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Resenha sobre o capítulo “A violência”, do livro “Os condenados da Terra”, de Frantz

Fanon – por Liliane Moreira

Baseado em conceitos desenvolvidos por Marx, em seu livro “Os condenados da Terra”,
especificamente no primeiro capítulo, Frantz Fanon aborda sobre a violência decorrente
do processo de colonização e de descolonização da Argélia, que foi uma colônia
francesa até meados da década de 60. Para Fanon, o uso de violência era visto como o
único meio efetivo na luta pela libertação dos argelinos de seus colonizadores. Segundo
ele, a descolonização é sempre um fenômeno violento, uma vez que a violência do
opressor gera violência em retorno, por parte do oprimido. A descolonização seria,
também, a criação de homens novos: “a coisa colonizada converte-se, no homem, no
próprio processo pelo qual ele se liberta”. O autor analisa também as formas de
doutrinação utilizadas na formação da mentalidade do povo colonizado, focalizando os
dois eixos da época colonial: o colonizado e o colonizador.

Durante todo o primeiro capítulo, Fanon aborda a respeito dos males que os
colonizadores impunham sobre os colonizados africanos. Desde sua chegada ao
território africano, eram os colonos quem ditavam como deveria ser tudo. Tudo aquilo
que era associado ao povo colonizado era visto como algo inferior por parte dos
colonos, atitude essa extremamente racista. O colonizado africano é associado a nada
mais do que um animal: “E, na realidade, a linguagem do colono, quando fala do
colonizado, é uma linguagem zoológica. (...) O colono, quando quer descrever e
encontrar a palavra justa, refere-se constantemente ao bestial.”

No trecho aonde fala sobre a evangelização por parte da religião cristã, Fanon diz que a
igreja não chama o colonizado ao caminho de Deus, mas ao caminho do branco, daquele
que o oprime. Aqueles que não aceitassem a supremacia européia não possuíam sequer
direito a questionamentos. Além de privar os africanos de sua humanidade, os colonos
europeus estimulavam as rivalidades, o que gerava divisões entre grupos de
colonizados.

O colonizado, por sua vez, queria ter os mesmos bens que os colonos. Para o autor, não
há um colonizado que não sonhe em estar no lugar de um colono, em sentar-se em sua
mesa, deitar-se em sua cama, com a sua mulher, inclusive, que não seja um invejoso do
estilo de vida e conforto do doutrinador europeu. Com a colonização do território, o
povo africano se viu vetado de qualquer privilégio que seria seu por direito. Para
entender e assimilar a cultura do opressor, segundo Fanon, o colonizado teve que “fazer
suas as formas de pensamento da burguesia colonial”.

Segundo Fanon, quando se entende o contexto colonial, fica fácil perceber que aquilo
que divide o mundo é o fato de se pertencer ou não a tal raça, a tal espécie. Durante a
descolonização, o que surge é um apelo para a razão dos colonizados. A descolonização
não deve significar uma regressão ao que era antes dos europeus chegarem. Para que
fosse possível a libertação do país das mãos dos opressores europeus, a violência que
era utilizada pelos colonos, desde a colonização, para que se afirmasse a supremacia
branca no país deveria ser combatida com o mesmo tipo de violência: “Ao nível dos
indivíduos, a violência desintoxica. Alivia o colonizado do seu complexo de
inferioridade, das suas atitudes contemplativas ou desesperadas. Torna-o intrépido,
reabilita-o perante os seus próprios olhos.”

Para Fanon, a movimentação do povo, quando acontece no sentido da guerra de


libertação, introduz na consciência de todos os envolvidos uma noção de causa comum,
de história coletiva, e isso facilita a construção de um sentimento de nação. Na época
colonial, o povo era convidado a luta contra os opressores; após a libertação nacional, o
povo é convidado a lutar contra a miséria, o analfabetismo e o subdesenvolvimento. “A
violência do colonizado, temos dito, unifica o povo.”

O autor encerra o primeiro capítulo do livro falando sobre esse sentimento de formação
de uma nação a partir da luta anticolonial em busca da independência da Argélia contra
os colonizadores europeus. Nesse capítulo, percebemos um Fanon militante, na ponta de
frente da batalha, tentando desmascarar para o povo africano as tiranias dos colonos e o
quão mal eles fizeram para o seu povo e para a sua terra.

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