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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PRÓ-REITORA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO


PLANO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA
EDUCAÇÃO BÁSICA – PARFOR
LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA

JOSINA RODRIGUES DA SILVA

MEMORIAL- COMO ME TORNEI EDUCADORA:


Narrativa e análise de uma trajetória profissional docente.

TUCURUÍ
2018
JOSINA RODRIGUES DA SILVA
MEMORIAL: COMO ME TORNEI EDUCADORA
Narrativa e análise de uma trajetória profissional docente.

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação


apresentado à Faculdade de Educação do
Instituto Parfor (Programa de Formação de
Professores da Educação Básica), da
Universidade Federal do Pará, como requisito
parcial para obtenção do grau de Licenciatura
Plena em Pedagogia, sob a orientação do Prof
° Esp. Douglas Almeida de Oliveira.

TUCURUÍ
2018

JOSINA RODRIGUES DA SILVA

MEMORIAL: COMO ME TORNEI EDUCADORA


Narrativa e análise de uma trajetória profissional docente.
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação
apresentado à Faculdade de Educação do
Instituto da Universidade Federal do Pará,
como requisito parcial para obtenção do grau
de Licenciatura Plena em Pedagogia, sob a
orientação do Profº Esp. Douglas Almeida de
Oliveira

Avaliado em: _____/_____/________

Conceito: _____________________

Banca Examinadora:

Orientador
Prof º Esp. Douglas Almeida de Oliveira

Examinadora
Profª.

Examinadora
Profª. Esp. João Roberto Lopes da Silva
Dedico este trabalho a Deus, pelo fôlego de vida que me
concedeu, pela oportunidade de iniciar e concluir este
trabalho de conclusão de curso na UFPA.

Dedico esse trabalho a minha família que sempre contribuiu


muito com a minha formação educacional.

Também ao meu professor, Douglas almeida que sempre foi


muito paciente, conselheiro e acessível para a conclusão
desse trabalho.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida, e por estar presente em todos os


momentos dessa caminhada, dando-me sabedoria nas horas que sentir dificuldades
de compreender os assuntos de difícil entendimento.
A todos da turma que me ajudaram nas horas de dificuldades e também nas
alegrias, em especial minha amiga Eliziane que, no momento em que não esteve
presente, ou seja, fazendo tratamento de saúde, sempre se preocupava com minha
ausência, ligando e guardando meu material da PARFOR.
Obrigada, a todas as pessoas que contribuíram para meu sucesso e para
meu crescimento como pessoa. Sou resultado da confiança e da força de cada um.
Aos professores do curso de Pedagogia da PARFOR que contribuíram com
novos conhecimentos, novas metodologias... a todos meus sinceros agradecimentos
e respeito.
Obrigada, Jesus, Todo-poderoso e Rei do Universo, pela ajuda e concretude
da minha fé, em sempre confiar e alimentar meus sonhos.
Aos meus filhos: Wenderson, Tailon, Tacilane, Hollaender, Natanel pelo amor,
e apoio que sempre derem; por suportarem minha ausência em suas férias ao longo
desses anos; ficar longe deles foi um dos desafios que tive de superar.
A minha grande amiga Marcilene Shirmer Barroso que, com sua humanidade
esplendorosa, sempre se preocupou em me ajudar.
A todas as minhas amigas de Faculdade, pelo companheirismo do dia a dia; e
pela parceria de todas as horas, em especial, meu amigo Silvanei que se preocupou
em fazer minha inscrição na PARFOR.
Aos Mestres que ministraram as disciplinas para nossa turma, os quais direta
e indiretamente, proporcionaram-me alcançar meu sonho de construir uma carreira
profissional.
A meu orientador, Prof º Esp. Douglas Almeida de Oliveira pelas competentes
orientações que me possibilitaram o término deste trabalho acadêmico de conclusão
de curso.
A educação qualquer que seja ela, é sempre uma teoria
do conhecimento posta em prática.
(Paulo Freire)

RESUMO

O presente memorial tem por objetivo refletir por meio da minha trajetória de vida os
momentos que contribuíram para minha formação docente destacando as fases da
minha infância, adolescência, juventude e também ressaltando o período estudantil
até a minha graduação em Licenciatura em Pedagogia na Universidade Federal do
Estado Pará (UFPA), através do Plano Nacional de Formação de Professor da
Educação Básica (PARFOR). Durante a elaboração desse memorial de formação
docente, busquei dialogar com os seguintes autores: Freire (2011), Tardife (2003),
Minayo (2008). Dessa forma, busco compreender que a formação docente é um
conjunto de demandas históricas que perpassa toda uma trajetória de vida e que
desenvolve vários saberes, os quais servem e servirão para a minha vida social e
profissional.

Palavras-chave: Memorial, Formação Docente, Educação.


ABSTRACT

This memorial aims to reflect through my life trajectory the moments that contributed
to my teacher training highlighting the phases of my childhood, adolescence, youth
and also highlighting the student period until my graduation in Licenciatura in
Pedagogy at the Federal University of Pará State (UFPA), through the National Plan
for Teacher Training of Basic Education (PARFOR). During the elaboration of this
teacher training memorial, I sought dialogue with authors such as: Freire (2011),
Tardife (2003), Minayo (2008). In this way, I try to understand that teacher education
is a set of historical demands that permeates a whole life trajectory and that develops
various knowledges, which serve and serve my social and professional life.

Key words: Memorial, Teacher Training, Education.


SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO.........................................................................................................9

