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– temas e abordagens
Editor-chefe
Pablo Rodrigues
Conselho Editorial
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Luiz Karol – UFRJ
Revisores
Arthur Rodrigues – UFRJ
Bráulio Costa Pereira – UFRJ
Leandro Hecko (org.)
Organização
Leandro Hecko
Apoio
Grupo de Trabalho em História Antiga – MS/ANPUH
[2019]
Rua Caricó. São João de Meriti, RJ.
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desalinhopublicacoes@gmail.com
(021) 994428064
Sumário
Introdução
Leandro Hecko [7]
8
estudos. Nesta gama de problemáticas, aprofundar a visão
acerca da presença egípcia, grega e romana em diferentes
momentos históricos evidencia formas de apropriação de
conhecimento ou ressignificação do passado egípcio/helê-
nico/romano em temporalidades diversificadas e por vezes
mais próximas a nós, formas de usos do passado, estes en-
tendidos como uma necessidade humana de se relacionar
com o passado, consumi-lo e, de alguma forma, torna-lo
mais próximo do tempo presente.
Referências
9
contribuições brasileiras. São Paulo: Annablume; Fapesp,
2008.
GARRAFFONI, Renata Senna (2008). Apresenta-
ção: Identidades e Conflitos no Mundo Antigo e Mundo
Antigo e Cultura Moderna. História: Questões e Debates,
Curitiba, n.48/49, 2008, p.5-8.
HORNUG, Erick (2001). The secret lore of Egypt: its
impact on the West. Cornell University Press, 2001.
HUMBERT, Jean-Marcel (1994). Introduction. L´É-
gyptomanie à l´épreuve de l´archéologie. Actes du coloque
internacional organizé au Museé du Louvre par le Service
Culturel. Le 8 et 9 avril, 1994.
VIDAL-NAQUET, Pierre. Os gregos, os historiadores,
a democracia: o grande desvio. Tradução Jônatas Batista Neto.
São Paulo: Cia. Das Letras, 2002.
SILVA, Glaydson José da (2007). História Antiga e
Usos do Passado: um estudo de apropriações da Antiguidade
sob o regime de Vichy (1940-1944). São Paulo: AnnaBlu-
me, 2007.
10
Achilles, Agony And Ecstasy: O
episódio de Aquiles e Pátroclo entre
Homero e Manowar1
Leandro Hecko (UFMS)
Prolegômenos
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forma em vasos ou outros artefatos cerâmicos do cotidiano
da polis. São celebrados a amizade de Aquiles e Pátroclo e
também o episódio da luta do herói com o domador de ca-
valos e guerreiro troiano, Heitor.
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rarem no cílice acima (Imagem 1)5 na ação de cuidado do
guerreiro com seu companheiro. Olhar terno de Aquiles a
enfaixar o amigo numa figurada e íntima proximidade que,
talvez, transcenda o terror do campo de batalha a materiali-
zar uma forma de amor, que acompanha ambos nos episó-
dios da Guerra de Tróia rumo ao trágico desfecho, destino
de ambos.
Neste contexto, sendo também Pátroclo companheiro
de Aquiles entre os mirmidões, sua morte anunciada ao he-
rói desperta sua agonia, sua ira e o desejo de vingança pela
morte de seu companheiro nas mãos de Heitor. Isso leva
Aquiles a desafiar o guerreiro troiano a lutar até que alguém
deite nos braços da morte, atravessando o Estige rumo ao
Hades.
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Imagem 2: Aquiles versus Heitor, Vaso para misturar vinho com água,
500 – 480 a.C., Museu Britânico, Londres.
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nhecidos ganha os espaços do desconhecido. Não há para
onde aponta a rosa dos ventos quem não conheça o nome de
Aquiles, o destemido guerreiro que derrotou o melhor dos
troianos, vingou Pátroclo e foi morto pela ação do destino.
Duradoura memória, para onde olhamos, passados os
milênios, a referência é glorificada e trazida à tona, nas lin-
guagens das artes relida, utilizada como exemplo, versada
como entretenimento e herança cultural para os homens.
Incontáveis vozes e pinceis falam do tema homérico e re-
cortam episódios para iconograficamente narrar, em ações
e sentimentos, o enredo e o desfecho dos episódios vividos
por Aquiles6.
16
Imagem 3: Aquiles lamentando a morte de Pátroclo, Nikolai Nikolae-
vich Ge, 1855.
17
Imagem 4: Aquiles matando Heitor, Peter Paul Rubens8, 1630.
18
garganta. Aparece o herói lembrado e ornamentado, vestido
e preparado para o duelo, empunhando sua lança na ação do
golpe (Il., XXII, 312-329). Heitor, representado submetido
à fúria do pélida, também armado para a luta, já tem a lan-
ça apontada para o lugar de causa de sua morte. Fechando
a cena, a deusa Athena, com seu elmo e sua lança, parece
tomar partido com o seu olhar para Aquiles, já pronto a
deferir o golpe.
