Вы находитесь на странице: 1из 15

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.

547/2010-4

GRUPO I – CLASSE V – Primeira Câmara


TC 026.547/2010-4
Natureza(s): Aposentadoria
Órgão/Entidade: Universidade Federal de Santa Catarina
Interessados: Apóstolo Theodoro Nicolacopulos (047.328.989-04);
Gilmar Pacheco (145.046.429-72); Maria de Lourdes Nazario
(811.890.959-04); Pedro Graciano de Campos (067.164.589-72);
Rogerio Stoeterau (002.676.949-20)
Representação legal: Pedro Mauricio Pita da Silva Machado
(12391/OAB-SC) e outros, representando Rogerio Stoeterau,
Gilmar Pacheco e Apostolo Theodoro Nicolacopulos.

SUMÁRIO: PESSOAL. APOSENTADORIA. URV DE 3,17%.


PARCELA SUPRIMIDA. LEGALIDADE COM RESSALVA DE
DOIS DOS ATOS PERDA DE OBJETO DE UM DOS ATOS.
PAGAMENTO DE HORAS-EXTRAS POR FORÇA DE
SENTENÇA JUDICIAL TRABALHISTA. VANTAGEM
INCOMPATÍVEL COM O REGIME ESTATUTÁRIO. NÃO-
ABSORÇÃO. ILEGALIDADE E NEGATIVA DE REGISTRO.
PORTARIA MEC 474/1987. QUINTOS DE FG. GADF.
PAGAMENTOS FEITOS EM DESCONFORMIDADE COM O
ENTENDIMENTO DESTE TRIBUNAL. VALORES QUE NÃO
DECORREM DAS SENTENÇAS JUDICIAIS, EXCETO NO
QUE SE REFERE AO PAGAMENTO DA GADF.
ILEGALIDADE. ENUNCIADO 106. DETERMINAÇÕES.

RELATÓRIO

Adoto como relatório a bem-lançada instrução a cargo da Secretaria de Fiscalização de


Pessoal (Sefip), com a qual manifestou sua anuência o representante do Ministério Público junto a este
Tribunal (MPTCU):
“INTRODUÇÃO
1. Trata-se de atos de concessão de aposentadoria a Rogério Stoeterau (CPF 002.676.949-20),
Apóstolo Theodoro Nicolacopulos (CPF 047.328.989-04), Pedro Graciano de Campos (CPF
067.164.589-72), Gilmar Pacheco (CPF 145.046.429-72) e Maria de Lourdes Nazário (CPF
811.890.959-04), ex-servidores da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.
2. Os atos foram submetidos à apreciação do Tribunal de Contas da União (TCU) para fim de
registro, nos termos do art. 71, inciso III, da Constituição Federal. O cadastramento e a
disponibilização ao TCU ocorreram por intermédio do Sistema de Apreciação e Registro de Atos de
Admissão e Concessões (Sisac), na forma dos arts. 2º, caput e inciso II, e 4º, caput, da Instrução
Normativa-TCU 55/2007.
HISTÓRICO
3. Com o intuito de sanear o processo, esta Unidade Técnica providenciou diligência à UFSC
(peça 1, 27) para que encaminhasse o mapa de apuração do tempo de serviço e cópia das sentenças
judiciais que autorizaram a inclusão de vantagens nos proventos dos ex-servidores.
4. O órgão atendeu a diligência, cuja documentação está acostada às peças 1, p. 28-54, e 2 a 4.
1
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.547/2010-4

5. Passo seguinte, esta Sefip realizou as oitivas de Apóstolo Theodoro Nicolacopulos, Gilmar
Pacheco e Maria de Lourdes Nazário (peças 8, 9 e 10) para que se manifestassem sobre o
recebimento de parcelas judiciais em desacordo com entendimento do TCU, conforme previsto no
Acórdão 2.161/2005-TCU-Plenário.
6. Os inativos Apóstolo Theodoro e Gilmar Pacheco tomaram ciência das oitivas (peças 11 (14) e
18) e encaminharam suas respostas (peças 14 e 21). Após duas tentativas de entrega da oitiva de
Maria de Lourdes, sem sucesso (peças 15 e 19), esta Unidade Técnica notificou-a por edital,
publicado no DOU, de 25/6/2018 (peça 25). A ex-servidora não se manifestou.
7. Ainda com o propósito de sanear o processo e com vistas a assegurar a oportunidade do uso
das garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa, a Sefip encaminhou oitiva a
Rogério Stoeterau para que este se manifestasse em relação às seguintes inconsistências em sua
aposentadoria (peça 23):
a) recebimento de rubrica judicial (R$ 3.710,66), a título de incorporação de função, em
valor superior ao permitido (o correto seria R$ 522,65 - 5/5 de FG-1); e
b) recebimento de rubrica judicial relativa à GADF (R$ 664,56) com a incorporação de
quintos de FC/CD - situação em desacordo com a jurisprudência do TCU (Súmula TCU 280/2012 e
Acórdão 8.039/2017-TCU-1ª Câmara).
EXAME TÉCNICO
Das constatações
8. Do exame da ficha financeira, extraída do Siape (peça 28), constatou-se que não há mais
efeitos financeiros decorrentes do ato de concessão de aposentadoria a Pedro Graciano de Campos,
haja vista a ocorrência de seu falecimento. Assim, e considerando ainda o disposto no art. 260, § 5º,
do Regimento Interno do TCU e no art. 7º, inciso I, da Resolução-TCU 206/2007, temos por
prejudicado, por perda de objeto, o exame do mérito da respectiva aposentadoria.
9. Ainda em consulta ao Siape, verificou-se que os ex-servidores Apóstolo Theodoro
Nicolacopulos e Gilmar Pacheco não estão mais recebendo a parcela judicial referente à URV –
3,17%. Dessa forma, não havendo pagamentos irregulares, cabe a aplicação do art. 260, § 4º, do
Regimento Interno do TCU e do art. 6º, § 1º, da Resolução-TCU 206/2007. Segundo esses
dispositivos, os atos que, a despeito de apresentarem algum tipo de inconsistência ou irregularidade
em sua versão submetida ao exame do Tribunal, não estiverem dando ensejo, no momento de sua
apreciação de mérito, a pagamentos irregulares, serão considerados legais, para fins de registro.
10. Verificou-se, também, nos proventos de Maria de Lourdes Nazário, o pagamento de parcela
relativa a decisão judicial que concedeu o pagamento de horas extras.
11. Por fim, detectou-se, nos proventos de Rogério Stoeterau, o pagamento de uma rubrica
judicial, a título de incorporação de função, em valor superior ao permitido, e outra relativa à GADF
com a incorporação de quintos de FC/CD, situação em desacordo com a jurisprudência do TCU.
Da aposentadoria de Maria de Lourdes Nazário
12. A despeito de a interessada não ter se manifestado, impende ressaltar o entendimento do
Tribunal a respeito do tema hora extra judicial.
Da Hora Extra Judicial
13. O entendimento do TCU, balizado pela Decisão 100/2002-TCU-Segunda Câmara, é
pacífico no sentido de que a incorporação de horas extras à remuneração do servidor que passou de
celetista a estatutário encontra óbice intransponível na ausência de previsão legal.

