar a rede internacional. Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o
mouse, remete o usuário à outra parte do documento ou
Acesso à Internet outro documento.
O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço
de Internet, oferece principalmente serviço de acesso à In- Home Page
ternet, adicionando serviços como e-mail, hospedagem de Sendo assim, home page designa a página inicial, prin-
sites ou blogs, ou seja, são instituições que se conectam cipal do site ou web page.
à Internet com o objetivo de fornecer serviços à ela É muito comum os usuários confundirem um Blog ou
relacionados, e em função do serviço classificam-se em: Perfil no Orkut com uma Home Page, porém são coisas dis-
• Provedores de Backbone: São instituições que cons- tintas, aonde um Blog é um diário e um Perfil no Orkut é
troem e administram backbones de longo alcance, ou seja, um Profile, ou seja um hipertexto que possui informações
estrutura física de conexão, com o objetivo de fornecer de um usuário dentro de uma comunidade virtual.
acesso à Internet para redes locais;
• Provedores de Acesso: São instituições que se conec- HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de
tam à Internet via um ou mais acessos dedicados e disponi- Marcação de Hipertexto
bilizam acesso à terceiros a partir de suas instalações; É a linguagem com a qual se cria as páginas para a
• Provedores de Informação: São instituições que dis- web.
ponibilizam informação através da Internet. Suas principais características são:
• Portabilidade (Os documentos escritos em HTML de-
Endereço Eletrônico ou URL
vem ter aparência semelhante nas diversas plataformas de
Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se
trabalho);
conhecer o seu endereço.
Este endereço, que é único, também é considerado sua • Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de “cus-
URL (Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recur- tomizar” diversos elementos do documento, como o tama-
sos Universal. Boa parte dos endereços apresenta-se assim: nho padrão da letra, as cores, etc);
www.xxxx.com.br • Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter
Onde: um tamanho reduzido, a fim de economizar tempo na
www = protocolo da World Wide Web transmissão através da Internet, evitando longos perío-
xxx = domínio dos de espera e congestionamento na rede).
com = comercial
br = brasil Browser ou Navegador
É o programa específico para visualizar as páginas da
WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial web.
O Browser lê e interpreta os documentos escritos em
É um serviço disponível na Internet que possui um con- HTML, apresentando as páginas formatadas para os
junto de documentos espalhados por toda rede e disponi- usuários.
bilizados a qualquer um.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ARQUITETURAS DE REDES definidas também tornam fácil a troca da implementação


As modernas redes de computadores são projetadas de uma camada por outra implementação completamente
de forma altamente estruturada. Nas seções seguintes exa- diferente (por exemplo, trocar todas as linhas telefônicas
minaremos com algum detalhe a técnica de estruturação. por canais de satélite), pois tudo o que é exigido da nova
implementação é que ela ofereça à camada superior exa-
HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS tamente os mesmos serviços que a implementação antiga
Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria das oferecia.
redes é organizada em camadas ou níveis, cada uma cons- O conjunto de camadas e protocolos é chamado de
truída sobre sua predecessora. O número de camadas, o arquitetura de rede. A especificação de arquitetura deve
nome, o conteúdo e a função de cada camada diferem de conter informações suficientes para que um implementa-
uma rede para outra. No entanto, em todas as redes, o pro- dor possa escrever o programa ou construir o hardware de
pósito de cada camada é oferecer certos serviços às cama- cada camada de tal forma que obedeça corretamente ao
das superiores, protegendo essas camadas dos detalhes de protocolo apropriado. Nem os detalhes de implementação
como os serviços oferecidos são de fato implementados. nem a especificação das interfaces são parte da arquitetura,
A camada n em uma máquina estabelece uma con- pois esses detalhes estão escondidos dentro da máquina e
versão com a camada n em outra máquina. As regras e não são visíveis externamente. Não é nem mesmo neces-
convenções utilizadas nesta conversação são chamadas sário que as interfaces em todas as máquinas em uma rede
coletivamente de protocolo da camada n, conforme ilus- sejam as mesmas, desde que cada máquina possa usar cor-
trado na Figura abaixo para uma rede com sete camadas. retamente todos os protocolos.
As entidades que compõem as camadas correspondentes
em máquinas diferentes são chamadas de processos par- O endereço IP
ceiros. Em outras palavras, são os processos parceiros que Quando você quer enviar uma carta a alguém, você...
se comunicam utilizando o protocolo. Ok, você não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um
Na verdade, nenhum dado é transferido diretamente recado no Facebook. Vamos então melhorar este exemplo:
da camada n em uma máquina para a camada n em outra quando você quer enviar um presente a alguém, você ob-
máquina. Em vez disso, cada camada passa dados e infor- tém o endereço da pessoa e contrata os Correios ou uma
mações de controle para a camada imediatamente abaixo, transportadora para entregar. É graças ao endereço que é
até que o nível mais baixo seja alcançado. Abaixo do nível possível encontrar exatamente a pessoa a ser presenteada.
1 está o meio físico de comunicação, através do qual a co- Também é graças ao seu endereço - único para cada resi-
municação ocorre. Na Figura abaixo, a comunicação virtual dência ou estabelecimento - que você recebe suas contas
é mostrada através de linhas pontilhadas e a comunicação de água, aquele produto que você comprou em uma loja
física através de linhas sólidas. on-line, enfim.
Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu
computador seja encontrado e possa fazer parte da rede
mundial de computadores, necessita ter um endereço úni-
co. O mesmo vale para websites: este fica em um servidor,
que por sua vez precisa ter um endereço para ser localiza-
do na internet. Isto é feito pelo endereço IP (IP Address),
recurso que também é utilizado para redes locais, como a
existente na empresa que você trabalha, por exemplo.
O endereço IP é uma sequência de números composta
de 32 bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro
sequências de 8 bits. Cada uma destas é separada por um
ponto e recebe o nome de octeto ou simplesmente byte, já
que um byte é formado por 8 bits. O número 172.31.110.10
é um exemplo. Repare que cada octeto é formado por nú-
meros que podem ir de 0 a 255, não mais do que isso.

Entre cada par de camadas adjacentes há uma interfa-


ce. A interface define quais operações primitivas e serviços
a camada inferior oferece à camada superior. Quando os
projetistas decidem quantas camadas incluir em uma rede
e o que cada camada deve fazer, uma das considerações
mais importantes é definir interfaces limpas entre as cama-
das. Isso requer, por sua vez, que cada camada desempe-
nhe um conjunto específico de funções bem compreendi- A divisão de um IP em quatro partes facilita a organi-
das. Além de minimizar a quantidade de informações que zação da rede, da mesma forma que a divisão do seu en-
deve ser passada de camada em camada, interfaces bem dereço em cidade, bairro, CEP, número, etc, torna possível

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

a organização das casas da região onde você mora. Neste Quanto às classes D e E, elas existem por motivos es-
sentido, os dois primeiros octetos de um endereço IP po- peciais: a primeira é usada para a propagação de pacotes
dem ser utilizados para identificar a rede, por exemplo. Em especiais para a comunicação entre os computadores, en-
uma escola que tem, por exemplo, uma rede para alunos quanto que a segunda está reservada para aplicações futu-
e outra para professores, pode-se ter 172.31.x.x para uma ras ou experimentais.
rede e 172.32.x.x para a outra, sendo que os dois últimos Vale frisar que há vários blocos de endereços reserva-
octetos são usados na identificação de computadores. dos para fins especiais. Por exemplo, quando o endereço
começa com 127, geralmente indica uma rede “falsa”, isto
Classes de endereços IP é, inexistente, utilizada para testes. No caso do endereço
Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem 127.0.0.1, este sempre se refere à própria máquina, ou seja,
ser utilizados tanto para identificar o seu computador den- ao próprio host, razão esta que o leva a ser chamado de
tro de uma rede, quanto para identificá-lo na internet. localhost. Já o endereço 255.255.255.255 é utilizado para
Se na rede da empresa onde você trabalha o seu com- propagar mensagens para todos os hosts de uma rede de
putador tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma má- maneira simultânea.
quina em outra rede pode ter este mesmo número, afinal,
ambas as redes são distintas e não se comunicam, sequer Endereços IP privados
sabem da existência da outra. Mas, como a internet é uma Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são
rede global, cada dispositivo conectado nela precisa ter um privados. Isto significa que eles não podem ser utilizados
endereço único. O mesmo vale para uma rede local: nesta, na internet, sendo reservados para aplicações locais. São,
cada dispositivo conectado deve receber um endereço úni- essencialmente, estes:
co. Se duas ou mais máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se -Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255;
então um problema chamado “conflito de IP”, que dificulta -Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255;
a comunicação destes dispositivos e pode inclusive atrapa- -Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255.
lhar toda a rede. Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede
Para que seja possível termos tanto IPs para uso em re-
com cerca de 50 computadores. Você pode alocar para es-
des locais quanto para utilização na internet, contamos com
tas máquinas endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50,
um esquema de distribuição estabelecido pelas entidades
por exemplo. Todas elas precisam de acesso à internet. O
IANA (Internet Assigned Numbers Authority) e ICANN (In-
que fazer? Adicionar mais um IP para cada uma delas? Não.
ternet Corporation for Assigned Names and Numbers) que,
Na verdade, basta conectá-las a um servidor ou equipa-
basicamente, divide os endereços em três classes principais
mento de rede - como um roteador - que receba a cone-
e mais duas complementares. São elas:
xão à internet e a compartilhe com todos os dispositivos
Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128
redes, cada uma com até 16.777.214 dispositivos conecta- conectados a ele. Com isso, somente este equipamento
dos; precisará de um endereço IP para acesso à rede mundial
Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até de computadores.
16.384 redes, cada uma com até 65.536 dispositivos;
Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até Máscara de sub-rede
2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos; As classes IP ajudam na organização deste tipo de en-
Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast; dereçamento, mas podem também representar desperdí-
Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast re- cio. Uma solução bastante interessante para isso atende
servado. pelo nome de máscara de sub-rede, recurso onde parte
As três primeiras classes são assim divididas para aten- dos números que um octeto destinado a identificar dis-
der às seguintes necessidades: positivos conectados (hosts) é “trocado” para aumentar a
capacidade da rede. Para compreender melhor, vamos en-
- Os endereços IP da classe A são usados em locais xergar as classes A, B e C da seguinte forma:
onde são necessárias poucas redes, mas uma grande quan- - A: N.H.H.H;
tidade de máquinas nelas. Para isso, o primeiro byte é utili- - B: N.N.H.H;
zado como identificador da rede e os demais servem como - C: N.N.N.H.
identificador dos dispositivos conectados (PCs, impresso- N significa Network (rede) e H indica Host. Com o
ras, etc); uso de máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos “transformar” em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras
onde a quantidade de redes é equivalente ou semelhante de sub-rede permitem determinar quantos octetos e bits
à quantidade de dispositivos. Para isso, usam-se os dois são destinados para a identificação da rede e quantos são
primeiros bytes do endereço IP para identificar a rede e os utilizados para identificar os dispositivos.
restantes para identificar os dispositivos; Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema:
- Os endereços IP da classe C são usados em locais que se um octeto é usado para identificação da rede, este re-
requerem grande quantidade de redes, mas com poucos ceberá a máscara de sub-rede 255. Mas, se um octeto é
dispositivos em cada uma. Assim, os três primeiros bytes aplicado para os dispositivos, seu valor na máscara de sub
são usados para identificar a rede e o último é utilizado -rede será 0 (zero). A tabela a seguir mostra um exemplo
para identificar as máquinas. desta relação:

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado


Identifica- a um computador quando este se conecta à rede, mas que
Identifica- Máscara de sub-
Classe Endereço IP dor do com- muda toda vez que há conexão. Por exemplo, suponha que
dor da rede -rede
putador você conectou seu computador à internet hoje. Quando
A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0 você conectá-lo amanhã, lhe será dado outro IP. Para en-
tender melhor, imagine a seguinte situação: uma empresa
B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0 tem 80 computadores ligados em rede. Usando IPs dinâ-
C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0 micos, a empresa disponibiliza 90 endereços IP para tais
máquinas. Como nenhum IP é fixo, um computador rece-
Você percebe então que podemos ter redes com más- berá, quando se conectar, um endereço IP destes 90 que
cara 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indi- não estiver sendo utilizado. É mais ou menos assim que os
cando uma classe. Mas, como já informado, ainda pode ha- provedores de internet trabalham.
ver situações onde há desperdício. Por exemplo, suponha O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâ-
que uma faculdade tenha que criar uma rede para cada um micos é o protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration
de seus cinco cursos. Cada curso possui 20 computadores. Protocol).
A solução seria então criar cinco redes classe C? Pode ser
melhor do que utilizar classes B, mas ainda haverá desper- IP nos sites
dício. Uma forma de contornar este problema é criar uma Você já sabe que os sites na Web também necessitam
rede classe C dividida em cinco sub-redes. Para isso, as de um IP. Mas, se você digitar em seu navegador www.in-
máscaras novamente entram em ação. fowester.com, por exemplo, como é que o seu computador
Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas sabe qual o IP deste site ao ponto de conseguir encontrá
estes, na verdade, representam bytes (linguagem binária). -lo?
255 em binário é 11111111. O número zero, por sua vez, Quando você digitar um endereço qualquer de um site,
é 00000000. Assim, a máscara de um endereço classe C, um servidor de DNS (Domain Name System) é consultado.
255.255.255.0, é: Ele é quem informa qual IP está associado a cada site. O sis-
11111111.11111111.11111111.00000000 tema DNS possui uma hierarquia interessante, semelhante
Perceba então que, aqui, temos uma máscara forma- a uma árvore (termo conhecido por programadores). Se,
da por 24 bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para por exemplo, o site www.infowester.com é requisitado, o
criarmos as nossas sub-redes, temos que ter um esquema sistema envia a solicitação a um servidor responsável por
com 25, 26 ou mais bits, conforme a necessidade e as pos- terminações “.com”. Esse servidor localizará qual o IP do
sibilidades. Em outras palavras, precisamos trocar alguns endereço e responderá à solicitação. Se o site solicitado
zeros do último octeto por 1. termina com “.br”, um servidor responsável por esta termi-
Suponha que trocamos os três primeiros bits do últi- nação é consultado e assim por diante.
mo octeto (sempre trocamos da esquerda para a direita),
resultando em: IPv6
11111111.11111111.11111111.11100000 O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um
Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de passado não muito distante, você conectava apenas o PC
bits “trocados”, teremos a quantidade possível de sub-re- da sua casa à internet, hoje o faz com o celular, com o seu
des. Em nosso caso, temos 2^3 = 8. Temos então a possi- notebook em um serviço de acesso Wi-Fi no aeroporto e
bilidade de criar até oito sub-redes. Sobrou cinco bits para assim por diante. Somando este aspecto ao fato de cada
o endereçamento dos host. Fazemos a mesma conta: 2^5 vez mais pessoas acessarem a internet no mundo inteiro,
= 32. Assim, temos 32 dispositivos em cada sub-rede (esta- nos deparamos com um grande problema: o número de
mos fazendo estes cálculos sem considerar limitações que IPs disponíveis deixa de ser suficiente para toda as (futuras)
possam impedir o uso de todos os hosts e sub-redes). aplicações.
11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultan- A solução para este grande problema (grande mesmo,
te é 255.255.255.224. afinal, a internet não pode parar de crescer!) atende pelo
Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser nome de IPv6, uma nova especificação capaz de suportar
empregado também em endereços classes A e B, conforme até - respire fundo - 340.282.366.920.938.463.463.374.607.
a necessidade. Vale ressaltar também que não é possível 431.768.211.456 de endereços, um número absurdamente
utilizar 0.0.0.0 ou 255.255.255.255 como máscara. alto!
IP estático e IP dinâmico
IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanen-
temente a um dispositivo, ou seja, seu número não muda,
exceto se tal ação for executada manualmente. Como
exemplo, há casos de assinaturas de acesso à internet via
ADSL onde o provedor atribui um IP estático aos seus as-
sinantes. Assim, sempre que um cliente se conectar, usará
o mesmo IP.

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No Brasil, a maioria dos provedores está conectada


à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros
computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link,
que é a conexão física que interliga o provedor de acesso
com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida como
backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet no Bra-
sil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse uma ave-
nida de três pistas e os links como se fossem as ruas que
estão interligadas nesta avenida.
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade
de transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite
O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no au- os dados. Esta velocidade é dada em bps (bits por segun-
mento da quantidade de octetos. Um endereço do tipo do). Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso,
pode ser, por exemplo: que fornecerá um nome de usuário, uma senha de acesso
FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF e um endereço eletrônico na Internet.

Finalizando URL - Uniform Resource Locator


Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma iden-
a especificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do tificação de onde está localizado o computador e quais re-
mapa. Isso até deve acontecer, mas vai demorar bastante. cursos este computador oferece. Por exemplo, a URL:
Durante essa fase, que podemos considerar de transição, http://www.novaconcursos.com.br
o que veremos é a “convivência” entre ambos os padrões. Será mais bem explicado adiante.
Não por menos, praticamente todos os sistemas operacio-
nais atuais e a maioria dos dispositivos de rede estão aptos Como descobrir um endereço na Internet?
a lidar tanto com um quanto com o outro. Por isso, se você
é ou pretende ser um profissional que trabalha com redes Para que possamos entender melhor, vamos exempli-
ou simplesmente quer conhecer mais o assunto, procure se ficar.
aprofundar nas duas especificações. Você estuda em uma universidade e precisa fazer algu-
A esta altura, você também deve estar querendo des- mas pesquisas para um trabalho. Onde procurar as infor-
cobrir qual o seu IP. Cada sistema operacional tem uma mações que preciso?
forma de mostrar isso. Se você é usuário de Windows, por Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de
exemplo, pode fazê-lo digitando cmd em um campo do procura, que são sites que possuem um enorme banco de
Menu Iniciar e, na janela que surgir, informar ipconfig /all dados (que contém o cadastro de milhares de Home Pa-
e apertar Enter. Em ambientes Linux, o comando é ifconfig. ges), que permitem a procura por um determinado assun-
to. Caso a palavra ou o assunto que foi procurado exista
em alguma dessas páginas, será listado toda esta relação
de páginas encontradas.
A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, refe-
rente ao assunto desejado. Por exemplo, você quer pesqui-
sar sobre amortecedores, caso não encontre nada como
amortecedores, procure como autopeças, e assim suces-
sivamente.

Barra de endereços

Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a A Barra de Endereços possibilita que se possa navegar
partir de uma rede local - tal como uma rede wireless - em páginas da internet, bastando para isto digitar o ende-
visualizará o IP que esta disponibiliza à sua conexão. Para reço da página.
saber o endereço IP do acesso à internet em uso pela rede, Alguns sites interessantes:
você pode visitar sites como whatsmyip.org. • www.diariopopular.com.br (Jornal Diário Popular)
• www.ufpel.tche.br (Ufpel)
Provedor • www.cefetrs.tche.br (Cefet)
O provedor é uma empresa prestadora de serviços que • www.servidor.gov.br (Informações sobre servidor pú-
oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é neces- blico)
sário conectar-se com um computador que já esteja na In- • www.siapenet.gog.br (contracheque)
ternet (no caso, o provedor) e esse computador deve per- • www.pelotas.com.br (Site Oficial de Pelotas)
mitir que seus usuários também tenham acesso a Internet. • www.mec.gov.br (Ministério da Educação)

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Identificação de endereços de um site • Shareware: Programa demonstração que pode ser


Exemplo: http://www.pelotas.com.br utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns
http:// -> (Hiper Text Tranfer Protocol) protocolo de limites, para ser utilizado apenas como um teste do progra-
comunicação ma. Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa
WWW -> (World Wide Web) Grande rede mundial mais o programa. Na maioria das vezes, esses programas
pelotas -> empresa ou organização que mantém o site exibem, de tempos em tempos, uma mensagem avisando
.com -> tipo de organização que ele deve ser registrado. Outros tipos de shareware têm
......br -> identifica o país tempo de uso limitado. Depois de expirado este tempo de
Tipos de Organizações: teste, é necessário que seja feito a compra deste programa.
.edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam.
edu Navegar nas páginas
.com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft. Consiste percorrer as páginas na internet a partir de
com um documento normal e de links das próprias páginas.
.gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov
.mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil
Como salvar documentos, arquivos e sites
.net -> computadores com funções de administrar re-
Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como.
des. Exemplo: embratel.net
.org -> organizações não governamentais. Exemplo:
care.org Como copiar e colar para um editor de textos
Selecionar o conteúdo ou figura da página. Clicar com
Home Page o botão direito do mouse e escolha a opção Copiar.
Pela definição técnica temos que uma Home Page é
um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de compu-
tadores rodando um Navegador (Browser), que permite o
acesso às informações em um ambiente gráfico e multimí-
dia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de informações
dentro das Home Pages.
O endereço de Home Pages tem o seguinte formato:
http://www.endereço.com/página.html
Por exemplo, a página principal da Pronag:
http://www.pronag.com.br/index.html
Abra o editor de texto clique em colar
PLUG-INS
Os plug-ins são programas que expandem a capacida- Navegadores
de do Browser em recursos específicos - permitindo, por O navegador de WWW é a ferramenta mais importante
exemplo, que você toque arquivos de som ou veja filmes para o usuário de Internet. É com ele que se podem vi-
em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas de soft- sitar museus, ler revistas eletrônicas, fazer compras e até
ware vêm desenvolvendo plug-ins a uma velocidade im- participar de novelas interativas. As informações na Web
pressionante. Maiores informações e endereços sobre plu- são organizadas na forma de páginas de hipertexto, cada
g-ins são encontradas na página: um com seu endereço próprio, conhecido como URL. Para
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft- começar a navegar, é preciso digitar um desses endereços
ware/Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indi- no campo chamado Endereço no navegador. O software
ces/
estabelece a conexão e traz, para a tela, a página corres-
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
pondente.
temos uma relação de alguns deles:
O navegador não precisa de nenhuma configuração
- 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
etc.). especial para exibir uma página da Web, mas é necessário
- Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.). ajustar alguns parâmetros para que ele seja capaz de enviar
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP, e receber algumas mensagens de correio eletrônico e aces-
PCX, etc.). sar grupos de discussão (news).
- Negócios e Utilitários O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no
- Apresentações Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la
Recherche Nucleaire), Suíça. Originalmente, o WWW era
FTP - Transferência de Arquivos um meio para físicos da CERN trocar experiências sobre
Permite copiar arquivos de um computador da Internet suas pesquisas através da exibição de páginas de texto. Fi-
para o seu computador. cou claro, desde o início, o imenso potencial que o WWW
Os programas disponíveis na Internet podem ser: possuía para diversos tipos de aplicações, inclusive não
• Freeware: Programa livre que pode ser distribuí- científicas.
do e utilizado livremente, não requer nenhuma taxa para O WWW não dispunha de gráficos em seus primór-
sua utilização, e não é considerado “pirataria” a cópia deste dios, apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto
programa. WWW ganhou força extra com a inserção de um visualiza-

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dor (também conhecido como browser) de páginas capaz Opções de pesquisa


não apenas de formatar texto, mas também de exibir grá-
ficos, som e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi
desenvolvido dentro da NCSA, por um time chefiado por
Mark Andreesen. O sucesso do Mosaic foi espetacular. Web: pesquisa em todos os sites
Depois disto, várias outras companhias passaram a Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas.
produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao Exemplo do resultado se uma pesquisa.
Mosaic. Mark Andreesen partiu para a criação da Netscape
Communications, criadora do browser Netscape.
Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic,
o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos
outros browsers.

Busca e pesquisa na web

Os sites de busca servem para procurar por um deter-


minado assunto ou informação na internet.
Alguns sites interessantes:
• www.google.com.br
• http://br.altavista.com
• http://cade.search.yahoo.com
• http://br.bing.com/

Como fazer a pesquisa


Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet.
Digite na barra de endereço o endereço do site de pes- Exemplo:
quisa. Por exemplo:
www.google.com.br

Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organiza-


dos por assunto em categorias. Exemplo:

Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pes-


quisa.

Como escolher palavra-chave

• Busca com uma palavra: retorna páginas que in-


cluam a palavra digitada.
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas
que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a
Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na sequência de termos que foram digitadas.
pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem pala- • Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna
vras com ou sem acento. páginas que incluam todas

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• as palavras aleatoriamente na página. sem muito esforço, “entrar na rede” e começar a acessar e
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que fi- colocar informação. O resultado inevitável foi a impressio-
cam antes do sinal de nante explosão na informação disponível na Internet, que
• menos são excluídas da pesquisa. segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês.
• Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito,
cálculo em um site de pesquisa. que tem interessado um número cada vez maior de em-
presas, hospitais, faculdades e outras organizações interes-
sadas em integrar informações e usuários: a intranet. Seu
Por exemplo: 3+4 advento e disseminação promete operar uma revolução
tão profunda para a vida organizacional quanto o apare-
cimento das primeiras redes locais de computadores, no
final da década de 80.
Irá retornar:
O que é Intranet?
O termo “intranet” começou a ser usado em meados de
O resultado da pesquisa 1995 por fornecedores de produtos de rede para se refe-
O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte for- rirem ao uso dentro das empresas privadas de tecnologias
ma: projetadas para a comunicação por computador entre em-
presas. Em outras palavras, uma intranet consiste em uma
rede privativa de computadores que se baseia nos padrões
de comunicação de dados da Internet pública, baseadas na
tecnologia usada na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP,
etc.) que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre
as razões para este sucesso, estão o custo de implantação
relativamente baixo e a facilidade de uso propiciada pelos
programas de navegação na Web, os browsers.

Objetivo de construir uma Intranet


Organizações constroem uma intranet porque ela é
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente
para economizar tempo, diminuir as desvantagens da dis-
tância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de capital-
funcionários com conhecimentos das operações e produ-
tos da empresa.

INTRANET Aplicações da Intranet


A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comu-
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma nicações corporativas em uma intranet dá para simplificar o
empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes de trabalho, pois estamos virtualmente todos na mesma sala.
comunicação internas baseadas na tecnologia usada na In- De qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet
ternet. Como um jornal editado internamente, e que pode vai ser mais efetiva para unir (no sentido operacional) os
ser acessado apenas pelos funcionários da empresa. diversos profissionais de uma empresa. Mas em algumas
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e áreas já se vislumbram benefícios, por exemplo:
departamentos, mesclando (com segurança) as suas infor- • Marketing e Vendas - Informações sobre produ-
mações particulares dentro da estrutura de comunicações tos, listas de preços, promoções, planejamento de eventos;
da empresa. • Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação
O grande sucesso da Internet, é particularmente da de Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na de membros das equipes, situações de projetos;
evolução da informática nos últimos anos. • Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sis-
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos temas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), ma-
interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa- nuais de qualidade;
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos • Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos-
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democratiza- tilas, políticas da companhia, organograma, oportunidades
ram o acesso à informação através de redes de computa- de trabalho, programas de desenvolvimento pessoal, be-
dores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca base de nefícios.
usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de Para acessar as informações disponíveis na Web corpo-
informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgi- rativa, o funcionário praticamente não precisa ser treinado.
ram muitas ferramentas de software de custo zero ou pe- Afinal, o esforço de operação desses programas se resume
queno, que permitem a qualquer organização ou empresa, quase somente em clicar nos links que remetem às novas

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

páginas. No entanto, a simplicidade de uma intranet termi- Comparando Intranet com Internet
na aí. Projetar e implantar uma rede desse tipo é uma tarefa Na verdade as diferenças entre uma intranet e a In-
complexa e exige a presença de profissionais especializa- ternet, é uma questão de semântica e de escala. Ambas
dos. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da intranet, utilizam as mesmas técnicas e ferramentas, os mesmos
sua diversidade de funções e a quantidade de informações protocolos de rede e os mesmos produtos servidores. O
nela armazenadas. conteúdo na Internet, por definição, fica disponível em es-
A intranet é baseada em quatro conceitos: cala mundial e inclui tudo, desde uma home-page de al-
• Conectividade - A base de conexão dos computa- guém com seis anos de idade até as previsões do tempo.
dores ligados através de uma rede, e que podem transferir A maior parte dos dados de uma empresa não se destina
qualquer tipo de informação digital entre si; ao consumo externo, na verdade, alguns dados, tais como
• Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa- as cifras das vendas, clientes e correspondências legais, de-
dores e sistemas operacionais podem ser conectados de vem ser protegidos com cuidado. E, do ponto de vista da
forma transparente; escala, a Internet é global, uma intranet está contida den-
• Navegação - É possível passar de um documento a tro de um pequeno grupo, departamento ou organização
outro através de referências ou vínculos de hipertexto, que corporativa. No extremo, há uma intranet global, mas ela
facilitam o acesso não linear aos documentos; ainda conserva a natureza privada de uma Internet menor.
• Execução Distribuída - Determinadas tarefas de A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão,
acesso ou manipulação na intranet só podem ocorrer gra- por serem uma mistura caótica de informações úteis e ir-
ças à execução de programas aplicativos, que podem es- relevantes, o meteórico aumento da popularidade de sites
tar no servidor, ou nos microcomputadores que acessam a da Web dedicados a índices e mecanismos de busca é uma
rede (também chamados de clientes, daí surgiu à expres- medida da necessidade de uma abordagem organizada.
são que caracteriza a arquitetura da intranet: cliente-servi- Uma intranet aproveita a utilidade da Internet e da Web
dor). A vantagem da intranet é que esses programas são num ambiente controlado e seguro.
ativados através da WWW, permitindo grande flexibilidade.
Determinadas linguagens, como Java, assumiram grande Vantagens e Desvantagens da Intranet
importância no desenvolvimento de softwares aplicativos Alguns dos benefícios são:
que obedeçam aos três conceitos anteriores. • Redução de custos de impressão, papel, distribuição
de software, e-mail e processamento de pedidos;
Como montar uma Intranet • Redução de despesas com telefonemas e pessoal no
Basicamente a montagem de uma intranet consiste em suporte telefônico;
usar as estruturas de redes locais existentes na maioria das • Maior facilidade e rapidez no acesso as informações
empresas, e em instalar um servidor Web. técnicas e de marketing;
Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repo- • Maior rapidez e facilidade no acesso a localizações
sitório das informações contidas na intranet. É lá que os remotas;
clientes vão buscar as páginas HTML, mensagens de e-mail • Incrementando o acesso a informações da concor-
ou qualquer outro tipo de arquivo. rência;
• Uma base de pesquisa mais compreensiva;
Protocolos - São os diferentes idiomas de comunica- • Facilidade de acesso a consumidores (clientes) e par-
ção utilizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos. ceiros (revendas);
O primeiro é o HTTP, responsável pela comunicação do • Aumento da precisão e redução de tempo no acesso
browser com o servidor, em seguida vem o SMTP ligado ao à informação;
envio de mensagens pelo e-mail, e o FTP usado na transfe- • Uma única interface amigável e consistente para
rência de arquivos. Independentemente das aplicações uti- aprender e usar;
lizadas na intranet, todas as máquinas nela ligadas devem • Informação e treinamento imediato (Just in Time);
falar um idioma comum: o TCP/IP, protocolo da Internet. • As informações disponíveis são visualizadas com cla-
reza;
Identificação do Servidor e das Estações - Depois de • Redução de tempo na pesquisa a informações;
definidos os protocolos, o sistema já sabe onde achar as • Compartilhamento e reutilização de ferramentas e
informações e como requisitá-las. Falta apenas saber o informação;
nome de quem pede e de quem solicita. Para isso existem • Redução no tempo de configuração e atualização dos
dois programas: o DNS que identifica o servidor e o DHCP sistemas;
(Dinamic Host Configuration Protocol) que atribui nome às • Simplificação e/ou redução das licenças de software
estações clientes. e outros;
Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcio- • Redução de custos de documentação;
nários acessam as informações colocadas à sua disposição • Redução de custos de suporte;
no servidor. Para isso usam o Web browser, software que • Redução de redundância na criação e manutenção
permite folhear os documentos. de páginas;
• Redução de custos de arquivamento;
• Compartilhamento de recursos e habilidade.

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Alguns dos empecilhos são: Firewall - Você pode proporcionar uma comunicação
• Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de cola- segura entre uma intranet e a Internet através de servi-
boração, não são tão poderosos quanto os oferecidos pe- dores proxy, que são programas que residem no firewall
los programas para grupos de trabalho tradicionais. É ne- e permitem (ou não) a transmissão de pacotes com base
cessário configurar e manter aplicativos separados, como no serviço que está sendo solicitado. Um proxy HTTP, por
e-mail e servidores Web, em vez de usar um sistema unifi- exemplo, pode permitir que navegadores Webs internos
cado, como faria com um pacote de software para grupo da empresa acessem servidores Web externos, mas não o
de trabalho; contrário.
• Número Limitado de Ferramentas - Há um número Dispositivos para realização de Cópias de Segurança
limitado de ferramentas para conectar um servidor Web a Os dispositivos para a realização de cópias de seguran-
bancos de dados ou outros aplicativos back-end. As intra- ça do(s) servidor(es) constituem uma das peças de especial
nets exigem uma rede TCP/IP, ao contrário de outras solu- importância. Por exemplo, unidades de disco amovíveis
ções de software para grupo de trabalho que funcionam com grande capacidade de armazenamento, tapes...
com os protocolos de transmissão de redes local existentes; Queremos ainda referir que para o funcionamento de
• Ausência de Replicação Embutida – As intranets não uma rede existem outros conceitos como topologias/con-
apresentam nenhuma replicação embutida para usuários figurações (rede linear, rede em estrela, rede em anel, rede
remotos. A HMTL não é poderosa o suficiente para desen- em árvore, rede em malha …), métodos de acesso, tipos
volver aplicativos cliente/servidor. de cabos, protocolos de comunicação, velocidade de trans-
Como a Intranet é ligada à Internet missão …

EXTRANET
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de
computadores que faz uso da Internet para partilhar com
segurança parte do seu sistema de informação.
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de
computadores que faz uso da Internet para partilhar com
segurança parte do seu sistema de informação.
Tomado o termo em seu sentido mais amplo, o concei-
to confunde-se com Intranet. Uma Extranet também pode
ser vista como uma parte da empresa que é estendida a
usuários externos (“rede extra-empresa”), tais como repre-
sentantes e clientes. Outro uso comum do termo Extranet
ocorre na designação da “parte privada” de um site, onde
somente “usuários registrados” podem navegar, previa-
mente autenticados por sua senha (login).

Empresa estendida
Segurança da Intranet O acesso à intranet de uma empresa através de um
Três tecnologias fornecem segurança ao armazena- Portal (internet) estabelecido na web de forma que pessoas
mento e à troca de dados em uma rede: autenticação, con- e funcionários de uma empresa consigam ter acesso à in-
trole de acesso e criptografia. tranet através de redes externas ao ambiente da empresa.
Autenticação - É o processo que consiste em verificar Uma extranet é uma intranet que pode ser acessada via
se um usuário é realmente quem alega ser. Os documen- Web por clientes ou outros usuários autorizados. Uma in-
tos e dados podem ser protegidos através da solicitação tranet é uma rede restrita à empresa que utiliza as mesmas
de uma combinação de nome do usuário/senha, ou da ve- tecnologias presentes na Internet, como e-mail, webpages,
rificação do endereço IP do solicitante, ou de ambas. Os servidor FTP etc.
usuários autenticados têm o acesso autorizado ou negado A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação en-
a recursos específicos de uma intranet, com base em uma tre os funcionários e parceiros além de acumular uma base
ACL (Access Control List) mantida no servidor Web; de conhecimento que possa ajudar os funcionários a criar
novas soluções.
Criptografia - É a conversão dos dados para um for- Exemplificando uma rede de conexões privadas, basea-
mato que pode ser lido por alguém que tenha uma chave da na Internet, utilizada entre departamentos de uma em-
secreta de descriptografia. Um método de criptografia am- presa ou parceiros externos, na cadeia de abastecimento,
plamente utilizado para a segurança de transações Web é a trocando informações sobre compras, vendas, fabricação,
tecnologia de chave pública, que constitui a base do HTTPS distribuição, contabilidade entre outros.
- um protocolo Web seguro;

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

INTERNET EXPLORER

O Windows Internet Explorer possui uma aparência simplificada e muitos recursos novos que aceleram a sua experiên-
cia de navegação na Web.
Os novos recursos gráficos e o melhor desempenho do Internet Explorer possibilitam experiências ricas e intensas.
Texto, vídeo e elementos gráficos acelerados por hardware significam que seus sites têm um desempenho semelhante ao
dos programas instalados no seu computador. Os vídeos de alta definição são perfeitos, os elementos gráficos são nítidos
e respondem positivamente, as cores são fieis e os sites são interativos como jamais foram. Com os aperfeiçoamentos como
Chakra, o novo mecanismo JavaScript, os sites e aplicativos são carregados mais rapidamente e respondem melhor. Combi-
ne o Internet Explorer com os eficientes recursos gráficos que o Windows 7 tem a oferecer, e você terá a melhor experiência
da Web no Windows até o momento.
A instalação mais curta e simplificada do Internet Explorer é mais rápida do que nas versões anteriores. Ela requer
menos decisões de sua parte, leva menos tempo para carregar páginas e não exige que você instale atualizações separa-
damente. Uma vez concluída a instalação, você já pode começar a navegar.

Interface
A primeira alteração que vemos no I.E 9 é a altura do seu cabeçalho (55px), pequeno e elegante, o internet Explorer 9
se comparado com suas versões anteriores, melhorou muito e sem sombra de dúvida começa a tomar A primeira alteração
que vemos no I.E 9 é a altura do seu cabeçalho (55px), pequeno e elegante, o internet Explorer 9 se comparado com suas
versões anteriores, melhorou muito e sem sombra de dúvida começa a tomar uma forma competitiva.

1-Ícones de Voltar/ Avançar página


2-Ícones de manipulação da URL
3-Abas de conteúdo
4-Ícones de funcionalidades gerais, favoritos e página inicial
5-Ícone para inserir novas aplicações
6-Ícone de aplicação instalada.

1-Ícones de Voltar/ Avançar página


Uma das mudanças vistas em mais de um navegador, é o destaque dado ao botão de “Voltar Página”, muito mais utili-
zado que o “Avançar, o destaque dado, foi merecido, assim evita-se possíveis erros e distrações”. Depois de ter feito alguma
transição de página, o botão voltar assume uma cor azul marinho, ganhando ainda mais destaque.

2-Ícones de manipulação da URL


Os ícones de manipulação, são aqueles que permitem o usuário “Favoritos”, “Cancelar” ou “Atualizar” uma página. No
caso do I.E 9, eles foram separados, o “Favoritos” está junto dos ícones de funcionalidade geral (página inicial e opções)
enquanto o “Atualizar” e “Fechar” foram posicionados dentro da barra de URL, o que pode dificultar o seu uso, o “Atualizar”
especialmente é bastante utilizado (apesar da tecla de atalho F5) e nesta nova versão ele perdeu seu destaque e sua facili-
dade de clique, ficando posicionado entre dois ícones.
Foi inserido nessa mesma área, o ícone de “Compatibilidade”, permitindo que determinadas páginas sejam visualizadas
com a tecnologia das versões anteriores do I.E.

3-Abas de conteúdo
O posicionamento das abas de conteúdo dentro do cabeçalho do I.E 9 foi mal escolhido, as abas tem que disputar
espaço com o campo de URL. Consegui manter aberto no máximo 4 abas sem que prejudique demais a leitura dos títulos
das abas, depois disso a visualização e a navegação entre as abas fica difícil e desanimador.

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

4 abas.

Múltiplas abas.

4-Ícones de funcionalidades gerais, favoritos e página inicial

“Pagina Inicial”, “Favoritos” e “Opções” foram agrupados no canto direito da tela, mas sem um objetivo claro, pois os
dois primeiros itens citados são elementos que quando utilizados interagem ou alteram os dados inseridos no campo de
URL. “Opções” por sua vez, se refere a opções de internet, privacidade e etc.…

5-Ícone para inserir novas aplicações

Uma das novidades mais bacanas dos novos navegadores é possibilidade de adquirir aplicativos e plug-ins, permitindo
ao usuário a customizar o seu navegador e criar um fluxo de utilização diferenciado de navegador para navegador.
Porém, esta nova possibilidade foi mal comunicada, ela é representada por símbolo de mais, muito semelhante ao
utilizado em navegadores como Firefox, para adicionar novas abas. Fica claro no I.E 9, que o símbolo de “+” serve para
adicionar algo ao navegador, mas o que? Existe espaço suficiente na área para trabalhar com uma ancora textual, ao menos
até os usuários criarem um hábito.

6-Ícone de aplicação/plug-in instalado


As aplicações depois de instaladas são alinhadas de forma horizontal no espaço que em versões anteriores pertencia
às abas.

Usar os novos controles do navegador

A primeira coisa que você notará ao abrir o Internet Explorer 9 será seu design simplificado.

A maioria das funções da barra de comandos, como Imprimir ou Zoom, pode ser encontrada ao clicar no botão Ferra-
mentas , e os seus favoritos e os feeds são exibidos ao clicar no botão Centro de Favoritos .

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para remover um site fixo da barra de tarefas


• Clique com o botão direito do mouse no ícone do
site, na barra de tarefas, e clique em Desafixar esse progra-
ma da barra de tarefas.

Pesquisar na Barra de endereços


Agora, você pode fazer buscas diretamente na Barra
de endereços. Se você inserir o endereço de um site, você
irá diretamente a um site da web. Se você inserir um termo
de pesquisa ou um endereço incompleto, aparecerá uma
pesquisa, usando o mecanismo de pesquisa selecionado.
Clique na barra de endereços para selecionar o mecanismo
de pesquisa a partir dos ícones listados ou para adicionar
novos mecanismos.

As guias são exibidas automaticamente à direita da


Barra de endereços, mas é possível movê-las para que
sejam exibidas abaixo da Barra de endereço, da mesma
maneira que em versões anteriores do Internet  Explorer.
Você pode exibir as Barras de Favoritos, Comandos, Status
e Menus clicando com o botão direito do mouse no botão
Ferramentas e selecionando-as em um menu.

Mostrar ou ocultar as Barras de Favoritos, Coman-


dos e Status
Clique com o botão direito do mouse em um espaço
livre à direita do botão Nova Guia e selecione uma barra:
• Barra de Favoritos Ao fazer pesquisas na Barra de endereços, você tem a op-
• Barra de Comandos ção de abrir uma página de resultados da pesquisa ou o prin-
• Barra de Status cipal resultado da pesquisa (se o provedor de pesquisa sele-
cionado oferecer suporte a esse recurso). Você também pode
Fixar um site da web na barra de tarefas ativar sugestões de pesquisa opcionais na Barra de endereços.
Para ter um acesso rápido, você pode fixar um site visi-
tado com frequência à barra de tarefas, na área de trabalho Usar o Gerenciador de Download
do Windows 7, da mesma maneira que você faria com um O Gerenciador de Download mantém uma lista dos
programa. arquivos baixados por você e o notifica quando um arqui-
vo pode ser um malware (software mal-intencionado). Ele
também permite que você pause e reinicie um download,
além de lhe mostrar onde encontrar os arquivos baixados
em seu computador.

Para fixar um site da web


• Clique na guia da página da Web e arraste-a até a
barra de tarefas.
Ao lado do endereço da página, há um pequeno ícone
com o símbolo do site. Ao arrastá-lo, ele automaticamente
se transforma em uma espécie de botão. Então só é preci-
so que você o envie para a Barra de tarefas do Windows 7
para que ele vire um rápido atalho.

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Abrir o Gerenciador de Downloads Guias destacáveis

1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Ini-


ciar . Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na
lista de resultados, clique em Internet Explorer.
2. Clique no botão Ferramentas e em Exibir do-
wnloads.

Trabalhar com guias

Você pode abrir uma guia clicando no botão Nova Guia


à direita da guia aberta mais recentemente.
As guias destacáveis tornam a interação com vários
Use a navegação com guias para abrir várias páginas
sites rápida e intuitiva. É possível reorganizar as guias no
da Web em uma única janela.
Internet Explorer 9 — da mesma forma que você reorga-
Para visualizar duas páginas com guias ao mesmo tem- niza ícones na barra de tarefas no Windows 7 — ou abrir
po, clique em um guia e, em seguida, arraste-a para fora da qualquer guia em uma nova janela do navegador arrastan-
janela do Internet Explorer para abrir a página da Web da do a guia para a área de trabalho. Se precisar exibir mais
guia em uma nova janela. de uma página da Web ao mesmo tempo para realizar uma
tarefa, use as guias destacáveis junto com o Ajuste. É uma
ótima forma de mostrar várias páginas da Web lado a lado
na tela.

Facilite o acesso aos seus sites favoritos. Arraste uma


guia e fixe-a diretamente na barra de tarefas ou no menu
Iniciar. Ou arraste uma guia para a barra Favoritos. Inde-
pendentemente do que escolher, seus sites favoritos esta-
rão ao seu alcance.

Guias codificadas por cores

Ao abrir uma nova guia no Windows Internet Explo-


rer 9, você pode:
• Para abrir uma nova página da Web, digite ou cole
um endereço na Barra de endereços.
• Para ir para um dos dez sites mais utilizados por
você, clique em um link na página.
• Para ocultar informações sobre os dez sites mais
utilizados por você, clique Ocultar sites. Para restaurar as
informações, clique em Mostrar sites.
• Para ativar a Navegação InPrivate, clique em Na-
vegação InPrivate.
• Para abrir novamente as guias que acabou de fe-
char, clique em Reabrir guias fechadas. Ter várias guias abertas ao mesmo tempo pode ser um
• Para reabrir as guias de sua última sessão de nave- processo complicado e demorado, principalmente quando
gação, clique em Reabrir última sessão. você tenta voltar e localizar os sites que abriu. Com o In-
• Para abrir Sites Sugeridos em uma página da Web, ternet Explorer 9, as guias relacionadas são codificadas por
clique em Descobrir outros sites dos quais você pode gos- cores, o que facilita sua organização ao navegar por várias
tar. páginas da Web.
Você consegue ver as guias relacionadas instantanea-
Guias avançadas mente. Quando você abre uma nova guia a partir de outra,
Por padrão, as guias são mostradas à direita da Barra a nova guia é posicionada ao lado da primeira guia e é
de endereços. Para fazer com que as guias sejam mostra- codificada com a cor correspondente. E quando uma guia
das em sua própria linha abaixo da Barra de endereços, cli- que faz parte de um grupo é fechada, outra guia desse gru-
que com o botão direito do mouse na área aberta à direita po é exibida, para que você não fique olhando para uma
do botão Nova guia e clique em Mostrar guias abaixo da guia não relacionada.
Barra de endereços.

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se quiser fechar uma guia ou o grupo inteiro de guias, • Filtragem ActiveX, que bloqueia os controles Acti-
ou remover uma guia de um grupo, clique com o botão veX de todos os sites e permite que você posteriormente
direito do mouse na guia ou no grupo de guias e escolha os ative novamente apenas para os sites nos quais confia.
o que deseja fazer. Nesse local também é possível atualizar • Realce de domínio, que mostra claramente a você
uma ou todas as guias, criar uma guia duplicada, abrir uma o verdadeiro endereço Web do site que está visitando. Isso
nova guia, reabrir a última guia fechada ou ver uma lista de ajuda você a evitar sites que usam endereços Web falsos
todas as guias fechadas recentemente e reabrir qualquer para enganá-lo, como sites de phishing. O verdadeiro do-
uma ou todas elas. mínio que você está visitando é realçado na barra de en-
Como usar os Sites Sugeridos no Internet Explorer 9 dereços.
O recurso Sites Sugeridos é um serviço online usado • Filtro SmartScreen, que pode ajudar a protegê-lo
pelo Windows Internet Explorer 9 que recomenda sites que contra ataques de phishing online, fraudes e sites falsos ou
você talvez goste com base nos sites que você visita com mal-intencionados. Ele também pode verificar downloads
frequência. e alertá-lo sobre possível malware (software mal-intencio-
Para ativar os Sites Sugeridos e exibi-los em uma pá- nado).
gina da Web • Filtro Cross site scripting (XSS), que pode ajudar
1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Ini- a evitar ataques de sites fraudulentos que podem tentar
ciar . Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na roubar suas informações pessoais e financeiras.
lista de resultados, clique em Internet Explorer. • Uma conexão SSL (Secure Sockets Layer) de 128
2. Clique no botão Favoritos e, na parte inferior do bits para usar sites seguros. Isso ajuda o Internet Explorer
Centro de Favoritos, clique em Ativar Sites Sugeridos. a criar uma conexão criptografada com sites de bancos, lo-
3. Na caixa de diálogo Sites Sugeridos, clique em jas online, sites médicos ou outras organizações que lidam
Sim. com as suas informações pessoais.
Observação: Para desativar os Sites Sugeridos, clique • Notificações que o avisam se as configurações de
no botão Ferramentas , aponte para Arquivo e desmar- segurança estiverem abaixo dos níveis recomendados.
que a opção Sites Sugeridos. • Proteção contra Rastreamento, que limita a comu-
nicação do navegador com determinados sites - definidos
Para adicionar o Web Slice de Sites Sugeridos por uma Lista de Proteção contra Rastreamento - a fim de
Depois de ativar os Sites Sugeridos, você pode clicar ajudar a manter suas informações confidenciais.
no Web Slice de Sites Sugeridos na Barra de favoritos para • Navegação InPrivate, que você pode usar para na-
verificar sugestões de sites com base na página da Web na vegar na Web sem salvar dados relacionados, como coo-
guia atual. kies e arquivos de Internet temporários.
1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Ini- • Configurações de privacidade que especificam
ciar . Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na como o computador lida com cookies.
lista de resultados, clique em Internet Explorer.
2. Clique no botão Favoritos e, na parte inferior Navegação InPrivate
do Centro de Favoritos, clique em Exibir Sites Sugeridos. A Navegação InPrivate impede que o Windows Inter-
Observação: Se não tiver ativado os Sites Sugeridos, net Explorer 9 armazene dados de sua sessão de navega-
você deverá clicar em Ativar Sites Sugeridos e em Sim. ção, além de ajudar a impedir que qualquer pessoa que
1. Na página da Web Sites Sugeridos, role até a parte utilize o seu computador veja as páginas da Web que você
inferior e clique em Adicionar Sites Sugeridos à sua Barra visitou e o conteúdo que visualizou.
de Favoritos.
2. Na caixa de diálogo do Internet  Explorer, clique Para ativar a Navegação InPrivate:
em Adicionar à Barra de Favoritos. 1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Ini-
Observação: Quando você habilita o recurso Sites Su- ciar . Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na
geridos, o seu histórico de navegação na Web é enviado lista de resultados, clique em Internet Explorer.
à Microsoft, onde ele é salvo e comparado com uma lis- 2. Clique no botão Ferramentas , aponte para Se-
ta de sites relacionados atualizada com frequência. Você gurança e clique em Navegação InPrivate.
pode optar por interromper o envio de seu histórico de
navegação na Web pelo Internet Explorer para a Microsoft O que faz a Navegação InPrivate:
a qualquer momento. Também é possível excluir entradas Quando você inicia a Navegação InPrivate, o Inter-
individuais do seu histórico a qualquer momento. As en- net  Explorer abre uma nova janela do navegador. A pro-
tradas excluídas não serão usadas para fornecer sugestões teção oferecida pela Navegação InPrivate tem efeito ape-
de outros sites, embora elas sejam mantidas pela Microsoft nas durante o tempo que você usar essa janela. Você pode
por um período para ajudar a melhorar nossos produtos e abrir quantas guias desejar nessa janela e todas elas es-
serviços, incluindo este recurso. tarão protegidas pela Navegação InPrivate. Entretanto, se
Recursos de segurança e privacidade no Inter- você abrir uma segunda janela do navegador, ela não esta-
net Explorer 9 rá protegida pela Navegação InPrivate. Para finalizar a ses-
O Internet Explorer 9 inclui os seguintes recursos de são de Navegação InPrivate, feche a janela do navegador.
segurança e privacidade:

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Quando você navega usando a Navegação InPrivate, Controles ActiveX e complementos do navegador da
o Internet Explorer armazena algumas informações, como Web são pequenos programas que permitem que os sites
cookies e arquivos de Internet temporários, de forma que forneçam conteúdos como vídeos. Eles também podem ser
as páginas da Web visitadas funcionem corretamente. En- usados para coletar informações, danificar informações e
tretanto, no final de sua sessão de Navegação InPrivate, instalar software em seu computador sem o seu consenti-
essas informações são descartadas. mento ou permitir que outra pessoa controle o computa-
O que a Navegação InPrivate não faz: dor remotamente.
• Ela não impede que alguém em sua rede, como A Filtragem ActiveX impede que sites instalem e utili-
um administrador de rede ou um hacker, veja as páginas zem esses programas.
que você visitou.
• Ela não necessariamente proporciona anonimato Ativar a Filtragem ActiveX
na Internet. Os sites talvez sejam capazes de identificá-lo 1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Ini-
por meio de seu endereço Web e qualquer coisa que você ciar . Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na
fizer ou inserir em um site poderá ser gravado por ele. lista de resultados, clique em Internet Explorer.
• Ela não remove nenhum favorito ou feed adicio- 2. Clique no botão Ferramentas , aponte para Se-
gurança e clique em Filtragem ActiveX.
nado por você quando a sessão de Navegação InPrivate
é fechada. As alterações nas configurações do Internet Ex-
Definir exceções para sites confiáveis
plorer, como a adição de uma nova home page, também
Você pode desativar a Proteção contra Rastreamento
são mantidas após o encerramento da sessão de Navega- ou a Filtragem ActiveX para exibir o conteúdo de sites es-
ção InPrivate. pecíficos em que você confia.
Como usar a Proteção contra Rastreamento e a Fil-
tragem ActiveX no Internet Explorer 9 Informações que não causam lentidão
Você pode ativar a Proteção contra Rastreamento no A nova Barra de notificação exibida na parte inferior do
Windows Internet Explorer 9 para ajudar a evitar que sites Internet Explorer fornece importantes informações de sta-
coletem informações sobre sua navegação na Web. Você tus quando você precisa delas, mas ela não o força a clicar
também pode ativar a Filtragem ActiveX para ajudar a evi- em uma série de mensagens para continuar navegando.
tar que programas acessem o seu computador sem o seu
consentimento.
Depois de ativar qualquer um desses recursos, você
pode desativá-lo apenas para sites específicos.

Usar a Proteção contra Rastreamento para bloquear


conteúdo de sites desconhecidos
Quando você visita um site, alguns conteúdos podem
ser fornecidos por um site diferente. Esse conteúdo pode
ser usado para coletar informações sobre as páginas que Modo de Exibição de Compatibilidade
você visita na Internet.
A Proteção contra Rastreamento bloqueia esse conteú- Há ocasiões em que o site que você está visitando não
do de sites que estão em Listas de Proteção contra Rastrea- tem a aparência correta. Ele é mostrado como um emara-
mento. Existe uma Lista de Proteção contra Rastreamento nhado de menus, imagens e caixas de texto fora de ordem.
Personalizada incluída no Internet Explorer que é gerada Por que isso acontece? Uma explicação possível: o site
automaticamente com base nos sites visitados por você. pode ter sido desenvolvido para uma versão anterior do
Internet Explorer. O que fazer? Experimente clicar no botão
Também é possível baixar Listas de Proteção contra Ras-
Modo de Exibição de Compatibilidade.
treamento e, dessa maneira, o Internet Explorer verificará
periodicamente se há atualizações para as listas.

Para ativar a Proteção contra Rastreamento


1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Ini- O botão do Modo de Exibição de Compatibilidade
ciar . Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na
lista de resultados, clique em Internet Explorer. No Modo de Exibição de Compatibilidade, os sites apa-
2. Clique no botão Ferramentas , aponte para Se- recerão como se fossem exibidos em uma versão anterior
gurança e clique em Proteção contra Rastreamento. do Internet Explorer, o que geralmente corrige os proble-
3. Na caixa de diálogo Gerenciar Complemento, cli- mas de exibição. Você não precisa clicar no botão para exi-
que em uma Lista de Proteção contra Rastreamento e cli- bir um site depois de já ter feito isso — na próxima vez que
que em Habilitar. você visitar o site, o Internet Explorer 9 automaticamente
o mostrará no Modo de Exibição de Compatibilidade. (Se
Usar a Filtragem ActiveX para bloquear controles Acti- você um dia quiser voltar a navegar nesse site usando o
veX Internet Explorer 9, basta clicar no botão Modo de Exibição
de Compatibilidade novamente.)

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Menu Favoritos
Adicionar endereços no Menu Favoritos CORREIO ELETRÔNICO: CONCEITOS;
GERENCIADOR DE E-MAIL (OUTLOOK
Clique no menu Favoritos e em Adicionar Favoritos(C-
EXPRESS 6.0);
TRL+D).

CORREIO ELETRÔNICO

O correio eletrônico1 se parece muito com o correio


tradicional. Todo usuário tem um endereço próprio e uma
caixa postal, o carteiro é a Internet. Você escreve sua men-
sagem, diz pra quem quer mandar e a Internet cuida do
resto. Mas por que o e-mail se popularizou tão depressa?
A primeira coisa é pelo custo. Você não paga nada por uma
comunicação via e-mail, apenas os custos de conexão com
a Internet. Outro fator é a rapidez, enquanto o correio tra-
dicional levaria dias para entregar uma mensagem, o ele-
Menu Ferramentas trônico faz isso quase que instantaneamente e não utiliza
Opções da Internet papel. Por último, a mensagem vai direto ao destinatário,
não precisa passa de mão-em-mão (funcionário do correio,
No menu Ferramentas, na opção opções da internet, carteiro, etc.), fica na sua caixa postal onde somente o dono
na aba geral podemos excluir os arquivos temporários e o tem acesso e, apesar de cada pessoa ter seu endereço pró-
histórico. Além disso, podemos definir a página inicial. prio, você pode acessar seu e-mail de qualquer computa-
dor conectado à Internet.
Bem, o e-mail mesclou a facilidade de uso do correio
convencional com a velocidade do telefone, se tornando
um dos melhores e mais utilizado meio de comunicação.

Estrutura e Funcionalidade do e-mail

Como no primeiro e-mail criado por Tomlinson, todos


os endereços eletrônicos seguem uma estrutura padrão,
nome do usuário + @ + host, onde:
» Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo
usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: sergiodecas-
tro.
» @ - é o símbolo, definido por Tomlinson, que separa
o nome do usuário do seu provedor.
» Host – é o nome do provedor onde foi criado o ende-
reço eletrônico. Exemplo: click21.com.br .
» Provedor – é o host, um computador dedicado ao
serviço 24 horas por dia.

Vejamos um exemplo real: sergiodecastro@click21.


com.br

A caixa postal é composta pelos seguintes itens:


» Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as men-
sagens recebidas.
» Caixa de Saída – Armazena as mensagens ainda não
enviadas.
» E-mails Enviados – Como o nome diz, ficam os e-mails
que foram enviados.
» Rascunho – Guarda as mensagens que você ainda
não terminou de redigir.
» Lixeira – Armazena as mensagens excluídas.
1 Fonte: http://juliobattisti.com.br/tutoriais/sergiocastro/correioeletronico-
ewebmail001.asp

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao redigir mensagem, os seguintes campos estão pre- WebMail


sentes:
» Para – é o campo onde será inserido o endereço do O WebMail, como descrito acima, é uma aplicação
destinatário. acessada diretamente na Internet, sem a necessidade de
» Cc – este campo é utilizado para mandar cópias da usar programa de correio eletrônico. Praticamente todos
mesma mensagem, ao usar este campo os endereços apa- os e-mails possuem aplicações para acesso direto na In-
recerão para todos os destinatários. ternet. É grande o número de provedores que oferecem
» Cco – sua funcionalidade é igual ao campo anterior, correio eletrônico gratuitamente, logo abaixo segue uma
no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos lista dos mais populares.
donos. » Outlook (antigo Hotmail) – http://www.outlook.com
» Assunto – campo destinado ao assunto da mensa- » GMail – http://www.gmail.com
gem. » Bol (Brasil on line) – http://www.bol.com.br
» Anexos – são dados que são anexados à mensagem » iG Mail – http://www.ig.com.br
(imagens, programas, música, arquivos de texto, etc.). » Yahoo – http://www.yahoo.com.br
» Corpo da Mensagem – espaço onde será redigida a
mensagem.

Alguns nomes podem mudar de servidor para servidor, Para criar seu e-mail basta visitar o endereço acima e
porém representando as mesmas funções. Além dos destes seguir as instruções do site. Outro importante fator a ser
campos tem ainda os botões para EVIAR, ENCAMINHAR e observado é o tamanho máximo permitido por anexo, este
EXCLUIR as mensagens, este botões bem como suas fun- foi outro fator que aumentou muito de tamanho, há pouco
cionalidades veremos em detalhes, mais à frente. tempo a maioria dos provedores permitiam em torno de 2
Para receber seus e-mails você não precisa estar co- Mb, mas atualmente a maioria já oferecem em média 25
nectado à Internet, pois o e-mail funciona com provedores. Mb. Além de caixa postal os provedores costumam ofere-
Mesmo você não estado com seu computador ligado, seus cer serviços de agenda e contatos.
e-mail são recebidos e armazenados na sua caixa postal, Todos os WebMail acima são ótimos, então fica a crité-
localizada no seu provedor. Quando você acessa sua caixa rio de cada um escolher o seu, ou até mesmo os seus, eu,
postal, pode ler seus e-mail on-line (diretamente na Inter- por exemplo, procuro aqueles que oferecem uma interface
net, pelo WebMail) ou baixar todos para seu computador com o menor propaganda possível.
através de programas de correio eletrônico. Um programa
muito conhecido é o Outlook Express, o qual detalhar mais » Criando seu e-mail
à frente. Fazer sua conta de e-mail é uma tarefa extremamente
A sua caixa postal é identificada pelo seu endereço de simples, eu escolhi o Outlook.com, pois a interface deste
e-mail e qualquer pessoa que souber esse endereço, pode WebMail não tem propagandas e isso ajudar muito os en-
enviar mensagens para você. Também é possível enviar tendimentos, no entanto você pode acessar qualquer dos
mensagens para várias pessoas ao mesmo tempo, para isto endereços informados acima ou ainda qualquer outro que
basta usar os campos “Cc” e “Cco” descritos acima. você conheça. O processo de cadastro é muito simples,
Atualmente, devido à grande facilidade de uso, a maio- basta preencher um formulário e depois você terá sua con-
ria das pessoas acessa seu e-mail diretamente na Internet ta de e-mail pronta para ser usada. Vamos aos passos:
através do navegador. Este tipo de correio é chamado de 1. Acesse a página do provedor (www.ibestmail.com.
WebMail. O WebMail é responsável pela grande populari- br) ou qualquer outro de sua preferência.
zação do e-mail, pois mesmo as pessoas que não tem com- 2. Clique no link “Não tem uma conta? Crie uma!”, será
putador, podem acessar sua caixa postal de qualquer lugar aberto um formulário, preencha-o observando todos os
(um cyber, casa de um amigo, etc.). Para ter um endereço campos. Os campos do formulário têm suas particularida-
eletrônico basta querer e acessar a Internet, é claro. Existe des de provedor para provedor, no entanto todos trazem
quase que uma guerra por usuários. Os provedores, tam- a mesma ideia, colher informações do usuário. Este será a
bém, disputam quem oferece maior espaço em suas caixas primeira parte do seu e-mail e é igual a este em qualquer
postais. Há pouco tempo encontrar um e-mail com mais cadastro, no exemplo temos “@outlook.com”. A junção do
de 10 Mb, grátis, não era fácil. Lembro que, quando a Em- nome de usuário com o nome do provedor é que será seu
bratel ofereceu o Click21 com 30 Mb, achei que era muito endereço eletrônico. No exemplo ficaria o seguinte: seuno-
espaço, mas logo o iBest ofereceu 120 Mb e não parou por me@outlook.com.
ai, a “guerra” continuo culminando com o anúncio de que 3. Após preencher todo o formulário clique no botão
o Google iria oferecer 1 Gb (1024 Mb). A última campanha “Criar conta”, pronto seu cadastro estará efetivado.
do GMail, e-mail do Google, é de aumentar sua caixa postal Pelo fato de ser gratuito e ter muitos usuários é co-
constantemente, a última vez que acessei estava em 2663 mum que muitos nomes já tenham sido cadastrados por
Mb. outros usuários, neste caso será exibida uma mensagem
lhe informando do problema. Isso acontece porque den-
tro de um mesmo provedor não pode ter dois nomes de
usuários iguais. A solução é procurar outro nome que ainda

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

esteja livre, alguns provedores mostram sugestões como: 12. Pastas do Sistema – Exibe as pastas padrões de um
seunome2005; seunome28, etc. Se ocorrer isso com você correio eletrônico. Caixa de Entrada; Mensagens Enviadas;
(o que é bem provável que acontecerá) escolha uma das Rascunho e Lixeira. Um detalhe importante é o estilo do
sugestões ou informe outro nome (não desista, você vai nome, quando está normal significa que todas as mensa-
conseguir), finalize seu cadastro que seu e-mail vai está gens foram abertas, porém quando estão em negrito, acu-
pronto para ser usado. sam que há uma ou mais mensagens que não foram lidas,
o número entre parêntese indica a quantidade. Este deta-
» Entendendo a Interface do WebMail lhe funciona para todas as pastas e mensagens do correio.
A interface é a parte gráfica do aplicativo de e-mail que 13. Painel de Visualização – Espaço destinado a exibir
nos liga do mundo externo aos comandos do programa. as mensagens. Por padrão, ao abrir sua caixa postal, é exi-
Estes conhecimentos vão lhe servir para qualquer WebMail bido o conteúdo da Caixa de Entrada, mas este painel exibe
que você tiver e também para o Outlook, que é um progra- também as mensagens das diversas pastas existentes na
ma de gerenciamento de e-mails, vamos ver este programa sua caixa postal. A observação feita no item anterior, sobre
mais adiante. negrito, também é válida para esta seção. Observe as caixas
1. Chegou e-mail? – Este botão serve para atualizar sua de seleção localizadas do lado esquerdo de cada mensa-
caixa de entrar, verificando se há novas mensagens no ser- gem, é através delas que as mensagens são selecionadas. A
vidor. seleção de todos os itens ao mesmo tempo, também pode
2. Escrever – Ao clicar neste botão a janela de edição ser feito pela caixa de seleção do lado esquerdo do título
de e-mail será aberta. A janela de edição é o espaço no da coluna “Remetente”. O título das colunas, além de no-
qual você vai redigir, responder e encaminhar mensagens. meá-las, também serve para classificar as mensagens que
Semelhante à função novo e-mail do Outlook. por padrão estão classificadas através da coluna “Data”,
3. Contatos – Abre a seção de contatos. Aqui os seus para usar outra coluna na classificação basta clicar sobre
endereços de e-mail são previamente guardados para uti- nome dela.
lização futura, nesta seção também é possível criar grupos 14. Gerenciador de Pastas – Nesta seção é possível adi-
para facilitar o gerenciamento dos seus contatos. cionar, renomear e apagar as suas pastas. As pastas são
4. Configurações – Este botão abre (como o próprio um modo de organizar seu conteúdo, armazenando suas
nome já diz) a janela de configurações. Nesta janela podem mensagens por temas. Quando seu e-mail é criado não
ser feitas diversas configurações, tais como: mudar senha, existem pastas nesta seção, isso deve ser feito pelo usuário
definir número de e-mail por página, assinatura, resposta de acordo com suas necessidades.
automática, etc. 15. Contas Externas – Este item é um link que abrirá a
5. Ajuda – Abre, em outra janela do navegador, uma seção onde pode ser feita uma configuração que permitirá
seção com vários tópicos de ajuda. você acessar outras caixas postais diretamente da sua. O
6. Sair – Este botão é muito importante, pois é através próximo link, como o nome já diz, abre a janela de confi-
dele que você vai fechar sua caixa postal, muito recomen- guração dos e-mails bloqueados e mais abaixo o link para
dado quando o uso de seu e-mail ocorrer em computado- baixar um plug-in que lhe permite fazer uma configuração
res de terceiros. automática do Outlook Express. Estes dois primeiros links
7. Espaço – Esta seção é apenas informativa, exibe seu são os mesmos apresentados no item 10.
endereço de e-mail; quantidade total de sua caixa posta; Outlook Express
parte utilizada em porcentagem e um pequeno gráfico.
8. Seção atual – Mostra o nome da seção na qual você O Outlook Express é um programa, dentre vários, para
está, no exemplo a Caixa de Entrada. a troca de mensagens entre pessoas que tenham acesso à
9. Número de Mensagens – Exibe o intervalo de men- Internet.
sagens que estão na tela e também o total da seção sele- Por meio dele você poderá mandar e receber mensa-
cionada. gens (incluindo os e-mails com imagens, música e diversos
10. Caixa de Comandos – Neste menu suspenso estão efeitos) e também ingressar em grupos de notícias para
todos os comandos relacionados com as mensagens exi- trocar ideias e informações.
bidas. Para usar estes comandos, selecione uma ou mais Para adicionar uma conta de e-mail, isto é, para criar
mensagens o comando desejado e clique no botão “OK”. O sua caixa de correio eletrônico no Outlook Express, você
botão “Bloquear”, bloqueia o endereço de e-mail da men- precisa do nome da conta, da senha e dos nomes dos servi-
sagem, útil para bloquear e-mails indesejados. Já o botão dores de e-mail de entrada (geralmente POP3 - Post Office
“Contas externas” abre uma seção para configurar outras Protocol versão 3 - que é o servidor onde ficam armazena-
contas de e-mails que enviarão as mensagens a sua caixa das as mensagens enviadas a você, até que você as receba)
postal. Para o correto funcionamento desta opção é preci- e de saída (geralmente SMTP - Simple Mail Transfer Pro-
so que a conta a ser acessada tenha serviço POP3 e SMTP. tocol - que é o servidor que armazena as mensagens e as
11. Lista de Páginas – Este menu suspenso exibe a lista envia, após você escrevê-las.).
de página, que aumenta conforme a quantidade de e-mails Estas informações são fornecidas pelo seu provedor de
na seção. Para acessar selecione a página desejada e clique serviços de Internet ou do administrador da rede local.
no botão “OK”. Veja que todos os comandos estão dispo- Para adicionar um grupo de notícias, você precisa do
níveis também na parte inferior, isto para facilitar o uso de nome do servidor de notícias ao qual deseja se conectar e,
sua caixa postal. se necessário, do nome de sua conta e senha.

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

9. Localizar: este botão é útil quando você quer encon-


Abrir o Outlook trar uma mensagem que esteja em seu Outlook. Ao clicar
Para abrir o Outlook Express, clique no ícone em “Localizar”, uma nova janela se abre e você pode indicar
que está em sua Área de Trabalho, ou na Barra de Tarefas. os critérios de sua busca, preenchendo os campos que es-
tão em branco e clicando em “localizar agora”.
Você pode também clicar em Iniciar/Programas/
Outlook Express.
O programa será aberto e você pode começar a ler,
redigir e responder seus e-mails.

Barra de Ferramentas
A Barra de ferramentas do Outlook Express (mostrados
nas imagens da versão 6.0) apresenta basicamente os itens
numerados na figura abaixo:

Se você quiser localizar uma mensagem em uma pasta


ou uma pessoa que faça parte de seu catálogo de ende-
reços, pode clicar na setinha que está ao lado da pasta e
alguns itens específicos aparecem, como você pode ver na
imagem abaixo:

1. Criar email: aqui você clica quando quer redigir um


e-mail e uma nova mensagem se abre.
2. Responder: quando você recebe uma mensagem e
quer mandar uma resposta, basta clicar aqui e escrever sua
resposta.
3. Responder a todos: quando você recebe um e-mail
que foi endereçado a você e a outras pessoas (você pode
saber se isto ocorreu olhando para o campo Cc que apare-
ce em seu painel de visualização) e quer mandar uma res-
posta para todos que também receberam esta mensagem,
basta clicar em “responder a todos”.
4. Encaminhar: quando você recebe um e-mail e quer Basta indicar o que você quer localizar e uma nova ja-
mandá-lo para outra (s) pessoa(s), basta clicar em “encami- nela se abre e você preenche com os dados que interessam
nhar” e essa mensagem será enviada para o(s) destinatá- para sua busca.
rio(s) que você endereçar. Obs.: Se você passar o mouse sobre cada um dos bo-
5. Imprimir: quando você quiser imprimir um e-mail, tões da barra de ferramentas, poderá ver uma caixa de diá-
basta clicar nesse botão indicado que uma nova janela se logo que descreve a função do botão, conforme imagem
abre e nela você define o que deseja que seja impresso. abaixo:
6. Excluir: quando você quiser excluir uma mensagem,
basta clicar na mensagem (em sua lista de mensagens) e
usar o botão excluir da barra de ferramentas. Sua mensa-
gem irá para a Pasta Itens excluídos.
7. Enviar e receber: clicando nesse botão, as mensa-
gens que estão em sua Caixa de Saída serão enviadas e
as mensagens que estão em seu servidor chegarão a seu
Outlook.
8. Endereços: este botão faz com que seu Catálogo de
Endereços (seus contatos) se abra.

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ícones de listas de mensagens do Outlook Express


Os ícones a seguir aparecem nos e-mails e indicam a prioridade das mensagens, se as mensagens possuem arquivos
anexados ou ainda se as mensagens estão marcadas como lidas ou não lidas.
Veja o que eles significam:

Como criar uma conta de e-mail


Para adicionar uma conta de e-mail em seu Outlook faça o seguinte:
Entre em contato com seu provedor de serviços de Internet ou do administrador da rede local e informe-se sobre o tipo
de servidor de e-mail usado para a entrada e para a saída dos e-mails.
Você precisará saber o tipo de servidor usado : POP3 (Post Office Protocol), IMAP (Internet Message Access Protocol)
ou HTTP (Hypertext Transfer Protocol). Precisa também saber o nome da conta e a senha, o nome do servidor de e-mail de
entrada e, para POP3 e IMAP, o nome de um servidor de e-mail de saída, geralmente SMTP (Simple Mail Transfer Protocol)

Vamos à configuração:
No menu Ferramentas, clique em Contas.

Irá se abrir uma nova janela chamada Contas na Internet, clique em Adicionar.

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Quando for mandar uma mensagem, ao clicar em


“Para”, esse catálogo se abre e fica bem mais fácil e rápido
localizar o destinatário.
Para acrescentar contatos em sua lista de endereços
Para acrescentar endereços eletrônicos de pessoas
(contatos) em sua lista de endereços faça o seguinte:
Clique no botão Endereços.
Em seguida, selecione “Novo” e “Novo Contato”.
Escreva o nome e o novo endereço eletrônico (tipo:
nome@provedor.com.br).
Clique em OK.
Clique em Email e o Assistente para conexão com a In-
ternet irá se abrir. Basta seguir as instruções para estabele-
cer uma conexão com um servidor de e-mail ou de notícias
e ir preenchendo os campos de acordo com seus dados.
Observação: Cada usuário pode criar várias contas de
e-mail, repetindo o procedimento descrito acima para cada
conta.

Criar um catálogo de endereços


Antes de mais nada, é preciso definir um Catálogo de
Endereços contendo algumas pessoas e seus respectivos Obs.: Caso você tenha recebido um e-mail de alguém e
endereços de e-mail. queira adicionar esta pessoa a seu catálogo de endereços,
Para criar um catálogo de endereços no Outlook Ex- basta clicar (com o botão direito do mouse) sobre o nome
press (versão 5 e posteriores), faça o seguinte: do remetende e escolher a opção “Adicionar remetente ao
Clique, no menu principal do Outlook, em Ferramentas catálogo de endereços”.
/ Catálogo de Endereços. Pronto, esse contato já estará em seu catálogo de en-
Uma janela de nome: “Catálogo de Endereços - identi- dereços.
dade principal” se abrirá.
Clique em “Novo” e escolha a opção: “Novo Contato”
Mais uma janela se abre: “Propriedades de”. Aqui você
vai digitar todos os dados que deseja para cada um dos
contatos.

Você pode também configurar o Outlook Express para


que seus destinatários sejam adicionados automaticamen-
te ao catálogo de endereços quando você responder a uma
mensagem. Para adicionar todos os destinatários de res-
postas ao catálogo de endereços, faça o seguinte:
Clique em Ferramentas.
Clique em Opções.
Na guia Enviar, clique em Incluir automaticamente no
catálogo de endereços os destinatários das minhas respos-
tas.

Após digitar o “Endereço de correio eletrônico”, no Salvar um rascunho


campo correspondente, clique no botão “Adicionar” e em Para salvar um rascunho da mensagem para usar mais
“OK”. tarde, faça o seguinte:
Da mesma forma, você vai acrescentando novos no- Com sua mensagem aberta, clique em Arquivo.
mes ao seu “Catálogo de endereços”. A seguir, clique em Salvar.

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(Quando uma mensagem tem um arquivo anexado,


um ícone de clipe de papel é exibido ao lado dela na lista
de mensagens.)

Salvar anexos
Para salvar um anexo de arquivo de seu e-mail, faça o
seguinte:
Clique na mensagem que tem o arquivo que você quer
salvar.
No menu Arquivo, clique em Salvar anexos.

Você também pode clicar em Salvar como para salvar


uma mensagem de e-mail em outros arquivos de seu com-
putador no formato de e-mail (.eml), texto (.txt) ou HTML
(.htm ou html). Uma nova janela se abre. Clique no(s) anexo(s) que
você quer salvar.
Abrir anexos Antes de clicar em Salvar, confira se o local indicado
Para ver um anexo de arquivo, faça o seguinte: na caixa abaixo é onde você quer salvar seus anexos. (Caso
1. No painel de visualização, clique no ícone de clipe de não seja, clique em “Procurar” e escolha outra pasta ou ar-
papel no cabeçalho da mensagem e, em seguida, clique no quivo.)
nome do arquivo. Clique em Salvar.

ou então:
Na parte superior da janela da mensagem, clique duas
vezes no ícone de anexo de arquivo no cabeçalho da men-
sagem.

Se você preferir, pode salvar o anexo no painel de vi-


sualização:
Clique no ícone de clipe de papel
Clique em Salvar anexos.

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Prioridade de uma mensagem Se preferir apenas receber ou apenas enviar mensa-


Ao enviar uma nova mensagem ou uma resposta a um gens, você pode usar o seguinte recurso:
e-mail, você pode atribuir uma prioridade à mensagem, Clique em Ferramentas / Enviar e receber, escolha a
para que o destinatário saiba se deve lê-la imediatamen- opção que deseja e clique nela.
te (prioridade alta) ou quando houver tempo (prioridade
baixa).
As mensagens com prioridade alta têm um ponto de
exclamação ao seu lado.
A prioridade baixa é indicada por uma seta para baixo.
Se você deixar marcada a opção Normal, nenhum íco- Você pode deixar acionado um “alarme” que avisa
ne referente à prioridade aparecerá ao lado da mensagem. quando chegaram novas mensagens. Veja mais em Alar-
Para indicar a prioridade de uma mensagem de um mes.
e-mail que você vai mandar, faça o seguinte: Navegar pelo Outlook
Na janela Nova mensagem, clique em Prioridade na Usando a lista de mensagens e o painel de visualiza-
barra de ferramentas, clique na setinha que está bem ao ção, você pode exibir a lista de mensagens e ler mensagens
lado e selecione a prioridade desejada. individuais ao mesmo tempo.
A lista Pastas contém pastas de e-mail, servidores de
notícias e grupos de notícias e você pode alternar facilmen-
te entre eles.
Você também pode criar novas pastas para organizar e
classificar suas mensagens e configurar regras de mensa-
gens para colocar automaticamente em uma pasta especí-
fica o e-mail de acordo com o assunto, remetente, grupo,
enfim, da forma mais prática para seu uso.
Você também pode criar seus próprios modos de exibi-
ção para personalizar a maneira como visualiza suas men-
sagens.

Pastas Padrões
Ou, se preferir, utilize o seguinte recurso:
As pastas padrões do Outlook não podem ser altera-
No menu Mensagem, aponte para Definir prioridade e das. Você poderá criar outras pastas, mas não deve mexer
selecione uma opção de prioridade. nas seguintes pastas:

Observação: Esta configuração atribui a prioridade so-


mente para a mensagem que você está redigindo no mo-
mento.

Verificar novas mensagens


Para saber se chegaram novas mensagens, faça o se-
guinte: 1. Caixa de Entrada: local padrão para onde vão as
Com seu Outlook aberto, clique em Enviar/receber na mensagens que chegam ao seu Outlook. (Você pode criar
barra de ferramentas. pastas e regras para mudar o lugar para o qual suas men-
sagens devam ser encaminhadas.).
2. Caixa de Saída: aqui ficam os e-mails que você já
escreveu e que vai mandar para o(s) destinatário(s).
3. Itens Enviados: nesta pasta ficam guardados os
e-mails que você já mandou.
4. Itens Excluídos: aqui ficam as mensagens que você
Lembre-se de que todas as mensagens da caixa de saí- já excluiu de outra(s) pasta(s), mas continuam em seu
da serão enviadas também. Outlook.

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5. Rascunhos: as mensagens que você está escrevendo Irá se abrir uma nova janela, assim
podem ficar guardadas aqui enquanto você não as acaba
de compor definitivamente. Veja como salvar uma mensa-
gem na pasta Rascunhos.

Criar novas pastas


Para organizar seu Outlook, você pode criar ou adicio-
nar quantas pastas quiser.
No menu Arquivo, clique em Pasta.
Clique em Nova.

No campo “Nome da Pasta”, em que escrevi: “Colocar


aqui o nome da nova...” , você escreve o nome que quer dar
à sua pastinha.
Agora, basta clicar em “OK” e prontinho.
Desta mesma forma, você poderá fazer quantas pastas
quiser.
Se você quiser, pode também criar uma pasta para ar-
quivo de e-mails fora do programa, dentro de “Meus Do-
cumentos”, por exemplo, ou em um disquete e nela salvar
Uma nova janela se abrirá. todos os e-mails que que guardar.
Na caixa de texto Nome da pasta, digite o nome que Para salvar, basta clicar em Arquivo/Salvar como e es-
deseja dar à pasta e, em seguida, selecione o local para a colher a pasta onde quer guardar seus e-mails (fora do
nova pasta. Outlook).
A mensagem será salva com o nome que aparece no
assunto do e-mail. Se você tiver várias mensagens com o
mesmo assunto, e for guardá-las em uma mesma pasta,
renomeie (preencha com um novo nome no espaço que
aparece na caixa de diálogo, conforme imagem abaixo) na
hora de salvar.

Lembre-se de que o Outlook Express vai criar sua pasta


nova dentro daquela que estiver selecionada no momen-
to. Se você selecionar, por exemplo, “Caixa de Entrada” e
solicitar uma nova pasta, esta será posicionada dentro da
Caixa de Entrada.
Se o que você quer é uma nova pasta, independente
das que você já criou, selecione sempre o item Pastas Lo-
cais .
Dê um nome e selecione o local onde quer que fique Para manter a mensagem como a original, salve no for-
esta nova pasta que você acabou de criar. mato correio .eml.
Veja em Regras para mensagens, sobre como criar re-
Você também pode fazer o seguinte: gras para que suas mensagens sejam “colocadas” direta-
Abra o Outlook. mente nas pastas em que você criou.
Clique com o botão direito do mouse em “Caixa de
entrada”
Aparecerá uma janela com alguns itens. Clique em
“Nova Pasta”.

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A partir daí ele passa para a memória do computador


VÍRUS; e entra na segunda fase da infecção. Mas antes de falar-
mos da segunda fase, vamos analisar o segundo método
de infecção: o
vírus se agrega a um arquivo executável (fica pendura-
do mesmo nesse arquivo). Acessar o disco onde este arqui-
NOÇÕES BÁSICAS A RESPEITO DE VÍRUS DE COM- vo está não é o suficiente para se contaminar.
PUTADOR É preciso executar o arquivo contaminado. O vírus se
anexa, geralmente, em uma parte do arquivo onde não
DEFINIÇÃO E PROGRAMAS ANTIVÍRUS interfira no seu funcionamento (do arquivo), pois assim o
usuário não vai perceber nenhuma alteração e vai conti-
O que são vírus de computador? nuar usando o programa infectado.
Os vírus representam um dos maiores problemas para
O vírus, após ter sido executado, fica escondido agora
usuários de computador.
na memória do computador, e imediatamente infecta to-
Consistem em pequenos programas criados para cau-
dos os discos que estão ligados ao computador, colocando
sar algum dano ao computador infectado, seja apagando
dados, seja capturando informações, seja alterando o fun- uma cópia de si mesmo no tal setor que é lido primeiro
cionamento normal da máquina. Os usuários dos sistemas (chamado setor de boot), e quando o disco for transferido
operacionais Windows são vítimas quase que exclusivas para outro computador, este ao acessar o disco contami-
de vírus, já que os sistemas da Microsoft são largamente nado (lendo o setor de boot), executará o vírus e o alocará
usados no mundo todo. Existem vírus para sistemas ope- na sua memória, o que por sua vez irá infectar todos os
racionais Mac e os baseados em Unix, mas estes são extre- discos utilizados neste computador, e assim o vírus vai se
mamente raros e costumam ser bastante limitados. Esses alastrando.
“programas maliciosos” receberam o nome vírus porque Os vírus que se anexam a arquivos infectam também
possuem a característica de se multiplicar facilmente, assim todos os arquivos que estão sendo ou e serão executados.
como ocorre com os vírus reais, ou seja, os vírus biológicos. Alguns às vezes re-contaminam o mesmo arquivo tantas
Eles se disseminam ou agem por meio de falhas ou limita- vezes e ele fica tão grande que passa a ocupar um espaço
ções de determinados programas, se espalhando como em considerável (que é sempre muito precioso) em seu disco.
uma infecção. Outros, mais inteligentes, se escondem entre os espaços
Para contaminarem os computadores, os vírus antiga- do programa original, para não dar a menor pista de sua
mente usavam disquetes ou arquivos infectados. Hoje, os existência.
vírus podem atingir em poucos minutos milhares de com- Cada vírus possui um critério para começar o ataque
putadores em todo mundo. Isso tudo graças à Internet. O propriamente dito, onde os arquivos começam a ser apa-
método de propagação mais comum é o uso de e-mails, gados, o micro começa a travar, documentos que não são
onde o vírus usa um texto que tenta convencer o inter- salvos e várias outras tragédias. Alguns apenas mostram
nauta a clicar no arquivo em anexo. É nesse anexo que se mensagens chatas, outros mais elaborados fazem estragos
encontra o vírus. Os meios de convencimento são muitos e muitos grandes.
costumam ser bastante criativos. O e-mail (e até o campo
assunto da mensagem) costuma ter textos que despertam TIPOS
a curiosidade do internauta. Muitos exploram assuntos eró-
ticos ou abordam questões atuais. Alguns vírus podem até
Cavalo-de-Tróia
usar um remetente falso, fazendo o destinatário do e-mail
acreditar que se trata de uma mensagem verdadeira. Mui-
A denominação “Cavalo de Tróia” (Trojan Horse) foi
tos internautas costumam identificar e-mails de vírus, mas
os criadores destas “pragas digitais” podem usar artifícios atribuída aos programas que permitem a invasão de um
inéditos que não poupam nem o usuário mais experiente. computador alheio com espantosa facilidade. Nesse caso,
O computador (ou, melhor dizendo, o sistema opera- o termo é análogo ao famoso artefato militar fabricado
cional), por si só, não tem como detectar a existência deste pelos gregos espartanos. Um “amigo” virtual presenteia o
programinha. Ele não é referenciado em nenhuma parte outro com um “presente de grego”, que seria um aplicativo
dos seus arquivos, ninguém sabe dele, e ele não costuma qualquer. Quando o leigo o executa, o programa atua de
se mostrar antes do ataque fatal. forma diferente do que era esperado.
Em linhas gerais, um vírus completo (entenda-se por Ao contrário do que é erroneamente informado na mí-
completo o vírus que usa todas as formas possíveis de con- dia, que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele não
taminar e se ocultar) chega até a memória do computador se reproduz e não tem nenhuma comparação com vírus de
de duas formas. computador, sendo que seu objetivo é totalmente diver-
A primeira e a mais simples é a seguinte: em qualquer so. Deve-se levar em consideração, também, que a maioria
disco (tanto disquete quanto HD) existe um setor que é dos antivírus faz a sua detecção e os classificam como tal.
lido primeiro pelo sistema operacional quando o computa- A expressão “Trojan” deve ser usada, exclusivamente, como
dor o acessa. Este setor identifica o disco e informa como definição para programas que capturam dados sem o co-
o sistema operacional (SO) deve agir. O vírus se aloja exa- nhecimento do usuário.
tamente neste setor, e espera que o computador o acesse.

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Cavalo de Tróia é um programa que se aloca como Hoaxes, o que são?


um arquivo no computador da vítima. Ele tem o intuito de
roubar informações como passwords, logins e quaisquer São boatos espalhados por mensagens de correio ele-
dados, sigilosos ou não, mantidos no micro da vítima. trônico, que servem para assustar o usuário de computa-
Quando a máquina contaminada por um Trojan conectar- dor. Uma mensagem no e-mail alerta para um novo vírus
se à Internet, poderá ter todas as informações contidas no totalmente destrutivo que está circulando na rede e que in-
HD visualizadas e capturadas por um intruso qualquer. Es- fectará o micro do destinatário enquanto a mensagem esti-
tas visitas são feitas imperceptivelmente. Só quem já esteve ver sendo lida ou quando o usuário clicar em determinada
dentro de um computador alheio sabe as possibilidades tecla ou link. Quem cria a mensagem hoax normalmente
oferecidas. costuma dizer que a informação partiu de uma empresa
confiável, como IBM e Microsoft, e que tal vírus poderá da-
Worm nificar a máquina do usuário. Desconsidere a mensagem.

Os worms (vermes) podem ser interpretados como um FIREWALL


tipo de vírus mais inteligente que os demais. A principal
diferença entre eles está na forma de propagação: os wor- Firewall é um programa que monitora as conexões fei-
ms podem se propagar rapidamente para outros computa- tas pelo seu computador para garantir que nenhum recur-
dores, seja pela Internet, seja por meio de uma rede local. so do seu computador esteja sendo usado indevidamente.
Geralmente, a contaminação ocorre de maneira discreta e São úteis para a prevenção de worms e trojans.
o usuário só nota o problema quando o computador apre-
senta alguma anormalidade. O que faz destes vírus inteli- ANTIVÍRUS
gentes é a gama de possibilidades de propagação. O worm
pode capturar endereços de e-mail em arquivos do usuá- Existe uma variedade enorme de softwares antivírus
rio, usar serviços de SMTP (sistema de envio de e-mails) no mercado. Independente de qual você usa, mantenha-o
sempre atualizado. Isso porque surgem vírus novos todos
próprios ou qualquer outro meio que permita a contami-
os dias e seu antivírus precisa saber da existência deles
nação de computadores (normalmente milhares) em pou-
para proteger seu sistema operacional.
co tempo.
A maioria dos softwares antivírus possuem serviços de
Spywares, keyloggers e hijackers
atualização automática. Abaixo há uma lista com os antiví-
rus mais conhecidos:
Apesar de não serem necessariamente vírus, estes três
Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br -
nomes também representam perigo. Spywares são progra-
Possui versão de teste.
mas que ficam “espionando” as atividades dos internautas McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Possui
ou capturam informações sobre eles. Para contaminar um versão de teste.
computador, os spywares podem vir embutidos em soft- AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga
wares desconhecidos ou serem baixados automaticamente e outra gratuita para uso não comercial (com menos fun-
quando o internauta visita sites de conteúdo duvidoso. cionalidades).
Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoftwa-
vir embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos, re.com.br - Possui versão de teste.
destinados a capturar tudo o que é digitado no teclado. O É importante frisar que a maioria destes desenvolve-
objetivo principal, nestes casos, é capturar senhas. dores possuem ferramentas gratuitas destinadas a remo-
Hijackers são programas ou scripts que “sequestram” ver vírus específicos. Geralmente, tais softwares são criados
navegadores de Internet, principalmente o Internet Explo- para combater vírus perigosos ou com alto grau de pro-
rer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página inicial do pagação.
browser e impede o usuário de mudá-la, exibe propagan-
das em pop-ups ou janelas novas, instala barras de ferra- PROTEÇÃO
mentas no navegador e podem impedir acesso a determi-
nados sites (como sites de software antivírus, por exemplo). A melhor política com relação à proteção do seu com-
Os spywares e os keyloggers podem ser identificados putador contra vírus é possuir um bom software antivírus
por programas anti-spywares. Porém, algumas destas pra- original instalado e atualizá-lo com frequência, pois surgem
gas são tão perigosas que alguns antivírus podem ser pre- vírus novos a cada dia. Portanto, a regra básica com relação
parados para identificá-las, como se fossem vírus. No caso a vírus (e outras infecções) é: Jamais execute programas
de hijackers, muitas vezes é necessário usar uma ferramen- que não tenham sido obtidos de fontes absolutamente
ta desenvolvida especialmente para combater aquela pra- confiáveis. O tema dos vírus é muito extenso e não se pode
ga. Isso porque os hijackers podem se infiltrar no sistema pretender abordá-lo aqui senão superficialmente, para dar
operacional de uma forma que nem antivírus nem anti-s- orientações essenciais. Vamos a algumas recomendações.
pywares conseguem “pegar”. Os processos mais comuns de se receber arquivos são
como anexos de mensagens de e-mail, através de progra-
mas de FTP, ou por meio de programas de comunicação,
como o ICQ, o NetMeeting, etc.

50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Note que: Além disto, há a questão das senhas. Se o seu micro


Não existem vírus de e-mail. O que existem são vírus estiver infectado outras pessoas poderiam acessar as suas
escondidos em programas anexados ao e-mail. Você não senhas. E troca-las não seria uma solução definitiva, pois
infecta seu computador só de ler uma mensagem de cor- os invasores poderiam entrar no seu micro outra vez e
reio eletrônico escrita em formato texto (.txt). Mas evite ler rouba-la novamente. Portanto, como medida extrema de
o conteúdo de arquivos anexados sem antes certificar-se prevenção, o melhor mesmo é NÃO DEIXAR AS SENHAS
de que eles estão livres de vírus. Salve-os em um diretório NO COMPUTADOR. Isto quer dizer que você não deve usar,
e passe um programa antivírus atualizado. Só depois abra ou deve desabilitar, se já usa, os recursos do tipo “lembrar
o arquivo. senha”. Eles gravam sua senha para evitar a necessidade
Cuidados que se deve tomar com mensagens de cor- de digitá-la novamente. Só que, se a sua senha está grava-
reio eletrônico – Como já foi falado, simplesmente ler a da no seu computador, ela pode ser lida por um invasor.
mensagem não causa qualquer problema. No entanto, se a Atualmente, é altamente recomendável que você prefira
mensagem contém anexos (ou attachments, em Inglês), é
digitar a senha a cada vez que faz uma conexão. Abra mão
preciso cuidado. O anexo pode ser um arquivo executável
do conforto em favor da sua segurança.
(programa) e, portanto, pode estar contaminado. A não ser
que você tenha certeza absoluta da integridade do arquivo,
é melhor ser precavido e suspeitar. Não abra o arquivo sem
antes passá-lo por uma análise do antivírus atualizado BROFFICE 3.1: BROFFICE DOCUMENTO
Mas se o anexo não for um programa, for um arquivo TEXTO (WRITER): ATALHOS E BARRA DE
apenas de texto, é possível relaxar os cuidados? FERRAMENTAS; MODOS DE SELEÇÃO
Não. Infelizmente, os criadores de vírus são muito ati- DE TEXTO; FORMATAÇÃO DE TEXTO;
vos, e existem hoje, disseminando-se rapidamente, vírus FORMATAÇÃO DE PARÁGRAFOS;
que contaminam arquivos do MS Word ou do MS Excel. ALINHAMENTO;
São os chamados vírus de macro, que infectam os macros
(executáveis) destes arquivos. Assim, não abra anexos des-
te tipo sem prévia verificação.
É possível clicar no indicador de anexo para ver do que
se trata? E como fazer em seguida? LIBREOFFICE
Apenas clicar no indicador (que no MS Outlook Express
é uma imagem de um clip), sim. Mas cuidado para não dar O LibreOffice é uma uma suíte de aplicativos livre para
um clique duplo, ou clicar no nome do arquivo, pois se o escritório disponível para Windows, Unix, Solaris, Linux e
anexo for um programa, será executado. Faça assim: Mac OS X; sua interface limpa e suas poderosas ferramen-
1- Abra a janela da mensagem (em que o anexo apare- tas libertam sua criatividade e melhoram sua produtivida-
ce como um ícone no rodapé); de. LibreOffice incorpora várias aplicações que a tornam
2- Salve o anexo em um diretório à sua escolha, o que a mais avançada suite office livre e de código aberto do
pode ser feito de dois modos: mercado. O processador de textos Writer, a planilha Calc,
a) clicar o anexo com o botão direito do mouse e em o editor de apresentações Impress, a aplicação de desenho
seguida clicar em “Salvar como...”; e fluxogramas Draw, o banco de dados Base e o editor de
b) sequência de comandos: Arquivo / Salvar anexos... equações Math são os componentes do LibreOffice.
3- Passe um antivírus atualizado no anexo salvo para se
certificar de que este não está infectado.
Libre de liberdade, agora e para sempre.
Riscos dos “downloads”- Simplesmente baixar o pro-
O LibreOffice é um software livre e de código fonte
grama para o seu computador não causa infecção, seja por
aberto. É desenvolvido de forma colaborativa por todo de-
FTP, ICQ, ou o que for. Mas de modo algum execute o pro-
grama (de qualquer tipo, joguinhos, utilitários, protetores senvolvedor interessado em desenvolver seus talentos e
de tela, etc.) sem antes submetê-lo a um bom antivírus. novas ideias. O software é testado e usado diariamente por
uma ampla e dedicada comunidade de usuários. Você tam-
O que acontece se ocorrer uma infecção? bém pode participar e influenciar seu desenvolvimento.
Você ficará à mercê de pessoas inescrupulosas quan-
do estiver conectado à Internet. Elas poderão invadir seu Janela Inicial
computador e realizar atividades nocivas desde apenas ler A Janela inicial aparece quando não houver documen-
seus arquivos, até causar danos como apagar arquivos, e tos abertos no LibreOffice. Ela é dividida em dois painéis.
até mesmo roubar suas senhas, causando todo o tipo de Clique num dos ícones para abrir um novo documento ou
prejuízos. para abrir uma caixa de diálogo de arquivo.

Como me proteger?
Em primeiro lugar, voltemos a enfatizar a atitude bá-
sica de evitar executar programas desconhecidos ou de
origem duvidosa. Portanto, mais uma vez, Jamais execute
programas que não tenham sido obtidos de fontes absolu-
tamente confiáveis.

51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Surgimento da TDF (The Document Foundation)


Após algum tempo, nova reviravolta: a Sun é comprada
pela Oracle, a conhecida gigante do mundo dos Bancos de
Dados Corporativos. Com a aquisição da Sun, no que tan-
ge a SL e suas especificidades, a comunidade internacio-
nal se viu compelida a adotar uma nova marca para a sua
suíte, ao mesmo tempo aproveitando todo o código-fonte
existente do OpenOffice.org. Foi criada assim a OpenDocu-
ment Foundation, já contando com o aporte de importan-
tes programadores de companhias como a IBM, Canonical,
BrOffice.org, Collabora, FSF (Free Software Foundation),
dentre muitas outras, além, é claro, de toda ajuda desta e
de outras companhias em questões extradesenvolvimento,
como, por exemplo, questões jurídicas. Veja a relação com-
pleta de entidades endossantes do TDF em http://www.do-
cumentfoundation.org/supporters/.
Cada ícone de documento abre um novo documento Espere-se que o LibreOffice.org difira bastante, no de-
do tipo especificado. correr do seu longo e necessário processo de desmembra-
• Documento de texto abre o LibreOffice Writer mento e bifurcação (fork), pelas razões aqui elencadas. A
• Planilha abre o LibreOffice Calc interface do LibreOffice.org já recebe, por ora, inúmeras
• Apresentação abre o LibreOffice Impress sugestões de redesenho; o Projeto Renaissance, por exem-
• Desenho abre o LibreOffice Draw plo, que provê para o LibreOffice.org uma interface similar
• Banco de dados abre o LibreOffice Base ao Ribbon, da suíte da Microsoft (Office 2007 em diante).
• Fórmula abre o LibreOffice Math Dizer que a fundação BrOffice.org apoia a TDF é pou-
• O ícone Modelos abre a caixa de diálogo Modelos co preciso: o BrOffice.org, junto com a fundação respon-
e documentos. sável pela suíte OxigenOfice se fundem ao projeto TDF e
• O ícone Abrir um documento apresenta uma caixa passam a ser o mesmo software. Se você executar o ícone
de diálogo para abrir arquivos. do BrOffice.org e vir, ao invés do logo do próprio, o logo
com a palavra “LibreOffice.org”, não se assuste, pois é uma
O painel da direita contém miniaturas dos documentos questão meramente cosmética. Na verdade, são ambos o
recém-abertos. Passe o mouse por cima da miniatura para mesmo software.
destacar o documento, exibir uma dica sobre o local onde Ao visitar o sítio http://www.documentfoundation.org/
o documento reside e exibir um ícone em cima à direita ver-se-á o manifesto da fundação, que diz:
para excluir a miniatura do painel e da lista dos documen- [TDF] É uma organização autônoma, independente e
tos recentes. Clique na miniatura para abrir o documento meritocrática, criada pelos líderes da Comunidade Ope-
subjacente. nOffice.org (a fundação, não a Oracle).
Obs,.: Nem todos os arquivos mostrarão uma miniatura Continuamos o trabalho de dez (10) anos da Comuni-
do seu conteúdo. No lugar, pode ser mostrado um ícone dade OpenOffice.org;
grande que representa o tipo de arquivo. Fomos criados com a crença de que a cultura gerada
em uma organização independente agrega que há de me-
Histórico lhor nos desenvolvedores e provê aos clientes o que há de
melhor em software;
Uma empresa pequena e produtiva, chamada StarDi- Somos abertos a quem quiser colaborar com as nossas
vision, da Alemanha, desenvolvia uma suíte de aplicativos atividades, dentro de nossos valores básicos;
para escritório. A Sun, uma grande companhia de software, Aceitamos colaboração corporativa, por exemplo, para
antevendo a briga pelas suítes de escritório, compra-a e nos ajudar no custeio de colaboradores dentro da comu-
absorve o trabalho da suíte, em 1999. Em 2000, a Sun li- nidade.
berou o código-fonte da suíte sob as licenças LGPL/SISSL, Pelos motivos aqui elencados, doravante adotaremos
com o nome comercial StarOffice 5.0. A comunidade Open LibreOffice.org para nos referimos ao pacote, salvo men-
Source lança, ainda em 2000, a primeira versão livre do pa- ção em contrário.
cote (suíte) OpenOffice.org.
No Brasil, houveram problemas com a marca OpenOf- Formato Open Document
fice.org. Em 1998, uma empresa do Rio de Janeiro (BWS O openDocument 1.0 foi publicado pelo grupo OASIS
Informática) registrou a marca “Open Office” junto ao INPI. (“Organization for the Advancement of Structured Informa-
Dado o sucesso da marca / suíte OpenOffice.org, a compa- tion Standards”), como um padrão aberto e padronizado.
nhia carioca que havia registrado o nome Open Office per- ODF significa Open Document Format (Formato de do-
petrou uma campanha de ameaças de processos por uso cumento aberto) e é um conjunto de regras para a criação
indevido da sua marca, obrigando a comunidade brasileira de diversos tipos de arquivos.
a adotar um novo nome: BrOffice.org.

52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O ODF surgiu quando a Sun Microsystemas comprou Portanto, várias outras empresas e instituições estão
a Star Division, que fabricava a suíte Star Office, e iniciou o adotando ou estudando adotar o formato ODF para escre-
projeto do OpenOffice. Na época, foi criado um subcomitê ver documentos. Ou, pelo menos, suportar em seus pro-
na OASIS, que incluiu profissionais de software livre e de gramas, evitando o favorecimento de qualquer fornecedor.
empresas privadas, para trabalhar com armazenamento de É importante lembrar que os formatos de empresas
documentos, baseado na linguagem aberta XML (eXten- como a Microsoft ( .doc, docx, .xls, xlsx, .ppt, pptx) são fe-
sible Markup Language) e tem suporte em pacotes como chados, proprietários, e seguem unicamente os desejos e
OpenOffice / Br-Office.org, StarOffice, KOffice e IBM Wor- prioridades daquela empresa. E que, evidentemente, o mo-
kPlace. nopólio mundial de software é contrário ao padrão aberto.
Assim, qualquer empresa pode desenvolver produtos Assim, essas empresas tentam impedir que os governos,
com base nesse padrão e atualmente há mais de 40 aplica- instituições e quaisquer pessoas ou empresas adotem o
tivos que podem manipular o ODF. padrão ODF.
Como o ODF é um conjunto de especificações, para
cada situação é utilizada uma parte delas. Assim, se aplica Abrir um arquivo do Microsoft Office
a documentos de texto, gerando o formato odt, de cálculo Escolha Arquivo - Abrir. Selecione um arquivo do Mi-
(extensão ods) e de apresentações ( terminação odp). crosoft Office na caixa de diálogo do LibreOffice.
É norma ISO 26300 e ABNT NBR-26300. O arquivo do MS Office... ...será aberto no módulo
do LibreOffice
Extensões ODF MS Word, *.doc, *.docx = LibreOffice Writer
Um documento ODF pode ter as seguintes extensões: MS Excel, *.xls, *.xlsx = LibreOffice Calc
• odt: documentos de texto (text) MS PowerPoint, *.ppt, *.pps, *.pptx = LibreOffice Im-
• ott: documentos de texto modelo (template text) press
• ods: planilhas eletrônicas (spreadsheets)
• ots: planilhas eletrônicas - modelo (template Salvar como arquivo do Microsoft Office
spreadsheets) Escolha Arquivo - Salvar como.
• odp: apresentações (presentations) Na caixa Tipo de arquivo, selecione um formato de ar-
• otp: apresentações - modelo (template presenta- quivo do Microsoft Office.
tions) Sempre salvar documentos em formatos do Microsoft
• odg: desenhos vetoriais (draw) Office
• otg: desenhos vetoriais - modelo (template draw) Selecione Ferramentas - Opções - Carregar / Salvar -
• odf: equações (formulae) Geral.
• odb: banco de dados (database) Na área Formato de arquivo padrão e configurações
• odm: documentos mestre (document master) ODF, selecione primeiro o tipo de documento e depois se-
lecione o tipo de arquivo para salvar.
Vantagens do ODF De agora em diante, ao salvar um documento, o Tipo
A adoção do padrão ODF é uma garantia de preserva- de arquivo será definido de acordo com sua escolha. Você
ção de documentos eletrônicos sem restrição no tempo, ainda poderá selecionar outro tipo de arquivo na caixa de
um item muito precioso na administração pública e priva- diálogo usada para salvar arquivos.
da de longo prazo. É só imaginar o que pode acontecer
se documentos não puderem ser lidos após algum tempo, Converter vários arquivos do Microsoft Office em ar-
simplesmente porque a empresa proprietária do tipo de quivos com o formato do OpenDocument
arquivo resolveu mudar algo na criação ou na leitura de O Assistente de conversão de documentos copiará e
seus formatos. converterá todos os arquivos do Microsoft Office existen-
Assim, daqui a 100 anos ou mais, certamente será pos- tes em uma pasta em documentos do LibreOffice no for-
sível abrir documentos armazenados em ODF, o que pode mato de arquivo do OpenDocument. Você pode especificar
não ocorrer com arquivos binários e proprietários, que po- a pasta a ser lida e a pasta em que os arquivos convertidos
dem se transformar em verdadeiros hieróglifos, cujo códi- serão salvos.
go pode não ser acessível em alguns anos. Escolha Arquivo - Assistentes - Conversor de docu-
Paralelamente, o padrão ODF possibilita a concorrên- mentos para iniciar o assistente.
cia, pois permite adquirir software de mais de um fornece-
dor, já que o formato não é propriedade de uma empresa. LIBREOFFICE WRITER
Também possibilita que as pessoas tenham comuni-
cabilidade e interoperabilidade na troca de documentos. O Writer é um aplicativo de processamento de texto
Obviamente, quando se usa um padrão aberto a sociedade que lhe permite criar documentos, como cartas, currícu-
é o maior beneficiário já que o texto digitado poderá ser los, livros ou formulários online. Alternativa gratuita e open
lido por vários programas. source ao tradicional pacote Microsoft Office. Surgido a
Vários governos estão aprovando a preferência pelo partir de um  fork  do OpenOffice, o LibreOffice traz solu-
uso de formatos abertos para trocar informações e textos. ções completas para edição de texto, criação de planilhas,
O ODF é o formato escolhido para documentos pela Co- apresentações de slides, desenhos, base de dados e ainda
munidade Europeia. fórmulas matemáticas.

53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Writer do LibreOffice suporta os seguintes formatos: ODT, OTT, SXW, STW, DOC (Word), DOCX (Word 2007), RTF,
SDW, VOR, TXT, HTML, PDB, XML, PSW e UOT.

Formato Open Document


No Writer o formato padrão dos arquivos passou de sdw (formato do antigo StarWriter) para odt (Open document
text), que dota os arquivos de uma estrutura XML, permitindo uma maior interoperabilidade entre as várias aplicações.
Aliás, este foi um dos principais motivos pelos quais a Microsoft tem mantido o monopólio nas aplicações de escritório:
a compatibilidade ou a falta dela.
É importante notar que versões mais antigas do OpenOffice já abriam e gravavam arquivos com a terminação doc.
Entretanto, não havia compatibilidade de 100% e os documentos perdiam algumas formatações.
A proposta da Sun, da IBM e de outras empresas foi normalizar os tipos de documento, num formato conhecido por
todos, o odt.

Layout

O Writer aparece sob a forma de uma janela genérica de documento em branco, a tela de edição, que é composta por
vários elementos:
Barra de Título: Apresenta o nome do arquivo e o nome do programa que está sendo usado nesse momento. Usando-
se os 3 botões no canto superior direito pode-se minimizar, maximizar / restaurar ou fechar a janela do programa.
Barra de Menus: Apresenta os menus suspensos onde estão as listas de todos os comandos e funções disponíveis do
programa.
Barra de Formatação: Apresenta os atalhos que dão forma e cor aos textos e objetos.
Área para trabalho: Local para digitação de texto e inserção de imagens e sons.
Barra de Status: Apresenta o número de páginas / total de páginas, o valor percentual do Zoom
e a função inserir / sobrescrever está na parte inferior e central da tela.
Réguas: Permite efetuar medições e configurar tabulações e recuos.

Barra de menus
Arquivo
Esses comandos se aplicam ao documento atual, abre um novo documento ou fecha o aplicativo.

-Novo:
Cria um novo documento do LibreOffice.
Escolha Arquivo - Novo
Ícone Novo na Barra de ferramentas (o ícone mostra o tipo do novo documento)

Novo

54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tecla Ctrl+N Para classificar os arquivos, clique em um cabeçalho de


Para criar um documento a partir de um modelo, esco- coluna. Para inverter a ordem de classificação, clique no-
lha Novo - Modelos. vamente.
Um modelo é um arquivo que contém os elementos de Para excluir um arquivo, clique com o botão direito do
design para um documento, incluindo estilos de formata- mouse sobre ele e, em seguida, escolha Excluir.
ção, planos de fundo, quadros, figuras, campos, layout de Para renomear um arquivo, dê um clique com o botão
página e texto. direito do mouse sobre ele e, em seguida, escolha Reno-
mear.
Ícone Nome Função
Documento de Cria um novo documento de texto Nome do arquivo: Insira um nome de arquivo ou um
texto (LibreOffice Writer). caminho para o arquivo. Você também pode inserir um URL
Cria um novo documento de que começa com o nome de protocolo ftp, http, ou https.
Planilha Caso deseje, utilize caracteres curinga na caixa Nome
planilha (LibreOffice Calc).
Cria um novo documento de do arquivo para filtrar a lista de arquivos exibida.
apresentação (LibreOffice Por exemplo, para listar todos os arquivos de texto em
Apresentação Impress). Se ativado, será exibida uma pasta, insira o caractere asterisco (*) com a extensão
a caixa de diálogo Assistente de de arquivo de texto (*.txt) e, em seguida, clique em Abrir.
apresentações. Utilize o caractere curinga ponto de interrogação (?) para
Cria um novo documento de representar qualquer caractere, como em (??3*.txt), o que
Desenho só exibe arquivos de texto com um ‘3’ como terceiro carac-
desenho (LibreOffice Draw).
Abre o Assistente de Bancos de tere no nome do arquivo.
Banco de dados dados para criar um arquivo de O LibreOffice possui uma função autocompletar que
banco de dados. se ativa sozinha em alguns textos e caixas de listagem. Por
exemplo, entre ~/a no campo da URL e a função autocom-
Documento HTML Cria um novo documento HTML. pletar exibe o primeiro arquivo ou o primeiro diretório en-
Documento de contrado no seu diretório de usuário que começa com a
Cria um novo documento XForms.
formulário XML letra “a”.
Documento mestre Cria um novo documento mestre. Utilize a seta para baixo para rolar para outros arquivos
e diretórios. Utilize a seta para a direita para exibir tam-
Cria um novo documento de
Fórmula bém um subdiretório existente no campo da URL. A função
fórmula (LibreOffice Math).
autocompletar rápida está disponível se você pressionar a
Abre a caixa de diálogo Etiquetas,
tecla End após inserir parte da URL. Uma vez encontrado o
para definir as opções para suas
documento ou diretório desejado, pressione Enter.
Etiquetas etiquetas e, em seguida, cria um
Versão: Se houver várias versões do arquivo seleciona-
novo documento de texto para as
do, selecione a versão que deseja abrir. Você pode salvar
etiquetas (LibreOffice Writer).
e organizar várias versões de um documento, escolhendo
Abre a caixa de diálogo Cartões de Arquivo - Versões. As versões de um documento são aber-
visita para definir as opções para tas em modo somente leitura.
Cartões de visita os cartões de visita e, em seguida, Tipo de arquivo: Selecione o tipo de arquivo que deseja
criar um novo documento de texto abrir ou selecione Todos os arquivos(*) para exibir uma lista
(LibreOffice Writer). de todos os arquivos na pasta.
Criar um novo documento a partir Abrir: Abre o(s) documento(s) selecionado(s).
Modelos
de um modelo. Inserir: Se você tiver aberto a caixa de diálogo esco-
lhendo Inserir - Arquivo, o botão Abrir será rotulado Inserir.
- Abrir
Insere no documento atual, na posição do cursor, o arquivo
Abre ou importa um arquivo.
selecionado.
Escolha Arquivo - Abrir
Somente leitura: Abre o arquivo no modo somente lei-
Ctrl+O
tura.
Na Barra de ferramentas, clique em
Abrir documentos com modelos: O LibreOffice reco-
nhece modelos localizados em qualquer uma das seguintes
Abrir arquivo pastas:
Locais: Mostra os locais favoritos. Por exemplo, os ata- • Pasta de modelos compartilhados
lhos das pastas locais ou remotas. • Pasta de modelos do usuário em Documents and
Área de exibição: Mostra os arquivos e pastas existen- Settingsno diretório inicial do usuário
tes em que você está. Para abrir um arquivo, selecione-o e • Todas as pastas de modelos definidas em Ferra-
clique em Abrir. mentas - Opções - LibreOffice - Caminhos
Para abrir mais de um documento ao mesmo tempo, Ao utilizar Arquivo - Modelo - Salvar como mode-
cada um em sua própria janela, pressione a tecla Ctrl ao lo para salvar um modelo, o modelo será armazenado na
clicar nos arquivos e, em seguida, clique em Abrir. sua pasta de modelos do usuário. Ao abrir um documento

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

baseado neste modelo, o documento será verificado para


detectar uma mudança do modelo, como descrito abaixo.
O modelo é associado com o documento e pode ser cha-
mado de “modelo vinculado”.
Ao utilizar Arquivo - Salvar como e selecionar um filtro
de modelo para salvar um modelo em qualquer outra pas-
ta que não esteja na lista, então os documentos baseados
nesse modelo não serão verificados.
Ao abrir um documento criado a partir de um “modelo
vinculado” (definido acima), O LibreOffice verifica se o mo-
delo foi modificado desde a última vez que foi aberto. Se o
modelo tiver sido alterado, uma caixa de diálogo aparecerá
para você poder selecionar os estilos que devem ser apli-
cados ao documento.
Para aplicar os novos estilos do modelo ao documento,
clique em Sim.
Para manter os estilos que estão sendo usados no do-
cumento, clique em Não.
Se um documento tiver sido criado por meio de um
modelo que não possa ser encontrado, será mostrada uma
caixa de diálogo perguntando como proceder na próxima
vez em que o documento for aberto. Nome do arquivo: Insira um nome de arquivo ou um
Para quebrar o vínculo entre o documento e o modelo caminho para o arquivo. Você também pode inserir um URL
que está faltando, clique em Não; caso contrário, o LibreOf- • Tipo de arquivo: Selecione o formato de arquivo
fice procurará o modelo na próxima vez que você abrir o
para o documento que você está salvando. Na área de exi-
documento.
bição, serão exibidos somente os documentos com esse
tipo de arquivo.
- Documentos recentes
• Salvar com senha: Protege o arquivo com uma se-
Lista os arquivos abertos mais recentemente. Para abrir
nha que deve ser digitada para que o usuário possa abrir
um arquivo da lista, clique no nome dele.
o arquivo.
- Assistentes
Salvar tudo: Salva todos os documentos do LibreOffice
Guia você na criação de cartas comerciais e pessoais,
fax, agendas, apresentações, etc. que foram modificados.

- Fechar - Recarregar
Fecha o documento atual sem sair do programa. Substitui o documento atual pela última versão salva.
Escolha Arquivo - Fechar Todos as alterações efetuadas após o último salvamen-
O comando Fechar fecha todas as janelas abertas do to serão perdidas.
documento atual. Escolha Arquivo - Recarregar
Se foram efetuadas alterações no documento atual,
você será perguntado se deseja salvar as lterações. - Versões
Ao fechar a última janela de documento aberta, apare- Salva e organiza várias versões do documento atual no
cerá a Tela inicial. mesmo arquivo. Você também pode abrir, excluir e compa-
rar versões anteriores.
- Salvar Escolha Arquivo - Versões
Salva o documento atual. Novas versões - Define as opções para salvar uma nova
Escolha Arquivo - Salvar versão do documento.
Ctrl+S Salvar nova versão - Salva o estado atual do documen-
Na Barra de ferramentas ou de tabela de dados, clique to como nova versão. Caso deseje, antes de salvar a nova
em versão, insira também comentários na caixa de diálogo In-
serir comentário da versão.
Inserir comentário da versão - Insira um comentário
Salvar aqui quando estiver salvando uma nova versão. Se você
tiver clicado em Mostrar para abrir esta caixa de diálogo,
Salvar como: Salva o documento atual em outro local não poderá editar o comentário.
ou com um nome de arquivo ou tipo de arquivo diferente. Salvar sempre uma versão ao fechar - Se você tiver fei-
Escolha Arquivo - Salvar como to alterações no documento, o LibreOffice salvará automa-
ticamente uma nova versão quando você o fechar.

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se salvar o documento manualmente, e não alterar o Editar


documento após salvar, não será criada uma nova versão.
Versões existentes - Lista as versões existentes do do-
cumento atual, a data e a hora em que elas foram criadas,
o autor e os comentários associados.
- Exportar
Salva o documento atual com outro nome e formato
em um local a especificar.
Escolha Arquivo – Exportar
- Exportar como PDF
Salva o arquivo atual no formato Portable Document
Format (PDF) versão 1.4. Um arquivo PDF pode ser visto e
impresso em qualquer plataforma com a formatação ori-
ginal intacta, desde que haja um software compatível ins-
talado.
Escolha Arquivo - Exportar como PDF

- Visualizar impressão

Exibe uma visualização da página impressa ou fecha a


visualização.
Menu Arquivo - Visualizar impressão
Utilize os ícones na barra Visualização de impressão
para folhear as páginas do documento ou para imprimir o
documento.
Você também pode pressionar as teclas Page Up e
Page Down para folhear as páginas.
Obs: Não é possível editar seu documento enquanto Este menu contém comandos para editar o conteúdo
estiver na visualização de impressão. do documento atual.

- Desfazer
- Imprimir Desfaz o último comando ou a última entrada digitada.
Para selecionar o comando que deseja desfazer, clique na
Imprime o documento atual, a seleção ou as páginas seta ao lado do ícone Desfazer na barra de ferramentas
que você especificar. Você também pode definir as opções Padrão.
de impressão para o documento atual. Tais opções variam
de acordo com a impressora e com o sistema operacional - Refazer
utilizado. Reverte a ação do último comando Desfazer. Para sele-
cionar a etapa Desfazer que deseja reverter, clique na seta
Escolha Arquivo - Imprimir ao lado do ícone Refazer na barra de ferramentas Padrão.
Ctrl+P
Na Barra de ferramentas, clique em - Repetir
Repete o último comando. Esse comando está disponí-
vel no Writer e no Calc.
- Configuração da impressora
- Recortar
Selecione a impressora padrão para o documento Remove e copia a seleção para a área de transferência.
atual.
Escolha Arquivo - Imprimir - Configurações da impres- - Copiar
sora Copia a seleção para a área de transferência.
Fecha todos os programas do LibreOffice e pede para Escolha Editar - Copiar
salvar as modificações. Ctrl+C

- Sair - Colar
Insere o conteúdo da área de transferência no local do
Escolha Arquivo - Sair cursor, e substitui qualquer texto ou objeto selecionado.
Ctrl+Q Escolha Editar - Colar
Ctrl+V

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Colar especial - Notas de rodapé


Insere o conteúdo da área de transferência no arquivo Edita a âncora de nota de rodapé ou de nota de fim
atual em um formato que você pode especificar. selecionada. Clique na frente da nota de rodapé ou da nota
Escolha Editar - Colar especial de fim e, em seguida, escolha este comando.
- Entrada de índice
- Selecionar texto Edita a entrada de índice selecionada. Clique antes da
Você pode ativar um cursor de seleção em um texto entrada de índice ou na própria entrada e, em seguida, es-
somente leitura ou na Ajuda. Escolha Editar - Selecionar colha este comando.
texto ou abra o menu de contexto de um documento so-
mente leitura e escolha Selecionar texto. O cursor de sele- - Entrada bibliográfica
ção não fica intermitente. Edita a entrada bibliográfica selecionada.
Use o ícone Editar arquivo para ativar ou desativar o
modo de edição. - Hiperlink
Abre uma caixa de diálogo que permite que você crie
- Modo de seleção e edite hiperlinks.
Escolha o modo de seleção do submenu: modo de se-
leção normal, ou modo de seleção por bloco. - Vínculos
Permite a edição das propriedades de cada vínculo no
- Selecionar tudo documento atual, incluindo o caminho para o arquivo de
Seleciona todo o conteúdo do arquivo, quadro ou ob- origem. Este comando não estará disponível se o docu-
jeto de texto atual. mento atual não contiver vínculos para outros arquivos.
Escolha Editar - Selecionar tudo
Ctrl+A - Plug-in
Permite a edição de plug-ins no seu arquivo. Escolha
- Alterações este comando para ativar ou desativar este recurso. Quan-
Lista os comandos que estão disponíveis para rastrear do ativado, aparecerá uma marca de seleção ao lado do
as alterações em seu arquivo. comando, e você verá comandos para editar o plug-in em
seu menu de contexto. Quando desativado, você verá co-
- Comparar documento mandos para controlar o plug-in no menu de contexto.
Compara o documento atual com um documento que
você seleciona. - Mapa de imagem
Permite que você anexe URLs a áreas específicas, deno-
- Localizar e substituir minadas pontos de acesso, em uma figura ou em um grupo
Procura ou substitui textos ou formatos no documento
de figuras. Um Mapa de imagem é um grupo com um ou
atual.
mais pontos de acesso.
Escolha Editar - Localizar e substituir
Ctrl+H
- Objeto
Na Barra de ferramentas, clique em
Permite editar um objeto selecionado no arquivo, inse-
rido com o comando Inserir - Objeto.
- Autotexto
Cria, edita ou insere Autotexto. Você pode armazenar
texto formatado, texto com figuras, tabelas e campos como Exibir
Autotexto. Para inserir Autotexto rapidamente, digite o ata- Este menu contém comandos para controlar a exibição
lho do Autotexto no documento e pressione F3. do documento na tela.
Escolha Editar – Autotexto
Ctrl+F3

- Trocar banco de dados


Altera a fonte de dados do documento atual. Para
exibir corretamente o conteúdo dos campos inseridos, o
banco de dados que foi substituído deve conter nomes de
campos idênticos.

- Campos
Abre um caixa de diálogo na qual você pode editar as
propriedades de um campo. Clique antes de um campo e
selecione este comando. Na caixa de diálogo, você pode
usar as setas para ir para o próximo campo ou voltar para
o anterior.

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Nomes de campos
Alterna a exibição entre o nome e o conteúdo do cam-
po. A presença de uma marca de seleção indica que os no-
mes dos campos são exibidos e a ausência dessa marca
indica que o conteúdo é exibido. O conteúdo de alguns
campos não pode ser exibido.

- Caracteres não-imprimíveis
Mostra os caracteres não imprimíveis no texto, como
marcas de parágrafo, quebras de linha, paradas de tabula-
ção e espaços.

- Parágrafos ocultos
Mostra ou oculta parágrafos ocultos. Esta opção afeta
somente a exibição de parágrafos ocultos. Ela não afeta a
impressão desses parágrafos.

- Fontes de dados
Lista os bancos de dados registrados para o LibreOffice
e permite que você gerencie o conteúdo deles.

- Layout de impressão - Navegador


Exibe a forma que terá o documento quando este for Mostra ou oculta o Navegador. Você pode usá-lo para
impresso. acessar rapidamente diferentes partes do documento e
para inserir elementos do documento atual ou de outros
- Layout da Web documentos abertos, bem como para organizar documen-
Exibe o documento como seria visualizado em um na- tos mestre. Para editar um item do Navegador, clique com
vegador da Web. Esse recurso é útil ao criar documentos o botão direito do mouse no item e, em seguida, escolha
HTML. um comando do menu de contexto. Se preferir, você pode
encaixar o Navegador na borda do espaço de trabalho.
- Código-fonte HTML - Tela inteira
Exibe o código fonte do documento HTML atual. Para Exibe ou oculta os menus e as barras de ferramentas
exibir o código fonte HTML de um novo documento, é ne- no Writer ou no Calc. Para sair do modo de tela inteira,
cessário primeiro salvar o novo documento como um do- clique no botão Ativar/Desativar tela inteira.
cumento HTML.
- Zoom
- Barra de status Reduz ou amplia a exibição de tela do LibreOffice.
Mostra ou oculta a barra de status na borda inferior
da janela.

- Status do método de entrada


Mostra ou oculta a janela de status do IME (Input Me-
thod Engine).

- Régua
Mostra ou oculta a régua horizontal, que é utilizada
para ajustar as margens da página, paradas de tabulação,
recuos, bordas, células de tabela e para dispor objetos na
página. Para mostrar a régua vertical, escolha Ferramentas
- Opções - LibreOffice Writer - Exibir, e selecione a caixa
Régua vertical na área Réguas.

- Limites do texto
Mostra ou oculta os limites da área imprimível da pági-
na. As linhas de limite não são impressas.

- Sombreamentos de campos
Mostra ou oculta os sombreamentos de campos no
documento, incluindo espaços incondicionais, hifens per-
sonalizados, índices e notas de rodapé.

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Inserir blocos de texto de outros documentos, para aplicar layouts


O menu Inserir contém os comandos necessários para de colunas personalizados ou para proteger ou ocultar os
inserir novos elementos no seu documento. Isso inclui se- blocos de texto quando uma condição for atendida.
ções, notas de rodapé, anotações, caracteres especiais, fi-
guras e objetos de outros aplicativos. - Hiperlink
Abre uma caixa de diálogo que permite que você crie
e edite hiperlinks.

- Cabeçalho
Adiciona ou remove um cabeçalho do estilo de página
que você selecionar no submenu. O cabeçalho é adiciona-
do a todas as páginas que usam o mesmo estilo de página.
Em um novo documento, é listado apenas o estilo de pági-
na “Padrão”. Outros estilos de páginas serão adicionados à
lista depois que você aplicá-los ao documento.
- Rodapé
Adiciona ou remove um rodapé do estilo de página se-
lecionado no submenu. O rodapé é adicionado a todas as
páginas que usam o mesmo estilo. Em um novo documen-
to, somente o estilo de página “Padrão” é listado. Outros
estilos serão adicionados à lista depois que forem aplica-
dos ao documento.

- Nota de rodapé / Nota de fim


Insere uma nota de rodapé ou uma nota de fim no do-
cumento. A âncora para a nota será inserida na posição
atual do cursor. Você pode escolher entre numeração au-
tomática ou um símbolo personalizado.

- Legenda
Adiciona uma legenda numerada à figura, tabela, qua-
dro, quadro de texto ou objeto de desenho selecionado.
Você também pode acessar este comando clicando com o
botão direito do mouse no item ao qual deseja adicionar
a legenda.

- Marcador
Insere um indicador na posição do cursor. Use o Na-
- Quebra manual vegador para saltar rapidamente para a posição indicada
Insere uma quebra manual de linha, de coluna ou de em outra hora. em um documento HTML, os indicadores
página na posição atual em que se encontra o cursor. são convertidos em âncoras para você navegar através de
hyperlinks.
- Campos
Insere um campo na posição atual do cursor. O sub- - Referência
menu lista os tipos de campos mais comuns. Para exibir Esta é a posição em que você insere as referências ou
todos os campos disponíveis, escolha Outro. os campos referidos no documento atual. As referências
são os campos referidos no mesmo documento ou em
- Caractere especial subdocumentos de um documento mestre.
Insere caracteres especiais a partir das fontes instala-
das. - Anotação
Insere uma anotação.
- Marca de formatação
Abe um submenu para inserir marcas especiais de for-
matação. Ative o CTL para mais comandos. - Script
Insere um script na posição atual do cursor em um do-
- Seção cumento HTML ou de texto.
Insere uma seção de texto no mesmo local em que o
cursor está posicionado no documento. Também é possível - Índices e índices gerais
selecionar um bloco de texto e, em seguida, escolher esse Abre um menu para inserir entradas de índice e inserir
comando para criar uma seção. Use as seções para inserir índices e tabelas.

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Envelope - Limpar formatação direta


Cria um envelope. Nas três guias, você pode especificar Remove a formatação direta e a formatação por estilos
o destinatário e o remetente, a posição e o formato de am- de caracteres da seleção.
bos os endereços, o tamanho e a orientação do envelope.
- Caractere
- Quadro Muda a fonte e a formatação de fonte dos caracteres
Insere um quadro que você pode usar para criar um selecionados.
layout com uma ou mais colunas de texto e objetos.
- Parágrafo
- Tabela Modifica o formato do parágrafo atual, por exemplo,
Insere uma tabela no documento. Você também pode alinhamento e recuo.
clicar na seta, arrastar o mouse para selecionar o número
de linhas e colunas a serem incluídas na tabela e, em segui- - Marcadores e numeração
da, clicar na última célula. Adiciona marcadores ou numeração ao parágrafo atual
e permite que você edite o formato da numeração ou dos
- Figura marcadores.
Selecione a origem da figura que deseja inserir.
- Página
- Objeto de desenho Especifique os estilos de formatação e o layout do es-
Insere um objeto no documento. Para vídeo e áudio tilo de página atual, incluindo margens da página, cabeça-
utilize Inserir - Multimídia - Áudio ou vídeo. lhos, rodapés e o plano de fundo da página.

- Quadro flutuante - Alterar caixa


Insere um quadro flutuante no documento atual. Qua- Altera a caixa dos caracteres selecionados. Se o cursor
dros flutuantes são utilizados em documentos HTML para estiver no meio de uma palavra e não houver texto selecio-
exibir conteúdo de outro arquivo. nado, então a palavra será a seleção.

- Áudio ou vídeo - Guia fonético asiático


Insere um arquivo de vídeo ou áudio no documento. Permite que você adicione comentários sobre carac-
teres asiáticos para serem usados como manual de pro-
- Arquivo núncia.
Insere um arquivo de texto na posição atual do cursor.

Formatar - Colunas
Contém comandos para formatar o layout e o conteú- Especifica o número de colunas e o layout de coluna
do de seu documento. para um estilo de página, quadro ou seção.

- Seções
Altera as propriedades das seções definidas no docu-
mento. Para inserir uma seção, selecione o texto ou clique
no documento e, em seguida, escolha Inserir - Seção.

- Estilos e formatação
Use a janela Estilos e formatação para aplicar, criar, edi-
tar, adicionar e remover estilos de formatação. Clique duas
vezes para aplicar o estilo.

- Autocorreção
Formata automaticamente o arquivo de acordo com as
opções definidas em Ferramentas - Opções da autocorre-
ção.

- Ancorar
Define as opções de ancoramento para o objeto sele-
cionado.

- Quebra Automática
Define as opções de quebra automática de texto para
figuras, objetos e quadros.

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Alinhar (objetos) - Inserir


Alinha os objetos selecionados em relação a outro. Tabela
Insere uma nova tabela.
- Alinhamento (objetos de texto)
Define as opções de alinhamento para a seleção atual. Colunas
Insere colunas.
- Dispor
Altera a ordem de empilhamento do(s) objeto(s) sele- Linhas
cionado(s). Insere linhas.

- Inverter - Excluir
Inverte o objeto selecionado, horizontalmente ou ver- Tabela
ticalmente. Exclui a tabela atual.

- Agrupar Colunas
Agrupa os objetos selecionados de forma que possam Exclui as colunas selecionadas.
ser movidos ou formatados como um único objeto.
Linhas
- Objeto Exclui as linhas selecionadas.
Abre um submenu para editar propriedades do objeto
selecionado. Selecionar
Tabela
- Quadro Seleciona a tabela atual.
Insere um quadro que você pode usar para criar um
layout com uma ou mais colunas de texto e objetos. Coluna
Seleciona a coluna atual.
- Imagem
Formata o tamanho, a posição e outras propriedades Linha
da figura selecionada. Seleciona a linha atual.

Tabela Célula
Seleciona a célula atual.
- Mesclar células
Combina o conteúdo das células selecionadas da tabe-
la em uma única célula.

- Dividir células
Divide a célula ou grupo de células horizontalmente ou
verticalmente em um número especificado de células.

- Mesclar tabela
Combina duas tabelas consecutivas em uma única ta-
bela. As tabelas devem estar lado a lado, e não separadas
por um parágrafo vazio.

- Dividir tabela
Divide a tabela atual em duas tabelas separadas na po-
sição do cursor. Você também pode clicar com o botão di-
reito do mouse em uma célula da tabela para acessar este
comando.

- Autoformatação de tabela
Aplica automaticamente formatos à tabela atual, in-
cluindo fontes, sombreamento e bordas.

Autoajustar
Largura da coluna
Abre a caixa de diálogo Largura da coluna para alterar
a largura de uma coluna.

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Largura de coluna ideal Propriedades da tabela


Ajusta automaticamente a largura das colunas para Especifica as propriedades da tabela selecionada,
coincidir com o conteúdo das células. A alteração da lar- como, por exemplo, nome, alinhamento, espaçamento, lar-
gura de uma coluna não afeta a largura das outras colunas gura da coluna, bordas e plano de fundo.
na tabela. A largura da tabela não pode exceder a largura
da página. Ferramentas
Contém ferramentas de verificação ortográfica, uma
- Distribuir colunas uniformemente galeria de objetos artísticos que podem ser adicionados ao
Ajusta a largura das colunas selecionadas para a largu- documento, bem como ferramentas para configurar menus
ra da coluna mais larga da seleção. A largura total da tabela e definir preferências do programa.
não pode exceder a largura da página.

Altura da linha
Abre a caixa de diálogo Altura da linha para alterar a
altura de uma linha.

- Altura de linha ideal


Ajusta automaticamente a altura das linhas para que
corresponda ao conteúdo das células. Esta é a definição
padrão para novas tabelas.

- Distribuir linhas uniformemente


Ajusta a altura das linhas selecionadas para a altura da
linha mais alta na seleção.

Permitir quebra de linha em páginas e colunas


Permite uma quebra de página na linha atual.

Repetir linhas de cabeçalho


Repete os cabeçalhos das tabelas nas páginas subse-
quentes quando a tabela se estende por uma ou mais pá-
ginas.

Converter
Texto em tabela
Abre uma caixa de diálogo para poder converter em
tabela o texto selecionado. - Verificação ortográfica
Verifica a ortografia manualmente.
Tabela para texto
Abre uma caixa de diálogo para converter a tabela - Idioma
atual em texto. Abre um submenu para escolher comandos específicos
do idioma.
Classificar
Classifica alfabeticamente ou numericamente os pará- - Contagem de palavras
grafos ou linhas de tabela selecionados. Você pode definir Conta as palavras e caracteres, com ou sem espaços,
até três chaves de classificação bem como combinar chaves na seleção atual, e em todo o documento. A contagem é
alfabéticas com numéricas. mantida atualizada enquanto digita, ou altera a seleção.

Fórmula - Numeração da estrutura de tópicos


Abre a Barra de fórmulas para inserir ou editar uma Especifica o formato de número e a hierarquia para a
fórmula. numeração de capítulos no documento atual.

Formato numérico - Numeração de linhas


Abre uma caixa de diálogo para especificar o formato Adiciona ou remove e formata números de linha no
de números na tabela. documento atual. Para desativar a numeração de linhas em
um parágrafo, clique no parágrafo, escolha Formatar - Pa-
Limites da tabela rágrafo, clique na guia Numeração e, em seguida, desmar-
Mostra ou oculta os limites em torno das células da ta- que a caixa de seleção Incluir este parágrafo na numeração
bela. Os limites só são visíveis na tela e não são impressos. de linhas

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Notas de rodapé Janela


Especifica as configurações de exibição de notas de ro-
dapé e notas de fim.

- Galeria
Abre a Galeria, onde você poderá selecionar figuras e
sons para inserir em seu documento.

- Banco de dados bibliográfico


Insira, exclua, edite e organize arquivos no banco de Contém comandos para manipulação e exibição de ja-
dados bibliográfico. nelas de documentos.

- Assistente de Mala Direta - Nova janela


Inicia o Assistente de Mala Direta para criar cartas-mo-
delo ou enviar mensagens de e-mail a vários destinatários. Abre uma nova janela que exibe os conteúdos da jane-
la atual. Você pode agora ver diferentes partes do mesmo
- Classificar documento ao mesmo tempo.
Classifica alfabeticamente ou numericamente os pará-
grafos ou linhas de tabela selecionados. Você pode definir - Fechar a janela
até três chaves de classificação bem como combinar chaves
alfabéticas com numéricas. Fecha a janela atual. Escolha Janela - Fechar janela,
ou pressione Ctrl+F4. Na visualização de impressão do Li-
- Calcular breOffice Writer e Calc, você pode fechar a janela ao clicar
Calcula a fórmula selecionada e copia o resultado para no botão Fechar visualização.
a área de transferência.
- Lista de documentos
- Atualizar
Lista os documentos abertos no momento atual. Sele-
Atualiza os itens do documento atual com conteúdo
cione o nome de um documento na lista para alternar para
dinâmico, como campos e índices.
esse documento.
- Player de mídia
Ajuda
Abre a janela do Player de mídia, para poder visualizar
arquivos de vídeo e áudio e inseri-los no documento atual. O menu da Ajuda permite iniciar e controlar o sistema
de Ajuda do LibreOffice.
- Macros
Permite gravar, organizar e editar macros.
- Gerenciador de extensão
O Gerenciador de extensão adiciona, remove, desativa,
ativa e atualiza extensões do LibreOffice.

- Filtros XML
Abre a caixa de diálogo Configurações do filtro XML,
onde você pode criar, editar, excluir e testar filtros para im-
portar e exportar arquivos XML.

- Opções da Autocorreção
Configura as opções para substituir texto automatica-
mente ao digitar. Barras de ferramentas
Barra de objetos de texto
- Personalizar Contém comandos de formatação para o texto de um
Personaliza menus, teclas de atalho, barras de ferra- objeto de desenho. A barra Objetos de texto aparece quan-
mentas e atribuições de macros do LibreOffice para even- do você faz um duplo clique dentro de um objeto de de-
tos. senho.
- Nome da fonte
- Opções Permite que você selecione um nome de fonte na lista
Este comando abre uma caixa de diálogo para configu- ou digite um nome de fonte diretamente.
ração personalizada do programa. Você pode inserir várias fontes, separadas por ponto
-e-vírgulas. O LibreOffice usará cada fonte nomeada em
sucessão se as fontes anteriores não estiverem disponíveis.

64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nome da fonte Justificado

- Tamanho da fonte - Suporte a idiomas asiáticos


Permite que você escolha entre diferentes tamanhos Esses comandos só podem ser acessados após ativar o
de fonte na lista ou que digite um tamanho manualmente. suporte para idiomas asiáticos em Ferramentas - Opções -
- Negrito Configurações de idioma - Idiomas.
Aplica o formato negrito ao texto selecionado. Se o
cursor estiver sobre uma palavra, ela ficará toda em negri- - Texto escrito da esquerda para a direita
to. Se a seleção ou a palavra já estiver em negrito, a forma- Especifica a direção horizontal do texto.
tação será removida. Direção do texto da esquerda para a direita
Negrito
- Texto escrito de cima para baixo
- Itálico Especifica a direção vertical do texto.
Aplica o formato itálico ao texto selecionado. Se o cur- Texto escrito de cima para baixo
sor estiver sobre uma palavra, ela ficará toda em itálico. Se
a seleção ou palavra já estiver em itálico, a formatação será - Selecionar tudo
removida. Seleciona todo o conteúdo do arquivo, quadro ou ob-
Itálico jeto de texto atual.
Selecionar tudo
- Sublinhado
Sublinha o texto selecionado ou remove o sublinhado - Caractere
do texto selecionado. Muda a fonte e a formatação de fonte dos caracteres
Sublinhado selecionados.
Caractere
- Sobrescrito
Reduz o tamanho da fonte do texto selecionado e le- - Parágrafo
vanta o texto acima da linha de base. Aqui você pode definir recuos, espaçamento, alinha-
Sobrescrito mento e espaçamento de linha para o parágrafo selecio-
nado.
- Subscrito Parágrafo
Reduz o tamanho da fonte do texto selecionado e po-
siciona o texto abaixo da linha de base. Adicionando e editando texto
Subscrito
Você pode adicionar texto ao documento das seguin-
- Esquerda tes maneiras:
Alinha o parágrafo selecionado em relação à margem • Digitando texto com o teclado
esquerda da página. • Copiando e colando texto de outro documento
• Importando texto de outro arquivo
Alinhar à esquerda
Digitando texto
- Centralizar
Centraliza na página os parágrafos selecionados. A maneira mais fácil de inserir texto no documento é
digitar o texto. Ao digitá-lo, a ferramenta AutoCorreção
corrige automaticamente possíveis erros de ortografia co-
- Direita
muns, como “catra” em vez de “carta”.
Alinha os parágrafos selecionados em relação à mar-
Por padrão, a ferramenta Completar palavras coleta
gem direita da página.
palavras longas enquanto você digita. Ao começar a digitar
Alinhar à direita novamente a mesma palavra, o
LibreOffice.org completa automaticamente a palavra.
Para aceitar a palavra, pressione Enter ou continue digitan-
- Justificar do.
Alinha os parágrafos selecionados às margens esquer-
da e direita da página. Se preferir, você pode especificar as
opções de alinhamento para a última linha de um parágra-
fo, escolhendo Formatar - Parágrafo - Alinhamento.

65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Para selecionar o texto restante na linha à esquerda


do cursor, mantenha pressionada a tecla Shift e pressione
a tecla Home.
• Para selecionar o texto restante na linha à direita do
cursor, mantenha pressionada a tecla Shift e pressione a
tecla End.

Copiando, colando e excluindo texto


Você pode copiar texto de um lugar para outro no
mesmo documento ou de um documento para outro.

Dica – Para desativar as ferramentas de completar e


substituir automaticamente procure na ajuda on-line os - Para copiar e colar texto
seguintes termos: Etapas
• Função de AutoCorreção 1. Selecione o texto que deseja copiar e siga um destes
• Função de AutoEntrada procedimentos:
• Completar palavras • Escolha Editar – Copiar.
• Reconhecimento de números • Pressione Ctrl+C.
• Função de AutoFormatação • Clique no ícone Copiar na barra Padrão.
• Clique com o botão direito do mouse no texto sele-
Selecionando texto cionado e escolha Copiar.
O texto continua na área de transferência até você co-
Você pode selecionar texto com o mouse ou com o piar outra seleção de texto ou item.
teclado. 2. Clique ou mova o cursor para onde deseja colar o
texto. Siga um destes procedimentos:
• Escolha Editar – Colar.
• Pressione Ctrl+V.
• Clique no ícone Colar na barra Padrão.
• Clique com o botão direito do mouse onde deseja
colar o texto e escolha Colar.
Selecionando texto com o mouse
- Para excluir texto
• Para selecionar um trecho de texto, clique no início Etapas
do trecho, mantenha pressionado o botão esquerdo do 1. Selecione o texto que deseja excluir.
mouse e arraste o mouse até o fim do texto. 2. Siga um destes procedimentos:
Pode também clicar na frente do trecho, mover o mou- • Escolha Editar - Recortar ou pressione Ctrl+X.
se até o fim do texto, manter pressionada a tecla Shift e O texto é excluído do documento e adicionado à área
clicar novamente. de transferência, para você colar o texto onde pretender.
• Para selecionar uma frase inteira, clique três vezes em • Pressione a tecla Delete ou Backspace.
qualquer lugar na frase. Observação – Você pode usar essas teclas para tam-
• Para selecionar uma única palavra, clique duas vezes bém excluir caracteres individuais.
em qualquer lugar na palavra. Se desejar desfazer uma exclusão, escolha Editar - Des-
• Para acrescentar mais de um trecho a uma seleção, fazer ou pressione Ctrl+Z.
selecione o trecho, mantenha pressionada a tecla Ctrl e se-
lecione outro trecho de texto. -Para inserir um documento de texto
Você pode inserir o conteúdo de qualquer documento
Selecionando texto com o teclado de texto no documento do Writer, desde que o formato do
• Para selecionar o documento inteiro, pressione Ctr- arquivo seja conhecido pelo LibreOffice.org.
l+A. Etapas
• Para selecionar uma única palavra em um dos lados 1. Clique no documento do Writer onde deseja inserir
do cursor, mantenha pressionadas as teclas Ctrl+Shift e o texto.
pressione a seta para a esquerda <- ou a seta para a direita 2. Escolha Inserir – Arquivo.
->. 3. Localize o arquivo que deseja inserir e clique em In-
• Para selecionar um único caractere em um dos lados serir.
do cursor, mantenha pressionada a tecla Shift e pressione Localizando e substituindo texto
a seta para a esquerda <- ou a seta para a direita ->. Para Você pode usar o recurso Localizar e substituir no Li-
selecionar mais de um caractere, mantenha pressionada a breOffice.org Writer para procurar e substituir palavras em
tecla Shift enquanto pressiona a tecla de direção. um documento de texto.

66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Para localizar e substituir texto

1. Clique com o botão direito do mouse em uma pala-


vra com um sublinhado ondulado em vermelho.

2. Siga um destes procedimentos:


• Escolha uma das palavras de substituição sugeridas
no alto do menu de contexto.
A palavra incorreta é substituída pela palavra que você
Etapas escolher.
1. Escolha Editar – Localizar e substituir.
Abre-se a caixa de diálogo Localizar e substituir. • Escolha uma das palavras de substituição no sub-
2. Na caixa Pesquisar por, digite o texto que você dese- menu AutoCorreção.
ja localizar no documento. A palavra incorreta é substituída pela palavra que você
Pode selecionar também a palavra ou a frase que dese- escolher.
ja procurar no documento de texto e escolher Editar - Lo- As duas palavras são acrescentadas automaticamen-
calizar e substituir. O texto selecionado é inserido automa- te à lista de substituição da ferramenta AutoCorreção. Na
ticamente na caixa Procurar. próxima vez que cometer o mesmo erro ortográfico, o Wri-
3. Na caixa Substituir por, insira a palavra ou a frase de ter fará a correção ortográfica automaticamente.
substituição.
4. Clique em Localizar para iniciar a procura. • Escolha Ortografia e gramatica para abrir a caixa de
5. Quando o Writer localizar a primeira ocorrência da diálogo Ortografia e gramatica.
palavra ou frase, siga um destes procedimentos:
• Para substituir a ocorrência do texto encontrada pela • Para adicionar a palavra a um dos dicionários, escolha
que você inseriu na caixa Substituir por, clique em Substi- Adicionar e clique no nome do dicionário.
tuir. Observação – O número de entradas em um dicionário
• Para substituir todas as ocorrências do texto encon- definido pelo usuário é limitado, mas você pode criar quan-
tradas pela que você inseriu na caixa Substituir por, clique tos dicionários definidos pelo usuário forem necessários.
em Substituir tudo.
• Para ignorar o texto encontrado e continuar a procu- - Para verificar a ortografia em um documento inteiro
ra, clique em Localizar próxima. Se não deseja verificar a ortografia enquanto digita,
6. Clique em Fechar quando concluir a procura. você pode usar a ferramenta Ortografia e gramatica para
corrigir erros manualmente. A ferramenta Ortografia e gra-
Verificando ortografia matica começa a partir da posição atual do cursor ou a
partir do início do texto selecionado.
O Writer pode verificar possíveis erros ortográficos en-
quanto você digita ou em um documento inteiro. Etapas

- Para verificar ortografia enquanto digita 1. Clique no documento ou selecione o texto que de-
O Writer pode avisar sobre possíveis erros de ortogra- seja corrigir.
fia enquanto você digita.
2. Escolha Ferramentas - Ortografia e gramatica.
Para ativar e desativar esse recurso, clique no ícone Au-
toOrtografia e gramatica na barra de Ferramentas. Quando 3. Quando um possível erro de ortografia é localizado,
esse recurso está ativado, uma linha vermelha ondulada a caixa de diálogo Ortografia e gramatica sugere uma cor-
marca possíveis erros ortográficos. reção.

67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

4. Siga um destes procedimentos:


• Para aceitar uma correção, clique em Corrigir.
• Substitua a palavra incorreta na caixa no alto pela palavra correta e clique em Alterar.
• Para ignorar a palavra atual uma vez e continuar a Ortografia e gramatica, clique em Ignorar uma vez.
• Para ignorar a palavra atual no documento inteiro e continuar a Ortografia e gramatica, clique em Ignorar sempre.

Formatando texto
O Writer permite-lhe formatar o texto manualmente ou ao usar estilos. Com os dois métodos, você controla tamanho,
tipo de fonte, cor, alinhamento e espaçamento do texto. A principal diferença é que a formatação manual aplica-se apenas
ao texto selecionado, enquanto a formatação de estilo aplica-se toda vez que o estilo é usado no documento.

Formatando texto manualmente

Para uma formatação simples, como alterar o tamanho e a cor do texto, use os ícones na barra Formatação. Se desejar,
pode também usar os comandos de menu no menu Formato, assim como teclas de atalho.

Selecione o texto que deseja alterar e siga um destes procedimentos:


• Para alterar o tipo de fonte usado, selecione uma fonte diferente na caixa Nome da fonte.
• Para alterar o tamanho do texto, selecione um tamanho na caixa Tamanho da fonte.
• Para alterar o tipo de letra do texto, clique no ícone Negrito, Itálico ou Sublinhado.
Pode também usar as seguintes teclas de atalho: Ctrl+B para negrito, Ctrl+I para itálico ou Ctrl+U para sublinhado. Para
restaurar o tipo de letra padrão, selecione o texto novamente e clique no mesmo ícone, ou pressione as mesmas teclas de
atalho.
• Para alterar o alinhamento do texto, clique no ícone Alinhar à esquerda, Centralizar, Alinhar à direita ou Justificado.
• Para adicionar ou remover marcadores ou números de uma lista, clique no ícone Ativar/desativar numeração ou Ati-
var/desativar marcadores.
• Para alterar um recuo do texto, use os ícones de recuo.
• Para alterar a cor do texto, clique no ícone Cor da fonte.
• Para alterar a cor do plano de fundo do texto, clique no ícone Cor do plano de fundo ou no ícone Realce.
Dica – Consulte a ajuda on-line para obter informação sobre a diferença desses dois ícones.

Formatando texto com estilos


No Writer, a formatação padrão de caracteres, parágrafos, páginas, quadros e listas é feita com estilos. Um estilo é um
conjunto de opções de formatação, como tipo e tamanho da fonte. Um estilo define o aspecto geral do texto, assim como
o layout de um documento.

68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode selecionar alguns estilos comuns, e todos os


estilos aplicados, a partir da lista drop-down Aplicar estilo
na barra Formatar.

Uma maneira fácil de aplicar um estilo de formatação é


com a janela Estilos e formatação. Para abrir a janela Estilos
e formatação, escolha Formatar – Estilos e formatação.

• Para visualizar o conteúdo de uma categoria, clique


no sinal de mais na frente do nome da categoria.
• Para exibir o conteúdo de uma única categoria no Na-
vegador, selecione a categoria e clique no ícone Exibição
do conteúdo.

Observação – Para exibir todo o conteúdo, clique nova-


mente no ícone Exibição do conteúdo.
• Para saltar rapidamente para o local no documento,
clique duas vezes em qualquer entrada na lista do Nave-
gador.
• Para editar propriedades de um objeto, clique no ob-
jeto com o botão direito do mouse.
Você pode encaixar o Navegador na borda de qualquer
janela do documento.
Para desanexar o Navegador da borda de uma janela,
clique duas vezes na área cinza do Navegador encaixado.
Para redimensionar o Navegador, arraste as bordas do Na-
vegador.
Dica – Em um documento de texto, você pode usar
o modo Exibição do conteúdo para títulos para arrastar
Usando o navegador e soltar capítulos inteiros em outras posições dentro do
O Navegador exibe as seguintes categorias de objetos documento. Para obter mais informações, consulte a ajuda
no documento: on-line sobre o Navegador.
• Títulos
• Folhas Usando tabelas em documentos do Writer
• Tabelas Você pode usar tabelas para apresentar e organizar
• Quadros de texto informações importantes em linhas e colunas, para as in-
• Gráficos formações serem lidas com facilidade. A interseção de uma
• Objetos OLE linha e uma coluna é chamada de célula.
• Seções - Para adicionar uma tabela a um documento do Writer
• Hyperlinks Etapas
• Referências 1. Escolha Tabela - Inserir – Tabela.
• Índices 2. Na área Tamanho, digite o número de linhas e colu-
• Notas nas para a tabela.

69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

3. (Opcional) Para usar um layout de tabela predefinido, clique em AutoFormatar, selecione o formato desejado e clique
em OK.

4. Na caixa de diálogo Inserir tabela, especifique opções adicionais, como o nome da tabela, e clique em OK.

- Para adicionar uma linha ou coluna a uma tabela


Etapas
1. Clique em qualquer linha ou coluna da tabela.
2. Clique no ícone Inserir coluna ou Inserir linha na barra Tabela.

- Para excluir uma linha ou coluna de uma tabela


Etapas
1. Clique na linha ou coluna que deseja excluir.
2. Clique no ícone Excluir coluna ou Excluir linha na barra Tabela.

70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cabeçalho e rodapé
Cabeçalhos e rodapés são áreas nas margens superior
e inferior das páginas para adiciona textos ou figuras. Os
cabeçalhos e rodapés são adicionados ao estilo de página
atual. Todas as páginas que usarem o mesmo estilo recebe-
rão automaticamente o cabeçalho ou rodapé adicionado. É
possível inserir Campos, tais como números de páginas e
títulos de capítulos, nos cabeçalhos e rodapés de um do-
cumento de texto.
Obs.: O estilo de página para a página atual será exibi-
do na Barra de status.
Para adicionar um cabeçalho a uma página, escolha In-
serir - Cabeçalho e, em seguida, no submenu, selecione o
estilo de página para a página atual.
Para adicionar um rodapé a uma página, escolha Inserir
- Rodapé e, em seguida, selecione o estilo de página para a
página atual no submenu.
Você também pode escolher Formatar - Página, clicar Por exemplo, para mudar o símbolo do marcador, cli-
na guia Cabeçalho ou Rodapé, e selecionar Ativar cabeça- que na guia Opções , clique no botão de seleção (...) perto
lho ou Ativar rodapé. Desmarque a caixa de seleção Mesmo de Caractere, e selecione um caractere especial. Pode-se
conteúdo esquerda/direita se desejar definir cabeçalhos e também clicar na guia Figura, e clicar num estilo de símbo-
rodapés diferentes para páginas pares e ímpares. lo na área Seleção.
Para utilizar diferentes cabeçalhos e rodapés docu-
mento, adicione-os a diferentes estilos de páginas e, em Números de página
seguida, aplique os estilos às páginas nas deseja exibir os No Writer, o número da página é um campo que pode
cabeçalhos ou rodapés. ser inserido no texto.

Marcadores e numeração Para inserir números de página


Para adicionar marcadores Escolha Inserir - Campos - Número da página para in-
Selecione o(s) parágrafo(s) ao(s) qual(is) deseja adicio- serir um número de página na posição atual do cursor.
nar marcadores. Obs.: Se, em vez do número, aparecer o texto “Número
Na barra de Formatação, clique no ícone Ativar/desa- da página”, escolha Exibir - Nome de campos.
tivar marcadores. No entanto, esses campos mudarão de posição quan-
do um texto for adicionado ou removido. Assim, é melhor
inserir o campo de número da página em um cabeçalho ou
rodapé que se encontram na mesma posição e se repetem
em todas as páginas.
Escolha Inserir - Cabeçalho - (nome do estilo de pági-
Para remover marcadores, selecione os parágrafos com na) ou Inserir - Rodapé - (nome do estilo de rodapé) para
marcadores e, em seguida, clique no ícone Ativar/Desativar adicionar um cabeçalho ou um rodapé em todas as páginas
marcadores na barra Formatação. com o estilo de página atual.
Para formatar marcadores
Para alterar a formatação da lista com marcadores, es- Para iniciar com um número de página definido
colha Formatar - Marcadores e numeração. Agora você que ter um pouco mais de controle sobre o
número da página. Você está editando um documento de
texto que deve começar com o número de página 12.

Clique no primeiro parágrafo do documento.


Escolha Formatar - Parágrafo - Fluxo de texto.
Em Quebras, ative Inserir. Ative Com estilo de página
para poder definir o novo Número da página. Clique em
OK.

71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dependendo do documento, é melhor: utilizar a que-


bra de página inserida manualmente entre os estilos de
página, ou utilizar uma mudança automática. Se for neces-
sária apenas uma página de título com estilo diferente, o
método automático pode ser utilizado:

Para aplicar um estilo de página diferente na primeira


página
Clique na primeira página do documento.
Escolha Formatar - Estilos e formatação.
Na janela Estilos e formatação, clique no ícone Estilos
de página.
Clique duas vezes no estilo “Primeira página”.
A página de título apresentará o estilo “Primeira pági-
na” e as páginas seguintes apresentarão automaticamente
o estilo “Padrão”.
Você pode agora por exemplo, inserir um rodapé so-
mente para o estilo de página “Padrão”, ou inserir rodapés
em ambos estilos de página, mas com os campos de nú-
O novo número da página é um atributo do primeiro mero de página formatados de modo diferente.
parágrafo da página.
Para aplicar uma alteração de estilo de página inserida
Para formatar o estilo dos números de página manualmente
Você deseja que os números da página sejam em nu- Clique no início do primeiro parágrafo da página onde
merais romanos: i, ii, iii, iv e assim por diante. será aplicado um estilo de página diferente.
Clique duas vezes imediatamente na frente do campo Escolha Inserir - Quebra manual. A caixa de diálogo
de número da página. A caixa de diálogo Editar campos se Editar quebra se abrirá.
abrirá. Na caixa de listagem Estilo, selecione um estilo de pá-
Selecione um formato de número e clique em OK. gina. Você pode definir um novo número de página tam-
Utilizar diferentes estilos de número de página bém. Clique em OK.
Você precisa que algumas páginas apresentem o es- O estilo de página selecionado será usado a partir do
tilo em numerais romanos e o restante das páginas, outro parágrafo atual até a próxima quebra de página com estilo.
estilo. Você pode precisar criar primeiro um novo estilo de página.
No Writer, serão necessários vários estilos de página.
O primeiro estilo de página apresenta um rodapé com um Gráfico em um documento de texto do Writer
campo de número de página formatado em numerais ro- Em um documento do Writer, você pode inserir um
manos. O estilo de página seguinte apresenta um rodapé gráfico com valores provenientes de uma tabela do Wri-
com um campo de número de página formatado em outro ter.#Clique dentro da tabela do Writer.
estilo. Selecione Inserir – Objeto – Gráfico.
Ambos estilos de página devem estar separados por
uma quebra de página. No Writer, é possível inserir que-
bras de página automática ou manualmente.
Uma quebra de página automática aparece no final de
uma página quando o estilo de página possui um “próximo
estilo” diferente.
Por exemplo, o estilo de página da “Primeira página”
apresenta “Padrão” como próximo estilo. Para comprovar
essa possibilidade, pressione F11 para abrir a janela Estilos
e formatação, clique no ícone Estilos de página e clique
com o botão direito do mouse na entrada Primeira página.
Escolha Modificar no menu de contexto. Na guia Organiza-
dor, pode ser visto o “próximo estilo”.
A quebra de página manual pode ser aplicada com ou
sem alterações dos estilos de página.
Se pressionar Ctrl+Enter, será aplicada a quebra de pá-
gina sem alterações nos estilos de página.
Se escolher Inserir - Quebra manual, a quebra de pá-
gina pode ser inserida com ou sem alterações no estilo ou
com alterações no número da página.

72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você verá uma visualização do gráfico e o Assistente Ctrl+5 - Aplica o estilo de parágrafo Título 5
de gráfico. Ctrl + tecla mais - Calcula o texto selecionado e copia
Siga as instruções no Assistente de gráfico para criar o resultado para a área de transferência.
um gráfico. Ctrl+Hífen(-) - Hifens personalizados; hifenização defi-
nida pelo usuário.
Teclas de atalho do LibreOffice Writer Ctrl+Shift+sinal de menos (-) - Traço incondicional
Você pode utilizar teclas de atalho para executar rapi- (não utilizado na hifenização)
damente tarefas comuns no LibreOffice. Esta seção relacio- Ctrl+sinal de multiplicação * (somente no teclado nu-
na as teclas de atalho padrão do LibreOffice Writer. mérico) - Executar campo de macro
Ctrl+Shift+Espaço - Espaços incondicionais. Esses
Teclas de função para o LibreOffice Writer espaços não serão usados para hifenização nem serão ex-
Teclas de atalho - Efeito pandidos se o texto estiver justificado.
F2 - Barra de fórmulas Shift+Enter - Quebra de linha sem mudança de pará-
Ctrl+F2 - Insere campos grafo
F3 - Completa o autotexto Ctrl+Enter - Quebra manual de página
Ctrl+F3 - Edita o autotexto Ctrl+Shift+Enter - Quebra de coluna em textos com
F4 - Abre a exibição da fonte de dados várias colunas
Shift+F4 - Seleciona o próximo quadro Alt+Enter - Insere um novo parágrafo sem numeração
F5 - Ativar/Desativar o Navegador numa lista. Não funciona se o cursor estiver no fim da lista.
Ctrl+Shift+F5 - Ativar Navegador, vai para número da Alt+Enter - Insere um novo parágrafo antes ou depois
página de uma seção ou antes de uma tabela.
F7 - Verificação ortográfica Seta para a esquerda - Move o cursor para a esquerda
Ctrl+F7 - Dicionário de sinônimos Shift+Seta para a esquerda - Move o cursor para a es-
F8 - Modo de extensão querda com seleção
Ctrl+F8 - Ativar/Desativar sombreamentos de campos Ctrl+Seta para a esquerda - Vai para o início da palavra
Shift+F8 - Modo de seleção adicional Ctrl+Shift+Seta para a esquerda - Seleciona à
Ctrl+Shift+F8 - Modo de seleção por bloco esquerda, uma palavra de cada vez
Seta para a direita - Move o cursor para a direita
F9 - Atualiza os campos
Shift+Seta para a direita - Move o cursor para a direita
Ctrl+F9 - Mostra os campos
com seleção
Shift+F9 - Calcula a tabela
Ctrl+Seta para a direita - Vá para o início da próxima
Ctrl+Shift+F9 - Atualiza os campos e as listas de en-
palavra
trada
Ctrl+Shift+Seta para a direita - Seleciona à direita, uma
Ctrl+F10 - Ativar/Desativar caracteres não imprimíveis
palavra de cada vez
F11 - Ativar/Desativar janela Estilos e formatação
Seta para cima - Move o cursor uma linha acima
Shift+F11 - Cria um estilo Shift+Seta para cima - Seleciona linhas de baixo para
Ctrl+F11 - Define o foco para a caixa Aplicar estilos cima
Ctrl+Shift+F11 - Atualiza o estilo Ctrl+Seta para cima - Move o cursor para o começo do
F12 - Ativar numeração parágrafo anterior
Ctrl+F12 - Insere ou edita a tabela CtrlShift+Seta para cima - Seleciona até o começo do
Shift+F12 - Ativa marcadores parágrafo. Ao repetir, estende a seleção até o início do pa-
Ctrl+Shift+F12 - Desativa Numeração / Marcadores rágrafo anterior
Seta para baixo - Move o cursor uma linha para baixo
Teclas de atalho para o LibreOffice Writer Shift+Seta para baixo - Seleciona linhas de cima para
Teclas de atalho - Efeito baixo
Ctrl+A - Selecionar tudo Ctrl+Seta para baixo - Move o cursor para o final do
Ctrl+J - Justificar parágrafo.
Ctrl+D - Sublinhado duplo CtrlShift+Seta para baixo - Seleciona até o fim do pa-
Ctrl+E - Centralizado rágrafo. Ao repetir, estende a seleção até o fim do próximo
Ctrl+H - Localizar e substituir parágrafo
Ctrl+Shift+P - Sobrescrito Home - Vai até o início da linha
Ctrl+L - Alinhar à esquerda Home+Shift - Vai e seleciona até o início de uma linha
Ctrl+R - Alinhar à direita End - Vai até o fim da linha
Ctrl+Shift+B - Subscrito End+Shift - Vai e seleciona até o fim da linha
Ctrl+Y - Refaz a última ação Ctrl+Home - Vai para o início do documento
Ctrl+0 (zero) - Aplica o estilo de parágrafo Padrão Ctrl+Home+Shift - Vai e seleciona o texto até o início
Ctrl+1 - Aplica o estilo de parágrafo Título 1 do documento
Ctrl+2 - Aplica o estilo de parágrafo Título 2 Ctrl+End - Vai para o fim do documento
Ctrl+3 - Aplica o estilo de parágrafo Título 3 Ctrl+End+Shift - Vai e seleciona o texto até o fim do
Ctrl+4 - Aplica o estilo de parágrafo Título 4 documento

73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ctrl+PageUp - Alterna o cursor entre o texto e o ca- Cada planilha se compõe de colunas e linhas, cuja in-
beçalho tersecção delimita as células:
Ctrl+PageDown - Alterna o cursor entre o texto e o Colunas: Estão dispostas na posição vertical e são iden-
rodapé tificadas da esquerda para a direita, começando com A até
Insert - Ativa / Desativa modo de inserção Z. Depois de Z, são utilizadas 2 letras: AA até AZ, que são
PageUp - Move uma página da tela para cima seguidas por BA até BZ, e assim por diante, até a última (IV),
Shift+PageUp - Move uma página da tela para cima num total de 256 colunas.
com seleção Linhas: Estão dispostas na posição horizontal e são
PageDown - Move uma página da tela para baixo numeradas. Portanto, a intersecção entre linhas e colunas
Shift+PageDown - Move uma página da tela para bai- gera milhões de células disponíveis.
xo com seleção Cada planilha possui 1.048.576 linhas e as colunas vão
Ctrl+Del - Exclui o texto até o fim da palavra até AMJ.
Ctrl+Backspace - Exclui o texto até o início da palavra Valores: Um valor pode representar um dado numérico
Em uma lista: exclui um parágrafo vazio na frente do ou textual entrado pelo usuário ou pode ser resultado de
parágrafo atual uma fórmula ou função.
Ctrl+Del+Shift - Exclui o texto até o fim da frase Fórmulas: A fórmula é uma expressão matemática
Ctrl+Shift+Backspace - Exclui o texto até o início da dada ao computador (o usuário tem que montar a fórmula)
frase para calcular um resultado, é a parte inteligente da pla-
Ctrl+Tab - Próxima sugestão com Completar palavra nilha; sem as fórmulas a planilha seria um amontoado de
automaticamente textos e números.
Ctrl+Shift+Tab - Utiliza a sugestão anterior com Com- Funções: São fórmulas pré-definidas para pouparem
pletar palavra automaticamente tempo e trabalho na criação de uma equação.
Ctrl+Alt+Shift+V - Cola o conteúdo da área de transfe- Uma célula é identificada por uma referência que con-
rência como texto sem formatação. siste na letra da coluna a célula seguida do número da li-
Ctrl + clique duplo ou Ctrl + Shift + F10 - Utilize esta nha da célula. Por exemplo, a referência de uma célula na
combinação para encaixar ou desencaixar rapidamente a interseção da coluna A e da linha 2 é A2. Além disso, a
janela do Navegador, a janela Estilos e Formatação ou ou- referência do intervalo de células nas colunas de A a C e
tras janelas linhas 1 a 5 é A1:C5.
Endereço ou Referência: Cada planilha é formada
por linhas numeradas e por colunas ordenadas alfabetica-
BROFFICE PLANILHA (CALE): mente, que se cruzam delimitando as células. Quando se
ATALHOS E BARRA DE FERRAMENTAS; clica sobre uma delas, seleciona-se a célula.
FORMATAÇÃO DE DADOS; SELEÇÃO DE Célula: corresponde à unidade básica da planilha, ou
seja, cada retângulo da área de edição.
CÉLULAS; ATRIBUTOS DE CARACTERE.
Célula Ativa: É a célula onde os dados serão digitados,
ou seja, onde está o cursor no instante da entrada de da-
dos.
Dá-se o nome Endereço ou Referência ao conjunto das
LIBREOFFICE CALC coordenadas que uma célula ocupa em uma planilha. Por
O LibreOffice Calc é um programa de planilha que você exemplo, a intersecção entre a coluna B e a linha 3 é exclu-
pode usar para organizar e manipular dados que contêm siva da casela B3, portanto é a sua referência ou endereço.
texto, números, valores de data e tempo, e mais, por exem- A figura abaixo mostra a célula B3 ativa (ou atual, ou
plo para o orçamento doméstico. selecionada), ou seja, o cursor está na intersecção da linha
O Calc nos permite: 3 com a coluna B. (Notar que tanto a linha 3 como a coluna
• Aplicar fórmulas e funções a dados numéricos e B destacam-se em alto relevo).
efetuar cálculos
• Aplicação de uma muitas formatações, como tipo,
tamanho e coloração das fontes, impressão em colunas,
alinhamento automático etc ...,
• Utilização de figuras, gráficos e símbolos,
• Movimentação e duplicação dos dados e fórmulas
dentro das planilhas ou para outras planilhas,
• Armazenamento de textos em arquivos, o que
permite usá-los ou modificá-los no futuro.

Fundamentos da planilha
Uma planilha (“sheet”) é uma grande tabela, já prepa-
rada para efetuar cálculos, operações matemáticas, proje- A célula ativa ou célula atual é a que está clicada, ou
ções, análise de tendências, gráficos ou qualquer tipo de seja, é aquela na qual serão digitadas os dados nesse
operação que envolva números. momento.

74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Apenas uma célula pode ficar ativa de cada vez e a seleção é representada pelas bordas da célula que ficam negritadas.
Para mudar a posição da célula ativa pode-se usar o mouse ou as teclas de seta do teclado.
Observação - Você pode também incluir o nome do arquivo e o nome da folha em uma referência a uma célula ou
a um intervalo de células. Pode atribuir um nome a uma célula ou intervalo de células, para usar o nome em vez de uma
referência à coluna/número. Para obter detalhes, pesquise o termo eferências na ajuda on-line.

Layout

Barra de título
A barra de título, localizada no alto da tela, mostra o nome da planilha atual. Quando a planilha for recém criada, seu
nome é Sem título X, onde X é um número. Quando a planilha é salva pela primeira vez, você é solicitado a dar um nome
a sua escolha.

Barra de Menus
A Barra de Menus é composta por 9 menus, que são: Arquivo, Editar, Exibir, Inserir, Formatar, Tabela, Ferramentas, Ja-
nela e Ajuda. Onde encontra-se todos os comandos do Calc.
Menu Arquivo: Este menu contém os comandos para Criar uma planilha, salva-la, abrir os documentos já salvos e os
mais recentes e por fim fechar a planilha.
Menu Editar: Responsável pelos comando de copiar, mover e excluir os dados, desfazer e refazer uma ação além de
localizar e substituir dados.
Menu Exibir: Esse menu é utilizado para estruturar a área de trabalho. A partir de suas opções, podem ser exibidas ou
ocultadas as barras do LibreOffice.Calc. Ainda podem ser trabalhadas a aparência e o tamanho da tela de trabalho.
Menu Inserir: É responsável pela inserção de elementos como linhas, colunas, comentários nas células, figuras, gráficos,
fórmulas músicas, vídeos entre outros.
Menu Formatar: É responsável pela formatação de fontes e números, alinhamento dados nas células inserção de bordas
nas células e alteração de cores tanto de fonte quanto de plano de fundo.
Menu Ferramentas: Possui comandos para proteger o documento impedindo que alterações sejam feitas, personaliza
menus e as teclas de atalho, além de possuir recurso Galeria, onde podemos selecionar figuras e sons do próprio LibreOf-
fice para inserir no documento.
Menu Dados: Seleciona um intervalo e Classifica as linhas selecionadas de acordo com as condições especificas além
de outras funções.
Menu Janela: É utilizado para Abrir uma nova janela, Fecha a janela atual, Dividir a janela atual e listar todas as janelas
do documento.
Menu Ajuda: Abre a página principal da Ajuda de OpenOffice.org.br para o aplicativo atual. Você pode percorrer as
páginas da Ajuda e procurar pelos termos do índice ou outro texto.
Você pode personalizar a Barra de menu conforme as suas necessidades, para isso, vá em Ferramentas → Personalizar...
e vá na guia Menu.

Barra de ferramentas
Três barras de ferramentas estão localizadas abaixo da Barra de menus, por padrão: A Barra de ferramentas padrão, a
Barra de ferramentas de formatação, e a Barra de fórmulas.

75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na Barra de ferramentas padrão estão várias opções tais como, gráficos, impressão, ajuda, salvar, outros.
Na Barra de ferramentas de formatação existem opções para alinhamento, numeração, recuo, cor da fonte e o outros.

Barra de fórmulas

Apresentando a barra de fórmulas.


À direita da Caixa de nome estão os botões do Assistente de Funções, de Soma, e de Função.
Clicando no botão do Assistente de Funções abre-se uma caixa de diálogo onde pode-se pesquisar em uma lista de
funções disponíveis em várias categorias como data e hora, matemática, financeira, dados, texto e outras. Isso pode ser
muito útil porque também mostra como as funções são formatadas.
Clicando no botão Soma insere-se uma fórmula na célula selecionada que soma os valores numéricos das células acima
dela. Se não houver números acima da célula selecionada, a soma será feita pelos valores das células à esquerda.
Clicando no botão Função insere-se um sinal de igual (=) na célula selecionada e na Linha de Entrada de dados, ati-
vando a célula para aceitar fórmulas.
Quando você digita novos dados numa célula, os botões de Soma e de Função mudam para os botões Cancelar e
Aceitar.
O conteúdo da célula selecionada (dados, fórmula, ou função) são exibidos na Linha de Entrada de Dados, que é um
lembrete da Barra de Fórmulas. Você pode editar o seu conteúdo na própria Linha de Entrada de Dados. Para editá-la, cli-
que na Linha de Entrada de Dados e digite suas alterações. Para editar dentro da célula selecionada, clique duas vezes nela.

Células individuais
A seção principal da tela exibe as células na forma de uma tabela, onde cada célula fica na interseção de uma coluna
com uma linha. É nela que colocaremos valores, referências e formatos.
No alto de cada coluna, e à esquerda de cada linha, há uma célula cinza, contendo letras (colunas) e números (linhas).
Esses são os cabeçalhos das colunas e linhas. As colunas começam em A e seguem para a direita, e as linhas começam em
1 e seguem para baixo.
Os cabeçalhos das colunas e linhas formam a referência da célula que aparece na Caixa de Nome na Barra de Fórmulas.
Você pode desligar esses cabeçalhos em Exibir → Cabeçalhos de Linhas e Colunas.
Abas de folhas
Abaixo da tabela com as células estão as abas das folhas. Essas abas permitem que você acesse cada folha da planilha
individualmente, com a folha visível (ativa) estando na cor branca. Você pode escolher cores diferentes para cada folha.
Clicando em outra aba de folha exibe-se outra folha e sua aba fica branca. Você também pode selecionar várias folhas
de uma só vez, pressionando a tecla Ctrl ao mesmo tempo que clica nas abas.

Barra de estado
Na parte inferior da janela do Calc está a barra de estado, que mostra informações sobre a planilha e maneiras con-
venientes de alterar algumas das suas funcionalidades. A maioria dos campos é semelhante aos outros componentes do
LibreOffice.
Partes esquerda e direita da barra de estado, respectivamente:

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criando uma planilha


Para criar uma nova planilha a partir de qualquer programa do Libreoffice, escolha Arquivo - Novo – Planilha.
Movendo-se em uma folha
Você pode usar o mouse ou o teclado para mover-se em uma folha do Calc ou para selecionar itens na folha. Se sele-
cionou um intervalo de células, o cursor permanece no intervalo ao mover o cursor.
- Para mover-se em uma folha com o mouse
Etapa
Use a barra de rolagem horizontal ou vertical para mover para os lados ou para cima e para baixo em uma folha.
• Clique na seta na barra de rolagem horizontal ou vertical.
• Clique no espaço vazio na barra de rolagem.
• Arraste a barra na barra de rolagem.
Dica – Para mover o cursor para uma célula específica, clique na célula.

- Para mover-se em uma folha com o teclado


Etapa
Use as seguintes teclas e combinações de teclas para mover-se em uma folha:
• Para mover uma célula para baixo em uma coluna, pressione a tecla de seta para baixo ou Enter.
• Para mover uma célula para cima em uma coluna, pressione a tecla de seta para cima.
• Para mover uma célula para a direita, pressione a tecla de seta para a direita ou Tab.
• Para mover uma célula para a esquerda, pressione a tecla de seta para a esquerda.
Dica – Para mover para a última célula que contém dados em uma coluna ou linha, mantenha pressionada a tecla Ctrl
enquanto pressiona uma tecla de direção.

Selecionando células em uma folha


Você pode usar o mouse ou o teclado para selecionar células em uma folha do Calc.
• Para selecionar um intervalo de células com o mouse, clique em uma célula e arraste o mouse para outra célula.
• Para selecionar um intervalo de células com o teclado, certifique-se de que o cursor esteja em uma célula, mantenha
pressionada a tecla Shift e pressione uma tecla de direção.

Digitando ou colando dados


A maneira mais simples de adicionar dados a uma folha é digitar, ou copiar e colar dados de outra folha do Calc ou de
outro programa.

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Para digitar ou colar dados em uma planilha 1. Clique em uma célula ou selecione um intervalo de
Etapas células.
1. Clique na célula à qual deseja adicionar dados. Dica – Para selecionar um intervalo de células, clique
2. Digite os dados. em uma célula. Em seguida arraste o mouse até cobrir o
Se desejar colar dados da área de transferência na cé- intervalo que deseja selecionar.
lula, escolha Editar - Colar. Para selecionar uma linha ou coluna inteira, clique no
3. Pressione Enter. rótulo da linha ou coluna.
Você pode também pressionar uma tecla de direção 2. Para editar o conteúdo de uma única célula, clique
para inserir os dados e mover a próxima célula na direção duas vezes na célula, faça as alterações necessárias e pres-
da seta. sione Return.
Dica – Para digitar texto em mais de uma linha em uma Observação – Pode também clicar na célula, digitar as
célula, pressione Ctrl+Return no fim de cada linha e, quan- alterações na caixa de Linha de entrada da barra Fórmula e
do concluir, pressione Return. clicar no ícone verde da marca de seleção.
- Para inserir rapidamente datas e números consecu- No entanto, não pode inserir quebras de linha na caixa
tivos de Linha de entrada.
O Calc oferece um recurso de preenchimento para 3. Para excluir o conteúdo da célula ou do intervalo de
você inserir rapidamente uma série sucessiva de dados, células, pressione a tecla Backspace ou Delete.
como datas, dias, meses e números. O conteúdo de cada a. Na caixa de diálogo Excluir conteúdo, selecione as
célula sucessiva na série é incrementado por um. 1 é incre- opções que deseja.
mentado para 2, segunda-feira é incrementada para tercei- b. Clique em OK.
ra-feira, e assim por diante.
Etapas Formatando planilhas
1. Clique em uma célula e digite o primeiro item da O Calc permite-lhe formatar a folha manualmente ou
série, por exemplo, segunda-feira. Pressione Return. ao usar estilos. A diferença principal é que a formatação
2. Clique na célula novamente para ver a alça de preen- manual aplica-se apenas às células selecionadas. A forma-
chimento — a caixa preta pequena no canto direito inferior tação de estilo aplica-se toda vez que o estilo é usado no
da célula. documento de planilha.
3. Arraste a alça de preenchimento até realçar o inter-
valo de células no qual deseja inserir a série. Usando AutoFormatação
4. Solte o botão do mouse. A maneira mais fácil de formatar um intervalo de célu-
las é usar o recurso AutoFormatação do Calc.
Os itens consecutivos na série são adicionados auto-
maticamente às células realçadas.

- Para aplicar formatação automática a um intervalo de


células
Etapas
Dica – Para copiar sem alterar os valores em uma série, 1. Selecione o intervalo de células que deseja formatar.
pressione a tecla Ctrl enquanto arrasta. Selecione ao menos um intervalo de células 3 x 3.
2. Escolha Formatar - AutoFormatar.
Editando e excluindo o conteúdo de células Abre-se a caixa de diálogo AutoFormatação.
Você pode editar o conteúdo de uma célula ou interva- 3. Na lista de formatos, clique no formato que deseja
lo de células em uma folha. usar e clique em OK.
- Para editar o conteúdo de células em uma folha
Etapas

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatando células manualmente


Para aplicar formatação simples ao conteúdo de uma célula, como alterar o tamanho do texto, use os ícones na barra
Formatar objeto.
- Para formatar células com a barra Formatar objeto
A barra Formatar objetos permite-lhe aplicar formatos rapidamente a células individuais ou intervalos de células.
Etapas
1. Selecione a célula ou o intervalo de células que deseja formatar.
2. Na barra Formatar objeto, clique no ícone que corresponde à formatação que deseja aplicar.
Observação – Pode também selecionar uma opção das caixas Nome da fonte ou Tamanho da fonte.

- Para aplicar formatação manual com a caixa de diálogo Formatar células


Se precisar de mais opções de formatação do que a barra Objeto fornece, use a caixa de diálogo Formatar células.

Etapas
1. Selecione a célula ou o intervalo de células que deseja formatar e escolha Formatar - Células.
Abre-se a caixa de diálogo Formatar células.
2. Clique em uma das guias e escolha as opções de formatação.

Guia Números
Altera a formatação de números nas células, como a alteração do número de casas decimais exibidas

Guia Fonte
Altera a fonte, o tamanho da fonte e o tipo de letra usado na célula

Guia Efeitos de fonte


Altera a cor da fonte e os efeitos de sublinhado, tachado ou alto-relevo do texto

Guia Alinhamento
Altera o alinhamento do texto e a orientação do texto no interior das células

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Guia Bordas Usando fórmulas e funções


Altera as opções de bordas das células
Você pode inserir fórmulas em uma planilha para efe-
Guia Plano de fundo tuar cálculos.
Altera o preenchimento do plano de fundo das células
Se a fórmula contiver referências a células, o resultado
Guia Proteção de célula será atualizado automaticamente toda vez que você alterar
Protege o conteúdo das células no interior de folhas o conteúdo das células. Você pode também usar uma das
protegidas. várias fórmulas ou funções pré-definidas que o Calc ofere-
ce para efetuar cálculos.
3. Clique em OK.

Formatando células e folhas com estilos Criando fórmulas


No Calc, a formatação padrão de células e folhas fa-
z-se com estilos. Um estilo é um conjunto de opções de Uma fórmula começa com um sinal de igual (=) e pode
formatação que define o aspecto do conteúdo da célula, conter valores, referências a células, operadores, funções e
assim como o layout de uma folha. Quando você altera a constantes.
formatação de um estilo, as alterações são aplicadas toda
vez que o estilo é usado na planilha. - Para criar uma fórmula

Etapas

1. Clique na célula à qual deseja exibir o resultado da


fórmula.

2. Digite = e, a seguir, digite a fórmula.


Por exemplo, se desejar adicionar o conteúdo da célu-
la A1 ao conteúdo da célula A2, digite =A1+A2 em outra
célula.

3. Pressione Return.

- Para aplicar formatação com a janela Estilos e forma-


tação
Etapas
1. Escolha Formatar - Estilos e formatação.
2. Para alterar a formatação de células, clique em uma
célula ou selecione um intervalo de células.
a. Clique no ícone Estilos de célula na parte superior da
janela Estilos e formatação.
b. Clique duas vezes em um estilo na lista.
3. Para alterar o layout de uma folha, clique em qual-
quer lugar na folha.
a. Clique no ícone Estilos de página na parte superior
da janela Estilos e formatação.
b. Clique duas vezes em um estilo na lista.

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usando operadores
Você pode usar os seguintes operadores nas fórmulas:

Exemplo de Fórmulas do Calc

=A1+15
Exibe o resultado de adicionar 15 ao conteúdo da células A1
=A1*20%
Exibe 20 por cento do conteúdo da célula A1
=A1*A2
Exibe o resultado da multiplicação do conteúdo das células A1 e A2

Usando parênteses

O Calc segue a ordem de operações ao calcular uma fórmula. Multiplicação e divisão são feitas antes de adição e sub-
tração, independentemente de onde esses operadores aparecem na fórmula. Por exemplo, para a fórmula =2+5+5*2, o
Calc retorna o valor de 17 e não de 24.

Editando uma fórmula


Uma célula que contém uma fórmula exibe apenas o resultado da fórmula. A fórmula é exibida na caixa de Linha de
entrada.

- Para editar uma fórmula


Etapas
1. Clique em uma célula que contém uma fórmula.
A fórmula é exibida na caixa de Linha de entrada da barra Fórmula.

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

* Você também pode editar uma célula pressionado F2 ou dando um clique duplo na célula
2. Clique na caixa de Linha de entrada e efetue as alterações.
Para excluir parte da fórmula, pressione a tecla Delete ou Backspace.
3. Pressione Return ou clique no ícone na barra Fórmula para confirmar as alterações.
Para rejeitar as alterações feitas, pressione Esc ou clique no ícone na barra Fórmula.

Usando funções
O Calc é fornecido com várias fórmulas e funções predefinidas. Por exemplo, em vez de digitar =A2+A3+A4+A5, você
pode digitar =SUM(A2:A5) .

- Para usar uma função


Etapas
1. Clique na célula à qual deseja adicionar uma função.
2. Escolha Inserir – Função.
Abre-se a caixa de diálogo Assistente de função.
3. Na caixa Categoria, selecione a categoria que contém o tipo de função que você deseja usar.
4. Na lista Funções, clique na função que deseja usar.
5. Clique em Próximo.
6. Insira os valores necessários ou clique nas células que contêm os valores que você deseja.
7. Clique em OK.

Usando gráficos
Gráficos podem ajudar a visualizar padrões e tendências nos dados numéricos.
O LibreOffice fornece vários estilos de gráfico que você pode usar para representar os números.
Observação – Gráficos não se restringem a planilhas. Você pode também inserir um gráfico ao escolher Inserir - Objeto
- Gráfico nos outros programas do LibreOffice.

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Para criar um gráfico


Etapas
1. Selecione as células, inclusive os títulos, que contêm dados para o gráfico.
2. Escolha Inserir – Gráfico.
Abre-se a caixa de diálogo Assistente de Graficos. O intervalo de célula selecionado é exibido na caixa Intervalo.
Observação – Se desejar especificar um intervalo de célula diferente para os dados, clique no botão Encolher ao lado
da caixa de texto Intervalo e selecione as células. Clique no botão Encolher novamente quando concluir.
3. Clique em Próximo.
4. Na caixa Escolher tipo de gráfico, clique no tipo de gráfico que deseja criar.
5. Clique em Próximo.
6. Na caixa Escolher variante, clique na variante que deseja usar.
7. Clique em Próximo.
8. Na caixa Título do gráfico, digite o nome do gráfico.
9. Clique em Concluir.

Editando gráficos
Depois de criar um gráfico, poderá voltar e alterar, mover, redimensionar ou excluir o gráfico.
- Para redimensionar, mover ou excluir um gráfico
Etapa
Clique no gráfico e siga um destes procedimentos:
• Para redimensionar o gráfico, mova o ponteiro do mouse sobre uma das alças, pressione o botão do mouse e arraste
o mouse.

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Calc exibe uma linha pontilhada do novo tamanho do gráfico enquanto você arrasta.
• Para mover o gráfico, mova o ponteiro do mouse para dentro do gráfico, pressione o botão do mouse e arraste o
mouse para um novo lugar.
• Para excluir o gráfico, pressione a tecla Delete.

- Para alterar a aparência de um gráfico


Você pode usar os ícones na barra de ferramentas Padrão do gráfico para alterar a aparência do gráfico.
Etapas
1. Clique duas vezes em um gráfico para exibir a barra de ferramentas Padrão do gráfico.
A barra de ferramentas aparece ao lado da barra padrão do Calc ou Writer.

2. Use os ícones na barra de ferramentas para alterar as propriedades do gráfico.


3. Para modificar outras opções do gráfico você pode dar um clique duplo sobre o respectivo elemento ou acessar as
opções através do menu Inserir e Formatar.

Navegando dentro das planilhas


O Calc oferece várias maneiras para navegar dentro de uma planilha de uma célula para outra, e de uma folha para
outra. Você pode utilizar a maneira que preferir.
Indo para uma célula específica
Utilizando o mouse: posicione o ponteiro do mouse sobre a célula e clique.
Utilizando uma referência de célula: clique no pequeno triângulo preto invertido na Caixa de nome. A referência da
célula selecionada ficará destacada. Digite a referência da célula que desejar e pressione a tecla Enter. Ou, clique na Caixa de
nome, pressione a tecla backspace para apagar a referência da célula selecionada. Digite a referência de célula que desejar
e pressione Enter.
Utilizando o Navegador: para abrir o Navegador, clique nesse ícone na Barra de ferramentas padrão, ou pressione
a tecla F5, ou clique em Exibir → Navegador na Barra de menu, ou clique duas vezes no Número Sequencial das Folhas
na Barra de estado. Digite a referência da célula nos dois campos na parte superior, identificados como Coluna e Linha, e
pressione Enter.
Você pode embutir o Navegador em qualquer lado da janela principal do Calc, ou deixá-lo flutuando. (Para embutir ou
fazer flutuar o navegador, pressione e segure a tecla Ctrl e clique duas vezes em uma área vazia perto dos ícones dentro
da caixa de diálogo do Navegador.)

Figura 5: Apresentando o navegador.

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Navegador exibe listas de todos os objetos em um


documento, agrupados em categorias. Se um indicador (si-
nal de mais (+) ou seta) aparece próximo a uma categoria,
pelo menos um objeto daquele tipo existe. Para abrir uma
categoria e visualizar a lista de itens, clique no indicador.
Para esconder a lista de categorias e exibir apenas os
ícones, clique no ícone de Conteúdo. Clique neste íco-
ne de novo para exibir a lista.

Movendo-se de uma célula para outra


Em uma planilha, normalmente, uma célula possui uma
borda preta. Essa borda preta indica onde o foco está. Se
um grupo de células estiver selecionado, elas são desta-
cadas com a cor azul, enquanto a célula que possui o foco
terá uma borda preta.
Utilizando o mouse: para mover o foco utilizando o
mouse, simplesmente coloque o ponteiro dele sobre a cé-
lula que deseja e clique com o botão esquerdo. Isso muda
o foco para a nova célula. Esse método é mais útil quando
duas células estão distantes uma da outra.

Utilizando as teclas de Tabulação e Enter


Pressionando Enter ou Shift+Enter move-se o foco
para baixo ou para cima, respectivamente.
Pressionando Tab ou Shift+Tab move-se o foco para a Trabalhando com colunas e linhas
esquerda ou para a direita, respectivamente.
Utilizando as teclas de seta Inserindo colunas e linhas
Pressionando as teclas de seta do teclado move-se o Você pode inserir colunas e linhas individualmente ou
foco na direção das teclas. em grupos.
Utilizando as teclas Home, End, Page Up e Page Down Coluna ou linha única
A tecla Home move o foco para o início de uma linha. Utilizando o menu Inserir:
A tecla End move o foco para a ultima célula à direita Selecione a célula, coluna ou linha onde você quer in-
que contenha dados. serir a nova coluna ou linha.
Clique em Inserir → Colunas ou Inserir → Linhas.
A tecla Page Down move uma tela completa para baixo Utilizando o mouse:
e a tecla Page Up move uma tela completa para cima. Selecione a célula, coluna ou linha onde você quer in-
serir a nova coluna ou linha.
Combinações da tecla Ctrl e da tecla Alt com as teclas Clique com o botão direito do mouse no cabeçalho da
Home, End, Page Down, Page Up, e as teclas de seta mo- coluna ou da linha.
vem o foco da célula selecionada de outras maneiras.
Clique em Inserir Linhas ou Inserir Colunas.

Localização e substituição de dados Múltiplas colunas ou linhas


Você pode inserir várias colunas ou linhas de uma só
Este recurso é muito útil quando há a necessidade de vez, ao invés de inseri-las uma por uma.
serem localizados e substituídos dados em planilhas. Selecione o número de colunas ou de linhas pressio-
Para localizar e substituir escolha o menu Editar→Loca- nando e segurando o botão esquerdo do mouse na primei-
lizar e substituir ou pressione Ctrl + H; Você pode somente ra e arraste o número necessário de identificadores.
localizar, ou localizar e substituir; Proceda da mesma forma, como fosse inserir uma úni-
ca linha ou coluna, descrito acima.

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Inserindo novas folhas


Há várias maneiras de inserir uma folha. A mais rápida,
é clicar com o botão Adicionar folha. Isso insere uma nova
folha naquele ponto, sem abrir a caixa de diálogo de Inserir
planilha. Utilize um dos outros métodos para inserir mais
de uma planilha, para renomeá-las de uma só vez, ou para
inserir a folha em outro lugar da sequência. O primeiro
passo para esses métodos é selecionar a folha, próxima da
qual, a nova folha será inserida. Depois, utilize as seguintes
opções.
Clique em Inserir → Planilha na Barra de menu.
Clique com o botão direito do mouse e escolha a op-
ção Inserir Planilha no menu de contexto.
Clique em um espaço vazio no final da fila de abas de
folhas.

Inserindo 3 linhas abaixo da linha 1.


Apagando colunas e linhas
Colunas e linhas podem ser apagadas individualmente
ou em grupos.
Coluna ou linha única
Uma única coluna ou linha pode ser apagada utilizan-
do-se o mouse:
Selecione a coluna ou linha a ser apagada. Criando uma nova planilha.
Clique com o botão direito do mouse no identificador Veja na imagem a seguir, a caixa de diálogo Inserir
da coluna ou linha. Planilha. Nela você pode escolher se as novas folhas serão
Selecione Excluir Colunas ou Excluir Linhas no menu inseridas antes ou depois da folha selecionada, e quantas
de contexto. folhas quer inserir. Se você for inserir apenas uma folha,
existe a opção de dar-lhe um nome.
Múltiplas colunas e linhas
Você pode apagar várias colunas ou linhas de uma vez
ao invés de apagá-las uma por uma.
Selecione as colunas que deseja apagar, pressionando
o botão esquerdo do mouse na primeira e arraste o núme-
ro necessário de identificadores.
Proceda como fosse apagar uma única coluna ou linha acima.

Apagando folhas
As folhas podem ser apagadas individualmente ou em
grupos.
Folha única: clique com o botão direito na aba da folha
Excluir 3 linhas abaixo da linha 1. que quer apagar e clique em Excluir Planilha no menu de
contexto, ou clique em Editar → Planilha → Excluir na barra
Trabalhando com folhas de menu.
Como qualquer outro elemento do Calc, as folhas po- Múltiplas folhas: selecione-as como descrito anterior-
dem ser inseridas, apagadas ou renomeadas. mente, e clique com o botão direito do mouse sobre uma

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

das abas e escolha a opção Excluir Planilha no menu de Dividir células


contexto, ou clique em Editar → Planilha → Excluir na barra
de menu. Posicione o cursor na célula a ser dividida.
Escolha Formatar - Mesclar células - Dividir células.
Renomeando folhas Botão direito do mouse/dividir células.
O nome padrão para uma folha nova é PlanilhaX, onde
X é um número. Apesar disso funcionar para pequenas
planilhas com poucas folhas, pode tornar-se complicado
quando temos muitas folhas.
Para colocar um nome mais conveniente a uma folha,
você pode:
• Digitar o nome na caixa Nome, quando você criar a
folha, ou
• Clicar com o botão direito do mouse e escolher a
opção Renomear Planilha no menu de contexto e trocar o
nome atual por um de sua escolha.
• Clicar duas vezes na aba da folha para abrir a caixa de
diálogo Renomear Planilha.

Mesclando várias células


Um recurso útil do Calc é a possibilidade de mesclar
várias células contíguas para formar um título de uma fo-
lha de planilha, por exemplo. Para isso selecione as células
contíguas a serem mescladas e vá em Formatar → Mesclar
células → Mesclar ou Formatar → Mesclar células → Mes-
clar e centralizar células, para centralizar e mesclar ou ainda
botão diretito do mouse/mesclar células.

Inserir uma anotação (comentário)


As células podem conter observações de outros usuá-
rios ou lembretes que ficam ocultos, isto é, não são im-
pressos. Uma célula contendo uma anotação apresenta um
pequeno triângulo vermelho no canto superior direito.
Para inserir uma anotação clique com o botão direito
do mouse na célula que conterá a anotação e selecione a
opção Inserir anotação ou pressione Ctrl + Alt + C. Em se-
guida digite o texto e clique fora da caixa de texto quando
tiver terminado.
Para visualizar a anotação, basta posicionar o ponteiro
do mouse em cima do triângulo vermelho. Você pode ain-
da clicar com o botão direito sobre a célula que possui a
anotação e clicar em Mostrar anotação para deixá-la sem-
pre a amostra ou clicar em Excluir anotação para excluí-la.

Formatando várias linhas de texto


Múltiplas linhas de texto podem ser inseridas em uma
única célula utilizando a quebra automática de texto, ou
Ferramenta pincel de estilo quebras manuais de linha. Cada um desses métodos é útil
em diferentes situações.
Serve para copiar a formatação para outras células da
mesma planilha ou para outras planilhas. Utilizando a quebra automática de texto
Para configurar a quebra automática no final da célula,
Para copiar o estilo de uma célula clique uma ou duas clique com o botão direito nela e selecione a opção Forma-
vezes no ícone . E clique na célula a ser formatada em tar Células (ou clique em Formatar → Células na barra de
seguida. menu, ou pressione Ctrl+1). Na aba Alinhamento embaixo
de Propriedades, selecione Quebra automática de texto e
clique em OK. O resultado é mostrado na figura abaixo.

