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WBA0147_v1_1

Legislação da Educação
Superior e Políticas de Inclusão
Legislação da Educação Superior e Políticas de Inclusão
Autor: Carlos Eduardo Candido Pereira
Como citar este documento: CANDIDO PEREIRA, Carlos Eduardo. Legislação da Educação Superior e
Políticas Públicas de Inclusão. Valinhos: 2015.

Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil 05
Assista a suas aulas 25
Unidade 2: As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização 34
Assista a suas aulas 57
Unidade 3: O Projeto Neoliberal 64
Assista a suas aulas 88
Unidade 4: Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil 95
Assista a suas aulas 121
Unidade 5: A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão 129
Assista a suas aulas 148
Unidade 6: Legislação Nacional para o Ensino Superior 156
Assista a suas aulas 181
Unidade 7: Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas 189
Assista a suas aulas 212
Unidade 8: Sistema de Cotas na Universidade Pública 220
Assista a suas aulas 240
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Apresentação da Disciplina

Prezad@ Alun@, nesta disciplina, você entrará em contato com questões políticas e legislativas
ligadas à Educação Superior no Brasil. Para isso, por vezes, os temas recairão na esfera
particular e em outro momento na esfera pública. Tenha em vista, contudo, que estamos
articulando sempre e estritamente a educação no Ensino Superior
Por meio de oito aulas e sete temas o objetivo desta disciplina é o de fazer você compreender
um panorama acerca das exigências, necessidades ou mesmo paradigmas que favorece
à Educação Superior, bem como, melhor perceber como a legislação e a política vai sendo
implementada no Ensino Superior ao passar dos tempos.
A importância de conhecermos os aspectos desta disciplina vai um pouco além da docência
no ensino superior, pois perpassa uma visão para a formação do líder e do gestor que poderá
articular-se em instâncias políticas dentro de faculdades, institutos, universidades, bem como
outros espaços educativos
Dentro deste escopo, na primeira aula do curso, você compreenderá o surgimento das políticas
públicas em prol do ensino superior brasileiro, bem como esta modalidade de ensino.
Na segunda aula, vamos verificar o impacto das políticas do ensino superior com destaque ao
período vigente de globalização.

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Na terceira aula, vamos adentrar a política neoliberal e o projeto do governo brasileiro para as
universidades.
Na quarta e quinta aula, teremos como eixo norteador das discussões o princípio idiossincrático
de ensino, pesquisa e extensão.
Na sexta aula, o foco recai sobre a legislação do ensino superior, sendo o Decreto Federal n.º
5773/2006 o instrumento legal norteador de reflexão.
Na sétima aula, serão abordados aspectos das ações afirmativas e as políticas inclusivas para
as pessoas com deficiência no ensino superior.
Na oitava e última aula, vamos verificar o atual sistema de cotas racial nas universidades.

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Unidade 1
Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil

Objetivos

1. Compreender diferença entre ensino superior


e educação superior;
2. Conhecer os tipos de Instituições Superiores;
3. Conhecer panorama atual para a docência no
ensino superior.

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Introdução

Car@ alun@, se você está neste curso e, por consequência, nesta disciplina é porque você
provavelmente está pleiteando uma vaga na carreira do magistério do Ensino Superior.
Desejamos sucesso nesta empreitada.
Fazer esta escolha é motivo de alegria e orgulho porque nesta aula vamos conferir algumas
questões gerais acerca da Educação Superior. A Educação Superior até há pouco tempo era
algo restrito no Brasil. Num passado nem tão distante ele era apenas para as elites. Como não
existiam universidades no país, os filhos da elite iam para universidades europeias, sobretudo
as portuguesas, quando em nossa história éramos colonizados por este país.
As efervescências de ideias trazidas do exterior, por sua vez, contribuíram para mudanças
simbólicas em nossa história, principalmente com as ideias liberais.
As universidades no Brasil foram criadas no século XX, sendo a USP uma das pioneiras. Naquela
época, como não havia pessoas capacitadas à docência no ensino superior, muitos professores
viam do exterior atraídos pela oportunidade de emprego aqui.
Antigamente existia o regime de cátedra, ou seja, ocupava uma disciplina apenas uma pessoa,
um professor altamente capacitado num ramo de conhecimento, depois, com o fim da cátedra
e o regime de departamentalização o docente da Educação Superior passou a ter outras tarefas
e atribuições, dentre elas: conviver com a burocracia e dar conta da tríade: ensino, pesquisa e
6/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
extensão. 1. Ensino e Educação Superior
Para iniciar, então, esta disciplina em no Brasil
nossa primeira aula iremos verificar como
está estruturada a educação superior Para início de discussão cabe fazer uma
no Brasil. Para isso, realizam-se alguns diferenciação entre os temas ensino e
questionamentos: educação superior.

O ensino superior sempre existiu? Será Para Moreira (2013), o termo educação
que ele sempre existiu aos moldes que significa um conjunto de hábitos e valores.
o conhecemos atualmente? Qual é o Já o conceito de ensino significa repasse de
contexto político atual do Ensino Superior? conhecimento. Neste sentido, ao tratarmos
do termo “ensino da educação superior”
Para responder, então, as questões acima nos referimos ao conhecimento acumulado
apresentadas vamos compreender dois historicamente e que é ensinado aos
temas nesta aula. Um acerca da gênese alunos. O termo “educação no ensino
desta modalidade de ensino e outro acerca superior” corresponde a uma gama maior
do universo que nos aguarda. de regulamentos e regras definidos,
inclusive, por lei, tal como na LBDEN n.º
9394/96 (BRASIL, 1996).
7/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
Link Link
Confira a lei na íntegra ao acessar <http://www. Confira as leis ao acessar:
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm> < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicaocompilado.htm>
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
Vale frisar que, na atualidade o sistema da l9394.htm>
educação superior conta com instituições
públicas e/ou privadas. E se inserem neste Vale frisar também que há ainda uma
universo cursos de graduação e pós- variedade de decretos, regulamentos e
graduação lato senso e strictu senso. portarias complementares, alguns dos
A normatização da Educação Superior quais ainda estudaremos. Dessa maneira,
na atualidade chegou a tal característica quanto à organização acadêmica das IES
por meio de duas principais legislações, constata-se a classificação dos seguintes
a saber: a Constituição Federal (BRASIL, tipos de instituições, tal como apresentado
1988) e a LDBEN 9394/96 (BRASIL, 1996). na figura abaixo:

8/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
Figura 1: Educação Superior: organização acadêmica

Fonte: O autor.

9/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
Os tipos de IES são: cultura. Neste contexto, as universidades
são organizações multidisciplinares
• Em vermelho: as Instituições
atuando no ensino, na pesquisa e na
Universitárias, compostas por
extensão de serviços à sociedade.
Universidades e Universidades
As universidades especializadas são
Especializadas.
organizações que atuam em apenas
• Em azul: os Centros Universitários. um ramo ou campo de conhecimento
• Em verde: as Instituições Não atendendo ainda ao tripé de ensino,
Universitárias onde se agregam os pesquisa e extensão.
Institutos Superiores de Educação, Acerca dos Centros Universitários, o
os CEFET’s e CET’S, as Faculdades Decreto Federal n.º 5773/2006 (BRASIL,
Isoladas e as Faculdades Integradas. 2006) aponta que:
O que são cada uma destes tipos de
instituição?
Instituições universitárias: são
organizações de alto nível intelectual para
criação, comunicação e transmissão de

10/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
São centros universitários as instituições de ensino superior
pluricurriculares, abrangendo uma ou mais áreas do conhecimento,
que se caracterizam pela excelência do ensino oferecido, comprovada
pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de trabalho
acadêmico oferecidas à comunidade escolar. Os centros universitários
credenciados têm autonomia para criar, organizar e extinguir, em sua
sede, cursos e programas de educação superior.

Vale ressaltar que aos centros universitários, de modo diferente às universidades não há tanta
exigência com relação ao ensino, pesquisa e extensão.
As instituições não universitárias tratam a formação em ensino superior, porém com uma
perspectiva mais profissional e tecnológica. Assim:
• Institutos Superiores de Educação: pode dar em organizações que ofereçam desde o
ensino básico ao ensino superior com uso de escolas ou colégios de aplicação. Caso do
ISERJ, no Rio de Janeiro.

11/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
• CEFET’s: Centros Federais de
Educação Tecnológica. Caso do IFSP,
Link
IFRJ; Para saber mais acesse e a Lei 5773/2006:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
• CET’S: Centro de Educação
ato2004-2006/2006/decreto/d5773.htm>.
Tecnológica, de abrangência mais
estadual.
• Faculdades Isoladas e as Faculdades 2. Atual Contexto da Educação
Integradas: neste tipo não há nenhum Superior no Brasil
vínculo com as universidades por se
tratarem de propostas curriculares Como veremos mais adiante, mudanças
de um ou mais cursos de uma área de política no cenário da educação superior
conhecimento, também sem vínculo brasileira propiciou aumento significativo
com ensino, pesquisa e extensão. da demanda para essa modalidade de
ensino.
Você está para ingressar num espaço de
trabalho em extrema expansão e que,
certamente, lhe trará perspectivas de
12/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
trabalho na docência do ensino superior 2% nos anos 1990 para 11% na primeira
brasileiro. década do século XXI.
A pergunta que se faz é: que tipo de As políticas de estímulo governamental
trabalho você vai conseguir? Será que é para o setor permitiu atendimento de
possível obter emprego com a titulação grande demanda social que estava
mínima de mestre? reprimida, pois a maioria da população era
De acordo com Capelato (2014), a partir composta por jovens de baixa renda ou por
de 1997, o cenário da educação superior pessoas com idade avançada que estavam
brasileira passou por um alto processo marginalizados do acesso à educação
de expansão. Este setor teve estimulo do superior.
governo, mas foi a iniciativa privada que Com o aumento de vagas e a expansão das
mais contribuiu para este aumento. matrículas tanto nas IES públicas quanto
Ainda de acordo com o supracitado autor, privadas, outro fato que agrega a tal
foi a LDBEN 9394/1996 (BRASIL, 1996) incidência é a oferta de cursos superiores
que permitiu tal expansão da educação na modalidade à distância em comparação
superior, sendo que o crescimento e ao presencial. Observa a figura seguinte:
expansão anual deste setor passou de

13/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
Figura 2: Evolução do número de alunos constante expansão.
matriculados por modalidade de ensino

Link
Para saber mais acesse e confira o último censo
de matrículas: <http://inep.gov.br/censo-da-
educacao-superior>.

Os dados da pesquisa do MEC são


reforçados por outra pesquisa desenvolvida
Fonte: O autor. pelo Instituto Brasileiro de Geografia
De acordo com o MEC/INEP (2010), a Estatística (IBGE, 2010).
Educação a Distância (EAD) já responde
por 14,6% das matrículas de graduação
no ensino superior do País e está em
14/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
Link
Para saber mais acesse e confira o último censo
do IBGE: <http://censo2010.ibge.gov.br/pt/>.

Neste estudo verificou-se que o Brasil tem 6,5 milhões de universitários, sendo 6,3 milhões em
cursos de graduação e 173 mil na pós-graduação. Desta quantia, quase 1 milhão de alunos
estudam em cursos a distância. Podemos afirmar que a década 2001-2010 fez dobrar o número
de universitários no país.
O referido censo (IBGE, 2010) ainda mostra que a educação presencial e a distância atende
pessoas com perfis diferentes. A idade média dos alunos matriculados em cursos presenciais,
por exemplo, é de 26 anos. Enquanto isso, na educação a distância a média é 33 anos.
Na esfera particular, dentre os cursos de graduação mais procurados, o quadro 1 exibe as
seguintes informações:

15/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
Quadro 1: Cursos Presenciais Mais Procurados

Curso Matrícula Concluintes Ingressantes


Direito 645.605 84.283 181.156
Administração 625.763 101.604 195.259
Enfermagem 209.165 41.367 60.768
Pedagogia 207.070 44.211 70.796
Ciências Contábeis 194.251 28.481 67.653
Psicologia 124.527 16.641 41.074
Engenharia Civil 110.371 4.377 58.986
Gestão de Pessoas/RH 93.987 21.113 50.063
Ciência da Computação 93.533 12.402 31.451
Fisioterapia 89.888 15.804 29.479
Engenharia de Produção 87.683 6.437 33.816
Formação do Professor de
86.252 17.282 30.763
Educação Física
Farmácia 79.921 15.684 22.999
Arquitetura e Urbanismo 68.224 5.839 25.103
Medicina 65.474 8.494 10.829
Fonte: SEMESP, 2013.

16/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
O que chama atenção neste quadro é que cursos tradicionais como Direito (645.605
matrículas), Administração (625.763) e Enfermagem (209.165) continuam sendo os mais
procurados, porém, os cursos tecnológicos, como por exemplo, o de Gestão de Pessoal/
Recursos Humanos também se destacaram entre os favoritos.
O curso de Pedagogia, por sua vez, é aquele que lidera a procura na modalidade a distância,
com um total de 247.216 matrículas. Observe o quadro a seguir para mais detalhes:
Quadro 2: Cursos de graduação mais procurados.

EAD Matrícula Tecnológico


Curso Matricula Curso Matricula
Pedagogia 247.216 Gestão de Pessoal/RH 81.510
Administração 121.303 Gestão Lógica 51.022
Análise e Desenvolvimento de
Serviço social 64.299 40.810
Sistemas
Empreendedorismo 53.459 Empreendedorismo 36.713
Gestão de pessoal/
47.282 Marketing e Propaganda 29.841
RH
Fonte: SEMESP, 2013.

Por último, com relação ao tipo de trabalho dos docentes temos a seguinte situação:
17/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
Figura 3: Docentes nas IES Particulares (Fonte: SEMESP, 2013) (44%) em comparação ao Regime Parcial
(31%) e ao Regime Integral (25%), a figura
a seguir exibe este panorama:
Figura 4: Regime de trabalho dos docentes nas

IES particulares (Fonte: SEMESP, 2013)

Fonte: O autor.

A maioria dos docentes que atuam no


ensino superior particular brasileiro tem
formação em mestrado (45%) ou são
Fonte: O autor.
especialistas (38%), sendo a minoria
aqueles que tem título com doutorado Como se pode observar o ingresso da
(17%). Dentre os regimes de trabalho, o docência na educação superior mostra
que aponta o regime horista é o maior que o setor está em expansão, o que pode

18/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
proporcionar boas expectativas de emprego visto o tipo de titulação exigida e o tipo de regime
de trabalho.
Para responder aos questionamentos iniciais:
O ensino superior sempre existiu?
No Brasil a sua história é recente, porém, nos últimos anos ele tem se expandido e popularizado.
Será que ele sempre existiu aos moldes que o conhecemos atualmente?
Não. Há na história das universidades brasileiras algumas mudanças históricas, sobretudo do
regime da cátedra para o departamental.
Qual é o contexto político atual do Ensino Superior?
De expansão de vagas e de reconhecimento de classes populares.

19/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
Glossário
IES: Instituição de Ensino Superior.
Instituição Pública: de ordem civil, são mantidas pela União (federal), por uma Unidade
Federativa (Estadual) ou por Município (Municipal). Pode ser ainda Militar, mantida pelas Forças
Armadas.
Instituição Privada: que não são mantidas pelo Poder Público podendo ser Particulares em
Sentido Estrito ou Filantrópicas ou Comunitárias.

20/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
?
Questão
para
reflexão
Elabore um texto argumentativo explicando a diferença entre
educação e ensino superior pontuando quais são os tipos
de instituições universitárias e não universitárias existentes
atualmente no Brasil, bem como posicione-se acerca do aumento
de matrículas nesta etapa de escolarização nos últimos anos.

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Considerações Finais

»» Educação significa um conjunto de hábitos e valores;


»» Ensino significa repasse de conhecimento;
»» O sistema da educação superior conta com instituições públicas e/ou
privadas;
»» Instituições Universitárias, compostas por Universidades e
Universidades Especializadas;
»» Centros universitários as instituições de ensino superior
pluricurriculares, abrangendo uma ou mais áreas do conhecimento;
»» Instituições não universitárias tratam a formação em ensino superior,
porém com uma perspectiva mais profissional e tecnológica;
»» A partir de 1997 o cenário da educação superior brasileira passou por
um alto processo de expansão;

22/248
Considerações Finais
»» As políticas de estimulo governamental para o setor permitiu
atendimento de grande demanda social que estava reprimida;
»» A oferta de cursos superiores na modalidade à distância teve
crescimento exponencial.

23/248
Referências

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Senado, 1988.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília:
1996
BRASIL. Decreto nº. 5773 de 09 de maio de 2006. Diário oficial [da] República Federativa do
Brasil. Brasília, 10 de maio de 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2004-2006/2006/decreto/d5773.htm>. Acesso em: 03 jun. 2015.
MOREIRA, A. Professor não é educador. Belo Horizonte: Editora Edésio Fernandes, 2013.
IBGE. Censo da educação Superior 2010. Publicação. Brasília. 2011.
SEMESP. Sindicato das Entidades Mantenedoras de Entidades de Ensino Superior no Estado
de São Paulo. Mapa do Ensino Superior do estado de São Paulo. 3.ed.São Paulo: SEMESP, 2013.

24/248 Unidade 1 • Contexto das políticas Públicas Para a Educação Superior no Brasil
Assista a suas aulas

Aula 1 - Tema: Contexto das Políticas Aula 1 - Tema: Contexto das Políticas
Públicas para a Educação Públicas para a Educação
Superior no Brasil – Parte I  Superior no Brasil – Parte II.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/95ef-
7c4beb6d2afe7e7d452990a6ea9180dc>. 4152cf3a240fe827f20222ad8b6b>.

25/248
Questão 1
1. Assinale a alternativa que diferencie a educação e o ensino:

a) a) A educação é aquela que se ensino na escola tal como o ensino.


b) A educação e o ensino são coisas diferentes, mas iguais na perspectiva legal.
c) A educação significa um conjunto de hábitos e valores. Já o conceito de ensino significa
repasse de conhecimento.
d) A educação significa repasse de conhecimento. Já o conceito de ensino significa um
conjunto de hábitos e valores.
e) A educação e o ensino são partes constituintes da ação docente no Ensino Superior.

26/248
Questão 2
2. Assinale a alternativa que apresente os tipos de Instituição de Ensino
Superior:
a) Instituições Universitárias, Centros Universitários e Instituições Não Universitárias.
b) Instituições Universitárias, Colégios Militares e Faculdades Isoladas.
c) Faculdades Isoladas, Universidades Militares e Instituição não Universitárias.
d) Universidades Públicas e Universidades Particulares.
e) Os Institutos Superiores de Educação, os CEFET’s e CET’S, as Faculdades Isoladas e as
Faculdades Integradas.

27/248
Questão 3
3. Com relação a definição dos Centros Universitárias, assinale a alterna-
tiva de acordo com a Lei Federal nº 5773/2006:
a) São centros universitários as instituições de ensino superior interdisciplinares,
abrangendo uma ou mais áreas do conhecimento, que se caracterizam pela excelência do
ensino oferecido, comprovada pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de
trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar. Os centros universitários credenciados
têm autonomia para criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação
superior.
b) São centros universitários as instituições de ensino superior interdisciplinares,
abrangendo apenas uma área do conhecimento, que se caracteriza pelo bom ensino oferecido,
comprovado pela qualificação do seu currículo e serviços oferecidos à comunidade escolar. Os
centros universitários credenciados têm autonomia apenas para extinguir cursos e programas
de educação superior.
c) São centros universitários as instituições de ensino superior multidisciplinares,
abrangendo uma ou mais áreas do conhecimento, que se caracterizam pela excelência do
currículo, comprovada pela capacitação continuada do seu corpo docente e pelas condições de
trabalho acadêmico oferecidas à comunidade escolar. Os centros universitários credenciados
28/248
Questão 3
não têm autonomia para criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de
educação superior.
d) São centros universitários as instituições de ensino superior pluricurriculares, abrangendo
uma ou mais áreas do conhecimento, que se caracterizam pela excelência do ensino oferecido,
comprovada pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de trabalho acadêmico
oferecidas à comunidade escolar. Os centros universitários credenciados têm autonomia para
criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior.
e) São centros universitários as instituições de ensino superior pluricurriculares, abrangendo
uma ou mais áreas do conhecimento, que não se caracterizam pela excelência do ensino
oferecido, comprovada pela qualificação do seu corpo docente e pelas condições de trabalho
acadêmico oferecidas à comunidade escolar. Os centros universitários credenciados não têm
autonomia para criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação
superior.

29/248
Questão 4
4. Qual das seguintes legislações é a que permitiu a expansão da Educa-
ção Superior no Brasil:
a) Decreto Federal n.º 3.298/1999.
b) Lei Federal n.º 5.800/2000.
c) Constituição Federal de 1988.
d) Lei Federal n.º 8.321/1991.
e) Lei Federal n.º 9.394/1996.

30/248
Questão 5
5. Acerca da evolução das matrículas na Educação Superior, assinale
qual tipo de modalidade de ensino tem contribuído para este fato:
a) Educação Especial.
b) Educação à Distância.
c) Ensino Médio.
d) Educação Tecnológica.
e) Educação de Jovens e Adultos.

31/248
Gabarito

1. Resposta: C. Integradas.

A educação significa um conjunto de 3. Resposta: D.


hábitos e valores, é aquele que podemos ter
em espaços não escolares. Já o conceito de Exatamente como definida na questão.
ensino significa repasse de conhecimento
e geralmente é mais estruturado e 4. Resposta: E.
organizado.
Foi a LDBEN 9394/1996 (BRASIL, 1996)
2. Resposta: A. que permitiu tal expansão da educação
superior, sendo que o crescimento e
Instituições Universitárias - compostas expansão anual deste setor passou de
por Universidades e Universidades 2% nos anos 1990 para 11% na primeira
Especializadas, Centros Universitários década do século XXI.
e Instituições Não Universitárias - onde
se agregam os Institutos Superiores 5. Resposta: B.
de Educação, os CEFET’s e CET’S, as
Faculdades Isoladas e as Faculdades De acordo com o MEC/INEP (2010), a
Educação a Distância (EAD) já responde
32/248
Gabarito
por 14,6% das matrículas de graduação
no ensino superior do País e está em
constante expansão.

33/248
Unidade 2
As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização

Objetivos

1. Compreender o conceito de globalização.


2. Conferir os impactos da globalização na
política e na educação superior.
3. Compreender os aspectos legais, sociais e
históricos das políticas educacionais no Brasil.