2 - FAMÍLIA: CONTRIBUIÇÃO PARA UMA IDENTIDADE EDUCADORA.................14

3 - PERCURSO ESCOLAR: DA EDUCAÇÃO BÁSICA..............................................21

4 - EDUCAÇÃO SUPERIOR: CURSO DE PEDAGOGIA DA PARFOR.....................24

5 - FORMAÇÕES COMPLEMENTARES....................................................................27

6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................30

7 - REFERÊNCIAS......................................................................................................34
1 - INTRODUÇÃO
O memorial é uma forma de o sujeito configurar uma abordagem, em que o
narrador evidencia fatos e experiências vivenciadas no seu passado para refletir ou
entender o contexto atual onde está inserido, realizando sua autobiografia
concretizada em uma história reflexiva, possibilitando analisar de maneira crítica
todas as etapas que envolveram sua trajetória de vida, situando os acontecimentos
para compreender a realidade atual.
O memorial foi o gênero textual por mim escolhido para relatar como se deu o
processo de ensino/aprendizagem no decorrer da minha história, que me
proporcionou conhecimentos importantíssimos para minha formação discente até
tornar-me professora/educadora. O presente memorial tem como objetivo refletir por
meio da minha trajetória de vida os momentos que contribuíram para minha
formação docente destacando as fases da minha infância, adolescência, juventude e
também ressaltando o período estudantil até a minha graduação em Licenciatura em
Pedagogia na Universidade Federal do Estado Pará (UFPA). A indagação que
moveu minha caminhada foi à seguinte: Como repassar os conhecimentos através
da minha prática em sala de aula de maneira mais eficiente/eficaz? A partir daí que
senti a necessidade de me qualificar. Tudo para que pudesse proporcionar uma
melhor educação ao educando, e para isso procurei buscar meios que me levassem
ao encontro de respostas às minhas inquietações. Vale salientar aqui que, por mais
que as disciplinas ministradas durante minha trajetória de estudante do ensino
básico, médio e magistério fossem significativamente importantes, aos poucos foi
sendo preenchido um vazio e descobrindo que a busca pelo conhecimento e as
práticas para transmissão do mesmo me indicavam com clareza o direcionamento,
ou seja, a direção que eu deveria seguir.
Esta trajetória de vida a mim destinada foi o fator motivador deste debate
sobre a importância da formação docente. Sensações que não experimentei
cursando as disciplinas da escola normal.
Foi nesse momento que a vontade de ser uma educadora aflorou de tal forma
que marca até hoje minha história de ensino, aprendizagem e formação. Sinto sua
importância tanto no aspecto da minha formação social quanto profissional até os
dias atuais. O curso superior me oportunizou mais saberes e ratificou a minha
convicção de ser educadora, e que, uma formação possibilita a sistematização dos
conhecimentos e a conscientização do que é ser uma educadora, e que o mesmo
precisa estar ressignificando constantemente a sua prática pedagógica para
desenvolver um bom trabalho.
Portanto explicito o porquê de o tema de discussão do trabalho de conclusão
do curso de pedagogia ser formação docente e como me tornei educadora. Pois
demarcado em modelo de um memorial de formação posso, por meio do relato
construído, recorrer a um debate com os teóricos desta vertente como: Minayo
(2008), Silva (2007), Prado e Sóligo (2004), Guedes (2004), Pimenta e Lima (2012),
e Freire (2005/2011b), Tardif ( 2003 ) , em que envolvo a temática por mim escolhida
que é a trajetória da minha formação docente.
A escolha deste tema, formação docente, se justifica no fato de considerar
que minha trajetória de vida contribuiu de forma positiva para que eu me tornasse
uma educadora comprometida e com responsabilidade no que diz respeito ao
repasse de conteúdos curriculares que venham contribuir com o aprendizado do
educando de forma contextualizada, dentro de uma perspectiva de compreensão de
que ele é o sujeito de sua própria história, e faz parte de todo um contexto.
Volto a reafirmar as barreiras que tive de enfrentar durante o percurso de
meus estudos. Estas só me deram mais impulso para buscar pela minha formação,
e que a mesma é de grande valia para que eu possa contribuir na formação integral
de meus educandos, pois penso que uma educação de qualidade traz autonomia ao
aluno, para fazê-lo gerar suas próprias ideias e conceitos sobre a sua realidade e a
dos sujeitos que o cercam.
Este processo de compreensão da importância de uma formação docente
concreta em toda sua base teórica e prática fazem raciocinar que não basta o
educador ser formado, quer dizer, essa formação deve trazer consigo raízes fortes e
resistentes para lidar com situações que serão encontradas pela frente no seu
processo de ensino aprendizagem, e que as circunstâncias não sejam motivos para
desistir de seguir em frente na busca por uma melhor qualidade de seu trabalho
docente.
Durante todos os períodos do curso de Pedagogia pude perceber o quão é
importante o professor estar sempre buscando novas metodologias de como se
deve trabalhar, pedagógica e sistematicamente, para uma melhor compreensão dos
seus métodos e práticas desenvolvidos como forma de ressignificação das ações
pedagógicas.
Diante da percepção sobre o quão o professor precisa refletir sobre a
qualidade da ação como profissional perante aos sujeitos envolvidos no processo de
ensino aprendizagem, fui modelando minha forma de aprender a aprender,
absorvendo e compreendendo vários métodos aplicados através das teorias e
práticas pedagógicas mostradas por todos os professores (as), que tive
oportunidade de conhecer, além dos relatos e experiências dos colegas da turma do
curso; sendo que as disciplinas que mais me chamaram atenção foram: FTM de
português, FTM de matemática, os Estágios Supervisionados e LIBRAS, porém
todas as outras disciplinas contribuíram de forma significativa para alimentar a minha
vontade de seguir em frente com o meu sonho de ser educadora, pois juntando a
teoria e a prática com a mesma proporção, consegui aprender vários métodos a
serem aplicados com meus alunos nas escolas onde exerço meu ofício como
educadora.
Em busca de novos conceitos frente à temática formação docente, pude
ampliar meus horizontes e pensamentos referentes ao assunto, usando a minha
trajetória de vida, estabeleci um objetivo que foi o de refletir sobre o meu processo
de formação docente até os dias atuais no curso de Pedagogia no ensino superior
tendo como foco a minha trajetória de vida e como se deu a minha formação
docente, em uma perspectiva reflexiva em saber o que me levou a ser uma
educadora.
Apropriando-me de vários conhecimentos adquiridos no decorrer da minha
trajetória de formação docente pude perceber o quanto os mesmos foram
importantes para minha formação extraescolar, passando pela formação, depois
magistério e enfim, no ensino superior, em que ao unir essas informações,
compreendi que minha vida de aprendizagem dentro e fora da escola não foi em
vão, só agregou mais um arcabouço, ou seja, uma base de conhecimentos que
desencadeou e corroborou para o sonho de ser educadora, que, a meu ver, é uma
arte de suma importância para desenvolver em mim e nas pessoas com quem
convivo um conhecimento direcionado e contextualizado onde possibilite
compreender nossas funções e deveres como cidadãos.
Pretendo mostrar neste memorial como se sucedeu o processo de minha
formação docente desde o ensino básico à faculdade, evidenciando as principais
temáticas que é: como foi a minha trajetória de formação docente e como foi que se
deu esse processo até me tornar educadora.
Crendo que esse trabalho no formato de um memorial foi a melhor opção de
expressar criticamente o processo pelo qual me direcionei a ser educadora,
mergulhei utilizando a abordagem qualitativa que acredito ser uma vertente que
relaciona o mundo real com o sujeito de uma forma bem dinâmica. Seguindo esse
pensamento Minayo disse que:

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se


ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou
não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo dos
significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das
atitudes. Esse conjunto de fenômenos humanos é entendido aqui como
parte da realidade social, pois o ser humano se distingue não só por agir,
mas pensar sobre o que faz e por interpretar suas ações dentro e a partir da
realidade vivida e partilha com seus semelhantes (MINAYO, 2008, p. 21).

A abordagem sendo qualitativa, não se objetiva ao relato em números, e não


apresenta uma realidade individual, ou seja, a investigação qualitativa caminha pela
subjetividade dos sujeitos e aceita a interação entre quem pesquisa e o sujeito
objeto, ou seja, busca compreender e explicar a dinâmica das relações sociais,
configurando uma imagem da realidade social dentro de um processo que é
construído determinadamente pelos sujeitos envolvidos.
Com base nos diálogos usufruí também do método biográfico-narrativo que
tem um caráter de guardar o processo pelo qual a vida vai sendo relembrada pelo
sujeito, sendo de suma importância que a memória a ser relatada seja o canal
principal para desenvolver o projeto, que a narrativa do sujeito ao voltar ao passado
saia da zona de conforto, para buscar compreender que sua história está viva no
presente, que a mesma pode voltar à tona recheada de pensamentos reflexivos e
descobertas, sendo que a narrativa histórica de formação pode se tornar um
documento científico, e se ressignificar ao ponto de toda trajetória de formação se
transformar no que realmente quer construir no percurso de sua história como
profissional comprometido com a sua ação social.
Bibliograficamente falando busquei na narrativa da trajetória de minha
formação docente, caminhar por um viés que subsidiasse minha história com o meio
em que estou inserido como ser social e que coletivamente vivo junto a outros
sujeitos sociais, com as mais diversas formas, métodos e culturas de se viver, como
afirma Silva:
O método de História de Vida é um método cientifico com toda força,
validade e credibilidade de qualquer outro método, sobretudo porque revela
que por mais individual que seja uma história, ela é sempre, ainda, coletiva,
mostrando também o quão genérico é a trajetória do ser humano (SILVA,
2007, p. 33-34).

