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ROMA – APOGEU E QUEDA

Introdução

A história de Roma Antiga é fascinante em função da cultura desenvolvida e dos avanços


conseguidos por esta civilização. De uma pequena cidade, tornou-se um dos maiores impérios
da antiguidade. Dos romanos, herdamos uma série de características culturais. O direito romano,
até os dias de hoje está presente na cultura ocidental, assim como o latim, que deu origem a
língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola.

Origem de Roma: explicação mitológica

Os romanos explicavam a origem de sua cidade através do mito de Rômulo e Remo. Segundo a
mitologia romana, os gêmeos foram jogados no rio Tibre, na Itália. Resgatados por uma loba,
que os amamentou, foram criados posteriormente por um casal de pastores. Adultos, retornam a
cidade natal de Alba Longa e ganham terras para fundar uma nova cidade que seria Roma.

Origens de Roma : explicação histórica e Monarquia Romana (753 a.C a 509 a.C)

De acordo com os historiadores, a fundação de Roma resulta da mistura de três povos que
foram habitar a região da Península Itálica: gregos, etruscos e italiotas. Desenvolveram na
região uma economia baseada na agricultura e nas atividades pastoris. A sociedade, nesta época,
era formada por patrícios ( nobres proprietários de terras ) e plebeus ( comerciantes, artesãos e
pequenos proprietários ). O sistema político era a monarquia, já que a cidade era governada por
um rei de origem patrícia. A religião neste período era politeísta, adotando deuses semelhantes
aos dos gregos, porém com nomes diferentes. Nas artes destacava-se a pintura de afrescos,
murais decorativos e esculturas com influências gregas.

A LISTA DOS SETE REIS.

A tradição é invariável, citando-os sempre pelos mesmos nomes e a mesma ordem. Esta
invariabilidade na lista dos reis pode levar a supor que se formou muito cedo, provavelmente
muito antes do século III ae, época em que lhe aparecem as primeiras referências nas fontes
literárias. Acresce, a indiciar-lhe a antiguidade, que dos nomes dos seis reis que sucederam a
Rómulo, só um, o de Marcius, é assinalável entre os nomes gentílicos das famílias patrícias
mais influentes nos séculos V e IV ae, o que nos permite excluir a hipótese de haverem sido
essas famílias a inventá-los.
Segundo Kovaliov, ao contrário do que acontece com Rómulo, os nomes dos restantes reis não
se configuram como epónimos, pelo que nada teriam a ver com mitos etiológicos.

RÓMULO.

Além da criação do povoado no Palatino, atribuiu-se a Rómulo a constituição de um senado


com 100 “pais”. Teria sido ainda ele a estabelecer os símbolos da autoridade suprema, os 12
lictores. Sempre segundo a tradição, dividiu o povo em 30 cúrias, designando-as com os nomes
das mulheres sabinas, fundou as 3 tribos, Ramnes, Tities, Luceres, e instituiu um refúgio para os
fugitivos (asylum), procurando assim aumentar a população da cidade. Durante o seu reinado
ter-se-ia dado a fusão com a comunidade sabina, acontecimento que nos é transmitido pela
lenda das sabinas. Necessitando os romanos de mulheres, Rómulo organiza uma grande festa e
convida os vizinhos. Entre os visitantes estão os sabinos, que trouxeram as esposas e as filhas.
No desenrolar da festa, inesperadamente, a juventude romana captura as raparigas. Os pais
fogem para as suas aldeias, estupefactos e ofendidos pela grave violação dos romanos às leis da
hospitalidade. Dali nasceu uma áspera querela com os sabinos do rei Tito Tácio. Porém, na
batalha decisiva, as mulheres sabinas interpuseram-se entre as duas hostes, pacificando os
adversários. Os sabinos juntaram-se aos romanos num Estado único, com Tito Tácio e Rómulo
no poder. À morte de Tito o poder passou a Rómulo. A tradição apresenta duas versões para o
desaparecimento de Rómulo: a de que ascendeu ainda em vida aos céus; e a bem mais prosaica
de que o haveriam assassinado os senadores.

NUMA POMPÍLIO.

Diz a tradição que era um sabino da cidade de Cures. Após a morte de Rómulo é eleito pelo
senado, devido ao seu sentido de justiça. Atribui-se-lhe a organização religiosa romana, com a
criação dos colégios sacerdotais, do calendário, etc. O nome Pompílio parece ser de facto
sabino. E a tradição conta que, chegado a Roma, se estabelece primeiro no Quirinal, fazendo
construir depois para si um palácio na colina de Vélia.

TULO HOSTÍLIO E ANCO MÁRCIO.

Tulo distinguiu-se como guerreiro e destruiu Albalonga, transferindo-lhe a população a Roma.


Deu-lhes o direito de cidade e nomeou senadores os seus notáveis. Terá também combatido
contra Fidena e Veii (Veios) e os sabinos. A destruição de Albalonga é um facto histórico, mas
a tradição apresenta-a misturada com episódios lendários, como o da luta entre Horácios e
Curiáceos, o do cruel castigo do traidor Mécio Fuffécio, etc. Facto histórico é também a
construção do palácio do senado chamado de “Cúria de Hostílio”, edifício que efectivamente
existiu em Roma, sendo considerado um dos mais antigos. Anco seria neto de Numa, portanto,
também sabino. Teria continuado a acção do avô no campo da organização religiosa da cidade e
travado numerosas guerras. Muitos dos episódios atribuídos a Anco são de datas posteriores: o
translado dos habitantes de cidades latinas para o Aventino, a união à cidade do Janículo (colina
da margem direita do Tibre), com a sua inclusão intramuros, a construção do porto de Óstia, etc.
Porém, em traços gerais, a expansão nessa época de Roma em direcção ao mar e sobre a
margem etrusca do Tibre é um facto histórico.

TARQUÍNIO PRISCO. (Prisco = “o Antigo”)

Diz a tradição que, no reinado de Anco Márcio, chegou a Roma, proveniente da cidade de
Tarquínios, um homem rico e enérgico chamado Lucmon (Lucumão), filho do coríntio
Demarato. Estabelecendo-se em Roma, tomou o nome de Lúcio Tarquínio. Rico e de carácter
simpático, à morte de Anco é eleito rei. Tarquínio empreendeu guerras vitoriosas contra os
vizinhos, aumentou de 100 o número dos senadores, instituiu jogos públicos e iniciou a
drenagem das zonas pantanosas da cidade, mandando para tal construir canais. A tradição põe
em evidência a origem etrusca do quinto rei de Roma e diz que o sétimo rei, Lúcio Tarquínio o
Soberbo, era filho de Prisco. Encontraram-se inscrições que confirmam a origem etrusca da
estirpe dos Tarquínios. Na chamada “tumba François”, em Vulci (Etrúria), ao lado de uma das
figuras gravadas na parede, pode ler-se: «Cneve Tarchunies Rumach» (Gneu Tarquínio de
Roma). Em Cere (Caere, também cidade da Etrúria meridional), encontrou-se uma rica tumba
da família dos Tarquínios. Ora, segundo Tito Lívio (I, 60), foi em Cere que se refugiou
Tarquínio o Soberbo, após a sua expulsão de Roma. Somando a isto as numerosas influências
etruscas no idioma, nos costumes, na organização política e religiosa dos romanos, a grande
expansão etrusca no Lácio e na Campânia (Túsculo, Cápua) e a existência em Roma de um
bairro etrusco (tuscus vicus), a maioria dos historiadores contemporâneos aceita a hipótese de
Roma haver sido conquistada pelos etruscos na segunda metade do período dos reis, que ali
terão imposto uma dinastia própria. No entanto, não é provável que o bairro etrusco de Roma
tenha sido extenso, dado que não se encontraram restos de sepulturas etruscas. Por outro lado, o
facto de ali haver uma colónia etrusca não significa que eles dominassem a cidade. Se os
etruscos se houvessem apoderado de Roma por largo tempo, não teriam sido considerados como
estrangeiros pertencentes a uma colónia própria. Ora é assim que a tradição os descreve, como
uma colónia de estrangeiros. Acresce que, segundo a lenda, Tarquínio Prisco veio a Roma
pacificamente.

SÉRVIO TÚLIO.
Seria filho de uma mulher nobre da cidade latina de Cornícolo (Corniculum). Caído prisioneiro
dos romanos ainda em criança, foi criado no palácio de Tarquínio, tendo sabido ganhar a estima
dos cortesãos, dos senadores e do povo. Casou-se com a filha de Tarquínio. Tarquínio é morto
pelos filhos de Anco Márcio e Sérvio toma o poder, com a ajuda da viúva do rei e a aprovação
do senado. Esta é a tradição comum. Mas há uma variante, a do Imperador Cláudio, exposta
num discurso perante o senado (século I da era). Segundo ele, os autores etruscos afirmavam
que Sérvio Túlio era Mastarna, um aventureiro etrusco expulso da Etrúria que se estabeleceu em
Roma, ali chegando a ser rei, depois de haver mudado o seu nome. Em todo o caso, a tradição
atribui a Sérvio Túlio acontecimentos de uma tal importância, e tão concretos, que é difícil
considerá-los como imaginários. É o caso da célebre reforma do censo. Nem tudo será verdade,
mas os traços gerais da sua descrição produzem a impressão dela haver sido bem real. E é de
assinalar que a memória deste rei se manteve muito viva, sobretudo entre os plebeus, que
celebravam todos os meses uma festa em sua honra.

TARQUÍNIO O SOBERBO.

O filho de Tarquínio Prisco conquistou o poder pela força, após matar o sogro (era casado com
a filha de Sérvio Túlio). O seu governo foi de carácter despótico; não atendia aos conselhos do
senado e recorreu à repressão. Após a sua deposição, os etruscos haveriam tentado repô-lo no
trono.

