Вы находитесь на странице: 1из 83

Apostila

História de Israel 1

Professor

Ubiratan Pereira

2019
2

Sumário
Prefácio ........................................................................................................................................................3

Aula 1 – Era Patriarcal ................................................................................................................................4

Aula 2 – Período Tribal - O Êxodo ...........................................................................................................13

Aula 3 – Período Tribal – A conquista da terra prometida / Juízes...........................................................21

Aula 4 – Reinado e Divisão do Reino .......................................................................................................29

Aula 5 - O reis de Israel e Judá após a divisão do reino............................................................................35

Aula 6 - Cativeiros Assírio e Babilônico...................................................................................................43

Aula 7 – Os Judeus na Babilônia e o retorno à Judá .................................................................................47

Aula 8 – A expansão da Macedônia e a Guerra dos Macabeus ................................................................54

Aula 9 – A Palestina Romana e a Ascenção do Cristianismo ...................................................................59

Aula 10 – Diásporas, os Sassânidas e Bizantinos .....................................................................................66

Aula 11 - Judeus na Arábia .......................................................................................................................75


3

Prefácio

Esta apostila foi redigida com base em textos constantes das diversas referências, sendo portanto
um resumo das ideias de seus autores. Não possui nenhum caráter ou fim financeiro, apenas a
disseminação do conhecimento a respeito da história do povo de Israel, desta forma fica PROIBIDA sua
comercialização.
4

Aula 1 – Era Patriarcal

A história de Israel inicia-se com a Era Patriarcal e com a chamada de Abrão por Deus.
Abrão vivia com sua mulher Sarai, seus irmãos Naor e Harã, seu pai Tera e seu sobrinho Ló,
filho de Harã, em Ur dos Caldeus. Arqueólogos descobriram evidências de que essa cidade era próspera,
mantinha grande comércio com as cidades vizinhas e possuía uma grande biblioteca, era uma cidade
muito adiantada, famosa por seus ídolos-deuses, construções colossais, grandiosos templos, notáveis
reis; era importante cidade-estado na antiga Suméria, desta forma entende-se que por ter crescido em Ur,
Abrão foi um homem de grande instrução, além de ser sensato, de grande espírito, prudente e de grande
eloquência. Com suas capacidades e virtudes inigualáveis dava um conhecimento da grandeza de Deus
aos outros homens de forma que nunca tiveram antes, ousando inclusive a afirmar a existência de um
único Deus e que o universo é obra de Suas mãos e nossa felicidade vem dEle e não da própria força
humana. O povo daquela localidade praticava o politeísmo e desta forma não toleraram o que Abrão
disse, levantando-se contra ele. Sendo assim, por ordem e auxílio de Deus teve de partir para Canaã.
Tera, pai de Abrão, adorava outros deuses (Js 24.2) e tinha um modo cômodo de ganhar dinheiro
fabricando e vendendo ídolos (estatuetas),que em certo dia foram quebradas por Abrão.
Em Gn. 11.31-32: “E tomou Terá a Abrão seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a
Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã;
e vieram até Harã, e habitaram ali.
E foram os dias de Terá duzentos e cinco anos, e morreu Terá em Harã.”, revela a ida de Tera,
Abrão, Sarai e Ló em direção a Canaã. Após a morte de seu pai Tera, Abrão ouve o chamado de Deus e
suas promessas conforme consta em Gn. 12. 1-3: “Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra,
da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção.
E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas
todas as famílias da terra.”
A ida de Abrão para Canaã passa a ter caráter religioso, não uma viagem como chefe beduíno
que procura espólios, mas alguém que quer realizar um ideal. Ao chegar em Canaã, Abrão se estabelece
em Betel, até que uma grande carestia assola esta localidade e o faz ir para o Egito, e lá conta uma meia
verdade a respeito de Sara para ter sua vida poupada. Sara era meia-irmã de Abrão, conforme Gn 20.12,
e possuía beleza extraordinária que fazia com que os homens desejassem-na, desta forma Abrão por
duas vezes contou uma meia verdade, baseado nos costumes da época, de que era um tabu a irmã de um
hóspede, já a mulher não, visando se proteger prevendo que se algum rei quisesse Sara como esposa,
mandaria matá-lo para ficar com ela. Essas ocorrências foram no Egito e em Gerar.
5

Box
Num importante sítio arqueológico de Nuzi, atual Iraque,
foram encontradas mais de 4000 tábuas pequenas que
explicam sobre os costumes do período Patriarcal,
inclusive sobre o conceito legal, na sociedade hurriana, de
esposa-irmã, onde o homem “adotava” como irmã sua
esposa, proporcionando a esta maior respeito e segurança
maior para si mesmo.

Ao voltar do Egito para Canaã, Abrão separa-se de Ló, indo este para as campinas do Jordão,
próximo de Sodoma, que está em progresso. Abrão estabelece-se no sentido contrário, ficando em
Hebron após o Senhor lhe fazer a promessa de que lhe daria àquela terra e a seus descendentes por
herança Gn 13.14-18 “E disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus
olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o lado do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente;
Porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre.
E farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que se alguém puder contar o pó da terra,
também a tua descendência será contada.
Levanta-te, percorre essa terra, no seu comprimento e na sua largura; porque a ti a darei.
E Abrão mudou as suas tendas, e foi, e habitou nos carvalhais de Manre, que estão junto a Hebrom; e
edificou ali um altar ao Senhor.”
Sodoma era governado por cinco reis e estavam sob o poder dos assírios, que cobravam e
recebiam tributos destes reis por doze anos, até que no décimo terceiro ano rebelaram-se e resolveram
não mais dar tributos, causando o desejo de vingança nos assírios que resolvem então saquear os bens da
população e levar prisioneiros, dentre eles estava Ló.
Abrão se mostra um homem corajoso e diplomata, em suas ações, como vistas quando se separa
de Ló, indo este para as campinas do Jordão e Abraão fica na terra de Canaã; e quando Ló é sequestrado
e Abrão reúne 318 homens armados para libertar seu sobrinho e sai em perseguição aos inimigos em
fuga até próximo a Damasco. Abrão transmite ideais de justiça e retidão. Após a batalha, o rei de
Sodoma vai até ele até o Vale de Savé, chamado Campo Real, lá o rei de Salém, que depois é chamado
Jerusalém, o recebe com grande estima e amizade, esse rei chama-se Melquisedeque, que significa “rei
justo”, que por sua virtude foi feito sacerdote do Deus Todo Poderoso. Melquisedeque deu banquete a
Abrão, prestou ações de graças a Deus pela vitória. Abrão lhe ofereceu o dízimo dos despojos dos
inimigos e devolveu os bens de Sodoma que foram recuperados, e ficou apenas com alguns víveres para
seus homens e seus amigos Escol, Aner e Manre, que o acompanharam ficaram com partes dos
despojos, Abrão dá clara demonstração que sua dependência é de Deus conforme Gn 14.21-24 “E o rei
de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as pessoas, e os bens toma para ti.
6

Abrão, porém, disse ao rei de Sodoma: Levantei minha mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Possuidor
dos céus e da terra, Jurando que desde um fio até à correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de
tudo o que é teu; para que não digas: Eu enriqueci a Abrão; Salvo tão-somente o que os jovens
comeram, e a parte que toca aos homens que comigo foram, Aner, Escol e Manre; estes que tomem a
sua parte.”
A generosidade de Abrão agrada a Deus, que lhe afirma não deixar sem recompensa e como
Abrão deseja um herdeiro, o Senhor lhe promete um filho, não o filho de um servo, mas dele próprio e
que sua posteridade seria numerosa como as estrelas do céu. Em seguida o Senhor lhe ordena oferecer
um sacrifício (Gn 15.9-17) e através deste é feita uma aliança entre Deus e Abrão.
Abrão ouve de Deus que sua descendência sofreria perseguição durante 400 anos, mas que
triunfariam sobre seus inimigos, retornariam a Canaã, onde venceriam os cananeus e de lá seriam donos.
Sarai era estéril e conforme as tradições patriarcais, a esposa poderia dar uma escrava como
mulher a seu marido para que desta tivesse filhos como seus, assim fez Sara com Agar, da qual nasceu
Ismael. Tinha Abrão 86 anos.
Com 99 anos Abrão tem a promessa de Deus de que teria um filho com Sara, então com 89 anos,
teriam 100 e 90, respectivamente, quando Isaque nascesse.
O Senhor muda o nome de Abrão, que significa pai da altura, para Abraão, que significa pai de
uma multidão, e de Sarai, que significa minha princesa, para Sara, que significa princesa.

Box
Sarai e Sara significam princesa. O Talmud explica que
Sarai significava "minha princesa". Porém ao receber
uma bênção que dela virá uma importante nação, seu
nome é mudado para Sara, sem sufixo, pois será uma
princesa para todos.
http://www.chabad.org.br/interativo/FAQ/sara_sarai.html

Desde Abrão a circuncisão tem como finalidade identificação tribal e como sendo uma das
condições à aliança e consequente promessa de que “à tua semente darei esta terra para possessão
perpétua”, desta forma a circuncisão passa a ser uma marca que identifica Abrão e seus descendentes, a
partir do Pacto, e simbolizando mudanças impregnadas em suas personalidades.
Os encontros e diálogos entre os patriarcas e Deus tem como qualidade a convivência e
intimidade e isso é transmitido de geração a geração. Deus não apenas se revela aos fiéis, mas também
busca os homens, cuidando de seus destinos sem que haja qualquer intermediário profissional. No
Gênesis não nasce o deus Abrão, mas o Deus de Abraão, que celebra aliança com seu escolhido através
da circuncisão.
7

Box
A circuncisão era praticada por diversos povos antigos e
em cada povo tinha motivo e finalidades próprias.

Os sodomitas, orgulhosos por suas riquezas esquecem dos benefícios que receberam de Deus e o
irritam de tal forma com seus ultrajes, que Ele decide destruir a cidade. Abraão intercede por eles, mas
apenas Ló, suas filhas e esposa, que torna-se uma estátua de sal ao olhar para trás. Antes de sair de casa,
Ló chama também seus genros, mas estes o tem como zombador. Ló e suas duas filhas vão para um
lugar chamado Zoar e lá suas duas filhas, acreditando que toda humanidade havia perecido, embebedam
seu pai, deitam com ele, acreditando que apenas assim manteriam a descendência de seu pai. Desse ato
nascem Moabe, que significa “de meu pai”, descendendo os moabitas, e Ben-Ami, que significa “filho
de minha raça”, descendendo os amonitas.
Abraão vai a Gerar e lá mais uma vez conta uma meia verdade a respeito de Sara, desta vez a
Abimeleque, que toma Sara para ser esposa, mas o ato não é consumado pois Deus lhe impede enviando
uma grave enfermidade e lhe avisando em sonho. Abimeleque devolve Sara a Abraão e pede que este
rogue a Deus pela enfermidade, além de fazer uma aliança com Abraão, confirmando esta junto aos
poços de Berseba, “poço do juramento”.
Nasce de Sara, Isaque que significa “riso”, conforme instrução de Deus a Abraão, o menino é
circuncidado ao oitavo dia, costume que ainda hoje é observado entre os judeus; como Ismael foi
circuncidado aos 13 anos, os árabes, do qual são originários, fazem-na com esta mesma idade.
Quando Isaque desmama, Abraão faz um banquete e Sara vê que Ismael zomba, então esta faz
com que Abraão despeça Agar e seu filho Ismael, que mesmo dificuldades em fazer o desejo de sua
esposa, o faz a partir do momento em que Deus lhe diz que ele deveria dar essa satisfação a Sara. Deus
diz a Agar, quando esta está no deserto já sem água, para não temer, mas para cuidar do menino, pois
dele faria uma grande nação
O Deus de Abrão não foi criado, não nasceu nem morre, não possui colegas, tampouco rivais,
não possui corpo, nem sexo. Aos seus olhos é abominável o sacrifício humano, cultuado pelos rituais
pagãos, que é abolido quando pede que Abrão sacrifique seu filho Isaque e provê o cordeiro.

Gn. 22 1-2;7-8;13: “1 E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe:
Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.

2
E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e
oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi.
7
falou Isaque a Abraão seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui, meu filho! E ele disse: Eis
aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?
8
8
E disse Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim caminharam
ambos juntos.
13
Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus
chifres, num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu
filho.”

Abraão nutria grande ternura por seu filho Isaque e amava-o cada vez mais, pois seu descendente
servia ao Senhor com fidelidade e prestava serviços ao pai com fidelidade. Sacrificar seu filho tão
amado seria a prova final da fidelidade e obediência de Abraão com Deus, que com essa constatação
garante que jamais abandonaria a ele e sua descendência, que teria homens virtuosos e valorosos,
submeteriam Canaã e sua fama seria imortal, suas riquezas grandes, extraordinária felicidade e por isso
invejados por todas as nações.
Box
“Akedah”, é a palavra hebraica para sacrifício, que vai
além do significado do simples sacrifício e oferenda, mas
está relacionado em algo como “fazer parte do sacrifício”.

Com o estabelecimento de Abraão em Hebron, entre o Mediterrâneo e o Mar Morto, ele já um


homem abastado em rebanhos, ouro e prata, além de servos, compra um terreno e sobre ele, a Caverna
de Mapela, dos nobres da localidade, onde Sara ao morrer com 127 anos é sepultada.
Abraão casa com Quetura e com esta tem 6 filhos, mas a todos estes, aconselha a se estabelecer
em outros países.
Isaque tinha aproximadamente 40 quando Abraão decide casá-lo, o que acontece com Rebeca,
sua sobrinha, filha de Betuel, filho de Naor, seu irmão. Pouco tempo depois do casamento de Isaque
com Rebeca, Abraão morre aos 175 anos, em boa velhice, farto de dias. Seus filhos Isaque e Ismael o
sepultam junto à Sara na cova de Macpela.
Rebeca era estéril, então Isaque orou insistentemente ao Senhor que ouviu suas orações e
concebeu Rebeca que teve os gêmeos Esaú, o mais velho e ruivo e Jacó, mais novo e que saiu segurando
o calcanhar de seu irmão. Os dois antes de nascerem lutavam no ventre de sua mãe, deles saíram dois
povos e o maior serviria o menor (Gn 25.23), crescido os meninos Esaú vende sua primogenitura a Jacó.
Devido a grande carestia que assola Canaã, Isaque vai a Gerar, ao rei Abimeleque, Deus aparece
a Isaque e diz para que não desça ao Egito mas para peregrinar na terra e confirma o juramento feito a
Abraão. Isaque faz com Rebeca assim como Abraão fez com Sara, dizendo ser está sua irmã, com medo
que devido a beleza de Rebeca o matassem, mas Abimeleque ao perceber ser mentira, determina ao
povo que mal algum façam a eles e lhes permite semear e colher naquela terra, até que Isaque se torna
muito poderoso e então Abimeleque pede que Isaque se aparte dali devido seu poder adquirido, mas
posteriormente lhe propõe aliança, numa demonstração que não o quer como inimigo.
9

Esaú aos 40 anos casa-se com Judite e Basemate, heteias, sem pedir qualquer permissão a seu
pai, que não aprovava união com estrangeiros, suportou sem nada dizer. Já adiantado em idade, Isaque
está cego, e com o intuito de abençoar a seu filho Esaú, pede-lhe que faça um guisado de uma caça, mas
Rebeca ao ouvir, trama com Jacó, seu preferido, a se passar por Esaú e garantir assim as bênçãos de seu
pai.
Após abençoar Jacó pensando ser Esaú, este chega e roga a seu pai que também lhe abençoe,
mas esta é inferior a de seu irmão, de modo que enfurecido deseja matá-lo. Sabendo disso sua mãe envia
Jacó a Mesopotâmia, onde, assim como seu pai, busca uma esposa. Em sua caminhada, quando para
descansar, Jacó sonha com os anjos de Deus subindo e descendo por uma escada e encima desta esta o
próprio Deus que reforça a promessa feita a Abraão e Isaque (Gn 28.12-15).
Ao chegar a Padã-Arã, Jacó amou a Raquel e por esta trabalha por 7 anos para com ela casar-se,
mas é enganado por seu tio Labão que lhe dá como esposa Léia, a irmã mais velha e que não era
formosa como Raquel; mais 7 anos Jacó trabalha por sua amada Raquel. Os filhos de Jacó com:
- Zilpa (serva de Léia) – Gade e Aser;
- Léia – Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar, Zebulom, Diná (única filha);
- Raquel – José e Benjamim;
- Bila (serva de Raquel) – Dã e Naftali.

Deus manda Jacó voltar a terra de seus pais, Canaã, este então assim o faz. Labão tenta impedir,
afinal era beneficiado pelas bênçãos do Senhor a Jacó.
Na caminhada de volta a Canaã Jacó encontra Esaú com seu numeroso povo e receoso de que
seu irmão o fizesse mal, reparte seu povo em dois para que se acaso seu irmão o atacasse, uma parte
conseguiria escapar. No momento em que passam pelo vau do Jaboque, Jacó fica só e neste momento
luta com um varão, que ao ver que não prevalecia contra ele, toca-lhe na juntura da coxa, deixando Jacó
pergunta ao anjo o que haveria de acontecer e este lhe responde: “Considerai o que acaba de se passar
como um presságio, não somente de grandes bens que vos esperam, mas da duração perpétua de
vossa descendência e da confiança que deveis ter de que ela será invencível”. Aqui pela primeira vez
aparece o nome Israel, o novo nome de Jacó, que deixa de ser Jacó, o enganador, para ser Israel, aquele
que luta com Deus.
Box
‫ עקב‬- calcanhar ('aqev). / ‫ עקב‬- raiz do verbo enganar
('aqav).

Sendo assim concluímos que sim, Jacó também pode ser


traduzido como "Enganador", pois vem da raiz do verbo
"enganar" em hebraico ('aqav). Isto explica a fala de Esaú
no versículo abaixo, que nunca fez sentido para mim em
10

português:

Então disse ele: Não é o seu nome justamente Jacó,


tanto que já duas vezes me enganou? (Gênesis 27:36)

http://www.hebraico.pro.br/nomsig_jaco.asp
Após esse acontecimento, Jacó encontra com seu irmão Esaú que ao contrário do que pensava
Jacó, o recebe feliz.
Quando Israel chega a terra de seus pais, pouco tempo depois Isaque morre aos 185 anos de
idade e é sepultado junto a Rebeca, Abraão e Sara.
Os filhos de Israel tem seus territórios ampliados ora pacificamente, ora pela força ou por meio
de tratados. As contendas giram em torno de poços, pastos, mas não por lutas religiosas, estas não
criavam tensões, mas havia a consciência de identidade grupal nos descendentes e Abraão.
Após a morte de Isaque, Esaú se estabelece em Seir e Israel fica em Hebrom
Box
Jovens contemporâneos a Esaú e Jacó, zombaram pela
simplicidade do primeiro e por causa do avermelhado da
cor das lentilhas deram-lhe o nome Edom, que significa
“ruivo” em hebreu.
Deus favorecia Israel de tal forma que nenhum outro homem o igualava em riquezas, sendo
considerado por todos.
Seu filho predileto era José, que diferentemente dos irmãos, possuía sabedoria e qualidades de
espírito de corpo, e os irmãos perceberam isso, tendo neles então a inveja e ódio para com o irmão, a
ponto de planejarem sua morte, que não foi consumada devido a Rubén, o irmão mais velho não
concordar com tamanha crueldade.
Percebendo que os irmãos não estavam desistindo de tal plano, Rubén sugere que joguem José
numa cisterna para que ali ele morra sem sujarem suas mãos com seu sangue, mas ao se afastar do local,
Judá decide vender José aos mercadores ismaelitas que passavam e iam para o Egito. Israel fica
desolado ao ouvir de seus filhos que José, seu filho amado, havia sido morto por uma besta fera.
Ao chegar no Egito, José é comprado por Potifar, mordomo do palácio de Faraó, que confia a
direção de sua casa a José, restringindo apenas sua esposa, que fica encantada pelo servo a ponto de
desejar ter relações extraconjugais com ele.
Apesar da esposa de Potifar se declarar e fazer ameaças a José em caso de negativa dele para o
desejo dela, José se manteve firme pois considerava um grande crime essa afronta ao seu senhor que lhe
confiou tudo em suas mãos, além é claro de ser uma infidelidade a Deus. Não satisfeita, a esposa de
Potifar diz a José que este deveria escolher entre corresponder a seu amor ou sofrer a acusação que faria
a seu marido sobre assédio de José, mas essas ameaças não foram suficientes para fazer com que José
11

voltasse em sua palavra e fosse infiel a Deus e a seu senhor, preferindo ser considerado culpado e ir para
o cárcere.
José entregou a Deus a justificação de sua inocência, suportando pacientemente a prisão e
humilhação que sofria sem nada ter feito de errado. Na prisão José interpreta os sonhos do copeiro e do
padeiro de Faraó, que posteriormente teve seus sonhos revelados também por José e ao ouvir tamanha
sabedoria sobre o que fazer para a situação de grande escassez, resolver nomear a José, governador do
Egito, tendo acima deste, apenas Faraó.
Como Canaã era assolada por uma escassez de alimentos e com Israel sabendo que no Egito
estava sendo vendido trigo, mandou seus filhos, com exceção de Benjamim, para que comprassem o
alimento necessário.
Este é um momento de grande emoção a José, pois ao reencontrar seus irmãos, teve notícias de
seu pai, ainda que estes não soubessem que o Governador do Egito, o homem responsável por cuidar do
alimento de que tanto precisavam, era nada mais, nada menos que o irmão odiado, que fora vendido
como escravo.
José reencontra seu pai, seu irmão Benjamim e toda a família. Quando isso ocorre, está no
segundo ano de fome e mais cinco ainda viriam. Israel fica em Gósen, sendo sustentado por José durante
a carestia. O povo que dominava o Egito à época eram os hicsos, sendo sua origem semita, assim como
o povo de Israel.
Israel morre aos 147 anos de idade e antes de sua morte abençoa seus filhos e os filhos de José e
lhe faz prometer que o sepultaria junto a seus pais, na cova de Macpela, encerrando assim a Era
Patriarcal.
Os irmãos de José recearam de que ele fosse então se vingar do mal que o haviam feito, mas José
demonstra que estes não devem se preocupar, pois mal algum os faria. Gn 50.15-21 “Vendo então os
irmãos de José que seu pai já estava morto, disseram: “Porventura nos odiará José e certamente nos
retribuirá todo o mal que lhe fizemos.

16
Portanto mandaram dizer a José: Teu pai ordenou, antes da sua morte, dizendo:
17
Assim direis a José: Perdoa, rogo-te, a transgressão de teus irmãos, e o seu pecado, porque te
fizeram mal; agora, pois, rogamos-te que perdoes a transgressão dos servos do Deus de teu pai. E José
chorou quando eles lhe falavam.
18
Depois vieram também seus irmãos, e prostraram-se diante dele, e disseram: Eis-nos aqui por teus
servos.
19
E José lhes disse: Não temais; porventura estou eu em lugar de Deus?
20
Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste
dia, para conservar muita gente com vida.
12
21
Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei a vós e a vossos filhos. Assim os consolou, e falou
segundo o coração deles.”

Após a morte de Jacó (Israel), seus filhos viveram no Egito até suas mortes, seus corpos foram
levados para Hebrom e José que viveu até 110 anos teve seus ossos levados quando da saída do povo
hebreu do Egito.

Questionário
1. Quais evidências os arqueólogos descobriram sobre Ur dos Caldeus?

2. Quais qualidades se entende que Abrão tinha por ter crescido em Ur dos Caldeus?

3. Que afirmação Abrão fez para que o povo, que era politeísta, se levantasse contra ele?

4. Ao chegar em Canaã, onde Abrão se estabeleceu?

5. Ao voltar do Egito e após se separar de Ló, qual promessa Deus faz a Abrão?

6. Abrão ouve de Deus que sua descendência sofreria perseguição durante determinado tempo, mas que
retornariam a Canaã, venceriam os cananeus e lá seriam donos. De quantos anos seria esse período de
perseguição?

7. A circuncisão era praticada por diversos povos antigos e cada povo tinha motivo e finalidades
próprias. Com qual idade os árabes e judeus fazem a circuncisão?

8. Após Deus constatar a fidelidade e obediência de Abrão a Ele por ocasião do “Akedah” de Isaque, o
que Deus garante a Abrão?

9. Por que Abimeleque, rei de Gerar, pede que Isaque se aparte dele, após ter lhe deixado semear e
colher naquela terra?

10. Qual foi a trajetória de José desde os sonhos reveladores que Deus lhe deu até se tornar Governador
do Egito e salvador de seu pai Jacó e consequentemente de todo Israel?

REFERÊNCIA:

http://www.chabad.org.br/interativo/FAQ/sara_sarai.html
https://projetomaranata.wordpress.com/2013/03/29/akedah-sacrificio/#more-294
http://www.hebraico.pro.br/nomsig_jaco.asp
https://econhecereisaverdade.wordpress.com/2012/09/23/14-fatos-da-vida-de-jose-e-suas-referencias-a-
jesus-cristo/
13

Aula 2 – Período Tribal - O Êxodo

Após o estabelecimento de Israel no Egito, por volta de 1600 a.C., uma nova
dinastia havia tomado o poder por volta de 1550 a.C., expulsando assim os hicsos e com
isso inicia uma nova era imperial da história do Egito. Os egípcios invejam a
prosperidade com que o povo hebreu era abençoado por Deus através de seu trabalho,
além de temer que com o aumento do número de hebreus, que crescia grandiosamente,
estes se aliassem a seus inimigos. O Faraó da época, Setos I, incentiva seu povo a
escravizar e a ver os hebreus como uma ameaça em caso de uma possível guerra. Com
isso arquiteta um plano para que sejam utilizados como escravos a fim de construir as
cidades de Pitón e Raamsés.
Os hebreus passam a serem obrigados a cavar diques para a retenção das águas
do Nilo, assim como diversos canais de condução, trabalham também na construção de
muralhas que cercavam as cidades, enormes pirâmides prodigiosas.
Um profeta disse a seu rei que naquele tempo haveria de nascer um menino
hebreu e que sua virtude seria admirada por todo mundo pois ele humilharia ao Egito,
aumentando a glória de sua nação e sua reputação seria imortal. Assim o rei ouviu o
conselho desse profeta e publicou então um edito onde ordenava que todos os meninos
hebreus deveriam ser afogados ao nascer e que as parteiras do Egito observassem para
que nenhuma criança do sexo masculino escapasse.
Esse edito do faraó dizia também que qualquer um que não cumprisse tal determinação
e tentasse salvar os bebês, seriam castigados juntamente com toda sua família com a
pena de morte.
Desta forma era inevitável imaginar que seria a extinção dos hebreus, mas
ninguém pode resistir à vontade e os planos de Deus. Um hebreu chamado Anrão,
vendo que sua esposa estava grávida e preocupado recorre a Deus pedindo compaixão
do seu povo por esse que sempre adorou e então cessasse as ameaças e perseguição dos
egípcios.
Deus então disse em sonho que esperasse e que ele se lembrava do seu povo e de
seus antepassados, e a consideração de Deus foi que fizera os hebreus multiplicarem-se
desde Abraão, quando sozinho partiu da Mesopotâmia até a terra prometida, Canaã e
que ele cumulou Abraão de bens e tornou sua mulher fecunda, tanto que deu seu Filho
da Promessa, Isaque.
Lembrou Deus também que Jacó se tornou célebre e que deixou a seus
descendentes um direito hereditário pois quando chegou ao Egito com 70 homens
14

apenas, posteriormente multiplicou-se e o povo hebreu atingiu o número de 600 mil


homens.
Joquebede dá a luz a um menino e tendo medo por sua vida faz um berço de
junco do tamanho da criança e para não entrar água nesse berço reveste com betume,
coloca o berço no rio deixando-o à providência de Deus.
Então Termutis, filha do Faraó, ao avistar aquele berço flutuando nas águas do rio
manda que busquem e ao ver o menino fica encantada com sua beleza e não se cansa de
admirá-lo, a ponto de tomar o menino para si como filho e mandar educá-lo.
A irmã do menino, Miriã, finge estar casualmente passando por perto e diz a
princesa que busque uma ama de leite para o menino dentre as hebréias, pois nenhuma
das outras que foram buscadas eram aceitas pelo menino. Ao concordar com a menina,
manda então que esta encontre uma ama de leite para o menino, de forma que quem se
torna sua ama é nada mais, nada menos que sua mãe verdadeira, Joquebede.
A princesa ordena que Joquebede criasse o menino de forma cuidadosa e o
chama Moisés, que significa “salvo das águas”. Moisés era o sétimo em sua genealogia,
pois era este filho de Anrão, que era filho de Coate, que era filho de Levi, que era filho
de Jacó, que era filho de Isaque, que era filho de Abraão.
Conforme ia crescendo, Moisés demonstrava inteligência superior aos da sua
idade, dando sinais de que seria extraordinário ao crescer. Ao completar 3 anos Deus faz
brilhar em seu rosto enorme beleza de forma que as pessoas, até mesmo as mais austeras
o admirasse, atraindo para si olhares de todos que o viam.
A princesa resolve levá-lo a seu pai e lhe conta da inteligência que o menino
demonstrava, seu pai então pega-o no colo e põe em sua cabeça, o diadema, mas o
menino, como que se divertindo, tira o diadema da cabeça, lança ao chão e pisa em
cima.
Ao presenciar tal cena, o doutor da lei que predisse ao Faraó sobre um menino
hebreu que humilharia ao Egito, ficou nervoso a ponto de desejar matá-lo
instantaneamente, além de instigar ao Faraó a fazer tal coisa, mas Deus fazia com que
do espírito do Faraó se afastasse tal desejo para o menino.
Moisés foi educado com enorme dedicação e ao crescer certa vez vai até onde os
hebreus trabalham e descobre como era penoso para eles, e vê também um egípcio
espancar um hebreu, tomando assim partido em favor deste, matando o egípcio, como
narra a Bíblia em Ex 2.11-12 “Certo dia, sendo Moisés já adulto, foi ao lugar onde
estavam os seus irmãos hebreus e descobriu como era pesado o trabalho que
realizavam. Viu também um egípcio espancar um dos hebreus.
Correu o olhar por todos os lados e, não vendo ninguém, matou o egípcio e o escondeu
15

na areia”. De forma que quando o Faraó descobre o ocorrido, decide matar Moisés, que
foge para o deserto, salvando-se, pois seus perseguidores não imaginariam que iria por
este caminho.
Após andar bastante e suportar pacientemente grande fome e sede, chega a
Midiã - nome dado por um dos filhos de Abraão e Quetura -, à beira do mar Vermelho,
muito cansado senta-se próximo a um poço para descansar. Quando então aparece sete
mulheres, filhas de Jetro, também chamado Reuel, sacerdote daquele lugar, cuidando
dos rebanhos do pai, conforme costume das mulheres de Troglodita. Devido a raridade
das águas doces, pastoras e pastores iam buscar no poço para dar aos animais e naquele
dia, as filhas de Jetro chegam primeiro e retiram a água para os animais, mas alguns
pastores que chegam depois, tomam-lhes a água e as maltratam, ao ponto que Moisés ao
presenciar a cena, fica enraivecido por causa da violência e os espanca e afugenta
daquele lugar. Ao chegarem em casa as mulheres contam a seu pai o acontecido que
manda que chamem a Moisés em forma de gratidão pelo que fez.