2
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.547/2010-4

14. As reiteradas decisões nesse mesmo sentido culminaram na edição do Enunciado 241 da
Súmula da Jurisprudência do TCU:
As vantagens e gratificações incompatíveis com o Regime Jurídico Único, instituído pela
Lei nº 8.112, de 11-12-90, não se incorporam aos proventos nem à remuneração de
servidor cujo emprego, regido até então pela legislação trabalhista, foi transformado em
cargo público por força do art. 243 do citado diploma legal.
15. As exceções seriam os casos em que houve decisão judicial que garantiu a continuidade
do pagamento com vistas a garantir a irredutibilidade da remuneração anteriormente recebida pelos
novos servidores quando ainda se encontravam sob o regime celetista.
16. Nesses casos, a parcela deve ser paga na forma de vantagem pessoal nominalmente
identificada (VPNI), devendo ser gradualmente compensada, até sua completa absorção, pelos
reajustes subsequentes de remuneração (Acórdãos 296/2014 e 482/2014 da Primeira Câmara e
4.216/2014 da Segunda Câmara, entre outros).
17. O entendimento do TCU é corroborado pelo Supremo Tribunal Federal, conforme se
constata na ementa do acórdão prolatado nos autos do Mandado de Segurança 22.455-DF:
EMENTA: Mandado de segurança contra ato imputado ao Presidente do Tribunal de
Contas da União. Ato administrativo que determinou a suspensão de pagamento de horas
extras incorporadas aos salários dos impetrantes, por decisão do TCU. 2. Entendimento
assente no Tribunal de Contas deflui da aplicação de preceitos atinentes à limitação que
as normas administrativas impõem à incidência da legislação trabalhista sobre os
servidores públicos regidos pela CLT, à época em que tal situação podia configurar-se. 3.
Entendimento no sentido de que não é possível a coexistência das vantagens dos dois
regimes funcionais. Ao ensejo da transferência do impetrante para o sistema estatutário,
ut Lei nº 8.112/90, há de ter o regime próprio desta Lei, ressalvada, tão só, a
irredutibilidade dos salários. 4. Mandado de segurança indeferido.
18. Assim, para verificar a regularidade da parcela, cabe verificar se os reajustes posteriores
da remuneração da interessada foram superiores ao valor da parcela, o que comprova sua absorção.
É, portanto, providência desnecessária a realização de diligência para obter cópia da decisão
judicial, conforme reconheceu o voto condutor do Acórdão 5.352/2009-TCU-Segunda Câmara.
19. Para essa verificação, não é necessário retroagir à data de início do pagamento
destacado da parcela. Nos anos 2008 e 2009, inúmeras carreiras foram beneficiadas com
reestruturações, criação ou modificação de gratificações que trouxeram aumento significativo de
vencimentos.
20. Na carreira da ex-servidora, esse aumento ocorreu por meio da edição das Leis
11.091/2005, 11.784/2008 e 12.772/2012. Basta, assim, comparar fichas financeiras antes e depois do
advento dessas novas estruturas remuneratórias.
21. Procedendo-se à comparação das fichas desses diferentes momentos (peça 7), constata-se
que a parcela questionada está sendo paga pelo valor nominal (VPNI), como é correto. Contudo, não
houve sua absorção, apesar dos reajustes remuneratórios terem superado o valor nominal da parcela.
22. Assim, é ilegal a continuidade do pagamento da mencionada parcela após o advento das
Leis 11.091/2005, 11.784/2008 e 12.772/2012.
23. Cabe observar que não há que se falar em ofensa à coisa julgada, pois ‘a coisa julgada é
limitada pela situação jurídica sob cuja órbita se configurou’ (voto condutor do Acórdão 6.739/2010-
TCU-Primeira Câmara).
24. Vale, aqui, transcrever trecho do voto condutor do Acórdão 1.857/2003-TCU-Plenário:

3
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.547/2010-4

Não é demais lembrar que os efeitos da decisão judicial referente a relação jurídica
continuativa só perduram enquanto subsistir a situação de fato ou de direito que lhe deu
causa, conforme se depreende do disposto no art. 471, inciso I, do Código de Processo
Civil. No tema em estudo, o que se pleiteia, em regra, é o pagamento de antecipação
salarial aos autores. Ocorre que o reajuste posterior dos vencimentos incorpora o
percentual concedido por força da decisão judicial, modificando a situação de fato que
deu origem à lide, pois, em tese, elimina o então apontado déficit salarial. Por outro lado,
o art. 468 do CPC dispõe que a força de lei inter partes, que caracteriza a sentença,
restringe-se aos limites da lide e das questões decididas. Logo, manter o pagamento das
parcelas antecipadas após o reajuste da data-base, sem que isso tenha sido expressamente
pedido e determinado, é extrapolar os limites da lide.
Em suma, não representa afronta à coisa julgada a decisão posterior deste Tribunal que
afaste pagamentos oriundos de sentenças judiciais cujo suporte fático de aplicação já se
tenha exaurido e que não tenham determinado explicitamente a incorporação definitiva
da parcela concedida (grifo).
25. Pela pertinência, transcreve-se, igualmente, trecho do voto condutor do Acórdão
2.998/2013-TCU-Segunda Câmara:
(...) Não é razoável, pois, que a servidora permaneça recebendo vantagem oriunda de
perda ocorrida em estrutura remuneratória de 1995, não mais vigente.
Havendo alteração na situação jurídica com base na qual foi proferida a sentença, afasta-
se a incidência da coisa julgada, ex vi do art. 471 do Código de Processo Civil.
26. Na mesma linha, os acórdãos proferidos pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do
Recurso Extraordinário 241.884-ES e do Mandado de Segurança 11.145-DF, cujas ementas se
reproduzem a seguir:
Professores do Estado do Espírito Santo: aplicação de lei local que determinara a
incorporação ao vencimento-base da gratificação de regência de classe: inexistência de
violação às garantias constitucionais do direito adquirido e da irredutibilidade de
vencimentos (CF, art. 37, XV). É firme a jurisprudência do STF no sentido de que a
garantia do direito adquirido não impede a modificação para o futuro do regime de
vencimentos do servidor público. Assim, e desde que não implique diminuição no quantum
percebido pelo servidor, é perfeitamente possível a modificação no critério de cálculo de
sua remuneração (RE 241.884-ES).
MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO APOSENTADO. LEI N.
10.475/2002. COISA JULGADA. PERCEPÇÃO DOS 26,05% DA URP DE 1989. 1. Não
há ofensa à coisa julgada material quando ela é formulada com base em uma determinada
situação jurídica que perde vigência ante o advento de nova lei que passa a regulamentar
as situações jurídicas já formadas, modificando o status quo anterior. 2. Segurança
denegada (MS 11.145-DF).
27. Por fim, também nesse sentido se pronunciou o Superior Tribunal de Justiça no Mandado
de Segurança 13.721/DF:
Mandado de segurança. Ato coator praticado pelo Conselho da Justiça Federal.
Servidores Públicos. Obtenção, mediante ação transitada em julgado em 1993, do
reconhecimento do direito à correção monetária de 26,05% sobre sua remuneração
mensal (URP). Posterior aprovação, mediante as Leis nºs 9.421/96, 10.745/02 e
11.416/2006, de Planos de Cargos e Salários, com reestruturação das carreiras do Poder
Judiciário. Determinação, pelo CNJ, da absorção paulatina das diferenças de correção

4
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.547/2010-4

monetária, culminando com a equalização dos vencimentos. Alegação de ofensa à coisa


julgada. Inexistência.
A coisa julgada que assegura vantagens funcionais se perfectibiliza à vista da lei vigente
à data da sentença. Alterada a lei, e fixados novos vencimentos, o funcionário só tem
direito a sua irredutibilidade, de modo que, se for o caso, perceberá como vantagem
pessoal a parcela suprimida. Precedente. Segurança denegada (grifo).
28. A supressão do pagamento destacado da parcela judicial não caracteriza, portanto,
desrespeito à coisa julgada, mas, sim, mera equalização dos vencimentos em face de panorama
jurídico posterior.
29. Cabe, assim, proposta de ilegalidade e recusa de registro do ato, com determinação à UFSC
para que exclua a citada rubrica dos proventos da ex-servidora.
Da aposentadoria de Rogério Stoeterau

30. Conforme já informado no item 11, constatou-se o pagamento de duas rubricas judiciais nos
proventos do inativo: uma a título de incorporação de função, em valor superior ao permitido, e
outra relativa à GADF com a incorporação de quintos de FC/CD, situação em desacordo com a
jurisprudência do TCU (Súmula TCU 280/2012 e Acórdão 8.039/2017-TCU-1ª Câmara).
31. Em resposta à oitiva, o interessado, em resumo, argumentou que (peça 26):
a) em relação à parcela de quintos incorporados, impetrou o Mandado de Segurança n.
2000.72.00.001787-0, que tramitou perante a 6ª Vara Federal de Florianópolis, onde restou
assegurada a continuidade do pagamento tomando em consideração o valor da função comissionada
consoante a Portaria MEC n. 474/87;
b) teve o direito à percepção da Gratificação de Atividade pelo Desempenho de Função –
GADF, cumulada com parcelas incorporadas de quintos relativas ao desempenho de Função
Comissionada, por meio da Ação Ordinária n. 2007.72.00.013139-9, que tramitou na 2ª Vara Federal
da Seção Judiciária de Santa Catarina, cuja decisão que julgou procedente o pedido, transitou em
julgado em 29/3/2010, ensejando, a seguir, a execução definitiva;
c) o TCU não possui legitimidade constitucional para desconstituir, na via administrativa,
decisão judicial já transitada em julgado; e
d) a não homologação de sua aposentadoria importa em violação à coisa julgada, à
segurança jurídica e à irredutibilidade de vencimentos.
32. As argumentações apresentadas pelo interessado não merecem prosperar, conforme se verifica
a seguir.
Da coisa julgada, da segurança jurídica, da decadência administrativa e da irredutibilidade de
vencimentos
33. Inicialmente, importa destacar, no que concerne à coisa julgada, que esta Corte de fato não
pode desconstituí-la. Contudo, no que tange à execução do que foi determinado na sentença,
sobretudo quando isso se reflete na apreciação da legalidade de atos de concessão de aposentadoria,
pensão e reforma, pode sim o TCU se manifestar. Isso porque a coisa julgada se restringe ao que foi
expressamente dito na decisão que a originou, não sendo possível nem legal atribuir interpretações
que tornem a decisão extra ou ultra petita. É que a coisa julgada está cingida expressamente ao que
foi concedido na sentença, não sendo possível ampliar ou reduzir o pedido que se materializou por
meio da decisão.