República Romana (509 a.C. a 27 a.C)

Durante o período republicano, o senado Romano ganhou grande poder político. Os senadores,
de origem patrícia, cuidavam das finanças públicas, da administração e da política externa. As
atividades executivas eram exercidas pelos cônsules e pelos tribunos da plebe. A criação dos
tribunos da plebe está ligada às lutas dos plebeus por uma maior participação política e
melhores condições de vida. Em 367 a.C, foi aprovada a Lei Licínia, que garantia a
participação dos plebeus no Consulado (dois cônsules eram eleitos: um patrício e um plebeu).
Esta lei também acabou com a escravidão por dívidas (válida somente para cidadãos romanos).

OS PATRÍCIOS.

A palavra deriva de pater, e o mais provável é que nos inícios fossem chamados patrícios os
que descendiam de pais legítimos e que, por isso, podiam também ter filhos legítimos. Ou seja,
os patrícios ter-se-ão regido pelos costumes do direito paterno (o patriarcado). Segundo esses
costumes, a herança do nome e dos bens transmitia-se por via masculina e os laços de
parentesco válidos eram apenas os que derivavam do pai. Na família patrícia, o pai da família
(pater familias) detinha uma autoridade absoluta sobre todos os familiares, tinha o direito de
castigá-los e o direito de reduzi-los à escravatura. Tinha sobre eles o que os juristas romanos
chamaram “o direito de vida e de morte” (jus vitae necisque). As “gentes” patrícias terão sido
300, segundo a tradição. Distinguiam-se pelo nomen, comum a todos os membros de uma delas.
Em geral, os patrícios romanos usavam três nomes: o nome próprio, praenomen; o nome da
gens; e o nome da família, cognomen. Exemplo: Lúcio (praenomen) Cornélio (nomen
gentilicium) Sila (cognomen). Os patrícios conservaram, por muito tempo, o direito de herança
da gens: os bens do falecido não podiam sair da gens. Tal instituição prova ter existido uma
comunidade de bens entre os membros da gens, sobretudo no que respeita à terra. Aliás, a
tradição afirma que as famílias patrícias dos tempos dos reis só possuíam em propriedade
privada duas jugera de terra (jugerum = 2523 m2; plural: jugera), meio hectare. Tratar-se-ia de
uma parcela adjacente (o horto ou jardim) à terra da gens, dado que a terra de pastoreio ou de
cultivo era propriedade de toda a comunidade patrícia. Sobre esta terra comum as diversas
famílias tinham direitos de posse (o jus possessionis), não possuindo o direito de propriedade
privada. Há outros vestígios da antiga estrutura social da gens patrícia, no culto dos mortos e
nas sepulturas. A tradição assinala que as gentes patrícias tinham, quanto a isso, usos diversos
(vieram, pois, de comunidades de clã diferentes). Por exemplo, Cícero diz que a gens dos
Cornélios enterrava os seus mortos sem os cremar. As gentes patrícias eram também
“exógamas”: aos seus membros não era permitido o matrimónio dentro da gens. Segundo
algumas das fontes, os patrícios dividiam-se nas três tribos de Ramnes, Tities e Luceres.
Durante muito tempo, considerou-se que estas 3 tribos eram compostas pelos elementos
“originários”: uma tribo de sabinos, uma outra de latinos e uma terceira etrusca. Mas tal tese foi
completamente posta de lado. Hoje tende-se para a hipótese delas terem resultado da divisão de
uma única tribo. Essa divisão em três núcleos também se encontra noutras tribos itálicas, como
os úmbrios e os sabinos, e não é muito diferente da que se verificou entre dórios e jónios na
Grécia (as phylai). Sempre segundo a tradição, cada tribo dividia-se em 10 cúrias; cada cúria em
10 décadas (gentes); cada década em 10 famílias. Haveria assim, no total, 30 cúrias, 300 gentes
e 3.000 famílias, o que leva a pensar que esta primeira divisão haja sido intencional, talvez com
finalidade bélica. As fontes referem as cúrias, e a sua existência é confirmada pelo mais antigo
calendário romano. A atender às poucas denominações que nos chegaram, as cúrias teriam já
um carácter territorial. Cada cúria era dirigida por um ancião (curião) e reunia-se num edifício
próprio. Não conhecemos as funções desempenhadas por estas reuniões.

OS CLIENTES.

A palavra “cliente” significa “pessoa obediente”, “dependente” e, com efeito, eles dependiam
dos chefes das diversas gentes e famílias patrícias, a quem chamavam “patrões”, isto é,
“protectores”, “defensores”. Chamava-se clientela ou patronato ao vínculo que unia os patrões
com os clientes. Na base jurídica do vínculo estava o princípio dos serviços recíprocos: o cliente
recebia do patrão a terra e o gado, gozava do seu auxílio perante o tribunal; em troca, estava
obrigado a servir na milícia do patrão e, em alguns casos, também a ajudá-lo financeiramente;
cumpria ainda diversas tarefas que o patrão lhe exigia. O cliente entrava na gens do patrão na
qualidade de membro “júnior”. Tomava parte no culto familiar e nas reuniões das cúrias. Modo
geral, os clientes provinham de grupos económica e socialmente mais débeis: estrangeiros,
libertos, filhos emancipados da autoridade paterna, filhos ilegítimos. No período dos reis e no
primeiro período da República, a clientela foi uma sólida base de apoio social para os patrícios.
A Lei das 12 Tábuas refere-se-lhes: «Patronus si clienti fraudem fecerit, sacer esto» (patrão que
engane o seu cliente, que seja execrado).

OS PLEBEUS.

Os termos plebeius, plebs, são em geral usados com o sentido de “massas”, “povo”.
Diversamente, no período antigo, eles formavam um grupo da população que estava de fora da
organização social dos patrícios e que, por isso, estava fora da comunidade romana. Na última
época da república, também aparecem entre os plebeus a família de tipo patriarcal, a
organização em gens, o uso dos 3 nomes, etc. No período antigo nada disto se verifica.
Enquanto os patrícios viviam no sistema da propriedade social da terra, os plebeus viviam no
sistema da propriedade privada, mas sem acesso à terra. (Já vimos que no início não havia o
direito de propriedade privada sobre a terra, apenas o direito de posse, o jus possessionis; e os
plebeus, “proprietários privados”, não gozavam do jus possessionis. Esta situação de
desfavorecimento social dos privados, no início da desagregação da comunidade primitiva, é
comum. A título de exemplo, veja-se “Os Argonautas do Pacífico” de Malinowski, sobre as
ilhas Trobriand no Pacífico. Ali não há tipo mais desprezível do que o artesão/comerciante,
segundo a opinião geral.) A descendência dos plebeus era chamada incerta proles, o que
significa que não se regiam pelas regras do direito paterno ou, pelo menos, que esse direito não
lhes era oficialmente reconhecido. Gozavam dos direitos civis, portanto, podiam ocupar-se do
comércio e adquirir propriedades (jus commercii) (porém, não a terra “patrícia”). Mas não
gozavam dos direitos políticos, não participavam nas reuniões das cúrias, não estavam
representados no senado e não serviam nas milícias cidadãs (e, assim, não podiam deitar mão ao
despojo de guerra). Os matrimónios entre patrícios e plebeus foram ilegais até meados do século
V ae. Os plebeus tinham templos e santuários próprios.
AS ORIGENS DE PATRÍCIOS E PLEBEUS.

A tradição apresenta dois pontos de vista contraditórios sobre a origem destes grupos sociais.
Segundo o primeiro, só os patrícios eram cidadãos, enquanto que os plebeus formavam a massa
popular. No segundo, os patrícios são os “notáveis”, os “nobres”. As contradições das fontes
geraram numerosas teorias (Ou: à “confusão” das fontes juntou-se a “confusão” dos
historiadores; porém, é da “confusão” que nasce a luz...às vezes). Estas teorias podem dividir-se
em três grandes grupos. O primeiro grupo teve por “pai” o historiador Niebuhr, nos princípios
do século XIX. Os patrícios seriam o núcleo cidadão mais antigo. Já os plebeus eram habitantes
de outras comunidades que se haviam transladado a Roma. Uns terão vindo voluntariamente, os
outros, trazidos à força. O segundo grupo dá particular atenção às características próprias de
cada estrato, afirmando que patrícios e plebeus são originários de duas tribos distintas, uma
tendo submetida a outra. A terceira, a teoria mais difundida, supõe que a divisão terá surgido de
processos económico-sociais. Ambas as classes teriam a mesma origem étnica. Os plebeus
seriam cidadãos originários, tal como os patrícios. Cada uma destas teorias “escolhe” entre as
versões da tradição. Concentra a sua atenção numas, ignorando as outras. Mas as diversas fontes
espelham diferentes estádios na formação destas classes. Por exemplo, a versão que afirma
haverem sido os patrícios os cidadãos originários é mais antiga do que a versão que os designa
como «notáveis».

TEORIA “TOTAL” SOBRE A ORIGEM DE PATRÍCIOS E PLEBEUS.