9. Franz Josef Karl Matsch (1861- 1942), foi um pintor austríaco e es-
cultor de Art Nouveau, também transitando entre temas históricos e
mitológicos.
19
vingança e apazigua seus ânimos diante da morte de seu
amado amigo/primo.
Entre as cenas pintadas, os sentimentos de Aquiles
descritos sensivelmente para a memória de seu nome, so-
brevivente dos temas e fugitivo de qualquer esquecimento.
Porém, não apenas em imagens os sentimentos do herói são
mantidos em glória, livre do esquecimento. São também
cantados os episódios da agonia e êxtase de Aquiles.
10. Para mais detalhes sobre a análise da autora bem como referências a
outras bandas que trataram de temas clássicos dentro do rock só buscar a
referência completa do artigo da autora na parte das referências.
20
Imagem 6: The Triumph of Steel, Manowar, Atlantic Records, 1982.
21
tor, recompensa/vingança de Aquiles, sua brutal exaltação
diante do sangue do domador de cavalos; um trecho ins-
trumental sobre o desmembramento do corpo, dividido em
duas partes e; por fim, a exaltação da glória de Aquiles (Il.,
XXIII).
Das cenas, observemos o que ecoa de Aquiles sobre
a morte de Pátroclo, na voz de Eric Adams (no papel do
bardo):
22
...
O sangue de Heitor está espalhado pelo campo de ba
[talha,
Seu corpo humilhosamente retalhado.
Os deuses que outrora o protegeram, são agora deuses de
[seu destino.
(...)
Sangue e fogo, morte e ódio. Seu corpo irei profanar,
cães e abutres comerão sua carne. O salão de Hades o
[espera.
morra, morra, morra, morra... (AAeE, 1992, VI)
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VALLINI, 2009, p.121). A pesquisadora é entendida aqui,
em nosso contexto, como reavaliadora das apropriações e, na
mesma linha, recordadora da tradição antiga que remete às
lembranças dos feitos de Aquiles, figurando, portanto, entre
as vozes que fazem usos desse passado helênico, mostrando-
-o à contemporaneidade.
Neste caminho, e aos olhos de Mnemosyne, nos en-
tendemos como toda a tradição que faz lembrar os temas e
repetições, as invenções e apropriações, as liberdades estéti-
cas e poéticas oriundas da herança deixada pela Ilíada, entre
diversos outros aspectos da cultura grega antiga. Compreen-
demos que, onde haja um signo do passado grego identifica-
do, revivificado, reinventado e presente numa temporalidade
que não é a Antiga Grécia, desde que identificável em sua
referência, configura em nós a necessidade de estabelecer
uma relação com esse passado, intermediado por inúmeras
formas de usos de tal passado.
Epílogo
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E aqui, mais uma vez, o que se fez foi justamente isso:
recordar episódios, caros à tradição cultural que no Ocidente
construiu-se a partir de Homero. Lembrar que de Aquiles se
fala da Ilíada à contemporaneidade, sem interrupções histó-
ricas, sem poupança das linguagens, sem vergonha de repe-
tir-se. É de Homero sua lembrança a fluir junto ao nome do
herói/guerreiro, fenômeno transhistórico e atemporal desde
que continuamente revivido. São Homero, a Ilíada, Aquiles,
Pátroclo e Heitor colocados pelas Musas a todos nós, auto-
rizados a fazer usos de memória de seus nomes e seus feitos,
de eternamente entreter-nos e aos outros como verdadeiros
aedos, ecos da tradição clássica em qualquer tempo e espaço.
Referências
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WIND, Edgar. A Eloquencia dos Símbolos: Estudo so-
bre a Arte Humanista. São Paulo: EdUSP, 1997.
Áudio:
MANOWAR. Album: Triumph of steel. Atlantic Re-
cords, 1982.
Imagens
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Sobre os autores
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denador do Grupo de Pesquisa: Cultura e Poder na Anti-
guidade e Medievo”, na Universidade Católica Dom Bosco
– MS. Coordenador do Grupo de Trabalho em História
Antiga – ANPUH/MS, gestão (2018 – 2020).
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FONTE Adobe Caslon Pro
PAPEL Pólen 80g/m²
O livro Antiguidades e usos do passado: temas e
abordagens tem como objetivo auxiliar na construção de
uma História Antiga mais problematizada e preocupada
em compreender do que explicar, e expor, o Mundo Antigo.
Em seus cinco capítulos pesquisadoras e pesquisadores
escrevem sobre a relação entre passado e presente, e
aproximam os leitores as reflexões sobre questões das
Antiguidades ao seu cotidiano, evidenciando a forte
presença de temas e questões do Mundo Antigo egípcio,
grego e romano nos outros diferentes tempos históricos .
.......
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