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Espectros e modelos atômicos tura de estrelas, permite estudar o Marisa Almeida Cavalcante
movimento dos corpos celestes, por e-mail: marisac@pucsp.br

Q
uando Kirchhoff e Bunsen, Efeito Doppler. Mas foi na física do e
ambos professores em Hei- final do mesmo século e início do Cristiane Rodrigues Caetano Tavolaro
senberg, deduziram a partir de século XX, com o estudo do espectro e-mail: cris@pucsp.br
suas experiências em 1859 que cada de emissão de um corpo negro, que a Pontifícia Universidade Católica de São
elemento emite em determinadas espectrometria impulsionou o surgi- Paulo
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
condições um espectro característico mento do que chamamos de física
Rafael Haag
exclusivamente desse elemento, moderna. Corpos negros emitem, a
Universidade Federal do Rio Grande do
descobriu-se não só uma propriedade uma dada temperatura, espectros Sul
fundamental da idênticos, indepen- e-mail: haag@if.ufrgs.br
matéria, mas tam- Tudo que se sabe sobre a dente de sua com- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

bém um poderoso composição química dos posição. Essa carac-


método de análise. astros se deve aos avanços terística intrigante
Abriu-se então um da espectroscopia, cujas o tornou alvo de
novo campo de in- contribuições à Ciência são grande interesse por
vestigação altamen- inúmeras, principalmente na parte dos físicos
te promissor que indústria e em análises teóricos, cujo traba-
permitiu, dentre clínicas lho consistia em
outras coisas, a des- deduzir uma equa-
coberta de um novo elemento até ção que permitisse calcular a energia
então desconhecido na Terra: o hélio. emitida pelo corpo negro correspon-
A descoberta deu-se a partir da análise dente a cada um dos comprimentos A introdução de física moderna no Ensino Médio
espectral do Sol, em 1868. É impor- de onda do espectro da luz por ele emi- é hoje consenso entre os professores de Física, já
tante notar que praticamente tudo tida. Leis empíricas surgiram do es- que o seu entendimento é visto como uma
necessidade para a compreensão de fenômenos
que se sabe sobre a composição quí- tudo experimental detalhado de cor-
ligados a situações vividas pelos estudantes,
mica dos astros se deve aos avanços pos negros a temperaturas diferentes. sejam de origem natural ou tecnológica. Muitos
da espectroscopia. Mas as contribui- A Lei de Wien mostra uma propor- esforços têm sido alocados com o objetivo de se
ções da espectroscopia são inúmeras. cionalidade entre a freqüência na qual desenvolver recursos pedagógicos que permitam
aos professores abordar tópicos da Física desen-
A partir de meados do século XIX, os a radiação emitida tem intensidade
volvida no século XX [1-17]. Neste trabalho
progressos nas técnicas de espectro- máxima e a temperatura do corpo, apresentaremos um conjunto de experimentos
metria e a sistematização das medidas isto é: que permitirá ao professor discutir o conceito
permitiram catalogar os diversos de quantum de energia. Tais experimentos per-
mitem dentre outras observações determinar
comprimentos de onda dos elementos
através de dois métodos distintos a constante
até então conhecidos, bem como a de Planck. Formas discretas de emissão e absor-
descoberta de novos elementos. (c = 3 x 108 m/s é a velocidade da luz ção de radiação e que são manifestações imedia-
Métodos de espectrometria são no vácuo e b = 2,898 x 10-3 m.K a tas do quantum de energia serão apresentadas
utilizando material de baixo custo e de fácil
hoje utilizados na indústria e em labo- constante de Wien). reprodutibilidade. Por outro lado, o instrumen-
ratórios de análises clínicas para deter- A lei de Stefan - Boltzman explica tal construído nos permite também estudar a
minar a composição de uma substân- o fato de termos um aumento consi- emissão e absorção característica de LEDs (light
cia, já que a radiação luminosa derável para a intensidade total da emission diode), permitindo a abordagem de con-
ceitos importantes como a ressonância e o prin-
emitida é característica da substância radiação emitida pelo corpo negro cípio de funcionamento de dispositivos semicon-
que a emite. Em astrofísica, além de com o aumento de temperatura, pois dutores, fruto das descobertas da física moderna
determinar a composição e tempera- a energia total irradiada pelo corpo e contemporânea.

Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005 Experiências em Física Moderna 75


negro é proporcional à quarta potên- diferentes propostas experimentais já que se pode observar nitidamente
cia da temperatura absoluta. que permitem estudar espectros de suas linhas características laranja,
Baseando-se nesses resultados, emissão e absorção e ainda uma pro- verde e violeta, cujos comprimentos
Max Planck, em 1900, deu um salto posta de baixo custo para a observa- de onda são 578 nm, 546 nm e 436
qualitativo muito importante para o ção de espectro de absorção. nm, respectivamente.
desenvolvimento da física moderna ao Em seguida retira-se a fonte cali-
introduzir a hipótese dos quanta na Espectros de emissão bradora e dispõe-se na mesma posição
equação do cálculo da energia emitida Vários trabalhos têm sido desen- uma fonte de luz cujo comprimento
pelo corpo negro. Segundo a hipótese, volvidos [10-18] utilizando CDs como de onda se deseja medir. O gráfico da
a radiação eletromagnética apresenta redes de difração envolvendo desde a Figura 2 mostra a curva de calibração
uma descontinuidade: nasce o fóton construção de espectroscópios manu- bem como os pontos obtidos para os
de luz de energia E = hν e Einstein, ais [13-17] até a medida de compri- comprimentos de onda de dois LEDs
em 1905, utiliza esse mesmo conceito mentos de onda através de anéis comerciais, vermelho e verde. Os re-
para explicar o Efeito Fotoelétrico! projetados [11]. Selecionamos três téc- sultados, 600 nm para o vermelho e
Concomitante a essas descobertas, nicas distintas de análise e se manu- 550 nm para o verde, estão próximos
a incrível regularidade dos espectros seadas adequadamente permitirão dos valores fornecidos pelo fabricante.
emitidos por gases permitiu que se efetuar medidas com elevado grau de
obtivessem fórmulas empíricas para Espectro de emissão por projeção:
precisão.
calcular as freqüências emitidas por Feixe transmitido
um dado elemento. Espectro de emissão por projeção: Para se obter a projeção do espec-
O mesmo conceito de descontinui- Feixe refletido tro por feixe transmitido usando o
dade da radiação eletromagnética, Este método fornece anéis de CD, é necessário retirar sua camada
aliado à regularidade dos espectros interferência projetados em uma tela. refletora de alumínio de modo a tor-
emitidos por gases, levou Bohr, em Os comprimentos de onda da radiação ná-lo transparente. Para isso, toma-
1913, a utilizar as fórmulas empíricas podem ser obtidos a partir da medida se um CD gravável, recobre-se com
dos espectros atômicos na formulação do ângulo de desvio de cada anel. Esta fita crepe e faz-se um pequeno corte
dos seus famosos postulados, dando técnica de medida é descrita em com um estilete na sua superfície,
origem ao primeiro modelo atômico detalhes por Cavalcante e Benedetto como indica a Figura 3a. Ao puxar a
consistente: o modelo para o átomo [11]. Uma montagem que permite a fita (Figura 3b), esta traz a camada
de hidrogênio. visualização destes anéis de interfe- refletora, deixando o CD completa-
Vemos, portanto, o papel funda- rência pode ser vista na Figura 1. mente transparente.
mental desempenhado pela espectro- Valores dos comprimentos de on- Para a observação do espectro será
metria não somente como técnica de da podem ser estimados se construir- necessário utilizar uma fonte colima-
medida utilizada até hoje mas princi- mos uma curva de calibração deste da de luz, uma lupa, um CD transpa-
palmente como protagonista do nas- espectroscópio. Para isso basta utilizar rente e réguas. Inicialmente ajusta-se
cimento de conceitos e modelos que como fonte luminosa uma lâmpada a posição relativa entre tela, fonte e
revolucionaram a Física no século XX! eletrônica fluorescente de Hg compac- lupa de modo a se obter uma imagem
Na seqüência, apresentaremos ta (aconselha-se no mínimo 24 W), bem nítida da fenda (Figura 4).