Tendo em conta o referido, e não “esquecendo” algumas das fontes, podemos tentar dar vida a
uma teoria mais completa sobre a origem das classes romanas. Chamemos-lhe teoria total (diz
Kovaliov). Os patrícios formavam, de facto, o povo romano em pleno gozo dos seus direitos (o
populus romanus). Na sua organização social, fundada na gens, ainda não se evidenciavam
grandes diferenças de fortuna. Os patrícios possuíam a terra, viviam sob o direito patriarcal e,
para resolver os seus problemas, reuniam-se em comícios curiais. Os clientes estavam na sua
dependência directa. Os plebeus, de um modo geral, distinguiam-se dos clientes, se bem que
muitos deles viessem a tornar-se também clientes de famílias patriarcais. A clientela era um
vínculo de dependência privada (directa), enquanto que os plebeus, na expressão de um
historiador, eram «os clientes do Estado» (dependência indirecta dos patrícios, pois que o
Estado era destes). Permanecendo os plebeus fora da organização social das gentes patrícias,
não pertenciam ao populus romanus. Assim, não tinham direito ao jus possessionis no ager
publicus (= “terras públicas”; “terras do Estado”) e estavam privados dos direitos políticos. Os
costumes familiares dos plebeus conservaram restos da consuetudo matriarcal (consuetudo =
direito/uso consuetudinário; direito não escrito; o direito do costume, do uso). As suas mulheres
gozavam, relativamente às patrícias, de uma maior liberdade. O seu estatuto radicalmente
diverso (do estatuto social de patrícios e clientes) leva-nos a supor que seriam, em parte, de uma
origem étnica distinta do patriarcado sabino/latino. Segundo Marr, os termos “plebeu”,
“pelasgo” e “etrusco” tinham um significado equivalente. (Mas Marr era um “criativo”; hoje em
dia os criativos podem identificar-se como “belivados”. Quando ouvir na televisão, ler num
livro, etc., etc., a expressão “I believe”, está certamente na presença de alguém com fé e
imaginação. Exemplos: «Eu “belivo” que encontrei a múmia de Nefertiti»; «Eu “belivo” que
Saddam tem armas de destruição maciça».) É provável que na plebe, nos inícios, houvesse um
grande número de emigrantes vindos da Etrúria. Aliás, a tradição refere precisamente isso.
(Nesta “teoria total” de Kovaliov falta sublinhar um facto comezinho: a capacidade do “homem
patriarcal”de discriminar e maltratar os irmãos “bastardos”, “ilegítimos”. A título de exemplo,
as crianças-bomba contra os russos, no Afeganistão, eram órfãs.) Com o decurso do tempo, os
patrícios foram-se isolando socialmente, transformando-se num pequeno grupo fechado de
nobres que enfrentava a massa crescente dos plebeus. Este processo teve lugar já nos alvores da
República.

A DEMOCRACIA MILITAR.

A comunidade romana da época dos reis apresentava-se como uma cidade-estado primitiva. A
assembleia das tribos por cúrias decidia sobre as questões mais importantes da vida da
comunidade, declarava a guerra e, juntamente com o senado, elegia o rei ou, mais exactamente,
conferia-lhe o poder supremo, o imperium; tratava também dos assuntos judiciais mais graves.
Cada cúria deliberava e decidia separadamente e tinha um voto. A decisão era adoptada pela
maioria das cúrias. O segundo órgão da democracia das tribos era o conselho de anciãos ou
senado (a palavra deriva de senex). Os seus membros eram chamados “pais” (patres). Segundo a
tradição, Rómulo nomeou os primeiros 100 senadores. Tulo Hostílio acrescentou outra centena.
Por fim Tarquínio o Antigo elevou o seu número para 300. De qualquer modo, durante o
período dos reis e nas épocas posteriores até Sila, o número de senadores será de 300. Nos
começos só eram membros do senado os chefes das famílias patrícias. É possível que, mais
tarde, os novos senadores hajam passado a ser nomeados pelo rei. No período entre a morte de
um rei e a eleição do novo, a comunidade era dirigida, por turno, por um dos senadores (período
chamado de interregnum). O senado, formalmente, era um órgão consultivo do rei. Gozava
porém de grande autoridade; em todas as questões importantes o rei devia ouvi-lo. Ao rex (rei),
há que o imaginar no tipo do basileus grego da época homérica, ou seja, bem longe de ser um
monarca absoluto. Seria mais um chefe de tribo não hereditário, eleito vitaliciamente. Era o
chefe militar e esta era a sua principal função. Era também o representante da comunidade ante
os deuses. Detinha uma certa jurisdição, mas pouco sabemos sobre ela. É de sublinhar que o
carácter e a competência dos vários órgãos da democracia militar romana são temas de grande
controvérsia. Também a este respeito a tradição é muito obscura. E só podemos formular
hipóteses gerais, fundadas sobretudo no estudo comparado do material histórico (gregos da
época de Homero, germanos da época de Tácito).

A REFORMA DE SÉRVIO TÚLIO.

Sobre este tema as tradições são particularmente confusas e contraditórias. Contudo a lenda
diz-nos que houve, à época, uma ou várias importantes reformas da organização política e
militar da comunidade. Em primeiro lugar, teria surgido a organização territorial das tribos. A
tribo territorial é a nova unidade administrativa. As tribos territoriais substituem as três velhas
tribos fundadas sobre as gentes. A tradição não nos diz, em qualquer das suas versões, quantas
eram as novas tribos. Mas sabe-se que na cidade havia a Palatina, a Suburana, a Esquilina e a
Colina. Para o exterior os números da tradição variarão entre as 16 e as 26 tribos já numa época
mais avançada. Em segundo lugar, Sérvio Túlio teria dividido toda a população, tanto patrícios
como plebeus, em cinco categorias de possuidores ou classes. Na primeira classe do censo
estavam os que possuíam um património de 100.000 ou mais asses (um lote completo de terras;
talvez de 20 jugera). Os mais ricos desta classe serviam a cavalo e, por isso, eram chamados
“cavaleiros” (equites). Os equites formavam 18 centúrias (6 de patrícios e 12 plebeias; mas isto
já muito mais tarde). Os restantes da primeira classe serviam a pé, com o pesado equipamento
completo da infantaria: elmo, couraça, polainas, escudo, lança e espada. Formavam 80 centúrias
de infantaria pesada. Na segunda classe, os possuidores de 75.000 asses (15 jugera ou 3,75
hectares). Na terceira classe, os que detinham 50.000 asses (meio lote, 10 jugera ou 2,5
hectares). Os da segunda e terceira classe apresentavam-se com armaduras ligeiras, formando ao
todo 40 centúrias (20 centúrias a cada classe). Na quarta classe estavam os que possuíam um
património de 25.000 asses (5 jugera ou 1,25 hectares). Constituíam 20 centúrias. Da quinta
classe, os de património não inferior a 12.500 asses (2,5 jugera), segundo Dionísio. Tito Lívio
diz 11.000 asses. Eram 30 as suas centúrias. Os da quarta e quinta classe não usavam armadura.
Em cada classe, cada um armava-se à sua própria custa e, precisamente por isso, o armamento
diferia de classe para classe. Em todas as classes, metade das centúrias eram compostas de
seniores (homens dos 46 aos 60 anos), a outra metade por juniores (dos 17 aos 45 anos de
idade). As centúrias de seniores normalmente prestavam serviço de guarnição. Os restantes
cidadãos constituíam a infra classem (“classe inferior” ou “os sem classe”). Eram chamados
proletarii (da palavra proles), ou seja, “os que só possuíam os seus filhos”. Eram ainda
chamados capiti censi (recenseados ou contados apenas por “cabeça”; cidadão que só conta no
Estado pelo número de filhos que tem). Estavam excluídos do serviço militar. Apenas uma
centúria era formada pelos proletários. Havia ainda 4 centúrias de operários e músicos militares.
Admitindo os plebeus no exército, era forçoso conceder-lhes alguns direitos políticos. E Sérvio
Túlio tê-lo-á feito pela criação de uma nova forma de assembleia popular, onde participariam
patrícios e plebeus, os comitia centuriata. Cada centúria contava como um voto. Os cidadãos
votavam dentro da sua centúria e as decisões eram tomadas com a aprovação da maioria das
centúrias. Assim, era forçoso que o número de indivíduos em cada centúria variasse de classe
para classe, havendo um menor número de pessoas nas centúrias dos mais ricos. Caso contrário,
teríamos de admitir que em Roma havia mais rico do que pobres ou que os ricos eram mais
numerosos que a classe média, pois que havia 98 centúrias da primeira classe contra as 95
centúrias de todas as outras classes. Os comícios por centúrias acabaram por assumir as funções
mais importantes dos comícios por cúrias (comitia curiata), na declaração da guerra, na eleição
dos magistrados, etc. Se bem que as cúrias tenham continuado a existir, elas perderam a sua
antiga importância. Esta foi, segundo a tradição, a reforma de Sérvio Túlio. Muito do que nela é
referido não é digno de crédito ou pertence a épocas posteriores. Por exemplo, o censo mediante
a avaliação em asses do património. O asse (como lingote) não apareceu antes do século IV, o
que leva a maioria dos historiadores a supor que o censo com base numa quantidade de dinheiro
(não confundir dinheiro com moeda; lingotes de metal já são dinheiro) tenha sido introduzido
por Ápio Cláudio, em 312. E, segundo Diakov, só mais tarde, no decurso do século III, tendo
sofrido uma apreciável desvalorização, o asse passou a ser moeda. De um lingote maciço de
uma libra de cobre, é reduzido a uma ínfima parte desse peso, e será só então que o lote de 20
jugera passou a ser avaliado em 100.000 asses. De início, o censo há-de ter-se baseado na terra
possuída (e no gado, pelo menos). A divisão em cinco classes é pouco verosímil no século VI.
Mas é provável que então os cidadãos tenham sido divididos em duas classes. Aliás, é de
estranhar a semelhança entre a reforma de Sérvio Túlio e as de Sólon e de Clístenes, o que faz
supor ter havido uma “reelaboração” do passado pelos analistas. “Reelaboração” feita com base
na historiografia grega. Em todo o caso, a organização por centúrias (como unidade
administrativa e não como unidade militar táctica, que nunca foi), tal como é descrita pela
tradição, não existiu antes dos finais do século IV. (A centúria nunca foi unidade táctica do
exército. Muito mais tarde, foi uma subdivisão da unidade táctica: o manípulo. Centúria
administrativa era uma “coisa”; centúria que veio a ser a metade de um manípulo “é outra
coisa”.) O que é de admitir: Nos finais do período dos reis, sob o reinado de Sérvio Túlio, os
plebeus terão sido admitidos no exército (militia). Terá sido feita a divisão dos cidadãos com
base na sua riqueza, sendo criadas, provavelmente, duas categorias. Isto levou a que as velhas
unidades sociais gentílicas (que excluíam os plebeus) fossem substituídas por novas unidades
territoriais, originando as novas tribos, segundo os quatro antigos distritos da cidade. Engels:
«Antes de ter sido suprimido em Roma o cargo de rex, foi suprimida a antiga ordem social,
fundada nos laços do sangue, e foi substituída por uma verdadeira Constituição do Estado,
baseada na divisão territorial e nas diferenças de fortuna. A força pública consistia, aqui, no
conjunto dos cidadãos sujeitos ao serviço militar, não apenas contrapostos aos escravos mas
também à classe proletária, excluída do serviço militar e do porte de armas.» Tito Lívio (livro I,
36) diz que já Tarquínio o Antigo queria «acrescentar novas centúrias às dos cavaleiros
recrutadas por Rómulo e denominá-las pelo seu próprio nome». Mas o áugure Attus Navius
declarou que «nesse assunto não eram possíveis inovações sem o consentimento dos deuses».
Ou seja, já Tarquínio tentara a reforma, sendo obrigado pelos patrícios a renunciar a tal. O seu
sucessor, Sérvio, terá conseguido realizá-la. Mas, diz Lívio, os “pais” estavam descontentes por
a terra tomada ao inimigo ser repartida com os plebeus, e este descontentamento terá sido
aproveitado pelo último Tarquínio contra Sérvio Túlio (Lívio, I, 47): «Protegeu os da classe
inferior, a que ele próprio pertencia (dizia Tarquínio aos senadores), e invejando a posição
honorável dos outros, dividiu pelas pessoas mais desprezíveis as terras tomadas aos primeiros
homens do Estado. Impôs aos nobres as obrigações que sempre haviam sido comuns a todos (só
se pode entender como obrigações que antes eram de todos e que passaram a ser apenas exigidas
aos “notáveis”). Ordenou o censo para que se conheça a situação dos ricos e se suscite a inveja,
e para ter à mão a fonte a que recorrer em caso de necessidade, para satisfazer aos ávidos.»

