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A “POLICULTURA” NA ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL: O

CASO CONSTRUTIVISTA

Vitor Furtado Jerônimo Veloso1

RESUMO

Este artigo tem como objetivo fazer um mapeamento da abordagem construtivista dentro da Economia
Política Internacional (EPI). Fazendo uma analogia ao conceito de “Policultura” proposto por Kathleen
McNamara (2009), argumento que a EPI seria uma campo fértil para diversas outras contribuições
derivadas de disciplinas correlatas. Partindo da interpretação da EPI como um campo multifacetado,
pautado pela pluralidade e interdisciplinaridade, o artigo apresenta diferentes análises trazidas pela
abordagem construtivista para a EPI. Tal riqueza de interpretações demonstra a importância do
construtivismo para se superar o status de “monocultura” que o mainstream racionalista (norte americano)
estabeleceu na área, apesar de advogar pela pluralidade do campo. Desse modo, o artigo examina e
apresenta uma série de autores e suas respectivas contribuições procurando evidenciar que o
“construtivismo” possibilitou fazer do campo uma “policultura”, cruzando e interconectando as diversas
análises com o intuito de elaborar melhores explicações e recomendações sobre o que ocorre na EPI de
fato.

Palavras-chave: construtivismo; policultura; atores; mudanças; normas; ideias

ABSTRACT
This article aims to map the constructivist approach within the International Political Economy (IPE).
Taking an analogy to the concept of "Policulture" proposed by Kathleen McNamara (2009), I argue that
IPE would be a fertile field for several other contributions derived from related disciplines. Starting from
the interpretation of IPE as a multifaceted field, based on plurality and interdisciplinarity, the article
presents different analyzes brought about by the constructivist approach to IPE. Such a wealth of
interpretations demonstrates the importance of constructivism to overcome the status of "monoculture" that
the rationalist mainstream (North American) established in the area, despite advocating for the plurality of
the field. Thus, the article examines and presents a series of authors and their respective contributions
seeking to show that "constructivism" made it possible to make the field a "policulture", crossing and
interconnecting the various analyzes with the purpose of elaborating better explanations and
recommendations on what occurs in IPE in fact.

Keywords: constructivism; policulture; actors; norms; ideas.

INTRODUÇÃO

Em seu artigo, Of Intellectual Monocultures and the study of IPE (2009), Kathleen
McNamara sintetizou a discussão sobre o excessivo foco da EPI em enfoques
racionalistas e seus métodos quantitivativos. Negando a afirmação de que “não existe uma

1
Mestrando do Programa de Pós Graduação em Relações Internacionais – PPGRI/UFU
EPI construtivista”, a autora faz uma analogia entre a monocultura agrícola
(especializada, eficiente, produtivista e padronizada) e a corrente liberal mainstream na
EPI, principalmente nos pressupostos produzidos pela vertente norte americana da
disciplina.

A autora argumenta que da mesma forma que as monoculturas agrícolas, as


monoculturas intelectuais resultaram em uma escassez e um esgotamento do campo de
análise da EPI. Dessa forma, abordagens alternativas, como o construtivismo e outras
formas de análise e métodos, fariam do campo uma “policultura”. Cruzando e
interconectando as diversas interpretações seria possível elaborar melhores explicações e
recomendações sobre o que ocorre na EPI de fato. Assim, quanto mais plural, aberta e
multidisciplinar, mais a EPI estaria munida de ferramentas para capturar o caráter
multifacetado das relações entre a Economia e a Política no ambiente internacional.

Assim como McNamara, Mark Bltyh em Routledge Handbook of International


Political Economy (2009), parte do pressuposto de que a Economia Política Internacional
seria composta por “múltiplas tradições”, tanto entre as próprias escolas, quanto dentro
dessas escolas, caracterizando o campo como multidisciplinar. Assim, Blyth coloca como
questão fundamental a necessidade de “globalização” da EPI, ou seja, movê-la para fora
das tradicionais escolas “Norte americana” e “Britânica”. Apesar de haver distinções
sobre o alcance do construtivismo em EPI, até mesmo se as abordagens pós modernas
podem ser consideradas como construtivistas (Abdelal, 2009) ou não, meu objetivo no
presente artigo é superar tais distinções e apontar necessariamente as contribuições dos
diversos autores tidos como construtivistas para o avanço da disciplina, ou seja, autores
que enfatizam as influências não materiais para a construção do mundo material.

Baseado na visão de que a EPI seria uma campo fértil para diversas outras
abordagens, o presente artigo tem como objetivo discutir a importância do construtivismo
para se superar o status de “monocultura” que o mainstream na área estabeleceu. Para
que possamos discutir tal questão, divido este artigo em três seções. Na primeira seção
faço um contexto histórico sobre a ascensão do construtivismo na EPI. Nesta, o objetivo
não é fazer uma contextualização histórica de todo o campo, e sim, de como o
construtivismo vai surgir como uma alternativa em um determinado período histórico e
em circunstância determinada a partir das mudanças no contexto internacional ocorridas
a partir dos anos 90. Já na segunda seção, faço uma breve exposição sobre o que
fundamenta o construtivismo, como também, um mapeamento do estado da arte
construtivista dentro da Economia Política Internacional. Para isso, seleciono diversos
autores e trabalhos que utilizam do instrumental teórico construtivista para ampliar seu
campo analítico e metodológico, bem como aponto sobre o cárater que tais trabalhos
seguem e sua distinção para as análises racionalistas. Por fim, na terceira seção elaboro
uma discussão sobre a importância do construtivismo para a superação do que McNamara
chamou de uma “monocultura intelectual” dentro da própria EPI.

CONTEXTO HISTÓRICO

Assim como o construtivismo nas Relações Internacionais (RI), em Economia


Política Internacional tal abordagem ascendeu em meio à necessidade de se compreender
de maneira mais robusta as transformações pelas quais o cenário internacional passava a
partir de meados da década de 80 e início da década de 90. Como observa Broome (2013),
nas RI’s, a preocupação em entender o pós Guerra Fria foi o desafio intelectual que
permeou a ascensão do construtivismo na área. Já na EPI foram as mudanças na economia
internacional que motivaram seu desenvolvimento, mais especificamente, as sucessivas
crises em meados da década de 90 provocadas pelo aumento da volatilidade nos capitais
em todo o mundo.

O Construtivismo, enquanto abordagem teórica, se caracteriza por dar maior


proeminência ao papel das ações humanas na transformação do mundo material. Este
seria construído a partir de interpretações epistêmicas e normativas feitas pelas interações
humanas (Adler, 1999). Ou seja, com o Construtivismo, passou-se a dar maior
visibilidade à influência das construções sociais para criar e moldar o mundo material,
tanto suas instituições, quanto suas práticas. Assim, as ideias quando formadas
coletivamente pelos indivíduos, acabam por moldar o mundo social, mas também o
político e o econômico (Abdelal, Blyth e Parsons, 2009).

