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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2019.0000150129

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº


1016016-76.2017.8.26.0564, da Comarca de São Bernardo do Campo, em que é
apelante SATOSHI NAKAGAWA, é apelada TERESA CRISTINA ALVES DA
COSTA.

ACORDAM, em 26ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça


de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso, com
majoração da verba honorária. V. U.", de conformidade com o voto do Relator,
que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores FELIPE


FERREIRA (Presidente), ANTONIO NASCIMENTO E BONILHA FILHO.

São Paulo, 28 de fevereiro de 2019.

FELIPE FERREIRA
RELATOR
Assinatura Eletrônica
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26ª CÂMARA

Apelação Nº 1016016-76.2017.8.26.0564

Comarca: São Bernardo do Campo – 7ª Vara Cível


Apte. : Satoshi Nakagawa
Apdo. : Teresa Cristina Alves da Costa
Juiz de 1º grau: Fernando de Oliveira Domingues Ladeira
Distribuído(a) ao Relator Des. Felipe Ferreira em: 15/01/2019

VOTO Nº 43.336

EMENTA: DIREITO DE VIZINHANÇA. AÇÃO DE


OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C. INDENIZAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS E MORAIS. 1. Não cabe
denunciação da lide nos termos do inciso II, do art. 125,
do Código de Processo Civil, se não há entre
litisdenunciante e litisdenunciado a obrigação regressiva
a que se refere o dispositivo. 2. Se a apelante não
demonstrou a pertinência e relevância da prova que
pretendia produzir, bem como a sua utilidade para o
deslinde do feito, não pode ser reconhecido o
cerceamento de defesa. 3. Comprovado que os danos no
imóvel da autora foram ocasionados pela construção
realizada pelo réu cabível o pedido de indenização pelos
danos efetivamente causados. 4. Demonstrados que os
transtornos sofridos pela autora geraram inconteste abalo
moral, justifica-se a reparação do dano daí decorrente e
oriundo do agir indiligente do réu. Sentença mantida.
Recurso desprovido, com majoração da verba honorária,
nos termos do artigo 85, § 11, do CPC.

Trata-se de recurso de apelação contra


respeitável sentença de fls. 359/363 que julgou procedentes os pedidos
para condenar o requerido a realizar os reparos na residência da autora
ou no caso de inércia a ressarcir à demandante nos custos das obras,
conforme laudo pericial, fixada a multa pelo descumprimento da liminar
em R$ 90.000,00 já incluídos os valores com os consertos, permitida a
execução do que superar esse montante. Por conta dos danos morais,
arcará o réu com o pagamento de indenização arbitrada em R$
10.000,00, com juros da citação e correção da prolação da sentença. Em
razão da sucumbência, caberá ao vencido suportar as custas, despesas
processuais e honorários advocatícios arbitrados em 15% do total da
condenação, devidamente corrigida.
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26ª CÂMARA

Apelação Nº 1016016-76.2017.8.26.0564

Pleiteia o apelante a reforma do julgado


alegando, preliminarmente, a ilegitimidade para figurar no polo passivo da
lide. Afirma que jamais procedeu qualquer tipo de construção no imóvel
ou foi vizinho da apelada, pois o imóvel era utilizado como plantação de
hortaliças pelos seus pais idosos. Aduz que nunca foi aberta qualquer tipo
de vala no local, cuja responsabilidade atribui ao Sr. Pedro Antonio
Barroso (proprietário do imóvel nº 326) a quem denunciou à lide na peça
contestatória. Argumenta que o magistrado de primeiro grau não deferiu a
oitiva de testemunhas, inviabilizando a comprovação de suas afirmações.
Reitera o pedido de denunciação da lide formulado às fls. 82, por
entender necessária a integração ao polo passivo da demandada do
vizinho responsável pelos danos (Sr. Pedro Antonio Barroso). Insiste que
não pode ser obrigado a ressarcir os prejuízos descritos na exordial,
consoante narrativa cronológica apontada em suas razões recursais.
Discorda do laudo pericial, elencando diversos vícios que maculam as
conclusões do perito judicial, notadamente a estimativa de custos para as
obras de reparo na residência da autora que considera superestimados
pela apelada. Aponta a inexistência de danos morais passíveis de
reparação, bem como diverge do montante arbitrado a título de multa por
se tratar de penalidade pautada em relatório técnico e fotografias forjadas
e sem o recolhimento de ART junto ao CREA.

