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Não surpreende o fato de um linguajar com esse teor negocial ter suscitado con-
trovérsias. Durante a elaboração do documento, um dos integrantes da Comis-
são Spellings descreveu o relatório como “equivocado” e “hostil.”2 Autoridades
e lobistas da educação de nível superior concordaram, depois de ler o relatório
oficial. Muitos viam nesse documento um ataque motivado por questões polí-
ticas que negligenciava a missão fundamental e o espírito da educação de nível
Apesar das opiniões favoráveis dos formandos e ex-alunos, uma olhada mais
de perto nos registros... mostra que faculdades e universidades, independen-
temente dos seus benefícios, fazem bem menos por seus estudantes do que
deveriam. Muitos alunos do último ano conseguem se formar mesmo sem se-
rem capazes de redigir um texto de modo a satisfazer seus empregadores. Mui-
tos não conseguem fazer uma reflexão clara e tampouco ter um desempenho
competente ao analisar problemas complexos de ordem técnica, mesmo que
as faculdades classifiquem o pensamento crítico como principal objetivo da
educação universitária.7
Harry Lewis, igualmente, não demonstrou ter pruridos em seu livro Excel-
lence Without a Soul. Porém, ao argumentar que a universidade “esquece(u) a
educação,” Lewis adotou um curso diferente daquele tomado por Bok. Em vez
de dar um alerta sobre as forças que atuam na competição global, ele acusou
Harvard e seus pares universitários de se deixarem levar pelas próprias ambi-
ções competitivas. Ele observou, em especial, que a atividade acadêmica tende a
distanciar os professores do processo de ensino-aprendizagem. Ao mesmo tem-
po, alegou que o desejo de angariar alunos para a universidade e de satisfazê-los
como se eles fossem meros consumidores gera uma atitude de mimo para com
esses estudantes, a quem são atribuídas notas com demasiada facilidade e para
quem colocadas à disposição onerosas instalações e opções de entretenimento,
como equipes intercolegiais de atividades desportivas. No decorrer do processo,
Lewis chegou à seguinte conclusão:
* N. de T.: Crise Econômica de 1929, desencadeada a partir da quebra da Bolsa de Valores de Nova
Iorque. A crise anterior, de 1873, que atingiu os EUA a partir da Europa, é chamada de Primeira
Grande Depressão.
um inchaço das matrículas nos cursos com dois anos de duração das faculdades,
bem como uma rápida proliferação de empresas com fins lucrativos no campo da
educação de nível superior.12 Muitas das referidas empresas adotaram as tecnolo-
gias do ensino a distância (EAD). Os cursos online oferecem mais benefícios em
termos de conveniência e também menor custo total, no sentido de que muitas
das despesas nas quais incorre um estudante em formação tradicional de nível
superior não estão no pagamento das mensalidades do curso, mas em deixar o
trabalho e se transferir para um campus residencial.
As ofertas a distância tiveram um crescimento em popularidade ao longo de
toda uma década, especialmente em razão da situação da economia. A retração
que acabou com o vento que fazia inflar as velas do barco das universidades tra-
dicionais inchou as velas das escolas privadas. A Universidade de Phoenix, por
exemplo, teve 2,5 bilhões de dólares americanos em 2007; perto do final de 2009, a
cifra subiu para quase 3,8 bilhões.13 Naquele ano, a universidade registrou a matrí-
cula de 355.800 novos alunos, 150 mil a mais que o total de matrículas registrado
nos dez campi da Universidade da Califórnia.14 Investigações feitas para detectar
abusos cometidos quando do recrutamento estudantil e propostas para restringir
a atuação de escolas privadas comerciais reduziram esse crescimento, mas não
seria inteligente menosprezar o poder diruptivo do modelo educacional de tais
instituições, especialmente pelo uso da tecnologia de EAD.
* N. de T.: O termo Comprehensive College, aqui traduzido por ‘faculdade polivalente’, sendo que ou-
tros preferem ‘faculdade diversificada,’ designa instituições de ensino que, a exemplo das comprehen-
sive schools, oferecem uma ampla e diversificada gama de disciplinas de caráter profissionalizante e
teórico em todos os cursos, independente da área dos mesmos.
** N. de T.: O termo Liberal Arts Colleges (Faculdades de Artes Liberais), forma abreviada de Libe-
ral Arts and Sciences, refere-se a uma formação acadêmica de amplo e abrangente teor praticada nos
primeiros anos dos cursos universitários nos EUA, segundo a qual, até que definam seu major (prin-
cipal área de estudo), um estudante de História tem de aprender, além das disciplinas humanísticas,
matérias também da área científica (por ex., Matemática), enquanto que um estudante de engenharia
também precisa cursar disciplinas humanísticas, junto com as científicas.
