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ESTUDO DIRIGIDO – DIREITOS DAS PESSOAS COM

TRANSTORNOS MENTAIS EM CONFLITO COM A LEI.

Ismael Cardoso da Silva

0.1 A partir da lei 10.216/01 e das discussões apresentadas pelo parecer do MPF, há
violações de direitos nos casos relatados no curta-metragem ‘’ A casa dos mortos’’?
Se sim, quais?

Sim, há várias violações, inicialmente os casos relatados no curta-metragem


indicam para um desrespeito ao art.1º da lei 10.216/01 que versará sobre a afirmação dos
direitos e da não – possibilidade de discriminação de seja qual for o marcador social que
acompanhe as pessoas acometidas de transtornos mentais, porém, uma coisa é a
universalidade e abstração de um ato normativo, outra é como esses atos normativos
influem na realidade conduzindo ou não práticas. O curta-metragem deixa bem claro a
não-observância desse primeiro artigo quando Antônio retorna ao manicômio e ao ser
interpelado por uma profissional de saúde sobre a necessidade de cortar suas unhas, o
mesmo afirma “poder pintar minhas também ó ...”, ao invés disso ser respeitado, ouvido,
mesmo que fosse impossibilitado, Antônio, recebe a arrepio do que a norma abstrai, a
resposta da profissional “aqui homem não pinta unha (sic)”.

Outra violação chocante e recorrente é o controle total que a instituição impõe


sobre os corpos, as subjetividades e as vidas das pessoas acometidas com transtornos
mentais, logo no início do curta metragem, o descompasso com a lei se dá de forma clara,
pois as pessoas já passaram o tempo designado pelos tribunais, mas continuam confinadas
na instituição total, ocasionando ainda mais sofrimento e menos promoção de saúde (que
é o que o a lei 10.216/01 pressupõe em seus artigos: 2º, 3º e 4º).

Quanto ao art. 4º que vai dispor que a internação só poderá ser indicada como
ultima ratio, há um exemplo no curta que choca demais em relação a isso, que é o caso
de Almerindo, um senhor que foi internado no manicômio por meio de uma decisão
judicial que o sentenciou a detenção pelo crime que ele cometeu, ou seja, além de
desprezar o pressuposto no artigo 4º da lei 10.216/01, se desprezou o que está decidido
na doutrina jurídica penal de que em caso de detenção, as penas devem sempre começar
no regime semiaberto, ou seja, Almerindo nunca deveria ter estado de maneira definitiva
dentro do manicômio, porém, o mesmo estava, tomando como referência a data de entrada
no manicômio e a publicação do documentário, há mais de 28 anos.

0.2 Há alguma contradição entre funcionários e internos? Disserte. (Optativa)

Sim, os internos a todo momento estão tentando afirmar suas vidas, mesmo diante
dos estigmas, opressões e dominações que estão sobre eles, isso é visível, por exemplo,
no próprio rapaz que escreveu o poema “Casa dos Mortos”, o Bubu, que já passou pelo
manicômio 12 vezes, nesse caso, a contradição mora no fato de que os profissionais que
deveriam promover saúde não cumprem seu papel, mas a arte encontrada por Bubu, um
“louco” mostra a possibilidade quase catártica de vida num lugar de morte.

Como também, na relação de Antônio com sua sexualidade/identidade de gênero


ao afirmar a possibilidade do pintar das suas unhas e de receber uma negativa da
profissional que o atendia, mas ainda assim, retrucar afirmando a sua capacidade de fazer.

Com tudo isso, podemos entender que mesmo o espaço do manicômio sendo um
lugar de diferentes mortes como o curta aponta, os que estão lá dentro na condição de
objeto deste, ainda conseguem produzir vida, arte, musicalidade e vontade. Os
profissionais de saúde medicalizam com o intuito de docilizar os corpos, mas ainda assim
eles tem algum fôlego, mesmo que, tristemente, para ser expurgado logo em seguida.

0.3 O meio imposto para tratamento cumpriu sua função de tratar um indivíduo em
sofrimento mental? Cumpriu a sua função real de defesa social? Disserte.

Não cumpriu, a promoção de saúde como pressuposto fundamental da lei


10.216/01 é deixado de lado nesses espaços, onde o sujeito é só mais um número, onde
as condições são de controle total (uniforme, universalidade de tratamento
medicamentoso...), onde a morte em diferentes contextos é a regra (como nos é
apresentado no curta metragem: Almerindo (a internação perpétua), Antônio (o suicídio)
e Jaime (as múltiplas internações)).

Quanto a função de defesa social, a sociedade tende a considerar tudo que difere
do que é o padronizado, de anormal e perigoso, sendo assim a pauta que nos é incutida é
de como os portadores de transtorno mental vivem em um lugar ontológico da
criminalidade, quando na verdade, as questões relacionadas aos transtornos mentais são
múltiplas, com isso quero dizer que há a possibilidade de se conviver com um transtorno
mental, sem necessariamente causar violência contra outrem, dessa forma, o crime não
pode ser apresentar como uma inscrição na natureza dessas pessoas, porém, apenas
justificar com essas condições não é suficiente, pois as possibilidades de cometer crimes
não atendem aos critérios arbitrários que definimos para produzir criminalizações, sendo
essas muito mais frutos de estruturas valorativas (o capital, a moral, a religião, o direito...)
do que necessariamente de uma ontologia (a natureza do ser) do crime.

Sendo assim, não só não cumpre a função de defesa social, mas também usa esses
sujeitos como substância da linguagem e do discurso para dar respostas as urgências
punitivas que a sociedade conclama e que o sistema de justiça, através das suas múltiplas
relações com os segmentos sociais, produz.

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