Apresentadas as contrarrazões, com pedido de


aplicação de penalidade por litigância de má-fé, subiram os autos a esta
Corte de Justiça.

É o relatório.

De plano, cumpre analisar as preliminares


arguidas.

Como bem salientado pelo juízo de primeiro


grau ao proferir a decisão saneadora de fls. 146, não trouxe o apelante
qualquer elemento capaz de demonstrar a possibilidade de intervenção
de terceiro à lide, por meio da denunciação.

Dispõe o artigo 125, do Código de Processo


Civil:
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“Art. 125. É admissível a denunciação da lide,


promovida por qualquer das partes:

I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa


cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de
que possa exercer os direitos que da evicção lhe
resultam;

II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato,


a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo de quem for
vencido no processo.”

Veja-se a precisa lição de VICENTE GRECO


FILHO (Direito Processual Civil Brasileiro, Saraiva, 14ª ed., 1999, 1º vol.,
p. 143/144):

"A denunciação da lide tem por justificativa a economia


processual, porquanto encerra, num mesmo processo,
duas ações (a principal e a incidente) e a própria
exigência de justiça, porque evita sentenças
contraditórias."

"Ora, se estendemos a possibilidade de denunciação a


todos os casos de possibilidade de direito de regresso
violaríamos todos esses princípios, de aceitação
pacífica no direito processual brasileiro, sem exceção.

De fato, se admitirmos a denunciação ante a simples


possibilidade de direito de regresso violaríamos a
economia processual e a celeridade da justiça, porque
num processo seriam citados inúmeros responsáveis ou
pretensos responsáveis numa cadeia imensa e
infindável, com suspensão do feito primitivo.

Parece-nos que a solução se encontra em admitir,


apenas, a denunciação da lide nos casos de ação de
garantia, não a admitindo para os casos de simples ação
de regresso..."

"Em outras palavras, não é permitida, na denunciação, a


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intromissão de fundamento jurídico novo, ausente na


demanda originária, que não seja responsabilidade
direta decorrente da lei e do contrato."

"Observa-se, também, que, por tradição histórica, uma


das finalidades da denunciação é a de que o denunciado
venha a coadjuvar na defesa do denunciante e não
litigar com ele, arguindo fato estranho à lide primitiva."

No mesmo sentido, a lição do eminente


CÁSSIO SCARPINELLA BUENO 'in' ("Curso Sistematizado de Direito
Processual Civil", volume 2, Tomo I, Ed. Saraiva, 2007, p. 503/504), nos
seguintes termos:

"O inciso III do artigo 70 disciplina a mais comum das


hipóteses de denunciação da lide. Cabe a denunciação
'àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a
indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder
a demanda'. Justifica-se a denunciação toda vez que
houver alguma relação jurídica (estabelecida
convencionalmente ou imposta pela lei) que garante um
determinado proveito econômico a alguém, mesmo
diante da ocorrência de dano. O exemplo mais
mencionado pela doutrina e mais facilmente encontrado
na jurisprudência dos Tribunais é o contrato de seguro.

Não obstante a clareza do texto do dispositivo, ele rende


ensejo a diversas dificuldades.

A principal delas que ocorre com freqüência dá-se


quando a denunciação da lide é qualitativamente diversa
do 'pedido principal, exigindo instrução diferenciada e
mais complexa.

É o que se verifica, por exemplo, quando a denunciação


basear-se em fundamento fático e jurídico diverso que
renda ensejo a instrução diversa daquela que se
justifica para apreciação do 'pedido principal' (pedido
fundado em responsabilidade objetiva e denunciação
fundada em responsabilidade subjetiva); quando o
direito de regresso não decorrer imediatamente de texto
expresso de lei ou previsão contratual expressa; ou,
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ainda, quando, mercê do segmento recursal derivado do


indeferimento liminar da denunciação da lide (o recurso
de agravo de instrumento, como regra, não tem efeito
suspensivo), consumar-se a fase de instrução do
processo, tornando tardia a denunciação".

