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Conselho Editorial
Luis Álvaro Sgadari Passeggi (Presidente) Luciene da Silva Santos
Alexandre Reche e Silva Márcia Maria de Cruz Castro
Amanda Duarte Gondim Márcio Zikan Cardoso
Ana Karla Pessoa Peixoto Bezerra Marcos Aurélio Felipe
Anna Cecília Queiroz de Medeiros Maria de Jesus Goncalves
Anna Emanuella Nelson dos Santos Cavalcanti da Rocha Maria Jalila Vieira de Figueiredo Leite
Arrailton Araujo de Souza Marta Maria de Araújo
Carolina Todesco Mauricio Roberto Campelo de Macedo
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Jorge Tarcísio da Rocha Falcão Tercia Maria Souza de Moura Marques
Juciano de Sousa Lacerda Tiago Rocha Pinto
Julliane Tamara Araújo de Melo Veridiano Maia dos Santos
Kamyla Alvares Pinto Wilson Fernandes de Araújo Filho
Cognição e práticas discursivas [recurso eletrônico] / Organizado por Ada Lima Ferreira de
Sousa, Paulo Henrique Duque. – Natal : EDUFRN, 2018.
1. Linguagem. 2. Linguística. 3. Cognição. I. Sousa, Ada Lima Ferreira de. II. Duque, Paulo
Henrique. III. Título.
CDU 81’22
C676
Referências 297
APRESENTAÇÃO
Este livro apresenta uma visualização de ideias que, de alguma
maneira, estiveram presentes nos debates do grupo de pesquisa
Cognição e Práticas Discursivas (UFRN) desde o início de suas
atividades, em 25 de junho de 2009. Trata-se de obra introdu-
tória e, como tal, inclui conceitos operacionais e exemplos de
análises que procuram descrever e explicar comportamentos
linguísticos, considerando-se o papel da mediação sociocultural
na interação homem-ambiente.
Os trabalhos apresentados promovem um diálogo inter-
disciplinar – em especial, no que diz respeito à natureza diversi-
ficada dos corpora selecionados como material de análise – sem
perder o foco norteador das pesquisas: o uso linguístico no
âmbito das atividades de categorização. Todos os autores vêm
trabalhando direta ou indiretamente com elementos da aborda-
gem cognitiva. Embora tenham constituído (ou estejam consti-
tuindo) suas formações sob uma base teórica comum, cada um
vem consolidando sua especialidade detendo-se no estudo de
fenômenos específicos, cujas análises certamente contribuirão
para a melhor compreensão de aspectos bem específicos do uso
linguístico sob a perspectiva cognitiva: categorização, figura-
tividade, situacionalidade, esquematização, acionamento de
frames, idiomaticidade e construcionalização.
O livro está estruturado em 12 capítulos, agrupados
em 3 tópicos centrais: as bases teóricas e metodológicas da
pesquisa em Linguística Cognitiva (capítulos 1 a 5); propostas
de análise de narrativas (capítulos 6 a 10); e questões grama-
ticais (capítulos 11 e 12).
No primeiro capítulo, apresenta-se um histórico dos estu-
dos cognitivistas, desde o modelo gerativista, de Chomsky, até
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Os organizadores
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CAPÍTULO 1
1
Texto revisto e atualizado, originalmente publicado sob o título
“Cognitivismo, corporalidade e construções: novas perspectivas nos estu-
dos da linguagem”, nos Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Linguagens
em diálogo, n. 42, p. 87-108, 2011.
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A “corporalidade” tem sido um dos caminhos explicativos seguidos por
pesquisadores contemporâneos. De acordo com esse enfoque, as habili-
dades cognitivas e comunicacionais dos sujeitos são interpretadas como
fenômenos resultantes de sua existência como sistemas físicos em contínua
interação com seu ambiente humano e não humano.
3
Neste livro, adotamos VERSALETES para a notação de domínios concep-
tuais; VERSALETES em itálico para a notação de affordances; itálico para a
notação de propriedades/atributos/ traços ou componentes de um domí-
nio conceptual mais amplo; aspas duplas (“”) para termos ou expressões
linguísticas enunciadas e aspas simples (‘’) para termos e expressões
linguísticas formais.
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4
No modelo tradicional, embora a razão possa receber informações da
percepção e o movimento possa ser uma consequência dela, nenhum aspec-
to da percepção ou do movimento é tratado como parte da razão (LAKOFF;
JOHNSON, 1999).
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Cognitivismo, corporalidade e construções
5
Regier’s Model for Learning Spatial-Relations Terms; Bailey’s Model for
Learning Verbs of Hand Motion; Narayanan’s Model of Motor Schemas,
Linguistic Aspect and Metaphor, citados por Lakoff e Johnson (1999, p. 39-41).
26
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6
A contribuição do Modelo dos Espaços Mentais (FAUCONNIER, 1994)
erige-se a partir da postulação de um modelo cognitivo de análise para os
fenômenos de linguagem natural. De acordo com esse modelo, os Espaços
Mentais (EM) – produzidos como funções da expressão linguística que os
suscita e do contexto que os configura – são operadores do processamento
cognitivo. Como domínios dinâmicos, os EM organizam-se enquanto pensa-
mos e falamos e, por isso, são diferentes e novos a cada semiose.
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7
Uma explicação detalhada sobre esses e outros frames pode ser vista no
Capítulo 4.
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No original, “pieces”.
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9
Por exemplo, se a sentença for “Andy deu-lhe a pizza”, os indivíduos levam
mais tempo para apertar um botão, ação que os obriga a mover as mãos para
longe do corpo, e o inverso é verdadeiro para frases indicando movimentos
em direção oposta ao corpo, como “você deu a pizza a Andy”.
