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Resumo:
Este artigo tem por objetivo oferecer uma leitura do famoso texto Formas que precederam a
produção capitalista, de Marx, sob a ótica de questões de interesse para o estudo do mercado
mundial. Primeiro, nos perguntamos quanto à existência de preconceito eurocêntrico no Formas,
através da postulação de um modelo unilinear para o desenvolvimento histórico. Após oferecermos
uma resposta negativa a esta primeira pergunta, nos sentimos impelidos a oferecer uma avaliação da
posição segundo a qual o Formas representaria um momento de ruptura na obra de Marx,
exatamente no que diz respeito à questão acima. Expressamos a nossa insatisfação com essa
hipótese, tendo por base escritos anteriores de Marx, como A Ideologia Alemã, escrito em co-autoria
com Engels, que servem de base para a demonstração de uma notável unidade na teoria da história
marxiana desde a década de 1840 até os famosos escritos sobre a Rússia em seus últimos anos.
Palavras-chave: Mercado mundial; teoria da história; periferia; sociedades pré-capitalistas;
marxismo.
Abstract:
This paper has the aim of offering a interpretation of Marx's Forms which precede capitalist
production under the perspective of questions of interest for understanding the world market. First,
we deal with the question of wetter or not the text contains eurocentric prejudices such as a defense
of an unilinear model of historical development. After rejecting this hypothesis we offer an answer
for the hypothesis that Forms constitutes a turning point in Marx's works in respect to the previous
question. We reject such hypothesis on the basis of Marx's previous writings such as The German
Ideology, in collaboration with Engels, that shows an outstanding unity in his works since then till
his writings about Russia in his last years.
Key-words: World market; theory of history; periphery; pre-capitalist societies; marxism.
Introdução
Este artigo tem por objetivo oferecer uma leitura do famoso texto Formas que precederam a
produção capitalista1, de Karl Marx, sob a ótica de questões de interesse para o estudo do mercado
mundial. Acreditamos que a obra de Marx constitua o ponto de partida mais fecundo para que sejam
entendidas as complexas inter-relações entre os países que, em linhas gerais, são determinadas pela
forma como estes se inserem na lógica global de acumulação de capital. Para tanto, defendemos a
necessidade do estudo rigoroso do método marxiano, como condição para o engajamento em um
debate tão qualificado e extenso como o que se trava no âmbito do marxismo quanto ao significado
da categoria “mercado mundial” e do qual o atual resgate da teoria marxista da dependência
corresponde um notável exemplo.
Assim, com base no texto em análise jogamos luz sobre questões metodológicas que,
segundo nos parece, correspondem a alguns dos pilares fundamentais do edifício teórico legado por
Marx. O fazemos através da apresentação da nossa leitura do Formas, para a qual remetemos a
importantes autores que nos ajudam a entendê-lo (mesmo quando deles discordamos em um ou
outro aspecto) e a outros textos de Marx.
Tal apresentação serve com preâmbulo para o tratamento de duas questões controversas no
âmbito do marxismo quanto à forma como Marx tratou a relação entre os países centrais do
capitalismo e sua periferia, e sobre como podemos entender essa relação a partir da obra de Marx.
Primeiro, nos perguntamos quanto à existência de preconceito eurocêntrico no Formas, através da
postulação de um modelo unilinear para o desenvolvimento histórico, ou seja, a ideia de que a obra
de Marx postularia a inevitabilidade histórica do desenvolvimento capitalista nos moldes do
ocorrido na Europa ocidental. A resposta negativa a esta questão se baseia nos fundamentos do
materialismo histórico, tal qual apresentado por Marx neste e em outros textos. Em seguida, nos
sentimos impelidos a oferecer uma avaliação da hipótese – levantada por teóricos marxistas
extremamente importantes e com os quais possuímos muitas afinidades teóricas e práticas – de que
o Formas representaria um momento de ruptura na obra de Marx, exatamente no que diz respeito à
questão acima. Isto é, para estes autores até o Fomas a teoria de Marx seria portadora de uma noção
unilinear para o desenvolvimento histórico, tecnologicamente determinista, o que revelaria os
preconceitos eurocêntricos do autor. Expressamos a nossa insatisfação com essa hipótese, tendo por
base escritos anteriores de Marx, como A Ideologia Alemã, em coautoria com Friedrich Engels, que
servem de base para a demonstração de uma notável unidade na obra marxiana no que diz respeito a
essa questão, desde os anos 1840 até os famosos escritos sobre a Rússia em seus últimos anos.