5
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.547/2010-4

34. Quanto ao argumento de ter havido violação ao princípio da segurança jurídica, cabe lembrar
que os atos de aposentadoria, reforma e pensão são complexos e passam a estar plenamente
formados, válidos e eficazes quando recebe o registro pela Corte de Contas, nos termos do inciso III
do art. 71 da Constituição Federal.
35. Nessa perspectiva, impõe-se reconhecer que referidos atos possuem natureza precária,
razão pela qual, até que haja o efetivo julgamento e o consequente registro pela Corte de Contas, não
há que se falar em direito adquirido, ato jurídico perfeito ou em proteção da confiança, tendo em vista
a ausência de aperfeiçoamento e definitividade do ato.
36. A propósito do tema, a despeito dos citados julgados, colaciona-se entendimento esposado
pela Corte Constitucional ao decidir no âmbito do RE-195.861/ES:
APOSENTADORIA - ATO ADMINISTRATIVO DO CONSELHO DA MAGISTRATURA –
NATUREZA - COISA JULGADA ADMINISTRATIVA - INEXISTÊNCIA. O ato de
aposentadoria exsurge complexo, somente se aperfeiçoando com o registro perante a
Corte de Contas. Insubsistência da decisão judicial na qual assentada, como óbice ao
exame da legalidade, a coisa julgada administrativa. (destacamos)
37. No caso em apreço, não houve o respectivo registro em razão da constatação de
ilegalidade nos atos, o que afasta, por si só, a presunção de legitimidade dos atos administrativos que
lhe concederam os benefícios, não havendo, assim, que se falar em violação da segurança jurídica.
38. Sobre a questão, observa-se, ainda, que não se mostra factível o argumento de se convolar
em legais atos eivados de vícios, dado o longo lapso temporal transcorrido entre sua edição e a
consequente apreciação pelo TCU, porquanto estas situações geram tão-somente a necessidade de
instauração do contraditório, consoante Acórdão 5.962/2012 – TCU – 2ª Câmara, verbis:
4. Nos termos da jurisprudência do STF, o transcurso de longo lapso temporal entre a
edição do ato e sua apreciação por parte do TCU não converte a concessão ilegal em
legal, gerando apenas a necessidade de instauração do contraditório e da ampla defesa
para a validade do processo, na hipótese de o ato haver ingressado no Tribunal há mais
de cinco anos (MS-25.116, MS-25.403, MS-25.343, MS-27.296, entre outros)
39. Com relação ao direito de o TCU exercitar sua competência constitucional de apreciação
de atos de concessão para fins de registro, mesmo decorrido elevado interregno temporal desde a
edição do ato, é vibrante a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca da inocorrência
da decadência administrativa, prevista no art. 54 da Lei 9.784/1999, em face da natureza complexa
dos atos de concessão, antes do registro do ato pelo TCU. Nesse sentido, citam-se o MS 24.859/DF,
MS 25.192/DF e MS 26.919/DF, todos do STF.
40. Em outras palavras, é dizer que a Corte Suprema fixou o entendimento de que, dada a
natureza de ato complexo das concessões, o prazo decadencial previsto no art. 54 da Lei 9.784/1999
conta-se apenas a partir da publicação da decisão do TCU que procedeu ao registro do ato de
aposentadoria.
41. Quanto ao princípio da irredutibilidade de proventos, de acordo com o STF, não há óbice
à redução de proventos caso alguma parcela/vantagem esteja sendo paga ao arrepio da lei, nos
termos do entendimento proferido no âmbito do MS 25.552/DF, de 7/4/2008, de relatoria da Ministra
Cármen Lúcia:
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA
UNIÃO. APOSENTADORIA DE MAGISTRADO. [...]. DECADÊNCIA
ADMINISTRATIVA E OFENSA AO PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DE
SALÁRIOS NÃO CONFIGURADAS. [...] 3. O Supremo Tribunal Federal pacificou
entendimento de que, sendo a aposentadoria ato complexo, que só se aperfeiçoa com o
6
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.547/2010-4

registro no Tribunal de Contas da União, o prazo decadencial da Lei n. 9.784/99 tem


