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2017

- 03 - 03

Revista de Processo
2016
REPRO VOL. 251 (JANEIRO 2016)
TEORIA GERAL DO PROCESSO E PROCESSO DE CONHECIMENTO
2. INTRODUÇÃO ÀS RAÍZES HISTÓRICAS DO PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO (KOOPERATIONSMAXIME)

2. INTRODUÇÃO ÀS RAÍZES HISTÓRICAS DO PRINCÍPIO DA


COOPERAÇÃO (KOOPERATIONSMAXIME)

HISTORICAL INTRODUCTION TO THE ‘ PRINCIPLE OF


COOPERATION’ (KOOPERATIONSMAXIME)
(Autor)

RONALDO KOCHEM

Mestrando do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Direito da UFRGS. Membro do Grupo de Pesquisa


CNPQ "Processo Civil e Estado Constitucional". Advogado. r.kochem@gmail.com

Sumário:

Introdução
1 Plano legislativo
A A Civilprozessordnung de 1877
B As primeiras reformas (1909, 1924, 1933)
C A reforma para simplificação e aceleração do processo
2 Plano doutrinário
A Uma questão de método: princípios processuais?
B O princípio da cooperação (Kooperationsmaxime)
B. 1 Karl August Bettermann (1972)
B. 2 Peter Gilles (1977)
B. 3 Karl August Bettermann (1978)
B.4 Rudolf Wassermann (1978)
B. 5 Bernhard Hahn (1983)
3 Considerações finais
4 Bibliografia

Área do Direito: Processual


Resumo:

O presente ensaio apresenta uma introdução ao princípio da cooperação (Kooperationsmaxime) no


direito processual civil alemão sob a perspectiva histórica. Primeiramente por meio de um discurso sobre
as fontes do assim chamado princípio e, em segundo lugar, centrando a análise sobre a doutrina alemã
que iniciou e impulsionou a discussão em torno da cooperação processual.

Resumo:

This essay presents an introduction to the history of the Principle of Cooperation (Kooperationsmaxime)
in German civil procedure. Firstly, the essay explores a number of reforms on the German Civil Procedure
Code. Then, it follows an analysis of legal literature that initiated and stimulated the discussion on the
idea of judicial cooperation.

Palavra Chave: Processo civil - cooperativo - Princípios processuais - Normas fundamentais - Direito
alemão
Keywords: Collaborative civil - procedure - Essential procedural principles - Fundamental norms -
German law

Introdução

O direito processual civil não é política ou culturalmente neutro. 1

Pelo contrário, o direito como um todo responde aos anseios de determinada sociedade, ou de parcela
dessa sociedade, em um determinado espaço e em um determinado tempo. Em síntese, na ciência do
direito inexistem respostas universais e atemporais, por mais técnica que a área do direito seja concebida.
E quanto ao processo civil, dada a sua proximidade com a realidade, é natural que a legislação processual
e/ou a interpretação que se dá a ela receba rapidamente os influxos das mudanças sociais e políticas. 2
Daí que a afirmação de que inexistem respostas universais e atemporais para a ciência do direito é
aplicável, de modo específico, à ciência do direito processual civil. Ademais, no que toca à relação entre o
Estado e o indivíduo, há uma clara influência da configuração dessa para aquela entre o juiz e as partes.
Uma Constituição na qual o Estado se coloque como "fim do indivíduo" certamente terá um processo civil
desenhado de forma diversa daquela em que a Constituição coloca o indivíduo como o "fim do Estado". 3

Karl August Bettermann, a propósito, já apresentou em 1978 a tese de que os institutos mais importantes
do processo civil alemão foram motivados politicamente. 4 Isso, entretanto, não tem o significado de uma
verdade histórica, segundo a qual, por exemplo, os Estados autoritários haveriam tido, necessariamente,
processos autoritários e os Estados Democráticos, processos participativos. 5

O que a afirmação de que o direito processual civil não é neutro significa, portanto, é que existe uma
influência cultural, ideológica e política sobre a concepção da estrutura do processo civil e da divisão de
tarefas no processo. O formalismo processual não é estruturado apenas por meio de determinações
pragmáticas ou econômicas, mas por valores (incorporado em normas, é verdade) trazidos ao direito.

É a partir dessa premissa que se investiga, no presente ensaio, as raízes históricas da noção, entendida
como princípio processual, de cooperação no processo civil. Precisamente, investiga-se o direito alemão. A
análise do processo civil é apresentada, na perspectiva da relação entre juiz e partes, desde a
Civilprocessordnung de 1877 até as reformas mais relevantes que consolidam o quadro da
Zivilprozessordnung.

Por vezes, essa evolução legislativa da relação entre os participantes do processo é sintetizada em duas
imagens: a de um juiz espectador de um duelo entre as partes, em um processo dominado por estas (
Parteiherrschaft), e a de um juiz ativo, que interfere na disputa processual, dominando-a (
Richterherrschaft). As imagens remetem aos princípios dispositivo processual e inquisitório, que não
apenas são determinantes para a devida compreensão acerca da histórica distribuição de atividades no
processo, mas também são colocados em dúvida, pela doutrina que os investigou e proclamou o princípio
da colaboração/cooperação. 6

E, muito embora não se ignore que a norma seja criada pelo intérprete-cientista com base no texto
normativo, 7 o que poderia ser levantado como crítica contra a divisão do presente trabalho em aspectos
legislativos (ponto 1) e doutrinários (ponto 2), entendeu-se como sendo conveniente a realização de uma
primeira análise da evolução textual do direito processual civil alemão para, em um segundo momento,
analisar as reconstruções realizadas por alguns dos doutrinadores. É que assim se torna possível construir,
no Brasil, um discurso crítico sobre as raízes históricas do princípio da cooperação. 8

1. Plano legislativo

A mudança ocorrida na distribuição de atividades entre o juiz e as partes no processo civil alemão pode
ser observada por meio de um breve exemplo a respeito da intimação da sentença judicial, que é a partir
de quando o prazo recursal inicia seu curso. Pergunta-se, com esse exemplo de Bettermann, " quem
determina o ritmo do processo?" 9

No Império Alemão inaugurado no século XIX, entendia-se como apropriado que a parte vitoriosa no
processo (ou seja, o cidadão) decidisse sobre o momento em que a sentença judicial, proferida im Namen
des Königs, tornar-se-ia obrigatória. Ele poderia decidir até mesmo se a sentença seria obrigatória ou não,
tendo em vista que poderia realizar (ou não) a intimação da parte contrária, dando início (ou não) ao
prazo recursal. Na República de Weimar, inseriu-se o prazo de cinco meses, contados a partir da
promulgação da sentença, para que ocorresse a intimação. E, no Estado Social Liberal de Bonn, com a
passagem da intimação pelo particular para a intimação oficial, foi retirado do vencedor a disposição
sobre o prazo recursal. Agora, apenas com o pedido de ambas as partes, em consenso, é que se torna
possível que o juiz adie ( mas não obrigatório que ele o faça) a intimação para até 5 meses após a prolação
da sentença. 10

Alguns dispositivos da legislação processual que tratam da distribuição de atividades entre juiz e partes,
no entanto, merecem uma análise individualizada para que se possa analisar, em um segundo momento,
a doutrina a respeito do princípio de colaboração. 11

A. A Civilprozessordnung de 1877

A Gerichtsverfassungsgesetz (Lei de Organização Judiciária, GVG) de 1877 12 distribui a primeira instância


da jurisdição ordinária civil entre dois tipos de tribunais: Amtsgerichte e Landsgerichte (§ 12, GVG/1877).
Conforme a redação original da GVG, o Amtsgericht trata de questões de direito civil cujo valor da causa
não alcance o estipulado para a competência do Landgericht. Além disso, algumas questões específicas de
direito material são tratadas especificamente por apenas um dos tribunais (§§ 23, 70, GVG/1877). 13

Como parte que é da organização da distribuição de justiça, a Civilprozeßordnung de 1877 14 prevê os


procedimentos para os processos que tramitam junto aos Amtsgerichte e aos Landsgerichte (Livro
Segundo, nas 1.ª e 2.ª Seções respectivamente, §§ 230 e 456, do CPO/1877). 15 Junto ao Amtsgericht não se
faz necessário, desde sua origem, a representação da parte por advogado, o que é exigido apenas no
Landgericht e nos tribunais de instância recursal (§ 74, do CPO/1877). 16

Quanto ao processo do Landgericht, o § 130 da CPO/1877 tratava do Fragerecht (direito de o juiz realizar
questionamentos). 17 Nesse parágrafo, estabelecia-se que o presidente do tribunal "deve contribuir, por
meio de perguntas, para que sejam esclarecidos os pedidos obscuros, complementadas as declarações
insuficientes a respeito dos fatos afirmados e indicados os meios de prova e, em geral, para que sejam
apresentados todos os esclarecimentos essenciais para a determinação dos fatos". Além disso, já se
reconheciam alguns poderes de instrução aos juízes, como o de determinação de a parte apresentar
documentos aos quais ela tenha realizado referência (§ 133, CPO/1877), ou que sejam importantes para a
decisão de mérito (§ 134, CPO/1877). O § 132 estabelecia a possibilidade de o juiz determinar o
comparecimento de uma das partes em juízo para o esclarecimento dos fatos.

No Amtsgericht, a ação do juiz correspondente ao § 130 não estava limitada ao Fragerecht, 18 devendo o
"tribunal, na audiência, contribuir para que as partes se esclareçam completamente sobre todos os fatos
essenciais e para que elas façam todos os pedidos pertinentes" (§ 464, CPO/1877). Assim, não havia uma
limitação de a ação do juiz ocorrer somente por meio de realização de questionamentos, tal qual havia no
Landgericht. A previsão do referido parágrafo estipulava, apenas, que o tribunal deveria contribuir, sem
designar-lhe expressamente o modo pelo qual o faria.

B. As primeiras reformas (1909, 1924, 1933)

A reforma 19 de 1909 20 colocou o juiz como responsável pela obtenção do material fático nos processos
do Amtsgericht, conferindo-lhe amplos poderes para instrução e para ordenar esclarecimentos sobre fatos
que pareçam úteis, de acordo com as petições iniciais e os escritos preparatórios para a audiência (§ 501,
CPO/1909). Além disso, no § 502, passou-se a reconhecer o Erörterungspflicht (dever de debate) 21 do juiz,
segundo o qual "na audiência, o tribunal deve debater com as partes os fatos relevantes ( Sachverhältnis) e
as questões em litígio ( Streitverhältnis) e deve contribuir para que as partes se esclareçam
completamente a respeito de todos os fatos essenciais e para que façam os pedidos pertinentes".

Contudo, foi a partir da colocação das reformas processuais como forma de contemplar interesses gerais e
do reconhecimento da responsabilidade do Estado, por meio do juiz, de agir no processo em interesse da
melhor administração da justiça, que se realizou uma verdadeira reforma no formalismo processual. 22
Nesse contexto que surgiu a Emminger-Verordnung de 1924, 23 que estendeu os direitos de preparação do
§ 501 da Reforma de 1909 para o Landgericht, com o objetivo de a participação do juiz no esclarecimento
dos fatos ocorrerem já antes da audiência (§ 272b, CPO/1924). 24 Além disso, essa incorporação ocorreu na
forma de um dispositivo de dever ( Mußvorschrift), no lugar de um dispositivo autorizativo (
Kannvorschrift). 25

O texto do § 139, 1, promulgado em 1924 dispunha que "[o] presidente do tribunal deve contribuir para
que as partes se esclareçam completamente sobre todos os fatos substanciais, apresentem os pedidos
pertinentes e também, especialmente, complementem as especificações sobre os fatos afirmados e
indiquem os meios de prova. Para esses fins, ele deve, na medida do necessário, debater com as partes os
fatos relevantes ( Sachverhältnis) e as questões em litígio ( Streitverhältnis), em seu aspecto fático e
jurídico, bem como, deve realizar perguntas".