31
Cognitivismo, corporalidade e construções
10
Os efetores, constituídos por músculos e glândulas, são órgãos que
recebem estímulos do sistema nervoso central e atuam sobre um sistema
muscular ou glandular já existente na anatomia humana (ou específica de
cada espécie). A disponibilidade e características específicas dos órgãos
efetores é que determinam o tipo de reação do sistema muscular ou glan-
dular aos estímulos do Sistema Nervoso Central.
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11
Disponível em: <https://extra.globo.com/noticias/brasil/carreta-cai-
-em-ribanceira-motorista-morre-na-via-anchieta-237611.html>. Acesso
em: 24 abr. 2018.
12
Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-01/
depois-das-chuvas-moradores-voltam-para-casa-em-angra-dos-reis>.
Acesso em: 13 mar. 2018.
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13
Disponível em: <http://portaldasseries.blogspot.com/2009/06/clássicos-
-da-teve-brasileira.html>. Acesso em: 9 jan. 2010.
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14
Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL1224679-
7084,00-AMANTES+DA+MUSICA+DO+REI+CONTAM+O+QUE+FARIAM+POR+U
MA+ROSA.html>. Acesso em: 19 jul. 2009.
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CAPÍTULO 2
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Categorização: a perspectiva de protótipos
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Categorização: a perspectiva de protótipos
1
A fim de mantermos a equivalência das notações das diversas pers-
pectivas teóricas aqui visitadas, abandonamos a notação estruturalista
entre colchetes.
46
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2
Cumpre esclarecer, entretanto, que a Análise Componencial nunca
pretendeu dar conta de casos que se distanciam do modelo idealizado de
uma categoria estruturada em função de traços semânticos compartilha-
dos, essenciais, necessários e suficientes.
3
É importante salientar novamente que a Análise Componencial não
é um método fundado numa teoria semântica de interesse cognitivo.
Sua aplicação não visa a responder ao interesse por uma descrição da
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Categorização: a perspectiva de protótipos
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Nível superordenado
Nível básico
Nível subordinado
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CAPÍTULO 3
1
Cumpre esclarecer que o termo “compreensão”, aqui, diz respeito ao resul-
tado da interação do corpo com o ambiente por meio da percepção e atuação
direta, e, nos casos de interação linguisticamente mediada, ao processo de
modelagem, ativação e acionamento de circuitos neurais. O foco do capítulo
recai principalmente neste segundo aspecto da compreensão.
2
O termo “multimodal” diz respeito à integração entre modalidades senso-
riais que se transformam em percepção, como visão, audição, somestesia
(tato), paladar e olfato, e modalidades motoras.
3
Modelos Cognitivos são “constructos mentais simplificados que orga-
nizam os vários domínios práticos e teóricos da experiência humana”
(McCAULEY, 1987, p. 292).
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4
De acordo com Bergen e Chang (2005), a simulação mental corresponde ao
acionamento interno de sistemas cerebrais para criar ou recriar experiências
não presentes. A simulação mental pode ser visual, no que se refere às partes
do sistema visual que ficam ativas de maneira semelhante ao modo como
reagiríamos se um estímulo externo estivesse realmente presente, ou motora,
no que se refere à ativação de partes do cérebro dedicadas ao controle motor
como modelo de ação física, usualmente sem, de fato, acionar músculos.
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Simulação mental e compreensão
5
Entenda-se a expressão “compreensão da linguagem” do inglês, “language
comprehension” (BERGEN, 2014) como compreensão por meio da linguagem.
Cumpre esclarecer também que o uso do termo “linguagem”, aqui, busca foca-
lizar o conjunto de indexadores que nos orientam na construção de sentidos.
6
O termo “representação”, aqui, é usado como sinônimo de modelo mental
(ou modelos de situação). Essa perspectiva prevê que cognoscentes são
influenciados pela natureza da situação que é descrita em um texto e não
apenas pela estrutura das sentenças ou do texto. Durante o processo de
compreensão, construímos representações mentais de pessoas, objetos,
locais, eventos e ações descritas no texto, não das palavras, sintagmas,
sentenças, frases e parágrafos de um texto.
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Paulo Henrique Duque
7
Segundo Gibson (1986), o verbo ‘to afford’ (fornecer) é encontrado no dicio-
nário, mas o substantivo affordance não. O autor deu significado próprio
ao termo. O termo passou a designar as possibilidades oferecidas pelo
ambiente a um agente particular. Nesse sentido, superfícies possibilitam
locomoção, alguns objetos possibilitam manuseio e alguns animais possi-
bilitam interação. Assim, quando um agente percebe superfícies, objetos e
animais, ele percebe affordances.
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Simulação mental e compreensão
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Enunciados que descrevem coisas arranjadas estaticamente no espaço,
como se elas se deslocassem (p.ex., “a rachadura vai de uma parede a outra”).
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Simulação mental e compreensão
9
De acordo com esses modelos, a compreensão envolve apenas represen-
tações internas do mundo. Essa perspectiva é denominada amodal porque
não prevê a correlação entre conteúdos de percepção ou de movimento
relacionados às respectivas modalidades perceptuais e motoras.
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Simulação mental e compreensão
(12) se
próximo (objeto, robô)
então
comandox (objeto, braço mecânico)10
10
Leia-se: se um objeto se encontra próximo do robô, então deve-se executar
o “comandox”, ou seja, apontar o braço mecânico para o objeto.