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Utilizando quebras manuais de linha


Para inserir uma quebra manual de linha enquanto digita dentro de uma célula, pressione Ctrl+Enter. Quando for editar
o texto, primeiro clique duas vezes na célula, depois um clique na posição onde você quer quebrar a linha. Quando uma
quebra manual de linha é inserida, a largura da célula não é alterada.
Encolhendo o texto para caber na célula
O tamanho da fonte pode ser ajustado automaticamente para caber na célula. Para isso, clique com o botão direito na
célula a ser formatada e clique em Formatar Células → na aba Alinhamento marque o campo Reduzir para caber na célula.
Formatando a largura ideal da coluna para exibir todo o conteúdo da célula
A largura da coluna pode ser ajustada automaticamente para que consigamos visualizar todo o conteúdo da célula.
Para isso, clique com o botão direito na coluna a ser formatada e clique em Largura ideal da coluna e aceite clicando em OK.

Largura ideal de coluna.

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resultado da figura anterior.


Congelando linhas e colunas
O congelamento trava um certo número de linhas no alto, ou de colunas à esquerda de uma planilha, ou ambos. Assim,
quando se mover pela planilha, qualquer linha ou coluna congelada permanecerá à vista.
A Figura abaixo mostra algumas linhas e colunas congeladas. A linha horizontal mais forte entre as linhas 1 e 3 e entre
as colunas A e E, denotam áreas congeladas. As linhas de 4 a 6 foram roladas para fora da página. As três primeiras linhas
e colunas permaneceram porque estão congeladas.

Congelando células.
Congelando uma única coluna ou linha
Clique no cabeçalho da linha abaixo, ou da coluna à esquerda da qual quer congelar.
Clique em Janela → Congelar.
Uma linha escura aparece, indicando onde o ponto de congelamento foi colocado.
Congelando uma coluna ou linha
Clique em uma célula que esteja imediatamente abaixo da linha, ou na coluna imediatamente à direita da coluna que
quer congelar.
Clique em Janela → Congelar.
Duas linhas aparecem na tela, uma horizontal sobre essa célula e outra vertical à esquerda dela. Agora, quando você
rolar a tela, tudo o que estiver acima, ou à esquerda dessas linhas, permanecerá à vista.
Descongelando
Para descongelar as linhas ou colunas, clique em Janela → Congelar. A marca de verificação da opção Congelar desa-
parecerá.

Dividindo a tela
Outra maneira de alterar a visualização é dividir a janela, ou dividir a tela. A tela pode ser dividida, tanto na horizontal,
quanto na vertical, ou nas duas direções. É possível, além disso, ter até quatro porções da tela da planilha à vista, ao mesmo
tempo.
Por que fazer isso? Imagine que você tenha uma planilha grande, e uma das células tem um número que é utilizado em
outras células. Utilizando a técnica de divisão da tela, você pode alterar o valor da célula que contém o número e verificar
nas outras células as alterações sem perder tempo rolando a barra.

Dividindo células.

Dividindo a tela horizontalmente


Mova o ponteiro do mouse para dentro da barra de rolagem vertical, na lateral direita da tela, e posicione-o sobre o
pequeno botão no alto com um triângulo preto. Imediatamente acima deste botão aparecerá uma linha grossa preta.

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Barra de divisão de tela na barra de rolagem vertical.


Mova o ponteiro do mouse sobre essa linha, e se transformará em uma linha com duas.
Pressione e segure o botão esquerdo do mouse. Uma linha cinza aparece cruzando a página na horizontal. Arraste o
mouse para baixo, e essa linha seguirá o movimento.
Solte o botão do mouse e a tela será dividida em duas partes, cada uma com sua própria barra de rolagem vertical. Você
pode rolar as partes inferior e superior independentemente.

Dividindo a tela verticalmente


Mova o ponteiro do mouse para dentro da barra de rolagem horizontal, na parte de baixo da tela, e posicione-o sobre
o pequeno botão à direita, com um triângulo preto. Imediatamente, à direita desse botão aparece uma linha preta grossa.

Barra de divisão de tela na barra de rolagem horizontal.


Mova o ponteiro do mouse sobre essa linha, e se transformará em uma linha com duas setas.
Pressione e segure o botão esquerdo do mouse, e uma linha cinza aparece cruzando a página na vertical. Arraste o
mouse para a esquerda, e essa linha seguirá o movimento.
Solte o botão do mouse e a tela será dividida em duas partes, cada uma com sua barra de rolagem horizontal. Você
pode rolar as partes direita e esquerda independentemente.

Removendo as divisões
Para remover as divisões, siga uma das seguintes instruções:
Clique duas vezes na linha divisória.
Clique na linha divisória e arraste-a de volta ao seu lugar no final das barras de rolagem.
Clique em Janela → Dividir para remover todas as linhas divisórias de uma só vez.

Sintaxe Universal de uma Planilha


Observe a seguinte fórmula para efeito de exemplos de sintaxe:
=B2*(SE(SOMA(C2:C6)>=3;$H$1;SOMA(A3^A5)*5));
repare que há parenteses, sinais de Operadores de Comparação (>, = <, etc.), além de ponto e vírgula e dois pontos.
Mesmo sendo possível o uso de fórmulas sofisticadas em planilhas, virtualmente qualquer tipo de planilha pode ser imple-
mentada utilizando-se das quatro operações básicas, por exemplo, seu orçamento mensal (receitas x despesas). As quatro
operações básicas são:
Somar ( + ), Subtrair ( - ); Multiplicar ( * ), Dividir ( / ).
Índice de Referenciação Absoluto ( $ )
Para exponenciação utiliza-se o circunflexo (^).
As tabelas abaixo representam de forma sucinta, a função de cada letra / símbolo / instrução para uma compreensão
básica do significado destes.

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Operadores Aritméticos

Operadores de Comparação

Comandos / Instruções

Comportamento das teclas Convencionais / Especiais


As teclas TAB, Enter e Setas de Cursor, quando utilizadas em edição de dados, apresentam comportamento um pouco
diferente do convencional. TAB, por exemplo, confirma a edição atual e avança lateralmente para a próxima célula. Neste
caso, pode-se pensar na próxima célula como o próximo campo, que e o comportamento natural de TAB, além da possibi-
lidade de utilizá-la como tabuladora, claro.
Vemos abaixo uma pequena compilação do comportamento destas teclas:

91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Imprimindo
Imprimir no Calc é bem parecido com imprimir nos outros componentes do LibreOffice, mas alguns detalhes são dife-
rentes, especialmente quanto a preparação do documento para a impressão.
Utilizando intervalos de impressão
Intervalos de impressão possuem várias utilidades, incluindo imprimir apenas uma parte específica dos dados, ou im-
primir linhas ou colunas selecionadas de cada página.

Definindo um intervalo de impressão


Para definir um intervalo de impressão, ou alterar um intervalo de impressão existente:
Selecione o conjunto de células que correspondam ao intervalo de impressão.
Clique em Formatar → Intervalo de impressão → Definir.
As linhas de quebra de página são exibidas na tela.
Você pode verificar o intervalo de impressão utilizando Arquivo → Visualizar página. O LibreOffice exibirá apenas as
células no intervalo de impressão.

Aumentando o intervalo de impressão


Depois de definir um intervalo de impressão, é possível incluir mais células a ele. Isso permite a impressão de múltiplas
áreas separadas na mesma folha da planilha. Depois de definir um intervalo de impressão:
Selecione um conjunto de células a ser incluído ao intervalo de impressão.
Clique em Formatar → Intervalo de impressão → Adicionar. Isso adicionará as células extras ao intervalo de impressão.
As linhas de quebra de página não serão mais exibidas na tela.
O intervalo de impressão será impresso em uma página separada, mesmo que ambos os intervalos estejam na mesma
folha.

Removendo um intervalo de impressão


Pode ser necessário remover um intervalo de impressão definido anteriormente, por exemplo, se for necessário impri-
mir a página inteira mais tarde.
Clique em Formatar → Intervalo de impressão → Remover. Isso removera todos os intervalos de impressão definidos na
folha. Feito isso, as quebras de página padrão aparecerão na tela.

Editando um intervalo de impressão


A qualquer tempo, é possível editar diretamente um intervalo de impressão, por exemplo, removê-lo ou redimensionar
parte dele. Clique em Formatar → Intervalo de impressão → Editar.
Selecionando a ordem das páginas, detalhes e a escala
Para selecionar a ordem das páginas, detalhes e a escala da impressão:

92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique em Formatar → Pagina no menu principal Objetos e imagens


Selecione a aba Planilha Gráficos
Faça as seleções necessárias e clique em OK. Objetos de desenho
Fórmulas—imprime as fórmulas contidas nas células,
ao invés dos resultados
Valores zero—imprime as células com valor zero
Lembre-se que, uma vez que as opções de impressão
dos detalhes são partes das propriedades da página, elas
também serão parte das propriedades do estilo da página.
Portanto, diferentes estilos de páginas podem ser configu-
rados para alterar as propriedades das folhas na planilha.

Escala
Utilize as opções de escala para controlar o número
de páginas que serão impressas. Isso pode ser útil se uma
grande quantidade de dados precisa ser impressa de ma-
neira compacta, ou se você desejar que o texto seja au-
mentado para facilitar a leitura.
Reduzir/Aumentar a impressão—redimensiona os da-
dos na impressão tanto para mais, quanto para menos. Por
exemplo, se uma folha for impressa, normalmente em qua-
tro páginas (duas de altura e duas de largura), um redimen-
sionamento de 50% imprime-a em uma só página (tanto a
altura, quanto a largura, são divididas na metade).
Selecionando a ordem das páginas Ajustar intervalo(s) de impressão ao número de pá-
ginas—define, exatamente, quantas páginas, a impressão
Ordem das páginas terá. Essa opção apenas reduzirá o tamanho da impressão,
Quando uma folha será impressa em mais de uma pá- mas não o aumentará. Para aumentar uma impressão, a
gina, é possível ajustar a ordem na qual as páginas serão opção Reduzir/Aumentar deve ser utilizada.
impressas. Isso é especialmente útil em documentos gran- Ajustar intervalo(s) de impressão para a largura/altu-
des; por exemplo, controlar a ordem de impressão pode ra—define o tamanho da altura e da largura da impres-
economizar tempo de organizar o documento de uma ma- são, em páginas.
neira determinada. As duas opções disponíveis são mos-
tradas abaixo. Imprimindo linhas ou colunas em todas as páginas
Se uma folha for impressa em várias páginas é possível
configurá-la para que certas linhas ou colunas sejam repe-
tidas em cada página impressa. Por exemplo, se as duas li-
nhas superiores de uma folha, assim como a coluna A, pre-
cisam ser impressas em todas as páginas, faça o seguinte:

Clique em Formatar → Intervalo de impressão → Editar.


Na caixa de diálogo Editar Intervalo de Impressão, digite as
linhas na caixa de texto abaixo de Linhas a serem repetidas.
Por exemplo, para repetir as linhas de 1 a 4, digite $1:$4.
Isso altera automaticamente as Linhas a serem repetidas
de, - nenhum - para – definido pelo usuário-.

Ordem das páginas 2

Detalhes
Você pode especificar os detalhes que serão impressos.
Os detalhes incluem:
Cabeçalhos das linhas e colunas
Grade da folha—imprime as bordas das células como
uma grade
Comentários—imprime os comentários definidos na
sua planilha, em uma página separada, junto com a refe-
rência de célula correspondente

93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Imprimindo linhas ou colunas


Para repetir, digite as colunas na caixa de texto abaixo de Colunas a serem repetidas. Por exemplo, para repetir a coluna
A, digite $A. Na lista de Colunas a serem repetidas, a palavra - nenhum - muda para - definido pelo usuário-.
Clique em OK.
Não é necessário selecionar todo o intervalo de linhas a serem repetidas; selecionar uma célula de cada linha também
funciona.

Assistente de Funções
Na criação de fórmulas podemos contar com o recurso de assistente de funções, situado na barra de fórmulas do Calc,
onde encontramos todas as funções disponíveis do programa e selecionamos as células que pertencerá determinada fun-
ção selecionada. Para acionar o assistente de funções execute os seguintes procedimentos:

Primeiramente deve-se selecione a célula a qual deverá conter a fórmula matemática e que posteriormente exibirá o
seu resultado, por exemplo, neste caso selecionaremos a célula F5.

Clique sobre o assistente de funções situado na barra de fórmulas. Veja a figura abaixo.

Em seguida surgira a guia Assistente de funções nesta guia encontra-se todas a fórmulas matemáticas disponíveis do
LibreOffice.org Calc. Para nosso exemplo criaremos uma função de multiplicação, para isso clique na aba Funções e sele-
cione MULT para a multiplicação e clique em Próximo. Veja na figura a seguir.

94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Assistente de Funções 2
Selecione as células farão parte da multiplicação, neste caso as células D5 e E5. Para selecionar a célula volte para a
planilha, se preferir clique em cima da opção Encolher figura 34, para diminuir o tamanho da caixa e em seguida selecione
a célula de D5 e depois clique no campo abaixo, ou então apenas digite o endereço da célula correspondente e clique em
OK e coloque o valor em formato Moeda.

Opção Encolher.
Repita esse procedimento com as células D6 e E6, D7 e E7, D8 e E8. Ao final a tabela estará conforme a figura abaixo.

Figura 35: Exemplo de tabela Controle de Estoque 3


Fórmulas mais utilizadas do Assistente de Fórmulas:

95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Existem vários tipos de funções, que vão desde as mais


Nome da fórmula Operação Aritmética
simples até mais complexas. Iremos mostrar as mais co-
SOMA Adição e Subtração muns. Basicamente, todas elas oferecem o mesmo “molde”:
= Nome da Função (primeira célula a ser calculada: úl-
MULT Multiplicação tima célula a ser calculada ) Veja a figura a seguir e depois
explicaremos o que está sendo feito:
QUOCIENTE Divisão

POTÊNCIA Potenciação

RAIZ Raiz Quadrada

Retorna a Média de uma


MÉDIA
sequência de valores

Fórmulas mais utilizadas do Assistente de Fórmulas


Obs: a fórmula Quociente retorna apenas a parte in-
teira de uma divisão, ou seja o resultado de 9 dividido por
2 segundo essa função é 4 e não 4,5. Neste caso é reco-
mendado fazer a função usando os operadores aritméticos
conforme o exemplo abaixo. Tabela de Preços 1
Primeiro foi digitado =soma(), depois foi pressionado e
Nome da fórmula Operação Aritmética arrastado sobre as células que farão parte da soma (B3:B7).
Não há a necessidade de fechar o parêntese, pois o Calc
Adição = D5+E 5 fará automaticamente este procedimento, mas é aconse-
lhável que você sempre faça isto, pois haverá funções que
Subtração = D5-E 5 se não fechar dará erro.
Após selecionar as células, basta pressionar a tecla En-
Multiplicação = D5*E 5
ter.
Divisão = D5/E 5 Agora vá para a célula D3. Digite =B3*C3. Pressione
a tecla Enter, que no caso você já sabe que irá calcular as
Potenciação = D5^E 5 células.
Selecione novamente a célula e observe que no can-
Não há simbolo que represente essa to inferior esquerdo da célula há um pequeno quadrado
Raiz Quadrada operação aritmética usamos =RAIZ( o preto. Este é a Alça de Preenchimento. Coloque o cursor
endereço da célula desejada) sobre o mesmo, o cursor irá mudar para uma pequena cruz.
Pressione e arraste para baixo até a célula D7. Veja a figura
mais adiante.
Fórmulas mais utilizadas da forma livre Para checar se as fórmulas calcularam corretamente,
basta selecionar uma célula que contenha o resultado e
Funções pressionar a tecla F2. Isto é bastante útil quando se quer
As funções agregam muitos recursos ao software de conhecer as células que originaram o resultado.
planilhas. Um software como o LibreOffice – Calc contém Funções II
muitas funções nativas e o usuário é livre para implementar Vamos ver agora mais funções, bastando usar o molde
as suas próprias funções, há de se imaginar como sendo abaixo e não esquecendo de colocar os acentos nos nomes
quase ilimitado o poder do usuário em estender a funcio- das funções.
nalidade da planilha eletrônica. Exemplo de função nativa é = Nome da Função (primeira célula a ser calculada: úl-
a função SE, que contém a seguinte sintaxe: =SE(“Condição tima célula a ser calculada ) Média
a Ser Testada”;Valor_Então;Valor_Senão). Decodificando, se Máxima
a “Condição a Ser Testada” for verdadeira, aloque na célula Mínima
atual o primeiro valor (Valor_Então); caso contrario, aloque
o segundo valor da função (Valor_Senão).
Funções I
Funções são na verdade uma maneira mais rápida de
obter resultados em células. Imagine você ter que somar
todos os valores das peças de um veículo dispostos um
abaixo do outro...
A1+B1+C1+D1+E1+F1...

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tabela de Preços 2
Funções III
Usaremos agora a função SE. Como o nome já diz, a função SE será usada quando se deseja checar algo em uma célula.
Acompanhe o molde desta função: =SE (Testar; Valor_então; De outraforma_valor; ou se outra forma: = se (eu for de carro;
então vou; se não... não vou )
Na célula E3 é para descontar R$ 2,00 para produtos com a Quantidade maior que 20. Vamos juntar as informações
para resolver esta função:
Nome da função: SE
Condição: Quantidade > 20
Valor Verdadeiro: Se a condição for verdadeira, o que deverá ser descontado R$ 2, 00 Valor Falso: Se a condição for
falsa, não deverá receber desconto.
Então a nossa função deverá ficar assim:
= se (b3>20;d3-2;d 3)
Ou seja: Se a Quantidade for maior que 20, então desconte R$ 2,00, senão mostre o valor sem desconto.

Figura 59: Tabela Demonstrativa

Classificação e filtragem de dados


Por mais que a nossa planilha seja bem organizada, geralmente nos deparamos com algum problema em relação a
ordem e a busca dos dados na tabela. Pensando nisso veremos agora algumas funções que o LibreOffice.org Calc oferece
afim de resolver esses e outros problemas de classificação e filtragem de dados.

Classificação de dados
Classificar dados numa planilha nada mais é do que ordená-los de acordo com os nossos critérios. Para que os dados
possam ser classificados, é necessário que estejam dispostos em uma tabela e que tenha sido desenvolvida na forma de
banco de dados, ou seja que cada coluna tenha informações referentes há uma classe ou tipo, que deverá estar descrita no
rotulo de cada coluna.

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplo de tabela desenvolvida na forma de banco de dados

Classificando
A classificação pode ser feita através dos critérios de ordem crescente ou decrescente , lembro que isto vale tanto para
os numero quanto para letras deixando-as em ordem alfabética. Agora a partir da figura 64 que esta logo acima, iremos
realiza o procedimento de classificação de dados na ordem alfabética na coluna “Produto”.
Para classificar os dados é necessário, antes de tudo, selecionar corretamente toda a área de dados que será classifi-
cada.
Abra o menu Dados e clique no comando Classificar, note que será exibida a caixa Classificar.

Caixa classificar
No menu desdobrável Classificar por, selecionamos o rotulo da coluna que queremos efetuar a classificação, neste caso
selecione o rotulo “Produto”.
Em seguida clique na opção Crescente, para efetuar o classificação na ordem crescente das letras, mais conhecida como
ordem alfabética. 5- Por fim clique em OK.

Tabela classificada em ordem alfabética

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Classificação por até três Critérios


Podemos também classificar os dados de uma tabela utilizando-se até de três campos, onde cada campo representa
uma informação diferente, um exemplo bem básico dessa função é quando queremos classificar os produtos em ordem
alfabética, esta que realizamos anteriormente e se caso apareça produtos com o mesmo nome o critério de classificação é
valor total ou qualquer outro campo. Para exemplificar esta função vamos utilizar a tabela abaixo.

Tabela exemplo para classificação por três critérios


Agora iremos classificar a tabela nos seguintes critérios: Marca, Modelo e Valor. Para realizar esta classificação devemos
seguir os procedimentos abaixo.
Para classificar os dados é necessário, antes de tudo, selecionar corretamente toda a área de dados que será classifi-
cada.
Abra o menu Dados e clique no comando Classificar, note que será exibida a caixa Classificar.

Classificação por três critérios.

No menu desdobrável Classificar por, selecione o rotulo “Marca”.


Em seguida clique na opção Crescente, para efetuar o classificação na ordem crescente.
Logo abaixo temos o campo Em seguida por, selecione o rotulo “Modelo”.
Em seguida clique na opção Crescente.
Logo abaixo temos outro campo Em seguida por, selecione o rotulo “Valor total”.

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em seguida clique na opção Crescente. 9- Por fim clique em OK.


O resultado final deverá estar semelhante ao da figura abaixo.

Tabela após classificação por três critérios.


Opções de Classificação
A partir da caixa classificar figura abaixo, podemos definir algumas opções de classificação dos dados.

Opções de classificação
Distinção entre maiúsculas e minúsculas: esta opção considera diferentes as palavras que contenha as mesmas letras
porém com a forma maiúsculas e minúsculas diferentes.
O intervalo contém rótulos de coluna/linh a: Omite da classificação a primeira linha ou a primeira coluna da seleção.
A opção Direção na parte inferior da caixa de diálogo define o nome e a função dessa caixa de seleção.
Incluir formatos: Preserva a formatação da célula atual.
Copiar resultados de classificação em: Copia a lista classificada no intervalo de células que você especificar. Ao ativar
esta opção
Ordem de classificação personalizada: Clique aqui e, em seguida, selecione a ordem de classificação personalizada que
deseja.
Idioma: Selecione o idioma para as regras de classificação.
Opções: Selecione uma opção de classificação para o idioma. Por exemplo, selecione a opção de “lista telefônica” para
o alemão a fim de incluir um caractere especial “trema” na classificação.

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Direção: De cima para baixo (Classificação de linhas), Classifica as linhas por valores nas colunas ativas do intervalo sele-
cionado. Esquerda à direita (Classificar colunas), Classifica as colunas por valores nas linhas ativas do intervalo selecionado.

Filtragem de dados
A filtragem de dados nada mais é do que visualizar apenas os dados desejados de uma tabela. Existem três métodos
de filtragem: o Autofiltro, Fitro padrão e o Filtro avançado. Suas principais diferenças são:
Autofiltro: Uma das utilizações para a função Auto-filtro é a de rapidamente restringir a exibição de registros com en-
tradas idênticas em um campo de dados.
Filtro padrão: Na caixa de diálogo Filtro, você também pode definir intervalos que contenham os valores em determina-
dos campos de dados. É possível utilizar o filtro padrão para conectar até três condições com um operador lógico E ou OU.
Filtro avançado: excede a restrição de três condições e permite um total de até oito condições de filtro. Com os filtros
avançados, você insere as condições diretamente na planilha.

Aplicando o Autofiltro
O Autofiltro é o tipo de filtragem mais simples e rápida de ser aplicada. Para uma maior compreensão desta função
aplicar o autofiltro na tabela da figura 67 página 44 deste modulo. Nesta tabela execute os seguintes procedimentos:
Selecione qualquer célula da tabela desde que seja abaixo da linha do cabeçalhos.
Abra o menu Dados e posicione o mouse sobre Filtro.
Clique sobre o comando Autofiltro.
Note que foram inseridos botões de seta, que ao clica-los abra-se uma lista dos dados pertencentes a coluna, cuja a
filtragem pode ser aplicada.

Para filtrar os dados, basta clicar sobre a seta da coluna que contenha os dados que servirá base para a filtragem. Por
exemplo agora faremos a seguinte filtragem, para que só os carros Volkswagen sejam exibidos. Então clique sobre a seta
do cabeçalho “Marca” e na lista de dados que aparece, selecione a marca Volkswagen.

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Lista de dados

Tabela após filtragem de dados


Note que ao final desse procedimento a tabela ocultará a linhas que não pertence a filtragem e destacará a seta do
cabeçalho utilizada como base da filtragem. Caso queira realizar outra filtragem basta desfazer a filtragem anterior e repetir
este procedimento em outro cabeçalho.

Filtro padrão
O filtro padrão é uma especialização do autofiltro, ele possui algumas funcionalidades a mais, é muito utilizado quando
é necessário obedecer um critério de filtragem muito especifico.
Para melhor exemplificar este procedimento iremos realizar a seguinte filtragem na tabela da figura 67, onde só deve-
rão conter os carros da Marca: “Fiat”, acima do Ano: 2005 e com o valor inferior a 29.000 mil reais.
Para criar um filtro padrão basta executar os procedimentos a seguir:
Selecione qualquer célula da tabela desde que seja abaixo da linha do cabeçalhos.
Abra o menu Dados e posicione o mouse sobre Filtro.
Clique sobre o comando Filtro padrão.
Na caixa Nome do campo é onde define qual critério deverá ser comparado. Em nosso exemplo estamos comparando
a “Marca”, portanto devemo seleciona-la.
Na caixa seguinte definimos a condição ( maior, menor, igual e etc), neste caso selecione o operador “ = ” (igual).
A caixa Valor serve como valor de comparação, ou seja todas as células do campo
“Marca” por exemplo vão ser comparados segundo a condição estabelecida com esse “Valor” que precisa ser necessa-
riamente numérico e conforme for o resultado este campo será ou não exibido.

A caixa Operador serve para adicionar mais condições na filtragem, através dos operadores ( “E” e “OU”), podendo
conter no máximo três condicionais.
Preencha a Caixa Filtro padrão conforme a figura 74 logo abaixo para ver este exemplo na pratica.

Se a tabela e a filtragem estiver conforme citadas acima o resultado será igual ao da figura 75 logo abaixo.

102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resultado da filtragem
Para Desfazer a filtragem, selecione a tabela, clique em Dados, vá em filtros e clique sobre Remover filtro.
Filtro Avançado
A filtragem avançada nada mais é do que definir os critérios em um determinado campo da planilha. Para uma boa
compreensão dessa função Iremos repetir a filtragem utilizada no filtro padrão que era a seguinte: de acordo com a tabela
da figura 67, realizar uma filtragem onde só deverão conter os carros da Marca: “Fiat”, acima do Ano: 2005 e com o valor
inferior a 29.000 mil reais, para realizaremos os seguintes passos:
Copie os cabeçalhos de coluna dos intervalos de planilha a serem filtrados para uma área vazia da planilha e, em segui-
da, insira os critérios para o filtro em uma linha abaixo dos cabeçalhos. Os dados dispostos horizontalmente em uma linha
serão sempre conectados logicamente com E e dados dispostos verticalmente em uma coluna serão sempre conectados
logicamente com OU.

Cópia dos cabeçalhos da planilha


Uma vez que você criou uma matriz de filtro, selecione os intervalos de planilha a serem filtrados. Abra a caixa de diá-
logo Filtro avançado escolhendo Dados - Filtro - Filtro avançado e defina as condições do filtro.

Intervalo de critérios de filtragem


Em seguida, clique em OK e você verá que somente as linhas da planilha original nas quais o conteúdo satisfez os crité-
rios da pesquisa estarão visíveis. Todas as outras linhas estarão temporariamente ocultas e poderão reaparecer através do
comando Formatar - Linha – Mostrar ou então desfaça a filtragem.

103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resultado da filtragem avançada Shift+Ctrl+Page Down / Adiciona a próxima planilha à


seleção de planilhas atual. Se todas as planilhas de um do-
Teclas de atalho para planilhas cumento de planilha forem selecionadas, esta combinação
Navegar em planilhas de teclas de atalho somente selecionará a próxima planilha.
Teclas de atalho/Efeito Torna atual a próxima planilha.
Ctrl+Home / Move o cursor para a primeira célula na Ctrl+ * onde (*) é o sinal de multiplicação no teclado
planilha (A1). numérico
Ctrl+End / Move o cursor para a última célula que con- Seleciona o intervalo de dados que contém o cursor.
tém dados na planilha. Um intervalo é um intervalo de células contíguas que con-
Home / Move o cursor para a primeira célula da linha tém dados e é delimitado por linhas e colunas vazias.
atual. Ctrl+ / onde (/) é o sinal de divisão no teclado numé-
End / Move o cursor para a última célula da linha atual. rico
Shift+Home / Seleciona todas as células desde a atual Seleciona o intervalo de fórmulas de matriz que con-
até a primeira célula da linha. tém o cursor.
Shift+End / Seleciona todas as células desde a atual até Ctrl+tecla de adição / Insere células (como no menu
a última célula da linha. Inserir - Células)
Shift+Page Up / Seleciona as células desde a atual até Ctrl+tecla de subtração / Exclui células (tal como no
uma página acima na coluna ou extende a seleção existen- menu Editar - Excluir células)
te uma página para cima. Enter ( num intervalo selecionado) / Move o cursor uma
Shift+Page Down / Seleciona as células desde a atual célula para baixo no intervalo selecionado. Para especificar
até uma página abaixo na coluna ou estende a seleção a direção do movimento do cursor, selecione Ferramentas
existente uma página para baixo. - Opções - LibreOffice Calc - Geral.
Ctrl+Seta para a esquerda / Move o cursor para o Ctrl+ ` / Exibe ou oculta as fórmulas em vez dos valores
canto esquerdo do intervalo de dados atual. Se a coluna em todas as células.
à esquerda da célula que contém o cursor estiver vazia, o A tecla ` está ao lado da tecla “1” na maioria dos tecla-
cursor se moverá para a esquerda da próxima coluna que dos em Inglês. Se seu teclado não possui essa tecla, você
contenha dados. pode atribuir uma outra tecla: Selecione Ferramentas - Per-
Ctrl+Seta para a direita / Move o cursor para o canto sonalizar, clique na guia Teclado. Selecione a categoria “Exi-
direito do intervalo de dados atual. Se a coluna à direita da bir” e a função “Exibir fórmula”.
célula que contém o cursor estiver vazia, o cursor se mo-
verá para a direita da próxima coluna que contenha dados. Teclas de função utilizadas em planilhas
Ctrl+Seta para cima / Move o cursor para o canto su- Teclas de atalho / Efeito
perior do intervalo de dados atual. Se a linha acima da cé- Ctrl+F1 / Exibe a anotação anexada na célula atual
lula que contém o cursor estiver vazia, o cursor se moverá F2 / Troca para o modo de edição e coloca o cursor
para cima da próxima linha que contenha dados. no final do conteúdo da célula atual. Pressione novamente
Ctrl+Seta para cima / Move o cursor para o canto infe- para sair do modo de edição.
rior do intervalo de dados atual. Se a linha abaixo da célula Se o cursor estiver em uma caixa de entrada de uma
que contém o cursor estiver vazia, o cursor se moverá para caixa de diálogo que possui o botão Encolher, a caixa de
baixo da próxima linha que contenha dados. diálogo ficará oculta e a caixa de entrada permanecerá vi-
Ctrl+Shift+Seta / Seleciona todas as células contendo sível. Pressione F2 novamente para mostrar a caixa de diá-
dados da célula atual até o fim do intervalo contínuo das logo inteira.
células de dados, na direção da seta pressionada. Um in-
tervalo de células retangular será selecionado se esse gru- Ctrl+F2 / Abre o Assistente de funções.
po de teclas for usado para selecionar linhas e colunas ao Shift+Ctrl+F2 / Move o cursor para a Linha de entrada
mesmo tempo. onde você pode inserir uma fórmula para a célula atual.
Ctrl+Page Up / Move uma planilha para a esquerda. Ctrl+F3 / Abre a caixa de diálogo Definir nomes.
Na visualização de impressão: Move para a página de F4 / Mostra ou oculta o Explorador de Banco de dados.
impressão anterior. Shift+F4 / Reorganiza as referências relativas ou ab-
Ctrl+Page Down / Move uma planilha para a direita. solutas (por exemplo, A1, $A$1, $A1, A$1) no campo de
Na visualização de impressão: Move para a página de entrada.
impressão seguinte. F5 / Mostra ou oculta o Navegador.
Alt+Page Up / Move uma tela para a esquerda. Shift+F5 / Rastreia dependentes.
Alt+Page Down / Move uma página de tela para a di- Shift+F7 / Rastreia precedentes.
reita. Shift+Ctrl+F5 / Move o cursor da Linha de entrada para
Shift+Ctrl+Page Up / Adiciona a planilha anterior à se- a caixa Área da planilha.
leção de planilhas atual. Se todas as planilhas de um do- F7 / Verifica a ortografia na planilha atual.
cumento de planilha forem selecionadas, esta combinação Ctrl+F7 / Abre o Dicionário de sinônimos se a célula
de teclas de atalho somente selecionará a planilha anterior. atual contiver texto.
Torna atual a planilha anterior.

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

F8 / Ativa ou desativa o modo de seleção adicional. 01. Resposta: E


Nesse modo, você pode usar as teclas de seta para esten- O LibreOffice Impress é um programa de apresenta-
der a seleção. Você também pode clicar em outra célula ção de slides similar ao Keynote, presente no iWork, e ao
para estender a seleção. PowerPoint, encontrado na suíte da Microsoft, e destina-se
Ctrl+F8 / Realça células que contém valores. a criar e a apresentar slides, sendo possível inserir plano
F9 / Recalcula as fórmulas modificadas na planilha de fundo, títulos, marcadores, imagens, vídeos, efeitos de
atual. transição de slides, dentre outras opções.
Ctrl+Shift+F9 / Recalcula todas as fórmulas em todas
as planilhas. 02. (EMBASA – Assistente de Saneamento - Técni-
Ctrl+F9 / Atualiza o gráfico selecionado. co em Segurança do Trabalho – IBF/2015) Ao receber,
F11 Abre a janela Estilos e formatação para você apli- por e-mail, um arquivo com o nome “resumo.xlsx” pode-se
car um estilo de formatação ao conteúdo da célula ou à abrir esse arquivo, por padrão, com os aplicativos:
planilha atual. a) Microsoft Office Excel e também com o LibreOffice
Shift+F11 / Cria um modelo de documento. Calc.
Shift+Ctrl+F11 / Atualiza os modelos.
b) Microsoft Office Access e também com o LibreOffice
F12 / Agrupa o intervalo de dados selecionado.
Calc.
Ctrl+F12 / Desagrupa o intervalo de dados seleciona-
c) Microsoft Office Excel e também com o LibreOffice
do.
Alt+Seta para baixo / Aumenta a altura da linha atual Math.
(somente no Modo de compatibilidade legada do OpenOf- d) Microsoft Office PowerPoint e também com o Li-
fice.org). breOffice Math.
Alt+Seta para cima / Diminui a altura da linha atual (so-
mente no Modo de compatibilidade legada do OpenOffice. 02. Resposta: A
org). No Libreoffice Calc:
Alt+Seta para a direita / Aumenta a largura da coluna Abrir um arquivo do Microsoft Office
atual. Escolha Arquivo - Abrir. Selecione um arquivo do Mi-
Alt+Seta para a esquerda / Diminui a largura da coluna crosoft Office na caixa de diálogo do LibreOffice.
atual. O arquivo do MS Office... ...será aberto no módulo
Alt+Shift+Tecla de seta / Otimiza a largura da coluna do LibreOffice
ou o tamanho da linha com base na célula atual. MS Word, *.doc, *.docx = LibreOffice Writer
MS Excel, *.xls, *.xlsx = LibreOffice Calc
Formatar células com as teclas de atalho MS PowerPoint, *.ppt, *.pps, *.pptx = LibreOffice Im-
Os formatos de célula a seguir podem ser aplicados press
com o teclado:
Teclas de atalho / Efeito 03. (MF – Todos os Cargos – ESAF/2013) As suítes de
Ctrl+1 (não use o teclado numérico) / Abre a caixa de escritório oferecem funções de editoração de textos, pla-
diálogo Formatar células nilha eletrônica, apresentação, editoração de desenhos e
Ctrl+Shift+1 (não use o teclado numérico) / Duas casas banco de dados. Um exemplo de suíte de escritório basea-
decimais, separador de milhar da em software livre é o:
Ctrl+Shift+2 (não use o teclado numérico) / Formato a) LibreOffice
exponencial padrão b) Microsoft Office
Ctrl+Shift+3 (não use o teclado numérico) / Formato c) LinuxOffice
de data padrão
d) UBUNTU Office
Ctrl+Shift+4 (não use o teclado numérico) / Formato
e) BROfficex
monetário padrão
Ctrl+Shift+5 (não use o teclado numérico) / Formato
de porcentagem padrão (duas casas decimais) 03. Resposta: A
Ctrl+Shift+6 (não use o teclado numérico) / Formato LibreOffice: é uma suíte de aplicativos livre multiplata-
padrão forma para escritório disponível para Windows, Unix, Sola-
ris, Linux e Mac OS X. A suíte utiliza o formato OpenDocu-
QUESTÕES COMENTADAS LIBREOFFICE ment (ODF) — formato homologado como ISO/IEC 26300
e NBR ISO/IEC 26300 — e é também compatível com os
01. (TJ/BA – Técnico Judiciário - Tecnologia da In- formatos do Microsoft Office, além de outros formatos le-
formação – FGV/2015) Na suite LibreOffice, o componen- gados.
te Impress destina-se:
a) à edição de fórmulas matemáticas para documentos; 04. (CLIN – Auxiliar de Enfermagem do Trabalho –
b) ao gerenciamento de uma ou mais impressoras; COSEAC/2015) São componentes do pacote LibreOffice:
c) à edição de imagens e arquivos congêneres; a) Base, Calc, Draw, Impress, Math e Writer.
d) à utilização de algoritmos de programação linear em b) Draw, Math, Writer, Eudora, Impress e Calc.
planilhas; c) Publisher, Base, Impress, Writer, Calc e Draw.
e) à edição de apresentações de slides. d) Paint, Writer, Impress, Math, Draw e Calc.

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

04. Resposta: A 07. (TRE-RO – Técnico Judiciário - Área Administra-


O LibreOffice é uma potente suite office; sua interface tiva – FCC/2013)
limpa e suas poderosas ferramentas libertam sua criativida-
de e melhoram sua produtividade.O LibreOffice incorpora
várias aplicações que a tornam a mais avançada suite office
livre e de código aberto do mercado. O processador de
textos Writer, a planilha Calc, o editor de apresentações Im-
press, a aplicação de desenho e fluxogramas Draw, o banco
de dados Base e o editor de equações Math são os compo-
nentes do LibreOffice.

05. (UFMT – Auxiliar em Administração –


UFMT/2014) No LibreOffice Writer, ao clicar-se no botão ¶
, quando se está editando um texto,
a) exporta-se diretamente o arquivo editado para o
formato pdf.
b) apresentam-se na tela os caracteres não imprimíveis
do texto que está sendo editado.
c) alinha-se à direita o texto todo ou o trecho selecio-
nado.
d) apresenta-se na tela o texto no formato em que será
impresso.

05. Resposta: B
São os caracteres não imprimíveis e marcas de forma-
tação, como espaço em branco, mudança de linha manual,
quebras de seção, entre muitos.

06. (EMBASA – Assistente de Saneamento - Técnico Para realizar a tarefa 3, Paulo utilizou, respectivamente,
em Segurança do Trabalho – IBFC/2015) os softwares
Ao receber, por e-mail, um arquivo com o nome “re- a) Impress e Calc.
sumo.xlsx” pode-se abrir esse arquivo, por padrão, com os b) Writer e Math.
aplicativos: c) Impress e Lotus.
a) Microsoft Office Excel e também com o LibreOffice d) Writer e Calc.
Calc. e) Libre Word e Libre Excel.
b) Microsoft Office Access e também com o LibreOffice
Calc. Resposta: D
c) Microsoft Office Excel e também com o LibreOffice writer e calc , são correspondentes ao word e Excel do
Math. Windows.
d) Microsoft Office PowerPoint e também com o Li-
breOffice Math.
08. (TCE-SP – Agente da Fiscalização Financeira -
Resposta: A Sistemas, Gestão de Projetos e Governança de TI – Vu-
A compatibilidade é total, ou seja, um documento cria- nesp/2015)
do no Excel pode ser aberto no Calc e vice-versa. O LibreOffice possui alguns aplicativos que apresen-
tam funcionalidades semelhantes às apresentadas pelos
aplicativos do MS-Office. O Writer do LibreOffice gera do-
cumentos com a extensão
a) .odb
b) .odp
c) .odt
d) .ots
e) .ppt

Resposta: C
Open Document Text (.odt)

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

09. (DATAPREV – Médico do Trabalho – Qua- EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


drix/2012)
Nas questões que avaliam os conhecimentos de no- 01. (POLÍCIA FEDERAL - PAPILOSCOPIS-
ções de informática, a menos que seja explicitamente in- TA DA POLÍCIA FEDERAL – CESPE/2012) - Acer-
formado o contrário, considere que todos os programas ca de conceitos de hardware, julgue o item seguinte.
mencionados estão em configuração padrão, em portu- Diferentemente dos computadores pessoais ou PCs
guês, que o mouse está configurado para pessoas destras, tradicionais, que são operados por meio de teclado e
que expressões como clicar, clique simples e clique duplo mouse, os tablets, computadores pessoais portáteis,
referem-se a cliques com o botão esquerdo do mouse e dispõem de recurso touch-screen. Outra diferença entre
que teclar corresponde à operação de pressionar uma te- esses dois tipos de computadores diz respeito ao fato
cla e, rapidamente, liberá-la, acionando-a apenas uma vez. de o tablet possuir firmwares, em vez de processadores,
Considere também que não há restrições de proteção, de como o PC.
funcionamento e de uso em relação aos programas, arqui- ( ) Certo
vos, diretórios, recursos e equipamentos mencionados. ( ) Errado
Considere os pacotes de escritório LibreOffice e o MS
Office, ambos em português do Brasil e em suas instala- Firmwares não são hardwares, e sim códigos de pro-
ções padrões. Assinale a alternativa correta. gramação existentes no próprio hardware, inclusos em
a) As apresentações criadas originalmente no MS Po- chips de memória (ROM, PROM, EPROM, EEPROM, flash)
werPoint precisam ser convertidas para o formato ODF durante sua fabricação. Sua natureza, na maioria das vezes,
para poderem ser editadas no LibreOffice Impress. é não volátil, ou seja, não perde seus dados durante a au-
b) Documentos criados no LibreOffice Writer para Li- sência de energia elétrica, mas quando presentes em tipos
nux só podem ser salvos no formato ODF e, por isso, não de memória como PROM ou EPROM, podem ser atualiza-
podem ser abertos do ambiente Windows. dos.
c) No MS Word para Linux, o atalho de teclado para Por esse motivo, os firmwares não substituem proces-
se executar a verificação ortográfica e gramatical do texto sadores inteiros.
é F7. A seguir, veja alguns modelos de tablets e observe a
d) O recurso de Tabela Dinâmica só existe no MS Excel, presença do processador em sua configuração:
não tem similar no LibreOffice Calc.
e) Planilhas criadas tanto no LibreOffice Calc quanto no
MS Excel podem ser gravadas/exportadas como arquivos
PDF.

Resposta: E
Tanto o Calc quanto o excel, em suas versões mais re-
centes possuem o recurso de conversão para PDF

10. (MPE-PE – Técnico Ministerial - Área Adminis-


trativa – Vunesp /2012)
No LibreOffice Writer, a correção ortográfica do docu-
mento sendo editado é feita:
a) apenas de forma automática, durante a digitação.
b) apenas manualmente, usando o item Ortografia e
gramática no menu Ferramentas. Tablet Softronic PHASER KINNO 4GB Android 2.3.4
c) em vários idiomas ao mesmo tempo, se for definido Tela 7 Polegadas
o idioma correto no item Idioma do menu Ferramentas. Características do Produto
d) em apenas um idioma, definido por documento no Tablet 4GB - Softronic
item Opções da autocorreção do menu Formatar. APRESENTAÇÃO DO PRODUTO: Com o novo Phaserkin-
e) de forma automática ou manual, selecionadas no no Plus, você possui muito mais interatividade e rapidez na
item Opções da autocorreção do menu Formatar. palma de suas mãos, graças ao seu poderoso processador
Resposta: C A10 de 1.2 Ghz, ele consegue ser totalmente multi-tarefas
No LibreOffice Writer, a correção ortográfica do docu- para você que se desdobra em dez durante o seu dia a
mento sendo editado é feita em vários idiomas ao mesmo dia, podendo ler um livro, escutar suas músicas e continuar
tempo, se for definido o idioma correto no item Idioma do acompanhando sua vida em redes sociais e sincronizando
menu Ferramentas. e-mails. Tudo isso sem se preocupar com a lentidão do sis-
tema. Para você que precisa estar conectado a todo o mo-
mento, o PhaserKinno Plus ainda oferece suporte a modem
externo. Ele conta com uma tela touchscreen capacitiva de
7 polegadas que permite uma maior sensibilidade e leveza

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ao tocar na tela de seu tablet, dispensando totalmente o 02. (UFFS - TÉCNICO DE LABORATÓRIO ÁREA
uso das inconvenientes canelas stykus. Possui saída mini INFORMÁTICA – FEPESE/2012)- São componentes de
HDMI, para curtir seus vídeos favoritos da internet ou de hardware de um micro-computador:
seu computador, na sua televisão ou projetor, com entrada a. ( ) Disco rígido, patch-panel, BIOS, firmware,
HDMI. Além de acompanhar um lindo case com teclado mouse.
para utilização de tablet comparada com a de um note- b. ( ) RJ-11, processador, memória RAM, placa de
book com grande performance. rede, pen-drive.
- Modelo: PHASER KINNO. c. ( ) Memória ROM, placa de vídeo, BIOS, proces-
- Capacidade: 4GB. Expansível para 32GB via Micro SD. sador, placa mãe.
- Memória: 512MB. d. ( ) Memória RAM, Memória ROM, Disco rígido,
- Tela:7 Polegadas capacitiva, sensível ao toque. processador, placa e rede.
- Câmera:frontal 2 megapixels. e. ( ) Memória RAM, BIOS, Disco rígido, processa-
- Conectividade: Wi-Fi - LAN 802.11b/g/n. dor, placa de rede.
- Processador:Allwinner A10 de 1.0~1.2 Ghz.
- Sistema Operacional:Android 2.3.4. Já vimos a respeito de Memória RAM, Memória ROM,
Disco Rígido e Processador.
Placa de rede é um hardware especificamente proje-
tado para possibilitar a comunicação entre computadores.

Placa de rede

RESPOSTA: “D”.

03. (TRE - ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012) -


Tablet Multilaser Diamond NB005 8GB Android 2.3 Em relação a hardware e software, é correto afirmar:
Tela 7 Polegadas a) Para que um software aplicativo esteja pronto
Wi-Fi HDMI para execução no computador, ele deve estar carregado
Informações técnicas na memória flash.
Marca: Multilaser b) O fator determinante de diferenciação entre um
Capacidade :8 Gb. Memória expansível até 32 GB por processador sem memória cache e outro com esse re-
cartão micro SD. curso reside na velocidade de acesso à memória RAM.
Processador: Boxchip 1.5 GHz. c) Processar e controlar as instruções executadas no
Sistema Operacional: Android. 2.3. computador é tarefa típica da unidade de aritmética e
TV e vídeo: Somente vídeo: Vídeos suportados - MKV lógica.
(H.264HP), AVI, RM/BMVB, FLV eMPEG-1/2. d) O pendrive é um dispositivo de armazenamento
Tamanho da tela: 7 “. LCD Multi toque. removível, dotado de memória flash e conector USB,
Resolução: 800 x 480. que pode ser conectado em vários equipamentos ele-
Wi-Fi:Sim. trônicos.
Resolução: 1.3 megapixels e filmadora digital. e) Dispositivos de alta velocidade, tais como discos
Localização rígidos e placas de vídeo, conectam-se diretamente ao
Sensores: Sensor de gravidade: gira a tela conforme a processador.
posição do tablet. O pendrive, por ser um dispositivo portátil, de grande
poder de armazenamento e conector USB (Universal Serial
Áudio Formatos suportados: Bus) que permite sua rápida aceitação em vários disposi-
MP3, WMA, WAV, APE, AC3, FLAC e AAC. tivos de hardware, popularizou-se rapidamente. Hoje, en-
Duração aproximada da bateria: contramos pendrives de vários GBs, como 2, 4, 8, 16 e até
- 06 horas reproduzindo vídeo ou wi-fi ligado; 512GB.
- 48 horas em standby. A tecnologia USB está sendo largamente utilizada para
Alimentação do Tablet: padronizar entradas e conectores, possibilitando um mes-
Bateria recarregável. mo tipo de conector para diversos tipos de equipamentos
como mouses, teclados, impressoras e outros. Por esse mo-
RESPOSTA: “ERRADO”. tivo, os equipamentos atuais possuem uma grande quan-
tidade de conectores USB. Além disso, a tecnologia usada

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

por esses conectores é a Plugand Play, onde basta conectar Veja a seguir imagens ilustrativas da memória RAM.
o dispositivo para que o sistema o reconheça precisando
de poucos ou quase nenhum caminho de configuração
para poder utilizá-lo.
O tipo de memória que o pendrive utiliza - me-
mória flash - é do tipo EEPROM (Electrically-
ErasableProgrammableRead-OnlyMemory), uma
memória não volátil, ou seja, não depende da
permanência de energia elétrica para manter os dados,de
leitura e gravação. Os chips de memória flash ocupam pou-
co espaço físico, mas grande poder de armazenamento.
Veja imagens de pendrives:

Tipos de memória RAM

RESPOSTA: “A”.

05. (TCE/SP - AGENTE DE FISCALIZAÇÃO FINAN-


CEIRA – FCC/2012) - Sobre os computadores é correto
afirmar:
Tipos de pendrive a) O BIOS é um software armazenado em um chip
de memória RAM fixado na placa mãe. Tem a função de
RESPOSTA: “D”. armazenar o Sistema Operacional.
b) A fonte de alimentação transforma a tensão elé-
04. (ANE - ANALISTA EDUCACIONAL – NÍVEL I – trica que entra no computador, de 240 V para 110 V,
GRAU A – INSPETOR ESCOLAR – FCC/2012) - Marco Au- pois os componentes internos suportam apenas a ten-
rélio estava digitando um documento na sala dos pro- são de 110 V.
fessores da escola ABCD quando uma queda de energia b) Barramentos são circuitos integrados que fazem
fez com que o computador que usava desligasse. a transmissão física de dados de um dispositivo a outro.
Após o retorno da energia elétrica, Marco Aurélio d) Quando o sistema de fornecimento de energia
ligou o computador e percebeu que havia perdido o falha, um estabilizador comum tem como principal ob-
documento digitado, pois não o havia gravado. Como jetivo manter o abastecimento por meio de sua bateria
tinha conhecimentos gerais sobre informática, concluiu até que a energia volte ou o computador seja desligado.
que perdera o documento porque, enquanto estava di- e) Um bit representa um sinal elétrico de exatos 5
gitando, ele estava armazenado em um dispositivo de V que é interpretado pelos componentes de hardware
hardware que perde seu conteúdo quando o computa- do computador.
dor desliga. O nome desse dispositivo é
a) memória RAM. (A)BIOS é a sigla do termo Basic Input/Output System,
b) HD. ou Sistema Básico de Entrada/Saída. É um software grava-
c) memória ROM. do na memória não volátil ou memória ROM, que é a sigla
d) pen drive. para ReadOnlyMemory, ou Memória de Somente Leitura,
que não altera ou perde os dados com o desligamento ou
RAM – Randon AcessMemory, ou Memória de Acesso ausência de energia do computador. Esse software não ar-
Randômico, é um hardware considerado como memória mazena o Sistema Operacional. É o primeiro software que
primária, volátil. Ela mantém os dados armazenados en- é executado quando ligamos o computador.
quanto estes estão à disposição das solicitações do proces- (B)A fonte de alimentação do computador é um equi-
sador, mantendo-os através de pulsos elétricos. As infor- pamento eletrônico, fixada ao gabinete e ligada aos conec-
mações mantidas nesse tipo de memória são informações tores da placa mãe e alguns drives. Fornece energia aos
que estão em uso em um programa em execução, como demais componentes da máquina. Ela transforma a cor-
no caso de textos que estão sendo digitados e não foram rente elétrica alternada (que tem o sentido variável com
salvos no disco rígido ainda. Como as informações são o tempo) em uma corrente constante ao longo do tempo.
mantidas por pulsos elétricos, caso haja falta de energia, (C)Os barramentos são como vias de tráfego presentes
seja pelo desligamento do computador, seja por uma na placa mãe, por onde sinais elétricos (representando da-
queda brusca que cause o desligamento inesperado do dos) podem percorrer toda sua extensão se comunicando
equipamento, os dados presentes nesse tipo de memória com todos os dispositivos.
serão perdidos.

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(D)O estabilizador é um equipamento eletrônico exter- Em um computador, a velocidade do clock se refere ao


no ao gabinete do computador, onde os demais cabos de número de pulsos por segundo gerados por um oscilador
energia da máquina são ligados. Geralmente, o estabiliza- (dispositivo eletrônico que gera sinais), que determina o
dor é ligado diretamente na rede elétrica e tem a função de tempo necessário para o processador executar uma instru-
estabilizar a tensão desta para evitar danos ao equipamen- ção. Assim para avaliar a performance de um processador,
to devido às variações e picos de tensão. medimos a quantidade de pulsos gerados em 1 segundo e,
(E)BIT é a sigla para BinaryDigit, ou Dígito Binário, que para tanto, utilizamos uma unidade de medida de frequên-
pode ser representado apenas pelo 0 ou pelo 1 (verdadeiro cia, o Hertz.
ou falso) que representam a menor unidade de informação
transmitida na computação ou informática. RESPOSTA: “E”.

RESPOSTA: “C”. 07. (TCE/SP - AGENTE DE FISCALIZAÇÃO FINAN-


CEIRA – FCC/2012) - O armazenamento de informações
06. (TCE/SP - AGENTE DE FISCALIZAÇÃO FINAN- em computadores é feito pela utilização de dispositivos
CEIRA – FCC/2012) - O processador do computador (ou chamados de memória, que as mantêm de forma volátil
CPU) é uma das partes principais do hardware do com- ou permanente. Entre esses dispositivos, está a memó-
putador e é responsável pelos cálculos, execução de ta- ria RAM ou memória
refas e processamento de dados. Sobre processadores, a) magnética.
considere: b) secundária.
I. Contém um conjunto restrito de células de me- c) cache.
mória chamados registradores que podem ser lidos e d) principal.
escritos muito mais rapidamente que em outros dispo- e) de armazenamento em massa.
sitivos de memória.
II. Em relação a sua arquitetura, se destacam os mo- A memória RAM, sigla de Random Access Memory,
delos RISC (ReducedInstruction Set Computer) e CISC ou memória de acesso randômico, é um dispositivo
(ComplexInstruction Set Computer). eletrônico de armazenamento temporário de dados
III. Possuem um clock interno de sincronização que que permite a leitura e escrita, ou seja, as informações
define a velocidade com que o processamento ocorre. ocupam lugar nessa memória enquanto aguardam serem
Essa velocidade é medida em Hertz. usadas pelo processador. Os dados da memória RAM são
Está correto o que se afirma em representados por pulsos elétricos e são descartados assim
que o fornecimento de energia elétrica é interrompido,
a) III, apenas. seja pelo desligamento do computador, ou por uma queda
b) I e II, apenas. de energia. Por esse motivo, essas memórias também são
c) II e III, apenas. chamadas de memórias voláteis. Devido a sua importância
d) II, apenas. para o funcionamento do computador, a memória RAM é
e) I, II e III. considerada um tipo de memória principal. Existem ainda
outros tipos de memórias que são consideradas desse
O processador é um chip que executa instruções inter- grupo, como a memória ROM, sigla de ReadOnlyMemory,
nas do computador (em geral, operações matemáticas e ou memória de somente leitura, onde os dados são
lógicas, leitura e gravação de informações). Todas as ações geralmente gravados na fábrica e não são perdidos em
estão presentes na memória do computador e requisitadas caso de ausência de energia. Por esse motivo, a memória
pelo sistema. A velocidade do processador é medida em ROM é considerada memória não volátil.
ciclos denominados clocks e sua unidade é expressa atra-
vés de Hz. RESPOSTA: “D”.
Os registradores são unidades de memória que repre-
sentam o meio mais caro e rápido de armazenamento de
dados. Por isso são usados em pequenas quantidades nos
processadores.
Quanto às arquiteturas RISC e CISC, podemos nos valer
das palavras de Nicholas Carter, em seu livro Arquitetura
de Computadores, editora Bookman:
... RISC são arquiteturas de carga-armazenamento, en-
quanto que a maior parte das arquiteturas CISC permite que
outras operações também façam referência à memória.
Podemos citar também o autor Rogério Amigo De Oli-
veira, que em seu livro Informática – Teoria e Questões de
Concursos com Gabarito, editora Campus, fala a respeito do
clock, da seguinte maneira:

110
RACIOCÍNIO LÓGICO

Compreensão de estruturas lógicas. Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões. Diagramas
lógicos. Princípios de contagem e probabilidade........................................................................................................................................ 01
RACIOCÍNIO LÓGICO

Obs: A notação Q(r, s, t), por exemplo, está indicando


COMPREENSÃO DE ESTRUTURAS LÓGICAS. que a proposição composta Q é formada pelas proposi-
ções simples r, s e t.
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO: ANALOGIAS,
Exemplo:
INFERÊNCIAS,DEDUÇÕES E CONCLUSÕES. Proposições simples:
DIAGRAMAS LÓGICOS. PRINCÍPIOS DE p: Meu nome é Raissa 
CONTAGEM E PROBABILIDADE. q: São Paulo é a maior cidade brasileira 
r: 2+2=5 
s: O número 9 é ímpar 
Estruturas lógicas t: O número 13 é primo
1. Proposição
Proposição ou sentença é um termo utilizado para ex- Proposições compostas 
primir ideias, através de um conjunto de palavras ou sím- P: O número 12 é divisível por 3 e 6 é o dobro de 12. 
bolos. Este conjunto descreve o conteúdo dessa ideia. Q: A raiz quadrada de 9 é 3 e 24 é múltiplo de 3. 
São exemplos de proposições: R(s, t): O número 9 é ímpar e o número 13 é primo.
p: Pedro é médico.
q: 5 > 8 6. Tabela-Verdade
r: Luíza foi ao cinema ontem à noite. A tabela-verdade é usada para determinar o valor lógi-
co de uma proposição composta, sendo que os valores das
2. Princípios fundamentais da lógica proposições simples já são conhecidos. Pois o valor lógico
Princípio da Identidade: A é A. Uma coisa é o que é. da proposição composta depende do valor lógico da pro-
O que é, é; e o que não é, não é. Esta formulação remonta posição simples. 
a Parménides de Eleia. A seguir vamos compreender como se constrói essas
Principio da não contradição: Uma proposição não tabelas-verdade partindo da árvore das possibilidades dos
pode ser verdadeira e falsa, ao mesmo tempo. valores lógicos das preposições simples, e mais adiante ve-
Principio do terceiro excluído: Uma alternativa só remos como determinar o valor lógico de uma proposição
pode ser verdadeira ou falsa. composta.

3. Valor lógico  Proposição composta do tipo P(p, q)


Considerando os princípios citados acima, uma propo-
sição é classificada como verdadeira ou falsa.
Sendo assim o valor lógico será:
- a verdade (V), quando se trata de uma proposição
verdadeira.
- a falsidade (F), quando se trata de uma proposição
falsa.

4. Conectivos lógicos 
Conectivos lógicos são palavras usadas para conectar Proposição composta do tipo P(p, q, r)
as proposições formando novas sentenças.
Os principais conectivos lógicos são: 

~ não
∧ e
V Ou
→  se…então
Proposição composta do tipo P(p, q, r, s) 
↔ se e somente se
A tabela-verdade possui 24  = 16 linhas e é formada
igualmente as anteriores.
5. Proposições simples e compostas
As proposições simples são assim caracterizadas por
apresentarem apenas uma ideia. São indicadas pelas letras
minúsculas: p, q, r, s, t... Proposição composta do tipo P(p1, p2, p3,..., pn)
As proposições compostas são assim caracterizadas A tabela-verdade possui 2n  linhas e é formada igual-
por apresentarem mais de uma proposição conectadas pe- mente as anteriores.
los conectivos lógicos. São indicadas pelas letras maiúscu-
las: P, Q, R, S, T...

1
RACIOCÍNIO LÓGICO

7. O conectivo não e a negação 9. O conectivo ou e a disjunção


O conectivo não e a negação de uma proposição p é O conectivo ou  e a disjunção de duas proposi-
outra proposição que tem como valor lógico V se p for fal- ções p e q  é outra proposição que tem como valor lógi-
sa e F se p é verdadeira. O símbolo ~p (não p) representa a co  V se alguma das proposições for verdadeira e F se as
negação de p com a seguinte tabela-verdade:  duas forem falsas. O símbolo p ∨ q (p ou q) representa a
disjunção, com a seguinte tabela-verdade: 
P ~P
V F P q pVq
F V V V V
V F V
Exemplo: F V V
p = 7 é ímpar  F F F
~p = 7 não é ímpar 
Exemplo:
P ~P p = 2 é par 
V F q = o céu é rosa 
p ν q = 2 é par ou o céu é rosa 
q = 24 é múltiplo de 5 
~q = 24 não é múltiplo de 5  P q pVq
V F V
q ~q
F V 10. O conectivo se… então… e a condicional
A condicional se p então q é outra proposição que tem
8. O conectivo e e a conjunção como valor lógico F se p é verdadeira e q é falsa. O símbo-
O conectivo e e a conjunção de duas proposi- lo p → q representa a condicional, com a seguinte tabela-
ções  p  e q é outra proposição que tem como valor lógi- verdade: 
co V se p e q forem verdadeiras, e F em outros casos. O
símbolo p Λ q (p e q) representa a conjunção, com a se- P q p→q
guinte tabela-verdade: 
V V V
P q pΛq V F F
V V V F V V
V F F F F V
F V F
F F F Exemplo:
P: 7 + 2 = 9 
Exemplo Q: 9 – 7 = 2 
p → q: Se 7 + 2 = 9 então 9 – 7 = 2 
p = 2 é par 
q = o céu é rosa P q p→q
p Λ q = 2 é par e o céu é rosa 
V V V
P q pΛq
V F F p = 7 + 5 < 4 
q = 2 é um número primo 
p = 9 < 6  p → q: Se 7 + 5 < 4 então 2 é um número primo. 
q = 3 é par
p Λ q: 9 < 6 e 3 é par  P q p→q
F V V
P q pΛq
F F F

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

p = 24 é múltiplo de 3 q = 3 é par 


p → q: Se 24 é múltiplo de 3 então 3 é par. 

P q p→q
V F F
p = 25 é múltiplo de 2 
q = 12 < 3 
p → q: Se 25 é múltiplo de 2 então 2 < 3. 

P q p→q
F F V

11. O conectivo se e somente se e a bicondicional


A bicondicional p se e somente se q é outra proposição que tem como valor lógico V se p e q forem ambas verdadeiras
ou ambas falsas, e F nos outros casos. 
O símbolo     representa a bicondicional, com a seguinte tabela-verdade: 

P q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V

Exemplo

p = 24 é múltiplo de 3 
q = 6 é ímpar  
= 24 é múltiplo de 3 se, e somente se, 6 é ímpar. 

P q p↔q
V F F

12. Tabela-Verdade de uma proposição composta

Exemplo
Veja como se procede a construção de uma tabela-verdade da proposição composta P(p, q) = ((p ⋁ q) → (~p)) →
(p ⋀ q), onde p e q são duas proposições simples.

Resolução
Uma tabela-verdade de uma proposição do tipo P(p, q) possui 24 = 4 linhas, logo: 

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V          
V F          
F V          
F F          

3
RACIOCÍNIO LÓGICO

Agora veja passo a passo a determinação dos valores lógicos de P.

a) Valores lógicos de p ν q

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V        
V F V        
F V V        
F F F        

b) Valores lógicos de ~P

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F      
V F V F      
F V V V      
F F F V      

c) Valores lógicos de (p V p)→(~p)

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F    
V F V F F    
F V V V V    
F F F V V    

d) Valores lógicos de p Λ q

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F V  
V F V F F F  
F V V V V F  
F F F V V F  

e) Valores lógicos de ((p V p)→(~p))→(p Λ q)

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F V V
V F V F F F V
F V V V V F F
F F F V V F F

13. Tautologia
Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma Tautologia se ela for sempre
verdadeira, independentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ... que a compõem.

Exemplos:
• Gabriela passou no concurso do INSS ou Gabriela não passou no concurso do INSS

4
RACIOCÍNIO LÓGICO

• Não é verdade que o professor Zambeli parece com Exemplo


o Zé gotinha ou o professor Zambeli parece com o Zé go- A proposição  (p Λ q) Λ (p Λ q) é uma contradição,
tinha. pois o seu valor lógico é sempre F conforme a tabela-ver-
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos dade. Que significa que uma proposição não pode ser falsa
uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos enten- e verdadeira ao mesmo tempo, isto é, o princípio da não
der isso melhor. contradição.
Exemplo:
Grêmio cai para segunda divisão ou o Grêmio não cai p ~P q Λ (~q)
para segunda divisão
V F F
Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda F V F
de “~p” e o conetivo de “V”
Assim podemos representar a “frase” acima da seguin- 15. Contingência
te forma: p V ~p Quando uma proposição não é tautológica nem contra
válida, a chamamos de contingência ou proposição contin-
Exemplo gente ou proposição indeterminada.
A proposição p ∨ (~p) é uma tautologia, pois o seu A contingência ocorre quando há tanto valores V como
valor lógico é sempre V, conforme a tabela-verdade.  F na última coluna da tabela-verdade de uma proposição.
Exemplos: P∧Q , P∨Q , P→Q ...

16. Implicação lógica


p ~P pVq
V F V Definição
A proposição P implica a proposição Q, quando a con-
F V V dicional P → Q for uma tautologia.
O símbolo P ⇒ Q (P implica Q) representa a implica-
Exemplo ção lógica. 
A proposição (p Λ q) → (p  q) é uma tautologia, pois a
última coluna da tabela-verdade só possui V.  Diferenciação dos símbolos → e ⇒
O símbolo  →  representa uma operação matemática
p q pΛq p↔q (p Λ q)→(p↔q) entre as proposições P e Q que tem como resultado a pro-
posição P → Q, com valor lógico V ou F.
V V V V V O símbolo  ⇒ representa a não ocorrência de VF na
V F F F V tabela-verdade de P → Q, ou ainda que o valor lógico da
F V F F V condicional P → Q será sempre V, ou então que P → Q é
uma tautologia. 
F F F V V
Exemplo
14. Contradição A tabela-verdade da condicional (p Λ q) → (p ↔ q) será: 
Uma proposição composta formada por duas ou mais
proposições p, q, r, ... será dita uma contradição se ela for
sempre falsa, independentemente dos valores lógicos das p q pΛq P↔Q (p Λ q)→(P↔Q)
proposições p, q, r, ... que a compõem V V V V V
Exemplos:
• O Zorra total é uma porcaria e Zorra total não é uma V F F F V
porcaria F V F F V
• Suelen mora em Petrópolis e Suelen não mora em
Petrópolis F F F V V
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos
uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos en- Portanto,  (p Λ q)  → (p  ↔ q) é uma tautologia, por
tender isso melhor. isso (p Λ q) ⇒ (p ↔q)
Exemplo:
Lula é o presidente do Brasil e Lula não é o presidente 17. Equivalência lógica
do Brasil
Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda Definição
de “~p” e o conetivo de “^” Há equivalência entre as proposições P e Q somen-
Assim podemos representar a “frase” acima da seguin- te quando a bicondicional P  ↔  Q for uma tautologia ou
te forma: p ^ ~p quando P e Q tiverem a mesma tabela-verdade. P ⇔ Q (P
é equivalente a Q) é o símbolo que representa a equiva-
lência lógica. 

5
RACIOCÍNIO LÓGICO

Diferenciação dos símbolos ↔ e ⇔ 6. p ↔ q = (pq) e (qp)


O símbolo ↔ representa uma operação entre as propo- Ex: Amo se e somente se vivo = Se amo então vivo, e
sições P e Q, que tem como resultado uma nova proposi- se vivo então amo
ção P ↔ Q com valor lógico V ou F.
O símbolo ⇔ representa a não ocorrência de VF e Para facilitar a memorização, veja a tabela abaixo:
de FV na tabela-verdade P ↔ Q, ou ainda que o valor lógi-
co de P ↔ Q é sempre V, ou então P ↔ Q é uma tautologia.

Exemplo
A tabela da bicondicional (p → q) ↔ (~q → ~p) será: 

p q ~q ~p p→q ~q→~p (p→q)↔(~q→~p)


V V F F V V V
V F V F F F V
F V F V V V V
F F V V V V V

Portanto,  p  →  q  é equivalente a  ~q  →  ~p, pois estas


proposições possuem a mesma tabela-verdade ou a bicon- Equivalências da Condicional
dicional (p → q) ↔ (~q → ~p) é uma tautologia.
Veja a representação: As duas equivalências que se seguem são de funda-
(p → q) ⇔ (~q → ~p) mental importância. Estas equivalências podem ser veri-
ficadas, ou seja, demonstradas, por meio da comparação
EQUIVALÊNCIAS LOGICAS NOTÁVEIS entre as tabelas-verdade. Fica como exercício para casa
estas demonstrações. As equivalências da condicional são
Dizemos que duas proposições são logicamente equi- as seguintes:
valentes (ou simplesmente equivalentes) quando os resul-
tados de suas tabelas-verdade são idênticos. 1) Se p então q = Se não q então não p.
Uma consequência prática da equivalência lógica é que Ex: Se chove então me molho = Se não me molho en-
ao trocar uma dada proposição por qualquer outra que lhe tão não chove
seja equivalente, estamos apenas mudando a maneira de
dizê-la. 2) Se p então q = Não p ou q.
A equivalência lógica entre duas proposições, p e q, Ex: Se estudo então passo no concurso = Não estudo
pode ser representada simbolicamente como: p q, ou sim- ou passo no concurso
plesmente por p = q. Colocando estes resultados em uma tabela, para aju-
Começaremos com a descrição de algumas equivalên- dar a memorização, teremos:
cias lógicas básicas.

Equivalências Básicas

1. p e p = p
Ex: André é inocente e inocente = André é inocente
Equivalências com o Símbolo da Negação
2. p ou p = p Este tipo de equivalência já foi estudado. Trata-se, tão
Ex: Ana foi ao cinema ou ao cinema = Ana foi ao cine- somente, das negações das proposições compostas! Lem-
ma bremos:
3. p e q = q e p
Ex: O cavalo é forte e veloz = O cavalo é veloz e forte

4. p ou q = q ou p
Ex: O carro é branco ou azul = O carro é azul ou bran-
co

5. p ↔ q = q ↔ p
Ex: Amo se e somente se vivo = Vivo se e somente se
amo.

6
RACIOCÍNIO LÓGICO

É possível que surja alguma dúvida em relação a úl- Rodrigo, posso estar errada, mas ao construir a tabela-
tima linha da tabela acima. Porém, basta lembrarmos do verdade com a proposição que você propôs não vamos ter
que foi aprendido: uma tautologia, mas uma contingência.
A proposição a ser utilizada aqui seria a seguinte: P v
p↔q = (pq) e (qp) ~(P ^ ~Q), que, ao construirmos a tabela-verdade ficaria
da seguinte forma:
(Obs: a BICONDICIONAL tem esse nome: porque equi-
vale a duas condicionais!)
P Q ~Q (P/\~Q) ~(P/\~Q) P V ~(P/\~Q)
Para negar a bicondicional, teremos na verdade que
negar a sua conjunção equivalente. V V F F V V
E para negar uma conjunção, já sabemos, nega-se as V F V V F V
duas partes e troca-se o E por OU. Fica para casa a de-
monstração da negação da bicondicional. Ok? F V F F V V
F F V F V V
Outras equivalências
Algumas outras equivalências que podem ser relevan- 2. (PM-BA - Soldado da Polícia Militar - FCC /2012)
tes são as seguintes: A negação lógica da proposição: “Pedro é o mais velho
da classe ou Jorge é o mais novo da classe” é
1) p e (p ou q) = p A) Pedro não è o mais novo da classe ou Jorge não é o
Ex: Paulo é dentista, e Paulo é dentista ou Pedro é mé- mais velho da classe.
dico = Paulo é dentista B) Pedro é o mais velho da classe e Jorge não é o mais
novo da classe.
2) p ou (p e q) = p C) Pedro não é o mais velho da classe e Jorge não é o
Ex: Paulo é dentista, ou Paulo é dentista e Pedro é mé- mais novo da classe.
dico = Paulo é dentista D) Pedro não é o mais novo da classe e Jorge não é o
mais velho da classe.
Por meio das tabelas-verdade estas equivalências po- E) Pedro é o mais novo da classe ou Jorge é o mais
dem ser facilmente demonstradas. novo da classe.
Para auxiliar nossa memorização, criaremos a tabela
seguinte: p v q= Pedro é o mais velho da classe ou Jorge é o mais
novo da classe.
~p=Pedro não é o mais velho da classe.
~q=Jorge não é o mais novo da classe.
~(p v q)=~p v ~q= Pedro não é o mais velho da classe
ou Jorge não é o mais novo da classe.
NEGAÇAO DE PROPOSIÇÕES COMPOSTAS
3. (PC-MA - Farmacêutico Legista - FGV/2012)
Em frente à casa onde moram João e Maria, a prefeitu-
ra está fazendo uma obra na rua. Se o operário liga a brita-
deira, João sai de casa e Maria não ouve a televisão. Certo
dia, depois do almoço, Maria ouve a televisão.
Pode-se concluir, logicamente, que
A) João saiu de casa.
B) João não saiu de casa.
C) O operário ligou a britadeira.
Questoes comentadas: D) O operário não ligou a britadeira.
E) O operário ligou a britadeira e João saiu de casa.
1. (PROCERGS - Técnico de Nível Médio - Técnico em “Se o operário liga a britadeira, João sai de casa e Ma-
Segurança do Trabalho - FUNDATEC/2012) A proposição ria não ouve a televisão”, logo se Maria ouve a televisão, a
“João comprou um carro novo ou não é verdade que João britadeira não pode estar ligada.
comprou um carro novo e não fez a viagem de férias.” é:
A) um paradoxo. (TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CESPE/2012)
B) um silogismo. Em decisão proferida acerca da prisão de um réu, de-
C) uma tautologia. pois de constatado pagamento de pensão alimentícia, o
D) uma contradição. magistrado determinou: “O réu deve ser imediatamente
E) uma contingência. solto, se por outro motivo não estiver preso”.
Considerando que a determinação judicial correspon-
Tautologia é uma proposição composta cujo resultado de a uma proposição e que a decisão judicial será conside-
é sempre verdadeiro para todas as atribuições que se têm, rada descumprida se, e somente se, a proposição corres-
independentemente dessas atribuições. pondente for falsa, julgue os itens seguintes.

7
RACIOCÍNIO LÓGICO

4. Se o réu permanecer preso, mesmo não havendo A) a conjunção presente na frase evidencia seu signi-
outro motivo para estar preso, então, a decisão judicial terá ficado.
sido descumprida. B) o significado da frase não leva em conta a dupla
A) Certo negação.
B) Errado C) a implicação presente na frase altera seu significado.
A decisão judicial é “O réu deve ser imediatamente sol- D) o significado da frase não leva em conta a disjunção.
to, se por outro motivo não estiver preso”, logo se o réu E) a negação presente na frase evidencia seu signifi-
continuar preso sem outro motivo para estar preso, será cado.
descumprida a decisão judicial. ~(~p) é equivalente a p
Logo, uma dupla negação é equivalente a afirmar.
5. Se o réu for imediatamente solto, mesmo havendo RESPOSTA: “B”.
outro motivo para permanecer preso, então, a decisão ju-
dicial terá sido descumprida. 9. (Receita Federal do Brasil – Analista Tributário -
A) Certo ESAF/2012) A negação da proposição “se Paulo estuda, en-
B) Errado tão Marta é atleta” é logicamente equivalente à proposição:
A) Paulo não estuda e Marta não é atleta.
P = se houver outro motivo B) Paulo estuda e Marta não é atleta.
Q = será solto C) Paulo estuda ou Marta não é atleta.
A decisão foi: Se não P então Q, logo VV = V D) se Paulo não estuda, então Marta não é atleta.
A questão afirma: Se P então Q, logo FV = V E) Paulo não estuda ou Marta não é atleta.
Não contrariou, iria contrariar se a questão resultasse
V+F=F A negação de uma condicional do tipo: “Se A, então B”
(AB) será da forma:
6. As proposições “Se o réu não estiver preso por outro ~(A B) A^ ~B
motivo, deve ser imediatamente solto” e “Se o réu não for Ou seja, para negarmos uma proposição composta re-
imediatamente solto, então, ele está preso por outro moti- presentada por uma condicional, devemos confirmar sua
vo” são logicamente equivalentes.
primeira parte (“A”), trocar o conectivo condicional (“”) pelo
conectivo conjunção (“^”) e negarmos sua segunda parte
A) Certo
(“~ B”). Assim, teremos:
B) Errado
RESPOSTA: “B”.
O réu não estiver preso por outro motivo = ~P
10. (ANVISA - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CE-
Deve ser imediatamente solto = S
Se o réu não estiver preso por outro motivo, deve ser TRO/2012) Se Viviane não dança, Márcia não canta. Logo,
imediatamente solto=P S A) Viviane dançar é condição suficiente para Márcia
Se o réu não for imediatamente solto, então, ele está cantar.
preso por outro motivo = ~SP B) Viviane não dançar é condição necessária para Már-
De acordo com a regra de equivalência (A B) = (~B ~A) cia não cantar.
a questão está correta. C) Viviane dançar é condição necessária para Márcia
cantar.
7. A negação da proposição relativa à decisão judicial D) Viviane não dançar é condição suficiente para Már-
estará corretamente representada por “O réu não deve ser cia cantar.
imediatamente solto, mesmo não estando preso por outro E) Viviane dançar é condição necessária para Márcia
motivo”. não cantar.
A) Certo
B) Errado Inicialmente, reescreveremos a condicional dada na
forma de condição suficiente e condição necessária:
“O réu deve ser imediatamente solto, se por outro
motivo não estiver preso” está no texto, assim: “Se Viviane não dança, Márcia não canta”
P = “Por outro motivo não estiver preso”
Q = “O réu deve ser imediatamente solto” 1ª possibilidade: Viviane não dançar é condição su-
PQ, a negação ~(P Q) = P e ~Q ficiente para Márcia não cantar. Não há RESPOSTA: para
P e ~Q = Por outro motivo estiver preso o réu não deve essa possibilidade.
ser imediatamente solto”
2ª possibilidade: Márcia não cantar é condição neces-
8. (Polícia Civil/SP - Investigador – VUNESP/2014) Um sária para Viviane não dançar.. Não há RESPOSTA: para
antropólogo estadunidense chega ao Brasil para aperfei- essa possibilidade.
çoar seu conhecimento da língua portuguesa. Durante sua Não havendo RESPOSTA: , modificaremos a condicio-
estadia em nosso país, ele fica muito intrigado com a frase nal inicial, transformando-a em outra condicional equiva-
“não vou fazer coisa nenhuma”, bastante utilizada em nos- lente, nesse caso utilizaremos o conceito da contrapositiva
sa linguagem coloquial. A dúvida dele surge porque ou contra posição: pq ~q ~p

8
RACIOCÍNIO LÓGICO

“Se Viviane não dança, Márcia não canta” “Se Márcia Observando-se a 3 linha da tabela-verdade acima,
canta, Viviane dança” ―Q‖ e ―P ® (¬ Q) são, simultaneamente, V se, e somente
Transformando, a condicional “Se Márcia canta, Viviane se, ―P‖ for F.
dança” na forma de condição suficiente e condição neces- Resposta: CERTO.
sária, obteremos as seguintes possibilidades:
1ª possibilidade: Márcia cantar é condição suficiente 13. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A
para Viviane dançar. Não há RESPOSTA: para essa possi- proposição [PvQ]Q é uma tautologia.
bilidade. ( )Certo ( ) Errado
2ª possibilidade: Viviane dançar é condição necessária
para Márcia cantar. Construindo a tabela-verdade da proposição compos-
RESPOSTA: “C”. ta: [P Ú Q] ® Q, teremos como solução:

11. (BRDE - ANALISTA DE SISTEMAS - AOCP/2012) P Q Pv Q (Pv Q)→Q (p^~q)↔(~p v q)


Considere a sentença: “Se Ana é professora, então Camila é
médica.” A proposição equivalente a esta sentença é V V V V→V V
A) Ana não é professora ou Camila é médica. V F V V→F F
B) Se Ana é médica, então Camila é professora. F V V V→V V
C) Se Camila é médica, então Ana é professora.
D) Se Ana é professora, então Camila não é médica. F F F F→F V
E) Se Ana não é professora, então Camila não é médica.
Existem duas equivalências particulares em relação a P(P;Q) = VFVV
uma condicional do tipo “Se A, então B”. Portanto, essa proposição composta é uma contingência
ou indeterminação lógica.
1ª) Pela contrapositiva ou contraposição: “Se A, então Resposta: ERRADO.
B” é equivalente a “Se ~B, então ~A”
“Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será 14. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Se P
equivalente a: for F e P v Q for V, então Q é V.
“Se Camila não é médica, então Ana não é professora.” ( )Certo ( ) Errado

2ª) Pela Teoria da Involução ou Dupla Negação: “Se A, Lembramos que uma disjunção simples, na forma: “P
então B” é equivalente a “~A ou B” vQ”, será verdadeira (V) se, pelo menos, uma de suas partes
“Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será for verdadeira (V). Nesse caso, se “P” for falsa e “PvQ” for
equivalente a: verdadeira, então “Q” será, necessariamente, verdadeira.
“Ana não é professora ou Camila é médica.” Resposta: CERTO.
Ficaremos, então, com a segunda equivalência, já que
esta configura no gabarito. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013)
RESPOSTA: “A”. P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta.
P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz.
(PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Consi- P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres.
derando que P e Q representem proposições conhecidas e P4: Há criminosos livres.
que V e F representem, respectivamente, os valores verda- C: Portanto a criminalidade é alta.
deiro e falso, julgue os próximos itens. (374 a 376) Considerando o argumento apresentado acima, em
que P1, P2, P3 e P4 são as premissas e C, a conclusão, jul-
12. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) (PC/ gue os itens subsequentes. (377 e 378)
DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) As proposições
Q e P (¬ Q) são, simultaneamente, V se, e somente se, P 15. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) O
for F. argumento apresentado é um argumento válido.
( )Certo ( ) Errado ( )Certo ( ) Errado

Observando a tabela-verdade da proposição compos- Verificaremos se as verdades das premissas P1, P2, P3
ta “P (¬ Q)”, em função dos valores lógicos de “P” e “Q”, e P4 sustentam a verdade da conclusão. Nesse caso, de-
temos: vemos considerar que todas as premissas são, necessaria-
mente, verdadeiras.
P Q ¬Q P→(¬Q) P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta.
V V F F (V)
V F V V P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz. (V)
P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres.
F V F V (V)
F F V V P4: Há criminosos livres. (V)

9
RACIOCÍNIO LÓGICO

Portanto, se a premissa P4 – proposição simples – é ver- Considerando a proposição simples ―a criminalidade


dadeira (V), então a 2ª parte da condicional representada é alta‖ como verdadeira (V), logo a conclusão desse argu-
pela premissa P3 será considerada falsa (F). Então, veja: mento é, de fato, verdadeira (V), o que torna esse argumen-
to válido.
Resposta: CERTO.
16. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A
negação da proposição P1 pode ser escrita como “Se a im-
punidade não é alta, então a criminalidade não é alta”.
( )Certo ( ) Errado

Seja P1 representada simbolicamente, por:


A impunidade não é alta(p) então a criminalidade não
Sabendo-se que a condicional P3 é verdadeira e co- é alta(q)
nhecendo-se o valor lógico de sua 2ª parte como falsa (F),
A negação de uma condicional é dada por:
então o valor lógico de sua 1ª parte nunca poderá ser ver-
~(pq)
dadeiro (V). Assim, a proposição simples ―a justiça é eficaz‖
Logo, sua negação será dada por: ~P1 a impunidade é
será considerada falsa (F).
Se a proposição simples ―a justiça é eficaz‖ é conside- alta e a criminalidade não é alta.
rada falsa (F), então a 2ª parte da disjunção simples repre- Resposta:ERRADO.
sentada pela premissa P2, também, será falsa (F).
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO

ARGUMENTO

Argumento é uma relação que associa um conjunto de


proposições (p1, p2, p3,... pn), chamadas premissas ou hipó-
teses, e uma proposição C chamada conclusão. Esta relação
é tal que a estrutura lógica das premissas acarretam ou tem
como consequência a proposição C (conclusão).
O argumento pode ser representado da seguinte for-
ma:

Sendo verdadeira (V) a premissa P2 (disjunção simples)


e conhecendo-se o valor lógico de uma das partes como
falsa (F), então o valor lógico da outra parte deverá ser, ne-
cessariamente, verdadeira (V). Lembramos que, uma disjun-
ção simples será considerada verdadeira (V), quando, pelo
menos, uma de suas partes for verdadeira (V).

Sendo verdadeira (V) a proposição simples ―a impu-


nidade é alta‖, então, confirmaremos também como ver-
dadeira (V), a 1ª parte da condicional representada pela
premissa P1.

EXEMPLOS:
1. Todos os cariocas são alegres.
    Todas as pessoas alegres vão à praia
    Todos os cariocas vão à praia.
2. Todos os cientistas são loucos.
    Einstein é cientista.
    Einstein é louco!

Nestes exemplos temos o famoso silogismo categórico


de forma típica ou simplesmente silogismo. Os silogismos
são os argumentos que têm somente duas premissas e mais
Considerando-se como verdadeira (V) a 1ª parte da a conclusão, e utilizam os termos: todo, nenhum e algum,
condicional em P1, então, deveremos considerar também em sua estrutura.
como verdadeira (V), sua 2ª parte, pois uma verdade sem-
pre implica em outra verdade.

10
RACIOCÍNIO LÓGICO

ANALOGIAS “Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”


“Existem crianças que são inteligentes.”
A analogia é uma das melhores formas para utilizar o Assim sendo, certamente é verdade que:
raciocínio. Nesse tipo de raciocínio usa-se a comparação (A) Alguma criança inteligente não gosta de passear
de uma situação conhecida com uma desconhecida. Uma no Metrô de São Paulo.
analogia depende de três situações: (B) Alguma criança que gosta de passear no Metrô de
• os fundamentos precisam ser verdadeiros e im- São Paulo é inteligente.
portantes; (C) Alguma criança não inteligente não gosta de pas-
• a quantidade de elementos parecidos entre as sear no Metrô de São Paulo.
situações deve ser significativo; (D) Toda criança que gosta de passear no Metrô de
• não pode existir conflitos marcantes. São Paulo é inteligente.
(E) Toda criança inteligente não gosta de passear no
INFERÊNCIAS Metrô de São Paulo.

A indução está relacionada a diversos casos pequenos SOLUÇÃO:


que chegam a uma conclusão geral. Nesse sentido pode- Representando as proposições na forma de conjuntos
mos definir também a indução fraca e a indução forte. Essa (diagramas lógicos – ver artigo sobre diagramas lógicos)
indução forte ocorre quando não existe grandes chances teremos:
de que um caso discorde da premissa geral. Já a fraca re- “Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
fere-se a falta de sustentabilidade de um conceito ou con- “Existem crianças que são inteligentes.”
clusão.

DEDUÇÕES

ARGUMENTOS DEDUTIVOS E INDUTIVOS


Os argumentos podem ser classificados em dois ti-
pos: Dedutivos e Indutivos.

1) O argumento será DEDUTIVO quando suas premis-


sas fornecerem informações suficientes para comprovar a
veracidade da conclusão, isto é, o argumento é dedutivo Pelo gráfico, observamos claramente que se todas as
quando a conclusão é completamente derivada das pre- crianças gostam de passear no metrô e existem crianças
missas. inteligentes, então alguma criança que gosta de passear
no Metrô de São Paulo é inteligente. Logo, a alternativa
correta é a opção B.
EXEMPLO:
Todo ser humano têm mãe.
Todos os homens são humanos.
Todos os homens têm mãe. CONCLUSÕES

2) O argumento será INDUTIVO quando suas premis- VALIDADE DE UM ARGUMENTO


sas não fornecerem o “apoio completo” para ratificar as Uma proposição é verdadeira ou falsa. No caso de
conclusões. Portanto, nos argumentos indutivos, a conclu- um argumento dedutivo diremos que ele é válido ou in-
são possui informações que ultrapassam as fornecidas nas válido. Atente-se para o fato que todos os argumentos
premissas. Sendo assim, não se aplica, então, a definição indutivos são inválidos, portanto não há de se falar em
de argumentos válidos ou não válidos para argumentos validade de argumentos indutivos.
indutivos. A validade é uma propriedade dos argumentos que
depende apenas da forma (estrutura lógica) das suas pro-
EXEMPLO: posições (premissas e conclusões) e não do seu conteúdo.
O Flamengo é um bom time de futebol.
O Palmeiras é um bom time de futebol. Argumento Válido
O Vasco é um bom time de futebol. Um argumento será válido quando a sua conclusão é
O Cruzeiro é um bom time de futebol. uma consequência obrigatória de suas premissas. Em ou-
Todos os times brasileiros de futebol são bons. tras palavras, podemos dizer que quando um argumento
Note que não podemos afirmar que todos os times é válido, a verdade de suas premissas deve garantir a ver-
brasileiros são bons sabendo apenas que 4 deles são bons. dade da conclusão do argumento. Isso significa que, se o
argumento é válido, jamais poderemos chegar a uma con-
Exemplo: (FCC)  Considere que as seguintes afirma- clusão falsa quando as premissas forem verdadeiras.
ções são verdadeiras:

11
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo: (CESPE) Suponha um argumento no qual as “Ana é suspeita”. (Não se “desenha” a conclusão, ape-
premissas sejam as proposições I e II abaixo. nas as premissas!)
I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é in-
feliz.
II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco.
Nesse caso, se a conclusão for a proposição “Mulhe-
res desempregadas vivem pouco”, tem-se um argumento
correto.

SOLUÇÃO:
Se representarmos na forma de diagramas lógicos (ver
artigo sobre diagramas lógicos), para facilitar a resolução,
teremos:
   I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é
infeliz. = Toda mulher desempregada é infeliz.
   II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. = O fato do enunciado ter falado apenas que “Ana não
Toda mulher infeliz vive pouco. cometeu um crime perfeito”, não nos diz se ela é suspeita
ou não. Por isso temos duas possibilidades (ver bonecos).
Logo, a questão está errada, pois não podemos afirmar,
com certeza, que Ana é suspeita. Logo, o argumento é in-
válido.

EXERCICIOS:

(TJ-AC - Analista Judiciário - Conhecimentos Bási-


cos - Cargos 1 e 2 - CESPE/2012) (10 a 13)

Considerando que as proposições lógicas sejam re-


presentadas por letras maiúsculas, julgue os próximos
itens, relativos a lógica proposicional e de argumenta-
Com isso, qualquer mulher que esteja no conjunto das ção.
desempregadas (ver boneco), automaticamente estará no
conjunto das mulheres que vivem pouco. Portanto, se a 1. A expressão é uma tautologia.
conclusão for a proposição “Mulheres desempregadas vi- A) Certo
vem pouco”, tem-se um argumento correto (correto = vá- B) Errado
lido!).
Resposta: B.
Argumento Inválido Fazendo a tabela verdade:
Dizemos que um argumento é inválido, quando a ver-
dade das premissas não é suficiente para garantir a verda- P Q P→Q (P→Q) V P [(P→Q) V P]→Q
de da conclusão, ou seja, quando a conclusão não é uma
consequência obrigatória das premissas. V V V V V
V F F V V
F V V V V
Exemplo: (CESPE) É válido o seguinte argumento: Se
Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspeita, F F F F F
mas (e) Ana não cometeu um crime perfeito, então Ana é
suspeita. Portanto não é uma tautologia.

SOLUÇÃO: 2. As proposições “Luiz joga basquete porque Luiz é


Representando as premissas do enunciado na forma alto” e “Luiz não é alto porque Luiz não joga basquete”
de diagramas lógicos (ver artigo sobre diagramas lógicos), são logicamente equivalentes.
obteremos: A) Certo
Premissas: B) Errado
“Se Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é Resposta: A.
suspeita” = “Toda pessoa que comete um crime perfeito São equivalentes por que “Luiz não é alto porque Luiz
não é suspeita”.  não joga basquete” nega as duas partes da proposição, a
“Ana não cometeu um crime perfeito”. deixando equivalente a primeira.
 Conclusão:

12
RACIOCÍNIO LÓGICO

3. A sentença “A justiça e a lei nem sempre andam P Q R (P→Q)^(~R)


pelos mesmos caminhos” pode ser representada sim-
bolicamente por PΛQ, em que as proposições P e Q são V V V F
convenientemente escolhidas. V V F V
A) Certo V F V F
B) Errado
V F F F
Resposta: B. F V V F
Não, pois ^ representa o conectivo “e”, e o “e” é usado F V F V
para unir A justiça E a lei, e “A justiça” não pode ser con-
siderada uma proposição, pois não pode ser considerada F F V F
verdadeira ou falsa. F F F V

4. Considere que a tabela abaixo representa as TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CES-
primeiras colunas da tabela-verdade da proposição PE/2012)

Logo, a coluna abaixo representa a última coluna


dessa tabela-verdade.

Com base na situação descrita acima, julgue o item


a seguir.

5. O argumento cujas premissas correspondem às


quatro afirmações do jornalista e cuja conclusão é “Pe-
dro não disputará a eleição presidencial da República”
é um argumento válido.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.

Argumento válido é aquele que pode ser concluído a


A) Certo partir das premissas, considerando que as premissas são
B) Errado verdadeiras então tenho que:
Se João for eleito prefeito ele disputará a presidência;
Resposta: A. Se João disputar a presidência então Pedro não vai dis-
Fazendo a tabela verdade: putar;
Se João não for eleito prefeito se tornará presidente do
partido e não apoiará a candidatura de Pedro à presidência;

13
RACIOCÍNIO LÓGICO

Se o presidente do partido não apoiar Pedro ele não disputará a presidência.

(PRF - Nível Superior - Conhecimentos Básicos - Todos os Cargos - CESPE/2012)


Um jovem, visando ganhar um novo smartphone no dia das crianças, apresentou à sua mãe a seguinte argu-
mentação: “Mãe, se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou despesas a vocês e dependo de mesada, então eu
não ajo como um homem da minha idade. Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade para assumir
minhas responsabilidades, então não tenho um mínimo de maturidade. Se não ajo como um homem da minha
idade, sou tratado como criança. Se não tenho um mínimo de maturidade, sou tratado como criança. Logo, se sou
tratado como criança, mereço ganhar um novo smartphone no dia das crianças”.
Com base nessa argumentação, julgue os itens a seguir..

6. A proposição “Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade para assumir minhas responsabilida-
des, então não tenho um mínimo de maturidade” é equivalente a “Se eu tenho um mínimo de maturidade, então
não estou há 7 anos na faculdade e tenho capacidade para assumir minhas responsabilidades”.
A) Certo
B) Errado

Resposta: B.
Equivalência de Condicional: P -> Q = ~ Q -> ~ P 
Negação de Proposição: ~ (P ^ Q)  =  ~ P v ~ Q 

P Q R ¬P ¬Q ¬R P^¬Q (P^¬Q) → ¬R ¬P^Q R→ (¬P^Q)


V V V F F F F V F F
V V F F F V F V F V
V F V F V F V F F F
V F F F V V V V F V
F V V V F F F V V V
F V F V F V F V V V
F F V V V F F V F F
F F F V V V F V F V

Portanto não são equivalentes.

7. Considere as seguintes proposições: “Tenho 25 anos”, “Moro com você e papai”, “Dou despesas a vocês” e
“Dependo de mesada”. Se alguma dessas proposições for falsa, também será falsa a proposição “Se tenho 25 anos,
moro com você e papai, dou despesas a vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem da minha
idade”.
A) Certo
B) Errado

Resposta: A.
(A^B^C^D) E
Ora, se A ou B ou C ou D estiver falsa como afirma o enunciado, logo torna a primeira parte da condicional falsa, (visto
que trata-se da conjunção) tornando- a primeira parte da condicional falsa, logo toda a proposição se torna verdadeira.

8. A proposição “Se não ajo como um homem da minha idade, sou tratado como criança, e se não tenho um
mínimo de maturidade, sou tratado como criança” é equivalente a “Se não ajo como um homem da minha idade ou
não tenho um mínimo de maturidade, sou tratado como criança”.
A) Certo
B) Errado

Resposta: A.
A = Se não ajo como um homem da minha idade,
B = sou tratado como criança,
C= se não tenho um mínimo de maturidade

A B C ~A  ~C (~A → B) (~C → B) (~A v ~ C) (~A→ B) ^ (~ C→ B) (~A v ~ C)→ B

14
RACIOCÍNIO LÓGICO

V V V F F V V F V V
V V F F V V V V V V
V F V F F V V F V V
V F F F V V F V F F
F V V V F V V V V V
F V F V V V V V V V
F F V V F F V V F F
F F F V V F F V F F

De acordo com a tabela verdade são equivalentes.

Diagramas Lógicos

Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários problemas. Uma situação que esses diagramas poderão ser
usados, é na determinação da quantidade de elementos que apresentam uma determinada característica.

Assim, se num grupo de pessoas há 43 que dirigem carro, 18 que dirigem moto e 10 que dirigem carro e moto. Ba-
seando-se nesses dados, e nos diagramas lógicos poderemos saber: Quantas pessoas têm no grupo ou quantas dirigem
somente carro ou ainda quantas dirigem somente motos. Vamos inicialmente montar os diagramas dos conjuntos que re-
presentam os motoristas de motos e motoristas de carros. Começaremos marcando quantos elementos tem a intersecção
e depois completaremos os outros espaços.

Marcando o valor da intersecção, então iremos subtraindo esse valor da quantidade de elementos dos conjuntos A e
B. A partir dos valores reais, é que poderemos responder as perguntas feitas.

15
RACIOCÍNIO LÓGICO

a) Temos no grupo: 8 + 10 + 33 = 51 motoristas.


b) Dirigem somente carros 33 motoristas.
c) Dirigem somente motos 8 motoristas.
No caso de uma pesquisa de opinião sobre a preferên-
cia quanto à leitura de três jornais. A, B e C, foi apresentada
a seguinte tabela:

Jornais Leitores
A 300
B 250
C 200
AeB 70 Com essa distribuição, poderemos notar que 205 pes-
AeC 65 soas leem apenas o jornal A. Verificamos que 500 pessoas
BeC 105 não leem o jornal C, pois é a soma 205 + 30 + 115 + 150.
Notamos ainda que 700 pessoas foram entrevistadas, que
A, B e C 40 é a soma 205 + 30 + 25 + 40 + 115 + 65 + 70 + 150.
Nenhum 150 Diagrama de Euler

Para termos os valores reais da pesquisa, vamos inicial- Um diagrama de Euler é similar a um diagrama de
mente montar os diagramas que representam cada con- Venn, mas não precisa conter todas as zonas (onde uma
junto. A colocação dos valores começará pela intersecção zona é definida como a área de intersecção entre dois ou
dos três conjuntos e depois para as intersecções duas a mais contornos). Assim, um diagrama de Euler pode definir
duas e por último às regiões que representam cada con- um universo de discurso, isto é, ele pode definir um sistema
junto individualmente. Representaremos esses conjuntos no qual certas intersecções não são possíveis ou conside-
dentro de um retângulo que indicará o conjunto universo radas. Assim, um diagrama de Venn contendo os atributos
da pesquisa. para Animal, Mineral e quatro patas teria que conter inter-
secções onde alguns estão em ambos animal, mineral e de
quatro patas. Um diagrama de Venn, consequentemente,
mostra todas as possíveis combinações ou conjunções.

Diagramas de Euler consistem em curvas simples fe-


Fora dos diagramas teremos 150 elementos que não chadas (geralmente círculos) no plano que mostra os con-
são leitores de nenhum dos três jornais. juntos. Os tamanhos e formas das curvas não são impor-
Na região I, teremos: 70 - 40 = 30 elementos. tantes: a significância do diagrama está na forma como
Na região II, teremos: 65 - 40 = 25 elementos. eles se sobrepõem. As relações espaciais entre as regiões
Na região III, teremos: 105 - 40 = 65 elementos. delimitadas por cada curva (sobreposição, contenção ou
Na região IV, teremos: 300 - 40 - 30 - 25 = 205 ele- nenhuma) correspondem relações teóricas (subconjunto
mentos. interseção e disjunção). Cada curva de Euler divide o plano
Na região V, teremos: 250 - 40 -30 - 65 = 115 elemen- em duas regiões ou zonas estão: o interior, que representa
tos. simbolicamente os elementos do conjunto, e o exterior, o
Na região VI, teremos: 200 - 40 - 25 - 65 = 70 elemen- que representa todos os elementos que não são membros
tos. do conjunto. Curvas cujos interiores não se cruzam repre-
sentam conjuntos disjuntos. Duas curvas cujos interiores
Dessa forma, o diagrama figura preenchido com os se- se interceptam representam conjuntos que têm elemen-
guintes elementos: tos comuns, a zona dentro de ambas as curvas representa
o conjunto de elementos comuns a ambos os conjuntos
(intersecção dos conjuntos). Uma curva que está contido
completamente dentro da zona interior de outro represen-
ta um subconjunto do mesmo.

16
RACIOCÍNIO LÓGICO

Os Diagramas de Venn são uma forma mais restritiva uma cor diferente. Eventualmente, os círculos são repre-
de diagramas de Euler. Um diagrama de Venn deve con- sentados como completamente inseridos dentro de um
ter todas as possíveis zonas de sobreposição entre as suas retângulo, que representa o conjunto universo daquele
curvas, representando todas as combinações de inclusão / particular contexto (já se buscou a existência de um con-
exclusão de seus conjuntos constituintes, mas em um dia- junto universo que pudesse abranger todos os conjuntos
grama de Euler algumas zonas podem estar faltando. Essa possíveis, mas Bertrand Russell mostrou que tal tarefa era
falta foi o que motivou Venn a desenvolver seus diagramas. impossível). A ideia de conjunto universo é normalmente
Existia a necessidade de criar diagramas em que pudessem atribuída a Lewis Carroll. Do mesmo modo, espaços inter-
ser observadas, por meio de suposição, quaisquer relações nos comuns a dois ou mais conjuntos representam a sua
entre as zonas não apenas as que são “verdadeiras”. intersecção, ao passo que a totalidade dos espaços perten-
Os diagramas de Euler (em conjunto com os de Venn) centes a um ou outro conjunto indistintamente representa
são largamente utilizados para ensinar a teoria dos con- sua união.
juntos no campo da matemática ou lógica matemática no John Venn desenvolveu os diagramas no século XIX,
campo da lógica. Eles também podem ser utilizados para ampliando e formalizando desenvolvimentos anteriores
representar relacionamentos complexos com mais clareza, de Leibniz e Euler. E, na década de 1960, eles foram incor-
já que representa apenas as relações válidas. Em estudos porados ao currículo escolar de matemática. Embora seja
mais aplicados esses diagramas podem ser utilizados para simples construir diagramas de Venn para dois ou três con-
provar / analisar silogismos que são argumentos lógicos juntos, surgem dificuldades quando se tenta usá-los para
para que se possa deduzir uma conclusão. um número maior. Algumas construções possíveis são de-
vidas ao próprio John Venn e a outros matemáticos como
Diagramas de Venn Anthony W. F. Edwards, Branko Grünbaum e Phillip Smith.
Designa-se por diagramas de Venn os diagramas usa- Além disso, encontram-se em uso outros diagramas simila-
dos em matemática para simbolizar graficamente proprie- res aos de Venn, entre os quais os de Euler, Johnston, Pierce
dades, axiomas e problemas relativos aos conjuntos e sua e Karnaugh.
teoria. Os respectivos diagramas consistem de curvas fe-
chadas simples desenhadas sobre um plano, de forma a Dois Conjuntos: considere-se o seguinte exemplo: su-
simbolizar os conjuntos e permitir a representação das re- ponha-se que o conjunto A representa os animais bípedes
lações de pertença entre conjuntos e seus elementos (por e o conjunto B representa os animais capazes de voar. A
área onde os dois círculos se sobrepõem, designada por
exemplo, 4 ∉ {3,4,5}, mas 4 ∉ {1,2,3,12}) e relações
intersecção A e B ou intersecção A-B, conteria todas as
de continência (inclusão) entre os conjuntos (por exemplo,
criaturas que ao mesmo tempo podem voar e têm apenas
{1, 3} ⊂ {1, 2, 3, 4}). Assim, duas curvas que não se to-
duas pernas motoras.
cam e estão uma no espaço interno da outra simbolizam
conjuntos que possuem continência; ao passo que o ponto
interno a uma curva representa um elemento pertencente
ao conjunto.
Os diagramas de Venn são construídos com coleções
de curvas fechadas contidas em um plano. O interior des-
sas curvas representa, simbolicamente, a coleção de ele-
mentos do conjunto. De acordo com Clarence Irving Lewis,
o “princípio desses diagramas é que classes (ou conjuntos) Considere-se agora que cada espécie viva está repre-
sejam representadas por regiões, com tal relação entre si sentada por um ponto situado em alguma parte do dia-
que todas as relações lógicas possíveis entre as classes grama. Os humanos e os pinguins seriam marcados dentro
possam ser indicadas no mesmo diagrama. Isto é, o dia- do círculo A, na parte dele que não se sobrepõe com o
grama deixa espaço para qualquer relação possível entre círculo B, já que ambos são bípedes mas não podem voar.
as classes, e a relação dada ou existente pode então ser Os mosquitos, que voam mas têm seis pernas, seriam re-
definida indicando se alguma região em específico é vazia presentados dentro do círculo B e fora da sobreposição. Os
ou não-vazia”. Pode-se escrever uma definição mais formal canários, por sua vez, seriam representados na intersecção
do seguinte modo: Seja C = (C1, C2, ... Cn) uma coleção de A-B, já que são bípedes e podem voar. Qualquer animal
curvas fechadas simples desenhadas em um plano. C é uma que não fosse bípede nem pudesse voar, como baleias ou
família independente se a região formada por cada uma serpentes, seria marcado por pontos fora dos dois círculos.
das interseções X1 X2 ... Xn, onde cada Xi é o interior ou o Assim, o diagrama de dois conjuntos representa quatro
exterior de Ci, é não-vazia, em outras palavras, se todas as áreas distintas (a que fica fora de ambos os círculos, a parte
curvas se intersectam de todas as maneiras possíveis. Se, de cada círculo que pertence a ambos os círculos (onde há
além disso, cada uma dessas regiões é conexa e há apenas sobreposição), e as duas áreas que não se sobrepõem, mas
um número finito de pontos de interseção entre as curvas, estão em um círculo ou no outro):
então C é um diagrama de Venn para n conjuntos. - Animais que possuem duas pernas e não voam (A
Nos casos mais simples, os diagramas são representa- sem sobreposição).
dos por círculos que se encobrem parcialmente. As partes - Animais que voam e não possuem duas pernas (B
referidas em um enunciado específico são marcadas com sem sobreposição).

17
RACIOCÍNIO LÓGICO

- Animais que possuem duas pernas e voam (sobre-


posição).
- Animais que não possuem duas pernas e não voam
(branco - fora).

Essas configurações são representadas, respectiva-


mente, pelas operações de conjuntos: diferença de A para União de dois conjuntos: A B
B, diferença de B para A, intersecção entre A e B, e con-
junto complementar de A e B. Cada uma delas pode ser
representada como as seguintes áreas (mais escuras) no
diagrama:

Diferença Simétrica de dois conjuntos: A B

Diferença de A para B: A\B

Complementar de A em U: AC = U \ A

Diferença de B para A: B\A

Complementar de B em U: BC = U \ B

Intersecção de dois conjuntos: AB Três Conjuntos: Na sua apresentação inicial, Venn fo-
cou-se sobretudo nos diagramas de três conjuntos. Alar-
gando o exemplo anterior, poderia-se introduzir o conjun-
to C dos animais que possuem bico. Neste caso, o diagra-
ma define sete áreas distintas, que podem combinar-se de
256 (28) maneiras diferentes, algumas delas ilustradas nas
imagens seguintes.

Complementar de dois conjuntos: U \ (AB)

Além disso, essas quatro áreas podem ser combinadas


de 16 formas diferentes. Por exemplo, pode-se perguntar
sobre os animais que voam ou tem duas patas (pelo menos
uma das características); tal conjunto seria representado
pela união de A e B. Já os animais que voam e não possuem
duas patas mais os que não voam e possuem duas patas,
seriam representados pela diferença simétrica entre A e B.
Estes exemplos são mostrados nas imagens a seguir, que
incluem também outros dois casos.
Diagrama de Venn mostrando todas as intersecções
possíveis entre A, B e C.

18
RACIOCÍNIO LÓGICO

colegas estão me elogiando”, mesmo que todos eles es-


tejam. Dizer que Algum A é B é logicamente equivalente a
dizer que Algum B é A. Também, as seguintes expressões
são equivalentes: Algum A é B = Pelo menos um A é B =
Existe um A que é B.
Proposições da forma Algum A não é B estabelecem
que o conjunto A tem pelo menos um elemento que não
pertence ao conjunto B. Temos as seguintes equivalências:
União de três conjuntos: A B C Algum A não é B = Algum A é não B = Algum não B é A.
Mas não é equivalente a Algum B não é A. Nas proposições
categóricas, usam-se também as variações gramaticais dos
verbos ser e estar, tais como é, são, está, foi, eram, ..., como
elo de ligação entre A e B.

- Todo A é B = Todo A não é não B.


- Algum A é B = Algum A não é não B.
- Nenhum A é B = Nenhum A não é não B.
- Todo A é não B = Todo A não é B.
Intersecção de três conjuntos: A B C - Algum A é não B = Algum A não é B.
- Nenhum A é não B = Nenhum A não é B.
- Nenhum A é B = Todo A é não B.
- Todo A é B = Nenhum A é não B.
- A negação de Todo A é B é Algum A não é B (e vice-
versa).
- A negação de Algum A é B é Nenhum A não é B (e
vice-versa).

Verdade ou Falsidade das Proposições Categóricas


A \ (B C)
Dada a verdade ou a falsidade de qualquer uma das
proposições categóricas, isto é, de Todo A é B, Nenhum
A é B, Algum A é B e Algum A não é B, pode-se inferir de
imediato a verdade ou a falsidade de algumas ou de todas
as outras.

1. Se a proposição Todo A é B é verdadeira, então te-


mos as duas representações possíveis:

(B C) \ A
1 2
Proposições Categóricas B

- Todo A é B A = B
A
- Nenhum A é B
- Algum A é B e
- Algum A não é B
Nenhum A é B. É falsa.
Proposições do tipo Todo A é B afirmam que o con- Algum A é B. É verdadeira.
junto A é um subconjunto do conjunto B. Ou seja: A está Algum A não é B. É falsa.
contido em B. Atenção: dizer que Todo A é B não significa o
mesmo que Todo B é A. Enunciados da forma Nenhum A é 2. Se a proposição Nenhum A é B é verdadeira, então
B afirmam que os conjuntos A e B são disjuntos, isto é, não temos somente a representação:
tem elementos em comum. Atenção: dizer que Nenhum A
é B é logicamente equivalente a dizer que Nenhum B é A.
Por convenção universal em Lógica, proposições da A B
forma Algum A é B estabelecem que o conjunto A tem pelo
menos um elemento em comum com o conjunto B. Con-
tudo, quando dizemos que Algum A é B, pressupomos que
nem todo A é B. Entretanto, no sentido lógico de algum,
está perfeitamente correto afirmar que “alguns de meus Todo A é B. É falsa.

19
RACIOCÍNIO LÓGICO

Algum A é B. É falsa. (C) “Algum livro não é instrutivo” é uma proposição


Algum A não é B. É verdadeira. verdadeira ou falsa.
(D) “Algum livro é instrutivo” é uma proposição verda-
3. Se a proposição Algum A é B é verdadeira, temos as deira ou falsa.
quatro representações possíveis: (E) “Algum livro não é instrutivo” é uma proposição ne-
cessariamente verdadeira.

03. Dos 500 músicos de uma Filarmônica, 240 tocam


instrumentos de sopro, 160 tocam instrumentos de corda e
60 tocam esses dois tipos de instrumentos. Quantos músi-
cos desta Filarmônica tocam:
(A) instrumentos de sopro ou de corda?
(B) somente um dos dois tipos de instrumento?
(C) instrumentos diferentes dos dois citados?

04. (TTN - ESAF) Se é verdade que “Alguns A são R” e


que “Nenhum G é R”, então é necessariamente verdadeiro
Nenhum A é B. É falsa. que:
Todo A é B. Pode ser verdadeira (em 3 e 4) ou falsa (em (A) algum A não é G;
1 e 2). (B) algum A é G.
Algum A não é B. Pode ser verdadeira (em 1 e 2) ou (C) nenhum A é G;
falsa (em 3 e 4) – é indeterminada. (D) algum G é A;
(E) nenhum G é A;
4. Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, te-
mos as três representações possíveis: 05. Em uma classe, há 20 alunos que praticam futebol
mas não praticam vôlei e há 8 alunos que praticam vôlei
mas não praticam futebol. O total dos que praticam vôlei é
15. Ao todo, existem 17 alunos que não praticam futebol.
O número de alunos da classe é:
(A) 30.
(B) 35.
(C) 37.
(D) 42.
3 (E) 44.
A B
06. Um colégio oferece a seus alunos a prática de um
ou mais dos seguintes esportes: futebol, basquete e vôlei.
Sabe-se que, no atual semestre:
Todo A é B. É falsa. - 20 alunos praticam vôlei e basquete.
Nenhum A é B. Pode ser verdadeira (em 3) ou falsa (em - 60 alunos praticam futebol e 55 praticam basquete.
1 e 2 – é indeterminada).
- 21 alunos não praticam nem futebol nem vôlei.
Algum A é B. Ou falsa (em 3) ou pode ser verdadeira
- o número de alunos que praticam só futebol é idênti-
(em 1 e 2 – é indeterminada).
co ao número de alunos que praticam só vôlei.
- 17 alunos praticam futebol e vôlei.
QUESTÕES
- 45 alunos praticam futebol e basquete; 30, entre os
01. Represente por diagrama de Venn-Euler 45, não praticam vôlei.
(A) Algum A é B O número total de alunos do colégio, no atual semes-
(B) Algum A não é B tre, é igual a:
(C) Todo A é B (A) 93
(D) Nenhum A é B (B) 110
(C) 103
02. (Especialista em Políticas Públicas Bahia - FCC) Con- (D) 99
siderando “todo livro é instrutivo” como uma proposição (E) 114
verdadeira, é correto inferir que:
(A) “Nenhum livro é instrutivo” é uma proposição ne- 07. Numa pesquisa, verificou-se que, das pessoas en-
cessariamente verdadeira. trevistadas, 100 liam o jornal X, 150 liam o jornal Y, 20 liam
(B) “Algum livro é instrutivo” é uma proposição neces- os dois jornais e 110 não liam nenhum dos dois jornais.
sariamente verdadeira. Quantas pessoas foram entrevistadas?

20
RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) 220 02. Resposta “B”.


(B) 240
(C) 280
(D) 300
(E) 340

08. Em uma entrevista de mercado, verificou-se que


2.000 pessoas usam os produtos C ou D. O produto D é
usado por 800 pessoas e 320 pessoas usam os dois produ-
tos ao mesmo tempo. Quantas pessoas usam o produto C? A opção A é descartada de pronto: “nenhum livro é
(A) 1.430 instrutivo” implica a total dissociação entre os diagramas.
(B) 1.450 E estamos com a situação inversa. A opção “B” é perfeita-
(C) 1.500 mente correta. Percebam como todos os elementos do dia-
(D) 1.520 grama “livro” estão inseridos no diagrama “instrutivo”. Res-
(E) 1.600 ta necessariamente perfeito que algum livro é instrutivo.

09. Sabe-se que o sangue das pessoas pode ser classi- 03. Seja C o conjunto dos músicos que tocam instru-
ficado em quatro tipos quanto a antígenos. Em uma pes- mentos de corda e S dos que tocam instrumentos de so-
quisa efetuada num grupo de 120 pessoas de um hospital, pro. Chamemos de F o conjunto dos músicos da Filarmô-
constatou-se que 40 delas têm o antígeno A, 35 têm o an- nica. Ao resolver este tipo de problema faça o diagrama,
tígeno B e 14 têm o antígeno AB. Com base nesses dados, assim você poderá visualizar o problema e sempre comece
quantas pessoas possuem o antígeno O? a preencher os dados de dentro para fora.
(A) 50
(B) 52 Passo 1: 60 tocam os dois instrumentos, portanto, após
(C) 59 fazermos o diagrama, este número vai no meio.
(D) 63
Passo 2:
(E) 65
a)160 tocam instrumentos de corda. Já temos 60. Os
que só tocam corda são, portanto 160 - 60 = 100
10. Em uma universidade são lidos dois jornais, A e B. Exa-
b) 240 tocam instrumento de sopro. 240 - 60 = 180
tamente 80% dos alunos leem o jornal A e 60% leem o jornal
B. Sabendo que todo aluno é leitor de pelo menos um dos
Vamos ao diagrama, preenchemos os dados obtidos
jornais, encontre o percentual que leem ambos os jornais.
acima:
(A) 40%
(B) 45%
(C) 50%
(D) 60%
(E) 65% 100 60 180

Respostas
01.
Com o diagrama completamente preenchido, fica fá-
(A) cil achara as respostas: Quantos músicos desta Filarmônica
tocam:
a) instrumentos de sopro ou de corda? Pelos dados do
problema: 100 + 60 + 180 = 340
b) somente um dos dois tipos de instrumento? 100 +
(B) 180 = 280
c) instrumentos diferentes dos dois citados? 500 - 340
= 160

04. Esta questão traz, no enunciado, duas proposições


(C) categóricas:
- Alguns A são R
- Nenhum G é R

Devemos fazer a representação gráfica de cada uma


(D) delas por círculos para ajudar-nos a obter a resposta corre-
ta. Vamos iniciar pela representação do Nenhum G é R, que
é dada por dois círculos separados, sem nenhum ponto em
comum.

21
RACIOCÍNIO LÓGICO

05. Resposta “E”.

Como já foi visto, não há uma representação gráfica


única para a proposição categórica do Alguns A são R, mas
geralmente a representação em que os dois círculos se in- n = 20 + 7 + 8 + 9
terceptam (mostrada abaixo) tem sido suficiente para re- n = 44
solver qualquer questão.
06. Resposta “D”.

n(FeB) = 45 e n(FeB -V) = 30 → n(FeBeV) = 15


n(FeV) = 17 com n(FeBeV) = 15 → n(FeV - B) = 2
n(F) = n(só F) + n(FeB-V) + n(FeV -B) + n(FeBeV)
60 = n(só F) + 30 + 2 + 15 → n(só F) = 13
Agora devemos juntar os desenhos das duas propo-
sições categóricas para analisarmos qual é a alternativa n(sóF) = n(sóV) = 13
correta. Como a questão não informa sobre a relação en- n(B) = n(só B) + n(BeV) + n(BeF-V) → n(só B) = 65 - 20
tre os conjuntos A e G, então teremos diversas maneiras – 30 = 15
de representar graficamente os três conjuntos (A, G e R). n(nem F nem B nem V) = n(nem F nem V) - n(solo B)
A alternativa correta vai ser aquela que é verdadeira para = 21- 15 = 6
quaisquer dessas representações. Para facilitar a solução
da questão não faremos todas as representações gráficas Total = n(B) + n(só F) + n(só V) + n(Fe V - B) + n(nemF
possíveis entre os três conjuntos, mas sim, uma (ou algu-
nemB nemV) = 65 + 13 + 13 + 2 + 6 = 99.
mas) representação(ões) de cada vez e passamos a analisar
qual é a alternativa que satisfaz esta(s) representação(ões),
se tivermos somente uma alternativa que satisfaça, então
já achamos a resposta correta, senão, desenhamos mais
outra representação gráfica possível e passamos a testar
somente as alternativas que foram verdadeiras. Tomemos
agora o seguinte desenho, em que fazemos duas represen-
tações, uma em que o conjunto A intercepta parcialmente
o conjunto G, e outra em que não há intersecção entre eles.

07. Resposta “E”.

A B

80 20 130 + 110
Teste das alternativas:
Teste da alternativa “A” (algum A não é G). Observando
os desenhos dos círculos, verificamos que esta alternativa
é verdadeira para os dois desenhos de A, isto é, nas duas
representações há elementos em A que não estão em G. Começamos resolvendo pelo que é comum: 20 alunos
Passemos para o teste da próxima alternativa. gostam de ler os dois.
Teste da alternativa “B” (algum A é G). Observando os Leem somente A: 100 – 20 = 80
desenhos dos círculos, verificamos que, para o desenho de Leem somente B: 150 – 20 = 130
A que está mais a direita, esta alternativa não é verdadeira, Totaliza: 80 + 20 + 130 + 110 = 340 pessoas.
isto é, tem elementos em A que não estão em G. Pelo mes-
mo motivo a alternativa “D” não é correta. Passemos para 08. Resposta “D”.
a próxima.
Teste da alternativa “C” (Nenhum A é G). Observando A B
os desenhos dos círculos, verificamos que, para o desenho
de A que está mais a esquerda, esta alternativa não é ver-
dadeira, isto é, tem elementos em A que estão em G. Pelo 1200 320 480
mesmo motivo a alternativa “E” não é correta. Portanto, a
resposta é a alternativa “A”.

22
RACIOCÍNIO LÓGICO

Somente B: 800 – 320 = 480 Desse modo, podemos dizer que o número de formas
Usam A = total – somente B = 2000 – 480 = 1520. diferente que pode ocorrer em um acontecimento é igual
ao produto m . n
09. Resposta “C”. Exemplo: Alice decidiu comprar um carro novo, e
A B inicialmente ela quer se decidir qual o modelo e a cor do
seu novo veículo. Na concessionária onde Alice foi há 3
tipos de modelos que são do interesse dela: Siena, Fox e
+ 59
26 14 21 Astra, sendo que para cada carro há 5 opções de cores:
preto, vinho, azul, vermelho e prata. Qual é o número total
de opções que Alice poderá fazer?
Começa-se resolvendo pelo AB, então somente A = 40 Resolução: Segundo o Principio Fundamental da
– 14 = 26 e somente B = 35 – 14 = 21. Contagem, Alice tem 3×5 opções para fazer, ou seja,ela
Somando-se A, B e AB têm-se 61, então o O são 120 – poderá optar por 15 carros diferentes. Vamos representar
61 = 59 pessoas. as 15 opções na árvore de possibilidades:

10. Resposta “A”.


- Jornal A → 0,8 – x
- Jornal B → 0,6 – x
- Intersecção → x

Então fica:

(0,8 - x) + (0,6 - x) + x = 1
- x + 1,4 = 1
- x = - 0,4
x = 0,4.

Resposta “40% dos alunos leem ambos os jornais”.

Análise Combinatória

Análise combinatória é uma parte da matemática que


estuda, ou melhor, calcula o número de possibilidades, e
estuda os métodos de contagem que existem em acertar
algum número em jogos de azar. Esse tipo de cálculo
nasceu no século XVI, pelo matemático italiano Niccollo Generalizações: Um acontecimento é formado por k
Fontana (1500-1557), chamado também de Tartaglia. estágios sucessivos e independentes, com n1, n2, n3, … , nk
Depois, apareceram os franceses Pierre de Fermat (1601- possibilidades para cada. O total de maneiras distintas de
1665) e Blaise Pascal (1623-1662). A análise desenvolve ocorrer este acontecimento é n1, n2, n3, … , nk
métodos que permitem contar, indiretamente, o número Técnicas de contagem: Na Técnica de contagem não
de elementos de um conjunto. Por exemplo, se quiser importa a ordem.
saber quantos números de quatro algarismos são Considere A = {a; b; c; d; …; j} um conjunto formado por
formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 9, é preciso 10 elementos diferentes, e os agrupamentos ab, ac e ca”.
aplicar as propriedades da análise combinatória. Veja quais ab e ac são agrupamentos sempre distintos, pois se
propriedades existem: diferenciam pela natureza de um dos elemento.
- Princípio fundamental da contagem ac e ca são agrupamentos que podem ser considerados
- Fatorial distintos ou não distintos pois se diferenciam somente pela
- Arranjos simples ordem dos elementos.
- Permutação simples Quando os elementos de um determinado conjunto
- Combinação A forem algarismos, A = {0, 1, 2, 3, …, 9}, e com estes
- Permutação com elementos repetidos algarismos pretendemos obter números, neste caso, os
agrupamentos de 13 e 31 são considerados distintos, pois
Princípio fundamental da contagem: é o mesmo que indicam números diferentes.
a Regra do Produto, um princípio combinatório que indica Quando os elementos de um determinado conjunto A
quantas vezes e as diferentes formas que um acontecimento forem pontos, A = {A1, A2, A3, A4, A5…, A9}, e com estes pontos
pode ocorrer. O acontecimento é formado por dois estágios pretendemos obter retas, neste caso os agrupamentos
caracterizados como sucessivos e independentes: são iguais, pois indicam a mesma reta.
• O primeiro estágio pode ocorrer de m modos
distintos.
• O segundo estágio pode ocorrer de n modos distintos.

23
RACIOCÍNIO LÓGICO

Conclusão: Os agrupamentos... n - 1 → possibilidades na escolha do 2º elemento, pois


um deles já foi usado.
1. Em alguns problemas de contagem, quando os n - 2 → possibilidades na escolha do 3º elemento, pois
agrupamentos se diferirem pela natureza de pelo menos um dois deles já foi usado.
de seus elementos, os agrupamentos serão considerados .
distintos. n - (k - 1) → possibilidades na escolha do kº elemento,
ac = ca, neste caso os agrupamentos são denominados pois l-1 deles já foi usado.
combinações.
Pode ocorrer: O conjunto A é formado por pontos e o No Princípio Fundamental da Contagem (An, k), o
problema é saber quantas retas esses pontos determinam. número total de arranjos simples dos n elementos de A
(tomados k a k), temos:
2. Quando se diferir tanto pela natureza quanto pela
ordem de seus elementos, os problemas de contagem An,k = n (n - 1) . (n - 2) . ... . (n – k + 1)
serão agrupados e considerados distintos. (é o produto de k fatores)

ac ≠ ca, neste caso os agrupamentos são denominados


arranjos. Multiplicando e dividindo por (n – k)!
Pode ocorrer: O conjunto A é formado por algarismos
e o problema é contar os números por eles determinados.

Fatorial: Na matemática, o fatorial de um número


natural n, representado por n!, é o produto de todos os
inteiros positivos menores ou iguais a n. A notação n! foi
introduzida por Christian Kramp em 1808. A função fatorial Note que n (n – 1) . (n – 2). ... .(n – k + 1) . (n – k)! = n!
é normalmente definida por:
Podemos também escrever

Permutações: Considere A como um conjunto com n


elementos. Os arranjos simples n a n dos elementos de A,
são denominados permutações simples de n elementos. De
Por exemplo, 5! = 1 . 2 . 3 . 4 . 5 = 120 acordo com a definição, as permutações têm os mesmos
elementos. São os n elementos de A. As duas permutações
Note que esta definição implica em particular que 0! diferem entre si somente pela ordem de seus elementos.
= 1, porque o produto vazio, isto é, o produto de nenhum
número é 1. Deve-se prestar atenção neste valor, pois Cálculo do número de permutação simples:
este faz com que a função recursiva (n + 1)! = n! . (n + 1)
funcione para n = 0. O número total de permutações simples de n elementos
Os fatoriais são importantes em análise combinatória. indicado por Pn, e fazendo k = n na fórmula An,k = n (n – 1)
Por exemplo, existem n! caminhos diferentes de arranjar (n – 2) . … . (n – k + 1), temos:
n objetos distintos numa sequência. (Os arranjos são
chamados permutações) E o número de opções que podem Pn = An,n= n (n – 1) (n – 2) . … . (n – n + 1) = (n – 1) (n – 2)
ser escolhidos é dado pelo coeficiente binomial. . … .1 = n!

Portanto: Pn = n!

Combinações Simples: são agrupamentos formados


Arranjos simples: são agrupamentos sem repetições com os elementos de um conjunto que se diferenciam
em que um grupo se torna diferente do outro pela ordem somente pela natureza de seus elementos. Considere A
ou pela natureza dos elementos componentes. Seja A um como um conjunto com n elementos k um natural menor
conjunto com n elementos e k um natural menor ou igual ou igual a n. Os agrupamentos de k elementos distintos
a n. Os arranjos simples k a k dos n elementos de A, são os cada um, que diferem entre si apenas pela natureza de seus
agrupamentos, de k elementos distintos cada, que diferem elementos são denominados combinações simples k a k,
entre si ou pela natureza ou pela ordem de seus elementos. dos n elementos de A.

Cálculos do número de arranjos simples: Exemplo: Considere A = {a, b, c, d} um conjunto com


elementos distintos. Com os elementos de A podemos
Na formação de todos os arranjos simples dos n formar 4 combinações de três elementos cada uma: abc –
elementos de A, tomados k a k: abd – acd – bcd
Se trocarmos ps 3 elementos de uma delas:
n → possibilidades na escolha do 1º elemento.

24
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo: abc, obteremos P3 = 6 arranjos disdintos. (arranjos simples) e os elementos repetidos. O total de
arranjos completos de n elementos, de k a k, é indicado
abc abd acd bcd simbolicamente por A*n,k dado por: A*n,k = nk
acb Permutações com elementos repetidos
bac
bca Considerando:
α elementos iguais a a,
cab β elementos iguais a b,
cba γ elementos iguais a c, …,
λ elementos iguais a l,
Se trocarmos os 3 elementos das 4 combinações
obtemos todos os arranjos 3 a 3: Totalizando em α + β + γ + … λ = n elementos.

Simbolicamente representado por Pnα, β, γ, …, λ o


abc abd acd bcd número de permutações distintas que é possível formarmos
acb adb adc bdc com os n elementos:
bac bad cad cbd
bca bda cda cdb
cab dab dac dbc
cba dba dca dcb
Combinações Completas: Combinações completas de
n elementos, de k a k, são combinações de k elementos
(4 combinações) x (6 permutações) = 24 arranjos
não necessariamente distintos. Em vista disso, quando
vamos calcular as combinações completas devemos levar
Logo: C4,3 . P3 = A4,3
em consideração as combinações com elementos distintos
(combinações simples) e as combinações com elementos
Cálculo do número de combinações simples: O
repetidos. O total de combinações completas de n
número total de combinações simples dos n elementos de elementos, de k a k, indicado por C*n,k
A representados por C n,k, tomados k a k, analogicamente
ao exemplo apresentado, temos:
a) Trocando os k elementos de uma combinação k a k,
obtemos Pk arranjos distintos.
b) Trocando os k elementos das Cn,k . Pk arranjos
distintos. QUESTÕES
01. Quantos números de três algarismos distintos
Portanto: Cn,k . Pk = An,k ou podem ser formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8?
A n,k 02. Organiza-se um campeonato de futebol com 14
C n,k =
Pk clubes, sendo a disputa feita em dois turnos, para que cada
clube enfrente o outro no seu campo e no campo deste. O
Lembrando que: número total de jogos a serem realizados é:
(A)182
(B) 91
(C)169
(D)196
(E)160

Também pode ser escrito assim: 03. Deseja-se criar uma senha para os usuários de um
sistema, começando por três letras escolhidas entre as cinco
A, B, C, D e E, seguidas de quatro algarismos escolhidos
entre 0, 2, 4, 6 e 8. Se entre as letras puder haver repetição,
mas se os algarismos forem todos distintos, o número total
de senhas possíveis é:
Arranjos Completos: Arranjos completos de n (A) 78.125
elementos, de k a k são os arranjos de k elementos (B) 7.200
não necessariamente distintos. Em vista disso, quando (C) 15.000
vamos calcular os arranjos completos, deve-se levar (D) 6.420
em consideração os arranjos com elementos distintos (E) 50

25
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. (UFTM) – João pediu que Cláudia fizesse cartões Resoluções


com todas as permutações da palavra AVIAÇÃO. Cláudia
executou a tarefa considerando as letras A e à como 01.
diferentes, contudo, João queria que elas fossem
consideradas como mesma letra. A diferença entre o
número de cartões feitos por Cláudia e o número de 02. O número total de jogos a serem realizados é A14,2
cartões esperados por João é igual a = 14 . 13 = 182.
(A) 720
(B) 1.680 03.
(C) 2.420
(D) 3.360
(E) 4.320
Algarismos
05. (UNIFESP) – As permutações das letras da palavra
PROVA foram listadas em ordem alfabética, como se
fossem palavras de cinco letras em um dicionário. A 73ª
palavra nessa lista é Letras
(A) PROVA.
(B) VAPOR. As três letras poderão ser escolhidas de 5 . 5 . 5 =125
(C) RAPOV. maneiras.
(D) ROVAP. Os quatro algarismos poderão ser escolhidos de 5 . 4 .
(E) RAOPV. 3 . 2 = 120 maneiras.
O número total de senhas distintas, portanto, é igual a
06. (MACKENZIE) – Numa empresa existem 10 diretores, 125 . 120 = 15.000.
dos quais 6 estão sob suspeita de corrupção. Para que se
04.
analisem as suspeitas, será formada uma comissão especial
I) O número de cartões feitos por Cláudia foi
com 5 diretores, na qual os suspeitos não sejam maioria. O
número de possíveis comissões é:
(A) 66
(B) 72
(C) 90
II) O número de cartões esperados por João era
(D) 120
(E) 124

07. (ESPCEX) – A equipe de professores de uma escola Assim, a diferença obtida foi 2.520 – 840 = 1.680
possui um banco de questões de matemática composto 05. Se as permutações das letras da palavra PROVA
de 5 questões sobre parábolas, 4 sobre circunferências e 4 forem listadas em ordem alfabética, então teremos:
sobre retas. De quantas maneiras distintas a equipe pode P4 = 24 que começam por A
montar uma prova com 8 questões, sendo 3 de parábolas, P4 = 24 que começam por O
2 de circunferências e 3 de retas? P4 = 24 que começam por P
(A) 80 A 73.ª palavra nessa lista é a primeira permutação que
(B) 96 começa por R. Ela é RAOPV.
(C) 240
(D) 640 06. Se, do total de 10 diretores, 6 estão sob suspeita de
(E) 1.280 corrupção, 4 não estão. Assim, para formar uma comissão
de 5 diretores na qual os suspeitos não sejam maioria,
08. Numa clínica hospitalar, as cirurgias são sempre podem ser escolhidos, no máximo, 2 suspeitos. Portanto, o
assistidas por 3 dos seus 5 enfermeiros, sendo que, para número de possíveis comissões é
uma eventualidade qualquer, dois particulares enfermeiros,
por serem os mais experientes, nunca são escalados para
trabalharem juntos. Sabendo-se que em todos os grupos
participa um dos dois enfermeiros mais experientes,
quantos grupos distintos de 3 enfermeiros podem ser
formados?
(A) 06 07. C5,3 . C4,2 . C4,3 = 10 . 6 . 4 = 240
(B) 10
(C) 12 08.
(D) 15 I) Existem 5 enfermeiros disponíveis: 2 mais experientes
(E) 20 e outros 3.

26
RACIOCÍNIO LÓGICO

II) Para formar grupos com 3 enfermeiros, conforme o Como obtivemos, por exemplo, o coeficiente do 6º ter-
enunciado, devemos escolher 1 entre os 2 mais experientes mo (21 a2b5) ?
e 2 entre os 3 restantes. Pela regra: coeficiente do termo anterior = 35. Multipli-
III) O número de possibilidades para se escolher 1 entre camos 35 pelo expoente de a que é igual a 3 e dividimos o
os 2 mais experientes é resultado pela ordem do termo que é 5.
Então, 35 . 3 = 105 e dividindo por 5 (ordem do termo
anterior) vem 105:5 = 21, que é o coeficiente do sexto ter-
mo, conforme se vê acima.
IV) O número de possibilidades para se escolher 2 Observações:
entre 3 restantes é
1) o desenvolvimento do binômio (a + b)n é um poli-
nômio.

2) o desenvolvimento de (a + b)n possui n + 1 termos .


V) Assim, o número total de grupos que podem ser
formados é 2 . 3 = 6
3) os coeficientes dos termos equidistantes dos extre-
Binômio de Newton mos , no desenvolvimento De (a + b)n são iguais .

Denomina-se Binômio de Newton , a todo binômio da 4) a soma dos coeficientes de (a + b)n é igual a 2n .
forma (a + b)n , sendo n um número natural .

Exemplo:  Fórmula do termo geral de um Binômio de Newton


B = (3x - 2y)4 ( onde a = 3x, b = -2y e n = 4 [grau do Um termo genérico Tp+1 do desenvolvimento de (a+b)n
binômio] ). , sendo p um número natural, é dado por

Exemplos de desenvolvimento de binômios de Newton ⎛ n⎞


: T p+1 = ⎜ ⎟ .a n− p .b p
a) (a + b)2 = a2 + 2ab + b2
⎝ p⎠
b) (a + b)3 = a3 + 3 a2b + 3ab2 + b3
c) (a + b)4 = a4 + 4 a3b + 6 a2b2 + 4ab3 + b4 onde
d) (a + b)5 = a5 + 5 a4b + 10 a3b2 + 10 a2b3 + 5ab4 + b5
Nota: ⎛ n⎞ n!
⎜⎝ p ⎟⎠ = Cn. p = p!(n − p)!
Não é necessário memorizar as fórmulas acima, já que
elas possuem uma lei de formação bem definida, senão ve-
jamos: é denominado Número Binomial e Cn.p é o número de
Vamos tomar, por exemplo, o item (d) acima: combinações simples de n elementos, agrupados p a p, ou
Observe que o expoente do primeiro e últimos termos seja, o número de combinações simples de n elementos
são iguais ao expoente do binômio, ou seja, igual a 5. de taxa p.
A partir do segundo termo, os coeficientes podem ser Este número é também conhecido como Número
obtidos a partir da seguinte regra prática de fácil memori- Combinatório.
zação:
Multiplicamos o coeficiente de a pelo seu expoente e Probabilidade
dividimos o resultado pela ordem do termo. O resultado Ponto Amostral, Espaço Amostral e Evento
será o coeficiente do próximo termo. Assim por exemplo,
para obter o coeficiente do terceiro termo do item (d) aci- Em uma tentativa com um número limitado de
ma teríamos: resultados, todos com chances iguais, devemos considerar:
5.4 = 20; agora dividimos 20 pela ordem do termo an- Ponto Amostral: Corresponde a qualquer um dos
terior (2 por se tratar do segundo termo) 20:2 = 10 que é o resultados possíveis.
coeficiente do terceiro termo procurado. Espaço Amostral: Corresponde ao conjunto dos
Observe que os expoentes da variável a decrescem de resultados possíveis; será representado por S e o número
n até 0 e os expoentes de b crescem de 0 até n. Assim o de elementos do espaço amostra por n(S).
terceiro termo é 10 a3b2 (observe que o expoente de a de- Evento: Corresponde a qualquer subconjunto do
cresceu de 4 para 3 e o de b cresceu  de 1 para 2). espaço amostral; será representado por A e o número de
Usando a regra prática acima, o desenvolvimento do elementos do evento por n(A).
binômio de Newton (a + b)7 será:
(a + b)7 = a7 + 7 a6b + 21 a5b2 + 35 a4b3 + 35 a3b4 + 21 Os conjuntos S e Ø também são subconjuntos de S,
a b + 7 ab6 + b7
2 5
portanto são eventos.

27
RACIOCÍNIO LÓGICO

Ø = evento impossível. União de Eventos


S = evento certo.
Considere A e B como dois eventos de um espaço
Conceito de Probabilidade amostral S, finito e não vazio, temos:

As probabilidades têm a função de mostrar a chance A


de ocorrência de um evento. A probabilidade de ocorrer
um determinado evento A, que é simbolizada por P(A), de
um espaço amostral S ≠ Ø, é dada pelo quociente entre B
o número de elementos A e o número de elemento S. S
Representando:

Exemplo: Ao lançar um dado de seis lados, numerados


de 1 a 6, e observar o lado virado para cima, temos:
- um espaço amostral, que seria o conjunto S {1, 2, 3,
4, 5, 6}. Logo: P(A B) = P(A) + P(B) - P(A B)
- um evento número par, que seria o conjunto A1 = {2,
4, 6} C S. Eventos Mutuamente Exclusivos
- o número de elementos do evento número par é
n(A1) = 3. A
- a probabilidade do evento número par é 1/2, pois

B
S
Propriedades de um Espaço Amostral Finito e Não
Vazio
Considerando que A ∩ B, nesse caso A e B serão
- Em um evento impossível a probabilidade é igual a denominados mutuamente exclusivos. Observe que A ∩ B =
zero. Em um evento certo S a probabilidade é igual a 1. 0, portanto: P(A B) = P(A) + P(B). Quando os eventos A1, A2,
Simbolicamente: P(Ø) = 0 e P(S) = 1. A3, …, An de S forem, de dois em dois, sempre mutuamente
- Se A for um evento qualquer de S, neste caso: 0 ≤ exclusivos, nesse caso temos, analogicamente:
P(A) ≤ 1.
- Se A for o complemento de A em S, neste caso: P(A) P(A1 A2 A3 … An) = P(A1) + P(A2) + P(A3) + ... +
= 1 - P(A). P(An)

Demonstração das Propriedades Eventos Exaustivos

Considerando S como um espaço finito e não vazio, Quando os eventos A1, A2, A3, …, An de S forem, de dois
temos: em dois, mutuamente exclusivos, estes serão denominados
exaustivos se A1 A2 A3 … An = S

Então, logo:

Portanto: P(A1) + P(A2) + P(A3) + ... + P(An) = 1

Probabilidade Condicionada

28
RACIOCÍNIO LÓGICO

Considere dois eventos A e B de um espaço amostral S, Problema: Realizando-se a experiência descrita


finito e não vazio. A probabilidade de B condicionada a A é exatamente n vezes, qual é a probabilidade de ocorrer o
dada pela probabilidade de ocorrência de B sabendo que evento A só k vezes?
já ocorreu A. É representada por P(B/A).
Resolução:
Veja: - Se num total de n experiências, ocorrer somente
k vezes o evento A, nesse caso será necessário ocorrer
exatamente n – k vezes o evento A.
- Se a probabilidade de ocorrer o evento A é p e do
evento A é 1 – p, nesse caso a probabilidade de ocorrer k
vezes o evento A e n – k vezes o evento A, ordenadamente,
é:

Eventos Independentes

Considere dois eventos A e B de um espaço amostral - As k vezes em que ocorre o evento A são quaisquer
S, finito e não vazio. Estes serão independentes somente entre as n vezes possíveis. O número de maneiras de
quando: escolher k vezes o evento A é, portanto Cn,k.
- Sendo assim, há Cn,k eventos distintos, mas que
P(A/N) = P(A) P(B/A) = P(B) possuem a mesma probabilidade pk . (1 – p)n-k, e portanto a
probabilidade desejada é: Cn,k . pk . (1 – p)n-k
Intersecção de Eventos
QUESTÕES
Considerando A e B como dois eventos de um espaço
amostral S, finito e não vazio, logo: 01. A probabilidade de uma bola branca aparecer
ao se retirar uma única bola de uma urna que contém,
exatamente, 4 bolas brancas, 3 vermelhas e 5 azuis é:

(A) (B) (C) (D) (E)


02. As 23 ex-alunas de uma turma que completou o
Ensino Médio há 10 anos se encontraram em uma reunião
comemorativa. Várias delas haviam se casado e tido filhos.
Assim sendo: A distribuição das mulheres, de acordo com a quantidade
de filhos, é mostrada no gráfico abaixo. Um prêmio
P(A ∩ B) = P(A) . P(B/A) foi sorteado entre todos os filhos dessas ex-alunas. A
P(A ∩ B) = P(B) . P(A/B) probabilidade de que a criança premiada tenha sido um(a)
filho(a) único(a) é
Considerando A e B como eventos independentes, logo
P(B/A) = P(B), P(A/B) = P(A), sendo assim: P(A ∩ B) = P(A)
. P(B). Para saber se os eventos A e B são independentes,
podemos utilizar a definição ou calcular a probabilidade de
A ∩ B. Veja a representação:

A e B independentes ↔ P(A/B) = P(A) ou


A e B independentes ↔ P(A ∩ B) = P(A) . P(B)

Lei Binominal de Probabilidade (A) (B) (C) (D) (E)


03. Retirando uma carta de um baralho comum de 52
Considere uma experiência sendo realizada diversas
cartas, qual a probabilidade de se obter um rei ou uma dama?
vezes, dentro das mesmas condições, de maneira que
os resultados de cada experiência sejam independentes.
04. Jogam-se dois dados “honestos” de seis faces,
Sendo que, em cada tentativa ocorre, obrigatoriamente,
numeradas de 1 a 6, e lê-se o número de cada uma das duas
um evento A cuja probabilidade é p ou o complemento A
faces voltadas para cima. Calcular a probabilidade de serem
cuja probabilidade é 1 – p.
obtidos dois números ímpares ou dois números iguais?

29
RACIOCÍNIO LÓGICO

05. Uma urna contém 500 bolas, numeradas de 1 a 500. Para encontrarmos n(B) recorremos à fórmula do termo
Uma bola dessa urna é escolhida ao acaso. A probabilidade geral da P.A., em que
de que seja escolhida uma bola com um número de três a1 = 10
algarismos ou múltiplo de 10 é an = 500
(A) 10% r = 10
(B) 12% Temos an = a1 + (n – 1) . r → 500 = 10 + (n – 1) . 10 →
(C) 64% n = 50
(D) 82%
(E) 86% Dessa forma, p(B) = 50/500.
06. Uma urna contém 4 bolas amarelas, 2 brancas e 3
A Ω B: o número tem 3 algarismos e é múltiplo de 10;
bolas vermelhas. Retirando-se uma bola ao acaso, qual a
A Ω B = {100, 110, ..., 500}.
probabilidade de ela ser amarela ou branca?
De an = a1 + (n – 1) . r, temos: 500 = 100 + (n – 1) . 10
07. Duas pessoas A e B atiram num alvo com → n = 41 e p(A B) = 41/500
probabilidade 40% e 30%, respectivamente, de acertar.
Nestas condições, a probabilidade de apenas uma delas Por fim, p(A.B) =
acertar o alvo é:
(A) 42% 06.
(B) 45% Sejam A1, A2, A3, A4 as bolas amarelas, B1, B2 as brancas
(C) 46% e V1, V2, V3 as vermelhas.
(D) 48% Temos S = {A1, A2, A3, A4, V1, V2, V3 B1, B2} → n(S) = 9
(E) 50% A: retirada de bola amarela = {A1, A2, A3, A4}, n(A) = 4
B: retirada de bola branca = {B1, B2}, n(B) = 2
Respostas

01.

02.
A partir da distribuição apresentada no gráfico:
08 mulheres sem filhos. Como A B = , A e B são eventos mutuamente
07 mulheres com 1 filho. exclusivos;
06 mulheres com 2 filhos. Logo: P(A B) = P(A) + P(B) =
02 mulheres com 3 filhos.

Comoas 23 mulheres têm um total de 25 filhos, a


probabilidade de que a criança premiada tenha sido um(a) 07.
filho(a) único(a) é igual a P = 7/25. Se apenas um deve acertar o alvo, então podem ocorrer
03. P(dama ou rei) = P(dama) + P(rei) = os seguintes eventos:
(A) “A” acerta e “B” erra; ou
(B) “A” erra e “B” acerta.

Assim, temos:
04. No lançamento de dois dados de 6 faces, P (A B) = P (A) + P (B)
numeradas de 1 a 6, são 36 casos possíveis. P (A B) = 40% . 70% + 60% . 30%
Considerando os eventos A (dois números ímpares) P (A B) = 0,40 . 0,70 + 0,60 . 0,30
e B (dois números iguais), a probabilidade pedida é: P (A B) = 0,28 + 0,18
P (A B) = 0,46
P (A B) = 46%

05. Sendo Ω, o conjunto espaço amostral, temos n(Ω)


= 500

A: o número sorteado é formado por 3 algarismos;


A = {100, 101, 102, ..., 499, 500}, n(A) = 401 e p(A) =
401/500

B: o número sorteado é múltiplo de 10;


B = {10, 20, ..., 500}.

30
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

Estatuto da Polícia Civil (Lei Complementar nº 14/82 e alterações posteriores)............................................................................. 01


NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

d) Grupos Auxiliares.
ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL (LEI (Renumerado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
COMPLEMENTAR IV - Ao nível de execução:
Nº 14/82 E ALTERAÇÕES POSTERIORES). (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
25/07/2001)
a) Divisões Policiais;
b) Centro de Operações Policiais Especiais;
LEI COMPLEMENTAR N.º 14, DE 26 DE MAIO DE 1982 (Renumerado pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
c) Instituto Médico Legal;
TÍTULO I  (Renumerado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
DA ORGANIZAÇÃO DA POLÍCIA CIVIL d) Instituto de Criminalística;
CAPÍTULO I  (Renumerado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES e) Instituto de Identificação;
(Renumerado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
Art. 1º. A Polícia Civil é a unidade de execução g) Centro de Triagem;
programática da Secretaria de Estado da Segurança (Renumerado pela Lei Complementar 19 de
Pública - SESP, com vínculo de subordinação hierárquica ao 29/12/1983) (Revogado pela Lei Complementar 89 de
respectivo Secretário de Estado. 25/07/2001)
Art. 2º. São incumbências da Polícia Civil, em todo f) Subdivisões Policiais;
território estadual, a preservação da ordem pública e (Renumerado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
o exercício da Polícia Judiciária, Administrativa e de g) Delegacias Regionais;
Segurança, com a prevenção, repressão e apuração das (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
infrações penais e atos antissociais, na forma estabelecida h) Delegacias de Polícia;
pela legislação em vigor. (Renumerado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
Art. 3º. A função policial, por suas características e j) Subdelegacias de Polícia; e
finalidades, fundamenta-se nos princípios da hierarquia e (Renumerado pela Lei Complementar 19 de
da disciplina. 29/12/1983) (Revogado pela Lei Complementar 89 de
Art. 4º. São servidores policiais civis os integrantes das 25/07/2001)
carreiras previstas no Quadro de Pessoal da Polícia Civil. i) Outras unidades policiais civis auxiliares.
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
CAPÍTULO II  25/07/2001)
DAS UNIDADES DA POLÍCIA CIVIL
Art. 6º. O Conselho da Polícia Civil, nos termos do ar-
tigo 47, § 2º, da Constituição do Estado do Paraná, é órgão
Art. 5º. São unidades da Polícia Civil:
consultivo, normativo e deliberativo, para fins de controle
I - Ao nível de Direção:
do ingresso, ascensão funcional, hierarquia e regime dis-
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
ciplinar das carreiras policiais civis, sendo integrado pelos
25/07/2001)
seguintes membros:
a) Departamento da Polícia Civil;
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
25/07/2001) 25/07/2001)
b) Conselho da Polícia Civil. (vide Lei Complementar 201 de 22/12/2016)
c) Corregedoria Geral da Polícia Civil. I - o delegado geral da Polícia Civil, como presidente e
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) membro nato;
II - Ao nível de assessoramento: (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
25/07/2001) II - o delegado geral adjunto da Polícia Civil, como
a) Secretaria Executiva; vice-presidente e membro nato;
b) Assessoria Técnica. (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
25/07/2001) III - pelo corregedor-geral da Polícia Civil;
III - A nível instrumental: (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de 12/05/2003)
25/07/2001) IV - por dois representantes do Ministério Público,
a) Divisão de Infraestrutura; indicados pelo Procurador-Geral de Justiça;
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
25/07/2001) 12/05/2003) (vide Vide RE n° 742.055)
b) Coordenação de Informática; V - por dois Delegados de Polícia estáveis, indicados
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) pelo Governador do Estado do Paraná;
c) Escola Superior de Polícia Civil; (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) 12/05/2003)

1
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

VI - por um representante da Secretaria de Estado l) deliberar sobre a promoção por merecimento do


da Segurança Pública, de reconhecido saber jurídico policial, por ato de bravura e post mortem e para proposição
e experiência administrativa, indicado pelo respectivo de comendas previstas em lei, conforme dispuser o
Secretário; regulamento;
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de (Renumerado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
12/05/2003) m) deliberar, conclusivamente, sobre a indenização,
VII - por um representante da Procuradoria-Geral do promoção ou pensão especial decorrente de enfermidade
Estado, indicado pelo Procurador-Geral do Estado; ou morte em virtude de serviço ou do exercício da função;
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de (Renumerado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
12/05/2003) XIV -  compor, mediante sorteio, as Câmaras Discipli-
Parágrafo único. Ao Conselho da Polícia Civil do nares;
Estado do Paraná compete: (Incluído pela Lei Complementar 89 de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
25/07/2001)
12/05/2003)
a) deliberar sobre as questões que lhe forem
n) exercer outras atribuições previstas em lei.
submetidas pelo delegado geral de Polícia Civil;
(Renumerado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
(Renumerado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
§ 1º.  Serão constituídas Câmaras Disciplinares, com-
b) zelar pela observância dos princípios e funções da
Polícia Civil do Estado do Paraná; postas, cada uma delas, por duas autoridades policiais de-
(Renumerado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) signadas mediante sorteio, pelo Conselho da Polícia Civil e
c) aprovar regimentos internos das unidades policiais presididas por um membro deste colegiado, ao qual não
civis e outros atos normativos que definam a atuação da concorrerão os seus presidente e vice-presidente, com a
Instituição; atribuição de apreciar e julgar os procedimentos adminis-
(Renumerado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) trativos disciplinares instaurados contra agentes e auxilia-
d) propor medidas de aprimoramento técnico- res da autoridade policial, deliberando sobre a aplicação
profissional, visando ao desenvolvimento e a eficiência da das penas.
organização policial civil; (Incluído pela Lei Complementar 89 de
(Renumerado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) 25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
e) pronunciar-se sobre matéria relevante, concernente 12/05/2003)
a funções, princípios e condutas funcionais ou particulares § 2º. As deliberações do Conselho da Polícia Civil e das
do policial civil que resultem em reflexos à Instituição; Câmaras Disciplinares serão aprovadas por maioria simples
(Renumerado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) de votos, nominais e justificados, em sessões públicas, nas
f) examinar e avaliar as propostas das unidades questões disciplinares.
administrativas da Polícia Civil do Estado do Paraná, em (Incluído pela Lei Complementar 89 de
função dos planos e programas de trabalhos previstos para 25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
cada exercício financeiro; 12/05/2003)
(Renumerado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) § 3º. Os mandatos dos presidentes e membros das Câ-
g) analisar e avaliar programas e projetos atinentes à maras Disciplinares serão de um ano, podendo ser recon-
expansão de recursos humanos; duzidos por igual período.
(Renumerado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) (Incluído pela Lei Complementar 89 de
VIII - determinar, com exclusividade, a instauração de 25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
processos administrativos, disciplinares contra servidores
12/05/2003)
policiais civis;
§ 4º. Sempre que houver proposta da autoridade dis-
(Incluído pela Lei Complementar 89 de
ciplinar pela aplicação das penas de demissão, cassação de
25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
aposentadoria e disponibilidade, os autos serão levados a
12/05/2003)
julgamento em sessão plenária do Conselho da Polícia Civil.
h) proceder ao julgamento, como instância originária,
dos processos disciplinares instaurados contra autoridades (Incluído pela Lei Complementar 89 de
policiais civis; 25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
(Renumerado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) 12/05/2003)
i) deliberar sobre a remoção de delegados de polícia, § 5º.  Quando a Câmara entender pela aplicação das
no interesse do serviço policial, observadas as disposições penas de demissão, cassação de aposentadoria e disponi-
desta lei; bilidade, divergindo da proposição da autoridade discipli-
(Renumerado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) nar, encaminhará recurso ex-officio ao Conselho da Polícia
j) deliberar sobre proposta de criação e extinção de Civil.
cargos e de unidades administrativas no âmbito da Polícia (Incluído pela Lei Complementar 89 de
Civil do Estado do Paraná; 25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
(Renumerado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) 12/05/2003)

2
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

§ 6º.  Os procedimentos administrativos disciplinares VI - os Peritos Policiais (em extinção);


serão distribuídos equitativamente entre as Câmaras por (Redação dada pela Lei Complementar 69 de
sorteio, perante os seus respectivos presidentes, em sessão 14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de
aberta. 12/09/2002)
(Incluído pela Lei Complementar 89 de VII - os Datiloscopistas;
25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de (Revogado pela Lei Complementar 96 de 12/09/2002)
12/05/2003) VIII - os Técnicos em Telecomunicações Policiais;
Art. 7º. O Regulamento da Polícia Civil estabelecerá (Redação dada pela Lei Complementar 69 de
a estrutura e o funcionamento das unidades, bem como, 14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de
as atribuições dos respectivos servidores policiais civis, 12/09/2002)
observado o disposto nesta lei. IX - os Técnicos em Manutenção Policial;
(Revogado pela Lei Complementar 96 de 12/09/2002)
CAPÍTULO III  X - os Identificadores Datiloscópicos;
DAS AUTORIDADES POLICIAIS, SEUS AGENTES E (Revogado pela Lei Complementar 96 de 12/09/2002)
AUXILIARES XI - os Operadores em Telecomunicações Policiais;
(Revogado pela Lei Complementar 96 de 12/09/2002)
Art. 8º. São autoridades policiais: XII - os Carcereiros;
I - o Delegado Geral da Polícia Civil; (Revogado pela Lei Complementar 69 de 14/07/1993)
II - os Delegados de Polícia. XII - os Auxiliares de Manutenção Policial; e
(Redação dada pela Lei Complementar 96 de (Redação dada pela Lei Complementar 69 de
12/09/2002) 14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de
III - Os Suplentes de Delegados de Polícia, quando em 12/09/2002)
exercício. XIII - os Auxiliares de Necrópsia.
(Revogado pela Lei Complementar 96 de 12/09/2002) (Redação dada pela Lei Complementar 69 de
Art. 9º. São agentes da autoridade policial: 14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de
(Redação dada pela Lei Complementar 96 de 12/09/2002)
12/09/2002) XV - os Serventes de Necrópsia.
I - os Comissários de Polícia (em extinção); (Revogado pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
(Redação dada pela Lei Complementar 69 de Art. 11. Os agentes e auxiliares são subordinados
14/07/1993) diretamente às autoridades policiais perante as quais
II - os Investigadores de Polícia. servirem, observado o disposto no § 3º., do art. 209.
(Redação dada pela Lei Complementar 96 de Art. 12. Os servidores policiais civis especializados,
12/09/2002) técnicos, científicos e administrativos, quando do
III - os Agentes em Operações Policiais.
desempenho de serviços policiais em equipe, serão
(Incluído pela Lei Complementar 96 de 12/09/2002)
dirigidos pela autoridade policial competente.
III - os Inspetores de Quarteirão.
(Redação dada pela Lei Complementar 69 de
TÍTULO II 
14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 89 de
DAS CARREIRAS E DO PROVIMENTO
25/07/2001)
CAPÍTULO I 
IV - os Inspetores de Quarteirão; e
DAS CARREIRAS POLICIAIS
(Revogado pela Lei Complementar 69 de 14/07/1993)
V - os Motoristas Policiais.
(Revogado pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983) Art. 13. São Carreiras Policiais:
Art. 10. São Auxiliares da autoridade policial: (Redação dada pela Lei Complementar 69 de
(Redação dada pela Lei Complementar 96 de 14/07/1993)
12/09/2002) I - Delegado de Polícia;
I - os Escrivães de Polícia; II - Comissário de Polícia (em extinção);
(Redação dada pela Lei Complementar 96 de III - Investigador de Polícia;
12/09/2002) (Redação dada pela Lei Complementar 69 de
II - os Papiloscopistas; 14/07/1993)
(Redação dada pela Lei Complementar 96 de IV - Agente de Segurança;
12/09/2002) (Revogado pela Lei Complementar 69 de 14/07/1993)
III - químicos legais; V - Motorista Policial;
(Redação dada pela Lei Complementar 71 de (Revogado pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
15/10/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de IV - Escrivão de Polícia;
12/09/2002) (Redação dada pela Lei Complementar 96 de
IV - os Toxicologistas; 12/09/2002)
(Revogado pela Lei Complementar 96 de 12/09/2002) V - Papiloscopista;
V - os Escrivães de Polícia; (Redação dada pela Lei Complementar 96 de
(Revogado pela Lei Complementar 96 de 12/09/2002) 12/09/2002)

3
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

VI - Agente em Operações Policiais. I - Prova preambular de conhecimentos gerais;


(Redação dada pela Lei Complementar 96 de (Redação dada pela Lei Complementar 84 de
12/09/2002) 03/08/1998)
VII - Toxicologista; II - Prova de conhecimento específicos;
(Renumerado pela Lei Complementar 69 de (Redação dada pela Lei Complementar 84 de
14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de 03/08/1998)
12/09/2002) III - Exame de Investigação de conduta;
VIII - Escrivão de Polícia; (Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
(Renumerado pela Lei Complementar 69 de IV - Exame de Higidez Física;
14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de (Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
12/09/2002) V - Exame de Aptidão Física.
IX - Perito Policial; (em extinção) (Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
(Renumerado pela Lei Complementar 69 de § 1º. O provimento de cargo na carreira de Delegado
14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de de Policia é privativo de bacharel em Direito.
12/09/2002)
(Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
X - Datiloscopista;
§ 2º. Para os cargos da carreira de Perito Criminal
(Renumerado pela Lei Complementar 69 de
será exigida formação de nível superior nos cursos
14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de
de Química, Física, Engenharia e Arquitetura, Ciências
12/09/2002)
XI - Técnico em Telecomunicações Policiais; Contábeis, Geologia, Farmácia e Bioquímica, Ciências da
(Renumerado pela Lei Complementar 69 de Computação e Informática, e Direito, observada sempre a
14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de correspondência da função policial com a respectiva área
12/09/2002) de habilitação profissional.
XII - Técnico em Manutenção Policial; (Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
(Renumerado pela Lei Complementar 69 de § 3º. O exercício pleno da atividade policial civil
14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de dependerá da conclusão e aprovação nos cursos de
12/09/2002) formação técnico-profissional específicos.
XIII - Identificador Datiloscópico; (Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
(Renumerado pela Lei Complementar 69 de § 4º. O número de cargos a serem preenchidos será
14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de fixado de acordo com o dimensionamento previsto no
12/09/2002) Orçamento Discriminado de Recursos Humanos, aprovado
XIV - Operador de Telecomunicações Policiais; pela Secretaria de Estado da Administração e Secretaria de
(Renumerado pela Lei Complementar 69 de Estado da Segurança Pública, e, uma vez providos, os seus
14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de titulares deverão nele se manterem até que se cumpram as
12/09/2002) exigências do estágio probatório.
XV - Carcereiro; (Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
(Renumerado pela Lei Complementar 69 de Art. 15. Os concursos públicos serão planejados e
14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de organizados pelo Conselho da Polícia Civil e executados
12/09/2002) pela Escola da Polícia Civil, sob a supervisão da Secretaria
XVI - Auxiliar de Manutenção Policial; de Estado da Segurança Pública, e terão validade máxima
(Renumerado pela Lei Complementar 69 de de dois anos, prorrogáveis por igual período, contados
14/07/1993) (Revogado pela Lei Complementar 96 de da homologação da Classificação final, e reger-se-ão por
12/09/2002)
instruções especiais que estabelecerão, em função da
XVIII - Auxiliar de Necrópsia.
natureza do cargo:
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de
29/12/1983) (Revogado pela Lei Complementar 69 de
03/08/1998)
14/07/1993)
XX - Servente de Necrópsia. I - tipo e conteúdo das provas e categorias dos títulos;
(Revogado pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983) (Redação dada pela Lei Complementar 84 de
03/08/1998)
CAPÍTULO II  II - a forma de julgamento e a valoração das provas;
DO CONCURSO (Redação dada pela Lei Complementar 84 de
03/08/1998)
Art. 14. As classes iniciais das carreiras policiais civis III - cursos de formação a que ficam sujeitos os candi-
serão providas mediante concurso público regionalizado, datos classificados na primeira fase;
de provas, ou de provas e títulos, para o provimento de (Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
cargos que exijam formação de nível superior, realizada III - os critérios de habilitação e classificação para fins
através das seguintes fases, todas eliminatórias: de nomeação;
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de (Redação dada pela Lei Complementar 84 de
03/08/1998) 03/08/1998)

4
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

IV - as condições para provimento de cargo referente a: I - Investigação de conduta;


(Renumerado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998) (Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
a) capacidade física; II - aptidão física;
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de (Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
03/08/1998) III - saúde; e
b) boa conduta na via pública e privada, e a forma de (Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
sua apuração; IV - psicopatológico.
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de (Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
03/08/1998) Parágrafo único.  Os exames de aptidão física com-
c) escolaridade. preenderão os testes previstos pelo edital de abertura,
Art. 16. O Conselho da Policia Civil, na existência das contendo as tabelas de avaliação.
vagas a serem providas em qualquer das carreiras policiais (Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
civis iniciais, solicitará à Secretaria de Estado da Segurança Art. 19. Os candidatos aprovados na prova preambular
Pública a necessária autorização governamental para de conhecimentos gerais, serão convocados para
abertura de concurso público. submeterem-se à prova de conhecimentos específicos,
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de exame de investigação de conduta e aos exames de higidez
03/08/1998) e de aptidão física, todos de caráter também eliminatório,
Parágrafo único. Das instruções para o concurso bem como para apresentar comprovante de escolaridade.
público constarão limite mínimo de idade, número de (Redação dada pela Lei Complementar 84 de
vagas, requisitos de ordem moral e física, e exigência de 03/08/1998)
provas de conhecimentos ou de provas e títulos. § 1º. A apuração da conduta ilibada na vida pública
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de e privada será constante em todas as etapas do concurso
03/08/1998) e se estenderá até a data da nomeação dos candidatos
Art. 17. O pedido de inscrição além de outros que aprovados, sendo excluídos do ato de nomeação o candi-
dato que tiver demonstrada a sua inidoneidade.
atestem a satisfação dos requisitos específicos das
(Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
respectivas carreiras, será instruído com os seguintes
§ 2º. O exame de higidez física será realizado pelo
documentos:
Instituto Médico Legal do Paraná, que avaliará no conjunto,
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de
as condições do candidato, para fins de verificação de
03/08/1998)
deformidades estruturais e anomalias morfológicas
I - prova de ser o candidato brasileiro nato ou
incompatíveis com o exercício da função policial civil.
naturalizado; (Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de § 3º. O exame de aptidão física, destinado a avaliar
03/08/1998) as condições de agilidade e destreza nos movimentos
II - prova de haver completado vinte e um anos de deambulares, constituir-se-á de testes de impulsão vertical,
idade; salto em extensão, flexão abdominal, escalada, corrida de
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de segmento e corrida aeróbica, observadas as tabelas de
03/08/1998) desempenho mínimo, a serem fixadas por professores de
III - prova de estar o candidato habilitado a dirigir educação física, de acordo com o sexo e faixa etária dos
veículos automotores, feita através da apresentação de candidatos.
cópia da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), expedida (Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
por órgão competente, em categoria a ser definida pelo Parágrafo único. Para as carreiras policiais de Detetive
Edital do concurso. e Agente de Segurança, exigir-se-á a altura mínima de um
(Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998) metro e sessenta e cinco centímetros.
Parágrafo único. Os funcionários públicos ficarão su- (Revogado pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
jeitos aos limites de idade previstos no inciso II deste arti- Art. 20. Encerradas as fases do concurso, exigidas para
go, excetuados os integrantes das Policias Civil e Militar do a investidura no cargo correspondente, proceder-se-á à
Estado, ou quem, há mais de cinco (5) anos, exerce funções classificação final, a qual será encaminhada ao Secretário
no âmbito da Polícia Civil do Paraná. de Estado de Segurança Pública, para fins de homologação.
(Redação dada pela Lei Complementar 29 de (Redação dada pela Lei Complementar 84 de
04/04/1986) (Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
03/08/1998) § 1°. Aos candidatos a que se refere este artigo, será
Art. 18. Após conhecido o resultado da prova concedida uma bolsa de estudos, pelo Secretário da Segu-
de que trata o item II do artigo 14, será iniciado o rança Pública, em caráter experimental e transitório, duran-
procedimento do exame de investigação de conduta, te a formação técnico-profissional.
sendo eliminado do certame o candidato que representar (Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
desvios comportamentais que não o recomendem para § 2°.  A bolsa de estudos far-se-á com a retribuição
o desempenho da função policial civil, ou em caso de equivalente a 50% (cinquenta por cento) do vencimento do
falsificação de dados pessoais. cargo, não podendo ser inferior ao Salário Mínimo Regio-
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de nal.
03/08/1998) (Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)

5
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

§ 3°.  Sendo servidor policial civil, ou funcionário pú- I - nomeação;


blico, o matriculado ficará afastado do seu cargo, função II - promoção;
ou atividade, até o término do curso, sem prejuízo da re- III - acesso;
muneração, com a complementação do valor da bolsa de IV - reintegração;
estudos, se inferior. V - reversão;
(Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998) VI - aproveitamento;
Art. 21. A nomeação obedecerá rigorosamente a or- VII - readmissão;
dem de classificação no concurso. VIII - readaptação.
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de Art. 24. Fica vedada a acumulação de cargos
03/08/1998) a servidores policiais civis, ressalvados os casos de
I -  for reprovado em qualquer disciplina do curso de acumulação já existentes, na forma prevista nesta Lei.
formação; (Redação dada pela Lei Complementar 19 de
(Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998) 29/12/1983)
II - transgredir norma disciplinar; Art. 25. Pode ser provido em cargo efetivo previsto
(Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998) nesta Lei, somente quem satisfizer, além de outros
III - não mantenha conduta irrepreensível na vida pú- requisitos legais, os seguintes:
blica ou privada; I - ser brasileiro;
(Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998) II - haver cumprido as obrigações e encargos militares
IV - tiver omitido fato que impossibilitaria sua inscrição previstos em lei;
no concurso público; III - estar em pleno gozo dos direitos políticos;
(Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998) IV - ter boa conduta;
V - ultrapassar o quantitativo máximo de faltas aos tra- V - gozar de boa saúde, comprovada em inspeção
balhos escolares, previstos nesta Lei; e médica;
(Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998) VI - possuir aptidão para o exercício do cargo; e
VI -  demonstrar falta de aptidão ou pendor para o VII - ter satisfeito as condições especiais previstas para
exercício das funções do cargo. o cargo.
(Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998) Parágrafo único. A inspeção médica a que se refere
§ 1°. O cancelamento da matrícula no curso, será efe- ao inciso V deste artigo, será realizada pela Divisão de
tuada pelo Delegado Geral da Polícia Civil. Medicina e Saúde Ocupacional da Secretaria de Estado da
(Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998) Administração.
§ 2°. O pedido de cancelamento da concessão da bol-
(Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
sa de estudo, será encaminhado pelo Delegado Geral da
Art. 26. Sob pena de responsabilidade da autoridade
Polícia Civil ao Secretário da Segurança Pública e eliminará
que der posse, o ato de provimento deverá conter a
automaticamente a participação do candidato do concurso
indicação da existência da vaga, com os elementos capazes
público.
de identificá-la.
(Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de
§ 3°. Tratando-se de servidor policial civil ou funcioná-
29/12/1983)
rio público, retornará o mesmo ao exercício de sua função
Parágrafo único. Se, dentro do prazo de dois (2) anos
primitiva, sem prejuízo de outras cominações.
(Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998) for constatado o descumprimento de qualquer requisito
Art. 22. Completada a investidura no cargo, legal para a posse, esta será anulada e revogado Decreto
os empossados serão matriculados, compulsória e de nomeação.
obrigatoriamente, no Curso de Formação Técnico (Incluído pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
Profissional específico, a ser ministrado pela Escola da I -  existência de vaga, com os elementos capazes de
Polícia Civil, ficando extintos, com esta Lei, o benefício da identificá-la; e
bolsa de estudos. (Revogado pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de II -  em caso de acumulação de cargos, referência ao
03/08/1998) ato ou processo em que foi autorizada.
Parágrafo único.  A nomeação obedecerá rigorosa- (Revogado pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
mente a ordem de classificação no concurso.
(Revogado pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998) CAPÍTULO IV 
DA POSSE
CAPÍTULO III 
DO PROVIMENTO Art. 27. Posse é o ato que completa a investidura no
cargo.
Art. 23. Os cargos de carreira previstos no Quadro de Parágrafo único. Independem de posse os casos de
Pessoal da Polícia Civil são providos por: promoção, acesso e reintegração.
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de Art. 28. São requisitos para a posse, além dos exigidos
29/12/1983) pelo art. 25:

6
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

I - habilitação prévia em concurso público, nos casos Art. 33. O exercício do cargo ou da função terá início
de provimento efetivo em cargo inicial; e no prazo de trinta dias contados da data:
II - cumprimento das condições especiais previstas em I - da publicação oficial do ato, no caso de reintegração
lei ou regulamento para o exercício do cargo. e remoção; ou
Parágrafo único. Ninguém poderá ser empossado em II - da posse, nos demais casos.
cargo efetivo, sem declarar que não exerce outro cargo Parágrafo único. Os prazos previstos neste artigo
ou função pública da União, dos Estados, Municípios, de poderão ser prorrogados, por solicitação do interessado e a
autarquias, empresas públicas, sociedades de economia juízo da autoridade competente, desde que a prorrogação
mista ou fundações instituídas pelo Poder Público, ou sem não exceda de trinta dias.
provar que solicitou exoneração ou dispensa do cargo ou Art. 34. A promoção e o acesso não interrompem o
função que ocupava em qualquer dessas entidades. exercício, que é contado na nova classe a partir da data da
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de publicação do respectivo ato.
29/12/1983) (Redação dada pela Lei Complementar 19 de
29/12/1983)
Art. 29. A posse será solene, compreendendo, na
Art. 35. Será demitido o servidor que não entrar em
primeira investidura, o compromisso policial, a assinatura
exercício no prazo de trinta dias e aquele que interromper
do respectivo termo e a entrega da insígnia e identidade
o exercício por igual prazo, ressalvados os casos que en-
funcionais. contrem amparo em outras disposições deste Estatuto.
§ 1º. O termo de posse será assinado pelo nomeado, Art. 36. O número de dias que o servidor gastar em
perante a autoridade competente que presidir à  viagem para entrar em exercício, será considerado, para
formalidade, após prestado o seguinte compromisso todos os efeitos, como de efetivo exercício.
policial:
CAPÍTULO VI 
“PROMETO OBSERVAR E FAZER RIGOROSA OBEDIÊN- DO ESTÁGIO PROBATÓRIO
CIA À CONSTITUIÇÃO, ÀS LEIS E REGULAMENTOS DO PAÍS,
DESEMPENHAR MINHAS FUNÇÕES COM LEALDADE E EXA- Art. 37. Estágio probatório é o período de três anos de
ÇÃO, COM DESPRENDIMENTO E CORREÇÃO, COM DIGNI- efetivo exercício no cargo, a contar da data do início deste,
DADE E HONESTIDADE E CONSIDERAR COMO INERENTE durante o qual são apurados os requisitos necessários à
À MINHA PESSOA A REPUTAÇÃO E A HONORABILIDADE confirmação ou não do servidor policial no cargo efetivo
DO ORGANISMO POLICIAL QUE PASSO AGORA A SERVIR.” para o qual foi nomeado.
§ 2º. No ato da posse será apresentada declaração (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
pelo servidor policial civil empossado, dos bens e valores 25/07/2001)
que constituem o patrimônio individual ou conjugal. § 1º. Os requisitos de que trata este artigo são os
Art. 30. A posse terá lugar no prazo de trinta dias seguintes:
da publicação, no órgão oficial de divulgação, do ato de I - aprovação em curso de formação técnico -
provimento. profissional específico ministrado pela Escola Superior de
§ 1º. A requerimento do interessado ou de seu repre- Polícia Civil;
sentante legal, o prazo para posse poderá ser prorrogado (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
ou revalidado pela autoridade competente, até o máximo 25/07/2001)
de trinta dias, a contar do término do prazo de que trata II - idoneidade moral;
este artigo. (Redação dada pela Lei Complementar 84 de
03/08/1998)
§ 2º. O prazo inicial para o funcionário em férias ou em
III - assiduidade;
licença, exceto no caso de licença para tratar de interesses
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de
particulares, será contado da data em que o funcionário
03/08/1998)
voltar ao serviço. IV - disciplina;
§ 3º. Se a posse não se der dentro do prazo inicial e da (Redação dada pela Lei Complementar 84 de
prorrogação ou da revalidação, desde que concedida, será 03/08/1998)
a nomeação tornada sem efeito. V - eficiência e produtividade; e
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de
CAPÍTULO V  03/08/1998)
DO EXERCÍCIO VI - dedicação às atividades policiais.
(Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
Art. 31. O início, a interrupção e o reinício do exercício § 2º. O boletim de avaliação sobre a conduta do
serão registrados, no assentamento individual do servidor. servidor policial civil durante o estágio probatório deve ser
Parágrafo único. O início do exercício e as alterações elaborado, periodicamente, a contar do início do exercício,
que neste ocorrerem serão comunicados pelo Chefe da pelos delegados chefes de Divisões e Corregedoria, na
repartição ou serviço em que estiver lotado o servidor ao Capital, e, no interior do Estado, pelos delegados subdivi-
órgão competente. sionais e corregedores de área, na forma do regulamento.
Art. 32. Ao chefe da unidade para a qual for designado (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
o servidor compete dar-lhe exercício. 25/07/2001)

7
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

§ 3º. Quando o servidor policial civil em estágio critérios de merecimento e antiguidade, na proporção de


probatório não preencher quaisquer dos requisitos 3/5 (três quintos) e 2/5 (dois quintos), respectivamente, na
enumerados no § 1º deste artigo, caberá à autoridade forma de regulamentação especifica;
avaliadora, sob pena de responsabilidade funcional, (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
provocar, perante o corregedor de assuntos internos, a 25/07/2001)
instauração de sindicância para sua confirmação ou não no § 1º. A promoção deverá ocorrer dentro do prazo de
cargo. 45 (quarenta e cinco) dias da abertura da vaga;
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de (Redação dada pela Lei Complementar 84 de
25/07/2001) 03/08/1998)
§ 4º.  Para os fins previstos no parágrafo anterior, § 2º. Constará obrigatoriamente da lista tríplice o
será especialmente designada Comissão de Sindicância servidor policial civil que tiver figurado por três vezes
pela Corregedoria Geral da Polícia Civil, para apurar o consecutivas, ou cinco alternadas, na lista de merecimento,
descumprimento dos requisitos do estágio probatório, condicionado ao número de vagas existentes, obedecida a
regulamentação específica.
observando-se o rito estabelecido no artigo 241 e seguintes
(Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
desta lei.
§ 3º. Para efeito de promoção, entende-se por
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
antiguidade o tempo de efetivo exercício na classe e, em
25/07/2001)
havendo empate na contagem para concorrer à mesma
vaga, a precedência é sucessivamente do:
CAPÍTULO VII  (Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
DA REMOÇÃO a) mais antigo na carreira;
(Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
Art. 38. Remoção é o deslocamento do servidor b) mais antigo no serviço público;
policial civil de uma para outra unidade policial, observado (Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
o contido nesta lei. c) mais idoso.
Art. 39. A remoção somente ocorrerá mediante: (Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
I - pedido escrito ou permuta, a critério do Delegado § 4º. O Conselho da Polícia Civil publicará, no mês
Geral da Polícia Civil, ou de janeiro de cada ano, o Almanaque do Policial Civil,
II - de ofício, em circunstâncias reconhecidamente ur- que conterá o tempo de serviço e a pontuação alcançada
genciadas e na solução de problemas emergenciais das durante o tempo apurado, conforme a regulamentação.
áreas policial e administrativa, e de iniciativa indistintamen- (Incluído pela Lei Complementar 84 de 03/08/1998)
te do secretário de Segurança Pública e Conselho da Polícia Art. 41. A promoção por merecimento depende de:
Civil, com prevalência do primeiro. (Redação dada pela Lei Complementar 84 de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de 03/08/1998)
25/07/2001) I - preenchimento de pré-requisitos objetivos, tais
§ 1º. O disposto neste artigo, não compreende a como, a eficiência revelada no desempenho de funções, a
remoção do servidor policial civil para outra unidade capacidade de liderança, iniciativa e presteza de decisão, os
sediada na mesma área de Inspetoria, atendido o interesse resultados dos cursos de formação e de aperfeiçoamento
do serviço. funcional, o comportamento ético irrepreensível nas
§ 2º. O servidor policial civil removido, deve entrar em atividades referentes à função, o comportamento social
exercício do cargo ou função na nova sede, nos seguintes e familiar ilibados, e, principalmente, a ausência de
antecedentes criminais e transgressionais;
prazos:
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de
25/07/2001)
29/12/1983)
II - ato de bravura, comprovado e homologado pelo
a) 8 (oito) dias, se for para outro município, e
Conselho da Polícia Civil, de ofício ou a requerimento do
(Incluído pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983) interessado;
b) 3 (três) dias, no mesmo município. (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Incluído pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983) 25/07/2001)
§ 3º. Os prazos constantes do parágrafo anterior, po- III - observância do contido no artigo 126, alínea III
derão ser prorrogados por igual período, a critério do De- desta lei.
legado Geral da Polícia Civil. (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
(Incluído pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983) Parágrafo único. São pré - requisitos complementares
para avaliação de merecimento:
CAPÍTULO VIII  (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
DA PROMOÇÃO E ACESSO I - interstício de 3 (três) anos na classe;
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
Art. 40. A promoção é a elevação seletiva e gradual II - estar em efetivo exercício na Secretaria de Estado
e sucessiva do servidor policial civil estável à vaga de da Segurança Pública nos doze (12) meses anteriores;
classe imediatamente superior àquela que pertença, pelos (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)

8
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

III - ter frequentado com aproveitamento, II - estiver respondendo a processo criminal, enquanto
dentre outros cursos definidos em regulamentação a sentença final não houver transitado em julgado;
própria, através de III - for preso preventivamente ou em flagrante delito;
atos do Poder Executivo, na Escola Superior de Polícia IV - for condenado, enquanto durar o cumprimento da
Civil, pena, inclusive no caso de suspensão condicional da pena,
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) não se computando o tempo acrescido à pena original para
a) o Curso de Formação Técnico - fins de sua suspensão condicional.
Profissional e satisfeitos os requisitos do estágio pro- Parágrafo único. Por um período de três (3) anos,
batório para as a contar da data da punição, na esfera criminal ou
classes iniciais das carreiras policiais civis; administrativa, não haverá promoção de servidor policial
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) civil, independente da natureza da falta.
b) o Curso de Processo Administrativo para 3ª Classe (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
da Carreira de Polícia; 25/07/2001)
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) Art. 44. A promoção por merecimento, proposta pelo
c) o Curso de Gerenciamento Policial para 2ª Classe da
Conselho da Polícia Civil através de lista tríplice, baseia-se
Carreira de Delegado de Polícia, e;
no conjunto de qualidades e atributos que distinguem e
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
realçam o valor do servidor policial civil, avaliado no decurso
d) o Curso Superior de Polícia para a 1ª Classe da
Carreira de Delegado de Polícia. da carreira e no desempenho de funções ou missões, ao ser
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) cogitado para a promoção, e ainda:
IV - ter prestado serviço em unidades policias (Redação dada pela Lei Complementar 19 de
no interior do Estado, excluídas as da Região Metro- 29/12/1983)
politana de I -  a eficiência revelada no desempenho funcional e
Curitiba, por período não inferior a 3 (três) anos para não na natureza intrínseca das funções ou missões, e nem
a Classe o tempo de exercício nas mesmas;
Inicial da carreira de Delegado de Polícia. II - a potencialidade para o desempenho de funções
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) mais elevadas;
V - ter frequentado, com aproveitamento, III - a capacidade de liderança, iniciativa e presteza de
dentre outros cursos definidos em regulamentação decisão;
própria, através de IV - os resultados dos cursos de formação e de
ato do Poder Executivo, o curso de aperfeiçoamento aperfeiçoamento funcional; e
policial para V - o realce do servidor policial civil entre seus pares.
promoção à 1ª classe para as demais carreiras. § 1º. Não pode ser promovido, por merecimento, o
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) servidor policial civil:
§ 1°. ...Vetado... I - em exercício de mandato eletivo;
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de II - em licença para tratar de interesses particulares, ou
03/08/1998) III - à disposição de órgãos não integrantes da estrutura
§ 2°. Os pré-requisitos serão estabelecidos por orgânica da SESP.
deliberação do Conselho da Polícia Civil. § 2º.  O servidor policial civil que tiver figurado em
(Redação dada pela Lei Complementar 84 de lista anterior de promoção por merecimento, só poderá
03/08/1998) (vide Lei Complementar 89 de 25/07/2001) ser excluído se, em votação preliminar, o Conselho da
Art. 42. Somente após dois anos de efetivo exercício Polícia Civil assim o decidir, por maioria absoluta. Em caso
na respectiva classe, poderá o servidor policial civil ser
contrário, a votação será feita apenas para completar a lista
promovido.
tríplice, que deverá ser organizada obrigatoriamente para
§ 1º. Havendo vagas em número superior ao de
cada vaga a ser preenchida.
candidatos com interstício completo, poderão concorrer
ao preenchimento das vagas remanescentes, os que (Redação dada pela Lei Complementar 19 de
houverem completado na classe anterior, um mínimo de 29/12/1983)
365 (trezentos e sessenta e cinco) dias, desde que sejam Art. 45. O servidor policial civil só poderá ser
servidores policiais civis estáveis. promovido, por merecimento, da classe inicial da carreira
§ 2º. O servidor policial civil, promovido na forma a que pertencer para a classe imediatamente superior, se
do parágrafo anterior, deverá completar a contagem dos tiver prestado serviços em unidades policiais do interior,
interstícios anteriores, sem o que não poderá concorrer à por um período não inferior a 03 (três) anos.
nova promoção. (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
Art. 43. O servidor policial civil, observado o previsto 25/07/2001)
no § 1º do artigo 216 desta lei, não poderá concorrer à Art. 46. As listas de indicação de policiais civis para a
promoção e acesso, quando: promoção serão organizadas pelo Conselho da Polícia Civil,
I -  Estiver respondendo à sindicância ou processo ouvindo-se, previamente, a Corregedoria Geral da Polícia
disciplinar. Civil e, na forma do regulamento específico.
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
29/12/1983) 25/07/2001)

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NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

Parágrafo único. Constitui transgressão disciplinar Art. 56. Será tornada sem efeito a reversão do servidor
grave cometida por membro do Conselho da Polícia Civil policial civil que não tomar posse e não entrar em exercício
e de Câmara Disciplinar, punida com suspensão de 90 dentro dos prazos legais.
(noventa) dias, qualquer ato destinado à modificação ou
ocultação da verdade, com vistas a favorecer ou prejudicar CAPÍTULO X 
servidor da classe policial civil, seja modificando, alterando DO APROVEITAMENTO
ou fraudando por qualquer outro meio as disposições
deste capítulo. Art. 57. Aproveitamento é o retorno do servidor
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) policial civil em disponibilidade ao exercício de outro cargo,
Art. 47. O andamento de papéis relativos à promoção mediante proposta do Conselho da Polícia Civil.
e acesso terá caráter urgente. Art. 58. O aproveitamento far-se-á a pedido ou ex-
-officio, respeitada sempre a habilitação profissional.
Parágrafo único. Se o aproveitamento se der em cargo
CAPÍTULO IX  de vencimento inferior ao provento da disponibilidade, terá
DA REINTEGRAÇÃO E REVERSÃO o servidor policial civil direito a diferença.
Art. 59. Será obrigatório o aproveitamento do servidor
Art. 48. A reintegração, que decorrerá de decisão policial civil em cargo de natureza e vencimento ou remu-
administrativa, ou judicial passada em julgado, é o neração compatíveis com os do anteriormente ocupado.
reingresso do servidor policial civil no serviço público, com Parágrafo único. O aproveitamento dependerá de
ressarcimento dos vencimentos e vantagens. vaga e de prova de capacidade, mediante inspeção médica.
Parágrafo único. A decisão administrativa que Art. 60. Será tornado sem efeito o aproveitamento e
determinar a reintegração será proferida em pedido de cassada a disponibilidade do servidor policial civil se este
revisão de processo disciplinar. cientificado expressamente do ato de aproveitamento não
Art. 49. A reintegração será feita no cargo tomar posse no prazo legal, com perda de todos os direitos
anteriormente ocupado; se este houver sido transformado, de sua anterior situação, salvo caso de doença comprovada
no resultante da transformação, e, se extinto, em cargo de em inspeção médica.
nível de vencimento equivalente, comprovada pelo órgão Parágrafo único. Provada em inspeção médica a
competente a habilitação do servidor policial civil. incapacidade definitiva, será procedida a aposentadoria e
Parágrafo único. Não sendo possível ou conveniente para o cálculo do tempo deste será levado em conta o pe-
ríodo de disponibilidade.
à administração policial, fazer a reintegração pela forma
prescrita neste artigo, será o ex-servidor policial civil colo- CAPÍTULO XI 
cado em disponibilidade remunerada. DA READMISSÃO
Art. 50. O servidor policial civil reintegrado deve ser
submetido à inspeção médica especializada, na forma Art. 61. Readmissão é o reingresso no serviço público
desta Lei e, se os peritos o julgarem incapaz ou inválido, estadual, sem ressarcimento de vencimentos e vantagens,
será aposentado no cargo em que houver sido reintegrado. do servidor policial civil exonerado a pedido.
Art. 51. Reversão é o ingresso no serviço público, do Parágrafo único. Não será admitida readmissão do
servidor policial civil aposentado, quando insubsistentes os servidor policial civil que:
motivos da aposentadoria. I - tenha sofrido punição disciplinar;
Art. 52. A reversão far-se-á ex-officio ou a pedido, de II - haja completado cinquenta e cinco anos de idade;
preferência no mesmo cargo ou naquele em que se tenha ou,
transformado, ou em cargo de vencimento ou remunera- III - conte menos de dez anos de serviço público
ção equivalente ao do anteriormente ocupado, atendido o anteriormente prestado.
requisito de habilitação profissional. Art. 62. A readmissão dependerá de prova de
Art. 53. Para que a reversão possa efetivar-se é capacidade física, mediante inspeção médica especializada
necessário que o aposentado: e da existência de vaga a ser provida pelo critério de
merecimento, atendido sempre o interesse policial civil.
I - não haja completado cinquenta e cinco anos de ida-
Art. 63. A readmissão efetivar-se-á em cargo de
de; vencimento ou remuneração equivalente ao anteriormente
II - não conte mais de vinte e cinco anos de tempo de ocupado, mediante proposta do Conselho da Polícia Civil.
serviço e de inatividade, computados em conjunto; Art. 64. O tempo de serviço público estadual do
III - seja julgado apto em inspeção de saúde; e readmitido, anterior à sua exoneração, será contado para
IV - tenha o seu retorno à atividade policial considerada todos os efeitos legais.
de interesse do serviço público, a juízo do Conselho da
Polícia Civil. CAPÍTULO XII 
Art. 54. Na reversão, o servidor policial civil aposentado, DA READAPTAÇÃO
terá direito, em caso de nova aposentadoria, à contagem
do tempo em que esteve aposentado. Art. 65. Readaptação é o provimento do servidor
Art. 55. O servidor policial civil que reverter, não será policial civil em cargo a que melhor se adapte a sua
aposentado novamente, sem que hajam decorridos cinco capacidade física, intelectual ou vocacional, podendo
anos de efetivo exercício, salvo se a aposentadoria for por ser realizada motivadamente de ofício ou a pedido do
motivo de saúde. interessado.