(Vejamos o que diz sobre o assunto Diakov:)

Diakov defende a hipótese de, na época calcolítica e no princípio da idade do bronze, na época
da civilização dos “terramares”, os itálicos estarem ainda no estádio do matriarcado, isto porque
a sua economia rudimentar de caça, pesca, pastoreio do gado miúdo e de agricultura à enxada,
praticada sobretudo pelas mulheres, não poderia originar ainda um direito patriarcal.
Subsistiram traços do totemismo nos nomes de certos povos itálicos e no culto de animais
considerados sagrados. Em Roma, serpentes, gansos e lobos. Dá-se gradualmente a passagem
para uma economia de pastorícia de gado graúdo e de agricultura a arado. Dadas as
características favoráveis de solo e clima, o patriarcado ter-se-á constituído cedo em Itália, no
apogeu da idade do bronze. No Lácio os trabalhos de drenagem haviam sido abandonados, os
pântanos haviam ganho terreno. Os protolatinos constroem lugares de refúgio nas colinas
escarpadas. Segundo a tradição, esses locais eram em número de 30, com os seus cantões
dependentes. O principal era Alba a Longa, um centro religioso, onde os habitantes dos 30
cantões se reuniam na festa comum do Júpiter latino. Os protolatinos viviam no alto dessas
colinas, em cabanas miseráveis, dedicando-se sobretudo à pastorícia e a uma agricultura
primitiva nos vales mais secos. Segundo a tradição, sete aldeias de pastores, dispersas no meio
de uma densa floresta e de pântanos lodosos, cedo fundaram a sua confederação das “sete
colinas”, com a sua cidadela comum no alto do Palatino. Na colina mais próxima do Palatino, a
de Vélia, ergueram o santuário dos antepassados comuns (os penates) e do “lar” público, o
templo circular de Vesta, onde as virgens vestais mantinham perpetuamente aceso o fogo
sagrado. No Aventino terá existido um povoado lígure, que teria sido tomado pela força ainda
antes do ataque a Albalonga (já vimos que há uma tese diferente). Após a destruição de
Albalonga, a festa de Júpiter latino passou a Roma. Segundo alguns historiadores, Roma estaria
então inscrita na lista dos confederados latinos com o nome de Vélia. Desde tempos remotos,
sobre o Tibre, na Salaria via, havia sido construída uma ponte de madeira sob pilares, confiada à
guarda dos “pontífices”. Será esta a origem do colégio religioso homónimo.

O CLÃ ROMANO. PATRÍCIOS E CLIENTES. PLEBEUS.

Desde tempos imemoriais, o povo romano foi uma associação de clãs (gentes). Viviam
economicamente em vaso fechado, isto é, em comunidades que se dedicavam sobretudo à
pastorícia. O solo era considerado propriedade comum do clã, o seu património ou “pátria”
(patria). No início da época patriarcal a propriedade privada limitar-se-ia ao gado, às armas,
jóias, utensílios domésticos e a pequenas hortas de 2 jugera. A terra que não estava no domínio
das gentes era considerada como pertencendo a todo o povo (ager publicus). Os membros de
qualquer gens podiam fazer occupatio de terras do ager publicus, para as cultivarem. Desta
forma tomavam delas possessio. Todos os membros da gens em condições de pegar em armas
tomavam parte na guerra, que assumia a forma de razias nas terras vizinhas, com o objectivo de
recolher saque, gado sobretudo. Havia igualmente que repelir as incursões inimigas do mesmo
tipo. A vendetta era também uma das funções das milícias dos clãs. No clã patriarcal vigorava o
princípio da fraternidade de todos os descendentes de um antepassado comum. O seu túmulo,
geralmente mítico, era um lugar sagrado para a gens, o centro da necrópole do clã e do culto dos
antepassados. Assinalando a sua origem, todos os membros do clã usavam o nome comum,
derivado do nome do antepassado. Os Julii eram os descendentes de Julo, os Claudii de Clausus,
etc. O pater familias, nos tempos mais remotos, aceitava os recém-nascidos na gens, vendia as
filhas para se casarem, bania, dispunha a seu arbítrio dos bens e do trabalho comuns. O
casamento efectuava-se então por rapto ou compra da noiva. As mulheres casadas, como
estrangeiras ao clã, mantinham o nome da sua gens originária e não gozavam de qualquer
direito. Foi-se dando uma diferenciação de fortunas e de prestígio entre as gentes, sendo umas
qualificadas de “maiores” (100, segundo a tradição), as outras como “menores” (no século V
haveria já 160 gentes menores). Também no interior da gens se vai verificando diferenciação.
Os seus chefes (patres), os seus irmãos e filhos, começam a formar uma “aristocracia de berço”.
A sua descendência toma o nome de patrícios (filhos de patres). Aproveitando a sua posição
privilegiada no seio da gens, apropriam-se de terras até então comuns, bem como dos santuários
das gentes. Reduzem os outros membros da gens ao estado de “clientes”. Os clientes recebem o
seu lote de terra das mãos dos patrícios, que consideram como “patrões” (“os que recebem do
pai”). Fazem a guerra sob o seu comando. Ajudam-nos a pagar resgate se são feitos prisioneiros.
Contribuem para o dote das suas filhas (portanto, agora já não se compra a noiva). Os
historiadores divergem de opinião quanto à origem e condição dos plebeus. Ao que parece, a
maioria da plebe terá sido formada pela antiga população do Lácio, que foi subjugada (uma das
três teses que já conhecemos). A ela ter-se-ão juntado colonos vindos de diversos pontos de
Itália. Os plebeus não tinham organização de clã, não viviam em regime comunitário, mas sob o
regime da economia privada familiar. Não praticavam o culto dos antepassados. A sua
divindade principal era Ceres, deusa da fecundidade, cujo templo se erguia no Aventino, fora
das muralhas da cidade. Na sua maioria, os plebeus “sem antepassados” eram pequenos
agricultores. Alguns exerciam ofícios artesanais ou entregavam-se ao comércio miúdo. Sem
acesso às pastagens e às terras aráveis das gentes, por não lhes pertencerem, só podiam arrendar
aos patrícios as terras do ager publicus, pois os patrícios eram os únicos que a elas tinham
acesso (esta tese está em confronto com uma outra, já enunciada: a de que os plebeus
receberiam as suas terras do Estado; eles seriam”clientes do Estado”). Por vezes às terras era
adicionada uma “ajuda” em grãos e gado, que o plebeu tinha de reembolsar. Não servindo nas
milícias, não partilhavam do despojo de guerra. Muitas vezes reduzido à situação de devedor
insolvente, o plebeu era convertido, em virtude do direito antigo, em escravo do seu credor.
Havendo vários credores, diz a Lei das XII Tábuas (III, 6), «poderão partilhar entre si o seu
corpo; cortem-no mais ou menos, que tal não terá consequências legais».

AS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS E A CIVILIZAÇÃO DA ROMA PRIMITIVA.

O rex comandava as milícias reunidas dos clãs. Julgaria também as desavenças, para evitar as
vendettas (mais uma vez, história comparada. Diakov não tem nada na tradição que lhe permita
fazer uma afirmação destas). Eram os grão-sacerdotes das divindades comuns, cujo culto se
relacionava com os fenómenos naturais. Segundo a tradição, os reis governaram em Roma até
510. Os quatro primeiros reis serão apenas do domínio do mito e a história dos seus reinados
pertence à lenda (opinião contrária a de Kovaliov). Já não assim a partir de Tarquínio o Antigo.
Os comitia curiata seriam convocados pelo rex. Aí se decidiam as questões da paz e da guerra,
se adoptavam as leis, admitiam-se novas gentes, etc. No essencial, na Roma primitiva a gestão
dos negócios públicos tinha ainda um carácter patriarcal, comunitário e pré-estadual. Mas já
começam a surgir formas embrionárias de governo, dirigido contra os plebeus e os clientes. A
cultura dos romanos e dos latinos primitivos estava ainda num nível muito baixo. As suas
povoações compunham-se de cabanas redondas, feitas de toros e ramos, com as paredes
revestidas de terra amassada. Ignoravam o uso do torno de oleiro. Vestiam-se, de início, com
peles de animais. Depois apareceram as túnicas e as togas de lã, de fabrico doméstico. O leite e
outros produtos do pastoreio eram a base da sua alimentação. Na religião dominava o animismo,
a crença em inúmeros espíritos. Havia, por exemplo, Janus, o espírito da porta. Potina, o espírito
da bebida. Terminus, o espírito do marco agrário. Havia as almas dos antepassados falecidos:
lares, manes, penates. Havia bruxos, os demónios malfazejos e arteiros, os fantasmas, etc.

