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s t ã o : o u s o d e

A cruz da que ê n c i a
s l a i c o s n a p e r m a n
argume n t o
c a t ó l i c o s e m l o c a i s
de sí m b o l o s
públi c o s b r a s i l e i r o s
Arte sobre foto de Marcos Santos/USP Imagens

Borges
Guilherme
resumo abstract

O foco deste trabalho está em This investigation aims to examine


observar discursos de bispos católicos discourses produced by the Catholic
proferidos em reação à possibilidade de episcopate in opposition to the possibility
símbolos religiosos serem retirados de of religious symbols being removed from
estabelecimentos públicos. Para isso, são public establishments. For that, we observed
observadas respostas do Episcopado ao 3º the responses from the episcopacy to the
Programa Nacional de Direitos Humanos 3rd National Human Rights Program
(PNDH-3), lançado pelo governo federal (PNDH-3), released by the Brazilian federal
brasileiro em finais de 2009. Entre os government in late 2009. The document
itens do documento, consta a proposta features a proposal to restrain the display of
de impedir a ostentação de signos confessional signs in federal buildings. When
confessionais em recintos da União. Ao analyzing the ecclesiastical arguments, it
analisar os argumentos eclesiásticos, is clear the "weapon of culture" is used in
salta aos olhos como a “arma da cultura” the controversy. That is an approach which
é acionada nessa controvérsia. Trata-se distances itself from the discourse models
de uma abordagem que se distancia historically adopted by the Church in Brazil.
dos modelos discursivos historicamente The secular State is not questioned, as it was
adotados pela Igreja no Brasil. Não se once done, and catechism or the "laws of
questiona a laicidade do Estado, como God" are not used, either.
era feito outrora, nem se lança mão do
catecismo ou das “leis de Deus”. Keywords: religion; politics; Catholic
Arte sobre foto de Marcos Santos/USP Imagens

Church; religious symbols; human rights.


Palavras-chave: religião; política; Igreja
Católica; símbolos religiosos; direitos
humanos.
E
m finais de 2009, o governo Membros do Bispado fizeram valer a
federal brasileiro publicou ascendência de suas posições e reagiram
o 3º Programa Nacional de diante da enorme periculosidade que enxer-
Direitos Humanos (PNDH- garam no PNDH-3. O objetivo aqui é ana-
3). Entre os itens do decreto lisar discursos episcopais que pautaram o
presidencial, constava a pro- decorrer da controvérsia em questão. Bispos
posta de impedir a perma- figuram na alta cúpula da hierarquia ecle-
nência de símbolos religiosos siástica, de modo que uma investigação a
afixados em recintos públicos respeito de suas falas possibilita mapear as
da União1. Na prática, a ini- respostas institucionais da Igreja proferidas
ciativa visava à retirada de em recusa à medida do decreto que incidia
crucifixos de salas plenárias sobre a presença de crucifixos em salas ple-
de tribunais e parlamentos. nárias do Estado.
No Brasil, o Superior Tribunal de Justiça, o Um sem-número de declarações episco-
Supremo Tribunal Federal, o Senado Federal pais contrárias ao PNDH-3, e que intencio-
e a Câmara Federal contam com crucifixos navam repará-lo, pululou durante o ano de
nas paredes de suas respectivas dependências 2010. Nessas sentenças, é possível consta-
principais. Não há, porém, dispositivos legais tar o vigor de algumas temáticas reiteradas.
que determinem a exposição do crucifixo Diante da possibilidade de signos confessio-
ou de qualquer outro símbolo religioso em nais serem removidos de estabelecimentos
locais do poder público. O decreto servia do poder público, insurgiram-se bispos de
ao intuito de regular essa matéria, para o toda parte, os quais emitiram seus juízos a
desgosto de bispos da Igreja Católica.

GUILHERME BORGES é doutorando em


1 Diretriz 10; objetivo estratégico VI; ação programática Sociologia pela Universidade de São Paulo e
“c” do decreto número 7.037, de 21 de dezembro de membro do grupo de pesquisa Diversidade
2009. Religiosa na Sociedade Secularizada do CNPq.