Box
Troglodita - que ou quem vive em cavernas ou debaixo da terra.

Jetro lhe dá Zípora, sua filha mais velha por esposa, assim como a
superintendência dos rebanhos, então, a riqueza daquela nação. Moisés morava com seu
sogro e pastoreava os rebanhos e num determinado dia ao levar para pastarem no
Horebe, cujo lugar não iam outros pastores por dizerem que Deus morava ali, viu uma
sarça ardendo sem se queimar e quis se aproximar e então ouviu uma voz lhe chamando
pelo nome (Ex 3.4-5).
Deus se apresenta a Moisés como o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, então
Moisés cobre seu rosto com medo. Neste momento, Deus lhe ordena a voltar ao Egito
para libertar o povo, do qual Ele havia ouvido o clamor, para irem à terra prometida,
terra que mana leite e mel.
Moisés tenta de todas as formas argumentar com Deus de que não tinha a
capacidade para cumprir missão tão importante, mas Deus lhe diz para ter confiança na
aliança feita com os patriarcas e que lhe colocaria na boca as palavras das quais deveria
falar, garantindo que não o abandonaria. Deus dá três sinais a Moisés de seu poder, a
saber, o cajado que se torna serpente quando Moisés lança ao chão; depois volta ao
estado normal e a mão que fica leprosa quando colocada no peito e depois sã como
antes era; e a água retirada do Nilo que se transforma em sangue.
16

Deus avisa a Moisés sobre a morte do Faraó que queria lhe matar e o manda ao
Egito, de forma que então Moisés encontra seu irmão, que havia sido mandado por
Deus a seu encontro, na fronteira do Egito, narrando então Moisés a Arão tudo o que
Deus lhe dissera e ordenara.
Em sua chegada ao Egito, Moisés vai ao Faraó e lhe conta o que Deus lhe disse
no monte e lhe suplica que não resistisse incredulamente à vontade do Rei dos reis, mas
Faraó zomba e então Moisés lhes mostra os mesmos prodígios feitos no Horebe, mas a
incredulidade de Faraó o faz entender que Moisés tornara-se um mago e seus sacerdotes
lançam suas varas que se tornam em serpentes também, mas a vara de Moisés
transformada em serpente devora as outras duas. Devido a incredulidade de Faraó
Moisés lhe diz:
“Eu não desprezo, majestade, a ciência dos egípcios,
mas o que faço está tão acima dos conhecimentos deles e
de sua magia quanto a distância entre as coisas divinas e
as humanas, e vou mostrar claramente que os milagres
que faço não tem, como os deles, uma vã aparência de
verdade, para enganar os simples e os crédulos, mas
procedem da virtude e do poder de Deus”
(JOSEFO, 2009)
O rei, muito irritado, manda que a palha para a fabricação dos tijolos seja retirada dos
hebreus, que depois do trabalho durante o dia, saem a procurar palha à noite, desta
forma, trabalhando dobrado.
Ainda que com queixas dos hebreus por causa do aumento de seus sofrimentos,
Moisés mantem-se firme em sua missão.
As pragas enviadas por Deus e deuses atingidos foram:
1. Água em sangue (Êxodo 7:14-24) - uma ofensa ao deus Nilo (personificação de
Hápi), que se acreditava ser o deus da fertilidade. Tal praga resultou na morte de peixes,
portanto, um duro golpe contra a religião egípcia que venerava algumas espécies de peixes
(Êxodo 7:19-21).

2. Rãs (Êxodo 8:2-14) - a deusa Heket tinha cabeça de rã, e que se supunha ter poder
criador. A grande multiplicação de rãs fez com que a deusa Heket parecesse maligna.
Ela atormentou o povo que lhe era tão devoto.
17

3. Piolhos (Êxodo 8:16-19) - Atribuía-se ao deus Tot a criação do conhecimento, da


sabedoria, da arte e da magia, mas nem mesmo esta divindade pôde ajudar os magos a
imitar a terceira praga. Este foi mais um golpe contra a falsa religião do Egito.

4. Moscas (Êxodo 8:20-32) - a distinção entre os Egípcios e os adoradores do verdadeiro Deus


(Êxodo 8:22). Enquanto as casas dos egípcios eram infestadas pelos enxames de moscas, os
israelitas na terra de Gósen não foram atingidos (Êxodo 8:23, 24). Mais uma vez a falsa religião
egípcia é derrotada.

5. Peste sobre bois e vacas (Êxodo 9:1-7) - Esta praga certamente atingiu a crença em
divindades muito populares no Egito Antigo: Ápis (deus sagrado de Mênfis, da
fertilidade dos rebanhos); Hator (deusa-vaca, deusa celestial); Nut (algumas vezes
representada como uma vaca). (Êxodo 9:1-7).

6. Feridas sobre os egípcios (Êxodo 9:8-12) - Até aqui os magos egípcios estiveram
presentes quando os milagres eram realizados, embora tivessem falhado algumas vezes em
produzir sua contrafação. Nesta ocasião a praga caiu sobre eles com tamanha severidade que não
podiam continuar com o rei. Em vez disso, fugiram para suas casas, em busca de proteção e
tratamento. Novamente houve clara distinção entre os egípcios e os hebreus. Nenhum poder
mágico ou sobrenatural pôde protegê-los.

7. Chuva de pedras (Êxodo 9:13-35) - A forte saraivada envergonhou os deuses


considerados como tendo controle sobre os elementos naturais; por exemplo, Íris – deusa água e
Osíris – deus de fogo.

8. Gafanhotos (Êxodo 10:1-20) - Deus encheu o ar e a terra de gafanhotos e os deuses


egípcios (Xu – deus do ar e Sebeque – deus-inseto) não puderam fazer nada para
impedir (Êxodo 10:12-15).
9. Escuridão total (Êxodo 10:21-23) - O deus-sol tinha sido o principal no Egito por
séculos, e todo rei chamava a si mesmo de “filho de Rá”. Na época de Moisés, esse deus era
identificado com Amon e tinha o nome de Amon-Rá.

10. Morte de todos os primogênitos (Êxodo 11-12) - Os governantes do Egito


chamavam a si mesmos de “filhos de Rá”, e se autoproclamavam divinos. A morte dos
primogênitos foi uma grande humilhação.
18

Deus havia determinado a Moisés que todo israelita deveria separar um cordeiro no décimo dia e
guardá-lo até o décimo quarto do mês nisã (março/abril), quando todo Israel sacrificaria o cordeiro ao
pôr do sol e então passariam o sangue nas laterais e vigas das portas e se preparassem para a partida com
todos seus bens, foi a primeira Páscoa, isto é, Pesach, Passagem, pois Deus passou pelos israelitas e
matou todo primogênito do Egito.
Assim Faraó permitiu que os hebreus fossem embora e os próprios egípcios lhes
deram presentes, uns com desejo de que fossem para longe, outros pelo costume local de
arrependimento pelos maus tratos feitos.
Os hebreus saíram do Egito aos 15 dias do mês nisã, 400 anos após Jacó ter
chegado no Egito, levando os ossos de José conforme havia sido determinado, tinha
Moisés 80 anos e Arão 83.
Os caminhos escolhidos para a saída de Israel do Egito rumo à Canaã eram
difíceis e ásperos, escolhido propositalmente para castigar os egípcios pela violação à
palavra, caso se arrependessem novamente e decidissem ir atrás do povo, como também
por este caminho impediria que avisassem os filisteus sobre a saída dos hebreus, seus
inimigos.
Deus escolheu o caminho até as margens do mar Vermelho para mostrar a todos
seu poder, ao fazer o povo passar em terra seca e por destruir um grande exército
composto por seiscentos carros de guerra, cinquenta mil cavaleiros e duzentos mil
homens da infantaria, sem que ninguém escapasse.
No entanto, antes que atravessassem o Mar Vermelho, Moisés fez a seguinte
oração:
“Vós vedes, Senhor, que é humanamente
impossível, quer pela força, quer pela astúcia, escapar
de um perigo tão grande como este em que agora nos
encontramos. Somente vós podereis salvar este povo, que
saiu do Egito apenas para vos obedecer. A nossa
esperança está em vosso auxílio. Somente vós podeis ser
o nosso refúgio em tão extrema conjuntura. E podeis, se
quiserdes, defender-nos contra o furor dos egípcios.
Apressai-vos, pois, Deus Todo Poderoso, em estender o
vosso braço em nosso favor e erguei o ânimo e a
esperança de nosso povo, que se encontra em desalento
e desespero. Este mar e estes rochedos que nos cercam e
se opõe à nossa passagem são obras de vossas mãos.
Ordena, apenas, Senhor, e obedecerão à vossa ordem, e
19

podeis até mesmo, se quiserdes, fazer-nos voar pelos


ares”. (JOSEFO, 2009)
As armas dos egípcios foram levadas à beira da praia pelas ondas, no dia
seguinte, e então os hebreus tomaram posse dessas.
A caminhada ao monte Sinai se mostrou difícil por ser numa região deserta e de terra
seca, ao que quando eram cavados poços, não tinham água suficiente para todos e então
começa uma reclamação por terem pouca água e amarga, quando então Moisés intercede
a Deus para que transformasse as águas amargas em doces e assim foi feito através de
um pedaço de madeira.
Em todo instante que o povo reclamava, Moisés os fazia lembrar do que Deus
fez por eles, para que não desanimassem, mas confiassem no Senhor.
Quando o povo sentiu fome e reclamava com Moisés, Deus fez uma grande quantidade
de codornizes cansadas de voar caíssem no acampamento dos hebreus. Enquanto Moisés
orava ao Senhor com os braços elevados aos céus, caíra uma espécie de orvalhos que
tinham sabor de mel, do tamanho do grão de coentro.
Devido a avareza dos mais fortes, que impediam os mais fracos de pegar sua
quantidade suficiente, foi determinado que pegassem apenas a porção para cada dia, o
que ficasse para o dia seguinte apodrecia. Esse orvalho foi chamado pelos hebreus de
maná, que corresponde a uma interrogação como que diz” Que é isto?”.
Ao chegar em Redifim, tiveram muita sede e então Deus manda que Moisés fira
a rocha e desta jorre água para que bebam.
Os povos vizinhos querem expulsar os hebreus para não correrem o risco de
futuramente terem suas terras invadidas, então como os amalequitas estavam em Edom e
na cidade de Petra e eram os mais animados para a guerra, foram estes a lutar contra os
hebreus.
Moisés reúne os chefes e principais dos israelitas e lhes dá recomendações,
pondo como general Josué, filho se Num da tribo de Efraim. Moisés o orientava de tal
forma que ele se distingue dos demais. Ao findar da batalha com vitória dos hebreus,
Moisés enaltece publicamente a Josué pela coragem e procedimento, após levantar um
altar a Deus, Moisés dedica um banquete a Josué.
Jetro, sogro de Moisés vem ter com ele trazendo sua esposa Zípora e seus filhos
e percebe que Moisés está sobrecarregado e lhe aconselha a dividir as tarefas, ficando
com as de maior complexidade.
Outros acontecimentos importantes foram quando Deus deu ao povo os Dez
mandamentos (Ex 20.1-17), a escolha do sumo sacerdote e sacerdotes (Ex 28.1), a
adoração ao bezerro de ouro (Ex 32.4), a criação do tabernáculo (Ex 35.8 - 39.43).
20

Quando a congregação chegou em Cades, não havendo mais água, o povo


murmurou contra Moisés e Arão, estes clamam ao Senhor que lhes responde dizendo a
Moisés para falar à rocha e esta jorraria água, mas Moisés com raiva pela rebeldia do
povo toma a vara e fere a rocha duas vezes. Por causa deste ato, Moisés e Arão ficam
impedidos de entrarem na terra prometida (Nm 20.11-12). Arão antes de morrer é
despido de suas vestes sacerdotais por Moisés no monte Hur, em seu lugar como sumo
sacerdote fica seu filho Eleazar. (Nm 20.28)
Já na fronteira com Canaã, no lugar chamado Para, Moisés enviou 12 espias, um
de cada tribo para trazer informações sobre a terra prometida, ao que quando voltaram
todos foram unânimes em dizer que a terra manava leite e mel, no entanto 10 deram
maior importância aos gigantes que lá haviam e com isso fizeram o povo temer, apenas
Josué, da tribo de Efraim, e Calebe, da tribo de Judá, mantiveram-se animados e
esperançosos quanto a possuir a terra independente das dificuldades encontradas e por
isso, a geração daquele povo, dos vinte anos para cima, que temeu e não confiou que
herdariam a terra prometida, ficou impedido de entrar nela, com exceção de Josué e
Calebe. (Nm 32.11-12)
E tendo Moisés subido as campinas de Moabe, ao monte Nebo, lhe mostrou o Senhor
toda a terra de Canaã que fora prometida a Abraão, Isaque e Jacó. Após ver a terra,
Moisés morre (Dt 34.4-5), sem perder a visão e ainda com vigor aos 120 anos.

Questionário
1. O que Faraó Setos I incentivou seu povo fazer em relação aos hebreus?
2. O que os hebreus são obrigados a fazer após serem escravizados?
3. Após andar bastante e suportar grande fome e sede ao fugir do Egito, Moisés chega a Midiã. Quem
deu esse nome ao lugar?
4. Qual era o costume das mulheres de Troglodita, como as filhas de Jetro?
5. Por que os pastores não iam no Monte Horebe?
6. Em relação a sua missão, qual a postura de Moisés quando os hebreus se queixavam por causa do
aumento de seus sofrimentos quando o rei determina a retirada da palha para fabricação de tijolos?
7. Qual dia e mês que os hebreus saíram do Egito?
8. Por que o caminho escolhido para a saída de Israel do Egito era difícil e áspero?
9. Quanto à saída de Israel do Egito, por que Deus escolheu o caminho até as margens do Mar
Vermelho?
10. O que Moisés fazia ao povo quando este reclamava?
11. Em relação ao “Maná”, por que foi determinado que pegassem apenas a porção para cada dia?
21

12. Quem Moisés exaltou publicamente por sua coragem e procedimento ao findar da batalha contra os
amalequitas?

REFERÊNCIAS:
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus: De Abraão à queda de Jerusalém. 8. ed. Rio
de Janeiro: Cpad, 2004.

TOGNINI, Enéas. O período interbíblico. São Paulo: Hagnos, 2009. 224 p.

http://biblia.com.br/perguntas-biblicas/idolatria/o-que-representavam-as-10-pragas-doegito-e-quais-sao-
os-deuses-que-estao-relacionados-com-elasc

Aula 3 – Período Tribal – A conquista da terra prometida / Juízes

Após a morte de Moisés, o Senhor escolhe Josué para liderar o povo de Israel na conquista da
terra prometida. Josué foi ajudante de Moisés enquanto este estava vivo e demonstrava compromisso em
cumprir as ordens de Deus, foi elevado ao patamar de General do exército de Israel na batalha contra os
amalequitas, além de ter sido apenas ele e Calebe que se mantiveram contentes e esperançosos pela
conquista de Canaã, quando os demais espias temeram e fizeram o povo temer por causa dos gigantes
habitantes daquela terra.
Josué tem as qualidades necessárias para o momento que Israel passaria para a tão sonhada
conquista de Canaã, era temente a Deus e estrategista militar. Deus chama Josué conforme Js 1.2 “Meu
servo Moisés está morto. Agora, pois, você e todo este povo preparem-se para atravessar o rio Jordão
e entrar na terra que eu estou para dar aos israelitas.”
Deus encoraja a ele, Js 1.6-7 “Seja forte e corajoso, porque você conduzirá este povo para
herdar a terra que prometi sob juramento aos seus antepassados.
Somente seja forte e muito corajoso! Tenha o cuidado de obedecer a toda a lei que o meu servo Moisés
ordenou a você; não se desvie dela, nem para a direita nem para a esquerda, para que você seja bem-
sucedido por onde quer que andar.”
Guiar toda uma nação não é fácil, assim como substituir um grande líder como Moisés também
não é, ainda mais quando o próprio Deus avisa a Moisés antes de morrer que o povo iria se prostituir a
outros deuses, conforme em Dt 31.16-17 “E o Senhor disse a Moisés: "Você vai descansar com os seus
antepassados, e este povo logo irá prostituir-se, seguindo aos deuses estrangeiros da terra em que vão
22

entrar. Eles se esquecerão de mim e quebrarão a aliança que fiz com eles.
Naquele dia, se acenderá a minha ira contra eles, e eu me esquecerei deles; esconderei deles o meu
rosto, e eles serão destruídos. Muitas desgraças e sofrimentos os atingirão, e naquele dia perguntarão:
'Será que essas desgraças não estão acontecendo conosco porque o nosso Deus não está mais
conosco?'
Deus então manda que Josué confie nEle, Js 1.9 “Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e
corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você
andar".
Josué envia dois espias, para irem a Jericó, cidade que possuía muros considerados
intransponíveis, e que seria a primeira das cidades a serem conquistadas pelo exército de Israel. Estes
espias ao entrarem e colherem informações para seu exército, são descobertos pelos soldados locais, mas
acabam tendo a proteção de Raabe, prostituta que morava nas muralhas de Jericó, e por este motivo
recebe a garantia dos soldados de que na ocasião da tomada de Jericó, teria sua família poupada,
bastando colocar um cordão vermelho na janela para identificar onde os soldados hebreus não poderiam
fazer mal algum àquela família, pois a ordem de Deus quando entrassem em Canaã seria a de passar afio
da espada a tudo quanto tivesse vida, conforme Dt 7.1-4, para que o povo de Israel não se desviasse
dEle.
Para que o exército de Israel pudesse atacar a cidade de Jericó, precisavam primeiro vencer as
águas do rio Jordão, então no momento em que os sacerdotes pisam nas águas desse rio, o Senhor faz
com que as correntezas cessem, abrindo suas águas e então toda nação passou em terra seca. Deus
manda que doze homens, um de cada tribo, pegue uma pedra do rio para servir como memorial do
ocorrido.
Deus manda a Josué que o povo e o exército marchem por seis dias em volta da cidade de Jericó,
uma vez a cada dia e no sétimo os sacerdotes, que tinham os homens armados a sua frente, deveriam
tocar as trombetas e todo o povo gritar e então as muralhas cairiam, e assim ocorreu, após a queda das
muralhas os soldados entraram na cidade, poupando a vida apenas de Raabe e sua família (Js 7).
Após esse evento, a próxima cidade a ser conquistada é Ai, onde após ter recebido informações
de que bastava apenas pequeno contingente do exército, aproximadamente 3000 homens, para a
conquista da cidade, Israel se vê derrotado pelo inimigo que julgara ser fácil de vencer. Mas a causa da
derrota vem à tona quando Josué recorre a Deus e este lhe diz que a derrota foi causada por um anátema,
pois um dos israelitas pegou como despojos daquela cidade para si, desobedecendo a ordem do Senhor
de que nada poderia ser pego.
23

Box
Anátema - Palavra grega que significa ‘coisa exaltada’
dentro de um templo - por exemplo, como oferta de voto a
um ídolo. (Assim, em Lc 21.5.) Na versão dos LXX o termo
é aplicado aos animais que, oferecidos a Deus, deviam ser
mortos (Lv 27.28, 29): daqui vem o sentido genérico
‘condenado’, amaldiçoado (Js 6.17 - 7.12). Com esta
significação se encontra o termo grego em 1 Co 16.22 - Rm
9.3 - 1 Co 12.3 e Gl 1.8,9. Em At 23.14 está a palavra
empregada no sentido de ‘maldição’.

O Deus de Israel tem ciúmes e não aceita concorrência, isso causa num choque cultural entre o
povo de Israel e os cananeus, pois a religião e culto destes são promíscuos, rudes, contendo abundância
de sacrifícios humanos assim como prostituição religiosa masculina e feminina. Desta forma Deus não
poderia aceitar o desvio com o descumprimento de suas ordens.
Para que Israel continue sua caminhada vitoriosa, é necessário purificar o povo, extirpando de
seu meio, a casa daquele que se transformou anátema entre Israel, Acã da tribo de Judá, que foi morto
com sua família ao vale de Acor.
Tendo sido purificado Israel, Josué arma uma emboscada ao exército de Ai, que após a vitória
anterior sobre o temido exército de Israel, ficou ousado, crendo que poderiam vencer novamente. A
emboscada de Josué é fazer com que parte de seus comandados fiquem próximo a Ai, fazendo com que
saiam da cidade e neste momento outra parte dos hebreus entrem na cidade e queimem-na, assim
ocorrendo, faz com que o exército local fique cercado, e então acaba com toda a população de 12000
homens e mulheres naquele dia. Desta vez, Deus manda que peguem despojos da guerra e animais. O rei
de Ai é morto enforcado e seu corpo lançado a entrada da cidade de Ai, que fica em ruínas.
Os gibeonitas, ao saberem dos feitos de Israel em Jericó e Ai, decidem que a melhor coisa a ser
feita é se aliar aos hebreus, mas como fazer isso se a ordem de Deus é acabar com todos os cananeus?
Os gibeonitas usam da mentira para enganar Josué e todo povo de Israel, se passando por um povo
distante que ouvira sobre o Deus dos hebreus, e que a este queriam fazer acordo com eles, para que o
plano não fosse descoberto, vestiram-se de roupas velhas e surradas, tomaram de pães bolorentos e
assim enganaram a Josué, que não consultou a Deus, que fez acordo de poupar a vida deste povo. De
forma que ao descobrirem que era mentira o que lhes falara, nada pode fazer Josué a não ser cumprir sua
palavra, que foi feito em juramento em nome do Senhor, e dar-lhes como castigo passariam a ser
lenhadores e carregadores de água para o povo de Israel.
Essa atitude dos gibeonitas causou irritação ao rei de Jerusalém, que estava formando uma
coalizão com quatro outros reis vizinhos para que pudessem juntos derrotar os hebreus. Adoni-Zedeque,
rei de Jerusalém, decide convocar os reis de Hebrom, Jarmute, Laquis e Eglom a atacarem Gibeom.
Estes últimos então pedem auxílio a Israel, que se vê obrigado a socorrê-los devido ao pacto firmado
24

anteriormente e neste momento Deus mostra a todos o seu poder e que estava com Israel, seu escolhido,
pois após o exército israelita atacar os inimigos que estavam prestes ao assalto à cidade. Deus encoraja a
Josué a não temer os reis conforme Js 10.8 “E disse o Senhor a Josué: "Não tenha medo desses reis; eu os
entreguei nas suas mãos. Nenhum deles conseguirá resistir a você". O auxílio de Deus nessa batalha foi tão
extraordinário que além dos raios, trovões e de saraiva de pedras, quando Josué determina ao sol que pare sobre
Gibeom e a lua em Aijalom, assim acontece e naquele dia o sol brilhou por quase um dia inteiro sem se pôr.
Js 10.12-15 “No dia em que o Senhor entregou os amorreus aos israelitas, Josué exclamou ao Senhor, na
presença de Israel: "Sol, pare sobre Gibeom! E você, ó lua, sobre o vale de Aijalom!"
O sol parou, e a lua se deteve, até a nação vingar-se dos seus inimigos, como está escrito no Livro de Jasar.
O sol parou no meio do céu e por quase um dia inteiro não se pôs. Nunca antes nem depois houve um dia
como aquele, quando o Senhor atendeu a um homem. Sem dúvida o Senhor lutava por Israel!
Então Josué voltou com todo o Israel ao acampamento em Gilgal.
Os 5 reis se escondem numa caverna próximo a Maquedá, mas ao serem localizados, são
aprisionados e mortos por Josué, que logo após volta com o exército a Gilgal.
A fama dos hebreus de não poupar ninguém em suas vitórias, fez com que os reis do Líbano e
dos filisteus se unissem contra Israel com um exército de 300 mil soldados infantes, 10 mil dá cavalaria
e 20 mil carros e acampassem próximo a Berote, na Galiléia. Esse numeroso exército assustou os
hebreus, parecendo até mesmo que Josué tenha ficado sem coragem e perdido, então Deus os censura a
confiarem nEle, pois já lhes prometera a vitória é ordena que corte o jarrete de todos cavalos capturados
e queimem todos carros.
Box

Jarrete - região dá parte inferior do joelho. Curvilhão.

Após marcharem por cinco dias, inicia-se o combate e Israel vence mais uma vez, tendo poucos
escapados, mas os reis foram mortos. Com isso os hebreus devastam a cidade sem ninguém se opor.
Após cinco anos, poucos eram os cananeus que sobraram e estes foram para lugares bem
fortificados. O exército israelita não estava mais em Gilgal, mas em Silo, nos montes, aguardando uma
ocasião para construção do Templo. Então Josué divide, seguindo ondem de Moisés, o exército em dois,
ficando metade no monte Gerizim e metade no Ebal, para sacrifícios a Deus.
Já com a idade avançada e vendo que as cidades que faltavam conquistar eram quase invencível,
Josué reúne o povo em Silo, onde estava o Tabernáculo, e julga ser o momento de dispensar as tribos
moradoras além do Jordão. As terras são assim distribuídas:
Judá - Alta Judéia, de Jerusalém e em largura até lago de Sodoma, tendo as cidades de Asquelon e
Gaza.
Simeão - Iduméia, com limite com Egito e Arábia.
Benjamim - desde rio Jordão até o mar em largura de Jerusalém a Betel, compreendendo cidades de
Jerusalém e Jericó.
25

Efraim - do rio Jordão a Garra, em largura de Betel ao Campo Longo.