O PROGRESSO ECONÓMICO E SOCIAL NO LATIUM E EM ROMA. AS PRIMEIRAS


INFLUÊNCIAS GREGAS.

A partir do século VII a Itália entra na Segunda Idade do Ferro. O uso do ferro irá tornar-se
dominante. Ao mesmo tempo difundir-se-á a olaria, sinal de que o artesanato começa a
diferenciar-se da agricultura. Um novo tipo de habitação, implantada no solo, de forma
quadrada, atesta a passagem para a economia agrícola sedentária O inventário dos objectos
encontrados nas sepulturas sugere o desenvolvimento das trocas. Foram descobertos objectos
em âmbar e marfim, esmaltes e vidrilhos fenícios. Um novo estalão de troca, lingotes de cobre
de certo peso (as libralis), substitui o gado nas funções de dinheiro (O termo pecunia (dinheiro)
deriva de pecus (gado)). O clã patriarcal perde em importância face à economia familiar. Nos
séculos VIII e VII, todo o litoral oeste e o sul da península cobrem-se de uma rede de colónias
gregas. Cumas (Cumae), Régio (Regium), Síbares (Sybaris), Heracleia (Heraclea), Tarento
(Tarentum), entre outras. Na costa oriental e meridional da Sicília essa rede apresentava-se
ainda mais densa. Siracusa era a cidade mais importante da ilha. Na Itália central, muito cedo se
fez sentir a influência da colónia calcídica de Cumas, onde os Etruscos e, através destes, os
latinos, foram buscar o seu alfabeto (que é apenas uma variante do alfabeto de Cálcis). A julgar
pela presença de numerosos fragmentos de cerâmica ática nos sítios arqueológicos, no século V
Atenas há-de ter estado em relação comercial com o Latium e Roma. No início do século V é
construído no Aventino o primeiro templo romano de estilo grego, o templo de Ceres. Na
mesma época, provavelmente, os artistas de Cumas terão fundido para o Capitólio a célebre loba
(segundo uma outra tese, a obra será de origem etrusca).

ROMA SOB O DOMÍNIO DOS REIS CONQUISTADORES ETRUSCOS.

(Diakov é defensor desta tese que, escusado seria dizer, continua a ser discutida.)

Os achados da etruscologia moderna e os trabalhos dos arqueólogos italianos contemporâneos,


Ducati, Pallotino, etc., estabeleceram que, no século VII, os etruscos dominaram uma vasta
zona, englobando o Latium e uma parte considerável da Campânia. As antigas aldeias das “sete
colinas”, agora em poder dos etruscos, são convertidas numa cidade de tipo etrusco, que se torna
a capital da “província” latina da Etrúria. Sob a influência dos vencedores, ter-se-á tornado um
centro artesanal e comercial. Foi rodeada de muralhas e construíram-lhe esgotos. No Capitólio é
edificado, em estilo etrusco, um imponente templo consagrado a Jupiter Optimus Maximus, que
foi o principal santuário romano. Surge um arado mais aperfeiçoado. Surgem também as
técnicas dos ofícios e da construção. E um novo tipo de casa, com átrio. Os lingotes de cobre
como dinheiro. O alfabeto. Começa a usar-se em mais larga escala o trabalho escravo. Sobre a
reforma de Sérvio Túlio: de cinco em cinco anos (lustrum), procedia-se ao recenseamento do
povo e do seu património (census), repartindo-o pelas classes de cidadãos. Provavelmente, os
homens dos ofícios e os comerciantes, não possuindo terra, seriam também capiti censi, tal
como os proletários. O censo, ao que parece, servia também como base para a percepção de
impostos (tributum). Anciãos especialmente designados em cada tribo encarregavam-se da
arrecadação do tributum e do arrolamento das milícias, com base nas “classes” É possível que já
nesta época tenha surgido o germe do que mais tarde vieram a ser os comitia centuriata. No
início não teriam o carácter de assembleias do povo, seriam apenas convocações e revistas
militares.

Formação e Expansão do Império Romano

Após dominar toda a península itálica, os romanos partiram para as conquistas de outros
territórios. Com um exército bem preparado e muitos recursos, venceram os cartagineses,
liderados pelo general Anibal, nas Guerras Púnicas (século III a.C). Esta vitória foi muito
importante, pois garantiu a supremacia romana no Mar Mediterrâneo. Os romanos passaram a
chamar o Mediterrâneo de Mare Nostrum. Após dominar Cartago, Roma ampliou suas
conquistas, dominando a Grécia, o Egito, a Macedônia, a Gália, a Germânia, a Trácia, a Síria e a
Palestina. Com as conquistas, a vida e a estrutura de Roma passaram por significativas
mudanças. O império romano passou a ser muito mais comercial do que agrário. Povos
conquistados foram escravizados ou passaram a pagar impostos para o império. As províncias
(regiões controladas por Roma) renderam grandes recursos para Roma. A capital do Império
Romano enriqueceu e a vida dos romanos mudou.

Principais imperadores romanos : Augusto (27 a.C. - 14 d.C), Tibério (14-37), Caligula (37-
41), Nero (54-68), Marco Aurelio (161-180), Comodus (180-192).

Tibério e Caio Graco

Tibério Graco tomou posse como tribuno da plebe em 134 a.C., enquanto "tudo na República
Romana parecia estar funcionando bem. Houve alguns problemas, aparentemente menores,
como o "incômodo de uma revolta de escravos na Sicília. Ao mesmo tempo, a sociedade
romana era um sistema de classe altamente estratificada, cujas divisões foram borbulhando por
debaixo da superfície. Este sistema consistia de famílias nobres da categoria senatorial,
cavalheiresca ou cidadãos (agrupados em duas ou três classes, dependendo do período de tempo
– onde eram aliados e semi-independentes de Roma, proprietários de terras e homens livres da
plebe), os não-cidadãos que viviam fora do sudoeste da Itália, eram somente escravos. Por lei,
apenas os homens que eram cidadãos podiam votar em certas assembleias e somente alguns
homens que possuíam uma certa quantidade de bens e imóveis podiam servir nas forças
armadas, onde ganhariam prestígio social e benefícios adicionais de cidadania. O governo
repartia grandes extensões de propriedades de terra de fazendas que havia conquistado através
de invasões ou confisco e alugava para os grandes proprietários de terras, cujos escravos
cultivavam a terra, ou sub-arrendavam a agricultores de pequeno porte. Houve alguma
mobilidade social, e o direito de voto foi limitado. A plebe era uma classe social, mas seus
membros tinham suas próprias origens, como um grupo étnico com seu próprio deus, e,
finalmente se era subordinado a um partido político durante a maior parte do período
republicano. Normalmente, o senado possuía um poder exclusivo para passar alguma legislação,
e apenas os membros das classes superiores, como ex-magistrados, eram elegíveis para
concorrerem e servirem no senado. A partir de 133 a.C., Graco tentou aliviar o sofrimento dos
pequenos agricultores deslocados. Ele ignorou o senado romano e aprovou uma lei limitando a
quantidade de terras pertencentes ao Estado que qualquer indivíduo poderia cultivar.[32] Isso
teria resultado no rompimento das grandes plantações mantidas pelos ricos em terras públicas e
cultivadas por escravos. O plano moderado de reforma agrária de Graco foi concebido "para
aumentar o número de cidadãos romanos que possuíam terras e, consequentemente, o número
dos quais potencialmente poderiam qualificar-se como soldados de acordo com sua
classificação no censo." O plano incluía um método para se adquirir um "título fácil", e teve o
objetivo de aumentar a eficiência das terras agrícolas, enquanto distribuía pequenas parcelas de
terra para agricultores arrendatários, seu eleitorado populista.] Graco sabia de um obstáculo,
a lex Hortensia de 287 a.C., que permitia a plebe ignorar as decisões do senado.[32] No entanto, a
tribuna de Marco Otávio usou seu veto para impedir o plano. A escalada na crise aconteceu
quando Graco reuniu sua tribuna para promover um impeachment e remover Marco Otávio, mas
o senado negou possuir fundos necessários para uma reforma agrária. Graco, em seguida, tentou
usar o dinheiro de um fundo de confiança deixado por Átalo III de Pérgamo, mas que o senado
havia bloqueado.[33] Em um ponto, Graco tinha como objetivo "arrastar Otávio da plataforma de
orador."[34] Este ataque violou a Lex sacrata, que proibia as pessoas de menor nível agredir uma
pessoa de classe superior.[34] Uma nova constituição escrita de Roma não foi prejudicada.
Assim, Graco buscou a reeleição para o mandato de um ano, o que era sem precedentes em uma
era de estritos limites de mandatos.[35] Os nobres oligárquicos responderam assassinando
Graco,[36] [37] e distúrbios em massa eclodiram na cidade, em reação ao assassinato. Em vez de
tentar usar o assassinato, o senado usou uma missão do templo de Ceres em Enna (Sicília), para
justificar sua execução. As reformas agrárias foram implementadas apenas parcialmente pela
comissão; seguidores de Graco se uniram tanto na Itália quanto em Cartago.[39] Cerca de nove
anos mais tarde, o irmão de Tibério Graco, Caio, aprovou reformas mais radicais. Além de
liquidar as divídas dos pobres nas colônias de terras conquistadas por Roma, passou a lei
Frumentária (lex frumentaria), o que deu aos pobres o direito de comprarem grãos a preços
subsidiados.[40] No passado, o senado havia eliminado seus rivais políticos, quer através de
comissões especiais ou judiciais ou por meio do senatus consultum ultimum ("último decreto do
senado")Ambos os dispositivos permitiram ao senado contornar os direitos ordinários devido ao
processo que todos os cidadãos possuíam.[43] Alguns dos seguidores de Caio "causaram a morte
de um homem que permitiu que seu rival, Lúcio Opimio suspendesse a constituição de novo
usando o senatus consultum ultimum."[44] Caio fugiu, mas ele também provavelmente foi
assassinado pelos oligarcas. De acordo com uma fonte antiga, Caio não foi morto diretamente
por eles, mas ordenou que seu escravo Filócrates escrevesse em seu testamento, um "assassinato
seguido de suicídio".