1 Doravante Formas.
Os objetivos do Formas
Em se tratando de entender os objetivos específicos de Marx ao escrever o famoso trecho
Formas que precederam a produção capitalista em seus primeiros esboços de preparação para O
Capital, os Grundrisse, ao menos com relação a um aspecto parece-nos não haver espaço para
muitas dúvidas: desde as primeiras linhas do texto fica claro que não se trata, como pode parecer a
uma leitura apressada, de uma mudança no objeto de estudo de Marx. Não apenas neste texto, como
em toda a sua obra, a sociedade capitalista, em perspectiva histórica e em suas leis imanentes de
movimento, é o alvo. Não é a toa que a primeira frase do texto indica que o estudo (neste caso,
como em todos os Grundrisse, apenas para o auto-esclarecimento do autor, isto é, não para
publicação) diz respeito ao movimento histórico que teve por resultado “a separação do trabalho
livre das condições objetivas de sua realização”. (MARX, 2011, p. 388) Com ainda maior ênfase
Marx afirma algumas páginas à frente:
2 “There are no known examples of an 'ancient' form, as a pristine transition from primitive communalism and
an alternative to the 'Asiatic'”. (WOOD, 2008, p. 82)
tão bem informado sobre essas sociedades quanto os estudos arqueológicos de sua época o
permitiram.
Não obstante, Wood relata alguns problemas na caracterização da forma Germânica.
Segundo a autora:
Mais uma vez foge à nossa capacidade debater os avanços mais recentes da historiografia
sobre modos pré-capitalistas de produção (a esse respeito preferimos confiar nas informações
trazidas por Wood). Devemos, contudo, analisar essas afirmações à luz do texto de Marx. Neste
caso, não nos parece que Marx tenha tratado da forma Germânica como um caso de
desenvolvimento isolado das demais formações sociais, mas que tal impressão possa surgir
mediante o elevado nível de generalidade dos apontamentos de Marx, assim como a impressão de
que a sociedade greco-romana teria emergido do comunalismo tribal como uma alternativa ao modo
oriental. Obviamente que tal nível de abstração está relacionado aos objetivos do texto. A análise de
mais uma passagem de Wood deve nos ajudar na exposição deste argumento. A partir da posição de
que as práticas e instituições relativas à forma Germânica são tidas como precursoras do
feudalismo, afirma a autora:
“To the extent that Marx is concerned with the transition from feudalism to
capitalism, what he says about the feudal form is obviously a matter of some
consequence. (…) Marx's account of feudalism in 'Forms which Precede
Capitalist Production' is perhaps most interesting for what is absent from it.
Although there can be little doubt of his conviction that feudalism led to
capitalism, he has very little to say about the internal dynamics of feudalism
that produced this effect”. (Ibid.)
Apesar de concordarmos que Marx pouco fala sobre isso no Formas, achamos que dita
ausência se explica pelo fato de que tais considerações fogem aos objetivos do texto. Aqui importa
analisar a dinâmica interna dos três modos de produção no que diz respeito à possibilidade da
emergência de uma das condições necessárias para o modo de produção capitalista: a “dupla”
liberdade do trabalho. Ou seja, a análise situa-se em um nível mais elevado de abstração, tendo em
vista a necessidade de se captar, em geral, a tendência à transformação, a partir da lógica interna de
reprodução de um ente social, em outras palavras, como a constante posição das condições de
existência de um determinado conjunto de relação sociais cria, ao mesmo tempo, a sua negação.
Exatamente por isso, a partir do texto, “is not entirely clear what it was in the logic of the Germanic
type that conveyed itself to feudalism or helped to bring it into being”. (Ibid.)3
Por enquanto, notemos que essas observações levam Wood à seguinte conclusão:
Para Wood ao menos até a época da redação dos Grundrisse, Marx identifica-se, portanto,
no que diz respeito à gênese do capitalismo com autores que viam este resultado histórico como a
plena realização de propriedades naturais antes inibidas pelas instituições políticas pré-capitalistas.
