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Sumário:
Força entre duas correntes paralelas. Momento magnético e força sobre uma espira de
corrente. Lei de Biot-Savart. Campo magnético no eixo de uma espira circular
A experiência de Oersted veio mostrar que uma corrente eléctrica podia exercer
uma acção sobre um magnete. No mesmo ano de 1820, Ampère mostrou
experimentalmente que também duas correntes interagiam, exercendo forças uma sobre
a outra. Vimos na última aula as características da força que um campo magnético
exerce sobre uma corrente rectilínea de comprimento e vimos também as
características de um campo magnético criado por uma linha de corrente rectilínea
infinita. Vamos agora aplicar estes dois resultados à determinação da força que uma
linha de corrente rectilínea infinita exerce sobre outra linha de corrente também
rectilínea e infinita paralela à primeira (Fig. 24.1). A corrente I 1 cria um campo que, à
distância d é dado, em módulo, de acordo com a expressão (23.10), por
µ0 I1
B1 = . (24.1)
2πd
F21 = I 2 2 × B1 . (24.2)
Como os dois vectores neste produto vectorial são perpendiculares, o módulo desta
força é
µ0 I1 I 2
F21 = I 2 2 B1 = 2 . (24.3)
2πd
I1
I2
2
F12
F 21 B1
d
Figura 24.1
1
A força que a corrente 1 exerce sobre a corrente 2, por unidade de comprimento desta
corrente, é, portanto,
F µ0 I1 I 2
= . (24.4)
2πd
Consideremos uma corrente I que circula numa espira condutora quadrada, de lado , e
que a espira está colocada numa região do espaço onde existe um campo magnético
uniforme (Fig. 24.2). Cada lado do quadrado fica sujeito a uma força perpendicular a
esse mesmo lado e ao campo magnético, pois, como sabemos, F = I × B .
B
I I
A,B
F
I
A C I
I I
I
B B µ I
D C,D −F
I
B
A θ
F
I
FAD FBC
I
µ θ
M O
D C B
I
Figura 24.2
2
As forças sobre os lados DA e BC são iguais em grandeza mas têm sentidos opostos.
Como estas duas forças têm a mesma linha de acção, também o seu momento resultante
é nulo. Por outro lado, os lados AB e CD ficam sujeitos às forças F e − F ,
respectivamente, como se mostra na Fig. 24.2. O módulo de cada uma destas forças é
F = I B pois o campo magnético é perpendicular à direcção da linha de corrente. A
resultante das quatro forças sobre a espira é nula mas este par de forças, ao contrário das
outras duas, tem momento diferente de zero. Relativamente ao ponto médio do
segmento CD − que designamos por ponto O − o momento é unicamente o da força F ,
o qual é dado por
M = ×F . (24.5)
M = I B sin θ = I 2
B sin θ (24.6)
em que θ é o ângulo entre a força F e (ver canto inferior direito da Fig. 24.2). O
vector M é perpendicular ao plano do papel e aponta “para cá”.
Define-se o momento dipolar magnético da espira como o vector cuja grandeza é
µ = I com a direcção e sentido indicados na Fig. 24.2. Em geral, uma espira plana de
2
µ = IA ê , (24.7)
M = µ×B (24.8)
[veja-se que (24.6) se pode escrever como M = µB sin θ ]. A expressão (24.8) é geral e
válida para qualquer espira. Esta expressão é, de resto, semelhante à que encontrámos
na 10ª aula − expressão (10.8). Mas agora o dipolo eléctrico é substituído pelo
magnético e o campo eléctrico pelo campo magnético! O momento dipolar eléctrico é o
produto de uma carga por uma distância; o momento dipolar magnético é o produto de
uma corrente por uma área.
Uma espira de corrente comporta-se como um pequeno magnete. E um momento
magnete, tal como uma espira de corrente, tem momento dipolar magnético. O
momento dipolar magnético é mesmo uma característica intrínseca de um íman. Neste
caso o momento dipolar eléctrico é o produto de uma “carga magnética” por uma
distância (separação entre pólo norte e pólo sul).
Uma espira de corrente e um íman têm muito em comum: se tiverem o mesmo
momento dipolar magnético, ficam sujeitos ao mesmo momento de forças magnéticas
na presença de um mesmo campo magnético (Fig. 24.3).
3
M M
N
µ
µ
B B I plano da espira
S
Figura 24.3
Ep = −µ ⋅ B . (24.9)
Lei de Biot-Savart
Vimos na aula anterior qual é o campo criado por uma linha rectilínea infinita de
corrente. E qual é o campo criado por uma outra corrente qualquer? Biot e Savart − que
experimentalmente obtiveram o campo magnético criado pela corrente rectilínea e
infinita também encontraram a expressão geral que permite conhecer o campo
magnético para uma linha de corrente qualquer. A Fig. 24.4 mostra uma corrente que
percorre um fio com uma forma arbitrária. O elemento desse fio de tamanho
infinitesimal d , percorrido pela corrente I cria no ponto P, do qual está a uma distância
r, um campo magnético infinitesimal dB .
d
I
θ
^
r
r P
dB
Figura 24.4
4
O vector d tem comprimento d e aponta no sentido da corrente. O vector unitário r̂
tem o sentido do vector posicional do ponto P relativamente à fonte infinitesimal do
campo. O campo magnético é dado por
µ0 I d × r̂
dB = . (24.10)
4π r 2
Esta expressão é conhecida por lei de Biot-Savart. De acordo com esta lei o campo
magnético é proporcional à corrente e inversamente proporcional ao quadrado da
distância entre a fonte e o ponto onde se quer obter o campo. A direcção e sentido do
campo infinitesimal é a que resulta do produto vectorial d × r̂ . A grandeza do campo
do campo infinitesimal é então
µ0 I d sin θ
dB = . (24.11)
4π r2
No caso da Fig. 24.4, a linha de corrente está no plano do papel, tal como o ponto P, e,
portanto, o campo neste ponto tem a direcção perpendicular ao plano do papel e aponta
“para lá”. A grandeza do campo resultante é a soma de todas as parcelas infinitesimais
dB. Mas nem sempre todas as contribuições infinitesimais dB têm a mesma direcção.
Nesse caso, para se obter o campo resultante têm de se somar vectorialmente todas as
contribuições infinitesimais, ou seja
µ 0 I d × r̂
B = dB = , (24.12)
C C
4π r 2
d ^
r
r
P
I d B
d ^
r
Figura 24.5
5
A integração (2.11) − que não vamos fazer explicitamente − conduz ao resultado já
nosso conhecido:
µ0 I
B= ê , (24.13)
2πd
α dB cosα
dB
P
r h
r^ α
R
d
I
Figura 24.6
Cada troço da espira de comprimento d contribui dB cos α para o campo, o qual vai ter
a direcção vertical (as projecções das contribuição de elementos da espira
diametralmente opostos segundo a horizontal anulam-se exactamente). Ora, por um
lado, de (24.11), e atendendo a que sin θ = 1 ,
6
µ0 I d
dB = (24.14)
4π r 2
R R
r2 = R2 + h2 e cos α = = . (24.15)
r R2 + h2
µ0 I R
dB cos α = d (24.16)
4π (R + h 2 )3 / 2
2
µ0 I R2
B= . (24.17)
2 (R 2
+ h2 )
3/ 2
µ0 I
B= . (24.18)
2R