Pompeu

Pompeu, o seguinte grande líder a agravar a crise, tomou o cognome de Magnus ("o
Grande").[48] Pompeu, quando jovem, aliou-se aLúcio Cornélio Sula, mas nas eleições de 78
a.C., apoiou Lépido contra a vontade de Sula. Quando Sula morreu mais tarde naquele ano,
Lépido se revoltou, e Pompeu suprimiu sua vontade em nome do senado romano. A carreira de
Pompeu parece ter sido impulsionada pelo desejo de glória militar e desprezo para as
tradicionais restrições políticas.[49] A aristocracia romana desmentiu que estava começando a
temer o jovem general, popular e bem sucedido, mas Pompeu recusou-se a desmantelar suas
legiões até seu pedido ser atendido. O senado concordou relutantemente, concedeu-lhe o título
de procônsul, poderes iguais aos de Quinto Cecílio Metelo Pio, e enviaram-no para
a província da Hispânia.[50] Pompeu dizimou o que restava das tropas de Espártaco em 71 a.C.,
que haviam sido derrotadas por Marco Licínio Crasso.[51] Ele recebeu a maior honraria de
Roma, o triunfo, enquanto Crasso só recebeu a menção honrosa de uma ovação, o que
prejudicou seu orgulho.[52] Em 69 a.C., conquistou a província da Síria, derrotou o rei Tigram
do Reino da Armênia, e o substituiu por um rei fantoche, Seleuco VII. Quatro anos depois, ele
depôs a monarquia, substituindo-o por um governador. Isso não acabou com
os selêucidas,[53] mas trouxe milhares de escravos e povos estranhos,
incluindo judeus para Roma, criando assim uma diáspora judaica. Estes enxames de refugiados,
criaram problemas e discórdias, entre o povo e a aristocracia romana em realocar muitas destas
pessoas em regiões segregadas da república, sem ter que se responsabilizar formalmente por seu
destino. Enquanto muitas das ações imprudentes de Pompeu finalmente aumentaram a discórdia
em Roma, a sua aliança infeliz com Marco Licínio Crasso e Júlio César são citados como sendo
especialmente perigosos para a república.

O triunvirato e a guerra civil de César


O primeiro triunvirato foi a aliança política entre Júlio César, Marco
[54]
Crasso e Pompeu. Diferente do Segundo Triunvirato, o primeiro não tinha nenhum status
oficial; seu esmagador poder na República Romana foi estritamente uma influência não-oficial,
e foi de fato mantida em segredo por algum tempo como parte da politicagem e maquinações
dos triúnviros. O Primeiro Triunvirato foi formado em60 a.C. e durou até a morte de Crasso
em 53 a.C. Crasso e Pompeu haviam sido colegas no consulado desde 70 a.C., quando
legislaram a restauração completa do tribunato do povo (o ditador Lúcio Cornélio Sula havia
retirado todos os direitos dos tribunos do povo, exceto o ius auxiliandi, o direito de resgatar um
plebeu das garras do magistrado patrício). No entanto, desde então, os dois tinham entretido
uma antipatia considerável um para com o outro, cada um acreditando que o outro deveria sair
do seu caminho para aumentar a sua própria reputação à custa de seu colega. César,
artificialmente conciliou os dois amigos, para combinar sua influência para que resultasse em
ele ser eleito cônsul em 59 a.C.Crasso e César já eram amigos, assim, solidificou sua aliança
com Pompeu, lhe dando a sua própria filha Júlia em casamento. A aliança combinada deu
enorme popularidade a César, uma reputação legal para com a influência e riqueza fantásticas
de Crasso dentro daplutocrática Ordem Equestre Romana e igualmente para com a riqueza e
reputação militar de Pompeu. O triunvirato foi mantido em segredo até que o senado obstruiu a
proposta de lei agrária de César, estabelecendo colônias de cidadãos romanos e distribuindo
porções de terras públicas (ager publicus). Ele prontamente trouxe a lei perante os tribunos do
povo, em um discurso que havia sido ladeado por Crasso e Pompeu, revelando assim a aliança.
A lei agrária de César foi aprovada e o triunvirato passou a permitir a eleição
do demagogo Públio Clódio Pulcro como tribuno do povo, livrando-se tanto de Cícero e Catão,
o Jovem, ambos adversários inflexíveis do triunvirato. O triunvirato passou a fazer novos
acordos entre si. O senado premiou Júlio César, como uma afronta aos negócios do triunvirato,
"as madeiras e os caminhos da Itália", como seu território procônsul. César aprovou, através de
sua própria tribuna, sua decisão sobre o assunto, e tornou-se procônsul de ambas as Gálias
(Cisalpina e Transalpina) e de Ilírico, com o comando de quatro legiões por cinco anos; o novo
sogro de César, Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino foi feito cônsul em 58 a.C. Em 56 a.C., os
laços entre os três amigos foram se desgastando.[55] César, primeiro convidou Crasso e depois
Pompeu para uma reunião secreta, a "Conferência de Lucca", para repensar suas estratégias
conjuntas. A reunião renovou a aliança política. Eles concordaram que Pompeu e Crasso
voltariam para o consulado em 55 a.C. Uma vez eleitos, eles estenderiam o comando de César
na Gália por cinco anos. No final de seu ano consular conjunto, Crasso teria a influente e
lucrativa governança da província daSíria e usaria isto como uma base para conquistar a Pártia.
Pompeu manteve a Hispânia sob sua tutela. A aliança permitiu que o triunvirato dominasse
completamente a política romana, mas não iria durar indefinitivamente devido às ambições,
egos e ciúmes dos três; César e Crasso ficaram cada vez mais invejosos um para com o outro,
após os sucessos de César na guerra contra Gália, em que anexou toda a região para Roma. Em
53 a.C. Crasso morreu, fazendo com que a oposição entre Pompeu e Júlio ficasse explícita
Em 50 a.C., o senado liderado por Pompeu, ordenou a César desmantelar suas legiões e retornar
a Roma porque seu mandato como governador da Gália havia terminado.[59] Júlio César pensou
que ele poderia ser processado se entrasse em Roma sem uma imunidade concedida por um
magistrado. Pompeu acusou César de insubordinação e traição. Na luta entre César e Pompeu, o
primeiro sai vitorioso e se auto-proclama Imperador de Roma.

O Segundo Triunvirato

O Segundo Triunvirato foi a política oficial de aliança entre Otaviano, Lépido e Marco Antônio,
formada em 26 de novembro de 43 a.C., com a promulgação da Lei Títia, a adoção que marcou
o fim da República Romana. O triunvirato exerceu dois mandatos de cinco anos, cobrindo o
período entre 43-33 a.C. Diferente do Primeiro Triunvirato, o segundo foi oficial, uma
instituição legalmente constituída, que teve sanção jurídica integral do esmagador poder do
Estado romano e cujo imperium maius superava o de todos os outros magistrados, incluindo os
cônsules. Otaviano, apesar de sua juventude, foi retirado do senado como cônsul sufecto (consul
suffectus), em 43 a.C. Ele havia estado em guerra com Marco Antônio e Lépido no norte da
Itália. Em outubro de 43 a.C., concordaram em se unir e tomar o poder; eles se encontraram
perto de Bonônia (atualmente Bolonha). O triunvirato foi constituído legalmente em 43 a.C.,
como Triúnviros para a Organização do Povo (Triumviri Rei Publicae Constituendae
Consulari Potestate). Possuía autoridade política suprema. O único governo que foi legitimado
como "para confirmar a república", foi a ditadura de Lúcio Cornélio Sula. A única limitação aos
poderes do triunvirato foi a fixação legal do limite de tempo de cinco anos. Uma raridade
histórica do triunvirato foi, com efeito, a direção de três homens com poderes ditatoriais que
incluíam Marco Antônio que, como cônsul em 44 a.C., obteve a Lei Antônio (lex Antonia) que
havia suprimido a ditadura de César e expurgado a constituição da república. Como foi o caso
das ditaduras de Sula e César, os membros do triunvirato não viram nenhuma contradição entre
manter o escritório supraconsular e o consulado simultaneamente (Lépido foi cônsul em 42 a.C.,
Marco Antônio em 34 a.C. e Otaviano em33 a.C.). Após a primeira guerra civil pós-César, seus
assassinos Marco Júnio Bruto e Caio Cássio Longino haviam usurpado o controle da maioria
das províncias orientais, incluindo a Macedônia, Ásia Menor e Síria. Em 42 a.C., Otaviano e
Antônio partiram para a guerra, derrotando Bruto e Cássio, em duas batalhas travadas
em Filipos. Como o primeiro triunvirato, o segundo acabou instável e não podia suportar os
ciúmes internos e ambições. Antônio detestava Otaviano e passou a maior parte de seu tempo
no Oriente, enquanto Lépido favoreceu Antônio, mas sentiu-se obscurecido por ambos os seus
colegas, apesar de ter sucedido César como pontífice máximo (pontifex maximus) em 43
a.C. Consequentemente, Lépido colaborou na campanha de Otaviano contra Sexto
Pompeu (filho de Cneu Pompeu), mas tentaram tomar o controle das legiões vitoriosas de
Otaviano. Otaviano unilateralmente expulsou Lépido do triunvirato, mas permitiu a ele manter
seu pontificado.