A libertação dessas amarras políticas representa, para os economistas políticos clássicos, a vitória
do capitalismo e, ao mesmo tempo, o ponto alto da história da humanidade. Nesse caso, Wood diria
que para Marx, ao menos até 1858, “the whole historical process that culminates in capitalism may
still be driven by some inevitable transhistorical tendency to improve the forces of production
through the division of labour and technological improvement”. (Ibid., p. 86) Na nossa visão,
contudo, tal associação é absolutamente inaceitável! Marx jamais tratou as relações sociais
capitalistas como tendo emergido de supostas propriedades naturais e, portanto, a-históricas, dos
3 Não se pode perder de vista que se tratam de linhas escritas como preparação para o que viria a ser O Capital,
tendo por objetivo o auto-esclarecimento de seu autor. Portanto, mais do que pelo o que está ausente (cuja explicação
pode inclusive obedecer a fatores de ordem não-teórica), o texto deve ser julgado pelo que oferece.
seres humanos. Além disso, pelo menos desde A Ideologia Alemã, a teoria da história proposta por
Marx não comporta nenhum tipo de determinismo tecnológico. Em vez de postular uma relação de
antecedência necessária, única e exaustiva entre as forças de produtivas e relações sociais de
produção, Marx, coerente com seu método dialético, percebe que a determinação recíproca é a
forma adequada para apreender teoricamente essa relação4. Além disso, o lugar das forças
produtivas como momento predominante diz respeito apenas ao seu papel condicionante, de
limitador de possibilidades (por exemplo, não pode haver uma sociedade de classes se o
desenvolvimento das forças produtivas não permite a produção para além das necessidades dos
produtores diretos)5.
Dos três modos de produção considerados, o asiático, apesar de ter sido de longe o mais
controverso, seria aquele cujas observações de Marx seriam as menos problemáticas tendo em vista
a evolução da pesquisa arqueológica e da historiografia sobre essas sociedades em comparação com
a época de Marx, segundo Wood (2008). A autora diz existirem evidências da existência de estados
arcaicos muito próximos do que Marx considerou como modo oriental, mesmo que não se
localizem predominantemente na Ásia.
Parece-nos que esta observação está de acordo com as de Ciro Cardoso (1982) que lembra
que se o termo “modo de produção asiático” surgiu para dar conta das diferenças entre Índia e
China, de um lado, e o mundo capitalista desenvolvido de meados do século XVIII de outro, em
18536, seu uso no Formas, isto é, a ênfase na persistência das comunidades agrárias auto-
subsistentes, torna-o aplicável a outros tipos de sociedades, entre as quais o Egito faraônico. “Em
outros termos, o 'modo de produção asiático' se converte assim, numa das formas possíveis – entre
diversas outras – da passagem de uma sociedade tribal comunitária a uma sociedade de classes e
com Estado desenvolvido”. (CARDOSO, 1982, p. 39) Cardoso vai além ao apontar que diante de
tamanho grau de generalidade da categoria,
“o Egito antigo talvez constitua o caso histórico que melhor reflete tal
modelo, em virtude de um controle mais persistente exercido pelo Estado
sobre as tentativas de formação de uma propriedade privada (a qual existiu,
mas não a ponto de alterar o esquema social básico) e sobre as atividades
4 Falaremos um pouco mais sobre isso abaixo, no entanto deve-se apontar que todas as observações a esse
respeito, aqui e mais à frente no texto, seguem as indicações de André Guimarães Augusto (2011), Marcelo Dias
Carcanholo e André Guimarães Augusto (2013) e Saludjian et alli (2013).
5 Para um tratamento mais completo dessas questões remetemos a Saludjian et alli (2013).
6 “É a 10 de junho que Marx trata pela primeira vez publicamente do modo de produção asiático; ele acabava de
trocar suas ideias a esse respeito com Engels numa carta enviada a 2 de junho, à qual Engels responde a 10 de junho”.
(MANDEL, 1968, p. 121)
artesanais e mercantis”. (Ibid., p. 40)
O texto apresenta argumentos críticos à, assim chamada, “hipótese hidráulica” que, como
sabemos, figura nas primeiras formulações de Marx e Engels sobre o modo de produção asiático
como hipótese explicativa para a notável resistência à transformação social nessas sociedades.
