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Subsídios para o Professor de Língua Portuguesa

5ª série/6º ano do Ensino Fundamental

Sequências de atividades

São Paulo – 2018

1
Sequências de atividades

5ª série/6º ano Ensino Fundamental - Anos finais – 2018

Língua Portuguesa – Caderno do Professor

Elaboração: Katia Regina Pessoa

Orientações para aplicação: Sequência de atividades (narrativa)

O livro é um lugar de papel e dentro dele existe sempre uma paisagem. O leitor abre
o livro, vai lendo, lendo e, quando vê, já está mergulhado na paisagem. Pensando
bem, ler é como viajar para outro universo sem sair de casa. Caminhando dentro do
livro, o leitor vai conhecer personagens e lugares, participar de aventuras, desvendar
segredos, ficar encantado, entrar em contato com opiniões diferentes das suas,
sentir medo, acreditar em sonhos, chorar, dar gargalhadas, querer fugir e, às vezes,
até sentir vontade de dar um beijinho na princesa. Tudo é mentira. Ao mesmo
tempo, tudo é verdade, tanto que após a viagem, que alguns chamam leitura, o
leitor, se tiver sorte, pode ficar compreendendo um pouco melhor sua própria vida,
as outras pessoas e as coisas do mundo1.
Ricardo Azevedo

O texto “Gaspar, eu caio”, escrito por Ricardo Azevedo2, faz parte da obra “Meu
livro de folclore3” e embasará a sequência de atividades proposta. Quanto à metodologia
a ser seguida, partiremos do trabalho com algumas4 estratégias de leitura, que, para essa
sequência, foram escolhidas à luz de sua aplicabilidade em sala de aula.

No caso da narrativa, para a consolidação do trabalho com elementos que a


constituem, percorreremos os tipos de discurso, os usos da norma-padrão, o
reconhecimento de marcas linguísticas, a identificação da sequência lógica dos
acontecimentos, a inferência de sentido obtida pelo uso de palavras ou expressões, além
do recurso da identificação de informações explícitas. Enfatizamos que esse recorte foi
constituído de uma escolha didática, sob a ciência de que a leitura consciente é
constituída de estratégias de processamento textual que mobilizam diversos sistemas de
conhecimento5.

O texto exposto na epígrafe nos diz que “Caminhando dentro do livro, o leitor vai
conhecer personagens e lugares, participar de aventuras, desvendar segredos, ficar
encantado, entrar em contato com opiniões diferentes das suas, sentir medo, acreditar em
sonhos, chorar, dar gargalhadas, querer fugir [...].” Essa interação esperada vai se
construindo durante a leitura e um leitor proficiente capta, de forma natural, essa dialogia.
1
Disponível em: <http://www.ricardoazevedo.com.br/ricardo-azevedo/>. Acesso em: 25 de janeiro de 2018.
2 Informações sobre o autor estão disponíveis em <http://www.ricardoazevedo.com.br/ricardo-azevedo/>. Acesso em: 25
de janeiro de 2018.
3 AZEVEDO, Ricardo. Gaspar, eu caio. In: Meu livro de Folclore. São Paulo: Ática, 1998, p. 33–38.
4 A sequência de atividades apresentada engloba um recorte entre as inúmeras possibilidades de se trabalhar com um

texto, por exemplo. Para a leitura do professar, portanto, sugerimos: (1) SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto
Alegre: Artes médicas, 1998. (2) KLEIMAN, Angela. Oficina de leitura: teoria e prática. São Paulo: Pontes, 2007.
5 Cf. KOCH, Ingedore G. V. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 2010, p. 34.

2
O ato comunicativo é esperado da interação “autor-texto-leitor”6 que, quando
trazido como objetivo pedagógico a ser alcançado na escola, perpassa pelo trabalho do
professor que, a partir de estratégias de leitura, conduzirá o aluno à experiência, à
autonomia leitora.