Alguém poderia aventar que a única coisa que acompanhou o passar do tem-
po foram os custos da educação de nível superior. Nos dez anos que se seguiram a
1997, o custo médio anual das mensalidades em uma universidade pública subiu
em 30% com o ajuste da inflação, enquanto que o poder aquisitivo de um bacha-
rel permaneceu basicamente o mesmo.23 O aumento do custo deve-se em parte
aos maiores salários pagos ao corpo docente, e mais ainda a atividades não dire-
tamente relacionadas ao ensino ministrado em sala de aula. A pesquisa científica,
as atividades desportivas de caráter competitivo e as amenidades estudantis exi-
gem tanto dispêndios monetários operacionais quanto a construção de laborató-
rios de alta tecnologia, estádios de futebol e centros de atividades. Em resultado,
o custo da educação de nível superior aumenta mais rapidamente que os salários
do corpo docente ou de outros custos relacionados ao ensino.24
O problema não se restringe à educação de nível superior. De fato, em uma
gama de produtos que vão desde computadores a cereais matinais, a história re-
vela um padrão de inovações que, em última análise, ultrapassa as necessidades
dos consumidores. Esperando vencer seus concorrentes por uma pequena mar-
gem, as empresas oferecem produtos com novas características, como uma maior
velocidade de processamento no computador ou um maior teor vitamínico nos
cereais. Tais aprimoramentos são inovações sustentadas e não uma reinvenção do
produto: este fica melhor ao mesmo tempo em que seu projeto e emprego básicos
permanecem inalterados.
A armadilha, como Clayton Christensen demonstrou em seu livro The Inno-
vators’ Dilemma, é que tais melhorias, em um dado momento, acabam por extra-
polar as necessidades de desempenho do produto até mesmo para os consumi-
dores mais exigentes (consulte a Figura 1.1). O produtor incorre em mais gastos,
precisando, assim, elevar os preços. Isso faz com que o comprador tradicional
de um laptop no valor de 5 mil dólares ou de uma caixa de cereais no valor de 5
dólares paguem mais do que estejam dispostos a pagar, considerando suas reais
necessidades em termos de produto.
As universidades tendem a inovar e a estipular seus preços de maneira análo-
ga. Aquelas situadas em um mesmo patamar tentam se equiparar entre si quanto
aos serviços que oferecem; as mais ambiciosas também emulam as instituições
de maior prestígio situadas em um patamar acima delas. Para contrabalançar
o custo das novas ofertas e atividades, como o adicional em áreas de especiali-
zação e programas de formação em nível de pós-graduação, elas aumentam as
mensalidades, sua fonte de renda de mais fácil controle. Ao estipular os níveis de
cobrança das mensalidades, a questão primordial não é o que os alunos estão dis-
postos e são capazes de pagar. Graças a subsídios e empréstimos governamentais,
o valor das mensalidades não afeta tanto os alunos em suas opções na educação
de nível superior quanto o preço de compra ao tomarem outras decisões. Como
DESEMPENHO
ENTES
S EXIG
MENO
MIDORES
CONSU
TEMPO
DESEMPENHO
Trajetória de desempenho
de tecnologias diruptivas
TEMPO
Isso, porém, deixou de ser verdade, a não ser para um número relativamente
pequeno de instituições de ensino superior. Os custos subiram a níveis nunca
antes vistos, e novos concorrentes estão surgindo. Uma tecnologia diruptiva, o
ensino a distância, está agindo no ensino de nível superior, exigindo que escolas
privadas e escolas tradicionais sem fins lucrativos repensem o modelo conven-
cional de educação terciária. As universidades particulares que não desfrutam
de reconhecimento nacional e nem de muitos donativos se veem em uma situa-
ção financeira de grande risco. Em situação idêntica se encontram as universi-
dades públicas, até mesmo as de maior prestígio como a University of California
de Berkeley.
Alunos da universidade suscetíveis aos preços das mensalidades e legislação
mais fiscalista começaram a opor resistência aos aumentos de preços que costu-
mavam ocorrer muito mais rápido que os aumentos de preços de outros bens e
serviços. Com o advento do EAD de alta qualidade, surgem alternativas menos
dispendiosas que as universidades
tradicionais, alternativas essas mais Uma tecnologia diruptiva, o ensino a
bem posicionadas em função de al- distância, está agindo no ensino de
terações nas normas de acreditação nível superior, exigindo que escolas
que as favorecem ao demonstrar os privadas e escolas tradicionais sem
resultados da aprendizagem dos alu- fins lucrativos repensem o modelo
nos. Tais instituições estão prontas convencional de educação terciária.
para dar uma resposta efetiva em
termos de custos para a necessidade
de maior número de alunos frequentando e concluindo os cursos universitários.
As mudanças são inevitáveis para a grande maioria das universidades. A dú-
vida maior é quando irão ocorrer e que forças irão ocasioná-las. Não seria bom
que um retardamento interno fizesse com que as mudanças fossem resultado de
regulamentações externas ou de pressões impostas por novos concorrentes. Até
agora, a educação de nível superior dos EUA tem, em grande parte, realizado a
sua autorregulação, alcançando grandes resultados. As universidades estaduni-
denses se encontram dentre as que sofrem menos pressões regulamentares dos
governos. Elas estão livres para decidir que descobertas fazer e que matérias en-
sinar, sem terem de se preocupar com agendas políticas ou econômicas. Se essa
liberdade for exercida de forma responsável, ela representará uma grande vanta-
gem na dimensão intelectual e competitiva.
As universidades tradicionais trazem benefícios para a sociedade não só
por produzirem formandos inteligentes e descobertas valiosas como também
por forjarem bens intangíveis inegociáveis, e de valor incalculável, como a to-
lerância social, a responsabilidade pessoal e o respeito pelo estado de direito.
Cada uma delas é uma comunidade ímpar de acadêmicos na qual se moldam
O DNA da universidade
Em um mundo ideal, professores, administradores e ex-alunos, capazes de
compreender a totalidade das contribuições da universidade para a sociedade
irão, fiéis ao espírito da autorregulação, desempenhar um papel de destaque
na revitalização de suas adoradas instituições.26 Eles têm capacidade de deter-
minar seu próprio destino e, ao fazê-lo, conduzem a imprescindível univer-
sidade a novos patamares de altura. Ao desempenharem tarefa tão essencial,
eles precisam compreender não só as realidades correntes, especialmente a
ameaça de uma dirupção competitiva, mas também de que modo as universi-
dades evoluíram ao longo das últimas centenas de anos. Mais do que a maioria
das organizações, as universidades tradicionais são um produto da sua própria
história. Esta história é compartilhada, porque a maioria das universidades
copiou um punhado das escolas de ensino superior dos EUA que começaram a
assumir sua forma moderna há um século e meio. Dentre elas, sobressaem-se
as universidades de Harvard, Yale, Johns Hopkins, Cornell e o MIT. Juntas, elas
evoluíram no sentido de compartir traços institucionais comuns, uma espécie
de DNA universitário.27
Assim como a identidade de um organismo vivo se reflete em cada uma das
suas células, a identidade de uma universidade pode ser encontrada na sua estru-
tura de departamentos e nas relações entre seus docentes e administradores. Ela
está impressa nos catálogos dos seus cursos, nas normas relativas à admissão de
estudantes e à promoção dos seus professores e nas suas estratégias para levanta-
mento de fundos e recrutamento de atletas. Ela pode ser vista nos prédios e nos
terrenos do campus. Essas características institucionais permanecem as mesmas
mesmo quando pessoas vão e vêm.
Instituições pioneiras como Harvard e Yale começaram a conferir Ph.D.s em
meados do século XIX. À medida que formandos dos seus programas de douto-
rado passaram a integrar o corpo docente de outras universidades, experiências
e expectativas foram junto. Com o apoio de ambiciosos dirigentes universitá-
rios, eles lutaram para tornar seus novos ambientes acadêmicos análogos àqueles
dos quais provinham. Essa iniciativa de âmbito interno foi reforçada pelos sis-
temas externos de acreditação, classificação e categorização das universidades.
Ela também passou a se inserir na cultura acadêmica comum. Como resultado,
até universidades de menor porte e as mais obscuras ostentam muitos dos traços
essenciais das maiores universidades.
O DNA da universidade não só apresenta uma uniformidade análoga às ins-
tituições de ensino superior, como também uma grande estabilidade, tendo evo-
luído durante centenas de anos. Acontece uma contínua replicação do DNA à
medida que cada empregado ou estudante que se forma é substituído por alguém
que passa pelo mesmo filtro. O jeito de fazer as coisas é determinado não somen-
te pelas preferências individuais, mas também pelos procedimentos institucio-
nais impressos no código genético.28
A universidade evolui, embora seu mecanismo não seja tradicionalmente o
da seleção natural de mutações ao acaso. Em regra, a universidade não se altera
apenas em função de emitir, com ponderação, uma resposta às necessidades e
oportunidades de maior significado. O espírito empreendedor se manifesta den-
tro de limites bem determinados; raramente ocorre algo revolucionário como
acontece hoje nos negócios ou na política. Essa estabilidade é um dos maiores
motivos que justifica o valor das universidades no contexto de uma sociedade
instável, sujeita a modismos.
