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Esclarecimentos Iniciais: Essa postagem é

simplesmente uma tradução literal do Original, obtida na


Internet através do link abaixo:

Full text of "Caesar's Messiah [The Roman Conspiracy


To Invent Jesus]

e ilustrada com imagens também recolhidas da Internet


através do Google Imagens.
O MESSIAS DE CESAR

A CONSPIRAÇÃO ROMANA PARA INVENTAR


JESUS

JOSEPH ATWILL

Índice

Introdução

1. Os primeiros Cristãos e os Flavianos

2. Pescadores de homens: homens que foram pegos como


peixes

3. O Filho de Maria, que foi um sacrifício da Páscoa

4. Os Demônios de Gadara

5. Eleazar Lázaro: O verdadeiro Cristo

6. O quebra-cabeça do túmulo vazio

7. A Nova Raiz e Ramos

8. Até que tudo seja cumprido

9. Os Autores do Novo Testamento


10. O Método Tipológico

11. O quebra-cabeça de Decius Mundus

12. O Pai e o Filho de Deus

13. Uso de Josefo do livro de Daniel

14. Construindo Jesus

15. Os Apóstolos e os Macabeus

16. A Mulher Samaritana e Outros Paralelos

Conclusão

Apêndice

Guia do leitor para os nomes e termos

Uma Linha do Tempo das Vidas de Jesus e Tito

Notas finais

Bibliografia Selecionada

Sobre o autor
Introdução

Na mente popular, e nas mentes da maioria dos estudiosos,


é claro, a origem do cristianismo: a religião, começou como
um movimento dos seguidores de classe baixa de um mestre
judeu radical durante o primeiro século.

Por diversas razões, no entanto, eu não compartilhei deste


frágil argumento. Haviam muitos deuses adorados durante
a era de Jesus que são agora vistos como fictícios, e
nenhuma evidência arqueológica sua foi encontrada.

O que mais contribuiu para o meu cepticismo foi que no


momento exato em que os seguidores de Jesus eram puros
organizando-se pontualmente em uma religião que exortava
seus membros a "dar a outra face" e "dar a Cesar o que é de
Cesar", outra seita judaica estava travando uma guerra
religiosa contra os romanos Esta seita, os Sicarii, também
acreditava na vinda de um Messias, mas não naquele que
defendia a paz. Eles procuravam um Messias que os guiaria
militarmente. Parece implausível que duas formas
diametral e radicalmente opostas do judaísmo messiânico
teriam surgido na Judeia ao mesmo tempo.
Sicarii em Massada

É por isso que os Manuscritos do Mar Morto foram de tal


interesse para mim, e comecei o que se transformou em um
estudo de uma década deles. Igual a muitos outros, eu
estava esperando aprender algo da orientação original nos
documentos de 2.000 anos encontrados em Qumran.

Manuscritos do Mar Morto

Eu também comecei a estudar as outras duas grandes obras


dessa época, o Novo Testamento e "Guerra dos Judeus" por
Flávio Josefo, um membro adotado da família imperial;
Flavio Josefo - também conhecido pelo seu nome
hebraico Yosef ben Mattityahu

Eu esperava determinar como os pergaminhos estavam


relacionados a eles. Ao ler estes dois trabalhos lado a lado,
notei uma conexão entre eles. Certos eventos do ministério
de Jesus parecem paralelamente relacionados a episódios da
campanha militar do imperador romano Tito Flávio,
enquanto ele tentava ganhar o controle dos judeus rebeldes
na Judeia.
Tito Flavio

Meus esforços para entender esse relacionamento me


levaram a descobrir o incrível segredo que é o assunto deste
livro: Esta família imperial, os Flavianos, criaram o
Cristianismo, e, ainda mais incrivelmente, eles
incorporaram uma hábil sátira dos judeus nos Evangelhos e
em "Guerra dos Judeus" para informar a posteridade desse
fato.
A Dinastia Flaviana: Ao centro Vespasiano, à
esquerda Domiciano e à direita Tito

A dinastia Flaviana durou de 69 a 96 EC, o período em que


a maioria dos estudiosos acredita que os evangelhos foram
escritos. Ela consistia em três Césares: Vespasiano e seus
dois filhos, Tito e Domiciano. Flávio Josefo, o membro
adotivo da família que escreveu "Guerra dos Judeus", foi
seu historiador oficial.
A sátira que eles criaram é difícil de enxergar. Se fosse de
outra forma, não teria permanecido desapercebida por dois
milênios. No entanto, como os leitores podem julgar por si
mesmos, o caminho que os Flavianos deixaram para nós é
claro. Tudo o que é realmente necessário para compreender
é ter um espaço aberto na mente. Mas por que então a
relação satírica entre Jesus e Tito não foi notada antes? Esta
questão é especialmente adequada à luz do fato de que as
obras que revelam sua sátira - o Novo Testamento e as
histórias de Josefo - são talvez os mais escrupulosos livros
especializados desse tipo de literatura.
A única explicação que posso oferecer é que a visualização
dos Evangelhos como sátira - isto é, como uma composição
literária (em oposição a uma história) em que loucura
humana é levada ao ridículo - requer que o leitor contradiga
uma crença profundamente arraigada. Uma vez que Jesus
foi universalmente estabelecido como um indivíduo
histórico mundial, qualquer outra possibilidade tornou-se,
evidentemente, invisível. Quanto mais acreditamos em
Jesus como uma figura histórica mundial, menos
conseguimos compreendê-lo de qualquer outra maneira.
Para entender por que os Flavianos decidiram criar o
cristianismo, é preciso entender as condições políticas que
a família enfrentou na Judeia em 74 EC, após a derrota
dos Sicarii, um movimento de judeus messiânicos.
O processo que finalmente levou ao controle dos Flavianos
sobre a Judeia fez parte de uma luta mais ampla e mais
longa, que entre Judaísmo e Helenismo. O Judaísmo, que
foi baseado no monoteísmo e na fé, era simplesmente
incompatível com o Helenismo, a cultura grega que
promoveu o politeísmo e o racionalismo.

O Helenismo se espalhou pela Judeia depois que


Alexandre, o Grande, conquistou a área, em 333 AEC,
Alexandre e seus sucessores estabeleceram cidades em todo
o seu império para atuar como centros de comércio e
administração. Eles montaram mais de 30 cidades gregas
dentro da própria Judeia. O povo da Judeia, apesar de sua
resistência histórica à influência externa, começou a
incorporar certas características da classe dominante grega
em sua cultura. Muitos semitas acharam desejável e
serem capazes, mesmo se não for necessário, de falar grego.
Judeus ricos procuraram uma educação grega para seus
jovens.
A Gymnasia apresentou aos estudiosos judaicos, mitos
gregos, esportes, música e artes.

Antiga Gymnasia em Sardis

Seleuco
Os selêucidas, descendentes de Seleuco, o comandante da
guarda de elite de Alexandre, ganhou o controle sobre a
região dos Ptolomeus, os descendentes de outro dos
generais de Alexandre, em 200 AEC, quando Antíoco IV
(ou como ele preferia, Epifânio - isto é, deus manifesto)
tornou-se o governante selêucida em 169 AEC, com ele
começou o pesadelo da Judeia.

Antíoco IV - Epifânio

Antíoco era abertamente desdenhoso do judaísmo e queria


modernizar a religião e a cultura judaica. Ele instituiu
sumos sacerdotes que apoiaram suas políticas. Quando uma
rebelião contra a helenização explodiu, em 168 AEC,
Antíoco ordenou que seu exército atacasse Jerusalém. II
Macabeus registra o número de judeus mortos em batalha
como 40.000, com outros 40.000 capturados e
escravizados.
Antíoco esvaziou o templo de seu tesouro, violou o santo
de santos e intensificou sua política de helenização. Ele
ordenou o que as observâncias do culto hebraico fossem
substituídas por helenísticas. Ele proibiu a circuncisão e
sacrifício, instituiu a cobrança de uma mensalidade e a
observância de seu aniversário, e colocou uma estátua de
Zeus no Templo do Monte.
Em 167 AEC, os Macabeus, uma família de
Judeus religiosamente zelosos, liderou uma revolução
contra a imposição dos costumes e da religião Helenística
por Antíoco. Eles procuraram restaurar o poder da religião
a qual eles acreditavam ter sido enviada por Deus à sua terra
santa. Os Macabeus obrigaram os habitantes das cidades
que conquistaram a se converterem ao judaísmo. Os
homens ou se permitiam ser circuncidados ou eram mortos.
Depois de uma luta de 20 anos, os Macabeus prevaleceram
contra os selêucidas. Para citar 1 Macabeus ", o jugo dos
gentios foi removido de Israel"(13:41).
Embora os Macabeus tenham passado a governar Israel por
mais de 100 anos, seu reino nunca esteve seguro. A ameaça
selêucida à região foi substituída por uma ainda maior de
Roma. O expansionismo romano e a cultura helenística
constantemente ameaçavam engolfar o estado religioso que
os Macabeus estabeleceram. Em 65 AEC, uma guerra civil
eclodiu entre dois rivais Macabeus pelo trono. Foi nessa
época que Antipater o Edomita, o pai astuto de Herodes,
apareceu em cena. Antipater ajudou a trazer uma
intervenção romana à guerra civil, e quando Pompeu enviou
sua "Legate Scaurus" à Judeia com um exército romano,
isso marcou o começo do fim do estado religioso dos
macabeus.
A Legião de Pompeu no Templo de Jerusalém

Nos próximos 30 anos (65-37 AEC), a Judeia sofreu uma


guerra depois da outra. Em 40 AEC, o último governante
dos Macabeus, Matatias foi derrotado e Antígono,
apreendeu o controle do país. Por esta altura, como sempre,
a família herodiana foi firmemente estabelecida como
aliada de Roma na região e, com o apoio romano, derrotou
o exército de Matatias e ganhou o controle da Judeia.
Matatias O Sacerdote Guerreiro

Após a destruição do estado dos Macabeus, os Sicarii, um


novo movimento contra o controle romano e herodiano,
surgiu. este foi um movimento de judeus de classe baixa,
originalmente chamado de zelotes, que continuou a luta
religiosa dos Macabeus contra o controle da Judeia por
pessoas de fora e procurou restaurar o "Eretz Israel".
Eretz Israel

Os esforços dos Sicarii atingiram o clímax em 66 EC


quando conseguiram enfrentar as forças romanas do país. O
Imperador Nero ordenou que Vespasiano entrasse na Judeia
com um grande exército e acabasse com a revolta. A luta
violenta que se seguiu deixou o país devastado foi
concluída quando Roma capturou Massada em 73 EC.

Massada e o Cerco Romano

No meio da guerra da Judeia, forças leais à família Flaviana


que vivia em Roma se revoltou contra o último dos
imperadores Julio-Claudianos, Vitélio, e tomou a capital.
Vespasiano voltou a Roma para ser proclamado imperador,
deixando seu filho Tito na Judeia para acabar com os
rebeldes.
Após a guerra, os Flavianos compartilharam o controle
sobre esta região entre o Egito e a Síria com duas famílias
de poderosos judeus helenizados: os Herodes, e,
os Alexanders. Essas três famílias compartilhavam de um
interesse financeiro comum na prevenção de futuras
revoltas. Eles também compartilhavam um intrincado
relacionamento pessoal de longa data que pode ser rastreada
até a casa de Antônia, a mãe do Imperador Cláudio. Antônia
empregou Julius Alexander Lysimarchus, o alabarca, ou
governante, dos judeus de Alexandria, como seu
administrador financeiro por volta de 45 EC.
Júlio era o irmão mais velho do famoso filósofo judeu Philo
Judeaus, a principal figura intelectual do judaísmo
helenístico. Os escritos de Philo tentaram fundir o judaísmo
com a filosofia platônica. Os estudiosos acreditam que seu
trabalho forneceu aos autores dos evangelhos algumas de
suas perspectivas religiosas e filosóficas.
O secretário particular de Antônia, Caenis, também foi a
causa de miséria a longo prazo. de Vespasiano. Julius
Alexander Lysimarchus e Vespasiano teriam, portanto,
conhecido um ao outro através de suas conexões com a casa
de Antônia.
Júlio teve dois filhos. O mais velho, Marcus, foi casado
com a sobrinha adolescente de Herodes, Berenice, criando
um vínculo entre os Alexanders e os Herodes, a família
governante da Judeia Romana. Marcus morreu jovem e
Berenice acabou se tornando a amante do filho de
Vespasiano, Tito. Berenice, assim, conectou os Flavianos e
os Alexanders, a família de seu primeiro marido, à sua
família, os Herodes.

Tito e Berenice

O filho mais novo de Júlio, Tibério Alexandre, foi outra


importante ligação entre as famílias. Ele herdou toda a
propriedade de seu pai depois da morte de seu
irmão Marcus, fazendo dele um dos homens mais ricos do
mundo na época. Ele renunciou ao judaísmo e ajudou os
Flavianos com sua guerra contra os judeus, contribuindo
com dinheiro e tropas, como fez a família de Herodes.
Tibério foi o primeiro a declarar publicamente sua
fidelidade a Vespasiano como imperador e, assim, ajudou a
iniciar a dinastia Flaviana. Quando Vespasiano retornou a
Roma para assumir o poder como imperador, ele deixou
Tibério para ajudar seu filho Tito com a destruição de
Jerusalém.

Cerco e destruição de Jerusalém

Embora as três famílias tivessem conseguido acabar com a


revolta, eles ainda enfrentavam uma ameaça potencial.
Muitos judeus continuaram a acreditar que Deus enviaria
um Messias, um filho de Davi, que os lideraria contra os
inimigos da Judeia. Flávio Josefo registra que: o que "mais
influenciou" os Sicarii a lutar contra Roma foi sua crença
de que Deus iria enviar um Messias para Israel, que levaria
seus fiéis à vitória militar. Embora os Flavianos, Herodes
e Alexanders terminaram com a revolta judaica, as famílias
não haviam destruído a religião messiânica dos rebeldes
judeus. Portanto elas precisavam encontrar uma maneira de
evitar que os zelotes inspirassem revoltas futuras com sua
crença em um guerreiro vindouro "O Messias".
Então alguém de dentro deste círculo teve uma inspiração,
e isso mudou a história. A maneira de domar o judaísmo
messiânico seria simplesmente transformá-lo em uma
religião que cooperaria com o Império Romano. Para
alcançar este objetivo, seria necessário um novo tipo de
literatura messiânica. Assim, sabemos como, por essa
razão, os evangelhos cristãos foram criados.
Em uma convergência única na história, os Flavianos,
Herodes e Alexanders reuniram os elementos necessários
para a criação e implementação do cristianismo. Eles
tinham a motivação financeira para substituir a religião
militarista dos Sicarii, a experiência em Judaísmo e
filosofia necessários para criar os Evangelhos, e os
conhecimento e burocracia necessários para implementar
uma religião.
Os Flavianos criaram e mantiveram um grande número de
religiões além da Cristandade. Além disso, essas famílias
eram os governantes absolutos dos territórios onde as
primeiras congregações cristãs começaram.
Para produzir os Evangelhos, era necessário um profundo
entendimento da literatura judaica. Os Evangelhos não
substituiriam simplesmente a literatura da antiga religião,
mas seria escrita de tal forma a demonstrar que o
cristianismo foi o cumprimento das profecias do judaísmo
e, portanto, cresceu diretamente a partir dele. Para alcançar
esses efeitos, os intelectuais Flavianos fizeram uso de uma
técnica usada em toda literatura judaica - "tipologia". Em
seu sentido mais básico, a tipologia é simplesmente o uso
de eventos anteriores para fornecer forma e contexto para
validar a seguinte. Se alguém se senta para uma pintura, por
exemplo, ele ou ela é o "tipo" da pintura, daquilo em que
foi baseado. Tipologia é usada em toda a literatura judaica
como uma forma de transferir informações e significado de
uma história para outra. Por exemplo, o livro de Esther usa
cenas do tipo da história de José no Livro de Gênesis, para
que o leitor alerta entenda que Esther e Mordecai estão
repetindo o papel de José como um agente de Deus.

JOSÉ

• José sobe para alta posição no governo egípcio através


de sua beleza e sabedoria

• Boa ação de José (interpretação o sonho do mordomo)


é esquecido por um muito tempo

• Um personagem se recusa a ouvir - "ela falou com José


todos os dias, mas ele se recusou a ouvir "(Gen 38:10)

• O chefe dos servos do faraó é enforcado

• José revela sua identidade para o faraó depois de uma


festa

ESTHER / MORDECAI

• Esther sobe para alta posição no governo persa através


de sua beleza e sabedoria
• A boa ação de Mordecai (salvar a vida do rei) é
esquecida por muito tempo

• Personagem se recusa a ouvir - "eles disseram a ele


todos os dias, mas ele se recusou a ouvir "(Est. 3: 4)

• O chefe dos servos do rei é enforcado

• Esther revela sua identidade para o rei depois de uma


festa

Os autores dos Evangelhos usaram tipologia para criar a


impressão que eventos da vida dos profetas hebraicos
anteriores eram tipos de eventos da vida de Jesus. Ao fazer
isso, eles estavam tentando convencer seus leitores que sua
história de Jesus foi uma continuação do
divino relacionamento que existia entre os profetas hebreus
e Deus.

No início dos Evangelhos, os autores criaram uma clara e


cristalina relação tipológica entre Jesus e Moisés.
os autores colocaram essa sequência no início de seu
trabalho para mostrar ao leitor como o verdadeiro
significado do Novo Testamento será revelado. (1)
A sequência começa em Mateus 2:13, onde José é
descrito como trazendo Jesus, que representa o "novo
Israel", até o Egito. Este evento é paralelo ao Gênesis 45-
50, onde um José anterior trouxe o "velho Israel" até o
Egito.

Fuga de José para o Egito

José recebe os irmãos no Egito


Os autores dos Evangelhos associaram o seu José com
o anterior por meio de mais do que apenas um nome
compartilhado e uma viagem para o Egito. No Novo
Testamento José é descrito, como o seu correspondente na
Bíblia hebraica, como um sonhador e interpretador de
sonhos e como tendo encontros com uma estrela e homens
sábios.
Ambas as histórias sobre a jornada de um José para o Egito
são imediatamente seguidas por uma descrição de um
massacre de inocentes.

As histórias sobre o massacre de inocentes não são


exatamente paralelos. Jesus não é salvo, por exemplo, ao
ser colocado em um cesto no rio Jordão e depois sendo
adotado pela filha de Herodes.

A tipologia usada na literatura judaica não requer


textualmente citações ou descrições; em vez disso, o autor
usa apenas suficientes informações do evento que está
sendo usado como o tipo para permitir ao leitor reconhecer
que o evento anterior diz respeito ao que está
sendo descrito. Neste caso, cada massacre da história dos
inocentes retrata crianças pequenas sendo abatidas por um
tirano temeroso, porém o futuro salvador de Israel sendo
salvo.

Os autores do Novo Testamento continuam


espelhando Êxodo por um anjo que diz a José: "Levanta-te,
e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de Israel;
porque já estão mortos os que procuravam a morte do
menino."(Mateus 2:20). Esta afirmação é um claro
paralelo a declaração feita a Moisés, o primeiro salvador de
Israel, em Êxodo 12:30,31: "E Faraó levantou-se de noite,
ele e todos os seus servos, e todos os egípcios; e havia
grande clamor no Egito, porque não havia casa em que não
houvesse um morto.
Então chamou a Moisés e a Arão de noite, e disse: Levantai-
vos, saí do meio do meu povo, tanto vós como os filhos de
Israel; e ide, servi ao Senhor, como tendes dito."

"Os paralelos então continuam com Jesus recebendo um


batismo (Mt 3:13), que espelha o batismo dos israelitas
descritos em Êxodo 14. Em seguida, Jesus passa 40 dias no
deserto, que é paralelo aos 40 anos que os israelitas passam
no deserto. Ambas as estadas no deserto envolvem três
conjuntos de tentações. Em Êxodo, é Deus quem é tentado;
nos Evangelhos, é Jesus, o filho de Deus.

Em Êxodo, são os israelitas que tentam a Deus. Eles


primeiro o tentam pedindo-lhe pão, quando eles aprendem
que "o homem não vive só de pão "(Ex. 16). A segunda vez
é em Massá, onde eles são instruídos a não "tentar o
Senhor" (Êxodo 17). A terceira ocasião é quando eles fazem
o bezerro de ouro no Monte Sinai (Ex. 32), e
eles aprendem a "temer o Senhor teu Deus e servir somente
a ele".
E o Senhor falou a Moisés, dizendo:

Tenho ouvido as murmurações dos filhos de Israel. Fala-lhes, dizendo: Entre as duas tardes comereis
carne, e pela manhã vos fartareis de pão; e sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus.

E aconteceu que à tarde subiram codornizes, e cobriram o arraial; e pela manhã jazia o orvalho ao
redor do arraial

Êxodo 16:11- 13

As três tentações de Jesus são pelo diabo e são um espelho


das tentações de Deus pelos israelitas, como mostram suas
respostas. Para a primeira tentação (Mt 4: 4) ele responde:
"O homem não viverá só de pão". À segunda (Mt 4: 7) ele
responde:" Não tentarás o Senhor teu Deus ". E à terceira
(Mt 4:10) ele responde:" Tu adorarás o Senhor teu Deus, e
só a ele servirás."

As tentações de Jesus

Embora os paralelos entre Jesus e Moisés sejam


tipológicos e não textualmente, a sequência na qual esses
eventos ocorrem e isto certamente não é por acaso, mas a
prova de que Moisés, o primeiro salvador de Israel, é usado
como um tipo para Jesus, o segundo salvador de Israel.

ANTIGO TESTAMENTO / MATEUS

Gn 45-50 José traz o antigo Israel até o Egito / Mt 2:13 José


traz o novo Israel até o Egito

Ex. 1 Faraó massacra meninos / Mt 2:16 Herodes massacra


meninos
Ex. 4 "Todos os homens estão mortos ..." / Mt 2:20 "Eles
estão mortos ..."

Ex. 12 Do Egito para Israel / Mt 2:21 Do Egito para Israel

Ex. 14 Passando pela água (batismo) / Mt 3:13 Batismo

Ex. 16 Tentado pelo pão / Mt 4: 4 Tentado pelo pão

Ex. 17 Não tentes a Deus / Mt 4: 7 Não tentes a Deus

Ex. 32 Adore somente a Deus / Mt 4:10 Adore somente a


Deus

A sequência tipológica em Mateus que estabelece Jesus


como o novo salvador de Israel é bem conhecida dos
estudiosos. O que não é amplamente reconhecido é que a
história também revela a perspectiva política dos autores do
Novo Testamento. Na Bíblia hebraica são os israelitas que
tentam a Deus, mas percebem que o diabo toma seu lugar
na história paralela do Novo Testamento. Este
equacionamento dos Israelitas com o diabo é consistente
com o que os Flavianos pensavam dos judeus messiânicos;
que eles eram demônios.

Além disso, as sequências paralelas demonstram que os


Evangelhos foram projetados para serem lidos
intertextualmente, ou seja, em relacionamento direto aos
outros livros da Bíblia. Essa é a única maneira pela qual a
literatura baseada em tipos pode ser entendido. Em outras
palavras, como o exemplo sobre a infância de Jesus ilustra,
para entender os Evangelhos ou seja, um leitor deve
reconhecer que os conceitos, sequências e localizações em
Mateus são paralelas aos conceitos, sequências
e localizações em Gênesis e Êxodo, onde seu contexto já foi
estabelecido.

Usando cenas da literatura judaica como tipos de eventos


do Ministério de Jesus, os autores esperavam convencer
seus leitores de que os evangelhos eram uma continuação
da literatura hebraica que tinha inspirado os sicários a se
revoltarem e que, portanto, Jesus era O Messias a quem os
rebeldes esperavam e que Deus o havia enviado.
Dessa maneira, eles tirariam do judaísmo messiânico o seu
poder de insuflar insurreições, uma vez que o Messias não
estava mais vindo, mas já havia chegado. Além disso, o
Messias não era o militar xenófobo e o líder que
os Sicarii estavam esperando, mas sim um multi-
culturista que instou seus seguidores a "dar a outra face".

Se os Evangelhos alcançaram apenas a substituição do


militarista movimento messiânico com um pacifista, eles
teriam sido uma das peças de propaganda mais bem
sucedidas da história. Mas os autores queriam ainda mais.
Eles não queriam apenas pacificar os guerreiros religiosos
da Judeia, mas fazê-los adorar César como um deus. E eles
queriam informar a posteridade de que eles haviam feito
isso.

As populações das províncias romanas foram autorizadas


a adoração de qualquer maneira que desejassem, com uma
exceção; eles tiveram que permitir que César fosse adorado
em seus templos. Isso foi incompatível com o judaísmo
monoteísta. No final da guerra 66-73 CE Flávio Josefo
registrou que não importa como Tito torturou os Sicarii,
eles se recusaram a chamá-lo de "Senhor". Para contornar a
teimosia religiosa dos judeus, os Flavianos, portanto,
criaram uma religião que adorava a César sem que seus
seguidores soubessem disso.

Para conseguir isso, eles usaram o mesmo método


tipológico que tinham usado para ligar Jesus a Moisés,
criando conceitos paralelos, sequências, e locais. Eles
criaram o ministério inteiro de Jesus como um "tipo"
da campanha militar de Tito. Em outras palavras, eventos
do ministério de Jesus são eventos paralelos tradicionais da
campanha de Tito. Para provar que essas cenas lógicas não
foram erros acidentais, os autores as colocaram na mesma
seqüência e nos mesmos locais nos Evangelhos como elas
tinham ocorrido na campanha de Tito.

As cenas paralelas foram projetadas para criar outro


enredo do que aquele que aparece na superfície. Este enredo
tipológico revela que o Jesus que interagiu com os
discípulos seguido da crucificação, o Jesus real que os
cristãos têm inconscientemente adorado por 2.000 anos, foi
Tito Flavio.

A descoberta da invenção Flaviana do cristianismo cria


uma nova compreensão de todo o primeiro século EC. Tal
revelação é desorientadora, e o leitor encontrará os
seguintes pontos úteis na nova compreensão da história que
este trabalho apresenta.

• O cristianismo não se originou entre as classes mais


baixas da Judeia. Foi uma criação de uma família
imperial romana, os Flavianos.
• Os Evangelhos não foram escritos pelos seguidores de
um judeu Messias, mas pelo círculo intelectual em
torno dos três Imperadores Flavianos: Vespasiano e
seus dois filhos, Tito e Domiciano

• Os Evangelhos foram escritos após a guerra de 66-73


EC entre os romanos e os judeus, e muitos dos eventos
do ministério de Jesus são representações satíricas de
eventos daquela guerra.

• O propósito do cristianismo foi a superação. Foi


projetado para substituir o movimento messiânico
nacionalista e militarista na Judeia como uma religião
que era pacifista e que aceitava o domínio romano.

Desenvolvi estas descobertas ao longo dos últimos anos,


mas atrasei a publicação por várias razões. Embora eu não
seja mais um Cristão, vejo o cristianismo como um todo
valioso para a sociedade. Eu certamente não desejava
publicar um trabalho que pudesse levá-lo a um dano
substancial. Além disso, eu sabia que a natureza da
descoberta e as afirmações podem ter algum efeito negativo
mesmo em alguns não-cristãos. Eu não queria contribuir
para o cinismo da nossa época.

Ao mesmo tempo, eu sabia que essa informação seria


valiosa para muitos. Eventualmente, a minha preocupação
em não divulgar estas descobertas simplesmente superaram
meu medo do possível impacto. Então depois 2.000 anos de
mal-entendidos, um novo significado dos Evangelhos
é revelado dentro deste trabalho. Ao virar esta página, os
leitores entrarão em um novo Mundo. Eu não sei se é um
mundo melhor. Eu só sei que eu acredito que é mais
verdadeiro.

CAPÍTULO 1

Os primeiros Cristãos e os Flavianos

Este livro fornece uma nova abordagem para entender o


que são os evangelhos e quem os compôs. Eu mostrarei que
os intelectuais trabalhando para Tito Flávio, o segundo dos
três Césares Flavianos, criaram o cristianismo. Seu objetivo
principal era substituir o xenofóbico messianismo
judaico, que travou guerra contra o Império Romano, em
uma versão do judaísmo que seria obediente a Roma.

Um dos indivíduos envolvidos com a criação dos


Evangelhos foi o historiador do primeiro século Flávio
Josefo, que, como ele se relaciona e isso levou uma vida
fabulosa. Ele nasceu em 37 EC na família real da Judeia, os
Macabeus. Como Jesus, Josefo era uma criança
prodígio que surpreendeu os mais velhos com seu
conhecimento da lei judaica. Josefo também afirmou ter
sido membro de cada uma das seitas judaicas de sua época,
os saduceus, os fariseus e os essênios.
Quando a rebelião judaica contra Roma eclodiu, em 66
EC, embora ele não tivesse descrição de antecedentes
militares e acreditava que essa era uma causa sem
esperança, a Josefo foi dado o comando do revolucionário
"Exército da Galileia". Levado em cativeiro, ele
foi conduzido perante ao general romano Vespasiano, a
quem ele se apresentou como profeta. Neste ponto, Deus,
convenientemente, falou com Josefo e informou a ele que
seu auxílio mudara dos judeus para os romanos.
Josefo então alegou que as profecias messiânicas do
judaísmo não previam um Messias judeu, mas Vespasiano,
a quem Josefo predisse tornar-se o "senhor de toda a
humanidade".

Depois disso assim aconteceu, por assim dizer, e


Vespasiano foi proclamado imperador, e ele recompensou
a clarividência de Josefo adotando-o. Assim, o rebelde
judeu "Yosef ben Mattityahu" se tornou Flavio Josefo, filho
de César. Ele transformou-se em um fervoroso defensor da
"Conquista de Roma na Judeia", e quando Vespasiano
retornou a Roma para ser coroado imperador, Josefo ficou
para trás para ajudar o novo filho do imperador Tito com o
cerco de Jerusalém.

Depois que a cidade foi destruída, Josefo passou a


residir dentro da corte Flaviana em Roma, onde ele
desfrutou do patrocínio de Vespasiano e dos imperadores
Flavianos subsequentes, Tito e Domiciano. Foi enquanto
ele morava em Roma que Josefo escreveu suas duas
principais obras, "Guerra dos Judeus", uma descrição
da guerra entre os romanos e os judeus "66-73 EC ", e
"Antiguidades Judaicas", uma história do povo judeu.
As histórias de Josefo são de grande importância para o
cristianismo. Virtualmente tudo o que sabemos sobre o
contexto social do Novo Testamento é derivado delas. Sem
essas obras, a estipulação de datas de muitos dos eventos do
Novo Testamento seria impossível.

As histórias de Josefo forneceram a Jesus uma


documentação histórica , fato amplamente conhecido. Elas
também forneceram a Jesus outro tipo de documentação,
um fato amplamente esquecido. Inicialmente os
cristãos acreditavam que os eventos que Josefo descreveu
em "Guerra dos Judeus" provavam que Jesus tinha sido
capaz de prever o futuro. É difícil encontrar até mesmo um
cristão primitivo que ensinou outra posição. Estudiosos da
Igreja, como Tertuliano, Justino o Mártir e Cipriano,
foram unânimes em proclamar que a descrição de Josefo
sobre a conquista da Judeia por Tito Flávio na "Guerra dos
Judeus" provavam que as profecias de Jesus haviam se
cumprido. Como Eusébio escreveu em 325 EC:

"Se alguém comparar as palavras do nosso Salvador com os


outro relatos do historiador [Josefo] sobre toda essa guerra,
como alguém pode deixar de se perguntar, e admitir que
o conhecimento e a profecia do nosso Salvador foram
verdadeiramente divinas e maravilhosamente
surpreendente. (2)

Um exemplo da presciência que tanto impressionou


Eusébio foi a predição de Jesus, de que os inimigos de
Jerusalém a cercariam com um muro, demoliriam a cidade
e seu templo e subjugariam seus habitantes.
"E, quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre
ela, Dizendo: Ah! se tu conhecesses também, ao menos
neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está
encoberto aos teus olhos.
Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te
cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todos
os lados;
E te derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti
estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que
não conheceste o tempo da tua visitação."
Lucas 19: 37-43

Josefo registrou em "Guerra dos judeus" que todos os


detalhes precisos que Jesus previu sobre Jerusalém
realmente aconteceram. Tito ordenou a seus soldados
"construir uma parede em volta de toda a cidade".(3) Tito,
como Jesus, viu o cerco da cidade como um evento
sancionado por Deus, que inspirou seus soldados com uma
"fúria divina".

Josefo também registrou que Tito não apenas queimou


Jerusalém e profanou seu templo, mas ordenou que eles
fossem deixados exatamente como Jesus previra "nem uma
pedra sobre a outra".

[Tito] deu ordens para eles que deveriam agora demolir


o cidade inteira e o Templo. . . (4)

Jesus afirmou que essas calamidades se abateriam sobre os


habitantes de Jerusalém, porque eles não sabiam o "tempo
de sua visitação". A chegada da visitação era para ser feita
por alguém a quem ele chamou de "O Filho do Homem",
um título usado pelo profeta Daniel para o Messias
judeu. Embora tenha sido universalmente acreditado que
Jesus estava se referindo a ele mesmo quando usou a
expressão "Filho do Homem", ele geralmente falou deste
indivíduo na terceira pessoa e não como ele mesmo.

Jesus repetidamente advertiu os judeus que durante a


"Visitação do Filho do Homem", vários desastres, como
aqueles que ele previra acima, ocorreriam.

"Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso


Senhor.
Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que
vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria
minar a sua casa.
Por isso, estai vós apercebidos também; porque o "Filho do
Homem" há de vir à hora em que não penseis."

Mateus 24:42-44

"Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o


"Filho do Homem" há de vir."

Mateus 25:13

Embora Jesus não tenha dito exatamente quando a visitação


do "Filho do Homem" ocorreria, ele afirmou que viria antes
da geração que vivia durante o seu ministério houvesse
falecido.

"Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele


está próximo, às portas.
Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que
todas estas coisas aconteçam."

Mateus 24:33,34

Os judeus desta época viram uma geração com a duração de


40 anos, então a destruição de Jerusalém em 70 CE se
encaixa perfeitamente no prazo que Jesus deu em sua
profecia. No entanto, enquanto Jesus previu
precisamente eventos da guerra vindoura, havia uma falha
em sua previsão - isto é, que a pessoa cuja visitação
realmente trouxe a destruição sobre Jerusalém não foi
Jesus, mas Tito Flávio. Se sua profecia previa (como
Eusébio e outros eruditos da igreja sustentavam), sobre
eventos da próxima guerra entre os romanos e os judeus,
então o "Filho do Homem" sobre o qual Jesus advertiu
parece não ter sido ele mesmo, mas Tito, um ponto ao qual
voltarei.

Haviam poucos escritos entre o quinto e o décimo quinto


século, comentando sobre os numerosos paralelos entre os
eventos Josefo registrados em "Guerra dos Judeus" e nas
predições de Jesus. Isso não é surpresa, como a igreja é
conhecida por ter desencorajado ativamente a análise
estrutural durante esse tempo que provas foram deixadas,
no entanto, sugere que, durante toda a Idade Média, para os
cristãos que a representação de Josefo da guerra entre os
romanos e os judeus fosse aceita como prova da divindade
de Cristo. Ícones, esculturas em caixões e pinturas
religiosas a partir desta época, todos retrataram a destruição
de Jerusalém em 70 EC. como o cumprimento da profecia
do juízo final de Jesus.
Cerco a Jerusalém - Malte Blom

A importância das obras de Josefo para os cristãos durante


este período também pode ser avaliado pelo fato de que
alguns das igrejas cristãs da Síria e da Armênia incluíam
seus livros como parte de sua Bíblia manuscrita. Na Europa
também, seguindo a invenção da imprensa, edições latinas
da Bíblia incluíam "As Antiguidades" e "Guerra dos
Judeus".

Após a Reforma, os estudiosos conseguiram gravar


suas opiniões, e seus escritos mostram que eles
continuaram a enxergar a relação entre o "Novo
Testamento" e a "Guerra dos Judeus" como prova da
divindade de Cristo. Sobre o significado de 70 EC, por
exemplo, Dr. Thomas Newton escreveu em seu trabalho de
1754, dissertações sobre as profecias:

Como um general nas guerras [Josefo] deve ter tido um


exato conhecimento de todas as transações ... Sua história
foi aprovada por Vespasiano e Tito [que ordenou que fosse
publicado]. Ele não projetou nada menos, e ainda como se
ele não tivesse projetado mais, sua história das guerras
judaicas pode servir como maior comentário sobre as
profecias do nosso Salvador sobre a destruição de
Jerusalém.

A posição de Newton era a mesma que a de Eusébio.


Ambos estudiosos acreditavam que Josefo "projetou nada
menos" do que honestamente gravar a guerra entre os
romanos e os judeus. Os eventos que Josefo teria gravado
parecia ser o cumprimento da profecia de Jesus e
não golpeia-os como, de qualquer maneira, suspeitos. Pelo
contrário, eles viram a relação entre as duas obras como
prova da divindade de Jesus. Eles não eram de modo algum
incomuns em sustentar essa visão; foi realizada
pela maioria dos estudiosos cristãos até o final do século
XIX.

A crença de que a representação de Josefo sobre a


destruição de Jerusalém provou que Jesus tinha previsto o
futuro era em grande parte aceito durante o século XX.
Apenas uma denominação de Cristãos, os Preteristas, ainda
cita os paralelos entre a Guerra dos Judeus e o Novo
Testamento como uma prova da divindade de Jesus.
Atualmente, a maioria dos Cristãos ou acreditam que o
apocalipse que Jesus imaginou ainda não ocorreu ou eles
ignoram essas profecias completamente. Com o início do
terceiro milênio para a cristandade , poucos de seus
membros estão cientes dos paralelos que antes eram tão
importantes para a religião.

No entanto, acredito que Eusébio estava correto em afirmar


que quando se compara a Guerra dos Judeus ao Novo
Testamento, é preciso admitir um relacionamento que, se
não for divino, é no mínimo estranho. os paralelos entre as
profecias de Jesus e a campanha de Tito de fato parecem
muito precisos para terem sido o resultado do acaso. Se
alguém aceita a compreensão tradicional, que o Novo
Testamento e "Guerra do Judeus" foram escritos em
diferentes épocas por diferentes autores, seria a única
explicação para os paralelos pareça ser aquela dada
por Eusébio, que eles foram causados por algo
verdadeiramente divino. Claro, antes de aceitar qualquer
fenômeno como milagroso, deve-se primeiro determinar se
existe uma explicação não sobrenatural para ela. A
proposta deste trabalho é apresentar tal explicação.

Todos os estudiosos da Judeia no primeiro século,


enfrentaram a mesma dificuldade ao tentar: a falta de
material de origem. Antes dos "Pergaminhos do Mar
Morto" serem descobertos, a literatura mais importante que
descreve os eventos da Judeia no primeiro século foram o
Novo Testamento e as obras de Josefo. Por dois milênios,
apenas estas duas forneceram esclarecimentos sobre uma
era tão seminal para a civilização ocidental.

Essa ausência é incomum. Na Grécia, milhares de textos da


mesma época foram descobertos. Jesus constantemente
reclamava sobre os escribas, que, deve-se assumir, estavam
escrevendo alguma coisa.

"Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos


que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos
anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e
ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia."

Mateus 16:21

A ocupação da Judeia por Roma durou todo o primeiro


século. Josefo registra que, durante esse período, um
movimento de judeus os Zelotes
chamados Sicarii continuamente encenaram insurreições
contra o Império e seu substituto, a família de Herodes.
Os Sicarii, como os Cristãos, eram messiânicos e
aguardavam a chegada do filho de Deus, que os levaria
contra Roma. Josefo data a origem desse movimento
messiânico ao censo de Quirino, curiosamente também é
dada nos Evangelhos como a data do nascimento de Cristo.
este movimento existiu por mais de 100 anos, mas até os
Manuscritos do Mar Morto serem descobertos, nenhum
documento que poderia ter sido parte de sua literatura já
havia sido encontrada.

A literatura do movimento Sicarii está muito


provavelmente ausente porque os romanos a destruíram.
Alguns dos Manuscritos do Mar Morto (encontrados
escondidos em cavernas) descrevem uma seita intransigente
que esperava um Messias, que seria um líder militar.
Literatura messiânica deste tipo foi certamente um
catalisador para a rebelião dos Sicarii, seria, e foram alvo
de destruição pelos romanos, que são conhecidos por terem
destruído a literatura judaica. O Talmude, por exemplo,
registra a prática romana de envolver os judeus em seus
pergaminhos religiosos e queima-los vivos. Josefo observa
que após sua guerra com os Judeus, os romanos levaram os
rolos da Torá e outras literaturas religiosas e trancaram-nas
dentro do palácio Flaviano em Roma.

A única obra que sobreviveu a este século de guerra


religiosa foram os Evangelhos e as histórias de Josefo, pois
tinham uma tradicional perspectiva pró-romana. No caso
das histórias de Josefo isso dificilmente seria uma surpresa,
como é sabido ele era um membro adotado da família
imperial. Isto é notável, no entanto, que o Novo Testamento
também tivesse um ponto de vista positivo para os romanos.
O primeiro século não foi uma época em que
se esperaria ter surgido um culto judaico que tivesse um
ponto de vista favorável ao Império. No entanto, os textos
do Novo Testamento nunca retrataram os soldados romanos
sob uma luz negativa, e realmente os descrevem como
"devotos" e tementes a Deus.

"E havia em Cesareia um homem por nome Cornélio,


centurião da coorte chamada italiana,
Piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia
muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus."

Atos 10:1,2

O Novo Testamento também apresenta coletores de


impostos, que embora tendo trabalhado para os romanos,
são apresentados sob uma luz favorável. O
apostolo Mateus, por exemplo, é na verdade descrito como
um publicano, ou seja, coletor de impostos.

A cidadania adotada, nas obras de Josefo e no


Novo Testamento, teria sido vista favoravelmente por
Roma. Cada programa de trabalho reivindica a santidade da
subserviência. E cada um assume a posição que: como é
Deus quem deu aos romanos seu poder, é, portanto, contra
a vontade de Deus resistir a eles. Por exemplo, o apóstolo
Paulo ensina que os juízes e magistrados romanos eram
uma ameaça apenas aos malfeitores.

Portanto, o homem que se rebela contra seu governante está


resistindo à vontade de Deus; e aqueles que assim resistem
trarão punição sobre si mesmos.

Os juízes e magistrados devem ser temidos não por pessoas


direitas, mas sim por malfeitores. Você deseja - não é? - não
ter motivos para temer seu governante. Bem, faça o que está
certo, e então ele irá elogiar você.

"Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de


Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a
condenação.
Porque os magistrados não são terror para as boas obras,
mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade?
Faze o bem, e terás louvor dela.
Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres
o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é
ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal.
Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente
pelo castigo, mas também pela consciência.
Por esta razão também pagais tributos, porque são ministros
de Deus, atendendo sempre a isto mesmo."

Romanos 13:2-6

Josefo compartilhou a crença de Paulo de que os romanos


eram servos de Deus e punia apenas os malfeitores.

Na verdade, o que pode ter despertado um exército de


romanos contra a nossa nação? Não foi a impiedade
dos habitantes? De onde a nossa servidão começou? Não
foi isso derivado das sedições que estavam entre os nossos
antepassados, quando a loucura de Aristóbulo e Hircano,
e nossas brigas mútuas, trouxeram Pompeu sobre esta
cidade, e quando Deus reduziu aqueles sob sujeição aos
romanos que eram indignos da liberdade que desfrutaram?
(6)

Assim, os únicos trabalhos que descrevem a Judeia do


primeiro século compartilham um mesmo ponto de vista
para Roma. Por que é que só eles sobreviveram?

Eu acredito que o Novo Testamento e as obras de Josefo


sobreviveram porque ambos foram criados e promulgados
por Roma. Este trabalho apresenta evidências indicando
que os Evangelhos foram criados por Tito Flávio, o
segundo dos três imperadores Flavianos. Tito criou a
religião por dois motivos, sendo o mais óbvio,
que funcionavam como uma barreira teológica contra a
propagação das mensagens dos militantes do judaísmo
messiânico, da Judeia para outras províncias.

Josefo menciona esta ameaça em "Guerra dos Judeus":

. . . os judeus esperavam que toda a sua nação, que


estava além do Eufrates, teriam se levantado em uma
insurreição junto com eles. (7)

Tito tinha outra razão mais pessoal para criar os


evangelhos - sendo que os zelotes judeus se recusaram a
adorá-lo como um deus. Embora ele fora capaz de travar
sua rebelião, Tito não podia forçar os zelotes, mesmo
através de tortura ou morte, a chamá-lo de Senhor.

Josefo notou a firmeza com que os zelotes aderiram a sua


fé monoteísta, afirmando que os Sicarii "não se
importavam em sofrer qualquer tipo de morte, nem de fato
eles se importam com a morte de qualquer um de suas
relações, nem qualquer medo pode fazê-los chamar a
qualquer homem de Senhor ". (8)

Como eu observei na Introdução, para contornar o


nascimento da história dos judeus, Tito projetou uma
mensagem oculta dentro dos Evangelhos. esta mensagem
revela que o "Jesus" que interagiu com os discípulos
e seguiu à crucificação não era um Messias judeu, mas ele
mesmo. Incapaz de torturar os judeus para renunciar a sua
religião e adoração Tito e seus intelectuais criaram uma
versão do judaísmo que adorava a Tito sem que seus
seguidores soubessem disso. Quando seu
esperto dispositivo literário fosse finalmente descoberto,
Tito seria capaz de mostrar posteridade que ele não tinha
falhado em seus esforços para fazer os judeus o chamarem
de "Senhor". Embora sempre visto como um documento
religioso, o Novo Testamento é na verdade um monumento
à vaidade de um César - um que finalmente foi descoberto.

Tito retroagiu o ministério de Jesus a 30 EC, permitindo,


desse modo, que ele predissesse eventos no futuro. Em
outras palavras, Jesus foi capaz de precisamente profetizar
eventos da próxima guerra com os romanos porque eles já
haviam ocorrido. Como parte desse esquema, as histórias
de Josefo foram criadas para documentar o fato de que
Jesus havia vivido e que suas profecias haviam se
cumprido.

Embora as alegações acima possam, e devam desencadear


o ceticismo, é preciso lembrar que, como o cristianismo
descreve suas origens, foi não apenas sobrenatural, mas
também historicamente ilógico. O cristianismo, que foi
um movimento que encorajou o pacifismo e a obediência a
Roma, afirma ter surgido de uma nação envolvida em uma
luta de um século com Roma. Uma analogia às origens
alegadas do cristianismo pode ser um culto estabelecido
pelos judeus poloneses durante a Segunda Guerra Mundial
que montou sua sede em Berlim e encorajou seus membros
a pagar impostos para o Terceiro Reich.

Quando se olha para a forma do cristianismo primitivo, não


se enxerga a Judeia, mas Roma. As estruturas de autoridade
da igreja, seus sacramentos, seu colégio de bispos, o título
de chefe da religião - o supremo pontífice - eram todos
baseados em tradições romanas, não judaicas, de alguma
forma, a Judeia deixou pouco traço sobre a forma de uma
religião que supostamente teria se originado dentro dela.

O cristianismo primitivo também era romano em sua


cosmovisão. Isto é, como o Império Romano, o movimento
viu-se ordenado por Deus para espalhar-se pelo mundo.
Antes do cristianismo, nenhuma religião é conhecida por
ter se visto tão destinada a conquistar, a se tornar a religião
de toda a humanidade. O tipo de judaísmo descrito
nos "Pergaminhos do Mar Morto", por exemplo, eram
muito seletivos quanto a quem teria permissão para se
juntar à sua comunidade, como a seguinte passagem do
"Documento de Damasco" mostra:

Nenhum louco, lunático, simplório, tolo ou cego; mutilado,


aleijado ou surdo, e nenhum menor entrará na comunidade,
pois os Anjos da Santidade estão com eles ... (9)

Esta abordagem excludente foi o oposto da cristandade.


"E veio ter com ele grandes multidões, que traziam coxos,
cegos, mudos, aleijados, e outros muitos, e os puseram aos
pés de Jesus, e ele os sarou." (10)

Mateus 15:30.

Para tentar entender como o cristianismo se estabeleceu


dentro do Império Romano há que se examinar
minuciosamente os mistérios empilhados no topo do
invulgar. Por exemplo, como uma religião que começou
como tradição verbal em hebraico ou aramaico mudar para
uma cuja a literatura sobrevivente é escrita quase
inteiramente em grego? De acordo com Albert Schweitzer,
a grande e ainda não cumprida tarefa que confronta aqueles
envolvidos no estudo histórico da cristandade primitiva é
explicar como o ensinamento de Jesus se desenvolveu
com a antiga teologia grega.

O aspecto mais historicamente ilógico da origem do


cristianismo, no entanto, foi o seu Messias. Jesus tinha uma
perspectiva política que era precisamente o oposto da do
filho de David, que era esperado pelos judeus dessa época.
Josefo registra que o que mais inspirou os judeus rebeldes
era sua crença nas profecias judaicas que previam
um governante do mundo, ou Messias, emergindo da Judeia
- as mesmas as afirmações das profecias do Novo
Testamento que previam um pacifista.

Mas agora, o que mais fez para elevá-los no


empreendimento esta guerra foi um oráculo ambíguo que
também foi encontrado em suas escrituras sagradas, como,
"naquela época, um de seu país deve tornar-se governador
da terra habitável ". Os judeus levaram esta previsão a
pertencer a si mesmos em particular . . . (11)

Os Manuscritos do Mar Morto confirmaram que os judeus


desta época "levaram esta previsão a pertencer a si
mesmos" e aguardavam um Messias que seria o filho de
Deus.

Filho de Deus ele será chamado e Filho do Altíssimo ele


será nomeado ... Seu reino será um reino eterno . . . ele
julgará a terra em verdade. . . O Grande Deus . . .vai tomar
as pessoas em sua mão e todos eles serão lançados diante
dele. Sua soberania é soberania eterna. (12)

Na passagem seguinte do Documento de Damasco,


observe que o Messias previsto pelo autor foi, como Jesus,
um pastor, embora não aquele que traria a paz.

"Ó espada, desperta-te contra o meu pastor, e contra o


homem que é o meu companheiro, diz o Senhor dos
Exércitos. Fere ao pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas; mas
volverei a minha mão sobre os pequenos."

Zacarias 13:7

Agora aqueles que o ouvem são o rebanho aflito, estes


escaparão no período da visitação [de Deus]. Mas aqueles
que permanecerem serão até pela espada serão
oferecidos, quando o Messias de Arão e Israel vier, como
era no período da primeira visita, conforme relatado
pela mão de Ezequiel:

"E disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio


de Jerusalém, e marca com um sinal as testas dos homens
que suspiram e que gemem por causa de todas as
abominações que se cometem no meio dela."

Ezequiel 9:4

Mas aqueles que ficaram foram entregues à espada


da vingança, do vingador do pacto. (13)

A seguinte passagem do Targum (versões aramaicas


do Antigo Testamento) também descrevem claramente um
guerreiro Messias. Essa tem sido a natureza do "rei
Messias" dos judeus que, nas palavras de Josefo, "a maioria
os eleva ao empreender esta guerra".

Quão amável é o rei Messias, que deve se levantar do casa


de Judá.

Ele cinge seus lombos e sai para guerrear contra


aqueles que o odeiam, matando reis e governantes. . .e
avermelhando as montanhas com o sangue de seus mortos.

Com suas roupas mergulhadas em sangue, ele é como


alguém que pisa uvas no lagar. (14)

No entanto, o Novo Testamento e as histórias de Josefo


cada uma implica que o Messias não era esse líder
nacionalista que tinha sido previsto, mas sim um pacifista
que encorajou a cooperação com Roma. Por exemplo,
considere a instrução de Jesus em Mateus 5:41: "quando
alguém recruta você por uma milha, vá ao longo de duas."

A lei militar romana permitia que seus soldados


recrutassem civis, que era para exigir que carregassem suas
mochilas de 65 libras por uma distância de uma milha.
Estradas romanas tinham marcadores de milha
(milestones), de modo que lá não haveria dúvidas sobre se
este requisito tinha sido ou não cumprido. Por que o
Messias previsto pelas profecias dirigentes do mundo
xenófobo do judaísmo exortavam os judeus a "ir a uma
milha extra" pelo soldado do exército romano?

Antiga Estrada Romana em Israel


Marco de Milha no Vale de Elá - Israel

Apetrechos dos Legionários

Quando se compara o Messias militarista descrito


no Pergaminhos do Mar Morto e outras literaturas judaicas
primitivas com o pacifista Messias descrito no Novo
Testamento e no Testemunho de Josefo, um aspecto da
história perdida da Judeia parece visível. Uma batalha
intelectual foi travada sobre a natureza do Messias. O novo
testamento e Josefo ficaram juntos de um lado dessa
luta, alegando que um Messias pacifista teria aparecido e
que defendia cooperação com Roma. Do outro lado dessa
divisão teológica estavam os zelotes judeus que esperavam
um Messias militarista para liderá-los contra Roma.

Entre os registros mais antigos do cristianismo está a


Epístola de Clemente aos Coríntios, datada de 96 EC. A
carta era supostamente escrita por (Papa) Clemente I para
uma congregação de cristãos que aparentemente se rebelou
contra a autoridade da igreja. Isto mostra que, mesmo no
início da religião, o bispo de Roma foi capaz de dar ordens
à igreja de Corinto, e que a igreja de Roma usou o exército
romano como um exemplo do tipo de disciplina
e obediência que esperava de outras igrejas e seus
membros.

Da Igreja de Deus que peregrina em Roma à Igreja de Deus


que peregrina em Corinto, (15) Vamos marchar exatamente
como os soldados que estão alistados sob nossos
governantes que prontamente, e quão submissamente,
executam as ordens dadas a eles. Todos não são prefeitos,
nem governantes de milhares, nem governantes de
centenas, nem governantes de cinquenta anos, e assim por
diante; mas cada homem em seu próprio posto executa as
ordens dadas pelo rei e os governadores.

Mas como a estrutura de autoridade da igreja, que se


assemelha ao exército romano entrou em vigor? Quem
estabeleceu e quem deu aos bispos tal controle absoluto?
Cipriano escreveu. . . "O bispo está na Igreja e a Igreja está
no bispo. . . e se ninguém está com o bispo, essa pessoa não
está na Igreja ". (16) E porque é que Roma, supostamente o
centro da perseguição cristã, tenha sido escolhida como
sede da igreja?