10
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

§ 1º. Após deliberação da maioria absoluta dos seus § 1º. O substituto, durante o tempo em que exercer
membros, o Conselho da Polícia Civil encaminhará a a substituição, terá direito a perceber o vencimento e as
proposta da readaptação prevista neste Capítulo. vantagens pecuniárias inerentes ao cargo do substituído,
§ 2º. O servidor policial civil, enquanto perdurar o mais as vantagens pessoais a que fizer jus.
processo de readaptação, poderá ser afastado do exercício § 2º. O substituto perderá, durante o tempo da
de suas funções. substituição, o vencimento e demais vantagens pecuniárias
Art. 66. O servidor policial civil, que revelar inaptidão inerentes ao seu cargo, se não optar por estes.
ou desajustamento para o serviço policial, sem causa § 3º. A substituição dar-se-á, sempre que possível,
que justifique a sua demissão ou aposentadoria, será dentro da própria unidade.
readaptado compulsoriamente em outro cargo a que Art. 71. Também será remunerado, na forma prevista
melhor se adapte à sua capacidade, sem descenso nem para substituição, o exercício do servidor policial civil,
aumento de vencimento, na forma deste artigo, quando: quando designado para responder pelo expediente da
I - ficar comprovada a modificação do estado físico ou chefia ou direção, durante a vacância do cargo ou função.
mental do servidor policial civil, que lhe diminua a eficiência Art. 72. A acumulação de jurisdição não constitui
ou o incapacite para a função policial; substituição remunerada.
II - a função policial não corresponder aos pendores
vocacionais do servidor policial civil; ou
TÍTULO III 
III - isolada ou cumulativamente o servidor policial
DOS DIREITOS, PRERROGATIVAS E VANTAGENS
civil tenha sido punido com pena de suspensão igual ou
superior a noventa dias dentro do período de três anos, a CAPÍTULO I 
contar da primeira punição, ressalvadas as transgressões DOS DIREITOS E PRERROGATIVAS
disciplinares decorrentes do exercício da função.
Parágrafo único. Serão excluídos das disposições Art. 73. São direitos e prerrogativas dos servidores
deste artigo, os servidores policiais civis que tenham policiais civis, entre outros:
recebido ferimentos em serviço que os incapacitem para o I - exercício de função correspondente à classe a que
exercício da atividade policial plena. pertence;
Art. 67. Havendo dúvidas sobre as condições físicas II - designação para missões compatíveis com a
ou mentais do servidor policial civil para o exercício do hierarquia;
cargo, poderá, independentemente da instauração de pro- III - assistência médico-hospitalar, de doença e
cedimento administrativo, ser determinado que o mesmo judiciária pelo Estado, quando ferido ou acidentado em
seja submetido a exame por junta médica designada pela objeto de serviço ou submetido a processo, em razão do
direção do Instituto Médico Legal, para os fins previstos exercício do cargo ou função;
nesta Lei. IV - assistência médica ao servidor e à sua família pelo
(Redação dada pela Lei Complementar 29 de órgão previdenciário do Estado;
04/04/1986) V - acesso a locais fiscalizados pela Polícia Civil;
Art. 68. O procedimento de readaptação será VI - uso da insígnia e identificação funcionais; e
instaurado por decisão do Conselho da Polícia Civil, através VII - portar armas, mesmo quando em inatividade.
de comissão especialmente designada, instruído, se
necessário, com o laudo da junta médica previsto no artigo CAPÍTULO II 
anterior, que deverá, entre outros elementos, mencionar o DO VENCIMENTO E DAS VANTAGENS
seguinte: Seção I 
(Redação dada pela Lei Complementar 29 de DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
04/04/1986)
I - da capacidade e do estado físico do servidor policial
Art. 74. Vencimento é a retribuição pelo efetivo
civil para as atividades do cargo; ou
exercício do cargo, correspondente ao valor do padrão,
II - diminuição da capacidade mental ou aceleração de
classe, símbolo ou nível, fixado em lei.
manifestações violentas ou agressivas.
Art. 69. A readaptação não acarretará redução de Art. 75. Remuneração é a retribuição pelo efetivo
vencimento, assegurando-se sempre a diferença a que exercício do cargo, correspondente ao vencimento, mais as
o servidor policial civil fizer jus, quando for o caso de vantagens e benefícios financeiros assegurados por lei.
readaptação em cargo de nível inferior, perdendo, no Art. 76. O vencimento será devido a partir do efetivo
entanto, as vantagens percebidas pelo exercício do cargo exercício do cargo, quando se tratar de nomeação,
de carreira policial. readmissão, reintegração, reversão, e, no caso de promoção
ou acesso, da data destes.
CAPÍTULO XIII  Art. 77. Perderá o vencimento ou remuneração do
DA SUBSTITUIÇÃO cargo efetivo o servidor policial civil:
I - nomeado para cargo em comissão, ressalvado o
Art. 70. Haverá substituição remunerada durante o direito de opção.
impedimento legal e temporário do ocupante de cargo em (Redação dada pela Lei Complementar 19 de
comissão ou função de chefia ou direção. 29/12/1983)

11
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

II - quando no exercício de mandato eletivo da União, Art. 80. Serão relevadas até três faltas durante o mês,
dos Estados e dos Municípios, ressalvados os casos de motivadas por doença comprovada mediante apresentação
opção; de atestado médico oficial.
III - à disposição de outro Poder ou de órgão público Art. 81. O vencimento, remuneração e proventos não
da administração direta ou indireta, inclusive sociedade de sofrerão descontos além dos previstos em lei, nem serão
economia mista da União ou de qualquer outra unidade objeto de arresto, sequestro ou penhora, salvo quando se
da Federação, designado para servir em qualquer desses tratar de:
órgãos ou entidades, salvo quando se tratar de requisição I - prestação de alimentos, determinada judicialmente;
de órgãos diretamente ligados à Presidência da República e
ou quando de interesse do Estado do Paraná, a juízo do II - reposição ou indenização devida à Fazenda Estadual,
Chefe do Poder Executivo; e o que será feito em parcelas mensais não excedentes à
IV - em missão, estudo ou estágio no exterior ou quinta parte do vencimento ou remuneração.
em qualquer parte do território nacional, quando não § 1º. Nos casos de comprovada má-fé, a reposição será
autorizado pelo Chefe do Poder Executivo. feita de uma só vez, sem prejuízo das penalidades cabíveis.
Parágrafo único. Ao servidor policial civil titular de § 2º. A exoneração ou demissão do servidor policial
cargo técnico ou científico, quando à disposição do Governo civil, implicará na inscrição em Dívida Ativa da quantia de-
Federal, será lícito optar pelo vencimento ou remuneração vida.
do cargo estadual, sem prejuízo de vantagens atribuídas
pela administração federal. Seção II 
Art. 78. Ao servidor policial civil nomeado para o DAS VANTAGENS
exercício de cargo em comissão é facultado optar pelo
vencimento desse cargo ou pela percepção do vencimento Art. 82. Além do vencimento poderá o servidor policial
e demais vantagens do seu cargo efetivo, acrescido da civil perceber as seguintes vantagens pecuniárias:
gratificação fixa correspondente a vinte por cento do I - adicionais;
símbolo do respectivo cargo em comissão. II - gratificações;
Art. 79. O servidor policial civil perderá: III - ajuda de custo;
I - um terço do vencimento ou remuneração, durante o IV - diárias;
afastamento por motivo de prisão preventiva ou flagrante, V - salário família;
pronúncia por crime comum, denúncia por crime funcional VI - auxílio médico-hospitalar e de doença.
ou que pela natureza e configuração sejam consideradas
infamantes, de modo a incompatibilizar o servidor policial Seção III 
civil para o exercício funcional, com direito à diferença, se DOS ADICIONAIS
absolvido;
II - dois terços do vencimento ou remuneração durante Art. 83. O servidor policial civil terá acréscimo aos
o período de afastamento em virtude de condenação por vencimentos:
sentença definitiva de que não resulte demissão; I - de cinco em cinco anos de exercício, cinco por cento,
III - o vencimento ou remuneração do dia, se não até completar cinco quinquênios; e
comparecer ao serviço, salvo por motivo previsto em lei; e II - ao completar trinta anos de exercício, cinco por
IV - um terço do vencimento ou remuneração do dia, cento por ano excedente, até o máximo de vinte e cinco
quando comparecer ao serviço com atraso de uma hora ou por cento.
quando se retirar antes de findar o período de trabalho ou § 1º. A incorporação dos acréscimos será imediata,
missão para que haja sido designado. inclusive para efeito de aposentadoria e disponibilidade
§ 1º. Nos casos em que o servidor policial civil e será computada, igualmente, sobre as alterações dos
se mantiver no exercício de suas funções, o corte do vencimentos do cargo efetivo, somados ao anteriormente
vencimento não poderá ser por período superior a 60 deferido.
(sessenta) dias. (Redação dada pela Lei Complementar 29 de
§ 2º. No caso de faltas sucessivas, são computados, 04/04/1986)
para efeito de descontos, os sábados, os domingos e § 2º. A base de cálculo para os adicionais é o somatório
feriados intercalados. dos vencimentos e da Gratificação de Representação,
§ 3º. O servidor policial civil que, por doença não observado o disposto nesta Lei.
puder comparecer ao serviço ou missão, fica obrigado a (Incluído pela Lei Complementar 29 de 04/04/1986)
fazer pronta comunicação do seu estado de saúde ao chefe
imediato, para o necessário exame médico. Seção IV 
§ 4º. O atestado médico deverá ser, em qualquer DAS GRATIFICAÇÕES
circunstâncias, apresentado no dia imediato, se ocorrerem
ausências ao serviço até 3 (três) dias. Art. 84. Conceder-se-á gratificações:
§ 5º. Na hipótese de designação para serviços de I - de função;
plantão ou ronda, a falta abrangerá, para todos os efeitos II - de representação;
legais, o período destinado ao descanso. III - de magistério policial;

12
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

IV - pela participação como membro de comissão de § 3º.  Será mantida a percepção da gratificação de
concurso, de seleção a cursos de formação e permanentes representação, nos afastamentos por motivo de férias,
de disciplina ou em órgão de Deliberação Coletiva da dispensa ao serviço, licença para tratamento de saúde, até
Polícia Civil; 60 (sessenta) dias, falecimento de ente familiar e gala, até 8
(Redação dada pela Lei Complementar 41 de (oito) dias e licença especial.
21/12/1987) (Redação dada pela Lei Complementar 19 de
V - pela execução de trabalho de natureza especial, 29/12/1983)
com risco de vida ou saúde. § 4º. A gratificação de representação será paga, somente
(Redação dada pela Lei Complementar 41 de ao servidor policial civil que esteja no efetivo exercício de
21/12/1987) suas funções, em unidade policial civil do Departamento
VI - pelo serviço ou estudo fora do Estado ou no de Polícia Civil, em unidade administrativa da organização
exterior; básica da Secretaria de Estado da Segurança Pública, ou
VII - pelo exercício de encargos especiais; e quando a critério do Chefe do Poder Executivo, se encon-
VIII - Pelo Regime Especial de Trabalho Policial (RETP). tre prestando serviços a qualquer órgão dos Poderes do
(Redação dada pela Lei Complementar 35 de Estado.
24/12/1986) (Incluído pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
Parágrafo único. É vedada a percepção cumulativa de § 5º.  Será suspenso o pagamento da gratificação
gratificação da mesma natureza, salvo quanto a de magis- de representação do servidor policial civil indiciado em
tério policial, na forma do que dispuser o regulamento. sindicância ou processo disciplinar, cujo valor receberá, se
absolvido. No caso de punição, o restabelecimento ocorre-
Subseção I  rá após o cumprimento da pena.
DA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO (Incluído pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
§ 6º.  Fica vedada a percepção da gratificação de
Art. 85. A gratificação de função destina-se a atender representação, pelo servidor policial civil que estiver
encargos de chefia, assessoramento, secretariado e outros acumulando cargos, funções ou perceber qualquer
determinados no Regulamento da Polícia Civil, se não vantagem financeira proveniente de atividade estranha ao
estabelecidos nesta lei. serviço policial, com exceção do magistério.
Parágrafo único. O servidor policial civil que se (Incluído pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
ausentar em virtude de férias, licença especial, luto,
casamento, doença comprovada ou serviço obrigatório por
Subseção III 
lei, não perderá a gratificação de função.
DA GRATIFICAÇÃO DE MAGISTÉRIO POLICIAL
Subseção II 
Art. 87.  A gratificação de magistério policial será
DA GRATIFICAÇÃO DE REPRESENTAÇÃO
devida, por aula efetivamente dada, aos professores da
Escola de Polícia Civil, na forma do regulamento nos
Art. 86.  A Gratificação de Representação, incidente
sobre os vencimentos, destina-se a indenizar as despesas seguintes cursos:
extraordinárias decorrentes de ordem profissional ou social, I - de formação, aperfeiçoamento e integração
inerentes à representação policial civil na comunidade e de funcional de carreiras de nível superior;
representatividade da instituição policial civil. II - de formação, aperfeiçoamento e integração
(Redação dada pela Lei Complementar 29 de funcional de carreiras de nível de 2º. grau; e
04/04/1986) III - de formação, aperfeiçoamento e integração
§ 1º.  A Gratificação de Representação fica atribuída funcional de carreira de nível de 1º. grau.
aos integrantes das carreiras policiais previstas no artigo
13, desta Lei, assim fixada: Subseção IV 
(Redação dada pela Lei Complementar 29 de DA GRATIFICAÇÃO PELA PARTICIPAÇÃO COMO
04/04/1986) MEMBRO DAS COMISSÕES DE CONCURSO, DE SELE-
I - 60% (sessenta por cento), para o Delegado de Polícia; ÇÃO A CURSOS DE FORMAÇÃO E PERMANENTES DE
(Incluído pela Lei Complementar 29 de 04/04/1986) DISCIPLINA OU ÓRGÃO DE DELIBERAÇÃO COLETIVA
II - 45% (quarenta e cinco por cento), para o Médico DA POLÍCIA CIVIL.
Legista, Períto Criminal, Químico Legal e Toxicologista; (Redação dada pela Lei Complementar 41 de
(Incluído pela Lei Complementar 29 de 04/04/1986) 21/12/1987)
III - 35% (trinta e cinco por cento), para as demais
carreiras. Art. 88. Os integrantes das comissões de concurso, de
(Incluído pela Lei Complementar 29 de 04/04/1986) seleção a cursos de formação e permanentes de disciplina
§ 2º.  A gratificação de representação terá vigência a ou de órgão de Deliberação Coletiva, perceberão a
partir do mês em que o servidor policial civil entrar em gratificação que for fixada em regulamento.
exercício do cargo. (Redação dada pela Lei Complementar 41 de
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de 21/12/1987)
29/12/1983)

13
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

Subseção V  Subseção VIII 


DA GRATIFICAÇÃO PELA EXECUÇÃO DE TRABA- DA GRATIFICAÇÃO PELO REGIME ESPECIAL DE
LHO DE NATUREZA ESPECIAL, COM RISCO DE VIDA OU TRABALHO POLICIAL (RETP)
SAÚDE. (Redação dada pela Lei Complementar 35 de
(Redação dada pela Lei Complementar 41 de 24/12/1986)
21/12/1987)
Art. 92. Pela sujeição ao regime a que se refere o Artigo
Art. 89. Pela execução de trabalho de natureza especial, 274, desta Lei, os Titulares de cargos policiais civis, fazem
com risco de vida ou saúde, os titulares de cargos policiais juz a uma gratificação, incorporável para todos os efeitos
civis, em efetivo exercício dos referidos cargos, perceberão legais, de 17% (dezessete por cento), calculada sobre o
uma gratificação de 1/3 (um terço) dos respectivos vencimento acrescido da gratificação de representação.
vencimentos básicos, acrescidos dos adicionais por tempo (Redação dada pela Lei Complementar 35 de
de serviço. 24/12/1986)
(Redação dada pela Lei Complementar 41 de
21/12/1987) Seção V 
Parágrafo único.  A gratificação pelo exercício com DA AJUDA DE CUSTO
risco de vida ou saúde não será paga ao servidor policial
civil que estiver afastado de suas funções ou acumulando Art. 93. Será concedida ajuda de custo ao servidor
cargos, funções, ou perceber qualquer vantagem financeira policial civil que passe a ter exercício em nova sede, em
proveniente de atividade estranha ao serviço policial com virtude de remoção, nomeação para cargo em comissão
exceção do magistério. ou designação para função gratificada, serviço ou estudo
(Incluído pela Lei Complementar 41 de 21/12/1987) e destina-se à compensação das despesas de viagem e
instalação própria e de sua família e as de transporte de
Subseção VI  bens.
DA GRATIFICAÇÃO POR SERVIÇO OU ESTUDO Art. 94. A ajuda de custo compreende a concessão de
FORA DO ESTADO OU NO EXTERIOR até dois meses e não inferior a um mês de vencimento,
levando-se em conta as condições de vida na nova sede, a
Art. 90. O pedido e proposta de afastamento e distância, o tempo de viagem e os recursos orçamentários
designação de servidor policial civil para fora do Estado disponíveis, arbitrada pelo Delegado Geral da Polícia Civil,
ou no exterior, a serviço, estudo ou estágio, somente será incluídas as despesas de mudança, ressarcidas mediante a
encaminhado à decisão do Chefe do Poder Executivo, apresentação de comprovante dos gastos.
quando relativo a: Parágrafo único. A concessão de um (1) mês de
I - missão oficial do governo; vencimento como ajuda de custo, dispensa a apresentação
II - bolsa de estudo ou estágio sobre assunto de de comprovante de gastos.
interesse da administração policial civil e segurança; ou (Incluído pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
III - exercício de outras atividades de interesse da Art. 95. Não se concederá ajuda de custo ao servidor
administração policial civil. policial civil:
§ 1º. A gratificação será arbitrada pelo Chefe do Poder I - que, em virtude de mandato eletivo, deixar de
Executivo, levando em conta o vencimento do servidor reassumir o exercício do cargo;
policial civil, a natureza e duração certa ou presumível do II - posto à disposição de qualquer entidade de direito
encargo e as condições locais, salvo se lei ou regulamento público; ou
já dispuser a respeito. III - quando removido por permuta, a pedido, ou por
§ 2º. Quando se tratar de afastamento por iniciativa motivo de ordem disciplinar.
da administração policial civil, poderão ser concedidas ao Art. 96. O servidor policial civil obrigado a permanecer
servidor policial civil, segundo as peculiaridades de cada fora da sede, em objeto de serviço, por mais de trinta dias
caso, ajuda de custo e outras vantagens previstas na legis- consecutivos, ou quando matriculado compulsoriamente
lação em vigor, além do vencimento e remuneração. em curso mantido pela Escola de Polícia Civil sem percepção
de diárias, perceberá ajuda de custo a ser arbitrada pelo
Subseção VII  Delegado Geral da Polícia Civil.
DA GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE ENCARGOS Art. 97. O servidor policial civil restituirá a ajuda de
ESPECIAIS custo:
I - quando não se transportar para a nova sede nos
Art. 91.  A gratificação pelo exercício de encargos prazos determinados; ou
especiais destina-se aos servidores policiais civis II - quando, antes de terminada a incumbência,
designados para atendimento de assessoramento direto regressar, pedir exoneração ou abandonar o serviço.
ou especial ao Chefe do Poder Executivo e outros definidos § 1º. A restituição é de exclusiva responsabilidade
em lei ou regulamento. pessoal e poderá ser feita parceladamente.
Parágrafo único. O valor correspondente será fixado § 2º. Não haverá obrigação de restituir:
em decreto baixado pelo Poder Executivo.

14
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

a) quando o regresso do servidor policial civil for Seção VII 


determinado ex-officio, decorrer de doença comprovada DO SALÁRIO FAMÍLIA
ou motivo de força maior; ou
b) quando o pedido de exoneração for apresentado Art. 103. Salário família é o auxílio pecuniário especial,
noventa dias após a designação da missão. concedido pelo Estado, ao servidor policial civil ativo,
Art. 98. A ajuda de custo poderá ser paga ao servidor inativo ou em disponibilidade, como contribuição ao
policial civil, metade, adiantadamente, no local da repartição custeio das despesas de manutenção de sua família.
de que foi desligado e o restante, após haver entrado em Parágrafo único. A cada dependente corresponderá
exercício na nova repartição, unidade ou serviço. uma quota de salário família.
§ 1º. O servidor policial civil, sempre que preferir, Art. 104. Conceder-se-á salário família ao servidor
poderá receber, integralmente, a ajuda de custo, já na sede policial civil pelos dependentes:
da nova repartição, unidade ou serviço. I - esposa que não exerça atividade remunerada;
(Renumerado pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983) II -  filho menor de vinte e um anos e filha enquanto
§ 2º. O valor do vencimento a ser pago como ajuda de solteira, sem renda própria;
custo, é o que vigora na data em que o servidor policial civil III - filho inválido, de qualquer idade, comprovadamente
promover a mudança para a nova sede, dentro do prazo incapaz para exercer qualquer atividade remunerada;
estabelecido nos §§ 2º. e 3º., do art. 39, desta Lei. IV -  filho estudante, que frequente curso secundário
(Incluído pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983) ou superior, em estabelecimento de ensino oficial ou par-
ticular e que não exerça atividade lucrativa, até a idade de
Seção VI  vinte e quatro anos; e
DAS DIÁRIAS V - outros dependentes assim previstos em lei.
Parágrafo único. Compreende-se neste artigo, o filho
Art. 99.  Ao servidor policial civil que se deslocar da de qualquer condição, o enteado, o adotivo, o legítimo
respectiva sede, no desempenho de suas atribuições, será e o que, mediante autorização judicial, viva sob a guarda
concedido, a título de indenização das despesas de alimen- e o sustento do servidor policial civil, inclusive outros
tação e pousada, tantas diárias quantas necessárias, sendo dependentes sem qualquer rendimento e que vivam às
obedecida a regulamentação própria. suas expensas.
(Revogado pela Lei Complementar 72 de 13/12/1993) Art. 105. Quando o pai e a mãe forem funcionários
§ 1°.  Durante o trânsito não se concederá diárias ao do Estado e viverem em comum, o salário família será
servidor policial civil removido. concedido ao pai; se não viverem em comum, de acordo
(Revogado pela Lei Complementar 72 de 13/12/1993) com a distribuição dos dependentes.
§ 2°.  Entende-se por sede, para efeito desta Seção, a Art. 106. Equiparam-se ao pai e à mãe, os representantes
cidade, vila ou localidade onde o servidor policial civil tiver legais dos incapazes e as pessoas cuja guarda e manuten-
exercício. ção estiverem confiados, por autorização judicial, os bene-
(Revogado pela Lei Complementar 72 de 13/12/1993) ficiários.
§ 3°. Não se aplica o disposto neste artigo, ao servidor
policial civil que se deslocar para fora do País ou estiver Seção VIII 
servindo no exterior. DO AUXÍLIO-MÉDICO HOSPITALAR E DOENÇA
(Revogado pela Lei Complementar 72 de 13/12/1993)
Art. 100. O servidor policial civil perceberá: Art. 107. O auxílio médico-hospitalar compreenderá
(Revogado pela Lei Complementar 72 de 13/12/1993) a assistência médica contínua, normal e especializada, ao
I - diária integral, constituída de alimentação e pousa- servidor policial civil acidentado ou ferido em serviço ou
da, quando passar mais de doze horas fora da sede; e acometido de doença profissional.
(Revogado pela Lei Complementar 72 de 13/12/1993) Art. 108. O auxílio da assistência médico-hospitalar
II - meia diária de alimentação, quando passar mais de consiste no pagamento integral de todas as despesas, à
seis horas fora da sede. conta de recursos orçamentários próprios da SESP, em
(Revogado pela Lei Complementar 72 de 13/12/1993) complementação ao atendimento prestado pelo Instituto
Art. 101.  As diárias serão pagas adiantadamente no de Previdência e Assistência aos Servidores do Estado,
valor integral da duração presumível do deslocamento do quando se constatar as circunstâncias do artigo anterior.
servidor policial civil. Art. 109. Após o período de doze meses consecutivos
(Revogado pela Lei Complementar 72 de 13/12/1993) de licença para tratamento de saúde, concedida em
Art. 102.  O servidor policial civil que, indevidamente decorrência de doença profissional ou acidente em serviço,
receber diárias, será obrigado a restituir, de uma só vez, a o servidor policial civil terá direito a um mês de vencimento,
importância recebida, ficando ainda sujeito a punição dis- a título de auxílio doença.
ciplinar. Parágrafo único. Sob este mesmo título, terá ainda
(Revogado pela Lei Complementar 72 de 13/12/1993) o servidor policial civil direito a um mês de vencimento,
após cada período de vinte e quatro meses consecutivos
de licença para tratamento de saúde.

15
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

Seção IX  CAPÍTULO IV 


DO AUXÍLIO FUNERAL DO TEMPO DE SERVIÇO

Art. 110. Ao cônjuge, ou na falta deste, à pessoa que Art. 118. Será considerado de efetivo exercício o
provar ter feito despesas em virtude do falecimento do afastamento em virtude de:
servidor policial civil, será concedida, a título de auxílio I - férias;
funeral, a importância correspondente a um mês de II - casamento, até oito dias;
remuneração ou provento. III - luto por falecimento do cônjuge, filho, pai, mãe e
Parágrafo único.  O pagamento será feito à vista irmão, até oito dias;
da apresentação do atestado de óbito pelo cônjuge ou IV - trânsito;
pessoa a cujas expensas se houver efetuado o funeral, ou V - convocação para serviço militar;
procurador legalmente habilitado. VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
Art. 111. Em caso de acumulação legal de cargos do VII - exercício de função do governo ou administração
Estado, o auxílio funeral correspondente será pago na base em qualquer parte do território estadual, por nomeação do
da maior remuneração ou provento. Chefe do Poder Executivo;
Art. 112. Será concedido transporte ou meios de VIII - exercício de cargo ou função do governo ou
mudança, à família do servidor policial civil, quando este administração, por designação do Presidente da República;
falecer no desempenho do cargo ou em serviço de natureza IX - missão ou estudo no exterior ou em qualquer
policial, à conta de recursos orçamentários da SESP. parte do território nacional, quando o afastamento houver
sido autorizado pelo Chefe do Poder Executivo;
CAPÍTULO III  X - licença especial;
DAS RECOMPENSAS XI - licença para tratamento de saúde;
XII - licença a servidor que sofrer acidente em serviço
Art. 113. Recompensa é o reconhecimento do Estado ou for atacado de doença profissional, na forma desta lei;
pelos bons serviços prestados pelo servidor policial civil. XIII - licença à servidora gestante;
Art. 114. Além de outras previstas em leis ou XIV - faltas até o máximo de três durante o mês, por
regulamentos especiais, são recompensas: motivo de doença comprovada na forma do art. 80;
I - o elogio; XV - licença por motivo de doença em pessoas da
II - a dispensa do serviço; família: cônjuge, filhos, pai, mãe ou irmão, até noventa dias
III - a medalha do Mérito Policial; e
num quinquênio;
IV - a medalha do Serviço Policial.
XVI - licença compulsória; e
§ 1º. A recompensa constante do inciso I, deste
XVII - exercício de cargo eletivo.
artigo, será conferida pela prática de ato que mereça
§ 1º. Para os efeitos desta lei, entende-se por acidente
registro especial ou ultrapasse o cumprimento normal de
em serviço o evento que cause dano físico ou mental ao
atribuições ou se revista de relevância.
servidor policial civil, durante o exercício das atribuições
§ 2º. A recompensa constante do inciso II, deste artigo,
inerentes ao cargo.
terá o limite máximo de 8 (oito) dias corridos e será conce-
§ 2º. Equipara-se ao acidente em serviço, quando não
dida pelo titular da unidade, somente em circunstâncias ex-
cepcionais, quando se imponha ao servidor policial civil em provocada, a agressão sofrida pelo servidor policial civil no
período de descanso necessário após o desempenho de serviço ou em razão dele.
tarefas árduas, executadas independentemente de horário. § 3º.  Por doença profissional, para efeitos desta lei,
Art. 115. Os elogios e as dispensas do serviço deverão entende-se aquela que decorrer das condições do serviço
ser fundamentadamente propostos e homologados pelo ou de fatos nele ocorridos.
Conselho da Polícia Civil, ouvindo-se, previamente, a Cor- § 4º. Nos casos previstos nos parágrafos 1º., 2º., 3º.,
regedoria Geral da Polícia Civil. deste artigo, o laudo resultante da inspeção médica deverá
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de estabelecer rigorosamente a caracterização do acidente em
25/07/2001) serviço e da doença profissional.
Art. 116. A Medalha de Mérito Policial destina-se a § 5º. É considerado como de efetivo exercício, para
premiar o policial civil que praticar ato de bravura ou de todos os efeitos legais, o período compreendido entre a
excepcional relevância para a organização policial. data do laudo que determinar o afastamento definitivo
Art. 117. A Medalha do Serviço Policial destina-se a do servidor e da decretação da respectiva aposentadoria,
premiar os servidores policiais civis, pelos bons serviços desde que esse período não ultrapasse de noventa dias.
prestados à causa da Ordem Pública, ao Organismo Policial Art. 119. Computar-se-á, para todos os efeitos legais:
e à Coletividade Policial. I - o tempo de serviço prestado ao Estado do Paraná,
Parágrafo único. As características heráldicas e a desde que remunerado;
forma da concessão de medalhas serão regulamentadas II - o período de férias e licença especial não gozadas
por Decreto do Poder Executivo. na administração estadual contado em dobro.
Art. 120. Para os efeitos de aposentadoria e
disponibilidade será computado integralmente:

16
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

I - o tempo de serviço público federal, municipal e II - em estágio probatório, quando nele não confirmado,
estadual, prestado aos demais Estados da Federação; em decorrência do procedimento administrativo de que
II - o período de serviço ativo nas Forças Armadas, trata o artigo 37, §§ 3º e 4º, desta lei;
prestado durante a paz, computado pelo dobro o tempo (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
em operação de guerra; 25/07/2001)
III - o tempo de serviço prestado em empresa pública, III - mediante procedimento de avaliação periódica
sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo de desempenho, na forma da lei complementar federal,
Poder Público Estadual; assegurada ampla defesa.
IV - o período de trabalho prestado a instituição de (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
caráter privado, que tiver sido transformada em estabeleci- § 1º. Invalidada por sentença judicial a demissão do
mento de serviço público; servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante
V - o tempo em que o servidor esteve em disponibilidade da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem
ou aposentado. direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto
Parágrafo único. O tempo de serviço a que alude este em disponibilidade com remuneração proporcional ao
artigo será computado à vista de certidões passadas pelo tempo de serviço.
órgão competente e na forma da regulamentação própria. (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
Art. 121. Durante o exercício de mandato eletivo § 2º. Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
federal, estadual, ou de executivo municipal, o servidor o servidor estável ficará em disponibilidade, com
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
policial civil fica afastado do exercício do cargo, e somente
adequado aproveitamento em outro cargo.
por antiguidade pode ser promovido ou provido por aces-
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
so, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para essa
§ 3º. Como condição para a aquisição da estabilidade,
promoção, acesso ou aposentadoria. é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
Art. 122. A apuração do tempo de serviço será feita comissão constituída pelo Conselho da Polícia Civil para
em dias. essa finalidade.
§ 1º. O número de dias será convertido em anos (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
considerado o ano como de trezentos e sessenta e cinco § 4º. Será eliminado do curso de formação e exonerado
dias. do cargo, o servidor policial civil que esteja em estágio
§ 2º. Feita a conversão, os dias restantes até cento e probatório que for reprovado em qualquer disciplina
oitenta e dois não serão computados, arredondando-se constante da grade curricular, ou não registrar frequência
para um ano quando excederem esse número, nos casos mínima de 90% (noventa por cento) às atividades escolares.
de cálculo para efeito de aposentadoria e disponibilidade. (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
Art. 123. É vedada a acumulação de tempo de serviço § 5º. Também será eliminado do curso e exonerado
prestado, concorrente ou simultaneamente, em dois ou mais do cargo, o servidor policial civil que esteja em estágio
cargos ou funções da União, dos Estados, Distrito Federal, probatório e que não atingir percentual igual a 90% (noventa
Territórios, Municípios, Autarquias, Empresas Públicas, por cento) dos trabalhos relativos às aulas e atividades
Sociedade de Economia Mista, Fundações instituídas pelo escolares, em cursos de treinamento, aperfeiçoamento
Poder Público e Instituições de caráter privado que hajam e especialização ministrados pela Escola Superior de
sido convertidas em estabelecimentos de serviço público. Polícia Civil, para os quais tenham sido matriculados
compulsoriamente.
CAPÍTULO V  (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
DA ESTABILIDADE § 6º. A falta a dia-aula nos Cursos a que esteja
matriculado o Servidor, equivalerá, para todos os efeitos, à
Art. 124. Estabilidade é a situação adquirida pelo ausência ao serviço.
servidor policial civil, após o transcurso do período de (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
estágio probatório, que lhe garante a permanência no
CAPÍTULO VI 
cargo, dele só podendo ser demitido em virtude de
DAS FÉRIAS
sentença judicial ou decisão em processo disciplinar, em
que se lhe tenha assegurado ampla defesa.
Art. 127. O servidor policial civil gozará trinta dias
Parágrafo único. A estabilidade diz respeito ao serviço consecutivos de férias por ano, de acordo com a escala
público e não ao cargo ou função. para esse fim organizada, pelo chefe da unidade a que esti-
Art. 125. São estáveis, após três anos de exercício, os ver subordinado e comunicada ao órgão competente.
servidores nomeados por concurso. § 1º. É vedado levar à conta das férias qualquer falta
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de ao trabalho.
25/07/2001) § 2º. Somente depois do primeiro ano de exercício
Art. 126. O servidor policial civil somente perderá o adquirirá o servidor policial civil direito à férias.
cargo: § 3º. As férias não poderão ser fracionadas, salvo nos
I - quando estável, em virtude de sentença judiciária ou casos em que as mesmas devem ser suspensas por urgente
processo disciplinar que haja concluído pela sua demissão exigência do serviço mediante convocação da autoridade
depois de lhe haver sido assegurada ampla defesa; competente.

17
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

Art. 128. O servidor policial civil que, por imperiosa Parágrafo único. Findo o prazo, o servidor poderá
necessidade do serviço, deixar de gozar férias, a submeter-se a nova inspeção e o laudo médico concluirá
requerimento seu terá computado o respectivo período em pela sua volta ao serviço, pela prorrogação da licença pela
dobro para todos os efeitos legais. aposentadoria, ou pela readaptação na forma do artigo
§ 1º. O servidor policial civil que não desejar o benefício seguinte.
deste artigo, poderá gozar as férias em outra época, num Art. 137. Verificando-se, como resultado da inspeção
limite de dois períodos por ano. médica feita pela junta especialmente designada, redução
§ 2º. Os direitos assegurados por este artigo, inclusive da capacidade física do servidor policial civil ou estado
por seu parágrafo anterior, prescrevem em 2 (dois) anos, a de saúde que impossibilite ou desaconselhe o exercício
contar do primeiro dia do ano seguinte em que as férias das funções inerentes a seu cargo, e desde que não
normais forem deixadas de gozar. se configure a necessidade de aposentadoria nem de
Art. 129. Durante as férias, o servidor policial civil licença para tratamento de saúde, poderá o servidor ser
terá direito a todas as vantagens, como se estivesse em readaptado em funções diferentes das que lhe cabem, na
exercício. forma do disposto nesta lei, sem que esta readaptação lhe
Art. 130. O chefe da unidade organizará, no mês de
acarrete qualquer prejuízo.
dezembro, a escala de férias para o ano seguinte, que
Art. 138. O tempo necessário à inspeção médica será
poderá alterar de acordo com as conveniências do serviço,
sempre considerado como de licença.
avisados os servidores policiais civis interessados, sempre
que possível, com antecedência mínima de dez dias. Art. 139. Terminada a licença, o servidor policial civil
Parágrafo único. Os servidores policiais civis reassumirá imediatamente o exercício, ressalvado o caso
que exerçam função de chefia ou direção, não serão do § 1º., do art. 140.
compreendidos na escala. Art. 140. A licença para tratamento de saúde pode ser
Art. 131. A família do servidor policial civil que falecer prorrogada a pedido do «ex-officio”.
em gozo de férias, será pago o vencimento ou remuneração § 1º. O pedido deve ser apresentado antes de findo o
relativo à todo o período, sem prejuízo do disposto no ar- prazo da licença; se indeferido, conta-se como de licença
tigo 110. o período compreendido entre a data do término e a do
Art. 132. O servidor policial civil promovido, removido conhecimento oficial do despacho denegatório.
ou transferido, quando em gozo de férias, não será § 2º. Quando o pedido de prorrogação for apresentado
obrigado a interrompê-las. depois de findo o prazo da licença, não se conta como de
Art. 133. Ao entrar em férias o servidor policial civil, licença o período compreendido entre o dia de seu término
comunicará ao chefe imediato, o seu endereço eventual, e o do conhecimento oficial do despacho.
sendo-lhe facultado gozá-las onde lhe aprouver. Art. 141. O servidor policial civil não pode permanecer
em licença por prazo superior a vinte e quatro meses,
CAPÍTULO VII  ressalvados os casos previstos no art. 147 e nos incisos VI
DAS LICENÇAS e VIII, do art. 134.
Seção I  Art. 142. Decorrido o prazo estabelecido no artigo
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES anterior, o servidor policial civil é submetido à inspeção
médica e aposentado, se for considerado definitivamente
Art. 134. Conceder-se-á licença ao servidor policial inválido para o serviço público.
civil efetivo ou em comissão: Art. 143. O servidor policial civil que se encontrar fora
I - para tratamento de saúde; do Estado, deve, para fins de prorrogação ou concessão
II - quando acometido de doença das especificadas no de licença, dirigir-se à autoridade competente a que este-
art. 156;
ja diretamente subordinado, juntando o laudo médico do
III - quando acidentado no exercício de suas atribuições;
serviço oficial do lugar onde se encontrar, indicando ainda
IV - para repouso à gestante;
sua residência.
V - por motivo de doença em pessoa da família;
VI - quando convocado para o serviço militar; Art. 144. O servidor policial civil em gozo de licença
VII - para trato de interesses particulares; comunicará ao seu chefe imediato o local onde poderá ser
VIII -  à servidora policial civil casada, por motivo de encontrado.
afastamento do cônjuge servidor civil ou militar ou servidor
de autarquia, empresa pública, de sociedade de economia Seção II 
mista ou fundação instituída pelo Poder Público; DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE
IX - em caráter especial;
X - para frequência a curso de aperfeiçoamento ou Art. 145. A licença para tratamento de saúde é
especialização. concedida ex-offício ou a pedido do servidor policial civil
Art. 135. A competência para a concessão das licenças ou de seu representante, quando não possa ele fazê-lo, na
de que trata este capítulo será definida em regulamento. forma que dispuser o regulamento.
Art. 136. A licença dependente de inspeção médica § 1º. Em ambos os casos é indispensável a inspeção
é concedida pelo prazo indicado no respectivo laudo ou médica, que será realizada, sempre que possível, no local
atestado. onde se encontrar o servidor policial civil.

18
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

§ 2º.  A inspeção deve ser feita por médico oficial, Art. 153. O servidor policial civil não poderá recusar a
admitindo-se quando assim não seja possível atestado inspeção médica, sob pena de suspensão de pagamento de
passado por médico particular, com firma reconhecida. vencimento ou remuneração, até que se realize a inspeção.
§ 3º. Na hipótese do parágrafo anterior, o laudo só Art. 154. Considerado apto, em inspeção médica, o
produzirá efeito depois de homologado pelo órgão médico servidor policial civil reassumirá o exercício, sob pena de
estadual competente. serem computados como faltas os dias de ausência.
§ 4º. Quando não for homologado o laudo, o servidor Art. 155. No curso de licença, poderá o servidor policial
policial civil será obrigado a reassumir o exercício do cargo, civil requerer inspeção médica, caso se julgue em condições
sendo considerado como de licença sem vencimento, nos de reassumir o exercício ou com direito à aposentadoria.
termos do inciso VII, do art. 134, os dias em que deixou de
comparecer ao serviço, por haver alegado doença. Seção III 
Art. 146.  Verificando-se, em qualquer tempo, ter DA LICENÇA COMPULSÓRIA
sido gracioso o atestado médico ou o laudo da Junta
Médica, a autoridade competente promoverá a punição Art. 156. O servidor policial civil atacado de tuberculose
dos responsáveis, incorrendo o servidor policial civil a que ativa, alienação mental, neoplasia maligna, lepra, paralisia,
aproveitar a fraude na pena de suspensão e, na reincidência cardiopatia grave, doença de Parkinson incompatíveis com
na demissão, sem prejuízo da ação penal que couber. o trabalho, e outras moléstias que a lei indicar na base da
Art. 147. O servidor policial civil não poderá medicina especializada, conforme apurado em inspeção
permanecer em licença para tratamento de saúde por médica será compulsoriamente licenciado com direito
prazo superior a vinte e quatro meses, exceto nos casos à percepção do vencimento ou remuneração e demais
considerados recuperáveis, em que, a critério da Junta vantagens inerentes ao cargo.
Médica, esse prazo poderá ser prorrogado. Art. 157. Há também licença compulsória por
Parágrafo único. Expirado o prazo do presente artigo, interdição declarada pela autoridade sanitária competente,
o servidor policial civil será submetido a nova inspeção mé- por motivo de doença em pessoa co-habitante da residên-
dica e aposentado se julgado definitivamente inválido para cia do servidor policial civil.
o serviço público em geral. Art. 158.  Para verificação das moléstias indicadas no
Art. 148. Em casos de doenças graves, contagiosas ou art. 156, a inspeção médica é feita obrigatoriamente por
Junta Oficial de três membros, podendo o servidor policial
não, que imponham cuidados permanentes, poderá a Junta
civil pedir outra junta e novos exames de laboratório, caso
Médica, se considerar o doente irrecuperável, determinar,
não se conforme com o laudo.
como resultado da inspeção, a imediata aposentadoria.
Art. 159. A licença é convertida em aposentadoria, na
Parágrafo único. Na hipótese de que trata este artigo,
forma do art. 142, antes do prazo estabelecido, quando
a inspeção será feita por uma junta de, pelo menos, três
assim opinar a Junta Médica, por considerar definitiva, para
médicos.
o serviço público em geral, a invalidez do servidor policial
Art. 149. No processamento das licenças para
civil.
tratamento de saúde, será observado o devido sigilo sobre
os laudos e atestados médicos. Seção IV 
Art. 150. No curso de licença para tratamento de DA LICENÇA PARA GESTANTE
saúde, o servidor policial civil abster-se-á de atividades
remuneradas, sob pena de interrupção da licença com per- Art. 160. A gestante policial civil é concedida mediante
da total do vencimento ou remuneração, até que reassuma inspeção médica, licença por três meses, com percepção
o cargo. do vencimento ou remuneração e demais vantagens legais.
Parágrafo único.  Os dias correspondentes à perda § 1º. Salvo prescrição médica em contrário, a licença
de vencimentos ou remuneração de que trata este artigo será concedida a partir do início do oitavo mês de gestação.
serão considerados como de licença sem vencimento, na § 2º. Quando houver necessidade de preservar a saúde
forma do inciso VII, do art. 134. do recém-nascido, a licença poderá ser prorrogada por até
Art. 151. Licenciado para tratamento de saúde, acidente três meses.
no exercício de suas atribuições ou doença profissional, o
servidor policial civil recebe integralmente o vencimento Seção V 
ou a remuneração e demais vantagens inerentes ao cargo. DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PES-
Art. 152. O servidor policial civil acidentado no SOA DA FAMÍLIA
exercício de suas atribuições, ou acometido de doença
profissional, definidas nos § § 1º., 2º. e 3º. do art. 118, tem Art. 161. O servidor policial civil pode obter licença, por
direito, ex-officio ou a requerimento, a licença para o res- motivo de doença na pessoa de ascendente, descendente
pectivo tratamento. e colateral, consanguíneo ou afim até o terceiro grau civil,
Parágrafo único. A comprovação do acidente, do cônjuge, do qual não esteja legalmente separado, desde
indispensável para a concessão da licença, deve ser que prove:
feita em processamento sumário, no prazo de oito dias, I - ser indispensável a sua assistência pessoal,
prorrogáveis por igual prazo. incompatível com o exercício do cargo;

19
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

II - viver às suas expensas a pessoa enferma; Art. 167. Em caso de comprovado interesse público,
§ 1º. Nos casos de doença de pai, mãe, filho ou cônjuge, a licença de que trata esta seção poderá ser cassada pela
do qual não esteja legalmente separado, será dispensada a autoridade competente, devendo o servidor ser expressa-
prova do inciso II. mente notificado do fato.
§ 2º. Prova-se a doença mediante inspeção médica na Parágrafo único. Na hipótese de que trata este artigo,
forma prevista no art. 136. o servidor policial civil deverá apresentar-se ao serviço no
§ 3º. A licença de que trata este artigo é concedida prazo de trinta dias, a partir da notificação, findos os quais,
com vencimento ou remuneração até seis meses, daí em a sua ausência será computada como falta ao serviço.
diante, com os seguintes descontos: Art. 168. Ao servidor policial civil em exercício de
I - de um terço, quando exceder de seis meses até doze cargo em comissão, não se concederá, nessa qualidade,
meses; licença para o trato de interesses particulares.
II - de dois terços, quando exceder de doze meses até Parágrafo único. Não se concederá, igualmente,
dezoito meses; licença para o trato de interesses particulares, ao servidor
III - sem vencimento, do décimo-nono mês até o policial civil que a qualquer título, esteja ainda obrigado a
vigésimo-quarto mês, limite da licença. indenização ou devolução aos cofres públicos.

Seção VI  Seção VIII 


DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR OBRIGA- DA LICENÇA À SERVIDORA POLICIAL CIVIL CASA-
TÓRIO DA COM SERVIDOR PÚBLICO

Art. 162. Ao servidor policial civil que for convocado Art. 169. A servidora policial civil casada com servidor
para o serviço militar ou aos outros encargos de segurança público, civil ou militar, no caso de não ser possível a remoção
nacional, será concedida licença com vencimento ou na forma desta lei, terá direito à licença sem vencimento,
remuneração, descontada mensalmente a importância que quando o marido for mandado servir, independentemente
receber na qualidade de incorporado, salvo se optar pelas de solicitação, em outro ponto do Estado, do território
vantagens do serviço militar. nacional ou no exterior.
§ 1º.  A licença será concedida à vista do documento Parágrafo único. A licença é concedida mediante
oficial que prove a incorporação. pedido devidamente instruído, que deverá ser renovado de
§ 2º. Ao servidor policial civil desincorporado conceder- dois em dois anos.
se-á prazo não excedente de trinta dias, para que reassuma Art. 170. Independentemente do regresso do marido,
o exercício sem perda de vencimento ou remuneração e se a servidora policial civil poderá reassumir o exercício a
a ausência exceder esse prazo, será demitido por abando- qualquer tempo.
no de cargo, na forma da lei.
Art. 163. Ao servidor policial civil oficial da reserva das Seção IX 
Forças Armadas será concedida licença, com vencimento DA LICENÇA ESPECIAL
ou remuneração integral, durante os estágios não
remunerados previstos pelos regulamentos militares. Art. 171. Ao servidor policial civil que, durante o
Parágrafo único. No caso de estágio remunerado, período de dez anos consecutivos, não se afastar do
assegurar-se-lhe-á direito de opção. exercício de suas funções, é assegurado o direito à licença
especial de seis meses, por decênio, com vencimento ou
Seção VII  remuneração e demais vantagens.
DA LICENÇA PARA TRATO DE INTERESSES PARTI- Parágrafo único. Após cada quinquênio de efetivo
CULARES exercício, ao servidor policial civil que requerer, conceder-
se-á licença especial de três meses, com todos os direitos e
Art. 164. Depois de estável, o servidor policial civil vantagens inerentes ao seu cargo efetivo.
poderá obter licença sem vencimento, para o trato de Art. 172. O servidor policial civil que não quiser gozar
interesses particulares. do benefício da licença especial, ficará para todos os efei-
§ 1º. O servidor policial civil aguardará em exercício a tos legais, com seu acervo de serviço público acrescido do
concessão da licença. dobro do tempo da licença que deixar de usufruir.
§ 2º. A licença não perdurará por tempo superior a dois Art. 173.  Para os fins previstos no art. 171 não são
anos contínuos e só poderá ser concedida novamente, de- considerados como afastamento no exercício:
pois de decorridos cinco anos do término da anterior. I - férias e trânsito;
Art. 165. Não será concedida licença para trato de II - casamento, até oito dias;
interesses particulares quando inconvenientes para o III -  luto por falecimento de cônjuge, filho, pai, mãe,
serviço, nem a servidor policial civil, nomeado, removido irmão, até oito dias;
ou transferido, antes de assumir o exercício. IV - convocação para serviço militar;
Art. 166. O servidor policial civil poderá, a qualquer V - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
tempo, desistir da licença para o trato de interesses VI - licença para tratamento de saúde, até o máximo de
particulares. seis meses por quinquênio;

20
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

VII - licença por acidente em serviço ou moléstia I - após permanecer em licença para tratamento de
profissional; saúde por dois anos consecutivos, se persistir a incapacidade
VIII - licença à servidora policial civil gestante; por tempo indeterminado, verificada por Junta Médica
IX - licença por motivo de doença em pessoa da família, integrada, pelo menos por um médico legista;
até três meses por quinquênio; II - a qualquer tempo, quando apresentar defeito
X - moléstia devidamente comprovada, até três dias físico ou moléstia, comprovada por laudo médico, que o
por mês; impossibilite para o exercício da função policial.
XI - missão ou estudo no país ou no exterior, quando Art. 178. O servidor policial civil será aposentado, a
designado ou autorizado pelo Chefe do Poder Executivo; pedido:
XII - exercício de outro cargo estadual, de provimento I -  com provento correspondente à remuneração
em comissão. integral do cargo efetivo; e
Parágrafo único. Não se inclui no prazo de licença II - com as vantagens do cargo em comissão ou função
especial o período de férias regulamentares. gratificada do nível mais elevado, se o servidor policial
Art. 174. Não podem gozar licença especial, civil houver exercido, na área do Poder Executivo, por um
simultaneamente, o servidor policial civil e seu substituto período não inferior a cinco anos ininterruptos ou não,
legal. Neste caso, tem preferência para gozo da licença um ou mais cargos em comissão ou funções gratificadas,
quem requerer em primeiro lugar, ou quando requerido ao desde que esse cargo ou função haja sido exercido por um
mesmo tempo, aquele que tenha mais tempo de serviço. mínimo de doze meses, ainda que o cargo em comissão ou
Parágrafo único. Na mesma repartição não poderão função gratificada, tenha passado, por força de legislação
gozar licença especial, simultaneamente, servidores nova, a ter outra denominação e valor.
policiais civis em número superior à sexta parte do total Parágrafo único. No caso do servidor policial civil ter
do respectivo quadro de lotação; quando o número de optado pelo vencimento do cargo efetivo acrescido da
servidores policiais civis for inferior a seis, somente um gratificação prevista no art. 78, entende-se por vantagem
deles poderá entrar no gozo da licença. Em ambos os do cargo em comissão, para os efeitos deste artigo, a
casos, a preferência será estabelecida na forma prevista percepção dessa gratificação.
neste artigo. Art. 179. Os proventos de inatividade dos servidores
Art. 175. Perderá o direito à licença especial o servidor policiais civis serão revistos sempre que houver alteração
policial civil punido com a pena de suspensão, tiver falta de vencimentos, vantagens, bem como modificações na
injustificada ou tiver sido afastado do exercício por motivo estrutura dos cargos efetivos do pessoal ativo, de categoria
disciplinar, no respectivo período, na forma desta lei. equivalente e nas mesmas condições.
(Redação dada pela Lei Complementar 24 de
CAPÍTULO VIII  06/12/1984)
DA APOSENTADORIA § 1º. Observado o contido neste artigo, nenhum
policial civil inativo poderá ter os seus proventos de
Art. 176. O servidor policial civil será aposentado: inatividade inferior ao vencimento e vantagens da classe
(vide ADIN2904) correlata àquela em que foi aposentado, ressalvados os ca-
I - voluntariamente, com proventos integrais, sos de aposentadoria proporcional ao tempo de serviço,
independentemente da idade: cuja proporcionalidade deverá ser mantida.
(Redação dada pela Lei Complementar 93 de (Redação dada pela Lei Complementar 24 de
15/07/2002) 06/12/1984)
a) após 30 (trinta) anos de contribuição, desde que § 2º. Nos casos em que as denominações das carreiras
conte, pelo menos 20 (vinte) anos de exercício, em cargos tiverem sofrido modificações, a correlação será apurada
de natureza estritamente policial, se homem; em face aos requisitos exigidos pelas respectivas Leis que
(Incluído pela Lei Complementar 93 de 15/07/2002) estabeleceram tais modificações.
b) após 25 (vinte e cinco) anos de contribuição, desde (Redação dada pela Lei Complementar 24 de
que conte pelo menos 15 (quinze) anos de exercício em 06/12/1984)
cargo de natureza estritamente policial, se mulher; § 3º. O disposto neste artigo aplica-se aos servidores já
(Incluído pela Lei Complementar 93 de 15/07/2002) aposentados, ficando-lhes assegurada a melhor retribuição
II - por invalidez; entre a decorrente desta Lei ou a até então vigente.
(Redação dada pela Lei Complementar 93 de (Incluído pela Lei Complementar 24 de 06/12/1984)
15/07/2002) § 4º. Os servidores policiais civis inativados por força
III - compulsoriamente com proventos proporcionais do previsto no artigo 2º, inciso IV, da Lei Complementar nº
ao tempo de contribuição, aos 65 (sessenta e cinco) anos de 19, de 29 de dezembro de 1983, serão beneficiados pelo
idade, qualquer que seja a natureza dos serviços prestados. disposto neste artigo desde que não tenham ingressado no
(Redação dada pela Lei Complementar 93 de Quadro Suplementar da Polícia Civil à época da inativação.
15/07/2002) (vide ADIN2904) (Incluído pela Lei Complementar 24 de 06/12/1984)
Art. 177. O servidor policial civil será considerado Art. 180. Aplicam-se aos servidores policiais civis
inválido nos seguintes casos: aposentados, os preceitos do art. 210, inciso XVIII, desta lei.

21
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

CAPÍTULO IX  a) metade à viúva do servidor policial civil;


DA DISPONIBILIDADE b) metade aos filhos varões, até atingirem a maioridade
e sem limite de idade desde que sofram de moléstia que
Art. 181. Disponibilidade é o afastamento do serviço os impossibilite de trabalhar e às filhas solteiras ainda que
do servidor policial civil efetivo em virtude de extinção maiores.
do cargo, da declaração de sua desnecessidade ou § 2º. Perderão o direito à pensão prevista neste artigo
conveniência da administração policial. a viúva do servidor policial civil que contrair novas núpcias,
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de os filhos e filhas que se casarem e os filhos que atingirem
29/12/1983) a maioridade ou possuam recursos próprios para a sua
Art. 182.  O servidor policial civil ficará em subsistência.
disponibilidade remunerada:
I - quando, dispondo de estabilidade no serviço, CAPÍTULO XI 
houver sido extinto o cargo de que era titular; DA CONSIGNAÇÃO
II - quando, tendo sido reintegrado, não for possível,
na forma deste Estatuto, sua recondução no cargo de que Art. 185. É permitida a consignação em folha de
era detentor. vencimento, remuneração ou proventos, a entidades
§ 1º. O servidor policial civil em disponibilidade será beneficentes ou de direito público, podendo servir a
obrigatoriamente aproveitado na primeira vaga que ocor- garantia de:
rer, que não se destine a promoção por antiguidade, aten- I - juros e amortização de empréstimos ou
didas as condições de habilitação profissional e equivalên- financiamentos imobiliários;
cia de vencimento ou remuneração. II - pagamento de contribuições e despesas financiadas
§ 2º.  Restabelecido o cargo, ainda que modificada a ou afiançadas por entidades associativas e beneficentes ou
sua denominação, será obrigatoriamente aproveitado nele, de previdência social.
se já não o tiver sido em outro, o servidor policial civil posto Art. 186.  Além da consignação em folha, para fins
em disponibilidade quando de sua extinção. do artigo anterior, poderão ser admitidos os seguintes
§ 3º. A disponibilidade no cargo efetivo não exclui a descontos:
nomeação para cargo em comissão, com direito a opção. I - quantias devidas ou contribuições fixadas em lei a
§ 4º. Enquanto não vagar cargo nas condições favor da Fazenda Estadual ou Nacional;
previstas para o aproveitamento do servidor policial civil II - contribuições para montepio, ou pensão, desde
em disponibilidade, nem se verificar a hipótese a que alude que de instituições oficiais;
o parágrafo anterior, poderá o Chefe do Poder Executivo, III - prêmio de seguro de vida;
atribuir-lhe, em caráter temporário, funções compatíveis IV - pensão alimentícia, em cumprimento de decisão
com o cargo que ocupava. judicial;
§ 5º. O servidor policial civil colocado em disponibilidade V - aluguel para residência do consignante e sua
poderá ser aposentado, a pedido. família, comprovado com o contrato de locação.
Art. 183.  O período relativo à disponibilidade é Art. 187. Nenhum desconto deverá ser efetuado em
considerado como de exercício somente para efeito de folha, sem prévia averbação na ficha financeira individual.
aposentadoria e gratificação adicional. Parágrafo único. O pagamento ao consignatário será
realizado no decorrer do mês subsequente ao do desconto.
CAPÍTULO X  Art. 188. A soma das consignações não deverá exceder
DA PENSÃO ESPECIAL a quarenta por cento do vencimento, remuneração ou
provento.
Art. 184.  Fica assegurado à viúva e aos filhos de Parágrafo único. Este limite poderá ser elevado até
integrante da Polícia Civil, sem prejuízo da pensão devida setenta por cento, para prestação alimentícia, educação,
normalmente pelo órgão previdenciário o direito de aluguel de casa ou aquisição de imóvel destinado a mora-
perceberem, mensalmente, uma pensão especial: dia própria e despesas hospitalares.
I -  correspondente à diferença entre a pensão
concedida pelo Instituto de Previdência do Estado e a 60% TÍTULO IV 
(sessenta por cento) da remuneração do mês anterior ao CAPÍTULO ÚNICO 
do falecimento, quando este ocorrer com o servidor policial DA VACÂNCIA DOS CARGOS
civil em atividade; ou
II - correspondente a 50% (cinquenta por cento) da Art. 189. A vacância do cargo decorrerá de:
remuneração do mês anterior ao do falecimento do servi- I - exoneração;
dor policial civil, quando este ocorrer em consequência de II - demissão;
acidente em serviço, não devendo, a soma desta pensão III - promoção e acesso;
com a deferida pelo órgão previdenciário, ultrapassar a IV - readaptação;
100% (cem por cento) da remuneração. V - aposentadoria;
§ 1º. A pensão que acompanhará os aumentos gerais VI - nomeação para outro cargo, observado disposto
de vencimentos, será paga: nesta lei e ressalvados os seguintes casos:

22
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

a) substituição; Art. 195. Ao policial civil é assegurado o direito de


b) cargo de governo ou direção; requerer ou representar, bem como, nos termos desta
c) cargo em comissão. lei complementar, pedir reconsideração, observadas as
VII - falecimento. seguintes regras:
VIII - classificação definitiva no Quadro Suplementar. (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
(Incluído pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983) 12/05/2003)
Art. 190. Dar-se-á a exoneração: I -  o requerimento ou representação é dirigido à
I - a pedido; ou autoridade competente para decidí-lo e encaminhado por
II - ex-officio: intermédio daquela a que esteja imediatamente subordi-
a) quando se tratar de cargo em comissão; nado o requerente;
II - o pedido de reconsideração é dirigido à autoridade
b) quando não satisfeitas as condições de estágio
que haja expedido o ato ou proferido a primeira decisão e
probatório.
não pode ser renovado.
Art. 191. A vaga ocorrerá na data:
§ 1º. A decisão final do requerimento ou representação
I - da publicação do ato de promoção, acesso, deve ser dada no prazo máximo de sessenta dias, e o
readaptação, aposentadoria, exoneração, demissão pedido de reconsideração no de trinta dias, ambos os
ou classificação definitiva no Quadro Suplementar do prazos contados da data do recebimento das petições, na
ocupante do cargo. repartição em que tenha sede a autoridade competente
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de para a decisão.
29/12/1983) § 2º. Proferida a decisão, é ela imediatamente publicada
II - da posse em outro cargo, observado o disposto no no órgão oficial, sob pena de responsabilidade do servidor
inciso VI, do art. 189; policial civil ou funcionário incumbido da publicação.
III - do falecimento do ocupante do cargo; Art. 196. Cabe recurso:
IV - da vigência do ato que criar o cargo e conceder I - do indeferimento do pedido de reconsideração;
dotação para o seu provimento ou de que determinar esta II - das decisões sobre recursos sucessivamente
última medida, se o cargo estiver criado; interpostos.
V - da vigência do ato que extinguir cargo, cuja dotação § 1º. O recurso é dirigido à autoridade imediatamente
permita o preenchimento de cargo vago. superior à que tenha expedido o ato ou tenha proferido
Parágrafo único. Ocorrendo o preenchimento da a decisão, observados o prazo e condições estabelecidos
vaga, serão consideradas abertas, na mesma data, todas as para a decisão final de requerimento ou representação,
constantes dos § § 1º. e 2º. , do artigo anterior.
vagas que decorrerem desse preenchimento.
§ 2º. O encaminhamento do recurso é sempre feito
Art. 192. Tratando-se de função gratificada, dar-se-á a
por intermédio da autoridade a que esteja imediatamente
vacância por dispensa, a pedido ou ex officio, ou por subs- subordinado o recorrente.
tituição. Art. 197. O pedido de reconsideração e o recurso não
Art. 193. A demissão é aplicada como penalidade. tem efeito suspensivo; o que for provido retroagirá, nos
seus efeitos, à data do ato impugnado.
TÍTULO V  Art. 198. O direito de pleitear na esfera administrativa
CAPÍTULO ÚNICO  prescreverá:
DO DIREITO DE PETIÇÃO I - em cinco anos, quanto aos atos que decorram
demissão, aposentadoria ou sua cassação, e disponibilidade,
Art. 194. É assegurado a qualquer pessoa, física ou ressalvado o direito de requerer a revisão do processo dis-
jurídica, independentemente de pagamento, o direito de ciplinar;
petição contra ilegalidade ou abuso de poder, para defesa II - em cento e vinte dias, nos demais casos.
de direitos e para reclamar sobre abuso, erro, omissão ou Art. 199. Os prazos de prescrição, contar-se-ão da
conduta incompatível no serviço policial. data da publicação, no órgão oficial, do ato impugnado
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de ou, quando este for de natureza reservada, da data da
12/05/2003) ciência do interessado, a qual deverá constar do processo
Parágrafo único. Em nenhuma hipótese, a respectivo.
Art. 200. O pedido de reconsideração e o recurso,
Administração poderá recusar-se a protocolar, encaminhar
quando cabíveis, interrompem a prescrição até duas vezes,
ou apreciar a petição, sob pena de responsabilidade do
recomeçando-se a contagem do prazo a partir da data da
agente.
publicação oficial do despacho denegatório ou restritivo
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) do pedido.
I - o direito de requerer ou representar; Art. 201. São improrrogáveis os prazos estabelecidos
(Revogado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) neste Capítulo.
II - o direito de pedir reconsideração, de ato ou deci- Art. 202. A instância administrativa poderá ser
sões proferidas em primeiro despacho conclusivo. renovada:
(Revogado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) I - quando se tratar de ato manifestamente ilegal;

23
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

II - quando o ato impugnado tenha tido como § 2º. Os servidores policiais civis integrantes das
pressuposto depoimento ou documento cuja falsidade carreiras do Quadro de Pessoal da Polícia Civil e demais
venha a ser comprovada; servidores em exercício em unidades policiais civis, sediados
III - se, após a expedição do ato, surgir elemento novo no interior do Estado, ficam subordinados à autoridade
de prova que autorize a revisão do processo. policial competente.
Art. 203. As certidões sobre matéria de pessoal § 3º. Os servidores da Polícia Científica, no interior do
serão fornecidas pelo órgão competente, de acordo com Estado, subordinam-se administrativamente à autoridade
elementos e registros existentes, obedecidas as normas policial competente, exceto os dos Institutos Médico Legal
constitucionais. e de Criminalística, quando houver Secção Técnica em
Art. 204. O disposto neste Capítulo, não se aplica aos funcionamento, com a respectiva chefia preenchida.
recursos de que trata o art. 263 e seguintes, desta lei.
TÍTULO VII 
TÍTULO VI  DO REGIME DISCIPLINAR
DO IMPEDIMENTO, SUSPEIÇÃO E HIERARQUIA CAPÍTULO I 
FUNCIONAL DOS DEVERES E DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLI-
CAPÍTULO I  NARES
DO IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO
Art. 210. São deveres do servidor policial civil:
I - assiduidade e pontualidade;
Art. 205. Os Delegados de Polícia e Comissários de
II - discreção;
Polícia não poderão servir nas sedes de Comarcas, nas quais
III - urbanidade;
o Juiz ou o Agente do Ministério Público seja seu cônjuge, IV - lealdade às instituições;
ascendente, descendente ou colateral até o terceiro grau, V - cumprimento das normas legais e regulamentares;
por consanguinidade ou afinidade. VI -  obediência às ordens superiores, exceto quando
Parágrafo único. Excetuam-se as unidades ou serviços manifestamente ilegais;
na Comarca da Capital do Estado ou em Comarcas onde VII - portar a insígnia e a cédula de identidade funcio-
haja mais de uma Vara Criminal. nais;
Art. 206. O Delegado de Polícia e o Comissário de VIII - providenciar para que esteja sempre em ordem,
Polícia, este quando designado para aquela função, dar- no assentamento individual, a sua declaração de família e a
se-ão por impedidos de funcionar em procedimento onde declaração de bens, junto ao setor competente, atualizadas
qualquer das partes seja parente consanguíneo ou afim anualmente;
até o terceiro grau; por suspeitos, se forem amigos íntimos (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
ou inimigos de qualquer das partes, ou tiverem interesses 25/07/2001)
direto ou indireto na causa. IX - levar ao conhecimento da autoridade policial
superior, reservadamente, quando necessário, mas sempre
CAPÍTULO II  por escrito, irregularidade de que tiver ciência em razão do
DA HIERARQUIA POLICIAL cargo ou função;
X - zelar pela economia e conservação do material
Art. 207. A hierarquia policial civil alicerça-se na que lhe for confiado ou sobre o qual exerça diretamente
ordenação da autoridade, nos diferentes níveis que fiscalização;
compõem o organismo da Polícia Civil. XI -  não utilizar para fins particulares, sob qualquer
Art. 208. A disciplina policial fundamenta-se na pretexto, instalações, veículos, material ou equipamento
subordinação hierárquica e funcional, no cumprimento das destinado a uso oficial.
leis, regulamentos e normas de serviço. (Redação dada pela Lei Complementar 19 de
Parágrafo único. A hierarquia da função prevalece 29/12/1983)
XII - atender prontamente:
sobre a hierarquia do cargo, nos casos disciplinados neste
a) as requisições das autoridades judiciárias e do
Estatuto.
Ministério Público;
Art. 209. Os servidores policiais civis de classe mais
b) as determinações superiores, no tocante a trabalhos
elevada tem precedência hierárquica sobre os de classe
policiais desenvolvidos em horário fora do normal, e
inferior de mesma carreira, quando em exercício na mesma c) a expedição das certidões requeridas para defesa de
unidade ou prestarem serviço em equipe. direitos.
§ 1º. Havendo igualdade na classe, terá preferência: XIII - observar o princípio da hierarquia funcional;
I - o mais antigo na série de classe, ou quando a XIV - estar em dia com as normas de interesse policial;
antiguidade for a mesma, o que registrar mais tempo de XV - divulgar para conhecimento dos subordinados, as
serviço na carreira policial, e assim sucessivamente até o normas referentes ao inciso anterior;
mais idoso, e XVI - frequentar, com assiduidade, cursos instituídos
II - o servidor policial civil do serviço ativo sobre o periodicamente pela Escola de Polícia Civil, quando esteja
inativo. matriculado;

24
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

XVII - guardar sigilo sobre documentação ou VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
investigação de qualquer natureza, que possa mediata filiarem-se à associação profissional ou sindical, ou a
ou imediatamente, causar prejuízos à administração da partido político;
justiça, às pessoas, entidades ou proporcionar embaraços (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
à administração em geral; VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
XVIII - zelar pelo bom nome e conceito da Instituição função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até
Policial Civil, observando procedimento irrepreensível, o segundo grau.
tanto na vida pública, como na particular, e correlação nos (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
seus deveres com a sociedade; IX - colaborar, trabalhar ou participar, direta ou
XIX - manter-se preparado física e intelectualmente indiretamente de entidades associativas, empresas
para o cabal desempenho de sua função; ou atividades de entretenimento e em locais que
XX - concorrer, na esfera de suas atribuições para a proporcionem jogos a qualquer título, salvo os que estejam
manutenção da ordem e segurança pública; compreendidos no âmbito do esporte e, nesse sentido,
XXI -  comparecer à unidade ou serviço policial, oficialmente reconhecidas.
independentemente de convocação , quando tiver (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
conhecimento de iminente perturbação da ordem, ou em Art. 212. São transgressões disciplinares todas as
caso de calamidade pública; ações ou omissões contrárias ao dever funcional ou
XXII - apresentar-se decentemente trajado em serviço, expressamente proibidas, cometidas pelo servidor policial
e expressar-se com linguajar condigno à função e cargo civil, não especificadas nesta lei.
desempenhados; Penalidade: advertência, repreensão ou suspensão de
XXIII - submeter-se a inspeção médica sempre que for dois a dez dias.
determinado pela autoridade competente; (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
XXIV - tomar providências preliminares em torno 25/07/2001)
de ocorrência policial de que tenha conhecimento, Art. 213.  São, especificamente, transgressões
independentemente de horário de serviço; disciplinares:
XXV - aceitar encargos inerentes à classe para os quais (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
for designado, salvo os cargos de confiança ou as exceções 25/07/2001)
previstas em Lei; I - referir-se de modo depreciativo às autoridades e a
XXVI - participar das comemorações do «Dia da atos da administração pública, qualquer que seja o meio
Polícia», exaltando o vulto de Joaquim José da Silva Xavier, empregado para esse fim, salvo quando em trabalho
o «Tiradentes», Patrono da Polícia; e assinado apreciando atos dessas autoridades, sob o ponto
XXVII - residir na sede do município onde exerce o de vista doutrinário com ânimo construtivo;
cargo ou função, ou onde autorizado. Penalidade: suspensão de trinta a sessenta dias;
Art. 211. É vedado ao servidor policial civil: (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
I - quebrar o sigilo de assunto policial e de segurança, 25/07/2001)
de modo a prejudicar o andamento de investigações ou II - divulgar fatos ocorridos na repartição ou propiciar-
outros trabalhos policiais ou de segurança; lhes a divulgação, bem como, referir-se, desrespeitosamen-
II - retirar, modificar ou substituir, sem prévia autorização te e depreciativamente às autoridades e atos da adminis-
da autoridade competente, qualquer documento de tração, salvo a hipótese da parte final do inciso anterior;
unidade policial, com o fim de criar direitos ou obrigações Penalidade: suspensão de trinta a sessenta dias;
ou de alterar a verdade dos fatos; (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
III - valer-se de sua qualidade de servidor policial 25/07/2001)
civil, para melhor desempenhar atividades estranhas ou III - divulgar os assuntos policiais e de segurança,
incompatíveis às funções, ou para lograr proveito direta de modo a prejudicar o andamento de investigações ou
ou indiretamente, por si ou por interposta pessoa, em outros trabalhos policiais, e quebrar o sigilo sobre planos,
detrimento da dignidade do cargo ou função; dispositivos de segurança ou recursos disponíveis, sem
IV - exigir, receber propinas, comissões, presentes ou prévia autorização superior;
vantagens de qualquer espécie, em razão do cargo ou Penalidade: demissão;
função; (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
25/07/2001) IV - dar, ceder ou entregar insígnia, cédula de
V - cometer a pessoa estranha ao serviço policial civil, identidade funcional ou porta documento oficial, a quem
o desempenho de encargos que lhe competirem ou a seus não exerça cargo policial;
subordinados; Penalidade: demissão;
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
25/07/2001) 25/07/2001)
VI - expedir credenciais para terceiros desempenharem V - divulgar boatos ou notícias tendenciosas;
funções privativas da Polícia Civil; Penalidade: suspensão de dez a trinta dias;
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
25/07/2001) 25/07/2001)

25
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

VI - deixar de ostentar, quando exigido para o serviço, Penalidade: demissão;


ou exibir desnecessariamente arma, distintivo ou algema; (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
Penalidade: suspensão de dez a trinta dias; 25/07/2001)
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de XVII - valer-se do cargo com fim ostensivo ou velado,
25/07/2001) de obter proveito de natureza político-partidária, para si
VII -  deixar de identificar-se quando solicitado ou ou terceiros;
quando as circunstâncias o exigirem; Penalidade: suspensão de trinta a sessenta dias;
Penalidade: suspensão de trinta a sessenta dias; (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
25/07/2001) XVIII - participar da gerência ou administração de
VIII - indispor funcionários contra seus superiores empresa, qualquer que seja a sua finalidade;
hierárquicos ou provocar velada ou ostensiva animosidade Penalidade: demissão;
entre os servidores policiais civis; (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
Penalidade: suspensão de trinta e sessenta dias; 25/07/2001)
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de XIX - exercer comércio ou participar de sociedade
25/07/2001) comercial, salvo como acionista, cotista ou comanditário;
IX -  deixar de exercer a autoridade compatível à sua Penalidade: demissão;
classe, cargo ou função; (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
Penalidade: suspensão de dois a dez dias; 25/07/2001)
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de XX - praticar usura, em qualquer de suas formas;
25/07/2001) Penalidade: demissão;
X - usar vestuário incompatível com o decoro da função (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
ou descuidar de sua aparência física ou de asseio; 25/07/2001)
Penalidade: suspensão de dois a dez dias; XXI - pleitear, como procurador, ou intermediário,
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de
25/07/2001) vencimentos, vantagens e proventos de parentes até
XI - manter relações de amizade, exibir-se em público segundo grau;
habitualmente, com pessoas de má reputação, salvo em ra- Penalidade: suspensão de dez a trinta dias;
zão do serviço. (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
Penalidade: demissão; 25/07/2001)
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de XXII - faltar com a verdade no exercício de suas
25/07/2001) funções;
XII - praticar ato que importe em escândalo, comoção Penalidade: suspensão de trinta a sessenta dias;
social ou que concorra para comprometer a instituição ou (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
função policial; 25/07/2001)
Penalidade: suspensão de trinta a sessenta; XXIII - utilizar-se do anonimato para fins ilícitos.
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de Penalidade - demissão;
25/07/2001) (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
XIII - portar-se sem compostura em lugar público; 25/07/2001)
Penalidade: suspensão de dez a trinta dias; XXIV - tomar parte em jogos proibidos, ou jogar os
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de permitidos, em recinto policial, de modo a comprometer a
25/07/2001) dignidade funcional;
XIV - exigir ou receber propinas, comissões, presentes Penalidade: suspensão de trinta a sessenta dias;
ou auferir vantagens e proveitos pessoais de qualquer (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
espécie e sob qualquer pretexto, em razão das atribuições 25/07/2001)
do cargo que exerce; XXV -  deixar de comunicar, imediatamente, à
Penalidade: demissão; autoridade competente, faltas ou irregularidades que haja
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de presenciado ou de que tenha tido ciência;
25/07/2001) Penalidade: suspensão de dois a dez dias;
XV - retirar, sem prévia autorização da autoridade (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
competente, qualquer documento oficial ou bem 25/07/2001)
patrimonial. XXVI - deixar, por indulgência, de levar ao conhecimento
Penalidade - demissão; da autoridade competente, tão logo tenha ciência do fato,
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de a ocorrência de falta funcional praticada por servidor que
25/07/2001) lhe seja subordinado;
XVI -  cometer a pessoa estranha à repartição, o Penalidade: suspensão de trinta a sessenta dias;
desempenho de encargos que lhe competirem ou a seus (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
subordinados; 25/07/2001)

26
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

XXVII - deixar de assumir no prazo legal, a função para (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
a qual foi designado; 25/07/2001)
Penalidade: suspensão de trinta a sessenta dias; XXXVIII - não se apresentar, sem justo motivo, ao
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de fim de licença de qualquer natureza, férias ou dispensa
25/07/2001) de serviço, ou ainda, depois de qualquer delas ter sido
XXVIII - deixar de comunicar à autoridade competente, interrompida por ordem legal e superior,
ou a que esteja substituindo, informação que tiver de Penalidade: suspensão de dez a trinta dias;
iminente perturbação da ordem pública ou da boa marcha (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
de serviço, tão logo disso tenha conhecimento; 25/07/2001)
Penalidade: suspensão de trinta a noventa dias;
XXXIX - atribuir-se a qualidade de representante de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
qualquer repartição da Secretaria de Segurança Pública ou
25/07/2001)
XXIX -  dificultar ou deixar de levar ao conhecimento de seus dirigentes, sem estar expressamente autorizado;
da autoridade competente, por via hierárquica e em vinte Penalidade: suspensão de dois a dez dias;
e quatro horas, queixa, representação, petição, recurso ou (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
documento que houver recebido, se não estiver na sua al- 25/07/2001)
çada resolvê-los; XL - deixar de portar sua credencial oficial;
Penalidade: suspensão de trinta a noventa dias; Penalidade: suspensão de dois a dez dias;
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
25/07/2001) 25/07/2001)
XXX - negligenciar parte, queixa, representação ou XLI - fazer uso indevido da arma;
procedimentos administrativos ou criminais; Penalidade: demissão;
Penalidade: suspensão de trinta a sessenta dias; (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
25/07/2001)
XLII - praticar violência desnecessária e desproporcional
XXXI - enunciar, falsa ou tendenciosamente, parte,
queixa ou representação; no exercício da função policial.
Penalidade: suspensão de trinta a noventa dias; Penalidade - demissão
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
25/07/2001) 25/07/2001)
XXXII - aconselhar ou concorrer para não ser cumprida XLIII - permitir, por ação ou omissão, que presos
ordem legal de autoridade competente, ou para que seja conservem em seu poder objetos que possam causar danos
retardada a sua execução. nas dependências a que estejam recolhidos, ou produzir
Penalidade - demissão lesões em terceiros;
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de Penalidade: suspensão de trinta a noventa dias;
25/07/2001) (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
XXXIII - provocar a paralisação, total ou parcial do 25/07/2001)
serviço policial, ou dela participar; XLIV - omitir-se no zelo da integridade física ou moral
Penalidade: demissão;
dos presos, ou na sua guarda;
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
25/07/2001) Penalidade: suspensão de trinta a noventa dias;
XXXIV - trabalhar mal, com negligência, em detrimento (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
do serviço; 25/07/2001)
Penalidade: suspensão de trinta a sessenta dias; XLV - concorrer de qualquer forma para defesa de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de interesse de pessoa custodiada ou presa, fora dos casos
25/07/2001) previstos em lei;
XXXV - permutar o serviço, sem expressa permissão da Penalidade: demissão;
autoridade competente; (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
Penalidade: suspensão de dois a dez dias; 25/07/2001)
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de XLVI - desrespeitar ou procrastinar o cumprimento de
25/07/2001) ordem de autoridade superior;
XXXVI - não comparecer ou abandonar o serviço para Penalidade: demissão;
o qual haja sido especialmente designado;
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
Penalidade: suspensão de trinta a noventa dias;
25/07/2001)
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
25/07/2001) XLVII - dirigir-se, referir-se, portar-se ou apresentar-se
XXXVII - faltar ou chegar atrasado ao serviço, ou perante seus superior, de modo desrespeitoso ou sem a
deixar de participar, com antecedência, à autoridade a que observância do princípio hierárquico;
estiver subordinado, a impossibilidade de comparecer à Penalidade: suspensão de trinta a noventa dias;
repartição, salvo motivo plenamente justificável; (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
Penalidade: suspensão de dez a trinta dias; 25/07/2001)

27
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

XLVIII - ensejar a divulgação de documentos ou Penalidade: demissão;


peças oficiais, sem autorização expressa da autoridade (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
competente; 25/07/2001)
Penalidade: demissão; LVIII - deixar de comunicar imediatamente ao juiz
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de competente, a prisão em flagrante de qualquer pessoa;
25/07/2001) Penalidade: suspensão de trinta a sessenta dias;
XLIX - dar-se ao vicio de embriaguez contumaz ou (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
de substâncias que provoquem dependência física ou 25/07/2001)
psíquica ou negar-se à submissão ao exame clínico para LIX - levar à prisão e nela conservar quem quer que se
comprovação e tratamento. proponha a prestar fiança permitida em lei;
Penalidade - demissão; Penalidade: demissão;
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
25/07/2001) 25/07/2001)
L - comparecer a qualquer ato de serviço, em visível LX - cobrar carceragem, custas, emolumentos ou
estado de embriaguez, ou ingerir bebidas alcoólicas qualquer outra despesa, não autorizada em lei;
durante o mesmo; Penalidade: demissão;
Penalidade: suspensão de trinta a noventa dias; (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
25/07/2001) LXI - praticar ato lesivo a honra ou ao patrimônio de
LI - acumular cargos públicos, ressalvadas as exceções pessoa natural ou jurídica, com abuso ou desvio de poder;
previstas nesta lei; Penalidade: demissão;
Penalidade: demissão; (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
25/07/2001) LXII - atentar, com abuso de autoridade ou
LII - deixar, sem justa causa, de submeter-se a prevalecendo-se dela, contra a inviolabilidade de domicílio;
inspeção médica determinada pela lei ou pela autoridade Penalidade: demissão;
competente; (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
Penalidade: suspensão de trinta e sessenta dias; 25/07/2001)
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
LXIII - favorecer ou prejudicar alguém por evidente
25/07/2001)
má fé, no preenchimento de boletins de merecimento, ou
LIII - deixar de concluir, nos prazos legais, sem justo
retardar o andamento de papéis de promoção;
motivo, procedimentos investigatórios ou disciplinares ou
Penalidade: suspensão de trinta a sessenta dias;
quanto a estes últimos, negligenciar no cumprimento das
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
obrigações que lhe são inerentes, apresentando conclusão
25/07/2001)
não compatível com a prova dos autos;
LXIV - deixar de acatar ou de cumprir ordens emanadas
Penalidade: suspensão de sessenta a noventa dias;
de autoridade competente;
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
25/07/2001) Penalidade: demissão;
LIV - prevalecer-se da condição de servidor policial (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
civil; 25/07/2001)
Penalidade: suspensão de dez a trinta dias; LXV - recusar-se ilegitimamente, a aceitar encargos
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de inerentes ao cargo ou à classe, para os quais foi designado,
25/07/2001) salvo as funções de confiança ou as exceções previstas em
LV - negligenciar a utilização e guarda de objetos lei;
pertencentes à repartição policial ou que em decorrência Penalidade: suspensão de sessenta a noventa dias;
da função ou para o seu exercício lhe hajam sido confiados, (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
possibilitando que os danifiquem ou extraviem; 25/07/2001)
Penalidade: suspensão de trinta a sessenta dias; LXVI - recorrer pessoalmente ou por pessoas
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de interpostas a terceiros com o propósito de auferir vantagens
25/07/2001) ou postular designações, remoções, licenças e promoções
LVI - omitir ou declarar falsamente conceito sobre em desacordo com as normas regulamentares ou regimen-
servidor policial civil em regime de estágio probatório; tais, ou ainda, superpondo-se às autoridades diretamente
Penalidade: demissão; responsáveis e ao interesse administrativo.
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de Penalidade: suspensão de dois a dez dias.
25/07/2001) (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
LVII - dar causa, intencionalmente, ao extravio ou 25/07/2001)
danificação de objetos, livros, material de expediente, LXVII - deixar de acatar ou de cumprir ordens emana-
pertencentes à repartição policial e que estejam confiados das de autoridade competente;
à sua guarda ou não; (Revogado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)

28
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

LXVIII -  participar de atividades político-partidárias, (Redação dada pela Lei Complementar 98 de


salvo se licenciado para tratar de interesse particular, ob- 12/05/2003)
servadas as exceções previstas em lei; § 2º. No caso de condenação, não sendo esta de
(Revogado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) natureza a determinar a demissão, passará o servidor
LXIX -  recusar-se ilegitimamente a aceitar encargos policial civil a prestar serviços em unidade policial onde
inerentes à classe, para os quais foi designado, salvo os o exercício do cargo ou função seja compatível com as
cargos de confiança ou as exceções previstas em Lei; condições da suspensão condicional da pena cominada na
(Revogado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) sentença condenatória.
LXX - quebrar o sigilo de assuntos policiais ou de se- Art. 217. A responsabilidade administrativa resulta de
gurança, de modo a prejudicar o andamento de investiga- ação ou omissão no desempenho do cargo ou função.
ções ou outros trabalhos policiais, ou de segurança; § 1º. O servidor policial civil, indiciado em processo
(Revogado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) disciplinar, poderá ser afastado do exercício, a critério do
LXXI - recorrer pessoalmente ou por pessoas interpos- Corregedor-Geral da Polícia Civil.
tas a terceiros com o propósito de auferir vantagens ou (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
postular designações, remoções, licenças e promoções em 12/05/2003)
desacordo com as normas regulamentares ou regimentais, § 2º. Idêntica medida deverá ser tomada com relação
ou ainda, superpondo-se às autoridades diretamente res- ao servidor policial civil indiciado em Sindicância, quando a
ponsáveis e ao interesse administrativo. transgressão disciplinar for de natureza grave.
(Revogado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) (Incluído pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
Parágrafo único. A reincidência no cometimento das § 3º. O restabelecimento do vencimento ou
infrações previstas nos incisos VIII, XII, XVII, XXII, XLIII e remuneração do servidor policial civil punido, só ocorrerá
XLVII, importará na pena de demissão. após o cumprimento da pena.
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de (Incluído pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
25/07/2001) § 4º.  Sob pena de responsabilidade, o ato de afas-
§ 2°.  Será eliminado do curso e exonerado do cargo, tamento do servidor policial civil do exercício com a su-
o servidor policial civil que esteja em estágio  probatório e pressão do pagamento do percentual respectivo, é de
que não atingir percentual igual a  90% (noventa por cento)  competência do Conselho da Polícia Civil, a quem deve ser
dos  trabalhos relativos à aulas e atividades escolares. comunicada de imediato a instauração do respectivo pro-
(Revogado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) cedimento administrativo.
(Incluído pela Lei Complementar 19 de
CAPÍTULO II  29/12/1983) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
DA RESPONSABILIDADE 12/05/2003)
Art. 218. As cominações civis, penais e disciplinares
Art. 214. Pelo exercício irregular de suas atribuições, cumular-se-ão, sendo umas e outras independentes entre
o servidor policial civil responde civil, penal e si, bem assim, as instâncias civil, penal e administrativa.
administrativamente. Art. 219. O policial militar ou de órgão em execução
Art. 215. A responsabilidade civil decorre de de policiamento posto à disposição das Delegacias,
procedimento doloso ou culposo que importe em prejuízo ficará funcionalmente subordinado à autoridade policial
da Fazenda Pública Estadual ou de terceiros. competente, obrigado a cumprir as ordens e sujeitando-
§ 1º.  A indenização de prejuízos causados à Fazenda se às disposições regulamentares concernentes à execução
Pública será liquidada mediante desconto em prestações dos serviços policiais respectivos.
mensais não excedentes a 20% ( vinte por cento ) do ven- Art. 220. Cabe à autoridade policial responsável pelo
cimento, à míngua de outros bens que por ela respondam, serviço comunicar, desde logo, à unidade competente as
a ser cobrada após o término do procedimento disciplinar, faltas disciplinares cometidas por policiais militares postos
independente de qualquer pronunciamento judicial. à sua disposição em função do serviço executado, sem
§ 2º. Tratando-se de dano causado a terceiros, prejuízo das medidas penais aplicáveis.
responderá o servidor policial civil perante a Fazenda (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
Pública Estadual, em ação regressiva proposta depois de 25/07/2001)
transitar em julgado a decisão que condenar o Estado a Parágrafo único. A configuração e graduação da pena
indenizar o terceiro prejudicado. disciplinar, de acordo com os regulamentos específicos de
Art. 216. A responsabilidade penal abrange as cada unidade, caberão ao chefe hierárquico do transgressor
infrações penais imputadas ao servidor policial civil nessa que sobre este tenha competência disciplinar.
qualidade. (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
§ 1º. O Corregedor-Geral da Polícia Civil decidirá 25/07/2001)
fundamentadamente pelo afastamento temporário, ou § 2°. O Conselho Superior de Polícia será o colegiado
não, do exercício do cargo ou das funções, com supressão competente para dirimir controvérsias ou conhecer de re-
das vantagens previstas nesta lei, do servidor Policial Civil cursos nos casos previstos neste artigo.
processado criminalmente. (Revogado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)

29
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

Art. 221. Cometerá falta de natureza grave o superior (Revogado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
hierárquico que dificultar, impedir ou de alguma forma § 2º. Serão punidas com pena de repreensão, as trans-
frustrar a aplicação de penalidade disciplinar. gressões disciplinares previstas nos incisos IX, X, XXIII, XXV,
XXVII, XXXV, XXXIX, XL e LXXI, do art. 213, desta lei.
CAPÍTULO III  (Revogado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
DAS PENAS DISCIPLINARES Art. 227. A pena de suspensão, que acarreta a perda
de cinquenta por cento da remuneração, não excederá de
Art. 222. São penas disciplinares: 90 (noventa dias).
I - advertência; (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
II - repreensão; 12/05/2003)
III - suspensão ou multa; § 1º. por conveniência do serviço policial, assim enten-
IV - destituição de função e ou remoção compulsória; dido pelo Conselho da Polícia Civil, a pena de suspensão
V - demissão, e poderá ser convertida em multa, na base de um terço do
VII - Cassação da disponibilidade. salário, desde que primário o servidor policial civil, obri-
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) gado, neste caso, a permanecer no serviço administrativo.
Art. 223. Constitui circunstância que exclui sempre a (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
pena disciplinar, a não exigibilidade de outra conduta do 25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
servidor policial civil. 12/05/2003)
Parágrafo único. São causas que excluem ou isentam § 2º. Quando a pena de suspensão for convertida em
o servidor policial civil de pena disciplinar, as previstas no multa, na forma do parágrafo anterior, o servidor policial
Código Penal Brasileiro. civil não conta o tempo de período de suspensão para ne-
Art. 224. São circunstâncias que atenuarão a pena, nhum efeito.
salvo nos casos de demissão: (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
25/07/2001) 12/05/2003)
I - haver o transgressor procurado diminuir as § 3º. A pena de suspensão implica na retirada da arma
consequências da falta, ou haver, antes da aplicação desta, e da insígnia do policial durante o respectivo período.
reparado o dano; (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de 12/05/2003)
25/07/2001) Art. 228. Além do procedimento judicial que couber,
II - haver o transgressor confessado espontaneamente serão considerados como de suspensão os dias em que
a falta perante a autoridade sindicante ou processante, de o servidor policial civil deixar de atender às intimações
modo a facilitar a apuração daquela. judiciais, sem motivo justificado.
Art. 225. São circunstâncias que agravam a pena, Art. 229. A destituição de função ou a remoção
quando não constituem ou qualificam outra transgressão compulsória, terão por fundamento a falta de exação no
disciplinar: cumprimento do dever, ou a inconveniência de permanecer
I - reincidência; o servidor policial civil no exercício de suas atividades em
II - prática de transgressão disciplinar durante a determinada a unidade ou localidade.
execução de serviço policial. Art. 230. A pena de demissão será aplicada, mediante
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de prévio processo disciplinar, quando ainda se caracterizar:
29/12/1983) (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
III - coação, instigação ou determinação para que 25/07/2001)
outro servidor policial civil, subordinado ou não, pratique a I - crime contra os costumes ou contra o patrimônio e
transgressão ou dela participe; que, por sua natureza e configuração sejam considerados
IV -  impedir ou dificultar, de qualquer maneira, a como infamantes, tráfico ilícito e uso indevido de substân-
apuração da falta funcional cometida; e cias entorpecentes ou que determinem dependência física
V - concurso de dois ou mais agentes na prática da ou psíquica de modo a incompatibilizar o servidor policial
transgressão. civil, para o exercício da função ou cargo, ou que sejam
Art. 226. As penas de advertência e de repreensão, que considerados hediondos;
serão sempre aplicadas por escrito e deverão constar do (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
assentamento individual do servidor policial civil, destinam- 25/07/2001)
se às faltas que, não constituindo expressamente objeto de II - crime contra a administração pública;
qualquer outra sanção, sejam a critério da administração III - lesão aos cofres públicos e dilapidação ao
policial, consideradas de natureza leve. patrimônio estadual;
§ 1º.  Serão punidas com pena de advertência ou de IV - ameaça ou ofensa física contra superior hierárquico,
repreensão, as transgressões disciplinares previstas nos in- funcionário ou particular;
cisos I e II, do artigo 212, desde que não constituam ou V - insubordinação grave em serviço;
qualifiquem outra transgressão disciplinar. VI - ineficiência ou desídia no serviço;

30
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

(Redação dada pela Lei Complementar 89 de I - praticou falta grave no exercício do cargo ou função;
25/07/2001) II - aceitou representação de Estado estrangeiro, sem
VII - revelação do segredo que o servidor policial civil prévia autorização do Presidente da República; e
conhece em razão do cargo ou função; III - praticou usura em qualquer de suas formas.
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de Parágrafo único. Será igualmente cassada a
25/07/2001) disponibilidade do servidor policial civil, que não assumir o
VIII - abandono de cargo, como tal entendida a exercício do cargo ou função em que for aproveitado.
ausência comprovada ao serviço, sem justa causa, por
trinta dias consecutivos; CAPÍTULO IV 
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de DA CUSTÓDIA PREVENTIVA
25/07/2001)
IX - ausência comprovada ao serviço, sem causa Art. 236. Sem constituir um ato de prisão, a autoridade
justificada, por mais de quarenta e cinco dias, não policial imediata, poderá determinar, até três dias, elevada
consecutivos, no período de um ano; ao dobro, a critério do Delegado Geral da Polícia Civil, a
custódia preventiva de qualquer servidor policial civil,
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
na unidade em que presta serviços ou em dependência
25/07/2001)
especial da Polícia Civil:
X - propiciar ou possibilitar intencionalmente a fuga de
I - para assegurar as condições de não interferência do
preso sob sua guarda ou responsabilidade; servidor policial civil na elucidação de fatos havidos como
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de transgressões que lhe sejam imputados;
25/07/2001) II - quando a ação do servidor policial civil constituir-
XI - infringência as proibições previstas nos incisos I a se em comportamento funcional iníquo ou degradante,
VIII, do artigo 211, desta lei; incompatível com as normas vigorantes e provoque intenso
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de clamor na opinião pública; e
25/07/2001) III - para evitar evasão que provoque dilação ou
XII - transgressão dos incisos do artigo 213 desta lei, a dificulte os procedimentos elucidatórios.
que se comina a penalidade de demissão. § 1º. O período de custódia preventiva será computado
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de como de serviço normal prestado à unidade policial.
25/07/2001) § 2º. O servidor policial civil não sofrerá durante o
Parágrafo único. Poderá ser ainda aplicada a pena período de custódia preventiva, qualquer redução na
de demissão, ocorrendo contumácia na prática de remuneração percebida.
transgressões disciplinares, de qualquer natureza, desde § 3º. A custódia preventiva deverá ser entendida como
que o servidor policial civil tenha sido punido com pena de contínua e incessante permanência em dependência da
de suspensão, por mais de duas vezes, no período de cinco unidade policial em que serve ou que lhe for determinada
anos. pela autoridade imediata.
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de § 4º. A custódia preventiva implicará, por sua vez, no
25/07/2001) decurso do período, de isolamento limitado a dependência
Art. 231. O ato originador da demissão do servidor da unidade, sendo vedado ao servidor policial civil
policial civil, mencionará sempre, a causa da penalidade. qualquer contato não autorizado pela autoridade policial
Art. 232. A aplicação de penalidades pelas que a determinou.
transgressões disciplinares constantes deste Estatuto, não § 5º. A autoridade policial que determinar a custódia
exime o servidor policial civil da obrigação de indenizar o preventiva, dará ao Delegado Geral da Polícia Civil, conhe-
cimento imediato e circunstanciado, por ato escrito, das
Estado pelos prejuízos causados.
razões que a levaram a optar pela medida.
Art. 233. Consoante a gravidade da falta, a demissão
Art. 237. A competência para determinação de
será aplicada com a nota “a bem do serviço público”, a qual
medida de resguardo administrativo, previsto no artigo
constará sempre dos atos de demissão, fundada nos inci- precedente, desde que não seja aplicada pela autoridade
sos I, II, III, IV, V e X do artigo 230 e nos incisos III, XIV, LX e imediata, poderá sê-lo pelo Delegado Chefe da Divisão ou
LXI do artigo 213, desta lei. Subdivisão Policial respectiva, ou pelo Delegado Geral da
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de Polícia Civil.
25/07/2001)
Art. 234. Serão cassadas, por determinação da CAPÍTULO V 
autoridade policial processante, a identificação oficial e a DA COMPETÊNCIA PARA IMPOSIÇÃO DE PENALI-
arma oficial de uso pessoal, do servidor policial civil a que DADE
for atribuída transgressão, cuja pena cominada seja a de
demissão. Art. 238. Para imposição de pena disciplinar são
Parágrafo único. O não atendimento à determinação competentes:
deste artigo, implica em suspensão do vencimento do acu- I - O Governador do Estado, nos casos de demissão e
sado, sem prejuízo das sanções disciplinares. cassação de aposentadoria ou disponibilidade de servidor
Art. 235. Será cassada a aposentadoria ou policial civil, e em quaisquer penas, havendo conexão ou
disponibilidade se ficar provado que o inativo: continência;

31
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

II - O Secretário de Estado da Segurança Pública, em II - designação do policial civil para o exercício de
qualquer pena, ex-ofício ou em grau recursal, excetuadas atividades exclusivamente burocráticas, até decisão final
as de competência privativa do Governador do Estado; do procedimento;
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
29/12/1983) III - recolhimento de carteira funcional, distintivo,
III - O Conselho da Polícia Civil, em casos de advertência, armas e algemas;
repreensão e suspensão; (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de IV - proibição do porte de armas;
12/05/2003) (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
IV - O Delegado Geral da Polícia Civil, no caso de V - comparecimento obrigatório, em periodicidade
destituição de função e remoção compulsória. a ser estabelecida, para tomar ciência dos atos do
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de procedimento.
29/12/1983) (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
Art. 239. Da pena aplicada será dado conhecimento § 6º. Qualquer autoridade que determinar a instauração
aos setores de pessoal da Secretaria da Segurança Pública,
ou presidir sindicância ou processo administrativo, poderá
para as devidas anotações.
representar ao Corregedor-Geral da Polícia Civil para pro-
por a aplicação das medidas previstas neste artigo, bem
CAPÍTULO VI 
como sua cessação ou alteração.
DA INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
Art. 240. A autoridade corregedora realizará apuração § 7º. O Corregedor-Geral da Polícia Civil poderá, a
preliminar, de natureza simplesmente investigativa, quando qualquer momento, por despacho fundamentado, fazer
a infração não estiver suficientemente caracterizada ou for cessar ou alterar as medidas previstas neste artigo.
incerta sua autoria. (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de § 8º. O período de afastamento preventivo computa-
12/05/2003) se como de efetivo exercício, não sendo descontado da
§ 1º. A investigação preliminar, de caráter informal e pena de suspensão eventualmente aplicada.
sumaríssimo, será instaurada de ofício pelo Corregedor- (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
Geral da Polícia Civil, ou mediante representação das § 9º. A decisão pelo afastamento levará em conta a vida
demais autoridades referidas no artigo 238. funcional pregressa do indiciado, sendo que não havendo
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de fatos desabonadores de conduta, será tomada a medida
12/05/2003) indicada no § 5º, II deste artigo.
§ 2º. O início da apuração deverá ser comunicado pela (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
autoridade designada para presidi-la ao Corregedor-Geral
da Polícia Civil, devendo ser concluída em trinta (30) dias. CAPÍTULO VII 
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de DA SINDICÂNCIA
12/05/2003)
§ 3º. Não concluída no prazo a apuração, a autoridade Art. 241. A sindicância será instaurada de ofício pelo
deverá imediatamente encaminhar ao Corregedor-Geral da Corregedor-Geral da Polícia Civil, ou por determinação
Polícia Civil relatório das diligências realizadas e prosseguir das autoridades referidas no artigo 238 desta lei, somente
nas investigações por mais dez (10) dias, ao término dos para apuração de responsabilidade pela prática de fato
quais relatará circunstanciadamente os fatos apurados. constitutivo de transgressão disciplinar a que se cominem
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de
as penas de advertência, repreensão, suspensão, destituição
12/05/2003)
de função e remoção compulsória, observados o rito do
§ 4º. Ao concluir a apuração preliminar, a autoridade
contraditório e ampla defesa, conhecidas a autoria e mate-
deverá opinar fundamentadamente pelo arquivamento ou
rialidade, esta se houver.
pela instauração de sindicância ou processo administrativo.
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
§ 5º. Determinada a instauração de sindicância ou 12/05/2003)
processo administrativo, ou havendo durante seu curso § 1º. A sindicância destina-se, ainda, a apurar a
conveniência para a instrução ou para o serviço policial, responsabilidade do servidor policial civil por danos de
poderá o Corregedor-Geral da Polícia Civil, por despacho origem culposa causados à Fazenda Estadual.
fundamentado, ordenar, isolada ou cumulativamente, as (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
seguintes providências: 25/07/2001)
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) § 2º. O mesmo procedimento será adotado com
I - afastamento preventivo do policial civil, até noventa relação aos servidores policiais civis em estágio probatório,
(90) dias, prorrogáveis uma única vez por até sessenta (60) para apuração dos requisitos previstos no artigo 37 desta
dias, quando o recomendar a moralidade administrativa ou Lei, com vistas à sua confirmação ou não no cargo policial
a repercussão do fato, observado o disposto no artigo 217; civil.
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)

32
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

§ 3º.  Durante o curso de formação profissional, o (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
servidor policial civil em estágio probatório responderá o III - descrição do fato imputado ao sindicado;
procedimento na forma dos parágrafos 3º e 4º do artigo (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
37 desta lei, através de Comissão de Sindicância presidida IV - individualização da conduta;
pelo diretor da Escola Superior de Polícia Civil ou do seu (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
substituto legal. V - previsão legal da sanção aplicável;
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
§ 5º. Aplica-se à sindicância, no que couber, as disposi- VI - data do interrogatório, com prazo mínimo de três
ções previstas para o processo disciplinar. dias;
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
§ 6º. A sindicância terá início mediante portaria ou VII -  menção à revelia em consequência do não
despacho da autoridade incumbida de presidi-la, devendo comparecimento à audiência;
constar do mesmo: (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) VII - local e data da expedição.
I - nomeação do secretário; (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) Art. 242. Após o interrogatório do sindicado, que se
II - determinação de juntada de documentos; restringirá ao fato e às suas circunstâncias, este, através de
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) seu defensor, poderá oferecer defesa prévia, no prazo de 48
III - comunicação da instauração ao Conselho da (quarenta e oito) horas, juntando documentos e arrolando
Polícia Civil e ao setor de pessoal; até duas testemunhas.
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
12/05/2003) 25/07/2001)
IV - a citação do sindicado com data para § 1º. Ao sindicado revel, ou, se presente, não constituir
comparecimento e a necessidade de apresentação de advogado para defendê-lo, ser-lhe-á nomeado defensor
defensor; dativo.
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
V - local e data da instauração.
25/07/2001)
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
§ 2º. Será sempre facultada vista dos autos ao defensor
§ 7º. A autoridade disciplinar responsável pela
do sindicado, por cópia autêntica do feito.
sindicância expedirá a citação ao sindicado dentro de três
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
dias após o ato do Corregedor Geral.
25/07/2001)
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
§ 3º. As testemunhas de instrução e defesa, em igual
§ 8º. O sindicado será citado pessoal e individualmente
número, serão ouvidas de forma que uma não possa ouvir
para o interrogatório, com prazo de 3 (três) dias, tempo em
o depoimento de outra, na presença do sindicado, se
que poderá ter vista dos autos em cartório, iniciando-se
a relação processual à partir da data do recebimento da quiser, e de seu defensor, devendo o termo restringir-se
mesma. aos fatos em apuração.
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
§ 9º. Negando-se o sindicado a assinar a contrafé, 25/07/2001)
suprir-se-á tal circunstância com a assinatura de duas § 4º. O defensor do sindicado poderá reperguntar as
testemunhas, devidamente qualificadas e certificada pelo testemunhas, por intermédio da autoridade sindicante,
secretário. sobre fato de interesse da defesa, que será indeferida pelo
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) presidente se impertinente ou já respondida.
§ 10. Não sendo encontrado o sindicado, será ele (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
citado por edital publicado no diário oficial ou informativo 25/07/2001)
oficial da Polícia Civil, por uma única vez, com prazo de 10 § 5º. As testemunhas serão notificadas da data e local
(dez) dias, a contar da data da publicação. em que deverão depor, sendo dado conhecimento da rea-
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) lização da audiência ao sindicado e seu defensor.
§ 11. A citação, que após recebida dará início ao prazo (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
de trinta (30) dias para a conclusão do feito, prorrogáveis 25/07/2001)
por igual período mediante despacho do Corregedor-Geral § 6º. Não serão consideradas como testemunhas as
à vista de requerimento fundamentado da autoridade sin- pessoas que nada souberem sobre os fatos em apuração.
dicante, conterá: (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de 25/07/2001)
12/05/2003) § 7º. A autoridade responsável pela sindicância, de
I - nome da autoridade sindicante; ofício, ou a requerimento da defesa, no prazo de 24 (vinte
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) e quatro) horas após inquirida a última testemunha, pro-
II - nome do sindicado e local onde possa ser moverá diligências de interesse para instrução.
encontrado; (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)

33
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

§ 8º. A autoridade sindicante poderá indeferir, em § 3º. O processo disciplinar deverá ainda ser instaurado
despacho fundamentado, as diligências consideradas por provocação da autoridade policial, observado o
procrastinatórias ou desnecessárias à apuração do fato. previsto no art. 257.
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
§ 9º. A juntada de documentos poderá ocorrer a § 4º. Compete ao Corregedor-Geral da Polícia Civil
qualquer momento da instrução até as alegações finais. expedir o ato instaurador do processo disciplinar.
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
§ 10. Cumpridas as diligências, serão os autos conclusos Art. 244. O processo disciplinar será presidido por
à Autoridade Sindicante, que saneará onde necessário e Delegado de Polícia designado pelo Corregedor-Geral da
notificará o defensor do sindicado a apresentar alegações Polícia Civil, escolhido dentre Delegados de Polícia está-
finais no prazo de três dias. veis, preferencialmente da classe mais elevada.
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
12/05/2003) 12/05/2003)
§ 11. O prazo de que trata o caput deste artigo § 1º. Regulamento baixado pelo Poder Executivo
será individual, se houver mais de um sindicado e com disciplinará os mecanismos para escolha dos presidentes
defensores diferentes. de processos disciplinares.
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
§ 12. Quando não for apresentada no prazo as alega- 12/05/2003)
ções finais, será nomeado defensor dativo para o ato. § 2º. O Delegado de Polícia que presidir o processo
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) disciplinar designará como secretário um servidor civil
§ 13.  Apresentadas as alegações finais, a autoridade estável, dando conhecimento ao setor de pessoal, para
concluirá a sindicância em três dias, indicando no relatório a efeito de anotações.
descrição do ato infracional apurado, os dispositivos legais (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
violados, o enquadramento da conduta à norma específica 12/05/2003)
e, opinará pela absolvição do sindicado, instauração de § 3º. Não poderá ser encarregado da apuração,
processo disciplinar ou imposição da penalidade aplicável. nem atuar como secretário, amigo íntimo ou inimigo,
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) parente consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral,
§ 14.  Se no decorrer da instrução ficar caracterizado até o terceiro grau, inclusive, cônjuge, companheiro ou
ter o servidor cometido outras transgressões além das qualquer integrante do núcleo familiar do denunciante ou
constantes da citação, serão extraídas as peças necessárias do acusado, bem assim o subordinado deste, devendo a
e remetidas ao Corregedor-Geral, que instaurará novo autoridade ou o funcionário designado comunicar, desde
procedimento. logo, à autoridade competente, o impedimento que
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de houver.
12/05/2003) (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
§ 15. Com o relatório, a sindicância será enviada ao 12/05/2003)
Corregedor-Geral, que o remeterá à autoridade competente § 4º. Autoridade disciplinar e o presidente da Comis-
para a decisão. são a que se refere o parágrafo anterior, designarão o se-
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) cretário entre servidores policiais civis estáveis, dando co-
nhecimento ao setor de pessoal, para efeito de anotações.
CAPÍTULO VIII  (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
DO PROCESSO DISCIPLINAR 25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
12/05/2003)
Art. 243. O processo disciplinar, obedecidos os prin- § 5º. As autoridade disciplinares ficarão vinculadas
cípios do contraditório e a ampla defesa, será instaurado aos procedimentos iniciados sob a sua responsabilidade,
por determinação das autoridades referidas no artigo 238 até a conclusão respectiva.
e precederá a aplicação das penas de demissão, cassação (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
de aposentadoria e de disponibilidade. 25/07/2001)
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de § 6º. Por motivo relevante, a corregedoria geral
12/05/2003) da polícia civil poderá substituir qualquer autoridade
§ 1º. Aplicam-se ao processo disciplinar, no que cou- disciplinar, caso em que o substituto completará o tempo
ber, as disposições previstas para a sindicância e, subsidia- do substituído.
riamente, as normas do Código de Processo Penal. (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de 25/07/2001)
12/05/2003) § 7º. Os secretários designados pelas autoridades
§ 2º. O processo disciplinar destina-se, ainda, a apurar disciplinares a elas se dedicarão preferentemente, sem
a responsabilidade do servidor policial civil por danos de prejuízo de suas atribuições normais.
origem dolosa causados à Fazenda Estadual. (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) 25/07/2001)

34
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

§ 8º. De ofício, ou mediante proposta fundamentada § 2º. Nos casos de revelia ou quando o acusado não
do Conselho da Polícia Civil, o Secretário de Estado da apresentar advogado, ser-lhe-á nomeado defensor dativo.
Segurança Pública, poderá determinar a constituição de (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
Comissões Especiais de Disciplina, com observância do dis- Art. 248. É assegurado ao policial civil o direito de
posto no § 1°., deste artigo. acompanhar o processo pessoalmente, e por intermédio
(Incluído pela Lei Complementar 19 de de procurador, arrolar testemunhas, reinquiri-las, produzir
29/12/1983) (Revogado pela Lei Complementar 89 de provas e contra-provas, formular quesitos quando tratar -
25/07/2001) se de prova pericial.
Art. 245. O Conselho da Polícia Civil, ex-offício ou me- (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
diante proposta da Comissão Disciplinar, poderá suspender 25/07/2001)
preventivamente o servidor policial acusado em procedi- § 1º. A autoridade disciplinar poderá denegar,
mento disciplinar, com perda de 1/3 (um terço) dos venci- fundamentadamente, pedidos considerados impertinentes,
mentos, por prazo não superior a 60 (sessenta) dias. meramente protelatórios, ou de nenhum interesse para o
(Revogado pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983) esclarecimento dos fatos.
Art. 245. O ato que instaurar o processo disciplinar, (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
deverá conter: 25/07/2001)
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de § 2º. Será indeferido o pedido de prova pericial, quando
25/07/2001) a comprovação do fato independer de conhecimento
I - descrição do fato a ser apurado; especial de perito.
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
II - identificação do servidor a ser processado; 25/07/2001)
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) § 3º. O procurador ou defensor constituído poderá
III - enquadramento da conduta do agente ao assistir ao interrogatório, bem como a inquirição de
dispositivo infringido, com o enunciado da norma; testemunhas, sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e
respostas, facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por in-
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
termédio da autoridade que presidir o processo disciplinar.
IV - previsão da sanção aplicável;
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
25/07/2001)
V - ...Vetado...
§ 4º. O acusado poderá oferecer defesa prévia e
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
arrolar até cinco testemunhas dentro de três dias após o
VI - designação do Delegado de Polícia que presidirá
interrogatório e juntar documentos até as alegações finais.
o processo.
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
§ 5º. Até a data do interrogatório, será designada a
Parágrafo único. Poderá ser afastado preventivamen- audiência de instrução.
te das funções, sem prejuízo dos vencimentos, até comple- (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
ta apuração dos fatos, o servidor policial civil ao qual for § 6º. Em qualquer fase do processo poderá o presidente,
imputada infração disciplinar, que, por sua natureza, acon- de ofício ou a requerimento da defesa, ordenar diligências
selhe tal providência. que entenda convenientes.
(Revogado pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983) (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
Art. 246. A autoridade que presidir o processo, por Art. 249. Na audiência de instrução serão ouvidas, pela
despacho ou portaria, dará início ao procedimento no ordem, as testemunhas arroladas pelo presidente e pelo
prazo máximo de 10 (dez) dias do recebimento do ato acusado, que em ambos os casos não poderão exceder de
instaurador, com a lavratura do mandado de citação. cinco (5).
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
25/07/2001) 12/05/2003)
Art. 247. O acusado será citado com os requisitos do § 1º. Tratando-se de servidor público, seu
artigo 241, parágrafo 11, pessoal e individualmente, para comparecimento deverá ser solicitado ao respectivo
ser interrogado sobre as imputações contra si existentes, superior imediato, com as indicações necessárias.
em data e local previamente designados, com antecedência (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
mínima de cinco dias, prazo este durante o qual os autos 12/05/2003)
poderão ser examinados pelo defensor, junto à presidência § 2º. As testemunhas arroladas pelo acusado
do processo. comparecerão à audiência designada independentemente
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de de notificação.
12/05/2003) (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
§ 1º. Será considerado regularmente citado o acusado 12/05/2003)
que se recusar em apor o ciente na cópia da citação, § 3º. O Presidente da Comissão poderá indeferir dili-
mediante termo próprio lavrado pelo servidor encarregado gências requeridas pelo defensor do acusado, se desneces-
da diligência, e assinado por duas testemunhas. sárias ou protelatórias, ou determinar as que julgar conve-
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) nientes à apuração da verdade.

35
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

(Revogado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) difícil restauração, ou ocorrer circunstância relevante que
§ 3º.  Deverá ser notificada a testemunha cujo justifique a permanência dos autos na repartição, reconhe-
depoimento for relevante e que não comparecer cida pela autoridade em despacho motivado.
espontaneamente; (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de Art. 252. O prazo para a conclusão da instrução do
12/05/2003) processo administrativo, incluído o relatório da autoridade
§ 4º. Se a testemunha não for localizada, a defesa disciplinar, será de sessenta (60) dias, contado da citação
poderá substituí-la levando na mesma data designada para do acusado, prorrogável pela Corregedoria-Geral da
a audiência outra, independente de notificação. Polícia Civil por igual período, no máximo, mediante
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) solicitação fundamentada da autoridade que presidir o
§ 5º. A testemunha não poderá eximir-se de depor, processo.
salvo se for ascendente, descendente, cônjuge, ainda (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
que legalmente separado, companheiro, irmão, sogro e 12/05/2003)
cunhado, pai, mãe ou filho adotivo do acusado, exceto Art. 253. Nenhum servidor policial civil poderá
quando não for possível, por outro modo, obter-se ou inte- recusar-se a prestar depoimento, ser acareado ou
grar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. executar trabalho de sua competência, se requisitado por
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) autoridade disciplinar, salvo impossibilidade comprovada.
§ 6º. Se o parentesco das pessoas referidas for com o (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
denunciante, ficam elas proibidas de depor, observada a 25/07/2001)
exceção do parágrafo anterior. Parágrafo único. O policial civil que tiver de depor
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) como testemunha fora da sede de seu exercício, terá
Art. 250. A testemunha que não puder comparecer direito a transporte e diárias na forma da legislação em
perante a autoridade disciplinar ou autoridade sindicante, vigor, podendo ainda expedir-se precatória para esse
por se encontrar em localidade diversa daquela onde se efeito à autoridade do domicílio do depoente.
processam as diligências, será ouvida através de carta pre- (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
catória, dando-se ciência ao acusado, com antecedência Art. 254. Se houver dúvidas sobre a integridade
mínima de quarenta e oito horas, do local e horário da au- mental do acusado, em qualquer fase do processo
diência. disciplinar, será ele submetido a exame por junta médica
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
especialmente designada, observado o previsto no artigo
25/07/2001)
177, desta lei.
§ 1º. Se o acusado ou seu defensor não comparecer,
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
ser-lhe-á designado, pela autoridade deprecada, defensor
25/07/2001)
dativo para a audiência.
Parágrafo único. Se reconhecida a inimputabilidade
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
do acusado, servirá o procedimento disciplinar para ins-
§ 2º. Para efeito do disposto neste artigo, serão presen-
truir processo de aposentadoria por invalidez.
tes à autoridade policial deprecada a síntese da imputação,
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
os esclarecimentos pretendidos e pedido de comunicação
da data, local e horário da audiência ao acusado, dando-se Art. 255. A autoridade que presidir o processo
ciência também ao seu defensor. disciplinar poderá, ainda, sugerir quaisquer providências
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) que se apresentem adequadas ou de interesse para o ser-
Art. 251. Durante a instrução, os autos do procedimento viço, bem como apontar fatos que hajam chegado ao seu
administrativo permanecerão na repartição competente. conhecimento no curso da instrução e devam ser apura-
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de dos em procedimento distinto.
12/05/2003) (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
§ 1º. Será concedida vista dos autos ao acusado, 25/07/2001)
mediante simples solicitação, sempre que não prejudicar o § 1º. Concluída a instrução, o acusado terá cinco dias
curso do procedimento. para as alegações finais, a partir da data da notificação.
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
12/05/2003) § 2º. Havendo mais de um acusado, o prazo contar-
§ 2º. A concessão de vista será obrigatória, no prazo se-á em dobro.
para manifestação do acusado ou para apresentação de (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)
recursos, mediante intimação por AR. § 3º. Findo os prazos dos parágrafos anteriores, a
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de autoridade que presidir o processo disciplinar, dentro de
12/05/2003) cinco dias, remeterá os autos do processo disciplinar ao
§ 3º. Ao advogado é assegurado o direito de retirar Conselho da Polícia Civil, através da Corregedoria Geral
os autos da repartição, mediante recibo, durante o prazo da Polícia Civil, com relatório minucioso e fundamentado,
para manifestação de seu representado, salvo na hipótese opinando pela imposição da pena aplicável, absolvição do
de prazo comum, de processo sob regime de segredo de acusado ou arquivamento do procedimento.
justiça, da existência nos autos de documentos originais de (Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001)

36
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

§ 4º. Verificando a autoridade disciplinar configurar- (Redação dada pela Lei Complementar 98 de


se fato que tipifique ilícito penal, encaminhará 12/05/2003)
obrigatoriamente as peças necessárias ao Ministério § 2º. Aberta a sessão de julgamento, havendo quorum,
Público. o presidente do Conselho anunciará a pauta.
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de (Incluído pela Lei Complementar 89 de
12/05/2003) 25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
Art. 256. O processo disciplinar será formalizado em 12/05/2003)
duas vias, ficando a primeira arquivada no Conselho da § 3º. Anunciado o feito a ser julgado, o Relator fará a
Polícia Civil, contendo, obrigatoriamente, índice descritivo exposição de seu relatório, após o que será ele declarado
dos elementos probatórios, sempre que não seja possível em discussão.
juntá-los. (Incluído pela Lei Complementar 89 de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
25/07/2001) 12/05/2003)
§ 1º. Decorridos cinco anos após o encerramento do Art. 260. O servidor policial civil terá direito:
processo disciplinar, a via referida no parágrafo anterior I - à contagem de tempo de serviço relativo ao período
será remetida ao Departamento de Arquivo Público, para em que haja estado preso ou afastado do exercício, quando
os devidos fins. de processo disciplinar resultar absolvição ou pena de
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de advertência ou repreensão;
25/07/2001) (Redação dada pela Lei Complementar 19 de
§ 2º. A Corregedoria Geral da Polícia Civil, por sua vez e 29/12/1983)
para controle, fará prontuário da segunda via em poder da II - à contagem de período de afastamento que exceder
Corregedoria de Assuntos internos. do prazo de suspensão disciplinar aplicada; e
(Incluído pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
Art. 257. Quando o servidor policial civil for indiciado III - à contagem do período de prisão administrativa e
em inquérito policial pela prática de crime previsto nos ao pagamento do vencimento e de todas as vantagens do
exercício, desde que reconhecida a sua inocência.
incisos do artigo 230, desta lei, a autoridade policial
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de
remeterá cópia das respectivas peças, de imediato, ao
29/12/1983)
Corregedor Geral da Polícia Civil, para a instauração de
processo disciplinar.
CAPÍTULO IX 
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
DA PRISÃO ADMINISTRATIVA
25/07/2001)
§ 1°. O processo disciplinar será formalizado em duas Art. 261. Cabe ao Delegado Geral da Polícia Civil, aos
vias, ficando a primeira arquivada no Conselho da Polícia Diretores e em casos urgentes, aos Delegados de Polícia
Civil, contendo, obrigatoriamente, índice descritivo dos em geral, ordenarem mediante despacho fundamentado,
elementos probatórios, sempre que não seja possível jun- a prisão administrativa de servidores policiais civis
tá-los. responsáveis por dinheiro ou valores pertencentes à
(Revogado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) Fazenda Estadual ou que se acharem sob a guarda destes,
§ 2°.  Decorridos cinco anos após o encerramento do no caso de alcance, desvio ou omissão no recolhimento,
processo disciplinar, a via referida no parágrafo anterior, devolução ou prestação de contas, no prazo devido.
será remetida ao Departamento Estadual de Arquivo e Mi- § 1º.  A prisão será comunicada imediatamente à
crofilmagem, para os devidos fins. autoridade judiciária e ao Corregedor-Geral da Polícia Civil,
(Revogado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) que instaurará o processo disciplinar.
§ 3°. A Corregedoria da Polícia Civil, por sua vez e para (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
controle, prontuariará a segunda via em poder da Comis- 12/05/2003)
são Permanente da Disciplina. § 2º. A prisão administrativa não excederá de noventa
(Revogado pela Lei Complementar 89 de 25/07/2001) dias, e, enquanto durar, o servidor policial civil perderá um
Art. 258. O servidor policial civil só poderá ser terço dos vencimentos.
exonerado a pedido, após absolvição em processo
disciplinar a que estiver respondendo. CAPÍTULO X 
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de DA PRISÃO ESPECIAL
25/07/2001)
Art. 259. O julgamento será realizado no prazo Art. 262. Preso preventivamente, em flagrante ou em
máximo de 30 (trinta) dias, contado da data da distribuição virtude de pronúncia, o servidor policial civil permanecerá
ao Conselheiro relator para tanto sorteado. em prisão especial, durante o curso da ação penal e até que
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de a sentença transite em julgado.
25/07/2001) § 1º. O servidor policial civil nas condições deste artigo,
§ 1º.  Verificada a ocorrência da prescrição ou ficará recolhido em sala especial, sendo-lhe defeso exercer
descumprimento de formalidade essencial, o Corregedor- qualquer atividade funcional ou sair da unidade, sem ex-
Geral da Polícia Civil provocará a apuração das responsabi- pressa autorização do Juízo de Direito a cuja disposição se
lidades legais de quem lhe deu causa. encontre.

37
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

(Redação dada pela Lei Complementar 19 de a)  - erro de forma;


29/12/1983) (Revogado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
§ 2º. Publicado no «Diário Oficial», o ato de demissão, b)  - erro de individualização; ou
será o ex-servidor policial civil encaminhado, desde logo, (Revogado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
ao estabelecimento penal que for determinado, onde per- c)  - omissão ou equívoco do dispositivo de lei.
manecerá em sala especial, sem qualquer contato com os (Revogado pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
demais presos não sujeitos ao mesmo regime e, uma vez § 1º. Compete ao Secretário de Estado da Segurança
condenado, cumprirá a pena que lhe haja sido imposta, nas Pública, decidir sobre o recebimento ou não de recurso
condições do parágrafo seguinte. previsto neste capítulo, depois de instruído na forma de-
§ 3º. Transitado em julgado a sentença condenatória, terminada no artigo 265.
será o servidor policial civil encaminhado a estabelecimento (Redação dada pela Lei Complementar 89 de
prisional onde cumprirá a pena em dependência isolada 25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
dos demais presos não abrangidos por esse regime, mas 12/05/2003)
sujeito a um sistema disciplinar próprio. § 2º. O Secretário de Estado da Segurança Pública, po-
derá confirmar, modificar ou anular, total ou parcialmente,
CAPÍTULO XI  a decisão recorrida.
DO RECURSO (Incluído pela Lei Complementar 89 de
25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
Art. 263. Caberá recurso, por uma única vez, da decisão 12/05/2003)
que aplicar penalidade. § 3º. A decisão final não se fundamentará em manifes-
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de tações técnico-jurídicas não compreendidas no âmbito da
12/05/2003) relação processual, ressalvadas as oriundas da Procuradoria
§ 1º. O prazo para recorrer é de trinta (30) dias, Geral do Estado.
contados da publicação da decisão impugnada no Diário (Incluído pela Lei Complementar 89 de
Oficial do Estado. 25/07/2001) (Revogado pela Lei Complementar 98 de
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) 12/05/2003)
§ 2º. Do recurso deverá constar, além do nome e
qualificação do recorrente, a exposição das razões de CAPÍTULO XII 
inconformismo. DA REVISÃO DO PROCESSO DISCIPLINAR
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
§ 3º.  O recurso será apresentado à autoridade que Art. 267. Admitir-se-á, a qualquer tempo, a revisão de
aplicou a pena, que terá o prazo de dez (10) dias para, punição disciplinar, se surgirem fatos ou circunstâncias ain-
motivadamente, manter sua decisão ou reformá-la. da não apreciados, ou vícios insanáveis de procedimento,
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) que possam justificar redução ou anulação da pena apli-
§ 4º. Mantida a decisão, ou reformada parcialmente, cada.
será imediatamente encaminhada a reexame pelo superior (Redação dada pela Lei Complementar 98 de
hierárquico. 12/05/2003)
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) § 1º. Não constitui fundamento para revisão a simples
§ 5º. O recurso será apreciado pela autoridade alegação de injustiça da penalidade.
competente ainda que incorretamente denominado ou § 2º. Será indeferido «in limine» o pedido, se não for
endereçado. devidamente fundamentado.
(Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003) § 3º. A revisão poderá ser requerida pelo cônjuge,
Art. 264. Caberá pedido de reconsideração, que não descendente, ascendente, ou irmão do servidor policial
poderá ser renovado, de decisão tomada pelo Governador civil, se este houver falecido ou tiver sido declarado ausente
do Estado em única instância, no prazo de trinta (30) dias. ou incapaz.
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de § 4º. Não será admitida reiteração de pedido pelo
12/05/2003) mesmo fundamento.
Art. 265. Os recursos de que trata esta lei complementar (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
não têm efeito suspensivo; os que forem providos darão § 5º. O ônus da prova cabe ao requerente.
lugar às retificações necessárias, retroagindo seus efeitos à (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
data do ato punitivo. § 6º. Os pedidos formulados em desacordo com este
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de artigo serão indeferidos.
12/05/2003) (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
Art. 266.  A decisão final não se fundamentará em § 7º. A pena imposta não poderá ser agravada pela
manifestações técnico-jurídicas não compreendidas no revisão.
âmbito da relação processual, ressalvadas as oriundas da (Incluído pela Lei Complementar 98 de 12/05/2003)
Procuradoria-Geral do Estado. Art. 268. O pedido será dirigido ao presidente do
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de Conselho da Polícia Civil que se o deferir, designará
12/05/2003) autoridade revisora para proceder a revisão.

38
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

(Redação dada pela Lei Complementar 89 de Art. 274. Os integrantes das carreiras policiais civis
25/07/2001) terão regime especial de trabalho, em base de vencimentos
Parágrafo único. Não poderá ser revisor a autorida- fixados e atualizados por lei, levando-se em conta a
de que tiver presidido o procedimento administrativo em natureza especifica das funções e as condições para seu
revisão. exercício, o risco de vida a elas inerentes, a irregularidades
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de dos horários de trabalho, sujeitos a plantões noturnos e
25/07/2001) chamados a qualquer hora, bem como, a proibição legal
Art. 269. Apensado o pedido ao processo disciplinar a do exercício legal de outras atividades remuneradas, res-
ser revisto, terá início, dentro de dez dias, a produção das salvado o magistério.
provas indicadas pelo requerente, em prazo não superior a (Redação dada pela Lei Complementar 35 de
trinta dias. 24/12/1986)
§ 1º. Concluída a instrução, será aberta vista ao § 1º. A jornada de trabalho é de quarenta horas sema-
requerente, pelo prazo de cinco dias, para as alegações. nais e os horários normais de trabalho serão fixados em
§ 2º. Decorrido o prazo do parágrafo anterior, a regulamento.
autoridade revisora dentro de cinco dias, encaminhará o (Revogado pela Lei Complementar 35 de 24/12/1986)
processo, com relatório conclusivo, ao Conselho da Polícia § 2º. Para os serviços realizados em forma de rodízio
Civil. ou dependente de escala, o horário de trabalho, bem como,
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de os períodos de descanso, serão fixados na medida das
25/07/2001) necessidades do serviço policial e da natureza das funções.
§ 3º. O Conselho da Polícia Civil deliberará em dez dias Art. 275. As Delegacias de Polícia instaladas nas sedes
e, se não lhe couber a decisão, o encaminhará à autoridade de Comarcas, serão obrigatoriamente chefiadas por Dele-
competente. gado de Polícia de Carreira.
Art. 270. A decisão de julgar procedente a revisão § 1º. O servidor policial civil poderá ser designado para
poderá alterar a classificação da infração, absolver o punido, qualquer município, observada, sempre que possível, a
modificar a pena ou anular o processo, restabelecendo os correspondência da classe funcional com a classificação da
direitos atingidos pela decisão reformada. unidade policial.
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de § 2º. Na existência de servidor policial civil, é vedado
12/05/2003) o preenchimento de funções policiais por pessoal estranho
ao Quadro de Pessoal da Polícia Civil.
CAPÍTULO XIII  Art. 276. Toda atividade vinculada à função policial ou
DA PRESCRIÇÃO dela decorrente, inclusive os cursos ministrados pela Escola
de Polícia Civil, serão avaliados pelo Conselho da Polícia
Art. 271. Prescreverá: Civil.
I - em dois anos, a transgressão punível com a pena de § 1º. Os cursos de formação e de aperfeiçoamento
advertência, repreensão ou suspensão; e ministrados pela Escola da Polícia Civil, são de caráter obri-
II - em cinco anos, a transgressão punível com a gatório e complementares ao exercício e progressão fun-
cassação de aposentadoria, disponibilidade e de demissão. cionais.
Art. 272. O prazo de prescrição contar-se-á do dia em § 2º. A autoridade policial ou Chefe de unidade que
que a transgressão se consumou. omitir ou declarar falsamente sobre a conduta do aluno
§ 1º. Nos casos de transgressões permanentes ou estagiário, será responsabilizada funcionalmente, sem pre-
continuadas, o prazo de prescrição contar-se á do dia em juízo de medidas penais.
que cessou a permanência ou continuação. Art. 277.  O servidor policial civil notificado de sua
§ 2º. Quando ocorrerem circunstâncias que impeçam matrícula «ex offício” em determinado curso, terá de com-
o imediato conhecimento de existência de transgressão, o parecer à Escola de Polícia Civil na data prevista para a
tempo inicial da prescrição será o dia em que a autoridade apresentação, vedada a concessão de férias ou licença, a
competente dela tomar conhecimento. não ser por motivo de saúde, no período respectivo.
§ 3º. A transgressão também prevista como crime, Art. 278. Durante os cursos, os servidores policiais
prescreverá nos mesmos prazos estipulados pela lei penal. civis neles matriculados, poderão ser designados para
§ 4º. A citação do sindicado ou acusado interrompe o unidades policiais que tornem possível a sua frequência às
curso do prazo prescricional. aulas, exceto nos casos de matrícula em cursos intensivos,
quando o servidor policial civil passará à disposição da
TÍTULO VIII  Escola de Polícia Civil.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 279. Nenhum servidor policial civil poderá
desempenhar atribuições diversas das pertinentes à
Art. 273. Os funcionários não pertencentes às carreiras classe a que pertence, salvo quando se tratar de cargo em
policiais, quando em exercício em qualquer das unidades comissão, de serviço relevante ou de segurança, a critério
enumeradas no artigo 5º., ficarão, igualmente, sujeitos ao do Conselho Policial Civil, respeitado ainda o contido nesta
regime disciplinar estabelecido nesta lei. lei.

39
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

Art. 280. Será instituída a Medalha Tiradentes, conferida Parágrafo único. Quando for impossível a promoção
a policiais nacionais ou estrangeiros que houverem do servidor policial civil, por ser ocupante de cargo final de
prestado serviços notáveis à organização policial ou que carreira, ser-lhe-á atribuído o benefício correspondente à
se hajam distinguido no exercício da profissão e a Medalha porcentagem fixada entre a penúltima e a última classe da
de Serviços Relevantes à Polícia Civil, destinada, também a carreira a que pertencer.
agraciar personalidades nacionais ou estrangeiras que, no Art. 289. Às carreiras de Perito Criminal, Químico Legal,
campo de suas atividades relacionadas com a segurança Toxicologista, Médico Legista e Identificador Datiloscópico,
pública, tiverem destacada atuação. poderão concorrer candidatos do sexo feminino, tomando
Parágrafo único. As características e a concessão das por base o percentual de 30% (trinta por cento) sobre o
Medalhas de que trata este artigo, serão regulamentadas total de cargos vagos na classe inicial da respectiva carreira,
por decreto governamental. a serem preenchidas através de concurso público.
Art. 281. O período máximo de permanência do (Redação dada pela Lei Complementar 19 de
Delegado de Polícia em uma unidade policial, mesmo 29/12/1983) (Revogado pela Lei Complementar 53 de
como titular, é de três anos, podendo, em casos excepcio- 02/01/1991)
nais, atendido o interesse do serviço, ser prorrogado por Art. 290. O quadro de pessoal da Polícia Civil é o
mais doze meses, ouvido o Conselho da Polícia Civil. constante do anexo I desta lei, com os cargos dos quadros
Parágrafo único. O Delegado de Polícia que tenha femininos incorporados aos quadros únicos, a cujas vagas
exercido a função de Delegado Adjunto em uma unidade
oferecidas poderão concorrer candidatos de ambos os
policial, no período previsto neste artigo, poderá nela
sexos, desde que preencham os requisitos exigidos, não
permanecer ou retornar, como Titular, por mais 2 (dois)
havendo distinção também nas promoções.
anos improrrogáveis, havendo manifestação favorável do
(Redação dada pela Lei Complementar 53 de
Conselho de Polícia Civil.
02/01/1991) (vide Lei 9015 de 13/06/1989)
(Redação dada pela Lei Complementar 54 de
Art. 291. O vencimento dos ocupantes de cargos das
08/01/1991)
séries de classes das carreiras policiais civis, reajustável
Art. 282. O Conselho da Polícia Civil fará publicar no
sempre que forem alterados os vencimentos do
mês de janeiro de cada ano, o «Almanaque Policial Civil»,
que conterá o tempo de serviço, elogios e punições de funcionalismo público em geral, nos mesmos percentuais
cada integrante do efetivo policial civil. e época de vigência, será calculado de acordo com os índi-
Art. 283.  Os termos e demais atos firmados pelos ces percentuais estabelecidos na Tabela de Escalonamen-
Delegados de Polícia, Peritos Oficiais e Escrivães de Polícia, to Vertical, contida no Anexo II desta Lei, tomando-se por
em razão do cargo, tem fé pública. base o vencimento mensal percebido pelo Delegado de
Art. 284. As autoridades policiais, seus agentes e Polícia de 1ª Classe, fixado da seguinte forma:
auxiliares ficam obrigados a residir no município-sede da (Redação dada pela Lei Complementar 35 de
unidade policial em que prestam serviço ou onde lhes 24/12/1986)
tenha sido permitido, não podendo afastar-se sem prévia I - em Cz$ 8.200,54 (oito mil, duzentos cruzados e
autorização superior, salvo para atos e diligências de seus cinquenta e quatro centavos), para os que se sujeitarem ao
encargos. regime de tempo integral e dedicação exclusiva, com um
Art. 285. É incorporável aos proventos de aposentadoria mínimo de 40 (quarenta) horas semanais de trabalho;
do servidor policial civil a gratificação prevista no inciso II, (Incluído pela Lei Complementar 35 de 24/12/1986)
do art. 84, combinado com o art. 86 e parágrafos, desta Lei, II - em Cz$ 4.316,02 (quatro mil, trezentos e dezesseis
desde que a esteja percebendo ao formular o pedido de cruzados e dois centavos), para os demais, observando-se
inativação. um mínimo de 20 (vinte) horas semanais de trabalho.
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de (Incluído pela Lei Complementar 35 de
29/12/1983) 24/12/1986) (Revogado pela Lei Complementar 46 de
Art. 286. Os funcionários estranhos ao Quadro de 20/12/1989)
Pessoal da Polícia Civil, a disposição de unidades policiais, Art. 292. Os funcionários, ou servidores policiais civis,
serão obrigatoriamente recolhidos à repartição de origem, que em 1º. de dezembro de 1980 estavam lotados ou à
se sofrerem punições apuradas em procedimentos disposição da Central de Apoio ou em outras Unidades Po-
administrativos, disciplinares ou criminais. liciais Civis, não abrangidos pelo disposto no art. 13 da Lei
Art. 287. É vedado ao servidor policial civil, trabalhar nº. 7.424, de 18 de dezembro de 1980, poderão participar
sob as ordens do cônjuge ou parente até o segundo grau, de processo seletivo interno para ingresso nos cargos pre-
salvo quando não houver na localidade outra unidade vistos pelo Anexo III, desta Lei, observado o seguinte:
policial. (vide Lei Complementar 69 de 14/07/1993)
Art. 288. O servidor policial civil invalidado ou morto, I - que estejam exercendo comprovadamente as
em consequência de lesões, acidentes ou moléstias atribuições dos cargos constantes do Anexo III, por mais de
contraídas no exercício da função policial, será promovido à dois anos, na data desta lei; e
classe imediatamente superior, independente da existência II - que sejam aprovados em curso específico realizado
de vaga, que motivará o reajuste da pensão especial pela Escola de Polícia Civil.
prevista no art. 184, desta lei.

40
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

Parágrafo único. Concluído o processo seletivo, Art. 301. Fica criado no Departamento da Polícia Civil,
o Conselho da Polícia Civil procederá a sua avaliação e um cargo de provimento em Comissão, símbolo 1-C, de
posterior encaminhamento ao Secretário de Estado da Diretor da Escola de Polícia Civil.
Segurança Pública, para homologação. Art. 302. A data de 21 de abril, dedicada a Tiradentes,
Art. 293. As carreiras de Radiotécnico e de Radioco- Proto-Mártir da Independência do Brasil, Patrono da Polícia
municador, passarão a denominar-se Técnico em Teleco- Civil, será assinalada com solenidades que proporcionem a
municações Policiais e Operador em Telecomunicações confraternização do funcionalismo da Secretaria de Estado
Policiais, respectivamente. da Segurança Pública, sempre que possível, através de en-
Art. 294. A carreira de Investigador Criminal fica extinta, tidades de classe.
passando seus ocupantes à classe inicial de Detetive. Art. 303. O Quadro de Pessoal da Polícia Civil poderá
Art. 295. O cargo de provimento em comissão de conter uma Parte Suplementar, com o objetivo de regu-
delegado geral da Polícia Civil, símbolo DAS-1, será exercido lamentar a situação dos servidores policiais civis que, por
por delegado de polícia, preferencialmente da classe mais motivo de aplicação de disposições estatutárias, devam
elevada da carreira. ser deslocados de sua carreira.
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de (Revogado pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
25/07/2001) Parágrafo único. A medida de que trata este artigo,
§ 1º. Os titulares dos cargos de Delegado-Geral poderá ser adotada por meio de lei ordinária de iniciativa 
Adjunto, Corregedor-Geral, Corregedor de Assuntos do Poder Executivo.
Internos, Corregedor de Área, Assessor Civil da Secretaria (Revogado pela Lei Complementar 19 de 29/12/1983)
de Estado da Segurança Pública, Diretor de Escola Superior Art. 304. O Poder Executivo expedirá, em cento e
de Polícia Civil e Diretor do Instituto de Identificação serão oitenta dias, os atos complementares à plena execução
escolhidos dentre os integrantes da carreira de delegado das disposições do presente Estatuto.
de polícia, preferencialmente da classe mais elevada. Art. 305. Esta Lei Complementar denominar-se-á
(Redação dada pela Lei Complementar 98 de «ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL DO PARANÁ».
12/05/2003) Art. 306. ...vetado...
§ 2º. Os titulares do Instituto Médico Legal e do Instituto
Art. 307. Esta Lei entrará em vigor na data de sua
de Criminalística serão escolhidos dentre os ocupantes das
publicação, revogadas a Lei Complementar nº. 3, de 14 de
classes mais elevadas das carreiras de Médico Legista e
maio de 1974, e demais disposições em contrário.
Perito Criminal, respectivamente.
PALÁCIO DO GOVERNO EM CURITIBA, em 26 de maio
§ 3º. Os titulares das assessorias técnicas serão
de 1982.
escolhidos, dentre ocupantes das carreiras policiais de nível
 
universitário.
QUESTÕES
(Redação dada pela Lei Complementar 89 de
25/07/2001)
01) Conforme o Estatuto da Polícia Civil do Paraná,
Art. 296. Os vencimentos, vantagens e anexos previstos
nesta Lei, são alteráveis por Lei ordinária. poderá ser aplicada a pena de demissão, ocorrendo con-
(Redação dada pela Lei Complementar 29 de tumácia na prática de transgressões disciplinares de qual-
04/04/1986) quer natureza, desde que o servidor policial civil tenha
Art. 297. São entidades representativas das carreiras sido punido com pena de suspensão, por mais de duas
policiais, aquelas que tenham sido declaradas de utilidade vezes, no período de:
pública pelo Poder Executivo Estadual, não podendo A seis meses.
manter nomenclatura que contenha nome da instituição: B dois anos.
«Polícia Civil». C três anos.
Art. 298. Nas ações policiais cabe ao superior a res- D quatro anos.
ponsabilidade integral das decisões que tomar ou de atos E cinco anos.
que praticar, inclusive de missões e ordens por ele expres-
samente determinadas. Resposta: E
Parágrafo único. No cumprimento da ordem
emanada de autoridade superior, o agente executante não 02) Assinale a alternativa que apresenta, corretamen-
fica exonerado da responsabilidade pelos excessos que te, transgressão disciplinar do policial civil, penalizada com
cometer. demissão, em conformidade com o Estatuto da Polícia Civil
Art. 299. Os cargos de Comissário de Polícia, do Paraná.
integrantes da respectiva classe única, serão extintos na A Atribuir-se a qualidade de representante de qual-
medida em que vagarem. quer repartição da Secretaria de Segurança Pública ou de
Art. 300. O Instituto de Polícia Técnica passa a seus dirigentes, sem estar expressamente autorizado.
denominar-se Instituto de Criminalística. B Deixar de comunicar, imediatamente, à autoridade
(Redação dada pela Lei Complementar 19 de competente faltas ou irregularidades que haja presenciado
29/12/1983) ou de que tenha tido ciência.

41
NOÇÕES DO ESTATUTO DA POLÍCIA CIVIL

C Dirigir-se, referir-se, portar-se ou apresentar-se pe-


rante seus superiores de modo desrespeitoso ou sem a ob- ANOTAÇÕES
servância do princípio hierárquico.
D Indispor funcionários contra seus superiores hierár-
quicos ou provocar velada ou ostensiva animosidade entre __________________________________________________
os servidores policiais civis.
E Retirar, sem prévia autorização da autoridade com- ___________________________________________________
petente, qualquer documento oficial ou bem patrimonial.
___________________________________________________
Resposta: E
___________________________________________________
03) 1) Sobre o regime imposto aos integrantes das car-
reiras policiais civis, considere as afirmativas a seguir: ___________________________________________________
I. O servidor policial civil poderá ser designado para
qualquer município, observada, sempre que possível, a ___________________________________________________
correspondência da classe funcional com a classificação da ___________________________________________________
unidade policial.
II. Ressalvado quando se tratar de cargo em comissão, ___________________________________________________
de serviço relevante ou de segurança, a critério do Conse-
lho da Policial Civil, e mediante observação da legislação, ___________________________________________________
nenhum servidor policial civil pode desempenhar atribui-
ções diversas das pertinentes à classe a que pertence. ___________________________________________________
III. As autoridades policiais, seus agentes e auxiliares ___________________________________________________
ficam obrigados a residir na microrregião do Estado, sede
da unidade policial em que prestam serviço ou onde lhes ___________________________________________________
tenha sido permitido residir.
IV. É vedado ao servidor policial civil trabalhar sob as ___________________________________________________
ordens do cônjuge ou de parente até segundo grau, mes-
___________________________________________________
mo quando não houver na localidade outra unidade poli-
cial ___________________________________________________
Assinale a alternativa correta.
A) Somente as afirmativas I e IV são corretas. ___________________________________________________
B) Somente as afirmativas II e III são corretas.
C) Somente as afirmativas III e IV são corretas. ___________________________________________________
D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. ___________________________________________________
E) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
___________________________________________________
Resposta: D
___________________________________________________

ANOTAÇÕES ___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________ ___________________________________________________

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42
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (C) Um levantamento mostrou que os adolescentes


americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des-
1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/ sa fonte.
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al- (D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes
ternativa correta quanto à concordância, de acordo americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias
com a norma-padrão da língua portuguesa. diárias dessa fonte.
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
social está no centro dos debates atuais. americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re- diárias, (X) dessa fonte.
lação aos efeitos da desigualdade social.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos RESPOSTA: “C”.
mais pobres é um fenômeno crescente.
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito 3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO –
criticado por alguns teóricos. FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de
(E) Os debates relacionado à distribuição de rique- concordância verbal na frase:
zas não são de exclusividade dos economistas. a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível
nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a
Realizei a correção nos itens: visibilidade social.
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so- b) As duas tábuas em que se comprimem o famige-
cial está = estão rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos,
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver- como “compro ouro”.
gem c) Não se compara aos vexames dos homens-placa
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos a exposição pública a que se submetem os guardadores
mais pobres é um fenômeno crescente. de carros.
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti- d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na
cado = criticada propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de-
(E) Os debates relacionado = relacionados monstração de mau gosto.
e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados
RESPOSTA: “C”. em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve-
lhos carros-placa.
2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se-
guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase
Fiz as correções entre parênteses:
– Um levantamento mostrou que os adolescentes ame-
a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu-
ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa
gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri-
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em:
mida a visibilidade social.
(A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes
b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime)
americanos consomem em média 357 calorias, diárias
o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô-
dessa fonte.
nicos, como “compro ouro”.
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a
americanos consomem, em média 357 calorias diárias
dessa fonte. exposição pública a que se submetem os guardadores de
(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes carros.
americanos consomem, em média, 357 calorias diárias d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros-
dessa fonte. -placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes demonstração de mau gosto.
americanos, consomem em média 357 calorias diárias e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in-
dessa fonte. teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da-
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes queles velhos carros-placa.
americanos, consomem em média 357 calorias diárias,
dessa fonte. RESPOSTA: “C”.

Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada 4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
ou faltante: Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes a mesma regra que distribuídos.
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X) (A) sócio
diárias dessa fonte. (B) sofrê-lo
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes (C) lúcidos
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias (D) constituí
dessa fonte. (E) órfãos

43
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

Distribuímos = regra do hiato (...) O uso do pronome de tratamento Vossa


(A) sócio = paroxítona terminada em ditongo Senhoria (abreviado V. Sa.) para vereadores
(B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome está correto, sim. Numa Câmara de Vereado-
oblíquo. Nunca!) res só se usa Vossa Excelência para o seu presi-
(C) lúcidos = proparoxítona dente, de acordo com o Manual de Redação da
(D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui” Presidência da República (1991).
– oxítona: cons-ti-tui) (Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-
(E) órfãos = paroxítona terminada em “ão” -tropece-detail.php?id=393)

RESPOSTA: “D”. RESPOSTA: “E”.

5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012) 7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
A concordância verbal está plenamente observada na ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
frase: ciedade como tais.
(A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo
materialistas, o posicionamento de alguns religiosos passará a ser, corretamente,
e parlamentares acerca da educação religiosa nas es- (A) perceba.
colas públicas. (B) foi percebido.
(B) Sempre deverão haver bons motivos, junto (C) tenham percebido.
àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino (D) devam perceber.
religioso, para se reservar essa prática a setores da ini- (E) estava percebendo.
ciativa privada.
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
texto, contra os que votam a favor do ensino religioso ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te-
na escola pública, consistem nos altos custos econô- remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e
micos que acarretarão tal medida. princípios...
(D) O número de templos em atividade na cidade
de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em RESPOSTA: “A”
proporção maior do que ocorrem com o número de
escolas públicas.
8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
concordância verbal e nominal está inteiramente corre-
como a regulação natural do mercado sinalizam para
ta na frase:
as inconveniências que adviriam da adoção do ensino
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e
religioso nas escolas públicas.
valores que determinam as escolhas dos governantes,
para conferir legitimidade a suas decisões.
(A) Provocam = provoca (o posicionamento)
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes
(B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá ha-
ver devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto, cípios que regem a prática política.
contra os que votam a favor do ensino religioso na escola (C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda-
pública, consistem = consiste. deiro regime democrático, em que se respeita tanto as
(D) O número de templos em atividade na cidade de liberdades individuais quanto as coletivas.
São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor- (D) As instituições fundamentais de um regime de-
ção maior do que ocorrem = ocorre mocrático não pode estar subordinado às ordens indis-
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como criminadas de um único poder central.
a regulação natural do mercado sinalizam para as incon- (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
veniências que adviriam da adoção do ensino religioso para o momento eleitoral, que expõem as diferentes
nas escolas públicas. opiniões existentes na sociedade.

RESPOSTA: “E”. Fiz os acertos entre parênteses:


6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú- que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para rir legitimidade a suas decisões.
(A) embaixadores. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de-
(B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais. vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
(C) prefeitos municipais. valores e princípios que regem a prática política.
(D) presidentes das Câmaras de Vereadores. (C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
(E) vereadores. dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.

44
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

(D) As instituições fundamentais de um regime demo- b) Será preciso, talvez redefinir a infância: já que
crático não pode (podem) estar subordinado (subordina- as crianças, de hoje, ao que tudo indica nada têm a ver,
das) às ordens indiscriminadas de um único poder central. com as de ontem.
(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol- c) Será preciso, talvez: redefinir a infância, já que
tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex- as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver
põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade. com as de ontem.
d) Será preciso, talvez redefinir a infância? - já que
RESPOSTA: “A”. as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver
com as de ontem.
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) e) Será preciso, talvez, redefinir a infância, já que
A frase que admite transposição para a voz passiva é: as crianças de hoje, ao que tudo indica, nada têm a ver
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa- com as de ontem.
grado.
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma Devido à igualdade textual entre os itens, a apresenta-
grande diversidade de fenômenos. ção da alternativa correta indica quais são as inadequações
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so- nas demais.
ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni-
ficação. RESPOSTA: “E”.
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto
da vida (...). 12-) (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE –
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu- ALUNO SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012)
dido e da falsa consciência. No trecho: “O crescimento econômico, se associado à
ampliação do emprego, PODE melhorar o quadro aqui
sumariamente descrito.”, se passarmos o verbo desta-
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra-
cado para o futuro do pretérito do indicativo, teremos
do.
a forma:
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
A) puder.
grande diversidade de fenômenos.
B) poderia.
- Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e
C) pôde.
explicada pelo conceito...
D) poderá.
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda- E) pudesse.
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do
vida (...). Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode-
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é
e da falsa consciência. crescimento econômico (singular), portanto, terceira pes-
soa do singular (ele) = poderia.
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “B”.
10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA- 13-) (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011)
TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias, Entre as frases que seguem, a única correta é:
vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista a) Ele se esqueceu de que?
ambiental Geraldo Motta. b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para dis-
Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli- tribui-lo entre os presentes.
nhados devem sofrer as seguintes alterações: c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas
(A) entrar − vira críticas.
(B) entrava − tinha visto d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindica-
(C) entrasse − veria ções dos funcionários.
(D) entraria − veria e) Não sei por que ele mereceria minha conside-
(E) entrava − teria visto ração.

Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve- (A) Ele se esqueceu de que? = quê?
ria = entrasse / veria. (B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para
distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
RESPOSTA: “C”. (C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos ex-
cessivos nas críticas.
11-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) (D) O juíz ( juiz) nunca (se) negou a atender às reivindi-
A pontuação está inteiramente adequada na frase: cações dos funcionários.
a) Será preciso, talvez, redefinir a infância já que as (E) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
crianças de hoje, ao que tudo indica nada mais têm a
ver com as de ontem. RESPOSTA: “E”.

45
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

14-) (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINIS- 16-) (UNESP/SP - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINIS-
TRATIVO - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as fra- TRATIVO - VUNESP/2012) A correlação entre as formas
ses do texto: verbais está correta em:
I, Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota ne- (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o
gativa... planeta não resistiu.
II,... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior clas- (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
sificação do continente americano (2,0)... poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um co-
Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases lapso.
I e II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebi-
dos exemplos, em: da, o do jogo, o do sexo e o do consumo não conheces-
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o se distorções patológicas, não haverá vícios.
próximo ano. Será que alguém tem opinião diferente (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tor-
da maioria? nado tão eficientes, talvez as coisas não ficaram tão
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas ju- baratas.
ninas. Vêm pessoas de muito longe para brincar de qua- (E) Se as pessoas não se propuserem a consumir
drilha. conscientemente, a oferta de produtos supérfluos cres-
(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. cia.
Quase todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, Fiz as correções necessárias:
mas também existem umas que não merecem nossa (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane-
atenção. ta não resistiu = resistirá
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam. (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.
Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
aos itens: o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis-
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém torções patológicas, não haverá = haveria
tem (singular) (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quise- teriam ficado)
ram (plural) (E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia =
umas (plural) crescerá
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas
as formas estão no plural) RESPOSTA: “B”.

RESPOSTA: “A”. 17-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ-


15-) (CETESB/SP - ANALISTA ADMINISTRATIVO - RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa que preen-
RECURSOS HUMANOS - VUNESP/2013 - ADAPTADA) che adequadamente e de acordo com a norma culta a
Considere as orações: … sabíamos respeitar os mais lacuna da frase: Quando um candidato trêmulo ______ eu
velhos! / E quando eles falavam nós calávamos a boca! lhe faria a pergunta mais deliciosa de todas.
Alterando apenas o tempo dos verbos destacados (A) entrasse
para o tempo presente, sem qualquer outro ajuste, (B) entraria
tem-se, de acordo com a norma-padrão da língua por- (C) entrava
tuguesa: (D) entrar
(A) … soubemos respeitar os mais velhos! / E quan- (E) entrou
do eles falaram nós calamos a boca!
(B) … saberíamos respeitar os mais velhos! / E quan- O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, in-
do eles falassem nós calaríamos a boca! dica que é uma ação que, para acontecer, depende de ou-
(C) … soubéssemos respeitar os mais velhos! / E tra. Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria / Se
quando eles falassem nós calaríamos a boca! ele entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço...
(D) … saberemos respeitar os mais velhos! / E quan-
do eles falarem nós calaremos a boca! RESPOSTA: “A”.
(E) … sabemos respeitar os mais velhos! / E quando
eles falam nós calamos a boca!

No presente: nós sabemos / eles falam.

RESPOSTA: “E”.

46
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Infração penal: elementos, espécies................................................................................................................................................................. 01


Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal......................................................................................................................................... 05
Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade......................................................................................................................................... 05
Erro de tipo e erro de proibição......................................................................................................................................................................... 07
Imputabilidade penal.............................................................................................................................................................................................. 08
Concurso de pessoas.............................................................................................................................................................................................. 09
Crimes contra a pessoa.......................................................................................................................................................................................... 10
Crimes contra o patrimônio................................................................................................................................................................................. 18
Crimes contra a administração pública............................................................................................................................................................ 28
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

preterdolosos. Há dolo na ação e culpa na consequência.


INFRAÇÃO PENAL: ELEMENTOS, ESPÉCIES. Deve haver uma expressa previsão legal do resultado
culposo mais grave. Se não houver, punir-se-á apenas o
crime doloso ou, se houver crime culposo após, haverá
concurso formal, se este estiver previsto em Lei.
O ato ilícito penal é tipificado pelo Direito Penal, ou seja, Todos os crimes preterdolosos são qualificados
só pratica o ato ilícito penal gerador da responsabilidade pelo resultado, porém, nem todo crime qualificado pelo
penal o indivíduo que contraria o tipo penal específico. resultado é preterdoloso (visto que o resultado qualificador
Não podemos esquecer que tipo penal é a descrição legal pode ter sido desejado).
de uma conduta definida como crime. Quem diz que um São elementos do crime preterdoloso:
fato é crime e estabelece uma pena para a prática deste é i. Conduta dolosa visando determinado resultado
o legislador. (lesão corporal);
ii. Resultado culposo mais grave que o desejado
(seguida de morte);
No Brasil é adotada formalmente, a teoria bipartida do
iii. Nexo causal (artigo 129, § 3, CP);
crime.
iv. Previsão na norma das elementares do
Destarte, conforme dispõe a Lei de Introdução ao
consequente culposo.
Código Penal, crime é a infração penal a que a Lei comine Quando o resultado mais grave advém de caso fortuito
pena de reclusão ou detenção e multa, alternativa, ou força maior não se imputa a agravação ao agente. O
cumulativa ou isoladamente. Já contravenção é a infração a resultado mais grave tem que ser pelo menos culposo.
que a Lei comine pena de prisão simples e multa, alternativa, c) Crime culposo: é o crime ao qual o agente deu
cumulativa ou isoladamente. causa por imprudência, negligência ou imperícia, não
Entretanto, tal conceito é extremamente precário, havendo em si qualquer desejo de praticar o resultado
cabendo à doutrina seu desenvolvimento. juridicamente reprovável. O crime culposo só é possível
O crime possui três conceitos principais, material, em tipos penais que expressamente o prevejam, como
formal e analítico. no homicídio. Quase de forma absoluta, não se admite a
a) Conceito material: crime seria toda a ação ou tentativa nos crimes culposos.
omissão humana que lesa ou expõe a perigo de lesão bens d) Crime de ímpeto: é o praticado sem premeditação.
jurídicos protegidos pelo Direito Penal, ou penalmente A vontade delituosa é repentina, sem preceder deliberação,
tutelados. como ocorre com o homicídio praticado sob domínio de
b) Conceito formal ou jurídico: é aquilo que a violenta emoção.
Lei chama de crime. Está definido no art. 1º da Lei de
Introdução do Código Penal. Crime é toda infração a que a Crime Comissivo, Omissivo Próprio ou Comissivo por
Lei comina pena de reclusão ou detenção e multa, isolada, Omissão
cumulativa ou alternativamente. De acordo com este a) Crime comissivo: crime comissivo é aquele em que
conceito, a diferença seria apenas quantitativa, relativa à o agente realiza uma ação positiva visando a um resultado
quantidade da pena; ilícito. Crime comissivo não se confunde, por evidente, com
c) Conceito analítico: aqui se analisa todos os crime material, já que pode não haver qualquer resultado
elementos que integram o crime. Crime é todo fato típico, naturalístico. Por exemplo, é comissivo o crime de injúria,
antijurídico (é melhor utilizar o termo ilícito, apesar de não mas não é material. O importante é uma conduta da pessoa
fazer tanta diferença, já que fica mais fácil manejar o CP livre e consciente que lhe retire do estado de inércia.
b) Crime omissivo próprio ou puro: são crimes em
e as leis especiais quando há excludentes de ilicitude) e
que a própria omissão já é prevista no tipo penal, sendo
culpável (alguns autores não consideram a culpabilidade
ela uma elementar, a única forma de se realizar a conduta
como elemento do crime, e sim como pressuposto da
criminosa. Nesses crimes omissivos basta a abstenção,
pena). Apesar de ser indivisível, o crime é estudado de é suficiente a desobediência ao dever de agir para que
acordo com essas três características para facilitar sua o delito se consume. O resultado que eventualmente
compreensão. Elas serão analisadas mais adiante, após surgir dessa omissão será irrelevante para a consumação
vermos as classificações de crime existentes. do crime, podendo apenas configurar uma majorante
ou qualificadora. O agente desobedece a uma norma
Classificação das Infrações Penais mandamental, norma esta que determina a prática de uma
conduta subentendida no tipo, que não é realizada.
Crime Doloso, Culposo ou Preterdoloso (ou c) Crime comissivo por omissão, omissivo impróprio
Preterintencional) e de Ímpeto ou impuro: são os crimes em que o agente produz o
a) Crime doloso: é o crime em que o agente quis ou resultado pela própria omissão, após ter assumido o dever
assumiu o risco de produzir o resultado. A regra geral é que de evitá-lo ou outras das causas previstas no CP. É previsto
todo crime seja doloso. no § 2º do artigo 13 do Código Penal, segundo o qual “a
b) Crime preterdoloso: é o crime em que o resultado omissão é penalmente relevante quando o agente devia e
delitivo é mais grave do que o querido pelo agente. Ele podia agir para evitar o resultado. Poderão ser tanto dolosos
praticou uma conduta dolosa, entretanto o resultado quanto culposos, admitem tentativa etc. São pressupostos
final é culposo. Não se admite tentativa em crimes do crime omissivo impróprio:

1
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Poder agir: o agente precisa ter a possibilidade física de ii. Crimes de perigo concreto: e os crimes de perigo
agir. concreto? Neles o legislador faz referência no tipo ao
Evitabilidade do resultado: a conduta omitida pelo perigo. Normalmente a forma de redigir um tipo de perigo
agente deve ser causa do resultado. Caso, mesmo com a concreto é assim: “expor a perigo iminente”.
conduta, o resultado tivesse se verificado, não haveria que O perigo então é elementar do tipo e, por isso, tem que
se falar em evitabilidade. ser provado. Nesses crimes será possível que a conduta se
Dever de impedir o resultado: aqui surge a figura realize e o perigo não seja causado.
do garantidor: além de poder agir e da evitabilidade do iii. Crimes de perigo abstrato-concreto crimes de
resultado, é necessário que o agente tenha o dever de agir inidoneidade crimes de perigo idôneo crimes de perigo
que surgirá nos seguintes casos: hipotético: são aqueles em que a conduta analisada ex
a. Ter, por Lei, obrigação de cuidado, proteção ou ante pelo legislador é considerada perigosa ao bem
jurídico segundo um juízo de probabilidade do dano. Não
vigilância, como no caso do dever do policial, do dever de
exige demonstração de risco ao bem. Também não coloca
mútua assistência entre os cônjuges.
como elementar no tipo incriminador. Não coloca no tipo
b. Quando o agente, de outra forma, assumir incriminador a exigência de perigo. Não se diferencia
a responsabilidade de impedir o resultado de forma muito cabalmente dos crimes de perigo abstrato. Nos dois
voluntária. há ponto comum: periculosidade geral.
c. Quando o agente cria, com seu comportamento
anterior, o risco da ocorrência do resultado, ou agrava um Crimes de Perigo Abstrato: Aprofundamentos
risco já existente, e não o evita. Apesar da existência de ampla controvérsia doutrinária,
os crimes de perigo abstrato podem ser identificados como
Crime Instantâneo, Permanente, Instantâneo de Efeitos aqueles em que não se exige nem a efetiva lesão ao bem
Permanentes, Eventualmente Permanente e de Fusão jurídico protegido pela norma nem a configuração do
a) Crime instantâneo: é o crime que se consuma num perigo em concreto a esse bem jurídico.
momento único e determinado do tempo, sem se protrair. Nessa espécie de delito, o legislador penal não toma
V.g, invasão de domicílio, injúria etc. como pressuposto da criminalização a lesão ou o perigo
b) Crime permanente: são os crimes que se perpetuam, de lesão concreta a determinado bem jurídico. Baseado em
protraem durante o tempo, mesmo que seja curto, como dados empíricos, o legislador seleciona grupos ou classes
no caso do sequestro, estelionato previdenciário praticado de ações que geralmente levam consigo o indesejado
pelo próprio segurado etc. Admitem flagrante enquanto perigo ao bem jurídico.
Assim, os tipos de perigo abstrato descrevem ações que,
não interrompida a consumação.
segundo a experiência, produzem efetiva lesão ou perigo
c) Crime instantâneo de efeitos permanentes: é
de lesão a um bem jurídico digno de proteção penal, ainda
aquele crime que se consuma num momento determinado, que concretamente essa lesão ou esse perigo de lesão
mas seus efeitos perduram no tempo . não venham a ocorrer. O legislador, dessa forma, formula
d) Crime eventualmente permanente: é o delito uma presunção absoluta a respeito da periculosidade de
instantâneo que, em caráter excepcional, pode realizar-se determinada conduta em relação ao bem jurídico que
de modo a lesionar o bem jurídico de maneira permanente. pretende proteger. O perigo, nesse sentido, não é concreto,
e) Crime de fusão: é o crime que pressupõe a prática mas apenas abstrato. Não é necessário, portanto, que, no
de outro, como nos casos dos crimes de lavagem de caso concreto, a lesão ou o perigo de lesão venham a se
dinheiro e de receptação. efetivar. O delito estará consumado com a mera conduta
descrita no tipo.
Crime de Dano e de Perigo
a) Crime de dano: crime em que é necessário haver A atividade legislativa de produção de tipos de perigo
uma efetiva lesão ao bem jurídico (lesão perceptível no abstrato, por isso, deve ser objeto de rígida fiscalização
mundo fático) para se caracterizar, como no caso do furto. a respeito da sua constitucionalidade; especificamente,
b) Crime de perigo: crime em que a simples ameaça sobre sua adequação ao princípio da proporcionalidade. A
ao bem jurídico já é abominada, justificando, assim, sua criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si
penalização. só, comportamento inconstitucional por parte do legislador
penal. A tipificação de condutas que geram perigo em
Subdivide-se em crime de perigo concreto, crime de
abstrato, muitas vezes, acaba sendo a melhor alternativa,
perigo abstrato e crime de perigo concreto-abstrato.
ou a medida mais eficaz, para proteção de bens jurídico-
i. Crimes de perigo abstrato: Nos crimes de perigo penais supraindividuais ou de caráter coletivo, como o
abstrato, como o perigo não é elemento do tipo, não se meio ambiente, por exemplo. A antecipação da proteção
precisa provar. Só se tem de provar o que é elementar do penal em relação à efetiva lesão torna mais eficaz, em
crime e o perigo não é elementar do crime porque ele não muitos casos, a proteção do bem jurídico. Portanto, pode
é requerido no tipo pelo legislador. Consequência: basta o legislador, dentro de suas amplas margens de avaliação
praticar a ação e se presume que ela é sempre perigosa. e de decisão, definir quais as medidas mais adequadas e
Haveria então uma presunção iure et de iure de perigo pela necessárias para a efetiva proteção de determinado bem
simples realização da conduta tipificada na norma. É o caso jurídico, o que lhe permite escolher espécies de tipificação
de dirigir embriagado em via pública. próprias de um direito penal preventivo.

2
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Crime Material, Formal e de Mera Conduta ou de característica especial do sujeito passivo. Essa classificação
Atividade também é chamada de crimes especiais próprios. Se for
a) Crime material: é o crime cujo tipo penal descreve exigida característica especial tanto do agente quanto da
uma conduta e um resultado, o qual necessariamente deve vítima, fala-se em crime duplamente próprio.
ser verificado, sob pena de se constituir em mera tentativa. c) Crime próprio impuro: o crime próprio impuro
Exemplo: homicídio. A conduta é matar; o resultado é a é aquele que, se desaparecer a qualidade particular do
morte. Caso a vítima não morra, não existe homicídio. agente (que é exigida para configuração do crime próprio),
b) Crime formal ou de consumação antecipada: é desaparece também o crime especial. Entretanto, ocorrerá
o crime em que, mesmo sendo possível um resultado a desclassificação da conduta para outro delito, que terá
naturalístico que lese o bem jurídico, o tipo penal adianta natureza diversa. Assim, a falta de uma elementar torna o
a punição aos atos de consumação. Exemplo: extorsão: a crime próprio puro absolutamente atípico, enquanto o crime
simples prática da constrição já faz o delito se consumar, próprio impuro, relativamente atípico. Essa classificação
independentemente da pessoa auferir ou não a vantagem também é chamada de crimes especiais impróprios .
indevida. d) Crime bipróprio: aquele que exige uma especial
c) Crime de mera conduta ou de atividade: nesses qualidade, tanto do sujeito ativo como do sujeito passivo
crimes, não só não há resultado naturalístico como é do delito.
impossível que este aconteça. O tipo penal descreve e) Crime de mão própria: é o crime em que o agente
a conduta proibida, quase sempre de perigo abstrato. deve praticar a execução diretamente, não se admitindo a
Exemplo clássico é o porte de arma sem autorização. O prática por interposta pessoa. V.g., bigamia, prática de atos
simples portar arma em nada modifica o mundo real. obscenos, falso testemunho.
d) Crimes de acumulação: fruto de uma controversa
Crime Unissubjetivo e Plurissubjetivo tendência de política criminal voltada à prevenção de
a) Crime unissubjetivo: é o crime que pode ser ilícitos. Neles, o legislador incrimina uma conduta que,
praticado por qualquer pessoa, sozinha, sem auxílio. Em individualmente considerada, não encerra um risco
regra, todo crime é unissubjetivo. jurídico ao bem tutelado, mas se vier a ser praticada por
b) Crime plurissubjetivo: é o crime para cuja um conjunto grande de indivíduos, efetivamente lesará tal
realização necessita-se de pelo menos duas pessoas, como bem.
a bigamia e a formação de quadrilha. Pode ser de condutas
convergentes, contrapostas ou paralelas. Crime Impossível e Putativo
a) Crime impossível, quase-crime, tentativa inidônea
Crime Unissubsistente, Plurissubsistente e Pluriofensivo ou tentativa inadequada: ocorre quando o agente se utiliza
a) Crime unissubsistente: é o crime cuja consumação de meio absolutamente ineficaz ou objeto absolutamente
ocorre mediante um único ato, não sendo admitido seu impróprio para consumar o crime. É o caso da tentativa
fracionamento, sendo impossível a tentativa. A conduta de homicídio dando-se um copo de água à vítima na
se esgota com a concretização do delito. V.g., injúria, expectativa de que ela venha a morrer (meio absolutamente
calúnia e difamação na forma verbal. Neles não há um ineficaz) ou quando se tenta furtar a honra da vítima (objeto
iter criminis perfeito, a pessoa não tem a possibilidade de absolutamente impróprio, honra não pode ser furtada).
arrependimento eficaz. A relativa ineficácia do meio e a relativa impropriedade
b) Crime plurissubsistente: é o crime para cuja do objeto não afastam a configuração do crime. O crime
consumação podem ser realizados mais de um ato, como impossível deve ser analisado após a realização do fato,
no homicídio. Entretanto, esse crime poderá ser realizado visto que algo aparentemente inofensivo pode ter o efeito
com apenas um ato. A diferença para o unissubsistente de efetivamente gerar o crime.
é que aquele somente poderá, necessariamente, ser
realizado apenas com um ato. Logo, em regra os crimes são Acerca do crime impossível há três teorias:
plurissubsistentes. Exatamente por isso, a conduta pode ser
fracionada, permitindo a tentativa. Teoria objetiva pura: não distingue entre absoluta ou
c) Crime pluriofensivo: é o que lesa ou expõe a perigo relativa impropriedade do objeto ou ineficácia do meio. A
de dano mais de um bem jurídico. teoria dispõe que, não importa saber, por exemplo, se a
arma não funcionou porque nunca funcionaria, ou a arma
Crime Comum, Próprio, Próprio Impuro, Bipróprio, de não funcionou naquele caso porque, por azar do autor,
Mão Própria e de Acumulação ela emperrou, uma vez que em ambos os casos se estaria
a) Crime comum: é o crime que pode ser praticado diante de um crime impossível.
por qualquer pessoa, independentemente de alguma
qualidade especial que ela tenha. Teoria objetiva temperada: prima pela distinção entre
b) Crime próprio: é o crime que somente pode ser absoluta ou relativa impropriedade do objeto ou ineficácia
praticado por uma pessoa que detenha determinada do meio. Essa teoria sustenta que só há perigo ao bem
característica, como no caso do peculato, em que o agente jurídico apto a fundamentar a punibilidade do crime
deve, necessariamente, ser servidor público. Também tentado quando o objeto ou o meio forem, em tese, aptos
se analisa a propriedade do crime com base numa à produção do resultado, ainda que circunstancialmente

3
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

não se consiga produzi-lo. Ou seja, em tese, no caso da d) Crime habitual: é aquele crime que exige
teoria objetiva temperada, só seria de se reconhecer o uma sequência de atos para se consumar, tem uma
crime impossível, por exemplo, após a arma utilizada para duração contínua, geralmente indefinida e casuística, no
um roubo ser periciada. Se chegar à conclusão de que a tempo. Crimes habituais não se confundem com crimes
arma que foi acionada não disparou e nunca dispararia por continuados. Caso a habitualidade cesse antes de findo
ser defeituosa, seria caso de crime impossível. Porém, se o resultado, os fatos praticados não serão considerados
essa arma, uma vez apreendida e submetida à perícia, for crimes, podendo, no máximo, haver punição por tentativa.
Ao contrário do que se defendo por aí, esses crimes
revelada como apta a produzir disparos, tendo o insucesso
admitem sim o flagrante, quando a prisão é feita após
do roubo decorrido unicamente de seu emperramento já se ter verificado o implemento da habitualidade e a
episódico, o meio será relativamente ineficaz, merecendo configuração criminosa. Exemplo o rufianismo.
o agente, pois, punição pela tentativa. Essa foi a opção -Habitual próprio: habitual próprio é aquele crime cuja
adotada pelo legislador brasileiro. tipicidade depende da reiteração de condutas. No habitual
próprio um único ato não é suficiente a dar tipicidade à
Teoria sintomática ou subjetiva: defende que o agente conduta, pois a tipicidade decorrerá do somatório dos atos
deve ser punido, mesmo em caso de crime impossível, típicos praticados.
porque demonstrou periculosidade, disposição para -Habitual impróprio ou acidentalmente habitual:
agredir um bem jurídico. Nesse caso, ele seria punido pela é aquele crime que, não obstante a regra seja sua
intenção, e não por algum fato. Não é adotada no Brasil. perpetuação no tempo para se configurar, permite que
b) Crime putativo (delito de alucinação): no crime um único ato seja suficiente para a consumação, em casos
putativo, o agente pratica uma conduta acreditando estar extremos, como ocorre no crime de gestão fraudulenta.
Não constituirá pluralidade de crimes a repetição de atos.
praticando um ilícito penal, quando, de fato, sua ação não
e) Habitualidade criminosa: a habitualidade
está tipificada. criminosa ocorre quando o agente faz do delito seu meio
O crime putativo pode ocorrer nas seguintes hipóteses: de vida, sem que ele queira necessariamente e tenha em
-Crime putativo por erro de proibição: o agente mente que um crime seja tido por continuação do outro,
acredita ofender uma lei penal que não existe realmente. caso contrário haveria continuidade delitiva. Inclusive,
A existência da lei incriminadora só existe na mente do o STJ reiteradamente tem decidido que a habitualidade
agente, recaindo o erro, portanto, sobre a ilicitude do fato. criminosa impede o reconhecimento do benefício da
-Crime putativo por erro de tipo: o crime imaginário continuidade delitiva, já que totalmente incompatível
se verifica quando o autor acredita ofender uma lei penal com o comportamento social do réu, que merece maior
incriminadora, mas os fatos revelam faltar uma elementar reprimenda. Nesse sentido:
do tipo. Ou seja, a lei penal existe, entretanto o fato não foi
típico. Aqui, há um erro sobre uma circunstância fática, e Crime de Espaço Mínimo, Crime de Espaço Máximo ou
não sobre uma questão jurídica. Plurilocal e Crime à Distância
a) Crime de espaço mínimo: aquele que é cometido
-Crime putativo por obra do agente provocador:
e consumado em um mesmo lugar.
denominado crime de ensaio, crime de experiência b) Crime de espaço máximo ou plurilocal: aqueles
ou flagrante provocado, ocorre quando uma pessoa cometidos em território de duas ou mais comarcas
induz o agente a cometer uma conduta criminosa ou seções judiciárias de um mesmo país. A comarca
e, simultaneamente, adota medidas para impedir a responsável pelo julgamento será, em regra, aquela onde
consumação. Aqui, incide a súmula 145 do STF: “Não há ocorreu o resultado (teoria prevalente no processo penal),
crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna salvo se o crime for de menor potencial ofensivo ou
impossível a sua consumação”. tentado, caso em que a competência é fixada pelo local da
conduta.
Crime Vago, Remetido, Exaurido, Habitual e c) Crime à distância: relacionado ao direito
Habitualidade Criminosa internacional, é aquele em que se pratica a conduta num
a) Crime vago, multivitimários ou de vítimas difusas: país e ocorre o resultado num outro.
crime praticado contra uma coletividade sem personalidade
Crimes de Tendência (Intenção Especial) e Crimes de
jurídica. Por exemplo, o crime de racismo.
Intenção
b) Crime remetido: ocorre quando a sua definição Crimes de tendência ou de intenção especial: neles, o
se remete a outros crimes, que passam a integrá-lo (v.g., tipo penal requer o ânimo de realizar a própria conduta
art. 304 - fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou legalmente prevista, sem necessidade de transcender tal
alterados a que se referem os arts. 297 a 302). conduta, como ocorre nos delitos de intenção. É aquele que
c) Crime exaurido : é aquele já consumado nos termos condiciona a sua existência à intenção do sujeito, devendo
da lei, embora possa ter desdobramentos posteriores que necessariamente ser analisado um aspecto subjetivo. Em
não influenciam no fato típico. Nele, o agente, mesmo outras palavras, não se exige que o autor do crime deseje
após ter consumado o delito, o leva a consequências mais um resultado ulterior ao previsto no tipo penal, mas,
lesivas. Ocorre o exaurimento, v.g., na extorsão, quando o apenas, que confira à ação típica um sentido subjetivo não
agente obtém a vantagem indevida, o que é um indiferente previsto expressamente no tipo, mas dedutível da natureza
penal (exceto para a reparação do dano). do delito.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Crime Acessório ou Parasitário O princípio da lesividade diz que, para haver uma
É o crime que pressupõe, para a consumação, a prática infração penal, a lesão deve ocorrer a um bem jurídico de
de outro, como a receptação, o favorecimento real e a alguém diferente do seu causador, ou seja, a ofensa deva
lavagem de dinheiro. extrapolar o âmbito da pessoa que a causou.
Dessa forma, se uma pessoa dá vários socos em seu
Crime Transeunte e Não Transeunte próprio rosto (autolesão), não há crime de lesão corporal
Transeunte vem da palavra transitar; passa a ideia de (Art. 129 do CP), pois não foi ofendido o bem jurídico de
algo que permanece ou não. uma terceira pessoa.
É classificação adotada para os crimes que deixam ou Entretanto, a autolesão pode caracterizar o crime de
não vestígios. Se deixarem vestígios, é não transeunte; fraude para recebimento de seguro (Art. 171, § 2o, V do CP)
não deixando, é transeunte. Como exemplo de crimes não ou criação de incapacidade para se furtar ao serviço militar
transeuntes tem-se a apropriação indébita previdenciária, (Art. 184 do CPM).
cujo vestígio é exatamente a diminuição da arrecadação
de contribuição previdenciária do empregado. Diferenças práticas entre crimes e contravenções
a) Tentativa: no crime/delito a tentativa é punível,
Crime transeunte clássico é a invasão de domicílio. enquanto que na contravenção, por força do Art. 4º do
Decreto-Lei 3.688/41, a tentativa não é punível.
Crime de Consumação Atípica Impunível
b) Extraterritorialidade: no crime/delito, nas situações
È aquele quando o fato consumado é indiferente penal
do Art. 7º do Código Penal, a extraterritorialidade é aplicada,
e a forma tentada é punida pelo ordenamento jurídico.
enquanto que nas contravenções a extraterritorialidade
não é aplicada.
c) Tempo máximo de pena: no crime/delito, o tempo
SUJEITO ATIVO E SUJEITO PASSIVO DA máximo de cumprimento de pena é de 30 anos, enquanto
INFRAÇÃO PENAL. que nas contravenções, por serem menos graves, o tempo
máximo de cumprimento de pena é de 5 anos.
d) Reincidência: de acordo com o Art. 7º do Decreto-
Lei 3.688/41, é possível a reincidência nas contravenções.
Sujeito Ativo A reincidência ocorrerá após a prática de crime ou
Sujeito Ativo ou agente: é aquele que ofende o bem contravenção no Brasil e após a prática de crime no
jurídico protegido por lei. Em regra só o ser humano maior estrangeiro. Não há reincidência após a prática de
de 18 anos pode ser sujeito ativo de uma infração penal. contravenção no estrangeiro.
A exceção acontece nos crimes contra o meio ambiente “Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente
onde existe a possibilidade da pessoa jurídica ser sujeito pratica uma contravenção depois de passar em julgado
ativo, conforme preconiza o Art. 225, § 3º da Constituição a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no
Federal. estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo
de contravenção.”
Art. 225 [...].
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas Semelhança no estudo dos crimes e contravenções.
ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas Vimos que em termos práticos existem algumas
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, diferenças entre crime e contravenção, porém, não
independentemente da obrigação de reparar os danos podemos falar o mesmo sobre a essência dessas infrações.
causados. Tanto a contravenção como o crime, substancialmente, são
Sujeito Passivo fatos típicos, ilícitos e, para alguns, culpáveis.
O Sujeito Passivo pode ser de dois tipos. O sujeito Ou seja, possuem a mesma estrutura.
passivo formal é sempre o Estado, pois tanto ele como
a sociedade são prejudicados quando as leis são
desobedecidas. O sujeito passivo material é o titular do
bem jurídico ofendido e pode ser tanto pessoa física como
pessoa jurídica. TIPICIDADE, ILICITUDE, CULPABILIDADE,
PUNIBILIDADE.
*É possível que o Estado seja ao mesmo tempo sujeito
passivo formal e sujeito passivo material. Como exemplo,
podemos citar o furto de um computador de uma
repartição pública. Tipicidade
A Tipicidade é a relação de enquadramento entre o
* Princípio da Lesividade: uma pessoa não pode ser, fato delituoso (concreto) e o modelo (abstrato) contido na
ao mesmo tempo, sujeito ativo e sujeito passivo de uma lei penal. É preciso que todos os elementos presentes no
infração penal. tipo se reproduzam na situação de fato

5
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Assim, o Fato Típico é denominado como o Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição


comportamento humano que se molda perfeitamente aos entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico,
elementos constantes do modelo previsto na lei penal. até prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a um
A primeira característica do crime é ser um fato típico, tipo penal, é antijurídico.
descrito, como tal, numa lei penal. Um acontecimento da
vida que corresponde exatamente a um modelo de fato Exclusão de ilicitude é uma causa excepcional que
contido numa norma penal incriminadora, a um tipo. retira o caráter antijurídico de uma conduta tipificada como
Para que o operador do Direito possa chegar à criminosa (fato típico).
conclusão de que determinado acontecimento da vida é Art. 23 - Exclusão da ilicitude
um fato típico, deve debruçar-se sobre ele e, analisando-o, Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
decompô-lo em suas faces mais simples, para verificar, com I - em estado de necessidade;
certeza absoluta, se entre o fato e o tipo existe relação de II - em legítima defesa;
adequação exata, fiel, perfeita, completa, total e absoluta. III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
Essa relação é a tipicidade. exercício regular de direito.
Para que determinado fato da vida seja considerado Excesso punível
típico, é preciso que todos os seus componentes, todos os Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses
seus elementos estruturais sejam, igualmente, típicos. deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
Os elementos de um fato típico são a conduta A ação do homem será típica sob o aspecto criminal
humana, a consequência dessa conduta se ela a produzir quando a lei penal a descreve como sendo um delito. Numa
(o resultado), a relação de causa e efeito entre aquela e esta primeira compreensão, isso também basta para se afirmar
(nexo causal) e, por fim, a tipicidade. que ela está em desacordo com a norma, que se trata de
uma conduta ilícita ou, noutros termos, antijurídica.
Conduta Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo, consistente
Considera-se conduta a ação ou omissão humana na relação de contrariedade entre a conduta típica do
consciente e voluntária dirigida a uma finalidade. A conduta autor e o ordenamento jurídico, pode ser suprimida, desde
de que, no caso concreto, estejam presentes uma das
compreende duas formas: o agir e o omitir-se.
hipóteses previstas no artigo 23 do Código Penal: o estado
de necessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento
Resultado
do dever legal ou o exercício regular de direito.
A expressão resultado tem natureza equívoca, já que
O estado de necessidade e a legítima defesa são
possui dois significados distintos em matéria penal. Pode
conceituados nos artigos 24 e 25 do Código Penal, merecendo
se falar, assim, em resultado material ou naturalístico e em
destaque, neste tópico, apenas o estrito cumprimento
resultado jurídico ou normativo.
do dever legal e o exercício regular de um direito, como
O resultado naturalístico ou material consiste na
excludentes da ilicitude ou da antijuridicidade.
modificação no mundo exterior provocada pela conduta.
A expressão estrito cumprimento do dever legal, por si
Trata-se de um evento que só se faz necessário em crimes só, basta para justificar que tal conduta não é ilícita, ainda
materiais, ou seja, naqueles cujo tipo penal descreva a que se constitua típica. Isso porque, se a ação do homem
conduta e a modificação no mundo externo, exigindo decorre do cumprimento de um dever legal, ela está de
ambas para efeito de consumação. acordo com a lei, não podendo, por isso, ser contrária
O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou a ela. Noutros termos, se há um dever legal na ação do
ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma autor, esta não pode ser considerada ilícita, contrária ao
penal. Todas as infrações devem conter, expressa ou ordenamento jurídico.
implicitamente, algum resultado, pois não há delito sem Um exemplo possível de estrito cumprimento do dever
que ocorra lesão ou perigo (concreto ou abstrato) a algum legal pode restar configurado no crime de homicídio, em
bem penalmente protegido. que, durante tiroteio, o revide dos policiais, que estavam
A doutrina moderna dá preferência ao exame do no cumprimento de um dever legal, resulta na morte do
resultado jurídico . Este constitui elemento implícito de marginal. Neste sentido - RT 580/447.
todo fato penalmente típico , pois se encontra ínsito na O exercício regular de um direito, como excludente
noção de tipicidade material. da ilicitude, também quer evitar a antinomia nas relações
O resultado naturalístico, porém, não pode ser jurídicas, posto que, se a conduta do autor decorre do
menosprezado, uma vez que se cuida de elementar presente exercício regular de um direito, ainda que ela seja típica,
em determinados tipos penais, de tal modo que desprezar não poderá ser considerada antijurídica, já que está de
sua análise seria malferir o princípio da legalidade. acordo com o direito.
Um exemplo de exercício regular de um direito, como
Ilicitude excludente da ilicitude, é o desforço imediato, empregado
Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o pela vítima da turbação ou do esbulho possessório,
descumprimento de um dever jurídico imposto por normas enquanto possuidor que pretende reaver a posse da coisa
de direito público, sujeitando o agente a uma pena. para si (RT - 461/341).

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não


pode servir de salvo conduto para eventuais excessos do ERRO DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO.
autor, que venham a extrapolar os limites do necessário
para a defesa do bem jurídico, do cumprimento de um
dever legal ou do exercício regular de um direito. Havendo
excesso, o autor do fato será responsável por ele, caso Antes de tudo, é importante lembrar que para algum
restem verificados seu dolo ou sua culpa. Nesse sentido é fato ser considerado criminoso, é necessário o preenchi-
a regra do parágrafo único do artigo 23 do Código Penal. mento do trinômio finalista da Teoria do Crime, sendo eles:
Fato Típico, Antijuridicidade ou Ilicitude, e Culpabilidade.
Culpabilidade Sem esses pressupostos completos, não há que se falar em
A  culpabilidade é a possibilidade de se considerar crime cometido. Assim, é importante entender aonde os
alguém culpado pela prática de uma infração penal. erros incidem, ou seja, em qual requisito do crime que os
Por essa razão, costuma ser definida como “juízo de erros estão sob o manto escusável ou não.
censurabilidade” e “reprovação” exercido sobre alguém que O erro de tipo, que pode ser classificado em essencial
praticou um fato típico e ilícito. “Não se trata de elemento ou acidental, incide sobre o fato típico, excluindo o dolo,
do crime, mas pressuposto para imposição de pena”. em algumas circunstâncias. Por outro lado, o erro de proi-
Na culpabilidade afere-se apenas se o agente deve ou bição, que pode ser direto ou indireto, não exclui o dolo,
não responder pelo crime cometido. Segundo o Código pois incide na culpabilidade, terceiro requisito para a exis-
penal são elementos da culpabilidade: a imputabilidade; tência do crime. Ainda, dentro da culpabilidade, age em
a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade de torno da Potencial Consciência da Ilicitude, que pode ou
conduta diversa. não excluir a reprovação da conduta (culpabilidade) por
Com isso, caso existam circunstâncias que afastem parte do agente.
esses elementos, por exemplo, a inimputabilidade do O erro de tipo essencial atua nos elementos consti-
menor de 18 anos, o fato deixa de ser culpável. tutivos do tipo, ou seja, o Art. 121 do Código Penal afir-
As excludentes de culpabilidade são: doença mental; ma que homicídio é “Matar alguém”. Portanto, se alguém
menoridade; embriaguez  completa, proveniente de caso mata uma pessoa durante uma caçada achando que era
fortuito ou força maior; erro de proibição; coação moral um animal, pode-se dizer que substituiu “alguém” do tipo
irresistível e obediência hierárquica. penal por “animal”, causando um erro sob os elementos
que constituem o crime (surge o “Matar animal”). O agente
Punibilidade agiu com dolo, pois queria matar, mas não “alguém” e sim
Por fim, a  punibilidade  dispõe sobre a possibilidade um “animal”. Dessa feita, deve ser analisado se o erro co-
jurídica de o Estado impor a sanção ao responsável pela metido pelo autor era evitável ou inevitável, circunstâncias
infração penal. estas que irão definir a punição ou não do infrator.
Assim, praticada a infração penal, nasce a punibilidade. Assim, o erro essencial pode ser classificado em INEVI-
Contudo, é importante destacar que esta possibilidade TÁVEL/INVENCÍVEL/ESCUSÁVEL (cuidar essa última nomen-
do Estado não é eterna, daí porque existem causas que clatura) ou EVITÁVEL/VENCÍVEL/INESCUSÁVEL(da mesma
extinguem a punibilidade, o direito de punir estatal (jus forma atenção nesta classificação). O primeiro significa que
puniendi). o erro não poderia ser evitado. De uma ou de outra ma-
São causas de extinção da punibilidade: morte do neira, o crime seria cometido. Nessa situação, exclui-se o
agente; anistia, graça ou indulto; abolitio criminis (lei deixa dolo E culpa. Já por outro lado, na segunda hipótese, o erro
de considerar fato como criminoso); prescrição, decadência aconteceu, mas poderia ser evitado pelo agente. Aqui, ex-
ou perempção; renúncia do direito de queixa; perdão do clui o dolo, MAS incide a forma culposa, se prevista em lei.
ofendido; retratação do agente e perdão judicial. Ainda, o erro de tipo pode ser definido como acidental,
Com isso, podemos considerar a existência de etapas que difere do essencial, pois neste caso NÃO exclui o dolo,
sucessivas de raciocínio, de maneira que, ao se chegar à uma vez que o agente atua com vontade e consciência.
punibilidade, já se constatou ter ocorrido uma infração Exemplo típico é o agente que furta uma televisão de 32
penal culpável. Assim, verifica-se, em primeiro lugar, se o polegadas, quando visava subtrair outra de 42 polegadas.
fato é típico ou não; em seguida, em caso afirmativo, a sua É evidente que ele atuou dolosamente, mas incorreu em
ilicitude; depois se passa ao exame da possibilidade de erro sobre o objeto (error in objeto). Nesta esteira, o erro
responsabilização do autor, ou seja, se este é culpável e, só acidental pode ser classificado em erro sobre o objeto, erro
a partir de então, é que se passa a análise da possibilidade sobre a pessoa, aberratio ictus, aberratio criminis ou delicti,
de imposição da sanção ao responsável por sua prática. e aberratio causae (denominados crimes aberrantes). Far-
Fonte: http://blog.maxieduca.com.br/tipicidade- -se-á uma análise sucinta sobre estes crimes.
ilicitude-culpabilidade/ Erro sobre o objeto já foi citado, quando o agente acha
que está furtando um objeto e na verdade está levando
outro. O erro sobre a pessoa acontece quando o agente,
ao ver uma pessoa parada na esquina, supõe ser seu desa-
feto e dispara contra ele, ceifando lhe a vida. Nessa situa-
ção, o agente incorreu em erro sobre a pessoa, pois supôs

7
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

que aquela pessoa era quem imaginava (vítima visada ou bição, o agente sabe perfeitamente o que faz e qual a sua
virtual). Responderá como tivesse atingido seu alvo real, e conduta, mas acredita estar agindo licitamente. O erro de
não quem efetivamente matou. Nessa hipótese, trata-se do proibição pode se dividir em direto ou indireto (de permis-
exemplo clássico dos gêmeos, que confundem a percepção são), sendo que na primeira o agente atua com desconhe-
do atirador. cimento da situação proibitiva. Exemplo: corta um pedaço
Já no aberratio ictus, o erro ocorre em relação aos de árvore para fazer chá e é penalizado por crime ambien-
meios de execução, ou seja, a pessoa sabe exatamente que tal. No segundo caso, a situação fática direciona o agente
ali na esquina está parada o seu desafeto, mas por “defeito a acreditar que agirá legalmente. Aqui, a regra é proibição,
de pontaria”, erra o alvo visado pelo agente e atinge tercei- porém o agente crê que atua nas hipóteses permissivas.
ra pessoa. Aqui, as consequências são as mesmas do erro Exemplo: da janela do apartamento visualiza um ladrão fur-
sobre a pessoa, isto é, responde como crime consumado tando o som de seu veículo. Acreditando agir em legítima
contra a vítima virtual (desejada) e não a que faleceu. defesa, desfere um tiro pelas costas do criminoso. Na pri-
Ainda na constância dos erros, aberratio criminis signi- meira situação, o desconhecimento é direto, enquanto na
fica erro na execução, igualmente, mas em relação a bens segunda a situação levou o agente a crer na sua conduta
jurídicos distintos. Em outras palavras: “A” quer matar “B” e lícita.
dispara contra ela. Os disparos atingem tão somente um EM RESUMO: O erro de tipo atua no âmbito do fato
veículo atrás de “B”. Nessa situação, o agente responde típico do crime, agindo sobre o dolo e a culpa, enquanto
pelo crime subsidiário se for expresso na forma culposa, que o erro de proibição atua na culpabilidade, excluindo ou
além da tentativa de homicídio. Perceba que a diferença não a Potencial Consciência da Ilicitude.
aqui se baseia em bens jurídicos tutelados distintos: homi- Fonte: http://www.direitonet.com.br/artigos/exi-
cídio (a vida) e dano (patrimônio). No caso relatado, como bir/7612/Erro-de-tipo-e-erro-de-proibicao
dano não admite a forma culposa, não será púnico pela
prática deste crime.
Por fim, aberratio causae, dividido em sentido estrito (1 IMPUTABILIDADE PENAL.
ato) e dolo geral (2 atos), há erro sobre o nexo causal utili-
zado pelo autor para atingir determinada finalidade. Assim,
exemplificando, se “A” joga “B” da ponte, objetivando uma
morte por afogamento, mas este morre por colisão em um A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um
pilar da ponte, falecendo por traumatismo craniano (exem- indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segundo
plo em sentido estrito). A causa da morte não foi afoga- prescreve o artigo 26, do Código Penal, podemos, também,
mento, mas o choque que a vítima teve com a parte física definir a imputabilidade como a capacidade do agente
da ponte. Aqui, conforme doutrina majoritária, o agente entender o caráter ilícito do fato por ele perpetrado ou, de
responde por crime único doloso consumado. É o nítido determinar-se de acordo com esse entendimento.
caso de resultado não cogitado pelo agente por erro sobre
o nexo de causalidade. É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo
Em suma: o erro de tipo divide-se em ERRO DE TIPO entre a ação e seu agente, imputando a alguém a realização
ESSENCIAL e ERRO DE TIPO ACIDENTAL. O primeiro pode de um determinado ato.
ou não excluir o dolo e a culpa, depende se o fato era evi- Quando existe algum agravo à saúde mental, os
tável ou não. O segundo não exclui o dolo, e divide-se em indivíduos podem ser considerados inimputáveis – se não
erro sobre o objeto, erro sobre a pessoa, erros na execu- tiverem discernimento sobre os seus atos ou não possuírem
ção (aberratio ictus e aberratio criminis) e erro sobre o nexo autocontrole, são isentos de pena.
causal (aberratio causae e dolo geral). Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o
Por outro lado, o erro de proibição em nada possui discernimento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos
semelhança com o erro de tipo, pois a proibição atinge a ou prejudicados por doença ou transtorno mental.
culpabilidade (em especial a Potencial Consciência da Ili-
citude), ou seja, o caráter ilícito da conduta. Em verdade, Dispõe o Código Penal:
como ensina com maestria Cristiano Rodrigues, o erro de
proibição não se confunde com desconhecimento da lei, (...)
pois esta significa não ter conhecimento dos artigos, leis, TÍTULO III
entre outros, enquanto aquela significa uma noção comum DA IMPUTABILIDADE PENAL
sobre o permitido e o proibido. Exemplo: todos sabem que
fraudar impostos é contra a lei, mas nem todos sabem qual Inimputáveis
lei trata do assunto.
Destarte, o erro de proibição divide-se, igualmente, em Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença
dois aspectos: inevitável e evitável. O primeiro exclui a cul- mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
pabilidade do agente, isentando-o de pena, enquanto no retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
segundo o agente responde dolosamente e tem o condão inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
de atenuar a pena, em virtude da possibilidade do agente ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
conhecer a proibição. Em outras palavras, no erro de proi- Redução de pena

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a c) teoria dualista: segundo tal teoria, quando houver
dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de mais de um agente, com diversidades de conduta,
saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto provocando-se um resultado, deve-se separar os coautores
ou retardado não era inteiramente capaz de entender o e partícipes, sendo que cada “grupo” responderá por um
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com delito.
esse entendimento.
Autoria Coautoria e Participação
Menores de dezoito anos Autoria
No concurso é possível o reconhecimento das figuras
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são de autor e partícipe. Então o tema concurso de pessoas
penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas comporta como espécies, de um lado, a autoria, de outro
estabelecidas na legislação especial. lado, a participação. Assim, a distinção entre o que é autoria
e o que é participação parte, necessariamente, da definição
Emoção e paixão do que seria o partícipe.

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: Coautoria


I - a emoção ou a paixão; Na coautoria, há a divisão de trabalho para a prática
Embriaguez criminosa. Nessa divisão, cada autor terá o domínio das
funções que lhe foram confiadas pelo grupo, todos com o
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou intento de atingir a finalidade última, a execução do crime.
substância de efeitos análogos. Assim, mesmo que seja A quem tenha matado C, B, que
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez estava responsável por vigiar a casa para que ninguém
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, evitasse o crime, será coautor.
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de Participação
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de A participação e a cumplicidade são sempre atividades
acordo com esse entendimento. acessórias da autoria. Partícipe e cúmplice são coadjuvantes,
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se os quais apenas influenciam na prática da infração penal.
o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou A participação ocorre pelo auxílio psicológico (participação
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão,
moral), seja pelo induzimento, seja pela instigação.
a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Há dois posicionamentos sobre o assunto, embora
ambos dentro da teoria objetiva:
CONCURSO DE PESSOAS. a) teoria formal: de acordo com a teoria formal, autor
é o agente que pratica a figura típica descrita no tipo
penal, e partícipe é aquele que comete ações não contidas
no tipo, respondendo apenas pelo auxílio que prestou
O concurso de pessoas é o cometimento da infração
(entendimento majoritário). Exemplo: o agente que furta os
penal por mais de uma pessoa. Tal cooperação da prática
bens de uma pessoa, incorre nas penas do art. 155 do CP,
da conduta delitiva pode se dar por meio da coautoria,
enquanto aquele que o aguarda com o carro para ajudá-lo
participação, concurso de delinquentes ou de agentes, entre
a fugir, responderá apenas pela colaboração.
outras formas. Existem ainda três teorias sobre o concurso
de pessoas, vejamos:
b) teoria normativa: aqui o autor é o agente que, além
a) teoria unitária: quando mais de um agente concorre de praticar a figura típica, comanda a ação dos demais
para a prática da infração penal, mas cada um praticando (“autor executor” e “autor intelectual”). Já o partícipe é
conduta diversa do outro, obtendo, porém, um só resultado. aquele colabora para a prática da conduta delitiva, mas
Neste caso, haverá somente um delito. Assim, todos os sem realizar a figura típica descrita, e sem ter controle das
agentes incorrem no mesmo tipo penal. Tal teoria é adotada ações dos demais. Assim, aquele que planeja o delito e
pelo Código Penal. aquele que o executa são coautores.

b) teoria pluralista: quando houver mais de um agente, Sendo assim, de acordo com a opinião majoritária -
praticando cada um conduta diversa dos demais, ainda teoria formal, o executor de reserva é apenas partícipe, ou
que obtendo apenas um resultado, cada qual responderá seja, se João atira em Pedro e o mata, e logo após Mario
por um delito. Esta teoria foi adotada pelo Código Penal também desfere tiros em Pedro, Mario (executor de reserva)
ao tratar do aborto, pois quando praticado pela gestante, responderá apenas pela participação, pois não praticou a
esta incorrerá na pena do art. 124, se praticado por outrem, conduta matar, já que atirou em um cadáver. Ressalta-se,
aplicar-se-á a pena do art. 126. O mesmo procedimento porém, que o juiz poderá aplicar penas iguais para autor
ocorre na corrupção ativa e passiva. e partícipe, e até mesmo pena mais gravosa a este último,
quando, por exemplo, for o mentor do crime.

9
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Sobre o assunto, dita o art. 29 do CP que, “quem, de Dita o Código Penal:


qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas
a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”, dessa (...)
forma deve-se analisar cada caso concreto de modo a TÍTULO IV
verificar a proporção da colaboração. Além disso, se a DO CONCURSO DE PESSOAS
participação for de menor importância, a pena pode ser
diminuída de um sexto a um terço, segundo disposição Regras comuns às penas privativas de liberdade
do § 1º do artigo supramencionado, e se algum dos
concorrentes quis participar de crime menos grave, ser- Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais culpabilidade.
grave (art. 29, § 2º, do CP). § 1º - Se a participação for de menor importância, a
Ademais, quando o autor praticar fato atípico ou se não pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
houver antijuridicidade, não há o que se falar em punição § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de
ao partícipe - teoria da acessoriedade limitada. crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa
pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
Requisitos do Concurso de Agentes previsível o resultado mais grave.

Para que haja o concurso, é necessária a presença dos Circunstâncias incomunicáveis


seguintes requisitos:
a) Pluralidade de agentes e de condutas: deve haver, Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as
no mínimo, duas pessoas para se caracterizar o concurso. condições de caráter pessoal, salvo quando elementares
b) Relevância causal de cada conduta: deve-se do crime.
analisar se a conduta de cada agente influenciou na prática Casos de impunibilidade
do crime. V.g: A, para matar B, pede emprestada arma a C
por ter perdido a de sua propriedade. Antes de matar B, Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o
porém, acha sua arma e a utiliza para o crime. As condutas auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são
de C, no caso, foram irrelevantes. puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
c) Liame subjetivo entre os agentes: deve haver
um vínculo subjetivo entre os agentes, uma unidade de
desígnios, eles não podem agir de forma independente um
do outro em relação ao resultado, caso contrário, restará CRIMES CONTRA A PESSOA.
descaracterizado o concurso, podendo no máximo existir a
autoria colateral.
d) Identidade de infração penal: os esforços dos
agentes devem ser voltados à prática da mesma infração Crimes.
penal. Caso tenham objetivos diferentes, não haverá
concurso. Excetuam-se aqui as exceções pluralísticas, Dos crimes contra a pessoa - crimes contra a vida
chamadas de desvios subjetivos de conduta.
A falta de um desses requisitos descaracteriza a HOMICÍDIO
existência do concurso de pessoas. De forma geral, o homicídio é o ato de destruição da
Desvio Subjetivo de Conduta é o ato de se imputar vida de um homem por outro homem. De forma objetiva,
a agentes que praticaram o crime em concurso é o ato cometido ou omitido que resulta na eliminação da
enquadramentos típicos diversos, excluindo-se a teoria vida do ser humano.
monista. Homicídio simples – Artigo 121 do CPB – É a conduta
típica limitada a “matar alguém”. Esta espécie de homicídio
Acerca do concurso de pessoas é importante destacar não possui características de qualificação, privilégio
que: ou atenuação. É o simples ato da prática descrita na
- A participação pode ocorrer por omissão por crime interpretação da lei, ou seja, o ato de trazer a morte a uma
comissivo, assim como por ação em crime omissivo próprio pessoa.
ou impróprio. Homicídio privilegiado - Artigo 121 - parágrafo
- É possível a coautoria em delitos culposos; porém, primeiro – É a conduta típica do homicídio que recebe o
não é possível a participação. benefício do privilégio, sempre que o agente comete o
- Impossível a participação dolosa em crime culposo, crime impelido por motivo de relevante valor social ou
apesar de ser possível a coautoria. moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo após a
injusta provocação da vítima, podendo o juiz reduzir a pena
de um sexto a um terço.