Conscientes de que os caminhos a serem percorridos são muitos, elegemos a


sequência de atividades a seguir que contempla uma escolha metodológica longe de ser
esgotada e fruto de uma experiência nascida em sala de aula7.

Orientações para aplicação

Habilidade
Identificar a sequência lógica dos acontecimentos em um texto.

Parte I

O texto foi dividido em treze partes. A ideia é que os alunos, individualmente ou em


grupos, organizem essas partes, a fim de que a sequência lógica dos acontecimentos seja
estabelecida. Para a realização dessa atividade, será necessário providenciar algumas
cópias do texto para que as tiras8 sejam recortadas, embaralhadas e disponibilizadas aos
alunos.

Variação: Projetar o texto com as partes em desordem e desenvolver o trabalho


coletivamente.

Texto em tiras9
GASPAR, EU CAIO10!
Ricardo Azevedo
Noite escura no mato. Estrada de terra sem vivalma. O vento gemendo pelos
galhos e as nuvens passando nervosas, querendo chover.
Um homem vem vindo lá longe. Devagarinho. Sem lua nem estrela para iluminar a
viagem.
Vem de sacola pendurada no ombro e, na mão, um pau de matar cobra.

6
O termo autor-texto-leitor é utilizado por Koch e Elias (KOCH, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e compreender: os sentidos do
texto. São Paulo: Contexto, 2010, p. 10)
7 Sequência de atividades aplicada a alunos do 6º ano do Ensino Fundamental (Rede Estadual de São Paulo).
8 Se não houver a possibilidade de fornecer um conjunto de tiras (do texto) para cada aluno, sugerimos que as cópias

sejam em número reduzido e o trabalho seja feito em grupos com, no máximo, 4 componentes. Lembramos que existe a
possibilidade de o professor, caso tenha mais de uma turma de 6º ano, recolher o material e reutilizá-lo.
9 No anexo I, você encontra, para impressão, a versão adaptada do texto.
10 No anexo II, você encontra o texto completo.

3
Trovoada. Os pingos da chuva principiam a cair. O viajante aperta o passo. Na
curva, dá com uma casa abandonada. Cai um raio de despedaçar árvore. A chuva aperta.
Na porta da tapera tem uma cruz desenhada. O homem não quer saber de nada. Mete o
pé na porta e entra.

Dentro, um pouco de tudo. Pedaços de mobília, tigelas, troços e trecos jogados no


escuro.
O viajante faz fogo.
Agachado, tira um pedaço de carne da sacola e bota para assar. Está morto de
fome. Deita no chão e solta o corpo, esperando a comida ficar pronta.
A chuva vai minguando. O mato fica quieto.

De repente, o telhado range. [...]


- Gaspar!
O homem estremece. Aperta os dentes. A luz do fogo é fraca. Não dá para ver
nada.

A voz chama e chama.


- Gaspar!
[...]
Estrondo. Espanto. Uma coisa despenca lá de cima - catapram – e cai no chão.
Os olhos do homem crescem de pavor.
É um pé. A ossada de um pé. E vem com os dedos mexendo!
[...]
Catapram. Vem outro pé. Cai e vai se arrastando para junto do primeiro.
- Gaspar!
O viajante respira curto. [...] desabam do forro pernas, coxas, tronco, braços e
mãos de um esqueleto que vai se formando no chão.
O esqueleto começa a dançar.
A luz do fogo desenha sombras estranhas no casebre.
- Gaspar! Gaspar! Gaspar!
[...]
E então – ploct – uma cabeça cai lá do alto.

4
Meio de medo, meio de raiva, o homem chuta a caveira longe.

O corpo desencarnado fica zangado. Para a dança, agacha e, cuidadoso, enfia o


crânio no pescoço. Depois, lambuza a carne que assa no fogo com seu cuspe escuro.