Assim, descabido o pedido de denunciação da


lide formulado para integração do Sr. Pedro Antonio Barroso (vizinho do
réu) ao feito, por se tratar de pessoa estranha à lide.

Já a alegação de cerceamento de defesa será


apreciada em conjunto com o mérito da causa.

Da análise atenta dos autos, resta


incontroversa a procedência do pedido formulado na vestibular. Andou
bem o magistrado sentenciante ao julgar a controvérsia, nos seguintes
termos:

“O pedido é procedente.

Os elementos fático-probatórios delineados no processo


corroboram as assertivas apresentadas na petição inicial de
que os danos decorrentes de infiltração de águas que
afetam o imóvel da autora são originários de drenagem pelo
terreno do réu e percolação pelo imóvel vizinho imediato.

Se não bastasse, o laudo pericial confirmou as teses e


desde logo comporta afastar todas as críticas apresentadas
ao perito e seu laudo e isto com base em julgado do E.
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo ao apreciar
agravo de instrumento 2242217-50.2017.8.26.0000, em voto
do Eminente Desembargador Felipe Ferreira, verbis:

" (...) O fato é que em nenhum momento o perito sugeriu não


ter capacidade técnica para a realização dos trabalhos nos
presentes autos, ao contrário, é engenheiro civil registrado
no CREA e demonstrou clareza ao analisar o problema das
infiltrações na residência da autora.
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Assim, como bem observou o douto magistrado de primeiro


grau, as críticas pessoais ao expert são totalmente
despropositadas'. (pag. 311/323).

Fato é que toda vez que um debate dentro de um processo


judicial dirige-se para críticas pessoais, ao invés de se
restringir aos aspectos técnicos, é evidência bastante de
que o lastro probatório aderna o julgamento em favor da
parte contrária, senão vejamos, com substrato do excelente
e detalhado laudo pericial subscrito por engenheiro civil
devidamente habilitado e inscrito no CREA em que confirma
que a origem do problema de infiltração de águas se dá no
terreno da parte requerida:

(...)Verificando in loco, e pelas condições analisadas, tem-se


que a absorção das águas de chuva do solo tipo argiloso,
potencializam a porosidade permitindo boa permeabilidade.
Significa que o imóvel C (terreno) absorve bem as águas
que se depositam sobre sua superfície. Nota-se que mesmo
com chuvas que ocorreram em períodos anteriores à esta
vistoria, não se observam traços de erosão (pag. 163).

Prossegue o Sr. Perito em suas conclusões:

"(...)Após a vistoria efetuada, os documentos analisados, e


demais análises técnicas, ficou constatado como nexo
causal que:

- em decorrência da percolação da água do Lote 10 da


Quadra 28 (terreno baldio tendo quem de frente vê, vizinho
à direita da casa nº326, os danos verificados na parede da
garagem do lado esquerdo da casa 318, ainda que
considerando-se as condições de intensidade de ocorrência
de chuvas, tem sua origem na absorção da água pelo
terreno caracterizado como Lote 10 da Quadra 28.

Também potencializaram os danos a valeta e o buraco


aberto junto ao muro da casa nº 326, conforme fotos
indicadas no processo fls.40, 56, 59 a 61, 63 e 118.

Este signatário conclui que é possível a interrupção de


danos, principalmente pela estação chuvosa que se
aproxima a partir do período de maior pluviometria,
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adotando-se as ações mitigadoras indicadas, tanto as


imediatas bem como as de curto prazo a serem
Providenciadas (pag. 166).

No que tange às soluções preconizadas pelo Sr. Perito,


constam em tabela de folhas 165, que torno parte integrante
desta, e que indicam, dentre outras, o 'aterramento e
compactação em toda extensão do desnível junto à parede
do imóvel nº 326; canaleta de drenagem em meia cana (30
cm em concreto) junto ao muro da casa nº 326 em toda
extensão longitudinal, com execução de caixa de coletora de
água para encaminhamento à guia da via pública; cobertura
vegetal em grama esmeralda ou são carlos em todo terreno;
execução de canaleta transversal no início do aclive do
terreno, junto ao muro de frente para a calçada, para coleta
de água e encaminhamento para guia da via pública, além
de reparos ao próprio imóvel da parte autora, ou seja,
descascamento e apicoamento das paredes afetadas pela
infiltração; aplicação de impermeabilizante com produto de
cristalização, pintura nas condições originais e execução de
rodapé na cerâmica original".