10
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Homicídio qualificado - Artigo 121 - parágrafo segundo Forma qualificada - As penas são aumentadas de
– É a conduta típica do homicídio onde se aumenta a pena um terço se, em consequência do aborto ou dos meios
pela prática do crime, pela sua ocorrência nas seguintes empregados para provocá-lo, a gestante sofrer lesão
condições: mediante paga ou promessa de recompensa, corporal de natureza grave. São duplicadas se, por qualquer
ou por outro motivo torpe; por motivo fútil, com emprego dessas causas, lhe sobrevém a morte.
de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio Aborto necessário - Não se pune o aborto praticado por
insidioso ou cruel, ou do qual possa resultar perigo comum; médico: se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
por traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou e se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido
outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu
do ofendido; e para assegurar a execução, a ocultação, a representante legal.
impunidade ou a vantagem de outro crime.
Homicídio Culposo - Artigo 121- parágrafo terceiro – É Lesões corporais
a conduta típica do homicídio que se dá pela imprudência,
negligência ou imperícia do agente, o qual produz um Lesão corporal - Ofensa à integridade corporal ou a
saúde de outra pessoa.
resultado não pretendido, mas previsível, estando claro
que o resultado poderia ter sido evitado.
Lesão corporal de natureza grave - Artigo 129 -
No homicídio culposo a pena é aumentada de um
parágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade para as
terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica
ocupações habituais, por mais de trinta dias; perigo de vida;
de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar debilidade permanente de membro, sentido ou função; ou
imediato socorro à vítima. O mesmo ocorre se não procura aceleração de parto.
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar Lesão corporal de natureza gravíssima - Artigo 129 -
prisão em flagrante. Sendo o homicídio doloso, a pena parágrafo primeiro - Se resulta: incapacidade permanente
é aumentada de um terço se o crime é praticado contra para o trabalho; enfermidade incurável; perda ou
pessoa menor de quatorze ou maior de sessenta anos. inutilização do membro, sentido ou função; deformidade
Perdão Judicial - Na hipótese de homicídio culposo, o permanente; ou aborto.
juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências
da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave Lesão corporal seguida de morte - Se resulta morte
que torne desnecessária a sanção penal. e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio - Artigo resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo (é o homicídio
122 do CPB – Ato pelo qual o agente induz ou instiga preterintencional).
alguém a se suicidar ou presta-lhe auxílio para que o faça.
Reclusão de dois a seis anos, se o suicídio se consumar, Diminuição de pena - Se o agente comete o crime
ou reclusão de um a três anos, se da tentativa de suicídio impelido por motivo de relevante valor social ou moral,
resultar lesão corporal de natureza grave. ou ainda sob o domínio de violenta emoção, seguida de
A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de
egoístico, se a vítima é menor ou se tem diminuída, por um sexto a um terço.
qualquer causa, a capacidade de resistência. Neste crime
não se pune a tentativa. Lesão corporal culposa – Se o agente não queria
Infanticídio - Artigo 123 – Homicídio praticado pela o resultado do ato praticado, mesmo sabendo que tal
mãe contra o filho, sob condições especiais (em estado resultado era previsível.
puerperal, isto é, logo pós o parto).
Aborto - Artigo 124 – Ato pelo qual a mulher Violência doméstica - Se a lesão for praticada contra
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro,
interrompe a gravidez de forma a trazer destruição do
ou com quem conviva ou tenha convivido; ou ainda
produto da concepção. No auto-aborto ou no aborto com
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de
consentimento da gestante, esta sempre será o sujeito
coabitação ou de hospitalidade. Pena: detenção, de três
ativo do ato, e o feto, o sujeito passivo. No aborto sem
meses a três anos.
o consentimento da gestante, os sujeitos passivos serão o
feto e a gestante. PARTE ESPECIAL
Aborto provocado por terceiro – É o aborto provocado TÍTULO I
sem o consentimento da gestante. Pena: reclusão, de três DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
a dez anos. CAPÍTULO I
Aborto provocado com o consentimento da gestante – DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Reclusão, de um a quatro anos. A pena pode ser aumentada Homicídio simples
para reclusão de três a dez anos, se a gestante for menor
de quatorze anos, se for alienada ou débil mental, ou ainda Art. 121. Matar alguém:
se o consentimento for obtido mediante fraude, grave Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
ameaça ou violência.

11
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Caso de diminuição de pena § 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a


§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo metade se o crime for praticado por milícia privada, sob
de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012)
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. § 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um
terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela
Homicídio qualificado Lei nº 13.104, de 2015)
§ 2° Se o homicídio é cometido: I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
outro motivo torpe; II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de
II - por motivo fútil; 60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, 13.104, de 2015)
tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa III - na presença de descendente ou de ascendente da
resultar perigo comum; vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação
ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
do ofendido; Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou
V - para assegurar a execução, a ocultação, a
prestar-lhe auxílio para que o faça:
impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo Parágrafo único - A pena é duplicada:
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. Aumento de pena
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra causa, a capacidade de resistência.
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei Infanticídio
nº 13.142, de 2015) Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal,
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. o próprio filho, durante o parto ou logo após:
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de Pena - detenção, de dois a seis anos.
sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei
nº 13.104, de 2015) Aborto provocado pela gestante ou com seu
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº consentimento
13.104, de 2015) Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54)
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Pena - detenção, de um a três anos.

Homicídio culposo Aborto provocado por terceiro


§ 3º Se o homicídio é culposo:  (Vide Lei nº 4.611, de Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da
1965) gestante:
Pena - detenção, de um a três anos. Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
Aumento de pena
gestante: (Vide ADPF 54)
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior,
regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente
deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada
diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante
prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é fraude, grave ameaça ou violência
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) Forma qualificada
anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá anteriores são aumentadas de um terço, se, em
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração consequência do aborto ou dos meios empregados para
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza
sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe
6.416, de 24.5.1977) sobrevém a morte.

12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aumento de pena
(Vide ADPF 54) § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer
qualquer das hipóteses dos §§ 4o  e 6o do art. 121 deste
Aborto necessário Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012)
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990)
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de
precedido de consentimento da gestante ou, quando 2004)
incapaz, de seu representante legal. § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente,
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com
CAPÍTULO II quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-
DAS LESÕES CORPORAIS se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
Lesão corporal Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três)
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006)
outrem: § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo,
Pena - detenção, de três meses a um ano. se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo,
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº
Lesão corporal de natureza grave 10.886, de 2004)
§ 1º Se resulta: § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais aumentada de um terço se o crime for cometido contra
de trinta dias; pessoa portadora de deficiência.  (Incluído pela Lei nº
II - perigo de vida; 11.340, de 2006)
III - debilidade permanente de membro, sentido ou § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou
função; agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
IV - aceleração de parto: Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Pena - reclusão, de um a cinco anos. Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou
§ 2° Se resulta: em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro
I - Incapacidade permanente para o trabalho; ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
II - enfermidade incurável; dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
IV - deformidade permanente;
V - aborto: CAPÍTULO III
Pena - reclusão, de dois a oito anos. DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

Lesão corporal seguida de morte Perigo de contágio venéreo


§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais
que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco de ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea,
produzi-lo: de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Diminuição de pena Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo § 2º - Somente se procede mediante representação.
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da Perigo de contágio de moléstia grave
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
Substituição da pena produzir o contágio:
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos
mil réis a dois contos de réis: Perigo para a vida ou saúde de outrem
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
anterior; direto e iminente:
II - se as lesões são recíprocas. Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
constitui crime mais grave.
Lesão corporal culposa Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a
Pena - detenção, de dois meses a um ano. perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação

13
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, Maus-tratos


em desacordo com as normas legais. (Incluído pela Lei nº Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob
9.777, de 1998) sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação,
ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de
Abandono de incapaz  alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, meios de correção ou disciplina:
incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
Pena - detenção, de seis meses a três anos. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de grave:
natureza grave: Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2º - Se resulta a morte:
§ 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é
praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990)
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se
de um terço: CAPÍTULO IV
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; DA RIXA
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,
irmão, tutor ou curador da vítima. Rixa
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os
pela Lei nº 10.741, de 2003) contendores:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Exposição ou abandono de recém-nascido Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa,
ocultar desonra própria: a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza CAPÍTULO V
grave: DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 2º - Se resulta a morte: Calúnia
Pena - detenção, de dois a seis anos. Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente
fato definido como crime:
Omissão de socorro Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada imputação, a propala ou divulga.
ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos,
o socorro da autoridade pública: Exceção da verdade
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e privada, o ofendido não foi condenado por sentença
triplicada, se resulta a morte. irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas
Condicionamento de atendimento médico- indicadas no nº I do art. 141;
hospitalar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
2012). ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória
ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio Difamação
de formulários administrativos, como condição para o Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato
atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela ofensivo à sua reputação:
Lei nº 12.653, de 2012). Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Exceção da verdade
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da Parágrafo único - A exceção da verdade somente se
negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº relativa ao exercício de suas funções.
12.653, de 2012).

14
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Injúria Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere


Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode
ou o decoro: pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: ofensa.
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente
diretamente a injúria; se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art.
II - no caso de retorsão imediata, que consista em 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
outra injúria. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141
fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se deste Código, e mediante representação do ofendido, no
considerem aviltantes: caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, § 3o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
além da pena correspondente à violência. 12.033. de 2009)
§ 3o  Se a injúria consiste na utilização de elementos
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição CAPÍTULO VI
de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
dada pela Lei nº 10.741, de 2003) SEÇÃO I
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL
pela Lei nº 9.459, de 1997)
Constrangimento ilegal
Disposições comuns Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
cometido: fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas
Aumento de pena
funções;
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que
dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
de três pessoas, ou há emprego de armas.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as
portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído
correspondentes à violência.
pela Lei nº 10.741, de 2003)
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante
paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o
dobro. consentimento do paciente ou de seu representante legal,
se justificada por iminente perigo de vida;
Exclusão do crime II - a coação exercida para impedir suicídio.
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, Ameaça
pela parte ou por seu procurador; Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal
ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar injusto e grave:
ou difamar; Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário Parágrafo único - Somente se procede mediante
público, em apreciação ou informação que preste no representação.
cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde Sequestro e cárcere privado
pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
Retratação Pena - reclusão, de um a três anos.
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
de pena. companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios II - se o crime é praticado mediante internação da
de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar vítima em casa de saúde ou hospital;
o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a III - se a privação da liberdade dura mais de quinze
ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015) dias.

15
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

IV – se o crime é praticado contra menor de 18 III - o agente se prevalecer de relações de parentesco,


(dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005) domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de
V – se o crime é praticado com fins libidinosos. dependência econômica, de autoridade ou de superioridade
(Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005) hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou função; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do
Pena - reclusão, de dois a oito anos. território nacional. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
(Vigência)
Redução a condição análoga à de escravo § 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à for primário e não integrar organização criminosa. (Incluído
de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições
degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer SEÇÃO II
meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO
DOMICÍLIO
o empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº
10.803, de 11.12.2003)
Violação de domicílio
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou
pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei nº astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de
10.803, de 11.12.2003) quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Lei nº 10.803, de 11.12.2003) § 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou
parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de por duas ou mais pessoas:
trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho pena correspondente à violência.
ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou
(Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) com inobservância das formalidades estabelecidas em lei,
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é ou com abuso do poder.
cometido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência
I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº em casa alheia ou em suas dependências:
10.803, de 11.12.2003) I - durante o dia, com observância das formalidades
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante § 4º - A expressão “casa” compreende:
grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com I - qualquer compartimento habitado;
a finalidade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) II - aposento ocupado de habitação coletiva;
(Vigência) III - compartimento não aberto ao público, onde
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; alguém exerce profissão ou atividade.
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) § 5º - Não se compreendem na expressão «casa»:
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de
coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do
escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
parágrafo anterior;
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluído
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de SEÇÃO III
2016) (Vigência) DOS CRIMES CONTRA A
V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344, de INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
2016) (Vigência)
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Violação de correspondência
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: correspondência fechada, dirigida a outrem:
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
I - o crime for cometido por funcionário público no
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; Sonegação ou destruição de correspondência
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) § 1º - Na mesma pena incorre:
II - o crime for cometido contra criança, adolescente I - quem se apossa indevidamente de correspondência
ou pessoa idosa ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a
13.344, de 2016) (Vigência) sonega ou destrói;

16
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio,
ou telefônica conectado ou não à rede de computadores, mediante
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem violação indevida de mecanismo de segurança e com o
ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações
radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo
entre outras pessoas; ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:
III - quem impede a comunicação ou a conversação (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
referidas no número anterior; Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho multa. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
radioelétrico, sem observância de disposição legal. § 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
§ 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de
para outrem. computador com o intuito de permitir a prática da conduta
§ 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de definida no  caput. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Vigência
função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou
§ 2o Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da
telefônico:
invasão resulta prejuízo econômico. (Incluído pela Lei nº
Pena - detenção, de um a três anos.
12.737, de 2012) Vigência
§ 4º - Somente se procede mediante representação,
§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de
salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º. comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou
Correspondência comercial industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou
Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou empregado o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido:
de estabelecimento comercial ou industrial para, no (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo: multa, se a conduta não constitui crime mais grave.
Pena - detenção, de três meses a dois anos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Parágrafo único - Somente se procede mediante § 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um
representação. a dois terços se houver divulgação, comercialização ou
transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou
SEÇÃO IV informações obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS Vigência
SEGREDOS § 5o Aumenta-se a pena de um terço à metade se o
crime for praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737, de
Divulgação de segredo 2012) Vigência
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de I - Presidente da República, governadores e prefeitos;
documento particular ou de correspondência confidencial, (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluído
produzir dano a outrem: pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado
§ 1º Somente se procede mediante Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara
representação.  (Parágrafo único renumerado pela Lei nº Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou
9.983, de 2000) (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)Vigência
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas IV - dirigente máximo da administração direta e indireta
federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. (Incluído
ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não
pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
nos sistemas de informações ou banco de dados da
Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Administração Pública: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Vigência
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) se procede mediante representação, salvo se o crime é
§ 2o  Quando resultar prejuízo para a Administração cometido contra a administração pública direta ou indireta
Pública, a ação penal será incondicionada.  (Incluído pela de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito
Lei nº 9.983, de 2000) Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias
de serviços públicos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
Violação do segredo profissional Vigência
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de
que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou
profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante
representação.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Qualquer pessoa pode praticar o crime de furto, não


CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. exige além do sujeito ativo qualquer circunstância pessoal
específica. Vale a mesma coisa para o sujeito passivo do
crime, sendo ela física ou jurídica, titular da posse, detenção
ou da propriedade.
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
O núcleo do tipo é subtrair, que significa tirar, retirar,
O Título II da parte especial do Código Penal Brasileiro, abrangendo mesmo o apossamento à vista do possuidor
faz referências aos Crimes Contra o Patrimônio. ou proprietário.

Considera-se patrimônio de uma pessoa , os bens, O crime de furto pode ser praticado também através
o poderio econômico, a universalidade de direitos que de animais amestrados, instrumentos etc. Esse crime será
tenham expressão econômica para a pessoa. Considera-se de apossamento indireto, devido ao emprego de animais,
em geral, o patrimônio como universalidade de direitos. caso contrário é de apossamento direto.
Vale dizer como uma unidade abstrata, distinta, diferente
dos elementos que a compõem isoladamente considerados. Reina uma única controvérsia, tendo em vista o
Além desse conceito jurídico, que é próprio do desenvolvimento da tecnologia, quanto a subtração
direito privado, há uma noção econômica de patrimônio praticada com o auxílio da informática, se ela resultaria de
e, segundo a qual, ele consiste num complexo de bens, furto ou crime de estelionato. Tenho para mim, que não
através dos quais o homem satisfaz suas necessidades. podemos “aprioristicamente” ter o uso da informática como
meio de cometimento de furto ou mesmo estelionato, pois
Cabe lembrar, que o direito penal em relação ao direito é preciso analisar, a cada conduta, não apenas a intenção
civil, ao direito econômico, ele é autônomo e constitutivo, do agente, mas o modo de operação do agente através da
e por isso mesmo quando tutela bens e interesses jurídicos informática.
já tutelados por outros ramos do direito, ele o faz com
autonomia e de um modo peculiar. O objeto material do furto é a coisa alheia móvel. Coisa
em direito penal representa qualquer substância corpórea,
A tutela jurídica do patrimônio no âmbito do Código seja ela material ou materializável, ainda que não tangível,
Penal Brasileiro, é sem duvida extensamente realizada, suscetível de apreciação e transporte, incluindo aqui os
mas não se pode perder jamais em conta, a necessidade corpos gasosos, os instrumentos , os títulos, etc.2.
de que no conceito de patrimônio esteja envolvida uma
noção econômica, um noção de valor material econômico O homem não pode ser objeto material de furto,
do bem. conforme o fato, o agente pode responder por sequestro
ou cárcere privado, conforme artigo 148 do Código Penal
FURTO Brasileiro, ou subtração de incapazes artigo 249.

O primeiro é o crime de furto descrito no artigo 155 do Afirma-se na doutrina que somente pode ser objeto de
Código Penal Brasileiro, em sua forma básica: “subtrair, para furto a coisa que tiver relevância econômica, ou seja, valor
si ou para outrem, coisa alheia móvel: pena – reclusão, de 1 de troca, incluindo no conceito, a ideia de valor afetivo
(um) a 4 (quatro) anos, e multa”. (o que eu acho que não tem validade jurídica penal). Já
a jurisprudência invoca o princípio da insignificância,
O conceito de furto pode ser expresso nas seguintes considerando que se a coisa furtada tem valor monetário
palavras: furto é a subtração de coisa alheia móvel para irrisório, ficará eliminada a antijuridicidade do delito e,
si ou para outrem sem a pratica de violência ou de grave portanto, não ficará caracterizado o crime.
ameaça ou de qualquer espécie de constrangimento físico
ou moral à pessoa. Significa pois o assenhoramento da Furto é crime material, não existindo sem que haja
coisa com fim de apoderar-se dela com ânimo definitivo. desfalque do patrimônio alheio. Coisa alheia é a que não
Quanto a objetividade jurídica do furto é preciso pertence ao agente, nem mesmo parcialmente. Por essa
ressaltar uma divergência na doutrina: entende-se que razão não comete furto e sim o crime contido no artigo 346
é protegida diretamente a posse e indiretamente a (Subtração ou Dano de Coisa Própria em Poder de Terceiro)
propriedade ou, em sentido contrário, que a incriminação
do Código Penal Brasileiro, o proprietário que subtrai coisa
no caso de furto, visa essencial ou principalmente a tutela
sua que está em poder legitimo de outro3.
da propriedade e não da posse. É inegável que o dispositivo
protege não só a propriedade como a posse, seja ela direta
O crime de furto é cometido através do dolo que é
ou indireta além da própria detenção1.
a vontade livre e consciente de subtrair, acrescido do
Devemos si ter primeiro o bem jurídico daquele que é elemento subjetivo do injusto também chamado de “dolo
afetado imediatamente pela conduta criminosa. Vale dizer específico”, que no crime de furto está representado pela
que a vítima de furto não é necessariamente o proprietário idéia de finalidade do agente, contida da expressão “para
da coisa subtraída, podendo recair a sujeição passiva sobre si ou para outrem”. Independe todavia de intuito, objetivo
o mero detentor ou possuidor da coisa. de lucro por parte do agente, que pode atuar por vingança,
capricho, liberalidade.

18
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

O consentimento da vítima na subtração elide o crime, FURTO NOTURNO


já que o patrimônio é um bem disponível, mas se ele ocorre
depois da consumação, é evidente que sobrevivi o ilícito O Furto Noturno, está previsto no § 1º do artigo 155:
penal. “apena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado
durante o repouso noturno”7.
O delito de furto também pode ser praticado entre:
cônjuges, ascendentes e descendentes, tios e sobrinhos, É furto agravado ou qualificado o praticado durante
entre irmãos. o repouso noturno, aumenta-se de 1/3 artigo 155 §1º , a
razão da majorante está ligada ao maior perigo que está
O direito romano não admitia, nesses casos, a ação submetido o bem jurídico diante da precariedade de
penal. Já o direito moderno não proíbe o procedimento vigilância por parte de seu titular.
penal, mas isenta de pena, como elemento de preservação Basta que ocorra a cessação da vigilância da vítima,
da vida familiar. que, dormindo, não poderá efetivá-la com a segurança e
a amplitude com que a faria, caso estivesse acordada, para
Para se definir o momento da consumação, existem que se configure a agravante do repouso noturno.
duas posições: Repouso noturno é o tempo em que a cidade repousa,
é variável, dependendo do local e dos costumes.
1) atinge a consumação no momento em que o objeto É discutida pela doutrina e pela jurisprudência a cerca
material é retirado de posse e disponibilidade do sujeito da necessidade do lugar, ser habitado ou não, para se dar
passivo, ingressando na livre disponibilidade do autor, a agravante. A jurisprudência dominante nos tribunais é no
ainda que não obtenha a posse tranquila4; sentido de excluir a agravante, se o furto é praticado em
2) quando exige-se a posse tranquila, ainda que por lugar desabitado, pois evidente se praticado desta forma
breve tempo. 5 não haveria, mesmo durante a época o momento do não
repouso, a possibilidade de vigilância que continuaria a ser
Temos a seguinte classificação para o crime de furto: tão precária quanto este momento de repouso.
comum quanto ao sujeito, doloso, de forma livre, comissivo Porém, como diz o mestre Magalhães Noronha “para
de dano, material e instantâneo. nós, existe a agravante quando o furto se dá durante
A ação penal é pública incondicionada, exceto nas o tempo em que a cidade ou local repousa, o que não
hipóteses do artigo 182 do Código Penal Brasileiro, que é importa necessariamente seja a casa habitada ou estejam
condicionada à representação. seus moradores dormido. Podem até estar ausente, ou
desabitado o lugar do furto”.
O crime de furto pode ser de quatro espécies: furto A exposição de motivos como a do mestre Noronha,
simples, furto noturno, furto privilegiado e furto qualificado é a que se iguala ao meu parecer, pois é prevista como
agravante especial do furto a circunstância de ser o crime
FURTO DE USO praticado durante o período do sossego noturno8, seja
ou não habitada a casa, estejam ou não seus moradores
Furto de uso é a subtração de coisa apenas para dormindo, cabe a majoração se o delito ocorreu naquele
usufruí-la momentaneamente, está prevista no art. 155 do período.
Código Penal Brasileiro, para que seja reconhecível o furto
de uso e não o furto comum, é necessário que a coisa seja Furto em garagem de residência, também há duas
restituída, devolvida, ao possuidor, proprietário ou detentor posições, uma em que incide a qualificadora, da qual o
de que foi subtraída, isto é, que seja reposta no lugar, para Professor Damásio é partidário, e outra na qual não incide
que o proprietário exerça o poder de disposição sobre a a qualificadora.
coisa subtraída. Fora daí a exclusão do “animus furandi”
dependerá de prova plena a ser oferecida pelo agente. FURTO PRIVILEGIADO ou mínimo

Os tribunais tem subordinado o reconhecimento do O furto privilegiado está expresso no § 2º do artigo


furto de uso a efetiva devolução ou restituição, afirmando 155: “Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a
que há furto comum se a coisa é abandonada em local coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela
distante ou diverso ou se não é recolocada na esfera de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar
de vigilância de seu dono. Há ainda entendimentos que somente a pena de multa”.
exigem que a devolução da coisa, além de ser feita no Vale dizer que é uma forma de causa especial de
mesmo lugar da subtração seja feita em condições de diminuição de pena. Existem requisitos para que se dê essa
restituição da coisa em sua integridade e aparência interna causa especial:
e externa, assim como era no momento da subtração. - O primeiro requisito para que ocorra o privilégio é ser
o agente primário, ou seja, que não tenha sofrido em razão
Vale dizer a coisa devolvida assemelha-se em tudo de outro crime condenação anterior transitada em julgado.
e por tudo em sua aparência interna e externa à coisa - O segundo requisito é ser de pequeno valor a coisa
subtraída6. subtraída.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A doutrina e a jurisprudência têm exigido além Tentativa, é admissível. Via de regra, a prisão em
desses dois requisitos já citados, que o agente não revele flagrante indica delito tentado nos casos de furto, por não
personalidade ou antecedentes comprometedores, chegar o agente a ter a posse tranquila da coisa subtraída,
indicativos da existência de probabilidade, de voltar a que não ultrapassa a esfera de vigilância da vítima.
delinquir. Há ainda a tentativa frustrada, citarei um exemplo:
A pena pode-se substituir a de reclusão pela de um batedor de carteira segue uma pessoa durante vários
detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar dias. Decide, então, subtrair, do bolso interno do paletó
somente a multa. da vítima, envelope que julga conter dinheiro. Furtado o
envelope, o batedor de carteira é apanhado. Chegando à
O § 3º do artigo 155 faz menção à igualdade entre Delegacia, verifica-se que o envelope estava vazio, pois,
energia elétrica, ou qualquer outra que tenha valor naquele dia, a vítima esquecera o dinheiro em casa. O
econômico à coisa móvel, também a caracterizando como agente será responsabilizado pelo crime nesse exemplo?
crime10. Não, pois a ausência do objeto material do delito faz do
evento um crime impossível.
A jurisprudência considera essa modalidade de furto O último é a qualificadora da destreza, que se dá
como crime permanente, pois o agente pratica uma só quando a subtração se dá dissimuladamente com especial
ação, que se prolonga no tempo. habilidade por parte do agente, onde a ação, sem emprego
de violência, em situação em que a vítima, embora
FURTO QUALIFICADO consciente e alerta, não percebe que está tendo os bens
furtados. O arrebatamento violento ou inopinado não a
Em determinadas circunstâncias são destacadas o configura.
§4º do art. 155, para configurar furto qualificado, ao qual
é cominada pena autônoma sensivelmente mais grave: A terceira hipótese é o emprego de chave falsa.
“reclusão de 2 à 8 anos seguida de multa”. Constitui chave falsa qualquer instrumento ou engenho
São as seguintes as hipóteses de furto qualificado: de que se sirva o agente para abrir fechadura e que tenha
se o crime é cometido com destruição ou rompimento ou não o formato de uma chave, podendo ser grampo,
de obstáculos à subtração da coisa; está hipótese trata da pedaço de arame, pinça, gancho, etc. O exame pericial
destruição, isto é, fazer desaparecer em sua individualidade
da chave ou desse instrumento é indispensável para a
ou romper, quebrar, rasgar, qualquer obstáculo móvel ou
caracterização da qualificadora
imóvel a apreensão e subtração da coisa.
A destruição ou rompimento deve dar-se em qualquer
A Quarta e última hipótese é quando ocorre mediante
momento da execução do crime e não apenas para
concurso de duas ou mais pessoas, quando praticado nestas
apreensão da coisa. Porém é imprescindível que seja
circunstâncias, pois isto revela uma maior periculosidade
comprovada pericialmente, nem mesmo a confissão do
dos agentes, que unem seus esforços para o crime.
acusado supre a falta da perícia11 .
Trata-se de circunstância objetiva e comunicável no caso No caso de furto cometido por quadrilha, responde
de concurso de pessoas, desde que o seu conteúdo haja por quadrilha pelo artigo 288 do Código Penal Brasileiro
ingressado na esfera do conhecimento dos participantes. seguido de furto simples, ficando excluída a qualificadora13,
A segunda hipótese é quando o crime é cometido Concurso de qualificadoras, o agente incidindo em
com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou duas qualificadoras, apenas uma qualifica, podendo servir
destreza. a outra como agravante comum.
Há abuso de confiança quando o agente se prevalece
de qualidade ou condição pessoal que lhe facilite à pratica FURTO DE COISA COMUM
do furto. Qualifica o crime de furto quando o agente se Este crime está definido no art. 156 do Código Penal
serve de algum artifício para fazer a subtração12. Brasileiro, que diz: “Subtrair o condômino, coerdeiro, ou
Mediante fraude é o meio enganoso capaz de iludir sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a
a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na detém, a coisa comum: pena – detenção, de 6 (seis) meses
subtração do objeto material. O furto mediante fraude à 2 (dois) anos, ou multa”.
distingue-se do estelionato, naquele a fraude é empregada A razão da incriminação é de que o agente subtraia
para iludir a atenção e vigilância do ofendido, que nem coisa que pertença também a outrem. Este crime constitui
percebe que a coisa lhe está sendo subtraída; no estelionato, caso especial de furto, distinguindo-se dele apenas as
ao contrário, a fraude antecede o apossamento da coisa e é relações existentes entre o agente e o lesado ou os lesados.
a causa de sua entrega ao agente pela vítima; esta entrega Sujeito ativo, somente pode ser o condômino,
a coisa iludida, pois a fraude motivou seu consentimento. coproprietário, coerdeiro ou o sócio. Esta condição é
É ainda qualificadora a penetração no local do furto indispensável e chega a ser uma elementar do crime e por
por via que normalmente não se usa para o acesso, sendo tanto é transmitido ao partícipe estranho nos termos do
necessário o emprego de meio artificial, é no caso de artigo 29 do Código Penal Brasileiro.
escalada, que não se relaciona necessariamente com a Sujeito passivo será sempre o condomínio,
ação de galgar ou subir. Também deve ser comprovada por coproprietário, coerdeiro ou o sócio, não podendo excluir-
meio de perícia, assim como o rompimento de obstáculo. se o terceiro possuidor legítimo da coisa.

20
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A vontade de subtrair configura o momento subjetivo, Tentativas, quanto ao roubo próprio ela é admitida,
fala-se em dolo específico na doutrina, na expressão “para visto podendo ocorrer quando o sujeito, após empregar
si ou para outrem”. a violência ou grave ameaça contra a pessoa, por motivos
A pena culminada para furto de coisa comum é alheios a sua vontade, não consegue efetuar a subtração.
alternativa de detenção de 6 (seis) meses à 2 (dois) anos Já a tentativa para o crime de roubo impróprio temos
ou multa. Dá-se ao juiz a margem para individualização da duas correntes:
pena tendo em vista as circunstâncias do caso concreto.
Sua classificação doutrinária é de crime comum quanto
ROUBO ao sujeito, doloso, de forma livre, de dano, material e
A ação penal é pública, porém depende de instantâneo. Tendo ação penal pública incondicionada.
representação da parte
Como expresso no artigo 157 do Código Penal ROUBO E LESÃO CORPORAL GRAVE
Brasileiro: “Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para Nos termos do artigo 157 § 3º do Código Penal
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
Brasileira primeira parte, é qualificado roubo quando: “da
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
violência resulta lesão corporal de natureza grave, fixando-
impossibilidade de resistência: pena – reclusão, de 4
se a pena num patamar superior ao fixado anteriormente,
(quatro) a 10 (dez) anos, e multa”.
aqui reclusão de 5 (cinco) à 15 (quinze) anos, além da
Trata-se de crime contra o patrimônio, em que é
atingido também a integridade física ou psíquica da vítima. multa”.
É um crime complexo, onde o objeto jurídico imediato É indispensável que a lesão seja causada pela violência,
do crime é o patrimônio, e tutela-se também a integridade não estando o agente, sujeito às penas previstas pelo
corporal, a saúde, a liberdade e na hipótese de latrocínio a dispositivo em estudo, se o evento decorra de grave ameaça,
vida do sujeito passivo. como enfarte, choque ou do emprego de narcóticos.
O Roubo também é um delito comum, podendo ser Haverá no caso roubo simples seguido de lesões corporais
cometido por qualquer pessoa, dando-se o mesmo com de natureza grave em concurso formal.
o sujeito passivo. Pode ocorrer a hipótese de dois sujeitos A lesão poderá ser sofrida pelo titular do direito ou em
passivos: um que sofre a violência e o titular do direito de um terceiro.
propriedade. Se o agente fere gravemente a vítima mas não
Como no Furto, a conduta é subtrair, tirar a coisa consegue subtrair a coisa, há só a tentativa do artigo 157 §
móvel alheia, mas faça-se necessário que o agente se 3º 1ª parte (TACrim SP, julgados 72:214).
utilize de violência, lesões corporais, ou vias de fato, como
grave ameaça ou de qualquer outro meio que produza a ROUBO SEGUIDO DE MORTE - LATROCÍNIO
possibilidade de resistência do sujeito passivo.14 Comina-se pena de reclusão de 20 à 30 anos se resulta
A vontade de subtrair com emprego de violência, grave a morte, as mesmas considerações referentes aos crimes
ameaça ou outro recurso análogo é o dolo do delito de qualificados pelo resultado, podem ser aqui aplicadas.
roubo. Exige-se porém, o elemento subjetivo do tipo, o O artigo da Lei 8072/90 (Lei dos Crimes Hediondos),
chamado dolo específico, idêntico ao do furto, para si ou em conformidade com o artigo 5º XLIII, da Constituição
para outrem, é que se dá a subtração. Federal Brasileira, considera crime de latrocínio Hediondo.
Nos termos legais o Latrocínio não exige que o evento
Há uma figura denominada roubo impróprio que vem morte seja desejado pelo agente, basta que ele empregue
definido no art.157 §1º do Código Penal Brasileiro: “na violência para roubar e que dela resulte a morte para que
mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a se tenha caracterizado o delito.
coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça,
É indiferente porém, que a violência tenha sido exercida
a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção
para o fim da subtração ou para garantir, depois desta, a
da coisa para si ou para terceiro”. Nesse caso a violência ou
impunidade do crime ou a detenção da coisa subtraída18 .
a grave ameaça ocorre após a consumação da subtração,
Ocorre latrocínio ainda que a violência atinja pessoa
visando o agente assegurar a posse da coisa subtraída ou a
impunidade do crime. diversa daquela que sofre o desapossamento da coisa.
A violência posterior ou roubo para assegurar a sua Haverá no entanto um só crime com dois sujeitos passivos.
impunidade, deve ser imediato para caracterização do A consumação do latrocínio ocorre com a efetiva
roubo impróprio. subtração e a morte da vítima, embora no latrocínio haja
A consumação do roubo impróprio ocorre com morte da vítima, ele é um crime contra o patrimônio, sendo
a violência ou grave ameaça desde que já ocorrido a Juiz singular e não do Tribunal do Júri, essa é a posição
subtração, não se consumando esta, tem se entendido que válida,
o agente deverá ser responsabilizado por tentativa de furto Pena: reclusão de vinte a trinta anos, sem prejuízo da
em concurso com o crime de lesões corporais. multa, conforme alteração do artigo 6º da Lei n.º. 8072/90.
Consuma-se no momento em que o agente retira o Conforme o artigo 9º dessa lei, a pena é agravada de metade
objeto material da esfera de disponibilidade da vítima, quando a vítima se encontra nas condições do artigo 224
mesmo que não haja a posse tranquila. do Código Penal Brasileiro: “presunção de violência”.

21
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

EXTORSÃO Da outra parte, se entendido como crime material, a


O crime de extorsão é formal e consuma-se no consumação se dará com obtenção de indevida vantagem
momento e no local em que ocorre o constrangimento econômica. Seguimos esse entendimento, para nós o
para que se faça ou se deixe de fazer alguma coisa. Súmula crime de extorsão é material consumando-se com a efetiva
nº 96 do Superior Tribunal de Justiça. obtenção indevida vantagem econômica.

Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou Tentativa


grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para Admite-se quer considerando o crime formal ou
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que material. Surge quando a vítima mesmo constrangida,
se faça ou deixar fazer alguma coisa: mediante violência ou grave ameaça, não realiza a condita
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. por circunstâncias alheias à vontade do agente. A vítima,
então não se intimida, vence o medo e denuncia o fato a
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
polícia.
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço
até metade. EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO (art. 159)
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência Na extorsão mediante sequestro, diferentemente da
o disposto no § 3º do artigo anterior. extorsão do art. 158, a vantagem pode ser qualquer uma
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da (inclusive econômica). Trata-se de crime hediondo em
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a todas as suas modalidades, havendo privação da liberdade
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, da vítima para se obter a vantagem. É crime complexo,
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão resultante da extorsão + sequestro ou cárcere privado (é
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no o que diz a doutrina, mas eu não concordo, visto que a
art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº extorsão exige finalidade de obter vantagem econômica
11.923, de 2009) indevida).
Se o sequestro for para obtenção de qualquer vantagem
È um crime comum, formal ou material, de forma livre, devida, haverá o crime de exercício arbitrário das próprias
instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente, comissivo, razões em concurso material com o sequestro ou cárcere
doloso, de dano, complexo e admite tentativa. privado.
A conduta consiste em constranger (obrigar, forcar, Apesar de o tipo se referir a “qualquer vantagem”,
coagir), mediante violência (física: vias de fato ou lesão não haverá o crime se a vantagem não tiver algum valor
econômico. Isso se depreende da interpretação sistêmica
corporal) ou grave ameaça (moral: intimidação idônea
do tipo, que está inserido no Título II, relativo aos crimes
explicita ou explicita que incute medo no ofendido) com o
contra o patrimônio.
objetivo de obter para si ou para outrem indevida (injusta, Não influi na caracterização do crime o fato de a
ilícita) vantagem econômica (qualquer vantagem seja de vítima ser transportada para algum lugar ou ser retida em
coisa móvel ou imóvel). sua própria casa. Ademais, o sequestro deve se dar como
Haverá constrangimento ilegal se a vantagem não for condição ou preço do resgate.
econômica e exercício arbitrário das próprias razoes se a Sujeito passivo
vantagem for devida. Pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica,
que pode ter, v.g., um de seus sócios sequestrados para que
Tipo subjetivo seja efetuado o pagamento. Determina-se o sujeito passivo
O tipo é composto de dolo duplo: o primeiro constituído de acordo com a pessoa que terá o patrimônio lesado.
pela vontade livre e consciente de constranger alguém Se a pessoa que sofre a privação da liberdade for
mediante violência ou grave ameaça, dolo genérico; o diferente daquela que terá seu patrimônio diminuído,
segundo exige o elemento subjetivo do tipo específico na haverá apenas um crime, não obstante existirem duas
expressão “com intuito de”. vítimas.
Consumação e tentativa
Consumação Ocorre a consumação quando o agente pratica a
Discute-se na doutrina se o crime de extorsão é formal conduta prevista no núcleo do tipo, quando realiza o
sequestro privando a vítima da liberdade por tempo
ou material. Para os que o consideram formal, a consumação
juridicamente relevante, ainda que não aufira a vantagem
ocorre independentemente do resultado. Basta ser idôneo
qualquer e ainda que nem tenha sido pedido o resgate.
ao constrangimento imposto à vítima, sendo irrelevante a Logo, o crime é formal.
enfeitava obtenção da vantagem econômica indevida. “A extorsão mediante sequestro, como crime formal
O comportamento da vítima nesse caso é fundamental ou de consumação antecipada, opera-se com a simples
para a consumação do delito. É a indispensabilidade da privação da liberdade de locomoção da vítima, por tempo
conduta do sujeito passivo para a consumação do crime, juridicamente relevante. Ainda que o sequestrado não
se o constrangimento for sério, idôneo o suficiente para tenha sido conduzido ao local de destino, o crime está
ensejar a ação ou omissão da vítima em detrimento do seu consumado” (MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal
patrimônio, perfaz-se o tipo penal do art. 168 do CP. Interpretado. 6ª edição. São Paulo: Atlas. 2007, pág. 1.476).

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Perfeitamente possível a tentativa, já que a execução Não se confunde com a confissão espontânea, pois
do crime requer um iter criminis desdobrado em vários nesta o agente garante confessa sua participação no crime,
atos. Porém, difícil de se configurar. Hipótese seria aquela sem incriminar outrem.
em que os agentes são flagrados logo após colocarem a
vítima no carro, pois aí não teriam privado sua liberdade EXTORSÃO INDIRETA
por tempo juridicamente relevante. Art. 160. Exigir ou receber, como garantia de dívida,
abusando da situação de alguém, documento que pode
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO QUALIFICADA dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou
Se o sequestro dura mais de 24h, se o sequestrado contra terceiro:
é menor de 18 e maior que 60 anos, ou se o crime é Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
cometido por bando ou quadrilha a pena será de reclusão
de 12 a 20 anos. Quanto maior o tempo em que a vítima Classificação doutrinária
estiver em poder do criminoso, maior será o dano à saúde Crime comum, doloso, de dano, formal (exigir) e material
e integridade física. (receber), instantâneo, comissivo, de forma vinculada,
unissubjetivo, unissubsistente (exigir) ou plurissubsistente
Quanto ao crime cometido por bando ou quadrilha, (receber) e admite tentativa.
entende-se como a reunião permanente de mais de três A conduta recai sobre o documento que pode dar
pessoas para cometer e não uma reunião ocasional para causa a um procedimento criminal contra o devedor, como
cometer o sequestro a confissão de um crime, a falsificação de um título de
crédito, uma duplicata fria etc.
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO COM LESÃO A conduta consiste ainda em exigir (obrigar, ordenar)
CORPORAL GRAVE. ou receber (aceitar) um documento que pode dar causa a
Se o fato resulta lesão corporal de natureza grave procedimento criminal contra a vítima ou terceiro. É abusar
a pena será de reclusão de 16 a 24 anos; se resulta a da situação daquele que necessita urgentemente de auxílio
morte a pena será de reclusão de 24 a 30 anos. Observa- financeiro. Necessário para a configuração do delito que o
se de imediato a diferença deste delito com o de roubo documento exigido ou recebido pelo agente, que pode ser
qualificado pelo resultado. No art. 157 do CP a lei diz: “se público ou particular, se preste a instauração de inquérito
da violência resultar lesão grave ou morte”; logo, num policial contra o ofendido. Não se exige a instauração do
roubo em que vítima cardíaca diante de uma ameaça vem a procedimento criminal, basta que o documento em poder
falecer, haverá roubo em concurso material com homicídio do credor seja potencialmente apto a iniciar o processo.
e não latrocínio. O tipo exige o emprego da violência. Na
extorsão mediante sequestro a lei menciona: “se dos ato Consumação
resultar lesão grave ou morte”, pouco importando para Na ação de exigir, crime formal, a consumação ocorre
qualificar o delito que a lesão grave seja culposa ou dolosa.. com a simples exigência do documento pelo extorcionário.
Evidentemente, se a lesão grave ou morte resultar de caso A iniciativa aqui é do agente, na conduta de receber, crime
fortuito ou força maior, o resultado agravados não poderá material, a consumação ocorre com o efetivo recebimento
ser imputado ao agente. do documento. Nesse caso a iniciativas provém da vítima.
Tentativa
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO E TORTURA Na modalidade exigir, entendemos não ser possível
Entendemos que os institutos possuem objetividades sua configuração, embora uma parcela da doutrina a
jurídicas distintas e autônomas. Na extorsão são mediante admita com o sovado exemplo, também oferecido nos
sequestro ofende-se o patrimônio, a liberdade de ir e crimes contra a honra, de a exigência ser reduzida por
vir e a vida. Na tortura atinge-se a dignidade humana, escrito, mas não chegar ao conhecimento do ofendido. Na
consubstanciada na integridade física e mental. Cm efeito, de receber, no entanto, é perfeitamente possível, podendo
a nosso, juízo, nada impede o reconhecimento do concurso o iter criminis ser interrompido por circunstâncias alheias à
material de infrações. vontade do agente.

DELAÇÃO PREMIADA Crimes contra a propriedade imaterial.


O benefício somente se aplica quando o crime for Crimes contra a propriedade intelectual.
cometido em concurso de pessoas, devendo o acusado
fornecer às autoridades elementos capazes de facilitar São regulados no Título III da Parte Especial do Código
a resolução do crime. Causa obrigatória de diminuição Penal. A propriedade imaterial consiste na relação jurídica
de pena se preenchidos os requisitos estabelecidos pelo entre o autor e sua obra, em função da criação (direitos
parágrafo 4º do art. 159, qual seja, denúncia à autoridade morais), ou da respectiva inserção em circulação (direitos
( juiz, delegado ou promotor) feita por um dos concorrentes, patrimoniais), e perante todos (Estado, coletividade,
e esta facilitar a libertação da vítima. Faz-se mister salientar explorador econômico, usuário, adquirente de exemplar).
que, se não houver a libertação do sequestrado, mesmo A violação de direito autoral é crime contra a propriedade
havendo delação do coautor, não haverá diminuição de intelectual que encontra-se tipificado no Capítulo I do
pena. Título III, no artigo 184 do Còdigo Penal, cuja objetividade

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

jurídica é a propriedade imaterial. Os Capítulos II a IV do Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Título III, que definiam os crimes contra o privilégio de § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de
invenção, contra as marcas de indústria e comércio e os subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
crimes de concorrência desleal, foram revogados. grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
TÍTULO II § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego
CAPÍTULO I de arma;
DO FURTO II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores
Furto e o agente conhece tal circunstância.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia IV - se a subtração for de veículo automotor que
móvel: venha a ser transportado para outro Estado ou para o
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. exterior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é V - se o agente mantém a vítima em seu poder,
praticado durante o repouso noturno. restringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor 1996)
a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa;
somente a pena de multa. se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou prejuízo da multa.  (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
qualquer outra que tenha valor econômico. 1996) Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

Furto qualificado Extorsão


§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
se o crime é cometido: grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que
subtração da coisa; se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
escalada ou destreza; § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
III - com emprego de chave falsa; ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. até metade.
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
a subtração for de veículo automotor que venha a ser o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de
transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído 25.7.90
pela Lei nº 9.426, de 1996) § 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
a subtração for de semovente domesticável de produção, obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão,
ainda que abatido ou dividido em partes no local da de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no
art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº
Furto de coisa comum 11.923, de 2009)
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio,
para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a Extorsão mediante sequestro
coisa comum: Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou
§ 1º - Somente se procede mediante representação. preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90  (Vide Lei nº
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum 10.446, de 2002)
fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada
o agente. pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
CAPÍTULO II horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior
DO ROUBO E DA EXTORSÃO de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando
ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Redação dada
Roubo pela Lei nº 10.741, de 2003)
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
impossibilidade de resistência: grave: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro III - contra o patrimônio da União, Estado, Município,
anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 de economia mista; (Redação dada pela Lei nº 5.346, de
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Redação 3.11.1967)
dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável
§ 4º  - Se o crime é cometido em concurso, o para a vítima:
concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa,
libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a além da pena correspondente à violência.
dois terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
Introdução ou abandono de animais em
Extorsão indireta propriedade alheia
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade
abusando da situação de alguém, documento que pode alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que
dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou o fato resulte prejuízo:
contra terceiro: Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou
CAPÍTULO III histórico
DA USURPAÇÃO Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
tombada pela autoridade competente em virtude de valor
Alteração de limites artístico, arqueológico ou histórico:
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para
apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia: Alteração de local especialmente protegido
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: competente, o aspecto de local especialmente protegido
por lei:
Usurpação de águas Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de
outrem, águas alheias; Ação penal
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu
Esbulho possessório parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, queixa.
ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou
edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. CAPÍTULO V
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
pena a esta cominada.
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego Apropriação indébita
de violência, somente se procede mediante queixa. Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que
tem a posse ou a detenção:
Supressão ou alteração de marca em animais Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em
gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de Aumento de pena
propriedade: § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
CAPÍTULO IV II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário,
DO DANO inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
Dano
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social
Dano qualificado as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e
Parágrafo único - Se o crime é cometido: forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº 9.983,
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; de 2000)
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
se o fato não constitui crime mais grave multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar CAPÍTULO VI


de: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra
importância destinada à previdência social que tenha Estelionato
sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem
terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei nº ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém
9.983, de 2000) em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio
II – recolher contribuições devidas à previdência fraudulento:
social que tenham integrado despesas contábeis ou custos Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de
relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços; quinhentos mil réis a dez contos de réis.
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
III - pagar benefício devido a segurado, quando as o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à no art. 155, § 2º.
empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
de 2000)
§ 2o  É extinta a punibilidade se o agente, Disposição de coisa alheia como própria
espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
das contribuições, importâncias ou valores e presta em garantia coisa alheia como própria;
as informações devidas à previdência social, na forma
definida em lei ou regulamento, antes do início da ação Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia
§ 3o  É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa,
aplicar somente a de multa se o agente for primário e de ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer
de 2000) dessas circunstâncias;
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes
de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição Defraudação de penhor
social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído pela III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo
credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando
Lei nº 9.983, de 2000)
tem a posse do objeto empenhado;
II – o valor das contribuições devidas, inclusive
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido
Fraude na entrega de coisa
pela previdência social, administrativamente, como
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de
sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
coisa que deve entregar a alguém;
fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Fraude para recebimento de indenização ou valor
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito de seguro
ou força da natureza V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as
ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. indenização ou valor de seguro;
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Fraude no pagamento por meio de cheque
Apropriação de tesouro VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
no todo ou em parte, da quota a que tem direito o § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime
proprietário do prédio; é cometido em detrimento de entidade de direito público
ou de instituto de economia popular, assistência social ou
Apropriação de coisa achada beneficência.
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono Estelionato contra idoso
ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade § 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for
competente, dentro no prazo de quinze dias. cometido contra idoso. (Incluído pela Lei nº 13.228, de
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica- 2015)
se o disposto no art. 155, § 2º.
Duplicata simulada
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que
não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou
qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei
nº 8.137, de 27.12.1990)

26
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por
(Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação
que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou
Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas
relativo;
Abuso de incapazes II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros
necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da títulos da sociedade;
alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à
qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro,
jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. assembleia geral;
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por
Induzimento à especulação conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando
Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da a lei o permite;
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental V - o diretor ou o gerente que, como garantia de
de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou crédito social, aceita em penhor ou em caução ações da
à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou própria sociedade;
devendo saber que a operação é ruinosa: VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui
lucros ou dividendos fictícios;
Fraude no comércio VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta
Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação
o adquirente ou consumidor: de conta ou parecer;
I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
falsificada ou deteriorada; IX - o representante da sociedade anônima
II - entregando uma mercadoria por outra: estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica os
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a Governo.
qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a
caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem
valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de
precioso, metal de ou outra qualidade: assembléia geral.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. Emissão irregular de conhecimento de depósito ou
“warrant”
Outras fraudes Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant,
Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em em desacordo com disposição legal:
hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
recursos para efetuar o pagamento:
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou Fraude à execução
multa. Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando,
Parágrafo único - Somente se procede mediante destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
deixar de aplicar a pena. Parágrafo único - Somente se procede mediante
queixa.
Fraudes e abusos na fundação ou administração de
sociedade por ações CAPÍTULO VII
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, DA RECEPTAÇÃO
fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público
ou à assembleia, afirmação falsa sobre a constituição da Receptação
sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
relativo: ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a
fato não constitui crime contra a economia popular. adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426,
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui de 1996)
crime contra a economia popular: (Vide Lei nº 1.521, de Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação
1951) dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº O agente, representante de um poder estatal, tem
9.426, de 1996) por função principal cumprir regularmente seus deveres,
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, confiados pelo povo. A traição funcional faz com que todos
ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, tenhamos interesse na sua punição, até porque, de certa
expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito forma, somos afetados por elas. Dentro desse espírito,
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou mesmo quando praticado no estrangeiro, logo, fora do
industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
alcance da soberania nacional, o delito funcional será
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação alcançado, obrigatoriamente, pela lei penal.
dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do Não bastasse, a Lei 10.763, de 12 de novembro de
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou 2003, condicionou a progressão de regime prisional nos
clandestino, inclusive o exercício em residência. (Redação crimes contra a Administração Pública à prévia reparação
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) do dano causado, ou à devolução do produto do ilícito
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza praticado, com os acréscimos legais.
ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela
condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por A lei em comento não impede a progressão aos
meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) crimes funcionais, mas apenas acrescenta uma nova
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
condição objetiva, de cumprimento obrigatório para que o
ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido reeducando conquiste o referido benefício.
ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa.
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Crimes Funcionais
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, Espécies
pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, Os delitos funcionais são divididos em duas espécies:
deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se próprios e impróprios.
o disposto no § 2º do art. 155.  (Incluído pela Lei nº 9.426, Nos crimes funcionais próprios, na qualidade de
de 1996) funcionário público ao autor, o fato passa a ser tratado
§ 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio como um tipo penal descrito.
da União, Estado, Município, empresa concessionária de
Já nos impróprios desaparecendo a qualidade de
serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena
prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro. (Incluído servidor publico, desaparece também o crime funcional,
pela Lei nº 9.426, de 1996) desclassificando a conduta para outro delito, de natureza
diversa.
Receptação de animal
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, Conceito de Funcionário Público para Efeitos Penais
ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de Art. 327. Considera-se funcionário público, para os
produção ou de comercialização, semovente domesticável efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
que deve saber ser produto de crime: (Incluído pela Lei nº § 1º Equipara-se a funcionário público quem exerce
13.330, de 2016) cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
(Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016)
ou conveniada para a execução de atividade típica da
Administração Pública.
§ 2º A pena será aumentada da terça parte quando
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
PÚBLICA. ocupantes de cargos em comissão ou de função de
direção ou assessoramento de órgão da administração
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou
fundação instituída pelo poder público.
O Capítulo I do Título XI do Código Penal trata dos Contudo, ao considerar o que seja funcionário público
crimes funcionais, praticados por determinado grupo de para fins penais, nosso Código Penal nos dá um conceito
pessoas no exercício de sua função, associado ou não com unitário, sem atender aos ensinamentos do Direito
pessoa alheia aos quadros administrativos, prejudicando o
Administrativo, tomando a expressão no sentido amplo.
correto funcionamento dos órgãos do Estado.
A Administração Pública deste modo, em geral direta, Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se
indireta e empresas privadas prestadoras de serviços funcionário público não apenas o servidor legalmente
públicos, contratadas ou conveniadas será vítima primária investido em cargo público, mas também o que servidor
e constante, podendo, secundariamente, figurar no polo publico efetivo ou temporário.
passivo eventual administrado prejudicado.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Tipos penais Contra Administração Pública sim o favorecimento pessoal do agente. É um crime doloso
e sua consumação se dá quando ele passa a ser o titular da
O crime de Peculato, Peculato apropriação, Peculato coisa. Admite-se a tentativa.
desvio, Peculato furto, Peculato culposo, Peculato mediante
erro de outrem, Concussão, Excesso de exação, Corrupção Concussão
passiva e Prevaricação, são os crimes tipificado com
praticados por agentes públicos. Art. 316 C.P., é uma espécie de extorsão praticada
pelo servidor público com abuso de autoridade. O objeto
Peculato jurídico é a probidade da administração pública. Sujeito
ativo: Crime próprio praticado pelo servidor e o seu jeito
Previsto no artigo 312 do C.P., a objetividade jurídica passivo é o Estado e a pessoa lesada. A conduta é exigir.
do peculato é a probidade da administração pública. É um Trata-se de crime formal pois consuma-se com a exigência,
crime próprio onde o sujeito ativo será sempre o funcionário se houver entrega de valor há exaurimento do crime e
público e o sujeito passivo o Estado e em alguns casos o a vítima não responde por corrupção ativa porque foi
particular. Admite-se a participação. obrigada a agir dessa maneira.

Peculato Apropriação Excesso de Exação

É uma apropriação indébita e o objeto pode ser A exigência vai para os cofres públicos, isto é, recolhe
dinheiro, valor ou bem móvel. É de extrema importância aos cofres valor não devido, ou era para recolher aos cofres
que o funcionário tenha a posse da coisa em razão do seu públicos, porém o funcionário se apropria do valor.
cargo. Consumação: Se dá no momento da apropriação,
em que ele passa a agir como o titular da coisa apropriada. Corrupção Passiva
Admite-se a tentativa.
Art. 317 C.P., o Objeto jurídico é a probidade
Peculato Desvio administrativa. Sujeito ativo: funcionário público. A vítima é
o Estado e apenas na conduta solicitar é que a vítima será,
O servidor desvia a coisa em vez de apropriar-se. Aqui além do Estado a pessoa ao qual foi solicitada.
o sujeito ativo além do servidor pode tem participação de
uma 3a pessoa. Consumação: No momento do desvio e Condutas: Solicitar, receber e aceitar promessa,
admite-se a tentativa. aumenta-se a pena se o funcionário retarda ou deixa de
praticar atos de ofício. Não admite-se a tentativa, é no caso
Peculato Furto de privilegiado, onde cede ao pedido ou influência de 3a
pessoa. Só se consuma pela prática do ato do servidor
Previsto no Art. 312 CP., aqui o funcionário público
público.
não detêm a posse, mas consegue deter a coisa em razão
da facilidade de ser servidor público. Ex: Diretor de escola
Prevaricação
pública que tem a chave de todas as salas da escola,
aproveita-se da sua função e facilidade e subtrai algo que
Art. 319 C.P., aqui também tutela-se a probidade
não estava sob sua posse, tem-se o peculato furto.
administrativa. É um crime próprio, cometido por
funcionário público e a vítima é o Estado. A conduta
Peculato Culposo
é: retardar ou deixar de praticar ato de ofício. O Crime
Aproveitando o exemplo da escola, neste caso o consuma-se com o retardamento ou a omissão, é doloso
diretor esquece a porta aberta e alguém entra no colégio e e o objetivo do agente é buscar satisfação ou vantagem
subtrai um bem. A consumação se dá no momento em que pessoal.
o 3o subtrai a coisa. Não admite-se a tentativa.
Os crimes contra a Administração Pública é
Peculato mediante Erro de Outrem demasiadamente prejudicial, pois refletem e afetam a todos
os cidadãos dependentes do serviço publico, colocando em
Art. 313 C.P., o seu objeto jurídico é a probidade crédito e a prova a credibilidade das instituições públicas,
administrativa. Sujeito ativo: funcionário público; sujeito para apenas satisfazer o egoismo e egocentrismo desses
passivo: Estado e o particular lesado. A modalidade agentes corruptos.
de peculato mediante erro de outrem, é um peculato Tais mecanismos de combate devem ser aplicas com
estelionato, onde a pessoa é induzida a erro. Ex: Um fiscal rigor e aperfeiçoados para que estes desviantes do serviço
vai aplicar uma multa a um determinado contribuinte e esse publico, tenham suas praticas de errôneas coibidas e
contribuinte paga o valor direto a esse fiscal, que embolsa extintas, podem assim fortalecer as instituições publica e
o dinheiro. Só que na verdade nunca existiu multa alguma valorizar os servidores.
e esse dinheiro não tinha como destino os cofres públicos e

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

TÍTULO XI Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou


DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA documento
CAPÍTULO I Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento,
DOS CRIMES PRATICADOS de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO inutilizá-lo, total ou parcialmente:
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
constitui crime mais grave.
Peculato
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação
ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou diversa da estabelecida em lei:
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário Concussão
público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
lhe proporciona a qualidade de funcionário. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Peculato culposo Excesso de exação


§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição
crime de outrem: social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
Pena - detenção, de três meses a um ano. devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso,
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação que a lei não autoriza: (Redação dada pela Lei nº 8.137, de
do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a 27.12.1990)
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e
imposta. multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
§ 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
Peculato mediante erro de outrem de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer cofres públicos:
utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
outrem:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Corrupção passiva
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem,
Inserção de dados falsos em sistema de direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, aceitar promessa de tal vantagem:
a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003)
de dados da Administração Pública com o fim de obter § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em
vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar consequência da vantagem ou promessa, o funcionário
dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)) retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e pratica infringindo dever funcional.
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
Modificação ou alteração não autorizada de sistema cedendo a pedido ou influência de outrem:
de informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de
informações ou programa de informática sem autorização Facilitação de contrabando ou descaminho
ou solicitação de autoridade competente: (Incluído pela Lei Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
nº 9.983, de 2000) prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um
terço até a metade se da modificação ou alteração resulta Prevaricação
dano para a Administração Pública ou para o administrado. Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente,
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de
lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. (Incluído
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso pela Lei nº 9.983, de 2000)
o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à Administração
permita a comunicação com outros presos ou com o Pública ou a outrem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)

Condescendência criminosa Violação do sigilo de proposta de concorrência


Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência
responsabilizar subordinado que cometeu infração no pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
levar o fato ao conhecimento da autoridade competente:
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Funcionário público
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
Advocacia administrativa efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
privado perante a administração pública, valendo-se da § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce
qualidade de funcionário: cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. trabalha para empresa prestadora de serviço contratada
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: ou conveniada para a execução de atividade típica da
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
multa. § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando
os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem
Violência arbitrária ocupantes de cargos em comissão ou de função de
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou direção ou assessoramento de órgão da administração
a pretexto de exercê-la: direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da
fundação instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei
pena correspondente à violência.
nº 6.799, de 1980)
Abandono de função
CAPÍTULO II
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos
DOS CRIMES PRATICADOS POR
permitidos em lei:
PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Usurpação de função pública
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
de fronteira: Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único - Se do fato o agente aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou
prolongado Resistência
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante
de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê- violência ou ameaça a funcionário competente para
la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de um a três anos.
Violação de sigilo funcional § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do das correspondentes à violência.
cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe
a revelação: Desobediência
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário
se o fato não constitui crime mais grave. público:
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.
quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento Desacato
e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício
de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou da função ou em razão dela:
banco de dados da Administração Pública;  (Incluído pela Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Lei nº 9.983, de 2000)

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei nº 9.127, § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de
de 1995) descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si fluvial. (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a
pretexto de influir em ato praticado por funcionário público Contrabando
no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº 9.127, de Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria proibida:
1995) (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. (Incluído
multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995) pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, § 1o Incorre na mesma pena quem: (Incluído pela Lei nº
se o agente alega ou insinua que a vantagem é também 13.008, de 26.6.2014)
destinada ao funcionário. (Redação dada pela Lei nº 9.127, I - pratica fato assimilado, em lei especial, a contrabando;
de 1995) (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
II - importa ou exporta clandestinamente mercadoria
Corrupção ativa que dependa de registro, análise ou autorização de órgão
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a público competente; (Incluído pela Lei nº 13.008, de
funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou 26.6.2014)
retardar ato de ofício: III - reinsere no território nacional mercadoria brasileira
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e destinada à exportação; (Incluído pela Lei nº 13.008, de
multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) 26.6.2014)
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, de
em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no
ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria
funcional. proibida pela lei brasileira; (Incluído pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014)
Descaminho V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
mercadoria proibida pela lei brasileira. (Incluído pela Lei
direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo
nº 13.008, de 26.6.2014)§ 2º - Equipara-se às atividades
consumo de mercadoria (Redação dada pela Lei nº 13.008,
comerciais, para os efeitos deste artigo, qualquer forma
de 26.6.2014)
de comércio irregular ou clandestino de mercadorias
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Redação
estrangeiras, inclusive o exercido em residências. (Incluído
dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)
§ 1o Incorre na mesma pena quem: (Redação dada pela
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de
Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos casos
fluvial. (Incluído pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014)
permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de
26.6.2014) Impedimento, perturbação ou fraude de
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a descaminho; concorrência
(Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar concorrência
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito pública ou venda em hasta pública, promovida pela
ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou administração federal, estadual ou municipal, ou por
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, entidade paraestatal; afastar ou procurar afastar concorrente
mercadoria de procedência estrangeira que introduziu ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
clandestinamente no País ou importou fraudulentamente oferecimento de vantagem:
ou que sabe ser produto de introdução clandestina no Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa,
território nacional ou de importação fraudulenta por parte além da pena correspondente à violência.
de outrem; (Redação dada pela Lei nº 13.008, de 26.6.2014) Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio ou abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem
alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, oferecida.
mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada
de documentação legal ou acompanhada de documentos Inutilização de edital ou de sinal
que sabe serem falsos. (Redação dada pela Lei nº 13.008, Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar
de 26.6.2014) ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os público; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular determinação legal ou por ordem de funcionário público,
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o para identificar ou cerrar qualquer objeto:
exercido em residências. (Redação dada pela Lei nº 13.008, Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
de 26.6.2014)

32
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Subtração ou inutilização de livro ou documento CAPÍTULO II-A 


Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, (Incluído pela Lei nº 10.467, de 11.6.2002)
livro oficial, processo ou documento confiado à custódia de DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR
funcionário, em razão de ofício, ou de particular em serviço CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTRANGEIRA
público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não Corrupção ativa em transação comercial
constitui crime mais grave. internacional
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou
Sonegação de contribuição previdenciária (Incluído indiretamente, vantagem indevida a funcionário público
pela Lei nº 9.983, de 2000) estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à
previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes transação comercial internacional: (Incluído pela Lei nº
condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) 10467, de 11.6.2002)
I – omitir de folha de pagamento da empresa ou Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e
de documento de informações previsto pela legislação multa. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
previdenciária segurados empregado, empresário, Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um terço),
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário
equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº público estrangeiro retarda ou omite o ato de ofício, ou
9.983, de 2000) o pratica infringindo dever funcional. (Incluído pela Lei nº
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios 10467, de 11.6.2002)
da contabilidade da empresa as quantias descontadas
dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo Tráfico de influência em transação comercial
tomador de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) internacional (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para
auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem
geradores de contribuições sociais previdenciárias: (Incluído ou promessa de vantagem a pretexto de influir em ato
pela Lei nº 9.983, de 2000) praticado por funcionário público estrangeiro no exercício
de suas funções, relacionado a transação comercial
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
internacional: (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
§ 1o  É extinta a punibilidade se o agente,
multa. (Incluído pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
espontaneamente, declara e confessa as contribuições,
Parágrafo único. A pena é aumentada da metade,
importâncias ou valores e presta as informações devidas à
se o agente alega ou insinua que a vantagem é também
previdência social, na forma definida em lei ou regulamento,
destinada a funcionário estrangeiro. (Incluído pela Lei nº
antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
10467, de 11.6.2002)
2000)
§ 2o  É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou Funcionário público estrangeiro (Incluído pela Lei nº
aplicar somente a de multa se o agente for primário e de 10467, de 11.6.2002)
bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, Art. 337-D. Considera-se funcionário público
de 2000) estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que
I – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
II – o valor das contribuições devidas, inclusive emprego ou função pública em entidades estatais ou em
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela representações diplomáticas de país estrangeiro. (Incluído
previdência social, administrativamente, como sendo o pela Lei nº 10467, de 11.6.2002)
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo
de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, Poder Público de país estrangeiro ou em organizações
quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um públicas internacionais. (Incluído pela Lei nº 10467, de
terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. (Incluído 11.6.2002)
pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será CAPÍTULO III
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA
reajuste dos benefícios da previdência social. (Incluído pela JUSTIÇA
Lei nº 9.983, de 2000)
Reingresso de estrangeiro expulso
Art. 338 - Reingressar no território nacional o
estrangeiro que dele foi expulso:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de
nova expulsão após o cumprimento da pena.

33
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Denunciação caluniosa Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da


Art. 339. Dar causa à instauração de investigação pena correspondente à violência.
policial, de processo judicial, instauração de investigação
administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade Exercício arbitrário das próprias razões
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para
o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000) satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. o permite:
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa,
se serve de anonimato ou de nome suposto.
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação além da pena correspondente à violência.
é de prática de contravenção. Parágrafo único - Se não há emprego de violência,
somente se procede mediante queixa.
Comunicação falsa de crime ou de contravenção Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade, comunicando- própria, que se acha em poder de terceiro por determinação
lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não judicial ou convenção:
se ter verificado: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Fraude processual
Auto-acusação falsa Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de crime processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa
inexistente ou praticado por outrem: ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Falso testemunho ou falsa perícia Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a efeito em processo penal, ainda que não iniciado, as penas
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou aplicam-se em dobro.
intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito
policial, ou em juízo arbitral:  (Redação dada pela Lei nº Favorecimento pessoal
10.268, de 28.8.2001) Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão:
(Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, § 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão:
se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em § 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente,
processo penal, ou em processo civil em que for parte descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento
entidade da administração pública direta ou indireta.
de pena.
(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença
no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata Favorecimento real
ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-
28.8.2001) autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou o proveito do crime:
qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou
calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação
ou interpretação: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em
28.8.2001) estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa.(Redação 2009).
dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001) Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um sexto a
pela Lei nº 12.012, de 2009).
um terço, se o crime é cometido com o fim de obter prova
destinada a produzir efeito em processo penal ou em
processo civil em que for parte entidade da administração Exercício arbitrário ou abuso de poder
pública direta ou indireta. (Redação dada pela Lei nº 10.268, Art. 350 - Ordenar ou executar medida privativa de
de 28.8.2001) liberdade individual, sem as formalidades legais ou com
abuso de poder:
Coação no curso do processo Pena - detenção, de um mês a um ano.
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com Parágrafo único - Na mesma pena incorre o funcionário
o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra que:
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona I - ilegalmente recebe e recolhe alguém a prisão, ou
ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou a estabelecimento destinado a execução de pena privativa
administrativo, ou em juízo arbitral: de liberdade ou de medida de segurança;

34
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

II - prolonga a execução de pena ou de medida de Exploração de prestígio


segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer
executar imediatamente a ordem de liberdade; outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão
III - submete pessoa que está sob sua guarda ou do Ministério Público, funcionário de justiça, perito,
custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado tradutor, intérprete ou testemunha:
em lei; Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
IV - efetua, com abuso de poder, qualquer diligência. Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço,
se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade
Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de também se destina a qualquer das pessoas referidas neste
segurança artigo.
Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa
legalmente presa ou submetida a medida de segurança Violência ou fraude em arrematação judicial
detentiva: Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou
§ 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena é oferecimento de vantagem:
de reclusão, de dois a seis anos. Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa,
§ 2º - Se há emprego de violência contra pessoa, além da pena correspondente à violência.
aplica-se também a pena correspondente à violência.
§ 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos, se o Desobediência a decisão judicial sobre perda ou
crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou guarda suspensão de direito
está o preso ou o internado. Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade
§ 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido da ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão
custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de três judicial:
meses a um ano, ou multa.
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou multa.
Evasão mediante violência contra a pessoa
CAPÍTULO IV
Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS
indivíduo submetido a medida de segurança detentiva,
(Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
usando de violência contra a pessoa:
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
pena correspondente à violência. Contratação de operação de crédito
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação
Arrebatamento de preso de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização
Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do legislativa: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
poder de quem o tenha sob custódia ou guarda: Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos.  (Incluído
Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da pena pela Lei nº 10.028, de 2000)
correspondente à violência. Parágrafo único. Incide na mesma pena quem ordena,
autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou
Motim de presos externo: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a I – com inobservância de limite, condição ou
ordem ou disciplina da prisão: montante estabelecido em lei ou em resolução do Senado
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da Federal; (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
pena correspondente à violência. II – quando o montante da dívida consolidada
ultrapassa o limite máximo autorizado por lei.  (Incluído
Patrocínio infiel pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou
procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, Inscrição de despesas não empenhadas em restos a
cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado: pagar (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em restos
a pagar, de despesa que não tenha sido previamente
Patrocínio simultâneo ou tergiversação empenhada ou que exceda limite estabelecido em
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
advogado ou procurador judicial que defende na mesma Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias. anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)

Sonegação de papel ou objeto de valor probatório Assunção de obrigação no último ano do mandato
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de ou legislatura (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de
que recebeu na qualidade de advogado ou procurador: obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. do mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga

35
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

no mesmo exercício financeiro ou, caso reste parcela a ser QUESTÕES


paga no exercício seguinte, que não tenha contrapartida
suficiente de disponibilidade de caixa: (Incluído pela Lei nº 01. (PC/PI - Escrivão de Polícia Civil – 2014 - UESPI)
10.028, de 2000) Constitui abuso de autoridade, exceto:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.(Incluído (A) Atentado à inviolabilidade do domicílio e à liberdade
pela Lei nº 10.028, de 2000) de locomoção.
(B) Atentado ao sigilo da correspondência e à liberdade
Ordenação de despesa não autorizada (Incluído pela de consciência e de crença.
Lei nº 10.028, de 2000) (C) Atentado ao livre culto religioso e ao direito de
Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por reunião.
lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) (D) Atentado a fuga de preso e transgressão irregular
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído de natureza grave.
pela Lei nº 10.028, de 2000) (E) Atentado aos direito e garantias legais assegurados
ao exercício do voto e ao direito de reunião.
Prestação de garantia graciosa (Incluído pela Lei nº
10.028, de 2000)
02. (PC-GO - Conhecimentos Básicos - 2016 -
Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito
CESPE) Com base na Lei n.º 8.069/1990, assinale a opção
sem que tenha sido constituída contragarantia em valor
igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma que apresenta medida passível de aplicação por autoridade
da lei: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) competente tanto a criança quanto a adolescente que
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) cometa ato infracional.
ano. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) (A) prestação de serviços à comunidade
(B) internação em estabelecimento educacional
Não cancelamento de restos a pagar (Incluído pela (C) requisição de tratamento psicológico
Lei nº 10.028, de 2000) (D) inserção em regime de semiliberdade
Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de (E) liberdade assistida
promover o cancelamento do montante de restos a pagar
inscrito em valor superior ao permitido em lei: (Incluído 03. (TRT - 18ª Região (GO) - Juiz do Trabalho – 2014
pela Lei nº 10.028, de 2000) - FCC) No que concerne aos crimes de abuso de autoridade,
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) é correto afirmar que:
anos. (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000) (A) Compete à Justiça Militar processar e julgar militar
por crime de abuso de autoridade praticado em serviço,
Aumento de despesa total com pessoal no último segundo entendimento sumulado do Superior Tribunal de
ano do mandato ou legislatura (Incluído pela Lei nº Justiça.
10.028, de 2000) (B) É cominada pena privativa de liberdade na
Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que modalidade de reclusão.
acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos (C) Se considera autoridade apenas quem exerce cargo,
cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da emprego ou função pública, de natureza civil ou militar,
legislatura: (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)) não transitório e remunerado.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído (D) Não é cominada pena de multa.
pela Lei nº 10.028, de 2000) (E) Constitui abuso de autoridade qualquer atentado
aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício
Oferta pública ou colocação de títulos no
profissional.
mercado (Incluído pela Lei nº 10.028, de 2000)
Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta
04. (Prefeitura de Taubaté/SP – Escriturário – 2015
pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos
- PUBLICONSULT) Se um servidor, ao final do expediente,
da dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou
sem que estejam registrados em sistema centralizado de leva para casa clips, canetas, borrachas, folhas de papel,
liquidação e de custódia: (Incluído pela Lei nº 10.028, de por exemplo, ainda que em pequena quantidade, fere o
2000) patrimônio público, cometendo um ato ilícito, que é um
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído crime previsto no Código Penal brasileiro, caracterizado
pela Lei nº 10.028, de 2000) pela apropriação, por parte do servidor público, de valores
ou qualquer outro bem móvel ou de consumo em proveito
próprio ou de outrem. Trata-se do(a):
(A) Concussão
(B) Improbidade administrativa
(C) Peculato
(D) Prevaricação

36
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

05. (TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário – 2014 - 10. (PC/CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe
FCC) No que concerne aos crimes contra o patrimônio, – 2015 - VUNESP) Nos termos do Código Penal, a
(A) se o agente obteve vantagem ilícita, em prejuízo imputabilidade penal é excluída pela
da vítima, mediante fraude, responderá pelo delito de (A) embriaguez completa e culposa que torna o autor,
extorsão. ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
(B) se, no crime de roubo, em razão da violência entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
empregada pelo agente, a vítima sofreu lesões corporais acordo com esse entendimento.
leves, a pena aumenta-se de um terço. (B) doença mental ou desenvolvimento mental
(C) se configura o crime de receptação mesmo se a incompleto ou retardado, que torna o autor, ao tempo da
coisa tiver sido adquirida pelo agente sabendo ser produto ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
de crime não classificado como de natureza patrimonial. caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
(D) não comete infração penal quem se apropria de esse entendimento.
coisa alheia vinda a seu poder por erro, caso fortuito ou (C) emoção
força da natureza. (D) paixão.
(E) o corte e a subtração de eucaliptos de propriedade (E) embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força
alheia não configura, em tese, o crime de furto por não se maior, que privou o autor, ao tempo da ação ou da omissão,
tratar de bem móvel. da plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento
06. (PC-SP - Investigador de Polícia – 2014 - VUNESP)
Nos termos do Código Penal, assinale a alternativa que Respostas
contenha apenas crimes contra o patrimônio.
(A) Homicídio; estelionato; extorsão 01. D.
(B) Estelionato; furto; roubo. O preso não tem o direito de fugir, muito pelo contrário,
(C) Dano; estupro; homicídio conforme estabelecido no Art. 50 da lei em análise:
(D) Furto; roubo; lesão corporal. Art. 50. = Comete falta grave o condenado à pena
(E) Extorsão; lesão corporal; dano. privativa de liberdade que: II – fugir.
02. C.
07. (PC-TO - Delegado de Polícia – 2014- Aroeira) Somente a requisição de tratamento psicológico se
É crime contra o patrimônio, em que somente se procede aplica tanto a criança como adolescente, as demais opções
mediante representação,
se aplicam somente ao adolescente.
(A) o furto de coisa comum.
Prevê o ECA:
(B) a alteração de limites.
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas
(C) o dano simples.
no art. 98, a autoridade competente poderá determinar,
(D) a fraude à execução.
dentre outras, as seguintes medidas:
V – requisição de tratamento médico, psicológico ou
08. (Polícia Civil/SP - Escrivão de Polícia – 2013 -
VUNESP) A conduta de constranger alguém, mediante psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
violência ou grave ameaça e com o intuito de obter para Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança
si ou para outrem trem indevida vantagem econômica, corresponderão as medidas previstas no art. 101.
a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa
caracteriza o crime de (...)
(A) extorsão. Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao
(B) abuso de poder. adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
(C) exercício arbitrário. reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
(D) coação no curso do processo. I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
(E) roubo. II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III - em razão de sua conduta.
09. (PC-PA - Delegado de Polícia Civil - 2016 -
FUNCAB) Sobre as causas extintivas de punibilidade, é 03. E.
correto afirmar que: O Artigo 3º da Lei do Abuso de Autoridade assim
(A) o indulto depende de lei ordinária para sua preceitua:
concessão. Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer
(B) o prazo de prescrição da pretensão executória atentado:
é aumentado em um terço quando o condenado é (A) à liberdade de locomoção;
reincidente. (B) à inviolabilidade do domicílio;
(C) na ação privada subsidiária da pública, a perempção (C) ao sigilo da correspondência;
determina a extinção da punibilidade do réu. (D) à liberdade de consciência e de crença;
(D) a retratação do agente e possível na falsa (E) ao livre exercício do culto religioso;
comunicação de crime ou contravenção. f) à liberdade de associação;
(E) a concessão de perdão judicial não interfere na g) aos direitos e garantias legais assegurados ao
possibilidade de reconhecimento da reincidência. exercício do voto;

37
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

h) ao direito de reunião; 09. B.


i) à incolumidade física do indivíduo; Código Penal:
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado
exercício profissional. a sentença condenatória regula-se pela pena aplicada e
verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais
04. C. se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente.
(Peculato) Art. 312 do CP - Apropriar-se o funcionário
público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, 10. E.
público ou particular, de que tem a posse em razão do Código Penal:
cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio Art. 28(...)
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez
05. C. completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era,
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a acordo com esse entendimento.
adquira, receba ou oculte: 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão,
06. B. a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou
Código Penal: de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou
depois de havê-la, por qualquer meio,

07. A.
Furto de coisa comum
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio,
para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a
coisa comum:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou
multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum
fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito
o agente.
Embora o direito de punir continue sendo estatal,
a iniciativa se transfere ao ofendido quando os delitos
atingem sua intimidade, de forma que pode optar por não
levar a questão a juízo, assim a legitimidade ativa é do
próprio particular ofendido.

08. A.
Código Penal:
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que
se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço
até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência
o disposto no § 3º do artigo anterior.
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a
obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão,
de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão
corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no
art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.

38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Direitos e deveres fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade; direitos sociais; nacionalidade; cidadania e direitos políticos; partidos políticos; garantias
constitucionais individuais; garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos............................................................................. 01
Poder Legislativo: fundamento, atribuições e garantias de independência...................................................................................... 37
Poder Executivo: forma e sistema de governo; chefia de Estado e chefia de governo; atribuições e responsabilidades do
presidente da República........................................................................................................................................................................................ 39
Defesa do Estado e das instituições democráticas: segurança pública; organização da segurança pública...................... 46
Ordem social: base e objetivos da ordem social; seguridade social; educação, cultura e desporto; ciência e tecnologia;
comunicação social; meio ambiente; família, criança, adolescente e idoso...................................................................................... 48
Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU-1948)....................................................................................................................... 57
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não se


DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS: perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela
COLETIVOS; DIREITO À VIDA, À LIBERDADE, À falta de uso (prescrição).
IGUALDADE, À SEGURANÇA E À PROPRIEDADE;
DIREITOS SOCIAIS; NACIONALIDADE; h) Relatividade: os direitos fundamentais não po-
dem ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas
CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS; PARTIDOS
ou como argumento para afastamento ou diminuição da
POLÍTICOS; GARANTIAS CONSTITUCIONAIS responsabilidade por atos ilícitos, assim estes direitos não
INDIVIDUAIS; GARANTIAS DOS DIREITOS são ilimitados e encontram seus limites nos demais direitos
COLETIVOS, SOCIAIS E POLÍTICOS. igualmente consagrados como humanos.

1) Direitos e deveres individuais e coletivos.


O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capí-
e Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguin- tulo já se extrai que a proteção vai além dos direitos do
tes espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e indivíduo e também abrange direitos da coletividade. A
coletivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente pre- maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto
vistos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos
13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF). alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitucionais
Em termos comparativos à clássica divisão tridimen- próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: manda-
sional dos direitos humanos, os direitos individuais (maior do de segurança coletivo).
parte do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os
direitos políticos se encaixam na primeira dimensão (direi- 1.1) Direitos e garantias
tos civis e políticos); os direitos sociais se enquadram na se- Não obstante, o capítulo vai além da proteção dos di-
gunda dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e reitos e estabelece garantias em prol da preservação des-
os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enu- tes, bem como remédios constitucionais a serem utilizados
meração de direitos humanos na Constituição vai além dos caso estes direitos e garantias não sejam preservados. Nes-
direitos que expressamente constam no título II do texto te sentido, dividem-se em direitos e garantias as previsões
constitucional. do artigo 5º: os direitos são as disposições declaratórias e
Os direitos fundamentais possuem as seguintes carac- as garantias são as disposições assecuratórias.
terísticas principais: O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo
a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX:
antecedentes históricos relevantes e, através dos tempos,
adquirem novas perspectivas. Nesta característica se en- Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte-
quadra a noção de dimensões de direitos. lectual, artística, científica e de comunicação, independente-
b) Universalidade: os direitos fundamentais perten- mente de censura ou licença.
cem a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do
caput do artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes O direito é o de liberdade de expressão e a garantia é
no país tem se entendido pela extensão destes direitos, na a vedação de censura ou exigência de licença. Em outros
perspectiva de prevalência dos direitos humanos. casos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garan-
c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não tia em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada
possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in- no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da
transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no
comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da artigo 5º, LXV1.
autonomia privada. Em caso de ineficácia da garantia, implicando em vio-
d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não po- lação de direito, cabe a utilização dos remédios constitu-
dem ser renunciados pelo seu titular devido à fundamenta- cionais.
lidade material destes direitos para a dignidade da pessoa Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé-
humana. dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas
e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem de direitos e garantias propriamente ditas apenas de di-
deixar de ser observados por disposições infraconstitu- reitos.
cionais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de
nulidades. 1.2) Brasileiros e estrangeiros
f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção
um único conjunto de direitos porque não podem ser ana- conferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamen-
lisados de maneira isolada, separada. te, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”.
No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido in-
1 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em teleconferência.

1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

terpretada no sentido de que os direitos estarão protegi- - Direito à igualdade


dos com relação a todas as pessoas nos limites da sobera- Abrangência
nia do país. Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in- constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual-
gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou dade:
então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel
seu localizado no Brasil (ainda que não resida no país). Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exi- ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
ge a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
titulares de direitos políticos. propriedade, nos termos seguintes [...].

1.3) Relação direitos-deveres


O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan- Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro
tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação inciso:
direitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamen-
tais. Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi-
reconhecida nos direitos fundamentais de que não há di- tos e obrigações, nos termos desta Constituição.
reito que seja absoluto, correspondendo-se para cada di-
reito um dever. Logo, o exercício de direitos fundamentais é Este inciso é especificamente voltado à necessidade de
limitado pelo igual direito de mesmo exercício por parte de igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne-
outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos. nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo
Explica Canotilho2 quanto aos direitos fundamentais: “a que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e
ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser entendi- obrigações.
da como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito
ao titular de um direito fundamental corresponde um de- mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers-
pectiva mais ampla.
ver por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o
O direito à igualdade é um dos direitos norteadores
particular está vinculado aos direitos fundamentais como
de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro
destinatário de um dever fundamental. Neste sentido, um
enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil,
direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um
enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a
dever correspondente”. Com efeito, a um direito funda-
todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi-
mental conferido à pessoa corresponde o dever de respeito
tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual-
ao arcabouço de direitos conferidos às outras pessoas.
dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos
demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se
1.4) Direitos e garantias em espécie falando na igualdade perante a lei.
Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que
caput: não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres
para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- é suficiente garantir um direito à igualdade formal, mas
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade é preciso buscar progressivamente a igualdade material.
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à No sentido de igualdade material que aparece o direito à
propriedade, nos termos seguintes [...]. igualdade num segundo momento, pretendendo-se do Es-
tado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e
O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um executar a lei, uma postura de promoção de políticas go-
dos principais (senão o principal) artigos da Constituição vernamentais voltadas a grupos vulneráveis.
Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
cinco esferas de direitos individuais e coletivos que mere- veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
cem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda-
e propriedade. Os incisos deste artigos delimitam vários de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi-
direitos e garantias que se enquadram em alguma destas dade de discriminações positivas com relação a grupos vul-
esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es- neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal.
pecíficas que ganham também destaque no texto consti-
tucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos Ações afirmativas
constitucionais-penais. Neste sentido, desponta a temática das ações
afirmativas,que são políticas públicas ou programas
2 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional privados criados temporariamente e desenvolvidos com
e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479. a finalidade de reduzir as desigualdades decorrentes de

2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

discriminações ou de uma hipossuficiência econômica ou Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado
física, por meio da concessão de algum tipo de vantagem nos incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de
compensatória de tais condições. um dos direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais
Quem é contra as ações afirmativas argumenta que, e sociológicos. É no direito à vida que se encaixam polêmi-
em uma sociedade pluralista, a condição de membro de cas discussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com
um grupo específico não pode ser usada como critério de células tronco, pena de morte, eutanásia, etc.
inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que
elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (se- Vedação à tortura
gundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo De forma expressa no texto constitucional destaca-se
público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer a vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme
a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio; previsão no inciso III do artigo 5º:
bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma
discriminação reversa. Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas a tratamento desumano ou degradante.
defende que elas representam o ideal de justiça
compensatória (o objetivo é compensar injustiças passadas, A tortura é um dos piores meios de tratamento de-
dívidas históricas, como uma compensação aos negros por sumano, expressamente vedada em âmbito internacional,
tê-los feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça como visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina
distributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca- constitucional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define
-se uma concretização do princípio da igualdade material); os crimes de tortura e dá outras providências, destacando-
bem como promovem a diversidade. -se o artigo 1º:
Neste sentido, as discriminações legais asseguram
a verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afir- Art. 1º Constitui crime de tortura:
mativas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do I - constranger alguém com emprego de violência ou
menor, as garantias aos portadores de deficiência, entre grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confis-
outras medidas que atribuam a pessoas com diferentes
são da vítima ou de terceira pessoa;
condições, iguais possibilidades, protegendo e respeitando
b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi-
suas diferenças3. Tem predominado em doutrina e jurispru-
nosa;
dência, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
afirmativas são válidas.
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori-
dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
- Direito à vida
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
Abrangência
pessoal ou medida de caráter preventivo.
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote- Pena - reclusão, de dois a oito anos.
ção do direito à vida. A vida humana é o centro gravitacio- § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
nal em torno do qual orbitam todos os direitos da pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico
humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos, econômi- ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
cos, morais e religiosos. Daí existir uma dificuldade em con- em lei ou não resultante de medida legal.
ceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida. quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa, pena de detenção de um a quatro anos.
é o primeiro valor moral inerente a todos os seres huma- § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
nos4. gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
nascer/permanecer vivo, o que envolve questões como § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
pena de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e I - se o crime é cometido por agente público;
aborto; quanto o direito de viver com dignidade, o que II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por-
engloba o respeito à integridade física, psíquica e moral, tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
incluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem como anos; 
a garantia de recursos que permitam viver a vida com dig- III - se o crime é cometido mediante sequestro.
nidade. § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e dobro do prazo da pena aplicada.
II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08.
graça ou anistia.
4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte.
Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comen-
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo
tários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: For- a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
tium, 2008, p. 15. regime fechado.

3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

- Direito à liberdade Com efeito, este direito de liberdade de expressão é


O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro- limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na
teção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria cer-
que o seguem. ta e determinada, permitindo eventuais responsabilizações
por manifestações que contrariem a lei.
Liberdade e legalidade Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:
Prevê o artigo 5º, II, CF:
Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte-
lectual, artística, científica e de comunicação, indepen-
Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou dei- dentemente de censura ou licença.
xar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.
Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-
O princípio da legalidade se encontra delimitado nes- são, referente de forma específica a atividades intelectuais,
te inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com
fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei relação a estas, a exigência de licença para a manifestação
assim determine. Assim, salvo situações previstas em lei, do pensamento, bem como veda-se a censura prévia.
a pessoa tem liberdade para agir como considerar conve- A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe-
niente. dir a divulgação e o acesso a informações como modo de
controle do poder. A censura somente é cabível quando
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela-
necessária ao interesse público numa ordem democrática,
ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de
à pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expres- exploração sexual infanto-juvenil é adequado.
samente estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in-
tudo o que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar-
maneira que a lei não proíba. tida para aquele que teve algum direito seu violado (no-
tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade)
Liberdade de pensamento e de expressão em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de
O artigo 5º, IV, CF prevê: expressão.

Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamen- Liberdade de crença/religiosa


Dispõe o artigo 5º, VI, CF:
to, sendo vedado o anonimato.
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên-
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
pensamento e da liberdade de expressão. cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. aos locais de culto e a suas liturgias.
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de
reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé
mais do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma
constitucional, ao consagrar a livre manifestação do pensa- crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a
mento, imprime a existência jurídica ao chamado direito de profissão desta fé possa se realizar em locais próprios.
Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos
opinião”5. Em outras palavras, primeiro existe o direito de
distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda-
ter uma opinião, depois o de expressá-la. des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liberda-
No mais, surge como corolário do direito à liberdade de de organização religiosa.
de pensamento e de expressão o direito à escusa por con- Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra
vicção filosófica ou política: na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião,
a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberda-
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por de (ou o direito) de mudar de religião, além da liberdade
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou de não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnos-
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al- ticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o livre
ternativa, fixada em lei. exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liber-
dade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar os
atos próprios das manifestações exteriores em casa ou em
Trata-se de instrumento para a consecução do direito público, bem como a de recebimento de contribuições para
assegurado na Constituição Federal – não basta permitir tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa refere-se
que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona- à possibilidade de estabelecimento e organização de igrejas
mento. e suas relações com o Estado.
5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. 6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.

4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Como decorrência do direito à liberdade religiosa, as- Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF:
segurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF:
Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos
Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres- órgãos públicos informações de seu interesse particular,
tação de assistência religiosa nas entidades civis e mili- ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-
tares de internação coletiva. zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos do Estado.
prisionais civis e militares, mas também a hospitais.
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli- A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011
giosa o direito à escusa por convicção religiosa: regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do
art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor-
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
mação.
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po-
Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna-
Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen-
tiva, fixada em lei.
dentemente do pagamento de taxas:
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alis- de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
tamento militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
fundado motivo em crença religiosa ou convicção filosó- para defesa de direitos e esclarecimento de situações de in-
fica/política, caso em que será obrigado a cumprir uma teresse pessoal.
prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não
contrarie tais preceitos. Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum-
pre observar que o direito de petição deve resultar em uma
Liberdade de informação manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol-
O direito de acesso à informação também se liga a uma vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí-
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o ar- cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que
tigo 5º, XIV, CF: regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta a
apreciação de um pedido que um cidadão quer apresentar”
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à in- (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); “demo-
formação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces- ra para responder aos pedidos formulados” (administrativa
sário ao exercício profissional. e, principalmente, judicialmente) ou “impõe restrições e/ou
condições para a formulação de petição”, traz a chamada
Trata-se da liberdade de informação, consistente na insegurança jurídica, que traz desesperança e faz proliferar
liberdade de procurar e receber informações e ideias por as desigualdades e as injustiças.
quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interfe- Dentro do espectro do direito de petição se insere, por
rência. exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar
A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de-
passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís- núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo
na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento:
cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é
gera confusões conceituais no sentido do direito de obter
preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade
certidões ser dissociado do direito de petição.
de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para
a sociedade. Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX,
Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de CF:
todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a
respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicida-
pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli- de dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou
zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível o interesse social o exigirem.
que a imprensa divulgue com quem obteve a informação
divulgada, sem o que a segurança desta poderia ficar pre- Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas
judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao o será quando a intimidade merecer preservação (ex: pro-
público. cesso criminal de estupro ou causas de família em geral) ou
Especificadamente quanto à liberdade de informação quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos-
no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é
previsões. instrumento para a efetivação da liberdade de informação.

5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Liberdade de locomoção Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de-


Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no ar- mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever
tigo 5º, XV, CF: de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de
segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de pes-
Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega
nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos a aglomerar milhões de pessoas em algumas capitais: seria
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do
bens. poder público para que ele organize o policiamento e a as-
sistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas
A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di- que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso
reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o de armas, totalmente vedado, assim como de substâncias
território do país em tempos de paz (em tempos de guerra ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha tenha sido autori-
é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A zada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se que nela tal
liberdade de sair do país não significa que existe um direito substância ilícita fosse utilizada).
de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no
exercício de sua soberania, controlar tal entrada. Liberdade de associação
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber- No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º,
dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser pre- XVII, CF:
sa nos casos autorizados pela própria Constituição Fede-
ral. A despeito da normativa específica de natureza penal, Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação
reforça-se a impossibilidade de se restringir a liberdade de para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
locomoção pela prisão civil por dívida.
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF: A liberdade de associação difere-se da de reunião por
sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é
exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de asso-
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi-
ciação implica na formação de um grupo organizado que
da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário
se mantém por um período de tempo considerável, dotado
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
de estrutura e organização próprias.
infiel.
Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são asso-
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo
ciações ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas
Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel,
e o ideal de realizar sua própria justiça paralelamente à es-
qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a
tatal.
única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento O texto constitucional se estende na regulamentação
é a que se refere à obrigação alimentícia. da liberdade de associação.
O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:
Liberdade de trabalho Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na for-
O direito à liberdade também é mencionado no artigo ma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
5º, XIII, CF: sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.
Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra- Neste sentido, associações são organizações resultan-
balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações tes da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou
profissionais que a lei estabelecer. sem personalidade jurídica, para a realização de um obje-
tivo comum; já cooperativas são uma forma específica de
O livre exercício profissional é garantido, respeitados associação, pois visam a obtenção de vantagens comuns
os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão em suas atividades econômicas.
de advogado aquele que não se formou em Direito e não Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF:
foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil;
não pode exercer a medicina aquele que não fez faculdade Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser com-
de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o cadastro no pulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
Conselho Regional de Medicina. por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
em julgado.
Liberdade de reunião
Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF: O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja,
a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é
Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen- preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que as-
te, sem armas, em locais abertos ao público, independen- sim determine, pois antes disso sempre há possibilidade
temente de autorização, desde que não frustrem outra de reverter a decisão e permitir que a associação continue
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sen- em funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode sus-
do apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. pender atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou
seja, no curso de um processo judicial.

6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Em destaque, a legitimidade representativa da associa- objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por
ção quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF: meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido
subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas
Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex- pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”8.
pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon-
dência
Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi- Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a invio-
labilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e
nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de
comunicações.
outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza.
Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê:
A liberdade de associação envolve não somente o di-
reito de criar associações e de fazer parte delas, mas tam-
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo,
bém o de não associar-se e o de deixar a associação, con- ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
forme artigo 5º, XX, CF: rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode
associar-se ou a permanecer associado. nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser
EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o
- Direitos à privacidade e à personalidade morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu
domicílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou
Abrangência para prestar socorro (morador teve ataque do coração, está
Prevê o artigo 5º, X, CF: sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por
determinação judicial.
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica-
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o ções, prevê o artigo 5º, XII, CF:
direito a indenização pelo dano material ou moral decorren-
te de sua violação. Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunica-
O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo ções telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
dispositivo legal os direitos à privacidade e à personalida- nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
de. investigação criminal ou instrução processual penal.
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida-
de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resu- O sigilo de correspondência e das comunicações está
mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.
e de círculos de amigos –, Silva7 entende que “o segredo
da vida privada é condição de expansão da personalidade”, Personalidade jurídica e gratuidade de registro
Quando se fala em reconhecimento como pessoa pe-
mas não caracteriza os direitos de personalidade em si.
rante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos
A união da intimidade e da vida privada forma a pri-
direitos de personalidade, consistente na personalidade ju-
vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais
rídica. Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido
estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um
como pessoa perante a lei.
grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se
dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da necessário o registro. Por ser instrumento que serve como
intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse-
dos Círculos Concêntricos”), importada do direito alemão, gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de
quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser com ele arcar.
conferida à esfera (as esferas são representadas pela intimi- Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
dade, pela vida privada, e pela publicidade).
“O direito à honra distancia-se levemente dos dois an- Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconheci-
teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa damente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nas-
tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa- cimento; b) a certidão de óbito.
zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi-
lidade no meio social. O direito à imagem também pos- O reconhecimento do marco inicial e do marco final
sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido da personalidade jurídica pelo registro é direito individual,
não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria
7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional 8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito cons-
positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. titucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

7
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora- pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem pre-
ção de documentos para que ela seja reconhecida como juízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra,
viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
menos favorecidos. comerciais.

Direito à indenização e direito de resposta - Direito à segurança


Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di- O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se teção do direito à segurança. Na qualidade de direito in-
dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de dividual liga-se à segurança do indivíduo como um todo,
resposta, conforme as necessidades do caso concreto. desde sua integridade física e mental, até a própria segu-
Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF: rança jurídica.
No sentido aqui estudado, o direito à segurança pes-
soal é o direito de viver sem medo, protegido pela soli-
Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta,
dariedade e liberto de agressões, logo, é uma maneira de
proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-
garantir o direito à vida.
terial, moral ou à imagem.
Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto
de direitos aparelha situações, proibições, limitações e pro-
“A manifestação do pensamento é livre e garantida cedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de
em nível constitucional, não aludindo a censura prévia em algum direito individual fundamental (intimidade, liberda-
diversões e espetáculos públicos. Os abusos porventura de pessoal ou a incolumidade física ou moral)”.
ocorridos no exercício indevido da manifestação do pensa- Especificamente no que tange à segurança jurídica,
mento são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Ju- tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
diciário com a consequente responsabilidade civil e penal
de seus autores, decorrentes inclusive de publicações inju- Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad-
riosas na imprensa, que deve exercer vigilância e controle quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
da matéria que divulga”9.
O  direito de resposta é o direito que uma pessoa Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroativida-
tem de se defender de críticas públicas no mesmo meio de da lei.
em que foram publicadas garantida exatamente a mes-
ma repercussão. Mesmo quando for garantido o direito Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do
de resposta não é possível reverter plenamente os da- Direito Brasileiro:
nos causados pela manifestação ilícita de pensamento,
razão pela qual a pessoa inda fará jus à indenização. Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e
A manifestação ilícita do pensamento geralmente cau- geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
sa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que e a coisa julgada.
pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô- § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
mico e não econômico. segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
Dano material é aquele que atinge o patrimônio § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que
(material ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como
aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou
financeiramente e indenizado.
condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão
que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapa-
judicial de que já não caiba recurso.
trimonial contido nos direitos da personalidade (como a
vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, - Direito à propriedade
a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem) O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote-
ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o ção do direito à propriedade, tanto material quanto intelec-
estado de família)”10. tual, delimitada em alguns incisos que o seguem.
Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Có-
digo Civil: Função social da propriedade material
O artigo 5º, XXII, CF estabelece:
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à
administração da justiça ou à manutenção da ordem públi- Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de proprie-
ca, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a dade.
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma
9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o
ed. São Paulo: Malheiros, 2011. principal fator limitador deste direito:
10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil. 11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional po-
Buenos Aires: Astrea, 1982. sitivo... Op. Cit., p. 437.

8
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua fun- Desapropriação


ção social. No caso de desrespeito à função social da proprieda-
de cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que
A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser pode-se depreender do texto constitucional duas possibili-
considerada como um direito individual nem como institui- dades de desapropriação: por desrespeito à função social e
ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direitos por necessidade ou utilidade pública.
individuais, ela não mais poderá ser considerada puro di- A Constituição Federal prevê a possibilidade de desa-
reito individual, relativizando-se seu conceito e significado, propriação por desatendimento à função social:
especialmente porque os princípios da ordem econômica
são preordenados à vista da realização de seu fim: assegu- Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público mu-
rar a todos existência digna, conforme os ditames da jus- nicipal, mediante lei específica para área incluída no plano
tiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que, diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do
ademais, tem que atender a sua função social, fica vincula- solo urbano não edificado, subutilizado ou não utiliza-
da à consecução daquele princípio”. do, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
Com efeito, a proteção da propriedade privada está li- sucessivamente, de:
mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o I - parcelamento ou edificação compulsórios;
requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur-
da pessoa humana. A propriedade de bens e valores em bana progressivo no tempo;
geral é um direito assegurado na Constituição Federal e, III - desapropriação com pagamento mediante títulos
como todos os outros, se encontra limitado pelos demais da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo
princípios conforme melhor se atenda à dignidade do ser Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
humano. parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real
A Constituição Federal delimita o que se entende por da indenização e os juros legais14.
função social: Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por inte-
resse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que
não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urba-
e justa indenização em títulos da dívida agrária, com
no, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire-
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo
trizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o
cuja utilização será definida em lei15.
bem-estar de seus habitantes.
Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ-
serão indenizadas em dinheiro.
mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen- No que tange à desapropriação por necessidade ou uti-
volvimento e de expansão urbana. lidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:
Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento
função social quando atende às exigências fundamentais de para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou
ordenação da cidade expressas no plano diretor13. por interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição.
Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a
propriedade rural atende, simultaneamente, segundo crité- Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF:
rios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
requisitos: Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urba-
I - aproveitamento racional e adequado; nos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
II - utilização adequada dos recursos naturais disponí-
veis e preservação do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as rela- 14 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de
imóvel urbano por desatendimento à função social é necessário tomar
ções de trabalho; duas providências, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edificação
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie- compulsórios; depois, o estabelecimento de imposto sobre a pro-
tários e dos trabalhadores. priedade predial e territorial urbana progressivo no tempo. Se ambas
medidas restarem ineficazes, parte-se para a desapropriação por de-
satendimento à função social.
12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional 15 A desapropriação em decorrência do desatendimento da
positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. função social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desa-
13 Instrumento básico de um processo de planejamento mu- propriação por necessidade ou utilidade pública, já que na primeira
nicipal para a implantação da política de desenvolvimento urbano, há violação do ordenamento constitucional pelo proprietário, mas na
norteando a ação dos agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001 segunda não. Por isso, indeniza-se em títulos da dívida agrária, que na
- Estatuto da cidade). prática não são tão valorizados quanto o dinheiro.

9
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF: Outra questão reside na chamada tredestinação, pela
qual há a destinação de um bem expropriado (desapropria-
Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel ção) a finalidade diversa da que se planejou inicialmente.
como de interesse social, para fins de reforma agrária, auto- A tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita quan-
riza a União a propor a ação de desapropriação. do resultante de desvio do propósito original; e será líci-
ta quando a Administração Pública dê ao bem finalidade
Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer diversa, porém preservando a razão do interesse público.
procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
processo judicial de desapropriação. Política agrária e reforma agrária
Enquanto desdobramento do direito à propriedade imó-
A desapropriação por utilidade ou necessidade pública vel e da função social desta propriedade, tem-se ainda o ar-
deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinhei- tigo 5º, XXVI, CF:
ro. O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando
o procedimento e conceituando utilidade pública, em seu Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, as-
artigo 5º: sim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não
será objeto de penhora para pagamento de débitos decor-
Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se ca- rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
sos de utilidade pública: meios de financiar o seu desenvolvimento.
a) a segurança nacional;
b) a defesa do Estado; Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pe-
c) o socorro público em caso de calamidade; quena propriedade será assegurado que permaneça com
d) a salubridade pública; ela e a torne mais produtiva.
e) a criação e melhoramento de centros de população, A preservação da pequena propriedade em detrimento
seu abastecimento regular de meios de subsistência; dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes-
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas -guias da regulamentação da política agrária brasileira, que
minerais, das águas e da energia hidráulica; tem como principal escopo a realização da reforma agrária.
g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, Parte da questão financeira atinente à reforma agrária
casas de saude, clínicas, estações de clima e fontes medici- se encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
nais; Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos; o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou montante de recursos para atender ao programa de reforma
logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; agrária no exercício.
o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua
melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a cons- Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, es-
trução ou ampliação de distritos industriais; taduais e municipais as operações de transferência de imó-
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo; veis desapropriados para fins de reforma agrária.
k) a preservação e conservação dos monumentos históri-
cos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos Como a finalidade da reforma agrária é transformar
ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes terras improdutivas e grandes propriedades em atinentes à
e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, função social, alguns imóveis rurais não podem ser abran-
ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente do- gidos pela reforma agrária:
tados pela natureza;
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para
documentos e outros bens moveis de valor histórico ou ar- fins de reforma agrária:
tístico; I - a pequena e média propriedade rural, assim definida
m) a construção de edifícios públicos, monumentos co- em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
memorativos e cemitérios; II - a propriedade produtiva.
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pou- Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à
so para aeronaves; propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natu- dos requisitos relativos a sua função social.
reza científica, artística ou literária; Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo
p) os demais casos previstos por leis especiais. 187:

Um grande problema que faz com que processos que Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e exe-
tenham a desapropriação por objeto se estendam é a in- cutada na forma da lei, com a participação efetiva do setor
devida valorização do imóvel pelo Poder Público, que ge- de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais,
ralmente pretende pagar valor muito abaixo do devido, ne- bem como dos setores de comercialização, de armazena-
cessitando o Judiciário intervir em prol da correta avaliação. mento e de transportes, levando em conta, especialmente:

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

I - os instrumentos creditícios e fiscais; § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por


II - os preços compatíveis com os custos de produção e a usucapião.
garantia de comercialização;
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
IV - a assistência técnica e extensão rural; pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
V - o seguro agrícola; seguintes requisitos específicos:
VI - o cooperativismo; a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da locali-
VII - a eletrificação rural e irrigação; zação, área urbana é a que está dentro do perímetro urba-
VIII - a habitação para o trabalhador rural. no. Pela teoria da destinação, mais importante que a locali-
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades zação é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários
agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais. e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da
e de reforma agrária. localização.
b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse
As terras devolutas e públicas serão destinadas confor- maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris-
me a política agrícola e o plano nacional de reforma agrá- prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar
ria (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve
concessão, a qualquer título, de terras públicas com área ter 250m², não a área construída (a área de um sobrado,
superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física por exemplo, pode ser maior que a de um terreno).
ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição
prévia aprovação do Congresso Nacional”, salvo no caso de Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes
alienações ou concessões de terras públicas para fins de de 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos
reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF). dentro do limite da usucapião urbana? Predominou que
Os que forem favorecidos pela reforma agrária (ho- só corria o prazo a partir da criação do instituto, não só
mens, mulheres, ambos, qualquer estado civil) não pode- porque antes não existia e o prazo não podia correr, como
rão negociar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, também não se poderia prejudicar o proprietário.
CF). d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse,
Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família,
ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física ao longo de todo o prazo (não só no início ou no final).
ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que depen- Logo, não cabe acessio temporis por cessão da posse.
derão de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190, e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no
CF). Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al-
guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este re-
Usucapião quisito é verificado no momento em que completa 5 anos.
Usucapião é o modo originário de aquisição da pro- Em relação à previsão da usucapião especial rural, des-
priedade que decorre da posse prolongada por um lon- taca-se o artigo 191, CF:
go tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em outras
palavras, usucapião é uma situação em que alguém tem a Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imó-
posse de um bem por um tempo longo, sem ser incomo- vel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin-
dado, a ponto de se tornar proprietário. terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu
mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adqui-
casos específicos, denominados usucapião especial urbana rir-lhe-á a propriedade.
e usucapião especial rural. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri-
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião dos por usucapião.
especial urbana: Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana seguintes requisitos específicos:
de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco a) Imóvel rural
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da
desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru-
rural. ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso assunto muito controverso.
serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de
independentemente do estado civil. outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a
§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo área é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade
possuidor mais de uma vez. antes da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não.

11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar O Direito do Consumidor pode ser considerado um
na área rural. ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o re-
e) Nenhum outro imóvel. gulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº
f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado 8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme determinado
a área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro pela Constituição Federal de 1988, que também estabele-
labore”. Dependerá do caso concreto. ceu no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias:
Uso temporário
No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao di- Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento
reito de propriedade que não possui o caráter definitivo e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará có-
da desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º, digo de defesa do consumidor.
XXV, CF:
A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi
Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo públi- um grande passo para a proteção da pessoa nas relações
de consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de
co, a autoridade competente poderá usar de propriedade
hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior,
faz uso de determinado serviço, enquanto consumidor.
se houver dano.
Propriedade intelectual
Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação Além da propriedade material, o constituinte protege
de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar também a propriedade intelectual, notadamente no artigo
uma base para capturar um fugitivo), pois o interesse da 5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF:
coletividade é maior que o do indivíduo proprietário.
Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito ex-
Direito sucessório clusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
O direito sucessório aparece como uma faceta do direi- obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
to à propriedade, encontrando disciplina constitucional no
artigo 5º, XXX e XXXI, CF: Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras
Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança; coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in-
clusive nas atividades desportivas;
Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangei- b) o direito de fiscalização do aproveitamento eco-
ros situados no País será regulada pela lei brasileira em be- nômico das obras que criarem ou de que participarem aos
nefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não criadores, aos intérpretes e às respectivas representações
lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. sindicais e associativas;

O direito à herança envolve o direito de receber – seja Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de in-
devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens ventos industriais privilégio temporário para sua utiliza-
de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa ção, bem como proteção às criações industriais, à proprie-
para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou dade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
específica para bens de estrangeiros situados no Brasil, as- mento tecnológico e econômico do País.
segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos
Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual
brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do
que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto
país estrangeiro).
sob o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro,
a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os
Direito do consumidor
direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: são conexos”.
O artigo 7° do referido diploma considera como obras
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da intelectuais que merecem a proteção do direito do autor
lei, a defesa do consumidor. os textos de obras de natureza literária, artística ou científi-
O direito do consumidor liga-se ao direito à proprieda- ca; as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras
de a partir do momento em que garante à pessoa que irá cinematográficas e televisivas; as composições musicais;
adquirir bens e serviços que estes sejam entregues e pres- fotografias; ilustrações; programas de computador; coletâ-
tados da forma adequada, impedindo que o fornecedor se neas e enciclopédias; entre outras.
enriqueça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis,
posição menos favorável e de vulnerabilidade técnica do inalienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o di-
consumidor. reito de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divul-

12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

gado na utilização desta, assegurar a integridade desta ou Finalmente, Cappelletti e Garth19 apontam uma terceira
modificá-la e retirá-la de circulação se esta passar a afron- onda consistente no surgimento de uma concepção mais
tar sua honra ou imagem. ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins-
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos ar- tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados:
tigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos “[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla
contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do fa- variedade de reformas, incluindo alterações nas formas de
lecimento do último coautor, ou contados do primeiro ano procedimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a
seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza audio- criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa-
visual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem, basica- raprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores,
mente, o direito de dispor sobre a reprodução, edição, adap- modificações no direito substantivo destinadas a evitar li-
tação, tradução, utilização, inclusão em bases de dados ou tígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos
qualquer outra modalidade de utilização; sendo que estas privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque,
em suma, não receia inovações radicais e compreensivas,
modalidades de utilização podem se dar a título oneroso
que vão muito além da esfera de representação judicial”.
ou gratuito.
Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos
“Os direitos autorais, também conhecidos como copyri- aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se
ght (direito de cópia), são considerados bens móveis, po- o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas
dendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte- as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta ga-
-se que a permissão a terceiros de utilização de criações rantir meios de acesso se estes forem insuficientes, já que
artísticas é direito do autor. [...] A proteção constitucional para que exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário
abrange o plágio e a contrafação. Enquanto que o primei- que se aplique o direito material de maneira justa e célere.
ro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou produzida Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça,
por terceiros, como se fosse própria, a segunda configura prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV:
a reprodução de obra alheia sem a necessária permissão
do autor”16. Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
- Direitos de acesso à justiça
A formação de um conceito sistemático de acesso à O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princí-
justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apon- pio de Direito Processual Público subjetivo, também cunha-
taram três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos do como Princípio da Ação, em que a Constituição garante
básicos para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas a necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes na vida
em sociedade. Sempre que uma controvérsia for levada ao
foram percebidas paulatinamente com a evolução do Di-
Poder Judiciário, preenchidos os requisitos de admissibili-
reito moderno conforme implementadas as bases da onda dade, ela será resolvida, independentemente de haver ou
anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a emergên- não previsão específica a respeito na legislação.
cia de uma nova onda quando superada a afirmação das Também se liga à primeira onda de acesso à justiça,
premissas da onda anterior, restando parcialmente imple- no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos
mentada (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
pleno atendimento em todas as ondas).
Primeiro, Cappelletti e Garth17 entendem que surgiu Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurí-
uma onda de concessão de assistência judiciária aos po- dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên-
bres, partindo-se da prestação sem interesse de remunera- cia de recursos.
ção por parte dos advogados e, ao final, levando à criação
de um aparato estrutural para a prestação da assistência O constituinte, ciente de que não basta garantir o aces-
pelo Estado. so ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efeti-
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Gar- vidade processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº
th18, veio a onda de superação do problema na representa- 45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição:
ção dos interesses difusos, saindo da concepção tradicional
de processo como algo restrito a apenas duas partes indi- Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e ad-
ministrativo, são assegurados a razoável duração do pro-
vidualizadas e ocasionando o surgimento de novas institui-
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua trami-
ções, como o Ministério Público.
tação.
 
Com o tempo se percebeu que não bastava garantir
16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da Repú-
o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não
blica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas, significa que se deve acelerar o processo em detrimento
1997. de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é
17 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e nem
Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris menos que o necessário para a efetiva realização da justiça
Editor, 1998, p. 31-32. no caso concreto.
18 Ibid., p. 49-52
19 Ibid., p. 67-73

13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

- Direitos constitucionais-penais cídio e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é


mitigada, por vezes, pela própria Constituição (artigos 29,
Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de ex- X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I).
ceção
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona: Anterioridade e irretroatividade da lei
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:
Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sen-
tenciado senão pela autoridade competente”, consolida o Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que
princípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
de conhecer previamente daquele que a julgará no processo
em que seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição com- É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena
petente para a matéria específica do caso antes mesmo do sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio
fato ocorrer. da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há
crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia comina-
Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon- ção legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há
tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF: crime sem lei anterior que o defina.
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-
Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de -se o artigo 5º, XL, CF:
exceção. Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu.
Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente
criado para uma situação pretérita, bem como não reco- O dispositivo consolida outra faceta do princípio da
nhecido como legítimo pela Constituição do país. anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha
definido um fato como crime e dado certo tratamento pe-
Tribunal do júri nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo
A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier
artigo 5º, XXXVIII, CF: uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri, que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena
com a organização que lhe der a lei, assegurados: ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
a) a plenitude de defesa; será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da ir-
b) o sigilo das votações; retroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroativi-
c) a soberania dos veredictos; dade da lei penal mais benéfica.
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
contra a vida. Menções específicas a crimes
O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que
julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação
o de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.
não magistrados, no caso de determinados crimes que por
sua natureza possuem fortes fatores de influência emocio- Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao
nal. princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No en-
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada tanto, o constituinte entendeu por bem prever tratamento
ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi- específico a certas práticas criminosas.
ciais e administrativos. Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
Sigilo das votações envolve a realização de votações
secretas, preservando a liberdade de voto dos que com- Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
põem o conselho que irá julgar o ato praticado. inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contu- termos da lei.
do, a soberania dos veredictos veda a alteração das deci-
sões dos jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes
Tribunal do Júri para que seja procedido novo julgamento resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles
uma vez cassada a decisão recorrida, haja vista preservar não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão
o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo grau de provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda
jurisdição. de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de-
Por fim, a competência para julgamento é dos crimes curso do tempo).
dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF:
risco de produção do resultado) contra a vida, que são: ho-
micídio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a sui-

14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian- a) privação ou restrição da liberdade;
çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da b) perda de bens;
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o c) multa;
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles d) prestação social alternativa;
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo e) suspensão ou interdição de direitos.
evitá-los, se omitirem.
Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e exe-
termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e cutório, evitando-se a padronização a sanção penal. A in-
extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto dividualização da pena significa adaptar a pena ao conde-
apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a nado, consideradas as características do agente e do delito.
anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o in- A pena privativa de liberdade é aquela que restringe,
dulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena-
do, consistente em permanecer em algum estabelecimento
Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência
prisional, por um determinado tempo.
exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser
A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição
concedida antes da sentença final ou depois da condena-
do patrimônio do indivíduo delituoso.
ção irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito A prestação social alternativa corresponde às penas
em julgado da sentença condenatória; graça e o indulto restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas
apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có-
crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e digo Penal.
solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo. Por seu turno, a individualização da pena deve também
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar se fazer presente na fase de sua execução, conforme se de-
que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra preende do artigo 5º, XLVIII, CF:
crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos
(previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabe-
disso, são crimes que não aceitam fiança. lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito,
Por fim, prevê o artigo 5º, XLIV, CF: a idade e o sexo do apenado.
Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im-
prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, A distinção do estabelecimento conforme a natureza
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade
do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato sufi-
Personalidade da pena ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo,
A personalidade da pena encontra respaldo no artigo 5º, o nível de segurança das prisões. Quanto à idade, desta-
XLV, CF: cam-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida
por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a Também se denota o respeito à individualização da
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es- pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite
do valor do patrimônio transferido. Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas con-
dições para que possam permanecer com seus filhos duran-
O princípio da personalidade encerra o comando de o
te o período de amamentação.
crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu
Preserva-se a individualização da pena porque é toma-
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla-
da a condição peculiar da presa que possui filho no perío-
grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos do de amamentação, mas também se preserva a dignidade
atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de da criança, não a afastando do seio materno de maneira
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se precária e impedindo a formação de vínculo pela amamen-
uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio tação.
responderá pelas repercussões financeiras do ilícito.
Vedação de determinadas penas
Individualização da pena O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de
A individualização da pena tem por finalidade concre- penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF:
tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre
pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculia- Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas:
ridades do agente. a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
A primeira menção à individualização da pena se en- termos do art. 84, XIX;
contra no artigo 5º, XLVI, CF: b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da d) de banimento;
pena e adotará, entre outras, as seguintes: e) cruéis.

15
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Em resumo, o inciso consolida o princípio da humani- Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
dade, pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que
lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados”20 . Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou
Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o de seus bens sem o devido processo legal.
constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizan-
do-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se Pelo princípio do devido processo legal a legislação
respeitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a le- deve ser respeitada quando o Estado pretender punir al-
gislação deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser guém judicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre
praticado. No ordenamento brasileiro, este papel é cumpri- de vícios e seguir estritamente a legislação vigente, sob
do pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969), pena de nulidade processual.
que prevê a pena de morte a ser executada por fuzilamento Surgem como corolário do devido processo legal o
nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes contraditório e a ampla defesa, pois somente um procedi-
militares em tempo de guerra. mento que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido,
Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quais- o artigo 5º, LV, CF:
quer circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de traba-
lhos forçados, de banimento e cruéis. Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
que o trabalho obrigatório não é considerado um trata- contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
mento contrário à dignidade do recluso, embora o trabalho ela inerentes.
forçado o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condi-
ções do apenado, não podendo ser cruel ou menosprezar O devido processo legal possui a faceta formal, pela
a capacidade física e intelectual do condenado; como o qual se deve seguir o adequado procedimento na aplica-
trabalho não existe independente da educação, cabe in- ção da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a am-
pla defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua
centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o
faceta material que consiste na tomada de decisões justas,
trabalho deve se aproximar da realidade do mundo exter-
que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da pro-
no, será remunerado; além disso, condições de dignidade e
porcionalidade.
segurança do trabalhador, como descanso semanal e equi-
pamentos de proteção, deverão ser respeitados.
Vedação de provas ilícitas
Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
Respeito à integridade do preso
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF: Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro-
vas obtidas por meios ilícitos.
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito
à integridade física e moral. Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao arti-
go 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas cons-
Obviamente, o desrespeito à integridade física e mo- titucionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra
ral do preso é uma violação do princípio da dignidade da de direito material, constitucional ou legal, no momento
pessoa humana. da sua obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar
o descumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir:
Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade seria paradoxal.
estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição
Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e Presunção de inocência
de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III, Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII:
CF), o que vale na execução da pena.
No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF: Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será
submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses pre- Consolida-se o princípio da presunção de inocência,
vistas em lei. pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo,
o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e
Se uma pessoa possui identificação civil, não há por- garantias constitucionais.
que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos,
etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des- Ação penal privada subsidiária da pública
necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade Nos termos do artigo 5º, LIX, CF:
moral.
Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri-
20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16. mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. legal.

16
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

A chamada ação penal privada subsidiária da pública Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ-
encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis- são do artigo 5º, LXVI, CF:
são do poder público na atividade de persecução criminal
não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou nela
interessado a proponha. mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
sem fiança.
Prisão e liberdade
O constituinte confere espaço bastante extenso no ar- Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido
tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente ao princípio da presunção de inocência, entende-se que
por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade. ela não deve ser mantida presa quando não preencher os
Obviamente, a prisão não é vedada em todos os casos, por- requisitos legais para prisão preventiva ou temporária.
que práticas atentatórias a direitos fundamentais implicam
na tipificação penal, autorizando a restrição da liberdade Indenização por erro judiciário
daquele que assim agiu. A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciá-
No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se: rio encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF:

Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado


Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla-
por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
tempo fixado na sentença.
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans-
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação
lei. e julgamento de um processo criminal, resultando em con-
denação de alguém inocente. Neste caso, o Estado inde-
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagran- nizará. Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa
te delito (necessariamente antes do trânsito em julgado), além do tempo que foi condenada a cumprir.
ou em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas
primeiras independente do trânsito em julgado, preenchi- 1.5) Direitos fundamentais implícitos
dos requisitos legais e a última pela irreversibilidade da Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Fe-
condenação). deral:
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação
ao juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso: Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo- dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio-
cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao nais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada. Daí se depreende que os direitos ou garantias podem
estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sendo
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos os assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é apenas
seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo entrar exemplificativo, não taxativo.
em contato com sua família e com um advogado, conforme
artigo 5º, LXIII, CF: 1.6) Tratados internacionais incorporados ao orde-
namento interno
Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus di- Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garan-
tias podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados
reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
internacionais em que a República Federativa do Brasil
assegurada a assistência da família e de advogado.
seja parte”.
Para o tratado internacional ingressar no ordenamen-
Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF: to jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento
complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a ne-
Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação gociação (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório do Presidente da República), submissão do tratado assina-
policial. do ao Congresso Nacional (que dará referendo por meio
Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata do decreto legislativo), ratificação do tratado (confirmação
do depoimento do interrogatório são assinados pelas au- da obrigação perante a comunidade internacional) e a pro-
toridades envolvidas nas práticas destes atos procedimen- mulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo21.
tais. Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados
Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para internacionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que
que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento, tenham por fulcro ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou
tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF: seja, tratado internacional de direitos humanos.
Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente 21 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e
relaxada pela autoridade judiciária. Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008.

17
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originá- 1.7) Tribunal Penal Internacional
ria na Constituição Federal, conferindo o caráter de prima- Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º:
zia dos direitos humanos, desde logo consagrando o prin-
cípio da primazia dos direitos humanos, como reconhecido Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de
pela doutrina e jurisprudência majoritários na época. “O Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes-
princípio da primazia dos direitos humanos nas relações tado adesão.
internacionais implica em que o Brasil deve incorporar os
tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasilei- O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi
ro e respeitá-los. Implica, também em que as normas vol- promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se-
tadas à proteção da dignidade em caráter universal devem tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em
ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário em relação a Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência
outras normas”22. e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res-
Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres- ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão
sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico internacional (artigo 1º, ETPI).
brasileiro porque somente existe previsão constitucional “Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju-
quanto à possibilidade da equiparação às emendas consti- risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional
tucionais se o tratado abranger matéria de direitos huma- compete o processo e julgamento de violações contra indi-
nos. Antes da emenda alterou o quadro quanto aos trata- víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra
dos de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso não da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes
significa que tais direitos eram menos importantes devido cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está
ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos restrita a uma situação específica”23.
implícitos. Resume Mello24: “a Conferência das Nações Unidas so-
Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio- bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida
nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti- em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma-
tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter-
direitos humanos foram equiparados às emendas consti- nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra
tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão.
Para o crime de genocídio usa a definição da convenção
cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação em
de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados:
dois turnos e com três quintos dos votos dos respectivos
assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter-
membros:
nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual,
prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer-
Artigo 5º, §3º, CF. Os tratados e convenções interna-
ra: homicídio internacional, destruição de bens não justifi-
cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
nas forças inimigas, etc.”.
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen-
tes às emendas constitucionais.
1.8) Remédios constitucionais
  Remédios constitucionais são as espécies de ações ju-
Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados diciárias que visam proteger os direitos fundamentais re-
de direitos humanos que ingressarem no ordenamento ju- conhecidos no texto constitucional quando a declaração e
rídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos huma- a garantia destes não se mostrar suficiente. Assim, o Poder
nos, irão passar por um processo de aprovação semelhante Judiciário será acionado para sanar o desrespeito a estes
ao da emenda constitucional. direitos fundamentais, servindo cada espécie de ação para
Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à uma forma de violação.
possibilidade de considerar como hierarquicamente cons-
titucional os tratados internacionais de direitos humanos 1.8.1) Habeas corpus
que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante- No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a
riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se Constituição em seu artigo 5º, LXVIII:
deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista
como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sem-
da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes pre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio-
da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal lência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega-
firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de lidade ou abuso de poder.
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição
que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não
23 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público &
revogaria a Constituição no ponto controverso). Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
22 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacio- 24 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Inter-
nal Público e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009. nacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

18
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais
LXXVII, CF. constantes de registros ou bancos de dados de entidades
a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, governamentais ou de caráter público, para o conhecimen-
de 1215, foi o primeiro documento a mencionar este remé- to ou retificação (correção).
dio e o Habeas Corpus Act, de 1679, o regulamentou. c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o
b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade acesso a informações pessoais.
de locomoção. Antes de haver proteção no Brasil por ou- d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou es-
tros remédios constitucionais de direitos que não este, o trangeira, ou por pessoa jurídica, de direito público ou pri-
habeas-corpus foi utilizado para protegê-los. Hoje, apenas vado, tratando-se de ação personalíssima – os dados de-
serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir. vem ser a respeito da pessoa que a propõe.
c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho e) Legitimidade passiva: entidades governamentais
predominantemente penal, pois protege o direito de ir e vir da Administração Pública Direta e Indireta nas três esferas,
e vai contra a restrição arbitrária da liberdade. bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídi-
d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de cas privadas prestadores de serviços de interesse público
violação ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo con- que possuam dados relativos à pessoa do impetrante.
duto”, ou repressivo, para quando ameaça já tiver se mate- f) Competência: Conforme o caso, nos termos da
rializado. Constituição, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”),
e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá- do Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribu-
-lo, em próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministé- nais Regionais Federais (art. 108, I, “c”), bem como dos juí-
rio Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa zes federais (art. 109, VIII).
com a ação e paciente é aquele que está sendo vítima da g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de
restrição à liberdade de locomoção. As duas figuras podem novembro de 1997.
se concentrar numa mesma pessoa. h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997.
f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público
ou privado. 1.8.3) Mandado de segurança individual
g) Competência: é determinada pela autoridade coa- Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:
tora, sendo a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.:
Delegado de Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara
Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segu-
Criminal Estadual; Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a
rança para proteger direito líquido e certo, não amparado
autoridade coatora, impetra no Tribunal de Justiça.
por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável
h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública
648, CPP:
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público.
Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I -
quando não houver justa causa; II - quando alguém estiver
a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacu-
preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando
quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; na decorrente da sistemática do habeas corpus e das limi-
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coa- nares possessórias.
ção; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com
nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for natureza subsidiária pelo qual se busca a invalidação de
manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade. atos de autoridade ou a suspensão dos efeitos da omissão
administrativa, geradores de lesão a direito líquido e certo,
i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a por ilegalidade ou abuso de poder. São protegidos todos
667 do Código de Processo Penal. os direitos líquidos e certos à exceção da proteção de direi-
tos humanos à liberdade de locomoção e ao acesso ou re-
1.8.2) Habeas data tificação de informações relativas à pessoa do impetrante,
O artigo 5º, LXXII, CF prevê: constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público, ambos sujeitos a
Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para instrumentos específicos.
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados civil, independente da natureza do ato impugnado (admi-
de entidades governamentais ou de caráter público; b) para nistrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista).
a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência
processo sigiloso, judicial ou administrativo. de violação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando
já consumado o abuso/ilegalidade.
Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (ar- e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser de-
tigo 5º, LXXVII, CF). monstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem
a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act, a necessidade de dilação probatória, isto devido à natureza
de 1974. célere e sumária do procedimento.

19
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abran- § 1º O mandado de segurança coletivo não induz
gendo não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou litispendência para as ações individuais, mas os efeitos
estrangeira, residente ou não no Brasil, bem como órgãos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título
públicos despersonalizados e universalidades/pessoas for- individual se não requerer a desistência de seu mandado de
mais reconhecidas por lei. segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência
g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve comprovada da impetração da segurança coletiva.
ser autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no § 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só
exercício de atribuições do Poder Público. Neste viés, o art. poderá ser concedida após a audiência do representante
6º, §3º, Lei nº 12.016/09, preceitua que “considera-se auto- judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se
ridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugna- pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
do ou da qual emane a ordem para a sua prática”.
h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade 1.8.5) Mandado de injunção
coatora. Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:
i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de
Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injun-
agosto de 2009.
ção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09.
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e
1.8.4) Mandado de segurança coletivo
à cidadania.
A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingres-
so com mandado de segurança coletivo, consoante ao ar- a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que
tigo 5º, LXX: seja proposto o mandado de injunção são a existência de
Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo norma constitucional de eficácia limitada que prescreva di-
pode ser impetrado por: a) partido político com representação reitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes
no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de à nacionalidade, à soberania e à cidadania; além da falta de
classe ou associação legalmente constituída e em funciona- norma regulamentadores, impossibilitando o exercício dos
mento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de direitos, liberdades e prerrogativas em questão. Assim, visa
seus membros ou associados. curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro de não
regulamentar as normas de eficácia limitada para que elas
a) Origem: Constituição Federal de 1988. não sejam aplicáveis.
b) Escopo: preservação ou reparação de direito líqui- b) Natureza jurídica: ação constitucional que objeti-
do e certo relacionado a interesses transindividuais (indi- va a regulamentação de normas constitucionais de eficácia
viduais homogêneos ou coletivos), e devido à questão da limitada.
legitimidade ativa, pertencente a partidos políticos e deter- c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou
minadas associações. estrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titula-
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza rize direito fundamental não materializável por omissão le-
civil, independente da natureza do ato, de caráter coletivo. gislativa do Poder público, bem como o Ministério Público
d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coletivo na defesa de seus interesses institucionais. Não se aceita a
são os direitos coletivos e os direitos individuais homogê- legitimidade ativa de pessoas jurídicas de direito público.
neos. Tal instituto não se presta à proteção dos direitos di- d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a
fusos, conforme posicionamento amplamente majoritário, já elaboração de norma regulamentadora for atribuição do
que, dada sua difícil individualização, fica improvável a verifi- Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câma-
cação da ilegalidade ou do abuso do poder sobre tal direito ra dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma
dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União,
(art. 21, parágrafo único, Lei nº 12.016/09).
de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo
e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disci-
Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tribunal de
plina constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09,
Justiça, quando a elaboração da norma regulamentadora
é de partido político com representação no Congresso Na-
for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da
cional, bem como de organização sindical, entidade de administração direta ou indireta, excetuados os casos da
classe ou associação legalmente constituída e em funcio- competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da
namento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e
líquidos e certos que atinjam diretamente seus interesses da Justiça Federal (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior
ou de seus membros. Eleitoral, quando as decisões dos Tribunais Regionais Elei-
f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09: torais denegarem habeas corpus, mandado de segurança,
habeas data ou mandado de injunção (art. 121, §4º, V, CF);
Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos entes a ele
coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos vinculados.
membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetran- e) Procedimento: aplicação analógica da Lei nº
te. 12.016/09, não havendo lei específica.

20
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

1.8.6) Ação popular 2.1) Igualdade material e efetivação dos direitos


Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF: sociais
Independentemente da categoria de direitos que este-
Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima ja sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao pa- sentido meramente formal, mas necessariamente material.
trimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à Significa que discriminações indevidas são proibidas, mas
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô- existem certas distinções que não só devem ser aceitas,
nio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada como também se mostram essenciais.
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. No que tange aos direitos sociais percebe-se que a
igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta
a) Origem: Constituição Federal de 1934. categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es-
b) Escopo: é instrumento de exercício direto da demo- tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com
cracia, permitindo ao cidadão que busque a proteção da suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e
coisa pública, ou seja, que vise assegurar a preservação dos moradia, assim como nem todos se encontram na posição
interesses transindividuais. de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da
c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, população de explorados. Estas pessoas estão numa clara
que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de en- posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para
tidade de que o Estado participe, à moralidade administra- que progressivamente atinjam uma posição de igualdade
tiva, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural real, já que não é por conta desta posição desfavorável que
d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aque- se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de
le nacional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. direitos fundamentais.
e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pú- Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser
blica, direta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual-
algum modo lide com a coisa pública. dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente
f) Competência: Será fixada de acordo com a origem aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali-
do ato ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº
dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus
4.717/65).
direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira
g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de
mais plena possível.
junho de 1965.
Há se ressaltar também que o Estado não possui ape-
h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65.
nas um papel direto na promoção dos direitos econômicos,
sociais e culturais, mas também um indireto, quando por
2) Direitos sociais
meio de sua gestão permite que os indivíduos adquiram
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no
capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria condições para sustentarem suas necessidades pertencen-
normas programáticas e que necessitam de uma postura tes a esta categoria de direitos.
interventiva estatal em prol da implementação.
Os direitos assegurados nesta categoria encontram 2.2) Reserva do possível e mínimo existencial
menção genérica no artigo 6º, CF: Os direitos sociais serão concretizados gradualmente,
notadamente porque estão previstos em normas progra-
Artigo 6º, CF. São direitos sociais a educação, a saúde, máticas e porque a implementação deles gera um ônus
a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segu- para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que
rança, a previdência social, a proteção à maternidade dependem de uma postura de abstenção estatal, os direi-
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma tos sociais precisam que o Estado assuma um papel ativo
desta Constituição.  em prol da efetivação destes.
A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma
Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado
Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma- de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne-
nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direi- gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequên-
tos econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos cia de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam
sociais envolvem prestações positivas do Estado (diferente com seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder
dos de liberdade, que referem-se à postura de abstenção Público como determinador de que particulares respeitem
estatal), ou seja, políticas estatais que visem consolidar o os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os
princípio da igualdade não apenas formalmente, mas ma- administradores, conseguem cumprir o que consta de seu
terialmente (tratando os desiguais de maneira desigual). Estatuto Máximo25.
Por seu turno, embora no capítulo específico do Título Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar
II que aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa a cláusula da reserva do possível como argumento para a
regulamentação destes, à exceção dos direitos trabalhistas, não implementação de determinado direito social – seja
o Título VIII da Constituição Federal, que aborda a ordem 25 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mí-
social, se concentra em trazer normativas mais detalhadas nimo existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em
a respeitos de direitos indicados como sociais. face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57.

21
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá- 2.4) Direito individual do trabalho
tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter- O artigo 7º da Constituição enumera os direitos indi-
mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica). viduais dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que individuais tipicamente trabalhistas, mas que não excluem
os direitos sociais “não pode converter-se em promessa os demais direitos fundamentais (ex.: honra é um direito no
constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi- espaço de trabalho, sob pena de se incidir em prática de
co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co- assédio moral).
letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento
de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra
infidelidade governamental ao que determina a própria Lei despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
Fundamental do Estado”26. complementar, que preverá indenização compensatória, den-
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do tre outros direitos.
possível, embora viável, não pode servir de muleta para
Significa que a demissão, se não for motivada por justa
que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste
causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização
viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada,
compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empre-
entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se
gador.
eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen-
to de que não há orçamento específico para isso – ele de- Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de de-
veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para semprego involuntário.
atender esta demanda.
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida
que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad- do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente
ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a desempregado – entendendo-se por desemprego invo-
serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder luntário o que tenha origem num acordo de cessação do
Judiciário em prol de sua efetivação. contrato de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego,
a ser arcado pela previdência social, que tem o caráter de
2.3) Princípio da proibição do retrocesso assistência financeira temporária.
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que
uma conquista garantida na Constituição Federal sofra um Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de ser-
retrocesso, de modo que um direito social garantido não viço.
pode deixar de o ser.
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para proteger
deve ser tomada com reservas, até mesmo porque segun- o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é constituí-
do entendimento predominante as normas do artigo 7º, do de contas vinculadas, abertas em nome de cada trabalha-
CF não são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alte- dor, quando o empregador efetua o primeiro depósito. O
ração. Se for alterada normativa sobre direito trabalhista saldo da conta vinculada é formado pelos depósitos mensais
assegurado no referido dispositivo, não sendo o prejuízo efetivados pelo empregador, equivalentes a 8,0% do salário
evidente, entende-se válida (por exemplo, houve alteração pago ao empregado, acrescido de atualização monetária e
do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores juros. Com o FGTS, o trabalhador tem a oportunidade de
agrícolas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é formar um patrimônio, que pode ser sacado em momentos
um retrocesso evidente, seja excluindo uma categoria de especiais, como o da aquisição da casa própria ou da apo-
sentadoria e em situações de dificuldades, que podem ocor-
direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saúde), seja dimi-
rer com a demissão sem justa causa ou em caso de algumas
nuindo sensivelmente a abrangência da proteção (ex.: ex-
doenças graves.
cluindo o ensino médio gratuito).
Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso:
Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio-
se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vi-
social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador tais básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito previdência social, com reajustes periódicos que lhe preser-
amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro vem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma, qualquer fim.
o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito Trata-se de uma visível norma programática da Consti-
de prever que aquela decisão judicial não está incorporada tuição que tem por pretensão um salário mínimo que aten-
na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há da a todas as necessidades básicas de uma pessoa e de sua
entendimento dominante. família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o preceito
constitucional, detectou-se que “o salário mínimo do tra-
26 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO. balhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47 em abril

22
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

para que ele suprisse suas necessidades básicas e da famí- Quanto ao possível crime de retenção de salário, não
lia, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07, pelo há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioe- ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo
conômicos (Dieese)”27. 7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário,
o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal
à complexidade do trabalho. incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º,
XXXIX, CF).
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre-
go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resul-
construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, chama- tados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
do de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento den- participação na gestão da empresa, conforme definido em
tro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é esta- lei.
belecido em conformidade com a data base da categoria,
por isso ele é definido em conformidade com um acordo, A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é
ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador. conhecida também por Programa de Participação nos Re-
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do
disposto em convenção ou acordo coletivo. Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro
de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão empregador e negociado com uma comissão de trabalha-
redução implique num prejuízo maior, por exemplo, demis- dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne-
são em massa durante uma crise, situações que devem ser cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
negociadas em convenção ou acordo coletivo. Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do
dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. Salário-família é o benefício pago na proporção do
respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual-
mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.: quer idade, independente de carência e desde que o salá-
baseada em comissões por venda e metas); rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo
permitido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de
remuneração integral ou no valor da aposentadoria. R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido,
para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que
Também conhecido como gratificação natalina, foi ins- receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-
tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra- -família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de
balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos) qualquer idade será de R$ 24,66.
da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no
pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao apo- Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su-
sentado no final de cada ano. perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jorna-
Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
superior à do diurno.
Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor-
O adicional noturno é devido para o trabalho exercido dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re- normal.
dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés-
cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se A legislação trabalhista vigente estabelece que a du-
noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de
as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais,
atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu- no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho
tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas dos empregados maiores ser acrescida de horas suple-
do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 mentares, em número não excedentes a duas, no máximo,
horas do dia seguinte. para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in-
dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença
Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei, normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im-
constituindo crime sua retenção dolosa. periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente
27 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-mini- permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des-
mo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons-

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade
normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a
superior à da hora normal. mãe nos processos pós-operatórios.

Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba- Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da
lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei.
salvo negociação coletiva.
Embora as mulheres sejam maioria na população de
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho- 10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população
ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres- ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados.
samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva, Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po-
objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre- pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há
tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res- relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen-
tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que do que os homens recebem mais porque os empregadores
o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas- entendem que eles necessitam de um salário maior para
tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio- manter a família. Tais disparidades colocam em evidência
lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido
psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com de forma especial.
a própria família.
Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tem-
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre- po de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos
ferencialmente aos domingos. da lei.

O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e Nas relações de emprego, quando uma das partes de-
quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe- seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba- prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar
lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade à outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem
de trabalho aos domingos, desde que previamente auto- por finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de
rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento
assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re- do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no
munerado coincidente com um domingo a cada período, mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
dependendo da atividade (artigo 67, CLT). trabalhado ou indenizado.
Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao
trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segu-
O salário das férias deve ser superior em pelo menos rança.
um terço ao valor da remuneração normal, com todos os
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi- Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período do trabalho salubre. Fiorillo28 destaca que o equilíbrio do
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubrida-
de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de de e na ausência de agentes que possam comprometer a
cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores.
serão diminuídos de acordo com o número de faltas). Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo lei.
do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
dias. Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo-
lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que
O salário da trabalhadora em licença é chamado de não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção
salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação
descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ- específica previsão sobre o adicional de penosidade.
dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir São consideradas atividades ou operações insalubres
do último mês de gestação, sendo que o período de licen- as que se desenvolvem excesso de limites de tolerância
ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto,
momento em que se confirma a gravidez até cinco meses exposição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes quí-
após o parto, a mulher não pode ser demitida. micos e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de
trabalho em condições de insalubridade assegura ao traba-
Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi- 28 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Am-
xados em lei. biental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.

24
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

lhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário dos coletivos, entidades representativas da categoria dos
base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais trabalhadores entram em negociação com as empresas na
benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalen- defesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos
te a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau direitos sociais;
máximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau
médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação,
mínimo. na forma da lei.
O adicional de periculosidade é um valor devido ao
empregado exposto a atividades perigosas. São conside- Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo
radas atividades ou operações perigosas, aquelas que, por homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco profissional para exercer trabalhos que não possam ser de-
acentuado em virtude de exposição permanente do tra- sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma máqui-
balhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; e a na que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado para
roubos ou outras espécies de violência física nas atividades que possa operá-la).
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor
do adicional de periculosidade será o salário do empre- Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de tra-
gado acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes de balho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização
gratificações, prêmios ou participações nos lucros da em- a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
presa.
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem enten- Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar
dimento unânime sobre a possibilidade de cumulação des- do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a defi-
tes adicionais. nição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de
legislação específica sobre o tema, mas sim de uma norma
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. que dispõe sobre as modalidades de benefícios da previ-
dência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua
A aposentadoria é um benefício garantido a todo tra- que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
balhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do traba-
tenha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade
lho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
Social (INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previ-
que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
dência Social e tenha atingido as idades mínimas previstas.
temporária, da capacidade para o trabalho.
Aliás, o direito à previdência social é considerado um direi-
Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri-
to social no próprio artigo 6º, CF.
buição com natureza de tributo que as empresas pagam
para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e
trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida-
especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen-
de em creches e pré-escolas.
to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos,
com mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um es- físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia-
paço físico para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas
enquanto elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar
aos bebês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mu- a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho.
lher para que ela pague uma creche para o bebê de até 6 Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
meses. O valor desse auxílio será determinado conforme ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando
negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibili-
convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias dade de cumulação do benefício previdenciário, assim
registradas não tem obrigação de conceder o benefício. É compreendido como prestação garantida pelo Estado ao
facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a possibilida- trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva) com
de de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade e a indenização devida pelo empregador em caso de culpa
incluir o trabalhador homem. A duração do auxílio-creche (responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando ampla-
e o valor envolvido variarão conforme negociação coletiva mente difundida na jurisprudência do Tribunal Superior do
na empresa. Trabalho;
Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
acordos coletivos de trabalho. Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultan-
tes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
Neste dispositivo se funda o direito coletivo do tra- cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
balho, que encontra regulamentação constitucional nos limite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
artigo 8º a 11 da Constituição. Pelas convenções e acor- balho.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate-
jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim, goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos
há um período de tempo que o empregado tem para re- nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI,
querer seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição tra- XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
balhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum-
contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5 primento das obrigações tributárias, principais e acessórias,
(cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
vigência do contrato de trabalho. previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
a sua integração à previdência social. 
Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, 2.5) Direito coletivo do trabalho
de exercício de funções e de critério de admissão por motivo Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos
de sexo, idade, cor ou estado civil. dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha-
dores, coletivamente ou no interesse de uma coletivida-
Há uma tendência de se remunerar melhor homens
de, quais sejam: associação profissional ou sindical, greve,
brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo
substituição processual, participação e representação clas-
patente a diferença remuneratória para com pessoas de
sista29.
diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta
A liberdade de associação profissional ou sindical tem
contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo consti-
tuinte, sendo possível inclusive invocar a equiparação sala- escopo no artigo 8º, CF:
rial judicialmente.
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi-
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina- cal, observado o seguinte:
ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha- I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
dor portador de deficiência. a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas li- intervenção na organização sindical;
mitações, possui condições de ingressar no mercado de II - é vedada a criação de mais de uma organização
trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
sua deficiência. profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes-
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba- sados, não podendo ser inferior à área de um Município;
lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
respectivos. ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
questões judiciais ou administrativas;
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual- IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade, se tratando de categoria profissional, será descontada em
não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por folha, para custeio do sistema confederativo da representa-
se enquadrar numa ou outra categoria. ção sindical respectiva, independentemente da contribuição
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, prevista em lei;
perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual- V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na filiado a sindicato;
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
negociações coletivas de trabalho;
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele-
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo-
cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se
tado nas organizações sindicais;
o trabalho em condições desfavoráveis.
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali-
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o traba- zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção
lhador com vínculo empregatício permanente e o traba- ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente,
lhador avulso. até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta
grave nos termos da lei.
Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em- Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se
presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes-
de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
trabalhador com vínculo empregatício permanente.
A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como O direito de greve, por seu turno, está previsto no artigo
PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único 9º, CF:
do artigo 7º: 29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacio-
sobre os interesses que devam por meio dele defender. nalidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”.
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis A Convenção Americana sobre Direitos Humanos apro-
da comunidade. funda-se em meios para garantir que toda pessoa tenha
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar o
penas da lei. critério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa
terá a nacionalidade do território onde nasceu, quando não
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe sobre tiver direito a outra nacionalidade por previsões legais di-
o exercício do direito de greve, define as atividades essen- versas.
ciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da “Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa
comunidade, e dá outras providências. Enquanto não for humana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um
disciplinado o direito de greve dos servidores públicos, esta indivíduo não pode ficar ao mero capricho de um governo,
é a legislação que se aplica, segundo o STF. de um governante, de um poder despótico, de decisões
O direito de participação é previsto no artigo 10, CF: unilaterais, concebidas sem regras prévias, sem o contra-
ditório, a defesa, que são princípios fundamentais de todo
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos traba- sistema jurídico que se pretenda democrático. A questão
lhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos pú- não pode ser tratada com relativismos, uma vez que é mui-
blicos em que seus interesses profissionais ou previdenciá- to séria”30.
rios sejam objeto de discussão e deliberação. Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e in-
ternacional a previsão do direito de asilo, consistente no
Por fim, aborda-se o direito de representação classista direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do
no artigo 11, CF: qual for nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal
perseguição não pode ter motivos legítimos, como a práti-
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos em- ca de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios
pregados, é assegurada a eleição de um representante das Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o enten- desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direi-
dimento direto com os empregadores. to de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos
humanos de uma pessoa por parte daqueles que deve-
3) Nacionalidade riam protegê-los – isto é, os governantes e os entes sociais
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que como um todo –, e não proteger pessoas que justamente
cometeram tais violações.
vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente
um nacional pode adquirir direitos políticos.
3.2) Naturalidade e naturalização
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga
O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que
são os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas catego-
ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando
rias: natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é
assim de direitos e obrigações.
diferente de nacionalidade – naturalidade é apenas o local
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo
de nascimento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o
não é a mesma coisa que população. População é o con- Estado.
junto de pessoas residentes no país – inclui o povo, os es- Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira
trangeiros residentes no país e os apátridas. tanto por ter nascido no território brasileiro quanto por
voluntariamente se naturalizar como brasileiro, como se
3.1) Nacionalidade como direito humano funda- percebe no teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num con-
mental ceito tomado à base de exclusão, é todo aquele que não é
Os direitos humanos internacionais são completamen- nacional brasileiro.
te contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o
indivíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com a) Brasileiros natos
nenhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pes- Art. 12, CF. São brasileiros:
soa humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrá- I - natos:
ria. Não há privação arbitrária quando respeitados os crité- a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
rios legais previstos no texto constitucional no que tange à ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam
perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte a serviço de seu país;
brasileiro não admite a figura do apátrida. b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou
Contudo, é exatamente por ser um direito que a na- mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
cionalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à da República Federativa do Brasil;
pessoa o direito de deixar de ser nacional de um país e 30 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos XV e
passar a sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Univer-
um processo conhecido como naturalização. sal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88.

27
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à


mãe brasileira, desde que sejam registrados em reparti- manutenção própria e da família;
ção brasileira competente ou venham a residir na Repú- VI - bom procedimento;
blica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra- no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja comi-
sileira. nada pena mínima de prisão, abstratamente considerada,
superior a 1 (um) ano; e
Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a VIII - boa saúde.
atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –,
notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido Destaque vai para o requisito da residência contínua.
em território do país independentemente da nacionalidade Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos
dos pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não depen- contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No
de do local de nascimento mas sim da descendência de um entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se
nacional do país (critério comum em países que tiveram o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa
êxodo de imigrantes). o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização
no território brasileiro – critério do ius soli, ainda que fi- ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná-
lho de pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros ria no artigo 12, II, “a”.
que estejam a serviço de seu país ou de organismo inter- Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária
nacional (o que geraria um conflito de normas). Contudo, se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segun-
também é possível ser brasileiro nato ainda que não se te- do o qual “a satisfação das condições previstas nesta Lei
nha nascido no território brasileiro. não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”. Logo,
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato na naturalização ordinária não há direito subjetivo à na-
também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais turalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos.
estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O
mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan-
estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exte- do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder
rior é exigido que o nascido do exterior venha ao território Judiciário para fazê-lo valer31.
brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em
repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos, c) Tratamento diferenciado
manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionali- A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou
dade brasileira ou não. naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste
b) Brasileiros naturalizados sentido, o artigo 12, § 2º, CF:

Art. 12, CF. São brasileiros: [...] Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin-
II - naturalizados: ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca-
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida- sos previstos nesta Constituição.
de brasileira, exigidas aos originários de países de língua Percebe-se que a Constituição simultaneamente esta-
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto belece a não distinção e se reserva ao direito de estabele-
e idoneidade moral; cer as hipóteses de distinção.
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi- Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram
dentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze enumeradas no parágrafo seguinte.
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que
requeiram a nacionalidade brasileira. Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato
os cargos:
A naturalização deve ser voluntária e expressa. I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
questão da naturalização em mais detalhes, prevendo no III - de Presidente do Senado Federal;
artigo 112: IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a con- VI - de oficial das Forças Armadas;
cessão da naturalização: VII - de Ministro de Estado da Defesa.
I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;
II - ser registrado como permanente no Brasil; A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no
III - residência contínua no território nacional, pelo exercício da presidência da República ou de cargo que pos-
prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do
ao pedido de naturalização; país (ausente o Presidente da República, seu vice-presiden-
IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as 31 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em telecon-
condições do naturalizando; ferência.

28
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

te desempenha o cargo; ausente este assume o Presiden- No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo,
te da Câmara; também este ausente, em seguida, exerce percebe-se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea
o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente “a” aceita-se que a pessoa tenha nacionalidade brasileira
do Supremo pode assumir a presidência na ausência dos e outra se ao seu nascimento tiver adquirido simultanea-
anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido mente a nacionalidade do Brasil e outro país; na alínea “b”
num critério de revezamento nenhum membro pode ser é reconhecida a mesma situação se a aquisição da nacio-
naturalizado); ou a de que o cargo ocupado possui forte nalidade do outro país for uma exigência para continuar
impacto em termos de representação do país ou de segu- lá permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se
rança nacional. assim não o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma
Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi- nacionalidade e, provavelmente, se ver privado da naciona-
leiro naturalizado como membro do Conselho da Repúbli- lidade brasileira.
ca (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário
de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens, 3.5) Deportação, expulsão e entrega
salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possi- A deportação representa a devolução compulsória de
bilidade de extradição do brasileiro naturalizado que tenha um estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma ir-
praticado crime comum antes da naturalização ou, depois regular no território nacional, estando prevista na Lei nº
dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF). 6.815/1980, em seus artigos 57 e 58. Neste caso, não hou-
ve prática de qualquer ato nocivo ao Brasil, havendo, pois,
mera irregularidade de visto.
3.3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses
A expulsão é a retirada “à força” do território brasi-
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF:
leiro de um estrangeiro que tenha praticado atos tipifica-
dos no artigo 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº
Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência
6.815/1980:
permanente no País, se houver reciprocidade em favor de
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra- Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o es-
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. trangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a seguran-
ça nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou
É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o moralidade pública e a economia popular, ou cujo proce-
mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado dimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses na-
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República cionais.
Federativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o es-
22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001). trangeiro que:
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos ci- a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou per-
vis, não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direi- manência no Brasil;
tos políticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se b) havendo entrado no território nacional com infração
o alistamento eleitoral. No caso de exercício dos direitos à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado
políticos nestes moldes, os direitos desta natureza ficam para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
suspensos no outro país, ou seja, não exerce simultanea- c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
mente direitos políticos nos dois países. d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei
para estrangeiro.
3.4) Perda da nacionalidade
Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacio- A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um
nalidade do brasileiro que: nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju- faz parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil en-
dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; tregasse um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: Internacional (competência reconhecida na própria Consti-
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela tuição no artigo 5º, §4º).
lei estrangeira;
3.6) Extradição
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangei-
A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão
ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como con-
e da entrega. Extradição é um ato de cooperação interna-
dição para permanência em seu território ou para o exercício
cional que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou
de direitos civis. condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama.
O Brasil, sob hipótese alguma, extraditará brasileiros natos
A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818, mas quanto aos naturalizados assim permite caso tenham
de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e praticado crimes comuns (exceto crimes políticos e/ou de
a reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos po- opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois da na-
líticos. No processo deve ser respeitado o contraditório e turalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito
a iniciativa de propositura é do Procurador da República. de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF).

29
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Aplicam-se os seguintes princípios à extradição: Art. 78. São condições para concessão da extradição: 
a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangei- I - ter sido o crime cometido no território do Estado
ro só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime requerente ou serem aplicáveis ao extraditando as leis
objeto do pedido de extradição. O importante é que o ex- penais desse Estado; e
traditado só seja submetido às penas relativas aos crimes II - existir sentença final de privação de liberdade, ou
que foram objeto do pedido de extradição. estar a prisão do extraditando autorizada por Juiz, Tri-
b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado bunal ou autoridade competente do Estado requerente,
deve ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, salvo o disposto no artigo 82.
além do fato ser típico em ambos os países, deve ser punível
em ambos (se houve prescrição em algum dos países, p. ex., Art. 79. Quando mais de um Estado requerer a extradi-
não pode ocorrer a extradição). ção da mesma pessoa, pelo mesmo fato, terá preferência o
c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de pedido daquele em cujo território a infração foi come-
um tratado de extradição entre dois países ter sido cele- tida.
brado após a ocorrência do crime não impede a extradição. § 1º Tratando-se de crimes diversos, terão preferên-
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): cia, sucessivamente:
Se o crime for apenado por qualquer das penas vedadas I - o Estado requerente em cujo território haja sido co-
pelo artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será autoriza- metido o crime mais grave, segundo a lei brasileira;
da, salvo se houver a comutação da pena, transformação II - o que em primeiro lugar houver pedido a entrega
para uma pena aceita no Brasil. do extraditando, se a gravidade dos crimes for idêntica; e
Por ser tema incidente, vale observar a disciplina da Lei III - o Estado de origem, ou, na sua falta, o domiciliar
nº 6.815/1980 a respeito da extradição e de seu procedi- do extraditando, se os pedidos forem simultâneos.
mento: § 2º Nos casos não previstos decidirá sobre a preferên-
cia o Governo brasileiro.
Art. 76. A extradição poderá ser concedida quando o go- § 3º Havendo tratado ou convenção com algum dos
verno requerente se fundamentar em tratado, ou quando Estados requerentes, prevalecerão suas normas no que
prometer ao Brasil a reciprocidade.  disserem respeito à preferência de que trata este artigo. 

Art. 80.  A extradição será requerida por via diplomáti-


Art. 77. Não se concederá a extradição quando: 
ca ou, quando previsto em tratado, diretamente ao Minis-
I - se tratar de brasileiro, salvo se a aquisição dessa
tério da Justiça, devendo o pedido ser instruído com a cópia
nacionalidade verificar-se após o fato que motivar o pedido;
autêntica ou a certidão da sentença condenatória ou
II - o fato que motivar o pedido não for considerado
decisão penal proferida por juiz ou autoridade competente. 
crime no Brasil ou no Estado requerente;
§ 1o  O pedido deverá ser instruído com indicações
III - o Brasil for competente, segundo suas leis, para jul-
precisas sobre o local, a data, a natureza e as circuns-
gar o crime imputado ao extraditando;
tâncias do fato criminoso, a identidade do extraditando
IV - a lei brasileira impuser ao crime a pena de prisão e, ainda, cópia dos textos legais sobre o crime, a compe-
igual ou inferior a 1 (um) ano; tência, a pena e sua prescrição. 
V - o extraditando estiver a responder a processo ou já § 2o  O encaminhamento do pedido pelo Ministério da
houver sido condenado ou absolvido no Brasil pelo mes- Justiça ou por via diplomática confere autenticidade aos
mo fato em que se fundar o pedido; documentos. 
VI - estiver extinta a punibilidade pela prescrição se- § 3o  Os documentos indicados neste artigo serão
gundo a lei brasileira ou a do Estado requerente; acompanhados de versão feita oficialmente para o idio-
VII - o fato constituir crime político; e ma português. 
VIII - o extraditando houver de responder, no Estado re-
querente, perante Tribunal ou Juízo de exceção. Art. 81.  O pedido, após exame da presença dos pressu-
§ 1° A exceção do item VII não impedirá a extradição postos formais de admissibilidade exigidos nesta Lei ou em
quando o fato constituir, principalmente, infração da lei tratado, será encaminhado pelo Ministério da Justiça ao
penal comum, ou quando o crime comum, conexo ao Supremo Tribunal Federal. 
delito político, constituir o fato principal. Parágrafo único.  Não preenchidos os pressupostos de
§ 2º Caberá, exclusivamente, ao Supremo Tribunal Fe- que trata o  caput, o pedido será arquivado mediante de-
deral, a apreciação do caráter da infração. cisão fundamentada do Ministro de Estado da Justiça, sem
§ 3° O Supremo Tribunal Federal poderá deixar de prejuízo de renovação do pedido, devidamente instruído,
considerar crimes políticos os atentados contra Che- uma vez superado o óbice apontado. 
fes de Estado ou quaisquer autoridades, bem assim os
atos de anarquismo, terrorismo, sabotagem, sequestro Art. 82.  O Estado interessado na extradição poderá,
de pessoa, ou que importem propaganda de guerra ou em caso de urgência e antes da formalização do pedido de
de processos violentos para subverter a ordem política ou extradição, ou conjuntamente com este, requerer a prisão
social. cautelar do extraditando por via diplomática ou, quan-
do previsto em tratado, ao Ministério da Justiça, que, após

30
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

exame da presença dos pressupostos formais de admis- Art. 87. Se o Estado requerente não retirar o extradi-
sibilidade exigidos nesta Lei ou em tratado, representará tando do território nacional no prazo do artigo anterior, será
ao Supremo Tribunal Federal.  (Redação dada pela Lei nº ele posto em liberdade, sem prejuízo de responder a pro-
12.878, de 2013) cesso de expulsão, se o motivo da extradição o recomendar. 
§ 1o  O pedido de prisão cautelar noticiará o crime co-
metido e deverá ser fundamentado, podendo ser apresentado Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo
por correio, fax, mensagem eletrônica ou qualquer outro meio pedido baseado no mesmo fato. 
que assegure a comunicação por escrito.  (Redação dada pela
Lei nº 12.878, de 2013) Art. 89. Quando o extraditando estiver sendo proces-
§ 2o  O pedido de prisão cautelar poderá ser apresentado sado, ou tiver sido condenado, no Brasil, por crime punível
ao Ministério da Justiça por meio da Organização Interna- com pena privativa de liberdade, a extradição será exe-
cional de Polícia Criminal (Interpol), devidamente instruído cutada somente depois da conclusão do processo ou do
com a documentação comprobatória da existência de ordem cumprimento da pena, ressalvado, entretanto, o disposto
de prisão proferida por Estado estrangeiro.  (Redação dada no artigo 67. 
pela Lei nº 12.878, de 2013) Parágrafo único. A entrega do extraditando ficará igual-
§ 3o  O Estado estrangeiro deverá, no prazo de 90 (no- mente adiada se a efetivação da medida puser em risco a
venta) dias contado da data em que tiver sido cientificado sua vida por causa de enfermidade grave comprovada por
da prisão do extraditando, formalizar o pedido de extradi- laudo médico oficial.
ção. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013)
§ 4o  Caso o pedido não seja formalizado no prazo Art. 90. O Governo poderá entregar o extraditando ain-
previsto no § 3o, o extraditando deverá ser posto em liber- da que responda a processo ou esteja condenado por
dade, não se admitindo novo pedido de prisão cautelar pelo contravenção. 
mesmo fato sem que a extradição haja sido devidamente
requerida. (Redação dada pela Lei nº 12.878, de 2013) Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Esta-
do requerente assuma o compromisso: 
Art. 83. Nenhuma extradição será concedida sem pré-
I - de não ser o extraditando preso nem processado por
vio pronunciamento do Plenário do Supremo Tribunal
fatos anteriores ao pedido;
Federal sobre sua legalidade e procedência, não cabendo
II - de computar o tempo de prisão que, no Brasil, foi
recurso da decisão. 
imposta por força da extradição;
Art. 84. Efetivada a prisão do extraditando (artigo 81),
III - de comutar em pena privativa de liberdade a
o pedido será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. 
pena corporal ou de morte, ressalvados, quanto à última,
Parágrafo único. A prisão perdurará até o julgamento
os casos em que a lei brasileira permitir a sua aplicação;
final do Supremo Tribunal Federal, não sendo admitidas a
IV - de não ser o extraditando entregue, sem consen-
liberdade vigiada, a prisão domiciliar, nem a prisão albergue.
timento do Brasil, a outro Estado que o reclame; e
Art. 85. Ao receber o pedido, o Relator designará dia e V - de não considerar qualquer motivo político, para
hora para o interrogatório do extraditando e, conforme agravar a pena.
o caso, dar-lhe-á curador ou advogado, se não o tiver, cor- Art. 92. A entrega do extraditando, de acordo com as leis
rendo do interrogatório o prazo de dez dias para a defesa.  brasileiras e respeitado o direito de terceiro, será feita com
§ 1º A defesa versará sobre a identidade da pessoa re- os objetos e instrumentos do crime encontrados em seu
clamada, defeito de forma dos documentos apresentados ou poder. 
ilegalidade da extradição. Parágrafo único. Os objetos e instrumentos referidos
§ 2º Não estando o processo devidamente instruído, o neste artigo poderão ser entregues independentemente
Tribunal, a requerimento do Procurador-Geral da República, da entrega do extraditando.
poderá converter o julgamento em diligência para suprir
a falta no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias, de- Art. 93. O extraditando que, depois de entregue ao Es-
corridos os quais o pedido será julgado independentemente tado requerente, escapar à ação da Justiça e homiziar-se
da diligência. no Brasil, ou por ele transitar, será detido mediante pedi-
§ 3º O prazo referido no parágrafo anterior correrá da do feito diretamente por via diplomática, e de novo entre-
data da notificação que o Ministério das Relações Exterio- gue sem outras formalidades. 
res fizer à Missão Diplomática do Estado requerente.
Art. 94. Salvo motivo de ordem pública, poderá ser per-
Art. 86. Concedida a extradição, será o fato comuni- mitido, pelo Ministro da Justiça, o trânsito, no território
cado através do Ministério das Relações Exteriores à Missão nacional, de pessoas extraditadas por Estados estrangeiros,
Diplomática do Estado requerente que, no prazo de sessen- bem assim o da respectiva guarda, mediante apresentação
ta dias da comunicação, deverá retirar o extraditando do de documentos comprobatórios de concessão da medi-
território nacional.  da. 

31
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

3.7) Idioma e símbolos temente adotada no Brasil, por meio do sufrágio univer-
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da sal e do voto direto e secreto com igual valor para todos.
República Federativa do Brasil. Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a para o exercício da capacidade ativa do sufrágio universal.
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do refe-
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios rendo é o momento da consulta à população: no plebis-
poderão ter símbolos próprios. cito, primeiro se consulta a população e depois se toma a
decisão política; no referendo, primeiro se toma a decisão
Idioma é a língua falada pela população, que confere política e depois se consulta a população. Embora os dois
caráter diferenciado em relação à população do resto do partam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado,
mundo. Sendo assim, é manifestação social e cultural de ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), am-
uma nação. bos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha é
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da que os dois são “formas de consulta ao povo para que de-
nação e permitem o seu reconhecimento nacional e inter- libere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza
nacionalmente. constitucional, legislativa ou administrativa”32.
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a pre- Na iniciativa popular confere-se à população o poder
visão é feito dentro do capítulo do texto constitucional que de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados,
aborda o tema. mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri-
buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3%
4) Direitos políticos dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê o
Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos di- artigo 61, §2°, CF:
reitos políticos, já que somente um nacional pode adquirir
direitos políticos. No entanto, nem todo nacional é titular Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida
de direitos políticos. Os nacionais que são titulares de direi- pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
tos políticos são denominados cidadãos. Significa afirmar subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacio-
que nem todo nacional brasileiro é um cidadão brasileiro, nal, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não me-
mas somente aquele que for titular do direito de sufrágio nos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
universal.
4.3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do
4.1) Sufrágio universal voto
A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a sobera- O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de de-
nia popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”. zoito anos são, em regra, obrigatórios. Há facultatividade
Sufrágio universal é a soma de duas capacidades elei- para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os
torais, a capacidade ativa – votar e exercer a democracia maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
direta – e a capacidade passiva – ser eleito como represen-
tante no modelo da democracia indireta. Ou ainda, sufrá- Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são:
gio universal é o direito de todos cidadãos de votar e ser I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
votado. O voto, que é o ato pelo qual se exercita o sufrágio, II - facultativos para:
deverá ser direto e secreto. a) os analfabetos;
Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa, b) os maiores de setenta anos;
mas não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim, c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
nem toda pessoa que tem capacidade ativa tem também
capacidade passiva, embora toda pessoa que tenha capaci- No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais
dade passiva tenha necessariamente a ativa. brasileiros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF:

Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores


4.2) Democracia direta e indireta os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obri-
Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo su- gatório, os conscritos.
frágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestan-
para todos, e, nos termos da lei, mediante: do serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas
I - plebiscito; disponíveis para os dias da eleição.
II - referendo;
III - iniciativa popular. 4.4) Elegibilidade
O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de
A democracia brasileira adota a modalidade semidire- elegibilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preen-
ta, porque possibilita a participação popular direta no po- chidos para que uma pessoa seja eleita, no exercício de sua
der por intermédio de processos como o plebiscito, o refe- capacidade passiva do sufrágio universal.
rendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas, 32 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
pode-se afirmar que a democracia indireta é predominan- tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

32
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na táveis são aqueles que não podem tirar o título de eleitor,
forma da lei: portanto, não podem votar, notadamente: os estrangeiros
I - a nacionalidade brasileira; e os conscritos durante o serviço militar obrigatório).
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral; Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos
V - a filiação partidária; e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos
VI - a idade mínima de: mandatos poderão ser reeleitos para um único período sub-
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente sequente.
da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibili-
Estado e do Distrito Federal; dade relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado das esferas for substituído por seu vice no curso do man-
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; dato, este vice somente poderá ser eleito para um período
d) dezoito anos para Vereador. subsequente.
Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e
analfabetos. é substituído pelo seu vice-governador. Se este se candida-
tar e for eleito, não poderá ao final deste mandato se ree-
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à leger. Isto é, se o mandato o candidato renuncia no início
nacionalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo, de 2010 o seu mandato de 2007-2010, assumindo o vice
para ser eleito é preciso ser cidadão. em 2010, poderá este se candidatar para o mandato 2011-
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista 2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para o
como eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu
pode não o ser caso analisados aspectos como o vínculo com o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia,
de afeto com o local (ex.: Presidente Dilma vota em Porto que assumiu em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo
Alegre – RS, embora resida em Brasília – DF). Sendo assim, do Estado de Minas Gerais e foi eleito governador entre
para se candidatar a cargo no município, deve ter domi- 2011 e 2014, mas não pode se candidatar à reeleição, con-
cílio eleitoral nele; para se candidatar a cargo no estado, correndo por isso a uma vaga no Senado Federal.
deve ter domicílio eleitoral em um de seus municípios; para
se candidatar a cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos,
em uma das unidades federadas do país. Aceita-se a trans- o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
ferência do domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes das Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respecti-
eleições. vos mandatos até seis meses antes do pleito.
A filiação partidária implica no lançamento da candi-
datura por um partido político, não se aceitando a filiação São inelegíveis absolutamente, para quaisquer car-
avulsa. gos, os chefes do Executivo que não renunciarem aos seus
Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisi- mandatos até seis meses antes do pleito eleitoral, antes das
to etário, com faixa etária mínima para o desempenho de eleições. Ex.: Se a eleição aconteceu em 05/10/2014, neces-
cada uma das funções, a qual deve ser auferida na data da sário que tivesse renunciado até 04/04/2014.
posse.
Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de ju-
4.5) Inelegibilidade risdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos
Atender às condições de elegibilidade é necessário ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presiden-
para poder ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso te da República, de Governador de Estado ou Território, do
não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegi- Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído
bilidade. dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular
A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na de mandato eletivo e candidato à reeleição.
absoluta, são atingidos todos os cargos; nas relativas, são São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
atingidos determinados cargos. cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o se-
gundo grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou de
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os quem os tenha substituído ao final do mandato, a não ser
analfabetos. que seja já titular de mandato eletivo e candidato à reelei-
ção.
O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibili-
dade, que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível,
elegível é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a atendidas as seguintes condições:
faculdade de votar, mas não podem ser votados) e é preci- I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas-
so possuir a capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalis- tar-se da atividade;

33
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado 1. contra a economia popular, a fé pública, a administra-
pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica- ção pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Com-
mente, no ato da diplomação, para a inatividade. plementar nº 135, de 2010)
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falên-
os militares que não podem se alistar ou os que podem, cia; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
mas não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF, 3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído
ou seja, se não se afastar da atividade caso trabalhe há me- pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
nos de 10 anos, se não for agregado pela autoridade supe- 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de
rior (suspenso do exercício das funções por sua autoridade liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há mais de 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver
condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exer-
10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo).
cício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº
135, de 2010)
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá ou- 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
tros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,
para exercício de mandato considerada vida pregressa do tortura, terrorismo e hediondos;
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições con- 8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído
tra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
de função, cargo ou emprego na administração direta ou 9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei
indireta. Complementar nº 135, de 2010)
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou
estabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolu- com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação
tas como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de
casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade in-
outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que fi- sanável que configure ato doloso de improbidade adminis-
trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo
cou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar
se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judi-
nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu
ciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos
artigo 1º, que segue. seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se
o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a
Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis: todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de manda-
I - para qualquer cargo: tários que houverem agido nessa condição; (Redação dada
a) os inalistáveis e os analfabetos; pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias h) os detentores de cargo na administração pública di-
Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Munici- reta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a ter-
pais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infrin- ceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem
gência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Consti- condenados em decisão transitada em julgado ou proferida
tuição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concor-
mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos rem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se
Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se rea- realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela
lizarem durante o período remanescente do mandato para o Lei Complementar nº 135, de 2010)
qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento
da legislatura; ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de pro-
cesso de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido,
d) os que tenham contra sua pessoa representação jul-
nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, car-
gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada
go ou função de direção, administração ou representação,
em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de enquanto não forem exonerados de qualquer responsabili-
apuração de abuso do poder econômico ou político, para a dade;
eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem j) os que forem condenados, em decisão transitada em
como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral,
(Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010) por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por
e) os que forem condenados, em decisão transitada em doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas
condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diplo-
o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela Lei ma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído
Complementar nº 135, de 2010) pela Lei Complementar nº 135, de 2010)

34
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

k) o Presidente da República, o Governador de Estado e 5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da


do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Na- República;
cional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, 6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e
das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos da Aeronáutica;
desde o oferecimento de representação ou petição capaz de 7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
autorizar a abertura de processo por infringência a dispositi- 8. os Magistrados;
vo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei 9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autar-
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Muni- quias, empresas públicas, sociedades de economia mista e
cípio, para as eleições que se realizarem durante o período fundações públicas e as mantidas pelo poder público;
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de
(oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído Territórios;
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) 11. os Interventores Federais;
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos 12. os Secretários de Estado;
políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida 13. os Prefeitos Municipais;
por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade 14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e Estados e do Distrito Federal;
enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em 15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o 16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os
cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios
135, de 2010) e as pessoas que ocupem cargos equivalentes;
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores
decisão sancionatória do órgão profissional competente, em à eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em
decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 qualquer dos poderes da União, cargo ou função, de nomea-
(oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso ção pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia
pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº do Senado Federal;
135, de 2010) c) (Vetado);
n) os que forem condenados, em decisão transitada em d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no
de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas
de união estável para evitar caracterização de inelegibilida- e contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais,
de, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer ou para aplicar multas relacionadas com essas atividades;
a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham
o) os que forem demitidos do serviço público em decor- exercido cargo ou função de direção, administração ou re-
rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de presentação nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da
8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido Lei n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âm-
suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei bito e natureza de suas atividades, possam tais empresas
Complementar nº 135, de 2010) influir na economia nacional;
p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas res- f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de
ponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísti-
transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da cas previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na
Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão, alínea anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6
observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído (seis) meses antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) abuso apurado, do poder econômico, ou de que transferiram,
q) os magistrados e os membros do Ministério Público por força regular, o controle de referidas empresas ou grupo
que forem aposentados compulsoriamente por decisão san- de empresas;
cionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses ante-
tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na riores ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, ad-
pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo ministração ou representação em entidades representativas
de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de de classe, mantidas, total ou parcialmente, por contribuições
2010) impostas pelo poder Público ou com recursos arrecadados e
II - para Presidente e Vice-Presidente da República: repassados pela Previdência Social;
a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das fun-
de seus cargos e funções: ções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Supe-
1. os Ministros de Estado: rintendente de sociedades com objetivos exclusivos de ope-
2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e rações financeiras e façam publicamente apelo à poupança
militar, da Presidência da República; e ao crédito, inclusive através de cooperativas e da empresa
3. o chefe do órgão de assessoramento de informações ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer forma, de
da Presidência da República; vantagens asseguradas pelo poder público, salvo se decor-
4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas; rentes de contratos que obedeçam a cláusulas uniformes;

35
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito, VII - para a Câmara Municipal:
hajam exercido cargo ou função de direção, administração a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que os inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos
mantenha contrato de execução de obras, de prestação de Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a desin-
serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder compatibilização;
Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de
obedeça a cláusulas uniformes; Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses
j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham para a desincompatibilização .
afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao § 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da
pleito; República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal
I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos
órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta até 6 (seis) meses antes do pleito.
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e § 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o
dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder Vice-Prefeito poderão candidatar-se a outros cargos,
Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao preservando os seus mandatos respectivos, desde que,
pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, não tenham
integrais; sucedido ou substituído o titular.
III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do § 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titular,
Distrito Federal; o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice- segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
-Presidente da República especificados na alínea a do inciso de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal,
II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos 6
tratar de repartição pública, associação ou empresas que (seis) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de man-
operem no território do Estado ou do Distrito Federal, obser- dato eletivo e candidato à reeleição.
vados os mesmos prazos; § 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I
b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles
de seus cargos ou funções: definidos em lei como de menor potencial ofensivo,
nem aos crimes de ação penal privada. (Incluído pela Lei
1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador
Complementar nº 135, de 2010)
do Estado ou do Distrito Federal;
§ 5º A renúncia para atender à desincompatibilização
2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e
com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção
Zona Aérea;
de mandato não gerará a inelegibilidade prevista na
3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de as-
alínea k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude
sistência aos Municípios;
ao disposto nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei
4. os secretários da administração municipal ou mem- Complementar nº 135, de 2010).
bros de órgãos congêneres;
IV - para Prefeito e Vice-Prefeito: 4.6) Impugnação de mandato
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a im-
os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente pugnação de mandato.
da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do
Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser im-
a desincompatibilização; pugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
b) os membros do Ministério Público e Defensoria Públi- contados da diplomação, instruída a ação com provas de
ca em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais;
c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercí- Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato
cio no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito; tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na
V - para o Senado Federal: forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-
-Presidente da República especificados na alínea a do in- 4.7) Perda e suspensão de direitos políticos
ciso II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos,
se tratar de repartição pública, associação ou empresa que cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
opere no território do Estado, observados os mesmos prazos; I - cancelamento da naturalização por sentença transi-
b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis tada em julgado;
para os cargos de Governador e Vice-Governador, nas mes- II - incapacidade civil absoluta;
mas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos; III - condenação criminal transitada em julgado, en-
VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legisla- quanto durarem seus efeitos;
tiva e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por iden- IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
tidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal, prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37,
prazos; § 4º.

36
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os pre-


o que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, por- ceitos a serem observados na liberdade partidária: caráter
tanto, deixe de ser titular de direitos políticos. nacional, ou seja, terem por objetivo o desempenho de
O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, atividade política no âmbito interno do país; proibição de
da interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, recebimento de recursos financeiros de entidade ou gover-
entre os quais obviamente se enquadra o sufrágio univer- no estrangeiros ou de subordinação a estes, logo, o Poder
sal. Público não pode financiar campanhas eleitorais; prestação
O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da con- de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para resguardar
denação criminal, que é a suspensão de direitos políticos. a mencionada vedação; e funcionamento parlamentar de
O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação mi- acordo com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organi-
litar ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa zação paramilitar por parte dos partidos políticos (artigo
moral ou religiosa. 17, §4º, CF).
O inciso V se refere à ação de improbidade administra- O respeito a estes ditames permite o exercício do par-
tiva, que tramita para apurar a prática dos atos de improbi-
tidarismo de forma autônoma em termos estruturais e or-
dade administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a
ganizacionais, conforme o §1º do artigo 17, CF:
suspensão dos direitos políticos.
Os direitos políticos somente são perdidos em dois
casos, quais sejam cancelamento de naturalização por Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos auto-
sentença transitada em julgado (o indivíduo naturalizado nomia para definir sua estrutura interna, organização e fun-
volta à condição de estrangeiro) e perda da nacionalidade cionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime
brasileira em virtude da aquisição de outra (brasileiro se de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vincu-
naturaliza em outro país e assim deixa de ser considera- lação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
do um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
demais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de normas de disciplina e fidelidade partidária. 
direitos políticos pela prática de atos atentatórios contra a Os estatutos que tecem esta regulamentação devem
Administração Pública por parte do servidor, mas apenas ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º,
suspensão. CF).
A cassação de direitos políticos, consistente na retirada Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à
dos direitos políticos por ato unilateral do poder público, mídia, prevê o §3º do artigo 17 da CF:
sem observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV,
CF (ampla defesa e contraditório), é um procedimento que Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a re-
só existe nos governos ditatoriais e que é absolutamente cursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
vedado pelo texto constitucional. televisão, na forma da lei.

4.8) Anterioridade anual da lei eleitoral

Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará


em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à elei- PODER LEGISLATIVO: FUNDAMENTO,
ção que ocorra até um ano da data de sua vigência.  ATRIBUIÇÕES E GARANTIAS DE
INDEPENDÊNCIA.
É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo
menos 1 ano antes da próxima eleição, sob pena de não se
aplicar a ela, mas somente ao próximo pleito.
1) Do Congresso Nacional
4.9) Partidos políticos
O Legislativo Federal brasileiro adota um sistema bi-
O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo cameral, contando com uma casa representativa do Povo
político e encontra respaldo enquanto direito fundamental, e uma casa representativa dos Estados-membros. No caso,
já que regulamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias a Câmara dos Deputados desempenha um papel de re-
Fundamentais”, capítulo V, “Dos Partidos Políticos”. presentação do povo; ao passo que o Senado Federal é
O caput do artigo 17 da Constituição prevê: responsável pela representação das unidades federadas da
espécie Estados-membros.
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção No Congresso Nacional se desempenham as ativida-
de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o des legislativas e determinadas atividades fiscalizatórias.
regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos funda- Uma legislatura tem a duração de quatro anos, ao passo
mentais da pessoa humana [...]. que uma sessão legislativa tem duração de um ano, sen-
do esta dividida em dois períodos legislativos cada qual
Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabe- com duração de 6 meses. Por seu turno, o Deputado Fe-
lecendo a Constituição um limite de números de partidos deral tem mandato equivalente a uma legislatura (4 anos),
políticos que possam ser constituídos, permitindo também ao passo que o Senador tem mandato equivalente a duas
que sejam extintos, fundidos e incorporados. legislaturas (8 anos).

37
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

A respeito, destaca-se o artigo 44 da Constituição Fe- Note que, diferente do que ocorre na Câmara dos De-
deral: putados, não há um maior número de representantes por
ser a unidade federativa mais populosa, o número de ca-
Artigo 44, CF. O Poder Legislativo é exercido pelo Con- deiras é fixo por Estado/Distrito Federal. Adota-se, assim, o
gresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputa- princípio majoritário e não o princípio proporcional.
dos e do Senado Federal. Finalmente, o artigo 47 da Constituição prevê:
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de
quatro anos. Art. 47, CF. Salvo disposição constitucional em contrário,
as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão to-
Por sua vez, o artigo 45 da Constituição Federal expõe madas por maioria dos votos, presente a maioria absolu-
como se dá a composição da Câmara dos Deputados: ta de seus membros.

Artigo 45, CF. A Câmara dos Deputados compõe-se de Logo, em regra, o quórum de instalação de sessão é de
representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcio- maioria absoluta dos membros da Casa ou Comissão (me-
nal, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal. tade mais um), ao passo que o quórum de deliberação é de
§ 1º O número total de Deputados, bem como a maioria simples (metade mais um dos membros presentes).
representação por Estado e pelo Distrito Federal, será
estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à
população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano
anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unida- PODER EXECUTIVO: FORMA E SISTEMA
des da Federação tenha menos de oito ou mais de se- DE GOVERNO; CHEFIA DE ESTADO E
tenta Deputados. CHEFIA DE GOVERNO; ATRIBUIÇÕES E
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados. RESPONSABILIDADES DO PRESIDENTE DA
REPÚBLICA.
Nota-se que na Câmara dos Deputados é adotado um
sistema proporcional de composição – quanto maior a po-
pulação de um Estado, maior o número de representantes
que terá, respeitado o limite de setenta deputados; quanto
menos a população de um Estado, menor o número de re- A separação de Poderes é inerente ao modelo do Es-
presentantes que terá, respeitado o limite mínimo de oito tado Democrático de Direito, impedindo a monopolização
deputados. O Distrito Federal recebe o mesmo tratamento do poder e, por conseguinte, a tirania e a opressão. Resta
de um Estado e por ser menos populoso possui a represen- garantida no artigo 2º da Constituição Federal com o se-
tação mínima – quatro deputados. Já os Territórios, se exis- guinte teor:
tentes, teriam cada qual 4 deputados. No total, a Câmara é
composta por 513 deputados. Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmôni-
cos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
O artigo 46 da Constituição Federal disciplina a com-
Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se
posição do Senado Federal nos seguintes termos:
legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessá-
ria a divisão de funções das atividades estatais de maneira
Artigo 46, CF. O Senado Federal compõe-se de represen-
equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes.
tantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o
O constituinte afirma que estes poderes são indepen-
princípio majoritário.
dentes e harmônicos entre si. Independência significa que
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três
cada qual possui poder para se autogerir, notadamente
Senadores, com mandato de oito anos. pela capacidade de organização estrutural (criação de car-
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito gos e subdivisões) e orçamentária (divisão de seus recursos
Federal será renovada de quatro em quatro anos, alter- conforme legislação por eles mesmos elaborada). Harmo-
nadamente, por um e dois terços. nia significa que cada Poder deve respeitar os limites de
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes. competência do outro e não se imiscuir indevidamente em
suas atividades típicas.
O Senado Federal é composto por 81 Senadores, sen- A noção de separação de Poderes começou a tomar
do que 78 representam cada um dos Estados brasileiros, forma com o ideário iluminista. Neste viés, o Iluminismo
que são 26, e 3 representam o Distrito Federal. O manda- lançou base para os dois principais eventos que ocorre-
to do Senador é de duas legislaturas, ou seja, 8 anos. No ram no início da Idade Contemporânea, quais sejam as
entanto, a cada 4 anos sempre são eleitos Senadores, ga- Revoluções Francesa e Industrial. Entre os pensadores que
rantindo a alternância no Senado a cada novas eleições. lançaram as ideias que vieram a ser utilizadas no ideário
Por isso, nunca vagam as 3 cadeiras no Senado Federal de das Revoluções Francesa e Americana se destacam Locke,
um Estado para a mesma eleição; alternadamente, vagam 2 Montesquieu e Rousseau, sendo que Montesquieu foi o
cadeiras ou 1 cadeira (ex.: nas eleições de 2014 vagou ape- que mais trabalhou com a concepção de separação dos
nas 1 cadeira no Senado para cada unidade federativa com Poderes.
representação; nas eleições de 2010 vagaram 2 cadeiras).

38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Montesquieu (1689 – 1755) avançou nos estudos de Poder Executivo


Locke, que também entendia necessária a separação dos
Poderes, e na obra O Espírito das Leis estabeleceu em de- 1) Do Presidente e do Vice-Presidente da República
finitivo a clássica divisão de poderes: Executivo, Legislativo O Poder Executivo tem por função principal a de admi-
e Judiciário. O pensador viveu na França, numa época em nistrar a coisa pública, gerindo o patrimônio estatal em prol
que o absolutismo estava cada vez mais forte. do interesse comum da população. Na esfera federal, este
O objeto central da principal obra de Montesquieu33 papel é desempenhado pelo Presidente da República e por
não é a lei regida nas relações entre os homens, mas as leis seu Vice-Presidente, com auxílio dos Ministros de Estado. A
e instituições criadas pelos homens para reger as relações propósito, disciplina o artigo 76 da Constituição:
entre os homens. Segundo Montesquieu34, as leis criam
costumes que regem o comportamento humano, sendo Artigo 76, CF. O Poder Executivo é exercido pelo Presi-
influenciadas por diversos fatores, não apenas pela razão. dente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
Quanto à fonte do poder, diferencia-se, segundo Mon-
tesquieu35, do modo como se dará o seu exercício, uma vez
Tendo em vista a adoção do sistema presidencialista
que o poder emana do povo, apto a escolher mas inapto
de governo, o Presidente será eleito juntamente com seu
a governar, sendo necessário que seu interesse seja repre-
Vice-Presidente após processo eleitoral com regras míni-
sentado conforme sua vontade.
Montesquieu36 estabeleceu como condição do Estado mas descritas no artigo 77 da Constituição:
de Direito a separação dos Poderes em Legislativo, Judi-
ciário e Executivo – que devem se equilibrar –, servindo o Artigo 77, CF. A eleição do Presidente e do Vice-Presi-
primeiro para a elaboração, a correção e a ab-rogação de dente da República realizar-se-á, simultaneamente, no pri-
leis, o segundo para a promoção da paz e da guerra e a meiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no último
garantia de segurança, e o terceiro para julgar (mesmo os domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano
próprios Poderes). anterior ao do término do mandato presidencial vigente. 
Cada Poder possui funções típicas e atípicas. Por § 1º A eleição do Presidente da República importará a
função típica entenda-se aquela para a qual o Poder foi do Vice-Presidente com ele registrado.
criado. § 2º Será considerado eleito Presidente o candidato
a) Função típica do Poder Executivo: administrar – que, registrado por partido político, obtiver a maioria ab-
gerir a coisa pública e aplicar a lei; soluta de votos, não computados os em branco e os nulos.
b) Funções típicas do Poder Legislativo: legislar – al- § 3º Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta
terando e criando a ordem jurídica vigente – e fiscalizar o na primeira votação, far-se-á nova eleição em até vinte
Executivo – fiscalizando a contabilidade, o orçamento, as dias após a proclamação do resultado, concorrendo os dois
finanças e o patrimônio do Executivo; candidatos mais votados e considerando-se eleito aquele
c) Função típica do Poder Judiciário: julgar – solucio- que obtiver a maioria dos votos válidos.
nar litígios e fazer valer a lei no caso concreto e, eventual- § 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer
mente, em casos abstratos, como no controle de constitu- morte, desistência ou impedimento legal de candidato,
cionalidade. convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior votação.
Funções atípicas são aquelas que tradicionalmente § 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores,
pertenceriam a outro Poder, mas por ser tal função inerente remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com
à sua natureza será por ele mesmo desempenhada. a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso.
a) Funções atípicas do Poder Executivo: legislar – no-
tadamente quando o Presidente da República adota uma
Eleitos, o Presidente e o Vice-Presidente da República
medida provisória (art. 62, CF) – e julgar –no que tange a
tomarão posse e prestarão compromisso perante o Con-
defesas e recursos administrativos;
gresso Nacional:
b) Funções atípicas do Poder Legislativo: auto-or-
ganizar-se (função executiva) – dispondo sobre organiza-
ção, provimento de cargos, concessão de férias e licenças a Artigo 78, CF. O Presidente e o Vice-Presidente da Re-
seus servidores, etc. – e julgar – a exemplo do julgamento pública tomarão posse em sessão do Congresso Nacional,
do Presidente da República por crime de responsabilidade prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a
pelo Senado Federal (art. 52, I, CF); Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo
c) Funções atípicas do Poder Judiciário: auto-orga- brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independên-
nizar-se (função executiva) – dispondo sobre organização, cia do Brasil.
estrutura, concessão de férias e licenças a seus servidores, Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixa-
etc. – e legislar – elaborando o regimento interno de seus da para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente, salvo
Tribunais, por exemplo (art. 96, CF). motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este
33 MONTESQUIEU, Charles de Secondat. O Espírito das Leis. será declarado vago.
Tradução Fernando Henrique Cardoso e Leôncio Martins Rodrigues. 2.
ed. São Paulo: Abril Cultural, 1979, p. 25. O Vice-Presidente tem a função de auxiliar o Presiden-
34 Ibid., p. 26. te da República e poderá substituí-lo temporariamente,
35 Ibid., p. 32. quando o Presidente estiver ausente do país, ou definitiva-
36 Ibid., p. 148-149. mente, no caso de vacância do cargo.

