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FREYRE, Gilberto. O escravo negro na vida sexual e de família do brasileiro.

In: Casa -Grande e Senzala: formação da família brasileira sob o regime


da economia patriarcal. 51ªd.rev. – São Paulo: Global, 2006.

Primeiro parágrafo do caítulo: afirmação sobre a miscigenação no Brasil - todos os


brasileiros têm influência do indígena e do negro.
Primeiras hipóteses:
"(.… Trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava ou da sinhama que
nos embalou" (grifo meu, p. 367)
- Nota (minha): deturpação da questão da escravidão, que é levada para o campo da
afetividade e amenizada; um processo violento e explaratório transforma-se em uma
herança positiva, do campo dos afetos;
 Naturalização do estupro da mulher negra: "(memória)Da que nos iniciou e nos
transmitiu, ao ranger da cama de vento, a primeira sensação completa de homem"
(p. 367)
 Uso da terceira pessoal do pl.: possível questionar de qual lugar Freyre diz e por
quem diz (por aqueles que se serviram e foram sustentados pelo trabalho escravo)

Mulheres negras: dotadas de "pendor sexual": "as condições sociais do desenvolvimento


do menino nos antigos engenhos de cana de açúcar no Brasil, como nas plantações ante-
bellum da Virgínia e das Carolinas - do menino sempre rodeado de negra ou mulata fácil
- talvez expliquem por si sós, aquela predileção (por manter rel. sex. Com mulheres
negras escravizadas)" (p. 368)

"Nãos nos interessa, senão indiretamente, nesse ensaio, a importância do negro na vida
estética, muito menos no puro progresso econômico, do Brasil. Devemos, entretanto,
recordar que foi imensa. No litor agrário, muito maior, ao nosso er, que a do indígena.
Maior, em certo sentido, que a do português." (p. 369)

Uniformização da cultura africana


Cultura africana: "chata e uma só" (p. 369)

Superioridade dos africanos aos indígenas


"Por todos esses traços da cultura material e moral revelaram-se os escravos negros, dos
estoques mais adiantados, em condições de concorrer melhor que os índios à formação
cultural do Brasil. Às vezes melhor que os portugueses. Pode-se juntar, nessa
superioridade técnica e de cultura dos negros, sua predisposição como que biológica e
psíquica para a vida nos trópicos" (p. 870)
 Nota: ideia de "concorrência" à formação do Brasil; novamente, relativiza-se o
caráter compulsório do trabalho escravo
 Nota: explicação biológica para amenização do processo de escravização

Indígena x negro

Indígena na América: caracteristicamente introvertido, de difícil adaptação


Negro: tipo extrovertido, tipo homem fácil, plástico, adaptável (p. 371)

Explicação para uso de trabalho forçado africano, não indígena: questão mais social que
biológica e psicológia, embora o autor não dispense estas explicações:
Indígenas tinham hábitos nômades, - incapacitação para o trabalho agrícola regular
Africanos: a criação de gado e outras práticas já eram realizadas em solo africano, havia
familiaridade com essas práticas

"Tais cntrastes de disposição psíquica e de adaptação talvez biológica ao clima quente


explicam em parte ter sido o negro na América portuguesa o maior e mais plástico
colaborador do branco na obra de colonização agrária; o fato de haver até desempenhad
entre os indígenas uma missão civilizadora no sentido europeizante" (grifo meu, p. 372)

MAS
"Os antecedentes e as predisposições de cultura é que devem ser tomados em maior
conta" (p. 373)

 Registros de escravos fugidos que propagariam entre os indígenas a religião


católica e a língua portuguesa

Nota: Em Hollanda, percebe-se que a língua portuguesa era próxima à língua dos tupis e
a religião católica não foi tão difcilmente aceita por eles, que já tinham certa inclinação a
esse tipo de crença; assim, talvez por hábito, mas não por expedição colonizadora, os
indígenas tenham propagado essas 'aquisições'