Nas Relações Internacionais, o construtivismo ganhou proeminência ao entrar em


um dos principais “debates” dentro da disciplina: o debate entre racionalistas e
reflexivistas (ou relativistas). Uma parte significante da literatura em RI coloca o
construtivismo como um “meio termo” nesse debate, não sendo tão radical quanto as
abordagens mais radicais reflexivistas (Zehfuss, 2004; Adler, 1997). Desse modo, o
construtivismo desafia os principais pressupostos do racionalismo, principalmente a
noção de que a política internacional é uma realidade imutável, ou seja, o mundo é
socialmente construído, não dado como pretendem os racionalistas (Zehfuss, 2004)2.
Como aponta Guzzini (2000), o construtivismo pode ser entendido tanto em termos de
construção e modificação da realidade social, quanto em termos da própria construção do
significado. Assim, os Estados e suas identidades, e também as normas, estão sujeitas a
uma ressignificação, podendo mudar e influenciar significativamente as práticas
internacionais (Zehfuss, 2004).

Por outro lado, como afirma Amoore (2002), o campo da EPI também está
intimamente ligado à compreensão da transformação social global. O processo de
globalização foi uma mudança fundamental para os pesquisadores do cenário
internacional. Durante esse período, que gira em torno de meados da década de 80 até a
década de 90, a leitura neoliberal da EPI tendia a tratar o mercado como um fato dado,
central e duradouro. O ressurgimento do capitalismo liberal, representado agora pelo que
se chamou de “neoliberalismo” representou a aceitação categórica da ideologia dos
mercados e o afastamento desse liberalismo incorporado. Chegava ao fim o compromisso
como o chamado Embedded Liberalism. Porém, o que não se compreendia, ou não se
interpretava, era que o mercado nada mais era que um fato social e não natural. Dessa
forma, ele derivava da intensa mudança que essa globalização trouxe, tanto no nos
discursos políticos, como nas doutrinas e nas práticas (Abdelal, 2009).

A insuficiência das explicações racionalistas e de sua epistemologia positivista,


levou diversos teóricos de diferentes áreas a buscar em outras disciplinas, abordagens que
dessem maior robustez à explicação sobre tais mudanças na economia política
internacional. Diferente das abordagens racionalistas, que privilegiam a descrição e
explicação de fatos empíricos e objetivos através da aplicação de metodologias das
ciências naturais nas ciências sociais (Broome, 2013), as abordagens construtivistas têm
como princípio a visão de que a natureza de um objeto não é externa às dinâmicas sociais
e dos atos interpretativos pelos quais o indivíduo busca conhecer o objeto e dar-lhe
sentido. Assim, para tais teóricos, seriam as idéias a chave da constitutição tanto da
identidade de um ator como de seus interesses. Para Abdelal (2009), a ascensão do
construtivismo na EPI seria uma consequência do acúmulo de explicações de caráter não
materialista sobre como a economia mundial estaria funcionando.

2
Sobre o construtivismo nas Relações Internacionais, ver: Guzzini (2000); Zehfuss (2004); Adler (1997;
1999).
Para que se alcançasse essa expansão do estudo das idéias na EPI e,
consequentemente, a articulação de outras abordagens na constituição do campo
construtivista na área, diversos autores buscaram em disciplinas correlatas, conceitos e
métodos que auxiliassem no aprimoramento de seu instrumental analítico. Disciplinas
como a Sociologia, a Antropologia, Psicologia, a História, entre outras; foram
importantes para fortalecer, juntamente com a Economia e a Ciência Política, o campo
multidisciplinar da Economia Política Internacional. A construção teórica construtivista
sobre a influência das ideias, normas e crenças coletivamente compartilhadas tornou-se
central para a análise da EPI (Abdelal, 2009).

A força das teorias mainstream e sua capacidade em uniformizar a disciplina,


principalmente entre as tidas três principais perspectivas rivais (Liberalismo, Realismo e
Marxismo), ofuscaram bastante o reconhecimento das abordagens alternativas (Blyth,
2009). Apesar de ter expandido o campo de análise, ter ajudado no refinamento dos
métodos e dos designs da pesquisa, assim como, ter formulado críticas contundentes
contra as abordagens racionalistas na EPI (Broome, 2013), o construtivismo teve de
enfrentar alguns desafios para se consolidar na área.

A importância em se compreender a disciplina de EPI como um campo analítico


multidisciplinar reside no distanciamento da visão amplamente disseminada,
principalmente pela EPI norte americana, de que o campo seria somente uma ramificação
das RI’s, sendo esta mesma considerada um subcampo da Ciência Política. De outra
forma, pela sua posição tida como “hegemônica” na disciplina, a EPI norte americana
ignora as demais contribuições fora dos Estados Unidos, assim como deixa
marginalizadas diferente versões da EPI originadas de disciplinas diferentes (Blyth,
2009).

Robert Gilpin, considerado um dos fundadores da Economia Política


Internacional como campo analítico, além de sua importância na formação da EPI, foi um
dos responsáveis por dar início a esse estreitamento intelectual do campo. Em seu livro,
The political economy of International Relations (1987) apesar de descrever o campo da
EPI como diverso, plural; ele acabou por definir os termos do debate destacando as três
abordagens citadas anteriormente como as principais e a base da EPI. Mark Blyth (2009),
citando o trabalho de Frieden e Martin, afirma que para eles isso “determinou um
consenso sobre as teorias, métodos, assim como quais questões de análise seriam as mais
relevantes” (Frieden e Martin, 2003 apud Blyth, 1999, p. 1)
Discordando da posição de Frieden e Martin, o autor vai afirmar que, devido ao
crescente pluralismo de abordagens dentro da EPI, é dificil aceitar a idéia de que o campo
estaria se estreitando dessa forma. Como exemplo, o autor aponta perspectivas de caráter
polanyiano/gramsciano, como as de Robert Cox e Stephen Gill; trabalhos sobre a Global
Political Economy (GPE) de preocupações trazidas da sociologia, como Ronen Palan;
além das abordagens pós estruturalistas, que trazem as questões de performatividade e
biopolítica, como Mackenzie (2003) e De Goede (2003).