Uma origem romana explicaria porque o bispo de Roma


seria mais tarde feito o supremo pontífice da igreja. E por
que Roma veio a ser sua sede. Isso explicaria como um
culto judaico eventualmente tornou-se a religião oficial do
Império Romano. Uma origem romana também explicaria
por que tantos membros de uma família imperial romana,
por fim, os Flavianos foram registrados como estando entre
os primeiros cristãos. Os Flavianos teriam estado entre os
primeiros cristãos porque, tendo inventado a religião, eles
eram, de fato, os primeiros cristãos.

Ao considerar uma invenção Flaviana do


cristianismo, deve-se ter em mente que os imperadores
Flavianos foram considerados divinos nas religiões por eles
freqüentemente criadas. O juramento que eles proferiam
quando eram ordenados imperadores começava com a
instrução de que eles iriam fazer "todas as coisas divinas ...
nos interesses do império". O arco de Tito, que comemora
a destruição de Jerusalém por Tito, é inscrito com a
seguinte declaração:
SENATUS POPULUSQUE ROMANUS DIVO TITO DIVI VESPASIANI.
F VESPASIANO AUGUST

[Do Senado e Povo de Roma, ao divino Tito, filho


do divino Vespasiano]
Detalhe da inscrição do Arco de Tito em Roma

Detalhe do interior do Arco de Tito em Roma

Detalhe do Arco de Tito retratando o saque de


Jerusalém
Arco de Tito em Roma Visão Geral

Fragmentos do pronunciamento escrito, dado em 69 EC


pelo governante do Egito, Tibério Alexandre, no qual ele
reconheceu Vespasiano como o novo imperador, ainda
existem e Vespasiano é referido neles como "o divino
César" e "senhor".

Josefo também acreditava que Vespasiano era uma pessoa


divina. Ele alegou que as profecias messiânicas do
judaísmo predisseram que Vespasiano se tornaria o senhor
de toda a humanidade. Isso indica que aos olhos de Josefo,
Vespasiano não era apenas o "Jesus", ou salvador da Judeia,
mas que ele também era o "Cristo", a palavra grega para a
Messias, que fora previsto nas profecias como um líder
mundial judaico.

Tu, ó Vespasiano, não penses mais que tomaste o próprio


Josefo em cativeiro; mas eu venho a ti como um mensageiro
de maiores novidades; por não tivesse sido enviado
por Deus para ti ... Tu, ó Vespasiano, Ó César! e
imperador, tu e este teu filho. Liga-me agora ainda mais
rápido, e mantenha porque eu, ó César, não sois apenas
senhor de mim, mas sobre a terra, o mar e toda a
humanidade. (17)

Josefo, ao proclamar-se ministro de Deus, também


descreveu um fim do "contrato" de Deus com o judaísmo,
que era bastante semelhante à posição que o Novo
Testamento toma sobre o cristianismo - a única diferença é
que Josefo acreditava que Deus, boa sorte tinha passado não
para o cristianismo, mas para Roma e sua família imperial,
os Flavianos.

Desde que te agrada, que criou a nação judaica, deprimir o


mesmo, e desde que toda a sua boa fortuna é e foi para os
romanos, e desde que você fez escolha desta alma minha
para predizer o que está para acontecer aqui- depois, de bom
grado, dou-lhes as mãos e me satisfaço em viver. E eu
protesto abertamente que eu não vou para os romanos
como um desertor dos judeus, mas como ministro de ti. (18)

Estudiosos rejeitaram a aplicação de Josefo nas mensagens


das profecias do judaísmo messiânico a César como
simples lisonja. Eu discordo e devo mostrar que Josefo não
apenas "acreditava" que Vespasiano era "deus" e Tito,
portanto, o "filho de deus", mas que suas histórias
foram inteiramente construídas para demonstrar esse fato.

Não havia nada incomum no reconhecimento de Josefo


sobre Vespasiano como um deus. Os Flavianos apenas
continuaram a tradição de estabelecer imperadores como
deuses, que a linha Julio-Claudiana imperadores romanos
havia começado. Júlio César, o primeiro "Divus" (divino)
daquela linha, alegou ter sido descendente de Vênus. O
Senado Romano, come é dito, teria decretado que ele era
um deus porque um cometa apareceu logo após sua morte,
demonstrando assim sua divindade.

Em 80 EC, Tito estabeleceu um culto imperial para seu pai,


que falecera no ano anterior. O culto era
politicamente importante para Tito porque a deificação de
Vespasiano iria quebrar a linha Julio-Claudiana de sucessão
divina e, assim, assegurar o trono para os Flavianos.

Porque só o Senado romano poderia conceder o título


de "Divus", Tito primeiro precisava convencê-los de que
Vespasiano tinha sido um deus. Havia, evidentemente,
alguma dificuldade em arranjar isso, no entanto;
a consagração de Vespasiano ocorreu logo depois de seis
meses da sua morte, intervalo anormalmente longo. (19).
Tito também criou um sacerdócio, os "Flamineos", para
administrar o culto. O culto de Vespasiano não foi isolado
para Roma, e nomeações foram feitas em todas as
províncias. Dentro das áreas em torno da Judeia, uma
burocracia romana chamada "Commune
Asiae" supervisionou o culto. Notavelmente todas as
sete "igrejas cristãs da Ásia" mencionadas em Apocalipse
1:11 tinham agentes da "Comunne Asiae" localizados
dentro delas.
Moeda da Commune Asiae, exposta no "State Hermitage Museum", St.
Petersburg, Russia

Após a sua morte, Tito também assegurou a deificação de


sua irmã, Domitila. Ao passar pelo processo de deificação
de seu pai e irmã e estabelecer seus cultos, Tito recebeu
uma educação em uma habilidade poucos humanos já
possuíram. Ele aprendeu a criar uma religião.

Tito não apenas criou e administrou religiões, ele era


um profeta. Enquanto imperador, ele recebeu o título
de Pontifex Maximus, que fez dele o sumo sacerdote da
religião romana e o chefe oficial do colégio romano de
sacerdotes - o mesmo título e cargo que, uma vez que o
cristianismo se tornou a religião do estado romano, os papas
iriam assumir. Como Pontifex Maximus, Tito foi
responsável por uma grande coleção de profecias (annales
maximi) a cada ano, e sinais celestes e outros registrados
oficialmente, bem como os eventos que teriam se seguido a
esses presságios, para que as gerações futuras
pudessem entender melhor a vontade divina.
Tito era extraordinariamente alfabetizado. Ele alegou
possuir taquigrafia mais rápida que qualquer secretário e
poder "falsificar a assinatura de qualquer homem"
e afirmou que sob diferentes circunstâncias ele poderia ter
se tornado "o maior falsificador da história." (20) .Suetônio
registra que Tito possuía "dotes mentais conspícuos", e "fez
discursos e escreveu versos em latim e grego "e que a sua"
memória era extraordinária ". (21)

O irmão de Tito, Domiciano, que o sucedeu como


imperador, também usou a religião a seu favor. Além de
deificar seu irmão, Domiciano tentou ligar-se a Júpiter, o
deus supremo do Império Romano, por ter o Senado
decretado que o deus tinha ordenado seu governo.

Os Flavianos não somente criaram religiões, eles realizaram


milagres. Na passagem seguinte de Tácito, Vespasiano é
registrado como curando a cegueira de um homem e outro
com membros atrofiados, milagres também realizados por
Jesus:

Uma pessoa comum de Alexandria, bem conhecida por


sua cegueira. . . implorou a Vespasiano que ele se dignasse
a umedecer suas bochechas e olhos com sua saliva.
Outro com uma mão doente rezou pela cura do membro
pelo poder da impressão de um pé (pegada) de César. E
então Vespasiano. . . realizou o que foi necessário. A mão
foi imediatamente restaurada ao seu uso, e a luz do dia
voltou a brilhar para o cego. (22)

Os Evangelhos registram que Jesus também usou esse


método de cura da cegueira, isto é, colocando saliva nas
pálpebras de um cego.

"Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e


untou com o lodo os olhos do cego.
E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o
Enviado). Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo."

João 9: 6-7

Outras histórias circulavam sobre Vespasiano que sugeriam


sua divindade. Uma envolvia um cachorro perdido,
trazendo e deixando cair uma mão humana aos pés de
Vespasiano. A mão era um símbolo de poder para os
romanos do primeiro século. Outro conto descreveu um boi
entrando na sala de jantar de Vespasiano e literalmente
caindo aos pés do imperador e abaixando o pescoço,
como reconhecendo a quem seu sacrifício era devido.

Contos circulantes que sugeriam que eles eram deuses eram


sem dúvida pensados pelos Flavianos para ser um bom
tônico para a plebe. Quanto mais um imperador era visto
por seus súditos como sendo divino, mais fácil era para ele
manter seu controle sobre eles. Os Flavianos certamente
foram focados em manipular as massas. Para promover a
política de"pão e circo" eles construíram o Coliseu, onde
eles encenaram espetáculos com gladiadores e feras que
envolviam abates em massa.

Cultos imperiais que retratam os imperadores romanos


como deuses e operadores de milagres parecem ter sido
criados apenas porque eles eram politicamente úteis. Os
cultos parecem não ter evocado emoções religiosas.
Nenhuma evidência de qualquer oferta espontânea
atestando a sinceridade dos adoradores foi até hoje
descoberta.

A vantagem de converter a família em uma sucessão


de deuses atraíram muitos imperadores romanos: 36 dos 60
imperadores de Augusto a Constantino e 27 membros de
suas famílias foram elevados a posição de deuses e
receberam o título de "Divus".

Claro, inventores de religiões fictícias devem ter uma


certo cinismo em relação ao sagrado. Vespasiano é citado
em seu leito de morte dizendo: "Oh Senhor, eu devo estar
me transformando em um deus!" (23)

Plínio comentou sobre o cinismo que os Flavianos sentiam


em relação às religiões que eles criaram. Observe a seguinte
citação de Plínio entendendo que Tito se tornou um "filho
de um deus".

Tito deificou Vespasiano e Domiciano deificou Tito, mas


apenas para que um fosse o filho de um deus e o outro o
irmão de um deus. (24)

O cinismo que a classe patrícia sentia em relação à religião


era um tópico das sátiras do poeta romano Juvenal.
Enquanto as exatas datas do nascimento e morte de Juvenal
são desconhecidas, acredita-se que ele viveu durante a era
dos Flavianos. Por suas preocupações com sátiras
sobre Agripa e Berenice, a amante de Tito,
tradicionalmente é dito que Juvenal foi banido de Roma por
Domiciano. (25)
Romanos sofisticados como aqueles sobre os quais Juvenal
escreveu não acreditavam nos deuses, mas na sorte e no
destino. O caráter prevalecente da classe patrícia era que o
mundo era governado por probabilidades cegas ou destino
imutável:

A sorte não tem divindade, apenas nós podemos vê-la:


somos nós, nós que fazemos dela uma deusa, e colocamo-
la nos céus. (26)

A julgar pelas obras de Juvenal, muitos romanos


enxergavam todas as crenças religiosas, incluindo a sua
própria, como ridículas.

Basta ouvir essas negações veementes, observando a face


da mentira no juramento.

"Ele vai jurar pelos raios do sol, pelo raio de Júpiter, pela
lança de Marte, pelas flechas de Apolo de Delfos, pela
aljava e flechas de Diana, a caçadora virgem, pelo tridente
de Netuno, nosso pai do mar Egeu: ele jurará pelos arcos de
Hércules e pela lança de Minerva, pelos arsenais do Olimpo
até o último item: e se ele for pai, ele vai chorar; "Posso
comer o meu próprio filho como macarrão - pobre criança!
- bem cozido e temperado envolto em vinagrete!" (27)

Juvenal também era cínico em relação ao judaísmo. Sua


atitude em relação a religião sugere que muitos dentro da
classe patrícia viram a religião e, sem dúvida, sua
descendência cristã, como cultos bárbaros.

... Uma judia paralítica, estacionando sua carroça de feno lá


fora, vem implorando com um sussurro ofegante. Ela
interpreta as leis de Jerusalém; ela é a alta sacerdotisa do
ramo. . . Ela da mesma forma preenche a palma da mão,
mas com mais moderação: os judeus vão te vender os
sonhos que você gosta por algumas cervejas mistas. (28)

Dado esse cinismo patrício, é estranho que tantos


membros da família Flaviana fossem registrados como
tendo estado entre os primeiros membros da comunidade
cristã. Por que um culto judaico que defendia a mansidão e
a pobreza foram tão atraentes para uma família que não
praticava nenhuma delas? A tradição que liga o
cristianismo precoce e a família Flaviana é baseada em
evidências sólidas, mas recebeu poucos comentários de
estudiosos.

O mais conhecido dos "Flavianos Cristãos" foi


(Papa) Clemente I. Ele é descrito em "The Catholic
Encyclopedia" como o primeiro papa sobre quem
"qualquer coisa definida é conhecida", (29) e foi registrado
na literatura da igreja primitiva como sendo um membro
da família Flaviana.
Clemente I - Papa

O papa Clemente foi o primeiro papa individualmente


reconhecido pela história sobre o qual existem referências
e que tenha deixado trabalhos escritos. Ele
supostamente escreveu a "Epístola de Clemente aos
Coríntios", citada anteriormente. Assim, Clemente é de
grande importância para a história da igreja. De fato,
enquanto a Enciclopédia Católica atualmente lista
Clemente como o quarto "bispo de Roma", ou papa, esta
não foi a afirmação de muitos estudiosos da igreja
primitiva. São Jerônimo escreveu que em seu tempo "a
maioria dos latinos" sustentava que Clemente havia sido o
sucessor direto de Pedro. Tertuliano também sabia dessa
tradição; ele escreveu: "A igreja de Roma registra que
Clemente foi ordenado por Pedro. "(31) Orígenes, Eusébio
e Epifânio também colocaram Clemente no começo da
igreja romana, cada um deles afirmando que Clemente
havia sido o "companheiro de trabalho" do apóstolo Paulo.

Estudiosos viram que a lista de papas dada por Ireneu (cerca


de 125-202 EC) que o nome de Clemente como o quarto
papa é suspeito e é notável que a Igreja Romana tenha
escolhido usá-la como sua história oficial. Esta lista nomeia
"Linus" como o segundo papa, seguido por "Anakletus" e
depois Clemente. A lista vem de Irineu, que
identifica "Linus o Papa" como o Linus mencionado em 2
Timóteo 4:21.(32) Estudiosos especularam que Ireneu
escolheu Linus simplesmente porque ele foi o último
homem que Paulo mencionou em sua epístola, que
supostamente foi escrita imediatamente antes do martírio
de seu próprio martírio. A proveniência do
papa Anakletus pode não ser melhor. Em Tito, a epístola
que imediatamente segue Timóteo no cânon, afirma-se, "o
bispo deve ser irrepreensível". "Em grego, irrepreensível
é anenkletus". Irineu pode não ter sabido quem foram os
papas entre Pedro e Clemente, e, portanto, teve que inventar
nomes para eles. Se este foi o caso, depois de criar "Linus"
como o sucessor de Pedro, "Irrepreensível" como o
próximo bispo de Roma, sua imaginação pode ter ido mais
longe, porque o nome que ele escolheu para o sexto papa
em sua lista era "Sixus".

Parece também estranho que a igreja romana tenha


escolhido usar a lista de Irineu, considerando que se
originou no Oriente. A ideia de que Clemente foi o segundo
papa não é mais tão fraca historicamente e reflete a
sequência papal que era conhecida em Roma. Talvez os
membros da igreja primitiva tenham preferido não usar uma
lista afirmando que Clemente era o sucessor direto de
Pedro, por causa da visão tradicional de que ele era um
membro da família Flaviana.

A noção de que o papa Clemente era um Flaviano foi


registrada em os Atos dos Santos Nereu e Achilleus, uma
obra do quinto ou sexto século baseada em tradições ainda
mais antigas. Este trabalho ligou diretamente a família
Flaviana ao cristianismo, um fato que é notado em "The
Catholic Encyclopedia": Titus Flavius Sabinus, cônsul em
82 EC, condenado à morte por Domitiliano [irmão do
imperador Tito], com cuja irmã ele havia se casado, papa
Clemente é representado como seu filho nos Atos
dos Santos Nereu e Achilleus. (33)

O irmão de Titus Flavius Sabinus, Clemente, também


estava ligado a Cristandade. Os Atos dos Santos Nereu
e Achilleus afirmam que Clemente foi um mártir cristão.
Acredita-se que Clemente tenha se casado com a neta de
Vespasiano e sua prima em primeiro grau, Flavia
Domitilla, que era ainda outra cristã "Flaviana". No caso
de Flavia Domiilla há evidências existentes ligando-a ao
cristianismo. O mais velho local de enterro cristão em
Roma há inscrições nomeando-a como sua fundadora:
Na catacumba de Domitilla existem inscrições que
demonstram ter sido fundada por ela. Devido ao caráter
puramente lendário desses Atos, não podemos usá-los como
argumento para ajudar na controvérsia sobre se havia duas
cristãs de nome Domitilla na família dos cristãos Flavianos,
ou apenas uma, a esposa do Cônsul Flaviano Clemente. (34)

O Talmude registra a genealogia do suposto primeiro papa


do cristianismo de forma diferente do que os Atos dos
Santos Nereu e Achilleus. Registra que Flavia Domitilla,
que era a mãe de Clemente (Kalonymos) não era sobrinha
de Tito, mas sim sua irmã (32). Isto liga o suposto sucessor
de Pedro a uma geração mais próxima de Tito, o coloca em
sua própria casa. (35)

Nereu e Achilleus, os autores de seus Atos, são listados


dentro da "Enciclopédia Católica" entre os primeiros
mártires da religião e também estavam ligados à família
Flaviana.

As antigas listas romanas, do quinto século, e que


passaram para dentro do "Martyrologium
Hiernoymianum", contêm os nomes dos dois mártires
Nereu e Achilleus, cuja sepultura estava na Catacumba
de Domitilla na Via Ardeatina ...

Catacumba de Domitilla - Roma

Os atos desses mártires colocam suas mortes no final do


primeiro e começo do segundo século. Acordo essas lendas,
Nereu e Achilleus eram eunucos e mordomos de Flavia
Domitilla, a sobrinha do Imperador Domiciano. Os túmulos
destes dois mártires foram encontrados em uma
propriedade da senhora Domitilla; podemos concluir
que eles estão entre os mais antigos mártires da Igreja
Romana, e estão muito próximos da família Flaviana da
qual Domitilla, a fundadora da catacumba, foi membro. Na
epístola aos romanos, São Paulo menciona um Nereu com
sua irmã, a quem ele envia saudações. (36)

Nereu, Achileus e Domitilla

Esta referência de Paulo a um Nereu e sua irmã é


interessante. A tradição afirma que Domiciano matou
vários membros da família que eram cristãos, assim como
alguém chamado Acilius Glabrio, a quem uma tradição
também afirma ser um cristão, tudo isto permite a
conjectura de que o Nereu mencionado por Paulo pode ter
sido o autor dos Atos, e que o Achilleus Domitiano pode
ter sido o parceiro literário, violentamente morto, de
Nereu.

Outro indivíduo ligado ao cristianismo e à família


Flaviana foi Berenice, a irmã de Agripa, que na verdade é
descrita no Novo Testamento como tendo conhecido o
apóstolo Paulo. Ela tornou-se amante de Tito e estava
morando com ele na corte Flaviana em 75 EC, na mesma
época em que Josefo estava supostamente escrevendo
"Guerra dos Judeus".

Flávio Josefo, membro adotivo da família, também teve


uma conexão com os primórdios do cristianismo. Suas
obras indicam o Novo Testamento, como uma
documentação histórica independente e certamente foram
lidos por seus patronos imperiais. De fato, Tito ordenou a
publicação de "Guerra dos Judeus". Em sua
autobiografia, Josefo escreve que Tito "era tão desejoso que
o conhecimento desses assuntos devem-se ser obtidos
apenas desses livros, que ele afixou sua própria assinatura
sobre eles e deu ordens diretas para sua publicação."

Talvez a conexão mais incomum entre o cristianismo e os


Flavianos, no entanto, é o fato de que Tito Flávio cumpriu
todas as profecias do juízo final de Jesus. Como
mencionado acima, nos paralelos entre a descrição da
campanha de Tito em "Guerra dos Judeus" e as profecias de
Jesus levaram os eruditos da igreja primitiva a acreditar que
Cristo havia previsto o futuro. A destruição do templo, o
cerco a Jerusalém com um muro, as cidades da Galileia
sendo "colocadas a baixo, "a destruição do que Jesus
descreveu como "a iníqua geração", etc. foram todos
profetizados por Jesus e depois vieram a acontecer durante
a campanha militar de Tito através da Judeia - uma
campanha que, como o ministério de Jesus, começou na
Galileia e terminou em Jerusalém.

Assim, os Flavianos estão ligados ao cristianismo por um


número incomum de fatos e tradições. Documentos da
igreja primitiva afirmam categoricamente que a família
produziu alguns dos primeiros mártires da religião, bem
como os papas que sucederam Pedro. Os Flavianos criaram
grande parte da literatura que fornece documentação para a
religião, foram responsáveis pelo seu mais antigo cemitério
conhecido por abrigar indivíduos nomeados no Novo
Testamento dentro de sua corte imperial. Além disso, a
família era responsável pelas profecias apocalípticas de
Jesus como tendo "ocorrido".

Essas conexões claramente merecem mais atenção do


que receberam. Alguma explicação é necessária para as
inúmeras tradições que ligam um culto obscuro da Judeia à
família imperial - que não incluem apenas conversões à
religião, mas, se o "Atos de Nereu e Achilleus" e Eusébio
devem ser acreditados, como sucessor direto de Pedro.

Se o cristianismo foi inventado pelos Flavianos para ajudá-


los em sua luta com o judaísmo, foi apenas uma
variação sobre um tema de longa data. Usar a religião para
o bem do estado foi uma técnica romana usada muito antes
dos Flavianos. Nas seguintes citações, que poderiam muito
bem ter sido estudada pelo jovem "Titus Flavius" durante
sua educação na corte imperial, Cícero não só prefigura
grande parte da teologia cristã, mas também na verdade
advoga para o estado convencer as massas a adotar a
teologia mais apropriada para o império.

Temos que persuadir nossos cidadãos de que os deuses são


os senhores e governantes de todas as coisas e o que é feito,
é feito pela sua vontade e autoridade; e eles são os grandes
benfeitores de homens, e sabem quem é todo mundo, e o
que eles fazem, e que pecados eles cometem e o que eles
pretendem fazer, e com que piedade ele cumprem seus
deveres religiosos. (Cícero, as leis, 2: 15-16)

Roma tentou não substituir os deuses de suas províncias,


mas absorvê-los. No final do primeiro século, Roma havia
acumulado tantos deuses estrangeiros que praticamente
todos os dias do ano celebravam alguma divindade.
Cidadãos romanos foram encorajados a dar ofertas
para todos esses deuses como forma de manter a "Pax
Deorum", a "paz dos deuses", uma condição que os Césares
consideravam benéfica para o Império.

Os romanos também usavam a religião como uma


ferramenta para ajudá-los em suas conquistas. O líder do
exército romano, o cônsul, era um líder religioso capaz de
se comunicar com os deuses. Os romanos
desenvolveram um ritual específico para influenciar os
deuses de seus inimigos agirem em defesa de Roma. Neste
ritual em particular, o devoto, um soldado romano
sacrificava ele mesmo a todos os deuses, incluindo os do
inimigo. Dessa maneira os romanos procuravam neutralizar
a divina assistência de seus oponentes.

Assim, quando Roma foi para a guerra com os zelotes na


Judeia já havia uma longa tradição de absorver as religiões
de seus oponentes. E se os Romanos inventaram o
cristianismo, teria sido mais um exemplo de neutralizar a
religião de um inimigo, tornando-o-a sua, ao invés de lutar
contra isso. Roma simplesmente teria transformado o
judaísmo militante da Judeia do primeiro século em uma
religião pacifista, para mais facilmente absorvê-lo no
império.

De qualquer forma, é certo que os Césares tentaram


controlar o Judaísmo. De Júlio César em diante, o
imperador romano alegou autoridade pessoal sobre a
religião e selecionou seus sumos sacerdotes.

Caio Júlio César, imperador e sumo sacerdote, e


ditador envia saudação ... Eu quero que Hyrcanus, o filho
de Alexandre e seus filhos. . . tenham o alto sacerdócio
dos judeus para sempre ... e se a qualquer momento daqui
em diante surgir qualquer dúvida sobre os costumes
judaicos, eu quero que ele determinem o mesmo. . .
(38) Flávio Josefo, ("Antiguidades dos Judeus", 18, 3, 93)

Imperadores romanos nomearam todos os sumos sacerdotes


registrados dentro do Novo Testamento, de um círculo
restrito de famílias que eram aliadas à Roma. Ao selecionar
o indivíduo que determinaria qualquer questão de
"costumes judaicos", os Césares estavam gerenciando a
teologia dos judeus em seu próprio interesse. Claro, por
qual outro caminho, um César teria conseguido gerenciar
uma religião?

Roma exerceu controle sobre a religião de uma forma que


foi única na história de seus governos provinciais. Roma
micro-administrou o judaísmo do Segundo Templo até o
ponto de determinar quando seus sacerdotes podiam usar
suas vestes sagradas.

. . . os romanos tomavam posse das vestes do sumo


sacerdote, e as depositavam em uma câmara de pedra, e elas
eram entregues sete dias antes da festividade para o sumo-
sacerdote . . .

Apesar desses esforços, a política normal de Roma de


absorver os deuses de suas províncias não tiveram sucesso
na Judeia. O judaísmo não permitia que seu Deus fosse
apenas um entre muitos, e Roma foi forçada a enfrentar
uma batalha de insurreição judaica após o outra. Não tendo
conseguido controlar Judaísmo ao nomear seus sumos
sacerdotes, a família imperial seria a próxima a tentar
controlar a religião reescrevendo sua Torá.

Eu acredito que eles deram esse passo e criaram os


Evangelhos para iniciar uma versão do judaísmo mais
aceitável para o Império, uma religião que ao invés de
travar uma guerra contra os seus inimigos, "viraria a outra
face".

A teoria de uma invenção romana do cristianismo não se


origina com este trabalho. Bruno Bauer, um estudioso
alemão do século 19, acreditava que o cristianismo era a
tentativa de Roma de criar uma religião que encorajava os
escravos a aceitarem sua posição na vida. Na nossa
época, Robert Eisenman concluiu que o Novo Testamento
era a literatura de um movimento messiânico judaico
reescrito com essa perspectiva. Este trabalho, no entanto,
apresenta uma maneira completamente nova de entender o
Novo Testamento.

Mostrarei que os Evangelhos foram criados para serem


entendidos em dois níveis. Em seu nível superficial, eles
são, é claro, uma descrição do ministério de um Messias
milagroso que ressuscitou dos mortos. No entanto, o Novo
Testamento também foi projetado para ser entendido
de outra forma, que é como uma sátira da campanha militar
de Tito Flávio através da Judeia. A prova disso é
simplesmente que Jesus e Tito compartilham experiências
paralelas nos mesmos locais e na mesma sequência. Esses
paralelos são muito exatos e complexos demais para terem
ocorrido por acaso. Que este fato tenha sido negligenciado
por dois milênios se ressente de um ponto cego na
observação dos estudiosos, que é tão grande quanto longo.

Os Evangelhos foram projetados para tornarem-se


aparentes como sátira quando eles são lidos em conjunto
com a "Guerra dos Judeus". Na verdade, os quatro
Evangelhos e "Guerra dos Judeus" foram criados como uma
peça unificada de literatura cujos personagens e histórias
interagem. Sua interação dá a muitos dos ditos de Jesus um
significado cômico e também cria um uma série de quebra-
cabeças cujas soluções revelam as reais identidades das
personagens do Novo Testamento. Entendendo o Novo
Testamento a nível satírico revela, por exemplo, que os
apóstolos Simão e João foram sátiras cruéis de Simão e
João, os líderes da rebelião dos judeus.

Ao longo deste trabalho eu me refiro ao ministério de Jesus


como uma sátira da Campanha militar de Tito. Eu faço isso
porque o ministério foi baseado nessa campanha e foi
destinado a ser visto como satírico quando enxergado por
essa perspectiva. No entanto, a relação entre esses dois
"ministérios" não eram simplesmente satíricos. Vou
mostrar que o ministério de Jesus foi projetado para provar
que ele era o Malaquias, ou mensageiro, do "verdadeiro"
Messias - Tito Flávio.

Malaquias significa "meu mensageiro" em hebraico e foi


usado como cognome para o profeta Elias. Isto é porque a
profecia judaica predisse que o Messias seria precedido
pelo aparecimento de Elias, que atuaria como o mensageiro
de sua vinda iminente.
"Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o
grande e terrível dia do Senhor;"...

Malaquias 4:5

Para mostrar que o ministério de Jesus foi um precursor da


campanha de Tito os autores do Novo Testamento e
"Guerra dos Judeus" usaram "tipologia", uma técnica que
funciona em toda a literatura judaica. Incidentes chaves do
ministério de Jesus foram criados para serem vistos como o
"tipo", ou base profética, para eventos da campanha de Tito
e, assim, "provar" que Jesus havia sido o "Malaquias de
Tito".

Eu também mostrarei que Josefo falsificou as datas dos


eventos em "Guerra dos Judeus" para criar a impressão de
que as profecias de Daniel aconteceram durante a guerra
entre os romanos e os judeus. Isto foi feito para fornecer
"prova" para a afirmação do Novo Testamento, em
seu nível superficial, que o "Filho de Deus" previsto por
Daniel era Jesus.

As histórias de Josefo e do Novo Testamento são talvez as


obras mais escrutinadas na literatura e encorajam o
ceticismo da minha alegação de ter descoberto uma nova
maneira "verdadeira" de entende-las. Ao longo dos tempos,
o Novo Testamento tem sido um caleidoscópio intelectual
dentro do qual as profecias e códigos fantásticos muitas
vezes foram "descobertos". Reivindicações extraordinárias
exigem evidência de prova, e eu não apresentaria este
trabalho se não pudesse cumprir esse critério.
No entanto, foi o caso que os Flavianos possuíam tanto
a motivação como a capacidade de criar uma versão do
judaísmo alinhado com seus interesses. Qualquer
pesquisador honesto da origem do cristianismo
deve, portanto, pelo menos considerar a possibilidade dos
Flavianos haverem produzido os Evangelhos. Além disso,
o núcleo das profecias de Jesus - a vilas galileanas "postas
abaixo", Jerusalém cercada por um muro, o templo haver
sido deixado sem uma única pedra sobre outra, e a "geração
perversa" destruída - todos compartilham uma
característica. Cada uma é uma vitória militar da família
Flaviana. Assim, o princípio mais citado de que a história é
escrita pelos vencedores sugere que essa família deve ser o
primeiro grupo por nós investigada.

É por isso que devemos tentar entender os Evangelhos


como eles haverem sido compilados por alguém
familiarizado com a conquista da Judeia, por Tito Flávio,
imperador de Roma. E sob essa perspectiva, um significado
completamente diferente dos Evangelhos se torna visível.

"Eles proclamam a divindade de César."

CAPÍTULO 2

Pescadores de homens: homens que foram pegos como


peixes
Para começar a explicar a relação entre o ministério de
Jesus e a campanha de Tito que minha análise indica como
sendo uma sátira, eu aponto para as seguintes passagens.

No Evangelho de Mateus, Jesus é descrito no início de


seu ministério pedindo a Simão e André e aos "filhos de
Zebedeu" -"siga-me" e se tornaram "pescadores de
homens".

A partir desse momento Jesus começou a pregar.


"Arrependam-se", disse ele "pois o Reino dos Céus está
agora bem próximo".

E Jesus, andando junto ao mar da Galileia, viu a dois


irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, os
quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores;
E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de
homens.

Mateus 4:18,19

A mesma história é representada no Evangelho de Lucas da


seguinte maneira:

"Pois que o espanto se apoderara dele, e de todos os que


com ele estavam, por causa da pesca de peixe que haviam
feito.
E, de igual modo, também de Tiago e João, filhos de
Zebedeu, que eram companheiros de Simão. E disse Jesus
a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de
homens."
Lucas 5:9,10

Em outra passagem do Novo Testamento, Jesus prevê


que cidades no Lago Genesaré (mais conhecido como Mar
da Galileia) enfrentariam muitas tribulações por sua
maldade.

"Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e


em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram,
há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza.
Por isso eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e
Sidom, no dia do juízo, do que para vós.
E tu, Cafarnaum, que te ergues até ao céu, serás abatida até
ao inferno; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os
prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até
hoje."

Mateus 11:21-23

Em "Guerra dos Judeus", Josefo descreve uma batalha no


mar onde os romanos pegaram os judeus como peixes. A
batalha ocorreu em Genesaré, onde Tito atacou um bando
de rebeldes judeus comandados por um líder chamado
"Jesus".

Este mar é chamado pelo povo do país como "O Lago


de Genesaré" . . eles tinham um grande número de navios. .
. e eles estavam tão equipados, que eles poderiam
empreender um luta. Mas como os romanos estavam
construindo um cerco em torno do acampamento, de Jesus
e de seus seguidores. . . investiram sobre eles.

. . . Às vezes os romanos saltavam em seus barcos com


espadas nas mãos e os matavam; mas quando alguns deles
ficavam em frente aos seus navios, os romanos os
abalroavam pelo meio, e destruíam de uma só vez seus
barcos e aos que estavam a bordo deles. E para aqueles que
estavam se afogando no mar, se eles levantavam suas
cabeças acima da água, eles eram mortos por lanças ou
capturados pelos dos navios; mas se, no caso desesperador
em que eles se encontravam, tentassem nadar para seus
inimigos, os romanos cortavam suas cabeças ou as suas
mãos . . . (39)

Uma moeda de “Guerra da Galileia” do século II (AD) encontrada em Gadara


com o termo latino naumachia derivado de uma palavra grega que significa
batalha naval.
Qualquer camponês do primeiro século que tivessem
ouvido a profecia do juízo final de Jesus, que descreve o
que seria dos habitantes das cidades do Lago de Genesaré,
e também ouvisse a passagem acima de "Guerra dos
Judeus", que descreve sua destruição, teriam entendido a
justaposição como evidência da divindade de Cristo. O que
Jesus tinha profetizado, Josefo registrou como tendo
ocorrido.

Mas um camponês ignorante não poderia ter entendido


que houve outra "profecia" que aconteceu dentro das
passagens acima. Estou me referindo à exortação de Cristo
para tornarem-se "pescadores" ou "apanhadores" de
homens, enquanto estava no lugar onde os judeus seriam
"apanhados" como peixes durante a próxima guerra com
Roma.

No entanto, qualquer patrício que conhecesse os detalhes da


batalha no mar em Genesaré teria visto a ironia em um
Messias que era chamado "Salvador" inventando a frase
"pescadores de homens" enquanto estava na praia, onde os
judeus foram "pegos" como peixes. A sátira cruel é auto-
evidente.

Estas duas profecias "cumpridas" exemplificam os dois


níveis sobre os quais o Novo Testamento pode ser
entendido. A profecia de Jesus quanto à destruição de
Corazim e Cafarnaum é completamente simples e destinada
a ser entendida literalmente.

A outra profecia "cumprida" que foi a predição de Jesus de


que seus seguidores se tornariam pescadores de homens,
não é tão simples. Só poderia ser entendida por alguém que,
como os membros da corte Flaviana, tinham conhecimento
dos detalhes da batalha naval entre os romanos e os
pescadores judeus em Genesaré. Somente tais indivíduos
poderiam ter visto a ironia profética em Jesus usando a
expressão, quando estava na praia onde muitos judeus mais
tarde seriam pegos como peixes.

Se os autores dos Evangelhos não fossem tão


transparentes quando se referiam aos rebeldes judeus como
peixes, eles o eram pelo menos quando usavam uma
metáfora comum no primeiro século.

Por exemplo, Rabban Gamaliel (Rabino-chefe) falou de


seus discípulos através de uma parábola na qual eles foram
comparados a quatro tipos diferentes de peixe - um peixe
sujo, um peixe limpo, um peixe do rio Jordão e um peixe do
mar. Autores romanos também usaram a metáfora.
Juvenal, poeta romano da época, compara especificamente
escravos fugitivos e informantes a peixes. (40)

A estrutura da comédia é importante. Jesus fala de


"apanhar homens" em um sentido aparentemente
simbólico. Josefo então registra que Jesus foi de fato um
profeta "verdadeiro" quando sua visão de "apanhar
homens" em Genesaré aconteceu, sendo que a sátira é que
isso aconteceu literalmente, e não da maneira simbólica que
Jesus parecia teria querido dizer com a frase. Essa é a
estrutura mais comum do "humor" satírico criado pela
leitura do Novo Testamento em conjunto com "Guerra dos
Judeus".

Se o Novo Testamento e a Guerra dos Judeus se encaixam


em uma comédia interativa sobre "pesca" de homens em
Genesaré, eles também trabalham para criar outra sátira
envolvendo "peixe". Como mencionado acima, em
Mateus 11:23 - Jesus predisse "ai de ti Corazim". (41)
Os estudiosos sempre presumiram que Jesus estava se
referindo à aldeia de pescadores da Galileia. Josefo, no
entanto, deu uma definição diferente para a palavra
"Corazim".

O país que também se encontra defronte este lago tem


o mesmo nome: Genesaré . . . Alguns pensaram que
fosse uma veia do Nilo, porque produz o peixe Coracin bem
como o lago que fica perto de Alexandria.(41)

Assim, enquanto no Mar da Galileia Jesus predisse


para Corazim, e disse que daqui em diante seus discípulos
o seguiriam e se tornariam pescadores de homens. A
experiência de Tito foi estranhamente paralela às profecias
de Jesus em que ele literalmente trouxe para
ali Corazinianos e seus soldados literalmente os
perseguiram e se tornaram "pescadores de homens". Isto é,
eles "pescavam" os habitantes da vila nomeada pelo peixe
Coracin. Se a ironia de justaposição do início do ministério
de Jesus e da campanha de Tito foi criada
deliberadamente, aparentemente resultou do fato de que
Tito viu o humor em sua "pesca" de Corazinianos, enquanto
tentavam nadar em segurança.

Os exemplos anteriores, em si e por si, não são convincentes


da evidência de que existe um paralelo deliberado entre o
ministério de Jesus e a campanha de Tito. Afinal, é bem
possível que tenha sido apenas uma coincidência infeliz que
Jesus escolheu a praia em Genesaré como o local onde ele
descreveu seu futuro ministério como pescador de homens.
Eu apresento este exemplo dos dois níveis de
interpretação que são possíveis enquanto se lê o Novo
Testamento em conjunção com "Guerra dos Judeus",
porque ocorre perto do início das narrativas de Jesus e de
Tito. Eu mostro abaixo que a sequência de eventos que
ocorrem no Novo Testamento em "Guerra dos Judeus" têm
um significado até então não compreendido.

No entanto, os paralelos que existem entre as experiências


de Jesus e Tito em Genesaré não se limitam a "pescar"
homens. A primeira parte da declaração de Jesus é "Siga-
me" e "Não tenham medo". Quando se lê a passagem de
Josefo em que os judeus eram "capturados" também é
registrado que aos soldados que fizeram a "captura" teria
sido dito para não terem medo por de fato "seguirem"
alguém. Enquanto os próximos trechos mostram, que a
pessoa que está sendo seguida era Tito, que diz às suas
tropas que não deveriam ter medo.

"Pois vocês sabem muito bem que eu entro em perigo


primeiro, e faço o primeiro ataque ao inimigo. Não me
abandonem, mas persuadi-vos de que Deus estará ajudando
no meu início. "(42)

"E assim Tito fez seu próprio cavalo marchar primeiro


contra o inimigo." (43)

"Tão logo Tito dissera isso, ele saltou sobre o seu cavalo e
cavalgou até o lago; e ele marchou e entrou na cidade a
frente de todos, e assim todos o seguiram." (44)

Assim, Josefo apontou três vezes que Tito foi o primeiro na


batalha. E que novamente, os soldados romanos fariam a
"pescaria", "literalmente" seguindo Tito, criando outro
paralelo conceitual com Jesus.

De fato, a passagem do Novo Testamento acima, na qual


Jesus pede a seus discípulos "sigam-me" e a passagem de
Josefo na qual Tito pede a suas tropas para segui-lo, para
que possam se tornar pescadores de homens têm vários
outros paralelos.

Como Jesus, Tito foi enviado por seu pai.

"Então ele enviou seu filho Tito para Cesareia, para que ele
liderasse o exército que estava em Citópolis (hoje Bete-
Seã)." (45)

Citopolis - Hoje Bete-Seã


Mar da Galileia

Decapolis e suas cidades


Embora não seja incomum seguir um líder em batalha, e
eles haverem sido enviados por seus pais, Tito, novamente
como Jesus em Genesaré, está de certo modo começando
seu "ministério" lá. Ele afirma que a batalha seria seu
"início".

"Portanto, não me abandonem, mas persuadi-vos que Deus


estará ajudando no meu início. "

A palavra grega que Josefo usa aqui, *"horme" significa


"início" em português, isto é, um assalto ou um ponto de
partida. Da perspectiva de Tito o momento podia ser visto
como um ponto de partida, porque era sua primeira batalha
na Galileia, inteiramente sob seu comando.
*Horme / ˈ h ɔːr m i / ( grego antigo : Ὁρμή ) é o espírito grego personificando a atividade
energética, impulso ou esforço (fazer alguma coisa), ânsia, colocando-se em movimento, e
iniciando uma ação, e particularmente na batalha.

Resumindo, embora houvessem milhares de outros


possíveis locais, onde se poderia dizer que, tanto Jesus
como Tito teriam como o início de suas narrativas, foi em
Genesaré, e de uma maneira que envolvia "pescaria
de homens" - paralelos que são incomuns o suficiente para
pelo menos permitir a comparação entre Tito e Jesus no
"Mar" da Galileia, questionando se eles foram ou não
produto da coincidência. Anteriormente, os paralelos entre
Jesus e Moisés, são da mesma natureza que a relação
tipológica mostrado acima. As conexões entre Jesus e Tito
são compostas de conceitos paralelos, locais e sequências.

Além disso, esses paralelos devem ser vistos em conjunto


com os paralelos históricos entre Jesus e Tito. Jesus previu
que o Filho do Homem viria à Judeia antes da geração que
o crucificaria houvesse passado, cercaria Jerusalém com um
muro e, em seguida, destruiria o templo, não deixando uma
pedra sobre outra. Tito era o único indivíduo na história que
poderia ser dito como havendo sido cumpridor das
"profecias" de Jesus" sobre o "Filho do Homem". Ele veio
para Jerusalém antes da geração que o havia crucificado
houvesse passado, cercou à Jerusalém com um muro e
mandou demolir o templo.

As sobreposições entre as profecias de Jesus e as


realizações de Tito tornam os paralelos entre "pescadores
de homens" mais difíceis de aceitar como aleatórios. E este
é apenas o começo dos paralelos estranhos entre os dois
homens que se chamavam "Filhos de Deus" e cujos
"ministérios" começaram na Galileia e terminaram em
Jerusalém.

Vejam a tabela abaixo:

TITO E JESUS NO "MAR" DA


GALILEIA
TITO Correspondências JESUS
(Guerra 3,10,2) Início das Campanhas Inicio do
Descreve esta Ministério de
batalha como Jesus
começo do seu
comando do
exército
“…ele enviou seu Enviados pelos seus pais Enviado por
filho Tito para seu Pai
Cesareia…” Celestial
(Guerra 3,9,7)
“…entrou na Seus seguidores os “E, levando os
cidade à frente de acompanham barcos para
todos e assim terra,
todos o deixaram tudo
seguiram…” e o seguiram.”
(Guerra 3,10,15) (Lucas 5:11)
“…vocês sabem Tranquilizam-nos para não “E disse Jesus
muito bem que eu terem medo a Simão: Não
entro em perigo temas…”
primeiro, portanto (Lucas 5:10)
não me
abandonem…”
“…aqui se produz Referências a Corazim “…Ai de ti
o peixe Corazim…”
coracim…” (Mateu 11:21)
(Guerra 3,10,8)
Em “Guerra dos Presenças de “um Jesus” O “outro”
Judeus” Josefo Jesus é o líder
descreve um dos discípulos
Jesus como líder no “Mar” da
dos rebeldes no Galileia.
Mar da Galileia.
“…quando os “Pesca” de homens "Eu vou fazer
judeus caiam de de você
seus barcos” pescadores
“quando estavam dos homens”
se afogando no (Mateus 4:19)
mar… e tentavam
nadar para seus
inimigos, os
romanos, eles os
“pescavam” e
cortavam suas
cabeças ou mãos”
(Guerra 3,10,8
item 527)
CAPÍTULO 3

O filho de Maria que foi um sacrifício de Páscoa

Para entender os paralelos entre o ministério de Jesus e as


obras de Tito, foi necessário fazer uma série de descobertas,
cada novo "insight" foi fornecendo a capacidade de realizar
o próximo. Este processo começou quando me deparei com
a seguinte passagem em "Guerra dos Judeus" e que os
paralelos entre o "filho de Maria" descrito nela e o "filho de
Maria" nos Evangelhos eram muito precisos para haverem
sido mero produto da circunstância.

Enquanto os leitores podem julgar essa afirmação por si


mesmos, deve ser observado que Josefo escreveu durante
uma época em que a alegoria era considerado como uma
ciência. Esperava-se que leitores instruídos
pudessem compreender outro significado dentro da
literatura religiosa e histórica. O apóstolo Paulo, por
exemplo, afirmou que passagens das Escrituras Hebraicas
eram alegorias que anunciavam o nascimento de Cristo. Eu
acredito que Josefo esta usando a passagem seguinte para
revelar algo sobre Jesus.

A passagem começa com Josefo falando na primeira


pessoa. Ele descreve a dificuldade que ele tem em escrever
sobre um excepcional evento, emocionalmente macabro,
causado pela fome que ocorreu durante o cerco romano a
Jerusalém.

Mas por que eu descrevo a impudência desavergonhada


que a fome levou os homens a comerem coisas
inanimadas, enquanto eu vou relatar de fato outra questão
semelhante, à qual nenhuma história se relaciona? É
horrível falar sobre isso e incrível quando ouvido. Eu teria
de bom grado omitido esta calamidade de nós, pois eu não
poderia entregar algo tão grave para a posteridade,
porém eu tenho inumeráveis testemunhas a respeito disso
em minha própria época. (47)

Ele então descreve o evento:

Havia uma certa mulher que morava além do Jordão, o


seu nome era Maria; seu pai era Eleazar, da
aldeia Bethezob, que significa a casa de Hissopo. Ela era
de família eminente e rica e fugiu para Jerusalém com o
resto da multidão, e estavam por lá quando foi sitiada. Os
outros efeitos deste acontecimento com essa mulher já
foram conhecidos, assim eu quero dizer, o que ela trouxe
consigo da Pereia e foi removido para a cidade. O que ela
tinha estimado além, como também a comida que ela havia
planejado salvar, também foram levados pelos
serventes vorazes, que vinham todos os dias correndo a sua
casa para aquele propósito. Isso causou à pobre mulher um
grande sofrimento, e pelas frequentes reprovações e
imprecações ela se lançou sobre esses vilões vorazes, ela
provocou sua raiva contra ela; mas nenhum deles,
seja pela indignação que ela havia levantado contra si
mesma, ou por comiseração de seu caso, tiraria sua vida; e
se ela encontrava qualquer alimento, ela percebeu que seus
esforços eram para os outros, e não para si mesma; e agora
tornou-se impossível para ela de qualquer maneira obter
mais comida, enquanto a fome traspassa suas próprias
entranhas e medula, quando também seu sofrimento foi
elevado a um ponto além da própria fome; ela não levou em
consideração qualquer outra coisa, além do sofrimento
e necessidade que ela tinha em seu interior. Ela então tentou
algo muito antinatural; e arrebatando o filho, que era uma
criança mamando em seu peito, ela disse: "Ó tu infeliz
infante! para que devo preservar-te nesta guerra, nesta
fome, e nesta sedição? Quanto à guerra com os romanos, se
eles preservam nossa vidas, seremos escravos. Essa fome
também nos destruirá mesmo antes que a escravidão venha
sobre nós. No entanto, esses ladinos sediciosos são mais
terríveis do que os outros. Venha; sê tu a minha comida, e
sê tu uma punição para estes serventes sediciosos, e um
exemplo para o mundo, que é tudo o que agora está
faltando para completar as calamidades para nós judeus.

Assim que ela disse isso, ela matou seu filho e depois assou-
o e comeu a metade dele e guardou a outra metade para ela
escondida. Depois disso, passado pouco tempo, os
sediciosos vieram e sentido o cheiro horrível desta comida,
eles ameaçaram-na de que cortariam sua garganta
imediatamente se ela não mostrasse a comida que ela
preparara. Ela respondeu que tinha guardado uma parte
muito boa para eles, e assim que descobriram o que restava
de seu filho. Nesse ponto, suas mentes foram tomadas por
um horror e espanto da mente, e ficaram atônitos com o que
viram, quando ela lhes disse: "Este é meu próprio filho, e
fui eu mesma que preparei! Venham, comam desta comida;
porque eu mesma comi! E vocês não finjam ser mais ternos
do que uma mulher ou mais compassivos que uma mãe;
mas se vocês forem tão escrupulosos, e abominarem este
meu sacrifício, como eu já havia comido a metade, deixem
que eu reserve o resto para mim também ".

Depois disso esses homens saíram tremendo, e nunca foram


tão apavorados com qualquer outra coisa como eles
estavam nesse momento, e com alguma dificuldade eles
deixaram o resto daquela carne para a mãe. (48)

Eu observaria primeiro que, embora a passagem possa ter


sido baseada em um evento real, Josefo parece ter inventado
o diálogo. Não há testemunhas do discurso que Maria dá
antes de matar o filho. É claro que é improvável que uma
mãe tenha matado e comido seu filho na presença de
outros.

Para ver a sátira que está dentro dessa passagem, é preciso


primeiro entender a colocação na frase da palavra
"Bethezob", que significa a "Casa de Hissopo".

Beth é a palavra hebraica para "casa" e *Ezob é a palavra


hebraica para "hissopo", sendo que hissopo foi a planta que
Moisés ordenou aos israelitas a usar ao marcar suas casas
com o sangue do cordeiro pascal sacrificado. Esta marca
identificou as casas por onde "Anjo da Morte" passaria".
*Ezov ( hebraico : ‫ ) אזוב‬é o nome hebraico clássico de uma planta mencionada na Bíblia no
contexto de rituais religiosos. Em algumas Bíblias em inglês, a palavra é transliterada
como ezob.
A Septuaginta traduz o nome como hσσωπος hyssop , e as traduções inglesas da
Bíblia geralmente seguem essa tradução. A palavra hebraica ‫ אזוב‬e a palavra grega
ὕσσωπος provavelmente compartilham uma origem comum (desconhecida).
Na Bíblia, ezov é descrito como uma pequena planta encontrada nas paredes ou
perto delas , com um odor aromático.
"Então Moisés chamou os anciãos de Israel e disse-
lhes: Escolham e levem cordeiros para si mesmos de acordo
com a suas famílias e sacrifiquem como "Cordeiro
Pascal".

E vocês devem tomar um maço de hissopo, mergulhá-lo no


sangue que está na bacia, e bater com ele no lintel e nos dois
batentes das portas, com o sangue que está na bacia. . . (49)

A frase "Casa de Hissopo", portanto, traz à mente o


primeiro "Sacrifício de Páscoa". Outra afirmação nesta
passagem também pode ser vista como relacionada ao
"Sacrifício de Páscoa". Depois de matar seu filho, a mulher
assa o corpo. Nas instruções de Deus a Moisés sobre
como preparar o "Sacrifício de Páscoa, Deus ordenou o
seguinte: "Não devem comê-lo cru, nem cozido em água,
mas sim assado no fogo - fazendo isto também com a
cabeça, com suas pernas e suas entranhas ". (50)

Assim, analisando na passagem em "Guerra dos Judeus",


o filho de Maria pode ser visto como um cordeiro pascal
simbólico. Esse é o mesmo método usado pelo autor do
Novo Testamento, que também denota o simbólico cordeiro
da Páscoa, combinando uma referência ao hissopo
com uma instrução para Moisés sobre a preparação do
cordeiro pascal - que nenhum de seus ossos será quebrado.

"Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de


vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissopo, chegaram-
na à boca.
E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado.
E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos
na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia
de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as
pernas, e fossem tirados.
Foram, pois, os soldados, e, na verdade, quebraram as
pernas ao primeiro, e ao outro que como ele fora
crucificado;
Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram
as pernas."

João 19:29-33

Identificando Jesus com o cordeiro simbólico da Páscoa em


sua crucifixão, continua um tema iniciado na ceia da Páscoa
onde Jesus pediu aos discípulos que comessem da sua
carne.

"E, comendo eles, tomou Jesus pão e, abençoando-o, o


partiu, o deu, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo."

Marcos 14:22

Existe, então, um paralelo entre o filho de Maria do Novo


Testamento que pede que seu corpo seja comido e o filho
de Maria descrito por Josefo, que realmente tem sua carne
comida.

Josefo liga a Maria descrita em sua passagem com Maria


(mãe de Jesus) no Novo Testamento com outro dos detalhes
que ele registra.
Ele descreve a fome - como "Winston" traduz acima - como
tendo "traspassado as próprias entranhas de Maria." No
Novo Testamento, sendo "traspassada" é predito para
apenas uma pessoa, a mãe de Jesus, Maria:

"E Simeão os abençoou, e disse a Maria, sua mãe: Eis que


este é posto para queda e elevação de muitos em Israel, e
para sinal que é contraditado
(E uma espada traspassará também a tua própria alma); para
que se manifestem os pensamentos de muitos corações."

