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10/03/2019 Socialismo ‘millennial’ nos EUA | Opinião | EL PAÍS Brasil

OPINIÃO

IDEIAS › ANÁLISE

Socialismo ‘millennial’ nos EUA


A temida palavra ‘socialista’ já não é mais tabu entre os jovens do país.
Críticos da má distribuição de oportunidades e do ‘status quo’,
encontraram sua voz em Alexandria Ocasio-Cortez
FERNANDO VALLESPÍN

10 MAR 2019 - 00:00 CET

DIEGO QUIJANO

Uma das maiores fraturas políticas atuais, junto com a urbana/rural, é a de gerações. E,
mais do que em outros lugares, isto se torna visível no mundo anglo-saxão. Se fossem
apurados unicamente os votos dos menores de 25 anos nas últimas eleições legislativas
britânicas, o Partido Conservador não teria obtido nem um só assento na Câmara dos
Comuns. O voto dos jovens, que já tinha sido majoritariamente contrário ao Brexit, foi
em massa para o Partido Trabalhista, que vinha se reaproximando das suas bases pelas
mãos do imprevisível líder Jeremy Corbyn. Nas eleições de 2017, soube cortejar com
acerto as ânsias de ascensão social frustradas pela crise econômica.

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MAIS INFORMAÇÕES Apesar de suas muitas diferenças, nos Estados Unidos encontramos
uma tendência parecida. E aqui o mais relevante é observar como os
millennials, a geração nascida entre 1981 e 1996, conseguiram
romper o tabu do qualificativo de “socialista” nesse país. Uma
pesquisa do Gallup mostra que 51% dos jovens têm uma visão
Alexandria Ocasio- positiva do socialismo.
Cortez, o fenômeno
da nova esquerda em
Washington

Bernie Sanders, o
veterano socialista
que se une aos
desafiantes de
Trump

Um ‘New Deal’
contra o populismo

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Esse último dado aparece em um amplo artigo da The Economist – destacado já na sua
capa – em que se aprecia certa perplexidade quanto ao fenômeno. O semanário
britânico chama a atenção para a “ingenuidade” de muitas dessas posições no que se
refere ao seu conhecimento sobre a realidade da economia e a política fiscal, mas é
compreensivo com tais atitudes, dada a desigualdade galopante, a assimetria na oferta
de oportunidades e os problemas ambientais. No meu entender, entretanto, a
condescendência crítica da publicação em relação às possíveis soluções políticas que o
novo socialismo norte-americano oferece erra o alvo. Ainda estamos longe de saber se
ele tem algum tipo de “programa”, ou se responde mais a elementos expressivos que a
outra coisa. A grande pergunta a fazer não é se existe uma nova sensibilidade
esquerdista entre os jovens – algo que parece confirmado –, e sim em que se
concretizará.

Deixemos agora de lado o que possa ocorrer em outros países democráticos, sujeitos
também em parte à mesma dinâmica, e nos concentremos no fenômeno tal como se
apresenta nos Estados Unidos, porque é justamente aí que encontramos seus traços
mais interessantes. É preciso pensar que se trata do único país desenvolvido onde
nunca existiu uma tradição socialista propriamente dita, e onde o esquerdismo se
aglutinava em torno do difuso qualificativo de “liberal”, mais ou menos equivalente ao
nosso “progressista”. Quem ia além e defendia uma maior ruptura com o status quo era
tachado de “radical”, sem maior especificação. O fato de atualmente se recorrer a outro
epíteto, “socialista” ou “democrata-socialista”, como gostam de se descrever
personagens como a jovem congressista Alexandria Ocasio-Cortez, é, portanto, algo
mais que uma curiosidade. Expressa uma tentativa de explorar novos territórios de ação
política, não se filiar pura e simplesmente ao socialismo histórico de estirpe marxista.

Aqui é onde se deve buscar sua originalidade, isso de dar as costas ao esquerdismo
norte-americano tradicional – ou ao europeu – e tentar abrir outros caminhos. Quais são
eles é a grande questão. E não há uma resposta simples. Entre outras coisas, porque
tampouco está construindo um relato propriamente dito ao qual possa atrelar uma
práxis política. Constrói das ruínas do frustrado projeto de Obama ou o do próprio
Bernie Sanders, que voltará a tentar a sorte nas primárias do Partido Democrata. Mas
tampouco se ergue do nada. O movimento Occupy Wall Street deixou atrás de si uma

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pletora de novas publicações, sites e comunidades de ativistas na rede que continuam


em funcionamento, fazendo barulho e ocupando boa parte do espaço público.

Sanders e o movimento Occupy voltaram para politizar a


desigualdade. Ela já não parece inevitável

A única certeza é que o socialismo norte-americano compartilha as três premissas


fundamentais da esquerda do Partido Democrata: a) uma crítica sem paliativos à
desigualdade social criada pela economia neoliberal e pelas medidas fiscais dos últimos
anos em favor dos que mais têm; b) a acusação aos hiper-ricos e às grandes empresas
de ter descuidado das suas obrigações comunitárias e transformado seu enorme poder
econômico em contínuos privilégios políticos; e c) a exigência de subverter este estado
de coisas com programas sociais expansivos que vão muito além do direito a uma saúde
universal. Se parassem por aqui, entretanto, os socialistas millennials seriam
identificados apenas como uma ala social-democrata desse partido. Mas seus objetivos
parecem mais amplos.