Manassés - do Jordão a cidade de Dor, em largura até Bete-Sea, chamada Scitopolis.
Issacar - do rio Jordão até o Monte Carmelo, e largura até monte Itabarim.
Zebulom - limite com monte Carmelo e mar se estendendo ao lago de Genesaré.
Aser - planície rodeada de montes atrás do monte Carmelo, frente Sidom.
Naftali - Alta Galiléia e região desde lado oriente até cidade de Damasco, monte Líbano e nascente do
Jordão.
Dã - vales do ocidente, com limites Azor e Dóris e onde encontram cidades de Jamnia e Cita e território
Acarom terminando no monte onde começa parte pertencente à Judá.
A sétima província, que é dos amorreus, fora dada por Moisés a tribo de Rúben e Cadê à metade
de Manassés.
Josué já não podia tomar parte das batalhas por causa da idade e por perceber que quem ele dava
incumbência de fazer, agia negligentemente, então ele exorta as tribos a trabalharem com coragem no
território de cada um com a finalidade de exterminar os cananeus que ainda restavam, visando à própria
segurança, assim como consolidaria a religião e as leis. Deveriam ainda entregar aos levitas as 38
cidades que faltavam das 48, sendo 3 dessas destinadas como cidade refúgio, Hebrom, Siquém e Cades.
Box
Cidade refúgio – local onde o derramador
acidental de sangue podia encontrar proteção e
asilo contra o vingador do sangue.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_de_refugio
Dividiu ainda os despojos que sobraram, dentre ouro, vestes e vários objetos, ficando ricos a
Republica e seus habitantes. O número de cavalos e dos outros animais era incontável. Josué após vinte
anos como líder de Israel, já velho e cansado, reúne os príncipes tribais, magistrados, principais da
cidade e fala-lhes dos feitos de Deus em favor de Israel, exorta-os a rigorosamente observarem os
mandamentos, então ao terminar suas palavras, entrega seu espírito e morre, aos 110 anos, sendo 40 sob
governo de Moisés e 25 como líder e orientador do povo. Nessa mesma época, morre Eleazar, sumo
sacerdote e seu filho Finéias fica em seu lugar.
Ao ser perguntado pelo povo quem seria o chefe designado por Deus para guerrear contra os
cananeus, o novo sumo sacerdote responde que seria a tribo de Judá com a tribo de Simeão em auxílio,
com a condição de inverter o auxílio para exterminar os cananeus que restavam próximo à tribo de
Simeão.
Com a morte de Josué os cananeus, que também eram poderosos, acreditavam que podiam
vencer os israelitas e então formaram um grandioso exército e ficaram sob o comando de Adoni-
Bezeque, senhor da cidade de Bezeque, mas as tribos de Judá e Simeão venceram a batalha e prenderam
esse rei, lhes cortando polegares dos pés e das mãos, de forma que ele pagou da mesma forma que fez
com 70 reis dos quais cortava os polegares, levaram-no a Jerusalém, onde morreu. Tomaram apenas a
26

Cidade Baixa, logo após foi a cidade de Hebrom, onde havia alguns gigantes, essa cidade, na extensão
de dois mil côvados, foi dada aos levitas, por pertencer a um lugar de honra, sendo o restante do
território dado a Calebe.
As cidades da planície, Asquelom e Azor, foram conquistadas, mas Gaza e Acarom não foram.
A tribo de Benjamim, que estava em Jerusalém se satisfez em impor tributos a seus moradores, a
tribo de Efraim a muito custo e graças a um homem que caiu nas mãos dessa tribo e ajudou a
apoderarem essa cidade para pouparem sua vida.
Claramente os israelitas desejam apenas desfrutar da paz e dos bens que lhes foram acumulados,
deixando assim de guerrear e exterminar os inimigos cananeus, passaram a não observar mais as Leis de
Deus e tornam-se surdos à voz de Deus, que os faz saber que por terem ido contra Sua ordem e poupado
os cananeus, tratando-os com bondade, experimentariam a crueldade deles. Mas nem isso foi suficiente
para fazer-lhes mudar de postura, pois se tornaram efeminados de tal forma que o trabalho era para eles
insuportável. Tornaram-se idólatras, passando assim a adorar outros deuses e a estes prestar cultos, de
forma que acendeu a ira no Senhor, que os abandonou.
Então o rei Chusarte, da Assíria ataca várias cidades e durante oito anos cobra-lhes impostos e
então Otniel da tribo de Judá é chamado por Deus a não tolerar o feito dos assírios e combate a estes,
libertando o povo que lhe tomam por chefe e Juiz, ficando nesse cargo por quarenta anos, quando então
morre.
Eglom, rei dos moabitas, subjuga os israelitas, que são libertados por Eúde, da tribo de
Benjamim, que se torna Juiz, cargo ocupado por 80 anos, quando morre e é sucedido por Anate que
morre antes mesmo de completar 1 ano no cargo.
Quando Jabim, rei dos cananeus subjuga os israelitas, pois voltaram a falhar com Deus que
deixou que fossem novamente subjugados, aparece a Juíza Débora, responsável por encorajar o General
Baraque e o povo a lutar pela liberdade, de forma que o General só aceitou ir para a batalha se Débora
fosse também, então ela diz a ele, conforme Jz 4.9,10 “Respondeu Débora: "Está bem, irei com você. Mas
saiba que, por causa do seu modo de agir, a honra não será sua; porque o Senhor entregará Sísera nas mãos de
uma mulher". Então Débora foi a Quedes com Baraque, onde ele convocou Zebulom e Naftali. Dez mil homens
o seguiram, e Débora também foi com ele.”
Após a morte de Baraque e Débora, os midianitas, com ajuda dos árabes e amalequitas subjugam
os israelitas e então surge um novo Juiz, Gideão, filho de Joás, que se julga incapaz de vencer os
midianitas, mesmo tendo Deus lhe falado que estava com ele, mas enfim é encorajado a despedaçar o
altar de Baal e quebrar o poste de Aserá e levantar um altar ao Senhor. Venceu os midianitas de forma
miraculosa e foi juiz por 40 anos, após sua morte voltaram a se prostituir-se com os baalins.
Abimeleque, bastardo de Gideão, é feito rei após matar seus 70 irmãos, mas é morto após pedir a
um soldado que o enfie a espada para não morrer por uma mulher que lhe jogara uma pedra que racha
seu crânio.
27

Após Abimeleque, Tola, filho de Puá, levantou-se para libertar Israel e liderou por 23 anos,
quando morre é substituído por Jair, que lidera por 22 anos até morrer e deixar 30 filhos.
Outro juiz bem conhecido foi Sansão, que era nazireu, se apaixona por uma filisteia, com ela
casa-se e depois separa, depois conhece uma mulher do Vale de Soreque, cujo nome é por Dalila, que
descobre o segrego de sua força e conta aos filisteus e estes rapam as tranças da cabeça de Sansão,
fazendo-o perder a gigantesca força que tinha.
BOX
Separado, consagrado. Não se deve confundir nazireu com
nazareno. Nazireu era aquela pessoa, de um ou de outro sexo, que
na lei de Moisés se obrigava por voto a abster-se de vinho e de
todas as bebidas alcoólicas, a deixar crescer o cabelo, a não entrar
em qualquer casa, em que houvesse gente morta, e a não assistir a
qualquer funeral. Se, acidentalmente, alguém morresse na presença
de um nazireu, recomeçava este a sua consagração de nazireado.
Geralmente o voto era por certo período de tempo, mas algumas
vezes por toda a vida. Nazireus perpétuos, como Samuel, Sansão, e
João Batista, foram consagrados a esta condição de vida pelos seus
pais continuando assim a viver sob o seu voto, não bebendo vinho,
e deixando crescer o cabelo. Aqueles que faziam voto de nazireu,
fora da Palestina, e não podiam ir ao templo, quando expirava o
tempo do voto, contentavam-se com observar, na terra onde viviam,
a abstinência requerida pela Lei, cortando porém o seu cabelo.
Quanto às ofertas e sacrifícios, que, prescritos por Moisés, deviam
ser efetuados no templo, ou por eles, ou por outros em seu lugar,
ficavam adiados, até que se oferecesse conveniente oportunidade.
Essa a razão por que Paulo, estando em Corinto, e tendo feito,
segundo parece, uma forma modificada de voto nazireu, mandou
cortar o seu cabelo em Cencréia, um porto de Corinto, e adiou as
restantes obrigações do seu voto para quando fosse a Jerusalém
(Nm 6.1 a 21 - At 18.18 - 21.23,24). A consagração de um nazireu
era uma disposição, que notavelmente se assemelhava à do sumo
sacerdote (Lv 21.10 a 12). O voto do nazireu era feito com o fim de
cultivar a soberania da vontade, e vencer as baixas inclinações da
natureza humana, tendo isso à significação de um sacrifício a Deus.

Em todos os momentos que foram necessários a intervenção de um Juiz instituído por Deus para
libertar o povo hebreu das mãos de seus opressores, a causa da opressão foi a desobediência às leis, a
adoração a outros deuses, numa clara demonstração da perda da identidade do povo com Deus,
abandonando a fé e suas características peculiares, consequentemente tendo como castigo de Deus a
permissão dada a outros povos para oprimi-los, a fim de se lembrarem do Senhor e a Ele se voltarem.
Abaixo estão os nomes de cada juiz, a libertação alcançada , o tempo de atuação e governo e a
referência bíblica de cada um deles:

♦ Otniel – livramento da opressão Mesopotâmica (Juízes 3:7-11).


♦ Eúde – livramento da opressão Moabita (Juízes 3:12-30). Governou por 80 anos
28

♦ Sangar – livramento da opressão Filistéia (Juízes 3:31).


♦ Débora e Baraque – livramento da opressão Cananéia (Juízes 4:1 até 5:31). Governaram por 40 anos.
♦ Gideão – livramento da opressão Midianita (Juízes 6:1 até 8:35 ). Governou por 40 anos.
♦ Tola – tempos conturbados sob Abimeleque (Juízes 9:1 até 10:2). Governou por 23 anos.
♦ Jair – tempos conturbados sob Abimeleque (Juízes 10:3-5 ). Governou por 22 anos.
♦ Jefté – livramento da opressão Amonita (Juízes 10:6 até 12:7). Governou por 6 anos.
♦ Ibsã – livramento da opressão do Período da Judicatura (Juízes 12:9). Governou por 7 anos.
♦ Elom – livramento da opressão do Período da Judicatura (Juízes 12:11). Governou por 19 anos.
♦ Abdom – livramento da opressão do Período da Judicatura (Juízes 12:14 ). Governou por 8 anos.
♦ Sansão – livramento da opressão Filistéia (Juízes 13:1 até 16:31). Governou por 20 anos.
♦ Eli – 40 anos (1 Samuel 1:1 até 4:22).
♦ Samuel – livramento do jugo dos filisteus, organização do Reino e último juiz (1 Samuel 7:15-17).
Governou por 40 anos.

Questionário
1. Quais as qualidades de Josué julgadas como necessária para a conquista de Canaã?
2. Qual era a finalidade do cordão vermelho posto por Raabe na janela de sua casa, por ocasião da
invasão dos hebreus em Jericó?
3. Ao atravessar o rio Jordão, indo em direção à Jerico, o que Deus manda que façam?
4. Como era a religião e cultos dos cananeus?
5. Qual foi a emboscada de Josué na luta contra Ai?
6. Por que Josué cumpriu sua palavra com os gibeonitas, mesmo descobrindo que havia sido enganado
por eles?
7. Quando os reis de Jerusalém, Hebrom, Jarmute, Laquis e Eglom decidem atacar Gibeom, o exército
de Israel sai em socorro a eles, qual foi o auxílio de Deus nesta batalha em favor de Israel?
8. Com a fama de Israel em não poupar ninguém em suas vitoriosas batalhas, os reis do Líbano e dos
filisteus se unem formando um grande exército. Qual era a composição deste exército?
9. Qual exortação de Josué para as tribos?
10. Qual foi a tribo designada a guerrear contra os cananeus após a morte de Josué?
11. Após os israelitas deixar de guerrear contra os cananeus e não observarem mais as leis de Deus e
tornarem-se surdos à sua voz, o que o Senhor os faz saber?
12. O Que o Senhor faz quando os israelitas tornaram-se idólatras, e acender Sua ira?
13. Após a morte de Baraque e Débora, o que os midianitas, com ajuda dos árabes e amalequitas fazem
com os israelitas?
14. Quais foram as causas das opressões sofridas pelos israelitas?
29

REFERÊNCIAS:
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus: De Abraão à queda de Jerusalém. 8. ed. Rio de Janeiro: Cpad,
2004.
BORGER, Hans. Uma história do povo hebreu: de Canaã à Espanha. 5. ed. São Paulo: Editora e
Livraria Sêfer Ltda, 2015. 1 v.
TOGNINI, Enéas. O período interbíblico. São Paulo: Hagnos, 2009. 224 p.
https://www.bibliaon.com/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_de_refugio
http://biblia.com.br/perguntas-biblicas/biblia/foram-quinze-os-juizes-mencionados-na-biblia-depois-
vieram-os-reis-cl/
http://www.bibliaonline.net/dicionario/

Aula 4 – Reinado e Divisão do Reino

Após Samuel, já avançado em idade, passar o governo a seus dois filhos, sendo o mais velho Joel
e o mais novo Abias, ambos se corromperam e aceitavam presentes em troca de julgamentos,
praticavam toda sorte de impurezas, não se importando com as ofensas com o nome de Deus. Com isso
os israelitas falam ao Juiz-profeta Samuel dos acontecimentos de seus filhos e pedem que lhes deem um
rei, para vingar as injúrias dos filisteus. Ainda relutante, pois entendia que não há governo melhor que o
de Deus (Teocracia), Samuel ouve do Senhor que não deveria se preocupar pois era a Ele que o povo
estava rejeitando, e que após dar-lhes detalhes de como o rei lhes trataria, deveria então acatar ao desejo
do povo.
Saul surge como um desconhecido, mas que logo mostra suas qualidades. Com a fraqueza dos
israelitas, os temidos amonitas se aproveitam do momento para recuperar os territórios perdidos e
acabam ocupando a cidade de Jabés-Guilead, ameaçando os moradores a terem seus olhos direitos
furados. Os guileaditas fazem um desesperado pedido de ajuda a Saul, que toma uma junta de boi e
enviam 12 pedaços, cada um a um chefe das tribos com o seguinte recado como consta em 1Sm 11.7:
"Isto é o que acontecerá aos bois de quem não seguir Saul e Samuel". Então o temor do Senhor caiu
sobre o povo, e eles vieram unânimes. A cidade é então libertada e os assaltantes mortos e expulsos os
pouco que viveram. Saul é então confirmado como rei de Israel.
Samuel se lembra de como Deus livrou o povo das mãos de tantos inimigos, mas que ainda
assim o povo preferiu ter um rei a ter o Senhor como seu Rei, como está escrito em 1Sm 12.12 "Quando
porém, vocês viram que Naás, rei dos amonitas, estava avançando contra vocês, me disseram: 'Não!
30

Escolha um rei para nós', embora o Senhor, o seu Deus, fosse o rei.”. Samuel ainda deixa um recado ao
povo, 1Sm 12.25 “Todavia, se insistirem em fazer o mal, vocês e o seu rei serão destruídos".
Saul era da idade de 30 anos no início de seu reinado sobre Israel, que durou 42 anos. Quando
Jônatas, filho de Saul ataca os filisteus em Gibeá, atrai o ódio deles que decidem lutar contra Israel e vão
com 3 mil carros de guerra, 6 mil condutores de carros e uma infinidade de soldados a Micmás, onde
acampam, desta forma os soldados israelitas ao serem pressionados, se escondem em cavernas, buracos,
rochas, cisternas e poços e alguns até mesmo atravessam o Jordão para se refugiar em Gade e Gileade.
Após esperar por 7 dias por Samuel e ao não ver este chegar, Saul se acha no direito de oferecer
holocausto ao Senhor e quando termina, Samuel aparece e lhe questiona o motivo de Saul ter feito o
holocausto e informa que por causa de tal atitude, o Senhor procurou um homem segundo o Seu coração
e o designou a ser líder de Israel afinal, Saul desobedeceu ao Senhor.
Jônatas e seu escudeiro atacam sozinhos os filisteus sem que Saul e o exército de Israel soubesse,
de forma que estes temeram e começaram a fugir e foi quando o rei decide atacar os filisteus que
estavam tão desorientados que uns matavam os outros na tentativa de fugir, naquele momento o Senhor
entregou a vitória a Israel. Ao assumir o reinado, Saul lutou contra amonitas, moabitas, edomitas, reis de
Zobá e os filisteus, além de libertar Israel das mãos saqueadoras dos amalequitas.
Saul sai a guerrear contra os amalequitas com a ordem de Deus para destruir tudo e nada poupar,
mas Saul apesar de ter exterminado o povo, deixou o rei Agague vivo, 1Sm 15.9 “Mas Saul e o exército
pouparam Agague e o melhor das ovelhas e dos bois, os bezerros gordos e os cordeiros. Pouparam tudo
o que era bom, mas tudo o que era desprezível e inútil destruíram por completo.” Desta forma Deus se
arrepende de ter posto Saul como rei. Quando perguntado por Samuel porque não obedeceu ao Senhor,
Saul diz que os despojos e animais eram para sacrificar a Deus, mas o profeta dá a seguinte resposta,
1Sm 15.22-23 :“Samuel, porém, respondeu: "Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em
sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a
submissão é melhor do que a gordura de carneiros.
Pois a rebeldia é como o pecado da feitiçaria; a arrogância, como o mal da idolatria. Assim como você
rejeitou a palavra do Senhor, ele o rejeitou como rei". Samuel então mata o rei Agague e nunca mais
viu Saul, até o dia de sua morte.
Deus manda que Samuel vá a Belém pois da casa de Jessé havia escolhido aquele que seria o
novo rei de Israel. De modo que após os sete filhos terem sido apresentados, mas nenhum deles
escolhido pelo Senhor, até que Jessé a pedido do profeta manda chamar Davi e ao entrar, Deus fala a
Samuel para ungi-lo e a partir daquele momento o Espírito de Deus se apoderou dele.
Enquanto isso de Saul se retira o Espírito de Deus e entra nele um espírito maligno, vindo da parte de
Deus para atormentá-lo e apenas quando Davi tocava a arpa, esse espírito se ausentava e Saul ficava
calmo.
31

Os filisteus decidem atacar Israel e então aparece o guerreiro Golias de 2,90 cm de altura, usando
capacete de bronze e couraça de escamas de bronze pesando 60kg, caneleiras de bronze e um dardo de
bronze pendurado nas costas, além de uma lança cuja ponta pesava 7,2 kg, então este guerreiro desafia o
exército israelita por 40 dias, manhã e tarde, até que 1Sm 17.26: “Davi perguntou aos soldados que
estavam ao seu lado: "O que receberá o homem que matar esse filisteu e salvar a honra de Israel?
Quem é esse filisteu incircunciso para desafiar os exércitos do Deus vivo?" e Davi apenas com uma
funda e 5 pedras lisas derrota o gigante e lhe corta a cabeça.
Após este feito e por fazer com tanta habilidade a tudo que Saul lhe pedia, Davi ganha um
elevado posto no exército, de forma que tanto o povo quanto os conselheiros ficaram satisfeitos com
isso. As mulheres de todas as cidades de Israel foram ao encontro dos soldados com um cântico que
causou grande inveja e irritação em Saul, 1Sm 18.7 “As mulheres dançavam e cantavam: "Saul matou
milhares; Davi, dezenas de milhares", que este passa a desejar a morte de Davi. Quando Saul percebe
que o Senhor é com Davi e passa a ter medo deste, o manda para as batalhas a fim de que os filisteus o
matassem. Davi julgava não ter condições de se tornar genro do rei, mas este para alcançar seu objetivo,
diz que bastavam 100 prepúcios dos filisteus, pois entendia que desta forma Davi seria morto pelos
filisteus, mas a cada batalha Davi tinha mais habilidade, numa demonstração que Deus era com ele, e
antes do prazo terminar aparece com 200 prepúcios dos filisteus. Davi se tornava ainda mais famoso.
Com a insistência de Saul em matar Davi, este foge e vai a Gate, cidade dos filisteus e lá se finge
de louco para escapar com vida dos inimigos dos israelitas, logo após vai a Judá e se esconde na caverna
de Adulão e de lá foi ter com o rei de Moabe e lhe pede asilo para si e a todos que com ele estava, até
que tudo mudasse. Saul manda matar Aimeleque e todos de sua família, totalizando 385 pessoas, e
reduziu a cinzas a cidade, por ter o sacerdote consultado a vontade de Deus a Davi, no massacre apenas
Abiatar, um dos filhos de Aimeleque, conseguiu escapar, toda a casta sacerdotal fora destruída.
Davi derrota os filisteus em socorro a cidade de Queila e Saul ao saber vai em perseguição para
conseguir mata-lo, mas quando Deus revela a Davi que tem de sair de onde está, ele vai com seus 600
homens ao deserto e chega a Zife. Davi consegue salvar-se pois quando se refugia no estreito de En-
Gedi, os filisteus haviam entrado em Israel, preferindo então Saul a repelir os inimigos. Mesmo quando
tem a oportunidade de matar o rei Saul, quando este está na mesma caverna que Davi, o futuro rei de
Israel, decide não fazer, mas apenar cortar parte do manto de Saul, em demonstração de que não queria
mal algum ao atual rei de Israel.
Davi decide pedir asilo ao rei Aquis de Gate, um dos inimigos de Israel, que o aceita e manda-o
se estabelecer em Ziclague, onde fica por 1 ano e 4 meses, mas os comandantes do exército filisteu não
queriam sua presença, de forma que o rei Aquis o manda voltar a Ziclague e ao chegar descobre que os
amalequitas haviam invadido o local e levado prisioneiros mulheres, jovens e idosos; então Davi vai
atrás e consegue recuperar tudo o que os amalequitas haviam levado.
32

No combate entre os filisteus e os israelitas, Saul e seus filhos Jonatas, Abinadabe e Malquisua
foram mortos e a cabeça de Saul foi cortada. Passado algum tempo Davi vai para Hebrom e é ungido rei
de Judá, enquanto que Is-Bosete, filho de Saul, assume o reinado de Israel. Os exércitos de Israel e de
Judá se enfrentam em Gibeon e Judá saiu vencedor. Abner ia cada vez tendo mais poder no reino de
Israel e após ser confrontado por Is-Bosete resolve apoiar a Davi na sua assunção como rei de Israel,
mas é morto por Joabe, logo após fazer um acordo com Davi, em vingança à morte de seu irmão Asael.
Após a morte de Is-bosete, representantes de todas as tribos de Israel foram ao encontro do rei
Davi em Hebrom e ali ele foi ungido rei de Israel e começou a reinar com 30 anos de idade quando
iniciou o reinado, sendo 7 anos e meio em Hebrom, sobre Judá e sobre todo Israel e Judá, em Jerusalém,
33 anos. Em Jerusalém viviam os jebuseus, que tentaram resistir a Davi, mas o rei tomou a fortaleza de
Sião que passou a ser a morada de Davi, que ia ficando cada vez mais poderoso. Através das orientações
de Deus, Davi derrota os filisteus, quando estes tentavam prendê-lo ao saber que havia se tornado rei de
Israel.
Davi decide levar a Arca da Aliança de Judá para Jerusalém, mas após a morte de Uzá, resolve
deixa-la na casa de Obede-Edom, que tem a família muito abençoada pelos 3 meses em que a Arca lá
permaneceu e então Davi resolve enfim levar a Arca para a Cidade de Davi e a cada seis passos que
davam com a Arca, Davi sacrificava um boi e um novilho gordo.
Deus promete a Davi que sua dinastia seria para sempre e que o seu sucessor é quem iria fazer
um templo para honrar o nome do Senhor, e Davi faz uma oração onde reconhece Deus como o único e
poderoso Deus. Os filisteus, os moabitas, amonitas, edomitas e amalequitas foram subjugados por Israel,
de forma que tinha lhes tomado prata e ouro.
Absalão, filho de Davi conspira a tomar o reino de seu pai e usa de artimanhas para conquistar a
simpatia daqueles que iam buscar justiça junto ao rei, até que decide com Aitofel, conselheiro de Davi,
enfim tomar o poder de seu pai que prefere não resistir e lutar, mas fugir e com ele o povo.
O exército de Davi, após fugir de uma batalha que se torna inevitável, luta contra o de Israel, que
acaba derrotado em batalha na floresta de Efraim. Joabe mata Absalão, mesmo contra a ordem de Davi
que era a de que não fizessem mal a seu filho e ao saber de sua morte, chora.
Davi retorna ao reinado sobre Israel e numa batalha contra os filisteus Davi fica muito cansado,
dando mostras de que já não poderia ir às batalhas, então os próprios soldados juram que seu rei não
sairia mais a guerra, 2Sm 21.17 “Mas Abisai, filho de Zeruia, foi em socorro de Davi e matou o filisteu.
Então os soldados de Davi lhe juraram, dizendo: "Nunca mais sairás conosco à guerra, para que não
apagues a lâmpada de Israel".
Estando Davi já avançado em idade, manda que Salomão seja enviado a Giom, onde o sacerdote
Zadoque e o profeta Natã o ungirão rei de Israel. Após ter sido ungido rei de Israel e próximo da morte
de Davi, Salomão ouve o seguinte conselho de seu pai, 1Rs 2.2-4 “Estou para seguir o caminho de toda
a terra. Por isso, seja forte e seja homem. Obedeça ao que o Senhor, o seu Deus, exige: ande nos seus
33

caminhos e obedeça aos seus decretos, aos seus mandamentos, às suas ordenanças e aos seus
testemunhos, conforme se acham escritos na Lei de Moisés; assim você prosperará em tudo o que fizer
e por onde quer que for, e o Senhor manterá a promessa que me fez: 'Se os seus descendentes cuidarem
de sua conduta e se me seguirem fielmente de todo o coração e de toda a alma, você jamais ficará sem
descendente no trono de Israel'.”, Davi morre e é sepultado na Cidade de Davi.
O primeiro ato de Salomão como rei foi mandar colocar um trono para sua mãe ao lado direito
de seu trono. Seus próximos atos foram o de matar aqueles que estavam tramando contra ele: Adonias,
Abiatar e Joabe. Além desses Simei, que amaldiçoara seu pai, também foi morto por ordem de Salomão,
ficando assim o reino estabelecido em suas mãos. O reinado de Salomão foi próspero e tinha paz nas
fronteiras.
Hirão, rei de Tiro e amigo de Davi, cedeu as madeiras de cedro e pinho que Salomão necessitava
e então 480 anos depois de sair o povo hebreu do Egito, no quarto ano do reinado de Salomão, o templo
começou a ser construído, levando 7 anos para terminar a construção (1Rs 6.38). Para a construção de
seu palácio, Salomão levou 13 anos (1Rs 7.1). Após a conclusão de todos os detalhes do templo, a arca é
levada de Sião à Cidade de Davi. No sacrifício de comunhão com o Senhor Salomão sacrificou 22 mil
bois e 120 mil ovelhas em dedicação do rei e de todo Israel do Templo do Senhor.
Salomão construiu tudo o que desejou em Jerusalém, Líbano e onde governou e recrutou para
trabalho forçado os não israelitas, descendentes dos amorreus, dos hititas, dos ferezeus, dos heveus e dos
jebuseus. O rei de Israel era próspero e tinha muitas mulheres, tendo casado com 700 mulheres e 300
concubinas. À medida que foi envelhecendo, foi induzido por suas mulheres a se voltar a outros deuses
e seu coração não era mais totalmente voltado para o Senhor, seguindo os deuses Astarotes e Moloque,
além de fazer altares para outros deuses das suas mulheres estrangeiras que queimavam incenso a eles,
irando o Senhor que promete então tirar o reino de suas mãos e dar a um dos servos, mas que isso
ocorreria com seu filho, pois por amor a Davi, deixaria Salomão reinar enquanto vivesse, mas não tiraria
o reino inteiro, deixaria apenas uma tribo para reinar.
Jeroboão, um dos oficiais de Salomão, rebela-se contra o rei e é revelado pelo profeta Aías, de
Siló, que o Senhor lhe daria 10 tribos de Israel a ele e que uma deixaria nas mãos do filho de Salomão,
por amor a Davi. Salomão tenta matar Jeroboão, mas este foge para o Egito e lá ficou até a morte do rei
que reinou durante 40 anos em Jerusalém sobre todo Israel e foi sepultado na Cidade de Davi. Roboão
foi seu sucessor e teve contra si uma revolta de Israel por conta do jugo pesado imposto por Salomão, o
povo lhe pede que diminuísse o trabalho, mas Roboão não ouve o conselho das autoridades de Israel e
prefere ouvir os jovens que lhe incentivam a aumentar mais ainda o jugo, o trabalho e os castigos, numa
demonstração de arrogância e inexperiência, de forma que os israelitas ao saberem que Jeroboão tinha
voltado do Egito, o fizeram rei sobre todo Israel, ficando apenas a tribo de Judá sob reinado de Roboão.
Rebelando-se assim todo Israel contra a dinastia de Davi, preservando leal apenas a tribo de
Judá. Desta forma o reino que fora único, estava agora dividido entre Israel e Judá.
34

Box
Filhos de Davi: nasceram em Hebrom foram: Amnom,
Quileabe, Absalão, Adonias, Sefatias, Itreão (2Sm 3.2-5).
nasceram em Jerusalém foram: Samua, Sobate, Natã, Salomão,
Ibar, Elisua, Nefegue, Jafia, Elisama, Eliada e Elifelete (2Sm 5.
14-16).
Além de sua filha Tamar.

Questionário

1. Quando o povo de Israel pede ao profeta Samuel que lhes dessem um rei, a quem estavam rejeitando?
2. Quando os amonitas ocupam Jabés-Guilead, que ameaça fazem aos moradores?
3. Qual a idade de Saul ao iniciar seu reinado sobre Israel e por quanto tempo durou?
4. Qual ato de Saul faz com que Deus procure um homem segundo Seu coração para liderar Israel?
5. Após matar Golias e por fazer tudo que Saul lhe pedia com tanta habilidade, o que o rei faz a Davi?
6. Ao perceber que o Senhor é com Davi, o que Saul faz?
7. Como Davi salva sua vida dos filisteus ao chegar em Gate?
8. Onde Davi reinou primeiro?
9. Com quantos anos Davi começou a reinar?
10. Quantos anos reinou Davi sobre Israel e Judá, em Jerusalém?
11. Por que Davi resolve deixar a Arca da Aliança na casa de Obede-Edom?
12. Qual foi o juramento dos soldados ao perceberem Davi muito cansado na batalha contra os filisteus?
13. Qual foi o sacrifício de Salomão ao Senhor no sacrifício de comunhão?
14. A quem o Senhor deu 10 tribos de Israel para reinar sobre elas?