Deste modo entendo que por mais que eu viva a minha própria história e que
parece ser só minha, ela perpassa todo um contexto social, político e econômico, ou
seja, eu não estou sozinho na história, tudo faz parte de um determinado contexto,
tempo e espaço, que de certa forma, acontece com a ação coletiva de outros
sujeitos que estão direto ou indiretamente ligados ao meu passado.
O memorial como documento de conclusão de curso se concretiza em uma
autobiografia que, perante muitas evidências simultaneamente reflexivas, busca
refletir diretamente a minha formação docente que é uma das principais metas deste
trabalho; a discussão crítica desse processo, que não vai ficar só pra mim, sendo
possível a outros sujeitos terem acesso à minha história de formação docente,
enraizando aí, a coletividade de conhecimentos, que segundo Prado e Sóligo o
memorial pode ser:
Um texto em que o autor faz um relato de sua própria vida, procurando
apresentar acontecimentos a que confere o status de mais importantes, ou
interessantes, no âmbito de sua existência. [...]. É um texto que relata fatos
memoráveis, importantes para aquele que o produz, tendo em conta suas
memórias. É uma marca, um sinal, um registro do que o autor considera
essencial para si mesmo e que supõe ser essencial também para os seus
ouvintes/leitores (PRADO e SOLIGO, 2004, p. 6).

Direcionando o olhar ao conceito de memorial, posso dizer que o mesmo trata


de acolher não só a história do narrador, mas também evidências e o legado que
este repassa a muitos leitores curiosos em aprender por meio de relatos de outras
pessoas a realidade do mesmo, acreditando que história servirá de referência para
qualquer outro tipo de trabalho que possa tratar de conceitos parecidos com os
seus. O memorial deve sintetizar os fatos mais importantes do narrador que esteja
voltado à sua temática central do trabalho, entrelaçando com os conhecimentos
científicos para, através dos mesmos, compreender e explicar de forma que possa
ser entendido.
2 - FAMÍLIA: CONTRIBUIÇÃO PARA UMA IDENTIDADE EDUCADORA.

Neste primeiro momento será relatada acerca da influência da família na


formação da minha identidade como pessoa, cidadã, mãe, aluna e professora.
Para Prado e Sóligo:

O que buscamos nesse momento, não é somente trazer informações sobre


nossa história, mas sim estimular em todos que delas se sentem parte
integrante, personagens, o despertar de outras histórias, para que se
produzem outros sentidos, outras relações, outros nexos (2004, p. 5).

Conforme Boschi (2007), mesmo que o interesse pelo estudo da história parta
de iniciativa pessoal, a observação histórica deve ter sempre caráter coletivo, ou
seja, a busca deverá compreender a ação conjunta dos homens em sociedade,
mesmo que o foco esteja em um determinado personagem, entende-se que deve
haver a socialização entre as pessoas para que aconteça história. É neste sentido
de socialização e integração entre os seres humanos que relato primeiramente
minha trajetória familiar.

Meu nome é Josina Rodrigues da Silva, nascida em 07/10/1971, na cidade de


São Luís, Estado do Maranhão, situada em uma ilha também conhecida como Ilha
do Amor. Minha genitora chama-se Maria Antônia Rodrigues da Silva e meu genitor
Jorge Pereira da Silva, ambos analfabetos; sou a terceira filha de três irmãos, sendo
um já falecido, fomos criados sem pai com muita dificuldade financeira.

Quando criança, às poucas horas que eu tinha para brincar, era de bola,
bambolê, bandeirinha, cai no poço, elástico e de rodinha, mas o que eu mais
gostava era de ir à praia, chamada de “Olho D’ Água”. Às vezes saía fugida de casa
para ir à praia, geralmente, meu irmão e eu, na época ele tinha quatro anos e eu,
nove. Certa vez, em uma de minhas fugas, fui a um interior de São Luís, chamado
Maioba que de costume minha mãe me levava para passear, mas, como eu não
sabia ler fui logo perguntando qual o ônibus que iria para o mesmo, chegando lá
fiquei perdida. O local em que parei já não era familiar, onde as casas eram
distantes uma das outras. Havia um caixeiro passando, vendedor de utensílios para
casa, o qual viu minha situação e acabou me levando para a sua casa, porém, na
promessa de que me levaria de volta a minha casa, como de fato levou-me.
Relatar um pouco da minha história é uma atividade bem fantástica, porque
retornar as minhas raízes e origens é relembrar fatos, vivências e experiências bem
marcantes no que diz respeito ao passado, ainda mais quando se trata de uma
pessoa proveniente de família, sem grandes recursos econômicos, que em muitas
das vezes possui um histórico muito triste quando se fala em condições de vida.
Para Severino (2007) História de Vida como método de pesquisa pode assumir
formas variadas como: autobiografia, memorial, crônicas, onde os sujeitos irão
expressar suas trajetórias pessoais, e diante da afirmação, a forma que utilizei para
desenvolver este trabalho foi o memorial.
As dificuldades encontradas para desenvolver a minha formação, contudo,
não são motivos melancólicos para ser escrito aqui com a intenção de que meu
trabalho seja aceito tão somente por causa dos tristes momentos que vivi. O objetivo
principal é a trajetória que me levou a me tornar educadora, e que as dificuldades da
vida que encontrei neste percurso só me encorajaram ainda mais na busca pelo
conhecimento. Ao entender que minha trajetória de formação docente pode se tornar
um documento de pesquisa, isso faz a dor dos dias triste do passado tornarem-se
boas referências como forma de entender o contexto político, social e cultural que
naquele momento estava inserida, e o quanto reflete no presente e que ao trazer as
nossas histórias para o atual momento vivido nos faz refletir sobre nossas ações e
práticas que mesmo com novas formas e métodos permanecerão para sempre em
nossas memórias.
Lembrar minha história exigiu reorganizar minhas ideias trazendo de forma
significativa uma reflexão crítica dos acontecimentos narrados, na tentativa de
entender e compreender a construção da minha trajetória de formação, numa
amplitude ímpar, ou seja, de um jeito só meu, mas dentro de um contexto social que
ao mesmo tempo não é restrito, sendo possível acoplar a um espaço amplo dentro
da história política e social.
Diante das lembranças sobre a minha trajetória de vida de formação docente,
revivi momentos que, a priori, parecia ser somente uma narrativa individual, mas aos
poucos fui entendendo que faço referência a um contexto histórico, pois segundo
Guedes (2004, p.2) “o trabalho com a memória amplia nosso horizonte de
possibilidades, pois ela nos mobiliza e gera novas ações”, com base nessas
reflexões é que hoje me permito revisitar práticas e vivências que me possibilitam
um novo olhar para as múltiplas versões de formação rumo a um futuro diferente do
que outrora vivenciei, e que são fatos que busco retratar por meio do presente
memorial.
Tendo em vista minha escolha pelo memorial como forma de acentuar minha
formação docente, posso afirmar que esse documento irá ficar para sempre
registrado no arquivo da minha memória, não apenas como “minha história”
individual, mas também para todos os colegas do curso de Pedagogia, turma de
2014, da UFPA, ou seja, para uma grande parcela das pessoas que estão ao meu
redor e que foram de suma importância para essa construção como agentes ativos e
participativos dessa trajetória.
Levando em conta que minha história faz parte de um contexto histórico social
posso dizer que a mesma tem uma característica coletiva, e por isso não agir
isoladamente, ou seja, a sociedade é o resultado de uma ação interdependente
entre os sujeitos envolvidos na história. Foi olhando a importância da coletividade
entre um sujeito e outro no decorrer de suas histórias é que entrelaço as vivências e
experiências que durante a minha trajetória de formação tive que transcorrer para
chegar à função de professora/educadora, a começar pela formação do ensino,
médio e depois do magistério, e em seguida o curso superior.
Tendo em vista o conceito de coletividade quero explicitar que minha família
foi muito importante neste percurso até chegar onde estou, pois o apoio e a forma
como fui criada pela minha mãe, favoreceu ao status que me encontro hoje como
profissional na área da educação e sinto-me privilegiada por ser a primeira da família
a cursar e concluir um curso superior, pois sou a filha mais velha dos 3 irmãos sendo
um, já falecido, filha de um casal que se conhecerem em um bairro por nome
Filipinho, que se encontra na cidade de São Luiz do Maranhão - MA, ambos não
tiveram a oportunidade de estudar, então, considerados assim “analfabetos’. É neste
sentido que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96) ressalta sobre a
importância da educação no âmbito familiar em seu Art. 1° que fala:

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida


familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais.