Figura 2. Curva de calibração e determinação dos comprimentos


de onda de dois LEDs comerciais, vermelho e verde. Observe os
Figura 1. Montagem utilizada para a observação do espectro de valores obtidos para os comprimentos de onda, cerca de 600 nm
emissão por reflexão no CD. Na tela, são observados os anéis de e 500 nm, respectivamente, são bem razoáveis e estão de acordo
interferência. com os valores fornecidos pelos fabricantes.

76 Experiências em Física Moderna Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005


Figura 3. Procedimento para a retirada da superfície refletora de um CD.

Figura 6. Espectro de 1ª ordem obtido para


o Hg. As linhas que são observadas com
maior nitidez são violeta, verde, azul, la-
ranja e vermelha.

vermelho. Para 5.0 cm de distância


entre o CD e a tela obtivemos um
desvio X de 2,3 cm, o que conduz a
um comprimento de onda médio da
emissão igual a 669 nm. A Figura 8
Figura 4. Montagem mostrando o ajuste inicial da imagem da fenda na tela. Algumas mostra o espectro de 1ª ordem obtido.
vezes a fonte de luz provoca uma luminosidade excessiva na tela prejudicando a visua- Para que se obtenha bons resultados,
lização das linhas espectrais. Neste caso pode-se reduzir esta luminosidade interpondo devemos garantir uma boa simetria
uma placa com orifício entre a lupa e a tela, melhorando a visualização do espectro. para estes desvios em relação à ima-
gem da fenda. Desvios simétricos ga-
Em seguida coloca-se o CD entre Nλ = dsenθ, (1) rantem que tanto o CD quanto a tela
a lupa e a tela até que se observe o onde N corresponde à ordem do es- encontram-se perpendiculares ao feixe
espectro com nitidez (Figuras 5 e 6). pectro que será analisado, d é a incidente.
Para a determinação dos compri- distância entre as ranhuras do CD
mentos de onda devemos medir o des- Espectroscópio manual
(d = 1/625 mm pois o CD contém
vio de cada linha projetada em relação 625 ranhuras/mm) e θ é o ângulo de Uma opção muito interessante e
à fenda, conforme o esquema da desvio da linha escolhida em relação bastante funcional para as escolas que
Figura 7. A equação que permite ao eixo correspondente à fenda não dispõem de laboratórios ou salas
calcular o comprimento de onda λ da projetada. Para determinar senθ , faz- escuras para a observação dos espec-
radiação correspondente à linha se tros de projeção são os espectroscópios
escolhida é dada por: manuais. Detalhes sobre a construção
, (2) de um espectroscópio manual podem
ser encontrados em Cavalcante e Ta-
onde X é o desvio medido na tela de volaro [16]. A Figura 9 mostra uma
projeção e D é a distância entre o CD e foto de um desses espectroscópios.
a tela (Figura 7). Trata-se de uma caixa em que em uma
Para permitir uma comparação de suas extremidades é fixado um pe-
entre os resultados
obtidos pelo método
1 (espectro de emis-
são por reflexão) e o
método 2 (espectro
de emissão por feixe
transmitido), obti-
vemos informações
relativas ao compri-
mento de onda mé-
Figura 5. O CD disposto entre a lupa e a dio emitido por um Figura 7. Esquema indica como determinar o comprimento
tela para a decomposição espectral. LED comercial de onda da radiação usando um CD como rede de difração.

Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005 Experiências em Física Moderna 77


Tabela 1. Calibração de um espectroscópio
manual com D = 12,5 cm.