Transplantação mais radical para europeus: atribui-se a eles maior superioridade de


ficiência econômica e eugênica ao regime alimentar amis equilibrado e rico que o dos
povos indígenas, ainda nômades, sem criação de gado. Além disso, juntos aos negros
foram trazidas espécies vegetais da África; assim o autor destaca que o processo de
transplantação dos negros para o Brasil foi menos pertubador que o processo dos
europeus, esses sim não adaptados ao clima, ao novo meio físico e bioquímico (p. 373)

Duas teorias par pigmentação da pele:


 Pigmentaça surgiu espontaneamente, independente da ação do meio
 A pigmentação representa uma adaptação ao meio

Pavlov: os caracteres adquiridos se transmitem. Exemplo: endurecimento da pele ou


calosidade dos calcanhares humanos (DENDY)

"Admitida essa alteração, e a possibilidade de gradualmente, através de gerações,


conformar-se o adventício a novo tipo físico, diminui, consideravelmente, a importância
atribuída a diferenças hereditárias de caráter mental, entre as várias raças. Diferenças
interpretadas como de superioridade e inferioridade e ligadas a traços ou caracteres
físicos" (p. 377)

 Não se acredita mais na inferioridade ou superioridade das raças pela forma do


crânio (Teoria de Morton, séc. XIX, EUA - In: livro Cra pelo melhor da vultura negra
da África, absorvendo elemento por assim dizer da nia americana)
 Sobre isso, ainda, Freyre: "O que se sabe das diferenças da estrutura entre os
crânios de brancos e negros não nos permite generalizações" (p. 378)
 As diferenças constatadas entre brancos e negros são difíceis de eduir a um fator
de inteligência geral "que sirva de base a conclusões de inferioridade ou
superioridade de uma raça sobre a outra" (p. 379)
 "O difícil é comparar-se o europeu com o negro, em termos ou sob condiões
iguais" (p. 379)
 Os resultados dos testes de comparação de inteligência entre negros e brancos
eram contraditórios, não unânimes.
 "Não se negam as diferenças mentais entre brancos e ngros. Mas até que ponto
essas diferenças representam aptidões inatas ou especializações devidas ao
ambiente ou às circunstâncias econômicas de cultura é problema dificílimo de
apurar" (p. 380)

"(…) interessam-nos menos as diferenças de antropologia física (que ao nosso ver não
explicam inferioridades ou superioridades humanas, quando transpostas dos termos de
hereditariedade de família para os de raça) que as de antropologia cultural e de história
social africana." (p. 387)

Arte no Brasil: incia-se elaboração de obras por mestiços, principalmente; o 'exagero


artístico e a expressão chocavam-se com a tradição greco-romana, o que ameaçou
sufocar, no Brasil, essas expressões artísticas. Freyre destaca que por sorte restaram
obras de Aleijadinho.

Hereditariedade x meio

Dois fatores difíceis de separar, principalmente"se admitirmos a possibilidade de se


transmitirem influências adquiridas em novo meio físico ou sob ação bioquímca (p.381)

Procedência dos escravos

Importaram-se para o Brasil, da área masi atingida pelo Islamismo, negros maometanos
de cultura superior À dos indígenas e à maioria dos colonos brancos (majoritariamente
portugueses analfabetos e semi-analfabetos

"(…) nas senzalals da Bahia de 1935 havia talvez maior número de gente sabendo ler e
escrever do que no alto das casas-grandes" (p. 382)
"(…)não raro, ricos fazendeiros do interior encareegavam seus amigos do litoral de lhes
arranjar um genro que em vez de quaisquer outros dotes apenas soubesse ler e
escrever" (p. 382)

Mito do exclusivismo banto na colonização africana no Brasil

 Houve transporte de africanos para o Brasil de mais de uma região; não foi apenas
de origem do banto
 "A formação brasileria foi beneficiada pelo melhor da ultura negra da África,
absorvendo elementos por assim dizer de elite que faltaram na mesma proporção
ao sul dos Estdos Unidos" (p. 382)
 As costas da Serra Leoa, Angola e os portos do golfo do Guine fteriam sido os
principais mercados de escravos para o Braisl