34/248
Introdução

Car@ alun@, a nossa sociedade atual é pautada pela lógica do consumo e da lei da oferta e da
procura. Em termos gerais, o sistema de produção capitalista anseia por pessoal altamente
capacitado para atuar nos postos de trabalho. Isso acontece por conta das mudanças ocorridas
nos processos produtivos advindos com o fim do bem estar social e o projeto neoliberal que
desemboca na globalização.
A universidade, neste contexto recebe a expectativa de produzir produtos científicos e
tecnológicos para uma melhor concorrência do país na perspectiva econômica global.
Com isso, além desta perspectiva o maior bem de uma nação passa a ser considerada as
cabeças pensantes da sociedade, ou seja, aquelas que poderão fazer inovações nos meios
tecnológicos e científicos e levar à sociedade as mudanças paradigmáticas.
Neste cenário, a universidade não pode ficar alheia ao projeto de desenvolvimento de um país.
Quando um aluno passa pela educação superior, de certo modo, surge a expectativa de que ele
possa contribuir para tal desenvolvimento nacional.
Tal contribuição, porém, põe em conflito os interesses da universidade com os da sociedade
por meio do conflito de interesses e de classes. O fato é que cada vez mais os processos estão
sendo internacionalizados. O universo do conhecimento não está mais estrito localmente, mas
é de conhecimento de todo o mundo por meio de plataformas online e digitais
35/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização
Dado o exposto são sugeridos os seguintes 1. A Globalização
questionamentos:
O termo “globalização” é referente a
O processo de globalização força
década de 1990, porém, trata-se de um
a universidade a ter um papel
conceito construído ao longo do século XX
menos autônomo e de produção de
em virtude de projetos desenvolvimentistas
conhecimento?
de governos nacionais, principalmente, no
As políticas públicas para o ensino superior período pós-guerras.
sempre visaram o setor produtivo ao invés
No contexto dos anos 1990, a queda
do intelectual?
dos regimes comunistas e socialistas
Para responder, então, as questões ao exemplo da Alemanha Oriental e da
acima apresentadas vamos compreender União Soviética e mais as mudanças
três temas nesta aula. Um referente à nos processos tecnológicos dada pelas
globalização, outro que trata os efeitos transformações dos processos produtivos
da globalização na política e na educação com o uso da tecnologia e depois das
superior e, por fim, aspectos legais, sociais tecnologias de comunicação mudou o
e históricos das políticas educacionais no cenário mundial.
Brasil.

36/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização


Ainda para o Giddens (2003), o processo de
globalização traz consequências em todas
Link as estruturas organizacionais de grupos
Saiba Mais sobre a Alemanha Oriental e países, fato que leva ao ressurgimento
acessando: < http://pt.wikipedia.org/wiki/ de novas identidades culturais em todo
Alemanha_Oriental>. o mundo. Em vista disso, os países e
organizações devem repensar suas
Saiba Mais sobre a União Soviética acessando: identidades, pois algumas instituições
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Uni%C3%A3o_ como a família, podem passar por processo
Sovi%C3%A9tica>. de desconstrução visto as novas práticas
cotidianas.
Para o britânico Giddens (2003) a Com o termo “globalização” surge
globalização se caracteriza como um na literatura algumas metáforas que
fenômeno político, econômico, tecnológico sugerem reflexão. Segundo Ianni (2004),
e cultural, potencializado pelos meios de a globalização pode ser interpretada
comunicação, que possibilita as mesmas como uma economia-mundo ou sistema-
informações em todos os lugares do mundo onde as relações sociais, políticas,
planeta. culturais e econômicas estão em interação
37/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização
umas com as outras. Assim, algumas das • Cidade Global: trata-se de uma
metáforas que o autor elucida são: cidade ou região influente na
economia ou cultura mundial.
• Aldeia Global: trata-se de uma
metáfora que aponta a harmonização • Nave Espacial: trata-se de uma
de todo o tipo de organização e metáfora que conota a decadência
cultura como uma comunidade dos indivíduos por conta das relações
mundial, que se estabelece nas pessoais serem cada vez mais
realizações e nas possibilidades técnicas.
de comunicação, informação e • Nova Babel: trata-se de uma
diálogo abertas pela interatividade. metáfora que mostra, para além das
• Fábrica Global: trata-se de uma relações previstas na nave espacial,
metáfora e também uma realidade. que o indivíduo pode se encontrar
Nesta metáfora é implícita a ideia num espaço de total reorganização
de um capitalismo quantitativo com exigências de mudanças de
e qualitativo que vai além das comportamento e postura.
fronteiras locais para se expandir •
além território.

38/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização


2. Efeitos da Globalização na Com isso podemos verificar no âmbito
Politica Mundial e na Educação político o ingresso e a expansão de
Superior instituições políticas por meio de
internacionalização. Neste processo, as
De acordo com Gómez (2000), além das organizações passam buscar nos direitos
condições e implicações decorrentes dos internacionais uma forma de regulação
processos de globalização econômica e de ordem mais padronizada, respeitada
cultural é preciso salientar um conjunto as especificidades culturais de cada local.
de aspectos de natureza eminentemente A cargo de exemplo temos a ONU que, de
política entre a ideia de soberania do certa maneira, orienta políticas mundiais
Estado, que ainda sustenta a dominância para combater os crimes de direitos
do paradigma territorializado da política e humanos.
o desenvolvimento econômico acelerado, Retomando Gómez (2002) os direitos
depois da Segunda Guerra Mundial, humanos, democracia e meio ambiente
pautado, por sua vez, em padrões de são três questões globais que, entre tantas
internacionalização dos processos outras, são assunto essencial na agenda de
decisórios e de mundialização das discussões de fóruns internacionais. Com
atividades políticas. isso tais assuntos somadas a, por exemplo,
39/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização
risco de sistemas financeiros, segurança expressa, o ideal neoliberal.
pública, migrações, terrorismo, drogas, Para Dourado e Oliveira (1999) a educação
desenvolvimento, pobreza, exclusão, só superior tem duas tarefas básicas:
poderão ser resolvidos com intervenção de conhecimento e formação, em outras
instancias de responsabilidade global. palavras, produção de conhecimento e
Nesta direção podemos dizer que formação do profissional; tarefas estas
as universidades se enquadram na essenciais para inserção de qualquer
globalização, uma vez que, seu espaço país no processo competitivo do mundo
de produção e o ensino na ordem globalizado. Assim, ressaltam os autores,
terciária (graduação) e quaternária (pós- que o bem econômico de maior valor para
graduação) são elementos chaves para um país é o capital intelectual que ele
geração de novas lideranças nas mais produz:
variadas instancias políticas de uma
nação. Para além disso, o discurso da
legitimação das políticas internacionais
assenta-se na modernização educativa,
na competividade, na produtividade, no
desempenho, eficiência, qualidade, que
40/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização
Assim, o investimento em cérebros, ou melhor, na criação de capital
intelectual e na formação de competências básicas permitiria tornar
a economia competitiva, uma vez que vivemos em uma sociedade
marcada, crescentemente, pela internacionalização produtiva, pelo
aumento dos conhecimentos técnicos-científicos e pela necessidade de
elevação de qualidade profissional (DOURADO e OLIVEIRA, 1999, p.12).
Nesta direção as universidades têm, cada vez mais passado por processos de
internacionalização, fazendo intercâmbios entre seus estudantes para a troca de experiências
acadêmicas. Isso ocorre geralmente por acordos de cooperação acadêmica.
Em âmbito político, programas como o Ciências Sem Fronteiras, possibilita aos estudantes
de graduação ou pós-graduação fazer a
totalidade ou parte dos seus estudos em
instituições universitárias no exterior. Link
SAIBA MAIS: <http://www.
cienciasemfronteiras.gov.br/>.

41/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização


3. Efeitos Da Globalização Na de competências entre União, Estados e
Politica Mundial E Na Educação Distrito Federal.
Superior

O contexto histórico das políticas nacionais


na história brasileira é muito extenso. Por
Link
Saiba Mais sobre a Nova e Atual Constituição:
essa razão vamos estuda-las a partir de um
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
período especifico para compreendermos,
constituicao/constituicaocompilado.htm>.
em linhas gerais, como se configura
atualmente a educação superior brasileira.
Dessa maneira vamos retomar o contexto O capítulo III da mencionada lei trata
do final dos anos 1980. “Da Educação, da Cultura e do Desporto”
Em 1988, com a nova e atual constituição e apresenta 10 artigos que trata sobre
(BRASIL, 1988), já no título II, a lei expressa a educação. No que tange à Educação
“Dos Direitos e Garantias Fundamentais” Superior destacamos três deles, que são
da educação. Daí decorre a organização apresentados a seguir:
do Estado e dos Poderes Públicos com a
Educação. Nesta direção houve repartição
42/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização
Art. 209. O ensino é livre à nacional de educação em
iniciativa privada, atendidas regime de colaboração e
as seguintes condições: definir diretrizes, objetivos,
I - cumprimento das normas metas e estratégias de
gerais da educação nacional; implementação para
II - autorização e avaliação assegurar a manutenção e
de qualidade pelo Poder desenvolvimento do ensino
Público. em seus diversos níveis,
(...) etapas e modalidades por
Art. 211. A União, os meio de ações integradas
Estados, o Distrito Federal e dos poderes públicos
os Municípios organizarão das diferentes esferas
em regime de colaboração federativas. (BRASIL, 1988)
seus sistemas de ensino. Como se pode observar, o artigo 209
(...) trata a possibilidade da educação ser
Art. 214. A lei estabelecerá disponibilizada à oferta particular. O Artigo
o plano nacional de
211 estabelece o regime de colaboração
educação, de duração
de ensino, no que tange as universidades
decenal, com o objetivo
de articular o sistema públicas as esferas federal e estadual

43/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização


permaneceram tênues, tal como na atualidade. Por fim, o artigo 214 trata do plano nacional
com o objetivo de qualificar a educação brasileira em todas as etapas.
O plano decenal mencionado no artigo n.⁰ 214 foi redigido no ano de 1993, porém, abrangia
apenas o ensino fundamental. Com os passar dos anos, tal plano foi ganhando outros
formatos até se chegar nos PNE’s - Plano Nacional de Educação mas, antes de tratá-los, vale
apontar que foi apenas em 1996, com a nova Lei de Diretrizes e Bases, de caráter totalmente
descentralizador do poder político, que a Educação Superior se consolidou como sistema.

Link
PNE’s - Plano Nacional de Educação <http://pne.mec.gov.br/>

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei Federal n.º 9394/1996 (BRASIL, 1996)
dedica à educação superior um capítulo inteiro com 14 artigos. O quadro a seguir apresenta de
modo resumido o que aponta cada um destes itens.

44/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização


Quadro 1: Artigos da LDBEN 9394/1996 – Da Educação Superior

Artigos Dispositivos Temáticos


43 Finalidade: ensino, pesquisa e extensão
44 Cursos e Programas: sequenciais, graduação, pós-graduação e extensão
45 Será ministrada em IES público ou privadas
46 Autorização e Reconhecimento de cursos
47 Ano letivo: mínimo de 200 dias de trabalho acadêmico efetivo.
48 Diplomas reconhecidos nacionalmente
49 Aceite de transferência de alunos, de uma mesma área, desde que haja vagas.
Quando da ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus cursos a alunos não
50 regulares que demonstrarem capacidade de cursá-las com proveito, mediante processo seletivo
prévio
As IES credenciadas como universidades, ao deliberar sobre critérios e normas de seleção e
51 admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos desses critérios sobre a orientação do
ensino médio, articulando-se com os órgãos normativos dos sistemas de ensino.
As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de
52
nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano

45/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização


Autonomia universitária: fixar currículos e programas; estabelecer extensão; fixar número
de vagas; elaborar e reformar estatutos; conferir graus, diplomas e títulos; firmar contratos,
53
acordos e convênios; aprovar e executar obras, bem como adquirir patrimônio; administrar
rendimentos; submeter a subvenção, doações e heranças resultante de convênios e contratos.
 As universidades mantidas pelo Poder Público gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico
54 especial para atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e financiamento pelo
Poder Público, assim como dos seus planos de carreira e do regime jurídico do seu pessoal.
Caberá à União assegurar, anualmente, em seu Orçamento Geral, recursos suficientes para
55
manutenção e desenvolvimento das instituições de educação superior por ela mantidas.
 As instituições públicas de educação superior obedecerão ao princípio da gestão democrática,
56 assegurada a existência de órgãos colegiados deliberativos, de que participarão os segmentos
da comunidade institucional, local e regional.
Nas instituições públicas de educação superior, o professor ficará obrigado ao mínimo de oito
57
horas semanais de aulas
Fonte: O autor.

A Lei de Diretrizes e Bases de 1996 foi, de longe, a mola propulsora de mais importância
para o crescimento e expansão do ensino superior. Apesar dela, obviamente existem outros

46/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização


arcabouços políticos e regulatórios. Tal como havíamos visto, a Constituição de 1988
apontou no artigo 214 a elaboração do Plano Nacional de Educação. Atualmente estamos no
documento que prevê melhorias até o ano de 2024.

Link
Acesse a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l9394.htm>

No que tange as metas para a Educação Superior apresentamos as seguintes:

Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50%
(cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da
população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da
oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas,
no segmento público.

Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres


e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de
47/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização
educação superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo,
35% (trinta e cinco por cento) doutores.

Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto


sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000
(vinte e cinco mil) doutores. (BRASIL, 2014).
Estas outras metas a seguir não dizem respeito ao ensino superior, mas são relevantes
conhece-las porque coincidem com a possível atuação de você em espaços de ensino superior
acadêmico ou tecnológico:

Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos ou mais


para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o
final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50%
(cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional.

Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas
de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma
integrada à educação profissional.

48/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização


Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio,
assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da
expansão no segmento público.

Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o


Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE,
política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os
incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
assegurado que todos os professores e as professoras da educação básica possuam
formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de
conhecimento em que atuam.

Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento) dos
professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir
a todos(as) os(as) profissionais da educação básica formação continuada em sua
área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos
sistemas de ensino.

Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos de carreira

49/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização


para os(as) profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas
de ensino e, para o plano de carreira dos(as) profissionais da educação básica
pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei
federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal. (BRASIL, 2014).
Como se pode notar tais metas terão um prazo para sua execução, ainda não são factíveis,
porém, cabe um pouco a nós, profissionais da educação zelar para que elas ocorram o mais
tranquilamente possível, respeitados, obviamente os interesses maiores, que são nossos alunos
e as condições de trabalho para com eles.
Ao final desta aula, então, respondemos os questionamentos iniciais:
O processo de globalização força a universidade a ter um papel menos autônomo e de
produção de conhecimento? Sim, se o país tem um projeto de competição e desenvolvimento
para o mundo capitalista.
As políticas públicas para o ensino superior sempre visaram o setor produtivo ao invés do
intelectual? Na verdade, visam os dois espaços. Não há como ser produtivo, se não há cabeças
pensantes que tragam novas ideias e quebrem paradigmas.

50/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização


Glossário
Soberania: Supremacia total e absoluta do Estado sobre outras instancias de uma sociedade.
ONU: Organização das Nações Unidas.
PNE’S: Plano Nacional de Educação.

51/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização


?
Questão
para
reflexão

Elabore um texto argumentativo explicando o conceito


de globalização, seu impacto na política brasileira e no
ensino superior.

52/241
Considerações Finais

»» A globalização se caracteriza como um fenômeno político, econômico,


tecnológico e cultural, potencializado pelos meios de comunicação, que
possibilita as mesmas informações em todos os lugares do planeta.
»» A globalização pode ser interpretada como uma economia-mundo
ou sistema-mundo onde as relações sociais, políticas, culturais e
econômicas estão em interação umas com as outras.
»» Aldeia Global: aponta a harmonização de todo o tipo de organização
e cultura como uma comunidade mundial, que se estabelece nas
realizações e nas possibilidades de comunicação, informação e
diálogo abertas pela interatividade.
»» Fábrica Global: é implícita a ideia de um capitalismo quantitativo e
qualitativo que vai além das fronteiras locais para se expandir além
território.
»» Cidade Global: região influente na economia ou cultura mundial.

53/248
Considerações Finais
»» Nave Espacial: relações pessoais são cada vez mais técnicas.
»» Nova Babel: o indivíduo pode se encontrar num espaço de total
reorganização com exigências de mudanças de comportamento e
postura.
»» No âmbito político o ingresso e a expansão de instituições políticas por
meio de internacionalização
»» Os direitos humanos, democracia e meio ambiente são três questões
globais que, entre tantas outras, são assunto essencial na agenda de
discussões de fóruns internacionais.
»» A educação superior tem duas tarefas básicas: produção de
conhecimento e formação do profissional
»» O bem econômico de maior valor para um país é o capital intelectual
que ele produz.

54/248
Considerações Finais
»» As universidades têm, cada vez mais passado por processos de
internacionalização, fazendo intercâmbios entre seus estudantes para
a troca de experiências acadêmicas. Isso ocorre geralmente por acordos
de cooperação acadêmica.
»» A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional dedica à educação
superior um capítulo inteiro com 14 artigos.

55/248
Referências

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Senado, 1988.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília:
1996
BRASIL. Ministério da Educação. Planejando a Próxima Década: Conhecendo as 20 metas do
Plano Nacional de Educação. Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino. Brasília:
MEC/SASE, 2014).
DOURADO, L. F.; OLIVEIRA, J. F. Políticas Educacionais e Reconfiguração da Educação Superior
no Brasil. In: DOURADO, L. F.; CATANI, A. M. Universidade Pública: Políticas e Identidade
Institucional. Campinas: Autores Associados, 1999.
GIDDENS, A. Mundo em descontrole: o que a globalização está fazendo de nós. 3.ed. Rio de
Janeiro: Record, 2003.
GOMEZ. J. M. Globalização da Política – mitos, realidades e dilemas. In: GENTILI, P. Globalização
excludente: Desigualdade, exclusão e democracia na nova ordem mundial. Petrópolis: Vozes,
2002.
IANNI, O. La sociedad global. 4.ed. México DF: Siglo Veintiuno Editores, 2004.

56/248 Unidade 2 • As políticas educacionais do ensino superior em tempos de globalização


Assista a suas aulas

Aula 2 - Tema: As Politicas Educacionais do Aula 2 - Tema: As Politicas Educacionais do


Ensino Superior em Tempos de Globalização – Ensino Superior em Tempos de Globalização –
Parte I  Parte II.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
f2f96279e1423cf2cb58bf0a3e51fb4b>. 26719577f06009c9a0af5a2f2c36e397>.

57/248
Questão 1
1. Assinale a alternativa correta quanto à globalização:

a) a globalização se caracteriza como um fenômeno esportivo e cultural, potencializado


pelos meios de comunicação, que possibilita as mesmas informações em todos os lugares do
planeta.
b) a globalização se caracteriza como um fenômeno cultural, potencializado pelas tradições
dos países que partilham por meio da internet informações em todos os lugares do planeta.
c) a globalização se caracteriza como um fenômeno político, econômico, tecnológico e
cultural, potencializado pelos meios de comunicação, que possibilita as mesmas informações
em todos os lugares do planeta.
d) a globalização é reflexo do sucesso da política do Bem Estar Social.
e) a globalização se iniciou na Inglaterra no Sec. XX ao substituir o trabalho artesanal pelo
trabalho tecnológico com o uso de mídias como o computador.

58/248
Questão 2
2. Assinale a alternativa correta quanto aldeia global:
a) Aldeia Global é o nome que as comunidades indígenas recebem a partir da instalação de
rede de internet sem fio.
b) Aldeia Global é uma metáfora que aponta a necessidade dos países manterem as suas
tradições contra a americanização produzida pela politica expansionista americana.
c) Aldeia Global é uma metáfora que aponta a harmonização de todo o tipo de organização e
cultura como uma comunidade mundial, que se estabelece nas realizações e nas possibilidades
de comunicação, informação e diálogo abertas pela interatividade.
d) Aldeia Global é um nome derivado da globalização em virtude da troca de especiarias e
escambos no sec. XXI.
e) Aldeia Global é uma estratégia política dos países da zona do Euro para fortalecimento da
sua economia em blocos como NAFTA e MERCOSUL.

59/248
Questão 3
3. Assinale a alternativa correta quanto cidade global:
a) Cidade Global significa uma aldeia global influente na economia ou cultura mundial.
b) Cidade Global significa uma nova babel influente nas competições esportivas e mídias
televisivas mundial.
c) Cidade Global significa uma cidade ou região influente na economia ou cultura mundial.
d) Cidade Global significa faz referência a um tipo de arte urbana acessível a pessoas que
possuam algum tipo de deficiência.
e) Cidade Global significa uma universidade influente na economia ou cultura mundial.

60/248
Questão 4
4. Acerca dos processos de internacionalização das universidades assinale
a alternativa correta:
a) As universidades têm, cada vez mais passado por processos de internacionalização,
fazendo intercâmbios entre seus estudantes para a troca de experiências acadêmicas. Isso
ocorre geralmente por acordos de cooperação acadêmica
b) As universidades têm, cada vez mais passado por processos de internacionalização,
fazendo intercâmbios entre seus professores. Isso acontece geralmente por pactos entre
governos.
c) As universidades têm, cada vez mais passado por processos de internacionalização,
fazendo valer a máxima da necessidade de que todos, alunos e professores, fiquem pelo menos
um semestre em outra instituição. Isso ocorre por acordos de cooperação acadêmica.
d) As universidades têm, cada vez mais passado por processos de internacionalização,
fazendo parcerias nas áreas de logística e transmissão de dados pela internet
e) As universidades têm, cada vez mais passado por processos de internacionalização,
fazendo pacto pelo fim do analfabetismo no mundo

61/248
Questão 5
5. Entre as metas do PNE para a educação superior:
a) acabar com o analfabetismo na educação superior e erradicar a fome.
b) elevar o número de matriculas na graduação e pós-graduação, elevar a qualidade da
educação e ampliar o quadro de mestres e doutores.
c) ampliar o quadro de mestres e doutores para que possam trabalhar na internacionalização
da universidade.
d) elevar o número de matrículas na graduação e pós-graduação, manter a qualidade da
educação e ampliar, respeitando-se o orçamento o quadro de mestres e doutores.
e) elevar o número de matricular de pessoas em condições de cotas raciais, sobretudo na
pós-graduação.

62/248
Gabarito
1. Resposta: C. diálogo abertas pela interatividade.

Segundo Giddens (1991), a globalização 3. Resposta: C.


se caracteriza como um fenômeno
político, econômico, tecnológico e Cidade Global: trata-se de uma cidade ou
cultural, potencializado pelos meios de região influente na economia ou cultura
comunicação, que possibilita as mesmas mundial.
informações em todos os lugares do
planeta 4. Resposta: A.

2. Resposta: C. Como a própria questão apresenta.

Aldeia Global: trata-se de uma metáfora 5. Resposta: B.


que aponta a harmonização de todo o
tipo de organização e cultura como uma A resposta resume a meta 12, 13 e 14 do
comunidade mundial, que se estabelece PNE.
nas realizações e nas possibilidades
de comunicação, informação e

63/248
Unidade 3
O Projeto Neoliberal

Objetivos

1. Saber a diferença entre o Estado de Bem Estar


Social e o Neoliberalismo.
2. Compreender a lógica do público e do privado
no Neoliberalismo.
3. Refletir as políticas neoliberais voltadas à
Educação.

64/248
Introdução

A partir da década de 1970 do século XX, os processos produtivos e econômicos dirigiram a


sociedade mundial para mudanças que jamais se observaram antes na história. Após esta
década ocorreram mudanças econômicas, políticas e sociais que marcaram profundamente
as transformações no padrão de acumulação capitalista. Tais mudanças em parte são
consequências das propostas político-econômicas de John M. Keynes que são fundamentadas
na afirmação do Estado como agente indispensável de controle da economia, com objetivo
de conduzir um sistema que garantisse emprego a todos os homens. Ao Estado, então, foi
atribuído o direito e o dever de conceder benefícios sociais que garantissem à população um
padrão mínimo de vida. Tal fato culminou naquilo que teóricos denominaram de Estado de Bem-
Estar Social. O neoliberalismo surge exatamente do oposto disso, ou seja, a quebra do estado
mencionado por parte do estado. Sendo assim cabe realizarmos os seguintes questionamentos:
1. O que é Estado de Bem Estar Social?
2. No que se fundamenta o neoliberalismo?
3. Qual a influência do neoliberalismo na minha futura atividade docente?
Buscaremos responder tais questionamentos por meio de três tópicos. Um sobre o Estado de
Bem Estar Social, outro explicando a diferença entre o público e o privado no neoliberalismo,
assim como, a universidade neste contexto.