Lucas 2:34,35

O fato é que o Maria do Novo Testamento e a Maria na


"Guerra dos Judeus" terem ambos o coração perfurado, que
eu saiba, nunca fora notado por nenhum outro estudioso. A
razão para este descuido é notável. Estudiosos não notaram
o paralelo entre as duas Marias porque ele é mais conceitual
do que linguístico. No Novo Testamento as palavras gregas
que compõem a frase são "dierchomai psuche" enquanto
que na guerra dos judeus eles são "dia splanchon". Embora
as palavras que indicam perfuração, dia (51)
e dierchomai, sejam linguisticamente relacionados (o verbo
"dierchomai" tendo a preposição dia como parte de seu
tronco), as palavras usadas para descrever a parte de Maria
que fora perfurada - "psuche" e "splanchon" - são
diferentes. "Psuche", (53) a palavra acima é traduzida no
Novo Testamento como "alma" também pode significar
"coração" ou "a sede das emoções". "Splanchon", a palavra
grega que Josefo usa para descrever a parte de Maria que foi
perfurada, é traduzido acima como "entranhas", mas é de
fato um sinônimo de "psuche", e pode significar "partes
internas", especialmente o coração, pulmões, fígado e rins,
ou, também "psuche", pode significar "a sede das emoções.
"Os estudiosos não enxergaram esse paralelo
conceitual entre as duas Marias simplesmente porque foi
criado usando-se palavras diferentes, mesmo que as
palavras signifiquem a mesma coisa.

Em outras palavras, se um profeta previsse que "na próxima


semana um cachorro iria morder um carteiro "e um
historiador registrasse que durante essa semana" um "vira-
latas" afundou seus dentes em um transportador de cartas "a
profecia", na verdade, cumpriu-se embora o profeta e o
historiador usassem palavras diferentes para descrever o
evento. O conceito que o profeta previu foi o mesmo que o
historiador registrou.

A "profecia cumprida" do "carteiro mordido" não pode ser


vista através de uma análise das palavras individuais que o
historiador e o profeta tenham usado. Da mesma forma, o
sistema satírico que existe entre o Novo Testamento
e "Guerra dos Judeus" não pode ser enxergado pela análise
de suas palavras individuais e nuances de gramática. O
sistema é feito de conceitos paralelos, não palavras
paralelas.

Observe também que o paralelo "perfuração de coração"


das duas Marias são profeticamente lógicos. Isto é dizer que
a Maria no Novo Testamento é predita a ter seu coração
"perfurado" no futuro e a Maria na "Guerra dos Judeus",
que ocorreu mais tarde, foi aquela que cumpriu essa
profecia. Se o Novo Testamento tivesse declarado que o
coração de Maria havia sido perfurado, então a lógica
dessa profecia teria sido contraditada. E observe também
que a afirmação no Novo Testamento, embora inócua, é
uma profecia.

Uma razão pela qual o nível satírico do Novo Testamento


permaneceu invisível é porque os eruditos falharam em
reconhecer as muitas, igualmente, inofensivas profecias do
Novo Testamento que são cumpridas em "Guerra dos
Judeus".

Josefo, assim, descreveu uma Maria que cumpriu a


profecia feita para a Maria do Novo Testamento, em que ela
foi "perfurada através do coração". "Como esta Maria é da
Casa de Hissopo "e o seu filho é um "sacrifício" que foi
"assado" e sua carne foi comida, ele pode certamente ser
comparado a um cordeiro pascal humano, como o que é
descrito no Novo Testamento. O uso de Josefo da palavra
"splanchon" também se baseia neste tema - "splanchon"
sendo a palavra grega que era usada para descrever as partes
de um animal sacrificado reservadas para serem comidas
pelos sacrificantes no início de sua festa. Ainda outro
detalhe registrado por Josefo também liga esta passagem ao
Novo Testamento. Josefo dá o nome do pai de Maria
como Eleazar, que em grego é Lázaro, o nome do indivíduo
que Jesus ressuscitou dos
mortos.

Para resumir, dentro dessa curta passagem, Josefo usou


numerosos conceitos e nomes que são paralelos aos
associados com o cordeiro simbólico da Páscoa do Novo
Testamento. Estes são: mãe chamada Maria; o fato de que
esta Maria foi perfurado através do coração; um filho de
Maria; hissopo; um filho que é um sacrifício; um filho
cujo carne é comida; um filho que se tornará um "perfeito
exemplo para o mundo", uma das instruções de Moisés a
respeito do cordeiro da Páscoa; um indivíduo chamado
Lázaro (Eleazar); e Jerusalém como a localização do
incidente. É improvável que haja outra passagem em toda a
literatura que contenha, por acaso, metade do número de
paralelos quanto essa, com um conceito tão singular quanto
o cordeiro pascal do cristianismo. Quando eu por primeiro
reconheci esses paralelos eu senti que a explicação mais
simples para tal agrupamento improvável era que ele havia
sido deliberadamente criado e que, portanto, a passagem era
uma sátira de Jesus.

Para argumentar contra essa proposição, é preciso aceitar


essa ideia de que Josefo inconscientemente registrou esses
paralelos com tal detalhe dentro uma passagem de menos
de duas páginas. No entanto, porque Josefo escreveu
"Guerra dos Judeus" enquanto vivia na corte da Flávia, um
lugar onde o cristianismo floresceu, e foi um dos poucos
historiadores a ter registrado a existência de Jesus, ele
parece estar entre os autores menos provável que tenha
gravado uma sátira de Cristo acidentalmente.

Por exemplo, se a passagem em questão tivesse ocorrido


dentro de um trabalho de Tolstoi, haveria praticamente um
acordo completo de que foi uma sátira deliberada. E
observe que quando visto de tal perspectiva, a passagem
certamente seria vista como cômica, sendo a ironia auto-
evidente de um Messias que instrui seus seguidores a
simbolicamente "comer da minha carne" por realmente ter
sua carne comida por sua mãe.

Vou mostrar em um capítulo posterior que a passagem de


Josefo ainda é compartilhada com outro paralelo com a vida
de Jesus, aquela da "boa porção de Maria que não foi tirada
dela"- um paralelo que quando visto em combinação com
as mencionadas acima coloca a proposição de que
Josefo, estava intencionalmente satirizando Jesus além da
dúvida.

Se Josefo estava satirizando Jesus, qual era o seu propósito?


A explicação óbvia é que ele escreveu a passagem para
divertir um grupo no qual a sátira não seria perdida: ele teria
criado para ser apreciada pelos Flavianos e seu círculo
íntimo.

Esta conclusão é especialmente plausível à luz do fato de


que havia indivíduos dentro da corte Flaviana que estavam
cientes do cristianismo, na época em que Josefo
publicou "Guerra dos Judeus". Além disso, havia quatro
colegiados em Roma que eram responsáveis
por supervisionar as religiões dentro do império. Porque a
religião era uma importante ferramenta do Estado, esses
colegiados tinham considerável poder. De Augusto em
diante, o imperador era membro de todos os quatro
colegiados, um dos quais, o "Quindecimviri Sacris
Faciundis", foi responsável pela regulamentação de cultos
estrangeiros em Roma. Todos os imperadores Flavianos
vivos foram membros deste colegiado e teriam
categorizado o cristianismo como um culto estrangeiro
durante esta era.

Além disso, a razão mais óbvia para acreditar que


os Flavianos estavam familiarizados com o cristianismo é
que grande parte do Novo Testamento está relacionado com
a família. Os Flavianos foram responsáveis
pelo cumprimento de todas as profecias do juízo final de
Jesus - a destruição do templo, o cerco a Jerusalém com um
muro, as cidades da Galileia sendo abatidas, e a destruição
do que Jesus descreve como a "geração perversa". A
amante de Tito, Berenice, e Tibério Alexandre, seu chefe de
gabinete durante o cerco a Jerusalém, são
realmente nomeados dentro do Novo Testamento. Um culto
cujo cânon profetizou as realizações dos Flavianos, pessoas
nomeadas dentro de seu círculo interno, que na verdade
tinha sido conversos dentro da família imperial certamente
teriam sido examinados durante uma era em que a
regulamentação da religião era tão importante que o próprio
imperador era envolvido com isso.

Tito é conhecido por ter revisado "Guerra dos Judeus".


Como observado acima, Josefo escreveu que Tito desejava
que "o conhecimento desses assuntos deveria ser retirado
apenas desses livros, nos quais ele afixou sua própria
assinatura. "Assim, Tito certamente teria lido a
passagem descrevendo a Maria que comeu seu filho e,
considerando as tradições que conectam sua família ao
cristianismo, poderia muito bem ter mantido seus paralelos
irônicos com a mãe de Jesus. Novamente, embora Jesus
pareça estar falando simbolicamente quando fala de ter sua
carne comida como um sacrifício de Páscoa, na história de
Josefo, vemos um interpretação literal das palavras de
Jesus, que as transforma em "negras histórias
em quadrinho".

Se a passagem é uma sátira de Jesus, uma série de


declarações que Josefo faz dentro dela podem ser vistas
como de duplos sentidos. O leitor precisa apenas ler essas
declarações na perspectiva de que os Flavianos
tenham inventado o cristianismo e seu significado
satírico tornar-se-a óbvio. Alguns deles são encontrados na
narração de Josefo:
". . . Mas por que eu descrevo a impudência desavergonhada
que a fome levou os homens a comerem coisas inanimadas,
enquanto eu vou relatar de fato outra questão semelhante, à
qual nenhuma história se relaciona? É horrível falar sobre
isso e incrível quando ouvido. Eu teria de bom grado
omitido esta calamidade de nós, pois eu não poderia
entregar algo tão grave para a posteridade, porém eu tenho
inumeráveis testemunhas a respeito disso em minha própria
época. ..."

Mas o mais importante jogo de palavras é encontrado


dentro do posicionamento de Maria sobre "a criança
miserável", no qual ela afirma:

"...Venha; sê tu a minha comida, e sê tu uma punição para


estes serventes sediciosos, e um exemplo para o mundo, que
é tudo o que agora está faltando para completar as
calamidades para nós judeus."

Como sugeri, esta citação parece ter sido inventada


por Josefo. Não só não havia testemunhas para ouvi-la, mas
ela é, em sua essência, duvidosa. Será que uma mãe que
comera seu filho, realmente gostaria que ele se tornasse um
"exemplo para o mundo"? Além disso, as palavras de Maria
parecem incoerentes. Por que seu filho se tornaria uma
"punição" para os "serventes" - isto é, os rebeldes judeus
contra Roma - sendo canibalizado? E por que isso
"completaria a calamidade de nós judeus"?

Dentro do contexto de uma sátira de Jesus o significado


da frase fica clara. O autor não está meramente
ridicularizando a Cristo. Ele
está afirmando que Jesus vai "completar a calamidade" dos
judeus pois tornando-se um "exemplo para o mundo" a
propagação do cristianismo vai "completar" a destruição
dos judeus.

Essa interpretação indica que o cristianismo foi projetado


para promover o anti-semitismo - um conceito que é pelo
menos plausível, historicamente. Um culto que produzisse
o anti-semitismo teria ajudado Roma impedir os judeus
messiânicos de espalhar sua rebelião e os castigaria
envenenando seu futuro.

O Novo Testamento tem numerosas passagens que parecem


deliberadamente pretender que os cristãos odiassem os
judeus. Embora cristão apologistas tentem explicar tais
passagens, existem exemplos claros desta técnica em todo
o Novo Testamento.

O mais famoso, ocorre no Evangelho de Mateus, no qual


Pilatos, depois de ter "lavado as mãos do sangue desta
pessoa" diz aos judeus que eles, e não as autoridades
romanas, devem ser os únicos responsáveis por crucificar a
Cristo. Os judeus responderam assim:

"... todas as pessoas responderam e disseram:

"Seu sangue será sobre nós e sobre nossos filhos." (54)

Alguns estudiosos especularam que os redatores cristãos


posteriores inseriram as passagens anti-semitismo no Novo
Testamento fora do contexto de ódio pelas pessoas que
haviam crucificado seu salvador. Minha interpretação
da passagem acima sugere o contrário: O Novo
Testamento foi projetado para promover o anti-semitismo.

Se o cristianismo tivesse sido criado pelos Flavianos para


"completar as calamidades "dos judeus, por que os
inventores da religião criaram um Messias que era um
cordeiro pascal simbólico?

O simbolismo de (João 19) e a passagem de Josefo que


temos analisado, mostram os cordeiros simbólicos da
Páscoa, ambos derivados do (Êxodo 12), onde Deus diz a
Moisés e Araão de como observar a Páscoa "ao longo de
suas gerações":

"...Esta é a ordenança da Páscoa: nenhum estrangeiro a


comerá.

Mas o servo de todo homem que é comprado por dinheiro,


e quando você o circuncidar, ele poderá comê-lo.

Em uma casa em que será comido; você não deve levar


nada da carne para fora da casa, nem você vai quebrar
nenhum de seus ossos.

Toda a congregação de Israel a isso guardará. ...

... E quando um estrangeiro que mora com você, quiser


participar da Páscoa do Senhor, que todos os seus machos
sejam circuncidados e que ele se aproxime e guarde; e ele
será um nativo da terra. Pois nenhuma pessoa não
circuncidada a comerá."
A passagem acima pode ter fornecido um dos motivos por
trás da decisão de estabelecer um Messias cuja carne pode
ser comida por toda a humanidade. A instrução de Deus a
Moisés a respeito de como somente circuncidados, os
judeus, podem comer do cordeiro pascal é um marcador
social da separatividade religiosa do povo judeu.

A exigência do separatismo do judaísmo religioso era uma


das causas da guerra com os romanos. Criando um cordeiro
pascal para toda a humanidade, o Novo Testamento foi
claramente, em um certo nível, terminando com o
separatismo religioso que tornou impossível para o
judaísmo ser absorvido pelo Império Romano. No entanto,
outra passagem dentro de "Guerra dos Judeus" pode revelar
uma inspiração mais satírica para o cristianismo:

É o cordeiro pascal humano.

"Como o número que pereceu durante todo este cerco, cento


e onze mil, a maior parte dos quais eram de fato a mesma
nação, [com os cidadãos de Jerusalém], mas não pertenciam
à própria cidade; porque eles vieram de todos o país para a
festa dos pães ázimos. E eram obrigados a um súbito "calar
a boca" por um exército, que no primeiro
momento, ocasionou tão grande aperto entre as pessoas que
dali surgiu uma destruição pestilenta sobre eles, e logo
depois causaria uma fome que os destruiria de repente."
(55)

Assim, os romanos estavam cientes de que haviam sitiado


Jerusalém numa época em que os celebrantes da Páscoa
inchavam sua população. E a fome se abateu sobre esses
celebrantes da Páscoa, como "Maria" descreveu, por
Josefo, envolvida em canibalismo. O historiador romano
Suetônio, escrevendo no terceiro século, também registrou
que havia canibalismo durante o cerco a Jerusalém.

"Os judeus, enquanto isso, estavam sendo sitiados, sendo


que nenhuma chance, seja de paz ou de rendição, foi
permitida, as ruas estavam em toda sua extensão ocupadas
por cadáveres que pereciam da fome e as ruas começavam
e devido ao dever de enterrá-los eles não podiam mais ser
executados. Além disso, eles eram motivados a comer todas
as coisas de natureza mais abominável, e nem sequer se
abstiveram de corpos humanos, exceto aqueles cuja
putrefação já havia se apoderado e, portanto, excluídos do
uso como alimento."

O canibalismo que ocorreu durante o cerco a Jerusalém


é, portanto, um candidato como a inspiração por trás da
inovação do cristianismo de "comer a carne" do
cristianismo. Esta premissa é especialmente plausível à luz
do fato de que tanto do ministério de Jesus envolveu
profecia, e todas essas profecias pareciam ter ocorrido
dentro de "Guerra dos Judeus". Em outras palavras, o "filho
de Maria" do Novo Testamento dizendo aos seus
discípulos que eles deveriam "comer da minha carne"
simplesmente teria sido outra profecia que Josefo registrou
como tendo ocorrido.

Se os romanos criaram o Novo Testamento, eles inventaram


a narrativa sombriamente satírica sobre um "Cordeiro da
Páscoa Humano" para satirizar a "festa" sombria dos
celebrantes famintos da Páscoa que estavam presos dentro
de Jerusalém. A história de Josefo sobre a "Maria
faminta" e o sacramento da comunhão são reflexos desse
satírico tema.

Embora o estranho fato de que a carne de Jesus fosse a base


para o sacramento não seja muitas vezes observado hoje,
isso pode não ter sido o caso durante os primeiros séculos
do cristianismo. Eusébio registrou isso anteriormente " Os
cristãos tiveram que se defender contra acusações de
infanticídio e canibalismo":

" ...ela contradisse os blasfemadores. "Como", ela disse,


"poderiam comer crianças se não acham legal provar o
sangue mesmo de animais irracionais? "E daí em diante ela
se confessou cristã." (56)

Os membros da corte Flaviana poderiam ter entendido as


passagens de Josefo como uma comédia negra, porque tais
indivíduos haviam enxergado ironia em Jesus dizendo a
seus seguidores, particularmente em Jerusalém, onde os
judeus recorreram ao canibalismo, que "o pão que eu vos
dou é a minha carne ". Da perspectiva Flaviana, a sátira é
auto-evidente.

O capítulo curto em "Guerra dos Judeus" que contém a


passagem do "filho de Maria" é concluído com Tito,
havendo contado a história da mãe que comeu a carne do
filho, como fazendo um sermão, no significado do caso
sórdido.

Mas para César, ele se desculpou diante de Deus quanto ao


que isso importa, e disse que ele havia proposto paz e
liberdade para os judeus, bem como um esquecimento de
todos as suas antigos insolentes práticas; mas que eles, ao
invés de concordar, haviam escolhido a sedição; em vez de
paz, guerra; e antes da saciedade e abundância, fome. Que
eles tinham começado com suas próprias mãos a queimar
aquele templo que preserváramos até agora; e que, portanto,
eles mereciam comer tal comida como isso foi. Que, no
entanto, esta ação horrível de comer um próprio filho
deveria ser coberto com a derrubada de sua própria nação
em si, e os homens não devem deixar tal cidade sobre a terra
habitável para ser vista pelo sol, onde as mães são assim
alimentadas, embora tais alimentos sejam mais para os pais
do que para as mães comerem, pois são eles que continuam
ainda em estado de guerra contra nós, depois de
terem sofrido misérias como estas. E ao mesmo tempo que
ele disse isso, ele refletiu sobre a condição desesperada em
que estes homens devem estar; nem ele poderia esperar que
tais homens poderiam evitar recuperar a sobriedade da
mente depois de haverem suportado aqueles muito
sofrimentos, de onde só era provável que eles pudessem ter
se arrependido. (57)

O uso de Tito da palavra "arrepender" aqui é interessante.


"Arrependimento", é claro, é uma das palavras-chave do
ministério de Jesus e seu uso para César trás a isso paralelos
ainda mais justos. Jesus afirma repetidamente: "-
Arrependam-se, o Reino de Deus está próximo", mas
exatamente que pecado eles cometeram, que faz com
que ele deseje que os judeus se arrependam? Jesus nunca dá
uma resposta para essa questão. No entanto, se a minha
interpretação do "pasquim" estiver correta, o pecado do
qual Jesus desejava que os judeus se arrependessem torna-
se óbvio: "Era a rebelião deles contra Roma."
CAPÍTULO 4

Os Demônios de Gadara

Quando me deparei com a passagem em "Guerra dos


Judeus", que descreve um filho de Maria cuja carne foi
comida e reconhecei sua ligação com o cristianismo, fiquei
perplexo. Quanto mais eu estudava a passagem mais eu
ficava convencido de que ele havia sido criada
deliberadamente como uma sátira - mas como mais do que
apenas uma sátira de Jesus. Parecia ser uma revelação de
uma origem diferente do cristianismo do que a que
havia passado para a era moderna. Isto é, que o
cristianismo foi criado para ser uma "calamidade" sobre os
judeus. Eu comecei a analisar "Guerra dos Judeus" para
determinar se continha outras passagens que poderiam ser
vistas como revelações satíricas sobre esta versão diferente
da origem do cristianismo.

Foi então que ficou claro para mim que havia humor
nos paralelos entre o enredo do ministério de Jesus e as
ações de Tito quando em campanha pela Judeia, e que entre
eles havia experiências similares perto da cidade de
Gadara.

Cada um dos Evangelhos Sinóticos conta uma história de


Jesus indo a Gadara, onde ele encontra um homem que é
possuído por demônios (em Mateus, Jesus encontra dois
homens endemoninhados, um ponto ao qual voltarei). Nas
versões da história encontradas em Marcos e Lucas, quando
Jesus pergunta ao demônio seu nome, o demônio responde:

"Meu nome é Legião: pois somos muitos."

Marcos 5: 9

Achei interessante que o demônio escolhesse descrever ele


e sua coorte como um componente de um exército.
Lembrando que o local onde Jesus pediu aos seus
discípulos para se tornarem "pescadores de homens" foi
usado para criar uma ligação satírica para um evento que
ocorreu no mesmo local, em "Guerra dos Judeus", eu me
perguntei se o uso da palavra "legião" pelo demônio poderia
estar satiricamente relacionado a um evento em"Guerra dos
Judeus" que ocorreu perto de Gadara.

A passagem em Marcos descrevendo o endemoninhado de


Gadara nos conta o encontro de Jesus com um homem
possuído por numerosos demônios. Estes demônios deixam
o homem, por ordem de Jesus e depois entram em um
rebanho de suínos. Uma vez que os porcos são possuídos
pelos demônios, eles correm descontroladamente para o
mar e se afogam. A passagem não revela o que aconteceu
com os demônios depois que o suíno se afogou. Note que
no Novo Testamento "espíritos imundos" são sinônimos de
diabos e demônios.
Jesus e os endemonihados de Gadara

"E chegaram ao outro lado do mar, à província dos


gadarenos.
E, saindo ele do barco, lhe saiu logo ao seu encontro, dos
sepulcros, um homem com espírito imundo;
O qual tinha a sua morada nos sepulcros, e nem ainda com
cadeias o podia alguém prender;
Porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e
cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os
grilhões em migalhas, e ninguém o podia amansar.
E andava sempre, de dia e de noite, clamando pelos montes,
e pelos sepulcros, e ferindo-se com pedras.
E, quando viu Jesus ao longe, correu e adorou-o.
E, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo,
Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que
não me atormentes.
(Porque lhe dizia: Sai deste homem, espírito imundo.)
E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu,
dizendo: Legião é o meu nome, porque somos muitos.
E rogava-lhe muito que os não enviasse para fora daquela
província.
E andava ali pastando no monte uma grande manada de
porcos.
E todos aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Manda-
nos para aqueles porcos, para que entremos neles.
E Jesus logo lho permitiu. E, saindo aqueles espíritos
imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por
um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil), e
afogaram-se no mar.
E os que apascentavam os porcos fugiram, e o anunciaram
na cidade e nos campos; e saíram muitos a ver o que era
aquilo que tinha acontecido.
E foram ter com Jesus, e viram o endemoninhado, o que
tivera a legião, assentado, vestido e em perfeito juízo, e
temeram.
E os que aquilo tinham visto contaram-lhes o que
acontecera ao endemoninhado, e acerca dos porcos.
E começaram a rogar-lhe que saísse dos seus termos.
E, entrando ele no barco, rogava-lhe o que fora
endemoninhado que o deixasse estar com ele.
Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua
casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o
Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti.
E ele foi, e começou a anunciar em Decápolis quão grandes
coisas Jesus lhe fizera; e todos se maravilharam."

Marcos 5:1-20 (58)

Em "Guerra dos Judeus", há um pequeno capítulo que


descreve a batalha em Gadara. O capítulo começa com uma
descrição de como um certo "João" subiu ao poder como
líder da rebelião.

A essa altura, João estava começando a tiranizar. . . Agora


alguns submetiam-se a ele por medo, e outros de boa
vontade; porque ele era um homem astuto para
atrair homens, tanto iludindo como enganando. Ou melhor,
foram muitos os que acharam que estariam mais seguros, se
as causas das ações do seu passado insolente fossem agora
reduzidas a uma só cabeça, e não a uma maioria.

Assim, Josefo descreveu João como um "tirano" sobre cuja


"única cabeça" "as ações insolentes" "de muitos foram"
"reduzidas". Josefo em seguida descreve os Sicarii, como a
fração mais militante da rebelião dos judeus, e afirma que
foram capazes de empreender "ações maiores" por causa da
"sedição e tirania" que João criara.

Havia uma fortaleza poderosa, não muito longe


de Jerusalém ... chamada Massada. Aqueles que eram
chamados Sicarii haviam outrora tomado posse, mas neste
momento eles assaltavam os países vizinhos, visando
apenas as suas próprias necessidades; para que pelo medo
eles impedissem uma próxima devastação. Mas quando
uma vez eles foram informados que o exército romano
ficara imóvel, e que os judeus foram divididos entre sedição
e tirania, eles corajosamente empreenderam ações maiores.
.. Agora, como em um corpo humano, se a parte principal
estiver inflamada, todos os membros estão sujeitos à
mesma inflamação; então, por meio da sedição e desordem
que estava havendo na metrópole. . . os homens ímpios que
estavam no país tiveram a oportunidade de devastar
o mesmo. Assim, quando cada um deles havia
saqueado suas próprias aldeias, eles então se retiravam para
o deserto; e ainda eram esses homens que agora se reuniam
e se juntavam à conspiração como parte das facções,
pequenas demais para um exército, e muito grande para
uma gangue de ladrões. . .
Josefo descreve então o início da pacificação de Vespasiano
do país da Judéia. Seu primeiro ataque foi em Gadara, uma
cidade dominada pelos rebeldes.

Essas coisas foram contadas a Vespasiano por desertores;


Adequadamente, ele marchou contra Gadara, a metrópole
da Pereia, que era uma fortaleza, e entrou naquela cidade no
quarto dia do mês *Dystrus. Adarj; um homem
poderoso, enviou um mensageiro até eles, sem o
conhecimento do sedicioso, para tratar de uma rendição; o
que eles fizeram pelo desejo que eles tinham de paz, e por
salvarem-se das consequências, porque muitos dos
cidadãos de Gadara eram ricos. este mensageiro do outro
lado não sabia nada, mas descobriu como Vespasiano se
aproximava da cidade. Contudo, eles desesperaram em
manter a posse da cidade, como eram em número inferior
aos seus inimigos que estavam dentro do cidade, e vendo os
romanos muito perto da cidade; então eles resolveram
fugir.
*Dystrus: é o quinto mês do calendário helenístico dos reis macedônicos
(Grego:Δύστρος; Acádico: Šabatu

Josefo, em seguida, afirma que depois de serem expulsos de


Gadara os rebeldes fugiram para outra cidade, onde
recrutaram um grupo de jovens para suas fileiras. Estes do
grupo que se associou, em seguida, correram "como as mais
loucas das bestas "tentando escapar. Eventualmente muitos
foram forçados a "saltar" no rio Jordão, onde se afogaram.
Tantos morrerão ali que, "não poderiam ser ignorados, em
razão dos cadáveres que estavam dentro do rio" Mas assim
que esses fugitivos viram os cavaleiros que os perseguiam
tentando impedir sua fuga, e antes que eles chegassem
próximos para um combate, eles correram juntos para uma
certa aldeia, que era chamada Bethennabris, onde
encontraram uma grande multidão de jovens, e armando-os,
em parte por seu próprio consentimento, em parte pela
força, eles precipitadamente e de repente atacaram
Placidus e as tropas que estavam com ele. Estes cavaleiros
no princípio cederam um pouco, na tentativa de atraí-
los fora da muralha; e quando eles os atraíram para
um lugar adequado para o seu propósito, eles fizeram seus
cavalos avançar e atiraram suas lanças sobre eles. Então
o cavaleiros detiveram a sua fuga, enquanto a
infantaria destruía terrivelmente aqueles que lutaram contra
eles; para aqueles, os judeus não fizeram mais do que
mostrar sua coragem, e então foram destruídos; pois
quando eles caíram sobre os romanos quando eles
estavam agrupados e, por assim dizer, murados,
inteiramente com suas armaduras, eles não foram capazes
de encontrar qualquer lugar onde suas lanças pudessem
penetrar, nem podiam de qualquer maneira quebrar suas
fileiras, enquanto eles próprios foram executados
através das lanças romanas e, outros correndo
apressadamente como os mais selvagem dos animais
selvagens, pela ponta das espadas romanas; enquanto
alguns deles foram destruídos, tendo seus rostos cortados
pelas espadas de seus inimigos, outros foram dispersados
pelos cavaleiros.

... Quanto aos que fugiram da aldeia, eles se espalharam


pelo país, e exagerando suas próprias calamidades, e
dizendo que todo o exército romano estava vindo sobre
eles, eles espalharam grande medo por todo lado; então eles
se agruparam em grande número juntos, e fugiram para
Jericó ... Mas Placidus. . . matou todos os que capturou
antes do Jordão; e quando ele direcionou toda a
multidão para a margem do rio, ele colocou seus soldados
em marcha contra eles ... No combate corpo a corpo, quinze
mil deles foram mortos, enquanto o número daqueles que
foram involuntariamente forçado a saltar no Rio Jordão foi
enorme também . Lá foram feitos mais de dois mil e
duzentos e uma grande pilhagem, consistindo de jumentos
e ovelhas e camelos e bois. (59)

Quando eu comparei a história de Josefo sobre Gadara com


a do Novo Testamento reconheci que havia semelhanças
entre eles. Por exemplo, o endemoninhado na história do
Novo Testamento é descrito como tendo uma "legião" de
demônios "dentro" dele. O "tirano" rebelde, João, é descrito
como tendo "as ações insolentes passadas [dos muitos]
reduzidas para [sua] uma cabeça. "Assim, o
endemoninhado de Gadara pode ser comparado com
a descrição de Josefo sobre João.

Além disso, Josefo indica que os Sicarii só


conseguiram tornar-se um movimento em toda a Judeia por
causa do esforço de João para estabelecer a ele mesmo
como um tirano. "Antes da maldade de João...aqueles que
eram chamados Sicarii haviam outrora tomado posse, mas
neste momento eles assaltavam os países vizinhos, visando
apenas as suas próprias necessidades; para que pelo medo
eles impedissem uma próxima devastação. Mas quando
uma vez eles foram informados que o exército romano
ficara imóvel, e que os judeus foram divididos entre sedição
e tirania, eles corajosamente empreenderam ações
maiores...Agora, como em um corpo humano, se a parte
principal estiver inflamada, todos os membros estão
sujeitos à mesma inflamação; então, por meio da sedição e
desordem que estava havendo na metrópole. . . os homens
ímpios que estavam no país tiveram a oportunidade de
devastar o mesmo. Assim, quando cada um deles havia
saqueado suas próprias aldeias, eles então se retiravam para
o deserto; e ainda eram esses homens que agora se reuniam
e se juntavam à conspiração como parte das facções,
pequenas demais para um exército, e muito grande para
uma gangue de ladrões. ... "

Então, como os demônios que brotaram de um homem em


Gadara, sobre a expansão dos Sicarii pode ser dito haver
surgido como resultado da "maldade " dentro de "uma
cabeça".

Em outra passagem em "Guerra dos Judeus", Josefo repete


o conceito do exemplo de João, como o endemoninhado de
Gadara, preenchendo país inteiro com mais dez mil casos
de maldade".

"No entanto, João demonstrou por suas ações que


esses Sicarii eram mais moderados do que ele próprio, pois
ele não só matou todos, como deu-lhe bons conselhos para
fazer o que era certo, mas pior de tudo, tratou-os como os
inimigos mais amargos que ele tinha entre todos os
cidadãos; Ou melhor, ele preencheu todo o seu país com
dez mil casos de maldade." (60)

Eu também notei que ao descrever os Sicarii, Josefo


afirmou que seu grupo era "pequeno demais para ser um
exército, e muitos para ser um bando de ladrões." Há uma
palavra que descreve um número tão grande de guerreiros -
uma legião. (61) "Legião" sendo a palavra que os demônios
da passagem do Novo Testamento acima usam para se
descrever.

Na história de Josefo sobre Gadara, esta "legião" correu


então juntos, para uma certa aldeia, que se chamava
Bethenabris, onde encontrou uma grande multidão de
jovens, [armando] a eles, em parte por seu próprio
consentimento, em parte pela força. . .

Assim, como esta legião de Sicarii que "infectou" um


grande número de pessoas, paralelamente a infecção dos
demônios nos porcos no Novo Testamento o grupo
infectado é então confrontado pelos romanos e corre em
fuga "como os mais selvagem dos animais selvagens", o
que coincide com o rebanho de suínos da passagem do
Novo Testamento que "correu violentamente".

Tanto o Novo Testamento quanto Josefo concluem suas


histórias sobre Gadara com um afogamento em massa e
uma descrição de um grupo que beirava "cerca de dois mil".
No Novo Testamento, como afirmei, o autor não nos diz o
que aconteceu com os demônios que infectaram os suínos.
Ele, no entanto, nos diz o número de suínos que se afogou
"(cerca de dois mil)." Na passagem de Gadara em
"Guerra dos Judeus" Josefo nos diz o número de
prisioneiros capturados: "Havia, além disso, dois mil e
duzentos prisioneiros; Josefo também nos informa que:
"Uma grande pilhagem foi feita também, consistindo de
asnos e ovelhas e camelos e bois; não havia "porcos"
capturados.

Eu questionei se as semelhanças entre as duas


passagens foram o resultado do acaso aleatório. Muitos
conceitos podem ser vistos como paralelos - "uma cabeça"
que continha grande mal, uma "Legião", essa
legião infectando outro grupo, o grupo associado correndo
"descontroladamente", o afogamento do grupo infectado,
um grupo enumerado em "cerca de dois mil, "os porcos" em
falta, e, claro, a localização de Gadara No entanto, se os
paralelos entre as duas passagens tivessem sido criado
intencionalmente, qual foi o seu propósito?

Ao estudar a passagem do Novo Testamento, eu me tornei


mais consciente que haviam muitas perguntas não
respondidas dentro dele. Por que os demônios desejam
"entrar" nos porcos? Por que os porcos entram correndo no
mar? O que acontece com os demônios Por que os
demônios perguntam a Jesus se ele está lá para atormentá-
los "antes do tempo"? Por que o homem possuído se cortava
com pedras?

Como eu acreditava que a passagem do "Filho de Maria de


Josefo, cuja carne foi comida" fora uma sátira do cordeiro
pascal simbólico do Novo Testamento, eu tentei determinar
se uma das passagens concernentes de Gadara pode ser uma
sátira do outro. Logo percebi que é possível ler as histórias
do evangelho sobre o endemoninhado de Gadara como uma
sátira da descrição de Josefo da batalha de Gadara, e que as
duas passagens poderiam ser interativas.

A razão pela qual o endemoninhado de Gadara do Novo


Testamento pode ser visto como uma sátira ao "tirano"
João, de Josefo, e a batalha em Gadara, é simplesmente
porque as duas histórias seguem o mesmo esboço de trama.
Em outras palavras, os caracteres e eventos que podem ser
vistos como paralelos ocorrem na mesma sequência. E tudo
ocorre perto de Gadara. A veracidade satírica no Novo
Testamento conta a mesma história que Josefo, mas, como
é frequentemente o caso com a sátira, os personagens têm
nomes diferentes.

No Novo Testamento, os personagens são os demônios sem


nome, os demônios, e os porcos que os demônios infectam.
Na guerra de os judeus os personagens são o líder rebelde
João, os Sicarii, e o grupo que os Sicarii recruta. Se o
Gadara do Novo Testamento é uma sátira da descrição de
Josefo sobre a batalha, o homem possuído pelo demônio no
Novo Testamento, de quem a "legião" surgiu seria uma
sátira de João, o líder rebelde de cuja "uma só cabeça" a
maldade emergiu. Seguindo essa lógica, a legião
de demônios que surgiram de um indivíduo no Novo
Testamento seria a sátira dos Sicarii em "Guerra dos
Judeus", que são descritos como "muito pequeno para um
exército, e muitos para uma gangue de ladrões", e
os "porcos" no Novo Testamento iriam satirizar o grupo que
os Sicarii "teria infectado" na passagem de Josefo.

A premissa de que os personagens nos dois contos


sobre Gadara devem ser entendidos como os mesmos
indivíduos, mas com nomes diferentes também parece
responder a minha pergunta sobre se os dois mil demônios
que se afogaram com os porcos que infectaram. Os
demônios que infectaram os porcos no Novo Testamento
devem ser uma representação satírica dos 2.200 Sicarii que
escaparam do afogamento e foram capturados vivos em
Gadara.

Josefo parece completar esta interação satírica com o Novo


Testamento, salientando que, enquanto muitos animais
diferentes foram capturados, nenhum era suíno: "Uma
grande pilhagem foi feita também, consistindo de asnos e
ovelhas e camelos e bois. "Por que não há suínos
capturado? Porque na história do Novo Testamento de
Gadara os suínos se afogaram e, portanto, não puderam ser
capturados passagem da batalha em "Guerra dos Judeus".

Enquanto a estrutura desta sátira é mais complexa do que a


outra Eu mostrei, que o humor em si é muito simples.
Simplesmente denigre os Sicarii como demônios e
espíritos imundos, e as pessoas que eles recrutaram como
suínos. Sem dúvida, foi assim que a família Flaviana
se sentiu sobre os rebeldes.

Muitas das profecias de Jesus foram entendidas há muito


tempo como prevendo eventos da guerra entre os romanos
e os judeus. Daí é estranho que a relação entre as duas
passagens não tenha sido notada antes, que a história de
Gadara dos Evangelhos como sendo uma "profecia" de um
evento da guerra que Josefo registrou como tendo
"acontecido". Esta constatação é particularmente estranha à
luz do fato de que a história de Gadara dos evangelhos é,
por si mesma, incoerente. Dentro do contexto do Novo
Testamento não há princípio teológico ou moral que possa
ser colhido a partir da história de uma legião de demônios
que entram em um rebanho de porcos que então correm
descontroladamente para o rio e se afogam. Como sempre,
quando é visto como uma sátira da descrição de Josefo
sobre o batalha em Gadara, a passagem do Novo
Testamento faz todo o sentido.
Outro aspecto aparentemente incoerente do encontro de
Jesus com o endemoninhado que essa interpretação deixa
claro ocorre na verdade história da história encontrada em
Mateus. Em que, ao ver Jesus, os homens endemoninhados
gritam: "O que temos a ver contigo, Jesus, Filho de Deus,
você veio aqui para nos atormentar antes do tempo? "(62)
A pergunta que os demônios estão fazendo é irrespondível
dentro do contexto literal da passagem. A que "tempo" eles
estão se referindo? No entanto, esta questão é respondida
pela interpretação que ofereço. Se os demônios são sátiras
dos líderes da rebelião judaica, o tempo do seu tormento é
claro. Eles estão profetizando a experiência do
tormento experimentado por João e Simão no final de sua
guerra contra os romanos.

Além disso, se a passagem do Novo Testamento é uma


sátira da batalha de Gadara, observe que é uma sátira
específica da passagem de Josefo e não de alguma tradição
sobre a batalha que Josefo poderia ter compartilhado com
os autores do Novo Testamento. Por exemplo,
o endemoninhado referindo-se a si mesmo como "Legião"
só faz sentido satírico como uma "história em quadrinhos"
paralela à descrição única de Josefo do bando rebelde como
sendo "pequeno demais para um exército, e grande demais
para uma gangue de ladrões". Este é um ponto importante
em que indica que partes do Novo Testamento e "Guerra
dos Judeus" foram projetados para serem lidos
interativamente, ou intertextualmente.

A descrição de Josefo da maneira pela qual


João espalhou sua "infecção" é semelhante à descrição de
Jesus do "espírito imundo que é "quem deixou um homem
e infectou muitos outros." Agora, como está em um corpo
humano, se a parte principal estiver inflamada, todos os
membros estão sujeitos à mesma enfermidade".

Essa semelhança é especialmente clara quando se considera


que na Judeia do primeiro século "demônios" foram
considerados responsáveis por febres e outras doenças. Os
Manuscritos do Mar Morto realmente descrevem "demônio
da febre" (63) Quando Josefo usa "infecção" como uma
analogia para as atividades dos Sicarii ele está praticamente
comparando-os a demônios.

Por isso, decidi rever o Novo Testamento e "Guerra


do Judeus" por exemplos para apoiar a premissa de que o
Novo Testamento satiriza os Sicarii como "demônios".
Durante esta análise, tornou-se claro que Jesus e Josefo
referiam-se cada um aos mesmos "maus“ a geração que
crucificou Cristo e depois se rebelou contra Roma, como
tendo sido infectada por "demônios".

Na passagem seguinte, por exemplo, Jesus especificamente


prevê que "espíritos imundos", ou demônios, possuiriam
essa "geração maligna". Observe que Jesus afirma que um
“espírito impuro” pode infectar muitos, o que se assemelha
à descrição de Josefo na passagem sobre a maldade de "uma
cabeça" passar para muitos. Jesus também afirma que os
espíritos imundos passam por "lugares sem água". O que
pode ser visto como uma maneira satírica de afirmar que os
demônios não podem passar pela água, ligando assim a
passagem que me intrigou sobre o destino dos dois mil
demônios. A ideia de que os demônios são incapazes de
passar através da água circula através do Novo Testamento
e das obras de Josefo.
E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por
lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra.
Então diz: Voltarei para a minha casa, de onde saí. E,
voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada.
Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que
ele e, entrando, habitam ali; e são os últimos atos desse
homem piores do que os primeiros. Assim acontecerá
também a esta geração má.

Mateus 12:43-45 (64)

A ligação de Jesus da "geração do mal" com a possessão


demoníaca dos homens que infectaram outras pessoas
espelham minha interpretação da passagem de Gadara do
Novo Testamento sobre a qual eu conclui que os "Sicarii"
eram os demônios que infectaram os outros com sua
"maldade". Quando Jesus refere-se a uma "geração má", ele
parece ter se referido aos Sicarrii, que se rebelaram contra
Roma. Esta proposição é especialmente clara à luz do fato
de que para os judeus dessa era uma "geração"
foram quarenta anos, que foi o período de tempo exato entre
a ressurreição e a destruição final dos Sicarii em Massada.

O entendimento de que uma "geração" durava quarenta


anos vem do Pentateuco.

E a ira do Senhor se acendeu contra Israel, e ele fez com


que vagassem no deserto quarenta anos, até que todos dessa
geração, que fez o mal aos olhos do Senhor, fossem
consumidos. (65)

Muitos cristãos atualmente ocupam uma posição diferente


em relação às profecias do juízo final de Jesus, acreditando
que elas não se referem à geração de judeus que viveram
durante seu tempo de vida. Em vez disso, eles acreditam
que Jesus estava falando sobre algum tempo ainda não
especificado no futuro. Eu sinto que esse entendimento
"futurista" está incorreto e tem o efeito de ofuscar as
palavras de Jesus, tornando assim difícil o entendimento do
significado que eles transmitiram no primeiro século. A
não verdadeira compreensão do Novo Testamento é
possível sem conhecimento do que Jesus quis dizer quando
usou a palavra "geração".

A palavra grega no Novo Testamento que foi


traduzida como "geração" é "genea". No início do século
20, alguns estudiosos cristãos começaram a postular que o
uso de Jesus desta palavra foi utilizado não para indicar
a "geração" de judeus vivos durante seu tempo de vida,
mas sim, toda a "raça" dos judeus, que não passaria "sem
que todas estas coisas acontecessem primeiro ".

É fácil entender o desejo deles por tal definição. Se


Jesus estava se referindo àqueles judeus vivos durante o seu
tempo de vida, consequentemente, a sua "segunda vinda
"deve ter ocorrido em 70 EC. Tal entendimento deixa o
cristianismo em uma posição desconfortável. Isso porque se
a "segunda vinda" de Jesus ocorreu durante a guerra entre
os romanos e os judeus, porque foi Tito e não Jesus quem
demoliu o templo e destruiu a "geração perversa"?

O teólogo cristão C.I. Scofield reconheceu esse dilema e em


sua referência bíblica alterou a definição da palavra
"genea"
para a de "genos", uma palavra completamente diferente
que significa "raça". Contudo, estudiosos mostraram que o
uso de "genea" no Novo Testamento só poderia estar se
referindo à vida dos judeus durante o tempo da vida de Jesus
e não a toda a comunidade judaica (raça dos judeus),
desbancando assim a posição de Scofield. (66)

O entendimento de que Jesus estava se referindo


especificamente à geração de judeus vivos no momento em
que ele proferiu essas palavras foi certamente a
compreensão realizada durante a Idade Média. Por
exemplo, as seguintes notas foram encontradas escritas ao
lado de Mateus 24:34 em uma Bíblia datada de 1599.

"Esta era: a palavra geração ou era está sendo usada aqui


para os homens daquela era." (67)

Estamos em terreno sólido na compreensão de que Jesus


estava se referindo unicamente à geração de judeus que
estavam vivos durante os 40 anos entre o seu ministério e a
destruição de Jerusalém. No entanto, se isso estiver correto,
então Jesus e Josefo estavam referindo-se ao mesmo grupo
com a expressão "geração perversa". Observe nas seguintes
passagens o entendimento de quão similares são as falas de
Jesus e Josefo sobre "demônios", a "geração perversa" e
os "Sicarii".

De Josefo:

. . . se os romanos tivessem demorado mais em vir contra


esses vilões, a cidade teria sido tragada pelo chão que se
abriu sobre eles, ou escoaria com a água, ou então seria
destruída por um trovão semelhante ao que o país de
Sodoma pereceu, por ter trazido uma geração de homens
muito mais ateísta do que eram aqueles que sofreram com
tal. "68"

. . . E verdadeiramente aconteceu, pois embora a matança


tenha cessado à tarde, porém o fogo continuou grandemente
durante a noite; e quando tudo estava queimando, veio
sobre Jerusalém, aquele oitavo dia do mês Gorpieus [Elul],
uma cidade que havia sido sujeitada a tantas misérias
durante este cerco, que, sempre teve tanta alegria desde a
sua primeira fundação, certamente teria feito inveja ao
mundo. Nem tampouco, em qualquer outro relato, mereceu
tanto essas infelicidades dolorosas, quanto ao produzir tal
geração de homens, assim como nas ocasiões em que isso
aconteceu. (69)

Do Novo Testamento:

"Mas ele lhes respondeu, e disse: Uma geração má e


adúltera pede um sinal, porém, não se lhe dará outro sinal
senão o sinal do profeta Jonas;..."

Mateus 12:39
"Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do
que ele e, entrando, habitam ali; e são os últimos atos desse
homem piores do que os primeiros. Assim acontecerá
também a esta geração má."

Mateus 12:45

"E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incrédula e


perversa! até quando estarei eu convosco, e até quando vós
sofrereis? "

Mateus 17:17

"Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir
sobre esta geração."

Mateus 23:36
"Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que
todas estas coisas aconteçam."

Mateus 24:34

De alguma forma, a conexão de três vias entre os "maus",


"Jesus", "demônios" e "Sicarii" de Josefo, não atraiu muita
atenção dos estudiosos. Por exemplo, o estudioso
hebreu Joseph Klausner perdeu completamente a conexão.
Ele escreveu:

"Naquela época, mesmo as pessoas educadas e aqueles que


estavam embebidos da cultura grega, como Josefo,
acreditavam na cura de tal casos nervosos e casos de
insanidade como casos de "possessão" por algum diabo, ou
mal, ou espírito imundo, e que certos homens poderiam
realizar milagres." (70)

De fato, Josefo não acreditava que os demônios fossem


"casos nervosos" e deu uma definição precisa sobre o que
eles eram. Ele afirmou que demônios eram os espíritos dos
ímpios.

"Demônios . . não são senão os espíritos dos ímpios." (71)

Esta definição indica que Josefo viu


os Sicarii como "demônios" quando ele constantemente
descreve os rebeldes como "maus". Josefo também liga
os Sicarii com "demônios" de outra maneira. Ele descreve
os Sicarii como se movendo "com uma fúria demoníaca"
(72) quando eles foram matar suas famílias no final do
cerco a Massada. Parece que como Jesus, Josefo deixa claro
quem são os "maus". Eles são o geração de judeus que se
rebelaram contra Roma.

Que nenhuma outra cidade sofreu tais misérias, nem


qualquer era desde o princípio do mundo, nunca produziu
uma geração mais frutífera em maldade do que esta era.
(73)

Assim, Jesus e Josefo compartilhavam um entendimento


estreito e expressaram-no com o mesmo vocabulário: que a
geração de judeus que vivia entre 33 EC e 73 EC era
"perversa" porque havia sido "infectada" por um espírito
demoníaco. Esse entendimento compartilhado é suspeito.
Jesus só podia ver a "maldade" desta geração olhando para
o futuro, e ainda assim ele não apenas manteve a
mesma opinião sobre essa geração, mas, como Josefo, ele
descreveu-a usando as mesmas palavras.

Voltando à versão da história do endemoninhado de


Gadara encontrado em Mateus, onde Jesus encontra dois
demônios, em "Guerra dos Judeus" vimos que eram dois
"tiranos" ou líderes da rebelião judaica, João, descrito
acima, e um certo Simão. Em minha análise sugiro que o
Novo Testamento está satirizando João na versão que
descreve um único demônio de Gadara, parece lógico
perguntar se a versão descrevendo dois endemoninhados
estava satirizando ambos os líderes da rebelião dos judeus,
João e Simão.

Experimentando essa premissa, percebi que na


conclusão do cerco a Jerusalém em "Guerra dos Judeus",
Simão e João, refugiam-se ambos em cavernas subterrâneas
abaixo de Jerusalém. Eventualmente eles são forçados pela
fome a sair destes "túmulos" e surgem para renderem-se aos
romanos. Este evento me pareceu um paralelo à descrição
dos homens endemoninhados "saindo dos túmulos" no
Novo Testamento.

A passagem em "Guerra dos Judeus que descreve estas


cavernas, afirma que são de fato "tumbas". "Os romanos
mataram alguns deles, alguns foram levados cativos, e
outros fizeram uma busca por terra, e quando eles
encontraram onde estavam, eles escavaram o chão e
mataram todos os que eles encontraram. Também foram
encontrados mortos lá mais de duas mil pessoas, em parte
por suas próprias mãos, e em parte uns pelos outros, mas
principalmente destruídos pela fome; mas era tão ofensivo
o mau cheiro dos corpos mortos para aqueles que os
encontraram, que alguns foram obrigados a fugir
imediatamente ... "

Como eu mencionei, o homem possuído por demônios em


Gadara é descrito como "cortando-se com pedras". (75)
Cortar-se com "pedras" é, naturalmente, incomum - uma
pedra não é uma ferramenta que alguém normalmente use
para cortar-se. Sobre o que, na verdade, o autor desta
passagem, está referindo-se? Eu percebi que se os
endemoninhados de Gadara foram destinados a satirizar os
líderes rebeldes, então houve uma resposta cômica para
esta questão.

A frase no Novo Testamento, onde o endemoninhado está


"nos túmulos". . . cortando-se com pedras "compartilha um
relacionamento interessante com a passagem em Guerra
dos Judeus que descreve os "túmulos" onde João e Simão
se refugiaram. A sátira vem da não respondida pergunta
dirigida a "Marcos 5:5". Esta questão é, o que faz
alguém chamar a outro que se corta com pedras? Em uma
passagem de "Guerra dos Judeus" relacionada ao líder
rebelde escondendo-se nos "túmulos" que percebemos a
resposta absurdamente óbvia. Alguém que se corta com
pedras é, naturalmente, chamado de "pedreiro".

Este Simão, durante o cerco de Jerusalém, estava na cidade


alta; mas quando o exército romano chegou dentro
das muralhas, e estavam retirando os resíduos da cidade, ele
então levou os mais fieis de seus amigos com ele, e entre
eles alguns que eram pedreiros, com aquelas ferramentas de
ferro que pertenciam sua ocupação. (76)

A versão do encontro de Gadara em "Mateus" não descreve


o destino de qualquer um dos seus dois homens
endemoninhados. Como sempre, se os demoníacos eram
paródias dos líderes dos rebeldes judeus, então a versão em
Marcos, que descreve apenas um homem possuído, deve
referir-se ao destino de João.
Cheguei a esta conclusão porque a passagem termina com a
declaração:
"E foram ter com Jesus, e viram o endemoninhado, o que
tivera a legião, assentado, vestido e em perfeito juízo, e
temeram. ..."

Marcos 5:15

"...E ele foi, e começou a anunciar em Decápolis quão


grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se maravilharam."

Marcos 5:20 (77)

Se o Novo Testamento estava satirizando Simão e João,


os líderes da rebelião judaica, então o indivíduo que foi
restaurado para a sua "mente certa" e que foi para Decápolis
só poderia ter sido João. Isso porque Josefo registra que,
depois de ser capturado, João recebeu prisão perpétua
enquanto Simão foi levado para Roma e executado.
Seguindo essa lógica, só poderia ter sido John, então, quem
"começou a anunciar em Decápolis".

Então minhas reflexões levantaram a questão de se "João O


Zelote", líder da rebelião judaica, tenha ajudado os romanos
na criação da literatura cristã, enquanto ele estava preso em
Decápolis. E, além disso, eu queria saber exatamente que
literatura esse indivíduo poderia ter ajudado os romanos a
criar? A única literatura cristã conhecida desta era é o
próprio Novo Testamento. Houve, claro, alguém chamado
"João" que escreveu um Evangelho.

Embora a premissa de que o apóstolo João fosse uma sátira


do João, que fora o líder da rebelião, foi baseado neste ponto
que minha análise, tanto na imaginação como na evidência,
foi consistente com o estilo de humor negro que senti estava
em jogo dentro das passagens analisadas anteriormente.
Claro, se o apóstolo João é uma sátira do rebelde João, então
se seguiria que o apóstolo Simão é também uma sátira do
outro líder rebelde, Simão.

Visto que minha análise das passagens de Gadara do Novo


Testamento sugere que os Sicarii foram satirizados como
demônios no Novo Testamento, primeiro tentei determinar
se havia outras passagens sobre demônios no Novo
Testamento, que pudessem apoiar a proposição sobre a
relação entre os líderes rebeldes João e Simão e os dois
apóstolos. Durante esta pesquisa, notei a seguinte passagem
do Evangelho de João, que afirma que o apóstolo Judas era
o "filho de Simão, o Iscariotes".

"Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? e um


de vós é um diabo.
E isto dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão; porque
este o havia de entregar, sendo um dos doze."