Tal dispositivo era complementado pelo § 279a, CPO/1924, que permitia que o juiz designasse um prazo
para que se esclarecesse determinadas questões. 26 Caso tal prazo não fosse respeitado
injustificadamente, então seria possível desconsiderar a manifestação da parte (§ 279a, segunda parte,
CPO/1924). A aplicação desse mesmo dispositivo, provocando a desconsideração da manifestação, era
permitida para o caso da apresentação tardia de meios ou exceções de prova (§ 283 (2), CPO/1924).

Quanto à determinação de comparecimento da parte em juízo para o esclarecimento dos fatos, o § 141,
CPO/1924, tornou o ônus de comparecimento em um dever de comparecimento das partes, ao possibilitar
ao tribunal sanciona-las pela ausência injustificada. 27

Ao lado da concepção de que o juiz teria uma maior responsabilidade pela chegada a uma sentença
correta, passou-se a questionar se às partes não deveria ser imposto que suas manifestações respeitassem
o dever de veracidade, 28 o que culminou na sua adoção por meio da reforma de 1933. 29 O § 138 (1) da
ZPO/1933, dispõe "as partes devem submeter seus esclarecimentos sobre as circunstâncias fáticas de
forma completa e de acordo com a verdade".
A par disso, a reforma trouxe ao direito processual civil a possibilidade de o tribunal ordenar o
depoimento das partes ( Parteivernehmung), o que havia sido descartado em 1877 por meio da redação
original da CPO. 30 Por meio do § 448 (ZPO/1933), o tribunal poderia determinar que, pelo menos, uma
parte depusesse, após a colheita de provas e a realização de audiência, sobre determinado enunciado de
fato, a respeito do qual o tribunal houvesse dúvida. Ademais, ainda poderia ser determinado que a parte
jurasse sobre o depoimento (§ 452, ZPO/1933).

C. A reforma para simplificação e aceleração do processo

Após o final da Segunda Guerra Mundial, 31 houve diversas reformas na ZPO, entre as quais se destaca, 32
com relação ao tema do presente ensaio, a Vereinfachungsnovelle de 1976, que foi justificada,
principalmente, com os argumentos de sobrecarga dos tribunais, desnaturalização do princípio da
oralidade e do próprio procedimento, o que haveria conduzido a uma indesejável elevação na quantidade
e na duração dos processos. 33

As soluções sugeridas pelo projeto de lei do Bundesregierung para "racionalizar, simplificar e, assim,
simultaneamente, acelerar o processo civil e liberar os tribunais" passavam por uma maior concentração
do processo, especialmente na audiência oral, pela inclusão de juízos individuais nos Landgerichte, pelo
aumento do limite de valor da causa relativo à competência dos Amtsgerichte, por alterações no regime
das decisões, pela organização mais eficaz da execução provisória de decisões não definitivas, por uma
simplificação do procedimento em revelia, pela racionalização do procedimento monitório e pela
admissão de protocolos de gravações em fita cassete. 34

A Reforma para Simplificação de 1976 trouxe mudanças significativas para a fase preparatória do
processo, 35 que devem ser contextualizadas com um modelo de prática judiciária de sucesso adotado
anteriormente no Landgericht de Stuttgart (e, por isso, conhecido como Stuttgarter Modell).

Já em 1967, com base nos direitos de preparação da audiência, reconhecidos pelo § 272b da CPO/1924, a
vigésima câmara civil daquele tribunal, por condução de seu presidente Rolf Bender, havia concebido
uma diferente fase preparatória do procedimento.

De acordo com o § 272b da ZPO anterior à reforma de 1976, o magistrado deveria realizar todas as ordens
necessárias para que o processo pudesse chegar ao seu fim em uma só audiência. De outro lado, o § 261 da
ZPO estipulava que, em regra, a primeira audiência deveria ocorrer já após três semanas da apresentação
da petição inicial. E o § 348, ainda, estipulava que todos os processos (ainda aqueles em que tramitassem
em câmaras em que a decisão fosse tomada por três juízes) deveriam ter uma audiência oral prévia com
um dos juízes. Contudo, solucionando a contradição entre o objetivo de concentrar o julgamento e os
referidos parágrafos, a prática da câmara era a de marcar audiências para 8 ou até 10 semanas depois do
recebimento da inicial, utilizando-se desse tempo para que o réu respondesse a ação, o autor apresentasse
a réplica, as partes e testemunhas fossem chamadas à audiência, a apresentação de documentos fosse
ordenada e fosse preparado um curto parecer sobre a compreensão dos fatos. Duas semanas antes da
audiência principal, a câmara reunia-se para debater as questões processuais e materiais da causa e a
respeito do material probatório já apresentado nos autos - tudo isso sendo gravado. 36 Os resultados da
reunião, uma opinião escrita sobre a problemática da causa, seriam recebidos pelas partes juntamente
com a notificação para o comparecimento pessoal na audiência principal, na qual seria devidamente
instruída a causa de forma concentrada. Em síntese, o objetivo de Bender era o de aumentar o diálogo no
processo e diminuir o tempo de duração, 37 de modo a enfrentar um procedimento marcado por muitas
audiências e por uma troca excessiva de petições pelas partes. 38

Nas justificativas para o projeto de lei que deu origem à Vereinfachungsnovelle de 1976, o Stuttgarter
Modell é referido em diversos pontos para o fim de comparar modelos de estruturação do procedimento e,
até mesmo, para apontar a origem de alterações. 39 Quanto ao texto aprovado, pode-se dizer que a
reforma promoveu uma reorganização do processo de primeira e segunda instância, nos moldes do
modelo de Stuttgart, bem como, regulamentou o processo monitório e a execução provisória. 40

E, quanto à relação entre partes e juiz, pode-se sintetizar, com os dizeres de Greger, que a intenção da
reforma era de "colocar à disposição, com o § 275 e ss. da ZPO, um instrumentário flexível para a
preparação abrangente da audiência principal ( Vorbereitung des Haupttermins)". 41 Essa intenção estava
positivada já no § 272, ZPO/1976, que dispunha que o litígio deveria ser resolvido, em regra, em uma
completa e preparada audiência oral ( Termin zur mündlichen Verhandlung), fosse por uma audiência
preliminar, conforme o § 275, ZPO/1976, ou por um procedimento preliminar escrito, conforme o § 276,
ZPO/1976. Conforme o mesmo dispositivo, ainda, a audiência deveria ocorrer "tão cedo quanto possível" -
suprimindo-se, portanto, o prazo limite de três semanas.

Para ambos os tipos de procedimentos prévios (oral ou escrito), a ZPO determinava que o tribunal
tomasse todas as medidas preparatórias necessárias e que agissem continuadamente para que as partes
se esclarecessem tempestiva e completamente (§ 273 (1), ZPO/1976). Algumas dessas medidas eram
previstas expressamente pelo § 273 (2), ZPO/1976, sendo elas: a determinação às partes para
complementação ou explicação de suas petições preparatórias, para exibição de documentos ou outros, a
fixação de prazo para esclarecimento sobre determinados pontos, a solicitação a autoridades ou agentes
públicos para compartilhamento de documentos ou informações oficiais, a determinação às partes para
que compareçam pessoalmente e intimar testemunhas indicadas por uma das partes e peritos para
comparecimento audiência oral. Além disso, em sendo necessária a realização de produção de provas
separadamente, era possível que, antes da audiência principal, o tribunal expedisse uma ordem de provas
( Beweisbeschluß), conforme o § 358a da ZPO/1976.

Ao lado da preparação da audiência oral, por meio da ativação do juiz, a Vereinfachungsnovelle pretendeu
consagrar o dever de colaboração (ou suporte) no processo ( Prozessförderungspflicht). 42

De fato, não seria possível concentrar o processo em uma audiência apenas, caso fosse possível que as
partes apresentassem seus argumentos de forma ilimitada, até o final da audiência em que fosse
proferida a sentença. 43 Dessa forma, a ZPO/1976 passou a determinar, nos §§ 277 (1), 282 (1) e 340 (3),
que os meios de ação e defesa deveriam ser apresentados de modo correspondente a uma condução
processual cuidadosa e preocupada como o suporte (ou a colaboração) do processo. 44

2. Plano doutrinário

Inicialmente, discute-se a existência do Princípio de Cooperação ( Kooperationsmaxime) no quadro da


tradicional distinção entre o princípio dispositivo processual ( Verhandlungsmaxime) e o princípio
inquisitório ( Untersuchungsmaxime). Em linhas de síntese, o princípio dispositivo processual dispõe que o
Estado e a sociedade não estão interessados no processo e em seu resultado justo, motivo pelo qual se
deve deixar nas mãos das partes o fornecimento do material fático e a aquisição dos meios de prova. De
outro lado, o princípio inquisitório dispõe que existe um interesse público na determinação da situação
fática de forma verdadeira e completa e, com isso, na prolação de uma decisão tão correta e conforme o
direito quanto possível, razão por que no processo vale o princípio da determinação, investigação e prova
dos fatos de ofício. 45

É esse contexto, em que surgiu a ideia da cooperação processual como princípio processual no direito
alemão, que a presente pesquisa investiga. Nesse âmbito, a abordagem dada a seguir, embora não ignore
a multiplicidade de textos sobre possíveis tendências de comportamento das partes e do juiz no processo,
46 tem o foco na ideia de cooperação concebida como princípio, cuja primeira manifestação é de

Bettermann em 1972.

A. Uma questão de método: princípios processuais?

A discussão a respeito do princípio da cooperação ( Kooperationsmaxime ou Kooperationsgrundsatz) 47


está colocada dentro da discussão a respeito dos princípios processuais. Para se entender o primeiro,
portanto, deve-se estabelecer o que aqueles que escreveram sobre o princípio da colaboração entendem
pelo gênero dos princípios processuais.