65/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal


1. O Estado De Bem Estar Social E O Neoliberalismo.

De início cabe destacar diferenças entre o Estado de Bem Estar Social e o Neoliberalismo. Tais
conceitos são tão próximos e antagônicos numa linha temporal que, seria pertinente toda uma
contextualização histórica que não cabe neste momento, mas, que pode ser identificado no
texto de Fiori (1997).

Link
Saiba Mais sobre texto de Fiori (1997):
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-73311997000200008&script=sci_
arttext>.

Desta maneira podemos destacar o seguinte com relação ao Estado de Bem Estar Social:

66/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal


O Estado de bem-estar social era um projeto cogente para recuperar o
vigor e a capacidade de expansão dos países capitalistas após a tensão
social, econômica e política do período entre guerras. Tanto que o
estabelecimento do Estado de bem-estar social, entre as décadas de
1940 e 1960, ficou conhecido como “era dourada do capitalismo” por ser
um momento de desenvolvimento econômico, com garantias sociais
e oferecimento, praticamente, de emprego pleno para a maioria da
população nos países mais desenvolvidos. A expansão industrial, mesmo
que com índices diferenciados, tanto acontecia nos países capitalistas
como nos socialistas. (VICENTE, 2009, p.124).
Com base no exposto o estado de bem estar social, no campo político, fazia o Estado oferecer à
nação as condições básicas sociais, como serviços de educação, saúde, segurança pública, etc.
Com um plano político casado e com as ações e regulações própria na área econômica isso
era possível. O Estado era o carro chefe da nação, tanto que no período pós-guerra, no âmbito
internacional os Estados Unidos (capitalista) e a União Soviética (socialista) era representantes
maiores dos tipos de sociedade que defendiam e que travavam conflitos de ideias na época
67/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal
denominada de Guerra Fria. para justificar demanda em massa, o
Estado passou a receber pressão para ser
desmantelado e assim, o mercado poder
Link regular mais a economia.
Saiba Mais sobre o Capitalismo: Na verdade, o Estado não conseguia
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo>. mais gerenciar os processos econômicos
Saiba Mais sobre o Socialismo: sozinho. Sofria com pressões de sindicato,
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Socialismo>. inflação e manifestações para aumento
de salário. Foi então que entrou em
destaque uma política dos anos 1950 de
A derrocada do Estado de Bem Estar Social
um econômico chamado Keynes e que,
se inicia com a crise do petróleo no final
pregava o monetarismo do setor privado.
dos anos 1970, que dentre outros fatores,
faz o Estado encontrar dificuldades no Apesar de promover mudanças, a teoria
relacionamento com o setor privado em keynesiana encontrou limitações devido ao
virtude do aumento da carga de impostos crescimento inflacionário e a insatisfação
cobrados. Como as empresas deste setor dos contribuintes e seus representantes
viam seus lucros prejudicados, inclusive com o aumento da carga tributária sem
a contrapartida de soluções de ordem
68/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal
pública (TONHATI, 2005). A partir do
final da década de 1970, os economistas
adotaram argumentos monetaristas Link
em detrimento daqueles propostos pela Saiba Mais sobre a Teoria Keynesiana:
doutrina keynesiana; mas as recessões, <https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_
em escala mundial, das décadas de 1980 keynesiana#A_Teoria_Keynesiana>.
e 1990 refletiam os postulados da política
econômica de Keynes. O Estado, então,
para superar a crise, inicia uma nova Cabe salientar a ocorrência de outro fator
função, a saber: regular os interesses relevante nas alterações ocorridas nesse
de mercado tentando produzir receitas panorama. Trata-se das modificações nos
próprias para aplicar em setores que modos de produção industrial que oferece
continuam a ser sua responsabilidade, ao Homem novos processos tecnológicos
como a educação e a saúde, por exemplo. de informação e comunicação. Percurso
esse que Castells (1999) denomina de
Terceira Revolução Industrial. Este fato
encaminha a humanidade para uma Nova
Era; a da Sociedade em Rede, ou Sociedade
Global, visto que as novas tecnologias
69/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal
ultrapassam todas as barreiras territoriais e A classe trabalhadora também sofre as
incidem sobre as relações humanas através exigências de mudanças e qualificações. A
das inovações causadas pela internet. mão-de-obra excedente e não qualificada
contribui para o surgimento de um terceiro
Os reflexos dessa transformação
setor. Além do mais, a fragmentação de
provocada pelas tecnologias de informação
classe trabalhadora leva ao surgimento de
e comunicação criam uma nova cultura
novos agentes que aumenta a demanda
e uma nova divisão de trabalho que
dos movimentos sociais. Há ainda um
incumbe ao Estado novas exigências de
desgaste do sistema representativo, os
regulação administrativa. Porém, esse
Partidos Políticos, não dão mais conta de
processo é peculiar a cada nação, pois
atender as demandas da sociedade, a qual
não há simultaneidade entre o impacto
não se vê mais representadas por eles. Todo
tecnológico que resulta das mudanças
esse processo reconhece-se uma nova
sociais e tampouco alterações políticas
forma de regular a economia, chamada de
causadas pela virtualização das práticas
neoliberalismo.
sociais ocorridas na rede.
O neoliberalismo está centrado
Numa outra perspectiva, a sociedade por si,
doutrinariamente na ideia da
apesar de unida pelo virtual cada vez mais
desregulamentação dos mercados, da
se apresenta individual e fragmentada.
70/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal
abertura comercial e financeira, mas cidadãos não sabem no que acreditar ou no
principalmente na redução do tamanho e que fazer para solucionar seus problemas
papel do Estado (Fernandes, 1995). pessoais, passam a acreditar nos seus
Dado o exposto, o neoliberalismo admite- líderes que podem ser seus patrões, seus
se do Estado apenas intervenções chefes, professores, diretores, políticos,
estatais ‘’para promover “reformas”. etc. É aí, na ótica do autor que se inicia a
Outra característica do neoliberalismo é a perda de valores dentro de uma sociedade,
desqualificação da Política com tendência pois passa a ser dividida entre fracos e
a se fortalecer e centralizar no Executivo, fortes, poderosos e fracos.
relegando o Legislativo a segundo plano. É A Sociedade moderna divide a vida dos
essa versão do neoliberalismo que orienta cidadãos em dois aspectos: o privado
o processo de globalização político e e o público. A vida pública necessita
econômico. imprescindivelmente do outro, esse é
essencial para que haja comunicação.
2. O Público E O Privado Na Óti- A vida privada é confundida com a vida
ca Neoliberal pública, porém, permite que se tenha (e em
raros casos compartilhe) ambiente próprio.
De acordo com Pereira (2007), quando os
O espaço público é importante por
71/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal
causa do discurso, da fala e da ação. de reformulação política com ideias
É nesse espaço que eu escuto o outro neoliberais, o espaço privado ganhou
para diversificar o meu pensar. O oposto destaque no campo legal.
mostraria a incapacidade de pensar e Como comentado no tópico anterior, o
perceber a verdade. Imagine uma escola ou neoliberalismo tem como ideologia a
universidade onde a equipe de docentes privatização das instituições do Estado por
não conversasse? pregar a livre concorrência de mercado.
Em tempos de liberalismo ou Tem intrínseco a ele a desigualdade (social)
neoliberalismo, a Educação sempre como um valor positivo. Cria exército de
foi vista como ascensão social. O fato reservas para substituir os trabalhadores
conflitante disso tudo é que a classe alta descontentes e afirma que o Estado forte
sempre foi detentora da melhor Educação. é aquele que gasta pouco com o social,
Para Pereira (2007), com a abertura da dando assim, à sua população, uma
escola e da universidade para “pobres”, estabilidade monetária.
a classe alta se viu obrigada a renovar No século passado, segundo Pereira (2007),
para si uma escola de melhor qualidade. o neoliberalismo foi levando adiante, na
Como muitas vezes o Estado falhou em Inglaterra por Margareth Thatcher. Por
sua política educativa, agora sob a égide meio de políticas econômicas regulatórias,
72/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal
com abertura de serviços de estado para esfera particular, tinha-se em perspectiva o
crescimento econômico naquele país, bem como a diminuição do desemprego.
O neoliberalismo foi adotado por praticamente quase todos os Governos no planeta e com a
Queda do Muro de Berlim em 1989 e a Queda da União Soviética . A partir de 1990, começou a
dar origem a um movimento global conhecido como Globalização, estudado na aula anterior.

Link
Saiba Mais sobre a Queda do Muro de Berlim: <https://www.youtube.com/
watch?v=7w7FWS_CHP4>.

Saiba Mais sobre a Queda da União Soviética <https://www.youtube.com/


watch?v=KAtbH8KibV8>.

A essência do neoliberalismo neste mundo global para Pereira (2007) é a de que o mundo
moderno está sendo ameaçado de algumas experiências ficarem mudas. Em outras palavras, o
ser humano parece não ter mais liberdade intelectual e emocional e começa a ser caracterizado

73/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal


como consumidor. Acontece que, assim forma, a Globalização parece tornar o
como na Revolução Industrial, os sujeitos neoliberalismo a política correta, pois
parecem começar a ter uma vida mais a política não se refere mais ao Estado
automática, o que tira sua liberdade e sim a legitimação de argumentos e
(basta pensar sua rotina ou a de algum reivindicações de uma determinada classe,
conhecido). o que não é democrático.
Assim, o ser humano passa a ficar Dado isso, a pobreza é um argumento que
automático e acelerado, parece perder prejudica as economias mundiais e deve ser
um pouco a noção de civilidade e de lei. combatida. No caso do mundo do trabalho,
Exemplo clássico disso é o filme Tempos a pobreza afeta a produtividade econômica
Modernos, ao observarmos o quanto o ser por falta de mão de obra especializada.
humano trabalha na sua carga diária. Isso Para Pereira (2007) o Contrato Social
também devido à falta de conhecimento aparece como uma política neoliberal para
e a disparidades sociais. A nova era Global evitar processos de exclusão. O antigo
diz que o cidadão evoluído é aquele que Contrato Social assegurava direitos ao
pelo trabalho e pela sua ação passa a cidadão, caso contrário ao novo Contrato
ser um melhor consumidor, e se possível Social ou pós-contratualismo. Nas palavras
deve ser acrítico, ou seja, alienado. Dessa de Santos (1999):
74/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal
O pós-contratualismo é um processo pelo qual grupos e interesses
sociais até agora incluídos no contrato social são deles excluídos
sem qualquer perspectiva de regresso. Os direitos de cidadania, antes
considerados inalienáveis, são-lhes confiscados e, sem estes, os excluídos
passam da condição de cidadãos à condição de servos. (SANTOS, 1999,
p.45)
A servidão referida na citação de Santos (1995) não significa algo passivo, pois há sim
movimentos que zelam pela garantia de direitos e melhor qualidade de vida. Isso é tão real
dentro de uma sociedade democrática, como a brasileira, que mudanças ocorrem em campos
específicos, dentre eles o da Educação Superior. No próximo tópico estudaremos os reflexos do
neoliberalismo na universidade brasileira.

3. A Universidade Frente o Projeto Neoliberal

Falar da universidade frente o projeto neoliberal é situá-la dentro da questão do financiamento.


A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 207 trata:
75/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e
de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão.

§ 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas


estrangeiros, na forma da lei.

§ 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesquisa científica e


tecnológica. (BRASIL, 1988)
Como se pode observar, a legislação maior do país oferece às universidades autonomia
didática-cientifica e administrativa para se organizarem. A LDBEN 9394/96 pontua em seu
artigo 54 e 55:

Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público gozarão, na forma da lei,
de estatuto jurídico especial para atender às peculiaridades de sua estrutura,
organização e financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus planos de
carreira e do regime jurídico do seu pessoal.

§ 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições asseguradas pelo artigo

76/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal


anterior, as universidades públicas poderão:

I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e administrativo, assim como


um plano de cargos e salários, atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos
disponíveis;

II - elaborar o regulamento de seu pessoal em conformidade com as normas gerais


concernentes;

III - aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos referentes


a obras, serviços e aquisições em geral, de acordo com os recursos alocados pelo
respectivo Poder mantenedor;

IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;

V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas peculiaridades de


organização e funcionamento;

VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, com aprovação do Poder


competente, para aquisição de bens imóveis, instalações e equipamentos;

77/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal


VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras providências de ordem
orçamentária, financeira e patrimonial necessárias ao seu bom desempenho.

§ 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser estendidas a instituições


que comprovem alta qualificação para o ensino ou para a pesquisa, com base em
avaliação realizada pelo Poder Público.

Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu Orçamento Geral, recursos
suficientes para manutenção e desenvolvimento das instituições de educação
superior por ela mantidas. (BRASIL, 1996).

Pelos artigos em destaque fica evidente que as universidades se reafirmam enquanto


autônomas para lidar com várias questões por meio de regimento próprio respeitado o
princípio da gestão pública, bem como, aponta que é a União quem vai se organizar dentro
do seu orçamento anual para destinar dinheiro às universidades. Não foi apresentada nestes
artigos a questão das universidades particulares, porém, sinaliza-se que nas aulas futuras serão
vistos que o governo as auxilia com o financiamento de bolsas de estudos por meio do FIES ou
mesmo do PROUNI.

78/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal


Voltando ao nosso caso. Repare você, a avaliação da qualidade da educação
caro aluno, que numa época onde se vive superior por meio de produção cientifica.
as políticas neoliberais, com a pouca As experiências destes países também
participação do Estado nos assuntos, as mostram que a educação superior é paga,
leis brasileiras vão na contramão, ou seja, ou em parte ou na totalidade, fato ainda
com o Estado suprindo todos os custos na alheio às universidades públicas do país.
universidade pública, por meio do repasse Por muito tempo, nas universidades
anual de verbas, com base na arrecadação públicas, há uma certa relutância em
de impostos. maior abertura para o capital. Como se
Tal situação tem duas situações: a positiva pode notar hoje em dia, o governo tem
e a negativa. Positiva porque a tutela do adotado certas manobras para que não
Estado garante estabilidade, sobretudo, ocorra déficit, mas sim superávit na
ao quadro funcional da universidade. economia. Caso isso aconteça, salvo a falta
Negativa porque em períodos neoliberais, de crescimento do país, a dívida interna
há pouco flexibilidade da universidade cresce, ameaçando assim, o crescimento
pública para investimentos externos e das universidades, bem como a sua
também porque vários outros países que manutenção.
adotaram o modelo neoliberal fazem Por fim, juntos contra o neoliberalismo,
79/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal
os movimentos estudantis, os sindicatos No que se fundamenta o neoliberalismo?
docentes e de servidores técnicos, aliados O neoliberalismo se fundamenta na
a várias reitorias, resistem e sustentam a criação de reserva de mão de obra
necessidade de uma saída progressista especializada, no desmantelamento das
para a crise das universidades públicas ações do Estado e na economia global e
(principalmente as federais). Com isso, comunicacional dada por meio dos avanços
enfatizam o compromisso social destas no processo produtivo. O foco maior,
com as camadas populares e com o porém, é o monetarismo como acumulação
desenvolvimento nacional.  de dinheiro.
Para concluir vamos responder aos
questionamentos propostos.
Qual a influência do neoliberalismo na
minha futura atividade docente?
O que é Estado de Bem Estar Social? Como se pode observar o neoliberalismo é
É aquele que assume para si a uma prática social cotidiana, está presente
responsabilidade por todas as questões nas relações humanas simples, porém, no
sociais básicas de uma nação, regulando que tange à docência no ensino superior
interesses entre a esfera pública e privada. o neoliberalismo impacta diretamente na
80/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal
estabilidade de uma docência na universidade pública e na concorrência constante de mão de
obra especializada na universidade da esfera privada.

Glossário
Soberania: Supremacia total e absoluta do Estado sobre outras instancias de uma sociedade.
ONU: Organização das Nações Unidas.
PNE’S: Plano Nacional de Educação.

81/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal


?
Questão
para
reflexão

Elabore um texto dissertativo apontado os reflexos do


neoliberalismo para a Sociedade Global e brasileira.

82/241
Considerações Finais

»» O estado de bem estar social, no campo político, fazia o Estado oferecer


à nação as condições básicas sociais, como serviços de educação,
saúde, segurança pública, etc.
»» A derrocada do Estado de Bem Estar Social se inicia com a crise do
petróleo no final dos anos 1970, que dentre outros fatores, faz o Estado
encontrar dificuldades no relacionamento com o setor privado em
virtude do aumento da carga de impostos cobrados.
»» As modificações nos modos de produção industrial oferece ao Homem
novos processos tecnológicos de informação e comunicação.
»» A sociedade por si, apesar de unida pelo virtual cada vez mais se
apresenta individual e fragmentada.
»» A classe trabalhadora também sofre as exigências de mudanças e
qualificações.

83/248
Considerações Finais
»» A mão-de-obra excedente e não qualificada contribui para o
surgimento de um terceiro setor.
»» A fragmentação de classe trabalhadora leva ao surgimento de novos
agentes que aumenta a demanda dos movimentos sociais.
»» O neoliberalismo está centrado doutrinariamente na ideia da
desregulamentação dos mercados, da abertura comercial e financeira,
mas principalmente na redução do tamanho e papel do Estado.
»» Outra característica do neoliberalismo é a desqualificação da Política.
»» A Sociedade moderna divide a vida dos cidadãos em dois aspectos: o
privado e o público. A vida pública necessita imprescindivelmente do
outro, esse é essencial para que haja comunicação. A vida privada é
confundida com a vida pública, porém, permite que se tenha (e em raros
casos compartilhe) ambiente próprio.

84/248
Considerações Finais
»» Dado isso, a pobreza é um argumento que prejudica as economias
mundiais e deve ser combatida. No caso do mundo do trabalho, a
pobreza afeta a produtividade econômica por falta de mão de obra
especializada.
»» Como se pode observar a legislação maior do país oferece às
universidades autonomia didática-cientifica e administrativa para se
organizarem.
»» É a União quem vai se organizar dentro do seu orçamento anual para
destinar dinheiro às universidades.

85/248
Referências

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Senado, 1988.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília:
1996
CASTELLS, M. A Sociedade em Rede: a era da informação: economia, sociedade, cultura. São
Paulo: Paz e Terra, 1999. v.1.
FERNANDES, L. Neoliberalismo e reestruturação capitalista. In
SADER, E. GENTlLI, P. (orgs.). Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o
Estado democrático. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1995.
PEREIRA, C. E. C. Sociedade e Educação. In: Revista Eletrônica de Política e Gestão
Educacional. Araraquara: Faculdade de Ciências e Letras: UNESP. Nº 4. pp. 1-12, 2007.
SANTOS, B. S. Reinventar a democracia: entre o pré-contratualismo e o pós-contratualismo. In:
Heller, A et al. – A crise dos paradigmas em Ciências Sociais e os desafios para o século XXI.
Rio de Janeiro, Contraponto, 1999, p. 33-75.
TONHATI , T. M. P. Governo Eletrônico e Inclusão Digital: o caso da Prefeitura municipal de São
Paulo. Araraquara. 2005.

86/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal


Referências

VICENTE, M.M. História e comunicação na ordem internacional [online]. São Paulo: Editora
UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. 214 p

87/248 Unidade 3 • O Projeto Neoliberal


Assista a suas aulas

Aula 3 - Tema: O Projeto Neoliberal – Parte I  Aula 3 - Tema: O Projeto Neoliberal – Parte II.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
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1d/4efe06a3198bab9826e317d729368067>. 1c95b9eb07dc486c9e48137dcb891c>.

88/248
Questão 1
1. Assinale a alternativa que aponta, qual era a função do estado de bem
estar social politicamente a uma sociedade:
a) oferecer à nação, em parceria com as forças armadas, as condições básicas sociais, como
serviços de educação, saúde, segurança pública, etc.
b) oferecer à nação, inserida no regime comunista, as condições básicas sociais, como
serviços de educação, saúde, segurança pública, etc.
c) oferecer à nação, em regime de parlamentarismo, as condições básicas sociais, como
serviços de educação, saúde, segurança pública, etc.
d) oferecer à nação as condições básicas sociais, como serviços de educação, saúde,
segurança pública, etc.
e) oferecer à nação, em parceria com as instituições privadas, as condições básicas sociais,
como serviços de educação, saúde, segurança pública, etc.

89/248
Questão 2
2. Assinale a alternativa que aponta as consequências do excedente de mão
de obra qualificada:
a) O surgimento das corporações de ofício.
b) O terceiro setor.
c) Os sindicatos.
d) O setor quaternário.
e) O setor industrial

90/248
Questão 3
3. Assinale a seguir a alternativa que expressa um dos ideais do neolibera-
lismo:
a) Oferecer à população o estado de bem estar social melhorado.
b) Maximizar o efeito centralizador do Estado.
c) A desregulamentação dos mercados, a abertura comercial e financeira, mas
principalmente na redução do tamanho e papel do Estado.
d) Propiciar aumento financeiro em razão de cobrança de impostos.
e) A desregulamentação dos mercados, o fechamento comercial e financeiro, mas
principalmente o aumento do tamanho e papel do Estado.

91/248
Questão 4
4. Assinale a alternativa que faz referência à pobreza no neoliberalismo:
a) Ela evidencia a soberania da classe burguesa sobre a urbana.
b) Ela prejudica as economias globais pelo excesso de mão de obra qualificada.
c) Ela não é um problema relacionada ao mercado.
d) Trata-se do maior exemplo da falha do Bem-Estar Social.
e) A pobreza é um argumento que prejudica as economias mundiais e deve ser combatida.
No caso do mundo do trabalho, a pobreza afeta a produtividade econômica por falta de mão de
obra especializada.

92/248
Questão 5
5. No projeto neoliberal brasileiro quem é o responsável pelo financiamen-
to da universidade:
a) Receita Própria da Universidade.
b) Estados e Municípios.
c) Empresas Filantrópicas.
d) Agências de Fomento à Pesquisa.
e) A União.

93/248
Gabarito
1. Resposta: D. principalmente na redução do tamanho e
papel do Estado.
No Estado de Bem Estar Social, o Estado
oferece à nação as condições básicas 4. Resposta: E.
sociais, como serviços de educação, saúde,
segurança pública, etc. A pobreza é um argumento que prejudica
as economias mundiais e deve ser
2. Resposta: B. combatida. No caso do mundo do trabalho,
a pobreza afeta a produtividade econômica
A mão-de-obra excedente e não por falta de mão de obra especializada.
qualificada contribui para o surgimento de
um terceiro setor. 5. Resposta: E.