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3.4 Combinação
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11
O termo Gramática de Construções abrange uma família de teorias ou
modelos de gramática que se baseiam na ideia de que a unidade básica
da gramática é a construção gramatical em vez de regras que organizam
unidades isoladas. Na perspectiva da GC, a gramática de uma língua é
composta de taxonomias de famílias de construções.
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3.5.1 O conceito
Uma construção gramatical, independentemente da
sua complexidade formal e semântica e da sua composição,
é um pareamento de forma e significado. Os estudiosos da
abordagem construcional defendem que todos os pareamentos
de forma e significado são construções gramaticais, incluindo
frames discursivos, sentenças, expressões idiomáticas, palavras
e, até mesmo, morfemas.
Ao contrário do modelo componencial, a GC nega
qualquer distinção rigorosa entre léxico e sintaxe e propõe
um contínuo. Tanto a palavra quanto a construção gramatical
complexa são pareamentos de forma/significado e diferem
apenas na complexidade simbólica interna. Em vez de serem
módulos discretos e, portanto, sujeitos a processos, formam os
extremos de um contínuo.
De acordo com Evans, Bergen e Zinken (2007), a língua
pode ser caracterizada como constituída de um conjunto de
camadas de organizações distintas – a estrutura do som, o
conjunto de palavras compostas por esses sons, as estruturas
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CAPÍTULO 4
Análise Construcional:
aspectos conceituais e metodológicos
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1
De acordo com Dodge e Lakoff (2005), ao analisarmos sentenças que
descrevem movimento de uma pessoa, como é o caso desses dois exemplos, a
sequência temporal básica de mudança de localização do trajetor é expressa
usando a estrutura esquemática ORIGEM-CAMINHO-META.
2
Ponto de referência.
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Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
3
Esquemas menos imagéticos derivam de esquemas mais imagéticos.
4
A lei do terceiro excluído expressa que uma dada proposição deve ser
verdadeira ou falsa, “ou p ou não-p”.
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Não-P
P
5
O autor propõe uma escala de prototipicidade, que parte do uso mais
prototípico até chegar ao uso mais periférico.
111
Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
Quadro 1 – Esquemas-I.
Fonte: Autoria própria.
6
MASSA/CONTÁVEL e SOBREPOSIÇÃO, embora incluídos na lista de esquemas-I,
aparecem como “transformações de esquema-I” em Lakoff (1987) e Johnson (1987).
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Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
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Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
7
Diz respeito à capacidade para a metáfora conceitual, que nos permite
projetar a estrutura experimental dos domínios “imagéticos” da experiên-
cia sensório-motora em estruturas não-imagéticas (“mais abstratas”). Os
esquemas-I são como âncoras corporificadas de todo o sistema conceitual,
do menos ao mais abstrato.
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Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
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EXPERIÊNCIA PAPÉIS
ESQUEMAS-I LÓGICA EMERGENTE
CORPORAL BÁSICA ENVOLVIDOS
Toda e qualquer coisa sempre
está ou dentro ou fora de um
recipiente. Se o recipiente B está
dentro do recipiente C, e A está
dentro do recipiente B, então A
está dentro de C também.
Experienciamos
Muitos conceitos podem ser
nossos corpos de duas
emulados na base do esquema-I
maneiras diferentes:
CONTÊINER, como SOCIEDADE,
1, como recipientes interior
CASAMENTO, FAMÍLIA etc.
CONTÊINER limitados pela pele, limites
“margens da sociedade”
e LIGAÇÃO com portais (boca, exterior
“fora do casamento”
CONTEÚDO- nariz, ouvido etc.) e portal
“entrar para a família”
CONTINENTE 2, como entidades conteúdo
A ligação CONTEÚDO-
que ocupam espaços
CONTINENTE estabelece
limitados, como
uma relação de inclusão e
restaurantes, por
pertinência de classe.
exemplo.
“excluídos da sociedade”
“inclusão escolar”
“pertencer ao grupo”
O acúmulo de unidades no
CONTÊINER produz a noção de
QUANTIDADE e MASSA.
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Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
(continuação)
A relação parte/todo é
assimétrica, uma vez que se A é
parte de B, então B não pode ser
parte de A.
Não pode ocorrer o todo
sem as partes, mas podemos
Somos seres realçar partes específicas
inteiros cujas do todo. Só existe o todo se
partes podem ser as partes estiverem em uma
identificadas. Assim, CONFIGURAÇÃO.
experienciamos Conceitos como SOCIEDADE,
nossos corpos CASAMENTO, FAMÍLIA etc.
como TODOS com todo também podem ser emulados
PARTES. Nosso nível partes na base do esquema-I
LIGAÇÃO
básico de percepção configuração PARTE-TODO. O conceito
PARTE-TODO
distingue a estrutura geral de estrutura, em si,
fundamental é esquematizado como
parte-todo de que PARTE-TODO.
necessitamos para “a sociedade como um todo”
interagir no/com o “faz parte do casamento”
espaço. “membro da família”
A ligação PARTE-TODO
estabelece uma relação de
estruturação de um todo.
“o respeito é uma peça
fundamental do casamento”
“família unida”
A periferia depende do centro,
não o contrário; as teorias
Experienciamos
apresentam princípios centrais
nossos corpos como
e periféricos; o importante é
tendo centro (o
entendido como central.
tronco e órgãos
LIGAÇÃO “o alvo da nossa ação”
internos) e periferias centro
CENTRO- “morar nas redondezas”
(dedos, pele, periferia
PERIFERIA “som da periferia”
unhas). O espaço
A ligação entre centro e
também é concebido
periferia justapõe elementos
em termos de
em radicalidade.
CENTRO-PERIFERIA.