Cardoso aponta que as evidências de queda pronunciada da pluviosidade entre os anos 3300 e 3000
antes de cristo, que teriam tornado tanto a agricultura quanto a criação de gado crescentemente
dependentes da irrigação, faz com que seja “forte a tentação de atribuir a unificação do Egito num
só reino, ocorrida por volta do ano 3000, à necessidade de uma administração centralizada das obras
de irrigação para o bom funcionamento da economia agrícola num país de clima desértico”. (Ibid.,
p. 5) Em primeiro lugar, segundo Cardoso, seriam altamente contestáveis as indicações sobre a
irrigação no Egito Antigo. Por exemplo, apenas a partir do Reino Médio (2040-1640 a.c.) escritos
explícitos tratando da irrigação tornam-se mais abundantes e muitas afirmações a respeito da
importância das obras de irrigação baseiam-se em passagens de autores greco-romanos, ao invés da
Arqueologia ou documentos da época faraônica. (Ibid., p. 7) Além disso, as condições do Egito
Antigo comparativamente às da Mesopotâmia indicam a necessidade de um sistema hidráulico mais
simples para a agricultura irrigada. (pp. 7-8) Em suma:
“A irrigação não pode, (…), ser vista como a causa do surgimento do Estado
centralizado e da civilização egípcia: pelo contrário, um sistema
centralizado de obras hidráulicas para a agricultura irrigada surgiu como um
resultado tardio da existência de um Estado forte. Note-se que o abandono
da 'hipótese hidráulica' não significa que a irrigação não fosse muito
importante. E, inclusive, uma vez instalado um sistema planejado e
centralizado de irrigação, mesmo tardiamente, nas novas condições o
controle institucional unificado da rede de canais e diques acabou por
transformar-se em algo necessário: sua ausência poderia agora provocar
uma catástrofe econômica, já que se tornara difícil voltar à descentralização
anterior”. (Ibid., p. 8)
Dito isto, deve-se notar que a “hipótese hidráulica”, embora muito comum à sua época, fora
abandonada por Marx, ou, ao menos, deixou de figurar nas formulações posteriores a respeito das
características fundamentais de sociedades como esta.
Em seguida, é atacada a tese da “estagnação tecnológica”, segundo a qual a sociedade
egípcia antiga (assim como outras que podem ser incluídas sob a rubrica do modo de produção
asiático) apresentaria uma incapacidade de desenvolver as forças produtivas. Sobre isso, Cardoso
aponta, especialmente, para a ilegitimidade metodológica da comparação histórica com o mundo
contemporâneo. O avanço tecnológico ininterrupto como tendência imanente é uma singularidade
do modo de produção capitalista. “Em todas as sociedades pré-capitalistas, o que temos são fases de
'revolução tecnológica', de surgimento de nova tecnologia, às quais se seguem períodos mais ou
menos longos em que o novo nível técnico é explorado e aperfeiçoado, e se estende a novas
regiões” (Ibid., p. 10). Em outro momento do texto Cardoso afirma que:
7 Maurice Godelier crítica a hipótese da estagnação tecnológica por outro caminho argumentativo: “Se o
aparecimento do Modo de Produção Asiático significa o nascimento de uma primeira estrutura de classes de contornos
ainda indecisos, pode-se supor a existência da apropriação regular de uma parte do trabalho das comunidades por essa
classe, ou seja, a existência de um excedente regular. Do ponto de vista da dinâmica das forças produtivas, a passagem
de uma sociedade ao Modo de Produção Asiático não significaria uma estagnação, mas, ao contrário, atestaria um
progresso das forças produtivas. (…), sob diversas formas, o Modo de Produção Asiático significa, em sua origem, não
o estancamento mas maior progresso das forças produtivas realizado sobre a base das antigas formas comunitárias de
produção”. (GODELIER, 1982, p. 87)
produção capitalista.
Em outros textos, como o The Future Results of British Rule in India, publicado no New
York Daily Tribune a 8 de agosto de 1853, Marx afirma:
Parece-nos que apenas com base na conjuntura com a qual defrontava-se Marx linhas como
essas devem ser julgadas. Aliás, era exatamente essa a sua função como articulista do New York
Daily Tribune: análise da conjuntura internacional. Se a dominação era inevitável, é de se esperar
que o movimento expansivo do capital aprofundasse todas as contradições que trazem a
possibilidade de sua negação. Isto é, de maneira alguma pode-se concluir que o objetivo de Marx
em artigos como o citado fosse o de oferecer elementos para a construção de uma teoria da história.
No entanto, expressões como “destino da humanidade” e “ferramenta inconsciente da história”
parecem, e estão, completamente fora de lugar na teoria de Marx. Referimo-nos não apenas a um
Marx “maduro” que defende a possibilidade de que a obshchina (comuna rural russa)
correspondesse à “alavanca da regeneração social da Rússia”, em carta a Vera Zasulitch a 8 de
março de 1881, mas ao homem de vinte e sete anos que, em parceria com um Engels dois anos mais
moço, assina um texto que contém as seguintes linhas:
É categórica e “juvenil”, portanto, a rejeição de teleologia para a história. Isso não significa,
para esta concepção, que a história seja mero resultado aleatório das práticas humanas, nem que os
seres humanos a façam conscientemente, mas que o modo de reprodução de uma formação social
determina um conjunto de possibilidades históricas, não um resultado previamente determinado.
