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“A Pedra Negra da Frígia”

Felipe Cirilo.

Estreou no Teatro Arthur Azevedo


em 7 de agosto de 2007
com a Cia. Teatral Palco de Brincadeiras.

Personagens:

Cláudia, a Vestal;
Madre das vestais;
Rei de Roma;
Mensageiro;
Criada do Rei;
Capitão do Navio.

Prólogo / Intervenção

Há uma perseguição na entrada do teatro, os atores exclamam a frase: “põe fogo!” de diversas
maneiras, condenando, prestes a atacar uma das atrizes que surge acuada entre os espectadores. Por
fim o ataque acontece e a atriz é levada, arrastada para dentro do teatro.

Cena I

(em cena, Cláudia realiza um ritual de cura em um homem enquanto é observada por um grupo de
cidadãos, após o fim do ritual a Madre entra).

Madre: (enraivecida) Não Cláudia! Não vou ouvir uma palavra se quer!

Cláudia: Ouça Madre!

Madre: Não vou admitir tal infâmia na minha escola. Isso é um atentado a moral de todas! Ouviu?
Eu disse todas as vestais!

Cláudia: Madre, eu preciso que a senhora me ouça!

Madre: Um voto de castidade... Um voto de castidade Cláudia, não se deve violar! Sua pureza era
tudo o que tinha, tudo o que lhe permitia uma vida direita e santa.

Cláudia: Nada, nada aconteceu madre! Escute-me! Sou pura, a senhora me conhece desde menina,
sabe que eu não desobedeceria as regras! E agora simplesmente porque ouviu...

Madre: Ouvi e seu bem o que eu ouvi, sei bem de quem ouvi, e são pessoas nas quais confio muito,
confiança essa que não tenho em você Cláudia. Uma vestal que...

Cláudia: Madre!

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Madre: Deve ser condenada, (pausa) a morte.

Cena II

Mensageiro: Santa Mitologia! Briga! Não posso me envolver, mesmo sabendo que se entro ali,
ninguém me segura! Já acerto uma muqueta num, viro acerto n’outro... Mas tenho que trabalhar,
tenho muitas cartas para o Rei e um mensageiro em sua andança não se cansa, não se detém e não
descansa, enquanto não alcança seu objetivo. Sempre quis ser mensageiro da corte sabem? Desde
criança...

Cidadãos: Então anda sua anta!

Mensageiro: Santa Mitologia!

Cena III

Mensageiro: Vossa Excelência o Rei!

Rei: Oh! Vossa Excelência... o Rei!

Mensageiro: Como estás bem hoje senhor!

Rei: Io sei disto.

Mensageiro: É com imenso prazer que entregar-lhe-ei as correspondências de hoje. Dar-me-ás a


permissão de aproximar minha humilde pessoa da... vossa?

Rei: Fossa?

Mensageiro: Não senhor! Eu não disse fossa, eu quis dizer...

Rei: Passa logo isso pra cá. Reclamações, reclamações...

Mensageiro: Um povo ingrato, isto é o que é! Diante de toda a situação do reino, impostos, o Risco
Brasil, digo Itália! Ainda cogitam-lhe a probabilidade de um reinado de má fé, por parte do senhor
excelentíssimo, estimadíssimo, de alta relevância, tu.

Rei: Homem!

Mensageiro: Sim senhor.

(o Rei “ouve” o silêncio).


Rei: Você de boca fechada é um poeta.

Mensageiro: Grato senhor! Dedicar-me-ei a servi-lo otimamente bem, utilizando toda a cultura e
conhecimento de meu... Coração.

Rei: Sim, sim... O que acontece com Roma?

(enquanto o Rei lê, é servido por suas criadas, comidas e frutas).

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Rei: Minha nossa! (interrompe a leitura) Mensageiro, o que é uma chacina?

Mensageiro: Ham, ham... bem, de acordo com os meus conhecimentos, afirmo-lhe eu que,
certamente há a possibilidade de que eu lhe afirme... desconhecer esta palavra. Mudando de assunto
Senhor, encontrei-me desconfortável ao assistir a pouco uma cena de briga. Senhor, ao pé em que
aquilo ia, mãos e socos, garanto-lhe eu que muitos ali morreram.

Rei: Roma está um degredo.

Mensageiro: Degredo?! Degredo...

Rei: O povo só sabe reclamar, chacinas, estelionatos, culposo, doloso, vestais liberando geral?
Ainda se o Rei soubesse o que significam... Ô povo com mania de falar difícil.

Mensageiro: Santa Idade Média! Gostam de uma guerrinha aqui, um conflitozinho armado ali, uma
pancadaria de bêbados na taverna, e aquelas batalhas de campo então? Corre um monte daqui, corre
um monte de lá e BUM! Toda essa violência é um DEGREDO a Roma.