“falar com o responsável”
“ir direto ao ponto”
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(continuação)
Se um corpo se desloca de uma
origem a um destino ao longo
de um percurso, deve passar
por cada ponto intermediário
do referido percurso. (Paradoxo
de Zenão).
“entrar na sala”
“sair de casa”
“passar pela praça”
Objetivos são emulados nas
metas. Atingir um objetivo é
Cada movimento
entendido como percorrer uma
pressupõe um ponto origem
TRAJETÓRIA trajetória, passando por pontos
de partida, um ponto meta
e LIGAÇÃO intermediários, até chegar ao
de chegada, uma pontos
ENTRE os destino.
sequência contínua intermediários
PONTOS DA “objetivo geral e objetivos
de espaços que direção
TRAJETÓRIA específicos de uma dissertação”
conectam os pontos
A ligação entre pontos
em uma direção.
intermediários estabelece
as noções de contiguidade
e causalidade presente em
eventos complexos.
“redigir o e-mail” e “enviar o
e-mail”
Se origem e meta se sobrepõem,
temos um CICLO.
A integração entre TRAJETÓRIA
e QUANTIDADE produz a noção
de VERTICALIDADE.
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Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
(continuação)
O trajetor se desloca em
relação a um marco. O trajetor
é mais dinâmico que o marco
(normalmente fixo).
“Mônica foi para casa”
Experienciamos “Ana passou pelo Jardim
nossos corpos em Botânico”
movimento no Além de estabelecer a relação
LIGAÇÃO espaço. Vemos trajetor entre agente e espaço, ligações
TRAJETOR- entidades se marco TRAJETOR-MARCO podem
MARCO moverem de um relacionar um agente e um
ponto a outro no objeto.
espaço. “marceneiro” e “madeira”
(serrar)
“professor” e “exercício”
(corrigir)
A relação figura/fundo é
emulada nesse esquema-I.
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Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
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Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
4.3 Frames
8
Algo como “o pássaro está sobre a mesa, tocando-a” e “o pássaro está sobre
a mesma, sem tocá-la”.
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Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
9
Cumpre esclarecer que frames criam domínios conceptuais através de
enquadramentos. Nesse sentido, podemos examinar qualquer entidade e
identificar seus atributos, criando novos domínios conceptuais.
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Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
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Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
c) Frame interacional
De acordo com Fillmore (1976), existe um tipo de frame
associado à comunicação que contempla a conceptualização
de uma situação de comunicação entre um falante e um
ouvinte ou entre um escritor e um leitor. Tais frames incluem o
conhecimento das intenções do falante/escritor e as rotinas de
eventos de fala, o que contribui para a compreensão do inter-
câmbio conversacional. Também inclui o conhecimento de
categorias discursivas tais como CONTO, RECEITA e NOTÍCIA.
136
Paulo Henrique Duque
d) Frame de domínio-específico
Certos conceitos são evocados por frames de domínios
conceptuais bem específicos (JUSTIÇA, RELIGIÃO, POLÍTICA
PARTIDÁRIA, ECONOMIA etc.). Esses frames, muitas vezes,
entram em confito com frames convencionais. Por exemplo,
ASSASSINO e INOCENTE orientam uma construção de senti-
do específica no domínio da justiça. Nesse domínio, há uma
diferença fundamental entre HOMICÍDIO-DOLOSO (matar
alguém com a intenção de matar) e HOMICÍDIO-CULPOSO
(matar alguém, mas sem a intenção de matar). Nesse domínio,
noções como INOCENTE e CULPADO são preenchidas no frame
JULGAMENTO, em que pessoas podem ser inocentes mesmo
que tenham matado alguém. Fora desse domínio, normalmente
137
Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
f) Frame social
Frames sociais orientam o nosso comportamento e as
nossas expectativas sociais. Podem ser frames simples, como
FAMÍLIA, ou complexos, como é o caso de instituições como
ESCOLA, GOVERNO e IGREJA. Normalmente, por ser configurado
como o nosso primeiro frame social, FAMÍLIA serve de modelo
para os demais frames sociais. Nesse sentido, é comum realizar-
mos o o mapeamento metafórico entre os componentes do frame
FAMÍLIA e os papéis que compõem outros frames sociais.
g) Frame-roteiro
Roteiros são frames que normalmente constituem vários
eventos cronologicamente. São estruturas de conhecimento
que delineiam como os eventos do dia-a-dia se desdobram.
São esses frames que organizam algoritmicamente o nosso
conhecimento sobre procedimentos. Sequências de ações que
caracterizam eventos experienciados com frequência guiam
nossas expectativas e formatam comportamentos em situações
cotidianas. Em outras palavras, a experiência recorrente de
um determinado evento pode criar um molde internalizado da
provável sequência de ações, participantes e entidades dentro
da situação experienciada. Por nos guiarem na elaboração de
inferências sobre os eventos seguintes, quebras de expectativa
são compensadas com sensações de humor, ansiedade, tristeza
etc. O frame conceptual CASAMENTO, por exemplo, dentre
outras coisas, ativa o roteiro de eventos específicos de um
casamento.
138
Paulo Henrique Duque
h) Esquema-I
A inclusão dos esquemas imagéticos nesta tipologia se
justifica, tendo em vista que são os esquemas que organizam
a estrutura reticulada sobre a qual os diversos tipos de frames
se estruturam. Como vimos, os esquemas imagéticos retêm
na memória as invariâncias das experiências vivenciadas
pelo homem. Nesse sentido, o DESLOCAMENTO FÍSICO orienta
frames descritores de eventos e roteiros; TRANSFERÊNCIA DE
POSSE orienta o compartilhamento de foco durante a apren-
dizagem da linguagem e frames interacionais; DENTRO/FORA
orienta cenários e frames sociais; CENTRO/PERIFERIA orienta
a estrutura reticulada dos frames conceptuais; TRAJETOR/
MARCO orienta a identificação dos participantes das cenas etc.
f) Frames-culturais
Um modelo cultural é um frame específico de uma deter-
minada cultura. Cumpre esclarecer que todos os tipos de frames
apresentados aqui passam por uma espécie de filtro cultural,
conforme demonstrado no Quadro 7.