REFERÊNCIAS:
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus: De Abraão à queda de Jerusalém. 8. ed. Rio de Janeiro: Cpad,
2004.
BORGER, Hans. Uma história do povo hebreu: de Canaã à Espanha. 5. ed. São Paulo: Editora e
Livraria Sêfer
Ltda, 2015. 1 v.
https://www.bibliaon.com/
35

Aula 5 - O reis de Israel e Judá após a divisão do reino

Com a divisão do reino israelita em Israel e Judá, estes foram seus reis e seus atos perante o Senhor:

Israel
Jeroboão - foi o 1º rei de Israel após a divisão do reino (934 a.C. - 913 a.C. - 22 anos), conta-se o
reinado de Jeroboão em Israel desde quando o profeta Aías o ungiu como rei de Israel, mas o reinado
durou na verdade 20 anos. Fortificou Siquém e Peniel. Com receio de que o povo fosse a Jerusalém para
cultuar a Deus, fez dois bezerros de ouro e colocou um em Betel e outro em Dã, fazendo com que o
povo pecasse por adorar o bezerro dourado em Dã, além de construir altares idólatras e designar
sacerdotes do povo mesmo não sendo levitas. Ao ter o braço paralisado por apontar e mandar prender o
homem de Deus, diz: "Interceda ao Senhor, o seu Deus, e ore por mim para que meu braço se
recupere" 1Rs 13.6a. Jeroboão consagrava qualquer que quisesse ser sacerdote. 1Rs 13.34 “Esse foi o
pecado da família de Jeroboão, que levou à sua queda e à sua eliminação da face da terra.”
Jeroboão atraiu a ira de Deus ao adorar outros deuses e fazer postes ídolos, com isso lhe é revelado que
toda sua descendência seria exterminada. Ao morrer, seu filho Nadabe assume em seu lugar.

Nadabe - foi o 2º rei de Israel após a divisão do reino (312 a.C. - 911 a.C. - 2 anos), começou a reinar
no segundo de Asa. Teve um reinado ruim, pois andou nos caminhos e pecado que seu pai tinha levado
Israel a pecar contra Deus. Foi morto por Baasa

Baasa - reinou (911 a.C. - 888 a.C. - 24 anos), em lugar de Nadabe, após matar este. Matou toda a
descendência de Jeroboão, em cumprimento a profecia de Aías (1Rs 14.10), assim como seus
antecessores fez o que era reprovável a Deus, andando nos mesmo caminhos de Jeroboão e pecados
cometidos pelos israelitas. Profecia contra Baasa e sua família. Seu filho Elá o sucede.

Elá - reinou (888 a.C. - 887 a.C. - 2 anos), reinou por dois anos em Tirza, foi morto por Zinri, um de
seus oficiais numa conspiração.

Zinri - (887 a.C. - 1 semana), matou Elá para tornar-se rei de Israel, mas ficou apenas 1 semana, pois
quando o exército soube do ocorrido, nomeou seu comandante, Onri, rei de Israel e então Zinri, que
havia matado toda a família de Baasa, incendeia o palácio em torno de si e morre. Onri o substitui como
rei.

Onri - (887 a.C. - 876 a.C. - 12 anos), apesar de Israel estar dividido entre seu nome e o de Tibni para
reinar em Israel, o segundo morreu e então Onri é que se torna rei, pecando mais que todos os reis
36

antecessores, provocando a ira do Senhor com seus inúteis ídolos. Construiu a cidade de Samaria. Após
sua morte é substituído por Acabe, seu filho.

Acabe - (878a.C. - 857 a.C. - 22 anos), mais que qualquer outro rei, fez o que o Senhor reprova, pois
além de cometer os pecados de Jeroboão, casou-se com Jezabel e passa a não apenas prestar culto a Baal
como também adorá-lo e constrói um templo a este deus e ergue um altar, provocando assim a ira do
Senhor. Fez trato com Ben-Hadade quando na verdade era para ter matado este rei Sírio. Além do que
está em 1Rs 21.19: “Diga-lhe que assim diz o Senhor: 'Você assassinou um homem e ainda se apossou
de sua propriedade?' E acrescente: Assim diz o Senhor: 'No local onde os cães lamberam o sangue de
Nabote, lamberão também o seu sangue; isso mesmo, o seu sangue!'”. Acabe agia da forma mais
detestável, a ponto de ir atrás de ídolos como os amorreus faziam. Morreu após se unir a Josafá, rei de
Judá para lutar contra Ramote-Gileade depois de consultar seus profetas se o Senhor lhes daria a vitória.
Um espírito enganador da parte do Senhor usa os profetas a enganarem Acabe (1Rs 22.19-23). Com a
morte de Acabe, seu filho Acazias foi seu sucessor.

Acazias - filho de Acabe (857 a.C. - 856 a.C. - 2 anos), andou nos caminhos de seus pais, prestou culto
a Baal e o adorou, como seu pai. Fez o que o Senhor reprova. Quando estava ferido manda mensageiros
para consultar Baal-Zebube para saber se iria se recuperar, ao invés de buscar ao Senhor. Após o profeta
Elias mandar lhe dizer da parte de Deus que por causa dessa atitude o rei não levantaria mais da cama, o
rei manda 3 vezes oficial com 50 soldados atrás de Elias, tendo nas duas primeiras vezes descido fogo
do céu e consumindo a todos, apenas na terceira vez é que Elias desce, após o oficial se ajoelhar e
implorar para que fosse com ele e o anjo do Senhor mandar que Elias fosse. (2Rs 1.9-15). Após sua
morte, Jorão o sucede.

Jorão - filho de Acabe (856 a.C. - 845 a.C. - 12 anos), apesar de não fazer como seus pais e ter
derrubado a coluna sagrada de Baal, fez o que o Senhor reprova pois persistiu nos pecados que Jeroboão
cometeu, levando Israel a cometê-los e não se afastar deles. Foi morto por Jeú quando se recuperava de
ferimentos da batalha contra Hazael, rei da Síria. Jeú lançou-lhe uma flecha que o atingiu pelas costas e
atravessou o coração. Jeú é o próximo rei de Israel.

Jeú - capitão do exército de Israel (845 a.C. - 818 a.C. - 28 anos), além de pedir e ter o pedido cumprido
pelas 70 cabeças dos descendentes de Acabe que estavam em Samaria, matou todos os que restavam não
apenas da família, como aliados influentes, amigos pessoais e sacerdotes, de forma que nenhum
sobreviveu. Matou também os parentes de Acazias, rei de Judá, quando pela visita destes as famílias do
rei anterior. Foi a Samaria e enfim exterminou os que restavam da família de Acabe na cidade,
cumprindo a palavra do Senhor dita a Elias. Matou todos os profetas de Baal, destruiu a coluna sagrada
37

e demoliu o templo, que até hoje é usado como latrina, desta forma Jeú eliminou a adoração a Baal em
Israel, mas não se afastou dos pecados de Jeroboão, pois levou Israel a pecar adorando os bezerros de
ouro em Betel e Dã. Em seu reinado o Senhor começou a reduzir o tamanho de Israel (2Rs 10). Após a
morte de Jeú, seu filho Jeoacaz sucede-o.

Jeoacaz - filho de Jeú (817 a.C. - 801 a.C. - 17 anos), fez o que é reprovável pelo Senhor, seguindo os
pecados de Jeroboão e não se afastou deles. Por isso a ira do Senhor se acendeu contra Israel e os
manteve longo tempo sob poder de Hazael, rei da síria e seu filho Ben-Hadade. Somente após buscar o
favor de Deus conseguiu escapar do poder da Síria. Ainda assim continuaram a praticar e permanecer
nos pecados de Jeroboão, mantendo até mesmo o poste sagrado em pé em Samaria. Do seu exército
sobrou apenas 50 cavaleiros, 10 carros de guerra e 10 mil soldados de infantaria, após destruição
causada pelo rei sírio. Após sua morte Jeoás sucede no trono.

Jeoás - filho de Jeoacaz (803 a.C. - 788 a.C. - 16 anos), nunca reinou sozinho, sendo os 3 primeiros
juntamente com seu pai e os demais com seu filho Jeroboão, fez o que o Senhor reprova e não se
desviou de nenhum dos pecados que Jeroboão levou Israel a cometer, mas neles permaneceu, venceu 3
vezes os sírios e reconquistou as cidades israelitas, após sua morte, Jeroboão II o sucede no trono.

Jeroboão II - filho de Jeoás (800 a.C. - 760 a.C. - 41 anos), fez o que o Senhor reprova e não se desviou
de nenhum dos pecados que Jeroboão levou Israel a cometer. Restabeleceu as fronteiras de Israel desde
Lebo-Hamate ao mar de Arabá, recuperou para Israel Damasco e Hamate. Após sua morte, Zacarias, seu
filho, foi seu sucessor.

Zacarias - filho de Jeroboão II (760 a.C. - 6 meses), fez o que o Senhor reprova, não se desviou dos
pecados que Jeroboão levou Israel a cometer. Foi morto por Salum que conspirou contra ele, o atacou e
o matou na frente do povo, sucedendo-o no reino.

Salum - filho de Jabes (759 a.C. - 1 mês), foi assassinado por Menaém que o sucedeu no reino.

Menaém - filho de Gadi (759 a.C. - 749 a.C. - 10 anos), fez o que o Senhor reprova, não se desviou dos
pecados que Jeroboão levou Israel a cometer. Cobrou de Israel a quantia de 35 toneladas de prata que
usou para manter-se no trono quando Pul, rei da Assíria, invadiu o país. Cada homem de posse teve de
contribuir com 600 gramas de prata. Com esse pagamento o rei da Assíria interrompeu a invasão e foi
embora. Após a morte de Menaém, seu filho Pecaías o sucede.
38

Pecaías - filho de Menaém (748 a.C. - 747 a.C. - 2 anos), fez o que o Senhor reprova, não se desviou
dos pecados que Jeroboão levou Israel a cometer. Foi morto por Peca, um de seus principais oficiais que
conspirou contra si. Peca o sucede como rei de Israel.

Peca - filho de Remalias (746 a.C. - 727 a.C. - 20 anos), fez o que o Senhor reprova, não se desviou dos
pecados que Jeroboão levou Israel a cometer. No seu período de reinado Tiglate-Pileser, rei da assíria,
invade e conquista Ijom, Abel-Bete-Maaca, Janoa, Quedes, Hazor. Tomou Gileade e Galiléia, toda a
terra de Naftali, deportando o povo para a Assíria. Em uma conspiração de Oséias, é assassinado e tem
seu assassino como sucessor no reino.
Oséias - filho de Elá (730 a.C. - 722 a.C. - 9 anos), reinou com Peca por 4 anos (730 a.C. - 727 a.C.)
quando o matou e passou a reinar sozinho. Fez o que o Senhor reprova, mas não como os reis que o
precederam. Após deixar de pagar tributo anual ao rei da Assíria, este invadiu Israel e sitiou Samaria por
3 anos, quando então consegue conquistar Samaria. Oséias foi o último rei de Israel antes do cativeiro
assírio.

Judá
Roboão - filho de Salomão, foi o 1º rei de Judá após a divisão do reino (932 a.C. - 916 a.C. - 17 anos),
fez o que era reprovado pelo Senhor. Construiu altares idólatras, colunas e postes sagrados de outros
deuses sobre todos os montes, existia prostituição cultual, além do povo se envolver em práticas
detestáveis das nações expulsas pelo Senhor de diante dos israelitas, fez guerra constante contra
Jeroboão. Ao morrer, seu filho Abias o sucede no trono de Judá.

Abias - Segundo rei de Judá (915 a.C. - 913 a.C. - 3 anos), cometeu todos os pecados de seu pai
Roboão, não tinha o coração totalmente consagrado ao Senhor. Guerreou contra Jeroboão, rei de Israel,
durante todo seu reinado, tendo descansado com seus antepassados, seu filho Asa o substitui no trono de
Judá.

Asa - Sucessor de seu pai no trono de Judá (913 a.C. - 873 a.C. - 41 anos), fez o que era reto aos olhos
do Senhor, expulsando do país os prostitutos cultuais, desfez dos ídolos de seu pai, trouxe para o templo
do Senhor o ouro, prata e utensílios consagrados a Deus por ele e seu pai. Teve o coração voltado ao
Senhor durante toda sua vida, ainda que não tenha derrubado todos os altares idólatras, fez o povo
remover os altares a deuses estranhos, além de observarem a lei de Moisés. Durante seu reinado e de
Baasa em Israel, guerrearam e quando Baasa, rei de , invadiu Judá e fortificou Ramá para que ninguém
saísse, Asa recorreu a Ben-Hadade, rei da Síria, e não a Deus. Após sua morte, Josafá, seu filho o sucede
no trono de Judá.
39

Josafá - Sucessor de seu pai Asa no trono de Judá (873 a.C. - 849 a.C. - 25 anos), andou nos caminhos
de seu pai, não se desviando dele e fez o que aprova o Senhor, no entanto o povo continuou a queimar
incensos e oferecer sacrifícios pois os altares idólatras não acabaram. Livrou o país dos restantes dos
prostitutos cultuais, teve paz com Israel e construiu uma frota de navios mercantes para buscar ouro em
Ofir. ao findar seus dias de vida, seu filho Jeorão o sucedeu.

Jeorão - Filho de Josafá (857 a.C. - 845 a.C. 13 anos), reinou junto de seu pai, assim como os reis de
Israel, fez o que reprova o Senhor, pois casou-se com a filha de Acabe e andou nos caminhos dos reis de
Israel, após sua morte, seu filho Acazias o sucede.
Acazias - filho de Jeorão (845 a.C. 1 ano), fez o que o Senhor reprova, andando nos caminhos da
família de Acabe, pois casou-se com uma mulher da família deste rei de Israel. aliou-se com Jorão de
Israel, sendo morto pelo exército de Jeú quando foi visitar Jorão, que estava ferido e foi morto também
por Jeú.

Atalia - mãe de Acazias, filha de Acabe e Jezabel (844 a.C. - 839 a.C. - 6 anos), mandou matar todos
possíveis herdeiros de Judá, inclusive seus netos, mas Jeoseba, irmã de Acazias, escondeu Joás, filho do
rei e que seria morto também, e escondeu no templo do Senhor por 6 anos. Foi morta à espada no
palácio e Joás a sucede no trono de Judá.

Joás - filho de Acazias (839 a.C. - 800 a.C. - 40 anos), iniciou seu reinado aos 7 anos de idade, sendo o
mais jovem a reinar. Conforme 2Rs 12.2-3 “Joás fez o que o Senhor aprova durante todos os anos em
que o sacerdote Joiada o orientou. Contudo, os altares idólatras não foram derrubados; o povo
continuava a oferecer sacrifícios e a queimar incenso neles.”. Quando soube que Hazael, rei da Síria
atacou e conquistou Gate e iria atacar Jerusalém, pegou todos os objetos consagrados e todo ouro do
depósito do templo do Senhor e enviou ao rei da Síria, que então desistiu do ataque. Foi morto por 2 de
seus oficiais que conspiraram contra si. Seu filho Amazias o sucede no reino.

Amazias - filho de Joás (802 a.C. - 774 a.C. - 29 anos), fez o que o Senhor aprova, mas não como Davi
e em tudo seguiu o exemplo de seu pai, mas não derrubou os altares e o povo continuava oferecendo
sacrifícios e queimando incensos. Mandou executar os oficiais que assassinaram seu pai, derrotou 10 mil
edomitas no vale do sal e conquistou Selá e deu o nome de Jocteel a esta cidade. Perdeu a batalha contra
Jeoás, rei de Israel e com isso teve Judá 180 metros de muro derrubados, além de ver todo ouro, prata e
utensílios do templo do Senhor e dos depósitos do palácio real, além de ter reféns levados para Samaria.
Morreu após sofrer uma conspiração e fugir para Laquis, mas ser alcançado e morto. Seu sucessor foi
Azarias, escolhido pelo povo.
40

Azarias (Uzias) - filho de Amazias (797 a.C. - 746 a.C. - 52 anos), assim como seu pai, fez o que o
Senhor aprova, mas os altares idólatras permaneceram de pé e o povo continuava a oferecer sacrifícios e
a queimar incenso neles. Reinou com seu pai por 24 anos (797 a.C. - 774 a.C.) e com Jotão seu filho por
4 anos (749 a.C. - 746 a.C.). Foi ferido de lepra pelo Senhor até o dia de sua morte, que após acontecer,
seu filho Jotão passou a reinar.

Jotão - filho de Azarias (749 a.C. - 730 a.C. - 20 anos), reinou junto de seu pai Azarias por 4 anos (749
a.C. - 746 a.C.) assim como seu pai, fez o que o Senhor aprova, mas os altares não foram derrubados e o
povo continuou a oferecer sacrifícios e queimar incensos neles. Construiu a porta superior do templo do
Senhor. o Senhor começou a enviar Rezim, rei da Síria e Peca, rei de Israel, contra Judá. Após sua
morte, Acaz seu filho, reinou em Judá.

Acaz - filho de Jotão (741 a.C. - 726 a.C. - 16 anos), não fez o que o Senhor aprova, andou nos
caminhos dos reis de Israel, e até mesmo imitou os costumes detestáveis das nações cananéias,
queimando seu filho em sacrifício. Ofereceu sacrifícios e queimou incenso nos altares idólatras, alto das
colinas e embaixo de toda árvore frondosa. Teve Jerusalém sitiada por Rezim, rei da Síria e Peca, rei de
Israel, mas não conseguiram vencê-lo, pois Acaz além de se humilhar, mandou prata e ouro do templo
do Senhor ao rei da Assíria, Tiglate-Pileser, que além de salvá-lo, atacou e conquistou Damasco e
deportou seus habitantes para Quir e matou o rei da Síria. Fez modificações no templo do Senhor por
causa do rei da Assíria, como retirar o altar de bronze que ficava diante do Senhor e colocou no lado
norte do altar que fora feito igual ao que ele viu em Damasco.Após sua morte, Ezequias o sucede no
reino.

Ezequias - filho de Acaz (728 a.C. - 700 a.C. - 29 anos), fez o que o Senhor aprova, assim como Davi,
removendo os altares idólatras, quebrando colunas sagradas, derrubando postes sagrados e despedaçou
até mesmo a serpente de bronze feita por Moisés, pois até mesmo a ela queimavam incenso. sua
confiança estava no Senhor e nunca houve nenhum rei como ele dentre todos os reis de Judá. Fora bem
sucedido em tudo que fazia, deixou de se submeter ao rei da Assíria, derrotou os filisteus. Senaqueribe,
ataca e conquista todas as cidades fortificadas de Judá. Ezequias paga com todo ouro e prata
encontrados no templo e na tesouraria do palácio real. O rei da Assíria faz sérias ameaças a Ezequias e
ainda tenta fazer com que o povo não siga as palavras do rei de Judá que é para confiar em Deus. Diante
de nova ameaça de Senaqueribe, Ezequias ora ao Senhor 2Rs 19.14-19, que lhe responde através do
profeta Isaías 2Rs 19.20-34. Tendo naquela noite o anjo do Senhor matado 185 mil homens do
acampamento assírio e então Senaqueribe volta para Nínive e quando certo dia está adorando o deus
Nisroque, seus filhos matam-no à espada. Quando Ezequias ficou doente a ponto de morrer, o profeta
Isaías vai visitá-lo a dizer da parte do Senhor que era para ele colocar sua casa em ordem, pois morreria,
41

Ezequias chora amargamente e clama ao Senhor para lembrar dele (2Rs 20.3), então antes que o profeta
deixasse o pátio intermediário, o Senhor lhe diz para falar a Ezequias que o curaria e lhe acrescentara 15
anos de vida (2Rs 20.4-6). Deus lhe dá o sinal de que estaria curado com o recuo de 10 graus da sombra
sobre a escadaria de Acaz. Após sua morte, seu filho Manassés sucedeu-o no reino.

Manassés - filho de Ezequias (700 a.C. - 546 a.C. - 55 anos), tinha 12 anos quando iniciou seu reinado.
Fez o que o Senhor reprova, imitando práticas detestáveis daquelas nações expulsas pelo Senhor de
diante os israelitas. Reconstruiu os altares idólatras que Ezequias demoliu, ergueu altares a Baal, fez
poste sagrado a Aserá, inclinou-se diante de todos os exércitos celestes, prestando-lhes culto. Queimou o
próprio filho em sacrifício, praticou feitiçaria e adivinhação, consultou espíritos através de médiuns,
provocando a ira do Senhor. O poste sagrado que havia feito colocou no templo do Senhor. Desviou o
povo de tal forma que foram piores que as nações destruídas diante os israelitas. Além de tudo isso
Manassés derramou muito sangue inocente. O Senhor se irou de tal forma que através dos profetas
prediz o que há de acontecer com a nação. 2Rs 21.11-15 (predição do cativeiro). Após sua morte, Amon
seu filho reina em seu lugar.

Amom - filho de Manassés (646 a.C. - 645 a.C. - 2 anos), fez o que o Senhor reprova, imitando em tudo
a seu pai, prestando culto e se inclinando aos ídolos de seu pai, abandonou o Senhor e não andou no
caminho do Senhor. Foi morto em uma conspiração dos oficiais contra ele e então assassinado no
palácio, seu filho Josias foi proclamado rei em seu lugar.

Josias - filho de Amom (645 a.C. - 615 a.C. - 31 anos), fez o que o Senhor aprova, andando nos
caminhos de Davi, sem se desviar para direita ou esquerda. Ouviu da profetisa Hulda da parte de Deus,
que como ele havia aberto seu coração, rasgado suas vestes e se humilhado diante ao Senhor, seria
recolhido aos seus antepassados em paz e não veria a desgraça que Deus faria aquele lugar. O rei reuniu
todo o povo e ao ler o Livro da Aliança encontrado no templo do Senhor, fez uma aliança com Deus e
também todo povo fez a aliança de que seguiria e obedeceria de todo coração ao Senhor, seus
mandamentos, preceitos e decretos. Deu ordens para retirar todos os utensílios, de Baal e Aserá e para os
exércitos celestes, do templo do Senhor, queimou fora de Jerusalém, eliminou os sacerdotes pagãos,
derrubou acomodações dos prostitutos cultuais no templo do Senhor, profanou altares construídos aos
deuses pagãos. 2Rs 23.25 diz “Nem antes nem depois de Josias houve um rei como ele, que se voltasse
para o Senhor de todo o coração, de toda a alma e de todas as suas forças, de acordo com toda a Lei de
Moisés.”. Josias foi morto quando o faraó Neco, rei do Egito, avança ao Eufrates ao encontro do rei da
Assíria e enfrenta o faraó que o mata. Em seu lugar seu filho Jeoacaz reina.
42

Jeoacaz - filho de Josias (615 a.C. - 3 meses), fez o que o Senhor reprova, como seus antepassados, foi
preso pelo faraó Neco em Ribla e não mais reinou em Jerusalém. Eliaquim seu filho, teve o nome
mudado para Jeoaquim e posto como rei pelo faraó.

Jeoaquim - filho de Jeoacaz (614 a.C. - 604 a.C. - 11 anos), fez o que o Senhor reprova, como seus
antepassados. Nabucodonosor, rei da Babilônia, invadiu o país e fez de Jeoaquim seu vassalo por 3
anos. Ele revolta-se contra o rei babilônico que manda tropas babilônicas, aramaicas, moabitas e
amonitas para destruir Judá. Após a morte de Jeoaquim, seu filho Joaquim foi seu sucessor.
Joaquim - filho de Jeoaquim (604 a.C. - 3 meses), assim como o pai, fez o que o Senhor reprova. Foi
levado com sua mãe, mulheres, oficiais e líderes do país para Babilônia. Foi libertado 37 anos depois
quando Evil-Merodaque se tornou rei da Babilônia. Matatias, seu tio reina em seu lugar.

Zedequias - tio de Joaquim (603 a.C. - 593 a.C. - 11 anos), foi posto rei por Nabucodonosor, rei da
Babilônia. Fez o que o Senhor reprova, assim como Jeoaquim, seu irmão. Ao ser capturado em Jericó
quando fugia do exército babilônico após se rebelar contra este império e seus soldados fugirem, viu
seus filhos serem executados em sua frente, teve os olhos furados, além de prenderem-lhe com algemas
de bronze e ser levado para Babilônia

Questionário
1. Quem foi o 1º rei de Israel após a divisão do reino (934 a.C. - 913 a.C. - 22 anos)?
2. Qual o profeta ungiu Jeroboão como rei de Israel?
3. Qual foi o rei de Israel que construiu a cidade de Samaria?
4. Qual rei de Israel casou-se com Jezabel e passa a não apenas prestar culto a Baal como também
adorá-lo e constrói um templo a este deus e ergue um altar, provocando assim a ira do Senhor?
5. O que o rei Acazias de Israel fez após o profeta Elias mandar lhe dizer, da parte de Deus, que por ter
consultado Baal-Zebube para saber se iria se recuperar, ao invés de buscar ao Senhor, o rei não
levantaria mais da cama?
6. Qual rei de Israel pede e tem o pedido cumprido pelas 70 cabeças dos descendentes de Acabe que
estavam em Samaria?
7. Após o rei Jeú de Israel matar todos os profetas de Baal, destruiu a coluna sagrada e demoliu o templo
que passa a ser usado como?
8. Qual foi o último rei de Israel antes do cativeiro assírio?
9. Qual foi o 1º rei de Judá após a divisão do reino (932 a.C. - 916 a.C. - 17 anos)?
10. Qual rei de Judá casou-se com a filha de Acabe e andou nos caminhos dos reis de Israel?
11. Qual rei de Judá iniciou seu reinado aos 7 anos de idade, sendo o mais jovem a reinar?
43

12. Qual rei de Judá diante de nova ameaça de Senaqueribe, ora ao Senhor, que lhe responde através do
profeta Isaías, tendo naquela noite o anjo do Senhor matado 185 mil homens do acampamento assírio?
13. O que o rei Ezequias de Judá fez para que Deus o curasse e lhe acrescentasse 15 anos de vida
quando ficou doente a ponto de morrer e o profeta Isaías lhe dizer, da parte do Senhor, que era para ele
colocar sua casa em ordem, pois morreria?

REFERÊNCIAS:
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus: De Abraão à queda de Jerusalém. 8. ed. Rio de Janeiro:
Cpad, 2004.
BORGER, Hans. Uma história do povo hebreu: de Canaã à Espanha. 5. ed. São Paulo: Editora e
Livraria Sêfer Ltda, 2015. 1 v.
https://cronologiadabiblia.wordpress.com/. Acesso em: 09 maio 2017.
https://www.bibliaon.com/

Aula 6 - Cativeiros Assírio e Babilônico

Israel – Reino do Norte


Por que Deus deixou o seu povo ser cativo dos assírios? Essa é uma pergunta que muitos fazem,
encontrando resposta inicialmente em 2Rs 17.7 “Tudo isso aconteceu porque os israelitas haviam
pecado contra o Senhor, o seu Deus, que os tirara do Egito, de sob o poder do faraó, rei do Egito.”
Fato é que o rei Salmaneser, da Assíria descobre que Oséias, rei de Israel, planeja uma aliança
com o rei do Egito para lutar contra a Assíria, desta forma o rei assírio decide então mandar um grande
exército contra Israel, isso ocorre no sétimo ano do reinado de Salmaneser, que é sucessor de Tiglat-
Pileser, seu pai e grande rei assírio que defendeu Judá contra a invasão por parte da coalizão formada
por Síria e Israel, mediante pagamento em ouro e prata pelo rei Acaz de Judá. Tiglat-Pileser foi
responsável por fazer da Assíria um império poderoso que domina o Oriente Médio durante 1 século.
Subjuga as nações do Norte e Oeste, pela força, é desalmado e cruel, motivado pelo desejo de
conquista e prazer de infligir a dor ao inimigo.
A Assíria invade Israel e é feito durante 3 anos um cerco à Samaria, que resiste ao máximo que
pode, mas por ter restringidos todos os acessos, restringe-se a alimentação, até que não resta outra saída
44

que não seja a rendição. Após ter conquistado Israel, Salmaneser aprisiona Oséias e destrói totalmente o
reino de Israel, levando o povo cativo e espalhado para a Média e para a Pérsia para que não se unissem
novamente, enquanto que a Samaria e outros lugares do reino que foram conquistados, ficam sendo
habitados por colonos vindo de outras províncias conquistadas que misturados aos poucos israelitas que
ficaram, formam nova etnia e cultura híbrida: os samaritanos.
Esse era um método peculiar do assírios castigarem a nação conquistada, deportava seu povo,
deixando uns poucos e fazendo habitar no lugar dos cativos, gente de outras localidades, misturando
culturas e fazendo desta forma com que a cultura dos que foram levados cativos seja extinta e cria-se
outra no lugar. No caso se Samaria, seus novos habitantes eram chamados de chutenses, por serem de
uma província da Pérsia que habitavam ao longo do rio Chute.
O cativeiro assírio ocorreu em 722 a.C..
Os chutenses eram de 5 nações diferentes, a saber: Babel, Cuta, Ava, Hamate e Sefarvaim, cada
uma com seu deus particular, assim continuaram adorando-os e não temendo ao Senhor, que envia leões
entre eles, matando alguns, de forma que então solicitam ao rei que envie sacerdotes para que
ensinassem ao novo povo o costume do Deus da terra, os novos sacerdotes saem dos mais humildes da
nação e passam a ministrar nos lugares altos. Então os novos moradores mesmo sem deixar de seguir
seus deuses, passam a temer a Deus.
Durante os reinados Deus nunca deixou de mandar avisos da necessidade de mudança de postura
que o povo estava tendo em relação a Ele, nas passagens dos profetas Amós e Oséias poderemos notar
que havia a exortação, mas o povo não seguiu as orientações dadas por Deus pelos profetas.

Judá – Reino do Sul

O reinado da assíria atinge sua extensão máxima territorial e Assurbanipal seu rei morre em 622
a.C., gerando grande alívio para os povos que foram subjugados. No ano de 622 a.C., Nabopolassar dá
início ao império neobabilônico com a proclamação de independência de seu país, que alia-se com os
citas, uma horda de bárbaros, e com os medos para invadir a Assíria.
Em 612 cai aquela que era chamada de “Capital do Mundo” por Assurbanipal, Nínive. Após essa
queda os medos intentaram criar seu próprio império com a anexação de fragmentos da Assíria e Pérsia,
mas dura apenas uma geração. O Egito que era um inimigo da Assíria passa a se tornar aliada contra a
Babilônia e o Faraó Neco deseja ter posse nas terras a serem divididas entre o Tigre e Eufrates, quando
vai em direção à Mesopotâmia, Neco precisa passar por Judá, mas Josias não deseja ceder passagem e
acaba sendo morto.
Os egípcios seguem e se juntam ao que resta das forças assírias para lutar contra a Babilônia, que
é comandada por Nabucodonosor, filho de Nabopolassar. Os babilônios vencem e Nabucodonosor só
45

não toma o trono do Egito porque tem de voltar à Babilônia para ser coroado rei em lugar de seu pai que
acaba falecendo.
Jeoaquim é rei em Judá quando Nabucodonosor, rei da Babilônia, avança com grande exército a
cidade de Carabesa, intentando guerrear com a Síria, Nabucodonosor sai vitorioso e conquista a Síria,
mas não entra na Judéia, mas no quarto ano de seu reinado, ameaça os judeus caso não pagassem o
tributo, então o rei Jeoaquim lhe paga durante 3 anos, mas no quarto ano decide não pagar mais tributo à
Babilônia, por acreditar que o Egito faria guerra aos babilônios, fato que não acontece. O profeta
Jeremias já havia proferido que a nação deveria se voltar para Deus, abandonando seus maus caminhos,
pois o que viria seria escravidão dos judeus aos babilônios, mas nem o povo, nem os nobres acreditavam
no profeta, fazendo deste como louco fosse.
Nabucodonosor resolve cercar Jerusalém e então Joaquim, que aos 18 anos tornara-se rei em
lugar de seu pai Jeoaquim, que era morto, é levado preso à Babilônia juntamente com tesouros da Casa
do Senhor e da casa do rei, levou todos os príncipes, todos os homens valorosos, 10 mil presos,
carpinteiros e ferreiros, deixando apenas o povo pobre, e institui como rei Matanias que tem o nome
mudado para Zedequias, que 8 anos depois renuncia a aliança com a Babilônia para se aliar ao Egito,
mas quando Nabucodonosor descobre, devasta a Judéia com seu exército sitiando Jerusalém, apesar de o
rei do Egito sair em auxílio a Zedequias, Babilônia vence e expulsa-os da Síria.
Os falsos profetas enganam ao rei de Judá dizendo que logo os súditos que estavam na Babilônia
regressariam, ao contrário do que o profeta Jeremias dizia, que Jerusalém seria tomada pela fome e além
de levar o restante do povo, saquearia o Templo e o destruiria, e a duração desse cativeiro seria de 70
anos, mas que os persas e medos, sendo então libertos os hebreus após a destruição da Babilônia e
voltariam a Jerusalém para reconstruir o Templo.
Infelizmente muitos não apenas deixavam de valorizar as palavras do profeta, como também se
vangloriavam de ser ímpios e zombavam do que era falado. Certa vez o profeta foi acusado de estar indo
à Babilônia e lançado numa prisão. No nono ano do reinado de Zedequias, o rei babilônico cerca
Jerusalém por 18 meses, fazendo com que passassem fome, peste e sendo atingidos pelos dardos dos
inimigos, enfim cederam e a cidade tomada, Zedequias ainda tenta fugir com sua família, mas e
alcançado perto de Jericó e então aprisionado com mulher e filhos que são mortos em sua frente e ele
tem os olhos furados, cumprindo a profecia de Jeremias de que seria levado cativo à Babilônia e a de
Ezequiel de que não veria Babilônia.
Nebuzaradã, general do exército babilônico, ordena então que o povo fosse levado cativo para
Babilônia, deixando na Judéia apenas os pobres e fugitivos. O general ainda tinha a ordem de seu
soberano para assim que tirasse do Templo o que encontrasse, incendiá-lo, assim como o palácio real e
assim o fez deixando também a cidade em ruínas. O profeta Jeremias foi retirado da prisão pelo próprio
general que insistiu para que ele fosse à Babilônia, para ter o que fosse necessário, mas o profeta prefere
46

ficar nas ruínas da cidade da sua pátria. O cativeiro babilônico permitia que seus cativos mantivessem
seus cultos a seus deuses, dessa forma o povo podia cultuar a Deus.
Nabucodonosor reinou por 43 anos e então morre, é sucedido por seu filho Evil-Merodaque que
reinou por 2 anos, no ano 539 a.C. Ciro da Pérsia derrota a Babilônia que tinha como rei Belsazar. No
ano 538 a.C. os primeiros exilados judeus retornam a Jerusalém.
Um diferencial do cativeiro babilônico é que além de ser permitido cultuar a Deus, os judeus
podiam formar famílias, construir moradias e em muitos casos os judeus não queriam voltar a sua terra
devido à qualidade de vida que tinham, preferindo permanecer na Babilônia, agora não mais como
cativos, mas como livres.

Questionário

1. Por que Deus deixou o seu povo ser cativo dos assírios?
2. Quais as características de Tiglat-Pileser responsável por fazer da Assíria um império poderoso que
domina o Oriente Médio durante 1 século?
3. Após ter conquistado Israel, Salmaneser aprisiona Oséias e destrói totalmente o reino de Israel,
levando o povo cativo e espalhado para a Média e para a Pérsia. Qual a intenção em espalhar o povo
cativo?
4. Samaria e outros lugares do reino que foram conquistados, ficam sendo habitados por colonos vindo
de outras províncias conquistadas que misturados aos poucos israelitas que ficaram, formam nova etnia
e cultura híbrida chamados?
5. Qual era o método peculiar do assírios castigarem a nação conquistada?
6. Em 612 cai aquela que era chamada de “Capital do Mundo” por Assurbanipal. Qual era o nome desse
cidade?
7. Na batalha em que os egípcios seguem e se juntam ao que resta das forças assírias para lutar contra a
Babilônia, que é comandada por Nabucodonosor, filho de Nabopolassar, os babilônios vencem. Por que
Nabucodonosor não toma o trono do Egito?
8. O que leva Jeoaquim, rei de Judá, decidir não pagar mais tributo à Babilônia?
9. Os falsos profetas enganam ao rei de Judá dizendo que logo os súditos que estavam na Babilônia
regressariam, ao contrário do que o profeta Jeremias. O que dizia o profeta Jeremias?
10. Infelizmente muitos não apenas deixavam de valorizar as palavras do profeta. Além de não valorizar
as palavras do profeta, o que mais faziam?
11. O que acontece com Zedequias quando após tentar fugir com sua família, é alcançado perto de
Jericó?
47

REFERÊNCIAS:
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus: De Abraão à queda de Jerusalém. 8. ed. Rio de Janeiro: Cpad,
2004.
TOGNINI, Enéas. O período interbíblico. São Paulo: Hagnos, 2009. 224 p.
https://www.bibliaon.com/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tiglate-Pileser_III
https://pt.wikipedia.org/wiki/Salmanaser_V

Aula 7 – Os Judeus na Babilônia e o retorno à Judá

Ser cativo de qualquer país ou grupo de países é ruim com toda certeza, afinal significa viver sob
leis e costumes diferentes dos habituais, ser desvalorizado e mal visto pelos moradores dominantes,
além é claro de ser mão-de-obra para seus dominantes. Para Israel tinha um ponto que fazia com que
esse sentimento de vergonha e tristeza fosse aumentado: ter sido escravo antes. Esse é um fator
agravante, afinal há 860 anos o povo fora liberto do Egito pelo poder das mãos do Senhor, mas devido
seus terríveis pecados, o próprio Deus permitiu que Israel, em 722 a.C., e Judá, em 586 a.C., fossem
levados cativos por Assíria e Babilônia respectivamente.
Mas o fim de um ciclo deve ser para dar início a outro e apesar de Israel, como um todo, ter sido
castigado, punido, não foi rejeitado por Deus, afinal a aliança feita com os Patriarcas é indissolúvel. O
fogo e as cinzas que destruíram o Templo do Senhor em Jerusalém, foram suficientes para fazer de
Israel o receptáculo da Revelação, assumindo assim o papel do Judaísmo, portando uma mensagem
messiânica dupla, onde há a promessa particular de reinstalação do Povo na Terra de Israel, redenção de
Jerusalém e Sião, e a visão universal de um mundo pacífico e justo que nasce no reconhecimento do
Deus Único.
Apesar de estarem exilados, em nenhum momento se tem a ideia de que seu Deus tivesse
acabado, pelo contrário, o que acabou foi a idolatria. A dor e sofrimento causados pela perda da terra
prometida, serve para reflexão aos atos cometidos e a correção de atitudes, desta forma os judeus
purgam de sua religião para sempre todos os vestígios do paganismo que outrora fizera-os pecar contra
Deus. Passam a viver com a certeza mais que absoluta de que Deus e sua Shekinah, os acompanhava no
exílio.
Passam a reunir-se em assembleia, Kinishtu, aramaico para Knesset, em grego Sinagoga, origem
igual para Igreja e Mesquita, pois se recusam a construir um templo em terra estranha. O Templo tem
seu lugar assumido pela sinagoga e a prece substitui as ofertas sacrificiais, reverenciando ao Senhor pela
48

palavra humana. A sinagoga é então o lugar de reunião geral, oração, ensino, estudo e assuntos gerais e
comunitários.
Preferencialmente no sábado, Shabat, se reuniam, rezavam em conjunto, além de confortarem-se
e afirmarem sua fé através dos Salmos, pesquisavam os livros históricos e se aprofundavam nas
profecias e estudavam a Lei, Torah. Desta forma o exílio foi um momento de limpeza das impurezas
causadas pelos costumes das religiões pagãs. Shabat e sinagoga são as características da identidade
judaica.
Box
Sinagoga - O termo "sinagoga" tem origem na palavra grega
συναγωγή, composta de σύν [sýn], “com, junto”, e ἄγω ['ago],
“conduta, educação”, cujo significado amplo seria
"assembleia"[2].

O judaísmo aparece como uma nova forma de viver e necessitava de parâmetros uniformes e
autênticos, então foi feito levantamento do acervo cultural acumulado em vários séculos, com prioridade
da Torah, para dar-lhe redação definitiva, não retirando ou acrescentando nada, canonizando-a.
Estudiosos opinam que tenha sido durante o exílio na Babilônia o início do processo de canonização do
Pentateuco.

Supõe-se, ainda, que o fim da época da canonização da Torah coincide


aproximadamente com o começo da formação da segunda parte da Bíblia
Hebraica, a coletânea denominada Neviim, cuja conclusão levaria novamente um
século, quando compreenderia a maioria dos livros proféticos e históricos (v.
pág. 162). Deve-se sempre ter em mente que época de canonização é distinto da
origem ou idade dos textos, que nela recebem sua redação e encerramento
formais. (BORGER, 1999, P.138)

Os exilados que foram à Babilônia em 586 a.C., na segunda leva, levaram a notícia da destruição
de Jerusalém e Ezequiel consolou o povo com ideia de responsabilidade pessoal, mas também promove
uma esperança coletiva, como anunciado em Ez. 36.24-28, de forma que encontraram solidariedade nos
que foram exilados em 597 a.C., que obedeceram as palavras do profeta Jeremias: “construí casas e as
habitai, plantai pomares e comei de seus frutos, multiplicai-vos e preocupai-vos com a prosperidade da
cidade para onde eu vos deportei”. (Jr. 29.5), assim estabilizaram a vida econômica e ergueram
estruturas comunitárias sólidas.
Os exilados ficaram próximo à capital do Império e evidências arqueológicas confirmam que já
na segunda geração, grande número de exilados transformaram-se em banqueiros e prósperos
mercadores. Com a aculturação aos costumes babilônicos algumas marcas aparecem, como nos nomes,
“Zerubabel”, que foi o líder do primeiro retorno à Judá, os meses passam a ser nomeados conforme o
49

calendário babilônico e não mais numerados, e o idioma arameu passa a ser evidente na vida cotidiana,
mas ainda assim não impede de sentir saudades conforme Salmos 137.1-6:

“Junto aos rios da Babilônia nós nos sentamos e choramos com saudade de Sião.
Ali, nos salgueiros, penduramos as nossas harpas; ali os nossos captores
pediam-nos canções, os nossos opressores exigiam canções alegres, dizendo:
"Cantem para nós uma das canções de Sião! " Como poderíamos cantar as
canções do Senhor numa terra estrangeira? Que a minha mão direita definhe, ó
Jerusalém, se eu me esquecer de ti! Que me grude a língua ao céu da boca, se eu
não me lembrar de ti e não considerar Jerusalém a minha maior alegria!”

Em Isaías 48 há o anúncio da libertação de Israel, chamado Judá em cumprimento a Isaías 45,


que anuncia a Ciro como ungido e libertador de Israel do cativeiro Babilônico. Ciro, o rei persa, é
benevolente e permite que as nações conquistadas tenham sua independência religiosa, a ponto do
dramaturgo grego Ésquilo o chamar de “o mortal abençoado pelos deuses, que levou a paz aos que lhe
eram fiéis”, na estreia da peça “Os Persas” em 472 a.C..
Honrando sua fama de magnanimidade, Ciro implanta reformas civis e religiosas em todo
império e faz um Edito, conhecido como Edito de Ciro, onde autoriza o retorno dos judeus à sua terra, e
reconhece que Deus deu os reinos em suas mãos, conforme 2Cr 36.23: "Assim declaro eu, Ciro, rei da
Pérsia: 'O Senhor, o Deus dos céus, deu-me todos os reinos da terra e designou-me para construir um templo
para ele em Jerusalém, na terra de Judá. Quem dentre vocês pertencer ao seu povo vá para Jerusalém, e que o
Senhor, o seu Deus, esteja com ele' ". Apesar de grande quantidade de judeus terem retornado à Jerusalém,
nem todos quiseram voltar, pois estavam estabilizados nas terras babilônicas, estes formaram uma
comunidade de história de 25 séculos até a terceira Reunião dos Exilados, na ocasião em que é
estabelecido o Estado de Israel no século XX.
Box
Curiosidade: muito próximo geograficamente era a
localidade de onde os judeus estavam voltando para
sua terra e quando Abraão, mais de um milênio antes,
iniciou sua caminhada à Terra Prometida.

Ciro determina que seja doado do Tesouro Persa, ouro e prata, e fique sob a responsabilidade de
Sesbazar, Governador de Judá, um descendente de Davi, que leva também ouro e prata angariados
dentre os judeus exilados, além de ter também devolvidos pelo rei todos os objetos do Templo que
Nabucodonosor pegou, sem contar que ainda foram levados para Jerusalém: 736 cavalos, 240 burros,
435 camelos e 6720 jumentos.
Sesbazar é substituído por Zerubabel na liderança do povo, com ele chega também Joshua, que é
descendente do último sumo sacerdote, e ao chegar veem Jerusalém desolada, pois ao contrário da
50

Assíria que fazia habitar a terra com estrangeiros, os Babilônios se satisfaziam apenas em levar cativos o
povo, deixando a terra abandonada, sem cultivo.
Um altar provisório é erguido por Zerubabel e Joshua, que restabelecem os rituais ofertórios
diários e iniciam a construção de um novo Templo, despertando a atenção dos descendentes daqueles
que foram assentados pelos assírios na antiga Samaria, que se consideram parte de “Israel” e são
vizinhos de Jerusalém, mas os judeus não se sentem afins com estes, que tem sua oferta de ajuda
rejeitada por não serem tido como confiáveis pois tem costumes religiosos híbridos, além do que, os que
voltaram para Jerusalém terem como ideal restaurar física e espiritualmente a herança dos antepassados,
só concordando de participar quem tivesse o mesmo ideal, apesar de o profeta Ezequiel ter instruído que
a terra seria partilhada com os estrangeiros que lá estivessem como se fossem nativos (Ez. 47.21).
A construção do Templo durou 21 anos e encontrou resistência por parte dos samaritanos e de
outras nações para seu prosseguimento, pois solicitaram aos governadores que impedissem a
continuação da reconstrução do Templo, solicitação que não foi atendida por Ciro, mas quando da morte
deste na guerra contra os massagetas, seu filho Artaxerxes, ou Cambises, o sucede e concorda com o
argumento dos sírios, fenícios, amonitas, moabitas e samaritanos de que os israelitas seriam insubmissos
aos reis e opositores a estes, e decide então determinar que a reconstrução do Templo não continue.
No segundo ano do reinado de Dario, a reconstrução do Templo é reiniciada, por Zerubabel e
Joshua, juntamente com os profetas Ageu e Zacarias, que foram questionados por Tatenai sobre quem os
havia autorizado a recomeçar as obras de reconstrução do Templo, e este enviou uma carta a Dario
indagando sobre a determinação por parte de Ciro a construção do Templo, pois essa havia sido a
resposta dos israelitas ao governador, de que estavam dando prosseguimento a uma obra que fora
determinada por Ciro, Dario então decide buscar nos arquivos da Babilônia se realmente tinha essa
determinação, de forma que ao encontrar o Decreto de Ciro, Dario determina que Tatenai e os oficiais
da província se afastem e não interfiram na continuidade da obra, além de a tesouraria do reino pagar
todas as despesas que fossem necessárias a não deixar que a reconstrução do Templo parasse e animais
para sacrifício e tudo que os sacerdotes pedissem, para que pudessem oferecer sacrifícios a Deus e tudo
fosse bem com o rei e seus filhos. O rei ainda deixa a determinação do que aconteceria com aquele que
não cumprisse seu Decreto, Ed 6.11-12: "Além disso, determino que, se alguém alterar este decreto,
atravessem-lhe o corpo com uma viga tirada de sua casa e deixem-no empalado. E seja a sua casa
transformada num monte de entulho. E que Deus, que fez o seu nome ali habitar, derrube qualquer rei
ou povo que estender a mão para mudar este decreto ou para destruir esse templo de Jerusalém." Eu,
Dario, o decretei. Que seja plenamente executado".
Com o término da construção do Templo, foram oferecidos para a dedicação do Templo, Ed
6.17: “Para a dedicação do templo de Deus ofereceram cem touros, duzentos carneiros, quatrocentos
cordeiros e, como oferta pelo pecado de todo o Israel, doze bodes, de acordo com o número das tribos
de Israel.”
51

O isolamento entre judeus e samaritanos não foi mantido, pois foi crescendo o número de inter
casamentos, principalmente por causa da falta de mulheres entre os que regressaram do exílio. Em
Jerusalém começou a criar um clima de insegurança pois era crescente os assaltos por parte de
samaritanos e edomitas, afinal a cidade estava com seus muros destruídos.
Com o passar de anos, a comunidade chega a estagnação devido dificuldades econômicas e
sociais, mas ocorre simultaneamente um renascimento cultural-religioso por parte dos judeus
babilônicos, onde Esdras retorna a Jerusalém com mais uma leva dos exilados. Como na metade do
século V a.C. os gregos passam a ter papel mais importante na política internacional, Artaxerxes aprova
o retorno de Esdras com os exilados à Jerusalém para que pudesse ter Judá leal à Pérsia reforçando
assim a fronteira meridional do Império.
Assim Esdras volta com 1500 pessoas, de várias classes sociais, dentre sacerdotes, descendentes
de Davi, levitas e serviçais, voluntários. A missão de Esdras é verificar se está sendo observada a Lei de
Deus, instruir e nomear juízes, organizar a comunidade baseando-se na justiça social e ideais religiosos.
Esdras ora e pranteia por estarem os israelitas casados com mulheres samaritanas, sendo assim
casamento abominável a Deus, mas os líderes reconhecem seus erros e firmam uma aliança de
mandarem as mulheres samaritanas embora. A missão de Esdras construir os muros da cidade foi
prejudicada pois foi considerado uma atitude conflituosa com forças poderosas, afinal o templo não era
apenas lugar de serviços religiosos, mas também político e financeiro.
Quando os muros começaram a ser reconstruídos, Sambalat, Tobias e Gesém, homens poderosos
se opõem e muitos judeus se dispersam
e dirigindo-se à capital imperial persa, Hananias, irmão de Neemias, busca apoio e passa um relatório
desanimador a seu irmão, onde consta que é grande a miséria e a situação humilhante, além dos muros
em ruínas e portões incendiados.
Ao demonstrar em seu rosto a tristeza com a notícia e assim se apresentar diante do rei
Artaxerxes, Neemias é questionado se está doente, afinal nunca havia estado assim diante do rei.
Neemias então conta sobre a devastação que está a cidade, além de pedir licença para que possa
reconstruir os muros da cidade, de forma que Artaxerxes, não apenas concede seu pedido como enviou
cartas para os governadores deixarem-no passar até Judá e para o guarda da floresta do rei para lhe dar
madeiras.
Neemias, que havia sido nomeado governador de Judá pelo rei, convoca dirigentes da
comunidade para reconstruírem as muralhas da cidade e estes aceitaram de pronto e foram trabalhar nos
muros, mas foram zombados por Sambalat e outros sobre o que estavam fazendo, mas Neemias os
orientava a não se importar com eles e continuarem a obra pois Deus iria fazê-los triunfar, conforme Ne
2.20 “Eu lhes respondi: O Deus dos céus fará que sejamos bem-sucedidos. Nós, os seus servos,
começaremos a reconstrução, mas, no que lhes diz respeito, vocês não têm parte nem direito legal sobre
Jerusalém, e em sua história não há nada de memorável que favoreça vocês!”.
52

Como perceberam que os muros continuariam a ser construídos, Sambalat e os demais resolvem
atacar os trabalhadores, de forma que Neemias ao tomar conhecimento define como estratégia dividir o
povo por famílias atrás das muralhas e enquanto um grupo trabalhava ou outro montava guarda e em
outros lugares trabalhavam com uma mão e com a outra usava a arma, da aurora até a aparição das
estrelas. Os muros são então terminados e nenhuma denúncia abala a autoridade e prestígio de Neemias.
Neemias resolve também o problema econômico e social do povo, afinal muitos havia perdido
suas terras por não conseguirem honrar os empréstimos feitos, pois estes tinham enormes impostos.
Neemias determina o cancelamento das dívidas e devolução das propriedades aos pobres e anulação dos
juros. Esdras que estava ausente, reaparece trazendo o Livro da Lei de Moisés, pois o povo sente a
necessidade de um ato de fé e pede a leitura do Livro da Lei e ouvem desde a manhã até ao meio dia,
todos atentos.
Após 7 dias de festa e leitura da Torah, os que tinha idade para entender se juntaram e fizeram
juramento e se comprometeram seguir a Lei. Em reconhecimento ao Shabat como sendo fundamental
social e religiosamente, Neemias preserva a santidade do dia e antes do sábado, fechou as portas da
cidade e colocou guardas para não deixar passar cargas até que o dia de descanso passasse.
Neemias, sem qualquer ambição pessoal, renuncia seu cargo, deixando Esdras para terminar a
missão de transformar Judá em uma comunidade de relevância e retorna ao reino conforme tratou com
Artaxerxes.

Questionário

1. Apesar de estarem exilados, em nenhum momento se tem a ideia de que seu Deus tivesse acabado,
pelo contrário, o que acabou no meio do povo?
2. Por que os judeus passam a reunir-se em assembleia, Kinishtu, aramaico para Knesset, em grego
Sinagoga, origem igual para Igreja e Mesquita?
3. A sinagoga é então o lugar de que?
4. O exílio foi um momento de os judeus fazerem o que?
5. Quais são as características da identidade judaica?
6. Ao obedecerem as palavras do profeta Jeremias: “construí casas e as habitai, plantai pomares e comei
de seus frutos, multiplicai-vos e preocupai-vos com a prosperidade da cidade para onde eu vos
deportei”. (Jr. 29.5), o que os judeus alcançaram?
7. Com a aculturação aos costumes babilônicos algumas marcas aparecem, quais são?
8. Em Isaías 48 há o anúncio da libertação de Israel, chamado Judá em cumprimento a Isaías 45, que
anuncia Seu ungido e libertador de Israel do cativeiro Babilônico. Quem é este e sua característica?
53

9. Honrando sua fama de magnanimidade, Ciro implanta reformas civis e religiosas em todo império e
faz um Edito, onde autoriza o retorno dos judeus à sua terra, e reconhece que Deus deu os reinos em
suas mãos, conforme 2Cr 36.23. Como é conhecido esse Edito?
10. Apesar de grande quantidade de judeus terem retornado à Jerusalém, nem todos quiseram voltar, por
quê?
11. A construção do Templo durou 21 anos e encontrou resistência por parte dos samaritanos e de outras
nações para seu prosseguimento, por quê?
12. Qual o argumento dos sírios, fenícios, amonitas, moabitas e samaritanos em relação aos israelitas?
13. No segundo ano do reinado de Dario, a reconstrução do Templo é reiniciada, por Zerubabel e
Joshua, juntamente com os profetas Ageu e Zacarias, que foram questionados por Tatenai sobre quem os
havia autorizado a recomeçar as obras de reconstrução do Templo, e este enviou uma carta a Dario
indagando. Qual foi a determinação de Dario?
14. Com o término da construção do Templo, qual foi a oferta para a dedicação do Templo?
15. Quando Esdras volta com 1500 pessoas, de várias classes sociais, dentre sacerdotes, descendentes de
Davi, levitas e serviçais, voluntários. Qual a missão de Esdras?
16. Hananias, irmão de Neemias, busca apoio e passa um relatório desanimador a seu irmão, que
relatório é este?
17. A que cargo Neemias foi nomeado pelo rei Artaxerxes?
18. Sambalat e os demais resolvem atacar os trabalhadores, de forma que Neemias ao tomar
conhecimento define uma estratégia, qual foi esta?
19. Neemias resolve também o problema econômico e social do povo, deixa Esdras para terminar a
missão. Qual seu ato antes de voltar ao reino, como tratado com Artaxerxes?

REFERÊNCIAS:
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus: De Abraão à queda de Jerusalém. 8. ed. Rio de Janeiro: Cpad,
2004.
BORGER, Hans. Uma história do povo hebreu: de Canaã à Espanha. 5. ed. São Paulo: Editora e
Livraria Sêfer Ltda, 2015. 1 v.
ALMEIDA REVISTA E CORRIGIDA (Brasil) (Ed.). Bíblia de Estudo: Aplicação Pessoal. Brasil:
Cpad, 1995. 2012 p.
https://www.bibliaon.com/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinagoga
54

Aula 8 – A expansão da Macedônia e a Guerra dos Macabeus


O domínio do Império Persa dura dois séculos, quando então foi derrotado pela Macedônia, de
Alexandre Magno, “O Grande”, em 331 a.C.. Num curto período de 10 anos, Alexandre impõe o
domínio grego de Atenas ao Golfo Pérsico, da África à Índia e diferentemente de outros conquistadores,
as cidades passam a estar povoadas por soldados e mercadores gregos, representantes das artes, letras e
ciências helênicas, lançando o que há de bom e ruim da cultura grega sobre a Ásia Menor, Síria, Fenícia,
Judá e Egito.
Esculturas e gravações são feitas para os reis e príncipes pelos gregos, filhos de ricos são
educados por professores gregos, filósofos e artistas contam os acontecimentos geniais às cidades novas
e antigas, que rivalizam em difundir a cultura helênica (modo de viver e pensar gregos), com isso nasce
o helenismo, que é a assimilação do idioma, pensamento e modo de viver gregos por outros povos. Após
apenas duas gerações, Alexandria, no Egito transforma-se na maior metrópole do mundo, ultrapassando
a própria Grécia como centro cultural.
Importante lembrar sobre cultura e linguagem que o aramaico generalizou-se com o domínio da
Assíria, fazendo com que o hebraico não fosse mais puro, quando Judá foi cativa pela Babilônia os
judeus deixam de falar sua língua e passam a falar o aramaico a ponto de quando Esdras foi ler a Lei
para os judeus, precisou interpretar em aramaico (Ne 8). Dali em diante os judeus passaram a falar
aramaico, sendo a língua de Jesus e também dos apóstolos.
Em 323 a.C. Alexandre morre e seu império é então dividido entre seus generais, ficando a cargo
de Ptolomeu o Egito, a Síria para Seleuco, enquanto ambos reclamam a Terra de Israel, que torna-se
palco de luta pela supremacia dos dois reis helenistas., levando cerca de 100.000 judeus a fugir para o
Egito, fazendo que a Alexandria se torne a maior comunidade da Diáspora.
Em 301 a.C. Ptolomeu se apossa de Israel, que ao mesmo tempo em que é um posto avançado de
defesa para os egípcios, é também trampolim para expansão territorial greco-síria. Ptolomeu concede
aos judeus grande autonomia em seus assuntos internos, possuindo então Judá as características
nacionais: território próximo, idioma comum, Torah como Constituição, e era administrada por um
sumo sacerdote, que representava o Chefe da Nação e a Gerúsia, que era um conselho de nobres, sábios
e populares, a exceção da autonomia ficava a respeito da política externa e forças militares. A chefia da
nação por parte do Sumo Sacerdote, cabia a função de recolher impostos aos cofres do reino, assim
como manutenção da ordem.
A lei do país é a Torah, pois os ptolomeus reconhecem as “leis ancestrais”. O Templo cuida da
vida religiosa, social e política, concentrando poder de administração e economia nas mãos da
aristocracia sacerdotal. O Templo de Jerusalém dispõe de muito tesouro. O poder dirigente de Judá está
com a elite sacerdotal, que é composta por sumo-sacerdotes, além de parentes e seus favorecidos, e a
economia é rural e artesanal, sendo de pouca atividade comercial além dos produtos agrícolas
55

exportados. Existem também outras classes, como soferim, sábios, leigos, eruditos, intérpretes anônimos
da Torah que gozam de prestígio popular.
Dentre os poderosos e ricos tem a família Tobias, que possuía latifúndios tão grandes que
apelidaram a região como Terra dos Tobias.
Ao final do século 3 é reiniciada uma luta por Israel, entre selêucidas e ptolomeus e o Sumo
sacerdote Onias favorece os selêucidas, apoiando os exércitos de Antíoco III (222-187) na invasão e lhes
fornece alimentos, forragem aos elefantes de combate.
Após vencer a batalha, Antíoco confirma aos judeus o direito de seguirem suas leis ancestrais e o
clã dos tobíades assumem a liderança e fica sob a responsabilidade de Hircanos bem Tobias o processo
de helenização do país, mas o desejo de helenização por parte de Hircanos é pensando em lucro afinal,
por não ser uma cidade helenista, Jerusalém não poderia circular numerário de emissão própria. Então
juntamente com esses negociadores que eram os Tobias, aparecem aqueles que veem bem o modo de
vida dos gregos e desejam então a helenização do povo, mesmo que não tenham a intenção de renegar o
judaísmo, afinal se do Egito à Síria e à Ásia Menor aceitaram e acolheram a vida, por que os judeus não
aceitariam?
Apesar de dar certo noutros lugares, Judá rejeita o modo de vida grego, pois gregos, sírios e
egípcios adoram estátuas, além de sacrificar pessoas a seus ídolos, enquanto que Judá é monoteísta e não
sacrifica pessoas a Deus. Outro fator contrastante é que na Grécia, o pensamento dos grandes filósofos é
restrito a classe educada, rica, enquanto em Judá há harmonia dos propósitos entre povo e expositores da
Lei eruditos, na Grécia, Filosofia é disciplina para a elite apenas, para os judeus, os escribas por viverem
a realidade do dia-a-dia, estão integrados ao povo e são respeitados, os ideais religiosos são os mesmos
entre o povo e os soferim, mas na Grécia, os Filósofos ignoram os deuses do povo, mostrando que há
grande divisão entre os que são abastados e os que não o são.
Com a intensão de acelerar a helenização, o sumo sacerdote Onias II é substituído pelo irmão de
Simão ben Tobias, Joshua, que passa a adotar o nome grecisado de Jason, helenizador mais agressivo e
que tem o apoio de Antíoco IV, mas os valores helenistas que são incutidos ao povo são os valores
fúteis, como um ginásio que é criado ao lado da Cidadela de Davi e rivaliza com o Templo, sacerdotes
participam de competições atléticas nus, a circuncisão é escondida por cirurgia plástica, cortesãs e
rapazes belos, prazeres e festas que contrastam com o modo de vida tradicional judaica. Enfim,
Jerusalém é proclamada uma pólis e tem inclusive seu nome mudado para Antiochia Jerusalemita.
Mesmo com esse “progresso” os helenistas mais radicais queriam mais e então substituem Jason
por Menelau, ultra-helenizante, que em forma de gratidão abre os cofres do tesouro do Templo ao rei.
Indignado, o povo sai às ruas em protesto por tamanho ultraje, mas a guarnição síria reprime
violentamente a manifestação.
Selêucidas e ptolomeus guerreiam novamente e Antíoco invade outra vez o Egito e após essa
vitória sente realizado o desejo de ter seu gigantesco império, da Ásia Menor passando pelo Golfo
56

Pérsico até o Nilo. No entanto, esse sonho é desfeito com o surgimento de uma nova superpotência:
Roma, que exige a retirada imediata do exército selêucida do Egito. O cônsul Popílio Laenas faz a
exigência a Antíoco, que sem opção acata. Em Jerusalém noticiam que Antíoco estava morto e então,
com a intenção de recuperar o poder, Jason invade a cidade e Menelau e seu grupo se refugiam sob
proteção da guarnição grega. Como a helenização não trouxe nada além de revolta ao povo, este expulsa
Jason da cidade, enquanto Menelau continua refugiado, deixando assim Jerusalém praticamente sem
governo.
Furioso e falido, por ter de pagar imposto alto a Roma, Antíoco retorna do Egito e sufoca os
rebeldes em Jerusalém, assaltando mais uma vez os tesouros do Templo e amplia a cidadela de Acra,
transformando-a num bairro-fortaleza. Uma onda de violência e saques atingem a cidade, onde o caráter
judaico é ameaçado pelos costumes pagãos, tornando a Cidade Santa em abominação.
O movimento de desobediência civil, os assideus e os devotos, sentem motivação pelo retorno do
governo pela Torah e então Antíoco tira o direito do exercício da vida judaica e estabelece a pena de
morte a quem cumprisse as leis alimentares, observasse o sábado e cumprisse a circuncisão nos filhos,
além de transformar o Templo em santuário de Júpiter Olímpico, derramando sangue de porco sobre o
altar. Determina que se façam patrulhas para verificar se os judeus estão descumprindo as leis e obrigam
a população a participar de cultos idólatras e comer alimentação impura.
Diante das opções de morrer e prestar culto pagão, os judeus, para surpresa de Antíoco, preferem
a morte, nascendo assim o supremo ato de nobreza e coragem morrer como mártir, pois melhor é a
morte a transgredir as leis do Senhor, esta é a última prova de fé, conhecida como Kidush Hashem,
Santificação do Nome de Deus.
Quando uma patrulha do Rei, passa por Modeín, povoado familiar dos hasmoneus, para obrigar
seus moradores a cultuar o paganismo, Matatias e seu filhos atacam os soldados greco-sírios e os judeus
obsequiosos, matando vários militares, até mesmo um oficial, deflagrando assim a revolta e tendo
Matatias como seu líder. Os hamoneus se retiram às montanhas e logo depois fugitivos de Jerusalém e
camponeses se unem a eles, que estão dispostos à luta armada, aceitando a suspensão da proibição de
pegar em armas no Shabat, devido a urgência do momento.
Judas, chamado Macabeu, um dos filhos de Matatias, torna-se então o chefe militar e usa como
estratégia a emboscada a destacamentos menores dos sírios, de forma que conforme iam tendo sucesso
se tornavam mais audazes e acumulavam armamento. Judas decide então enfrentar os inimigos em
campo aberto e vence três batalhas contra generais famosos. Lísias, vice-Rei de Antíoco, assume o
comando das tropas sírias, mas é derrotado pela ousadia e surpresa de Judas que os obriga a abandonar o
litoral, abrindo caminho para Jerusalém. Dia 25 de Kislev (Dezembro) de 164 a.C., o Templo foi
purificado, da abominação pagã e rededicado numa cerimônia - Hanukah -com duração de 8 dias.
A morte de Antíoco IV provoca disputas pelo trono selêucida e a rebelião em Judá cessa,
temporariamente, de ser prioridade. Macabeu domina Jerusalém com exceção de Acra, onde está
57

Menelau, que depois se aproveita de uma chance e foge de Jerusalém, tendo então o filho menor de
Antíoco IV, coroado como rei e tendo Lisias como regente, que invade Judá pelo sul e isola Jerusalém e
é quando Macabeu decide marchar contra o inimigo e Eleazar, um dos filho de Matatias, morre. Como
um novo golpe de estado acontece em Antioquia, Lisias e o rei precisam partir o mais breve possível e
então fazem um acordo com Macabeu, que está com seu exército enfraquecido, de restabelecer a
liberdade religiosa de antes, desde que aceitem a soberania selêucida, além de Lisias prometer matar
Menelau. Judas aceita.
Seu desapontamento vem quando Alcimo, helenista moderado, é nomeado para sumo sacerdote
de Jerusalém e com isso Macabeu não é reconhecido como chefe de Estado e então decide continuar
com a luta pela independência definitiva do país. Mas tem a desistência dos assideus, que estão de olho
no controle da vida social e religiosa, através de influências nas funções de dispensadores da Lei. Os
assideus eram os mais obstinados guerreiros.
Mas assideus, plebeus e macabeus voltam a se unir quando Alcimo manda matar 60 líderes
devotos e com desejo de se livrar dos hasmoneus pede ajuda ao novo rei, Demétrio, que põe o general
Nicanor a frente do poderoso exército a lutar contra Judá Macabeu que sai vitorioso da batalha mais
sangrenta da guerra de libertação e tem o general Nicanor morto em combate.
Judas passa então do campo militar para a política e escolhe Roma como aliada e o Senado
Romano reconhece oficialmente a autonomia da Judeia, mas não lhes presta auxílio na batalha chefiada
por Báquides, onde mais uma vez os assideus deixam também de contribuir com seu apoio, deixando
então o exército de Macabeu com apenas 3 mil homens contra os 20 mil de Báquides, foi essa a última
batalha de Judá Macabeu que acaba morrendo.
Jônatan assume o comando e liderou por 18 anos até a independência de Judá. Alcimo é morto
pelos sírios. Alexandre Balas disputa com Demétrio I a coroa selêucida e nomeia Jônatan como sumo
sacerdote, tornando-se assim chefe de estado e em 152 a.C. na festa de Sucot exerce a função sacerdotal
pela primeira vez, passando por hereditariedade na família dos hasmoneus a cargo de sacerdote durante
os 115 anos próximos, após ter sido próprio da família de Tsadoc, descendentes de Arão por 800 anos.
Jônatan além de fortificar Jerusalém, anexa parte de Samaria e estende seu domínio ao litoral
mediterrâneo, e toma a cidade de Iafo e Ashquelon. O acesso ao mar é de grande importância econômica
para o país, pois assim não teriam mais de pagar altas taxas aos sírios que controlavam as cidades
portuárias. É estabelecido relações com Esparta e renovado amizade com Roma e então a Judeia se torna
entre ptolomeus e selêucidas um importante fator militar e político.
Após a morte traiçoeiramente orquestrada por Trifon, das tropas selêucidas, Simeão assume o
comando e alia-se a Demétrio, inimigo do assassino de seu irmão, que o exime do recolhimento de
tributos aos cofres reais. Antíoco VII exige que Simeão devolva as cidades conquistadas ou pague multa
de mil talentos de prata (US$ 6.600.000), mas este não se intimida e diz que a terra foi herança dos seus
pais e reconquistadas, não sendo assim terras estrangeiras. Simeão morre assassinado pelo próprio
58

genro, então a nova geração dos Macabeus passa a comandar, através de João Hircano, filho mais velho
de Simeão.
Apesar das conquistas que esta nova geração impõe como a anexação definitiva de Samaria e
conquista de várias cidades helenistas importantes e dominar e converter ao judaísmo em massa e pela
força, se corrompem fazendo as pazes com os adversários de outrora, buscam apoio nos saduceus, que
são os antigos helenizantes e estes passam a predominar no Templo e na corte, abrindo-se um fosso
entre povo e monarquia, hasmoneus e saduceus, que dirigem pela razão, e fariseus, que querem um
estado governado seguindo a Torah.
A Judeia mergulha numa guerra civil que dura quatro anos, causada basicamente pelo anseio ao
poder do Templo e da Coroa, até que percebem que o mundo estava sob novo domínio, Roma.

Questionário
1. O que é cultura helênica?
2. O que é helenismo?
3. Quando os judeus deixam de falar sua língua e passam a falar o aramaico?
4. Em 323 a.C. Alexandre morre e seu império é então dividido entre seus generais Ptolomeu e Seleuco.
Como fica essa divisão?
5. Após Ptolomeu se apossar de Israel, concede aos judeus grande autonomia em seus assuntos internos,
possuindo então Judá as características nacionais. Qual era a Constituição (Lei) dos judeus?
6. O Templo cuidava de que?
7. Qual família estava entre os poderosos e ricos?
8. Apesar de dar certo noutros lugares, Judá rejeita o modo de vida grego. Por quê?
9. Qual o outro fator contrastante com a Grécia por parte dos judeus?
10. Por que o sumo sacerdote Onias II é substituído pelo irmão de Simão ben Tobias, Joshua, que passa
a adotar o nome grecisado de Jason?
11. Quando substituem Jason por Menelau, ultra-helenizante, que em forma de gratidão abre os cofres
do tesouro do Templo ao rei, qual a reação do povo?
12. Após Antíoco retornar do Egito, foi expulso pelo Cônsul romano Popílio Laenas, tira o direito do
exercício da vida judaica e estabelece a pena de morte a quem cumprisse as leis alimentares, observasse
o sábado e cumprisse a circuncisão nos filhos, além de transformar o Templo em santuário de Júpiter
Olímpico, derramando sangue de porco sobre o altar. O que mais Antíoco determinou em relação aos
judeus?
59

13. Diante das opções de morrer e prestar culto pagão, os judeus, para surpresa de Antíoco, preferem a
morte. O que nasce após essa atitude?
14. Que grupo familiar deflagra uma revolta em Judá e tem Matatias como líder?
15. A Judeia mergulha numa guerra civil que dura quatro anos, qual a causa?

REFERÊNCIAS:
BORGER, Hans. Uma história do povo hebreu: de Canaã à Espanha. 5. ed. São Paulo: Editora e
Livraria Sêfer Ltda, 2015. 1 v.
TOGNINI, Enéas. O período interbíblico. São Paulo: Hagnos, 2009. 224 p.

Aula 9 – A Palestina Romana e a Ascenção do Cristianismo


Após derrotar os partas, pontos, armênios e diversos outros povos, a Águia de Roma está sobre a
Síria, com Pompeu a frente da liquidação do Império Selêucida e trazendo a Pax Romana ao Oriente
Médio. Ao invadir a Judéia, ordena que os tesouros do Templo fiquem intactos, inspeciona o
sacrossanto e manda prosseguir os serviços do Templo.
A Síria é transformada por Pompeu em província Romana, Judéia perde praticamente todos os
territórios conquistados pelos hasmoneus; as cidades gregas da Transjordânia agregam uma decápolis
(União de dez cidades); parte da Iduméia e grande parte do litoral, até mesmo Iafo, e a maior parte de
Samaria são divididos em 5 distritos, sob subordinação do governador romano com sede na Síria. A
nova “Judéia” é formada por uma parte da Galiléia, outra da antiga Judá interligada pelo Vale do Jordão,
uma região de Samaria, uma parte da Iduméia e a Petréia, que é a Transjordânia habitada por judeus,
essa nova Judéia fica sob autoridade de Hircano II, que foi colocado como sumo sacerdote por Pompeu,
enquanto que Aristóbulo foi deportado para Roma com sua família.
Judéia torna-se um foco de rebelião e então Alexandre, filho de Aristóbulo, foge da prisão em
Roma e retorna à Judéia, compondo uma força de guerrilha e ocupam 3 fortalezas. Legionários são
enviados, sob comando do General Marco Antônio, e abafam o levante, mas Alexandre consegue
escapar. Antígono, seu irmão, também foge e reúne milhares e outra vez são mobilizadas as legiões
romanas; no mesmo ano é a vez de Aristóbulo fugir e então fracassar na tentativa de reconquistar o
poder. Alexandre reaparece e levanta a bandeira da revolta novamente, mas outra vez é derrotado e
escapa, mas algum tempo depois, ao ser finalmente capturado, é executado por ordem de Pompeu.
Júlio César e Pompeu disputar o poder e envolvem os judeus, pois César deseja o apoio dos
hasmoneus para dominar a Judéia e então liberta Aristóbulo da prisão com a missão de comandar duas
legiões para reconquistar o país, mas antes mesmo de seu embarque foi morto por leais a Pompeu que é
derrotado em batalha de Fársalo (48) e então Antíparo e Hircano deixam de apoiá-lo e se colocam como
60

aliados de César, disponibilizando uma força de 3.000 judeus para ajudar na estabilização das posições
romanas no Egito.
Hircano recebe o título hereditário de Etnarca de César, além de ser permitido reconstruir os
muros de Jerusalém e ter restituído o porto de Iafo à Judéia. Antíparo foi então nomeado governador e
seus filho vice-governadores, sendo Fasael em Jerusalém, e Herodes na Galiléia.
Box
Etnarca, do grego ethnarkes (nação e líder, "έθνος" e "άρχων")
é um líder de uma etnia. O termo, e o cargo, foram utilizados na
Roma Antiga, no Império Bizantino e no Império Otomano
Na tradição judaica, o etnarca tem o direito de usar a púrpura e a
fivela de ouro o que faz dele um dinasta - é estratego (tem
autoridade sobre o exército).
A administração de Herodes é marcada de violência desde seu início, quando executa grande
número de galileus que estão “descontentes”. Um dos mais respeitados líderes fariseu, Shamai faz a
acusação de assassinato e insolência a Herodes, quando este comparece com forte escolta armada ao ser
intimado para prestação de contas ao Sanedrin. Hircano logo suspende a sessão com o intuito de evitar
agravamento da situação e Herodes escapa para fora da jurisdição do Sanedrin.
Box
O termo "Sanedrin" é comumente traduzido no mundo cristão
como "Sinédrio", e é composto de setenta juízes conhecedores em
plenitude de todos os setores da Torá, capazes para julgar em todo
assunto necessário, conforme o caso.
César é assassinado em 44 a.C. e Marco Antônio divide a poder com Otaviano e enquanto o
primeiro se dobra aos encantos de Cleópatra, ocorre o avanço dos partas à fronteira romana em 40 a.C. e
então grande parte do exército romano é deslocado da Síria para este desafio. Neste momento, Antígono
aparece novamente na Judéia e com uma poderosa milícia toma Jerusalém e tomando o Monte do
Templo obriga Herodes a ficar refugiado no palácio, posteriormente foge e Fasael e Hircano são presos.
Herodes, após ir ao Egito e não encontrar Marco Antônio, vai à Roma e é visto por este e
Otaviano como a melhor opção para resistir aos partas e então é proclamado Rei da Judéia. Após
dominar Samaria, isolar as forças leais a Antígono e derrotar os partas, Herodes subjuga a Judéia com a
ajuda dos romanos numa batalha brutal que faz Herodes pedir ao comandante romano para cessar a
violência, senão seria rei sobre deserto.
Os 3 anos de guerra entre o hasmoneu Antígono, rei da Judéia sob a graça da Pártia, e o idumeu
Herodes, rei da Judéia sob a graça de Roma, deixa Israel miserável. Antígono foi decapitado por ordem
de Herodes, em uma pena inédita a um prisioneiro real na história romana. Herodes casa-se com
Mariana, neta de Hircano, para através desse laço com a dinastia hasmonéia legitimar a ascenção ao
trono da Judéia.
61

Os judeus mantém seu amor pelos hasmoneus e seu ódio por Herodes, que ordena a execução de
45 fariseus do Sanedrin, sob culpa de sentimentos pró-hasmoneu. Hircano II é acusado de Alta traição;
Aristóbulo III, irmão da rainha Mariana torna-se muito querido entre o povo e então é encontrado morto
“acidentalmente” afogado em casa de banho em Jericó; José, casado com Salomé, irmã de Herodes é o
próximo a morrer; Mariana, a rainha é executada após ser acusada de tentativa de envenenamento do rei;
Alexandra, mãe de Mariana também foi executada, assim como o segundo marido de Salomé.
Os dois filhos de Mariana com Herodes foram estrangulados por conspiração com outros 300.
Herodes, que tinha 10 mulheres e 15 filhos, mesmo em seu leito de morte, ainda manda executar seu
filho Antípater que tornara-se suspeito. Augusto, Imperador de Roma, faz o comentário de que era
melhor ser cão de Herodes a ser seu filho, devido tais execuções que este fizera a seus filhos. Após
cinco dias dessa execução, Herodes morre.
Os feitos de Herodes foram: acabar com roubos nas estradas e campos; expropriou opositores,
confiscou propriedades hasmonéias e taxou seus súditos, construiu cidades, aquedutos, pontes, estradas,
templos, teatros, ginásios. Ampliou esplendorosamente o Templo. As obras tinham como finalidade
conquistar a simpatia do povo, mas sempre causava situações ambíguas, como construir o Templo e
colocar em seus portões a Águia Romana. Criou fortificações em Jerusalém, além de palácios e edifícios
públicos, que foram enfeitados com esculturas gregas nuas. Tirou do Sinedrin os poderes políticos e fez
a Torah deixar de ser a lei do país, além de acabar com a vitaliciedade do sacerdócio, por não poder ele
mesmo exercer tal cargo, investindo nele quem quisesse e pelo tempo que quisesse.
A Judéia foi dividida entre os três filhos de Herodes, Arquelau ficou com a parte central: Judéia,
Samaria, e Iduméia; Herodes Antipas com: Galiléia e Peréia (parte da Transjordânia habitada por
judeus, do Mar Morto a próximo do Mar da Galiléia); e Felipe com: terras entre o Mar da Galiléia e
Síria (na época romana eram chamadas Batanéia, Trachonitis e Gaulanitis).
Arquelau teve um governo tão brutal quanto de seu pai, no entanto sem a mesma competência e
quando contraiu casamento proibido pela lei judaica, e um delegação foi à Roma pedir seu afastamento,
Augusto decide por sua destituição e exila-o na Gália, passando a Judéia à administração direta de Roma
através de um Procurador (prefectus) que fica subordinado ao Governador da Síria. Copônio, primeiro
procurador, realiza um censo com o intuito de tributação à Síria, por ordem de seu Governador.
Uma cisão acontece entre os fariseus, sendo que os dissidentes que estão sob liderança de Judah,
o Galileu, e que é um misto de sábio e guerrilheiro, passam a formar uma nova seita-partido, os zelotes,
que seguem numa rota de extremismo patriótico.
A residência e quartel-general (QG) dos procuradores é estabelecido em Cesaréia, que é habitada
amplamente por helenistas. Apenas nas festas de peregrinação e grandes datas religiosas que o
Procurador mudava-se para o palácio de Herodes, em Jerusalém. Esses procuradores eram escolhidos
dos mais baixos escalões políticos e tinham como único fim recolher impostos para imperadores e
enriquecer rapidamente.
62

Eram sem vontade e competência para entender o povo a ser governado, que era tido como
bárbaro, retrógrado, pernicioso e insubordinado.
Somente com o Imperador Tibério que esse sistema de frequentes trocas de procuradores muda e
o primeiro a ser nomeado é Valério Grato, fica 11 anos no cargo que antes durava 3 anos, e introduz o
leilão do sumo sacerdócio e em seu mandato a troca ocorre 4 vezes, sendo bom para os cofres do
procurador, no entanto nem a qualidade dos nomeados e nem o prestígio do cargo melhoravam, sem
contar que era um insulto arbitrária essa interferência nas tradições religiosas e nacionais.
Com esse sistema algumas famílias de saduceus eram escolhidas apenas por sua riqueza, tais
como: Anan, Fabi e Caifás. Não tinham qualquer credibilidade do povo, nenhuma pertença à linhagem
tsadoquiana ou voto popular como os hasmoneus. Rapidamente a aristocracia sacerdotal formou elite
sem raízes com o povo e era desprezada pelos romanos. A única instituição que tinha o respeito do povo
era o Sinedrin, mas sem funções políticas.
Após Tibério substituir Valério por Pôncio Pilatos, este deu ordem para que os soldados
entrassem em Jerusalém com estandartes legionários com a efígie do Imperador, deixando os judeus
irritados e então estes cercaram a sede do governo, em Cesaréia em protesto contra a afronta idólatra,
Pilatos então recua de sua ordem. Esse Procurador determina que se construa aqueduto e retira dinheiro
do Templo, que não deveria ser usado em fins profanos.
Com diversas queixas sobre Pilatos, o Governador-Geral da Síria Vitélio, suspende-o do cargo e
ordena que regresse à Roma para ser julgado, mas Pilatos some no caminho, no turbilhão que estava a
capital imperial com o assassinato de Tibério.

O anseio por um Messias


Os povos oprimidos pelo regime romano estavam cada vez mais miserável a população estava tão
contagiada pelo anseio messiânico judeu e com isso crescia a adesão aos cultos orientais místicos e
misteriosos. Fariseus, saduceus, zelotes, sicários e essênios, tem como denominador comum a fé em
futuro melhor.
Israel estava maculada pela obscenidade pagã; povo pagando altos impostos, passando por secas
e fomes; Jerusalém sendo palco de grande e terrível ódio ente classes, deixando assim enorme ânsia por
intervenção sobrenatural grandiosa. Enquanto uns criam na redenção com a vinda do Filho do Homem a
julgar todos no Fim dos Dias; outros criam no filho de Davi que reinaria sobre Israel restaurado,
quebrando o jugo pagão.
O momento era propício para entusiasmar o povo em desespero e então Teudas, um dentre vários
auto proclamados messias, conduz uma multidão às águas do Jordão com a promessa de, assim como
Moisés, abriria suas águas e libertaria Jerusalém, com isso várias pessoas morreram afogadas e quem
sobreviveu foi morto por legionários. Vários líderes são vistos como percussores do Messias.
63

Jesus nasce por volta de 4 a.e.c. e morre por volta de 30 da Era comum. O regime de terror de
Herodes marca a época do nascimento de Jesus e sua morte é marcada pelos desmandos de Pilatos.
Jesus protesta contra o culto e rito com a falsa religiosidade, fariseus exibicionistas são
amargamente censurados, Ele se colocava acima desta corrente, conforme Mateus 7.29 “porque Ele as
ensinava como quem tem autoridade, e não como os mestres da lei.”, fazendo com que sua autoridade desafie
a Tradição de receber-transmitir. Com essa postura contra o sistema, obteve hostilidade de uns, mas seu
carisma, amor, magia de suas palavras renderam-lhe admiração de outros.
Na Cidade Santa e no Templo lança apelo à penitência pelo povo para terem o Reino dos Céus,
mas não obtém grande repercussão em Jerusalém, nem nos nativos da Judeia, ou nos milhares de
peregrinos dos países da Diáspora. Jesus foi mandado a Pilatos como rebelde e este permitiu crucificá-lo
pois era um assunto tão explosivo que não poderia ser ignorado. “A pena de morte, decretada pelo
romano, encerrou a história de Jesus de Nazaré, mas não impediu que seus discípulos iniciassem a de
Cristo” (BORGER, 1999, p. 200).
Pedro reúne seguidores em Jerusalém e formam uma fraternidade na crença messiânica de Jesus,
sua ressurreição e retorno breve, estes são os artigos que propõem propagar. O Templo é visitado e
observada a Lei, comentam a palavra, parábola e ensinamentos do Mestre, distingue dos demais judeus,
pois crê não em um messias que virá, mas em um Messias que já veio, morreu, ressuscitou para terminar
sua missão.
A quantidade de nazarenos cresce muito rapidamente, passando de 120 a 5 mil, sendo
principalmente os saduceus seus opositores, pois a doutrina da ressurreição é visceralmente contrária às
convicções religiosas que professam. Posteriormente, os fariseus também se colocam em oposição, pois
parte de adeptos de judeus da Diáspora, cerca a crença de elementos dos cultos de mistérios existentes
nos países profundamente não judaicos. Saulo de Tarso, que está em Jerusalém para estudar com o
Mestre Gamaliel I, é então encarregado de reprimir a propagação da nova seita e devido essa
perseguição os nazarenos dividem-se, permanecendo Pedro e Tiago em Jerusalém e outros mais
“radicais” indo para Damasco e Antioquia.
Como o nome Nazaré não tem significado para seguidores de outros países, a palavra hebraica
Mashiah (Messias) é traduzida pelos discípulos de Jesus para o equivalente grego, Christos. Gamaliel I
foi contrário à perseguição aos seguidores de Jesus, pois a repressão fortaleceria a crença, no entanto seu
voto foi vencido e Saulo foi designado a ir a Damasco e liderar o combate aos novos heréticos. No
caminho a Damasco então Jesus aparece a Saulo (At 9.3-4).
Saulo, fariseu e filho de fariseus, percebe então que estava sendo chamado a uma missão e era
necessário cumpri-la. A transformação em Paulo apresenta um novo componente ao monoteísmo: quem
esta convocando não é Deus, mas Jesus, o Cristo. A fé teocêntrica e a fé cristocêntrica fazem bifurcação
dos caminhos do judaísmo e do cristianismo. Paulo volta para Jerusalém, procura os discípulos com a
64

intenção de saber mais sobre Jesus, percorre a Síria e Ásia Menor, sua terra natal, propagando a boa
nova do Messias.
Paulo derruba barreiras, pois judaísmo é além de fé, severa disciplina e Paulo tem visão
diferente, afinal está convicto que a fé substitui a Lei, desta forma os gentios da Síria e Ásia Menor, que
estão em diversos estágios de conversão, estão particularmente abertos a esta nova formulação. A graça
em substituição à disciplina funciona como um imã, pois tornam-se suficientes a confissão e o batismo
para ser admitido a Nova Aliança, e não mais necessário por exemplo a circuncisão.
A união de cristãos-judeus e cristãos-gentios faz com que se adote uns e adapte outros costumes
judaicos: a leitura pública de trechos das Escrituras, orações onde fazem parte o “Amém, Aleluia, Nosso
Pai que estais no céu”, além de ritos como o batismo, o partir do pão, cálice de vinho, graças e bênçãos.
Não apenas o gentio fica isento da obrigação de observar a Lei, pois Cristo toma o lugar da Lei e
se transforma em Messias teológico, para o homem ser bem-aventurado não depende mais de sua
própria conduta, mas da crença na mediação de Jesus como Salvador.
Paulo contribuiu para a vitória do cristianismo e possivelmente nunca desistiu de levar o povo
judeu ao caminho da graça, mas a fé de Jesus foi transformada na fé em Jesus, tornando inaceitável para
a maioria dos judeus que preferem então a fidelidade à Torah.
A partir do ano 70, o proselitismo judeu retrai e os cristãos-gentios rompem vínculos com o
judaísmo e convertem-se noutra religião. Jesus não é mais um judeu vivendo entre os judeus, mas o
Filho que nasceu na Judéia, mas não tem raízes ao ambiente, suas falas ao povo são: “vós” judeus,
“vossa” Lei. A “nova” aliança é com a Igreja, o “verdadeiro” Israel.
A vitória do cristianismo necessita da derrota, desonra do judaísmo e milhões de homens e
mulheres prestes a se converterem ao judaísmo, voltam-se para a nova religião que é pregada pelos
inspirados apóstolos, cheios de fé arrebatadora, com argumentos convincentes. As massas abraçam
rapidamente o cristianismo ansiando conforto espiritual.
Os judeus, que estavam a bastante tempo dispensados de cultos romanos e o judaísmo tem status
de religião lícita. Estes são protegidos enquanto o cristianismo, é visto como uma seita ilícita e muitos
cristãos são reprimidos e tornam-se mártires na fé.
No final do séc. 3, com Roma afundada pela anarquia, os cristãos são uma força poderosa e estão
tanto no exército de Constantino quanto no de Maxêncio, para a se enfrentarem, mas Constantino,
promete que cessará a perseguição aos cristãos para ter apoio destes, sendo isso que acontece e os
cristãos que estão no exército de Maxêncio, vão para o lado de Constantino, que ao vencer a batalha
proclama a tolerância religiosa geral – Edito de Milão (313) e finalmente o cristianismo passa a ter
estatuto de igualdade relativa às demais religiões do Império.
Mas a Igreja quer não apenas ser lícita, como também ser exclusiva e então os imperadores,
cedem aos reclamos dos bispos e aprovam a repressão a todas “heresias”, nomeadamente o judaísmo. A
Igreja reivindica ser ela a única via de salvação do homem e a tolerância que antes pedia, é negada aos
65

outros. Os potenciais prosélitos teriam de ser convencidos que a Igreja era a sucessora legítima das
promessas de Deus do “Velho” Testamento e que os judeus perderam a condição de “povo eleito”,
sendo a Igreja o “verdadeiro” Israel.
Judeus e cristãos tinham relação de cordialidade, mas esta passa a ser vista como perniciosa ao
cristianismo e dos púlpitos é promovido o desgaste da relação entre judeus e não judeus, usando como
arma a difamação sistemática da personalidade judaica. Tem-se então o conceito de responsabilidade
geral e maldade inata aos judeus, ou seja, todos os judeus são ruins, povo danado, deicida. Essa foi a
forma perversa com que a Igreja propagou em seus concílios e que se tornou, a partir de Constantino,
objeto de uma lei discriminatória em que coloca os judeus à margem da sociedade.

Questionário

1. Ao invadir a Judéia, quais as ordens de Pompeu?


2. Como é formada a nova “Judéia”?
3. Qual título Hircano recebe de César e que permissão lhe é dada?
4. Após Herodes ser nomeado Vice-governador da Galiléia, qual a marca de sua administração?
5. Após assassinato de César em 44 a.C., quem divide o poder?
6. Que pena inédita, na história romana, Herodes impôs ao prisioneiro real Antígono, hasmoneu?
7. Por que Herodes casa-se com Mariana, neta de Hircano?
8. Herodes teve feitos como: acabar com roubos nas estradas e campos; expropriar opositores, confiscar
propriedades hasmonéias e taxar seus súditos, construir cidades, aquedutos, pontes, estradas, templos,
teatros, ginásios. Ampliar esplendorosamente o Templo. Qual era a finalidade desses feitos?
9. O que Herodes fez em relação ao Sinedrin, Torah e vitaliciedade do sacerdócio e por qual motivo em
relação a este último?
10. Com a morte de Herodes, como é dividida a Judéia?
11. Após Augusto destituir Arquelau do governo da Judéia, quem assume em seu lugar e com qual
cargo?
12. Quais eram as características dos procuradores e qual visão tinham do povo?
13. Após Tibério instituir o leilão do sumo sacerdócio, quais famílias dos saduceus são escolhidas
apenas por sua riqueza?
14. Com o povo oprimido pelos romanos e cada vez mais miserável, a população estava contagiada pelo
anseio messiânico judeu, o que surge nesse momento?
15. Com sua postura contra o sistema, o que Jesus obteve?
16. Por que Gamaliel I foi contrário à perseguição aos seguidores de Jesus?
17. A transformação de Saulo em Paulo trás um novo componente ao monoteísmo, que componente é
este?
66

18. Paulo derruba uma importante barreira. Qual é esta?


19. Com a graça em substituição à disciplina, o que torna-se suficiente para ser admitido a Nova
Aliança?
20. A união de cristãos-judeus e cristãos-gentios faz com que se adote uns e adapte outros costumes
judaicos, quais são?

21. Após a Igreja tornar-se lícita o que mais ela reivindica?

22. Como a relação de cordialidade entre judeus e cristãos passa a ser vista como perniciosa ao
cristianismo, o que é promovido dos púlpitos e com que arma?

23. Com essa difamação, como os judeus passam a ser vistos e qual a consequência da lei
discriminatória a partir de Constantino?

REFERÊNCIAS:
BORGER, Hans. Uma história do povo hebreu: de Canaã à Espanha. 5. ed. São Paulo: Editora e Livraria Sêfer
Ltda, 2015. 1 v.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Etnarca
http://www.judaismo-iberico.org/sanedrin/sanedrin.htm

Aula 10 – Diásporas, os Sassânidas e Bizantinos


No Séc. II, a maior diáspora dos judeus era a Babilônia, que é o atual Iraque, contendo
provavelmente 1 milhão de pessoas, entre descendentes, exilados por Nabucodonosor, ou também
deportados de Samaria pelo Império Assírio. Os recém-chegados de Judá contrastavam com os de
Samaria, pois traziam mais riqueza cultural adquirida pelas ideias dadas pelo profeta Isaías, através
também das medidas da reforma deuteronomista de Josías e pelos ensinamentos do profeta Jeremias em
seu ministério.
Ao unirem-se, mesmo que com certa dificuldade, formaram uma comunidade forte e numerosa,
que gozavam de segurança física, grandes oportunidades econômicas e alguma autonomia em seus
assuntos internos.
Em 115, Trajano avança com os romanos até o Golfo Pérsico e foram surpreendidos por feroz
resistência em sua retaguarda, tendo sido os judeus corresponsáveis por esse levante geral, com os
seguintes motivos: manter sua situação sólida na Pártia; profundo ódio pelo grande inimigo romano,
que destruiu o Templo; e a ameaça representada por esse Império ao interesse judeu no rentável
comércio internacional com China e Índia. Essa rebelião contra os romanos, transformou-se na
sangrenta Guerra das Diásporas, tendo o engajamento de judeus da Síria, Egito, Creta, Chipre e África,
tornando-se perigo tão mortal para a retaguarda romana que o Imperador Trajano desiste de prosseguir a
campanha do Oriente e seu sucessor Adriano, renuncia de vez esse fronte.
67

Box
O Império Parta ou Parto (247 a.C.-224 d.C.),
também conhecido como Império Arsácida (em
persa: ‫)ا ش کان یان‬, foi uma das principais potências
político-culturais iranianas da antiga Pérsia.
Esses conflitos não trazem sincronia militar entre a Diáspora e a Terra de Israel, no entanto, as
consequências do desfecho terrível das guerras contra Roma, tanto em 70 quanto 135, tornaram-se
relevantes a todos os judeus, pois chegaram à Babilônia fugitivos da Judéia, afinal esta área não estava
sob controle romano, sendo inclusive refúgio para alguns dos mais eminentes rabinos de Israel e seus
discípulos. Estes rabinos abriram escolas em seu novo domicílio , ensinando a Torah e formavam novos
alunos, fazendo assim com que a diáspora babilônica saísse do anonimato.
Tempos depois, uns dos alunos mais brilhantes que iniciaram seus estudos com os rabinos
refugiados na Babilônia fazem grande peregrinação visando o aperfeiçoamento em Israel para obter
ordenação rabínica, pois somente sábios e patriarcas de Eretz Israel detinham esse direito privativo.
Esses novos mestres, retornam, ordenados ou não, no final do Séc. II, após anos de estudos, e
fundam suas próprias academias às margens dos rios da Babilônia, onde, seja por proselitismo,
imigração ou crescimento natural, a população judaica atinge próximo a 1 milhão de pessoas.

Box
Terra de Israel (do hebraico ‫ ישראל ארץ‬Eretz Yisrael)
Rav Arika, possivelmente o aluno mais admirado de Rabi Judah ha-Nassi foi um dos principais
partícipes do processo de aprendizagem. Ao regressar quando o séc. III se iniciou, trouxe uma cópia da
Mishnah, iniciando a interpretação independente da Lei na Babilônia, fazendo acompanhamento das
modificações das condições políticas, sociais e econômicas deste país, inaugurando a Era dos Amoraím
– explicadores babilônicos.
Box
A Mishná, também conhecida como Mixná ou Mixna[1] (em hebraico
sad amu é ("rasiver e radutse" ,hanahs'' , ‫ שנה‬obrev od ,"oãçiteper" , ‫משנה‬
principais obras do judaísmo rabínico, e a primeira grande redação na
forma escrita da tradição oral judaica, chamada a Torá Oral.
Mar Samuel e Rav Arika (Mar e Rav, títulos semelhantes ao Rabi palestinense) são os mais
evidentes na primeira geração dos amoraím babilônicos, tendo Samuel lecionando em localidade quase
exclusiva de habitantes judeus, numa cidade chamada Nehardea. Como qualidades Samuel era, versátil
ao extremo, grande médico, sendo famoso não apenas por seus receituários quanto suas decisões legais,
além de ser excelente astrônomo.
Arika, talvez por ser economicamente independente – latifundiário e cervejeiro -, decide que não
exerceria a atividade acadêmica imediatamente, preferindo assumir o cargo de inspetor de mercados, e
68

nesta função por ter de fazer viagens extensas pelo país, se depara com a enorme ignorância e
relaxamento do povo com a religião, isso o incentiva a realização de uma campanha educativa pelas
mais carentes regiões do país, fixando residência na cidade de Sura, tornando-se a escola fundada num
centro de altos estudos rabínicos, alcançando fama pelos 8 séculos seguintes.
Há muito tempo a escolaridade era uma das grandes prioridades judaicas, tendo sido dedicado
(cerca de 65 a.e.c.)por Simeon ben Shetah, grande líder fariseu, atenção especial instituição de escolas
para jovens e crianças. Mesmo no momento do caos que Jerusalém passava, estando sitiada e prestes a
cair, Joshua ben Gamala, sumo sacerdote, insistia no estabelecimento de ensino obrigatório às crianças a
partir dos 6 anos de idade.
Depois que o Templo foi destruído, os rabinos buscaram maior desenvolvimento e eficácia do
sistema de educação, declarando que é dever dos pais providenciar uma boa educação dos filhos, sendo
talvez o dever principal, além de indispensável tarefa da comunidade. Exigiram aos povoados que
tivessem até 25 crianças em idade escolar, deveria fazer a contratação de um professor e se esse número
fosse de 40 alunos, além de professor, deveria tem um assistente. Quanto aos adultos, fosse na Babilônia
ou em Israel, ouviam os discursos públicos dos grandes mestres aos empresários e fazendeiros, para
ensinar-lhes a respeito da relação da ética e negócios.
Arika atinge tal fama que passa a ser chamado apenas de Rav e provavelmente tenha sido ele que
criara espécie de universidade do povo, onde ministrava cursos de Torah a lavradores, comerciantes e
artesãos, duas vezes ao dia, pela manhã e à noite. Devido ao sucesso deste projeto, Mar Samuel o
introduz também em Nehardéa. Sura e Nehardéa, as duas cidades-academias, instituíram a Kallah,
reuniões de estudos, que eram realizadas semestralmente nos meses de Elul(Agosto-Setembro) e
Adar(Fevereiro-Março), meses da colheita, para que os camponeses também pudessem participar,
chegando a atingir 12 mil pessoas em cada sessão semestral.
Os partas apoiavam a instituição de um Exilarcado, governo de um povo no exílio, pois além de
assegurar a lealdade de um segmento numeroso e forte da população, esse Exilarcado era uma
contrapartida aos patriarcas palestinenses, que estavam sob controle dos romanos.
O primeiro exilarca babilônico – Resh Galutá – mencionado pelo Talmud, foi Huna I (170-210),
e era contemporâneo de Judah ha-Nassi, patriarca palestinense. O poder dos exilarcas era promovido
pelas autoridades partas, que lhes concedia elevado status hierárquico da corte real, tendo até mesmo
acesso direto ao trono.
O bom relacionamento entre judeus e governo se rompeu em 226, quando os sassânidas
invadem e destroem, rápida e violentamente, a dinastia arsâcida-parta, que governava sobre demais
povos iranianos, selêucidas, babilônios, judeus e sírios de forma solta, livre, flexível. Contrariamente, os
sassânidas tinham o desejo de reconstruir o mais breve possível o antigo e glorioso império persa, do
Mediterrâneo à Índia, ou mais extenso ainda, se possível.
69

Box
O Império Sassânida (em persa: ‫[) سا سان یان ام پرات وری‬nota 1] foi o último
Império Persa pré-islâmico, governado pela dinastia sassânida (224–651).
Buscando a homogeneização dos povos, Ardashir I (226-241) institui autoritário poder central
tendo como instrumento de governo a fé zoroastriana, conflitando diretamente com dois segmentos
religiosos da Babilônia, o judaísmo com sua fé monoteísta incondicional e o cristianismo com seu
emergente dogma trinitário. Surge então, possivelmente, o primeiro exemplo de tentativa de imposição
de crença oficial sobre um povo, por um clero ambicioso, com o apoio do Estado.
Cristãos e Judeus sofreram por mais de uma década com interferência na liberdade religiosa, pois
os magos, sacerdotes, adoradores do fogo, proibiram o uso da luz, o abate ritual e enterro dos
mortos - pois acreditavam que o corpo em decomposição poluía a terra -, assim como instituições das
comunidades eram atacadas com frequência, sinagogas e escolas fechadas ou destruídas.
Box
Zaratustra, também conhecido na versão grega de seu nome Zoroastres, Zoroastro
(Ζωροάστρης Zōroastrēs), foi um profeta e poeta nascido na Pérsia (atual Irão),
provavelmente em meados do século VII a.C. Ele foi o fundador do Masdeísmo
ou Zoroastrismo[1], uma das primeiras religião monoteístas da história
Com o fim do reinado de Ardashi, Sapur I (241-272), seu sucessor, aliviou a opressão religiosa e
Mar Samuel estabelece boas relações com as autoridades, formulando, muito provavelmente ao lado de
Rav Arika, a regra jurídica que orientava sobre a situação dos judeus diante aos governos dos países
onde viviam. “Dinah de-malkhutah, dinah”, ou seja, “A lei do país é lei, e deve ser obedecida desde que
não contrarie explicitamente inequívocas normas religiosas”.
Como os monarcas persas usavam a expressão “rei dos reis”, Rav Arika dá uma redação ousada,
com expressão tríplice, a uma oração atribuída a Josué: “Cumpre-nos louvar o Senhor do mundo e
inclinamo-nos e prostramo-nos diante do Rei dos reis dos reis, o Santo Bendito seja Ele, Ele é nosso
Deus, não há outro!”.

Dois séculos Sassânidas


Sob o reinado de Iasdigar (438-457), magos sacerdotes do zoroastrismo usaram suas influências
reiniciando perseguições religiosas, se prolongando por vários decênios. Observar o Shabat era
proibido, escolas e sinagogas foram fechadas, além de crianças serem retiradas de seus pais para terem a
religião persa como educação. Nem mesmo os reitores mais famosos das academias e prestigiados
exilarcas conseguiram impedir que esses fatos acontecessem.
Essa perseguição severa aumentou ainda mais a migração dos judeus, estendendo a dispersão
judaica, possivelmente sendo a origem dos judeus na Índia, os Bné Israel (Filhos de Israel). Segundo
relatos do Talmud, por não deixarem de administrar e ministrar o judaísmo, alguns dos eminentes
70

mestre rabínicos foram executados, incluindo o exilarca Huna Mari (470). Mar Zutra II, filho do exilarca
Huna Mari, organizou um pequeno exército, proclamando um Estado autônomo, na região entre o Tigre
e Eufrates, tendo como capital Mahoza, mas esse pequeno reino resistiu apenas 15 anos, sendo derrotado
pelos sassânidas do rei Kavad I. Em 502, Mar Zutra foi executado, mas sua esposa consegue fugir para
Israel e ter seu filho Mar Zutra III, que ao completar 18 anos foi eleito para presidência da Academia de
Tiberíades, iniciando a linhagem de 8 gerações de exilarcas babilônicos desterrados.
O Talmud teve sua redação literária realizada por Rabi José, da Academia de Pumbedita, e Mar
Ravina, da Academia de Sura, à época do reinado de Kavad e curto reino judeu, sendo o auge, no campo
cultural, da civilização judaica babilônica. Durante o reinado de Khosro I (531-579) no Império
Neopersa, os judeus tiveram extraordinária recuperação física, atingindo seu auge. A fronteira persa foi
estendida até o Mediterrâneo após Khosro I reiniciar a guerra milenar entre Oriente e Ocidente, guerra
essa em que os persas contavam com tantos judeus em suas fileiras, que o rei solicita trégua de uma
semana, por ocasião do Pessach, antes da batalha contra o general bizantino Belisário.
Box
O Talmude (em hebraico: ַּ‫מלְמ‬,
‫ ּו‬transl. Talmud significa estudo) é uma coletânea
de livros sagrados dos judeus,[1] um registro das discussões rabínicas que
pertencem à lei, ética, costumes e história do judaísmo.[2] É um texto central para o
judaísmo rabínico.

Hormizd IV, sucessor de Khosro I, tem os magos mais uma vez dominando a política real e um
reinício de intolerância, desta forma quando esse rei foi assassinado por um de seus generais, os judeus
apoiam o golpista, na esperança de que sua condição melhorasse, no entanto quem assume o reino persa
com a ajuda do imperador Maurício de Bizâncio, é Khosro II (589-628). Sob sombra do exército
bizantino, que chega até a capital persa, Ctsífon, os cristãos impõem um massacre aos judeus de
Mahoza, de forma que estes jamais se recuperaram.
Por serem amigos, Khosro II e Maurício selam a paz entre persas e bizantinos, desta forma o rei
persa consolida seu regime, levando a arte, arquitetura e literatura persas a seu ponto culminante. Perdoa
os judeus por ficarem contra ele e permite que academias e sinagogas voltem a seu funcionamento
normal, no entanto o exilarcado só voltou quando a Pérsia estava sob domínio árabe.
Terminada a paz entre bizantinos e persas, estes últimos tomam toda Ásia Menor, até diante de
Constantinopla, avançam pela Síria, ocupam Alepo e Damasco e prosseguem ao Egito. Proclamam uma
guerra santa contra os cristãos, soando aos judeus como a chegada do Messias.
Os judeus armam um sanguinário motim contra os cristãos em Antioquia, matam o patriarca e
abrem a cidade aos persas, repetem a ação em Edessa, onde bizantinos massacraram cristãos
monofisistas e judeus foram batizados à força. Em Tiro, 4 mil judeus rebelaram-se, com 20 mil indo em
71

auxílio de várias partes de Eretz Israel. Benjamim de Tibérias lidera as forças judaicas e ajudam os
persas a tomar Jerusalém (614), a cidade é saqueada e muitas igrejas incendiadas, incluindo a do Santo
sepulcro; 37 mil cristãos são deportados à Pérsia e 90 mil mortos, segundo relatos cristãos – única fonte
– os judeus foram os responsáveis pelas mortes, os corpos não foram enterrados, seguindo costume
persa, uma abominação para os judeus.
A relíquia da Santa Cruz é levada para Ctesífon, como símbolo da vitória persa. O governo da
cidade é entregue aos judeus a Neemias ben Hushiel, durando a autonomia judaica por 3 anos, pois os
persas concluem que convinha apoiar a maioria cristã e não a minoria judaica, assim o Neemias ben
Hushiel é assassinado e o governo judeu suprimido, tendo outros líderes sido deportados, chegando ao
fim mais uma tentativa dos judeus em estabelecer a independência na Terra Prometida.
O Imperador Heráclio recompõe o exército bizantino, invade a Pérsia e além de destruir a cidade
natal de Zoroastro, recupera a Santa Cruz, chegando à Terra Santa em 629 e sendo recebido e hospedado
de forma magnífica por Benjamin de Tibérias, homem de grandes posses. Heráclio jura anistia e assina
um tratado com os judeus, restaura a Santa Cruz na Igreja do Santo Sepulcro.
Devido à grande pressão da liderança eclesiástica, Heráclio quebra o juramento e decreta que os
judeus sejam expulsos de Jerusalém, dando liberdade aos cristãos para uma grande carnificina, onde os
que não foram mortos, fugiram para Pérsia e Egito. A desilusão dos judeus foi grande e muitos
acabaram aceitando o cristianismo, incluindo Benjamin de Tibérias.
Quanto a Khosro, este não conseguiu recuperar seu prestígio e a expansão fantástica do império
persa chega ao fim. Persas e bizantinos tiveram suas forças minadas pelos séculos de guerras. Nos anos
posteriores, muçulmanos dominaram os persas no lugar dos sassânidas e tomaram metade do império
bizantino.

O domínio de Bizantinos
Voltando a atenção para o domínio cristão sobre os judeus, com a morte de Teodósio II em 395,
o Império Romano é repartido em dois, sendo o Império Ocidental, da Itália a oeste, recebendo o nome
de “Romano” com capital Roma e língua o latim; e Império Oriental, “Bizantino” do Mar Adriático para
leste e sul, capital Constantinopla, idioma grego.
O novo Império Romano, teve existência curta devido sua fragilidade, tendo a capital Roma
saqueada por 15 dias pelos vândalos – tribo de origem germânica –, sob comando de Genserico, que
após construírem uma armada em Cartago, tornam-se a principal potência marítima do Mediterrâneo.
Nos tesouros saqueados estavam o candelabro de ouro e outros objetos de Templo de Jerusalém,
desaparecendo para sempre. O que restou do novo Império Romano ficou com Bizâncio e a Igreja
Cristã.
72

Demograficamente o povo judeu estava dividido com metade vivendo na Babilônia, dominados
pelos persas e outra metade sob domínio cristão bizantino, na Terra de Israel, Ásia Menor, Síria, Egito e
África. Os judeus de Israel, saíram da administração romana para a bizantina, após a extinção do
patriarcado, em 425 viviam na seguinte situação: foram de maioria a minoria degradada socialmente,
politicamente excluídos, ainda assim tiveram um florescimento econômico regional e criatividade
espiritual singular.
O que causou a inferioridade dos judeus foram as mortes de duas sangrentas guerras, seguidas de
deportações maciças, tendo em sequência o declínio de natalidade, além de ter uma lenta, no entanto,
contínua emigração em busca de paz e alimentação. Paralelamente ocorreu o aumento de soldados
cristãos na Terra de Israel, além de constante, apesar de pequena imigração de cristãos para a Terra
Santa.
Jerusalém foi a cidade que mais sofreu, tendo a população judaica quase extinta. Os judeus eram
proibidos por decretos imperiais não apenas de morar em Jerusalém como também de visitar a cidade
podia ser feito apenas 1 dia ao ano, na data que marcava a destruição do Templo, Tisha be-Av, para rezar
e chorar sobre as ruínas do Santuário. Esses decretos eram antigos, porém os monges bizantinos exigiam
rigidamente que fossem cumpridos, diferentemente dos romanos. Nas entrelinhas literária judaica e
cristã da época, percebe-se a inferioridade numérica dos judeus.
Visando a cristianização da Terra santa, eram feitos grandes investimentos imperiais. Helena e
seu filho Constantino, assim como seu sucessores, ordenaram a melhoria das cidades semidestruídas, a
construção de igrejas, capelas, mosteiros em sítios ligados à história cristã. Aumenta o numero de
peregrinos que refaziam os passos de Jesus, fazendo florescer grande comércio de relíquias – até mesmo
com autenticidade duvidosa -, assim como ossadas que atribuíam aos patriarcas e profetas, santos e
mártires.
No plano social e político não houve melhora como na economia e Jerusalém permanecia
proibida a judeus, que conviviam com sinagogas incendiadas, saques, assaltos a residências e
instituições. Justiniano (527-565) implanta reforma jurídica que incorpora discriminação antijudaica
decretada anteriormente por Teodósio, com medidas interferentes no exercício religioso de forma direta.
Apesar de grandes adversidades, os judeus conseguem manter admirável criatividade, tendo os anseios
espirituais, fé em Deus e inabalável confiança de Redenção breve encontrando expressão nobre nos
Piyutim, forma peculiar de liturgia poética originada na época.
Há muito tempo, a sinagoga substituiu o Templo, a reza aos ritos sacrificiais e a prece e instrução
são a dupla função do Bet ha-Knesset – Casa de Reunião – forma que chamavam a sinagoga.
Box
Exemplo de Piyutím:
Em Deus, deposito a minha esperança.
A Ele rogo, a Ele perguntarei
E Dele esperarei resposta.
Na assembleia do povo exaltarei a Sua força,
73

Entoarei louvores pelos Seus feitos.


Do coração humano vem o rogo,
Do Senhor vem a resposta.
(Okhilá la-Él para o Mussaf de Iom Kipur, da autoria de Eleazar Kalir in SB. 7,86)
Justiniano rompe com a legislação romana e rebaixa o judaísmo de religio licita a heresia, como
o paganismo, revoga a dispensa dos judeus de alguns serviços municipais, onde os deveres implicavam
nas despesas sem honrarias. Ficou proibida a leitura da Torah somente em hebraico nas sinagogas,
sendo exigido acompanhamento de tradução grega ou latina sancionada pela Igreja, ou seja, certas
passagens controvertidas em variante favorável aos dogmas cristãos, a Mishnah não poderia ser
ensinada, assim como proibido comemorar o Pessach anteriormente à data da Páscoa, proibido foram as
construções de novas sinagogas, assim como limitado foi o direito a reparação das existentes.
Com o empenho enérgico do alto e baixo clero, judeus dobraram-se à persuasão e coerção para a
conversão ao cristianismo, apesar de a maioria, se manter fiel ao seu Deus, sua lei, religião e modo de
vida, apesar de toda dificuldade econômica.
Internamente Bizâncio estava atribulada pela violenta perturbação entre as seitas cristãs –
monofisistas, arianos, nestorianos e católicos – que disputavam a supremacia da interpretação teológica
e acusavam-se mutuamente de “hereges judeus”. No final do séc. VI os lombardos invadem território
bizantino que são obrigados a ceder maior parte da Itália, nesta ocasião os bispos de Roma assumem o
título de Papa e a Igreja emerge, na desmembrada Itália, como poderosa potência secular.
A doutrina formulada por Agostinho para a Igreja em relação aos judeus era de que estes,
testemunham da verdade do cristianismo, mas para isso acontecer deveriam ser mantidos vivos, no
entanto, em estado de servidão perpétua, além de humilhação. Gregório, o Grande (590-604), um dos
maiores organizadores da Igreja estabelece política papal contrária ao uso da força em relação ao judeus,
mas sua instrução geralmente era ignorada.
Na França por exemplo, os judeus eram batizados forçosamente e esse papa reprimiu os bispos
de Arles e Marselha. Gregório não poupava da persuasão ou pressão econômica para “salvar a alma
judia”, usava de promessas da redução de um terço de todos impostos àquele que abraçasse a verdadeira
fé. Em seus sermões lamentava a obstinação e dureza de coração dos judeus.
Entre os críticos com linguagens mais vis, está João Crisóstomo (344-407), doutor da Igreja e
grande pregador e teólogo. Tal linguagem só seria encontrada outra vez na literatura nazista, no século
XX.
Fato estranho é privar os judeus da dignidade humana por vários séculos, pois a polêmica
antijudaica pelo clero, indicava que por muito tempo prevaleceram relações ao menos cordiais dos
judeus com seus vizinhos, pois muitos cristãos permaneciam frequentando as sinagogas no Shabat,
assim como muitos cristãos observavam a Páscoa na data que os judeus comemoram o Pessach.
Assunto delicado era o trabalho escravo, pois como a legislação rabínica determinava que o
escravo deveria ter o mesmo padrão de vida que seu dono, o judeu dificilmente utilizava outros judeus
74

como escravo, há bastante tempo. Como era proibido manter escravos cristãos pela legislação cristã,
restavam os pagãos, então a Igreja prometia alforria imediata ao escravo pagão que se batizasse, de
acordo com a legislação cristã.
Isso acontecia não por ser a Igreja contra a escravidão, mas por temer que os pagãos gostassem
da vida levada na casa dos judeus e fossem circuncidados, sendo assim um desastre do ponto de vista
cristão.