Essas observações preliminares nos permitem acessar algumas questões de interesse no que
tange ao entendimento expresso por Marx acerca do mercado mundial. Em primeiro lugar, haveria
no Formas algo como um preconceito eurocêntrico no que diz respeito à maneira como Marx trata o
mundo não capitalista, ou algo que indicasse uma visão unilinear para o desenvolvimento histórico?
Em segundo lugar, representaria o Formas um ponto de inflexão na obra do Marx no que diz
respeito à maneira como considera as possibilidades de desenvolvimento para os países que se
inserem de formas diferentes no mercado mundial?
Eurocentrismo no Formas?
Segundo Wood, Marx é muitas vezes acusado de eurocentrismo por sua insistência na
relativa fixidez da forma oriental (WOOD, 2008, p. 80)9. Na teoria de Marx (e isso fica
sobremaneira claro no Formas), é o modo como uma sociedade se constitui, ou seja, reproduz-se,
que determina internamente suas possibilidades de desenvolvimento.
9 Segundo Del Roio (2008) Marx seria herdeiro de uma tradição que desde Montesquieu apresenta o
“despotismo oriental” como uma forma política diferenciada, inferior, perigosa e própria do Oriente (...)” (DEL ROIO,
2008, p. 19) Marx teria talvez atingido o limite das possibilidades de apreensão e abstração deste paradigma sem,
contudo, conseguir abandoná-lo não apenas no Formas como até mesmo em seus trabalhos maduros. (Ibid., p. 35; p.
49)
Portanto, a relativa fixidez da forma asiática é determinada por sua forma peculiar de
reprodução. Assim, é completamente fora de propósito supor que Marx chega a essa conclusão
através da repetição de preconceitos comuns à sua época. Muito pelo contrário, “a coerência interna
e a simplicidade deste tipo de sociedade, o caráter praticamente indestrutível da comunidade de
aldeia, conduzem o modo de produção asiático a um alto grau de estabilidade”, nas palavras de Ciro
Cardoso. (CARDOSO, 1982, p. 39) Já mencionamos a nossa concordância com a crítica à hipótese
da “estagnação tecnológica” a partir da comparação entre modos de produção essencialmente
diversos, tal qual defendida por Cardoso. No que diz respeito, contudo, à análise derivada da
constituição interna dessa sociedade, Cardoso não se furta a afirmar que “uma vez esgotadas as
virtualidades permitidas pelo nível técnico, a sociedade 'asiática' tende à estagnação”. (Ibid.)
Essa “tendência à estagnação” é determinada por alguns fatores: inexistência formal da
propriedade privada, uma vez que apesar dos produtores diretos se comportarem como proprietários
efetivos das condições de trabalho, estas, assim como o excedente criado, pertencem a um Estado
despótico que se situa acima das comunidades de aldeia; o poder do déspota, de fundamentação
religiosa, implica na direção e controle da economia, divisão do trabalho e construção e manutenção
de obras públicas necessárias para a produção das comunidades, além da organização da defesa
interna e o controle sobre a religião; o fato dos escravos, no sentido comum do termo, não
constituírem a base da produção setorial; e a inexistência de comércio e artesanato como atividades
com autonomia suficiente para alterar a ordem social, de maneira que não há um intercâmbio
cidade-campo, mas o fornecimento unilateral de produtos agrícolas para as cidades que constituem
as sedes do poder despótico. (CARDOSO, 2004, pp. 38-39)10. A leitura que Cardoso oferece da
categoria modo de produção asiático, à luz não apenas dos escritos de Marx e Engels, como dos
avanços recentes no estudo destas sociedades, termina por dar razão a Marx quando este afirma, por
exemplo que:
10 Isso é muito diferente do que dizer que essas sociedades não possuem história, ou que são essencialmente
imutáveis. Na verdade, julgamos absolutamente errado considerar que “Indian society has no history at all, at least no
known history” (MARX, 1853), com base no próprio materialismo histórico. Apesar da terminologia equivocada, talvez
devida a certo exagero de Marx na busca de um efeito retórico através de suas famosas metáforas, parece-nos que a
forma mais adequada de interpretar essa passagem seja a partir do fato de que em sociedade tendentes à estagnação, o
resultado mais provável é que revoluções sociais ocorram a partir do contato com outras sociedades. Uma vez que a
dinâmica interna das sociedades de tipo oriental possui características tais que a tornam resistentes à desintegração e a
evolução econômica, o contato com a sociedade capitalista deve levar à sua destruição (como de fato levou). Ou seja, a
suposta “ausência de história” não pode ser senão relativa. Não podemos nos esquecer que o objetivo do texto que
contém a passagem acima é o de avaliar as perspectivas da dominação imperialista britânica sobre a Índia.