João 6:70,71

Estudiosos comentaram sobre a possibilidade de que


"Iscariotes", o último nome de Judas, é de alguma forma
relacionada com "Sicarii", a palavra Josefo usa para
descrever os rebeldes messiânicos. Como Robert
Eisenman observa, a única diferença entre as duas palavras
gregas é a troca do "iota", ou "I", pelo "sigma", ou "S". Eu
concordo e mostrarei abaixo que é simplesmente um dos
muitos trocadilhos que o (s) autor (es) da obra de Josefo e
do Novo Testamento usa(m) para desafiar o leitor
a descubra que os dois trabalhos descrevem os mesmos
caracteres.

Eu determinei que a seguinte passagem do Evangelho


de Mateus poderia ser lida como uma sátira sobre João, o
líder da rebelião, bem como na "geração perversa". Observe
que "João" é acusado como "tendo" um demônio porque ele
não está comendo nem bebendo, o que certamente pode ser
comparado à situação do rebelde João nas cavernas
subterrâneas.

João é mostrado como um espelho oposto do "Filho do


Homem", que é quem come e bebe, e, é "o amigo dos
coletores de impostos", e é quem vai "repreender as
cidades" "porque elas não se arrependeram" - esta
descrição de Jesus possuem um claro paralelo com as
atividades de Tito na Judeia. Portanto, se a passagem tem o
significado satírico que eu suspeitei, então o "João" descrito
na passagem deve ser entendido como João, o líder da
rebelião, e a profecia de Jesus está na verdade prevendo a
campanha de Tito através da Judeia.

"Mas, a quem assemelharei esta geração? É semelhante aos


meninos que se assentam nas praças, e clamam aos seus
companheiros,
E dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos
lamentações, e não chorastes.
Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem:
Tem demônio.
Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis
aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e
pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos.
Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se
operou a maior parte dos seus prodígios o não se haverem
arrependido, dizendo: . . ."

Mateus 11:16-20

Minha análise da história do Novo Testamento sobre os


demônios de Gadara sugere que as "cavernas subterrâneas"
para onde os rebeldes judeus fugiram no final do cerco a
Jerusalém foram satirizadas como "túmulos" dentro o Novo
Testamento. A seguinte passagem do Evangelho de
João pareceu para mim estar usando este tema. No entanto,
observe que, se interpretação está correta, então na
passagem Jesus está realmente sendo comparado com Tito,
onde Tio é o indivíduo enviado por "deus" isto é, seu pai
Vespasiano, para distribuir "vida" ou "julgamento"
aos Judeus escondidos em "tumbas", isto é, nas cavernas
abaixo de Jerusalém. Eu retornarei a este ponto mais
abaixo.

Esta interpretação também indica uma origem diferente


para o Conceito cristão de "ressurreição" daquela que é
tradicionalmente sustentada. Isto é não baseada apenas na
crença farisaica de que Deus retornará os mortos para a
vida, mas é uma sátira sobre a ressurreição dos mortos, isto
é, aqueles Judeus encontrados enterrados dentro dos
túmulos sob Jerusalém no final do cerco. Se isso estiver
correto, é aparentemente outro exemplo do tema de Jesus
falando simbolicamente, mas que a história de Josefo nos
mostra dando um significado literalmente satírico às suas
palavras.
"Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu
também ao Filho ter a vida em si mesmo;
E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do
homem.
Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos
os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz.
E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida;
e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.
Eu não posso por mim mesmo fazer coisa alguma. Como
ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco
a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou."

João 5:26-30

Embora essas interpretações das passagens acima sejam


lógicas, eles não fornecem, em si e por si mesmas, apoio
direto a argumentação de que os apóstolos João e Simão
eram sátiras dos líderes da rebelião judaica. A análise
adicional do Novo Testamento produziu mais exemplos
desse tipo, mas nada que produza a clareza que eu procuro.
Finalmente, percebi que o que estava procurando estava na
minha cara o tempo todo. Há uma passagem dentro do
Novo Testamento que fornece suporte extraordinário para a
premissa de que os apóstolos Simão e João foram
satirizados como líderes dos rebeldes judeus Simão e João.

O Evangelho de João conclui com uma discussão entre


Simão (Pedro) e Jesus. Jesus prevê que Simão será
amarrado e transportado "onde você não deseja ir." Jesus
também diz a Simão que ele terá a morte de um mártir,
"para glorificar a Deus". Em meio a essa discussão "o
discípulo que Jesus amava", claramente importante o
Apóstolo João aparece. Simão pergunta a Jesus qual deve
ser o destino de João. Jesus responde: "É minha vontade
que ele permaneça". A passagem então aponta que João "é
o discípulo que está dando testemunho dessas coisas, e
foi quem escreveu estas coisas "referindo-se ao Evangelho
de João em si.

Abaixo está a passagem inteira. Observe como o autor vai


longe, para evitar chamar os apóstolos por seus nomes
reais, Simão e João.

Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais


moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias;
mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro
te cingirá, e te levará para onde tu não queiras.
E disse isto, significando com que morte havia ele de
glorificar a Deus. E, dito isto, disse-lhe: Segue-me.
E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a
quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre
o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair?
Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será?
Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha,
que te importa a ti? Segue-me tu.
Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele
discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse
que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu
venha, que te importa a ti?
Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu;
e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.

João 21:18-24
Esta passagem, que é a conclusão do ministério de Jesus,
é exatamente o paralelo dos julgamentos de Tito sobre os
líderes rebeldes Simão e João no final de sua campanha pela
Judeia.

Assim, como conclusão do Evangelho acima, Jesus diz a


Simão "quando você for velho, você vai esticar as mãos, e
outro vai cingir-te e levar-te para onde não queres ir. "Jesus
diz a Simão "siga-me" e que sua morte "glorifique a Deus".
Como Jesus também afirma que é sua vontade que João
"permaneça".

No final de sua campanha pela Judeia, Tito, depois


de capturar "Simão", cinge-o com "laços" e envia-o "onde
ele não quer ir ", isto é: Roma. Durante o desfile de
conquista em Roma, Simão segue, isto é, é "levado" a uma
"morte, para glorificar a Deus" o deus "glorificado" era o
pai de Tito, o "divus" Vespasiano. Contudo, é da vontade
de Tito poupar o outro líder da rebelião, João.

Note que na passagem seguinte Josefo registra o destino de


João antes de João, assim como ocorre em João 21. Um
detalhe aparentemente inócuo, que porém mostrarei ter um
grande significado.
Simão. . . foi forçado a se render, como iremos relatar a
seguir; então ele foi reservado para o triunfo, para que então
seja morto; assim como foi João foi condenado à prisão
perpétua. (78)

Josefo também registra que a visão de Jesus de


"seguir" também acontecerá para o líder rebelde Simão.

Simão ... havia sido então conduzido neste triunfo entre os


cativos; uma corda também havia sido colocada em sua
cabeça e assim ele( foi puxado até o lugar apropriado no
fórum. (79)

Na passagem do Evangelho de João acima, observe que


o autor não chama o apóstolo João pelo seu nome, mas sim
como "o discípulo que Jesus amava ", e como o indivíduo
que havia dito em a Última Ceia: "Senhor, quem é que vai
trair você?" Mais tarde no capítulo, o autor identifica este
discípulo com outro epíteto quando ele afirma: "Este é o
discípulo que testemunhou estas coisas, e escreveu estas
coisas "- também aqui não referindo-se a João pelo nome,
mas obrigando o leitor a determinar isso, sabendo o
nome do autor do Evangelho. O uso do autor de epítetos
aqui, em vez de simplesmente se referir ao discípulo como
"João", parece claramente uma tentativa de manter a
conclusão paralela do "ministério de Jesus" a princípio não
demasiado aparente. 80 O autor, pelo mesmo motivo,
também faz Jesus nomear a Simão pelo seu "apelido",
"Pedro".
A mesma técnica é usada em todo o Novo Testamento e
"Guerra dos Judeus". Para identificar o nome de uma
personagem não nomeada, o leitor deve ser capaz de
lembrar detalhes de outra passagem relacionada.
Efetivamente, o Novo Testamento é concebido como uma
espécie de teste de inteligência, cujo verdadeiro significado
só pode ser entendido por aqueles que possuem memória,
lógica e humor suficientes.
Para maior clareza, apresento a seguinte tabela mostrando
os paralelos entre os finais, do ministério de Jesus e da
campanha de Tito:
1) Personagens são nomeados Simão e João;
2) Ambos os conjuntos de personagens são julgados;
3) Ambos os lados do paralelo ocorrem na conclusão de
uma "campanha";
4) Em cada uma delas, Simão vai para a morte como mártir,
após ser feito prisioneiro e levado a algum lugar que não
deseja ir;
5) Em cada uma delas, João é poupado;
6) Em cada uma delas, Simão "continua" .
Além disso, os dois eventos continuam como tema de uma
profecia feita em um trabalho e sendo cumprido no outro.
Em outras palavras, o que Jesus prediz, Josefo registra
como tendo "ocorrido".
Este grupo de paralelos parece muito complexo para ter
ocorrido ao acaso e fornece apoio direto à minha premissa
de que os apóstolos Simão e João foram satirizados com os
líderes da rebelião dos judeus, bem como a minha suspeita
de que o "Filho do Homem", cuja vinda o Novo Testamento
prevê que trará destruição para Jerusalém seja Tito.
Eu então percebi as implicações maiores do que eu havia
descoberto. O leitor recordará que nos inícios dos paralelos
entre os "ministérios" de Tito e Jesus; isto é, ambos foram
"seguidos" por "pescadores de homens". As conclusões das
passagens de Tito e Jesus na Judeia também são
conceituais paralelamente. Quando eu olhei para os
paralelos entre as colocações relativas a Gadara e ao "filho
de Maria cuja carne foi comida", eu descobri que aqueles
também ocorreram na mesma sequência.
Assim, as sátiras de eventos do Novo Testamento da Guerra
dos Judeus não foram sequenciados ao acaso, como eu tinha
assumido originalmente, mas foram colocados na mesma
sequência dos eventos que eles satirizaram. Em
outras palavras, todo o esboço do ministério de Jesus,
conforme registrado no Novo Testamento, foi projetado
para profetizar a campanha de Tito através de Judeia
Para esclarecimento, apresento a seguinte tabela de
paralelos em
sequência mostrada até agora:

TABELA DE PARALELOS EM
SEQUÊNCIA
JESUS TITO
Jesus inicia o ministério em Tito inicia sua campanha em
Genesaré, e diz “sigam-me e Genesaré, onde seus soldados o
se tornarão pescadores de seguem e “pescam” homens.
homens.
Em Gadara encontra uma Descreve "uma cabeça"
legião “dentro” de um homem cuja "maldade" desencadeia
e esse grupo, por sua vez uma legião de "demônios" que
infecta outro grupo infectam outro grupo, que
correm desesperados.
“Porcos” correm desesperados, Em Gadara 2000 “demônios”
2000 e se afogam. não se afogam.
Em Jerusalém “O Filho de Descreve em Jerusalém um
Maria” oferece sua “carne para filho de “Maria” a qual come
ser comida” sua carne.
Jesus prevê a morte de Simão Tito envia Simão para morrer
como mártir, em Roma, mas martirizado em Roma, mas
poupa João para poupa a João na conclusão da
conclusão do ministério. campanha.
As passagens do Novo Testamento referentes à "pesca de
homens",
"legião" de demônios saindo de um homem para infectar
muitos, um humano como cordeiro da Páscoa, e uma
conclusão em que Simão é condenado e João é poupado
podem ser vistas como satirizando muito poucas obras de
literatura. Isto é, portanto, completamente implausível que,
por obra do acaso, o Novo Testamento descreva tantos
episódios que possam ser vistos como satirizando esses
eventos em um único livro.
Além disso, embora seja possível argumentar que cada
episódio do Novo Testamento, que parece satirizar um
evento em "Guerra dos Judeus o faça acidentalmente, se
esse fosse o caso, esses acidentes ocorreriam em uma
sequência aleatória e em locais aleatórios. Não seria
necessário que Jesus usasse a expressão "pescadores de
homens" quando estava na praia em Genesaré, mais do que
fora necessário que ele encontrasse o endemoninhado em
Gadara. Nem era necessário que ele oferecesse sua "carne"
em Jerusalém, ou para "condenar" (prevendo sua
condenação) Simão, mas "poupar" (predizendo) João para
conclusão de seu ministério. O fato desses quatro eventos
ocorrerem no Novo Testamento na mesma sequência e no
mesmo local que seus eventos paralelos em "Guerra dos
Judeus" apóia fortemente a argumentação de que um
trabalho foi criado com o outro em mente. Dois dados, por
exemplo, cada um vai pousar com o mesmo lado
quatro vezes seguidas apenas uma vez em duzentos e
cinquenta e seis lances
Portanto, as sequências paralelas, conceitos e locais fazem
clara a intenção dos autores. Da mesma forma que eles
mostram o primeiro salvador de Israel, Moisés, como tendo
sido o "tipo" de Jesus, o segundo salvador de Israel, através
de suas experiências de infância paralela, eles
também "mostram" que Tito é o último e maior "salvador"
porque o ministério de Jesus ministério é o "tipo" da
campanha de Tito através da Judeia.
Finalmente, as sequências paralelas dos "ministérios" de
Jesus e de Tito devem ser consideradas no contexto de suas
sobreposições históricas. Como eu havia acima
mencionado, Jesus previu que um "Filho de Deus" viria
à Judeia antes da geração que o crucificou haver morrido,
então cercaria Jerusalém com um muro e destruiria o
templo. Tito é o único indivíduo na história que pode ser
visto como tendo cumprido estas profecias.
Tal combinação de singularidades históricas não teria
chances de ocorrer ao acaso. Isso é evidente. Portanto, a
única explicação plausível para as histórias semelhantes é
que essas partes do ministério de Jesus foram
deliberadamente criadas como um paralelo da campanha de
Tito através da Judeia.
A história mostrou, é claro, que o aspecto satírico dos
pais, os paralelos entre os dois "Filhos de Deus" não são
fáceis de enxergar. Dentro do Corte Flaviana, no entanto,
onde "cultos estrangeiros em Roma" eram
cuidadosamente escrutinados e o conhecimento das
façanhas de Tito era comum, os responsáveis por
supervisionar as religiões do Império teriam reconheceu os
paralelos satíricos entre Jesus e Tito e os enxergados como
sendo humorísticos.
O propósito desses paralelos, além disso, não era
meramente criar uma sátira divertida para os patrícios. Eu
mostrarei no capítulo seguinte que os autores do Novo
Testamento usam esse paralelismo para criar uma história
totalmente diferente daquela que aparece em sua
superfície, uma história que revela a identidade oculta de
"Jesus" que interage com os discípulos na conclusão dos
Evangelhos.
Além disso, entender que o ministério de Jesus compartilha
um paralelo com o enredo e personagens da campanha de
Tito cria uma maneira de compreender muito sobre o Novo
Testamento. Simplesmente movendo os eventos do
ministério de Jesus avançando quarenta anos no tempo e
comparando com os eventos da campanha de Tito nos
revela seu significado satírico. Por exemplo, quem colocou
a profecia de Jesus sobre o destino de Simão e João na
conclusão do Evangelho de João fez isso apenas para ter a
conclusão dos Evangelhos comicamente espelhada com os
feitos do fim da campanha de Tito. A discussão entre Jesus
e Simão poderia ter ocorrido a qualquer momento durante
o ministério de Jesus ou se gravada em qualquer um dos
outros Evangelhos, ou não ser incluída, pois não
contém ideias teológicas importantes.
Este método também revela a base satírica para o "apelido"
de Simão, "Pedro", que em grego é Petros, que significa
"rocha" ou "pedra". isto é uma sátira relacionada à
descrição de Josefo da circunstância da real captura de
Simão. Como dito anteriormente, ao tentar escapar da
Jerusalém ocupada pelos romanos, Simão fugiu para uma
caverna subterrânea com um grupo de pedreiros e tentou
escavar uma passagem para fuga. Incapaz de escavar e
sem alimentos, ele foi forçado a se render. Ele fez isso de
um modo extraordinário. Josefo escreve:
Simão, pensando que ele poderia ser capaz de surpreender
e iludir aos romanos, vestiu uma túnica branca e sobre esta
prendeu um manto púrpura, e emergiu dos subterrâneos, no
lugar onde estava o templo antigamente. (81)

O humor é sutil. Na lógica satírica do Novo Testamento o


epíteto de Simão, "pedra" satiriza a representação, de
Josefo, de Simão sendo capturado com um grupo de
pedreiros, que, claro, cortam "pedra". Quando ele veio "do
chão" no lugar onde o templo estava anteriormente era ele,
portanto, a primeira "pedra" sobre a qual o novo "templo",
o cristianismo, deveria ser construído. Mais uma vez,
embora Jesus pareça ter falado metaforicamente quando ele
diz a Simão que ele é a "pedra" sobre a qual ele construirá
uma nova igreja que vai substituir o judaísmo, Josefo
registra um evento mostrando outro, "uma sátira",
significando as palavras de Jesus.

"Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra


edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela; . . ."

Mateus 16:18

A representação de Simão saindo de uma caverna que é um


"túmulo" e contém um grupo de pedreiros também fornece
confirmação satírica da premissa de que Simão, o Apóstolo
e o endemoninhado de Gadara foram ambos satirizados a
partir de Simão, o líder dos rebeldes judeus. Isso porque o
humor em relação aos "pedreiros" cria um paralelo entre o
endemoninhado de Gadara e o líder rebelde Simão. E como
as passagens são paralelas, a personagem sem nome em um
teria o mesmo nome que seu "tipo" nomeado no outro;
nesse caso "Simão" é o nome de um dos endemoninhados
de Gadara.

Entender esse simples ponto de lógica permite que um leitor


entenda que os nomes de muitos dos personagens não
nomeados no Novo Testamento. e em "Guerra dos Judeus",
são a verdadeira identidade de Jesus. Eu também vou
mostrar que, longe de ser incomum, o uso de paralelos
intertextuais e troca de informações entre passagens era
lugar comum na literatura judaica dessa época.

O tema satírico do Novo Testamento sobre "rocha" e


"pedra" parece ser uma sátira sobre um tema metafórico
bem conhecido ao longo dos Manuscritos do Mar Morto, o
da "fundação do rocha". Dentro seguinte exemplo do Hino
de Ação de Graças, observe que o autor vê a si mesmo,
como o líder rebelde Simão, como entrando em um cidade
fortificada "e" procurando refúgio atrás de um muro alto".

"Mas eu serei como quem entra numa cidade fortificada

Como alguém que procura refúgio atrás de um muro alto

Até a libertação [vem];

Eu vou (inclinar-me) a tua verdade; Oh meu Deus.

Pois tu estabelecerás a fundação na rocha

E as estruturas pelo cordão de medição da justiça;


E as pedras testadas {tu vais colocar}" (82)

A lógica satírica que liga o Novo Testamento à "Guerra dos


Judeus" também deixa clara a base para o epíteto do
apóstolo João, que é "o discípulo a quem Jesus amava".
João era o "amado discípulo "porque ele era o líder cativo a
quem Tito poupou. Além disso, o real significado da crítica
de Jesus a seus discípulos - por exemplo, sua descrição dos
apóstolos "Simão" e "João" como tendo demônios - agora é
também aparente. Por ter maliciosamente satirizado os
líderes dos messiânicos como os apóstolos de Jesus, os
autores romanos do Novo Testamento então "registram"
Jesus como repreendendo seus apóstolos sobre sua
maldade.

No Evangelho de Lucas há uma passagem que alerta Simão


de sua possessão por "Satanás" e reitera o conceito de que
Simão está indo para a prisão e para a morte "com" Jesus.
Também repete o tema do endemoninhado de Gadara
(Simão), que retorna ao seu verdadeiro eu depois que
Satanás foi repelido. É outro exemplo de Jesus fazendo
afirmações que parecem metafóricas, mas têm significado
literal e satírico quando lida em conjunto com "Guerra dos
Judeus". "Simão" realmente vai "com" seu "mestre" para a
prisão e a morte, sendo seu "mestre" Tito. Embora no
passado os estudiosos tenham mistificado a passagem
seguinte, o seu significado agora está claro.

"Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás


vos pediu para vos cirandar como trigo;
Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu,
quando te converteres, confirma teus irmãos.

E ele lhe disse: Senhor, estou pronto a ir contigo até à prisão


e à morte."

Lucas 22:31-33

Continuando este tema satírico do Evangelho de Marcos,


Jesus chama o apóstolo Simão de "Satanás". Sua estranha
observação sobre o fundador de sua igreja é tornada
coerente quando se entende que Jesus está se referindo, no
contexto romano, ao rebelde Simão. O leitor vai notar que
a misteriosidade de muitos dos ditos de Jesus desaparece
quando eles são compreendidos dentro do contexto
sugerido. Na passagem, Jesus repete a ordem para Simão
que ele dá na conclusão do Evangelho de João acima. Isto
é, "seguir-me" com uma cruz para sua desgraça.

"E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo,


dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te
acontecerá isso.

Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim,


Satanás, que me serves de escândalo; porque não
compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são
dos homens.

Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir


após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz,
e siga-me;
Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e
quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á."

Mateus 16:22-25

Na passagem acima, de Mateus, observe que Jesus conta a


seus discípulos para "tomar sua cruz" e seguir. Na passagem
abaixo, de Lucas, observamos que, de fato, "Simão",
chamado de "Cirineu", o fez de fato, "tomou sua cruz" e
"seguiu" Jesus. Observe como deliberadamente o autor
transmite a ideia de que um "Simão" "seguiu" Jesus com
sua cruz.

"E quando o iam levando, tomaram um certo Simão,


cireneu, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às
costas, para que a levasse após Jesus."

Lucas 23:26

A estrutura da sátira de Simão envolvida a "seguir", com


uma cruz é familiar. Se alguém interpretar as palavras de
Jesus metaforicamente elas podem ser vistos como tendo
um significado espiritual, mas se interpretadas literalmente
elas são de um "humor negro".

O apóstolo Paulo também está envolvido na satirização de


execução de Simão.

"E, chegando Pedro (Simão) à Antioquia, lhe resisti na cara,


porque era repreensível."

Gálatas 2:11
A estranha história das três negações de Jesus por Simão
também faz parte da sequência de eventos compartilhada
pelo Novo Testamento e "Guerra do Judeus". O conto é uma
das histórias mais famosas do Novo Testamento e é
encontrado em todos os quatro Evangelhos.

"Então a porteira disse a Pedro: Não és tu também dos


discípulos deste homem? Disse ele: Não sou.

Ora, estavam ali os servos e os servidores, que tinham feito


brasas, e se aquentavam, porque fazia frio; e com eles
estava Pedro, aquentando-se também."

João 18:17,18

"E Simão Pedro estava ali, e aquentava-se. Disseram-lhe,


pois: Não és também tu um dos seus discípulos? Ele negou,
e disse: Não sou.

E um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem


Pedro cortara a orelha, disse: Não te vi eu no horto com ele?

E Pedro negou outra vez, e logo o galo cantou."

João 18:25-27

Quando eu havia determinado que o apóstolo Simão era


uma sátira de Simão, o líder dos rebeldes judeus, e que
havia uma sequência paralela de eventos em "Guerra dos
Judeus" e no Novo Testamento, eu estava curioso para
determinar se "Guerra dos Judeus" conteria um paralelo
com o História do Novo Testamento descrevendo as três
negações de Jesus por Simão. De fato, apenas
analisando "Guerra dos Judeus", onde as "negações" de
Simão teriam ocorrido, isto é, imediatamente após a captura
no Monte das Oliveiras, se revela uma passagem na qual
Tito afirma que três vezes ele exortou Simão à "paz" e por
três vezes ele se negou a isso.

Essa ponte era aquela entre os tiranos e César, e os


separamos; enquanto a multidão estava de cada lado; os da
nação judaica sobre Simão e João, com grandes esperanças
de perdão; e os romanos sobre César, em grande expectativa
de como Tito receberia sua súplica. . . Tito disse. . .

"Eu exortei vocês a deixarem estes comportamentos antes


de começar esta guerra. . ."

"Depois de cada vitória eu vos persuadi à paz ..."

"Eu não vou imitar sua loucura. Se vocês abaixarem suas


armas, e entregarem seus corpos para mim, eu concedo a
vocês as suas vidas; e atuarei como um moderado chefe de
família; o que não puder ser curado, será punido e o resto
preservarei para meu próprio uso ".

A esta oferta de Tito eles responderam - Que eles não


poderiam aceitar isso. (83)
Em retrospecto, parece difícil entender por que, com a
exceção de Robert Eisenman, os estudiosos não
comentaram a paralelos entre o cristão Simão e seu
homólogo judaico, porque eles são óbvios. Ambos
"Simãos" eram líderes de movimentos messiânicos
judaicos, engajados em atividades missionárias , e que
sofreram e morreram como mártires em Roma
aproximadamente no mesmo ano. Quantos indivíduos
assim poderiam ter existido?

O período de tempo tradicional dado como provável para a


morte do Simão cristão é entre julho de 64 EC (a suposta
data do surto de perseguição neroniana) e 68 EC. O Simão
rebelde foi martirizado aproximadamente em 70 ou 71 EC,
como mostrado acima, ambos podem ser vistos como a
"pedra angular" da igreja que substitui aquela que é
destruída. Além disso, ambos os "Simãos" são registrados
como tendo um relacionamento com a família Flaviana. São
Jerônimo e Tertuliano se referem à tradição de que "Simão"
teria ordenado Clemente, o pretenso papa flaviano.

Esta tradição a que os eruditos da igreja primitiva se


referem é significante na medida em que não só liga a
família Flaviana à origem do cristianismo, mas, se isso for
correto, cria um enigma para a religião. E se Simão ordenou
Clemente, sugeriria que ele não fora martirizado por Nero,
mas depois, pelos Flavianos. No entanto, é difícil imaginar
que Simão teria entregue o controle de seu movimento para
um membro da família que estava prestes a executá-lo.
Minha explicação resolve esse paradoxo. Se o rebelde
Simão e o cristão Simão eram o mesmo indivíduo, então
sendo ele martirizado pelos Flavianos e também havendo
entregue o controle da religião para eles torna-se
compreensível a tradição de que Simão ordenara um
flaviano como papa e, em seguida, foi executado por essa
família, simplesmente reflete a verdade. Os Flavianos
executaram Simão e depois passaram o controle sobre seu
culto messiânico (agora "cristianismo") aos membros da
família. Estudiosos cristãos posteriores tentaram organizar
a história da religião reconhecendo que essa conexão direta
com a família flaviana era problemática. Portanto, eles
simplesmente inseriram papas entre Simão e Clemente. Isso
levou à duas listas de papas, aquela que a Igreja afirma
oficialmente, e aquela que Tertuliano e Jeronimo sabiam,
que houve diretamente a sucessão de Simão para um
membro da família Flaviana.

Estudiosos têm se intrigado porque Paulo sempre se refere


a Simão como "Cephas", o equivalente aramaico de Pedro.
Minha explicação é que os autores do Novo Testamento
determinaram que se referir ao Apóstolo como "Simão"
durante o período em que a vida real de Simão é coberta em
"Guerra dos Judeus" poderia tornar o truque muito óbvio.
Até a "hoi polloi" (a plebe) poderia notar que os dois
"Simãos" eram suspeitosamente similares. Os autores do
Novo Testamento, portanto, mudaram de "Simão" para
"Simão Pedro", depois para "Pedro", e finalmente para
"Cephas" conforme sua narrativa se aproxima da época em
que o real Simão lidera a rebelião.

Os criadores da igreja romana tinham literalmente usado o


lider "Sicarii" como a "rocha" sobre a qual eles
"construiriam" a igreja que iria adorar seu Messias pacifista
e pagador de impostos. Ao apropriar-se do nome real de
Simão e a posição de autoridade, eles foram capazes de
"enxertar" o apóstolo Simão sobre a história do
cristianismo.

O Novo Testamento tem numerosos "Simãos":

1) Simão, o apóstolo ;

2) Simão chamado Zelote ou "O Kanaíta";

3) Simão, pai de Judas, que traiu Jesus;

4) Simão Mago, o mago samaritano;

5) Simão, o curtidor, Atos 10;

6) Simão, o fariseu, Lucas 7: 40-44;

7) Simão de Cirene, que carregou a cruz de Cristo;

8) Simão, o irmão de Jesus, o filho de Cleophas;

9) Simão, o leproso

10) Simão Pedro

A ideia de que o Novo Testamento ofusca as semelhanças


entre o apóstolo Simão e Simão, o líder dos judeus rebelião,
mudando constantemente o nome do apóstolo, me sugere
que todos os "Simãos" no Novo Testamento podem ser
sátiras do líder judeu. Apoiando essa conjectura há o fato
de que enquanto Jesus deu instruções para "Simão, o
Apóstolo" para "segui-lo" com uma cruz, foi "Simão, o
Cirene", que realizou a profecia, indicando que estes dois
"Simãos" eram sátiras do mesmo indivíduo. Além disso,
parece claro que Simão, o pai de Judas o "Iscariotes",
também era uma sátira do rebelde Simão, que
provavelmente era um Sicarii. Simão o "zelote" também
parece um epíteto provável para Simão o líder dos "zelotes"
judeus na guerra contra Roma.

A ideia de que os "Simãos" no Novo Testamento foram


criados como um tema satírico único, lança luz sobre um
fenômeno paralelo dentro do Novo Testamento, o das
muitas "Marias". "Maria", como "Simão", é o nome de
numerosas personagens dentro do Novo Testamento. Na
verdade, é o nome de cada personagem feminina central no
Ministério de Jesus:

1) Maria, a mãe de Jesus;

2) Maria Madalena;

3) Maria, irmã de Lázaro e Marta de Betânia;

4) Maria de Cléofas, a mãe de Tiago, o menor;

5) Maria, mãe de João Marcos, irmã de Barnabé;

6) Marta, a irmã de Lázaro e Maria de Betânia;

Marta, irmã de Lázaro, está nessa lista porque "Marta" é o


correspondente aramaico, do nome hebraico "Maria".
Ambos os nomes provêm da palavra "rebelde". Marta,
significa em aramaico "ela era rebelde" e Maria em
hebraico significa "sua rebelião". (84)

Não há tradição hebraica conhecida de dar às irmãs o


mesmo nome. O fato de que o Novo Testamento registrar,
que uma família tão ligada à origem do cristianismo,
houvesse escolhido fazer isso, sugere, para mim que todas
as personagens chamadas "Maria" nos Evangelhos
poderiam, como eu suspeito de todos os "Simãos", haver
sido sátiras. Uma passagem no Evangelho de João que
afirma que Maria, a mãe de Jesus, também tinha uma irmã
chamada Maria apoia esta premissa.

E junto à cruz de Jesus estava sua mãe, e a irmã de sua mãe,


Maria mulher de Cleophas, e Maria Madalena.

João 19:25

É bastante improvável que as duas famílias mais ligadas ao


ministério de Jesus teriam tido, por acaso, duas irmãs
chamadas Maria. Muitos estudiosos comentaram sobre a
dubiedade da irmã de Maria ter se chamado Maria. Por
exemplo, Eisenman escreveu:

"Maria não teve uma chamada irmã Maria. Essa confusão


foi baseada em descrições separadas e conflitantes de Maria
antes da redação dessas tradições ou simplesmente em um
erro gramatical na versão em grego.

Eisenman está correto em afirmar que Maria não teria uma


irmã com o mesmo nome, mas há uma explicação melhor
para os muitas "Marias" do que um "erro gramatical":
Todas as Marias do Novo Testamento, juntamente com a
única Maria em "Guerra dos Judeus", a mãe que comeu a
carne do próprio filho, fazem parte de um tema satírico
como aquele criado pelos vários "Simãos". Dado que o
nome Maria deriva da palavra "rebelião", eu acredito que
esses pasquins não eram baseados em um indivíduo
histórico, mas em um "tipo". Em outras palavras, todos os
membros femininos da militância do movimento
messiânico os "Sicarii" teriam sido identificados como
"Marias" pelos romanos, porque eram todas "rebeldes".
Essa percepção é importante para compreender o papel
chave de Maria Madalena no Novo Testamento como uma
sátira sobre a ressurreição de Jesus.

De qualquer forma, é claro que, para um leitor dentro da


corte Flaviana, essa designação no Novo Testamento, uma
obra na qual todas as mulheres centrais são também
chamadas de Maria, seria improvável acreditarem haver,
simplesmente, sido circunstancial.

Eu diria que durante a guerra, "Maria", se tornou um


codinome romano para designar as mulheres rebeldes da
mesma maneira que os soldados inimigos eram referidos
por um único nome durante a era moderna. Por exemplo, os
soldados americanos chamavam seus inimigos de
"Charley" durante a Guerra do Vietnã e "Kraut" durante a
Segunda Guerra Mundial. Pode-se imaginar um centurião
romano ordenando que todas as "Marias" sejam separadas
dos homens após a captura de um grupo de rebeldes judeus.
Este termo pode ter continuado a ser utilizado,
satiricamente, pelos autores do Novo Testamento a ponto
de fazer isso com todas as seguidoras femininas do Messias
rebelde.
De qualquer forma, é claro que para um leitor do Novo
Testamento, de dentro da corte flaviana, o fato de todas as
seguidoras femininas do Messias serem chamadas "Maria"
- isto é, "mulher rebelde" - teria sido visto como outra
jogada satírica. Imagine tal leitura individual de um
salvador que disse a seus seguidores "-sigam-me"" e iram
se tornar "pescadores de homens" em uma praia de
Genesaré, e que descreveu sua carne como "pão vivo" em
Jerusalém, tendo sua mãe e todos os outros membros
femininos de seu grupo de seguidores, chamadas "Maria".
Para todos os expertos da Corte Flaviana, os Evangelhos
eram burlescos. Entendendo que os autores do Novo
Testamento criarem temas satíricos referentes a pessoas
com o mesmo nome é um "insight" crítico que possibilitará
o entendimento da identidade real de Lázaro no capítulo
seguinte.

Além disso, saber que os líderes rebeldes foram


transformados nos apóstolos cristãos esclarece qual era a
intenção dos romanos para a com a sua religião. Os romanos
não queriam apenas destruir a característica do militante do
judaísmo messiânico que gerou a rebelião, mas sim
reescrever sua história de modo a transformar tanto o seu
Messias como os seus outros líderes em "fundadores" do
cristianismo. Desta maneira, o Romanos pretendiam fazer
com que a história do movimento "sicarii" desaparecesse
por fazendo essas crença e suas figuras-chave tornarem-se
a verdadeira "história" de sua nova religião.

Nós também somos capazes assim de entender a situação


de João, o líder que foi preso pelos romanos e foi satirizado
como o Apóstolo João e o endemoninhado de Gadara.
Tanto Josefo como os autores do Novo Testamento muitas
vezes fizeram referência ao fato de que eles escrreviam "a
verdade". Eu acredito que eles foram sinceros nesta
afirmação, mas o leitor é obrigado a entender o código sob
o qual eles escreveram a verdade. Por isso, acredito que
João, depois de sair dos "túmulos" e chegando à sua
"convicção", cooperou com os romanos para "publicar" a
literatura cristã em Decápolis.

O final do Evangelho de João identifica especificamente o


"João" a quem Jesus poupou como seu autor. Entendendo
que o Apóstolo "João" e o endemoninhado de Gadara foram
ambos satirizados juntamente com João e Simão
como líderes da rebelião judaica, me permitiu enxergar o
significado real da seguinte declaração sobre o
endemoninhado de Gadara:

"E ele foi, e começou a anunciar em Decápolis quão


grandes coisas Jesus lhe fizera; e todos se maravilharam."

Marcos 5:20 (85)

Essa passagem indica que João, um líder da rebelião, foi


levado para Decápolis, onde ele forneceu aos romanos
detalhes do movimento messiânico, que foram usados na
criação do Novo Testamento. João foi usado pelos romanos
para ajudar a criar a literatura que corrompeu o futuro de
seu próprio povo. Os romanos então "gravaram" sua
utilização de João, antecipando que aqueles que no futuro
compreenderiam a verdade sobre a origem do cristianismo
apreciariam essa ironia.

"Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu;


e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro."

João 21:24 (86)


Esta "conversão" do líder rebelde João ao cristianismo,
também

explica os dois sobrenomes diferentes dos dois "Simãos". O


Simão que é condenado no final do Novo Testamento é
chamado de "Shim'om bar Yona" (Simão filho de Jonas),
enquanto o Simão, que é condenado na conclusão da
campanha de Tito chamava-se *"Shim'om bar Giora"
(Simão filho de Giora). Jonas é simplesmente o Hebraico
para João - mais uma vez a técnica de troca de nome -
indicando que Simão era o filho de João. Visto que Gioras,
em hebraico, significa "o convertido", assim, o nome
completo do rebelde Simão era "Simão, filho do convertido,
"um sinônimo satírico para" Simão, o filho de João", porque
João se tornou um "convertido" à nova religião.
*Simon bar Giora (alternativamente conhecido como Simeão bar Giora ou Simon ben Giora ou Shimon bar
Giora; falecido em 70 dC) foi o líder de uma das principais facções rebeldes da Judéia durante a Primeira
Guerra Judeu-Romana na Judéia romana do século I.
Lápide na Prisão Mamertina, com os nomes de ilustres prisioneiros que estavam presos, aguardando
execução. Entre eles, Simon Bar Giora.

O fato de que João era o pai de Simão também cumpre outra


profecia "inócua" encontrada no Novo Testamento:

"Porque daqui em diante estarão cinco divididos numa casa:


três contra dois, e dois contra três.

O pai estará dividido contra o filho, e o filho contra o pai; a


mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua
nora, e a nora contra sua sogra."

Lucas 12:52,53 (87)

Josefo registra que no início do cerco de Jerusalém Simão


e João travaram uma violenta luta pelo controle da cidade,
tanto um contra o outro e contra o líder de outra facção,
chamado Eleazar. (88) "Guerra dos Judeus" contém um
tema claro sobre os judeus destruindo a si mesmos que eu
mostrarei com maior profundidade em outra parte.

Eu concluo este capítulo ressaltando que, em toda a história


da humanidade, as palavras de Jesus foram interpretadas
como essência do amor. Minha análise indica que, às vezes,
isso é um completo mal-entendido, embora um "mal-
entendido", que foi deliberadamente causado. O "Jesus"
que está falando com Simão em João 21 não tenha amor em
seu coração.

"Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais


moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias;
mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro
te cingirá, e te levará para onde tu não queiras."

João 21:18

(Isso ele disse para mostrar por que morte dele era para
glorificar a Deus.) E depois disso ele disse-lhe: "Segue-
me".

O que ia em seu coração pode ser conhecido por reler a


passagem com o entendimento de que Jesus estava
descrevendo o que Tito deveria fazer com Simão, o líder
capturado da rebelião judaica. Quando estas palavras são
lidas como endereçadas a um homem que seria levado para
Roma e torturado até a morte, o que ia no coração de Jesus
é verdadeiramente revelado. Como João Batista afirma que
Jesus não veio para batizar com água, mas com fogo
CAPÍTULO 5

Eleazar Lázaro: O Verdadeiro Cristo

Quando descobri os paralelos entre os "ministérios" de Tito


Flávio e Jesus, ficou claro para mim que eles eram
projetados para criar uma sátira oculta que indicava o
verdadeiro "Filho do Homem "previsto por Jesus era Tito.
Isto é especialmente claro no final do Evangelho de João,
quando Jesus prediz que Simão sofrerá a morte de um
mártir e que João será poupado. O único indivíduo na
história que pode ser visto como tendo cumprido essas
profecias é Tito.

Naquele ponto em minha análise, vi que Jesus e Tito eram


indivíduos completamente separados, a única conexão entre
eles é que Jesus havia, satiricamente, predito a "vinda" de
Tito. No entanto, eu também estava começando suspeitar
que nada fora inadvertidamente escrito no Novo
Testamento, que toda e qualquer palavra fazia parte de um
sistema satírico.

Essa suspeita resultou da descoberta de que muitos de


detalhes, aparentemente inócuos, que foram satiricamente
relacionados a eventos descritos em "Guerra dos Judeus",
por exemplo, a previsão no Novo Testamento que Maria
terá seu coração "perfurado". Mas se o Novo Testamento e
a Guerra dos Judeus eram um sistema satírico unificado
então ficou claro que havia algumas partes que eu não
entendera. Particularmente o que mais me intrigou foi Jesus
dizer aos seus discípulos que a não ser que eles "comessem
a carne" do "Filho do Homem" eles "não teriam vida" (89).
Se Tito era o "Filho do Homem" porque Jesus lhes disse
que comeriam a carne do Filho do Homem? - obviamente
não é uma previsão sobre o futuro imperador romano.

Comecei então um estudo para determinar se o personagem


do Novo Testamento chamado Jesus pode ser relacionado
satiricamente em "Guerra dos Judeus" de uma maneira que
eu ainda não entendera. Então comecei a analisar todos os
detalhes os dois trabalhos para determinar se havia
conexões entre o ministério de Jesus e história de Josefo
que eu ainda não houvera notado. Eu fui guiado nesta busca
pelo fato de que os paralelos e quebra-cabeças que eu havia
descoberto, foram todos projetados para revelar uma
identidade oculta.

A pergunta que eu estava tentando responder era antiga:


"Quem é Jesus?"

O mistério da identidade de Jesus começa com seu próprio


nome. "Jesus Cristo", ou, como Paulo o chama, "Cristo
Jesus", certamente não era o nome real do fundador do
cristianismo. Cristo é a palavra grega para "Messias" e
Jesus é um homófono grego (ee-ay-sooce) para a palavra
hebraica Yeshua, que pode significar "Deus salva" ou, como
no caso de Jesus, "Salvador".

A proposição de que o nome de Jesus deveria ser entendido


como "salvador" não pode ser contestada porque é
confirmada por não menos que uma fonte que um "anjo do
Senhor".
"Então José, seu marido, como era justo, e a não queria
infamar, intentou deixá-la secretamente.

E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um


anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas
receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado
é do Espírito Santo;

E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque


ele salvará o seu povo dos seus pecados."

Mateus 1:19-21

A palavra que o anjo usou para indicar que Jesus salvaria


seu povo foi "soteria", (90) um derivado de "soter", (91) a
palavra grega para "salvador".

No entanto, o anjo que nomeou o menino Jesus também


começou a confusão sobre a identidade do "Messias
Salvador". Imediatamente seguindo suas instruções para
chamar a criança de "Jesus", observa o anjo que a criança
que a "virgem irá conceber", deve ser chamada por outro
nome.

"Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito


da parte do Senhor, pelo profeta, que diz;

Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-


lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus
conosco."

Mateus 1:22,23

A confusão sobre a identidade de Jesus também é aparente


durante
seu julgamento, quando o Novo Testamento introduz outro
"Jesus", Jesus Barrabas. Este Jesus, como muitos dos
aspirantes messiânicos descritos por Josefo, é dito ter
iniciado uma insurreição.

Mas todos eles gritaram juntos: "Fora com este homem, e


liberta para nós Jesus Barrabas"- um homem que fora
jogado na prisão por uma insurreição que iniciara na cidade,
e por assassinato.

Pilatos dirigiu-se a eles mais uma vez, desejando liberar


Jesus; mas eles gritaram: "Crucifica, crucifica-o!"

Uma terceira vez ele disse a eles: "Ora, que mal ele tem
feito? Eu não encontrei nele nenhum crime que mereça a
morte; eu vou portanto castigá-lo e libertá-lo".

Jesus também contribui para a confusão em relação à


identidade dos "Messias Salvadores", referindo-se ao
indivíduo que ele prevê trazer destruição da Judéia não
como a si mesmo, mas como o "Filho do Homem".

"Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso


Senhor.

Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que


vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria
minar a sua casa.

Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do


homem há de vir à hora em que não penseis."

Mateus 24:42-44
O Novo Testamento descreve mais de uma pessoa como
"Jesus" e se refere a Jesus por vários nomes diferentes.
Comecei a entender que o Novo Testamento estava de
alguma forma indicando que poderia haver mais do que um
Messias, ou "Cristo" - em outras palavras, que Novo
Testamento estava nomeando mais de um personagem
como "Jesus".

O próprio nome "Jesus" contribui para essa ideia. Que o


"salvador da humanidade" fora assim chamado no
nascimento, é obviamente problemático, Eusébio, por
exemplo, sugere que o nome Jesus possa ter sido alegórico.
Em outras palavras, como foi o caso com Cristo, Jesus pode
ter sido assim chamado depois que ficou claro que ele era,
de fato, "o salvador".

Eusébio estava apenas apontando o óbvio. "Messias


Salvador" não foi meramente um nome durante esta época,
mas também um título daquele que viu a si mesmo como
tendo sido enviado por Deus para "salvar" a Judeia pode
reivindicar. Da perspectiva de Tito, o verdadeiro "filho de
deus" da Judéia não poderia ter sido nenhum dos aspirantes
messiânicos judeus que travaram guerra contra Roma. Só
poderia ter sido ele mesmo.

Josefo registra que a luta sobre quem era o verdadeiro


Messias Salvador da Judéia, foi a verdadeira causa da
guerra entre os romanos e judeus:

Mas o que, mais do que tudo, os incitou à guerra foi um


oráculo ambíguo também encontrado em seus escritos
sagrados, que dizia "Que naquela época, um do seu país se
tornaria governante do mundo habitável. Isso os levou a
acreditar significar: ser "um do seu próprio povo," e muitos
dos sábios se enganaram em sua interpretação. Este oráculo,
no entanto, na realidade significou o governo de
Vespasiano, que foi proclamado imperador enquanto na
Judéia. (92)

Josefo não poderia ter afirmado que os Césares Flavianos


viam a eles mesmos como os Messias, ou "Cristos",
previstos pelas profecias do governante mundial do
judaísmo mais claramente. Mas esta proposição sugere
outras perguntas. Como poderia Tito ter tomado o título de
"Cristo" longe dos líderes messiânicos com os quais ele
lutou? Como pôde Tito fazer com que os rebeldes judeus o
chamassem de "Cristo"?

Eu descobri como Tito conseguiu isso durante meus


esforços para determinar se Jesus, assim como seus
apóstolos, tinha uma identidade secreta. Eu descobri uma
série de quebra-cabeças dentro do Novo Testamento e de
"Guerra dos Judeus" que revelam que não só Tito Flávio, o
"Filho do Homem", foi predito por Jesus, mas que ele era,
de fato, o "Jesus" que interagia com os discípulos na
passagem final dos Evangelhos - em João 21. Os enigmas
revelam que Tito é o "Jesus" desconhecido que o
cristianismo tem adorado.

Esses quebra-cabeças também revelam que o nome do


salvador dos judeus capturado no Monte das Oliveiras e de
quem Tito roubou o título de "Cristo" era Eleazar, e que ele
fora satirizado como o "Lázaro" dentro do Novo
Testamento. Os quebra-cabeças também foram projetados
para mudar a história do Novo Testamento a partir do que
tem sido um tem sido um conforto para a humanidade em
talvez o conto mais cruel já escrito. Para começar a mostrar
como esses quebra-cabeças realizam tudo isso, primeiro é
necessário explicar como o Novo Testamento interage com
"Guerra dos Judeus para divulgar o nome do salvador judeu
capturado por Tito no Monte das Oliveiras e executado.

O nome desse indivíduo era Eleazar, que significa "a quem


Deus ajuda" em hebraico e é traduzido como" Lázaro "em
grego. O fato de que o Novo Testamento registra que Jesus
ressuscitou Lázaro dos mortos faz com que a noção de que
Lázaro poderia ter sido o nome do "Cristo" a quem Tito
executou, especialmente, para assim o vir a assumir. Para
esta compreensão, o leitor deve reconhecer um número de
paralelos entre Jesus e Eleazar e resolver uma série de
quebra-cabeças. Só então o leitor pode aprender o nome real
do Messias judeu.

Eu reconheço que os paralelos podem parecer


desarticulados e difíceis de compreender a princípio, mas
peço ao leitor que aceite isso. Se as conexões satíricas entre
o Novo Testamento e "Guerra dos Judeus" fossem feitos
para serem enxergados facilmente, eles não permaneceriam
ocultos por 2.000 anos. Neste caso, as conexões satíricas
entre Jesus e Eleazar foram escondidas, colocando os
paralelismos chaves para Jesus em várias personagens
diferentes chamadas Eleazar ou Lázaro. o autor requer que
o leitor se lembre de eventos vividos por um número de
diferentes "Eleazares" para entender seu ponto. Em outras
palavras, como ele fazia com os vários "Simãos" e os
endemoninhados de Gadara acima, o autor está usando
personagens diferentes que ele liga "tipologicamente" por
um nome compartilhado ou experiências paralelas para
criar um único tema satírico. A aparente imprecisão dos
paralelos entre Jesus e Eleazar acabará por levar a uma
conexão que é de clareza cristalina.

Depois que eu comecei o estudo para determinar a


identidade de Jesus, notei que há paralelos entre ele e um
certo número de personagens chamadas "Eleazar". Como
eu mostro abaixo, as personagens chamadas "Lazaro" ou
"Eleazar" foi dito haverem tido os atributos de Jesus, de
haverem nascido na Galileia, terem o poder de expulsar
demônios, haverem sido flagelados, haverem sido vítimas
de tramas de altos sacerdotes, haverem sobrevivido a uma
crucificação, terem um túmulo que era muito parecido com
o de Jesus, e claro, terem ressuscitado dos mortos.

Embora eu tenha visto os significados dos paralelos como


incomuns algo não ficou claro até que eu descobri dois
quebra-cabeças cujas soluções revelam o nome de uma
personagem sem nome como sendo "Eleazar". Sabendo que
estas duas personagens sem nome foram assim chamados,
revela que "Eleazar" foram: um capturado no Monte das
Oliveiras, e sobreviveu a uma crucificação, e outro foi um
filho de Maria cuja carne foi comida como um simbólico
cordeiro Pascal. Adicionando estes atributos únicos de
Jesus àqueles anteriormente mencionados cria uma imagem
clara. O nome do "Cristo" que foi capturado no Monte das
Oliveiras e executado pelos romanos era Eleazar

A seguinte passagem da Guerra dos judeus descreve um


Eleazar que era um "galileu". Apesar do fato de "ser um
galileu" dificilmente ser uma designação incomum, o leitor
notará que o Eleazar da passagem tem outros paralelos com
Jesus - seu auto-sacrifício e os traços sobre seu corpo nu.

"E aqui um certo judeu parece digno da nossa relação e


elogio; ele era o filho de Sameas, e foi chamado Eleazar, e
nasceu em Saab, na Galileia. Este homem pegou uma pedra
imensamente grande e jogou-a do muro sobre o aríete, e fez
isso com uma força tão grande, que quebrou a cabeça do
engenho. Ele também saltou para baixo e tirando a cabeça
do aríete do meio deles, sem qualquer esforço levou-a para
o alto do muro, enquanto isso ele ficou como um alvo fácil
para ser atingido por pedras pelos seus inimigos. E assim,
ele recebeu pedradas em seu corpo nu.

A passagem seguinte revela que "Eleazar", como Jesus,


teve o poder para dissipar os demônios. É um conto
obviamente fictício e é, portanto, interessante que Josefo
afirma que o exorcismo ocorreu em sua presença, e na
presença de Vespasiano e seus filhos Tito e Domiciano.
Saber que Eleazar era Jesus e que os "endemoninhados"
foram os rebeldes judeus, esclarece o significado real desse
conto estranho. É uma paródia do poder de "Jesus" para
livrar os rebeldes de sua maldade demoníaca, isto é, sua
rebeldia. Aviso prévio que também repete a ideia do conto
dos endemoninhados de Gadara, de que os demônios são
incapazes de passar pela água.

"... pois eu vi um certo homem do meu próprio país, cuja


nome era Eleazar, libertando pessoas que estavam
endemoninhadas, na presença de Vespasiano e seus filhos e
seus capitães e toda a multidão de seus soldados. A maneira
da cura foi esta: Ele colocou um anel que continha uma raiz
de um daqueles tipos mencionados por Salomão nas narinas
do endemoninhado, depois disso, ele puxou o demônio
pelas narinas. . ."

BAARAS - Tmbém identificada com a Mandrágora

"....E quando Eleazar persuadiu e demonstrou aos


espectadores que ele tinha tal poder, ele se afastou um
pouco com um cálice ou bacia cheia de água, e comandou
ao demônio para que ele saísse do homem, e derrubou-o,
fazendo assim os espectadores saberem que ele havia
deixado o homem." (93)

A passagem acima está relacionada com a seguinte


passagem em "Guerra dos Judeus" em relação a outra raiz
mágica que poderia dissipar os demônios. A história se
passa em uma terra chamada "Baaras", onde um "tipo de
raíz" também chamado "Baaras" cresce. Baaras parece ser
uma brincadeira com a palavra usada para "filho", bar, que
lembra a maneira com que "Sicarii" foi talvez
deliberadamente escrita "erroneamente" como Iscariotes. O
Novo Testamento e Josefo muitas vezes se envolvem com
humor sobre a identidade do "Filho". A passagem também
afirma que esta "raiz" mágica crescia por toda parte "desde
o tempos de Herodes", e provavelmente duraria por muito
mais tempo se não houvesse sido cortada por aqueles
judeus. "Isso indica que estamos lidando com uma única
planta. No entanto, de qual tipo de planta existe apenas
uma? Em qualquer caso, por que Josefo iria tão longe para
descrever uma planta que não existe mais? Além disso,
Josefo também define na passagem o que ele quis dizer com
a palavra "demônios". Eles são os "espíritos dos ímpios"
apoiando assim a ideia de que os "maus" "Sicarii" eram
possuídos por "demônios" e eram os "espíritos imundos"
nos "endemoninhados de Gadara", bem como, a ideia de
que os demônios exorcizados por Eleazar nas passagens
acima são os rebeldes judeus.

Quando os elementos da passagem abaixo sobre a "raiz"


mágica são vistos como um grupo, uma imagem surge. A
passagem descreve uma única planta que foi chamada
"filho", que crescia por toda parte desde o tempo de
Herodes e tinha um poder mágico para expulsar demônios.
Este "filho" teria durado mais tempo, exceto pelo fato de
que "aqueles judeus "o haverem cortado". O que, além de
uma sátira de Jesus, poderia ser essa passagem? Como a
passagem contém paralelos claros à outra acima,
descrevendo um "Eleazar", que também exorciza demônios
usando uma raiz mágica, foi escrita para ligar "Eleazar" ao
outro filho que exorcizou demônios - isto é, Jesus.
"Agora dentro deste lugar, cresceu uma espécie de raíz que
merece nossa admiração por conta de sua grandeza, pois
não é inferior a qualquer figueira, seja em altura ou em
espessura; e o relato é de que existia desde o tempo de
Herodes, e provavelmente teria durado muito mais tempo,
se não houvesse sido cortada por aqueles judeus que
tomaram posse do lugar depois. Mas ainda nesse vale, que
engloba a cidade ao lado norte, há uma certo lugar
chamado Baaras, que produz uma raiz de mesmo nome
com essa mesma ... só é valiosa por conta de uma virtude
que possui, se apenas for levada às pessoas doentes, ela
rapidamente afasta aqueles que são chamados "demônios",
que não são nada mais do que os espíritos dos ímpios, que
entram nos homens que estão vivos e os matam, a menos
que possam obter alguma ajuda contra eles." (94)

Representação da árvore Baaras - Identificada como Mandrágora na Idade


Média
ATLAS BÍBLICO - Circulado em vermelho a
localização do Vale de Baaras - BAARAS VALLIS

A passagem acima da Guerra dos Judeus descreve a raiz


mágica "Baaras" é imediatamente seguida por outra
passagem ainda sobre outro "Eleazar" de uma família
"eminente". Este "Eleazar" é um paralelo transparente a
Jesus, enquanto ele sobrevive a um flagelo de sua carne nua
e uma crucificação.

"... os romanos, quando eles se depararam com os outros


contra suas margens, eles previram sua vinda, e os estavam
esperando quando chegaram; Porém a conclusão deste
cerco não dependia desse confronto; mas um certo incidente
surpreendente, relativo ao que foi feito nesse cerco obrigou
os judeus a entregarem a cidadela. Lá havia um certo jovem
entre os sitiados, de grande ousadia, e muito ágil com suas
mãos, seu nome era Eleazar; ele se destacou muito naquele
ataque que encorajou os judeus a saírem em grande número,
a fim de impedir o aumento deles às margens, e causou aos
romanos uma grande quantidade de danos quando eles
vieram lutar; ele conseguiu tal sucesso, que aqueles que
saíram para fazer o ataque, retornaram facilmente e sem
perigo, e isso ainda trazendo a retaguarda ele mesmo. Então
aconteceu que, em um determinado momento, quando a luta
acabou, e ambos os lados batido em retirada, ele,
desprezando o inimigo, e pensando que nenhum deles iria
voltar a lutar de novo, naquele momento, estando fora dos
portões, falava com aqueles que estavam na muralha, e sua
atenção estava totalmente voltada ao que eles diziam. Então
uma certa pessoa pertencente ao acampamento romano,
cujo nome era Rufus, e Egípcio de nascimento, correu sobre
ele repentinamente, quando ninguém esperava tal coisa, e
capturou-o, mesmo com sua própria armadura; enquanto,
nesse meio tempo, aqueles que observavam da muralha
ficaram tão surpresos, que Rufus impediu a sua ajuda, e
levou Eleazar para o acampamento romano. Então o general
dos romanos ordenou que ele deveria ser levado de volta
nu, ante a multidão da cidade para ser visto, e duramente
chicoteado diante de seus olhos. Com este triste incidente
que se abateu sobre o jovem, os judeus ficaram
terrivelmente perturbados, e a cidade, com uma só voz,
lamentou-o severamente, e o luto por uma única pessoa
provou ser supostamente maior do que poderia ser sobre
uma calamidade." (95)

Na parte seguinte da passagem é notável de como é satírica


a descrição da lógica que levou à criação do cristianismo.
Os romanos, vendo o amor que os rebeldes judeus
mantinham por seus Messias, decidiram usar essa ligação
em seu próprio benefício. Isto é, eles decidiram criar um
Messias Romano. Esta passagem é diretamente ligada à
história do Novo Testamento sobre a captura de Jesus no
Monte das Oliveiras.

Quando Bassus percebeu isso, ele começou a pensar em


usar um estratagema contra o inimigo, e estava desejoso de
agravar sua dor, a fim de levarem a melhor sobre eles para
que entregassem a cidade em troca da salvação daquele
homem. Tampouco ele falhou em seu intento; porque mal
ele ordenou que colocassem uma cruz, como se ele fosse
enforcar Eleazar imediatamente; a visão disso ocasionou
uma grande comoção entre aqueles que estavam na
cidadela, e eles gemeram veementemente, e gritaram que
eles não suportariam vê-lo assim aniquilado. Eleazar, então,
implorou a eles que não o desprezassem, pois agora ele iria
sofrer uma morte muito miserável, cedendo à sina e ao
poder romano, já que agora haviam conquistado todas as
outras pessoas. Então esses homens ficaram muito
comovidos com o que ele disse, lá haviam também muitos
dentro da cidade que intercederam por ele, porque ele era
de uma família eminente e muito numerosa; e assim
cederam à sua paixão pela comiseração, ao contrário do
costume habitual . . . Então, eles enviaram imediatamente
determinados mensageiros, que trataram com o Romanos, a
fim de organizar uma rendição da cidadela para eles, e
desejaram que eles pudessem voltar, levando Eleazar junto
com eles. Então os romanos aceitaram sua rendição geral
nesses termos. (96)

Outra ligação de Jesus e Eleazar (Lázaro) ocorre no Novo


Testamento. Depois de descrever a ressurreição de Lázaro,
o Evangelho de João afirma que os sumos sacerdotes
conspiravam contra ele. Este paralelo é transparente como
ocorre dentro da mesma passagem onde os sumos
sacerdotes conspiram contra Jesus.

"E os principais dos sacerdotes tomaram deliberação para


matar também a Lázaro;"

João 12:10 (97)

Então "Guerra dos Judeus" e o Novo Testamento


descrevem personagens chamados "Eleazar", que tem os
atributos de Jesus: de haver nascido na Galileia, ter o poder
de exorcizar demônios, haver sido tramada sua morte pelos
Sumos Sacerdotes, havendo sido flagelado sobreviveu a
uma crucificação e ressuscitou dos mortos. Estes
"Eleazares" são os únicos indivíduos dentro desses
trabalhos com tantos atributos comuns aos de Jesus.

No entanto, para entender que "Eleazar" foi o verdadeiro


"Salvador", Josefo e os autores do Novo Testamento
exigiam que o leitor primeiro resolvesse os dois seguintes
enigmas. O primeiro quebra-cabeça revela que Eleazar era
capturado no Monte das Oliveiras. Para resolver o enigma,
é preciso primeiro reconhecer que a seguinte passagem, em
que Josefo dá a sua versão de uma captura no Monte das
Oliveiras, é paralelo à passagem acima que descreveu um
Eleazar que foi flagelado e escapou da morte por
crucificação.

O texto a seguir é o relato completo da captura no Monte


das Oliveiras de Josefo:

"Agora, depois de haver passado um dia desde que os


romanos ascenderam à fenda, muitos dos sediciosos foram
tão pressionados pela fome, e também pelo insucesso de seu
saque, que eles se juntaram e fizeram um ataque àqueles
guardas romanos que estavam no Monte das Oliveiras. Os
romanos foram informados de sua vinda para atacá-los de
antemão, e, correndo rapidamente junto aos campos
vizinhos, impediram que eles tomassem suas fortificações.
e um deles cujo nome era Pedanius, pertencente a um grupo
de cavaleiros, quando os judeus já estavam vencidos e
forçados todos juntos vale abaixo, ele esporeou o flanco de
seu cavalo com grande veemência, e apanhou pelo
tornozelo um certo homem jovem pertence ao inimigo,
quando ele estava fugindo; o homem era, no entanto, de um
corpo robusto, e estava de armadura; muito baixo também,
Pedanius se curvou sob seu cavalo, ainda quando ele estava
galopando, e tão grande era a força de sua mão direita e do
resto de sua corpo, como também tal habilidade ele tinha na
equitação, que assim que esse homem se apoderou de sua
presa, como de um precioso tesouro, levou-o como seu
cativo para César; e depois Tito admirado com o homem
que havia se apoderado do outro por sua grande força,
ordenou que o homem que fora capturado fosse punido
[com a morte] por seu ataque contra a muralha romana."
(98)
Este incidente ocorreu no Monte das Oliveiras, a
localização que o Novo Testamento dá para a captura de
Jesus. Como eu tinha visto que o Novo Testamento e
"Guerra dos Judeus" frequentemente compartilhavam
conceitualmente alguns eventos nos mesmos locais, tentei
analisar as duas passagens para determinar se eles também
poderiam estar relacionados.

Notei na primeira vez que existe um paralelo entre as duas


capturas no Monte das Oliveiras em termos do tempo
relativo em que elas ocorrem. A captura do Novo
Testamento ocorre imediatamente antes de Jesus, o templo
simbólico do Novo Testamento, ser destruído. A captura no
Monte das Oliveiras em "Guerra dos Judeus" ocorre da
mesma forma, imediatamente antes da destruição do
templo. No entanto, enquanto a identidade do homem que
foi capturado no Monte das Oliveiras no Novo Testamento
é bem conhecida, na versão de Josefo o indivíduo capturado
é descrito apenas como "certo jovem".

Eu me perguntei se seria possível reconhecer o nome desse


"certo jovem", como fiz com os endemoninhados de
Gadara. Foi durante o esforço para determinar isso, que a
forma como que o Novo Testamento e "Guerra dos Judeus"
usam o paralelismo para identificar os nomes de suas
personagens anônimas finalmente ficou clara para mim.

Esse uso de paralelismo veio diretamente da Bíblia hebraica


e, em certo sentido, seu uso no Novo Testamento já era
esperado. Como os autores do Novo Testamento
emprestaram conceitos como o Êxodo, o cordeiro pascal e
o Messias, era lógico para eles copiar o uso de paralelos
intertextuais também.
A Bíblia hebraica foi estruturada como um todo orgânico e
pode ser pensado como uma "série de círculos concêntricos
com alguns anéis de intertravamentos, "como Freedman
coloca". Por exemplo, a Torá e o livro de Josué (que juntos
formam o Hexateuco) têm toda uma estrutura literária de
imagem-espelho em que os principais temas dos livros do
Gênesis até o Êxodo 33 são então espelhados em estruturas
paralelas nos livros de Êxodo 34 a Josué 24.

Os criadores da Bíblia hebraica também usaram paralelos


estruturais em um nível micro. Por exemplo, em uma
técnica conhecida como composição pedimental; cem, duas
passagens que contêm muitos paralelos são usados para
fornecer uma "moldura" literário, imprensando uma
terceira passagem central entre elas - por exemplo, Levítico
18 e 20 fornecem tal "moldura" para a passagem central em
Levítico 19. A consequência dessas técnicas literárias
tradicionais é que o leitor judeu não lê um texto como
poderia ser lido, pensado de uma maneira racional, direta e
linear. Pelo contrário, a leitura judaica é intertextual. O uso
de frases, fórmulas, lugares, roupas, e assim por diante são
usados para criar camadas de significado associativo, como
contrastes, para fornecer continuidade e colorido. Em
alguns casos, os autores criam o que Robert Alter chamou
de "cenas de tipo" - então, por exemplo, o servo de Abraão,
ao encontrar uma jovem mulher em um poço, é então mais
tarde descrito em paralelo com Moisés encontrando uma
jovem mulher em um poço, e o leitor é convidado a
contemplar as semelhanças, diferenças e continuidades.

Na literatura hebraica, essas relações tipológicas são uma


fonte de especulação aberta e debate. Para os romanos isso
talvez tenha parecido parte do misticismo bárbaro que
induziu os zelotes judeus à revolta. Então eles
"aperfeiçoaram" a natureza de seus paralelos no Novo
Testamento dos tipos "em aberto" encontrados dentro do
Cânon hebraico para aqueles que eram muito precisos em
sua lógica e relações cronológicas, e nas identidades que
eles revelam.

Os autores dos Evangelhos estavam muito conscientes da


tipologia usada na literatura hebraica e estavam, com efeito,
mostrando que eles eram capazes de produzir uma forma
mais perfeita e mais complexa. Além disso, houve uma
profunda ironia na exigência dos autores dos Evangelhos e
"Guerra dos Judeus" para que fossem lidos à maneira da
literatura judaica, a fim de que soubessem que eles haviam
criado um pseudo-judaísmo.

O "insight" de que Josefo estava usando paralelos


tipológicos ocorreu quando percebi que no conto de Josefo
sobre a captura do "jovem rapaz" sem nome no Monte das
Oliveiras é paralela a outra passagem dentro da Guerra dos
Judeus, a passagem acima, na qual Eleazar é chicoteado e
escapa da crucificação. Josefo identifica as duas histórias
como sendo paralelas por cada passagem haver contado a
mesma história, sendo suas únicas diferenças o local e que
um "certo jovem" não tem nome na versão do Monte das
Oliveiras.

Para esclarecimento, apresento a seguinte lista de paralelos


entre as duas passagens:

• Em cada uma, os judeus sitiados estão cercados por


uma muralha.
• Em cada uma, os judeus atacam a muralha de cerco.

• Em cada caso, os romanos prevêem o ataque.

• Em cada uma, um judeu é literalmente levado por um


único romano de uma maneira que é fisicamente
impossível.

• Em cada uma, o homem que é levado está com sua


armadura.

Dentro das obras de Josefo existem milhares de passagens.


Essas são as únicas duas que compartilham essas
características paralelas. Assim Josefo faz notar ao "leitor
inteligente", isto é, o leitor com boa memória, que as duas
histórias são paralelas. Além disso, existe um simples ponto
de lógica no qual os autores exigem que o leitor perceba
como sendo a partir deste que as passagens são paralelas, o
anônimo "certo jovem" que é levado em um deve ter o
mesmo nome como o "certo jovem" chamado Eleazar que
passa pela mesma experiência no outro.

As passagens também são o começo de um tema satírico


que Josefo e o Novo Testamento desenvolvem em relação
ao Messias no Monte das Oliveiras. Este tema, ao qual me
refiro como"raiz e ramo", começa com a última frase na
passagem acima da guerra dos judeus. Observe que o
tradutor (William Whiston) coloca parênteses em torno das
palavras que ele usa para descrever a punição "(com a
morte)" do "certo jovem" sem nome capturado no Monte
das Oliveiras

Whiston usou este dispositivo para notificar o leitor de que


ele estava erroneamente traduzindo as palavras gregas que
Josefo escreveu para render o que parecia uma leitura mais
coerente. As palavras gregas ele está traduzindo como [com
a morte], kolasai keleusas, são traduzidas literalmente
como "ordenado para ser podado". "Podado" é, claro, uma
palavra que descreve uma atividade de jardinagem. Assim,
Tito não ordenou o "certo jovem "a ser levado à morte",
como diz a tradução de Whiston, mas para ser "podado",
uma palavra usada logicamente no Monte das Oliveiras.
"Kolasai" foi usado pelo naturalista grego Theophratus no
quarto século AEC para descrever a poda necessária para
cultivar plantas selvagens. Seu trabalho em plantas foi
frequentemente referenciado por indivíduos da era de Tito,
como Plínio e Sêneca, e cobria especificamente o processo
pelo qual as oliveiras selvagens podem ser transformadas
em cultiváveis. (102)

Theophratus foi o ancestral científico de Pedanius


Dioscorides, o cientista romano e médico que acompanhava
Vespasiano e Tito na Judeia e foi uma parte fundamental do
tema da sátira sobre a "raiz e ramo".

Este uso da palavra "podada" para descrever o destino do


jovem "faz parte de um amplo tema satírico dentro do Novo
Testamento. Os líderes da rebelião judaica foram usados
como "árvore" histórica na qual o cristianismo foi
"enxertado". A descrição de Paulo do cristianismo sendo
enxertado no judaísmo abaixo é parte deste tema sobre "raiz
e ramo". Observe que Paulo afirma que é uma oliveira que
deve ser enxertada. A oliveira sendo, claro, a árvore que
seria "podada" no Monte das Oliveiras.

"Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que


não te poupe a ti também.

Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para


com os que caíram, severidade; mas para contigo,
benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra
maneira também tu serás cortado.

E também eles, se não permanecerem na incredulidade,


serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a
enxertar.

Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra


a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses,
que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!

Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para


que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento
veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios
haja entrado."

Romanos 11:21-25

Josefo continuou com este tema vegetativo fazendo uma


sátira sobre "pressionando". Observe que no início de sua
descrição de uma captura no Monte das Oliveiras, Josefo
afirma que os judeus foram "pressionados" pela fome. Este
uso da palavra "pressionar" por Josefo, satiricamente liga
sua passagem descrevendo uma captura no Monte das
Oliveiras com a versão do Novo Testamento de uma
captura do Monte das Oliveiras. O jardim no qual Jesus
vagueia enquanto no Monte das Oliveiras é chamado
Gethsemane, uma palavra aramaica que geralmente é
traduzida como "prensa de azeite". No entanto, como
Klausner aponta, a palavra é "difícil" e pode também estar
relacionado ao vinho. Beth-Shemanaya é um nome usado
no Talmude para descrever um "salão de vinho e óleo".
(103)

"E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do novo


testamento, que por muitos é derramado.

Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da vide,


até àquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus.

E, tendo cantado o hino, saíram para o Monte das


Oliveiras."

Marcos 14:24-26

"E foram a um lugar chamado Gethsemane, e disse aos seus


discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto eu oro."

Marcos 14:32

Nós mostramos que Jesus 'chamando sua carne de' pão 'é
satiricamente relacionado com o canibalismo que os
rebeldes judeus sitiados estiveram envolvidos Da mesma
forma, a descrição da paixão de Jesus no jardim de
Gethsemane é uma sátira da sua "doação de seu sangue",
que ele descreveu como "vinho".
"Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia
não se faça a minha vontade, mas a tua.

E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia.

E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor


tornou-se como grandes gotas de sangue, que corriam até
ao chão."

Lucas 22:42-44

Nomear o jardim onde o suor de Jesus é comparado a gotas


de sangue de "prensa de azeite" também faz parte do tema
satírico. No entanto, a passagem no Evangelho de Lucas
que contém a imagem satírica relacionada, à das gotas de
sangue que saem de Jesus como o líquido espremido de
uvas ou azeitonas em uma prensa, não se refere ao nome do
jardim. Isso deve ser obtido a partir da leitura das versões
do Conto do Monte das Oliveiras nos outros Evangelhos,
em que o nome do jardim aparece como Gethsemane.

A sátira nos quatro Evangelhos trabalham juntas, em


relação a paixão de Jesus no Gethsemane, para mostrar que
os Evangelhos não são quatro testemunhos de Jesus
separados, mas uma peça unificada de literatura com nada
inadvertido nele. Todos os seus aparentemente irrelevantes
ou contraditórios detalhes têm um propósito na relação
satírica. Neste caso, os autores impediram que a sátira fosse
óbvia demais, usando a palavra para um vinho ou prensa de
azeite, Gethsemane, em uma versão da história em um
Evangelho e o uso da imagem do sangue de Jesus caindo
em outra. Josefo, em seguida, expande o tema satírico em
"Guerra dos Judeus", jogando com a palavra "prensa"
naquela história no Monte das Oliveiras.
Mais uma vez, apenas os leitores alertas o suficiente para
combinar os elementos de diferentes versões da mesma
história podem entender a sátira. Observe que essa técnica
é consistente em todo o processo. Para entender sátira em
Lucas sobre Gethsemane, o leitor deve recordar-se de outra
versão do Evangelho da mesma história. Da mesma forma,
os paralelos entre os dois contos de "Guerra dos Judeus"
acima, que descrevem um "certo jovem" sendo capturado,
só podem ser compreendidos pelo leitor cuja memória é
suficiente para lembrar da primeira história enquanto lêem
a segunda. Os autores do Novo Testamento e Josefo criaram
o que pode ser chamado de primeiro teste de inteligência da
história. A consequência da falha foi a crença em um falso
deus.

Eu também notaria que esse tema vegetativo referente a um


Messias capturado em um jardim chamado de prensa de
azeite ou lagar pode ter sido uma paródia de uma metáfora
hebraica, registrada no Targum, sobre o Messiah
esmagando os inimigos de Israel em uma prensa. A sátira
que Roma fez, não foi do Messias esmagar seus inimigos
como "uvas no lagar", mas sim foi a de "prensar" ele
mesmo.

"Quão amável é o rei Messias, que deve se levantar da casa


de Judá.

Ele cinge seus lombos e sai para guerrear contra aqueles que
o odeiam

matando reis e governantes. . .


e avermelhando as montanhas com o sangue de seus
mortos.

Com suas roupas mergulhadas em sangue,

ele é como alguém que pisa uvas no lagar de vinho."

É notável que o tema "raiz e ramo" que o Novo Testamento


e Josefo criaram em relação ao Messias não foi notado
antes, já que é bastante claro. A "oliveira" que é "podada"
de modo que o cristianismo poderia ser "enxertado" só
acontece estando no "Monte das Oliveiras" em um jardim
chamado "Gethsemane", uma palavra que significa "prensa
de azeite". Neste exemplo, os nomes e localizações
fornecem o fato de que a estória é uma sátira e não história.

Se os romanos, de fato, capturaram Eleazar, o "ramo"


messiânico dos rebeldes judeus, no Monte das Oliveiras,
teria sido a inspiração específica para este tema satírico. No
capítulo seguinte, minha análise deste tema vegetativo
conclui como Tito - foi chamado de "jardineiro" porque ele
"podou" Eleazar - "enxerta" a ele mesmo na identidade e
história do Messias judaico e se torna "Jesus".

Eu mostrarei no capítulo "A nova raiz e ramificação" que


este "poda" do jovem certo, descrita tão
descontroladamente por Josefo, é o destino do verdadeiro
Messias, sobre o qual o cristianismo se baseia.

Além disso, a história do Novo Testamento sobre a captura


de Jesus está ligada à campanha de Tito de outra maneira.
O Novo Testamento afirma que Jesus foi capturado dentro
de um jardim chamado "Gethsemane". Na versão de sua
captura contada no Evangelho de Marcos, há uma
personagem descrita apenas como um "certo jovem" nu
que, ao contrário de Jesus, foi capaz de escapar dos
atacantes.

"Todos os dias estava convosco ensinando no templo, e não


me prendestes; mas isto é para que as Escrituras se
cumpram.

Então, deixando-o, todos fugiram.

E um certo jovem o seguia, envolto em um lençol sobre o


corpo nu. E lançaram-lhe a mão.

Mas ele, largando o lençol, fugiu nu. Jesus perante o


Sinédrio.

E levaram Jesus ao sumo sacerdote, e ajuntaram-se todos os


principais dos sacerdotes, e os anciãos e os escribas."

Marcos 14:49-53

A descrição do homem nu intrigou os estudiosos. Por quê o


autor interrompeu sua descrição de algo tão importante
como a captura de Jesus para registrar um evento tão
irrelevante quanto a fuga de uma personagem sem nome?
Eu acredito que eu sou capaz de responder essa pergunta e
também possa identificar esta personagem sem nome.

A resposta vem do fato de que havia outro individuo "nu"


que teve uma fuga paralela de um bando de homens
armados em um mesmo jardim. Este indivíduo foi Tito
Flavio. Mais uma vez o Novo Testamento e "Guerra dos
Judeus" descrevem cada evento, conceitualmente paralelos,
no mesmo local - "pesca" para homens em Gennesareth,
"demônios" em Gadara, um filho de Maria cuja carne foi
comida em Jerusalém, e, na passagem seguinte, um jovem
"nu" em um jardim fora de Jerusalém, em seu canto
nordeste, que escapou de um bando de homens armados.

"Agora, enquanto ele andava pela estrada reta que levava


para a muralha da cidade, ninguém apareceu fora dos
portões; mas quando ele saiu daquela estrada e desceu em
direção à Torre Psefinus, e liderou o bando de cavaleiros
obliquamente, um imenso número de judeus saltou de
repente das torres chamadas de "Torres das Mulheres",
através do portão que fica defronte aos monumentos da
rainha Helena, e interceptaram seu cavalo; e ficando em pé
diretamente opostos a aqueles que ainda corriam ao longo
da estrada, impediam que eles se juntassem a aqueles que
haviam decaído. Eles interceptaram Tito também, com
alguns outros. Agora era ali impossível para ele para seguir
em frente, porque por toda parte haviam trincheiras
cavadas na muralha, e também muitos jardins obliquamente
situados, rodeados por muitas sebes para proteger os
jardins; ele viu que era também impossível voltar para seus
próprios homens, em razão da multidão de inimigos que
havia entre eles; muitos dos quais não sabiam o quanto o rei
estava em perigo, pois supunham que ele ainda estava entre
eles. Então ele percebeu que sua salvação seria totalmente
devido à sua própria coragem, e virou seu cavalo, e gritou
em voz alta para aqueles que estavam prestes para segui-lo,
e correu com violência pelo meio de seus inimigos, a fim
de forçar o seu caminho através deles até os seus próprios
homens. E, portanto, eu posso principalmente entender que
tanto a cessar das guerras, e os perigos sob quais os reis se
encontram, estão sob a providência de Deus; pois um tal
número de dardos foram atirados em Tito, quando ele não
estava usando seu capacete e nem seu peitoral (pois, como
eu disse, ele não saíra para lutar, mas para observar a
cidade), mas nenhum deles tocou seu corpo, e ele se retirou
sem ser ferido; como se todos o houvessem desaparecido de
propósito, e só faziam barulho quando passavam por ele."

Assim, o Novo Testamento e "Guerra dos Judeus"


colocaram cada um deles, seu rei no mesmo jardim se
encontrando com um bando de homens armados. No Novo
Testamento, Jesus começa no Monte das Oliveiras, que fica
fora da borda leste de Jerusalém, e caminha para o norte até
Gethsemane, onde o Novo Testamento afirma que ele "foi
um pouco mais longe."

"Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado


Gethsemane, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui,
enquanto vou além orar."

Mateus 26:36

Em outras palavras, para o canto nordeste da cidade. Josefo


descreve Tito como viajando da torre de Psefinus, que
marcava o canto noroeste da cidade, em direção ao
monumento da Rainha Helena, ao longo da fronteira norte
de Jerusalém de oeste a leste.
Maquete de Jerusalém - Torre Psefinus

Monumento da Rainha Helena - Jerusalém (Ilustração)

Monumento da Rainha Helena - Jerusalém (Ruínas)


Observe que em sua versão de um ataque ao jardim, Josefo
faz o leitor ciente de que Tito estava, "figurativamente
dizendo", "nu", quando escreve que ele não estava usando
armadura, para criar um paralelo satírico para o "jovem nu"
que escapa do jardim no Novo Testamento.

Como foi o caso do quebra-cabeça sobre a captura de


Eleazar, o "jovem nu" não identificado no Novo
Testamento deve ter o mesmo nome que o indivíduo
nomeado dentro da história paralela em "Guerra dos
Judeus". Por isso, o "certo jovem" que escapa nu de seus
perseguidores no jardim no Novo Testamento pode ser visto
como um protótipo de Tito, o jovem "nu" que escapa de
seus perseguidores no mesmo jardim em "Guerra dos
Judeus".

Assim, o Novo Testamento e Josefo descrevem dois


assaltos que ocorrem em jardins perto do Monte das
Oliveiras. Observe a simetria conceitual - em cada par de
ataque no Monte das Oliveiras existe um indivíduo "nu" que
escapa e outro indivíduo que é capturado. Os ponto
paralelos desses ataques no Monte das Oliveiras são:
Jerusalém durante os tempos do Novo Testamento, 30 AEC
- 70 DEC; Torre Psefinus, pórtico de Simão; Jardim de
Gethsemane, ou seja, 450 metros (1500 pés) separam as
identidades dos dois "reis", Jesus e Tito - em outras
palavras, separaram o "rei" que vive daquele que é
crucificado. Este paralelo é criticamente importante na
medida em que começa o processo pelo qual a história do
Novo Testamento de Jesus opera como um precursor das
histórias de ambos "Filhos de Deus" descritos em "Guerra
dos Judeus" - Eleazar e Tito.
Interior do Jardim de Gethsemane

Jerusalém vista do Gethsemane

Monte das Oliveiras


Tito é descrito por Josefo na passagem como rei quando, de
fato, naquele momento ele é apenas o filho do imperador.

E, portanto, podemos compreender principalmente que


tanto o sucesso das guerras, como os perigos em que estão
os reis, encontram-se sob a providência de Deus.

Esta referência a Tito como um rei chamou a atenção de


estudiosos, que se perguntaram por que Josefo teria
cometido um tal erro tão óbvio. Josefo, claro, não se
esqueceu do título de Tito. Em vez disso, ele está fazendo
um comentário sobre qual "rei", atacado em um jardim fora
de Jerusalém, goza do favor de Deus - Jesus, o rei do Judeus
ou Tito, o rei dos romanos.

"Guerra dos Judeus" e o Novo Testamento estão


trabalhando juntos para afirmar que desde que o rei dos
romanos escapou de seus atacantes no jardim e o rei dos
judeus não, isso demonstra qual rei estava "sob a
providência de Deus". É estranho que a frase de Josefo na
passagem acima, "os perigos em que estão os reis", não ter
recebido mais atenção dos estudiosos, porque ele está se
referindo claramente a um evento que ocorre no mesmo
jardim onde Jesus, o rei de os judeus, é capturado, e seu uso
do plural indica claramente que ele está falando de mais de
um rei.

É, no mínimo, uma coincidência extraordinária que Josefo


tenha escolhido este momento e local para fazer um
comentário editorial sobre qual rei estava sob a
"providência de Deus".

Josefo parece estar fazendo um contraponto quanto ao valor


relativo da fé no divino e da fé em si mesmo, que talvez
fosse a mesma coisa para os Flavianos, uma vez que eles se
viam como deuses. isto fica claro pelas diferentes respostas
que Jesus e Tito têm para a mesma situação. Ambos são reis
que estão separados de seus aliados e são tomados de
assalto por homens armados em um jardim fora do canto
nordeste de Jerusalém. Jesus, isto é, Eleazar, humildemente
aceita a vontade de Deus. A reação de Tito, no entanto, foi
a mesma que a do jovem nu no Novo Testamento que
reconhece que sua "preservação deve ser totalmente devida
à sua própria coragem" e, portanto, é capaz de escapar de
seus perseguidores. Josefo pode estar fornecendo um
vislumbre da verdadeira crença "religiosa" dos imperadores
Flavianos, que é, confiar em si mesmo e não na
"providência" dos deuses.

Agora vou analisar o quebra-cabeça sobre Eleazar que


apresenta a característica mais significativa que ele e Jesus
compartilham. É o enigma que revela que Lázaro era o filho
de "Maria", cuja carne foi comida como um Cordeiro da
Páscoa. Para resolver este enigma, o leitor deve primeiro
combinar duas passagens paralelas dentro do Novo
Testamento e depois recombinar essa "história combinada"
com sua contraparte paralela em Josefo. Embora isso possa
parecer complexo, os autores criam um claro atalho. Como
no quebra-cabeça acima, sobre o "certo jovem" no Monte
das Oliveiras, o enigma é sobre a determinação do nome de
um personagem sem nome, e novamente a resposta é
Eleazar.

O enigma começa com uma passagem do Evangelho de


Lucas em que Jesus dá conselhos a Marta quando ela está
preocupada que sua mãe Maria não está ajudando-a a servir
a comida. Se as palavras de Jesus forem interpretadas
simbolicamente, ele parece estar dizendo que ouvir seu
ensinamento é mais importante do que servir ou comer
alimentos. Apesar de aparentemente inócua, a passagem
seguinte é a mais importante em todo o Novo Testamento.

"E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa


aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua
casa;

E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-


se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.

Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e,


aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha
irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude.

E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa


e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária;

E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada."

Lucas 10:38-42

Como a passagem do Novo Testamento sobre "certo jovem


homem" que estava nu no Monte das Oliveiras, Lucas 10:
38-42 é estranhamente desconectada da narrativa antes e
depois dela. Os estudiosos reconheceram que a passagem
parece relacionada a outra história sobre servir comida
encontrada no Evangelho de João, que eu chamo de "festa
de Lázaro". Durante esta "festa de Lázaro" Martha é
descrita, assim como ela na passagem acima de Lucas,
como servindo comida. A irmã de Marta, Maria, também
está presente nesta festa, assim como seu irmão Lázaro, a
quem Jesus ressuscitou recentemente dos mortos. No
entanto, se a passagem do Evangelho de Lucas é uma peça
da história de João, como isto se encaixa em outro
evangelho?

Mais uma vez, passagens dentro do Novo Testamento e


"Guerra dos Judeus" em que os paralelos de
compartilhamento se destinam a ser lidos como literatura
judaica - isto é, intertextualmente. Leia dessa maneira, e a
partir de tal perspectiva as passagens paralelas criam uma
história com um significado diferente daquele que aparece
na superfície. A passagem do Evangelho de Lucas
compartilha paralelos com a história da "festa de Lázaro"
no Evangelho de João. Em ambas as passagens, as irmãs de
Lázaro, Maria e Marta, estão presentes e Marta é descrita
como servindo comida. Assim, essas passagens podem ser
combinadas da seguinte forma:

"Foi, pois, Jesus seis dias antes da páscoa a Betânia, onde


estava Lázaro, o que falecera, e a quem ressuscitara dentre
os mortos.

Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era


um dos que estavam à mesa com ele."

João 12:1,2

Neste ponto, a parte da história que ocorre no Evangelho de


Lucas pode ser facilmente entrelaçada.

"Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e,


aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha
irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude.

E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa


e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária;
E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada."

Lucas 10:40-42

Enquanto a cena criada pela combinação das duas


passagens pode parecer trivial, o fato de que ele se junta a
história de Lázaro com "boa parte" de Maria é fundamental
para resolver o enigma de qual, exatamente, "boa parte" de
Maria é que Jesus está falando metaforicamente aqui, ou
poderiam as palavras ser tomadas literalmente, como eu
mostrei que podem na expressão "pescadores de homens?"
Eu acredito que, mais uma vez, aqueles que vêem
significado espiritual nas palavras de Jesus estão fazendo
papel de tolos. Embora uma Maria, que tem uma "boa
porção" que "não é tirada dela" seja bastante raro na
literatura, uma personagem com o mesmo nome e atributos
também é encontrada em "Guerra dos Judeus", contida na
passagem que descreve a Maria que comeu seu filho,
analisada anteriormente.

"Eles a ameaçaram de cortarem a sua garganta


imediatamente se ela [Maria] não lhes mostrasse a comida
que havia preparado. Ela respondeu que havia guardado
uma muito boa porção para eles, e depois disso revelou o
que restava de seu filho. Depois que esses homens saíram
... e ... deixaram o resto dessa carne para a mãe. "(106)

A passagem de Josefo tem um paralelo conceitual em Lucas


10:40. Mas o leitor deve fazer mais do que uma conexão
linguística, a fim de ser capaz de enxergar os paralelos entre
as duas passagens.

Note que as duas Marias são um exemplo, por excelência,


do fato de que os paralelos conceituais entre o Novo
Testamento e "Guerra dos Judeus" não pode ser vista
através do método literal de análise que os estudiosos
sempre aplicaram aos trabalhos. O relacionamento foi
criado não por paralelos linguísticos ou gramaticais, mas
por paralelos conceituais. Os autores usam palavras
diferentes e até diferem para criar suas relações tipológicas
e exigem que o leitor possua a capacidade mental de
reconhecer os conceitos paralelos que as diferentes palavras
criam.

A passagem acima de "Guerra dos Judeus" compartilha


quatro paralelos com as passagens do Novo Testamento a
respeito de Lázaro: a boa porção, o fato de que a porção não
lhe foi tirada, uma personagem chamada Maria e um
parente chamado Eleazar (Lázaro).

No entanto, estes quatro paralelos não são as únicas


maneiras pelas quais passagens estão ligadas. Como
mencionado acima, a passagem de Josefo descrevendo
Eleazar [Lázaro]: a Maria cuja "boa porção não foi tirada
dela" também contém vários elementos que se assemelham
aos do Cordeiro Pascal simbólico do Novo Testamento.
Estas são: uma mãe chamada Maria que seria "trespassada";
a casa de hissopo; um sacrifício; uma das instruções de
Moisés a respeito do cordeiro pascal; o comer da carne de
um filho o qual se tornaria um "exemplo para o mundo"; e
Jerusalém como a localidade do incidente.
Adicionando a "boa parte que não foi tirada" aos pré-
mencionados paralelos com o cordeiro pascal do Novo
Testamento coloca para descansar a questão de saber se o
"filho de Maria" da passagem de Josefo cuja carne foi
comida e o cordeiro da Páscoa do Novo Testamento são
parte de um sistema satírico. Um raio pode atingir duas
vezes no mesmo lugar, mas não atinge nove vezes em uma
passagem de menos de duas páginas - uma passagem escrita
por um membro de uma família com tantas conexões ao
cristianismo.

Embora eu não tenha entendido as razões para os


numerosos paralelos entre o "filho de Maria cuja carne foi
comida" em "Guerra do Judeus" e o cordeiro pascal do
Novo Testamento quando eu primeiro os encontrei, seu
ponto agora está claro. Leia intertextualmente as passagens
que indicam que a "boa porção" que não foi tirada de Maria
no Novo Testamento foi a mesma "boa porção" que não foi
tirado da Maria na passagem de Josefo. Portanto, a "boa
porção" que estava sendo servida na festa de Lázaro era
carne humana. Mas de quem é a carne? Qual era o nome do
"filho de Maria"?

Os paralelos simplesmente funcionam em sentido inverso


para fornecer a resposta. O Lázaro descrito no Novo
Testamento compartilha atributos paralelos com o filho sem
nome de Maria em "Guerra dos Judeus". Ambos têm
parentes chamados "Maria", que tem uma "boa parte" que
não foi tirada. O autor "informa" ao leitor alerta que, mais
uma vez, já que compartilham atributos paralelos, o filho
sem nome de Maria em "Guerra dos Judeus" tinha o mesmo
nome da sua contraparte no conto paralelo do Novo
Testamento - isto é, "Lázaro". O ponto satírico é que a "boa
porção" da qual Maria e Jesus desfrutam é a carne de
Lázaro. Observe o jogo de palavras sombrio na passagem:
"Eles fizeram dele um jantar".

A economia que o autor usou na criação do quebra-cabeça


merece ser notada. A passagem dentro de "Guerra dos
Judeus" identifica a natureza da "boa parte" em sua
passagem paralela dentro do Novo Testamento, enquanto a
mesma passagem no Novo Testamento identifica o filho de
Maria, sem nome, em "Guerra dos Judeus". As duas
passagens também são exemplo de um tema sobre
"profecias" que percorre todo o caminho do Novo
Testamento. Não são apenas as profecias proferidas por
Jesus que acontecerão na guerra dos judeus, mas tudo o que
o Novo Testamento afirma que "deverá" ocorrer.

Observe que, como a profecia a respeito de Maria sendo


"trespassada" citada anteriormente, as duas passagens são
temporalmente lógicas. Jesus "profetiza" que a boa porção
de Maria não deve ser tirada e, de fato, Josefo registra que
essa "profecia" aconteceu.

Naturalmente, tais "realizações miraculosas" são esperadas.


Jesus declarou especificamente que toda letra e "ponto"
gramatical da "lei" seria cumprida.

"Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim


ab-rogar, mas cumprir.

Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra


passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem
que tudo seja cumprido."

Mateus 5:17,18
Não são apenas as suas profecias óbvias, como a de que o
templo seria arrasado, que aconteceu durante a campanha
de Tito - virtualmente todo o ministério de Jesus é um
precursor profético de algum evento dessa campanha.
Exemplos dessa técnica incluem um filho de Maria cuja
carne é comida; Sendo dito de Maria que ela será
"trespassada"; Jesus dizendo a seus discípulos que eles se
tornarão "pescadores de homens"; os endemoninhados de
Gadara perguntando a Jesus: "Você veio aqui para nos
atormentar antes do tempo? "; Simão sendo chamado de
"pedra" sobre a qual a nova igreja será construída; a boa
porção da qual Maria não deve se afastar; um jovem nu que
escapa de seus perseguidores no jardim Gethsemane; a lista
de sinais que Jesus declara ocorrerá antes do templo ser
destruído; bem como um Simão que é condenado e um João
que é poupado.

O fato de que tantas declarações aparentemente inócuas,


mas incomuns dentro do Novo Testamento, a respeito do
futuro , e que "acontecem" dentro de "Guerra dos Judeus" é
talvez a prova mais simples de que os dois trabalhos foram
projetados para serem lidos de forma interativa. A gravação
de Josefo do cumprimento de tantas dessas profecias
"ocultas" do Novo Testamento não ocorreu por acaso.

Se me fosse permitido questionar aos críticos da minha tese


sobre algo, seria isso: Qual é a probabilidade de que o
"cumprimento" satírico de não só uma, mas duas profecias
do Novo Testamento - Maria tendo "trespassado o seu
coração" e "não ser afastada de sua boa porção"- existir
dentro de uma passagem que também contém uma tal sátira
do cordeiro pascal do Novo Testamento?
Uma relação interativa habilmente projetada entre as duas
obras também é mostrada pelo fato de que as declarações
proféticas no Novo Testamento ocorrem na mesma ordem
que os seus "cumprimentos" em "Guerra dos Judeus".
Claramente, o propósito deste tema satírico é firme desde
que o seu "ministério" cumpriu todas as profecias previstas
pelos Evangelhos, Tito é o Filho do Homem previsto por
Jesus.

Voltando à análise dos enigmas de Eleazar, a questão surge


de como a carne consumida na festa de Lázaro poderia ter
sido o próprio Lázaro, já que ele é descrito no Novo
Testamento como tendo sido ressuscitado dos mortos por
Jesus e como tendo estado "com" ele durante a refeição?
Para responder a essa pergunta, é necessário um cuidado na
leitura da passagem em que Jesus "levanta" Lázaro, que
ocorre imediatamente antes da festa de Lázaro no
Evangelho de João eu apresento a passagem abaixo.

"Estava, porém, enfermo um certo Lázaro, de betânia,


aldeia de Maria e de sua irmã Marta.

E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com


unguento, e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos,
cujo irmão Lázaro estava enfermo.

Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está


enfermo aquele que tu amas.

E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para


morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus
seja glorificado por ela.

Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro.

Ouvindo, pois, que estava enfermo, ficou ainda dois dias no


lugar onde estava.

Depois disto, disse aos seus discípulos: Vamos outra vez


para a Judéia.

Disseram-lhe os discípulos: Rabi, ainda agora os judeus


procuravam apedrejar-te, e tornas para lá?

Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém


andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo;

Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.

Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo,


dorme, mas vou despertá-lo do sono.

Disseram, pois, os seus discípulos: Senhor, se dorme, estará


salvo.

Mas Jesus dizia isto da sua morte; eles, porém, cuidavam


que falava do repouso do sono.

Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto;

E folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para


que acrediteis; mas vamos ter com ele.
Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos:
Vamos nós também, para morrermos com ele.

Chegando, pois, Jesus, achou que já havia quatro dias que


estava na sepultura.

(Ora Betânia distava de Jerusalém quase quinze estádios.)

E muitos dos judeus tinham ido consolar a Marta e a Maria,


acerca de seu irmão.

Ouvindo, pois, Marta que Jesus vinha, saiu-lhe ao encontro;


Maria, porém, ficou assentada em casa.

Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui,


meu irmão não teria morrido.

Mas também agora sei que tudo quanto pedires a Deus,


Deus to concederá.

Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar.

Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na


ressurreição do último dia.

Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê


em mim, ainda que esteja morto, viverá;

E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês


tu isto?
Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho
de Deus, que havia de vir ao mundo.

E, dito isto, partiu, e chamou em segredo a Maria, sua irmã,


dizendo: O Mestre está cá, e chama-te.

Ela, ouvindo isto, levantou-se logo, e foi ter com ele.

(Pois, Jesus ainda não tinha chegado à aldeia, mas estava no


lugar onde Marta o encontrara.)

Vendo, pois, os judeus, que estavam com ela em casa e a


consolavam, que Maria apressadamente se levantara e saíra,
seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro para chorar ali.

Tendo, pois, Maria chegado aonde Jesus estava, e vendo-o,


lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estivesses
aqui, meu irmão não teria morrido.

Jesus pois, quando a viu chorar, e também chorando os


judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito, e
perturbou-se.

E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor, vem, e vê.

Jesus chorou.

Disseram, pois, os judeus: Vede como o amava.

E alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos


ao cego, fazer também com que este não morresse?
Jesus, pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, veio
ao sepulcro; e era uma caverna, e tinha uma pedra posta
sobre ela.

Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-


lhe: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias.

Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória


de Deus?

Tiraram, pois, a pedra de onde o defunto jazia. E Jesus,


levantando os olhos para cima, disse: Pai, graças te dou, por
me haveres ouvido.

Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por


causa da multidão que está em redor, para que creiam que
tu me enviaste.

E, tendo dito isto, clamou com grande voz: Lázaro, sai para
fora.

E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas,


e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-
o, e deixai-o ir.

Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria, e


que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele.

Mas alguns deles foram ter com os fariseus, e disseram-lhes


o que Jesus tinha feito.

Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram


conselho, e diziam: Que faremos? porquanto este homem
faz muitos sinais.

Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos,


e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação."

João 11:1-48

Observe que na passagem Jesus deliberadamente espera


dois dias antes dele voltar a visitar Lazaro, permitindo
assim passar um total de quatro dias para ele chegar ao
túmulo, um ponto que Marta menciona especificamente.
Isso é diferente, é claro, do momento em que Jesus
ressuscita, que ocorre três dias após a sua morte. A
diferença entre as ressurreições de Jesus e de Lázaro é
significativa. Durante esta era, os judeus acreditavam que o
espírito partia, irrevogavelmente, no quarto dia seguinte à
morte de uma pessoa. (107) É por isso que a ressurreição de
Jesus ocorre no terceiro dia após a sua morte e torna claro o
significado das passagens paralelas de "boa porção". A
ressurreição de Lázaro é uma sátira. Jesus apenas levanta o
corpo de Lázaro de seu túmulo. Alguém que tenha morrido
há quatro dias não poderia ser restaurado à vida. Isso
também explica porque Lázaro nunca fala depois que ele é
"ressuscitado" de seu túmulo. O morto não pode falar. Note
também a menção ao fedor da carne de Lázaro, que
acompanha o fedor de carne humana na passagem onde
Josefo descreve a "boa porção" de Maria. A profecia de
Jesus sobre a carne do "Filho do Homem", como sempre,
"acontecerá" e sua carne é literalmente, e não
simbolicamente, comida.
O ponto satírico por trás da criação da tradição cristã da
simbologia "comer simbolicamente" a carne do Messias é
claro nos pasquins que envolvem "Lázaro" e "Maria". Os
romanos criaram essa tradição para encobrir o "fato" de que
o corpo de Eleazar foi canibalizado por sua família e
seguidores. Entender essa sátira também permite ao leitor
entender o ponto satírico da ressurreição de Jesus, que
analisaremos no próximo capítulo. Isso é: pensavam que o
túmulo aonde fora sepultado o Messias estava vazio porque
o cadáver havia sido comido.

Mesmo que esta interpretação esteja correta, é possível que


a afirmação de que seus seguidores comeram o Messias foi
simplesmente uma ficção criada pelos romanos para
denegrir o movimento messiânico judaico. Eu devo
observar, no entanto, que o Talmude registra que o
canibalismo era prevalente durante os cercos romanos e que
tanto Suetônio como Josefo confirmam que isso ocorreu
durante o cerco a Jerusalém. A família messiânica e seu
círculo íntimo, que Josefo descreve como os últimos
sobreviventes, podem muito bem ter se envolvido na
prática. Se isso de fato ocorreu e foi descoberto pelos
romanos, o evento proporcionou a inspiração sombria para
a criação de um Messias Cristão que oferece sua carne para
seus seguidores. Em qualquer caso, o sistema satírico criado
pelo Novo Testamento e "Guerra dos Judeus" deixa claro
que o canibalismo no qual de envolveram os judeus
messiânicos sitiados foi a base do conceito cristão de um
Messias que oferece sua carne.

Sabendo que o anônimo "certo jovem" que foi "podado" no


Monte das Oliveiras foi nomeado como "Eleazar", como foi
o filho sem nome de Maria em "Guerra dos Judeus", isso
completa uma composição da imagem de "Eleazar" na qual
Josefo e o Novo Testamento "afirmam" que Eleazar poderia
expulsar demônios, era um filho de Maria, teve sua carne
comida como um sacrifício da Páscoa, foi capturado no
Monte das Oliveiras, foi despido e flagelado, houve uma
conspiração entre os alto sacerdotes, milagrosamente
escapou da morte por crucificação, e a "rosa" dos mortos.
Além disso, no próximo capítulo mostrarei que Lazaro e
Jesus também tem túmulos paralelos. Seus sepulcros
ocorrem na mesma localização, na mesma época; ambos
têm suas pedras removidas e os mesmos tem suas roupas do
funeral deixadas para trás.

Eleazar, como Simão e João, teve sua identidade roubada


pelo romanos ele era o "Cristo" histórico que havia sido
capturado no Monte das Oliveiras e a "rosa" dos mortos. No
entanto como ele era apenas humano, Eleazar não poderia
voltar à vida.

Observe o impacto que essa análise tem sobre a


historicidade de "Jesus Cristo. "Seria a personagem de Jesus
do Novo Testamento baseada em um indivíduo real? Já que
os apóstolos Simão e João foram baseados em personagens
históricos, é possível que Jesus também fosse.

Estou certo, no entanto, que mesmo se a personagem de


"Jesus" no Novo Testamento fora baseada em um indivíduo
histórico, virtualmente nada do que ele disse e nenhum dos
eventos de seu ministério são registrados no Novo
Testamento. Os autores do Novo Testamento criaram seus
diálogos e o ministério da personagem, a fim de criar um
profeta "verdadeiro", aquele que havia "profetizado" com
precisão os acontecimentos da campanha triunfal de Tito.
Jesus, por exemplo, não imaginou seus discípulos se
tornando "pescadores de homens" ou "comendo sua carne".
Nem mesmo ele enxergou seus contemporâneos como uma
"geração perversa" ou defendeu que "apresentassem a outra
face. "Como seus" Apóstolos "Simão e João, o verdadeiro
"Messias Salvador" teria sido completamente de acordo
com a mensagem do movimento messiânico que lutou
contra Roma. Ele teria sido um zelote militarista.

Na época em que o Novo Testamento estava sendo criado,


haviam passado 50 anos dos eventos de 30 EC e estes eram
de pouca ou nenhuma importância para a sua autores. Seu
foco foi unicamente no triunfo de Tito na recém concluída
guerra contra os judeus. O "Salvador" que eles criaram foi
uma fantasia romana, uma figura literária que eles usaram
para "profeticamente" castigar a "geração perversa" e
estabelecer sua sátira em relação ao Messias que Tito havia
"podado" - Eleazar. Se houvesse um líder messiânico
chamado Jesus, que houvera entrado em conflito com as
autoridades romanas em torno 30 EC, tudo o que seria
visível dele no Novo Testamento seria seu nome.

Se Eleazar foi o Messias capturado no Monte das Oliveiras,


quem foi o indivíduo que foi confundido com Jesus depois
de sua "ressurreição"? No próximo capítulo mostrarei o
método pelo qual o Novo Testamento e "Guerra dos
Judeus" revelam a identidade do verdadeiro "Jesus" do
cristianismo, o "jardineiro".

CAPÍTULO 6

O quebra-cabeças do túmulo vazio

Os quatro evangelhos dão um tempo diferente para a


primeira visita a Jesus tumba, embora todos concordem que
uma personagem chamada Maria Madalena foi a primeiro
visitante. Os quatro evangelhos também se contradizem
sobre se Maria Madalena está sozinha quando ela vai pela
primeira vez ao túmulo, e sobre quantos indivíduos estão
dentro ou fora do túmulo quando ela chega. Desde o
princípio eu percebi que nada foi inadvertido nos
Evangelhos, fiquei imaginando o propósito dessas
contradições. Meus esforços para responder a essa pergunta
me levaram a descobrir outra maneira, mais lógica, de
entender as estórias do Novo Testamento sobre
a ressurreição de Jesus do que qualquer outra que eu tenha
ouvido falar anteriormente: que as quatro versões diferentes
criam uma estória que deveria ser lida intertextualmente.

Esta leitura revela que Jesus não ressuscita dos mortos. Em


vez disso, Maria Madalena simplesmente confunde a tumba
vazia de Lázaro com o túmulo de Jesus. Este mal-
entendido, em seguida, desencadeia uma sátira de erros
durante os quais os discípulos se confundem uns aos outros
com anjos para assim, iludirem-se, em acreditar que seu
Messias tivera ressuscitado dos mortos. Essa história
combinada também completa a sátira que eu discutido no
capítulo anterior - que desde o verdadeiro Messias, Lázaro
foi comido, seu túmulo está vazio. Para entender esta
história combinada é bastante simples, exigindo apenas que
o leitor pense logicamente.

As representações dos quatro Evangelhos de quem visita a


tumba vazia de Jesus, e quando, são como segue:

MATEUS
"E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia
da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o
sepulcro.

E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do


Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra da
porta, e sentou-se sobre ela.

E o seu aspecto era como um relâmpago, e as suas vestes


brancas como neve.

E os guardas, com medo dele, ficaram muito assombrados,


e como mortos.

Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais


medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado.

Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito.


Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia.

Ide pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já


ressuscitou dentre os mortos. E eis que ele vai adiante de
vós para a Galileia; ali o vereis. Eis que eu vôs tenho dito.

E, saindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e


grande alegria, correram a anunciá-lo aos seus discípulos."

Mateus 28:1-8

MARCOS

"E, passado o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de


Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.
E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã
cedo, ao nascer do sol.

E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da


porta do sepulcro?

E, olhando, viram que já a pedra estava revolvida; e era ela


muito grande.

E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado à


direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram
espantadas.

Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus


Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui;
eis aqui o lugar onde o puseram.

Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai


adiante de vós para a Galileia; ali o vereis, como ele vos
disse.

E, saindo elas apressadamente, fugiram do sepulcro, porque


estavam possuídas de temor e assombro; e nada diziam a
ninguém porque temiam."

Marcos 16:1-8

LUCAS

"E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram


elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham
preparado, e algumas outras com elas.
E acharam a pedra revolvida do sepulcro.

E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus.

E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse


respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com
vestes resplandecentes.

E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto


para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente
entre os mortos?

Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos


falou, estando ainda na Galileia,

Dizendo: Convém que o Filho do homem seja entregue nas


mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro
dia ressuscite.