Questionário
1- No Séc. II, qual a maior diáspora dos judeus e quantas pessoas tinha provavelmente?
2- Por que os recém-chegados de Judá contrastavam com os de Samaria?
3- A sangrenta Guerra das Diásporas, teve o engajamento de judeus vindo de onde?
4- A partir de que ato de Rabi Judah ha-Nassi inaugura a Era dos Amoraím?
5- Há muito tempo a escolaridade era uma das grandes prioridades judaicas, tendo sido dedicado (cerca
de 65 a.e.c.)por Simeon ben Shetah, grande líder fariseu, atenção especial instituição de escolas para
jovens e crianças. Mesmo no momento do caos que Jerusalém passava, estando sitiada e prestes a cair,
Joshua ben Gamala, sumo sacerdote, insistia em que?
6- Buscando a homogeneização dos povos, Ardashir I (226-241) institui autoritário poder central tendo
como instrumento de governo a fé zoroastriana, conflitando diretamente com quais segmentos religiosos
da Babilônia?
7- Sob o reinado de Iasdigar (438-457), magos sacerdotes do zoroastrismo usaram suas influências
reiniciando perseguições religiosas, se prolongando por vários decênios. O que era proibido, além de as
escolas e sinagogas serem fechadas e crianças serem retiradas de seus pais para terem a religião persa
como educação?
8- Devido à grande pressão da liderança eclesiástica, Heráclio quebra o juramento e faz um decreto, que
decreto foi este e sua consequência?
9- Visando a cristianização da Terra santa, eram feitos grandes investimentos imperiais. Helena e seu
filho Constantino, assim como seu sucessores, ordenaram o que?
10- Como era proibido manter escravos cristãos pela legislação cristã, restavam os pagãos, então a
Igreja prometia alforria imediata ao escravo pagão que se batizasse, de acordo com a legislação cristã.
Isso acontecia não por ser a Igreja contra a escravidão, por que acontecia então?

REFERÊNCIAS:
BORGER, Hans. Uma história do povo hebreu: de Canaã à Espanha. 5. ed. São Paulo: Editora e Livraria Sêfer
Ltda, 2015. 1 v.
IMPÉRIO Parta. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Parta>. Acesso em: 04 ago.
2017.
75

TERRA de Israel. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Terra_de_Israel>. Acesso em: 04 ago. 2017.


MISHNÁ. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Mishná>. Acesso em: 04 ago. 2017.
IMPÉRIO Sassânida. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Império_Sassânida>. Acesso em: 04 ago.
2017.
ZARATUSTRA. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Zaratustra>. Acesso em: 04 ago. 2017.
TALMUDE. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Talmude>. Acesso em: 04 ago. 2017.

Aula 11 - Judeus na Arábia


Os judeus e os árabes tem como ancestral de Abraão, sendo os primeiros descendentes de Isaque
e os segundos de seu irmão Ismael, sendo então “primos”. São notáveis as afinidades entre os dois
povos, pois tinham muito em comum, como: semelhança em seus idiomas, atitudes políticas e certas
tradições morais, aversão profunda à fortes autoridades centrais, original ausência de classes
privilegiadas, diferentemente da maioria das sociedades do antigo Oriente em que essas classes
privilegiadas eram dominantes.
No entanto, tinham também grandes diferenças, nas mentalidades e estilos de vida, tais como: de
um lado os árabes beduínos, criavam camelos, acostumados tradicionalmente à vida desértica e em
oásis, encaravam desprezadamente agricultores fixados à terra; do outro lado os judeus, pastores
seminômades, que se transformaram em camponeses assim que chegaram à Terra Prometida.
Na literatura clássica árabe encontram-se a grandiosidade de suas poesias e eloquência das
parábolas, as poesias cultuando a lembrança da vida nas tendas, no deserto mágico, no entanto inóspito.
Lá no deserto era o local ideal para criar camelos, usado como transporte para vários dias
mesmo sem água, sendo assim condução propícia aos assaltos e também comércio, recurso para comida
e vestuário. Os criadores de cabras e ovelhas, assim como os agricultores são considerados plebeus, mas
os habitantes do interior, criadores de camelos e que viviam de razias considerados nobres.
Box
Razia
Incursão feita em território inimigo para aprisionamento de tropas,
saque de rebanhos, cereais etc.
Com os judeus é diferente, pois Abraão jamais fora beduíno, levando vida de pastor, assim como
seus descendentes. As festividades giravam em torno de semeadura e colheita.
Não há certeza de quando tenha acontecido os primeiros contatos entre judeus e árabes, mas
sabe-se da existência àquela época ao reino de Sabá narrados, tanto pela Bíblia quanto pelo Corão,
detalhadamente, a visita recebida por Salomão pela rainha desse reino. Foram encontradas e publicadas
inscrições que confirmam a presença de Nabonidus, que foi o último rei da Babilônia (555-539 a.e.c.),
em Teima, região central da Arábia, local para onde fugiu do assalto do reino persa de Ciro, tendo como
companhia destacamentos judeus.
76

Sendo encontrado também documentos do Mar Morto, em Qumran, fazendo referência a


Nabonidus após estar doente, ter sido tratado na Arábia por um médico judeu.
Assim como romanos, os persas e bizantinos privaram-se de grandes engajamentos em terras
árabes, por ser de difícil acesso, preferindo o cortejo aos povos tribais, mantendo a boa vontade com
ajuda financeira, honraria e benesses. Uma única vez os romanos tentaram, com o General Gallus, em
24 a.e.c., intentando estabelecer o controle sobre Iêmen, sul da península, que era posição estratégica
comercial entre Índia, Europa e Egito, no entanto a missão falha e Gallus é abandonado pelos guias
contratados e desiste da missão, a força auxiliar de judeus, colocada por Herodes a disposição do
General Gallus, fica na Arábia.
Aumentam notícias de judeus, agricultores e comerciantes prósperos, nas dezenas de cidades do
Hedjaz, hoje conhecido como Arábia Saudita, assim como no Iêmen, a partir do séc. I a.e.c., em contato
com comunidades babilônias e rabinos da Academia de Tiberíades. A partir do séc. V em diante, várias
cidades do Hedjaz, são dominadas pelos judeus e por tribos convertidas por eles, especialmente em
Iatrib (Medina). No extremo sul da península, próximo ao atualmente Iêmen, um reino surge, Himyar,
que adota o judaísmo, tendo possivelmente como primeiro rei judeu, Ab Karib Assad (385-420).
Himyar vinha sendo alvo de invasões pelos abissínios, oriundos do continente africano, lado
oposto do Mar Vermelho. O rei Joseph Dhu Nawas (515-525) usa de persuasão para que diversas tribos
árabes lutem junto com os judeus para expulsarem os invasores. Essa resistência dá projeção política aos
judeus permitindo que dominassem todo próspero e estratégico sul iemenita da Península arábica.
Os abissínios pedem apoio a Bizâncio para invadir novamente a Arábia, no entanto, a ideia de
eventual supremacia cristã copta não é bem vista pelos cristãos ortodoxos persas, que pedem ajuda aos
sassânidas. Desta forma o reino judeu de Himyar fica no fogo cruzado entre cristãos ortodoxos persas
com o apoio dos sassânidas zoroastrianos e cristãos coptas abissínios com apoio de Bizâncio.
Após a aliança das tribos árabes desfazer-se, sendo apenas alguns chefes tribais leais a Joseph
Dhu Nawas, este é morto em batalha, parte dos judeus de Himyar escapam e juntam-se a outros núcleos
judaicos do extremo sul da Península.
O verso de uma canção à liberdade feita pelo poeta Samuel ibn Adiya, judeu de Teima, ao norte
da Península Arábica, revela que os judeus da Arábia adquiriram modos de pensar e viver árabes.
Box
“Nós somos homens da espada; quando a desembainhamos, exterminamos
nossos inimigos” (SB.3,72)
Ainda que estivessem “adaptados” ao modo árabe, os judeus mantinham tanto a consciência de
sua identidade, características da vida judaica religiosa, quanto a ética forte o suficiente para que fosse
desenvolvida uma atração proselitista notável. Os judeus espalhados por Hedjaz ocupavam dezenas de
localidades e além dos nomes das tribos - Banu Kainuca, Banu Kab, Banu Quraiza, Banu Amur, Nadir,
etc. - ainda apelidavam-se al-Kahinam, descendentes de sacerdotes. Não apenas as tribos, mas também
77

seus nomes eram arabizados e língua utilizada era também o árabe. Em Iatrib, Kaibar e Teima eram
pioneiros na metodologia avançada de irrigação, atribuindo a eles a introdução da uva, abelha e das
tâmaras na Arábia, além de serem admirados armeiros e ourives.
As descobertas sobre a vida cultural dos judeus da Arábia são poucas, pois Hedjaz ficou por
muito tempo sendo uma terra proibida aos “infiéis”, até que no século XX, com a descoberta do
petróleo, foi suspensa essa proibição da presença de cristãos para que pudessem organizar a exploração
desta riqueza.
Monumentos encontrados contém inscrições como “Abençoado e louvado seja o nome do
Misericordioso que está no céu, e Israel e seu Deus, o Senhor de Judá”. (SB.3.66).
O tipo de judaísmo praticado por esses judeus não era nada similar ao praticado por seus irmãos
de Eretz Israel ou da Babilônia regidas pelo Talmud. No entanto, mantinham contato com rabinos de
Tiberíades, possuíam as Escrituras Sagradas, além de saber ler e escrever, fato que impressionava seus
vizinhos, que tinham admiração pelo povo judeu e chamava-os de “Povo do Livro”.
Mas mesmo sendo um povo de alto índice de analfabetismo, os árabes cultivavam linguagem
elegante e refinada, eram grandes inventores e contadores de lendas, possuindo um incomum quantidade
de poetas, mulheres e homens de grandioso talento, sendo muito admirados.
Ainda que judeus e cristãos, que também eram conhecidos como “Povo do Livro”, conseguissem
a difusão de suas crenças, os árabes permaneciam seguindo o paganismo primitivo, com adoração às
forças da natureza na forma de totens e ídolos. Na cidade de Meca, veneravam a Caaba, edificação de
pedra, sem janelas, em forma de cubo, onde no interior haviam uma ou mais estátuas com várias pedras
consideradas sagradas, dentre um meteorito preto que era especialmente reverenciado.
O denominador comum desse amplo país que jamais estivera unido politicamente, era a Meca e
Caaba. Sendo assim uma coletânea de cidades e oásis desconectados, além de individualistas,
governados por clãs rivalizados e enciumados entre si.
Em 610, frágil e receptiva a grandes mudanças, surge Maomé, o Mensageiro, com uma nova fé
ao povo árabe, o islamismo, significando a “submissão” à vontade de Alá, Deus. Essa nova religião é
monoteísta e tem o ordenamento no Corão, livro sagrado cujo teor foi comunicado pelo anjo Gabriel -
assim proclamou Maomé -.
Por ter viajado como guia das caravanas, Maomé teve contatos com judeus e cristãos e desta
forma adquiriu algum conhecimento de suas tradições, mas mostra maior afinidade com o judaísmo,
pois ambas religiões erguem-se sobre o tripé “Revelação - Profeta - Livro”. Ainda que reconheça Jesus
como um de seus precursores, o Corão menciona-o apenas algumas vezes como profeta, não como Deus
e Salvador, no entanto o livro é permeado da personalidade de Moisés.
Maomé não admite qualquer concessão a cultuar imagens, certas leis alimentares são
introduzidas, assim como a circuncisão - aos 13 anos, como foi com Ismael -, postura direcionada a
Jerusalém durante as rezas, assim como processo de tradição oral que posteriormente cria erudito
78

sistema de leis, preces, ética e conduta social, Sharia (O Caminho para a Água), em semelhança à
Halakhah (O Modo de Caminhar), origem e produto de Mishnah e Talmud.
A pregação de Maomé é o retorno a Deus, necessitando se mostrar humilde e agradecido,
exigindo veneração a Alá, apenas a Ele; demandando generosidade com os pobres, condenando
sacrifícios, instituindo horários para preces e mandando extirpar as práticas pagãs. Com isso, o profeta
rebelde acaba provocando de forma antagônica os que se beneficiam dos proventos de peregrinações da
Caaba e então as famílias que controlam Meca opõem-se a Maomé, obrigando-o a procurar outro lugar
para seu ministério.
Maomé vai com 300 adeptos a Iatrib, onde as tribos fazem o convite para que arbitre suas
disputas. Iatrib mais tarde tem seu nome mudado para Medinat al-Nabi, Cidade do Profeta, com a
migração de Meca para Medina - a hégira - em 622, inicia-se o calendário Muçulmano.
Como em Medina e vizinhanças existia grande presença de tribos judaicas, o Profeta concentra
ali suas tentativas de conquistar adeptos, no entanto como nada trazia de novo em sua teologia e
reivindicando ser maior que Moisés, além de ter conhecimento raso em relação ao judaísmo, não
convencendo nem mesmo judeus de pouca instrução, ele é rejeitado e fica decepcionado, além de
irritado, no entanto, não desanima e busca seguidores entre os pagãos, conquistando desses pela
mensagem ao mesmo tempo religiosa e nacional e convertendo-se ao islamismo, fato conquistado pela
nova fé que os judeus não dão importância.
Maomé rompe de forma definitiva com as tribos judaicas, desiludido com a falta de adesão. A
sexta-feira passa a ser o dia festivo dos muçulmanos, mas não para descanso e sim para a reza, devendo
esta não ser mais voltada para Jerusalém e sim para Meca, não três vezes, mas cinco. Abraão permanece
sendo venerado e juntamente com Ismael ficam lendariamente ligados à pedra da Caaba em Meca.
Impondo cada vez mais estilo militar a seus seguidores, multiplica as razias a caravanas,
principalmente as que se dirigem a Meca, tomando para ele pequena parte dos espólios e dividindo o
principal entre seus seguidores, os pobres e famílias dos que são mortos em batalha, indo os mártires
direto ao Paraíso, sendo este juntamente com promessas de bem-aventuranças, uma motivação de alto
poder aos guerreiros do islã.
Os judeus tornam-se o alvo preferido dos ataques, juntamente com os habitantes de Meca que
negaram apoio a Maomé. As tribos judaicas, caem uma após a outra, aos ataques destruidores por
Maomé a quem não consegue converter. Por não ter coesão e nem mesmo liderança unificada as tribos
judaicas são derrotadas, sendo que a dos Banu Quraiza tem o fim mais trágico, pois após serem traídos e
abandonados pelas tribos mecanas, que eles lutaram juntos contra Maomé, enfrentam solitariamente
contra seu adversário numericamente muito mais forte e são então submetidos a escolher entre o Islã ou
a morte, sendo que apenas 4 aceitam o Islã e os demais, cerca de 600, mantém-se fiéis à sua fé, e após
noite de estudos e reza, morrem em Kidush Hashem, sendo as mulheres e crianças vendidas como
escravas.
79

Box
Kidush HaShem (do hebraico ‫ השם קימוש‬Santificação do Nome [de Deus]) é
um preceito do Judaísmo que deve ser cumprido por todo judeu como
expresso na Torá
Em Kaibar, os judeus defenderam valorosamente até conseguirem um tratado que permitia
continuar no oásis, desde que pagassem anualmente pesado tributo, que era a metade de suas colheitas.
Tendo sido executado o comandante judeu, Kinana, e sua noiva Safya, de 17 anos levada ao
harém de Maomé.
Oito anos após a hégira, 630, Maomé comandava formidável exército de 10 mil homens e o
mecanos, cansados de ataques contínuos às suas caravanas decidem negociar acordo, fazendo então
Maomé a Meca de grande centro de peregrinação e seus habitantes submetendo-se a Alá e seu Profeta,
tendo a Caaba conservado apenas a Pedra Sagrada, sem seus ídolos e Meca proclamada a Cidade Santa
do Islã, onde nenhum infiel poderia entrar. Nos dois anos seguintes o Profeta conseguiu que grande
número de tribos se rendessem aos islamismo, mas sua morte prematura (632) impede que consiga a
unificação árabe.
Com a morte de Maomé, Abu Bêquer, um dos primeiros a aderir a nova fé e por quem o Profeta
demonstrava preferência, é designado Califa (sucessor) pelo círculo interno dos seguidores. Ali, genro e
primo do Profeta, sendo considerado por muitos o sucessor legítimo, é causa da cisão que divide os
muçulmanos em xiitas e sunitas.
Bêquer governa por apenas dois anos(632-634), no entanto, suficiente para rápidas e hábeis
campanhas dirigidas, dar um basta em velhas rixas e divisões entre as tribos, além de estabelecer o
islamismo em toda Península Arábica. Consegue também que se escreva as revelações ditadas pelo
Profeta.
Essas minutas tornam-se, décadas depois, base para que o Corão fosse redigido. Os dois
próximos califas expandem enormemente o islamismo para todo Império Persa e metade do Bizantino.
Outros dois califas levam o islã a ter controle em dimensões impensáveis, desde o Oceano Índico
ao Atlântico, sendo ameaça a Europa Cristã, frente ao Bósforo e além do Pirineus.
Os muçulmanos esquecem da pobreza e austeridade acostumados na Península Arábica,
deixando para trás o puritanismo inicial dos conquistadores, aprendendo a apreciar o luxo e brilho
encontrados nos impérios bizantino e persa, onde patrocinam com prazer, a expansão de grande cultura
cosmopolita.
Nada dentro do mundo cristão, exceto Constantinopla, rivalizava com a riqueza de Damasco,
Bagdá, Isfahan, Kairouan, Córdova e Fez. Sendo exatamente entre Isfahan e Córdova, domínio
muçulmano, que vivem 90% do povo judeu. Mas de certa forma os judeus tiveram o alívio de não serem
mais o alvo principal de discriminação, como acontecia em países cristãos, pois enquanto estes
entendiam que deveriam humilhar particularmente os judeus, a legislação muçulmana visava a exaltação
de status de sua elite, indistintamente, fossem a judeus ou cristãos.
80

Apesar do dito “o Islã ou a morte”, o que funcionava mesmo era “Islã, tributo ou a morte”,
preservando as estruturas administrativas e econômicas encontradas nos países ocupados, especialmente
Pérsia e Síria. As causas das rápidas e grandiosas conquistas árabes: convicção dos guerreiros nas
promessas descritas pelo Profeta, estratégia brilhante de seus comandantes, a revolucionária tática do
uso de cavalaria, bem como combatividade dos guerreiros tendo à sua frente terras produtivas e atrás
desertos.
Conforme iam aumentando as conquista, multidões se convertiam ao islã e aumentava a
necessidade de obtenção de comida e espólios. Em meio ao êxito das conquistas, surgiam rebelião e
guerra de árabes contra árabes.
Segundo a sharia, os infiéis deveriam receber tratamento específico e judeus e cristãos eram
conhecidos como “protegidos”, designados al-Adhimma, fazendo parte de convênio legal em que os
“Povos do Livro” estavam enquadrados, diferentemente dos pagãos. Os termos do convênio eram:
aceitar a supremacia islâmica, submetendo-se à proteção do Estado Muçulmano, tendo garantia desse
Estado, a vida, propriedade, proteção contra outros inimigos, grande autonomia e liberdade religiosa,
mas teria também de cumprir as obrigações de pagar capitação, não insultar Islã, não converter
muçulmanos, não conspirar contra governo e não construir novas igrejas ou sinagogas.
Esse convênio ficou conhecido como “Pacto de Omar”, califa que governou de 634 a 644. Certas
cláusulas assemelhavam com a cristã, como: ser proibido ter escravos ou servos muçulmanos, impedir a
conversão de alguém ao islamismo, estudar o Corão, usar nomes muçulmanos, portar armas e montar
mulas ou cavalos, além de terem de ficar de pé na presença de muçulmanos . Para distinguir cristãos dos
judeus, os primeiro usavam distintivos azuis em suas roupas e o judeus amarelos.
Como a extensão que o mundo islâmico atingiu foi grande, o Pacto de Omar, constantemente
estava sujeito a modificações, pois como os conquistadores árabes careciam de aptidão para governar
sem precisar recorrer às estruturas burocráticas de governo existentes, judeus talentosos fizeram carreira
como gerenciadores dos negócios do Estado, médicos, astrônomos, além de secretariado ou cargos
rentáveis em relação ao poder, prestígio e dinheiro.
Em diversos lugares os muçulmanos chegam como libertadores, sendo recebidos
entusiasmadamente por cristãos monofisistas sírios, nestorianos persas, coptas alexandrinos, aliviados
de estarem livres da tirania teológica, política e financeira de Constantinopla.
Entre 632 e 636, a Síria e Eretz Israel são conquistadas pelo árabes, que dividem a região em
vários distritos administrativos, recebendo a Síria o nome de Iund Damasco, o norte de Israel, Galiléia,
Iund Urdun (Jordão); e Samaria, Judá, Neguev e parte da Transjordânia passa a chamar-se Iund Filastin,
Palestina, tendo como capital Lida. Com a conquista pelos muçulmanos, os judeus tiveram um alívio
social e religioso, pois Omar (638) após a rendição de Jerusalém, permite que 200 famílias judias voltem
à cidade de onde foram totalmente banidos pelos bizantinos.
81

O califa Abd al-Malik, manda erguer uma mesquita, o Domo da Rocha, sobre o Monte do
Templo, essa construção termina em 691 e é erradamente conhecida como Mesquita de Omar. A pedra
simbólica do Fundamento do Universo pela tradição judaica, Even Shetiyah, onde à época do Primeiro
Templo ficava a Arca Sagrada, é para os muçulmanos de onde Maomé teria partido para o céu para
encontrar Abraão, Moisés e Jesus.
O primeiro século dominado pelos árabes foi sem paz nos territórios conquistados, pois além da
guerra com Bizâncio, rebeliões internas entre os próprios muçulmanos por inimizades tribais, levantes
populares por ressentimentos étnicos, golpes ambiciosos de generais, haviam protestos contrário à
exploração da economia, revoltas de mendigos, além de violência dinásticas, fanatismo religioso e
manifestações de messianismo. Todas rebeliões tinham conotação religiosa.
Disposta a defender a todo custo a supremacia doutrinária, crescia o número de seitas, mas
nenhum sectarismo foi capaz de frear a ampliação da expansão religiosa que seguia com o avanço dos
exércitos muçulmanos. A rapacidade de generais, vizires, ministros e califas leva a concentração
fantástica de riqueza e notável processo cultural. Monges sírios e linguistas judeus traduzem do siríaco,
grego, pálavi e sânscrito para o árabe, tendo como resultado a cultura árabe que fez então ponte entre
Antiguidade (especialmente grego) e renascimento. Em Bagdá, Damasco e Córdova, a filosofia clássica
é conciliada ao Corão, fazendo com que pensadores medievais judeus e cristãos sintam-se desafiados a
harmonizar a Bíblia e a Filosofia.
Box
Rapacidade
Qualidade de rapace; inclinação, tendência para roubar.
Em 750 cai a dinastia dos califas omíadas, em Damasco, diante assalto de xiitas e um ramo de
descendentes do Profeta, os abássidas. Com a razoável estabilidade dos abássidas, o califa Al-Mansur
decide transferir a sede do poder central para o Iraque, fundando em 762 a cidade de Bagdá, cuja planta
teve elaboração de Mashaalah (Menashe) B. Natan, astrônomo e matemático judeu. Sob a nova capital
arqueólogos encontraram tijolos com o nome de Nabucodonosor, no século 19.
O Exilarcado durou até o fim da Idade Média em diversos lugares como Mosul, Damasco,
Alepo, Egito e Palestina, nem sempre em linha reta a sucessão, que aconteciam causadas por rivalidades
internas.
Seu auge foi nos séculos 7 a 9, sendo principal autoridade que representava os judeus,
reconhecida pelos muçulmanos. Seu prestígio era principalmente por representar uma das maiores
receitas do califado, pois eram os responsáveis por arrecadar impostos devidos dos judeus aos cofres do
governo. Essa capitação era para todos homens acima de 20 anos e no tempo de Harun al-Rashid (768-
809) foram criados 3 faixas tributárias: 1, 2 e 4 dinares. O exilarca recebia taxas sobre: casamento,
divórcios, atos rituais, construção de casas, de forma que com tanto dinheiro disponível mantinham
verdadeiras cortes.
82

Os judeus tiveram grande número de seitas, e o cristianismo levou a separação, atravessando ele
mesmo severos conflitos sectários que causaram divisão em: católicos, ortodoxos, arianos, nestorianos,
monofisistas, coptas, evangélicos e outros. O islamismo também teve essas divisões, sendo as principais
e duradouras: xiita e sunita.
Em relação à vida econômica, os judeus passaram por enormes dificuldades ante as
adversidades, pois a principal atividade praticada era a agricultura, mas quando foram proibidos, pelos
cristãos e depois pelos muçulmanos, de utilizar mão de obra dessas religiões, na atividade agrícola
permaneceram apenas pequenos granjeiros e viticultores que podiam cuidar de suas propriedades com,
no máximo, ajuda da família. Outro fator contribuinte para arruinar os camponeses foi a cobrança fiscal
de 25% da colheita ou quantia proporcional ao tamanho da propriedade, sendo que o valor poderia ser
alterado arbitrariamente pelo cobrador de impostos, além de ser como todos obrigados a pagar pela
capitação, correspondendo a 1, 2 ou 4 moedas de ouro ou correspondente à prata, sendo que o salário
anual do trabalhador agrícola era de 6 moedas de ouro.
Os árabes desprezavam quem pagava impostos e os dignatários judeus que representavam as
importantes comunidades, frequentemente eram alvos de humilhações na hora do recolhimento dos
impostos arrecadados. Assim quem era camponês e pagava impostos vivia à margem da sociedade. Com
a dificuldade na agricultura, o judeu partem para a cidade e atuam em diversas funções, tendo ocupado
265 ofícios diferentes, sendo mais da metade artesãos, sapateiros, pedreiros, padeiros, marceneiros,
ferreiros, tecelões, ferreiros, etc., e menos de ⅓ estava no comércio e finanças.
O comércio era ocupação dignificante em todo Oriente e seu ganho honesto considerado halal
(sem mácula) de acordo com os muçulmanos, tendo do outro lado da dignidade os funcionários
públicos, pois toda receita pública era resultado de fraude ou violência, desta forma dificilmente um
homem piedoso aceitava convite de quem trabalhasse para o governo, pois era considerado ganho não
halal. Enquanto que o comerciante era tido como mais propenso ao cumprimento fiel dos preceitos
religiosos.
Os judeus tiveram como aprendizado o comércio, no Exílio Babilônico, depois aprenderam com
os gregos e sírios, agora com árabes e armênios o comércio internacional. No séc. 9 mercadores judeus
plurilingues atravessam mares e continentes, passando a ser conhecidos como Radanitas, significando
que estão conhecendo o caminho. Em seu roteiro de viagens deixa a marca da linguagem comercial
árabe como: tarifa, magazine, tráfico, bazar, algarismo, caravana e outras.
Os judeus abriram filiais pela facilidade estabelecida nos povos que entendiam o hebraico e que
vigoravam a Lei do Talmud.
Com grande crescimento do comércio internacional, foi necessário a criação de mercado de
câmbio e financeiro, tendo judeus assumido importantes posições destas atividades inicialmente nos
países muçulmanos e banqueiros judeus eram confiáveis, honestos e experientes na complexa variedade
de moedas circulantes. Grandes banqueiros criaram fundos em que comerciantes guardavam suas sobras
83

para financiamento de generais, califas e príncipes. A confiança na remuneração desses fundos e


competência na coleta eram qualificações básicas, constando que certo califa mudou em seu regime, 15
vezes de primeiro ministro, mas não trocou de banqueiro.
Os países islâmicos orientais ficaram muito ricos e violentos, sendo os omíadas substituídos em
750 pelos abássidas, com fama aos califas por suas conquistas, extravagâncias e patrocínio das artes e
ciências, ao mesmo tempo a degola é transformada em instrumento predileto na sucessão de trono.
Apesar de bem sucedidos regimes centrais, os califas não puderam impedir a permanente
fragmentação do mundo islâmico, com Espanha muçulmana declarando independência em 756,
Marrocos (788), Tunísia (801), Egito (868), emires egípcios dominando grande parte da Síria até 1086.
Diversas seitas dominaram a Pérsia, parte da Mesopotâmia e Síria, tendo uma tribo iraniana
assumindo o domínio de Isfahan, Shiraz e Bagdá(945), guardas turcos substituíram califas por sultões
seldjucos(1055) e hordas de Gengis Khan arrasa a cidade de Bagdá (1258). Após os mongóis saquearem
Bagdá em 1258, a diáspora da Babilônia praticamente some da história. E dentro do ritmo cíclico
fascinante da história judaica, o declínio de uma hegemonia é acompanhado da ascensão de outra.

Questionário

1. De quem descendiam judeus e árabes, respectivamente?


2. Quais as grandes diferenças, nas mentalidades e estilos de vida entre judeus e árabes
3. Qual condução propícia aos assaltos e também comércio, recurso para comida e vestuário dos árabes
e por quê?
4. Ainda que estivessem “adaptados” ao modo árabe, os judeus mantinham o quê?
5. Mesmo sendo um povo de alto índice de analfabetismo, o que os árabes cultivavam?
6. A quem Maomé exigia veneração?
7. Com quem os judeus aprenderam o comércio internacional?
8. Cite exemplos de palavras da linguagem comercial árabe?
9. Com a morte de Maomé os muçulmanos se dividiram em dois grupos, quais são?
10. Por que foi necessário a criação de mercado de câmbio e financeiro?

REFERÊNCIAS:
BORGER, Hans. Uma história do povo hebreu: de Canaã à Espanha. 5. ed. São Paulo: Editora e
Livraria
Sêfer Ltda, 2015. 1 v.
RAZIA. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/razia/>. Acesso em: 14 ago. 2017.
KIDUSH HaShem. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Santificação_do_Nome_de_Deus>.
Acesso em: 14 ago. 2017.
RAPACIDADE. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/rapacidade/>. Acesso em: 14 ago. 2017.

Вам также может понравиться