Mas é essa mesma estabilidade
da universidade que não lhe permi- Não se pode tornar a universidade
te ter uma atitude mais responsiva mais eficiente simplesmente por
às realidades econômica e social meio de cortes em seu orçamento
modernas mediante uma simples operacional, assim como um
regulação do seu comportamento. carnívoro não pode ser convertido
As tendências genéticas são dema- em um herbívoro por meio de
siado fortes. Os genes institucio- restrições na sua ingestão de carne.
nais, expressos nos catálogos dos
cursos e nas normas para ingresso
de alunos e para promoção do corpo docente, são egoístas e se reproduzem
fielmente mesmo às custas da prosperidade da instituição. Não se pode tor-
nar a universidade mais eficiente simplesmente por meio de cortes em seu
orçamento operacional, assim como um carnívoro não pode ser convertido
em um herbívoro por meio de restrições na sua ingestão de carne. Tampouco
as universidades podem, por um decreto legislativo, ser obrigadas a desempe-
nhar funções para as quais não foram especificamente projetadas. Exigir, por
exemplo, que as universidades admitam o ingresso de estudantes desprepara-
dos não gerará provavelmente um número proporcional de novos formandos
universitários. Não faz parte da maquiagem genética tradicional da universi-
dade remediar tais alunos, e tampouco relações ou pressões econômicas basta-
rão para alterar tal quadro.
Maior e melhor
Pelo menos em relação a um aspecto de crucial importância, as organizações se
assemelham aos organismos vivos: elas não só buscam a sua sobrevivência como
também o seu crescimento. Uma vez que uma organização passe a ter mais que
alguns poucos empregados e alcance determinado grau de êxito, é possível prever
a entrada em ação de determinadas tendências genéticas. Essas tendências come-
çam a dominar os processos de planejamento e investimento, levando a organiza-
ção a fazer coisas maiores, melhores – ou ambas. Uma diminuição de tamanho
ou qualidade significa uma violação do código genético, o aparecimento de uma
mutação na resposta institucional natural oferecendo poucas probabilidades de
sobrevivência. O crescimento e a melhoria estão localizados “nos genes.”
Os integrantes da comunidade
universitária reconhecem de ime- Pelo menos em relação a um
diato tal tendência. Afora raras exce- aspecto de crucial importância,
ções institucionais, a quantidade e a as organizações se assemelham
qualidade continuam a proliferar na aos organismos vivos: elas não só
academia. Os cursos se tornam cada buscam a sua sobrevivência como
vez mais numerosos e mais especia- também o seu crescimento.
lizados. Novos programas de forma-
ção acadêmica são criados. Busca-se
professores dotados de um maior grau de qualificações para integrar o corpo
docente, e o ingresso em associações atléticas de maior prestígio. Promove-se a
construção de novos prédios universitários e a renovação dos mais antigos.
Em contrapartida, raramente são feitas propostas para concentrar esforços
em economia de gastos, especialmente quando existe uma genuína preocupação
com a qualidade. A aversão a compressões ou simplificações é mais que uma
questão de preferência pessoal; ela é movida por sistemas institucionais de to-
mada de decisão, recompensas individuais e questões culturais. Nenhum chefe
de departamento avesso a correr riscos pode, por exemplo, pensar seriamente
em efetuar cortes na oferta de cursos ou nos programas de formação acadêmica;
mesmo que esta proposta passe pelo comitê curricular, a única recompensa que
ele poderia obter com isso seria o ostracismo por parte dos seus colegas. Assim
como nenhum dirigente esportivo aceitaria o cancelamento da oferta de um es-
porte popular ou um movimento para ingresso em uma associação esportiva que
demande menos custos como se isso fosse algo bom para sua carreira, o diretor
de uma universidade nem pensa em correr o risco de ofender um grande doador
de recursos que sonhe com determinada formação acadêmica. Embora reforçan-
do mutuamente sistemas formais e informais, a universidade continua a deman-
dar sempre mais e melhor.
chegar à sua grandeza é uma boa forma de não só explorar o DNA típico da uni-
versidade como também de descobrir o que foi perdido no processo de imitação
institucional.
Outra medida para mudar o DNA da universidade é o estudo de institui-
ções de ensino superior que estejam no processo de imprimir tais mudanças. A
tendência de emular Harvard está bem disseminada, mas não é universal. Em
diferentes graus, muitas instituições de ensino superior estão trilhando diferentes
caminhos.
O poder da singularidade
É claro que a BYU-Idaho é um caso único, e alguns podem duvidar da sua utili-
dade como modelo para outras instituições. Por exemplo, excetuando-se motivos
de força maior, poucas comunidades universitárias aceitariam a eliminação in-
colocações no mercado de trabalho para mais de 95% dos seus alunos perto
da sua formatura.37 Nenhum desses alunos se forma com créditos obtidos em
mais de cinco anos, comparados a 20% de alunos que o fazem em instituições
pares.38