Também por determinação deste juízo, solicitou-se


esclarecimentos sobre o cumprimento ou não da liminar
antes concedida para determinar providencias imediatas
para amenizar os danos e a conclusão do laudo pericial é
incisiva: "não há até o momento da vistoria executada na
data de 25/09/17 obras em andamento no terreno Lote 10
Quadra 28 em questão e na casa objeto da perícia (nº 318)
na Rua Gabril de Souza (...) não há confirmação no
processo de cumprimento da liminar (fls. 72).

Este é o quadro probatório e dele resulta evidente que é o


requerido, enquanto proprietário do terreno, o responsável
pelos danos.

Para repará-los, o Sr, Perito Judicial confirmou as


informações técnicas apresentas initio litis pelo assistente
técnico da autora, em que se baseou este juízo para a
concessão da liminar e que foi simplesmente ignorada pelo
requerido, mesmo diante da multa ali estabelecida, não a
tendo cumprida.
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Fato é que diante da urgência, a autora, com autorização


deste juízo, procedeu aos reparos emergências, sendo
evidente que os custos das obras, em sua integralidade,
integram o dano cuja condenação ao requerido se impõe,
sem prejuízo da multa já estabelecida em decisão liminar.

Contudo, há que se estabelecer, para bem da equidade, que


o valor da reparação dos danos não é cumulativo com a
multa, o que significa que o custo dos danos, gastos com as
obras, for inferior ao montante da multa, estará ali incluído,
pois a finalidade da multa quando não cumprida é sua
conversão em perdas e danos.

Também admite-se a redução da multa para o bem da


equidade, motivo pelo quanto considerada a data da citação
e intimação da multa cuja juntada de mandado se deu em
13/07/2017 iniciou-se no dia 14 sua incidência na razão de
R$ 1.000,00 por dia e até a data do início das obras pela
requerida ainda não havia sido cumprida, ou seja, e em 07
de dezembro de 2017 foi requerida autorização para início
das obras, o que por si não encerraria a incidência da multa,
o que se daria apenas com a conclusão.

Contudo, seria por demais gravoso permitir sua incidência


até referida data, motivo pelo qual já limito a multa em R$
90.000,00, convertendo em perdas e danos, salientando que
o custo da obra estará neste montante incluído, saldo de
exceder o valor, hipótese em que o que exceder poderá ser
objeto de liquidação e execução.

Com relação aos danos morais, são igualmente devidos.


Isto, pois, a resistência injustificada, o amor ao litígio, a
imposição à parte autora da necessidade de ingressar em
juízo para reparos cujo dever era do requerido gera
profundos aborrecimentos, ainda mais em se tratando de
infiltração de que deteriora o imóvel que é o residência da
autora, gerando repulsa e sofrimento ao ver paredes
emboloradas, móveis imprestáveis, e isso duto diariamente.

Portanto, também condeno o requerido em danos morais


que arbitro em R$ 10.000,00.” (fls. 360/362)

De fato, não pode o autor impugnar


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fundamentado laudo pericial com meras e genéricas alegações sem


trazer quaisquer elementos que afastem as fundamentadas conclusões
do experto judicial.

Nesse sentido veja-se o julgado percuciente da


lavra do eminente juiz RENATO SARTORELLI, desta Corte de Justiça (AI
617.777-00/7, 1ª Câm., J. 8.2.2000):

“PROVA. PERÍCIA. CRÍTICAS AO LAUDO. CARÁTER


TÉCNICO INEXISTENTE. INADMISSIBILIDADE.
Encerrando a perícia avaliatória elementos capazes de
levar ao magistrado a convicção de que o valor nela
encontrado é o consentâneo com a realidade imobiliária,
não há razão para sopesá-la ao lado de mero adminículo
opinativo, divorciado dos critérios técnicos de
avaliação, que na maioria das vezes tem por escopo
simplesmente dar respaldo ao interesse da parte. Não se
mostrando a impugnação deduzida pelos executados
hábil para interferir na estimativa do valor do imóvel,
mostra-se absolutamente desnecessária a convocação
do perito judicial para a respeito dela se manifestar.
Agravo improvido.”