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partir de certas pautas, objeções e repertórios de Porto Alegre, resolveu entrar na polêmica
bastante semelhantes. São essas justificativas por uma via semelhante à de seu colega do
e retóricas, utilizadas reiteradamente por inte- Rio de Janeiro:
grantes episcopais, que serão reproduzidas
e destrinchadas a seguir. “[...] lembremos a destruição de uma das
maiores estátuas de Buda, esculpida em
PNDH-3: PEDRA DE ESCÂNDALO pedra, no século V. Pois, em 2001, ini-
ciando o Novo Milênio, os ‘donos do poder’
Sem demora, passa-se a palavra a Dom no Afeganistão julgaram não poder tolerar
Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de essa ‘idolatria’ e decretaram que ela não
Janeiro, em artigo escrito logo no início de fazia parte da cultura do momento. Hoje
2010 sobre aquele que ele nomeou “o plano esses governantes são execrados. [...] Não
da intolerância”: podemos impunemente despir o Brasil de
seus valores religiosos e culturais, a título
“Entre tantos acontecimentos intolerantes de equipará-lo aos países de outras tradi-
em todos os cantos do mundo, um deles ções. Temos que lutar pelo que é nosso”
foi simbólico: no início deste milênio, em (Grings, 2010).
março de 2001, foi destruída uma das maio-
res estátuas de Buda em pé já esculpidas Nos dias que antecederam o artigo de
pelo homem. Ficava no vale do Bamiyan, Grings, já havia sido divulgado um pronun-
a 240 km de Cabul, no Afeganistão, e era ciamento contrário ao PNDH-3 assinado por
do século V da Era Cristã. Era também mais de 40 bispos e propagado oficialmente
declarada como patrimônio da humani- por várias arquidioceses:
dade pela Unesco. [...] Não poderão com
decretos retirar do coração do nosso povo “[...] prosseguindo a tradição profética da
suas raízes, suas devoções, sua cultura e Igreja Católica no Brasil, que, nos momentos
seus sentimentos. [...] Em nosso atestado de mais significativos da história de nosso país,
batismo está uma missa celebrada no alvo- sempre se manifestou em favor da democra-
recer do Brasil, Terra de Santa Cruz! [...] cia, dos legítimos direitos humanos e do bem
Trata-se, antes de tudo, de uma questão de comum da sociedade, [...] nos vemos no dever
preservação da memória de nossa história de manifestar publicamente nossa rejeição
e das raízes culturais da nossa identidade a determinados pontos deste Programa. [...]
brasileira. [...] Além de sua história pro- Os símbolos religiosos expressam a alma
fundamente ligada à fé cristã e católica, do povo brasileiro e são manifestação das
o povo brasileiro, em sua grande maioria, raízes históricas cristãs que ninguém tem o
professa a fé que recebeu dos seus ante- direito de cancelar” (“Manifesto dos bispos
passados e se identifica com os símbolos sobre o PNDH-3”, 2010).
que a expressam” (Tempesta, 2010).
As três citações se inserem num rol
No mês seguinte à declaração de Tem- bastante amplo de manifestações que, con-
pesta, Dom Dadeus Grings, então arcebispo trárias à retirada de símbolos religiosos de