E lembraram-se das suas palavras.

E, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos


onze e a todos os demais.

E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e


as outras que com elas estavam, as que diziam estas coisas
aos apóstolos.

E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as


creram.

Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e,


abaixando-se, viu só os lençóis ali postos; e retirou-se,
admirando consigo aquele caso.

E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que
distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era
Emaús.

E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido.

E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo


perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia
com eles.

Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o


não conhecessem.

E ele lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando,


trocais entre vós, e por que estais tristes?

E, respondendo um, cujo nome era Cleophas, disse-lhe: És


tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela
têm sucedido nestes dias?

E ele lhes perguntou: Quais? E eles lhe disseram: As que


dizem respeito a Jesus Nazareno, que foi homem profeta,
poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o
povo;

E como os principais dos sacerdotes e os nossos príncipes o


entregaram à condenação de morte, e o crucificaram.

E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas


agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que
essas coisas aconteceram.

É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos


maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulcro;

E, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também


tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive.

E alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e


acharam ser assim como as mulheres haviam dito; porém, a
ele não o viram."

Lucas 24:1-24

JOÃO

"E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao


sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra
tirada do sepulcro.

Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e ao outro discípulo, a


quem Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do
sepulcro, e não sabemos onde o puseram.

Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao


sepulcro.

E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais


apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao
sepulcro.

E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia não entrou.


Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no
sepulcro, e viu no chão os lençóis,

E que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não


estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte.

Então entrou também o outro discípulo, que chegara


primeiro ao sepulcro, e viu, e creu.

Porque ainda não sabiam a Escritura, que era necessário que


ressuscitasse dentre os mortos.

Tornaram, pois, os discípulos para casa.

E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando


ela, pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro.

E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera


o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.

E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse:


Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.

E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé,


mas não sabia que era Jesus.

Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas?


Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o
levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei."
João 20:1-15

Minha análise revelou que essas quatro versões tinham a


intenção de serem lidas como uma única história. Esta
história combinada é dividida em duas metades. Uma
metade consiste nas visitas ao túmulo descritas no
Evangelho de João a outra consiste nas visitas ao túmulo
descrito nos outros três Evangelhos. Na história combinada,
os indivíduos descritos no Evangelho de João, encontram
os indivíduos descritos nos outros três Evangelhos e, em seu
estado emocional, os diferentes grupos se confundem com
anjos. Esta sátira de erros faz com que os visitantes do
túmulo vazio acreditem erroneamente que seu messias
ressuscitou dos mortos.

Para ver como as quatro versões se combinam em uma


história contínua, primeiro é necessário reconhecer que o
Novo Testamento coloca as versões contraditórias em um
fluxo temporal de eventos, e que cada versão insere esse
fluxo compartilhado de eventos em um ponto diferente.

A posição do sol no céu coloca cada versão da história


em ordem sequencial. A versão de João começa mais cedo
e os eventos progridem através de Mateus, Marcos e
finalmente Lucas. Isso pode ser determinado da seguinte
maneira: Em João, a primeira visita ocorre enquanto "ainda
está escuro". Em Mateus, a primeira visita ocorre enquanto
o sol "está subindo". O autor usa especificamente o tempo
presente. Lucas e Marcos usam as palavras
gregas proi (108) e bathus. (109) Ambas significam "cedo
pela manhã"; no entanto, em Marcos, o superlativo lial, que
significa "extremamente" ou "além da medida", é usado em
conjunto com proi. Observe abaixo que, em Marcos, o sol
na verdade se elevou quando a visita ocorreu, criando assim
a expressão desajeitada "o primeiro momento da manhã
após o nascer do sol". Assim, a versão de Marcos começa
depois de Mateus, mas antes de Lucas.

Abaixo estão as passagens relacionadas no original grego


com suas traduções em português:

João 20:1

Análise de Texto

Transliteração Grego Português


Tē Τῇ -
de δὲ e
mia μιᾷ [o]
primeiro
[dia]
tōn τῶν de
sabbatōn σαββάτων semana
Maria Μαρία Maria
hē ἡ -
Magdalēnē Μαγδαληνὴ Magdalena
erchetai ἔρχεται chegou
prōi πρωῒ cedo
skotias σκοτίας escuro
eti ἔτι ainda
ousēs οὔσης sendo
eis εἰς para
to τὸ o
mnēmeion μνημεῖον, tumba
kai καὶ e
blepei βλέπει ela viu
ton τὸν a

Texto em Grego

Τῇ δὲ μιᾷ τῶν σαββάτων Μαρία ἡ Μαγδαληνὴ


ἔρχεται πρωῒ σκοτίας ἔτι οὔσης εἰς τὸ μνημεῖον,
καὶ βλέπει τὸν λίθον ἠρμένον ἐκ τοῦ μνημείου.

Mateus 28: 1

Análise de Texto
Transliteração Grego Português
Opse Ὀψὲ depois
de δὲ além
sabbatōn σαββάτων, Sábado
tē τῇ isso
epiphōskousē ἐπιφωσκούσῃ Sendo
madrugada
eis εἰς Em direção
a
mian μίαν [o] primeiro
[dia]
sabbatōn σαββάτων, de [a]
semana
ēlthen ἦλθεν veio
Mariam Μαριὰμ Maria
hē ἡ -
Magdalēnē Μαγδαληνὴ Magdalena
kai καὶ e
hē ἡ o
allē ἄλλη outro
Maria Μαρία Maria,
theōrēsai θεωρῆσαι ver
ton τὸν a
taphon τάφον. tumba

Texto em Grego

Ὀψὲ δὲ σαββάτων, τῇ ἐπιφωσκούσῃ εἰς μίαν σαββάτων,


ἦλθεν Μαριὰμ ἡ Μαγδαληνὴ καὶ ἡ ἄλλη Μαρία
θεωρῆσαι τὸν τάφον.

Marcos 16: 2
Análise de Texto
Transliteração Grego Português
kai καὶ E
lian λίαν muito
prōi πρωῒ cedo
tē τῇ no
mia μιᾷ primeiro
[dia]
tōn τῶν do
sabbatōn σαββάτων semana
erchontai ἔρχονται eles vem
epi ἐπὶ isso
to τὸ a
mnēmeion μνημεῖον*, tumba
anateilantos ἀνατείλαντος tendo
surgido
tou τοῦ o
hēliou ἡλίου. sol

Texto em grego

καὶ λίαν πρωῒ τῇ μιᾷ τῶν σαββάτων ἔρχονται ἐπὶ τὸ


μνῆμα, ἀνατείλαντος τοῦ ἡλίου.
Lucas 24: 1

Análise de Texto
Transliteração Grego Português
tē τῇ o
de δὲ no entanto
mia μιᾷ primeiro [dia]
tōn τῶν do
sabbatōn σαββάτων semana,
orthrou ὄρθρου de manhã
batheōs βαθέως muito cedo
epi ἐπὶ isso
to τὸ a
mnēma μνῆμα tumba
ēlthon ἦλθον eles vieram
pherousai φέρουσαι trazendo
ha ἃ que
hētoimasan ἡτοίμασαν eles tinham
preparado
arōmata ἀρώματα. especiarias

Texto em Grego
τῇ δὲ μιᾷ τῶν σαββάτων ὄρθρου βαθέως ἐπὶ τὸ μνῆμα
ἦλθον φέρουσαι ἃ ἡτοίμασαν ἀρώματα.

A posição relativa do sol indica que as quatro visitas não


ocorreram simultaneamente, mas sim dentro de uma
seqüência no mesmo dia e em momentos distintos um do
outro. A primeira visita é aquela descrita em João porque
Maria Madalena visita a tumba de Jesus no escuro,
enquanto as outras três visitas ocorrem durante ou após o
nascer do sol.

"E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao


sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra
tirada do sepulcro."

João 20:1

O fato de que Maria Madalena é descrita como estando no


escuro não só estabelece que este é o começo da história
combinada, é também o começo da sátira. No escuro, Maria
vê um túmulo que teve sua pedra afastada. Claro que, no
escuro, é fácil cometer um erro sobre de quem é o túmulo,
especialmente se houver outro túmulo por perto que
também teve sua pedra rolada para longe. Na verdade,
o Evangelho de João descreve exatamente tal tumba. O
túmulo de Lázaro

"Jesus, pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo,


veio ao sepulcro; e era uma caverna, e tinha uma pedra
posta sobre ela.
Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-
lhe: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias."

João 11:38,39

É importante notar que no Novo Testamento a "ressureição"


de Lazaro ocorre na mesma semana que o enterro de Jesus
e na mesma localização geral. Betânia, a aldeia onde Lázaro
viveu, estava localizada nos arredores de Jerusalém, no
Monte das Oliveiras. O Novo Testamento também afirma
que Lázaro deixou para trás roupas funerárias e um sudário,
um pano fúnebre usado para cobrir o rosto do cadáver,
exatamente como aqueles encontrados no túmulo de Jesus.

"E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com


faixas, e o seu rosto envolto num lenço (sudário). Disse-lhes
Jesus: Desligai-o, e deixai-o ir."

João 11:44
Antiga tumba judaica arredores de Jerusalém

Interior de Tumba em Jerusalém

Vestes, sudário e invólucros funerários


Eu acredito que esses fatos, embora não tenham
significância teológica, estão incluídos no Novo
Testamento para poder alertar leitor a entender que o
túmulo de Lázaro teve sua pedra removida, é adjacente ao
túmulo de Jesus, está vazio no momento em que Jesus é
enterrado, e tem a mesma roupa de enterro dentro dele como
aqueles descoberto no túmulo de Jesus. Em outras palavras,
os detalhes indicam que: "O túmulo de Lázaro é um paralelo
ao túmulo de Jesus".

Continuando com a versão da visita ao túmulo no


Evangelho de João, Maria Madalena, em seguida, informa
"Simão Pedro" e "o outro discípulo, a quem Jesus amava",
significando o apóstolo João, que o túmulo de Jesus teve
sua pedra removida. No entanto, observe abaixo que não é
"Simão Pedro", mas "Pedro" e o "outro discípulo" que são
então descritos como correndo para o túmulo. O outro
"discípulo" chega primeiro mas não entra no túmulo. Neste
ponto, não "Pedro" mas "Simão Pedro" chega e é a primeira
pessoa a entrar realmente no túmulo e, uma vez lá dentro,
vê "as roupas de linho caídas" e o sudário. (111) Observe
que a atenção do leitor é atraída para as roupas de linho e o
sudário, em três linhas consecutivas.

"Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e ao outro discípulo, a


quem Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do
sepulcro, e não sabemos onde o puseram.

Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao


sepulcro.

E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais


apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao
sepulcro."

João 20:2-4

Então, o autor, incluindo os detalhes ímpares da corrida


entre Pedro e o outro discípulo criam um momento em que
há um na parte externa da tumba porque, por algum motivo,
depois da entrada de Pedro ao túmulo, o outro discípulo não
entra, mas só olha. No entanto, observe que ele inspeciona
o interior do túmulo, então ele está ciente, enquanto ainda
do lado de fora da tumba, que Jesus "ressuscitou".

"E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia não


entrou."

João 20:5

O autor de João agora aponta que há um período de tempo


durante o qual uma pessoa, "Simão Pedro", está sozinha no
túmulo porque o outro discípulo prefere esperar do lado de
fora.

"Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no


sepulcro, e viu no chão os lençóis,

E que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não


estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte."

João 20:6,7

Então, "Simão Pedro" entra no túmulo primeiro e vê as


roupas funerárias deixadas lá. Em seguida, o autor fornece
outro detalhe estranho, que o outro discípulo eventualmente
entra, criando um momento em que o dois homens estão
sozinhos no túmulo.

"Então entrou também aquele outro discípulo, que veio


primeiro a o sepulcro, e ele viu e acreditou."

João 20: 8

Nesse ponto, Simão Pedro e João voltam para casa.

"Tornaram, pois, os discípulos para casa."

João 20:10

Assim, no Evangelho de João, a sequência de eventos


quando Simão, Pedro e João visitam o túmulo vazio é:

Primeiro, um indivíduo do lado de fora do túmulo.

Segundo, um indivíduo no interior do túmulo.

Em terceiro lugar, dois indivíduos dentro do túmulo.

Usando a linha do tempo estabelecida pela posição relativa


do sol, a sequência de eventos, o número e a localização dos
"anjos" que estão dentro ou fora da tumba, e que
cumprimentam os visitantes Mateus, Marcos e Lucas são os
seguintes:
Primeiro, um indivíduo do lado de fora do túmulo. (Mateus)

Segundo, um indivíduo no interior do túmulo. (Marcos)

Em terceiro lugar, dois indivíduos dentro do túmulo.


(Lucas)

Obviamente, a sequência de eventos em João é a mesma


que a sequência dos encontros com "anjos" nos outros três
Evangelhos. A linha do tempo mostrada pela posição
relativa da passagem do sol, "Simão Pedro" e o outro
discípulo na hora e local exatos, e no mesmo número, como
os três primeiros encontros com os "anjos" descritos nos
outros Evangelhos. No entanto, há ainda outro encontro
com "anjos" descritos no Novo Testamento. No Evangelho
de João depois de Simão Pedro e João voltarem para casa,
uma personagem chamada "Maria" é descrita como fora do
túmulo chorando. Ela se abaixa e vê dois "anjos" dentro do
túmulo. Ela então se vira e encontra Jesus no exterior do
túmulo.

"E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando


ela, pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro.

E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera


o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.

E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse:


Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.
E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé,
mas não sabia que era Jesus."

João 20:11-14

Se, como estou sugerindo, Simão Pedro e João são os


"anjos" que os seguidores de Jesus encontram nas visitas ao
túmulo descrito em Mateus, Marcos e Lucas, quem são os
anjos que Maria encontra na passagem acima? O Evangelho
de Lucas registra que homens "foram ao sepulcro" depois
de terem sido informados por "algumas mulheres dentre
nós" que o túmulo de Jesus estava vazio e que elas haviam
visto "anjos".

"É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos


maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulcro;

E, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também


tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive.

E alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e


acharam ser assim como as mulheres haviam dito; porém, a
ele não o viram."

Lucas 24:22-24
O autor de Lucas, por algum motivo, inclui o detalhe de que
os homens que vão ao túmulo só o fazem depois de uma
visita de mulheres que haviam visto anjos. Observe o uso
do plural. Apenas na última visita ao túmulo, em Lucas, o
grupo encontra mais de um anjo. Portanto, a visita ao
túmulo descrito em Lucas só poderia ocorrer depois de
Simão Pedro e João, os "anjos" que os três primeiros grupos
encontraram, voltando para casa. Esta sequência de eventos
se liga com os detalhes descritos no Evangelho de Lucas.

Observe que o plural "aqueles" também é usado para


descrever o número de homens que vão ao túmulo. Este fato
também é essencial, uma vez que Maria descrita no
encontro final vê dois anjos. Além disso, o Evangelho de
Lucas aponta que esses homens "não viram" Jesus, que se
correlaciona com o fato de que os anjos que Maria vê estão
dentro do túmulo, enquanto Maria encontra Jesus fora do
túmulo. O autor divulga estes fatos, incluindo o detalhe
aparentemente irrelevante que Maria tem que olhar para o
interior do túmulo para ver os anjos.

Portanto, quando as quatro versões das visitas ao túmulo de


Jesus são combinados em uma sequência, eles criam uma
versão que é perfeitamente lógica. Ao interpretar essa
história combinada, Maria Madalena, no "escuro" (a
palavra real no Evangelho de João também pode significar
"ignorância religiosa"), não encontra tumba de Jesus, mas
Lázaro". Os "anjos" que encontram os visitantes do túmulo
nos três primeiros encontros são, na verdade, Simão Pedro
e João, e são os homens descritos como visitantes ao túmulo
no Evangelho de Lucas. Jesus não se levanta dos mortos;
seus discípulos simplesmente se iludem acreditando que ele
o fizera.
Note que esta interpretação torna coerente todo os estranhos
detalhes da "corrida" entre "Simão Pedro" e o outro
discípulo bem como seu comportamento estranho enquanto
no túmulo. Por exemplo, explica não só porque o outro
discípulo não entra no túmulo quando ele chega primeiro,
mas também porque ele olha para o túmulo do lado de fora.
Esses detalhes permitem que ele fique sozinho do lado de
fora da tumba quando o primeiro grupo chega e também
para ser "consciente" que Jesus ressuscitou para que ele seja
então capaz de passar essas notícias para o grupo que o
encontra. Também explica porque a Maria no Evangelho de
João vê os anjos no interior do túmulo e encontra Jesus do
lado de fora. Todos os detalhes aparentemente irrelevantes
incluídos nas quatro versões das visitas ao túmulo são
necessárias para construir perfeitamente a sequência lógica
de eventos na história combinada.

Este fato - que, das cinco versões, apenas a versão


combinada é lógica - é outro exemplo do que eu enxergo
como a "verdade" do Novo Testamento. Ou seja, seus
autores não pretendiam que o leitor inteligente levasse a
sério. Pretendiam sim que indivíduos que pensam
logicamente e têm senso de humor, pelo menos
eventualmente, entendessem seu nível satírico.

Agora, a única questão é se a história combinada foi


intencionalmente criada. Eu acredito que os autores do
Novo Testamento nos deixaram uma maneira de responder
isso.

Se a estória combinada foi intencionalmente criada,


foi produto de um único indivíduo ou grupo. Os quatro
evangelhos, por outro lado, apresentam-se como os
produtos de quatro autores separados. A probabilidade
necessária de quatro autores poderem registrar fatos
acidentalmente para criar uma estória combinada pode
realmente ser computada. A probabilidade resultante
demonstra que a estória combinada não foi o produto
acidental de quatro autores separados mas foi
deliberadamente criada.

À primeira vista, o ajuste perfeito que existe na estória


combinada pode não parecer extraordinário. Afinal, ela é
composta de apenas quatro momentos - sendo estes: a
posição do sol; visitantes que olham ou não estão olhando
para o interior do túmulo; nenhuma, uma ou duas
personagens estando presentes; e o encontro ocorrendo
dentro ou fora do túmulo. No entanto, quando se determina
a probabilidade da sequência, o comprimento da sequência
pode ser mais importante do que a incomumidade dos
eventos individuais dentro dela. Eu acredito que os autores
do Novo Testamento estavam cientes deste princípio e
usam-no aqui como uma maneira de se comunicar com os
leitores ilustrados que a história combinada é a
interpretação correta da estória da ressurreição de Jesus. A
verdade é comunicada usando a matemática em vez de uma
linguagem verbal, de modo que não poderia ser visto pelo
ignorante.

Se Tito havia projetado o Novo Testamento para divulgar


satiricamente que ele era o "Jesus", ele gostaria que
houvesse alguma maneira de confirmar que sua dimensão
satírica estava correta. Com seu sistema grosseiro de
números, os romanos não podiam fazer nenhuma
matemática superior; no entanto, eles eram ótimos
apostadores e conheciam bem as probabilidades. Assim, os
autores garantiram que as chances de que a estória
combinada fosse acidentalmente criada pudessem ser
calculadas como muito pequenas para que uma pessoa
"inteligente" a levasse a sério.

Para esclarecer como as probabilidades sobre a história


combinada podem ser calculadas eu editei as versões dos
quatro Evangelhos da primeira visita a Túmulo de Jesus na
versão satírica combinada, na qual todos os elementos das
quatro estórias se encaixam sem contradição.

No primeiro dia da semana Maria Madalena vai cedo,


quando ainda estava escuro, até o sepulcro, e vê a pedra
tirada do sepulcro.

Então ela corre e vai até Simão Pedro, e para o outro


discípulo, a quem Jesus amava, e lhes diz: Eles tiraram o
Senhor do sepulcro e nós não sabemos onde eles o
colocaram.

Pedro então saiu, com aquele outro discípulo, e foram ao


sepulcro.

Então eles correram os dois juntos: e o outro discípulo


adiantou-se a Pedro e chegou primeiro ao sepulcro.

E ele abaixando-se e olhando para dentro do sepulcro viu as


roupas de linho jogadas ao chão; ainda assim ele não entrou
(112)

Assim, o autor de João criou um momento em que há um


único homem fora do túmulo. Em Mateus há também um
momento assim, que ocorre em segundo lugar na sequência
temporal, quando se diz que está "amanhecendo".
"E, no fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia
da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o
sepulcro.

E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do


Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra da
porta, e sentou-se sobre ela."

Mateus 28:1,2

A palavra grega, seismos, traduzida na passagem acima


como "terremoto" é mais comumente usada para descrever
simplesmente um tremor ou uma comoção. (113) Dentro da
interpretação satírica ela simplesmente descreve o tremor
do solo causado pela corrida dos discípulos.

"E o seu aspecto era como um relâmpago, e as suas vestes


brancas como neve.

E os guardas, com medo dele, ficaram muito assombrados,


e como mortos.

Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais


medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado.

Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito.


Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia.

Ide pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já


ressuscitou dentre os mortos. E eis que ele vai adiante de
vós para a Galileia; ali o vereis. Eis que eu vos tenho dito.

E, saindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e


grande alegria, correram a anunciá-lo aos seus discípulos."
Mateus 28:3-8

O autor afirma então que Simão Pedro, não Pedro, chegou


ao túmulo.

"Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no


sepulcro, e viu no chão os lençóis,"

João 20:6

Observe que o "outro discípulo" não entra no túmulo, mas


que Simão Pedro o faz, criando um período em que há um
único visitante, Simão Pedro, no túmulo.

"E que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não
estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte."

João 20:7

"E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã


cedo, ao nascer do sol."

Marcos 16:2

Este grupo de mulheres encontra um único homem (Simão


Pedro) a quem dizem que Jesus surgiu.

"E, entrando no sepulcro, viram um jovem assentado à


direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram
espantadas.
Ele, porém, disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus
Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui;
eis aqui o lugar onde o puseram.

Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai


adiante de vós para a Galileia; ali o vereis, como ele vos
disse."

Marcos 16:5-7

Assim, um único indivíduo na tumba diz às mulheres para


"contar a seus discípulos e, especificamente, dizer a
"Pedro", que Jesus "vai diante de vós" para a Galiléia. Note
que esta é mais uma chance binária. Se o "anjo" tivesse
instruído as mulheres para dizer a "Simão Pedro" e não
"Pedro", então a ligação lógica entre a versão em João e o
outros três seria destruída.

Em outras palavras, dentro da versão combinada da história,


o indivíduo só pode ser "Simão Pedro" e seria, portanto,
contraditório para ele instruir os discípulos a dar uma
mensagem a si mesmo. No entanto, não é contraditório para
Simão Pedro dar uma mensagem para "Pedro" se "Simão
Pedro" e "Pedro" são pessoas diferentes. o autor fornece
dois métodos pelos quais um leitor lógico pode entender
que "Simão Pedro" e "Pedro" são personagens distintas.

Um outro método que o autor usa para revelar que "Pedro"


e "Simão Pedro "são indivíduos distintos é encontrada na
versão da visita ao túmulo dada em Marcos, onde um único"
jovem "pede ao grupo de mulheres para dizer" a Pedro "que
Jesus" ressuscitou ", ocorre mais tarde no dia do que a
versão da visita à tumba dada em João, na qual a primeira
pessoa a entrar no túmulo é "Simão Pedro". Esses fatos
criam a seguinte progressão lógica:

No Evangelho de João, que começa mais cedo, "Simão


Pedro" é a primeira pessoa a entrar no túmulo.

O "jovem" no túmulo diz a Maria Madalena para contar a


"Pedro" que Jesus ressuscitou, mostrando que "Pedro" não
esteve na tumba ainda.

Portanto, "Simão Pedro" não pode ser "Pedro".

O leitor logicamente identificará um único indivíduo que


o grupo encontra no túmulo como a única pessoa que tem
sido descrita como estando no túmulo sozinha, isto é,
"Simão Pedro".

Além disso, no Evangelho de Lucas, a personagem


chamada "Pedro" não entra no túmulo quando ele vem pela
primeira vez, mas só olha para seu interior, enquanto que
no Evangelho de João, a personagem chamada "Simão
Pedro" entra na tumba quando ele vem pela primeira vez. O
leitor tem uma escolha: ou aceitar uma impossibilidade
física, que um indivíduo tanto entrou e não entrou no
túmulo, ou reconhece que "Pedro" e "Simão Pedro" são
personagens distintas. Como eu mostro abaixo, isso é o
mesmo método que o autor usa para revelar que "Maria
Magdalena" é o nome de mais de uma personagem.

Continuando com a análise da versão combinada, tendo


saído o grupo que veio para ungir Jesus, o "outro discípulo"
então entra no túmulo. Neste ponto, há dois homens dentro
do túmulo.
"Então entrou também aquele outro discípulo, que veio
primeiro ao sepulcro, e ele viu e acreditou."

João 20:8

Outro grupo de mulheres aparece e encontra dois homens


dentro do túmulo, "Simão Pedro" e o "outro discípulo".

"E no primeiro dia da semana, muito de madrugada, foram


elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham
preparado, e algumas outras com elas.

E acharam a pedra revolvida do sepulcro.

E, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus.

E aconteceu que, estando elas muito perplexas a esse


respeito, eis que pararam junto delas dois homens, com
vestes resplandecentes.

E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto


para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais o vivente
entre os mortos?"

Lucas 24:1-5

Os seguidores de Jesus, que visitam a tumba vazia, são


assim
iludidos e em seguida, espalham para os outros disc
ípulos o mal-entendido que Jesus ressuscitou dos mortos.
Observe como o autor configura a ideia de que os visitantes
do túmulo são irracionais pelas descrições de suas emoções
e comportamentos. Eles são mostrados como:

"correndo descontroladamente", "assustados", "chorando",


"perplexos", "atemorizados" e "abaixando o rosto para o
chão". Dentro da corte Flaviana, estes teriam sido visto
como os comportamentos e emoções dos judeus
messiânicos, que, a partir de sua perspectiva, eram loucos
religiosos que tinham que iludir-se em acreditar que os
mortos poderiam ressuscitar.

Tendo terminado de saudar os três grupos de visitantes,


Simão Pedro e João voltam para casa.

"Tornaram, pois, os discípulos para casa."

João 20:10

Neste ponto da história combinada, o padrão se inverte. Em


vez de personagens dentro dos outros Evangelhos
encontrarem os "anjos" do Evangelho de João, uma
personagem do Evangelho de João encontra os "anjos" que
são do Evangelho de Lucas.

"E Maria estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando


ela, pois, chorando, abaixou-se para o sepulcro.

E viu dois anjos vestidos de branco, assentados onde jazera


o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.

E disseram-lhe eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse:


Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.
E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em pé,
mas não sabia que era Jesus."

João 20:11-14

Os "anjos" (plural) que Maria encontra acima são


"logicamente" homens (plural), descritos em Lucas, que
vão ao túmulo depois de serem informados, por um grupo
de mulheres que viram "anjos", que Jesus havia
ressuscitado. Observe abaixo que os homens não vêem
Jesus, combinando com o fato de que os "anjos" do
encontro de Maria estão dentro do túmulo e seu encontro
com Jesus se dá fora do túmulo.

"É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos


maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulcro;

E, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também


tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive.

E alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e


acharam ser assim como as mulheres haviam dito; porém, a
ele não o viram."

Lucas 24:22-24

Assim, é possível criar uma história combinada a partir das


quatro versões da primeira visita à tumba de Jesus que tem
um diferente significado do que as versões individuais e é
sem contradição. Nenhuma das declarações de fato que
compõem sua linha de história contradiz qualquer outro
dentro da história combinada A história combinada é
lógica, enquanto as diferentes versões são contraditórias. A
engenhosidade dos autores merece nota. Seu enigma é
construído para que os leitores que são ilógicos acreditem
que as passagens indicam que Jesus ressuscitou dos mortos,
enquanto aqueles que são lógicos verão as passagens como
uma sátira de erros.

Além disso, os autores deliberadamente tornaram possível


calcular a probabilidade de que o ajuste perfeito entre a
sequência de eventos dentro do Evangelho de João e os
outros três Evangelhos tenha ocorrido por acaso. Isso pode
ser feito usando o que eu chamo de "cadeia de
multiplicação". Esse método é usado, por exemplo, para
garantir que as máquinas caça-níqueis são lucrativas para
seus proprietários. Se uma máquina caça-níqueis paga um
ganho de 1.000 para um para exibir cinco cerejas em uma
linha, a probabilidade disto ocorrer deve ser menor que
1.000 para um para a máquina para ser rentável. Para criar
a impressão de que cinco sequências de cerejas é
"provável", tais máquinas muitas vezes têm o desejado
símbolo que ocorrem em caça-níqueis individuais com
relativa frequência, digamos uma vez em cada três puxões.
No entanto, um slot exibirá o símbolo raramente, digamos
uma vez em 100 puxões. Assim, a cadeia de multiplicação
para determinar as chances de tais máquinas exibirem cinco
cerejas seriam 3 x 3 x 3 x 3 x 100, o que daria ao jogador
uma chance em 9.100 de acertar o prêmio de 1.000-para-
um.

Se quatro autores distintos criaram versões diferentes da


primeira visita ao túmulo, então cada autor registrou
acidentalmente fatos diferentes. Por exemplo, no
Evangelho de João, o autor registra que a primeira visita
ocorre no escuro. Considerando que em Lucas o autor
registra que o sol nasceu antes de Maria Madalena chegar
ao túmulo. No entanto, para a história combinada ter seus
registros perfeitos em uma sequência temporal lógica, o
autor do Evangelho de João só pode selecione a posição do
sol que indica que sua versão começa mais cedo, o que ele
tem apenas uma chance em quatro de fazer. Da mesma
forma, cada um dos autores dos outros três Evangelhos tem
apenas uma chance em quatro de acidentalmente estar
descrevendo sua "primeira visita" ocorrendo como próximo
ponto dentro da seqüência. Assim, as chances de quatro
autores distintos descrevendo acidentalmente suas versões
começando com João, depois Mateus, seguido de Marcos,
e finalmente Lucas são 4 X 4 X 4 X 4, ou uma chance em
256.

Observe que essa sequência não é contabilizada porque os


todos os quatro autores refletem uma tradição
compartilhada, uma vez que a sequência é criada pelas
diferenças entre as quatro versões, não suas semelhanças.
Uma tradição compartilhada tornaria menos provável que
cada um dos quatro autores daria um horário diferente para
a primeira visita. Uma tradição compartilhada é igualmente
implausível como uma explicação para a relação lógica
entre qualquer um dos elementos dentro da sequência,
desde que o ajuste lógico é criado pelos diferentes fatos que
os quatro Evangelhos usam para descrever a primeira visita.
Combinar seus estados contraditórios de fato cria o ajuste
lógico perfeito entre os eventos no Evangelho de João e os
outros três Evangelhos; portanto, seu relacionamento não
pode ser explicado, sugerindo que os quatro autores
diferentes poderiam ter compartilhado uma fonte comum.

Tenha em mente que, mesmo que um fato nas quatro


versões fosse diferente do que é, isso destruiria a sequência
lógica entre o Evangelho de João e os outros três
Evangelhos. Por exemplo, se o autor de Mateus, o
Evangelho cuja posição do sol indica que seus visitantes
vieram diretamente depois de João, houvessem registrado
que os primeiros visitantes não encontraram um, mas dois
anjos, então a estória combinada se tornaria contraditória.
Isso é porque essa descrição não corresponderia então a de
João, que afirma que um discípulo chegou primeiro.
Portanto, a probabilidade de que o autor de Mateus
acidentalmente registrar que os primeiros visitantes
encontraram apenas um anjo e não, nenhum ou dois, como
encontrado nos outros Evangelhos, é uma chance em três.
E essa probabilidade se torna um elemento de uma "cadeia
de multiplicação" para toda a sequência de eventos.

A seguir estão as declarações de que de fato quatro autores


distintos teriam acidentalmente gravado para produzir a
sequência perfeita de eventos entre o Evangelho de João e
os outros três Evangelhos. Eu incluí as menores chances de
cada evento ser registrado por um autor particular - por
exemplo, os eventos quatro e cinco abaixo, onde o autor de
João menciona que o discípulo olhou para a tumba vazia,
mas não entrou nela. Pode-se argumentar que as
probabilidades deste detalhe irrelevante, mesmo sendo
mencionado neste momento são muito mais elevados do
que uma chance em dois. No entanto, eu só dou as
possibilidades binárias, ou seja, o autor poderia registrar
que o fez ou não fez o discípulo olhar para dentro.

1) O sol deve indicar que "Maria" vem primeiro para o


túmulo na versão dada no Evangelho de João. Uma chance
em quatro.
2) Maria não deve encontrar anjos durante sua primeira
visita à tumba no Evangelho de João. Uma chance em três.

3) O outro discípulo deve chegar primeiro ao túmulo, e não


Pedro. Uma chance em duas.

4) O outro discípulo não deve entrar. Uma chance em duas.

5) O discípulo deve olhar para dentro. Uma chance em


duas.

6) Simão Pedro, não Pedro ou o outro discípulo, deve ser o


único que chega em segundo lugar no túmulo. Uma chance
em três.

7) Ele deve ir sozinho. Uma chance em duas.

8) O outro discípulo deve entrar no túmulo depois de Simão


Pedro. Uma chance em duas.

9) O sol deve indicar que "Maria" vem ao sepulcro em


segundo lugar na versão dada no Evangelho de Mateus.
Uma chance em quatro.
10) O grupo descrito em Mateus deve encontrar um anjo.
Uma chance em três.

11) O anjo em Mateus deve estar fora do túmulo. Uma


chance em dois.

12) O sol deve indicar que "Maria" vem ao túmulo


próximo na versão dada no Evangelho de Marcos. Uma
chance em quatro.

13) O grupo de Mateus deve encontrar um anjo. Uma


chance em três.

14) O grupo de Mateus deve encontrar o anjo dentro da


tumba. Uma chance em duas.

15) O sol deve indicar que "Maria" chega ao túmulo por


último na versão dada no Evangelho de Lucas. Uma chance
em quatro.

16) O grupo descrito em Lucas deve descobrir os


anjos dentro do túmulo. Uma chance em duas.

17) Este grupo deve encontrar dois anjos. Uma chance em


três.
18) O anjo deve pedir que "Pedro" não "Simão Pedro" vá
contar. Uma chance em duas.

19) A "Maria" que está do lado de fora chorando em João


deve encontrar dois "anjos", porque o plural é usado em
Lucas para descrever "aquelas" que vão ao túmulo. Uma
chance em duas.

20) Os anjos que Maria vê devem estar dentro do túmulo,


porque aqueles que vão ao sepulcro em Lucas são descritos
como não vendo Jesus. Uma chance em duas.

21) Maria deve encontrar Jesus fora do túmulo. Uma chance


em duas.

Assim, a cadeia de multiplicação para determinar a


probabilidade de quatro autores distintos poderem registrar
esses fatos exatos por acaso seria:

4X3X2X2X2X3X2X2X4X3X2X4X3X2X4X2X3X2

o que equivale a uma chance em 254.803.968.

Isso demonstra que quatro autores distintos não criaram


estória combinada por acaso e que foi, portanto,
intencionalmente criada. Esta prova é tão conclusiva
quanto, por exemplo, como as probabilidades, que são
usadas em nossos dias na atualidade para um DNA
coincidir com o sangue deixado em uma cena de crime
como sendo de um suspeito. De fato, as probabilidades do
DNA são determinadas usando uma abordagem semelhante
à mencionada acima.

Minha teoria também é sólida no sentido de ser tão


facilmente refutada. Em outras palavras, especialistas em
probabilidade podem facilmente demonstrar erros nas
minhas premissas ou conclusões. Na verdade, qualquer
leitor curioso pode, basta refazer meus passos e chegar a um
julgamento independente.

De qualquer forma, a versão combinada das quatro histórias


é tão óbvia que é razoável perguntar por que ninguém
percebeu isso antes. A resposta é que as contradições dentro
das quatro passagens são projetadas para ocultar a versão
combinada. Estas contradições devem ser resolvidas antes
que alguém possa ver facilmente a versão satírica que as
quatro passagens criam. Os autores estavam, com efeito,
exigindo que o leitor usasse a lógica antes de ser permitido
enxergar a verdade.

Além da contradição envolvendo "Simão Pedro" e "Pedro"


mencionada acima, todas as aparentes contradições entre as
quatro versões diferentes da primeira visita à tumba de
Jesus envolvem uma personagem chamada Maria
Madalena. Dentro das quatro versões da estória é dito que
ela chega ao túmulo em quatro momentos diferentes e com
pessoas diferentes, ter tocado e não tocado em Jesus, e ter
dito e não dito aos discípulos que o túmulo estava vazio -
todas impossibilidades lógicas.

No entanto, se as personagens femininas nas quatro versões


da visita ao túmulo não fossem todas chamadas Maria
Madalena, mas fossem dados a cada uma um nome
diferente, digamos, Maria, Rute, Ester e Elizabete, então
essas contradições não existiriam e a relação satírica entre
a versão em João, onde os dois discípulos correm para o
túmulo, e as outras versões, onde os visitantes encontram
"anjos" teria se tornado visível. Na verdade, como os
leitores podem verificar eles mesmos, a versão satírica se
tornaria muito aparente e o cristianismo poderia não ser
uma religião mundial hoje em dia. Assim, pode-se dizer que
a própria viabilidade do cristianismo depende da noção de
que todas as personagens chamadas "Maria Madalena" no
Novo Testamento sejam a mesma pessoa.

No entanto, não é possível que todas as "Maria Madalenas"


nos quatro evangelhos sejam a mesma pessoa. Os autores
criaram dois métodos que permitem que qualquer leitor
lógico determine isso. Primeiro, como mencionado acima,
é fisicamente impossível para uma única "Maria Madalena"
fazer cada coisa atribuída a ela nas quatro histórias. Maria
Madalena não pode "primeiro" visitar o túmulo em
momentos diferentes. Ela não pode estar dizendo a "Simão
Pedro" que o túmulo teve sua pedra rolada para longe e ao
mesmo tempo ter ido com especiarias para ungir a Jesus.
Além disso, cada uma das primeiras visitas que ela faz ao
túmulo são com pessoas diferentes, outra impossibilidade
física.

Além disso, a Maria Madalena no Evangelho de Marcos, a


quem é dito "vá dizer a Pedro" que Jesus ressuscitou, diz-se
que não contou a ninguém. Como sempre, as "Marias
Madalenas" em Lucas e Marcos dizem para os discípulos
que ele ressuscitou; portanto, logicamente, não podem ser a
"Maria Madalena" em Marcos. Da mesma forma, a Maria
Madalena em João não pode ser a Maria Madalena em
Mateus, porque à Maria em João não é permitido tocar Jesus
enquanto em Mateus ela é descrita como "agarrando-se a
seus pés". Portanto, um leitor racional deve concluir que
"cada Maria Madalena" é uma personagem distinta. (114)

O leitor ilógico - isto é, aquele que encara o Novo


Testamento “seriamente” e, portanto, vê Jesus como divino
- deve aceitar as contradições que as quatro versões da
primeira visita ao túmulo de Jesus criaram. Tal leitor aceita
que Maria Madalena primeiro visita a tumba em diferentes
momentos e com pessoas diferentes, que ela tanto toca e
não toca em Jesus, e que ela diz e não diz aos discípulos que
Jesus ressurgiu. Os autores dos evangelhos podem ter
acreditado que tal leitor merecia, e talvez necessitasse
mesmo, de "Jesus".

Para o leitor lógico, que entende que cada "Maria


Madalena" deve ser uma personagem separada, essas
contradições são resolvidas. As contradições em relação ao
tempo da primeira visita, o diferente número de pessoas do
grupo que visita a tumba por "primeiro", bem como quantos
"anjos" os diferentes grupos encontram perto do túmulo,
são todos resolvidos por esse insight único. Assim como as
contradições de Maria Madalena haver tocado e não haver
tocado Jesus, e ela dizendo e não dizendo aos discípulos que
Jesus ressuscitou. Esta visão única, isto é, a versão
combinada, nos permite enxergar a verdade.

Além disso, "Maria Madalena", como "Jesus Cristo",


também pode ser enxergado como um título, não apenas
como um nome. Maria Madalena significa simplesmente
Maria de Magdala, uma cidade na Galileia. Da perspectiva
romana, qualquer mulher rebelde - isto é, qualquer "Maria"
- de Magdala seria um Maria Madalena. O ponto que os
autores desejam que o leitor lógico entenda aqui é
simplesmente que o mesmo nome pode ser dado a mais de
uma pessoa. Os autores do Novo Testamento construíram o
quebra-cabeça do túmulo vazio de tal maneira que sua
solução, a percepção de que mais de uma personagem está
sendo referida pelo mesmo nome, é também a solução para
entender o próprio Novo Testamento. Lá pode haver mais
do que uma Maria Madalena, e, portanto, pode haver mais
de um Jesus.

A noção de que o Novo Testamento está se referindo a mais


de um indivíduo como "Jesus", embora aparentemente
forçado, é na verdade a única maneira de resolver os fatos
contraditórios dentro dele. De fato, como com "Maria
Madalena", os autores tornaram logicamente impossível
para os "Jesuses" descritos nos quatro Evangelhos como
tendo sido o mesmo filho. E, como mostrei, a lógica,
memória e humor zombeteiro são os pré-requisitos que os
autores do Novo Testamento exigem de um leitor para
entender sua verdade. Uma maneira em que o Novo
Testamento revela que há mais de um "Jesus" é a
genealogia diferente para os "Jesuses" em Mateus e Lucas,
desde que não há nada advertindo, dentro do Novo
Testamento, que duas genealogias distintas indicariam,
naturalmente, dois indivíduos distintos.

Da mesma forma, o Jesus que é crucificado no Evangelho


de João poderia não ser o Jesus que é crucificado em
qualquer dos Evangelhos Sinóticos, porque ele é
crucificado no dia antes da Páscoa, enquanto todos os
outros "Jesuses" são crucificados na Páscoa em si. Além
disso, cada um dos "Jesuses" nos quatro Evangelhos tem
um grupo de discípulos com nomes um pouco diferentes. E,
claro, em nenhum lugar dos Evangelhos existe uma
descrição física de Jesus.

Uma das razões que o elemento satírico dos muitos


"Jesuses" não haver sido notado anteriormente é que no
início da história cristã um redator fez uma alteração
editorial no nome da personagem do Novo Testamento
conhecido hoje como Barrabás. Barrabás é uma palavra
composta formada a partir do "bar" em hebraico (filho) e
"abba" (pai), que seria digamos "filho do pai". Enquanto o
personagem é conhecido hoje simplesmente como
Barrabás, esse não era o seu nome na versão do Novo
Testamento com o qual os eruditos da igreja primitiva
estavam familiarizados. Nós sabemos através de Orígenes
(c. 250 CE) e outros (115) que as versões do Novo
Testamento as quais eles conheciam se referiam a esse
personagem não como Barrabás, mas sim como "Jesus
Barrabás".

Orígenes escreveu sobre sua consternação pelo fato de que


o nome do criminoso que se achava preso junto com Jesus
fosse "Jesus Barábas, "isto é, Jesus, o filho do Pai. Embora
ele não tenha reconhecido o nome como engraçado, ele
sentiu intuitivamente que havia algo de errado com o fato
do companheiro de cela de Jesus ter um nome tão
semelhante ao seu próprio. Esta preocupação foi
evidentemente compartilhada por oficiais da igreja porque
todas as primeiras cópias existentes do Novo Testamento
(Sinaiticus, Alexandrinus, Vaticanus) referem-se a esse
personagem apenas como Barrabás. No entanto, com base
em estudos modernos, tanto a "New English Bible" e a
versão dos estudiosos (116) decidiram registrar como
"Jesus Barrabás" o nome dessa personagem em suas
traduções.
Em tais traduções, o propósito da personagem ser chamada
"Jesus Barrabás" fica claro. O Novo Testamento está
declarando categoricamente que havia mais de um "Jesus".
Observe o humor na declaração de Pilatos abaixo: "Vou,
portanto, castigar a ele e libertar a ele". A sátira é que é
impossível saber a qual "Jesus" Pilatos se refere como "ele".

Observe também que, assim como aqueles que estavam no


túmulo vazio, todos judeus são caracterizados como
altamente emocionais. O humor deriva da ideia de que em
tal estado eles não poderiam distinguir um "Jesus" do
outro.

"Mas toda a multidão clamou a uma, dizendo: Fora daqui


com este, e solta-nos Barrabás.

O qual fora lançado na prisão por causa de uma sedição feita


na cidade, e de um homicídio.

Falou, pois, outra vez Pilatos, querendo soltar a Jesus.

Mas eles clamavam em contrário, dizendo: Crucifica-o,


crucifica-o.

Então ele, pela terceira vez, lhes disse: Mas que mal fez
este? Não acho nele culpa alguma de morte. Castigá-lo-ei
pois, e soltá-lo-ei.

Mas eles instavam com grandes gritos, pedindo que fosse


crucificado. E os seus gritos, e os dos principais dos
sacerdotes, prevaleciam.
Então Pilatos julgou que devia fazer o que eles pediam."

Lucas 23:18-24

Em cada um dos evangelhos, seguindo a "ressurreição", os


discípulos são descritos como encontrando uma
personagem chamada Jesus. No entanto, os mortos não
podem voltar à vida. Os autores dos Evangelhos estão
simplesmente continuando a sátira que começa com os
discípulos confundindo uns aos outros por anjos no túmulo
vazio de Lázaro. Cada Evangelho satiricamente revela que
o indivíduo que os discípulos acreditam ser o Messias
ressurrecto é diferente daquele que foi crucificado,
repetidamente afirmando que eles não poderiam reconhecer
ao Jesus "ressuscitado". Seguem as passagens relacionadas:

"E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram."

Mateus 28:17

"E depois manifestou-se de outra forma a dois deles, que


iam de caminho para o campo."

Marcos 16:12

"E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam


algum espírito."
Lucas 24:37

"Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que


o não conhecessem."

Lucas 24:16

"E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os


discípulos não conheceram que era Jesus."

João 21:4

Em João 20:15 abaixo, Maria Madalena também é incapaz


de reconhecer Jesus e confunde-o com um "jardineiro". Esta
passagem é uma parte do elemento "raiz e ramo" do humor,
que gira em torno de Tito "podando" o judeu Messias
Eleazar, que foi "levado" do Monte das Oliveiras.

Este episódio é o clímax profético e satírico do Novo


Testamento. É o momento que "prevê" que Tito se
transforme no Messias Judeu - o que realmente ocorre em
"João 21". Isso é quando, após a morte de "Jesus", Tito
começa a ser o "Jesus" do cristianismo. Um leitor que seja
capaz de entender a seguinte "profecia" em relação a Tito
resolverá essencialmente o quebra-cabeças central do Novo
Testamento e "Guerra dos Judeus".

Note a brilhante ironia quando Maria está confundindo o


Messias com um "jardineiro" (hortelão) e perguntando se
ele "o levou embora". Isto é exatamente o que acontece com
Eleazar, que é "levado" por um "jardineiro" no Monte das
Oliveiras. Os autores fazem Maria confundir o indivíduo
com um jardineiro, porque isso cria uma previsão satírica
do que de fato já ocorreu. O que na verdade é uma imagem
espelhada da superfície da narração. Enquanto Jesus é
confundido com um jardineiro que não "levou o Messias
embora", Tito se torna um "jardineiro" que é confundido
com Jesus e que leva o Messias.

"Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas?


Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o
levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.

Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni,


que quer dizer: Mestre."

João 20:15,16

A seguinte passagem da Guerra dos Judeus revela porque


Tito acha necessário criar uma religião que o adore sem que
seus membros saibam. O problema de Tito é que os Sicarii
recusam-se a chamá-lo de "Senhor", mesmo depois de
serem torturados. Para contornar essa teimosia, Tito
simplesmente se transforma no Messias dos judeus. A
última sátira do cristianismo é a que faz com que os judeus
chamem César de Senhor sem que eles saibam. A passagem
também contém outro elemento do cristianismo
evidentemente roubado do movimento Sicarii, o de seus
membros se regozijando enquanto são torturados por se
recusarem a renunciar à sua fé.
... (Os Sicarii) cuja coragem, ou deveríamos chamar
loucura, ou resistência em suas opiniões, espantavam a todo
mundo. Pois embora seus corpos tenham sido submetidos a
todos os tipos de tormentos e vexames, que já haviam sido
inventados, a que foram submetidos seus corpos que
poderiam ser inventados, não se conseguiu que nenhum
deles cumprisse confessar, ou mesmo fingir confessar, que
César era o seu senhor; mas sim, eles preservaram sua
própria opinião, apesar de toda a aflição à qual foram
submetidos, como se recebessem esses tormentos e o
próprio fogo com corpos insensíveis à dor, e com uma alma
que de certo modo se alegrava com eles. Mas o que foi mais
surpreendente para os observadores foi o coragem das
crianças; porque de nenhuma dessas crianças foi até agora
conseguido, nem por esses tormentos, que nomeassem a
César como seu senhor. Até agora, a força da coragem [da
alma] prevaleceu sobre a fraqueza do corpo. (117)

A mudança de Tito como Jesus ocorre em João 21. O


capítulo começa com Jesus vindo ao mar da Galiléia pela
manhã, onde ele se "mostrou", a si mesmo, aos seus
discípulos. Os discípulos são descritos como sendo
incapazes de reconhecer Jesus a partir do pequeno barco no
qual eles passaram a noite. Jesus os instrui a "lançar a rede",
após o que eles puxam uma "multidão de peixes". Sendo
informado assim de que ele é "O Senhor", Simão nada para
terra, onde ele e os discípulos comem "pão" e "peixe" com
Jesus, que então profetiza que Simão será morto, mas que
João será poupado.

"Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos


junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se assim:
Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e
Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu,
e outros dois dos seus discípulos.

Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles:


Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o
barco, e naquela noite nada apanharam.

E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os


discípulos não conheceram que era Jesus.

Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de


comer? Responderam-lhe: Não.

E ele lhes disse: Lançai a rede para o lado direito do barco,


e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam tirar, pela
multidão dos peixes.

Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro:


É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor,
cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se ao
mar.

E os outros discípulos foram com o barco (porque não


estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados),
levando a rede cheia de peixes.

Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe


posto em cima, e pão.

Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes.


Simão Pedro subiu e puxou a rede para terra, cheia de cento
e cinquenta e três grandes peixes e, sendo tantos, não se
rompeu a rede.

Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. E nenhum dos discípulos


ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o
Senhor.

Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e,


semelhantemente o peixe.

E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus


discípulos, depois de ter ressuscitado dentre os mortos."

João 21:1-14

Esta história dos discípulos pegando "peixe" compartilha


uma série de paralelos com a passagem em "Guerra dos
Judeus" que descreve os romanos "pegando" judeus como
peixes no Mar da Galileia, que eu discuti anteriormente.
Naquela passagem, Josefo descreve um bando de rebeldes
liderados por um Jesus, o filho de Shaphat.

Este Jesus vence uma batalha contra os romanos. Em


resposta, Vespasiano ordena que Tito tome uma força e
contra-ataque Jesus e seu bando. Antes da batalha, Tito faz
um discurso no qual ele descreve a próxima batalha como
"meu início". Ele então ataca os judeus com suas tropas e
os derrota. Alguns dos judeus, no entanto, escapam com
seus barcos no Mar da Galileia (Josefo descreve esses
barcos como "pequenos"), onde passam a noite. Na manhã
seguinte, Tito ordena que seus soldados construam barcos
para atacar os judeus. Na batalha marítima que se seguiu,
os romanos capturam os judeus como peixes. Após a
batalha, Josefo descreve os cadáveres dos judeus emitindo
um terrível fedor. (118)

O diagrama a seguir é apresentado para esclarecimento dos


paralelos entre a passagem da "batalha no mar" de Josefo e
"João 21":

1. Ambas as passagens descrevem os seguidores de um


"Jesus" que passam a noite em um pequeno barco.

2. Ambas as passagens descrevem uma "captura" que


ocorre em seguida a manhã.

3. Cada passagem ocorre no Mar da Galiléia (Tiberíades).

4. Jesus e Tito compartilham a já mencionada coleção dos


paralelos em João 21, envolvendo a condenação de "Simão"
e "João" sendo poupado.

Os paralelos funcionam para dar um significado tipológico


e satírico a "João 21", que não deve ser difícil para o leitor
enxergar neste momento. De fato, se Jesus dissesse a seus
discípulos que "lançassem uma rede" e se tornassem
"pescadores de homens" em "João 21", então a relação
satírica entre essa passagem e a descrição de Josefo da
batalha marítima se torna óbvia demais para ser ignorada.
O fato de Jesus fazer essa profecia mais cedo em seu
ministério não torna suas implicações menos claras -
particularmente à luz do fato de que o grupo que ele instrui
a "lançar uma rede" em "João 21" contém Simão, Tiago e
João, o os mesmos indivíduos que ele previu mais cedo em
seu ministério, que: -"daqui em diante" se tornariam
"apanhadores de homens".
Mais uma vez, os autores do Novo Testamento estão
testando a memória do leitor. Apenas o leitor com boa
memória lembra-se que é Simão e os "filhos de Zebedeu" a
quem Jesus tem anteriormente previsto como seriam
"doravante" "pescadores de homens". E somente tal leitor
vai lembrar que Jesus fez essa profecia sobre "pescar
homens", estando na mesma praia onde Tito esteve
enquanto seus soldados pegavam judeus como peixes.

Observe que o autor indica apenas que os eventos de "João


21" acontecem "depois destas coisas" - isto é, depois da
crucificação de Jesus. Em outras palavras, os eventos de
"João 21" poderiam ter ocorrido a qualquer momento após
a crucificação e podem ser entendidos como sendo
contemporâneos dos eventos da passagem paralela de
"pesca" em "Guerra dos Judeus". Com este dispositivo
inteligente, os autores unificam os prazos dos Evangelhos e
de "Guerra dos Judeus". "João 21" deve ser entendido como
um evento da vida de um Messias judeu por volta de 30 EC
e uma representação, ainda que satírica, da batalha marítima
de Tito com os pescadores messiânicos da Galileia. A
passagem pode ser lida tanto como o fim da história de um
salvador de Israel quanto o começo da história de outro.

Tal como acontece com os diferentes Evangelhos que


formam o quebra-cabeça do túmulo vazio, "João 21" e a
"passagem de captura" em "Guerra dos Judeus" são
projetados para serem interativos. E, novamente, sua
interação cria uma história diferente da propícia que
aparece na superfície. "João 21" interage com a passagem
"pegando" de Josefo para criar uma sátira indicando que os
confusos seguidores de Jesus confundem Tito com o
Senhor.

O "Jesus" que eles seguem ", Jesus, o filho de Shaphat, o


principal chefe de um bando de ladrões", não está na praia
porque Tito o matou. Josefo registra sua morte na
passagem, afirmando que: "Tito matou os autores dessa
revolta", indicando claramente Jesus.

Portanto, o "Jesus" que os discípulos seguem não existe


mais e eles confundem Tito com seu Senhor - "Jesus estava
na praia; contudo, os discípulos não sabiam que era Jesus".
Assim iludidos, os discípulos se oferecem a Tito, ajudando
os romanos a capturar os rebeldes judeus que nadam no Mar
de Tiberíades "lançando suas redes". A sátira é uma perfeita
sinopse da verdadeira intenção do cristianismo, que é
"converter" os seguidores do Messias judeu em seguidores
de César sem que eles saibam.

Tendo alcançado seu objetivo, Tito, o "Senhor", senta-se


com seus novos "discípulos" para um café da manhã de
"pão" e "peixe". As palavras "pão" e "peixe" são, como
mostrei, ambas usadas como sinônimos de carne humana
no Novo Testamento.

Observe a esperteza dos autores. Os discípulos não


perguntam seu nome - o que remeteria ao fato de que seu
nome é Tito - mas "sabem" que ele é o "Senhor".

"Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. E nenhum dos discípulos


ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o
Senhor.
Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e,
semelhantemente o peixe.
E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus
discípulos, depois de ter ressuscitado dentre os mortos."

João 21:12-14

A interação entre o Novo Testamento e "Guerra dos Judeus"


identifica o "peixe" que Tito serviu aos seus novos
discípulos em "João 21" como corpos "putrefatos" dos
"peixes" mortos pelos romanos durante a batalha
mencionada acima. Este cheiro pútrefo de "peixe" na praia
é paralelo ao fedor registrado nas outras passagens de
canibalismo - o túmulo de Lázaro no Novo Testamento e o
filho de Maria em "Guerra dos Judeus".

E um terrível fedor, e uma visão muito triste havia no dias


seguintes nesse país; quanto as margens, elas estavam
cheias de naufrágios e de cadáveres todos inchados; e como
os cadáveres eram aquecidos pelo sol e assim putrefátos
isso infectou o ar.

E o "pão" que os discípulos comem é também identificado


no Novo Testamento. É a carne do Messias que foi
"ressuscitado dos mortos". Observe como é claro o exemplo
da seguinte passagem das declarações aparentemente
simbólicas de Jesus, assumindo um significado satírico
quando lidas literalmente.

"Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer


deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha
carne, que eu darei pela vida do mundo.
Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como nos
pode dar este a sua carne a comer?

Jesus, pois, lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que,


se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes
o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos."

João 6:51-53

Para deixar claro que é o corpo do "Filho do Homem" que


os discípulos estão festejando, "João 21" afirma que esta é
"a terceira vez que Jesus se mostrou a seus discípulos depois
que ressuscitou dos mortos". O autor está incluindo esse
detalhe neste ponto porque o "Jesus" que realmente
ressuscitou "dentre os mortos" era Lázaro, que "mostrou-se
aos discípulos duas vezes anteriormente, primeiro em sua"
ressurreição "e depois novamente na "festa de Lázaro". Os
discípulos estão sendo satirizados como se alimentando
involuntariamente do corpo do Messias. A sátira sobre o
"pão" em "João 21" é que eles estão comendo do mesmo
"pão" que foi comido durante a "festa de Lázaro" acima.

Eu observaria que a análise acima tem implicações para o


sacramento da comunhão. Isso sugere que os romanos
deliberadamente criaram o ritual como uma piada cruel
sobre os cristãos.

De qualquer forma, o humor que os romanos criaram em


relação ao
canibalismo dos judeus messiânicos evidentemente deriva
da ironia que eles enxergaram em um povo com leis
alimentares tão rígidas comendo carne humana rançosa. A
ironia dos judeus, um povo muito exigente demais para
comer carne de porco, comer carne humana teria sido
amplamente compreendida dentro da classe patrícia
quando "Guerra dos Judeus" foi escrita. O satírico Juvenal,
por exemplo, referiu-se a isso sem fornecer nenhum
contexto.

"Alguns, a quem Lot teve pais tementes ao sábado, e não


adoraram nada senão nuvens e o numem** dos céus, E não
viram diferença entre a carne de porco e os humanos desde
que seus pais se abstiveram da carne de porco." (119)
** (do latim: o espírito ou poder divino presidindo alguma coisa ou lugar.)

Os dois "Jesuses" que estão na praia quando os romanos


"pegam" os judeus no mar de "Tito" e Jesus, filho de
Saphat, são simplesmente o "Jesuses" finais dentro da sátira
outra vez. Todos os "Jesuses" encontrados após a
ressurreição são indivíduos diferentes. Como têm feito com
as várias "Marias Madalenas", os autores incluem detalhes
aparentemente irrelevantes em cada evangelho que tornam
logicamente impossível para qualquer um dos quatro
"Jesuses" encontrados após a "ressurreição" terem sido o
mesmo indivíduo.

Em Mateus, Jesus encontrando seus discípulos não ascende


aos céus, em vez disso diz aos seus seguidores, "Eu estarei
sempre com vocês". Em Marcos, no entanto, Jesus é
descrito como de ascendendo aos céus, assim como isso
está no Evangelho de Lucas. Embora essas duas estórias de
ascensão pareçam idênticas, na verdade, elas acontecem em
diferentes locais. Os autores revelam isso em uma
passagem anterior em Marcos (Marcos 14:28). Esta
passagem indica que Jesus se reunirá com seus discípulos
na Galileia, o que acontecerá, obviamente, alguns dias após
a sua ressurreição, enquanto que a ascensão em Lucas
ocorre apenas fora de Jerusalém no mesmo dia da
ressurreição. Finalmente, o Jesus em João encontra-se com
um número diferente de discípulos após a ressurreição, um
número diferente de vezes, e em um local diferente dos
locais dos outros três evangelhos.

Os autores dos Evangelhos projetaram sua criação para ser


francamente lógico. Sempre que dois eventos parecem se
contradizer, o leitor precisa reconhecer que está lendo
incorretamente. Isso quer dizer que ele ou ela está fazendo
uma suposição incorreta. Neste caso, a suposição incorreta
é que todos os "Jesuses" nos evangelhos são o mesmo
indivíduo. Simplesmente mudando essa suposição faz com
que os evangelhos se tornem "verdadeiros" - isto é, sem
contradição.

No entanto, quem os discípulos encontram nas conclusões


de Mateus, Marcos e Lucas, se não o Jesus que foi
crucificado? Assim como os autores identificam a quem
Maria Madalena, encontra, cuja tumba ela acha com a sua
pedra "rolada" - antes de ela se deparar com ele no escuro,
os autores já deram ao leitor essa informação. Os "Jesuses"
representados na conclusão dos Sinóticos são os três
"Jesuses" a quem Pilatos liberou anteriormente, Jesus
Barrabás.

Como o último golpe satírico do Novo Testamento, cada


Evangelho conclui com um indivíduo diferente como seu
Jesus. Claro, o Jesus final é o descrito em "João 21", o
último dos Evangelhos. Que Jesus é Tito, o "verdadeiro"
Filho de Deus a quem o cristianismo adora.
Eu suspeito que o rebanho de "Jesuses" vagando nas
conclusões dos quatro Evangelhos são uma sátira que
reflete o fato de que haviam numerosos indivíduos que
afirmavam ser o Messias durante esta época, um fato
registrado no Novo Testamento e "Guerra dos Judeus". Os
autores do Novo Testamento talvez estivessem fazendo
desse ponto mais uma sátira, uma vez que já existiam tantos
"Messias" ou "cristos", não havia razão para Tito não ser
um também.

Finalmente, uma questão que eu achei interessante é que se


os autores destinaram a "versão combinada" da visita à
tumba vazia para divulgar a revelação de que Jesus não
ressuscitou dos mortos, como uma afirmação filosófica que
defende a razão em detrimento de misticismos religiosos o
leitor deverá resolver essas contradições lógicas; se ele ou
ela falhar, a punição será acreditar em um falso deus.

É possível que os autores dos Evangelhos os tenham criado


como um tipo de ferramenta educacional disfarçada de
narrativa sobre Jesus. Os autores podem ter desejado que
seus leitores trabalhassem as várias contradições com
lógica, a fim de desenvolver sua capacidade de raciocínio e,
assim, serem capazes de pensar em escapar da superstição
religiosa. Eles podem ter desejado que os Evangelhos
fossem vistos pela posteridade como sua contribuição para
o desenvolvimento da razão.

CAPÍTULO 7

A nova Raiz e Ramos


Tendo mostrado os métodos que os romanos usavam para
satiricamente comunicar a história real de sua luta com os
judeus messiânicos. Agora posso apresentar o mais
complexo de seus trabalhos. O leitor vai reconhecer que já
toquei em muitas das passagens que compõem esta sátira.
Esses elementos separados foram projetados para serem
interligados para criar uma história intertextual maior.

Eu me refiro a esta sátira como a "nova raiz e ramo". É um


vasto dispositivo literário percorrendo os Evangelhos e três
de livros de Josefo. Porque se estende ao longo de vários
livros diferentes, é difícil descobrir, mas este dispositivo
literário não é incomum na literatura hebraica. É, por
exemplo, semelhante à maneira pela qual a saga de Abraão
continua no Livro de Samuel e no Livro dos Reis. Através
de um série de passagens distintas, uma personagem torna-
se associada com outra personagem por meio de atos ou
locais paralelos e por meios de linguagem similar.

O propósito desta sátira particular é documentar que a "raiz"


e "ramo" da linhagem messiânica judaica foram destruídos
e que uma linhagem romana foi "enxertada" em seu lugar.
Este satírico sistema realmente começa no Livro de
Malaquias, o último livro do Antigo Testamento. Malaquias
significa "meu mensageiro" em hebraico e foi usado como
um epíteto para o profeta Elias. Isso é porque na literatura
judaica foi previsto que o Messias seria precedido pelo
aparecimento de Elias, que atuaria como o mensageiro de
sua vinda.
"Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o
grande e terrível dia do Senhor;"

Malaquias 4:5

Esta passagem final no Livro de Malaquias prevê um


desastre iminente para os "ímpios", que os deixarão
destruídos pelo fogo e sem "raiz" nem "ramo".

"Porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha;


todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade,
serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará,
diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará
nem raiz nem ramo."

Malaquias 4:1

Josefo registra claramente que a primeira parte desta


profecia sobre o "mal" sendo "queimado", aconteceu
durante a guerra com os romanos. Ele também registra que
a segunda parte da profecia - que eles seriam deixados sem
"raiz" nem "ramo" - também foi cumprida durante a
campanha de Tito, embora não tão abertamente. Para
entender que os "maus", isto é, os rebeldes messiânicos,
deveriam ficar sem "raiz" ou "ramo", o leitor precisa
compreender talvez a sátira literária mais complexa já
escrita.

Como mencionado acima, "raiz" e "ramo" eram metáforas


judaicas usadas para denotar a linhagem messiânica. Por
exemplo, o "Genesis Florilegium" afirma:
". . . até o Messias da Justiça, do Ramo de Davi virá, porque
a ele e sua semente foi dada a Aliança do Reino do seu
povo. . ." (120)

Estas imagens de raiz e ramo messiânicas encontradas nos


Pergaminhos do Mar Morto são uma continuação de seu
uso pelo profeta Isaías a respeito da vinda do Messias, como
mostra a seguinte tradução de outro fragmento dos
Manuscritos:

. . . Isaías o Profeta ... os bosques da floresta serão


derrubados com um machado e o Líbano cairá por um
poderoso. Uma vara se levantará da raiz de Jessé, e os
brotos de suas raízes, o ramo de David, darão frutos. . .
(121)

Os autores do Novo Testamento continuam a com a


metáfora da raiz messiânica e do ramo, embora com uma
perspectiva totalmente diferente. Dentro do Novo
Testamento, a imagem da raiz e do ramo é apresentada no
contexto de sua transformação em uma linhagem diferente
- a linhagem do novo Messias. Os "ramos" são descritos
como "podados" ou "enxertados". Jesus prediz - ecoando o
Livro de Malaquias - que aqueles "ramos" que não
"habitam" no novo judaísmo que ele traz serão
"queimados".

"Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a


vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem."

João 15:6
Josefo baseia-se nas imagens das raízes e ramos no Novo
Testamento pelo estabelecimento de uma série de paralelos
relacionados. Como nós vimos tantas vezes, esses paralelos
contêm quebra-cabeças que revelam os nomes
das personagens "sem nome". E em todos os casos, o nome
da personagem é Eleazar. Minha interpretação dos
paralelos envolvendo Eleazar é que eles indicam que
Eleazar era o nome do indivíduo que os rebeldes
messiânicos consideravam como a "raiz" prevista pela
profecia judaica. A julgar pela sátira, esse indivíduo pode
atuar existem, e tem sido o líder espiritual da rebelião.

Como é o caso de todas as passagens tipológicas, a sátira de


raiz e ramo pode ser reconhecida pela determinação da
ordem temporal

em que seus eventos ocorrem, embora sejam descritos em


diferentes livros. Esta é a mesma técnica necessária para
resolver "o quebra-cabeça do túmulo vazio "acima, onde a
leitura tem que organizar os quatro textos de túmulos vazios
em ordem cronológica para compreender a estória
combinada que os textos criam. Josefo fornece ao leitor um
caminho claro para essa compreensão temporal.

As outras chaves para reconhecer a sátira são as mesmas


usadas em todo o Novo Testamento e "Guerra dos Judeus".
Estas são localizações paralelas e paralelos conceituais.
Além disso, alguns dos princípios das ciências romanas da
botânica e medicina homeopática são usadas na sátira "raiz
e ramo". A medicina romana

considerava que o que fez você doente, às vezes, poderia


curar-te. Por exemplo, um tratamento para uma picada de
escorpião era aplicar uma pasta de escorpião cru sobre a
ferida. A botânica romana considerava que introduzir
espécimes domesticados em uma colônia de plantas
silvestres, resultaria em uma planta híbrida defeituosa.

"Pedanius Dioscorides", médico-chefe e botânico que


acompanhou Vespasiano e Tito na Judéia, estava
familiarizado com esses dois princípios científicos. Eles são
elementos-chave na sátira "raiz e ramo".

Pedanius era justamente famoso por ser pioneiro no


primeiro uso documentado de anestesia e o primeiro uso
médico de terapia de choque elétrico (usando enguias
elétricas para gerar a corrente). Ele também escreveu um
livro-texto sobre botânica que se tornou a base para o
herbalismo moderno e identificou centenas de raízes de
plantas medicinais - "muitas raízes sadias", como ele disse
- que até então não eram conhecidas pela ciência médica.
Como um dos principais cientistas de Roma, Pedanius
certamente teria aconselhado Tito sobre o que Josefo chama
de "uso da ciência" (122) para expulsar demônios de
pessoas aparentemente insanas.

Um dos elementos da sátira raiz e ramo é a estranha planta


que Josefo chama de "arruda"; que tem a raiz de seu nome
derivado de "baaras". Essa raiz, baaras, tem o poder de
dissipar os demônios, definidos por Josefo como o "espírito
dos ímpios".

O fato de Josefo mencionar uma planta chamada arruda é


significativo, uma vez que a arruda é uma das plantas que
Pedanius estudou e sobre a qual escreveu em seu livro sobre
herbalismo, nele ele explica os perigos da arruda selvagem,
ou arruda da montanha, e os benefícios da arrumada
doméstica que crescia perto de figueiras e podia ser comida
com segurança.

A técnica de jardinagem de Pedanius é, essencialmente, o


cerne da estratégia de pacificação romana documentada na
sátira "raiz e ramo": os romanos tentaram "domesticar" os
judeus pela poda da raiz de sua maldade demoníaca, o
Messias Eleazar, e depois enxertando "Jesus" na raiz, que é
quem tem o poder de dissipar demônios.

Uma citação de Tito registrada pelo escritor cristão do


século IV "Sulpícius Severus" menciona sua compreensão
da importância da "raiz" para os judeus e cristãos.

Dizem que Tito primeiro convocou um conselho e


deliberou se ele deveria ou não destruir um templo tão
poderoso. O próprio Tito disse que a destruição do templo
era uma necessidade primordial para eliminar
completamente as religiões dos judeus e dos cristãos, pois
insistiam em que essas religiões, apesar de hostis entre si,
surgiram das mesmas fontes; os cristãos haviam crescido
dos judeus; se a raiz fosse destruída, a haste facilmente
pereceria (Christianos ex ludaeis exitisse radice sublata
stirpem facile perituram).

Para começar a análise, eu primeiro observaria os


elementos do Novo Testamento que são usados na sátira das
raízes e ramos. Esses conceitos são tão conhecidos que sinto
que é desnecessário incluir os textos relacionados e fornecer
apenas a seguinte lista.

Elementos de raiz e ramo no Novo Testamento:


1. A linhagem messiânica é descrita como "podada";

2. Há uma previsão de que a linhagem messiânica será


enxertada;

3. A captura de Jesus ocorre no Monte das Oliveiras;

4. Três são crucificados, mas um sobrevive;

5. José de Arimatéia tira o sobrevivente da cruz.

A análise continua apresentando cada uma das passagens


que compõem a sátira por sua vez.

A seguinte passagem acontece na fortaleza de Herodes. isto


ocorre antes do cerco de Jerusalém e conta a história de um
Eleazar que, como seu homônimo em Massada, comete
suicídio. Para esclarecimento, apresento a seguinte lista de
conceitos na passagem que são elementos da sátira maior.

Localização: Thecoe e Herodiana

1. Eleazar;
2. Campo inclinado em Thecoe;

3. Recusa de entrega;

4. Suicídio.

Também não demorou muito para que Simão voltasse


violentamente sobre seus país; quando ele armou seu
acampamento em uma certa aldeia chamada Thecoe, e
enviou Eleazar, um de seus companheiros, para aqueles que
mantiveram a guarnição em Herodiana, para persuadi-los a
entregar essa fortaleza a eles. A guarnição recebeu este
homem prontamente, enquanto eles não sabiam nada a fim
do que ele veio; mas assim que ele falou da rendição do
lugar, eles caíram sobre ele com suas espadas
desembainhadas, até que ele descobriu que não tinha como
escapar, quando ele se jogou da muralha para o vale abaixo;
então ele morreu imediatamente. ("Guerra", 4, 9,5)

A passagem seguinte também faz parte da sátira. O leitor


deve reconhecê-la como a passagem que analisei acima, o
que me levou a entender que o nome do Messias capturado
no Monte das Oliveiras era Eleazar. Um dos elementos que
torna a sátira "raiz e ramo" tão difícil de compreender é que
ela usa as soluções para outros quebra-cabeças como
componentes. Em outras palavras, um leitor deve primeiro
resolver o quebra-cabeça que revela que o "certo jovem"
capturado no Monte das Oliveiras era chamado Eleazar para
poder avançar e ver a estória ainda maior da qual o Eleazar
capturado faz parte. Para esclarecimento, apresento a
seguinte lista dos elementos da história que fazem parte da
sátira.

Localização: Monte das Oliveiras

1. Eleazar;

2. Pedanius (médico);

3. Pedanius suspende Eleazar por sua mão enquanto "leva-


o embora";

4. A captura ocorre no Monte das Oliveiras;

5. O fato de Eleazar ser condenado a ser "podado".

Muitos dos sediciosos foram tão pressionados pela fome. .


.que eles se juntaram e atacaram a aqueles guardas romanos
que estavam no Monte das Oliveiras ... Mas os romanos
foram informados de sua vinda para atacá-los de antemão
... e um cujo nome era Pedanius esporeando seu cavalo em
seu flanco com grande veemência, e pegou um certo jovem
pertencente ao inimigo por seu tornozelo, quando ele estava
fugindo; o homem tinha, no entanto, um corpo robusto e
estava com sua armadura; Pedanius se curvou abaixo de seu
cavalo, mesmo quando ele galopava, e tão grande era a
força de sua mão direita, e do resto de seu corpo, como
também tal habilidade ele tinha em equitação. Então este
homem se apoderou de sua presa, como de um tesouro
precioso, e levou-o como seu cativo para César ... e então
Tito admirou o homem que havia se apoderado do outro por
sua grande força, e ordenou que o homem que fora
capturado fosse "podado" por seu ataque contra a muralha
romana. (123)

A passagem seguinte é uma das mais importantes nas obras


de Josefo, porque nela ele registra seu paralelo com a
crucificação de Jesus no Novo Testamento. Ocorre após o
cerco de Jerusalém, mas antes da passagem que descreve a
captura e libertação de Eleazar em Maquero. Sua orientação
temporal em relação aos outros eventos na sátira "raiz e
ramo" é crucial, e para tornar isso mais difícil de ver, o
evento é registrado na autobiografia de Josefo e não em
"Guerra dos Judeus". No entanto, Josefo forneceu - para o
leitor atento - um caminho para a compreensão, quando sua
cena de crucificação ocorreu em relação aos outros eventos
da sátira. Ele fez isso com a declaração "Além disso,
quando a cidade de Jerusalém foi tomada à força, fui
enviado por Tito", o que indica que o evento ocorreu após
a captura do "certo jovem" no Monte das Oliveiras por
Pedanius, mas antes do cerco a Maquero, que ocorreu após
Tito ter deixado a Judéia.

Esse posicionamento relativo também é crucialmente


importante para a sequência paralela geral entre o
ministério de Jesus e a campanha de Tito. Em outras
palavras, como no Novo Testamento, o episódio "três são
crucificados, um sobrevive" ocorre após a captura do Monte
das Oliveiras, mas antes da condenação de Simão e a
preservação de João, que Tito foi informado por carta
depois que ele deixou Jerusalém. (124)

A lista a seguir contém os elementos usados na sátira da


"raiz e ramo" da passagem abaixo, descrevendo três judeus
que são crucificados e um que sobrevive em Thecoa.

Localização: Thecoa

1) Três são crucificados, mas um sobrevive;

2) Yussef bar Matthias retira o sobrevivente da cruz;

3) Campo inclinado em Thecoa;

4) Médico.

Além disso, quando a cidade de Jerusalém foi tomada à


força, eu fui enviado por Tito César para uma certa aldeia
chamada Thecoa, a fim de saber se era um lugar adequado
para um acampamento; quando eu voltei, vi muitos cativos
crucificados, e lembrei de três deles como meu antigo
conhecido. Eu lamentei muito isso em minha mente, e fui
com lágrimas nos olhos para Tito, e contei-lhe deles; então
ele imediatamente mandou serem descidos das cruzes, e ter
o maior cuidado com eles, para sua recuperação; mas dois
deles morreram sob os cuidados do médico, enquanto o
terceiro se recuperou. ("Vida de Josefo", 26)
Após o retorno de Tito a Roma, Josefo descreve um vale ao
lado da fortaleza Maquero aonde crescia uma "raiz mágica"
que poderia exorcizar demônios. A lista a seguir contém os
elementos dessa passagem que são usados na sátira.

Local: Baaras

1) Uma raiz que pode dissipar demônios;

2) O fato de que esta raiz deve ser pendurada na mão de seu


captor como ele "leva embora".

Agora, dentro deste lugar, crescia uma espécie de arruda


que merece nossa admiração por causa de sua grandeza,
pois não era inferior a qualquer figueira, seja em altura ou
em espessura; e o relatório é que existia desde os tempos de
Herodes, e provavelmente teria durado muito mais tempo,
se não tivesse sido abatido por aqueles judeus que tomaram
posse do lugar depois. Mas ainda naquele vale que engloba
a cidade no lado norte há um certo lugar chamado Baaras,
que produz uma raiz que tem o mesmo nome do lugar. Sua
cor é semelhante à da chama e, à noite, envia um certo raio
como um relâmpago. Não é facilmente tomada por alguém
que faça isso, mas se afasta de suas mãos, nem se renderá
para silenciosamente para ser tomada, até a urina de uma
mulher ou sangue de menstruação, ser derramado sobre ela;
ou melhor, mesmo assim a morte é certa para aqueles que a
tocam, a menos que alguém pegue e pendure a raiz abaixo
de sua mão, para assim levá-la embora. Pode também ser
tirada de outra maneira, sem perigo, isto é: cavando uma
valeta bem ao redor, até a parte oculta da raiz ser muito
pequena, em seguida, amarrar um cachorro nela, e quando
o cão se esforçar para seguir quem o amarrou, esta raiz é
facilmente arrancada, mas o cachorro morre imediatamente,
em vez do homem que iria tirar a planta; depois não é
preciso que alguém tenha medo de levá-la em suas mãos.
Agora, afinal de contas estas dificuldades para obtê-la, só
tem valor devido a uma virtude que, se for apenas levada à
pessoa doente, rapidamente afastará aqueles chamados
demônios, que não são senão os espíritos dos ímpios que
entram nos homens que estão vivos e os matam, a menos
que possam obter algum ajuda contra eles. (125)

RETIRADA DA RAIZ DE BAARAS COM UM CÃO


Imediatamente após a descrição da raiz mágica, Josefo
descreve outro incidente envolvendo um Eleazar em uma
das fortalezas herodianas, Maquero.

Os seguintes elementos da passagem são parte da sátira.

Localidade: Maquero

1. Fortaleza herodiana;

2. Eleazar;

3. O fato de que Eleazar é levado em sua armadura;

4. O fato de que Eleazar sobrevive à sua crucificação.

Agora, uma certa pessoa pertencente ao acampamento


romano, cujo nome era Rufus, de origem egípcia, correu
sobre ele de repente, quando ninguém esperava tal coisa, e
o carregou. fora, com sua própria armadura; enquanto,
nesse meio tempo, aqueles que o viram da muralha estavam
sob tal espanto, que Rufus impediu sua ajuda e levou
Eleazar para o acampamento romano. Então o general dos
romanos ordenou que ele deveria ser levado nu, a um local
à frente da cidade para que fosse dolorosamente chicoteado
diante de seus olhos. Devido este triste incidente que se
abateu sobre o jovem, os judeus estavam terrivelmente
confusos, e a cidade, com uma só voz, lamentou por ele, e
o luto por uma única pessoa provou ser maior do que
poderia supor-se, mesmo sobre a calamidade. (126)

Quando Bassus percebeu isso, ele começou a pensar em


usar um estratagema contra o inimigo, e desejava agravar
sua dor, a fim de prevalecer com eles a rendição da cidade
pela preservação daquele homem. Nem ele falhou em sua
esperança; porque ele ordenou que eles colocassem uma
cruz, como se ele fosse enforcar Eleazar sobre ela
imediatamente; a visão disso causou uma dolorosa dor entre
os que estavam na cidadela, e eles gemeram com
veemência, e gritaram que não podiam suportar vê-lo assim
destruído. Ao que Eleazar rogou-lhes que não o
desconsiderassem, agora ele sofreria a morte mais
miserável e exortava-os a se salvarem, cedendo ao poder e
boa fortuna romanos, já que agora conquistavam todas as
outras pessoas. Estes homens ficaram muito comovidos
com o que ele disse, havendo também muitos dentro da
cidade que intercediam por ele, porque ele era de uma
família eminente e muito numerosa; então eles agora
cederam à sua paixão de comiseração, contrariando seu
costume habitual. Assim, eles enviaram imediatamente
certos mensageiros e trataram com os romanos, a fim de
entregar a cidadela a eles, e desejaram que eles pudessem ir
embora, e tomar Eleazar junto com eles. Então os romanos
e seu general aceitaram esses termos. . . Bassus achou que
devia cumprir o convênio que fizera com os que haviam se
rendido, deixou-os ir e restaurou Eleazar a eles.

A famosa representação do cerco de Massada também faz


parte desse tema satírico. Seus elementos são:

Localização: Massada
1. Fortaleza herodiana;

2. Eleazar;

3. Não se render leva ao suicídio.

Esta fortaleza era chamada Massada. Eleazar, era um


homem potente, e o comandante destes Sicarii que haviam
tomado o local. Ele era um descendente daquele Judas que
tinha persuadido a muitos dos judeus, como havíamos
relatado anteriormente, para que não se submetessem à
tributação quando Cyrenius havia sido enviado para a
Judéia para fazê-la. (7,8,1)

Finalmente, Josefo registra sua última história sobre


"Eleazar"; Desta vez ele está localizado em Roma. Podemos
estar certos de que o evento ocorreu em Roma, porque
Josefo afirma que o evento ocorreu na presença dos filhos
de Vespasiano - observe o plural. Como Domiciano não
viajou para a Judéia, este fato estabelece que o evento
ocorreu depois que Tito retornou a Roma. Na passagem,
Eleazar está usando uma raiz mágica para exorcizar os
demônios dos cativos. Seus elementos dentro da sátira são

Localização: Roma

1. Eleazar;

2. Raiz Mágica;
3. Demônios não podem passar pela água.

"... pois eu vi um certo homem do meu próprio país, cujo


nome era Eleazar, libertando pessoas que eram demoníacas
na presença de Vespasiano e seus filhos e seus capitães e
toda a multidão de seus soldados. A maneira da cura foi
esta: Ele colocou um anel que tinha uma raiz de um
daqueles tipos mencionados por Salomão nas narinas do
endemoninhado, após o que ele tirou o demônio através de
suas narinas. . . E quando Eleazar persuadiu e demonstrou
aos espectadores que ele tinha tal poder, ele colocou-se um
pouco distante de um vaso ou bacia cheia de água, e
comandou o demônio, para derrubá-lo quando ele saiu do
homem, para desse modo, fazer os espectadores saberem
que ele havia deixado o homem." (127)

Para começar a interpretação da sátira das raízes e dos


ramos, eu observaria que todas as passagens acima
envolvem um personagem chamado "Eleazar". Nas
passagens que ocorrem em Herodiano, Maquero, Massada
e Roma, Josefo nomeia o personagem abertamente. No caso
do "jovem" que foi "levado" no Monte das Oliveiras, já
mostrei o enigma que leva a essa conclusão. O homem
crucificado que sobreviveu em Thecoa e a "raiz mágica" de
Baaras também fazem parte do sistema satírico referente a
Eleazar. Este é um exemplo do mesmo motivo que eu
discuti anteriormente sobre os vários "Simãos" e "Marias".
Em outras palavras, todos os "Eleazares" são parte de um
único elemento satírico.

As passagens trabalham juntas para criar uma história


descrevendo a captura romana da raiz messiânica dos
judeus - Eleazar - e depois sua "poda" para transformá-lo
em Jesus, o Messias pró-romano, destruidor de demônios.
O paralelo que indica que Eleazar é a "raiz" é bastante
evidente. O leitor deve recordar o método pelo qual Josefo
declara que alguém pode "capturar" a raiz mágica "baaras"
- isto é, o "Filho" - sem se matar: "... é a morte certa para
aqueles que a tocam, a menos que alguém pegue e pendure
a própria raiz em sua mão, e assim levá-la embora. "

Ilustração grega da retirada com o cão, transporte e uso da Raiz Baaras

Este é o método preciso e implausível usado por Pedanius


para capturar Eleazar no Monte das Oliveiras: "... tão baixo
Pedanius se dobra para baixo de seu cavalo ... e tão grande
era a força de sua mão direita ... Então este homem
apoderou-se de que sua presa, como um tesouro precioso, e
levou-o como seu cativo até César". Observe a linguagem
paralela "para baixo", "mão" e "levou-o (levá-la)".
Assim como a sua representação da "raiz mágica", a
descrição absurda da captura do "certo jovem" no Monte
das Oliveiras estende a credulidade. Esse artifício literário
alerta o leitor de que os contos não são uma história literal
e que, portanto, ele deve procurar outro tipo de significado.
Nesse caso, os métodos paralelos pelos quais eles são
capturados identificam, metaforicamente, que Eleazar é,
como as "baaras", uma "raiz" perigosa. Essa identificação
também é facilitada pelo nome da raiz - baaras - que
significa "filho". Além disso, a captura satírica de Pedanius
do Messias judeu, que é a "raiz" dos rebeldes messiânicos,
contribui para o tema satírico geral e para a sagacidade.
Porque Pedanius era o mais renomado especialista em
raízes de Romanos, ele teria sido, é claro, o escolhido para
lidar com algo perigoso.

O significado do conto da "raiz mágica" de baaras dentro da


sátira de raiz e ramo também é fácil de entender. Ele
documenta a existência de uma "raiz" metafórica que tinha
o poder de remover os demônios - obviamente o Jesus do
Novo Testamento, o único indivíduo na história com tal
poder. Os romanos enxertariam essa "raiz" dissipadora de
demônios em Eleazar uma vez que eles o tivessem
"podado", transformando assim a "raiz" que infectara tantos
com um espírito demoníaco em um que tivesse o poder de
remover os demônios.

Paralelos também indicam que o indivíduo que sobreviveu


à sua crucificação em Thecoa foi o Messias. Esse indivíduo
teria sido um "Cristo" porque, como seu "tipo" no Novo
Testamento, ele era o único sobrevivente entre os três
homens crucificados. Os dois devem estar entre os poucos
indivíduos na história que sobreviveram a uma
crucificação.

Além disso, um "José de Arimathea" providenciou que


ambos os sobreviventes fossem retirados da cruz. Isto é para
mostrar que os sobrenomes dos dois "Josefos" - "Josefo Bar
Matthias" e "José de Arimathea" - são homofonicamente
semelhantes. "Arimathea" é uma peça óbvia no sobrenome
de Josefo, "Bar Matthias", que é bastante semelhante ao
trocadilho "Iscariotes / Sicarii" mencionado acima. O
Evangelho de Barnabé, um evangelho não-canônico da
idade média, não se incomoda com este jogo de palavras e
afirma que o nome do indivíduo que levou Jesus da cruz foi
"José de Barimatéia". "José de Arimathea "também é
identificado como o" tipo "de Josefo bar Matthias pela
descrição de sua função - "senador".

"E eis que um homem por nome José, "senador", homem de


bem e justo,

Que não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros,


de Arimatéia, cidade dos judeus, e que também esperava o
reino de Deus;"

Lucas 23:50,51

O indivíduo que sobreviveu à sua crucificação em Thecoa


também é ligado ao Eleazar capturado no Monte das
Oliveiras pelo médico Pedanius o qual Josefo afirma que
era um médico que o restaurou à vida. Pedanius era o
médico que acompanhava Tito à Judéia e, portanto, teria
sido o médico em Thecoa. Finalmente, o Eleazar que
cometeu suicídio na fortaleza Herodiana tinha acampado
em Thecoa anteriormente e, assim, respondeu à pergunta
que Josefo perguntou se Thecoa era um "lugar adequado
para acampar".

O nome do lugar onde a crucificação ocorreu - Thecoa -


também faz parte do sistema satírico. Thecoa, ou Theo
Coeus, é o nome do deus romano do intelecto questionador.

Theo Coeus

O ponto que está sendo feito aqui é que o irracional Messias


judeu foi levado á presença "de um intelecto discernente ou
questionador". Lá estava ele, como ordenou Tito, "podado"
e, como Paulo descreveu, "enxertado em" com uma nova
"raiz" e foi assim transformado em um Messias considerado
racional pelos romanos.

Sabendo que a "raiz mágica" foi nomeada Eleazar, como foi


o homem que sobreviveu à sua crucificação em Thecoa, e
conhecendo a sequência temporal com a qual esses eventos
ocorreram, permite ao leitor perceber a sátira que todas as
passagens trabalham juntas para criar.

O Eleazar capturado por Pedanius no Monte das Oliveiras


é levado para Thecoa, onde ele é "pendurado em uma
árvore" - que é ser crucificado - e, como Tito ordenou,
"podado". O botânico e médico Pedanius então enxerta a
raiz mágica de baaras nele. Este processo transforma
Eleazar de uma "raiz" que faz com que os judeus sejam
possuídos por um espírito demoníaco na "raiz" que dissipa
os demônios. Eleazar se tornou Jesus.

Uma vez que este Eleazar foi satiricamente podado e


enxertado em Thecoa, ele é "devolvido" aos judeus em
Maquero. Dessa forma, os romanos introduzem uma planta
"domada", ou domesticada, em um campo de plantas
silvestres para diminuir a selvageria das gerações
posteriores. É digno de nota o fato de que, neste ponto, a
sátira leva a história de Jesus para além do enredo dos
Evangelhos e começa a descrever a implementação do
cristianismo pelos romanos. Esta introdução satírica do
"Jesus" domesticado ocorre na passagem que
imediatamente segue a descrição da "raiz mágica". Naquela
passagem, o general romano Bassus procura fazer com que
os judeus dentro da fortaleza herodiana Maquero se
rendam, ameaçando crucificar Eleazar na frente deles.
Aqueles judeus que "aceitam estes termos" têm permissão
para sobreviver e Bassus então restaura "Eleazar" -
obviamente, os "Eleazares" "levados" no Monte das
Oliveiras e tratados pelo médico em Thecoa - e eles seguem
seu caminho. Em outras palavras, aqueles judeus que
aceitam o Messias domado e suas doutrinas pró-romanas
são autorizados a viver.
Em Massada, no entanto, outro Eleazar, um paralelo ao
Eleazar na fortaleza Herodiana, se recusa a render-se e
comete suicídio. A questão é que a recusa em render-se e
aceitar o novo judaísmo equivale ao suicídio. Com esta
morte de Eleazar, Josefo também está encerrando a "raiz" e
o "ramo" da linhagem dos Macabeus, de modo que não
competirá contra a linhagem messiânica "domesticada"
recém-estabelecida por Roma.

Josefo conclui a sátira "raiz e ramo" com a descrição de


outro Eleazar, aquele que realiza exorcismos em Roma.
Este Eleazar usa a "raiz mágica" para tirar os demônios dos
cativos, indicando claramente os judeus messiânicos
capturados. Esta imagem representa uma vitória completa
para a abordagem "homeopática" romana do problema da
"raiz" messiânica que fez com que os judeus fossem
possuídos por "demônios". A "raiz" que fez com que os
rebeldes judeus fossem infectados foi domesticada por
Pedanius e pode agora ser usada para curá-los da doença
que provocou. Esta imagem é tanto o cumprimento da
profecia de Malaquias - que prevê que os ímpios serão
deixados sem "ramo" ou "raiz" - e a conclusão da sátira que
começou no Novo Testamento referente à "raiz".

Além disso, a passagem conclui o tema cômico em relação


à incapacidade dos demônios de atravessar a água, que
começou com a passagem anterior, dos demônios de
Gadara e termina aqui com o espírito demoníaco
derrubando a bacia cheia de água, uma vez que deixa os
prisioneiros. Esses prisioneiros eram os 2.000 rebeldes que
foram capturados em Gadara. Sendo possuídos por
demônios, não podiam passar pela água e, portanto, não se
afogavam. Quando o demônio os deixa, conclui a sátira
derrubando a bacia de água.

A passagem é também a última representação de Josefo do


Cristo "domesticado" que os romanos criaram e nos fornece
sua visão de seu futuro. Ele está em Roma, trabalhando para
a família imperial, acalmando os rebeldes, assim como tem
sido nos últimos 2.000 anos.

CAPÍTULO 8

Até que tudo seja cumprido

Mostrei que os elementos do ministério de Jesus, quando


vistos como um todo, podem ser vistos como um esboço
profético da campanha militar de Tito através da Judéia. De
fato, o Novo Testamento e a Guerra dos Judeus criam uma
série de outras "profecias e realizações" que podem ser
vistas como parte deste sistema satírico. Muitas das
profecias escatológicas ou apocalípticas de Jesus são
apresentadas em Mateus 21 a 25.

Vou começar a análise da relação entre as profecias do dia


do juízo final do Novo Testamento e a campanha de Tito
citando primeiro uma passagem de "Guerra dos Judeus". A
passagem contém um número de paralelos com o Novo
Testamento que são historicamente famosos, bem como
uma das duas sátiras do Jesus do Novo Testamento, que são
organizados como suportes de livros em torno da descrição
de Josefo da destruição do templo. O outro desses dois
"suportes de livros" é a passagem que descreve o filho de
Maria, cuja carne foi comida, que já discuti anteriormente.
Porque Jesus usou o "templo" como uma auto-designação,
e comparou sua destruição à destruição de um templo,
justapor essas duas sátiras com a destruição do templo foi
audacioso.

As duas sátiras de Jesus literalmente "tocam" o capítulo


que descreve a destruição do templo. Na tradução de
Whiston de "Guerra dos Judeus", que cito ao longo deste
trabalho, há apenas onze páginas de texto entre a passagem
do "Filho de Maria cuja carne foi comida" e a passagem que
contém o personagem ao qual me refiro abaixo como "Jesus
lunático" Este Jesus lunático, que é uma clara sátira do
Jesus do Novo Testamento, foi ele mesmo registrado por
Josefo como um dos "sinais" que precederam a destruição
do templo.

Os sinais registrados por Josefo como tendo precedido a


destruição de Jerusalém fizeram com que muitos eruditos
da igreja primitiva acreditassem que os sinais que Jesus
previra em Mateus 24 e 25 haviam se passado. Os paralelos
que existem entre as listas de sinais de Jesus e Josefo são
conhecidos desde o início do cristianismo. Como Hipólito
escreveu (por volta de 200 EC):

"O que então? Não são essas coisas que acontecem? Não
são as coisas anunciadas por ti cumpridas? Não foi o seu
país, a Judéia desolada? Não foi o santo dos santos
queimado com fogo? Não foram suas muralhas derrubadas?
Suas cidades não foram destruídas? Estranhos não
devoraram sua terra? Os romanos não estão a governar o
país?"
Os paralelos entre as duas listas de sinais parecem exatos
demais para terem ocorrido por acaso. Eu discordo, no
entanto, com a crença de Hipólito de que eles eram o
resultado de causas sobrenaturais. Gostaria de salientar que
sempre que dois documentos têm similaridades exatas
demais para terem sido causadas pelo acaso, a parcimônia
exige que a primeira teoria a ser explorada seja a de que os
dois trabalhos emanaram da mesma fonte. Essa é a teoria
mais simples e deve ser mantida até que outra explicação
seja mais plausível. Em qualquer caso, as seguintes
passagens de "Guerra dos Judeus" e do Novo Testamento
são o exemplo, por excelência, da relação que tantos
eruditos da igreja têm notado entre essas duas obras. O que
Jesus predisse, Josefo registrou como tendo ocorrido.

UMA GRANDE AFLIÇÃO CAIU SOBRE OS JUDEUS


COM A PROFANAÇÃO DO SANTO DOS SANTOS,
CONFORME UM FALSO PROFETA E OS SINAIS QUE
PRECEDERAM ESTE DESTRUIÇÃO. Enquanto o santo
dos santos estava em chamas, cada coisa ao alcance das
mãos foi saqueada, e dez mil daqueles que foram apanhados
foram mortos; não havia nenhuma comiseração sobre
qualquer idade, ou qualquer reverência de gravidade, mas
sim crianças, e velhos, profanos e sacerdotes eram todos
mortos da mesma maneira; de modo que esta guerra atingiu
a todos os tipos de pessoas, e os levou à destruição, tanto
a aqueles que suplicaram por suas vidas, bem como
aqueles que se defenderam lutando. As chamas também
percorreram um longo caminho, e fizeram eco, juntamente
com o gemidos daqueles que foram mortos; e porque essa
colina era alta, e as edificações do templo eram muito
grandes, qualquer um teria pensado que toda a cidade
estava em chamas. Não se podia imaginar qualquer coisa
maior ou mais terrível do que esse barulho; pois havia ao
mesmo tempo os gritos das legiões romanas, que estavam
marchando juntas e o triste clamor dos sediciosos, que
agora estavam cercados por fogo e espada. As pessoas que
eram deixadas para trás eram espancadas pelo inimigo, e
sob grande consternação, emitiam gemidos tristes pela
calamidade em que se encontravam; a multidão que
também estava na cidade se juntou neste clamor
com aqueles que estavam no monte. E além disso, muitos
daqueles que estavam desgastados ao longo do tempo pela
fome e com suas bocas quase fechadas, quando viram o
fogo da casa sagrada, eles empregaram sua maior força e
soltaram seus lamentos dolorosos e clamores de novo:
"Pera" (17) também retornou o eco, assim como as
montanhas ao redor [da cidade], e aumentou a força de todo
o barulho. No entanto, a miséria em si era mais terrível que
essa desordem; pois ninguém pensaria que a colina em si,
na qual o templo se achava, estava fervendo de calor, tão
cheia de fogo em toda parte, pois o sangue era em maior
quantidade do que o fogo, e aqueles que foram mortos eram
em maior número do que aqueles que o fogo os matara;
porque não se via o chão sobre os cadáveres que jaziam
sobre ele; mas os soldados correram sobre esses montes
corpos, como os que corriam deles. E aí foi que a multidão
dos ladrões foi lançada [do pátio interno do templo pelos
romanos,] e houve muitos que ingressaram no pátio
exterior, e dali para a cidade, enquanto o restante da
população fugiu para os claustros daquele pátio exterior.
Quanto aos sacerdotes, alguns deles arrancaram os
espigões do santo dos santos (18) que ficavam sobre ele,
com suas bases, que eram feitas de chumbo, e lançaram-
nos sobre os romanos como dardos. Mas então como
eles não lograram nada fazendo assim, e quando o fogo
irrompeu sobre eles se retiraram para a muralha que tinha
oito côvados e ali se permaneceram; ainda assim, dois
desses eminentes entre eles, que poderiam ter se salvado
indo para os romanos, ou ter resistido com coragem,
e tentado a sorte com os outros, se lançaram no fogo e foram
queimados juntamente com a casa santa; seus nomes eram
Meirus o filho de Belgas, e Josefo o filho de Daleus.

E agora os romanos, julgando que seria em vão poupar o


que havia em volta do santo dos santos, queimaram todos
aqueles lugares, como também os restos dos claustros e dos
portões, exceto dois; o do lado leste, e o outro do lado sul;
ambos os quais, no entanto, eles queimaram depois. Eles
também queimaram as câmaras do tesouro, nas quais havia
uma imensa quantidade de dinheiro e um imenso número
de vestes e outros bens preciosos ali depositados; e para
falar tudo em poucas palavras, era lá que todas as riquezas
dos judeus foram armazenadas juntos, enquanto as pessoas
ricas construíam outras câmaras [para conter tais bens]. Os
soldados também foram ao resto dos claustros que ficavam
no exterior [pátio] do templo, para onde fugiram as
mulheres e as crianças, e uma grande multidão de ladrões
misturada com o povo, em número de seis mil. Mas antes
do César ter determinado alguma coisa sobre essas pessoas,
ou dado aos comandantes quaisquer ordens relacionadas a
eles, os soldados estavam com tanta raiva que atearam fogo
a esse claustro; por isso aconteceu que alguns se
mataram atirando-se e outros foram queimados nos
próprios claustros. Nenhum deles escapou com vida. Um
falso profeta (19) pela ocasião dessa destruição e morte
dessas pessoas, havia feito uma proclamação pública na
cidade naquele mesmo dia, que Deus ordenou-lhes que
subissem ao templo e que lá eles iriam receber sinais
miraculosos de sua libertação. Nessa época havia então um
grande número de falsos profetas, subornados pelos tiranos
para enganar às pessoas, que fora anunciado a eles, para que
esperassem a libertação de Deus; e isso foi feito para
impedi-los de desistir, para que eles superassem o medo e
mantivessem a esperança. Agora, para um homem que está
na adversidade é fácil acreditar em tais promessas; assim
quando tal sedutor faz com que ele acredite que ele será
libertado daquelas misérias que o oprimem, então este
pacientemente se enche de esperanças em tal libertação.

Assim foram as pessoas miseráveis persuadidas por


estes enganadores, e tal como desmentiu o próprio Deus;
enquanto eles os impediram de perceber ou dar crédito aos
sinais que eram tão evidentes, e assim claramente preverem
sua futura desolação, mas, como homens apaixonados, sem
olhos para ver ou mentes para ponderar, não consideraram
as denúncias que Deus fez para eles. Pois, havia lá uma
estrela parecida com uma espada, que estava sobre a cidade,
e um cometa, que permaneceu durante todo o ano. Assim
também antes da rebelião dos judeus, e antes
daquelas comoções que precederam a guerra, quando as
pessoas vieram em grandes multidões para a festa dos pães
ázimos (sem fermento), no oitavo dia do mês Xanthicus
[Nisan], e na nona hora da noite, uma luz tão forte
brilhou ao redor do altar e santo dos santos, que parecia ser
uma hora brilhante do dia; que durou meia hora. Esta luz
parecia ser um bom sinal para o inábil, mas foi interpretado
pelos escribas sagrados, como para pressagiar esses
eventos que se seguiram imediatamente após. No mesmo
festival também, uma ovelha, quando era ela conduzida
pelo sumo sacerdote para ser sacrificada, pariu um cordeiro
no meio do templo. Além disso, o portão oriental do pátio
interior do templo, que era de latão, e muito pesado, e com
dificuldade era fechado por vinte homens, e repousava
sobre uma base armada com ferro, e tinha parafusos presos
muito fundo no chão firme, que era feito de uma pedra
inteira, foi visto como sendo aberto por conta própria na
sexta hora da noite. Nessa hora aqueles que vigiavam o
templo foram correndo para o capitão do templo e contaram
sobre isso; quem então subiu para lá, sem grande
dificuldade foi capaz de fechar o portão novamente. Isso
também pareceu aos comuns ser um prodígio muito
auspicioso, como se Deus abrisse assim para eles o portão
da boa ventura. Mas os homens de saber entenderam que a
segurança da sua casa sagrada fora dissolvida por conta
própria e que a porta fora aberta para o proveito de seus
inimigos. Então, estes declararam publicamente que os
sinais previam a desolação que estava vindo sobre eles.
Além disto, alguns dias depois daquela festa, pelo vigésimo
dia do mês Artemisius [lyar], um certo fenômeno
prodigioso e incrível surgiu: Suponho que o relato disso
pareça ser uma fábula, se não fosse relatado por aqueles que
o viram, e não fossem os eventos que se seguiram de uma
natureza tão considerável que merecessem sinais; pois,
antes do pôr do sol, carros e tropas de soldados em suas
armaduras eram vistos correndo por entre as nuvens
nos arredores da cidade. Além disso, naquela festa que
chamamos de Pentecostes, como os sacerdotes estavam
indo à noite no [pátio] interior do templo, como era seu
costume, para realizar suas ministrações sagradas, eles
disseram que, em primeiro lugar, eles sentiram um tremor,
e ouviram um grande barulho, e depois disso ouviram um
som como de uma grande multidão, dizendo: "Deixe-nos
sair daqui".
Neste ponto da passagem Josefo começa sua descrição do
personagem a que me refiro como o Jesus lunático.

"Mas, o que é ainda mais terrível, havia um Jesus, o filho


de Ananus, um lavrador plebeu, que, quatro anos antes do
início da guerra e numa época em que a cidade vivia em
uma grande paz e prosperidade, chegou àquela festa onde é
nosso costume para cada um erguer tabernáculos a Deus no
templo, começou de repente a lamentar em voz alta:
"Uma voz do leste, uma voz do oeste, uma voz dos quatro
ventos, uma voz contra Jerusalém e o santo dos santos,
uma voz contra os noivos e as noivas, e uma voz contra todo
este povo! "Esta foi a sua lamentação, de dia e de noite, em
todas as vias da cidade. No entanto, alguns dos mais
eminentes entre a população sentiam grande indignação
com este sua terrível lamentação, e pegaram o homem, e
deram-lhe um grande número de severas chibatadas;
mesmo assim ele não disse qualquer coisa em sua defesa,
ou qualquer coisa contra aqueles que o castigaram, porém
ainda continuou com gritando as mesmas palavras como
antes. Então nossos governantes, supondo, como o caso
provou ser, que isso era uma espécie de fúria divina no
homem, levaram-no ao procurador romano, onde foi
chicoteado até que seus ossos fossem expostos; ainda
assim ele não fez nenhuma súplica por si mesmo, nem
derramou lágrimas, mas tornando o tom de voz ainda mais
triste possível, a cada golpe do chicote, sua resposta era:
"Ai! ai de Jerusalém! "E quando Albinus [pois ele era então
nosso procurador] perguntou-lhe quem era ele? e de onde
ele viera?
e por que ele pronunciava tais palavras? ele de maneira
nehuma respondeu ao que lhe perguntaram, mas ainda
assim não deixou de lado sua lamentação, até que Albinus
considerou-o louco, e o dispensou. Depois, durante todo o
tempo que se passou antes da guerra começar, este homem
não mais se aproximou de nenhum dos cidadãos, nem foi
visto por eles enquanto ele dizia isso; mas ele todo
dia pronunciava estas palavras de lamentação, como se
fossem seu juramento premeditado: "Ai, ai de Jerusalém!"
Nem ele blasfemava contra qualquer um daqueles que o
espancavam todos os dias, nem bendizia aqueles que lhe
davam comida; mas esta era a sua resposta para todos os
homens, e na verdade não era senão um presságio
melancólico do que estava por vir. Esse seu grito foi mais
alto nos dias de festivais; e ele continuou essa lamentação
por sete anos e cinco meses, sem ficar rouco, ou ficar
cansado com isso, até o exato momento em que ele viu seu
presságio cumprido com nosso cerco, quando então ele
cessou; pois quando ele andava ao redor da muralha, ele
gritou com sua força máxima, "Ai, ai da cidade outra vez, e
para o povo, e para o santo dos santos! "E assim como ele
acrescentou no final, "Ai, ai de mim também!" veio então
uma pedra de uma das catapultas, que o atingiu e matou-o
imediatamente; e proferindo os mesmos presságios ele
entregou seu espírito."