na
agricultura; dura mais ainda na complementação oriental de agricultura e
manufatura –, ou seja, quanto mais invariável for o processo efetivo da
apropriação, tanto mais constantes serão as antigas formas de propriedade e,
em decorrência, a comunidade de modo geral. Ali onde já existe a separação
entre os membros da comunidade como proprietários privados de si mesmos
como comunidade urbana e proprietários de território urbano, também já
estão dadas as condições pelas quais o indivíduo singular pode perder sua
propriedade, i.e., a relação dupla que o torna cidadão igual aos demais,
membro da comunidade, e que o torna proprietário. Na forma oriental essa
perda dificilmente é possível, exceto por influências completamente
externas, uma vez que o membro singular da comunidade jamais entra em
uma relação livre com ela, e pela qual ele possa perder seu vínculo (objetivo
econômico com a comunidade). Ele é enraizado. Isso depende também da
associação entre manufatura e agricultura, entre cidade (o povoado) e
campo”. (MARX, 2011, p. 405-406)
Ademais, fica (mais uma vez) claro que a forma como a reprodução das relações sociais
estabelecidas cria, como possibilidade, a negação dessas mesmas relações sociais, é tratada por
Marx como uma lei do desenvolvimento histórico de validade geral. Isto significa que cada
formação social tem seu desenvolvimento condicionado por suas próprias contradições internas.
Marx está aqui especialmente preocupado com a forma como os trabalhadores se relacionam com as
condições objetivas do trabalho. Uma relação que “tem a sua realidade viva em um modo de
produção determinado, um modo de produção que aparece seja como comportamento ativo
determinado em relação à natureza inorgânica, como modo de trabalho determinado (…)”. (Ibid., p.
406) As possibilidades do desenvolvimento histórico são relativas, portanto, a cada modo de
produção particular, cada qual resolvendo-se como uma determinada correspondência entre o grau
de evolução das forças produtivas e as relações sociais de produção subjacentes. “Até certo ponto,
reprodução. Em seguida, converte-se em dissolução”. (Ibid.)
Ao comentar essa forma de analisar o problema da evolução dos modos de produção pré-
capitalistas, Hobsbawn afirma categoricamente tratar-se da tentativa mais sistemática de Marx de
enfrentar o problema do desenvolvimento histórico. (HOBSBAWN, 2006, p. 14) Segundo o
historiador, Marx preocupa-se em estabelecer o mecanismo geral das transformações históricas, isto
é, constrói sua argumentação em alto grau de abstração. Assim:
11 Aricó (1982) situa essa suposta ruptura nos escritos de Marx sobre a Irlanda na década de 1860, enquanto que
Kohan:
Löwy (2013) considera que apenas os escritos sobre a Rússia a partir do final dos anos 1870 a indicariam.
12 Destaque nosso.
13 Anderson menciona Edward Said (1978), Jean-François Lyotard (1979) e Robert Tucker (1978).
periféricos ou pré-capitalistas como seguindo “un poco por detrás” as sociedades economicamente
mais avançadas, como Anderson parece sugerir para escritos anteriores aos Grundrisse, é o mesmo
que chamá-lo de economista do desenvolvimento! Ou seja, assim como para os economistas do
desenvolvimento, o problema do subdesenvolvimento, para Marx, seria o da ausência de
desenvolvimento. O sentido do termo “desenvolvimento” neste autor, contudo, é completamente
diferente, remetendo à afirmação das tendências próprias a uma formação social, mesmo que de
maneira desigual14. Muito mais profícua nos parece a abordagem da teoria marxista da dependência
no que diz respeito à existência de uma relação necessária entre centro e periferia, isto é, entre
países desenvolvidos e subdesenvolvidos, no sentido de que o subdesenvolvimento de uns é
condição para o desenvolvimento econômico de outros, e vice-versa.
