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NOTAS DE AULA UNIDADE 01

FOLHA
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA 1 de 49
CURSO:
ENGENHARIA CIVIL / ENGENHARIA AMBIENTAL
DISCIPLINA: PROFESSOR:
MECÃNICA DOS SOLOS – CIV 8301 ANDRÉ P. LIMA

NOTAS DE AULA:
UNIDADE 01. INTRODUÇÃO A MECÂNICA DOS SOLOS

ESTA APOSTILA É APENAS UM ROTEIRO DE ESTUDO, DEVENDO A MESMA SER COMPLEMENTADA POR ANOTAÇÕES DOS
COMENTÁRIOS DE AULA E CONSULTAS AOS LIVROS TEXTOS INDICADOS.

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DATA AGO/2013
RESPONSÁVEL ANDRÉ LIMA
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UNIDADE 01. INTRODUÇÃO A MECÂNICA DOS SOLOS

ÍNDICE

1 – INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA MECÂNICA DOS SOLOS ................................................. 3

1.1 DEFINIÇÕES ...........................................................................................................................................................3

1.2 HISTÓRICO .............................................................................................................................................................4

1.3 A MECÂNICA DOS SOLOS NO BRASIL ...............................................................................................................7

1.4. ENSAIOS CORRENTES EM MECÂNICA DOS SOLOS .....................................................................................15

1.5. FINS E LIMITAÇÕES DA MECÂNICA DOS SOLOS...........................................................................................16

1.6 PROBLEMAS DE ENGENHARIA, ESTUDADOS E RESOLVIDOS PELA MECÂNICA DOS SOLOS................18

1.7 O ENGENHEIRO GEOTÉNICO.............................................................................................................................30

2 – ORIGEM, FORMAÇÃO E NATUREZA DOS SOLOS ......................................................... 31

2.1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................................31

2.2 INTEMPERISMO ...................................................................................................................................................32

2.3 TIPOS DE ROCHA (RESUMO) .............................................................................................................................34

2.4 SOLOS E ROCHAS NO RIO DE JANEIRO. .........................................................................................................35

2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS QUANTO À SUA ORIGEM ...............................................................................36

3 – EXERCÍCIOS........................................................................................................................ 49

4 – UNIDADE I. LEITURA COMPLEMENTAR E REFERÊNCIAS............................................ 49


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1 – INTRODUÇÃO E HISTÓRIA DA MECÂNICA DOS SOLOS

1.1 DEFINIÇÕES

A Engenharia Civil trata do projeto e construção de diversos tipos de estruturas e sistemas


(edificações, estradas, barragens, portos, túneis, aeroportos, pontes, etc.).
Todas estas obras são construídas sobre o solo, no solo ou com solo (solo ou rocha, na
verdade).
Assim, o desempenho do solo (ou da rocha) no local do projeto, durante e após a construção
está intimamente ligado à segurança, economia e funcionalidade da obra.
A Mecânica dos Solos é uma ciência da engenharia que estuda do comportamento do solo
quando este é usado como material de construção (aterros rodoviários, barragens de terra, solo
estabilizado, base para pavimentos, etc.) ou quando recebe esforços transmitidos pelas estruturas
(fundação de edifícios, pontes, etc., estruturas de contenção, ancoragens, pavimentos).
Engenharia Geotécnica → é a subdivisão da engenharia civil que envolve os materiais naturais
encontrados próximo à superfície da terra. Ela inclui a aplicação dos princípios da mecânica dos solos e
da mecânica das rochas ao projeto de fundações, estruturas de contenção, obras de terra, etc. A
engenharia geotécnica se aprimora pela experiência, pela observação e pela análise do comportamento
das obras de engenharia.
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Para se lidar adequadamente com os materiais terrosos, é necessário se ter o conhecimento de:
a) Geologia
b) Mecânica
c) Análise experimental
d) Reologia (relações tensão de formação – tempo que governam o comportam dos materiais)

1.2 HISTÓRICO

A Mecânica dos Solos antes do século XVIII:


Antiguidade (mais de 1000 anos a.C.): Sucessão de experimentos sem caráter científico
verdadeiro → sucessos e insucessos.
ƒ (2750 a.C.) - 5 pirâmides mais importantes no Egito → desafios relacionados às fundações,
estabilidade de encostas e construção de câmaras subterrâneas;
ƒ (2000 a.C.) - Diques nas margens do rio Nilo, Tigre e Eufrates para proteger as cidades;
ƒ (1120 a.C.) - Diques para irrigação na China;
ƒ (Grécia Antiga) - Uso de sapatas isoladas e corridas para a construção de edifícios;
ƒ (68 d.C.) - Construção de Pagodes assentes em camadas de siltes e argilas moles - alguns
casos de danos estruturais por perda de capacidade de carga;
ƒ (1173) - Torre de Pisa (Itália). Peso de 15700tf e base circular de φ20m. Inclinação devido a
uma camada frágil de argila a cerca de 11m de profundidade.

A Mecânica dos Solos no período Pré-Clássico (1700-1776):


ƒ Estudos relativos a encostas naturais e pesos específicos de vários tipos de solos (eng.
Henri Cartier, 1717);
ƒ Teorias semi-empíricas de empuxos de terra (superfície de ruptura definida arbitrariamente).

A Mecânica dos Solos no período Clássico – fase I (1776-1856):


ƒ 1776: Posição exata da superfície de deslizamento no solo por trás de um muro de arrimo
(Teoria de Coulomb criada por um cientista francês chamado Charles A. Coulomb);
ƒ 1840: Estudos sobre pressões de terra em muros de arrimo e sobre capacidade de carga
para fundações rasas (Eng. Poncelet);
ƒ 1846: Detalhes sobre escorregamentos profundos em taludes argilosos → “coesão do solo”
(Eng. Collin);
ƒ 1857: Teoria de Rankine, criada por Willian J. M. Rankine (simplificação da teoria de
Coulomb).
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Mecânica dos Solos no período Clássico = Trabalhos sobre solos admitidos como “massa
ideais de fragmentos” atribuindo-lhes propriedades de material homogêneo e dando tratamento
matemático sem o correspondente ajustamento das conclusões à realidade física.

A Mecânica dos Solos no período Clássico – fase II (1856-1910):


ƒ Realização de vários ensaios de laboratório em solos arenosos;
ƒ 1856: Estudos sobre Permeabilidade dos Solos (Lei de Darcy)
ƒ Teoria sobre distribuição de tensões sobre áreas carregadas em meio homogêneo, semi-
infinito, elástico, isotrópico;
ƒ Fenômeno de dilatância em areias (Reynolds, 1887).

A Mecânica dos Solos Moderna (1910-1927):


Resultados de pesquisas realizadas em argilas propriedades e parâmetros fundamentais
estabelecidos (Atterberg, 1911; Frontard, 1914; Bell, 1915; Fellenius, 1918 e 1926; Terzagui, 1925);

Final do século XIX e início do século XX → Grandes acidentes em grandes obras de


engenharia:
ƒ Rupturas no Canal do Panamá;
ƒ Rupturas de barragens de terra e sucessivos recalques em grandes edifícios nos EUA;
ƒ Escorregamentos em taludes ferroviários na Suécia;
ƒ Acidentes com muros de cais e escorregamentos de terra na Alemanha;
ƒ No Brasil ocorreram acidentes de grandes proporções principalmente num cais do Rio de
Janeiro e em outro no extremo norte do país.