139
Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
(continuação)
Conjunto de
Enquadramento dos CD Inclusão
atributos
a. Com foco nas entidades (QUEM) Descrição Definição
b. Com foco no CENÁRIO (ONDE) Descrição Definição
c. Com foco no TEMPO (QUANDO) Descrição Definição
Enquadramento do
Perspectiva do Trajetor Sequencialidade
ROTEIRO
1ª e 3ª pessoa: Narração Causação
Com foco no roteiro (O QUÊ) 2ª pessoa: Injunção Comando
meta do discurso Argumentação
Quadro 9 – Enquadramento do roteiro.
Fonte: Autoria própria.
10
O conceito de Centro Dêitico é desenvolvido no Capítulo 10.
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Análise Construcional: aspectos conceituais e metodológicos
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CAPÍTULO 5
1
A obra foi traduzida para o Português, em 2002, por Mara Sophia Zanotto,
com o título Metáforas da vida cotidiana.
Ricardo Yamashita Santos
149
Metáfora: contexto histórico e perspectivas
150
Ricardo Yamashita Santos
2
Computações neurais são as conexões formadas através das sinapses
neurais e que nos permitem organizar o conhecimento, como salienta
Feldman (2006).
151
Metáfora: contexto histórico e perspectivas
152
Ricardo Yamashita Santos
153
Metáfora: contexto histórico e perspectivas
154
Ricardo Yamashita Santos
155
Metáfora: contexto histórico e perspectivas
156
Ricardo Yamashita Santos
157
Metáfora: contexto histórico e perspectivas
4
Categoria teórico-metodológica desenvolvida por Santos (2011). De forma
geral, tal categoria nos permite delimitar o fragmento a ser escolhido a
partir da análise do pesquisador e o que ele toma como foco de sua investi-
gação, no caso, a construção metafórica de RAIVA. Em termos notacionais,
a discriminação do Bloco Construcional é realizada pela sigla BC, acompa-
nhada do número referente ao bloco em descrição.
158
Ricardo Yamashita Santos
159
Metáfora: contexto histórico e perspectivas
Quadro 13 – Subgrupo 2.
Fonte: Autoria própria.
160
Ricardo Yamashita Santos
161
CAPÍTULO 6
163
A figuratividade em narrativas em quadrinhos: uma proposta de análise
1
A convenção de grafar a metáfora toda em letras maiúsculas é adotada por
Lakoff e Johnson (1980) e preservada aqui.
2
A escolha da letra “S” é motivada pelo fato de ela ser a inicial de “schema”,
inglês de “esquema”. Assim, “S” se aplica à representação dos frames, posto
que estes são estruturas esquemáticas.
164
Ada Lima Ferreira de Sousa
DISCUSSÃO É GUERRA
DEBATEDORES SÃO ADVERSÁRIOS
USO DE ESTRATÉGIA ARGUMENTATIVA É ATAQUE
CONTRA-ARGUMENTO É DEFESA
ANULAÇÃO DO ARGUMENTO DO INTERLOCUTOR É DESTRUIÇÃO
165
A figuratividade em narrativas em quadrinhos: uma proposta de análise
166
Ada Lima Ferreira de Sousa
167
A figuratividade em narrativas em quadrinhos: uma proposta de análise
168
Ada Lima Ferreira de Sousa
169
A figuratividade em narrativas em quadrinhos: uma proposta de análise
3
Linhas que separam os quadros (MCCLOUD, 2005).
4
Linhas que demarcam os limites dos quadros (MCCLOUD, 2005).
170
Ada Lima Ferreira de Sousa
171
A figuratividade em narrativas em quadrinhos: uma proposta de análise
172
Ada Lima Ferreira de Sousa
173
A figuratividade em narrativas em quadrinhos: uma proposta de análise
174
Ada Lima Ferreira de Sousa
175
A figuratividade em narrativas em quadrinhos: uma proposta de análise
176
Ada Lima Ferreira de Sousa
177
A figuratividade em narrativas em quadrinhos: uma proposta de análise
Parâmetros Valores
Deslocamento Para fora do corpo
Força Fraco
Agentividade Alta transitividade
178
Ada Lima Ferreira de Sousa
179
A figuratividade em narrativas em quadrinhos: uma proposta de análise
180
Ada Lima Ferreira de Sousa
181
A figuratividade em narrativas em quadrinhos: uma proposta de análise
182
Ada Lima Ferreira de Sousa
183
A figuratividade em narrativas em quadrinhos: uma proposta de análise
184
Ada Lima Ferreira de Sousa
185
A figuratividade em narrativas em quadrinhos: uma proposta de análise
186
Ada Lima Ferreira de Sousa
187
A figuratividade em narrativas em quadrinhos: uma proposta de análise
188
CAPÍTULO 7
1
O conceito de Centro Dêitico será mais bem desenvolvido no Capítulo 10.
190
Túlio de Santana Batista | Paulo Henrique Duque
2
Pelo fato de os renegados estarem voltando do mundo dos mortos, Shaka pensa
que eles querem fazer algum mal a Atena e, por isso, luta em defesa da deusa.
3
Os golpes são referidos por técnicas porque dizem respeito a um conjunto de
procedimentos específicos das lutas para as quais os cavaleiros foram treinados.