39
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Artigo 79, CF. Substituirá o Presidente, no caso de im- I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
pedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga, o Vice-Presidente. II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a di-
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, além reção superior da administração federal;
de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei com- III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
plementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele con- previstos nesta Constituição;
vocado para missões especiais. IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
É possível que tanto o Presidente quanto o Vice- execução;
Presidente fiquem impedidos ou deixem seus cargos vagos, V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
questão regulada pelo artigo 80 da Constituição: VI - dispor, mediante decreto, sobre: 
a) organização e funcionamento da administração
Artigo 80, CF. Em caso de impedimento do Presidente e federal, quando não implicar aumento de despesa nem
do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos, se- criação ou extinção de órgãos públicos; 
rão sucessivamente chamados ao exercício da Presidên- b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
cia o Presidente da Câmara dos Deputados, o do Senado vagos; 
Federal e o do Supremo Tribunal Federal. VII - manter relações com Estados estrangeiros e
acreditar seus representantes diplomáticos;
Neste caso de vacância dupla, no entanto, a Presidên- VIII - celebrar tratados, convenções e atos interna-
cia da República não será assumida em definitivo – caberá a cionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
realização de novas eleições para que se complete o perío- IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
do do mandato, indiretas se a vacância se der nos últimos X - decretar e executar a intervenção federal;
dois anos de mandato, diretas se ocorrer nos dois primei- XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-
ros anos de mandato, conforme artigo 81 da Constituição: gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislati-
va, expondo a situação do País e solicitando as providências
Artigo 81, CF. Vagando os cargos de Presidente e Vice- que julgar necessárias;
-Presidente da República, far-se-á eleição noventa dias de-
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên-
pois de aberta a última vaga.
cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
§ 1º Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do
XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma-
período presidencial, a eleição para ambos os cargos será
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e
feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso
da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-
Nacional, na forma da lei.
-los para os cargos que lhes são privativos; 
§ 2º Em qualquer dos casos, os eleitos deverão com-
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
pletar o período de seus antecessores.
Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
O mandato do Presidente da República tem a duração Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura-
de quatro anos e sempre começa em 1º de janeiro do ano dor-Geral da República, o presidente e os diretores do ban-
seguinte à eleição. co central e outros servidores, quando determinado em lei;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis-
Artigo 82, CF. O mandato do Presidente da República tros do Tribunal de Contas da União;
é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
ano seguinte ao da sua eleição. Constituição, e o Advogado-Geral da União;
XVII - nomear membros do Conselho da República,
Por fim, o artigo 83 da Constituição regulamenta a au- nos termos do art. 89, VII;
sência do país por parte do Presidente e do Vice-Presiden- XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e
te. o Conselho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
Artigo 83, CF. O Presidente e o Vice-Presidente da Re- autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,
pública não poderão, sem licença do Congresso Nacional, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas
ausentar-se do País por período superior a quinze dias, mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobi-
sob pena de perda do cargo. lização nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
2) Atribuições do Presidente e do Vice-Presidente Congresso Nacional;
da República XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
As atribuições do Presidente da República, substitutiva- XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
mente exercíveis pelo Vice-Presidente da República e, em que forças estrangeiras transitem pelo território nacional
alguns casos, delegáveis aos Ministros de Estado e outras ou nele permaneçam temporariamente;
autoridades, estão descritas no artigo 84 da Constituição. XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as pro-
da República: postas de orçamento previstos nesta Constituição;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, § 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória,
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará
as contas referentes ao exercício anterior; sujeito a prisão.
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, § 4º O Presidente da República, na vigência de seu
na forma da lei; mandato, não pode ser responsabilizado por atos estra-
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nhos ao exercício de suas funções.
nos termos do art. 62; 4) Dos Ministros de Estado
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta O artigo 87 da Constituição Federal sintetiza as obriga-
Constituição. ções dos Ministros de Estado, bem como os requisitos para
Parágrafo único. O Presidente da República poderá de- ocupação do cargo.
legar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e
XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procura- Artigo 87, CF. Os Ministros de Estado serão escolhidos
dor-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exer-
observarão os limites traçados nas respectivas delegações. cício dos direitos políticos.
Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além
de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na
3) Da Responsabilidade Do Presidente da República
lei:
O Presidente da República pode cometer atos ilícitos
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão
considerados crimes de responsabilidade, conforme regu- dos órgãos e entidades da administração federal na área de
lado pelo artigo 85 da Constituição. sua competência e referendar os atos e decretos assinados
pelo Presidente da República;
Artigo 85, CF. São crimes de responsabilidade os atos II - expedir instruções para a execução das leis, decretos
do Presidente da República que atentem contra a Consti- e regulamentos;
tuição Federal e, especialmente, contra: III - apresentar ao Presidente da República relatório
I - a existência da União; anual de sua gestão no Ministério;
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judi- IV - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe
ciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da Repú-
unidades da Federação; blica.
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e so-
ciais; Por seu turno, o artigo 88 da Constituição estabelece:
IV - a segurança interna do País;
V - a probidade na administração; Artigo 88, CF. A lei disporá sobre a criação e extinção
VI - a lei orçamentária; de Ministérios e órgãos da administração pública. 
VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei es- 5) Do Conselho da República e do Conselho de De-
pecial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. fesa Nacional
O Conselho da República e o Conselho de Defesa Na-
A propósito, a Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, cional são dois órgãos instituídos no âmbito do Executivo
define os crimes de responsabilidade e regula o respec- Federal, ambos com função consultiva.
tivo processo de julgamento. Ainda assim, o artigo 86 da Neste sentido, os artigo 89 e 90 regulamentam o Con-
Constituição traz regras mínimas sobre tal processo e jul- selho da República, sua composição, suas funções e sua
gamento. Neste sentido, o Senado Federal presidido pelo convocação. A título complementar, a Lei nº 8.041, de 05
de junho de 1990, dispõe sobre a organização e o funcio-
Presidente do Supremo tribunal Federal julgará os crimes
namento do Conselho da República.
de responsabilidade, ao passo que o Supremo Tribunal Fe-
deral julgará as infrações comuns.
Artigo 89, CF. O Conselho da República é órgão supe-
rior de consulta do Presidente da República, e dele partici-
Artigo 86, CF. Admitida a acusação contra o Presidente pam:
da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será I - o Vice-Presidente da República;
ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal II - o Presidente da Câmara dos Deputados;
Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Sena- III - o Presidente do Senado Federal;
do Federal, nos crimes de responsabilidade. IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: Deputados;
I - nas infrações penais comuns, se recebida a denún- V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Fe-
cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; deral;
II - nos crimes de responsabilidade, após a instaura- VI - o Ministro da Justiça;
ção do processo pelo Senado Federal. VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo
julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Fede-
do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do ral e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com
processo. mandato de três anos, vedada a recondução.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Artigo 90, CF. Compete ao Conselho da República pro- I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de ren-
nunciar-se sobre: das;
I - intervenção federal, estado de defesa e estado II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamen-
de sítio; to anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de
II - as questões relevantes para a estabilidade das ins- curso forçado;
tituições democráticas. III - fixação e modificação do efetivo das Forças Arma-
§ 1º O Presidente da República poderá convocar Mi- das;
nistro de Estado para participar da reunião do Conselho, IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais
quando constar da pauta questão relacionada com o res- de desenvolvimento;
pectivo Ministério. V - limites do território nacional, espaço aéreo e maríti-
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento mo e bens do domínio da União;
do Conselho da República. VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de
Por sua vez, o Conselho de Defesa Nacional é regulado áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas As-
pelo artigo 91 da Constituição. A Lei nº 8.183, de 11 de sembleias Legislativas;
abril de 1991, dispõe sobre a organização e o funciona- VII - transferência temporária da sede do Governo Fe-
mento do Conselho de Defesa Nacional e dá outras pro- deral;
vidências. VIII - concessão de anistia;
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério
Artigo 91, CF. O Conselho de Defesa Nacional é órgão Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios
de consulta do Presidente da República nos assuntos rela- e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito
cionados com a soberania nacional e a defesa do Esta- Federal; 
do democrático, e dele participam como membros natos: X - criação, transformação e extinção de cargos, empre-
I - o Vice-Presidente da República; gos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84,
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; VI, b; 
III - o Presidente do Senado Federal; XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da admi-
IV - o Ministro da Justiça; nistração pública; 
V - o Ministro de Estado da Defesa; XII - telecomunicações e radiodifusão;
VI - o Ministro das Relações Exteriores; XIII - matéria financeira, cambial e monetária, institui-
VII - o Ministro do Planejamento. ções financeiras e suas operações;
VIII - os Comandantes da Marinha, do Exército e da XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da
Aeronáutica. dívida mobiliária federal.
§ 1º Compete ao Conselho de Defesa Nacional: XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tri-
I - opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de bunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º;
celebração da paz, nos termos desta Constituição; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. 
II - opinar sobre a decretação do estado de defesa, do Contudo, a competência do Congresso Nacional não é
estado de sítio e da intervenção federal; exclusivamente legislativa, de forma que possuem funções
III - propor os critérios e condições de utilização de atípicas de caráter administrativo, além da função típica de
áreas indispensáveis à segurança do território nacional controle.
e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de
fronteira e nas relacionadas com a preservação e a explora- Artigo 49, CF. É da competência exclusiva do Con-
ção dos recursos naturais de qualquer tipo; gresso Nacional:
IV - estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou
de iniciativas necessárias a garantir a independência na- atos internacionais que acarretem encargos ou compro-
cional e a defesa do Estado democrático. missos gravosos ao patrimônio nacional;
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento II - autorizar o Presidente da República a declarar guer-
do Conselho de Defesa Nacional. ra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras
1) Atribuições do Congresso Nacional transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
A União, como visto no capítulo anterior, possui com- temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei com-
petência para legislar sobre determinadas matérias, sendo plementar;
esta competência por vezes privativa e por vezes concor- III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-
rente. A atividade legislativa, por seu turno, em regra será pública a se ausentarem do País, quando a ausência exceder
desempenhada pelo Poder Legislativo, exercido pelo Con- a quinze dias;
gresso Nacional. Neste sentido, a disciplina do artigo 48 IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção fede-
da Constituição. ral, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma
dessas medidas;
Artigo 48, CF. Cabe ao Congresso Nacional, com a san- V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que
ção do Presidente da República, não exigida esta para o exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delega-
especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as ção legislativa;
matérias de competência da União, especialmente sobre: VI - mudar temporariamente sua sede;

42
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instau-
e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, ração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente
§ 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;   da República e os Ministros de Estado;
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presi- II - proceder à tomada de contas do Presidente da Re-
dente da República e dos Ministros de Estado, observado o pública, quando não apresentadas ao Congresso Nacional
que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;
§ 2º, I;  III - elaborar seu regimento interno;
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Pre- IV - dispor sobre sua organização, funcionamento,
sidente da República e apreciar os relatórios sobre a execu- polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
ção dos planos de governo; empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer fixação da respectiva remuneração, observados os parâme-
de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da tros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; 
administração indireta; V - eleger membros do Conselho da República, nos
XI - zelar pela preservação de sua competência legis- termos do art. 89, VII.
lativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de con- 3) Do Senado Federal
cessão de emissoras de rádio e televisão; Na mesma toada do artigo 51, o artigo 52 da Constitui-
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de ção delimita as competências da outra Casa do Congresso
Contas da União; Nacional, o Senado Federal.
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a
atividades nucleares; Artigo 52, CF. Compete privativamente ao Senado Fe-
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; deral:
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente
aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de da República nos crimes de responsabilidade, bem como
riquezas minerais; os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza
de terras públicas com área superior a dois mil e quinhen- conexos com aqueles; 
tos hectares. II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tri-
bunal Federal, os membros do Conselho Nacional de
Com vistas à consecução destas tarefas, o artigo 50 da Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o
Constituição disciplina providências que podem ser toma- Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
das por cada qual das Casas do Congresso Nacional: União nos crimes de responsabilidade; 
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argui-
Artigo 50, CF. A Câmara dos Deputados e o Senado Fe- ção pública, a escolha de:
deral, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Consti-
Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos tuição;
diretamente subordinados à Presidência da República para b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados
prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto pre- pelo Presidente da República;
viamente determinado, importando crime de responsabili- c) Governador de Território;
dade a ausência sem justificação adequada.  d) Presidente e diretores do banco central;
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer e) Procurador-Geral da República;
ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
qualquer de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argui-
entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto ção em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão di-
de relevância de seu Ministério. plomática de caráter permanente;
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado V - autorizar operações externas de natureza finan-
Federal poderão encaminhar pedidos escritos de infor- ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal,
mações a Ministros de Estado ou a qualquer das pessoas dos Territórios e dos Municípios;
referidas no caput deste artigo, importando em crime de VI - fixar, por proposta do Presidente da República, li-
responsabilidade a recusa, ou o não-atendimento, no prazo mites globais para o montante da dívida consolidada
de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para
2) Da Câmara dos Deputados as operações de crédito externo e interno da União, dos
Delimitada a competência do Congresso Nacional, ne- Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas au-
cessário definir a competência de cada uma de suas Casas, tarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público
sendo que o artigo 51 da Constituição cumpre este papel federal;
em relação à Câmara dos Deputados. VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão
Artigo 51, CF. Compete privativamente à Câmara dos de garantia da União em operações de crédito externo e
Deputados: interno;

43
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

IX - estabelecer limites globais e condições para o mon- Propriamente, é o denominado foro por prerrogativa
tante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal de função. Não se trata de privilégio pessoal, que tem a ver
e dos Municípios; com a pessoa do parlamentar, mas de privilégio do cargo,
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de inerente ao cargo.
lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Ainda sobre a questão do julgamento, estendem os §§
Supremo Tribunal Federal; 3º a 5º do mesmo dispositivo:
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a
exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República Art. 53, §3º, CF. Recebida a denúncia contra o Senador
antes do término de seu mandato; ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Su-
XII - elaborar seu regimento interno; premo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que,
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, por iniciativa de partido político nela representado e pelo
polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para final, sustar o andamento da ação.
fixação da respectiva remuneração, observados os parâme- Art. 53, §4º, CF. O pedido de sustação será apreciado
tros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;  pela Casa respectiva no prazo improrrogável de quarenta
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
termos do art. 89, VII. Art. 53, §5º, CF. A sustação do processo suspende a
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sis- prescrição, enquanto durar o mandato. 
tema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus compo-
nentes, e o desempenho das administrações tributárias da Outras imunidades encontram-se descritas nos demais
União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.  parágrafos do artigo 53. Neste sentido, o §2º do artigo 53
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, da Constituição aborda o impedimento de prisão, salvo em
funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Fe- caso de flagrante por crime inafiançável:
deral, limitando-se a condenação, que somente será profe-
rida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do Art. 53, §2º, CF. Desde a expedição do diploma, os mem-
cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de bros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo
função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais
em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos
cabíveis.
serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa res-
pectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros,
4) Dos Deputados e Senadores
resolva sobre a prisão. 
As imunidades e impedimentos parlamentares, ao lado
de questões correlatas, encontram previsão constitucional
Ainda, disciplina o §6º do artigo 53 que:
dos artigos 53 a 56 da Constituição Federal.
Imunidades parlamentares são prerrogativas que asse-
Art. 53, §6º, CF. Os Deputados e Senadores não serão
guram aos membros do Legislativo ampla liberdade, auto-
nomia e independência no exercício de suas funções, sen- obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou
do estas tanto inerentes a um aspecto material (inviolabi- prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as
lidade propriamente dita) quanto correlatas a um aspecto pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações.
formal (sujeição a processamento por foro especial – foro
por prerrogativa de função). Prevê o §7º do artigo 53:
A essência da imunidade parlamentar está descrita no
caput do artigo 53, CF: Art. 53, §7º, CF. A incorporação às Forças Armadas de
Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em
Art. 53, CF. Os Deputados e Senadores são invioláveis, tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa res-
civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, pa- pectiva.
lavras e votos.  
Destaca-se a perenidade destas imunidades parlamen-
Trata-se da faceta material da imunidade parlamentar, tares descritas no artigo 53, porque o §8º do dispositivo
consistente na inviolabilidade civil e penal por opiniões, pa- assegura:
lavras e votos. Entende-se que o parlamentar tem irrestrita
liberdade de expressão na defesa de seus posicionamentos Art. 53, §8º, CF. As imunidades de Deputados ou Sena-
políticos, sob pena de se caracterizar uma ruptura no pró- dores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo
prio modelo democrático, que exige o debate de ideias.  ser suspensas mediante o voto de dois terços dos mem-
Por seu turno, a principal imunidade parlamentar de bros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora
caráter formal está descrita no §1º do artigo 53, CF: do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatí-
veis com a execução da medida.
Art. 53, §1º, CF. Os Deputados e Senadores, desde a ex- No entanto, ao lado das imunidades, a Constituição Fe-
pedição do diploma, serão submetidos a julgamento pe- deral prevê vedações em seu artigo 54:
rante o Supremo Tribunal Federal. 

44
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Artigo 54, CF. Os Deputados e Senadores não poderão: Por fim, o artigo 56 da Constituição disciplina situa-
I - desde a expedição do diploma: ções em que poderia se entender a princípio que caberia a
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de perda de mandato, notadamente por incompatibilidade ou
direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de afastamento, mas que não geram esta consequência por
economia mista ou empresa concessionária de serviço pú- previsão expressa.
blico, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uni-
formes; Artigo 56, CF. Não perderá o mandato o Deputado ou
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remu- Senador:
nerado, inclusive os de que sejam demissíveis ‘ad nutum’, I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governa-
nas entidades constantes da alínea anterior; dor de Território, Secretário de Estado, do Distrito Fede-
II - desde a posse: ral, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de
a) ser proprietários, controladores ou diretores de missão diplomática temporária;
empresa que goze de favor decorrente de contrato com II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de
pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse par-
remunerada; ticular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis cento e vinte dias por sessão legislativa.
‘ad nutum’, nas entidades referidas no inciso I, ‘a’; § 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer investidura em funções previstas neste artigo ou de licença
das entidades a que se refere o inciso I, ‘a’; superior a cento e vinte dias.
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato pú- § 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á
blico eletivo. eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses
para o término do mandato.
A consequência do desrespeito a estas proibições é § 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador
a perda do mandato, conforme o artigo 55, I, CF. Existem poderá optar pela remuneração do mandato.
outras causas de perda de mandato, também descritas no 5) Das reuniões
artigo 55 da Constituição: O artigo 57 da Constituição descreve os períodos de
reuniões do Congresso Nacional e as hipóteses de sessão
Artigo 55, CF. Perderá o mandato o Deputado ou Se-
conjunta e de convocação extraordinária, além de outras
nador:
situações práticas envolvidas no funcionamento do Legis-
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas
lativo Federal:
no artigo anterior;
II - cujo procedimento for declarado incompatível com
Artigo 57, CF. O Congresso Nacional reunir-se-á, anual-
o decoro parlamentar;
mente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legisla-
tiva, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que e de 1º de agosto a 22 de dezembro. 
pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; § 1º As reuniões marcadas para essas datas serão
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos polí- transferidas para o primeiro dia útil subsequente, quando
ticos; recaírem em sábados, domingos ou feriados.
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos § 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a
previstos nesta Constituição; aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
VI - que sofrer condenação criminal em sentença § 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição,
transitada em julgado. a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão
§ 1º É incompatível com o decoro parlamentar, além em sessão conjunta para:
dos casos definidos no regimento interno, o abuso das I - inaugurar a sessão legislativa;
prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacio- II - elaborar o regimento comum e regular a criação de
nal ou a percepção de vantagens indevidas. serviços comuns às duas Casas;
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do man- III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-
dato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo -Presidente da República;
Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provo- IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
cação da respectiva Mesa ou de partido político representa- § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões pre-
do no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.  paratórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da
§ 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda legislatura, para a posse de seus membros e eleição das res-
será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício pectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a
ou mediante provocação de qualquer de seus membros, recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente
ou de partido político representado no Congresso Nacional, subsequente. 
assegurada ampla defesa. § 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos
que vise ou possa levar à perda do mandato, nos termos serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos
deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as deliberações equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Fede-
finais de que tratam os §§ 2º e 3º. ral.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

§ 6º A convocação extraordinária do Congresso Na- § 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é


cional far-se-á: assegurada, tanto quanto possível, a representação pro-
I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decre- porcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que
tação de estado de defesa ou de intervenção federal, de participam da respectiva Casa.
pedido de autorização para a decretação de estado de sítio § 2º Às comissões, em razão da matéria de sua
e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice- competência, cabe:
-Presidente da República; I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se
Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a requeri- houver recurso de um décimo dos membros da Casa;
mento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso II - realizar audiências públicas com entidades da so-
de urgência ou interesse público relevante, em todas as ciedade civil;
hipóteses deste inciso com a aprovação da maioria absoluta III - convocar Ministros de Estado para prestar infor-
de cada uma das Casas do Congresso Nacional.  mações sobre assuntos inerentes a suas atribuições;
§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso IV - receber petições, reclamações, representações ou
Nacional somente deliberará sobre a matéria para a queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões das au-
qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste toridades ou entidades públicas;
artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou ci-
razão da convocação. dadão;
§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data VI - apreciar programas de obras, planos nacionais,
de convocação extraordinária do Congresso Nacional, serão regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir
elas automaticamente incluídas na pauta da convoca- parecer.
ção.

Vale destacar que durante o recesso o Congresso Na- DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES
cional não fica isento de qualquer tipo de atividade, pre-
DEMOCRÁTICAS: SEGURANÇA PÚBLICA;
vendo o artigo 58, CF em seu §4º:
ORGANIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA.
Art. 58, §4º, CF. Durante o recesso, haverá uma Co-
missão representativa do Congresso Nacional, eleita por
suas Casas na última sessão ordinária do período legislativo,
Dentre as questões trabalhadas na defesa do Estado e
com atribuições definidas no regimento comum, cuja com-
das instituições democráticas, o edital em lume somente
posição reproduzirá, quanto possível, a proporcionalidade
cobra a segurança pública e sua organização. Segue, pois,
da representação partidária.
o dispositivo constitucional correlato:
6) Das comissões
O Poder Legislativo não funciona exclusivamente com
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito
suas Casas, pois a elas seria inviável lidar razoavelmente,
apreciando com a devida profundidade, todas as temáticas e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação
de competência deste Poder. Para a apreciação específica da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do pa-
e aprofundada de cada uma das iniciativas legislativas são trimônio, através dos seguintes órgãos:
criadas Comissões. Tais Comissões servem, ainda, para o I - polícia federal;
exercício de outras competências do Legislativo, como a II - polícia rodoviária federal;
investigatória e fiscalizatória. III - polícia ferroviária federal;
As comissões podem ser temporárias ou permanentes, IV - polícias civis;
conforme o tipo de finalidade para a qual é instituída (ex.: a V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
Comissão de Constituição e Justiça é necessariamente uma §1º. A polícia federal, instituída por lei como órgão
comissão permanente que serve para apreciar a constitu- permanente, organizado e mantido pela União e
cionalidade de todos os projetos que tramitam na Casa; estruturado em carreira, destina-se a:
a Comissão Parlamentar de Inquérito é necessariamen- I - apurar infrações penais contra a ordem política e
te temporária, perdurando por prazo determinado fixado social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da
para a realização de investigação). União ou de suas entidades autárquicas e empresas pú-
Vale destacar que uma Comissão pode ter o poder, nos blicas, assim como outras infrações cuja prática tenha re-
termos do regimento, de aprovar o Projeto de Lei sem que percussão interestadual ou internacional e exija repressão
ele nem sequer passe pelo Plenário. uniforme, segundo se dispuser em lei;
Nestes termos, o artigo 58, caput e §§ 1º e 2º, CF: II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem pre-
Artigo 58, CF. O Congresso Nacional e suas Casas terão juízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas
comissões permanentes e temporárias, constituídas na respectivas áreas de competência;
forma e com as atribuições previstas no respectivo regimen- III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuá-
to ou no ato de que resultar sua criação. ria e de fronteiras;

46
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia de tudo como um dever do Estado, e só depois como um
judiciária da União. direito do todos, denota o compromisso dos agentes esta-
§2º. A polícia rodoviária federal, órgão permanente, tais em prevenir a desordem, e, consequencialmente, evitar
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, a justiça por próprias mãos.
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo Neste prumo, no art. 144, caput, da Constituição Fe-
das rodovias federais. deral, se afirma que a segurança pública é exercida para a
§3º. A polícia ferroviária federal, órgão permanente, preservação da ordem pública e da incolumidade das pes-
organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, soas, como para a preservação dos patrimônios público e
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo particular.
das ferrovias federais.
§4º. Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia 2 Órgãos que compõem a estrutura da segurança
de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, pública. São eles:
as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações A) A polícia federal;
penais, exceto as militares. B) A polícia rodoviária federal;
§5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a C) A polícia ferroviária federal;
preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros D) As polícias civis;
militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a E) As polícias militares e corpos de bombeiros militares.
execução de atividades de defesa civil.
§6º. As polícias militares e corpos de bombeiros 3 Função da Polícia Federal. A polícia federal, instituí-
militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam- da por lei como órgão permanente, organizado e mantido
se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos pela União e estruturado em carreira, destina-se:
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
§7º. A lei disciplinará a organização e o funcionamento A) A apurar infrações penais contra a ordem política e
dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de social ou em detrimento de bens, serviços e interessas da
maneira a garantir a eficiência de suas atividades. União ou de suas entidades autárquicas e empresas pú-
§8º. Os Municípios poderão constituir guardas
blicas, assim como outras infrações cuja prática tenha re-
municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e
percussão interestadual ou internacional e exija repressão
instalações, conforme dispuser a lei.
uniforme, segundo se dispuser em lei;
§9º. A remuneração dos servidores policiais integrantes
B) A prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecen-
dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma
tes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem
do §4º do art. 39.
prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas
§10. A segurança viária, exercida para a preservação da
respectivas áreas de competência;
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu
C) A exercer as funções de polícia marítima, aeropor-
patrimônio nas vias públicas:
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização tuária e de fronteiras;
de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que D) A exercer, com exclusividade, as funções de polícia
assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana efi- judiciária da União.
ciente; e 4 Função da Polícia Rodoviária Federal. A polícia ro-
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Fede- doviária federal, órgão permanente, organizado e mantido
ral e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma
executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Car- da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
reira, na forma da lei.
5 Função da Polícia Ferroviária Federal. A polícia fer-
1 Considerações gerais sobre a segurança pública. A roviária federal, órgão permanente, organizado e mantido
segurança tem um duplo aspecto na Constituição Federal, pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma
a saber, o aspecto de direito e garantia individual e coleti- da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.
vo, por estar prevista no caput, do art. 5º, da Constituição
Federal (ao lado do direito à vida, da liberdade, da igual- 6 Função das Polícias Civis. Às polícias civis, dirigidas
dade, e da propriedade), bem como o aspecto de direito por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada
social, por estar prevista no art. 6º, da Constituição Federal. a competência da União, as funções de polícia judiciária e a
A segurança do caput, do art. 5º, CF, todavia, se refere à apuração de infrações penais, exceto as militares.
“segurança jurídica”. Já a segurança do art. 6º, CF, se refere
à “segurança pública”, a qual encontra disciplinamento no 7 Função das Polícias Militares. Às polícias militares
art. 144, da Constituição da República. cabem o papel de polícia ostensiva e a preservação da or-
Ademais, enquanto a Lei Fundamental pátria preceitua dem pública.
que a educação e a saúde são “direitos de todos e dever
do Estado”, fala, por outro lado, que a segurança pública, 8 Função dos Corpos de Bombeiros Militares. Além
antes mesmo de ser direito de todos, é um “dever do Esta- das atividades definidas em lei, incumbe aos corpos de
do”. Com isso, isto é, ao colocar a segurança pública antes bombeiros militares a execução de atividades de defesa civil.

47
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

§2º. A proposta de orçamento da seguridade social será


ORDEM SOCIAL: BASE E OBJETIVOS DA elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis
ORDEM SOCIAL; SEGURIDADE SOCIAL; pela saúde, previdência social e assistência social, tendo
em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de
EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO;
diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão
CIÊNCIA E TECNOLOGIA; COMUNICAÇÃO
de seus recursos.
SOCIAL; MEIO AMBIENTE; FAMÍLIA,
§3º. A pessoa jurídica em débito com o sistema da
CRIANÇA, ADOLESCENTE E IDOSO. seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá
contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios
ou incentivos fiscais ou creditícios.
Dispositivos constitucionais que tratam dos temas co- §4º. A lei poderá instituir outras fontes destinadas a
brados no presente tópico: garantir a manutenção ou expansão da seguridade social,
obedecido o disposto no art. 154, I.
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do §5º. Nenhum benefício ou serviço da seguridade
trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça sociais. social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a
correspondente fonte de custeio total.
Art. 194. A seguridade social compreende um conjun- §6º. As contribuições sociais de que trata este artigo
to integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e
só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias
da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à
da data da publicação da lei que as houver instituído ou
saúde, à previdência e à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos ter- modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150,
mos da lei, organizar a seguridade social, com base nos III, “b”.
seguintes objetivos: §7º. São isentas de contribuição para a seguridade
I - universalidade da cobertura e do atendimento; social as entidades beneficentes de assistência social que
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e servi- atendam às exigências estabelecidas em lei.
ços às populações urbanas e rurais; §8º. O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário
III - seletividade e distributividade na prestação dos be- rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos
nefícios e serviços; cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; economia familiar, sem empregados permanentes,
V - equidade na forma de participação no custeio; contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação
VI - diversidade da base de financiamento; de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da
VII - caráter democrático e descentralizado da admi- produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.
nistração, mediante gestão quadripartite, com participação §9º. As contribuições sociais previstas no inciso I do
dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de
do Governo nos órgãos colegiados. cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da
utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda
ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
§10. A lei definirá os critérios de transferência de
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das recursos para o sistema único de saúde e ações de
seguintes contribuições sociais: assistência social da União para os Estados, o Distrito
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios,
equiparada na forma da lei, incidentes sobre: observada a respectiva contrapartida de recursos.
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho §11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das
pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste
lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei
b) a receita ou o faturamento; complementar.
c) o lucro; §12. A lei definirá os setores de atividade econômica
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdên- para os quais as contribuições incidentes na forma dos
cia social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas.
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social §13. Aplica-se o disposto no §12 inclusive na hipótese
de que trata o art. 201; de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. incidente na forma do inciso I, a, pela incidente sobre a
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou receita ou o faturamento.
de quem a lei a ele equiparar. Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado,
§1º. As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos garantido mediante políticas sociais e econômicas que vi-
Municípios destinadas à seguridade social constarão dos sem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
União. promoção, proteção e recuperação.

48
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal
de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso
da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, salarial.
devendo sua execução ser feita diretamente ou através de §6º. Além das hipóteses previstas no §1º do art. 41
terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito e no §4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor
privado. que exerça funções equivalentes às de agente comunitário
de saúde ou de agente de combate às endemias poderá
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde inte- perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos
gram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem específicos, fixados em lei, para o seu exercício.
um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes: Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa priva-
I - descentralização, com direção única em cada esfera da.
de governo; §1º. As instituições privadas poderão participar de
II - atendimento integral, com prioridade para as ativi- forma complementar do sistema único de saúde, segundo
dades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou
III - participação da comunidade. convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as
§1º. O sistema único de saúde será financiado, nos sem fins lucrativos.
termos do art. 195, com recursos do orçamento da §2º. É vedada a destinação de recursos públicos para
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins
Federal e dos Municípios, além de outras fontes. lucrativos.
§2º. A União, os Estados, o Distrito Federal e os §3º. É vedada a participação direta ou indireta de
Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde
públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação no País, salvo nos casos previstos em lei.
de percentuais calculados sobre: §4º. A lei disporá sobre as condições e os requisitos
I - no caso da União, na forma definida nos termos da que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias
humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento,
lei complementar prevista no §3º;
bem como a coleta, processamento e transfusão de
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produ-
sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de
to da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155
comercialização.
e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I,
alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem trans-
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de
feridas aos respectivos Municípios;
outras atribuições, nos termos da lei:
III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
substâncias de interesse para a saúde e participar da pro-
156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso dução de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos,
I, alínea b e §3º. hemoderivados e outros insumos;
§3º. Lei complementar, que será reavaliada pelo menos II - executar as ações de vigilância sanitária e epide-
a cada cinco anos, estabelecerá: miológica, bem como as de saúde do trabalhador;
I - os percentuais de que trata o §2º; III - ordenar a formação de recursos humanos na área
II - os critérios de rateio dos recursos da União vincu- de saúde;
lados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal IV - participar da formulação da política e da execução
e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respec- das ações de saneamento básico;
tivos Municípios, objetivando a progressiva redução das V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvi-
disparidades regionais; mento científico e tecnológico;
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido
despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e
e municipal; águas para consumo humano;
IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado VII - participar do controle e fiscalização da produção,
pela União. transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
§4º. Os gestores locais do sistema único de saúde psicoativos, tóxicos e radioativos;
poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
de combate às endemias por meio de processo seletivo compreendido o do trabalho.
público, de acordo com a natureza e complexidade de suas
atribuições e requisitos específicos para sua atuação. Art. 201. A previdência social será organizada sob a for-
§5º. Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso ma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação
salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos obrigatória, observados critérios que preservem o equilí-
de Carreira e a regulamentação das atividades de agente brio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
comunitário de saúde e agente de combate às endemias, I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte
competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência e idade avançada;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; §12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão
III - proteção ao trabalhador em situação de desempre- previdenciária para atender a trabalhadores de baixa
go involuntário; renda e àqueles sem renda própria que se dediquem
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os depen- exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua
dentes dos segurados de baixa renda; residência, desde que pertencentes a famílias de baixa
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, renda, garantindo-lhes acesso a benefícios de valor igual a
ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o um salário-mínimo.
disposto no §2º. §13. O sistema especial de inclusão previdenciária de
§1º. É vedada a adoção de requisitos e critérios que trata o §12 deste artigo terá alíquotas e carências
diferenciados para a concessão de aposentadoria aos inferiores às vigentes para os demais segurados do regime
beneficiários do regime geral de previdência social, geral de previdência social.
ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter
e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, complementar e organizado de forma autônoma em rela-
nos termos definidos em lei complementar. ção ao regime geral de previdência social, será facultativo,
§2º. Nenhum benefício que substitua o salário de baseado na constituição de reservas que garantam o bene-
contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado fício contratado, e regulado por lei complementar.
terá valor mensal inferior ao salário mínimo. §1º. A lei complementar de que trata este artigo
§3º. Todos os salários de contribuição considerados assegurará ao participante de planos de benefícios de
para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, entidades de previdência privada o pleno acesso às
na forma da lei. informações relativas à gestão de seus respectivos planos.
§4º. É assegurado o reajustamento dos benefícios §2º. As contribuições do empregador, os benefícios
para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, e as condições contratuais previstas nos estatutos,
conforme critérios definidos em lei. regulamentos e planos de benefícios das entidades de
§5º. É vedada a filiação ao regime geral de previdência previdência privada não integram o contrato de trabalho
social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios
participante de regime próprio de previdência. concedidos, não integram a remuneração dos participantes,
§6º. A gratificação natalina dos aposentados e nos termos da lei.
pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês §3º. É vedado o aporte de recursos a entidade de
de dezembro de cada ano. previdência privada pela União, Estados, Distrito Federal e
§7º. É assegurada aposentadoria no regime geral Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas,
de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as sociedades de economia mista e outras entidades públicas,
seguintes condições: salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual, em
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder
trinta anos de contribuição, se mulher; a do segurado.
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses- §4º. Lei complementar disciplinará a relação entre a
senta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive
o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e suas autarquias, fundações, sociedades de economia
para os que exerçam suas atividades em regime de econo- mista e empresas controladas direta ou indiretamente,
mia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro enquanto patrocinadoras de entidades fechadas de
e o pescador artesanal. previdência privada, e suas respectivas entidades fechadas
§8º. Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo de previdência privada.
anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor §5º. A lei complementar de que trata o parágrafo
que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício anterior aplicar-se-á, no que couber, às empresas privadas
das funções de magistério na educação infantil e no ensino permissionárias ou concessionárias de prestação de
fundamental e médio. serviços públicos, quando patrocinadoras de entidades
§9º. Para efeito de aposentadoria, é assegurada fechadas de previdência privada.
a contagem recíproca do tempo de contribuição na §6º. A lei complementar a que se refere o §4º deste artigo
administração pública e na atividade privada, rural e urbana, estabelecerá os requisitos para a designação dos membros
hipótese em que os diversos regimes de previdência social das diretorias das entidades fechadas de previdência
se compensarão financeiramente, segundo critérios esta- privada e disciplinará a inserção dos participantes nos
belecidos em lei. colegiados e instâncias de decisão em que seus interesses
§10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente sejam objeto de discussão e deliberação.
do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela
geral de previdência social e pelo setor privado. necessitar, independentemente de contribuição à seguri-
§11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer dade social, e tem por objetivos:
título, serão incorporados ao salário para efeito de I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à
contribuição previdenciária e consequente repercussão em adolescência e à velhice;
benefícios, nos casos e na forma da lei. II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

50
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portado- de ensino e a conscientização pública para a preservação do
ras de deficiência e a promoção de sua integração à vida meio ambiente;
comunitária; VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da
V - a garantia de um salário mínimo de benefício men- lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecoló-
sal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que com- gica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
provem não possuir meios de prover à própria manutenção animais a crueldade.
ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. §2º. Aquele que explorar recursos minerais fica
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de
Art. 204. As ações governamentais na área da assistên- acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
cia social serão realizadas com recursos do orçamento da competente, na forma da lei.
seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fon- §3º. As condutas e atividades consideradas lesivas
tes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
I - descentralização político-administrativa, cabendo a físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos
coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coor-
causados.
denação e a execução dos respectivos programas às esfe-
§4º. A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a
ras estadual e municipal, bem como a entidades beneficen-
Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira
tes e de assistência social; são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma
II - participação da população, por meio de organiza- da lei, dentro de condições que assegurem a preservação
ções representativas, na formulação das políticas e no con- do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos
trole das ações em todos os níveis. naturais.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distri- §5º. São indisponíveis as terras devolutas ou
to Federal vincular a programa de apoio à inclusão e pro- arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,
moção social até cinco décimos por cento de sua receita necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no §6º. As usinas que operem com reator nuclear deverão
pagamento de: ter sua localização definida em lei federal, sem o que não
I - despesas com pessoal e encargos sociais; poderão ser instaladas.
II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada di- Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial
retamente aos investimentos ou ações apoiados. proteção do Estado.
§1º. O casamento é civil e gratuita a celebração.
[...] §2º. O casamento religioso tem efeito civil, nos termos
da lei.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente eco- §3º. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida
logicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e a união estável entre o homem e a mulher como entidade
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- §4º. Entende-se, também, como entidade familiar
-lo para as presentes e futuras gerações. a comunidade formada por qualquer dos pais e seus
§1º. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe descendentes.
ao Poder Público: §5º. Os direitos e deveres referentes à sociedade
I - preservar e restaurar os processos ecológicos es- conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela
mulher.
senciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecos-
§6º. O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.
sistemas;
§7º. Fundado nos princípios da dignidade da pessoa
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimô-
humana e da paternidade responsável, o planejamento
nio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado
pesquisa e manipulação de material genético; propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício
III - definir, em todas as unidades da Federação, espa- desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte
ços territoriais e seus componentes a serem especialmente de instituições oficiais ou privadas.
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas so- §8º. O Estado assegurará a assistência à família na
mente através de lei, vedada qualquer utilização que com- pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos
prometa a integridade dos atributos que justifiquem sua para coibir a violência no âmbito de suas relações.
proteção; Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com ab-
atividade potencialmente causadora de significativa degra- soluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação,
dação do meio ambiente, estudo prévio de impacto am- à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dig-
biental, a que se dará publicidade; nidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
V - controlar a produção, a comercialização e o em- comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
prego de técnicas, métodos e substâncias que comportem negligência, discriminação, exploração, violência, cruelda-
risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; de e opressão.

51
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

§1º. O Estado promoverá programas de assistência Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de
integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.
admitida a participação de entidades não governamentais,
mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar
preceitos: os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de aju-
I - aplicação de percentual dos recursos públicos desti- dar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.
nados à saúde na assistência materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e atendimen- Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever
to especializado para as pessoas portadoras de deficiência de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participa-
física, sensorial ou mental, bem como de integração social ção na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-
do adolescente e do jovem portador de deficiência, me- -estar e garantindo-lhes o direito à vida.
diante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a §1º. Os programas de amparo aos idosos serão
facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a executados preferencialmente em seus lares.
eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as for- §2º. Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a
mas de discriminação.
gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
§2º. A lei disporá sobre normas de construção dos
logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização
de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso
social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos
adequado às pessoas portadoras de deficiência.
§3º. O direito a proteção especial abrangerá os originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
seguintes aspectos: competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respei-
I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao tar todos os seus bens.
trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII; §1º. São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à
jovem à escola; preservação dos recursos ambientais necessários a seu
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atri- bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e
buição de ato infracional, igualdade na relação processual cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dis- §2º. As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
puser a legislação tutelar específica; destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcio- usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos
nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em de- lagos nelas existentes.
senvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida §3º. O aproveitamento dos recursos hídricos,
privativa da liberdade; incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência das riquezas minerais em terras indígenas só podem
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao ser efetivados com autorização do Congresso Nacional,
acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adoles- ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada
cente órfão ou abandonado; participação nos resultados da lavra, na forma da lei.
VII - programas de prevenção e atendimento especiali- §4º. As terras de que trata este artigo são inalienáveis e
zado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de indisponíveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
entorpecentes e drogas afins. §5º. É vedada a remoção dos grupos indígenas de
§4º. A lei punirá severamente o abuso, a violência e a suas terras, salvo, “ad referendum” do Congresso Nacional,
exploração sexual da criança e do adolescente. em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco
§5º. A adoção será assistida pelo Poder Público, na
sua população, ou no interesse da soberania do País,
forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua
após deliberação do Congresso Nacional, garantido, em
efetivação por parte de estrangeiros.
qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o
§6º. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento,
risco.
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas §6º. São nulos e extintos, não produzindo efeitos
à filiação. jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o
§7º. No atendimento dos direitos da criança e do domínio e a posse das terras a que se refere este artigo,
adolescente levar-se- á em consideração o disposto no art. ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e
204. dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse
§8º. A lei estabelecerá: público da União, segundo o que dispuser lei complementar,
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os di- não gerando a nulidade e a extinção direito a indenização
reitos dos jovens; ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, benfeitorias derivadas da ocupação de boa fé.
visando à articulação das várias esferas do poder público §7º. Não se aplica às terras indígenas o disposto no art.
para a execução de políticas públicas. 174, §3º e §4º.

52
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações cesso pessoal e profissional. Mas, que essa luta não se dê a
são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de mercê da dignidade da pessoa humana, a qual é denomi-
seus direitos e interesses, intervindo o Ministério Público nador comum de um Estado Democrático de Direito.
em todos os atos do processo. Ora, se essa igualdade de oportunidades não resultar
em bem-estar a quem participa deste processo, não ha-
1 Base e objetivos da ordem social. A ordem social verá qualquer êxito no atingimento da base da “Ordem
tem como base o primado do trabalho, e como objetivos o Social”, afinal, de nada terá adiantado conseguir progredir
bem-estar e a justiça sociais. Eis o teor do art. 193, da Cons- por meio do trabalho se, em troca, houver abdicação das
tituição Federal. benesses de se viver com dignidade.
1.1 O que significa dizer que a ordem social tem
como base “o primado do trabalho”? A Lei Fundamental 2 Seguridade social. A seguridade social compreende
de 1988 assegura uma série de direitos aos trabalhadores. um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes
Eles podem ser observados nos arts. 7º e 8º, da Constitui- Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
ção Federal, essencialmente, dentre os quais se assegura o
relativos à saúde, à previdência, e à assistência social. Eis,
décimo-terceiro salário, um salário mínimo condizente com
em essência, o teor do caput, do art. 194, da Constituição
as necessidades pessoais e familiares, a remuneração da
Federal.
hora noturna superior à hora diurna, a proibição contra a
Com efeito, há se observar, preliminarmente, que a se-
automação, a equiparação entre trabalhador urbano e ru-
ral, o direito de greve, a igualdade de oportunidades para guridade social se destina ao custeio da saúde, da previ-
homens e mulheres, dentre outros. dência e da assistência social. É esse o tripé fundamental
Ademais, se observado o art. 1º, IV, da Constituição Fe- a que se presta o mecanismo securitário. Todo tipo de ar-
deral, se verá que a República Federativa do Brasil tem como recadação promovida pela seguridade social destina-se à
um de seus fundamentos os valores sociais do trabalho e manutenção deste tripé. Assim, quando se fala em “déficit
da livre iniciativa. Tal dispositivo reconhece o capitalismo da saúde”, ou em “rombo da previdência”, p. ex., é porque
como modelo econômico vigente no país. Entretanto, não o problema está, basicamente, na seguridade social, ou na
se trata de qualquer capitalismo, mas de um capitalismo forma como se faz a arrecadação e a distribuição de recur-
humanista, que, apesar de fomentar a livre iniciativa (o que sos.
leva ao aquecimento da economia e a melhores e maiores Isto posto, são alguns objetivos da seguridade social:
opções para os consumidores), protege seus trabalhadores, A) Universalidade da cobertura e do atendimento. Todos
garantindo-lhes um mínimo de bem-estar. os tutelados pela República Federativa do Brasil têm direito
Desta maneira, o trabalho é encarado como um valor à cobertura e ao atendimento promovidos pela seguridade
social em nosso ordenamento, pois junto dele vem o di- social. Quando se chega num hospital público, p. ex., não
reito de quem trabalha de poder usufruir dos vencimentos importam as condições econômicas daquele que busca
(remuneração), de obter chances de aumentar suas rendas, socorro. O atendimento deve ser o mesmo, independen-
de crescer dentro de uma profissão, de garantir o sustento temente da cor, credo, “status” econômico, ou etnia. Esta
de uma família etc. “equação” somente funciona porque nem todos precisam
Desta maneira, quando o art. 193, CF, prevê que a or- se socorrer constantemente da seguridade social. Desta
dem social bem como base o primado do trabalho, signifi- forma, todos pagam pelo uso (através de contribuições),
ca que se reconhece que o labor é necessário ao bom de- mas só alguns efetivamente usam;
senvolvimento do país. Em outras palavras, busca-se fazer B) Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços
do trabalho um instrumento com o qual, diante de suas às populações urbanas e rurais. Essa ideia de equivaler as
consequências (produção de renda, geração de empregos, populações urbanas e rurais é uma tônica da Constituição
e aumento da arrecadação do Estado), se concretize ainda
Federal de 1988, que já o tinha feito no art. 7º, ao equiparar
mais os direitos sociais, bem como todos os outros direitos
trabalhadores rurais e urbanos;
previstos no Título da Constituição que trata “Da Ordem
C) Seletividade e distributividade na prestação dos be-
Social”.
nefícios e serviços. Tratam-se de dois princípios inerentes à
1.2 E, o que significa dizer que a ordem social tem seguridade social, a saber, o “Princípio da Seletividade” e o
como objetivos o bem-estar e a justiça sociais? A ideia “Princípio da Distributividade”. Pela “seletividade” se deter-
de justiça social implica uma ideia de justiça distributiva, tal mina as áreas prioritárias de atuação, e pela “distributivida-
como previa John Rawls no início da segunda metade do de” se faz a devida alocação de recursos;
século passado. D) Irredutibilidade do valor dos benefícios. É preciso
Quando se utiliza a expressão “justiça social”, não diz manter o “poder de compra” com os benefícios concedi-
respeito apenas ao acesso ao Poder Judiciário, isto é, à jus- dos. Evita-se a desvalorização dos benefícios concedidos
tiça enquanto abstratização de um ente jurídico, mas alude, frente às taxas inflacionárias. Em mesmo sentido, o pará-
igualmente, a um elemento norteador de respeito ao Prin- grafo quarto, do art. 201, CF, prevê que é assegurado o
cípio da Igualdade/Isonomia, como forma de permitir que, reajustamento dos benefícios (pertinentes à previdência
perante um prisma da sociedade, todos tenham as mesmas social) para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor
iniciativas e os mesmos instrumentos para o alcance do su- real, conforme critérios definidos em lei;

53
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

E) Equidade na forma de participação do custeio. A ideia C) Ordenar a formação de recursos humanos na área
é que cada um contribua na medida de sua capacidade. de saúde (inciso III);
Uns, invariavelmente, por terem melhores condições finan- D) Participar da formulação da política e da execução
ceiras, pagarão mais, enquanto outros, por terem um baixo das ações de saneamento básico (inciso IV);
orçamento mensal, pagarão menos. Isso não significa que E) Incrementar em sua área de atuação o desenvolvi-
quem pagou mais será melhor atendido ou terá prioridade. mento científico e tecnológico (inciso V);
O atendimento é universal, como já dito; F) Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido
F) Diversidade da base de financiamento. A arrecada- o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e
ção vem de diversas fontes. Toda a sociedade financiará a águas para consumo humano (inciso VI);
seguridade social, tanto de forma direta como de forma in- G) Participar do controle e fiscalização da produção,
direta, mediante recursos provenientes dos orçamentos da transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. psicoativos, tóxicos e radioativos (inciso VII);
Para se ter ideia, como contribuições sociais se prevê aque- H) Colaborar na proteção do meio ambiente, nele com-
las advindas do empregador, da empresa e da entidade a preendido o do trabalho (inciso VIII).
ela equiparada na forma da lei, aquelas incidentes sobre
a receita de concursos e prognósticos, aquelas incidentes 2.2 Previdência social. A previdência social será orga-
sobre o importador de bens ou serviços do exterior, ou de nizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo
quem a lei a ele equiparar. e de filiação obrigatória, observados critérios que preser-
G) Caráter democrático e descentralizado da adminis- vem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá nos ter-
tração, mediante gestão quadripartite, com participação mos de lei, a (art. 201, CF):
dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados, e A) Cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte
do Governo nos órgãos colegiados. A “gestão quadripartite” e idade avançada (inciso I);
talvez seja a grande característica da seguridade social. Ela B) Proteção à maternidade, especialmente à gestante
será feita pelos trabalhadores, pelos empregadores, pelos (inciso II);
aposentados, e pelo Governo. Todos os agentes envolvidos C) Proteção ao trabalhador em situação de desempre-
em questões securitárias, seja porque alvos de políticas pú- go involuntário (inciso III);
blicas, seja porque devedores de contribuições sociais, seja
D) Salário-família e auxílio-reclusão para os dependen-
porque organizadores da distribuição e alocação de recur-
tes dos segurados de baixa renda (inciso IV);
sos, deverão palpitar, democraticamente, em busca de uma
E) Pensão por morte do segurado, homem ou mulher,
medida “que fique melhor para todos”.
ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o
2.1 Saúde. No primeiro plano da seguridade social
disposto no §2º, do art. 201, CF (inciso V).
está a saúde, disciplinada entre os arts. 196 e 200, da Cons-
As Leis nº 8.212/91 (que regulamenta o “plano de cus-
tituição.
teio”) e nº 8.213/91 (que regulamenta os “planos de bene-
Segundo o art. 196, CF, a saúde é direito de todos e
fícios”) disciplinam o “Regime Geral de Previdência Social”.
dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de 2.3 Assistência social. A assistência social será pres-
outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e tada a quem dela necessitar, independentemente de con-
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. tribuição à seguridade social, e tem por objetivos (art. 203,
Com efeito, o artigo subsequente, 197, dispõe serem CF):
de relevância pública as ações e serviços de saúde, ca- A) A proteção à família, à maternidade, à infância, à
bendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre adolescência e à velhice (inciso I);
sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua B) O amparo às crianças e adolescentes carentes (inciso
execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, II);
também, por pessoa física ou jurídica de direito privado C) A promoção da integração ao mercado de trabalho
(veja-se, pois, que a assistência à saúde é livre à iniciativa (inciso III);
privada). D) A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras
As ações e serviços públicos de saúde integram uma de deficiência e a promoção de sua integração à vida co-
rede regionalizada e hierarquizada, e constituem um sis- munitária (inciso IV);
tema único (o “SUS”, Sistema Único de Saúde), organizado E) A garantia de um salário mínimo de benefício men-
de acordo com as diretrizes da descentralização, do atendi- sal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que com-
mento integral, e da participação da comunidade. provem não possuir meios de prover à própria manutenção
Neste diapasão, são atribuições do sistema único de ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei
saúde, com fulcro no art. 200, da Constituição da República: (inciso V).
A) Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e Some-se a isso a informação constante do art. 204, da
substâncias de interesse para a saúde e participar da pro- Lei Fundamental, segundo a qual as ações governamentais
dução de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, na área da assistência social serão realizadas com recursos
hemoderivados e outros insumos (inciso I); do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195,
B) Executar as ações de vigilância sanitária e epidemio- CF, além de outras fontes, e organizada com base nas se-
lógica, bem como as de saúde do trabalhador (inciso II); guintes diretrizes:

54
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

A) Descentralização político-administrativa, cabendo a A quarta e última informação extraída do art. 225, ca-
coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coor- put, diz respeito ao “Princípio da Cooperação Intergeracio-
denação e a execução dos respectivos programas às esfe- nal”. Preservar o meio-ambiente não é um meio de manter
ras estadual e municipal, bem como a entidades beneficen- o presente. É muito mais do que isso. Consiste em garantir
tes e de assistência social (inciso I); às gerações vindouras o direito ao meio ambiente ecolo-
B) Participação da população, por meio de organiza- gicamente equilibrado. A ideia, pois, é que cada geração
ções representativas, na formulação das políticas e no con- proteja o meio ambiente em nome da sua geração, e da
trole (inciso II). que há de vir.
O caráter extremamente abrangente da assistência so- Prosseguindo, para assegurar a efetividade do direito
cial permite denominá-la, inclusive, como verdadeiro “di- ao meio ambiente, incumbe ao Poder Público (art. 225, §1º):
reito-tampão”. A Lei nº 8.742/93 (“Lei de Organização da A) Preservar e restaurar os processos ecológicos essen-
Assistência Social”) regulamenta os benefícios, objetivos e ciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossis-
finalidades a que se preza tal direito tipicamente social. temas (inciso I);
B) Preservar a diversidade e a integridade do patrimô-
3 Meio ambiente. Segundo o art. 225, caput, da Cons- nio genético do país e fiscalizar as entidades dedicadas à
tituição Federal, todos têm direito ao meio ambiente ecolo- pesquisa e manipulação de material genético (inciso II);
gicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essen- C) Definir, em todas as unidades da federação, espa-
cial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público ços territoriais e seus componentes a serem especialmente
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas so-
presentes e futuras gerações. mente através de lei, vedada qualquer utilização que com-
Da simples redação do dispositivo constitucional várias prometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
informações podem ser extraídas. proteção (inciso III);
A primeira delas diz respeito ao “meio ambiente eco- D) Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou
logicamente equilibrado”. A Constituição não assegura atividade potencialmente causadora de degradação ao
apenas, veja-se, o “direito ao meio ambiente”, pois, o meio meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que
ambiente já é algo natural da espécie humana, isto é, qual- se dará publicidade (inciso IV);
quer espaço físico/social no qual vive a espécie humana E) Controlar a produção, a comercialização e o empre-
pode ser considerado meio ambiente. Exatamente por isso go de técnicas, métodos e substâncias que comportem
a Constituição Federal assegura um meio ambiente “ecolo- risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente
gicamente equilibrado”, assim entendido aquele meio em (inciso V);
que a exploração de recursos naturais e minerais se dê nos F) Promover a educação ambiental em todos os níveis
limites do razoável, seguindo as regulamentações existen- de ensino e a conscientização pública para a preservação
tes sobre o assunto, com a devida recuperação da área de- do meio ambiente (inciso VI);
gradada se for o caso. Se possível, ainda, almeja-se que a G) Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei,
harmonia entre o homem e a natureza (aqui entendida em as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
sentido amplo) seja uma relação mutualista, protocoope- provoquem a extinção de espécies ou submetam os ani-
rativa. mais a crueldade (inciso VII).
A segunda informação remonta à expressão “bem de Ademais, acerca de atividades específicas, a Lei Funda-
uso comum do povo”. Com efeito, seguindo-se a abrasileira mental de 1988 assegura que as usinas que operem com
teoria das gerações/dimensões de direitos fundamentais, reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei
de Paulo Bonavides, o meio ambiente situa-se na terceira federal (sem a qual não poderão ser instaladas). Quanto às
geração/dimensão, ligada ao valor “fraternidade”. Por isso, atividades de exploração de recursos minerais, aquele que
é errado falar no meio ambiente como um “espaço fechado assim o faz fica obrigado a reparar o ambiente degradado,
para poucos”. de acordo com a solução técnica exigido pelo órgão públi-
No direito civil, os bens de uso comum do povo são co competente, na forma da lei.
aqueles bens públicos que permitem o livre acesso das Por fim, há se lembrar que a Floresta Amazônica bra-
pessoas. É exatamente essa a lógica que se quer fazer valer sileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
para o meio ambiente: trata-se de bem público, de livre -Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e
acesso à população, desde que este livre acesso não im- sua utilização se fará dentro de forma que assegure a pre-
porte depredação. servação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos
A terceira informação diz respeito à atribuição de com- recursos naturais.
petência para protegê-lo e preservá-lo: o Poder Público e a
coletividade. É sabido que apenas o Poder Público não bas- 4 Família. Segundo o art. 226, caput, da Constituição
ta para promover a conservação e revitalização ambiental. Federal, a família é a base da sociedade, e, por isso, merece
É preciso pessoas, fundações, organizações não-governa- especial proteção do Estado.
mentais etc., com fito de atuar com função auxiliar nas po- Essa proteção especial exercida pelo Estado não con-
líticas desempenhadas pelo Poder Público. Desta maneira, figura autorizativo, contudo, a que se intervenha no livre
é equivocado falar que apenas ao Poder Público competem planejamento familiar. Com efeito, tal planejamento fami-
as tratativas ambientais. liar é livre decisão do casal, competindo ao Estado apenas

55
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

propiciar recursos educacionais e científicos para o exer- Isto posto, dando prosseguimento às reflexões, a ca-
cício de tal direito, vedada qualquer forma coercitiva por beça do art. 227, da Lei Fundamental, preconiza ser dever
parte de instituições oficiais ou privadas. da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança,
Também, a Constituição Federal assegura, no parágra- ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o di-
fo quinto, do art. 226, que os direitos e deveres referentes reito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer,
à sociedade conjugal serão exercidos igualmente pelo ho- à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
mem e pela mulher. Trata-se da consagração do “Princípio liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
da Isonomia/Igualdade”, genericamente previsto no art. 5º, colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discrimi-
da Constituição Federal, como direito e garantia funda- nação, exploração, violência, crueldade e opressão.
mental individual e coletivo. A leitura do art. 227, caput, da Constituição Federal
Ademais, com base no parágrafo terceiro, do art. 226, permite concluir que se adotou, neste país, a chamada
CF, para efeito de proteção estatal, é reconhecida a união “Doutrina da Proteção Integral da Criança”, ao lhe assegu-
estável entre homem e mulher como entidade familiar, de- rar a absoluta prioridade em políticas públicas, medidas
vendo a lei facilitar sua conversão em casamento. sociais, decisões judiciais, respeito aos direitos humanos,
E a chamada “união homoafetiva”, como fica? É en- e observância da dignidade da pessoa humana. Neste sen-
tendimento majoritário nos Tribunais Superiores (STF e tido, o parágrafo único, do art. 5º, do “Estatuto da Crian-
STJ) que se deve conferir o “status” de família a pessoas ça e do Adolescente”, prevê que a garantia de prioridade
do mesmo sexo como união estável, nada obstante o Tex- compreende a primazia de receber proteção e socorro
to Constitucional exigir “homem e mulher”. Assim, caso a em quaisquer circunstâncias (alínea “a”), a precedência de
prova do concurso exija o conteúdo do que está previsto atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública
na Constituição Federal, há se responder que, de fato, só (alínea “b”), a preferência na formulação e na execução das
se admite união estável entre “homem e mulher”. Agora, políticas sociais públicas (alínea “c”), e a destinação privi-
caso se pergunte de acordo com a jurisprudência reinante legiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a
pátria, há se responder que a união homoafetiva também proteção à infância e à juventude (alínea “d”).
pode ser reconhecida como entidade familiar. É preciso fi- Ademais, a proteção à criança, ao adolescente e ao jo-
vem representa incumbência atribuída não só ao Estado,
car atento, pois, ao enunciado do concurso.
mas também à família e à sociedade. Sendo assim, há se
Mas, as alterações na parte constitucional que trata de
prestar bastante atenção nas provas de concurso, tendo em
família não param por aí. Isto porque, a Emenda Constitu-
vista que só se costuma colocar o Estado como observador
cional nº 66/2010 regulamentou o divórcio direto, tornan-
da “Doutrina da Proteção Integral”, sendo que isso também
do-o mais prático, abolindo a exigência de certos lapsos
compete à família e à sociedade.
temporais para a separação do casal. Agora, veja-se, não se
Nesta frequência, o direito à proteção especial abran-
exige mais prévia separação judicial por um ano, ou a com-
gerá os seguintes aspectos (art. 227, §3º, CF):
provada separação de fato por mais de dois anos. Caso se
A) A idade mínima de dezesseis anos para admissão ao
tenha casado num dia, e se queira divorciar no outro, agora trabalho, salvo a partir dos quatorze anos, na condição de
isso tornou-se possível. aprendiz (inciso I de acordo com o art. 7º, XXXIII, CF, pós-al-
Por fim, o parágrafo oitavo, do art. 226, CF, dispõe que teração promovida pela Emenda Constitucional nº 20/98);
o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de B) A garantia de direitos previdenciários e trabalhistas
cada um dos que a integram, criando mecanismos para (inciso II);
coibir a violência no âmbito de suas relações. Com efei- C) A garantia de acesso ao trabalhador adolescente e
to, a Lei nº 11.340/2006 (popularmente conhecida por “Lei jovem à escola (inciso III);
Maria da Penha”) deu um grande passo em direção à re- D) A garantia de pleno e formal conhecimento da atri-
gulamentação deste parágrafo oitavo, ao punir a violência buição do ato infracional, igualdade na relação processual
doméstica e familiar contra a mulher. e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dis-
puser a legislação tutelar específica (inciso IV);
5 Criança, adolescente e jovem. O “Estatuto da Crian- E) A obediência aos princípios de brevidade, excepcio-
ça e do Adolescente” (Lei nº 8.069/90) ajuda a disciplinar nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em de-
as tratativas pertinentes à criança e ao adolescente: consi- senvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida
dera-se criança a pessoa até 12 (doze) anos incompletos, e privativa de liberdade (inciso V);
adolescente a pessoa entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos F) O estímulo do Poder Público, através de assistência
de idade. Ademais, não se pode esquecer que o “Estatuto jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao
da Juventude” foi recentemente aprovado (Lei nº 12.852, acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adoles-
de 5 de agosto de 2013), e considera como “jovem” as pes- cente órfão ou abandonado (inciso VI);
soas com idade entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos G) Programas de prevenção e atendimento especiali-
de idade. Vale lembrar, pois, que aos adolescentes entre 15 zado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de
(quinze) e 18 (dezoito) anos de idade, que são albergados entorpecentes e drogas afins (inciso VII).
por ambos os Estatutos, aplica-se prioritariamente o “Esta- Prosseguindo, o parágrafo sexto, do art. 227, da Cons-
tuto da Criança e do Adolescente”, e, subsidiariamente, o tituição, garante o “Princípio da Igualdade entre os Filhos”,
“Estatuto da Juventude” (art. 1º, §2º, da Lei nº 12.852/2013). ao dispor que os filhos, havidos ou não da relação do ca-

56
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

samento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e quali- F) Capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas
ficações, proibidas quaisquer designações discriminatórias áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços
relativas à filiação. aos idosos (inciso VI);
Assim, com a Constituição Federal, os filhos não têm G) Estabelecimento de mecanismos que favoreçam a
mais “valor” para efeito de direitos alimentícios e sucessó- divulgação de informações de caráter educativo sobre os
rios. Não se pode falar em um filho receber metade da par- aspectos biopsicossociais de envelhecimento (inciso VII);
te que originalmente lhe cabia por ser “bastardo”, enquan- H) Garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de
to aquele fruto da sociedade conjugal receber a quantia assistência social locais (inciso VIII);
integral. Aliás, nem mesmo a expressão “filho bastardo” I) Prioridade no recebimento da restituição do imposto
pode mais ser utilizada, por representar uma forma de dis- de renda (inciso IX).
criminação designatória.
Também, o art. 229 traz uma “via de mão dupla” entre 7 Índios. A Constituição Federal reconhece aos índios
sua organização social, seus costumes, suas línguas, suas
pais e filhos, isto é, os pais têm o dever de assistir, criar e
crenças, suas tradições, bem como os direitos originários
educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever
sobre as terras que tradicionalmente ocupam.
de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou en- Acerca destas terras, competirá à União demarcá-las,
fermidade. Tal dispositivo, inclusive, permite que os filhos protegendo e fazendo respeitar todos os seus bens.
peçam alimentos aos pais, e que os pais peçam alimentos Ademais, uma informação que merece ser sobrelevada
aos filhos. é o fato de que as terras tradicionalmente ocupadas pelos
Por fim, há se mencionar o acrescentado parágrafo oi- índios destinam-se à sua posse permanente (e não à sua
tavo (pela Emenda Constitucional nº 65/2010), ao art. 227, propriedade, como se costuma afirmar erroneamente), ca-
da Constituição Federal, segundo o qual a lei estabelecerá bendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos
o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos rios e dos lagos nela existentes. É errado, portanto, dizer
dos jovens (inciso I), e o plano nacional de juventude, de que os índios são proprietários de suas terras. Tal proprie-
duração decenal, visando à articulação das várias esferas dade, por força do art. 20, XI, da Constituição Federal, é da
do poder público para a execução de políticas públicas União.
(inciso II). Nada obstante a exigência constitucional desde Mas, o que seriam as “terras tradicionalmente habita-
2010, somente bem recentemente o Estatuto da Juventu- das pelos índios”? São aquelas por eles habitadas em cará-
de foi aprovado (Lei nº 12.852/2013), como visto acima, ter permanente, as utilizadas para suas atividades produti-
carecendo, ainda, o Plano Nacional de Juventude de maior vas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambien-
tais necessários a sua reprodução física e cultural, segun-
regulamentação infraconstitucional.
do seus usos costumes e tradições. Eis o teor do primeiro
6 Idoso. Consoante o art. 230, caput, da Constituição,
parágrafo, do art. 231, da Constituição Federal. Tais terras
a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar são inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas são
as pessoas idosas, assegurando sua participação na comu- imprescritíveis. Para que se faça a remoção de grupos indí-
nidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantin- genas destas terras deve haver concordância do Congres-
do-lhes a vida. A lógica de funcionamento da doutrina e so Nacional, desde que isso ocorra em caso de catástrofe
da jurisprudência para os idosos é muito próxima daquela ou epidemia que coloque em risco sua população, ou por
aplicada para as crianças/adolescentes, dada a condição motivo que contrarie os interesses da soberania nacional.
excepcional de sujeitos historicamente desprotegidos que Nestes casos, tão logo cessem os motivos, voltarão os ín-
ocupam. dios para suas terras.
Ademais, o “Estatuto do Idoso” (Lei nº 10.741/03) aju- Por fim, convém lembrar que o art. 232, da Lei Fun-
da a disciplinar as questões pertinentes aos idosos. Dentre damental, prevê que os índios, suas comunidades e orga-
seus dispositivos, cumpre reproduzir o parágrafo único, do nizações são partes legítimas para ingressar em juízo em
art. 3º, segundo o qual a garantia de prioridade ao idoso defesa de seus direitos e interesses, devendo o Ministério
compreende: Público intervir em todos os atos do processo.
A) Atendimento preferencial imediato e individualiza-
do junto aos órgãos públicos e privados prestadores de
serviços à população (inciso I); DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS
B) Preferência na formulação e na execução de políti- HUMANOS (ONU-1948).
cas sociais públicas específicas (inciso II);
C) Destinação privilegiada de recursos públicos nas
áreas relacionadas com a proteção ao idoso (inciso III);
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
D) Viabilização de formas alternativas de participação, DIREITOS HUMANOS
ocupação e convívio do idoso com as demais gerações (in- Preâmbulo
ciso IV);
E) Priorização do atendimento do idoso por sua pró- Considerando que o reconhecimento da dignidade
pria família, em detrimento do atendimento asilar, exceto inerente a todos os membros da família humana e de
dos que não a possuam ou careçam de condições de ma- seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da
nutenção da própria sobrevivência (inciso V); liberdade, da justiça e da paz no mundo,

57
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Considerando que o desprezo e o desrespeito Artigo IV


pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ul- Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a
trajaram a consciência da Humanidade e que o advento de escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas
um mundo em que os todos gozem de liberdade de palavra, as suas formas.
de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da Artigo V
necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento
ser humano comum, ou castigo cruel, desumano ou degradante.
Considerando ser essencial que os direitos huma- Artigo VI
nos sejam protegidos pelo império da lei, para que o Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os
ser humano não seja compelido, como último recurso, lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.
à rebelião contra a tirania e a opressão, Artigo VII
Considerando ser essencial promover o desenvolvi- Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qual-
mento de relações amistosas entre as nações, quer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a
Considerando que os povos das Nações Unidas rea- igual proteção contra qualquer discriminação que viole a
firmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos humanos presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal dis-
fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na criminação.
Artigo VIII
igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que
Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais
decidiram promover o progresso social e melhores
nacionais competentes remédio efetivo para os atos que
condições de vida em uma liberdade mais ampla,
violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconheci-
Considerando que os Estados-Membros se comprome- dos pela constituição ou pela lei.
teram a promover, em cooperação com as Nações Unidas, o Artigo IX
respeito universal aos direitos e liberdades humanas funda- Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
mentais e a observância desses direitos e liberdades,
Considerando que uma compreensão comum des- Artigo X
ses direitos e liberdades é da mais alta importância para o Todo ser humano tem direito, em plena igualdade,
pleno cumprimento desse compromisso, Agora portanto A a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal
ASSEMBLÉIA GERAL proclama independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos
A PRESENTE DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HU- e deveres ou do fundamento de qualquer acusação crimi-
MANOS como o ideal comum a ser atingido por todos os nal contra ele.
povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indi- Artigo XI
víduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente 1. Todo ser humano acusado de um ato delituoso
esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educa- tem o direito de ser presumido inocente até que a sua
ção, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei,
pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e em julgamento público no qual lhe tenham sido as-
internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua seguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
observância universal e efetiva, tanto entre os povos dos pró- 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou
prios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios omissão que, no momento, não constituíam delito perante
sob sua jurisdição. o direito nacional ou internacional. Também não será impos-
Artigo I ta pena mais forte do que aquela que, no momento da
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em prática, era aplicável ao ato delituoso.
dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e Artigo XII
devem agir em relação uns aos outros com espírito de Ninguém será sujeito à interferência em sua vida priva-
fraternidade. da, em sua família, em seu lar ou em sua correspondência,
nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem
Artigo II
direito à proteção da lei contra tais interferências ou
1 - Todo ser humano tem capacidade para gozar os di-
ataques.
reitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem
Artigo XIII
distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idio- 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de lo-
ma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem comoção e residência dentro das fronteiras de cada Es-
nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer tado.
outra condição. 2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer
2 - Não será também feita nenhuma distinção fundada país, inclusive o próprio, e a este regressar.
na condição política, jurídica ou internacional do país ou Artigo XIV
território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um 1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o
território independente, sob tutela, sem governo próprio, direito de procurar e de gozar asilo em outros países.
quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. 2. Este direito não pode ser invocado em caso de perse-
Artigo III guição legitimamente motivada por crimes de direito co-
Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à mum ou por atos contrários aos objetivos e princípios
segurança pessoal. das Nações Unidas.

58
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Artigo XV 2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem di-


1. Todo homem tem direito a uma nacionalidade. reito a igual remuneração por igual trabalho.
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua naciona- 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma re-
lidade, nem do direito de mudar de nacionalidade. muneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como
Artigo XVI à sua família, uma existência compatível com a digni-
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer dade humana e a que se acrescentarão, se necessário,
restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito outros meios de proteção social.
de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de 4. Todo ser humano tem direito a organizar sindica-
iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e tos e a neles ingressar para proteção de seus interesses.
sua dissolução. Artigo XXIV
2. O casamento não será válido senão com o livre e Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a
pleno consentimento dos nubentes. limitação razoável das horas de trabalho e a férias remune-
3. A família é o núcleo natural e fundamental da socie- radas periódicas.
dade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado. Artigo XXV
Artigo XVII 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida ca-
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou paz de assegurar-lhe, e a sua família, saúde e bem-estar, in-
em sociedade com outros. clusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua pro- e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança
priedade. em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou
Artigo XVIII outros casos de perda dos meios de subsistência em circuns-
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamen- tâncias fora de seu controle.
to, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados
mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas den-
religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela tro ou fora do matrimônio gozarão da mesma
observância, em público ou em particular. proteção social.
Artigo XIX Artigo XXVI
1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instru-
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e
ção será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fun-
expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interfe-
damentais. A instrução elementar será obrigatória. A
rência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir
instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem
informações e ideias por quaisquer meios e independente-
como a instrução superior, esta baseada no mérito.
mente de fronteiras.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desen-
Artigo XX
volvimento da personalidade humana e do fortalecimento
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião
do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fun-
e associação pacífica.
damentais. A instrução promoverá a compreensão, a tole-
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma rância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou
associação. religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em
Artigo XXI prol da manutenção da paz.
1. Todo ser humano tem o direito de fazer par- te no 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gêne-
governo de seu país diretamente ou por intermédio de re- ro de instrução que será minis trada a seus filhos.
presentantes livremente escolhidos. Artigo XXVII
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao servi- 1. Todo ser humano tem o direito de participar livre-
ço público do seu país. mente da vida cultural da comunidade, de fruir das artes e de
3. A vontade do povo será a base da autoridade do participar do progresso científico e de seus benefícios.
governo; esta vontade será ex- pressa em eleições perió- 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interes-
dicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ses morais e materiais decorrentes de qualquer produção
ou processo equivalente que assegure a liberdade de científica literária ou artística da qual seja autor.
voto. Artigo XXVIII
Artigo XXII Todo ser humano tem direito a uma ordem social e
Todo ser humano, como membro da sociedade, internacional em que os direitos e liberdades estabeleci-
tem direito à segurança social, à realização pelo esforço dos na presente Declaração possam ser plenamente
nacional, pela cooperação internacional e de acordo com realizados.
a organização e recursos de cada Estado, dos direitos eco- Artigo XXIX
nômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade 1. Todo ser humano tem deveres para com a comuni-
e ao livre desenvolvimento da sua personalidade. dade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua
Artigo XXIII personalidade é possível.
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre es- 2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser
colha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho humano estará sujeito apenas às limitações determina-
e à proteção contra o desemprego. das pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o

59
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

devido reconhecimento e respeito dos direitos e li- V - A diferença de salários, de critério de admissão por
berdades de outrem e de satisfazer as justas exigências motivo de sexo, idade, cor ou estado civil a qualquer dos
da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma trabalhadores urbanos e rurais fere o princípio da igualda-
sociedade democrática. de do caput do art. 5º da Constituição Federal.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipóte- (A) Apenas I, II, III estão corretas.
se alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos e (B) Apenas II e IV estão corretas.
princípios das Nações Unidas. (C) Apenas III e V estão corretas.
Artigo XXX (D) Apenas I, III, IV e V estão corretas.
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser (E) Todas as afirmações estão corretas.
interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado,
grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade 3. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A pro-
ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quais- pósito dos princípios fundamentais da República Federati-
quer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos. va do Brasil, reconhece-se que:
(A) o pluralismo político está inserido entre seus ob-
EXERCÍCIOS jetivos.
(B) a livre iniciativa é um de seus fundamentos e se
1. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Repú- contrapõe ao valor social do trabalho.
blica Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel (C) a dignidade é também do nascituro, o que desau-
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se toriza, portanto, a prática da interrupção da gravidez quan-
em Estado Democrático de Direito (art. 1º da CF). do decorrente de estupro.
Com base no enunciado acima é correto afirmar, ex- (D) a promoção do bem de todos, sem preconceito
ceto: de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de
(A) são objetivos fundamentais da república federati- discriminação, é um de seus objetivos.
va do Brasil erradicar a pobreza e a marginalização e redu- (E) o legislativo, o executivo e o judiciário, dependen-
zir as desigualdades sociais e regionais. tes e harmônicos entre si, são poderes da união.
(B) a soberania, a cidadania e o pluralismo político
não são fundamentos da república federativa do brasil. 4. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
FGV/2014) Sobre os Princípios Fundamentais da República
(C) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
Federativa do Brasil, à luz do texto constitucional de 1988, é
alguma coisa senão em virtude de lei.
INCORRETO afirmar que:
(D) é livre a manifestação de pensamento, sendo
(A) a República Federativa do Brasil tem como funda-
vedado o anonimato.
mentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa
(E) construir uma sociedade livre, justa e solidária é
humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e
um dos objetivos fundamentais da república federativa do
o pluralismo político.
Brasil.
(B) a República Federativa do Brasil tem como obje-
tivos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e
2. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) A Cons- solidária; garantir o desenvolvimento nacional, erradicar
tituição brasileira inicia com o Título I dedicado aos “prin- a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
cípios fundamentais”, que são as regras informadoras de sociais e regionais; promover o bem de todos, sem precon-
todo um sistema de normas, as diretrizes básicas do orde- ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
namento constitucional brasileiro. São regras que contêm formas de discriminação.
os mais importantes valores que informam a elaboração da (C) todo o poder emana do povo, que o exerce unica-
Constituição da República Federativa do Brasil. mente por meio de representantes eleitos.
Diante dessa afirmação, analise as questões a seguir e (D) entre outros, são princípios adotados pela Repú-
assinale a alternativa correta. blica Federativa do Brasil nas suas relações internacionais,
I - Nas relações internacionais, a República brasileira os seguintes: a independência nacional, a prevalência dos
rege-se, entre outros, pelos seguintes princípios: autode- direitos humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo.
terminação dos povos, defesa da paz, igualdade entre os (E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção
Estados, concessão de asilo político. e a defesa da paz são princípios regedores das relações
II - Os princípios não são dotados de normatividade, ou internacionais da República Federativa do Brasil.
seja, possuem efeito vinculante, mas constituem regras jurí-
dicas efetivas. 5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art.
III - Violar um princípio é muito mais grave que trans- 5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in-
gredir uma norma qualquer, pois implica ofensa a todo o dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garan-
sistema de comandos. tias fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se,
IV - São princípios que norteiam a atividade econômica de modo expresso, apenas a direitos e deveres, também
no Brasil: a soberania nacional, a função social da proprie- consagrou as garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Di-
dade, a livre concorrência, a defesa do consumidor; a pro- reito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva,
priedade privada. 2009,13ª. ed., p. 671).

60
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Com base na afirmação acima, analise as questões a II - Será concedido habeas data para a retificação de
seguir e assinale a alternativa correta. dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma judicial ou administrativo.
constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos III - Em se tratando de registro ou banco de dados de
através dos quais se assegura o exercício dos aludidos di- entidade governamental, o sujeito passivo na ação de ha-
reitos. beas data será a pessoa jurídica componente da adminis-
II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e pa- tração direta e indireta do Estado.
rágrafos do art. 5º da Constituição Federal é meramente IV - O mandado de injunção serve para requerer à au-
exemplificativo. toridade competente que faça uma lei para tornar viável o
III - Os direitos e garantias expressos na Constituição exercício dos direitos e liberdades constitucionais.
Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a
demora legislativa que impede um direito de ser efetivado
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais
pela falta de complementação de uma lei.
em que o Brasil seja parte.
(A) Todas as afirmações estão corretas.
IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra (B) Apenas I, II e III estão corretas.
e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indeniza- (C) Apenas II, III e IV estão corretas.
ção pelo dano material ou moral decorrente de sua viola- (D) Apenas II, III e V estão corretas.
ção. (E) Apenas IV e V estão corretas.
V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 8. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O devi-
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e do processo legal estabelecido como direito do cidadão na
suas liturgias. Constituição Federal configura dupla proteção ao indivíduo,
(A) Apenas I, II e III estão corretas. pois atua no âmbito material de proteção ao direito de li-
(B) Apenas II, III e IV estão corretas. berdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe paridade de
(C) Apenas III e V estão corretas. condições com o Estado para defender-se.
(D) Apenas IV e V estão corretas. Com base na afirmação acima, analise as questões a
(E) Todas as questões estão corretas. seguir e assinale a alternativa correta.
I - Ninguém será processado nem sentenciado senão
6. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os remé- pela autoridade competente.
dios constitucionais são as formas estabelecidas pela Consti- II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos pro-
cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social
tuição Federal para concretizar e proteger os direitos funda-
o exigirem.
mentais a fim de que sejam assegurados os valores essenciais
III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por
e indisponíveis do ser humano. meios ilícitos.
Assim, é correto afirmar, exceto: IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
(A) O habeas corpus pode ser formulado sem advo- quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
gado, não tendo de obedecer a qualquer formalidade pro- fiança.
cessual, e o próprio cidadão prejudicado pode ser o autor. V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do
(B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém depositário infiel.
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação (A) Apenas I, II e IV estão corretas.
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso (B) Apenas I, III e V estão corretas.
de poder. (C) Apenas III e IV estão corretas.
(C) O autor da ação constitucional de habeas corpus (D) Apenas IV e V estão corretas.
recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual (E) Todas as questões estão corretas.
se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e
a autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade coatora. 9. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
(D) Caberá habeas corpus em relação a punições dis- Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que
ciplinares militares. (A) não retroage, salvo para beneficiar o réu.
(E) O habeas corpus será preventivo quando alguém (B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não
for conhecido.
se achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, quan-
(C) retroage, salvo disposição expressa em contrário.
do for concreta a lesão.
(D) retroage, se ainda não houver processo penal ins-
taurado.
7. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda
em relação aos outros remédios constitucionais analise as 10. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU-
questões a seguir e assinale a alternativa correta. MARC/2014) Sobre as garantias fundamentais estabeleci-
I - O habeas data assegura o conhecimento de infor- das na Constituição Federal, é CORRETO afirmar que
mações relativas à pessoa do impetrante, constantes de (A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
registros ou banco de dados de entidades governamentais (B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e
ou de caráter público. imprescritível.

61
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

(C) não haverá pena de morte em nenhuma circuns- (D) podem ter a natureza jurídica de lei complemen-
tância. tar, desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los
(D) os templos religiosos, entendidos como casas de com observância do processo legislativo ordinário;
Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar. (E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito
internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à
11. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- ordem jurídica interna.
MARC/2014) NÃO figura entre as garantias expressas no
artigo 5º da Constituição Federal: 15. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014)
(A) a obtenção de certidões em repartições públicas. Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu pedi-
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto pró- do foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais venci-
prio. dos e vincendos, não havendo mais recurso a ser interpos-
(C) o respeito à integridade física dos presos, garanti- to. Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou lei, que
do pela lei de execução penal. foi sancionada, extinguindo o direito reconhecido a Pedro.
(D) a remuneração do trabalho noturno superior ao Após a publicação da referida lei, a Administração Pública
diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhis- federal notificou Pedro para devolver os valores recebidos,
ta. comunicando que não mais ocorreriam os pagamentos fu-
turos, em decorrência da norma em foco.
12. (PC/MG - Investigador de Polícia - FU- Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção
MARC/2014) A casa é asilo inviolável do indivíduo, po- correta
dendo-se nela entrar, sem permissão do morador, EXCETO (A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa
(A) em caso de desastre. sobre direitos indisponíveis de Pedro
(B) em caso de flagrante delito. (B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa jul-
(C) para prestar socorro. gada formada em favor de Pedro.
(D) por determinação judicial, a qualquer hora. (C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido
de Pedro diante de nova legislação.
13. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador (D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico
- FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamen- perfeito em favor de Pedro diante de pagamentos penden-
tais, o artigo 5º da Constituição da República estabelece tes.
que é:
(A) livre a manifestação do pensamento, sendo fo- 16. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Ju-
mentado o anonimato; rídico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento jun-
(B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao to à Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que
agravo, que substitui o direito à indenização por dano ma- lhe seja informado o número de licitações, na modalidade
terial, moral ou à imagem; pregão, realizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010.
(C) assegurado a todos o acesso à informação e res- O pleito de João
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício (A) não encontra previsão expressa como direito fun-
profissional; damental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser
(D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, acolhido em virtude do texto constitucional prever que a
científica e de comunicação, ressalvados os casos de cen- lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
sura ou licença; ameaça a direito
(E) direito de todos receber dos órgãos públicos in- (B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos asse-
formações de seu interesse particular, sendo vedada a ale- gurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de petição
gação de sigilo por imprescindibilidade à segurança da so- aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilega-
ciedade e do Estado. lidade ou abuso de poder
(C) não encontra amparo constitucional, uma vez
14. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - que a obtenção de certidões em repartições públicas será
FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, atendida apenas se o objeto do pedido for para defesa de
os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- direitos ou para esclarecimento de situações de interesse
manos: pessoal.
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a (D) encontra amparo constitucional, pois todos têm
sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo; interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons- serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabili-
titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo dade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
Congresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com segurança da sociedade e do Estado.
o voto favorável de dois terços dos respectivos membros; (E) é constitucionalmente previsto, devendo ser res-
(C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu- pondido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos, no
cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio- âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoá-
nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável vel duração do processo e os meios que garantam a celeri-
de três quintos dos respectivos membros; dade de sua tramitação.

62
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

17. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria 20. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a
da reserva do possível alternativa correta.
(A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à (A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e
efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais. seguintes é exaustivo.
(B) gira em torno da legitimidade constitucional do (B) É vedada a redução proporcional do salário do
controle e da intervenção do poder judiciário em tema de trabalhador sob qualquer hipótese.
implementação de políticas públicas, quando caracterizada (C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias
hipótese de omissão governamental. anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do
(C) considera que as políticas públicas são reservadas que o salário normal.
discricionariamente à análise e intervenção do poder judi- (D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
ciário, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é
concreto. determinada pela CLT.
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria do (E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do
mínimo existencial, examinado à luz da violação dos direi- emprego e do salário, não está constitucionalmente previs-
tos fundamentais sociais, culturais e econômicos, como o to, mas é determinado pela CLT.
direito à saúde e à educação básica.
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos di- 21. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
reitos fundamentais, independentemente das possibilida- FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasilei-
des financeiras e orçamentárias do estado. ro no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou come-
tendo um crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas
18. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - no ano de 2013, sendo instaurada a competente ação pe-
FCC/2014) A Emenda Constitucional nº 72, promulgada nal, culminando com a condenação de Pietro, pela Justiça
em 2 de abril de 2013, tem por finalidade estabelecer a Pública, ao cumprimento da pena de 05 anos e 04 meses
igualdade de direitos entre os trabalhadores domésticos e de reclusão, em regime inicial fechado, por sentença tran-
os demais trabalhadores urbanos e rurais. Nos termos de sitada em julgado. Neste caso, nos termos estabelecidos
pela Constituição federal, Pietro
suas disposições, a Emenda
(A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quan-
(A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico,
tidade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário.
dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex-
(B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi come-
traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a
tido antes da sua naturalização.
do normal e à proteção do mercado de trabalho da mulher,
(C) poderá ser extraditado.
mediante incentivos específicos.
(D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu cri-
(A) instituiu vedação ao legislador para conferir tra-
me hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
tamento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em gas afim.
relação aos trabalhadores urbanos e rurais. (E) não poderá ser extraditado, pois a sentença con-
(B) não determinou a extensão ao trabalhador do- denatória transitou em julgado após a naturalização.
méstico, dentre outros, dos direitos à proteção em face da
automação e à proteção do mercado de trabalho da mu- 22. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É
lher, mediante incentivos específicos. privativo de brasileiro nato o cargo de
(C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, (A) Ministro do Supremo Tribunal Federal.
dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa- (B) Senador.
ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple- (C) Juiz de Direito.
xidade do trabalho. (D) Delegado de Polícia.
(D) não determinou a extensão ao trabalhador do- (E) Deputado Federal.
méstico, dentre outros, dos direitos à remuneração do ser-
viço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por 23. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014)
cento a do normal e ao piso salarial proporcional à exten- No caso de condenação criminal transitada em julgado,
são e à complexidade do trabalho. enquanto durarem seus efeitos, o condenado terá seus di-
reitos políticos:
19. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) (A) mantidos.
Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamen- (B) cassados.
tais, à organização político-administrativa, à administração (C) perdidos.
pública e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos. (D) suspensos.
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e
determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades 24. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades concerne às condições de elegibilidade para o cargo de
inadiáveis da comunidade. prefeito previstas na CRFB/88, assinale a opção correta.
Certo ( ) (A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias
Errado ( ) antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo
de prefeito.

63
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

(B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candida- (C) Compete ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em
tar-se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito. grau de recurso especial, os conflitos de competência entre
(C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no artigo 102, I,
candidatar-se ao cargo de prefeito. “o”, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados,
(D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, e entre juízes vinculados a tribunais diversos.
mas que não pretende e nem irá afastar-se das atividades (D) Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar
militares, poderá candidatar-se ao cargo de prefeito. e julgar, originariamente, os conflitos de atribuições entre
autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre
25. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alterna- autoridades Judiciárias de um Estado e administrativas de
tiva correta a respeito dos partidos políticos.
outro ou do Distrito Federal, ou entre as destes e da União.
(A) É vedado a eles o recebimento de recursos
(E) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em
financeiros por parte de empresas transnacionais.
recurso ordinário, os conflitos de competência entre o Su-
(B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propaganda
no rádio e na televisão, exceto aqueles que não possuam perior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais.
representação no Congresso Nacional.
(C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter 28. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
nacional. 23ªR/2014) Sobre o Estatuto da Magistratura, NÃO É COR-
(D) Os partidos devem, após cada campanha, apre- RETO afirmar:
sentar ao Congresso Nacional a sua prestação de contas (A) A aferição do merecimento, para fins de promoção,
para aprovação. ocorrerá conforme o desempenho e pelos critérios objetivos
(E) Em razão de sua importante função institucional, de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela
os partidos políticos possuem natureza jurídica de direito frequência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhe-
público. cidos de aperfeiçoamento.
(B) Não será promovido o juiz que, injustificadamen-
26. (UNICAMP - Procurador - VUNESP/2014) Consi- te, retiver os autos em seu poder além do prazo legal, não
derando o disposto na Constituição Federal sobre o Poder podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho
Judiciário, assinale a alternativa correta. ou decisão.
(A) As decisões administrativas dos tribunais serão (C) Na apuração da antiguidade, o Tribunal somente
motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares to-
poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado
madas pelo voto da maioria absoluta de seus membros, em
de dois terços dos membros presentes à sessão, conforme
sessão secreta.
procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repe-
(B) Os servidores dos cartórios judiciais receberão de-
legação para a prática de atos de administração e atos de tindo-se a votação até fixar-se a indicação.
mero expediente, limitados às decisões de caráter interlo- (D) O juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo
cutório. autorização do Tribunal.
(C) Um quinto dos lugares dos Tribunais dos Estados (E) A distribuição de processos será imediata em to-
será composto de advogados de notório saber jurídico e dos os graus de jurisdição.
de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva ati-
vidade profissional, indicados em lista tríplice pelos órgãos 29. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
de representação das respectivas classes. rando as regras constitucionais sobre as funções essenciais
(D) Aos juízes é vedado exercer a advocacia no juízo da justiça, analise.
ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos cinco I. Constituem garantias do Ministério Público: vitali-
anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exo- ciedade, após 2 anos de exercício, não podendo perder o
neração. cargo senão por sentença judicial transitada em julgado,
(E) O juiz goza da garantia da inamovibilidade, mas, e inamovibilidade, salvo por motivo de interesse públi-
havendo interesse público, poderá ser removido, por deci- co, mediante decisão do órgão colegiado competente do
são da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Con- Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus
selho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.
membros, assegurada ampla defesa. Constituem vedações
do Ministério Público: participar de sociedade comercial,
27. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
na forma da lei, exercer atividade político-partidária e exer-
23ªR/2014) Assinale a alternativa CORRETA:
(A) Compete ao Supremo Tribunal Federal processar cer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função
e julgar, originariamente, o litígio entre Estado estrangeiro pública, sem exceções.
ou organismo internacional e a União, Estados, Distrito Fe- II. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, di-
deral ou Município. retamente ou por meio de órgão vinculado, representa a
(B) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar, em União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos ter-
recurso extraordinário, o habeas corpus, habeas data, man- mos da lei complementar que dispuser sobre sua organiza-
dado de segurança e mandado de injunção decididos, em ção e funcionamento, as atividades de consultoria e asses-
instância única, pelos Tribunais Superiores, se denegatória soramento jurídico do Poder Executivo e a representação
a decisão. da União na execução da dívida ativa de natureza tributária.

64
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

III. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, (D) Expedir notificações nos procedimentos adminis-
organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de trativos de sua competência, requisitando informações e
concurso público de provas e títulos, com a participação documentos para instruí-los, na forma da lei complementar
facultativa da Ordem dos Advogados do Brasil, exercerão respectiva.
a representação judicial e a consultoria jurídica das res- (E) Exercer o controle externo da atividade policial, na
pectivas unidades federadas. forma da lei complementar.
Está(ão) INCORRETA(S) a(s) afirmativa(s):
(A) I, II e III. 32. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014)
(B) II, apenas. No que se refere aos Poderes Legislativo, Executivo e Judi-
(C) I e II, apenas. ciário, bem como às funções essenciais à justiça, julgue os
seguintes itens.
(D) I e III, apenas.
A CF garante autonomia funcional e administrativa à
(E) II e III, apenas.
defensoria pública estadual e ao Ministério Público.
Certo ( )
30. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) De Errado ( )
acordo com o texto constitucional, lei complementar, de
iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o 33. (TJ/SE - Titular de Serviços de Notas e de Regis-
Estatuto da Magistratura, observados, entre outros, os se- tro - CESPE/2014) No que se refere às funções essenciais à
guintes princípios: justiça, assinale a opção correta de acordo com a CF.
(A) o ato de remoção, disponibilidade, demissão (A) De acordo com a CF, a representação judicial dos
e aposentadoria do magistrado, por interesse público, Estados, do Distrito Federal e dos municípios cabe exclu-
fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do sivamente aos procuradores organizados em carreira, de-
respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, pendendo o ingresso nessa carreira de aprovação em con-
assegurada ampla defesa. curso público de provas e títulos.
(B) um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais (B) As defensorias públicas dos Estados, do Distrito
Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal Federal e da União possuem autonomia funcional e admi-
e Territórios será composto de membros, do Ministério nistrativa, sendo-lhes assegurada a iniciativa de suas pro-
Público, com mais de dez anos de carreira, e de advoga- postas orçamentárias na forma estabelecida na CF.
dos de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com (C) Cabe ao Ministério Público Federal representar a
União na execução de sua dívida ativa de natureza tribu-
mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indica-
tária.
dos em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das
(D) A CF estabelece um rol exemplificativo de funções
respectivas classes.
institucionais do MP, como, por exemplo, a função de pro-
(C) todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judi- mover, privativamente, as ações civil e penal públicas, na
ciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, forma da lei.
sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, (E) À imunidade profissional do advogado não se
em determinados atos, às próprias partes e a seus advo- podem aplicar restrições de qualquer natureza.
gados, ou somente a estes, em casos nos quais a preser-
vação do direito à intimidade do interessado no sigilo não 34. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT
prejudique o interesse da Administração Pública. 23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a al-
(D) nos tribunais com número superior a vinte e cin- ternativa INCORRETA:
co julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com a) A administração pública direta e indireta de qual-
o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
para o exercício das atribuições administrativas e juris- e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
dicionais delegadas da competência do tribunal pleno, moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade.
provendo-se metade das vagas por antiguidade, e a outra b) É garantido ao servidor público civil o direito à livre
metade por merecimento. associação sindical.
c) A administração fazendária e seus servidores fiscais
terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
31. (TRT 3ª Região/MG - Juiz do Trabalho - TRT
precedência sobre os demais setores administrativos, na
3R/2014) Sobre as funções institucionais do Ministério
forma da lei.
Público é incorreto afirmar:
d) A proibição de acumulação remunerada de cargos
(A) Defender judicialmente os direitos e interesses públicos se estende a emprego e funções, não abrangen-
das populações indígenas, inclusive através de Promotor do, pois, sociedades de economia mista.
de Justiça ad hoc. e) As funções de confiança, exercidas exclusivamente
(B) Promover, privativamente, a ação penal pública, por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
na forma da lei. comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira
(C) Promover o inquérito civil e a ação civil pública, nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
para a proteção do patrimônio público e social, do meio lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. assessoramento.

65
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

35. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad- b) deve ser considerado abusivo se exercido por servi-
ministração pública pode ser definida objetivamente como dores públicos em estágio probatório.
a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve c) é constitucional, visto que previsto em norma da
para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen- constituição federal com aplicabilidade imediata, não
te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos necessitando de regulamentação, nem de integração
quais a lei atribui o exercício da função administrativa do normativa, para que o direito nela previsto possa ser
Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional. exercido.
São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310) d) é constitucional, devendo, no entanto, observar a
Com base no que determina a Constituição Federal a regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores em
respeito da administração pública é correto afirmar, exceto: geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores
a) A investidura em cargo ou emprego público depen- públicos enquanto não for promulgada lei específica para
de de aprovação prévia em concurso público de provas e o exercício desse direito.
títulos, de acordo com a natureza e complexidade do car- e) é constitucional e poderá ensejar convenção coleti-
go, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão. va em que seja prevista a majoração dos vencimentos dos
b) A Administração pública direta e indireta obedecerá servidores públicos.
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
RESPOSTAS
publicidade e eficiência.
c) O prazo de validade do concurso público será de até
1. Resposta: “B”. Todas as alternativas descrevem ca-
dois anos, prorrogável uma vez, por igual período. racterísticas, atributos do Estado Democrático de Direito
d) A Constituição Federal não veda a acumulação re- que é a República Federativa brasileira, notadamente: er-
munerada de cargos públicos. radicação da pobreza e diminuição de desigualdades (ar-
e) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilí- tigo 3º, III, CF); soberania, cidadania e pluralismo político
citos praticados por qualquer agente, servidor ou não, (artigo 1º, I, II e V, CF); princípio da legalidade (artigo 5º, II,
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas CF); liberdade de expressão (artigo 5º, IV, CF); construção
ações de ressarcimento. de sociedade justa, livre e solidária (artigo 3º, I, CF). Sendo
assim, incorreta a afirmação de que soberania, cidadania
36. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside- e pluralismo político não são fundamentos da República
rando as regras constitucionais sobre a administração pú- Federativa do Brasil, pois estão como tais enumerados no
blica, analise as afirmativas. artigo 1º, CF, além de decorrerem da própria estrutura de
I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e um Estado Democrático de Direito.
do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
pelo Poder Executivo. 2. Resposta: “D”. O item “I” descreve alguns dos prin-
II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car- cípios que regem as relações internacionais brasileiras,
gos, funções e empregos públicos da administração direta, enumerados no artigo 4º, CF, estando correto; o item “II”
autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos afasta a normatividade dos princípios, o que é incorreto,
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos pois os princípios têm forma normativa e, inclusive, po-
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de- dem ser aplicados de forma autônoma se não houver lei
mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra específica a respeito ou se esta se mostrar inadequada, por
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou isso mesmo, correta a afirmação do item “III”; os princípios
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra descritos no item “IV” são alguns dos que regem a ordem
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es- econômica, enumerados no artigo 170, CF, restando corre-
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. ta; o item “V” traz um exemplo de violação ao princípio da
igualdade material, assegurado no artigo 5º, CF e refletido
III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer
em todo texto constitucional, estando assim correto. Logo,
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de
apenas o item “II” está incorreto.
pessoal do serviço público.
3. Resposta: “D”. O artigo 1º, CF traz os princípios
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): fundamentais (fundamentos) da República Federativa do
a) I, II e III. Brasil: “I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da
b) I, apenas. pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da
c) I e II, apenas. livre iniciativa; V - o pluralismo político”. O princípio de “A”
d) I e III, apenas. se encontra no inciso V; o de “B” no inciso IV; o de “C” no
e) II e III, apenas. inciso III, pois viola a dignidade humana da mãe forçá-la a
dar luz à um filho que resulte de estupro; o de “E” decorre
37. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - dos incisos I e II e é previsão do artigo 2º, que dispõe que
FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre
públicos civis da Administração direta si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Somente resta a
a) deve ser considerado inconstitucional, até que seja alternativa “D”, que apesar de realmente trazer um objetivo
editada a lei definidora dos termos e limites em que possa da República Federativa brasileira – previsto no artigo 3º,
ser exercido, a fim de preservar a continuidade da presta- IV, não tem a ver com os princípios fundamentais, mas sim
ção dos serviços públicos. com os objetivos.

66
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

4. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a mo- dos, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
dalidade semidireta, porque possibilita a participação po- judicial ou administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor
pular direta no poder por intermédio de processos como do artigo 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente
o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Como são da previsão dos direitos fundamentais como limitadores da
hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia indi- atuação do Estado, logo, as informações requeridas serão
reta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do contra uma entidade governamental da administração di-
sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual va- reta ou indireta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo
lor para todos. Contudo, não é a única maneira de se exer- 5º, LXXI, CF, do qual decorre logicamente o item “V”, posto
cer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF). que a demora do legislador em regulamentar uma norma
constitucional de aplicabilidade mediata, que necessita do
5. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal di- preenchimento de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos
ferença entre direitos e garantias é que os primeiros servem direitos fundamentais garantidos pela Constituição Fede-
para determinar os bens jurídicos tutelados e as segundas ral.
são os instrumentos para assegurar estes (ex: direito de li-
berdade de locomoção – garantia do habeas corpus). “II” 8. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF, “nin-
está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê em seu §2º guém será processado nem sentenciado senão pela autori-
que “os direitos e garantias expressos nesta Constituição dade competente”, restando o item “I” correto; pelo artigo
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios 5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
República Federativa do Brasil seja parte”, fundamento que social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II” está correto;
também demonstra que o item “III” está correto. O item IV e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém será levado à
traz cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê que “são inviolá- prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das provisória, com ou sem fiança”, confirmando o item “IV”.
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano ma- Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são inad-
missíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”
terial ou moral decorrente de sua violação”; o que faz tam-
(artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque a ju-
bém o item V com relação ao artigo 5º, VI, CF que diz que
risprudência atual ainda aceita a prisão civil do devedor de
“é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
alimentos, sendo que o texto constitucional autoriza tanto
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garanti-
esta quanto a do depositário infiel (artigo 5º, LXVII, CF).
da, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas estão corretas.
9. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL -
a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
6. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia previs-
Assim, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do
ta no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (di-
sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer minuindo a pena ou alterando o regime de cumprimento,
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por notadamente), ela será aplicada.
ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus-
ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente 10. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º,
relacionado a um direito fundamental da pessoa humana. XLII, CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime ina-
O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo- fiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
situra não depende de advogado; o que propõe a ação é termos da lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque
denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é a lei penal retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta
chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois), porque é aceita a pena de morte para os crimes militares
contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade praticados em tempo de guerra; “D” é incorreta porque
coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamen- igrejas não possuem inviolabilidade domiciliar.
te e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal
prevê no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em 11. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alter-
relação a punições disciplinares militares”. nativa “D” seja um direito fundamental, não é um direito
individual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no
7. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque para artigo 7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho
os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conceder- noturno superior à do diurno”).
-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e 12. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis-
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conceder- podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so-
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes corro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sen-
de registros ou bancos de dados de entidades governa- do assim, não cabe o ingresso por determinação judicial a
mentais ou de caráter público; b) para a retificação de da- qualquer hora, mas somente durante o dia.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

13. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso 20. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de
XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e res- direitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício excluindo outros que decorram das normas trabalhistas,
profissional”. dos direitos humanos internacionais e das convenções e
acordos coletivos; “B” está incorreta porque a redução pro-
14. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF: porcional pode ser aceita se intermediada por negociação
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos coletiva, evitando cenário de demissão em massa; “D” está
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Con- incorreta porque a licença-gestante encontra arcabouço
gresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos constitucional, tal como a licença-paternidade, restando “E”
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas também incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF. Sendo assim,
constitucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de “C” está correta, conforme disposto no artigo 7º: “gozo de
determinados requisitos para a incorporação. férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a
mais do que o salário normal” (artigo 7º, XVII, CF).
15. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica,
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei 21. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “ne-
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito nhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em
e a coisa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou
Pedro e não pode ser quebrada por lei posterior que altere de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe-
a situação fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a centes e drogas afins, na forma da lei”. Embora a condena-
segurança jurídica. ção tenha ocorrido após a naturalização, o crime comum
foi praticado antes dela, permitindo a extradição de Pietro.
16. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucio-
nal prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a 22. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, §
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse 3º, CF, “São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão pres- Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presiden-
tadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, res- te da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado
salvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V
da sociedade e do Estado”. - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas;
VII - de Ministro de Estado da Defesa”. O motivo da veda-
17. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível bus- ção é que em determinadas circunstâncias o Ministro do
ca impedir que se argumente por uma obrigação infinita Supremo Tribunal Federal pode assumir substitutivamente
do Estado de atender direitos econômicos, sociais e cultu- a Presidência da República.
rais. No entanto, não pode ser invocada como muleta para
impedir que estes direitos adquiram efetividade. Se a invo- 23. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem
cação da reserva do possível não demonstrar cabalmente ser cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A
que o Estado não tem condições de arcar com as despesas, condenação criminal transitada em julgado justifica a sus-
o Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão. pensão dos direitos políticos, o que é disposto no artigo
15, III, CF: “é vedada a cassação de direitos políticos, cuja
18. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº perda ou suspensão só se dará nos casos de: [...] III - con-
72/2013, que ficou conhecida no curso de seu processo de denação criminal transitada em julgado, enquanto durarem
votação como PEC das domésticas, deu redação ao pará- seus efeitos”.
grafo único do artigo 7º, o qual estende alguns dos direi-
tos enumerados nos incisos do caput para a categoria dos 24. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São con-
trabalhadores domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII, VIII, X, dições de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI mínima de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, De-
e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e putado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
observada a simplificação do cumprimento das obrigações paz”, de modo que João preenche o requisito etário para a
tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação candidatura. “A” está errada porque a renúncia é exigida
de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos para cargo diverso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada por-
I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à que o analfabeto não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF);
previdência social”. Os direitos descritos na alternativa “C” “D” está errada porque o afastamento neste caso é exigido
estão previstos nos incisos XXVII e XX do artigo 7º da Cons- (artigo 14, §8º, I, CF).
tituição, não estendidos aos empregados domésticos pela
emenda. 25. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal
regulamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacio-
19. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o di- nal como preceito que deva necessariamente se observado:
reito de greve: “É assegurado o direito de greve, compe- “É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de parti-
tindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de dos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais
defender. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades es- da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:
senciais e disporá sobre o atendimento das necessidades I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de re-
inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos su- cursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou
jeitam os responsáveis às penas da lei”. de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça

68
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e
lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as
definir sua estrutura interna, organização e funcionamento deste e da União”.
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação 28. Resposta: “C”. O Estatuto da Magistratura tem
entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distri- suas regulamentações gerais descritas no artigo 93 da CF,
tal ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer nor- sendo que todas as alternativas, exceto a “C” estão em
mas de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos compatibilidade com este dispositivo. Neste sentido, o ar-
políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma tigo 93, II, “d”, CF prevê que “na apuração de antiguidade,
da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo
Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos voto fundamentado de dois terços de seus membros,
do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla de-
na forma da lei. § 4º É vedada a utilização pelos partidos fesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação”. Sen-
políticos de organização paramilitar”. do assim, não consideram-se apenas os membros presen-
tes, mas todos os membros do Tribunal.
26. Resposta: “E”. “A” está incorreta porque a decisão,
mesmo sobre infrações disciplinares, é tomada em sessão 29. Resposta: “A”. O item I está praticamente inteiro
pública; “B” está incorreta porque o único legitimado para correto, somente se percebendo o erro ao final, quando
decidir é o juiz e não seu servidor, ainda que por delega- afirma que não há exceções para o exercício de outra fun-
ção; “C” está incorreta porque a lista é sêxtupla; “D” está ção pública porque a própria Constituição prevê uma ex-
incorreta porque o prazo em que se proíbe o exercício é de ceção no artigo 128, §5º, II, “d” – uma atividade de magis-
três anos. Somente resta a alternativa “D”, aplicando-se o tério. II está incorreta porque a Advocacia Geral da União
artigo 95, CF: Os juízes gozam das seguintes garantias: [...] não representa o Executivo federal na execução de dívida
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, ativa de natureza tributária: “Artigo 131, §3º, CF. Na execu-
na forma do art. 93, VIII”. Logo, o motivo de interesse pú- ção da dívida ativa de natureza tributária, a representação
blico pode gerar a quebra da garantia da inamovibilidade. da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional,
observado o disposto em lei”. III está incorreta porque a
27. Resposta: “D”. As competências de processamen-
participação da Ordem dos Advogados do Brasil no con-
to e julgamento estão previstas nos artigos 102, CF – em
curso de provas e títulos é obrigatória em todas as fases
relação ao Supremo Tribunal Federal – e 105, CF – quanto
(artigo 132, CF). Neste sentido, as três afirmativas estão
ao Superior Tribunal de Justiça. As regras de competências
incorretas.
previstas nas alternativas “A”, “B”, “C” e “E” estão incorretas,
pelos seguintes motivos:
Quanto à alternativa “A”, o art. 102, I, “e”, CF prevê que o 30. Resposta: “B”. A regra do quinto constitucional
Supremo Tribunal Federal processa e julga originariamente está prevista na Constituição Federal com o seguinte teor:
“o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo interna- “Art. 94, CF. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais
cional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Territó- Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e
rio”, excluindo os Municípios. Territórios será composto de membros, do Ministério Pú-
Em relação à alternativa “B”, o artigo 102, II, “a”, CF, blico, com mais de dez anos de carreira, e de advogados
prevê que compete ao Supremo Tribunal Federal “julgar, de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais
em recurso ordinário: a) o ‘habeas corpus’, o mandado de de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em
segurança, o ‘habeas data’ e o mandado de injunção de- lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respec-
cididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se tivas classes. Parágrafo único. Recebidas as indicações, o
denegatória a decisão”, logo, o recurso é ordinário, não ex- tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Exe-
traordinário. cutivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de
No que tange à alternativa “C”, o artigo 105, I, “d”, CF seus integrantes para nomeação”.
prevê que o Superior Tribunal de Justiça processará e jul- 31. Resposta: “A”. O artigo 129, CF, estabelece as fun-
gará originariamente “os conflitos de competência entre ções institucionais do Ministério Público, nos seguintes ter-
quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, ‘o’, mos: “Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú-
bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e en- blico: I - promover, privativamente, a ação penal pública,
tre juízes vinculados a tribunais diversos”, de modo que o na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes
julgamento é originário, não em sede de recurso especial. Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos
Sobre a alternativa “E”, “os conflitos de competência assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas
entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil
entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
tribunal” são julgados pelo Supremo Tribunal Federal, con- público e social, do meio ambiente e de outros interes-
forme artigo 102, I, “o”, CF, mas não em sede de recurso ses difusos e coletivos; IV - promover a ação de incons-
ordinário, e sim originariamente. titucionalidade ou representação para fins de intervenção
Resta a alternativa “D”, que vai de encontro com o ar- da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Consti-
tigo 105, I, “g”, CF, competindo originariamente ao Supe- tuição; V - defender judicialmente os direitos e interesses
rior Tribunal de Justiça processar e julgar “os conflitos de das populações indígenas; VI - expedir notificações nos
atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias procedimentos administrativos de sua competência, re-

69
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUICIONAL

quisitando informações e documentos para instruí-los, 35. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi-
na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos
o controle externo da atividade policial, na forma da lei princípios da Administração Pública previstos no caput do
complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requi- artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um
sitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos
policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas mani- moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do
festações processuais; IX - exercer outras funções que lhe artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações
forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalida- ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é
de, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consul- vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex-
toria jurídica de entidades públicas”. Com efeito, embora ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser-
o Ministério Público possa promover a defesa dos direitos vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois
e dos interessas das populações indígenas, não o faz por cargos de professor; b) a de um cargo de professor com
promotor ad hoc, figura não mais aceita, nos termos do outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre-
artigo 129, §2º, CF, que prevê: “As funções do Ministério gos privativos de profissionais de saúde, com profissões
Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, regulamentadas”.
que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo
autorização do chefe da instituição”. 36. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37,
XII, CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
32. Resposta: “Certo”. A autonomia funcional e admi- do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
nistrativa do Ministério Público é garantida no artigo 127, pelo Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37,
§2º, CF e a autonomia funcional e administrativa da Defen- XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
soria Pública estadual é garantida no artigo 134, §2º, CF. cargos, funções e empregos públicos da administração di-
reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
33. Resposta: “B”. “B” está correta porque autonomia dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
funcional e administrativa pertencem às Defensorias Públi- dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
cas como um todo, conforme artigo 134, CF: “§ 2º Às De- demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou-
fensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
art. 99, § 2º. § 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defenso- aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
rias Públicas da União e do Distrito Federal” (grifo nos- Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
so). Por seu turno, “A” está incorreta porque nas carreiras mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
iniciais de fato o ingresso se dá por concurso de provas e subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
títulos, mas o Advogado-Geral da União é de livre nomea- do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores
ção do Presidente da República (artigo 131, §1º, CF); “C” do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
está incorreta porque tal incumbência é da Procuradoria- cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espé-
-Geral da Fazenda Nacional (artigo 131, §1º, CF); “D” está cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito
incorreta porque a competência de promover ação civil pú- do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do
blica não é privativa do Ministério Público e nem mesmo a Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú-
de promover a ação penal, já que o constituinte assegura a blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é
ação penal subsidiária da pública; “E” está incorreta porque vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
logicamente a imunidade profissional do advogado sofre remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal
restrições. do serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas.

34. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição 37. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor
Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna- público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição
tiva “A” como de necessária observância na Administração Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti-
Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes. tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de
Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37, Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº
VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar- 2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público,
tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no independente da lei complementar, tem o direito público,
artigo 37, V, CF. subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di-
Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor do reito abrange o servidor público em estágio probatório,
artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se a em- não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito
pregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas constitucionalmente garantido.
públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder
público”. Com efeito, as sociedades de economia mista não
estão excluídas da proibição de acumulação remunerada de
cargos, razão pela qual a alternativa é incorreta.

70
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes e organização; natureza, fins e princípios.......01
Organização administrativa da União: administração direta e indireta. ........................................................................................... 06
Agentes públicos: espécies e classificação; poderes, deveres e prerrogativas; cargo, emprego e função públicos; regime
jurídico único: provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição; direitos e vantagens; regime disciplinar;
responsabilidade civil, criminal e administrativa.......................................................................................................................................... 09
Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do
poder............................................................................................................................................................................................................................. 13
Serviços públicos: conceito, classificação, regulamentação e controle; forma, meios e requisitos; delegação: concessão,
permissão, autorização........................................................................................................................................................................................... 14
Controle e responsabilização da administração: controle administrativo; controle judicial; controle legislativo; responsa-
bilidade civil do Estado.......................................................................................................................................................................................... 25
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Trata-se de pessoa jurídica, e não física, porque o Esta-


ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO do não é uma pessoa natural determinada, mas uma estru-
PÚBLICA: CONCEITOS, ELEMENTOS, tura organizada e administrada por pessoas que ocupam
PODERES E ORGANIZAÇÃO; NATUREZA, FINS cargos, empregos e funções em seu quadro. Logo, pode-se
dizer que o Estado é uma ficção, eis que não existe em
E PRINCÍPIOS.
si, mas sim como uma estrutura organizada pelos próprios
homens.
É de direito público porque administra interesses que
pertencem a toda sociedade e a ela respondem por desvios
“O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que na conduta administrativa, de modo que se sujeita a um
é considerado. Do ponto de vista sociológico, é corpora- regime jurídico próprio, que é objeto de estudo do direito
ção territorial dotada de um poder de mando originário; administrativo.
sob o aspecto político, é comunidade de homens, fixada Em face da organização do Estado, e pelo fato des-
sobre um território, com potestade superior de ação, de te assumir funções primordiais à coletividade, no interes-
mando e de coerção; sob o prisma constitucional, é pessoa se desta, fez-se necessário criar e aperfeiçoar um sistema
jurídica territorial soberana; na conceituação do nosso Có- jurídico que fosse capaz de regrar e viabilizar a execução
digo Civil, é pessoa jurídica de Direito Público Interno (art. de tais funções, buscando atingir da melhor maneira pos-
14, I). Como ente personalizado, o Estado tanto pode atuar sível o interesse público visado. A execução de funções ex-
no campo do Direito Público como no do Direito Priva- clusivamente administrativas constitui, assim, o objeto do
do, mantendo sempre sua única personalidade de Direito Direito Administrativo, ramo do Direito Público. A função
Público, pois a teoria da dupla personalidade do Estado administrativa é toda atividade desenvolvida pela Adminis-
acha-se definitivamente superada. O Estado é constituído tração (Estado) representando os interesses de terceiros,
de três elementos originários e indissociáveis: Povo, Terri- ou seja, os interesses da coletividade.
tório e Governo soberano. Povo é o componente humano Devido à natureza desses interesses, são conferidos à
do Estado; Território, a sua base física; Governo soberano, o Administração direitos e obrigações que não se estendem
elemento condutor do Estado, que detém e exerce o poder aos particulares. Logo, a Administração encontra-se numa
absoluto de autodeterminação e auto-organização emana- posição de superioridade em relação a estes.
do do Povo. Não há nem pode haver Estado independente Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se
sem Soberania, isto é, sem esse poder absoluto, indivisível legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessá-
e incontrastável de organizar-se e de conduzir-se segun- ria a divisão de funções das atividades estatais de maneira
do a vontade livre de seu Povo e de fazer cumprir as suas equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes, a qual
decisões inclusive pela força, se necessário. A vontade es- resta assegurada no artigo 2º da Constituição Federal. A
tatal apresenta-se e se manifesta através dos denomina- função típica de administrar – gerir a coisa pública e aplicar
dos Poderes de Estado. Os Poderes de Estado, na clássica a lei – é do Poder Executivo; cabendo ao Poder Legislativo
tripartição de Montesquieu, até hoje adotada nos Estados a função típica de legislar e ao Poder Judiciário a função
de Direito, são o Legislativo, o Executivo e o judiciário, in- típica de julgar. Em situações específicas, será possível que
dependentes e harmônicos entre si e com suas funções re- no exercício de funções atípicas o Legislativo e o Judiciário
ciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º). A organização do exerçam administração.
Estado é matéria constitucional no que concerne à divisão Destaca-se o artigo 41 do Código Civil:
política do território nacional, a estruturação dos Poderes, Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
à forma de Governo, ao modo de investidura dos gover- I - a União;
nantes, aos direitos e garantias dos governados. Após as II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
disposições constitucionais que moldam a organização III - os Municípios;
política do Estado soberano, surgem, através da legisla- IV - as autarquias;
ção complementar e ordinária, e organização administra- V - as demais entidades de caráter público criadas por
tiva das entidades estatais, de suas autarquias e entidades lei.
paraestatais instituídas para a execução desconcentrada e Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pes-
descentralizada de serviços públicos e outras atividades de soas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estru-
interesse coletivo, objeto do Direito Administrativo e das tura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto
modernas técnicas de administração” . ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
Com efeito, o Estado é uma organização dotada de Nestes moldes, o Estado é pessoa jurídica de direito
personalidade jurídica que é composta por povo, território público interno. Mas há características peculiares distintivas
e soberania. Logo, possui homens situados em determina- que fazem com que afirmá-lo apenas como pessoa jurídica
da localização e sobre eles e em nome deles exerce poder. de direito público interno seja correto, mas não suficiente.
É dotado de personalidade jurídica, isto é, possui a aptidão Pela peculiaridade da função que desempenha, o Estado é
genérica para adquirir direitos e contrair deveres. Nestes verdadeira pessoa administrativa, eis que concentra para si
moldes, o Estado tem natureza de pessoa jurídica de direi- o exercício das atividades de administração pública.
to público.

1
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A expressão pessoa administrativa também pode ser terminados privilégios, como o juízo privativo, a prescrição
colocada em sentido estrito, segundo o qual seriam pes- quinquenal, o processo especial de execução, a impenho-
soas administrativas aquelas pessoas jurídicas que inte- rabilidade de seus bens; e sempre se submete a restrições
gram a administração pública sem dispor de autonomia concernentes à competência, finalidade, motivo, forma,
política (capacidade de auto-organização). Em contrapon- procedimento, publicidade. Outras vezes, mesmo utilizan-
to, pessoas políticas seriam as pessoas jurídicas de direito do o direito privado, a Administração conserva algumas de
público interno – União, Estados, Distrito Federal e Muni- suas prerrogativas, que derrogam parcialmente o direito
cípios. comum, na medida necessária para adequar o meio utili-
A autora Di Pietro nos ensina que: a Administração Pú- zado ao fim público a cuja consecução se vincula por lei.
blica pode submeter-se a regime jurídico de direito privado Por outras palavras, a norma de direito público sempre
ou a regime jurídico de direito público. A opção por um impõe desvios ao direito comum, para permitir à Adminis-
regime ou outro é feita, em regra, pela Constituição ou pela tração Pública, quando dele se utiliza, alcançar os fins que o
lei. Exemplificando: o artigo 173, §1º, da Constituição, prevê ordenamento jurídico lhe atribui e, ao mesmo tempo, pre-
lei que estabeleça o estatuto jurídico da empresa pública, servar os direitos dos administrados, criando limitações à
da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que atuação do Poder Público.
explorem atividade econômica de produção ou comerciali- A expressão regime jurídico da Administração Pública
zação de bens ou de prestação de serviços, dispondo, entre é utilizada para designar, em sentido amplo, os regimes de
outros aspectos, sobre “a sujeição ao regime jurídico pró- direito público e de direito privado a que pode submeter-
prio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos se a Administração Pública. Já a expressão regime jurídico
e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários”. administrativo é reservada tão somente para abranger o
Não deixou qualquer opção à Administração Pública e nem conjunto de traços, de conotações, que tipificam o Direito
mesmo ao legislador; quando este instituir, por lei, urna Administrativo, colocando a Administração Pública numa
entidade para desempenhar atividade econômica, terá que posição privilegiada, vertical, na relação jurídico-adminis-
submetê-la ao direito privado. trativa. Basicamente, pode-se dizer que o regime adminis-
Já o artigo 175 outorga ao Poder Público a incum- trativo resume-se a duas palavras apenas: prerrogativas e
bência de prestar serviços públicos, podendo fazê-lo di- sujeições.
retamente ou sob regime de concessão ou permissão; e É o que decorre do ensinamento de Rivera (1973:35),
o parágrafo único deixa à lei ordinária a tarefa de fixar o quando afirma que as particularidades do Direito Adminis-
regime das empresas concessionárias e permissionárias de trativo parecem decorrer de duas ideias opostas: «as nor-
serviços públicos, o caráter especial de seu contrato, de sua mas do Direito Administrativo caracterizam-se, em face das
prorrogação, bem corno as condições de execução, fiscali- do direito privado, seja porque conferem à Administração
zação e rescisão da concessão ou permissão. Vale dizer que prerrogativas sem equivalente nas relações privadas, seja
a Constituição deixou à lei a opção de adotar um regime porque impõem à sua liberdade de ação sujeições mais
ou outro. estritas do que aquelas a que estão submetidos os parti-
Isto não quer dizer que a Administração Pública não culares”.
participe da decisão; ela o faz à medida que, detendo o O Direito Administrativo nasceu sob a égide do Esta-
Poder Executivo grande parcela das decisões políticas, dá do liberal, em cujo seio se desenvolveram os princípios do
início ao processo legislativo que resultará na promulgação individualismo em todos os aspectos, inclusive o jurídico;
da lei contendo a decisão governamental. Normalmente, paradoxalmente, o regime administrativo traz em si traços
é na esfera dos órgãos administrativos que são feitos os de autoridade, de supremacia sobre o indivíduo, com vistas
estudos técnicos e financeiros que precedem o encaminha- à consecução de fins de interesse geral.
mento de projeto de lei e respectiva justificativa ao Poder Garrido Falla (1962:44-45) acentua esse aspecto. Em
Legislativo. suas palavras, “é curioso observar que fosse o próprio fe-
O que não pode é a Administração Pública, por ato nômeno histórico-político da Revolução Francesa o que
próprio, de natureza administrativa, optar por um regime tenha dado lugar simultaneamente a dois ordenamentos
jurídico não autorizado em lei; isto em decorrência da sua distintos entre si: a ordem jurídica individualista e o regime
vinculação ao princípio da legalidade. administrativo. O regime individualista foi se alojando no
Não há possibilidade de estabelecer-se, aprioristica- campo do direito civil, enquanto o regime administrativo
mente, todas as hipóteses em que a Administração pode formou a base do direito público administrativo”.
atuar sob regime de direito privado; em geral, a opção é Assim, o Direito Administrativo nasceu e desenvolveu-
feita pelo próprio legislador, como ocorre com as pessoas se baseado em duas ideias opostas: de um lado, a pro-
jurídicas, contratos e bens de domínio privado do Estado. teção aos direitos individuais frente ao Estado, que serve
Como regra, aplica-se o direito privado, no silêncio da nor- de fundamento ao princípio da legalidade, um dos esteios
ma de direito público. do Estado de Direito; de outro lado, a de necessidade de
O que é importante salientar é que, quando a Adminis- satisfação dos interesses coletivos, que conduz à outorga
tração emprega modelos privatísticos, nunca é integral a de prerrogativas e privilégios para a Administração Pública,
sua submissão ao direito privado; às vezes, ela se nivela ao quer para limitar o exercício dos direitos individuais em be-
particular, no sentido de que não exerce sobre ele qualquer nefício do bem-estar coletivo (poder de polícia), quer para
prerrogativa de Poder Público; mas nunca se despe de de- a prestação de serviços públicos.

2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Daí a bipolaridade do Direito Administrativo: liberda- irradia sobre diferentes normas compondo-lhe o espírito
de do indivíduo e autoridade da Administração; restrições e servindo de critério para sua exata compreensão e inte-
e prerrogativas. Para assegurar-se a liberdade, sujeita-se ligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade
a Administração Pública à observância da lei e do direito do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá
(incluindo princípios e valores previstos explícita ou implici- sentido harmônico”. As regras jurídicas possuem hipóteses
tamente na Constituição); é a aplicação, ao direito público, de incidência abstratas, que dizem respeito a situações hi-
do princípio da legalidade. Para assegurar-se a autoridade potéticas, que, concretizando-se na vida prática, acarretam
da Administração Pública, necessária à consecução de seus determinadas consequências jurídicas.
fins, são-lhe outorgados prerrogativas e privilégios que lhe Trata-se do conhecido esquema “preceito – sanção”,
permitem assegurar a supremacia do interesse público so- pelo qual, ocorrendo o fato previsto na regra, a ele devem
bre o particular. suceder os efeitos jurídicos nela também já preestabeleci-
Isto significa que a Administração Pública possui prer- dos. Num exemplo de regra de Direito Administrativo, se o
rogativas ou privilégios, desconhecidos na esfera do direito servidor público federal deixar injustificadamente de com-
privado, tais como a autoexecutoriedade, a autotutela, o parecer à repartição por mais de trinta dias consecutivos
poder de expropriar, o de requisitar bens e serviços, o de – este é o preceito –, haverá cometido a infração funcional
ocupar temporariamente o imóvel alheio, o de instituir ser- grave conhecida como “abandono de cargo” (subsunção),
vidão, o de aplicar sanções administrativas, o de alterar e para a qual é cominada a penalidade (a consequência)
rescindir unilateralmente os contratos, o de impor medidas da demissão (cf. art. 132, II, c./c. art. 138, ambos da Lei n.
de polícia. Goza, ainda, de determinados privilégios como 8.112/90).
a imunidade tributária, prazos dilatados em juízo, juízo pri- O mecanismo de aplicação dos princípios é mais com-
vativo, processo especial de execução, presunção de vera- plexo do que o esquema binário característico das regras
cidade de seus atos. (se o fato ocorreu, se aplica a regra; se não ocorreu, não se
Segundo Cretella Júnior (Revista de Informação Legis- aplica). Os princípios não preveem situações determinadas
lativa, v. 97:13), as prerrogativas públicas são “as regalias e, muito menos, efeitos jurídicos específicos que delas de-
usufruídas pela Administração, na relação jurídico-adminis- correriam. É claro que normatizam situações e que podem
trativa, derrogando o direito comum diante do adminis- acarretar efeitos jurídicos, mas, devido a seu caráter fluido,
trador, ou, em outras palavras, são as faculdades especiais suas consequências, além de não poderem ser previamen-
conferidas à Administração, quando se decide a agir contra te estabelecidas, dependem das características de cada
o particular”. caso concreto e dos demais princípios que forem em tese
Mas, ao lado das prerrogativas, existem determinadas aplicáveis.
restrições a que está sujeita a Administração, sob pena É comum que mais de um princípio seja aplicável à
de nulidade do ato administrativo e, em alguns casos, até mesma situação. O intérprete, contudo, deverá adotar
mesmo de responsabilização da autoridade que o editou. metodologia diferente da que emprega diante de (meras)
Dentre tais restrições, citem-se a observância da finalidade regras contraditórias entre si, quando a aplicação de uma
pública, bem como os princípios da moralidade adminis- deve, necessariamente, implicar a exclusão da outra. Para
trativa e da legalidade, a obrigatoriedade de dar publici- a solução dos conflitos entre regras, há classicamente o
dade aos atos administrativos e, como decorrência dos emprego dos critérios da hierarquia (vale a regra de maior
mesmos, a sujeição à realização de concursos para seleção hierarquia), da especialidade (a regra especial prevalece
de pessoal e de concorrência pública para a elaboração de sobre a geral) e da cronologia (a regra posterior revoga
acordos com particulares. a anterior), via de regra nessa ordem. Em se tratando de
Ao mesmo tempo em que as prerrogativas colocam a conflitos entre princípios, devem eles ser ponderados, bus-
Administração em posição de supremacia perante o par- cando-se, sempre que possível, alcançar solução que não
ticular, sempre com o objetivo de atingir o benefício da exclua por completo nenhum deles. “Assim, é possível que
coletividade, as restrições a que está sujeita limitam a sua um princípio seja válido e pertinente a determinado caso
atividade a determinados fins e princípios que, se não ob- concreto, mas que suas consequências jurídicas não sejam
servados, implicam desvio de poder e consequente nulida- deflagradas naquele caso, ou não o sejam inteiramente, em
de dos atos da Administração. razão da incidência de outros princípios também aplicáveis.
O conjunto das prerrogativas e restrições a que está Há uma ‘calibragem’ entre os princípios, e não a opção pela
sujeita a Administração e que não se encontram nas rela- aplicação de um deles”.
ções entre particulares constitui o regime jurídico adminis- A ponderação de princípios, portanto, é a técnica de
trativo. solução de conflitos nessa espécie normativa: o intérpre-
Muitas dessas prerrogativas e restrições são expressas te deve precisar quais princípios estão em jogo naquela
sob a forma de princípios que informam o direito público situação concreta e buscar um ponto intermediário (que
e, em especial, o Direito Administrativo. às vezes não será possível) em que se preserve a máxima
Já o professor Aragão nos ensina que: dentre as várias incidência de todos os princípios em jogo. Por exemplo,
definições de princípio jurídico, podemos aludir à clássica ao ponderar, de um lado, a liberdade de expressão e de
formulação de CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELO, que reunião de manifestantes que desejam fazer uma passeata,
o considera como “mandamento nuclear de um sistema, e, de outro, a liberdade de ir e vir dos demais cidadãos e
verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se a ordem urbana, a Administração Pública não deve nem

3
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

proibir de forma absoluta a passeata, nem permiti-la de O controle jurisdicional dos atos que violem a mora-
maneira indiscriminada, devendo, ao revés, por exemplo, lidade administrativa também pode ocorrer via promo-
admiti-la, mas apenas em metade das pistas da avenida ção da ação popular com a finalidade de invalidar o ato
onde se deseja fazer a manifestação. lesivo ou contrário à moralidade (art. 5°, LXXIII, CF; Lei n°
4.717/65).
São cinco os princípios constitucionais básicos da Ad- O princípio da impessoalidade está ligado ao princí-
ministração Pública: legalidade, impessoalidade, moralida- pio da isonomia, já o princípio da moralidade está ligado
de, publicidade e eficiência. ao princípio da lealdade e da boa-fé. Por isso o princípio
da moralidade rege o comportamento não só dos agentes
- Princípio da Legalidade: É o princípio basilar do Es- públicos, mas de todos aqueles que de qualquer forma se
tado de Direito. É a atuação da Administração Pública (ór- relacionam com a Administração Pública. Desta forma, os
gãos/agentes) dentro dos parâmetros definidos em lei, particulares também deverão agir com boa fé e honesti-
sendo vedada sua atuação sem prévia e expressa permis- dade, podendo também responder por ato que violem tal
preceito.
são legislativa.
- Princípio da Publicidade: É a atuação transparente
- Princípio da Impessoalidade: O princípio da impes-
dos atos da Administração Pública, facilitando seu contro-
soalidade é estudado sob três óticas diferentes: finalidade, le. O princípio constitucional oferece a oportunidade das
imputação e isonomia. pessoas de obterem informações, certidões e atestados
Sob a ótica da finalidade, é a atuação impessoal e ge- da Administração Pública, além de apresentarem petição
nérica da Administração Pública, visando à satisfação do sem o pagamento de taxas. Tais informações deverão se
interesse coletivo, sem corresponder ao atendimento do prestadas dentro do prazo estipulado sob pena de respon-
interesse exclusivo do administrado. Se aproveitar da pu- sabilidade.
blicidade governamental, custeado pelo erário público, O princípio da publicidade também determina que to-
para fazer promoção pessoal é ato de improbidade admi- dos os julgamentos realizados pelo Poder Judiciário sejam
nistrativa, pois viola o princípio da impessoalidade (Lei nº públicos. Mesmo que a publicidade seja a regra, existem
8.429/92). Os símbolos que são utilizados durante o pe- algumas informações que, mesmo possuindo um caráter
ríodo de campanha eleitoral não podem ser empregados coletivo, não podem ser prestadas à população em geral.
durante o governo, pois serve de promover a figura indi- Tais situações podem ser consideradas como verdadeiras
vidualizada do gestor, e não a instituição pública. Sob a exceções ao princípio da publicidade, permitindo a manu-
ótica da imputação, o ato praticado é atribuído ao órgão tenção do sigilo. São alguns exemplos: em nome da se-
(pessoa jurídica) e não ao agente público (pessoa física). gurança da sociedade e do estado, poderá ser negada a
Desta forma, a responsabilidade civil recairá sob a entidade publicidade (art. 5º, XXXIII, CF); atos processuais correm em
no qual o agente público emprega sua força de trabalho. sigilo na forma da lei, logo, o processo administrativo tam-
Porém, o direito de regresso oferece a possibilidade de a bém pode ser sigiloso (art. 5º, LX, CF).
pessoa jurídica agir contra o responsável pelo dano. Sob a - Princípio da Eficiência: Mesmo o Princípio da Eficiên-
ótica da isonomia, é o tratamento igualitário dispensado a cia tenha sido oficialmente inserido no texto constitucional
todos os administrados, independentemente de qualquer pela EC 19/98, denominada de reforma administrativa, os
interesse político. gestores públicos já utilizavam sua premissa como vetor
na condução do interesse público. Vale ressaltar que o art.
- Princípio da Moralidade: É a atuação administrati- 2º da Lei nº 9.784/99, responsável pela regulamentação
do processo administrativo na seara federal, também traz
va baseada na boa fé, em conformidade com a moral, os
a previsão da eficiência como princípio a ser necessaria-
princípios éticos e a lealdade, não podendo contrariar os
mente observado. Sob a ótica do agente público, significa
bons costumes, a honestidade e os deveres de boa admi-
afirmar que deve buscar a consecução do melhor resulta-
nistração. O princípio da moralidade não se refere a moral do possível. Sob a ótica da forma de organização, significa
comum, mas aquela moral tirada da conduta interna da afirmar que deve a Administração Pública atentar para os
Administração Pública. A moralidade comum é o certo e padrões modernos de gestão ou administração, vencendo
o errado, o correto e o incorreto, é o senso comum; já a o peso burocrático, atualizando-se e modernizando-se.
moralidade administrativa é mais rigorosa, é a boa-fé da
administração, é a melhor escolha possível, é uma adminis- Já em relação aos Princípios Constitucionais Explícitos,
tração eficiente. Logo, a moral relacionada ao princípio não estes ao longo do texto constitucional também podem ser
é a moral subjetiva, mas a moral jurídica, ligada a outros encontrados diversos princípios explícitos ligados a Admi-
princípios da própria Administração como também aos nistração Pública, auxiliando na boa condução da res co-
princípios gerais do direito. Quando a doutrina adminis- letiva.
trativista menciona a imoralidade administrativa na forma
qualificada ela está se referindo ao ato imoral configurado - Princípio do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV, CF):
como ato de improbidade (art. 37, § 4°, CF; Lei n° 8.429/92). O devido processo legal é aquele estabelecido em lei, con-
Todo ato imoral é também ato de improbidade, porém figurando uma verdadeira garantia para ambas as partes,
nem todo ato de improbidade é um ato imoral (art. 11, Lei onde visualizam um processo administrativo tipificado e
n° 8.429/92). determinado, sem supressão de atos essenciais.

4
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- Princípio do Contraditório: Contraditório é a ciência, Dentre eles estão o direito de denunciar irregularidades às
é a bilateralidade, é o conhecimento de todos os atos pra- ouvidorias e corregedorias junto aos órgãos públicos, o
ticados no processo administrativo. Deve ser dada a possi- acesso às informações sobre atos do governo, a represen-
bilidade das partes influírem no convencimento do magis- tação contra atos irregulares doas agentes públicos.
trado (binômio: ciência e participação). Para toda alegação
fática ou apresentação de prova, feito no processo por uma - Princípio da Motivação das Decisões Administrativas:
das partes, gera para o adversário o direito de se manifes- Os atos administrativos devem ser motivados. Como as
tar, ocasionando um equilíbrio entre a força imperativa do decisões exaradas na seara administrativa nada mais são
Estado e a manutenção do estado de inocência. do que atos administrativos dotados de caráter resolutivo,
também necessitam ser motivados.
- Princípio da Ampla Defesa: Ampla defesa é dar a
chance, a oportunidade para a outra parte envolvida no Em relação aos Princípios Constitucionais Implícitos,
litígio se defender das alegações realizadas. Deve ser asse- estes podem ser encontrados no decorrer do texto consti-
gurada a ampla possibilidade de defesa, lançando-se mão tucional e conforme o professor Marco Antonio Praxedes
dos meios e recursos disponíveis. A doutrina mais abaliza- de Moraes Filho são:
da costuma fazer uma divisão didática do assunto: deter-
mina a ampla defesa como o gênero, e nomeia a defesa - Princípio da Isonomia: Este princípio está disciplinado
técnica e autotutela como espécies. no art. 5º, caput da Constituição Federal. Na esfera admi-
nistrativa, significa afirmar a existência de um dever geral
- Princípio da Vedação da Prova Ilícita: Assim como na de prestar tratamento uniforme para todos aqueles que se
esfera jurisdicional, a produção probatória na área admi- encontrem em uma situação de igualdade e equivalência.
nistrativa também deve ser obtida de forma lícita, seguindo Podemos encontrar a incidência do princípio da isonomia
as normas previamente estabelecidas. servindo de fundamento valorativo para diversos institutos
administrativos, tais como o concurso público e a licitação
- Princípio da Presunção de Inocência: Na esfera admi- pública.
nistrativa também somos todos presumivelmente inocentes Todavia, seguindo as premissas aristotélicas, há inú-
até o trânsito em julgado da decisão final acusatória. Vale meras situações onde o princípio da isonomia recomenda
ressaltar que, mesmo exaurido a via administrativa, após o um tratamento diferenciado entre certos administrados,
trânsito em julgado da decisão, ainda é possível invocar a dependendo das condições pessoais destes. Por exemplo,
esfera jurisdicional, nos termos do princípio da inafastabi- reserva de vagas para portadores de deficiência em con-
lidade desta esfera. A presunção de inocência não significa cursos públicos, tempo de aposentadoria diferenciado para
afirmar intangibilidade dos investigados e cerceamento de mulheres, preferência no tratamento processual para ido-
medidas acautelatórias. Certos atos administrativos podem sos, dentre outros.
ser tomados a fim de melhor conduzir o processo inves- A verdadeira igualdade consiste em tratar-se igual-
tigativo no intuito de alcançar um julgamento mais justo. mente os iguais e desigualmente os desiguais na medida
- Princípio da Razoável Duração do Processo O princí- em que se desigualem.(Aristóteles).
pio da razoável duração do processo, também denomina- Igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e
do de princípio da celeridade processual, foi introduzido desigualmente os desiguais. (Rui Barbosa).
pela EC 45/04. A agilidade e a desburocratização do pro- No que tange a temática dos concursos públicos exis-
cesso devem caminhar sempre juntas com a manutenção tem diversos verbetes publicados onde são firmados os
das garantias fundamentais do cidadão. entendimentos já pacificados dos tribunais superiores tra-
zendo como pano de fundo o princípio da isonomia.
- Princípio do Concurso Público: O princípio do concur- - Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: Assegura a
so público tem por escopo preservar a moralidade pública, possibilidade de revisão das decisões judiciais, através do
pois através do sistema de mérito, com critérios objetivos sistema recursal, onde as decisões do Juízo a quo podem
e técnicos, seleciona aqueles candidatos mais preparados ser reapreciadas pelo juízo ad quem. É o direito que possui
para melhor desempenhar a função administrativa. a parte de buscar o reexame da causa por órgão jurisdicio-
nal de instância superior.
- Princípio da Licitação: A licitação pública tem conteú-
do principiológico na medida em que, através da escolha - Princípio do Interesse Público: A principal finalidade
da proposta mais vantajosa para a administração, assegu- da lei é a satisfação do interesse público. Cada norma tem
rando oportunidades iguais a todos os interessados, ga- por escopo a satisfação de um determinado interesse pú-
rante a observância da isonomia constitucional. blico. Podemos conceituar interesse público como sendo
aquele resultante do conjunto de interesses dos indivíduos
- Princípio da Participação Popular: O princípio da par- que compõe determinada sociedade.
ticipação popular é inerente ao próprio Estado Democrá- A doutrina mais abalizada e jurisprudência dos tribu-
tico de Direito, pois através de inúmeras ferramentas co- nais superiores costuma fazer uma distinção entre interesse
locadas à disposição da sociedade, o administrado exerce público primário e interesse público secundário. Enquanto
um maior controle sobre a condução do interesse público. o primeiro representa o interesse da coletividade, o segun-

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do reproduz o interesse da pessoa jurídica. O ideal é que os assunto em especial, como também funciona de vetor in-
interesses primários e secundários coincidam, andem sem- terpretativo para a Administração Pública. Dentre eles po-
pre juntos, fazendo com que as pretensões da população demos citar dois em especial, o princípio da supremacia
sejam de fato materializadas pelo gestor público. do interesse público e o princípio da indisponibilidade do
interesse público, pois mesmo sendo implícitos funcionam
- Princípio da Hierarquia: Os órgãos da Administração de referência para todos os demais.
Pública estão organizados com atribuições definidas em
lei, gerando entre eles uma relação de coordenação e su- - Princípio da Supremacia do Interesse Público: O
bordinação. Como consequência, surge a possibilidade de princípio da supremacia do interesse público retrata que
revisão dos atos subordinados, delegação e avocação de os interesses da coletividade possuem uma carga de im-
atribuições, aplicação de penalidades administrativas, den- portância maior do que os interesses dos particulares. Esta
tre outros. Essa relação de hierarquia é encontrada apenas superioridade do interesse estatal em face dos interesses
na seara administrativa, não havendo sua incidência nas privados é plenamente justificável em decorrência da fun-
esferas legislativas e jurisdicionais quando exercidas suas ção coletiva das ações dos agentes públicos.
funções típicas. A fim de legitimar a desigualdade jurídica entre o
exercício da função estatal e a esfera privada, o ordena-
- Princípio da Presunção de Legitimidade: Os atos ad- mento jurídico prevê uma série de prerrogativas inerentes
ministrativos gozam de uma presunção de legitimidade, ao Poder Público, tais como a presunção de legitimidade
ou seja, de que foram praticados em conformidade com o dos atos administrativos, a desapropriação, a requisição
ordenamento jurídico. A fundamentação reside no fato de de bens, os prazos processuais diferenciados, as cláusulas
que os atos da seara administrativa existem para aplicar a exorbitantes em contratos administrativos, dentre outros.
lei, dar materialidade e concretude à norma em abstrato. Há uma necessidade existencial da inafastabilidade
Desta forma, tendo em vista seu caráter exclusivamente de desta supremacia para a convivência harmônica em socie-
execução, tais atos são dotados do benefício democrático dade. Um dos elementos que compõe a formação do Es-
da legitimidade. tado é o poder soberano, ou seja, não basta o mero poder
formal, ele precisa se alocar em uma posição diferenciada
- Princípio da Especialidade: Com a evolução das so- para fazer valer sua vontade. Desta forma, a existência de
ciedades modernas e a complexidade das relações verti- uma força superior conduzindo a vontade coletiva é ine-
calizadas, o Estado vem se desobrigando de uma série de rente à própria estrutura originária do estado.
obrigações, repassando tais incumbências para órgãos pú- O exercício do poder de polícia é uma das mais claras
blicos especializados ou para a iniciativa privada. O princí- manifestações da supremacia da vontade do Estado e do
pio da especialidade pode ser facilmente detectado no art. interesse coletivo.
37, XIX da Constituição Federal de 1988 com a criação das
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de - Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: O
economia mista. princípio da indisponibilidade do interesse público retrata
que o interesse da coletividade não pode ser afastado em
- Princípio da Autotutela: Também denominado de decorrência do interesse dos gestores estatais. O interes-
princípio da sindicabilidade, significa afirmar que a Admi- se público é indisponível, é obrigado a ser seguido, não
nistração Pública tem o poder de regular e verificar seus podendo ser dispensado em face do proveito alheio. No
próprios atos sem a necessidade da provocação jurisdi- exercício da função pública os agentes públicos agem não
cional. Esta possibilidade conferida ao Estado de rever e em nome próprio, mas em nome da coletividade, fazendo
corrigir seus próprios atos administrativos pode ocorrer valer o interesse coletivo. Por exemplo, não pode deixar de
mediante um controle de legalidade, ocasionando a anu- realizar concurso quando necessário, não pode deixar de
lação do ato,ou um controle de mérito, ocasionando uma licitar quando necessário, dentre outros.
revogação do ato.
Porém, entende-se que não se trata de uma simples
faculdade, mas de uma obrigação, tendo em vista ao inte- ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA
resse público em análise. Desta forma, o princípio da au- UNIÃO: ADMINISTRAÇÃO DIRETA E
totutela contém, na verdade, um poder-dever de verificar e
INDIRETA.
rever seus próprios atos.
- Princípios Infraconstitucionais Explícitos: O ordena-
mento jurídico administrativo revela inúmeros princípios
explícitos, servindo para regulamentar aquela temática em
especial, como também funciona de vetor interpretativo Administração Pública Direta
para a Administração Pública. Administração Pública direta é aquela formada pelos
entes integrantes da federação e seus respectivos órgãos.
- Princípios Infraconstitucionais Implícitos: O ordena- Os entes políticos são a União, os Estados, o Distrito Fede-
mento jurídico administrativo também revela inúmeros ral e os Municípios. À exceção da União, que é dotada de
princípios implícitos, servindo para regulamentar aquele soberania, todos os demais são dotados de autonomia.

6
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A administração direta é formada por um conjunto de Administração Pública Indireta


núcleos de competências administrativas, os quais já foram A Administração Pública indireta pode ser definida
tidos como representantes do poder central (teoria da re- como um grupo de pessoas jurídicas de direito público ou
presentação) e como mandatários do poder central (teoria privado, criadas ou instituídas a partir de lei específica, que
do mandato). Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto atuam paralelamente à Administração direta na prestação
Giërke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos ad- de serviços públicos ou na exploração de atividades econô-
ministrativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas micas. Em que pese haver entendimento diverso registrado
que podem ser organizados por decretos autônomos do em nossa doutrina, integram a Administração indireta do
Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de personali- Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a saber: as Au-
dade jurídica própria. tarquias, as Fundações, as Sociedades de Economia Mista e
Assim, os órgãos da Administração direta não possuem as Empresas Públicas. Ao lado destas, podemos encontrar
patrimônio próprio; e não assumem obrigações em nome ainda entes que prestam serviços públicos por delegação,
próprio e nem direitos em nome próprio (não podem ser embora não integrem os quadros da Administração, quais
autor nem réu em ações judiciais, exceto para fins de man- sejam, os permissionários, os concessionários e os autori-
dado de segurança – tanto como impetrante como quan- zados.
to impetrado). Já que não possuem personalidade, atuam Essas quatro pessoas integrantes da Administração
apenas no cumprimento da lei, não atuando por vontade indireta serão criadas para a prestação de serviços públi-
própria. Logo, órgãos e agentes públicos são impessoais cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômicas,
quando agem no estrito cumprimento de seus deveres, como no caso das empresas públicas e sociedades de eco-
não respondendo diretamente por seus atos e danos. nomia mista, e atuam com o objetivo de aumentar o grau
Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res- de especialidade e eficiência da prestação do serviço públi-
ponsabilidade a agentes públicos ou órgãos públicos que co ou, quando exploradoras de atividades econômicas, vi-
estejam exercendo atribuições da Administração direta é sando atender a relevante interesse coletivo e imperativos
denominada teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke, da segurança nacional.
que institui o princípio da impessoalidade. Com efeito, de acordo com as regras constantes do
Quanto se faz desconcentração da autoridade central artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só po-
– chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara com
derá explorar atividade econômica a título de exceção, em
diversos níveis de órgãos, que podem ser classificados em
duas situações, conforme se colhe do caput do referido ar-
simples ou complexos (simples se possuem apenas uma
tigo, a seguir reproduzido:
estrutura administrativa, complexos se possuem uma rede
Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons-
de estruturas administrativas) e em unitários ou colegiados
tituição, a exploração direta de atividade econômica pelo
(unitário se o poder de decisão se concentra em uma pes-
Estado só será permitida quando necessária aos imperati-
soa, colegiado se as decisões são tomadas em conjunto e
vos de segurança nacional ou a relevante interesse coleti-
prevalece a vontade da maioria):
a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou es- vo, conforme definidos em lei.
trutura do Estado, gozando de independência para agir e Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras cons-
não se submetendo a outros órgãos. Cabe a eles definir as titucionais e em razão dos fins desejados pelo Estado, ao
políticas que serão implementadas. É o caso da Presidên- Poder Público não cumpre produzir lucro, tarefa esta de-
cia da República, órgão complexo composto pelo gabinete, ferida ao setor privado. Assim, apenas explora atividades
pela Advocacia-Geral da União, pelo Conselho da Repúbli- econômicas nas situações indicadas no artigo 173 do Texto
ca, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois o Presidente Constitucional. Quando atuar na economia, concorre em
da República é o único que toma as decisões). grau de igualdade com os particulares, e sob o regime do
b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do artigo 170 da Constituição, inclusive quanto à livre concor-
poder, com autonomia funcional, porém subordinados po- rência, submetendo-se ainda a todas as obrigações cons-
liticamente aos independentes. É o caso de todos os minis- tantes do regime jurídico de direito privado, inclusive no
térios de Estado. tocante às obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tri-
c) Órgãos superiores – são desprovidos de autonomia butárias.
ou independência, sendo plenamente vinculados aos ór-
gãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional do Trabalho, vin- Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades
culada ao Ministério do Trabalho e Emprego; Departamen- de economia mista
to da Polícia Federal, vinculado ao Ministério da Justiça.
d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima Autarquias
deles com plena subordinação administrativa. Ex.: órgãos As autarquias são pessoas jurídicas de direito públi-
que executam trabalho de campo, policiais federais, fiscais co, de natureza administrativa, criadas para a execução de
do MTE. serviços públicos, antes prestados pelas entidades estatais
ATENÇÃO: O Ministério Público, os Tribunais de Contas que as criam. Contam com patrimônio próprio, constituído
e as Defensorias Públicas não se encaixam nesta estrutura, a partir de transferência pela entidade estatal a que se vin-
sendo órgãos independentes constitucionais. Em verdade, culam, portanto, capital exclusivamente público. Logo, as
para Canotilho e outros constitucionalistas, estes órgãos autarquias são regidas integralmente pelo regime jurídico
não pertencem nem mesmo aos três poderes. de direito público, podendo, tão-somente, ser prestado-

7
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ras de serviços públicos, contando com capital oriundo da Podemos citar, a título de exemplo, algumas empre-
Administração direta. A título de exemplo, citamos as se- sas públicas, nas mais variadas esferas de governo, como
guintes autarquias: Instituto Nacional de Colonização e Re- o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
forma Agrária (Incra), Instituto Nacional do Seguro Social (BNDES); a Empresa Municipal de Urbanização de São Pau-
(INSS), Departamento Nacional de Estradas de Rodagem lo (EMURB); a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
(DNER), Conselho Administrativo de Defesa Econômica (ECT); a Caixa Econômica Federal (CEF).
(CADE), Departamento nacional de Registro do Comércio Agências reguladoras
(DNRC), Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), São figuras muito recentes em nosso ordenamento ju-
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Na- rídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de regime
turais Renováveis (Ibama), Banco Central do Brasil (Bacen). especial, são pessoas jurídicas de Direito Público com ca-
Fundações pacidade administrativa, aplicando-se a elas todas as re-
As Fundações são pessoas jurídicas compostas por um gras das autarquias.
patrimônio personalizado, destacado pelo seu instituidor Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execução
para atingir uma finalidade específica, denominadas, em de serviços públicos. Elas não executam o serviço propria-
latim, universitas bonorum. mente, elas o fiscalizam.
Essa definição serve para qualquer fundação, inclusive
para aquelas que não integram a Administração indireta Entidades Paraestatais
(não-governamentais). No caso das fundações que inte- Entidades paraestatais “são aquelas pessoas jurídicas
gram a Administração indireta (governamentais), quando que atuam ao lado e em colaboração com o Estado. [...] Há
forem dotadas de personalidade de direito público, serão juristas que entendem serem entidades paraestatais aque-
regidas integralmente por regras de direito público. Quan- las que, tendo personalidade jurídica de direito privado
do forem dotadas de personalidade de direito privado, se- (não incluídas, pois, as autarquias), recebem amparo oficial
rão regidas por regras de direito público e direito privado. do Poder Público, como as empresas públicas, as socieda-
des de economia mista, as fundações públicas e as enti-
Sociedades de economia mista dades de cooperação governamental (ou serviços sociais
As sociedades de economia mista são pessoas jurídi- autônomos), como o SESI, SENAI, SESC, SENAC etc. Outros
cas de Direito Privado criadas para a prestação de servi- pensam exatamente o contrário: entidades paraestatais se-
ços públicos ou para a exploração de atividade econômica, riam as autarquias. Alguns, a seu turno, só enquadram nes-
contando com capital misto e constituídas somente sob a sa categoria as pessoas colaboradoras que não se preorde-
forma empresarial de S/A. na a fins lucrativos, estando excluídas, assim, as empresas
As sociedades de economia mista são: pessoas jurídi-
públicas e as sociedades de economia mista. Para outros,
cas de Direito Privado, exploradoras de atividade econômi-
ainda, paraestatais seriam as pessoas de direito privado
ca ou prestadoras de serviços públicos, empresas de capital
integrantes da Administração Indireta, excluindo-se, por
misto, constituídas sob forma empresarial de S/A.
conseguinte, as autarquias, as fundações de direito público
Alguns exemplos de sociedade mista:
e os serviços sociais autônomos. Por fim, já se considerou
- Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil
que na categoria se incluem além dos serviços sociais au-
e Banespa.
tônomos até mesmo as escolas oficializadas, os partidos
- Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp,
Metrô, CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacio- políticos e os sindicatos, excluindo-se a administração in-
nal Urbano) e CPOS (Companhia Paulista de Obras e Servi- direta. Na prática, tem-se encontrado, com frequência, o
ços, empresa responsável pelo gerenciamento da execução emprego da expressão empresas estatais, sendo nelas en-
de contratos que envolvem obras e serviços públicos no quadradas as sociedades de economia mista e as empresas
Estado de São Paulo). públicas. Há também autores que adotam o referido sen-
Empresas públicas tido” . Para o autor que se toma como referencial teórico,
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Pri- “deveria abranger toda pessoa jurídica que tivesse vínculo
vado, criadas para a prestação de serviços públicos ou para institucional com a pessoa federativa, de forma a receber
a exploração de atividades econômicas, que contam com desta os mecanismos estatais de controle. Estariam, pois,
capital exclusivamente público, e são constituídas por qual- enquadradas como entidades paraestatais as pessoas da
quer modalidade empresarial, após autorização legislativa administração indireta e os serviços sociais autônomos” .
do ente federativo criador.
Sendo a empresa pública uma prestadora de serviços
públicos, estará submetida a regime jurídico público, ainda
que constituída segundo o modelo imposto pelo Direito
Privado. Se a empresa pública é exploradora de atividade
econômica, estará submetida a regime jurídico denomina-
do pela doutrina como semi público, ante a necessidade de
observância, ao menos em suas relações com os adminis-
trados, das regras atinentes ao regime da Administração, a
exemplo dos princípios expressos no “caput” do artigo 37
da Constituição Federal.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Servidores Temporários
AGENTES PÚBLICOS: ESPÉCIES E São aqueles contratados para atender a situações tran-
CLASSIFICAÇÃO; PODERES, DEVERES E sitórias e excepcionais (art. 37, IX, CF).
PRERROGATIVAS; CARGO, EMPREGO E CF/88
FUNÇÃO PÚBLICOS; REGIME JURÍDICO Art. 37. (...)
IX – a lei estabelecerá os casos de contratação por tem-
ÚNICO: PROVIMENTO, VACÂNCIA,
po determinado para atender a necessidade temporária de
REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E excepcional interesse público;
SUBSTITUIÇÃO; DIREITOS E VANTAGENS; Lei n° 8.745/93
REGIME DISCIPLINAR; RESPONSABILIDADE Dispõe sobre a contratação por tempo determinado
CIVIL, CRIMINAL E ADMINISTRATIVA. para atender a necessidade temporária de excepcional in-
teresse público.
Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
Para este tópico traremos os ensinamentos do pro-
fessor Marco Antonio Praxedes de Moraes Filho, no qual em lei, assim como aos estrangeiros na forma da lei (art.
conceitua agente público como sendo: é uma terminologia 37, I, CF).
genérica que representa a existência de um vínculo jurídico A investidura em cargos ou empregos públicos depen-
-profissional entre qualquer pessoa física e o Poder Públi- de de aprovação prévia em concurso público de provas ou
co. Desta forma, toda pessoa física que, a qualquer título, de provas e títulos, de acordo com a natureza e a com-
exerça funções públicas é considerada agente público. plexidade do cargo ou emprego. Excepcionalmente, as no-
meações para cargo em comissão declarado em lei de livre
Agentes Políticos nomeação e exoneração, não exige aprovação em concur-
São os componentes do Governo nos seus primeiros so público (art. 37, II, CF, com redação dada pela Emenda
escalões, investidos de cargos, funções, mandatos ou co- Constitucional nº 19, de 1998).
missões, por nomeação, eleição, designação ou delegação CF/88
para o exercício das atribuições constitucionais. Art. 37.(...)
São eles: II -a investidura em cargo ou emprego público depen-
- Chefes do Executivo (Presidente da República, Go- de de aprovação prévia em concurso público de provas ou
vernador dos Estados e Distrito Federal e Prefeitos Munici- de provas e títulos, de acordo com a natureza e a comple-
pais), seus auxiliares diretos (Ministros de Estado, Secretá- xidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, res-
rios de Estado e Secretários Municipais); salvadas as nomeações para cargo em comissão declarado
- Membros do Poder Legislativo (Senadores da Repú- em lei de livre nomeação e exoneração;
blica, Deputados Federais, Deputados Estaduais, Deputa- O prazo de validade do concurso público será de até
dos Distritais e Vereadores); dois anos, prorrogáveis uma vez, por igual período (art. 37,
- Membros do Poder Judiciário (Magistrados); III, CF). A prorrogação da validade do concurso é um ato
- Membros do Ministério Público (Procuradores da Re- discricionário da Administração Pública.
pública, Procuradores de Justiça e Promotores de Justiça); As nomeações observarão a ordem de classificação
- Membros dos Tribunais de Contas (Ministros e Con- (art. 37, IV, CF). Regra geral, o aprovado em concurso pú-
selheiros);
blico tem apenas expectativa de direito quanto a investi-
- Representantes Diplomáticos.
dura no cargo, ficando a critério da Administração Pública
Servidores Públicos Civis realizar as nomeações. Porém, há diversos julgamentos do
São aqueles incumbidos do exercício da função admi- STF relatando certas situações ocorridas no mundo dos fa-
nistrativa civil (não militar), regidos pelas normas do art. tos concedendo direito adquirido aos aprovados em con-
39 da Constituição Federal, sujeitos ao regime estatutário. curso público. Ex. aprovado dentro do número de vagas.
A necessidade da realização de exame psicotécnico em
Servidores Públicos Militares concursos públicos precisa estar previamente estabelecida
São aqueles que integram as carreiras militares dos Es- e lei e deverá ser pautada e critérios objetivos.
tados, do Distrito Federal e Territórios e das Forças Arma- Súmula 686, STF
das (art. 42, CF; art. 142, § 3°, CF). Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a ha-
Estados / DFT Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Mi- bilitação de candidato a cargo público.
litar A lei deverá reservar percentual dos cargos e empre-
Forças Armadas Exército, Marinha e Aeronáutica gos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
definirá os critérios de sua admissão (art. 37, VIII, CF). Ex.
Empregados Públicos O art. 5° da Lei n° 8.112/90 reserva em até 20% das vagas
São aqueles ocupantes de emprego público, remu- para portadores de deficiência.
nerados por salários e sujeitos às regras da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT). Em regra, são os vinculados às Acumulações
Empresas Estatais (Empresas Públicas e Sociedade de Eco- É vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
nomia Mista). cos (art. 37, XVI, CF).

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- REGRA Outra modalidade de aposentadoria é a compulsória,


Acumulação Proibida com proventos proporcionais ao tempo de serviço, quando
- EXCEÇÃO o servidor completar setenta anos de idade, “proventos estes
que, não obstante, poderá atingir aritmeticamente a remune-
Estabilidade ração integral da ativa se já houver atingido o servidor o refe-
Para os agentes públicos em geral, são estáveis após rido tempo máximo de contribuição.” (ARAÚJO, 2010, p. 329)
três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para Alexandre de Moraes (2011, p.395) destaca que “o Su-
cargo de provimento efetivo em virtude de concurso públi- premo Tribunal Federal alterou seu posicionamento anterior,
co (art. 41, caput, CF). pacificando a inaplicabilidade das regras da aposentadoria
Todavia, para os Magistrados e Membros do Ministério compulsória em virtude de idade aos notários referidos no
Público a estabilidade recebe o nome especial de vitalicie- art. 236 da Constituição Federal.”
dade, sendo adquirida após dois anos de exercício (art. 95, Por fim, a aposentadoria voluntária, desde que cumprido
tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço
I, CF; art. 128, § 1°, I,CF).
público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a apo-
sentadoria, observadas as seguintes condições: a) sessenta
Responsabilidade
anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e
A prática de ato ilícito pelo agente público no exercício cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição, se
de suas funções pode ensejar a responsabilidade civil, cri- mulher. Os requisitos de idade e de tempo de contribuição
minal e administrativa. serão reduzidos em cinco anos, para o professor que com-
A regra é a independência/autonomia entre as três prove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções
esferas. Todavia, se o agente público for absolvido crimi- de magistério na educação infantil e no ensino fundamental
nalmente por duas situações especiais também deverá ser e médio; b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e
absolvido nas demais esferas. sessenta anos de idade, se mulher, com proventos propor-
Conforme artigo científico de Hálisson Rodrigo Lopes cionais ao tempo de contribuição.
três são as modalidades de aposentadoria, conforme dis- Por sua vez, Alexandre Mazza (2011, p.450) adverte que
posto nos incisos I a III, do art. 40 da Constituição Federal, “em relação aos servidores que cumpriram todos os requi-
abaixo explicitadas: sitos até a data de promulgação da Emenda nº 42/2003, a
Aposentadoria por invalidez permanente, sendo os aposentadoria será calculada, integral e proporcionalmente,
proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto de acordo com a legislação vigente antes da emenda. Entre-
se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional tanto, quanto aos demais servidores públicos, não há mais
ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei. possibilidade de aposentadoria com proventos integrais,
Tais condições decorrem de fato mórbido que impede o passando seu valor a sujeitar-se aos patamares do regime
servidor de desempenhar as funções previstas para o cargo geral de previdência”.
provido.
No caso das exceções acima, “os proventos serão inte- Cargo, Emprego e Função Pública
grais, sendo absolutamente irrelevante a idade do servidor Doutrinadores conceituam quadro funcional como sen-
e o seu tempo de contribuição.” (GASPARINI, 2008, p. 206) do o conjunto de carreiras, cargos isolados e funções públi-
A Lei nº 8.112, de 11 de dezembro 1990, que dispõe cas de uma mesma pessoa jurídica. Desta forma podemos
sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da afirmar que Cargo é uma pequena parte da organização
União, das autarquias e das fundações públicas federais, funcional da Administração, o menor centro de competência,
ocupada por servidor público estatutário, ao qual é atribuído
informa no art. 186, § 1º, quais as doenças que justificam
um conjunto de atribuições previstas em lei, que constituirá a
a invalidez permanente, visando à aposentadoria, senão
sua competência (cf. definição, ligeiramente diferente, da Lei
vejamos: tuberculose ativa, alienação mental, esclerose
n. 8.112/90, art. 2º).
múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso O professor Aragão afirma que: um dos elementos mais
no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença importantes dos quadros funcionais são as carreiras: carreira
de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espon- é o conjunto de classes funcionais, por sua vez composta de
diloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avan- cargos, cujos ocupantes têm a possibilidade de ir galgando
çados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de de uma classe para a outra, o que constitui a progressão fun-
Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei indi- cional (ex.: na carreira há três classes, cada uma delas com um
car, com base na medicina especializada. número de cargos. A nomeação do concursado se dá na 3ª
Já no art. 212, da legislação supracitada, salienta classe e, atendendo a determinadas condições, ele vai sendo
que: configura acidente em serviço o dano físico ou mental promovido para os cargos de 2ª e de 1ª classes sucessiva-
sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou ime- mente).
diatamente, com as atribuições do cargo exercido, equipa- Para ele; os cargos que integram classes funcionais são
rando ao acidente em serviço o dano decorrente de agres- chamados sucessivamente cargos de carreira. Mas há tam-
são sofrida e não provocada pelo servidor no exercício do bém os chamados cargos isolados que, apesar de integrarem
cargo; sofrido no percurso da residência para o trabalho e o quadro funcional geral do ente, não pertencem a qualquer
vice-versa. carreira, não ensejando, consequentemente, progressão
funcional. São cargos de natureza estanque (ex.: Ministro
do TCU).

10
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Desta forma todo cargo é composto de funções pró- Apesar de terem muitas conexões, o instituto da efeti-
prias, mas nem toda função pública pressupõe a existência vidade não se confunde com o da estabilidade. O empos-
de um cargo na qual deva estar alocada. Nos ensina o auto sado em cargo efetivo de pronto já tem efetividade, que é
que: há funções públicas sem cargo: as funções gratifica- concernente à natureza do cargo que ocupa, mas só terá
das, pelas quais o servidor com vínculo permanente perce- estabilidade após três anos. A efetividade do cargo é um
be remuneração pelo desempenho da atividade (art. 37, V); dos principais requisitos para a obtenção da estabilidade.
e as funções temporárias (art. 37, IX). Os empregados pú- Até a Reforma Administrativa, da EC n. 19/1998, o pra-
blicos também exercem função pública sem ocupar cargos, zo para a aquisição de estabilidade era o mesmo da vitali-
possuindo emprego público, que é a relação jurídica traba- ciedade – dois anos.
lhista estabelecida com o Estado, pela qual se incumbe e se As causas taxativamente previstas na CF como ense-
habilita ao exercício de determinadas funções, mas, como jadoras da perda do cargo pelo servidor estável são as se-
não têm uma relação estatutária, não ocupam cargos. guintes:
Utilizaremos a classificação do referido autor para a (a) Decisão judicial transitada em julgado, prevista no
explicação e diferenciação de cargo, emprego e função pú- art. 41, §1º, I (única hipótese, como vimos acima, que tam-
blica, conforme segue: bém é de perda do cargo vitalício);
Classificação dos cargos públicos (b) Decisão em processo administrativo com ampla de-
Tendo em vista a situação dos cargos diante do quadro fesa e contraditório (art. 41, §1º, II);
funcional, já vimos no tópico anterior que há os cargos de (c) Avaliação periódica de desempenho, conforme pre-
carreira e os cargos isolados. visto em lei complementar de cada ente e assegurado o
Sob o prisma das garantias de permanência nos car- contraditório. O art. 41, §1º, III, que prevê essa hipótese de
gos, eles podem agrupar-se em três categorias: 1) vitalí- perda do cargo pelo servidor estável, é, portanto, norma de
cios; 2) efetivos; e 3) em comissão. eficácia limitada, ou seja, cuja eficácia está condicionada à
1) Cargos vitalícios edição da lei complementar nela referida. CELSO ANTÔNIO
São os cargos que oferecem maior garantia de per- BANDEIRA DE MELLO sustenta que esta hipótese deve ser
manência aos seus ocupantes, já que, após adquirida a entendida como apenas os casos em que a insuficiência
vitaliciedade, só podem perder o cargo mediante decisão já seria de tal monta que de qualquer forma já ensejaria a
judicial transitada em julgado. Dirige-se a servidores pú- demissão prevista no inciso II;
blicos previstos constitucionalmente que exercem elevadas (d) Necessidade de redução de despesas para cumpri-
funções de controle, e que, por isso, devem ter garantida mento do percentual de 60% da receita corrente líquida
de forma reforçada a sua independência. com despesas de pessoal, na forma do art. 169 c/c o art.
A vitaliciedade é de previsão constitucional expressa. 247, CF, art. 33 da Emenda Constitucional n. 19/98, regu-
Na vigente ordem constitucional, são vitalícios os cargos lamentado pelos arts. 18 e 20 da Lei de Responsabilidade
dos magistrados (art. 95, I), dos membros do Ministério Pú- Fiscal (Lei Complementar n. 101/00) e pela Lei n. 9.801/99.
blico (art. 128, § 5º, I, a) e dos Tribunais de Contas (art. 73, O servidor estável que perder o cargo por essa razão,
§ 3º). de cunho financeiro-orçamentário, terá direito a indeniza-
Via de regra, a vitaliciedade é adquirida após dois anos ção na forma do § 5º do art. 169, CF (um mês de remune-
de exercício do cargo, mas, nos casos em que a nomeação ração por ano de serviço). O seu cargo é definitivamente
não se dá por concurso, é adquirida desde o início do exer- extinto, e ele nem ficará em disponibilidade (ver conceito
cício (ex.: Ministros do STF e do TCU). adiante), desligando-se, outrossim, definitivamente do ser-
2) Cargos efetivos viço público (169, § 6º).
São os cargos que possuem caráter de permanência, Quanto à diferença entre a vitaliciedade e estabilidade,
mas um pouco menos forte que a existente nos cargos vi- diz HELY LOPES MEIRELLES que a vitaliciedade é no cargo
talícios. São a grande maioria dos cargos dos quadros fun- e a estabilidade, no serviço público. CARMEN LÚCIA AN-
cionais. TUNES DA ROCHA entende que esta distinção, apesar de
Os ocupantes de tais cargos, após três anos de efetivo tradicionalmente repetida, não é procedente, já que não
exercício, adquirem estabilidade, em razão da qual só po- há vínculo genérico com o serviço público, mas sim com
derão perder o cargo pelas causas taxativamente previstas determinado cargo. Neste sentido, caracteriza a vitalicieda-
na Constituição. A estabilidade é o direito de o servidor de simplesmente como uma “estabilidade especial”, mais
estatutário, investido em cargo efetivo, permanecer no ser- fácil (dois em vez de três anos) de ser adquirida e revestida
viço público após três anos de efetivo exercício e desempe- de maiores proteções (perda só com decisão transitada em
nho avaliado positivamente por Comissão (art. 41), ou seja, julgado).
não basta o decurso do tempo, devendo haver também o Como a Constituição Federal, ao tratar da estabilidade
juízo positivo expresso da comissão de avaliação do está- (art. 41), refere-se apenas à nomeação (não a contratação)
gio probatório. e a cargos (não a empregos), não há de se falar da estabi-
Mas, mesmo durante o estágio probatório, o servidor lidade para os servidores trabalhistas, ressalvadas algumas
não pode ser exonerado ou demitido sem inquérito ou sem restrições à sua dispensa, já que o fato de os empregados
as formalidades legais de apuração de suas capacidades, públicos não terem estabilidade não quer dizer que a sua
inclusive com ampla defesa (Súmula n. 21, STF, e art. 5º, dispensa possa ser arbitrária, desmotivada ou desrespeito-
IV, CF). sa dos princípios da Administração Pública. Não que seja

11
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

admissível apenas a sua dispensa com justa causa, mas de- de legislativa, foi sindicada pelo Poder Judiciário: na ADI n.
vem ser adotados critérios motivados, razoáveis e igualitá- 3.233, o Pleno declarou a inconstitucionalidade, por viola-
rios na definição de quais empregados serão dispensados ção ao art. 37, II, da Constituição Federal, do art. 1º, caput
e quais não o serão. O art. 3º da Lei n. 9.962/00 adotou esta e incisos I e II, da Lei n.6.600/98; do art. 5º da Lei Comple-
doutrina. mentar n. 57/03 e das Leis n. 7.679/04 e n. 7.696/04, todas
3) Cargos em comissão do Estado da Paraíba, que criaram funções de confiança
Os cargos em comissão, também chamados de cargos denominadas “agente judiciário de vigilância”, posterior-
de confiança, ao contrário dos anteriores, não possuem mente denominadas “assessor de segurança”. Entendeu
qualquer caráter de permanência, sendo de livre nomeação que referidas funções não exigiam habilidade profissional
(independem de concurso público) e exoneração (despida específica, também não sendo funções dotadas de poder
de qualquer formalidade ou condição) – art. 37, II, in fine. de comando, e, portanto, não poderiam ser consideradas,
O art. 37, V, tratou de forma distinta as funções de ainda que por Lei “funções de confiança”, a serem preen-
confiança e os cargos de confiança: aquelas só podem ser chidas sob a forma de cargos em comissão, e, por conse-
exercidas por ocupantes de cargo efetivo; e os cargos de guinte, sem concurso público.
confiança podem ser exercidos por pessoas “extraquadros”, Apesar de a expressão “função de confiança” ser real-
respeitados apenas os percentuais mínimos previstos em mente um conceito jurídico indeterminado, é possível a sua
lei destinados obrigatoriamente a servidores efetivos. Em sindicabilidade à luz das normas constitucionais, sobretudo
outras palavras, “os cargos em comissão representam as em hipóteses como a acima aventada, que claramente não
mais elevadas responsabilidades a serem exercidas sob a se enquadrava no referido conceito – ou seja, encontrava-
fidúcia da autoridade nomeante e, em linha de princípio, se na zona de certeza negativa do conceito, que “desti-
podem recair sobre quaisquer destinatários, servidores ou na-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessora-
não, desde que preencham as condições legais ou regula- mento” (art. 37, V, CF). Não basta obviamente a lei apenas
mentares preestabelecidas pelo Poder Público. Por outro dar o nome de “assessor”.
lado, a legislação infraconstitucional deverá contemplar Por fim, dentro da espécie dos cargos de confiança,
uma reserva de tais cargos para os servidores organizados poderíamos também incluir os cargos de provimento por
em carreira (CF/88, art. 37, V). As funções de confiança, de prazo determinado, vedada a exoneração ad nutum (ex.:
outra banda, aparecem na estrutura administrativa esca- os dirigentes das agências reguladoras, Chefes dos Mi-
lonadas imediatamente abaixo dos cargos em comissão e nistérios Públicos e os reitores de universidades públicas).
são exclusivas dos servidores ocupantes de cargos efetivos ODETE MEDAUAR os denomina de “cargos ocupados por
de qualquer esfera governamental”. Inerente às funções de mandato”. Pelo entendimento do STF (ADI n. 1.949), não
confiança e aos cargos em comissão está o grau de fidúcia há propriamente uma “estabilidade temporária”, mas sim
esperado de ocupante de ambos, sendo necessária uma uma limitação legal do poder de exoneração às hipóteses
relação de confiança qualificada, superior àquela ordinaria- de falta grave, após prévio contraditório. Não se exige, na-
mente já exigida. turalmente, fatos da mesma gravidade que os necessários
Com efeito, há de existir na criação de cargos em co- para demitir servidores estáveis. O vínculo não é tão forte,
missão uma fidúcia pessoal diferente daquela que é exigí- e, por exemplo, a demonstração objetiva da ineficiência do
vel de todo indivíduo que ocupe uma posição no organo- servidor ocupante de cargo em comissão por prazo deter-
grama da Administração, seja por determinação do regime minado seria suficiente para levar à sua exoneração.
estatutário que lhe seja aplicável, seja pelas normas da le- A criação é a formação de novos cargos, empregos ou
gislação trabalhista que determinam ao empregado agir de funções públicas no quadro funcional. Na extinção, eles
forma leal com o empregador. são suprimidos, não precisando ser feita diretamente pela
O art. 37, V, in fine, reafirmando posição doutrinária lei, mas pelo Chefe do Poder Executivo desde que o cargo
já existente, dispõe que não é qualquer cargo que a Lei esteja vago (art. 84, VI).
pode considerar de confiança, mas apenas os de direção, Já pela transformação, dá-se a extinção e criação con-
chefia e assessoramento. Para EDMIR NETTO DE ARAUJO, a comitante de cargos, funções ou empregos públicos. Uma
elas deveriam ser acrescentadas as funções de “consultoria posição desaparece para dar lugar a outra(s) posição(s) no-
e assistência”, que não foram contempladas, ou por uma va(s).
omissão do Constituinte, ou ainda por poderem ser impli- Como o art. 61, § 1º, II, a, se refere à lei de iniciativa do
citamente retiradas da terminologia “assessoramento”, o Chefe do Poder Executivo apenas para a criação de car-
que, entretanto, não seria tecnicamente preciso. gos, funções e empregos públicos na Administração Direta
A exigência constitucional de que os cargos comis- e nas autarquias, não se referindo às entidades de direito
sionados sejam reservados a situações de direção, chefia privado da Administração Indireta, os empregos nessas en-
e assessoramento demonstra que somente posições com tidades podem ser criados sem lei, atendidas as normas de
uma carga de responsabilidade e fidúcia reforçadas justifi- supervisão ministerial e os seus orçamentos.
cam a exceção ao dever de realizar concurso público para o Assim, a ausência de menção às estatais no referido
preenchimento de vagas na Administração Pública. dispositivo constitucional demonstra que o Constituinte,
Vale nesse sentido comentar uma importante decisão atento à natureza empresarial dessas entidades, dispen-
do STF sobre a criação de cargos em comissão, matéria sou-as da necessidade de lei para criação e extinção de
que, embora permeadas por alto grau de discricionarieda- empregos públicos.

12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Para SÉRGIO DE ANDRÉA FERREIRA, “se, para a admi- “O poder administrativo representa uma prerrogativa
nistração pública direta e autárquica, há necessidade de lei, especial de direito público
para a caracterização dos cargos em comissão ou empre- outorgada aos agentes do Estado. Cada um desses terá
gos de confiança, o mesmo não ocorre com as entidades a seu cargo a execução de certas
administrativas de direito privado, nas quais isto se faz, ora funções. Ora, se tais funções foram por lei cometidas
por decreto, no caso de certas fundações públicas; ou por aos agentes, devem eles exercê-las, pois que seu exercício
atos internos dos próprios entes”. é voltado para beneficiar a coletividade. Ao fazê-lo, dentro
O Tribunal de Contas da União firmou entendimento dos limites que a lei traçou, pode dizer-se que usaram
neste sentido a partir da Decisão n.158/02, em caso refe- normalmente os seus poderes.
rente ao Banco do Brasil S/A: “Ora, a criação de empregos Uso do poder, portanto, é a utilização normal, pelos
públicos em Sociedades de Economia Mista que desen- agentes públicos, das prerrogativas que a lei lhes confere” .
volvem atividades econômicas não necessita ser realizada Neste sentido, “os poderes administrativos são ou-
por intermédio de lei. É indiscutível, também, que o regime torgados aos agentes do Poder Público para lhes permi-
jurídico das pessoas estatais que desenvolvem tais ativida- tir atuação voltada aos interesses da coletividade. Sendo
des é o privado – onde vigora a livre criação de empregos assim, deles emanam duas ordens de consequência: 1ª)
–, apenas derrogado excepcionalmente pela Carta Magna. são eles irrenunciáveis; e 2ª) devem ser obrigatoriamente
Ante isto, seria um contrassenso imaginar que o Legislador exercidos pelos titulares. Desse modo, as prerrogativas pú-
decidiu que a criação de cargos em comissão em Socieda- blicas, ao mesmo tempo em que constituem poderes para
des de Economia Mista que desempenham atividades eco- o administrador público, impõem-lhe o seu exercício e lhe
nômicas só é cabível por meio de lei e, ao mesmo tempo, vedam a inércia, porque o reflexo desta atinge, em última
nestas mesmas Sociedades, houve por bem não submeter instância, a coletividade, esta a real destinatária de tais po-
à lei a criação de empregos públicos (...).” deres. Esse aspecto dúplice do poder administrativo é que
Fora do Poder Executivo, possuem iniciativa legislativa se denomina de poder-dever de agir” . Percebe-se que, di-
privativa para criar posições funcionais no âmbito de suas ferentemente dos particulares aos quais, quando conferido
respectivas estruturas funcionais o Poder Judiciário (art. 96, um poder, podem optar por exercê-lo ou não, a Adminis-
II, b), os Tribunais de Contas e o Ministério Público (art. 127, tração não tem faculdade de agir, afinal, sua atuação se dá
§ 2º). dentro de objetos de interesse público. Logo, a abstenção
No que concerne ao próprio Poder Legislativo, a ma- não pode ser aceita, o que transforma o poder de agir tam-
téria não é regulamentada por lei, o que exigiria a sanção bém num dever de fazê-lo: daí se afirmar um poder-dever.
presidencial, atenuando sua própria autonomia de maneira Com efeito, o agente omisso poderá ser responsabilizado.
que os seus cargos podem ser criados, transformados ou Havendo poderes, naturalmente será possível o abuso
extintos por Resolução Legislativa (arts. 51, IV, e 52, XIII). deles: “A conduta abusiva dos administradores pode de-
Apenas a fixação da remuneração é que, após a Emenda correr de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites
Constitucional n. 19/98, ficou dependendo de lei, de ini- de sua competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua
ciativa privativa da Câmara ou do Senado, dependendo do competência, afasta-se do interesse público que deve nor-
quadro funcional respectivo. tear todo o desempenho administrativo. No primeiro caso,
diz-se que o agente atuou com ‘excesso de poder’ e no
segundo, com ‘desvio de poder’” . Basicamente, havendo
PODERES ADMINISTRATIVOS: PODER abuso de poder é possível que se caracterize excesso de
HIERÁRQUICO; PODER DISCIPLINAR; PODER poder ou desvio de poder. No excesso de poder, o agente
REGULAMENTAR; PODER DE POLÍCIA; USO E nem teria competência para agir naquela questão e o faz.
No abuso de poder, o agente possui competência para agir
ABUSO DO PODER.
naquela questão, mas não o faz em respeito ao interesse
público, ou seja, desvirtua-se do fim que deveria atingir o
seu ato, por isso o desvio de poder também é denominado
desvio de finalidade. A conduta abusiva é passível de con-
Os poderes conferidos à administração surgem como trole, inclusive judicial.
instrumentos para a preservação dos interesses da coletivi- “Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de
dade. Caso a administração se utilize destes poderes para poder se configura como ilegalidade. Não se pode conce-
fins diversos de preservação dos interesses da sociedade, ber que a conduta de um agente, fora dos limites de sua
estará cometendo abuso de poder, ou seja, incidindo em competência ou despida da finalidade da lei, possa com-
ilegalidade. Neste caso, o Poder Judiciário poderá efetuar patibilizar-se com a legalidade. É certo que nem toda ile-
controle dos atos administrativos que impliquem em ex- galidade decorre de conduta abusiva; mas todo abuso se
cesso ou abuso de poder. reveste de ilegalidade e, como tal, sujeita-se à revisão ad-
Quanto aos poderes administrativos, eles podem ser ministrativa ou judicial” .
colocados como prerrogativas de direito público conferi- Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro
das aos agentes públicos, com vistas a permitir que o Esta- que a legislação não apenas confere poderes ao adminis-
do alcance os seus fins. Evidentemente, em contrapartida a trador, mas também estabelece deveres.
estes poderes, surgem deveres ao administrador.

13
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Os poderes da Administração se dividem em: vincula- 6) Poder de polícia: é o poder conferido à administra-
do, discricionário, hierárquico, disciplinar, regulamentar e ção para limitar, disciplinar, restringir e condicionar direitos
de polícia, cujo estudo será aprofundado adiante. e atividades particulares para a preservação dos interesses
1) Poder vinculado: o administrador se encontra diante da coletividade. É ainda, fato gerador de tributo, notada-
de situações que comportam solução única anteriormente mente, a taxa (artigo 145, II, CF).
prevista por lei. Portanto, não há espaço para que o ad- Além de poderes, os agentes administrativos, obvia-
ministrador faça um juízo discricionário, de conveniência mente, detêm deveres, em razão das atribuições que exer-
e oportunidade. Ele é obrigado a praticar o ato daquela cem. Dentre os principais, podem ser citados os seguintes,
forma, porque a lei assim prevê. Ex.: pedido de aposenta- conforme aponta doutrina a respeito do assunto:
doria compulsória por servidor que já completou 70 anos; - Dever de probidade: trata-se de um dos deveres mais
pedido de licença para prestar serviço militar obrigatório. relevantes, correspondendo à obrigação do agente público
2) Poder discricionário: é aquele em que o administra- de agir de forma honesta e reta, respeitando a moralidade
dor não está diante de situações que comportam solução administrativa e o interesse público. A violação deste dever
única. Possui espaço para exercer um juízo de valores de caracteriza ato de improbidade, punível, conforme artigo
conveniência e oportunidade. Há quem diga que, por haver 37, §4º, CF e Lei nº 8.429/92.
tal liberdade, não existe o dever de motivação, mas isso - Dever de Prestar Contas: como o que é gerido pelo
não está correto: aqui, mais que nunca, o dever de moti- administrador não lhe pertence, é seu dever prestar contas
var se faz presente, demonstrando que não houve arbítrio do que realizou à coletividade, isto é, informar em detalhes
na decisão tomada pelo administrador. Basicamente, não qual o destino dado às verbas e aos bens sob sua gestão.
é porque o administrador tem liberdade para decidir de Este dever abrange não só aqueles que são agentes públi-
outra forma que o fará sem cometer arbitrariedades e, caso cos, mas a todos que tenham sob sua responsabilidade di-
o faça, incidirá em ilicitude. O ato discricionário que ofenda nheiros, bens ou interesses públicos, independentemente
os parâmetros da razoabilidade é atentatório à lei. de serem ou não administradores públicos.
3) Poder hierárquico: trata-se do poder conferido à - Dever de Eficiência: a atividade administrativa deve
administração de fixar campos de competência quanto às ser célere e técnica, mesclando qualidade e quantidade.
figuras que compõem sua estrutura. É um poder de auto - Dever de Agir: o administrador possui um poder-de-
-organização. É exercido tanto na distribuição de compe- ver de agir, o qual é irrenunciável. Logo, poderá ser respon-
tências entre os órgãos quanto na divisão de deveres entre sabilizado por omissão ou silêncio, abrindo possibilidade
os servidores que o compõem. de obter o ato não realizado por via judicial, notadamente,
4) Poder disciplinar: é o poder conferido à administra- por intermédio de mandado de segurança, quando ferir di-
ção para aplicar sanções aos seus servidores que pratiquem reito líquido e certo do interessado.
infrações disciplinares. Estas sanções aplicadas são apenas
as que possuem natureza administrativa, não envolvendo
sanções civis ou penais. Entre as penas que podem ser apli- SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO,
cadas, destacam-se a de advertência, suspensão, demissão CLASSIFICAÇÃO, REGULAMENTAÇÃO E
e cassação de aposentadoria. Evidentemente que tais puni- CONTROLE; FORMA, MEIOS E REQUISITOS;
ções não podem ser aplicadas sem alguns requisitos, como DELEGAÇÃO: CONCESSÃO, PERMISSÃO,
a abertura de sindicância ou processo disciplinar em que AUTORIZAÇÃO.
se garanta o contraditório e a ampla defesa (obs.: existem
cargos que somente são passíveis de demissão por senten-
ça judicial, que são os vitalícios, como os de magistrado e
promotor de justiça). Para discorrer sobre o tema traremos os ensinamentos
5) Poder regulamentar: é o poder conferido à admi- dos professores: Marco Antonio Praxedes de Moraes Filho;
nistração de elaborar decretos e regulamentos. Tanto os Maria Sylvia Zanella Di Pietro e Alexandre Santos de Ara-
decretos quanto os regulamentos podem ser autônomos gão, conforme segue:
ou de execução. O regulamento autônomo pode ser edi- Não é tarefa fácil definir o serviço público, pois a sua
tado independentemente da existência de lei anterior, se noção sofreu consideráveis transformações no decurso do
encontrando no mesmo patamar hierárquico que a lei – tempo, quer no que diz respeito aos seus elementos cons-
por isso, é passível de controle de constitucionalidade. Os titutivos, quer no que concerne à sua abrangência. Além
regulamentos de execução dependem da existência de lei disso, alguns autores adotam conceito amplo, enquanto
anterior para que possam ser editados e devem obedecer outros preferem um conceito restrito. Nas duas hipóteses,
aos seus limites, sob pena de ilegalidade – deste modo, se combinam-se, em geral, três elementos para a definição:
sujeitam a controle de legalidade. o material (atividades de interesse coletivo), o subjetivo
Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativamen- (presença do Estado) e o formal (procedimento de direito
te ao Presidente da República expedir decretos e regula- público).
mentos para a fiel execução da lei, atividade que não pode A noção de serviço público é variável em função do
ser delegada, nos termos do parágrafo único. Em razão dis- espaço e do tempo. É o ordenamento que outorga a de-
so, há quem entenda que não existem decretos autônomos terminada categoria de atividade a qualificação jurídica de
no Brasil. Contudo, o próprio STF já reconheceu decretos serviço público, submetendo-a total ou parcialmente ao
autônomos como válidos em situações excepcionais. regime jurídico administrativo.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Serviço público é a atividade material que a lei atri- Princípio da Modicidade das Tarifas: Os serviços públi-
bui ao Estado para que exerça diretamente ou por meio de cos devem ser remunerados a preços módicos, que aten-
delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às dam à realidade econômica da população, pois, se forem
necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcial- pagos com valores elevados, muitos usuários serão alijados
mente público.(Maria Sylvia Zanella di Pietro. Direito Admi- do universo de beneficiários (art. 6°, § 1°).
nistrativo. 22ª ed. São Paulo: Atlas, 2009) Princípio do Serviço Adequado: Toda concessão ou
Serviço público é toda atividade prestada pelo Estado permissão de serviço público pressupõe a prestação de um
ou por seus delegados, basicamente sob regime de direito serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários (art.
público, com vistas à satisfação de necessidades essenciais 6°, § 1°).
e secundárias da coletividade.(José dos Santos Carvalho Princípio da Atualidade: Também chamado de prin-
Filho. Manual de Direito Administrativo. 25ª ed. São Paulo: cípio da atualização ou adaptatividade. A atualidade na
Atlas,, 2012) prestação do serviço público compreende a modernidade
Serviço público é toda atividade material ampliativa, das técnicas utilizadas, a modernidade dos equipamentos
definida pela lei ou pela Constituição como dever estatal,
disponíveis, a modernidade das instalações e a sua respec-
consistente no oferecimento de utilidades e comodidades
tiva conservação. Abrange, ainda, a constante melhoria e
ensejadoras de benefícios particularizados a cada usuário,
expansão do serviço público (Art. 6º, § 1º e 2º).
sendo prestada pelo Estado ou por seus delegados, e sub-
metida predominantemente aos princípios e normas de di-
reito público.(Alexandre Mazza. Manual de Direito Adminis- Princípio da Continuidade do Serviço Público: As ati-
trativo. São Paulo: Saraiva, 2012) vidades qualificadas como serviço público não podem ser
A noção de serviço público alterou-se muito ao longo interrompidas, devendo ser eternamente contínuas e inin-
do tempo. Variou de acordo com as diferentes expectativas terruptas a sua prestação (art. 6º, § 1°). Todavia, o princípio
políticas, econômicas, sociais e culturais de cada comuni- não proíbe a interrupção do fornecimento do serviço pú-
dade. blico. A legislação elencou três possibilidades de paralisa-
A mutação dos anseios da coletividade e do papel re- ção do serviço sem que este interrupção fosse considerada
servado ao Estado ao procurar satisfazê-los acarreta mo- uma descontinuidade (art. 6°, § 3°).
dificações no conceito de serviço público a altera o seu
substrato material. Novas demandas sociais exigem novos A temática da interrupção da prestação do serviço pú-
meios de prestação de serviços públicos. Estes se alteram blico por inadimplemento do usuário é bastante polêmico.
de modo a assegurar que os anseios da sociedade sejam Há muitos julgamentos no sentido de que, se aquela ativi-
atendidos. (Marcelo Harger. Consórcios Públicos na Lei n° dade for considerada essencial não haverá a possibilidade
11.107/05. Belo Horizonte: Fórum, 2007). de paralisação, devendo a concessionária buscar as vias ju-
Disciplina Legal diciais para reaver os valores não pagos. Ex. Hospitais.
A prestação de serviços públicos está disciplinada tanto
na Constituição Federal, quanto na Legislação Extravagante. Princípio da Cortesia
- Constituição federal O serviço público deve ser prestado de forma cortes,
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, di- respeitosa e educada pelos seus agentes públicos. Para isso
retamente ou sob regime de concessão e permissão, sem- deve a Administração Pública realizar frequentemente cur-
pre através de licitação, a prestação de serviços públicos. sos de treinamento e reciclagem de seus integrantes a fim
- Legislação Infraconstitucional de que seja cumprido o dispositivo legal (art. 6º, § 1º).
Lei n° 8.987/95 (Dispõe sobre o regime de concessão e Princípio da Eficiência
permissão de serviços públicos).
O serviço público deve ser prestado de forma a atender
as necessidades do indivíduo, da comunidade e do próprio
Princípios
Estado (art. 6º, § 1º).
Constituem princípios que devem orientar a prestação
dos serviços públicos.
- Princípio da Generalidade Concessão x Permissão
- Princípio da Modicidade das Tarifas Há quatro diferenças básicas entre concessão e per-
- Princípio do Serviço Adequado missão de serviços públicos (art. 2°, II; art. 2°, IV).
- Princípio da Atualidade
- Princípio da Continuidade do Serviço Público Responsabilidade do Concessionário
- Princípio da Cortesia O concessionário atua em seu nome, por sua conta e
- Princípio da Eficiência risco, incidindo a regra da responsabilidade objetiva (art.
37, § 6°, CF; art. 25, Lei n° 8.987/95).
Princípio da Generalidade: Também chamado de prin- O Estado pode ser responsabilizado? Sim, desde que
cípio da impessoalidade. Os serviços públicos devem be- exauridas as possibilidades de reparação dos prejuízos
neficiar o maior número possível de indivíduos sem discri- causados pelo concessionário. Logo, a responsabilidade do
minação dos usuários, isto é, a prestação deve ser feita de Poder Público é subsidiária.
forma igual e impessoal, indistintamente à totalidade dos
usuários que deles necessitem, em busca da universalidade
(art. 6°, § 1°).

15
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Serviço Público Especial Pelo princípio da igualdade dos usuários perante o


Com o advento da Lei nº 11.079/04, que instituiu as serviço público, desde que a pessoa satisfaça às condições
Parcerias Público-Privada (PPP), foram criadas duas novas legais, ela faz jus à prestação do serviço, sem qualquer dis-
formas de prestação de serviços públicos, denominadas tinção de caráter pessoal. A Lei de concessões de serviços
de patrocinada e administrativa. Desta forma, estas se to- públicos (Lei nº 8.987, de 13-2-95) prevê a possibilidade de
naram formas especiais da prestação de serviços públicos, serem estabelecidas tarifas diferenciadas “em função das
enquanto as permissões e concessões, regidas pela Lei nº características técnicas e dos custos específicos provenien-
8.987/95, ficaram sendo formas comuns da prestação de tes do atendimento aos distintos segmentos de usuário”; é
serviços públicos. o que permite, por exemplo, isenção de tarifa para idosos
ou tarifas reduzidas para os usuários de menor poder aqui-
Princípios sitivo; trata-se de aplicação do princípio da razoabilidade.
Existem determinados princípios que são inerentes ao Além desses princípios, outros são mencionados na Lei
regime jurídico dos serviços públicos (cf. Rivero, 1981:501- nº 8.987/95 (que disciplina a concessão e a permissão de
503): o da continuidade do serviço público, o da mutabi- serviços públicos), cujo artigo 6º, §1º, considera como ser-
lidade do regime jurídico e o da igualdade dos usuários.
viço adequado “o que satisfaz as condições de regularida-
O princípio da continuidade d o serviço público, em
de, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, genera-
decorrência do qual o serviço público não pode parar, tem
lidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas”.
aplicação especialmente com relação aos contratos admi-
nistrativos e ao exercício da função pública.
No que concerne aos contratos, o princípio traz como Classificação
consequências: Vários critérios têm sido adotados para classificar os
1. a imposição d e prazos rigorosos a o contraente; serviços públicos:
2. a aplicação da teoria da imprevisão, para recompor 1. Serviços públicos próprios e impróprios.
o equilíbrio econômico-financeiro do contrato e permitir a Essa classificação foi feita originariamente por Arnaldo
continuidade do serviço; de Valles e divulgada por Rafael Bielsa (cf. Cretella Júnior,
3. a inaplicabilidade da exceptio non adimpleti contrac- 1980:50).
tus contra a Administração; Para esses autores, serviços públicos próprios são
4. o reconhecimento de privilégios para a Administra- aqueles que, atendendo a necessidades coletivas, o Estado
ção, como o de encampação, o de uso compulsório dos re- assume como seus e os executa diretamente (por meio de
cursos humanos e materiais da empresa contratada, quan- seus agentes) ou indiretamente (por meio de concessio-
do necessário para dar continuidade à execução do serviço. nários e permissionários). E serviços públicos impróprios
Quanto ao exercício da função pública, constituem são os que, embora atendendo também a necessidades
aplicação do princípio da continuidade, dentre outras hi- coletivas, como os anteriores, não são assumidos nem
póteses: executados pelo Estado, seja direta ou indiretamente, mas
1. as normas que exigem a permanência d o servidor apenas por ele autorizados, regulamentados e fiscalizados;
e m serviço, quando pede exoneração, pelo prazo fixado eles correspondem a atividades privadas e recebem impro-
em lei; priamente o nome de serviços públicos, porque atendem a
2. os institutos da substituição, suplência e delegação; necessidades de interesse geral; vale dizer que, por serem
3. a proibição do direito de greve, hoje bastante afeta- atividades privadas, são exercidas por particulares, mas,
da, não só no Brasil, como também em outros países, como por atenderem a necessidades coletivas, dependem de au-
a França, por exemplo. Lá se estabeleceram determinadas torização do Poder Público, sendo por ele regulamentadas
regras que procuram conciliar o direito de greve com as e fiscalizadas; ou seja, estão sujeitas a maior ingerência do
necessidades do serviço público; proíbe-se a greve rotativa
poder de polícia do Estado.
que, afetando por escala os diversos elementos de um ser-
Na realidade, essa categoria d e atividade denomina-
viço, perturba o seu funcionamento; além disso, impõe-se
da de serviço público impróprio não é serviço público em
aos sindicatos a obrigatoriedade de uma declaração prévia
à autoridade, no mínimo cinco dias antes da data prevista sentido jurídico, porque a lei não a atribui ao Estado como
para o seu início. incumbência sua ou, pelo menos, não a atribui com ex-
No Brasil, o artigo 37, inciso VII, da Constituição asse- clusividade; deixou-a nas mãos do particular, apenas sub-
gura o direito de greve aos servidores públicos, nos termos metendo-a a especial regime jurídico, tendo em conta a
e nos limites a serem estabelecidos em lei específica. sua relevância. São atividades privadas que dependem de
O princípio da mutabilidade do regime jurídico ou da autorização do Poder Público; são impropriamente chama-
flexibilidade dos meios aos fins autoriza mudanças no re- das, por alguns autores, de serviços públicos autorizados.
gime de execução do serviço para adaptá-lo ao interesse Hely Lopes Meirelles (2003:385) dá o exemplo dos ser-
público, que é sempre variável no tempo. Em decorrência viços de táxi, de despachantes, de pavimentação de ruas
disso, nem os servidores públicos, nem os usuários dos por conta dos moradores, de guarda particular de estabe-
serviços públicos, nem os contratados pela Administração lecimentos e de residências. Ele diz que não constituem
têm direito adquirido à manutenção de determinado regi- atividades públicas típicas, mas os denomina de serviços
me jurídico; o estatuto dos funcionários pode ser alterado, públicos autorizados.
os contratos também podem ser alterados ou mesmo res-
cindidos unilateralmente para atender ao interesse público.

16
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Essa classificação carece de maior relevância jurídica e a) uma que é reservada à iniciativa privada pelo artigo 173
padece de um vício que justificaria a sua desconsideração: da Constituição e que o Estado só pode executar por motivo
inclui, como espécie do gênero serviço público, uma ativi- de segurança nacional ou relevante interesse coletivo; quan-
dade que é, em face da lei, considerada particular e que só do o Estado a executa, ele não está prestando serviço público
tem em comum com aquele o fato de atender ao interesse (pois este só é assim considerado quando a lei o define como
geral. tal), mas intervindo no domínio econômico; está atuando na
É interessante observar que Hely Lopes Meirelles esfera de ação dos particulares e sujeita-se obrigatoriamente
(2003:321) adota essa classificação, mas lhe imprime senti- ao regime das empresas privadas, salvo algumas derrogações
do diverso d o original. contidas na própria Constituição;
Para ele, serviços públicos próprios “são aqueles que se b) outra que é considerada atividade econômica, mas que
relacionam intimamente com as atribuições do Poder Pú- o Estado assume em caráter de monopólio, como é o caso
blico (segurança, polícia, higiene e saúde públicas) e para a da exploração de petróleo, de minas e jazidas, de minérios
execução dos quais a Administração usa de sua supremacia e minerais nucleares (arts. 176 e 177 da Constituição, com as
sobre os administrados. Por esta razão só devem ser pres- alterações introduzidas pelas Emendas Constitucionais 6 e 9,
tados por órgãos ou entidades públicas, sem delegação a de 1995) ;
particulares”. Serviços públicos impróprios “são os que não c) e uma terceira que é assumida pelo Estado como ser-
afetam substancialmente as necessidades da comunidade, viço público e que passa a ser incumbência do Poder Público;
mas satisfazem a interesses comuns de seus membros e a este não se aplica o artigo 173, mas o artigo 175 da Cons-
por isso a Administração os presta remuneradamente, por tituição, que determina a sua execução direta pelo Estado ou
seus órgãos, ou entidades descentralizadas (autarquias, indireta, por meio de concessão ou permissão; é o caso dos
empresas públicas, sociedades de economia mista, funda- serviços de transportes, energia elétrica, telecomunicações e
ções governamentais) ou delega a sua prestação a conces- outros serviços previstos nos artigos 21, XI e XII, e 25, § 2º,
sionários, permissionários ou autorizatários”. da Constituição, alterados, respectivamente, pelas Emendas
O que o autor considera fundamental é o tipo de inte- Constitucionais 8 e 5, de 1995; esta terceira categoria corres-
ponde aos serviços públicos comerciais e industriais do Esta-
resse atendido, essencial ou não essencial da coletividade,
do.
combinado com o sujeito que o exerce; no primeiro caso,
Serviço público social é o que atende a necessidades co-
só as entidades públicas; no segundo, as entidades públi-
letivas em que a atuação d o Estado é essencial, mas que con-
cas e também as de direito privado, mediante delegação.
vivem com a iniciativa privada, tal como ocorre com os servi-
2. Quanto ao objeto, os serviços públicos podem ser
ços de saúde, educação, previdência, cultura, meio ambiente;
administrativos, comerciais ou industriais e sociais.
são tratados na Constituição no capítulo da ordem social e
Serviços administrativos “são os que a Administração
objetivam atender aos direitos sociais do homem, conside-
Pública executa para atender às suas necessidades internas rados direitos fundamentais pelo artigo 6º da Constituição.
ou preparar outros serviços que serão prestados ao públi- 3. Quanto à maneira como concorrem para satisfazer ao
co, tais como os da imprensa oficial, das estações experi- interesse geral, os serviços podem ser: uti singuli e uti universi.
mentais e outros dessa natureza” (cf. Hely Lopes Meirelles, Serviços uti singuli são aqueles que têm por finalidade a
2003: 321). satisfação individual e direta das necessidades dos cidadãos
A expressão é equívoca porque também costuma ser . Pelo conceito restrito de serviço público adotado por Celso
usada em sentido mais amplo para abranger todas as fun- Antônio Bandeira de Mello, só esta categoria constitui serviço
ções administrativas, distinguindo-as da legislativa e juris- público: prestação de utilidade ou comodidade fruível direta-
dicional (cf. Cretella Júnior, 1980: 59) e ainda para indicar mente pela comunidade. Entram nessa categoria determina-
os serviços que não são usufruídos diretamente pela co- dos serviços comerciais e industriais do Estado (energia elétri-
munidade, ou seja, no mesmo sentido de serviço público ca, luz, gás, transportes) e de serviços sociais (ensino, saúde,
uti universi, adiante referido. Além disso, abrange as ativi- assistência e previdência social).
dades-meios, nem sempre inseridas no conceito de servi- Os serviços uti universi são prestados à coletividade, mas
ço público em sentido técnico preciso, conforme lição de usufruídos apenas indiretamente pelos indivíduos. É o caso
Odete Medauar (2007:313). dos serviços de defesa do país contra o inimigo externo, dos
Serviço público comercial o u industrial é aquele que serviços diplomáticos, dos trabalhos de pesquisa científica, de
a Administração Pública executa, direta ou indiretamente, iluminação pública, de saneamento.
para atender às necessidades coletivas de ordem econômi- Quanto a este último, o STF, pela Súmula nº 670, consa-
ca. Ao contrário do que diz Hely Lopes Meirelles (2003:321), grou o entendimento de que “o serviço de iluminação pública
entendemos que esses serviços não se confundem com não pode ser remunerado mediante taxa’’, exatamente por
aqueles a que faz referência o artigo 173 da Constituição, não ser usufruído UTI singuli e não se enquadrar no conceito
ou seja, não se confundem com a atividade econômica que contido no artigo 145, II, da Constituição.
só pode ser prestada pelo Estado em caráter suplementar 4. Caio Tácito (1975:199) faz referência a outra classi-
da iniciativa privada. ficação, que divide os serviços públicos em originários ou
O Estado pode executar três tipos de atividade eco- congênitos e derivados ou adquiridos ; corresponde à dis-
nômica: tinção entre atividade essencial do Estado (tutela do direi-
to) e atividade facultativa (social, comercial e industrial do
Estado) .