O andamento da família e de minha formação foi carregado de surpresas,


mas que tem seus graus de belezas, pois nem tudo na vida é flores; os espinhos
ajudam a modelar nosso psicológico como seres humanos sociais e culturais,
colocando-nos a certeza de que a vida é um jogo e o mesmo tem seus momentos
bons e ruins, mas que devemos percorrer com serenidade para abonarmos valor ao
nosso trabalho e tudo aquilo que conquistamos com muito suor.
Por ser a mais velha dos irmãos, sempre estive na função de cuidar dos mais
novos, e minha mãe não podia cuidar de todos, porque trabalhava em casa de
família. Na realidade sempre foi de pouca condição financeira, haja vista a realidade
apresentada acima e as dificuldades encontrada em todo o percurso, consegui
ingressar na carreira de educadora e depois de um bom tempo trabalhando surgiu à
necessidade de cursar uma faculdade e por meio desse memorial estou podendo
relatar o processo que foi discorrido até a conclusão do curso.
O artigo 62 da LDB 9.394/96 diz que:

[...] a formação dos docentes para atuar na educação básica far-se-á em


nível superior, em curso de licenciatura de graduação plena, em
universidades e institutos superiores de educação, admitindo como
formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas
primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na
modalidade Normal.

O resgate dessa trajetória de formação até me tornar uma educadora me


dirigiu a discutir brevemente algumas questões sobre a importância da formação de
professores e principalmente para área que atuo, que é educação infantil, pois as
formações continuadas oferecidas pela SEMED, não preenchem todos requisitos do
modelo de trabalho pedagógico que é realizado, deixando a maior parte para o
professor que é destinado para o aprendizado pedagógico que vão desde a
educação infantil até o fundamental, material didático e suporte para trabalhar.
Então, buscar formar-se e se adequar à realidade do educando é um desafio
constante, porém esse desafio é superado quando o professor não se deixa levar
pelas dificuldades que vai encontrar e se debruça no princípio que o educador é um
agente social e que a sua prática, ou seja, ação é diretamente ligada ao sujeito da
ação que está no processo de ensino aprendizagem, ou seja, nesta perspectiva
Pimenta e Lima, (2012, p. 31) dizem que: “De acordo com o conceito de ação
docente, a profissão do educador é uma prática social. Como tantas outras, é uma
forma de se intervir na realidade social”.
Diante do pensamento dos autores apresentado acima posso dizer que para o
professor levar seu trabalho adiante perante a realidade vivida, é estar ciente de que
a sua prática e ação pedagógica requer pesquisa e análise de suas próprias práticas
cotidianas e depois de analisada buscar com novos métodos uma nova
ressignificação das mesmas, ou seja, o professor não está sozinho na ação, há os
alunos ali envolvidos coletivamente no processo de ensino aprendizagem, pois
visando essa coletividade na ação pedagógica Pimenta e Lima (2012) afirmam que:

Denominamos ação pedagógica as atividades que os professores realizam


no coletivo escolar supondo o desenvolvimento de certas atividades
materiais orientados e estruturados. Tais atividades tem por finalidade a
efetivação do ensino a da aprendizagem por parte dos professores e alunos.
Esse processo de ensino e aprendizagem é composto de conteúdos
educativos, habilidades e posturas científicas sociais, afetivas, humanas;
enfim utiliza-se de mediações pedagógicas específicas (PIMENTA e LIMA,
2012, p.1).
Debruçando ainda na ideia de Pimenta e Lima (2012), sobre a prática e ação,
é importante lembrar que para um professor estar verdadeiramente formado para
atuar na sala de aula ou em qualquer outro lugar como agente social, é preciso que
além da prática e ação, o mesmo faça uma sólida ponte entre a teoria e a prática
contextualizando com a vivência e a história de cada aluno e de sua família,
desenvolvendo assim métodos pedagógicos que venham contribuir
significativamente no ensino/aprendizagem de cada indivíduo envolvido, e que o
mesmo esteja constantemente ressignificando suas práticas pedagógicas de acordo
com as mudanças que vão acontecendo cotidianamente no âmbito escolar, pois
essas mudanças são tão rápidas que se não estiver focado no quer fazer como
profissional, não vai conseguir realizar um bom trabalho, e que para isso a formação
continuada é essencial para estar se reestruturando psicologicamente e
profissionalmente.
Abrindo um item sobre a importância da formação de professores que há
muito tempo foi e é motivo de discussão por muitos pesquisadores que debatem
esta vertente quando se fala a respeito da formação em áreas específicas do
conhecimento, pois a mesma, segundo os debates, parece não ser pertencente às
unidades de educação, ou seja, nos remete a entender que as universidades que
oferecem cursos específicos não se sentem compromissadas com a educação.
Baseando-se nesta vertente acredito que essa problemática apresentada
acima depara com várias interpretações o porquê isso acontece envolvendo as
formações de professores, no entanto uma delas é a falta de valorização da
educação em geral, ou seja, é comum ouvirmos as pessoas dizerem que a
educação do Brasil nunca vai para frente, e assim sucessivamente.
Segundo Candau, Lüdke, Mendonça, Wagner e Wall, nas suas pesquisas
sobre o assunto dizem que:

Trata-se de constatar, mais uma vez, o contexto em que se situa esta


problemática: a descaracterização e desvalorização social da educação em
geral e do magistério, principalmente de primeiro e segundo graus, na
sociedade em que vivemos. Formar professores em um País onde
educação de fato não é considerada como prioridade, onde a vontade
política não se compromete seriamente com as questões básicas da
educação-alfabetização, escolarização primaria para todos e de qualidade,
formação para cidadania, entre outras, é tarefa por muitos considerada
fadada ao fracasso (CANDAU, LÜDKE e MENDONÇA, 1985-1987 p. 32).

Tendo em vista o que as pesquisadoras relatam acima, faço o seguinte


questionamento: Será que o currículo destinado para as licenciaturas está realmente
vinculado ao conteúdo específico e pedagógico no intuito de formar o professor para
atuar criticamente no meio social, onde o mesmo desperte nos sujeitos envolvidos
uma nova visão crítica sobre sua própria ação no meio em que vive? Pois bem,
neste contexto de discussão podemos notar que muitas instituições se vangloriam
de seus status chegando a esquecer da sua real função sobre a sociedade, onde
esse “ar” de hierarquia predomina atingindo diretamente os professores que estão
em plena formação, ou seja, muitos dos que chegam a adentrar a universidade,
atravessam muitos anos estudando e de lá saem sem saber qual é o seu principal
propósito com a sociedade e o meio em que atua, sendo às vezes, uma mera
vontade de adquirir um diploma, onde sua função social fica para segundo ou
demais planos na sua carreira de docente.
Ainda neste viés de formação de professores é importante destacar, dentre
outros assuntos já comentados acima, a questão das dificuldades de entrar no
mercado de trabalho sem uma qualificação, ainda mais sabendo que a educação
não é prioridade em nosso país. Diante disso, Candau e suas parceiras de pesquisa
ressaltam que: “As dificuldades de adentrar no mercado de trabalho e as próprias
condições de trabalho e remuneração do magistério, fazem com que se acentue seu
caráter de atividade marginal ou provisória, até ser encontrado um trabalho que
ofereça melhores condições de exercício e desenvolvimento profissional” (CANDAU,
et al., 1987), ficando em aberto a árdua vontade de pelo menos obter um diploma
universitário como status sem compromisso com o meio social em geral, quando na
verdade, segundo o que penso, a formação de professores e a carreira docente têm
que estar voltada diretamente à sociedade, pois é ela o foco da formação, ou seja,
os sujeitos para qual aplicamos nossos conhecimentos é o nossa engrenagem de
pesquisa e estudo na procura de uma educação de qualidade que o instrua a serem
mais críticos e conhecedores de seus direitos e deveres.
Analisando tudo isso de forma crítica, confesso que, na minha trajetória de
formação docente, mesmo não estando satisfeita com a realidade educacional
brasileira, exponho que não basta estudar só para conseguir um diploma, e dizer, eu
tenho conhecimento, o mais importante que isso é estar ciente do seu compromisso
com os sujeitos que estarão envolvidos no processo de ensino/aprendizagem por
onde for exercer seu papel, e mais que isso, fazer com prazer e eficiência,
preocupando-se com o outro, ou seja, a sua realidade, pois só o conhecer não nos
dar o privilégio de sermos bons cidadãos, ao contrário disso saber repassar o que
aprendemos de forma planejada, direcionada e afetiva é construir uma sociedade
mais crítica e solidária para com os indivíduos que o cercam, pois todos somos
interdependentes e precisamos uns dos outros.
A intenção de narrar fatos históricos sobre minha pessoa, e expor o que
penso sobre a importância de uma formação de qualidade é despertar em um futuro
leitor deste memorial, um debate sobre o que é realmente educação, pois por muito
tempo enquanto estudava no ensino básico até o médio deparei-me com vários
métodos e formas de ensinar que a meu ver precisam ser repensados e analisados,
de forma crítica e construtiva, onde desenvolvam mudanças significativas a respeito
de novas práticas metodológicas que realmente venham atender as necessidades
dos sujeitos envolvidos no processo de ensino aprendizagem.
Diante dessa realidade vinham as indagações: Por que professor tem que agir
assim? Não é melhor unir seu conhecimento com dos alunos e abrir uma discussão
em cima do assunto a ser trabalhado? Enfim, na minha cabeça passavam mil
perguntas perante aquelas cenas de desrespeito ao aluno, claro que só notei isso
nas séries finais do ensino fundamental e todo o ensino médio, pois antes não
entendia nada sobre o quanto o professor tem que ser afetivo com o aluno, para que
no conhecimento construído haja um consenso e que ambas as partes aprendam a
conviver melhor dentro e fora da escola.
Diante desta visão do principal papel do docente junto aos sujeitos envolvidos
no processo de ensino aprendizagem e a importância dele no meio social, trazendo
para minha formação docente um olhar crítico acentuado no educando à sua
realidade e fragilidade, pois assim acredito que para ser um verdadeiro educador há
que estar a serviço da sociedade contribuindo de forma eficaz e fazendo o possível
para que seu trabalho flua, mesmo diante da desvalorização da sua profissão.

3 - PERCURSO ESCOLAR: DA EDUCAÇÃO BÁSICA


Em consonância com a LDB no seu Art. 6, entende-se que de fato “é dever
dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a
partir dos 4 (quatro) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)”. Na
verdade, não tive a oportunidade de estudar em uma escola de Ensino Infantil, uma
vez que minha mãe não tinha condições financeiras ou talvez por falta de
conhecimento, não sei, no entanto na época sentia um desejo de frequentar uma
escola como as demais crianças; às vezes eu passava próximo a uma escola onde
havia muitas crianças e ficava desejando está ali. Hoje, porém, percebo a falta do
lúdico, do compartilhar e interagir com outras crianças na minha infância na época.
Em relação ao brincar, Fortuna (2004), coloca que é uma atividade paradoxal, ou
seja, livre, imprevisível e espontânea, mas ao mesmo tempo regulamentada, a
brincadeira é meio de superação, assim como modo de constituição da infância, o
brincar é uma maneira de apropriação do mundo de forma ativa e direta.
Porém na época da infância tínhamos uma vizinha que ensinava as crianças
dela, e acabei me juntando a elas. Assim estudávamos com base na Cartilha do A,
B, C, D. As cartilhas chamadas de métodos construtivistas tendem a conter o ensino
mais claro e objetivo, pois trata o aluno como um ser pensante. Tardif (2003) nos
lembra que o ensino era, principalmente, entregue às comunidades religiosas e
homens e mulheres e leigas começaram realmente a ensinar, estando estes quase
sempre confinados nas pequenas escolas elementares.
Logo depois mudamos de bairro e conseguiram me matricular em uma escola
pública, por nome de Sagarana, situada em um bairro por nome Alemanha, isso em
torno dos meus 10 anos de idade. Porém, não consegui concluir a 1ª série do Ensino
Fundamental, pelo fato de ter que me deslocar de estado (Maranhão para o estado
do Pará), diante disso passei algum tempo afastada da escola.
Chegando a Tucuruí, em julho do ano de, 1982 no início da construção da
Usina Hidrelétrica (UHE-Tucuruí) que naquele momento gerava muitos empregos,
acredito que minha mãe veio com intuito de um trabalho. Ficamos em uma casa de
família. Aos 12 anos tive que trabalhar em casa de família para ajudar no sustento
da casa junto com minha mãe. Em uma das famílias que trabalhei, matricularam-me
em uma escola de Ensino Fundamental “Rui Barbosa”, situada na Vila Permanente,
que uma área reservada há uma empresa da Eletronorte-Eletrobrás, a qual estava a
serviço da construção da Usina. Portanto, o estudo na época era supletivo por
modulo, da 1ª etapa à 8ª série; concluí meu fundamental, assim, aos meus 17 anos,
época em que conheci o pai dos meus filhos e veio a primeira gravidez. Novamente
fiquei alguns anos sem ir à escola por conta de ter que cuidar dos filhos e outras
ocupações.
Já cursando o Ensino Médio, na Escola Estadual Deputado Raimundo Ribeiro
de Souza, fundada em 1978, cujo nome da escola foi em homenagem a um político
brasileiro, que fora, vereador, prefeito e deputado estadual do estado do Pará, o
mesmo faleceu ano 1977. A escola localiza-se na Avenida 31 de março, Bairro Santa
Isabel, onde antes era conhecido como estrada do aeroporto velho.
Logo que tive a oportunidade de voltar a estudar muita dificuldade me
assolaram, porém na época tinha uma professora de português por nome Rosinete
que hoje mora próximo a minha casa, me deu muito apoio para fazer o Magistério,
todavia parei novamente meus estudos.
Com isso já era mãe de quatro filhos, todos pequenos, e um deles teve uns
problemas de saúde, a única menina de cinco irmãos que na época tinha nove anos,
veio ser acometida de uma doença (catapora), onde foi desenganada pelos
médicos, pelo fato dela não obter mais saúde, e ficar com alguma sequela passou
26 dias internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), no Hospital Regional de
Tucuruí, e na época eu estava cursando o 2° ano do Ensino Médio, foram dias
difíceis, por conta da saúde da minha filha, portanto na época tive que cancelar
novamente meus estudos.
Logo quando ela estava em uma condição melhor de saúde, o que demorou
muito, retornei à escola e consegui concluir o Ensino Médio, porém fiz o magistério
no período de 12 meses, que era Sistema Modular. A Lei 9.394/96 dispõe. “Art. 47 §
2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos, demonstrado
por meio de provas e outros instrumentos de avaliação específicos, aplicados por
banca examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos seus cursos, de
acordo com as normas dos sistemas de ensino”.
Com incentivo da amiga, Macilene Shirmer Barroso, que também é professora
e coordenadora de ensino superior, pediu-me um currículo para entregar na SEMED
(Secretaria Municipal de Educação). Com essa base escolar e apoio de pessoas que
acreditaram no meu trabalho, em 2012, consegui meu primeiro emprego como
professora na Unidade Municipal de Educação Infantil “Rachel de Melo Dutra”
localizada no bairro do Mangal, s/n, no município de Tucuruí, Estado do Pará.
Foi um processo difícil pela falta de experiência na área, porém recebi muito
apoio e orientação da direção da escola para desenvolver meu trabalho em sala de
aula. Durante o período de três anos que trabalhei nessa escola adquirir novas
experiências para minhas práticas pedagógicas, realizava observações das
crianças, roda de conversas com as mesmas, haviam os projetos para trabalhar no
decorrer do ano letivo com as crianças. Faz-se importante e necessário, para que o
professor possa partir das reais necessidades de suas crianças, garantindo assim
método que possam estimular, as mesmas em uma descoberta prazerosa e os
aspectos cognitivos, afetivos e sócias.
4 - EDUCAÇÃO SUPERIOR: CURSO DE PEDAGOGIA DA PARFOR

Para Passeggi (2006), o memorial trata de questões explícitas ou implícitas,


pois busca descrever seu percurso numa perspectiva valorizante, mostrar-se digno
do que solicita a academia. O autor continua dizendo que a pergunta norteadora do
memorial de formação deverá ser “como você se tornou professor, pesquisador?”;
“Qual seu projeto de vida profissional?” (idem, p. 205). Baseado nesse pressuposto,
que trago a proposta para este trabalho de conclusão de curso: narrar um pouco da
minha trajetória de vida pessoal e profissional .
O PARFOR Presencial é destinado aos professores da rede pública da
educação básica, em exercício em sala de aula, na educação básica, sem formação
adequada, de acordo com o que rege a Lei de Diretrizes Bases da Educação
Nacional – LDB. Portanto, considera os interesses e as motivações para uma
qualificação de professores e garantindo um aprendizado e formação de cidadão
autônomo, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e
responsabilidade na sociedade em que vivem conhecedores dos seus direitos dos
deveres.
Diante de tudo isso, durante meu percurso de trabalho na Escola Municipal
de Ensino Fundamental “Rachel De Melo Dutra”, conheci um amigo por nome
Silvanei Vieira da Silva, que também na época era professor de Inglês na referida
escola, o mesmo estava cursando Licenciatura em Língua Inglesa na Universidade
Federal do Pará, PARFOR. O professor relatou que ser aluno do PARFOR, é ser
reconhecido em qualquer instituição de ensino e em grandes empresas, o mesmo
me apoiou e incentivou-me. Ele quem fez minha inscrição no PARFOR. Logo fiquei
feliz por meu amigo ter me ajudado e ter me apoiado em iniciar um curso de grande
renome que é o PARFOR, hoje meu amigo já é formado e escritor de livros um deles
intitulado Quinze Contos de Rés.

Então, feita a inscrição, fiquei muito ansiosa e aguardando processo de


espera na chamada, e felizmente consegui ser aprovada, logo na primeira chamada,
fiquei muito surpresa, por conta de relatos de pessoas ao afirmar que seria difícil
passar na seleção. Com o processo de documentação concluída partir para a alegria
em ter o sucesso de, finalmente, poder fazer um curso superior em uma
universidade renomada, e de grande reconhecimento, e por conta de tudo isso,
sinto-me orgulhosa por está concluindo uma parte de um dos meus sonhos.
No ano de 2014, inicia-se a aula na PARFOR, no mês de julho na Escola
Municipal de Ensino Fundamental “Maestro João Leite” localizada no bairro Vila
Pioneira, município de Tucuruí. Naquele ano letivo, no mês de dezembro, na
disciplina de Arte com a professora Lindalva, fluiu em toda a turma um grande
interesse pelo curso de pedagogia na PARFOR.
As dificuldades no início foram muitas, porém não o suficiente para abandonar
o curso. Em 2014, às 5h30 da manhã do dia 23 de dezembro fui acometida por AVC
(Acidente Vascular Cerebral), ou isquêmico perdendo todos os sentidos, dando a
entrada na UPA (Unidade Pronto Atendimento). Fui medicada, em seguida
encaminhada para o Hospital Regional de Tucuruí, onde foi feito o atendimento pela
neurologista Doutora Amora. Depois de longos processos de avaliação médica e
observação por dois dias, fui diagnosticada com Esclerose Múltipla. Desesperada,
não aceitando o resultado, fui em busca de novos tratamentos junto aos meus filhos.
Portanto, no dia 26 de dezembro daquele mesmo ano, viajei para a capital do
estado do Maranhão (São Luis) a fim de realizar novos exames. Contudo,
preocupada com a aula que se iniciaria em janeiro, corria contra o tempo com meu
tratamento, pois não queria perder nenhuma aula da PARFOR que iniciaria no mês
de janeiro. Entretanto ainda assim perdi duas disciplinas. Acredito que fiquei mais
doente quando percebi que estava perdendo a aula que já se iniciaria.
Finalmente, retornei para Tucuruí embora um pouco debilitada, mas confiante
em meu Deus que nunca me desamparou e nem me desampara, cheguei já na
terceira disciplina. Mas graças à Deus que recuperei aos poucos, porque apesar das
medicações serem muito fortes como tarja preta e outros. Diante de tantas lutas há
em cada um de nós professores, o dever de procurar novos conhecimentos a
respeito da educação, no entanto, as condições e oportunidades não favorecem a
todos que estão na rede na mesma proporção, e mesmo assim o Governo Federal
delimitou que todos que estão atuando na educação básica devam estar com um
curso superior, ou pelo menos cursando. Então as aulas continuaram e, assim a
cada período, uma nova surpresa, a respeito da acumulação de conhecimentos, que
cada professor trazia na sua bagagem de aprendizado e incentivando a turma com
muito entusiasmo.
A meu ver o curso de Pedagogia explicitou muitas linhas de conhecimentos
que precisávamos conhecer e entender para continuar compreendendo a total e real
realidade do mundo em que vivemos, ou seja, as disciplinas nos deram suporte
teórico e prático, nos fazendo compreender que a escola que estamos sonhando
não está tão longe, ou seja, ela já existe, porém ocultada nas irresponsabilidades do
nosso modelo político, executivo e legislativo do nosso país, que por ser um dos
modelos mais “democráticos” do mundo, não é cumprido, e assim a educação fica
sem prioridade. Mas sabemos que ela que é a chave principal de organização de
uma sociedade.
5 - FORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Durante o período do curso de Pedagogia na PARFOR, ocorreu-me uma
perspectiva de ampliar mais meus conhecimentos, através de formações
continuadas dentro da minha área, a saber: participação de projetos, formações,
oficinas etc. Aqui cito algumas formações realizadas com êxito: Utilização das Novas
Tecnologias das Informações pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia em 2013; Curso de LIBRAS Básico e Avançado realizado pela Secretaria
Municipal de Educação; Introdução à Educação Digital pelo PROINFO INTEGRADO;
Seminários Municipais de Educação Infantil Conferência Municipal de Educação,
Conferencia Municipal de Assistência Social, Workshop de Educação Infantil pela
SEMEC, terceira Conferencia Municipal de Educação de Tucuruí (CONAE), curso de
Humanização no serviço público, curso para Pais e Cuidadores de Pessoas com
Autismo, curso Musica na Educação Infantil e Avaliação, pela SEMEC.
Em meio aos cursos de formação no ano de 2015, recebi uma proposta da
Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SEMEC) para apresentar o projeto
(cachinhos dourados), interagindo e aprendendo com as experiências dentro da
historinha, que desenvolvia na época na sala de aula. O evento aconteceu no Centro
de Convenções de Tucuruí, onde outros profissionais da educação infantil também
tiveram a mesma oportunidade.
Analisando o processo de minha formação docente, posso dizer que todo
esse emaranhado de busca para conhecer o desconhecido pode ser só “a pontinha
do iceberg” em relação ao nível que pretendo me aprofundar rumo a mais
conhecimentos, pois a vontade de compartilhar o quanto é importante o ser humano
estar se reestruturando em relação a seu aprendizado é enorme dentro de mim, não
importando o local que eu possa estar, o importante é que, pessoas dispostas ou
não, eu vou estar lá pra incentivá-la a buscar cada vez mais por seus direitos de
aprender.
Perante a discussão principal deste memorial que o é processo pelo qual
percorri até minha formação docente, as disciplinas teóricas e metodológicas me
levaram a entender que o processo de ensino aprendizagem era muito centrado no
professor, mas que nos dias atuais está centrado muito no aluno, que, no entanto,
ao estudar Nóvoa percebi outra concepção a respeito que segundo, o que
compreendi temos que pensar diferente, ou seja, Nóvoa (2007), afirma:

Mas a pedagogia moderna precisa ser reinventada na sociedade


contemporânea. Não se trata de centrar na escola nem nos conhecimentos,
como advogava a pedagogia tradicional, nem nos alunos, como advogava a
pedagogia moderna, mas, sim, na aprendizagem. É evidente que a
aprendizagem implica alunos. A aprendizagem implica uma pessoa, um
aluno concreto, implica o seu desenvolvimento, o seu bem-estar. Mas uma
coisa é dizer que nosso objetivo está centrado no aluno e outra coisa na
aprendizagem do aluno. E definirmos isso como nossa prioridade no
trabalho dentro das escolas. (2007 p.6).

Segundo Nóvoa (2007), a aprendizagem que é a principal ferramenta a ser


usada está guardada sem utilização, que com mais debates a respeito do assunto
pode se desenvolver novos métodos e modelos metodológicos de rever essa
situação, por que assim a aprendizagem será coletiva, ou seja, entre aluno,
professor e sociedade e não individual. Nesta perspectiva, Nóvoa (2007), afirma
ainda que “é preciso insistir na ideia de centrar o foco na aprendizagem e que essa
aprendizagem implica em alunos e conhecimentos. Ela não se faz sem pessoas e
uma referência às suas subjetividades, sem referências aos seus contextos sociais,
suas sociabilidades”.
Seguindo essa linha de raciocínio do autor supracitado, compreendo que a
minha trajetória de formação docente foi e está sendo uma formação em que posso,
através de estudos e novos conhecimentos desenvolver novos métodos e modelos
práticos de como mediar o conhecimento dentro de uma perspectiva dialética, ou
seja, dentro do diálogo em que as diferentes culturas não encontrem dificuldades de
se relacionar. Diante disso, Paulo Freire (1979, p.8), aponta “[...] a necessidade de
atuar sobre a realidade social para transformá-la, ação que é interação,
comunicação, diálogo. Educador e educando, os dois seres criadores libertam-se
mutuamente para chegarem a ser, ambos, criadores de novas realidades”.
Freire (1979) aborda por um lado sobre a interação, por outro Nóvoa (2007)
acerca da aprendizagem como o foco principal, todavia ambos entrelaçam a ideia de
que a aprendizagem não pode ser focada só no professor ou só no aluno, ou seja,
ambos têm que agir juntos na busca pela construção do conhecimento.
Visando essa concepção em uma noção geral compreendi estudando Nóvoa,
que o conhecimento é compartilhado, ou seja, o processo ensino/aprendizagem tem
que ocorrer de forma mútua, onde os sujeitos envolvidos na ação aprendam
direcionados por um processo coletivo e dialético, em que os mesmos desenvolvam
autonomia em seu aprender fazer.
Seguindo a linha de pensamento e a qual o desenvolvimento da
aprendizagem permeia entre os sujeitos coletivamente e não individualmente, chego
à conclusão de que o conhecimento é uma eterna construção, ou seja, sempre
estará sendo aperfeiçoado, pois a realidade é dinâmica e não estática, levando o
indivíduo a buscar sempre no decorrer da vida, respostas convincentes sobre os
fenômenos sociais, naturais e a sua existência humana.
Estar concluindo este curso de Pedagogia pela UFPA, e está frente a mais
gloriosa oportunidade que já tive na minha vida, de poder através deste, aprender
tantos conceitos a respeito da educação, e como a mesma pode ser transmitida de
forma qualitativa, onde os sujeitos envolvidos no processo de ensino, ou seja, de
aprendizagem não conheçam apenas sua realidade, mas, também, a realidade dos
seus semelhantes, que de forma coletiva e interdependente precisam um do outro,
para que as formas de pensar, culturalmente, não sejam vistas como diferença.
A formação docente está intrinsecamente ligada à trajetória de vida que o
professor percorre. O verdadeiro educador exerce sua função em qualquer lugar,
não importando se é dentro ou fora da escola, ou seja, o ato de educar não tem local
específico. Dito isto, minha formação docente adquiriu uma base mais sólida quando
ingressei no curso de Pedagogia em que através dos textos curriculares oferecidos,
agreguei à minha prática a teoria, união perfeita para entender que toda a minha
trajetória de vida como professora até o ensino superior é muito importante para
minha formação, que por sinal não acaba aqui, ou seja, a formação docente
continua, por que, o conhecimento é contínuo e sempre pode ser reavaliado e
reinventado na ação-reflexão-ação.
Em meio a essas reflexões apresentadas acima, compreendi e entendi que
através do curso de Pedagogia posso conhecer e atuar em quase todas as áreas do
mercado de trabalho, traduzindo toda importância deste curso que em 2014, se
tornou a chave para o meu sonho ser concretizado de me tornar uma educadora. E
ser formadora é buscar no diálogo entre educadora e educando a compreensão da
realidade e a transformação das ações do dia a dia.
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Traçar minha trajetória de vida e colocá-la neste trabalho não foi fácil. Houve
momentos em que pensei que não conseguiria, dada a emoção que me assolava
por relembrar tantos fatos, mas a elaboração dessa trajetória foi uma aprendizagem
no controle das emoções e eu fui buscar em um longínquo passado as lembranças
da minha infância. Da memória também aflorou o meu brincar, de bambolê, elástico,
no quintal de asinha, o banho de mar etc. Momentos maravilhosos no qual o
importante era a criatividade e a imaginação, características marcantes nas
crianças.
A rememoração me fez perceber que minha vida foi cheia de reviravoltas,
mas a grande mudança, tanto pessoal como profissional veio com o ingresso na
Universidade, os conhecimentos adquiridos no decorrer do curso, com certeza,
foram de extrema importância na minha vida docente, pois aprendi a gostar de
projeto, aprofundando assim meus conhecimentos e os assuntos trabalhados com
meus alunos.
O fazer pedagógico sempre depende de novos aprendizados, por isso o
profissional deve estar sempre em busca de qualificação. A Universidade me
possibilitou enfrentar os desafios da docência com mais segurança a repensar não
só nas atividades da sala de aula, mas na escola, no currículo que ela oferece aos
educandos, nas ações norteadas pelo Projeto Político Pedagógico.
Na caminhada acadêmica de quatro anos aprendi a não mais me acomodar
no exercício da docência, mas a fazer valer minhas decisões educacionais buscando
sempre o melhor para meus alunos. Lembrando-me, sempre, que a educação está
em constante transformação e que não pode ser descontextualizada nem da
sociedade em que vivemos e muito menos da realidade dos alunos.
Aprendi muito na trajetória do Curso de Pedagogia e hoje, ao concluir o curso,
percebo o quanto foi gratificante e o quanto eu cresci como pessoa e como docente.
“Viajando” por toda minha trajetória de vida a fim de apresentar como se
desenvolveu minha formação docente, que com alegrias e frustrações, objetivou a
formação de um ser bem mais humano, no quesito chamado Educação, que a meu
ver, é a ciência do aprender a aprender que torna nossas histórias vivas e atuais,
gerando conhecimentos para futuros educadores que, no entanto mesmo sabendo
que a educação é o principal meio de transformação de uma sociedade, precisamos
estar em constante pesquisa sobre si mesmo e o mundo que nos cerca.
Analisando o contexto que me trouxe a dádiva de ser uma professora,
acredito ser uma arte das mais delicadas, ou seja, o professor não é um ser que
nasce pronto e acabado, mas que precisa estudar muito, pesquisar “à beça”,
visando a transformação de ideias tradicionais, trazendo inovação a cada
aprendizagem, e que a mesma tem que ser disseminada a todos sujeitos que
cruzarem seu caminho tanto dentro e fora da escola, ou seja, ser um professor
polivalente fazendo o conhecimento tornar acessível a todos não importando o lugar
que esteja. Pois conhecimento e aprendizagem andam juntos, e que o professor ou
qualquer pessoa que tenha algo aprendido tem o dever de repassar esse
conhecimento, claro, vai depender muito da forma que a pessoa foi educada em seu
ambiente familiar, e os sujeitos que ele encontrou na sua vida estudantil, no entanto
nada impede que, ao se relacionar com pessoas conhecedoras dessa importância,
possa mudar qualquer concepção arcaica, ou seja, através da interação podemos
mudar a nossa realidade.
A história que expressa uma trajetória de vida de uma pessoa pode trazer
várias aprendizagens, tanto no campo social como no campo científico, no caso,
aqui, a minha história que, mesmo com muitos “altos” e “baixos”, me inspirou e
fundamentou minha formação docente, e me “lapida” e “lapidará” como um ser que é
compromissado com o saber, pois toda vez que me deparo com meus alunos e
outras pessoas querendo um novo jeito de aprender, e desenvolver conhecimentos e
aprendizagem eu não penso duas vezes em ajudá-los. Seguindo ainda a ideia
acima, concluo que a trajetória de vida educacional que me foi destinada,
verdadeiramente é e será um presente, porque diante de tudo que tive que cruzar
para chegar a todo aprendizado que tenho, foi um enorme desenvolvimento pessoal
e psicológico, que desencadeou um sonho de ser uma boa educadora para com
todos os sujeitos que precisarem do meu conhecimento, pois a oportunidade que
tive, fez a minha história se tornar crítica e construtiva, buscando a cada
aprendizado a ressignificação da minha ação, fazendo a mesma se consolidar a
cada dia em uma nova ação-reflexão-ação, desenvolvendo em mim um pensamento
único, ou seja, nada é pronto e definido, podendo ser reinventado e modificado para
busca da melhor forma de aprender e compreender a realidade ao nosso redor.
Com base nesta perspectiva, busquei falar um pouco da importância da
formação para os professores neste memorial através da minha história, acreditando
que o professor tem que estar em constante formação, para que a mesma lhe
atribua conhecimentos que ultrapasse os muros da escola, buscando sempre
ressignificar sua metodologia a cada reflexão da própria ação, uma vez que o
aprender a aprender está rapidamente sendo mudado, pois a inovação está muito
acelerada, e é preciso ficar atento às novas mudanças, por que se não, estamos
sujeitos a nos retardar e não conseguir acompanhar as demandas escolares e
sociais, pois estamos em uma era que tudo é globalizado, sujeito a uma dinâmica de
aperfeiçoamento das nossas atitudes que até então é contínua, ou seja, nada é
totalmente estático.
Analisando minha história a partir do dia que ingressei na escola com a idade
de nove anos até o dia atual com quarenta e oito anos terminando o curso de
pedagogia UFPA, pelo programa PARFOR, reforço que toda a minha trajetória de
estudo dentro e fora da escola me beneficiou a ser a pessoa que sou hoje, e que
com tantas dificuldades consegui cursar uma faculdade, onde a mesma atribuiu-me
novos sonhos rumo à expectativa de desenvolver métodos que venham a ajudar
diretamente a população em geral, onde quer que seja, com uma educação inclusiva
e construtivista, e que por meio de projetos pretendo desenvolver e fundamentar a
importância da formação docente para o desenvolvimento de novos conceitos
culturais, psicológicos e sociais na humanidade.
Quase terminando, quero aqui dizer que, ao escrever minha história de vida,
proporcionou falar da minha formação, com um olhar mais amplo para meu processo
de formação docente e que o ingresso no ensino superior, só fez enxergar o quanto
cada fase foi importantíssima para que eu chegasse a ser educadora, e que essa
formação por mais que foi e está sendo escrita por mim, não deixa de estar ligada
ao coletivo, e que agora documentada em forma de um memorial, e intimamente em
meu coração, traz em forma de vários sentimentos a enorme vontade de continuar
estudando e me aperfeiçoando cada vez mais, com um intuito de que, para o
profissional da educação e qualquer outra área, é primordial à sua qualificação e a
sua formação continuada, para que seu desempenho sempre haja uma nova página
com novos saberes e práticas a serem desenvolvidas com o principal objeto de
estudo, a aprendizagem do aluno.
Tendo em vista o meu aprendizado em toda minha vida, finalizo afirmando
que muitos desafios que antes acreditava ser impossíveis vencê-los, foram
superados ao conhecer várias teorias e novas práticas no curso de Pedagogia no
Ensino Superior. Agradeço a Deus em primeiro lugar e a todos aqueles que direta e
indiretamente ajudaram-me a realizar este sonho de cursar uma Faculdade, e por
meio da mesma, falar da minha vida de formação até me tornar uma educadora por
este documento e trabalho de conclusão de curso registrado neste Memorial.
Enfim, um memorial é uma viagem que podemos fazer juntos em busca de
aprimorar nossas ações e sermos pessoas e profissionais melhores, por que não há
ninguém tão pobre que não tenha o que oferecer, pois acredito verdadeiramente que
a aprendizagem é construída na história e nas relações intra e interpessoais.
Afinal refletir sobre a própria realidade é ter o desejo de melhorar o hoje, em
vista de um amanhã com menos injustiça social, sem desigualdade de gênero, um
pais que acredita na educação como instrumento de ascensão social.
8

7- REFERÊNCIAS

CANDAU, V. M.; LÜDKE, M.; MENDONÇA, A.W.; WAGNER, R. e WALL, Y. Novos


Rumos da Licenciatura (Relatório Parcial), Departamento de Educação, PUC/RJ
86.

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edição.

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