λ (nm) senθ X (cm)

400,00 0,25 3,23


450,00 0,28 3,66
500,00 0,31 4,11
550,00 0,34 4,58
600,00 0,38 5,06
Figura12. Lâmpada utilizada para a obser-
650,00 0,41 5,56
Figura 8. Espectro de 1ª ordem de um LED vação do fenômeno de absorção no vapor
700,00 0,44 6,08 de Na.
vermelho. Nesta montagem X1 = X2 mos-
trando uma perfeita simetria, condição
necessária para se obter bons resultados. absorção: à medida que aumenta sua
Essa simetria indica que tanto o CD temperatura, uma camada de vapor
quanto a tela encontram-se perpendicu- de sódio preenche o espaço entre o
lares ao feixe incidente de luz. bulbo central de emissão e o seu bulbo
externo (Figura 12). É essa camada de
daço de CD transparente e na outra, vapor de sódio que permitirá o
onde ocorre a incidência de luz, dis- processo de absorção.
pomos de uma escala graduada que A Figura 13 mostra o aparato
servirá de tela para a projeção do experimental utilizado para a projeção
espectro. A fenda que colima o feixe é Figura10. Espectro observado em um do espectro de Na.
ajustada pelo observador, permitindo espectroscópio manual com D = 12,5 cm. Assim que ligamos a lâmpada
maior facilidade de manuseio. observa-se nitidamente as linhas
Como sugestão, pode-se calibrar amarelas de emissão do sódio carac-
a escala a partir da relação expressa terísticas das transições que envolvem
na Eq. (1), onde a distância da rede de o seu estado fundamental (Figuras
difração à tela (D) é característica de 14a e 14b).
cada caixa (Figura 9). Como a distân- No entanto, à medida que a tem-
cia entre as ranhuras de um CD é co- peratura aumenta inicia-se o processo
nhecida e assume o valor de 1,6 µm, de absorção das energias caracterís-
pode-se obter os valores de cada desvio ticas das transições fundamentais e as
para comprimentos previamente linhas amarelas desaparecem do es-
fixados. Para o espectroscópio da pectro conforme mostram as Figuras
Figura 11. Espectro observado na tela de
Figura 9 temos D = 12,5 cm, forne- 15a e 15b.
um espectroscópio manual. Pela tabela de
cendo a Tabela 1. calibração, temos um valor para o com- Uma aplicação importante desse
A Figura 10 mostra o espectro de primento de onda médio de emissão do fenômeno reside no estudo dos gases
uma lâmpada de Hg comercial obtido LED vermelho próximo a 650 nm, valor das camadas atmosféricas das estrelas
com um espectroscópio manual. compatível com os anteriormente obtidos. que acabam por absorver certos com-
De modo a permitir comparações primentos de onda, deixando linhas
com os demais métodos, obtivemos o escuras no espectro observado. Como
espectro de um LED vermelho tam- Espectro de absorção de gases cada elemento absorve apenas os
bém a partir deste espectroscópio, Para se obter um espectro de comprimentos de onda que lhe são
indicado na Figura 11. absorção de um gás deve-se fazer com característicos, através destas linhas
que uma radiação de es-
pectro contínuo e inten-
so atravesse o gás de
modo que este absorva
as radiações com ener-
gias que lhe são carac-
terísticas. Utilizaremos
aqui como fonte uma
lâmpada de sódio comer-
cial que apresenta uma
propriedade muito pecu-
Figura 9. Espectroscópio manual segundo liar e bastante útil para Figura 13. Montagem utilizada para a observação do
Cavalcante e Tavolaro [16]. a observação de linhas de espectro de absorção do Na.

78 Experiências em Física Moderna Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005


absorvidas podemos identificar os
gases que compõem essas camadas
atmosféricas.
Determinação da constante de
Planck utilizando LEDs

Determinação da constante de Planck


a partir do espectro de emissão de
um LED
Figura14a. Espectro de 1a ordem do Na observado através de uma rede de 300 linhas/ A determinação da constante de
mm quando ligamos a lâmpada (nos primeiros 30 s). Planck a partir da radiação emitida
por um LED é um método bem conhe-
cido e os detalhes sobre este experi-
mento podem ser vistos em Caval-
cante e Tavolaro [6], onde determina-
se a constante de Planck a partir de
informações relativas à curva caracte-
rística de um LED. Admite-se que a
energia necessária para o acendimento
de um LED é no mínimo igual à ener-
gia emitida pela radiação de maior
intensidade. Podemos portanto dizer
que a constante de Planck é determi-
nada a partir da emissão de radiação
de um LED.
Figura14b. Espectro de emissão do Na observado após 1 minuto. Após este intervalo de Um diodo emissor de luz consiste
tempo começam a surgir as demais linhas de emissão características do Na. em uma junção entre semicondutores
fortemente dopados. De acordo com
o diagrama de energias (Figura 16),
ao aplicarmos um campo elétrico ex-
terno oposto à junção pn, estaremos
polarizando-a diretamente, fazendo o
diodo conduzir, isto é, a corrente elé-
trica obtida aumenta com a tensão
aplicada.
Dessa forma, os elétrons de con-
dução ganham energia suficiente para
vencer a barreira de potencial e cami-
nham para a região p. Podemos ver
Figura 15a. Espectro observado transcorrido cerca de 3 minutos em que a lâmpada foi na Figura 16 que para os elétrons de
ligada. maior mobilidade penetrarem na re-
gião p, a quantidade de energia míni-
ma necessária é dada por:
eVaplicada = EG + ∆EF, (3)
onde ∆EF incorpora os efeitos do nível
de Fermi e a distribuição de elétrons
na banda de condução.
Quando o elétron passar para a
região p, podemos ter uma recombi-
nação entre elétrons e buracos e, como
conseqüência, para cada transição
teremos a emissão de um fóton com
energia hν. Em geral, ∆EF é muito pe-
queno e pode ser desprezado em pri-
Figura 15b. Absorção das linhas associadas às transições que envolvem o estado funda- meira aproximação. Admitindo que a
mental do Na. freqüência de radiação de intensidade

Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005 Experiências em Física Moderna 79


Figura18a. O visor do voltímetro indica o
valor de tensão necessária para o LED
vermelho acender (1,65 V).
Figura 16. Diagrama de energias para uma junção p-n.

máxima pode ser escrita em termos Usando os resultados anteriores


do limiar de tensão (aquele valor para para o comprimento de onda do LED
o qual o diodo começa a conduzir cor- vermelho, isto é, um valor da ordem
rente), temos de 650 nm e a Eq. (4) , obtém -se para
hν = eV, (4) a constante de Planck um valor de:
onde V corresponde ao limiar de ten- h = eVλ/c = 5,7 x 10-34 J.s
são aplicada aos terminais do LED Já para o LED verde obtivemos
para fazê-lo acender e pode ser um valor de emissão da ordem de
determinado através da curva carac- 560 nm, o que nos fornece um valor
terística do LED. de 5,8 x10-34 J.s para a constante de Figura18b. O visor do voltímetro indica
No entanto, caso se tenha interes- Planck. Estes valores são muito satis- o valor de tensão necessária para o acen-
se apenas em obter informações acer- fatórios se considerarmos todas as dimento do LED verde (1,85 V). Observe
que o LED vermelho neste caso encontra-
ca da ordem de grandeza da constante aproximações realizadas.
se totalmente aceso, já que apresenta com-
de Planck, basta variarmos a tensão primento de onda maior e, portanto,
nos terminais do LED até que a luz Determinação da constante de Planck
a partir da absorção de um LED requer menor energia para iniciar o seu
emitida possa ser visualizada direta- processo de condução.
mente. Um LED, como todo semicondu-
O esquema do circuito para a tor, aumenta sua condutividade à realizado de modo a comprovar a
obtenção da ordem de grandeza da medida que fótons de energia corres- propriedade ressonante de um LED
constante de Planck encontra-se na pondente a sua “banda de emissão” como sensor de radiação. Para isso
Figura 17. incidem sobre ele. Esta propriedade basta conectar os terminais de um
O procedimento consiste em alte- nos permite utilizar um LED como LED a um voltímetro (utilize escala
rar a tensão aplicada aos terminais um sensor de radiação com uma res- máxima de 2 V) e inicialmente veri-
dos LEDs através do potenciômetro posta espectral definida pela largura fique sua resposta com o aumento da
até que seja visualizada a luz de emis- de sua banda de emissão. Podemos incidência de luz.
são de cada LED. O LED de maior com- dizer, portanto, que a corrente elétrica O próximo passo consiste em de-
primento de onda necessita de menor fornecida pelo LED, na incidência de monstrar a sua resposta ressonante.
energia para acender. As Figuras 18a uma radiação ressonante, é propor- Um LED vermelho, por exemplo, res-
e 18b mostram um exemplo de mon- cional à intensidade de luz incidente. ponderá apenas a radiação de compri-
tagem e os valores correspondentes de Os LEDs vêm sendo utilizados mento de onda na faixa de 600 nm.
tensão para acendimento de cada um como sensores de radiação em fotô- Para isso disponha diferentes filtros
dos LEDs. metros solares [19-22] desde 1992, diante do LED e verifique que só se
apresentando uma lar- obtém um valor significativo para a
gura típica de resposta tensão de saída na presença de um fil-
na região de 550 a 700 tro vermelho. O LED verde, por sua
nm da ordem de 25 a 35 vez, responderá significativamente
nm, o que nos permite para o filtro verde.
selecionar adequada- Uma outra observação muito
mente o comprimento de interessante consiste em incidir sobre
onda da radiação. o LED verde um feixe de luz de uma
Figura 17. Diagrama elétrico para a obtenção da ordem Um experimento ponteira laser. As ponteiras lasers
de grandeza da constante de Planck. muito simples pode ser comerciais em geral emitem radiação

80 Experiências em Física Moderna Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005


de comprimento de onda de 630 a
680 nm, que não é ressonante para o
LED verde mas o é para o vermelho.
Mesmo na presença de um feixe
bastante intenso quanto o proveniente
de uma ponteira laser, o LED verde é
praticamente insensível. O único LED
que responde de maneira significativa
ao feixe da ponteira laser é aquele cuja
resposta espectral intercepta a sua fai-
xa de emissão, ou seja, o LED verme-
lho. Cavalcante e Haag [23] desenvol-
veram um trabalho que permite
determinar a constante de Planck
utilizando LEDs como sensores de
radiação.
A Eq. (5) é a aproximação de Wien
para a energia emitida por unidade de
tempo e de área, à temperatura T e Figura 19. Gráfico obtido para a tensão nos terminais de cada LED em função da
comprimento de onda λ no intervalo temperatura de aquecimento do filamento.
dλ, por um filamento de tungstênio
aquecido: qüência, aconselha-se a utilização de Observa-se facilmente a relação
um amplificador. Nos fotômetros so- linear entre ln(VLED) x 1/T, indicando
, (5)
lares tem sido utilizado como amplifi- a aplicabilidade da aproximação de
cador o CI 741, na configuração de Wien para o filamento.
onde I é potência emitida pelo filamen- conversor “corrente x tensão”, onde a Por outro lado, a constante de
to de tungstênio, por unidade de área, corrente gerada é convertida em ten- Planck pode ser obtida a partir da
por unidade de comprimento de onda, são. Nessa configuração, a tensão inclinação da reta, sendo dada por:
em um intervalo de comprimento de presente na saída do amplificador h = inclinação da reta. λKB/c, (6)
onda dλ em torno de λ, λ é o compri- operacional, será linearmente propor-
onde, em uma primeira aproximação,
mento de onda, T é a temperatura em cional à intensidade da radiação rece-
λ corresponde ao comprimento de
Kelvin, β = 1/kBT, com kB a constante bida pelo LED. Um esquema deste am-
onda da radiação de máxima intensi-
de Boltzmann, h a constante de plificador é descrito por Cavalcante e
dade emitida pelo LED. A Tabela 2
Planck, c a velocidade da luz e a emis- Haag [23]. No entanto é possível tam-
fornece os resultados obtidos.
sividade média do tungstênio (pratica- bém obter medidas de tensão direta-
Pode-se determinar experimental-
mente independente do comprimento mente nos terminais de cada LED. Para
mente o comprimento de onda de
de onda e da temperatura, que o ca- isso devemos aproximar o LED da
emissão do LED utilizando qualquer
racteriza como um “corpo cinza”). lâmpada de filamento. Ainda assim
um dos métodos propostos neste tra-
Analisando a equação, percebe-se temos uma redução no número de
balho. Os valores dos comprimentos
que o gráfico de ln(I) x 1/T deve nos pontos para baixas temperaturas, já
de onda indicados na coluna 2 da
fornecer uma reta cuja inclinação é que nesta região há um decréscimo
Tabela 2, bem como as corresponden-
dada por hc/λkB, permitindo portanto significativo na intensidade de radia-
tes larguras espectrais, foram obtidos
obter informações sobre a constante ção emitida pelo filamento (aconse-
por visualização direta através de um
de Planck. lha-se trabalhar com tensões nos
espectroscópio manual.
Nossa proposta é utilizar um LED terminais do LED sempre abaixo de
Verifica-se facilmente a partir da
como sensor da luz emitida pelo fila- 1,0 V).
Eq. (6), que a relação entre as inclina-
mento e como conseqüência a corren- Os resultados obtidos para os
ções das retas obtidas para ln(VLED) x
te gerada será proporcional à intensi- LEDs vermelho, verde e azul estão
1/T nos fornece a relação entre as fre-
dade de radiação incidente com indicados na Figura19.
qüências de emissão dos LEDs envol-
comprimento de onda λ no intervalo
dλ. O procedimento consiste em obter
Tabela 2.
informações sobre a corrente ou
tensão fornecida pelo LED em função Cor do LED Comprimento de onda Inclinação Valor de h
da temperatura de aquecimento do e largura espectral (nm) da reta (x10–34) J.s
filamento. É importante alertar para Vermelho 649 ± 24 19253 5,8 ± 0,3
o fato de que, em geral, essa “fotocor- Verde 562 ± 31 22796 5,9 ± 0,4
rente” assume valores da ordem de Azul 459 ± 28 28132 5,9 ± 0,4
poucos microamperes e, como conse-

Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005 Experiências em Física Moderna 81


Tabela 3. enfoque à caracterização das radiações
Relações Relação entre as inclinações Relação entre as freqüências que compõem o espectro eletromag-
das retas de emissão nético. Os recursos de baixo custo e a
metodologia desenvolvida constituem
Verde/Vermelho 1,18 1,15 ± 0,08
uma ferramenta tecnológica acessível
Azul/vermelho 1,46 1,41 ± 0,11 para identificação das radiações no es-
Azul/verde 1,23 1,22 ± 0,10 tudo dos mais variados tipos de estru-
tura, de gases a sólidos incandes-
vidos. A Tabela 3 apresenta a relação atribuídos principalmente a erros na centes. Atenção especial foi dedicada
obtida para cada caso. determinação da temperatura do fila- aos semicondutores - mostramos que
Nota-se que a precisão dos resul- mento. O cálculo dessa temperatura LEDs comerciais podem substituir
tados obtidos neste experimento está depende dentre outras variáveis da re- tanto as fontes como os sensores de
limitada à largura de emissão de cada sistência elétrica do filamento a zero luz na incansável e importante tarefa
LED, o que é indicado na 3a coluna e grau Celsius [23] e a estimativa desse de verificar a validade de modelos
que para o pior caso nos conduz a valor é bastante difícil de ser efetuada. através da determinação de constantes
precisões da ordem de 8%. De qualquer modo, podemos dizer que físicas: o modelo do quantum de luz e
A concordância entre as relações a aproximação de Wien para a energia a constante de Planck. Dessa forma,
indicadas nas colunas 2 e 3 da Tabela 3 emitida pelo filamento foi verificada. esperamos contribuir para o enrique-
nos leva a crer que os desvios obser- cimento das abordagens experimen-
vados para os valores da constante de Conclusão tais como estratégia para o ensino de
Planck indicados na Tabela 2 devem ser Neste trabalho procuramos dar física moderna no Ensino Médio.

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Novidade
A Sociedade Brasileira de Química lançou o
sexto Caderno Temático de Química Nova na
Escola e dois CD-Roms especiais: um con-
tendo os fascículos de QnEsc de números 1
a 20 e outro contendo os Cadernos Temá-
ticos de Químina Nova na Escola de números
1 a 5.
Maiores detalhes sobre esta publicação
da SBQ, que já está em seu vigésimo pri-
meiro número, pode ser encontrada no sítio
da Sociedade:

http://www.sbq.org.br

82 Experiências em Física Moderna Física na Escola, v. 6, n. 1, 2005

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