17
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O autor observa que “a evolução moderna do Estado Quando a Constituição fala em execução direta, tem-se
exaltou de tal forma a sua participação na ordem social, que entender que abrange a execução pela Administração
que a essencialidade passou a abranger tanto os encargos Pública direta (constituída por órgãos sem personalidade
tradicionais de garantias de ordem jurídica como as pres- jurídica) e pela Administração Pública indireta referida em
tações administrativas que são e manadas dos modernos vários dispositivos da Constituição, em especial no artigo
direitos econômicos e sociais do homem, tão relevantes, na 37, caput, e que abrange entidades com personalidade ju-
era da socialização do direito, como os direitos individuais rídica própria, como as autarquias, fundações públicas, so-
o foram na instituição da ordem liberal”. Mas acrescenta ciedades de economia mista e empresas públicas.
que “há, todavia, uma sensível diferença entre os serviços Essas são as formas tradicionais de gestão dos servi-
públicos que, por sua natureza, são próprios e privativos ços públicos. No entanto, outras formas foram surgindo no
do Estado e aqueles que, passíveis em tese de execução direito positivo brasileiro, como as parcerias público-priva-
particular, são absorvidos pelo Estado, em regime de mo- das, os contratos de gestão com as organizações sociais,
nopólio ou de concorrência com a iniciativa privada. Aos as franquias.
primeiros poderíamos chamar de serviços estatais originá- Também não se pode deixar de lado os consórcios pú-
rios ou congênitos; aos últimos, de serviços estatais deriva- blicos e convênios de cooperação previstos no artigo 241
dos ou adquiridos”. da Constituição.
5. Um último critério de classificação considera a exclu- Atualmente, as principais formas de gestão abrangem:
sividade ou não do Poder Público na prestação do serviço; a) a concessão e a permissão de serviços públicos, dis-
esse critério permite falar em serviços públicos exclusivos ciplinadas pela Lei nº8.987, de 13-2-95;
e não exclusivos do Estado. Na Constituição, encontram-se b) a concessão patrocinada e a concessão administra-
exemplos de serviços públicos exclusivos, como o serviço tiva, englobadas sob o título de parcerias público-privadas
postal e o correio aéreo nacional (art. 21, X), o s serviços d na Lei nº 11.079, de 30-12-04;
e telecomunicações (art. 21, XI), os de radiodifusão, energia c) o contrato de gestão como instrumento de parceria
elétrica, navegação aérea, transportes e demais indicados com as chamadas organizações sociais, disciplinadas, na
no artigo 21, XII, o serviço de gás canalizado (art. 25, § 2º). esfera federal, pela Lei nº9637, de 15-5-98.
Outros serviços públicos podem ser executados pelo Esta- A Administração Pública não é inteiramente livre para
escolher a forma de gestão. Quando se tratar de execução
do ou pelo particular, neste último caso mediante autoriza-
por meio de entidades da Administração Indireta, há ne-
ção do Poder Público.
cessidade de lei, conforme artigo 37, XIX, da Constituição.
Tal é o caso dos serviços previstos no título VIII da
Quando se tratar de formas de gestão que impliquem
Constituição, concernentes à ordem social, abrangendo
a delegação a entidade privada, alguns critérios devem ser
saúde (arts. 196 e 199), previdência social (art. 202), assis-
levados em consideração:
tência social (art. 204) e educação (arts. 208 e 209).
a) para o serviço público de natureza comercial ou in-
Com relação a esses serviços não exclusivos do Estado,
dustrial, que admita a cobrança de tarifa do usuário, o ins-
pode-se dizer que são considerados serviços públicos pró- tituto adequado é a concessão ou permissão de serviço pú-
prios, quando prestados pelo Estado; e podem ser conside- blico, em sua forma tradicional, regida pela Lei nº8.987/95,
rados serviços públicos impróprios, quando prestados por ou a concessão patrocinada; também é admissível a fran-
particulares, porque, neste caso, ficam sujeitos a autoriza- quia (hoje já prevista para as atividades do correio); trata-se
ção e controle do Estado, com base em seu poder de polí- de formas de gestão que não podem ser utilizadas para:
cia. São considerados serviços públicos, porque atendem a (1) atividades exclusivas do Estado, porque são indelegá-
necessidades coletivas; mas impropriamente públicos, por- veis por sua própria natureza; (2) serviços sociais, porque
que falta um dos elementos do conceito de serviço público, estes são prestados gratuitamente e, portanto, incompa-
que é a gestão, direta ou indireta, pelo Estado. tíveis com a concessão tradicional (a menos que possam
ser mantidos exclusivamente com receitas alternativas) e
Vários instrumentos de gestão de serviços públicos são com a concessão patrocinada, que se caracterizam pela co-
previstos no direito brasileiro. O artigo 175 da Constituição brança de tarifa dos usuários; (3) os serviços uti universi,
estabelece que “incumbe ao Poder Público, na forma da não usufruíveis diretamente pelos cidadãos, como a limpe-
lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permis- za pública, por exemplo, cuja prestação incumbe ao poder
são, sempre através de licitação, a prestação de serviços público, com verbas provenientes dos impostos;
públicos”. O dispositivo agasalha, portanto, a concessão b) para o serviço público de natureza comercial ou in-
e a permissão de serviços públicos. No entanto, faz refe- dustrial, sem cobrança de tarifa do usuário, o instituto ca-
rência à prestação direta pelo Poder Público. Além disso, bível é a concessão administrativa;
os artigos 21, XI e XII, preveem também a execução direta c) para os serviços sociais, são possíveis os contratos
ou por meio de concessão, permissão ou autorização de de gestão com as organizações sociais e a concessão ad-
vários serviços, como os de telecomunicações, energia elé- ministrativa;
trica, portos, navegação aérea, dentre outros. O artigo 25, d) para qualquer tipo de serviço público é possível a
§ 2º, inclui na competência dos Estados-membros a explo- gestão associada entre entes federativos, por meio de con-
ração direta ou por meio de concessão dos serviços de gás vênios de cooperação ou consórcios públicos, previstos
canalizado. no artigo 241 da Constituição e disciplinados pela Lei nº
11.107, de 6-4-05.

18
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Atividades econômicas exploradas pelo Estado (em Estado, podendo igualmente ter apenas o seu exercício de-
concorrência com a iniciativa privada e como monopó- legado à iniciativa privada (arts. 176 e 177). Em segundo
lio) lugar, há os serviços públicos sociais, que o Estado presta
De acordo com a doutrina e jurisprudência majoritá- sem excluir a iniciativa privada, e as atividades econômicas
rias, com as quais concordamos, a Constituição de 1988 exploradas pelo Estado com base no art. 173 sem titularizar
distingue o serviço público da atividade econômica stricto a atividade, ou seja, sem impedir que também possam ser
sensu explorada pelo Estado, que em seu conjunto consti- exploradas pela iniciativa privada por direito próprio (não
tuem as atividades econômicas lato sensu. como mera delegatária).
A atividade econômica lato sensu destina-se à circu- A diferença em ambos os casos é que os serviços públi-
lação de bens e/ou serviços do produtor ao consumidor cos têm por objetivo o atendimento direto de necessidades
final. O serviço público é a atividade econômica lato sensu ou utilidades públicas, não o interesse fiscal ou estratégi-
que o Estado toma como sua em razão da pertinência que co do Estado, como ocorre com as atividades econômicas
possui com necessidades coletivas. Há atividades econô- stricto sensu, monopolizadas ou não pelo Estado.
micas exploradas pelo Estado, em regime de monopólio O interesse do Estado nesses casos, afirma GASPAR
ou não, que possuem, naturalmente, interesse público, mas ARIÑO ORTIZ, “não é um interesse de utilidade do público,
que não são relacionadas diretamente com o bem-estar mas um interesse econômico global”. Tanto nos serviços
da coletividade, mas sim a razões fiscais, estratégicas ou públicos como nas atividades econômicas, o Estado bus-
econômicas (p. ex.: o petróleo, o jogo; em alguns países, o ca a realização de finalidades públicas, que, todavia, são
tabaco etc.). de espécies muito diferentes: “na gestão econômica não
EROS ROBERTO GRAU é muito claro ao alertar “que a há uma finalidade de serviço ao público, isto é, aos cida-
mera atribuição de determinada competência atinente ao dãos individualmente considerados, mas uma finalidade de
empreendimento de atividades do Estado não é suficiente ordenação econômica, de conformação social, de serviço
para definir essa prestação como serviço público. No caso nacional, isto é, de promoção econômico-social da nação
(art. 21, XXIII, CF), assim como no do art. 177 – monopó- considerada em seu conjunto”.
lio do petróleo e do gás natural –, razões creditadas aos
imperativos da segurança nacional é que justificam a pre- Atividades privadas regulamentadas
visão constitucional de atuação do Estado, como agente Atividades privadas regulamentadas, também chama-
econômico, no campo da atividade econômica em sentido das de serviços públicos impróprios ou virtuais, de ativida-
estrito. Não há, pois, aí serviço público. (...) O que determi- des privadas de interesse público ou de atividades privadas
na a caracterização de determinada parcela da atividade de relevância pública, constituem a linha fronteiriça entre a
econômica em sentido amplo como serviço público é a sua esfera público-estatal (serviços e monopólios públicos) e a
vinculação ao interesse social”. esfera privada (livre mercado), linha que nas últimas déca-
Em relação à atividade econômica stricto sensu, a Cons- das tem, de certa forma, avançado sobre a esfera pública,
tituição estabelece numerus clausus o monopólio em favor tornando por lei privadas atividades até há pouco conside-
da União de uma série de atividades correlatas a determi- radas como serviços públicos (ex.: telefonia celular).
nados bens, com destaque para os bens minerais, inclusive São atividades da iniciativa privada para as quais a lei,
os minerais nucleares e o petróleo (arts. 20, 21, XXIII, 176 e em face da sua relação com o bem-estar da coletividade
177), tema que será objeto de capítulo específico. e/ou por gerarem desigualdades e assimetrias informati-
A exploração pelo Estado de outras atividades econô- vas para os usuários, exige autorização prévia de polícia
micas stricto sensu, além daquelas que são objeto de mo- administrativa para que possam ser exercidas, impondo-se
nopólio, é permitida apenas em regime de concorrência ainda a sua contínua sujeição à regulação da autoridade
com a iniciativa privada e desde que sejam necessárias aos pública, através de um ordenamento jurídico setorial (ex.:
imperativos da segurança nacional ou ao atendimento de distribuição de combustíveis, geração de energia eólica,
relevante interesse coletivo (art. 173). bancos, planos de saúde, seguros, produção de sementes
Uma diferença formal importante é que a prestação de transgênicas, táxis, indústria hoteleira, portos privativos
atividades econômicas stricto sensu pelo Estado em con- etc.).
corrência com a iniciativa privada pode ser prevista tan- Da qualificação dessas atividades, por um lado, como
to na Constituição como em leis, desde que atendidos os atividades privadas (não como serviços públicos), mas por
conceitos jurídicos indeterminados postos no caput do art. outro, como atividades privadas de interesse público, sujei-
173 (segurança nacional ou relevante interesse coletivo). Já tas a uma permanente e incisiva regulação estatal, podem
em relação aos monopólios, não há delegação do Consti- ser extraídas duas consequências relativamente antagôni-
tuinte para que o Legislador possa criar outros além dos cas, em relação às quais se deve sempre buscar o necessá-
já previstos na própria Constituição. Na comparação entre rio e delicado equilíbrio:
os serviços públicos e as atividades econômicas exploradas (a) as empresas exercem essas atividades não por uma
pelo Estado há duas ordens de semelhanças simétricas. decisão político-administrativa do Estado, mas por direito
Em primeiro lugar, temos os serviços públicos do art. próprio, o que não ilide, contudo, que sejam submetidas
175, reservados ao Estado e consequentemente vedados a exigência de uma prévia autorização (art. 170, parágrafo
à iniciativa privada salvo delegação, e as atividades eco- único, CF), discricionária ou vinculada, e a uma forte regu-
nômicas monopolizadas, que também são reservadas ao lação (art. 174, CF), que pode inclusive alcançar alguns as-

19
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pectos essenciais do desenvolvimento da atividade, como blico e o autorizatório é episódica. E não cria nenhum vín-
a fixação dos preços a serem cobrados dos usuários (ex.: culo estável entre eles. Realizada a operação comercial ou
táxis) e o conteúdo mínimo das prestações (ex.: planos de construído o edifício autorizado, os efeitos da autorização
saúde); outorgada se esgotam,” ao passo que nas atividades priva-
(b) essas competências autorizatórias e regulatórias da das regulamentadas ou de interesse público a autorização
Administração Pública não podem, contudo, ser legislativa instaura, para propiciar uma regulação permanente sobre
ou administrativamente impostas como se essas atividades a atividade em razão de sua relevância para a sociedade,
fossem do próprio Estado (como se fossem serviços públi- uma relação jurídica continuada entre o agente privado e
cos), e não da iniciativa privada. o regulador.
Em outras palavras, o norte principal que distingue
essas atividades dos serviços públicos é o fato de elas se Concessão
encontrarem protegidas pelo direito fundamental de livre É a delegação contratual e remunerada da execução de
-iniciativa privada, ao passo que os serviços públicos são serviço público a particular para que por sua conta e risco
excluídos desse âmbito, podendo ser exercidos por parti- o explore de acordo com as disposições contratuais e re-
culares apenas mediante delegação quando, como e en- gulamentares por determinado prazo, findo o qual os bens
quanto o Estado assim decidir. afetados à prestação do serviço, devidamente amortizados,
Distinguindo as autorizações tradicionais (por opera- voltam ou passam a integrar o patrimônio público.
ção), incidentes sobre as atividades privadas em geral, das Pela concessão, o Poder Público se desonera da pres-
autorizações operativas ou de funcionamento, incidentes tação de serviços públicos de sua titularidade em relação
sobre as atividades privadas regulamentadas, que consti- aos quais não tem condições financeiras ou não entende
tuem o principal instrumento da sua regulação. JUAN CAR- ser conveniente prestar diretamente. A sua prestação é
LOS CASSAGNE afirma que “a diferença não é puramente transferida a um agente privado que se remunerará, via de
conceitual ou didática, mas se projeta sobre as relações en- regra, pelas tarifas que os usuários lhe pagarão em razão
tre o particular e a administração. Nas autorizações de ope- da fruição do serviço, mantendo o Estado a titularidade e
ração, o poder desta última se esgota com a emissão do os controles públicos sobre ele.
ato, não dando, salvo previsão expressa em contrário, ori- Ao final da concessão, os bens afetados ao serviço
gem a nenhum vínculo posterior com o administrado. Ao revertem ao Poder Público. Reverterão tanto os bens cuja
revés, nas autorizações de funcionamento há uma vincula- posse é transferida ao concessionário no momento da
ção permanente com a administração, com a finalidade de concessão quanto os que o concessionário incorpora ao
tutelar o interesse público, admitindo-se – tanto na doutri- serviço durante a execução do contrato, salvo no que diz
na como na jurisprudência espanhola – a possibilidade de respeito aos bens que, na forma do contrato, não tiverem
modificação do conteúdo da autorização para adaptá-lo, sido amortizados.
constantemente, à dita finalidade, durante todo o tempo Os serviços públicos concedidos à iniciativa privada
em que a atividade autorizada seja exercida”. não perdem a sua natureza pública: à iniciativa privada é
EDUARDO GARCÍA DE ENTERRÍA e TOMÁS-RAMÓN delegado o seu mero exercício, permanecendo o serviço
FERNÁNDEZ chamam a atenção para o fato de que “o sob a titularidade estatal excludente da iniciativa privada,
conceito de autorização em sentido estrito que chegou nos termos do art. 175 da Constituição Federal.
até nós se formou no final do século passado (...). A crise A bastante comum distinção entre exercício e titulari-
do esquema tradicional se deu mais agudamente a partir dade do serviço para fins de caracterização da concessão,
do momento em que, ultrapassando o campo próprio da apesar de não ser totalmente equivocada, deve, no entan-
ordem pública, em sua tríplice dimensão compreensiva da to, ser tecnicamente compreendida em termos, mais como
tranquilidade, segurança e salubridade, em função da qual uma maneira de deixar claro que o Estado mantém fortes
foi pensado dito esquema, a autorização foi transplantada poderes de direção sobre a sua prestação. “A cisão entre ti-
ao complexo campo das atividades econômicas, nas quais tularidade e exercício corresponde a uma dissociação entre
desempenha um papel que não se reduz ao simples con- uma fase estática e uma fase dinâmica de um direito. (...) O
trole negativo do exercício de direitos, mas que se estende que a concessão implica é a transferência de um direito (o
à própria regulação do mercado, com o explícito propósito direito concedido) que é destacado de um direito da Ad-
de orientar e conformar positivamente a atividade autori- ministração. Há aí uma relação análoga à que existe entre
zada no sentido da realização de uns objetivos previamen- o direito de propriedade e o direito de usufruto: o proprie-
te programados ou ao menos implicitamente definidos nas tário não atribui ao usufrutuário o exercício do direito de
normas aplicáveis”. propriedade: o gozo da coisa é juridicamente enquadrado
Não se deve, por isso, confundir “autorização opera- num novo direito – o direito de usufruto –, que deriva do
tiva” ou “de funcionamento” com “autorização por opera- primeiro. Porém, como o conteúdo do direito de usufruto
ção” (autorizações administrativas comuns): “Sem renun- (‘gozo pleno e temporário de uma coisa’) está incluído no
ciar à função primária de controle, que também canalizam, conteúdo do direito de propriedade, pode dizer-se que a
pretendem ir mais além dela, disciplinando e orientando constituição do direito de usufruto implica a amputação
positivamente a atividade do seu titular na direção previa- de uma faculdade integrada no direito de propriedade (‘o
mente definida por planos ou programas setoriais. (...) Já gozo pleno e exclusivo da coisa’)”.
nas autorizações por operação, a relação entre o Poder Pú-

20
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Ora, é exatamente isso que ocorre na concessão: o di- Há dificuldades quanto à exata caracterização de al-
reito que é concedido (de gerir um serviço público) deriva guns contratos complexos celebrados com a Administra-
e faz parte de um direito da Administração (de ser o senhor ção envolvendo, além da prestação de serviço, a realização
do serviço em todos os seus aspectos), sendo criado a par- de obra pública e a utilização de bens públicos. Por exem-
tir dele. O conteúdo daquele corresponde ao conteúdo de plo, o contrato para um particular construir e operar por
uma das faculdades que integram esse. Há, então, a segre- prazo determinado estacionamento subterrâneo em praça
gação daquela faculdade de gestão e a sua autonomização pública, revertendo ao Estado o estacionamento ao final do
em um direito autônomo, que é o direito do qual o con- contrato, é uma concessão de serviço público ou de bem
cessionário passa a ser o titular enquanto viger o contrato público? A mesma pergunta pode ser feita em relação a
de concessão. Embora fique por prazo determinado sem contrato pelo qual o Estado ceda por algumas décadas ter-
essa faculdade (gestão do serviço), a Administração man- reno, no qual o particular se obriga a construir e operar a
tém todas as demais faculdades inerentes ao seu direito preços populares um teatro público, com o correspectivo
sobre o serviço (de fiscalizá-lo, de alterar as condições de direito de construir e explorar um shopping no restante do
sua prestação, de retomá-lo etc.). imóvel.
Para que essa manutenção da titularidade estatal so- Tradicionalmente considera-se ser essencial à concei-
bre o serviço público se materialize, não sendo meramente tuação de determinado contrato como concessão de ser-
nominal, com o que a atividade deixaria de ser serviço pú- viço público que a atividade dele objeto seja reservada ao
blico, a Constituição e a Lei Federal n. 8.987/95 asseguram Estado; que o particular só possa explorá-la mediante a
uma série de prerrogativas do Estado sobre o serviço con- concessão, mas, nos casos acima, a atividade em si (esta-
cedido, tais como a de alterar as condições de sua pres- cionamento, teatro etc.) não é exclusiva do Estado. O que é
tação, encampá-lo, intervir e controlar as tarifas cobradas exclusivo do Estado é a possibilidade de elas serem explo-
pela concessionária. radas em bens públicos.
O art. 2º da Lei n. 8.987/95 se refere, além da concessão O principal requisito econômico desses contratos é a
de serviço público (inc. II), à concessão de serviço público titularidade do Estado sobre o bem, não sobre a atividade,
precedida da execução de obra pública (inc. III). Trata-se da razão pela qual alguns poderiam ver esses contratos mais
fórmula há muito conhecida da concessão de obra públi- como concessão de uso de bem público do que de serviço
ca, pela qual o concessionário compromete-se a executar público. Todavia, mesmo as concessões de serviços públi-
determinada obra pública, sem receber pagamento do Po- cos também são sempre complexas, no sentido de geral-
der Púbico, como ocorre com os contratos de empreita- mente implicarem a realização de alguma obra pública e
da, remunerando-se com os pagamentos efetuados pelos utilização ou até modificação de bens públicos.
usuários da obra pública após a sua conclusão (p. ex.: os Estão, assim, mais próximas das concessões de serviços
pedágios das estradas construídas pelo concessionário). públicos precedidos da realização de obra pública (art. 2º,
Os autores não são unânimes quanto à exata caracte- III, Lei n. 8.987/95), e não de uma concessão pura e simples
rização das concessões de obra pública. Alguns não a dis- de uso de bem público. A Lei n. 8.987/95 é-lhes, portanto,
tinguem da concessão de serviço público, já que em toda plenamente aplicável.
prestação de serviço há também, em menor ou maior esca- De fato, em relação a atividades econômicas stricto
la, a realização de obra pública e vice-versa. O que haveria sensu exercitáveis em bens públicos, a concessão “se rela-
na concessão de obra pública seria apenas a preponde- ciona com a atribuição de direitos de gerir atividades que
rância deste elemento. Outros entendem que nela há uma não são públicas, mas que, por estarem conexas com bens
duplicidade de objetos: a realização da obra pública e a públicos, não podem ser exercidas por qualquer pessoa.
posterior prestação do serviço. Estão, portanto, aqui em causa atividades materialmente
À exceção da definição própria constante do art. 2º, III, privadas que, quando exercidas em certos locais (bens pú-
e das maiores exigências quanto ao cronograma de exe- blicos), a lei reserva à Administração. (...) Embora esteja im-
cução das obras públicas (art. 23, parágrafo único), a Lei n. plicada uma utilização privativa de bens públicos, não é, no
8.987/95 trata indistintamente essas duas modalidades de entanto esse o objeto (principal) da concessão. De resto, é
concessão. por isso que estas concessões criam vinculações especiais
Merecem menção como espécies de concessão, junta- quanto ao exercício da atividade (‘garantia de qualidade
mente com a concessão de serviço público e a concessão de serviço prestado aos utentes’) e não apenas quanto à
de obra pública, a concessão de uso de bem público, con- utilização dos bens. (...) É por isso que, já há algum tempo,
trato pelo qual o particular passa a ter o direito de uso, e a doutrina se refere a um princípio de atração do regime
às vezes também de fruição, de determinado bem público das concessões dominiais pelo regime das concessões de
com exclusão de outros particulares e, enquanto viger o serviços. (...) A necessidade de uma concessão dominial
contrato, do próprio Poder Público. acabou por legitimar um regime próprio da concessão de
Há também a concessão de exploração de atividade atividade econômica.”
econômica stricto sensu monopolizada pelo Estado, tam- Essas concessões complexas – concomitantemente de
bém chamadas de concessões industriais, a exemplo das bem, de obra e de serviços públicos – atenuam a exigência
concessões de loterias e das concessões da exploração e de as atividades objeto de concessões de serviços públicos
produção de petróleo (art. 177, CF). deverem ser titularizadas com exclusividade pelo Estado.

21
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Integram a inegável tendência contemporânea de tor- Diferente é a hipótese de transferência do controle


nar passível de gestão delegada privada não apenas os ser- societário da concessionária, pois, nesse caso, não existe
viços públicos econômicos (titularizados pelo Estado) – seu alteração na pessoa do concessionário, já que os sócios
objeto clássico –, como também as atividades econômicas possuem personalidade jurídica distinta da entidade. Ape-
stricto sensu e os serviços públicos sociais e culturais que a nas se exige que haja autorização do poder concedente e
iniciativa privada pode explorar por direito próprio, isto é, que a transferência de controle não afete as exigências de
sobre as quais não há publicatio. capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade
Nos casos dos serviços públicos sociais e culturais, em jurídica e fiscal necessárias à prestação do serviço.
vez de ser transferido ao particular o direito de exercer uma
atividade que, sem a concessão, lhe seria vedada, lhe é Concessão, Permissão e Autorização de Serviço Público
conferido o direito de explorar determinada atividade com Conforme o artigo 175 da Constituição, “incumbe ao
o apoio (através de suporte financeiro, da cessão de bens poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime
públicos etc.) do Estado. Em outras palavras, a atividade em de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a
si poderia até ser explorada pelo particular livremente ou prestação de serviços públicos”.
sujeita apenas à fiscalização de poder de polícia, mas, para Este dispositivo não faz referência à autorização de
ele poder explorá-la com o apoio (e correspectivamente serviço público, talvez porque os chamados serviços públi-
com a interferência) do Estado, precisa da concessão. cos autorizados não sejam prestados a terceiros, mas aos
A gestão privada dessas atividades é uma das princi- próprios particulares beneficiários da autorização; são cha-
pais causas do surgimento de algumas das mais recentes mados serviços públicos, porque atribuídos à titularidade
modalidades de delegação de serviços públicos, a exemplo exclusiva do Estado, que pode, discricionariamente, atribuir
das concessões administrativas, previstas na Lei das PPPs, e a sua execução ao particular que queira prestá-lo, não para
dos contratos de gestão com organizações sociais. atender à coletividade, mas às suas próprias necessidades.
Na subconcessão, existe a delegação de uma parte do São as hipóteses mencionadas no artigo 21, incisos XI e
próprio objeto da concessão para outra empresa (a sub- XII. Não são atividades abertas à iniciativa privada, nem
concessionária); por exemplo, uma concessionária de dez sujeitas aos princípios da ordem econômica previstos no
linhas de ônibus faz a subconcessão de duas dessas linhas. artigo 170, tendo em vista que a Constituição os outorga à
O contrato de subconcessão tem que ser autorizado União. É diferente dos serviços públicos não exclusivos do
pelo poder concedente, está sujeito à prévia concorrên- Estado, como os da saúde e educação, que a Constituição,
cia e implica, para o subconcessionário, a sub-rogação em ao mesmo tempo em que os prevê, nos artigos 196 e 205,
todos os direitos e obrigações do subconcedente, dentro como deveres do Estado (e, portanto, como serviços públi-
dos limites da subconcessão. A subconcessão tem a mes- cos próprios), deixa aberta ao particular a possibilidade de
ma natureza de contrato administrativo que o contrato de exercê-los por sua própria iniciativa (arts. 199 e 209), o que
concessão e é celebrado à imagem deste. A subconces- significa que se incluem na categoria de serviços públicos
sionária responde objetivamente pelos danos causados a impróprios; nesse caso, a autorização não constitui ato de
terceiros, com base no artigo 37,§6º, da Constituição. A delegação de atividade do Estado, mas simples medida de
subcontratação, disciplinada pelo artigo 25, corresponde à polícia.
terceirização ou contratação de terceiros para a prestação A permissão de serviço público é, tradicionalmente,
de serviços ou de obras ligados à concessão. São contra- considerada ato unilateral, discricionário e precário, pelo
tos de direito privado que não dependem de autorização qual o Poder Público transfere a outrem a execução de um
do poder concedente, nem de licitação (a não ser que a serviço público, para que o exerça em seu próprio nome e
concessionária seja empresa estatal), não estabelecendo por sua conta e risco, mediante tarifa paga pelo usuário.
qualquer vínculo com o poder concedente. Por isso mes- A diferença está na forma de constituição, pois a con-
mo, perante este e perante o usuário, quem responde é a cessão decorre de acordo de vontades e, a permissão, de
própria concessionária. ato unilateral; e na precariedade existente na permissão e
A transferência da concessão, prevista no artigo 27 da não na concessão.
Lei nº 8.987, significa a entrega do objeto da concessão a Consoante Celso Antonio Bandeira de Mello (2008:747),
outra pessoa que não aquela com quem a Administração a permissão, pelo seu caráter precário, seria utilizada, nor-
Pública celebrou o contrato. Há uma substituição na figu- malmente, quando: “a) o permissionário não necessitasse
ra do concessionário. As únicas exigências são a de que o alocar grandes capitais para o desempenho do serviço; b)
concessionário obtenha a anuência do poder concedente, poderia mobilizar, para diversa destinação e sem maiores
sob pena de caducidade da concessão, e a de que o pre- transtornos, o equipamento utilizado; ou, ainda, quando
tendente atenda às seguintes condições: satisfaça os requi- c) o serviço não envolvesse implantação física de apare-
sitos de capacidade técnica, idoneidade financeira e regu- lhamento que adere ao solo, ou, finalmente, quando d) os
laridade jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço; riscos da precariedade a serem assumidos pelo permissio-
e comprometa-se a cumprir todas as cláusulas do contrato nário fossem compensáveis seja pela rentabilidade do ser-
em vigor. Não há exigência de licitação, o que implica burla viço, seja pelo curto prazo em que se realizaria a satisfação
à norma do artigo 175 da Constituição. econômica almejada”.

22
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Com base na lição de Hely Lopes Meirelles (2003:383), A Lei nº 8.987/95 referiu-se à permissão em apenas
pode-se acrescentar a essas hipóteses, em que seria pre- dois dispositivos: no artigo 2º, inciso IV, e no artigo 40,
ferível a permissão, aquela em que os serviços permitidos pelos quais se verifica que a permissão é definida como
são “transitórios, ou mesmo permanentes, mas que exijam contrato de adesão, precário e revogável unilateralmente
frequentes modificações para acompanhar a evolução da pelo poder concedente (melhor seria que, ao invés de falar
técnica ou as variações do interesse público, tais como o em revogação, que se refere a atos unilaterais, o legislador
transporte coletivo, o abastecimento da população e de- tivesse falado em rescisão, esta sim referente a contratos;
mais atividades cometidas a particulares, mas dependentes o emprego errôneo do vocábulo bem revela as incertez as
de controle estatal”. quanto à natureza da permissão).
Relativamente à permissão de serviço público, as suas A primeira e a última características apontadas não
características assim se resumem: servem para distinguir a permissão da concessão, porque
1. é contrato d e adesão, precário e revogável unilate- todos os contratos administrativos são de adesão e pas-
ralmente pelo poder concedente (em conformidade com síveis de rescisão unilateral pela Administração Pública. A
o art.175, parágrafo único, inciso 1, da Constituição, e do precariedade poderá servir para distinguir a permissão da
art. 40 da Lei nº 8.987/95), embora tradicionalmente seja concessão, desde que seja entendida como contrato sem
tratada pela doutrina como ato unilateral, discricionário e prazo estabelecido. Trata-se de exceção à regra do artigo
precário, gratuito ou oneroso, intuitu personae. 57, §3º, da Lei nº 8.666, de 21-6-93, que veda os contra-
2. depende sempre d e licitação, conforme artigo 175 tos com prazo de vigência indeterminado (v. Di Pietro,
da Constituição; 1999:118-122).
3. seu objeto é a execução de serviço público, conti- Outra distinção é que a lei no inciso IV do artigo 2º, ao
nuando a titularidade do serviço com o Poder Público; definir a permissão, não fez referência à concorrência como
4. o serviço é executado e m nome d o permissionário, modalidade de licitação obrigatória, ao contrário do que
por sua conta e risco; ocorre no inciso II, relativo à concessão.
5. o permissionário sujeita-se à s condições estabeleci- Ainda outra distinção: a concessão de serviço públi-
das pela Administração e a sua fiscalização; co só pode ser feita a pessoa jurídica (art. 2º, II, da Lei nº
6. como ato precário, pode ser alterado ou revogado 8.987/95), enquanto a permissão de serviço público pode
a qualquer momento pela Administração, por motivo de ser feita a pessoa física ou jurídica (inciso IV do mesmo
interesse público; dispositivo legal).
7. não obstante seja de sua natureza a outorga sem A forma pela qual foi disciplinada a permissão (se é
prazo, tem a doutrina admitido a possibilidade de fixação que se pode dizer que ela foi disciplinada) pode tornar bas-
de prazo, hipótese em que a revogação antes do termo es- tante problemática a utilização do instituto ou, pelo menos,
tabelecido dará ao permissionário direito à indenização; é a possibilitar abusos, por ensejar o uso de meios outros de
modalidade que Hely Lopes Meirelles (2003:382) denomi- licitação, que não a concorrência, sob pretexto de precarie-
na de permissão condicionada e Cretella Júnior (1972:112- dade da delegação, em situações em que essa precarieda-
113) de permissão qualificada. de não se justifique.
Segundo entendemos, a fixação de prazo aproxima de Com relação à autorização de serviço público, constitui
tal forma a permissão da concessão que quase desapare- ato unilateral, discricionário e precário pelo qual o poder
cem as diferenças entre os dois institutos. Em muitos casos, público delega a execução de um serviço público de sua
nota-se que a Administração celebra verdadeiros contratos titularidade, para que o particular o execute predominan-
de concessão sob o nome de permissão. Isto ocorre por- temente em seu próprio benefício. Exemplo típico é o da
que a precariedade inerente à permissão, com possibilida- autorização dos serviços de energia elétrica previstos no
de de revogação a qualquer momento, sem indenização, artigo 7º da Lei nº 9.074, de 7-7-95.
plenamente admissível quando se trata de permissão de Não depende de licitação, porque, sendo o serviço
uso de bem público (sem maiores gastos para o permis- prestado no interesse exclusivo ou predominante do be-
sionário), é inteiramente inadequada quando se cuida de neficiário, não há viabilidade de competição. O serviço é
prestação de serviço público. Trata-se de um empreendi- executado em nome do autorizatário, por sua conta e ris-
mento que, como outro qualquer, envolve gastos; de modo co, sujeitando-se à fiscalização pelo poder público. Sendo
que dificilmente alguém se interessará, sem ter as garantias ato precário, pode ser revogado a qualquer momento, por
de respeito ao equilíbrio econômico-financeiro, somente motivo de interesse público, sem dar direito a indenização.
assegurado pelo contrato com prazo estabelecido. Quanto ao estabelecimento de prazo, aplica-se o
Daí as permissões com prazo, que desnaturam o ins- quanto foi dito em relação às permissões com prazo.
tituto; e daí, também, o fato de já haver quem impugne o
caráter de permissão de determinados atos que a lei assim Parcerias Público-Privadas
denomina (cf. Meirelles Teixeira, in RDP 6/100 e 7/114) e Embora existam várias espécies de parceria entre os
até quem pregue, por sua inutilidade, a extinção do ins- setores público e privado, a Lei nº 11.079/04 reservou a
tituto (cf. Ivan Barbosa Rigolin,1988:639-644) . Talvez por expressão parceria público-privada para duas modalidades
isso a Constituição, no artigo 175, parágrafo único, inciso específicas. Nos termos do artigo 2º, “parceria público-pri-
1, refira-se à permissão como contrato, embora com uma vada é o contrato administrativo de concessão, na modali-
redação que enseja dúvidas de interpretação. dade patrocinada ou administrativa”.

23
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O dispositivo legal, na realidade, não contém qualquer com o parceiro público, (b) às garantias que o poder públi-
conceito, porque utiliza expressões que também têm quer co presta ao parceiro privado e ao financiador do projeto, e
ser definidas, o que consta dos §§ 1 º e 2º do mesmo artigo. (c) ao compartilhamento entre os parceiros de ganhos eco-
Pelo § 1º, “concessão patrocinada é a concessão de nômicos decorrentes da redução do risco de crédito dos
serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei financiamentos utilizados pelo parceiro privado.
nº8.987, de 13-2-95, quando envolver, adicionalmente à As diferenças não são conceituais, mas de regime jurí-
tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do dico, parcialmente diverso na concessão patrocinada. Tanto
parceiro público ao parceiro privado”. assim que o artigo 32, §12, da Lei nº 11.079 determina que
E, pelo §2º, “concessão administrativa é o contrato de “as concessões patrocinadas regem-se por esta Lei, apli-
prestação de serviços de que a Administração Pública seja cando-se-lhes subsidiariamente o disposto na Lei nº 8.987,
a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de de 1995, e nas leis que lhe são correlatas”.
obra ou fornecimento e instalação de bens”. A semelhança entre os dois institutos quase permitiria
Do artigo 2º e seus parágrafos resulta que a parceria afirmar o contrário: a concessão patrocinada rege-se pela
público-privada pode ter por objeto a prestação de serviço Lei nº 8.987 em tudo o que não for derrogado pela Lei nº
público (tal como na concessão de serviço público tradi- 11.079.
cional) ou a prestação de serviços de que a Administra- Sendo a concessão patrocinada uma concessão de
ção seja a usuária direta ou indireta (o que também pode serviços públicos, inúmeros são os pontos comuns com a
corresponder a serviço público), envolvendo ou não, neste modalidade disciplinada pela Lei nº 8.987.
segundo caso, a execução de obra e o fornecimento e ins- a) existência de cláusulas regulamentares no contrato,
talação de bens; na primeira modalidade, tem-se a con- resultantes da atividade hoje chamada de regulação;
cessão patrocinada, em que a remuneração compreende b) outorga de prerrogativas públicas ao parceiro pri-
tarifa do usuário e contraprestação pecuniária do parceiro vado;
público ao parceiro privado; na segunda modalidade, tem- c) sujeição do parceiro privado aos princípios inerentes
se a concessão administrativa, em que a remuneração é fei- à prestação de serviços públicos: continuidade, mutabili-
ta exclusivamente por contraprestação do parceiro público dade, igualdade dos usuários, além dos mencionados no
ao parceiro privado, o que aproxima essa modalidade do artigo 62 da Lei nº 8.987/95;
contrato de empreitada. d) reconhecimento de poderes ao parceiro público,
Para englobar as duas modalidades em um conceito como encampação, intervenção, uso compulsório de recur-
único, pode-se dizer que a parceria público-privada é o sos humanos e materiais da empresa concessionária, poder
contrato administrativo de concessão que tem por obje- de direção e controle sobre a execução do serviço, poder
to (a) a execução de serviço público, precedida ou não de sancionatório e poder de decretar a caducidade;
obra pública, remunerada mediante tarifa paga pelo usuá- e) reversão, ao término do contrato, de bens do parcei-
rio e contraprestação pecuniária do parceiro público, ou (b) ro privado afetados à prestação do serviço;
a prestação de serviço de que a Administração Pública seja f) natureza pública dos bens da concessionária afeta-
a usuária direta ou indireta, com ou sem execução de obra dos à prestação do serviço;
e fornecimento e instalação de bens, mediante contrapres- g) responsabilidade civil, por danos causados a tercei-
tação do parceiro público. ros, regida por normas publicísticas, mais especificamente
o artigo 37, § 62, da Constituição;
Concessão Patrocinada h) efeitos trilaterais da concessão: sobre o poder con-
A concessão patrocinada é uma concessão de serviço cedente, o parceiro privado e os usuários.
público sujeita a regime jurídico parcialmente diverso da Mencionando especificamente a Lei nº 8.987/95, apli-
concessão de serviço público comum, ordinária ou tradi- cam-se à concessão patrocinada as normas referentes a:
cional, disciplinada pela Lei nº 8.987/95. É a própria Lei nº a) direitos e obrigações dos usuários (art. 72);
11.079/04 que o diz no conceito, já transcrito, contido no b) política tarifária (arts. 92 a 13), no que couber;
artigo 2º, §1º. E é o que resulta também do § 3º do mesmo c) cláusulas essenciais do contrato (art. 23), no que não
dispositivo, quando estabelece que “não constitui parce- contrariarem os incisos do artigo 52 da Lei nº 11.079;
ria público-privada, a concessão comum, assim entendida d) encargos do poder concedente (art. 29);
a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de e) encargos do concessionário (art. 31);
que trata a Lei nº 8.987, de 1995, quando não envolver f) intervenção (arts. 32 a 34);
contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro g) responsabilidade por prejuízos causados ao poder
privado”. concedente e a terceiros (art. 25, caput);
No que diz respeito ao conceito, a principal diferença h) subcontratação (art. 25, §§ 1ºa 3º);
entre a concessão patrocinada e a concessão de serviço i) subconcessão (art. 26);
público comum é a que diz respeito à forma de remune- j) transferência da concessão (art. 27), com as restrições
ração; assim mesmo, essa diferença pode desaparecer se, contidas no artigo 9º da Lei nº 11.079 quanto à transferên-
na concessão tradicional, houver previsão de subsídio pelo cia d e controle acionário;
poder público, conforme previsto no artigo 17 da Lei nº k) formas de extinção, abrangendo advento do termo,
8.987. Também existe diferença no que diz respeito (a) aos encampação, caducidade, rescisão ou anulação (arts. 35 a
riscos que, nas parcerias público-privadas, são repartidos 39);

24
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

l) reversão (art. 36); o objeto do contrato. A autorização para a contratação será


m) licitação (arts. 15, §§ 3º e 4º, 18, 19 e 21), no que dada pelo órgão gestor, instituído, na União, pelo Decreto
não contrariarem as normas dos artigos 11 a 13 da Lei nº nº5.385, de 4-3-05, alterado pelo Decreto nº6.037, de 7-2-
11.079; 07, com o nome de Comitê Gestor de Parceria Público Pri-
n) controle da concessionária (art. 30 da Lei nº 8.987/95, vada - CGP; essa autorização será precedida de estudo téc-
e arts. 31 e 36 da Lei nº 9.074/95). nico sobre a conveniência e a oportunidade da contratação
Embora a concessão patrocinada seja equiparada, pela e o cumprimento de disposições da Lei de Responsabilida-
própria lei, à concessão de serviços públicos, existem algu- de Fiscal; sobre esse estudo técnico, haverá manifestação
mas distinções no que diz respeito ao regime jurídico: fundamentada do Ministério do Planejamento, Orçamento
a) a forma de remuneração, que deve estar prevista e Gestão, quanto ao mérito do projeto, e do Ministério da
no contrato entre as cláusulas essenciais (art. 5º, N) e que Fazenda, quanto à viabilidade da concessão de garantia e à
abrange, além da tarifa e outras fontes de receita previstas sua forma, relativamente aos riscos para o Tesouro Nacio-
no artigo 11 da Lei nº 8.987/95, a contraprestação do par-
nal e ao cumprimento do limite de que trata o artigo 22.
ceiro público ao parceiro privado;
Segundo esse dispositivo, a União somente pode-
b) a obrigatoriedade de constituição de sociedade de
rá contratar parceria público-privada quando a soma das
propósitos específicos para implantar e gerir o objeto da
parceria (art. 9º); despesas de caráter continuado derivadas do conjunto das
c) a possibilidade de serem prestadas, pela Administra- parcerias já contratadas não tiver excedido, no ano anterior,
ção Pública, garantias de cumprimento de suas obrigações a 1% da receita corrente líquida do exercício, e as despesas
pecuniárias (art. 8º); anuais dos contratos vigentes, nos dez anos subsequentes,
d) o compartilhamento de riscos (art. 4º, VI, e art. 5º, não excedam a 1% da receita corrente líquida projetada
III) e de ganhos econômicos efetivos do parceiro privado para os respectivos exercícios.
decorrentes da redução do risco de crédito dos financia-
mentos utilizados pelo parceiro privado (art. 5º, IX);
e) normas específicas sobre licitação, derrogando par- CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO
cialmente as normas das Leis nºs 8.987/95 e 8.666/93 (arts. DA ADMINISTRAÇÃO: CONTROLE
10 a 13); ADMINISTRATIVO; CONTROLE
f) possibilidade de aplicação de penalidades à Admi- JUDICIAL; CONTROLE LEGISLATIVO;
nistração Pública em caso de inadimplemento contratual
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
(art. 5º, II);
g) normas limitadoras do prazo mínimo e máximo d o
contrato (art. 5º, I);
h) imposição de limite de despesa com contratos de O servidor público sujeita-se à responsabilidade civil,
parcerias público-privadas (arts . 22 e 28, este último alte- penal e administrativa decorrente do exercício do cargo,
rado pela Lei nº 12 .766, de 27-12-12 , conversão da Medi- emprego ou função . Por outras palavras, ele pode praticar
da Provisória nº 575/12); atos ilícitos no âmbito civil, penal e administrativo. Isto é o
i) vedação de utilização da concessão patrocinada que nos ensina a professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro,
quando o contrato for inferior a R$20.000.000,00 (vinte mi- conforme segue:
lhões de reais), conforme artigo 2º,§4º, I, da Lei nº11.079/04; A responsabilidade civil é de ordem patrimonial e de-
essa exigência não existe para os contratos de concessão corre do artigo 186 do Código Civil, que consagra a regra,
de serviço público.
aceita universalmente, segundo a qual todo aquele que
causa dano a outrem é obrigado a repará-lo.
A Lei nº11.079/04, no artigo 10, prevê a obrigatorie-
Analisando-se aquele dispositivo, verifica-se que, para
dade de licitação para a contratação de parceria público
-privada, na modalidade de concorrência, condicionando configurar-se o ilícito civil, exige-se:
a abertura do procedimento à observância de determina- 1. ação ou omissão antijurídica;
das formalidades, que abrangem, em resumo: (a) autori- 2. culpa o u dolo; com relação a este elemento, à s
zação pela autoridade competente, devidamente motivada vezes de difícil comprovação, a lei admite alguns casos de
com a demonstração da conveniência e oportunidade da responsabilidade objetiva (sem culpa) e também de culpa
contratação; (b) demonstração de cumprimento da Lei de presumida; uma e outra constituem exceções à regra ge-
Responsabilidade Fiscal - Lei Complementar nº101, de 4-5- ral de responsabilidade subjetiva, somente sendo cabíveis
2000; (c) submissão da minuta do edital e do contrato a diante de norma legal expressa;
consulta pública; e (d) licença ambiental prévia ou diretri- 3. relação de causalidade entre a ação ou omissão e o
zes para o licenciamento ambiental do empreendimento, dano verificado;
na forma do regulamento, sempre que o objeto do con- 4. ocorrência de um dano material ou moral.
trato exigir. Quando o dano é causado por servidor público, é ne-
Quanto à autoridade competente para a autorização cessário distinguir duas hipóteses:
de abertura da licitação e à motivação, a Lei nº 11.079 disci- 1. dano causado ao Estado;
plina o assunto nos artigos 14 e 15, dos quais se deduz que 2. dano causado a terceiros.
as minutas de edital serão elaboradas pelo Ministério ou
Agência Reguladora em cuja área de competência se insira

25
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

No primeiro caso, a sua responsabilidade é apurada Não há, com relação ao ilícito administrativo, a mesma
pela própria Administração, por meio de processo adminis- tipicidade que caracteriza o ilícito penal. A maior parte das
trativo cercado de todas as garantias de defesa do servidor. infrações não é definida com precisão, limitando-se a lei,
As leis estatutárias em geral estabelecem procedimentos em regra, a falar em falta de cumprimento dos deveres,
autoexecutórios (não dependentes de autorização judicial) falta de exação no cumprimento do dever, insubordinação
, pelos quais a Administração desconta dos vencimentos grave, procedimento irregular, incontinência pública; pou-
do servidor a importância necessária ao ressarcimento dos cas são as infrações definidas, como o abandono de cargo
prejuízos, respeitado o limite mensal fixado em lei, com ou os ilícitos que correspondem a crimes ou contravenções.
vistas à preservação do caráter alimentar dos estipêndios. Isso significa que a Administração dispõe de certa mar-
Quando o servidor é contratado pela legislação traba- gem de apreciação no enquadramento da falta dentre os
lhista, o artigo 462, § 1º, da CLT s ó permite o desconto ilícitos previstos na lei, o que não significa possibilidade
com a concordância d o empregado ou em caso de dolo. de decisão arbitrária, já que são previstos critérios a se-
O desconto dos vencimentos, desde que previsto em lei, rem observados obrigatoriamente; é que a lei (artigos 128
é perfeitamente válido e independe do consentimento do da Lei Federal e 256 do Estatuto Paulista) determina que
servidor, inserindo-se entre as hipóteses de autoexecuto- na aplicação das penas disciplinares serão consideradas a
riedade dos atos administrativos. Isto não subtrai a medida natureza e a gravidade da infração e os danos que dela
ao controle judicial, que sempre pode ser exercido median- provierem para o serviço público.
te provocação do interessado, quer como medida cautelar É precisamente essa margem de apreciação e ou discri-
que suste a decisão administrativa, quer a título de indeni- cionariedade limitada pelos critérios previstos em lei) que
zação, quando o desconto já se concretizou. exige a precisa motivação da penalidade imposta, para de-
Em caso de crime de que resulte prejuízo para a Fazen- monstrar a adequação entre a infração e a pena escolhida
da Pública ou enriquecimento ilícito do servidor, ele ficará e impedir o arbítrio da Administração. Normalmente essa
sujeito a sequestro e perdimento de bens, porém com in- motivação consta do relatório da comissão ou servidor que
tervenção do Poder Judiciário, na forma do Decreto-lei nº realizou o procedimento; outras vezes, consta de pareceres
3.240, de 8-5-41, e Lei nº 8.429, de 2-6-92 (arts. 16 a 18). proferidos por órgãos jurídicos preopinantes aos quais se
Esta última lei dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agen- remete a autoridade julgadora; se esta não acatar as mani-
tes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercí- festações anteriores, deverá expressamente motivar a sua
cio do mandato, cargo, emprego ou função na Administra- decisão.
ção Pública Direta, Indireta ou Fundacional. É a chamada lei Como medidas preventivas, a Lei nº 8.112/90, no arti-
de improbidade administrativa, que disciplina o artigo 37, go 147, estabelece o afastamento preventivo por 60 dias,
§4º, da Constituição. prorrogáveis por igual período, quando o afastamento for
Quando se trata de dano causado a terceiros, aplica- necessário para que o funcionário não venha a influir na
se a norma do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, em apuração da falta cometida. Isto sem falar no sequestro e
decorrência da qual o Estado responde objetivamente, ou perdimento de bens, já referidos.
seja, independentemente de culpa ou dolo, mas fica com O servidor responde penalmente quando pratica crime
o direito de regresso contra o servidor que causou o dano, ou contravenção. Existem, no ilícito penal, os mesmos ele-
desde que este tenha agido com culpa ou dolo. mentos caracterizadores dos demais tipos de atos ilícitos,
O servidor responde administrativamente pelos ilícitos porém com algumas peculiaridades:
administrativos definidos na legislação estatutária e que 1. a ação ou omissão deve ser antijurídica e típica, o u
apresentam os mesmos elementos básicos do ilícito civil: seja, corresponder ao tipo, ao modelo de conduta definido
ação ou omissão contrária à lei, culpa ou dolo e dano. na lei penal como crime ou contravenção;
Nesse caso, a infração será apurada pela própria Admi- 2. dolo ou culpa, sem possibilidade de haver hipóteses
nistração Pública, que deverá instaurar procedimento ade- d e responsabilidade objetiva;
quado a esse fim, assegurando ao servidor o contraditório 3. relação de causalidade;
e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, 4. dano ou perigo de dano: nem sempre é necessá-
nos termos do artigo 52, inciso LV, da Constituição. rio que o dano se concretize; basta haver o risco de dano,
Os meios de apuração previstos nas leis estatutárias como ocorre na tentativa e em determinados tipos de cri-
são os sumários, compreendendo a verdade sabida e a me que põem em risco a incolumidade pública.
sindicância, e o processo administrativo disciplinar, impro- Para fins criminais, o conceito de servidor público é am-
priamente denominado inquérito administrativo. plo, mais se aproximando do conceito de agente público. O
Comprovada a infração, o servidor fica sujeito a penas artigo 327 do Código Penal, com a redação dada pela Lei
disciplinares. nº 9.983, de 13-7-00, considera “funcionário público, para
Na esfera federal, a Lei nº 8.112/90 prevê, no artigo os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
127, as penas de advertência, destituição de cargo em co- remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública”. O
missão, destituição de função comissionada, suspensão, § 1 º equipara a funcionário “quem exerce cargo, emprego
demissão e cassação de aposentadoria; e define, nos arti- ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para
gos subsequentes, as hipóteses de cabimento de cada uma empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada
delas. para a execução de atividade típica da Administração Pú-
blica”. O sentido da expressão entidade paraestatal, nesse

26
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dispositivo, tem sido objeto de divergências doutrinárias, Em relação à Responsabilidade Civil do Estado no Di-
alguns entendendo que só abrange as autarquias, outros reito Brasileiro iremos trazer os ensinamentos do professor
incluindo as empresas públicas e sociedades de economia Alexandre Santos de Aragão que defende que a responsa-
mista. Razão assiste aos que defendem este último enten- bilidade civil do Estado: possui contornos próprios e, his-
dimento, pois, se o empregado de entidade privada é con- toricamente, tem evoluído no sentido da sua maior ampli-
siderado funcionário público, para fins criminais, pelo fato tude e publicização: desde a impossibilidade de o Estado
de a mesma prestar atividade típica da Administração Pú- ser civilmente responsabilizado (the king can do no wrong),
blica, com muito mais razão o empregado das sociedades passando pela responsabilidade por culpa em diversas mo-
de economia mista, empresas públicas e demais entidades dalidades (ex.: culpa presumida), até a atual responsabili-
sob controle direto ou indireto do poder público. dade objetiva (independentemente de culpa ou ilícito), por
O fato de o Estado ser primariamente responsável pe- risco administrativo ou até mesmo por risco integral, casos
los danos causados pelos seus comportamentos não quer excepcionais esses (de risco integral) em que se prescinde
dizer que os agentes públicos que materialmente execu- até mesmo do nexo de causalidade entre o dano sofrido
taram tais comportamentos também não possam sê-lo, pelo particular e o Estado.
mas dessa responsabilidade se exigirá a ilicitude. Ou seja, O autor nos ensina que: estágio atual de evolução em
os agentes públicos só são responsáveis pelos danos que, nosso Direito Positivo é, desde a Constituição de 1946, o da
nessa qualidade, causarem, se tiverem culpa ou dolo (res- responsabilidade objetiva por risco administrativo, decor-
ponsabilidade subjetiva). rência de os danos causados pelo Estado advirem de ativi-
O direito de regresso pode ser satisfeito através de dade do interesse de toda a coletividade. É o que dispõe o
ação judicial ou por acordo. Fora disso, é muito questio- art. 37, §6º, da Constituição Federal: “O Estado responderá
nável a possibilidade de o Estado exercer este direito des- pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem
contando em folha, coativa e unilateralmente, os valores a terceiros”, independentemente de dolo ou culpa, os quais
do regresso, já que, sem a autorização do servidor, este somente terão importância para se estabelecer o direito de
desconto em folha consistiria em uma autoexecutoriedade regresso do ente contra o seu funcionário ou empregado.
de valores pecuniários. Para ele o caráter objetivo da responsabilidade pela
Por derradeiro, assinalamos que, como se trata de prestação de serviços públicos em sentido estrito (não
direito patrimonial, o Estado poderá exercer o direito de qualquer atividade administrativa) pode fundamentar-se,
regresso contra os sucessores do servidor que causou o hoje, não apenas no art. 37, § 6º, CF, mas também, pelo
ilícito que gerou a despesa pública de indenização do ter- simples fato de serem serviços, no art. 12 do CDC (respon-
ceiro lesado. sabilidade pelo fato do produto e do serviço) e no art. 927,
As diversas instâncias de responsabilização dos agen- parágrafo único, do Código Civil (responsabilidade objetiva
tes públicos são autônomas, mas, para evitar contradições das atividades de risco).
entre atos estatais, são parcialmente inter-relacionadas, já A existência de tantas normas aptas a justificar a inde-
que em tese os agentes públicos estão sujeitos concomi- nização fortalece a posição jurídica dos particulares – usuá-
tantemente às esferas civil, administrativa e penal de res- rios ou terceiros prejudicados pelo serviço público –, uma
ponsabilização (ex.: em caso de tortura praticada em dele- vez que, em caso de eventual conflito entre elas, o que,
gacia policial). todavia, nos parece difícil de ocorrer diante da semelhança
Normalmente a relação se dá entre as esferas civil e das suas hipóteses de incidência, poderá invocar a que for
administrativa, de um lado, e a penal, de outro, já que esta, capaz de melhor embasar a sua pretensão.
em face da gravidade de suas potenciais sanções, é a que O art. 37, § 6º, CF, disciplina a responsabilidade do Es-
possui o procedimento dotado de maior teor garantístico. tado por qualquer de suas atividades, não apenas pelos
Diante dela, podemos estar diante de quatro situações (arg seus serviços públicos em sentido técnico estrito. A única
ex art.935, CC): exceção que faríamos são as atividades econômicas que o
1) Condenação penal: leva à culpa também no proces- Estado explorar em concorrência com a iniciativa privada,
so cível e no administrativo; pois, à luz do que vimos no capítulo referente à Organiza-
2) Absolvição penal pela negativa do fato ou da au- ção Administrativa, a responsabilidade objetiva dessas es-
toria: também produz efeitos no cível e no administrativo; tatais as colocariam em desvantagem diante de seus con-
3) Absolvição penal por ausência de ilicitude (legítima correntes privados (art. 173, § 1º, CF).
defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento de de- A ação ou omissão estatal que gerar prejuízo a tercei-
ver legal e exercício regular de direito): produz efeito no ros (particulares ou mesmo outra entidade pública) engen-
cível e no administrativo (art. 65, CPP); dra responsabilidade civil objetiva (independentemente de
4) Absolvição penal por ausência de prova: não produz culpa ou ilicitude, bastando o nexo causal) dos entes da
efeitos tanto no cível como no administrativo, já que as Federação, das pessoas jurídicas de direito público da Ad-
provas, nestes, menos rígidos, podem ser suficientes para ministração Indireta, das pessoas jurídicas de direito priva-
configurar o que a Súmula n. 18 do STF denomina “falta do da Administração Indireta que não exerçam atividades
residual”. econômicas stricto sensu em concorrência com a iniciativa
privada (art. 173, § 1º, CF) e dos delegatários privados de
serviços públicos (ex.: concessionários de serviços públi-
cos).

27
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Especificamente em relação à responsabilidade civil sendo relevante para esse efeito a execução meramente
das delegatárias de serviços públicos, em caso de acidente material pelo concessionário das determinações estatais. O
de trânsito, o STF adotou posição em caso isolado (RE n. concessionário é, nesses casos, mera longa manus do Poder
302622/MG), já em vias de superação, de que essas enti- concedente ou do regulador, sem atitude volitiva própria.
dades são objetivamente responsáveis, nos termos do art. O ponto extremo da responsabilidade civil estatal é a
37, § 6º, CF, apenas pelos danos que causarem aos usuários teoria do risco social ou risco integral, em que o Estado
dos serviços públicos delegados, não a terceiros que não é responsável até por danos não imputáveis ao seu com-
os estejam utilizando (no caso o proprietário do veículo portamento independentemente até mesmo de nexo de
particular com o qual o ônibus da concessionária colidiu). causalidade, sem possibilidade de causas de exclusão (caso
Apesar da grande perplexidade gerada pela decisão, fortuito, força maior, culpa de terceiros, da própria vítima
ela tem, embora não citada expressamente pelo acórdão, etc.). Além da responsabilidade por danos nucleares (art.
apoio em alguma doutrina, como a de FRANCIS-PAUL BÉ- 21, XXIII, d, CF, regulamentado pela Lei n.6.453/77), outro
NOIT, que distingue o fundamento da responsabilidade exemplo dessa espécie de obrigação pecuniária do Esta-
da Administração Pública conforme se trate de usuário do do, mais de seguridade social que de responsabilidade civil
serviço público ou de terceiro. Em relação àqueles o seu propriamente dita, é a instituída pela Lei n.10.744, de 09 de
fundamento seria o direito que possuem ao bom funcio- outubro de 2003, que, adotando a Teoria do Risco Integral,
namento do serviço; ao passo que para terceiros o fun- propicia à União arcar com os prejuízos que venham a ser
damento seria mais genérico, consubstanciado no direito causados por atos terroristas.
a não sofrer nenhum dano anormal por fatos produzidos O entendimento do referido autor segue no sentido de
pela Administração Pública. que são condutas geradoras da responsabilidade:
Pois bem, no Recurso Extraordinário n. 459.749, no - Ação do Estado
qual se discutiu acórdão do Tribunal de Justiça do Estado Nesta hipótese, o dano é causado diretamente pelo
de Pernambuco que condenara empresa privada conces- próprio Estado, que terá responsabilidade objetiva, ou seja,
sionária de serviço público de transporte ao pagamento de independente de culpa e da ilicitude do ato.
indenização por dano moral a terceiro não usuário, atro- Mesmo que o Estado sem culpa e licitamente cause
pelado por veículo da empresa, os quatro votos até então dano a outrem, deverá indenizá-lo com fundamento no
proferidos – Ministro Relator JOAQUIM BARBOSA, Minis- princípio da solidariedade social, conforme vimos ao anali-
tra CÁRMEN LÚCIA, Ministro RICARDO LEWANDOWSKI e sarmos os fundamentos da responsabilidade civil do Esta-
Ministro CARLOS BRITTO – afirmaram a responsabilidade do. Não é porque uma conduta do Estado é lícita que um
objetiva das prestadoras de serviços públicos também rela- indivíduo pode sofrer sem qualquer espécie de proteção
tivamente aos terceiros não usuários de serviços públicos. um prejuízo em prol de toda a coletividade, observados os
Em seu voto, o relator reputou indevido diferenciar a siste- requisitos do dano que veremos no tópico XIX.
mática de responsabilidade aplicável conforme a qualidade A responsabilidade por ato ou fato lícito é um dos da-
da vítima, uma vez que a responsabilidade objetiva do art. dos distintivos da responsabilidade objetiva em relação à
37, § 6º, da Constituição Federal decorre, tão somente, da subjetiva ou por culpa. Se a sociedade teve os proveitos,
natureza da atividade administrativa, não fazendo qualquer também deve arcar com os ônus sofridos especialmente
distinção quanto ao lesado. por um(s) dos seus membros (art. 37, § 6º, CF).
O julgamento em questão havia sido suspenso em É lógico que, muitas vezes, o comportamento comissi-
virtude de pedido de vista formulado pelo Ministro EROS vo lesivo será ilícito. Mas este aspecto é irrelevante para a
GRAU e constitui uma esperança de que o entendimento responsabilização do Estado, sendo de se considerar ape-
esposado no primeiro caso acima mencionado seja defi- nas a responsabilidade objetiva. Em outras palavras, mes-
nitivamente sepultado pela Corte. Deveremos, no entanto, mo que o ato estatal tenha sido ilícito, o particular, para
aguardar mais um pouco para que isso seja consolidado, deflagrar a responsabilidade do Estado, não precisa provar
já que, segundo o site do STF, as partes chegaram a um tal ilicitude, bastando demonstrar o nexo de causalidade.
acordo, requerendo a sua homologação e a consequente Apenas a responsabilidade pessoal do próprio agente pú-
extinção do processo. blico exige aquela comprovação.
Outra possível exclusão da aplicação do art. 37, § 6º, Resumindo a responsabilidade comissiva do Estado,
CF, às delegatárias de serviços públicos se deve ao fato de sempre objetiva, pode se dar tanto nos casos de atos jurí-
que muitos dos comportamentos dessas empresas não po- dicos lícitos (ex.: proibição do trânsito em rua em que até
dem ser considerados oriundos de decisões próprias, mas então funcionava um edifício-garagem privado, que natu-
sim de determinações do Poder concedente. Nesses casos, ralmente não terá mais como subsistir); atos materiais líci-
se ocasionarem prejuízos a particulares, a responsabilidade tos (ex.: nivelamento de rua, em que as janelas das casas
do Estado (ou de eventual autarquia reguladora) não será possam ficar abaixo do nível da rua); atos jurídicos ilícitos
meramente subsidiária (apenas em caso de insolvência da (ex.: apreensão de jornais contrariamente ao direito de livre
prestadora privada de serviço público), como é a regra, expressão) e atos materiais ilícitos (ex.: espancamento de
mas direta e exclusiva. prisioneiro pelo carcereiro).
A assertiva se deve ao fato de, em casos tais, o nexo
de causalidade existir diretamente entre o prejuízo do par-
ticular e a atuação ou omissão do Poder concedente, não

28
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

- Omissão do Estado Portanto, a omissão, quando caracterizar um ilícito ad-


Quanto aos atos comissivos (ação estatal), objeto do ministrativo e gerar danos – individuais, coletivos ou difu-
subtópico anterior, o ordenamento pátrio claramente ado- sos –, desencadeará, além naturalmente do dever de agir
tou a teoria objetiva da responsabilidade, sob a modalida- para suprir a omissão, a responsabilidade civil da pessoa
de do risco criado, emergindo o dever de indenizar o dano pública que não cumpriu o seu dever.
causado pela atividade estatal, seja ela lícita ou ilícita. Não é suficiente apenas haver relação entre um dano
Todavia, em relação à responsabilidade do Estado por não evitado com o qual estaríamos adotando a Teoria do
omissão, a doutrina e a jurisprudência dominantes exigem Risco Integral ou Social (ex.: todos os assaltos seriam inde-
a presença do elemento culpa, sendo suficiente para carac- nizáveis pelo Estado), exigindo-se também a falha do ser-
terizá-la provar que a situação impunha um dever de agir viço do Estado.
ao Estado, e esse quedou inerte por dolo, desídia ou negli- Como expõe CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO,
gência, ainda que anônima do serviço (sem identificação deve se ter em vista mais especificamente o padrão “nor-
de um servidor concretamente culpado). mal” do serviço, conceito subjetivo, mas aferível por ele-
Realmente, a imputação de um dano decorrente de mentos como o nível de expectativa comum da sociedade,
omissão estatal não pode ser realizada de forma imediata, a atuação do Estado em situações análogas e a expectativa
uma vez que a inércia não é a causa direta do dano, mas do próprio Estado em relação aos seus serviços, inferida,
sim um fato da natureza, da própria vítima ou de terceiros, principalmente, da legislação (ex.: o Estado é civilmen-
não evitado pelo Estado (ex.: um assalto não evitado; uma te responsável pelo assalto que tenha sido realizado em
enchente que levou à perda total de carros). frente a uma cabine da Polícia Militar; morte de pessoa em
Como não temos nesses casos uma ação do Estado, incêndio em razão de o Estado não possuir escada magirus
logicamente não foi ele o autor direto do dano. O dano com altura suficiente para efetuar o salvamento, apesar de
adveio de força humana ou natural, mas o Estado será res- ter licenciado a construção naquele gabarito; ambulância
ponsável se, naquele caso concreto, tinha o dever jurídico que demora horas para chegar; inundação conjugada com
de evitar o dano. a má manutenção das galerias pluviais; prejuízo causado
Sendo assim, a omissão que pode ensejar a responsa- por um particular a outro por omissão do poder de polí-
bilidade do Estado é sempre ilícita, ao contrário do que se cia mesmo tendo a ação do Estado sido solicitada diversas
vezes sem nada acontecer; danos advindos de protestos
dá com a ação, que pode ser lícita ou ilícita para responsa-
populares quando fosse razoavelmente possível ao Estado
bilizar o Estado. A responsabilização por omissão terá lugar
prevê-los etc.).
apenas se o Estado tinha o dever de agir, ou seja, se estava
Advém muitas vezes a responsabilidade civil do Estado
legalmente obrigado a impedir a ocorrência do evento da-
por omissão de uma combinação da proteção da confian-
noso, e se omitiu.
ça legítima dos cidadãos em relação à atuação do Estado
Esta “culpa” pela omissão a que a doutrina alude, que
com a proteção da sua dignidade humana e da efetividade
seria mais bem traduzida (faute du service) como “falta”,
de direitos fundamentais, inclusive de natureza prestacio-
pode consistir em um não funcionamento do serviço, um nal, a que façam jus. Se, observados os requisitos da teoria
funcionamento tardio ou um funcionamento ineficiente. dos direitos fundamentais como a reserva do possível e o
Não se refere necessariamente a um agente público deter- núcleo essencial, o Estado não atender o cidadão nessa
minado, mas ao aparato estatal como um todo. Em alguns esfera, estará sujeito, não apenas à imposição judicial da
casos, por disposição legal (cf. v.g. presunções probatórias obrigação de fazê-lo, como também a indenizar o cidadão
estabelecidas pelo Código de Defesa do Consumidor) ou pelo direito fundamental não adimplido.
por questões práticas concernentes ao ônus da prova (ex.: Eventual incúria do Estado em ajustar-se aos padrões
dificuldade de prova negativa), poderá haver uma presun- civilizatórios não ilide a sua responsabilidade. Não se pode
ção relativa da culpa do Estado. dizer que o serviço é realmente ruim, mas que sempre foi
A tese da responsabilidade subjetiva do Estado para assim e que todos já sabiam disso. Haverá a responsabili-
as omissões decorre também de o art. 43 do Código Ci- dade do Estado por omissão, portanto, se descumpriu o
vil aplicar-se apenas aos atos comissivos e de, no sistema dever jurídico de agir, ou se agiu, mas atuou abaixo dos
do Código, a responsabilidade objetiva somente ter lugar padrões a que estava obrigado, surgindo assim o neces-
quando expressamente prevista (art. 927, parágrafo único), sário nexo de causalidade. Pouco importa se esta culpa é
sendo que não haveria norma determinando a responsabi- específica de algum agente individualmente considerado
lidade objetiva estatal em casos de omissão, nem mesmo ou se é a chamada “culpa” anônima do serviço.
o art. 37, § 6º, da Constituição Federal, cuja redação pres- - Situação de risco criada pelo Estado
supõe uma causalidade comissiva (“causarem a terceiros”). Nesses casos, não há ação, ou mesmo omissão culpo-
Em nossa opinião não há como se objetivar uma res- sa, do Estado, que tenha causado o dano, que ocorreu di-
ponsabilidade civil por omissão, na qual inexiste um ato retamente por força natural ou humana alheia.
que possa representar o elemento primordial do nexo de Nos casos objeto do presente subtópico – riscos cria-
causalidade. Se a omissão do prestador do serviço públi- dos pelo Estado –, como em nosso Direito não é adotada
co fosse objetivamente considerada como fato gerador de a Teoria do Risco Integral, o Estado só será responsável na
responsabilidade civil, o Estado seria um segurador univer- hipótese em que, em prol de toda a coletividade, comissi-
sal dos membros da coletividade, arcando com todos os vamente constituiu uma situação de risco que propiciou,
prejuízos que não conseguisse evitar. somado ao fato humano ou da natureza, o dano.

29
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Com esses aspectos (aspecto comissivo na criação da si- O dano para ser indenizável também tem de ser (b) certo,
tuação de risco e igualdade na repartição dos ônus sociais), ainda que atual ou futuro (ex.: verba que a vítima terá de des-
os danos decorrentes de situações de risco equivalem aos de- pender ainda por muitos anos com fisioterapia). O dano não
correntes da própria ação do Estado, aplicando-se-lhes a res- pode é ser meramente eventual (ex.: lucro cessante da empre-
ponsabilidade objetiva. Exemplo: fuga de preso ou de doente sa que a pessoa teria aberto se não tivesse sofrido o acidente).
mental que causa danos nas imediações do presídio ou do Os caracteres jurídico e certo do dano serão suficientes
manicômio; raio que cai sobre depósito de munições do exér- para fazer surgir a responsabilidade do Estado por compor-
cito; assassinato de um presidiário por outro etc.) tamentos ilícitos, sejam eles comissivos ou omissivos (estes,
Os casos mais comuns são realmente os danos oriundos para poder gerar a responsabilidade do Estado, são, segundo
da guarda de coisas ou pessoas perigosas, mas há também nosso entendimento, sempre ilícitos, como visto acima).
outras hipóteses em que o Poder Público tem que em prol da Nos casos de responsabilidade do Estado por atos lícitos
sociedade criar situações que coloca terceiros em risco (ex.: (só verificada se por ação ou situação de risco), o dano, além
de jurídico e certo, também deverá ser ainda (c) especial, isto
acidente decorrente de sinal de trânsito quebrado por ter um
é, não pode ser genérico, disseminado em toda a sociedade
defeito imprevisível no semáforo; bala perdida em confronto
(ex.: medida econômica que reduz o poder aquisitivo da moe-
da polícia com bandidos etc.).
da não gera indenização) e (d) anormal, ou seja, não inerente
Há de se ter uma relação de causalidade direta do dano às próprias condições incômodas, mas naturais ao convívio
com o risco suscitado pelo Estado. Do contrário, o Estado social (ex.: poeira de obra que suja a pintura de muro; inter-
não será responsável (ex.: não haverá a responsabilidade do dição por poucas horas da rua, fazendo com que seus mora-
Estado por risco criado se os presidiários foragidos vierem a dores tenham que pôr seus carros em garagem paga, fora da
causar danos longe da fonte de risco que é o presídio; ou rua, não gera direito a ressarcimento (obra que atrapalha o
por detento que morre no presídio em razão de raio). Nesses comércio não gera dano indenizável, mas se o interditar to-
casos, não haverá a responsabilidade objetiva por situação de talmente, gerará); abordagens policiais normais não causam
risco criada pelo Estado, mas até poderemos ter a responsa- dano moral etc.).
bilidade por faute du service (ex.: se o assalto cometido pelo Constata-se que esses dois últimos requisitos do dano
foragido foi em frente a cabine policial), se os requisitos da para gerar a responsabilidade do Estado por atos lícitos iden-
responsabilidade por omissão estiverem presentes. tificam-se com os requisitos da indenizabilidade de certas
limitações administrativas e da caracterização de determina-
Requisitos da indenizabilidade do dano das intervenções regulatórias na liberdade econômica e na
Continua nos ensinado Aragão: há duas exigências gerais propriedade como desapropriações indiretas. E nada mais
(dano jurídico e certo) e duas exigências aplicáveis apenas à natural, pois, na verdade, como concluímos nos respectivos
responsabilidade civil do Estado por comportamentos lícitos capítulos, cuja remissão se faz essencial, essas duas nada mais
(danos especiais e anormais). são do que exemplos de atos lícitos capazes de gerar a res-
Em primeiro lugar, portanto, o dano há de sempre ser (a) ponsabilidade civil do Estado.
jurídico. Se a lesão for econômica, mas não for jurídica, isto
é, se, apesar de haver prejuízo, não houver gravame em um Excludentes da Responsabilidade
direito, não eclodirá a responsabilidade civil. Deve haver lesão De acordo com o referido autor a responsabilidade ob-
a algo que a ordem jurídica reconhece como garantido em jetiva do Estado não exige a presença de comportamentos
favor do sujeito. ilícitos, contentando-se com a relação de causa e efeito entre
Não se considera dano em seu sentido jurídico, por o comportamento estatal e o dano sofrido pelo terceiro.
Ele nos ensina quer: toda excludente da responsabilidade
exemplo, as limitações administrativas, que apenas definem
civil do Estado será, substancialmente, então, uma excludente
o conteúdo do próprio direito; o fechamento de escola pú-
do nexo de causalidade entre o comportamento estatal e o
blica que gerará prejuízos ao dono da lanchonete em frente a
dano, advertindo-se que uma visão muito ampla de “nexo de
ela etc. Muito relevante para a caracterização do dano como causalidade” pode acabar levando à Teoria do Risco Integral
jurídico são as eventuais expectativas legítimas criadas pelo na responsabilidade civil do Estado enquanto o art. 37, § 6º,
Estado para o particular. Assim, se, no exemplo da lanchonete CF, adota a responsabilidade sem culpa, mas não sem causa.
em frente à escola pública, o Estado incentivou o particular a Surgiram, ao longo da história, inúmeras teorias que pre-
instalar uma lanchonete naquele local para atender os alunos tendiam explicar o que se entende por causa do dano em
e deixar a área menos deserta e logo depois fecha a escola, geral. Entre nós foi o próprio Legislador que se ocupou de so-
será cogitável a sua responsabilidade objetiva por ação lícita. lucionar a questão, atestando, pela primeira vez, no art. 1.060
A responsabilidade do Estado pode se dar por um ato lí- do Código Civil de 1916, que, “ainda que a inexecução resulte
cito, mas este ato tem de retirar algo da esfera jurídica do par- de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos
ticular. Substancialmente, trata-se da mesma distinção que efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato”
vimos entre as limitações administrativas ordinárias ou não – regra mantida, com redação praticamente inalterada, pelo
indenizáveis e as indenizáveis; é uma questão de grau: apesar art. 403 do novo Código Civil.
de ambas poderem gerar diminuição no valor do patrimônio No Brasil, portanto, independentemente da espécie de
das pessoas, esta tem maior intensidade, e anormalidade, responsabilidade (contratual ou extracontratual, objetiva
já que, sendo o patrimônio um conceito jurídico, na verda- ou subjetiva), somente são indenizáveis os danos que se-
de toda diminuição patrimonial seria uma diminuição na jam consequência direta e imediata da conduta do agente.
esfera jurídica do seu titular. Tal entendimento assentou-se, no acórdão da 1ª Turma do

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Supremo Tribunal Federal, no RE n. 130764/PR. Na ocasião, Mais correto tecnicamente nesses casos do que dizer
afirmou-se: “(…) Em nosso sistema jurídico, como resulta que a culpa da vítima, de terceiros ou a força maior excluem
do disposto no art. 1.060 do Código Civil, a teoria adotada a responsabilidade civil do Estado seria dizer que excluída
quanto ao nexo de causalidade é a teoria do dano dire- ela está pela falta de nexo causal entre a ação estatal e o
to e imediato, também denominada teoria da interrupção dano (ex.: acidente sofrido pelos ditos “surfistas de trem”,
do nexo causal. Não obstante aquele dispositivo da codi- usuários que pela emoção preferem viajar sobre o teto dos
ficação civil diga respeito à impropriamente denominada trens; criança que morre afogada em ilha deserta, onde
responsabilidade contratual, aplica-se ele também à res- não se poderia esperar que o Estado dispusesse de um sal-
ponsabilidade extracontratual, inclusive a objetiva, até por va-vidas; assalto cometido em zona erma, de madrugada;
ser aquela que, sem quaisquer considerações de ordem dano sofrido por uma lavoura ou acidente automobilístico
subjetiva, afasta os inconvenientes das outras duas teorias ocorrido em razão de geada). O nexo de causalidade se dá,
existentes: a da equivalência das condições e a da causali- outrossim, com o fato da vítima, de terceiro ou da natureza.
dade adequada.” O Estado terá, no entanto, responsabilidade parcial
Os vocábulos “direto” e “imediato” devem ser interpre- (haverá uma causa de exclusão parcial da sua responsabi-
tados “em conjunto”, conforme leciona GISELA SAMPAIO lidade) se o seu comportamento for causa concorrente do
DA CRUZ. A expressão utilizada pela codificação tem, as- dano, ou seja, se ele se somar à culpa da vítima, de terceiro,
sim, o sentido de necessário, isto é, somente são indeni- ou à força maior (ex.: se durante tiroteio em favela o cida-
záveis os danos necessariamente decorrentes da atividade dão deliberadamente decide não se resguardar).
ou do ato ilícito. YUSSEF SAHID CAHALI, louvando-se nas lições de THE-
GUSTAVO TEPEDINO salienta que, para explicar a teo- MISTOCLES CAVALCANTI, sustenta que o caso fortuito, ao
ria do “nexo causal direto e imediato”, adotada entre nós, contrário da força maior, por ele conectada a eventos da
surgiu a “subteoria da necessariedade da causa”, segundo natureza, não constitui causa de exclusão da responsabili-
a qual “o dever de reparar surge quando o evento danoso dade civil do Estado. Isso se deve ao fato de que este, ao
contrário da força maior, é interno, inerente à própria ati-
é efeito necessário de certa causa”, ou seja, “uma conse-
vidade do Estado que ocasionou o dano (ex.: trem público
quência certa do ato ilícito”. Esta é, conclui, a tendência
que, por caso fortuito, descarrilha).
jurisprudencial brasileira, com esteio no art. 403 do Código
Civil e na orientação do Pretório Excelso: a “busca de um
Exercícios
liame de necessariedade entre causa e efeito, de modo que
1) A Administração tem que exercer a atividade admi-
o resultado danoso seja consequência direta do fato lesi-
nistrativa de acordo com os objetivos legais. Aqui, estão
vo”. representados os princípios:
Isto porque o Legislador “se recusou a sujeitar o au- a) da legalidade e da finalidade.
tor do dano a todas as nefastas consequências do seu ato, b) da moralidade e da publicidade.
quando já não ligadas a ele diretamente”, o que possibilita c) da eficiência e da impessoalidade.
que o nexo causal cumpra “dupla função” no âmbito da d) da finalidade e da oficialidade.
responsabilidade civil: “Por um lado, permite determinar
a quem se deve atribuir um resultado danoso, por outro, 2) O princípio da legalidade explicita a subordinação
é indispensável na verificação da extensão do dano a se da Administração Pública à lei. Tal princípio deriva:
indenizar.” a) do controle administrativo de seus próprios atos.
É evidente, pois, que se excluem do dever de indenizar b) do controle judicial dos atos administrativos.
os chamados danos par ricochet ou reflexos, isto é, os da- c) da indisponibilidade do interesse público.
nos decorrentes de outros danos, infligidos sobre pessoa d) do princípio da hierarquia.
diversa do lesado. A “regra no direito brasileiro é a indeni-
zação do dano direto e imediato, assim entendido o dano 3) De acordo com o princípio da especialidade:
derivado necessariamente da conduta do ofensor. Por con- a) as entidades estatais podem abandonar, alterar ou
ta disso, no comum dos casos, é a vítima imediata do dano modificar os objetivos para os quais foram constituídas.
a pessoa legitimada a pleitear indenização. Exceção a esta b) a administração poderá rever seus próprios atos.
regra ocorre, no Brasil, na chamada responsabilidade por c) as entidades estatais não podem abandonar, alterar
dano-morte ou por homicídio, em que se indeniza não o ou modificar os objetivos para os quais foram constituídas.
falecido, mas as pessoas atingidas pela morte da vítima, d) Nenhuma alternativa está correta.
e, portanto, apenas indiretamente pelo evento que lhe 4) O dever da Administração de justificar seus atos,
deu causa. Assim é que os danos indiretos, reflexamente apontando-lhes os fatos e fundamentos jurídicos do ato
causados a terceiros (‘danos por ricochete’), sem qualquer decorre, especificamente, do princípio:
violação à relação contratual ou extracontratual, não en- a) da legalidade.
contram guarida no ordenamento jurídico brasileiro justa- b) da motivação.
mente porque não decorrem direta e imediatamente do c) da publicidade.
ato ilícito”. d) da moralidade.
Postos esses limites à noção de nexo de causalidade,
teremos que verificar se o dano sofrido pela pessoa tem 5) Em Direito Administrativo vigora o princípio da publi-
como causa a sua própria culpa, de terceiros, ou de fatos cidade. Assinale a situação abaixo que permite o sigilo dos
da natureza (força maior). atos administrativos.

31
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) conveniência para o agente praticante do ato admi- senta não tem disponibilidade (princípio da indisponibilidade)
nistrativo. sobre eles, no sentido de que lhe incumbe apenas curá-los – o
b) atos administrativos praticados em desamparo legal. que é também um dever – na estrita conformidade do que
c) quando for imprescindível à segurança da Sociedade predispuser a intentio legis (princípio da legalidade).
e do Estado.
d) Todas as alternativas estão corretas. 3) C
Comentário: Em razão do princípio da especialidade, as
6) Com relação aos princípios que regem a Administra- entidades estatais não podem abandonar, alterar ou modifi-
ção Pública é CORRETO afirmar: car os objetivos para os quais foram constituídas.
a) o princípio da legalidade comporta exceção no caso
de ato discricionário. 4) B
b) o desvio de finalidade implica em ofensa ao princípio Comentário: O princípio da motivação é reclamado quer
da publicidade. como afirmação do direito político dos cidadãos ao esclareci-
c) a inobservância ao princípio da proporcionalidade, mento do “porquê” das ações de quem gere negócios que lhes
acarreta também a ofensa ao princípio da razoabilidade. dizem respeito por serem titulares últimos do poder, quer como
d) os princípios administrativos aplicam-se apenas às direito individual a não se assujeitarem a decisões arbitrárias,
esferas Estaduais do Poder Executivo. pois só têm que se conformar às que forem ajustadas às leis.

7) São princípios constitucionais controladores da atua- 5) C


ção na Administração Pública: Comentário: Na esfera administrativa o sigilo é permitido quando
a) legalidade, impessoalidade, eficiência e conveniência. “imprescindível à segurança da Sociedade e do Estado” (art. 5º, XXXIII, CF).
b) moralidade, revogabilidade, pessoalidade, publicida-
de e motivação. 6) C
c) legalidade, moralidade, publicidade, impessoalidade Comentário: Pelo princípio da proporcionalidade as com-
e conveniência. petências administrativas só podem ser validamente exerci-
d) Nenhuma das opções é correta. das na extensão e intensidade proporcionais ao que sejam
realmente demandados para cumprimento da finalidade de
8) A atuação administrativa não pode contrariar, além interesse público a que estão atreladas. Atos cujos conteúdos
da lei, a moral, os bons costumes, a honestidade, os deveres ultrapassem o necessário para alcançar o objetivo que justifi-
de boa administração, sob pena de ofensa ao princípio da: ca o uso da competência ficam maculados de ilegitimidade.
a) moralidade. Ferindo o princípio da proporcionalidade fere-se, também, o
b) publicidade. princípio da razoabilidade, por ser derivado deste.
c) impessoalidade.
d) Nenhuma das alternativas está correta. 7) D
Comentário: A conveniência e a revogabilidade não são
9) A ideia de que a Administração tem que tratar a to- princípios controladores da atuação da Administração Pública.
dos os administrados sem discriminações, benéficas ou de-
trimentosas, é referente ao princípio da: 8) A
a) impessoalidade. Comentário: A atuação administrativa não pode contrariar, além
b) publicidade. da lei, a moral, os bons costumes, a honestidade, os deveres de boa
c) moralidade. administração, sob pena de ofensa ao princípio da moralidade.
d) eficiência.
9) A
10) Pelo princípio do devido processo legal: Comentário: A ideia de que a Administração tem que tra-
a) permite-se à Administração Pública que proceda contra tar a todos os administrados sem discriminações, benéficas
certa pessoa passando diretamente à decisão que repute cabível. ou detrimentosas, é referente ao princípio da impessoalidade.
b) são assegurados o contraditório e a ampla defesa
aos administrados. 10) B
c) é assegurada a não desapropriação de seus bens. Comentário: Dispõe o art. 5º, LIV e LV, da CF: “Ninguém
d) Todas as respostas estão corretas. será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido pro-
GABARITO cesso legal; aos litigantes, em processo judicial ou administra-
1) A tivo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
Comentário: Só se cumpre a legalidade quando se atende e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.
à sua finalidade. Atividade administrativa desencontrada com Fonte: http://www.direitonet.com.br/testes/exibir/112/
o fim legal é inválida e por isso juridicamente censurável. resultados

2) C
Comentário: Os interesses públicos são qualificados como
próprios da coletividade – internos ao setor público, não se en-
contram à livre disposição de quem quer que seja, por serem
inapropriáveis. O próprio órgão administrativo que os repre-

32
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 02 - (TER/PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011Par-


SOBRE: DIREITO ADMINISTRATIVO te superior do formulário) “Um dos princípios da Admi-
nistração Pública exige que a atividade administrativa
01 - (TJ/DF - TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE seja exercida com presteza, perfeição e rendimento
REGISTROS – CESPE/2014) Em relação ao regime jurídi- funcional. A função administrativa já não se contenta
co-administrativo e aos princípios aplicáveis à adminis- em ser desempenhada apenas com legalidade, exigin-
tração pública, assinale a opção correta do resultados positivos para o serviço público e satisfa-
A) É obrigatória a observância do princípio da pu- tório atendimento das necessidades da comunidade e
blicidade nos processos administrativos, mediante a di- de seus membros” (Hely Lopes Meirelles. Direito Admi-
vulgação oficial dos atos administrativos, inclusive os nistrativo Brasileiro).
relacionados ao direito à intimidade. O conceito refere-se ao princípio da
B) A presunção de legitimidade dos atos adminis- A) impessoalidade.
trativos, que impõe aos particulares o ônus de provar B) eficiência.
eventuais vícios existentes em tais atos, decorre do re- C) legalidade.
gime jurídico- administrativo aplicável à administração D) moralidade.
pública E) publicidade.
C) É obrigatória a observância do princípio da pu-
blicidade nos processos administrativos, mediante a di- Diante do enunciado podemos destacar algumas ex-
vulgação oficial dos atos administrativos, inclusive os pressões que nos ajudarão a resolver o problema proposto,
relacionados ao direito à intimidade. quais sejam: “atividade administrativa exercida com pres-
D) A violação do princípio da moralidade adminis- teza, perfeição e rendimento funcional” e ainda “exigindo
trativa não pode ser fundamento exclusivo para o con- resultados positivos para o serviço público e satisfatório...”
trole judicial realizado por meio de ação popular. Pois bem, estamos diante das características do Princí-
E) Para que determinada conduta seja caracterizada pio da Eficiência, que em seu conceito temos a imposição
como ato de improbidade administrativa violadora do exigível à Administração Pública de manter ou ampliar a
princípio da impessoalidade, é necessária a comprova- qualidade dos serviços que presta ou põe a disposição dos
administrados, evitando desperdícios e buscando a exce-
ção do respectivo dano ao erário.
lência na prestação dos serviços.
Pelo Princípio da Eficiência, a Administração Pública
O regime jurídico-administrativo aplicável à Adminis-
tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando boa
tração Pública é um regramento de direito público, sendo
prestação de serviço, da maneira mais simples, mais célere
aplicável aos órgãos e entidades vinculadas e que compõe
e mais econômica, melhorando o custo-benefício da ativi-
a administração pública e ainda à atuação dos agentes ad-
dade da administração pública, devendo ser prestada com
ministrativos em geral. perfeição e satisfação dos usuários.
Tem seu embasamento na concepção de existência de
poderes especiais passíveis de ser exercidos pela admi- RESPOSTA “B”.
nistração pública, por meio de seus órgãos e entidades, e
exteriorizados pode meio de seus agentes, que por sua vez 03 - (TRT – 19ª REGIÃO/AL – ANALISTA JUDICIÁ-
é controlado ou limitado por imposições também especiais RIO – FCC/2014) Determinada empresa do ramo far-
à atuação da administração pública, não existentes nas re- macêutico, responsável pela importação de importante
lações de direito privado. fármaco necessário ao tratamento de grave doença,
Justamente pela aplicabilidade do regime jurídico-ad- formulou pedido de retificação de sua declaração de
ministrativo com cláusulas e prerrogativas especiais confe- importação, não obtendo resposta da Administração
ridas à Administração Pública decorre a presunção de legi- pública. Em razão disso, ingressou com ação na Jus-
timidade dos atos administrativos, assim entendido como tiça, obtendo ganho de causa. Em síntese, considerou
ou atributo ou característica do ato em si. o Judiciário que a Administração pública não pode se
Assim, uma vez praticado o ato administrativo, ele se esquivar de dar um pronto retorno ao particular, sob
presume legítimo e, em princípio, apto para produzir os pena inclusive de danos irreversíveis à própria popula-
efeitos que lhe são inerentes, cabendo então ao adminis- ção. O caso narrado evidencia violação ao princípio da:
trado a prova de eventual vício do ato, caso pretenda ver A) publicidade.
afastada a sua aplicação, dessa maneira verificamos que o B) eficiência. 
Estado, diante da presunção de legitimidade, não precisa C) impessoalidade. 
comprovar a regularidade dos seus atos. D) motivação. 
Dessa maneira, mesmo quando revestido de vícios, o E) proporcionalidade.
ato administrativo, até sua futura revogação ou anulação,
tem eficácia plena desde o momento de sua edição, pro- Pelas disposições prevista na Constituição Federal acer-
duzindo regularmente seus efeitos, podendo inclusive ser ca do principio da eficiência, temos a imposição exigível à
executado compulsoriamente, em virtude das consequên- Administração Pública de manter ou ampliar a qualidade
cias do regime jurídico-administrativo. dos serviços que presta ou põe a disposição dos adminis-
trados, evitando desperdícios e buscando a excelência na
RESPOSTA: “B”. prestação dos serviços.

33
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O administrador deve procurar a solução que melhor C) embora não influa na elaboração das leis, a
atenda aos interesses da coletividade, aproveitando ao doutrina exerce papel fundamental apenas nas deci-
máximo os recursos públicos, evitando dessa forma des- sões contenciosas, ordenando, assim, o próprio Direito
perdícios. Administrativo.
Tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando D) tanto a Constituição Federal como a lei em sen-
boa prestação de serviço, da maneira mais simples, mais tido estrito constituem fontes primárias do Direito Ad-
célere e mais econômica, melhorando o custo-benefício da ministrativo.
atividade da administração pública. E) tendo em vista a relevância jurídica da jurispru-
Dessa forma, caso ocorra omissão do Poder Público em dência, ela sempre obriga a Administração Pública.
atender de forma eficiente os anseios da coletividade, po-
derá, desde que provocado, ocorrer a intervenção do Poder Para a resolução de tal questão, é importante ter o co-
Judiciário, com fundamento de descumprimento de norma nhecimento das fontes do Direito Administrativo, ou seja,
constitucional, com a conseqüente imposição de responsa- o embasamento de sua origem, e assim, encontramos no
bilidade do Estado por sua omissão. ordenamento jurídico brasileiro as seguintes fontes:
- Lei
RESPOSTA: “B”. - Doutrina
- Jurisprudência
04 - (UNICAMP – PROCURADOR – VUNESP/2014) - Costumes
Princípio constitucional de direito administrativo, rela- - Regulamentos Administrativos.
cionado à finalidade pública que deve nortear toda a
atividade administrativa, fazendo com que a Adminis- A lei é norma imposta pelo Estado, é a fonte primordial
tração Pública não possa atuar com vistas a prejudicar e primária do direito administrativo brasileiro, tem em vista
ou beneficiar pessoas determinadas, é o princípio da a rigidez de nosso ordenamento jurídico, e a necessidade
A) legalidade. da codificação de maneira expressa. Importante esclare-
B) impessoalidade. cer que o direito administrativo brasileiro não se encontra
C) moralidade. codificado em somente um corpo de lei, como ocorre em
outras facetas do direito brasileiro, como o Código Civil,
D) publicidade.
Código Tributário, entre outros, o que temos sobre regras
E) eficiência.
administrativas estão articuladas, em regra gerais, na
Constituição Federal de 1988, e ainda em uma infinida-
A Administração Pública tem que manter uma posição
de de leis esparsas, constituindo-se como fontes primá-
de neutralidade em relação aos seus administrados, não
rias do Direito Administrativo, o que, por consequência,
podendo prejudicar nem mesmo privilegiar quem quer
resulta em certa dificuldade de uma sistematização deste
que seja. Dessa forma a Administração pública deve servir
importante ramo do direito brasileiro.
a todos, sem distinção ou aversões pessoais ou partidárias,
A doutrina é a lição dos mestres e estudiosos do di-
buscando sempre atender ao interesse público. reito, podendo ser entendida como um conjunto de teses,
Impede o princípio da impessoalidade que o ato admi- construções teóricas, opiniões dos doutores e dos estudio-
nistrativo seja emanado com o objetivo de atender a inte- sos do Direito Administrativo, resultante de atividade inte-
resses pessoais do agente público ou de terceiros, deven- lectual, formulando princípios norteadores para a continui-
do ter a finalidade exclusivamente ao que dispõe a lei, de dade e aprofundamento dos estudos e teorias do Direito
maneira eficiente e impessoal, com tratamento igualitário Administrativo, constituindo-se como fonte secundária,
a todos os administrados, nos termos que define a Lei e o com a atribuição de influenciar a elaboração de novas leis e
interesse público. também o julgamento das lides de natureza administrativa.
Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade A Jurisprudência é a interpretação da legislação vigen-
possui estreita relação com o também principio constitu- te dada pelos Tribunais, verificadas a partir de reiteradas
cional da isonomia, ou igualdade, sendo dessa forma veda- decisões judiciais em um mesmo sentido, solidificando o
das perseguições ou benesses pessoais. entendimento majoritário dos tribunais superiores.
Os costumes são o conjunto de regras e comportamen-
RESPOSTA: “B”. tos sociais não escritas, observadas e obedecidas de modo
semelhante e uniforme pela sociedade, são as praticas ha-
05 - (TER/PE - ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2011) bituais consideradas obrigatórias, que o juiz pode aplicar
No que concerne às fontes do Direito Administrati- na falta de lei regulamentando determinado assunto, e os
vo, é correto afirmar que: Princípios Gerais do Direito são critérios maiores, às vezes
A) o costume não é considerado fonte do Direito até não escritos percebidos pela lógica ou pela indução.
Administrativo. Regulamentos são atos normativos do Poder Executi-
B) uma das características da jurisprudência é o vo, dotados de generalidade, impessoalidade, imperativi-
seu universalismo, ou seja, enquanto a doutrina tende dade e inovação. Produzidos mediante exercício do poder
a nacionalizar-se, a jurisprudência tende a universali- regulamentar (ou função estatal regulamentar), as formas
zar-se. mais comuns de regulamentos são os decretos regulamen-

34
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tares, mas também podem tomar forma de resolução e A) presunção de legitimidade.


outras modalidades, podendo desdobrar preceitos cons- B) publicidade.
titucionais de eficácia plena e de eficácia contida e atos C) motivação.
legislativos primários (leis complementares, leis ordinárias, D) supremacia do interesse privado sobre o públi-
leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e co.
resoluções). E) impessoalidade.

RESPOSTA “D”. Impede o princípio da impessoalidade que o ato admi-


nistrativo seja emanado com o objetivo de atender a inte-
06 - (TER/SC – ANALISTA JUDICIÁRIO – PON- resses pessoais do agente público ou de terceiros, devendo
TUA/2011) ter a finalidade exclusivamente ao que dispõe a lei, de ma-
Os Princípios básicos da Administração Pública e do neira eficiente e impessoal.
Direito Administrativo constituem regras de observân- Por tal princípio temos que a Administração Pública
cia permanente e obrigatória ao Administrador. Pode- tem que manter uma posição de neutralidade em relação
mos afirmar: aos seus administrados, não podendo prejudicar nem mes-
I. É dever do Administrador Público atuar segundo mo privilegiar quem quer que seja. Dessa forma a Adminis-
a lei, proibida sua atuação contra-legem e extralegem – tração pública deve servir a todos, sem distinção ou aver-
princípio da legalidade ou legalidade estrita. sões pessoais ou partidárias, buscando sempre atender ao
II. A Administração Pública está obrigada a policiar, interesse público.
em relação ao mérito e à legalidade, os atos adminis- Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade
trativos que pratica, em atendimento ao princípio da possui estreita relação com o também principio constitu-
autotutela. cional da isonomia, ou igualdade, sendo dessa forma veda-
III. A Administração Pública direta e indireta dos das perseguições ou benesses pessoais.
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e Parte inferior do formulári
dos Municípios obedecerá apenas aos princípios de ob-
servância obrigatória: legalidade, impessoalidade, mo- RESPOSTA: “E”.
ral idade, publicidade e eficiência.
IV. Segundo o princípio da finalidade, o administra-
08 - (PM/RO – SARGENTO – PM/2014) Segundo o
dor público não pode praticar nenhum ato que se des-
Direito Administrativo Brasileiro, julgue os itens sub-
vie da finalidade de satisfazer o interesse público em
sequentes. 
detrimento de interesses privados.
A administração pública direta e indireta de qual-
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Está(ão) CORRETO(S):
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
A) Apenas o item I.
B) Apenas o item III. legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
C) Apenas os itens I, II e III. eficiência.
D) Apenas os itens I, II e IV. ( ) CERTO
( ) ERRADO
Conforme podemos verificar, somente a afirmativa III
está incorreta, pois, não existe o Princípio Administrativo A Administração Pública é a atividade do Estado exer-
da “moral idade” como sugestiona o elaborador da ques- cida pelos seus órgãos encarregados do desempenho das
tão, e, em uma tentativa de ludibriar o candidato menos atribuições públicas. Em outras palavras é o conjunto de
atento, inseriu juntamente com os demais princípios admi- órgãos e funções instituídos e necessários para a obtenção
nistrativos básicos e obrigatórios na atividade administra- dos objetivos do governo, ou seja, o atendimento dos an-
tiva, tal invenção, tentando confundir com o principio da seios sociais.
moralidade. A atividade administrativa, em qualquer dos poderes
O correto é que são os princípios básicos da Adminis- ou esferas, obedece aos princípios da legalidade, impessoa-
tração Pública: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, lidade, moralidade, publicidade e eficiência, como impõe a
Publicidade e Eficiência. norma fundamental do artigo 37 da Constituição da Re-
pública Federativa do Brasil de 1988, que assim dispõe em
RESPOSTA “D”. seu caput:

07 - (TRT - 16ª REGIÃO/MA – ANALISTA JUDICIÁ- “Art. 37. A administração pública direta e indireta de
RIO – FCC/2014) O Diretor Jurídico de uma autarquia qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fe-
estadual nomeou sua companheira, Cláudia, para o deral e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalida-
exercício de cargo em comissão na mesma entidade. O de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
Presidente da autarquia, ao descobrir o episódio, de- também, ao seguinte”.
terminou a imediata demissão de Cláudia, sob pena de
caracterizar grave violação a um dos princípios básicos RESPOSTA: “CERTO”.
da Administração pública. Trata-se do princípio da

35
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

09 - (PG/DF - ANALISTA JURÍDICO – IADES/2011) - Princípio da Supremacia do Interesse Público: Tal Prin-
Prescreve o caput do artigo 37 da Constituição Fe- cípio, muito embora não se encontre expresso no enunciado
deral que a Administração Pública Direta e Indireta de do texto constitucional é de suma importância para a ati-
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distri- vidade administrativa, tendo em vista que, em decorrência
to Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios do regime democrático adotado pelo Brasil, bem como o
da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida- seu sistema representativo, temos que toda a atuação do
de e eficiência. A respeito dos princípios da Administra- Poder Público seja consubstanciada pelo interesse público
ção Pública, assinale a alternativa incorreta. e coletivo.
A) O princípio da legalidade significa estar a Ad- - Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: Em
ministração Pública, em toda a sua atividade, adstrita decorrência do princípio da indisponibilidade do interesse
aos mandamentos da lei, deles não podendo se afastar, público são vedados ao administrador da coisa pública qual-
sob pena de invalidade do ato. Assim, se a lei nada dis- quer ato que implique em renúncia a direitos da administra-
ção, ou que de maneira injustificada e excessiva onerem a
puser, não poderá a Administração agir, salvo em situa-
sociedade.
ções excepcionais. Ainda que se trate de ato discricio-
- Princípio da Autotutela: A Administração Pública pode
nário, há de se observar o referido princípio.
corrigir de oficio seus próprios atos, revogando os irregu-
B) Segundo a doutrina majoritária e decisão ho- lares e inoportunos e anulando os manifestamente ilegais,
dierna do STF, o rol de princípios previstos no artigo respeitado o direito adquirido e indenizando os prejudica-
37, caput, do texto constitucional é taxativo, ou seja, dos, cuja atuação tem a característica de autocontrole de
a Administração Pública, em razão da legalidade e ta- seus atos, verificando o mérito do ato administrativo e ainda
xatividade não poderá nortear-se por outros princípios sua legalidade; entre outros mais existentes na prática da
que não os previamente estabelecidos no referido dis- atividade administrativa.
positivo.
C) A Constituição Federal de 1988 no artigo 37, RESPOSTA: “B”.
§ 1º, dispõe sobre a forma de como deve ser feita a
publicidade dos atos estatais estabelecendo que a pu- 10 - (DPE/RJ - TÉCNICO MÉDIO DE DEFENSORIA PÚ-
blicidade dos atos, programas, obras, serviços e campa- BLICA – FGV/2014) Os princípios administrativos são os
nhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, postulados fundamentais que inspiram o modo de agir
informativo ou de orientação social, dela não podendo da Administração Pública. Entre os princípios da Admi-
constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem nistração Pública, destaca-se:
promoção pessoal de autoridades ou servidores públi- A) impessoalidade, que diz que a pena não passará
cos. da pessoa do condenado e que os sucessores responde-
D) O princípio da eficiência foi inserido positiva- rão pelos débitos do falecido apenas nos limites da he-
mente na Constituição Federal via emenda constitucio- rança.
nal. B) moralidade, segundo o qual, no caso de aparen-
E) O STF reiteradamente tem proclamado o dever te colisão, se deve analisar no caso concreto qual direito
de submissão da Administração Pública ao princípio da fundamental deve prevalecer, através da técnica da pon-
moralidade. Como exemplo, cita-se o julgado em que o deração de interesses.
Pretório Excelso entendeu pela vedação ao nepotismo C) autotutela, segundo o qual qualquer lesão ou
na Administração, não se exigindo edição de lei formal ameaça de lesão a direito não será excluída da aprecia-
ção do Poder Judiciário, razão pela qual os atos da Ad-
a esse respeito, por decorrer diretamente de princípios
ministração Pública também estão sujeitos ao controle
constitucionais estabelecidos, sobretudo o da morali-
judicial.
dade da Administração.
D) publicidade, que prevê que a ampla publicidade
dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
Sempre com atenção ao que exige o enunciado da órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informati-
questão, diante das alternativas apresentadas, o elabora- vo ou eleitoral.
dor da questão exige que seja marcada a alternativa in- E) continuidade dos serviços públicos, excetuado
correta. quando se permite a paralisação temporária da ativida-
de, como no caso de necessidade de reparos técnicos.
A alternativa “b” está errada, pois o artigo 37 “caput” da
Constituição Federal nos apresenta os Princípios Básicos da O serviço público deve ser prestado de maneira continua
Administração Pública, sendo considerados princípios ex- o que significa dizer que não é passível de interrupção. Isto
plícitos na Constituição Federal, e isso não significa que se- ocorre justamente pela própria importância de que o serviço
rão os únicos exigidos durante a atividade administrativa. público se reveste diante dos anseios da coletividade.
É o principio que orienta sobre a impossibilidade de
A atividade administrativa deve ser sempre pauta- paralisação, ou interrupção dos serviços públicos, e o pleno
da pelos princípios básicos constantes expressamente no direito dos administrados a que não seja suspenso ou inter-
“caput” do artigo 37 da Constituição Federal, e ainda deve rompido, pois se entende que a continuidade dos serviços
obediência aos demais princípios decorrentes deste, como públicos é essencial a comunidade, não podendo assim so-
exemplo: frer interrupções.

36
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Entretanto, objetivando o atendimento ao Princípio Tem seu embasamento na concepção de existência de


Constitucional da Eficiência, é lícito à Administração Pú- poderes especiais passíveis de ser exercidos pela Admi-
blica efetuar a paralisação temporária de suas atividades nistração Pública, por meio de seus órgãos e entidades, e
públicas, mediante prévio aviso aos usuários dos serviços exteriorizados pode meio de seus agentes, que por sua vez
públicos, para que sejam efetuadas melhorias no atendi- é controlado ou limitado por imposições também especiais
mento mediante reparos técnicos. à atuação da Administração Pública, não existentes nas re-
lações de direito privado.
RESPOSTA: “E”.
RESPOSTA: “C”.
11 - (DPE/AM – DEFENSOR PÚBLICO – INSTITUTO
CIDADES/2011) 13 - (TJ/RR – TÉCNICO JUDICIÁRIO - CESPE/2012)
Afirma-se, a respeito do princípio da eficiência da Julgue os itens a seguir, que versam sobre organização
Administração Pública, que ele foi inserido na atual administrativa.
Constituição Federal com o intuito de: Administração pública, em sentido objetivo ou ma-
A) estabelecer um modelo gerencial de Adminis-
terial, consiste no conjunto de órgãos, agentes e pes-
tração
soas jurídicas instituídas para a consecução dos objeti-
B) fazer prevalecer o modelo burocrático de Ad-
vos do governo.
ministração
C) valorizar a organização hierárquica. ( ) CERTO
D) fazer prevalecer a valorização da rigidez da for- ( ) ERRADO
ma.
E) restringir a participação popular de gestão. A Administração Pública sob o aspecto material ou ob-
jetivo representa nada mais do que o conjunto de ativi-
A intenção do legislador constitucional de inserir o dades que costumam ser consideradas próprias da função
Princípio da Eficiência dentre os demais princípios básicos administrativa.
da Administração Pública, expressos na Constituição Fede- Assim, temos que o conceito adota como referência a
ral em seu artigo 37 “caput”, foi justamente de implantar atividade propriamente dita, o que é de fato realizado, e
um modelo de gerencia dos recursos públicos, tornando não quem as realizou.
a atividade administrativa mais eficiente, mais célere, mais A afirmativa da questão dispõe sobre o conceito de
econômica, com melhor gestão do dinheiro público, fazen- Administração Pública em seu aspecto formal e subjetivo,
do prevalecer a forma mais simples e eficaz da execução no qual leva em conta o conjunto de órgãos, pessoas jurí-
dos serviços públicos, estabelecendo de fato um modelo dicas e agentes que o nosso ordenamento jurídico identi-
gerencial de Administração Pública. fica como administração pública, não importando a ativi-
dade que exerça.
RESPOSTA: “A”.
12 - (TJ/CE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2014) RESPOSTA: “ERRADO”.
Com relação aos princípios que fundamentam a admi- 14 - (UFAL – ASSISTENTE DE ADMINISTRAÇÃO –
nistração pública, assinale a opção correta. COPEVE-UFAL/2011)
A) A publicidade marca o início da produção dos Acerca dos princípios do Direito Administrativo, as-
efeitos do ato administrativo e, em determinados ca- sinale a opção correta.
sos, obriga ao administrado seu cumprimento. A) O princípio da eficiência preconiza que a ati-
B) Pelo princípio da autotutela, a administração vidade administrativa deve ser exercida com presteza,
pode, a qualquer tempo, anular os atos eivados de vício
qualidade e rendimento funcional.
de ilegalidade.
B) O princípio da publicidade impõe a presença
C) O regime jurídico-administrativo compreende
do nome do gestor público nos atos e obras do Poder
o conjunto de regras e princípios que norteia a atuação
do poder público e o coloca numa posição privilegiada. Público.
D) A necessidade da continuidade do serviço pú- C) O princípio da autotutela é relacionado ao con-
blico é demonstrada, no texto constitucional, quando trole que a administração pública exerce sobre seus
assegura ao servidor público o exercício irrestrito do próprios atos, por meio do qual ela anula os atos ile-
direito de greve. gais, inconvenientes e inoportunos.
E) O princípio da motivação dos atos administra- D) O princípio da segurança jurídica possibilita,
tivos, que impõe ao administrador o dever de indicar nos processos administrativos, a aplicação retroativa
os pressupostos de fato e de direito que determinam a por parte da Administração Pública de nova interpre-
prática do ato, não possui fundamento constitucional. tação.
E) O princípio da moralidade administrativa é ex-
O regime jurídico-administrativo é o conjunto de nor- traído dos critérios pessoais do administrador público.
mas, regras e princípios de direito público, que norteiam a
atuação administrativa do Estado executada por órgãos e Dentre as alternativas apresentadas na questão, a que
entidades vinculadas e que compõe o Poder Público, e ain- está perfeitamente de acordo com o real significado é a
da norteia à atuação dos agentes administrativos em geral. alternativa “A”, pois estamos diante dos atributos conferi-

37
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dos ao Princípio da Eficiência, que preza pela imposição 16 - (TRE/PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2012)
exigível à Administração Pública de manter ou ampliar a A eficiência, na lição de Hely Lopes Meirelles, é um de-
qualidade dos serviços que presta ou põe a disposição dos ver que se impõe a todo agente público de realizar suas
administrados, evitando desperdícios e buscando a exce- atribuições com presteza, perfeição e rendimento fun-
lência na prestação dos serviços, além da execução dos cional. É o mais moderno princípio da função adminis-
serviços públicos com presteza, qualidade e rendimento trativa, que já não se contenta em ser desempenhada
funcional satisfatório. apenas com legalidade, exigindo resultados positivos
Pelo Princípio da Eficiência, a Administração Pública para o serviço público e satisfatório atendimento das
tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando boa necessidades da comunidade e de seus membros. (Di-
prestação de serviço, da maneira mais simples, mais célere reito Administrativo Brasileiro. São Paulo, Malheiros,
e mais econômica, melhorando o custo-benefício da ativi- 2003. p. 102). 
dade da administração pública, devendo ser prestada com Infere-se que o princípio da eficiência 
perfeição e satisfação dos usuários.
A) passou a se sobrepor aos demais princípios que
RESPOSTA “A”. regem a administração pública, após ter sua previsão
inserida em nível constitucional.
15 - (TRE/AP – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2011) B) deve ser aplicado apenas quanto ao modo de
A conduta do agente público que se vale da publici- atuação do agente público, não podendo incidir quan-
dade oficial para realizar promoção pessoal atenta con- do se trata de organizar e estruturar a administração
tra os seguintes princípios da Administração Pública: pública.
A) razoabilidade e legalidade. C) deve nortear a atuação da administração pú-
B) eficiência e publicidade. blica e a organização de sua estrutura, somando-se aos
C) publicidade e proporcionalidade. demais princípios impostos àquela e não se sobrepon-
D) motivação e eficiência. do aos mesmos, especialmente ao da legalidade.
E) impessoalidade e moralidade. D) autoriza a atuação da administração pública
dissonante de previsão legal quando for possível com-
O agente público ao utilizar-se de maneira incorreta provar que assim serão alcançados melhores resultados
dos meios oficias de publicação para realizar promoção na prestação do serviço público.
pessoal atenta claramente contra os princípios da Impes- E) traduz valor material absoluto, de modo que
soalidade e Moralidade. alcançou status jurídico supra constitucional, autorizando
Pelo Princípio da Impessoalidade impede que o ato a preterição dos demais princípios que norteiam a admi-
administrativo seja emanado com o objetivo de atender a nistração pública, a fim de alcançar os melhores resultados.
interesses pessoais, seja do próprio agente público, ou de Diante do Princípio Constitucional da Eficiência, temos
terceiros, devendo ter a finalidade exclusivamente ao que a imposição exigível à Administração Pública de manter ou
dispõe a lei, de maneira eficiente e impessoal, não sendo ampliar a qualidade dos serviços que presta ou põe a dis-
lícito ao agente público utilizar-se da máquina pública para posição dos administrados, evitando desperdícios e bus-
se autopromover. cando a excelência na prestação dos serviços, com modelo
Ademais, pelo Princípio da Moralidade, trata especifi- atual de administração gerencial.
camente da moral administrativa, onde se refere à ideia de Tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando
probidade e boa-fé, sendo que a falta da moral comum boa prestação de serviço, da maneira mais simples, mais
impõe, nos atos administrativos a presença coercitiva e célere e mais econômica, melhorando o custo-benefício da
obrigatória da moral administrativa, que se constitui de um atividade da Administração Pública.
conjunto de regras e normas de conduta impostas ao ad- O administrador deve procurar a solução que melhor
ministrador da coisa pública. atenda aos interesses da coletividade, aproveitando ao má-
Assim o legislador constituinte utilizando-se dos con- ximo os recursos públicos, evitando dessa forma desperdí-
ceitos da Moral e dos Costumes uma fonte subsidiária do cios, cuja atuação administrativa será considerada perfeita
Direito positivo, como forma de impor à Administração Pú- quando estiver em conformidade com os demais princípios
blica, por meio de juízo de valor, um comportamento obri- constitucionais, não se sobrepondo a nenhum deles, mas
gatoriamente ético e moral no exercício de suas atribuições principalmente ao Princípio da Legalidade, diante das nor-
administrativas, através do pressuposto da moralidade. mas positivas em que se fundamenta nosso ordenamento
Assim, no caso hipotético descrito no enunciado da jurídico.
questão, o administrador público ao subutilizar os meios de
publicidade oficiais para realizar promoção pessoal, além RESPOSTA: “C”.
de atentar contra o princípio da impessoalidade, ataca a
boa-fé administrativa e a probidade, sendo assim um ato
imoral, caracterizando ofensa ao princípio da Moralidade.

RESPOSTA: “E”.

38
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Inquérito policial; notitia criminis....................................................................................................................................................................... 01


Ação penal: espécies............................................................................................................................................................................................... 04
Jurisdição; competência......................................................................................................................................................................................... 09
Prova (artigos 158 a 184 do CPP)....................................................................................................................................................................... 11
Prisão em flagrante.................................................................................................................................................................................................. 18
Prisão preventiva....................................................................................................................................................................................................... 18
Prisão temporária (Lei n.° 7.960/1989)............................................................................................................................................................. 18
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Os destinatários do IP são os autores da Ação Penal,


INQUÉRITO POLICIAL; NOTITIA CRIMINIS. ou seja, o Ministério Público ( no caso de ação Penal de
Iniciativa Pública) ou o querelante (no caso de Ação Penal
de Iniciativa Privada). Excepcionalmente o juiz poderá ser
destinatário do Inquérito, quando este estiver diante de
O Inquérito Policial é o procedimento administrativo cláusula de reserva de jurisdição.
persecutório, informativo, prévio e preparatório da Ação
Penal. É um conjunto de atos concatenados, com unidade O inquérito policial não é indispensável para a proposi-
e fim de perseguir a materialidade e indícios de autoria de tura da ação penal. Este será dispensável quando já se tiver
um crime. O inquérito Policial averígua determinado crime a materialidade e indícios de autoria do crime. Entretanto,
e precede a ação penal, sendo considerado, portanto como se não se tiver tais elementos, o IP será indispensável, con-
pré processual. forme disposição do artigo 39, § 5º do Código de Processo
Composto de provas de autoria e materialidade de cri- Penal.
me, que, comumente são produzidas por Investigadores de
Polícia e Peritos Criminais, o inquérito policial é organizado A sentença condenatória será nula, quando fundamen-
e numerado pelo Escrivão de Polícia, e presidido pelo De- tada exclusivamente nas provas produzidas no inquérito
legado de Polícia. policial. Conforme o artigo 155 do CPP, o Inquérito serve
Importante esclarecer que não há litígio no Inquérito apenas como reforço de prova.
Policial, uma vez que inexistem autor e réu. Apenas figura a
presença do investigado ou acusado. O inquérito deve ser escrito, sigiloso, unilateral e inqui-
Do mesmo modo, há a ausência do contraditório e da sitivo. A competência de instauração poderá ser de ofício
ampla defesa, em função de sua natureza inquisitória e em (Quando se tratar de ação penal pública incondicionada),
razão d a polícia exercer mera função administrativa e não por requisição da autoridade judiciária ou do Ministério
jurisdicional. Público, a pedido da vítima ou de seu representante legal
ou mediante requisição do Ministro da Justiça.
Sob a égide da constituição federal, Aury Lopes Jr. de-
fine: O Inquérito Policial se inicia com a notitia criminis, ou
seja, com a notícia do crime. O Boletim de Ocorrência (BO)
“Inquérito é o ato ou efeito de inquirir, isto é, procurar não é uma forma técnica de iniciar o Inquérito, mas este se
informações sobre algo, colher informações acerca de um destina às mãos do delegado e é utilizado para realizar a
fato, perquirir”. (2008, p. 241). Representação, se o crime for de Ação de Iniciativa Penal
Pública condicionada à Representação, ou para o requeri-
Em outras palavras, o inquérito policial é um procedi- mento, se o crime for de Ação Penal da Iniciativa Privada.
mento administrativo preliminar, de caráter inquisitivo, pre-
sidido pela autoridade policial, que visa reunir elementos As peças inaugurais do inquérito policial são a Portaria
informativos com objetivo de contribuir para a formação (Ato de ofício do delegado, onde ele irá instaurar o inqué-
da “opinio delicti” do titular da ação penal. rito), o Auto de prisão em flagrante (Ato pelo qual o dele-
gado formaliza a prisão em flagrante), o Requerimento do
A Polícia ostensiva ou de segurança (Polícia Militar) ofendido ou de seu representante legal (Quando a vítima
tem por função evitar a ocorrência de crimes. Já a Polícia ou outra pessoa do povo requer, no caso de Ação Penal de
Judiciária (Civil e Federal) se incumbe se investigar a ocor- Iniciativa Privada), a Requisição do Ministério Público ou
rência de infrações penais. Desta forma, a Polícia Judiciária, do Juiz.
na forma de seus delegados é responsável por presidir o
Inquérito Policial. No IP a decretação de incomunicabilidade (máximo
Entretanto, conforme o artigo 4º do Código de Pro- de três dias) é exclusiva do juiz, a autoridade policial não
cesso Penal Brasileiro, em seu parágrafo único, outras au- poderá determiná-la de ofício. Entretanto, o advogado po-
toridades também poderão presidir o inquérito, como nos derá comunicar-se com o preso, conforme dispõe o artigo
casos de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s), 21 do Código de Processo Penal, em seu parágrafo único.
Inquéritos Policiais Militares (IPM’s) e investigadores par-
ticulares. Este último exemplo é aceito pela jurisprudência, Concluídas as investigações, a autoridade policial en-
desde que respeite as garantias constitucionais e não utili- caminha o ofício ao juiz, desta forma, depois de saneado o
ze provas ilícitas. juiz o envia ao promotor, que por sua vez oferece a denún-
cia ou pede arquivamento.
A atribuição para presidir o inquérito se dá em função
da competência ratione loci, ou seja, em razão do lugar O prazo para a conclusão do inquérito, conforme o ar-
onde se consumou o crime. Desta forma, ocorrerá a inves- tigo 10 caput e § 3º do Código de Processo Penal, será de
tigação onde ocorreu o crime. A atribuição do delegado dez dias se o réu estiver preso, e de trinta dias se estiver
será definida pela sua circunscrição policial, com exceção solto. Entretanto, se o réu estiver solto, o prazo poderá ser
das delegacias especializadas, como a delegacia da mulher prorrogado se o delegado encaminhar seu pedido ao juiz,
e de tóxicos, dentre outras. e este para o Ministério Público.

1
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Na Polícia Federal, o prazo é de quinze dias se o indi- sigiloso, deve-se considerar a relativização do mesmo, uma
ciado estiver preso (prorrogável por mais quinze). Nos cri- vez que alguns profissionais possuem acesso ao mesmo,
mes de tráfico ilícito de entorpecentes o prazo é de trinta como é o exemplo do juiz, do promotor de justiça e do
dias se o réu estiver preso e noventa dias se estiver solto, advogado do ofendido, vide Estatuto da OAB, lei 8.906/94,
esse prazo é prorrogável por igual período, conforme dis- art. 7º, XIX. O advogado tem o direito de consultar os autos
posição da Lei 11.343 de 2006. dos IP, ainda que sem procuração para tal.

O arquivamento do inquérito consiste da paralisação Procedimento escrito:


das investigações pela ausência de justa causa (materia- Os elementos informativos produzidos oralmente de-
lidade e indícios de autoria), por atipicidade ou pela ex- vem ser reduzidos a termo. O termo “eventualmente da-
tinção da punibilidade. Este deverá ser realizado pelo Mi- tilografado” deve ser considerado, através de uma inter-
nistério Público. O juiz não poderá determinar de ofício, o pretação analógica, como “digitado”. A partir de 2009, a lei
arquivamento do inquérito, sem a manifestação do Minis- 11.900/09 passou a autorizar a documentação e captação
tério Público de elementos informativos produzidos através de som e
imagem (através de dispositivos de armazenamento).
O desarquivamento consiste na retomada das investi-
gações paralisadas, pelo surgimento de uma nova prova. Indisponível:
A autoridade policial não pode arquivar o inquérito po-
Procedimento inquisitivo: licial. O delegado pode sugerir o arquivamento, enquanto
Todas as funções estão concentradas na mão de única o MP pede o arquivamento. O sistema presidencialista é o
pessoa, o delegado de polícia. que vigora para o trâmite do IP, ou seja, deve passar pelo
Recordando sobre sistemas processuais, suas moda- magistrado.
lidades são: inquisitivo, acusatório e misto. O inquisitivo
possui funções concentradas nas mãos de uma pessoa. O Importante ilustrar que poderá o delegado deixar de
juiz exerce todas as funções dentro do processo. No acu- instaurar o inquérito nas seguintes hipóteses:
satório puro, as funções são muito bem definidas. O juiz
1) se o fato for atípico (atipicidade material);
não busca provas. O Brasil adota o sistema acusatório não
2) não ocorrência do fato;
ortodoxo. No sistema misto: existe uma fase investigatória,
3) se estiverem presentes causas de extinção de puni-
presidida por autoridade policial e uma fase judicial, presi-
bilidade, como no caso da prescrição.
dida pelo juiz inquisidor.
Contudo o delegado não poderá invocar o princípio da
insignificância com o objetivo de deixar de lavrar o auto de
Discricionariedade:
prisão em flagrante ou de instaurar inquérito policial. No
Existe uma margem de atuação do delegado que atua-
que tange à excludente de ilicitude, a doutrina majoritária
rá de acordo com sua conveniência e oportunidade. A ma-
terialização dessa discricionariedade se dá, por exemplo, entende que o delegado deve instaurar o inquérito e ratifi-
no indeferimento de requerimentos. O art. 6º do Código car o auto de prisão em flagrante, uma vez que a função da
de Processo Penal, apesar de trazer diligências, não retira autoridade policial é subsunção do fato à norma.
a discricionariedade do delegado. Diante da situação apre-
sentada, poderia o delegado indeferir quaisquer diligên- Dispensável:
cias? A resposta é não, pois há exceção. Não cabe ao de- Dita o art. 12 do CPP:
legado de polícia indeferir a realização do exame de corpo
de delito, uma vez que o ordenamento jurídico veda tal Art. 12 - O inquérito policial acompanhará a denúncia
prática. Caso o delegado opte por indeferir o exame, duas ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
serão as possíveis saídas: a primeira, requisitar ao Ministé-
rio Público. A segunda, segundo Tourinho Filho, recorrer O termo “sempre que servir” corresponde ao fato de
ao Chefe de Polícia (analogia ao art. 5º, §2º, CPP). Outra que, possuindo o titular da ação penal, elementos para
importante observação: O fato de o MP e juiz realizarem propositura, lastro probatório idôneo de fontes diversas,
requisição de diligências mitigaria a discricionariedade do por exemplo, o inquérito poderá ser dispensado.
delegado? Não, pois a requisição no processo penal é tra-
tada como ordem, ou seja, uma imposição legal. O dele- Segundo o art. 46, §1º do mesmo dispositivo legal:
gado responderia pelo crime de prevaricação (art. 319 do
Código Penal), segundo a doutrina majoritária. “Art. 46 - O prazo para oferecimento da denúncia, es-
tando o réu preso, será de 5 (cinco) dias, contado da data
Procedimento sigiloso: em que o órgão do Ministério Público receber os autos do
O inquérito policial tem o sigilo natural como caracte- inquérito policial, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver sol-
rística em razão de duas finalidades: 1) Eficiência das inves- to ou afiançado. No último caso, se houver devolução do
tigações; 2) Resguardar imagem do investigado. O sigilo é inquérito à autoridade policial (Art. 16), contar-se-á o prazo
intrínseco ao IP, diferente da ação penal, uma vez que não da data em que o órgão do Ministério Público receber no-
é necessária a declaração de sigilo no inquérito. Apesar de vamente os autos.

2
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 1º - Quando o Ministério Público dispensar o in- INDICIAMENTO


quérito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia
contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de in- O indiciamento é a individualização do investigado/
formações ou a representação.” suspeito. Há a transição do plano da possibilidade para o
campo da probabilidade, ou seja, da potencialização do
OUTRAS FORMAS DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL suspeito. Na presente hipótese, deve o delegado comuni-
car os órgãos de identificação e estatística. Sobre o mo-
a) CPIs: Inquérito parlamentar. Infrações ou faltas fun- mento do indiciamento, o CPP não prevê de forma exata,
cionais e aqueles crimes de matéria de alta relevância; podendo ser realizado em todas as fases do inquérito poli-
cial (instauração, curso e conclusão).
b) IPM: Inquérito policial militar. Instrumento para in- Não é possível desindiciar o indivíduo uma vez que
vestigação de infrações militares próprias; representa uma espécie de arquivamento subjetivo em re-
lação ao indiciado. Em contrapartida, há posicionamento
c) Crimes cometidos pelo magistrado: investigação diverso, com assentamento na ideia de que o desindicia-
presidida pelo juiz presidente do tribunal; mento é possível pelo fato de o IP ser um procedimento
administrativo. Assim sendo, a autoridade policial goza de
d) MP: PGR/PGJ; autotutela, ou seja, da capacidade de rever os próprios atos.

e) Crimes cometidos por outras autoridades com foro Com relação às espécies de desindiciamento, o mesmo
privilegiado: ministro ou desembargador do respectivo tri- pode ser de ofício, ou seja, realizado pela própria autorida-
bunal. de policial e coato/coercitivo, que decorre do deferimento
de ordem de habeas corpus.
Os elementos informativos colhidos durante a fase do
inquérito policial não poderão ser utilizados para funda- PRAZOS PARA ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO PO-
mentar sentença penal condenatória. O valor de tais ele- LICIAL
mentos é relativo, uma vez que os mesmos servem para
fundamentar o recebimento de uma inicial, mas não são No caso da justiça estadual, 10 dias se acusado preso;
suficientes para fundamentar eventual condenação. 30 dias se acusado solto. Os 10 dias são improrrogáveis, os
30 dias são prorrogáveis por “n” vezes. No caso da justiça
PROCEDIMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL federal, 15 dias se o acusado estiver preso; 30 dias se o
acusado estiver solto. Os 15 dias são prorrogáveis por uma
1ª fase: Instauração; vez, enquanto os 30 dias são prorrogáveis por “n” vezes.
2º fase: Desenvolvimento/evolução;
3ª fase: Conclusão No caso da lei de drogas (11.343/2006), o prazo é di-
1ª fase: Instaurado por peças procedimentais: verso: 30 dias se o acusado estiver preso, 90 dias se estiver
1ª peça: Portaria; solto. Nessa modalidade, os prazos podem ser duplicados.
2ª peça: APFD (auto de prisão em flagrante delito); Com relação aos crimes contra a economia popular (lei
3ª peça: Requisição do juiz/MP/ministro da justiça; 1.521/51, art. 10, §1º), o prazo para conclusão do IP é de
4ª peça: Requerimento da vítima 10 dias, independente se o acusado estiver preso ou solto.

CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL MEIOS DE AÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

A peça de encerramento chama-se relatório, definido 1) Primeiramente, oferecer denúncia, caso haja justa
como uma prestação de contas daquilo que foi realizado causa. Em regra, o procedimento é o ordinário. (Sumário:
durante todo o inquérito policial ao titular da ação penal. cabe Recurso em sentido estrito, vide art. 581, I, CPP). Do
Em outras palavras, é a síntese das principais diligências recebimento da denúncia, cabe habeas corpus. Da rejeição
realizadas no curso do inquérito. O mesmo só passa pelo da denúncia no procedimento sumaríssimo, cabe apelação.
juiz devido ao fato de o Código de Processo Penal adotar o (JESPCRIM, prazo de 10 dias);
sistema presidencialista, já citado anteriormente. Entretan-
to, apesar dessa adoção, este caminho adotado pela auto- 2) O MP pode requisitar novas diligências, mas deve
ridade policial poderia ser capaz de ferir o sistema acusa- especificá-las. No caso do indeferimento pelo magistrado,
tório, que é adotado pelo CPP (pois ainda não há relação cabe a correição parcial;
jurídica processual penal).
3) MP pode defender o argumento de que não tem
Os estados do Rio de Janeiro e Bahia adotaram a Cen- atribuição para atuar naquele caso e que o juiz não tem
tral de inquéritos policiais, utilizada para que a autoridade competência. Nesse caso, o juiz pode concordar ou não
policial remetesse os autos à central gerida pelo Ministério com o MP. No caso de não concordar, o juiz fará remessa
Público. Os respectivos tribunais reagiram diante da situa- do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral,
ção. e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Mi-

3
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

nistério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de Delacio Criminis que é a comunicação por escrito ou
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a verbal, prestada por pessoa identificada. (CPP, art. 5º, II).
atender, como menciona o art. 28 do CPP; Somente autorizará a instauração do inquérito policial nos
crimes de ação penal pública Incondicionada.
4) MP pode pedir arquivamento. Se o juiz homologa, No que concerne à delacio criminis inautêntica, ou seja,
encerra-se o mesmo. Trata-se de ato complexo, ou seja, a delação ou denúncia anônima, apesar de a Constituição
que depende de duas vontades. Federal vedar o anonimato, o Supremo Tribunal de Justiça
se manifestou a favor de sua validade, desde que utilizada
A natureza jurídica do arquivamento é de ato admi- com cautela.
nistrativo judicial, procedimento que deriva de jurisdição
voluntária. É ato judicial, mas não jurisdicional. Com relação Notitia Criminis de Cognição Coercitiva - (CPP, art. 301
ao art. 28 do CPP e a obrigação do outro membro do Mi- e 302)
nistério Público ser ou não obrigado a oferecer a denúncia, Esta, ocorre no caso de prisão em flagrante.
existem duas correntes sobre o tema. A primeira corrente, Na notitia criminis de cognição coercitiva, a comunica-
representada por Cláudio Fontelis, defende o argumento ção do crime é realizada mediante a própria apresentação
de que o promotor não é obrigado a oferecer denúncia de seu autor por servidor público no exercício de suas fun-
porque o termo deve ser interpretado como designação, ções ou por particular.
com base na independência funcional. A segunda corren-
te, majoritária, defende o ponto de que o termo deve ser
interpretado como delegação, atuando o promotor como AÇÃO PENAL: ESPÉCIES.
“longa manus” do Procurador Geral de Justiça. Diante da
questão trazida, estaria a independência funcional com-
prometida? Não, pois o novo promotor pode pedir a ab-
solvição/condenação, uma vez que o mesmo possui tal Ação Penal
liberdade.
Trata-se do direito público subjetivo de pedir ao Es-
A importância do inquérito policial se materializa do tado-juízo a aplicação do direito penal objetivo ao caso
ponto de vista de uma garantia contra apressados juízos, concreto.
formados quando ainda não há exata visão do conjunto de Ação não é pretensão. Ação é simplesmente o direito
todas as circunstâncias de determinado fato. Daí a deno- de provocar a tutela jurisdicional do Estado. Absolutamen-
minação de instituto pré-processual, que de certa forma, te errado falar, por exemplo, que ação penal é o exercício
protege o acusado de ser jogado aos braços de uma Justiça da pretensão punitiva estatal, visto que se estaria ligando
apressada e talvez, equivocada. O erro faz parte da essên- ao conceito de ação o objeto que se pede, vinculando di-
cia humana e nem mesmo a autoridade policial, por mais reito abstrato com direito material, como faz a doutrina
competente que seja, está isenta de equívocos e falsos imanentista.
juízos. Delegados e advogados devem trabalhar em prol Ação penal, repito, é o direito de provocar a jurisdição
de um bom comum, qual seja, a efetivação da justiça. Im- penal. Por isso que o direito de ação é exercido contra o Es-
prescindível a participação do advogado, dentro dos limi- tado, pois o Estado é quem possui, única e exclusivamente,
tes estabelecidos pela lei, na participação da defesa de seu o poder-dever de dizer o direito.
cliente. Diante disso, é de imensa importância que o inqué- Assim, erram promotores e Procuradores da República
rito policial seja desenvolvido sob a égide constitucional, que, na denúncia, escrevem: “ofereço ação penal pública
respeitando os direitos, garantias fundamentais do acusa- incondicionada contra fulano de tal...” A ação não é contra
do e, principalmente, o princípio da dignidade da pessoa fulano. A ação é contra o Estado (provocando o Estado),
humana, norteador do ordenamento jurídico brasileiro. para dizer o direito substantivo penal aplicável EM FACE
de fulano.
NOTITIA CRIMINIS
Características
O Inquérito Policial se inicia com a notitia criminis, ou a) Autônoma: ela não se confunde com o direito ma-
seja, com a notícia do crime. terial. Preexiste à pretensão punitiva.
A Notitia criminis é a comunicação que alguém faz à b) Abstração: independe do resultado do processo.
autoridade pública da infração penal, praticada por ela ou Mesmo que a demanda seja julgada improcedente, o direi-
por outra pessoa. É o instrumento processual utilizado para to de ação terá sido exercido.
comunicar uma infração penal à autoridade competente. c) Subjetiva: o titular do direito é especificado na
Não se confunde a notícia criminal com a denúncia, que é própria legislação. Em geral, é o MP, excepcionalmente sen-
o instrumento inicial da ação penal. A notícia não instaura do um particular.
uma ação penal, mas apenas o inquérito policial. d) Pública: a atividade provocada é de natureza pú-
blica, sendo a ação exercida pelo próprio Estado.
A notitia criminis de cognição indireta pode dar-se por: e) Instrumental: é um meio para se alcançar a efetivi-
dade do direito material.

4
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Condições da Ação ou Condições de Procedibilidade Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-
Conceito A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver suma-
Trata-se dos requisitos necessários e condicionantes ao riamente o acusado quando verificar:
regular exercício do direito de ação. II - a existência manifesta de causa excludente da cul-
Condição da ação (ou de procedibilidade) é uma con- pabilidade do agente, salvo inimputabilidade;
dição que deve estar presente para que o processo penal
possa ter início. Justa Causa ou Aptidão Material da Denúncia
Trata-se do lastro probatório mínimo de autoria e ma-
Possibilidade Jurídica do Pedido terialidade delitivas necessário à propositura da ação penal.
O pedido deve ser legalmente amparável na seara do A justa causa é compreendida como conjunto de pro-
Direito Penal ou não deve ser vedado. Por exemplo, ao se vas sobre o fato criminoso, suas circunstâncias e respectiva
denunciar um membro de um corpo diplomático, o juiz autoria capaz de alicerçar, embasar a acusação contida na
deve intimar a representação do país de origem para ver denúncia. Esse conjunto de provas, de elementos informa-
ser eles abrem mão da imunidade diplomática. Caso nega- tivos serve para dar verossimilhança à acusação. Eviden-
tivo, deve o juiz extinguir o processo por impossibilidade temente, não se exige para a instauração da ação penal
jurídica do pedido. prova completa, plena ou cabal (induvidosa); este tipo de
prova é exigido para fundamentar a sentença condenató-
Interesse de Agir ria. Para a instauração da ação penal basta que haja alguma
Subdivide-se e materializa-se no trinômio necessida- prova idônea, lícita, que demonstre a verossimilhança da
de/adequação/utilidade. acusação. Deve haver prova da materialidade e indícios de
O interesse-necessidade objetiva identificar se a lide autoria.
pode ou não ser resolvida na seara judicial. Ela é presu- E se o juiz, malgrado a ausência de justa causa, recebe
mida, em função da proibição da autotutela, tendo como a denúncia? Haverá constrangimento ilegal porquanto in-
exceção a transação penal. justificável a ausência de justa causa. Cabe recurso contra
O interesse-adequação se manifesta com a utilização esta decisão? Não, não há recurso contra a decisão de re-
do instrumento adequado para a manifestação da preten- cebimento da denúncia. Possível, no entanto, a impetração
são. V.g., não pode a parte pleitear trancar com HC ação de habeas corpus para trancar a ação penal. Ou em uma
penal cuja sanção máxima cominada à conduta seja de linguagem mais técnica, habeas corpus para extinguir o
multa, já que seu direito à livre locomoção não se encontra processo penal sem resolução de mérito, com fundamento
ameaçado. no artigo 648, I do CPP.
Já o interesse-utilidade se manifesta quando o exercí- Lembrar que a falta de justa causa é motivo de rejeição
cio do direito de ação possa resultar na realização do jus da denúncia ou queixa, havendo um dispositivo específico
puniendi estatal. Daqui decorre justificativa para se acatar a que separa este tema da rejeição por inépcia formal (diz-se
prescrição da pena em perspectiva. que a falta de justa causa é causa de inépcia material):

Legitimidade Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:


A ação só pode ser proposta por quem é titular do in- [...]
teresse que se quer realizar e contra aquele cujo interesse III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
deve ficar subordinado ao do autor. Não há justa causa para a ação penal quando a de-
A pessoa jurídica tem legitimidade para figurar no polo monstração da autoria ou da materialidade do crime de-
passivo da demanda penal nos casos previstos em lei, de- correr apenas de prova ilícita (assim como ocorre com a
vendo a ação também ser movida contra a pessoa física denúncia fundada apenas em Inquérito Policial viciado)
responsável por sua administração (teoria da dupla impu-
tação). Também poderá figurar no polo ativo, devendo ser Síntese sobre a justa causa:
representada por aqueles designados nos contratos ou es- 1. Trata-se do lastro probatório mínimo de materiali-
tatutos sociais. dade e autoria necessário para o recebimento da inicial;
2. Inexistindo justa causa, a denúncia deve ser rejei-
Réu Menor no Processo Penal: Ilegitimidade ou Incom- tada com fulcro no art. 395, III, do CPP (diz-se que há inép-
petência? cia material);
Se o réu for menor, não deverá o processo ser extinto 3. Somente cabe HC para trancar o processo penal
por impossibilidade jurídica do pedido ou por ilegitimida- (extinguir sem julgamento do mérito) se houver evidente
de da parte, mas sim por ausência de competência do juiz atipicidade da conduta, causa extintiva de punibilidade ou
penal para apreciar o feito. ausência total de indícios de autoria;
4. Não há justa causa se a ação penal decorrer ape-
Casos de Inimputabilidade (que não a Menoridade): nas de prova ilícita ou de IP viciado.
Recebimento da Denúncia
Se o sujeito for inimputável, deverá a denúncia ser Espécies de Ação Penal
recebida? Obviamente que sim, visto que ele pode sofrer Inicialmente, ressalta-se que a regra é que a ação seja
absolvição imprópria com consequente aplicação de me- pública incondicionada. Isso porque a CR/88 dispõe que a
dida de segurança. Inclusive, o CPP expressamente veda a ação penal pública de natureza condenatória é promovida
absolvição sumária em caso de inimputabilidade: privativamente pelo MP

5
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Ação Penal Pública Incondicionada v. Substituição processual: em caso de morte ou


Conceito e Titularidade declaração de ausência da vítima, o direito de representar
É aquela ação titularizada pelo Ministério Público e que passa, preferencial e taxativamente, ao CADI (cônjuge, as-
prescinde da manifestação da vítima ou de terceiros para cendente, descendente ou irmão).
seu exercício. Somente pode ser exercida pelo Parquet, por As pessoas jurídicas podem representar, quando víti-
expressa e exclusiva atribuição da Constituição da Repúbli- mas, por intermédio de seus representantes designados
ca (art. 129, I). em seus atos constitutivos; não havendo, por seus diretores
ou sócio administradores.
Ação Penal Pública Condicionada vi. Ausência de vinculação do MP: a autorização e o
Também é ação proposta pelo MP, mas cujo exercício pedido ao MP para que ofereça denúncia se materializa na
válido está condicionado à representação ou à requisição, representação, não obrigando o membro do Parquet a ofe-
conforme o caso. Ambas têm natureza jurídica de condição recê-la. Ademais, o promotor poderá, inclusive, enquadrar
de procedibilidade. A condição se materializa nos seguin- em diferentes fatos típicos os fatos alegados pela vítima.
tes institutos: vii. Eficácia objetiva: se a vítima indica na represen-
a) Representação: é um pedido autorizador feito pela tação apenas parte dos envolvidos, o MP poderá ofertar a
vítima ou seu representante legal, sem o qual a persecução denúncia contra todos, sem necessidade de nova manifes-
penal não se inicia. Frederico Marques a chama de delatio tação. Veja que é diferente a questão da representação em
criminis postulatória, já que quem a formula não somente face de alguns crimes e em face de alguns dos autores. A
dá notícias do crime como também pede que se instaure a REPRESENTAÇÃO LIMITA OS CRIMES PELOS QUAIS PODE
persecução penal. Nem mesmo o IP pode ser iniciado e o O MP DENUNCIAR, MAS NÃO LIMITA OS RÉUS.
APFD lavrado sem a autorização da vítima (BO pode). viii. Retratação: enquanto não OFERECIDA a denúncia ,
i. Destinatários: ela se destina à autoridade policial, a vítima pode se retratar da representação. A doutrina ma-
ao MP ou ao próprio juiz. Nas duas últimas hipóteses, será joritária entende que a vítima pode se retratar da retrata-
submetida à autoridade policial para investigações, poden- ção e reapresentar a representação quantas vezes entender
do, no entanto, se houver os elementos necessários, já ser conveniente, desde que dentro do prazo decadencial.
oferecida de imediato a denúncia. Se o MP entender que Em relação aos crimes previstos na Lei Maria da Penha,
não houve infração, deverá pedir o arquivamento. somente será admitida a renúncia perante o juiz, em au-
ii. Ausência de rigor formal: de acordo com o STF, ela diência especialmente designada com tal finalidade, antes
é peça sem rigor, que poderá ser apresentada oralmente
do recebimento da denúncia e ouvido o MP . Logo, aqui o
ou por escrito, sem necessidade de fórmulas sacramentais
marco não é o oferecimento da denúncia. O mesmo mo-
nem nada específico. A representação do ofendido, como
mento (recebimento) vale para o caso das ações sujeitas ao
condição de procedibilidade, não exige nenhuma forma-
juizado especial
lidade. Qualquer manifestação de vontade do ofendido,
desde que inequívoca, no sentido da punição do autor do
Ação Penal Privada
crime, constitui verdadeira representação. Constitui verda-
Conceitos e Considerações
deira representação o fato de o ofendido se dirigir à polí-
cia para registrar a ocorrência do crime ou se submeter a Hipótese de ação penal em que a persecução criminal
exame de corpo de delito ou, ainda, prestar declarações é transferida ao particular, que atua em nome próprio. O
incriminatórias, tudo isso vale como representação. autor, aqui, se chama querelante, enquanto o réu, quere-
De acordo com o STJ, se a vítima oferecer queixa-crime, lado. O fundamento de sua existência é evitar o constran-
achando tratar-se de ação de iniciativa privada, poderá esta gimento do processo permitido por uma ação penal de
ser tida como representação. natureza pública, deixando a cargo do ofendido a escolha
iii. O prazo e sua contagem: a representação deve ser por iniciar ou não a ação. Também tem como fundamento
ofertada no prazo decadencial de seis meses, contados do a inércia do MP.
conhecimento da autoria da infração (e não do fato). Tal Existe fundamento constitucional para a ação privada?
prazo é de direito material, incluindo-se, em sua contagem, Perfeitamente. Isso porque o art. 129, I, da CR/88 confere
o primeiro dia, e excluindo-se o último. ao MP a titularidade exclusiva apenas da ação penal públi-
Nas leis dos Juizados Especiais, a representação será ca, o que faz entender que existe ação penal privada tam-
feita oralmente, na audiência preliminar, caso frustrada a bém.
composição civil. Porém, como aquela pode demorar a ser Como a legitimidade do MP para a ação pública é ordi-
marcada, é bom que seja colhida quando da elaboração do nária, a do particular, a do ofendido, para promover a ação
TCO, a fim de obstar a decadência. privada, quer seja privada propriamente dita, quer se trate
iv. O menor representado: se a vítima for menor de de ação privada subsidiária, é sempre extraordinária, o par-
18 anos, a representação poderá ser exercida por seu re- ticular sempre atuará como substituto processual.
presentante legal. Mesmo se for emancipada, não poderá Nesses casos, não há coincidência entre a titularidade
representar por si só. Deverá a ela ser nomeado curador do direito de ação que o Estado transfere ao particular e
especial (por provocação do MP ou de ofício), ou então, a titularidade do direito material, que é a titularidade de
que aguarde completar 18 anos para representar, somente punir que o Estado guarda consigo. O Estado não transfere
se iniciando a contagem do prazo decadencial no primeiro ao particular o direito de punir, ele transfere o direito de
dia da maioridade. acusar.

6
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Dispõe o Código Processual Penal: Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a reque-
rimento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará
(...) advogado para promover a ação penal.
§ 1o Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder
TÍTULO III prover às despesas do processo, sem privar-se dos recursos
DA AÇÃO PENAL indispensáveis ao próprio sustento ou da família.
§ 2o Será prova suficiente de pobreza o atestado da
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promo- autoridade policial em cuja circunscrição residir o ofendido.
vida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá,
quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 (dezoito) anos,
ou de representação do ofendido ou de quem tiver quali- ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver
dade para representá-lo. representante legal, ou colidirem os interesses deste com
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando de- os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por
clarado ausente por decisão judicial, o direito de repre- curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, pelo juiz competente para o processo
sentação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou
penal.
irmão.
§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detri-
Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e
mento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Mu- maior de 18 (dezoito) anos, o direito de queixa poderá ser
nicípio, a ação penal será pública. exercido por ele ou por seu representante legal.
Art. 25. A representação será irretratável, depois de Art. 35. Revogado)
oferecida a denúncia.
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direi-
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada to de queixa, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o
com o auto de prisão em flagrante ou por meio de portaria parente mais próximo na ordem de enumeração constante
expedida pela autoridade judiciária ou policial. do art. 31, podendo, entretanto, qualquer delas prosseguir
na ação, caso o querelante desista da instância ou a aban-
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a done.
iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a
ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações so- Art. 37. As fundações, associações ou sociedades le-
bre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os galmente constituídas poderão exercer a ação penal, de-
elementos de convicção. vendo ser representadas por quem os respectivos contra-
tos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de seus diretores ou sócios-gerentes.
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inqué-
rito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou
no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de
fará remessa do inquérito ou peças de informação ao pro- representação, se não o exercer dentro do prazo de seis
curador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor
órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar
no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz o prazo para o oferecimento da denúncia.
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito
obrigado a atender.
de queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos
casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação
pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo Art. 39. O direito de representação poderá ser exerci-
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e ofere- do, pessoalmente ou por procurador com poderes espe-
cer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do ciais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
a todo tempo, no caso de negligência do querelante, reto- § 1o A representação feita oralmente ou por escrito,
mar a ação como parte principal. sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, de
seu representante legal ou procurador, será reduzida a ter-
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para mo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão
representá-lo caberá intentar a ação privada. do Ministério Público, quando a este houver sido dirigida.
§ 2o A representação conterá todas as informações
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando de- que possam servir à apuração do fato e da autoria.
clarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer § 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação,
queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascen- a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo
dente, descendente ou irmão. competente, remetê-lo-á à autoridade que o for.

7
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime
este reduzida a termo, será remetida à autoridade policial obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público vela-
para que esta proceda a inquérito. rá pela sua indivisibilidade.
§ 5o O órgão do Ministério Público dispensará o in-
quérito, se com a representação forem oferecidos elemen- Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa,
tos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, em relação a um dos autores do crime, a todos se esten-
oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias. derá.

Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhece- Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração
rem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou
de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias procurador com poderes especiais.
e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia. Parágrafo único. A renúncia do representante legal do
menor que houver completado 18 (dezoito) anos não pri-
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do vará este do direito de queixa, nem a renúncia do último
fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualifi- excluirá o direito do primeiro.
cação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados
o rol das testemunhas. aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em
relação ao que o recusar.
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da
ação penal. Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de
18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou
Art. 43. (Revogado). por seu representante legal, mas o perdão concedido por
um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito.
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com
poderes especiais, devendo constar do instrumento do Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou
mandato o nome do querelante e a menção do fato crimi- retardado mental e não tiver representante legal, ou colidi-
noso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de rem os interesses deste com os do querelado, a aceitação
diligências que devem ser previamente requeridas no juízo do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe nomear.
criminal.
Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, obser-
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for priva- var-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto no art.
tiva do ofendido, poderá ser aditada pelo Ministério Públi- 52.
co, a quem caberá intervir em todos os termos subsequen-
tes do processo. Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador
com poderes especiais.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estan-
do o réu preso, será de 5 dias, contado da data em que o Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expres-
órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito so o disposto no art. 50.
policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No
último caso, se houver devolução do inquérito à autorida- Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão
de policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o todos os meios de prova.
órgão do Ministério Público receber novamente os autos.
§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inqué- Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração ex-
rito policial, o prazo para o oferecimento da denúncia con- pressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro
tar-se-á da data em que tiver recebido as peças de infor- de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser
mações ou a representação cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
§ 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta
dias, contado da data em que o órgão do Ministério Pú- a punibilidade.
blico receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro
do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar, prosse- Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo cons-
guindo-se nos demais termos do processo. tará de declaração assinada pelo querelado, por seu repre-
sentante legal ou procurador com poderes especiais.
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários
maiores esclarecimentos e documentos complementares Art. 60. Nos casos em que somente se procede me-
ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, di- diante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
retamente, de quaisquer autoridades ou funcionários que I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de pro-
devam ou possam fornecê-los. mover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua Competência Funcional


incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no Leva em conta o elemento de distribuição dos atos
processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer processuais praticados no curso do processo, devendo ser
das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto analisada sob três aspectos:
no art. 36; Fase do processo: a depender do juiz que atua, é um
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem ou outro competente para determinar atos, como ocorre
motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva com o juiz que julga e o juiz na fase de execução criminal;
estar presente, ou deixar de formular o pedido de conde- Objeto do juízo: há uma distribuição de tarefas na deci-
nação nas alegações finais; são das várias questões trazidas durante o processo, como
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta ocorre entre o juiz togado e os juízes leigos no Júri;
se extinguir sem deixar sucessor. Grau de jurisdição: é a chamada competência funcional
vertical, de acordo com a atribuição de julgar os recursos
Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reco- interpostos.
nhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de ofício.
Parágrafo único. No caso de requerimento do Minis- Conexão e Continência
tério Público, do querelante ou do réu, o juiz mandará au-
tuá-lo em apartado, ouvirá a parte contrária e, se o julgar Não são bem um critério de fixação de competência;
conveniente, concederá o prazo de cinco dias para a prova, antes, de modificação das mesmas, atraindo para um de-
proferindo a decisão dentro de cinco dias ou reservando-se
terminado juízo os crimes ou infratores que poderiam ser
para apreciar a matéria na sentença final.
julgados separadamente, por órgãos diversos.
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente
Assim, a separação de processos é uma faculdade do
à vista da certidão de óbito, e depois de ouvido o Ministé-
rio Público, declarará extinta a punibilidade. juiz quando:
a) As infrações tiverem sido praticadas em circunstân-
(...) cias de tempo ou de lugar diferentes; ou
b) Houver excessivo número de acusados;
Vide que se as infrações tiverem ocorrido nas mesmas
JURISDIÇÃO; COMPETÊNCIA. circunstâncias de tempo ou de lugar, como, por exemplo,
em decorrência de concurso formal de crimes, o juiz não
está autorizado a promover a separação.

Competência é a divisão do poder/dever de exercer a Conexão


jurisdição entre os diversos órgãos judiciários, sendo ela Trata-se da ligação existente entre duas ou mais infra-
que confere legitimidade às decisões e permite aferir a ile- ções, levando a que sejam apreciadas perante o mesmo
gitimidade de outras. órgão jurisdicional. A conexão é uma questão de fato, que
O estabelecimento das competências jurisdicionais, pode ter como efeito a reunião dos processos conexos no
além de racionalizar o trabalho do Poder Judiciário, confere juízo prevento ou no juízo sem igual competência territo-
efetividade ao princípio dos juiz natural. rial que primeiro recebeu a denúncia, ou, ainda, no local do
crime mais grave.
Critérios Logo: conexão (e continência) é fato, alteração da com-
Leva em conta as características da questão criminal petência em decorrência dela é efeito.
sub judice, devendo ser estudada em três aspectos: Para que haja conexão, deve haver a pluralidade de
Critério ratione materiae: objetiva indicar qual a Justiça condutas delituosas, e não só de resultados. Assim, se hou-
competente e os critérios de especialização, levando em ver concurso formal de crimes (um tiro, duas mortes, sem
conta a natureza da infração; ou com desígnios autônomos, por exemplo), não há se fa-
Critério ratione personae: art. 69, VII, CPP. Leva em con- lar em conexão.
sideração a importância das funções desempenhadas por
determinadas pessoas, enfocando o foro por prerrogativa
Existem várias hipóteses de conexão (art. 76, I, CPP):
de função;
a) Conexão intersubjetiva: quando as infrações pratica-
Critério ratione loci: visa a identificar o juízo territorial-
das estão interligadas pela autoria de duas ou mais pessoas
mente competente, considerando como parâmetros o local
da consumação do delito, além do domicílio ou residência b) Conexão objetiva, material, teleológica ou finalística
do réu. (art. 76, II, CPP): ocorre quando uma infração é praticada
para ocultar ou facilitar uma outra, ou para conseguir van-
Competência Material tagem ou impunidade relativamente a outra infração.
Objetiva indicar qual a Justiça competente e os critérios c) Conexão instrumental ou probatória (art. 76, III, CPP):
de especialização, levando em conta a natureza da infra- tem cabimento quando a prova de uma infração ou de suas
ção, aquilo que está sendo discutido na ação penal. elementares influir na prova de outra infração.

9
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Continência Questões e Processos Incidentes


É o vínculo que une vários infratores a uma única
infração, ou a reunião de várias infrações num só processo Questão incidente é conceituada como o fato que
por decorrerem de conduta única, ou seja, do resultado de pode acontecer no curso do processo e que deve ser deci-
concurso formal próprio ou impróprio de crimes. Tem-se: dido pelo juiz antes de adentrar no mérito da causa princi-
a) Continência por cumulação subjetiva (art. 77, I, CPP): pal. Ela é prejudicial, já que o exame da lide dependerá de
quando duas ou mais pessoas concorrem para a prática seu prévio desfecho.
de uma mesma infração, o que se dá com a coautoria ou Os incidentes se dividem em:
participação. a) Questões prejudiciais: são as questões de fato ou de
b) Continência por cumulação objetiva (art. 77, II, CPP): direito que devem ser resolvidas previamente porque se
implica na reunião, em um só processo, de vários resulta- ligam ao mérito da questão principal, ou seja, entre eles há
uma dependência lógica. A questão prejudicada, apesar de
dos lesivos advindos de uma só conduta (concurso formal).
principal, está subordinada à prejudicial. São características
da questão prejudicial:
Limite Temporal para Reconhecimento da Conexão/
-Anterioridade lógica: a questão prejudicial é sempre
Continência anterior à prejudicada.
Se um dos processos já houver sido julgado, não mais -Necessariedade: o mérito não poderá ser resolvido sem
devem os feitos ser reunidos. Isso porque, além de ter en- a solução da questão prejudicial.
cerrado o juízo de primeira instância de um deles, não cabe -Autonomia: em tese, a questão prejudicial sempre pode
reunião de feito sob instrução com feito já julgado, perante estar em processo autônomo.
o Tribunal, sob pena de suprimir instância. b) Processos incidentes: são questões que dizem respei-
to ao processo, podendo ser resolvidas pelo próprio juízo
Separação de Processos criminal. Porém, são processos que correm em paralelo ao
Mesmo havendo conexão ou continência, é possível principal, se constituindo em outra relação jurídica. Exemplo
que os processos tramitem separadamente, seja por força clássico de processo incidente é o HC impetrado para trancar
de lei, seja por obediência aos preceitos constitucionais. A ação penal.
separação poderá ser obrigatória ou facultativa.
Existe uma subdivisão:
Prevista em rol não taxativo no art. 79 do CPP. Hipó- a) Questão prejudicial: ela é autônoma, existindo de for-
teses: ma independente da questão principal, com a possibilidade
a) Concurso entre jurisdição comum e militar: de ser objeto de processo distinto, seja no próprio juízo cri-
minal (como se dá com o julgamento do furto de forma au-
b) Concurso entre jurisdição comum e o juízo de me-
tônoma em relação à receptação), seja no juízo cível (como
nores: por força do art. 104 do ECA e do art. 228 da CR/88.
questões ligadas ao estado da pessoa ou outras que interfe-
c) Superveniência de doença mental: em havendo cor- rem na tipicidade da infração penal).
réus, advindo insanidade em um deles, restará a separação b) Questão preliminar: é o fato, processual ou de mérito,
de processos, pois o procedimento irá evoluir em razão do que impede que o juiz aprecie o fato ou questão principal,
imputável. não sendo autônoma, devendo sempre ser julgada no mes-
d) Fuga de corréu: havendo fuga, o processo ficará sus- mo procedimento e antes da decisão de mérito. Questão
penso em relação ao corréu fugitivo. Nesse caso, o proces- preliminar é aquela ligada a um pressuposto processual ou
so segue separadamente para os demais. a uma condição de ação. É o fato, processual ou de mérito,
e) Recusas no júri: não mais é possível no júri a sepa- que impede o juiz de apreciar o fato principal ou a questão
ração de processos face a recusa mútua dos jurados pelos principal, ou seja, a materialidade e a autoria da infração pe-
advogados. O máximo que poderá ocorrer é o adiamento nal, que compõem o mérito da causa propriamente dito, não
da formação do Conselho de Sentença (art. 469, § 1º, CPP). sendo questão autônoma, mas dependente da existência da
f) Crime contra a vida praticado em concurso de agen- questão principal e devendo sempre ser decidida no mesmo
tes, com um deles tendo prerrogativa de foro prevista na processo ou procedimento onde é julgada a questão prin-
CR/88: nesse caso, impõe-se a separação de processos: a cipal.
pessoa que não possui prerrogativa de função será julgada As questões incidentes serão apreciadas em autos apar-
no Tribunal do Júri, enquanto a que possui, será julgada tados, normalmente apensos ao principal, com o intuito de
não criar tumulto à lide e para fins de maior praticidade.
perante o foro por prerrogativa de função.
Separação Facultativa
Prevista no art. 80, CPP. Ocorre nas seguintes hipóteses,
mediante decisão do juiz:
a) Infrações praticadas em circunstâncias de tempo e
lugar diferentes;
b) Número excessivo de acusados.

10
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Temos, então, que será o juiz quem estabelecerá o que


PROVA (ARTIGOS 158 A 184 DO CPP). deve ser provado, de acordo com o que julgar relevante
para a formação do seu convencimento.

Entretanto, existe a desnecessidade de se provar al-


Prova, é o ato ou o complexo de atos que visam a es- guns fatos, quais sejam: os evidentes, os notórios e as pre-
tabelecer a veracidade de um fato ou da prática de um ato sunções legais.
tendo como finalidade a formação da convicção da entidade
decidente - juiz ou tribunal - acerca da existência ou inexis- Evidentes são os fatos que prescindem de prova para
tência de determinada situação factual. Em regra, é produ- serem tidos como verdadeiros. São fatos incontroversos,
zida na fase judicial com a participação dialética das partes evidentes por si mesmos, intuitivos, axiomáticos.
(contraditório real e ampla defesa que são elaborados pe-
rante o juiz). Notórios são fatos que também prescindem de prova.
São os acontecimentos ou situações de conhecimento ge-
Destarte a prova é o elemento fundamental para a de- ral, como as datas histórias, os fatos políticos ou sociais de
cisão de uma lide. Tem como objeto fato jurídico relevante, conhecimento público – ou seja, fatos que pertencem ao
isto é, aquele que possa influenciar no julgamento do feito. patrimônio cultural do cidadão médio.
Assim, não é qualquer fato que carece ser provado, mas
sim, aquele que, no processo penal, possa influenciar na ti-
pificação do fato delituoso ou na exclusão de culpabilidade Já as presunções legais são os fatos presumidos verda-
ou de antijuridicidade. deiros pela própria lei, que podem ser duas ordens: abso-
luta e relativa. A presunção absoluta (“juris et de jure”) não
Convém lembrar, ainda, que o objeto da prova é fato admite fato em contrário. Exemplo disso é o art. 27, CP que
e não opinião, muito embora, em alguns casos (especial- diz que menor de 18 anos é inimputável. Já a presunção
mente quando se trata de dosar a pena) a opinião da tes- relativa (“juris tantum”) admite prova em contrário, como
temunha pode ter relevo para a fixação da pena quando no caso do art. 217-A, CP que diz que a vulnerabilidade do
ela afirma, por exemplo, que o réu é honesto, trabalhador menor de 14 anos é relativa. Essa flexibilidade justifica-se
e bom pai de família. diante da possibilidade de se prejudicar o réu.

Objeto de prova Ônus da prova

Tem a prova um objeto, que são os fatos da causa. O De acordo com a primeira parte do art. 156, CPP o ônus
objeto da prova consiste nos fatos cuja evidenciação se tor- da prova é a prova da alegação por quem a fizer. Cabe ao
ne imprescindível, no processo, para o juiz convencer-se de autor da ação penal (MP ou querelante) o exercício da
sua veracidade. Em outras palavras, objeto da prova é o atividade probatória principal. Incumbe-lhe demonstrar a
fato ilícito alegado na peça acusatória. existência dos fatos constitutivos afirmados na pretensão,
devendo provar a existência do ilícito penal e sua autoria.
Em toda ação penal, deve-se provar dois pontos cru-
ciais, a saber: a materialidade e a autoria do fato criminoso. Por outro lado, sobre o acusado só recai o ônus de
Além disso, é preciso dar conhecimento ao juiz de todas provas o álibi que apresentar. Contudo, se apresentar fatos
as circunstâncias objetivas (aspectos externos do crime) e impeditivos, modificativos ou extintivos, relacionados com
subjetivas (motivos do crime e aspectos pessoais do agen- a pretensão acusatória, ele será obrigado a prová-los. Nes-
te) que possam determinar a certeza de sua convicção so- se caso, inverte-se o ônus da prova. Exemplo: alegação de
bre a responsabilidade criminal. As circunstâncias que cer- legítima defesa.
cam o caso concreto devem ser provadas, ainda, em razão
de serem relevantes no momento de fixação da pena. Segundo o princípio da comunhão da prova, quando a
prova ingressa no processo deixa de ser exclusiva da parte
Contudo, a atividade probatória deve restringir-se aos que a produziu. O juiz examina todo o contexto da prova
fatos relevantes, aqueles que são pertinentes e úteis ao podendo inclusive valorá-la de modo prejudicial a quem a
julgamento da ação penal. Observe-se portanto que, que apresentou. Ou seja, a utilização das provas por qualquer
existe um critério para a produção de provas numa ação das partes é de ser plenamente aceita, independentemente
penal. de quem a tenha produzido, porque interessa ao juiz des-
cobrir a verdade.
Desnecessidade da prova
Já na segunda parte e incisos do art. 156, CPP é fa-
De acordo com a redação do art. 400, § 1o, CPP diz que cultado ao juiz, de ofício, ordenar a produção de provas
o juiz poderá “indeferir (as provas) consideradas irrelevan- e determinar a realização de diligências. Vê-se aqui que o
tes, impertinentes ou protelatórias”. juiz tem poderes para influir na produção de provas unila-
teralmente.

11
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

No inciso I identificamos os poderes inquisitórios, que Produção da prova, que, em regra, se dá na audiência
permitem ao juiz influir livremente nas provas. O legisla- de instrução e julgamento, na qual todos os sujeitos parti-
dor permitiu ao juiz ordenar a produção de provas antes cipam. Nesse momento, serão tomadas as declarações do
do oferecimento da denúncia e, ao fazer isso, o magistra- ofendido, haverá o interrogatório do acusado, inquirição
do substitui a autoridade policial ou o promotor (MP) – e das testemunhas arroladas, esclarecimentos dos peritos
isso fere o princípio da imparcialidade do juiz. Esse é um etc.
dispositivo amplamente criticado. (Crítica: o ato unilateral Valoração da prova, que significa dizer que o julgador,
(sem provocação) do juiz pode ser considerado parcial, na ao fundamentar a sentença, deve manifestar-se sobre to-
prática?) das as provas produzidas.
Vale dizer que, havendo recurso, a prova será sempre
No inciso II identificamos os poderes instrutórios, substancial, i.e., será reavaliada.
onde o juiz pode interferir na prova para resolver ponto
relevantes, independente de requerimento das partes. Esse OS MEIOS DE PROVA
dispositivo está relacionado à instrução do processo e é
plenamente aceito. O inciso II está intimamente ligado com Desde o princípio desse debate vale a ressalva: meio de
o descobrimento da verdade, uma vez que o juizpode soli- prova é diferente de objeto de prova. Meio de prova pode
citar a produção de provas para formação do seu conven- ser todo fato, documento ou alegação que sirva, direta
cimento. ou indiretamente, ao descobrimento da verdade. Ou seja,
meio de prova é todo instrumento que se destina a levar
Princípio do juiz natural ao processo um elemento, uma informação a ser utilizada
pelo juiz para formar a sua convicção acerca das alegações.
No art. 5º, LIII, CF tem-se que “ninguém será processa-
do nem sentenciado senão pela autoridade competente”. Prova pericial
Em seu inciso XXXVII, tem-se que “não haverá juízo ou tri-
bunal de exceção”. No Código de Processo Penal a prova pericial é tratada
Esse princípios constitucionais relacionam-se com a nos arts. 158 usque 184.
produção de provas, conforme veremos a seguir. A perícia é a diligência realizada ou executada por perito,
a fim de esclarecer ou evidenciar certos fatos, de forma cien-
O art. 399, §2o, CPP dita que “o juiz que presidiu a ins- tífica e técnica. Perito é aquele que tem conhecimento técnico
trução deverá proferir a sentença”, evidenciando a aplica- sobre determinada área e sua função é a da verificação da
ção princípio da identidade física do juiz. verdade ou da realidade de certos fatos.
No processo penal, a perícia é, via de regra, realizada por
A Lei 8.038/90 estabelece os procedimentos nos casos perito oficial, ligado ao Estado, sendo que cada estado da fe-
em que uma pessoa é processada nos casos de competên- deração possui seu próprio instituto de criminalística. O peri-
cia originária do STF ou STJ. Em seu art. 3o, III temos a exce- to é um auxiliar da justiça, não está subordinado a autoridade
ção ao princípio da identidade física do juiz a medida que policia, estando sua autonomia garantida.
juízes e desembargadores serão convocados para auxiliar Conforme o art. 184, CPP a prova pericial cabe somente
na coleta de provas. Portanto, a lei autoriza essa exceção quando for útil para o descobrimento da verdade.
ao princípio da identidade física do juiz. No art. 159, CPP temos que o laudo pode ser subscrito
por apenas um perito. A conclusão do perito pode ou não ser
Momentos probatórios subjetiva. (Ex: perícia psicológica x perícia toxicológica)
A defesa pode formular quesitos ao perito. No proces-
Para podermos adentrar a discussão acerca dos mo- so penal, isso não é comum porque geralmente a perícia é
mentos probatórios, é necessário que façamos as seguintes realizada logo depois do acontecimento do crime. Portanto,
considerações iniciais: as provas só podem ser produzidas essa perícia pode ser questionada em juízo porque à época
no processo, que é quando haverá o contraditório. São su- de sua realização não havia defensor constituído. Isso é o que
jeitos processuais principais no processo penal a acusação se chama de contraditório diferido (postergado, transferido).
(MP ou querelante), defesa (réu e defensor) e o juiz. De acordo com o art. 5o, LVIII, CF o criminoso “civilmente
identificado não será submetido a identificação criminal”. A
Compreendido isso, são 4 os momentos para produção Lei 12.037/09, em seus arts. 2o, 3o e 5o apresenta esclare-
de provas: cimentos e requisitos quando a identificação do criminoso.
A realização do exame de DNA (ácido desoxirribonucléi-
Propositura da prova, que se dá na fase postulatória. co) também é um meio eficaz de identificação do criminoso.
Para a acusação, isso dar-se-á na peça acusatória (denúncia O DNA constitui parte dos cromossomos, sendo encontrado
ou queixa-crime), enquanto que para o acusado, será na no núcleo das células dos seres vivos. São transmitidos de
sua resposta, na sua defesa. geração em geração, sendo 50% do pai e 50% da mãe.
Admissibilidade das provas, que é o deferimento ju- Na realização do exame de DNA temos a prova invasiva e
dicial dos requerimentos formulados pelas partes, ou seja, a prova não invasiva. A primeira é aquela que necessita de in-
quando o juiz estabelece quais provas serão apresentadas tervenção no organismo humano. A segunda é aquela onde
ou não (no processo civil é o despacho saneador). não há necessidade de se penetrar no organismo humano.

12
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Para a produção da prova invasiva é absolutamente ne- sos: a) caso deva ter sido realizado o exame necroscópi-
cessária a obtenção do consentimento. Na produção da pro- co e não foi, gerando, depois do sepultamento, dúvidas a
va não invasiva não depende do contato físico. É o juiz que respeito da causa da morte; e b) casos que coloquem em
decide a validade da prova não invasiva. (ex.: fio de cabelo, duvida o laudo necroscópico.
saliva no copo)
Prova documental
Exame de corpo de delito
Documento é todo objeto material que condense em
Em relação aos crimes que deixarem vestígios, será indis- si a manifestação de um pensamento ou fato a ser repro-
pensável a realização do exame de corpo de delito (art. 158, duzido em juízo. Considera-se objeto material todo ma-
CPP) terial visual, auditivo, audiovisual, bem como o registrado
Corpo de delito é o conjunto dos vestígios que caracte- em meios mecânicos óticos ou magnéticos de armazena-
rizam a existência do crime. Não se confunde corpo de delito mento.
com o exame das lesões da vitima. O primeiro é gênero do
qual o segundo é espécie.
A prova documental está disciplinada no CPP nos arts.
O exame de corpo de delito envolve inclusive o proces-
231 e 238.
samento da cena do crime e pode ser tanto direto (art. 161)
quanto indireto (art. 167, CPP).
A materialidade dos fatos muitas vezes deve ser compro- Documento eletrônico
vada por meio de exame pericial. Nesse sentido, podemos ter
3 situações: exame de lesões corporais, exame necroscópico e Consiste em uma sequência de bytes, e em determina-
exumação. Analisaremos cada uma dessas situações a seguir. do programa de computador se torna a representação de
um fato. Os crimes que são praticados por meio da internet
Exame de lesões corporais ou por outros meios cibernéticos têm consequências no
que dizem respeitos à provas.
Esse é um meio de prova relacionado a um tipo penal (le-
são corporal, art. 129, CP), que visa estabelecer a natureza da Um dos meios para combater esse tipo de ilícito penal
gravidade da lesão provocada na vitima. O procedimento é recrutar os crackers para trabalharem a favor da polícia.
(art. 394, CPP) depende da gravidade da lesão, e, portanto,
da pena. Contudo, temos duas exceções a aplicação desse Importante ressaltar a distinção entre os hackers e os
exame. crackers: os primeiros ultrapassam barreiras de segurança
A primeira refere-se ao caso de lesão corporal de natu- para se gabar, enquanto que os segundos invadem siste-
reza leve, quando o juízo competente será o JECRIM. Nessa mas para causarem prejuízo, visando lucro.
hipótese, o procedimento será sumaríssimo, que é célere e
informal. Assim, não será exigido o exame de lesões cor-
porais. A lei 9.099, art. 77, §1o diz que essa prova pode ser Sigilo telemático
substituída pelo boletim medico ou prova equivalente.
A segunda exceção trata dos crimes domésticos, so- É um mecanismo de proteção do usuário do aparelho,
bretudo os praticados contra a mulher, que estão discipli- o que gera certa dificuldade para obter informações e mui-
nados na Lei 11.340/06. No art. 12, §3o, temos que as pro- tas vezes será necessária autorização judicial para o acesso
vas podem ser laudos ou prontuários médicos. Isso porque, de dados. Quando se tratar de crime em que a polícia tem
na prática, o Ministério Público pode atuar ex officio em o dever e a obrigação de apurar, tem-se as delegacias que
casos graves.
estão incumbidas de investigar crimes cibernéticos
Exame necroscópico
Ata notarial
O cadáver aqui é o objeto da prova. Sua finalidade é
estabelecer a causa mortis (art. 162). Esse exame será rea- Constatação de um fato ou de um ato que é atesta-
lizado sempre que a morte estiver relacionada a um fato da pelo tabelião, com fé publica. Feito isso, e apresentado
criminoso. Do texto do Parágrafo Único do dispositivo ex- ao delegado, teremos uma prova pré-constituída e com
trai-se que esse exame é desnecessário nos casos de morte fé-pública. Isso é bom para as provas nos meio eletrôni-
violenta e não haja infração penal a ser apurada (como é co que podem ser apagadas instantaneamente. Estamos
o caso, por exemplo, dos acidentes automobilísticos) ou diante de uma presunção de verdade relativa, podendo,
quando as lesões externas permitirem precisar a causa portanto, ser impugnada. Pode servir como prova tanto na
mortis. esfera penal quanto na esfera civil.

Exumação Prova emprestada

Com previsão no art. 163, CPP, a exumação tem como Prova emprestada é aquela que é transladada em for-
objeto da prova o cadáver já sepultado. A exumação só ma de documento para um processo penal no qual se dis-
pode ser feita mediante autorização judicial e em dois ca- cutirá a sua validade e o seu valor probante.

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Geralmente a prova emprestada no processo penal se Diz-se isso porque a testemunha pode não se lembrar
relaciona com depoimento de vítima ou uma declaração com exatidão dos fatos. Ou então, aliada ao critério subje-
que foi dada em um caso e a testemunha após um tempo tivo das convicções pessoais da vítima, pode influenciar no
morreu, desapareceu, etc.
 depoimento da testemunha. Ainda, há também o temor da
testemunha sofrer repressões em virtude de suas declara-
Do ponto de vista da acusação é interessante que a ções.
prova seja emprestada de tempo que foi dada, e que seja
encarada como uma prova testemunhal, de inteiro teor, e O número de testemunhas
não apenas como um documento. Do ponto de vista da
defesa, o que se alega é que o princípio da ampla defesa O nosso sistema processual penal é regido por proce-
não foi respeitado pois se caso o réu morreu, não teve tem- dimento. Dependendo do crime, ele deve obedecer deter-
po de contestar, ou caso de testemunha desaparecida, que minado procedimento, podendo arrolar ou não testemu-
não houve possibilidade de perguntas da defesa para tal. nhas, tendo que obedecer ao número permitido.
São requisitos para a utilização da prova emprestada: O número de testemunhas depende do procedimento,
a) que no processo anterior tenha sido respeitado o prin- conforme passaremos a demonstrar.
cípio do contraditório;
b) que a prova no processo anterior
tenha sido produzida pelo juiz natural; e c) que o réu tenha
No procedimento ordinário (art. 394, CPP), é possível
comparecido no outro processo.
arrolar até 8 testemunhas (art. 401, caput, CPP). No proce-
dimento comum sumário, podem ser arroladas até 5 teste-
Prova oral
munhas (art. 532, CPP). Já no procedimento comum suma-
ríssimo, não há referência expressa. O art. 81 da Lei 9.099
A prova oral, prevista no art. 201, CPP, refere-se princi-
diz que pode-se arrolar de 3 a 5 testemunhas.
palmente às declarações do ofendido.
Para entendermos a questão das testemunhas no Tri-
Os sujeitos processuais podem ser principais ou secun-
dários. Os principais são o Ministério Público, o querelante, bunal do Júri, é preciso entender seu procedimento bifási-
o réu e o juiz. Os secundários são a testemunha, o perito e co. Na primeira fase se encerra por meio de uma decisão,
o escrivão. O ofendido é tradicionalmente esquecido. que pode ser: decisão de absolvição sumaria, decisão de
desclassificação, decisão de impronúncia (efeito semelhan-
Com a Lei 9.099/95, o Estado passa a olhar para a vítima te ao arquivamento) ou decisão de pronúncia. Caso haja
de modo distinto. Essa lei trata do procedimento sumarís- pronúncia, prossegue-se para a próxima fase. Essa segunda
simo, que tem como característica principal o surgimento fase cuida da preparação do julgamento e do julgamento
da transação penal entre o autor do fato e o ofendido para em plenário.
que seja tentado ao menos a auto composição das partes.
Em 2008 o legislador altera o art. 201, CPP. A partir dai, o Superada a explicação, temos o seguinte: na primeira
ofendido é o sujeito passivo da infração penal. fase os atos seguem a sequência do procedimento comum
A oitiva da vítima na ação penal não é obrigatória. Se ordinário, ou seja, até 8 testemunhas podem ser arroladas
a vítima for intimada a comparecer em juízo e não o fizer, (art. 406, §2o e 3o, CPP). Na segunda fase podem ser arro-
poderá ser conduzida à presença da autoridade. A vítima ladas até 5 testemunhas (art. 422, CPP).
não presta o compromisso de dizer a verdade. Parte-se do
princípio que a vítima está dizendo a verdade porque tem
interesse na sentença condenatória e numa eventual repa- A Lei 11.3434, em seu art. 34, trata do tráfico de drogas.
ração do dano. Esse crime admite procedimento especial, podendo arrolar
até 5 testemunhas, com previsão no art. 54, III, e 55, §1o.
Quanto se tratar do querelante, ele estará obrigado
com a verdade. Caso contrário, poderá responder pelo cri- Por fim, nos casos complexos o juiz pode intervir para
me de denunciação caluniosa. que sejam arroladas mais do que 8 testemunhas. As teste-
munhas excedentes são inquiridas como testemunhas do
Prova testemunhal juízo.

Testemunha é a pessoa que atesta a veracidade de um A desobrigação de testemunhar


fato. Portanto, a testemunha presta o compromisso de di-
zer a verdade (art. 203, CPP). Em princípio, toda pessoa pode ser testemunha, até
mesmo um menor. Porém, uma vez que a testemunha é
Uma das mais inseguras do processo, a prova testemu- intimada a depor, esta não pode deixar de depor, sob pena
nhal está prevista no CPP nos arts. 202 e 255. Do ponto de de ser conduzida coercitivamente, ou até mesmo de res-
vista quantitativo, é uma prova interessante. Do ponto de ponder criminalmente por desobediência.
vista qualitativo, não.

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Existem alguma pessoas que se tornam desobrigadas, Delação premiada


pela lei, a prestar o testemunho, segundo disposição dos
arts. 206 e 208, CPP. Se o juiz, mesmo assim, quiser ouvir as Esse é um instituto que está ligado ao réu. A delação
declarações desta pessoa, tal testemunha não estará obri- premiada ocorre quando o acusado admite a prática do cri-
gada em prestar compromisso com a verdade. Neste caso, me e delata a participação de outrem ou de outras pessoas,
será ouvida na condição de informante.
De acordo com o fazendo-o em troca da redução da pena ou até mesmo da
art. 207, serão proibidas de depor aquelas que em razão de obtenção do perdão judicial.

função, ofício ou profissão devam guardar segredo, salvo
se desobrigadas pela parte interessada, quiserem prestar A delação premiada somente pode ser apresentada
testemunho. por um corréu, posto que irá delatar para se beneficiar.
Caso não tenha benefício será apenas uma testemunha.
Interrogatório Não há garantia de que corréu seja beneficiado, pois não
existe nenhum diploma disciplinando tal instituto.

Quando tratamos de interrogatório como meio de pro-
Essa delação não tem o mesmo valor que o depoimen-
va, é importante observar que três correntes se formaram.
to de testemunha. Isso se explica à medida que as teste-
munhas prestam o compromisso de dizer a verdade, e o
A primeira corrente, no princípio, entendia como o in-
corréu está numa posição de mero informante, devendo
terrogatório sendo um meio de prova. A segunda, por sua suas alegações serem confirmadas.
vez, dizia que o interrogatório era um meio de defesa. Já a
terceira e mais aceita corrente afirma que o interrogatório De acordo com o princípio da obrigatoriedade da ação
é predominantemente um meio de defesa, mas não deixa penal, o membro do Ministério Público não pode sim-
de ser um meio de prova, pois o juiz pode levar em conta o plesmente alocar o delator como testemunha. Em verda-
que o réu está falando para formular a sua convicção. de, deve admitir o delator como corréu e, posteriormente,
considerar sua redução de pena ou perdão judicial por ter
Ressalte-se que o interrogatório é um ato pessoal do colaborado com suas importantes declarações.
juiz, não podendo delegar para qualquer outra pessoa.
Além disso, deve ser realizado na presença de um defensor, Instrumentos do crime
inclusive no JECRIM, sob pena de nulidade, e cada réu tem
que ser ouvido separadamente. Todos os objetos usados para a consumação do cri-
me deverão ser analisados e periciados, com o fim de lhes
No tocante ao procedimento, o art. 400, CPP dita que o verificar a natureza e a eficiência.
 Além da necessidade de
réu será o último a ser interrogado, para que possa ter co- se examinar o instrumento utilizado na atividade crimino-
nhecimento de toda as provas produzidas contra ele. Já no sa, deve-se também elaborar o auto de avaliação (art. 172,
Tribunal do Júri o réu será interrogado duas vezes, a saber: CPP)
pela polícia e na plenária.
Indícios
A realização do interrogatório é obrigatória. Contudo,
é previsto o direito de o sujeito interrogado manter-se cala- Disciplinados no art. 239, CPP, os indícios não são con-
do, vez que ninguém pode ser obrigado a produzir provas siderados como provas diretas, mas sim fazem parte do
contra si mesmo. contexto de prova indireta (ou prova circunstancial).

Os indícios podem ser utilizados para efeitos de forma-


Confissão
ção do convencimento do juiz, mas não pode haver conde-
nação apenas com base neles. Essa regra aplica-se apenas
Confissão é o ato de reconhecimento, pelo acusado, da
ao julgador togado, vez que os jurados do Tribunal do Júri
imputação que lhe é feita. Alguns doutrinadores entendem podem convencer-se através de indícios, considerando-os
que a confissão é um meio atípico de prova, uma vez que suficientes para condenação.
seria declaração de vontade do réu em sua defesa.
Na Idade Média, a confissão era considerada a rainha
das provas (“Regina probatorium”), válida ainda que obtida Para a utilização de indícios no convencimento do juiz,
por meio de tortura. impõe-se que eles sejam graves, precisos e concordantes
com o fato que se quer provar.
De acordo com as disposições do Código de Processo
Penal a confissão deve ser corroborada por outras provas. Busca e apreensão
No processo penal não predomina a idéia do fato incontro-
verso, como no processo civil. Com previsão legal nos arts. 240 e 250, CPP, a busca
e apreensão depende de autorização judicial. Trata-se, em
A confissão não supre o exame pericial a medida que é verdade, de uma medida cautelar, sendo considerada um
necessário confirmar a materialidade do delito. O valor da meio atípico de prova – diz-se, então, que é instrumento
confissão é o mesmo que das outras provas. de obtenção da prova.

15
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Considerando a previsão constitucional de inviolabili- § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromis-


dade da privacidade, da intimidade, do domicilio, a decre- so de bem e fielmente desempenhar o encargo. (Redação
tação da busca e apreensão é medida só pode ser auto- dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
rizada pelo juiz competente e em decisão fundamentada. § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assis-
tente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acu-
Por se tratar de medida assecuratória (ou cautelar),o sado a formulação de quesitos e indicação de assistente
juiz só pode deferi-la se ficar convencido de que naquele técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
caso específico que lhe é apresentado existem elementos § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admis-
de que o que está sendo alegado possui verossimilhança e são pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração
que há necessidade da urgência (fumus boni juris e pericu- do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas
lum in mora). desta decisão. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido
Na prática, a busca e apreensão pode ser pleiteada às partes, quanto à perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de
pelo delegado ao juiz por meio de uma representação. Em 2008)
sua manifestação, o promotor de justiça pode reforçar a
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a
necessidade ou se opor a isso. A busca e apreensão pode
prova ou para responderem a quesitos, desde que o man-
ser requerida antes do inquérito, durante a investigação ou
dado de intimação e os quesitos ou questões a serem es-
no curso da ação penal. Pode ainda ser requerida pela de-
clarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima
fesa, se lhe for interessante.
de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em lau-
A busca e apreensão também pode ser determinada do complementar; (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
de ofício pelo juiz, segundo o art. 242, CPP. Contudo, não é II – indicar assistentes técnicos que poderão apresen-
conveniente que o juiz o faça, vez que isso pode compro- tar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inqui-
meter sua imparcialidade. ridos em audiência. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material pro-
Pode-se buscar e apreender aquilo que estiver previsto batório que serviu de base à perícia será disponibilizado no
no art. 240, mas o rol não é taxativo. Tudo que estiver rela- ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guar-
cionado com a elucidação de um crime pode ser objeto de da, e na presença de perito oficial, para exame pelos assis-
busca e apreensão. tentes, salvo se for impossível a sua conservação. (Incluído
pela Lei nº 11.690, de 2008)
Com base no art. 5o, XI, CF, temos que, mesmo sendo § 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais
expedido o mandado de busca e apreensão, a autoridade de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á
policial não poderá ingressar o domicílio alheio durante designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte
o período de repouso noturno. Assim, o cumprimento do indicar mais de um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº
mandado judicial deverá aguardar até a manhã. 11.690, de 2008)
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde
Se no flagrante delito forem apreendidos objetos rela- descreverão minuciosamente o que examinarem, e respon-
tivos a outros crimes, a jurisprudência diz que a apreensão derão aos quesitos formulados. (Redação dada pela Lei nº
será convalidada mesmo sem mandado de busca e apreen- 8.862, de 28.3.1994)
são específico para isso. Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no
prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser pror-
Ainda, é possível que haja a busca pessoal como medi- rogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peri-
da preventiva, como por exemplo a revista da pessoa, sem
tos. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
a exigência de mandado para tanto.
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito
em qualquer dia e a qualquer hora.
CAPÍTULO II
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS
EM GERAL depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos si-
nais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será in- prazo, o que declararão no auto.
dispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará
não podendo supri-lo a confissão do acusado. o simples exame externo do cadáver, quando não houver
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias infração penal que apurar, ou quando as lesões externas
serão realizados por perito oficial, portador de diploma de permitirem precisar a causa da morte e não houver neces-
curso superior. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) sidade de exame interno para a verificação de alguma cir-
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado cunstância relevante.
por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavé-
curso superior preferencialmente na área específica, dentre rico, a autoridade providenciará para que, em dia e hora
as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natu- previamente marcados, se realize a diligência, da qual se
reza do exame. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) lavrará auto circunstanciado.

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Parágrafo único. O administrador de cemitério públi- Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avalia-
co ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena ção de coisas destruídas, deterioradas ou que constituam
de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem produto do crime.
indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lu- Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os
gar não destinado a inumações, a autoridade procederá às peritos procederão à avaliação por meio dos elementos
pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto. existentes nos autos e dos que resultarem de diligências.
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na Art.  173. No caso de incêndio, os peritos verificarão
posição em que forem encontrados, bem como, na medi- a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que
da do possível, todas as lesões externas e vestígios deixa- dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio,
dos no local do crime. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias
28.3.1994) que interessarem à elucidação do fato.
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos,
cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do por comparação de letra, observar-se-á o seguinte:
exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devi- I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o
damente rubricados. escrito será intimada para o ato, se for encontrada;
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadá- II - para a comparação, poderão servir quaisquer do-
ver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo Insti- cumentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido
tuto de Identificação e Estatística ou repartição congênere judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre
ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se auto de cuja autenticidade não houver dúvida;
reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para
cadáver, com todos os sinais e indicações. o exame, os documentos que existirem em arquivos ou es-
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados tabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se
e autenticados todos os objetos encontrados, que possam daí não puderem ser retirados;
ser úteis para a identificação do cadáver. IV - quando não houver escritos para a comparação ou
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que
delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova tes- a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a
temunhal poderá suprir-lhe a falta.
pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro
ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras
exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se-á a exa-
que a pessoa será intimada a escrever.
me complementar por determinação da autoridade policial
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos em-
ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do Ministério
pregados para a prática da infração, a fim de se Ihes verifi-
Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor.
car a natureza e a eficiência.
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presen-
te o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a deficiên- Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular
cia ou retificá-lo. quesitos até o ato da diligência.
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos
delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no
logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação
crime. poderá ser feita pelo juiz deprecante.
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser supri- Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão
da pela prova testemunhal. transcritos na precatória.
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado
sido praticada a infração, a autoridade providenciará ime- pela autoridade ao diretor da repartição, juntando-se ao
diatamente para que não se altere o estado das coisas até a processo o laudo assinado pelos peritos.
chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavra-
fotografias, desenhos ou esquemas elucidativos. (Vide Lei rá o auto respectivo, que será assinado pelos peritos e, se
nº 5.970, de 1973) presente ao exame, também pela autoridade.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único,
alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, o laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito e ru-
as consequências dessas alterações na dinâmica dos fa- bricado em suas folhas por todos os peritos.
tos. (Incluído pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guar- consignadas no auto do exame as declarações e respostas
darão material suficiente para a eventualidade de nova pe- de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o
rícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este di-
com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos vergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a
ou esquemas. novo exame por outros peritos.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou Art. 181. No caso de inobservância de formalidades,
rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a
meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestí- autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, com-
gios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em plementar ou esclarecer o laudo. (Redação dada pela Lei nº
que época presumem ter sido o fato praticado. 8.862, de 28.3.1994)

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Parágrafo único. A autoridade poderá também orde- Nessa espécie de flagrante não se exige persegui-
nar que se proceda a novo exame, por outros peritos, se ção. Exige-se, entretanto, que a autoridade ponha-se a
julgar conveniente. procurar o agente logo após ter notícia do acontecimento
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo do crime.
aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, Flagrante Compulsório ou Obrigatório
observar-se-á o disposto no art. 19. Alcança a atuação das forças de segurança englobando
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, as polícias civis, militares, federal, rodoviárias, ferroviárias e
o juiz ou a autoridade policial negará a perícia requerida o corpo de bombeiros. Elas têm o dever de, enquanto em
pelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento serviço, efetuar a prisão em flagrante.
da verdade.
Flagrante Facultativo
É a permissão constitucional de que qualquer do
PRISÃO EM FLAGRANTE. PRISÃO PREVENTIVA. povo efetue a prisão em flagrante. Ela abrange também as
PRISÃO TEMPORÁRIA (LEI N.° 7.960/1989). autoridades policiais fora de serviço.

Flagrante Esperado
Prisão em Flagrante (arts. 301 a 310) Não está disciplinado na legislação, sendo uma idea-
lização doutrinária. Ocorre quando a polícia, sabendo que
É uma medida restritiva de liberdade, de natureza um crime irá se consumar, fica de tocaia, realizando a pri-
cautelar e caráter eminentemente administrativo, que não são quando os atos executórios são deflagrados. Apesar
exige ordem escrita do juiz, porque o fato ocorre de inopino de não indicado, o particular também poderá efetuar o
(art. 5º, LXI, CR/88). É uma forma de autopreservação e flagrante esperado.
autodefesa da sociedade, facultando-se a qualquer do
povo a sua realização, sendo que os posteriores atos de Flagrante Preparado ou Provocado
documentação ocorrerão normalmente na delegacia de Flagrante em que o agente é induzido ou instigado a
polícia. cometer o delito, sendo preso no ato. É artifício onde ver-
Relativamente à proteção ao lar, a pessoa pode ser pre- dadeira armadilha é maquinada no intuito de prender em
sa em flagrante delito a qualquer tempo, de acordo com o flagrante aquele que cede à tentação e acaba praticando a
art. 5º, XI, da CR/88. infração.

Espécies de Flagrante Dispõe a Súmula 145, STF: “Não há crime quando a


preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
Flagrante Próprio, Propriamente Dito, Real ou Verda- consumação”.
deiro
(art. 302, I e II do CPP) A súmula para o STF, com a preparação do flagrante e
Nele, o agente é surpreendido com a mão na massa, consequente realização da prisão, existiria crime só na apa-
cometendo a infração penal ou quando acaba de cometê- rência, já que o resultado da prática supostamente delituo-
-la. A prisão deve ocorrer de imediato, sem o decurso de sa já era conhecido pela polícia de antemão e ela já estaria
qualquer intervalo de tempo. com toda a estrutura montada para prender o agente logo
após a conduta. Assim, haveria verdadeiro crime impossí-
Flagrante Impróprio, Irreal ou Quase-Flagrante
vel, por absoluta ineficácia do meio ou absoluta improprie-
(art. 302, III)
dade do objeto criminoso.
Flagrante em que o agente é perseguido logo após a
Entretanto, se, preparando o flagrante, o agente conse-
infração, em situação que faça presumir ser o autor do fato.
gue consumar o delito e fugir, o crime restará plenamente
Não existe prazo certo para a expressão logo após, sendo
caracterizado.
equivocada a doutrina que aponta o prazo de 24 horas.
Não é flagrante preparado o caso de se prender al-
Não havendo solução de continuidade, isto é, se a per-
guém, que adentra no território nacional portando drogas,
seguição não for interrompida, mesmo que dure dias ou
após o recebimento de notícias sobre esse fato. A polícia
até mesmo semanas, em havendo êxito na captura do per-
esperará a pessoa chegar e efetuará a prisão. Note-se que
seguido, estar-se-á diante de flagrante delito.
o indivíduo já estava com o crime em andamento.
Flagrante Presumido, Ficto ou Assimilado
(art. 302, IV) Flagrante Prorrogado, Retardado, Diferido, Postergado
Flagrante em que o agente é preso após cometer a in- ou Ação Controlada
fração, quando encontrado com instrumentos ou produtos Ocorre quando a polícia deixa de efetuar a prisão, mes-
do crime, armas, objetos ou papéis que permitam presumir mo presenciando o crime, pois do ponto de vista estratégi-
ser ele o autor da infração. co seria a melhor opção.