A despeito disso, é bastante fecunda a abordagem proposta por Anderson de se ler os
Grundrisse e O Capital a luz dos escritos tardios de Marx, em especial, sobre a Rússia e os
cadernos etnológicos. (ANDERSON, 2010, pp. 1-2) O objetivo seria apontar que esses escritos
tardios confirmam os anteriores, no sentido da demonstrarem a inexistência de determinismo
unilinear. Propomos, contudo, ir-se além. Esses textos confirmam a teoria da história proposta por
um Marx ainda mais moço, como em A Ideologia Alemã, apesar de passagens como a que citamos
acima sobre a Índia. Ou seja, esses escritos posteriores, representam um tratamento mais
pormenorizado e aprofundado de questões que já haviam sido abordadas anteriormente em maior
nível de generalidade. Sendo este o caso, estas devem ser explicadas com base em outra hipótese
que não a existência de suposta ruptura na obra marxiana no que diz respeito à sua teoria da
história. A esse respeito concordamos quando Eric Hobsbawn diz:
14 Isso significa que o entendimento correto do que Marx quer dizer com “desenvolvimento” é a chave para se
entender a seguinte afirmação contida no Prefácio à 1ª edição de O Capital: “O país industrialmente mais desenvolvido
não faz mais do que mostrar ao menos desenvolvido a imagem de seu próprio futuro”. (MARX, 2013, p. 78) Como o
próprio autor explica no mesmo parágrafo trata-se das “leis naturais da produção capitalista (…) que atuam e se
impõem com férrea necessidade”. (Ibid.) Nas palavras de Bianca Imbiriba Bonente: “No caso da sociedade em forma
especificamente capitalista, desenvolvimento significa, seguindo a mesma lógica, a operação das leis que emanam da
organização própria da economia regida pelo capital em sentido extensivo (i.e., para uma porção mais ampla do globo,
submetendo uma quantidade maior de formações sociais e seres humanos) e/ou intensivo (comandando momentos mais
amplos da convivência social, como a atividade artística, esportiva, relações afetivas etc.). O trânsito de um estágio
mais baixo de desenvolvimento para um estágio mais alto significa, portanto, a predominância mais ampla da lógica
capitalista na existência social (e não a passagem do pior ao melhor, como quer que esses estados sejam definidos”.
(BONENTE, 2012, pp. 2-3)
15 Adicionado por nós.
tenha sido simplesmente unilinear, nem o tenha, jamais, encarado como um
mero registro de progresso. Seja como for, nos anos 1857-8 o estudo se
encontrava consideravelmente mais avançado”. (HOBSBAWN, 2006, p. 34)
Kohan concorda que em “1846, cuando tenia apenas veintiocho años, Marx había rechazado
los arrogantes intentos que pretendían explicar toda la historia de la humanidad desde un esquema-
receta de matriz filosófica universal”. (KOHAN, 2003, p. 338) De fato, como já mencionamos de
passagem, Marx rejeita peremptoriamente a proposta de se explicar o processo histórico partindo-se
apenas da história das representações dos seres humanos, à margem dos “verdadeiros
acontecimentos históricos”. (MARX & ENGELS, 2007, p. 45) Desta forma, a filosofia da história
pode oferecer meramente “uma receita ou um esquema com base no qual as épocas históricas
possam ser classificadas”. (Ibid., p. 95) A despeito disso, é justamente esta a acusação que recai
sobre Marx quando se insiste, como fazem Kohan (2003) e Anderson (2010), que até o Formas
haveria uma visão unilinear para o desenvolvimento histórico em Marx.
Muito pelo contrário, o que temos em A Ideologia Alemã é uma concepção da história na
qual a negação de uma formação social depende da práxis humana associada a uma determinada
classe que se impõe como universal, cujas condições necessárias para a transformação são derivadas
da exasperação da contradição entre as forças produtivas e as relações sociais de produção. Nessa
relação as forças produtivas aparecem como momento predominante, pois uma vez que a história é
produto da ação prática de seres humanos, a forma como os seres humanos reproduzem-se, isto é,
mantém-se vivos e perpetuam-se geração após geração, é condição sine qua non da história. Deve-
se ressaltar que tal característica ontológica do ser social está longe de significar que as forças
produtivas representem o momento determinante, no sentido do determinismo tecnológico que
postula a existência de uma relação de precedência única e exaustiva entre forças produtivas e
relações sociais de produção16. As forças produtivas, objetivações das capacidades humanas,
assumem tão somente um papel limitador, isto é, o conjunto de possibilidades que diz respeito ao
movimento histórico depende do grau de desenvolvimento das forças produtivas. Um exemplo
simples pode ser encontrado no fato óbvio de que uma sociedade que se organiza de maneira que
um estamento ou classe não trabalha só pode ser possível após o desenvolvimento das forças
produtivas atingir um nível tal que um indivíduo seja capaz de produzir mais do que ele próprio
consome.