Cena IV

Criada: Que deusa Cibele nos proteja!

Mensageiro e Rei: Deusa quem?

Criada: Cibele a mãe dos deuses, ela sempre traz a paz. Não sabem da existência da Pedra Negra
da deusa Cibele?

Rei: Não.

Mensageiro: Bem...

Criada: Não me interrompa! È o seguinte: é a Pedra Negra da deusa Cibele, a mãe dos deuses. Ela
costuma passar por muitos reinos, sempre trazendo muita... Festa! Agente come pra caramba,
comemora que a pedrinha chegou, revê as amigas, bota as fofocas em dia, e de quebra num tem
ataque nenhum, ninguém invade a casa de ninguém, ninguém rouba ninguém, ninguém é de
ninguém... Opa!

Rei: (para o mensageiro) Interessante não?

Mensageiro: Em absoluto! Era exatamente sobre o pedregulho que iria falar-lhe eu a respeito,
Senhor Excelentíssimo Rei. Inclusive...

Criada: Lembro-me que, juntos anos atrás, na primeira e última vez que a pedra veio a Roma a
festa foi tão boa que emendamos com a festa do deus Baco, hahaha... Aí sabe como é, né Reizão?
Ninguém segura!

(a criada canta)

“Esquecimento do amanhã
Vida do momento que se esvai
Bacanal festa do vinho
Tristezas e preocupações
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Cedendo a euforia da embriaguez e da ilusão
É a festa de Baco, alegre deus da vida!
É a festa de Baco, vinho todo dia!

Criada: Mas essa já é uma outra história...

Rei: Ótimo! Perfeito! Nós precisamos dessa tal pedra e temos que agir rápido. Imagine: “...
cedendo a euforia da embriaguez e da ilusão”.

Mensageiro: Excelentíssimo, o ponto crucial de reflexão nesta história, não podemos esquecer que
é a violência, neste caso supérfluo há de ser uma festa.

Rei: E existe supérfluo melhor que este Mensageiro? Onde está o meu trono? (senta-se) E esse povo
já está tirando a paz do Rei com essas cartinhas todos os dias, (melífluo) estão pensando demais.
Veja só! Trazemos a tal “rocha da paz”, todos ficam felicíssimos, não acontece nenhum problema
por um bom tempo, o comércio vai lucrar, com isso o PIB sobe, sem falar nos turistas. O povo
simplesmente esquece das pancadarias e eu posso finalmente ter minha vida de Rei em paz, “...
cedendo a euforia da embriaguez e da ilusão”.

Mensageiro: É por isso que eu digo, o senhor é o melhor Rei que Roma poderia ter, uma mente
brilhante! Providenciarei tudo senhor, descobrirei onde se encontra o “pedregulho da paz”...

Criada: É o seguinte, já tenho todos os dados necessários Reizão.

Mensageiro: Farei um relatório e um pedido autenticado, em cinco vias, à mão...

Criada: É coisa boba, burocracia, sabe como é...

Mensageiro: Assim que eu souber o endereço, o número, o CEP...

Criada: A pedra está na Frigia.

Cena V

(entra em cena o navio)

Capitão: Marujos, baixar âncora! Temos uma missão um trabalho pesado. Tenho em mãos uma
carta do Rei de Roma, ela diz:

“Capitão da Frigia

Roma está em pé de guerra e a gente ta precisando da pedra negra da deusa Cibele.


Dinheiro não temos para pagar o trabalho, mas chegando aqui agente toma uma garrafa de rum e
ta tudo certo. A vida ta difícil, sabe como é... E de mais a mais depois vocês ficam pra festa.

Sem mais.

Reizão”.

(os marujos fazem um alvoroço pela notícia da festa)

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Capitão: Marujos! Ordem! Como podem ver o Rei de Roma precisa dos nossos serviços e mais
uma vez nossa renomada embarcação tem uma longa jornada pela frente.

Marujos: Sim senhor!

Capitão: Ele já adianta que não haverá pagamento pelo trabalho, não será a primeira vez. Porém,
haverá uma festa. Marujos, há quanto tempo vocês não vão a Roma?

Marujos: Muito tempo senhor!

Capitão: Há quanto tempo vocês não vêem uma mulher?

Marujos: Muito tempo senhor!

Capitão: Há quanto tempo vocês não vêem uma garrafa de rum?

Marujo 1: Ah... Tem meia hora.

Marujo 2: A minha ta aqui... (mostrando a garrafa)

Capitão: Concordam comigo que rum nunca é demais?

Marujos: Sim senhor!

Capitão: Io, io, io...

Marujos: ...e uma garrafa de rum!

Capitão: Marujos! Levantar âncora! E rumo a Roma!