O sangue do viajante ferve. Estava morto de fome. A carne era tudo o que havia
para comer. O homem cata o pau de matar cobra.
- Para mim chega! – De olhos fechados, mergulha sobre o esqueleto dando soco e
pancada. O morto gargalha. Os dois rolam atracados pelo chão da tapera.
A luta vara a noite. O homem bate, chora e sangra. O esqueleto range os dentes.
Os dois quebram tudo, apagam o fogo com o corpo e vão parar do lado de fora,
rugindo na lama.

O tempo passa. Um golpe seco estala no mato. Silêncio.

O morto suspira e cai.


O viajante continua de pé, vitorioso. Passa o braço machucado sobre o rosto.

Do chão, a caveira pede para o homem cavar um buraco no pé de uma árvore.


O homem responde:
- Nem nunca!

Em seguida, vai até a árvore e trepa num galho bem alto.

Abatido, o esqueleto pega e cavuca11 ele mesmo. [...]

A atividade consiste em montar o “quebra-cabeças”, a fim de obter uma sequência


lógica e, assim, conseguir chegar à estrutura coerente de um texto. O professor
acompanhará as montagens e poderá fazer intervenções, se necessário.

Após a montagem, sugerimos que o professor faça a leitura audível do texto, a fim
de que os alunos verifiquem a ordem original constituída pelo autor de “Gaspar, eu caio!”.

11
cavuca (sic) = cavouca, cava.
5
Parte II

Nesse bloco, a critério do professor, todas as atividades poderão ser realizadas


oralmente. Deixar as tiras com os alunos, durante a atividade, os auxiliará na resolução
dos exercícios. Peça para que deixem o texto montado sobre a mesa.

Habilidades
- Reconhecer marcas linguísticas em um texto do ponto de vista do léxico, da morfologia e
da sintaxe.
- Reconhecer os usos da norma padrão ou de outras variações linguísticas em um texto.
- Inferir o sentido de uma palavra ou expressão em um texto.
- Localizar informação explícita em um texto.

1- De acordo com o texto, o que significa


a) “vivalma”
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
b) “Estava morto de fome”
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
c) “pau de matar cobra”
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________

A palavra “vivalma” é, sem dúvida, melhor entendida em seu contexto: “Noite


escura no mato. Estrada de terra sem vivalma. O vento gemendo pelos galhos e as
nuvens passando nervosas, querendo chover”. Interessa aqui fazer com que o aluno
entenda que não há necessidade de interromper uma leitura por causa de uma palavra
diferente de seu repertório. Se a palavra “vivalma” fosse dita separada de seu contexto,
certamente a compreensão não seria a mesma. Embora essa conclusão seja simplista, é
importante deixar claro que essa palavra, assim como as expressões “estava morto de
fome” e “pau de matar cobra”, possui significado que depende de seu contexto. Para o
aluno do 6º ano, isso pode ser percebido de imediato ou não; a atenção do professor a

6
essa oscilação dará pistas para a busca de outras estratégias. Atividades que envolvam
substituições por sinonímias, por exemplo, podem auxiliar aos alunos que estão por inferir
significados:
Noite escura no mato. Estrada de terra sem _________________________.
O sangue do viajante ferve. Estava ________________________ fome. A carne
era tudo o que havia para comer.
Vem de sacola pendurada no ombro e, na mão, um __________________ de
matar cobra.
Dos três excertos, o último é o que parece mais se aproximar de um sentido
denotativo: “pau” no lugar de “bastão”, “pedaço de madeira”, “cajado” (a ser utilizado pela
personagem com a finalidade de se proteger das cobras que pudessem aparecer durante
a viagem). A palavra “vivalma12” reforça a solidão de Gaspar pelo caminho. Quanto à
expressão “estava morto de fome”, a conotação se evidencia e se completa com os
seguimentos “Agachado, tira um pedaço de carne da sacola e bota para assar” e “A carne
era tudo o que havia para comer”. Nesse caso, Gaspar está com muita fome (para essa
expressão, o professor poderá dizer que o sentido de pessoa que come muito não é
aceito no contexto em análise.

