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28 de setembro de 2013
Senhor Secretário-Geral,
Distintos delegados,
Senhoras e senhores,
Tomo, pela primeira vez, a palavra perante esta prestigiada Assembleia, sede primeira
da legitimidade internacional e do multilateralismo e gostaria de começar por reiterar o
firme e permanente compromisso de Portugal com as Nações Unidas, com a sua Carta e
com os valores e princípios que a orientam.
Queria ainda deixar uma palavra muito especial de apreço pelo trabalho incansável do
nosso Secretário-Geral em prol da paz, num período tão conturbado para a Comunidade
Internacional. Como sempre, poderá continuar a contar com o apoio de Portugal.
Senhor Presidente
A ONU muito tem feito, ao longo dos seus 68 anos de história, para que esses objetivos
sejam atingidos à escala global. Infelizmente, em muitas regiões e pontos do planeta,
esse propósito não consegue ser mais do que uma miragem.
Uma vez mais chegamos a esta Assembleia confrontados com uma grave crise
internacional, mas podendo, ao mesmo tempo, reafirmar a centralidade das Nações
Unidas. Trata-se, aliás, de uma dupla centralidade.
Alcançado que foi um acordo que visa remover, de uma vez por todas, a ameaça que
representa o arsenal químico do regime sírio, a comunidade internacional voltou-se
novamente para o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Queria aqui saudar os
enormes esforços político-diplomáticos dos EUA e da Rússia, com o envolvimento do
Enviado Especial Lakdhar Brahimi. O empenho e espírito de compromisso que
demonstraram e colocaram neste processo permitiu a obtenção de um importante acordo
e a adoção, ontem, de uma resolução do Conselho de Segurança que garante, assim o
esperamos, a sua aplicação.
A responsabilidade principal pela resolução da crise síria reside, no entanto, nas partes
em conflito. Sem a sua vontade e empenho, nenhuma solução política será possível. A
comunidade internacional deve manter a pressão sobre as partes, em particular sobre o
regime de Damasco com vista à construção de um futuro em paz e democracia
sustentáveis, no qual a diversidade da sociedade síria se sinta representada.
Senhor Presidente,
Reafirmo perante esta Assembleia o total apoio de Portugal a este processo e saúdo os
EUA pela sua iniciativa, bem como as autoridades palestiniana e israelita pela liderança
e coragem política que demonstraram ao retomarem o diálogo. Não haverá nem paz
duradoura, nem estabilidade, nem segurança no Médio Oriente sem a resolução da
questão da Palestina. Esta oportunidade de garantir a segurança de todos e, finalmente,
justiça para os palestinianos não deve, nem pode ser desperdiçada.
Está em causa uma oportunidade para uma solução de paz, na base das resoluções das
Nações Unidas e dos parâmetros internacionalmente aceites, que consagre um Estado
Palestiniano soberano, independente e viável e que responda às preocupações de Israel
em termos da sua segurança.
Senhor Presidente,
A comunidade internacional não poderá, também, deixar de sublinhar que, para que as
eleições sejam livres, justas, transparentes e credíveis, as atuais autoridades devem
garantir que todos os cidadãos guineenses, sem exceção, nelas possam participar no
pleno uso dos seus direitos, incluindo a liberdade de expressão e de associação. Apenas
novas autoridades, legitimadas pelo livre voto popular e nomeadas nos termos
constitucionais, poderão promover as reformas no sector de segurança, na administração
e na justiça há muito identificadas.
A crise na Guiné-Bissau tem claras ligações com o Sahel, nomeadamente através das
rotas de tráfico de droga. Na Europa, em particular nos países sul, seguimos com
especial apreensão a situação no Sahel. Pela nossa parte, continuaremos a apoiar os
esforços de estabilização da região. Nessa linha a Estratégia Integrada da ONU para o
Sahel representa um importante contributo.
Senhor Presidente,
Depois do momento histórico e inspirador, no sentido mais nobre das Nações Unidas,
que foi a definição dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio no ano 2000, a
sessão da Assembleia-Geral que agora se inicia constituirá um importante marco na
definição das prioridade e do caminho que seguiremos no nosso trabalho em conjunto
até à Cimeira de 2015, em que fixaremos os princípios e objetivos em matéria de
desenvolvimento para os próximos anos
Exige-se, contudo, uma visão mais abrangente e estratégica que vá para além do
relacionamento tradicional entre doadores e recetores, através da criação de parcerias
que envolvam novos atores internacionais. Diferentes modalidades de ajuda, novas
fontes de financiamento, reforço do princípio da responsabilidade partilhada e da
liderança e apropriação dos países em desenvolvimento devem ser, em nosso
entendimento, as principais linhas orientadoras da agenda de desenvolvimento pós
2015.
Senhor Presidente,
Porém, a reforma da nossa Organização nunca estará completa sem uma reforma do
Conselho de Segurança, que abranja os seus métodos de trabalho, mas sobretudo a sua
composição. É cada vez mais difícil de explicar como é que países como o Brasil e a
Índia não integram ainda, como membros permanentes, o Conselho de Segurança.
Como é sabido, Portugal defende igualmente que o continente africano disponha de
representação permanente naquele órgão. Consideramos crucial que África seja tratada
de uma forma justa que reflita a sua dimensão, o seu crescimento económico e a sua
afirmação e peso no mundo de hoje.
Senhor Presidente,
Portugal apresentar-se-á a essas eleições como um país que reúne um amplo consenso
interno em matéria de direitos humanos, claramente expresso no amplo leque de
direitos, liberdades e garantias consagrados na nossa Constituição. Defendemos,
também, a natureza universal, indivisível e interdependente de todos os direitos
humanos.
Confiamos que o trabalho que temos vindo a desenvolver nesta matéria merecerá o
reconhecimento desta Assembleia-Geral. Com efeito, Portugal:
A língua portuguesa é o factor que tece a unidade entre a diversidade de Estados que
integram a Comunidade de Países da Língua Portuguesa. Somos uma comunidade de
8 países, presente em quatro continentes e com cerca de 250 milhões de falantes. Trata-
se da 3.ª língua de origem europeia mais falada no mundo, com um papel e um estatuto
crescentes na cena internacional, quer enquanto veículo de comunicação, quer enquanto
língua económica (utilizada no comércio e nos negócios), de cultura e nas redes sociais.
Muito obrigado.