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Previsto no art. 2º, II, da Lei nº 9.034/95 (Lei de Comba- c) Crime de ação penal privada e ação pública con-
te às Organizações Criminosas). Não é necessária autoriza- dicionada: nada impede a realizaçao do flagrante nestes
ção judicial nem prévia oitiva do MP, cabendo à autoridade crimes. Porém, para a lavratura do APFD, deverá haver
policial administrar a conveniência ou não da postergação. manifestação de vontade da pessoa legitimada a pro-
Ela não pode ser utilizada para abarcar atividades de qua- por a ação ou a representar. Caso a vítima não possa ir
drilhas ou bandos, apenas de organizações criminosas. imediatamente à delegacia, por ter sido conduzida ao hos-
pital ou por qualquer outro motivo relevante, poderá fazê-
Já no flagrante diferido previsto na Lei nº 11.343/06, é -lo no prazo de entrega da nota de culpa. Caso preso o
necessária autorização judicial e prévia oitiva do MP, além agente em flagrante e a vítima não autorize, não poderá ser
do conhecimento do provável itinerário da droga e dos lavrado o auto, devendo o agente ser liberado.
eventuais agentes do delito ou colaboradores. d) Crime continuado: o flagrante se dará de forma
fracionada, já que as várias ações são independentes en-
Flagrante Forjado tre si, somente havendo a continuidade para fins de dimi-
É o flagrante armado, fabricado para incriminar pessoa nuição da pena quando da dosimetria penal. O flagrante é
inocente. Evidentemente é ilícito, sendo o único infrator possível para cada crime isoladamente.
aqui o agente executor da prisão. e) Infração de menor potencial ofensivo: não haverá
lavratura de APFD, e sim de TCO (Termo Circunstanciado
Flagrante por Apresentação de Ocorrência), desde que o infrator seja imediatamente
Não é flagrante propriamente dito, pois quem se en- enaminhado ao JECrim ou assuma o compromisso de lá
trega à polícia não se enquadra em nenhuma das hipóteses comparecer na data designada pela autoridade policial. En-
legais autorizadoras do flagrante. Assim, não será lavrado tretanto, se ele se negar a tanto, lavra-se o APFD, reco-
APFD, apesar de poder o agente ter sua prisão preventiva lhendo-se o infrator ao cárcere, salvo se for admitida e
decretada pela autoridade policial. paga a fiança. Lembrar que, no crime do art. 28 da Lei nº
11.343/06, é absolutamente impossível a prisão.
Flagrante Vedado Nos crimes particados com violência doméstica contra
São hipóteses em que a autoridade não pode, de for- a mulher, não se aplica a Lei nº 9.099/95; assim, mediante
ma alguma, decretar o flagrante delito, sob pena de ilega- uma infraçao de menor potencial ofensivo, ao invés de TCO
lidade manifesta. será lavrado APFD (art. 41, lei nº 11.340/06).
Assim, não se decreta a prisão em flagrante, ou seja, se
decretada, deverá ser relaxada: Sujeitos do Flagrante
1. Com o advento da lei dos juizados especiais crimi-
nais, aquele que for capturado em flagrante pela prática de Sujeito Ativo
crimes de menor potencial ofensivo, e assumir o compro- É aquele que efetua a prisão. Pode ser qualquer pessoa,
misso de comparecer ao Juizado, a ele não será imposta a policial ou não. Não se confunde o sujeito ativo com o
prisão em flagrante (será elaborado o Termo Circunstan- condutor, que é a pessoa que apresenta o preso à polícia
ciado). Assim, praticamente, todas as hipóteses em que o (evidentemente, poderão ser a mesma pessoa).
réu se livra solto estão abrangidas pelo conceito de crime
de menor potencial ofensivo (por isso que caiu em desu- Sujeito Passivo
so). A jurisprudência majoritariamente (STJ e STF) entende É aquele detido na situação de flagrância. Em regra,
que os crimes de menor potencial ofensivo são os crimes pode ser qualquer pessoa, respeitadas as exceções de
com pena máxima de até 02 anos. Assim, a hipótese de determinados indivíduos, quais sejam:
incidência do artigo 323 será aplicada na hipótese excep- a) Presidente da República: nunca poderá ser pre-
cional de o indivíduo não assumir o compromisso (aliás, so em flagrante ou por outra prisão cautelar (art. 86, § 3º,
o descumprimento do compromisso de comparecimento CR/88).
não traz qualquer consequência para o indivíduo, mesmo b) Diplomatas estrangeiros: podem não ser presos
se ele não comparecer). em flagrante, a depender de tratados e convenções inter-
2. A Lei nº 9.503/97 (CTB) (artigo 301) prevê que ao nacionais.
condutor por delito de trânsito NÃO se imporá a prisão em c) Membros do Congresso Nacional e Assembleias
flagrante se ele prestar pronto e integral socorro à vítima. Legislativas: só podem ser presos em flagrante delito por
3. No caso do art. 28 da Lei de Drogas. prática de crime inafiançável, devendo os autos, no caso,
ser remetidos à respectiva Casa para que, mediante provo-
Flagrante nas Várias Espécies de Crime cação de partido e pelo voto da maioria de seus membros,
a) Crimes permantentes: enquanto não cessada a resolva sobre a prisão (art. 53, § 2º, CR/88).
permanência poderá haver flagrante a qualquer tempo. d) Magistrados: só poderão ser presos em flagran-
b) Crime habitual: de acordo com Tourinho, não é te por crime inafiançável, devendo os autos serem enca-
possível o flagrante no crime habitual, já que este ocorre minhados ao Presidente do respectivo Tribunal (art. 33, II,
somente quando a conduta típica se integra com a prática LOMAN).
de diversas açoes. Se houver o flagrante antes da consu- e) Membros do MP: idem, devendo os autos serem
mação, os atos realizados serão indiferentes penais, não encaminhados ao respectivo Procurador-Geral (art. 40, III,
passíveis de configurar qualquer crime. LONMP).

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

f) Advogados: somente poderá ser preso em flagran- LOGO, O POLICIAL TAMBÉM PODE EFETUAR O RE-
te, por motivo de exercício da profissão, em caso de crime LAXAMENTO DE PRISÃO. Decorre do princípio admi-
inafiançável, sendo necessária a presença de representante nistrativo da autotutela, pelo qual a Administração
da OAB para se lavrar o auto, sob pena de nulidade (art. 7º, deve anular seus próprios atos quando ilegais.
§ 3º, EOAB).
g) Menores de 18 anos: penalmente inimputáveis, Nota de Culpa
somente poderão ser privados da liberdade, mediante de- A nota de culpa se presta a informar ao preso os res-
terminação escrita e fundamentada do juiz ou mediante ponsáveis por sua prisão e os motivos de fato da mesma,
flagrante de prática de ato infracional (art. 106, ECA). contendo o nome do condutor e das tetemunhas, sendo
h) Motoristas: no caso de crime de trânsito, se pres- assinada pela autoridade (art. 306, § 2º, CPP).
tarem pronto e integral socorro à vítima de acidente de Será entregue em 24 horas da realização da prisão,
trânsito no qual se envolveu, não poderá ser preso em mediante recibo. Se o preso se negar a assinar, 02 testemu-
flagrante nem poderá ser-lhe exigida fiança (art. 301, nhas suprirão o ato.
CTB). A ENTREGA DA NOTA DE CULPA É DE VITAL IMPOR-
TÂNCIA PARA A VALIDADE DA PRISÃO. Com a nota de
Autoridade Competente culpa, a garantia da informação é assegurada, tendo o pre-
Via de regra, é competente para presidir a lavratura so a cientificação formal dos motivos pelo qual foi encarce-
do auto a autoridade policial da circunscrição onde foi rado, com a indicação de seus responsáveis.
efetuada a prisão (art. 290, CPP).
Remessa à Autoridade e Manifestação sobre o Flagran-
Procedimentos e Formalidades Legais te
De acordo com Luís Flávio Gomes, a prisão em flagran- Em 24 horas da realização da prisão, será encaminhado
te conta com quatro momentos distintos: à autoridade judicial competente o APFD acompanhado de
a) Captura do agente; todas as oitivas colhidas e demais documentos e, caso o
autuado não indique advogado, será remetida cópia inte-
b) Condução coercitiva até a presença da autoridade
gral à defensoria pública (art. 306, § 1º).
policial ou judicial;
Recebidos os autos, o juiz poderá relaxar a prisão, se
c) Lavratura do auto de prisão em flagrante;
tiver sido ilegal, concederá a liberdade provisória com ou
d) Recolhimento ao cárcere.
sem medida cautelar, ou decretará a prisão preventiva, se
Deve ser dada especial atenção ao aspecto formal
presentes alguma das situações do art. 312 e se não se re-
do ato, com a documentação da prisão efetuada em razão
velarem adequadas ou suficientes as medidas cautelares
da captura. Deve-se, pois, seguir os seguintes passos:
previstas no art. 319.
a) Comunicação à família do preso ou pessoa por ele
indicada sobre a prisão, antes de lavrar o auto (art. 5º, LXIII, Tudo isso terá que ser feito de forma fundamenta-
CR/88). da.
b) Oitiva do condutor: quem apresentou o “melian-
te” na delegacia deverá ser ouvido, sendo suas declarações Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o
reduzidas a termo, colhida sua assinatura e entregue cópia juiz deverá fundamentadamente:
do termo e recibo de entrega do preso (esse recibo tem I - relaxar a prisão ilegal; ou
função acautelatória para o próprio condutor). II - converter a prisão em flagrante em preventiva,
c) Oitiva das testemunhas: suas declarações serão quando presentes os requisitos constantes do art. 312 des-
reduzidas a termo e assinadas. Devem ser, no mínimo, duas te Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
testemunhas para o flagrante ser regular, ainda que uma medidas cautelares diversas da prisão; ou
ou ambas sejam meramente instrumentárias, aquelas sim- III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
plesmente presentes na delegacia e que são convidadas a Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão
assinar como testemunha o ato de ver a entrega do agente. em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições
d) Oitiva da vítima: não é requisito imposto pela lei, constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decre-
mas é prática corrente no procedimento, até mesmo para to-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal,
fortalecer o valor probatório. poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado li-
e) Oitiva do conduzido: o preso será ouvido, po- berdade provisória, mediante termo de comparecimen-
dendo, entretanto, calar-se. Admite-se a presença do advo- to a todos os atos processuais, sob pena de revogação.
gado, o qual, entretanto não é imprescindível. Lembrar que (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011)
o procedimento pré-processual não é contraditório. Se o O art. 310 impede que ocorra as situações do sujeito
interrogatório não for realizado por força maior, o ato não ficar preso indefinidamente em flagrante. Ou ele é solto,
restará viciado. ou é decretada sua prisão preventiva ou alguma medida
f) Decisão da autoridade: se a autoridade estiver cautelar. A não adoção de alguma dessas determinações
convencida de que o flagrante é legítimo, determinará ao constituirá flagrante ilegalidade por desrespeito à lei pro-
escrivão que lavre e encerre o auto de flagrante. Porém, cessual.
também poderá liberar o detido caso verifique ilegalidade.

20
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Prisão em Flagrante: Réu Preso e Excesso de Prazo


É muito comum de ocorrer a manutenção do flagrante sem decretação da prisão preventiva, o que não deveria se dar.
Logo que recebe os autos, o juiz teria que, necessariamente, se manifestar sobre o cabimento ou não.
Logo, a prisao em flagrante deve ocorrer pelo tempo suficiente para análise dos autos pelo juiz, e não como justifica-
tiva para o condenado ficar encarcerado até seu julgamento, o que é ilegal.
Às vezes a ilegalidade ocorre até mesmo em função da demora da remessa dos autos do flagrante da repartição
policial para o juízo.

Passemos a analisar a seguinte tabela:

Prisão em Flagrante
Flagrante Próprio, Propria-
Cometendo a infração penal ou quando acaba de cometê-la. A prisão deve ocorrer de
mente Dito, Real ou Verda-
imediato, sem o decurso de qualquer intervalo de tempo.
deiro
Flagrante em que o agente é perseguido logo após a infração, em situação que faça presu-
Flagrante Impróprio, Irreal mir ser o autor do fato. Ele não é visto praticando a infração, mas é perseguido. Não existe
ou Quase-Flagrante prazo certo para a expressão logo após, sendo equivocada a doutrina que aponta o prazo
de 24 horas.
Caso em que o agente é preso após cometer a infração, quando encontrado com instru-
Flagrante Presumido, Ficto mentos ou produtos do crime, armas, objetos ou papéis que permitam presumir ser ele
ou Assimilado o autor da infração.
Nessa espécie de flagrante não se exige perseguição.
Alcança a atuação das forças de segurança englobando as polícias civis, militares, federal,
Flagrante Compulsório ou
rodoviárias, ferroviárias e o corpo de bombeiros. Elas têm o dever de, enquanto em serviço,
Obrigatório
efetuar a prisão em flagrante.
É a permissão constitucional de que qualquer pessoa efetue a prisão em flagrante, incluindo
Flagrante Facultativo
as autoridades policiais fora de serviço.
Quando a polícia, sabendo que um crime irá se consumar, fica de tocaia, realizando a prisão
Flagrante Esperado
quando os atos executórios são deflagrados.
Flagrante em que o agente é induzido ou instigado a cometer o delito, sendo preso no
Flagrante Preparado ou
ato. É artifício onde verdadeira armadilha é maquinada no intuito de prender em flagrante
Provocado
aquele que cede à tentação e acaba praticando a infração.
Flagrante Prorrogado, Re- Ocorre quando a polícia deixa de efetuar a prisão, mesmo presenciando o crime, pois do
tardado, Diferido, Poster- ponto de vista estratégico seria a melhor opção. Organizações criminosas: não precisa de
gado autorização judicial e oitiva do MP. Drogas: precisa.
É o flagrante armado, fabricado para incriminar pessoa inocente. Evidentemente é ilícito,
Flagrante Forjado
sendo o único infrator aqui o agente executor da prisão.
Não é flagrante propriamente dito, pois quem se entrega à polícia não se enquadra em
Flagrante por Apresentação nenhuma das hipóteses legais autorizadoras do flagrante. Assim, não será lavrado APFD,
apesar de poder o agente ter sua prisão preventiva decretada pela autoridade policial.
São hipóteses em que a autoridade não pode, de forma alguma, decretar o flagrante delito,
Flagrante Vedado
sob pena de ilegalidade manifesta.
Procedimento: deverá ser o agente conduzido à delegacia, identificados e ouvidos os condutores, as testemunhas, a
vítima e, por fim, o agente. Se não relaxada a prisão ou se não arbitrada fiança, deve ser entregue ao condutor a nota
de culpa. Assim, no prazo máximo de 24 horas, devem os autos serem remetidos ao juiz, que deverá relaxar a prisão,
conceder liberdade provisória com ou sem medida cautelar, ou decretar a prisão preventiva presentes os pressupostos.

A prisão preventiva é uma espécie de prisão cautelar de natureza processual, consistente na medida restritiva de liber-
dade, em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, a ser decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da
ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade
policial.
A prisão preventiva somente poderá ser decretada quando houver prova da existência do crime e indícios suficientes
de autoria.

21
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Note-se que a prisão preventiva, nos termos do artigo Segundo CLAUS ROXIN, “ entre as medidas que asse-
313, do Código Processual Penal, somente poderá ser de- guram o procedimento penal, a prisão preventiva é a inge-
cretada nos crimes dolosos punidos com pena privativa de rência mais grave na liberdade individual; por outra parte,
liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; se tiver sido ela é indispensável em alguns casos para a administração
condenado por outro crime doloso, em sentença transitada da justiça penal eficiente.” [02]
em julgado. Contrário a isso, o disposto no inciso I do caput
do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 3-Bases legais
1940 - Código Penal; se o crime envolver violência domés- Tendo por base o artigo 312 do CPP, para que se decre-
tica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, te a preventiva é necessária à demonstração de prova da
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a exe- existência do crime, trazendo à tela a materialidade e indí-
cução das medidas protetivas de urgência; quando houver cios suficientes da autoria ou de participação no fato típico.
dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta Interessante notar que o delito deve ter ocorrido in-
não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, de- contestavelmente, e sua comprovação pode ser feita pelos
vendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade diversos meios de prova admitidos em direito, entretanto,
após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a no que toca a autoria, apenas se tem a necessidade de indí-
manutenção da medida. cios de vinculação do individuo à prática do crime.
Ainda nesse pensamento, há de se ressaltar os pressu-
Fundamentação: postos da preventiva e esses formam exatamente ofumus
Arts. 311 a 316 do CPP commissi delicti, que oferece o básico de segurança para a
decretação da medida.
A prisão preventiva não é uma pena aplicada anteci- Pelo entendimento do artigo 313 do CPP, a preventiva
padamente ao trânsito em julgado, é uma medida cautelar. somente possui envergadura em crimes dolosos, cuja pena,
Por esse motivo, não viola a garantia constitucional de pre- via de regra, ultrapasse quatro anos. Logo, crimes culposos
sunção de inocência se a decisão for devidamente motiva- e contravenções parecem ser rechaçados pelo instituto.
É de se observar que caso o réu seja reincidente e com
da e a prisão estritamente necessária.
respeito ao que reza o artigo 64, I do Código Penal, pode-
É uma prisão cautelar que tem o objetivo de evitar que
se aplicar a prisão preventiva ainda que o novo crime não
o réu cometa novos crimes ou ainda que em liberdade
tenha pena maior que quatro anos.
prejudique a colheita de provas ou fuja. De acordo com
Com ressalva de parte da doutrina, pode ser decretada
o processualista Paulo Rangel, “ se o indiciado ou acusa-
a medida cautelar de segregação da liberdade em tela tam-
do em liberdade continuar a praticar ilícitos penais, haverá
bém quando da dúvida sobre a identidade civil do agente
perturbação da ordem pública, e a medida extrema é ne-
e ele não forneça elementos de comprovação de esclare-
cessária se estiverem presentes os demais requisitos legais”
cimentos. A doutrina que vê como medida extrema excep-
(RANGEL, Paulo. Direito processual penal. 12. ed. rev. atual. cional revela cabimento na hipótese do acusado se recusar
ampl. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 613). a se submeter a identificação criminal.
Pode ser decretada inclusive na fase investigatória da
persecução criminal, ou seja, durante o inquérito policial. No artigo 311 do CPP reside determinação no sentido
de se permanecer viva a possibilidade de decretação da
É prisão provisória na medida em que ainda não pesa preventiva em qualquer fase da investigação policial ou do
condenação contra o possível criminoso; medida cautelar, processo penal. Assim, é medida que tem alicerce em qual-
pois tenta resguardar a harmonia social da ordem pública quer fase da persecução criminal.
ou da ordem econômica; excepcional, decorrente do
poder geral de cautela dado ao magistrado; subsidiária, Necessário notar que apesar de reclamar maior cuida-
muito mais após a promulgação da lei 12.403/2011, sendo do, a decretação da preventiva ainda no inquérito policial
somente permitida quando a lei não assegurar outra é fato costumeiro na prática penal cotidiana, onde quase
medida cautelar substitutiva. sempre há a segregação cautelar da liberdade sem a devi-
da preocupação.
2-Enfoque constitucional Observação importante é que não mais se faz presente
É cediço pelo artigo 5º, LVII, da CF/88 que ninguém no ordenamento jurídico após a lei 12.403/2011 qualquer
será considerado culpado até o trânsito em julgado de opção de prisão preventiva obrigatória. Frise-se que ape-
sentença penal condenatória. nas autoridade judiciária competente, em consonância com
Aos adeptos da corrente garantista extremada, a inter- artigo 5º, LXI, da CF/88 pode decretar a prisão preventiva.
pretação gramatical desta regra supra, poderia mergulhar
em conclusões no sentido de que qualquer prisão cautelar Pressupostos
seria inconstitucional.
Para quase a maioria esmagadora da doutrina, contu- A prisão preventiva não é uma punição aplicada ante-
do, não se trata de um instituto que atenta a Carta Política cipadamente, inclusive porque a legislação brasileira proí-
de 1988, mas sim, uma medida indispensável para a ma- be a ocorrência de qualquer sanção antes da condenação
nutenção da ordem social e para administração da justiça. judicial.

22
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

Essa modalidade de prisão é determinada pela Justiça Existem ainda quatro situações claras em que poderá
para impedir que o acusado (réu) atrapalhe a investigação, ser imposta a prisão preventiva:
a ordem pública ou econômica e aplicação da lei. a) A qualquer momento da fase de investigação ou
O réu pode ser mantido preso preventivamente até o do processo, de modo autônomo e independente (art. 311,
seu julgamento ou pelo período necessário para não atra- CPP);
palhar as investigações. b) Como conversão da prisão em flagrante, quando
Caso exista a necessidade, a prisão preventiva pode ser insuficientes ou inadequadas outras medidas cautelares
decretada inclusive na fase inicial do inquérito policial, e (art. 310, II, CPP);
não dá ao acusado o direito de defesa prévia. c) Em substituição à medida cautelar eventualmente
A prisão preventiva é a prisão de natureza cautelar mais descumprida (art. 282, § 4º, CPP);
ampla existente, sendo uma eficiente ferramenta de encar- d) Quando houver fundadas dúvidas sobre a identi-
ceramento durante toda a persecução penal, já que pode dade do acusado, devendo ele ser imediatamente liberado
ser decretada tanto durante o IP quanto na fase processual. assim que confirmada for.
A prisão preventiva, por ser medida de natureza caute-
lar, só se sustenta se presentes o lastro probatório mínimo De outro modo, não será cabível a preventiva:
a indicar a ocorrência da infração e os eventuais envolvi- a) Para os crimes culposos, contravenção penal ou se
dos, além de algum motivo legal que fundamente a neces- no caso concreto está presente qualquer causa excludente
sidade de encarceramento. de ilicitude, isso decorre do postulado da proporcionali-
Admite-se a decretação da preventiva até mesmo sem dade, na perspectiva da proibição do excesso, a impedir
a instauração do IP, desde que o atendimento aos requisitos que uma medida cautelar seja mais grave e onerosa que o
legais seja demonstrado por outros elementos indiciários. resultado final do processo condenatório;
Ela é medida de exceção e deve ser aplicada restritiva- b) Quando não for prevista pena privativa da liberda-
mente, a fim de compatibilizá-la com o princípio constitu- de para o delito (art. 283,§ 1º, CPP).
cional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, CR/88).
Se a prisão em flagrante busca sua justificativa e funda- LEI Nº 7.960, DE 21 DE DEZEMBRO DE 1989.
mentação, primeiro, na proteção do ofendido, e, depois, na
garantia da qualidade probatória, a prisão preventiva revela Dispõe sobre prisão temporária.
a sua cautelaridade na tutela da persecução penal, obje-
tivando impedir que eventuais condutas praticadas pelo O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
alegado autor e/ou por terceiros possam colocar em risco Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
a efetividade do processo. Art. 1° Caberá prisão temporária:
Referida modalidade de prisão, por trazer como conse- I - quando imprescindível para as investigações do in-
quência a privação da liberdade antes do trânsito em jul- quérito policial;
gado, somente se justifica enquanto e na medida em que II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não
puder realizar a proteção da persecução penal, em todo o fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua
seu iter procedimental, e, mais, quando se mostrar a única identidade;
maneira de satisfazer tal necessidade. III - quando houver fundadas razões, de acordo com
A prisão preventiva, somente deve ser aplicando, como qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou
regra, quando as outras medidas cautelares não forem su- participação do indiciado nos seguintes crimes:
ficientes. a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°);
Em razão da sua gravidade, e como decorrência do sis- b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus
tema de garantias individuais constitucionais, somente se §§ 1° e 2°);
decretará a prisão preventiva “por ordem escrita e funda- c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
mentada da autoridade judiciária competente”, conforme d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
se observa com todas as letras no art. 5º, LXI, da Carta de e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus
1988. §§ 1°, 2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art.
È possível a DECRETAÇÃO DA PREVENTIVA, NÃO SÓ 223, caput, e parágrafo único);
NA PRESENÇA DAS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS DO ART. g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua
312, CPP, MAS SEMPRE QUE FOR NECESSÁRIO PARA combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único);
GARANTIR A EXECUÇÃO DE OUTRA MEDIDA CAUTELAR, h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art.
DIVERSA DA PRISÃO (ART. 282, § 4º, CPP). 223 caput, e parágrafo único);
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
A prisão preventiva, apresenta duas características bem j) envenenamento de água potável ou substância ali-
definidas, a saber: mentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, ca-
a) autônoma, podendo ser decretada independente- put, combinado com art. 285);
mente de qualquer outra providência cautelar anterior; l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
b) subsidiária, a ser decretada em razão do descum- m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de
primento de medida cautelar anteriormente imposta. outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas;

23
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de QUESTÕES


outubro de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 01. (DPE-ES - Defensor Público – 2016 - FCC) Sobre as
16 de junho de 1986). provas no processo penal,
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.   (Incluído pela (A) após realização do reconhecimento pessoal, deve ser
Lei nº 13.260, de 2016) lavrado auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por
face da representação da autoridade policial ou de reque- duas testemunhas presenciais.
rimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) (B) em virtude do princípio do livre convencimento moti-
dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e vado, o juiz pode suprir a ausência de exame de corpo de de-
comprovada necessidade. lito, direto ou indireto, pela confissão do acusado nos crimes
§ 1° Na hipótese de representação da autoridade que deixam vestígios.
policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público. (C) de acordo com o sistema acusatório, o interrogatório
§ 2° O despacho que decretar a prisão temporária é o ato final da instrução, não podendo ocorrer mais de uma
deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de vez no mesmo processo.
24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento (D) segundo a Convenção Americana de Direitos Huma-
da representação ou do requerimento. nos, a confissão do acusado só é válida se feita sem coação de
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do nenhuma natureza, de modo que não há mácula na confissão
Ministério Público e do Advogado, determinar que informal feita no momento da prisão quando apenas induzi-
o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e da por policiais.
esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a (E) diante da notícia concreta de tráfico de drogas e da
exame de corpo de delito. presença de armas em determinada favela, é possível a ex-
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á man- pedição de mandado de busca domiciliar para todas as casas
dado de prisão, em duas vias, uma das quais será entregue da comunidade.
ao indiciado e servirá como nota de culpa.
§ 5° A prisão somente poderá ser executada depois da
02. (DPE-MA - Defensor Público - Ano: 2015 - FCC) O
expedição de mandado judicial.
inquérito policial
§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará
(A) após seu arquivamento, poderá ser desarquivado a
o preso dos direitos previstos no art. 5° da Constituição
qualquer momento para possibilitar novas investigações,
Federal.
desde que haja concordância do Ministério Público.
§ 7° Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o
(B) em curso poderá ser avocado por superior por motivo
preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo
de interesse público.
se já tiver sido decretada sua prisão preventiva.
(C) poderá ser instaurado por requisição judicial, a de-
Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer,
obrigatoriamente, separados dos demais detentos. pender da análise de conveniência e oportunidade do dele-
Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de gado de polícia.
1965, fica acrescido da alínea i, com a seguinte redação: (D) nos casos de ação penal privada e ação penal pública
“Art. 4° ............................................................... condicionada poderá ser instaurado mesmo sem a represen-
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena tação da vítima ou seu representante legal, desde que se trate
ou de medida de segurança, deixando de expedir em tem- de crime hediondo.
po oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de li- (E) independentemente do crime investigado deverá
berdade;” ser impreterivelmente concluído no prazo de 30 dias se o
Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias have- investigado estiver solto.
rá um plantão permanente de vinte e quatro horas do Po- 03. (PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1ª Classe –
der Judiciário e do Ministério Público para apreciação dos 2015 - VUNESP) A Lei nº 7.960/89 estabelece, em seu art.
pedidos de prisão temporária. 1º, inciso III, o rol de crimes para os quais é cabível a de-
Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- cretação da prisão temporária quando imprescindível para
ção. as investigações do inquérito policial. Esse rol inclui
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário. (A) o crime de assédio sexual.
Brasília, 21 de dezembro de 1989; 168° da Independên- (B) o crime de receptação qualificada.
cia e 101° da República. (C) o crime de estelionato.
(D) o crime de furto qualificado.
(E) os crimes contra o sistema financeiro.

04. (MPE-SE - Analista – Direito - 2013 - FCC) Em


relação ao inquérito policial,
(A) o ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
poderão requerer qualquer diligência, que será realizada,
ou não, a juízo da autoridade.

24
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

(B) nos crimes de ação penal de iniciativa pública, so- (B) O inquérito deverá terminar no prazo de 30 dias, se
mente pode ser iniciado de ofício. o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso
(C) a autoridade policial poderá mandar arquivar os au- preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir
tos de inquérito policial em caso de evidente atipicidade da do dia em que se executar a ordem de prisão.
conduta investigada. (C) O Ministério Público poderá desistir da ação penal.
(D) se o indiciado estiver preso em flagrante, o inquéri- (D) O prazo para oferecimento da denúncia, estando o
to policial deverá terminar no prazo máximo de cinco dias, réu preso, será de 30 dias, contado da data em que o órgão
salvo disposição em contrário. do Ministério Público receber os autos do inquérito policial.
(E) é indispensável à propositura da ação penal de ini-
ciativa pública. 09. (PC-SP - Investigador de Polícia – 2014 - VU-
NESP) A prisão preventiva
05. (MPE-SP - Analista de Promotoria - 2015 – VU- (A) é decretada pelo juiz.
NESP) A prisão em flagrante, cautelar, realiza-se (B) somente poderá ser decretada como garantia da
(A) sem necessidade de avaliação posterior por autori- ordem pública.
dade judiciária, porque pode ser relaxada, a qualquer tem- (C) não poderá ser revogada pelo juiz.
po, pela autoridade policial. (D) poderá ser decretada pelo delegado de polícia.
(B) diante de aparente tipicidade (fumus boni juris), mas (E) é admitida para qualquer crime ou contravenção.
confirmados ilicitude e culpabilidade.
(C) no momento em que está ocorrendo ou termina de 10. (PC-GO - Delegado de Polícia – 2013 - UEG) So-
ocorrer o crime. bre a prisão em flagrante, tem-se o seguinte:
(D) mediante expedição de mandado de prisão pela au- (A) o auto de prisão em flagrante deverá ser lavrado
toridade judiciária. pela autoridade do local do crime onde foi efetivada a cap-
(E) única e tão somente pela polícia judiciária. tura, sob pena de nulidade absoluta.
(B) em até 24 (vinte e quatro) horas da realização da
06. (PC-SP -Investigador de Polícia – 2014 - VU- prisão, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de
NESP) O inquérito policial culpa, assinada pelo juiz, sendo que a errônea capitulação
(A) somente será instaurado por determinação do juiz dos fatos no mencionado documento gera nulidade do fla-
competente. grante.
(B) pode ser arquivado por determinação da Autorida- (C) o reconhecimento da nulidade do auto de prisão
de Policial. em flagrante atinge unicamente o seu valor como instru-
(C) estando o indiciado solto, deverá ser concluído no mento de coação cautelar, não tendo repercussão no pro-
máximo em 10 dias. cesso-crime.
(D) nos crimes de ação pública poderá ser iniciado de (D) a falta de comunicação, no prazo legal, da prisão
ofício. em flagrante à autoridade judiciária nulifica-a, devendo o
(E) não poderá ser iniciado por requisição do Ministério magistrado, após oitiva do Ministério Público, determinar
Público. seu imediato relaxamento.

07. (TJ-SE - Titular de Serviços de Notas e de Regis- 11. (TRE-RS - Analista Judiciário – Administrativa –
tros – Provimento - 2014 - CESPE) No curso da tramitação 2015 - CESPE) Foi recebida pelo juiz denúncia oferecida
do inquérito policial, o delegado de polícia, pelo MP contra Pedro e João, imputando-lhes a prática de
(A) nos crimes em que a pena máxima cominada não crime de extorsão realizada dentro de uma universidade.
extrapole oito anos de reclusão, poderá conceder liberdade Uma das vítimas resolveu intervir no processo, como assis-
provisória, independentemente de fiança. tente de acusação.
(B) independentemente de pronunciamento do juiz Tendo como referência a situação hipotética apresen-
competente, deverá proceder à instauração de incidente de tada, assinale a opção correta.
insanidade mental do indiciado, desde que este apresente (A) Deferida a habilitação, o assistente de acusação re-
indícios dessa insanidade. ceberá a causa desde a petição inicial e, conforme o caso,
(C) a requerimento de qualquer pessoa, poderá deferir deverão ser repetidos os atos anteriores a sua habilitação.
a interceptação das comunicações telefônicas de indiciado. (B) Da decisão que admitir ou denegar a intervenção
(D) quando verificada a inexistência de indícios de au- da vítima caberá recurso em sentido estrito ao juízo de se-
toria, deverá arquivar os autos do inquérito policial. gundo grau.
(E) ao ter conhecimento da infração penal, deverá pro- (C) Ao assistente de acusação será permitido propor
ceder ao reconhecimento de pessoas e coisas e providen- meios de provas, tais como perícias e acareações, participar
ciar a realização de acareações. de debates orais e aditar articulados, e também arrazoar os
recursos interpostos pelo MP.
08. (SEDS-TO - Analista Socioeducador – Direito - (D) A vítima poderá habilitar-se como assistente de
2014 - FUNCAB) Considerando os temas inquérito policial acusação na fase preliminar das investigações, após a ins-
e ação penal, assinale a alternativa correta. tauração do inquérito policial.
(A) A autoridade policial não poderá mandar arquivar (E) O assistente de acusação poderá arrolar testemu-
autos de inquérito. nhas e aditar a denúncia oferecida pelo MP.

25
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

12. (TRE-RS - Analista Judiciário – Administrativa – 05. C.


2015 - CESPE) No que se refere a intimações e citações no Código Processual Penal:
processo penal, assinale a opção correta. Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
(A) A citação ou a intimação do militar da ativa será I - está cometendo a infração penal;
feita mediante a expedição pelo juízo processante de um II - acaba de cometê-la;
ofício, que será remetido ao chefe do serviço, cabendo ao III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
oficial de justiça a citação do acusado. ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
(B) Na hipótese de expedição de carta precatória para presumir ser autor da infração;
a citação, se o acusado não se encontrar na comarca do IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, ar-
juiz deprecado e estiver em local conhecido, a precatória
mas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor
deverá ser devolvida ao juiz deprecante para uma nova ex-
da infração.
pedição.
(C) A citação ficta ou presumida será realizada por edi-
tal, pelo correio ou por email. Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o
(D) Na hipótese de o réu estar no estrangeiro, em local agente em flagrante delito enquanto não cessar a perma-
sabido, será sempre citado por carta rogatória, mesmo que nência.
a infração penal seja afiançável.
(E) De acordo com o CPP, será pessoal a intimação do 06. D.
MP, do defensor constituído, do advogado do querelante e A) ERRADA: O IP pode ser instaurado por diversas for-
do advogado do assistente de acusação. mas (de ofício, por requisição do MP, etc.).
B) ERRADA: A autoridade policial NUNCA poderá man-
RESPOSTAS: dar arquivar autos de IP, nos termos do art. 17 do CPP.
C) ERRADA: Estando o indiciado solto o prazo para a
01. A. conclusão do IP é de 30 dias, prorrogáveis.
CPP - Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-
D) CORRETA: Item correto, pois nos crimes de ação pe-
-se o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela se-
guinte forma: nal pública o IP pode ser instaurado de ofício, ainda que
(...) seja necessário, no caso de crimede ação penal pública
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto porme- condicionada à representação, que a autoridade já disponha
norizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada de manifestação inequívoca da vítima (representação) no
para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas sentido de que deseja a persecução penal.
presenciais. e) ERRADA: Item errado, pois o IP pode ser instaurado
por requisição do MP.
02. B.
De acordo com a Lei n. 12.830/13 07. E.
Art. 2. CPP - Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática
(...) da infração penal, a autoridade policial deverá:
§ 4º O inquérito policial ou outro procedimento VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e
previsto em lei em curso somente poderá ser avocado ou
a acareações;
redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho
fundamentado, por motivo de interesse público ou nas
hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos 08. A.
em regulamento da corporação que prejudique a eficácia Dispõe o artigo 17 do CPP: A autoridade policial não
da investigação. poderá mandar arquivar autos de inquérito.

03. E. 09. A.
De acordo com a Legislação: Conforme o Art. 238 do CPP:
Art. 1° Caberá prisão temporária: Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagran-
(...) te delito ou por ordem escrita e fundamentada da autori-
III - quando houver fundadas razões, de acordo com dade judiciária competente, em decorrência de sentença
qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou condenatória transitada em julgado ou, no curso da inves-
participação do indiciado nos seguintes crimes: tigação ou do processo, em virtude de prisão temporária
(...)
ou prisão preventiva.
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de
16 de junho de 1986).
10. C.
04. A. Código Processual Penal:
Código Processual Penal: Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o encontre serão comunicados imediatamente ao juiz com-
indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será petente, ao Ministério Público e à família do preso ou à
realizada, ou não, a juízo da autoridade. pessoa por ele indicada

26
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização go 5º, §1º, do Código Penal, as embarcações e aeronaves
da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome brasileiro, onde quer que se encontrem, bem como as ae-
de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. ronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de pro-
priedade privada, que se achem em alto mar ou no espaço
11. C. aéreo correspondente.
A presente questão está embasada no artigo 271 do
Código Processual Penal que dita: RESPOSTA: “E”.
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios
de prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o li-
belo e os articulados, participar do debate oral e arrazoar 335. (TRE/CE - Analista Judiciário - Administrati-
os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele va - FCC/2012) Mário comete um crime de homicídio a
próprio, nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598. bordo de um navio brasileiro de grande porte em alto
mar, que faz o trajeto direto entre Santos (São Paulo/
12. D. Brasil) e Cape Town (África do Sul) e será processado e
Acerca da citação, na hipótese de o réu estar no estran- julgado pela justiça.
geiro, em local sabido, será sempre citado por carta roga- A) da comarca de São Paulo, Capital do Estado de
tória, mesmo que a infração penal seja afiançável. Sobre a São Paulo, de onde o navio partiu.
citação, dispõe o CPP: B) da Capital Federal do Brasil (Brasília), pois o cri-
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar me ocorreu em alto mar.
sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo- C) da África do Sul, em Cape Town, primeiro porto
-se o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento. que tocará a embarcação após o crime, pois este foi co-
metido em alto mar, em águas internacionais.
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES D) da comarca de Santos, último porto que tocou.
E) da África do Sul, na cidade de Bloemfontein, ca-
334. (TJ/PE - Analista Judiciário - Administrativa - pital judiciária do país.
FCC /2012) A respeito da aplicação da lei processual no As embarcações brasileiras, mercantes ou de proprie-
espaço, considere: dade privada que se encontram em alto mar são conside-
I. embarcações brasileiras de natureza pública, radas como extensão do território nacional, desta forma, o
onde quer que se encontrarem. homicídio praticado por Mário será julgado de acordo com
II. aeronaves brasileiras a serviço do governo brasi- a legislação do Brasil, sendo a comarca responsável para
leiro, onde quer que se encontrem. elucidação do fato a última em que estava a embarcação
III. embarcações brasileiras mercantes ou de pro- (art. 89 do CPP).
priedade privada, que se acharem em alto mar.
IV. aeronaves brasileiras mercantes ou de proprie- Resposta: “D”.
dade privada que se acharem no espaço aéreo brasi-
leiro. 336. (MPE/AL - Promotor de Justiça - FCC/2012) De
V. embarcações brasileiras mercantes ou de pro- acordo com o Código de Processo Penal, a lei proces-
priedade privada, que se acharem no espaço aéreo de sual penal
outro país. A) retroage para invalidar os atos praticados sob a
Considera-se território brasileiro por extensão as vigência da lei anterior, se mais benéfica.
indicadas B) não admite aplicação analógica.
APENAS em C) admite suplemento dos princípios vitais de di-
A) I e V. reito.
B) III e IV. D) admite interpretação extensiva, mas não suple-
C) II e III. mento dos princípios gerais de direito.
D) I, II, IV e V. E) admite aplicação analógica, mas não interpreta-
E) I, II, III e IV. ção extensiva.

Nos termos do artigo 1º, caput, do Código de Proces- Os princípios são de suma importância no ordenamento
so Penal, o processo penal é regido “em todo o território jurídico brasileiro constituindo ideias gerais e abstratas, que
brasileiro” por este estatuto, princípio que se aplica, salvo expressam, em menor ou maiores escala todas as normas
disposição em contrário, às leis extravagantes. Podemos que compõem a seara do direito. Neste sentido, a lei pro-
definir como território nacional, em sentido estrito, o solo cessual penal admite ser complementada com os princípios
(e subsolo), as águas interiores, o mar territorial, a platafor- vitais de direito, servindo estes ainda como uma de suas fon-
ma continental e o espaço aéreo, com limites reconhecidos, tes formais, servindo para suprir lacunas e omissões da lei.
sendo considerado o território por extensão (ou ficção) para
efeitos penais e processuais, conforme o disposto no arti- RESPOSTA: “C”.

27
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

337. (TJ/AC - Técnico Judiciário Área Judiciária - E) De acordo com o princípio da territorialidade,
CESPE/2012) Acerca dos princípios aplicáveis ao direi- aplica-se a lei processual penal brasileira a todo delito
to processual penal e da aplicação da lei processual no ocorrido em território nacional, sem exceção, em vista
tempo e no espaço, julgue o item seguinte. do princípio da igualdade estabelecido na Constituição
A extraterritorialidade da lei processual penal bra- Federal de 1988.
sileira ocorrerá apenas nos crimes perpetrados, ainda
que no estrangeiro, contra a vida ou a liberdade do De acordo com o artigo 2º do CPP, “a lei processual pe-
presidente da República e contra o patrimônio ou a fé nal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos
pública da União, do Distrito Federal, de estado, de ter- atos realizados sob a vigência da lei anterior”. Assim, vige
ritório e de município. no processo penal o princípio tempus regit actum, do qual
derivam dois efeitos: a) os atos processuais praticados sob
A) Certo a égide da lei anterior se consideram válidos; b) as normas
B) Errado processuais tem aplicação imediata, regulando o desenro-
lar do processo.
Nos termos do artigo 1º do Código de Processo Penal,
o processo penal é regido “em todo o território brasileiro” RESPOSTA: “A”.
por este estatuto, princípio que se aplica, salvo disposição
em contrário às leis processuais extravagantes. O princípio 339. (TJ/PE - Titular de Serviços de Notas e de Re-
da territorialidade é fixado, como regra em nosso Código gistros - FCC/2013) Sobre a aplicação da lei processual
Penal, porém, seguindo a tendência geral das legislações penal e a interpretação no processo penal, é INCORRE-
modernas, abre várias exceções a esse princípio, deter- TO afirmar:
minando a aplicação da lei penal brasileira a certos fatos A) A legislação brasileira segue o princípio da ter-
praticados no estrangeiro, conforme o disposto no artigo ritorialidade para a aplicação das normas processuais
7º deste Diploma legal. A extraterritorialidade ocorrerá, penais.
nos seguintes casos: crimes contra a vida ou a liberdade B) O princípio da territorialidade na aplicação da
do Presidente da República; crimes contra o patrimônio lei processual penal brasileira pode ser ressalvado por
ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado,
tratados, convenções e regras de direito internacional.
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade
C) A lei processual penal aplica-se desde logo, sem
de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência
Poder Público; crimes contra a administração pública, por
da lei anterior.
quem está a seu serviço; crimes de genocídio, quando o
D) A norma processual penal mista constitui exce-
agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; e ainda, cri-
ção à regra da irretroatividade da lei processual penal.
mes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
E) No processo penal, assim como no direito penal,
reprimir; crimes praticados por brasileiro; crimes praticados
em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de é sempre admitida a interpretação extensiva e aplica-
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí ção analógica das normas.
não sejam julgados.
Na interpretação extensiva amplia-se o significado do
RESPOSTA: “B”. que está previsto de forma expressa na lei. A lei processu-
al admite interpretação extensiva, segue-se que o rigor de
338. (TRE/MS - Analista Judiciário - Área Judiciária interpretar o direito penal não se aplica ao processo penal.
- CESPE/2013) No que diz respeito à aplicação da lei Todavia, o preceito não é absoluto, existindo exceções a re-
processual no tempo, no espaço e em relação às pesso- gras gerais, de dispositivos restritivos da liberdade pessoal
as, assinale a opção correta. e que afetem direito substancial do acusado, onde o texto
A) Por força do princípio tempus regit actum, o fato deverá ser rigorosamente interpretado.
de lei nova suprimir determinado recurso, existente em
legislação anterior, não afasta o direito à recorribilida- RESPOSTA: “E”.
de subsistente pela lei anterior, quando o julgamento
tiver ocorrido antes da entrada em vigor da lei nova. 340. (OAB - Exame de Ordem Unificado - XI - Pri-
B) A nova lei processual penal aplicar-se-á imedia- meira Fase - FGV/2013) Em um processo em que se
tamente, invalidando os atos realizados sob a vigência apura a prática dos delitos de supressão de tributo e
da lei anterior que com ela for incompatível. evasão de divisas, o Juiz Federal da 4ª Vara Federal Cri-
C) O princípio da imediatidade da lei processual minal de Arroizinho determina a expedição de carta
penal abarca o transcurso do prazo processual iniciado rogatória para os Estados Unidos da América, a fim de
sob a égide da legislação anterior, ainda que mais gra- que seja interrogado o réu Mário. Em cumprimento à
vosa ao réu. carta, o tribunal americano realiza o interrogatório do
D) A lei processual penal posterior, que de qualquer réu e devolve o procedimento à Justiça Brasileira, a 4ª
modo favorecer o agente, aplicar-se-á aos fatos ante- Vara Federal Criminal. O advogado de defesa de Mário,
riores, ainda que decididos por sentença condenatória ao se deparar com o teor do ato praticado, requer que
transitada em julgado. o mesmo seja declarado nulo, tendo em vista que não

28
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

foram obedecidas as garantias processuais brasileiras 342. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013)
para o réu. Exclusivamente sobre o ponto de vista da Julgue o item a seguir.
Lei Processual no Espaço, a alegação do advogado está
correta? A competência do Senado Federal para o julgamen-
A) Sim, pois no processo penal vigora o princípio to do presidente da República nos crimes de respon-
da extraterritorialidade, já que as normas processuais sabilidade constitui exceção ao princípio, segundo o
brasileiras podem ser aplicadas fora do território na- qual devem ser aplicadas as normas processuais penais
cional. brasileiras aos crimes cometidos no território nacional.
B) Não, pois no processo penal vigora o princípio
da territorialidade, já que as normas processuais bra- A) Certo
sileiras só se aplicam no território nacional. B) Errado
C) Sim, pois no processo penal vigora o princípio
Considerando as peculiaridades do direito a aplicação
da territorialidade, já que as normas processuais brasi-
de outras normas processuais positivadas na Constituição,
leiras podem ser aplicadas em qualquer território. compete privativamente ao Senado Federal o julgamento
D) Não, pois no processo penal vigora o princípio do Presidente da República nos crimes de responsabilida-
da extraterritorialidade, já que as normas processuais de, nos termos do que prevê o artigo 52, I, da CF. Outros-
brasileiras podem ser aplicas fora no território nacio- sim, a exceção ao princípio da territorialidade nos crimes
nal. de responsabilidade está consubstanciada no artigo 1º, II,
do CPP.
Antes de responder a questão importante observar
que enunciado desta pede que se considere apenas a RESPOSTA: “A”.
aplicação da norma processual no espaço. De acordo com
este instituto vigora o princípio da absoluta territorialida- 343. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013)
de não podendo a lei processual brasileira ser aplicada Julgue o item a seguir.
fora do território nacional. Assim, a lei processual brasi-
leira só vale dentro dos limites territoriais nacionais (lex Em regra, a norma processual penal prevista em
fori ou locus regit actum). Se o processo tiver tramitação tratado e(ou) convenção internacional, cuja vigência
no estrangeiro, aplicar-se-á a lei do país em que os atos tenha sido regularmente admitida no ordenamento ju-
processuais forem praticados. Desta forma, não é cabível rídico brasileiro, tem aplicação independentemente do
Código de Processo Penal.
a nulidade arguida pelo advogado.
A) Certo
RESPOSTA: “B”. B) Errado
341. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013)
Julgue o item a seguir. Uma vez regularmente incorporada ao ordenamento
Aos crimes militares aplicam-se as mesmas dispo- jurídico, a norma processual penal prevista em tratado ou
sições do Código de Processo Penal, excluídas as nor- convenção internacional aplicar-se-á independentemente
mas de conteúdo penal que tratam de matéria especí- do Código de Processo Penal, conforme se extrai do art.
fica diversa do direito penal comum. 1º, I, do CPP.

A) Certo RESPOSTA: “A”.


B) Errado
344. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013)
O artigo 1º do Código de Processo Penal menciona Julgue o item a seguir.
algumas ressalvas a aplicação da territorialidade. Embora Considere que, diante de uma sentença condena-
pareça que as ressalvas sejam exceções à territorialidade tória e no curso do prazo recursal, uma nova lei pro-
da lei processual penal brasileira, estas são apenas à ter- cessual penal tenha entrado em vigor, com previsão
de prazo para a interposição do recurso diferente do
ritorialidade do Código de Processo Penal, impondo, ten-
anterior. Nessa situação, deverá ser obedecido o prazo
do em vista as peculiaridades do direito a aplicação de
estabelecido pela lei anterior, porque o ato processual
normas processuais positivadas na Constituição Federal e já estava em curso.
em leis extravagantes. É o que acontece com os crimes de A) Certo
responsabilidade; crimes militares; eleitorais; falimentares; B) Errado
de entorpecentes; na contravenção do jogo do bicho; nas
infrações de menor potencial ofensivo, etc. Desta forma, in- O ato processual é regido de acordo com a lei proces-
correta a afirmativa ao mencionar que aos crimes militares sual que estiver em vigor no momento. Os atos processuais
aplicam-se as mesmas disposições do Código de Processo realizados sob a égide da lei anterior são considerados váli-
Penal. dos e não são atingidos pela nova lei processual, a qual vige
dali em diante.
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “A”.

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

345. (OAB - Exame de Ordem Unificado - XI - Primei- Para verificar a possibilidade de haver a infração sido
ra Fase - FGV/2013) A Lei n. 9.099/95 modificou a espé- praticada de determinado modo, a autoridade policial po-
cie de ação penal para os crimes de lesão corporal leve derá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que
e culposa. De acordo com o Art. 88 da referida lei, tais esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública (art.
delitos passaram a ser de ação penal pública condicio- 7º, CPP). Vê-se que a alternativa que melhor reproduz o
nada à representação. Tratando-se de questão relativa à contido no comando legal é a letra “B”.
Lei Processual Penal no Tempo, assinale a alternativa que
corretamente expõe a regra a ser aplicada para processos RESPOSTA: “B”.
em curso que não haviam transitado em julgado quando
da alteração legislativa. 347. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário – NUCE-
A) Aplica-se a regra do Direito Penal de retroagir a PE/2010) Sobre inquérito policial, assinale a alternativa
lei, por ser norma mais benigna. INCORRETA.
B) Aplica-se a regra do Direito Processual de imedia- A) Para os delitos previstos na lei de entorpecentes
tidade, em que a lei é aplicada no momento em que entra (Lei nº11.343/06), o prazo para a conclusão do inqué-
em vigor, sem que se questione se mais gravosa ou não. rito será de 30 dias se o indiciado estiver preso e de 90
C) Aplica-se a regra do Direito Penal de irretroativi- dias se estiver solto.
dade da lei, por ser norma mais gravosa. B) O Ministério Público poderá oferecer denúncia
D) Aplica-se a regra do Direito Processual de imedia- sem prévio inquérito policial ou peças de Informação.
tidade, em que a lei é aplicada no momento em que entra
C) Há normas que disciplinam o tempo de deter-
em vigor, devendo-se questionar se a novatio legis é mais
minados atos que integram o inquérito policial, como
gravosa ou não.
aqueles que limitam direitos fundamentais.
Anteriormente a alteração trazida pela Lei nº 9.099/95 D) O inquérito policial é unidirecional, não cabendo
os crimes de lesão corporal leve e culposa eram propostos à autoridade policial emitir juízo de valor acerca do fato
por meio de ação penal pública incondicionada. Outrossim, delituoso.
com a modificação estes delitos passaram a ser processados E) “Função endoprocedimental do inquérito poli-
somente mediante ação penal pública condicionada à repre- cial”, diz respeito à sua eficácia interna na fase proces-
sentação, sendo que, com isso esta norma é considerada mais sual, servindo para fundamentar as decisões interlocu-
benigna, tendo em vista que a ausência de representação é tórias tomadas no seu curso.
causa de impossibilidade do prosseguimento da ação. Assim,
diante dos preceitos esculpidos acerca da aplicabilidade da Para que o Ministério Público ofereça a denuncia de ma-
norma penal no tempo esta pode ser aplicada retroativamen- neira válida a produzir seus efeitos é necessário que diante
te desde que mais benéfica (princípio da reatroatividade da dos elementos contidos no inquérito policial, ou mediante
lei penal mais benéfica). outras peças informativas, verifique a existência de fato que,
em tese, caracterize crime e indícios de autoria, formando as-
RESPOSTA: “A”. sim sua convicção, denominada opinio delicti, iniciando a ação
penal pública. Desta forma, a alternativa incorreta é a letra “B”.
346 (PC/SC - ESCRIVÃO - ACAFE/2010) Assinale a al-
ternativa correta que completa o enunciado a seguir: Nos RESPOSTA: “B”.
termos do Código de Processo Penal brasileiro a reprodu-
ção simulada dos fatos, no inquérito policial (...):
A) somente poderá ser determinada pela autoridade
judicial e a requerimento das partes, com o objetivo de
verificar a possibilidade de ter a infração sido praticada
de determinado modo, desde que esta não contrarie a
moralidade ou a ordem pública.
B) poderá ser determinada pela autoridade policial
com o objetivo de verificar a possibilidade de ter a infra-
ção sido praticada de determinado modo, desde que esta
não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
C) somente poderá ser ordenada pelo órgão do Mi-
nistério Público, o dominus litis, com o objetivo de veri-
ficar a possibilidade de ter a infração sido praticada de
determinado modo, desde que esta não contrarie a mo-
ralidade ou a ordem pública.
D) somente poderá ser determinada pela autoridade
policial, em crimes dolosos contra a vida ou dos quais re-
sulte morte, com o objetivo de verificar a possibilidade
de ter a infração sido praticada de determinado modo,
desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem
pública.

30
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Legislação e suas alterações. Tráfico ilícito e uso indevido de drogas (Lei n.° 11.343/2006)..................................................... 01
Crimes hediondos (Lei n.° 8.072/1990)............................................................................................................................................................ 09
Crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor (Lei n.° 7.716/1989)..................................................................................... 11
Abuso de Autoridade (Lei n.° 4.898/1965)...................................................................................................................................................... 12
Crimes de tortura (Lei n.° 9.455/1997)............................................................................................................................................................. 14
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.° 8.069/1990)..................................................................................................................... 14
Estatuto do desarmamento (Lei n.° 10.826/2003)....................................................................................................................................... 51
Crimes previstos no Código de proteção e defesa do consumidor (Lei n.° 8.078/1990)............................................................. 57
Crimes contra o meio ambiente (Lei n.° 9.605/1998)................................................................................................................................. 69
Juizados especiais (Lei n.° 9.099/1995 e Lei 10.259/2001)....................................................................................................................... 77
Crimes previstos no Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9503/1997)..................................................................................................... 87
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

CAPÍTULO I
LEGISLAÇÃO E SUAS ALTERAÇÕES. DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS
TRÁFICO ILÍCITO E USO INDEVIDO DE DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
SOBRE DROGAS
DROGAS (LEI N.° 11.343/2006).
Art. 4o São princípios do Sisnad:
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa hu-
LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006. mana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua li-
berdade;
Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre II - o respeito à diversidade e às especificidades popu-
Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do uso lacionais existentes;
indevido, atenção e reinserção social de usuários e depen- III - a promoção dos valores éticos, culturais e de cida-
dentes de drogas; estabelece normas para repressão à pro- dania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores
dução não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define de proteção para o uso indevido de drogas e outros com-
crimes e dá outras providências. portamentos correlacionados;
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla par-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o ticipação social, para o estabelecimento dos fundamentos
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: e estratégias do Sisnad;
V - a promoção da responsabilidade compartilhada
TÍTULO I entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES participação social nas atividades do Sisnad;
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos fatores
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Políticas correlacionados com o uso indevido de drogas, com a sua
Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para produção não autorizada e o seu tráfico ilícito;
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de VII - a integração das estratégias nacionais e interna-
usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para cionais de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção
repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de social de usuários e dependentes de drogas e de repressão
drogas e define crimes. à sua produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito;
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram-se VIII - a articulação com os órgãos do Ministério Público
como drogas as substâncias ou os produtos capazes de e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à cooperação
causar dependência, assim especificados em lei ou rela- mútua nas atividades do Sisnad;
cionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que re-
Executivo da União. conheça a interdependência e a natureza complementar
Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território nacional, das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e
as drogas, bem como o plantio, a cultura, a colheita e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas, re-
exploração de vegetais e substratos dos quais possam ser pressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de
extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de drogas;
autorização legal ou regulamentar, bem como o que es- X - a observância do equilíbrio entre as atividades de
tabelece a Convenção de Viena, das Nações Unidas, sobre prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de
Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
de uso estritamente ritualístico-religioso. produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a garantir a estabilidade e o bem-estar social;
cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste XI - a observância às orientações e normas emanadas
artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos, do Conselho Nacional Antidrogas - Conad.
em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização, Art. 5o O Sisnad tem os seguintes objetivos:
respeitadas as ressalvas supramencionadas. I - contribuir para a inclusão social do cidadão, visando
a torná-lo menos vulnerável a assumir comportamentos de
TÍTULO II risco para o uso indevido de drogas, seu tráfico ilícito e
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS outros comportamentos correlacionados;
SOBRE DROGAS II - promover a construção e a socialização do conheci-
mento sobre drogas no país;
Art. 3o O Sisnad tem a finalidade de articular, integrar, III - promover a integração entre as políticas de pre-
organizar e coordenar as atividades relacionadas com: venção do uso indevido, atenção e reinserção social de
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinser- usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
ção social de usuários e dependentes de drogas; produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas
II - a repressão da produção não autorizada e do tráfico públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União,
ilícito de drogas. Distrito Federal, Estados e Municípios;

1
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

IV - assegurar as condições para a coordenação, a in- Art. 19. As atividades de prevenção do uso indevido de
tegração e a articulação das atividades de que trata o art. drogas devem observar os seguintes princípios e diretrizes:
3o desta Lei. I - o reconhecimento do uso indevido de drogas como
fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e
CAPÍTULO II na sua relação com a comunidade à qual pertence;
DA COMPOSIÇÃO E DA ORGANIZAÇÃO II - a adoção de conceitos objetivos e de fundamenta-
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS ção científica como forma de orientar as ações dos serviços
SOBRE DROGAS públicos comunitários e privados e de evitar preconceitos e
estigmatização das pessoas e dos serviços que as atendam;
Art. 6o (VETADO) III - o fortalecimento da autonomia e da responsabili-
dade individual em relação ao uso indevido de drogas;
Art. 7o A organização do Sisnad assegura a orientação
IV - o compartilhamento de responsabilidades e a cola-
central e a execução descentralizada das atividades realiza-
boração mútua com as instituições do setor privado e com
das em seu âmbito, nas esferas federal, distrital, estadual e
os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e depen-
municipal e se constitui matéria definida no regulamento dentes de drogas e respectivos familiares, por meio do es-
desta Lei. tabelecimento de parcerias;
Art. 8o (VETADO) V - a adoção de estratégias preventivas diferenciadas
e adequadas às especificidades socioculturais das diversas
CAPÍTULO III populações, bem como das diferentes drogas utilizadas;
(VETADO) VI - o reconhecimento do “não-uso”, do “retardamento
do uso” e da redução de riscos como resultados desejáveis
Art. 9o (VETADO) das atividades de natureza preventiva, quando da definição
Art. 10. (VETADO) dos objetivos a serem alcançados;
Art. 11. (VETADO) VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais
Art. 12. (VETADO) vulneráveis da população, levando em consideração as
Art. 13. (VETADO) suas necessidades específicas;
Art. 14. (VETADO) VIII - a articulação entre os serviços e organizações
que atuam em atividades de prevenção do uso indevido de
CAPÍTULO IV drogas e a rede de atenção a usuários e dependentes de
drogas e respectivos familiares;
DA COLETA, ANÁLISE E DISSEMINAÇÃO DE INFOR-
IX - o investimento em alternativas esportivas, cultu-
MAÇÕES
rais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma de
SOBRE DROGAS
inclusão social e de melhoria da qualidade de vida;
X - o estabelecimento de políticas de formação con-
Art. 15. (VETADO) tinuada na área da prevenção do uso indevido de drogas
Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da aten- para profissionais de educação nos 3 (três) níveis de ensino;
ção à saúde e da assistência social que atendam usuários XI - a implantação de projetos pedagógicos de preven-
ou dependentes de drogas devem comunicar ao órgão ção do uso indevido de drogas, nas instituições de ensino
competente do respectivo sistema municipal de saúde os público e privado, alinhados às Diretrizes Curriculares Na-
casos atendidos e os óbitos ocorridos, preservando a iden- cionais e aos conhecimentos relacionados a drogas;
tidade das pessoas, conforme orientações emanadas da XII - a observância das orientações e normas emanadas
União. do Conad;
Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de repressão ao XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de contro-
tráfico ilícito de drogas integrarão sistema de informações le social de políticas setoriais específicas.
do Poder Executivo. Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso
indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente
TÍTULO III deverão estar em consonância com as diretrizes emanadas
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO INDEVI- pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Ado-
lescente - Conanda.
DO, ATENÇÃO E
REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS E DEPENDEN-
CAPÍTULO II
TES DE DROGAS
DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE REINSERÇÃO
CAPÍTULO I SOCIAL
DA PREVENÇÃO DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE DROGAS

Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso Art. 20. Constituem atividades de atenção ao usuário e
indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas direcio- dependente de drogas e respectivos familiares, para efeito
nadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco desta Lei, aquelas que visem à melhoria da qualidade de
e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de pro- vida e à redução dos riscos e dos danos associados ao uso
teção. de drogas.

2
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 21. Constituem atividades de reinserção social do I - advertência sobre os efeitos das drogas;
usuário ou do dependente de drogas e respectivos fami- II - prestação de serviços à comunidade;
liares, para efeito desta Lei, aquelas direcionadas para sua III - medida educativa de comparecimento a programa
integração ou reintegração em redes sociais. ou curso educativo.
Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção so- § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu
cial do usuário e do dependente de drogas e respectivos consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destina-
familiares devem observar os seguintes princípios e dire- das à preparação de pequena quantidade de substância ou
trizes: produto capaz de causar dependência física ou psíquica.
I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas, in- § 2o Para determinar se a droga destinava-se a con-
dependentemente de quaisquer condições, observados os sumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade
direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios e da substância apreendida, ao local e às condições em que
diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política Nacional se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais,
de Assistência Social; bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
II - a adoção de estratégias diferenciadas de atenção e § 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput des-
reinserção social do usuário e do dependente de drogas e te artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco)
respectivos familiares que considerem as suas peculiarida- meses.
des socioculturais; § 4o Em caso de reincidência, as penas previstas nos
III - definição de projeto terapêutico individualizado, incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo
orientado para a inclusão social e para a redução de riscos prazo máximo de 10 (dez) meses.
e de danos sociais e à saúde; § 5o A prestação de serviços à comunidade será cum-
IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e prida em programas comunitários, entidades educacionais
aos respectivos familiares, sempre que possível, de forma ou assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres,
multidisciplinar e por equipes multiprofissionais; públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
V - observância das orientações e normas emanadas preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recu-
do Conad; peração de usuários e dependentes de drogas.
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de controle § 6o Para garantia do cumprimento das medidas edu-
social de políticas setoriais específicas.
cativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a que
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, dos
injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz sub-
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios desenvolverão
metê-lo, sucessivamente a:
programas de atenção ao usuário e ao dependente de dro-
I - admoestação verbal;
gas, respeitadas as diretrizes do Ministério da Saúde e os
II - multa.
princípios explicitados no art. 22 desta Lei, obrigatória a
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que coloque
previsão orçamentária adequada.
à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
nicípios poderão conceder benefícios às instituições priva- de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento
das que desenvolverem programas de reinserção no mer- especializado.
cado de trabalho, do usuário e do dependente de drogas Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se
encaminhados por órgão oficial. refere o inciso II do § 6o  do art. 28, o juiz, atendendo à
Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins lu- reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias-multa,
crativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e da em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior
assistência social, que atendam usuários ou dependentes a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a
de drogas poderão receber recursos do Funad, condiciona- capacidade econômica do agente, o valor de um trinta avos
dos à sua disponibilidade orçamentária e financeira. até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo.
Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, em Parágrafo único. Os valores decorrentes da imposição
razão da prática de infração penal, estiverem cumprindo da multa a que se refere o § 6o do art. 28 serão creditados
pena privativa de liberdade ou submetidos a medida de à conta do Fundo Nacional Antidrogas.
segurança, têm garantidos os serviços de atenção à sua Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a
saúde, definidos pelo respectivo sistema penitenciário. execução das penas, observado, no tocante à interrupção
do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código
CAPÍTULO III Penal.
DOS CRIMES E DAS PENAS
TÍTULO IV
Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão ser DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA
aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substi- E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS
tuídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o CAPÍTULO I
defensor. DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, dro- Art. 31. É indispensável a licença prévia da autorida-
gas sem autorização ou em desacordo com determinação de competente para produzir, extrair, fabricar, transformar,
legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: preparar, possuir, manter em depósito, importar, exportar,

3
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

reexportar, remeter, transportar, expor, oferecer, vender, § 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de
comprar, trocar, ceder ou adquirir, para qualquer fim, dro- lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a con-
gas ou matéria-prima destinada à sua preparação, obser- sumirem:
vadas as demais exigências legais. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pa-
Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente des- gamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
truídas pelo delegado de polícia na forma do art. 50-A, que dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o  deste
tudo lavrando auto de levantamento das condições encon- artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
tradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos,
necessárias para a preservação da prova.  (Redação dada desde que o agente seja primário, de bons antecedentes,
pela Lei nº 12.961, de 2014) não se dedique às atividades criminosas nem integre orga-
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de nização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012)
2014) Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer,
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.961, de vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guar-
2014) dar ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, apa-
§ 3o Em caso de ser utilizada a queimada para destruir relho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabri-
a plantação, observar-se-á, além das cautelas necessá- cação, preparação, produção ou transformação de drogas,
rias à proteção ao meio ambiente, o disposto no Decreto sem autorização ou em desacordo com determinação legal
no 2.661, de 8 de julho de 1998, no que couber, dispensada ou regulamentar:
a autorização prévia do órgão próprio do Sistema Nacional Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamen-
do Meio Ambiente - Sisnama. to de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.
§ 4o As glebas cultivadas com plantações ilícitas serão Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim
expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da Consti- de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes
tuição Federal, de acordo com a legislação em vigor.
previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamen-
CAPÍTULO II
to de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.
DOS CRIMES
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste
artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir,
crime definido no art. 36 desta Lei.
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever,
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e paga-
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar: mento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil)
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pa- dias-multa.
gamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, or-
dias-multa. ganização ou associação destinados à prática de qualquer
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, Lei:
vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamen-
transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamen- to de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.
te, sem autorização ou em desacordo com determinação Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas,
legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses
químico destinado à preparação de drogas; excessivas ou em desacordo com determinação legal ou
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização regulamentar:
ou em desacordo com determinação legal ou regulamen- Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
tar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa.
preparação de drogas; Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que Conselho Federal da categoria profissional a que pertença
tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigi- o agente.
lância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o con-
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com de- sumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade
terminação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de de outrem:
drogas. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido da apreensão do veículo, cassação da habilitação respec-
de droga: (Vide ADI nº 4.274) tiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 (du-
100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. zentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste
cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumpri-
(seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias- mento de dois terços da pena, vedada sua concessão ao
-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de reincidente específico.
transporte coletivo de passageiros. Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da de-
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei pendência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou
são aumentadas de um sexto a dois terços, se: força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omis-
I - a natureza, a procedência da substância ou do pro- são, qualquer que tenha sido a infração penal praticada,
duto apreendido e as circunstâncias do fato evidenciarem inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato
a transnacionalidade do delito; ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhe-
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de fun-
cendo, por força pericial, que este apresentava, à época do
ção pública ou no desempenho de missão de educação,
fato previsto neste artigo, as condições referidas no caput
poder familiar, guarda ou vigilância;
deste artigo, poderá determinar o juiz, na sentença, o seu
III - a infração tiver sido cometida nas dependências encaminhamento para tratamento médico adequado.
ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a
ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, dois terços se, por força das circunstâncias previstas no art.
culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais 45 desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da
de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetá- omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito
culos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendi-
tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção mento.
social, de unidades militares ou policiais ou em transportes Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base em
públicos; avaliação que ateste a necessidade de encaminhamento
IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave do agente para tratamento, realizada por profissional de
ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo saúde com competência específica na forma da lei, deter-
de intimidação difusa ou coletiva; minará que a tal se proceda, observado o disposto no art.
V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação 26 desta Lei.
ou entre estes e o Distrito Federal;
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou CAPÍTULO III
DO PROCEDIMENTO PENAL
adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, dimi-
nuída ou suprimida a capacidade de entendimento e de-
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por
terminação;
crimes definidos neste Título rege-se pelo disposto neste
VII - o agente financiar ou custear a prática do crime. Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar volunta- Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal.
riamente com a investigação policial e o processo criminal § 1o O agente de qualquer das condutas previstas no
na identificação dos demais coautores ou partícipes do cri- art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso com os crimes
me e na recuperação total ou parcial do produto do crime, previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e jul-
no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a gado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei no9.099, de
dois terços. 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Es-
Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com peciais Criminais.
preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Pe- § 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta
nal, a natureza e a quantidade da substância ou do produ- Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do
to, a personalidade e a conduta social do agente. fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente
Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os arts. ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele com-
33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o art. 42 parecer, lavrando-se termo circunstanciado e providencian-
desta Lei, determinará o número de dias-multa, atribuindo do-se as requisições dos exames e perícias necessários.
a cada um, segundo as condições econômicas dos acusa- § 3o Se ausente a autoridade judicial, as providências
previstas no § 2o deste artigo serão tomadas de imediato
dos, valor não inferior a um trinta avos nem superior a 5
pela autoridade policial, no local em que se encontrar,
(cinco) vezes o maior salário-mínimo.
vedada a detenção do agente.
Parágrafo único. As multas, que em caso de concurso
§ 4o Concluídos os procedimentos de que trata o §
de crimes serão impostas sempre cumulativamente, po- 2   deste artigo, o agente será submetido a exame de
o
dem ser aumentadas até o décuplo se, em virtude da situa- corpo de delito, se o requerer ou se a autoridade de polícia
ção econômica do acusado, considerá-las o juiz ineficazes, judiciária entender conveniente, e em seguida liberado.
ainda que aplicadas no máximo. § 5o Para os fins do disposto no art. 76 da Lei no 9.099,
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais,
34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata
graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a con- de pena prevista no art. 28 desta Lei, a ser especificada na
versão de suas penas em restritivas de direitos. proposta.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos arts. II - requererá sua devolução para a realização de dili-
33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre que as gências necessárias.
circunstâncias o recomendem, empregará os instrumentos Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem pre-
protetivos de colaboradores e testemunhas previstos na Lei juízo de diligências complementares:
no 9.807, de 13 de julho de 1999. I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato, cujo
resultado deverá ser encaminhado ao juízo competente até
Seção I 3 (três) dias antes da audiência de instrução e julgamento;
Da Investigação II - necessárias ou úteis à indicação dos bens, direitos
e valores de que seja titular o agente, ou que figurem em
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade seu nome, cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo
de polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao competente até 3 (três) dias antes da audiência de instru-
juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do ção e julgamento.
qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relati-
(vinte e quatro) horas. va aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos
§ 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em fla-
previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o
grante e estabelecimento da materialidade do delito, é su-
Ministério Público, os seguintes procedimentos investiga-
ficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade
tórios:
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por
I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de
pessoa idônea.
§ 2o O perito que subscrever o laudo a que se refere investigação, constituída pelos órgãos especializados per-
o § 1o  deste artigo não ficará impedido de participar da tinentes;
elaboração do laudo definitivo. II - a não-atuação policial sobre os portadores de dro-
§ 3o Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o gas, seus precursores químicos ou outros produtos utili-
juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade zados em sua produção, que se encontrem no território
formal do laudo de constatação e determinará a destruição brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar
das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessá- maior número de integrantes de operações de tráfico e dis-
ria à realização do laudo definitivo.  (Incluído pela Lei nº tribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.
12.961, de 2014) Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo,
§ 4o A destruição das drogas será executada pelo dele- a autorização será concedida desde que sejam conhecidos
gado de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito
na presença do Ministério Público e da autoridade sanitá- ou de colaboradores.
ria. (Incluído pela Lei nº 12.961, de 2014)
§ 5o O local será vistoriado antes e depois de efetiva- Seção II
da a destruição das drogas referida no § 3o, sendo lavrado Da Instrução Criminal
auto circunstanciado pelo delegado de polícia, certifican-
do-se neste a destruição total delas. (Incluído pela Lei nº Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito poli-
12.961, de 2014) cial, de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de in-
Art. 50-A. A destruição de drogas apreendidas sem a formação, dar-se-á vista ao Ministério Público para, no pra-
ocorrência de prisão em flagrante será feita por incinera- zo de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes providências:
ção, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da data I - requerer o arquivamento;
da apreensão, guardando-se amostra necessária à reali- II - requisitar as diligências que entender necessárias;
zação do laudo definitivo, aplicando-se, no que couber, o III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) testemunhas
procedimento dos §§ 3o a 5o do art. 50. (Incluído pela Lei nº
e requerer as demais provas que entender pertinentes.
12.961, de 2014)
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notifi-
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de
cação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito,
30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noven-
no prazo de 10 (dez) dias.
ta) dias, quando solto.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo § 1o Na resposta, consistente em defesa preliminar e
podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Públi- exceções, o acusado poderá arguir preliminares e invocar
co, mediante pedido justificado da autoridade de polícia todas as razões de defesa, oferecer documentos e justifica-
judiciária. ções, especificar as provas que pretende produzir e, até o
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta número de 5 (cinco), arrolar testemunhas.
Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos § 2o As exceções serão processadas em apartado, nos
do inquérito ao juízo: termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
justificando as razões que a levaram à classificação do de- § 3o Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz
lito, indicando a quantidade e natureza da substância ou nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias, conce-
do produto apreendido, o local e as condições em que se dendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação.
desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, § 4o Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 (cinco)
a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou dias.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 5o Se entender imprescindível, o juiz, no prazo máxi- § 4o A ordem de apreensão ou sequestro de bens, di-
mo de 10 (dez) dias, determinará a apresentação do preso, reitos ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o
realização de diligências, exames e perícias. Ministério Público, quando a sua execução imediata possa
Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e comprometer as investigações.
hora para a audiência de instrução e julgamento, ordenará Art. 61. Não havendo prejuízo para a produção da pro-
a citação pessoal do acusado, a intimação do Ministério va dos fatos e comprovado o interesse público ou social,
Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos ressalvado o disposto no art. 62 desta Lei, mediante auto-
periciais. rização do juízo competente, ouvido o Ministério Público
§ 1o Tratando-se de condutas tipificadas como infração e cientificada a Senad, os bens apreendidos poderão ser
do disposto nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o utilizados pelos órgãos ou pelas entidades que atuam na
juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o afastamento prevenção do uso indevido, na atenção e reinserção so-
cautelar do denunciado de suas atividades, se for funcioná- cial de usuários e dependentes de drogas e na repressão
rio público, comunicando ao órgão respectivo. à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas,
§ 2o A audiência a que se refere o caput deste artigo
exclusivamente no interesse dessas atividades.
será realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao rece-
Parágrafo único. Recaindo a autorização sobre veículos,
bimento da denúncia, salvo se determinada a realização de
embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de
avaliação para atestar dependência de drogas, quando se
realizará em 90 (noventa) dias. trânsito ou ao equivalente órgão de registro e controle a
Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, após o expedição de certificado provisório de registro e licencia-
interrogatório do acusado e a inquirição das testemunhas, mento, em favor da instituição à qual tenha deferido o uso,
será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do ficando esta livre do pagamento de multas, encargos e tri-
Ministério Público e ao defensor do acusado, para susten- butos anteriores, até o trânsito em julgado da decisão que
tação oral, pelo prazo de 20 (vinte) minutos para cada um, decretar o seu perdimento em favor da União.
prorrogável por mais 10 (dez), a critério do juiz. Art. 62. Os veículos, embarcações, aeronaves e quais-
Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o quer outros meios de transporte, os maquinários, utensí-
juiz indagará das partes se restou algum fato para ser es- lios, instrumentos e objetos de qualquer natureza, utiliza-
clarecido, formulando as perguntas correspondentes se o dos para a prática dos crimes definidos nesta Lei, após a
entender pertinente e relevante. sua regular apreensão, ficarão sob custódia da autoridade
Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz sentença de polícia judiciária, excetuadas as armas, que serão reco-
de imediato, ou o fará em 10 (dez) dias, ordenando que os lhidas na forma de legislação específica.
autos para isso lhe sejam conclusos. § 1o Comprovado o interesse público na utilização de
Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, qualquer dos bens mencionados neste artigo, a autoridade
e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher- de polícia judiciária poderá deles fazer uso, sob sua respon-
-se à prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes, sabilidade e com o objetivo de sua conservação, mediante
assim reconhecido na sentença condenatória. autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
§ 2o Feita a apreensão a que se refere o caput deste
CAPÍTULO IV artigo, e tendo recaído sobre dinheiro ou cheques emitidos
DA APREENSÃO\, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO como ordem de pagamento, a autoridade de polícia judi-
DE BENS DO ACUSADO ciária que presidir o inquérito deverá, de imediato, requerer
ao juízo competente a intimação do Ministério Público.
Art. 60. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério § 3o Intimado, o Ministério Público deverá requerer
Público ou mediante representação da autoridade de polí-
ao juízo, em caráter cautelar, a conversão do numerário
cia judiciária, ouvido o Ministério Público, havendo indícios
apreendido em moeda nacional, se for o caso, a compen-
suficientes, poderá decretar, no curso do inquérito ou da
sação dos cheques emitidos após a instrução do inquérito,
ação penal, a apreensão e outras medidas assecuratórias
relacionadas aos bens móveis e imóveis ou valores consis- com cópias autênticas dos respectivos títulos, e o depósito
tentes em produtos dos crimes previstos nesta Lei, ou que das correspondentes quantias em conta judicial, juntando-
constituam proveito auferido com sua prática, proceden- -se aos autos o recibo.
do-se na forma dos arts. 125 a 144 do Decreto-Lei no 3.689, § 4o Após a instauração da competente ação penal, o
de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal. Ministério Público, mediante petição autônoma, requererá
§ 1o Decretadas quaisquer das medidas previstas nes- ao juízo competente que, em caráter cautelar, proceda à
te artigo, o juiz facultará ao acusado que, no prazo de 5 alienação dos bens apreendidos, excetuados aqueles que a
(cinco) dias, apresente ou requeira a produção de provas União, por intermédio da Senad, indicar para serem coloca-
acerca da origem lícita do produto, bem ou valor objeto dos sob uso e custódia da autoridade de polícia judiciária,
da decisão. de órgãos de inteligência ou militares, envolvidos nas ações
§ 2o Provada a origem lícita do produto, bem ou valor, de prevenção ao uso indevido de drogas e operações de
o juiz decidirá pela sua liberação. repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de
§ 3o Nenhum pedido de restituição será conhecido sem drogas, exclusivamente no interesse dessas atividades.
o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz de- § 5o Excluídos os bens que se houver indicado para
terminar a prática de atos necessários à conservação de os fins previstos no § 4o  deste artigo, o requerimento de
bens, direitos ou valores. alienação deverá conter a relação de todos os demais bens

7
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

apreendidos, com a descrição e a especificação de cada um dependentes e a atuação na repressão à produção não au-
deles, e informações sobre quem os tem sob custódia e o torizada e ao tráfico ilícito de drogas, com vistas na libera-
local onde se encontram. ção de equipamentos e de recursos por ela arrecadados,
§ 6o Requerida a alienação dos bens, a respectiva peti- para a implantação e execução de programas relacionados
ção será autuada em apartado, cujos autos terão tramita- à questão das drogas.
ção autônoma em relação aos da ação penal principal.
§ 7o Autuado o requerimento de alienação, os autos TÍTULO V
serão conclusos ao juiz, que, verificada a presença de nexo DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
de instrumentalidade entre o delito e os objetos utilizados
para a sua prática e risco de perda de valor econômico pelo Art. 65. De conformidade com os princípios da não-in-
decurso do tempo, determinará a avaliação dos bens rela- tervenção em assuntos internos, da igualdade jurídica e do
cionados, cientificará a Senad e intimará a União, o Minis- respeito à integridade territorial dos Estados e às leis e aos
tério Público e o interessado, este, se for o caso, por edital regulamentos nacionais em vigor, e observado o espírito
com prazo de 5 (cinco) dias. das Convenções das Nações Unidas e outros instrumentos
§ 8o Feita a avaliação e dirimidas eventuais divergências jurídicos internacionais relacionados à questão das drogas,
sobre o respectivo laudo, o juiz, por sentença, homologará de que o Brasil é parte, o governo brasileiro prestará, quan-
o valor atribuído aos bens e determinará sejam alienados do solicitado, cooperação a outros países e organismos
em leilão. internacionais e, quando necessário, deles solicitará a co-
§ 9o Realizado o leilão, permanecerá depositada em laboração, nas áreas de:
conta judicial a quantia apurada, até o final da ação penal I - intercâmbio de informações sobre legislações, ex-
respectiva, quando será transferida ao Funad, juntamente periências, projetos e programas voltados para atividades
com os valores de que trata o § 3o deste artigo. de prevenção do uso indevido, de atenção e de reinserção
§ 10. Terão apenas efeito devolutivo os recursos social de usuários e dependentes de drogas;
interpostos contra as decisões proferidas no curso do II - intercâmbio de inteligência policial sobre produção
procedimento previsto neste artigo. e tráfico de drogas e delitos conexos, em especial o tráfico
§ 11. Quanto aos bens indicados na forma do § 4o deste de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio de precursores
artigo, recaindo a autorização sobre veículos, embarcações químicos;
ou aeronaves, o juiz ordenará à autoridade de trânsito ou III - intercâmbio de informações policiais e judiciais so-
ao equivalente órgão de registro e controle a expedição bre produtores e traficantes de drogas e seus precursores
de certificado provisório de registro e licenciamento, em químicos.
favor da autoridade de polícia judiciária ou órgão aos quais
tenha deferido o uso, ficando estes livres do pagamento TÍTULO VI
de multas, encargos e tributos anteriores, até o trânsito DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
em julgado da decisão que decretar o seu perdimento em
favor da União. Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do
Art. 63. Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá art. 1o  desta Lei, até que seja atualizada a terminologia
sobre o perdimento do produto, bem ou valor apreendido, da lista mencionada no preceito, denominam-se drogas
sequestrado ou declarado indisponível. substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e
§ 1o Os valores apreendidos em decorrência dos crimes outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS no 344, de
tipificados nesta Lei e que não forem objeto de tutela cau- 12 de maio de 1998.
telar, após decretado o seu perdimento em favor da União, Art. 67. A liberação dos recursos previstos na  Lei
serão revertidos diretamente ao Funad. no 7.560, de 19 de dezembro de 1986, em favor de Estados
§ 2o Compete à Senad a alienação dos bens apreendi- e do Distrito Federal, dependerá de sua adesão e respeito
dos e não leiloados em caráter cautelar, cujo perdimento já às diretrizes básicas contidas nos convênios firmados e do
tenha sido decretado em favor da União. fornecimento de dados necessários à atualização do siste-
§ 3o A Senad poderá firmar convênios de cooperação, ma previsto no art. 17 desta Lei, pelas respectivas polícias
a fim de dar imediato cumprimento ao estabelecido no § judiciárias.
2o deste artigo. Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
§ 4o Transitada em julgado a sentença condenatória, o nicípios poderão criar estímulos fiscais e outros, destinados
juiz do processo, de ofício ou a requerimento do Ministé- às pessoas físicas e jurídicas que colaborem na prevenção
rio Público, remeterá à Senad relação dos bens, direitos e do uso indevido de drogas, atenção e reinserção social de
valores declarados perdidos em favor da União, indicando, usuários e dependentes e na repressão da produção não
quanto aos bens, o local em que se encontram e a entida- autorizada e do tráfico ilícito de drogas.
de ou o órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua Art. 69. No caso de falência ou liquidação extrajudicial
destinação nos termos da legislação vigente. de empresas ou estabelecimentos hospitalares, de pesqui-
Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá fir- sa, de ensino, ou congêneres, assim como nos serviços de
mar convênio com os Estados, com o Distrito Federal e com saúde que produzirem, venderem, adquirirem, consumi-
organismos orientados para a prevenção do uso indevido rem, prescreverem ou fornecerem drogas ou de qualquer
de drogas, a atenção e a reinserção social de usuários ou outro em que existam essas substâncias ou produtos, in-

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

cumbe ao juízo perante o qual tramite o feito:


I - determinar, imediatamente à ciência da falência ou CRIMES HEDIONDOS (LEI N.° 8.072/1990).
liquidação, sejam lacradas suas instalações;
II - ordenar à autoridade sanitária competente a urgen-
te adoção das medidas necessárias ao recebimento e guar-
da, em depósito, das drogas arrecadadas; LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990.
III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para
acompanhar o feito. Dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do art.
§ 1o Da licitação para alienação de substâncias ou pro- 5º, inciso XLIII, da Constituição Federal, e determina outras
dutos não proscritos referidos no inciso II do caput deste providências.
artigo, só podem participar pessoas jurídicas regularmente
habilitadas na área de saúde ou de pesquisa científica que O  PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
comprovem a destinação lícita a ser dada ao produto a ser Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
arrematado. Art. 1o  São considerados hediondos os seguintes
§ 2o Ressalvada a hipótese de que trata o § 3o  deste crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
artigo, o produto não arrematado será, ato contínuo à hasta dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tenta-
pública, destruído pela autoridade sanitária, na presença dos: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 1994) (Vide Lei nº
dos Conselhos Estaduais sobre Drogas e do Ministério 7.210, de 1984)
Público. I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade
§ 3o Figurando entre o praceado e não arrematadas típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um
especialidades farmacêuticas em condições de emprego só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II,
terapêutico, ficarão elas depositadas sob a guarda do Mi- III, IV, V, VI e VII); (Redação dada pela Lei nº 13.142, de 2015)
nistério da Saúde, que as destinará à rede pública de saúde. I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art.
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes previs- 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o),
tos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito trans- quando praticadas contra autoridade ou agente descrito
nacional, são da competência da Justiça Federal. nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
Parágrafo único. Os crimes praticados nos Municípios sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
que não sejam sede de vara federal serão processados e no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
julgados na vara federal da circunscrição respectiva. seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
Art. 71. (VETADO) terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei
Art. 72. Encerrado o processo penal ou arquivado o in- nº 13.142, de 2015)
quérito policial, o juiz, de ofício, mediante representação II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela
do delegado de polícia ou a requerimento do Ministério Lei nº 8.930, de 1994)
Público, determinará a destruição das amostras guardadas III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (In-
para contraprova, certificando isso nos autos. (Redação ciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
dada pela Lei nº 12.961, de 2014) IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualifica-
Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com os da (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei
Estados e o com o Distrito Federal, visando à prevenção e nº 8.930, de 1994)
repressão do tráfico ilícito e do uso indevido de drogas, e V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada
com os Municípios, com o objetivo de prevenir o uso inde- pela Lei nº 12.015, de 2009)
vido delas e de possibilitar a atenção e reinserção social de VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o,
usuários e dependentes de drogas. (Redação dada pela Lei 3o e 4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
nº 12.219, de 2010) VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (In-
Art. 74. Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) ciso incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)
dias após a sua publicação. VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de
Art. 75. Revogam-se a Lei no 6.368, de 21 de outubro de 1998)
1976, e a Lei no 10.409, de 11 de janeiro de 2002. VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou altera-
Brasília, 23 de agosto de 2006; 185o da Independência ção de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais
e 118o da República. (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada
pela  Lei no  9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído
pela Lei nº 9.695, de 1998)
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma
de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vul-
nerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei nº
12.978, de 2014)
Parágrafo único. Considera-se também hediondo
o crime de genocídio previsto nos  arts. 1o,  2o e 3o  da Lei
no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou consumado.
(Parágrafo incluído pela Lei nº 8.930, de 1994)

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o trá- ........................................................................


fico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo Art. 223. ...............................................................
são insuscetíveis de: (Vide Súmula Vinculante) Pena - reclusão, de oito a doze anos.
I - anistia, graça e indulto; Parágrafo único. ........................................................
II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos.
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cum- ........................................................................
prida inicialmente em regime fechado. (Redação dada pela Art. 267. ...............................................................
Lei nº 11.464, de 2007) Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados ........................................................................
aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cum- Art. 270. ...............................................................
primento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação .......................................................................”
dada pela Lei nº 11.464, de 2007) Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o
§ 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá seguinte parágrafo:
fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. “Art. 159. ..............................................................
(Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) ........................................................................
§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a  Lei § 4º Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o
no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos co-autor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a liber-
neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável tação do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois
por igual período em caso de extrema e comprovada ne- terços.”
cessidade. (Incluído pela Lei nº 11.464, de 2007) Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena pre-
Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, de vista no art. 288 do Código Penal, quando se tratar de cri-
segurança máxima, destinados ao cumprimento de penas mes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entor-
impostas a condenados de alta periculosidade, cuja perma- pecentes e drogas afins ou terrorismo.
nência em presídios estaduais ponha em risco a ordem ou Parágrafo único. O participante e o associado que de-
incolumidade pública. nunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando
Art. 4º (Vetado). seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois
Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o se- terços.
guinte inciso: Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capi-
“Art. 83. .............................................................. tulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§
........................................................................ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o  art. 223,
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art.
condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são
ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o acrescidas de metade, respeitado o limite superior de trinta
apenado não for reincidente específico em crimes dessa anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipó-
natureza.” teses referidas no art. 224 também do Código Penal.
Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de
3º; 213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput e 1976, passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com a
270; caput, todos do Código Penal, passam a vigorar com seguinte redação:
a seguinte redação: “Art. 35. ................................................................
“Art. 157. ............................................................. Parágrafo único. Os prazos procedimentais deste capí-
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena tulo serão contados em dobro quando se tratar dos crimes
é de reclusão, de cinco a quinze anos, além da multa; se previstos nos arts. 12, 13 e 14.”
resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem pre- Art. 11. (Vetado).
juízo da multa. Art. 12. Esta lei entra em vigor na data de sua publica-
........................................................................ ção.
Art. 159. ............................................................... Art. 13. Revogam-se as disposições em contrário.
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. Brasília, 25 de julho de 1990; 169º da Independência e
§ 1º ................................................................. 102º da República.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º .................................................................
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º .................................................................
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
........................................................................
Art. 213. ...............................................................
Pena - reclusão, de seis a dez anos.
Art. 214. ...............................................................
Pena - reclusão, de seis a dez anos.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em


CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITOS DE hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento si-
RAÇA OU DE COR (LEI N.° 7.716/1989). milar.
Pena: reclusão de três a cinco anos.
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes
LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989. abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.
Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em
de cor. estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes
sociais abertos ao público.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,  faço saber que o Pena: reclusão de um a três anos.
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de mas-
resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, sagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades.
etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Pena: reclusão de um a três anos.
Lei nº 9.459, de 15/05/97) Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edi-
Art. 2º (Vetado). fícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devida- acesso aos mesmos:
mente habilitado, a qualquer cargo da Administração Dire- Pena: reclusão de um a três anos.
ta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes pú-
públicos. blicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens,
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido.
motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou pro- Pena: reclusão de um a três anos.
cedência nacional, obstar a promoção funcional. (Incluído Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao ser-
pela Lei nº 12.288, de 2010) viço em qualquer ramo das Forças Armadas.
Pena: reclusão de dois a cinco anos. Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.  Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma,
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de dis- o casamento ou convivência familiar e social.
criminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do Pena: reclusão de dois a quatro anos.
preconceito de descendência ou origem nacional ou étni- Art. 15. (Vetado).
ca: (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do car-
I - deixar de conceder os equipamentos necessários go ou função pública, para o servidor público, e a suspen-
ao empregado em igualdade de condições com os demais são do funcionamento do estabelecimento particular por
trabalhadores; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) prazo não superior a três meses.
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou Art. 17. (Vetado).
obstar outra forma de benefício profissional; (Incluído pela Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta
Lei nº 12.288, de 2010) Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente de-
III - proporcionar ao empregado tratamento diferen- clarados na sentença.
ciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao Art. 19. (Vetado).
salário. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência na-
serviços à comunidade, incluindo atividades de promoção cional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra Pena: reclusão de um a três anos e multa. (Redação
forma de recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas § 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular
atividades não justifiquem essas exigências. símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou
Pena: reclusão de dois a cinco anos. propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento fins de divulgação do nazismo. (Redação dada pela Lei nº
comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente 9.459, de 15/05/97)
ou comprador. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído
Pena: reclusão de um a três anos. pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingres- § 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é
so de aluno em estabelecimento de ensino público ou pri- cometido por intermédio dos meios de comunicação social
vado de qualquer grau. ou publicação de qualquer natureza:  (Redação dada pela
Pena: reclusão de três a cinco anos. Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído
de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço). pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá a) à liberdade de locomoção;


determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido b) à inviolabilidade do domicílio;
deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de c) ao sigilo da correspondência;
desobediência:  (Redação dada pela Lei nº 9.459, de d) à liberdade de consciência e de crença;
15/05/97) e) ao livre exercício do culto religioso;
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão f) à liberdade de associação;
dos exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
9.459, de 15/05/97) cício do voto;
II - a cessação das respectivas transmissões radiofôni- h) ao direito de reunião;
cas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer i) à incolumidade física do indivíduo;
meio; (Redação dada pela Lei nº 12.735, de 2012) j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas cício profissional. (Incluído pela Lei nº 6.657,de 05/06/79)
de informação na rede mundial de computadores. (Incluí- Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:
do pela Lei nº 12.288, de 2010) a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, individual, sem as formalidades legais ou com abuso de
após o trânsito em julgado da decisão, a destruição poder;
do material apreendido.  (Incluído pela Lei nº 9.459, de b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexa-
15/05/97) me ou a constrangimento não autorizado em lei;
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz compe-
ção. (Renumerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) tente a prisão ou detenção de qualquer pessoa;
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário. (Re- d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou
numerado pela Lei nº 8.081, de 21.9.1990) detenção ilegal que lhe seja comunicada;
Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência e e) levar à prisão e nela deter quem quer que se propo-
101º da República. nha a prestar fiança, permitida em lei;
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial
carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra des-
pesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer
ABUSO DE AUTORIDADE quanto à espécie quer quanto ao seu valor;
(LEI N.° 4.898/1965). g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial
recibo de importância recebida a título de carceragem, cus-
tas, emolumentos ou de qualquer outra despesa;
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa
LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965.
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio
de poder ou sem competência legal;
Regula o Direito de Representação e o processo de i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena
Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de ou de medida de segurança, deixando de expedir em tem-
abuso de autoridade. po oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liber-
dade. (Incluído pela Lei nº 7.960, de 21/12/89)
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos des-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: ta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de
Art. 1º O direito de representação e o processo de res- natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem
ponsabilidade administrativa civil e penal, contra as autori- remuneração.
dades que, no exercício de suas funções, cometerem abu- Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à
sos, são regulados pela presente lei. sanção administrativa civil e penal.
Art. 2º O direito de representação será exercido por § 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo
meio de petição: com a gravidade do abuso cometido e consistirá em:
a) dirigida à autoridade superior que tiver competência a) advertência;
legal para aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a b) repreensão;
respectiva sanção; c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e
competência para iniciar processo-crime contra a autori- vantagens;
dade culpada. d) destituição de função;
Parágrafo único. A representação será feita em duas e) demissão;
vias e conterá a exposição do fato constitutivo do abuso de f) demissão, a bem do serviço público.
autoridade, com todas as suas circunstâncias, a qualificação § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor
do acusado e o rol de testemunhas, no máximo de três, se do dano, consistirá no pagamento de uma indenização de
as houver. quinhentos a dez mil cruzeiros.
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer aten- § 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as
tado: regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em:

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; § 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório
b) detenção por dez dias a seis meses; e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de apresentarão por escrito, querendo, na audiência de
qualquer outra função pública por prazo até três anos. instrução e julgamento.
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior poderão § 2º No caso previsto na letra a deste artigo a
ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. representação poderá conter a indicação de mais duas
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de testemunhas.
autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de
poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de apresentar a denúncia requerer o arquivamento da repre-
não poder o acusado exercer funções de natureza policial sentação, o Juiz, no caso de considerar improcedentes as
ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco razões invocadas, fará remessa da representação ao Procu-
anos. rador-Geral e este oferecerá a denúncia, ou designará ou-
Art. 7º recebida a representação em que for solicitada tro órgão do Ministério Público para oferecê-la ou insistirá
a aplicação de sanção administrativa, a autoridade civil ou no arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz atender.
militar competente determinará a instauração de inquérito Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer
para apurar o fato. a denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida ação
§ 1º O inquérito administrativo obedecerá às normas privada. O órgão do Ministério Público poderá, porém, adi-
estabelecidas nas leis municipais, estaduais ou federais, tar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva e
civis ou militares, que estabeleçam o respectivo processo. intervir em todos os termos do processo, interpor recursos
§ 2º não existindo no município no Estado ou na e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, re-
legislação militar normas reguladoras do inquérito tomar a ação como parte principal.
administrativo serão aplicadas supletivamente, as Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de
disposições dos arts. 219 a 225 da Lei nº 1.711, de 28 de quarenta e oito horas, proferirá despacho, recebendo ou
outubro de 1952 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis rejeitando a denúncia.
da União). § 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz
§ 3º O processo administrativo não poderá ser designará, desde logo, dia e hora para a audiência de
sobrestado para o fim de aguardar a decisão da ação penal instrução e julgamento, que deverá ser realizada, impror-
ou civil. rogavelmente. dentro de cinco dias.
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até
Art. 8º A sanção aplicada será anotada na ficha funcio-
julgamento final e para comparecer à audiência de
nal da autoridade civil ou militar.
instrução e julgamento, será feita por mandado sucinto
Art. 9º Simultaneamente com a representação dirigida
que, será acompanhado da segunda via da representação
à autoridade administrativa ou independentemente dela,
e da denúncia.
poderá ser promovida pela vítima do abuso, a responsabi-
Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa poderão
lidade civil ou penal ou ambas, da autoridade culpada.
ser apresentada em juízo, independentemente de intima-
Art. 10. Vetado
ção.
Art. 11. À ação civil serão aplicáveis as normas do Có-
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de pre-
digo de Processo Civil.
catória para a audiência ou a intimação de testemunhas ou,
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente salvo o caso previsto no artigo 14, letra “b”, requerimentos
de inquérito policial ou justificação por denúncia do Minis- para a realização de diligências, perícias ou exames, a não
tério Público, instruída com a representação da vítima do ser que o Juiz, em despacho motivado, considere indispen-
abuso. sáveis tais providências.
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a represen- Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o porteiro
tação da vítima, aquele, no prazo de quarenta e oito ho- dos auditórios ou o oficial de justiça declare aberta a au-
ras, denunciará o réu, desde que o fato narrado constitua diência, apregoando em seguida o réu, as testemunhas, o
abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua citação, e, perito, o representante do Ministério Público ou o advoga-
bem assim, a designação de audiência de instrução e jul- do que tenha subscrito a queixa e o advogado ou defensor
gamento. do réu.
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada Parágrafo único. A audiência somente deixará de reali-
em duas vias. zar-se se ausente o Juiz.
Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de auto- Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o Juiz
ridade houver deixado vestígios o ofendido ou o acusado não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se,
poderá: devendo o ocorrido constar do livro de termos de audiên-
a) promover a comprovação da existência de tais vestí- cia.
gios, por meio de duas testemunhas qualificadas; Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será pú-
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da blica, se contrariamente não dispuser o Juiz, e realizar-se-á
audiência de instrução e julgamento, a designação de um em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18) horas, na sede do
perito para fazer as verificações necessárias. Juízo ou, excepcionalmente, no local que o Juiz designar.

13
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o Pena - reclusão, de dois a oito anos.
interrogatório do réu, se estiver presente. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico
advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor para ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
funcionar na audiência e nos ulteriores termos do processo. em lei ou não resultante de medida legal.
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
o Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério Público quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
ou ao advogado que houver subscrito a queixa e ao advo- pena de detenção de um a quatro anos.
gado ou defensor do réu, pelo prazo de quinze minutos § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
para cada um, prorrogável por mais dez (10), a critério do gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
Juiz. resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediata- § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
mente a sentença. I - se o crime é cometido por agente público;
Art. 25. Do ocorrido na audiência o escrivão lavrará no II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por-
livro próprio, ditado pelo Juiz, termo que conterá, em re- tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta)
sumo, os depoimentos e as alegações da acusação e da anos; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
defesa, os requerimentos e, por extenso, os despachos e a III - se o crime é cometido mediante sequestro.
sentença. § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função
Art. 26. Subscreverão o termo o Juiz, o representante ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
do Ministério Público ou o advogado que houver subscrito dobro do prazo da pena aplicada.
a queixa, o advogado ou defensor do réu e o escrivão. § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de
Art. 27. Nas comarcas onde os meios de transporte graça ou anistia.
forem difíceis e não permitirem a observância dos prazos § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo
fixados nesta lei, o juiz poderá aumentá-las, sempre moti- a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
vadamente, até o dobro. regime fechado.
Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as normas
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o
do Código de Processo Penal, sempre que compatíveis com
crime não tenha sido cometido em território nacional, sen-
o sistema de instrução e julgamento regulado por esta lei.
do a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local
Parágrafo único. Das decisões, despachos e sentenças,
sob jurisdição brasileira.
caberão os recursos e apelações previstas no  Código de
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
Processo Penal.
ção.
Art. 29. Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de
Brasília, 9 de dezembro de 1965; 144º da Independên-
cia e 77º da República. julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
Brasília, 7 de abril de 1997; 176º da Independência e
109º da República.
CRIMES DE TORTURA
(LEI N.° 9.455/1997).
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE (LEI N.° 8.069/1990).

LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997.

Define os crimes de tortura e dá outras providências. LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá


Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: outras providências.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência ou O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
a) com o fim de obter informação, declaração ou con-
fissão da vítima ou de terceira pessoa; Título I
b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi- Das Disposições Preliminares
nosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou au- criança e ao adolescente.
toridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei,
intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescen-
castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. te aquela entre doze e dezoito anos de idade.

14
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se § 1o O atendimento pré-natal será realizado por pro-
excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e fissionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº
vinte e um anos de idade. 13.257, de 2016)
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os § 2o Os profissionais de saúde de referência da gestante
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação,
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, asse- ao estabelecimento em que será realizado o parto, garan-
gurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as tido o direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o de- nº 13.257, de 2016)
senvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em § 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado
condições de liberdade e de dignidade. assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei apli- alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção
cam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discrimina- primária, bem como o acesso a outros serviços e a gru-
ção de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, et-
pos de apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº
nia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal
13.257, de 2016)
de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica,
§ 4o Incumbe ao poder público proporcionar assis-
ambiente social, região e local de moradia ou outra condi-
ção que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade tência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e
em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da socie- consequências do estado puerperal. (Incluído pela Lei nº
dade em geral e do poder público assegurar, com abso- 12.010, de 2009) Vigência
luta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, § 5o A assistência referida no § 4o deste artigo deverá
à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, ser prestada também a gestantes e mães que manifestem
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como
liberdade e à convivência familiar e comunitária. a gestantes e mães que se encontrem em situação de
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreen- privação de liberdade. (Redação dada pela Lei nº 13.257,
de: de 2016)
a) primazia de receber proteção e socorro em quais- § 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um)
quer circunstâncias; acompanhante de sua preferência durante o período do
b) precedência de atendimento nos serviços públicos pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato.
ou de relevância pública; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
c) preferência na formulação e na execução das políti- § 7o A gestante deverá receber orientação sobre alei-
cas sociais públicas; tamento materno, alimentação complementar saudável e
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de esti-
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto mular o desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela
de qualquer forma de negligência, discriminação, explora- Lei nº 13.257, de 2016)
ção, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei § 8o A gestante tem direito a acompanhamento saudá-
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos vel durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso,
fundamentais. estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras inter-
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta venções cirúrgicas por motivos médicos. (Incluído pela Lei
os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem co-
nº 13.257, de 2016)
mum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a con-
§ 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da
dição peculiar da criança e do adolescente como pessoas
gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de
em desenvolvimento.
pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às
Título II consultas pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Dos Direitos Fundamentais § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e
Capítulo I à mulher com filho na primeira infância que se encontrem
Do Direito à Vida e à Saúde sob custódia em unidade de privação de liberdade,
ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em
à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais articulação com o sistema de ensino competente, visando
públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela Lei
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. nº 13.257, de 2016)
Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos Art. 9º O poder público, as instituições e os empre-
programas e às políticas de saúde da mulher e de plane- gadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento
jamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida
atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério privativa de liberdade.
e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no § 1o Os profissionais das unidades primárias de saúde
âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela Lei desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas,
nº 13.257, de 2016) visando ao planejamento, à implementação e à avaliação

15
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento § 1o As gestantes ou mães que manifestem interesse
materno e à alimentação complementar saudável, de for- em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamen-
ma contínua. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) te encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infân-
§ 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva neo- cia e da Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
natal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade § 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de
de coleta de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de entrada, os serviços de assistência social em seu compo-
2016) nente especializado, o Centro de Referência Especializado
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Siste-
atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são ma de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente
obrigados a: deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das
I - manter registro das atividades desenvolvidas, atra- crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita
vés de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; ou confirmação de violência de qualquer natureza, formu-
II - identificar o recém-nascido mediante o registro de
lando projeto terapêutico singular que inclua intervenção
sua impressão plantar e digital e da impressão digital da
em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (In-
mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela au-
cluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
toridade administrativa competente;
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá progra-
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e te-
rapêutica de anormalidades no metabolismo do recém- mas de assistência médica e odontológica para a preven-
-nascido, bem como prestar orientação aos pais; ção das enfermidades que ordinariamente afetam a popu-
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem lação infantil, e campanhas de educação sanitária para pais,
necessariamente as intercorrências do parto e do desen- educadores e alunos.
volvimento do neonato; § 1o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao recomendados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado
neonato a permanência junto à mãe. do parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cui- § 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à
dado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma trans-
intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o prin- versal, integral e intersetorial com as demais linhas de cui-
cípio da equidade no acesso a ações e serviços para pro- dado direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei
moção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada nº 13.257, de 2016)
pela Lei nº 13.257, de 2016) § 3o A atenção odontológica à criança terá função edu-
§ 1o A criança e o adolescente com deficiência serão cativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o
atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas ne- bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e,
cessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de
reabilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) vida, com orientações sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei
§ 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, nº 13.257, de 2016)
àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próte- § 4o A criança com necessidade de cuidados odontoló-
ses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, gicos especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde.
habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas neces-
sidades específicas. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de Capítulo II
2016) Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
§ 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou
frequente de crianças na primeira infância receberão for-
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberda-
mação específica e permanente para a detecção de sinais
de, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em
de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para
processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos
o acompanhamento que se fizer necessário. (Incluído pela
Lei nº 13.257, de 2016) civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, leis.
inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes
cuidados intermediários, deverão proporcionar condições aspectos:
para a permanência em tempo integral de um dos pais ou I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
responsável, nos casos de internação de criança ou adoles- comunitários, ressalvadas as restrições legais;
cente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) II - opinião e expressão;
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo III - crença e culto religioso;
físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente co- V - participar da vida familiar e comunitária, sem dis-
municados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, criminação;
sem prejuízo de outras providências legais. (Redação dada VI - participar da vida política, na forma da lei;
pela Lei nº 13.010, de 2014) VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.

16
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabili- Capítulo III


dade da integridade física, psíquica e moral da criança e Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da Seção I
identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos Disposições Gerais
espaços e objetos pessoais.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da crian- Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado
ça e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tra- e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em
tamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou família substituta, assegurada a convivência familiar e co-
constrangedor. munitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de integral. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de § 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido
tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, em programa de acolhimento familiar ou institucional terá
disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses,
pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, devendo a autoridade judiciária competente, com base em
pelos agentes públicos executores de medidas socioeduca- relatório elaborado por equipe interprofissional ou multi-
tivas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, disciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibi-
tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei nº lidade de reintegração familiar ou colocação em família
substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art.
13.010, de 2014)
28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
§ 2o A permanência da criança e do adolescente em
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
programa de acolhimento institucional não se prolongará
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou puni-
por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade
tiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou
que atenda ao seu superior interesse, devidamente funda-
o adolescente que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010,
mentada pela autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº
de 2014)
12.010, de 2009) Vigência
a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
§ 3o A manutenção ou a reintegração de criança ou
2014)
adolescente à sua família terá preferência em relação a
b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) qualquer outra providência, caso em que será esta incluída
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma em serviços e programas de proteção, apoio e promoção,
cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescen- nos termos do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput do
te que: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta Lei.
a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, § 4o Será garantida a convivência da criança e do adoles-
de 2014) cente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de
c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipó-
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, teses de acolhimento institucional, pela entidade responsável,
os responsáveis, os agentes públicos executores de medi- independentemente de autorização judicial. (Incluído pela Lei
das socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de nº 12.962, de 2014)
cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casa-
ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento mento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e quali-
cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, ficações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem relativas à filiação.
prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade
que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispu-
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) ser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciá-
de proteção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) ria competente para a solução da divergência. (Expressão
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi- substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
quiátrico; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guar-
III - encaminhamento a cursos ou programas de orien- da e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no
tação; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento determinações judiciais.
especializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis,
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) têm direitos iguais e deveres e responsabilidades compar-
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo se- tilhados no cuidado e na educação da criança, devendo
rão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas
providências legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) crenças e culturas, assegurados os direitos da criança esta-
belecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

17
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não preensão sobre as implicações da medida, e terá sua opi-
constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão nião devidamente considerada. (Redação dada pela Lei nº
do poder familiar. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência § 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade,
§ 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize será necessário seu consentimento, colhido em audiência.
a decretação da medida, a criança ou o adolescente (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
será mantido em sua família de origem, a qual deverá § 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o
obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetivi-
oficiais de proteção, apoio e promoção. (Redação dada dade, a fim de evitar ou minorar as consequências decor-
pela Lei nº 13.257, de 2016) rentes da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 2o  A condenação criminal do pai ou da mãe não Vigência
implicará a destituição do poder familiar, exceto na § 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção,
hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a
de reclusão, contra o próprio filho ou filha. (Incluído pela comprovada existência de risco de abuso ou outra situação
Lei nº 12.962, de 2014) que justifique plenamente a excepcionalidade de solução
Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompi-
decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, mento definitivo dos vínculos fraternais. (Incluído pela Lei
nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipó- nº 12.010, de 2009) Vigência
tese de descumprimento injustificado dos deveres e obri- § 5o A colocação da criança ou adolescente em famí-
gações a que alude o art. 22. (Expressão substituída pela Lei lia substituta será precedida de sua preparação gradativa e
nº 12.010, de 2009) Vigência acompanhamento posterior, realizados pela equipe inter-
profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
Seção II preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis
Da Família Natural pela execução da política municipal de garantia do direito
à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade Vigência
formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes. § 6o Em se tratando de criança ou adolescente indíge-
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência na ou proveniente de comunidade remanescente de qui-
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou lombo, é ainda obrigatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de
ampliada aquela que se estende para além da unidade 2009) Vigência
pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes I - que sejam consideradas e respeitadas sua identi-
próximos com os quais a criança ou adolescente convive e dade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem
mantém vínculos de afinidade e afetividade. (Incluído pela como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão pela Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, 2009) Vigência
no próprio termo de nascimento, por testamento, median- II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no
te escritura ou outro documento público, qualquer que seja seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma
a origem da filiação. etnia; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se dei- federal responsável pela política indigenista, no caso de
xar descendentes. crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, pe-
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é di- rante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá
reito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo acompanhar o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qual- Vigência
quer restrição, observado o segredo de Justiça. Art. 29. Não se deferirá colocação em família substitu-
ta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibili-
Seção III dade com a natureza da medida ou não ofereça ambiente
Da Família Substituta familiar adequado.
Subseção I Art. 30. A colocação em família substituta não admi-
Disposições Gerais tirá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou
a entidades governamentais ou não-governamentais, sem
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á me- autorização judicial.
diante guarda, tutela ou adoção, independentemente da Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos constitui medida excepcional, somente admissível na mo-
desta Lei. dalidade de adoção.
§ 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
será previamente ouvido por equipe interprofissional, res- prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o
peitado seu estágio de desenvolvimento e grau de com- encargo, mediante termo nos autos.

18
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Subseção II Subseção III


Da Guarda Da Tutela

Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil,
material, moral e educacional à criança ou adolescente, a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação
conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
inclusive aos pais. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, prévia decretação da perda ou suspensão do poder fami-
podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos pro- liar e implica necessariamente o dever de guarda. (Expres-
cedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por são substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
estrangeiros. Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos documento autêntico, conforme previsto no parágrafo úni-
casos de tutela e adoção, para atender a situações pecu- co do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002
liares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, - Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após
podendo ser deferido o direito de representação para a a abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado
prática de atos determinados. ao controle judicial do ato, observando o procedimento
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a con- previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação dada pela
dição de dependente, para todos os fins e efeitos de direi- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
to, inclusive previdenciários. Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão ob-
§ 4o Salvo expressa e fundamentada determinação em servados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta
contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na
a medida for aplicada em preparação para adoção, o de- disposição de última vontade, se restar comprovado que
ferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe ou-
não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, as- tra pessoa em melhores condições de assumi-la. (Redação
sim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de regulamentação específica, a pedido do interessado ou
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no
do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
art. 24.
Vigência
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assis-
Subseção IV
tência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento,
Da Adoção
sob a forma de guarda, de criança ou adolescente afastado
do convívio familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-
2009) Vigência
-se-á segundo o disposto nesta Lei.
§ 1o A inclusão da criança ou adolescente em progra-
mas de acolhimento familiar terá preferência a seu acolhi- § 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à
mento institucional, observado, em qualquer caso, o cará- qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recur-
ter temporário e excepcional da medida, nos termos desta sos de manutenção da criança ou adolescente na família
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência natural ou extensa, na forma do parágrafo único do art. 25
§ 2o Na hipótese do § 1o  deste artigo a pessoa ou desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
casal cadastrado no programa de acolhimento familiar § 2o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela
poderá receber a criança ou adolescente mediante guarda, Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Incluído Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, de-
pela Lei nº 12.010, de 2009) zoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guar-
§ 3o A União apoiará a implementação de serviços de da ou tutela dos adotantes.
acolhimento em família acolhedora como política pública, Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao ado-
os quais deverão dispor de equipe que organize o acolhi- tado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessó-
mento temporário de crianças e de adolescentes em re- rios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes,
sidências de famílias selecionadas, capacitadas e acompa- salvo os impedimentos matrimoniais.
nhadas que não estejam no cadastro de adoção. (Incluído § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho
pela Lei nº 13.257, de 2016) do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adota-
§ 4o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, do e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos
distritais e municipais para a manutenção dos serviços de parentes.
acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repas- § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado,
se de recursos para a própria família acolhedora. (Incluído seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descen-
pela Lei nº 13.257, de 2016) dentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tem- vocação hereditária.
po, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministé- Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos,
rio Público. independentemente do estado civil. (Redação dada pela
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

19
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos § 4o O estágio de convivência será acompanhado pela
do adotando. equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e
§ 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os ado- da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
tantes sejam casados civilmente ou mantenham união es- responsáveis pela execução da política de garantia do di-
tável, comprovada a estabilidade da família. (Redação dada reito à convivência familiar, que apresentarão relatório mi-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nucioso acerca da conveniência do deferimento da medida.
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
mais velho do que o adotando. Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença
§ 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os judicial, que será inscrita no registro civil mediante manda-
do do qual não se fornecerá certidão.
ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes
que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde como pais, bem como o nome de seus ascendentes.
que o estágio de convivência tenha sido iniciado na cons- § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará
tância do período de convivência e que seja comprovada a o registro original do adotado.
existência de vínculos de afinidade e afetividade com aque- § 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá
le não detentor da guarda, que justifiquem a excepciona- ser lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de
lidade da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de sua residência. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
2009) Vigência Vigência
§ 5o Nos casos do § 4o  deste artigo, desde que § 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato po-
demonstrado efetivo benefício ao adotando, será derá constar nas certidões do registro. (Redação dada pela
assegurada a guarda compartilhada, conforme previsto Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
no art. 1.584 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - § 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do
Código Civil.  (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determi-
nar a modificação do prenome. (Redação dada pela Lei nº
Vigência
12.010, de 2009) Vigência
§ 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que,
§ 6o Caso a modificação de prenome seja requerida
após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, observa-
curso do procedimento, antes de prolatada a sentença.(In- do o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Redação
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar § 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito
reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese
legítimos. prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração retroativa à data do óbito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou o curador ado- 2009) Vigência
tar o pupilo ou o curatelado. § 8o O processo relativo à adoção assim como outros a
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se
ou do representante legal do adotando. seu armazenamento em microfilme ou por outros meios,
garantida a sua conservação para consulta a qualquer tem-
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação
po. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência 
à criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de
ou tenham sido destituídos do poder familiar. (Expressão adoção em que o adotando for criança ou adolescente
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência com deficiência ou com doença crônica. (Incluído pela Lei
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos nº 12.955, de 2014)
de idade, será também necessário o seu consentimento. Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de con- biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo
vivência com a criança ou adolescente, pelo prazo que a no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes,
autoridade judiciária fixar, observadas as peculiaridades do após completar 18 (dezoito) anos. (Redação dada pela Lei
caso. nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção po-
se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do derá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoi-
adotante durante tempo suficiente para que seja possível to) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência
avaliar a conveniência da constituição do vínculo. (Redação jurídica e psicológica. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o po-
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a der familiar  dos pais naturais. (Expressão substituída pela
dispensa da realização do estágio de convivência. (Redação Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada co-
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente marca ou foro regional, um registro de crianças e adoles-
ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cum- centes em condições de serem adotados e outro de pes-
prido no território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) soas interessadas na adoção. (Vide Lei nº 12.010, de 2009)
dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Vigência

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia § 12. A alimentação do cadastro e a convocação cri-
consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministé- teriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo
rio Público. Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não Vigência
satisfazer os requisitos legais, ou verificada qualquer das § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor
hipóteses previstas no art. 29. de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previa-
§ 3o A inscrição de postulantes à adoção será prece- mente nos termos desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº
dida de um período de preparação psicossocial e jurídica, 12.010, de 2009) Vigência
orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos res- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ponsáveis pela execução da política municipal de garan- II - for formulada por parente com o qual a criança ou
tia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade;
12.010, de 2009) Vigência (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4o Sempre que possível e recomendável, a preparação III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guar-
referida no § 3o deste artigo incluirá o contato com crianças
da legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente,
e adolescentes em acolhimento familiar ou institucional
desde que o lapso de tempo de convivência comprove a
em condições de serem adotados, a ser realizado sob
fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja cons-
a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica
da Justiça da Infância e da Juventude, com apoio dos tatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações
técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluído pela Lei
pela execução da política municipal de garantia do direito nº 12.010, de 2009) Vigência
à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o
Vigência candidato deverá comprovar, no curso do procedimento,
§ 5o Serão criados e implementados cadastros esta- que preenche os requisitos necessários à adoção, conforme
duais e nacional de crianças e adolescentes em condições previsto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à Vigência
adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na
§ 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domici-
residentes fora do País, que somente serão consultados na liado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Con-
inexistência de postulantes nacionais habilitados nos ca- venção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção
dastros mencionados no § 5o deste artigo. (Incluído pela Lei das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Inter-
nº 12.010, de 2009) Vigência nacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de
§ 7o As autoridades estaduais e federais em matéria de janeiro de 1999, e promulgada pelo  Decreto no  3.087, de
adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo- 21 de junho de 1999. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
-lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para 2009) Vigência
melhoria do sistema. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) § 1o A adoção internacional de criança ou adolescen-
Vigência te brasileiro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar
§ 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo quando restar comprovado: (Redação dada pela Lei nº
de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e 12.010, de 2009) Vigência
adolescentes em condições de serem adotados que não I - que a colocação em família substituta é a solução
tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das adequada ao caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à 2009) Vigência
adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no §
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de
5o  deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído
colocação da criança ou adolescente em família substituta
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
brasileira, após consulta aos cadastros mencionados no art.
§ 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela
manutenção e correta alimentação dos cadastros, com 50 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasi- III - que, em se tratando de adoção de adolescente,
leira. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio
§ 10. A adoção internacional somente será deferida de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a
se, após consulta ao cadastro de pessoas ou casais habili- medida, mediante parecer elaborado por equipe interpro-
tados à adoção, mantido pela Justiça da Infância e da Ju- fissional, observado o disposto nos §§ 1o  e 2o  do art. 28
ventude na comarca, bem como aos cadastros estadual e desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nacional referidos no § 5o deste artigo, não for encontrado § 2o Os brasileiros residentes no exterior terão prefe-
interessado com residência permanente no Brasil. (Incluído rência aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de criança ou adolescente brasileiro. (Redação dada pela
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interes- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sado em sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre § 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção
que possível e recomendável, será colocado sob guarda de das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria
família cadastrada em programa de acolhimento familiar. de adoção internacional. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de 2009) Vigência

21
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 52. A adoção internacional observará o procedi- ção internacional, com posterior comunicação às Autorida-
mento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as se- des Centrais Estaduais e publicação nos órgãos oficiais de
guintes adaptações: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de imprensa e em sítio próprio da internet. (Incluído pela Lei
2009) Vigência nº 12.010, de 2009) Vigência
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em ado- § 3o Somente será admissível o credenciamento de
tar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular pe- organismos que: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
dido de habilitação à adoção perante a Autoridade Central gência
em matéria de adoção internacional no país de acolhida, I - sejam oriundos de países que ratificaram a Conven-
assim entendido aquele onde está situada sua residência ção de Haia e estejam devidamente credenciados pela Au-
habitual; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência toridade Central do país onde estiverem sediados e no país
II - se a Autoridade Central do país de acolhida con- de acolhida do adotando para atuar em adoção internacio-
siderar que os solicitantes estão habilitados e aptos para nal no Brasil; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
adotar, emitirá um relatório que contenha informações so- II - satisfizerem as condições de integridade moral,
competência profissional, experiência e responsabilidade
bre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos
exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade Cen-
solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e
tral Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua
Vigência
aptidão para assumir uma adoção internacional; (Incluído III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência formação e experiência para atuar na área de adoção in-
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará ternacional; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordena-
Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluído pela Lei nº mento jurídico brasileiro e pelas normas estabelecidas pela
12.010, de 2009) Vigência Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº
IV - o relatório será instruído com toda a documen- 12.010, de 2009) Vigência
tação necessária, incluindo estudo psicossocial elaborado § 4o Os organismos credenciados deverão ainda: (In-
por equipe interprofissional habilitada e cópia autenticada cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas con-
de vigência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dições e dentro dos limites fixados pelas autoridades com-
V - os documentos em língua estrangeira serão devida- petentes do país onde estiverem sediados, do país de aco-
mente autenticados pela autoridade consular, observados lhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluído
os tratados e convenções internacionais, e acompanhados pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
da respectiva tradução, por tradutor público juramentado; II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualifi-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cadas e de reconhecida idoneidade moral, com comprova-
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exi- da formação ou experiência para atuar na área de adoção
gências e solicitar complementação sobre o estudo psi- internacional, cadastradas pelo Departamento de Polícia
cossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Bra-
no país de acolhida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) sileira, mediante publicação de portaria do órgão federal
Vigência competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade III - estar submetidos à supervisão das autoridades
Central Estadual, a compatibilidade da legislação estrangei- competentes do país onde estiverem sediados e no país
ra com a nacional, além do preenchimento por parte dos de acolhida, inclusive quanto à sua composição, funciona-
mento e situação financeira; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos
2009) Vigência
necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe
IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasilei-
esta Lei como da legislação do país de acolhida, será expe-
ra, a cada ano, relatório geral das atividades desenvolvidas,
dido laudo de habilitação à adoção internacional, que terá bem como relatório de acompanhamento das adoções in-
validade por, no máximo, 1 (um) ano; (Incluído pela Lei nº ternacionais efetuadas no período, cuja cópia será encami-
12.010, de 2009) Vigência nhada ao Departamento de Polícia Federal; (Incluído pela
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Au-
Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encon- toridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade
tra a criança ou adolescente, conforme indicação efetua- Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois)
da pela Autoridade Central Estadual. (Incluído pela Lei nº anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de
12.010, de 2009) Vigência cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a cidada-
§ 1o Se a legislação do país de acolhida assim o au- nia do país de acolhida para o adotado; (Incluído pela Lei
torizar, admite-se que os pedidos de habilitação à adoção nº 12.010, de 2009) Vigência
internacional sejam intermediados por organismos creden- VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os
ciados. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Bra-
§ 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira sileira cópia da certidão de registro de nascimento estran-
o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros geira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes sejam
encarregados de intermediar pedidos de habilitação à ado- concedidos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 5o A não apresentação dos relatórios referidos no Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão
§ 4o  deste artigo pelo organismo credenciado poderá ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Ado-
acarretar a suspensão de seu credenciamento. (Incluído lescente e estarão sujeitos às deliberações do respectivo
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Conselho de Direitos da Criança e do Adolescente. (Incluí-
§ 6o O credenciamento de organismo nacional ou es- do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
trangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior
internacional terá validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de adoção tenha sido processado em conformidade com a
§ 7o A renovação do credenciamento poderá ser con- legislação vigente no país de residência e atendido o dis-
cedida mediante requerimento protocolado na Autoridade posto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção,
Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores será automaticamente recepcionada com o reingresso no
ao término do respectivo prazo de validade. (Incluído pela Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea
§ 8o Antes de transitada em julgado a decisão que con- “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença
cedeu a adoção internacional, não será permitida a saída ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído
do adotando do território nacional. (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em
§ 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade ju- país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez rein-
diciária determinará a expedição de alvará com autoriza- gressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sen-
ção de viagem, bem como para obtenção de passaporte, tença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluí-
constando, obrigatoriamente, as características da criança do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil
sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente
aposição da impressão digital do seu polegar direito, ins- do país de origem da criança ou do adolescente será co-
truindo o documento com cópia autenticada da decisão nhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver proces-
e certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº sado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comu-
12.010, de 2009) Vigência nicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a as providências necessárias à expedição do Certificado de
qualquer momento, solicitar informações sobre a situação Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
das crianças e adolescentes adotados. (Incluído pela Lei nº 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela
credenciados, que sejam considerados abusivos pela Auto- decisão se restar demonstrado que a adoção é manifesta-
ridade Central Federal Brasileira e que não estejam devida- mente contrária à ordem pública ou não atende ao interes-
mente comprovados, é causa de seu descredenciamento. se superior da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem § 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção,
ser representados por mais de uma entidade credenciada prevista no § 1o  deste artigo, o Ministério Público deverá
para atuar na cooperação em adoção internacional. (Incluí- imediatamente requerer o que for de direito para resguardar
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou do- se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará
miciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à
ano, podendo ser renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, Autoridade Central do país de origem. (Incluído pela Lei nº
de 2009) Vigência 12.010, de 2009) Vigência
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil
organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com di- for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida
rigentes de programas de acolhimento institucional ou fa- no país de origem porque a sua legislação a delega ao país
miliar, assim como com crianças e adolescentes em condi- de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com deci-
ções de serem adotados, sem a devida autorização judicial. são, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído pela Lei nº
limitar ou suspender a concessão de novos credenciamen- 12.010, de 2009) Vigência
tos sempre que julgar necessário, mediante ato administra-
tivo fundamentado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Capítulo IV
Vigência Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e Lazer
descredenciamento, o repasse de recursos provenientes
de organismos estrangeiros encarregados de intermediar Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à edu-
pedidos de adoção internacional a organismos nacionais cação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa,
ou a pessoas físicas. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o
Vigência trabalho, assegurando-se-lhes:

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

I - igualdade de condições para o acesso e permanên- Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da
cia na escola; União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e
II - direito de ser respeitado por seus educadores; espaços para programações culturais, esportivas e de lazer
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo voltadas para a infância e a juventude.
recorrer às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entida- Capítulo V
des estudantis; Do Direito à Profissionalização e à Proteção no
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua Trabalho
residência.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
ciência do processo pedagógico, bem como participar da quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
definição das propostas educacionais. (Vide Constituição Federal)
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é re-
gulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto
adolescente:
nesta Lei.
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusi-
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técni-
ve para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
co-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratui-
legislação de educação em vigor.
dade ao ensino médio; Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos
III - atendimento educacional especializado aos por- seguintes princípios:
tadores de deficiência, preferencialmente na rede regular I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao en-
de ensino; sino regular;
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças II - atividade compatível com o desenvolvimento do
de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº adolescente;
13.306, de 2016) III - horário especial para o exercício das atividades.
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes- Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada assegurada bolsa de aprendizagem.
um; Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às anos, são assegurados os direitos trabalhistas e previden-
condições do adolescente trabalhador; ciários.
VII - atendimento no ensino fundamental, através de Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é asse-
programas suplementares de material didático-escolar, gurado trabalho protegido.
transporte, alimentação e assistência à saúde. Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em re-
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito gime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido
público subjetivo. em entidade governamental ou não-governamental, é ve-
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório dado trabalho:
pelo poder público ou sua oferta irregular importa I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um
responsabilidade da autoridade competente. dia e as cinco horas do dia seguinte;
§ 3º Compete ao poder público recensear os educan- II - perigoso, insalubre ou penoso;
dos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e
junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola. ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de IV - realizado em horários e locais que não permitam
a frequência à escola.
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
Art. 68. O programa social que tenha por base o traba-
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino
lho educativo, sob responsabilidade de entidade governa-
fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
mental ou não-governamental sem fins lucrativos, deverá
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
assegurar ao adolescente que dele participe condições de
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão esco- capacitação para o exercício de atividade regular remune-
lar, esgotados os recursos escolares; rada.
III - elevados níveis de repetência. § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, expe- laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao de-
riências e novas propostas relativas a calendário, seriação, senvolvimento pessoal e social do educando prevalecem
currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à sobre o aspecto produtivo.
inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo
fundamental obrigatório. trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os de seu trabalho não desfigura o caráter educativo.
valores culturais, artísticos e históricos próprios do contex- Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização
to social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes e à proteção no trabalho, observados os seguintes aspec-
a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura. tos, entre outros:

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

I - respeito à condição peculiar de pessoa em desen- Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescen-
volvimento; tes com deficiência terão prioridade de atendimento nas
II - capacitação profissional adequada ao mercado de ações e políticas públicas de prevenção e proteção. (Incluí-
trabalho. do pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem
Título III nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem
Da Prevenção contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a reco-
Capítulo I nhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos
Disposições Gerais de maus-tratos praticados contra crianças e adolescentes.
(Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela co-
ameaça ou violação dos direitos da criança e do adoles- municação de que trata este artigo, as pessoas encarrega-
cente. das, por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crian-
Municípios deverão atuar de forma articulada na elabora- ças e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o in-
ção de políticas públicas e na execução de ações destina- justificado retardamento ou omissão, culposos ou dolosos.
das a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
ou degradante e difundir formas não violentas de educa- Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a in-
ção de crianças e de adolescentes, tendo como principais formação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e
ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar
I - a promoção de campanhas educativas permanentes de pessoa em desenvolvimento.
para a divulgação do direito da criança e do adolescente de Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem
serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou da prevenção especial outras decorrentes dos princípios
de tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de por ela adotados.
proteção aos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.010, Art. 73. A inobservância das normas de prevenção im-
de 2014) portará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica,
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, nos termos desta Lei.
do Ministério Público e da Defensoria Pública, com o Con-
selho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e Capítulo II
do Adolescente e com as entidades não governamentais Da Prevenção Especial
que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos Seção I
da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões
de 2014) e Espetáculos
III - a formação continuada e a capacitação dos profis-
sionais de saúde, educação e assistência social e dos de- Art. 74. O poder público, através do órgão competen-
mais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa te, regulará as diversões e espetáculos públicos, informan-
dos direitos da criança e do adolescente para o desenvolvi- do sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se
mento das competências necessárias à prevenção, à iden- recomendem, locais e horários em que sua apresentação
tificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento se mostre inadequada.
de todas as formas de violência contra a criança e o adoles- Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e es-
cente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) petáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil
IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pací- acesso, à entrada do local de exibição, informação destaca-
fica de conflitos que envolvam violência contra a criança e da sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária especifi-
o adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) cada no certificado de classificação.
V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às di-
visem a garantir os direitos da criança e do adolescente, versões e espetáculos públicos classificados como adequa-
desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e dos à sua faixa etária.
responsáveis com o objetivo de promover a informação, a Parágrafo único. As crianças menores de dez anos so-
reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso mente poderão ingressar e permanecer nos locais de apre-
de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no sentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou
processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) responsável.
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente
a articulação de ações e a elaboração de planos de atua- exibirão, no horário recomendado para o público infanto
ção conjunta focados nas famílias em situação de violência, juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas,
com participação de profissionais de saúde, de assistência culturais e informativas.
social e de educação e de órgãos de promoção, proteção Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresenta-
e defesa dos direitos da criança e do adolescente. (Incluído do ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de
pela Lei nº 13.010, de 2014) sua transmissão, apresentação ou exibição.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcio- 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro
nários de empresas que explorem a venda ou aluguel de grau, comprovado documentalmente o parentesco;
fitas de programação em vídeo cuidarão para que não haja 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo
venda ou locação em desacordo com a classificação atri- pai, mãe ou responsável.
buída pelo órgão competente. § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo de- ou responsável, conceder autorização válida por dois anos.
verão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza da Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a auto-
obra e a faixa etária a que se destinam. rização é dispensável, se a criança ou adolescente:
Art. 78. As revistas e publicações contendo material I - estiver acompanhado de ambos os pais ou respon-
impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes deve- sável;
rão ser comercializadas em embalagem lacrada, com a ad- II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado ex-
pressamente pelo outro através de documento com firma
vertência de seu conteúdo.
reconhecida.
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as ca-
Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial,
pas que contenham mensagens pornográficas ou obscenas nenhuma criança ou adolescente nascido em território na-
sejam protegidas com embalagem opaca. cional poderá sair do País em companhia de estrangeiro
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público residente ou domiciliado no exterior.
infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias,
legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, taba- Parte Especial
co, armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos Título I
e sociais da pessoa e da família. Da Política de Atendimento
Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que ex- Capítulo I
plorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por Disposições Gerais
casas de jogos, assim entendidas as que realizem apostas,
ainda que eventualmente, cuidarão para que não seja per- Art. 86. A política de atendimento dos direitos da crian-
mitida a entrada e a permanência de crianças e adolescen- ça e do adolescente far-se-á através de um conjunto articu-
tes no local, afixando aviso para orientação do público. lado de ações governamentais e não-governamentais, da
União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
Seção II Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
Dos Produtos e Serviços (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
I - políticas sociais básicas;
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assis-
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente
tência social de garantia de proteção social e de prevenção
de: e redução de violações de direitos, seus agravamentos ou
I - armas, munições e explosivos; reincidências; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
II - bebidas alcoólicas; III - serviços especiais de prevenção e atendimento
III - produtos cujos componentes possam causar de- médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tra-
pendência física ou psíquica ainda que por utilização in- tos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
devida; IV - serviço de identificação e localização de pais, res-
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles ponsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de pro- V - proteção jurídico-social por entidades de defesa
vocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida; dos direitos da criança e do adolescente.
V - revistas e publicações a que alude o art. 78; VI - políticas e programas destinados a prevenir ou
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou ado- garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar
lescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento con- de crianças e adolescentes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
gênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou 2009) Vigência
responsável. VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob for-
ma de guarda de crianças e adolescentes afastados do
convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial,
Seção III
de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades
Da Autorização para Viajar
específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de
irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou res- I - municipalização do atendimento;
ponsável, sem expressa autorização judicial. II - criação de conselhos municipais, estaduais e na-
§ 1º A autorização não será exigida quando: cional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos de-
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da liberativos e controladores das ações em todos os níveis,
criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na assegurada a participação popular paritária por meio de
mesma região metropolitana; organizações representativas, segundo leis federal, esta-
b) a criança estiver acompanhada: duais e municipais;

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

III - criação e manutenção de programas específicos, VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº
observada a descentralização político-administrativa; 12.594, de 2012) (Vide)
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e mu- VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº 12.594,
nicipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos de 2012) (Vide)
da criança e do adolescente; VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, (Vide)
Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e Assis- § 1o As entidades governamentais e não governamen-
tência Social, preferencialmente em um mesmo local, para tais deverão proceder à inscrição de seus programas, es-
efeito de agilização do atendimento inicial a adolescente a pecificando os regimes de atendimento, na forma definida
quem se atribua autoria de ato infracional; neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Crian-
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, ça e do Adolescente, o qual manterá registro das inscrições
Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encar- e de suas alterações, do que fará comunicação ao Conse-
regados da execução das políticas sociais básicas e de as- lho Tutelar e à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº
sistência social, para efeito de agilização do atendimento 12.010, de 2009) Vigência
de crianças e de adolescentes inseridos em programas de § 2o Os recursos destinados à implementação e ma-
acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rá- nutenção dos programas relacionados neste artigo serão
pida reintegração à família de origem ou, se tal solução previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos públicos
encarregados das áreas de Educação, Saúde e Assistência
se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em
Social, dentre outros, observando-se o princípio da priori-
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas
dade absoluta à criança e ao adolescente preconizado pelo
no art. 28 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
caput do  art. 227 da Constituição Federal e pelo caput e
2009) Vigência parágrafo único do art. 4o  desta Lei. (Incluído pela Lei nº
VII - mobilização da opinião pública para a indispen- 12.010, de 2009) Vigência
sável participação dos diversos segmentos da sociedade. § 3o Os programas em execução serão reavaliados pelo
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adoles-
VIII - especialização e formação continuada dos pro- cente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se
fissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à critérios para renovação da autorização de funcionamento:
primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direi- (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tos da criança e sobre desenvolvimento infantil; (Incluído I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei,
pela Lei nº 13.257, de 2016) bem como às resoluções relativas à modalidade de aten-
IX - formação profissional com abrangência dos di- dimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos
versos direitos da criança e do adolescente que favoreça a da Criança e do Adolescente, em todos os níveis; (Incluído
intersetorialidade no atendimento da criança e do adoles- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cente e seu desenvolvimento integral; (Incluído pela Lei nº II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido,
13.257, de 2016) atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e
X - realização e divulgação de pesquisas sobre desen- pela Justiça da Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº
volvimento infantil e sobre prevenção da violência. (Incluí- 12.010, de 2009) Vigência
do pela Lei nº 13.257, de 2016) III - em se tratando de programas de acolhimento
Art. 89. A função de membro do conselho nacional e institucional ou familiar, serão considerados os índices de
dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da crian- sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família
ça e do adolescente é considerada de interesse público re- substituta, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
levante e não será remunerada. 2009) Vigência
Art. 91. As entidades não-governamentais somente
Capítulo II poderão funcionar depois de registradas no Conselho Mu-
Das Entidades de Atendimento nicipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual
comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade
Seção I
judiciária da respectiva localidade.
Disposições Gerais
§ 1o Será negado o registro à entidade que: (Incluído
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 90. As entidades de atendimento são responsá- a) não ofereça instalações físicas em condições ade-
veis pela manutenção das próprias unidades, assim como quadas de habitabilidade, higiene, salubridade e seguran-
pelo planejamento e execução de programas de proteção ça;
e socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em b) não apresente plano de trabalho compatível com os
regime de: princípios desta Lei;
I - orientação e apoio sócio-familiar; c) esteja irregularmente constituída;
II - apoio socioeducativo em meio aberto; d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
III - colocação familiar; e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e
IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei deliberações relativas à modalidade de atendimento pres-
nº 12.010, de 2009) igência tado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e
V - prestação de serviços à comunidade; (Redação do Adolescente, em todos os níveis. (Incluída pela Lei nº
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 12.010, de 2009) Vigência

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 2o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, § 6o O descumprimento das disposições desta Lei
cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e pelo dirigente de entidade que desenvolva programas de
do Adolescente, periodicamente, reavaliar o cabimento de acolhimento familiar ou institucional é causa de sua desti-
sua renovação, observado o disposto no § 1odeste artigo. tuição, sem prejuízo da apuração de sua responsabilidade
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência administrativa, civil e criminal. (Incluído pela Lei nº 12.010,
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de de 2009) Vigência
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os se- § 7o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três)
guintes princípios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial aten-
2009) Vigência ção à atuação de educadores de referência estáveis e qua-
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da litativamente significativos, às rotinas específicas e ao aten-
reintegração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de dimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto
2009) Vigência como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
II - integração em família substituta, quando esgota- Art. 93. As entidades que mantenham programa de
dos os recursos de manutenção na família natural ou ex- acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional
tensa; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia
III - atendimento personalizado e em pequenos gru- determinação da autoridade competente, fazendo comu-
pos; nicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co- da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.
-educação; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
V - não desmembramento de grupos de irmãos; Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autorida-
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para de judiciária, ouvido o Ministério Público e se necessário
outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; com o apoio do Conselho Tutelar local, tomará as medidas
VII - participação na vida da comunidade local; necessárias para promover a imediata reintegração familiar
VIII - preparação gradativa para o desligamento; da criança ou do adolescente ou, se por qualquer razão
IX - participação de pessoas da comunidade no pro- não for isso possível ou recomendável, para seu encami-
nhamento a programa de acolhimento familiar, institucio-
cesso educativo.
nal ou a família substituta, observado o disposto no § 2o do
§ 1o O dirigente de entidade que desenvolve progra-
art. 101 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
ma de acolhimento institucional é equiparado ao guardião,
Vigência
para todos os efeitos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010,
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de
de 2009) Vigência
internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
§ 2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem pro-
I - observar os direitos e garantias de que são titulares
gramas de acolhimento familiar ou institucional remeterão
os adolescentes;
à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses,
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido
relatório circunstanciado acerca da situação de cada crian- objeto de restrição na decisão de internação;
ça ou adolescente acolhido e sua família, para fins da rea- III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas
valiação prevista no § 1o do art. 19 desta Lei. (Incluído pela unidades e grupos reduzidos;
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de res-
§ 3o Os entes federados, por intermédio dos Poderes peito e dignidade ao adolescente;
Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a per- V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da
manente qualificação dos profissionais que atuam direta preservação dos vínculos familiares;
ou indiretamente em programas de acolhimento institucio- VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente,
nal e destinados à colocação familiar de crianças e adoles- os casos em que se mostre inviável ou impossível o reata-
centes, incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério mento dos vínculos familiares;
Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de VII - oferecer instalações físicas em condições adequa-
2009) Vigência das de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e
§ 4o Salvo determinação em contrário da autorida- os objetos necessários à higiene pessoal;
de judiciária competente, as entidades que desenvolvem VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e
programas de acolhimento familiar ou institucional, se ne- adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos;
cessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odonto-
de assistência social, estimularão o contato da criança ou lógicos e farmacêuticos;
adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao X - propiciar escolarização e profissionalização;
disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. (Incluído XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência XII - propiciar assistência religiosa àqueles que deseja-
§ 5o As entidades que desenvolvem programas de aco- rem, de acordo com suas crenças;
lhimento familiar ou institucional somente poderão rece- XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
ber recursos públicos se comprovado o atendimento dos XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com interva-
princípios, exigências e finalidades desta Lei. (Incluído pela lo máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência autoridade competente;

28
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

XV - informar, periodicamente, o adolescente interna- ao Ministério Público ou representado perante autoridade


do sobre sua situação processual; judiciária competente para as providências cabíveis, inclu-
XVI - comunicar às autoridades competentes todos sive suspensão das atividades ou dissolução da entidade.
os casos de adolescentes portadores de moléstias infecto- (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
-contagiosas; § 2o As pessoas jurídicas de direito público e as organi-
XVII - fornecer comprovante de depósito dos perten- zações não governamentais responderão pelos danos que
ces dos adolescentes; seus agentes causarem às crianças e aos adolescentes, ca-
XVIII - manter programas destinados ao apoio e acom- racterizado o descumprimento dos princípios norteadores
panhamento de egressos; das atividades de proteção específica. (Redação dada pela
XIX - providenciar os documentos necessários ao exer- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cício da cidadania àqueles que não os tiverem;
Título II
XX - manter arquivo de anotações onde constem data
Das Medidas de Proteção
e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente,
Capítulo I
seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, Disposições Gerais
acompanhamento da sua formação, relação de seus per-
tences e demais dados que possibilitem sua identificação e Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adoles-
a individualização do atendimento. cente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos
§ 1o Aplicam-se, no que couber, as obrigações cons- nesta Lei forem ameaçados ou violados:
tantes deste artigo às entidades que mantêm programas I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
de acolhimento institucional e familiar. (Redação dada pela II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou respon-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência sável;
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este III - em razão de sua conduta.
artigo as entidades utilizarão preferencialmente os recur-
sos da comunidade. Capítulo II
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abri- Das Medidas Específicas de Proteção
guem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda que
em caráter temporário, devem ter, em seus quadros, pro- Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão
fissionais capacitados a reconhecer e reportar ao Conselho ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como subs-
Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus-tratos. (Incluído tituídas a qualquer tempo.
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em
pela Lei nº 13.046, de 2014)
conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas
que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e co-
Seção II munitários.
Da Fiscalização das Entidades Parágrafo único. São também princípios que regem
a aplicação das medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Art. 95. As entidades governamentais e não-governa- 2009) Vigência
mentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judi- I - condição da criança e do adolescente como su-
ciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares. jeitos de direitos: crianças e adolescentes são os titulares
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de con- dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na
tas serão apresentados ao estado ou ao município, confor- Constituição Federal; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
me a origem das dotações orçamentárias. Vigência
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendi- II - proteção integral e prioritária: a interpretação e
mento que descumprirem obrigação constante do art. 94, aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve
sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de
dirigentes ou prepostos: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vi- que crianças e adolescentes são titulares; (Incluído pela Lei
gência nº 12.010, de 2009) Vigência
I - às entidades governamentais: III - responsabilidade primária e solidária do poder pú-
blico: a plena efetivação dos direitos assegurados a crianças
a) advertência;
e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal,
b) afastamento provisório de seus dirigentes;
salvo nos casos por esta expressamente ressalvados, é de
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento
II - às entidades não-governamentais: e da possibilidade da execução de programas por entida-
a) advertência; des não governamentais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas pú- 2009) Vigência
blicas; IV - interesse superior da criança e do adolescente:
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; a intervenção deve atender prioritariamente aos interes-
d) cassação do registro. ses e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da
§ 1o Em caso de reiteradas infrações cometidas por consideração que for devida a outros interesses legítimos
entidades de atendimento, que coloquem em risco os di- no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso
reitos assegurados nesta Lei, deverá ser o fato comunicado concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

29
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei
da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito nº 12.010, de 2009) Vigência
pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida pri- VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
vada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VI - intervenção precoce: a intervenção das autorida- IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei
des competentes deve ser efetuada logo que a situação nº 12.010, de 2009) Vigência
de perigo seja conhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de § 1o O acolhimento institucional e o acolhimento fa-
2009) Vigência miliar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exer- como forma de transição para reintegração familiar ou, não
cida exclusivamente pelas autoridades e instituições cuja sendo esta possível, para colocação em família substituta,
ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à não implicando privação de liberdade. (Incluído pela Lei nº
proteção da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 2o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e
deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em
das providências a que alude o art. 130 desta Lei, o afasta-
que a criança ou o adolescente se encontram no momento
mento da criança ou adolescente do convívio familiar é de
em que a decisão é tomada; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
competência exclusiva da autoridade judiciária e importará
2009) Vigência
na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser
efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres tenha legítimo interesse, de procedimento judicial conten-
para com a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº cioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o
12.010, de 2009) Vigência exercício do contraditório e da ampla defesa. (Incluído pela
X - prevalência da família: na promoção de direitos Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
e na proteção da criança e do adolescente deve ser dada § 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser
prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem encaminhados às instituições que executam programas
na sua família natural ou extensa ou, se isto não for possí- de acolhimento institucional, governamentais ou não, por
vel, que promovam a sua integração em família substituta; meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autori-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento I - sua identificação e a qualificação completa de seus
e capacidade de compreensão, seus pais ou responsável pais ou de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela
devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
determinaram a intervenção e da forma como esta se pro- II - o endereço de residência dos pais ou do responsá-
cessa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência vel, com pontos de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010,
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o de 2009) Vigência
adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados
responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os em tê-los sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a par- 2009) Vigência
ticipar nos atos e na definição da medida de promoção dos IV - os motivos da retirada ou da não reintegração
direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente ao convívio familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
considerada pela autoridade judiciária competente, obser- Vigência
vado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. (Incluído § 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas
acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano
no art. 98, a autoridade competente poderá determinar,
individual de atendimento, visando à reintegração familiar,
dentre outras, as seguintes medidas:
ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada
I - encaminhamento aos pais ou responsável, median-
te termo de responsabilidade; em contrário de autoridade judiciária competente, caso em
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; que também deverá contemplar sua colocação em família
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabeleci- substituta, observadas as regras e princípios desta Lei. (In-
mento oficial de ensino fundamental; cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou co- § 5o O plano individual será elaborado sob a respon-
munitários de proteção, apoio e promoção da família, da sabilidade da equipe técnica do respectivo programa de
criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, atendimento e levará em consideração a opinião da criança
de 2016) ou do adolescente e a oitiva dos pais ou do responsável.
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; § 6o Constarão do plano individual, dentre outros: (In-
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicôma- I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído
nos; pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

30
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

II - os compromissos assumidos pelos pais ou respon- Art. 102. As medidas de proteção de que trata este
sável; e (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Capítulo serão acompanhadas da regularização do regis-
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas tro civil. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais § 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o as-
ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso sento de nascimento da criança ou adolescente será feito
seja esta vedada por expressa e fundamentada determi- à vista dos elementos disponíveis, mediante requisição da
nação judicial, as providências a serem tomadas para sua autoridade judiciária.
colocação em família substituta, sob direta supervisão da § 2º Os registros e certidões necessários à regulariza-
autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) ção de que trata este artigo são isentos de multas, custas e
Vigência emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
§ 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá § 3o Caso ainda não definida a paternidade, será de-
no local mais próximo à residência dos pais ou do respon- flagrado procedimento específico destinado à sua ave-
sável e, como parte do processo de reintegração familiar, riguação, conforme previsto pela Lei no  8.560, de 29 de
sempre que identificada a necessidade, a família de origem dezembro de 1992. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio Vigência
e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o con- § 4o Nas hipóteses previstas no § 3o  deste artigo, é
tato com a criança ou com o adolescente acolhido. (Incluí- dispensável o ajuizamento de ação de investigação
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de paternidade pelo Ministério Público se, após o não
§ 8o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir
o responsável pelo programa de acolhimento familiar ou a paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada
institucional fará imediata comunicação à autoridade judi- para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ciária, que dará vista ao Ministério Público, pelo prazo de 5 § 5o Os registros e certidões necessários à inclusão, a
(cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimen-
12.010, de 2009) Vigência to são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando
§ 9o Em sendo constatada a impossibilidade de rein- de absoluta prioridade. (Incluído dada pela Lei nº 13.257,
tegração da criança ou do adolescente à família de ori- de 2016)
gem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou § 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação
comunitários de orientação, apoio e promoção social, será requerida do reconhecimento de paternidade no assento
enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no de nascimento e a certidão correspondente. (Incluído dada
qual conste a descrição pormenorizada das providências pela Lei nº 13.257, de 2016)
tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técni-
cos da entidade ou responsáveis pela execução da política Título III
municipal de garantia do direito à convivência familiar, para Da Prática de Ato Infracional
a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou Capítulo I
guarda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Disposições Gerais
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá
o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta des-
destituição do poder familiar, salvo se entender necessária crita como crime ou contravenção penal.
a realização de estudos complementares ou outras provi- Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de
dências que entender indispensáveis ao ajuizamento da dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
demanda. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comar- considerada a idade do adolescente à data do fato.
ca ou foro regional, um cadastro contendo informações Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança cor-
atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de responderão as medidas previstas no art. 101.
acolhimento familiar e institucional sob sua responsabili-
dade, com informações pormenorizadas sobre a situação Capítulo II
jurídica de cada um, bem como as providências tomadas Dos Direitos Individuais
para sua reintegração familiar ou colocação em família
substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua li-
28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência berdade senão em flagrante de ato infracional ou por or-
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o dem escrita e fundamentada da autoridade judiciária com-
Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os petente.
Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adoles- Parágrafo único. O adolescente tem direito à identifi-
cente e da Assistência Social, aos quais incumbe deliberar cação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser
sobre a implementação de políticas públicas que permitam informado acerca de seus direitos.
reduzir o número de crianças e adolescentes afastados do Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o lo-
convívio familiar e abreviar o período de permanência em cal onde se encontra recolhido serão incontinenti comu-
programa de acolhimento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de nicados à autoridade judiciária competente e à família do
2009) Vigência apreendido ou à pessoa por ele indicada.

31
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena Art. 114. A imposição das medidas previstas nos in-
de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata. cisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser suficientes da autoria e da materialidade da infração, res-
determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias. salvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada
basear-se em indícios suficientes de autoria e materialida- sempre que houver prova da materialidade e indícios su-
de, demonstrada a necessidade imperiosa da medida. ficientes da autoria.
Art. 109. O adolescente civilmente identificado não
Seção II
será submetido a identificação compulsória pelos órgãos Da Advertência
policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de con-
frontação, havendo dúvida fundada. Art. 115. A advertência consistirá em admoestação
verbal, que será reduzida a termo e assinada.
Capítulo III
Das Garantias Processuais Seção III
Da Obrigação de Reparar o Dano
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua li-
berdade sem o devido processo legal. Art. 116. Em se tratando de ato infracional com re-
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre ou- flexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se
tras, as seguintes garantias: for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o
prejuízo da vítima.
infracional, mediante citação ou meio equivalente;
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade,
II - igualdade na relação processual, podendo confron-
a medida poderá ser substituída por outra adequada.
tar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas as pro-
vas necessárias à sua defesa; Seção IV
III - defesa técnica por advogado; Da Prestação de Serviços à Comunidade
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos neces-
sitados, na forma da lei; Art. 117. A prestação de serviços comunitários con-
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autorida- siste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral,
de competente; por período não excedente a seis meses, junto a entidades
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou res- assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos
ponsável em qualquer fase do procedimento. congêneres, bem como em programas comunitários ou
governamentais.
Capítulo IV Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme
as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas du-
Das Medidas Sócio-Educativas
rante jornada máxima de oito horas semanais, aos sába-
Seção I
dos, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não
Disposições Gerais prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de
trabalho.
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a au-
toridade competente poderá aplicar ao adolescente as se- Seção V
guintes medidas: Da Liberdade Assistida
I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano; Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre
III - prestação de serviços à comunidade; que se afigurar a medida mais adequada para o fim de
IV - liberdade assistida; acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
V - inserção em regime de semiliberdade; § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
VI - internação em estabelecimento educacional; acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. entidade ou programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo míni-
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em con-
mo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorro-
ta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gra- gada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
vidade da infração. orientador, o Ministério Público e o defensor.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a su-
admitida a prestação de trabalho forçado. pervisão da autoridade competente, a realização dos se-
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou defi- guintes encargos, entre outros:
ciência mental receberão tratamento individual e especiali- I - promover socialmente o adolescente e sua família,
zado, em local adequado às suas condições. fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário,
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência
99 e 100. social;

32
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

II - supervisionar a frequência e o aproveitamento es- Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entida-
colar do adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; de exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele
III - diligenciar no sentido da profissionalização do destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por cri-
adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho; térios de idade, compleição física e gravidade da infração.
IV - apresentar relatório do caso. Parágrafo único. Durante o período de internação, in-
clusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógi-
Seção VI cas.
Do Regime de Semi-liberdade Art. 124. São direitos do adolescente privado de liber-
dade, entre outros, os seguintes:
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser deter- I - entrevistar-se pessoalmente com o representante
minado desde o início, ou como forma de transição para o do Ministério Público;
meio aberto, possibilitada a realização de atividades exter- II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
nas, independentemente de autorização judicial. III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionali- IV - ser informado de sua situação processual, sempre
zação, devendo, sempre que possível, ser utilizados os re-
que solicitada;
cursos existentes na comunidade.
V - ser tratado com respeito e dignidade;
§ 2º A medida não comporta prazo determinado apli-
VI - permanecer internado na mesma localidade ou
cando-se, no que couber, as disposições relativas à inter-
naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou res-
nação.
ponsável;
Seção VII VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
Da Internação VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e as-
Art. 121. A internação constitui medida privativa da seio pessoal;
liberdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepciona- X - habitar alojamento em condições adequadas de
lidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desen- higiene e salubridade;
volvimento. XI - receber escolarização e profissionalização;
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
determinação judicial em contrário. XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua cren-
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, de- ça, e desde que assim o deseje;
vendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor
fundamentada, no máximo a cada seis meses. de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de inter- daqueles porventura depositados em poder da entidade;
nação excederá a três anos. XVI - receber, quando de sua desinternação, os docu-
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo ante- mentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
rior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regi- § 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
me de semiliberdade ou de liberdade assistida. § 2º A autoridade judiciária poderá suspender tem-
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos porariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se
de idade. existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será pre- aos interesses do adolescente.
cedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público. Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade físi-
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1o poderá
ca e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas
ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (In-
adequadas de contenção e segurança.
cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 122. A medida de internação só poderá ser apli-
Capítulo V
cada quando:
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante gra- Da Remissão
ve ameaça ou violência a pessoa;
II - por reiteração no cometimento de outras infrações Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial
graves; para apuração de ato infracional, o representante do Mi-
III - por descumprimento reiterado e injustificável da nistério Público poderá conceder a remissão, como forma
medida anteriormente imposta. de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III consequências do fato, ao contexto social, bem como à
deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, de- personalidade do adolescente e sua maior ou menor parti-
vendo ser decretada judicialmente após o devido processo cipação no ato infracional.
legal. (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, da remissão pela autoridade judiciária importará na sus-
havendo outra medida adequada. pensão ou extinção do processo.

33
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 127. A remissão não implica necessariamente o pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos
reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, per-
nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo in- mitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de es-
cluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas colha. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
previstas em lei, exceto a colocação em regime de semili- Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho
berdade e a internação. Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos:
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão po- I - reconhecida idoneidade moral;
derá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante II - idade superior a vinte e um anos;
pedido expresso do adolescente ou de seu representante III - residir no município.
legal, ou do Ministério Público. Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local,
dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclu-
Título IV sive quanto à remuneração dos respectivos membros, aos
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável quais é assegurado o direito a: (Redação dada pela Lei nº
12.696, de 2012)
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou respon- I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696,
sável: de 2012)
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de
comunitários de proteção, apoio e promoção da família; 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído
(Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) pela Lei nº 12.696, de 2012)
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696,
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicôma- de 2012)
nos; IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696,
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psi- de 2012)
quiátrico; V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696,
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orien- de 2012)
tação; Parágrafo único. Constará da lei orçamentária munici-
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acom- pal e da do Distrito Federal previsão dos recursos neces-
panhar sua frequência e aproveitamento escolar; sários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remune-
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente ração e formação continuada dos conselheiros tutelares.
a tratamento especializado; (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
VII - advertência; Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro
VIII - perda da guarda; constituirá serviço público relevante e estabelecerá pre-
IX - destituição da tutela; sunção de idoneidade moral. (Redação dada pela Lei nº
X - suspensão ou destituição do  poder familiar. (Ex- 12.696, de 2012)
pressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas Capítulo II
nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto Das Atribuições do Conselho
nos arts. 23 e 24.
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opres- Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
são ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses
a autoridade judiciária poderá determinar, como medida previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas
cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. no art. 101, I a VII;
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a II - atender e aconselhar os pais ou responsável, apli-
fixação provisória dos alimentos de que necessitem a crian- cando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
ça ou o adolescente dependentes do agressor. (Incluído III - promover a execução de suas decisões, podendo
pela Lei nº 12.415, de 2011) para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, edu-
Título V cação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
Do Conselho Tutelar b) representar junto à autoridade judiciária nos casos
Capítulo I de descumprimento injustificado de suas deliberações.
Disposições Gerais IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato
que constitua infração administrativa ou penal contra os
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e au- direitos da criança ou adolescente;
tônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do ado- competência;
lescente, definidos nesta Lei. VI - providenciar a medida estabelecida pela autorida-
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Ad- de judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para
ministrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) o adolescente autor de ato infracional;
Conselho Tutelar como órgão integrante da administração VII - expedir notificações;

34
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de Capítulo V


criança ou adolescente quando necessário; Dos Impedimentos
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração
da proposta orçamentária para planos e programas de Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conse-
atendimento dos direitos da criança e do adolescente; lho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e
X - representar, em nome da pessoa e da família, con- genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e
tra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
II, da Constituição Federal; Parágrafo único. Estende-se o impedimento do con-
XI - representar ao Ministério Público para efeito das selheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade
ações de perda ou suspensão do poder familiar, após es- judiciária e ao representante do Ministério Público com
gotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício
adolescente junto à família natural. (Redação dada pela Lei na comarca, foro regional ou distrital.
nº 12.010, de 2009) Vigência
Título VI
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos gru-
Do Acesso à Justiça
pos profissionais, ações de divulgação e treinamento para
Capítulo I
o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em crianças
Disposições Gerais
e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou ado-
o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do lescente à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao
convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Minis- Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos.
tério Público, prestando-lhe informações sobre os moti- § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos
vos de tal entendimento e as providências tomadas para a que dela necessitarem, através de defensor público ou ad-
orientação, o apoio e a promoção social da família. (Incluí- vogado nomeado.
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente po- Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumen-
derão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de tos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé.
quem tenha legítimo interesse. Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão repre-
sentados e os maiores de dezesseis e menores de vinte e
Capítulo III um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na
Da Competência forma da legislação civil ou processual.
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses
competência constante do art. 147. destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou
quando carecer de representação ou assistência legal ainda
Capítulo IV que eventual.
Da Escolha dos Conselheiros Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, poli-
ciais e administrativos que digam respeito a crianças e ado-
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do lescentes a que se atribua autoria de ato infracional.
Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e rea- Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato
lizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal dos não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-
Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização do -se fotografia, referência a nome, apelido, filiação, paren-
tesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome.
Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 8.242, de
(Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
12.10.1991)
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a
§ 1o O processo de escolha dos membros do Conselho
que se refere o artigo anterior somente será deferida pela
Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o território na-
autoridade judiciária competente, se demonstrado o inte-
cional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro domingo do mês resse e justificada a finalidade.
de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial.
(Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Capítulo II
§ 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia Da Justiça da Infância e da Juventude
10 de janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. Seção I
(Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Disposições Gerais
§ 3o No processo de escolha dos membros do Conse-
lho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar
ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qual- varas especializadas e exclusivas da infância e da juventude,
quer natureza, inclusive brindes de pequeno valor. (Incluído cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionali-
pela Lei nº 12.696, de 2012) dade por número de habitantes, dotá-las de infraestrutura
e dispor sobre o atendimento, inclusive em plantões.

35
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Seção II f) designar curador especial em casos de apresentação


Do Juiz de queixa ou representação, ou de outros procedimentos
judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz ou adolescente;
da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa fun- g) conhecer de ações de alimentos;
ção, na forma da lei de organização judiciária local. h) determinar o cancelamento, a retificação e o supri-
Art. 147. A competência será determinada: mento dos registros de nascimento e óbito.
I - pelo domicílio dos pais ou responsável; Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar,
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adoles- através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
cente, à falta dos pais ou responsável. I - a entrada e permanência de criança ou adolescente,
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a desacompanhado dos pais ou responsável, em:
autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as a) estádio, ginásio e campo desportivo;
regras de conexão, continência e prevenção. b) bailes ou promoções dançantes;
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à c) boate ou congêneres;
autoridade competente da residência dos pais ou respon- d) casa que explore comercialmente diversões eletrô-
sável, ou do local onde sediar-se a entidade que abrigar a nicas;
criança ou adolescente. e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e tele-
§ 3º Em caso de infração cometida através de trans- visão.
missão simultânea de rádio ou televisão, que atinja mais II - a participação de criança e adolescente em:
de uma comarca, será competente, para aplicação da pe- a) espetáculos públicos e seus ensaios;
nalidade, a autoridade judiciária do local da sede estadual b) certames de beleza.
da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia para todas § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade
as transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado. judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é com- a) os princípios desta Lei;
b) as peculiaridades locais;
petente para:
c) a existência de instalações adequadas;
I - conhecer de representações promovidas pelo Mi-
d) o tipo de frequência habitual ao local;
nistério Público, para apuração de ato infracional atribuído
e) a adequação do ambiente a eventual participação
a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
ou frequência de crianças e adolescentes;
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou
f) a natureza do espetáculo.
extinção do processo;
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste ar-
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
tigo deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses
determinações de caráter geral.
individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao ado-
lescente, observado o disposto no art. 209; Seção III
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades Dos Serviços Auxiliares
em entidades de atendimento, aplicando as medidas ca-
bíveis; Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de sua proposta orçamentária, prever recursos para manuten-
infrações contra norma de proteção à criança ou adoles- ção de equipe interprofissional, destinada a assessorar a
cente; Justiça da Infância e da Juventude.
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre
Tutelar, aplicando as medidas cabíveis. outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou ado- local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou
lescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver tra-
Justiça da Infância e da Juventude para o fim de: balhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento,
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à
b) conhecer de ações de destituição do  poder fami- autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do
liar, perda ou modificação da tutela ou guarda; (Expressão ponto de vista técnico.
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o ca- Capítulo III
samento; Dos Procedimentos
d) conhecer de pedidos baseados em discordância Seção I
paterna ou materna, em relação ao exercício do poder fa- Disposições Gerais
miliar; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei apli-
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, cam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na le-
quando faltarem os pais; gislação processual pertinente.

36
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Parágrafo único. É assegurada, sob pena de respon- Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
sabilidade, prioridade absoluta na tramitação dos proces- liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no momen-
sos e procedimentos previstos nesta Lei, assim como na to da citação pessoal, se deseja que lhe seja nomeado de-
execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes. fensor. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária re-
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não cor- quisitará de qualquer repartição ou órgão público a apre-
responder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, sentação de documento que interesse à causa, de ofício ou
a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e ordenar a requerimento das partes ou do Ministério Público.
de ofício as providências necessárias, ouvido o Ministério Art. 161. Não sendo contestado o pedido, a autorida-
Público. de judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo
para o fim de afastamento da criança ou do adolescente de em igual prazo.
sua família de origem e em outros procedimentos neces- § 1o A autoridade judiciária, de ofício ou a requeri-
sariamente contenciosos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de mento das partes ou do Ministério Público, determinará a
2009) Vigência realização de estudo social ou perícia por equipe interpro-
fissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de teste-
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
munhas que comprovem a presença de uma das causas de
suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos
Seção II
arts. 1.637 e 1.638 da Lei no  10.406, de 10 de janeiro de
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar
2002 - Código Civil, ou no art. 24 desta Lei. (Redação dada
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cia § 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades in-
dígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equi-
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão pe profissional ou multidisciplinar referida no § 1o  deste
do poder familiar terá início por provocação do Ministério artigo, de representantes do órgão federal responsável
Público ou de quem tenha legítimo interesse. (Expressão pela política indigenista, observado o disposto no § 6o do
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 156. A petição inicial indicará: Vigência
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; § 3o Se o pedido importar em modificação de guarda,
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da
do requerente e do requerido, dispensada a qualificação criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desen-
em se tratando de pedido formulado por representante do volvimento e grau de compreensão sobre as implicações
Ministério Público; da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - a exposição sumária do fato e o pedido; § 4o É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, des- forem identificados e estiverem em local conhecido. (In-
de logo, o rol de testemunhas e documentos. cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade § 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade,
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspen- a autoridade judicial requisitará sua apresentação para a
são do  poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o oitiva. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou ado- Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judi-
lescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de res- ciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco
ponsabilidade. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de dias, salvo quando este for o requerente, designando, des-
2009) Vigência de logo, audiência de instrução e julgamento.
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez § 1º A requerimento de qualquer das partes, do Minis-
tério Público, ou de ofício, a autoridade judiciária poderá
dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem
determinar a realização de estudo social ou, se possível, de
produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas
perícia por equipe interprofissional.
e documentos.
§ 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério
§ 1o  A citação será pessoal, salvo se esgotados todos
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oral-
os meios para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, mente o parecer técnico, salvo quando apresentado por
de 2014) escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o
§ 2o O requerido privado de liberdade deverá ser citado requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte mi-
pessoalmente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) nutos cada um, prorrogável por mais dez. A decisão será
Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária,
constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo
de sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja máximo de cinco dias.
nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de res- Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedi-
posta, contando-se o prazo a partir da intimação do des- mento será de 120 (cento e vinte) dias. (Redação dada pela
pacho de nomeação. Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou § 5o O consentimento é retratável até a data da publi-
a suspensão do poder familiar será averbada à margem do cação da sentença constitutiva da adoção. (Incluído pela
registro de nascimento da criança ou do adolescente. (In- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 6o O consentimento somente terá valor se for dado
após o nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010,
Seção III de 2009) Vigência
Da Destituição da Tutela § 7o A família substituta receberá a devida orientação
por intermédio de equipe técnica interprofissional a serviço
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o pro- do Poder Judiciário, preferencialmente com apoio dos téc-
cedimento para a remoção de tutor previsto na lei proces- nicos responsáveis pela execução da política municipal de
sual civil e, no que couber, o disposto na seção anterior. garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei
nº 12.010, de 2009) Vigência
Seção IV Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a reque-
Da Colocação em Família Substituta rimento das partes ou do Ministério Público, determinará
a realização de estudo social ou, se possível, perícia por
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos
equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão de
de colocação em família substituta:
guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o
I - qualificação completa do requerente e de seu even-
estágio de convivência.
tual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência des-
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda pro-
te;
visória ou do estágio de convivência, a criança ou o ado-
II - indicação de eventual parentesco do requerente e
lescente será entregue ao interessado, mediante termo de
de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adoles-
responsabilidade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
cente, especificando se tem ou não parente vivo;
gência
III - qualificação completa da criança ou adolescente e
de seus pais, se conhecidos; Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pe-
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, ricial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adoles-
anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; cente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em
rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. igual prazo.
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar- Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tu-
-se-ão também os requisitos específicos. tela, a perda ou a suspensão do  poder familiar  constituir
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido des- pressuposto lógico da medida principal de colocação em
tituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem família substituta, será observado o procedimento contra-
aderido expressamente ao pedido de colocação em famí- ditório previsto nas Seções II e III deste Capítulo. (Expressão
lia substituta, este poderá ser formulado diretamente em substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda
dispensada a assistência de advogado. (Redação dada pela poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento,
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência observado o disposto no art. 35.
§ 1o Na hipótese de concordância dos pais, esses serão Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-
ouvidos pela autoridade judiciária e pelo representante do -á o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no
Ministério Público, tomando-se por termo as declarações. art. 47.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescen-
§ 2o O consentimento dos titulares do poder familiar te sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhi-
será precedido de orientações e esclarecimentos prestados mento familiar será comunicada pela autoridade judiciária
pela equipe interprofissional da Justiça da Infância e da Ju- à entidade por este responsável no prazo máximo de 5
ventude, em especial, no caso de adoção, sobre a irrevoga- (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
bilidade da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência Seção V
§ 3o O consentimento dos titulares do poder familiar Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Ado-
será colhido pela autoridade judiciária competente em lescente
audiência, presente o Ministério Público, garantida a livre
manifestação de vontade e esgotados os esforços para ma- Art. 171. O adolescente apreendido por força de or-
nutenção da criança ou do adolescente na família natural dem judicial será, desde logo, encaminhado à autoridade
ou extensa. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência judiciária.
§ 4o O consentimento prestado por escrito não terá Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de
validade se não for ratificado na audiência a que se refere ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade
o § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) policial competente.
Vigência

38
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Parágrafo único. Havendo repartição policial especiali- Art. 179. Apresentado o adolescente, o representan-
zada para atendimento de adolescente e em se tratando de te do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto
ato infracional praticado em coautoria com maior, prevale- de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório policial,
cerá a atribuição da repartição especializada, que, após as devidamente autuados pelo cartório judicial e com infor-
providências necessárias e conforme o caso, encaminhará mação sobre os antecedentes do adolescente, procederá
o adulto à repartição policial própria. imediata e informalmente à sua oitiva e, em sendo possível,
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional co- de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas.
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o re-
metido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a
presentante do Ministério Público notificará os pais ou
autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106,
responsável para apresentação do adolescente, podendo
parágrafo único, e 107, deverá: requisitar o concurso das polícias civil e militar.
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas Art. 180. Adotadas as providências a que alude o arti-
e o adolescente; go anterior, o representante do Ministério Público poderá:
II - apreender o produto e os instrumentos da infração; I - promover o arquivamento dos autos;
III - requisitar os exames ou perícias necessários à II - conceder a remissão;
comprovação da materialidade e autoria da infração. III - representar à autoridade judiciária para aplicação
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, de medida socioeducativa.
a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou con-
ocorrência circunstanciada. cedida a remissão pelo representante do Ministério Públi-
co, mediante termo fundamentado, que conterá o resumo
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou respon-
dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade judiciária
sável, o adolescente será prontamente liberado pela auto- para homologação.
ridade policial, sob termo de compromisso e responsabili- § 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a
dade de sua apresentação ao representante do Ministério autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o cum-
Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro primento da medida.
dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato § 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa
infracional e sua repercussão social, deva o adolescente dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante des-
permanecer sob internação para garantia de sua segurança pacho fundamentado, e este oferecerá representação, de-
pessoal ou manutenção da ordem pública. signará outro membro do Ministério Público para apresen-
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade poli- tá-la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só
cial encaminhará, desde logo, o adolescente ao represen- então estará a autoridade judiciária obrigada a homologar.
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do
tante do Ministério Público, juntamente com cópia do auto
Ministério Público não promover o arquivamento ou con-
de apreensão ou boletim de ocorrência. ceder a remissão, oferecerá representação à autoridade
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a au- judiciária, propondo a instauração de procedimento para
toridade policial encaminhará o adolescente à entidade de aplicação da medida socioeducativa que se afigurar a mais
atendimento, que fará a apresentação ao representante do adequada.
Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas. § 1º A representação será oferecida por petição, que
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato
atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade po- infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, po-
licial. À falta de repartição policial especializada, o adoles- dendo ser deduzida oralmente, em sessão diária instalada
cente aguardará a apresentação em dependência separada pela autoridade judiciária.
§ 2º A representação independe de prova pré-consti-
da destinada a maiores, não podendo, em qualquer hipóte-
tuída da autoria e materialidade.
se, exceder o prazo referido no parágrafo anterior. Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a con-
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade clusão do procedimento, estando o adolescente internado
policial encaminhará imediatamente ao representante do provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.
Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judi-
de ocorrência. ciária designará audiência de apresentação do adolescente,
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção
indícios de participação de adolescente na prática de ato da internação, observado o disposto no art. 108 e pará-
infracional, a autoridade policial encaminhará ao represen- grafo.
tante do Ministério Público relatório das investigações e § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão
demais documentos. cientificados do teor da representação, e notificados a
comparecer à audiência, acompanhados de advogado.
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de
§ 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a
ato infracional não poderá ser conduzido ou transportado autoridade judiciária dará curador especial ao adolescente.
em compartimento fechado de veículo policial, em condi- § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade
ções atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco judiciária expedirá mandado de busca e apreensão, deter-
à sua integridade física ou mental, sob pena de responsa- minando o sobrestamento do feito, até a efetiva apresen-
bilidade. tação.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 4º Estando o adolescente internado, será requisitada § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-
a sua apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais -se-á unicamente na pessoa do defensor.
ou responsável. § 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente,
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela au- deverá este manifestar se deseja ou não recorrer da sen-
toridade judiciária, não poderá ser cumprida em estabele- tença.
cimento prisional.
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as carac- Seção VI
terísticas definidas no art. 123, o adolescente deverá ser Da Apuração de Irregularidades em Entidade de
imediatamente transferido para a localidade mais próxima. Atendimento
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adoles-
cente aguardará sua remoção em repartição policial, desde Art. 191. O procedimento de apuração de irregulari-
que em seção isolada dos adultos e com instalações apro- dades em entidade governamental e não-governamental
priadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de cinco terá início mediante portaria da autoridade judiciária ou re-
dias, sob pena de responsabilidade. presentação do Ministério Público ou do Conselho Tutelar,
Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou onde conste, necessariamente, resumo dos fatos.
responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a au-
mesmos, podendo solicitar opinião de profissional qualifi- toridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar
cado. liminarmente o afastamento provisório do dirigente da en-
§ 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a tidade, mediante decisão fundamentada.
remissão, ouvirá o representante do Ministério Público, Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no
proferindo decisão. prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo jun-
§ 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medi- tar documentos e indicar as provas a produzir.
da de internação ou colocação em regime de semiliberda- Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo ne-
de, a autoridade judiciária, verificando que o adolescente cessário, a autoridade judiciária designará audiência de ins-
não possui advogado constituído, nomeará defensor, de- trução e julgamento, intimando as partes.
signando, desde logo, audiência em continuação, podendo § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o
determinar a realização de diligências e estudo do caso. Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações
§ 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo.
no prazo de três dias contado da audiência de apresenta- § 2º Em se tratando de afastamento provisório ou de-
ção, oferecerá defesa prévia e rol de testemunhas. finitivo de dirigente de entidade governamental, a auto-
§ 4º Na audiência em continuação, ouvidas as tes-
ridade judiciária oficiará à autoridade administrativa ime-
temunhas arroladas na representação e na defesa prévia,
diatamente superior ao afastado, marcando prazo para a
cumpridas as diligências e juntado o relatório da equipe in-
substituição.
terprofissional, será dada a palavra ao representante do Mi-
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autori-
nistério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo
dade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das irre-
de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez,
gularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o proces-
a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá
so será extinto, sem julgamento de mérito.
decisão.
Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, § 4º A multa e a advertência serão impostas ao diri-
não comparecer, injustificadamente à audiência de apre- gente da entidade ou programa de atendimento.
sentação, a autoridade judiciária designará nova data, de-
terminando sua condução coercitiva. Seção VII
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou sus- Da Apuração de Infração Administrativa às Nor-
pensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer fase mas de Proteção à Criança e ao Adolescente
do procedimento, antes da sentença.
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer Art. 194. O procedimento para imposição de penali-
medida, desde que reconheça na sentença: dade administrativa por infração às normas de proteção
I - estar provada a inexistência do fato; à criança e ao adolescente terá início por representação
II - não haver prova da existência do fato; do Ministério Público, ou do Conselho Tutelar, ou auto de
III - não constituir o fato ato infracional; infração elaborado por servidor efetivo ou voluntário cre-
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido denciado, e assinado por duas testemunhas, se possível.
para o ato infracional. § 1º No procedimento iniciado com o auto de infração,
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a
adolescente internado, será imediatamente colocado em natureza e as circunstâncias da infração.
liberdade. § 2º Sempre que possível, à verificação da infração
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso
de internação ou regime de semiliberdade será feita: contrário, dos motivos do retardamento.
I - ao adolescente e ao seu defensor; Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apre-
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus sentação de defesa, contado da data da intimação, que
pais ou responsável, sem prejuízo do defensor. será feita:

40
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for III - requerer a juntada de documentos complementa-
lavrado na presença do requerido; res e a realização de outras diligências que entender neces-
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente ha- sárias. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
bilitado, que entregará cópia do auto ou da representação Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe
ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certi- interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juven-
dão; tude, que deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo
for encontrado o requerido ou seu representante legal; dos postulantes para o exercício de uma paternidade ou
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios
não sabido o paradeiro do requerido ou de seu represen- desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tante legal. § 1o É obrigatória a participação dos postulantes em
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventu-
legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do Mi- de preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis
nistério Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo. pela execução da política municipal de garantia do direito
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária à convivência familiar, que inclua preparação psicológica,
procederá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo orientação e estímulo à adoção inter-racial, de crianças
necessário, designará audiência de instrução e julgamento. maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. (In-
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-
cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
-ão sucessivamente o Ministério Público e o procurador
§ 2o Sempre que possível e recomendável, a etapa
do requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um,
obrigatória da preparação referida no § 1o  deste artigo
prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciá-
ria, que em seguida proferirá sentença. incluirá o contato com crianças e adolescentes em regime
de acolhimento familiar ou institucional em condições de
Seção VIII serem adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência e avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção Juventude, com o apoio dos técnicos responsáveis pelo
programa de acolhimento familiar ou institucional e pela
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no execução da política municipal de garantia do direito à
Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste: (Incluído convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Vigência
I - qualificação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010, Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da parti-
de 2009) Vigência cipação no programa referido no art. 197-C desta Lei, a au-
II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de toridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
2009) Vigência decidirá acerca das diligências requeridas pelo Ministério
III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou Público e determinará a juntada do estudo psicossocial,
casamento, ou declaração relativa ao período de união es- designando, conforme o caso, audiência de instrução e jul-
tável; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência gamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Ca- Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligên-
dastro de Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de cias, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária
2009) Vigência determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo a
V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela seguir vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco)
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dias, decidindo em igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010,
VI - atestados de sanidade física e mental; (Incluído de 2009) Vigência
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será
VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído pela
inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
sua convocação para a adoção feita de acordo com ordem
VIII - certidão negativa de distribuição cível. (Incluído
cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de crianças ou adolescentes adotáveis. (Incluído pela Lei nº
Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48
(quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério 12.010, de 2009) Vigência
Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá: (Incluído § 1o A ordem cronológica das habilitações somente
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária
I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equi- nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quan-
pe interprofissional encarregada de elaborar o estudo téc- do comprovado ser essa a melhor solução no interesse do
nico a que se refere o art. 197-C desta Lei; (Incluído pela Lei adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nº 12.010, de 2009) Vigência § 2o A recusa sistemática na adoção das crianças ou
II - requerer a designação de audiência para oitiva dos adolescentes indicados importará na reavaliação da ha-
postulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº bilitação concedida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
12.010, de 2009) Vigência Vigência

41
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Capítulo IV Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da


Dos Recursos data do julgamento e poderá na sessão, se entender neces-
sário, apresentar oralmente seu parecer. (Incluído pela Lei
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da In- nº 12.010, de 2009) Vigência
fância e da Juventude, inclusive os relativos à execução Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a ins-
das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema re- tauração de procedimento para apuração de responsabili-
cursal da  Lei no  5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código dades se constatar o descumprimento das providências e
de Processo Civil), com as seguintes adaptações: (Redação do prazo previstos nos artigos anteriores. (Incluído pela Lei
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) nº 12.010, de 2009) Vigência
I - os recursos serão interpostos independentemente
Capítulo V
de preparo;
Do Ministério Público
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de de-
claração, o prazo para o Ministério Público e para a defesa
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas
será sempre de 10 (dez) dias; (Redação dada pela Lei nº nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei or-
12.594, de 2012) (Vide) gânica.
III - os recursos terão preferência de julgamento e dis- Art. 201. Compete ao Ministério Público:
pensarão revisor; I - conceder a remissão como forma de exclusão do
IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência processo;
V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II - promover e acompanhar os procedimentos relati-
VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência vos às infrações atribuídas a adolescentes;
VII - antes de determinar a remessa dos autos à supe- III - promover e acompanhar as ações de alimentos e
rior instância, no caso de apelação, ou do instrumento, no os procedimentos de suspensão e destituição do poder fa-
caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá despacho miliar, nomeação e remoção de tutores, curadores e guar-
fundamentado, mantendo ou reformando a decisão, no diães, bem como oficiar em todos os demais procedimen-
prazo de cinco dias; tos da competência da Justiça da Infância e da Juventude;
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escri- (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
vão remeterá os autos ou o instrumento à superior instân- IV - promover, de ofício ou por solicitação dos inte-
cia dentro de vinte e quatro horas, independentemente de ressados, a especialização e a inscrição de hipoteca legal e
novo pedido do recorrente; se a reformar, a remessa dos a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer
administradores de bens de crianças e adolescentes nas hi-
autos dependerá de pedido expresso da parte interessada
póteses do art. 98;
ou do Ministério Público, no prazo de cinco dias, contados
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública
da intimação. para a proteção dos interesses individuais, difusos ou cole-
Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no tivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os de-
art. 149 caberá recurso de apelação. finidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;
Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz VI - instaurar procedimentos administrativos e, para
efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será re- instruí-los:
cebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se tra- a) expedir notificações para colher depoimentos ou
tar de adoção internacional ou se houver perigo de dano esclarecimentos e, em caso de não comparecimento injus-
irreparável ou de difícil reparação ao adotando. (Incluído tificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela polí-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cia civil ou militar;
Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer b) requisitar informações, exames, perícias e docu-
dos genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que mentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da
deverá ser recebida apenas no efeito devolutivo. (Incluído administração direta ou indireta, bem como promover ins-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência peções e diligências investigatórias;
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção c) requisitar informações e documentos a particulares
e de destituição de poder familiar, em face da relevância e instituições privadas;
das questões, serão processados com prioridade absoluta, VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências inves-
tigatórias e determinar a instauração de inquérito policial,
devendo ser imediatamente distribuídos, ficando vedado
para apuração de ilícitos ou infrações às normas de prote-
que aguardem, em qualquer situação, oportuna distribui-
ção à infância e à juventude;
ção, e serão colocados em mesa para julgamento sem revi-
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias
são e com parecer urgente do Ministério Público. (Incluído legais assegurados às crianças e adolescentes, promoven-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e
mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessen- habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal,
ta) dias, contado da sua conclusão. (Incluído pela Lei nº na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis
12.010, de 2009) Vigência afetos à criança e ao adolescente;

42
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

X - representar ao juízo visando à aplicação de pena- que trata esta Lei, através de advogado, o qual será inti-
lidade por infrações cometidas contra as normas de prote- mado para todos os atos, pessoalmente ou por publicação
ção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da oficial, respeitado o segredo de justiça.
responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível; Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária in-
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares tegral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
de atendimento e os programas de que trata esta Lei, ado- Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a
tando de pronto as medidas administrativas ou judiciais prática de ato infracional, ainda que ausente ou foragido,
necessárias à remoção de irregularidades porventura ve- será processado sem defensor.
rificadas; § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo,
dos serviços médicos, hospitalares, educacionais e de as- constituir outro de sua preferência.
sistência social, públicos ou privados, para o desempenho § 2º A ausência do defensor não determinará o adia-
de suas atribuições. mento de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas do ato.
mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando
esta Lei. se tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não ex- sido indicado por ocasião de ato formal com a presença da
cluem outras, desde que compatíveis com a finalidade do autoridade judiciária.
Ministério Público. Capítulo VII
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercí- Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos
cio de suas funções, terá livre acesso a todo local onde se e Coletivos
encontre criança ou adolescente. Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações
§ 4º O representante do Ministério Público será res- de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à
ponsável pelo uso indevido das informações e documentos criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento
que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo. ou oferta irregular: (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inci- I - do ensino obrigatório;
so VIII deste artigo, poderá o representante do Ministério II - de atendimento educacional especializado aos
Público: portadores de deficiência;
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, ins- III – de atendimento em creche e pré-escola às crian-
taurando o competente procedimento, sob sua presidên- ças de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei
cia; nº 13.306, de 2016)
b) entender-se diretamente com a pessoa ou autorida- IV - de ensino noturno regular, adequado às condições
de reclamada, em dia, local e horário previamente notifica- do educando;
dos ou acertados; V - de programas suplementares de oferta de material
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos ser- didático-escolar, transporte e assistência à saúde do edu-
viços públicos e de relevância pública afetos à criança e cando do ensino fundamental;
ao adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita VI - de serviço de assistência social visando à proteção
adequação. à família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não como ao amparo às crianças e adolescentes que dele ne-
for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na cessitem;
defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hi- VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
pótese em que terá vista dos autos depois das partes, po- VIII - de escolarização e profissionalização dos adoles-
dendo juntar documentos e requerer diligências, usando centes privados de liberdade.
os recursos cabíveis. IX - de ações, serviços e programas de orientação,
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qual- apoio e promoção social de famílias e destinados ao ple-
quer caso, será feita pessoalmente. no exercício do direito à convivência familiar por crianças
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício gência
pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado. X - de programas de atendimento para a execução das
Art. 205. As manifestações processuais do represen- medidas socioeducativas e aplicação de medidas de prote-
tante do Ministério Público deverão ser fundamentadas. ção. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem
Capítulo VI da proteção judicial outros interesses individuais, difusos
Do Advogado ou coletivos, próprios da infância e da adolescência,
protegidos pela Constituição e pela Lei. (Renumerado do
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou res- Parágrafo único pela Lei nº 11.259, de 2005)
ponsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse § 2o A investigação do desaparecimento de crianças ou
na solução da lide poderão intervir nos procedimentos de adolescentes será realizada imediatamente após notificação

43
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo
aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do Adoles-
transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes cente do respectivo município.
todos os dados necessários à identificação do desaparecido. § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o
(Incluído pela Lei nº 11.259, de 2005) trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão pro- execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos
postas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para § 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o di-
processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Fe- nheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de cré-
deral e a competência originária dos tribunais superiores. dito, em conta com correção monetária.
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
coletivos ou difusos, consideram-se legitimados concor- recursos, para evitar dano irreparável à parte.
rentemente: Art. 216. Transitada em julgado a sentença que im-
I - o Ministério Público; puser condenação ao poder público, o juiz determinará a
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Fede- remessa de peças à autoridade competente, para apuração
ral e os territórios; da responsabilidade civil e administrativa do agente a que
III - as associações legalmente constituídas há pelo se atribua a ação ou omissão.
menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em jul-
a defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei, gado da sentença condenatória sem que a associação au-
dispensada a autorização da assembléia, se houver prévia tora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério
autorização estatutária. Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Mi- Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar
nistérios Públicos da União e dos estados na defesa dos ao réu os honorários advocatícios arbitrados na conformi-
interesses e direitos de que cuida esta Lei. dade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por 1973 (Código de Processo Civil), quando reconhecer que a
associação legitimada, o Ministério Público ou outro legiti- pretensão é manifestamente infundada.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a as-
mado poderá assumir a titularidade ativa.
sociação autora e os diretores responsáveis pela proposi-
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão to-
tura da ação serão solidariamente condenados ao décuplo
mar dos interessados compromisso de ajustamento de sua
das custas, sem prejuízo de responsabilidade por perdas e
conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de título
danos.
executivo extrajudicial.
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegi-
haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários
dos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações
periciais e quaisquer outras despesas.
pertinentes. Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestan-
normas do Código de Processo Civil. do-lhe informações sobre fatos que constituam objeto de
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pú- ação civil, e indicando-lhe os elementos de convicção.
blica ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribui- Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e
ções do poder público, que lesem direito líquido e certo tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ense-
previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se rege- jar a propositura de ação civil, remeterão peças ao Ministé-
rá pelas normas da lei do mandado de segurança. rio Público para as providências cabíveis.
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimen- Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado
to de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá poderá requerer às autoridades competentes as certidões
a tutela específica da obrigação ou determinará providên- e informações que julgar necessárias, que serão fornecidas
cias que assegurem o resultado prático equivalente ao do no prazo de quinze dias.
adimplemento. Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e ha- sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer
vendo justificado receio de ineficácia do provimento final, pessoa, organismo público ou particular, certidões, infor-
é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após jus- mações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual
tificação prévia, citando o réu. não poderá ser inferior a dez dias úteis.
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior § 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas
ou na sentença, impor multa diária ao réu, independente- as diligências, se convencer da inexistência de fundamento
mente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível para a propositura da ação cível, promoverá o arquivamen-
com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumpri- to dos autos do inquérito civil ou das peças informativas,
mento do preceito. fazendo-o fundamentadamente.
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em § 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de infor-
julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida mação arquivados serão remetidos, sob pena de se incorrer
desde o dia em que se houver configurado o descumpri- em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Superior
mento. do Ministério Público.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promo- Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
ção de arquivamento, em sessão do Conselho Superior apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata co-
do Ministério público, poderão as associações legitima- municação à autoridade judiciária competente e à família
das apresentar razões escritas ou documentos, que serão do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de Pena - detenção de seis meses a dois anos.
informação. Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constran-
exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério gimento:
Público, conforme dispuser o seu regimento. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997:
promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou ado-
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, lescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da
as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985.
apreensão:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Título VII
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado
Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberda-
Capítulo I
Dos Crimes de:
Seção I Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Disposições Gerais Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante
Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados do Ministério Público no exercício de função prevista nesta
contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem Lei:
prejuízo do disposto na legislação penal. Pena - detenção de seis meses a dois anos.
Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de
normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao pro- quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem
cesso, as pertinentes ao Código de Processo Penal. judicial, com o fim de colocação em lar substituto:
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
pública incondicionada Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou
pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa:
Seção II Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
Dos Crimes em Espécie Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem ofe-
rece ou efetiva a paga ou recompensa.
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o diri- Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato des-
gente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante tinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior
de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma com inobservância das formalidades legais ou com o fito
e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de for- de obter lucro:
necer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
alta médica, declaração de nascimento, onde constem as Parágrafo único. Se há emprego de violência, gra-
intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato: ve ameaça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
12.11.2003)
Parágrafo único. Se o crime é culposo:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
pena correspondente à violência.
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de iden-
tificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
do parto, bem como deixar de proceder aos exames referi- pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: (Reda-
dos no art. 10 desta Lei: ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. § 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita,
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liber- recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a partici-
dade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante pação de criança ou adolescente nas cenas referidas no ca-
de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autorida- put  deste artigo, ou ainda quem com esses contracena.
de judiciária competente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. § 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que comete o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
procede à apreensão sem observância das formalidades I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretex-
legais. to de exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coa-  III – representante legal e funcionários responsáveis de


bitação ou de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede
11.829, de 2008) de computadores, até o recebimento do material relativo à
III – prevalecendo-se de relações de parentesco con- notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou
sanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, ao Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de  § 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo deverão
quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, manter sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela
ou com seu consentimento. (Incluído pela Lei nº 11.829, Lei nº 11.829, de 2008)
de 2008)   Art. 241-C. Simular a participação de criança ou
Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica
ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou por meio de adulteração, montagem ou modificação de
pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Redação fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação
dada pela Lei nº 11.829, de 2008) visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (In-
(Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem ven-
distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive
de, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divul-
por meio de sistema de informática ou telemático, fotogra-
fia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo ex- ga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o ma-
plícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: terial produzido na forma do caput deste artigo. (Incluído
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (In-   Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger,
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei com ela praticar ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829,
nº 11.829, de 2008) de 2008)
I – assegura os meios ou serviços para o armazena-  Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (In-
mento das fotografias, cenas ou imagens de que trata o ca- cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
put deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)  Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (In-
II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
computadores às fotografias, cenas ou imagens de que   I – facilita ou induz o acesso à criança de material
trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o
2008) fim de com ela praticar ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº
  § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 11.829, de 2008)
1o  deste artigo são puníveis quando o responsável legal  II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo
pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográ-
de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata fica ou sexualmente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829,
o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) de 2008)
  Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por   Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta
qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”
que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica compreende qualquer situação que envolva criança ou
envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou
11.829, de 2008) simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança
  Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
ou adolescente para fins primordialmente sexuais (Incluído
multa. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
pela Lei nº 11.829, de 2008)
 § 1o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços)
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente
se de pequena quantidade o material a que se refere o ca-
ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente
put deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
 § 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem arma, munição ou explosivo:
a finalidade de comunicar às autoridades competentes a Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação
ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241- dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar,
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou
 I – agente público no exercício de suas funções; (Incluí- a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros
do pela Lei nº 11.829, de 2008) produtos cujos componentes possam causar dependência
 II – membro de entidade, legalmente constituída, que física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de
inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, 2015)
o processamento e o encaminhamento de notícia dos Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
crimes referidos neste parágrafo; (Incluído pela Lei nº se o fato não constitui crime mais grave. (Redação dada
11.829, de 2008) pela Lei nº 13.106, de 2015)

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou par-
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fo- cialmente, fotografia de criança ou adolescente envolvido
gos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga res-
seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qual- peito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma
quer dano físico em caso de utilização indevida: a permitir sua identificação, direta ou indiretamente.
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais ou emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista
definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a
exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) apreensão da publicação ou a suspensão da programação
Pena – reclusão de quatro a dez anos, e multa. da emissora até por dois dias, bem como da publicação do
§ 1o  Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o periódico até por dois números. (Expressão declara incons-
gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a titucional pela ADIN 869-2).
submissão de criança ou adolescente às práticas referidas Art. 248. Deixar de apresentar à autoridade judiciária
de seu domicílio, no prazo de cinco dias, com o fim de re-
no  caput  deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.975, de
gularizar a guarda, adolescente trazido de outra comarca
23.6.2000)
para a prestação de serviço doméstico, mesmo que autori-
§ 2o  Constitui efeito obrigatório da condenação a
zado pelos pais ou responsável:
cassação da licença de localização e de funcionamento do
Pena - multa de três a vinte salários de referência,
estabelecimento. (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
aplicando-se o dobro em caso de reincidência, indepen-
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de me- dentemente das despesas de retorno do adolescente, se
nor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal for o caso.
ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os de-
2009) veres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído ou guarda, bem assim determinação da autoridade judiciá-
pela Lei nº 12.015, de 2009) ria ou Conselho Tutelar: (Expressão substituída pela Lei nº
§ 1o Incorre nas penas previstas no  caput  deste arti- 12.010, de 2009) Vigência
go quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo cando-se o dobro em caso de reincidência.
da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacom-
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são au- panhado dos pais ou responsável, ou sem autorização es-
mentadas de um terço no caso de a infração cometida ou crita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão,
induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072, de motel ou congênere: (Redação dada pela Lei nº 12.038, de
25 de julho de 1990. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 2009).
Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de
Capítulo II 2009).
Das Infrações Administrativas § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de
multa, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha-
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável mento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluí-
por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fun- do pela Lei nº 12.038, de 2009).
damental, pré-escola ou creche, de comunicar à autorida- § 2º Se comprovada a reincidência em período inferior
de competente os casos de que tenha conhecimento, en- a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente
volvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra fechado e terá sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº
12.038, de 2009).
criança ou adolescente:
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qual-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
quer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84
cando-se o dobro em caso de reincidência.
e 85 desta Lei:
Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de en-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
tidade de atendimento o exercício dos direitos constantes
cando-se o dobro em caso de reincidência.
nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei: Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetá-
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- culo público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à
cando-se o dobro em caso de reincidência. entrada do local de exibição, informação destacada sobre a
Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autoriza- natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especi-
ção devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ficada no certificado de classificação:
ou documento de procedimento policial, administrativo ou Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli-
judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua cando-se o dobro em caso de reincidência.
ato infracional: Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer
Pena - multa de três a vinte salários de referência, apli- representações ou espetáculos, sem indicar os limites de
cando-se o dobro em caso de reincidência. idade a que não se recomendem:

47
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Pena - multa de três a vinte salários de referência, du- Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
plicada em caso de reincidência, aplicável, separadamente, (três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
à casa de espetáculo e aos órgãos de divulgação ou publi- gência
cidade. Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, es- de programa oficial ou comunitário destinado à garantia
petáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de do direito à convivência familiar que deixa de efetuar a co-
sua classificação: municação referida no caput deste artigo. (Incluído pela Lei
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; du- nº 12.010, de 2009) Vigência
plicada em caso de reincidência a autoridade judiciária po- Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no in-
derá determinar a suspensão da programação da emissora ciso II do art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
por até dois dias. Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congê- 10.000,00 (dez mil reais); (Redação dada pela Lei nº 13.106,
nere classificado pelo órgão competente como inadequa- de 2015)
do às crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo: Medida Administrativa - interdição do estabelecimento
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na comercial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação
reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por
até quinze dias. Disposições Finais e Transitórias
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita Art. 259. A União, no prazo de noventa dias conta-
de programação em vídeo, em desacordo com a classifica- dos da publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei
ção atribuída pelo órgão competente: dispondo sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em diretrizes da política de atendimento fixadas no art. 88 e ao
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter- que estabelece o Título V do Livro II.
minar o fechamento do estabelecimento por até quinze Parágrafo único. Compete aos estados e municípios
dias. promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei.
e 79 desta Lei: Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos
Pena - multa de três a vinte salários de referência, du- Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
plicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo distrital, estaduais ou municipais, devidamente comprova-
de apreensão da revista ou publicação. das, sendo essas integralmente deduzidas do imposto de
Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento renda, obedecidos os seguintes limites: (Redação dada pela
ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão, ou I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido
sobre sua participação no espetáculo: (Vide Lei nº 12.010, apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lu-
de 2009) Vigência cro real; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apu-
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá deter- rado pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual,
minar o fechamento do estabelecimento por até quinze observado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de 10 de
dias. dezembro de 1997. (Redação dada pela Lei nº 12.594, de
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de pro- 2012) (Vide)
videnciar a instalação e operacionalização dos cadastros § 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997)
previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído § 1o-A. Na definição das prioridades a serem atendidas
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência com os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais
Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 e municipais dos direitos da criança e do adolescente, se-
(três mil reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- rão consideradas as disposições do Plano Nacional de Pro-
gência moção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adoles-
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autorida- centes à Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano
de que deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de Nacional pela Primeira Infância. (Redação dada pela Lei nº
adolescentes em condições de serem adotadas, de pessoas 13.257, de 2016)
ou casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes § 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos
em regime de acolhimento institucional ou familiar. (Incluí- direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de
do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações
Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigen- subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente
te de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de
efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária guarda, de crianças e adolescentes e para programas de
de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante atenção integral à primeira infância em áreas de maior ca-
interessada em entregar seu filho para adoção: (Incluído rência socioeconômica e em situações de calamidade. (Re-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

48
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministé- § 4o O não pagamento da doação no prazo estabe-


rio da Economia, Fazenda e Planejamento, regulamentará lecido no § 3o  implica a glosa definitiva desta parcela de
a comprovação das doações feitas aos fundos, nos termos dedução, ficando a pessoa física obrigada ao recolhimento
deste artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) da diferença de imposto devido apurado na Declaração
§ 4º O Ministério Público determinará em cada co- de Ajuste Anual com os acréscimos legais previstos na
marca a forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo legislação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos § 5o A pessoa física poderá deduzir do imposto apu-
incentivos fiscais referidos neste artigo. (Incluído pela Lei rado na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas, no
nº 8.242, de 12.10.1991) respectivo ano-calendário, aos fundos controlados pelos
Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente mu-
§ 5o Observado o disposto no  § 4o  do art. 3o  da Lei
nicipais, distrital, estaduais e nacional concomitantemente
n  9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que
o
com a opção de que trata o caput, respeitado o limite pre-
trata o inciso I do caput: (Redação dada pela Lei nº 12.594, visto no inciso II do art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
de 2012) (Vide) 2012) (Vide)
I - será considerada isoladamente, não se submetendo Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260
a limite em conjunto com outras deduções do imposto; e poderá ser deduzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Vide)
II - não poderá ser computada como despesa ope- I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas ju-
racional na apuração do lucro real. (Incluído pela Lei nº rídicas que apuram o imposto trimestralmente; e (Incluído
12.594, de 2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calen- II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual,
dário de 2009, a pessoa física poderá optar pela doação para as pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmen-
de que trata o inciso II do caput do art. 260 diretamente te. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
em sua Declaração de Ajuste Anual. (Incluído pela Lei nº Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro
do período a que se refere a apuração do imposto. (Incluí-
12.594, de 2012) (Vide)
do pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta
até os seguintes percentuais aplicados sobre o imposto Lei podem ser efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído
apurado na declaração: (Incluído pela Lei nº 12.594, de pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
2012) (Vide) Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie de-
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) vem ser depositadas em conta específica, em instituição fi-
(Vide) nanceira pública, vinculadas aos respectivos fundos de que
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) trata o art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Vide) Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Ado-
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) lescente nacional, estaduais, distrital e municipais devem
§ 2o A dedução de que trata o caput: (Incluído pela Lei emitir recibo em favor do doador, assinado por pessoa
nº 12.594, de 2012) (Vide) competente e pelo presidente do Conselho correspon-
dente, especificando: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do im-
(Vide)
posto sobre a renda apurado na declaração de que trata o I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
inciso II do caput do art. 260; (Incluído pela Lei nº 12.594, 2012) (Vide)
de 2012) (Vide) II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ)
II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela Lei e endereço do emitente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
nº 12.594, de 2012) (Vide) 2012) (Vide)
a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei nº III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF)
12.594, de 2012) (Vide) do doador; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído § 1o O comprovante de que trata o caput deste artigo
pode ser emitido anualmente, desde que discrimine os
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
valores doados mês a mês. (Incluído pela Lei nº 12.594, de
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções
2012) (Vide)
em vigor. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) § 2o No caso de doação em bens, o comprovante
§ 3o O pagamento da doação deve ser efetuado até a deve conter a identificação dos bens, mediante descrição
data de vencimento da primeira quota ou quota única do em campo próprio ou em relação anexa ao comprovan-
imposto, observadas instruções específicas da Secretaria te, informando também se houve avaliação, o nome, CPF
da Receita Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, ou CNPJ e endereço dos avaliadores. (Incluído pela Lei nº
de 2012) (Vide) 12.594, de 2012) (Vide)

49
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-ca-
deverá: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) lendário e o valor dos recursos previstos para implementa-
I - comprovar a propriedade dos bens, mediante do- ção das ações, por projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, de
cumentação hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) 2012) (Vide)
(Vide) V - o total dos recursos recebidos e a respectiva desti-
II - baixar os bens doados na declaração de bens e di- nação, por projeto atendido, inclusive com cadastramento
reitos, quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, na base de dados do Sistema de Informações sobre a In-
no caso de pessoa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594, fância e a Adolescência; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de
de 2012) (Vide) 2012) (Vide)
III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficia-
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) dos com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais. (In-
declaração do imposto de renda, desde que não exceda cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
o valor de mercado; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada
(Vide) Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos incenti-
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. vos fiscais referidos no art. 260 desta Lei. (Incluído pela Lei
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) nº 12.594, de 2012) (Vide)
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos
será considerado na determinação do valor dos bens doa- arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder por
dos, exceto se o leilão for determinado por autoridade judi- ação judicial proposta pelo Ministério Público, que poderá
ciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) atuar de ofício, a requerimento ou representação de qual-
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. quer cidadão. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presi-
um prazo de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da dência da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da
dedução perante a Receita Federal do Brasil. (Incluído pela Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro de cada ano,
Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) arquivo eletrônico contendo a relação atualizada dos Fun-
dos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, dis-
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração
trital, estaduais e municipais, com a indicação dos respec-
das contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Ado-
tivos números de inscrição no CNPJ e das contas bancárias
lescente nacional, estaduais, distrital e municipais devem:
específicas mantidas em instituições financeiras públicas,
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos.
I - manter conta bancária específica destinada exclusi-
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
vamente a gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº
Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil
12.594, de 2012) (Vide) expedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto
II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído nos arts. 260 a 260-K. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Vide)
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Fede- Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos
ral do Brasil as doações recebidas mês a mês, identifican- da criança e do adolescente, os registros, inscrições e alte-
do os seguintes dados por doador: (Incluído pela Lei nº rações a que se referem os arts. 90, parágrafo único, e 91
12.594, de 2012) (Vide) desta Lei serão efetuados perante a autoridade judiciária
a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de da comarca a que pertencer a entidade.
2012) (Vide) Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar
b) valor doado, especificando se a doação foi em espé- aos estados e municípios, e os estados aos municípios, os
cie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) recursos referentes aos programas e atividades previstos
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obriga- nesta Lei, tão logo estejam criados os conselhos dos direi-
ções previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal tos da criança e do adolescente nos seus respectivos níveis.
do Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Público. Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tute-
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) lares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas pela
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do autoridade judiciária.
Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais di- Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro
vulgarão amplamente à comunidade: (Incluído pela Lei nº de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
12.594, de 2012) (Vide) alterações:
I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº 1) Art. 121 ............................................................
12.594, de 2012) (Vide) § 4º  No homicídio culposo, a pena é aumentada de
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de um terço, se o crime resulta de inobservância de regra
atendimento à criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa
nº 12.594, de 2012) (Vide) de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir
III - os requisitos para a apresentação de projetos a se- as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
rem beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital ou de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor
municipais; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) de catorze anos.