Portanto, através dessa rápida contextualização, fica claro que o campo da EPI
não somente exige diversidade em sua abordagem (McNamara, 2009), como também, de
fato, vem se tornando um campo cada vez mais plural, abarcando contribuições de
diversas disciplinas. O surgimento de novas abordagens, de caráter reflexivista, vão se
estabelecer como desafios às abordagens mainstream. Estas abordagens, pautadas na
idéia de que a estrutura material é que determina como os agentes agem, tem como
objetivo construir narrativas (modelos heurísticos3) cm o intuito de demonstrar como o
mundo realmente funciona. Essa tentativa de fazê-los corresponder à realidade, é que
garantiria a eles uma posição mais “científica” e de maior rigor metodológico dentro da
disciplina. Será a partir dessa disputa entre as abordagens, de forma geral, racionalistas
versus reflexivistas, que o Construtivismo vai surgir na EPI. Para alguns, como respostas
ao mainstream, para outros como complementar; mas, de forma geral, como uma forma
de ampliar o instrumental analítico do campo. É na próxima seção que abordo sobre as
caracteristícas do construtivismo na EPI e suas diversas contribuições.

O ESTADO DA ARTE CONSTRUTIVISTA NA EPI: PLURALIDADE E O


PAPEL DA CONSTRUÇÃO SOCIAL

Em seu conhecido artigo, The Transatlantic divide: Why are American and British
IPE so different? (2007), Benjamin Cohen afirma que apesar da pluralidade e de seu
caráter interdisciplinar atualmente, a disciplina de EPI como hoje a conhecemos ainda
carece de uma certa definição. Para ele, o campo ainda não possui uniformidade, ou seja,
não está estritamente definido em suas bases, o que nos levaria a questionar sobre o que
a EPI trata. Neste artigo, apesar de focar apenas na análise das escolas “norte americana”

3
Ver: GIGERENZER, G; GAISSMAIER, W. Heuristic decision making. Annual review of psychology,
v. 62, p. 451-482, 2011.
e “britânica”, Cohen aponta uma característica (a falta de uniformidade) que afetaria a
disciplina como um todo, mas que também está presente na própria abordagem
construtivista na disciplina.
Na abordagem construtivista, tal falta de uniformidade impulsiona os autores que
pretendem fazer uma descrição da contribuição construtivista em EPI a buscar maneiras
de categorizar as diversas vertentes de análises presentes nesta abordagem. Tais
categorizações, apesar de serem importantes didaticamente como uma forma de sintetizar
o estado da arte construtivista no campo, também impõem uma certa homogeneização
das diferentes análises dentro desses seguimentos, e podem acabar por discipliná-las de
certa forma, o que prejudicaria seu caráter plural.
Dado que meu objetivo geral neste artigo é o de fazer um mapeamento desta
contribuição no campo da EPI, na tentativa de ser mais didático possível, utilizo a
divisão/categorização feita por Abdelal, Blyth e Parsons (2010) para demonstrar que o
próprio construvismo na EPI é constituído por abordagens variadas que percorrem
caminhos diferentes na tentativa de explicar o papel da construção social na economia
política, ao mesmo tempo, sem marginalizar nenhuma vertente, colocando até mesmo os
pós positivistas como trazendo uma contribuição importante para o papel dos indivíduos
no campo.
Na introdução do livro Constructing the International Political Economy (2010),
Abdelal, Blyth e Parsons afirmam que existe uma enorme diversidade entre os
construtivistas. Para eles, o ponto em comum entre os autores é o da “interpretação
socialmente construída”, mas suas visões sobre o mundo e seu funcionamento são
bastante variados. É a partir desta visão de diversidade de interpretação que os autores
vão elaborar as quatro diferentes lógicas (caminhos) para o construtivismo (paths to
constructivism). Tais caminhos representam as diferentes racionalidades que se
desenvolvem a partir das diversas posições teóricas tomadas pelos autores e que instruem
formas de compreender os processos de construção social, seus surgimentos,
mecanismos e efeitos, porém todos eles sugerem que a construção social importa. São
eles: o caminho do significado, o da cognição, o da incerteza e o da subjetividade4.

O caminho do significado

4
Path of meaning, of cognition, of uncertainty and subjectivity, respectivamente.
O caminho do significado é a lógica mais comum dentre todas. Parte-se do
pressuposto que as construções sociais influenciam a economia política através do
conteúdo (significado) que os próprios fatos materiais possuem. Assim, “a abertura para
a variação socialmente construída na ação não está na imprevisibilidade ou complexidade
do mundo material, mas em seu relacionamento inerte e quase sem sentido com a
existência e a escolha humana” (Abdelal, Blyth e Parsons, 2010, p. 8, trad. nossa). Ou
seja, os indivíduos não se pautam apenas em escolhas racionais, em fatores estritamente
materiais. Suas ações, assim como suas opiniões e ideias, variam também a partir das
construções sociais que revestem os termos materiais e que servem para direcionar e
impulsionar tais ações, como as identidades, símbolos, convenções, normas, entre outros;
que as pessoas construem para motivar e priorizar suas ações.
Todos esses significados que envolvem os fatores materiais e, consequentemente,
influenciam as ações dos indíviduos, restringem as opções a serem tomadas pelos
mesmos. Dessa forma, negligenciar o papel dos significados, e como eles moldam a
capacidade de análise dos individuos, seria fazer uma análise reducionista do
comportamento, pautado apenas na escolha racional. Para os autores construtivistas que
tomam o caminho do significado, dificilmente os atores analisam e interpretam o mundo
exclusivamente em termos materiais. Por trás destes existem diferentes objetivos sociais,
intepretações de como esses fatores materiais servem como formas de atuação no mundo
refletindo as posições tomadas pelos diferentes atores. Ou seja, a economia e a política
internacional são constituídas por fatores materiais e sociais, e estes dão sentido e
possibilitam a interpretação dos fatores materiais.
Em Capital Rules : The Construction of Global Finance (2007), Rawi Abdelal,
investigando a ascensão dos mercados financeiros globais, sua construção e suas
consequências, analisa os atores, as instituições e as normas que validaram e legitimaram
a construção do mercado financeiro e das finanças internacionais. Pautado numa
abordagem voltada para a sociologia política e econômica, o autor examina o papel dos
indivíduos na formação das idéias por trás das finanças internacionais, e como eles
formalizaram um novo consenso dentro de instituições e das agências moldando os
mercados financeiros globais.
De outra forma, abordando essa questão do papel do consenso e de seus impactos,
Kathleen R. McNamara (1999) tenta compreender os motivos pelos quais os Estados
europeus apoiarem a criação União Europeia (UE). A autora argumenta que o
desenvolvimento de um consenso de política econômica neoliberal entre os líderes foi
crucial para a estabilidade no Sistema Monetário Europeu e o avanço para a criação da
UE. Dessa forma, McNamara ponta que o processo de mudança da política neoliberal
depende, e é moldado, pelas crenças historicamente compartilhadas e interpretações de
suas experiências na economia global. Também, Siles-Brügge (2013) e Matthijs e
McNamara (2015) buscam as motivações das mudanças na agenda comercial e da política
economica da UE frente à crise de 2008 e do euro. Ambos vão argumentar a forte
influência dos atores e de suas idéias para apontar soluções e discursos especfícos frente
a crise. Já Hay & Rosamond (2002) mostram como as estruturas ideais se tornaram
institucionalizadas e normalizadas, e argumentam que a implantação dos discursos da
globalização e integração europeia como retórica política são estratégicos e heterogêneos,
variando entre os contextos nacionais e de partidos.

Diferentemente, Jeffrey Chwieroth (2010; 2015a), analisando os casos de


Indonésia e, Brasil e Coreia do Sul, argumenta que os fatores externos impactam no modo
como os atores moldam suas percepções e preferências. Porém, o autor salienta que para
haver a aceitação de normas de governança financeira e/ou mudanças institucionais e
políticas, as preferências subjetivas e as estratégias do atores são fundamentais para que
se consiga promover idéias que alcançem tais mudanças. Béland, Carstensen &
Seabrooke (2016) apontam contribuições de diversos autores sobre a relação entre as
idéias e o poder político nas políticas publicas. Eles enfatizam a importância das idéias
na compreensão dos processos de mudança e estabilidade na política pública salientando
a importância de considerar idéias e discursos no contexto institucional. Já Stone (2004)
analisa a transferência de políticas e conhecimento como um elemento constitutivo da
governança transnacional. Tais transferências de políticas, instituições e idéias acontece
dentro de associações regionais, entre organizações internacionais e é parte integrante de
tais redes.

Em consonância com essa interpretação que os impactos externos tem nas


preferências e ideias dos atores, Broome e Seabrooke (2012) e Sharman (2009) buscam
entender como as Organizações Internacionais (OI) constrõem e moldam uma certa
autoridade cognitiva em relação às mudanças institucionais em seus Estados Membros,
aumentando sua capacidade de influenciar nas questões voltadas para a economia e a
governança. Argumentam que é através de conhecimentos especializados, da
independencia operacional e da autoridade cognitiva que as OI’s conseguem influenciar
os formuladores de políticas.
Trazendo tal compreensão dos impactos das OI’s nas mudanças instituicionais
ocorridas nos Estados, Broome e Seabrooke (2007), aplicam tal abordagem ao Fundo
Monetário Internacional (FMI). Também Chwieroth (2008; 2015b) analisa a mudança de
perspectiva feita pelo fundo, assim como a questão das condicionalidades impostas por
ele, imputando-as como consequências dos processos internos (recrutamento
administrativo, adaptação, aprendizagem e empreendedorismo interno), assim como das
orientações normativas do pessoal e ao treinamento profissional. Do mesmo modo,
Grabel (2011) afirma que não existe uma narrativa unificadora no FMI que capte
coerentemente sua abordagem à crise. É a “incoerência produtiva” (proliferação de
estratégias inconsistentes e/ou contraditórias) no que se refere à governança econômica
do mundo em desenvolvimento, que impacta na forma como os economistas, a
comunidade financeira global e o FMI vão definir as políticas viáveis para estes países.

Já Abdelal (2005), tentando entender como alguns Estados pós soviéticos


tomaram rumos diferentes em suas políticas econômicas externas, vai encontrar nas
identidades nacionais a sua resposta. Entendendo que as identidades nacionais atribuem
um sentido social à política econômicas, o autor analisa as formas como elas vão afetar a
formação das políticas econômicas e como elas vão ajudar a moldar a projeção desses
Estados frente a economia internacional. Corroborando com esta intepretação do papel
das identidades, Abdelal et al (2006) abordam a crescente importância do conceito de
identidade para as ciências sociais. Pontuando a necessidade de maior rigor e precisão na
definição do termo, os autores tentam fazer do conceito de identidade uma variável
mensuravel em diversas disciplinas e campos, auxiliando os estudiosos interessados nas
pesquisa de identidade.
Seguindo esse foco na identidade como um fator importante na a EPI, Qin (2003)
e Qin e Zhu (2005) examinam as mudanças na identidade, cultura estratégica e interesses
de segurança para o caso chinês. Baseando-se no trabalho de Wendt sobre a formação da
identidade do estado, Qin (2003) argumenta que a identidade internacional da China
passou por mudanças significativas resultantes das prioridade politicas internas em apoiar
e socializar as normas e regras da ordem mundial. Já Wang (2000;2003), analisando o
caso japonês, argumenta que as mudanças na cultura de segurança do Japão foram
inicialmente induzidas pela propagação da visão americana de uma ordem mundial do
leste asiático pós-guerra. A nova identidade do Japão nessa ordem foi guiada pela
ideologia subjacente da autoridade de ocupação dos Estados Unidos no Japão pós-guerra.
Como tal, a política do Japão em relação à China foi lançada no molde das idéias
americanas, uma vez que a cooperação contínua do Japão com os Estados Unidos estava
intimamente ligada à legitimidade política das elites.
Focado no impacto exógeno na política externa, Wang (2011) analisa a política
das mudanças internacionais e seus efeitos sobre a política de comércio exterior chinesa.
A análise de Wang demonstra claramente que a política de comércio exterior da China
tem sido fortemente influenciada pela socialização chinesa em teorias econômicas
ocidentais, como no caso da adesão à OMC. Seguindo essa linha, Meng (2005) argumenta
que as mudanças na política externa da China são melhor explicadas pela própria
compreensão subjetiva da China sobre as instituições internacionais e o papel resultante
que se atribuiu para desempenhar nessas instituições. Meng argumenta que a percepção
progressivamente mais positiva das instituições internacionais da China é resultado de
uma interação mais freqüente com a comunidade internacional e do reconhecimento
gradual da importância de ter uma imagem positiva nas instituições internacionais, a fim
de promover seus interesses nacionais autoconstruídos. Diferentemente, Yan e Xu (2008),
Zhao (2005) e Wang (2001) analisam o impacto dos valores e crenças culturais chinesas
na condução de sua política externa. Em particular, eles se concentraram na cultura
tradicional (especialmente no confucionismo) e sua influência na atual e futura política
externa chinesa (Wang, 2001; Zhao, 2005; Yan e Xu, 2008)5.

O caminho da cognição

Diferente do caminho do significado, o caminho da cognição não está focado em


entender como os individuos interpretam o mundo, e sim, descrever como eles entendem
e descrevem as mudanças materiais (Abdelal, 2009). Influenciados pela psicologia e pela
sociologia da cultura, os autores que se enquadram nessa vertente entendem que os
individuos dependem de construções heurísticas pra moldar e definir suas ações. Os
indivíduos filtram as informações do contexto material através dessas construções sociais
“porque dependem cognitivamente de estabilizar ou simplificar quadros para organizar
informações e atenção para atuar” (Abdelal, Blyth e Parsons, 2010, p. 10-11, trad. nossa).
Tais construções ganham força como filtros para interpretação das mudanças no mundo,
na medida em que são coletivamente compartilhadas. Quanto mais elas são generalizadas,

5
Para saber mais sobre os impactos do construtivismo na EPI chinesa, ver Blyth e Wang (2013).
ou seja, tomadas como dadas, mais força e enraízamento essas construções sociais
ganham, e consequentemente, mais profundos são seus impactos (Abdelal, 2009).
Em The Politics of Common Knowledge: Ideas and Institutional Change in Wage
Bargaining, Culpepper (2008) analisa os casos de Irlanda e Itália demonstrando como o
processo de criação de conhecimento comum entre os empregadores e os sindicatos
mudou o curso das negociações sobre as instituições nacionais no que se refere à
negociação salarial. Jones (2009), analisando os impactos da crise financeira global no
apoio euro e ao Banco Central Europeu (BCE), parte da premissa de que a UE depende
de uma legitimação baseada em interesses e não em identidades. O autor argumenta que
os decisores políticos devem se preocupar com a mudança nas percepções sobre o euro
por duas razões: uma econômica (confiança na politica economica) e outra política (BCE
passa a ser responsabilizado por falhas políticas).
Já Widmaier (2010;2016), elabora uma abordagem sobre as mudanças no poder
ideacional e nas influências emocionais e como elas moldam tendências de mercado e do
ambiente político. Dessa forma, o autor entende que conhecimentos comuns e estruturas
de poder ideacional, expressos por agentes que filtram e consolidam idéias, modelam
novos fatos sociais e podem gerar diferentes resultados institucionais. Da mesma forma,
Chwieroth e Sinclair (2013) argumentam que como um Estado se mantém na mobilidade
internacional de capitais depende de com ela é vista coletivamente pelos indivíduos, ou
seja, baseada nas crenças compartilhadas intersubjetivamente (fatos sociais). Partindo
dessa mesma premissa que os processos sociais desempenham um papel importante nos
resultados das políticas e na constituição da dinâmica econômica global, Chwieroth
(2014), tenta explicar o crescimento da importância dos Sovereign Wealth Funds (SWFs)
na economia global, assim como Schwartz e Seabrooke (2008) vão argumentar sobre a
necessidade da Economia Política Comparativa e Internacional (EPC e EPI) de analisar
o papel dos mercados imobiliários residenciais tanto como fonte de conhecimento, quanto
como importante no estabelecimento e na difusão de ideias e políticas publicas.
Trazendo uma nova perspectiva do conceito de “reputação”, Sharman (2007) o
entende como algo relacional, intersubjetivo e gerado e mediado através de filtros
culturais e sociais. Ele argumenta sobre a necessidade da economia política e da política
internacional de ampliar sua visão sobre a questão da reputação e sua utilização na análise
de possíveis ações a serem tomadas por parte dos atores, e até mesmo para entender como
as OI’s dão autoridade aos seus resultados e influenciam os formuladores de políticas.
Partindo dessa questão da legitimidade das OI’s, Seabrooke (2007a) discute as fontes da
crise internacional de legitimidade pela qual passa o FMI. Partindo da noção de que a
legitimidade deve ser entendida não só como expressão das crenças, mas também de
“práticas expressivas”, o autor vai afirmar que existe uma “lacuna de legitimidade” no
fundo entre as suas reivindicações de legitimidade e as práticas expressivas dos que são
governados, ou seja, a conferência dessas reivindicações vai depender dos próprios atos
dos governados, ampliando ou diminuindo a diferença entre reinvindicações e atos.
De outra forma, vendo uma limitação nas abordagens da “EPI regulatória”6
Seabrooke e Hobson (2006; 2007) vão enfatizar a importância da “agência do ator
cotidiano”. Para eles, as ações cotidianas têm consequências importantes para a
constituição e transformação dos contextos local, nacional, regional e global. Dessa
forma, os autores pretendem trazer novas lentes para a EPI, não somente focada nos
agentes da elite, mas também nos agentes cotidianos que, apesar de estarem mais distantes
das decisões, também moldam a governança em todos seus níveis. A partir dessa noção
de importância do embate cotidiano, Seabrooke (2006;2007b) mostra como a
legitimidade doméstica é um importante fator que influencia a natureza da ordem
financeira internacional. Para ele, são os discursos dos grupos sociais e o embate com o
Estado no cotidiano sobre a economia é que estabelecem a legitimidade do sistema
financeiro.
Por outro caminho, Leonard Seabrooke e Tsigou (2009) trazem o conceito de
linked ecologies para mostrar as formas como os atores responsaveis pela “governo” da
economia internacional se deslocam entre papeis publicos e privados (Revolving doors).
O objetivo de tais atores é formar coalizões e estratégias que sejam importantes para a
difusão de suas ideias dentro dessas instituições e, consequentemente, ajudar na criação
de padrões financeiros internacionais e legitimar formas de abordar os problemas da
politica internacional. Também pensando na questão estratégica dos atores, Seabrooke
(2014), a partir do conceito de “arbitragem epistêmica”, aponta como profissionais
específicos são capazes de explorar as diferenças em seus conjuntos de conhecimento
profissional para obter vantagens estratégicas ao estabelecer formas específicas de
conhecimento como as mais apropriadas para lidar com problemas específicos na área de
governança transnacional, adquirindo assim o poder sobre questões transnacionais.

6
“ (...) caracterizamos o mainstream como "Regulatório" porque a questão da ordem e a regulamentação
da economia mundial ocupam o centro do foco da pesquisa” (p.6; trad. Nossa). Exemplos: Neorealismo,
neoliberalismo e estruturalismo clássico.
Zhu (2007;2008) parte do argumento de que a estrutura doméstica e a política são
as principais causas da mudança da política externa chinesa. Em seu artigo de 2007, ela
argumenta que a mudança gradual da política externa chinesa em direção a uma maior
cooperação com a comunidade internacional depois de 1949 deve-se à mudança
ideológica doméstica. Já em Zhu (2008), a autora se debruça sobre as causas domésticas
subjacentes à internalização chinesa das normas internacionais. Seguindo essa abordagem
de tentar explicar por que a China internalizou normas interncionais, especificamente a
de mudanças climáticas, Kang (2010) argumenta que a internalização das normas resulta
de uma combinação de Interesses materiais e interesses não-materiais. Para ele, tal a
internalização é melhor explicada pela necessidade de um novo modelo de
desenvolvimento econômico e seu desejo de reconhecimento e respeito internacional. Su
(2007) também examinou a interação entre a política doméstica e o sistema internacional,
mas, neste caso, ela privilegia o sistema internacional como a principal causa das
mudanças da política externa chinesa.