3. Resposta: C. É a União quem vai se organizar dentro do


seu orçamento anual para destinar dinheiro
O neoliberalismo está centrado às universidades.
doutrinariamente na ideia da
desregulamentação dos mercados, da
abertura comercial e financeira, mas
94/248
Unidade 4
Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil

Objetivos

1. Compreender o funcionamento da EAD.


2. Conhecer o sistema da Universidade Aberta do
Brasil (UAB).
3. Ter noção da função dos Polos de Apoio
Presencial.

95/248
Introdução

Nesta aula, estudaremos a educação a distância enquanto modalidade de ensino. Tal


modalidade tem crescido de maneira exponencial e tem contribuído para aumentar as
possibilidades de formação inicial e continuada, bem como, possibilitado um novo nicho que
empregabilidade na área educacional no Brasil (e no mundo). Trata-se de uma modalidade
de ensino que é sinônimo de futuro para muitos educadores. Isso em vista da facilidade e a
acessibilidade a este tipo de conteúdo, outro pela comodidade de tempo e espaço dado pela
vida moderna.
Para agregar conhecimento também estudaremos o projeto do Governo Federal denominado
de Universidade Aberta do Brasil (UAB), que foi lançado em 2006. Vale ressaltar que com
o advento do mundo globalizado, ou seja, com a passagem da Sociedade Industrial para
a Sociedade da Informação, onde cada vez mais se incorpora nos processos produtivos as
tecnologias de informação e comunicação (TICs); a educação sofre os impactos dessas
mudanças paradigmáticas pela constante necessidade de ser depositada nela a formação
de profissionais qualificados. Dessa maneira, com a introdução da modalidade à distância na
educação, os meios tecnológicos ganham espaço, sobretudo com o uso do computador. O
Brasil, então, para se engajar neste setor desenvolve e amplia cada vez mais os atendimentos e
a oferta de cursos na modalidade superior.
Isso tem destaque cada vez maior por parte das universidades particulares, porém, no
96/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil
âmbito público no ano de 2006, como sistema UAB é interessante responder os
mencionado, dá-se o lançamento do seguintes questionamentos:
sistema Universidade Aberta do Brasil, O que é a EAD?
que oferece cursos de graduação em áreas
estratégicas (como cursos de licenciatura e Como se configura a EAD no Brasil?
tecnologia). O que é o sistema UAB e como adentrar
A EAD no Brasil, por meio do sistema neste universo?
UAB tem a tutela e financiamento do Vamos responder tais questionamentos por
Estado às universidades federais. Desta meio de dois tópicos – um sobre a EAD e
maneira, mesmo sendo de ordem distante outro sobre a UAB.
geograficamente, tais universidades
devem se instalar presencialmente em 1. Panorama Da Ead
outras cidades ou locais distantes de
onde se situam originalmente por meio de A incorporação e a gestão de novas
espaços de apoio denominados de Polos de plataformas para permitir a relação
Apoio Presencial. ensino-aprendizagem é questão de
sobrevivência para o sistema de educação
Como futuro docente no ensino superior e
formal. O desafio que se põe para a
com a possibilidade de atuar na EAD e no
97/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil
Educação no mundo moderno passa por responder se os paradigmas que suportam o seu
fazer darão conta de atingir a massa de habitantes que dela necessitam, radicalizando a sua
universalização como direito cidadão (BIZELLI, 2010).
O mundo moderno valoriza e acelera o processo de incorporação de inovações tecnológicas,
demandando, cada vez mais, qualificação intelectual dos cidadãos como única forma viável
para permitir a participação social, política, econômica, laboral e cultural. A modernidade
ocidental marca, segundo Giddens (1991), uma nova fase da expansão mundial do capitalismo,
provocando tensões e configurações entre singularidades, particularidades e universalidades
provenientes da globalização, que:

98/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil


Pode assim ser definida como a intensificação das relações sociais em
escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que
acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas
milhas de distância e vice-versa. Este é um processo dialético porque
tais acontecimentos locais podem se deslocar numa direção inversa às
relações muito distanciadas que os modelam. A transformação local é
tanto uma parte da globalização quanto a extensão lateral das conexões
sociais através do tempo e espaço. (GIDDENS, 1991, p. 69-70).
Na sociedade industrial do século XVIII, o modelo econômico pautado na compra e na venda de
bens tangíveis exigia um grande número de pessoas ocupando os postos de trabalho em linhas
de montagem. O conhecimento era monopolizado e os papéis estabelecidos para pessoas e
instituições (família, escola, Estado, etc.). Chiavenato (1979) descreve este período como sendo
marcado pela abordagem administrativa clássica, pautada pela racionalização do trabalho.
Ao ocupar o lugar do modelo Industrial, a Sociedade da Informação, segundo Ayuste (2003),
aponta para o surgimento de um novo setor: o setor quaternário, baseado no “saber” e
no tratamento da informação (consultorias administrativas, assessorias, especialistas em
99/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil
marketing, organizadores de diferentes atividades etc.).
O surgimento do setor quaternário permitiu a adoção de diversas técnicas para o tratamento
da informação: a microeletrônica, a informática, as telecomunicações. Essa dinâmica,
segundo CASTELLS(1997), caracteriza o capitalismo informacional/global em cuja economia
a informação ganha grande escala nas formas de tratamento e de processamento. Ao invés
de muitos empregados circunscritos por limites territoriais ou corporativos, trabalhadores se
dedicam a fazer circular a informação de forma global, o que produz postos de trabalho de alta
qualificação e especialistas para preenchê-los.
O capitalismo informacional passou por dois períodos de transformação. O primeiro, durante
a década de 80, configurou-se como modelo antigualitário que separou o setor de mão de
obra em três grupos: o primeiro, privilegiado, mantinha relação favorável com o mercado de
trabalho, através de postos fixos e bem remunerados; o segundo grupo, de baixa qualificação,
exercia vínculos eventuais em setores desimportantes ou temporários (BIZELLI, 1996); o último
grupo era formado por pessoas marginalizadas permanentemente pelo mercado de trabalho
(CASTELLS, 1997).
O segundo período caracteriza a fase atual, na qual a divisão entre os que têm posses e
detém os meios de produção e aqueles que vendem sua força de trabalho e estão à margem

100/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil


da produção, foi agravada. Mais importante se torna, portanto, a luta por uma Sociedade da
Informação para todos, particularmente nas regiões desfavorecidas onde os interesses das
grandes corporações de novas tecnologias de informação e comunicação buscam vender
seus produtos a preços muito altos à pequena parcela do mercado que conseguem comprá-
los. Nesse panorama, a educação escolar ganha maior importância, já que, mesmo quando as
políticas públicas oferecem acesso às TICs, a apropriação – enquanto capacidade de selecionar
e processar as informações relevantes para os diferentes âmbitos da vida (FLECHA, GÓMEZ E
PUIGVERT, 2001) – só estará garantida àqueles que detenham educação suficiente.
Por meio das formas de organização do trabalho moderno, a informática ganha destaque no
processo formativo dos sujeitos, abrindo novos caminhos para a Educação a Distância (EAD).
Para Behar (2009, p.16), a EAD pode ser definida como uma forma educativa, na qual, estando
separados fisicamente professor e alunos, algum tipo de tecnologia faz a mediação para
que se estabeleça interação entre eles: EAD, portanto, é educação, ou seja, relação ensino-
aprendizagem, nem só conteúdo, nem só sistema tecnológico, nem só meio de comunicação.
Estudar o desenvolvimento da EAD implica, fundamentalmente, identificar uma modalidade
de ensino com características específicas, isto é, uma maneira particular de criar um espaço
para gerar, promover e implementar situações em que os alunos aprendam. O traço distinto da
modalidade consiste na mediação das relações entre os docentes e os alunos. Isso significa, de
101/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil
modo essencial, substituir a proposta de existência regular de aula por uma proposta, na qual
os docentes ensinam e os alunos aprendem mediante situações não convencionais, ou seja, em
espaços e tempos que não são compartilhados de forma presencial (LITWIN, 2001).
Para Mill (2011), trata-se de uma modalidade que apresenta como proposta ensinar e aprender
sem que professores e alunos precisem estar no mesmo local e ao mesmo tempo. Para que isso
ocorra, são utilizadas diferentes tecnologias e ferramentas como programas computacionais,
livros, CD-ROMs, e recursos de internet disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem, mais
conhecido como AVA.
O AVA pode contar com recursos de ação simultânea ou síncrona – como web conferências,
salas de bate papo, Skype, uso do celular –, ou não simultânea – como fóruns, ferramentas para
edição de textos web e e-mails – chamadas assíncronas.
A EAD é, assim, uma modalidade educacional que incorpora as tecnologias telemáticas –
baseadas nas telecomunicações e na informática – que vem se expandindo exponencialmente.
Nos anos 1990, Rodríguez e Quintillán (1994) apontavam o alto número de matrículas na
modalidade a distância em tradicionais universidades europeias e asiáticas. O Quadro 1 a
seguir apresenta essa informação.

102/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil


Quadro 1:Número de matrícula de alunos em EAD nos anos 1990

País Nome da Instituição N. de alunos


Universidad Nacional de Educación a
Espanha 110.000
Distancia/ UNED
Grã-Bretanha The Open University / UKOU 157.450
Indira Gandhi National Open
Índia 242.000
University/IGNOU
Turquia AnadoluUniversity/AU 577.000
Centre Nacional d’Enseignement à
França 184.614**
Distance
China China Tv University Sistem/CTVU 530.000*
Notas: *Dados de 1995;**dados de 1994.

Segundo a FernUniversitat alemã, existiam em 1994, aproximadamente, 1.500 instituições


no mundo inteiro atuando em EAD, atingindo 10 milhões de estudantes ou até o dobro. Na
Espanha, 10% da população adulta estava matriculada em algum curso na modalidade EAD.
“Esse índice alcançava, na América Latina, em países como a Colômbia, os 40%, enquanto
Venezuela e Costa Rica consolidavam e institucionalizavam programas de EAD” (GARCIA,1994,
p. 81).
103/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil
No Brasil, a EAD, passou a ser reconhecida como modalidade de ensino a partir da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB, de 1996 (BRASIL, 1996). O artigo 80 da referida
legislação indica que o Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de
programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação
continuada, para isso basta lembrarmos dos famosos Telecursos que passavam nas grades de
televisão.
A LBD, por si, não foi o suficiente para esclarecer qual o formato desejado para a EAD, pois
ela poderia ser compreendida de várias formas. Por essa razão, cerca de 10 anos após a
promulgação da LDB, o governo teve de regulamentá-la através do decreto nº. 5.622 (BRASIL,
2005), de 16 de dezembro de 2005, que estabelece em seu primeiro artigo:

Link
Decreto nº. 5.622 (BRASIL, 2005), de 16 de dezembro de 2005:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm>.

104/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil


Art.1.Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância
como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica
nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de
meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e
professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos
diversos. (BRASIL, 2005).
O decreto deixa implícito que a modalidade de ensino deve fazer uso das tecnologias de
informação para a mediação dos processos de ensino-aprendizagem. Nos anos 2000, o
Governo Brasileiro tem investido muitos recursos na modalidade a distância para o ensino
superior. Tal fato pode ser comprovado pelos resultados obtidos na pesquisa do Censo da
Educação Superior de 2010, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC). De acordo com o
estudo, a EaD já responde por 14,6% das matrículas de graduação no ensino superior do País.

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Gráfico 1: Evolução do número de alunos

Link matriculados por modalidade de ensino

ACESSE

<http://portal.mec.gov.br/index.
php?option=com_docman&task=doc_
download&gid=15774&Itemid=> e na
página 111 do documento confira a relação de
matriculas na uab.

O Gráfico 1, a seguir, apresenta o visível


aumento do número de matrículas no
ensino superior nessa modalidade de
ensino. Os dados da pesquisa do MEC (2010) são
reforçados por outra pesquisa desenvolvida
pelo Instituto Brasileiro de Geografia
Estatística (IBGE, 2010). Nesse estudo
verificou-se que o Brasil tem 6,5 milhões
106/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil
de universitários, sendo 6,3 milhões em 2. A Universidade aberta do
cursos de graduação e 173 mil na pós- Brasil
graduação. Desta quantia, quase 1 milhão
de alunos estudam em cursos a distância. Como política pública voltada para o
Podemos afirmar que a década 2001-2010 acesso ao ensino superior, sobretudo
fez dobrar o número de universitários no na modalidade a distância, o Governo
país. Federal tem canalizado seus recursos no
O referido censo (IBGE, 2010) ainda mostra sistema denominado de Universidade
que a educação presencial e a distância Aberta do Brasil (UAB). De acordo
atende pessoas com perfis diferentes. A com as informações em site próprio, o
idade média dos alunos matriculados em Sistema UAB é um sistema integrado
cursos presenciais, por exemplo, é de 26 por universidades públicas que oferece
anos. Enquanto isso, na EaD a média é de cursos de nível superior para camadas da
33 anos. população que têm dificuldade de acesso à
formação universitária, por meio do uso da
metodologia da educação a distância.
O Sistema UAB foi instituído pelo Decreto
Federal Nº 5.800/2006 (BRASIL, 2006),
107/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil
que opta pela “modalidade de educação a fortalecendo a escola no interior do Brasil,
distância, com a finalidade de expandir e minimizando a concentração de oferta de
interiorizar a oferta de cursos e programas cursos de graduação nos grandes centros
de educação superior no País”. urbanos e evitando o fluxo migratório para
A EAD, dessa forma, incentiva a as grandes cidades.
colaboração entre a União, os outros O Sistema UAB funciona como articulador
entes federativos – estados e municípios entre as instituições de ensino superior
–, as universidades públicas e demais e os governos estaduais e municipais,
organizações interessadas, estimulando com vistas a atender às demandas locais
a criação de centros de formação por educação superior. Essa articulação
permanentes por meio dos polos de apoio estabelece qual instituição de ensino deve
presencial em localidades estratégicas e ser responsável por ministrar determinado
viabilizando mecanismos alternativos para curso em um município ou microrregião
o fomento, a implantação e a execução de por meio dos polos de apoio presencial. A
cursos de graduação e pós-graduação de Figura 1 ilustra esse funcionamento.
forma consorciada.
Com isso caminha para a universalização
do acesso à Educação Superior,
108/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil
Figura 1: Funcionamento do Sistema UAB

Feita a articulação entre as instituições


públicas de ensino e os polos de apoio
presencial, o Sistema UAB assegura
o fomento de determinadas ações de
modo a assegurar o bom funcionamento
dos cursos. Os principais agentes do
processo de EAD, então, passam a ser,
além dos alunos, os coordenadores de
polos – que respondem aos municípios e às
universidades – os tutores presenciais, os
tutores virtuais e os professores.
Com relação à função de tutor, Mill (2008)
aponta duas categorias: uma denominada
tutoria presencial, composta pelo grupo
de educadores que acompanha os
Fonte: UAB (2015). Disponível em: <http://uab.capes.gov.br/ alunos presencialmente, com encontros
index.php/sobre-a-uab/teste>. Acesso em: 20 maio 2015. frequentes ou esporádicos em polos
109/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil
de apoio presencial; e outra categoria Figura 2: Agentes do Processo de Ensino

denominada de tutoria virtual ou tutoria a


distância, dedicada ao acompanhamento
dos discentes virtualmente, por meio de
tecnologias de informação e comunicação.
A formação de uma equipe de tutoria
virtual depende da estrutura de cada
universidade. Em geral, a função de
todos os agentes no processo de ensino a
distância funcionam nos moldes do que a
Figura 3 apresenta.
Fonte: O autor.

O aluno é o centro de interesse dos


serviços, ele está ligado ao Polo de Apoio
Presencial, que é o local físico e que
representa a universidade na cidade ou
na região. O tutor presencial do polo é a

110/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil


pessoa que auxilia o aluno nas atividades
presenciais. Por outro lado, na sala de
aula virtual1, o aluno tem contato com o
Link
professor e uma equipe de tutoria virtual. Saiba Mais:
São essas pessoas, especialistas em áreas <portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/
específicas, que estarão interagindo com o legislacao/refead1.pdf>
aluno nas disciplinas do curso.
No que tange a gestão da EAD não há um Tal documento é apresentado como
documento especifico acerca do tema, não tendo força de lei, mas sim como
apesar de no ano de 2007, o Ministério da um referencial para nortear e subsidiar
Educação, por meio da sua Secretaria de os atos legais do poder público no que
Educação a Distância ter promulgado os se refere aos processos específicos de
Referenciais de Qualidade Para a Educação regulação, supervisão e avaliação da
Superior a Distância (BRASIL, 2007). EAD. O referencial tem apenas função de
induzir concepções teórico-metodológicas
e de organização dos sistemas. Apesar
de diferentes modos de organização, um
1 Essas salas virtuais ocorrem, também são conhecidas
por AVA – Ambiente Virtual de Aprendizagem. ponto comum para os que desenvolverem
111/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil
projetos nessa modalidade é que haja • Concepção de educação e currículo
“a compreensão de EDUCAÇÃO como no processo de ensino aprendizagem;
fundamento primeiro, antes de se pensar • Sistemas de Comunicação;
no modo de organização: A DISTÂNCIA.”
(BRASIL, 2007, p.7). • Material Didático;

Assim, é o projeto político pedagógico • Avaliação;


de cada curso que deve desenhar seu • Equipe Multidisciplinar;
compromisso institucional em termos
• Infraestrutura de apoio;
de garantir o processo de formação que
contemple a dimensão técnico-científica • Gestão Acadêmico-Administrativa;
para o mundo do trabalho e a dimensão • Sustentabilidade Financeira.
política para a vida do cidadão (BRASIL,
Por fim, para responder as questões iniciais:
2007).
O que é a EAD?
Para dar conta destas dimensões devem
constar nos projetos políticos pedagógicos A EAD é uma modalidade de educação
dos cursos na modalidade a distância pelo que foi reconhecida na LDBEN n.º
menos oito tópicos essenciais: 9394/1996 e se caracteriza por processo
de ensino à distância com o uso de mídias
112/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil
informacionais, sobretudo o computador. O que é o sistema UAB e como adentrar
Como se configura a EAD no Brasil? neste universo?

A EAD no Brasil é oferecida pela esfera O decreto federal n.º 5.800/2006 dispõe
particular e pública, sendo esta último sobre o sistema UAB. Dentre as várias
ligada ao sistema UAB. Em ambos os categorias de pessoas envolvidas no
casos o processo de ensino ocorre com sistema UAB, você poderá integrar neste
o uso de computadores. As interações universo sendo um dos seguintes atores:
entre o professor e os alunos é feito por aluno, professor, tutor virtual, tutor
meio de um ambiente virtual denominado presencial de polo, coordenador de polo.
AVA. Em alguns casos pode surgir outros
atores como: polo de apoio presencial –
espaço físico presencial da universidade
além do local de origem. Tutor virtual –
professor que pode auxiliar no processo de
aprendizagem à distância. Tutor presencial
aquele/a que auxilia o aluno no Polo de
Apoio Presencial.

113/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil


Glossário
EAD: Educação à Distância.
UAB: Universidade Aberta do Brasil.
AVA: Ambiente Virtual de Aprendizagem.
TIC: Tecnologia de Informação e Comunicação.

114/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil


?
Questão
para
reflexão

Elabore um texto apontando qual a importância da UAB na


modalidade EAD no Brasil.

115/241
Considerações Finais

»» O mundo moderno valoriza e acelera o processo de incorporação de


inovações tecnológicas, demandando, cada vez mais, qualificação
intelectual dos cidadãos como única forma viável para permitir a
participação social, política, econômica, laboral e cultural.
»» O surgimento do setor quaternário permitiu a adoção de diversas
técnicas para o tratamento da informação: a microeletrônica, a
informática, as telecomunicações.
»» Por meio das formas de organização do trabalho moderno, a
informática ganha destaque no processo formativo dos sujeitos,
abrindo novos caminhos para a Educação a Distância (EAD).
»» EAD, portanto, é educação, ou seja, relação ensino-aprendizagem,
nem só conteúdo, nem só sistema tecnológico, nem só meio de
comunicação.

116/248
Considerações Finais
»» A EAD no Brasil, por meio do sistema UAB tem a tutela e financiamento
do Estado às universidades federais.
»» O AVA pode contar com recursos de ação simultânea ou síncrona.
»» No Brasil, a EAD, passou a ser reconhecida como modalidade de ensino
a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB, de 1996.
»» O Sistema UAB funciona como articulador entre as instituições de
ensino superior e os governos estaduais e municipais, com vistas a
atender às demandas locais por educação superior.
»» Tutoria presencial, composta pelo grupo de educadores que acompanha
os alunos presencialmente, com encontros frequentes ou esporádicos
em polos de apoio presencial.
»» Tutoria virtual ou tutoria a distância, dedicada ao acompanhamento
dos discentes virtualmente, por meio de tecnologias de informação e
comunicação.
117/248
Referências

AYUSTE, A., FLECHA, R., LÓPEZ, F., LLERAS, J. Planteamientos de la pedagogía crítica. Ed. Graó,
Barcelona. 2003.
BEHAR, Patricia Alejandra (orgs.). Modelos pedagógicos em educação a distância. Porto
Alegre: Artmed, 2009.
BIZELLI, J. L. Los Estados latinoamericanos frente alproceso de globalizacion. Libro eletrônico
del I CongresoEuropeo de Latinoamericanistas. Salamanca: CEISAL, 1996.
BIZELLI, J. L. Cidades Radicais: Educação, tecnologia e participação através da TV
Digital Interativa. In: GOBBI M. C.; KERBAUY M. T. M. (Org.). Televisão Digital: Informação e
Conhecimento. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010, v. 1, p. 67 – 86.
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96.
Brasília, 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Decreto nº. 5.622 de 16 de dezembro de 2005. Diário oficial [da] República Federativa
do Brasil. Brasília, 16 de dez de 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm>. Acesso em: 29 mar. 2012.

BRASIL. Decreto Federal Nº 5.800 de 08 de junho de 2006. Diário oficial [da] República
Federativa do Brasil. Brasília, 08 de jun de 2006. Disponível em: <http://uab.capes.gov.br/

118/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil


Referências

images/stories/downloads/legislacao/decreto5800.pdf> Acesso em: 29 mar. 2012.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Referenciais de Qualidade Para a Educação


Superior a Distância. Brasília: MEC. 2007.
CASTELLS, M. La era de la información. Vol. 3. Fin del milenio, Ed. Alianza, Madrid. 1997.
CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1979.
FLECHA, R.; GÓMEZ, J.; PUIGVERT, L. Teoría Sociológica Contemporánea. Barcelona: Paidó.
2001.
GARCIA, A,L. Educación a distancia hoy. Madrid: UNED,1994.
GIDDENS, A. As consequências da modernidade. São Paulo: Unesp, 1991.
IBGE. Censo da educação Superior 2010. Publicação. Brasília. 2011.
LITWIN, E. Educação a Distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa.
Tradução: Fátima Murad, Artmed, Porto Alegre, 2001.
MILL, D.; ABREU-E-LIMA, D.; LIMA, V. S.; TANCREDI, R. M. S. P. O desafio de uma interação de
qualidade na educação a distância: o tutor e a sua importância nesse processo. In: Cadernos de
Pedagogia. Ano 02, vol. 2. Numero 4, agosto/dezembro. 2008. P. 112-127.
119/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil
Referências

MILL, D. Educação a distância contemporânea: noções introdutórias. In: OTSUKA, J.; OLIVEIRA,
M. R. G.; LIMA, V. S.; MILL, D.; MAGRI, C. (orgs). Educação a distância: formação do estudante
virtual. São Carlos: Guia de Estudos, Coleção UAB-UFSCar, 2011. p. 15-25.
RODRÍGUEZ, E. M.; QUINTILLÀN, A.M.La educación a distância en tiempos de cambio. Madrid:
Ediciones de la torre. 1998. p.41-42.

120/248 Unidade 4 • Educação a Distância e o Sistema Universidade Aberta do Brasil


Assista a suas aulas

Aula 4 - Tema: EAD e o Sistema UAB – Parte I  Aula 4 - Tema: EAD e o Sistema UAB – Parte II.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
ee119de08c488f0f93b17ae7c52c6e48>. 78d9e0e9618abfb042cc4b39784e7fec>.

121/248
Questão 1
1. Assinale a alternativa que mostre quais as técnicas para processamento
de informação ganharam destaque no surgimento do setor quaternário:

a) a microeletrônica, a informática, as telecomunicações.


b) a microeletrônica, as telecomunicações e as redes wifi.
c) a microeletrônica, as telecomunicações e as torres de celular.
d) a informática, as telecomunicações e o sistema braile.
e) as telecomunicações e o sistema de nuvens em rede.