50
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

2) Art. 129 ...............................................................


§ 7º  Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer ESTATUTO DO DESARMAMENTO
qualquer das hipóteses do art. 121, § 4º. (LEI N.° 10.826/2003).
§ 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do
art. 121.
3) Art. 136.................................................................
§ 3º  Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é LEI No 10.826, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2003.
praticado contra pessoa menor de catorze anos.
4) Art. 213 .................................................................. Dispõe sobre registro, posse e comercialização de
Parágrafo único.  Se a ofendida é menor de catorze armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de
anos: Armas – Sinarm, define crimes e dá outras providências.
Pena - reclusão de quatro a dez anos.
5) Art. 214...................................................................
Parágrafo único.  Se o ofendido é menor de catorze O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
anos: gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Pena - reclusão de três a nove anos.»
Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro CAPÍTULO I
de 1973, fica acrescido do seguinte item: DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS
“Art. 102 ....................................................................
6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “ Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, instituí-
Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da do no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal,
União, da administração direta ou indireta, inclusive fun- tem circunscrição em todo o território nacional.
dações instituídas e mantidas pelo poder público federal Art. 2o Ao Sinarm compete:
promoverão edição popular do texto integral deste Estatu- I – identificar as características e a propriedade de ar-
to, que será posto à disposição das escolas e das entidades mas de fogo, mediante cadastro;
de atendimento e de defesa dos direitos da criança e do II – cadastrar as armas de fogo produzidas, importadas
adolescente. e vendidas no País;
Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla III – cadastrar as autorizações de porte de arma de
divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal;
meios de comunicação social. (Redação dada dada pela Lei IV – cadastrar as transferências de propriedade, extra-
nº 13.257, de 2016) vio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de alterar
Parágrafo único. A divulgação a que se refere o  ca- os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de fechamen-
put  será veiculada em linguagem clara, compreensível e to de empresas de segurança privada e de transporte de
adequada a crianças e adolescentes, especialmente às valores;
crianças com idade inferior a 6 (seis) anos. (Incluído dada V – identificar as modificações que alterem as caracte-
pela Lei nº 13.257, de 2016) rísticas ou o funcionamento de arma de fogo;
Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua VI – integrar no cadastro os acervos policiais já exis-
publicação. tentes;
Parágrafo único. Durante o período de vacância deve- VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo, inclu-
rão ser promovidas atividades e campanhas de divulgação sive as vinculadas a procedimentos policiais e judiciais;
e esclarecimentos acerca do disposto nesta Lei. VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País, bem
Art. 267. Revogam-se as  Leis n.º 4.513, de 1964, como conceder licença para exercer a atividade;
e 6.697, de 10 de outubro de 1979 (Código de Menores), e IX – cadastrar mediante registro os produtores, ataca-
as demais disposições em contrário. distas, varejistas, exportadores e importadores autorizados
Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e de armas de fogo, acessórios e munições;
102º da República. X – cadastrar a identificação do cano da arma, as ca-
racterísticas das impressões de raiamento e de microestria-
mento de projétil disparado, conforme marcação e testes
obrigatoriamente realizados pelo fabricante;
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública dos
Estados e do Distrito Federal os registros e autorizações de
porte de armas de fogo nos respectivos territórios, bem
como manter o cadastro atualizado para consulta.
Parágrafo único. As disposições deste artigo não al-
cançam as armas de fogo das Forças Armadas e Auxiliares,
bem como as demais que constem dos seus registros pró-
prios.

51
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

CAPÍTULO II desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja
DO REGISTRO ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou
empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004)
Art. 3o  É obrigatório o registro de arma de fogo no § 1o  O certificado de registro de arma de fogo
órgão competente. será expedido pela Polícia Federal e será precedido de
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito se- autorização do Sinarm.
rão registradas no Comando do Exército, na forma do re- § 2o  Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III
gulamento desta Lei. do art. 4o  deverão ser comprovados periodicamente, em
Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do
interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, estabelecido no regulamento desta Lei, para a renovação
atender aos seguintes requisitos: do Certificado de Registro de Arma de Fogo.
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação § 3o O proprietário de arma de fogo com certificados
de certidões negativas de antecedentes criminais forneci- de registro de propriedade expedido por órgão estadual
das pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de ou do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei
não estar respondendo a inquérito policial ou a processo que não optar pela entrega espontânea prevista no art. 32
criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrôni- desta Lei deverá renová-lo mediante o pertinente registro
cos; (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) federal, até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresen-
II – apresentação de documento comprobatório de tação de documento de identificação pessoal e compro-
ocupação lícita e de residência certa; vante de residência fixa, ficando dispensado do pagamento
III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão de taxas e do cumprimento das demais exigências constan-
psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na tes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Redação
forma disposta no regulamento desta Lei. dada pela Lei nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo)
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de arma § 4o Para fins do cumprimento do disposto no § 3o deste
de fogo após atendidos os requisitos anteriormente esta- artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter, no
belecidos, em nome do requerente e para a arma indicada, Departamento de Polícia Federal, certificado de registro
sendo intransferível esta autorização. provisório, expedido na rede mundial de computadores
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita - internet, na forma do regulamento e obedecidos os
no calibre correspondente à arma registrada e na quantida- procedimentos a seguir: (Redação dada pela Lei nº 11.706,
de estabelecida no regulamento desta Lei. (Redação dada de 2008)
pela Lei nº 11.706, de 2008) I - emissão de certificado de registro provisório pela
§ 3o  A empresa que comercializar arma de fogo em internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e (Incluí-
território nacional é obrigada a comunicar a venda à do pela Lei nº 11.706, de 2008)
autoridade competente, como também a manter banco de II - revalidação pela unidade do Departamento de Polí-
dados com todas as características da arma e cópia dos cia Federal do certificado de registro provisório pelo prazo
documentos previstos neste artigo. que estimar como necessário para a emissão definitiva do
§ 4o  A empresa que comercializa armas de fogo, certificado de registro de propriedade. (Incluído pela Lei nº
acessórios e munições responde legalmente por essas 11.706, de 2008)
mercadorias, ficando registradas como de sua propriedade
enquanto não forem vendidas. CAPÍTULO III
§ 5o  A comercialização de armas de fogo, acessórios DO PORTE
e munições entre pessoas físicas somente será efetivada
mediante autorização do Sinarm. Art. 6o É proibido o porte de arma de fogo em todo
§ 6o  A expedição da autorização a que se refere o território nacional, salvo para os casos previstos em
o § 1o  será concedida, ou recusada com a devida legislação própria e para:
fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar I – os integrantes das Forças Armadas;
da data do requerimento do interessado. II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos
§ 7o O registro precário a que se refere o § 4o prescinde do caput do art. 144 da Constituição Federal;
do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e III deste III – os integrantes das guardas municipais das capitais
artigo. dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (qui-
§ 8o Estará dispensado das exigências constantes do nhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no
inciso III do caput deste artigo, na forma do regulamento, regulamento desta Lei;
o interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido IV - os integrantes das guardas municipais dos Mu-
que comprove estar autorizado a portar arma com as mes- nicípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de
mas características daquela a ser adquirida. (Incluído pela 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em servi-
Lei nº 11.706, de 2008) ço; (Redação dada pela Lei nº 10.867, de 2004)
Art. 5o  O certificado de Registro de Arma de Fogo, V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de
com validade em todo o território nacional, autoriza o seu Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança
proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
interior de sua residência ou domicílio, ou dependência República;

52
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos § 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias
no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal; federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem
guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e o direito descrito no art. 4o, ficam dispensados do cumpri-
as guardas portuárias; mento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo artigo, na
VIII – as empresas de segurança privada e de transpor- forma do regulamento desta Lei.
te de valores constituídas, nos termos desta Lei; § 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (vin-
IX – para os integrantes das entidades de desporto le- te e cinco) anos que comprovem depender do emprego de
galmente constituídas, cujas atividades esportivas deman- arma de fogo para prover sua subsistência alimentar fa-
dem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento miliar será concedido pela Polícia Federal o porte de arma
desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação am- de fogo, na categoria caçador para subsistência, de uma
biental. arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou 2
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a
Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos 16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a efetiva
de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. (Redação dada pela necessidade em requerimento ao qual deverão ser anexa-
Lei nº 11.501, de 2007) dos os seguintes documentos: (Redação dada pela Lei nº
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 11.706, de 2008)
da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União I - documento de identificação pessoal; (Incluído pela
e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus Lei nº 11.706, de 2008)
quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício II - comprovante de residência em área rural; e (Incluí-
de funções de segurança, na forma de regulamento a ser do pela Lei nº 11.706, de 2008)
emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo III - atestado de bons antecedentes. (Incluído pela Lei
Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP. (Incluído nº 11.706, de 2008)
pela Lei nº 12.694, de 2012) § 6o O caçador para subsistência que der outro uso à sua
§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI arma de fogo, independentemente de outras tipificações
do caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo penais, responderá, conforme o caso, por porte ilegal ou
de propriedade particular ou fornecida pela respectiva cor-
por disparo de arma de fogo de uso permitido. (Redação
poração ou instituição, mesmo fora de serviço, nos termos
dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
do regulamento desta Lei, com validade em âmbito nacio-
§ 7o Aos integrantes das guardas municipais dos Mu-
nal para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. (Reda-
nicípios que integram regiões metropolitanas será autori-
ção dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
zado porte de arma de fogo, quando em serviço. (Incluído
§ 1o-A (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008)
pela Lei nº 11.706, de 2008)
 § 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes
Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos empregados
e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de
das empresas de segurança privada e de transporte
propriedade particular ou fornecida pela respectiva
de valores, constituídas na forma da lei, serão de
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, desde
que estejam: (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; (Incluí- empresas, somente podendo ser utilizadas quando em
do pela Lei nº 12.993, de 2014) serviço, devendo essas observar as condições de uso e
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do regu- de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente,
lamento; e (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) sendo o certificado de registro e a autorização de porte
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa.
controle interno. (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) § 1o O proprietário ou diretor responsável de empresa
§ 1º-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.993, de 2014) de segurança privada e de transporte de valores responderá
§ 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos pelo crime previsto no parágrafo único do art. 13 desta Lei,
integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII sem prejuízo das demais sanções administrativas e civis,
e X do caput deste artigo está condicionada à comprova- se deixar de registrar ocorrência policial e de comunicar
ção do requisito a que se refere o inciso III do caputdo art. à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de
4o  desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento extravio de armas de fogo, acessórios e munições que
desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro)
§ 3o  A autorização para o porte de arma de fogo horas depois de ocorrido o fato.
das guardas municipais está condicionada à formação § 2o A empresa de segurança e de transporte de valores
funcional de seus integrantes em estabelecimentos de deverá apresentar documentação comprobatória do
ensino de atividade policial e à existência de mecanismos preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o  desta
de fiscalização e de controle interno, nas condições Lei quanto aos empregados que portarão arma de fogo.
estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a § 3o A listagem dos empregados das empresas referidas
supervisão do Comando do Exército.  (Redação dada pela neste artigo deverá ser atualizada semestralmente junto ao
Lei nº 10.867, de 2004) Sinarm.

53
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos servido- I – demonstrar a sua efetiva necessidade por exercício
res das instituições descritas no inciso XI do art. 6o serão de atividade profissional de risco ou de ameaça à sua inte-
de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas gridade física;
instituições, somente podendo ser utilizadas quando em II – atender às exigências previstas no art. 4o desta Lei;
serviço, devendo estas observar as condições de uso e III – apresentar documentação de propriedade de
de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, arma de fogo, bem como o seu devido registro no órgão
sendo o certificado de registro e a autorização de porte competente.
expedidos pela Polícia Federal em nome da instituição. (In- § 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista
cluído pela Lei nº 12.694, de 2012) neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso
§ 1o A autorização para o porte de arma de fogo de que o portador dela seja detido ou abordado em estado de
trata este artigo independe do pagamento de taxa. (Incluí- embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou
do pela Lei nº 12.694, de 2012) alucinógenas.
§ 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos valores
Público designará os servidores de seus quadros pessoais constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de serviços
no exercício de funções de segurança que poderão por- relativos:
tar arma de fogo, respeitado o limite máximo de 50% (cin- I – ao registro de arma de fogo;
II – à renovação de registro de arma de fogo;
quenta por cento) do número de servidores que exerçam
III – à expedição de segunda via de registro de arma
funções de segurança. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012)
de fogo;
§ 3o O porte de arma pelos servidores das institui-
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo;
ções de que trata este artigo fica condicionado à apre- V – à renovação de porte de arma de fogo;
sentação de documentação comprobatória do preen- VI – à expedição de segunda via de porte federal de
chimento dos requisitos constantes do art. 4o  desta Lei, arma de fogo.
bem como à formação funcional em estabelecimentos de § 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e
ensino de atividade policial e à existência de mecanismos à manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia Federal
de fiscalização e de controle interno, nas condições e do Comando do Exército, no âmbito de suas respectivas
estabelecidas no regulamento desta Lei. (Incluído pela Lei responsabilidades.
nº 12.694, de 2012) § 2o São isentas do pagamento das taxas previstas
§ 4o A listagem dos servidores das instituições de que neste artigo as pessoas e as instituições a que se referem
trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente no os incisos I a VII e X e o § 5o do art. 6o desta Lei. (Redação
Sinarm. (Incluído pela Lei nº 12.694, de 2012) dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 5o As instituições de que trata este artigo são obri- Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma e
gadas a registrar ocorrência policial e a comunicar à Polícia as condições do credenciamento de profissionais pela Polí-
Federal eventual perda, furto, roubo ou outras formas de cia Federal para comprovação da aptidão psicológica e da
extravio de armas de fogo, acessórios e munições que este- capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo. (In-
jam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas cluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
depois de ocorrido o fato. (Incluído pela Lei nº 12.694, de § 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o valor
2012) cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio
Art. 8o  As armas de fogo utilizadas em entidades dos honorários profissionais para realização de avaliação
desportivas legalmente constituídas devem obedecer psicológica constante do item 1.16 da tabela do Conselho
às condições de uso e de armazenagem estabelecidas Federal de Psicologia. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
pelo órgão competente, respondendo o possuidor ou o § 2o Na comprovação da capacidade técnica, o valor
autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não poderá
regulamento desta Lei. exceder R$ 80,00 (oitenta reais), acrescido do custo da mu-
nição. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a autorização
§ 3o A cobrança de valores superiores aos previstos
do porte de arma para os responsáveis pela segurança de
nos §§ 1o e 2o deste artigo implicará o descredenciamento
cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao
do profissional pela Polícia Federal.  (Incluído pela Lei nº
Comando do Exército, nos termos do regulamento desta 11.706, de 2008)
Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma
de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de CAPÍTULO IV
representantes estrangeiros em competição internacional DOS CRIMES E DAS PENAS
oficial de tiro realizada no território nacional.
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
de uso permitido, em todo o território nacional, é de com- Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de
petência da Polícia Federal e somente será concedida após fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desa-
autorização do Sinarm. cordo com determinação legal ou regulamentar, no interior
§ 1o  A autorização prevista neste artigo poderá ser de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu
concedida com eficácia temporária e territorial limitada, local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável
nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o legal do estabelecimento ou empresa:
requerente: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

54
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Omissão de cautela Comércio ilegal de arma de fogo


Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, condu-
impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa por- zir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
tadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma uti-
que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade: lizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de ativi-
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. dade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o pro- munição, sem autorização ou em desacordo com determi-
prietário ou diretor responsável de empresa de segurança e nação legal ou regulamentar:
transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial
ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de
ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou
(vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. clandestino, inclusive o exercido em residência.
Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido Tráfico internacional de arma de fogo
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou
Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em
saída do território nacional, a qualquer título, de arma de
depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, em-
fogo, acessório ou munição, sem autorização da autorida-
prestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar
de competente:
arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
sem autorização e em desacordo com determinação legal Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena
ou regulamentar: é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. munição forem de uso proibido ou restrito.
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é ina- Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17
fiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada e 18, a pena é aumentada da metade se forem praticados
em nome do agente. (Vide Adin 3.112-1) por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o,
Disparo de arma de fogo 7o e 8o desta Lei.
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são
lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-1)
em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como
finalidade a prática de outro crime: CAPÍTULO V
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. DISPOSIÇÕES GERAIS
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é ina-
fiançável. (Vide Adin 3.112-1) Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar convê-
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso res- nios com os Estados e o Distrito Federal para o cumprimen-
trito to do disposto nesta Lei.
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, rece- Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como
ber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuita- a definição das armas de fogo e demais produtos contro-
mente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guar- lados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos
da ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso e de valor histórico serão disciplinadas em ato do chefe do
proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando
determinação legal ou regulamentar: do Exército. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 1o  Todas as munições comercializadas no País
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
deverão estar acondicionadas em embalagens com sistema
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
de código de barras, gravado na caixa, visando possibilitar
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer
a identificação do fabricante e do adquirente, entre outras
sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; informações definidas pelo regulamento desta Lei.
II – modificar as características de arma de fogo, de § 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente serão
forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proi- expedidas autorizações de compra de munição com identi-
bido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer ficação do lote e do adquirente no culote dos projéteis, na
modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; forma do regulamento desta Lei.
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato ex- § 3o  As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um)
plosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo ano da data de publicação desta Lei conterão dispositivo
com determinação legal ou regulamentar; intrínseco de segurança e de identificação, gravado no
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer corpo da arma, definido pelo regulamento desta Lei,
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro exclusive para os órgãos previstos no art. 6o.
sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; § 4o As instituições de ensino policial e as guardas mu-
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuita- nicipais referidas nos incisos III e IV do caput do art. 6o desta
mente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a Lei e no seu § 7o poderão adquirir insumos e máquinas de
criança ou adolescente; e recarga de munição para o fim exclusivo de suprimento
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização de suas atividades, mediante autorização concedida nos
legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explo- termos definidos em regulamento.  (Incluído pela Lei nº
sivo. 11.706, de 2008)

55
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o Parágrafo único. O detentor de autorização com prazo
art. 2º desta Lei, compete ao Comando do Exército auto- de validade superior a 90 (noventa) dias poderá renová-
rizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, de- -la, perante a Polícia Federal, nas condições dos arts. 4o,
sembaraço alfandegário e o comércio de armas de fogo e 6o e 10 desta Lei, no prazo de 90 (noventa) dias após sua
demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte publicação, sem ônus para o requerente.
de trânsito de arma de fogo de colecionadores, atiradores Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de
e caçadores. fogo de uso permitido ainda não registrada deverão soli-
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a elabora- citar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, me-
ção do laudo pericial e sua juntada aos autos, quando não diante apresentação de documento de identificação pes-
mais interessarem à persecução penal serão encaminhadas soal e comprovante de residência fixa, acompanhados de
pelo juiz competente ao Comando do Exército, no prazo nota fiscal de compra ou comprovação da origem lícita
máximo de 48 (quarenta e oito) horas, para destruição ou da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou
doação aos órgãos de segurança pública ou às Forças Ar- declaração firmada na qual constem as características da
madas, na forma do regulamento desta Lei. (Redação dada arma e a sua condição de proprietário, ficando este dis-
pela Lei nº 11.706, de 2008) pensado do pagamento de taxas e do cumprimento das
§ 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do
Exército que receberem parecer favorável à doação, obede- art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
cidos o padrão e a dotação de cada Força Armada ou órgão (Prorrogação de prazo)
de segurança pública, atendidos os critérios de prioridade Parágrafo único. Para fins do cumprimento do dispos-
estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ouvido o Co- to no caput deste artigo, o proprietário de arma de fogo
mando do Exército, serão arroladas em relatório reservado poderá obter, no Departamento de Polícia Federal, certifi-
trimestral a ser encaminhado àquelas instituições, abrindo- cado de registro provisório, expedido na forma do § 4o do
-se-lhes prazo para manifestação de interesse.  (Incluído art. 5o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008)
pela Lei nº 11.706, de 2008) Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de
§ 2o O Comando do Exército encaminhará a relação fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo,
das armas a serem doadas ao juiz competente, que deter- entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indeniza-
minará o seu perdimento em favor da instituição beneficia- ção, nos termos do regulamento desta Lei.
da. (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de
§ 3o O transporte das armas de fogo doadas será de fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante re-
responsabilidade da instituição beneficiada, que procede- cibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na
rá ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma. (Incluído forma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de
pela Lei nº 11.706, de 2008) eventual posse irregular da referida arma.  (Redação dada
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.706, de 2008) pela Lei nº 11.706, de 2008)
§ 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o Parágrafo  único. (Revogado pela Lei nº 11.706, de
encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se tra- 2008)
te de arma de uso permitido ou de uso restrito, semestral- Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem mil
mente, da relação de armas acauteladas em juízo, mencio- reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme espe-
nando suas características e o local onde se encontram. (In- cificar o regulamento desta Lei:
cluído pela Lei nº 11.706, de 2008) I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, ferroviário,
Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercia- marítimo, fluvial ou lacustre que deliberadamente, por
lização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros qualquer meio, faça, promova, facilite ou permita o
de armas de fogo, que com estas se possam confundir. transporte de arma ou munição sem a devida autorização
Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas ou com inobservância das normas de segurança;
e os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, II – à empresa de produção ou comércio de armamen-
ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas tos que realize publicidade para venda, estimulando o uso
pelo Comando do Exército. indiscriminado de armas de fogo, exceto nas publicações
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar, especializadas.
excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso Art. 34. Os promotores de eventos em locais fecha-
restrito. dos, com aglomeração superior a 1000 (um mil) pessoas,
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica adotarão, sob pena de responsabilidade, as providências
às aquisições dos Comandos Militares. necessárias para evitar o ingresso de pessoas armadas, res-
Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos salvados os eventos garantidos pelo inciso VI do art. 5o da
adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das en- Constituição Federal.
tidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do ca- Parágrafo único. As empresas responsáveis pela pres-
put do art. 6o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.706, tação dos serviços de transporte internacional e interesta-
de 2008) dual de passageiros adotarão as providências necessárias
Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já para evitar o embarque de passageiros armados.
concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a publica-
ção desta Lei. (Vide Lei nº 10.884, de 2004) CAPÍTULO VI

56
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

DISPOSIÇÕES FINAIS V - Expedição de porte de arma de


1.000,00
fogo
Art. 35. É proibida a comercialização de arma de fogo
e munição em todo o território nacional, salvo para as enti- VI - Renovação de porte de arma de
1.000,00
dades previstas no art. 6o desta Lei. fogo
§ 1o Este dispositivo, para entrar em vigor, dependerá VII - Expedição de segunda via de
de aprovação mediante referendo popular, a ser realizado certificado de registro de arma de 60,00
em outubro de 2005. fogo
§ 2o  Em caso de aprovação do referendo popular, o
VIII - Expedição de segunda via de
disposto neste artigo entrará em vigor na data de publicação 60,00
porte de arma de fogo
de seu resultado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro
de 1997.
Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
cação. CRIMES PREVISTOS NO CÓDIGO DE
Brasília, 22 de dezembro de 2003; 182o  da PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR
Independência e 115o da República. (LEI N.° 8.078/1990).

ANEXO
(Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990.
TABELA DE TAXAS
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras
ATO ADMINISTRATIVO R$ providências.
I - Registro de arma de fogo:  
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o
- até 31 de dezembro de 2008 Gratuito
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
  (art. 30)
- a partir de 1  de janeiro de 2009
o
60,00 TÍTULO I
Dos Direitos do Consumidor
II - Renovação do certificado de CAPÍTULO I
 
registro de arma de fogo: Disposições Gerais
  Gratuito
- até 31 de dezembro de 2008 (art. 5o, § Art. 1° O presente código estabelece normas de prote-
3o) ção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse
social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V,
    da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Tran-
- a partir de 1  de janeiro de 2009
o
60,00 sitórias.
III - Registro de arma de fogo para 60,00 Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que
empresa de segurança privada e de adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário fi-
transporte nal.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletivi-
de valores   dade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja in-
IV - Renovação do certificado de tervindo nas relações de consumo.
registro de arma de fogo para   Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,
empresa de pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os
entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
segurança privada e de transporte de
  produção, montagem, criação, construção, transformação,
valores:
importação, exportação, distribuição ou comercialização
    de produtos ou prestação de serviços.
- até 30 de junho de 2008 30,00 § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, mate-
rial ou imaterial.
   
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mer-
    cado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de
- de 1o de julho de 2008 a 31 de 45,00 natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo
outubro de 2008 as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
   
- a partir de 1  de novembro de 2008
o
60,00

57
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

CAPÍTULO II CAPÍTULO III


Da Política Nacional de Relações de Consumo Dos Direitos Básicos do Consumidor

Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
tem por objetivo o atendimento das necessidades dos con- I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os ris-
sumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, cos provocados por práticas no fornecimento de produtos
a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da e serviços considerados perigosos ou nocivos;
sua qualidade de vida, bem como a transparência e har- II - a educação e divulgação sobre o consumo ade-
monia das relações de consumo, atendidos os seguintes quado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de
princípios: (Redação dada pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) escolha e a igualdade nas contratações;
I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor III - a informação adequada e clara sobre os diferentes
no mercado de consumo; produtos e serviços, com especificação correta de quan-
II - ação governamental no sentido de proteger efeti- tidade, características, composição, qualidade, tributos in-
vamente o consumidor: cidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresen-
a) por iniciativa direta; tem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012)  Vigência
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de asso- IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusi-
ciações representativas; va, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como
c) pela presença do Estado no mercado de consumo; contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no forne-
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões cimento de produtos e serviços;
adequados de qualidade, segurança, durabilidade e de- V - a modificação das cláusulas contratuais que es-
sempenho. tabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em
III - harmonização dos interesses dos participantes das razão de fatos supervenientes que as tornem excessiva-
relações de consumo e compatibilização da proteção do mente onerosas;
consumidor com a necessidade de desenvolvimento eco- VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimo-
nômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios niais e morais, individuais, coletivos e difusos;
nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Consti- VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos
tuição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimo-
relações entre consumidores e fornecedores; niais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada
IV - educação e informação de fornecedores e consu- a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessita-
midores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à
dos;
melhoria do mercado de consumo;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios
com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
eficientes de controle de qualidade e segurança de produ-
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou
tos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de
quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordiná-
solução de conflitos de consumo;
rias de experiências;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos
IX - (Vetado);
praticados no mercado de consumo, inclusive a concor-
rência desleal e utilização indevida de inventos e criações X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públi-
industriais das marcas e nomes comerciais e signos distinti- cos em geral.
vos, que possam causar prejuízos aos consumidores; Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com de-
VIII - estudo constante das modificações do mercado ficiência, observado o disposto em regulamento. (Incluído
de consumo. pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Rela- Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem
ções de Consumo, contará o poder público com os seguin- outros decorrentes de tratados ou convenções internacio-
tes instrumentos, entre outros: nais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna
I - manutenção de assistência jurídica, integral e gra- ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades
tuita para o consumidor carente; administrativas competentes, bem como dos que derivem
II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equi-
Consumidor, no âmbito do Ministério Público; dade.
III - criação de delegacias de polícia especializadas no Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, to-
atendimento de consumidores vítimas de infrações penais dos responderão solidariamente pela reparação dos danos
de consumo; previstos nas normas de consumo.
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas
e Varas Especializadas para a solução de litígios de consu-
mo;
V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimen-
to das Associações de Defesa do Consumidor.
§ 1° (Vetado).
§ 2º (Vetado).

58
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

CAPÍTULO IV III - a época em que foi colocado em circulação.


Da Qualidade de Produtos e Serviços, da Prevenção e § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato
da Reparação dos Danos de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mer-
SEÇÃO I cado.
Da Proteção à Saúde e Segurança § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importa-
dor só não será responsabilizado quando provar:
Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado,
de consumo não acarretarão riscos à saúde ou seguran-
o defeito inexiste;
ça dos consumidores, exceto os considerados normais e III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obri- Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos
gando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as termos do artigo anterior, quando:
informações necessárias e adequadas a seu respeito. I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importa-
Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, dor não puderem ser identificados;
ao fabricante cabe prestar as informações a que se refere II - o produto for fornecido sem identificação clara do
este artigo, através de impressos apropriados que devam seu fabricante, produtor, construtor ou importador;
acompanhar o produto. III - não conservar adequadamente os produtos pe-
Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencial- recíveis.
mente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao
prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os
informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da
demais responsáveis, segundo sua participação na causa-
sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção ção do evento danoso.
de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. Art. 14. O fornecedor de serviços responde, indepen-
Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado dentemente da existência de culpa, pela reparação dos
de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria sa- danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
ber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à prestação dos serviços, bem como por informações insufi-
saúde ou segurança. cientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que, poste- § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a
riormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-
conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá -se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as
quais:
comunicar o fato imediatamente às autoridades competen-
I - o modo de seu fornecimento;
tes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o pará- esperam;
grafo anterior serão veiculados na imprensa, rádio e tele- III - a época em que foi fornecido.
visão, às expensas do fornecedor do produto ou serviço. § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela ado-
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de periculo- ção de novas técnicas.
sidade de produtos ou serviços à saúde ou segurança dos § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabi-
consumidores, a União, os Estados, o Distrito Federal e os lizado quando provar:
Municípios deverão informá-los a respeito. I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
Art. 11. (Vetado). II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
§ 4° A responsabilidade
pessoal dos profissionais liberais será apurada median-
SEÇÃO II
te a verificação de culpa.
Da Responsabilidade pelo Fato do Produto Art. 15. (Vetado).
e do Serviço Art. 16. (Vetado).
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos
Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional consumidores todas as vítimas do evento.
ou estrangeiro, e o importador respondem, independen-
temente da existência de culpa, pela reparação dos da- SEÇÃO III
nos causados aos consumidores por defeitos decorrentes Da Responsabilidade por Vício do Produto e
de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, do Serviço
manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo du-
produtos, bem como por informações insuficientes ou ina-
ráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos ví-
dequadas sobre sua utilização e riscos. cios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a se- ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes
gurança que dele legitimamente se espera, levando-se em diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da
consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da
I - sua apresentação; embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respei-
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se espe- tadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o
ram; consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

59
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios
trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou
sua escolha: lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorren-
I - a substituição do produto por outro da mesma es- tes da disparidade com as indicações constantes da oferta
pécie, em perfeitas condições de uso; ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir,
II - a restituição imediata da quantia paga, moneta- alternativamente e à sua escolha:
riamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e
danos; quando cabível;
III - o abatimento proporcional do preço. II - a restituição imediata da quantia paga, moneta-
§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou am- riamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e
pliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não po- danos;
dendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta III - o abatimento proporcional do preço.
dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada
ser convencionada em separado, por meio de manifesta- a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do
ção expressa do consumidor. fornecedor.
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das al- § 2° São impróprios os serviços que se mostrem
ternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da inadequados para os fins que razoavelmente deles se
extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder esperam, bem como aqueles que não atendam as normas
comprometer a qualidade ou características do produto, regulamentares de prestabilidade.
diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á
inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a subs- implícita a obrigação do fornecedor de empregar compo-
tituição do bem, poderá haver substituição por outro de nentes de reposição originais adequados e novos, ou que
espécie, marca ou modelo diversos, mediante complemen- mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo,
tação ou restituição de eventual diferença de preço, sem quanto a estes últimos, autorização em contrário do con-
prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo. sumidor.
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura,
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra
será responsável perante o consumidor o fornecedor ime-
forma de empreendimento, são obrigados a fornecer ser-
diato, exceto quando identificado claramente seu produtor.
viços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essen-
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
ciais, contínuos.
I - os produtos cujos prazos de validade estejam ven-
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total
cidos;
ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados,
pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os
avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à
danos causados, na forma prevista neste código.
vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacor- Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de
do com as normas regulamentares de fabricação, distribui- qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o
ção ou apresentação; exime de responsabilidade.
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou
inadequados ao fim a que se destinam. serviço independe de termo expresso, vedada a exonera-
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente ção contratual do fornecedor.
pelos vícios de quantidade do produto sempre que, res- Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula
peitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de inde-
conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do nizar prevista nesta e nas seções anteriores.
recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem § 1° Havendo mais de um responsável pela causação
publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamen- do dano, todos responderão solidariamente pela reparação
te e à sua escolha: prevista nesta e nas seções anteriores.
I - o abatimento proporcional do preço; § 2° Sendo o dano causado por componente ou peça
II - complementação do peso ou medida; incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis so-
III - a substituição do produto por outro da mesma lidários seu fabricante, construtor ou importador e o que
espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; realizou a incorporação.
IV - a restituição imediata da quantia paga, moneta-
riamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e SEÇÃO IV
danos. Da Decadência e da Prescrição
§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo
anterior. Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou
§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando de fácil constatação caduca em:
fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço
não estiver aferido segundo os padrões oficiais. e de produtos não duráveis;

60
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de ser- ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular
viço e de produtos duráveis. ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser cele-
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir brado.
da entrega efetiva do produto ou do término da execução Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou servi-
dos serviços. ços devem assegurar informações corretas, claras, precisas,
§ 2° Obstam a decadência: ostensivas e em língua portuguesa sobre suas caracterís-
I - a reclamação comprovadamente formulada pelo ticas, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia,
consumidor perante o fornecedor de produtos e servi- prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como
ços até a resposta negativa correspondente, que deve ser sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos
transmitida de forma inequívoca; consumidores.
II - (Vetado). Parágrafo único. As informações de que trata este ar-
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerra- tigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao consumidor,
mento. serão gravadas de forma indelével.  (Incluído pela Lei nº
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial 11.989, de 2009)
inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegu-
Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à repa- rar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto
ração pelos danos causados por fato do produto ou do não cessar a fabricação ou importação do produto.
serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação,
contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo,
de sua autoria. na forma da lei.
Parágrafo único. (Vetado). Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou
reembolso postal, deve constar o nome do fabricante e en-
SEÇÃO V dereço na embalagem, publicidade e em todos os impres-
Da Desconsideração da Personalidade Jurídica sos utilizados na transação comercial.
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade serviços por telefone, quando a chamada for onerosa ao
jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumi- consumidor que a origina. (Incluído pela Lei nº 11.800, de
dor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da 2008).
lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidaria-
social. A desconsideração também será efetivada quando mente responsável pelos atos de seus prepostos ou repre-
houver falência, estado de insolvência, encerramento ou sentantes autônomos.
inatividade da pessoa jurídica provocados por má admi- Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recu-
nistração. sar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o
§ 1° (Vetado). consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos ter-
e as sociedades controladas, são subsidiariamente respon- mos da oferta, apresentação ou publicidade;
sáveis pelas obrigações decorrentes deste código. II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equi-
§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente valente;
responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. III - rescindir o contrato, com direito à restituição de
§ 4° As sociedades coligadas só responderão por cul- quantia eventualmente antecipada, monetariamente atuali-
pa. zada, e a perdas e danos.
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa ju-
rídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, SEÇÃO III
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos con- Da Publicidade
sumidores.
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal for-
CAPÍTULO V ma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique
Das Práticas Comerciais como tal.
SEÇÃO I Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus
Das Disposições Gerais produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informa-
ção dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equi- científicos que dão sustentação à mensagem.
param-se aos consumidores todas as pessoas determiná- Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abu-
veis ou não, expostas às práticas nele previstas. siva.
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação
SEÇÃO II ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcial-
Da Oferta mente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por
omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficiente- da natureza, características, qualidade, quantidade, proprie-
mente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de dades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre pro-
comunicação com relação a produtos e serviços oferecidos dutos e serviços.

61
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discrimina- XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do
tória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore legal ou contratualmente estabelecido. (Incluído pela Lei nº
o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de 9.870, de 23.11.1999)
julgamento e experiência da criança, desrespeita valores Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos
ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese previs-
se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ta no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo
ou segurança. obrigação de pagamento.
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é en- Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entre-
ganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado gar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor
essencial do produto ou serviço. da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem
§ 4° (Vetado). empregados, as condições de pagamento, bem como as
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da datas de início e término dos serviços.
informação ou comunicação publicitária cabe a quem as § 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado
patrocina. terá validade pelo prazo de dez dias, contado de seu rece-
bimento pelo consumidor.
SEÇÃO IV § 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento
Das Práticas Abusivas obriga os contraentes e somente pode ser alterado me-
diante livre negociação das partes.
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou servi- § 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus
ços, dentre outras práticas abusivas: (Redação dada pela Lei ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de
nº 8.884, de 11.6.1994) terceiros não previstos no orçamento prévio.
I - condicionar o fornecimento de produto ou de ser- Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de
viço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem serviços sujeitos ao regime de controle ou de tabelamen-
como, sem justa causa, a limites quantitativos; to de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites
II - recusar atendimento às demandas dos consumido- oficiais sob pena de não o fazendo, responderem pela res-
res, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, tituição da quantia recebida em excesso, monetariamente
e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, o
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação
desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções
prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;
cabíveis.
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consu-
midor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou
SEÇÃO V
condição social, para impingir-lhe seus produtos ou servi-
Da Cobrança de Dívidas
ços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadim-
excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orça- plente não será exposto a ridículo, nem será submetido a
mento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
as decorrentes de práticas anteriores entre as partes; Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual
praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos; ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer pro- monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justifi-
duto ou serviço em desacordo com as normas expedidas cável.
pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas especí- Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de
ficas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas débitos apresentados ao consumidor, deverão constar o
Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Na- nome, o endereço e o número de inscrição no Cadastro de
cional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa
(Conmetro); Jurídica – CNPJ do fornecedor do produto ou serviço cor-
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de servi- respondente. (Incluído pela Lei nº 12.039, de 2009)
ços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los median-
te pronto pagamento, ressalvados os casos de intermedia- SEÇÃO VI
ção regulados em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº Dos Bancos de Dados e Cadastros de Consumidores
8.884, de 11.6.1994)
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou ser- Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no
viços. (Incluído pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994) art. 86, terá acesso às informações existentes em cadastros,
XI - Dispositivo incluído pela  MPV nº 1.890-67, de fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados
22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando da con- sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.
versão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999 § 1° Os cadastros e dados de consumidores devem
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil
sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu compreensão, não podendo conter informações negativas
exclusivo critério.(Incluído pela Lei nº 9.008, de 21.3.1995) referentes a período superior a cinco anos.

62
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e
pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito será conferida mediante termo escrito.
ao consumidor, quando não solicitada por ele. Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente
§ 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada
nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata cor- em que consiste a mesma garantia, bem como a forma,
reção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a
comunicar a alteração aos eventuais destinatários das in- cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devida-
formações incorretas. mente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimen-
§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a consu- to, acompanhado de manual de instrução, de instalação e
midores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.
são considerados entidades de caráter público.
§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de
SEÇÃO II
débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos res-
pectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer infor- Das Cláusulas Abusivas
mações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao
crédito junto aos fornecedores. Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as
§ 6o Todas as informações de que trata o caput deste cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produ-
artigo devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, tos e serviços que:
inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicita- I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsa-
ção do consumidor. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) bilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos
(Vigência) produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição
Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor
manterão cadastros atualizados de reclamações fundamen- e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser
tadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo limitada, em situações justificáveis;
divulgá-lo pública e anualmente. A divulgação indicará se a II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da
reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor. quantia já paga, nos casos previstos neste código;
§ 1° É facultado o acesso às informações lá constantes III - transfiram responsabilidades a terceiros;
para orientação e consulta por qualquer interessado. IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas,
§ 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mes- abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem
mas regras enunciadas no artigo anterior e as do parágrafo
exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equi-
único do art. 22 deste código.
dade;
Art. 45. (Vetado).
V - (Vetado);
CAPÍTULO VI VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuí-
Da Proteção Contratual zo do consumidor;
SEÇÃO I VII - determinem a utilização compulsória de arbitra-
Disposições Gerais gem;
VIII - imponham representante para concluir ou reali-
Art. 46. Os contratos que regulam as relações de con- zar outro negócio jurídico pelo consumidor;
sumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não
a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu con- o contrato, embora obrigando o consumidor;
teúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente,
de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e al- variação do preço de maneira unilateral;
cance. XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato uni-
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de lateralmente, sem que igual direito seja conferido ao con-
maneira mais favorável ao consumidor. sumidor;
Art. 48. As declarações de vontade constantes de es- XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de
critos particulares, recibos e pré-contratos relativos às rela-
cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja
ções de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusi-
conferido contra o fornecedor;
ve execução específica, nos termos do art. 84 e parágrafos.
Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateral-
prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de mente o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua
recebimento do produto ou serviço, sempre que a contra- celebração;
tação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas
do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ambientais;
ou a domicílio. XV - estejam em desacordo com o sistema de prote-
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito ção ao consumidor;
de arrependimento previsto neste artigo, os valores even- XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização
tualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de por benfeitorias necessárias.
reflexão, serão devolvidos, de imediato, monetariamente § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a van-
atualizados. tagem que:

63
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurí- SEÇÃO III


dico a que pertence; Dos Contratos de Adesão
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais ine-
rentes à natureza do contrato, de tal modo a ameaçar seu Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas
objeto ou equilíbrio contratual; tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou es-
III - se mostra excessivamente onerosa para o consu- tabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos
midor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou mo-
o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao dificar substancialmente seu conteúdo. 
caso. § 1° A inserção de cláusula no formulário não desfigura
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva a natureza de adesão do contrato.
não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, § 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula re-
apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo solutória, desde que a alternativa, cabendo a escolha ao
a qualquer das partes. consumidor, ressalvando-se o disposto no § 2° do artigo
§ 3° (Vetado). anterior.
§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade § 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos
que o represente requerer ao Ministério Público que ajuíze em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis,
a competente ação para ser declarada a nulidade de cláu- cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze, de
sula contratual que contrarie o disposto neste código ou modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. (Reda-
de qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre ção dada pela nº 11.785, de 2008)
direitos e obrigações das partes. § 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito
Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que do consumidor deverão ser redigidas com destaque, per-
envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento mitindo sua imediata e fácil compreensão.
ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisi- § 5° (Vetado)
tos, informá-lo prévia e adequadamente sobre:
I - preço do produto ou serviço em moeda corrente CAPÍTULO VII
nacional; Das Sanções Administrativas
II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual (Vide Lei nº 8.656, de 1993)
de juros;
III - acréscimos legalmente previstos;
Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em
IV - número e periodicidade das prestações;
caráter concorrente e nas suas respectivas áreas de atua-
V - soma total a pagar, com e sem financiamento.
ção administrativa, baixarão normas relativas à produção,
§ 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento
industrialização, distribuição e consumo de produtos e ser-
de obrigações no seu termo não poderão ser superiores a
viços.
dois por cento do valor da prestação.(Redação dada pela
§ 1° A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
Lei nº 9.298, de 1º.8.1996)
nicípios fiscalizarão e controlarão a produção, industriali-
§ 2º É assegurado ao consumidor a liquidação anteci-
zação, distribuição, a publicidade de produtos e serviços
pada do débito, total ou parcialmente, mediante redução
proporcional dos juros e demais acréscimos. e o mercado de consumo, no interesse da preservação da
§ 3º (Vetado). vida, da saúde, da segurança, da informação e do bem-
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de mó- -estar do consumidor, baixando as normas que se fizerem
veis ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem necessárias.
como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram- § 2° (Vetado).
-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a § 3° Os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal
perda total das prestações pagas em benefício do credor e municipais com atribuições para fiscalizar e controlar o
que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do mercado de consumo manterão comissões permanentes
contrato e a retomada do produto alienado. para elaboração, revisão e atualização das normas referidas
§ 1° (Vetado). no § 1°, sendo obrigatória a participação dos consumidores
§ 2º Nos contratos do sistema de consórcio de produ- e fornecedores.
tos duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas § 4° Os órgãos oficiais poderão expedir notificações
quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além da aos fornecedores para que, sob pena de desobediência,
vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos prestem informações sobre questões de interesse do
que o desistente ou inadimplente causar ao grupo. consumidor, resguardado o segredo industrial.
§ 3° Os contratos de que trata o caput deste artigo Art. 56. As infrações das normas de defesa do consu-
serão expressos em moeda corrente nacional. midor ficam sujeitas, conforme o caso, às seguintes san-
ções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil,
penal e das definidas em normas específicas:
I - multa;
II - apreensão do produto;
III - inutilização do produto;

64
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

IV - cassação do registro do produto junto ao órgão Art. 60. A imposição de contrapropaganda será comi-
competente; nada quando o fornecedor incorrer na prática de publici-
V - proibição de fabricação do produto; dade enganosa ou abusiva, nos termos do art. 36 e seus
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou ser- parágrafos, sempre às expensas do infrator.
viço; § 1º A contrapropaganda será divulgada pelo res-
VII - suspensão temporária de atividade; ponsável da mesma forma, frequência e dimensão e,
VIII - revogação de concessão ou permissão de uso; preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de ati- e horário, de forma capaz de desfazer o malefício da
vidade; publicidade enganosa ou abusiva.
§ 2° (Vetado)
X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de
§ 3° (Vetado).
obra ou de atividade;
XI - intervenção administrativa; TÍTULO II
XII - imposição de contrapropaganda. Das Infrações Penais
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo se-
rão aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito de Art. 61. Constituem crimes contra as relações de con-
sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, sumo previstas neste código, sem prejuízo do disposto no
inclusive por medida cautelar, antecedente ou incidente de Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas nos
procedimento administrativo. artigos seguintes.
Art. 57. A pena de multa, graduada de acordo com a Art. 62. (Vetado).
gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a no-
econômica do fornecedor, será aplicada mediante proce- cividade ou periculosidade de produtos, nas embalagens,
dimento administrativo, revertendo para o Fundo de que nos invólucros, recipientes ou publicidade:
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
trata a Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, os valores cabí-
§ 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de aler-
veis à União, ou para os Fundos estaduais ou municipais de
tar, mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a
proteção ao consumidor nos demais casos. (Redação dada periculosidade do serviço a ser prestado.
pela Lei nº 8.656, de 21.5.1993) § 2° Se o crime é culposo:
Parágrafo único. A multa será em montante não in- Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
ferior a duzentas e não superior a três milhões de vezes o Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competen-
valor da Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou índice equi- te e aos consumidores a nocividade ou periculosidade de
valente que venha a substituí-lo.  (Parágrafo acrescentado produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação
pela Lei nº 8.703, de 6.9.1993) no mercado:
Art. 58. As penas de apreensão, de inutilização de Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.
produtos, de proibição de fabricação de produtos, de sus- Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem
pensão do fornecimento de produto ou serviço, de cas- deixar de retirar do mercado, imediatamente quando de-
sação do registro do produto e revogação da concessão terminado pela autoridade competente, os produtos noci-
vos ou perigosos, na forma deste artigo.
ou permissão de uso serão aplicadas pela administração,
Art. 65. Executar serviço de alto grau de periculosida-
mediante procedimento administrativo, assegurada ampla
de, contrariando determinação de autoridade competente:
defesa, quando forem constatados vícios de quantidade ou Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa.
de qualidade por inadequação ou insegurança do produto Parágrafo único. As penas deste artigo são aplicáveis
ou serviço. sem prejuízo das correspondentes à lesão corporal e à
Art. 59. As penas de cassação de alvará de licença, de morte.
interdição e de suspensão temporária da atividade, bem Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir
como a de intervenção administrativa, serão aplicadas me- informação relevante sobre a natureza, característica, qua-
diante procedimento administrativo, assegurada ampla de- lidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade,
fesa, quando o fornecedor reincidir na prática das infrações preço ou garantia de produtos ou serviços:
de maior gravidade previstas neste código e na legislação Pena - Detenção de três meses a um ano e multa.
de consumo. § 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a
§ 1° A pena de cassação da concessão será aplicada à oferta.
concessionária de serviço público, quando violar obrigação § 2º Se o crime é culposo;
Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
legal ou contratual.
Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou
§ 2° A pena de intervenção administrativa será aplica- deveria saber ser enganosa ou abusiva:
da sempre que as circunstâncias de fato desaconselharem Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
a cassação de licença, a interdição ou suspensão da ativi- Parágrafo único. (Vetado).
dade. Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou
§ 3° Pendendo ação judicial na qual se discuta a impo- deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se com-
sição de penalidade administrativa, não haverá reincidência portar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou se-
até o trânsito em julgado da sentença. gurança:

65
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa: I - a interdição temporária de direitos;
Parágrafo único. (Vetado). II - a publicação em órgãos de comunicação de gran-
Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e de circulação ou audiência, às expensas do condenado, de
científicos que dão base à publicidade: notícia sobre os fatos e a condenação;
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. III - a prestação de serviços à comunidade.
Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata este
componentes de reposição usados, sem autorização do código, será fixado pelo juiz, ou pela autoridade que presidir
consumidor: o inquérito, entre cem e duzentas mil vezes o valor do Bônus
Pena Detenção de três meses a um ano e multa. do Tesouro Nacional (BTN), ou índice equivalente que venha
Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, a substituí-lo.
coação, constrangimento físico ou moral, afirmações fal- Parágrafo único. Se assim recomendar a situação econô-
sas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro proce- mica do indiciado ou réu, a fiança poderá ser:
dimento que exponha o consumidor, injustificadamente, a a) reduzida até a metade do seu valor mínimo;
ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer:
b) aumentada pelo juiz até vinte vezes.
Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes previstos
Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor
neste código, bem como a outros crimes e contravenções
às informações que sobre ele constem em cadastros, banco
que envolvam relações de consumo, poderão intervir, como
de dados, fichas e registros:
Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa. assistentes do Ministério Público, os legitimados indicados
Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação no art. 82, inciso III e IV, aos quais também é facultado propor
sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados, ação penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no
fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata: prazo legal.
Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de TÍTULO III
garantia adequadamente preenchido e com especificação Da Defesa do Consumidor em Juízo
clara de seu conteúdo; CAPÍTULO I
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. Disposições Gerais
Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para
os crimes referidos neste código, incide as penas a esses Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumi-
cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o dores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individual-
diretor, administrador ou gerente da pessoa jurídica que mente, ou a título coletivo.
promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o for- Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando
necimento, oferta, exposição à venda ou manutenção em se tratar de:
depósito de produtos ou a oferta e prestação de serviços I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para
nas condições por ele proibidas. efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisí-
Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes tipi- vel, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas
ficados neste código: por circunstâncias de fato;
I - serem cometidos em época de grave crise econômi- II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos,
ca ou por ocasião de calamidade; para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza
II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo; indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de
III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento; pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma
IV - quando cometidos: relação jurídica base;
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, as-
econômico-social seja manifestamente superior à da víti-
sim entendidos os decorrentes de origem comum.
ma;
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legi-
b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de
timados concorrentemente: (Redação dada pela Lei nº 9.008,
dezoito ou maior de sessenta anos ou de pessoas portado-
ras de deficiência mental interditadas ou não; de 21.3.1995)
V - serem praticados em operações que envolvam ali- I - o Ministério Público,
mentos, medicamentos ou quaisquer outros produtos ou II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Fe-
serviços essenciais . deral;
Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será III - as entidades e órgãos da Administração Pública, di-
fixada em dias-multa, correspondente ao mínimo e ao má- reta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, es-
ximo de dias de duração da pena privativa da liberdade pecificamente destinados à defesa dos interesses e direitos
cominada ao crime. Na individualização desta multa, o juiz protegidos por este código;
observará o disposto no art. 60, §1° do Código Penal. IV - as associações legalmente constituídas há pelo me-
Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de nos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a
multa, podem ser impostas, cumulativa ou alternadamente, defesa dos interesses e direitos protegidos por este código,
observado odisposto nos arts. 44 a 47, do Código Penal: dispensada a autorização assemblear.

66
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 1° O requisito da pré-constituição pode ser dispensado CAPÍTULO II


pelo juiz, nas ações previstas nos arts. 91 e seguintes, quando Das Ações Coletivas Para a Defesa de Interesses Indivi-
haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão duais Homogêneos
ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurí-
dico a ser protegido. Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 pode-
§ 2° (Vetado). rão propor, em nome próprio e no interesse das vítimas
§ 3° (Vetado). ou seus sucessores, ação civil coletiva de responsabilida-
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses prote- de pelos danos individualmente sofridos, de acordo com o
gidos por este código são admissíveis todas as espécies de disposto nos artigos seguintes. (Redação dada pela Lei nº
ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela. 9.008, de 21.3.1995)
Parágrafo único. (Vetado). Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a ação,
atuará sempre como fiscal da lei.
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimen-
Parágrafo único. (Vetado).
to da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é
a tutela específica da obrigação ou determinará providên-
competente para a causa a justiça local:
cias que assegurem o resultado prático equivalente ao do
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o
adimplemento. dano, quando de âmbito local;
§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Fe-
somente será admissível se por elas optar o autor ou se deral, para os danos de âmbito nacional ou regional, apli-
impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado cando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos
prático correspondente. de competência concorrente.
§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no ór-
prejuízo da multa (art. 287, do Código de Processo Civil). gão oficial, a fim de que os interessados possam intervir no
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e ha- processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divul-
vendo justificado receio de ineficácia do provimento final, gação pelos meios de comunicação social por parte dos
é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após jus- órgãos de defesa do consumidor.
tificação prévia, citado o réu. Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a con-
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, denação será genérica, fixando a responsabilidade do réu
impor multa diária ao réu, independentemente de pedido pelos danos causados.
do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, Art. 96. (Vetado).
fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito. Art. 97. A liquidação e a execução de sentença po-
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do derão ser promovidas pela vítima e seus sucessores, assim
resultado prático equivalente, poderá o juiz determinar como pelos legitimados de que trata o art. 82.
as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, re- Parágrafo único. (Vetado).
moção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impe- Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo pro-
dimento de atividade nociva, além de requisição de força movida pelos legitimados de que trata o art. 82, abran-
policial. gendo as vítimas cujas indenizações já tiveram sido fixadas
Art. 85. (Vetado). em sentença de liquidação, sem prejuízo do ajuizamento
Art. 86. (Vetado). de outras execuções. (Redação dada pela Lei nº 9.008, de
Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código 21.3.1995)
§ 1° A execução coletiva far-se-á com base em certidão
não haverá adiantamento de custas, emolumentos, hono-
das sentenças de liquidação, da qual deverá constar a ocor-
rários periciais e quaisquer outras despesas, nem conde-
rência ou não do trânsito em julgado.
nação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em
§ 2° É competente para a execução o juízo:
honorários de advogados, custas e despesas processuais.
I - da liquidação da sentença ou da ação condenatória,
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a as- no caso de execução individual;
sociação autora e os diretores responsáveis pela proposi- II - da ação condenatória, quando coletiva a execução.
tura da ação serão solidariamente condenados em honorá- Art. 99. Em caso de concurso de créditos decorrentes
rios advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da de condenação prevista na Lei n.° 7.347, de 24 de julho de
responsabilidade por perdas e danos. 1985 e de indenizações pelos prejuízos individuais resul-
Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste tantes do mesmo evento danoso, estas terão preferência
código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em proces- no pagamento.
so autônomo, facultada a possibilidade de prosseguir-se Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo,
nos mesmos autos, vedada a denunciação da lide. a destinação da importância recolhida ao fundo criado pela
Art. 89. (Vetado) Lei n°7.347 de 24 de julho de 1985, ficará sustada enquan-
Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as to pendentes de decisão de segundo grau as ações de in-
normas do Código de Processo Civil e da Lei n° 7.347, de denização pelos danos individuais, salvo na hipótese de o
24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito patrimônio do devedor ser manifestamente suficiente para
civil, naquilo que não contrariar suas disposições. responder pela integralidade das dívidas.

67
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação § 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de im-
de interessados em número compatível com a gravidade procedência do pedido, os interessados que não tiverem
do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a intervindo no processo como litisconsortes poderão pro-
liquidação e execução da indenização devida. por ação de indenização a título individual.
Parágrafo único. O produto da indenização devida re- § 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16,
verterá para o fundo criado pela Lei n.° 7.347, de 24 de combinado com o art. 13 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de
julho de 1985. 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos
pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na
CAPÍTULO III forma prevista neste código, mas, se procedente o pedi-
Das Ações de Responsabilidade do Fornecedor de Pro- do, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão
dutos e Serviços proceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts.
96 a 99.
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornece- § 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sen-
dor de produtos e serviços, sem prejuízo do disposto nos
tença penal condenatória.
Capítulos I e II deste título, serão observadas as seguintes
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I e II e
normas:
do parágrafo único do art. 81, não induzem litispendência
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
II - o réu que houver contratado seguro de responsa- para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada
bilidade poderá chamar ao processo o segurador, vedada erga omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III
a integração do contraditório pelo Instituto de Resseguros do artigo anterior não beneficiarão os autores das ações
do Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar procedente individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo
o pedido condenará o réu nos termos do art. 80 do Código de trinta dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento
de Processo Civil. Se o réu houver sido declarado falido, da ação coletiva.
o síndico será intimado a informar a existência de seguro
de responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o TÍTULO IV
ajuizamento de ação de indenização diretamente contra o Do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor
segurador, vedada a denunciação da lide ao Instituto de
Resseguros do Brasil e dispensado o litisconsórcio obriga- Art. 105. Integram o Sistema Nacional de Defesa do
tório com este. Consumidor (SNDC), os órgãos federais, estaduais, do Dis-
Art. 102. Os legitimados a agir na forma deste códi- trito Federal e municipais e as entidades privadas de defesa
go poderão propor ação visando compelir o Poder Público do consumidor.
competente a proibir, em todo o território nacional, a pro- Art. 106. O Departamento Nacional de Defesa do Con-
dução, divulgação distribuição ou venda, ou a determinar a sumidor, da Secretaria Nacional de Direito Econômico (MJ),
alteração na composição, estrutura, fórmula ou acondicio- ou órgão federal que venha substituí-lo, é organismo de
namento de produto, cujo uso ou consumo regular se re- coordenação da política do Sistema Nacional de Defesa do
vele nocivo ou perigoso à saúde pública e à incolumidade Consumidor, cabendo-lhe:
pessoal. I - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a
§ 1° (Vetado). política nacional de proteção ao consumidor;
§ 2° (Vetado) II - receber, analisar, avaliar e encaminhar consultas,
denúncias ou sugestões apresentadas por entidades repre-
CAPÍTULO IV sentativas ou pessoas jurídicas de direito público ou pri-
Da Coisa Julgada
vado;
III - prestar aos consumidores orientação permanente
Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código,
sobre seus direitos e garantias;
a sentença fará coisa julgada:
I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado im- IV - informar, conscientizar e motivar o consumidor
procedente por insuficiência de provas, hipótese em que através dos diferentes meios de comunicação;
qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idên- V - solicitar à polícia judiciária a instauração de inqué-
tico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese do rito policial para a apreciação de delito contra os consumi-
inciso I do parágrafo único do art. 81; dores, nos termos da legislação vigente;
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, cate- VI - representar ao Ministério Público competente
goria ou classe, salvo improcedência por insuficiência de para fins de adoção de medidas processuais no âmbito de
provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da suas atribuições;
hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do art. 81; VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes
III - erga omnes, apenas no caso de procedência do as infrações de ordem administrativa que violarem os inte-
pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, resses difusos, coletivos, ou individuais dos consumidores;
na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81. VIII - solicitar o concurso de órgãos e entidades da
§ 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos União, Estados, do Distrito Federal e Municípios, bem como
I e II não prejudicarão interesses e direitos individuais dos auxiliar a fiscalização de preços, abastecimento, quantida-
integrantes da coletividade, do grupo, categoria ou classe. de e segurança de bens e serviços;

68
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e § 5.°  Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os
outros programas especiais, a formação de entidades de Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos
defesa do consumidor pela população e pelos órgãos pú- Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida
blicos estaduais e municipais; esta lei.
X - (Vetado). § 6°  Os órgãos públicos legitimados poderão tomar
XI - (Vetado). dos interessados compromisso de ajustamento de sua
XII - (Vetado) conduta às exigências legais, mediante combinações, que
XIII - desenvolver outras atividades compatíveis com terá eficácia de título executivo extrajudicial».
suas finalidades. Art. 114. O art. 15 da Lei n° 7.347, de 24 de julho de
Parágrafo único. Para a consecução de seus objetivos, 1985, passa a ter a seguinte redação:
o Departamento Nacional de Defesa do Consumidor po- “Art. 15.  Decorridos sessenta dias do trânsito em
derá solicitar o concurso de órgãos e entidades de notória julgado da sentença condenatória, sem que a associação
especialização técnico-científica. autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério
Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados».
Art. 115. Suprima-se o caput do art. 17 da Lei n° 7.347,
TÍTULO V
de 24 de julho de 1985, passando o parágrafo único a
Da Convenção Coletiva de Consumo
constituir o caput, com a seguinte redação:
“Art. 17.  “Art. 17. Em caso de litigância de má-fé,
Art. 107. As entidades civis de consumidores e as as-
a associação autora e os diretores responsáveis pela
sociações de fornecedores ou sindicatos de categoria eco- propositura da ação serão solidariamente condenados
nômica podem regular, por convenção escrita, relações de em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem
consumo que tenham por objeto estabelecer condições prejuízo da responsabilidade por perdas e danos”.
relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à garantia e Art. 116. Dê-se a seguinte redação ao art. 18 da Lei n°
características de produtos e serviços, bem como à recla- 7.347, de 24 de julho de 1985:
mação e composição do conflito de consumo. “Art. 18.  Nas ações de que trata esta lei, não haverá
§ 1° A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do re- adiantamento de custas, emolumentos, honorários
gistro do instrumento no cartório de títulos e documentos. periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da
§ 2° A convenção somente obrigará os filiados às en- associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários
tidades signatárias. de advogado, custas e despesas processuais».
§ 3° Não se exime de cumprir a convenção o forne- Art. 117. Acrescente-se à Lei n° 7.347, de 24 de julho de
cedor que se desligar da entidade em data posterior ao 1985, o seguinte dispositivo, renumerando-se os seguintes:
registro do instrumento. “Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses
Art. 108. (Vetado). difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os
dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de
TÍTULO VI Defesa do Consumidor».
Disposições Finais Art. 118. Este código entrará em vigor dentro de cento
e oitenta dias a contar de sua publicação.
Art. 109. (Vetado). Art. 119. Revogam-se as disposições em contrário.
Art. 110. Acrescente-se o seguinte inciso IV ao art. 1° Brasília, 11 de setembro de 1990; 169° da Independên-
da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985: cia e 102° da República.
“IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo».
Art. 111. O inciso II do art. 5° da Lei n° 7.347, de 24 de
julho de 1985, passa a ter a seguinte redação: CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
“II -  inclua, entre suas finalidades institucionais, a (LEI N.° 9.605/1998).
proteção ao meio ambiente, ao consumidor, ao patrimônio
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, ou a
qualquer outro interesse difuso ou coletivo».
LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998.
Art. 112. O § 3° do art. 5° da Lei n° 7.347, de 24 de julho
de 1985, passa a ter a seguinte redação: Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas
“§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá
da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outras providências.
outro legitimado assumirá a titularidade ativa».
Art. 113. Acrescente-se os seguintes §§ 4°, 5° e 6° ao O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
art. 5º. da Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985: gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
“§ 4.°  O requisito da pré-constituição poderá ser
dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse
social evidenciado pela dimensão ou característica do
dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.

69
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

CAPÍTULO I Art. 10. As penas de interdição temporária de direito


DISPOSIÇÕES GERAIS são a proibição de o condenado contratar com o Poder
Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros
Art. 1º (VETADO) benefícios, bem como de participar de licitações, pelo pra-
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prá- zo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos,
tica dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes no de crimes culposos.
cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quan-
diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão do estas não estiverem obedecendo às prescrições legais.
técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento
pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de ou- em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com
trem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a
para evitá-la. um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta sa-
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas ad- lários mínimos. O valor pago será deduzido do montante
ministrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.
Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na au-
de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão todisciplina e senso de responsabilidade do condenado,
colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídi- exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos
cas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou dias e horários de folga em residência ou em qualquer local
partícipes do mesmo fato. destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sem- na sentença condenatória.
pre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
Art. 5º (VETADO) II - arrependimento do infrator, manifestado pela es-
pontânea reparação do dano, ou limitação significativa da
degradação ambiental causada;
CAPÍTULO II
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminen-
DA APLICAÇÃO DA PENA
te de degradação ambiental;
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigi-
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a au-
lância e do controle ambiental.
toridade competente observará: Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quan-
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da do não constituem ou qualificam o crime:
infração e suas consequências para a saúde pública e para I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
o meio ambiente; II - ter o agente cometido a infração:
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimen- a) para obter vantagem pecuniária;
to da legislação de interesse ambiental; b) coagindo outrem para a execução material da in-
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa. fração;
Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a
substituem as privativas de liberdade quando: saúde pública ou o meio ambiente;
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
privativa de liberdade inferior a quatro anos; e) atingindo áreas de unidades de conservação ou
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial
a personalidade do condenado, bem como os motivos e as de uso;
circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamen-
suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime. tos humanos;
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que g) em período de defeso à fauna;
se refere este artigo terão a mesma duração da pena priva- h) em domingos ou feriados;
tiva de liberdade substituída. i) à noite;
Art. 8º As penas restritivas de direito são: j) em épocas de seca ou inundações;
I - prestação de serviços à comunidade; l) no interior do espaço territorial especialmente pro-
II - interdição temporária de direitos; tegido;
III - suspensão parcial ou total de atividades; m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou
IV - prestação pecuniária; captura de animais;
V - recolhimento domiciliar. n) mediante fraude ou abuso de confiança;
Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consis- o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou
te na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a autorização ambiental;
parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou
no caso de dano da coisa particular, pública ou tombada, parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por in-
na restauração desta, se possível. centivos fiscais;

70
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relató- III - manutenção de espaços públicos;


rios oficiais das autoridades competentes; IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais
r) facilitada por funcionário público no exercício de públicas.
suas funções. Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, pre-
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão ponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocul-
condicional da pena pode ser aplicada nos casos de con- tar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua
denação a pena privativa de liberdade não superior a três liquidação forçada, seu patrimônio será considerado ins-
anos. trumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo
Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § Penitenciário Nacional.
2º do art. 78 do Código Penal  será feita mediante laudo
de reparação do dano ambiental, e as condições a serem CAPÍTULO III
impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMEN-
meio ambiente. TO DE INFRAÇÃO
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do ADMINISTRATIVA OU DE CRIME
Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no
valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus
em vista o valor da vantagem econômica auferida. produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos.
Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, § 1o Os animais serão prioritariamente libertados em
sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causa- seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomen-
do para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. dável por questões sanitárias, entregues a jardins zoológi-
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil cos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e
ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados.
instaurando-se o contraditório. (Redação dada pela Lei nº 13.052, de 2014)
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que § 2o Até que os animais sejam entregues às instituições
possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos mencionadas no § 1o deste artigo, o órgão autuante zelará
causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos para que eles sejam mantidos em condições adequadas de
pelo ofendido ou pelo meio ambiente.
acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença con-
-estar físico. (Redação dada pela Lei nº 13.052, de 2014)
denatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor fixado
§ 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras,
nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apu-
serão estes avaliados e doados a instituições científicas,
ração do dano efetivamente sofrido.
hospitalares, penais e outras com fins beneficentes. (Renu-
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou al-
merando do §2º para §3º pela Lei nº 13.052, de 2014)
ternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o dis-
§ 4° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis
posto no art. 3º, são:
serão destruídos ou doados a instituições científicas,
I - multa;
II - restritivas de direitos; culturais ou educacionais. (Renumerando do §3º para §4º
III - prestação de serviços à comunidade. pela Lei nº 13.052, de 2014)
Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurí- § 5º Os instrumentos utilizados na prática da infração
dica são: serão vendidos, garantida a sua descaracterização por
I - suspensão parcial ou total de atividades; meio da reciclagem. (Renumerando do §4º para §5º pela
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou Lei nº 13.052, de 2014)
atividade;
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem CAPÍTULO IV
como dele obter subsídios, subvenções ou doações. DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando
estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação
regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. penal é pública incondicionada.
§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, Parágrafo único. (VETADO)
obra ou atividade estiver funcionando sem a devida Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial
autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restriti-
violação de disposição legal ou regulamentar. va de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099,
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada
dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá desde que tenha havido a prévia composição do dano am-
exceder o prazo de dez anos. biental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela de comprovada impossibilidade.
pessoa jurídica consistirá em: Art. 28. As disposições do  art. 89 da Lei nº 9.099, de
I - custeio de programas e de projetos ambientais; 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor
II - execução de obras de recuperação de áreas degra- potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes
dadas; modificações:

71
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

I - a declaração de extinção de punibilidade, de que III - durante a noite;


trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo IV - com abuso de licença;
de constatação de reparação do dano ambiental, ressalva- V - em unidade de conservação;
da a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo VI - com emprego de métodos ou instrumentos capa-
artigo; zes de provocar destruição em massa.
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar § 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre
não ter sido completa a reparação, o prazo de suspensão do exercício de caça profissional.
do processo será prorrogado, até o período máximo pre- § 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos
visto no artigo referido no  caput, acrescido de mais um atos de pesca.
ano, com suspensão do prazo da prescrição; Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de an-
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as fíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade
condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo mencio- ambiental competente:
nado no caput; Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem pare-
lavratura de novo laudo de constatação de reparação do cer técnico oficial favorável e licença expedida por autori-
dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser no- dade competente:
vamente prorrogado o período de suspensão, até o máxi- Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
mo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mu-
no inciso III; tilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nati-
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a decla- vos ou exóticos:
ração de extinção de punibilidade dependerá de laudo de Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
constatação que comprove ter o acusado tomado as provi- § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza
dências necessárias à reparação integral do dano. experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que
para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos
CAPÍTULO V alternativos.
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se
Seção I
ocorre morte do animal.
Dos Crimes contra a Fauna
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carrea-
mento de materiais, o perecimento de espécimes da fauna
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espéci-
aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou
mes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem
águas jurisdicionais brasileiras:
a devida permissão, licença ou autorização da autoridade
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou am-
competente, ou em desacordo com a obtida:
bas cumulativamente.
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou es-
autorização ou em desacordo com a obtida; tações de aquicultura de domínio público;
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou II - quem explora campos naturais de invertebrados
criadouro natural; aquáticos e algas, sem licença, permissão ou autorização
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, da autoridade competente;
guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de
ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, de-
rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriun- vidamente demarcados em carta náutica.
dos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibi-
a devida permissão, licença ou autorização da autoridade da ou em lugares interditados por órgão competente:
competente. Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre ambas as penas cumulativamente.
não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espé-
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles cimes com tamanhos inferiores aos permitidos;
pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou
outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e
de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do métodos não permitidos;
território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é espécimes provenientes da coleta, apanha e pesca proibi-
praticado: das.
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de Art. 35. Pescar mediante a utilização de:
extinção, ainda que somente no local da infração; I - explosivos ou substâncias que, em contato com a
II - em período proibido à caça; água, produzam efeito semelhante;

72
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela § 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
autoridade competente: metade.
Pena - reclusão de um ano a cinco anos. Art. 40-A.  (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.985, de
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca 2000)
todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreen- § 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso
der ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustá- Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas de
ceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as
aproveitamento econômico, ressalvadas as espécies amea- Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de
çadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e Desenvolvimento Sustentável e as Reservas Particulares do
da flora. Patrimônio Natural. (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000)
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando reali- § 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas
zado:
de extinção no interior das Unidades de Conservação de
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do
Uso Sustentável será considerada circunstância agravante
agente ou de sua família;
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da para a fixação da pena. (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000)
ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal § 3o  Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
e expressamente autorizado pela autoridade competente; metade. (Incluído pela Lei nº 9.985, de 2000)
III – (VETADO) Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracte- Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
rizado pelo órgão competente. Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de de-
tenção de seis meses a um ano, e multa.
Seção II Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões
Dos Crimes contra a Flora que possam provocar incêndios nas florestas e demais for-
mas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de assentamento humano:
preservação permanente, mesmo que em formação, ou Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas
utilizá-la com infringência das normas de proteção: as penas cumulativamente.
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou am- Art. 43. (VETADO)
bas as penas cumulativamente. Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou con-
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será
sideradas de preservação permanente, sem prévia autori-
reduzida à metade.
zação, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:
Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou
secundária, em estágio avançado ou médio de regenera- Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
ção, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de
das normas de proteção: (Incluído pela Lei nº 11.428, de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para fins
2006). industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração,
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, econômica ou não, em desacordo com as determinações
ou ambas as penas cumulativamente. (Incluído pela Lei nº legais:
11.428, de 2006). Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou in-
reduzida à metade. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006). dustriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de ori-
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de pre- gem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor,
servação permanente, sem permissão da autoridade com- outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da
petente: via que deverá acompanhar o produto até final beneficia-
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou am- mento:
bas as penas cumulativamente. Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem ven-
Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto de, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda
nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de
madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vege-
sua localização:
tal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 1o  Entende-se por Unidades de Conservação de armazenamento, outorgada pela autoridade competente.
Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas Art. 47. (VETADO)
Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de
e os Refúgios de Vida Silvestre. (Redação dada pela Lei nº florestas e demais formas de vegetação:
9.985, de 2000) Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qual-
de extinção no interior das Unidades de Conservação de quer modo ou meio, plantas de ornamentação de logra-
Proteção Integral será considerada circunstância agravante douros públicos ou em propriedade privada alheia:
para a fixação da pena. (Redação dada pela Lei nº 9.985, Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou
de 2000) ambas as penas cumulativamente.

73
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
seis meses, ou multa. V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líqui-
Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plan- dos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas,
tadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de man- em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou
gues, objeto de especial preservação: regulamentos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou de- § 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo
gradar floresta, plantada ou nativa, em terras de domínio anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a
público ou devolutas, sem autorização do órgão compe- autoridade competente, medidas de precaução em caso de
tente: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) risco de dano ambiental grave ou irreversível.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recur-
(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) sos minerais sem a competente autorização, permissão,
§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
à subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família. Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem dei-
§ 2o  Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil xa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos ter-
hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar mos da autorização, permissão, licença, concessão ou de-
de hectare. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006) terminação do órgão competente.
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em flo- Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar,
restas e nas demais formas de vegetação, sem licença ou comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter
registro da autoridade competente: em depósito ou usar produto ou substância tóxica, peri-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. gosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação condu- desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos
zindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou seus regulamentos:
para exploração de produtos ou subprodutos florestais, Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada
sem licença da autoridade competente:
pela Lei nº 12.305, de 2010)
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
I - abandona os produtos ou substâncias referidos
Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é au-
no  caput  ou os utiliza em desacordo com as normas
mentada de um sexto a um terço se:
ambientais ou de segurança; (Incluído pela Lei nº 12.305,
I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a
de 2010)
erosão do solo ou a modificação do regime climático;
II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transpor-
II - o crime é cometido:
ta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a resíduos peri-
a) no período de queda das sementes;
gosos de forma diversa da estabelecida em lei ou regula-
b) no período de formação de vegetações; mento. (Incluído pela Lei nº 12.305, de 2010)
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ain- § 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou
da que a ameaça ocorra somente no local da infração; radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço.
d) em época de seca ou inundação; § 3º Se o crime é culposo:
e) durante a noite, em domingo ou feriado. Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 57. (VETADO)
Seção III Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as
Da Poluição e outros Crimes Ambientais penas serão aumentadas:
I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em ní- à flora ou ao meio ambiente em geral;
veis tais que resultem ou possam resultar em danos à saú- II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal
de humana, ou que provoquem a mortandade de animais de natureza grave em outrem;
ou a destruição significativa da flora: III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo
§ 1º Se o crime é culposo: somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. grave.
§ 2º Se o crime: Art. 59. (VETADO)
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer
ocupação humana; funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabe-
II - causar poluição atmosférica que provoque a retira- lecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores,
da, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afe- sem licença ou autorização dos órgãos ambientais compe-
tadas, ou que cause danos diretos à saúde da população; tentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares
III - causar poluição hídrica que torne necessária a in- pertinentes:
terrupção do abastecimento público de água de uma co- Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou am-
munidade; bas as penas cumulativamente.

74
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autori-
flora ou aos ecossistemas: zação ou permissão em desacordo com as normas ambien-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. tais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização
depende de ato autorizativo do Poder Público:
Seção IV Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Pa- Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
trimônio Cultural meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou con-
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: tratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante inte-
I - bem especialmente protegido por lei, ato adminis-
resse ambiental:
trativo ou decisão judicial;
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, ins-
talação científica ou similar protegido por lei, ato adminis- Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três
trativo ou decisão judicial: meses a um ano, sem prejuízo da multa.
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Po-
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de der Público no trato de questões ambientais:
seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamen-
ou local especialmente protegido por lei, ato administrati- to, concessão florestal ou qualquer outro procedimen-
vo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, to administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental
ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autoriza- omissão:(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
ção da autoridade competente ou em desacordo com a Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (In-
concedida: cluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. § 1o Se o crime é culposo: (Incluído pela Lei nº 11.284,
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, de 2006)
ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu va- Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído
lor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cul- pela Lei nº 11.284, de 2006)
tural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental,
§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
sem autorização da autoridade competente ou em desa-
terços), se há dano significativo ao meio ambiente, em
cordo com a concedida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou
Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação enganosa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
ou monumento urbano: (Redação dada pela Lei nº 12.408,
de 2011) CAPÍTULO VI
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e mul- DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
ta. (Redação dada pela Lei nº 12.408, de 2011)
§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental
tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso,
ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambien-
detenção e multa. (Renumerado do parágrafo único pela te.
Lei nº 12.408, de 2011) § 1º São autoridades competentes para lavrar auto de
§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada infração ambiental e instaurar processo administrativo os
com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou priva- funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema
do mediante manifestação artística, desde que consentida Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para
pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou ar- as atividades de fiscalização, bem como os agentes das
rendatário do bem privado e, no caso de bem público, com Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.
a autorização do órgão competente e a observância das
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental,
posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos
poderá dirigir representação às autoridades relacionadas
governamentais responsáveis pela preservação e conser-
vação do patrimônio histórico e artístico nacional. (Incluído no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder
pela Lei nº 12.408, de 2011) de polícia.
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de
Seção V infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração
Dos Crimes contra a Administração Ambiental imediata, mediante processo administrativo próprio, sob
pena de co-responsabilidade.
Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou § 4º As infrações ambientais são apuradas em processo
enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados administrativo próprio, assegurado o direito de ampla
técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de defesa e o contraditório, observadas as disposições desta
licenciamento ambiental: Lei.

75
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 71. O processo administrativo para apuração de § 8º As sanções restritivas de direito são:
infração ambiental deve observar os seguintes prazos má- I - suspensão de registro, licença ou autorização;
ximos: II - cancelamento de registro, licença ou autorização;
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impug- III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
nação contra o auto de infração, contados da data da ciên- IV - perda ou suspensão da participação em linhas de
cia da autuação; financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
II - trinta dias para a autoridade competente julgar o V - proibição de contratar com a Administração Públi-
auto de infração, contados da data da sua lavratura, apre- ca, pelo período de até três anos.
sentada ou não a defesa ou impugnação; Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de mul-
III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão con- tas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo Na-
denatória à instância superior do Sistema Nacional do Meio cional do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de
julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923,
Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do
de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou municipais de
Ministério da Marinha, de acordo com o tipo de autuação;
meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão
IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados arrecadador.
da data do recebimento da notificação. Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de acordo
as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º: com o objeto jurídico lesado.
I - advertência; Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será
II - multa simples; fixado no regulamento desta Lei e corrigido periodicamen-
III - multa diária; te, com base nos índices estabelecidos na legislação per-
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da tinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 (cinquenta reais) e o
fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou máximo de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais).
veículos de qualquer natureza utilizados na infração; Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados,
V - destruição ou inutilização do produto; Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; federal na mesma hipótese de incidência.
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra; CAPÍTULO VII
IX - suspensão parcial ou total de atividades; DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRE-
X – (VETADO) SERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
XI - restritiva de direitos.
Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou
pública e os bons costumes, o Governo brasileiro prestará,
mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as no que concerne ao meio ambiente, a necessária coope-
sanções a elas cominadas. ração a outro país, sem qualquer ônus, quando solicitado
§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância para:
das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de I - produção de prova;
preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções II - exame de objetos e lugares;
previstas neste artigo. III - informações sobre pessoas e coisas;
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o IV - presença temporária da pessoa presa, cujas decla-
agente, por negligência ou dolo: rações tenham relevância para a decisão de uma causa;
I - advertido por irregularidades que tenham sido pra- V - outras formas de assistência permitidas pela legis-
ticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por órgão lação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja parte.
competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do § 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida
Ministério da Marinha; ao Ministério da Justiça, que a remeterá, quando necessário,
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SIS- ao órgão judiciário competente para decidir a seu respeito,
NAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da Mari- ou a encaminhará à autoridade capaz de atendê-la.
nha. § 2º A solicitação deverá conter:
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;
II - o objeto e o motivo de sua formulação;
de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do
III - a descrição sumária do procedimento em curso no
meio ambiente.
país solicitante;
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o IV - a especificação da assistência solicitada;
cometimento da infração se prolongar no tempo. V - a documentação indispensável ao seu esclareci-
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV mento, quando for o caso.
e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta Lei. Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do  ca- especialmente para a reciprocidade da cooperação interna-
put serão aplicadas quando o produto, a obra, a atividade cional, deve ser mantido sistema de comunicações apto a
ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às facilitar o intercâmbio rápido e seguro de informações com
prescrições legais ou regulamentares. órgãos de outros países.

76
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

CAPÍTULO VIII § 3o Da data da protocolização do requerimento previsto


DISPOSIÇÕES FINAIS no § 2o e enquanto perdurar a vigência do correspondente
termo de compromisso, ficarão suspensas, em relação aos
Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as dis- fatos que deram causa à celebração do instrumento, a
posições do Código Penal e do Código de Processo Penal. aplicação de sanções administrativas contra a pessoa física
Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, ou jurídica que o houver firmado. (Redação dada pela Me-
os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsá- dida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
veis pela execução de programas e projetos e pelo controle §  4o A celebração do termo de compromisso de que
e fiscalização dos estabelecimentos e das atividades susce- trata este artigo não impede a execução de eventuais
tíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam autori- multas aplicadas antes da protocolização do requerimen-
zados a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, to. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.163-41, de
termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas 2001)
responsáveis pela construção, instalação, ampliação e fun- § 5o Considera-se rescindido de pleno direito o termo
cionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de compromisso, quando descumprida qualquer de suas
de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencial- cláusulas, ressalvado o caso fortuito ou de força maior. (In-
mente poluidores. (Redação dada pela Medida Provisória cluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
nº 2.163-41, de 2001)
§ 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em
§  1o O termo de compromisso a que se refere este
até noventa dias, contados da protocolização do requeri-
artigo destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as
mento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de
pessoas físicas e jurídicas mencionadas no caput possam
2001)
promover as necessárias correções de suas atividades, para
o atendimento das exigências impostas pelas autoridades § 7o O requerimento de celebração do termo de com-
ambientais competentes, sendo obrigatório que o promisso deverá conter as informações necessárias à veri-
respectivo instrumento disponha sobre: (Redação dada ficação da sua viabilidade técnica e jurídica, sob pena de
pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001) indeferimento do plano. (Incluído pela Medida Provisória
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes com- nº 2.163-41, de 2001)
promissadas e dos respectivos representantes legais; (Re- § 8o Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso
dação dada pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001) deverão ser publicados no órgão oficial competente, me-
II - o prazo de vigência do compromisso, que, em fun- diante extrato. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-
ção da complexidade das obrigações nele fixadas, poderá 41, de 2001)
variar entre o mínimo de noventa dias e o máximo de três Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no
anos, com possibilidade de prorrogação por igual perío- prazo de noventa dias a contar de sua publicação.
do; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.163-41, de Art. 81. (VETADO)
2001) Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário.
III  -  a descrição detalhada de seu objeto, o valor do Brasília, 12 de fevereiro de 1998; 177º da Independên-
investimento previsto e o cronograma físico de execução e cia e 110º da República.
de implantação das obras e serviços exigidos, com metas
trimestrais a serem atingidas; (Redação dada pela Medida
Provisória nº 2.163-41, de 2001)
IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física JUIZADOS ESPECIAIS (LEI N.° 9.099/1995
ou jurídica compromissada e os casos de rescisão, em de- E LEI 10.259/2001).
corrência do não-cumprimento das obrigações nele pac-
tuadas; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.163-41,
de 2001) LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995.
V - o valor da multa de que trata o inciso IV não poderá
ser superior ao valor do investimento previsto; (Redação
Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá
dada pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
VI - o foro competente para dirimir litígios entre as par- outras providências.
tes. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001)
§  2o No tocante aos empreendimentos em curso até O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
o dia 30 de março de 1998, envolvendo construção, insta- gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
lação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e
atividades utilizadores de recursos ambientais, considera- CAPÍTULO I
dos efetiva ou potencialmente poluidores, a assinatura do Disposições Gerais
termo de compromisso deverá ser requerida pelas pessoas
físicas e jurídicas interessadas, até o dia 31 de dezembro de Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais, órgãos
1998, mediante requerimento escrito protocolizado junto da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Distrito
aos órgãos competentes do SISNAMA, devendo ser firma- Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para conciliação,
do pelo dirigente máximo do estabelecimento. (Redação processo, julgamento e execução, nas causas de sua com-
dada pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 2001) petência.

77
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da ora- Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos de
lidade, simplicidade, informalidade, economia processual e exercer a advocacia perante os Juizados Especiais, enquan-
celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação to no desempenho de suas funções.
ou a transação.
Seção III
Capítulo II Das Partes
Dos Juizados Especiais Cíveis
Seção I Art. 8º Não poderão ser partes, no processo instituído
Da Competência por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de di-
reito público, as empresas públicas da União, a massa falida
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência para e o insolvente civil.
conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de § 1o Somente serão admitidas a propor ação perante
menor complexidade, assim consideradas: o Juizado Especial: (Redação dada pela Lei nº 12.126, de
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o 2009)
salário mínimo; I - as pessoas físicas capazes, excluídos os cessionários
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de de direito de pessoas jurídicas; (Incluído pela Lei nº 12.126,
Processo Civil; de 2009)
III - a ação de despejo para uso próprio; II  -  as pessoas enquadradas como microempreende-
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor dores individuais, microempresas e empresas de peque-
não excedente ao fixado no inciso I deste artigo. no porte na forma da Lei Complementar no 123, de 14 de
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a execu- dezembro de 2006; (Redação dada pela Lei Complementar
ção: nº 147, de 2014)
I - dos seus julgados; III - as pessoas jurídicas qualificadas como Organização
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até da Sociedade Civil de Interesse Público, nos termos da Lei
quarenta vezes o salário mínimo, observado o disposto no no  9.790, de 23 de março de 1999; (Incluído pela Lei nº
§ 1º do art. 8º desta Lei. 12.126, de 2009)
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado Es- IV - as sociedades de crédito ao microempreendedor,
pecial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e
nos termos do art. 1o da Lei no 10.194, de 14 de fevereiro de
de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a
2001. (Incluído pela Lei nº 12.126, de 2009)
acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e capacidade
§ 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor,
das pessoas, ainda que de cunho patrimonial.
independentemente de assistência, inclusive para fins de
§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei im-
conciliação.
portará em renúncia ao crédito excedente ao limite esta-
Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos,
belecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação.
as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser assis-
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta
Lei, o Juizado do foro: tidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local obrigatória.
onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas § 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das partes
ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou comparecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa
escritório; jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser,
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita; assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, Juizado Especial, na forma da lei local.
nas ações para reparação de dano de qualquer natureza. § 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação patrocínio por advogado, quando a causa o recomendar.
ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo. § 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo
quanto aos poderes especiais.
Seção II § 4o O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma
Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos individual, poderá ser representado por preposto creden-
ciado, munido de carta de preposição com poderes para
Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para transigir, sem haver necessidade de vínculo empregatício.
determinar as provas a serem produzidas, para apreciá-las (Redação dada pela Lei nº 12.137, de 2009)
e para dar especial valor às regras de experiência comum Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma
ou técnica. de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á
Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que re- o litisconsórcio.
putar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos pre-
lei e às exigências do bem comum. vistos em lei.
Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares
da Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre
os bacharéis em Direito, e os segundos, entre advogados
com mais de cinco anos de experiência.

78
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Seção IV II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual,


Dos atos processuais mediante entrega ao encarregado da recepção, que será
obrigatoriamente identificado;
Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão III - sendo necessário, por oficial de justiça, indepen-
realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as dentemente de mandado ou carta precatória.
normas de organização judiciária. § 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e
Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que hora para comparecimento do citando e advertência de
preencherem as finalidades para as quais forem realizados, que, não comparecendo este, considerar-se-ão verdadeiras
atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei. as alegações iniciais, e será proferido julgamento, de plano.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que § 2º Não se fará citação por edital.
tenha havido prejuízo. § 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas nulidade da citação.
poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo de Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista
comunicação. para citação, ou por qualquer outro meio idôneo de co-
§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão municação.
registrados resumidamente, em notas manuscritas, § 1º Dos atos praticados na audiência, considerar-se-
datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os -ão desde logo cientes as partes.
demais atos poderão ser gravados em fita magnética ou § 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de
equivalente, que será inutilizada após o trânsito em julgado endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se
da decisão.
eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente in-
§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação das
dicado, na ausência da comunicação.
peças do processo e demais documentos que o instruem.
Seção VII
Seção V
Da Revelia
Do pedido
Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão
Art. 14. O processo instaurar-se-á com a apresentação
de conciliação ou à audiência de instrução e julgamento,
do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.
reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido ini-
§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em
linguagem acessível: cial, salvo se o contrário resultar da convicção do Juiz.
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes;
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; Seção VIII
III - o objeto e seu valor. Da Conciliação e do Juízo Arbitral
§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for
possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação. Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo es-
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela clarecerá as partes presentes sobre as vantagens da con-
Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de ciliação, mostrando-lhes os riscos e as consequências do
fichas ou formulários impressos. litígio, especialmente quanto ao disposto no § 3º do art.
Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei 3º desta Lei.
poderão ser alternativos ou cumulados; nesta última hipó- Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado
tese, desde que conexos e a soma não ultrapasse o limite ou leigo ou por conciliador sob sua orientação.
fixado naquele dispositivo. Parágrafo único. Obtida a conciliação, esta será redu-
Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de zida a escrito e homologada pelo Juiz togado, mediante
distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado designará a sentença com eficácia de título executivo.
sessão de conciliação, a realizar-se no prazo de quinze dias. Art. 23. Não comparecendo o demandado, o Juiz toga-
Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes, do proferirá sentença.
instaurar-se-á, desde logo, a sessão de conciliação, dispen- Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão
sados o registro prévio de pedido e a citação. optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma pre-
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos, po- vista nesta Lei.
derá ser dispensada a contestação formal e ambos serão § 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, inde-
apreciados na mesma sentença. pendentemente de termo de compromisso, com a escolha
do árbitro pelas partes. Se este não estiver presente, o Juiz
Seção VI convocá-lo-á e designará, de imediato, a data para a au-
Das Citações e Intimações diência de instrução.
§ 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos.
Art. 18. A citação far-se-á: Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os mes-
I - por correspondência, com aviso de recebimento em mos critérios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta Lei,
mão própria; podendo decidir por equidade.

79
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias § 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz
subsequentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado poderá determinar sua imediata condução, valendo-se, se
para homologação por sentença irrecorrível. necessário, do concurso da força pública.
Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz pode-
Seção IX rá inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a
Da Instrução e Julgamento apresentação de parecer técnico.
Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o Juiz,
Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á de ofício ou a requerimento das partes, realizar inspeção
imediatamente à audiência de instrução e julgamento, des- em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça pessoa de
de que não resulte prejuízo para a defesa. sua confiança, que lhe relatará informalmente o verificado.
Art. 36. A prova oral não será reduzida a escrito, de-
Parágrafo único. Não sendo possível a sua realização
vendo a sentença referir, no essencial, os informes trazidos
imediata, será a audiência designada para um dos quinze
nos depoimentos.
dias subsequentes, cientes, desde logo, as partes e teste- Art. 37. A instrução poderá ser dirigida por Juiz leigo,
munhas eventualmente presentes. sob a supervisão de Juiz togado.
Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão
ouvidas as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida Seção XII
a sentença. Da Sentença
Art. 29. Serão decididos de plano todos os incidentes
que possam interferir no regular prosseguimento da au- Art. 38. A sentença mencionará os elementos de con-
diência. As demais questões serão decididas na sentença. vicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes
Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
por uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a parte Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenató-
contrária, sem interrupção da audiência. ria por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido.
Art. 39. É ineficaz a sentença condenatória na parte
Seção X que exceder a alçada estabelecida nesta Lei.
Da Resposta do Réu Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução pro-
ferirá sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz
Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, con- togado, que poderá homologá-la, proferir outra em subs-
tituição ou, antes de se manifestar, determinar a realização
terá toda matéria de defesa, exceto arguição de suspeição
de atos probatórios indispensáveis.
ou impedimento do Juiz, que se processará na forma da
Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de
legislação em vigor. conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio
Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, Juizado.
na contestação, formular pedido em seu favor, nos limites § 1º O recurso será julgado por uma turma composta
do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de
que constituem objeto da controvérsia. jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedi- § 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente
do do réu na própria audiência ou requerer a designação representadas por advogado.
da nova data, que será desde logo fixada, cientes todos os Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias,
presentes. contados da ciência da sentença, por petição escrita, da
qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
Seção XI § 1º O preparo será feito, independentemente
Das Provas de intimação, nas quarenta e oito horas seguintes à
interposição, sob pena de deserção.
Art. 32. Todos os meios de prova moralmente legíti- § 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido
mos, ainda que não especificados em lei, são hábeis para para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.
provar a veracidade dos fatos alegados pelas partes. Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, po-
dendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano
Art. 33. Todas as provas serão produzidas na audiência
irreparável para a parte.
de instrução e julgamento, ainda que não requeridas pre-
Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da
viamente, podendo o Juiz limitar ou excluir as que conside- gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 13
rar excessivas, impertinentes ou protelatórias. desta Lei, correndo por conta do requerente as despesas
Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para respectivas.
cada parte, comparecerão à audiência de instrução e jul- Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão
gamento levadas pela parte que as tenha arrolado, inde- de julgamento.
pendentemente de intimação, ou mediante esta, se assim Art. 46. O julgamento em segunda instância consta-
for requerido. rá apenas da ata, com a indicação suficiente do processo,
§ 1º O requerimento para intimação das testemunhas fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença
será apresentado à Secretaria no mínimo cinco dias antes for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do
da audiência de instrução e julgamento. julgamento servirá de acórdão.

80
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 47. (VETADO) IV - não cumprida voluntariamente a sentença transi-


tada em julgado, e tendo havido solicitação do interessado,
Seção XIII que poderá ser verbal, proceder-se-á desde logo à execu-
Dos Embargos de Declaração ção, dispensada nova citação;
V - nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de
Art. 48. Caberão embargos de declaração contra sen- não fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execução, co-
tença ou acórdão nos casos previstos no  Código de Pro- minará multa diária, arbitrada de acordo com as condições
cesso Civil. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vi- econômicas do devedor, para a hipótese de inadimplemen-
gência) to. Não cumprida a obrigação, o credor poderá requerer a
Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corri- elevação da multa ou a transformação da condenação em
gidos de ofício. perdas e danos, que o Juiz de imediato arbitrará, seguindo-
Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos -se a execução por quantia certa, incluída a multa vencida
por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados de obrigação de dar, quando evidenciada a malícia do de-
da ciência da decisão. vedor na execução do julgado;
Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o VI - na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o
prazo para a interposição de recurso. (Redação dada pela cumprimento por outrem, fixado o valor que o devedor
Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência) deve depositar para as despesas, sob pena de multa diária;
VII - na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá au-
Seção XIV torizar o devedor, o credor ou terceira pessoa idônea a tra-
Da Extinção do Processo Sem Julgamento do Mé- tar da alienação do bem penhorado, a qual se aperfeiçoará
rito em juízo até a data fixada para a praça ou leilão. Sendo o
preço inferior ao da avaliação, as partes serão ouvidas. Se
Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos pre- o pagamento não for à vista, será oferecida caução idônea,
vistos em lei: nos casos de alienação de bem móvel, ou hipotecado o
I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer imóvel;
das audiências do processo; VIII - é dispensada a publicação de editais em jornais,
II - quando inadmissível o procedimento instituído por quando se tratar de alienação de bens de pequeno valor;
esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;
IX - o devedor poderá oferecer embargos, nos autos
III - quando for reconhecida a incompetência territo-
da execução, versando sobre:
rial;
a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele cor-
IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos
reu à revelia;
previstos no art. 8º desta Lei;
b) manifesto excesso de execução;
V - quando, falecido o autor, a habilitação depender
c) erro de cálculo;
de sentença ou não se der no prazo de trinta dias;
d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obri-
VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a
citação dos sucessores no prazo de trinta dias da ciência gação, superveniente à sentença.
do fato. Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial,
§ 1º A extinção do processo independerá, em qualquer no valor de até quarenta salários mínimos, obedecerá ao
hipótese, de prévia intimação pessoal das partes. disposto no Código de Processo Civil, com as modificações
§ 2º No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar introduzidas por esta Lei.
que a ausência decorre de força maior, a parte poderá ser § 1º Efetuada a penhora, o devedor será intimado a
isentada, pelo Juiz, do pagamento das custas. comparecer à audiência de conciliação, quando poderá
oferecer embargos (art. 52, IX), por escrito ou verbalmente.
Seção XV § 2º Na audiência, será buscado o meio mais rápido e
Da Execução eficaz para a solução do litígio, se possível com dispensa
da alienação judicial, devendo o conciliador propor, entre
Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no outras medidas cabíveis, o pagamento do débito a prazo
próprio Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto ou a prestação, a dação em pagamento ou a imediata
no Código de Processo Civil, com as seguintes alterações: adjudicação do bem penhorado.
I - as sentenças serão necessariamente líquidas, con- § 3º Não apresentados os embargos em audiência,
tendo a conversão em Bônus do Tesouro Nacional - BTN ou ou julgados improcedentes, qualquer das partes poderá
índice equivalente; requerer ao Juiz a adoção de uma das alternativas do
II - os cálculos de conversão de índices, de honorários, parágrafo anterior.
de juros e de outras parcelas serão efetuados por servidor § 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens
judicial; penhoráveis, o processo será imediatamente extinto,
III - a intimação da sentença será feita, sempre que devolvendo-se os documentos ao autor.
possível, na própria audiência em que for proferida. Nessa
intimação, o vencido será instado a cumprir a sentença tão
logo ocorra seu trânsito em julgado, e advertido dos efei-
tos do seu descumprimento (inciso V);

81
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Seção XVI Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor po-


Das Despesas tencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, em superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. (Re-
primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, taxas dação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
ou despesas. Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-
Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do -se-á pelos critérios da oralidade, informalidade, economia
§ 1º do art. 42 desta Lei, compreenderá todas as despe- processual e celeridade, objetivando, sempre que possível,
sas processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro a reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de
grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência ju- pena não privativa de liberdade.
diciária gratuita.
Seção I
Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o
Da Competência e dos Atos Processuais
vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados
os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o recor- Art. 63. A competência do Juizado será determinada
rente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento Art. 64. Os atos processuais serão públicos e pode-
do valor de condenação ou, não havendo condenação, do rão realizar-se em horário noturno e em qualquer dia da
valor corrigido da causa. semana, conforme dispuserem as normas de organização
Parágrafo único. Na execução não serão contadas cus- judiciária.
tas, salvo quando: Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que
I - reconhecida a litigância de má-fé; preencherem as finalidades para as quais foram realizados,
II - improcedentes os embargos do devedor; atendidos os critérios indicados no art. 62 desta Lei.
III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que
objeto de recurso improvido do devedor. tenha havido prejuízo.
§ 2º A prática de atos processuais em outras comarcas
Seção XVII poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de comuni-
Disposições Finais cação.
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente
os atos havidos por essenciais. Os atos realizados em
Art. 56. Instituído o Juizado Especial, serão implan-
audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados
tadas as curadorias necessárias e o serviço de assistência
em fita magnética ou equivalente.
judiciária. Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio
Art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
ou valor, poderá ser homologado, no juízo competente, Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser
independentemente de termo, valendo a sentença como citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo co-
título executivo judicial. mum para adoção do procedimento previsto em lei.
Parágrafo único. Valerá como título extrajudicial o Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com
acordo celebrado pelas partes, por instrumento escrito, re- aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de pessoa
ferendado pelo órgão competente do Ministério Público. jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarre-
Art. 58. As normas de organização judiciária local po- gado da recepção, que será obrigatoriamente identificado,
derão estender a conciliação prevista nos arts. 22 e 23 a ou, sendo necessário, por oficial de justiça, independente-
causas não abrangidas por esta Lei. mente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qual-
Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas su- quer meio idôneo de comunicação.
jeitas ao procedimento instituído por esta Lei. Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência
considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os interes-
Capítulo III sados e defensores.
Dos Juizados Especiais Criminais Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do
mandado de citação do acusado, constará a necessidade
Disposições Gerais
de seu comparecimento acompanhado de advogado, com
a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado de-
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes fensor público.
togados ou togados e leigos, tem competência para a con-
ciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de Seção II
menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão Da Fase Preliminar
e continência. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento
juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplica- da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encami-
ção das regras de conexão e continência, observar-se-ão os nhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a
institutos da transação penal e da composição dos danos vítima, providenciando-se as requisições dos exames peri-
civis. (Incluído pela Lei nº 11.313, de 2006) ciais necessários.

82
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura III - não indicarem os antecedentes, a conduta social
do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
assumir o compromisso de a ele comparecer, não se impo- circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da me-
rá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de dida.
violência doméstica, o juiz poderá determinar, como me- § 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu
dida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local defensor, será submetida à apreciação do Juiz.
de convivência com a vítima.  (Redação dada pela Lei nº § 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público acei-
10.455, de 13.5.2002)) ta pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena restritiva de
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e direitos ou multa, que não importará em reincidência, sen-
não sendo possível a realização imediata da audiência pre- do registrada apenas para impedir novamente o mesmo
liminar, será designada data próxima, da qual ambos sairão benefício no prazo de cinco anos.
cientes. § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos a apelação referida no art. 82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste
envolvidos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se
artigo não constará de certidão de antecedentes criminais,
for o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e
salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não
68 desta Lei.
terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação
Art. 72. Na audiência preliminar, presente o represen-
cabível no juízo cível.
tante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se
possível, o responsável civil, acompanhados por seus advo- Seção III
gados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da compo- Do Procedimento Sumariíssimo
sição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação
imediata de pena não privativa de liberdade. Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do
conciliador sob sua orientação. fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da Jus- desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imedia-
tiça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente en- to, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências
tre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam funções imprescindíveis.
na administração da Justiça Criminal. § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elabo-
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida rada com base no termo de ocorrência referido no art. 69
a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença irre- desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-
corrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil -se-á do exame do corpo de delito quando a materialida-
competente. de do crime estiver aferida por boletim médico ou prova
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de inicia- equivalente.
tiva privada ou de ação penal pública condicionada à re- § 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não
presentação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público
direito de queixa ou representação. poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças exis-
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será tentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.
dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exer- § 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido pode-
cer o direito de representação verbal, que será reduzida a rá ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a
termo. complexidade e as circunstâncias do caso determinam a
Parágrafo único. O não oferecimento da representação adoção das providências previstas no parágrafo único do
art. 66 desta Lei.
na audiência preliminar não implica decadência do direito,
Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida
que poderá ser exercido no prazo previsto em lei.
a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela fi-
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de cri-
cará citado e imediatamente cientificado da designação de
me de ação penal pública incondicionada, não sendo caso
dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, da
de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a qual também tomarão ciência o Ministério Público, o ofen-
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, dido, o responsável civil e seus advogados.
a ser especificada na proposta. § 1º Se o acusado não estiver presente, será citado na
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única apli- forma dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data da
cável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. audiência de instrução e julgamento, devendo a ela trazer
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado: suas testemunhas ou apresentar requerimento para intima-
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prá- ção, no mínimo cinco dias antes de sua realização.
tica de crime, à pena privativa de liberdade, por sentença § 2º Não estando presentes o ofendido e o respon-
definitiva; sável civil, serão intimados nos termos do art. 67 desta Lei
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no para comparecerem à audiência de instrução e julgamento.
prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou § 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na for-
multa, nos termos deste artigo; ma prevista no art. 67 desta Lei.

83
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz decla-
instrução e julgamento, se na fase preliminar não tiver ha- rará extinta a punibilidade, determinando que a condena-
vido possibilidade de tentativa de conciliação e de ofereci- ção não fique constando dos registros criminais, exceto
mento de proposta pelo Ministério Público, proceder-se-á para fins de requisição judicial.
nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta Lei. Art. 85. Não efetuado o pagamento de multa, será fei-
Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz, ta a conversão em pena privativa da liberdade, ou restritiva
quando imprescindível, a condução coercitiva de quem de direitos, nos termos previstos em lei.
deva comparecer. Art. 86. A execução das penas privativas de liberdade
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao de- e restritivas de direitos, ou de multa cumulada com estas,
fensor para responder à acusação, após o que o Juiz rece- será processada perante o órgão competente, nos termos
berá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimen- da lei.
to, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação
e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, Seção V
passando-se imediatamente aos debates orais e à prolação Das Despesas Processuais
da sentença.
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência de Art. 87. Nos casos de homologação do acordo civil e
instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir as aplicação de pena restritiva de direitos ou multa (arts. 74 e
que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias. 76, § 4º), as despesas processuais serão reduzidas, confor-
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado me dispuser lei estadual.
termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve
resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a Seção VI
sentença. Disposições Finais
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará os
elementos de convicção do Juiz. Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da le-
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa gislação especial, dependerá de representação a ação pe-
e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por nal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões
turma composta de três Juízes em exercício no primeiro culposas.
grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta
contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos,
constarão as razões e o pedido do recorrente. desde que o acusado não esteja sendo processado ou não
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta tenha sido condenado por outro crime, presentes os de-
escrita no prazo de dez dias. mais requisitos que autorizariam a suspensão condicional
§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da da pena (art. 77 do Código Penal).
gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor,
desta Lei. na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá
§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de suspender o processo, submetendo o acusado a período
julgamento pela imprensa. de prova, sob as seguintes condições:
§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios I - reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-
fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão. -lo;
Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em II - proibição de frequentar determinados lugares;
sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição ou III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside,
omissão. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vi- sem autorização do Juiz;
gência) IV - comparecimento pessoal e obrigatório a juízo,
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos por mensalmente, para informar e justificar suas atividades.
escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que
ciência da decisão. fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao
§ 2o Os embargos de declaração interrompem o prazo fato e à situação pessoal do acusado.
para a interposição de recurso. (Redação dada pela Lei nº § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo,
13.105, de 2015) (Vigência) o beneficiário vier a ser processado por outro crime ou não
§ 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano.
§ 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado
Seção IV vier a ser processado, no curso do prazo, por contravenção,
Da Execução ou descumprir qualquer outra condição imposta.
§ 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará
Art. 84. Aplicada exclusivamente pena de multa, seu extinta a punibilidade.
cumprimento far-se-á mediante pagamento na Secretaria § 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de
do Juizado. suspensão do processo.

84
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o
artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos. juízo comum ou o tribunal do júri, decorrente da aplica-
Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos ção das regras de conexão e continência, observar-se-ão os
processos penais cuja instrução já estiver iniciada.  (Vide institutos da transação penal e da composição dos danos
ADIN nº 1.719-9) civis. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no Art. 3o  Compete ao Juizado Especial Federal Cível
âmbito da Justiça Militar. (Artigo incluído pela Lei nº 9.839, processar, conciliar e julgar causas de competência da
de 27.9.1999) Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos,
Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir re- bem como executar as suas sentenças.
presentação para a propositura da ação penal pública, o § 1o Não se incluem na competência do Juizado Especial
ofendido ou seu representante legal será intimado para Cível as causas:
oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de decadência. I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constitui-
Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições ção Federal, as ações de mandado de segurança, de desa-
dos Códigos Penal e de Processo Penal, no que não forem propriação, de divisão e demarcação, populares, execuções
incompatíveis com esta Lei. fiscais e por improbidade administrativa e as demandas so-
bre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais
Capítulo IV homogêneos;
Disposições Finais Comuns II - sobre bens imóveis da União, autarquias e funda-
ções públicas federais;
Art. 93. Lei Estadual disporá sobre o Sistema de Juiza- III - para a anulação ou cancelamento de ato adminis-
dos Especiais Cíveis e Criminais, sua organização, composi- trativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de
ção e competência. lançamento fiscal;
Art. 94. Os serviços de cartório poderão ser prestados, IV - que tenham como objeto a impugnação da pena
e as audiências realizadas fora da sede da Comarca, em de demissão imposta a servidores públicos civis ou de san-
bairros ou cidades a ela pertencentes, ocupando instala-
ções disciplinares aplicadas a militares.
ções de prédios públicos, de acordo com audiências pre-
§ 2o  Quando a pretensão versar sobre obrigações
viamente anunciadas.
vincendas, para fins de competência do Juizado Especial, a
Art. 95. Os Estados, Distrito Federal e Territórios criarão
soma de doze parcelas não poderá exceder o valor referido
e instalarão os Juizados Especiais no prazo de seis meses, a
no art. 3o, caput.
contar da vigência desta Lei.
§ 3o  No foro onde estiver instalada Vara do Juizado
Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, contado
Especial, a sua competência é absoluta.
da publicação desta Lei, serão criados e instalados os Jui-
Art. 4o O Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das
zados Especiais Itinerantes, que deverão dirimir, prioritaria-
mente, os conflitos existentes nas áreas rurais ou nos locais partes, deferir medidas cautelares no curso do processo,
de menor concentração populacional. (Redação dada pela para evitar dano de difícil reparação.
Lei nº 12.726, de 2012) Art. 5o Exceto nos casos do art. 4o, somente será admi-
Art. 96. Esta Lei entra em vigor no prazo de sessenta tido recurso de sentença definitiva.
dias após a sua publicação. Art. 6o  Podem ser partes no Juizado Especial Federal
Art. 97. Ficam revogadas a Lei nº 4.611, de 2 de abril de Cível:
1965 e a Lei nº 7.244, de 7 de novembro de 1984. I – como autores, as pessoas físicas e as microempre-
Brasília, 26 de setembro de 1995; 174º da Independên- sas e empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei
cia e 107º da República. no 9.317, de 5 de dezembro de 1996;
II – como rés, a União, autarquias, fundações e empre-
LEI No 10.259, DE 12 DE JULHO DE 2001. sas públicas federais.
Art. 7o As citações e intimações da União serão feitas
Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e na forma prevista nos arts. 35 a 38 da Lei Complementar
Criminais no âmbito da Justiça Federal. no 73, de 10 de fevereiro de 1993.
Parágrafo único. A citação das autarquias, fundações
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- e empresas públicas será feita na pessoa do representan-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: te máximo da entidade, no local onde proposta a causa,
Art. 1o  São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e quando ali instalado seu escritório ou representação; se
Criminais da Justiça Federal, aos quais se aplica, no que não, na sede da entidade.
não conflitar com esta Lei, o disposto na Lei no 9.099, de 26 Art. 8o As partes serão intimadas da sentença, quando
de setembro de 1995. não proferida esta na audiência em que estiver presente
Art. 2o Compete ao Juizado Especial Federal Criminal seu representante, por ARMP (aviso de recebimento em
processar e julgar os feitos de competência da Justiça Fe- mão própria).
deral relativos às infrações de menor potencial ofensivo, § 1o  As demais intimações das partes serão feitas na
respeitadas as regras de conexão e continência. (Redação pessoa dos advogados ou dos Procuradores que oficiem
dada pela Lei nº 11.313, de 2006) nos respectivos autos, pessoalmente ou por via postal.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 2o Os tribunais poderão organizar serviço de intimação § 5o No caso do § 4o, presente a plausibilidade do di-
das partes e de recepção de petições por meio eletrônico. reito invocado e havendo fundado receio de dano de difícil
Art. 9o Não haverá prazo diferenciado para a prática de reparação, poderá o relator conceder, de ofício ou a reque-
qualquer ato processual pelas pessoas jurídicas de direito rimento do interessado, medida liminar determinando a
público, inclusive a interposição de recursos, devendo a suspensão dos processos nos quais a controvérsia esteja
citação para audiência de conciliação ser efetuada com estabelecida.
antecedência mínima de trinta dias. § 6o  Eventuais pedidos de uniformização idênticos,
Art. 10. As partes poderão designar, por escrito, repre- recebidos subsequentemente em quaisquer Turmas Recur-
sentantes para a causa, advogado ou não. sais, ficarão retidos nos autos, aguardando-se pronuncia-
Parágrafo único. Os representantes judiciais da União, mento do Superior Tribunal de Justiça.
autarquias, fundações e empresas públicas federais, bem § 7o  Se necessário, o relator pedirá informações ao
Presidente da Turma Recursal ou Coordenador da Turma
como os indicados na forma do caput, ficam autorizados a
de Uniformização e ouvirá o Ministério Público, no prazo
conciliar, transigir ou desistir, nos processos da competên-
de cinco dias. Eventuais interessados, ainda que não sejam
cia dos Juizados Especiais Federais. partes no processo, poderão se manifestar, no prazo de
Art. 11. A entidade pública ré deverá fornecer ao Juiza- trinta dias.
do a documentação de que disponha para o esclarecimen- § 8o Decorridos os prazos referidos no § 7o, o relator in-
to da causa, apresentando-a até a instalação da audiência cluirá o pedido em pauta na Seção, com preferência sobre
de conciliação. todos os demais feitos, ressalvados os processos com réus
Parágrafo único. Para a audiência de composição dos presos, os habeas corpus e os mandados de segurança.
danos resultantes de ilícito criminal (arts. 71, 72 e 74 da Lei § 9o Publicado o acórdão respectivo, os pedidos retidos
no 9.099, de 26 de setembro de 1995), o representante da referidos no § 6o serão apreciados pelas Turmas Recursais,
entidade que comparecer terá poderes para acordar, desis- que poderão exercer juízo de retratação ou declará-los
tir ou transigir, na forma do art. 10. prejudicados, se veicularem tese não acolhida pelo Superior
Art. 12. Para efetuar o exame técnico necessário à con- Tribunal de Justiça.
ciliação ou ao julgamento da causa, o Juiz nomeará pessoa § 10. Os Tribunais Regionais, o Superior Tribunal
habilitada, que apresentará o laudo até cinco dias antes da de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, no âmbito de
audiência, independentemente de intimação das partes. suas competências, expedirão normas regulamentando
§ 1o  Os honorários do técnico serão antecipados à a composição dos órgãos e os procedimentos a serem
adotados para o processamento e o julgamento do pedido
conta de verba orçamentária do respectivo Tribunal e,
de uniformização e do recurso extraordinário.
quando vencida na causa a entidade pública, seu valor será
Art. 15. O recurso extraordinário, para os efeitos desta
incluído na ordem de pagamento a ser feita em favor do Lei, será processado e julgado segundo o estabelecido nos
Tribunal. §§ 4o a 9o do art. 14, além da observância das normas do
§ 2o Nas ações previdenciárias e relativas à assistência Regimento.
social, havendo designação de exame, serão as partes Art. 16. O cumprimento do acordo ou da sentença,
intimadas para, em dez dias, apresentar quesitos e indicar com trânsito em julgado, que imponham obrigação de fa-
assistentes. zer, não fazer ou entrega de coisa certa, será efetuado me-
Art. 13. Nas causas de que trata esta Lei, não haverá diante ofício do Juiz à autoridade citada para a causa, com
reexame necessário. cópia da sentença ou do acordo.
Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpre- Art. 17. Tratando-se de obrigação de pagar quantia
tação de lei federal quando houver divergência entre de- certa, após o trânsito em julgado da decisão, o pagamento
cisões sobre questões de direito material proferidas por será efetuado no prazo de sessenta dias, contados da en-
Turmas Recursais na interpretação da lei. trega da requisição, por ordem do Juiz, à autoridade citada
§ 1o  O pedido fundado em divergência entre Turmas para a causa, na agência mais próxima da Caixa Econômi-
da mesma Região será julgado em reunião conjunta das ca Federal ou do Banco do Brasil, independentemente de
Turmas em conflito, sob a presidência do Juiz Coordenador. precatório.
§ 2o O pedido fundado em divergência entre decisões § 1o Para os efeitos do § 3o do art. 100 da Constituição
Federal, as obrigações ali definidas como de pequeno va-
de turmas de diferentes regiões ou da proferida em
lor, a serem pagas independentemente de precatório, terão
contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante do
como limite o mesmo valor estabelecido nesta Lei para a
STJ será julgado por Turma de Uniformização, integrada competência do Juizado Especial Federal Cível (art. 3o, ca-
por juízes de Turmas Recursais, sob a presidência do put).
Coordenador da Justiça Federal. § 2o Desatendida a requisição judicial, o Juiz determinará
§ 3o  A reunião de juízes domiciliados em cidades o sequestro do numerário suficiente ao cumprimento da
diversas será feita pela via eletrônica. decisão.
§ 4o  Quando a orientação acolhida pela Turma de § 3o São vedados o fracionamento, repartição ou quebra
Uniformização, em questões de direito material, contrariar do valor da execução, de modo que o pagamento se faça,
súmula ou jurisprudência dominante no Superior Tribunal em parte, na forma estabelecida no § 1o deste artigo, e, em
de Justiça -STJ, a parte interessada poderá provocar a parte, mediante expedição do precatório, e a expedição de
manifestação deste, que dirimirá a divergência. precatório complementar ou suplementar do valor pago.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 4o Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido


no § 1o, o pagamento far-se-á, sempre, por meio do pre- CRIMES PREVISTOS NO CÓDIGO DE
catório, sendo facultado à parte exequente a renúncia ao TRÂNSITO BRASILEIRO (LEI 9503/1997).
crédito do valor excedente, para que possa optar pelo pa-
gamento do saldo sem o precatório, da forma lá prevista.
Art. 18. Os Juizados Especiais serão instalados por de-
cisão do Tribunal Regional Federal. O Juiz presidente do CAPÍTULO XIX
Juizado designará os conciliadores pelo período de dois DOS CRIMES DE TRÂNSITO
anos, admitida a recondução. O exercício dessas funções Seção I
será gratuito, assegurados os direitos e prerrogativas do Disposições Gerais
jurado (art. 437 do Código de Processo Penal).
Parágrafo único. Serão instalados Juizados Especiais Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos
Adjuntos nas localidades cujo movimento forense não jus- automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas
tifique a existência de Juizado Especial, cabendo ao Tribu- gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se
nal designar a Vara onde funcionará. este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como
Art. 19. No prazo de seis meses, a contar da publicação a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.
desta Lei, deverão ser instalados os Juizados Especiais nas § 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal
capitais dos Estados e no Distrito Federal. culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de
Parágrafo único. Na capital dos Estados, no Distrito Fe- 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: (Re-
deral e em outras cidades onde for necessário, neste últi- numerado do parágrafo único pela Lei nº 11.705, de 2008)
mo caso, por decisão do Tribunal Regional Federal, serão I - sob a influência de álcool ou qualquer outra subs-
instalados Juizados com competência exclusiva para ações tância psicoativa que determine dependência; (Incluído
previdenciárias. pela Lei nº 11.705, de 2008)
Art. 20. Onde não houver Vara Federal, a causa poderá II - participando, em via pública, de corrida, disputa
ser proposta no Juizado Especial Federal mais próximo do ou competição automobilística, de exibição ou demons-
foro definido no art. 4o da Lei no 9.099, de 26 de setembro tração de perícia em manobra de veículo automotor, não
de 1995, vedada a aplicação desta Lei no juízo estadual. autorizada pela autoridade competente; (Incluído pela Lei
Art. 21. As Turmas Recursais serão instituídas por deci- nº 11.705, de 2008)
são do Tribunal Regional Federal, que definirá sua compo- III - transitando em velocidade superior à máxima per-
sição e área de competência, podendo abranger mais de mitida para a via em 50 km/h (cinqüenta quilômetros por
uma seção.
hora). (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
Art. 22. Os Juizados Especiais serão coordenados por
§ 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deve-
Juiz do respectivo Tribunal Regional, escolhido por seus pa-
rá ser instaurado inquérito policial para a investigação da
res, com mandato de dois anos.
infração penal. (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)
Parágrafo único. O Juiz Federal, quando o exigirem as
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a
circunstâncias, poderá determinar o funcionamento do Jui-
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor
zado Especial em caráter itinerante, mediante autorização
pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras
prévia do Tribunal Regional Federal, com antecedência de
penalidades. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
dez dias.
Art. 23. O Conselho da Justiça Federal poderá limitar, (Vigência)
por até três anos, contados a partir da publicação desta Lei, Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição
a competência dos Juizados Especiais Cíveis, atendendo à de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir veícu-
necessidade da organização dos serviços judiciários ou ad- lo automotor, tem a duração de dois meses a cinco anos.
ministrativos. § 1º Transitada em julgado a sentença condenatória,
Art. 24. O Centro de Estudos Judiciários do Conselho o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em
da Justiça Federal e as Escolas de Magistratura dos Tribu- quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira
nais Regionais Federais criarão programas de informática de Habilitação.
necessários para subsidiar a instrução das causas submeti- § 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de
das aos Juizados e promoverão cursos de aperfeiçoamento se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
destinados aos seus magistrados e servidores. automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito
Art. 25. Não serão remetidas aos Juizados Especiais as de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento
demandas ajuizadas até a data de sua instalação. prisional.
Art. 26. Competirá aos Tribunais Regionais Federais Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação
prestar o suporte administrativo necessário ao funciona- penal, havendo necessidade para a garantia da ordem pú-
mento dos Juizados Especiais. blica, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou
Art. 27. Esta Lei entra em vigor seis meses após a data a requerimento do Ministério Público ou ainda mediante
de sua publicação. representação da autoridade policial, decretar, em decisão
Brasília, 12 de julho de 2001; 180o da Independência e motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para
113  da República.
o dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua obtenção.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão § 1o No homicídio culposo cometido na direção de veí-
ou a medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento culo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à
do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, metade, se o agente: (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014)
sem efeito suspensivo. (Vigência)
Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação Habilitação; (Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigên-
será sempre comunicada pela autoridade judiciária ao cia)
Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; (In-
trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domicilia- cluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
do ou residente. III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo
Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime sem risco pessoal, à vítima do acidente; (Incluído pela Lei nº
previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de sus- 12.971, de 2014) (Vigência)
pensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo au- IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver
tomotor, sem prejuízo das demais sanções penais cabíveis. conduzindo veículo de transporte de passageiros. (Incluído
(Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste V - (Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008)
no pagamento, mediante depósito judicial em favor da víti- § 2o (Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
ma, ou seus sucessores, de quantia calculada com base no Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de
disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que veículo automotor:
houver prejuízo material resultante do crime. Penas - detenção, de seis meses a dois anos e suspen-
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao são ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação
valor do prejuízo demonstrado no processo. para dirigir veículo automotor.
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço)
à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art.
50 a 52 do Código Penal.
302. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)
§ 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do
reparatória será descontado.
acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não po-
Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as
dendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de soli-
penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do veí-
citar auxílio da autoridade pública:
culo cometido a infração:
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou o fato não constituir elemento de crime mais grave.
com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros; Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste ar-
II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas tigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja
ou adulteradas; suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de instantânea ou com ferimentos leves.
Habilitação; Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de Habili- acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que
tação de categoria diferente da do veículo; lhe possa ser atribuída:
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuida- Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
dos especiais com o transporte de passageiros ou de carga; Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade
VI - utilizando veículo em que tenham sido adultera- psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou
dos equipamentos ou características que afetem a sua se- de outra substância psicoativa que determine dependên-
gurança ou o seu funcionamento de acordo com os limites cia: (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)
de velocidade prescritos nas especificações do fabricante; Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou permanen- suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habi-
temente destinada a pedestres. litação para dirigir veículo automotor.
Art. 299. (VETADO) § 1o As condutas previstas no caput serão constatadas
Art. 300. (VETADO) por: (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de aciden- I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de
tes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 mili-
em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e in- grama de álcool por litro de ar alveolar; ou (Incluído pela
tegral socorro àquela. Lei nº 12.760, de 2012)
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo
Seção II Contran, alteração da capacidade psicomotora. (Incluído
Dos Crimes em Espécie pela Lei nº 12.760, de 2012)
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veí- obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exa-
culo automotor: me clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão meios de prova em direito admitidos, observado o direito
ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para à contraprova. (Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014)
dirigir veículo automotor. (Vigência)

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ain-
de caracterização do crime tipificado neste artigo. (Reda- da que não iniciados, quando da inovação, o procedimento
ção dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere.
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor a 312 deste Código, nas situações em que o juiz aplicar a
imposta com fundamento neste Código: substituição de pena privativa de liberdade por pena res-
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, tritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de serviço
com nova imposição adicional de idêntico prazo de sus- à comunidade ou a entidades públicas, em uma das se-
pensão ou de proibição. guintes atividades: (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o conde-
(Vigência)
nado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no §
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate
1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de
dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis es-
Habilitação.
 Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, pecializadas no atendimento a vítimas de trânsito; (Incluído
em via pública, de corrida, disputa ou competição automo- pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
bilística não autorizada pela autoridade competente, ge- II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hos-
rando situação de risco à incolumidade pública ou privada: pitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de
(Redação dada pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) trânsito e politraumatizados; (Incluído pela Lei nº 13.281,
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, mul- de 2016) (Vigência)
ta e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas
habilitação para dirigir veí cul o automotor. (Redação dada na recuperação de acidentados de trânsito; (Incluído pela
pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência) Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendi-
lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias de- mento e recuperação de vítimas de acidentes de trânsito.
monstrarem que o agente não quis o resultado nem as- (Incluído pela Lei nº 13.281, de 2016) (Vigência)
sumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade
é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das Questões:
outras penas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº
12.971, de 2014) (Vigência) 
01. (PC/PE - Escrivão de Polícia – CESPE/2016). Com
§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar
base no disposto na Lei de Investigação Criminal (Lei n.º
morte, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não
12.830/2013), assinale a opção correta.
quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena
privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) (A) Exigido o indiciamento por meio de requisição do
anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. Ministério Público, o delegado de polícia ficará dispensado
(Incluído pela Lei nº 12.971, de 2014) (Vigência)  de fundamentá-lo.
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem (B) O indiciamento realiza-se mediante análise técnico-
a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se -jurídica do fato, devendo indicar pelo menos a materiali-
cassado o direito de dirigir, gerando perigo de dano: dade do crime se a autoria permanecer incerta.
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. (C) O indiciamento é ato obrigatório para a conclusão
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de veí- do inquérito policial e necessário para o oferecimento da
culo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação denúncia.
cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou, ainda, a (D) A apuração de infrações penais realizada por dele-
quem, por seu estado de saúde, física ou mental, ou por gado de polícia por meio de inquérito policial é de nature-
embriaguez, não esteja em condições de conduzi-lo com za administrativa, dada a ausência de contraditório.
segurança: (E) Cabe ao delegado de polícia, durante a investigação
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. criminal, a requisição de perícias e informações que inte-
Art. 310-A. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.619, de ressem à apuração do fato.
2012) (Vigência)
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a
02. (PC/PE – Delegado de Polícia – CESPE/2016). Nos
segurança nas proximidades de escolas, hospitais, estações
últimos tempos, os tribunais superiores têm sedimentado
de embarque e desembarque de passageiros, logradouros
estreitos, ou onde haja grande movimentação ou concen- seus posicionamentos acerca de diversos institutos penais,
tração de pessoas, gerando perigo de dano: criando, inclusive, preceitos sumulares. Acerca desse assun-
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. to, assinale a opção correta segundo o entendimento do
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de aciden- STJ.
te automobilístico com vítima, na pendência do respectivo (A) É possível a consumação do furto em estabeleci-
procedimento policial preparatório, inquérito policial ou mento comercial, ainda que dotado de vigilância realizada
processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, por seguranças ou mediante câmara de vídeo em circuito
a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz: interno.

89
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

(B) A conduta de atribuir-se falsa identidade perante Nessa situação hipotética, à luz das leis que tratam dos
autoridade policial é considerada típica apenas em casos crimes de tortura e de abuso de autoridade e dos crimes
de autodefesa. hediondos,
(C) O tempo máximo de duração da medida de segu- (A) os policiais cometeram o crime de tortura, que, no
rança pode ultrapassar o limite de trinta anos, uma vez que caso, absorveu o crime de lesão corporal.
não constitui pena perpétua. (B) os policiais cometeram somente crime de abuso de
(D) No que diz respeito à progressão de regime pri- autoridade e lesão corporal.
sional de condenado por crime hediondo cometido antes (C) o fato de Rui e Jair serem policiais militares configu-
ou depois da vigência da Lei n.º 11.464/2007, é necessária ra causa de diminuição de pena.
a observância, além de outros requisitos, do cumprimento (D) os policiais cometeram o tipo penal denominado
de dois quintos da pena, se primário, e, de três quintos, se tortura-castigo.
reincidente, para a obtenção do benefício. (E) caso venham a ser presos cautelarmente, Rui e Jair
(E) A incidência da causa de diminuição de pena previs- poderão ser soltos mediante o pagamento de fiança.
06. (PC/PE – Delegado de Polícia – CESPE/2016). A res-
ta no tipo penal de tráfico de drogas implica o afastamento
peito da legislação penal extravagante brasileira, assinale a
da equiparação existente entre o delito de tráfico ilícito de
opção correta.
drogas e os crimes hediondos, por constituir novo tipo pe-
(A) Não constitui crime de abuso de autoridade a con-
nal, sendo, portanto, o tráfico privilegiado um tipo penal duta, consumada ou tentada, de violação de domicílio, fora
autônomo, não equiparado a hediondo. das hipóteses constitucionais e legais de ingresso em casa
alheia, quando praticada por delegado de polícia, uma vez
03. (MPE/SC - Promotor de Justiça - Matutina – MPE/ que este está amparado pelo estrito cumprimento do dever
SC/2016). A Lei n. 9.296/96 (Interceptação Telefônica), que legal, como causa legal de exclusão de ilicitude da conduta
expressamente regulamenta o inciso XII, parte final, do art. típica.
5° da Constituição Federal, prevê pena de reclusão e multa, (B) O direito penal econômico visa tutelar os bens jurí-
na realização de interceptação telefônica de comunicação, dicos de interesse coletivo e difuso, coibindo condutas que
de informática ou telemática, ou quebrar segredo de Jus- lesem ou que coloquem em risco o regular funcionamen-
tiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autori- to do sistema econômico-financeiro, podendo estabelecer
zados em lei. como crime ações contra o meio ambiente sustentável.
(A) Certo (B) Errado (C) Agente absolvido de crime antecedente de tráfico
de drogas, em razão de o fato não constituir infração penal,
04. (MPE/SC - Promotor de Justiça - Matutina – MPE/ ainda poderá ser punido pelo crime de branqueamento de
SC/2016). Nos termos da Lei n. 12.850/13 (Organizações capitais, uma vez que a absolvição daquele crime prece-
Criminosas), considera-se organização criminosa a associa- dente pela atipicidade não tem o condão de afastar a tipi-
ção de três ou mais pessoas estruturalmente ordenada e cidade do crime de lavagem de dinheiro.
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informal- (D) Segundo entendimento do STJ, o crime de porte
mente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, ilegal de arma de fogo é delito de perigo abstrato, con-
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de in- siderando-se típica a conduta de porte de arma de fogo
frações penais cujas penas máximas sejam iguais ou supe- completamente inapta a realizar disparos e desmuniciada,
riores a quatro anos, ou que sejam de caráter transnacional. ainda que comprovada a inaptidão por laudo pericial.
(A) Certo (B) Errado (E) Para o STF, haverá crime contra a ordem tributária,
ainda que esteja pendente de recurso administrativo que
discuta o débito tributário em procedimento fazendário es-
05. (PC/PE - Agente de Polícia – CESPE/2016). Rui e Jair
pecífico, haja vista independência dos poderes.
são policiais militares e realizam constantemente aborda-
gens de adolescentes e homens jovens nos espaços públi-
07. (TJ/MG - Titular de Serviços de Notas e de Regis-
cos, para verificação de ocorrências de situações de uso e tros – Remoção – CONSULPLAN/2016). Segundo a Lei nº
tráfico de drogas e de porte de armas. Em uma das aborda- 8.069/90, constituem crimes, EXCETO:
gens realizadas, eles encontraram José, conhecido por efe- (A) Submeter criança sob sua vigilância a vexame.
tuar pequenos furtos, e, durante a abordagem, verificaram (B) Deixar a autoridade competente, sem justa causa,
que José portava um celular caro. Jair começou a questio- de ordenar a imediata liberação de adolescente, tão logo
nar a quem pertencia o celular e, à medida que José negava tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão.
que o celular lhe pertencia, alegando não saber como ha- (C) Registrar, por qualquer meio, cena pornográfica en-
via ido parar em sua mochila, começou a receber empur- volvendo criança.
rões do policial e, persistindo na negativa, foi derrubado (D) Privar o adolescente de sua liberdade, procedendo
no chão e começou a ser pisoteado, tendo a arma de Rui à sua apreensão estando em flagrante de ato infracional.
direcionada para si. Como não respondeu de forma alguma
a quem pertencia o celular, José foi colocado na viatura 08. (Ceron/RO - Suporte Administrativo – EXA-
depois de apanhar bastante, e os policiais ficaram rodando TUS/2016). A Lei Maria da Penha prevê as formas de vio-
por horas com ele, com o intuito de descobrirem a origem lência doméstica e familiar contra a mulher. Dentre as hi-
do celular, mantendo-o preso na viatura durante toda uma póteses apresentadas pela Lei nº 11.340/2006, assinale a
noite, somente levando-o para a delegacia no dia seguinte. alternativa correta:

90
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

(A) Violência contra a honra, entendida como qualquer (B) para efeito da lavratura do auto de prisão em fla-
conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. grante e estabelecimento da materialidade do delito, é su-
(B) Violência corporal, entendida como qualquer con- ficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade
duta que ofenda sua integridade ou saúde corporal. da droga, firmado por dois peritos ou, na falta, por duas
(C) Violência sexual, entendida como qualquer condu- pessoas idôneas.
ta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar (C) o inquérito policial será concluído no prazo de 30
de relação sexual desejada, mediante intimidação, ameaça, dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 dias, quando sol-
to, não podendo estes prazos ser prorrogados sob qual-
coação ou uso da força.
quer motivo.
(D) Violência psicológica, entendida como qualquer
(D) ao oferecer denúncia, o Ministério Público poderá
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da arrolar até 8 testemunhas.
autoestima. (E) oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação
do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no pra-
09. (TJ/DFT - Juiz – CESPE/2016). Sobre as condutas pe- zo de 10 dias, e somente se recebida a denúncia ordenará,
nalmente tipificadas no rol dos crimes contra as relações depois, a citação do acusado para audiência de instrução
de consumo, conforme previsão do CDC, assinale a opção e julgamento.
correta.
(A) A conduta consistente em empregar, na reparação 12. (MPE/SC - Promotor de Justiça - Matutina – MPE/
de produtos, peças ou componentes de reposição usados, SC/2016). O tipo penal do art. 15 da Lei n. 10.826/03 (Es-
sem autorização do consumidor, configura crime contra as tatuto do Desarmamento) prevê pena de reclusão e multa
relações de consumo, sancionado com pena de detenção. para a conduta de disparar arma de fogo ou acionar mu-
nição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via
(B) Constitui circunstância agravante, prevista no CDC,
pública ou em direção a ela, apresentando, contudo, uma
o fato de haver sido o crime praticado por preposto ou ad-
ressalva que caracteriza ser o crime referido de natureza
ministrador de pessoa jurídica em estado falimentar. subsidiária, qual seja, desde que as condutas acima referi-
(C) Não deve ser admitida, sob pena de se configurar das não tenham como finalidade a prática de outro crime.
bis in idem, além das penas privativas de liberdade e de (A) Certo (B) Errado
multa, a aplicação cumulativa das penas de prestação de
serviços à comunidade e de interdição temporária de di- 13. (TJ/MG - Titular de Serviços de Notas e de Registros
reitos. – Remoção – CONSULPLAN/2016). De acordo com a Lei nº
(D) Não se admite, no processo dos crimes contra as 7.716/1989, constitui crime
relações de consumo, a propositura de ação penal subsi- (A) fabricar ornamentos que utilizem a cruz suástica.
diária. (B) distribuir distintivos que utilizem a cruz suástica.
(E) A conduta consistente em deixar de entregar ao (C) comercializar emblemas que utilizem a cruz gama-
consumidor o termo de garantia adequadamente preen- da, para fins de divulgação do nazismo.
(D) fabricar símbolos que utilizem a cruz gamada, para
chido e com especificação clara de seu conteúdo, a des-
fins de divulgação do cristianismo.
peito de não se encontrar tipificada, de modo a configurar
crime autônomo, pode ser considerada como circunstância 14. (MPE/SC - Promotor de Justiça - Matutina – MPE/
legal agravante. SC/2016). Nos crimes de “lavagem” ou ocultação de bens,
direitos e valores, previstos na Lei n. 9.613/98 (Lavagem de
10. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PE - Auxiliar de Perito - CES- Dinheiro), incorre nas mesmas penas quem participa de es-
PE/2016). De acordo com a Lei n.° 12.037/2009 e suas al- critório tendo conhecimento de que sua atividade principal
terações, a identificação criminal com coleta de material ou, até mesmo secundária, é dirigida à prática de crimes
biológico para a obtenção do perfil genético do indiciado previstos na supramencionada legislação repressiva.
pode ocorrer quando (A) Certo (B) Errado
(A) o indiciado portar documentos de identidade dis-
tintos, com informações conflitantes entre si. 15. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PE - Auxiliar de Perito - CES-
(B) constar de registros policiais o uso, pelo indiciado, PE/2016). A respeito do que dispõe a Constituição Federal
de 1988 e a Lei n.º 8.072/1990, assinale a opção correta.
de outros nomes ou diferentes qualificações.
(A) O agente que pratica homicídio simples, consuma-
(C) o documento apresentado pelo indiciado tiver ra-
do ou tentado, não comete crime hediondo.
sura. (B) A prática de racismo constitui crime hediondo, ina-
(D) for essencial a investigações policiais, de acordo fiançável e imprescritível.
com despacho da autoridade judiciária competente. (C) A tortura é crime inafiançável, imprescritível e insus-
(E) o documento apresentado for insuficiente para cetível de graça ou anistia.
identificá-lo. (D) O crime de lesão corporal dolosa de natureza gra-
víssima é hediondo quando praticado contra parente con-
11. (TJ/GO - Juiz Substituto – FCC/2015). Segundo a Lei sanguíneo até o quarto grau de agente da segurança pú-
no 11.343/2006, blica, em razão dessa condição.
(A) a delação premiada prevista nesta Lei permite que (E) A lei penal e a processual penal retroagem para be-
o colaborador não seja denunciado. neficiar o réu.

91
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Respostas: Considera-se autoridade, para os efeitos da Lei nº


4.898/65, quem exerce cargo, emprego ou função pública,
01. E de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e
02. A sem remuneração.
03. A
04. B RESPOSTA: “E”.
05. A
06. B 03. (DPE/RR - Defensor Público - CESPE/2013) Com
07. D base no disposto na lei de abuso de autoridade — Lei
08. D n.º 4.898/1965 —, assinale a opção correta.
09. A A) De acordo com a lei em questão, somente po-
10. D dem ser agentes dos delitos de abuso de autoridade os
11. E agentes públicos ou pessoas que exerçam múnus pú-
12. A blico.
13. C B) Configura abuso de autoridade a ausência de co-
14. A municação da custódia à família do preso.
15. A C) O crime de abuso de autoridade absorve as de-
mais infrações penais perpetradas na mesma circuns-
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
tância, por ser mais grave e possuir legislação especial,
segundo posição dos tribunais superiores.
Lei nº 4.898/65 (Lei de Abuso de Autoridade)
D) Admite-se a prática do crime de abuso de auto-
ridade na forma culposa.
01. (TCE/SE - Analista de Controle Externo - Coor-
E) Os crimes de abuso de autoridade podem ser co-
denadoria Jurídica – FCC/2011) Para crimes de abuso
missivos ou omissivos.
de autoridade previstos na Lei nº 4.898, de 09/12/1965,
NÃO há previsão de aplicação da sanção penal de
Os crimes de abuso de autoridade estão previstos nos
A) detenção.
artigos 3º e 4º da lei. Em sua maioria, os crimes são pra-
B) multa.
C) advertência. ticados na forma comissiva, porém também podem ser
D) a inabilitação para o exercício de qualquer outra praticados omissivamente. Na forma omissiva, são eles: I
função pública pelo prazo até três anos. - deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente
E) perda do cargo. a prisão ou detenção de qualquer pessoa; II - deixar o Juiz
de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que
A sanção penal prevista na Lei nº 4.898/65 será aplica- lhe seja comunicada; III - prolongar a execução de prisão
da de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando
Penal e consistirá em: a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediata-
b) detenção por dez dias a seis meses; c) perda do cargo mente ordem de liberdade.
e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função
pública por prazo até três anos. Com isso, dentre as hipó- RESPOSTA: “E”.
teses de sanções penais previstas não está incluída a de
advertência. 04. (PC/ES - Perito em Telecomunicação - FUN-
CAB/2013) Assinale a alternativa que NÃO contenha
RESPOSTA: “C”. umas das hipóteses legais de abuso de autoridade.
A) Levar à prisão e nela deter quem quer que se
02. (TRT - 4ª REGIÃO/RS - Juiz do Trabalho – proponha a prestar fiança, inclusive quando se tratar
FCC/2012) Para efeito de tipificação dos crimes de abu- de crime hediondo.
so de autoridade, considera-se autoridade B) Deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz
A) somente quem exerce cargo de natureza militar competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa.
não transitório. C) Ordenar ou executar medida privativa de liber-
B) quem exerce cargo de natureza civil, desde que dade individual, sem as formalidades legais ou com
remunerado. abuso de poder.
C) apenas quem exerce cargo de natureza militar D) Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a
remunerado. vexame ou a constrangimento não autorizado em lei.
D) quem exerce emprego público de natureza civil, E) Recusar o carcereiro ou agente de autoridade
desde que não transitório. policial recibo de importância recebida a título de car-
E) quem exerce função pública de natureza civil, ceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra
ainda que não remunerada. despesa.

92
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Dentre os crimes de abuso de autoridade disciplinados D) Os efeitos decorrentes da condenação pela prá-
nos artigos 3º e 4º da Lei, não se enquadra o previsto na tica de crimes previstos na Lei Ordinária nº. 7.716/1989
alternativa “A”. Tendo em vista que apenas se considera a são automáticos, dispensando a sua fundamentação na
prática do delito levar à prisão e nela deter quem quer que sentença.
se proponha a prestar fiança, desde que permitida em lei. A alternativa “A” está incorreta, tendo em vista que a
E segundo o que prevê a Constituição Federal de 1988, os Lei nº 7.716/89 não abrange os crimes resultantes de dis-
crimes hediondos são inafiançáveis e insuscetíveis de graça criminação sexual. A alternativa “B” está incorreta, visto
ou anistia, assim como a prática da tortura, o tráfico ilícito que o delito mencionado é punido com reclusão (cabível
de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo, por eles regime fechado, semiaberto ou aberto) e não prisão sim-
respondendo os mandantes, os executores e os que, po- ples (cabível apenas semiaberto e aberto). A alternativa “D”
dendo evitá-los, se omitirem. está incorreta, pois os efeitos de que tratam a Lei não são
automáticos, devendo ser motivadamente declarados na
RESPOSTA: “A”. sentença.

Lei nº 7.716/1989 (Lei do Racismo) RESPOSTA: “C”.

05. (TRT - 1ª REGIÃO/RJ - Técnico Judiciário - Se- 07. (MPE/BA - Analista de Sistemas - FESMIP-
gurança - FCC/2011) Lauro é proprietário de uma lan- -BA/2011) Considerando os termos da Lei nº 7.716/89,
chonete. Admitia em seu estabelecimento a frequência é correto afirmar que, em razão do quanto disposto em
de pessoas da raça negra, mas recusava-se a servi-las. A seu artigo primeiro, serão punidos crimes resultantes
conduta de Lauro de discriminação ou preconceito:
A) só configura crime de discriminação racial se co- A) de raça, cor, religião ou orientação sexual.
locar em situação vexatória a freguesia. B) de raça, etnia, religião ou orientação político-
B) não configura crime de discriminação racial, pois -partidária.
Lauro admitia em seu estabelecimento a frequência de C) de raça, etnia, religião ou procedência nacional.
pessoas da raça negra. D) de cor, procedência nacional, orientação políti-
C) não configura crime de discriminação racial, pois co-partidária ou orientação sexual.
Lauro é livre para servir a clientela de acordo com as E) de cor, etnia, procedência nacional ou orientação
suas preferências. sexual.
D) configura modalidade de crime de discriminação
racial. Determina o artigo 1º da Lei do Racismo que serão pu-
E) só configura crime de discriminação racial se a nidos, os crimes resultantes de discriminação ou precon-
conduta for ostensiva e houver solicitação expressa de ceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
atendimento por quem esteja nessa situação.
RESPOSTA: “C”.
Nos termos do que preleciona a Lei do Racismo a con-
duta de Lauro de recusar o atendimento às pessoas de raça 08. (MPT - Procurador - MPT/2012) NÃO constitui
negra em seu estabelecimento caracteriza-se na modalida- crime previsto na Lei nº 7.716/1989, que tipifica os ilíci-
de de crime de discriminação racial. É o que prevê o artigo tos resultantes de preconceito:
8º da Lei. A) Impedir o acesso ou recusar atendimento em
restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes
RESPOSTA: “D”. abertos ao público.
B) Impedir o acesso às entradas sociais em edifí-
06. (TJ/PR - Juiz - TJ-PR/2011) A Lei Ordinária nº. cios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de
7.716, de 05 de janeiro de 1989, dispõe sobre os Crimes acesso aos mesmos.
Resultantes de Preconceitos de Raça e Cor, sendo COR- C) Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
RETO afirmar que: preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
A) Serão punidos na forma da Lei Ordinária nacional.
7.716/1989 os crimes resultantes de discriminação ou D) Ofender ou ameaçar alguém, por palavra, gesto,
preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal
nacional e sexo. injusto e grave, em virtude de raça, cor, etnia, religião
B) Constitui crime punido com prisão simples o ato ou procedência nacional.
de impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, E) Não respondida.
pensão, estalagem ou qualquer estabelecimento simi-
lar em razão de discriminação ou preconceito de raça, Dentre os delitos tipificados na Lei nº 7.716/1989 não
cor, etnia, religião, procedência nacional. está previsto o mencionado na alternativa “D”. A conduta
C) É considerada criminosa a conduta de praticar, de ofender alguém em virtude de raça, cor, etnia, religião
induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de ou procedência nacional, poderia ser em tese, caracteri-
raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. zada como injuria qualificada, nos termos do § 3º. do art.

93
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

140 do Código Penal, desde que o agente delituoso tivesse E) A audiência de apresentação de adolescente
praticado, com dolo, ofensa a honra pessoal da vítima me- apreendido pela prática de ato infracional deve ser de-
diante ofensa a dignidade ou decoro desta. E a conduta de signada imediatamente após a denúncia oferecida pelo
ameaçar alguém por palavra, gesto ou qualquer outro meio MP.
simbólico de causar-lhe mal injusto e grave, configura-se Considera-se criança, para os efeitos do ECA, a pessoa
como crime de ameaça, nos termos do art. 147 do Código até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela
Penal, independentemente de características específicas do entre doze e dezoito anos de idade. Como sabido, a pratica
sujeito passivo material. de ato descrito como crime ou contravenção penal pela
criança ou adolescente será considerado “ato infracional”,
RESPOSTA: “D”.
devendo desta forma os penalmente inimputáveis (meno-
Lei nº 8.069/90 res de dezoito anos) serem sujeitos às medidas previstas na
(Estatuto da Criança e do Adolescente) Lei. Portanto, a conduta descrita na alternativa “D”, carac-
teriza ato infracional, pois descreve a prática do crime de
09. (INSTITUTO CIDADES - 2011 - DPE-AM - Defen- furto (art. 155 do CP), que deve ser investigado pela polícia
sor Público) Em relação aos crimes cometidos contra judiciária.
crianças e adolescentes definidos pela Lei 8.069/90,
marque a opção correta: RESPOSTA: “D”.
A) os crimes definidos pela Lei 8069/90 são de ação
penal pública condicionada à representação; 11. (TJ/BA - Juiz - CESPE/2012) O ECA define o ato
B) o crime de descumprir injustificadamente pra-
infracional, delimita o seu alcance, prevê, para crianças
zo fixado na Lei 8069/90 quando em benefício de ado-
lescente privado de liberdade pode ser cometido por e adolescentes infratores, direitos individuais, garantias
qualquer pessoa; processuais e medidas socioeducativas em rol taxativo.
C) os crimes definidos pela Lei 8069/90 são de ação A respeito desse assunto, assinale a opção correta.
penal pública incondicionada; A) A autoridade judiciária competente pode decre-
D) o crime de embaraçar ou impedir a ação de au- tar a regressão da medida socioeducativa sem ouvir o
toridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou adolescente, desde que os motivos sejam graves.
representante do Ministério Público no exercício de B) Excepcionalmente, em razão de grave abalo da
função prevista pela Lei 8069/90 pode ser praticado so- ordem pública, é permitida a internação provisória do
mente por funcionário público; menor infrator por prazo superior a quarenta e cinco
E) o crime de submissão de criança ou adolescente dias, desde que a instrução do processo de apuração da
que esteja sob a guarda, autoridade ou vigilância a ve-
infração esteja encerrada.
xame ou a constrangimento somente pode ser pratica-
do pelo juiz, delegado de polícia, promotor de justiça e C) Aplicam-se às medidas socioeducativas as nor-
membro do Conselho Tutelar. mas gerais de prescrição constantes no Código Civil
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) discipli- brasileiro, dada a ausência de previsão expressa no ECA
na que no caso de cometimento de qualquer um dos cri- a tal respeito.
mes contra a criança e adolescentes previstos na Lei a ação D) No procedimento para a aplicação de medida so-
será pública incondicionada (art. 227 da Lei). cioeducativa, é nula a desistência de outras provas em
face da confissão do adolescente.
RESPOSTA: “C”. E) Em procedimento de apuração de ato infracional
praticado por adolescente, é dispensável a presença do
10. (DPE/SE - Defensor Público - CESPE/2012) Com
defensor na audiência de apresentação.
referência ao ato infracional e aos procedimentos a ele
pertinentes, assinale a opção correta.
A) A privação da liberdade de criança ou adolescen- A alternativa “A” está incorreta, pois é necessária a oi-
te só é admitida em flagrante delito ou por ordem es- tiva do adolescente antes de ser decretada a regressão da
crita e fundamentada da autoridade penal competente. medida socioeducativa (Súmula nº 265 STJ). A alternativa
B) A competência para a apuração de ato infracio- “B” está incorreta, haja vista que a internação provisória do
nal é da autoridade do local do domicílio dos pais ou menor infrator terá o prazo máximo de 45 (quarenta e cin-
responsável ou do lugar onde o adolescente resida ou co) dias. A alternativa “C” está incorreta, porque se aplicam
seja encontrado. as regras do Código Penal quanto à prescrição das medidas
C) A internação provisória da criança ou do ado- socioeducativas, este é o entendimento consolidado pelo
lescente que tenha praticado ato infracional pode ser STJ, consubstanciado na interpretação do artigo 226 do
decretada pelo prazo máximo de seis meses.
ECA. A alternativa “E” está incorreta, pois prevê o Estatuto
D) Caso um menino de dez anos de idade abra, sor-
rateiramente, dentro da escola, a carteira de um cole- que depois de oferecida a representação, o adolescente e
ga e de lá subtraia a quantia de R$ 50,00, tal conduta seus pais ou responsável serão cientificados do teor desta,
caracterizará a prática de ato infracional, que deve ser e notificados deverão comparecer à audiência, acompa-
investigado pela polícia judiciária. nhados de advogado, não sendo assim dispensável a pre-

94
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

sença do defensor (art. 184, §1º do ECA). Desta maneira, a Lei nº 8.072/1990 (Lei dos Crimes Hediondos)
única alternativa correta é a “D”. Cabe destacar ainda, que o
disposto nesta alternativa se trata da redação exata do que 13. (TRF - 5ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área
prevê a Súmula nº 342 do STJ. Judiciária - FCC/2012) São crimes hediondos próprios,
assim definidos pela Lei nº 8.072/1990, dentre outros,
RESPOSTA: “D”. A) estupro de vulnerável, epidemia com resultado
morte e adulteração de produto destinado a fim tera-
12. (DPE/TO - Defensor Público - CESPE/2013) A pêutico.
respeito das normas previstas no ECA acerca da prática B) extorsão mediante sequestro, desastre ferroviá-
de ato infracional, assinale a opção correta. rio e incêndio, desde que seguidos de morte.
A) A internação constitui medida privativa da li- C) terrorismo, estupro, atentado violento ao pudor
berdade, sujeita aos princípios de brevidade, excepcio- e racismo.
nalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em D) homicídio, latrocínio, extorsão mediante seques-
desenvolvimento, sendo expressamente vedada pelo tro e tráfico ilícito de drogas.
ECA qualquer atividade laboral ou educacional fora da E) atentado contra meio de transporte aéreo, con-
entidade. cussão e homicídio qualificado.
B) À criança — pessoa até doze anos de idade in-
São considerados hediondos os seguintes crimes, con-
completos — que cometa ato infracional somente po-
sumados ou tentados: I - homicídio (art. 121), quando pra-
dem ser aplicadas as medidas socioeducativas de ad-
ticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda
vertência e obrigação de reparar o dano.
C) É vedada expressamente no ECA a apreensão do que cometido por um só agente, e homicídio qualificado
adolescente em razão de flagrante de ato infracional, (art. 121, § 2º, I, II, III, IV , V, VI e VII);
sendo permitida a restrição da liberdade do adolescen- I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art.
te por ordem escrita e fundamentada da autoridade ju- 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o),
diciária competente. quando praticadas contra autoridade ou agente descrito
D) Ao adolescente que responde por ato infracio- nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do
nal é assegurada a garantia processual de, a qualquer sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
momento, quando solicitar, ser ouvido pelo juiz, pelo no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
promotor de justiça e pelo seu defensor, em audiência seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
designada no prazo máximo de vinte e quatro horas. terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei
E) Para a imposição judicial, ao adolescente, da nº 13.142, de 2015)
medida socioeducativa de advertência e da medida de II - latrocínio (art. 157, § 3º, in fine); III - extorsão quali-
proteção de matrícula e frequência obrigatórias em es- ficada pela morte (art. 158, § 2º); IV - extorsão mediante se-
tabelecimento oficial de ensino, não se exige a existên- questro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e
cia de prova suficiente da autoria do ato infracional. 3º); V - estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); VI - estupro de
vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); VII - epide-
A alternativa “A” está incorreta, visto que não será ve- mia com resultado morte (art. 267, § 1º); VIII - falsificação,
dada no caso de internação (medida privativa da liberdade) corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado
a realização de atividades externas, salvo por expressa de- a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, §
terminação judicial em contrário (art. 121, §1º do ECA). A 1º-A e § 1º-B, com a redação dada pela Lei nº 9.677, de 2
alternativa “B” está incorreta, pois para os atos infracionais de julho de 1998).
praticados por crianças serão impostas apenas as medidas
de proteção previstas no artigo 101 do ECA, segundo o RESPOSTA: “A”.
que prevê seu artigo 105. A alternativa “C” está errada, ten-
do em vista que é permitida a apreensão do adolescente
14. (MPE/AP - Analista Ministerial - Direito -
em razão de flagrante de ato infracional (art. 106 da Lei).
FCC/2012) José, primário, foi condenado a cumprir
A alternativa “D” está incorreta, considerando que não se
pena de 20 anos de reclusão pelo crime hediondo de
enquadra dentre as garantias processuais concedidas as
adolescentes que respondem pela prática de ato infracio- latrocínio cometido no dia 20 de Abril de 2007. Neste
nal previstas no Estatuto. Por fim, a única alternativa corre- caso, José deverá cumprir a pena
ta é a “E”, para a imposição da medida socioeducativa de A) inicialmente em regime fechado e terá direito à
advertência não se exige a existência de “prova” suficiente progressão para o regime semiaberto após o cumpri-
da autoria, basta para ser aplicada a prova da materialida- mento de, no mínimo, 12 anos da pena cominada.
de e “indícios” suficientes da autoria (art. 114, parágrafo B) integralmente em regime fechado.
único da ECA), outrossim, os requisitos para imposição da C) inicialmente em regime fechado e terá direito à
medida de proteção de matrícula e frequência obrigatórias progressão para o regime semiaberto após o cumpri-
em estabelecimento oficial de ensino, são outros indepen- mento de, no mínimo, 8 anos da pena cominada.
dentes de provas suficientes da autoria ou materialidade D) inicialmente em regime fechado e terá direito à
do delito. progressão para o regime semiaberto após o cumpri-
mento de, no mínimo, 6 anos e 6 meses da pena comi-
RESPOSTA: “E”. nada.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

E) inicialmente em regime fechado e terá direito à 17. (PM/DF - Soldado da Polícia Militar Combatente
progressão para o regime semiaberto após o cumpri- - FUNIVERSA/2013) Nos termos da Lei n.º 8.072/1990,
mento de, no mínimo, 10 anos da pena cominada. considera-se como crime hediondo
A) o homicídio simples.
No caso da prática de crimes hediondos ou equipara- B) a alteração de produto destinado a fins terapêu-
dos o regime de cumprimento da pena será inicialmente ticos.
fechado e a progressão de regime, dar-se-á após o cum- C) expor alguém, por meio de relações sexuais, a
primento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for contágio de moléstia venérea de que sabe estar conta-
primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente (art. 2º, §§ minado.
1º e 2º da Lei). D) a lesão corporal de natureza grave.
E) o aborto provocado pela gestante.
RESPOSTA: “C”.
Dentre as hipóteses apresentadas somente se en-
15. (TRF - 2ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Ju- quadra no rol dos crimes hediondos previstos pela Lei nº
diciária – FCC/2012) No que concerne aos crimes he- 8.072/90 o que está disposto na alternativa “B”.
diondos, considere:
I. No caso de sentença condenatória por crime he- RESPOSTA: “B”.
diondo, o réu não poderá apelar em liberdade.
II. A progressão de regime, no caso dos condenados Lei nº 9.099/1995
por crimes hediondos, dar-se-á após o cumprimento de (Lei dos Juizados Especiais Civeis e Criminais)
2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário,
e de 3/5 (três quintos), se reincidente. 18. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU-
III. Os crimes hediondos serão cumpridos inicial- NESP/2010) Consideram-se infrações penais de menor
mente em regime fechado. potencial ofensivo, nos termos do art. 61 da Lei n.º
Está correto o que consta APENAS em 9.099/95,
A) I e II. A) as contravenções penais e os crimes a que a lei
B) II e III. comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos,
C) I e III. cumulada ou não com multa.
D) I. B) aquelas assim descritas a critério do órgão do
E) III. Ministério Público, titular da ação penal pública.
C) aquelas que estejam sujeitas à aplicação do insti-
No que concerne aos crimes hediondos o item “I” está tuto da suspensão condicional do processo.
incorreto, visto que em caso de proferida sentença conde- D) aquelas cujo prejuízo material não for superior a
natória, o réu poderá apelar em liberdade desde que o juiz 20 (vinte) salários mínimos.
fundamente sua decisão (art. 2º, §3º da Lei). E) as punidas exclusivamente com multa ou prisão
simples.
RESPOSTA: “B”.
De acordo com o previsto pelo artigo 61 da Lei nº
16. (PC/AL - Delegado de Polícia - CESPE/2012) Jul- 9.099/95, consideram-se infrações penais de menor poten-
gue o item a seguir. cial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não
A prisão temporária para os crimes hediondos e superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
equiparados, em função da gravidade objetiva dessas
infrações penais, é de 30 dias, prorrogável por igual pe- RESPOSTA: “A”.
ríodo em caso de extrema e comprovada necessidade.
19. (EXAME DE ORDEM UNIFICADO - OAB -
A) Certo FGV/2011) Quando se tratar de acusação relativa à
B) Errado prática de infração penal de menor potencial ofensivo,
cometida por estudante de direito, a competência juris-
De acordo com o previsto no art. 2º, §4º, da Lei nº dicional será determinada pelo(a):
8.072/90, a prisão temporária para os crimes hediondos e A) natureza da infração praticada e pelo local em
equiparados, em função da gravidade objetiva dessas in- que tiver se consumado o delito.
frações penais, é de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual B) local em que tiver se consumado o delito.
período em caso de extrema e comprovada necessidade. C) natureza da infração praticada.
D) natureza da infração praticada e pela prevenção.
RESPOSTA: “A”.
Conforme o art. 63, da Lei nº 9.099/95, a competência
do Juizado Especial será determinada natureza da infração
(deve ser infração penal de menor potencial ofensivo) e

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

pelo lugar em que foi praticada a infração penal (adota- A alternativa cujas expressões completam, correta e
-se, aqui, a chamada “Teoria da Atividade”). Por tal motivo, respectivamente, o art. 89 da Lei n.º 9.099/95 é a “B”. As-
correta é a alternativa “A”. sim, dispõe o artigo 89: “Nos crimes em que a pena mínima
cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não
RESPOSTA: “A”. por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia,
poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro
20. (PC/RJ - Delegado de Polícia - FUNCAB/2012) anos, desde que o acusado não esteja sendo processado
Em matéria de procedimento dos Juizados Especiais ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes
Criminais, é correto afirmar: os demais requisitos que autorizariam a suspensão condi-
A) Se a complexidade ou as circunstâncias do caso cional da pena (art. 77 do Código Penal)”.
não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério
Público poderá diretamente suprir a investigação e ofe- RESPOSTA: “B”.
recer a denúncia.
B) Poderá ser dispensado o exame de corpo de deli- 22. (TJ/RJ - Juiz - VUNESP/2012) No que concerne
to quando a materialidade do crime estiver aferida por aos Juizados Especiais Criminais, considere as seguintes
boletim médico ou prova equivalente. assertivas:
C) O inquérito policial deverá estar concluído, em I. a composição civil dos danos em todos os crimes
caso de indiciado solto, em 30 dias. de menor potencial ofensivo impede a propositura da
D) O inquérito policial será iniciado pelo termo cir- ação penal;
cunstanciado. II. a sentença que decide pela aplicação imediata de
E) O auto de prisão em flagrante será encaminhado pena restritiva de direitos ou multa (“transação penal”)
ao Juizado juntamente com a comunicação da prisão. é irrecorrível;
III. o rito procedimental admite oferecimento de
Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada denúncia oral por parte do Ministério Público.
com base no termo circunstanciado (TC), com dispensa do É correto o que se afirma em
inquérito policial, prescindir-se-á do exame do corpo de A) III, apenas.
delito quando a materialidade do crime estiver aferida por B) I e III, apenas.
boletim médico ou prova equivalente. É o que dispõe o C) II e III, apenas.
artigo 77, §1º, da Lei n.º 9.099/95. D) I, II e III.

RESPOSTA: “B”. O que consta no item I está incorreto, pois não é sem-
pre que a composição civil dos danos nos crimes de menor
21. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU- será causa de impedimento a propositura da ação penal,
NESP/2012) Nos crimes .......................... , o Ministério somente quando tratar-se de ação penal de iniciativa priva-
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a sus- da ou de ação penal pública condicionada à representação.
pensão do processo, por dois a quatro anos, desde que O que consta no item II está incorreto, haja vista que cabe
o acusado ......................... , presentes os demais requisi- apelação da sentença que decide pela transação penal, nos
tos que autorizariam ............................................... . Assi- termos do artigo 76, §4º da Lei. Por fim, apenas o que cons-
nale a alternativa cujas expressões completam, correta ta no item III está correto, uma vez que está em consonân-
e respectivamente, o art. 89 da Lei n.º 9.099/95. cia com o previsto no art. 77 da Lei nº 9.099/95.
A) de menor potencial ofensivo … não esteja sendo
processado ou não tenha sido condenado por outro cri- RESPOSTA: “A”.
me … a suspensão condicional da pena
B) em que a pena mínima cominada for igual ou 23. (TJ/RJ - Juiz - VUNESP/2013) Assinale a alter-
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei … não nativa correta relativamente ao procedimento penal
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado sumaríssimo.
por outro crime … a suspensão condicional da pena A) Embora vigorem os princípios da economia pro-
C) de menor potencial ofensivo … seja primário … a cessual e da informalidade, é inadmissível a prolação de
substituição da pena privativa de liberdade uma sentença que não contenha relatório.
D) em que a pena mínima cominada for igual ou B) Não se pronunciará qualquer nulidade sem que
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei ...seja tenha havido prejuízo.
pri­mário ... a suspensão condicional da pena C) Não encontrado o acusado para ser citado, o juiz
E) em que a pena mínima cominada for igual ou in- encaminhará as peças existentes ao juízo comum para
ferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei ... não adoção do procedimento ordinário.
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado D) A competência territorial do Juizado será deter-
por outro crime ... a substituição da pena privativa de minada pelo lugar em que se consumar a infração, ou,
liberdade. no caso da tentativa, pelo lugar em que for praticado o
último ato de execução.

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

Os atos processuais serão válidos sempre que pre- vada, por expressa disposição da lei de regência, desde
encherem as finalidades para as quais foram realizados. que a pena mínima do delito seja igual ou inferior a um
Não sendo pronunciada qualquer nulidade sem que tenha ano e que ocorra a reparação prévia do dano causado
ocorrido prejuízo. pela infração, suspendendo-se de igual modo o prazo
de prescrição.
RESPOSTA: “B”. E) O descumprimento das condições impostas em
transação firmada nos juizados especiais autoriza, ape-
24. (PM/DF - Soldado da Polícia Militar - Comba- nas, a execução do pactuado, no juízo competente.
tente - FUNIVERSA/2013) Com relação aos dispositivos
da Lei n.º 9.099/1999, que dispõe acerca dos Juizados O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á
Especiais Criminais, assinale a alternativa correta. pelos critérios da oralidade, informalidade, economia pro-
A) As contravenções penais não são alcançadas pe- cessual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a
los Juizados Especiais Criminais. reparação dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de
B) A competência do Juizado Especial Criminal será pena não privativa de liberdade. Não sendo assim compa-
determinada pelo domicílio do réu. tível com este a pratica de atos complexos que vão contra
C) Não obtida a composição dos danos civis, será estes preceitos. Deste modo, não comporta o rito especial
dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de o cumprimento de carta precatória para a coleta e produ-
exercer o direito de representação verbal. ção de provas oriundas do juízo comum, sendo reservada
D) A autoridade policial que tomar conhecimento sua competência apenas aos crimes de menor potencial
da ocorrência da infração penal lavrará o auto de prisão ofensivo.
e o encaminhará ao Juizado, com o autor do fato.
E) As infrações penais abrangidas pela Lei são pro- RESPOSTA: “A”.
cessadas apenas mediante ação penal pública incondi-
cionada. 26. (PM/GO - Cadete da Polícia Militar - UEG/2013)
Nos termos da Lei nº 9.099/99, uma vez não obtida Nos termos da Lei nº 9.099/95, que instituiu os Juiza-
na audiência preliminar a composição dos danos civis, será dos Especiais Criminais, tem-se o seguinte:
dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de exer- A) Nas infrações penais de menor potencial ofen-
cer o direito de representação verbal, que será reduzida a sivo, é cabível a transação penal (medida descrimina-
termo. Todavia, lembramos que o não oferecimento da re- lizadora), podendo ser ofertada pela autoridade poli-
presentação na audiência preliminar não implica decadên- cial quando da lavratura do Termo Circunstanciado de
cia do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto Ocorrências, desde que o autor do fato seja primário e
em lei. portador de bons antecedentes.
B) A aceitação e posterior cumprimento da propos-
RESPOSTA: “C”. ta de transação penal, por parte do autor do fato, acar-
reta a suspensão condicional do processo por dois anos
25. (TRE/MS - Analista Judiciário - Área Judiciária e, findo tal período, a extinção do processo, impedindo
- CESPE/2013) No que tange processo penal no âmbito novo benefício ao autor do fato pelo período de cinco
dos juizados especiais criminais e ao entendimento do anos.
Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal C) A suspensão condicional do processo (sursis pro-
de Justiça (STJ) nesse sentido, assinale a opção correta. cessual) aplica-se ao condenado a pena não superior a
A) O rito do juizado especial não comporta o cum- dois anos, por crime praticado sem violência ou grave
primento de carta precatória para a coleta e produção ameaça contra a pessoa e nos casos em que o condena-
de provas oriundas do juízo comum, visto que essa im- do for primário e portador de bons antecedentes.
possibilidade deriva do preceito constitucional que re- D) A proposta de transação penal, medida despena-
serva ao juizado a competência nos crimes de menor lizadora, deve ser apresentada pelo Ministério Público,
potencial ofensivo. havendo a faculdade de o autor do fato aceitá-la ou
B) A extinção da punibilidade em decorrência da não. No caso de ser aceita e cumprida a proposta, ocor-
suspensão condicional do processo é medida de imple- re a extinção da punibilidade, impedindo novo benefí-
mentação automática, uma vez que possui conteúdo cio ao autor do fato pelo período de cinco anos.
meramente declaratório de circunstância fática con-
solidada pelo exaurimento do período de provas sem Nas consideradas infrações penais de menor potencial
anterior suspensão ou revogação. ofensivo (contravenções penais e os crimes a que a lei co-
C) É impossível a imposição, como condição para mine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada
a suspensão condicional do processo, de prestação de ou não com multa), dependendo de fatores legalmente
serviços ou prestação pecuniária, por serem ambas in- previstos (art. 76 da Lei nº 9.099/95), pode o Ministério
constitucionais ou inválidas, mesmo que adequadas ao Público negociar com o acusado sua pena, oferecendo-
fato e à situação pessoal do acusado. -lhe a proposta de transação penal. A transação deve ser
D) Admite-se a suspensão condicional do processo proposta antes do oferecimento da denúncia. A aceitação
na ação pública incondicionada ou na ação penal pri- da proposta não pode ser considerada reconhecimento de

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

culpa ou de responsabilidade civil sobre o fato, não pode B) Consideram-se infrações penais de menor poten-
ser utilizada para fins de reincidência e não consta de fichas cial ofensivo, para os efeitos da Lei nº 9.099/1995, as
de antecedente criminal. Satisfeitos os termos da proposta contravenções penais e os crimes a que a lei comine
de transação penal oferecida ao indiciado, deve ser decla- pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada
rada extinta a punibilidade, em analogia ao disposto no ou não com multa.
parágrafo único do artigo 84 da Lei n. 9.099/95. O fato só é C) Orientar-se-á pelos critérios da oralidade, infor-
registrado para impedir que o réu se beneficie novamente malidade, economia processual e celeridade, objetivan-
do instituto antes do prazo de 5 anos definidos na lei. do, sempre que possível, a reparação dos danos sofri-
dos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de
RESPOSTA: “D”. liberdade.
D) O Juizado Especial Criminal, provido por juízes
27. (DPE/RR - Defensor Público - CESPE/2013) No togados ou togados e leigos, tem competência para a
que diz respeito aos juizados especiais criminais, assi- conciliação, o julgamento e a execução das infrações
nale a opção correta. penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as re-
A) A suspensão condicional do processo é obstada gras de conexão e continência.
nos casos em que o acusado esteja respondendo a ou- E) A competência do Juizado será determinada pelo
tro processo por crime culposo ou doloso. domicílio do réu ou do lugar da infração, respeitadas as
B) A ausência de reparação prévia do dano obsta o regras de prevenção.
oferecimento da proposta de suspensão condicional do
processo. A competência do Juizado será determinada pelo lugar
C) A sentença homologatória da transação legitima em que foi praticada a infração penal, nos termos do artigo
a vítima a ingressar com a ação executiva pelos danos 63 da Lei.
causados pelo crime, no próprio juizado, caso não haja
reparação voluntária pelo autor da infração. RESPOSTA: “E”.
D) A condenação anterior pela prática de crime em
que tenha sido aplicada, por sentença definitiva, so- 29. (PC/ES - Delegado de Polícia - FUNCAB/2013)
mente pena de multa impede o oferecimento da pro- Quanto às Turmas Recursais dos Juizados Especiais Cri-
posta de transação. minais, está correto afirmar:
E) Admite-se a suspensão condicional do proces- I. O Supremo Tribunal Federal não é competente
so no caso de condenação anterior, se entre a data do
para processamento e julgamento de mandado de se-
cumprimento ou extinção da pena e a infração poste-
gurança contra atos das Turmas Recursais dos Juizados
rior, de menor potencial ofensivo, tiver decorrido perí-
Especiais Criminais.
odo de tempo superior a cinco anos.
II. O Supremo Tribunal Federal é competente para
Nos crimes em que a pena mínima cominada for
processamento e julgamento de mandado de seguran-
igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não pela Lei nº
ça contra atos das Turmas Recursais dos Juizados Espe-
9.099/90, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, po-
ciais Criminais.
derá propor a suspensão do processo, por dois a quatro
anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou III. Cabe, mandado de segurança e revisão criminal
não tenha sido condenado por outro crime, observando-se contra atos das Turmas Recursais dos Juizados Especiais
ainda os demais requisitos que autorizariam a suspensão Criminais.
condicional da pena. (art. 77 do Código Penal). De acordo IV. Não cabe recurso extraordinário contra atos das
com o que se disciplina nosso ordenamento jurídico não Turmas Recursais dos Juizados Especiais Criminais.
prevalece a condenação anterior, se entre a data do cum- Indique a opção que contempla a(s) assertiva(s)
primento ou extinção da pena e a infração posterior tiver correta(s).
decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, (art. A) I, II, III e IV.
64, I do Código Penal). Desta forma, poderá ser concedida B) I, II e III, apenas.
nova suspensão condicional do processo, se tiver decorrido C) III e IV, apenas.
o período de tempo superior a cinco anos, pois estarão D) II e III, apenas.
preenchidos os requisitos exigidos pela lei. E) IV, apenas.

RESPOSTA: “E”. O item I está incorreto, pois o habeas corpus, bem como
o Mandado de Segurança, mesmo não sendo considerados
28. (Polícia Civil/ES - Escrivão de Polícia - FUN- recursos propriamente ditos, são ações constitucionais para
CAB/2013) Quanto às infrações penais de menor po- desconstituir atos (coações), nos termos do artigo 102, I, d,
tencial ofensivo, é INCORRETO afirmar: da Constituição Federal, compete ao Supremo Tribunal Fede-
A) Na reunião de processos, perante o juízo comum ral, processar e julgar originariamente estes pedidos quando
ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das re- o crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância.
gras de conexão e continência, observar-se-ão os ins- O item IV está incorreto, considerando que o art. 102, III, a,
titutos da transação penal e da composição dos danos b e c, da Constituição Federal, não há a exigência de que
civis. as decisões contra as quais se queira interpor o Recurso Ex-

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

traordinário, sejam proferidas por tribunais, mas tão somente D) A exigência de comparecimento do autor do fato
decorrentes de causas decididas em única ou última instân- acompanhado de advogado ou defensor público impõe-
cia, o que, evidentemente, se enquadram as Turmas Recursais -se apenas à audiência de instrução e julgamento, não
dos Juizados Especiais. Desta forma, comtempla as assertivas abrangendo a fase de suspensão condicional do proces-
corretas apenas os item II e III. so ou transação.
A alternativa “A” está incorreta, haja vista que não se exi-
RESPOSTA: “D”. ge a reparação dos danos sofridos pela vítima para a con-
cessão de proposta de transação penal. A alternativa “C” está
30. (MPDFT – Promotor de Justiça – MPDFT/2013) incorreta, considerando que caso seja necessária a realiza-
Em processos da competência dos Juizados Especiais Cri- ção de citação por outro meio senão a pessoal, deverá ser
minais, é INCORRETO afirmar: remetido o processo ao Juízo comum. A alternativa “D” está
A) Nos termos da Lei nº 9.099/95, cabe apelação da errada, porque a lei prevê o acompanhamento do advogado
decisão que recebe a denúncia ou queixa. também na audiência preliminar, onde será esclarecida ao
B) O foro competente para o processo por crime de autor do fato a possibilidade de composição dos danos e da
aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não
menor potencial ofensivo é o do lugar da prática ilícita.
privativa de liberdade (art. 72 da Lei nº 9.099/90).
C) As intimações de testemunhas se realizam por
qualquer meio idôneo de comunicação, mas a citação do
RESPOSTA: “B”.
acusado é pessoal.
D) Admite-se, por construção doutrinário-jurispru- 32. (TJ/PB - Juiz Leigo – CESPE/2013) Assinale a op-
dencial, a aplicação da transação penal às ações penais ção correta acerca da execução das sentenças criminais
privadas. e da suspensão condicional do processo no âmbito dos
E) A Lei nº 9.099/95 determina que a competência juizados especiais estaduais.
para julgamento de crime de menor potencial ofensivo é A) Não efetuado o pagamento da multa, será feita a
deslocada para o juízo criminal comum, ante a complexi- inscrição do nome do condenado na dívida ativa, com a
dade ou circunstância da causa e ante a não localização conversão em pena restritiva de direitos, vedada a con-
do réu para ser pessoalmente citado. versão em pena privativa de liberdade.
B) A execução das penas privativas de liberdade
De acordo com o que preleciona a Lei nº 9.099/95, não e restritivas de direitos deve ser processada perante o
cabe recurso da decisão que recebe a denúncia ou queixa, juízo da condenação, aplicando-se subsidiariamente as
sendo cabível a interposição de apelação contra a decisão de normas da lei de execuções penais.
rejeição da denúncia ou queixa, que poderá ser julgada por C) Aplicada exclusivamente pena de multa, seu
turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau cumprimento far-se-á mediante pagamento junto à Se-
de jurisdição, reunidos na sede do Juizado (Turma Recursal). cretaria da Receita Federal.
É o que dispõe o artigo 82 da Lei. D) Devidamente aceita a proposta de suspensão
condicional do processo, o juiz, recebendo a denúncia,
RESPOSTA: “A”. poderá determinar a suspensão, submetendo o acusado
a período de prova.
31. (TJ/MA – Juiz – CESPE/2013) Com relação aos jui- E) Efetuado o pagamento da pena de multa, o juiz
zados especiais criminais, assinale a opção correta. declarará extinta a punibilidade, determinando que a
A) Um dos princípios regentes dos juizados especiais condenação não conste, para nenhum efeito, dos regis-
criminais é a reparação dos danos sofridos pela vítima, tros criminais.
uma exigência legislativa expressa como condição para a
A alternativa correta é a “D”, uma vez aceita a proposta
suspensão condicional do processo e transação, sempre
de suspensão condicional do processo, o juiz, recebendo a
que possível.
denúncia, poderá determinar a suspensão, submetendo o
B) É vedada a aplicação da suspensão condicional do
acusado a período de prova, nos termos do que dispõe o
processo depois de encerrada a instrução, uma vez que
artigo 89, §1º da Lei nº 9.099/95.
o escopo dessa suspensão é evitar a instrução do feito
e o desperdício da atividade judicante, sendo admitida RESPOSTA: “D”.
sua aplicação, contudo, em momento posterior, caso a
infração penal inicialmente imputada seja desclassifi- 33. (OAB - Exame de Ordem Unificado - XII - Primei-
cada, na fase de sentença, e o órgão de acusação seja ra Fase - FGV/2013) Segundo a Lei dos Juizados Espe-
ouvido. ciais, assinale a alternativa que apresenta o procedimen-
C) No âmbito dos juizados criminais, a citação e a in- to correto.
timação devem ser, sempre que possível, pessoais e efe- A) Aberta a audiência, será dada a palavra ao defen-
tivadas no próprio juizado ou por quaisquer dos meios sor para responder à acusação, após o que o Juiz recebe-
previstos na legislação processual penal comum aplicada rá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo recebimento,
subsidiariamente. serão ouvidas a vítima e as testemunhas de acusação e

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se presente, A proposta de aplicação imediata de pena restritiva de
passando- se imediatamente aos debates orais e à pro- direitos ou multa é a conhecida “transação penal”. O artigo
lação da sentença. 76, §2º, da Lei nº 9.099/95 prevê em quais situações não será
B) Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa permitido seu oferecimento. As duas hipóteses apresenta-
caberá recurso em sentido estrito, que deverá ser inter- das estão corretas, porém, não são estas as únicas que impe-
posto no prazo de cinco dias. dem a transação, não sendo admitida também a proposta se
C) Os embargos de declaração são cabíveis quando, ficar comprovado não indicarem os antecedentes, a conduta
em sentença ou acórdão, houver obscuridade, contra- social e a personalidade do agente, bem como os motivos
dição, omissão ou dúvida, que deverão ser opostos em e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da
dois dias. medida. Desta forma, como o enunciado da questão limitou
D) Se a complexidade do caso não permitir a for- a aplicação do impedimento apenas nos casos menciona-
mulação da denúncia oral em audiência, o Ministério dos este é “falso”.
Público poderá requerer ao juiz dilação do prazo para
apresentar denúncia escrita nas próximas 72 horas. RESPOSTA: “B”.

Nos termos do artigo 81 da Lei nº 9.099/95, aberta a 36 (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU-
audiência, será dada a palavra ao defensor para responder NESP/2013) Com relação às infrações de menor po-
à acusação, após o que o Juiz receberá, ou não, a denúncia tencial ofensivo, seu processo e julgamento, é correto
ou queixa; havendo recebimento, serão ouvidas a vítima e as afirmar que
testemunhas de acusação e defesa, interrogando-se a seguir A) além das hipóteses do Código Penal e da legisla-
o acusado, se presente, passando-se imediatamente aos de- ção especial, dependerá de representação a ação penal
bates orais e à prolação da sentença. relativa aos crimes de lesões corporais dolosas de natu-
reza grave.
RESPOSTA: “A”. B) a citação será pessoal e far-se-á no próprio Juiza-
do, sempre que possível, ou por edital.
C) a competência do Juizado será determinada pelo
34. (DPE/DF - Defensor Público - CESPE/2013) Jul-
lugar de residência do réu.
gue o item que se segue.
D) se consideram infrações penais de menor poten-
cial ofensivo, para os efeitos da Lei n.º 9.099/95, as con-
Suponha que contra um indivíduo tenha sido ofere-
travenções penais e os crimes a que a lei comine pena
cida queixa-crime por suposta prática de crime de dano
máxima não superior a um ano, excetuados os casos em
qualificado por motivo egoístico, crime para o qual a
que a lei preveja procedimento especial.
pena máxima é de três anos de detenção. Nesse caso,
E) nos crimes em que a pena mínima cominada for
deverá ser utilizado o procedimento previsto na Lei n.º
igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não pela Lei
9.099/1995. n.º 9.099/95, o Ministério Público, ao oferecer a denún-
cia, poderá propor a suspensão do processo, por dois
A) Certo a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo
B) Errado processado ou não tenha sido condenado por outro cri-
me, presentes os demais requisitos que autorizariam a
O procedimento sumaríssimo previsto na Lei nº suspensão condicional da pena.
9.099/1995 não será utilizado quando a pena máxima culmi-
nada ao crime for superior a 2 (dois) anos. A alternativa “A” está incorreta, pois as lesões corporais
leves e culposas é que dependem de representação, sendo
RESPOSTA: “B”. as demais espécies proposta mediante ação penal pública
incondicional. A alternativa “B” está incorreta, uma vez que
35. (MPE/SC - Promotor de Justiça Manhã - a citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre
MPESC/2013) Analise o enunciado abaixo e assinale que possível, ou por mandado e não por edital como cons-
“verdadeiro” ou “falso”. tou. A alternativa “C” está incorreta, pois a competência é
determinada pelo lugar em que foi praticada a infração
Não se admitirá a proposta de aplicação imediata de penal. A alternativa “D” está incorreta, tendo em vista que
pena restritiva de direitos ou multas, prevista no Juizado consideram-se infrações penais de menor potencial ofen-
Especial Criminal, apenas no caso de ficar comprovado sivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e
ter sido o autor da infração condenado, pela prática de os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a
crime, pena privativa de liberdade, por sentença defini- 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Por tal motivo,
tiva ou ter sido o agente beneficiado anteriormente, no está correto o que consta na alternativa “E”.
prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou
multa, nos termos do artigo 76 da Lei n.9.099/95. RESPOSTA: “E”.
A) Verdadeiro
B) Falso

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LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

37. (MPE/MA - Promotor Substituto - MPE/ 39. (CAIXA – Advogado – CESGRANRIO/2012) Em


MA/2014) Sobre suspensão condicional do processo, é determinado processo judicial criminal, há, em decor-
correto afirmar: rência de requerimento do Ministério Público, autoriza-
A) Se houver negativa de proposta pelo Ministério ção para interceptação telefônica com o fito de angariar
Público, o juízo pode aplicar tal medida despenaliza- provas contra acusados de delitos considerados graves.
dora de ofício, porque se trata de direito subjetivo do Nos termos da legislação pertinente, o prazo para a in-
acusado; terceptação deve, regra geral, corresponder a, no máxi-
B) É incabível no crime continuado, pois a soma da mo,
pena mínima da infração mais grave, com o acréscimo A) sessenta dias, com renovação
mínimo de um sexto, impede o preenchimento de re- B) trinta dias, com renovação
quisito objetivo; C) vinte dias, com renovação
C) Fixada a obrigação de reparação de dano, o des- D) quinze dias, com renovação
cumprimento injustificado acarreta a revogação obri- E) dez dias, com renovação
gatória do benefício;
D) Se o acusado não cumpriu a condição de com- A interceptação, em regra, não poderá exceder o pra-
parecimento pessoal e obrigatório em juízo, revoga-se
zo de 15 (quinze) dias, renovável por igual tempo, uma vez
automaticamente a suspensão;
comprovada à indispensabilidade do meio de prova. É o que
E) Formulada a proposta de suspensão condicional
do processo pela promotoria, o juiz não pode fixar ou- dispõe o artigo 5º da Lei.
tras condições.
RESPOSTA: “D”.
A suspensão condicional do processo será revogada
se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser processado 40. (Polícia Civil/GO - Escrivão de Polícia - UEG/2013)
por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a Segundo a Constituição Federal, a interceptação telefô-
reparação do dano (art. 89, §3º da Lei nº 9.099/90). nica está condicionada à prévia autorização judicial, nas
hipóteses e na forma que a lei estabelecer, para fins de
RESPOSTA: “C”. A) investigação criminal ou instrução processual pe-
nal.
Lei nº 9.296/1996 (Escuta Telefônica). B) investigação administrativa ou cível ou instrução
processual penal.
38. (MPE/SP - Promotor de Justiça - MPE-SP/2011) C) instrução processual cível e penal ou investiga-
Realizar interceptação de comunicações telefônicas sem ções cíveis ou criminais.
autorização judicial constitui crime. De acordo com a le- D) instrução processual penal ou procedimento ad-
gislação vigente, tal autorização judicial será possível ministrativo.
A) em qualquer tipo de infração penal, desde que a A interceptação de comunicações telefônicas, de qual-
ela seja cominada pena privativa de liberdade. quer natureza, é realizada para fins de investigação criminal
B) se o pedido for feito verbalmente ao Juiz com os e em instrução processual penal, nos termos do que prevê
pressupostos que a autorizem. o artigo 1º da Lei.
C) em decisão fundamentada, não havendo necessi-
dade de ficar indicada a forma de execução da diligência RESPOSTA: “A”.
nem a ciência dos procedimentos ao Ministério Público.
D) nos próprios autos do inquérito policial ou do
processo criminal, pelo prazo não renovável de quinze
dias.
E) mesmo que inexistam indícios razoáveis de auto-
ria ou de participação, desde que a infração penal esteja
por ocorrer.

A interceptação de comunicações telefônicas, de qual-


quer natureza, para prova em investigação criminal e em
instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e
dependerá de ordem do juiz competente da ação principal,
sob segredo de justiça. O pedido de interceptação de co-
municação telefônica conterá a demonstração de que a sua
realização é necessária à apuração de infração penal, com
indicação dos meios a serem empregados. Excepcionalmen-
te, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado ver-
balmente, desde que estejam presentes os pressupostos que
autorizem a interceptação, caso em que a concessão será
condicionada à sua redução a termo.

RESPOSTA: “B”.

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