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Arte e meio ambiente: grandes vertentes e poderes

questionadores
Como a arte pode ser uma ferramenta de conscientização importante para o ativismo ambiental? Conheça a arte
ambiental e suas ramificações

Qual é a função da arte? Educar, informar e entreter? Essa é talvez a mais polêmica questão que envolve o tema - e
não há respostas fechadas. A arte pode ser entendida como a atividade humana ligada às manifestações artísticas,
seja de ordem estética ou comunicativa, realizadas por diversas formas de linguagens. Talvez uma pergunta mais
pertinente seja: qual o potencial da arte? Umas das respostas possíveis se dá na relação entre arte e meio ambiente,
em que a arte exerce o papel de questionar ações e exigir mudanças de comportamento.

A arte impulsiona os processos de percepção, sensibilidade, cognição, expressão e criação. Tem o poder de
sensibilizar e proporcionar uma experiencia estética, transmitindo emoções ou ideais. A arte surge da necessidade de
observar o meio que nos cerca, reconhecendo suas formas, luzes e cores, harmonia e desequilíbrio.

Ela pode propagar e questionar estilos de vida, preparar uma nova consciência por meio da sensibilização, alertando
e gerando reflexões. As manifestações artísticas são representações ou contestações oriundas das diversas culturas,
a partir do que as sociedades, em cada época, vivem e pensam.

Nesse contexto, podemos inserir a importância da arte como mais uma ferramenta do ativismo ambiental. Ao
confrontar o público com informações desagradáveis, muitas vezes difíceis de serem digeridas (como as mudanças
climáticas), convergidas em uma experiência estética, a sensibilização ultrapassa a barreira do racional e realmente
toca as pessoas. É mais fácil ignorar estatísticas do que ignorar imagens e sensações. Quando a arte representa a
relação perturbada da sociedade com a natureza, fica explícita a urgência de ação.

Arte e meio ambiente

As mudanças ambientais já são há muito tempo objetos da arte. Por trás do verde idílico que os impressionistas
pintavam, havia a fumaça negra das chaminés das fábricas. Uma das marcas da obra de Monet era o estudo da luz
difusa, nessa busca se deparou com o Smog de Londres. Isso originou obras que mostram a fumaça de carvão cuspida
pelas chaminés e trens na cidade.

Em um contexto contemporâneo, o movimento que junta arte e meio ambiente, a chamada arte ambiental, surgiu a
partir da turbulência política e social dos anos 1960 e início dos anos 70. Artistas foram inspirados pela nova
compreensão das questões ambientais, a grande urbanização e a ameaçadora perda de contato do homem com a
natureza, bem como pelo desejo de trabalhar ao ar livre em espaços não tradicionais.

A arte ambiental se insere na arte contemporânea não como um movimento fechado, mas como um modo de fazer,
uma tendência que perpassa diversas criações artísticas. A dialética entre o hedonismo e a sustentabilidade cada vez
mais tem sido abordada, e é uma contraproposta às ordens sociais vigentes. Criticar publicamente o consumismo, o
curto ciclo de vida dos produtos e a exploração de recursos é fazer ativismo ambiental, por mais que muitas vezes não
esteja explícito no trabalho. Reverenciar a beleza da natureza, mesmo que pareça sem maiores preocupações
ideológicas, também é um processo que reforça a necessidade de ações de preservação do meio ambiente.

Diversos artistas têm a preocupação de expor ao público uma arte voltada para as questões ambientais. A prática
artística dá visibilidade a temas que muitas vezes são abordados pela mídia por uma perspectiva distanciada. Com um
enfoque distinto, temáticas como as mudanças climáticas ou exploração animal, que sequer ganha destaque na mídia
tradicional, geram reflexões potencialmente transformadoras.

O campo da arte ambiental é tão vasto como o mundo natural que o inspira. A arte é uma lente através da qual é
possível explorar todos os aspectos da sociedade - desde a produção urbana de alimentos, a política climática, gestão
de bacias hidrográficas, infraestrutura de transporte e design de roupas - a partir de uma perspectiva ecológica.

"Arte ambiental" é um termo genérico que se refere a uma ampla gama de trabalho que ajuda a melhorar a nossa
relação com o mundo natural. Seja informando sobre as forças ambientais, ou demonstrando problemas ambientais, e
até com uma participação mais ativa, reaproveitando materiais e restaurando a vegetação local. Muitas práticas
artísticas, como a land art, eco-arte, e arte na natureza, bem como os desenvolvimentos relacionados em prática
social, ecologia acústica, slow food, slow fashion, eco-design, bio-art e outros podem ser considerados como parte
desta mudança cultural maior.
Land art, Earthwork ou Earth Art
O terreno natural é objeto e se integra à obra nesse tipo de arte. Conhecida como land art, Earth art ou Earthwork,
esses trabalhos são grandes arquiteturas ambientais, transformam a natureza e são por ela transformados. O espaço
físico dessas obras são desertos, lagos, planícies e cânions, e os elementos da natureza, como vento ou relâmpagos,
podem ser trabalhados para integrarem a obra. A land art se relaciona com o ambiente de forma harmônica e com um
respeito imenso à própria natureza. O conceito se estabeleceu numa exposição organizada na Dwan Gallery, em Nova
Iorque, em 1968, e na exposição Earth Art, promovida pela Universidade de Cornell, em 1969.

Esse conceito de arte contemporânea ao ar livre atrai muitos artistas, pela possibilidade de se deslocar do campo das
galerias. Por suas características, essas obras não podem ser expostas nesses ambientes, a não ser por meio de
fotografias. Essas obras têm caráter efêmero, pois a ação dos eventos naturais consome e destrói os trabalhos. Uma
forte influência para esse estilo são os geoglifos (grandes figuras feitas no chão em morros ou regiões planas), como
as linhas de Nazca e os crop circles.

Arte ecológica, eco-arte ou arte sustentável

A arte ecológica leva em consideração que toda atividade humana afeta o mundo em torno dela. Por esse motivo, ela
analisa o impacto ecológico da construção, exposição e efeitos a longo prazo da obra. As questões ambientais são
mais aparentes no discurso desse tipo de arte - ela envolve toda uma metodologia eco-friendly. Muitos projetos
envolvem uma restauração local, ou emergem diretamente de uma função de serviço a ecossistemas ou comunidades.
Essa prática artística busca estimular carinho e respeito pela natureza, propiciando diálogos e incentivando mudanças
estruturais a longo prazo. Muitas vezes os projetos envolvem ciência, arquitetos, educadores, etc.

Um artista que segue essa perspectiva é o brasileiro Vik Muniz, que cria diversas obras utilizando lixo. O documentário
“Lixo Extraordinário” mostra o trabalho do artista e apresenta seu processo criativo e sua relação com uma comunidade
próxima de um aterro sanitário do Rio de Janeiro.

Ativismo

A noção de adotar uma postura semelhante ao ativismo nas artes teve como um de seus principais defensores o artista
Joseph Beuyes. Ele incorporou essa conduta como parte essencial de sua produção. Beuys já abordava questões
ecológicas em suas esculturas, performances, entre outros suportes artísticos, de maneira revolucionária. Foi um dos
fundadores do Green Party na Alemanha e protagonizou, em 1982, uma ação impactante no cenário: realizou o plantio
de 700 mudas de carvalho marcadas por colunas de basalto, em frente à sede da Documenta, exposição de arte
contemporânea periódica que ocorre na cidade de Kassel, na Alemanha.

As preocupações mundiais com temas como o desmatamento, aumento de epidemias, poluição, aquecimento global,
esgotamento de espécies, novas tecnologias genéticas, novas e velhas doenças, são reflexos de um novo mundo.
Junto com tudo isso surge a demanda de atribuir à arte a função de destacar as questões da natureza. O movimento
cultural global em função de uma vida voltada para consumo consciente expandiu o papel da arte e dos artistas em
nossa sociedade. Independente de uma classificação fechada, percebe-se nos museus e galerias do mundo todo que
a questão ecológica e as mudanças climáticas estão determinando muitas atividades artísticas. Ao artista é creditada
a função de ativista, para expor a demanda pela urgência de mudanças que a sociedade precisa. A arte ambiental é
uma arte engajada. Ela busca a construção de novos valores e jeitos de se viver.

As mudanças cultural e social devem emergir de mãos dadas. Para curar nossa relação com a terra, e construir formas
de conscientização, qualquer paixão e criatividade que pudermos reunir é bem-vinda. Todos têm um papel a
desempenhar nessa mudança: artistas, colaboradores e cada um de nós. Cada expressão com esse discurso é um
passo, cada obra de arte é uma inspiração potencial para trabalhos futuros. As obras propiciam a abertura de um
diálogo, provocam ideias e são capazes de mudar o pensamento das pessoas ao longo do tempo.

Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural


Aula de literatura mostra que arte tem função
social de mudar vidas
Professora Flávia Suassuna conta a importância da arte na sociedade.
Discussões põem em lados opostos o popular e o erudito.

É com a arte que os homens podem expressar seus sentimentos, suas angústias, tristezas,
felicidades. Considerada por algumas pessoas como “descartável”, a arte tem sua função social,
de resgatar histórias, mudar vidas. A reportagem de literatura do Projeto Educação trouxe a
importância de discutir o tema, nesta quinta-feira (5).

A artista plástica Eliane Rodrigues gosta de sempre estar cercada de telas, pincéis, tintas e cores.
“Eu respiro arte. Não sei como se passa na vida sem arte", destacou. De acordo com a professora
Flávia Suassuna, o conceito de arte remete ao belo, ao que traz beleza. “Parece coisa descartável,
supérflua, mas desde a caverna produzimos arte. Por algum motivo, alguém deixou sua mão numa
caverna, um animal pintado numa parede, alguma dança em torno de uma fogueira. Eu acho que
a obra de arte faz uma estruturação da humanidade. Nós contamos histórias, recontamos histórias,
visitamos fatos, revisitamos fatos, elaboramos tensões. Por isso, é muito bonito olhar um quadro e
ver que há ali um contexto histórico. Nós nos construímos também com um passado”, contou.

A definição do que é arte, entretanto, é complexa e mexe com o sentimento de cada ser humano.
“Não dá para viver sem o contato com algum tipo de beleza, seja musical ou fabulação, por
exemplo. Esse apego que o Brasil tem às novelas é um exemplo da fabulação, da contação de
história. Na obra de arte, fala-se da materialidade, do percurso de vida e das dificuldades. Em minha
opinião, as histórias democratizam e igualam as pessoas”, relatou Flávia.

Dentre as formas de se expressar a arte, estão a música, o teatro, a pintura, o cinema e a escultura.
Muitas também são as formas que se tem para compreendê-las. “Tenho um filho que, quando ele
era muito pequeno, mostrei um quadro e ele disse assim: ‘mamãe, eu ainda não sei gostar’. É aí
que entram os professores, mediadores, pessoas que nos ajudam a aprender a gostar, a usufruir
disso”, destacou a professora.

A arte é subjetiva, sempre discutível. Uma das discussões mais comuns põe em lados opostos o
popular e o erudito. “O artista popular é um caso fabuloso. Ele provavelmente não teve acesso aos
padrões de cultura – às vezes, é um poeta que não sabe nem ler ou escrever. Observe que ele
também produz cultura, mas sem a mesma simbologia, porque há uma injustiça social, econômica
e política. Mesmo assim, ele produz”, falou Flávia Suassuna.

Acima de tudo, a arte tem um importante papel social. “Se você considerar, por exemplo, que a
língua só serve para a gente se comunicar, você não vai entender para que serve a literatura,
porque com a língua a gente também simboliza, esconde, pluraliza sentidos. A arte joga com isso.
É lógico que toda obra tem alcance de mudar uma pessoa. Acho que não tem o alcance de mudar
a sociedade, mas de mudar pessoas. E são as pessoas que mudam o mundo”, finalizou a
professora.
Utilidades da Arte

Uma das características da arte é a dificuldade que se tem em conferir-lhe utilidade. Muitas vezes esta
dificuldade em encontrar utilidade para a arte mascara preconceitos contra a arte e os artistas.

O que deve ser lembrado é que a arte não possui utilidade, no sentido pragmatista e imediatista de servir
para um fim além dele mesmo. Assim, um quadro não "serve" para outra coisa, como um desenho técnico,
como uma planta de engenharia, por exemplo, serve para que se construa uma máquina. Mas isso não quer
dizer que a arte não tenha uma função.

A arte possui a função transcendente, ou seja, manchas de tinta sobre uma tela ou palavras escritas sobre um
papel simbolizam estados de consciência humana, abrangendo percepção, emoção e razão (segundo Charles
S. Peirce, fundador da semiótica). Essa seria a principal função da arte.

A arte também é usada por terapeutas, psicoterapeutas e psicólogos clínicos como terapia. Nise da Silveira
foi uma importante psiquiatra brasileira, aluna de Carl Jung, que utilizou com sucesso em seus pacientes, a
partir de 1944, a arte a partir da terapia ocupacional. Graças a este trabalho, fundou o Museu do
Inconsciente, em 1952, no Rio de Janeiro.

Paul McCartney, ex-Beatle, diz que a música é capaz de curar. Ele afirmou que em uma de suas visitas a um
hospital que realiza tratatamento de autistas, estes respondiam quando se dedilhava algo no violão. Sabe-se
que as pessoas vítimas de autismo respondem muito pouco a estímulos externos, de acordo com o grau de
autismo.

A arte pode trazer indícios sobre a vida, a História e os costumes de um povo, inclusive dos povos e nações
já extintos. Assim, conhecemos várias civilizações por meio de sua arte, como a egípcia, grega antiga e
muitas outras. A História da Arte é a disciplina que estuda as manifestações artísticas da humanidade através
dos séculos.

Grafite e outros tipos de arte de rua são gráficos e imagens pintadas por spray. São vistos pelo público em
paredes de edifícios, em ônibus, trens, pontes e, normalmente sem permissão do governo. Este tipo de arte
faz parte de diversas culturas juvenis. Nos EUA, na cultura hip-hop, são comumemente usadas para a
expressão de opiniões sobre política, e outras vezes trazem mensagens de paz, de amor e união.

A arte, como qualquer outra manifestação cultural humana, pode ser utilizada para a coesão social,
reafirmando valores, ou os criticando.

Assim, a arte é utilizada como instrumento de moralização, doutrinação política e ideológica, assim como
ferramenta na educação em vários campos do conhecimento, desde o ensino básico até o treinamento de
funcionários em empresas. Segundo a sistematização de conhecimento artístico e fisiológico sobre o
funcionamento do cérebro realizado por Betty Edwards, principalmente a partir de sua obra Desenhando
com o lado direito do cérebro, as habilidades artísticas são regidas pelo lado direito do cérebro, e a lógica e
outras habilidades ligadas à racionalidade são regidas pelo lado esquerdo. A utilização da arte como
ferramenta pedagógica seria uma forma de utilizar os dois lados do cérebro, de forma complementar para
um aprendizado mais eficaz.

As obras de arte também podem fazer críticas a uma sociedade. Les Misérables, de Victor Hugo, é um
exemplo de obra literária que critica a sociedade francesa do início do século XIX. A obra do pintor
espanhol Goya, Os fuzilamentos de 5 de novembro é outro exemplo disso.

A interpretação da obra depende do observador. Portanto, inversamente a própria subjetividade da arte


demonstra a sua importância no sentido de facilitar a troca e discussão de ideias rivais, ou para prestar um
contexto social em que diferentes grupos de pessoas possam reunir e misturar-se
A relação existente entre História da Arte e Patrimônio Histórico é intrínseca

Parto da idéia de que o homem cria objetos para expressar seus sentimentos diante da vida, de acordo com
o momento histórico vivido.

Ou seja, ele sofre as influencias das condições do meio-ambiente e do meio social onde está inserido. Essas
criações são legados e obras de arte que contam e testemunham a história do homem individualmente
falando e de toda a humanidade. Desta forma, os testemunhos de sua existência são obras, intencionais ou
não, que falam do passado de uma época. São esses restos e registros produzidos pelo homem que se
constituem numa evidência histórica e devem ser perpetuados pelos cuidados do que convencionamos
chamar Patrimônio Histórico. Importante nisto estabelecer critérios para priorização dessas evidências e
educar a sociedade para proteger e zelar pelo legado dos seus antepassados. A noção de preservação do
patrimônio deveria estar, portanto, integrada a cultura de cada povo como uma parte dele mesmo e
conservado como parte de uma herança inestimável.

Assim, muitos restos como as construções incorporadas ao patrimônio histórico de uma nação, outrora local
de culto, lazer e moradi1a ou a presença de artefatos e utensílios do cotidiano são evidências das
necessidades de sua vida diária. Fazemos historia todos os dias, pois a vida diária do homem, ao longo do
tempo, atesta a evolução dos nossos hábitos, valores e formas de viver.

No terreno específico das artes maiores e menores há no seu legado um claro demonstrativo da necessidade
vital que tem o ser humano de expressar-se artisticamente, seja pelo canto, pela dança, pela música ou
ainda, por linhas, traçados e cores, independente de sua situação geográfica, raça ou crença. A civilização
humana é constituída por toda uma mescla cultural de indivíduos letrados e iletrados. A necessidade de
expressão artística deve ser própria e inerente à natureza do homem. Por sua universalidade, permanência
e elementarismo, acima de tantas e diversas circunstâncias, a expressão artística parece pertencer a sua
natureza biológica tanto sobre a forma ativa do artista que cria a emoção estética, como sob a forma passiva
do contemplador da obra que recebe o fluxo da emoção gerada, criada e comunicada pelo seu autor. Essa
necessidade de expressão artística é inerente à natureza humana e tem a forma de um instinto tal como o
da conservação e o da reprodução.

O que sentimos e experimentamos na nossa experiência de vida não pode deixar de sofrer o domínio da
emoção estética, do sentimento do belo. O belo cria em nós uma percepção de bem-estar, uma sensação
de euforia e entusiasmo, em outras palavras, gera um acréscimo do nosso ânimo vital levando-nos a um
desejo intimo de levarmos a outrem esta experiência do espírito.

Preservar o passado é educar para o presente. Manter íntegro o nosso legado histórico, olhos fitos no futuro,
é o desafio que pede uma resposta.
Ativismo Artístico, a arte como protesto político
A arte é uma importante ferramenta política, não apenas por ser um reflexo da cultura vigente de sua época, como
tem o poder de proporcionar um repertório de representações às diversas manifestações e contestações, seja de
setores marginalizados de uma sociedade, seja da população contra arbitrariedades do Estado que a governa. Vendo
a arte como uma materialização da cultura, podemos considerar que assim como a cultura, a arte possui algumas
funções extensamente debatidas, seja como modalidade de entretenimento, seja como reprodução de tradições de um
povo. Além disso, ela possui uma terceira função, a de por ideias em oposição e questionar os posicionamentos da
reprodução cultural. Ao longo do último século, artistas estiveram imersos nos movimentos revolucionários e libertários,
usando a expressão de sua produção como meio de comunicação de ideologias que através das várias vias da arte
podiam atingir mais e de novas formas espectadores que o simples discurso politizado não afetava. O conteúdo do
protesto artístico provinha das diversas referências e simbologias socioculturais, comuns às populações de onde os
manifestos emergiam, sofrendo novas associações e significações, interconectando a expressão artística com o
ativismo político.

Com a eclosão dos movimentos sociais nos anos 60, liderados por grupos marginalizados (no sentido de estarem à
margem do funcionamento do sistema sócio-econômico) e minorias (não no sentido quantitativo demográfico, mas de
acesso a direitos civis e recursos), influenciados pela teoria contracultura que através de seus manifestos e movimentos
questionava o modelo político vigente, a produção artística reforça seu aspecto político, se somando ao arsenal de
protesto de caráter pacífico. As performances, meetings e happenings ocupando o espaço público quebravam o fluxo
da rotina do meio urbano, intervindo com os questionamentos que representavam, enquanto a arte gráfica e musical
divulgava símbolos e ideologias como propaganda. Quanto à contracultura, dois eventos marcaram sua potencialização
no ocidente, Maio de 68 em Paris e a Guerra do Vietnã, de 1955 a 1975, perpetuada pelos Estados Unidos durante a
Guerra Fria.

Os movimentos sociais, como o feminismo, seguido do movimento negro e do movimento gay, os grandes movimentos
que se fomentam naquela década, pondo em questão instituições e repressões de gênero, etnia e sexualidade,
buscavam seu reconhecimento e equiparação de direitos com os padrões dominantes (homem, branco, heterossexual).
O protesto artístico que os acompanhou, principalmente na arte gráfica e performática, surge como forma de confronto
com as instituições culturais normativas e em busca da valorização das características que os diferem das mesmas.

O suporte da contracultura promove uma desconstrução dos padrões culturais que mantém, ao mesmo tempo em que
refletem, os modelos econômicos e políticos vigentes. Em uma época de Guerra Fria, onde a política global era dividida
nos formatos sólidos de uma direita capitalista, que instigava a individualidade e o consumo, e uma esquerda
comunista, que instaurava o autoritarismo e a anulação da diversidade, surge a contracultura como oposição a esses
modelos, sem apresentar uma proposta; para ela bastava a dissolução política, o que a colocava pareada à ideologia
anarquista, nem sempre de forma consciente. Alguns movimentos sob esse conceito eram declaradamente
anarquistas, como o punk nas décadas de 70 e 80, que expressa seu protesto artístico principalmente pela música,
indumentária e postura contestatória. Outros movimentos surgem baseados em referências diferentes, mas com o
mesmo objetivo desconstrutivo, como o hippie, o reggae e o skinhead. Vale ressaltar que o termo contracultura não
representa um movimento de destruição da cultura como idéia, mas de desconstrução da cultura normativa e
disciplinar, ou como diria Foucault, das relações de poder que ela impõe. Embora os anarquistas mais radicais tivessem
a proposta de implodir todas as instituições, cultura inclusa, eles acabam por alimentar uma sub-cultura subversiva
com sua produção artística e literária.

Nas ditas artes visuais, a produção estética com fim de protesto é adotada com mais freqüência na forma de
performances, muitas vezes sobre o próprio corpo do artista (comum no manifesto feminista, que tem o corpo feminino
como um dos principais signos), montagem e colagem (presente em expressões de contracultura anti-consumistas, se
apropriando de recortes da mídia impressa e publicidade, de forma parecida com a utilizada na Pop Art, com intenção
diferente), ilustração (comum a praticamente todos os movimentos e impressas em diversos veículos), grafite e outras
modalidades de intervenção urbana menos permanente, os happenings (e sua versão contemporânea, o flash-mob),
a pintura (se apropriando de modelos estéticos simultâneos à época, com nova intencionalidade) e o design gráfico
(herdeiro contemporâneo da pintura e ilustração, reproduzido em larga escala pela internet, ganhando poder de
divulgação mais amplo).
O combate a violência por meio da arte

Escola pública nos Estados Unidos troca seguranças por aulas de arte e reduz drasticamente os
índices de violência.

O diretor de uma escola pública de Boston, nos Estados Unidos, tem causado mudanças
significativas nos índices de violência do estabelecimento, e não tem sido pelo uso ostensivo de
seguranças e policiais, como muitos poderiam supor. Na verdade, método adotado para reduzir os
terríveis índices na escola foram bem mais pacíficos e produtivos.

Orchard Gardens já chegou a ser considerada uma das cinco piores escolas do estado de
Massachusetts. Em determinado momento, alunos foram proibidos até de levar mochilas por medo
de esconderem armas.
Em 2010, após entrar para o programa Turnaround Schools (um programa do Governo Federal
para recuperar escolas com problemas educacionais graves), o diretor Andrew Bott demitiu grande
parte do corpo de seguranças e, com o dinheiro que era usado para pagá-los, contratou professores
de arte, que passaram a lecionar teatro, música, danças e artes plásticas. Além disso, os alunos
passaram a ficar mais tempo na escola (antes as aulas encerravam às 14h30 e passaram a terminar
às 17h30). Andando pela escola é possível perceber que suas paredes foram transformadas em
verdadeiros murais de exposição de pinturas e desenhos. Para melhorar o ambiente das aulas de
arte, depósitos usados para entulhos e objetos quebrados foram transformados em salas de
música, de ensaios de teatro e ateliês.

Logo após dois anos do experimento, os resultados vieram. De acordo com o diretor Bott, o contato
com as artes motivou os alunos a estabelecerem objetivos mais positivos para suas vidas e os
deixou com um maior espírito empreendedor. A escola, que antes era conhecida pelos moradores
da região como “matadora de carreiras”, logo saiu do ranking das piores instituições de ensino e
passou a figurar entre as referências de modelos educacionais de sucesso.

Pouco tempo depois, o próprio presidente Barack Obama foi de perto conferir o resultado das
práticas adotadas pela escola.

Mudando o rumo

Raj Kumar, natural do Paquistão, achou que seria um empresário após se formar na faculdade em
Islamabad. No entanto, ele tomou um outro rumo e hoje se ocupa usando artes e esportes para
promover a paz.

Após testemunhar a violência sectária em primeira mão na escola, “pensei que precisava desviar
meu foco”, afirma.

Uma maneira pelas quais ele realizou isso é através de sua iniciativa “Arte pela Paz”, que reuniu
500 jovens e outros membros comunitários de diferentes etnias e religiões para pintar, desenhar e
compartilhar mensagens de paz por intermédio da arte e da música.

“Queríamos enviar uma mensagem para os pais”, disse Kumar, 24. “Quando somos crianças, não
nos diferenciamos um dos outros em termos de cor da pele, casta ou religião. Quando crescemos,
é a sociedade que nos molda.

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