2- O que há de comum em “Estava morto de fome” e “O morto suspira e cai”?

Em “Estava morto de fome” e “O morto suspira e cai”?, temos em comum a palavra


“morto”. Essa resposta, complementada a seguir, reitera a necessidade do contexto em
que se insere.

3- As duas frases possuem a palavra “morto”, mas trazem com elas significados
diferentes? Quais são esses significados?

“[Gaspar] Estava morto de fome”. A frase no passado se deve à cusparada escura


que o alimento recebeu e que, possivelmente, precisou ser desprezado por ter sido
considerado impróprio para o consumo, causando-lhe a ira. No início do texto, entretanto,
a expressão é apresentada no tempo presente: “O viajante faz fogo”; “Agachado, tira um

12Vivalma – Alguma pessoa; alma viva, vivente (cf. <http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-


brasileiro/vivalma/>. Acesso em: 26 de janeiro de 2018) / Alma viva, pessoa viva, vivente; alguém, alguma pessoa (cf.
<https://www.dicio.com.br/vivalma/>. Acesso em: 26 de janeiro de 2018).

7
pedaço de carne da sacola e bota para assar. Está morto de fome. Deita no chão e solta
o corpo, esperando a comida ficar pronta”. A escolha verbal também dá pistas do
movimento que envolve o ato de matar a fome: com o verbo no presente, a possibilidade
do alimento é esperado; no passado, essa possibilidade se esvai.

4- Observe: “O morto gargalha”, “O morto suspira e cai”. E agora? A palavra “morto”


está se referindo a quem, no texto?

A palavra “morto” se refere aos também mencionados no texto “corpo desencarnado” e


“esqueleto”. Personagem da história responsável por desestabilizar a condição
aparentemente tranquila de Gaspar, após a entrada do viajante na tapera.

5- Nem tudo pode ser lido ao pé da letra. Na narrativa, há vários exemplos disso.
Pense a respeito e, com a ajuda de seu professor e dos colegas, diga,
aproximadamente, o que as frases significam. Lembre-se de que esses
significados dependem do texto como um todo.
a) O vento gemendo pelos galhos e as nuvens passando nervosas, querendo
chover.
b) Os olhos do homem crescem de pavor.
c) A luz do fogo desenha sombras estranhas no casebre.
d) O sangue do viajante ferve.
e) De olhos fechados, mergulha sobre o esqueleto dando soco e pancada.

A linguagem figurada é predominante nas frases escolhidas, o que exige um


movimento mais complexo durante a leitura, quando se trata de analisar os sentidos
estabelecidos. É interessante observar dois momentos: o primeiro ao fazer a leitura
de forma mais descompromissada, fluida; o segundo, ao evidenciar o intuito
pedagógico em mostrar como a leitura pode ir além quando a compreendemos de
uma forma mais reflexiva. Esse processo, por sua vez, com a prática leitora, se
tornará natural.
Conforme Kleiman (2007, p. 61), uma concepção clara do processo cognitivo
“permite reproduzir em sala de aula, mediante tarefas que imitam o comportamento
do leitor proficiente, aquelas estratégias que caracterizam o comportamento

8
reflexivo, de nível consciente do leitor”. Nesse ínterim e segundo a autora, essa
imitação constitui
um suporte temporário, a ser retirado mais tarde, para recriar o
comportamento do leitor experiente. Ao recriá-lo, o professor mostra para o
aluno que o texto não precisa ser necessariamente impenetrável, muito
embora a experiência inicial com o texto escrito tenha criado essa
expectativa.