122/248
Questão 2
2. Assinale a alternativa que apresente o que é EAD:
a) trata-se de uma modalidade que apresenta como proposta ensinar e aprender por meio
de cartas e correspondências à distância, com professores e alunos podendo estar no mesmo
local e tempo ou não.
b) trata-se de uma modalidade que necessita do Polo de Apoio Presencial para as aulas
presenciais.
c) trata-se de uma modalidade que tem como proposta ensinar alunos no mesmo espaço
onde os professores estão presencialmente no AVA.
d) trata-se de uma modalidade que apresenta como proposta ensinar e aprender sem que
professores e alunos precisem estar no mesmo local e ao mesmo tempo.
e) trata-se de uma modalidade que apresenta como proposta ensinar e aprender sendo que
os professores se deslocam se distanciem até onde os alunos precisem deles.

123/248
Questão 3
3. Assinale a alternativa que apresente qual é o local onde as aulas da
EAD se desenvolvem:
a) Polo de Apoio Presencial.
b) Telefone Celular.
c) Sites na internet.
d) Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA.
e) Correspondência por e-mail.

124/248
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta com relação a UAB:
a) O Sistema UAB é um consórcio entre universidades públicas e particulares para
atendimento da demanda universitária na modalidade à distância.
b) A sigla significa Universidade Autônoma Brasileira.
c) O Sistema UAB é uma política do Governo que pretende incluir na EAD pessoas advindas
das políticas inclusivas.
d) O Sistema UAB é integrado por universidades particulares que oferece cursos de nível de
pós-graduação para todas as camadas da população.
e) O Sistema UAB é integrado por universidades públicas que oferece cursos de nível superior
para camadas da população que têm dificuldade de acesso à formação universitária, por meio
do uso da metodologia da educação a distância.

125/248
Questão 5
5. Quais são os dois tipos de tutores que atuam no sistema UAB:
a) Tutor Presencial e Tutor de Estágio.
b) Tutor de Polo e Tutor EAD.
c) Tutor Presencial e Tutor de Estágio.
d) Tutor Virtual e Tutor Presencial.
e) Tutor de Polo e Tutor de Estágio.

126/248
Gabarito
1. Resposta: A. 3. Resposta: D.

O surgimento do setor quaternário O AVA pode contar com recursos de ação


permitiu a adoção de diversas técnicas simultânea ou síncrona – como web
para o tratamento da informação: conferências, salas de bate papo, Skype,
a microeletrônica, a informática, as uso do celular –, ou não simultânea – como
telecomunicações. Essa dinâmica, segundo fóruns, ferramentas para edição de textos
CASTELLS(1997), caracteriza o capitalismo web e e-mails – chamadas assíncronas.
informacional/global.
4. Resposta: E.
2. Resposta: D.
O Sistema UAB é um sistema integrado
De acordo com Mill (2011), trata-se de uma por universidades públicas que oferece
modalidade que apresenta como proposta cursos de nível superior para camadas da
ensinar e aprender sem que professores e população que têm dificuldade de acesso à
alunos precisem estar no mesmo local e ao formação universitária, por meio do uso da
mesmo tempo metodologia da educação a distância.

127/248
Gabarito
5. Resposta: D.

Mill (2008), aponta duas categorias: uma


denominada tutoria presencial, composta
pelo grupo de educadores que acompanha
os alunos presencialmente, com encontros
frequentes ou esporádicos em polos
de apoio presencial; e outra categoria
denominada de tutoria virtual ou tutoria a
distância, dedicada ao acompanhamento
dos discentes virtualmente, por meio de
tecnologias de informação e comunicação.

128/248
Unidade 5
A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e
Extensão

Objetivos

1. Compreender a função social da universidade


2. Compreender indissociabilidade entre ensino,
pesquisa e extensão.
3. Entender a importância do ensino na relação
com pesquisa e extensão.

129/248
Introdução

Car@ alun@, vivemos numa época em que aparentemente a ciência explica todas as coisas
como se fosse ela a única dona da razão para tudo. Na verdade, por vezes devemos ter em
mente que a própria ciência necessita ser contestada. Devemos sempre colocar a ciência
em dúvida, mas claro, de uma maneira cautelosa, afinal de contas a ciência é um tipo de
conhecimento sistematizado em campos de saberes que podem ter demorados anos para se
chegar aquilo que se contesta.
A melhor forma de contestar um conhecimento é aferindo-o por meio da pesquisa e para se
chegar a isso é necessário percorrer um caminho estritamente organizado e é na universidade
que esse caminho tem sua essência pois é nesta instituição que há a preocupação maior com a
ciência.
Na universidade, porém, a pesquisa não é o fator único de serviço. Como se aponta nas
legislações nacionais é essencial que neste espaço ocorra a tríade: ensino, pesquisa e extensão.
Para isso, a mesma deve estar atenta aos seus próprios valores, visto que tem autonomia
didática e que, por sua vez, tem um compromisso ético muito importante em não ser unilateral.
Observaremos nesta aula que a função social da universidade é contemplar a sociedade
nesta tríade e que não há função ou outra maior, porém, o ensino perpassa de maneira leve e
relevante todas estas áreas.

130/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
É com o ensino, função principal de 1. A Função da Universidade
qualquer instância educacional, que a
teoria e a prática deve ser repensada. Quando pensamos na universidade pública
Assim, na extensão o aluno deve ser capaz nos vem em mente que uma coisa positiva
de confrontar de modo crítico aquilo que será não pagar para estudar nela. Na
estuda com o que é demandado pela verdade este é um tipo de pensamento
sociedade. E, é na pesquisa que ensino e falso, porque pela carga de impostos que
extensão podem ser espaço para reflexões são cobrados neste país, parte vai para a
e mudanças paradigmáticas desde que Educação. Dessa maneira, a universidade
cerceadas por um método de investigação é paga sim, por mim, por você e pela
sociedade de modo geral.
Para esta aula, então, buscaremos
responder os seguintes questionamentos: A universidade é o espaço principal de
oferta de conhecimento que eleva o capital
Qual é a real função da universidade?
cultural da sociedade. O conhecimento
Qual a importância do ensino, da extensão adquirido neste espaço é interdisciplinar e
e da pesquisa? pluridisciplinar. Tais fatores são inerentes
Buscaremos compreendê-las a partir de e relevantes para a quebra de paradigmas
então. e para mudanças que levam a inovação da
131/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
ciência e do conhecimento. sociais por falta de recursos ou habilidade.
É evidente, entretanto, que isso não
Assim, apesar da ideia que se possa ter significa se sobrepor às funções do Estado,
acerca da relação de custo/financiamento pelo contrário, a vigília para que se cobre o
do estudo pela universidade, em outras cumprimento de sua função é constante,
palavras, do estudante “pagar” por ela, porém no nosso caso cabe à universidade,
temos que a universidade é o espaço de enquanto um exercício de função social ser
prática social e de responsabilidade social. uma instituição facilitadora de políticas
É da universidade que se espera uma reparatórias.
função mais justa e igualitária por meio Na sociedade brasileira, nas universidades,
do conhecimento adquirido nela e que se tal como na política e em outras instancias
efetiva nas práticas e nas funções sociais. nos deflagramos com um problema muito
A universidade que pratica funções comum: o conflito de classes que, de
sociais acaba por preencher lacunas onde certa maneira influenciam as decisões
os demais órgãos públicos carecem ou administrativas. De acordo com Leff (2001,
falham por conta da ausência do próprio p. 202):
Estado e mesmo pela falta de gestores
capacitados em lidar com as questões

132/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
Embora as universidades e instituições de educação superior gozem
de autonomia formal (liberdade de pesquisa e ensino), suas atividades
acadêmicas são afetadas pelos valores dominantes da sociedade na qual
estão inscritas.

Talvez por conta deste conflito de classes é que a universidade e a sociedade como um todo
tenha dificuldades de solucionar problemas pontuais. Vale ressaltar que o conflito de interesses
não é ruim, afinal, caso não houvesse isso teríamos uma sociedade totalmente monótona e
estática.
O significado maior destes conflitos e que refletem nos projetos da universidade é quando se
trata da mesma, por meio de sua autonomia conferida em lei é atuar na indissociabilidade da
tríade: ensino, pesquisa e extensão.
Esta famosa tríade é inerente aos projetos e currículos das universidades, mas nem sempre
elas ocorrem. Por conta das diferenças de financiamento, as universidades públicas parecem
ter mais financiamento para as pesquisas, sendo que a extensão é mais comumente oferecida
pelas universidades particulares. Todavia esta regra não é fato, pois há situações inversas,

133/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
mesmo a que em alguns casos, nas universidades públicas alguns laboratórios ou centro de
pesquisas estão sucateados ao ponto que nas instituições particulares o investimento e a
parceria com a iniciativa privada facilita a aquisição de bens.
Cabe de maneira mais especifica atentar para o que significa a tríade, ensino, pesquisa e
extensão na universidade, mas antes compreendamos o conceito de indissociabilidade:
De acordo com Rays (2003, p.1):

A apropriação do conceito de indissociabilidade, em relação aos termos


ensino, pesquisa e extensão, é imprescindível para o planejamento,
desenvolvimento e avaliação das atividades curriculares que pretendem
tomar o conceito como princípio norteador das práticas cotidianas do
ensino superior.
De acordo com o autor, então, a indissociabilidade é parte fundante para articulação concreta
das atividades fins da educação superior. E tais atividades fins só podem ser concretizadas por
meio do projeto da universidade e dos currículos dos cursos, com flexibilização e estrutura
curricular que fujam do instrucionismo estrito.
134/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
Por último vale frisar que a própria muito relativo. Será que o ensino só é
legislação nacional apregoa isso na: valido em instituições escolares? Ora se
respondêssemos a isso positivamente
• Artigo 207º da Constituição Federal
desconsideraríamos o que familiares,
de 1988.
amigos e outras pessoas nos ensinam, bem
• Artigo 53º da Lei de Diretrizes e Bases como aquilo que aprendemos pela nossa
da Educação Nacional 9394/1996. própria experiência de vida. Então, o que
diferente o ensino do cotidiano da vida
2. Do Ensino do ensino na universidade (e em outros
espaços escolares?)
Falar sobre o ensino é talvez a parte mais
conhecida na tríade ensino, pesquisa Trata-se de um ensino sistematizado
e extensão. É com relação a ele que que, de acordo com Rays (2003, p.1):
podemos apontar qual é o caminho para “necessitam-se selecionar procedimentos
a aprendizagem e o conhecimento que didáticos que promovam o aprendizado
se adquire em espaços escolares, além da crítico de conteúdo, habilidades, hábitos e
universidade. valores”.

O ensino, porém, por si apenas é algo Refletindo sobre as palavras do autor.


Procedimentos didáticos significa
135/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
pensar nas formas de se chegar a um profissionais no futuro.
conhecimento pretendido. É neste instante Vale ressaltar que é importante de
que a universidade ou a instituição escolar tempos em tempos uma revisão das
deve zelar pela imagem e o perfil do aluno propostas curriculares e que mesmo
que ela quer ter. que você ingresse num espaço onde
Tal caminho é dado pelo projeto político suas perspectivas sejam conflitantes,
pedagógico e o currículo de curso. Assim, você deverá contribuir para mudanças
quando você estudante, ingressar numa significativas enquanto ator agente e
instituição de educação superior deve estar propulsor de novas perspectivas, então, se
atento ao que esta instituição tem como for para o bem de todos, inove!
“política da empresa ou valores”, pois Por último, na universidade, o ensino esta e
ao adentrar ao universo deste local você deve ser exercício constante nos processos
“vestirá a camisa da política do trabalho”. de extensão e também de pesquisa, pois é
Talvez, em função disso seja pertinente nestes lugares que se colocaram teoria e
você ter em mente que do momento da prática à prova.
busca pelo emprego e o ingresso nele
tenha de ter interesses semelhantes aos
da instituição. Isso evitará frustrações
136/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
3. Da Extensão

A extensão, bem como a pesquisa, deve estar contemplada na matriz curricular de um curso da
Educação Superior. Segundo Rays (2003, p.1):

Deve se entender extensão como o momento de ensino-aprendizagem


de acadêmicos com a sociedade, pois é o momento em estes entram em
contato com a sociedade e discutem os problemas da mesma e buscam
soluções em comum.
Talvez a melhor opção para aplicar a extensão seja por meio de projetos. Para se ter uma
ideia acerca disso é importante considerarmos um exemplo. Suponha que, num curso de
Odontologia, com carga horária e currículo para formação dentro de cinco anos, o estudante
tenha apenas aulas teóricas e, esporadicamente, realize pesquisas. Tirando o fator estágio
na formação, pergunta-se qual seria outro momento em que ele poderia tatear a realidade
e compreender mais a sua futura profissão? Certamente a resposta seria interagindo com
a população, daí a importância dos projetos na graduação em Odontologia. Isso pode ser
proporcionado pelo projeto do curso ou por disciplinas especificas no curso.
137/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
Numa situação de projeto de passassem pela escola com um projeto
conscientização da escovação bocal em de apenas entregar escovas e pastas de
escolas com crianças de seis a dez anos, dentes com um folder apontado como
por exemplo, o estudante de odontologia os alunos devem escovar os dentes.
certamente poderia aprender e comparar, Pergunta-se: qual seria o ganho disso para
inclusiva de maneira crítica e reflexiva, todas as partes? Repare aqui que o fator
muitas coisas do que estuda na prática. educacional está ausente.
Somado a isso essa extensão teria caráter
educador, pois as crianças nesta faixa 4. Da Pesquisa
etária talvez deveriam ser esclarecidas
sobre a importância da escovação. Isso A ideia de pesquisa é bem ampla, porém,
poderia ser útil para elas, para suas tem relação direta com a produção do
famílias, bem como pela escola. Tal fato conhecimento e a atualização dos cursos
configura a função social da universidade. universitários. Para Rays (2003, p.1):
No caso dos projetos de extensão não A pesquisa, tanto a básica
preverem a função de ensino teríamos quanto a aplicada, necessita,
apenas o assistencialismo. Suponha que no ao lado do ensino e da
exemplo citado, os alunos de odontologia extensão, constituir-se como
138/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
uma atividade progressivamente constante nos meios acadêmicos e nas atividades
de difusão de conhecimentos e de intervenção em problemas efetivos da sociedade.
Essas atividades, conforme o caso, são realizadas não só nos meios acadêmicos mas
também nos meios não acadêmicos. Assim, por exemplo, o contato interativo com
problemas específicos da sociedade pode provocar nos pesquisadores a necessidade
de transformarem os resultados de suas investigações em ações cognitivas e
práticas (cognição-prática-cognição) que possam auxiliar a comunidade a resolver
os seus problemas. Esse contato interativo tem, ainda, despertado em muitos
pesquisadores, inquietações que os auxiliam na definição de temas e problemas
concretos de pesquisa.
Com base no exposto, a exemplo da extensão à pesquisa, o olhar do pesquisador em constante
reflexão com o objeto de análise ou com a situação problema pode permitir formas de se
melhorar o conhecimento.
O fator primordial do pesquisador para realizar a pesquisa é o método . Não há ciência sem
método científico. E o método nada mais é que o caminho teórico para realizar a investigação.
Num exemplo mais prático, retomemos o exemplo da extensão, o dos alunos de odontologia
que por ventura, foram a uma escola aplicar um projeto de conscientização de escovação

139/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
bocal. Lembre-se que o fato educacional este projeto, poderá com um olhar mais
deve estar presente por risco do clínico avaliar se o próprio projeto está no
assistencialismo. caminho certo ou mesmo pode verificar
Em um projeto deste tipo, o pesquisador que há uma falha na escola ou na política
vai com um olhar mais apurado. Usa de acerca do tema escovação bocal.
uma teoria e um método para checar uma É importante apresentar que para a
hipótese ou teoria de estudo. Ele poderia, realização de pesquisas no Brasil conta-
por exemplo, com base na legislação se com as agências de fomento. Para
(teoria), observar (método) se os alunos realizar uma pesquisa e contar com apoio
sabem usar o fio dental para além da financeiro, esteja atento aos editais das
escovação. Outra possibilidade seria usar principais agências de fomento à pesquisa
como método uma entrevista com os no país, pois elas oferecem bolsas para
alunos ou com outras pessoas da escola. estudos e pesquisas no Brasil e em países
Ao final da pesquisa, ao confrontar aquilo no exterior.
que coletou com a teoria estudada, o As agências de fomento, por sua vez, são
pesquisador dará a sua opinião e sua instituições financeiras não bancárias,
visão sobre o objeto estudado. Se for você, regulamentadas pelo Banco Central do
por exemplo, o docente responsável por Brasil. Algumas das principais são as que se
140/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
destacam a seguir: www.cnpq.br/>

FAPESP: Fundação do Amparo à Pesquisa


CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento
do Estado de São Paulo. Financia iniciação
de Pessoal do Ensino Superior. Financia
cientifica, apoio técnico, bolsa de recém-
os grupos PET (Programa Especial de
mestre, bolsas de pós-graduação –
Treinamento) na graduação e oferece
mestrado e doutorado. Por ser uma
bolsas de mestrado e doutorado para pós-
agência de fomento estadual há outras
graduação. Saiba Mais em <http://portal.
similares em outros Estados, como: FAPERJ,
mec.gov.br/pet>
FAPBAHIA, FAPMG, etc. Saiba Mais em
<http://www.fapesp.br/>.
CNPq: Conselho Nacional de
Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico. FINEP: Financiadora de Estudos e Projetos.
Financia bolsas de investigação cientifica, Financia projetos de grande porte,
aperfeiçoamento, cursos de pós- organização de eventos e projetos de
graduação, apoio à participação em pesquisa que visem o desenvolvimento
eventos, apoio à promoção de eventos, social e econômico do país. É uma agência
editoração, etc. Saiba Mais em <http:// vinculação ao Ministério da Ciência e
141/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
Tecnologia (MCT). Saiba Mais em <http:// de ensino, pesquisa e extensão estudado
www.finep.gov.br/> nesta aula.
Para finalizar esta aula retomemos as
INCT: Instituto de Ciência Nacional e questões iniciais:
Tecnologia. Financia projetos de pesquisa
e fornece bolsas de iniciação cientifica,
mestrado, doutorado e pós-doutorado. Qual é a real função da universidade?
Saiba Mais em <http://inct.cnpq.br/>. Por meio do ensino, da pesquisa e da
extensão proporcionar aos seus alunos
Cada uma destas agências tem um a possibilidade de refletirem e mesmo
processo específico para concessão de pesquisarem o que aprendem em seus
bolsas. Quando cada uma delas concede cursos para que possam ter possibilidade
bolsa para um projeto ou um pesquisador, de aprender mais sobre a carreira e para
os acompanhamentos dos resultados além disso poder inovar, criando novos
podem ser feitos por meio de relatórios conhecimentos e paradigmas à sociedade.
ou avaliações e em algumas delas o
estágio profissional na Educação Superior
é obrigatório, fato que qualifica a tríade
142/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
Qual a importância do ensino, da extensão e da pesquisa?
Cada qual tem sua importância e particularidade. Todos eles, por sua vez, devem estar
sintonizados com o projeto político da universidade e com os currículos do curso, pois assim, o
ensino será aquele que tangenciará o conhecimento, a extensão será o momento de aplicação
deste conhecimento e a pesquisa será o fator que avaliará a necessidade de mudanças ou não
das práticas.

Glossário
Interdisciplinar: é quando uma ou mais disciplinas entram em acordo em busca de um objetivo
comum.
Multidisciplinar: significa a reunião conjunta de várias disciplinas em busca de um objetivo
comum.
Folder: instrumento utilizado para passar informações.

143/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
?
Questão
para
reflexão

Elabore um texto dissertativo se posicionando acerca


da importância do ensino em sua relação com a com a
pesquisa e extensão.

144/241
Considerações Finais

»» A universidade é o espaço principal de oferta de conhecimento que


eleva o capital cultural da sociedade.
»» O conhecimento adquirido na universidade é interdisciplinar e
pluridisciplinar.
»» A universidade que pratica funções sociais acaba por preencher lacunas
onde os demais órgãos públicos carecem ou falham por conta da
ausência do próprio Estado.
»» Na sociedade brasileira, nas universidades, tal como na política e em
outras instancias nos deflagramos com um problema muito comum: o
conflito de classes.
»» A indissociabilidade é parte fundante para articulação concreta das
atividades fins da educação superior.
»» O ensino na universidade ocorre por meio de sistematização didática.

145/248
Considerações Finais
»» Uma das opções para aplicar a extensão é por meio de projetos.
»» O olhar do pesquisador em constante reflexão com o objeto de análise
ou com a situação problema pode permitir formas de se melhorar o
conhecimento.
»» As agências de fomento, por sua vez, são instituições financeiras não
bancárias, regulamentadas pelo Banco Central do Brasil.

146/248
Referências

LEFF, E. Saber Ambiental: Sustentabilidade, Racionalidade, Complexidade, Poder. Petrópolis:


Vozes, 2001.
RAYS, O. Ensino-Pesquisa-Extensão: notas para pensar a indissociabilidade. In: Cadernos de
Educação. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria. 21.ed. 2003.

147/248 Unidade 5 • A Educação Superior Pública e o Princípio da Indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão
Assista a suas aulas

Aula 5 - Tema: O Ensino Superior Publico Aula 5 - Tema: O Ensino Superior Publico
e o Principio da Indissociabilidade entre Ensino, e o Principio da Indissociabilidade entre Ensino,
Pesquisa e Extensão – Parte I  Pesquisa e Extensão – Parte II.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ab-
d8583bb990c6879b419566d681cbe209>. 8d6e7bdd9a0de5e7abdf59e8dd0431>.

148/248
Questão 1
1. Com relação à função da universidade, responda a alternativa correta:
a) A função da universidade é contribuir para a criação de ciência que permite as agências de
fomento enriquecer cada vez mais o capital social.
b) A universidade está implicada na ideia do desenvolvimento sustentável da sociedade no
século vigente.
c) A universidade causa pesquisa onde não há ensino e extensão.
d) A universidade é o espaço de prática social e de responsabilidade social.
e) A função da universidade é garantir apenas mão de obra qualificada ao mundo do
trabalho.

149/248
Questão 2
2. Com relação ao conflito de classes na universidade, responda a alter-
nativa correta:
a) O conflito de interesses é algo bom, afinal, caso não houvesse isso teríamos uma
sociedade totalmente monótona e estática.
b) No conflito de interesses, a globalização prega a necessidade de um novo Bem Estar
Social.
c) O conflito de classes acontece porque uma pesquisa é contestada por um pesquisador.
d) O conflito de classes não ocorreria se a sociedade fosse unida em seus interesses.
e) O conflito de interesses não é ruim, afinal, caso não houvesse isso teríamos uma sociedade
totalmente monótona e estática.

150/248
Questão 3
3. Com relação ao ensino na universidade, responda a alternativa corre-
ta:
a) Só pode ser ministrado por professores credenciados no Conselho Profissional
correspondente.
b) Para ocorrer o ensino são necessários procedimentos didáticos, isto é, pensar nas formas
de se chegar a um conhecimento pretendido.
c) Para ocorrer são necessários materiais como lousa digital e projetores de multimídia.
d) Só ocorrem se na organização curricular estiver previsto a função social do curso de
graduação.
e) Orienta-se que o ensino ocorra em concomitância com a pesquisa e a extensão.

151/248
Questão 4
4. Uma das opções para a realização de extensão é por meio de:
a) Projetos.
b) Estudo de Caso.
c) Observação.
d) Análise Documental.
e) Experiência.

152/248
Questão 5
5. Assinale a seguir o fator que corresponde à possibilidade de realização
de uma pesquisa:
a) Extensão.
b) Método Cientifico.
c) Agências de Fomento.
d) Legislação.
e) Iniciação Cientifica.