Adicionalmente, as forças produtivas são desde sempre sociais, uma vez que envolvem a
Com base nisso pode-se afirmar que Marx descartaria sem pestanejar certas formulações
marxistas que durante muito tempo exerceram grande influência sobre o pensamento e a práxis
política na América Latina17 defendendo a necessidade de certo desenvolvimento nas forças
produtivas – o desenvolvimento capitalista no sentido econômico atual – como pré-condição para a
transformação das relações sociais no sentido da superação da ordem capitalista. Além disso, a
teoria marxiana da história não dá margem para se postular a determinação dos demais complexos
sociais, a “superestrutura”, pela “base econômica” (na metáfora usada uma única vez por Marx, no
Prefácio da Contribuição à Crítica da Economia Política, mas que virou mantra tanto entre
marxistas quanto entre críticos de Marx). Tão somente a teoria marxiana tem claro que uma vez que
a história parte de indivíduo vivos, reais, é obviamente fundamental a forma como esses indivíduos
se mantém vivos, isto é, a organização econômica da sociedade que, portanto, condiciona os demais
âmbitos da vida social.
18 Poder-se-ia argumentar que dada a demora para responder a carta de Zassulitch e o tamanho dos esboços à
carta em comparação com seu texto final, Marx não estivesse seguro com relação a sua resposta. Contudo, em nenhum
Conclusão
O materialismo histórico, já presente nas obras de um Marx ainda muito jovem e
desenvolvido ao longo de toda a sua vida, é absolutamente incompatível com o determinismo
histórico e o desenvolvimento unilinear (como nas interpretações “etapistas” do marxismo vulgar
do período estalinista), não representando, portanto, uma proposta teórica eurocêntrica, embora seu
autor, um europeu do século XIX estivesse sujeito não apenas ao nível relativamente baixo dos
estudos sobre sociedades pré-capitalistas, como aos preconceitos comuns à sua época. No entanto, a
obra de Marx trata, de fato, do estudo de relações sociais que tiveram a Europa Ocidental como
lugar de gênese, a partir de onde espalharam-se ao redor do mundo, como resultado do movimento
engendrado por suas próprias contradições, amplificadas por essa mesma expansão.
Merece destaque o fato de haver uma clara unidade no pensamento de Marx, ao longo de sua vida,
no que diz respeito à teoria da história. Se essa unidade pode ser contrastada com a evolução das
análises de Marx sobre as possibilidades de desenvolvimento social nos países periféricos, tal fato,
em vez de negar, confirma a rejeição de qualquer determinismo ou unilinearidade no
desenvolvimento histórico na obra do autor, como atesta a compatibilidade entre os escritos sobre a
Rússia da década de 1880 (como a citada carta à Zasulitch e seus rascunhos) e a teoria da história
cujos primeiros e decisivos traços aparecem já em meados dos anos 1840. Concordamos com Henk
Overbeek e Patricio Silva quando nos dizem que essa mudança nos escritos de Marx sobre
economias periféricas representa “una de las pruebas más elocuentes de que Marx nunca fue
prisionero de sus proprias afirmaciones”. (OVERBEEK & SILVA, 1986, p. 125)
Ou seja, seguindo-se a proposta apresentada por Anderson de ler-se os textos de Marx à luz
de seus últimos escritos sobre a Rússia, chegamos à conclusão de que a obra do autor caminha no
sentido da perfeita adequação de suas análises sobre a conjuntura internacional ao materialismo
histórico. Desta feita, podemos rejeitar de antemão às tentativas de imputar ao marxismo a pecha de
etnocêntrico e, portanto, de ser incapaz de dar conta das peculiaridades que dizem respeito às
possibilidades de desenvolvimento das economias periféricas. A tarefa que se impõe, portanto, é a
de se buscar na obra de Marx a chave para se entender o mercado mundial, isto é, as complexas
inter-relações entre países inseridos de maneira diversa na lógica global de acumulação de capital.
Para tanto, parece-nos fundamental seguir o nexo metodológico da forma de apresentação de O
Capital, das abstrações reais mais simples às formas mais complexas correspondentes à realidade
dos esboços há indicação que a resposta seria funadamentalmente diferente! Sabemos que Marx vinha estudando a
Rússia a alguns anos, tendo inclusive aprendido o idioma para ler documentos disponíveis apenas em russo, o que
talvez o tenha levado a se sentir obrigado a oferecer uma resposta mais completa. De qualquer modo, não há qualquer
documento que indique uma resposta diferente do rechaço ao desenvolvimento unilinear.
concreta. Dito de outra forma, faz-se necessário o reconhecimento das mediações teóricas
necessárias entre o processo de acumulação de capital em geral, tal qual em O Capital, e o mercado
mundial.
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