O caminho da incerteza

Uma outra forma de analisar como as construções sociais impactam na dinâmica


entre a economia e política é o chamado caminho da incerteza. Influenciados pelo
conceito de incerteza do economista estadounidense Frank Knight (1921)7, os autores que
partem dessa forma de argumentação contrapõem-se à visão racionalista de um mundo
dado materialmente, onde os interesses e as escolhas são claras e racionais. Os
racionalistas veem a incerteza como um problema de informações incompletas e
assimétricas dado à complexidade do ambiente (mundo “complexo”). Assim, a incerteza
se resumiria a um conjunto de probabilidades calculáveis, e que poderia ser mitigada na
medida em que as informações pudessem ser aprimoradas e as probabilidades de risco
pudessem ser reduzidas a quase zero.
Diferente dessa visão racionalista, e também de outros construtivistas que
entendem o mundo como “complexo”, e que consequentemente poderia ser calculado, os
construtivistas que seguem o “caminho da incerteza” compreendem o mundo como
“incerto”. Essa visão de “mundo incerto” difere da de “mundo complexo” na medida em
que os acontecimentos históricos não podem ser considerados como referência para

7
Ver mais: Knight, Frank H., Risk, Uncertainty, and Profit (1921)
analisar e guias os acontecimentos futuros. A “incerteza knightiana” remete à
impossibilidade de se estimar probabilidades para um determinado resultado na medida
em que não se possui as informações necessárias para se construir probabilidades precisas
para resultados esperados.
A partir da noção de incerteza de Knight, os construtivistas dessa vertente veem
que os acontecimentos da economia e da politica internacional são imprevisíveis tanto no
tempo como no espaço. Os indivíduos estão imersos em um cenário aleatório e incerto
em que a estabilidade só pode alcançada, em alguma medida, “através do
desenvolvimento e implantação de idéias, instituições, normas e convenções
governamentais” (Biernacki, 1995; March e Olsen, 1986; Blyth, 2006 apud Abdelal,
Blyth e Parsons, 2010, p. 12, trad. nossa).
Dessa forma, tais contruções sociais seriam uma tentativa de identificar e enfrentar
a incerteza que os atores enfrentam. Outro argumento importante é que o ambiente
econômico e político internacional passam por mudanças ao longo tempo, e juntamente
com elas, as construções sociais, a partir de conhecimentos acumulados, tendem a mudar
na contínua busca por enfrentar a incerteza inerente na economia política internacional.
Como as mudanças são imprevísiveis, os resultados também serão, de forma que é
importante dar sentido a essas construções na tentativa de adquirir alguma estabilidade.
Blyth (2011) afirma que praticar as ciências sociais sem considerar as idéias, que
são fundamentais para a ação humana e para a causação nos sistemas sociais, é algo
enganoso. Baseando-se nas questões da incerteza e da teoria evolutiva, o autor expõe que
a forma como o mundo social é construído depende da percepção das ideias, pois são elas
que garantem a compreensão da estabilidade e das mudança nos sistemas sociais.
Widmaier (2004), constrastando as visões Keynesiana e Neoclássica, argumenta que as
mudanças de uma visão para a outra, e suas consequencias para a mudança nos interesses
sociais e dos estados, ocasionou a chamada “trindade impossível” (não conciliação da
mobilidade do capital, da estabilidade monetária e da autonomia política). Ao afirmar que
a compreensão keynesiana constitui a cooperação, o autor enfatiza o papel dos agentes e
das mudanças intersubjetivas nas “crises” (mudanças), apontando também que a
redefinição neoclassica impossibilitou a manutenção da trindade, sendo esta, vista melhor
vista como construção social.

Já as análises de Blyth (2001;2002) sobre mudanças institucionais na Suécia e nos


Estados Unidos apontam a importância da incerteza que ultrapassa o risco (knightiana) e
das ideias nestes processos. Ele argumenta que os atores estão em um estado de
experimentação institucional porque eles não possuem idéias compartilhadas para fazer
sentido do mundo material. Assim, as ideias são construções que fornecem ferramentas
para compreender a politica e a economia. Ou seja, o autor repensa essa relação entre a
incerteza, as idéias e os interesses, além das condições e a forma com que ocorre a
mudança institucional. Blyth (2002) afima que uma mudança econômica geralmente
produz incertezas. Sendo assim, as idéias econômicas tornam-se ainda mais importantes,
uma vez que servem como planos simplificadores que informam os agentes como agir.
Tendo em mente a idéia de que a mudança econômica, por vezes, produz
incertezas, Widmaier (2007) entende que as crises geralmente provocaram mudanças na
política externa dos EUA. Focando no papel dos agentes, ele enfatiza seu impacto das
(especificamente da retórica presidencial) nos debates sobre o significado das guerras e
das Crises que consequentemente, legitimaram mudanças entre variantes da tradição
liberal americana e as definições do interesse nacional. Já Simmons e Elkins (2004),
buscando entender o que pode explicar as ondas de liberalização e restrição da política
econômica estrangeiras, compreendem que uma explicação crucial para isso reside na
difusão de políticas, na qual a decisão de liberalizar (ou restringir) por alguns governos
influencia as escolhas feitas por outros.
Helleiner e Pagliari (2011) analisando a crise fincanceira global de 2008, afirmam
que esta literatura especializada focada em explicar o fortalecimento dos padrões
internacionais precisam mudar seu foco, e analisar o enfraquecimento da ordem
financeira internacional. Para isso eles terão que focar nos diferentes resultados
regulatórios internacionais da convergência informal, fragmentação e descentralização
cooperativa, sendo necessário conciliar as crenças concorrentes dentro de um quadro
normativo compartilhado mais abrangente. Da mesma forma, Drezner e McNamara
(2013) entendem que a crise de 2008 veio mostrar que a capacidade interpretativa da EPI
convencional está fortemente limitada para explicar as mudanças na economia
internacional. Dessa forma, eles apontam a necessidade da EPI de analisar a distribuição
e o papel que o poder político e as idéias econômicas podem desempenhar na construção,
manutenção e colapso das ordens financeiras globais.
Partindo de tal ideia, Sinclair (1994;2000) argumenta que as agências de rating de
títulos, como produtoras de um conhecimento especializado no mercado financeiro, são
forças significativas no processo de formação da economia politica internacional e da
ordem financeira emergente. Essas agências atuam como uma força externa nos mercados
de capitais, alterando o equilíbrio de influência pública e privada na formação de políticas
públicas globais. Nesse sentido, altera-se as condições de legitimidade da autoridade
governamental. Ainda a esse respeito, Sinclair (2010) vai sugerir que o pânico moral
derivado das crises atende a objetivos políticos fundamentais, e especificamente no caso
da crise do Subprime, à necessidade de disciplinar algumas formas de inovação
financeira, assim como silenciar reivindicações contra-hegemônicas sobre os problemas
inerentes às finanças globais e descarregar, tanto quanto possível, a responsabilidade
pelas crises por parte dos governos.

O caminho da subjetividade

Apesar destas diferentes formas de se compreender as relações entre a construção


social e a economia política, alguns autores criticaram as tentativas de se combinar teorias
construtivistas com a epistemologia positivista. Tais autores, tidos como pós positivistas,
e também os construtivistas críticos, dedicaram-se a analisar não mais os indivíduos como
agentes, mas como sujeitos - é o caminho da subjetividade. Ao contrário do enfoque dado
ao papel dos agentes pelas demais vertentes construtivistas, eles enfatizam o papel dos
discursos na formação da identidade dos sujeitos (Abdelal, 2009).
Na medida em que para as vertentes construtivistas anteriores as normas são
constitutivas e/ou tem um papel de regulação do mundo, para os autores do caminho da
subjetividade, “as normas são vistas como expressões de poder no mundo, na medida em
que a adesão a uma norma exclui ações particulares, definindo o que é possível e
impossível de dizer, e assim fazer, em um determinado contexto” (Abdelal, Blyth e
Parsons, 2010, p. 13, trad.nossa). Dessa maneira, Abdelal pretende mostrar que a
formação das identidades é constituída pela posição do indivíduo dentro de um
determinado discurso, e que a cada momento desempenha diferentes papeis dentro desse
próprio discurso, ou seja, sua identidade é maleável. Por fim, eles não estão focados em
entender o que gera a agência, e sim, como a estrutura (discurso) forma agentes que vão
moldam as próprias estruturas (Abdelal, Blyth e Parsons, 2010).
De Goede (2003) defende o argumento de que o pós estruturalismo trás um ganho
analítico ao estudo da EPI em geral, e de forma particular, à análise das finanças
internacionais. Para isso, ela afirma a necessidade de se examinar as práticas discursivas
de conceitos próprios do capitalismo. As práticas financeiras são dependentes das idéias
e das crenças sobre sua própria existência. Assim, é importante não somente entender a
realidade econômica e finaceira, mas também sua racionalidade. Analisando os discursos
que envolvem o processo da “Nova Arquitetura Financeira Internacional”, Langley
(2004b) questiona se ela representa mesmo um desenvolvimento da governança das
finanças internacionais argumentando que na verdade ela é uma continuação/reprodução
da ordem financeira vigente que surgiu na década de 70, buscando a legitimação do
discurso neoliberal das finanças globais; e o encobrimento das contradições e
contestações a essa ordem.
Da mesma forma, Best (2003) vai analisar a mudança do vocabulário institucional
do FMI atrelando-o às demandas pela Nova Arquitetura Financeira. Na tentativa de impor
um conjunto de normas e instituições financeiras “universais”, seus defensores têm em
mente um liberalismo global singular um re-embedding liberalism. Focando nesses
discursos, a autora vai se atentar para a intenção dos líderes financeiros de reintegrar o
neoliberalismo de cima para baixo, como uma resposta as crises financeiras recorrentes
e, dessa forma, incorporar tais princípios às normas sociais e políticas dométicas
(particulares) dos Estados.
Analisando as respostas à crise asiática, Best (2010) vai mostrar que apesar da
comunidade financeira internacional ter aprendido com as avaliações equivocadas que os
problemas da crise não foram e não são somente internos, mas também externos. Ela
aponta que os gestores das finanças internacionais ainda acreditam que a solução para tais
crises está na maior transparência, modelos de avaliação de risco mais precisos e na maior
supervisão, mesmo percebendo que a fé na transparência e na sofisticação informacional
dos mercados financeiros provaram ser mal colocadas. Na visão Amoore (2004), são as
rearticulações entre o risco e a incerteza que formaram novos individuos com
conhecimentos especializados, assim como novas interpretações do risco, que modificam
e reestruturam a própria natureza e a prática do trabalho cotidiano, governando-o.
Amoore e Langley (2004), analisando o conceito de Sociedade Civil Global
(GCS), argumentam que as diversas posições sobre a CGS tendem a recorrer a uma
representação particular sobre ela. O empoderamento através da utilização da CGS por
essas posições particulares sustentaria uma “política transformadora” escondendo as
contradições e as tensões existentes dentro dessa ideia (ambiguidade). Da mesma forma,
Best (2005; 2008) aponta para a importância da ambigüidade na política contemporânea.
Analisando seu papel na governança global como uma ferramenta a ser explorada por ela
ao mesmo tempo um limite para sua operação, a autora afirma que entender a
ambiguidade produz novos insights sobre as mudanças nas finanças globais, entendendo
o risco, a incerteza e a ambigüidade como desafios e possibilidades para a prática da
governança e objeto de táticas governamentais.

Na tentativa de compreender as idéias e as estrátegias políticas por trás dos


discursos que fundamentam a ordem financeira vigente, diversos autores empreendem
diferentes formas de analíse: De Goede (2001), análisando as idéias e as estratégias por
trás do fundo de Hedge LTCM; De Goede (2004) examinando os métodos quantitativos
por trás dos derivativos e da modelagem de risco; Langley (2004a) a crise das pensões
salariais dos EUA e Reino Unido; e Best (2016) na análise da experiência tecnocrática
dos banqueiros no caso dos Bancos Centrais; vão, cada um a seu modo, investigar os
pressupostos filosóficos e estratégicos que estão por trás desses discursos na tentativa de
revelar como eles representam uma forma particular, e que se pretende predominante, de
gerir e fundamentar o processo de financeirização e a ordem finaceira global.
Já Mackenzie e Millo (2003), abordam a questão da performatividade da
economia, tema trazido da sociologia econômica. Na visão dos autores a economia foi
crucial para a criação de trocas de derivativos financeiros. Eles argumentam que
entendendo os mercados como culturas e comunidades morais e locais de ação política
(Granovetter,1985), é possível compreender como os agentes foram fundamentais para
os sucesso desta teoria. Entendendo essa relação entre o sucesso da teoria e os agentes,
Best e Widmaier (2006) vão analisar as implicações éticas da distinção entre micro e
macroeconomia. Analisando as tensões presentes nas reinvindicações dos economistas de
fazer da economia uma ciência neutra e apolítica, os autores vão afirmar que as análises
micro e macroeconômicas implicam diferentes tipos de hipóteses morais e se traduziriam
em orientações micro e macroéticas com efeitos nas decisões políticas, ou seja, na
responsabilidade moral, identidade e na agência.

Por fim, pensando nessa necessidade de aplicar os conceitos construtivistas no


campo da EPI, Seabrooke (2007c), analisando as obras de Jacqueline Best (2005), The
Limits of Transparency: Ambiguity and the History of International Finance e Pepper D.
Culpepper (2003) Creating Cooperation: How States Develop Human Capital in Europe,
Seabrooke demonstra a diversidade de abordagens dentro do que ele vai chamar de
“construtivismo econômico”. Ele afirma que tal abordagem tem o compromisso de
“promover a compreensão sobre a intersubjetividade da vida política e econômica”,
abordando questões sobre o papel das idéias e das normas na mudança institucional.
Dessa forma, ele aponta a necessidade do campo de focar nesses mecanismos de mudança
ao invés de tentar afirmar o poder das idéias ou normas como variáveis independentes.

CONCLUSÃO: A “POLICULTURA” CONSTRUTIVISTA

É bastante difundida a visão entre os teóricos não construtivistas e construtivistas


de uma “hegemonia” por parte da EPI norte americana. Diversos teóricos proeminentes
e que até mesmo participaram da formação da EPI como campo de análise, perceberam
tal predomínio da escola “Norte americana” (Cohen, 2007; Keohane, 2009). Dentre os
elementos que colaboraram para que os norte americanos pudessem definir o que seria
um modelo padrão de trabalhos na área de EPI estão, o tamanho da comunidade
acadêmica dos Estados Unidos, a influência de suas universidades e a presença dos
principais periódicos da área em seu território. Com seu enfoque nos modelos pautados
em uma ontologia racionalista, epistemologia empiricista e uma metodologia
quantitativa, os pesquisadores dos EUA se estabeleceram como o mainstream da EPI e,
consequentemente, se tornaram a monocultura intelectual da área.

Diferentemente do que tentaram estabelecer autores como Cohen, Gilpin,


Keohane, entre outros; a Economia Política Internacional continua a ser um campo
fortemente caracterizado pela monocultura intelectual enraízada pela EPI norte
americana. Mesmo com o forte embate proposto pela “Escola Britânica”, que pressupõe
e defende uma EPI mais pluralista, não conseguiu-se ainda fazer proliferar novas
abordagens que superem as já conhecidas e estabelecidas abordagens liberais, realistas e
marxistas. Tais abordagens, apesar de sua contribuição significativa para a compreensão
das relações entre Estado e mercado, têm dificuldade em explicar, de forma robusta, as
mudanças pelas quais o Sistema Internacional está passando.

As mudanças no comportamento dos atores, assim como as motivações que os


impulsionam e as dinâmicas de poder que perpassam as relações econômicas
internacionais, não podem ser explicadas apenas pela análise do comportamento do
estado e da govenança do sistema, e muito menos, pela crença unilateral na busca de
causalidade apenas analisando fatores materias. É preciso repensar as unidades de análise,
entender o que mudou nas relações de poder, e também, o que move os comportamentos
dos agentes contemporâneos. Como nos mostra McNamara (1999), para desmantelar a
monocultura intelectual enraízada na EPI é preciso variar as perspectivas e métodos de
análise, assim como conseguir responder às questões que surgem no ambiente
internacional independentemente da ontologia e da metodologia que se siga. É em meio
a esse “entrave intelectual” que a abordagem construvista surge como uma alternativa à
excessiva rigidez em que as teorias da área se encontram.

Quando afirmo que as abordagens construtivistas surgem como alternativa, não


pretendo afirmá-las como únicas ou melhores. O que sustento é a importância desta
vertente em mesclar diversas análises, utilizando-se de diferentes contribuições de outras
áreas das ciências sociais, para estabelecer novas “lentes analíticas” para se compreender
os problemas na esfera internacional. Para além dessas novas interpretações derivadas da
interdisciplinaridade que o construtivismo trás, o maior enfoque dado ao o papel das
ideias e da agência humana permite que tais teóricos apresentem alternativas pressupostos
rígidos das abordagens do mainstream.

Primeiramente, em relação à unidades de análise, o construtivistas entendem a


importância das comunidades sociais no processo de criação e sustentação da estabilidade
do SI, avançando sobre o enfoque excessivo dos racionalistas nos atores individuais e nas
instituições formais. Em segundo lugar, enquanto estes focam no primado dos interesses
e das preferências dos atores como o impulso ao comportamento, os construtivistas
afirmam a importância da intersubjetividade e das ideias para moldar tais
comportamentos. Terceiro, em relação à questão da causalidade citada anteriormente, os
construtivistas analisam não só os fatores materiais como fazem os racionalistas, eles
também dão centralidade às dinâmicas ideacionais que perpassam os indivíduos. Por
último, os racionalistas entendem o poder como um recurso quantificável, já para os
construtivistas, para analisar o exercício do poder é preciso entendê-lo como um fato
social, como algo que produz subjetividade.

Tendo isso em mente, após analisar uma variedade de autores e interpretações


sobre a economia e a política internacional, a questão que perpassa toda a minha descrição
da abordagem construtivista na área é que tal tratamento vem ao encontro do argumento
de McNamara (2009) sobre a necessidade de uma “policultura” no campo. Assim, dialogo
com tal visão da autora mostrando que o construtivismo vem expandindo o campo de
análise da EPI também mudando as lentes analíticas com as quais o mainstream da área
vem analisando o cenário político/econômico internacional. Desse modo, este artigo foi
uma tentativa de apresentar uma pequena parte das diversas interpretações presentes nesta
abordagem com o único intuito de demonstrar a amplitude e o pluralismo que o campo
está ganhando. Apesar de trazer uma tentativa de categorização das diversas formas de
aplicar o construtivismo na área, meu intuito foi apenas de tornar o mapeamento mais
didático, sem me preocupar confinar as análises a categorias.
Portanto, fazendo esse mapeamento das contribuições tidas como
“construtivistas” na EPI, percebo que o enfoque nos atores, assim como no papel das
construções sociais, trazem novos caminhos para se interpretar os fenômenos
internacionais. Dessa forma, defendo que o construtivismo, como uma abordagem de EPI,
traz novamente o caráter de “policultura” ao campo. Tal enfoque ampliou os pressupostos
e os métodos de análise dando maior abertura à questão da multidisciplinaridade.
Trazendo contribuições da sociologia, psicologia, antropologia, entre outras disciplinas;
o construtivismo enriqueceu o “solo” da EPI, possibilitando aos novos pesquisadores da
área compreender e se utilizar melhor dessa característica multifacetada da Economia
Política Internacional.

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