4
Tal técnica se dá na forma de um ataque único, preciso e fulminante de três
cavaleiros de ouro.
191
Modelos de situação em animês: um estudo de caso
192
Túlio de Santana Batista | Paulo Henrique Duque
193
Modelos de situação em animês: um estudo de caso
194
Túlio de Santana Batista | Paulo Henrique Duque
195
Modelos de situação em animês: um estudo de caso
(2) Mestre Ancião: Você deveria ter 261 anos como eu,
mas está com a mesma aparência jovem de há 243 anos,
durante a Guerra Santa que tomamos parte!
Dohko: O quê?
Shion: Como?
196
Túlio de Santana Batista | Paulo Henrique Duque
(3) Buda: Shaka! Shaka! Por que está tão triste? Você tem
apenas 6 anos e, apesar disso, senta aí todos os dias para
se lamentar. O que é que te preocupa?
197
Modelos de situação em animês: um estudo de caso
Shaka: Esqueci?
198
Túlio de Santana Batista | Paulo Henrique Duque
Buda: A morte!
Shaka: A morte...
5
Frame, aqui, está sendo usado no sentido cinematográfico, correspondendo
a cada um dos quadros ou imagens fixas de um produto audiovisual.
199
Modelos de situação em animês: um estudo de caso
200
Túlio de Santana Batista | Paulo Henrique Duque
201
Modelos de situação em animês: um estudo de caso
Saga: Sim!
202
Túlio de Santana Batista | Paulo Henrique Duque
203
Modelos de situação em animês: um estudo de caso
204
Túlio de Santana Batista | Paulo Henrique Duque
205
Modelos de situação em animês: um estudo de caso
206
Túlio de Santana Batista | Paulo Henrique Duque
Figura 16 – Contrastes.
Fonte: Os Cavaleiros do Zodíaco, Toei Animation.
207
Modelos de situação em animês: um estudo de caso
208
Túlio de Santana Batista | Paulo Henrique Duque
209
Modelos de situação em animês: um estudo de caso
210
CAPÍTULO 8
Um esquema-I é
212
Emanuelle Pereira de Lima Diniz
213
A construção do sentido a partir da leitura de charges
214
Emanuelle Pereira de Lima Diniz
215
A construção do sentido a partir da leitura de charges
(1) Participante A
Este cartum representa um cartola da FIFA empurrando
as comunidades de baixa Renda para as periferias. Para
que o mundo só veja tudo bonito. Para dá a impressão o
Brasil é só maravilhas.
(2) Participante B
Com a construção do estádio de futebol em Natal, os
governantes removeiro muitas família do centro para
periferia sem ao menos se preocupa com tantas pessoas
que construíram seus lares e seus comércios. Eles não
216
Emanuelle Pereira de Lima Diniz
(3) Participante C
Esse cartum contém um enorme homem, e umas peque-
nas casinhas amontoadas. E o grande homem está preste
a chutar as pequenas casas para dentro da trave como
se fosse uma bola de futebol. O que o desenho retrata e
o que acontece no momento no pais, uma grave situação
dos brasileiros; o “grande homem” representa o poder,
os políticos, empresários, e os poderosos que tem gran-
des interesses financeiros.
(4) Participante D
Transmite na imagem justamente, o que os cidadão de
cada cidade sede irá passar durante o período do jogo,
ninguém poderá se movimentar por perto de um deter-
minado distância do estado, como se tivéssemos culpa
pela falta de organização das coisas de mobilidade. Nas
principais avenidas só pra ressaltar e como se eles nos
chutassem para os canteiros da cidade e deixassem livre
acessos para os turista e a imagem trata a isso de uma
maneira bem direta mesmo como se nós pessoas pobres
não se relacionassem como homens.
(5) Participante E
O significado desse cartum, é a força dos empresário
e os políticos competentes do pais. Veja que ele está
chutando as casas. Ele está pensando no dinheiro,
217
A construção do sentido a partir da leitura de charges
218
Emanuelle Pereira de Lima Diniz
219
A construção do sentido a partir da leitura de charges
220
Emanuelle Pereira de Lima Diniz
221
A construção do sentido a partir da leitura de charges
222
Emanuelle Pereira de Lima Diniz
223
A construção do sentido a partir da leitura de charges
224
CAPÍTULO 9
226
Natalia de Lima Nobre
227
Estratégias de compreensão de textos narrativos por alunos da EJA
228
Natalia de Lima Nobre
1
Protocolos de leitura são atividades de verbalização, oral ou escrita, do
fluxo de consciência. Para mais esclarecimentos sobre a natureza desse
instrumento, ver Hirano (2007).
229
Estratégias de compreensão de textos narrativos por alunos da EJA
230
Natalia de Lima Nobre
231
Estratégias de compreensão de textos narrativos por alunos da EJA
232
Natalia de Lima Nobre
233
Estratégias de compreensão de textos narrativos por alunos da EJA
234
Natalia de Lima Nobre
235
Estratégias de compreensão de textos narrativos por alunos da EJA
– É o que eu vou fazer! Esta noite, quando você dormir, vou ligar o
gravador e gravar os seus roncos.
– Humrfm – diz o velho.
236
Natalia de Lima Nobre
“Estão prontos?”
“Não, acho que ainda não...”
Então vamos voltar amanhã...”
237
Estratégias de compreensão de textos narrativos por alunos da EJA
*Na resolução do segundo protocolo, duas alunas escolheram o pseudônimo de Fernanda. Para diferen-
ciar suas respostas, usamos o número referente às suas idades após o nome: Fernanda 19, Fernanda 26.