Conforme Peter Gilles, 48 os princípios processuais são entendidos como ideias diretrizes, sobreconceitos,
com pretensão de universalidade (dentro de uma ordem jurídica) para todos os processos ordinários ou,
ainda, para todo um grupo de processos com determinada especialidade. 49 Os princípios representam e
documentam a ideologia de um processo historicamente determinado e, segundo Gilles, exercem a função
de orientação à atividade do legislador e, para fins de sistematização, do jurista, bem como de auxílio para
a interpretação do direito processual pelos juízes, inclusive no que toca ao desempenho da
discricionariedade que lhe é reconhecida pela lei processual. 50

Nesse mesmo sentido, Bettermann refere que os princípios processuais expressam determinadas
concepções de valores e modelos: ideias, ideais e ideologias, segundo os quais o processo civil vai
estruturado. 51

No contexto de uma série de publicações realizadas após a Vereinfachungsnovelle de 1976, em que se


passou a questionar em que medida a ZPO haveria extrapolado o princípio dispositivo processual (não
previsto expressamente na legislação) e que, portanto, tratava a respeito da suposta dicotomia entre a
Verhandlungsmaxime e a Untersuchungsmaxime, 52 Bernhard Hahn reconheceu a existência de três
diferentes métodos para a fundamentação dos princípios. Um dos métodos pode ser relacionado à
dogmática-positivista, já que pretende extrair o princípio da lei por meio de um instrumentário
metodológico com pretensão de pureza técnica e conceitual, como a analogia e o argumentum e contrario (
Umkehrschluß). 53 O segundo método, que pode ser nomeado de jurídico-político ou processual-político,
remete os fundamentos dos princípios processuais a noções extraprocessuais de natureza política - como,
por exemplo, a autonomia privada, a partir da qual se justificaria o princípio dispositivo processual para
determinados autores. 54 Um terceiro método de justificação dos princípios processuais decorre de
argumentos de praticabilidade e que, por isso, pode ser nomeado como método pragmático. 55

A utilização do assim chamado método dogmático-positivista não é suficiente para a justificação da


dedução do princípio dispositivo processual ou do princípio inquisitório, sendo necessário reconhecer o
papel das pré-compreensões dos juristas nesse processo. 56 Em razão disso, o método dogmático-
conceitualista de dedução não é garantia suficiente para firmar convicções e para determinar a correção
da existência do princípio dispositivo processual ou do princípio inquisitório. Para tanto, é necessário, no
mínimo, que também seja revelado, conjuntamente, o horizonte político dessa escolha. 57

Indo mais longe na linha do tempo: em 1801, a ideia de deduzir as estruturas e os demais princípios do
direito processual civil a partir de um princípio processual estava presente na obra de Nikolaus Thaddäus
von Gönner, para quem o mais alto princípio do processo comum deveria ser a defesa de seus direitos
pelas partes. 58 Segundo ele, "[n]o Estado, todo processo judicial somente pode ser orientado à proteção
do que é seu, e essa proteção demanda que ninguém seja sentenciado sem ser ouvido, que a ninguém seja
retirada a defesa; portanto, todo o processo judicial deve ser orientado à introdução de ambas as partes à
defesa entre si, e a introdução à defesa deve ser o mais alto princípio de todo processo". 59 Por trás disso,
estava a pressuposição do autor de que o cidadão tem liberdade de disposição sobre seus direitos, motivo
pelo qual Wassermann indica que, para Gönner, a argumentação sobre a estruturação do processo se
harmonizaria com aquela do direito privado: também no processo dominaria a disposição das partes. 60

Quanto ao segundo método, o da dedução política processual ou política jurídica, a sua utilização recebe a
mesma crítica que aquela direcionada à dedução pelo método dogmático: de que o determinante nela é o
posicionamento político do jurista. Para além disso, em última instância, esse método reduz a base de
legitimação à mera convicção subjetiva, não recebendo qualquer consideração relativa ao direito positivo.
Com isso, a aplicação sozinha desse método também é imprópria. 61
A discussão a respeito da função e da finalidade do processo civil pretende estabelecer se o processo deve
ser concebido como meio de proteção do direito privado violado, ou se, ao lado disso, deve se reconhecer
outros fins, como o de atingir a verdade, o de proteger o direito objetivo, ou o de pacificar os conflitos
sociais. Debate-se, ainda, sobre qual é o papel do interesse geral (social) sobre a resolução do caso
concreto para, a partir daí, justificar um ou outro princípio processual. 62 O problema da utilização desse
método de dedução dos princípios é que se perde a coordenação com o texto legislativo, motivo pelo qual
sozinho tem pouca serventia para sistematizar a organização do processo.

O método pragmático, o terceiro identificado por Hahn, caso aplicado sozinho reduz a ciência do processo
civil - mais uma vez na história da disciplina processual - a um direito meramente técnico, preenchido
apenas por questões de utilidade, motivo pelo qual ele costuma ser aplicado conjuntamente com outros
métodos, como aquele da dedução política. A "versão clássica" de seu emprego agrega-se aos pretensos
fatos de os interesses envolvidos serem exclusivamente privados ou de haver uma inerente inadequação
da intervenção estatal no processo. 63 Também esse método, portanto, não é suficiente para fundamentar
um determinado princípio processual, o que se agrava em razão de lhe faltar pesquisas empíricas a
respeito da eficiência de processos civis dominados pelo princípio dispositivo processual e pelo princípio
inquisitório. 64

Essas pesquisas empíricas, contudo, ainda quando realizadas, podem produzir falsas impressões a
respeito do processo civil se não houver uma adequada interpretação de o que representam. A respeito de
estudos sobre de "direito comparado numérico", por exemplo, deve-se questionar quais os parâmetros
utilizados para avaliar o efeito de determinadas soluções sobre o direito processual civil. Além disso, no
processo civil, existem poucos instrumentos objetivos de medida para serem avaliados, de modo que a
utilização de parâmetros acaba sendo feita com base de determinações altamente subjetivas. 65

A propósito da temida tendência de reduzir a ciência processual a questões de mera técnica jurídica, e,
portanto, desmerecedoras de maiores reflexões teóricas, Wassermann faz a pertinente observação de que,
uma vez que é vedada a autotutela do cidadão, o Estado assume o compromisso de prover a tutela
jurisdicional pelo Estado e o processo tem de ser estruturado de forma a permitir "que o direito seja
recebido" por aquele que é seu destinatário legítimo. A fruição desse direito passa a depender não apenas
do direito material, mas também do direito processual. 66 Daí, porque o processo não pode ser pensado
por meros raciocínios econômicos.

Foi sobre esse terreno que se desenvolveu a ideia de cooperação como princípio processual na literatura
alemã (parcialmente superando o pensamento a partir de princípio processuais fechados).

B. O princípio da cooperação (Kooperationsmaxime)

A seguir, sintetiza-se o nascimento da ideia de cooperação no processo civil como um princípio


processual, de modo a expor os significados dados ao termo Kooperationsmaxime. Para tanto,
contextualiza-se onde o referido termo aparece nos textos, sem haver a pretensão de expor todo o
conteúdo das obras citadas, mas apenas daquilo que se mostra imprescindível para compreender o
sentido do princípio dado pelos autores que fundamentam a sua existência.

B. 1 Karl August Bettermann (1972)

Foi Bettermann quem cunhou o termo Kooperationsmaxime pela primeira vez na Alemanha, 67 para fazer
alusão ao termo Sammelmaxime do processo civil austríaco. Trata-se de um artigo de 1972 a respeito da
concepção social do processo, intitulado "Fundamentos e princípios constitucionais do processo". 68 Nesse
artigo, a Kooperationsmaxime é tida como um termo médio entre os princípios dispositivo processual e
inquisitório. 69

Karl August Bettermann inicia seu ensaio apresentando o contexto em que escrevia, no qual a doutrina
não identificava qualquer relação entre o processo civil e o direito constitucional. Segundo ele, a razão
para "essa resistência e aparente independência do direito processual à constituição" encontra-se na
histórica equiparação do processo com questões de mera necessidade prática, de modo a fazer concluir
pela desnecessidade e pela falta de inclinação da disciplina para o recebimento de influências "ideológicas
e políticas". É por essa razão que a constituição e o processo civil permaneciam ignorando-se. 70

Após justificar que a permeabilidade do processo ao direito constitucional não é constante, alterando-se
não só em função do direito material em questão e do objeto litigioso, mas também do tipo de processo
(aqui, especialmente, em razão da medida de intervenção nos direitos humanos), Bettermann justifica a
colocação da organização judiciária como primeira e uma das mais importantes pontes entre o direito
constitucional e o processo civil. 71 Por meio dela, a constituição interfere, de forma mais ou menos
intensa, na organização e no processamento do próprio processo civil. A partir disso, o autor apresenta
diversas conexões entre o direito constitucional e o direito processual: a questão da distribuição de
competência e do juiz natural, 72 da neutralidade do julgador 73 e de sua independência, 74 os princípios
do pedido e do dispositivo material. 75

Após tratar do princípio dispositivo material ( Dispositionsmaxime), Bettermann refere que tanto esse
princípio como o princípio da oficialidade ( Offizialmaxime) assinalam parte de uma grande e central
ordem de problemas do direito processual: "em que medida, o início, o curso e o resultado do processo são
determinados pelas partes ou pelo juiz", 76 representando uma questão cardinal sobre o domínio do
processo pelas partes ou pelo juiz. No que toca à apuração do substrato fático, essa questão reflete-se na
antítese entre o princípio dispositivo processual e o princípio inquisitório, sobre a qual Bettermann passa
a investigar se o direito constitucional responde a essa questão, impondo uma solução, ou se ela está
completamente livre nas mãos do legislador.

De um lado, com relação ao chamado dever de passividade do juiz, o autor refere que esse somente pode
ser tomado como dever constitucional no que toca ao dever de neutralidade, que proíbe apenas aquelas
atividades do juiz que coloquem a sua neutralidade em dúvida, o que não é o caso da investigação oficial (
Amtsermittlung). Conforme Bettermann, "[a] partir da posição e da função do juiz como pouvoir neutre
não há nenhuma reserva contra a responsabilização, total ou parcialmente, da iniciativa do juiz pelo
esclarecimento das circunstâncias fáticas e da investigação dos fatos relevantes para a decisão, seja ao
lado, seja em lugar da iniciativa das partes". 77

De outro lado, o direito constitucional à oitiva judicial (rechtliches Gehör) coloca-se em posição contrária
a um processo no qual as partes estão excluídas da produção de provas ou da aquisição e da utilização dos
meios de prova. Nem mesmo em processos dominados pelo princípio inquisitório é possível que o juiz
ignore a alegação das partes sobre os fatos, o que é configurado como desrespeito ao direito à oitiva
judicial. 78 Além disso, a eliminação das partes em uma das fases mais importantes do processo (a
investigação dos fatos) contrariaria a concepção constitucional fundamental a respeito das relações entre
cidadãos e Estado, já que degradaria as partes, ou uma delas, a objeto da atividade estatal. Em razão de a
Lei Fundamental garantir a liberdade do cidadão, a questão acerca do domínio sobre o processo de forma
alguma poderá ser respondida por um domínio exclusivo do juiz. 79

O reflexo do ideal da liberdade do cidadão sobre a relação das partes com o juiz no processo civil é
exemplificada por Bettermann por meio da análise das legislações processuais alemã e austríaca: as leis
alemãs processuais do final do século XIX foram influenciadas pela Revolução de 1848, o que deu origem
a processos em que se pretendia realizar o princípio dispositivo processual, e o domínio das partes sobre
o processo de um modo geral, ao máximo. Ao contrário disso, a ZPO austríaca de 1895 concedeu ao juiz
uma maior influência no desenho do direito processual, "especialmente impondo a ele o dever de incitar
as partes a uma condução processual apropriada e rápida e a uma exposição dos fatos verdadeira, clara e
completa". 80 Franz Klein havia redescoberto a função social do processo, colocando-a como aspecto
decisivo do direito processual civil: para ele, o juiz, não era primariamente um árbitro imparcial de
disputas; muito mais, era um assistente em um conflito social ("um médico em uma doença social"). Essa
mesma ideia parecia reaparecer ao tempo de Bettermann por meio da qualificação do juiz como
terapeuta ou engenheiro social, resultado da discussão permanente entre o liberalismo e o socialismo, o
individualismo e o coletivismo. 81

Esse dualismo foi constitucionalmente golpeado pelo conceito de Estado de Direito Social que foi incluído
no texto da Lei Fundamental de Bonn, o que significa um apaziguamento entre os dois princípios
heterogêneos. Nesse sentido, entendendo como sendo um reflexo do Estado de Direito Social, Bettermann
aponta que tanto a lei processual austríaca como a alemã associaram as atividades das partes e do juiz no
que toca ao esclarecimento dos fatos. E é justamente essa "solução conciliatória", chamada pelo direito
processual civil austríaco de Sammelmaxime, que ele denomina Kooperationsmaxime - o conceito deve
"caracterizar essa interação das partes e do tribunal". 82

Para Bettermann, a colaboração do tribunal significa que ele dá início, dirige e, caso necessário, corrige a
discussão das partes sobre o material processual, sua alegação e comprovação. 83

Além disso, os princípios do estado social e da igualdade, também fundamentam a ativação do juiz na
determinação dos fatos. A partir do primeiro, o Estado é colocado na posição de prevenir e solucionar
conflitos sociais, bem como de satisfazer as necessidades da sociedade onde a própria iniciativa dos
cidadãos falha. A partir do segundo, o Estado procura promover, ao invés de uma igualdade formal frente
a lei, uma igualdade material ou uma equiparação por meio da igualdade de oportunidades. 84 A partir
disso, Bettermann refere que a paridade de armas (embora formalmente garantida pelas leis processuais)
não representa uma paridade real nos casos em que uma das partes é superior a outra em poder ou
recursos. Prossegue o autor, referindo que "[e]sse perigo existe de forma institucional nos processos entre
o Estado e o cidadão, ou seja, processos penais e administrativos, e de forma ocasional no processo civil".
85 Para esses casos, em que o juiz pode ser chamado a equiparar desigualdades materiais, o legislador

deve possibilitar, ou mesmo obrigar, o juiz a atuar na organização do processo. Trata-se de uma restrição
do domínio das partes sobre o processo por meio do domínio do juiz, que não importa em uma eliminação
das partes no esclarecimento dos fatos e, em razão de ser uma restrição legal da liberdade das partes,
requer uma justificação jurídica suficiente, em respeito ao princípio in dubio pro libertate. 86

B. 2 Peter Gilles (1977)

Em um ensaio a respeito da interposição de recursos, da fundamentação recursal e da disposição tardia


das partes acerca dos recursos, 87 Peter Gilles demonstra a interdependência entre o domínio das partes
sobre o processo e a delimitação do objeto recursal e a possibilidade de alterá-lo. 88 Quanto à
Kooperationsmaxime, o autor justifica a utilização da expressão para representar a fusão ocorrida entre o
princípio dispositivo processual, a verdade material e os deveres do juiz, que substituíram a visão
individualista e liberal sobre o processo civil, concluindo, a partir dele, por uma maior flexibilidade da
determinação do objeto recursal.

No referido ensaio, Gilles questiona a respeito da possibilidade de a parte recorrente alterar o objeto do
recurso, após o transcurso do prazo recursal, até o término da última audiência. Sua investigação parte do
exame do princípio dispositivo processual no procedimento recursal, segundo o qual são as partes que
determinam o objeto do processo. 89 Conforme o autor, "[e]stá em suas mãos, por meio das
correspondentes exposições das impugnações ( Anfechtungserklärungen), i. e., por meio de pedidos
determinados de recurso ou de anulação, a determinação do objeto do procedimento recursal e os seus
limites externos (quantitativos) e, com isso, a delimitação da audiência oral e da autorização do juiz para
decidir sobre o recurso (pedido de anulação)". 90 Além disso, tal qual o autor faz com relação à ação, o
recorrente poderá dispor sobre a continuação do processo total ou parcialmente. 91 Nesse contexto, o
autor aduz que a regra que impõe o efeito suspensivo total da decisão (ainda quando apenas parcialmente
recorrida) suportaria que o recorrente aumentasse ou diminuísse o objeto recursal até o final da
audiência oral. 92
O princípio da oralidade, que vale tanto para a primeira instância como para a instância recursal, também
indica a possibilidade de o recorrente realizar modificações posteriores sobre o objeto recursal. 93 Disso
não decorre que somente vale como fundamentação recursal aquilo que é expresso de forma falada,
sendo o escrito mera técnica de preparação ou documentação e o falado condição de existência do
conteúdo do ato; pelo contrário, a exposição da impugnação e os seus pedidos, constantes da peça
recursal, já existe e é eficaz, iniciando o procedimento recursal, fixando o objeto recursal e a competência
decisória do juiz, fundamentando a litispendência da lide recursal e encarregando o tribunal de sua
decisão. 94 Isso não significa, contudo, que não haveria argumentos a favor da disposição das partes sobre
o recurso decorrentes do princípio da audiência oral e da correspondente Kooperationsmaxime.

Nesse ponto, Gilles justifica a utilização da expressão Kooperationsmaxime em sua nota de rodapé de
número 39, na qual refere que o domínio das partes (princípios dispositivo processual e material) sobre o
processo civil não pode ser entendido como o princípio do arbítrio da autonomia das partes, no sentido de
uma concepção processual individualista-liberal. Assim, vige o princípio da colaboração como uma
verdadeira fusão do princípio dispositivo processual com as instruções judiciais dos § 139 e § 526, II, da ZPO
(entre outros) e o princípio da verdade material (§ 138). 95

No que toca a sua aplicação conjunta com o princípio da audiência oral, isso significa um princípio
segundo o qual o processo de informação, formação de opinião e decisão é aberto e comunicativo-
argumentativo entre todos os participantes do litígio, com os adequados deveres de esclarecimento e de
colaboração do juiz. 96 É nesse sentido que o princípio da oralidade age na primeira instância do
processo, em que, apesar do duro formalismo e da forte ritualização das fases iniciais do procedimento,
ele faz serem consideradas a abertura e a incerteza do desfecho do processo, a complexidade de um litígio
jurídico e as alternativas de conduta e a liberdade de ação dos participantes. Assim, o princípio possibilita
a realização de um processo de comunicação e interação entre as partes e o juiz aberto e flexível.
Possibilita também a realização do debate e a superação do conflito na forma mais ampla possível, por
meio do contraditório, de um efetivo diálogo. 97 Em razão disso, reconhece-se a liberdade maior possível
das partes para adequar seus pedidos e a exposição dos fatos às modificadas situações processuais,
chances e riscos processuais, novas expectativas e motivações, efeitos de conhecimentos, informações,
perspectivas de êxito e cálculos de risco. 98

B. 3 Karl August Bettermann (1978)

Na oportunidade do aniversário de cem anos da ZPO, Bettermann escreveu um ensaio tratando do destino
da chamada codificação liberal processual, 99 no qual ele examina diversos princípios processuais, ideais
centrais e institutos que foram considerados na criação da legislação processual civil alemã para seguir o
seu desenvolvimento histórico, com o objetivo de analisar quais desses institutos sobraram e quais
princípios ainda seriam válidos. Nesse artigo, o princípio da colaboração é utilizado para referir às
transformações pelas quais o princípio dispositivo processual passou no decorrer da história, destacando-
se a atuação do tribunal na condução da discussão e comprovação da causa.

A principal questão para a elaboração da CPO, conforme Bettermann, teria sido aquela sobre a eleição
entre a oralidade e a escritura no processo civil que se formaria em oposição ao direito comum. Essa
questão é, por ele, reconduzida aos conceitos de oralidade, publicidade e imediatidade. 100 Quanto à
publicidade, o autor refere que para "nossos bisavôs", "o processo escrito era um processo secreto e,
exatamente por isso, pavoroso". 101 Daí que se inseriu na Constituição de 1849 a determinação de que os
processos judiciais deveriam ser públicos e orais, já que a eles parecia impraticável um processo civil
escrito que fosse também público. O anseio pela abertura do procedimento remeteria aos elementos
fundamentais da democracia-liberal, para a qual o exercício de poder estatal e as relações estatais
deveriam ser públicos, bem como à possibilidade de participação de membros e representantes do povo.
102 Com relação ao princípio da imediatidade, quereria significar que o juiz a sentenciar deveria conhecer

o caso e os envolvidos de forma direta, sem o intermédio de um terceiro ou de apenas um dos membros
do tribunal. Para isso, o juiz não poderia formar a ideia do litígio por meio das petições, mas por meio das
partes e de seus representantes, que se colocariam em contato direto, possibilitando-se a conversa com as
partes e a realização do contraditório. 103

Não obstante, segundo o autor, as antíteses da oralidade ou da escritura, da publicidade ou do isolamento,


da mediatidade ou da imediatida, representam tipos ideais e posições fundamentais, cuja escolha entre as
alternativas não foi realizada de forma racional, mas em razão de circunstâncias históricas e políticas. 104

Após tratar de outros princípios, Bettermann refere que foram as alterações no âmbito da divisão de
atividades entre o tribunal e as partes onde a legislação processual recebeu mais alterações desde a
original CPO de 1877. 105 Isso por uma substituição cada vez mais ampla da atividade das partes pela
atividade do juiz, refletindo-se nas regras sobre a determinação de quem domina o ritmo do processo.
Conforme sintetiza Bettermann, o papel ou a função do juiz haveria se deslocado de serviço para poder.
106

A antiga CPO deixava o domínio sobre o ritmo do processo às partes, sendo possível que, por meio de
consenso de vontades das partes, fossem aumentados ou diminuídos os prazos processuais, bem como,
fosse abolida ou adiada a realização de audiências. A Novelle de 1924 afastou a autonomia privada sobre o
adiamento das audiências e limitou a ingerência sobre os prazos de modo a permitir, apenas, a sua
redução. Em 1976, a reforma declarou de forma mais intensificada que a concordância das partes sobre o
agendamento não é relevante. 107 De um lado, pode parecer se tratar de uma decisão meramente técnica,
segundo a qual não é econômico ao Estado e é irrazoável ao juiz que as partes possam interferir em um
agendamento para o qual o juiz também se prepara. Conforme Bettermann, esse argumento técnico
apenas é conclusivo se a "decisão do processo civil, isto é, sobre litígios jurídicos entre os cidadãos, é
considerada como uma finalidade estatal em si"; 108 caso o contrário, adotando-se uma concepção da
administração de justiça como prestação de serviço, então o desenvolvimento ou a paralização do
processo pode ser feita enquanto e na medida em que as partes desejarem. Ainda, as partes continuam
podendo dispor livremente sobre a existência e a continuação do processo, bem como sobre o seu objeto,
seja por meio da desistência da ação ou do recurso independentemente da concordância do juiz, nesses
casos com a concordância da outra parte (inclusive após a prolação da sentença, afastando os seus
efeitos), seja pelo fato de que o tribunal deve aceitar toda alteração do objeto litigioso e, com isso, toda
mudança no objeto de discussão e decisão, quando ambas as partes assim quiserem (se for legalmente
necessário que na hipótese haja consenso, e não que a alteração seja unilateral). Com isso, o autor julga
equivocada a decisão legislativa contrária à possibilidade de as partes alterarem prazos e agendamentos,
tendo em vista que lhes é garantido, muito mais, alterar o objeto da demanda ou mesmo desistir da ação.
109

Um verdadeiro deslocamento do poder foi trazido pelas reformas que apontam que a alteração da causa é
permitida não somente quando a parte contrária concorda, mas mesmo sem essa concordância quando o
tribunal julga pertinente. Isso significa uma determinação do objeto litigioso conjuntamente das partes com
o juiz. 110

No que toca aos esclarecimentos dos fatos relevantes para a decisão, Bettermann refere que, de um modo
geral, inexiste alterações substanciais no texto legal a respeito da divisão dessa tarefa entre as partes e o
juiz. O dever de esclarecimento do § 139 tem origem já na CPO (§ 130). Além disso, ela também já permitia,
para fim de esclarecimento dos fatos, que o juiz determinasse o comparecimento pessoal de uma das
partes, a apresentação de documentos e arquivos, bem como, realizasse de ofício inspeção judicial e prova
pericial. O depoimento de uma das partes (§ 448) tem sua origem no antigo juramento judicial. 111

O que se alterou no século de vigência da ZPO foi a utilização e a compreensão desses dispositivos, em
especial, o § 139, I. O dever de questionamento ( Fragepflicht) do juiz transformou-se em dever de
esclarecimento do substrato fático, em vez de esclarecimento de alegações pouco claras das partes. E tanto
ele como o dever de debate ( Eröterungspflicht) sobre os fatos relevantes e as questões em litígio tem o
mesmo objetivo no processo: o de provocar a apresentação, pelas partes, dos fatos de forma correta e
completa e a realização dos pedidos e requerimentos de provas úteis para seus casos. 112 E para que a
atuação do juiz seja adequada para atingir tais fins, ela deverá esclarecer as partes sobre o que lhes é
necessário, útil e também sobre a opinião jurídica do tribunal, tratando-se de um dever de informação e
advertência ( Informationspflicht und Belehrungspflicht). 113 Com isso, Bettermann refere que a expressão
dever de esclarecimento ( Aufklärungspflicht) é equívoca, porque na linguagem técnica processualista o
esclarecimento ( Aufklärung) refere-se apenas ao substrato fático, 114 preferindo-se utilizar das
expressões informação e advertência.

Dessa forma, é errado que se afaste a oposição entre o princípio dispositivo processual e o princípio
inquisitório com fundamento nos dispositivos que preveem o direito e o dever do juiz de advertência e de
consulta das partes, e de debate da situação de fato e de direito. Os elementos determinantes do princípio
dispositivo processual não foram afastados, sendo ainda determinado pelas partes quais são os fatos que
necessitam de esclarecimento e que são essenciais para a decisão. 115

Quanto à atividade judicial de assistência (Fürsorge) para as partes e para uma condução adequada do
processo, trazida no § 139, não se pode afirmar que se trataria de uma aquisição moderna, relativa a
mudança do liberalismo e individualismo ao socialismo, ou de uma alteração na concepção sobre a
função da administração da justiça. Esses deveres já constavam da versão original da CPO, antes mesmo
de Franz Klein. 116

Ao fim, Bettermann refere que a análise da divisão de competências entre as partes e o tribunal leva a
conclusão de que a máxima " da mihi factum, dabo tibi jus" nunca foi, e tampouco é, um princípio da ZPO
alemã. Já desde o início era possível que o juiz participasse, em considerável medida, do esclarecimento
do substrato fático essencial para a prolação da sentença, razão pela qual a divisão entre as questões de
fato e de direito não se refletiu na divisão de tarefas. O autor conclui que se poderia falar em
Kooperationsmaxime para designar a transformação pela qual o princípio dispositivo processual passou
na ZPO. 117 Por essa razão, Bettermann refere que o princípio da cooperação não deve ser designado
como um mixtum compositum entre os princípios dispositivo processual e inquisitório, ou como um
tertium entre os dois, mas como modificações da Verhandlungsmaxime, com o que se destaca a
colaboração do tribunal: ele dá início, provoca, dirige, concentra e, caso necessário, corrige a discussão
das partes sobre o material processual, sua alegação e comprovação. 118

B.4. Rudolf Wassermann (1978)

Rudolf Wassermann dedicou uma obra completa, chamada de "o processo civil social", para investigar as
relações entre o processo civil e o Estado Social de Direito, 119 no qual ele parte da constatação de que o
direito processual não é uma disciplina meramente técnica, sendo influenciada por concepções
ideológicas e por normas do direito constitucional. Nessa perspectiva, o autor defende o reconhecimento
da mudança do processo civil liberal para o processo civil social, i.e., da concorrência entendida como um
livre jogo de forças, para um trabalho em conjunto ( Zusammenarbeit) sob condução e assistência do juiz,
o que abalou o reconhecimento da validade do princípio dispositivo processual. 120

O autor refere, no capítulo cinco da obra, que ainda na literatura é comum se dizer que há uma
dominância da Verhandlungsmaxime no processo civil. Para justificar isso, costuma-se deduzir o
princípio de diversos dispositivos da ZPO, sem ponderar que há diversas regras processuais que de
alguma forma contradizem o princípio, bem como, que os próprios motivos dados pelo legislador para a
proposta de reforma de 1931 também apontam no sentido contrário. 121 Isso ocorre, em parte, devido às
pré-compreensões dos juristas, que internalizaram a ideologia liberal do século XIX na doutrina
processual. Contudo, a partir de uma compreensão que é influenciada pelo princípio social ( Sozialprinzip)
da Lei Fundamental ( Grundgesetz), coloca-se em dúvida o papel orientador do princípio dispositivo
processual e questiona-se se o "culto aos princípios" ( Maximenkult) não foi superado. 122

Em primeiro lugar, Wassermann esclarece que negar vigência ao princípio dispositivo processual não é
concluir, necessariamente, pelo princípio inquisitório, já que o contraditório no processo civil não
depende daquele. Além disso, é um dado da experiência que a parte interessada já se ocupa de trazer de
moto próprio o material necessário ao processo, de modo que a atividade judicial de colheita do material
processual insere-se após a atividade das partes e não é irrestrita. 123

Assim, o autor prossegue para demonstrar que os princípios dispositivo processual e inquisitório já não
compreendem os acontecimentos processuais como um todo e, muitas vezes, obstaculizam uma adequada
condução processual. 124 Ainda que os participantes do processo assim desejassem, já não mais é possível
conduzir o processo tal qual os autores da CPO haviam previsto, sendo necessário que elas tenham
conhecimento prévio sobre como o juiz valora a sua causa e quais são os fatos que considera determinantes,
razão pela qual não se sujeitam completamente às estruturas de alegação e contra-alegação originais da
CPO. 125 Como exemplo disso, Wassermann aponta o caso dos fatos notórios: segundo aqueles que
defendem a Verhandlungsmaxime, o tribunal não precisaria realizar prova dos fatos notórios, podendo
simplesmente considera-los em sentença; contudo, a sua utilização dependeria de sua afirmação pela
parte interessada. 126 Conforme o autor, tem-se como superada essa posição (anteriormente deduzida do
princípio dispositivo processual), não havendo dúvidas sobre a possibilidade de o tribunal considerar a
existência de fatos notórios na sua decisão que não são indicados pelas partes. O que é vedado, com
fundamento no direito à oitiva judicial e no dever de debate do juiz, é que as partes sejam surpreendidas
com a consideração do fato. Assim, "[a]s partes devem ser informadas a respeito de quais fatos o tribunal
considera como fundamento de sua decisão e devem ter a oportunidade de tomar posição a respeito
disso", de forma que é possibilitada a existência de um discurso racional, que incorpora
argumentativamente a Gundgesetz, a respeito dos limites da utilização de informações verossímeis pelo
tribunal. 127

Wassermann sintetiza a alteração para o processo civil social com a referência à colocação do diálogo
sobre o direito e sobre os fatos no centro da experiência processual. Nesse sentido, os §§ 139, 272, b, e 138
são instrumento de uma condução processual pelo juiz, que pouco trata de princípios processuais,
colocando o diálogo acima da antítese dos princípios e aproximando o juiz à determinação do direito no
caso concreto (Rechtsfindung). 128 Os problemas que o direito processual civil deve responder agora
referem-se ao modo pelo qual se estabelece um discurso racional no diálogo entre o juiz e as partes, à
colocação de limites nos deveres de esclarecimento e debate e ao reconhecimento de até onde o juiz
poderá advertir as partes, sem que a sua imparcialidade em face às partes seja violada. 129

De outro lado, o autor refere que não se pode ignorar o papel de orientação que a construção de
princípios oferece, motivo pelo qual ele propõe que a representação de uma ponte entre os dois princípios
conflitantes seja realizada pela Kooperationsmaxime, caracterizada pelo conceito de comunidade de
trabalho ( Arbeitsgemeinschaft). Esse princípio conjuga a tendência comportamental de interação entre o
tribunal e as partes. Conforme Rudolf Wassermann, "[o]s conceitos aqui adotados de comunidade de
trabalho e de colaboração não tem nada - mas nada mesmo - a ver com concepções sociais harmônicas. O
conflito é um fato social fundamental", motivo pelo qual "[c]oloca-se completamente fora de dúvida que o
fator da disputa ( Kampfmoment) é imanente ao processo, que regularmente assenta sobre conflitos entre
as partes". 130 O que se modifica é a concepção de disputa da era do liberalismo otimista para a nossa, do
princípio social. 131

Wassermann, então, passa a examinar o conteúdo e os limites dos deveres de esclarecimento e de debate do
juiz, que representam parte da condução processual do juiz e do dever de auxílio e que transpassam todo o
processo. O dever de debate resulta da evolução do direito de realizar questionamentos do juiz (
Fragerecht) e é realizado, especialmente mas não exclusivamente, na audiência oral, podendo ser feito até
mesmo por escrito. Em razão do direito à oitiva judicial, o debate deverá ser sempre promovido com as
duas partes. A forma pela qual o dever de debate e de esclarecimento deverá ser desempenhado deve
levar em conta as circunstâncias concretas do caso, orientando-se pelos princípios de Estado de Direito e
Estado Social, o que deverá ser levado em conta para os casos futuros. 132 É especialmente importante
que o debate também deve ocorrer sobre o material jurídico do caso, tendo em vista que as partes apenas
podem saber quais os fatos que deverão ser trazidos para o caso e quais as provas que deverão ser
produzidas quando for possível adiantar as percepções jurídicas do juiz sobre o caso - o que é ainda mais
importante quando não se é possível facilmente reconhecer o direito aplicável. O tribunal deve expressar
a concepção existente sobre o direito (principalmente concretizando os conceitos jurídicos sobre os fatos
do caso) e coloca-la em discussão, não havendo motivo para guardá-la como um segredo até o momento
da sentença. 133

Ao lado desses deveres, reconhece-se que o § 273, 3, da ZPO trouxe o dever de indicação do tribunal
(Hinweispflicht), por meio do qual ele indica algum ponto de vista jurídico que as partes ignoraram ou
entenderam insignificante, dando-lhes oportunidade para semanifestarem a respeito. O objetivo disso é
que as partes possam se esclarecer a respeito do ponto de vista jurídico a ser pleiteado por meio do
processo. 134 Nesse sentido, discute-se, por exemplo, se o tribunal pode indicar às partes que a ação ou a
defesa encontram-se inconsistentes ou não suficientemente substanciadas, ou mesmo apontar a
possibilidade de realizar novos pedidos ou apresentar determinado tipo de defesa (como alegar a
prescrição). 135

Em resumo, Wassermann conclui que os deveres do juiz pretendem possibilitar que as partes sejam
capazes de realizar as suas escolhas no processo de modo adequado, mas não que o juiz realize as escolhas
por elas. É ressaltado o fato de que as partes somente podem exercer sua liberdade de disposição de
direitos quando devidamente instruídas, motivo pelo qual o auxílio do juiz não contraria o princípio
dispositivo processual. 136

B. 5 Bernhard Hahn (1983)

Assim como Wassermann, Bernhard Hahn dedicou uma monografia para investigar a
Kooperationsmaxime no direito alemão, com a qual critica o suposto domínio do princípio dispositivo
processual. 137 Nessa obra, ele desconstrói o conteúdo concebido à Verhandlungsmaxime e conclui pela
estruturação de um processo civil capaz de ser sintetizado em uma relação de colaboração - que não
pressupõe o reconhecimento de harmonia entre as partes.

Analisando o conteúdo do princípio dispositivo processual, Hahn refere que o pretenso monopólio das
partes sobre a aquisição dos fatos foi tão estritamente definido que ao juiz seria proibido até mesmo
considerar fatos notórios em suas decisões. Contudo, essa estreiteza foi colocada em dúvida pela
participação do juiz na comunidade de trabalho pela qual se caracterizou o processo. Não apenas por conta
do § 139, (1), mas em razão de uma série de outros dispositivos da ZPO, reconhece-se a participação do
juiz no esclarecimento e na complementação da alegação e da comprovação de fatos, a partir das quais é
reconstruído o substrato fático do caso. 138

Um segundo teorema do princípio dispositivo processual defende que apenas os fatos controvertidos são
objeto de comprovação, não se realizando prova dos fatos incontroversos ou de fatos que são tratados
como tais pela lei. Segundo Bernhard Hahn, aparentemente, esse princípio teria vigência na ZPO; contudo,
a questão de definir se a alegação de um fato está controvertida ou não no processo é da
discricionariedade do juiz. 139 Dessa forma, ao fim e ao cabo, é o juiz quem define o que necessita da
produção de provas no processo. Além disso, a legislação reconhece a possibilidade de o juiz determinar
uma série de provas sobre os fundamentos da petição inicial, ainda que nada conste da contestação do
réu a respeito. Tampouco subsiste a limitação dos meios de prova aqueles indicados pelas partes, a não
ser no caso da indicação de testemunhas, em que o juiz depende da nomeação pelas partes. 140

Uma seguinte regra decorrente da Verhandlungsmaxime é aquela segundo a qual os fatos estariam na
esfera de disposição das partes, de modo que elas poderiam incluir ou excluir fatos da apreciação do
tribunal. Esse direito da parte baseia-se na competência das partes para a determinação dos fatos no
processo, mas vai além, estabelecendo que somente os fatos trazidos pelas partes podem ser explorados
no processo. Com isso, estabelece-se limites à reconstrução do substrato fático do caso pelo juiz, proibindo
a integração de fatos excluídos das alegações das partes. 141 Aqui, os próprios defensores do princípio
dispositivo processual encontram-se em um dilema, tendo em vista a possibilidade de as partes afastarem
o juiz da verdade dos fatos, que o princípio pretende garantir. A rejeição dessa regra novamente é
retirada da própria ZPO, que afasta os efeitos do princípio dispositivo que não conduzem a uma
aproximação à verdade dos fatos. 142

Afastadas as principais teses do princípio dispositivo processual, Bernhard Hahn refere que os limites à
atividade judicial, em geral e para os casos concretos, estão na Neutralidade do Juiz e na Oitiva Judicial. 143

Na conclusão de seu livro, Hahn então pretende responder à questão que dá o título de sua obra, a
respeito da existência de um princípio de colaboração no processo. Para responde-la, primeiramente,
refere que de acordo com a opinião predominante, a reforma para a simplificação do processo civil
conduziu a um fortalecimento da posição do juiz, embora os elementos decisivos do princípio dispositivo
processual haveriam sido conservados. Essa afirmação, segundo Hahn, é certa e errada ao mesmo tempo.
144 De um lado, a exigência de que as partes tragam os fatos para o processo e apresentem uma

reconstrução dos fatos completa aumentou consideravelmente. Nesse sentido, poder-se-ia falar em um
fortalecimento da Verhandlungsmaxime. De outro lado, não se pode ignorar as múltiplas possibilidades de
o juiz participar da aquisição dos fatos e da reconstrução do substrato fático pelas partes. 145

De fato, as partes devem apresentar tudo aquilo que for conhecido por elas; contudo, caso falhem nessa
tarefa ou o juiz reconheça alguma incorreção da tentativa de reconstrução dos fatos das partes, então o
magistrado é chamado para "dar o retoque". Com isso, o autor reconhece a inaplicabilidade do brocado
"da mihi facta, dabo tibi ius", já que as partes não são meras entregadoras de fatos, sendo esperado pela
legislação processual que elas expressem as suas avaliações jurídicas dos fatos, para que o juiz possa
cumprir seus fortalecidos deveres de preparação e para que seja possível dar efetividade ao diálogo entre
os participantes do processo. 146 Não se espera que os autores apenas manifestem aquilo que consideram
favorável e concludente para seus requerimentos; muito mais, espera-se que eles exponham o material
relativo ao conflito pré-processual, incluindo-se a menção das posições contrárias e as razões pelas quais
elas seriam insustentáveis. E quanto aos réus: também eles participam da reconstrução dos fatos da
causa. O tribunal deve fomentar a aquisição completa dos fatos pelas partes e é chamado a participar na
reconstrução do substrato fático da causa. 147

Hahn ainda pondera que "[é] evidente que essa colheita judicial dos fatos não pode ser confundida com a
inquisição de um procurador estatal. Ao fim e ao cabo, não se deve ignorar que o emprego dos variados
meios de investigação judiciais, que a Zivilprozeßordnung preparou para o juiz e que a própria prática
desenvolveu, sempre ocorrem sobre a cortina de fundo do discurso das partes ( auf der Folie des
Parteienvortrages erfolgt)". 148 Por isso, o juiz não realiza no processo uma investigação livre; muito mais,
por meio de sua própria competência para julgar a causa, ele identificará as lacunas, os erros, as
incorreções e as inverdades que ele poderá sanar e esclarecer com a participação das partes. Nesse
sentido, é das partes (as portadoras de informações essenciais) o papel principal na aquisição dos fatos do
processo, tanto que, se o instrumentário da investigação oficial não obter sucesso, permanece sendo elas a
única fonte de informações do processo. O que se evita com o reconhecimento do enfraquecimento da
Verhandlungmaxime é que uma vinculação servil do juiz às alegações das partes conduza a uma redução
do direito à oitiva judicial. 149

Ao final, o autor aduz que a expressão Kooperation melhor representa a divisão de trabalhos entre o juiz e
as partes no processo, inclusive por não dar a entender a existência de harmonia, tal qual a expressão
comunidade de trabalho poderia ser entendida. Com a Kooperation, ressalta-se a dependência dos
participantes do processo entre si e a necessidade de que os posicionamentos das partes incluam todas as
contraposições possíveis. Assim, para aqueles que não querem abrir mão de uma orientação
principiológica para o processo civil, Hahn sugere a utilização da expressão Kooperationsmaxime para
descrever a relação das partes e do juiz na aquisição dos fatos e na investigação do substrato fático no
processo. 150

3. Considerações finais

A partir de diferentes perspectivas e com diferentes preocupações, a doutrina que tratou das alterações
ocorridas na lei processual alemã e fez surgir o princípio da cooperação processual pode ter algumas
conclusões sintetizadas em conjunto. É que, seja considerando a colaboração como sendo um termo
médio entre o princípio dispositivo processual e o princípio inquisitório, um tertium genus, uma fusão do
princípio dispositivo processual com a verdade material e os deveres do juiz, ou seja, considerando-a
como uma atividade de assistência ou de condução desempenhadas pelo juiz, a lição é clara: há uma
alteração na concepção do fenômeno processual, que vai entendido como sendo um processo de
comunicação, formação de opinião e decisão que é aberto, argumentativo e flexível. O processo é um
discurso racional, em que o diálogo deve ser efetivo, i.e., baseado em narrativas com pretensão de
veracidade, claras e completas, de modo a se possibilitar que as partes possam exerçam a sua liberdade
(realizem escolhas) de modo adequado, i.e., realizando pedidos adequados e requerendo a produção de
provas úteis. É nessa linha que se destacam os deveres do juiz. Elencando os deveres acima indicados, 151
têm-se os deveres de colaboração (estrito senso) ou auxílio, de esclarecimento, de informação e advertência,
de debate e de indicação. Com esses deveres e a concepção renovada do fenômeno processual, torna-se
possível às partes - por meio de um tipo de conduta frente ao processo 152 - participar da gestão do
processo. 153

4. Bibliografia

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Pesquisas do Editorial
O PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO: UMA APRESENTAÇÃO, de Fredie Didier Júnior - RePro
127/2005/75

COOPERAÇÃO COMO PRINCÍPIO PROCESSUAL, de Ronaldo Kochem - RePro 206/2012/123

FOOTNOTES
1

Bettermann, Karl August. Hundert Jahre Zivilprozeßordnung - Das Schicksal einer liberalen Kodifikation. Zeitschrift für Zivilprozeß. Band 91,
Heft 4, p. 365-397, Okt. 1978. p. 367; Wassermann, Rudolf. Der soziale Zivilprozeß: Zur Theorie und Praxis des Zivilprozesses im sozialen
Rechtsstaat. Neuwied-Darmstadt: Herrmann Luchterhand Verlag, 1978. p. 13-17 (em especial sobre o papel do direito constitucional,
declarando o processo civil como direito constitucional aplicado, ver p. 20).

Wassermann, Rudolf. Der soziale Zivilprozeß: Zur Theorie und Praxis des Zivilprozesses im sozialen Rechtsstaat. Neuwied-Darmstadt:
Herrmann Luchterhand Verlag, 1978. p. 17.

A respeito da concepção individualista a que se remonta, ver Bobbio, Norberto. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro,
Elsevier, 2004. p. 56. Como exemplo dessa influência na organização do processo, especificamente na tutela cautelar, comparar as indicações de
Mitidiero, Daniel. Antecipação de tutela: da tutela cautelar à técnica antecipatória. São Paulo: Ed. RT, 2013. p. 26 ("É o Estado como fim e a
pessoa como meio") e p. 33 ("O direito ao provimento cautelar, porém, está ligado a uma posição jurídica no plano do direito material
concernente à tutela da pessoa").

Bettermann, Karl August. Hundert Jahre Zivilprozeßordnung - Das Schicksal einer liberalen Kodifikation. Zeitschrift für Zivilprozeß. Op. cit., p.
374.

Sobre o processo civil alemão e a pouca interferência havida do totalitarismo nacional-socialista, ver Alvaro de Oliveira, Carlos Alberto. Do
formalismo no processo civil: proposta de um formalismo-valorativo. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 79. A respeito da inexistência de relação
de obrigatoriedade entre a posição ativa do juiz e o tipo do sistema político, entre democrático e não democrático, ver Stürner, Rolf; Kern,
Christoph. Processo civil comparado - Tendências recentes e fundamentais. Trad. Teresa Arruda Alvim Wambier. RePro 200/203 e ss., out. 2011
(item 3.2): "Um outro ponto que deve ser sublinhado é o de que nem sempre juízes ativos devem ser associados com sistemas políticos não
democráticos, e juízes passivos com democracias participativas. Reconhecidamente, a ideia de um paralelismo entre juízes passivos e
individualistas, sociedades democráticas, e entre juízes ativos e mais hierarquizados e sistemas totalitários é intrigante e foi manifestada
eloquentemente por um grande jurista nos tempos em que os sistemas socialistas ainda distorciam o processo civil em muitos países do
mundo. Não há dúvidas de que há alguns exemplos que ilustram essa teoria, sobretudo a admirável e estável democracia dos Estados Unidos.
Por essa razão, não surpreende que essa teoria tenha muitos seguidores, particularmente no mundo do common law. Contudo, já foi
demonstrado que considerações históricas e de direito comparado que estavam por trás dessa teoria não são plenamente convincentes e foram
selecionadas de modo muito eclético. Consequentemente, acreditamos que esta teoria não deve ser reconhecida como um argumento
importante contra reformas jurídicas em que se pretenda criar um juiz mais ativo. Isso não significa dizer que não haja necessidade de que
juristas e a sociedade estejam sempre vigilantes e observem consequências decorrentes da atribuição de mais poderes ao Estado, e isso é válido
tanto para o campo de processo civil, quanto para os outros. Entretanto, realmente não pode ser dito que países que tenham o processo civil
típicos do civil law tenham, só por isso, inclinação para regimes totalitários".

No presente ensaio, utiliza-se como sinônimos os termos colaboração e cooperação.

7
Sobre o papel da ciência do direito, por todos: Ávila, Humberto. A doutrina e o direito tributário. In: Ávila, Humberto (org.). Fundamentos do
direito tributário. Madri-Barcelona-Buenos Aires-São Paulo: Marcial Pons, p. 221-246, 2012; Idem. Função da ciência do direito tributário: do
formalismo epistemológico ao estruturalismo argumentativo. Revista Direito Tributário Atual 29/181-204, 2013; Idem. Ciência do direito
tributário e discussão crítica. Revista Direito Tributário Atual 32/159-197, 2014.

Veja-se que, apesar da terminologia utilizada no presente artigo, não se ignora o novo perfil das normas-princípio na teoria do direito,
destacando-se a proposta de Humberto Ávila em: Teoria dos princípios (São Paulo: Ed. RT). Utiliza-se, no entanto, a tradicional compreensão
dada aos princípios pela doutrina processual civil. Para uma análise dos tradicionais princípios processuais sob a ótica da teoria do direito e da
classificação das normas, ver o interessante ensaio de Schinkels, Boris. Prinzipien, Regeln oder Modelle: eine Analyse des Kanons der
Zivilprozessualen "Maximen". Rechtstheorie, Band 37, Heft 4, p. 407-425, 2006.

Bettermann, Karl August. Hundert Jahre Zivilprozeßordnung - Das Schicksal einer liberalen Kodifikation. Zeitschrift für Zivilprozeß. Band 91,
Heft 4, p. 365-397, Okt. 1978. p. 385.

10

Idem, ibidem. Embora o texto de Bettermann seja de 1978, a redação do § 317 (1) assim permite até hoje (fev. 2015).

11

Quanto à evolução da redação dos dispositivos, ver a sintetização de Wassermann, Rudolf. Der soziale Zivilprozeß: Zur Theorie und Praxis des
Zivilprozesses im sozialen Rechtsstaat. Neuwied-Darmstadt: Herrmann Luchterhand Verlag, 1978. p. 97-102, cujas indicações dos parágrafos da
lei processual alemã foram o ponto de partida para a elaboração da análise que se apresenta a seguir, a que se agregou a análise de outros
dispositivos.

12

Gerichtsverfassungsgesetz vom 27. Januar 1877. Reichsgesetzblatt, 1877, n. 4, p. 41-76, 7. Februar 1877.

13

Na redação atual (fev. 2015), ver §§ 12, 23 e 71.

14

Civilprozeßordnung vom 30. Januar 1877. Reichsgesetzblatt, 1877, n. 6, p. 83-243, 19. Februar 1877.

15

A previsão de dois procedimentos, um para os Amtsgerichte e outro para os Landsgerichte continua até hoje, conforme §§ 253 e 495, ZPO.

16

Na redação atual (fev. 2015), ver § 78, (1).

17

Wassermann, Rudolf. Der soziale Zivilprozeß: Zur Theorie und Praxis des Zivilprozesses im sozialen Rechtsstaat. Neuwied-Darmstadt:
Herrmann Luchterhand Verlag, 1978. p. 97.

18

Idem, ibidem.
19

Pela limitação no escopo do presente ensaio, não se tratará de todas as alterações que a legislação processual passou desde a versão original de
1877 - o que implicaria, por exemplo, em tratar da "Gesetz betreffend die Änderungen der Civilprozeßordnung" de 1898, que levou a uma
publicação da nova versão da CPO no mesmo ano de 1898, ou mesmo da "Reichsgerichtsnovelle" de 1905. A propósito dessas duas reformas,
por todos: Unger, Dagmar. Adolf Wach (1843 - 1926) und das liberale Zivilprozeßrecht. Berlin: Duncker & Humblot, 2005. p. 282-283 e 285.

20

Gesetz, betreffend Änderungen des Gerichtsverfassungsgesetzes, der Zivilprozeßordnung, des Gerichtskostengesetzes und der
Gebührenordnung für Rechtsanwälte vom 01. Juni 1909. Reichsgesetzblatt, Teil I, 1909, n. 30, p. 475-498, 11. Juni 1909.

21

Wassermann, Rudolf. Der soziale Zivilprozeß: Zur Theorie und Praxis des Zivilprozesses im sozialen Rechtsstaat. Neuwied-Darmstadt:
Herrmann Luchterhand Verlag, 1978. p. 98.

22

Wassermann, Rudolf. Idem, p. 99; Gottwald, Peter. Simplified Civil Procedure in West Germany. American Journal of Comparative Law, n. 31, p.
687-701, 1983. p. 688. Se as reformas até o momento experimentadas podem ser de alguma forma agrupadas como reformas emergenciais, a
Novelle de 1924 pode ser classificada como uma reforma processual universal, conforme Unger, Dagmar. Adolf Wach (1843 - 1926) und das
liberale Zivilprozeßrecht. Berlin: Duncker & Humblot, 2005. p. 330.

23

Verordnung über das Verfahren in Bürgerlichen Rechtsstreitigkeiten vom 13. Februar 1924. Reichsgesetzblatt, Teil I, 1924, n. 15, p. 135-150, 22.
Februar 1924.

24

Wassermann, Rudolf. Der soziale Zivilprozeß: Zur Theorie und Praxis des Zivilprozesses im sozialen Rechtsstaat. Cit., p. 99.

25

Idem, ibidem.

26

Wassermann, Rudolf. Cit., p. 100.

27

Idem, ibidem.

28

Wassermann, Rudolf. Der soziale Zivilprozeß: Zur Theorie und Praxis des Zivilprozesses im sozialen Rechtsstaat. Cit., p. 99-100; Gottwald, Peter.
Simplified Civil Procedure in West Germany. American Journal of Comparative Law, n. 31, p. 687-701, 1983. p. 689.

29

Gesetz zur Änderung des Verfahrens in bürgerlichen Rechtsstreitigkeiten vom 27. Oktober 1933, Reichsgesetzblatt, Teil I, 1933, nr. 120, p. 780-
788, 28. Oktober 1933.

30

Wassermann, Rudolf. Der soziale Zivilprozeß: Zur Theorie und Praxis des Zivilprozesses im sozialen Rechtsstaat. Cit., p. 102.
31

Merece referência a "Lei para o reestabelecimento da uniformidade jurídica nos campos da organização judiciária, da administração da justiça
civil, do processo penal e do direito de custas" de 1950 (Gesetz zur Wiederherstellung der Rechtseinheit auf dem Gebiete der
Gerichtsverfassung, der bürgerlichen Rechtspflege, des Strafverfahrens und des Kostenrechts vom 12. 9. 1950, Bundesgesetzblatt, 1950, n. 40, p.
455-512, 20. September 1950), que culminou com as republicações da GVG (p. 513-532) e da ZPO (p. 533-627).

32

Também são relevantes a regulamentação da Assistência Judiciária (1980), a lei de reforma da ZPO de 2001, que incluiu a audiência de
conciliação em matéria civil, reorganizou o sistema recursal e modificou algumas peculiaridades da primeira instância, e a lei de
modernização da Justiça de 2004. Para uma indicação das reformas da ZPO no período, em geral, ver Gottwald, Peter; Schwab, Karl Heinz;
Rosenberg, Leo. Zivilprozessrecht. 17. ed. München: Beck, 2010. p. 26-27.

33

Pérez Ragone, Álvaro J.; Ortiz Pradillo, Juan Carlos; Prütting, Hanns; Falco, Sandra de. Código Procesal Civil alemán [ZPO]. Berlin-Uruguay:
Konrad-Adenauer, 2006. p. 37.

34

Gesetzentwurf der Bundesregierung, Entwurf eines Gesetzes zur Vereinfachung und Beschleunigung gerichterlicher Verfahren
(Vereinfachungsnovelle) vom 05.11.1974, Sachgebiet 31, Drucksache 7/2729.

35

Necessário registrar que muitas das redações indicadas a seguir permanecem até hoje na ZPO (fev. 2015).

36

Erfolg in System. Der Spiegel, 1968, n. 34, p. 27-28. Em outras câmaras do Landgericht de Stuttgart mantinha-se a audiência oral preliminar com
um só dos juízes da câmara para, em seguida, haver a audiência com todos os juízes, para decisão, conforme: Entrevista com Rolf Bender. Der
Spiegel, n. 8, p. 36-44, 1970. Havia, dentro do tribunal, dois tipos de preparação para a audiência.

37

Rolf Bender. Der Spiegel, n. 8, p. 36, 1970.

38

Entrevista com Rolf Bender. Der Spiegel, n. 8, p. 36-44, 1970.

39

Gesetzentwurf der Bundesregierung, Entwurf eines Gesetzes zur Vereinfachung und Beschleunigung gerichterlicher Verfahren
(Vereinfachungsnovelle) vom 05.11.1974, Sachgebiet 31, Drucksache 7/2729.

40

Gottwald, Peter; Schwab, Karl Heinz; Rosenberg, Leo. Zivilprozessrecht. 17. ed. München: Beck, 2010. p. 26.

41

Greger, Reinhard. Kooperation als Prozessmaxime. In: Gottwald, Peter; Greger, Reinhard; Prütting, Hans. Dogmatische Grundfragen des
Zivilprozesses im geeigneten Europa - Akademisches Symposium zu Ehren von Karl Heinz Schwab aus Anlass seines 80. Geburtstages.
Bielefeld: Gieseking, p. 77-84, 2000. p. 81; ou, em português, Idem. Cooperação como princípio processual. Trad. Ronaldo Kochem. RePro, ano
37, n. 206, p. 123-134, abr. 2012. p. 129.

42
Especificamente a respeito do Prozessförderungspflicht der Parteien, ver a análise crítica de Leipold, Dieter. Prozeßförderungspflicht der
Parteien und richterliche Verantwortung. Zeitschrift für Zivilprozeß. Band 93, Heft 3, p. 237-265, Aug. 1980, segundo a qual esse "dever" estaria
restrito ao aspecto temporal do processo (p. 239).

43

Gesetzentwurf der Bundesregierung, Entwurf eines Gesetzes zur Vereinfachung und Beschleunigung gerichterlicher Verfahren
(Vereinfachungsnovelle) vom 05.11.1974, Sachgebiet 31, Drucksache 7/2729. p. 37 e ss.