As frases elencadas podem, sob o enfoque da recriação do comportamento


de um leitor experiente, exemplificar um movimento esperado. A consciência
conotativa almejada permite ao leitor considerar o barulho do vento como um
gemido perpassando galhos num cenário que acolhe nuvens carregadas, cuja
responsabilidade é anunciar chuva forte; assim como a possibilidade de entender
que, muito mais do que medo, os olhos do homem se arregalam ao avistarem algo
estranho à realidade; que as sombras projetadas pelo movimento das
personagens correspondem ao poético ato desempenhado pela luz do fogo; que o
viajante não tem sangue de barata, mas sangue nas veias, um sangue que ferve
em referência à sua incontrolável irritação, fazendo-o, “de olhos fechados”, se
atirar violenta e instintivamente contra o elemento que o contrariou. Contrariedade
essa que tem a ver com uma condição também instintiva: a fome.

6- Agora responda:
a) Você entendeu o texto quando fez a montagem dele?
b) E depois que ouviu a história lida por seu professor?
c) Você acha que o sentido do texto ficou mais claro depois da conversa que você
teve com o professor e os colegas sobre as frases que não podem ser lidas ao pé
da letra?

Depois das duas leituras oferecidas a aluno (a primeira via sequência das tiras e a
segunda propiciada pelo professor), é esperada uma interação mais consciente com o
texto. Esse processo intencional requer apreensão de elementos significativos para a
construção da finalização do texto, o que constituirá em produção escrita.

9
Parte III

Habilidades
Reconhecer os tipos de discurso (direto, indireto, indireto livre) em um texto.
Identificar os elementos da narrativa (personagem, espaço, enredo, foco narrativo, tempo)
em um texto.

1- Preencha o quadro e preste bastante atenção às respostas que você der, pois elas o
ajudarão a desenvolver o último exercício.

Quem são as Onde O narrador O narrador está em Quais elementos são


personagens? acontece a utiliza o tempo primeira pessoa ou em importantes para o
história? presente ou o terceira? Como desenvolvimento da narrativa?
passado para sabemos disso?
contar a
história? Como
sabemos disso?

As respostas poderão ser discutidas oralmente, escritas em um cartaz, ou colocadas na


lousa pelos próprios alunos.

Respostas sugeridas (podendo variar, conforme necessidade de análise do professor):


Quem são as personagens? As personagens da história são Gaspar, o viajante, e o
esqueleto (corpo desencarnado).

10
Onde acontece a história? A maior parte da história se passa em uma tapera, que serviu
de abrigo ao viajante.
O narrador utiliza o tempo presente ou o passado para contar a história? O narrador faz
uso do tempo presente.
Como sabemos disso? A narrativa contém verbos no presente: aperta, cai, tem, faz, tira,
está, vai, fica, estremece, despenca, crescem, respira, começa etc.

O narrador está em primeira pessoa ou em terceira? O narrador está em terceira pessoa.


Como sabemos disso? O narrador conta a história do Gaspar e do esqueleto.
Quais elementos são importantes para o desenvolvimento da narrativa? A chuva forte no
início da narrativa, a tapera que serviu de abrigo ao viajante, o esqueleto, a carne
lambuzada com cuspe escuro etc.

2- Dando um final para a história

A ideia é desenvolver um final para essa narrativa. Sabemos que são duas personagens
que brigaram e, aparentemente, o vitorioso da história é Gaspar, mas por que Gaspar não
quis ajudar o esqueleto a cavar o buraco? Por que ele se refugiou em cima de uma
árvore? Será que o abatido esqueleto tinha más intenções? Por que cavar um buraco
justamente ali, perto da árvore? Finalize a narrativa, criando respostas para essas
perguntas. Não se esqueça de fazer com que o narrador continue a contar a história,
revelando o que aconteceu com as personagens.

Antes de entregar o final da narrativa ao professor, leia seu texto e veja se o leitor
conseguirá entender o que você pretendeu transmitir. Uma boa maneira de fazer essa
verificação é pedir para que um colega leia o que você escreveu.

Para o desenvolvimento dessa atividade, aconselha-se o trabalho individual ou em dupla.