238
Natalia de Lima Nobre
239
Estratégias de compreensão de textos narrativos por alunos da EJA
240
Natalia de Lima Nobre
241
Estratégias de compreensão de textos narrativos por alunos da EJA
242
Natalia de Lima Nobre
243
CAPÍTULO 10
245
Centro Dêitico e perspectivação na narrativa
246
Zélia Xavier dos Santos Pegado
247
Centro Dêitico e perspectivação na narrativa
(52) Quando meu pai chegou em casa, notei que ele estava com
uma aparência triste, mas pensei que fosse cansaço, ou algo
assim. Não imaginaria que fosse algo tão terrível como foi.
248
Zélia Xavier dos Santos Pegado
(53) Quando meu pai chegou em casa, notei que ele estava com
uma aparência triste, mas pensei que fosse cansaço, ou algo
assim. Não imaginaria que fosse algo tão terrível como foi. Ele
entrou no quarto e passou muito tempo por lá conversando
com minha mãe, até quarenta minutos depois ele sair de lá
junto com minha mãe e vir em direção ao meu quarto.
249
Centro Dêitico e perspectivação na narrativa
(55) Eu me lembro que quando tinha uns seis anos meus tios
do brasil vinheram visita a minha família. Falavam muito
estranho, eu gostei deles, isso faz muito tempo, nem sei
como eles são hoje.
250
Zélia Xavier dos Santos Pegado
(56) ... se mudar para o Brasil Justo agora que eu estou come-
çando ‘auge’ aqui na Itália (...). O motivo de nossa ida é que
nosso pai foi promovido para uma filial de lá.
251
Centro Dêitico e perspectivação na narrativa
252
Zélia Xavier dos Santos Pegado
253
Centro Dêitico e perspectivação na narrativa
254
Zélia Xavier dos Santos Pegado
255
Centro Dêitico e perspectivação na narrativa
256
CAPÍTULO 11
1
Cumpre esclarecer que estruturas construcionais, aqui, não se restringem
à forma (estrutura esquemática), mas abrangem o pareamento imbricado de
forma (esquemas de forma) e sentido (esquemas de significado).
Expressões idiomáticas proverbiais
258
Vanilton Pereira da Silva
De idiomatismos3 a construções
2
Os estudos quasi-experimentais caracterizam-se por não necessitarem de
longos períodos de observação e coleta de dados.
3
Esta seção se justifica à medida que partimos do pressuposto de que os provér-
bios configuram um tipo específico de expressão idiomática cristalizada.
4
Sal e pimenta.
5
Mala e cuia.
6
Corpo e alma.
259
Expressões idiomáticas proverbiais
7
Chutar o balde (em inglês, esta expressão equivale à expressão “bater as
botas” do português).
8
Jogar tudo para o ar.
9
Ir pelo ralo.
260
Vanilton Pereira da Silva
261
Expressões idiomáticas proverbiais
10
O termo “formal” utilizado por Fillmore et al. (1988) corresponde ao termo
“esquemático” de Langacker (1987) para indicar uma categoria mais geral.
262
Vanilton Pereira da Silva
263
Expressões idiomáticas proverbiais
264
Vanilton Pereira da Silva
Frequência
265
Expressões idiomáticas proverbiais
266
Vanilton Pereira da Silva
267
Expressões idiomáticas proverbiais
268
Vanilton Pereira da Silva
269
Expressões idiomáticas proverbiais
270
Vanilton Pereira da Silva
271
Expressões idiomáticas proverbiais
11
O termo “recuperação”, aqui, está sendo usado como o ato de ativar e
acionar esquemas imagéticos e frames por meio de pistas linguísticas e ilus-
trações específicas. Um informante realiza uma recuperação, por exemplo,
quando, por meio da pista linguística “noiva”, aciona informações perti-
nentes a CENÁRIOS, CATEGORIAS, TAXONOMIAS e ROTEIROS relacionados
a “casamento”, como “igreja”, “bolo”, “padre”, “lua-de-mel”, e também a
CONTÊINERES, LIGAÇÃO e ORIGEM-CAMINHO-META, como o percurso que
a noiva realiza desde que entra na igreja.
272
Vanilton Pereira da Silva
Figura 19 – Teste 3.
Fonte: Autoria própria.
273
Expressões idiomáticas proverbiais
274
Vanilton Pereira da Silva
275
Expressões idiomáticas proverbiais
276
Vanilton Pereira da Silva
277
CAPÍTULO 12
279
Trajetórias de mudança dos pronomes mostrativos
em português: um caso de construcionalização
280
José Romerito Silva | Matheus Bezerra de Azevedo
281
Trajetórias de mudança dos pronomes mostrativos
em português: um caso de construcionalização
Gramaticalização Gramaticalização
Parâmetro Processo
inicial avançada
tem poucos traços
há empacotamento semânticos,
Integridade dos traços semânticos, atrição poucos segmentos
possivelmente polissilábicos fonéticos ou
monossegmental
tem paradigma
o item participa
Paradigmático pequeno,
Paradigmaticidade frouxamente no campo paradigmaticização
estreitamente
semântico
integrado
tem uso
a escolha do item é livre
Variabilidade obrigatório,
de acordo com o propósito obrigatoriedade
paradigmática a escolha fica
comunicativo
restrita
o item se relaciona
o item modifica
Escopo estrutural ao constituinte de condensação
palavra ou radical
complexidade arbitrária
o item é
Sintagmático o item é afixo ou
Fronteira independentemente coalescência
encabeçador
justaposto
Variabilidade pode ser codificado ocupa uma
fixação
sintagmática livremente ao redor posição isolada
Quadro 28 – Gramaticalização.