NECESSIDADE DE REVISÃO NOS PROCEDIMENTOS DE CÁLCULO

A Mecânica dos Solos depois de 1927:


ƒ Novo desenvolvimento da mecânica dos solos com a publicação de “Erdbaumechanik auf
Badenphysikalisher Grundlage” (“Mecânica das Construções em terra baseada na física dos
Solos”), de Karl Terzagui, em 1925. Garante ao autor o título incontestado de pioneiro e líder
da nova ciência dos solos.
ƒ Em 1936 Terzaghi publicou a sua “Theoria do recalque das camadas argilosas” como
continuação ao seu primeiro livro e em colaboração com Fröhlich a quem já se devia a obra
hoje clássica “Distribuição das pressões no solo (Druckverteilung im Baugrunde – 1934).
ƒ Em 1936 a International Conference on Soil Mechanics and Foudations realizada em
Cambridge, Mass., veio corporificar todas as conquistas já realizadas, podendo ser
considerada como a “fundação oficial da moderna ciência dos solos”.
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ƒ As memórias contidas nos volumes de proceedings dessa conferência representam ainda


hoje fonte abundante de informações sobre o assunto a ponto de, na afirmação de Terzaghi,
os dois volumes de comunicações conterem mais informações positivas do que tudo o mais
publicado em 50 anos, antes de 1918.
ƒ A Conferência de Purdue em 1940 veio abordar novos aspectos do problema, em particular
o ensino e a importância da mecânica dos solos nas escolas de Engenharia.
ƒ As quatro conferências do Texas (1940, 41, 42, 43) e os diferentes “symposia” que a
American Society of Civil Engineers tem instituído, construíram também contribuição
importantíssima para o desenvolvimento promissor da Mecânica dos Solos.

Prof. Karl Terzaghi (1925): Incompatibilidade da aplicação aos solos de leis teóricas de
uso corrente para representar materiais bem definidos como o concreto e o aço. Não era
suficiente determinar em laboratório, parâmetros de resistência e deformabilidade em amostras
de solo e aplicá-los a modelos teóricos adequados ao aço e ao concreto.

Fundador da Mecânica dos Solos. Promoveu o conhecimento do comportamento dos solos.


Solo constituído de um sistema trifásico (sólidos+água+ar);

Água nos vazios

Água nos vazios

S= Partículas sólidas
Karl Terzaghi (minerais)
1883-1963
A=Ar ocluso nos vazios
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1.3 A MECÂNICA DOS SOLOS NO BRASIL

A Mecânica dos Solos antes do século XVIII:


Antiguidade (mais de 1000 anos a.C.): Sucessão de experimentos sem caráter científico
verdadeiro → sucessos e insucessos.

Época Colonial
Período Pós-independência (século XIX / início do século XX)

Inúmeras obras geotécnicas usando tecnologia e técnicas ainda incipientes (época “Pré-
Terzaghiana”)
Metade do século XIX → Eng. André Rebouças e Eng. Francisco Bicalho → Precursores da
Mecânica dos Solos no Brasil

ABMS = Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (fundada em


1950): www.abms.com.br.
A ABMS foi fundada no dia 21 de julho de 1950, sob a designação de Associação Brasileira de
Mecânica dos Solos. Com a ampliação das suas atividades técnicas e científicas, o nome foi mudado em
1996 para Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica, sendo mantidos a
sigla (ABMS) e o logotipo.
Desde a sua criação, a ABMS vem contribuindo para o desenvolvimento da Geotecnia no Brasil
e garantindo presença internacional permanente como uma sociedade-membro da International Society
for Soil Mechanics and Geotechnical Engineering (ISSMGE); da International Society for Rock Mechanics
(ISRM) e da International Tunneling Association (ITA).

Início Geotecnia no Milton Vargas, Francisco Pacheco Silva, José


Brasil (Odair Grillo e Machado, Victor de Mello, Mario Brandi,
Fundação Mario Brandi) Dirceu Velloso, Costa Nunes, Willy Lacerda,
da Mec. ABMS Fernando Barata, Etc.

1925 1938 1950


Ciência ainda em desenvolvimento! (pouco mais de 90 anos de vida!)
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EX-PRESIDENTES DA ABMS:

Presidente de Honra: Odair Grillo (1966)


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HISTÓRIA DA MECÂNICA DOS SOLOS NO BRASIL


(Ref.: Ferraz Nápoles A.D. (1970) “Historia da Mecânica dos Solos no Brasil”. IV Congresso Brasileiro de
Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações, Vol. II Tomo I, pp. 169-215, Guanabara, 1970)
O texto apresentado a seguir é um resumo escrito pelo prof. Carlos de Sousa Pinto para o
Núcleo Regional de São Paulo em 2006 e extraído do site do Prof. Massao Futai (In:
http://www.futai.com.br/page14.php). O texto original do qual o prof. Carlos Pinto se baseou foi: ¨História
da Mecânica dos Solos no Brasil¨, escrita pelo Eng. A.D. Ferraz Nápoles Neto, sócio emérito e ex-
presidente da ABMS. O trabalho original encontra-se nos Anais do IV Congresso Brasileiro de Mecânica
dos Solos e Engenharia de Fundações, Vol. II Tomo I, pp. 169-215, Guanabara, 1970.

O INÍCIO (MEADOS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX:


No Brasil, nas grandes obras portuárias e ferroviárias, especialmente túneis, na segunda metade
do século XIX e início do século XX, e o início da era dos arranha-céus, na década de 1920, em São
Paulo e no Rio de Janeiro, o tratamento de problemas de solos e rochas era totalmente baseado na
experiência transmitida.
Nos problemas de fundações, o procedimento tradicional consistia em eleger-se uma "taxa de
trabalho" para o terreno existente, a partir de informações de obras anteriores. Quando a fundação direta
não era possível, ou nos casos de dúvida, recorria-se a estacas, cujas capacidades eram estimadas por
meio de fórmulas dinâmicas.
O reconhecimento do terreno era feito ou diretamente, por meio de escavações, trincheiras e
poços, em geral de profundidade limitada, ou por meio de sondas elementares, como a agulha ou "barra-
mina" e o trado, também alcançando pequenas profundidades. Sondagens mais profundas, em obras
muito importantes, eram sondagens geológicas e não geotécnicas, por equipamentos que os
construtores chamavam de “sondagem de mineiro”.
O empirismo dominante se revelava até na terminologia dos terrenos, onde nomes como
saibros, piçarra, taguá, tabatinga, moledo, etc., faziam parte do vocabulário do construtor.

As obras geotécnicas mais importantes no período foram:


ƒ Fundações de obras marítimas e de pontes com caixões cravados sob ar comprimido, em
obras portuárias no Rio de Janeiro, que, embora maiores e mais complexos, precederam os
tubulões pneumáticos.
ƒ Perfurações em rocha e alteração de rocha, por Paulo de Frontin, na duplicação de linha da
E. F. Central do Brasil, onde, em 1913 e 1914, 2 km de túnel foram abertos em 17 meses ao
lado da linha anterior, cuja construção consumira 7 anos (1858-1875).
ƒ A construção da ferrovia Mairinque-Santos (1927-1937) com uma impressionante seqüência
de 31 túneis e 31 pontes e viadutos, permitiu a descida da Serra do Mar com linha dupla de
simples aderência.
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ƒ A construção de túneis urbanos inteiramente em terra, como os túneis da avenida 9 de julho


em São Paulo (1936-38), onde foram usados, pela primeira vez no Brasil em obras deste
gênero, o ar comprimido e uma adaptação do método do escudo.
ƒ A construção de estradas e barragens de terra pela então Inspetoria Federal de Obras
Contra as Secas (IFOCS), no Nordeste. As barragens de terra compactada eram de seção
homogênea e com filtro vertical, como as que viriam a ser preconizadas por Terzaghi, anos
mais tarde, no projeto da barragem e do dique do Vigário, no Rio de Janeiro. Os filtros
verticais de areia, ligados ao filtro de pé de jusante, ficavam, todavia, por trás de um septo
ou cortina de concreto armado.

ESTUDOS PIONEIROS NO BRASIL


O primeiro trabalho publicado no Brasil sobre assuntos geotécnicos foi o do eng. Domingos
José da Silva Cunha, no 1o número da Revista Brasileira de Engenharia, em outubro de 1920 intitulado
“Experimentação dos terrenos para o estudo de fundações”. Trata da importância da experimentação, do
efeito da profundidade na capacidade de carga, da importância e do efeito da umidade, da natureza do
terreno, da forma e do tamanho da superfície de carga.
Notável contribuição à geotécnica foi dada pelo eng. Alberto Ortenblad, na sua tese de
doutorado pela Universidade de Harvard, em 1926, tendo ele frequentado o primeiro curso ministrado
por Terzaghi, no M.I.T. A tese de Ortenblad, intitulada “Mathematical Theory of the Process of
Consolidation of Mud Deposits”, representou uma importante contribuição para o desenvolvimento da
teoria do adensamento, como reconhecido por Terzaghi e Fröhlich no trabalho que corporificou a teoria
do adensamento:”Theorie der Satzung von Tonschichten”, publicado em 1936.
Já em 1925, em trabalhos publicados nas revistas O Brasil Técnico e Revista Brasileira de
Engenharia, Emídio de Morais Vieira, embora com tratamento diferente e independente do de Terzaghi,
chegou a conclusões semelhantes sobre o papel da variável tempo nos fenômenos de deformação dos
solos, tendo feito uso destes estudos no projeto de estabilidade de um aterro de acesso à nova ponte
das Laranjeiras, em Santa Catarina. Foi, segundo Felipe dos Santos Reis, a primeira obra projetada no
Brasil com apoio na Mecânica dos Solos.
Desta época são dois trabalhos publicados em forma de livros: “Sobre a Mecânica dos Solos",
tese de livre-docência da Cadeira de Materiais de Construção da Escola Politécnica do Rio de Janeiro,
por Victor Ribeiro Lauzinger, em 1930, e “Fundações comuns em concreto armado”, de Antonio Alves de
Noronha, em 1932.
Os primeiros estudos sistemáticos tiveram lugar em São Paulo, no Instituto de Pesquisas
Tecnológicas – IPT, cujos passos mais marcantes foram:
ƒ Em 1934, forma-se o IPT a partir do Laboratório de Ensaios de Materiais da Escola
Politécnica, existente desde 1899; nele se criou uma Seção de Exame de Estruturas;
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ƒ O eng. Telêmaco van Langendonck estagiou em laboratórios de Zurique e Viena, em 1935,


e, ao retornar, organizou a Seção de Estruturas e Fundações. Primeiros estudos são
publicados e passam a ser realizadas provas de carga modernas, diretas e sobre estacas;
ƒ O eng. Odair Grillo frequentou, em 1936, um curso de Mecânica dos Solos, na Universidade
de Harvard, atendendo a convite do prof. Arthur Casagrande ao IPT. Ao seu regresso é
criada a seção de Mecânica dos Solos;
ƒ Em 1937, instala-se a seção de Geologia e Petrografia, que, desde seu início, dedicou-se a
trabalhos de geologia aplicada à engenharia civil, incluindo serviços de geofísica
(levantamento do embasamento cristalino para dragagem e canalização do rio Tietê),
levantamento geológico da cidade de São Paulo, geologia aplicada ao traçado da primeira
Adutora de Ribeirão das Lages, no Rio de Janeiro. Desta seção separou-se, em 1939, a
Seção de Geologia Aplicada, com Milton Vargas e Ernesto Pichler, seção esta que,
posteriormente, se anexou à Seção de Solos e Fundações.

Paralelamente, no Rio de Janeiro, a Divisão de Geologia e Sondagens da Prefeitura do então


Distrito Federal fazia sondagens geológicas, em caráter sistemático, organizando um cadastro do
subsolo do Rio e iniciando um levantamento do subsolo do centro da cidade.
Em 1936, realiza-se o I Congresso Internacional de Mecânica dos Solos, na cidade de Boston,
cujos Proceedings continham "mais" conhecimentos de Mecânica dos Solos e suas aplicações do que
em tudo que se publicara por mais de meio século, de 1850 ao fim da "I Grande Guerra", como disse
Terzaghi na ocasião. Este fato e uma série de livros textos que se seguiram não podiam deixar de
produzir, como de fato produziram, uma marcante influência e um surto de desenvolvimento da nova
especialidade. E no Brasil houve uma resposta quase que imediata.

PRIMEIROS CURSOS DE MECÂNICA DOS SOLOS


A divulgação da nova especialidade se iniciou por meio de cursos organizados para grupos de
organizações, como os cursos para engenheiros rodoviários de estado de São Paulo, organizados pelo
IPT e o DER-SP, em 1940 e 1941. Em 1942, Milton Vargas lecionou um curso, no IPT, para engenheiros
e estagiários do Instituto. Em 1943, a companhia Estacas Franki Ltda. instituiu, no Rio e em São Paulo,
bolsas de estudos de Mecânica dos Solos, para os quais Costa Nunes organizou e dirigiu um curso da
especialidade. O curso, com aulas e trabalhos práticos despertou tanto interesse que a patrocinadora
aceitou alunos adicionais, como ouvintes.
Em 1943-44 Odair Grillo realizou no Instituto de Engenharia de São Paulo um curso de 50
preleções e aulas práticas. Para se aquilatar o interesse despertado, basta dizer que nele se
inscreveram 149 engenheiros.
O primeiro curso regular e autônomo da especialidade, fazendo parte do elenco de disciplinas
universitárias, com duração de um ano, foi iniciado na Escola Politécnica de São Paulo e foi lecionado,
deste ano até 1951, por Odair Grillo. Em seguida, a Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie
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organizou o seu, confiado a Raymundo d´Araújo Costa. Ainda em 1942, Grillo ministrou um curso de 30
aulas teóricas e mais as aulas práticas na Escola Técnica do Exército, no Rio de Janeiro, que foi
assistido, no primeiro ano, por j50 alunos civis e 15 militares.
Estes cursos pioneiros foram rapidamente seguidos de outros nas diversas universidades
nacionais, sendo comum o assunto ser tratado como parte de outras disciplinas, regidas por professores
que se interessaram pela Mecânica dos Solos. Assim era o tema tratado nas diversas escolas:
ƒ Na Escola Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro: disciplina de Materiais de Construção, com o
prof. Rufino de Almeida Pizzaro;
ƒ Na Escola de Engenharia da Universidade do Paraná: disciplina de Estabilidade das Construções,
com o prof. Samuel Chamecki;
ƒ Na Escola de Engenharia do Rio Grande do Sul: disciplina de Materiais de Construção, com o prof.
Eládio Petrucci;
ƒ Na Escola de Engenharia de Minas Gerais: disciplina de Pontes e Grandes Estrutura, com o prof.
Sílvio Barbosa;
ƒ Na Escola de Engenharia de Pernambuco: disciplina de Construções, com o prof. Pelópidas Silveira;
ƒ Na Escola Politécnica da Bahia; disciplina de Materiais de Construção, com o prof. Hernani Sávio
Sobral.

Com o tempo, a Mecânica dos Solos passou a ser disciplina independente e se tornou uma
disciplina obrigatório dos cursos de Engenharia Civil.

CONSOLIDAÇÃO DA MECÂNICA DOS SOLOS NO BRASIL

Após as intensas atividades pelos pioneiros da Mecânica dos Solos no Brasil, descritas no três
números anteriores deste Boletim, a geotecnia brasileira estava preparada para seus contactos com a
comunidade internacional. Três fatos marcam esta atuação, no período de 1947 a 1949: as visitas de
Terzaghi e de Casagrande, e a participação no II Congresso Internacional de Roterdã.

Trabalhos de Terzaghi no Brasil


Terzaghi veio ao Brasil, pela primeira vez, em abril de 1947, trazido pela Light que, na ocasião,
enfrentava série ameaça à sua usina de Cubatão pela instabilidade sob a forma de rastejo de um talude
da Serra do Mar formado por material detrítico. Terzaghi solucionou o problema através de um
engenhoso sistema de drenagem de toda a massa instável. Para chegar a esta solução estudou a
geologia de nossa cadeia sul-atlântica, suas rochas e os produtos de suas alterações, entrando em
contacto com os nossos solos residuais. Relatos deste trabalho foram apresentados à comunidade
internacional.
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Ainda no mesmo ano, em outubro, Terzaghi retornou ao Brasil. Trazido pelo IPT como consultor
para os problemas geotécnicos do metrô de São Paulo, que a Prefeitura estudava na ocasião. Deste
trabalho, baseado nos conhecimentos adquiridos pelos técnicos nacionais com os túneis da nove de
julho e Maringuinho, Terzaghi apresentou relatório recomendando ensaios e observações em um trecho
experimental. O metrô de São Paulo, entretanto, como sabemos, só foi retomado 20 anos depois.
Durante esta estadia no Brasil, Terzaghi lecionou na Escola Politécnica de São Paulo, um curso de
Geologia Aplicada, assistido por cerca de 300 pessoas, no qual tratou de assuntos especiais como
intemperismo e alteração de rochas, geologia dos escorregamentos de terra, geologia e hidráulica de
fundações permeáveis de barragens e geologia de túneis.
Terzaghi voltou a ter contacto com os solos residuais brasileiros em mais cinco viagens ao
Brasil de 1948 a 1951, todas a serviço do Grupo Light. Além de consultoria em estabilidade de encostas,
o que notabilizou o seu trabalho nesta fase foram os projetos do dique e da barragem de Vigário, que
introduziram no país as barragens de terra de secção homogênea, com filtro ou cortina vertical de areia.
No III Congresso Internacional de Zurique, em 1953, Terzaghi em três ocasiões diferentes referiu-se a
essas barragens e na sua conferência "Fifty Years of Subsoil Exploration" mencionou os processos de
campo de investigação de solos residuais usados no Brasil, citando nominalmente o IPT.
Já no II Congresso Internacional de Mecânica dos Solos, que contou com uma delegação de 11
brasileiros, que apresentaram 6 trabalhos, Terzaghi em seu discurso de abertura, referindo-se aos solos
residuais brasileiros disse que os nossos técnicos estavam em condições de pesquisar e experimentar
nas construções tal tipo de solo, em proveito da técnica universal. No discurso de encerramento,
Terzaghi voltou a referir-se aos engenheiros brasileiros dizendo que lhes cabia a grande missão de
investigar e descobrir as intrincadas propriedades dos solos residuais, que ocorriam no Brasil em escala
muito maior do que em outros países onde se praticava a Mecânica dos Solos.

Casagrande e os solos brasileiros


Os solos moles existentes no nosso País, embora não tão típicos como os solos residuais, não
deixavam de suscitar sérios problemas geotécnicos, quer no campo rodoviário, quer no das fundações.
Já em 1942, cinco grandes tanques de óleo, construídos no porto de Santos, tinham os seus recalques
observados e o estudo das fundações de um deles foi o tema do trabalho de Costa Nunes ao II
Congresso Internacional. No campo rodoviário, o DER-SP iniciou em 1942 a construção da via Anchieta
e o DNER em 1948 decidiu construir a chamada Variante Rio-Petrópolis. No Sul, os solos compressíveis
da atual BR-101 eram estudados pelo ITERS. Nestas rodovias, ocorriam problemas de projeto dos
aterros sobre solos moles, principalmente a estabilidade dos aterros de acesso a pontes e viadutos.
O IPT de São Paulo acompanhava a evolução de tais problemas na região Sudeste.
Milton Vargas, chefe da secção de Solos do IPT, apresentou, No II Simpósio de Solos do Rio de
Janeiro, "A Teoria dos Drenos Verticais de Areia", e Pacheco Silva, do IPT, que vinha fazendo estudos
geotécnicos e observações de campo em trechos experimentais na Variante Rio-Petrópolis, apresentou
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palestra sobre o assunto, que mereceu posterior trabalho publicado com medidas de recalques e sobre-
pressões hidrostáticas nas fundações de aterros, incluindo trechos com drenos verticais.
Este quadro técnico ensejou o convite a Arthur Casagrande para visitar o Brasil, onde atuou
como consulto de pesquisas do IPT e consultor do DNER e do DER-SP para os problemas apontados.
Casagrande veio em 1949, visitou várias obras, fez palestras no Rio de Janeiro e em São Paulo e fez
reuniões com especialistas para debate de temas geotécnicos. Na parte de consultoria merece registro
especial a referente às fundações da ponte do Casqueiro na Via Anchieta, tendo recomendado estacas
metálicas devido à espessa camada de argila, e a aspectos especiais sobre os aterros de acesso. Na
parte geral de pesquisas do IPT, deu orientação nas seguintes direções: 1) correlações estatísticas; 2)
estudo da variação das propriedades geotécnicas com a profundidade; 3) estudos geológicos sobre a
formação dos solos moles; 4) observação de recalques de aterros e estruturas, medidas de pressões
neutras e estudo para deslocamento, por meio de explosivos, dos terrenos moles de fundação de
aterros.
Apesar de todos esses estudos e cuidados, inclusive do DNER no obra da Variante, parece que
por ironia da sorte, cerca de um mês depois (setembro de 1949), ruiu a ponte sobre o rio Iguaçu na
Baixada Fluminense. Seu tabuleiro caiu n’água quando uma fila de tubulões de apoio foi deslocada pelo
empuxo em forma de “onda”, de cerca de 12 m de solo mole. Este rompeu sob o peso de aterro de
aproximação, por um desses desencontros, infelizmente ainda tão comuns, entre estudo e projeto de um
lado e construção de outro lado.
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1.4. ENSAIOS CORRENTES EM MECÂNICA DOS SOLOS

- Avaliação qualitativa da capacidade de carga de uma argila e do


1) Umidade e consistência
perigo eventual de ruptura e escoamento de solos.
- Estimativa da compressibilidade do terreno argiloso.
a) Umidade natural;
- Avaliação da sensibilidade do solo a influências climáticas.
Solos b) Limite de liquidez
- Inchamento e amolecimento do solo devido a variações de
coesivos c) Limite de plasticidade;
umidade. Seleção de solos para aterros rodo e ferroviários e
d) Limite de contração.
barragens de terra.
2) Densimetria dos solos - Capacidade de compactação de solos. Avaliação grosseira da
capacidade de cargas de areias.
a) Índice de vazios; - Parâmetro de cálculos de pressões das terras e seu
b) Peso específico aparente; comportamento estático.
c) Peso específico real; - Parâmetro auxiliar para várias determinações (2 a por exemplo).
3) Granulometria
- Classificação dos solos – Uniformidade, Compactabilidade –
a) peneiração (grãos)> 0,074 mm; Permeabilidade (Congelabilidade).
b) sedimentação (grãos até 0,1 µ)
- Valores aproximados dos ângulos de estabilidade, da resistência
4) Compressão em amostras não confinadas
ao cisalhamento e do módulo de elasticidade.
- Comparação com outros ensaios mais perfeitos para avaliação
do perigo de ruptura de maciços e taludes.
5) Cisalhamento direto - Determinação da resistência ao cisalhamento, do ângulo de
atrito e da coesão. Cálculo do coeficiente de segurança à ruptura
de taludes. Cálculo das pressões das terras.
- Determinação teoricamente mais perfeita dos elementos
6) Compressão tri-axial
informativos citados em 5
7) Ensaio de adensamento (compreensão confinada) - Curvas de adensamento (ou consolidação). Cálculo de
a) em amostras indeformadas; recalques. Estimativa das cargas de pre-adensamento pela
b) em amostras deformadas (amolgadas) comparação de a) com b).

8) Permeabilidade - Previsão de recalques. Rebaixamento do nível d água.


Barragens. Controle da erosão. Drenagem.

9) Ensaio de compactação - Determinação e controle da compatibilidade em aterros.


- Avaliação da capacidade de carga de fundações superficiais e
sobre estacas. Devido às restrições que se fazem sobre a
10) Prova de carga de solos
legitimidade da extrapolação dos resultados da prova de carga
a) com placas
sobre placas ou estacas isoladas para a fundação completa, estes
b) com estacas
ensaios devem ser considerados como em modelos reduzidos e
sujeitos, portanto, a análise pelas leis da semelhança física, caso
conhecidas para estes problemas.
11) Prova de cargas de solos, em modelo reduzido.
- Fornecem informações qualitativas sobre a capacidade de carga
a) em placas de pequenas dimensões;
a esperar de solos já identificados por sondagens.
b) pela cravação de hastes (auscultação)
12) Outros ensaios em modelo reduzido tais como taludes
acima e em baixo d água, modelo de estacas pranchas, - Informação qualitativa sobre o comportamento do conjunto obra-so
barragens, diques, etc.
13) Estudo de problemas de Mecânica dos Solos por meio - Informação qualitativa sobre o comportamento do conjunto obra-
de analogias físicas solo
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1.5. FINS E LIMITAÇÕES DA MECÂNICA DOS SOLOS

A Engenharia de Solos é a mais abrangente das áreas da Engenharia Civil por estar
relacionada a todas as demais áreas e exigir a integração do conhecimento sobre diferentes campos.
Para o estudante de Engenharia, acostumado a problemas perfeitamente definidos de estática e
resistência dos materiais, é em geral surpreendente (e, por vezes, decepcionante!) verificar que a análise
de problemas envolvendo solos, na qual se usa a mecânica, a matemática e programas computacionais
sofisticados, torna-se inútil se as condições de fronteira e as propriedades dos materiais não forem
adequadamente equacionadas e definidas.
Como em última análise, todas as ciências, a Mecânica dos Solos é uma das aventuras do
espírito humano em busca de leis a que sujeitar a natureza.
Uma simples reflexão sobre o assunto mostra no entanto que essa aventura não pode ser tão
bem sucedida como a da aplicação das leis da Mecânica racional e da teoria matemática da Elasticidade
aos materiais usados nas super-estruturas:ferro, concreto e madeira.
A extrema variedade, anisotropia e heterogeneidade dos solos, a complexidade dos fatores que
atuam sobre o seu comportamento, parecem afastar a possibilidade do estabelecimento de uma
previsão quantitativa, no verdadeiro sentido da palavra, dos resultados dos nossos atos quando
executamos uma obra em terra.
A Mecânica dos Solos, ao nosso ver, será sempre uma “ciência qualitativa”.
Porém como afirmou Otto Mohr, “para o engenheiro é muito mais importante estimar
corretamente do que calcular certo” (apud Pasternak – Berechnuag vielfah statisch unbestimmter
biegefester Stab und Flächentragwerke).
Dentro desse espírito, a Mecânica dos solos é inestimável porque contribui para uma melhor
compreensão da natureza dos fenômenos de que é sede do terreno de fundação ou o solo como
material de construção.
É preciso assinalar que os progressos da nova ciência dos solos dificilmente se poderão esperar
de pesquisas teóricas como as que tanto contribuiram para o desenvolvimento de outros ramos de arte
do engenheiro. Em solos, apenas a experimentação de campo e de laboratório e a observação
cuidadosa e honesta de obras construídas, poderá justificar a interpretação teórica, feitas as ressalvas
indispensáveis à polação dos resultados.

Fronteiras mal definidas (ou não perfeitamente definidas)


ƒ Qual a região de uma fundação afetada pela obra?
ƒ Existem veios ou lentes de materiais distintos no maciço da fundação não detectados na
projeção?
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Propriedades dos materiais não conhecidos e variáveis


ƒ Aço, concreto, plástico, alumínio madeira, etc. Têm suas propriedades, em geral, conhecidas
dentro de uma faixa relativamente pequena de valores. Em alguns casos podem ser
especificados para atenderem a certos requisitos.
ƒ Solos têm propriedades muito mais variáveis, são heterogêneos (propriedades variam de
ponto para ponto) e, por vezes, anisotrópicos (propriedades variam com a direção
considerada).
Por exemplo:
a) Permeabilidade varia desde 100cm/seg. (enrocamento) até10-9 cm/seg. (argilas rijas) – uma
variação equivalente a 100 bilhões de vezes !!!
b) A resistência ao cisalhamento de um granito intacto é da ordem de 1000 kgf/cm². A de uma
argila orgânica muito mole a poucos metros de profundidade, está em torno de 0,05kgf/cm², 20.000
vezes menor!!

Propriedades dependentes do nível de tensões e da história de tensões.


As características de resistência, de deformabilidade e variação volumétrica dos solos
dependem principalmente das tensões entre partículas (as quais dependem das forças de gravidade e
do carregamento externo) e não das tensões internas de coesão, como ocorre na maioria dos outros
materiais.
Portanto, quanto maiores as tensões atuais é mais elevados as tensões a que o solo foi
submetido em seu passado geológico, maior sua resistência e menor sua compressibilidade e
deformabilidade.
Por exemplo:
Uma areia fofa uniforme:na qual atua uma tensão normal de 0,1 kgf/cm². Se a tensão normal for
de 10 kgf/cm², a resistência se eleva para cerca de 5 kgf/cm², quase 100 vezes mais!

A verdade é que se possui atualmente uma capacidade de equacionar um problema de


engenharia de solos (Percolação, estabilidade, capacidade de carga, deformação de maciços) e
resolvê-lo matematicamente (com uso de métodos numéricos, inclusive, através de
computadores de grande porte), muito superior ao conhecimento que temos do real
comportamento de um solo sob as mais diversas condições de fronteira.
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1.6 PROBLEMAS DE ENGENHARIA, ESTUDADOS E RESOLVIDOS PELA MECÂNICA DOS


SOLOS

ƒ Fundações
ƒ Obras Subterrâneas
ƒ Estruturas de Contenção
ƒ Pavimentos
ƒ Escavações, Aterros e Barragens

Em Fundações: cargas de qualquer estrutura, em última instância, são descarregadas no solo.


Em Obras Subterrâneas (estruturas de drenagem, dutos, túneis) e Estruturas de Contenção
(muros de arrimo, cortinas atirantadas): todos os projetos e construções são baseados nos princípios da
Mecânica dos Solos e no conceito de “interação solo-estrutura”.
Em projetos de Pavimentos (Rígidos e Flexíveis): dependência do solo subjacente para
transmissão das cargas geradas pelo tráfego, além de problemas peculiares devido a o efeito de
carregamentos repetitivos e às expansões e contrações do solo por efeito da variação do teor de
umidade.
Em Escavações, Aterros e Barragens: necessidade de análise de estabilidade e projetos de
estruturas de contenção baseados nos conceitos da Mecânica do Solos. Conhecimento do
comportamento do solo como material de construção, especialmente na presença de água (fluxo de
água, variação do N.A.).
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Exemplos de Aplicações (Casos práticos para discussão):

Foto 01. Escavações em áreas urbanas.

Foto 02. Escavações profundas em rocha (Mecânica das Rochas).


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Foto 03. Barragem de terra e enrocamento.

Foto 04. Pequenas Centrais Hidroelétricas (PCHs).


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Foto 05. Estabilização de blocos de rocha.

Foto 06. Estabilização de Taludes Rochosos.


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Foto 07. Ruptura de taludes em solo.

Foto 08. Compactação dos solos.


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Foto 09. Projeto e Execução de Fundações Profundas.

Foto 10. Projeto e Execução de Fundações Diretas.


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Foto 11. Projeto e Execução de Escoramento para Escavações do Subsolo.

Foto 12. Projeto e Execução de Pavimentação.


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Foto 13. Interpretação de Ensaios de Campo e Laboratório em Solos.

Foto 14. Estudos de Capacidade de Carga de Solos.


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Foto 15. Obras subterrâneas.


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Foto 16. Estudos de recalques e reforço de fundações.

Foto 17. Aterros sobre solos moles.


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Foto 18. Rebaixamento do Lençol Freático.

Foto 19. Barragens de Rejeitos.


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Foto 20. Obras de Estabilização de Taludes.

Foto 21. Instrumentação Geotécnica.


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Foto 21. Pesquisas acadêmicas.

1.7 O ENGENHEIRO GEOTÉNICO

(Por Renato Faria em http://www.revistatechne.com.br/engenharia-civil/141/engenheiro-


geotecnico-119343-1.asp)
Além das funções clássicas de investigação de solos e de projetos de fundações e contenções,
campo de atuação se amplia para áreas ambiental e de exploração de petróleo
No segmento imobiliário clássico, os serviços desse profissional são solicitados principalmente
nas etapas iniciais da obra. É ele quem coordenará as atividades de investigação do solo,
terraplanagem, escavações, contenções, projeto e execução de fundações, entre outros.
Nas sondagens dos terrenos, o engenheiro geotécnico é responsável por identificar as camadas
de solo da região, determinar suas propriedades mecânicas e geotécnicas - como a resistência e a
deformabilidade -, realizar a análise qualitativa dessas informações, estudar a hidrologia subterrânea e
estabelecer as camadas seguras para apoio das fundações, entre outras atribuições. É sua
responsabilidade, também, realizar estimativas de deformações ou rupturas devido a escavações de
terra ou aterro em obras de terraplanagem.
O cálculo das fundações e contenções de uma construção, área onde solo e estrutura estão em
permanente interação, também deve ficar sob responsabilidade de um engenheiro geotécnico. Ele estará
à frente do planejamento e execução das escavações e contenções do terreno, acompanhando com
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atenção as acomodações de solos decorrentes do serviço. Esse profissional escolherá, ainda, o melhor
tipo de contenção para cada obra, além de cuidar da estabilização dos solos, no caso de terrenos
acidentados.
Nas etapas de produção e execução dos projetos de um edifício, o calculista das fundações
manterá, na maior parte do tempo, contato próximo com o arquiteto e, principalmente, com o calculista
estrutural da construção. O primeiro traça o desenho geral do edifício, o segundo projeta a estrutura e
determina as cargas atuantes nas bases dos pilares - informações necessárias para que o projetista de
fundações dimensione a base de apoio do edifício e escolha a melhor tecnologia para sua execução:
radier, sapatas, tubulões, estacas pré-moldadas e hélice contínua, entre outros. Eventuais ajustes são
tratados com o calculista estrutural, que negocia alterações no desenho com o arquiteto responsável.

CURRÍCULO:

ƒ Atribuições: investigação de solos, elaboração de projetos de fundações, contenções e


escavações, supervisão de serviços de terraplanagem, perícias técnicas;
ƒ Formação: graduação em engenharia civil e pós-graduação (especialização ou
mestrado/doutorado) com disciplinas da área geotécnica (mecânica dos solos, estabilidade das
construções, estruturas metálicas e de concreto armado);
ƒ Experiência: de dois a cinco anos trabalhando em obras/projetos;
ƒ Aptidões: afinidade com cálculos estruturais, estabilidade das estruturas, mecânica dos solos,
entre outros.

2 – ORIGEM, FORMAÇÃO E NATUREZA DOS SOLOS

2.1 INTRODUÇÃO

Do ponto de vista da Engenharia Civil, pode-se definir solo como um material presente na crosta
terrestre, apresentando-se em três fases: sólida, líquida e gasosa, que pode ser usado como material de
construção ou elemento de suporte para obras de engenharia, podendo ainda ser escavado, arrimado e
perfurado.
Solo: Material presente na crosta terrestre, apresentando-se nas 3 fases físicas:
o FASE SÓLIDA = minerais (primários e secundários)
o FASE LÍQUIDA = Água
o FASE GASOSA = Ar

Todo solo tem sua origem na decomposição e desintegração de rochas por intemperismo
químico ou físico, podendo ainda ter adição eventual de matéria orgânica.
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Os solos, em sua formação, podem permanecer ou não no seu local de origem. Sendo
classificados, em função de sua permanência ou transporte por diversos tipos de agentes, como solos
residuais ou transportados (sedimentares).

2.2 INTEMPERISMO

É o conjunto de processos que ocasiona a decomposição e a desintegração das rochas, por


ação de agentes atmosféricos e biológicos.

TIPOS DE INTEMPIRISMO:
Os processos de intemperismo são divididos são divididos em dois tipos: intemperismo químico
e intemperismo físico.
i) INTEMPERISMO QUÍMICO:
É o processo onde ocorrem modificações químicas ou mineralógicas nas rochas de origem. Seu
principal agente é a água e seus principais mecanismos são a hidrólise, hidratação, oxidação e
carbonatação, como descritos a seguir:
a) Hidrólise:
Combinação com os íons H+ e (OH)- da água, com formação de novas substâncias;
b) Hidratação:
Adição de moléculas de água aos compostos minerais, formando novos compostos;
c) Oxidação:
Processo onde os minerais se decompõem pela ação oxidante do O2 e CO2 dissolvidos na água.
d) Carbonatação:
Processo de decomposição dos minerais por ação do CO2 contido na água – juntos H2O e CO2
formam o ácido carbônico (H2CO3), que é um poderoso agente de decomposição química.

ii) INTEMPERISMO FÍSICO OU MECÂNICO:


É o processo caracterizado pelo faturamento ou desintegração das rochas por mecanismos
físicos, sem que haja alteração química ou mineralógica dos minerais de origem. O fraturamento leva ao
aumento da superfície exposta ao intemperismo, aumentando as possibilidades de reataque físico ou
químico. Seus principais mecanismos são: variação de temperatura, congelamento da água,
cristalização de sais e ação física de vegetais.
FATORES QUE INFLUEM NO INTEMPERISMO:
a) Clima:
O intemperismo físico ocorre com maior frequência que o químico nos climas áridos, enquanto o
intemperismo químico tem sua ocorrência favorecida nos climas tropicais, caracterizados pela alta
incidência de chuvas e altas temperaturas e umidade. Nos climas temperados há um equilíbrio entre a
ocorrência de intemperismo físico e químico.
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b) Topografia:
Declives acentuados sofrem maior efeito de enxurradas e ação da gravidade, aumentando o
ataque físico ou químico. Além disso, formações montanhosas podem bloquear correntes de ar,
influenciando o regime de chuvas.
c) Tipo de Rocha:
Influem na maior ou menor resistência oferecida ao intemperismo, pela existência de fraturas,
falhas, porosidade. A composição mineralógica também influência a resistência e tipo de intemperismo.
d) Vegetação:
A presença de vegetação protege as rochas subjacentes ao solo, impedindo o avanço do
intemperismo.

RESUMINDO:
O clima e o material original controlam a velocidade de intemperização.
A topografia influi no clima e também a velocidade de erosão, a profundidade de solo depositado
e o tempo disponível para a intemperização do material “in situ” antes de sua remoção. O clima
determina a quantidade de água presente, a temperatura e as características da cobertura vegetal (e,
portanto, dos fatores biológicos).
Para uma certa precipitação pluvial, o intemperismo químico avança mais rápido em climas
quentes que nos frios.
Para uma certa temperatura, havendo drenagem franca da zona intemperizada, o intemperismo
é mais rápido em clima úmido do que no seco.
A profundidade do lençol d'água influencia o intemperismo através da profundidade na qual o ar
está disponível em forma de gás ou dissolvido na água, e do tipo de atividade biológica. O NA atual pode
diferir muito do que existia ao tempo da formação do solo.
O tipo de chuva é importante. Chuva forte e curta erode e escoa. Chuva fina e duradoura
encharca e favorece a lixiviação.
Nos primeiros estágios do intemperismo e formação do solo, a natureza do material original é
muito mais importante que após longo período de intenso intemperismo. Embora até os solos mais
velhos guardem ainda algumas características da rocha matriz, o clima acaba por se tornar o fator mais
importante nos solos residuais.
Dos minerais que formam as rochas ígneas, somente o quartzo e (menos) a muscovita (mica
clara) têm durabilidade química suficiente para sobreviver a longos períodos de intemperismo.
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2.3 TIPOS DE ROCHA (RESUMO)

As rochas são classificadas tradicionalmente em três categorias por sua gênese: ígneas;
sedimentares e metamórficas. As rochas ígneas são definidas como as que são formadas por meio do
resfriamento de magmas, sendo consideradas como rochas primárias, ou seja, origem líquida. A energia
formadora das rochas ígneas de magmas é o calor interno da Terra. O resfriamento dos magmas pode
ocorrer tanto na superfície quanto no interior da Terra.
As rochas sedimentares são definidas como as que são formadas por meio da sedimentação ou
decantação de materiais na superfície da Terra. Normalmente existem rochas originais que foram
desagregadas, decompostas e transportadas, e esses materiais foram levados até o local de
sedimentação. Neste sentido, as rochas sedimentares são consideradas secundárias, origem sólida. A
energia formadora das rochas sedimentares é fundamentalmente solar e química. O local de formação é
especificamente a superfície da Terra.
As rochas metamórficas são definidas como as que se formam por meio da transformação de
rochas originais sob altas temperaturas e pressões do interior da Terra. As rochas originais podem ser
tanto ígneas, sedimentares quanto metamórficas. Neste sentido, as rochas metamórficas são
classificadas como as secundárias, também de origem sólida. A energia formadora das rochas
metamórficas é térmica e mecânica da parte interna da Terra, e o local de formação é especificamente o
interior do planeta.

Tipos de Rochas.
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2.4 SOLOS E ROCHAS NO RIO DE JANEIRO.

O conhecimento das Rochas e Solos do Rio de Janeiro tem grande importância na análise dos
processos de deslizamento de taludes. O substrato rochoso das encostas do Rio de Janeiro é formado
fundamentalmente por rochas metamórficas de alto grau, gnaisses e migmatitos e, ígneas intrusivas
graníticas que normalmente cortam as anteriores. Este contexto geológico apresenta grande
complexidade estrutural e de difícil relacionamento estratigráfico. Suas idades são Pré-Cambrianas, isto
é, superiores a 570 Ma, embora alguns granitos apresentem idades um pouco mais jovens. Todo o
conjunto é atravessado por ígneas mais recentes, na forma de diques básicos (diabásios) ou alcalinos
(tinguaítos, traquitos e fonolitos), estes associados ao grande corpo ígneo sienítico do Maciço
Mendanha-Gericinó e de idade Cretácea (65 Ma).
Os três maciços montanhosos encontrados no Município do Rio de Janeiro - Tijuca, Pedra
Branca e Gericinó-Mendanha - são constituídos por rochas gnáissicas, graníticas e alcalinas. O conjunto
gnáissico tem suas melhores exposições no Maciço da Tijuca e em áreas a ele periféricas da Planície
Litorânea e colinas relacionadas, com grande densidade populacional. Apresenta litologias
diversificadas, de composição mineralógica variável e com diferentes tipos de deformação geológica. Os
materiais de alteração e de coberturas relacionadas também apresentam expressiva variabilidade,
decorrente da estruturação geológica, do relevo e do clima.
Resumo de aspectos relevantes de natureza geológica e geotécnica referente às Rochas e
Solos no Rio de Janeiro:
¾ Litologias:
Série Inferior e Série Superior.
¾ Litotipos gnáissicos:
Leptinitos, Plagioclásio Gnaisse, Gnaisse Facoidal, Kinzigito e Biotita Gnaisse.
¾ Minerais das rochas metamórficas do Rio de Janeiro:
Quartzo, Feldspatos Micas, Granada, Sillimanita, Cordierita e Clorita.
¾ Litotipos ígneos:
Metagabro da Tijuca, Granodiorito Pedra Branca, Tonalito Grajaú, Granito Utinga e
Granito Favela, Granito Rosa, Allanita, Granito, Diabásio, Sienito Nefelínico ou Foiaito, Fonolito e
Traquito.
¾ Minerais das rochas ígneas do Rio de Janeiro
• Minerais Essenciais: (quartzo, sílica pura e os feldspatos).

• Minerais claros: (Quartzo e Feldspatos).

• Minerais escuros ou ferromagnesianos: (Olivina, Piroxênios, Anfibólios, Micas,


Biotita ou Mica Preta, Muscovita ou Mica Branca).

• Minerais Acessórios: (zircão, esfeno ou titanita, apatita, allanita, monazita,


ilmenita e magnetita, magnetita, ilmenita, pirita e calcopirita).
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• Minerais Resistatos: (quartzo, feldspato, mica, ilmenita, magnetita, monazita,


zircão e rutilo).

¾ Estruturas Geológicas
Estruturas tectônicas:
Falhas, Juntas ou Diáclases, Dobras, Foliações e lineações e Zonas de Cisalhamento.
Estruturas Atectônicas:
Juntas de Alívio ou de Descompressão e Juntas de contração de Massas Ígneas.
¾ Arcabouço Estrutural do Rio de Janeiro
Solos e Perfis de Alteração

2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS QUANTO À SUA ORIGEM

Os solos, em sua formação, podem permanecer ou não no seu local de origem, sendo
classificados em função de sua permanência ou transporte por diversos tipos de agentes, como solos
residuais ou transportados.
a) Solo Residual: É o produto do intemperismo das rochas que permanecem no local de sua
formação. O solo é a camada mais externa de um perfil de desagregação de rocha. Na realidade não
existe um limite definido entre solo e rocha, mas sim uma transição gradual onde as camadas se
apresentam em ordem crescente de destruição da estrutura rochosa, no interior para a superfície, como
mostra o perfil a seguir:
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UNIDADE 01. INTRODUÇÃO A MECÂNICA DOS SOLOS

Escavação em Solo Residual:

Perfil geotécnico típico de solo residual de Gnaise do Rio de Janeiro (Ortigão, 1997)
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UNIDADE 01. INTRODUÇÃO A MECÂNICA DOS SOLOS

Talude representativo de uma rocha metamórfica com várias fases de intemperismo


representativo de rochas metamórficas que ocorrem na região. Neste perfil, estão bem evidentes as
várias camadas de tonalidades diferentes, resultantes da decomposição dos minerais que faziam parte
da constituição mineralógica da rocha matriz. Camadas com diferentes constituições mineralógica,
geram camadas de solo residual jovem com diferentes gradientes hidráulicos. Nota- se também na parte
superior do perfil, o início da erosão por ravinamento.
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UNIDADE 01. INTRODUÇÃO A MECÂNICA DOS SOLOS

b) Solo Transportado (ou Sedimentar): aquele que sofre ação de agentes transportadores e
se acumulam em local diferente do de sua origem. São classificados conforme o tipo de agente
transportador (Tabela abaixo).
Tabela. Tipos de Solos Sedimentares:
Solo Sedimentar Agente Transportador
Eólico (ex. Dunas) Vento
Glacial Geleiras
Pluvial Água das chuvas
Fluvial (Aluvião, seixos rolados de grãos arred.) Água dos rios
Marítimo (piso marinho) Água dos mares
Aterro (mecânico/hidráulico)
Homem
“Lixúvio” (lixo lançado nas encostas)
Solo coluvionar ou colúvio (fração fina) + Tálus (fração
Gravidade
grossa; pé das escarpas rochosas) – Fig. 02

Em resumo, têm-se:

• Coluviais ou Tálus = transporte se dá pela ação da gravidade (escorregamento, erosão


superficial). Detritos se depositam ao pé de elevações e encostas. Muitas vezes, a presença de talus
pode ser identificada pelo tipo de vegetação. As bananeiras têm uma predileção especial por esses
terrenos, devido à baixa compacidade (muito fofos) e à elevada umidade.

Exemplo de Solo Coluvionar.


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UNIDADE 01. INTRODUÇÃO A MECÂNICA DOS SOLOS

A Figura acima apresenta um tipo de solo denominado coluvial ou talus, muito comum ao pé de
encostas naturais de granito e gnaisse, caso típico dos morros do Rio de Janeiro e de toda a serra do
Mar. Devido ao deslizamento e ao transporte pela água de massas de solo, um material muito fofo e em
geral contendo muitos blocos soltos é depositado próximo ao pé das encostas. Este depósito é sempre a
grande causa de acidentes durante chuvas intensas, que o saturam e elevam o nível d’água do terreno,
levando-o ao deslizamento.

Talude

Solo Coluvionar
Exemplo de Solo Coluvionar

Perfil geotécnico típico de solo coluvional ou tálus (Ortigão, 1997)


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UNIDADE 01. INTRODUÇÃO A MECÂNICA DOS SOLOS

• Aluviais (Fluviais ou Pluviais) = detritos se depositam nas margens e leitos dos rios, pela ação
de transporte dos cursos d’água.
A Deposição em rios resulta de redução da velocidade causada por:
 decréscimo da declividade
 resistência ao escoamento
 redução da vazão
 descarga em águas mais calmas (lago, mar)
As partículas sedimentam, a superfície do terreno alteia e a corrente muda de curso. Acaba por
haver um leque a partir do ponto de redução da velocidade. Em estágio posteriores o rio ocupa apenas
pequena calha inserida no leque. Ocorrendo enchentes, o rio se espalha e deposita, principalmente areia
e cascalho, nas zonas de profundidade de água menor. Formam-se diques naturais.
Em lagos e, mais comumente, em mares, ocorre a floculação da argila em ambiente distinto ao
do rio, acelerando a sedimentação.

Exemplo de Solo Aluvionar.

• Eólicos = transporte pela ação dos ventos. Ex.: Dunas das praias litorâneas e “Loess” (não
identificado no Brasil).
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Depósitos Eólios: O vento erode areia e silte em geral, carreando o material bastante acima do
terreno (principalmente silte, transportado a grandes distâncias). É o único agente que transporta colina
acima (contra a gravidade). Transporte de areia “aos saltos”, em velocidade pequena de alteração da
topografia, é a principal atividade eólica.
A deposição ocorre por redução na velocidade do vento, em geral em regiões abrigadas de
desertos. Dunas (areias) e loesses (siltes) são os principais tipos de depósitos eólios.

Exemplo de Solo Eólico.


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• Glaciais = transporte pela ação do gelo.

Exemplo de Solo Glacial.

• Sedimentos Marinhos: Em águas rasas, a deposição de ondas ocorre quando a intensidade da


turbulência diminui devido a:
ƒ período de águas calmas, ou
ƒ correntes de retorno em direção e águas relativamente mais calmas.

Tipos principais de depósitos marinhos:


ƒ areia de praia
ƒ solos finos em lagoas e zonas planas sujeitas a marés

Na plataforma continental (30% da área de terra), os depósitos são originários do continente:


areias, siltes, argilas.
Observar que durante a última glaciação terminada há 10.000/12.000 anos, o nível do mar
baixou cerca de 100m. A geologia da plataforma é semelhante à do continente, e os solos têm
propriedades comparáveis.
As águas profundas (ou abissais) correspondem a regiões com depósitos de origem terrestre e
aquática (restos de plantas, esqueletos de animais, conchas, etc.).
A Figura abaixo ilustra um perfil típico de solo sedimentar, muito comum no litoral brasileiro
devido à sedimentação do transporte fluvial no ambiente marinho das baías e restingas, como é o caso,
por exemplo, da argila do Rio de Janeiro, depositada em toda a periferia da baía de Guanabara, e das
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argilas de Santos, de Florianópolis e de São Luís. A camada superficial de argila mole é muito fraca e a
construção sobre este tipo de terreno é sempre problemática, requerendo a realização de estudos
especiais por engenheiro geotécnico experiente.

Perfil geotécnico tipico de argila mole (Ortigão, 1997)

Amostras de argilas moles orgânicas (Baroni, 2010)


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Perfil geotécnico tipico de argila mole (Ortigão, 1997)


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c) Solos Orgânicos: particularidade de solo transportado. Ocorrem principalmente, em


depressões continentais e baixadas de rios e litorâneas, pelo acúmulo de restos vegetais e animais. São
altamente compressíveis. Quando ricos em matéria orgânica vegetal e apresentam consistência fibrosa
são chamados de Turfa (cor escura, forte odor).

Exemplo de Solo Orgânico (turfa).

Observação: Erosão, transporte e Deposição


Rios, correntes marinhas, ondas, vento, gravidade, geleiras estão sempre transportando solo,
cada um causando modificações físicas marcantes no sedimento.
Partículas pequenas em fluxo laminar, têm uma velocidade de sedimentação proporcional ao
quadrado do diâmetro. Partículas grandes em escoamento turbulento, tem velocidade de sedimentação
proporcional à raiz quadrada do diâmetro.
As partículas ficam em suspensão enquanto a turbulência da corrente é maior que a velocidade
de sedimentação. As partículas maiores não ficam em suspensão, mas podem ser arrastadas pelo
agente transportador ao longo da superfície do terreno. Partículas intermediárias podem avançar aos
saltos. Materiais solúveis são carregados sem dissolução e precisam posteriormente se as condições se
alteram.
Assim, a concentração do sedimento não é constante com a profundidade da corrente. Pode ser,
aproximadamente, para as partículas pequenas, mas as grandes se acumulam próximo ao fundo.
Para a erosão, é necessário que a força de arraste do fluido exceda a resistência de origem
gravitacional, coesiva e friccional da partícula.
Para o transporte, menores velocidades médias são necessárias (embora seja de se notar que
as velocidades junto às fronteiras são inferiores às velocidades médias).
O transporte provoca separação de partículas em grupos diferentes diâmetros no sedimento: ou
em camadas (ou lentes) ou em variação longitudinal (partículas mais finas avançam mais longe do ponto
de origem). Grãos esféricos sedimentam mais rápido que os não-esféricos. Grãos mais densos também.
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Variações sazonais da velocidade da corrente podem tornar a seleção natural de diâmetros


muito complexa. O fato da calha da corrente variar também complica muito o processo de deposição. A
abrasão afeta o tamanho e a forma das partículas grandes e apenas a forma das areias e partículas
menores, (grãos de areia são arredondados e polidos pela ação da água).
Os minerais são afetados diferentemente pelo transporte. Os feldspato, por exemplo, são
decompostos quimicamente, enquanto o quartzo é muito menos afetado ( e só mecanicamente).

Efeito do Transporte no Sedimento


Água Ar Gelo Gravidade
Tamanho Redução por Redução Considerável Impacto
dissolução, considerável desgaste e impacto considerável
pequena abrasão
em suspensão;
alguma abrasão e
impacto no arraste.
Forma e Arredondamento de Alto grau de Partículas Partículas
rugosidade areia e cascalho arredondamento angulares e angulares, não-
achatadas esféricas
Textura superficial Areia: lisa, polida, Impacto produz Superfícies Superfícies
brilhante silte: efeito superfície c/ estriadas estriadas
pequena rugosidade fina

Seleção de Considerável Grande Muito pequena Nenhuma


granulometria (longitudinal)
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3 – EXERCÍCIOS

1. Cite três problemas de engenharia estudados e resolvidos pela mecânica dos solos, comentando os
campos de ação.
2. Descreva, de maneira sucinta, os processos de formação rocha-solo. Comente a possibilidade de
em um perfil de solo encontrarmos uma camada de solo residual sobrejacente a uma camada de
solo sedimentar.
3. Com relação à formação dos solos, como eles podem ser classificados. Descreva resumidamente.
4. Defina: i) Solo residual jovem; ii) Solo residual maduro; iii) Tálus;
5. Por que o solo residual possui diferentes camadas? Desenhe esquematicamente o perfil de um solo
residual.
6. Distingue intemperismo físico de químico, citando os mecanismos / agentes relacionados a estes
processos e citando as principais características dos solos formados pela predominância de um ou
outro tipo de intemperismo.
7. Fale sobre a influência do agente de transporte na formação de solos sedimentares.
8. O que você entende por minerais primários? E por minerais secundários?
9. Descreva um perfil típico de solo residual, citando as principais características de cada horizonte.
Como deve variar a resistência à compressão simples de um solo residual ao longo de seu perfil de
intemperismo? Em um determinado local você acharia possível encontrar uma camada de solo
residual sobreposta a uma camada de solo sedimentar?
10. Disserte sobre algumas propriedades de engenharia de solos residuais e sedimentares.

4 – UNIDADE I. LEITURA COMPLEMENTAR E REFERÊNCIAS


ƒ FERRAZ NÁPOLES A.D. (1970) Historia da Mecânica dos Solos no Brasil. IV Congresso
Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações, Vol. II Tomo I, pp. 169-215,
Guanabara, 1970.
ƒ SAYÃO, A. S. F. J. (Ed) “História da Engenharia Geotécnica no Brasil – 60 anos” da
Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica, 2010.
ƒ CARLOS DE SOUZA PINTO – “Curso Básico de Mecânica dos Solos” – 3a Edição, Editora
Oficina de Textos – Unidade 01;
ƒ HOMERO PINTO CAPUTO – “Mecânica dos Solos e suas Aplicações” – volumes 1 – Livros
Técnicos e Científicos Editora – Unidades 1 e 2;
ƒ Site: www.abms.com.br

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