Fim da República

Apesar de ter se casado com Otávia, irmã de Otaviano, em 40 a.C. (Otaviano havia se casado
com a enteada de Antônio, Clódia Pulcra três anos antes), Antônio viveu abertamente
em Alexandria com Cleópatra VII do Egito, até mesmo tendo filhos com ela. Como um mestre
da propaganda, Otaviano virou a opinião pública contra seu colega. Quando o segundo mandato
do triunvirato expirou em 33 a.C., Antônio continuou a usar o seu título de triúnviro; Otaviano
optou por se distanciar de Antônio e absteve-se de usar o título. Otaviano obteve ilegalmente os
planos de Antônio, em julho de 32 a.C. e expôs isso para o público romano: ele prometeu
legados substanciais para seus filhos com Cleópatra e instruções para o envio do corpo de
Otaviano para seu enterro em Alexandria. Esta foi a oportunidade de ganhar o sentimento do
povo e incentivar os rumores que se seguiram. Se as pessoas acreditassem que Antônio tinha a
intenção de fazer Cleópatra a rainha de Roma, na virtude de transferir o senado para Alexandria,
então os argumentos estariam a favor de Otaviano.[81] Roma ficou indignada, e
o senado declarou guerra contra Cleópatra, uma distinção importante, porque Otaviano não
queria que o povo romano considerasse esta guerra uma guerra civil. A população de toda a
península Itálica e do resto das províncias ocidentais declararam lealdade diretamente a
Otaviano, e não à República Romana. Embora este fato tenha sido provavelmente uma manobra
política orquestrada por Otaviano, um político brilhante, teve o efeito desejado, ao lhe dar a
opinião pública que ele precisava para levar ao país a uma guerra civil. As forças de Otaviano
derrotaram decisivamente as de Antônio e Cleópatra na Batalha de Ácio na Grécia, em setembro
de 31 a.C., perseguindo-os até o Egito em 30 a.C. Tanto Antônio quanto Cleópatra se
suicidaram em Alexandria (a cronologia egípcia trata Otaviano como o faraó sucessor de
Cleópatra).[1] [2] Em um mês, Otaviano foi nomeado faraó, e o Egito se tornou seu território
pessoal. Apoiado pelo nome de César e a lealdade das tropas de seu pai adotivo, Otaviano
conseguiu terminar o que César havia começado, mas não pôde concluir: a unificação total dos
domínios de Roma sob a autoridade de um único homem. Após a vitória de Otaviano, a
República Romana finalmente estava pronta para sucumbir à autoridade imperial. Embora ainda
havia trabalho a ser feito, a oposição simplesmente não existia em nenhuma forma significativa.
Anos de guerras civis e décadas de conflitos sociais haviam quebrado a vontade de resistência.[

Otaviano torna-se Augusto


Depois do Ácio e da derrota de Marco Antônio e Cleópatra, entre os anos de 30 a 27 a.C.,
Otaviano estava em posição de governar a república inteira sob um principado não
oficial,[83] mas teria que conseguir isso por meio de ganhos incrementais de energia, cortejando
o Senado e o povo romano, sem deixar de preservar as tradições republicanas de Roma, para
que todos notassem que Otaviano não estava aspirando
[83]
uma ditadura ou monarquia. Marchando de volta para Roma, Otaviano e seu melhor
amigo, Marco Agripa foram eleitos como cônsules pelo senado. O senado propôs a Otaviano, o
vencedor das guerras civis romanas, que ele assumisse o controle e o comando das províncias.
A proposta do senado foi a ratificação de um poder extra-constitucional para Otaviano. Através
do senado, Otaviano foi capaz de dar continuidade ao aparecimento de uma constituição ainda
funcional. Fingindo relutância, ele aceitou a responsabilidade de supervisionar as províncias que
eram consideradas instáveis. O controle do senado sob algumas províncias ajudou a manter uma
fachada republicana para o autocrático principado. Além disso, o controle com punho de ferro
por Otaviano das províncias tinha como objetivo assegurar a paz e criar uma estabilidade nunca
antes vista durante o regime republicano, quando generais proeminentes como Pompeu,
conseguiram poderes militares em tempos de crise e instabilidade. Em 16 de janeiro de 27 a.C.,
o senado entregou dois novos títulos, o de Augusto ("Majestade") e príncipe ("Primeiro
Cidadão").[87] Eram títulos de religiosos em vez de autoridade política. De acordo com as
crenças romanas, estes títulos simbolizam um selo de autoridade sobre a humanidade e, de fato,
sobre a natureza, que foi além de qualquer definição constitucional de seu status. Após os
métodos severos empregados na consolidação do controle de Otaviano, a mudança de nome
também serviria para demarcar seu repentino reinado como Augusto do seu reinado de punho de
ferro como Otaviano. Seu novo título de Augusto foi mais favorável do que Rômulo, um título
estilizado em referências aos fundadores de Roma, que simboliza uma "segunda fundação" de
Roma.[88] Os imperadores romanos posteriores, em geral, seriam limitados a estes poderes e
títulos, originalmente concedidos por Augusto, embora muitas vezes, para exibir humildade, os
imperadores recém-nomeados poderiam rejeitar uma ou duas honrarias dadas por Augusto.
Assim como, muitas das vezes, quando seu reinado progredia, os imperadores iam apropriando-
se de todos os títulos, independentemente de terem sido concedidos ou não pelo senado.[89]

O declínio econômico

Durante o seu auge nos séculos I e II, o sistema econômico do Império Romano era o mais
avançado que já havia existido e que viria a existir até a Revolução Industrial. Mas o seu
gradual declínio, durante os séculos III, IV e V, contribuiu enormemente para a queda do
império. A massiva inflação promovida pelos imperadores durante a crise do terceiro
século destruiu a moeda corrente, anulando a prática do cálculo econômico a longo prazo e
consequentemente a acumulação de capital, que somada ao controle estatal da maioria dos
preços teve efeitos desastrosos. Então, Roma começou a ter uma queda pelas demais expansões.
A falta de condições financeiras e a falta de escravos para uso de mão-de-obra em todo o
império geraram tais quedas. Essas medidas tiveram consequências desastrosas pois, com quase
todos preços artificialmente baixos, a lucratividade de qualquer empreendimento comercial foi
anulada, resultando num colapso completo da produção e do comércio em larga escala e da
relativa e complexa divisão do trabalho que existia durante a Pax Romana. A população das
cidades caiu por todo império devido ao colapso comercial e industrial. Enquanto o número de
cidadãos (homens adultos e livres) durante o Principado em Roma era de 320 mil,
em Constantinopla no século V havia apenas oitenta mil cidadãos (25% do número de cidadãos
em Roma). Considerando que em Constantinopla existia um número menor de escravos, isso
poderia resultar em uma população total cinco vezes menor. Os trabalhadores desempregados se
fixaram no campo e tentaram produzir eles mesmos os bens que queriam, desmonetizando a
economia e acabando com a divisão do trabalho, ocorrendo uma drástica redução da
produtividade da economia. Esses fenómenos resultaram na criação do primitivo
sistema feudal baseado na auto-suficiência de pequenos territórios economicamente
independentes. Com seu sistema económico destruído, a produção de armas e a manutenção de
uma força militar defensiva se tornaram infinanciáveis, o que facilitou enormemente as invasões
dos bárbaros.

O declínio cultural

Outra vertente que contribuiu para a sua queda foi a diversificação cultural que Roma se tornou
após o contato com as colônias e com a naturalização dos bárbaros, fato que possibilitou à
população insatisfeita duvidar da influência dos deuses nas decisões políticas, explicação que
legitimava o poder do imperador. O exército descobriu sua importância no sistema romano e
passou a exigir status e melhores remunerações, exigências que o Império não tinha condições
de corresponder. Razões tais nos levam a concluir que a queda do império foi ocasionada por
fatores internos do próprio Império. É lógico que após a consumação do fato fica fácil analisar o
problema, pois estamos fazendo o estudo retrospectivo, e na época do Império, apesar desses
problemas terem sido alertados por alguns Senadores, não se podia prever com situações
hipotéticas o que poderia acontecer, até porque quando esses problemas começaram a aparecer
o Império estava em sua melhor fase. assim ocorreu uma divisão histórica como a monarquia, a
república e o Imperio.

O exército
Em última análise, Roma conquistou o seu império graças às forças das suas legiões. E os seus
exércitos no baixo-império eram muito diferentes do que tinham sido na época da República e
do alto império. Eram tropas inferiores sob todos os aspectos. Para recrutar soldados recorria-se
a vários métodos em simultâneo: voluntários, recrutamento por conscrição (e aí a influência dos
grandes proprietários era determinante, pois não queriam perder os seus melhores homens e
falseavam o sistema), hereditariedade, ou então rusga pura e simples até se preencher as
necessidades. De fato, ao contrário do que se disse por muito tempo, o exército romano
continuou a ser constituído por gente de dentro do império com excepção de algumas unidades:
a barbarização dos quadros no Ocidente só se deu em meados do século V e mesmo assim a
defesa local ficou sempre a cargo dos romanos, mantendo-se algumas unidades romanas
ofensivas. Quanto ao valor do soldado romano, poderia ter perdido algumas das suas
qualidades, mas a realidade é que a guerra se modificou: raramente se travavam grandes
batalhas entre exércitos regulares o que era muito caro para as frágeis estruturas financeiras do
império tardio, mas sim emboscadas e guerrilha que exigia sobretudo flexibilidade e
improvisação e menos automatismo nas formações. Cabe ressaltar que o exército romano era
uma força permanente, e não recrutada de acordo com as necessidades por algum tempo. Logo,
para se manter um grande exército é preciso muito dinheiro e o Ocidente não o tinha, por causa
do declínio econômico que se procedia desde o século III: apesar de ter espremido as províncias
até levar à revolta dos camponeses, sobretudo na península Ibérica e Gália, os imperadores do
Ocidente não conseguiram preservar o seu Estado. Poder-se-ia argumentar que
o Cristianismo enfraquecera o patriotismo romano, mas essa é uma falsa questão; soldados
romanos nunca passaram para o lado do inimigo externo. Entretanto, freqüentemente tendiam a
querer nomear um novo imperador, entrando em conflito contra outras legiões. Isso vinha
acontecendo desde o fim da república, assim que terminou a conscrição por períodos limitados.
No princípio do século V, a maioria do exército romano era ainda constituída por romanos. À
medida que os bárbaros foram entrando pelo império, começou-se a fazer acordos em que eles
deveriam fixar-se num determinado território, recebendo terras e, em troca, ficando a serviço do
imperador para lutar contra seus inimigos, nas tropas auxiliares. Portanto, essa situação de
bárbaros a serviço de Roma já era comum. No entanto, o recrutamento destes, costumava ser
feito por indivíduos treinados, que eram ensinados a falar latim e equipados por oficiais
romanos, tornando-se romanos indistinguíveis na geração seguinte. Na nova situação, eles
vinham em enormes grupos com seus próprios líderes. A consequencia disso foi que as tribos
foram, progressivamente, emancipando-se da tutela romana e formando seus próprios reinos.