(a embarcação parte com a tripulação bastante empolgada, mas encalha)

Capitão: E agora?

Cena VI

(Confusão no palácio do Rei, cidadãos reclamam da vida. Chega o Capitão)

Rei: Mensageiro faça alguma coisa.

Capitão: Preciso falar com o Rei de Roma!

Cidadãos: Espere sua vez!

Rei: Acalmem-se...

Cidadão 1: Precisas resolver o problema do meu salário!

Cidadão 2: Senhor, o que achas de inventar um hospital? Não agüento mais esses magos e
curandeiros espertalhões nesse reino.

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Cidadãos: Senhor! Neste reino existem mais igrejas do que escolas! (pergunta a si mesmo) Já
existem escolas?

Rei: Acalmem-se.

Capitão: Senhor! Eu sou o Capitão da Frota de Navegantes da Frigia.

Rei: Silêncio todos! Isto é importante. (aproxima-se do Capitão) Parla belo.

Capitão: o Rei de Roma?

Rei: Sim...

Capitão: (exageradamente dramático) Estava eu, numa bela manhã típica da Frigia, a dar ordens de
pulso firme aos meus homens, quando recebi em mãos uma carta cujo remetente era o senhor.

Rei: Está passando bem Capitão?

Capitão: Durante toda minha longa experiência, por todos os 7 mares com suas histórias de
monstros e perigos, por todos os continentes, ilhas, países, repúblicas e republiquetas.
Onde conheci condes de muitas propriedades e riquezas.
Comerciantes com suas pomposas malas e maletas.
As mais belas mulheres com suas lindas pernas e bus... cas pelo amor.
Tive em meu convés reis e rainhas, príncipes e princesas.
E eu, Capitão renomado nos 4 continentes, conhecido até na pequena ilha de Santa Cruz, sempre fui
habituado com todos aos meus pés e eu me senti exatamente como eles naquela manhã típica da
Frígia.

Rei: Como? Diga, como eles sentiam-se?

Capitão: Honrados! E honrado também estou agora, por visitar e conhecer este belo país
(insinuando a platéia) vejo o quanto bela é a Itália, não tão bela quanto a Frigia obviamente, pois o
meu povo da Frigia é um povo de grande inteligência de uma beleza... Grega. E eu sou prova disto.

Rei: Não conheci muitos reinos... mas pelos meus subalternos (dirigindo-se ao Mensageiro) posso
dizer que o povo de Roma é mesmo feito. (dirige-se sutilmente a platéia) Veja só.

Capitão: Excelentíssimo Rei, conheci um reino a noroeste da Europa, chamado o Reino do Porto,
lá também fui a serviço do rei, Vossa Excelência o rei do Porto, Gal era o nome de sua esposa, uma
das mais belas rainhas que já avistei. Vivendo no reino do Porto, Gal, a rainha, sofria com inúmeros
problemas... Solidão, falta de carinho e falta de um homem em sua cama. Enquanto Gal ia triste
para seus aposentos ao cair da noite, o rei do Porto esbaldava-se na sala de jantar comendo
toneladas nas ceias. Neste meio tempo, quem comia a sobremesa era eu, porém nos aposentos do
rei, Vossa Majestade o rei do Porto. Gal, a rainha, conhece bem a beleza da Frigia.

Rei: Interessante história... Eu sou viúvo. Conta mais, conta mais...

Cidadãos: Não!

Mensageiro: Vossa Excelência, o Capitão da Frota de navegantes da Frigia, (áspero, encarando o


Capitão, mas sempre escondido atrás do Rei) o Navegante Frota. Falou tantos bla, bla, blás e quanto
a sua incumbência não proferiu uma única palavra. (pausa) Onde está a Pedra Negra da Frigia?
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Capitão: Excelentíssimo, minha renomada embarcação, que há décadas viaja em alto mar,
(acanhado) infelizmente encalhou.

Mensageiro: O quê?

Rei: Entalhou?

Capitão: Encalhou!

(o mensageiro volta-se para a plebe, estufa o peito, e junto com eles explode em três gargalhadas).

Cidadãos: há há há...

Cidadão: hi hi...

Capitão: Nós já fizemos de tudo para sair de lá, fiz uso das mais avançadas técnicas de
desencalhamento, coisa que nunca precisei antes em toda a minha carreira pelos 7 mares, tudo em
vão. Consegui vir em um bote para buscar ajuda, apesar da certeza de que se EU não consegui
ninguém mais conseguirá.

Mensageiro: Santa mitologia!

Rei: Ó céus! E agora?

Capitão: Não há força humana que tire meu navio de lá.

Rei: O Oráculo! O Oráculo certamente saberá nos dizer o que fazer!

Capitão: O Oráculo?