Após as correções13, a turma poderá expor os textos no mural da escola, no blog da
turma, no varal de textos da sala de aula, entre outros recursos. O importante é que os
alunos vivenciem a socialização de sua produção escrita. A condução orientada da
produção textual fornece ao professor elementos concretos importantes para a montagem
de atividades posteriores, principalmente para alcançar os alunos com dificuldades

13
Ver Anexo III (sugestão de grade de correção para análise do texto do aluno).

11
notórias de escrita. Caso isso seja detectado, a intervenção pode ser iniciada de imediato.
Trabalhar com títulos de notícias, poemas, chamadas programas televisivos (jornais,
novelas, filmes etc.), sinopses de novelas, slogans, vinhetas, legendas de obras de arte
(quadros, fotografias etc.), cartões virtuais de autoajuda, entre muitos outros condutores
de textos escritos, são recursos que fazem parte do dia a dia do estudante e que podem
facilitar o trabalho intensivo do professor com o aluno, na tentativa de reversão de
dificuldades leitoras e escritoras.

3- Conhecendo o verdadeiro final

Você deu um final para essa história, mas será que ele se aproxima do final
pensado pelo escritor Ricardo Azevedo? O que aconteceu de verdade? Seu professor
sabe...

Para a divulgação do final do texto original, sugerimos, abaixo, algumas possibilidades,


entre muitas outras possibilidades que o professor considerar pertinentes14:
a) ler o trecho que falta sem a necessidade de análise ou comentários.
b) dar continuidade à reflexão instigando os alunos quanto ao destino do pote de ouro: o
esqueleto, ao sumir, levou junto o pote de ouro ou esse pote foi o motivo da alegria de
Gaspar?
c) relacionar os parágrafos iniciais aos do final da história, enfatizando a oposição de
cenários e das atitudes do viajante.

14
A heterogeneidade da turma é o termômetro para o andamento das aulas, o que permite ao professor adaptações
ao trabalho apresentado nessa sequência de atividades. Um recurso é utilizar o material do aluno e solicitar que ele
responda às questões, após debatê-las, por escrito.

12
Anexo 1
GASPAR, EU CAIO!
Ricardo Azevedo

Noite escura no mato. Estrada de terra sem vivalma. O vento gemendo pelos galhos e as nuvens passando nervosas,
querendo chover.
Um homem vem vindo lá longe. Devagarinho. Sem lua nem estrela para iluminar a viagem.
Vem de sacola pendurada no ombro e, na mão, um pau de matar cobra.

Trovoada. Os pingos da chuva principiam a cair. O viajante aperta o passo. Na curva, dá com uma casa abandonada.
Cai um raio de despedaçar árvore. A chuva aperta. Na porta da tapera tem uma cruz desenhada. O homem não quer
saber de nada. Mete o pé na porta e entra.

Dentro, um pouco de tudo. Pedaços de mobília, tigelas, troços e trecos jogados no escuro.
O viajante faz fogo.
Agachado, tira um pedaço de carne da sacola e bota para assar. Está morto de fome. Deita no chão e solta o corpo,
esperando a comida ficar pronta.
A chuva vai minguando. O mato fica quieto.

De repente, o telhado range. [...]


- Gaspar!
O homem estremece. Aperta os dentes. A luz do fogo é fraca. Não dá para ver nada.

A voz chama e chama.


- Gaspar!
[...]
Estrondo. Espanto. Uma coisa despenca lá de cima - catapram – e cai no chão.
Os olhos do homem crescem de pavor.
É um pé. A ossada de um pé. E vem com os dedos mexendo!
[...]
Catapram. Vem outro pé. Cai e vai se arrastando para junto do primeiro.
- Gaspar!
O viajante respira curto. [...] desabam do forro pernas, coxas, tronco, braços e mãos de um esqueleto que vai se
formando no chão.
O esqueleto começa a dançar.
A luz do fogo desenha sombras estranhas no casebre.
- Gaspar! Gaspar! Gaspar!
[...]
E então – ploct – uma cabeça cai lá do alto.

Meio de medo, meio de raiva, o homem chuta a caveira longe.