Fonte: Lehmann (2002).
282
José Romerito Silva | Matheus Bezerra de Azevedo
283
Trajetórias de mudança dos pronomes mostrativos
em português: um caso de construcionalização
284
José Romerito Silva | Matheus Bezerra de Azevedo
285
Trajetórias de mudança dos pronomes mostrativos
em português: um caso de construcionalização
(75) Sed quid oportet amplius dici, cum illum ipsum in nauali
certamine relinquens, id est maritum et parentem commu-
nium filiorum, tradere eum exercitum et principatum et se
sequi coegit? [‘Mas o que mais necessita ser dito, quando ela,
abandonando até mesmo a ele — seu marido e pai de seus
filhos — na batalha naval, obrigou-o a render seu exército e
seu título imperial por ela?’] (Flávio Josefo, “Contra Apionem”)
286
José Romerito Silva | Matheus Bezerra de Azevedo
287
Trajetórias de mudança dos pronomes mostrativos
em português: um caso de construcionalização
288
José Romerito Silva | Matheus Bezerra de Azevedo
289
Trajetórias de mudança dos pronomes mostrativos
em português: um caso de construcionalização
290
José Romerito Silva | Matheus Bezerra de Azevedo
291
Trajetórias de mudança dos pronomes mostrativos
em português: um caso de construcionalização
292
José Romerito Silva | Matheus Bezerra de Azevedo
293
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os estudos apresentados neste livro estão fundamentados
numa perspectiva que procura integrar linguagem, cognição
e corporalidade, uma vez que a linguagem não comporta, em
si própria, os vários sentidos que são atribuídos a um mesmo
objeto e, além disso, aquele que produz e compreende enun-
ciados se apresenta como um ser interativo que se posiciona no
mundo, identifica um aspecto e elabora um significado para si
próprio a partir de um aparato neurocognitivo que o permite
simular mentalmente situações e histórias.
Cumpre ressaltar, pois, que a linguagem se dá em rela-
ção com o meio social e cultural no processo de categorização
do mundo. A noção de acomodações mútuas entre linguagem,
cognição e cultura já era defendida por Langacker (1994), ao
propor que níveis de conhecimento e desenvolvimento cultu-
ral não podem ocorrer sem a linguagem, e um alto nível de
desenvolvimento linguístico só pode ser obtido por meio da
interação sociocultural, ou seja, o significado linguístico não
pode ser isolado do conhecimento do mundo. Por esse motivo,
o monitoramento dos usos linguísticos é fundamental e os
processamentos (de conceptualização, de categorização, de
interação, de experiências socioculturais) estão imbricados e
se instituem nas práticas discursivas cotidianas.
Pensamos as práticas discursivas cotidianas como o
espaço de negociação intersubjetiva no interior do qual ocorre
o trabalho conjunto de construção de sentido, produção e
compreensão da linguagem. Esse trabalho, realizado a partir de
inúmeras e complexas estratégias semiológicas, é responsável
pela (re)configuração de modelos de mundo. Desse modo, as
práticas discursivas produzem e manipulam pistas linguísticas,
294
implicando, ao mesmo tempo, a necessidade de os sujeitos esco-
lherem determinado frame e, a partir dele, exercem um jogo
de linguagem particular. A manipulação de pistas linguísticas
e modelos cognitivos, como esquemas, frames, construções
gramaticais etc., por meio das práticas discursivas, resulta na
manipulação significativa de nossa própria percepção da reali-
dade. E, uma vez reconhecendo que a condição humana é depen-
dente do trabalho de recognização constante, sem o qual sequer
poderíamos falar de cultura, entendemos que são as práticas
discursivas que tornam significativas nossas experiências.
Dessa forma, a linguagem passa a ser vista como um
elemento que não pode ser ignorado quando nos propomos
a pensar os mais diversos aspectos da realidade, e isso se dá
devido a nossa condição de seres dependentes da cultura e,
portanto, simbólicos. Uma vez que a existência humana somen-
te se efetiva na cultura – isto é, a partir do trabalho social e
intersubjetivo da vida em grupo e de sua rede de instituições e
simbolismos consequentes –, resulta que nossas estruturas de
conhecimento, que guiam nossas percepções, são, em grande
medida, reguladas por uma contínua interação entre práticas
culturais, esquemas cognitivos e linguagem.
Assim, as ideias que construímos da realidade não são
por nós produzidas “livremente”, conforme uma vontade
independente, pessoal e racional, mas sob a influência de uma
práxis intersubjetiva que fabrica estereótipos culturais que,
por sua vez, são garantidos e reforçados através da atividade
discursiva. Não há discurso no vazio. Os sistemas cognitivos
construídos discursivamente regulam as estruturas mentais e
perceptivas dos sujeitos e, ao mesmo tempo, são regulados por
elas, organizando espaços sociais e articulando significados
coletivos. Por tudo isso, entendemos que o fenômeno linguístico
295
é absolutamente imbricado com o contexto sociocultural em que
ocorre e, simultaneamente, que o contexto em que uma ação
discursiva se realiza não é independente da memória conversa-
cional dos sujeitos, das estruturas conceptuais disponibilizadas
no presente, constituídas, inclusive, por suas emoções.
296
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318
SOBRE OS AUTORES
Ada Lima Ferreira de Sousa é doutora em Estudos da Linguagem
pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e
professora da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT-UFRN).
319
Paulo Henrique Duque é doutor em Linguística pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor do Departamento de
Letras (UFRN) e do Programa de Pós-graduação em Estudos da
Linguagem (PPgEL-UFRN).
320
Este livro foi projetado pela
equipe da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte.