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MORADIA E CIDADANIA

AGÊNCIA DE NEGÓCIOS FÁBRICA SOCIAL

DIAGNÓSTICO
EMPREENDIMENTOS ECONÔMICOS
SOLIDÁRIOS
SETOR DE CONFECÇÃO
BELO HORIZONTE/ MG

RELATÓRIO TÉCNICO

Convênio de Cooperação Técnica BID/FUMIM


Projeto de Estruturação da Agência de Negócios da Fábrica Social

Julho 2010

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Instituto Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Sustentabilidade
Av. Hum, 2863 – Casa Branca – 35.460-000 - Brumadinho - MG
CRÉDITOS

CRÉDITOS INSTITUCIONAIS

ONG MORADIA E CIDADANIA


Presidente
Vânia Resende Debien
Coordenadora da Agência de Negócios Fábrica Social (ANEFS)
Elizabeth Filizolla

SECRETARIA DE POLÍTICAS SOCIAIS DA PREFEITURA DE


BELO HORIZONTE
Secretário Municipal de Políticas Sociais
Jorge Raimundo Nahas
Gerente do Centro Público de Economia Solidária (CPES/PBH)
Maria Lúcia da Silva

CRÉDITOS TÉCNICOS

Proposição da metodologia, coordenação da aplicação da


metodologia e análise de resultados
Jacqueline Rutkowski (Instituto SUSTENTAR)
Equipe de trabalho
Jacqueline Rutkowski (Instituto SUSTENTAR)
Herlana Cristel (Núcleo Alternativas – Departamento de Engenharia
de Produção- Escola de Engenharia/UFMG)
Hugo Marra (Núcleo Alternativas – Departamento de Engenharia de
Produção- Escola de Engenharia/UFMG)

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SUMÁRIO

CRÉDITOS......................................................................................................... 2
LISTA DE TABELAS ......................................................................................... 4
LISTA DE GRÁFICOS ....................................................................................... 4
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... 4
SIGLAS E ACRÔNIMOS UTILIZADOS ............................................................. 5
GLOSSÁRIO...................................................................................................... 6
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 9
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..................................................... 11
2.1 FORMAÇÃO DO CADASTRO DE EES E ESCOLHA DA AMOSTRA 11
2.2 REALIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO .................................................... 15
3. RESULTADOS DO DIAGNÓSTICO REALIZADO ................................... 20
3.1 EMPREENDIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO –
CARACTERÍSTICAS GERAIS .................................................................. 21
3.2 EMPREENDIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO – PROCESSOS
DE TRABALHO E DE PRODUÇÃO ......................................................... 27
3.3 EMPREENDIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO –
PRINCIPAIS DEMANDAS......................................................................... 32
4. ENTRAVES À SUSTENTABILIDADE E PROPOSIÇÃO DE
ENCAMINHAMENTOS .................................................................................... 34
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 45
ANEXO I........................................................................................................... 48
CADASTRO EMPREENDIMENTOS ECONÔMICOS SOLIDÁRIOS DE BELO
HORIZONTE .................................................................................................... 48
CADASTRO EES BH....................................................................................... 48
ANEXO II.......................................................................................................... 49
ROTEIRO ORIENTADOR PARA ENTREVISTAS DE DIAGNÓSTICO
SITUACIONAL................................................................................................. 49

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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Empreendimentos Econômicos Solidários visitados 24
Tabela 2 Distribuição dos equipamentos disponíveis dentre os EES 26
Visitados
Tabela 3 Demanda de cursos de capacitação dos EES de confecção 33
visitados
Tabela 4 Demanda de crédito dos EES de confecção visitados 33

Tabela 5 Demanda de equipamentos dos EES de confecção 34


visitados

LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 EES de BH classificados por setor econômico 21
Gráfico 2 EES de BH classificados por forma jurídica de organização 21
Gráfico 3 EES de confecção classificados por forma jurídica de 21
organização

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Localização dos empreendimentos econômicos solidários 11


de confecção visitados
Figura 2 Representação esquemática de uma cadeia produtiva 17
Figura 3 EES de confecção classificados por forma jurídica de 21
organização
Figura 4 Cadeia produtiva das confecções 39

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SIGLAS E ACRÔNIMOS UTILIZADOS

AMAS Associação Municipal de Assistência Social

ANEFS Agência de Negócios Fábrica Social

APRECIA Associação Preparatória de Cidadãos do Amanhã

BANPOP Banco Popular

BID Banco Interamericano

BH Belo Horizonte

COMDIM Coordenadoria dos Direitos da Mulher da Prefeitura de Belo


Horizonte

CPES Centro Público de Economia Solidária

ES Economia Solidária

EES Empreendimentos da Economia Solidária

NESTH Núcleo de Estudos do Trabalho Humano

ONG Organização Não Governamental

PBH Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

SEDESE/MG Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de Minas


Gerais

SEDES/MG Secretaria de Defesa Social do Estado de Minas Gerais

SENAES Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do


Trabalho e Emprego - Governo Federal do Brasil

SIES Sistema de Informação da Economia Solidária

URBEL Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

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GLOSSÁRIO

Técnicas produtivas empregadas em confecções

Enfesto:
O enfesto é a operação de sobrepor varias folhas de tecido com medidas
determinadas respeitando suas larguras, comprimento estabelecido pelo risco
e encaixe e principalmente a capacidade de corte da maquina utilizada, não
comprometendo a qualidade da operação.

Modelagem:
A modelagem é o desenho técnico da roupa, usando as medidas em
conformidade com a estrutura do corpo humano, para se alcançar o design
desejado.

Moulage:
Trata-se de modelar diretamente no busto de costureira ou em uma pessoa
para que possa alcançar os mais diversos caimentos.

Mapa de risco:
Esta técnica trabalha de forma que possa reduzir o consumo final da peça,
obedecendo às regras que o tecido possa impor como a largura do tecido
quando este for de sentido único e risco fio do tecido, contra-fio, fio viés,
(risco diagonal obedecendo 90º entre outros.). Ou seja, trata-se da otimização
de consumo de matéria-prima possibilitada pelo encaixe dos moldes de
maneira a reduzir perdas.

Talhação (corte):
A talhação trata do corte das folhas de tecido em peças na modelagem
desejada para a costura.

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Utilização de ficha técnica de produto:
Esta técnica consiste em especificar os produtos em linha de produção quanto
ao tipo de material, quantidade a ser produzida, cores, tamanhos, tipos de
processos, data de entrega e em alguns casos o cliente.

Linha de montagem:
Na linha de montagem cada operador efetua uma parte da peça final, mediante
observação ou medida apropriada. È importante também estabelecer níveis de
produção, para que a seqüência não seja interrompida. Os tipos de
equipamentos utilizados são os que a peça exigir, por exemplo, reta ponto fixo,
ponto corrente, pespontadeira (duas agulhas) ponto zig-zag, overlock, ponto
invisível, máquina de bolso social, interlock, caseadeira, pregadeira de botões,
etc. Esta técnica é bem empregada conjuntamente com estudo de lay out
produtivo.

Estudo de lay out produtivo:


Trata-se de estudar os fluxos de produção das peças e organizar os postos de
trabalho de maneira e diminuir a circulação desnecessária de pessoas e
produtos.

Células de fabricação:
Em alguns casos a utilização de células de fabricação ajuda a melhorar a
produtividade das organizações, elas podem ser resultado do estudo de lay out
produtivo. Trata-se organizar o maquinário e as pessoas de forma que se criem
pequenos fluxos responsáveis ou por uma parte do processo produtivo ou por
todo ele.

Revisão:
Nesta etapa os produtos recém chegados da costura passam por uma rigorosa
inspeção que irá avaliar as medidas (se a peça está alinhada na sua estrutura),
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se há desvios na costura ou se esta está repuxada. As peças que não passam
pela revisão retornam para o setor de fabricação para sofrerem os ajustes
necessários e as peças aprovadas são encaminhadas para o acabamento.

Acabamento (arremate):
Nesta etapa os produtos são arrematados, ou seja, todas as linhas e fios de
tecido excedentes são retirados e as peças ficam empilhadas aguardando
serem passadas.

Embalagem:
As peças recebem etiquetas com a marca do fabricante e por fim embaladas
em sacos plásticos ou outras embalagens, e após este processo estarão
prontas para ir à expedição onde serão encaminhadas para os compradores,
lojas da marca, ou outros veículos de vendas.

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1. INTRODUÇÃO
A ONG Moradia e Cidadania no cumprimento de sua missão de “promover a
cidadania para a população socialmente excluída, por meio da educação e da
geração de trabalho e renda, e do apoio a ações de combate à fome e à
miséria", firmou parceria com a Sistemática Fábrica Social, apoiada pela
Superintendência Regional Centro de Minas da Caixa Econômica Federal,
visando promover a geração de trabalho e renda para segmentos socialmente
e economicamente excluídos do mercado formal de trabalho, por meio da
articulação de parcerias técnicas, institucionais e comercias, para o
escoamento da produção dos grupos produtivos vinculados à economia
solidária.

Nessa perspectiva, considerando a problemática dos empreendimentos que se


estruturam por meio da economia solidária, principalmente os relacionados ao
capital de giro, acesso ao crédito e produção de qualidade que possa concorrer
com os preços estabelecidos pelo mercado formal, a ONG Moradia e Cidadania
elaborou e teve o projeto da Agência de Negócios da Fábrica Social – ANEFS
aprovado pelo Programa de Inclusão Empreendedora do Banco Interamericano
de Desenvolvimento – BID.

Para viabilizar a implementação do projeto, a ONG Moradia e Cidadania


contratou, por meio de processo licitatório, o Instituto Interdisciplinar de
Estudos e Pesquisas em Sustentabilidade – Instituto SUSTENTAR para
realização de diagnóstico e levantamento de informações em grupos produtivos
vinculados ao comércio justo situados em Belo Horizonte, Minas Gerais,
visando identificar fragilidades e potenciais para ampliação e aprimoramento de
seus negócios.

Foram selecionados, dentre os empreendimentos econômicos solidários de


Belo Horizonte, 20 (vinte) empreendimentos do setor econômico de
confecções, os quais foram visitados e diagnosticados, a fim de avaliar as suas

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condições de sustentabilidade, e permitir embasar discussão e decisões sobre
medidas a serem implementadas para garantir esta sustentabilidade.

Trabalhou-se com a visão de que a Economia Solidária (ES) deve ser vista
como uma economia alternativa à economia capitalista, e é formada por
empreendimentos econômicos de múltiplos objetivos, que conformam novas
formas sociais de produção baseadas em valores diferenciados e objetivos
outros que não somente a acumulação de capital. Por isso, nestes
empreendimentos, o objetivo econômico, em geral, é um meio mais do que um
fim.

A Economia Solidária é a designação atual que se tornou comum dar ao


associativismo econômico entre os trabalhadores, o qual vem de longa data e
que se materializa num conjunto heterogêneo de experiências, constituindo-se
em uma outra economia, antagônica não ao capitalismo, mas ao caráter e ao
lugar histórico subalternos que a economia capitalista reserva a quem vive do
trabalho. É uma outra maneira de se realizar a economia, uma economia
alternativa, construída em outras bases e, portanto, diferente da economia
capitalista, mas não necessariamente trazendo em seu bojo uma posição de
combate a esta.

A Economia Solidária é uma evidência de que a economia deve ser tratada


como um processo social (POLANYI,1988), que nem sempre é constituído de
ações economicistas (POLANYI et al,1971). Ou seja, é necessário se ter uma
visão substantiva da economia para que se percebam outras maneiras de se
produzir, de se consumir, de se comercializar, que existem para além daquelas
que enxergamos através do olhar formal da economia, o qual mostra o
mercado no centro de tudo, a partir de onde as ações se emanam e para onde
todos os resultados se convergem.

Ao invés de se constituir um setor à parte, a ES tem uma vocação para interagir


com as formas econômicas dominantes – o Mercado e o Estado, criando
arranjos particulares para princípios econômicos diversos, que se tornam,

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assim, capazes de subordinar a lógica mercantil a outros imperativos da ação
organizacional, tais como um projeto associativo.

Mas, isso não se dá sem dificuldades, já que existe uma visão hegemônica que
privilegia o mercado capitalista e a racionalidade que o acompanha. Desse
modo, compreender a ES como uma alternativa de geração de trabalho e
renda, exige um olhar ampliado da economia, para além de sua redução ao
mercado como faz a teoria econômica neoclássica. Exige enxergar que há
diversas maneiras de se realizar a economia, ou seja, há que se admitir uma
pluralidade de princípios de comportamento econômico, o que permite não só
ultrapassar a idéia da economia de mercado como fonte única de riqueza, mas
também reconhecer a existência de uma economia não mercantil e não
monetária como complementares a esta, criando e consumindo riqueza.

Ou seja, a ES pode ser entendida como uma economia específica de setores


populares, que sempre existiu e que aos olhos da teoria econômica
neoclássica foi menosprezada e relegada a uma posição de projetos vistos
como assistencialistas e limitados. Reconhecê-la obriga a uma renovação
metodológica da compreensão de um desenvolvimento local já existente e da
necessidade de desenvolvimento de tecnologias sociais que possam fomentá-
la.

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1 FORMAÇÃO DO CADASTRO DE EES E ESCOLHA DA AMOSTRA

A primeira etapa do trabalho consistiu em definir a amostra a ser estudada,


dentre os empreendimentos econômicos solidários existentes em Belo
Horizonte. A partir de informações disponíveis em instituições públicas de
apoio e fomento à Economia Solidária tais como o Centro Público de Economia
Solidária de Belo Horizonte, e a Secretaria de Desenvolvimento Social do
Governo do Estado de Minas Gerais e outras instituições, como as incubadoras

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universitárias de cooperativas populares, criou-se um banco de dados dos
empreendimentos econômicos solidários de Belo Horizonte/MG .

As seguintes instituições foram contactadas para formação do cadastro estão


listadas abaixo, onde se marca em negrito aquelas que colaboraram com o
envio de dados:

1. Centro Público de Economia Solidária da Prefeitura de Belo


Horizonte;
2. AMAS/PBH;
3. URBEL/PBH;
4. Gerência de Proteção Social da Secretaria Municipal de Políticas
Sociais;
5. Secretaria de Desenvolvimento Social do Governo do Estado de
Minas Gerais;
6. Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado de
Minas Gerais;
7. Secretaria Nacional de Economia Solidária – Sistema de Informação
(SIES/ Senaes);
8. NESTH / UFMG;
9. Pólos Cidadania/ UFMG;
10. Instituto Yara Tupynambá;
11. Centro Cape/ Mãos de Minas;
12. Rede de Empreendimentos Econômicos Solidários do setor de
cosmésticos;
13. Rede de Empreendimentos Econômicos Solidários do setor de
alimentação;
14. Rede de Empreendimentos Econômicos Solidários do setor de
confecções;
15. Rede de Empreendimentos Econômicos Solidários do setor de
artesanato;

A partir dessas fontes formou-se um cadastro de EES de BH, com 280


empreendimentos, no qual constam as seguintes informações (vide ANEXO
I):
• nome do empreendimento,
• endereço, telefone e email de contato,
• número de associados,
• forma jurídica de organização,
• número do CNPJ, e,
• setor econômico de atuação.

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Formado o cadastro de EES de BH, os critérios para a escolha da amostra
pesquisada foram definidos em discussão com a equipe da ANEFS e do CPES.
Inicialmente, a ANEFS demandou que se centrasse a pesquisa nos
empreendimentos que tivessem como atividade econômica a confecção. Foi,
então, criado um cadastro somente com os 147 empreendimentos do setor de
confecção (Vide Planilha 2, ANEXO I).

O primeiro passo para definição da amostra foi a realização de contatos


telefônicos com os empreendimentos do setor de confecções cadastrados para
confirmar os dados existentes. Do total de 147 EES de confecção, não foi
possível contactar 65 empreendimentos, porque o telefone havia mudado, ou
porque não foi possível completar a ligação depois de várias tentativas. Outros
22 (vinte e dois) informaram ter encerrado ou modificado suas atividades e
constatou-se que outros cinco constavam mais de uma vez no cadastro com
nomes diferentes. Assim, restaram 55 (cinqüenta e cinco) empreendimentos
para que se retirasse uma amostra de vinte. Ainda verificou-se que nove
destes EES funcionavam em cidades da Região Metropolitana de BH.

Inicialmente foram contactados os empreendimentos que possuíam CNPJ, por


este fato sugerir um certo grau de organização, o que facilitaria a continuidade
do trabalho a ser desenvolvido pela ANEFS. Posteriormente, o foco foi visitar
empreendimentos de variadas formas jurídicas e diversos tamanhos,
preferencialmente dentre aqueles que declaravam nos cadastros acessados
produzir peças de confecção, e que declaravam, no contato telefônico, possuir
máquina de costura industrial, já que em muitos deles há uma mescla de
confecção e artesanato. Desta maneira, chegou-se a amostra de
empreendimentos visitados.

Todos os empreendimentos visitados situam-se na cidade de Belo Horizonte,


por definição da ANEFS. Entretanto um EES localizado em Ribeirão das Neves
foi incluído dentre a amostra por interesse expresso da ANEFS, devido ao fato
de possuir maquinário industrial e trabalhar com facção. Outros grupos com
características semelhantes deixaram de ser visitados, mas podem ser
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localizados no cadastro. A localização dos empreendimentos visitados está
demonstrada na figura 1.

Figura 1 – Localização dos empreendimentos econômicos solidários de confecção visitados

Vale registrar, ainda, que foi localizado um grupo registrado nos cadastros
como Coopernossa - Cooperativa de Produção Nossa Costura (Rua Santa
Inês,30,São Marcos-BH, telefones: 3296-5621/3296-6583), o qual possui
registro, CNPJ e cerca de 30 máquinas de costura, todas em desuso, uma vez
que a cooperativa encontra-se desarticulada e, portanto, sem qualquer
produção. A cooperativa não foi visitada, por não estar em produção, mas no
contato telefônico foi informado o interesse em se rearticular um grupo de
cooperados, caso haja demanda de serviços.

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2.2 REALIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO

As técnicas convencionais de elaboração de diagnósticos em


empreendimentos econômicos geralmente se baseiam na aplicação de
questionários estruturados, em que se buscam informações financeiras, de
custos, sobre o uso de tecnologias e organização do processo produtivo,
dentre outros, com posterior análise estatística dos dados. Entretanto, a
convicção de que os empreendimentos econômicos solidários se constituem
em uma nova forma social de produção leva-nos a uma visão crítica destas
técnicas de investigação e da sua capacidade de diagnosticar, com a
profundidade requerida, os entraves à sustentabilidade destes
empreendimentos.

Deste modo, de forma a evitar a unilateralidade destas técnicas, que se


baseiam no conhecimento teórico como fonte principal de análise e
compreensão da realidade, e considerando a importância dos sujeitos nos
processos de produção e de trabalho nos empreendimentos autogestionários,
coletamos os dados para a formação do diagnóstico por meio de técnicas
participativas, numa abordagem vinculada à metodologia da pesquisa-ação
(THIOLLENT, 1997).

Além de incorporar o saber prático, cotejando-o com o conhecimento técnico, o


que permite compreender a situação estudada considerando a visão coletiva
dos atores nela implicados, este método de trabalho facilita, também, a
posterior participação destes atores na construção de soluções para os
problemas identificados.

Entende-se por técnicas participativas uma série de abordagens e ferramentas


utilizadas para a obtenção de informações gerais e para a reflexão sobre as
condições econômicas, ambientais e sociais de atividades desempenhadas por
determinados grupos e comunidades. Tais técnicas têm sido utilizadas em
diagnósticos sócio-ambientais associados à elaboração de planos de manejo
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de unidades de conservação (parques, reservas e outros) e a processos de
licenciamento ambiental (DRUMOND, 2002) e também em experiências de
desenvolvimento local (BROSE, 2001). Vêm, também, gradativamente sendo
utilizados na assessoria (RUTKOWSKI, 2008) e na assistência técnica a
empreendimentos econômicos solidários (IICA, 2009).

Aprendizagem constante, a junção dos conhecimentos dos especialistas e dos


não especialistas e a adaptação das diversas ferramentas utilizadas às
características da população impactada formam o alicerce destes métodos.
Eles fundamentam-se em procedimentos de análise, diagnóstico e resolução
de problemas (ações de planejamento e tomada de decisão) nos quais se dá a
participação de todos os membros da comunidade em estudo. Para isso é
necessário criar condições que possibilitem forte interação entre os facilitadores
(pesquisadores) e os usuários/ demais atores. Possuem assim, um lado
instrumental, de sistematização e procedimentos, e um lado ético, de
emancipação e autonomia dos participantes, devendo ser escolhidos métodos
instrumentais apropriados a cada situação em estudo. Tais métodos evoluem
no decorrer da aplicação e suas combinações no campo podendo surgir
adaptações mais eficazes, de acordo com cada realidade (RUTKOWSKI et al,
2002; RUTKOWSKI, 2008, DRUMOND, 2009; DIONNE, 2007).

Para o diagnóstico realizado, inicialmente planejou-se empregar as técnicas de


Entrevista Coletiva Semi-estruturada, Observação Participante, Análise das
Rotinas Diárias e Análise Ergonômica do Trabalho. As duas primeiras técnicas
serviram para sistematizar informações referentes à gestão do
empreendimento, considerando os aspectos econômicos, financeiros e de
financiamento, contábeis, de planejamento, de informação, de gestão de
pessoas - incluindo os sociais referentes à questões de saúde e educação do
associados e, referentes à logística - acesso a mercados/distribuição e ao
respeito às legislações ambientais e de segurança e saúde do trabalhador.

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As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com as diretorias de cada
um dos empreendimentos, tendo como base um roteiro orientador (vide
ANEXO III).

A técnica permitiu o levantamento de informações e a compreensão da


situação dos grupos produtivos tendo-se como referência os elos de uma
cadeia produtiva - insumos/ recursos naturais, produção/ beneficiamento,
comercialização, distribuição e consumo final (vide figura 2), de modo a se
observar, em cada um desses elos, as condições, necessidades e resultados
advindos dos sistemas de gestão existentes, das tecnologias empregadas, dos
investimentos em recursos financeiros ou de conhecimento disponibilizados e
da organização social prevalecente no próprio empreendimento ou em redes
nas quais ele se articula.

Figura 2 : Representação esquemática de uma cadeia produtiva

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Esse tipo de roteiro e análise tem sido utilizado na assessoria e assistência
técnica a projetos de desenvolvimento local sustentável, tendo sido usado, por
exemplo, na consultoria realizada pelo IICA/OEA – Instituto Interamericano de
Cooperação para a Agricultura, órgão da Organização dos Estados
Americanos, da qual fizemos parte, para a Diretoria de Menor Renda do Banco
do Brasil, junto a micro empreendimentos coletivos, urbanos e rurais, apoiados
pela estratégia negocial de Desenvolvimento Regional Sustentável do Banco
do Brasil, durante o ano de 2008 e 2009.

A Análise das Rotinas Diárias e Ergonômica do Trabalho forneceram


informações mais detalhadas dos processos de produção e trabalho nos
empreendimentos, permitindo identificar-se gargalos técnicos e/ou de
processos que podem impedir uma maior produtividade e qualidade na
produção.

A técnica da Rotina Diária ou análise do uso de uma jornada (DRUMOND,


2002:54), é utilizada, geralmente, para esclarecer como se realizam as
atividades de um dia no empreendimento, as dificuldades relacionadas com
cada uma delas, a diferença entre as rotinas entre homens e mulheres, entre
postos de trabalho, a disponibilidade de tempo para realização de outras
atividades, etc. A técnica permite não só o relato e o diagnóstico de
determinada situação, mas possibilita também a reflexão sobre o que poderia
ser melhorado. Permite, também, clarear as atividades realizadas por cada
associado demonstrando as facetas múltiplas das atividades desenvolvidas por
alguns deles que exercem funções operacionais, administrativas e gerenciais.

Geralmente, aplica-se a técnica primeiro individualmente por meio de entrevista


semiestruturada com alguns cooperados e depois, em oficinas com a
participação de todos os associados de cada um dos empreendimentos, a fim
de permitir a reflexão coletiva e a interação entre eles e suas diversas visões.
Entretanto, em função da exigüidade de tempo para realização do diagnóstico
e do número mínimo de empreendimentos a serem estudados, essa etapa não
foi realizada, devendo constituir a etapa inicial do planejamento de ações e
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melhorias para consolidação da sustentabilidade de cada um dos
empreendimentos, que, sugere-se, dê seguimento ao trabalho iniciado por este
diagnóstico.

Os processos de trabalho e produção foram avaliados e registrados também


por meio da Análise Ergonômica do Trabalho (LIMA, s.d.) realizado em cada
empreendimento. Sempre que possível, observou-se e registrou-se em
fotografia os meios e condições de execução do trabalho, ou seja, espaço de
trabalho; meios materiais e objetos de trabalho e condições do ambiente físico.
Investigou-se, também, tempos, horários, duração do trabalho e, quando
possível, ritmo e organização do trabalho, requisitos de segurança , de
qualidade e de quantidade de produção, bem como observou-se as principais
características do conjunto de trabalhadores tais como faixa de idade, gênero,
estado de saúde, nível de escolaridade, experiência, motivação, interesses,
etc., completando, assim, a análise das atividades realizadas em cada um dos
EES estudados.

Entretanto, não foi possível realizar a AET da maioria dos postos de trabalho,
na maioria dos EES visitados, porque grande parte deles não se encontrava
em processo de produção normal, seja por falta de encomendas/ produtos a
serem fabricados ou pelo período em que foi possível realizar a visita, que
coincidiu com férias escolares, com diminuição dos ritmos de trabalho nos
grupos. Isso porque como os empreendimentos são formados por mulheres em
sua maioria, as férias escolares obrigam as trabalhadoras a estar mais em casa
para se ocupar dos filhos.

Pela mesma razão, nem sempre foi possível organizar os resultados relativos
ao processo produtivo em forma de fluxograma dos processos de produção,
para que, no processo de planejamento posterior, possam ser discutidos em
oficinas com a participação de todos os associados de cada um dos
empreendimentos, possibilitando, além da auto-confrontação de cada
trabalhador com os dados, uma construção coletiva da descrição dos
processos de trabalho e produção dos EES, como também dos problemas e
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das necessidades de mudanças nesses processos, a partir da experiência e da
visão coletiva e de cada um.

As informações levantadas durante o processo de diagnóstico foram


sistematizadas em relatórios com informações a respeito das condições de
funcionamento e de sustentabilidade de cada um dos empreendimentos
econômicos solidários, de modo a embasar discussão e decisões sobre
medidas a serem implementadas para garantir esta sustentabilidade (vide
APÊNDICE).

3. RESULTADOS DO DIAGNÓSTICO REALIZADO

Do total de empreendimentos econômicos solidários de Belo Horizonte


cadastrados, 147 (52%) eram do setor de confecção, 89 (32%) do setor de
artesanato, 16 (6%) do setor de alimentos, 13 do setor de reciclagem (4%) e 15
(5%) distribuídos entre outros setores econômicos, tais como arte, embalagens,
cosméticos, beleza, móveis e saúde. Dentre os empreendimentos, somente 9
(nove) declaravam ter CNPJ.

Quanto à forma de organização jurídica, apenas 4% dos empreendimentos


declara se organizar em forma de cooperativa, 21% de associações e a grande
maioria se constitui em grupos informais, conforme demonstrado no gráfico 2,
onde a opção “outros” aglutina um empreendimento que se organiza como
empresa autogestionária, outro que se identifica como uma Organização Não
Governamental e um que se denomina como grupo de trabalho. A média de
associados é cerca de cinco associados por empreendimento.

A distribuição dos empreendimentos em setores econômicos está representada


no gráfico 1, e o gráfico 2 apresenta a distribuição em termos de forma de
organização jurídica.

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Atividades dos Empreendimentos

Alimentos
Artesanato
Confecção
Reciclagem
Outros

Gráfico 1 – EES de BH classificados


por setor econômico
Tipos de Empreendimentos

Associação
Cooperativa
Grupo Informal
Outros

Gráfico 2 – EES de BH classificados por tipo de forma jurídica

3.1 EMPREENDIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO –


CARACTERÍSTICAS GERAIS

Em relação aos EES de confecção de BH, a distribuição em termos de formas


de organização jurídica é a demonstrada no gráfico 3 (os números no gráfico
representam o número de EES em cada uma das formas jurídicas):

3
33

Associação
Cooperativa
7 Grupo informal
Outros

104

21
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Dentre os EES visitados, os quais se encontram listados na tabela 1 abaixo,
existem dois que se organizam em forma de cooperativa, mas, nenhum deles
tem efetivamente vinte cooperados atuantes, como exige a legislação brasileira
de cooperativismo. Três estão registrados como associação, mas não possuem
ainda CNPJ. A grande maioria não tem qualquer registro, se estruturando como
grupos familiares, onde membros de uma mesma família se unem para realizar
a produção, ou grupos informais, caso em que os membros se unem por laços
de amizade, ou simplesmente, por necessidade de geração de renda, a
amizade sendo constituída posteriormente, como conseqüência. Alguns grupos
informais (marcados com * asterisco na tabela 1) afirmaram estar em processo
de legalização e registro, a maioria, na forma jurídica de associação.

Um dos empreendimentos visitados se identifica como micro-empresa


autogestionária, com os sócios atuando também diretamente na produção, e
outros cinco pessoas trabalhando informalmente, mas todas com ganhos
distribuídos de forma eqüitativa. Outro empreendimento visitado se declara
como micro-empresa, e funciona como tal, com os três sócios sendo
remunerados igualmente e os demais trabalhadores recebendo por produção,
com diferença de valoração do trabalho realizado por cada um deles.

Os vinte empreendimentos visitados aglutinam 125 (cento e vinte e cinco)


pessoas, com os grupos variando entre 3 (três) e 12 (doze) associados, a
média de associados se aproximando de seis (5,95). Mas a maioria está mais
próxima do limite inferior. Há 9 (nove) empreendimentos com até 5 (cinco)
associados, 10 (dez) empreendimentos entre 6 (seis) e 9 (nove) associados e
apenas 1 (um) que declara ter 12 (doze) associados, mas admite que nem
todos estão hoje disponíveis para a produção na Cooperativa.

Dentre os associados, apenas 8 (oito) são homens, e mesmo assim somente


três deles atuam na produção, os demais exercem funções mais ligadas às
vendas. A maioria dos associados são senhoras casadas com idade acima de

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40 anos, que necessitam complementar a renda familiar. Na Courosin e na
Confecção e Silk encontram-se trabalhadores mais jovens, alguns arrimos de
família.

Não se registram problemas trabalhistas em nenhum dos grupos. Nenhum


deles também jamais recebeu fiscalização de órgãos trabalhistas ou da
Prefeitura. Em poucos deles há ocorrência de doenças associadas ao
trabalho: dores na coluna devido à posição de costura e assentos
inadequados (que é uma realidade de todos eles), e muitos casos de alergia
causada por tecidos. Para a maioria dos associados os empreendimentos são
fonte de saúde, tendo havido muitos relatos de que pessoas se curaram de
distúrbios físicos e psicológicos a partir de sua integração aos grupos.

Em relação à renda auferida, a média de renda dos associados é de 0,57


salários mínimos, ou seja, cerca de R$ 290,00. Em cinco empreendimentos
não foi possível se auferir a renda e um deles ainda não gera renda, pois os
associados estão em processo de treinamento para a produção, não havendo
ainda produção de mercadorias. Na maioria dos casos as associadas
complementam renda com o trabalho nos grupos já que sendo casadas, a
responsabilidade de manutenção da família é do marido. Entretanto, esta
complementação é necessária em função da pequena renda familiar.

Apesar de os grupos serem formados por pessoas de baixa renda, moradores


de regiões pobres da cidade, e alguns terem sido organizados por ação do
poder público municipal e estadual, a maioria não é assistida formalmente
pelos programas públicos de inclusão e assistência social, o que pode
denotar uma certa falta de diálogo entre as políticas públicas de apoio ao
cidadão.

Em relação à infra-estrutura de funcionamento, a grande maioria dos


empreendimentos funciona em locais improvisados: cômodos de residências,
barracões, garagens e sótãos improvisados nas próprias moradias. Por isso,
mesmo, em sua maioria, os locais são inadequados, com pouca iluminação, e
pouco espaço para organização das máquinas, matérias primas, materiais em
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processo, mercadorias e trabalhadores. Isso gera tempos mortos na produção
e maior fadiga nos trabalhadores, afetando, certamente a produtividade.
Somente um dos empreendimentos teve seu layout planejado, e o espaço
destinado ao seu funcionamento foi reformado para abrigá-lo, levando em
consideração o maquinário e as condições adequadas de trabalho (Associação
Confecção e Silk).
EES Endereço Telefone Sócios For. Jurídica Renda Produtos
Av.Ximango, 809, Parque das 3383-4811/
1. Coonarte 12 Cooperativa
Águas - Barreiro 8817-2597 NI artesanato e facção
Micro-empresa
2. Courosin R. das Águas, 48, Petrópolis 3331-5519 8 1,0 SM bolsas, facção
autogestionária
3. Associação R. Padre Tiago Leijen, 150 , São 0,125
3564-0713 8 Associação bolsas, facção
Confecção e Silk José SM
4. Associação de Ação Rua Sacramento,Beco D.
3264-3718 5 Associação
Social Viva a Vida Clara,205,Serra 0,5 SM bolsas artesanais
5. Grupo Meninas do 3281-8515/ bordados e utilidades
Rua Bela Vista, 56 A - Serra 9 Grupo Informal* 0,5 SM
Cafezal 3283-9051 de casa

Rua do Desengano, 25, Bairro


6. Laços de Costura 3223-3462 6 Grupo Informal* 0,0 SM grupo em formação,
Sion-Vila Acaba Mundo
s/ produção
3493-5038/
7. Flores ao Sol Rua São Teófilo, 131 A - Paulo VI 8 Grupo Informal*
8562-6707 NI utilidades de casa
Rua São Geraldo, 245, Bairro Micro-empresa
8. Grupo União 3389-4508 3
Cabana autogestionária NI moda feminina
Rua Dr. Brochado,1500,Vera 0,25 camisetas e
9. Manuarte 3483-5301 8 Associação
Cruz SM artesanato
Rua Aquidabam, em frente
10.Grupo São Bento ao numero 280, Padre 2526-0472 3 Grupo Familiar 0,5 SM
Eustáquio moda feminina
Rua Vicente Solares, 230,Nova 8817-8937 0,125
11. Degraus da Arte 7 Grupo Informal*
Gameleira-BH /3372-3888 SM moda feminina
Rua Manoela Araujo
12. Colchas D'antiga Capanema, 116, Vale do 3385-8501 5 Grupo Informal 1,0 SM
Jatobá colchas
Rua Sebastião Pereira de
13. Grupo Familiar da
Oliveira, 65, Vila Santa Rita, Vale 3387-3607 4 Grupo Familiar facção e peças
Fátima
do Jatobá NI íntimas
14. Grupo Familiar da Rua Emanuela Araujo
3385-8501 3 Grupo Familiar 1,0 SM
Tita Capanema, 10, Vale do Jatobá facção
Rua Flor de Seda, n 25 - 0,25
15. Entrelaços 8345-7328 5 Grupo Informal*
Rosaneves- Ribeirão das Neves SM
moda e facção
Rua Paço da Liberdade, 02, bordados e utilidades
16. Ponto Mágico 3435-6440 6 Grupo Informal*
Conjunto Paulo IV NI de casa
17. Parcerias Rua Timbó, 442, Coqueiros 3317-4894 4 Grupo Informal 1,0 SM moda feminina
Rua Epaminondas Otoni, 120, 3386-3256
18. Arte na Pele 5 Grupo Informal 0,5 SM
Vista Alegre /9232-4622 moda feminina
3277-5086/ 0,125
19. Ateliê da Serra R. São Vicente 145, Vila Fátima 6 Cooperativa utilidades de casa
3283-7998 SM
20. Grupo da Mª Da
R. Patrocinio,307, Carlos Prates 3047-6638 4 Grupo Informal 1,0 SM
Glória artesanato e facção

Tabela 1 – Empreendimentos Econômicos Solidários visitados

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Em relação aos equipamentos para a produção, somam-se 64 máquinas
industriais de costura reta (MICR) disponíveis, distribuídas em 18 (dezoito) dos
20 (vinte) empreendimentos. Mas somente quatro empreendimentos têm mais
de cinco máquinas deste tipo: COONARTE (8 MICR), COUROSIN (10 MICR),
Confecção e Silk (15 MICR), e Ateliê Arte da Serra (8 MICR). O
empreendimento Colchas D’Antiga tem 4 máquinas industrial de costura reta e
os demais empreendimentos variam entre duas e uma máquina deste tipo.

O parque industrial composto pelos 20 (vinte) empreendimentos soma, ainda,


24 (vinte e quatro) máquinas de overlock, 11 (onze) galoneiras, 13 (treze)
mesas de corte, 8 (oito) máquinas industriais de corte, 5 (cinco) interlock , 9
(nove) ferros de passar industrial e 4(quatro) máquinas de zig zague industrial.
Além desses, os empreendimentos contam com 17(dezessete) máquinas de
costura domésticas, 8 (oito) manequins, 3 (três) máquinas de tecer, 2(duas)
máquinas de pregar botão, 2(duas) máquinas de botão de pressão, 1 (uma)
máquina de kilt.

A distribuição dos equipamentos nos empreendimentos está apresentada na


Tabela 2. A maioria destes equipamentos encontra-se em excelente estado de
conservação, embora nem sempre as instalações elétricas que utilizam sejam
as adequadas. Outros equipamentos da indústria de confecção tais como
máquina de casear, máquina de ponto cadeia e pespontadeira não foram
encontrados nos EES visitados.

Quanto a equipamentos de escritório, todos os empreendimentos possuem


telefone para contato, mas somente 6(seis) deles possuem computador. Porém
no momento da visita, nenhum dos empreendimentos tinha acesso à internet,
seja por falta de pagamento do serviço, seja por falta de provedor ou, ainda,
porque o computador estava estragado. A maioria dos empreendimentos
também não demanda esse serviço, muito poucos citaram a internet como
fonte de informação para a definição de seus produtos, ou como canal de

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comercialização, constituindo-se, portanto, ferramenta estratégica de trabalho.
Estes, inclusive, recorrem a lan houses quando necessitam deste acesso.

EES/ 1 2 3 4 5 6 7 8* 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Tot.
Equipamentos
Máquina industrial 6 10 15 1 2 1 2 NI 1 1 2 4 2 2 2 2 2 1 8
costura reta
64
Overlock 3 1 1 1 1 1 NI 1 1 1 2 2 1 2 1 1 3 1
24
Interlock 1 2 NI 1 1
5
Mesa de corte 1 1 1 1 1 NI 1 1 1 1 1 1 1 1
13
Máquina de corte 1 2 NI 1 1 1 1 1
industrial
8
Ferro de passar 1 NI 1 1 1 1 2 1 1
industrial
9
Galoneira 2 1 1 NI 1 1 1 1 1 1 1
11
Zig Zag industrial 2 NI 1 1
4
Máquina de Kilt 1 NI
1
Pespontadeira NI
0
Máquina de tecer NI 3
3
Máquina de pregar NI 1 1
botão
2
Máquina de casear NI
0
Máquina ponto NI
cadeia
0
Máquina de 2 6 3 NI 1 1 1 3
costura doméstica
17
Máquina de botão NI 1 1
de pressão
2
Balcão para 1 NI
acabamento
1
Prancha de passar 1 NI 1 1 1 1 1
6
Manequim 3 NI 4 1
8
Computador 2 1 1 1 NI 1 1
7
Telefone 1 1 1 1 1 1 1 NI 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
19
Tabela 2 – Distribuição dos equipamentos disponíveis dentre os EES Visitados (os números na
primeira linha referem-se aos empreendimentos, conforme tabela 1)
* Pelas razões expostas no relatório individual de visita não se levantaram informações mais detalhadas
sobre o Grupo União.

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Por serem em sua maioria não formalizados, os empreendimentos não
passaram por qualquer processo de licenciamento ambiental. Entretanto,
suas operações não podem ser consideradas poluentes ou de risco. A maioria
dos resíduos que geram são reutilizados na produção de artesanato nos
próprios empreendimentos, ou em outros empreendimentos solidários que os
recebem em doação. O restante dos resíduos gerados são descartados no
sistema de coleta de resíduos sólidos da cidade de Belo Horizonte, sendo
devidamente destinados a aterros sanitários.

3.2 EMPREENDIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO –


PROCESSOS DE TRABALHO E DE PRODUÇÃO

Pode-se observar a existência de três postos de trabalho básicos em todos


os empreendimentos : modelagem e corte, costura e acabamento. Na maioria
dos empreendimentos o posto de trabalho de modelagem e corte é o único
para o qual existe um trabalhador específico previamente alocado, ou seja,
responsável pela execução do trabalho de corte e modelagem na execução de
todos os pedidos e demandas, independente de quantidade, modelo de
produto, época, etc.. Nos demais postos de trabalho, o mais comum é que
todos os associados ocupem os postos de costura e de acabamento, em
função da demanda e da necessidade do momento da produção.

Isso se justifica pelo fato de o trabalho de corte e modelagem ser mais


complexo e exigir expertises específicas que nem todos os associados têm ou
conseguem desenvolver, mesmo após treinamento. Além disso, o posto é de
muita responsabilidade, pois erros neste posto de trabalho significam prejuízos
certos. Já as habilidades e competências para os postos de trabalho de costura
e de acabamento são mais fáceis de serem aprendidas, e, também, são
conhecimentos mais comuns entre mulheres, que formam a maioria absoluta
dos associados.

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Em 11 (onze) dos empreendimentos as associadas passaram por capacitação
em corte e costura, mas em apenas 3 (três) deles há pessoas que foram
capacitadas por meio de curso específico de modelagem, apesar de 7 (sete)
dos grupos produzirem artigos de moda feminina. Entretanto, esse fato
também explica porque a maioria dos grupos atua em trabalhos de facção (7
grupos) e/ou fabricando utilidades domésticas (5 grupos), ou ainda peças de
artesanato tais como tapetes, bolsas e camisetas artesanais (mais 3 grupos).

Com exceção da COONARTE e do Grupo Laços de Costura, em todos os


grupos há alocação prévia de tarefas por trabalhador, ou seja, diariamente
ou semanalmente os grupos definem quem realizará qual tarefa de produção,
mas, na maioria deles não há um registro se estas tarefas foram realmente
realizadas e com que qualidade. Há somente um acompanhamento informal da
produção individual.

Somente nos grupos Meninas do Cafezal, União e Maria da Glória há


valoração diferenciada das tarefas. Na maioria dos empreendimentos, a
remuneração é calculada tendo por base as horas trabalhadas,
independentemente das tarefas exercidas durante a jornada de trabalho. Em
outros empreendimentos o cálculo baseia-se no número de peças produzidas,
sem considerar a complexidade das peças, ou da atividade exercida. Em
outros, a divisão é igualitária, independentemente da produção ou dos dias
trabalhados. Em todos os casos o valor da hora trabalhada é o mesmo para
todos.

Em dois empreendimentos há pagamento por horas extras, ou seja, pagamento


para trabalho realizado fora do horário comum de expediente. Na maioria deles
este controle nem é feito, já que o que vale é o compromisso de todos de
entregar determinada encomenda em determinado prazo. Além disso, também,
somente em dois grupos há estabelecimento de metas individuais de
produtividade e análise de desempenho individual. Em 11 (onze)
empreendimentos não há registro e controle de ponto, ou seja, da presença
cotidiana no local de trabalho. Muitas vezes, a própria pessoa comunica suas
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faltas na hora de divisão da remuneração. Essa forma de remunerar
diferenciada do mercado de trabalho é uma das características marcantes de
empreendimentos solidários, que o diferem dos demais.

Em relação aos processos de produção1, quase não se observam o uso das


técnicas mais freqüentes de produção, utilizadas no setor de confecção para
maior qualidade e produtividade. Em nenhum dos empreendimentos utilizam-se
as técnicas de organização da produção em células de fabricação e linhas de
montagem, ou estuda-se o layout produtivo e, também não se utilizam fichas
técnicas dos produtos a serem fabricados.

No processo de corte, muitos empreendimentos utilizam de mapa de risco


(doze empreendimentos), mas somente alguns poucos conhecem e utilizam as
técnicas de enfesto (cinco grupos), as quais permitem otimizar o processo de
corte e o uso da matéria prima. No processo de acabamento, todos aqueles
que têm produção própria de peças de confecção utilizam as técnicas de
revisão e acabamento. Mas poucos realizam o processo de embalagem.
Entretanto, esse processo não é necessário na maioria dos casos uma vez que
a comercialização dessas peças se dá, sobretudo em feiras, onde os produtos
à venda ficam expostos em araras.

As compras dos insumos de produção são definidas em função da


proximidade do fornecedor e da forma de pagamento oferecida, embora a
qualidade da matéria prima seja também um critério de escolha de
fornecedores, em alguns casos. Não se utilizam critérios de compra em escala
para redução de custos, pois a maioria absoluta dos empreendimentos não
consegue formar capital de giro suficiente para arcar com o custo da compra de
grandes lotes de matéria prima, diretamente em fornecedores industriais.
Falta-lhes, também, conhecimento em relação aos fornecedores e
reconhecimento enquanto empreendimentos econômicos, bases de uma
relação comercial mais vantajosa. Somente um empreendimento consegue ter
contato e negociar com fornecedores de tecidos em São Paulo.

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No tocante aos processos de gestão, em todos os empreendimentos a
decisão do que produzir é tomada em conjunto com os produtores, embora, na
maioria dos casos uma ou duas associadas sejam responsáveis pelos contatos
mais externos ao grupo, como participação em reuniões para discussão de
espaço em feiras, vendas, compras de matéria prima, etc. Embora essas
pessoas acabem exercendo papéis de coordenação do grupo, atuam também
na produção e compartilham todas as decisões a serem tomadas.

A maioria dos empreendimentos conhece métodos de precificação, já tendo


realizado cursos de capacitação e utilizam os conhecimentos para estimar os
custos de produção e definir os preços de venda, sempre tendo como
referência final o preço de venda de seus concorrentes. Nenhum deles utiliza
os métodos aprendidos na íntegra realizando cálculos e registrando custos de
produção, de comercialização, impostos, taxas públicas, etc. Em alguns
empreendimentos foram realizados cursos de vendas, mas na maioria deles os
vendedores são pessoas que já tinham esta habilidade.

Associados de um grupo de empreendimentos que foi incubado e recebeu


assistência técnica da ONG APRECIA participaram de cursos de capacitação
em Análise de Empreendimentos, Planos de Negócios e Elaboração de Plano
de Ação, cujos conteúdos são utilizados na gestão dos empreendimentos. É
visível a diferença destes empreendimentos em relação aos demais no que
tange à organização do negócio, planejamento e autonomia na gestão, embora
isso nem sempre se reflita na remuneração alcançada por eles.

A comercialização dos produtos é, sem dúvida, o maior entrave à


sustentabilidade dos empreendimentos. Sete deles - Confecção e Silk,
Coonarte, Ponto Mágico, Viva a Vida, Ateliê da Serra, Meninas do Cafezal e
Entrelaços- não têm hoje, nenhum local para escoamento de sua produção e
têm sobrevivido de encomendas e de vendas junto à própria comunidade. A
grande maioria tem somente a feira da Av. Bernardo Monteiro como ponto de
vendas. Três expõem também na feira da Av. Silva Lobo, e um expõe na feira

1
Para os termos técnicos aqui descritos ver a seção Glossário, deste relatório.
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da Av. Afonso Pena, locais em que a participação depende de licitação e
significa o pagamento de aluguel pela barraca.

As duas microempresas apresentam situação um pouco diferente. O grupo


União é o único que consegue ter acesso ao comércio formal, expondo seus
produtos em stands da rede FeiraShop em BH. A Courosin tem como principais
clientes instituições que participam dos Fóruns de Economia Solidária, e que
lhe encomenda, com freqüência, bolsas para eventos. Além disso, fabrica
calçados e bolsas da moda que são vendidas na comunidade, por vendedores
ambulantes. Ás vezes realiza serviços de facção.

Os grupos familiares Tita e Fátima trabalham com facção e a Entrelaços, a


COONARTE e a Confecção e Silk têm também realizado trabalhos de facção já
que a maioria de seus membros depende da remuneração obtida junto ao
grupo para sobreviver, e como relatado, não têm no momento local para
escoamento de sua produção.

Outro problema relacionado à comercialização é a inexistência de meios de


transporte próprio. A maioria dos empreendimentos transporta suas
mercadorias em grandes sacolas e viajam de ônibus urbanos até os locais de
vendas. Outros pagam por carretos em táxis e kombis. Além disso, alguns
grupos tentam obter acesso a máquinas de cartão de crédito, o que facilitaria
realizar vendas, inclusive para clientes maiores, mas somente dois
empreendimentos já conseguiram obter a maquina ambos junto a Caixa
Econômica Federal.

No momento de realização das visitas de diagnóstico, somente três grupos


recebiam assistência técnica e/ ou assessoria para a gestão e produção de
forma contínua, mas em dois deles essa assistência tem prazo determinado
para acabar, nos próximos meses. Praticamente todos que têm produção
própria demandam a assessoria em design para que possam diversificar a
produção, acompanhando as tendências da moda ou para que possa criar
novos produtos, abrindo novos mercados.

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Em relação ao crédito dois grupos já tiveram acesso a crédito (cerca de R$
5.000,00 por empréstimo), tomados junto ao extinto BanPop, os quais foram
utilizados para compra de equipamentos. Muitos, apesar de necessitarem de
capital de giro e recursos para investimento em infra-estrutura e equipamentos
evitam acessar os canais formais de crédito, por temerem não conseguir arcar
com a dívida. Nenhum empreendimento recebeu doação substancial em
dinheiro, alguns receberam doações de equipamentos e cessão de uso em
espaços, e outros em forma de outros materiais tais como etiquetas, cartões de
visita e matérias primas.

3.3 EMPREENDIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO –


PRINCIPAIS DEMANDAS

Em todos os empreendimentos foram investigadas as melhorias necessárias,


do ponto de vista dos associados, para aumento da produtividade e da
qualidade da produção. Este levantamento resultou em demandas relacionadas
à melhoria dos espaços de funcionamento, aquisição de novos equipamentos,
cursos de capacitação, crédito e acesso a mercados.

Listam-se a seguir as demandas relativas a cursos de capacitação,


equipamentos e crédito. Informações mais detalhadas e contextualizadas sobre
essas demandas poderão ser obtidas nos relatórios de visita de cada
empreendimento, que se encontram no Apêndice. A discussão sobre as
possibilidades de acesso a mercados será apresentada na próxima seção,
onde se discutem propostas para ampliação da sustentabilidade dos
empreendimentos econômicos solidários do setor de confecção.

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Cursos demandados Empreendimentos demandantes
Corte e costura Coonarte, Confecção e Silk, Meninas do Cafezal, Grupo
da Fátima, Grupo da Tita, Courosin, Manuarte

Manutenção de máquinas de Coonarte, Colchas D’Antiga


costura
Gestão e Organização de EES Coonarte, Meninas do Cafezal
Bordado Meninas do Cafezal, Grupo São Bento
Vendas/ comercialização Flores ao Sol, Laços de Costura, Degraus da Arte, Grupo
da Fátima
Modelagem Industrial Colchas D’Antiga, Arte na Pele, Ateliê da Serra, Grupo
São Bento
Elaboração de Plano de Ação no Entrelaços
Computador
Gestão Financeira/ Plano de Manuarte
Negócios
Elaboração de Fechamento de Ponto Mágico
Caixa no Computador
Design de moda/ utilidades Coonarte, Parcerias, Manuarte, Laços de Costura, Viva a
domésticas Vida, Degraus da Arte, Grupo São Bento
Informática Degraus da Arte, Viva a Vida
Acabamento Viva a Vida
Tabela 3 – Demanda de cursos de capacitação dos EES de confecção visitados

Embora ainda haja demanda de cursos de corte e costura, principalmente para


aprimoramento dos atuais associados e para ampliação do quadro de
associados, a lista de cursos demandados reflete necessidades específicas,
que podem ser consideradas mais avançadas, e que normalmente não fazem
parte do portfólio de treinamentos oferecidos a empreendimentos econômicos
solidários.

Empreendimento Equipamento/ Crédito Valor


Courosin Atender a Plano de Negócios R$ 65.000,00
para expansão
Manuarte Capital de giro R$ 10.000,00
Viva a Vida Ampliação do espaço de Sem valor definido
funcionamento e aquisição de
notebook para controle e
registros de produção e site
Arte na Pele Aquisição de máquina de Sem valor definido
costura reta, ferro industrial,
novo disco de corte e reforma
do espaço de funcionamento,
Grupo Fátima Máquina de passar elástico, R$ 5.500,00
máquina de passar viés
Coonarte Capital de giro Sem valor definido
Tabela 4 – Demanda de crédito dos EES de confecção visitados

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Equipamentos demandados Empreendimentos demandantes
Acesso a internet Ponto Mágico
Pespontadeira Entrelaços, Confecção e Silk, Coonarte
Caseadeira Coonarte
Máquina de virar gola Coonarte
Máquina de bater botão Coonarte
Máquina de bordar Coonarte
Máquina de passar elástico Grupo Fátima
Máquina de passar viés Grupo Fátima
Máquina de costura reta Arte na Pele
Ferro industrial Arte na Pele
Disco de corte Arte na Pele
Tabela 5 – Demanda de equipamentos dos EES de confecção visitados

Os grupos, em geral, têm boa infra-estrutura em termos de equipamentos, pelo


menos para atender à atual demanda de produção. Talvez por isso, as
demandas em termos de equipamentos são modestas.

Da mesma maneira são modestas as necessidades de crédito. Embora a


maioria dos grupos tenha deficiência em relação à capacidade de formar
capital de giro, poucos deles pensam em aportar esses recursos por meio de
crédito. Isso porque, como explicitado antes, não se sentem aptos a acessar o
sistema de crédito convencional e temem os encargos financeiros deste
sistema.

4. ENTRAVES À SUSTENTABILIDADE E PROPOSIÇÃO


DE ENCAMINHAMENTOS

Quando se observa de perto os grupos produtivos de confecção de Belo


Horizonte, percebe-se que, realidade freqüente na Economia Solidária (ES), a
renda gerada pelos empreendimentos é pequena, o que impossibilita
investimentos que possam melhorar a produção – tais como a compra ou
manutenção de equipamentos, formação de capital de giro, com também,
atender a outras necessidades dos associados, como contribuir para a

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previdência social ou constituir fundos de saúde e de educação, o que alimenta
o círculo vicioso de dificuldades que vivem esses empreendimentos.

Esses fatores, além de impedir a ampliação do número de associados, o que


proporcionaria aumentar a capacidade de produção e de inclusão social,
acabam por contribuir para fomentar uma alta rotatividade entre os
beneficiários e mantêm a dependência a agentes externos. Abalam, também a
crença quanto à capacidade da proposta de atender aos objetivos de geração
de trabalho e renda, devido à associação entre incapacidade de gestão
autônoma, produtividade reduzida e sustentabilidade precarizada.

As dificuldades de sustentabilidade de empreendimentos econômicos solidários


advêm de causas de naturezas diversas, conforme numerosos estudos
demonstram (RUTKOWSKI, 2008; GAIGER, 2004; VIEITEZ & DAL RI, 2001;
MAGALHÃES & TODESCHINI, 2000; SOUZA, 2003; NUNES, 2004;
CARVALHO & PIRES, 2004; VALLE, 2002; VIEIRA, 2005; NAKANO, 2003).
Não se pode atribuir esta situação precária apenas à falta de competência
administrativa desses “empreendedores”, apesar de esta ser a explicação mais
comumente encontrada para o problema.

Definimos a sustentabilidade de um empreendimento econômico solidário


como a sua competência de ser perene ao longo do tempo mantendo a
capacidade de atingir seus objetivos. A sustentabilidade dos EES tem relação
direta com os processos de trabalho e produção que estes conseguem
implementar. Mas, é claro, estes não são os únicos fatores a impactar tal
sustentabilidade. A sobrevivência de qualquer empreendimento, produtivo ou
não, com ou sem fins lucrativos, depende diretamente do ambiente em que se
insere, o qual é dinâmico, e da maior ou menor facilidade com que estes
empreendimentos se adaptam aos contextos em que convivem. Depende
também, e cada vez mais, das relações de enredamento que consegue criar e
manter com diversos atores, parceiros e outros.

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No campo que denominaremos de macro-fatores da sustentabilidade, ou seja,
relacionado ao ambiente de atuação – setor econômico, região geográfica, etc.
- encontram-se uma grande quantidade de demandas tais como o provimento
de infra-estrutura, qualificação de mão de obra, disponibilização de recursos
financeiros, e outras, exigidas continuamente pelas empresas ao Estado para
criar um ambiente que lhes seja favorável na economia capitalista. Tais macro-
fatores permeiam os debates sobre economia e estratégias de
desenvolvimento onde se ressaltam as “externalidades” do sistema.

Ao que se refere aos empreendimentos econômicos solidários, seja pelo


caráter “alternativo” da ES, seja por uma questão de imaturidade da proposta
enquanto política pública, há ainda muito a ser feito neste campo. Tal
discussão permeia a maioria dos documentos e eventos que refletem sobre a
economia solidária no Brasil, e um papel importante na busca de soluções para
o problema tem sido desempenhado pela Secretaria Nacional de Economia
Solidária do Ministério do Trabalho e do Emprego - SENAES/MTE e pelo
Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), ao articular políticas públicas
de fomento tais como a incubação de empreendimentos e a oferta de micro-
crédito. Outras demandas comumente colocadas pelo movimento e
empreendimentos da economia solidária aos diversos níveis governamentais
abrangem a doação ou cessão de uso de infra-estrutura, tais como imóveis e
bens de capital, a garantia de acesso a capitais de giro a baixo custo, apoio
técnico e outras ações de fomento, como compras governamentais dirigidas.

No nível intermediário ou dos meso-fatores a influenciar a sustentabilidade de


EES, encontram-se as estratégias de relacionamento entre atores, voltadas à
criação de estruturas ou práticas, que permitam a cada ator individualmente,
obter vantagem por meio da associação a outros atores com objetivos comuns,
mesmo que pontuais ou momentâneos. Tal exercício de constituição de redes
é também cada vez mais freqüente entre empresas tradicionais. Um dos
benefícios percebidos com a estratégia é a possibilidade de se atingir escalas
de produção que facilitem a obtenção de vantagens nas negociações junto ao
mercado comprador e/ou fornecedor de matéria prima.
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Outra dessas estratégias, também incorporada pela economia solidária no
campo teórico e pouco concretizada na prática, propõe a agregação de valor
aos produtos e serviços oferecidos, por meio da ampliação da atuação em
níveis superiores da cadeia produtiva, aumentando o mix de produtos e
adotando estratégias de inovação. Neste caso a cooperação em rede permite a
necessária incorporação de mais tecnologia, seja pela ampliação das
condições de acesso a financiamento, conhecimento, etc, ou pela possibilidade
de divisão do trabalho entre os diversos atores da cadeia, promovendo a
integração da cadeia de suprimentos2.

Além destes, existem fatores internos, os chamados fatores micro, relacionados


aos processos de trabalho e produção que os empreendimentos conseguem
implementar internamente e que interferem em sua produtividade. Por força
das diferenças entre EES e empresas convencionais, esses processos devem
se basear em uma organização do trabalho e de produção capaz de sustentar
a autogestão e uma eficiência sistêmica, que considera a pluralidade de
objetivos que estes empreendimentos almejam alcançar. Para os EES visitados
estes objetivos englobam sociabilidade, fortalecimento de auto-estima,
reconhecimento social, como também, trabalho e renda.

Várias questões advêm da compreensão destes fatores. O primeiro deles é que


ao nível das externalidades, ou dos macro fatores, há muito a ser criado e
implementado com vistas à sustentabilidade dos EES de confecção de BH.
Percebem-se ações no que tange à formação de mão de obra e, em alguns
empreendimentos, em relação ao oferecimento de infra-estrutura, em forma de
cessão de uso de imóveis e bens de capital, mas são evidentes as dificuldades
dos empreendimentos ao acesso a capital de giro, incentivos fiscais e
assistência técnica.

2
A Rede CATAUNIDOS constituída por associações de catadores de materiais recicláveis de Minas Gerais, que se juntaram para
construir uma fábrica de pelletização de plásticos, é um exemplo de rede constituída para ampliação do acesso a tecnologia permitindo
uma atuação em patamares superiores da cadeia de valor e a rede Justa Trama, onde produtores de algodão e de produtos de algodão
(tecidos, camisas,etc) formaram uma cadeia solidária é um exemplo onde predomina a integração na cadeia de suprimentos, com as
vantagens obtidas sendo distribuídas aos diversos elos da cadeia.
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Assim como existem políticas públicas, nas três esferas de governo, que
incentivam a economia tradicional, é necessário se criar e implementar políticas
que garantam efetivamente condições adequadas de acesso à crédito e outros
mecanismos de financiamento, construídas em arcabouços legais cabíveis a
estes empreendimentos, com a instituição de mecanismos de aval solidário, e
de patamares reduzidos de remuneração do capital. O que sugere a
necessidade de ampliação de instituições de crédito solidárias e de micro
crédito, em que o sistema de aval se dê por meio de outras garantias que não
bens móveis e imóveis (garantias solidárias, do tipo empregadas no Banco
Palmas ou Grameen e que eram utilizadas pelo BanPop), ampliando-se
também os valores limites para o micro crédito.

Da mesma maneira, é possível estabelecer-se novos arcabouços que permitam


aos EES, por exemplo, acesso ao mercado oferecido pelas compras públicas,
aos moldes do que foi estabelecido em relação às compras de merenda
escolar junto a produtores da agricultura familiar, ou acesso ao mercado de
exportação com regras simplificadas.

Ou seja, há que se criar governanças específicas para esta economia


alternativa, de modo a que ela possa, paulatinamente, se firmar e crescer, ao
lado da economia clássica.

Também no nível intermediário, ou dos meso-fatores, percebem-se


fragilidades e oportunidades que poderiam fortalecer a capacidade de
sustentabilidade dos empreendimentos estudados, tanto a montante quanto à
jusante do elo da cadeia produtiva de confecções em que os EES estudados se
inserem.

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Fonte : IPT, 1992

Figura 4: Cadeia produtiva das confecções

Observando-se a figura 3, percebe-se que, à montante, os EES de confecção


poderiam se beneficiar com compras de matéria prima em escala, diretamente
na indústria. Porém, isso implicaria em mapear esses fabricantes e abrir canais
de contato qualificados, estabelecendo-se regras de comercialização mais
favoráveis. O mesmo poderia ser tentado junto aos fornecedores de bens de
capital, proporcionando a esses empreendimentos acesso à inovação
tecnológica, ou pelo menos, a manutenção de um parque industrial não
defasado.

À jusante, melhores condições de comercialização poderiam ser construídas.


Aqui várias possibilidades se apresentam. É possível, por exemplo, se
estabelecer contratos com redes varejistas para absorção dos produtos
artesanais hoje fabricados, a escala de demanda sendo atendida por meio da
soma da produção de vários empreendimentos. Esse seria o caso dos produtos
de utilidade doméstica e de cama, mesa e banho, que poderiam atender a uma
demanda crescente por produtos artesanais sócio-ambientalmente certificados
nestas redes de varejo.

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Outra possibilidade, seria a associação de alguns empreendimentos a
produtores de roupas em massa, para prestação de serviços de facção, em
bases justas. Neste caso, cabe ao articulador a capacidade de fortalecer o elo
mais fraco desta corrente, em troca da garantia de qualidade do trabalho,
regularidade de entrega e escala de produção oferecida pelos grupos
produtivos mobilizados.

Uma terceira maneira, dentre outras que ainda poderiam ser criadas, seria a
criação de canais próprios de comercialização, lojas em locais onde os
produtos dos EES pudessem ser acessados por públicos de poder aquisitivo
adequado à faixa de preços dos produtos, tais como em aeroportos e
shoppings especializados em produtos para casa, que receberiam incentivos
fiscais para abrigar lojas deste tipo, ou simplesmente poderia aderir à idéia,
como ação de responsabilidade sócio ambiental empresarial. A experiência
positiva relatada da loja criada pela ONG APRECIA para os grupos que
apoiava, reforça a possibilidade de sucesso desta alternativa.

Porém, construir essas alternativas requer garantir assistência técnica de vários


níveis, oferecida em métodos, freqüência, temas e custos apropriados para as
necessidades destes empreendimentos, assim como o sistema “S” oferece
para os respectivos setores econômicos que fomenta. Requer também
mobilizar os empreendimentos para que possam se organizar em redes de
cooperação, o que demanda tempo e esforço de articulação.

Outra questão a ser equacionada em relação à comercialização relaciona-se à


logística de transporte mercadorias produzidas e de matérias primas, problema
comum a todos os empreendimentos.

Além disso, há que se debater e criar alternativas para o problema da


formalização dos empreendimentos, já que apenas quatro deles são
efetivamente formalizados, e mesmo aqueles que estão em processo de
formalização, não possuem CNPJ, nem possibilidade de emissão de Notas
Fiscais. Embora isso muitas vezes impeça relacionamentos com grandes

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clientes e fornecedores, há que se avaliar melhor se a alternativa adequada
será prover a formalização dos grupos individualmente. Pois os custos deste
processo e de manutenção da legalização podem inviabilizar a sustentabilidade
dos empreendimentos no curto e médio prazo. Uma possibilidade seria a
ANEFS oferecer este serviço aos empreendimentos, em bases a serem
avaliadas e discutidas em conjunto com estes, pois, ao que parece tal atividade
seria compatível com a missão da Agência. Outra possibilidade seria a
constituição de uma cooperativa de segundo grau que aglutinasse os grupos.
Entretanto essa solução demanda mais tempo, pois a constituição de
cooperativas sustentáveis requer processos, na maioria das vezes, longos de
mobilização e maturação da proposta.

Por último, mas não menos importante, ao nível dos micro-fatores, internos
aos empreendimentos, a produtividade, e, portanto, as condições de
sustentabilidade podem ser ampliadas melhorando-se os processos de
trabalho e produção. Estudos de layouts, aprimoramento de técnicas de
produção, emprego de fichas técnicas de produtos, de linhas de montagem e
células de fabricação são algumas das ferramentas a serem empregadas, a
partir da realidade e da necessidade de cada um dos empreendimentos, e
dependendo do tipo de produto a ser fabricado.

Entretanto, os princípios que conformam as técnicas hegemonicamente usadas


para e nas empresas não são condizentes com o projeto dos EES. Nestes
empreendimentos a concepção de organização não separa a dimensão
humana da dimensão física do indivíduo e, portanto, o trabalhador não é visto
como mera ‘mão de obra’ e nem o trabalho concebido como simples meio de
sobrevivência, podendo se transformar em meio de alienação, dominação e
exploração.

O trabalho nos empreendimentos solidários é fonte de criação e de


desenvolvimento pessoal. É a partir dele que se resgata a dignidade, a
cidadania e a auto-estima de centenas de pessoas que, por razões as mais
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diversas, se vêm excluídas econômica e socialmente. Como não há um
proprietário, a estrutura dos EES não necessita reproduzir a divisão hierárquica
do trabalho que faz com que poucos tenham compreensão e visão completos
do sistema de produção e que é parte da estratégia da empresa capitalista
para estruturar e dominar o processo de trabalho e extrair, assim, mais valia
(MARGLIN, 1996).

Não há também a possibilidade da especialização de funções que nas


empresas dá origem aos diversos departamentos onde se acumulam as
expertises técnicas necessárias para responder aos intricados sistemas de
registro e controle que alimentam, a partir da visão particular de cada área de
conhecimento, o planejamento das ações estratégicas e operacionais da
empresa. Nos empreendimentos solidários cabe aos associados atuar na
operação da produção e nas diversas atividades gerenciais e administrativas
ao mesmo tempo (RUTKOWSKI, 2008).

Assim, as técnicas e instrumentos para a autogestão não podem ser


associados simplesmente a uma visão funcional do empreendimento, sendo
pensadas em função do setor a que se destinam (técnicas de contabilidade, de
marketing, de qualidade, de RH, etc), mas devem atender as necessidades do
sujeito que exerce estas diferentes funções ao mesmo tempo. Isto é, devem ter
sua centralidade no trabalho, fonte de criação e desenvolvimento pessoal e
profissional.

Implementar essas ações requer, ainda, ter em mente que, nesse tipo de
produção alternativa adquirem importância dinâmicas não econômicas –
culturais, sociais, afetivas e políticas, tanto na decisão de se empreender
quanto no sucesso dos empreendimentos. Por isso, são necessários novos
critérios, gradualistas e inclusivos, para se avaliar o êxito ou o fracasso dessas
alternativas econômicas, tendo como base não os indicadores tradicionalmente
utilizados, mas estudos da economia das comunidades e da práxis, uma vez
que o que comumente é visto como fracasso para a economia neoclássica,

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muitas vezes, é considerado sucesso por aqueles que o vivencia,
recomendando-se a continuidade e o fomento destes projetos.

Por isso, torna-se necessário entender os significados que vão sendo


construídos pelos trabalhadores associados para nomear e dar sentido às
experiências que aí vão sendo traçadas e vivenciadas. A sustentabilidade dos
EES dependerá também da subjetividade com que cada ator vive ali sua
experiência, a partir de seu sistema de valores e moral e dos objetivos que o
move a participar3.

Construir a base técnica adequada para suportar a sustentabilidade dos EES,


exigirá reconhecer a necessidade de um novo arcabouço teórico-metodológico
a ser desenvolvido e aplicado. Para tanto, há que se perceber que, como
formas alternativas de produção, tais empreendimentos trazem em si formas
alternativas de conhecimento, baseadas, muitas vezes, em visões
diferenciadas do mundo, que devem ser respeitadas e até mesmo
reconhecidas como inovações (RUTKOWSKI & LIANZA, 2004). Por isso a
necessidade de praticar uma ciência com as pessoas e não para as pessoas,
onde o saber prático ou popular possa ser cotejado com o saber científico
(THIOLLENT, 1997). Onde se possa reabilitar a “cultura dos atores diante dos
poderes de suas obediências; a criatividade dos atores diante das restrições
dos sistemas; a voz dos atores diante do olhar dos pesquisadores e; a
compreensão dos atores diante da explicação de seus comportamentos”
(DESROCHE, 2006:37).

Para além da prática da “ação-reflexão-ação” que, na maioria das vezes,


embasam as ações fomentadas nos meios e movimentos sociais, para a
sustentabilidade dos EES há que se praticar a “orquestração das ciências” com
os achados de diferentes áreas de conhecimento sendo coordenados e as
contradições e incompatibilidades apontadas, a fim de serem dialeticamente
combinadas na busca de soluções interdisciplinares (MARTINEZ-ALIER, 1999).

3
O engajamento, comprometimento e motivação dos trabalhadores também é fator importante nos resultados da empresa capitalista
tradicional, porém, não costuma ser o centro das preocupações quando do projeto de trabalho, uma vez que a lógica predominante é a

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Neste sentido, justifica-se o emprego de técnicas participativas na organização
e gerenciamento dos EES, não só para o relato e o diagnóstico de determinada
situação, mas, também, para a reflexão sobre o que poderia ser melhorado na
visão do grupo. Considerando ainda que o caráter multidimensional dos
objetivos dos EES deve ser o ponto de referência, o guia de ação e o
parâmetro de avaliação, técnicas de diagnóstico e planejamento participativos
devem ser aplicadas na definição e compreensão coletiva de objetivos a partir
dos quais os critérios de eficiência, e, portanto, a forma de concretizá-los
poderão ser definidos tendo como base o saber científico.

A sustentabilidade de empreendimentos econômicos solidários, está atrelada à


organização geral das grupos, à organização do trabalho e dos processos de
produção e à organização dos espaços. Tratar de sustentabilidade dos EES
requer tratar de divisão de tarefas, de jornada de trabalho, de qualificação de
mão de obra, de ritmo de trabalho, de conflitos internos, de regras de
distribuição de ganhos, da organização física de postos de trabalho, de fluxos
de produção, de dimensões e leiaute de galpões, de deslocamento de pessoas
e movimentação de materiais, de logística de coleta de matéria prima e de
entrega de produtos.

Podemos agregar, ainda, nesta discussão, as relações institucionais,


relacionamento com o poder público, o relacionamento com agentes privados,
parceiros, pares e concorrentes, a atuação junto à cadeia produtiva e a outras
redes, a necessidade de considerar e desenvolver capacidades e habilidades
individuais e coletivas, a necessidade de se construir cotidianamente a
qualidade da produção, a qualidade do produto, a qualidade de matéria-prima,
a qualidade de vida dos envolvidos, e de se considerar seus desejos e a ética
que permeia as relações, a possibilidade de cooperação e a existência de
solidariedade (RUTKOWSKI, 2008).

que considera o trabalhador obrigado a se adaptar àquele projeto técnico considerado o mais adequado aos objetivos da empresa uma
vez que definido cientificamente com base em uma tecnologia reconhecidamente adequada para tal fim.
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A lista, além de extensa, apresenta uma separação de itens que é
simplesmente formal, posto que todos se inter-relacionam já que uma
organização produtiva não pode ser vista de outra maneira senão de forma
sistêmica. Acostumados a lançarmos mão do método cartesiano de análise
como forma privilegiada de solução de problemas, certamente não teríamos
dificuldades de solucionar os problemas individualmente. Porém, tal método
não nos auxilia a resolver as interdependências entre cada item, o que
aumenta, sobremaneira, a complexidade da situação.

O desafio da ANEFS em sua missão de apoiar e fomentar empreendimentos


econômicos solidários inicia-se, assim, por encontrar ferramentas de análise
mais adequadas que permitam entender como os instrumentos e outros
conhecimentos disponíveis podem ser incorporados e transformados para
apoiar uma maior eficiência destes empreendimentos. Trata-se, assim de ser
capaz de apreender a diversidade interna da “comunidade” organizada no
interior de cada um dos empreendimentos, ou seja, a compreensão da sua
dinâmica social, com seus valores e diversidades, para, a partir daí, construir
uma tecnologia social apropriada para sua gestão e produção. E para a
necessária construção das redes de empreendimentos de forma, a permitir-lhes
usufruir dos benefícios que esta estratégia traz.

Por fim, cabe à ANEFS viabilizar, por meios próprios ou por meio de
articulações com instituições públicas e privadas, a assistência técnica de
diversos tipos necessária à construção e fortalecimento da sustentabilidade
dos empreendimentos da Economia Solidária.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Instrumentos. Porto Alegre:Tomo Editorial. 2001.
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desenvolvimento local.Brasília, Líber Livro Editora, 2007, 132p.
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ICB, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2008.

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DRUMOND, Maria A. Participação comunitária no manejo de unidades de
conservação. Manual de técnicas e ferramentas. Cd-rom. Instituto Terra
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DESROCHE,Henry. Pesquisa-ação: dos projetos de autores aos projetos de
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LIMA, Francisco de Paula Antunes. Ergonomia. Apostila do Curso de
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MARGLIN, Stephen A. Para que servem os patrões? IN: GORZ, André (org.)
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POLANYI, K; ARENSBERG, C. M. & PEARSON, H. W. (eds.). Trade & market
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2008. 239f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção). COPPE,
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RUTKOWSKI, Jacqueline E. & LIANZA, Sidney. Sustentabilidade de
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FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL. Tecnologia social: uma estratégia para o
desenvolvimento. Rio de Janeiro:2004, p. 167-186.
RUTKOWSKI, Jacqueline E., TORIBIO, N.B., DAMASCENO, Josiana P.,
Interação Engenharia de Produção e comunidade: uma proposta metodológica
ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Anais.....Curitiba. 2002.
THIOLLENT, Michel. Pesquisa-Ação nas Organizações. SP : Editora Atlas,
1997.

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ANEXO I

CADASTRO EMPREENDIMENTOS ECONÔMICOS SOLIDÁRIOS


DE BELO HORIZONTE

Banco de Dados\CADASTRO EES BH.xls

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ANEXO II

ROTEIRO ORIENTADOR PARA ENTREVISTAS DE


DIAGNÓSTICO SITUACIONAL

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Roteiro orientador para diagnóstico situacional
Empreendimentos Econômicos Solidários
Setor: Confecção
Identificação do Empreendimento:
NOME:_______________________________________________________________
TEL.: _____________
EMAIL:_______________________________________________
N. Membros: _______ N. homens____ N. Mulheres_____
Forma Jurídica: ___Coop.___Assoc.____Grup. Inf.____Emp.Aut. ___Outros
Qual?_________
Local de funcionamento: ___Próprio___Cedido___Alugado
Data de criação do empreendimento:_________
Produtos e quantidades mensais de cada produto
_______________________________
DATA DA ENTREVISTA: __________

1- Insumos
1.1 Os insumos necessários ao processo produtivo são comprados em BH? Não___
Onde? ______________________ Sim___ Qual(is)?________________
1.2 Há dificuldades de obtenção de insumos? Não___ Sim___
Qual(is)?________________Por que?________________
1.3 Como são escolhidos os fornecedores de insumos?___Preço __Proximidade
__Outro
Qual(is)?________________
1.4 Que impactos sobre o meio ambiente são gerados pela utilização dos
insumos?_________ Quais ações adotadas para minimizá-los ou eliminá-los?
__________________________________________
2- Produção
2.1 Quantas pessoas participa na produção?____Qual a relação delas com o
empreendimento? ___trabalhador informal ___assalariado___ autônomo___
cooperado
___associado__ outro(especificar)________________
2.2 Na maioria das vezes a produção é:___ continuada ___ por encomenda
2.3 Que produto gera maior renda? Há outras fontes de renda que não a produção?
2.4 As práticas de produção utilizadas possibilitam uma produtividade satisfatória?
Não___ Sim___ Por que?________________
Qual mudança poderia ser feita na produção (corte, costura, montagem, tingimento,
colocação acessórios, arremate, embalagem, armazenagem) que possibilite melhorar
a
produtividade?
2.5 Para definir o que e como produzir busca-se alguma informação? Não___ Por
quê?_____________________Sim___ Quais?________________
2.6 Qual o destino dado aos resíduos da produção? Quais ações são adotadas para
minimizar o impacto dos resíduos no meio ambiente?
_________________________________________________
2.7 Há problemas relacionados aos direitos e à saúde dos trabalhadores associados à
produção?____Não___ Sim ___ Quais?_________ Quais ações são adotadas para
minimizá-los ou eliminá-los?

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Existem problemas trabalhistas? ____Não___ Sim ___ Quais?_________ Quais
ações
são adotadas para minimizá-los ou eliminá-los?
2.8 Há dificuldades na produção relacionadas à infra-estrutura (energia, instalações
elétricas adequadas, abastecimento de água, saneamento, transporte pessoal,
transporte mercadoria ou matéria prima, armazenagem da produção, comunicação,
maquinário, espaço físico)?____Não___Sim. Quais?_______________________
2.9 Contrata fora alguma parte da produção?____Não___ Sim
____Corte___Costura____Tingimento___Colocação de
acessórios___Arremate___Outro
Quais?_________ Por que?________________
2.10 Há demandas de capacitação relativas à produção? ____ Sim. Quais? _____Não
2.11 Já foram realizadas capacitações para os membros do empreendimento em
relação
aos processos produtivos? ____ Não. _____ Sim. Quais?____________
2.12 Quais contribuições e resultados que as capacitações proporcionaram para a
melhoria das práticas de produção?
2.12 Utilizam práticas de planejamento e controle do processo produtivo? Sim____
Quais?_______________________ Não___ Por que?_______________________
2.13 Houve a incorporação de alguma técnica/ tecnologia nova nas práticas de
produção
ultimamente? ____ Sim. _____Não Quais?______________ Há possibilidade de
incorporar outras?________________________
2.14 Há algum controle e registro da quantidade e tipo de produto fabricado? Sim____
Quais?_______________________ Não___ Por que?_______________________
2.15 Há controle e registro de peças defeituosas?Sim____
Quais?_______________________ Não___ Por que?_______________________
2.16 Alguma fiscalização dos órgãos trabalhistas, de saúde, sanitários, etc. nas
estruturas/instalações onde são feitos os produtos apontou algum problema?
____Não___ Sim ___ Quais?_________ Quais ações foram adotadas para minimizá-
los ou eliminá-los?
2.17 Os produtores são consultados quando há necessidade de mudanças na
produção?
Como isto se dá?
2.18 Avanços e dificuldades na produção.
3. Comercialização
3.1 Quem são seus principais clientes?___________________________________
3.2 As exigências de qualidade os compradores são atendidas?(tamanho/ tipo de
embalagem, tamanho de lote, especificações de materiais, especificações de
qualidade, regularidade, outros) ____Sim _____Não .Por que?_________
3.3 Que melhoria é realizada nos produtos para agregar valor? (embalagem, marca,
certificação, materiais especiais, barra de leitura ótica, outros).
3.4 Quais as formas de comercialização (individual, coletiva, para atacadistas, para
varejo, venda direta ao consumidor)?
3.5 Há espaço para crescer nos mercados (local, regional, nacional, internacional)?
Sim_____ Onde?__________Não. _____Por que? __________
3.6 Qual a origem do(s) produto(s) concorrente(s)?A atuação da concorrência limita a
expansão de mercados?
3.7 Como é estabelecido o preço de venda do produto? (Planilha de custo, definido
pelo comprador, pesquisa de mercado, negociação por central de comercialização
ou rede, outros).

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3.8 Há problemas relacionados ao transporte ou distribuição dos produtos que
impeçam atingir outros mercados?____Não___ Sim.
Quais?_______________________
3.9 Há demandas de capacitação relativas às práticas de comercialização ? ____ Sim.
Quais? _____Não
3.10 Já foram realizadas capacitações relativas às práticas de comercialização ? ____
Sim. _____Não Quais?
3.11 Quais contribuições e resultados que as capacitações proporcionaram para a
melhoria das práticas de comercialização?
3.12 Utiliza práticas de planejamento e controle na comercialização? Sim____
Quais?_______________________ Não___ Por que?_______________________
3.13 Houve a incorporação de alguma técnica/ tecnologia nova nas práticas de
comercialização? ____ Sim. _____Não Quais?______________ Há possibilidade
de incorporar outras?________________________
3.14 Avanços e dificuldades na comercialização dos produtos.

Assistência técnica
Para quais etapas da cadeia produtiva (produção,
beneficiamento/processamento, comercialização) existe assistência técnica?
Quais instituições prestam assistência técnica?
Como funciona a assistência técnica oferecida (periodicidade, formas de
repasse:reuniões, visitas, dia de campo,outras)?
Houve a incorporação de alguma técnica inovadora? Quais? Há possibilidade de
incorporar outras?
Existe alguma articulação com instituições (local ou regional) que desenvolvem
atividades de pesquisa e de tecnologia?
Avanços e dificuldades na assistência técnica.
Financiamento e crédito
Já recebeu algum financiamento? Que tipo de crédito? De qual(is) agente
financiador?
Os créditos e recursos disponibilizados contemplam todos elos da cadeia? Quais?
Quais avanços verificados no processo de concessão de crédito?
Quais as principais dificuldades enfrentadas na obtenção do crédito?
Como se dá o acompanhamento e monitoramento dos créditos e recursos
investidos?
Ação de inclusão social
Há necessidade de ações de inclusão social para os membros dos
empreendimentos? Quais? (registro e documentos, Bolsa Família, assistência à
saúde, apoio para moradia, etc?
Há ações deste tipo sendo desenvolvidas? Por quais parceiros?
As ações desenvolvidas atendem a real demanda?
Que outras ações de inclusão social deveriam ser desenvolvidas?

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