Os elementos de prova produzidos são


suficientes para apurar a culpa do réu pelos danos apontados na
vestibular, como se vislumbra do cotejo da perícia realizada nos autos.

Evidente que o laudo pericial elaborado pelo


perito judicial é convincente, técnico e isento de ânimo, por equidistante
das partes, e plenamente válido para o fim a que se destina.

Portanto, se a obra realizada pelo apelante foi


a causadora dos danos no imóvel da autora, de rigor a sua reparação,
mostrando-se cristalina a responsabilidade do réu pelos problemas
apontados na residência da autora.

E apenas para que não se alegue vício no


julgamento, totalmente descabida a alegação da necessidade de oitiva de
testemunhas que não se faz imprescindível, dada a natureza da prova a
ser produzida nos autos, eminentemente técnica.
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Com relação aos danos morais a sentença


mostra-se, igualmente, irretocável, pois evidenciado os transtornos
sofridos pela apelada, e que estes ultrapassaram os meros
aborrecimentos corriqueiros, sendo evidente a necessidade de
pagamento de indenização pelos danos morais causados.

Saliente-se que a nossa casa é o nosso local


de descanso, sendo evidente o dano moral sofrido em virtude do
desassossego gerado pela obra dos réus.

E, quanto a fixação da indenização, cabe ao


juiz nortear-se pelo princípio da razoabilidade, para não aviltar a pureza
essencial do sofrimento que é do espírito, evitando a insignificância que o
recrudesce ou o excesso que poderia masoquisá-lo.

Nesse sentido, o Colendo Superior Tribunal de


Justiça, no julgamento publicado na RSTJ 112/216, com voto condutor do
eminente Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO, bem ponderou:

"Na fixação da indenização por danos morais,


recomendável que o arbitramento seja feito com
moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao
nível socioeconômico dos autores, e, ainda, ao porte da
empresa recorrida, orientando-se o juiz pelos critérios
sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com
razoabilidade, valendo-se de sua experiência e do bom
senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de
cada caso".

É o que afirma, noutras palavras, o eminente


Des. Rui Stoco, citando lição do Prof. Caio Mário da Silva Pereira, no
sentido de que a indenização não pode ser "nem tão grande que se
converta em fonte de enriquecimento, nem tão pequena que se torne
inexpressiva" (in Responsabilidade Civil, RT, 3ª edição, pag. 524).
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Ademais, do cotejo dos autos temos que os


danos, em sua maioria, poderiam ter sido amenizados. Todavia, o réu
nada fez nesse sentido, optando por preterir o cumprimento da decisão
antecipatória, obrigando a autora a promover os reparos por seus
próprios meios.

Em síntese, não pode o apelante, nesse


momento, buscar o afastamento da tutela antecipada já apreciada por
esta Turma Julgadora por ocasião do julgamento do Agravo de
Instrumento nº 2242217-50.2017.8.26.0000 (fls. 313/318).

Cumpre observar que uma vez descumprida a


ordem judicial e autorizada judicialmente a realização dos reparos por
parte da autora, a pretensão converter-se-á em perdas e danos, como
bem registrou o juiz de primeira instância.

Ressalte-se que a discussão sobre os valores


gastos com as obras realizadas pela apelada devem ser discutidas por
ocasião da fase de liquidação da sentença, de maneira que os
argumentos apresentados pelo demandado não comportam, por hora,
análise.

Finalmente, não há que se falar em aplicação


de penalidade por litigância de má-fé, como pretende a apelada em
contrarrazões recursais, pois não caracterizado o dolo processual.

Ante o exposto, nego provimento ao recurso,


com majoração da verba honorária para 20% do valor da condenação,
nos termos do artigo 85, § 11, do CPC.

FELIPE FERREIRA
Relator
Assinatura Eletrônica

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