O corpo desencarnado fica zangado. Para a dança, agacha e, cuidadoso, enfia o crânio no pescoço. Depois, lambuza
a carne que assa no fogo com seu cuspe escuro.

O sangue do viajante ferve. Estava morto de fome. A carne era tudo o que havia para comer. O homem cata o pau de
matar cobra.
- Para mim chega! – De olhos fechados, mergulha sobre o esqueleto dando soco e pancada. O morto gargalha. Os
dois rolam atracados pelo chão da tapera.
A luta vara a noite. O homem bate, chora e sangra. O esqueleto range os dentes.
Os dois quebram tudo, apagam o fogo com o corpo e vão parar do lado de fora, rugindo na lama.

O tempo passa. Um golpe seco estala no mato. Silêncio.

O morto suspira e cai.


O viajante continua de pé, vitorioso. Passa o braço machucado sobre o rosto.

Do chão, a caveira pede para o homem cavar um buraco no pé de uma árvore.


O homem responde:
- Nem nunca!

Em seguida, vai até a árvore e trepa num galho bem alto.

Abatido, o esqueleto pega e cavuca ele mesmo. [...]

13
Anexo II
Texto completo

GASPAR, EU CAIO!
Ricardo Azevedo

Noite escura no mato. Estrada de terra sem vivalma. O vento gemendo pelos
galhos e as nuvens passando nervosas, querendo chover.
Um homem vem vindo lá longe. Devagarinho. Sem lua nem estrela para iluminar a
viagem.
Vem de sacola pendurada no ombro e, na mão, um pau de matar cobra.
Trovoada. Os pingos da chuva principiam a cair. O viajante aperta o passo. Na
curva, dá com uma casa abandonada. Cai um raio de despedaçar árvore. A chuva aperta.
Na porta da tapera tem uma cruz desenhada. O homem não quer saber de nada. Mete o
pé na porta e entra.
Dentro, um pouco de tudo. Pedaços de mobília, tigelas, troços e trecos jogados no
escuro.
O viajante faz fogo.
Agachado, tira um pedaço de carne da sacola e bota para assar. Está morto de
fome. Deita no chão e solta o corpo, esperando a comida ficar pronta.
A chuva vai minguando. O mato fica quieto.
De repente, o telhado range. De lá de cima, um gemido rabisca o ar:
- Gaspar!
O homem estremece. Aperta os dentes. A luz do fogo é fraca. Não dá para ver
nada.
A voz chama e chama.
- Gaspar!
Já passa da meia noite. Quem será? A voz insiste:
- Gaspar!
O viajante pensa em fugir. Mas, e a carne? E o frio? E a chuva ameaçando cair?
Encolhido num canto, o homem arrisca:
-Quem está aí?
A voz, no telhado, continua grossa:
- Gaspar!
- Quem está aí?

14
- Gaspar!
- Quem está aí? - pergunta o homem.
A voz então diz:
- Gaspar... Eu caio!
- Pois caia! – responde o viajante.
Estrondo. Espanto. Uma coisa despenca lá de cima - catapram – e cai no chão.
Os olhos do homem crescem de pavor.
É um pé. A ossada de um pé. E vem com os dedos mexendo!
A voz bóia no ar:
- Gaspar!
O homem treme.
- Eu caio!
- Pois caia! – grita o homem de novo.
Catapram. Vem outro pé. Cai e vai se arrastando para junto do primeiro.
- Gaspar!
O viajante respira curto. A cada resposta sua, desabam do forro pernas, coxas,
tronco, braços e mãos de um esqueleto que vai se formando no chão.
O esqueleto começa a dançar.
A luz do fogo desenha sombras estranhas no casebre.
- Gaspar! Gaspar! Gaspar!
A voz grossa voa cada vez mais alto.
- Eu caio!
- Pois caia! – berra o viajante, sentindo sua hora chegar.
E então – ploct – uma cabeça cai lá do alto.
Meio de medo, meio de raiva, o homem chuta a caveira longe.
O corpo desencarnado fica zangado. Para a dança, agacha e, cuidadoso, enfia o
crânio no pescoço. Depois, lambuza a carne que assa no fogo com seu cuspe escuro.
O sangue do viajante ferve. Estava morto de fome. A carne era tudo o que havia
para comer. O homem cata o pau de matar cobra.
- Para mim chega! – De olhos fechados, mergulha sobre o esqueleto dando soco e
pancada. O morto gargalha. Os dois rolam atracados pelo chão da tapera.
A luta vara a noite. O homem bate, chora e sangra. O esqueleto range os dentes.
Os dois quebram tudo, apagam o fogo com o corpo e vão parar do lado de fora,
rugindo na lama.
O tempo passa. Um golpe seco estala no mato. Silêncio.