153/248
Gabarito
1. Resposta: D. 3. Resposta: B.

A universidade é o espaço de prática social Para ocorrer o ensino são necessários


e de responsabilidade social. Dela se espera procedimentos didáticos, isto é, pensar nas
uma função mais justa e igualitária por formas de se chegar a um conhecimento
meio do conhecimento adquirido nela e pretendido. Para isso, a universidade deve
que se efetiva nas práticas e nas funções estar atenta ao tipo de aluno e formação
sociais. que oferecerá por meio de seu projeto
político e também pelo currículo dos
2. Resposta: E. cursos.

O conflito de interesses não é ruim, afinal, 4. Resposta: A.


caso ele não existisse não teríamos uma
sociedade totalmente monótona e estática. Os projetos são uma das maneiras mais
A pluralidade de ideias é necessária para viáveis para a extensão universitárias.
o andamento do projeto democrático de Lembrando que nele devem estar
nação. previstos as ações possíveis os meios e as
finalidades.

154/248
Gabarito
5. Resposta: B.

Não há ciência sem método


cientifico. E o método nada mais é
que o caminho teórico para realizar a
investigação.

155/248
Unidade 6
Legislação Nacional para o Ensino Superior

Objetivos

1. Compreender a principal lei para a Educação


Superior no momento.
2. Conhecer o SINAES.
3. Conhecer o e-MEC.

156/248
Introdução

Car@ alun@,
A educação superior brasileira, tal como toda a estrutura pública e política tem inerente a si
suas regras e regulamentos colocando o aspecto legal como fator primordial que rege as regras
do jogo.
Nesta aula estudaremos em detalhe a Lei Federal n.º 5.773 de 2006. Esta legislação vai
tratar acerca da regulação, supervisão e avaliação da Educação Superior. Na verdade, tal Lei
apenas aprimora o que se tem feito no âmbito jurídico desde a Constituição Federal de 1988 e
passando pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996.
Vale lembrar que o acesso à Educação Superior se dá por meio de vestibulares e que nos últimos
anos exames como o ENEM tem permitido o ingresso por meio do SISu. Com o aumento da
demanda pela procura no ensino superior, antes mencionada torna importante a regulação do
ensino superior, visto a demanda ter aumento tanto na esfera pública, quanto particular.
Com relação à avaliação do Ensino Superior, o ENADE tem sido o maior instrumento, pois
avalia aluno, curso e instituição. Os resultados desse exame, em tese, ajudam o Ministério da
Educação a prover melhorias e dar sugestão às instituições interessadas.
Para essa aula, então, buscaremos responder os seguintes questionamentos:

157/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior


Há uma lei específica para a Educação Superior?
Como uma IES se mantem funcionando após regularizada?
É possível saber se as IES existentes são reais?
Para responder, então, as questões acima apresentadas vamos compreender três temas nesta
aula. O primeiro referente a Legislação na Educação Superior, o segundo trata os SINAES e, por
fim, o e-MEC.

1. O Decreto Federal N.º 5773/2006

Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, algumas leis surgiram para
orientar a sociedade brasileira quanto à organização da Educação Superior.
Neste contexto podemos citar o Decreto Federal n.º 2.207/1997, que foi revogado e substituído
pelo Decreto Federal n.º 3.860/2001, que por sua vez também passou pela mesma situação
anterior, sendo atualizado pelo Decreto Federal n.º 5773/2006, que trata a Educação Superior
brasileira.
Este Decreto, dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de
instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequênciais no sistema
158/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior
federal de ensino. Vale ressaltar que • CAPITULO IV – DA AVALIAÇÃO (Art.
as legislações federais são referências 58 ao 66).
para as outras instancias de governo • CAPITULO V – DAS DISPOSIÇÕES
(estado e município), bem como, para o FINAIS E TRANSITÓRIAS (Art. 67 ao
funcionamento de instituições particulares 77).
de ensino.
A partir de então, estudaremos alguns
O Decreto Federal n.º 5773/2006 está trechos desta lei, que são essenciais para
disposto em setenta e sete artigos e cinco compreensão do assunto.
capítulos, assim denominados:
Já no artigo primeiro, o decreto se refere à
• CAPITULO I - DA EDUCAÇÃO função de regular, supervisionar e avaliar
SUPERIOR NO SISTEMA FEDERAL DE as instituições de ensino superior:
ENSINO.(Art. 01 ao 08).
Art. 1o  Este Decreto dispõe
• CAPITULO II – DA REGULAÇÃO (Art. sobre o exercício das funções
09 ao 44). de regulação, supervisão e
• CAPITULO III – DA SUPERVISÃO (Art. avaliação de instituições de
45 ao 57). educação superior e cursos
superiores de graduação
159/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior
e sequenciais no sistema por intermédio de suas
federal de ensino. (BRASIL, Secretarias, exercer as
2006). funções de regulação e
supervisão da educação
Vale ressaltar que a avaliação citada superior, em suas respectivas
no artigo primeiro se dará por meio do áreas de atuação. 
SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da
§ 2o  À Secretaria de
Educação Superior
Educação Superior compete
A regulação e a supervisão da Educação especialmente:
Superior se dará por meio de secretarias
especificas ligadas ao Ministérios da § 3o  À Secretaria de
Educação, tal como podemos notar nos Educação Profissional
artigos 6, 7 e 8. e Tecnológica compete
especialmente:
Art. 5o  No que diz respeito
à matéria objeto deste § 4o  À Secretaria de
Decreto, compete ao Educação a Distância
Ministério da Educação, compete especialmente

160/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior


(BRASIL, 2006).
Outros órgãos do Ministério da Educação (MEC) também são responsáveis pela regulação e
supervisão. Dentre eles o CNE - Conselho Nacional de Educação (art. 6º) , o INEP – Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Art. 7) e o CONAES – Comissão
Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Art. 8º) Vale ressaltar que a avaliação citada no artigo
primeiro se dará por meio do SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior.

Art. 6o  No que diz respeito à matéria objeto deste Decreto, compete ao CNE:

I - exercer atribuições normativas, deliberativas e de assessoramento do Ministro de


Estado da Educação;

II - deliberar, com base no parecer da Secretaria competente, observado o disposto


no art. 4o, inciso I, sobre pedidos de credenciamento e recredenciamento de
instituições de educação superior e específico para a oferta de cursos de educação
superior a distância;

III - recomendar, por sua Câmara de Educação Superior, providências das Secretarias,


entre as quais a celebração de protocolo de compromisso, quando não satisfeito

161/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior


o padrão de qualidade específico para credenciamento e recredenciamento de
universidades, centros universitários e faculdades;

IV - deliberar sobre as diretrizes propostas pelas Secretarias para a elaboração, pelo


INEP, dos instrumentos de avaliação para credenciamento de instituições;

V - aprovar os instrumentos de avaliação para credenciamento de instituições,


elaborados pelo INEP;

VI - deliberar, por sua Câmara de Educação Superior, sobre a exclusão de


denominação de curso superior de tecnologia do catálogo de que trata o art. 5o, §
3o, inciso VII;

VII - aplicar as penalidades previstas no Capítulo IV deste Decreto;

VIII - julgar recursos, nas hipóteses previstas neste Decreto;

IX - analisar questões relativas à aplicação da legislação da educação superior; e

X - orientar sobre os casos omissos na aplicação deste Decreto, ouvido o órgão de


consultoria jurídica do Ministério da Educação. 
162/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior
Art. 7o  No que diz respeito à matéria objeto deste Decreto, compete ao INEP:

I - realizar visitas para avaliação in loco nos processos de credenciamento e


recredenciamento de instituições de educação superior e nos processos de
autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos de
graduação e sequenciais;

II - realizar as diligências necessárias à verificação das condições de funcionamento


de instituições e cursos, como subsídio para o parecer da Secretaria competente,
quando solicitado;

III - realizar a avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos


estudantes;

IV - elaborar os instrumentos de avaliação conforme as diretrizes da CONAES;

V - elaborar os instrumentos de avaliação para credenciamento de instituições e


autorização de cursos, conforme as diretrizes do CNE e das Secretarias, conforme o
caso; e

163/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior


VI - constituir e manter banco público de avaliadores especializados, conforme
diretrizes da CONAES. 

Art. 8o  No que diz respeito à matéria objeto deste Decreto, compete à CONAES:

I - coordenar e supervisionar o SINAES;

II - estabelecer diretrizes para a elaboração, pelo INEP, dos instrumentos de


avaliação de cursos de graduação e de avaliação interna e externa de instituições;

III - estabelecer diretrizes para a constituição e manutenção do banco público de


avaliadores especializados;

IV - aprovar os instrumentos de avaliação referidos no inciso II e submetê-los à


homologação pelo Ministro de Estado da Educação;

V - submeter à aprovação do Ministro de Estado da Educação a relação dos cursos


para aplicação do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE;

VI - avaliar anualmente as dinâmicas, procedimentos e mecanismos da avaliação


institucional, de cursos e de desempenho dos estudantes do SINAES;
164/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior
VII - estabelecer diretrizes para organização e designação de comissões de
avaliação, analisar relatórios, elaborar pareceres e encaminhar recomendações às
instâncias competentes;

VIII - ter acesso a dados, processos e resultados da avaliação; e

IX - submeter anualmente, para fins de publicação pelo Ministério da Educação,


relatório com os resultados globais da avaliação do SINAES. (BRASIL, 2006)
Com relação aos atos de autorização para funcionamentos do ensino superior os artigos 9 e 10
abrem possibilidade as instituições particulares desde que respeitados o interesse público.

Art. 9o  A educação superior é livre à iniciativa privada, observadas as normas gerais


da educação nacional e mediante autorização e avaliação de qualidade pelo Poder
Público. 

Art. 10.  O funcionamento de instituição de educação superior e a oferta de


curso superior dependem de ato autorizativo do Poder Público, nos termos deste
Decreto. (BRASIL, 2006)

165/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior


Outro aspecto importante desta lei é acerca do credenciamento e recredenciamento das
Instituições de Educação Superior:

Art. 12.  As instituições de educação superior, de acordo com sua organização e


respectivas prerrogativas acadêmicas, serão credenciadas como:

I - faculdades;

II - centros universitários; e

III - universidades. 

Art. 13.  O início do funcionamento de instituição de educação superior é


condicionado à edição prévia de ato de credenciamento pelo Ministério da
Educação. 

Art. 14.  São fases do processo de credenciamento:

I - protocolo do pedido junto à Secretaria competente, instruído conforme disposto


nos arts. 15 e 16;

166/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior


II - análise documental pela Secretaria competente;

III - avaliação in loco pelo INEP;

IV - parecer da Secretaria competente;

V - deliberação pelo CNE; e

VI - homologação do parecer do CNE pelo Ministro de Estado da Educação. 

Art. 15.  O pedido de credenciamento deverá ser instruído com os seguintes


documentos:

I - da mantenedora:

II - da instituição de educação superior:

Art. 16.  O plano de desenvolvimento institucional deverá conter, pelo menos, os


seguintes elementos:

I - missão, objetivos e metas da instituição, em sua área de atuação, bem como seu
histórico de implantação e desenvolvimento, se for o caso;
167/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior
II - projeto pedagógico da instituição;

III - cronograma de implantação e desenvolvimento da instituição e de cada um de


seus cursos, especificando-se a programação de abertura de cursos, aumento de
vagas, ampliação das instalações físicas e, quando for o caso, a previsão de abertura
dos cursos fora de sede;

IV - organização didático-pedagógica da instituição, com a indicação de número


de turmas previstas por curso, número de alunos por turma, locais e turnos de
funcionamento e eventuais inovações consideradas significativas, especialmente
quanto a flexibilidade dos componentes curriculares, oportunidades diferenciadas
de integralização do curso, atividades práticas e estágios, desenvolvimento de
materiais pedagógicos e incorporação de avanços  tecnológicos;

V - perfil do corpo docente, indicando requisitos de titulação, experiência no


magistério superior e experiência profissional não acadêmica, bem como os critérios
de seleção e contração, a existência de plano de carreira, o regime de trabalho e os
procedimentos para substituição eventual dos professores do quadro;

VI - organização administrativa da instituição, identificando as formas de


168/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior
participação dos professores e alunos nos órgãos colegiados responsáveis pela
condução dos assuntos acadêmicos e os procedimentos de auto avaliação
institucional e de atendimento aos alunos;

VII - infraestrutura física e instalações acadêmicas, especificando:

VIII - oferta de educação a distância, sua abrangência e polos de apoio presencial;

IX - oferta de cursos e programas de mestrado e doutorado; e

X - demonstrativo de capacidade e sustentabilidade financeiras. (BRASIL, 2006).


Especificamente com o recredenciamento:

Art. 20.  A instituição deverá protocolar pedido de recredenciamento ao final


de cada ciclo avaliativo do SINAES junto à Secretaria competente, devidamente
instruído, no prazo previsto. (BRASIL, 2006).
A Lei trata ainda sobre a possibilidade do credenciamento de curso ou mesmo campus fora da
sede, para isso:

Art. 24.  As universidades poderão pedir credenciamento de campus fora de sede


169/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior
em Município diverso da abrangência geográfica do ato de credenciamento em
vigor, desde que no mesmo Estado.

(...)

Art. 27.  A oferta de cursos superiores em faculdade ou instituição equiparada, nos


termos deste Decreto, depende de autorização do Ministério da Educação. 

Art. 28.  As universidades e centros universitários, nos limites de sua autonomia,


observado o disposto nos §§ 2o e 3o deste artigo, independem de autorização para
funcionamento de curso superior, devendo informar à Secretaria competente os
cursos abertos para fins de supervisão, avaliação e posterior reconhecimento, no
prazo de sessenta dias. 

(...)

Art. 41.  A instituição deverá protocolar pedido de renovação de reconhecimento ao


final de cada ciclo avaliativo do SINAES junto à Secretaria competente, devidamente
instruído, no prazo previsto no § 7o do art. 10. 

170/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior


Art. 42.  A autorização, o reconhecimento e a renovação de reconhecimento de
cursos superiores de tecnologia terão por base o catálogo de denominações de
cursos publicado pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. 
No que tange à supervisão, de modo mais explícito:

Art. 45.  A Secretaria de Educação Superior, a Secretaria de Educação Profissional


e Tecnológica e a Secretaria de Educação a Distância exercerão as atividades de
supervisão relativas, respectivamente, aos cursos de graduação e sequenciais,
aos cursos superiores de tecnologia e aos cursos na modalidade de educação a
distância. 

Art. 46.  Os alunos, professores e o pessoal técnico-administrativo, por meio dos


respectivos órgãos representativos, poderão representar aos órgãos de supervisão,
de modo circunstanciado, quando verificarem irregularidades no funcionamento de
instituição ou curso superior. (BRASIL, 2006).
No que tange à avaliação:

Art. 58.  A avaliação das instituições de educação superior, dos cursos de graduação


e do desempenho acadêmico de seus estudantes será realizada no âmbito do
171/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior
SINAES, nos termos da legislação aplicável. 

Art. 59.  O SINAES será operacionalizado pelo INEP, conforme as diretrizes da


CONAES, em ciclos avaliativos com duração inferior a:

I - dez anos, como referencial básico para recredenciamento de universidades; e

II - cinco anos, como referencial básico para recredenciamento de centros


universitários e faculdades e renovação de reconhecimento de cursos. (BRASIL,
2006).

Nas disposições finais e transitórias dois artigos dois artigos chamam a atenção. O 67 diz que o
pedido de credenciamento de uma IES não pode ser feito se não houver, pelo menos um curso.
O artigo 69 pontua que para o exercício da carreira docente não é necessário registro em órgão
competente da carreira. Ex: OAB, CAU, CRP, etc.

Art. 67.  O pedido de credenciamento de instituição de educação superior tramitará


em conjunto com pedido de autorização de pelo menos um curso superior,
observando-se as disposições pertinentes deste Decreto, bem como a racionalidade
e economicidade administrativas. 
172/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior
Art. 69.  O exercício de estudantes.
atividade docente na O SINAES avalia os aspectos que se
educação superior não conduzam em torno desses três eixos, além
se sujeita à inscrição do o ensino, da pesquisa, da extensão, da
do professor em órgão responsabilidade social, do desempenho
de regulamentação dos alunos, da gestão da instituição, do
profissional. (BRASIL, 2006). corpo docente, das instalações e vários
outros aspectos.
2. O Sinaes
Como instrumentos avaliadores tem-
O Sistema Nacional de Avaliação da se alguns famosos como o ENADE, mas
Educação Superior (SINAES) foi criado pela também uma série de instrumentos
Lei n° 10.861, de 14 de abril de 2004. Tal complementares, como: auto avaliação,
sistema de avaliação é formado por três avaliação externa, censo, etc.
componentes fundamentais: Os resultados das avaliações possibilitam
1. a avaliação das instituições, ao INEP traçar um cenário da qualidade dos
cursos e instituições de educação superior
2. a avaliação dos cursos,
no País.
3. a avaliação do desempenho dos
173/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior
As informações obtidas com o SINAES auxiliam as IES, para orientação da sua pujança
institucional e relevância social e acadêmica. Isso tanto pelos órgãos governamentais (para
orientar políticas públicas), quanto pelos estudantes, pelos pais de alunos, por instituições
acadêmicas e público em geral.

Link
Saiba Mais:

<http://portal.inep.gov.br/sinaes>

3. O E-Mec

O e-MEC é uma plataforma online em que é possível ao cidadão fazer uma busca de instituições
universitárias, cursos e locais em que exista educação superior. A figura a seguir apresenta o
layout do site. Em vídeo-aula exploraremos um pouco este universo.

174/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior


Figura 1: Layout da página do e-MEC na internet

Fonte: Disponível em:<http://emec.mec.gov.br/>. Acesso em: 20 fev. 2016

175/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior


Glossário
OAB: Ordem dos Advogados do Brasil.
CAU: Conselho de Arquitetura e Urbanismo.
CRP: Conselho Regional de Psicologia.

176/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior


?
Questão
para
reflexão

Elabore um texto argumentativo, as contribuições do


SINAES e do e-MEC para a educação superior.

177/241
Considerações Finais

»» Decreto Federal n.º 5773/2006 dispõe sobre o exercício das funções de


regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos
superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino.
»» O Decreto Federal 5773/2006 está disposto em setenta e sete artigos e cinco
capítulos.
»» A regulação e a supervisão da Educação Superior se dará por meio de
secretarias especificas: a Secretaria de Educação Superior, a Secretaria de
Educação Profissional e Tecnológica, a Secretaria de Educação a Distância.
»» Outros órgãos do Ministério da Educação (MEC) também são responsáveis pela
regulação e supervisão: CNE, INEP e CONAES.
»» O pedido de credenciamento de uma IES não pode ser feito se não houver, pelo
menos um curso.
»» O exercício da carreira docente não é necessário registro em órgão competente
da carreira.
178/248
Considerações Finais
»» O SINAES avalia os aspectos em torno: instituições, cursos e desempenhos dos
estudantes.
»» O SINAES avalia também o ensino, a pesquisa, a extensão, a responsabilidade
social, o desempenho dos alunos, a gestão da instituição, o corpo docente, as
instalações da IES e outros aspectos.
»» O instrumento de avaliação mais usado pelo SINAES é o ENADE.
»» O e-MEC é uma plataforma online em que é possível ao cidadão fazer uma
busca de instituições universitárias, cursos e locais onde exista educação
superior.

179/248
Referências

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Senado, 1988.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília:
1996
BRASIL. Ministério da Educação. Planejando a Próxima Década: Conhecendo as 20 metas do
Plano Nacional de Educação. Secretaria de Articulação com os Sistemas de Ensino. Brasília:
MEC/SASE, 2014).

180/248 Unidade 6 • Legislação Nacional para o Ensino Superior


Assista a suas aulas

Aula 6 - Tema: A Legislação Nacional para Aula 6 - Tema: A Legislação Nacional para
o Ensino Superior – Parte I  o Ensino Superior – Parte II.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
1d/32ed9708052f1d01fbb30360bc73f2de>. 922cd7977828154897608677ad1717a9>.

181/248
Questão 1
1. Assinale a alternativa correta com relação Decreto Federal n.º
5773/2006:
a) Trata a regulação, supervisão e avaliação da Educação a Distância.
b) Trata a supervisão pedagógica em Instituições Universitárias.
c) Trata a regulação, supervisão e avaliação da Educação Superior.
d) Trata da avaliação do ENADE às universidades públicas e particulares.
e) Trata a regulação, supervisão e avaliação do Ensino Tecnológico.

182/248
Questão 2
2. Assinale a alternativa correta quanto às principais secretarias respon-
sáveis pela regulação da educação superior:
a) Secretaria de Educação Especial, Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica e
Secretaria de Educação a Distância.
b) Secretaria de Educação Superior, Secretaria de Educação de Jovens e Adultos e
Tecnológica e Secretaria de Educação a Distância.
c) Secretaria de Educação a Distância, Secretaria de Esportes e assuntos Paraolímpicos e
Secretaria de Educação a Distância.
d) Secretaria de Educação Superior, Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica e
Secretaria de Educação a Distância.
e) Secretaria de Educação Superior, Secretaria de Tecnologia e Secretaria de Educação a
Distância.

183/248
Questão 3
3. Assinale a alternativa correta quanto aos principais órgãos responsá-
veis pela regulação e supervisão da educação superior:
a) CNE, INEP e CONAES.
b) CNE, INEP e ENADE.
c) CNE, INEP e SiSU.
d) CNE, INEP e REUNI.
e) CNE, INEP e INCLUIR.

184/248
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta quanto ao que o SINAES avalia:

a) currículo pedagógico, estrutura curricular e desempenhos dos estudantes.


b) instituição universitária, cursos de graduação e currículo pedagógico.
c) instituição universitária, cursos de graduação e currículo pedagógico.
d) instituição universitária, estrutura curricular e currículo pedagógico.
e) instituição universitária, cursos de graduação e desempenhos dos estudantes.

185/248
Questão 5
5. Assinale a alternativa correta quanto ao e-MEC:

a) é uma plataforma online em que é possível ao cidadão fazer uma busca de instituições
universitárias, cursos e locais onde exista educação superior.
b) é uma plataforma assíncrona e offline em que é possível ao cidadão fazer uma busca de
instituições universitárias, cursos e locais onde exista educação superior.
c) é uma plataforma identificada no AVA dos cursos de graduação em que é possível ao
cidadão fazer uma busca de instituições universitárias, cursos e locais onde exista educação
superior.
d) é uma plataforma online em que é possível ao cidadão fazer uma busca de instituições
universitárias, cursos e currículo de docentes educação superior.
e) é uma plataforma online em que é possível ao cidadão fazer uma busca e entrar em
contato com instituições universitárias, cursos e locais onde exista educação superior na
modalidade a distância.

186/248
Gabarito
1. Resposta: C. 3. Resposta: A.

A Lei Federal n.º 5.773 de 2006 dispõe Segundo a Lei Federal n.º 5773/2006
sobre o exercício das funções de regulação, outros órgãos do Ministério da Educação
supervisão e avaliação de instituições de (MEC) que ao mesmo tempo são
educação superior e cursos superiores de responsáveis pela regulação e supervisão
graduação e sequenciais no sistema federal são: o CNE - Conselho Nacional de
de ensino. Educação (art. 6º), o INEP – Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas
2. Resposta: D. Educacionais Anísio Teixeira (Art. 7) e o
CONAES – Comissão Nacional de Avaliação
A regulação e a supervisão da Educação do Ensino Superior (Art. 8º).
Superior se dará por meio de três
secretarias especificas ligadas ao 4. Resposta: E.
Ministérios da Educação, são elas:
Secretaria de Educação Superior, Secretaria O Sistema Nacional de Avaliação da
de Educação Profissional e Tecnológica e Educação Superior (SINAES) foi criado pela
Secretaria de Educação a Distância. Lei n° 10.861, de 14 de abril de 2004. Tal

187/248
Gabarito
sistema de avaliação é formado por três
componentes fundamentais: 1) a avaliação
das instituições, 2) a avaliação dos cursos
e, 3) a avaliação do desempenho dos
estudantes.