Rei: Sim! Ele é sempre filosófico, viajadão nas idéias, mas ajuda. Vamos a ele!

Cena VII

Rei: Senhor supremo onisciente Oráculo.

Oráculo (representado pelo mensageiro): Concedo-lhe a ti a permissão de falar.

Capitão: Só o senhor poderá salvar minha embarcação senhor Oráculo.

Oráculo: Eu sei disso.

Rei: A situação é essa: O espetáculo já começou com uma gritaria ensurdecedora lá fora, uma
mulher foi condenada a morte, enfim. Roma está se acabando em guerras, lutas e simpatizantes, eu
então pedi que nos fosse trazida a Pedra Negra da Deusa Cibele, que leva a paz a todos os reinos
por onde passa, mas o bendito navio encalhou próximo a costa.

Capitão: E nem a força dos meus 200 homens foi suficiente para libertar a embarcação.

Oráculo: Compreendo...

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Rei e Capitão: Senhor Oráculo!

Oráculo: Sim...

Rei: Nos diga...

Capitão: ... que devemos fazer!

Oráculo: Ah! Sim! Bem... a situação da atual conjuntura de realização de uma ação resolutiva no
intuito de resolver os desejos de ambos é de extrema dificuldade. Mas, posto que meus
conhecimentos vão além de qualquer impossibilidade humana, digo-lhes que tudo se resume a:
“Nem o mais poderoso dos mares, resiste a força de uma mulher de coração puro e corpo intocado”.

Rei e Capitão: “Nem o mais poderoso dos mares, resiste a força de uma mulher de coração puro e
corpo intocado”.

Cena VIII

Cláudia: “Nem o mais poderoso dos mares, resiste a força de uma mulher de coração puro e corpo
intocado”.

(o povo ataca Cláudia)


Rei: Ninguém toca neste corpo intocado!

(ninguém obedece ao Rei)


Capitão (empunhando sua espada): Ninguém toca!

(todos param)
Cláudia: Senhor! Estão me acusando injustamente! Querem me tirar a vida em condenação a algo
que não fiz.

Rei: Estão acusando-lhe de quê? O que é que você não fez?

Cláudia: Espalharam um boato terrível que acabou chegando aos ouvidos de minha madre.

Capitão: Que boato é esse?

Mensageiro: Alto lá! Quem faz as perguntas aqui é o Excelentíssimo Rei de Roma!

(todos aguardam que o Rei faça a pergunta, ele não a faz).

Mensageiro: Que boato é esse?

Cláudia: Saibam que minha honra é maior que qualquer intriga da oposição. (pausa) Estão dizendo
que um homem e eu...

Cidadãos: E deve morrer!

Capitão: Ninguém encosta na virgem.

Rei: Tens certeza de que tal homem e você... ?


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Cláudia: Sou Virgem Senhor Rei, meu coração é puro e meu corpo é intocado.

Rei: Apesar de que mesmo quando se toca o corpo obtêm-se uma pureza de coração tão boa...
(todos apenas olham para o Rei). Então está decidido! A vestal poderá provar sua pureza libertando
o navio encalhado que traz a santa “pedrinha da paz”. Porém se ela não libertar a embarcação,
considerando que ela, uma vestal e um homem... (o povo se exalta, o Capitão apenas lhes mostra as
espada e eles ficam quietos) Deverá morrer mesmo. E nós procuraremos outra solução para o navio.

Cena IX

(Claudia consegue desencalhar o navio e todos comemoram que a Pedra Negra finalmente chegou,
é a festa do Deus Baco).

Todos cantam: “Esquecimento do amanhã


Vida do momento que se esvai
Bacanal festa do vinho
Tristezas e preocupações
Cedendo a euforia da embriaguez e da ilusão!

É a festa de Baco! Alegra deus da vida!


É a festa de Baco! Vinho todo dia!”.

Epílogo

(palco escuro, apenas um foco num canto do palco, nele, a Madre e o Rei).

Madre: Senhor Rei é tão bom ver Roma em festa, manter o povo ocupado com essas
comemorações e bebedeiras... Não existem mais reclamações as cartas acabaram.

Rei: Sim, sim...

Madre: Senhor, sei, agora, que posso ter me equivocado em minhas afirmações quanto a castidade
de Cláudia. Uma vestal de coração puro salvou nossa cidade. Mas, tenho ouvido histórias de que
bruxas estão surgindo... Queimaram uma tal Joana na França por esses dias... Era uma bruxa, dizia
ouvir vozes, vestia-se como homem...

Rei: (abismado) Não creio...

Madre: O Senhor não acha muito suspeito isso de uma simples e fraca mulher como a Cláudia
conseguir desencalhar um navio daquele tamanho?

Rei: Sim, sim...

Madre: Deve ser uma bruxa. Cláudia é uma bruxa!

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