O fato diferencial
Para a maioria dos que se sentem identificados com esse rótulo, a semântica do que é
“socialismo” não se deixa reduzir exclusivamente à dimensão convencional. David
Graeber, um anarquista convicto, autor do livro Bullshit Jobs, ao ser perguntado pelo
que significa para ele este socialismo millennial, deixou bem claro: “Eu o compararia ao
que ocorreu com o feminismo e o abolicionismo na sua época. Trata-se de alterar as
percepções morais das pessoas”. Por isso, não pode deixar de lado as questões
identitárias: “Socialismo é feminismo, socialismo é antirracismo, socialismo é LGTBI”.
Recordemos que foi nesta necessidade de teimar no identitário e na diversidade – as
questões divisoras por antonomásia – que intelectuais como Mark Lilla viram a
explicação para o triunfo de Trump. A outra identidade, a branca, sentiu-se também
interpelada e, no final, deu no que deu.

O socialismo millennial, seguindo o caminho esboçado por políticos como Sanders e


movimentos como o Occupy, voltou para politizar a desigualdade, que já não é mais
vista como uma externalidade inevitável. Além disso, os jovens norte-americanos vivem

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cotidianamente o endividamento decorrente das caras tarifas universitárias e o


pagamento dos planos de saúde. Para atingir o objetivo é preciso mirar nas grandes
fortunas, às quais Ocasio, por exemplo, gostaria de impor uma alíquota fiscal de 70%.
Aqui a classe média, cujos salários mal se moveram em termos relativos nas últimas
quatro décadas, também deveria ser parte da coalizão. A opressão não se articula só a
partir de critérios econômicos: abandonar em seu nome a luta pelo reconhecimento de
determinadas minorias fica totalmente excluído.

O socialismo ‘millennial’ não deve prescindir da espontaneidade,


mas precisa das instituições

Hoje haveria, além disso, novos desafios que hipotecam nosso futuro e exigem uma
ação política imediata. O mais urgente é, certamente, a mudança climática. O Green
New Deal seria o instrumento para isso. Não resta alternativa senão reestruturar a
economia para alcançar dois fins ao mesmo tempo: eliminar as emissões de gases do
efeito estufa e aproveitar esse impulso de reorganização das políticas econômicas para
criar uma maior prosperidade para todos, uma nova redistribuição dos recursos. E há
também os novos desafios sobre o emprego derivados da robotização e da aplicação
maciça da inteligência artificial. Em contraste indubitável com a sensibilidade norte-
americana majoritária, falar de algo como uma renda básica de reinserção deixou de ser
tabu. Se muitos jovens caem rendidos perante esta nova forma de “socialismo”, isto se
deve em grande parte a que as questões e os desafios do futuro encontraram finalmente
um espaço na agenda da política cotidiana.

Teoria e prática
A experiência acumulada de todo o esquerdismo mostra que o mundo real não se deixa
impressionar por quem trata de questioná-lo. Devem passar para o primeiro plano as
disputas relativas ao “que fazer?”, e a estratégia necessária para traduzir os objetivos
em políticas efetivas. E é aqui que o socialismo millennial se encontra com os maiores
problemas. Porque, de um lado, não pode prescindir – carrega-o em seu DNA geracional
– da criatividade e da espontaneidade que as redes permitem. Mas, por outro, como se
viu com o próprio Occupy, sem uma conexão efetiva com as instituições da democracia
formal tudo pode ficar afinal reduzido a meros fogos de artifício. Sem se incorporar às

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instituições não há mudança, mas ficar encaixado em suas dinâmicas, Obama que nos
desculpe, nos condena à frustração.

Mas por enquanto não se veem como caminhos excludentes, e jogam em ambas as
dimensões. E com bastante êxito. Ocasio volta a ser um exemplo interessante porque
conseguiu que sua presença no Congresso monopolizasse todos os olhares. Não por
acaso, transmite os detalhes do que ali ocorre através de suas contas do Twitter e
Instagram, aproximando do grande público os detalhes da vida parlamentar, até agora
opacos. Ao mesmo tempo, isso não a impede de mostrar um profissionalismo
irrepreensível, como se viu no seu rigoroso interrogatório do ex-advogado de Trump
Michael Cohen.

O desafio para este novo autoproclamado socialismo está em transferir a essas mesmas
instituições as energias democráticas que se encontram no seu ativismo de base. O
projeto tem e terá sentido na medida em que puder se articular em torno de uma matriz
de organizações locais, debate on-line, diferentes fórmulas de ativismo ou experimentos
que conectem a auto-organização de grupos com os fins públicos, algo assim como a
criação de companhias tipo Uber ou Airbnb de propriedade social, dos quais nos fala
Graeber. Resta muito por fazer, mas que a The Economist ande preocupada mostra
claramente que se trata de algo além de um mero impulso utópico.

Adere a

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ARQUIVADO EM:

Marxismo · Bernie Sanders · Alexandria Ocasio-Cortez · Izquierda socialista · Karl Marx


· Generación Milenial · Occupy Wall Street · Socialismo · Gerações · Desigualdade econômica

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