início a partir de sua publicação. Aposentadoria do Impetrante não registrada:
inocorrência da decadência administrativa. 4. A redução de proventos de
aposentadoria, quando concedida em desacordo com a lei, não ofende o princípio da
irredutibilidade de vencimentos. Precedentes. 5. Segurança denegada.
42. Desse modo, a cessação de parcela ilegal não pode ser tida como redução de proventos, tendo
em vista que esta vantagem jamais poderia ter sido incorporada ao patrimônio jurídico dos
recorrentes, não havendo, assim, nenhum impedimento a sua sustação.
Da Gratificação de Atividade pelo Desempenho de Função – GADF
43. A jurisprudência do Tribunal sempre foi pacífica no sentido de que é indevido o
recebimento, nos proventos de aposentadoria, de GADF cumulativamente com parcelas de quintos.
Nesse sentido, é a Súmula-TCU 280:
É ilegal a inclusão, nos atos de concessão, da parcela de Gratificação de Atividade pelo
Desempenho de Função - GADF de forma destacada, cumulativamente com parcelas de
‘décimos/quintos’ ou atualmente VPNI, decorrentes de Função Gratificada - FG e de
Gratificação de Representação de Gabinete - GRG.
44. No entanto, o pagamento da GADF está amparado por sentença judicial proferida na Ação
Ordinária n. 2007.72.00.013139-9, que tramitou na 2ª Vara Federal da Seção Judiciária de Santa
Catarina, cuja sentença em Recurso Especial junto ao STJ, foi proferida nos seguintes termos (peça
26, p. 36):
Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial para julgar procedente a acumulação
dos quintos incorporados pelo exercício de funções comissionadas com a GADF,
observada a prescrição quinquenal; (...)
45. Dessa forma, o ato deve ser considerado ilegal, sem determinação da suspensão do pagamento
dos proventos, embora esta Corte os entenda indevidos.
Dos quintos de FC
46. Examinando-se o ato Sisac do ex-servidor, verifica-se que ele obteve direito à incorporação de
5/5 de FG-1, atualmente paga por meio da rubrica ‘10289 DECISAO JUDICIAL N TRAN JUG AP’,
no valor de R$ 3.710,66, conforme ficha financeira de abril de 2018 (peça 28).
47. Com relação à rubrica judicial dos quintos/décimos calculados de acordo com a Portaria
MEC 474/1987, dada a complexidade do tema, vale aqui expor o entendimento do Tribunal.
48. De acordo com a firme jurisprudência do TCU, é legítima a incorporação de quintos de
função comissionada (quintos de FC) com base nos critérios definidos pela Portaria - MEC 474/1987.
Contudo, é ilegítima a inclusão na base de cálculo da vantagem os reajustes concedidos pelas leis
subsequentes que reestruturaram as carreiras das instituições federais de ensino ao longo do tempo, a
teor do Acórdão 1.283/2006-TCU-Segunda Câmara, de relatoria do Ministro Walton Alencar
Rodrigues.
49. As sentenças judiciais que garantem a percepção das funções comissionadas com base na
Portaria - MEC 474/1987 não determinam que a vantagem do artigo 193 da Lei 8.112/1990 ou os
quintos da função correspondente (art. 62 da Lei 8.112/1990) devam ser calculados para sempre com
base nos parâmetros da Portaria - MEC 474/1987, mesmo sobre novos planos de carreira, e incluindo
vantagens criadas posteriormente.
50. Se as sentenças judiciais determinassem esse modo de cálculo, equivaleria a reconhecer
direito adquirido a regime de vencimentos, o que é repelido pela jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, a exemplo do RE 241.884-ES.
7
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.547/2010-4

51. As sentenças judiciais limitam-se a coibir decessos remuneratórios decorrentes da


transformação das funções comissionadas (FC) em cargos de direção (CD), conforme determinado
pela Lei 8.168/1991.
52. As razões pelas quais o TCU adotou esse entendimento estão muito bem explicadas no
voto condutor do Acórdão 835/2012-TCU-Plenário. Nesse acórdão, estão definidos os critérios para o
cálculo das incorporações de quintos e opção dos servidores aposentados das instituições federais de
ensino. São eles os seguintes:
a) para os servidores que não ajuizaram ações judiciais (ou para os que o fizeram, mas
não lograram êxito, em decisão transitada em julgado), as parcelas de quintos com amparo na
Portaria - MEC 474/1987, desde que tenham iniciado o seu exercício até 31/10/1991, devem ser
pagas sob a forma de vantagem pessoal nominalmente identificada (VPNI), ajustando-se o valor da
parcela ao que era devido em 1/11/1991, data de eficácia da Lei 8.168/1991, atualizada, desde então,
exclusivamente pelos reajustes gerais concedidos ao funcionalismo, conforme preceitua o art. 15, § 1º,
da Lei 9.527/1997;
b) para os servidores que obtiveram decisões judiciais favoráveis já transitadas em
julgado, confirmadas em grau de recurso, os quintos de FC devem ser calculados adequando-se o
valor nominal às condições deferidas na sentença, de modo que a quantia inicial seja apurada na data
da publicação do provimento jurisdicional de 1º grau e, a partir daí, transformada em VPNI,
atualizada, desde então, exclusivamente pelos reajustes gerais concedidos ao funcionalismo, conforme
preceitua o art. 15, § 1º, da Lei 9.527/1997.
53. Vale lembrar que o cálculo das FC estava previsto no art. 2º da Portaria - MEC 474/1987,
o qual estabelecia que:
Art. 2º. As Funções Comissionadas são previstas no Anexo I, devendo ser exercidas em
regime de tempo integral.
Parágrafo Único. A remuneração das Funções Comissionadas previstas no Anexo I terá
valor igual ao da remuneração do Professor Titular da carreira do Magistério Superior
em regime de Dedicação Exclusiva, com Doutorado, acrescida dos percentuais a seguir
especificados:
FC-1 - 80%
FC-2 - 65%
FC-3 - 55%
FC-4 - 40%
FC-5 - 30%
FC-6 - 20%.
54. Tendo em vista as alterações de moedas ocorridas em julho de 1993 e junho de 1994, foi
adotada a tabela de remuneração vigente em janeiro de 1995 como referência para o cálculo da
referida VPNI.
55. A tabela a seguir apresenta os valores da VPNI integral para cada FG, conforme a
jurisprudência do TCU.
Tabela 1
NÍVEL 5/5 (10/10) 4/5 (8/10) 3/5 (6/10) 2/5 (4/10) 1/5 (2/10)
FG-1 522,67 418,14 313,60 209,07 104,53
FG -2 364,28 291,42 218,56 145,71 72,86
FG-3 294,75 235,80 176,85 117,90 58,95
8
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.547/2010-4