O cristianismo
Uma das questões sociológicas muito debatidas ao longo da história é a questão de saber se o
Cristianismo contribuiu ou não para a queda do Império Romano do Ocidente.

 Santo Agostinho, pensador e religioso cristão do século V, refutava esta conexão.


 Edward Gibbon e David Hume, propagadores da ideologia anti-religiosa
do Iluminismo no século XVIII, foram da opinião contrária.

O Cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano em 380, com o


imperador Teodósio I. O Império Romano do Ocidente cairia cerca de 100 anos depois. Entre os
séculos II e III, séculos em que o Cristianismo ganhou cada vez mais adeptos entre os Romanos,
o Império começou a sentir os sinais da crise: foi-se diminuindo o número de escravos,
ocorreram rebeliões nas províncias, a anarquia militar e as invasões bárbaras. Quando se fala em
"sinais da crise" que estariam pretensamente relacionados ao cristianismo, na verdade se fala de
um período extremamente conturbado, no qual o Império chegou a estar muito perto da
derrocada. Por volta de 285, o imperador Diocleciano salvou o Império Romano do colapso,
dando a ele um último fôlego. Tudo isso já ocorria numa época em que os cristãos eram
somente uma minoria marginalizada. A tentativa de responsabilizar o cristianismo pelos fortes
problemas vividos em Roma durante os séculos II e III fica bastante enfraquecida quando se
percebe que mesmo no início do século IV apenas cinco a sete por cento dos romanos tinham se
tornado cristãos; quase todos eles na parte Oriental do império, exatamente o lado que
permanecera mais forte e estruturado durante a crise. Além disso, mesmo na época da queda
definitiva de Roma, o lado oriental continuava sendo o mais cristianizado. E foi esse lado mais
cristão que sobreviveu na forma posteriormente conhecida como Império Bizantino. Se
a Igreja tivera reticências ao serviço militar nos tempos da perseguição, a partir do momento que
o império se tornou cristão considerava um crime grave alguém furtar-se ao seu dever. A pena
por deserção no exército era ser queimado a fogo lento. A Igreja tornou-se fervorosamente
patriótica e romana a ponto de desgostar um neo-pagão como o imperador Juliano, o
Apóstata que achava que os cristãos só deviam poder ensinar coisas relacionadas com o
cristianismo e não cultura clássica. De alguma maneira, aumentou a consistência do império.
Um outro argumento que se apresenta normalmente, é que enquanto o Império pagão fora
tolerante, o cristianismo era intolerante perseguindo pagãos, cristãos
considerados heréticos e judeus. Roma, de fato, fora no início do Cristianismo relativamente
tolerante - se perseguira pontualmente grupos como os cristãos fora por motivos muito
específicos. A recusa dos cristãos em aceitar o culto da divindade do imperador foi com toda
probabilidade a base jurídica da perseguições que se seguiram.[1] A devoção monoteísta dos
cristãos e sua rejeição aos rituais tradicionais deram os motivos adicionais. Depois das
dificuldades do século III, vários imperadores procuraram centralizar mais o Estado, obter um
maior controle dos cidadãos para que deste modo fosse mais fácil mobilizar recursos humanos e
financeiros para defender o fragilizado império, e unificar o império em torno de uma ideologia.
Com Constantino I tornou-se o cristianismo a religião a obter esse monopólio.

Pão e Circo

Com o crescimento urbano vieram também os problemas sociais para Roma. A escravidão
gerou muito desemprego na zona rural, pois muitos camponeses perderam seus empregos. Esta
massa de desempregados migrou para as cidades romanas em busca de empregos e melhores
condições de vida. Receoso de que pudesse acontecer alguma revolta de desempregados, o
imperador criou a política do Pão e Circo. Esta consistia em oferecer aos romanos alimentação e
diversão. Quase todos os dias ocorriam lutas de gladiadores nos estádios ( o mais famoso foi o
Coliseu de Roma ), onde eram distribuídos alimentos. Desta forma, a população carente acabava
esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances de revolta.

Cultura Romana

A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega. Os romanos "copiaram" muitos
aspectos da arte, pintura e arquitetura grega. Os balneários romanos espalharam-se pelas
grandes cidades. Eram locais onde os senadores e membros da aristocracia romana iam para
discutirem política e ampliar seus relacionamentos pessoais. A língua romana era o latim, que
depois de um tempo espalhou-se pelos quatro cantos do império, dando origem na Idade Média,
ao português, francês, italiano e espanhol. A mitologia romana representava formas de
explicação da realidade que os romanos não conseguiam explicar de forma científica. Trata
também da origem de seu povo e da cidade que deu origem ao império. Entre os principais
mitos romanos, podemos destacar: Rômulo e Remo e O rapto de Proserpina.

Religião Romana

Os romanos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. A grande parte dos deuses
romanos foram retirados do panteão grego, porém os nomes originais foram mudados. Muitos
deuses de regiões conquistadas também foram incorporados aos cultos romanos. Os deuses
eram antropomórficos, ou seja, possuíam características ( qualidades e defeitos ) de seres
humanos, além de serem representados em forma humana. Além dos deuses principais, os
romanos cultuavam também os deuses lares. Estes deuses eram cultuados dentro das casas e
protegiam a família. Principais deuses romanos: Júpiter, Juno, Apolo, Marte, Diana, Vênus,
Ceres e Baco.

Crise e decadência do Império Romano


Por volta do século III, o império romano passava por uma enorme crise econômica e política. A
corrupção dentro do governo e os gastos com luxo retiraram recursos para o investimento no
exército romano. Com o fim das conquistas territoriais, diminuiu o número de escravos,
provocando uma queda na produção agrícola. Na mesma proporção, caia o pagamento de
tributos originados das províncias. Em crise e com o exército enfraquecido, as fronteiras
ficavam a cada dia mais desprotegidas. Muitos soldados, sem receber salário, deixavam suas
obrigações militares. Os povos germânicos, tratados como bárbaros pelos romanos, estavam
forçando a penetração pelas fronteiras do norte do império. No ano de 395, o imperador
Teodósio resolve dividir o império em: Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e
Império Romano do Oriente (Império Bizantino), com capital em Constantinopla. Em 476,
chega ao fim o Império Romano do Ocidente, após a invasão de diversos povos bárbaros, entre
eles, visigodos, vândalos, burgúndios, suevos, saxões, ostrogodos, hunos etc. Era o fim da
Antiguidade e início de uma nova época chamada de Idade Média.

Legado Romano

A política interna de Augusto se baseou na unificação do governo romano e nas reformas


econômicas e sociais. Enquanto na política externa, Augusto defendeu uma política de
expansionismo, enquanto mantinha relações diplomáticas com os inimigos de Roma.
Consequentemente, criando estados tampões que foram anexados algum tempo depois. A crise e
posterior queda da República Romana envolveu mais do que eventos ou homens que
participaram deles. Foi o resultado de várias ações individuais, juntamente com as condições
sociais que pesavam sob a sociedade romana. Além disso, a massiva e rápida expansão
de Roma como uma simples aldeia para uma cidade-Estado 700 anos antes da crise, criou
buracos monumentais na capacidade política do senado romano. Os períodos de estabilidade
foram misturados com os períodos de total anarquia e colapso, enquanto poderosos generais ou
agitadores brigavam entre si pelo controle de Roma.[90] Começando com as Guerras Púnicas e
a conquista romana da Itália, seguida pela importação massiva de escravos, a situação da vida
romana estava mudando muito mais rapidamente do que suas instituições poderiam lidar. A luta
política foi e sempre será um traço comum em qualquer sistema de governo, mas até mesmo as
grandes figuras romanas foram vítimas de seus caprichos políticos. A instabilidade social que
resultou nas desigualdades no sistema de classes deu lugar aos demagogos, como os
irmãos Tibério e Caio Graco. O uso das assembleias dos cidadãos para assuntos de interesse
popular rasgaram a própria estrutura do poder senatorial.[90] Enquanto a tradição e alguma
aparência de poder ficariam, a base de governo sob uma única figura era uma exigência para
continuar o avanço de Roma. Foi Augusto que provou ser um homem capaz o suficiente para
controlar e limitar o senado romano, o povo e as legiões. Augusto se sobressaiu acima de todas
as grandes figuras romanas antes dele para durar mais que seus adversários políticos, bem como,
capaz de reformar um governo corrupto e de estabilizar um sistema em desordem. A crise e
queda da República Romana era inevitável, mas felizmente para Roma, o homem certo na hora
certa estava lá para intervir como o primeiro imperador romano.

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