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recintos estatais, argumentam no sentido 2001). Para lidar com uma contemporanei-
de apelar às raízes do país. Nessa trin- dade na qual as referências de orientação,
cheira contra o PNDH-3, bispos católicos antes relativamente estáveis, se fragilizam e
anunciaram o receio de que a identidade se tornam insuficientes, para reestabilizar o
nacional pudesse estar perigosamente em tecido social e assim permitir uma movimen-
risco de dissolução. Estaria em curso uma tação previsível dos agentes, em suma, para
marcha de exclusão dos fundamentos cultu- colocar as coisas nos seus devidos lugares,
rais que pautaram o processo de formação recorre-se a uma uniformidade cultural que
do Brasil, sendo o 3º Programa mais um atenda pelo nome de nação. Na luta pela
passo adiante nesse processo. permanência de objetos católicos em espa-
Numa parte que não foi destacada de ços públicos, o argumento da Igreja, na voz
seu artigo acima, Tempesta fala da estima do Episcopado, é o de que esses “símbolos
que cultiva por certa comunidade do Pará, religiosos expressam a alma do povo brasi-
que, contrariando a globalização, é capaz leiro”, como diz o pronunciamento assinado
de preservar suas músicas, danças, festejos por dezenas de bispos.
e até seus sotaques. Para o arcebispo do Rio João Cezar de Castro Rocha reflete que
de Janeiro, haveria ali, no Norte do país, a nação é “um significante vazio ao qual
um povo que saberia guardar a pureza da se atribui uma carga semântica segundo as
verdadeira brasilidade. Grings, por sua vez, diferentes necessidades geradas pela contin-
em seu texto já citado, postula que o para- gência das circunstâncias históricas” (Rocha,
digma da globalização está ultrapassado e 2003, p. 21). Haveria uma apropriação uti-
que “hoje o paradigma tende a proteger os litária do conceito de pátria, cujo conteúdo
valores particulares e as tradições próprias”. obedeceria às necessidades do momento. No
Quanto às “tradições próprias”, o Episcopado caso dos bispos, a urgência em fazer cair a
que protestou contra o PNDH-3 invariavel- proposta de retirada de símbolos religiosos
mente as localiza no âmbito do religioso. fez com que se atribuísse ao Brasil a “carga
Religioso, sim, e católico, mais especifi- semântica” de uma nação inabalavelmente
camente. Assim se caracteriza o arcabouço católica. Constrói-se a representação de um
cultural brasileiro na visão dos bispos envol- Brasil que carrega sempre, a toda prova, a
vidos na polêmica. Já o inimigo da vez é fidelidade à Igreja.
a lógica da globalização, que tenderia a Nessa “invenção de tradição” (Hobsbawn,
relativizar as raízes católicas, aquelas que, 1984), uma heterogeneidade de referências
para o Episcopado, seriam as definidoras e valores, que atravessa o território nacio-
e sustentadoras deste país. Joanildo Burity nal, é relativizada na tentativa de figurar
enumera, dentre as manobras de resistência uma imagem de feitio essencialista do que
à globalização avançada, a idealização de constitui a “identidade verdadeira da pátria”.
uma unidade local: forja-se a identidade cole- Ao fazer alusão aos crucifixos como “os
tiva tendo em vista neutralizar o processo símbolos da cultura que berçou e construiu
anômico, e decorrente do multiculturalismo, a nossa história”, o Episcopado subentende
de contínua redefinição das regras e cená- a religião católica como uma espécie de
rios que pautam o espaço societário (Burity, metacultura, capaz de abarcar a diversidade

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verificável na realidade social. Essa tentativa luto dos adeptos do catolicismo decresceu,
de incorporação da multiplicidade no inte- transitando de 125,5 milhões de indivíduos
rior de um núcleo católico, ao absolutizar em 2000 para 123,3 milhões em 2010. Uma
as referências valorizadas pela Igreja, leva à perda de 2,2 milhões de fiéis no mesmo
minoração do contraditório pela recusa em período em que a população do país teve
reconhecer a existência de discrepâncias e um aumento de mais de 20 milhões.
descontinuidades inconciliadas. Quando se verifica essas informações do
Tempesta defende que os crucifixos em IBGE e se as coloca em contraste com as
recintos estatais estão ali por exprimir o falas do Episcopado, se vê nitidamente, no
caráter real do país: “É como se fosse o discurso católico, a estratégia que Ernesto
DNA de nossa civilização: 99% dos genes Laclau classifica como homogeneização de
são comuns a todos nós. As diferenças são uma massa heterogênea (Laclau, 2011, p.
mínimas e quase nem se notam”. O arce- 202). Há claro descompasso entre os dados
bispo afirma, assim, com todas as letras, censitários, que revelam um cenário reli-
a ideia de que haveria uma uniformidade gioso cada vez mais plural, e as palavras
religiosa a perpassar o território brasileiro dos bispos, que procuram idealizar uma
de cabo a rabo. A liderança eclesiástica não identidade católica que irmanaria todos que
leva em conta os dados demográficos que se reconhecem como brasileiros.
apontam para a queda contínua, e cada vez Nesse exercício de pensar com o auxí-
mais expressiva, no número de cidadãos lio de dados demográficos, é interessante
que se declaram católicos. notar, ainda, o crescimento recente, mas
O Instituto Brasileiro de Geografia e vertiginoso, do número de evangélicos no
Estatística (IBGE) aponta que o declínio país. No ano de 2000, aproximadamente
começou de certa forma tímido: em 1940, o 26,2 milhões se diziam evangélicos, o que
instituto apurava o número de 95% para o constituía 15,4% da população. Em 2010, os
porcentual de católicos no Brasil; no decê- evangélicos passaram a ser 42,3 milhões,
nio seguinte, esse número caiu para 93,7%; ou 22,2% dos brasileiros. Um aumento de
no ano de 1960, os católicos eram 93,1% do 61,45% em dez anos. Tais dados despertam
total da população; em 1970, 91,1% dos bra- atenção aqui, na medida em que líderes de
sileiros se declaravam católicos; uma década confissões evangélicas se manifestam dis-
depois, esse número passava para 89,2% criminados pela exibição de imagens cató-
e, em 1991, diminuiu para 83,3%. Com o licas em estabelecimentos públicos, assim
início do novo milênio, vieram os declives como criticam, por exemplo, o feriado ofi-
vertiginosos: em 2000, a porcentagem dos cial de 12 de outubro e as capelanias nas
que se declaravam católicos diminuiu em Forças Armadas. Desse modo, por trás da
quase 10% e foi parar em 73,6% da popu- imagem de um Brasil em que todos são
lação nacional; o mesmo padrão de queda harmonicamente congregados pelo cato-
continuou uma década depois, quando se licismo, há, sim, lutas encarniçadas entre
chegou às estatísticas atuais de 64,6% de uma religião cada vez menos majoritária
católicos em cerca de 190 milhões de bra- e suas concorrentes em ascensão. E o que
sileiros. Pela primeira vez, o número abso- não falar do recrudescimento das dispu-