FG-4 161,27 129,02 96,76 64,50 32,25


FG-5 125,13 100,10 75,07 50,05 25,02
FG-6 91,76 73,41 55,05 36,70 18,35
FG-7 43,33 34,66 26,00 17,33 8,67
FG-8 33,62 26,90 20,17 13,45 6,72
FG -9 27,25 21,80 16,35 10,90 5,45
56. Considerando-se a tabela acima, o valor a ser pago referente à incorporação de 5/5 de FG-1 é
R$ 522,67. Assim, comparando-se esse valor com o que o ex-servidor recebe atualmente - R$
3.710,66, conforme ficha Siape (peça 28), conclui-se que o interessado está percebendo a quantia de
R$ 3.187,99 a maior.
57. Dessa forma, o ato deve ser julgado ilegal, sem prejuízo de se determinar à UFSC que faça o
devido ajuste na rubrica em questão.
CONCLUSÃO
58. No tocante à aposentadoria de Pedro Graciano de Campos, tendo em vista a ocorrência de seu
falecimento, o exame de seu ato restou prejudicado, por perda de objeto, nos termos do art. 260, § 5º,
do Regimento Interno do TCU e do art. 7º, da Resolução-TCU 206/2007.
59. Quanto às aposentadorias de Apóstolo Theodoro Nicolacopulos e Gilmar Pacheco, por não
estarem mais recebendo a parcela judicial referente à URV – 3,17%, seus atos podem ser
considerados legais e ordenado seus registros.
60. Em relação à aposentadoria de Maria de Lourdes Nazário, constatou-se que compõe os
proventos da inativa parcela referente à hora extra judicial.
61. Contudo, é irregular a continuidade do pagamento destacado dessa parcela. Conforme a
jurisprudência pacífica do TCU, o valor da parcela já deveria ter sido absorvido pelo reajuste
ocorrido na carreira da interessada. Assim, cabe proposta de ilegalidade e recusa de registro do ato,
com determinação à UFSC para que exclua a citada rubrica dos proventos da ex-servidora.
62. No que concerne à aposentadoria de Rogério Stoeterau, consignou-se que a rubrica judicial de
quintos de FG está sendo paga a maior, razão pela qual o referido ato deve ser julgado ilegal, sem
prejuízo de se determinar à UFSC que faça o devido ajuste na rubrica em questão.
63. Em relação ao pagamento da GADF cumulada com parcela de quintos, embora o TCU
considere ilegal, não se pode determinar a suspensão do pagamento, porquanto a parcela está
amparada por sentença judicial proferida na Ação Ordinária n. 2007.72.00.013139-9, que tramitou
na 2ª Vara Federal da Seção Judiciária de Santa Catarina.
64. Quanto aos valores indevidos já pagos, propõe-se dispensar a devolução, com fundamento no
Enunciado 106 da Súmula da Jurisprudência do TCU.
65. Por fim, vale destacar que os atos em análise foram disponibilizados ao TCU em 2009 e
2010, há mais de cinco anos, portanto. Assim, fez-se necessária a instauração do contraditório,
segundo o entendimento estabelecido no Acórdão 587/2011-TCU-Plenário, de relatoria do Ministro
Valmir Campelo.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
66. Ante o exposto, e com base nos arts. 71, inciso III, da Constituição Federal; 1º, inciso V, e 39,
inciso II, da Lei 8.443/1992; 260, §§ 1º, 4º e 5º, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da
União 6º e 7º, da Resolução-TCU 206/2007, propõe-se:
a) considerar prejudicado, por perda de objeto, o ato de aposentadoria de Pedro
Graciano de Campos (CPF 067.164.589-72), em virtude de seu falecimento.

9
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.547/2010-4

b) considerar legais e ordenar o registro dos atos de aposentadoria de Apóstolo Theodoro


Nicolacopulos (CPF 047.328.989-04) e Gilmar Pacheco (CPF 145.046.429-72), com a ressalva de
que os ex-servidores não percebem mais a parcela judicial referente à URV;
c) considerar ilegais e recusar o registro dos atos de aposentadoria de Maria de Lourdes
Nazário (CPF 811.890.959-04) e Rogério Stoeterau (CPF 002.676.949-20);
d) dispensar a devolução dos valores indevidamente recebidos até a data da ciência do
acórdão que vier a ser prolatado, com base no Enunciado 106 da Súmula da Jurisprudência do TCU;
e) determinar à Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, com base no art. 45 da
Lei 8.443/1992, que:
e.1) faça cessar os pagamentos decorrentes dos atos impugnados, excluindo a
parcela de hora extra dos proventos de Maria de Lourdes Nazário, e efetuando o devido ajuste na
parcela de quintos de Rogério Stoeterau, comunicando ao TCU, no prazo de quinze dias, as
providências adotadas, nos termos dos arts. 262, caput, do Regimento Interno do TCU e 8º, caput, da
Resolução-TCU 206/2007;
e.2) cadastre novos atos, livres das irregularidades apontadas, submetendo-os ao TCU
no prazo de trinta dias, nos termos dos arts. 262, § 2º, do Regimento Interno do TCU e 19, § 3º, da
Instrução Normativa-TCU 78/2018;
e.3) informe aos interessados o teor do acórdão que vier a ser prolatado,
encaminhando ao TCU, no prazo de trinta dias, comprovante da data de ciência pelos interessados,
nos termos do art. 4º, § 3º, da Resolução-TCU 170/2004, alertando-os de que o efeito suspensivo
proveniente de eventual interposição de recurso junto ao TCU não os exime da devolução dos valores
indevidamente percebidos após a notificação, em caso de não provimento desse recurso.”