1891
Conselheiro Rui Barbora, ministro do Govero Provisório (pós proclamação da Rep.):
madoou queirmar os arquivos da escravidão, o que tornou extremamente difícil a tarefa
de rastrear a imigração de negros para o Brasil

Fulas: "negros de raça branca"; mistura de sangue hamítico e árabe; por isso eram
considerados por muitos superiores aos demais neros
Banto: mais acaraceristicamente negros (cabelo muito crespo e nariz achatado)
Colonização do Brasil mais beneficiada que a dos EUA

O Brasil foi menos atingido que os EUA pelo suposto mal da "raça inferior"; meior
número de fula-fulos e semi-hamitas (falsos negros) entre os imigrantes da África para o
Brasil;
Não há evidência de leva desses africanos para a América Inglesa em significativa
proporção; no Brasil, todavia, esta desabrochou escolas, movimentos ee organizações
que acusam uma "verdadeira elite malê" (p. 388) no país
A colonização para o Brasil se realiizou pricipalmente com bantos e sudaeses (de áreas
agrícolas e pastoris)
Nina Rodrigues: "proeminência intelectual e moral" dos negros importados para o Brasil
(p. 393)

Critério de importação inglês: quase exclusivamente agrícola (preferência pelo negro


escravizado forte e barato)
Critério de importação de africanos para o Brasil: atendiam-se a dois interesses centrais:
à falta de mulheres brancas e às necessidades de técnicos em trabalhos de metal, ao
surgirem as minas (cultura mais elevada).
Plantações de café: preferiam-se outras etnias, pelo trabalho braçal e sem técnica
envolvido
Logo: "melhor estoque negro importado pasra a região mineira" (p. 389)
Nordeste: senhores de engenho importavam escravos mais caros (costume)

Minas e fulas: negras de pele mais clara, mais próximas à domestização dos brancos;
eram trazidas como escravas mas frequentemente eram transformadas em "donas de
casa", "amigas" e "caseiras" dos brancos ou preferidas como cozinheiras e mucamas,
enquanto eram "amantes" delels.

Mestiçagem
Burton (séc.XIX): litoral: possível a escola de casametos entre brancos
Interior: o mulatismo tornara-se um "mal necessário" (p. 390)
Menos por casamento que por uniões irregulares entre brancos e escravas (inclusive os
homens tinham certa aversão ao casamento)

Contribuição dos negros escravizados para desenvolvimento da colônia

 Os negros não desempenharam apenas trabalho braçal no país,mas também uma


função civilizatória.
 Negros: "mão direita da formação agrária brasileria"
 Índios e portugueses: mão esquerda (p. 390)
 Mineração de ferro foi aprendida dos africanos ; principais contribuições: criação
de gado e trabalho de metais
 Culinária refinou-se e enriqueceu-se com a contribuição africana
Nina Rodrigues: fator raça explica a superioridade da colonização negra brasileira
sobre a amerianak (mais hamitas no Brasil)
 Da África vieram mais que simples mão de obra braçal; vieram "donas de casa",
negros entendidos em criação de gado, artífices de ferro, comerciantes, etc
 Maior proximidade de pernambuco e da Bahia com a África: importação "mais
intimista" e mais "fraterna" do que nos EUA (frequente comunicação comercial
com os portos africanos)

Relação com indígenas: nenhuma área de cultura negra se some ou achata em contato
com os indígenas
 Função civilizatória nas matas e nos sertões de negros fugidos, que "elevavam" a cultura
dos indígenas nessas regiões interioranas

Influência islamita
O Islamismo floresceu no Brasil de forma considerável; vários escravos pregavam contra
o cristianismo e liam o Alcorão
Cristianismo:influência maometana, assim como influência animista e fetichista dos
indígenas
Predisposição dos negros para o protestantismo: resquíio de preconceitos
anticatólicoos, de origem maometana. (ver Hollanda)
Islamismo: trazidos pelos escravos malês

Contato com o continente africano pelos negros escravizados


 Uma vez nas casas-grandes, os negros de áreas de cultura africana mais adiantada não
perderam contato com o continente africano; importavam-se objetos de culto religioso e
de uso pessoal, como azeite de dendê.
 As relações entre Bahia, principalmente, e cidades afrianas eram muito fortes,
principalmente porque até fins do séc.XIX haúças e nagôs libertos retornavam ao
continente.

Negras "aristocráticas": tinham relações com portugueses nobres, que enchiam-nas de


presentes, como correntes de ouro, seda, etc

 Havia seleção de negras que tinham maior contato com o homem branco da casa-grande
(tinham de ser belas, altas, etc)

Influência pura do negro x influência do negro na condição de escravo


"o mau elemento da raça negra não foi a raça negra, mas essa raça reduzida ao
cativeiro" (NABUCO apud FREYRE,p. 397)

 Sempre que consideramos a influência do negro sobre a sociedade brasielria,


consdieramos a influência do escravo, não propriamente do negro; influência do sistema
social da escravidão.
 É absurdo julgar as capacidades morais, de intelgiência e de trabalho do negro na
condição de escravo, sem que esteja em sua terra natal, com sua própria cultura, com
inteesse pelo trabalho, não "deformado pela escravidão" na América (p. 397)
 Erro grave de Nina Rodrigues: estudou a influência do africano no Brasil sem considerar
a condição absorvente de escravo à qual foi submetido (propõe uma abstração dessa
condição),
 "Impossível a separação do negro, introduzido no Brasil , da sua condição de escravo" (
p. 398)
 Muitas das suas tendências criadoras foram abafadas para que se produzissem outras,
artificiais e até mórbitas.
 A escravidão desenraizou o negro de sua terra, de sua cultura, de sua família:
"impossível esperar do escravo outro comportamento que não o imoral, de que tanto o
acusam" (p. 398)
 "Diz-se geralmente que a negra corrompeu a vida sexual da sociedade brasielria,
inciando precocemente noa mor físico os filhos-família. Mas essa corrupção não foi pela
negra que se realizou, mas pela escrava. Onde não se realizou através da africana,
realzou-se pela escrava índia." (p. 398)
 "É absurdo responsabilizar-se o negro pelo que não foi obra sua nem do índio mas do
sistema social e econômico em que funcionaram passiva e mecanicamente" (p. 399)
 Sifilização do Brasil (séc. XVI)
 Nabuco: ação de doenas africanas sobre brancos. Freyre: um ou otro viriam
contaminados, mas a contaminação em massa ocorreu nas senzalas coloniais. Também
muitas negras foram contaminadas com essas doenças pelos homens brancos, pis
muitas vezes eram a eles entregues virgens, com doze ou treze anos: "Por muito tempo
dominou no Brasil a crença de que para o sífilico não há melhor depuração do que uma
negrinha virgem" (p. 400)
 NO ambiente voluptuoso das casas-grandes as doenças venéreas se propagavam mais
a vontade (prostituição doméstica)
 Masoquismo, sadismo, sexualidade na casa-grande
 Interesse dos brancos na satisfação sexual e na procriação dos escravos: "Não era o
negro, portanto, o libertino: mas o escravo a serviço do interesse econômico e da
ociosidade voluptuosa dos senhores. Não era a 'raça inferior' a fonte de corrupção, mas
o abuso de uma raça por outra" (p. 402) - estímulo do próprio sistema econômico
vigente
 Os primeiros colonos vindos da Europa já traziam práticas dde sadismo (Italianos, por
exemplo, pois na Itália desenvolve-se a sodomia) e encontraram nas condições de
colonização o meio de cultura favorável à expansão das formas de luxúria que tanto se
atribuem aos africanos.
 Bruxaria
 Houve vários registros de "bruxas" portuguesas. Essas práticas podem ter recebido
influência africana, mas foram expressões do satanismo eurpeu, misturado à feitiçaria
africana e indígena: "Da crença nos sortilégios já chegaram impregnados ao Brasil os
colonos portugueses" ( p.406-407)
 Vindas de portugal, misuraram-se À feitiçaria africana e desabrocharam aqui várias
crenças e magias, especialmente as sexuais.
 Duas correntes místicas a portuguesa, de um lado, e a africana ou ameríndia de outro.
 Prestígio de escravos macumbeiros junto a senhores brancos já velhos (magia sexual)
 Canções de ninar
 As canções, portuguesas, foram modificadas pelas amas negras, adaptando-as às
condições regionais, com influências africanas e ameríndias.
 Várias lendas misturavam-se "E o menino brasileiro dos tempos coloniais viu-se mais
rodeado de maiores e mais terríveis mal-assombrados que todos os outros meninos do
mundo" (p. 411)
 AS histórias portuguesas sofreram no Brasil consideráveis modificações na boca das
negras velhas ou amas de leite. Foram as negras que se tornaram entre nós as grandes
contadoras de histórias (p.413) > trad. Africana de contação de história
A língua
"(…)a fala séria, solene, da gente grande, toda ela sofreu no Brasil, ao contato do senhor
com o escravo, um amolecimento de resultados às vezes delicioso para o ouvido" (p.
414-415)
 Assim, mães e negras mucamas, alidas aos moradores da casa-grande, especialmente as
crianças, criaram um português diverso do gramatical que os jesuítas tentaram ensinar
aos meninos índios e semibrancos, alunos de seus colégios, e do português reinol que os
padres em vão tentaram conservar no Brasil.
 Língua falada x língua escrita
 Embora fracassado o esforço jesuíta, ele contribuiu para a disparidade entre língua
falada e escrita no Brasil, sendo que se recusava o contato da língua escrita com a língua
falada, do povo, usual no Brasil.
 Mesmo a língua falada conservou-se em duas por muito tempo no país: uma das casas-
grandes; outra, das senzalas.
 No entanto, a convivência entre negros escravizados e brancos acabou com essa
dualidade. No Brasil, sem motivação para existirem a parte da língua dos brancos, as
línguas africanas se cruzaram com o português falado pelos brancos, enriquecendo-o
não apenas com novos itens lexicais, mas promovendo alterações profundas no sistema
grmatical do idioma. A nossa língua nacional é, pois, resultado da interpenetração dessas
duas tendências.
Sadismo no trato com negros escravizados
Crianas brancas: tinham como "brinquedo" escravos de sua faixa etária, que eram
vítimas consagradas de seus caprichos, sendo sempre submetidos a surras,
xinagamentos, etc (relações infantis que desenbocam em tendências favoráveis ao
sadismo e ao masoquismo nas relações adultas)
Mulheres brancas: tinham menos contato com o mundo exterior, sendo muitas vezes
restritas à convivência com as escravas negras passivas do ambiente doméstico. Assim,
conservavam muitas vezes as relações infantis com as "negrinhas de brinquedo" no trato
com as mucamas na vida adulta. (maior crueldade das senhoras do que dos senhores no
trato com os escravos)
gravante: isolamento árabe sob o qual viviam as sinhás; submissão das mulheres brancas
em relação aos maridos (tratando-os sempre com medo, por "Senhor")
 Situação das sinhás
 Há casos de relações irregulares entre sinhás e escravos na casa-grande, mas a forma
como as moças eram criadas (sob constante vigilância e dormindo em quartos que mais
se assemelhavam a prisões que a aposentos de gente livre) não permitia atos tão
arriscados.
 Casamento:
 As mulheres brancas casavam-se cedo, entre treze e quinze anos, com homens muito
mais velhos (de até setenta anos), de convivência quase sempre exclusiva do pai.
 As mulherem envelheciam cedo e perdiam cedo os dentes; além disso,pelo costume de
estarem sempre sentadas, no meio de mucamas e negras que lhes fazziasm as menores
coisas, andavam "como se tivessem cadeiras nas pernas", muito diferente das mulheres
holandesas (p. 431)
 Aos quinze anos, a maioria já era casada e muitas eram mães. "Na missa, vestidas de
preto, cheias de saias de baixo e com um véu ou mantilha por cima do rosto; só
deixando de for a os olhos - os grandes olhos tristonhos". Porém os trajes de dentro de
casa muito se diferiam dos de ir à missa, eram "relassas" (p. 431-432)
 Ócio: muitas vezes as mulheres viviam sem o que fazer, o que poderia acentuar o caráter
agressivo com que tratavam os escravos

 "Sinhás" desenvolvem fortemente laços de confissão com as mucamas, tal como
retratado em romances românticos (ex. A moreninha)
 "Desde o primeiro dia da comunhão que deixavam as meninas de ser crianças:
tornavam-se sinhás-moças. Era um grande dia. Maior só o do casamento" (p. 427)
 Freyre mostra como os casamentos não se davam tão cedo na Europa; há notas de
viajantes ingleses que se espantam com casamentos em que se evolvem meninas de
doze anos.

 Relações incestuosas eram comuns; parentes brancos casavam-se com frequência para
conservar o "sangue puro" e também escravos e brancos de mesma filiação paterna
mantinham relações.
 OS casamentos eram festas grandes, em que matavam-se muitos animais, festas que
duravam de seis a sete dias.
 Educação: No início do séc XIX, Tollenare constata que muitos pais não permitiam às
filhas a alfabetização; mas outros confiavam-nas aos Recolhimentos: aí aprendiam a ler,
a escrever e a rezar.
Nota: recolhimento - casa de estadia comandadas por líderes religiosos católicos
(diferente de conventos); têm fim educativo a parti do séc. XVIII

 Nos recolhimentos aprendiam a tratar também cristãmente os escravos, tidos como


"irmãos e filhos do mesmo pai".
"A necessidade de uns e a escravidão de outros, impostos pelas leis humanas, ou em
penda de seus delitos, ou para lhes acautelar um maior mal" foi tida como responsável
de "aceidental desigualdade" (p. 428).
Muitas mulheres, porém, alcançaram cargos importantes sem terem sido internas dos
Recolhimentos, de modo que a educação era pouca. Muitas erama nalfabetas, faziam
absurdos com os escravos e não sabiam se vestir. A situação era essa no início do séc.
XIX, de antes, Freyre aponta que deveria ser pior.
Brigas entre famílias
 O que os casamentos entre parentes do peródo colonial nunca impediram foram as
profundas lutas e guerras entre famílias, principalmente por disparidades políticas e
brigas por herança.
 Filiação e amas de leite
 De Portugal transmitia-se o costume de as mães ricas nãoa mamentarem os próprios
filhos; mas, no BRasil, não plea moda, mas pela impossibilidade física, pois as mães eram
muitas vezes ainda incapazes fisiologiamente de erem mães, morrendo no parto ou
ficando extremamente debilitadas após ele, restava às amas de leite a tarefa de
amamentação.
 Havia uma série de exigências para a ama de leite, como o formato do peito, a tradição
de filhos já ditos, que deveriam vingar;
 As famílias eram grandes; como os senhores de engenho casavam-se várias vezes com
mulheres jovens, havia grande multiplicação da prole, que se fazia À custa do sacrifício
das mulheres (p. 443)

Disparidades políticas no Brasil Imperial: liberais x conservadores

 "No tempo do Império, com a rivalidade entre os partidos, os negros das senzalas, tanto
quanto os brancos das casas-grandes, dividiam-se em 'liberais' e 'conservadores' e
participavam das rixas eleitorais dos brancos, esfaqueando-se (…)" (p. 426)
 Os escravos defendiam os senhores, a princípio contra o ataque dos indígenas às casas-
grandes, mas também servindo depois nas guerras contra a Holanda, nas expedições
contra os quilombos e na Guerra do Paraguai.
 Influências senzala sobre casa-grande
Meninos brancos (casa-grande)
Como muitas mães morriam cedo, aos quize anos, logo após o casamento (muitas vezes
após o parto), ficava o menino para cuidado das mucamas(os maridos seguiam casando-
se com as parentes mais jovens da falecida esposa); assim, muitos meninos foram
criados inteiramente pelas mucamas, entre os escravos da casa-grande, conversando
quasei inteiramente com eles e cedo perdendo a virgindade, o que também ocorria com
as mães ainda vivas. Assim, acentuavava-se a culpabilização dos escravos pela má
educação dos senhores brancos, pela linguagem afastada do português europeu, pelos
vícios e pela luxúria:
"Sempre estive persuadido que a palavra escravidão desperta as ideias de todos os vicios
e crimes; sempre lastimei, finalmente, a sorte dos tenros meninos brasileiros, que
nascendo e vivendo entre os escravos, recebem desde os primeiros anos as funestas
impressões dos contagiosos exemplos desses seres degenerados" (p. 434)
Freyre: a citação não atribui ao negro, à "raça inferior" as consequências da senzala
sobre a casa-grande; atribuem-nas aos escravos, ao fato social e não ao étnico.
"procurem interpretar os males e vícios da formação brasileira, menos elo negro ou pleo
português, do que pelo escravo" (p. 434)
 Não apenas os meninos de engenho, mas também os da cidade, ostentavam um trato
sadita em relação aos moleques escravos (eram tidos como "meninos-diabo"),
praticando inúmeras formas de crueldaade contra eles, o que se reflete nos jogos
infantis coloniais, extremamente agressivos. Esse mórbito deleite de tratar mal escravos
e também animais "é de todo o menino brasileiro atingido pelo sistema escravocrata" (p.
454)
 Após esses maus-tratos, seguia-se a iniciação sexual com as escravas negras, prática
também resultada do sistema econômico escravocrata, não como expressão da raça
negra ou do seu meio-sangue. No entanto, Freyre ressalta a culpa que até então se dá às
negras e mulatas pela antecipação sexual do rapaz brasileiro. No entanto, essa prática
era promovida pelos senhores de engenho e por suas esposas e ordenada pelos
"sinhôs", pois era onsiderado glorioso o rapaz que cedo entrasse na vida sexual e que
não tardasse a engravidar as negras, para aumentar o número de escravos do patriarca.
 Na casa-grande, eram comuns também frequentes mimos aos meninos brancos e a
alguns mulatos do ambiente doméstico; assim, há duas linhas de criação: o excesso de
mimo e a liberdade precoce para os "sinhôs" cedo violentarem escravas, abusarem de
animais, etc. - constituíram vícios de educação, talvez inseparáveis do regime
escravocrata - dentro do qual se formou o Brasil" (p. 459)
 Não trata-se de clima ou de raça; Freyre aponta que, nos EUA, por exemplo, também
ocorriam essas relações sexuais, de modo que os meninos do sul dos EUA anteciparam-
se na vida sexual em relaçõ aos do norte, assim como, no Brasil, os meninos do litoral
anteciparam-se em relação aos meninos do sertão, áre atingida menos diretamente pela
escravidão.
 Os meninos também eram cedo iniciados em outras preocupações, pois, por exemplo,
era comum estarem armados, prontos a ataques de animais e de indígenas aos
engenhos;