15
O morto suspira e cai.
O viajante continua de pé, vitorioso. Passa o braço machucado sobre o rosto.
Do chão, a caveira pede para o homem cavar um buraco no pé de uma árvore.
O homem responde:
- Nem nunca!
Em seguida, vai até a árvore e trepa num galho bem alto.
Abatido, o esqueleto pega e cavuca 15ele mesmo. Tira do buraco fundo um tacho
cheio de ouro e prata. Depois olhando para o homem pendurado na árvore, solta um
gemido e some no vento.
O viajante fica onde está. Manhã nascendo no mato. Seu peito mexe com força,
indo e vindo. Olha as mãos sujas de sangue. Estrada de terra sem vivalma. A roupa
rasgada. O suor. O sol avermelhado sopra a brisa quente entre as folhagens. O homem
sente o corpo doído e leve. Olha a tapera. Tem vontade de rir, cantar, conversar com
alguém. Salta aliviado do galho, junta as coisas e vai embora.

15
cavuca (sic) = cavouca, cava.
16
Anexo III

Critérios para avaliação da produção escrita 5ª série / 6º ano (sugestão)16

Critérios Descritores Não Parcialmente Satisfatoriamente

1. Tema A continuação do texto respeitou


o tema da narrativa inicial?
2. As mesmas personagens
Características continuam presentes?
do gênero Há condução ordenada no
desenvolvimento das novas
ações?
O texto manteve o foco narrativo?

O desfecho criado foi coerente?

3. Uso das As palavras estão segmentadas


convenções da corretamente?
escrita
As palavras obedecem às regras
ortográficas?

A produção apresenta
adequadamente letras
maiúsculas e minúsculas?

A pontuação está adequada?

O discurso direto e/ou indireto foi


utilizado adequadamente?

A produção apresenta uso


adequado de concordância
nominal e verbal?

A paragrafação está adequada?

Sinônimos foram utilizados para


evitar repetição de determinadas
palavras?

A produção apresenta elementos


de referenciação para
estabelecer relações lógico-
discursivas e/ou evitar repetições
de palavras?

16
Grade adaptada do Caderno Olimpíada de Língua Portuguesa - Escrevendo o Futuro - A ocasião faz o
escritor: orientação para produção de textos. Equipe de produção Maria Aparecida Laginestra, Maria
Imaculada Pereira. São Paulo: Cenpec, 2010. (coleção Olimpíada).

17
Referências bibliográficas
AZEVEDO, Ricardo. Gaspar, eu caio. In: Meu livro de Folclore. São Paulo: Ática, 1998,
p. 33–38.
KLEIMAN, Angela. Oficina de leitura: teoria e prática. São Paulo: Pontes, 2007, p. 61.
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LAGINESTRA, Maria Aparecida; PEREIRA, Maria Imaculada. A ocasião faz o escritor:
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Sites pesquisados

<http://www.ricardoazevedo.com.br/ricardo-azevedo/>. Acesso em: 25 de janeiro de 2018.

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<http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/vivalma/>.
Acesso em 26 de janeiro de 2018.

<https://www.dicio.com.br/vivalma/>. Acesso em: 26 de janeiro de 2018.

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