5. Resposta: A.
O e-MEC é uma plataforma online em que
é possível ao cidadão fazer uma busca de
instituições universitárias, cursos e locais
em que exista educação superior.

188/248
Unidade 7
Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas

Objetivos

1. Compreender as Ações Afirmativas.


2. Compreender o Processo das Políticas de
Inclusão.
3. Conferir como está a Inclusão na Educação
Superior da atualidade.

189/248
Introdução conseguindo garantir seus direitos.
No que tange à sociedade brasileira e à
Car@ alun@, as ações afirmativas surgiram
Educação Superior as ações afirmativas
no século XX, no período pós-guerra como
vieram de grupos minoritários, como o
reinvindicação de grupos específicos para
de condição racial, para galgar vagas nas
reconhecimento os direitos. É um processo
universidades. Isso se efetivou entre os
tão significativo na história mundial que
anos 1990 e início do século XXI.
até hoje em dia, como por exemplo, em
eventos LGBT e feministas como o Femen, A condição racial, por sua vez, colocou
tem aspecto de despertar a sociedade para em questão o princípio da equidade e da
os direitos deste público. igualdade, que na verdade são foco de
políticas públicas dos últimos governos
Tais movimentos, porém, só conseguiram
federais.
ganhar força em regimes democráticos em
virtude do uso de recursos legais. As ações Para muitos, as políticas raciais apenas
afirmativas foram uma briga que confere evidenciam as diferenças entre as
disputa de classes para conferir em esferas classes sociais, mas, para outros traz a
de poder os anseios de grupos minoritários. possibilidade de equilíbrio e igualdade
social.
Com base no reconhecimento legal e no jus
naturalismo, aos poucos, os grupos que se Entretanto ficam os questionamentos:
consideram excluídos socialmente foram
190/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas
Qual a necessidades das ações afirmativas? Moderno). Uma das características deste
Qual a relação destas ações nas políticas tipo de organização foi a criação do
de inclusão, sobretudo, na Educação sistema de leis, que surgiu para garantir o
Superior? direito à vida em sociedade.
Buscaremos compreendê-las a partir de As leis, entretanto, apesar de reconhecer
então, por meio de três temas: as ações todas as pessoas de uma nação, deixa
afirmativas, as políticas de inclusão das brechas. Estas permitiram a grupos
pessoas com deficiência e a inclusão das específicos a lutarem por direitos que lhes
pessoas com deficiência na Educação estavam tolhidos. Assim, no que se refere a
Superior. grupos minoritários como os das pessoas
com deficiências, os homossexuais, os
1. As Ações Afirmativas grupos feministas e os negros, a legislação,
com destaque aos negros, começou a
Os países como conhecemos atualmente, ser factível há pouco tempo. Isso ocorreu
na verdade, são denominados de Estado- após a proliferação do ideal das Ações
Nação. Eles tiveram início com o processo Afirmativas, no período pós-guerras e
de unificação de territórios no século também após a Declaração Universal dos
XVIII (época em que se consolida o Estado Direitos do Homem em 1948.
191/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas
Segundo Santos (2005), as ações afirmativas são medidas especiais e temporárias, tomadas
ou determinadas pelo Estado, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de eliminar
desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidades e
tratamento, bem como de compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização,
decorrentes de motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros.
Dado o exposto, as ações afirmativas visam combater os efeitos acumulados em virtude das
discriminações ocorridas no passado. No que tange ao uso das ações afirmativas na política
posiciona-se Piovesan (2005):

192/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas


As ações afirmativas, enquanto políticas compensatórias adotadas para aliviar e
remediar as condições resultantes de um passado discriminatório, cumprem uma
finalidade pública decisiva para o projeto democrático, que é a de assegurar a
diversidade e a pluralidade social. Constituem medidas concretas que viabilizam
o direito à igualdade, com a crença de que a igualdade deve se moldar no
respeito à diferença e à diversidade. Através delas transita-se da igualdade formal
para a igualdade material e substantiva Posto isso, com o advento de uma nova
ordem propiciada pela estruturação do Estado Moderno, as principais legislações
voltadas a esse público (das pessoas com deficiências) datam da segunda metade
do século XX, sendo o marco a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
1948. (PIOVESAN, 2005, p. 40).

Deste modo, os direitos humanos, para Bobbio (2004), podem ser explicados como um
progresso moral. Isto porque o mencionado autor afirma que para escapar da hostilidade na
qual vive o homem frente à natureza e seus semelhantes, este inventa técnicas para garantir
a sobrevivência, cria os códigos de condutas e regras para a convivência pacífica com outros

193/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas


indivíduos. De qualquer maneira é importante obter
algumas informações básicas. A primeira
2. Políticas Públicas Inclusivas delas é que não devemos usar palavras
como ceguinho, aleijado, mongol, ou
As políticas públicas prol inclusão são coisas do tipo. O termo correto é “pessoas
específicas das pessoas com algum tipo de com deficiência”. O decreto federal
deficiência, objeto de estudo neste tópico. n.º3.298/1999 (BRASIL, 1999)
No que tange a inclusão por cotas raciais,
e o decreto federal n.º 5.296/2004 (BRASIL,
estudaremos de modo mais abrangente o
2004) pontua como se pode considerar
assunto na próxima aula.
e classificar a pessoa com deficiência.
Não ficará alheio à sua experiência na A saber são pessoas com: deficiência
docência do ensino superior, você receber auditiva, deficiência física, deficiência
um aluno com deficiência na sua sala de intelectual, deficiência múltipla e
aula. A maior questão que você fará a si deficiência visual.
mesmo é: como ajudar tal aluno/a? Isso,
Se ao receber um aluno com deficiência
salvo você ter algum tipo de deficiência e,
você não souber o que fazer, procure
por esta razão, ter mais sensibilidade com
a coordenação do curso ou um colega
este público.
especialista na área para ajudá-lo/a. Pode
194/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas
ser que até algum outro aluno/a possa lhe auxiliar. De qualquer modo, nunca esqueça de incluí-
lo/a. Isso não significa tratar este aluno/a de modo diferente, mas sim pensar em todas as
formas possíveis de fazê-lo/a compreender aquilo que você ensina. É óbvio que isso vale para
toda a turma.
Para lidar com as pessoas com deficiência no dia a dia, segue algumas sugestões. Outras
podem ser identificadas na internet, em sites do governo como este:<http://www.
pessoacomdeficiencia.gov.br/app/acessibilidade/manual-de-orientacao-e-apoio-para-
atendimento-pessoas-com-deficiencia>.

195/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas


Quadro 1: Ações possíveis ao interagir com uma pessoa com deficiência

Tipo de
Atitude Possível
Deficiência
Acene ou toque na pessoa quando quiser se comunicar com ela.

Se souber linguagem de sinais, use-a.

Deficiência Quando estiver conversando mantenha contato visual.


Auditiva
Se a pessoa estiver acompanhada de um interprete fale com ela e não com a outra
pessoa.

Em sala de aula permita que fique próxima a ti.


Se a pessoa estiver sentada, busque se sentar também.
Deficiência
Nunca movimente uma cadeira de rodas sem antes pedir permissão.
Física
Deixe muletas e bengalas sempre próximos da pessoa.
Trate a pessoa de modo normal respeitando sua condição e faixa etária.
Deficiência
Não a ignore e não a superproteja.
Intelectual
Deficiência Intelectual não é doença mental.

196/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas


Sempre identifique-se para que a pessoa saiba que você é.

Quando for prestar atendimento sempre diga o que está fazendo e para onde está
indo (peça para segurar em seu cotovelo se for guia).
Deficiência
Visual Ao responder uma pergunta nunca a faça com gestos ou acenos.

Sempre que se afastar ou sair, avise.

Em sala de aula permita que fique próxima a ti.

3. Inclusão Na Educação Superior

A inclusão na educação superior ganhou corpo em política e textos legais a partir da


constituição federal de 1988. Nas próximas linhas compreenderemos alguns caminhares
históricos de legislações usadas nesta modalidade de ensino em prol das pessoas com
deficiências.
Em 1994 a Portaria 1.793 (BRASIL, 1994), considerou necessário complementar currículo de
formação de docentes e outros profissionais que interagissem com pessoas com deficiências
nas universidades federais.

197/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas


• Em 1996, o Ministério da Educação de ensino superior o documento
promulga o Aviso Circular Nº circular indicou três momentos
277. Este aviso é chave para se para a viabilizar o ingresso desses
pensar a Inclusão de pessoas com candidatos ao 3º grau, são eles:
deficiências no ensino superior. • Na elaboração do edital, para que
O próprio documento reconhecia possa expressar, com clareza, os
que os levantamentos estatísticos recursos que poderão ser utilizados
no Brasil não tinham contemplado pelo vestibulando no momento da
o atendimento educacional aos prova, bem como dos critérios de
portadores de deficiência, e que, correção a serem adotados pela
por esse motivo não se tinham comissão do vestibular;
dados sobre o número de alunos
que concluíam o 2º grau e o número • No momento dos exames
daqueles que ingressariam no ensino vestibulares, quando serão
superior. Destarte a isso, prevendo o providenciadas salas especiais para
aumento desta demanda no Ensino cada tipo de deficiência e a forma
Superior e cedendo a solicitações da adequada de obtenção de respostas
Sociedade e das próprias instituições pelo vestibulando;

198/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas


• No momento da correção das provas, • Utilização de textos ampliados,
quando será necessário considerar lupas ou outros recursos ópticos
as diferenças específicas inerentes especiais para as pessoas com visão
a cada portador de deficiência, para subnormal/reduzida;
que o domínio do conhecimento • Utilização de recursos e
seja aferido por meio de critérios equipamentos específicos para
compatíveis com as características cegos: provas orais e/ou em Braille,
especiais desses alunos. sorobã, máquina de datilografia
• Em adendo a isso também foi comum ou Perkins/Braille, DOS VOX
solicitado a todos os reitores das adaptado ao computador.
universidades que, facilitassem o • Colocação de intérprete no caso
acesso dos portadores de deficiência de Língua de Sinais no processo de
ao 3º grau procedendo quanto à: avaliação dos candidatos surdos;
• Instalação de Bancas Especiais • Flexibilidade nos critérios de correção
contendo, pelo menos, um da redação e das provas discursivas
especialista na área de deficiência do dos candidatos portadores de
candidato; deficiência auditiva, dando relevância

199/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas


ao aspecto semântico da mensagem com o grau de comprometimento do
sobre o aspecto formal e/ou adoção candidato;
de outros mecanismos de avaliação • Criação de um mecanismo que
da sua linguagem em substituição a identifique a deficiência da qual o
prova de redação; candidato é portador, de forma que a
• Adaptação de espaços físicos, comissão do vestibular possa adotar
mobiliário e equipamentos para critérios de avaliação compatíveis
candidatos portadores de deficiência com as características inerentes a
física; essas pessoas.
• Utilização de provas orais ou
uso de computadores e outros Em 1999, o Decreto Federal 3.298, como
equipamentos pelo portador já apresentado, possibilita classificar
de deficiência física com e compreender quais são os tipos de
comprometimento dos membros deficiência no Brasil.
superiores;
Nos anos 2000, o governo brasileiro se
• Ampliação do tempo determinado dedicou mais à questão da diversidade no
para a execução das provas de acordo Ensino Superior. De acordo com Moehlecke

200/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas


(2004, p. 477):

Com relação a permanência no Ensino Superior, as ações abrangem


basicamente, a concessão de bolsas vinculadas à participação em
programas e projetos que promovem uma reflexão sobre políticas
de diversidade [...]. Destacam-se ainda os programas de formação de
professores abrangendo temas como educação indígena, a educação de
gênero e a orientação sexual e as relações étnico-raciais.
Tudo isso pode ser explicado em virtude das políticas de ampliação do Ensino Superior que tem
em suas ações, não apenas as pessoas com deficiências, mas os grupos minoritários sob a ótica
da diversidade.
De início, as mudanças se deram para o ingresso na educação superior, ocorrem por meio das
notas obtidas no ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio. As notas obtidas neste exame
auxiliam ao candidato a requerer bolsas do FIES, bem como, solicitar ingresso em universidades
pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) ou mesmo na Universidade Aberta do Brasil (UAB), na
modalidade a distância.

201/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas


Como mencionado na aula anterior, o complementares: autoavaliação, avaliação
Decreto 5773/2006 (BRASIL, 2006) dispôs externa, ENADE, Avaliação dos Cursos de
sobre a regulação, supervisão e avaliação Graduação e instrumentos de informação
dos cursos em nível superior. Com ele (censo e cadastro). Os resultados das
vieram programas governamentais avaliações possibilitam traçar um
específicos ao ensino superior. São eles: panorama da qualidade dos cursos e
O SINAES, que foi criado pela Lei n° instituições de educação superior no país.
10.861/2004 (BRASIL, 2004) e é formado Os processos avaliativos são coordenados
por três componentes principais: a e supervisionados pela Comissão Nacional
avaliação das instituições, dos cursos e do de Avaliação da Educação Superior
desempenho dos estudantes. O Sistema (CONAES). A operacionalização é de
avalia todos os aspectos que giram responsabilidade do INEP.
em torno desses três eixos: o ensino, a As informações obtidas com o SINAES
pesquisa, a extensão, a responsabilidade são utilizadas pelas IES, para orientação
social, o desempenho dos alunos, a da sua eficácia institucional e efetividade
gestão da instituição, o corpo docente, as acadêmica e social; pelos órgãos
instalações e vários outros aspectos. governamentais para orientar políticas
Possui uma série de instrumentos públicas e pelos estudantes, pais de alunos,
202/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas
instituições acadêmicas e público em geral. que integram o Plano de Desenvolvimento
O PROUNI – Programa Universidade Para da Educação (PDE). Com ele, o governo
Todos, foi institucionalizado pela Lei federal adotou uma série de medidas para
Federal N.º 11.096/2005 (BRASIL, 2005) e retomar o crescimento do ensino superior
tem como finalidade a concessão de bolsas público, criando condições para que as
de estudo integrais e parciais em cursos universidades federais promovessem a
de graduação e sequenciais de formação expansão física, acadêmica e pedagógica
específica, em instituições de ensino da rede federal de educação superior. Os
superior privadas. Ou seja, pesar de ter efeitos da iniciativa podem ser percebidos
uma perspectiva mais social prevê o acesso pelos expressivos números da expansão,
das camadas minoritárias da população iniciada em 2003.
brasileira apenas na esfera privada de Acesse: <http://reuni.mec.gov.br/>
ensino com o auxílio financeiro de bolsas As ações do REUNI contemplam o aumento
de permanência. de vagas nos cursos de graduação, a
Acesse: <http://prouniportal.mec.gov.br/>. ampliação da oferta de cursos noturnos,
O REUNI foi criado pelo Decreto nº 6.096/ a promoção de inovações pedagógicas e
2007 (BRASIL, 2007) e é uma das ações o combate à evasão, entre outras metas
que têm o propósito de diminuir as
203/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas
desigualdades sociais no país. Para finalizar esta aula retomemos as
O Programa mais voltado às pessoas com questões iniciais:
deficiência, entretanto, é o Programa de Qual a necessidades das ações
Acessibilidade na Educação Superior afirmativas?
que propõe ações que garantem o acesso São resgatar direitos não pensados na
pleno de pessoas com deficiência às elaboração de políticas governamentais
instituições federais de ensino superior. que, dentro de um estado democrático,
O Incluir tem como principal objetivo são galgados por movimentos de paz ou
fomentar a criação e a consolidação de manifestações populares.
núcleos de acessibilidade nas IFES, os
quais respondem pela organização de
ações institucionais que garantam a Qual a relação destas ações nas políticas
integração de pessoas com deficiência de inclusão, sobretudo, na Educação
à vida acadêmica, eliminando barreiras Superior?
comportamentais, pedagógicas,
Nos últimos anos as ações afirmativas têm
arquitetônicas e de comunicação.
ganhado espaço na universidade brasileira
Acesse: <http://portal.mec.gov.br/index.
em virtude de direitos advindos das classes
php?Itemid=495>.

204/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas


populares como negros e índios e também em prol das pessoas com deficiência.

Glossário
Braille:  sistema Braille é um processo de escrita e leitura para deficientes visuais baseado
em 64 símbolos em relevo, resultantes da combinação de até seis pontos dispostos em duas
colunas de três pontos cada.
Sorobã: O sorobã é um aparelho de cálculo adaptado para uso de pessoas com deficiência
visual.
DOS VOX: O DOS VOX é um leitor de tela de computador para pessoas com deficiência visual.

205/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas


?
Questão
para
reflexão

Elabore um texto dissertativo se posicionando acerca


da inclusão das pessoas com deficiência na educação
superior brasileira.

206/241
Considerações Finais

»» As ações afirmativas são medidas especiais e temporárias, tomadas ou


determinadas pelo Estado, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo
de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade
de oportunidades e tratamento, bem como de compensar perdas provocadas
pela discriminação e marginalização, decorrentes de motivos raciais, étnicos,
religiosos, de gênero e outros.
»» Não devemos usar palavras como ceguinho, aleijado, mongol, ou coisas do tipo.
O termo correto é “pessoas com deficiência”.
»» A inclusão na educação superior ganhou corpo em política e textos legais a
partir da constituição federal de 1988.
»» O ingresso na educação superior, ocorre, dentre outras formas, por meio das
notas obtidas no ENEM.
»» Com a nota obtida no ENEM o candidato/a pode se candidatar ao FIES em
universidades particulares.
207/248
Considerações Finais
»» O SINAES avalia as IES, seus cursos e do desempenho dos estudantes. O Sistema
avalia todos os aspectos que giram em torno desses três eixos: o ensino, a
pesquisa, a extensão, a responsabilidade social, o desempenho dos alunos, a
gestão da instituição, o corpo docente, as instalações e vários outros aspectos.
»» O PROUNI – Programa Universidade Para Todos, tem como finalidade a
concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação
e sequenciais de formação específica, em instituições de ensino superior
privadas.
»» O REUNI é uma política para retomar o crescimento do ensino superior público,
criando condições para que as universidades federais promovessem a expansão
física, acadêmica e pedagógica da rede federal de educação superior.
»» O INCLUIR - Programa de Acessibilidade na Educação Superior propõe ações
que garantem o acesso pleno de pessoas com deficiência às instituições
federais de ensino superior.

208/248
Referências

BOBBIO, N. A Era dos Direitos. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2004.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado Federal, 1988. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 08 out. 2014.

BRASIL. Leis e Decretos. Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei


no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da
Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências.
DOU 21/12/1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm>
Acesso em: 08 out. 2014.
BRASIL. Leis e Decretos. Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos
10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica,
e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a
promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e
dá outras providências. DOU 03/12/2004. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/
decret/2004/decreto-5296-2-dezembro-2004-534980-norma-pe.html> Acesso em: 08 out. 2014.

BRASIL. Leis e Decretos. Lei Federal nº. 10.861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior – SINAES e dá outras providências. DOU
209/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas
Referências

15/04/2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/


l10.861.htm>. Acesso em: 29 out.2014.

BRASIL. Leis e Decretos. Lei Federal nº 11.096, de 13 de janeiro de 2005. Institui o


Programa Universidade para Todos - PROUNI, regula a atuação de entidades beneficentes
de assistência social no ensino superior; altera a Lei no 10.891, de 9 de julho de 2004, e dá
outras providências. DOU 14/01/2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2004-2006/2005/lei/L11096.htm>. Acesso em 05 nov.2014

BRASIL. Leis e Decretos. Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006. Dispõe sobre o exercício
das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e
cursos superiores de graduação e seqüenciais no sistema federal de ensino. DOU 10/05/2006.
Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/decreton57731.pdf>
Acesso em: 08 out. 2014.
BRASIL. Leis e Decretos. Decreto Federal nº. 6.096, de 24 de abril de 2007. Institui o Programa
de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais - REUNI. DOU
25/04/2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/
decreto/d6096.htm>. Acesso em: 29 out. 2014.

BRASIL. Ministério de Estado da Educação e do Desporto. Portaria N.º 1.793, de dezembro de


210/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas
Referências

1994, Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port1793.pdf>. Acesso em:


29 out.2014
MOEHLECK, S. Ações Afirmativas no Ensino Superior: entre a excelência e a justiça racial. In:
Educação e Sociedade. Vol. 25, nº. 88, especial, Campinas, outubro de 2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/es/v25n88/a06v2588.pdf>. Acesso em: 29 out.2014
PIOVESAN, F. Ações afirmativas sob a perspectiva dos direitos humanos. In: SANTOS, S. A. Ações
afirmativas e combate ao racismo nas Américas. Brasília: Ministério da Educação: UNESCO,
2005.
SANTOS, S. A. Ações afirmativas e combate ao racismo nas Américas. Brasília: Ministério da
Educação: UNESCO, 2005.

211/248 Unidade 7 • Políticas de Inclusão e Ações Afirmativas


Assista a suas aulas

Aula 7 - Tema: Políticas de Inclusão Aula 7 - Tema: Políticas de Inclusão


e Ações Afirmativas – Parte I  e Ações Afirmativas – Parte II.
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/abc-
1d/2e990b682dfa9adf50b052fde908fab7>. dd76cca074cb1482c7788624976ed>.

212/248
Questão 1
1. Assinale a alternativa correta com relação as ações afirmativas:
a) Tem por objetivo afirmar em leis as necessidades de povos privilegiados.
b) Trata-se de aspectos legais para garantir o estado mínimo as pessoas em condição
vulnerável.
c) Determina direitos e deveres para com os excluídos
d) Facilita o diálogo entre governo e sociedade civil na manutenção dos direitos adquiridos
historicamente.
e) O objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a
igualdade de oportunidades e tratamento, bem como de compensar perdas provocadas pela
discriminação e marginalização, decorrentes de motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e
outros.

213/248
Questão 2
2. Assinale a alternativa correta quanto ao termo correto a ser utilizado
com pessoas que tenham alguma limitação física ou sensorial:
a) Pessoas excepcionais.
b) Pessoas com necessidades especiais.
c) Pessoas em situação de limitação.
d) Pessoas com deficiências.
e) Pessoas deficientes.

214/248
Questão 3
3. Assinale a alternativa correta quanto ao PROUNI:
a) tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de
graduação e sequenciais de formação específica, em instituições de ensino superior privadas.
b) tem como finalidade a concessão de apenas bolsas de estudo parciais em cursos de
graduação e sequenciais de formação específica, em instituições de ensino superior privadas.
c) tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de
pós-graduação em instituições de ensino superior privadas.
d) tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de
especialização latu senso, em instituições de ensino superior públicas.
e) tem como finalidade a concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de
pós-doutoramento, em instituições de ensino superior militares.

