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Resumo
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de comparar os resultados dos esforços em reservatórios
elevados obtidos por meio do uso de tabelas elaboradas a partir das soluções simplificadas de equações
diferenciais, como as propostas por Pinheiro, em 2007, e com o uso de programas de análise estrutural
baseado no método dos elementos finitos, o SAP 2000 V14. Como os reservatórios são associações de
placas e seu processo de cálculo é complexo, o uso de tabelas torna-se importante para simplificar esta
tarefa, porém não representa muito bem o que ocorre na realidade, resultando em discrepância de valores.
Ademais, há ainda a influência do cálculo em separado das placas e a posterior compatibilização dos
resultados O uso do método numérico leva a um tratamento mais sofisticado e complexo na obtenção do
comportamento e esforços da estrutura, que está mais próximo da realidade. Vários reservatórios foram
calculados com os dois processos de cálculo, o numérico e o clássico. Na análise dos resultados, observa-
se que, em geral, os maiores momentos foram obtidos no modelo numérico, apresentando diferenças
máximas entre os valores dos momentos mais significativos dos dois modelos, nas ligações parede-fundo e
parede-parede, entre 4% a 9%.
Palavra-Chave: reservatórios; lajes; modelo numérico; momento fletor
Abstract
This study aims to compare the strain results of elevated reservoirs obtained using tables prepared from the
simplified solutions of differential equations, as proposed by Pinheiro in 2007, and with the use of structural
analysis program based on the finite element method, the SAP 2000 V14. As the reservoirs are shells
associations and its calculation process is complex, the use of tables becomes important to simplify this task,
but cannot represent very well what happens in reality, resulting in discrepancy values. Furthermore, there is
the influence of the separated calculation of the shells and subsequent compatibility of results. The use of
numerical method with consideration of the integrated structure, leads to a more sophisticated and complex
treatment in getting the behavior and structure strains, closer to reality. We calculated several reservoirs
using the two methods of calculus, the numerical and the classic. In analyzing the results, we observe that, in
general, the greatest moments belongs to the numerical model, with maximum differences between the
values of the most significant moments of the two models, the wall-ground connections and wall-wall,
between 4% and 9%.
Keywords: reservoirs; slabs ; numerical model ; bending moment
2 Aspectos teóricos
No modelo clássico, além dos coeficientes obtidos a partir da solução das equações
diferenciais, expressos em tabelas, a ligação entre as lajes (tampa-parede, parede-parede
e parede-fundo) é admitida simplesmente apoiada ou engastada, não levando em conta o
provável engastamento parcial entre as mesmas. No modelo numérico as lajes são
inseridas no programa e consideradas de forma contínua.
Figura 1 - Rotação de cada elemento do reservatório elevado cheio devido às cargas aplicadas
.Vasconcelos (1998)
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 2
Segundo Rocha (1969) apud Vasconcelos (1998), considera-se a vinculação como
articulada quando as ações produzem rotações no mesmo sentido, e como engaste
quando as rotações forem em sentidos contrários. Logo, na vinculação geral para os
reservatórios elevados considera a ligação entre a laje do fundo e as paredes como
engaste, assim como a ligação entre paredes. Já a vinculação entre tampa e paredes é
articulada, ou simplesmente apoiada. Estas vinculações estão ilustradas na Figura 2.
Figura 2 - Vinculação das lajes de tampa (esquerda - em planta), paredes (meio - em corte) e fundo (direita -
em planta) (Autor, 2018).
O cálculo dos esforços em cada laje é realizado de forma isolada e baseado nos valores e
fatores de multiplicação das tabelas propostas por Pinheiro (2007) e pela NBR 6118
(ABNT, 2014), determinado em função da relação entre os vãos, vinculação e
carregamento. A partir de cada tabela obtêm-se os momentos fletores nas direções X e Y,
bem como os deslocamentos no centro da placa.
Como o modelo estrutural considera as lajes isoladas, é necessária a compatibilização
dos momentos fletores nas arestas para que haja a continuidade da estrutura. Esta
compatibilização deve ser feita primeiramente para os momentos negativos e
posteriormente para os positivos, uma vez que, com a uniformização dos momentos
negativos, os positivos podem aumentar ou diminuir de acordo com a variação dos
momentos negativos. Este processo é feito para que a estrutura passe a ser considerada
como uma só, e não mais como lajes isoladas.
O Método dos Elementos Finitos (MEF) consiste em diferentes métodos numéricos que
aproximam a solução de equações diferenciais ordinárias e equações diferenciais parciais
por meio da subdivisão da geometria do problema em elementos menores chamados de
elementos finitos, onde uma solução mais aferida e próxima da realidade pode ser obtida
por interpolação de uma solução aproximada. Eloy (2010).
. O método dos elementos finitos é uma ferramenta poderosa na análise estrutural, bi ou
tridimensional. Neste trabalho, o uso do método é empregado na modelagem da estrutura
do reservatório e verificação do seu comportamento quando sujeito às cargas atuantes.
O cálculo numérico considera a modelagem no programa de análise estrutural por meio
do método dos elementos finitos, o SAP 2000 V14. A modelagem foi realizada seguindo
as mesmas dimensões de reservatórios estabelecidas para o cálculo clássico. Foram
Para o modelo B utilizou-se a opção de restrição de nós. Para tal, a tampa precisou estar
afastada do restante da estrutura em 2 cm. Com isso, aplicou-se uma restrição nos nós
da extremidade da tampa e das paredes, que impede (vinculando apenas) as translações
nos eixos X, Y e Z para os nós tampa-parede comuns. O modelo é ilustrado na Figura 4.
Figura 5 - Diagramas de momento fletores nas direções X e Y em cada laje do reservatório (Autor, 2018).
As Tabelas Tabela 1, Tabela 2, Tabela 3 e Tabela 4 com os valores calculados para cada
reservatório elevado, levando-se em conta os carregamentos descritos.
Os resultados apresentados estão com os momentos compatibilizados, procedimento
importante a ser realizado, como descrito anteriormente. A compatibilização dos
momentos positivos nas paredes e no fundo foi feita para o ponto de momento máximo
destes momentos positivos.
Figura 6 - Momentos fletores (kN.m/m) no reservatório 2mx4mx2m. a) Vista em 3D com as distribuições dos
momentos em X; b) Vista em 3D com as distribuições dos momentos em Y; c) Distribuição dos momentos
em X no fundo; e) Distribuição dos momentos em Y no fundo.
Vale ressaltar que para os apoios do segundo gênero, ocorre uma concentração de
tensões, o que justifica a utilização dos momentos nas faixas centrais.
Tabela 10 - Relação entre os esforços do modelo clássico e numérico nas paredes de maior vão
Dimensões Parede de vão maior
X×Y×Z XP MPx YP MPy
(m) % % % %
2×2×2 13 -1 -5 -48
2×2,23×2 16 5 -4 -44
2×2,5×2 21 11 -7 -37
2×2,9×2 25 11 -5 -28
2×3,4×2 30 0 -4 -19
2×4×2 31 25 -4 -7
Tabela 11 - Relação entre os esforços do modelo clássico e numérico nas paredes de menor vão
Dimensões Parede de vão menor
X×Y×Z XP MPx YP MPy
(m) % % % %
2×2×2 13 -1 -5 -48
2×2,23×2 16 0 -4 -52
2×2,5×2 19 0 -5 -54
2×2,9×2 23 1 -6 -56
2×3,4×2 25 1 -8 -56
2×4×2 26 0 -9 -56
A menor relação entre os esforços é 0,44, o que significa que os resultados do modelo
clássico, para esta relação, são 56% menores que os esforços do modelo numérico,
entretanto convém avaliar os momentos principais, no caso, os momentos negativos na
ligação parede-fundo e os momentos positivos do fundo. Na ligação parede-fundo os
momentos negativos apresentam diferenças bem pequenas, na ordem de 4% a 9%. Para
os momentos positivos do fundo a diferença entre os resultados do modelo clássico e
numérico é maior, entre 7% e 13% para a direção X, e entre 13% e 38% para a direção Y.
Porém, a diferença média entre os esforços dos modelos clássico e numérico é de
apenas 16%, e cabe destacar que as maiores diferenças estão na direção menos
solicitada.
4 Considerações finais
A diferença entre os resultados dos momentos calculados pelo método clássico e pelo
método numérico não é muito significativa para os momentos mais importantes no
dimensionamento, porém essas diferenças são significativas para os momentos menos
importantes, como os da tampa (5%-37%) e os momentos positivos em Y nas paredes
(7%-56%). Por mais que haja divergência significativa nas direções menos solicitadas,
não há problema porque mesmo com essa diferença, em geral, a armadura mínima é
suficiente para combater estes esforços. Algumas observações e comparações são
importantes a serem feitas, são elas:
a) Tampa: os coeficientes x e y do cálculo clássico aumentam à medida que os
reservatórios vão aumentando, e o coeficiente x aumenta em uma maior
proporção que o y . Observa-se que o MTy não segue na proporção do aumento
d da relação entre os vãos, isso ocorre pois o coeficiente μy aumenta quando a
relação entre os vãos da laje passa de 1,00 para 1,10, e diminuem para a próxima
relação de lados (1,20), quando volta a aumentar. Os resultados do modelo
numérico para o momento MTy aumentam para os três primeiros reservatórios e
diminuem para os três últimos, porém, os valores se mantêm próximos, com
poucas diferenças, e variam de 1,00kN m m a 1,06kN m m . A diferença
percentual entre os dois modelos é significativa, e varia de 5% a 16%, para o MTx
é de 16% a 37% no MTy , sendo a direção menos solicitada. Os momentos do
modelo numérico são, em geral, maiores que os obtidos no modelo clássico.
b) Paredes: no modelo clássico, o MPy da parede de vão maior não segue a
tendência de aumentar à medida que os reservatórios ficam mais retangulares.
Isso ocorre, pois, o coeficiente x da tabela de Pinheiro (1993) aumenta até certo
BARES, R. Tablas para el cálculo de placas y vigas pared. [S.l.]: Barcelona: GG, 1981.
ELOY, Luiz. Métodos dos Elementos Finitos em Análise de Estruturas. [S.l.]: Elsevier
Brasil, 2010.