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tas políticas encabeçadas por militantes ao restabelecer a democracia no Brasil na
de organizações LGBT, feministas, repu- década de 80. [...] O PNDH pretende banir
blicanos, marxistas, enfim, toda a sorte do espaço público os símbolos religiosos.
de gente que se manifestou, pelas mais Creio que um referendum a respeito disso
diversas razões, em favor do PNDH-3 e demonstraria a origem ideológica de uma
pela retirada de crucifixos dos espaços opção que um pequeno grupo quer impor
da União? O “politeísmo de valores” e a ao país inteiro, revelando sua postura auto-
multiplicidade de bandeiras reivindicati- ritária. O amor à religião caracteriza a sen-
vas prefiguram uma realidade social que sibilidade e a cultura do povo brasileiro”
escapa à ideia de que vigorem aqui “um (Agnelo, 2010).
só rebanho e um só pastor”.
A Pastoral de Católicos na Política da A ênfase da intervenção de Dom Majella
Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Agnelo é a de que a diretriz do PNDH-3
Janeiro, em nota oficial sobre o PNDH-3 a respeito da retirada de objetos religiosos
divulgada em abril de 2010, balizou sua contrariaria as aspirações da maior parcela
rejeição ao decreto por via semelhante à da população brasileira. É pelo princípio
adotada por Tempesta. A objeção é a de da democracia majoritária, em que as deci-
que o documento foi formulado por uma sões políticas precisam ser orientadas pela
minoria cujos interesses não levam em conta vontade da maioria, que o decreto deve
os ideários da maior parte dos cidadãos do ser refreado. O arcebispo apela à “maio-
Brasil e, por isso, “é um claro ato de auto- ria moral” (Duarte, 2013) como fonte de
ritarismo que enquadra os direitos humanos legitimidade das decisões do Estado demo-
num projeto ideológico, intolerante, que fez crático moderno.
retroceder o país aos tempos de ditadura” Diferencia-se, assim, dos argumentos
(Pastoral dos Católicos na Política do Rio eclesiásticos comuns à primeira metade
de Janeiro, 2010). do século XX. Quando, por exemplo, o
Na época da publicação do PNDH-3, o Cristo Redentor foi erguido, no ano de
cardeal Geraldo Majella Agnelo era arce- 1931, ele assim o foi não pela premissa
bispo de Salvador e arcebispo-primaz do de que o Brasil tinha mais de 90% de seus
Brasil. Fazendo valer sua posição de dire- habitantes adeptos do catolicismo, não em
ção perante os fiéis católicos, o sacerdote nome do povo predominantemente católico,
assinou um artigo em oposição ao Programa mas porque o Brasil seria essencialmente
Nacional pouco após o decreto ser lançado. católico. Como diz Emerson Giumbelli, “a
Nesse artigo, o cardeal argumentou por uma rigor, não se tratava da ideia de maioria, e
via semelhante à de seus colegas que atuam sim de uma essência: o Brasil como nação
no Rio de Janeiro: constitutivamente católica. [...] celebrava-se
a consagração a Cristo, concebido como
“Fazer aprovar por decreto o que já foi o representante da nação e o redentor do
rechaçado repetidas vezes por órgãos legí- Estado” (Giumbelli, 2012, p. 48). O exemplo
timos traz à tona métodos autoritários dos do Cristo Redentor, dado seu potencial de
quais com muitos sacrifícios nos libertamos elucidação, faz valer um tratamento detido.

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CRUCIFIXO TAMBÉM É CULTURA política. Não é católica a lei que nos rege.
Da nossa fé prescindem os depositários da
Dom Sebastião Leme, arcebispo do Rio autoridade. Leigas são nossas escolas; leigo,
de Janeiro nas décadas de 1920 e 1930, foi o ensino. Na força armada da República, não
o principal idealizador do monumento em se cuida da religião. Enfim, na engrenagem
honra ao Cristo Redentor, assentado no cume do Brasil oficial não vemos uma só mani-
do morro do Corcovado, na capital flumi- festação de vida católica. O mesmo se pode
nense. Em 11 de outubro de 1931, um dia dizer de todos os ramos da vida pública”
antes da abertura oficial da estátua, houve o (Leme, 1916, p. 18).
encerramento do Congresso do Cristo Reden-
tor, realizado especialmente para a ocasião. A partir de 1921, com a transferência
No pronunciamento que marcou o final do de Leme para o Rio de Janeiro, capital
congresso, Leme assim falou: federal, a carta passou a ser efetivada como
um programa de ação dos bispos católi-
“Nós queremos que Ele Reine sobre o Brasil. cos, válido para todo o país. A relevância
E Cristo reinará! [...] Amanhã eles irão sagrar do documento pode ser medida pelo fato
a Cristo Rei do Brasil. Ó pátria, ajoelha-te de que, mais de duas décadas após sua
junto à Cruz do Redentor, junto à cruz onde divulgação, o padre Ascânio Brandão ainda
nasceste grande e cresceste imensa. Brasil! afirmava que ali estava “a Carta Pastoral
Ó pátria, ajoelha-te junto à Cruz do Reden- do Brasil” (Azzi & Grijp, 2008, p. 12). Já
tor. Ó Pátria, conserva-te de joelhos diante a revista A Ordem, maior publicação da
de Cristo Redentor porque assim poderás imprensa católica na época, publicava tre-
apresentar-te de pé diante das outras nações, chos da carta nos seus números, sempre
adorando um só Cristo Redentor [...]. Cristo antecedidos com a sugestão “palavras que
vence, Cristo reina, Cristo impera” (O Jor- devem ser dez, vinte, cem vezes meditadas”
nal, 1931, p. 2). (Grinberg, 1999, p. 59). De fato, o escrito
de Leme foi o documento que mais inspi-
Previamente a esse discurso, em 1916, rou e propulsou as orientações eclesiásticas
ao tomar posse da arquidiocese de Olinda, no Brasil até o período que antecedeu a
Leme redigira uma carta pastoral para sau- abertura do Concílio Vaticano II. E quais
dar seus novos diocesanos. Ainda que vol- eram as implicações de ter essa carta do
tada aos fiéis da cidade pernambucana, a arcebispo, também chamada de um “clarim
mensagem manifestava a ambição de Leme de guerra, de guerra santa” (Rosário, 1962,
em abarcar territórios para além de suas p. 61), como o principal documento do Epis-
circunscrições municipais: copado durante quatro décadas? Para uma
melhor análise das declarações do clero na
“Desconhecendo ainda as circunstâncias polêmica do PNDH-3, será proveitosa uma
locais de nossa arquidiocese, queremos resposta a essa indagação.
tratar daquilo que no Brasil de hoje mais Para Scott Mainwaring, a carta pasto-
necessário se nos afigura. [...] católicos não ral de Leme deu início a uma nova era na
são os princípios e os órgãos da nossa vida trajetória da Igreja no Brasil, ao período

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nomeado de “neocristandade” (Mainwaring, O objetivo dessas declarações era tentar
1989, p. 41). Já na visão de Riolando Azzi garantir que a doutrina do catolicismo fosse
e Klaus Van Der Grijp, o tempo da neo- reconhecida pelo Estado como única fonte
cristandade começou com a mudança de de orientação moral permitida ao povo bra-
Leme para terras cariocas (Azzi & Grijp, sileiro. Dentro desse princípio, era obrigató-
2008, p. 12). De todo modo, seja por um ria a eliminação, em todo o âmbito nacio-
marco temporal ou pelo outro, por aí se nal, de crenças alternativas às determinadas
vê o influxo da figura de Leme no cenário pela Igreja. Leme mostra preocupação, por
eclesiástico brasileiro da primeira metade exemplo, com a religião kardecista, que se
do século XX (o Concílio Vaticano II, que, mostrava em ascensão: “[...] com mágoa assis-
informalmente, “encerrou” a neocristandade, timos à invasão ameaçadora do espiritismo,
teve seu início em 1962). A neocristandade ao qual, sempre ávido de maravilhas, se filia
foi um projeto católico, encabeçado princi- o povo” (Leme, 1916, p. 47). Caberia ao
palmente por bispos, que tinha por princípio poder público a repressão contra o espiri-
a ressacralização da sociedade: “[...] de fato, tismo, mesmo que tal medida fosse proibida
a proposta do Episcopado era transformar o pela Constituição vigente; como diz o redator
Estado republicano num Estado religioso” da revista eclesiástica Vozes: “[que] a polí-
(Azzi & Grijp, 2008, p. 13). cia fiscalize esse movimento, fechando todas
A laicidade do Estado brasileiro era as portas para um desenvolvimento maior
observada por lideranças do clero nacio- [...]. Não nos iludamos, o espiritismo [...]
nal como uma afronta à Igreja. Tal é o não merece as regalias que a Constituição
que se vê quando Leme fala sobre a pos- outorga” (Vozes, 1942, p. 322).
sibilidade de as escolas públicas adotarem No Brasil, o direito de cidadania deve-
formalmente o ensino laico: “Ensino neutro ria ser exclusivo à fé católica apostólica
quer dizer não confessional, ensino que não romana, com ênfase no “romana”: contra
professa religião alguma. Ora, se é sem o Estado laico, os líderes da neocristan-
religião alguma, é antirreligioso” (Leme, dade queriam que a Santa Sé pudesse atuar
1916, p. 91). Em outra ocasião, o sacerdote soberanamente no território nacional. A
voltou a afirmar que “laicismo, neutrali- Cúria de Roma era quem deveria orien-
dade, irreligião e ateísmo são termos que tar com exclusividade a prática religiosa
na prática se equivalem” (Azzi & Grijp, dos cidadãos, cabendo ao governo proibir
2008, p. 12). Jackson de Figueiredo, inte- o culto público de outras crenças, devendo,
lectual convertido por Leme à causa da inclusive, interditar manifestações religio-
neocristandade, escreve, em continuidade, sas do catolicismo popular que não passas-
que “a Igreja só será respeitada num tal sem pelo “modelo do Vaticano” (Azzi &
país [...] quando a Nação [...] souber ser Grijp, 2008, p. 17). Essa diretriz doutrinal
politicamente uma nação católica. Para isto e ética única deveria provir dos papas, os
é preciso organizar-se, é preciso lutar, só quais apoiaram essa tentativa de imposição
delegar poderes a quem viva com ela na Fé por parte dos bispos brasileiros. Até 1965,
em Jesus Cristo” (Figueiredo apud Grin- a separação legal entre Igreja e Estado era
berg, 1999, p. 60). tratada oficialmente pelos pontífices como

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uma heresia da modernidade (Mainwaring, talvez seja a maior originalidade do monu-


1989, p. 42). Desse modo, não é de estranhar mento: ao representar o Cristo em forma de
que os superiores máximos da hierarquia cruz sem estar na cruz, sem estar crucificado
eclesiástica aplaudissem abertamente Leme ou sofredor, mas olhando a todos circuns-
em sua militância por um catolicismo mais pectamente, de cima, escapa-se da imagem
vigoroso, que se imiscuísse nas principais tradicional de Jesus sacrificado no drama do
instituições governamentais. Era preciso calvário. O monumento do Redentor retrata
“restaurar tudo em Cristo”. E na luta dos o Cristo soberano, não o humilhado.
bispos brasileiros para fazer valer as pala- Em 1925, Pio XI instituiu, na primeira
vras dos papas, o monumento do Cristo encíclica de seu pontificado, a festa litúrgica
Redentor entrava como peça-chave. em honra ao Cristo Rei. O objetivo decla-
Voltando à solenidade de inauguração da rado era fazer o mundo prostrar-se diante de
obra, cabe observar algumas manchetes que Jesus, ele, sim, o real soberano do Universo.
se revezaram nas capas de jornais e revistas Como está declarado nos acréscimos feitos
quando da ocasião: “Christo Rei”, “majes- ao terceiro catecismo da doutrina cristã,
toso monumento”, “majestoso e soberbo”, a Festa de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei
“figura excelsa de Jesus” com “a magnitude foi instituída pelo papa com a intenção de
daqueles braços abertos”, “tão grande, tão
majestoso, tão sublime”, “Ele é o sol, e tudo “Combater o laicismo que afasta os homens
mais é satélite” (Grinberg, 1999, p. 68), e a sociedade da obediência a Deus e à
entre outras metáforas que concediam ao sua Igreja e [que] não reconhece nenhuma
Cristo os atributos de soberania e majestade. realeza de Jesus Cristo neste mundo. [...]
Ao observar o recado que o Episcopado Santificamos a festa de Nosso Senhor Jesus
brasileiro queria passar com o projeto do Cristo Rei [...] renovando o firme propósito
Redentor, logo se vê que as qualificações de nos empenharmos para que a legislação
dadas pela imprensa não foram sem razão. do país e a vida familiar e social se con-
A teologia e a arte sacra do período colo- formem com a Santa Lei de Deus. Está no
nial enfocavam, como objeto de reverên- âmbito deste propósito combater o divórcio,
cia, principalmente o Cristo Sofredor e o a legalização do aborto e toda e qualquer
Bom Jesus, remetendo, assim, à figura do ordenação [...] que é contrária aos desígnios
Jesus humilde e pobre. Já a neocristandade de Deus sobre o convívio dos homens” (Pio
tem pela figura do Cristo Rei um especial X, 2005, p. 256).
apreço. O Cristo Rei é o Cristo glorioso:
“Ele domina de mar a mar, e desde o rio Prescreve-se a todos o culto de Cristo
até as extremidades da terra. Todos os reis Rei como um “remédio eficaz à peste que
da terra O adoram e os povos todos O ser- corrói a sociedade humana”, sendo que a
vem” (Missal Quotidiano, 1960, p. 1.085). maior miséria contemporânea seria o “erro
Trata-se de um símbolo de triunfo. grosseiro [de] denegar ao Cristo Homem
O Cristo Redentor foi construído com a soberania sobre as coisas temporais
base em figuras do Cristo Rei e é daí, dessa todas” (Pio XI, 1950, p. 11). A exaltação
imagem de realeza, que se tira aquela que ao Cristo Rei foi instituída pelas autorida-

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des do Vaticano para combater a laicidade, dralescas da metrópole newyorkina” (Memó-
e foi com esse mesmo propósito que os ria apud Grinberg, 1999, p. 62). Desde seus
bispos brasileiros erigiram o Cristo Reden- primórdios, o Cristo Redentor foi pensado
tor (Grinberg, 1999, p. 61). O monumento em paralelo com a Estátua da Liberdade de
foi concebido como uma estatuária sacra, Nova York. Construiu-se uma batalha de
mas com o objetivo de abarcar um público alegorias e uma disputa de significados de
largamente superior ao dos frequentadores liberdade: ao símbolo da liberdade norte-
de altares e oratórios. A escala do Reden- -americana, é contraposta a “verdadeira”
tor, sua visibilidade e inscrição na pai- liberdade, que seria Cristo; liberdade repu-
sagem da metrópole tinham por objetivo blicana, democrática, ou a remissão dos
atingir um público muito maior do que o pecados, a redenção da alma. Com a neo-
dos paroquianos. O Cristo foi situado no cristandade, desejava-se que o Estado se
cume do Corcovado para impor-se à vista aliasse à Igreja na difusão de valores católi-
de toda a coletividade, afinal, como Pio cos às massas. A obra do Corcovado, cons-
XI esclarece ainda: truída conjuntamente com dinheiro público
e eclesiástico, foi, no país, o maior símbolo
“Seu império não abrange tão só as nações (literalmente) do desejo teocrático de que,
católicas ou os cristãos batizados [...] com “o domínio temporal, [...] a realeza
estende-se igualmente e sem exceções aos do nosso Redentor abrace a totalidade dos
homens todos, mesmo alheios à fé cristã, homens” (Pio XI, 1950, p. 12).
de modo que o império de Cristo Jesus É interessante voltar agora às declarações
abarca, em todo rigor da verdade, o gênero de Dom Orani Tempesta sobre o PNDH-3,
humano inteiro” (Pio XI, 1950, p. 12). principalmente à parte em que ele remete
ao próprio Cristo Redentor:
O influente padre Assis Memória dizia
que, com o monumento do Redentor, o Rio “Qualquer pessoa ao chegar a um país e ver
de Janeiro torna-se um prolongamento da os seus monumentos e seus símbolos logo
Palestina e “a Serra do Mar passa a ser, se depara com a sua realidade cultural [...].
agora, uma continuação das montanhas da A estátua do Cristo Redentor, do cume do
Judeia” (Memória apud Grinberg, 1999, p. Corcovado, a 710 metros de altura, ergue-se
71). O Rio de Janeiro transfigurado em como uma maravilha do mundo moderno
terra santa: “O Cristo que não dorme [...] e um símbolo de identificação do Rio de
guarda esta terra que é sua, por direito de Janeiro e do Brasil [...]. Iniciamos uma cam-
nascimento e de conquista”. panha para a restauração desse monumento,
Continuando a celebrar o monumento preparando-o para os grandes eventos2 que
carioca, o padre Assis Memória afirma que ocorrerão futuramente em nossa Cidade
se trata de “um símbolo verdadeiro a des- Maravilhosa” (Tempesta, 2010).
mentir um outro símbolo negativo: o Cristo
dos Andes é sempre o Cristo da Liberdade,
em desmentido solene àquela estátua que
2 A cidade do Rio de Janeiro sediaria a Copa do Mundo
também olha para o oceano às portas cate- de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.

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Pensando especificamente sobre a pro- o espírito cristão e religioso da tradição


blemática dos crucifixos em recintos esta- brasileira” (Barbosa apud Éboli, 2010).
tais, Tempesta traz à tona, em seu artigo, a
questão do Redentor, por considerar que se As falas dos dois bispos seguem a
trata, igualmente, de um “símbolo religioso mesma trajetória em três passos: susten-
em espaço público”. E como o arcebispo tam, primeiro, que a presença do Cristo
enxerga o monumento? A estátua não é Redentor sobre o Corcovado “ultrapassou a
abordada como uma obra feita para lembrar questão religiosa” para se tornar um marco
que a realeza de Deus é soberana sobre cultural; em seguida, aproximam essa pre-
as “coisas temporais”. Para Tempesta, não sença do Redentor aos crucifixos em recin-
se trata de um monumento que soleniza tos estatais, pela via argumentativa de que
uma verdade teológica. Distancia-se, dessa todos eles são “símbolos [religiosos] em
forma, do objetivo para o qual a estátua espaços públicos”; finalmente, afirmam que
fora pensada em suas origens. Em 1931, se a decisão for pela retirada dos crucifi-
o Cristo Redentor foi inaugurado para xos, que se abra mão também do monu-
exibir a todos que, na nação brasileira, a mento que está no Corcovado. Dado que
“cidade de Deus” seria honrada em sua essa decisão seria absurda, logo também
altivez perante a “cidade dos homens”. Ao seria um disparate recolher os crucifixos
separar-se das concepções originais sobre o de recintos estatais.
Redentor, Tempesta adota a visão do monu- A “arma da cultura” (Mafra, 2011) é
mento menos como um objeto sacrossanto acionada por católicos para defender a pre-
e mais como uma referência cultural, e até sença de símbolos religiosos em recintos
turística. Em continuidade, ao aproximar o públicos. Os crucifixos não representariam
Cristo Redentor dos crucifixos situados em os dogmas de uma confissão específica, e
recintos estatais, o arcebispo procura mos- por isso poderiam conviver harmoniosa-
trar que esses crucifixos são, também eles, mente com o Estado laico. A propósito,
menos símbolos de significado metafísico resta lembrar que, para escândalo dos bispos
e mais objetos que remetem à história e à da neocristandade – para quem, “fora da
formação da nação. Igreja não há salvação” –, seus sucessores
Ainda durante as repercussões derivadas deste novo século compararam a retirada
do PNDH-3, Dom Dimas Barbosa, secretário de crucifixos com o ato de destruir uma
geral da Conferência Nacional dos Bispos estátua budista. Essa aproximação inter-reli-
do Brasil (CNBB), traçou um raciocínio giosa evidencia, de forma patente, um afas-
semelhante: tamento em relação aos modelos discursivos
e parâmetros tradicionais da Igreja. O caso
“Daqui a pouco vamos ter que demolir do PNDH-3 indica que, quando as atuais
a estátua do Cristo Redentor, no morro lideranças eclesiásticas ajuízam pela perma-
do Corcovado, que ultrapassou a questão nência de objetos religiosos em ambientes
religiosa e virou símbolo de uma cidade. do Estado, elas o fazem sob égides cultu-
Impedir a presença desses símbolos é uma ralistas e, especificamente, nacionalistas,
intolerância muito grande. É desconhecer e não a partir de um amparo teológico.

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A posição dos bispos segue pautada pelo brasileira, de modo que a presença desses
ideário de que imagens religiosas condizem objetos seria indispensável no sentido de
com âmbitos estatais; o ponto a se destacar resguardar o patrimônio cultural do país.
é que, para construir essa defesa, argumenta- Não se questiona a laicidade do Estado,
-se que figuras sacras constituem uma refe- como era feito outrora, nem se lança mão
rência essencial na formação da identidade do catecismo ou das “leis de Deus”.

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