10
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.547/2010-4

VOTO

Trata-se de processo de concessão de aposentadoria a ex-servidores da Universidade


Federal de Santa Catarina (UFSC).
2. Para maior clareza, analisarei a situação dos diversos servidores em tópicos.
Pedro Graciano de Campos
3. Tendo em vista o falecimento do interessado, seu ato de concessão de aposentadoria
deve ser considerado prejudicado por perda de objeto, nos termos do Regimento Interno deste
Tribunal, art. 260, § 5.
Apóstolo Theodoro Nicolacopulos e Gilmar Pacheco
4. Os servidores Apóstolo Theodoro Nicolacopulos e Gilmar Pacheco foram ouvidos
previamente em razão da percepção de rubrica relativa ao percentual de 3,17%, em desacordo com o
entendimento do Tribunal, haja vista que os inúmeros planos de carreira editados desde 1996, em
especial nos últimos anos, teriam assegurado a absorção da rubrica sem decesso remuneratório.
5. Em apertada síntese, os interessados alegaram que recebem a vantagem em razão de
decisão judicial, que não pode ser afastada pelo Tribunal de Contas da União.
6. Ocorre que, ainda que a decisão judicial houvesse permitido a manutenção do
pagamento da URV após a edição da MP 2.225-45/2001, inúmeros outros planos de carreira foram
editados e teriam permitido a absorção da rubrica, a exemplo da Lei 11.784/2008, 12.772/2012,
13.325/2016, dentre outras, que são posteriores, inclusive à decisão judicial.
7. O princípio da irredutibilidade remuneratória não socorre aos interessados. Parcelas
ilegais podem e devem ser suprimidas, sob pena de violação dos princípios da legalidade, moralidade e
eficiência administrativa. No caso concreto, a necessidade de supressão decorre do fato de que os
aumentos remuneratórios concedidos à carreira do magistério superior foram suficientes para assegurar
a supressão das rubricas alusivas à URP de 3,17%, que constavam dos atos Sisac nos valores de R$
139,24 e R$ 53,13.
8. A decadência prevista no art. 54 da Lei 9.784/1999 não impede o Tribunal de Contas da
União de exercer sua competência constitucional de examinar, para fins de registro, os atos de
concessão de aposentadoria e pensão.
9. Não há que se invocar o princípio da segurança jurídica para buscar a manutenção dos
proventos pagos indevidamente antes que o Tribunal de Contas da União proceda ao registro dos
respectivos atos. Até que isso ocorra, os proventos são recebidos a título precário.
10. Ainda que se entendesse que a decisão judicial proferida na Ação Ordinária
99.0001944-0 amparava a manutenção da vantagem no início dos anos 2000, é de ver que o título
judicial que beneficiou o servidor ativo não é automaticamente transplantado para os proventos de
aposentadoria ou de pensão, deferidos em razão de um novo vínculo jurídico, consoante entendimento
do Supremo Tribunal Federal (MS 28.604/DF, relator Ministro Marco Aurélio, julgado pela Primeira
Turma em 4/12/2012):

DECADÊNCIA – ATO ADMINISTRATIVO – DESFAZIMENTO – APOSENTADORIA –


INADEQUAÇÃO. O disposto no artigo 54 da Lei nº 9.784/99, a revelar o prazo de
decadência para a Administração Pública rever os próprios atos, por pressupor
situação jurídica constituída, não se aplica à aposentadoria, porque esta reclama atos
sequenciais.
PROVENTOS DA APOSENTADORIA – URPs – DECISÃO JUDICIAL – ALCANCE.
O título judicial há de ter o alcance perquirido não só quanto à situação jurídica do

11
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.547/2010-4

beneficiário – servidor –, mas também ao fato de envolver relação jurídica de ativo, e


não de inativo.
CONTRADITÓRIO – PRESSUPOSTOS – LITÍGIO – ACUSAÇÃO. O contraditório, base
maior do devido processo legal, requer, a teor do disposto no inciso LV do artigo 5º da
Constituição Federal, litígio ou acusação, não alcançando os atos sequenciais alusivos ao
registro de aposentadoria. (destaques não existentes no original)
11. Também não prospera a alegação de que a rubrica alusiva aos 3,17% não pode ser
absorvida por decorrer de aumento geral, pois as tabelas de vencimentos foram alteradas
especificamente para a categoria dos profissionais de magistério, a exemplo da Lei 11.344/2006
(Anexo IV-A) e de outras tantas que a alteraram.
12. Nada obstante, considerando que a UFSC já suprimiu o pagamento da URV de 3,17%,
poderão os atos de aposentadoria dos senhores Apóstolo Theodoro Nicolacopulos e Gilmar Pacheco
ser considerados legais, com a ressalva de que os pagamentos irregulares foram suprimidos
(Regimento Interno deste Tribunal, art. 260, § 4º).
Maria de Lourdes Nazário
13. A servidora Maria de Lourdes Nazário, que permanece recebendo, até os dias atuais,
horas-extras judiciais às quais fazia jus, por força de decisão judicial, no regime celetista.
14. O máximo que poderia ter sido assegurado à interessada, quando da mudança para o
regime estatutário, seria uma vantagem pessoal a ser absorvida posteriormente, caso o enquadramento
na nova estrutura salarial resultasse em decesso remuneratório.
15. E, assim como no caso da URV, a rubrica também deveria ter sido absorvida e não seria
devida na aposentadoria, à luz da citada jurisprudência do STF.
16. Registre-se que, chamada aos autos por meio de edital – em razão do insucesso da
notificação postal (peças 15 e 19) – a sra. Maria de Lourdes Nazário manteve-se silente.
Rogério Stoeterau
17. Foi verificado que o inativo vem recebendo “quintos” de FC em valores superiores ao
que vem sendo admitido pelo TCU, bem assim o pagamento de GADF sobre esses “quintos”.
18. O fato de haver decisão judicial autorizando o pagamento de “quintos” com base na
antiga estrutura remuneratória não implica, de per si, que os cálculos da UFSC estejam corretos.
19. Nesse sentido, para pacificar a matéria, o TCU vem admitindo o pagamento da
vantagem com base na antiga forma de cálculo, observado o valor dos vencimentos do paradigma
(Professor Titular, com doutorado, no regime de dedicação exclusiva) vigente em 2000, acrescidos da
GAE (embora essa gratificação tenha sido criada posteriormente à revogação da Portaria 474/1987,
cuja aplicação se pretendia).
20. Na hipótese tratada nos autos, o valor da antiga FG 1, incorporado pelo servidor, foi de
R$ 3.710,66, que seria superior ao valor aceito pelo TCU. Segundo a unidade técnica, o valor correto
seria R$ 522,67.
21. O pagamento da GADF cumulativamente com a incorporação dos “quintos” das
funções gratificadas (FG) disciplinadas pela Portaria MEC 474/1987, decorre de uma utilização
indevida de normativos distintos, sempre em prejuízo do Erário. Ou bem se admite que o servidor
permaneceu vinculado aos valores das antigas FG, supostamente mais altas (motivo pelo qual os
servidores se insurgiram contra a aplicação da nova estrutura e valores trazidos pela Lei 8.168/1991),
ou bem se utilizam da nova estrutura remuneratória, aí incluída a GADF, criada pela Lei Delegada
13/1992.
22. Contudo, há decisão judicial (proferida em sede de execução, no ano de 2011) que
determina o pagamento da rubrica no valor de R$ 664,56, ao sr. Rogério Stoeterau, como asseverado
pela Sefip, que já se encontrava inativado. Assim sendo, não se deve determinar a supressão da rubrica.

12
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.547/2010-4

Acompanho, pois, a instrução da Sefip, corroborada pelo MPTCU, e acolho seus


fundamentos como razão de decidir.
Diante do exposto, VOTO por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto a este
colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 4 de dezembro de
2018.

BENJAMIN ZYMLER
Relator

13
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.547/2010-4

ACÓRDÃO Nº 15685/2018 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 026.547/2010-4.
2. Grupo I – Classe de Assunto: V - Aposentadoria
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessados: Apóstolo Theodoro Nicolacopulos (047.328.989-04); Gilmar Pacheco (145.046.429-
72); Maria de Lourdes Nazário (811.890.959-04); Pedro Graciano de Campos (067.164.589-72);
Rogério Stoeterau (002.676.949-20).
4. Órgão/Entidade: Universidade Federal de Santa Catarina.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
8. Representação legal:
8.1. Pedro Mauricio Pita da Silva Machado (12391/OAB-SC) e outros, representando Rogerio
Stoeterau, Gilmar Pacheco e Apostolo Theodoro Nicolacopulos.

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de processo de aposentadoria de ex-servidores
da Universidade Federal de Santa Catarina,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, diante das razões expostas pelo relator e com fundamento na Constituição Federal, art. 70, III
e IX, na Lei 8.443/1992, arts. 1º, V, e 39, II, e no Regimento Interno do Tribunal de Contas da União,
art. 260, em:
9.1. considerar legais as concessões de aposentadoria aos srs. Apóstolo Theodoro
Nicolacopulos e Gilmar Pacheco e determinar o registro dos respectivos atos, com a ressalva de que
não mais é paga a parcela alusiva à URV (3,17%);
9.2. considerar prejudicado, por perda de objeto, o julgamento da aposentadoria do sr.
Pedro Graciano de Campos, em razão de seu falecimento;
9.3. considerar ilegais as concessões de aposentadoria aos servidores Maria de Lourdes
Nazário e Rogério Stoeterau, com negativa de registro aos respectivos atos;
9.4. dispensar a devolução dos valores recebidos de boa-fé pelos interessados mencionados
no subitem 9.3;
9.5. determinar à Universidade Federal de Santa Catarina que adote as seguintes
providências, sob pena de responsabilidade solidária da autoridade administrativa omissa:
9.5.1. dê ciência do inteiro teor desta deliberação a Maria de Lourdes Nazário e Rogério
Stoeterau no prazo de quinze dias e faça juntar os comprovantes de notificação a estes autos nos
quinze dias subsequentes;
9.5.2. suspenda, no prazo de trinta dias, os pagamentos realizados com base nos atos ora
impugnados;
9.5.3. emita novo ato de aposentadoria para o inativo Rogério Stoeterau com observância
do valor correto dos “quintos” de FG 1, consoante tabela constante do relatório, uma vez que não
poderá reverter à atividade, por contar com mais de setenta e cinco anos.

10. Ata n° 44/2018 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 4/12/2018 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-15685-44/18-1.

14
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 026.547/2010-4

13. Especificação do quorum:


13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (Presidente) e Benjamin Zymler (Relator).
13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.
13.3. Ministro-Substituto presente: Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


WALTON ALENCAR RODRIGUES BENJAMIN ZYMLER
Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
RODRIGO MEDEIROS DE LIMA
Procurador

15

Вам также может понравиться