215/248
Questão 4
4. Assinale a alternativa correta quanto ao REUNI:
a) é uma política para reduzir o crescimento do ensino superior público, criando condições
para que as universidades federais promovam a expansão física, acadêmica e pedagógica da
rede federal de educação superior.
b) é uma política para retomar o crescimento do ensino superior público, criando condições
para que as universidades particulares promovam a expansão física, acadêmica e pedagógica
da rede federal de educação superior.
c) é uma política para retomar o crescimento do ensino superior público, criando condições
para que as universidades federais promovam a expansão física, acadêmica e pedagógica da
rede federal de educação superior.
d) é uma política para retomar o crescimento do ensino superior público, criando condições
para que as universidades federais promovam a expansão territorial, acadêmica e pedagógica
por meio da educação à distância.
e) é uma política para reconciliar o crescimento do ensino superior público com o ensino
superior particular, criando condições para que as universidades tecnológicas promovam a
expansão física, acadêmica e pedagógica da rede federal de educação superior.

216/248
Questão 5
5. Assinale a alternativa correta quanto ao INCLUIR:
a) propõe ações que garantem o acesso por meio de cotas às pessoas com deficiência às
instituições federais e estaduais de ensino superior.
b) propõe ações que garantem 50% das vagas às pessoas com deficiência às instituições
federais de ensino superior.
c) propõe ações que garantem o acesso pleno de pessoas com deficiência às instituições
federais de ensino superior.
d) propõe ações que garantem o acesso pleno de pessoas com deficiência às instituições
federais de ensino superior onde existam educação à distância.
e) propõe ações que garantem o acesso pleno de pessoas com deficiência e pessoas e cotas
raciais às instituições federais, estaduais e particulares de ensino superior.

217/248
Gabarito
1. Resposta: E. do tipo. O termo correto é “pessoas com
deficiência”.
As ações afirmativas são medidas
especiais e temporárias, tomadas ou 3. Resposta: A
determinadas pelo Estado, espontânea
ou compulsoriamente, com o objetivo de O PROUNI – Programa Universidade Para
eliminar desigualdades historicamente Todos, tem como finalidade a concessão
acumuladas, garantindo a igualdade de bolsas de estudo integrais e parciais
de oportunidades e tratamento, bem em cursos de graduação e sequenciais de
como de compensar perdas provocadas formação específica, em instituições de
pela discriminação e marginalização, ensino superior privadas.
decorrentes de motivos raciais, étnicos,
religiosos, de gênero e outros. 4. Resposta:C

2. Resposta: D. O REUNI é uma política para retomar


o crescimento do ensino superior
Não devemos usar palavras como público, criando condições para que as
ceguinho, aleijado, mongol, ou coisas universidades federais promovessem a
expansão física, acadêmica e pedagógica
218/248
Gabarito

da rede federal de educação superior.

5. Resposta: C.

O INCLUIR - Programa de Acessibilidade


na Educação Superior propõe ações que
garantem o acesso pleno de pessoas com
deficiência às instituições federais de
ensino superior.

219/248
Unidade 8
Sistema de Cotas na Universidade Pública

Objetivos

1. Compreender o funcionamento da Lei de Cotas.


2. Conferir os impactos da Lei de Cotas na
Educação Superior.
3. Relacionar a Lei de Cotas com exemplos práticos.

220/248
Introdução

Car@ alun@,
Na aula anterior estudamos as ações afirmativas. Nesta aula estudaremos o sistema de Lei de
Cotas. Tal sistema é derivado das ações afirmativas e é especifico para as pessoas que tiveram
toda a escolarização do ensino médio na escola pública.
Somado a tal condição de benefício estão as pessoas que se enquadram em pelo menos duas
categorias: a) negros, pardos e indígenas e b) pessoas de baixa renda.
A política de cotas, no caso das pessoas em condição racial (índios, negros e pardos), se justifica
dentre outros fatores em virtude do grande período de devastação cultural. Isso aconteceu na
história indígena e das pessoas negras, neste último caso, em justificativa da escravidão no
Brasil Colônia.
A devastação cultural e a humilhação corporal a tais grupos surtiram efeitos culturais e sociais
presentes até à atualidade, sobretudo por terem causado segregação social e mesmo politicas
sanitaristas no início do século XX.
Vale frisar que as pessoas com renda baixa, consideradas pobres ou miseráveis também
derivam de um histórico de exclusão e marginalização.
Dado o exposto a Lei Federal n.º 12.711 de 2012 oficializa o sistema de cotas à Educação

221/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública


Superior e estabelece como critério básico, como já mencionado, a escolarização média ter
ocorrida no sistema público de ensino.
Sendo uma nova etapa de recepção e analise de políticas de equidade e igualdade na Educação
Superior faz-se os seguintes questionamentos:
Quais são as razões para a criação de lei de cotas raciais?
Como esta lei funciona na prática?
Será que a lei, por si apenas vai garantir tais direitos?
Buscaremos compreender e responder tais questionamentos nesta aula. Para isso, um
primeiro tema será o estudo da própria lei e depois iremos analisá-la passo a passo buscando
compreender com exemplos práticos.

1. A Lei Federal N.º 12.711/2012

A Lei de Cotas Raciais, Lei Federal nº 12.711 de 2012 (BRASIL, 2012a) é aplicada às 59
universidades federais e aos 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia para os
alunos que tem origem do ensino médio público, inclusive em escolas militares, em cursos
regulares ou da educação de jovens e adultos. Tal lei garante a reserva de 50% das matrículas
por curso e turno em todas as instituições mencionadas. O restante da porcentagem das vagas
permanece para ampla concorrência.
222/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública
Para se chegar a tal legislação, outras com renda familiar superior a um salário
anteriores foram revogadas como o mínimo e meio. Em todos estes casos,
Decreto Federal n. 7.824 (BRASIL,2012b) e também será respeitado o percentual
a Portaria Normativa nº 18/2012 (BRASIL, mínimo correspondente ao da soma de
2012c) do Ministério da Educação, que pretos, pardos e indígenas na localidade,
estabelecia os conceitos básicos para de acordo com o último censo demográfico
modalidades das reservas de vagas e do IBGE.
fórmulas para cálculo, bem como fixava Como a lei entrou em vigor no ano de
as condições para concorrer às vagas 2012, ela será gradualmente aplicada
reservadas estabelecendo a sistemática de ao ensino superior federal até se chegar
preenchimento das vagas reservadas. ao valor máximo de 50% das cotas nas
Na prática, a lei define a que as vagas universidades até o ano de 2016. Algumas
reservadas às cotas (50% do total de universidades já cumpriram legislações
vagas da instituição) serão subdivididas anteriores e já tinham reservas de cotas,
em: a) metade para estudantes de escolas entretanto, agora, mesmo as que não
públicas com renda familiar bruta igual ou atingiam a porcentagem estabelecida
inferior a um salário mínimo; b) metade deverão se organizar para fazê-lo até 2016.
para estudantes de escolas públicas
223/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública
Link
Tenha mais acesso ao sistema de cotas na
universidade pública acessando o link: <http://
portal.mec.gov.br/cotas/sobre-sistema.
html>.

2. Reflexões Da Lei Na Íntegra

Por se tratar de uma lei muito curta, com apenas 9 artigos, vamos observar caso a caso cada um
deles. Para isso a referida será transcrita a seguir:

Art. 1o  As instituições federais de educação superior vinculadas ao Ministério


da Educação reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de
graduação, por curso e turno, no mínimo 50% (cinquenta por cento) de suas vagas
para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas
públicas.
224/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública
Parágrafo único.  No preenchimento das vagas de que trata o caput deste artigo,
50% (cinquenta por cento) deverão ser reservados aos estudantes oriundos de
famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo (um salário-mínimo e
meio) per capita.

Art. 2o  (VETADO – tratava de coeficiente de rendimento).

Art. 3o  Em cada instituição federal de ensino superior, as vagas de que trata o
art. 1o desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por autodeclarados pretos,
pardos e indígenas, em proporção no mínimo igual à de pretos, pardos e indígenas
na população da unidade da Federação onde está instalada a instituição, segundo o
último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Parágrafo único.  No caso de não preenchimento das vagas segundo os critérios


estabelecidos no caput deste artigo, aquelas remanescentes deverão ser
completadas por estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em
escolas públicas.

Art. 4o  As instituições federais de ensino técnico de nível médio reservarão, em


cada concurso seletivo para ingresso em cada curso, por turno, no mínimo 50%
225/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública
(cinquenta por cento) de suas vagas para estudantes que cursaram integralmente o
ensino fundamental em escolas públicas.

Parágrafo único.  No preenchimento das vagas de que trata o caput deste artigo,


50% (cinquenta por cento) deverão ser reservados aos estudantes oriundos de
famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo (um salário-mínimo e
meio) per capita.

Art. 5o  Em cada instituição federal de ensino técnico de nível médio, as vagas
de que trata o art. 4o desta Lei serão preenchidas, por curso e turno, por
autodeclarados pretos, pardos e indígenas, em proporção no mínimo igual à de
pretos, pardos e indígenas na população da unidade da Federação onde está
instalada a instituição, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).

Parágrafo único.  No caso de não preenchimento das vagas segundo os


critérios estabelecidos no caput deste artigo, aquelas remanescentes deverão
ser preenchidas por estudantes que tenham cursado integralmente o ensino
fundamental em escola pública.

226/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública


Art. 6o  O Ministério da Educação e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial, da Presidência da República, serão responsáveis pelo
acompanhamento e avaliação do programa de que trata esta Lei, ouvida a Fundação
Nacional do Índio (Funai).

Art. 7o  O Poder Executivo promoverá, no prazo de 10 (dez) anos, a contar da


publicação desta Lei, a revisão do programa especial para o acesso de estudantes
pretos, pardos e indígenas, bem como daqueles que tenham cursado integralmente
o ensino médio em escolas públicas, às instituições de educação superior.

Art. 8o  As instituições de que trata o art. 1o desta Lei deverão implementar, no
mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) da reserva de vagas prevista nesta Lei, a cada
ano, e terão o prazo máximo de 4 (quatro) anos, a partir da data de sua publicação,
para o cumprimento integral do disposto nesta Lei.

Art. 9o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. (BRASIL, 2012a).

227/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública


3. Reflexões Da Lei Na Prática

Para compreendermos a Lei Federal n.º 12.711 na prática devemos conferir um exemplo
prático. A figura a seguir nos dá uma ideia do funcionamento da lei.
Figura 1: Sistema Mínimo do Cálculo de Vagas

Fonte: MEC (2015). Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/cotas/sobre-sistema.html >. Acesso em: 20 maio 2015.

228/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública


Do exposto isso significa que do número de vagas destinado a um curso na instituição de
ensino superior pública. Há uma divisão do número de vagas. Estas são preenchidas 50% pelas
cotas e as outras pela demanda geral.
Quando há a divisão na demanda geral, os 50 % deste público ocupam as vagas. No outro caso,
o das cotas, por sua vez, há uma subdivisão entre aqueles que estão acima ou abaixo de 1,5
salários mínimos, mas sendo todos estes os que frequentaram todo o ensino médio na escola
pública. Com os dados do censo do IBGE para cada localidade onde há a vaga, sabe-se qual o
percentual de pessoas em condições raciais. Deste modo, é feito uma outra divisão entre os
candidatos que se declaram negros, pardos e indígenas. No caso de não houver candidatos de
demais vagas, ocupam-se as vagas as pessoas em tais condições.
Compreendamos um exemplo mais prático:

229/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública


Figura 2: Sistema Mínimo do Cálculo de Vagas (exemplo)

Fonte: MEC (2015). Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/cotas/sobre-sistema.html >. Acesso em: 20 maio 2015.

Suponha que exista para o vestibular de uma universidade do Rio de Janeiro, 100 vagas para
230/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública
o curso A. Em acrescimento a isso, há 25 para cada uma. Dessas vagas há outra
informação de que, pelo Censo do IBGE divisão para os que entram na questão
existe população em condição racial na racial de natureza preta, parda ou indígena,
casa dos 52% no Estado. Assim, o curso sendo a outra metade os que vem de
A, pela divisão da cota terá 50% de vagas outras demandas como apenas serem
para candidatos da escola pública e da estudantes da escola pública. Assim, como
demanda geral. não se pode dividir meia pessoa, fica com
Os vestibulares ocorrem a critérios das 13 vagas a lista das demais vagas.
universidades ou com o uso na nota do Vale ressaltar que, para formas de ingresso
ENEM através do SISU. Assim, quando no Ensino Superior, além da Lei de Cotas,
aprovados os candidatos são divididos em há o PROUNI (link: <http://prouniportal.
duas listas, a da reserva de vagas e a das mec.gov.br/> ), o FIES e o ENEM.
vagas gerais, sendo 50 aprovados em cada
uma das listas. 4. Para Não Ficar Muitas Dúvi-
Na lista das condições raciais há uma das
divisão de vagas de 50% entre os que tem
A sistemática para o cálculo da reserva
maior igual ou menor igual 1,5 salário
de vagas pode causar muitas questões
mínimo, ou seja, se há 50 vagas, divide-se
231/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública
específicas. Infelizmente não é possível No caso de um aluno indígena como
uma troca de informação de maneira mais poderei me comunicar, caso o mesmo/a
interativa em nosso curso. Apesar disso, use apenas o dialeto de sua aldeia?
buscaremos compreender outras questões É muito difícil algum sujeito indígena, que
mediante um FAQ. pleiteia uma vaga na universidade, não
saber se expressar na Língua Portuguesa.
Posso considerar negro um candidato/ Mesmo, neste caso, tal como para pessoas
aluno que tenha em documentos a com deficiências sensoriais, se você
informação racial “branca”? não sabe o que fazer busque ajuda nas
instâncias superiores da universidade ou
Pode sim, porém, no que tange a mesmo com colegas que são estudiosos
documentação candidato/aluno pode da sala. De qualquer maneira, busque não
ter que comprovar sua condição. Se seus excluir o sujeito pela sua condição, mas
documentos mostrarem a informação de sim integre-o o mais quanto possível nas
cor “branca”, poderá ter problemas. As atividades da turma.
vezes esta pessoa já é barrada/o no ato da
matrícula. De qualquer modo, nunca negue
a condição que ele se aceita.

232/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública


Se eu perceber que está acontecendo compreensão.
preconceito na sala de aula entre alunos
cotistas e não cotistas, o que fazer?
Se um candidato decide prestar
Em primeiro lugar evite ser simpatizante vestibular por cota, pode tentar também
para um lado ou outro. Busque integrar por ampla concorrência?
a turma e motivar todos a um objetivo
comum. Dependendo da situação busque Sim. Dependendo do edital do vestibular
ajuda e relate à coordenação do curso. da universidade. Porém, essa condição está
prevista no máximo até 2016 ou até que
as universidades tenham contemplado em
Devo tomar algum cuidado especial com seus editais as condições legais.
o aluno que entrou por cotas?
Não! Todos os alunos são seus e tem Se um aluno considerado de baixa renda
as mesmas oportunidades. No caso de estiver tendo dificuldades na minha
handicap ou nível de aprendizagem disciplina, o que posso fazer?
diferentes fique atento para com a sua
própria didática ou mesmo oportunize Em primeiro lugar busque igualar a
a todos outras atividades de fixação e oportunidade para todos, tanto didática

233/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública


quanto de recursos. Acontece as vezes de os demais alunos, sem diferenciação de
professores darem texto muito grande tratamento.
para os alunos e as vezes eles tem que
pagar impressão ou cópia xerox. No caso
de alunos de baixa renda esse pode ser um Posso pedir aos alunos cotistas para
problema. Talvez fosse o caso de rever a sua contar as experiências pessoais deles?
didática e facilitar acesso ao conhecimento Na verdade a melhor opção é conhecer o
de outra maneira. seu aluno para verificar como ele lida com
a sua condição. Não ficar perguntando
especificamente sobre a condição dele é
Devo aplicar provas acessíveis aos alunos lhe garantir respeito. Seria o mesmo que
cotistas? você ficar perguntando coisas apenas para
A resposta é positiva apenas no caso um/a aluno/a. Isso poderia caracterizar
dos alunos com deficiência. É claro que perseguição. Se o aluno, entretanto,
casos à parte podem ser tratados com lidar bem com a situação e no contexto
a coordenação do curso. Entretanto, o de aula você julgar que a experiência
aluno que ingressa à universidade por cota dele agregaria poderia convidá-lo a se
deve ser tratado da mesma maneira que apresentar.

234/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública


Chegando ao final desta aula buscamos da lei. De maneira bem resumida vamos
responder aos questionamentos iniciais: dividindo a porcentagem, respeitando os
dados do IBGE para elencar quantas vagas
por cotas existirão em uma determinada
Quais são as razões para a criação de lei IES.
de cotas raciais?
Como comentado, surge das ações
afirmativas oriundas do século passado Será que a lei, por si apenas vai garantir
e, no caso brasileiro, para amenizar os tais direitos?
efeitos do processo de descolonização As leis de cotas raciais ainda são alvos de
que destruiu a cultura indígena e ceifou os muita polemica. Não cabe a nós entrar no
direitos das pessoas em condição racial. censo comum para se posicionar a favor ou
Por outro lado pela somatória do processo contra. Na teoria ela oportuniza condições
de exclusão da pobreza nacional. para pessoas excluídas socialmente. Na
prática ainda é necessária muita pesquisa
para avaliar avanços ou retrocessos. De
Como esta lei elas funciona na prática? qualquer modo, somos profissionais da
Vimos na prática o sistema de cálculo educação em uma pátria que sempre

235/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública


acolhe a todos os povos, portanto, saber respeitar a nós mesmos é uma grande demonstração
de civilidade.

Glossário
FAQ: Frequently Asked Questions. Do inglês: Perguntas Frequentes.
IBGE: Instituto Brasileiro de geografia Estatística.
SISU: Sistema de Seleção Unificado.

236/248 Unidade 8 • Sistema de Cotas na Universidade Pública


?
Questão
para
reflexão

Elabore um texto se posicionando acerca da lei de cota


racial na Educação Superior se posicionando quanto a
questão da pessoa de baixa renda, do índio e da pessoa
em condição racial negra ou parda.

237/241
Considerações Finais

»» A Lei de Cotas Raciais, Lei Federal nº 12.711/2012 (BRASIL, 2012a), atualmente


é aplicada às 59 universidades federais e aos 38 institutos federais de
educação, ciência e tecnologia para os alunos que tem origem do ensino médio
público, inclusive em escolas militares, em cursos regulares ou da educação de
jovens e adultos.
»» Na prática a lei define que as vagas reservadas às cotas (50% do total de vagas
da instituição).
»» A Lei de cotas se subdivide em: a) metade para estudantes de escolas públicas
com renda familiar bruta igual ou inferior a um salário mínimo; b) metade
para estudantes de escolas públicas com renda familiar superior a um salário
mínimo e meio.
»» Em todos estes casos será respeitado o percentual mínimo correspondente ao
da soma de pretos, pardos e indígenas na localidade, de acordo com o último
censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Referências

BRASIL. Atos do Poder Legislativo. Lei Federal n.º 12.711 de, 29 de agosto de 2012. Dispõe
sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de
nível médio e dá outras providências. Brasília. DOU: 29/08/2012. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm>. Acesso em: 08 jun.2015.

BRASIL. Atos do Poder Executivo. Decreto Federal n.º 7.824 de, 11 de outubro de 2012.
Regulamenta a Lei no 12.711, de 29 de agosto de 2012, que dispõe sobre o ingresso nas
universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio. Brasília.
DOU: 12/08/2012. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cotas/docs/decreto_7824.pdf>.
Acesso em: 08 jun.2015.
BRASIL. Ministério da Educação. Portaria Normativa N. 18, de 11 de outubro de 2012. Dispõe
sobre a implementação de reserva de vagas em instituições federais de ensino de que tratam
a Lei n.º 11.712, de 29 de agosto de 2012 e o Decreto nº. 7.284, de 11 de outubro de 2012.
Brasília. DOU: 19/11/2012. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cotas/docs/portaria_18.
pdf>. Acesso em: 08 jun.2015.

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Questão 1
1. Assinale a alternativa que indique qual a quantidade de vagas reser-
vadas às instituições que seguem a Lei de Cotas Raciais, Lei Federal nº
12.711/2012:
a) 12,5%.
b) 25%.
c) 40%.
d) 50%.
e) 75%.

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Questão 2
2. Assinale a alternativa que indique qual a subdivisão da Lei de Cotas
Raciais, Lei Federal nº 12.711/2012, para a reserva de vagas:
a) I - metade para estudantes de escolas particulares; II - totalidade para estudantes de
escola pública.
b) I - metade para estudantes de escolas particulares com renda familiar bruta igual ou
inferior a um salário mínimo; II - metade para estudantes de escolas particulares com renda
familiar superior a um salário mínimo e meio.
c) I - metade para estudantes de escolas públicas com renda familiar bruta igual ou inferior a
um salário mínimo; II - metade para estudantes de escolas públicas com renda familiar superior
a um salário mínimo e meio.
d) I - totalidade para estudantes de escolas públicas com renda familiar bruta igual ou
inferior a um salário mínimo; II - totalidade para estudantes de escolas públicas com renda
familiar superior a um salário mínimo e meio.
e) I – totalidade para estudantes de escolas públicas com renda familiar bruta igual ou
inferior a um salário mínimo; II - metade para estudantes de escolas públicas com renda
familiar superior a três salários mínimo e meio.

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Questão 3
3. Assinale a alternativa que indique qual o órgão deve ser consultado
para dar aval de correspondente de pretos, pardos e indígenas na locali-
dade de candidatura ao ingresso por sistema de cotas:
a) IBGE.
b) INEP.
c) SINAES.
d) FAPESP.
e) MEC.

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Questão 4
4. Assinale a alternativa que indique qual prazo máximo para as universi-
dades federais tem para cumprir a Lei de Cotas:

a) 2020.
b) 2015.
c) 2016.
d) 2030.
e) 2033.

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Questão 5
5. Se na divisão de vagas da reserva da Lei de Cotas para uma universi-
dade estiver faltando pessoas que entrem na condição de outras vagas
(acima de 1,5 salário mínimo) a quem estas vagas poderão ser direciona-
das? Assinale a alternativa correta:
a) aqueles que se declaram negros, pardos e indígenas.
b) aos que estudaram parcialmente o ensino médio em escola pública.
c) apenas aos negros.
d) apenas aos pardos.
e) apenas aos indígenas.

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Gabarito
1. Resposta: D. percentual mínimo correspondente ao
da soma de pretos, pardos e indígenas na
A Lei de Cotas Raciais, Lei Federal nº localidade, de acordo com o último censo
12.711/2012 define que as vagas demográfico do Instituto Brasileiro de
reservadas às cotas são 50% do total de Geografia e Estatística (IBGE).
vagas da instituição.
4. Resposta: E.
2. Resposta: C.
Como a lei entrou em vigor no ano de
A Lei de cotas se subdivide em: a) metade 2012, ela será gradualmente aplicada
para estudantes de escolas públicas com ao ensino superior federal até se chegar
renda familiar bruta igual ou inferior a um ao valor máximo de 50% das cotas nas
salário mínimo; b) metade para estudantes universidades até o ano de 2016.
de escolas públicas com renda familiar
superior a um salário mínimo e meio. 5. Resposta: A.

3. Resposta: A. Quando há a divisão na demanda geral,


os 50 % deste público ocupam as vagas.
Em todos estes casos será respeitado o No outro caso, o das cotas, por sua vez,
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Gabarito
há uma subdivisão entre aqueles que
estão acima ou abaixo de 1,5 salários
mínimos, mas sendo todos estes os que
frequentaram todo o ensino médio na
escola pública. Com os dados do censo do
IBGE para cada localidade onde há a vaga,
sabe-se qual o percentual de pessoas em
condições raciais. Deste modo, é feito uma
outra divisão entre os candidatos que se
declaram negros, pardos e indígenas. No
caso de não houver candidatos de demais
vagas, ocupam-se as vagas as pessoas em
tais condições.

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