44

Analisando dados estatísticos da prática judicial após 10 anos da Vereinfachungsnovelle, Greger, Reinhard. Rechstatsächliche Erkenntnisse zu
den Auswirkungen der Vereinfachungsnovelle in der Praxis. Zeitschrift für Zivilprozeß. Band 100, Heft 4, p. 377-384, Okt. 1987.

45

Gilles, Peter. Der Prozeß als Mittel zur rechtlichen Konfliktlösung: Staatliche Justiz - gerichtliches Verfahren - richterliche Entscheidung. In:
Grimm, Dieter (org.). Einführung in das Recht. Heidelberg: C. F. Müller Juristischer Verlag, 1985. p. 280-281.

46

Como, por exemplo, já em Wach, Adolf. Das Verhältnis des Richters zu den Parteien. In: Wach, Adolf. Vorträge über Reichs-Civilprocessordnung.
Bonn: Adolf Marcus, 1879. p. 39-58.

47

O uso dos conceitos de "máxima" e de "princípio" como sendo equivalentes na doutrina do direito processual é apontado em Schinkels, Boris.
Prinzipien, Regeln oder Modelle: eine Analyse des Kanons der Zivilprozessualen "Maximen". Rechtstheorie, Band 37, Heft 4, p. 407-425, 2006. p.
407.

48

Gilles, Peter. Der Prozeß als Mittel zur rechtlichen Konfliktlösung: Staatliche Justiz - gerichtliches Verfahren - richterliche Entscheidung. In:
Grimm, Dieter (org.). Einführung in das Recht. Heidelberg: C. F. Müller Juristischer Verlag, 1985. p. 279.

49

Como exemplos de princípios para um grupo especial de processos, ver Stürner, Rolf. Prinzipien der Einzelzwangvollstreckung. Zeitschrift für
Zivilprozess. Band 99, p. 291-332, 1986, sobre o processo de execução.

50

Gilles, Peter. Der Prozeß als Mittel zur rechtlichen Konfliktlösung: Staatliche Justiz - gerichtliches Verfahren - richterliche Entscheidung. In:
Grimm, Dieter (org.). Op. cit., p. 279.

51

Bettermann, Karl August. Hundert Jahre Zivilprozeßordnung - Das Schicksal einer liberalen Kodifikation. Zeitschrift für Zivilprozeß. Band 91,
Heft 4, p. 365-397, Okt. 1978. p. 365.

52

Hahn, Bernhard. Kooperationsmaxime im Zivilprozeß? Köln-Berlin-Bonn-München: Carl Heymanns Verlag, 1983. p. 30.

53

Idem, p. 37-38.
54

Idem, p. 38.

55

Idem, ibidem.

56

É exemplo disso o fato de que, ao contrário dos juristas que utilizavam esse método na Alemanha Ocidental e concluíam pelo princípio
dispositivo processual, Hans Nathan, jurista da Alemanha Oriental, deduzia com o método positivista de um texto legal quase igual ao desses
juristas a obrigação de o tribunal determinar a verdade objetiva, justificando o princípio inquisitório, cf. Hahn, Bernhard.
Kooperationsmaxime im Zivilprozeß? Cit., p. 39.

57

Hahn, Bernhard. Kooperationsmaxime im Zivilprozeß? Cit., p. 40.

58

Gönner, Nikolaus Thaddäus von. Handbuch des deutschen gemeinen Prozesses. Erlangen: Johann Jacob Palm, 1801. vol. 1, p. 95.

59

Idem, ibidem.

60

Wassermann, Rudolf. Der soziale Zivilprozeß: Zur Theorie und Praxis des Zivilprozesses im sozialen Rechtsstaat. Cit., p. 35. A propósito do
pensamento sistemático, composto de princípios gerais de direito, e havendo valor por detrás desses princípios, ver Canaris, Claus-Wilhelm.
Pensamento sistemático e conceito de sistema na ciência do direito. 5. ed. Trad. António Menezes Cordeiro da 2.ª edição em língua alemã (1983).
Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2015. p. 86-88.

61

Hahn, Bernhard. Kooperationsmaxime im Zivilprozeß? Cit., p. 41.

62

Para uma exposição a respeito, ver a síntese de Ren, Zhong. Wahrheitspflicht und Kooperationsmaxime im Zivilprozess in Deutschland, Japan
und China. Frankfurt am Main: Internationaler Verlag der Wissenschaften, 2013. p. 76-80.

63

Hahn, Bernhard. Kooperationsmaxime im Zivilprozeß? Cit., p. 42-43.

64

Idem, p. 43.

65

Kern, Christoph. Justice between Simplification and Formalism. Tübingen: Mohr, 2007. p. 133.

66

Wassermann, Rudolf. Der soziale Zivilprozeß: Zur Theorie und Praxis des Zivilprozesses im sozialen Rechtsstaat. cit., p. 15-16.
67

Hahn, Bernhard. Kooperationsmaxime im Zivilprozeß? cit., p. 88; Ren, Zhong. Wahrheitspflicht und Kooperationsmaxime im Zivilprozess in
Deutschland, Japan und China. Frankfurt am Main: Internationaler Verlag der Wissenschaften, 2013. p. 71.

68

Bettermann, Karl August. Verfassungsrechtiche Grundlage und Grundsätze des Prozesses. Juristischer Blätter, 94. Jahrgang, Heft 3/4, p. 56-68,
Feb. 1972. p. 63.

69

Hahn, Bernhard. Kooperationsmaxime im Zivilprozeß? cit., p. 88; Ren, Zhong. Wahrheitspflicht und Kooperationsmaxime im Zivilprozess in
Deutschland, Japan und China. Cit., p. 71.

70

Bettermann, Karl August. Verfassungsrechtiche Grundlage und Grundsätze des Prozesses. Juristischer Blätter, 94. Jahrgang, Heft 3/4, p. 56-68,
Feb. 1972. p. 56.

71

Idem, ibidem.

72

Idem, p. 56-59.

73

Idem, ibidem.

74

A propósito disso, "[a] independência material ou liberdade de julgamento (Weisungsfreiheit) dos juízes não previne a vinculação deles a
decisões de outros juízes, em especial a de juízes de instância superior, como também a de suas próprias decisões prévias", conforme
Bettermann, Karl August. Verfassungsrechtiche Grundlage und Grundsätze des Prozesses. Juristischer Blätter, cit., p. 60.

75

Idem, p. 61-62.

76

Idem, p. 62.

77

Idem, ibidem.

78

Idem.

79

Idem, p. 62-63.
80

Idem, p. 63.

81

Idem, p. 63.

82

Idem, ibidem.

83

Idem. ibidem.

84

Idem, ibidem.

85

Idem, ibidem.

86

Idem, ibidem.

87

Gilles, Peter. Rechtsmitteleinlegung, Rechtsmittelbegründung und nachträglich Parteidispositionen über das Rechtsmittel. Archiv für die
civilistische Praxis. Band 177, Heft 2/3, p. 189-244, 1977.

88

Idem, p. 199-200.

89

Idem, p. 199.

90

Idem, p. 200.

91

Idem, ibidem.

92

Idem, p. 201-202.

93

Idem, p. 202.
94

Idem, p. 203.

95

Idem, p. 204.

96

Idem, ibidem.

97

Idem, p. 204-205.

98

Idem, p. 205.

99

Bettermann, Karl August. Hundert Jahre Zivilprozeßordnung - Das Schicksal einer liberalen Kodifikation. Zeitschrift für Zivilprozeß. Band 91,
Heft 4, p. 365-397, Okt. 1978.

100

Idem, p. 369.

101

Idem, ibidem. A frase também é um jogo de palavras em uma língua original (​Ihnen war der Aktenprozeß ein heimlicher Prozeß und gerade
deswegen unheimlich").

102

Bettermann, Karl August. Hundert Jahre Zivilprozeßordnung - Das Schicksal einer liberalen Kodifikation. Zeitschrift für Zivilprozeß. Band 91,
Heft 4, p. 365-397, Okt. 1978. p. 370-371.

103

Idem, ibidem.

104

Idem, p. 373.

105

Idem, p. 385.

106

Idem.

107

Idem, p. 387.
108

Idem, ibidem.

109

Bettermann, Karl August. Hundert Jahre Zivilprozeßordnung - Das Schicksal einer liberalen Kodifikation. Zeitschrift für Zivilprozeß. Band 91,
Heft 4, p. 365-397, Okt. 1978. p. 387.

110

Idem, p. 388.

111

Idem, p. 389.

112

Idem, ibidem.

113

Idem, p. 389-390.

114

Idem, p. 390.

115

Idem, p. 390.

116

Idem, ibidem.

117

Idem, p. 391.

118

Idem, ibidem. Trata-se de uma enumeração de atividades bem aproximada àquela exposta em Bettermann, Karl August. Verfassungsrechtiche
Grundlage und Grundsätze des Prozesses. Juristischer Blätter, 94. Jahrgang, Heft 3/4, p. 56-68, Feb. 1972. p. 63.

119

Wassermann, Rudolf. Der soziale Zivilprozeß: Zur Theorie und Praxis des Zivilprozesses im sozialen Rechtsstaat. Neuwied-Darmstadt:
Luchterhand, 1978.

120

Idem, p. 97.

121
Idem, p. 102-103.

122

Idem, p. 103.

123

Idem, ibidem.

124

Idem, ibidem.

125

Idem, p. 103-104.

126

Idem, p. 106.

127

Idem, p. 107.

128

Idem, p. 108.

129

Idem, p. 109.

130

Idem, ibidem.

131

Idem, ibidem.

132

Idem, p. 110-112.

133

Idem, p. 112-113.

134

Idem, p. 113-114.

135

Idem, p. 114-117.
136

Idem, p. 118-119.

137

Hahn, Bernhard. Kooperationsmaxime im Zivilprozeß? Köln-Berlin-Bonn-München: Carl Heymanns Verlag, 1983.

138

Idem, p. 291-293.

139

Idem, p. 294.

140

Idem, p. 295.

141

Idem, ibidem.

142

Idem, p. 295-296.

143

Idem, p. 297-299.

144

Idem, p. 299.

145

Idem, p. 300.

146

Idem, ibidem.

147

Idem, ibidem.

148

Idem, p. 300-301.

149

Idem, p. 301.
150

Idem, p. 301-302.

151

A literatura alemã muitas vezes trata dos referidos deveres em uma forma em que seus conteúdos são parcialmente sobrepostos entre si.

152

A propósito de deveres/ônus das partes decorrentes da atividade judicial, ver Leipold, Dieter. Prozeßförderungspflicht der Parteien und
richterliche Verantwortung. Zeitschrift für Zivilprozeß. Band 93. Heft 3, p. 237-265, Aug. 1980; Hahn, Bernhard. Kooperationsmaxime im
Zivilprozeß? Cit., p. 121-125; Greger, Reinhard. Kooperation als Prozessmaxime. In: Gottwald, Peter; Greger, Reinhard; Prütting, Hans.
Cooperação como princípio processual. Trad. Ronaldo Kochem. RePro, ano 37, n. 206, p. 123-134, abr. 2012. p. 127-128; Jauernig, Othmar; Hess,
Burkhard. Zivilprozessrecht. 30. Auflage. München: Beck, 2011. p. 115-120.

153

Greger, Reinhard. Kooperation als Prozessmaxime. In: Gottwald, Peter; Greger, Reinhard; Prütting, Hans. Cooperação como princípio
processual. Trad. Ronaldo Kochem. RePro, ano 37, n. 206, p. 123-134, abr. 2012. p. 126.

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