Escravos domésticos
A casa-grande fazia subir da senzala uma série de indíviduos para exercer atividades
domésticas masi íntimas, como amas de criar, irmãos de criação dos meninos brancos,
etc.
 O lugar na família não era como o dos escravos da senzala, pois eram tratados como
pessoas da casa, próximos aos parentes pobres agregados às famílias na Europa. "À
mesa patricarcal das casas-grandes sentavam-se como se fossem da família numerosos
multainhos" (p. 435)
 As relações entre escravos e senhores, nesse contexto, eram muito "doces",
singularidade em relação a outros países americanos escravocratas.
 Para exercer essas atividades mais finas, procuravam-se escravos que atendessem a
qualidades físicas e morais. Procuravam-se negras bonitas e já abrasileiradas e
cristianizadas (menos boçais e mais ladinas).
 Catolicismo no Brasil e condição religiosa do escravo
 Por contágio e pressão social impregnou-se o escravo negro da religião dominante.
 NO Brasil, país de profunda formação católica, sempre se fez mais questão que os
escravos tivessem formação religiosa do que nas Antilhas e no sul dos EUA, de modo que
muitos eram batizados no catolicismo antes de saírem da África
 Muitas vezes o escravo que não chegava batizado deseja a qualidade de cristão, pois ele
era discrinado entre os outros escravos, que já eram critianizados. Assim, o negro sem
batismo se via como inferior frequentemente, pois era visto como animal até ter o
privilégio de ir à missa. "Não se pergunta aos escravos se querem ou não ser batizados; a
entrada deles no grêmio da Igreja Católica é considerada como questão de direito" (p.
436).
 Muitas vezes transmitiam às crianças dogmas católicos;
 Obtejito de Freyre: retificar a ideia que a senzala só influenciava a casa-grande
negativamente
 Individualismox coletivismo
 Sentimentos coletivistas: vindos da senzala; individualistas, da casa-grande.
 Catolicismo no Brasil: Religião doméstica, intimista, festiva, "de relações quase de
família entre santos e homens" (p. 438)
 Além do sistema de batismo de escravos, o catolicismo permitiu aos negros
conservarem, à sobra dos costumes europeu, tradições místicas africanas. Assim,
introduziram-se santos negros, conservando aos escravos uma parte no culto;
 Insituição de Reis de Congo, por exemplo, tornou mais fácil a disciplina dos escravos
quanto ao cristianismo.
 "A religião tornou-se ponto de encontro e de confraternização entre as duas culturas, a
do senhor e a do negro; e nunca uma intransponível ou dura barreira" (p. 439) (não que
não existisse forte pressão mora e doutrinatória sob os escravos)
 Religião católica atuou como potência mralizadora no sentio eurpopeu, educativa e
abrasileirante (tese que vai contra o que postula Nina Rodrigues, ao afirmar que a
cataquese dos negros era um ailusão, visto que seriam intelectualmente incapazes e
elevar-se às abstrações do catolicismo.
 A catequese ocorria como primeiro passo antes de integração à civilizzação que no Brasil
existia.

Processo de desafricanização do negro


Na ordem de ua influência, as forças qu no sistema escravocrata atuaram no Brasil sobre
o africano recém-chegado foram: a igreja (dependência da casa-grande, não IC); a
senzala; a casa-grande propriamente dita (parte e não dominador sistema de
colonização).
 Método de desafricanização do negro: misturá-lo aos ladinos (negros já abrasileirados),
inserindo-o na moral, nos costumes e na língua, mutias vezes pela senzala.
 A transformação era profunda: desde a moral e a religião, até as características físicas,
pela qualidae e regime de alimentação, e pelo sistema de trabalho.
 Comadres: negras parteiras e curandeiras;
 Medicina e mortalidade
 Freyre mostra como tanto os africanos (curandeiros, amas de leite, comadres) quanto os
médicos "oficiais" adotavam práticas ligadas ao misticismo e extremamente prejuciais
para curar doenças e pestes. Assim, tanto médicos, comadres,curandeiros e escravos
sangradores constribuíram "quase por igual para a grande mortalidade, principalmente
infantil e das mães, que por épocas sucessivas reduziu quase 50% a produção humana
nas casas-grandes e nas senzalas.
 Mortalidae infantil: muito grave, principalmente pelos métodos de higiene infantil
europeus de agasalhar a criança e de resguardá-la de água e de ar livre. Noções nocivas
em clima frio e que, em terra tropical, foram fatais nas casas-grandes. A higiene infantil
indígena foi aos poucos sendo absorvida nas casas-grandes, através da mediação da
escrava índia ou negra.
 Dois terços das crianças chegavam a morrer no início do século XVI; foi abrandada na
segunda metade do século XVI, mas continuou preocupante por todo o preíodo colonial,
por motivos como vestuário impróprio, alimentação desproporcional, mau tratamento
do cordão umbilical, mas sobretudo, pelos costumes socaisi decorrentes do sistema
econômico da escravidão: falta de educação das mães, desproporção da idade dos
conjuges, frequência de nascimentos ilícitos.
 "A verdade é que perder um filho pequeno nunca foi para a família patriarcal a mesma
dor profunda que para uma família de hoje" (p. 450)

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