Agora, se alguém considerar essas coisas, ele descobrirá


que Deus cuida da humanidade e, de todas as formas
possíveis, mostra à nossa raça o que é sua preservação;
mesmo assim os homens perecem por aquelas misérias que
eles loucamente e voluntariamente trazem sobre si mesmos;
para os judeus, demolindo a torre de Antônia, construíram
seu templo solidamente estruturado, enquanto ao mesmo
tempo eles haviam escrito em seus sagrados oráculos, "Que
então deve ser de sua cidade, bem como do santo dos
santos, quando seu templo se torne sólido e estruturado ".
Porém, o que mais os levou a empreender esta guerra, foi
um oráculo ambíguo que fora também encontrado em seus
escritos sagrados, como "sobre esse tempo, um de seu país
deve se tornar governador da terra habitável. "Os judeus não
souberam determinar sobre quem falava esta previsão em
particular, e muitos dos sábios se enganaram em sua
interpretação. Agora esse oráculo certamente denotava o
governo de Vespasiano, que fora nomeado imperador na
Judéia. No entanto, não é possível para os homens evitar o
destino, embora eles o vejam de antemão. Mas estes
homens interpretaram alguns desses sinais de acordo
com seu bel prazer, e alguns deles eles os desprezaram
totalmente, até que sua loucura foi demonstrada, tanto pela
tomada de sua cidade como a sua própria destruição. (128)

Em Mateus 24 e 25, Jesus expressa o que tem sido chamado


de sua visão escatológica ou apocalíptica. De fato, a
passagem inteira parece não ser outra coisa senão uma
"profecia" de eventos e detalhes que ocorreram durante a
destruição de Jerusalém por Tito, de tudo o que pode ser
encontrado na passagem de Josefo acima, que descreve esse
evento.

As passagens relacionadas do Novo Testamento seguem


com os pontos de discussão em vermelho. A passagem
contém, como o próprio Jesus descreve, os sinais que
indicam que o "Filho do Homem" veio para destruir
Jerusalém.

E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele


os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo.
Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade
vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja
derrubada.
E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se
a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos,
quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e
do fim do mundo?
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que
ninguém vos engane;
Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o
Cristo; e enganarão a muitos.
E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não
vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas
ainda não é o fim.
Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra
reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários
lugares.
Mas todas estas coisas são o princípio de dores.
Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e
matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa
do meu nome.
Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns
aos outros, e uns aos outros se odiarão.
E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.
E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos
esfriará.
Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo.
E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo,
em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.
Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de
que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê,
entenda;
Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes;
E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma
coisa de sua casa;
E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas
vestes.
Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias!
E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem
no sábado;
Porque haverá então grande aflição, como nunca houve
desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de
haver.
E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne
se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados
aqueles dias.
Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou
ali, não lhe deis crédito;
Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão
grandes sinais e prodígios que, se possível fora, enganariam
até os escolhidos.
Eis que eu vos tenho predito.
Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não
saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.
Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra
até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do
homem.
Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias.
E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e
a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as
potências dos céus serão abaladas.
Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas
as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem,
vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.
E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os
quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos,
de uma à outra extremidade dos céus.
Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus
ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está
próximo o verão.
Igualmente, quando virdes todas estas coisas, sabei que ele
está próximo, às portas.
Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que
todas estas coisas aconteçam.
O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de
passar.
Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu,
mas unicamente meu Pai.
E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do
Filho do homem.
Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio,
comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até
ao dia em que Noé entrou na arca,
E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a
todos, assim será também a vinda do Filho do homem.
Então, estando dois no campo, será levado um, e deixado o
outro;
Estando duas moendo no moinho, será levada uma, e
deixada outra.
Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso
Senhor.
Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que
vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria
minar a sua casa.
Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do
homem há de vir à hora em que não penseis.
Mateus 24:1-44

Eu dividi minha análise das passagens acima em


várias partes. Vou primeiro focar os paralelos entre o Jesus
lunático de Josefo e o Jesus do Novo Testamento. Existem
numerosos paralelos entre o Jesus escatológico de Mateus
24 e 25 e o Jesus tragicômico descrito na passagem de
Josefo, a quem me refiro como o Jesus lunático. Eu acredito
que Josefo intencionalmente cria uma sátira do Jesus do
Novo Testamento por ter o Jesus lunático compartilhado
suas palavras, frases, ideias e experiências - e, obviamente,
compartilhada a forma de seu nome. Eles são paralelos em
um outro importante caminho. Cada um dá uma lista de
"sinais" que predizem a iminente desgraça. Essas listas
incluem um número de frases e conceitos idênticos.

Por exemplo, o Jesus do Novo Testamento afirma:

"Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra


até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do
homem."

Mateus 24:27

"E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta,


os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro
ventos, de uma à outra extremidade dos céus."

Mateus 24:31

"Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que,


tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo."
Mateus 25:1

O Jesus lunático também fala de "leste" e "oeste", "os


quatro ventos "e" damas de honra" e "noivos". Observe que
a linguagem é usada na mesma sequência em ambos os
trabalhos:

. . . começou de repente a lamentar em voz alta: "Uma voz


do leste,
uma voz do oeste, uma voz dos quatro ventos, uma
voz contra Jerusalém e o santo dos santos, uma voz contra
os noivos e as noivas, e uma voz contra este todas
as pessoas!"

O Jesus lunático prediz claramente a destruição do


templo quando ele diz "uma voz contra o santo dos santos".
O Novo Testamento de Jesus faz a mesma previsão.

"E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele


os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo.
Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade
vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja
derrubada."

Mateus 24:1,2

O Novo Testamento Jesus usa a palavra "ai" sete vezes


durante seu discurso em Mateus 23. A passagem de Jesus
em Josefo, acima, que aparentemente satiriza o Novo
Testamento o Jesus lunático, também
constantemente repete a palavra "ai".
"Ai de vós, condutores cegos! . . ."

Mateus 23:16

E da passagem em Josefo:

"Ai, ai da cidade outra vez, e para o povo, e para o santo


dos santos! "E assim como ele acrescentou no final, "Ai, ai
de mim também!"

Ambos os Jesus estão usando a palavra "ai" para descrever


os desastres que se abaterão sobre os habitantes de
Jerusalém quando o "Filho" retornar.

O Novo Testamento Jesus prevê que este desastre ocorra


com o retorno de um "Filho de Deus", enquanto Jesus
lunático de Josefo também prevê que isto ocorrerá com a
vinda de um "filho de deus", sendo este um Tito.

É necessário salientar que Mateus 23 e 24 e 25


simplesmente dividem um discurso, de modo que os
paralelos entre esses capítulos e a descrição de Josefo dos
sinais que precederam a destruição do templo deve ser
tomado como unificado.

A sátira se torna mais clara ainda quando Josefo registra


que o Jesus lunático tem uma experiência de paixão muito
semelhante à do Jesus no Novo Testamento. Como o Novo
Testamento Jesus, o Jesus lunático é levado por "eminentes
judeus" ao procurador romano, onde ele é chicoteado até
que seus ossos são expostos. Como o Novo Testamento
o Jesus é descrito como um homem com fúria "divina".
Josefo liga seu Jesus lunático ao Jesus no Novo
Testamento de uma outra maneira, até com a data de sua
morte. Josefo permite ao leitor calcular esta data, afirmando
que o tempo quando o lunático Jesus começou seu lamento
foi "quatro anos antes da guerra começar "e ele continuou
essa lamentação por sete anos e cinco meses, sem ficar
rouco, ou ficar cansado com isso"

Como observado por Eisenman, essas datas indicam que o


lunático
Jesus morreu na Páscoa em 70 EC (130). Esta é uma
"geração" precisa de 40 anos desde o começo do ministério
do Jesus do Novo Testamento - que previu que suas
profecias seriam cumpridas dentro de 40 anos. Jesus ben
Ananias é outro cumprimento satírico da profecia do Novo
Testamento de Jesus.

Por fim, o final completamente inacreditável, mas muito


satírico dos "Ai!" - que diz Jesus na passagem de Josefo -
está relacionado com o tema satírico do Novo Testamento
sobre "pedras".

"Esse seu grito foi mais alto nos dias de festivais; e ele
continuou essa lamentação por sete anos e cinco meses, sem
ficar rouco, ou ficar cansado com isso, até o exato momento
em que ele viu seu presságio cumprido com nosso cerco,
quando então ele cessou; pois quando ele andava ao redor
da muralha, ele gritou com sua força máxima, "Ai, ai da
cidade outra vez, e para o povo, e para o santo dos santos!
"E assim como ele acrescentou no final, "Ai, ai de mim
também!" veio então uma pedra de uma das catapultas, que
o atingiu e matou-o imediatamente; e proferindo os mesmos
presságios ele entregou seu espírito."

No Evangelho de Mateus, Jesus afirma que o templo de


Jerusalém será destruído. Ele então é perguntado que sinais
irão predizer sua destruição. Jesus responde com uma lista
de sinais que ocorrerão antes da vinda do "Filho do
Homem", o indivíduo cuja visitação trará a destruição.

Josefo também dá uma lista de sinais de que, conforme


ele precedeu a destruição do templo. Quando essas duas
listas de sinais são comparadas, surgem vários paralelos.

O primeiro paralelo é quase óbvio demais para ser notado -


a localização e o objeto de ambas as passagens. Ambos
descrevem a atividade dentro e ao redor do templo de
Jerusalém e ambos têm a ver com a sua destruição. Além
disso, tanto Jesus como Josefo declaram categoricamente
que irão revelar os sinais que precedem a destruição
vindoura do templo.

"UMA GRANDE AFLIÇÃO CAIU SOBRE OS JUDEUS


COM A PROFANAÇÃO DO SANTO DOS SANTOS,
CONFORME UM FALSO PROFETA E OS SINAIS QUE
PRECEDERAM ESTE DESTRUIÇÃO."

No início de Mateus 24, Jesus é perguntado sobre a


seguinte questão:

"E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se


a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos,
quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e
do fim do mundo?"
Mateus 24:3

As visões do juízo final de Jesus tem, portanto, posições


paralelas ao capítulo de Josefo:

. . . SINAIS QUE PRECEDEM ESTA DESTRUIÇÃO.

Ambos os conjuntos de sinais estão, portanto, paralelos em


relação à destruição vindoura do templo. Jesus afirma que
esses sinais também anunciam a vinda do "Filho do
Homem" e o começo da "tribulação" durante a qual o
templo será destruído. Josefo registra que sinais muito
semelhantes, de fato, ocorreram imediatamente antes da
destruição do templo.

Para esclarecimento, vou percorrer a lista de sinais de que


Jesus imaginou e então apresentarei os sinais paralelos que
Josefo registrou como tendo ocorrido.

O Novo Testamento Jesus vê falsos profetas se levantando


e conduzindo o povo ao erro.

"E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que


ninguém vos engane;
Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o
Cristo; e enganarão a muitos."

Mateus 24:4,5

"E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos."


Mateus 24:11

Isto "vem a acontecer" nesta passagem de Josefo:

"Um falso profeta pela ocasião dessa destruição e morte


dessas pessoas, havia feito uma proclamação pública na
cidade naquele mesmo dia, que Deus ordenou-lhes que
subissem ao templo e que lá eles iriam receber sinais
miraculosos de sua libertação. Nessa época havia então um
grande número de falsos profetas, subornados pelos tiranos
para enganar às pessoas, que fora anunciado a eles, para que
esperassem a libertação de Deus. . ."

Jesus descreveu o caminho que o Filho do Homem tomaria.

"Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra


até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do
homem."

Mateus 24:27

Esta foi a direção da marcha do exército romano quando


eles entraram na Judéia a leste e levaram sua conquista para
o oeste.

Como Daniel, o Novo Testamento de Jesus prevê um


sinal do Filho do Homem no céu pressagiando que a
destruição é iminente:

"Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que


vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e
dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele."
Daniel 7:13

Em Josefo, lemos um sinal real nas nuvens que predizem a


iminente destruição de Jerusalém.

. . . pois, antes do pôr do sol, carros e tropas de soldados em


suas armaduras eram vistos correndo por entre as nuvens
nos arredores da cidade. . .

O paralelo entre o sinal de "carros e tropas ... entre as


nuvens" dado por Josefo e o "sinal do Filho do Homem no
céu" dado por Jesus é problemático para o cristianismo. Se
alguém aceita, como fizeram os primeiros estudiosos
cristãos, que os sinais que Jesus dá em Mateus vieram a
acontecer como os sinais que Josefo registra, então é difícil
negar que Jesus estava se referindo a Tito como o "Filho do
Homem", sendo carruagens e tropas mais sinônimos de
líderes de exércitos romanos do que de sábios religiosos.
Este paralelo é tão claro quanto qualquer outro paralelo
entre os sinais que Jesus prevê em Mateus 23 e 24 e os
sinais que Josefo dá na Guerra dos Judeus, e tentar excluí-
lo, constituiria uma articulação especial. Mais interessante
é o fato de que no Arco de Tito, em Roma, há um relevo
representando tanto a consagração de Tito quanto sua
conquista de Jerusalém, o qual mostra a ele sendo levado às
nuvens em uma águia.

Outros estudiosos notaram a conexão entre Jesus e Tito que


o sinal de Josefo sobre carruagens e tropas cria. O teólogo
do século XVIII Reland assim escreveu sobre este sinal
particular:

". . . muitos aqui procurarão um mistério, como se


o houvesse, que o Filho de Deus veio agora para se
vingar sobre os pecados da nação judaica. . ."

Reland estava simplesmente afirmando o óbvio. Uma vez


que as profecias escatológicas de Jesus eram
exclusivamente sobre a destruição da Judéia pelos romanos,
elas parecem imaginá-lo vindo "à frente do exército
romano". Porque Tito era o chefe do exército que destruiu
Jerusalém, o paralelo que este sinal cria entre Jesus e Tito
parece claro.

Continuando com as listas de sinais, no Novo Testamento


Jesus
prediz "ai" para mulheres que estiverem amamentando uma
criança.

"Mas ai das grávidas e das que amamentarem naqueles


dias!"

Mateus 24:19

Josefo mostra que isso aconteceu.

"Ela então fez uma coisa pouco natural; e arrebatando seu


filho, que era uma criança chupando seu seio, ela disse, "Ó
tu infeliz infante! Para quem te preservarei para essa guerra,
essa fome e essa sedição? "... Assim que ela disse isso,
matou seu filho, e depois o assou, e comeu a metade dele. .
."

Jesus prevê "fomes e terremotos" como sinais da destruição


vindoura. Na passagem acima de Josefo, os sacerdotes
"sentiam um tremor" enquanto tentavam realizar suas
ministrações. Josefo descreve "muitos que foram
consumidos pela fome".

Em Mateus 24, Jesus afirma

"E quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma


coisa de sua casa;
E quem estiver no campo não volte atrás a buscar as suas
vestes."

Mateus 24:17,18

Na passagem seguinte, Josefo registra que este sinal


"aconteceu":

. . . E agora os romanos, julgando que seria em vão poupar


o que havia em volta do santo dos santos, queimaram todos
aqueles lugares, como também os restos dos claustros.

. . .Eles também queimaram as câmaras do tesouro, nas


quais havia uma imensa quantidade de dinheiro e um
imenso número de vestes . . . Os soldados também foram ao
resto dos claustros que ficavam no exterior [pátio] do
templo. . . os soldados estavam com tanta raiva que
atearam fogo a esse claustro; por isso aconteceu que alguns
se mataram atirando-se e outros foram queimados nos
próprios claustros. Nenhum deles escapou com vida. Um
falso profeta pela ocasião dessa destruição e morte dessas
pessoas, havia feito uma proclamação pública na cidade
naquele mesmo dia, que Deus ordenou-lhes que subissem
ao templo e que lá eles iriam receber sinais miraculosos de
sua libertação . . .
Jesus afirma:

"Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que


vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria
minar a sua casa.
Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do
homem há de vir à hora em que não penseis."

Mateus 24:43,44

Em toda a guerra dos judeus, Josefo usa a palavra "ladrão"


para descrever os rebeldes judeus:

. . .E aí foi que a multidão dos ladrões foi lançada [do pátio


interno do templo pelos romanos,] e houve muitos que
ingressaram no pátio exterior, e dali para o cidade, enquanto
o restante da população fugiu para os claustros daquele
pátio exterior . . .

Jesus literalmente data do "fim da era" que ele está


profetizando:

"Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir
sobre esta geração."

Mateus 23:36

Os judeus do primeiro século afirmaram que uma geração


durava 40 anos. Portanto, a geração a que Jesus se refere só
pode ser a que, 40 anos depois, se rebelou contra Roma.
Assim, todas as profecias de Jesus estavam prevendo
eventos da guerra vindoura.
A citação a seguir enfatiza essa ideia.

"Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias."

Mateus 24:28

Como a águia era o símbolo do exército romano, a ideia por


trás dessa passagem também parece clara. Vários
estudiosos entenderam a passagem para indicar que Jesus
está prevendo o exército romano se reunindo sobre os
cadáveres em meio ao templo destruído. Como Albert
Barnes escreveu em seu comentário sobre Mateus em 1832:

"Este verso é conectado com o precedente pela


palavra "para", implicando que esta é uma razão para o que
é dito lá - que o Filho do Homem certamente viria destruir
a cidade, e que ele viria de repente. O significado é que ele
viria, por meio dos exércitos romanos, tão certamente, tão
repentina e inesperadamente quanto rebanhos inteiros
de abutres e águias, embora não sejam vistos antes, vêem
suas presas à grande distância e de repente se reúnem em
multidões em torno dele ... Tão aguçada é a sua visão tão
apropriadamente é para representar os exércitos romanos,
embora a uma distância imensa, espionando, como era
Jerusalém, uma carcaça pútrida e apressando-se multidões
para destruí-la.

O Novo Testamento deixa claro que Jesus viu no futuro e


está dizendo aos judeus o que eles devem fazer para evitar
a "tribulação".

Porque ali surgirão falsos cristos e falsos profetas,


mostrando maravilhosos sinais e prodígios, para
enganar, se fosse possível, até o próprio povo de Deus. . .

Lembre-se, eu avisei você."

Josefo, em um padrão que deve ser familiar ao leitor


por agora, afirma:

Agora, se alguém considerar essas coisas, ele descobrirá


que Deus cuida da humanidade, e de todas as maneiras
possíveis mostra para nossa raça o que é para a sua
preservação; mas que os homens perecem por aquelas
misérias que loucamente e voluntariamente trazaem sobre
si mesmos. . .

Como todas as profecias de Jesus, sua lista de sinais opera


em dois níveis. Em sua superfície, eles teriam demonstrado
aos primeiros convertidos cristãos sem educação a
divindade de Jesus. Potenciais conversos teriam sido
mostrados as profecias de Cristo no Novo Testamento e, em
seguida, a realização de cada profecia em "Guerra dos
Judeus" - o profeta oficial corroborado pela história oficial.
Isso seria ambos "provaram" a divindade de Cristo, porque
ele pôde ver no futuro e simultaneamente justificou a
destruição de Jerusalém pelos romanos, porque "provou"
que ela havia sido prevista por Deus. Em seu nível satírico,
no entanto, as duas listas de sinais são, obviamente, pistas
para a identidade real do Filho do Homem - Tito Flávio.

Noto outro paralelo entre as profecias escatológicas de


Jesus e "Guerra dos Judeus", relacionada a esse tema. Jesus
afirma em Mateus 24:
"Porque haverá então grande aflição, como nunca houve
desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há de
haver."

Mateus 24:21

Josefo registra que isso também aconteceu.

... as desgraças de todos os homens, desde o começo


do mundo, se forem comparadas a estas dos judeus, não são
tão consideráveis como eram. (131)

Há outro paralelo entre os sinais em Mateus 23 e os sinais


em Josefo. Vou analisá-lo separadamente por causa de
sua natureza satírica única. Esse paralelo há muito tempo
intrigou os estudiosos. A confusão deveu-se ao fato de não
ser entendida como uma sátira e como outro dos paralelos
entre o ministério de Jesus e a campanha de Tito, que foram
criados para dar às duas histórias o mesmo esboço amplo.

Nos Evangelhos, Jesus afirma:

"Serpentes, raça de víboras! como escapareis da


condenação do inferno?"

Mateus 23:33

"Serpentes, raça de víboras! como escapareis da


condenação do inferno?
Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas; a
uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles açoitareis
nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade em cidade;
Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi
derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo,
até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que matastes
entre o santuário e o altar.
Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre
esta geração."

Mateus 23:33-36

Na guerra dos judeus Josefo escreve:

E agora esses zelotes e idumeus estavam bastante


cansados apenas matando homens, então eles tiveram a
impertinência de estabelecerem tribunais fictícios e
magistraturas para esse fim; e como eles pretendiam matar
Zacarias, o filho de Baruque, um do o mais eminente dos
cidadãos, o que provocou-os contra ele, foi aquele ódio de
maldade e amor da liberdade que eram tão notáveis nele. . .

Agora os setenta juízes trouxeram seu veredicto de que


a pessoa acusada não era culpada, como preferissem eles
mesmos morrer com ele, do que ter sua morte atribuída a
eles; Então surgiu um grande clamor dos zelotes após a sua
absolvição, e todos eles ficaram indignados com a juízes
por não entender que a autoridade que lhes foi dada fora
apenas em tom de galhofa. Então, dois dos mais ousados
deles caíram sobre Zacarias no meio do templo, e o
mataram; e quando ele caiu morto, eles zombaram dele e
disseram:

"Tu também tens o nosso veredicto, e esta será certamente


maior absolvição para ti do que para o outro. " (132)
Como assinalei, Mateus 24 é uma continuação do mesmo
discurso que Jesus começa em Mateus 23. Jesus deixa o
interior do templo, onde ocorre o diálogo de Mateus 23, e
então continua esse discurso (Mateus 24) fora do templo.
Portanto, o paralelo entre Zacarias, filho de Barachias, e
Zacarias, filho de Baruque, ambos mortos no templo, deve
ser entendido como estando na mesma corrente de profecia
que Jesus dá em Mateus 24, porque é do mesmo discurso.
À luz dos inúmeros paralelos em Mateus 24 e "Guerra dos
Judeus", estamos em posição sólida quando entendemos
que este é outro exemplo de Jesus "vendo" algo no futuro
documentado por Josefo.

Há um problema em aceitar que o paralelo pertence ao


mesmo conjunto das famosas profecias escatológicas de
Jesus, no entanto a personagem à qual Jesus se refere não
apareceu em seu futuro, mas em seu passado. O profeta
"Zachari'ah, o filho de Barachi'ah" é uma personagem do
Antigo Testamento, então como Jesus pode estar prevendo-
o no futuro? Além disso, como pôde Josephus então
registrar que Jesus estava certo, que Zacarias morreu em 70
E.C. , juntamente com outras profecias visionadas por Jesus
em Mateus 23 e 24?

Eu incluo o comentário fascinante de Whiston sobre a


passagem de Josefo. Ele estava ciente do paralelo entre os
Zacarias em Josefo e o Zachari'ah no Novo Testamento e
ficou perturbado por suas implicações.

Alguns comentaristas estão prontos para supor que


esse "Zacarias, filho de Baruque", aqui mais injustamente
morto pelos judeus no templo, seria a mesma pessoa
que "Zacarias, filho de Barachias", que nosso Salvador
disse que os judeus "mataram entre o templo e o altar",
"Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi
derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo,
até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que
matastes entre o santuário e o altar. [Mateus 23:35]" Esta
é uma exposição um pouco estranha; Desde que Zacarias, o
profeta, era realmente "o filho de Barachias" e "neto de
Ido", "No oitavo mês do segundo ano de Dario veio a
palavra do SENHOR ao profeta Zacarias, filho de
Barachias, filho de Ido, dizendo: . . . [Zacarias 1:1]"; e
como ele morreu, nós não temos outro relato além do que
temos diante de nós em "São Mateus": enquanto este
"Zacarias" era "o filho de Baruque". Desde que a matança
se deu quando nosso Salvador falou estas palavras, os
judeus então já o haviam matado; então este abate
de "Zacarias, filho de Baruque", em Josefo, foi cerca de
trinta e quatro anos no futuro. E desde que o abate se
deu "entre o templo e o altar", no tribunal dos sacerdotes do
templo, uma das partes mais sagradas e remotas do templo
inteiro; enquanto isso foi, nas próprias palavras de Josefo,
em no meio do templo, e muito provavelmente menos
ainda no tribunal de Israel (pois não tivemos nenhuma
indicação de que os fanáticos tinham, neste momento,
profanado o tribunal dos sacerdotes. Veja B. V. ch. 1 sect.
2). Nem acredito que nosso Josefo, que sempre insiste na
peculiar santidade do mais inviolável tribunal, e do santo
dos santos do qual fazia parte, ter omitido de modo material
a gravidade deste bárbaro assassinato, haver sido
perpetrado em um lugar tão santo, e ter acontecido
verdadeiramente nesse local. (133)

Assim, mesmo Whiston tenta explicar que o paralelo


preocupante, argumentando que o assassinato de Zacarias
em Josefo não poderia ser o incidente que Jesus profetizou
porque:

1) Zacarias, o profeta, morreu antes do nascimento de Jesus;

2) Barachiah e Baruch são palavras diferentes;

3) O "meio do templo" não está "entre o templo e


o altar".

O primeiro ponto de Whiston é irrelevante. Seu segundo


ignora as muitas ligeiras mudanças na ortografia entre as
mesmas palavras em Josefo e no Novo Testamento. Por
exemplo, um tipo de peixe do mar da Galileia é escrito
"Coracin" em Josefo e "Chora'zin" no Novo Testamento.
Seu terceiro ponto, considerando as possíveis diferenças na
localização dos assassinatos, é contraditório de sua
aceitação dos outros paralelos entre as mesmas passagens
do Novo Testamento e Josefo como evidência da divindade
de Cristo.

Além disso, é óbvio que a profecia de Jesus a respeito de


"Zacarias, filho de Barachi, que você assassinou entre o
santuário e o altar", teria sido entendida por um incauto
convertido ao cristianismo no primeiro século como sendo
a previsão da passagem em Josefo, que afirma, "então dois
dos mais ousados deles caíram sobre Zacarias (o filho de
Baruque) no meio do templo, e o mataram".

Josefo e o Novo Testamento consistentemente evitam


textualmente
paralelos por um grau. No capítulo à frente do livro de
Daniel, Jesus fala da "abominação da desolação", enquanto
Josefo se refere ao "fim do sacrifício diário". De fato, ambas
as expressões referem a mesma coisa. Alguém lesse as duas
obras então faria a conexão entre os termos "diferentes" e
assim chegaria à conclusão de que Jesus tinha sido capaz de
prever o futuro. Por meio dessa técnica de troca de nomes,
os autores do Novo Testamento e Josefo, escondem o fato,
de maneira sátirica, das massas sem educação para as quais
o cristianismo foi inventado, que a mesma fonte criou
ambas as obras. Como eu mostrei acima, Simão se torna
Pedro, João se torna "o discípulo que Jesus amava" etc.

As duas passagens acima sobre Zacharias usam essa


técnica. Jesus usa a expressão "entre o santuário e o altar",
enquanto Josefo usa a expressão "no meio do templo". Jesus
fala de "Zechari'ah, o filho de Barachi'ah". Josefo se refere
a "Zacarias, filho de Baruque". Palavras diferentes
expressam novamente o mesmo conceito.

Desde as profecias escatológicas de Jesus, todas


aconteceram no mesmo capítulo da Guerra dos Judeus, não
é mais lógico supor que as histórias de Zacarias sejam outro
exemplo desse conjunto de profecias cumpridas?

No entanto, perseguir essa linha de pensamento era


impossível para Whiston (135) Para isso, ele teria que
aceitar que tanto Jesus como Josefo estavam errados porque
cada um "viu" algo que não poderia ter acontecido em 70
E.C. Para Whiston, Jesus não poderia errar, por definição,
porque ele era Deus. Da mesma forma, para Whiston, como
para muitos estudiosos cristãos, Josefo não poderia estar
enganado porque sua história registra a obra de Deus.
Esta é uma demonstração do poder da combinação dos dois
trabalhos. A crença de que eles vieram de duas fontes
distintas cria o efeito que eles demonstram sobre o
sobrenatural, que é o poder de profecia de Jesus. O Novo
Testamento revela o verdadeiro "Filho de Deus" porque as
previsões de Cristo se realizam e um "historiador" as
registra. As histórias de Josefo devem ser precisas porque
registram as obras de Deus. Jesus prediz os eventos que
Josefo vê.

O intelecto de Whiston é impotente para analisar o que está


bem na frente dele por causa da divindade que as duas obras
"demonstram". Se alguém sugerisse a Whiston que a
história de Zacarias em Josefo e a predição de Cristo a
respeito de Zacarias no Novo Testamento se combinassem
para formar uma sátira, ele não teria e não poderia ter
entendido tal humor.

Claro, as passagens teriam sido maliciosamente satirizadas


para um intelectual na corte Flaviana - alguém que estava
familiarizado com o Antigo Testamento e, portanto,
entenderia o humor nas passagens. Jesus, no meio de uma
série de previsões, descreve algo que já ocorreu. Josefo,
então, "registra" isto, uma segunda vez, no futuro. Uma
brincadeira cômica absurda comparável com a infelicidade
de Jesus ser atingido por uma pedra. Imagine alguém hoje
que, alegando ser capaz de ver o futuro, apresenta uma lista
de eventos que acontecerão no próximo século. No final da
lista, ele prevê que a Alemanha perderá a Segunda Guerra
Mundial. A sátira é vaudevilliana.

Existem vários pontos. Em primeiro lugar, a mais simples,


a explicação não-supernatural é que a mesma fonte tenha
produzido tanto a Zacari'ah, filho de Barachi'ah, da
passagem do Novo Testamento e a Zacarias, filho de
Baruque, da passagem em Josefo. Isso porque é improvável
que dois autores distintos tenham cometido o mesmo erro.

Além disso, as passagens trabalham juntas para criar uma


peça satírica, outro exemplo do Novo Testamento e de
"Guerra dos Judeus", produzindo um efeito satírico quando
lidos juntos.

A passagem do Novo Testamento a respeito de Zacarias


também é notável na medida em que dá um ponto no tempo
em que "estas coisas virão sobre esta geração". Em outras
palavras, Jesus está predizendo exatamente quando a
tribulação da "geração perversa" ocorrerá - isto é,
diretamente após a morte de Zacarias. David Brown
escreveu em 1858:

Isso não nos diz claramente como as palavras poderiam


fazer, que toda a profecia destinava-se a aplicar-se à
destruição de Jerusalém? Há apenas uma maneira de deixar
isso de lado, mas como isso é forçado, eu acho que isso
deva tornar-se visível a uma mente imparcial. Isto é,
traduzindo, não "esta geração". . . mas sim esta nação não
passará ": em outras palavras, a nação dos judeus
não sobreviverá a todas as coisas aqui previstas!
Nada exceto algum desejo de imaginar, decorrente de sua
visão da profecia, poderia ter levado tantos homens
sensatos a colocar isso acima do brilho das palavras do
nosso Senhor. Apenas tente o efeito disto sobre o anúncio
perfeitamente paralelo no capítulo anterior: "Enchei vós,
pois, a medida de vossos pais.
Serpentes, raça de víboras! como escapareis da
condenação do inferno?
Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas;
a uns deles matareis e crucificareis; e a outros deles
açoitareis nas vossas sinagogas e os perseguireis de cidade
em cidade;
Para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi
derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo,
até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que
matastes entre o santuário e o altar.
Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre
esta geração. [Mateus 23:32-36]. Não estaria aqui O
Senhor se referindo então à geração existente dos israelitas?
Além de todas as perguntas que ele faz; e se assim for, o
que pode ser mais claro do que isso como o seu significado
de passarem antes de nós? (136)

Brown está argumentando que o contexto do uso que Jesus


faz da palavra geração na passagem de Zacarias prova que
Jesus está se referindo aos eventos de 70 E.C. Eu não
poderia estar mais de acordo. Quando Jesus declara que os
judeus foram perversos “do sangue do justo Abel ao sangue
de Zacarias” e que esta geração “se encherá” da medida de
seus pais, um convertido ao cristianismo no primeiro século
teria entendido que ele estava "prevendo" a destruição dos
judeus em 70 E.C. Na verdade, que outra interpretação das
palavras de Jesus seria possível?

Além disso, dando "o sangue de Zacarias" como o ponto


final da maldade dos judeus Jesus também está claramente
afirmando que será um evento imediatamente antes que a
"geração má" se "encha" de sua "tribulação". Jesus está
claramente prevendo que o sangue de Zacarias será
derramado imediatamente antes da destruição dos judeus
pelos romanos.

Esse paralelo temporal, que tanto Jesus como Josefo


"viram" em Zacarias, como sendo morto pela "geração
perversa" imediatamente antes da destruição do templo, é
de grande importância. Ao colocar a destruição de Zacarias
imediatamente antes da destruição do templo, os autores do
Novo Testamento e de "Guerra dos Judeus" criam outro de
seus "marcos", para eventos conceituais paralelos que
ocorrem na mesma sequência.

A final "profecia cumprida", eu quero analisar a partir do


discurso de Jesus sobre o juízo final, em Mateus, é a que ele
faz a respeito de uma "pedra" que irá esmagar. Na
passagem, Jesus também prevê que outra nação,
obviamente Roma, receberá o "Reino de Deus".

"Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que


os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do
ângulo; pelo Senhor foi feito isto, E é maravilhoso aos
nossos olhos?
Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e
será dado a uma nação que dê os seus frutos.
E, quem cair sobre esta pedra, despedaçar-se-á; e aquele
sobre quem ela cair ficará reduzido a pó.
E os príncipes dos sacerdotes e os fariseus, ouvindo estas
palavras, entenderam que falava deles;
E, pretendendo prendê-lo, recearam o povo, porquanto o
tinham por profeta."

Mateus 21:42-46
Na tradução Whiston de "Guerra dos Judeus", publicada por
J. M. Dent em 1915, encontrei o seguinte trocadilho
extraordinário sobre a "pedra" que "esmagou".

Primeiro é a passagem como li originalmente (em uma


tradução mais recente). Esta é a tradução dada nas versões
inglesas mais modernas de Josefo:

As catapultas, inventadas por eles, para todas as legiões


eram admiráveis, mas ainda mais extraordinárias as que
pertenciam à décima legião: aquelas que atiravam dardos e
aquelas que atiravam pedras eram mais fortes e maiores do
que todo o resto, pelas quais eles não só repeliram as
incursões dos judeus, mas expulsaram os que estavam nas
muralhas. Além disso, também as pedras que foram
lançadas eram do peso de um talento [um talento romano
pesava 32,3 kg (71 lb)] e foram arremessadas a dois a além
de dois furlongs (1 furlong = um oitavo de uma milha, 220
jardas, 202 metros), 440 metros ou mais. O golpe que eles
davam não tinham maneira de ser suportado, não só por
aqueles que estavam na vanguarda, mas também por
aqueles que estavam além deles por um grande espaço.
Quanto aos judeus, eles primeiro observavam a pedra vindo
em sua direção, pois era de uma cor branca, e
podia portanto, não só ser percebido pelo grande barulho
que fazia,
mas também antes que chegasse, devido a seu brilho; por
isso conforme os vigias que estavam sentados nas torres
davam conta que as catapultas eram acionadas e as pedras
lançadas em sua direção, gritavam em voz alta, no
linguagem de seu próprio país: "A PEDRA VEM", então
aqueles que estavam em seu caminho se afastavam e
jogavam-se no chão; para dessa forma, eles mesmos se
defenderem, e a pedra caia e não lhes causava dano algum.
Mas os romanos inventaram uma forma de evitar isso,
enegrecendo a pedra, que então poderia ser dirigida para
eles com sucesso, quando não era discernida de antemão,
como fora até então; e dessa forma eles destruíram muitos
deles de uma só vez. Mesmo assim, sob toda essa aflição,
os judeus não permitiram aos romanos ultrapassarem suas
trincheiras em silêncio; mas eles astuciosamente e
corajosamente se esforçaram, e os repeliam dia e noite.
(137)

Na tradução de Dent de 1915, esta passagem é traduzida


diferente.

"A PEDRA VEM" [the stone cometh] foi traduzida como


“O FILHO VEM” [the son cometh].

Para determinar a base desta discrepância eu olhei para a


passagem nas versões gregas mais antigas de "Guerra dos
Judeus". Todas elas mostram a frase como "ho huios
erchetai" sendo "huios" a palavra grega para "filho".
Tradutores modernos têm arbitrariamente substituído a
palavra que eles acreditavam que Josefo pretendia usar aqui
(pedra), recusando-se a traduzir a verdadeira palavra grega
que aparece nos mais antigos manuscritos existentes. Isso é
interessante porque a palavra "petros", que os estudiosos
escolheram para traduzir "pedra", não é de forma nenhuma
linguisticamente semelhante com a palavra huios "filho",
que é realmente encontrada na passagem.

Whiston estava ciente de que a palavra original na frase


é "huios" Em sua tradução de Josefo, ele deixou a nota
abaixo, na qual ele tenta explicar como aconteceu de que
todas as antigas obras que ele usou para a sua tradução
houvessem utilizado a palavra grega huios para "filho". Sua
explicação é fascinante na medida em que é um exemplo
típico da dissonância cognitiva que ele e outros estudiosos
usaram para evitar enxergar o que estava bem na frente
deles. Ele admite que a única linguagem em que as palavras
"pedra" e "filho" podiam ter sido confundidos uma com a
outra, o hebraico, não fora a língua em que Josefo escreveu
"Guerra dos Judeus". Ele também argumenta que as
traduções alternativas - seta ou dardo - são "alterações
conjecturais sem fundamento". Portanto, ele realmente não
tem alternativa senão aceitar a palavra como está escrita -
isto é, "FILHO." No entanto, ele não deseja fazer isso
também, deixando assim isto sem explicação.

Qual deve ser o significado deste sinal ou palavra de


ordem, quando os vigias viram uma pedra vindo da
catapulta, "A Pedra Vem", ou se erro há na leitura, não
posso dizer. Os MSS, ambos gregos e latinos, todos
concordam nesta leitura; e eu não posso aprovar qualquer
alteração conjectural infundada do texto de "ro" para "lop",
como não de um filho ou uma pedra, tanto quanto a flecha
ou o dardo vem; como foi feito pelo Dr. Hudson, e não
corrigido pela Havercamp. Se Josefo tivesse escrito sua
primeira edição desses livros da guerra em hebraico puro,
ou se os judeus então usassem o puro hebraico em
Jerusalém, a palavra hebraica para o "filho" é próxima a
palavra para uma "pedra", ben e eben, que tal
correção poderia ter sido mais facilmente admitida. Mas
Josefo escreveu sua edição anterior para o uso dos judeus
além do Eufrates, e assim, na língua Chaldee, como ele fez
esta segunda edição em grego; bar era a palavra
Chaldee para filho, em vez da do hebreu ben, e foi usado
não só na Caldéia, etc., mas na Judéia também, como o
Novo Testamento nos informa. Dio nos informa que os
próprios romanos em Roma pronunciavam o nome de
Simão, filho de Giora, Bar Poras para Bar Gioras, como
aprendemos com Xifiline. Reland nos relata, "que muitos
aqui procurarão um mistério, como se o significado era que
o Filho de Deus veio agora para tomar vingança sobre os
pecados da nação judaica", que é realmente, a verdade do
fato, mas dificilmente o que os judeus poderiam agora
querer dizer; a menos que possivelmente por escárnio por
Cristo haver feito tantas ameaças, que ele viria à frente do
exército romano para sua destruição. Mas mesmo
essa interpretação tem apenas um grau muito pequeno de
probabilidade. (138)

Whiston menciona a interpretação do estudioso do século


XVII e do teólogo Reland sobre a frase. É uma
compreensão mais direta e baseada, é claro, na palavra
"FILHO" sendo a palavra que Josefo escreveu. Reland
entendeu que a frase se relaciona com a vinda do Filho de
Deus descrito no Novo Testamento.

Além disso, o próximo comentário de Whiston - "que é


realmente, a verdade do fato, mas dificilmente o que os
judeus poderiam agora querer dizer; a menos que
possivelmente por escárnio por Cristo haver feito tantas
ameaças, que ele viria à frente do exército romano para sua
destruição "- está de acordo com meu pensamento de não
precisar de quase nenhum esclarecimento. Whiston está
especificamente assumindo a posição que estou
argumentando, que as profecias de Cristo se relacionam
com a próxima guerra entre os romanos e os judeus, e que
o "Filho de Deus" lideraria o exército romano. É um
pequeno passo então para a posição que todas as
advertências de Jesus sobre a vinda do Filho de Deus, que
trará destruição com ele, estão predizendo o Filho de Deus
que na verdade estava à frente do exército romano, "Tito".

Também é fascinante notar quão eficaz e duradouro foi o


antissemitismo criado pelo Novo Testamento. Observe que
Whiston vê a destruição dos judeus como sendo uma
vingança bastante apropriada para a destruição do Salvador.
É fácil imaginar como tal perspectiva teria afetado suas
relações diárias com os judeus. Portanto, se Roma criou o
cristianismo para instigar o antissemitismo, sua invenção
certamente passa no teste do tempo. Ainda está trabalhando
milhares de anos após sua criação.

Para demonstrar a importância da afirmação, o editor


de Josefo capitalizou todas as letras da frase. "O FILHO
VEM". O editor de Josefo identificou a importância da
passagem da mesma forma que identificou a frase "casa de
hissopo" na passagem "O Filho de Maria" citada
anteriormente, escrevendo essa frase em itálico.

O ponto em que Josefo insere o trocadilho ajuda a


tornar claro seu significado. A passagem se dá no início do
ataque romano a Jerusalém, o momento exato em que o
filho realmente "veio" para destruir Jerusalém.

Além disso, é implausível que alguém soe o alarme por um


projétil arremessado com uma frase tão longa. "Chegando"
é tudo que um soldado contemporâneo pronunciaria antes
de um projétil chegar ao convés. "A PEDRA VEM" é uma
frase muito longa para falar quando milissegundos
importam.
Essa ideia fica ainda mais clara no original grego, "ho
petros erchetai" não é uma expressão que naturalmente
vem à mente quando uma grande pedra está caindo sobre
alguém.

A substituição de "pedra" por "filho" continua fornecendo


outro conceito satírico ao Novo Testamento, "pedra" é outra
das importantes auto-designações que Jesus usa. Jesus se
compara a uma pedra que, se lançada, "esmagará
totalmente". Em outras palavras, ele está dizendo que o
"Filho de Deus" é uma "pedra" que esmagará aqueles que o
rejeitam, obviamente significando os judeus. Ele afirma
isso especificamente dentro do contexto do uso do poder de
Roma. Este é, naturalmente, o mesmo conceito satírico
apresentado acima, onde Josefo registra que um "Filho",
que é de fato uma "pedra", esmagou os judeus. Como as
outras auto-designações de Jesus, (pescador de homens, pão
vivo, água viva) com "pedra", a localização física onde
Jesus usa a expressão é parte da sátira. Ele se chama de
"pedra" rejeitada pelos construtores (significando os
judeus), que irá "esmagar totalmente" aqueles em quem ela
cairá, ou seja, no local exato onde Josefo registra que as
pedras realmente caíram sobre os judeus durante a guerra
com Roma.

Na passagem anterior do "Jesus lunático", Josefo continua


com o tema satírico com Jesus chamando a si mesmo de
uma pedra que "esmagará". O lunático Jesus é assim morto
quando começa o cerco romano a Jerusalém.

Josefo grava estas últimas palavras de Jesus:


"Ai, ai da cidade outra vez, e para o povo, e para o santo
dos santos! "E assim como ele acrescentou no final," Ai, ai
de mim também!" veio uma pedra de uma das catapultas, e
feriu-o matando-o imediatamente; e assim proferindo os
mesmos presságios ele entregou seu espírito." (139)

É claro que um residente da corte flaviana teria encontrado


a sátira em cada uma das auto-designações de Jesus por
causa dos locais onde ele as pronunciou. Imagine um
patrício com uma cópia dos Evangelhos em 80 EC, sabendo
o que as catapultas de guerra romanas tinham feito aos
defensores judeus de Jerusalém, lendo sobre um Messias
que, enquanto se encontrava sob as muralhas da cidade,
chama a si mesmo de pedra e ameaça cair e esmagar
totalmente os judeus. Para tal indivíduo, a sátira teria sido
óbvia. Jesus poderia, por pura sorte, ter dado a si mesmo
tantas auto-designações únicas nos locais exatos, que
serviria para a diversão dos patrícios?

Quando vistos como um grupo, os paralelos entre essas


duas passagens e a sátira que elas criaram, parecem exatos
demais para terem ocorrido por acaso. As escolhas fazem
concordar com Eusébio, que escreve

É apropriado adicionar a estas contas a verdadeira previsão


de nosso Salvador em que ele previu esses mesmos eventos.
Suas palavras são as seguintes: "Mas ai das grávidas e das
que amamentarem naqueles dias!
E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem
no sábado;
Porque haverá então grande aflição, como nunca houve
desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco há
de haver. [Mateus 24:19-21]"

. . . Essas coisas aconteceram . . . de acordo com as profecias


de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que pelo poder
divino as via de antemão como se já estivessem no presente.
. . "Ou aceite a ideia de que a mesma fonte produziu tanto o
Novo Testamento quanto a Guerra dos Judeus."

CAPÍTULO 9

Os Autores do Novo Testamento

Josefo conclui a Guerra dos judeus com uma série de


passagens que, acredito, satirizaram o apóstolo Paulo e
criaram um quebra-cabeça que identifica os inventores do
cristianismo. Pareceu-me lógico que os autores
concluíssem seu trabalho com uma passagem que os
identificasse - de acordo com o espírito de brincadeira
maliciosa que permeia toda a sua composição.

Eu apresento a primeira dessas passagens abaixo. Esta


passagem descreve um grupo de sicarii que escapam para o
Egito. Uma vez lá, eles se vêem repreendidos por "judeus
de reputação" que informam os romanos de sua presença no
Egito. Os sicarii são capturados e depois torturados na
tentativa de fazê-los "confessar que César era seu senhor",
o que eles se recusam a fazer. Seus filhos também se
recusam a "nomear César como seu senhor", apesar de
também serem torturados. Assim, a passagem apresenta
claramente um problema não resolvido para Tito: como
fazer com que os judeus rebeldes o chamassem de
"Senhor".

Quando Massada foi assim tomada, o general deixou uma


guarnição na fortaleza para mantê-la, e ele se foi
para Cesarea; pois agora não restavam inimigos no
país, mas tudo fora destruído por uma guerra tão longa. No
entanto, esta guerra causou distúrbios e desordens
perigosas, mesmo em lugares muito longe da Judéia; pois
ainda ocorreu que muitos judeus foram mortos em
Alexandria no Egito; portanto os sicarii que conseguiram
fugir para lá, fora das sediciosas guerras na Judéia, não se
contentaram em terem se salvado, mas acharam ser
necessário promover novas perturbações, e persuadiram
muitos dos que os acolheram a afirmar sua liberdade, a
considerar que os romanos a não eram melhores do que
eles, e verem a Deus como seu único Senhor e Mestre. Mas
quando parte dos judeus de reputação se opuseram a eles,
mataram alguns deles, e com os outros eles foram muito
insistentes em suas exortações para se revoltarem contra os
romanos; mas quando os principais homens do senado
viram que loucura haviam feito, eles pensaram se não seria
mais seguro para si mesmos para ignorá-los. Então eles
juntaram todos os judeus em uma assembléia, e acusaram
de loucura aos sicarii, e demonstraram que eles tinham sido
os autores de todos os males que os atingiram. Eles
disseram também que estes homens agora haviam fugido da
Judéia, não tendo esperança de escaparem ílesos, porque
assim que fossem reconhecidos, eles seriam logo destruídos
pelos romanos, eles então vieram para cá e nos encheram
daquelas calamidades que lhes pertencem, enquanto nós
não somos responsáveis com eles em qualquer dos seus
pecados. "Assim, eles exortaram a multidão para terem
cuidado, para que não trouxessem para seu meio a
destruição, e assim pedissem desculpas aos romanos pelo
que tinha sido feito, entregando-lhes estes homens; e sendo
assim informado da grandeza do perigo em que estavam,
cumpriram o que foi proposto, e se lançaram com grande
violência sobre os sicarii, e os capturaram; na verdade,
seiscentos deles foram apanhados imediatamente; assim
como todos os que fugiram para o Egito e para Tebas
Egípcia, não demorou muito para que fossem também
apanhados e trazidos de volta, cuja coragem, ou melhor
dizendo, loucura, ou vigor em suas opiniões, deixaram
todos espantados com isto, pois quando todos os tipos de
tormentos e vexames a seus corpos que poderiam ser
inventados foram inflingídos sobre eles, não conseguiram
que nenhum deles obedecesse quanto a confessar, ou
parecesse confessar, que César era o seu senhor; mas eles
preservaram sua própria opinião, apesar de toda a aflição à
qual foram submetidos, como se recebessem esses
tormentos e o próprio fogo com corpos insensíveis à dor,
e com uma alma que de certo modo se alegrava com isso.
Mas o que foi mais surpreendente para os observadores foi
a coragem das crianças; porque nenhuma delas fora até
aquele momento obrigada por esses tormentos, nomear a
César como seu senhor. Até então, a força da coragem
[da alma] prevalecera sobre a fraqueza do corpo.

A "piada" mais básica do cristianismo é que substituindo o


"Deus dos Judeus" e o "Filho de Deus" por um "filho de
deus" e um "deus" que eram de fato os imperadores
romanos, era possível fazer com que os seguidores de sua
nova religião "nomeassem a César como seu senhor" sem
que soubessem disto. A passagem acima explica porque
Tito inventou o cristianismo. Mesmo a tortura não poderia
levar o sicarii a chamá-lo de "Senhor". Portanto, eles
tiveram que ser enganados para fazê-lo.

Continuando com a passagem:

Agora Lupus que então governava Alexandria, foi quem


presentemente enviou a César notícias desse tumúlto; que
por sua vez levando em conta o temperamento inquieto dos
judeus para a renovação, e temendo que eles pudessem
reunir-se novamente e persuadirem a alguns outros a se
unirem a eles, deu ordens a Lupus para demolir um templo
judeu que havia na região de Heliópolis chamado de
"Onion", e ficava no Egito, que fora construído e foi assim
chamado devido ao seguinte: Onias, o filho de Simão, um
dos sumo sacerdotes judeus, fugiu de Antíoco, rei da Síria,
quando ele declarou guerra aos judeus, e foi para
Alexandria; e como Ptolomeu o recebeu muito gentilmente,
devido ao seu ódio a Antíoco, ele assegurou-lhe, que se ele
cumprisse sua proposta, ele traria os judeus para ajudá-lo; e
como o rei concordou em fazer até onde ele fosse capaz, ele
desejava que este lhe desse permissão para construir um
templo em algum lugar no Egito, e adorar a Deus de acordo
com os costumes de seu próprio país; sendo assim os judeus
seriam então mais bem dispostos para lutar contra Antíoco,
o qual havia devastado o templo em Jerusalém, e que eles
então viriam a ele com maior boa vontade; e que, se fosse
concedida a eles liberdade de culto, muitos judeus viriam
até ele. (141)

A passagem continua com uma descrição do "templo judeu,


que ficava na região de Heliópolis, chamado "Onion", e
estava localizado no Egito". Josefo, em uma digressão,
casualmente indica que o templo é aquele previsto 600 anos
antes pelo profeta Isaías. Este é outro exemplo da
manipulação das profecias judaicas por Josefo para
poderem coincidir com a campanha de Tito.

Templo de Onias no Egito - Tell El-Yahoudiyeh

Então Ptolomeu concordou com sua proposta e deu-lhe


um local distante cento e oitenta furlongs (180 Flg. =36
Km) de Memphis. Esse *Nomos (*divisão administrativa do Egito no período
Ptolomaico) foi chamado de Nomos do Poço do Alô, onde Onias

construiu uma fortaleza e um templo, não parecendo com o


de Jerusalém, mas como se assemelhasse a uma torre. Ele
construiu isto com grandes pedras até a altura de sessenta
côvados (28 metros); ele fez o estrutura do altar em
imitação do que havia em nosso próprio país, e adornado de
maneira semelhante com doações, exceto a marca do
candelabro (menorá), pois ele não fez um candelabro,
mas tinha uma [única] lâmpada feita de um pedaço de ouro
malhado, que iluminava o lugar com seus raios, e qual ele
pendurou por um corrente de ouro; mas o templo inteiro foi
cercado com uma muralha de tijolos queimados, embora
tivesse portões de pedra. O rei também lhe deu um grande
campo por sua receita em dinheiro, para que ambos os
sacerdotes tivessem uma provisão abundante feita para eles,
e que Deus pudesse ter em grande abundância as coisas
eram necessárias para sua adoração. No entanto, Fonias não
fez isso fora de uma disposição sóbria, mas ele tinha em
mente lutar com os judeus em Jerusalém, e não podia
esquecer a indignação que sofrera por haver sido banido de
lá. Assim, ele pensava que construindo este templo ele
poderia atrair um grande número deles para si mesmo.
Houve também, sobre isso, uma certa predição antiga feita
por [um profeta] cujo nome era Isaías, cerca de seiscentos
anos antes que este templo fosse construído por um homem
judeu no Egito. E esta é a história da construção desse
templo.

A profecia a que Josefo se refere está contida em Isaías 19:


18-25.

Josefo está claramente pretendendo que o "leitor


inteligente" entenda que os eventos que ele descreveu na
passagem demonstram que a profecia de Isaías havia
"ocorrido". Na passagem acima, Josefo descreve uma
"cidade de destruição na terra do Egito", sendo Alexandria,
um paralelo à profecia de Isaías. Josefo, novamente fazendo
paralelo a Isaías, descreve o templo como sendo "em forma
de torre". Além disso, as condições políticas da região na
época podem ser claramente vistas como aquelas que foram
imaginadas pela profecia de Isaías, em que havia uma
"estrada do Egito para a Assíria". O que significa dizer que
Israel era agora uma "estrada" entre a Assíria e o Egito, na
medida em que se tornara um elo geográfico dentro do
Império Romano. Essa idéia é especialmente clara quando
se considera que as três legiões romanas que participaram
da destruição de Jerusalém foram a XV Legião Apolinário
de Alexandria (Egito) e as Legiões V Macedonica e X
Fretensis da Síria.

Assim, Josefo parece correto em sua afirmação de que a


profecia de Isaías "aconteceu", com os eventos que ele
descreve na passagem. O leitor notará, no entanto, que a
profecia de Isaías também é messiânica. Afirma que o
Senhor enviará um "salvador" que "ferirá" e "curará". A
passagem também declara que o "Senhor" será "conhecido
do Egito" e que Israel será a "herança do Senhor".

Não pode haver qualquer dúvida sobre quem Josefo indica


que será "salvador" a que se refere a profecia de Isaías. De
fato, neste ponto da história, o único indivíduo que poderia
ter sido o salvador previsto pela profecia de Isaías é Tito.
Apenas Tito poderia afirmar que ele tinha Israel como uma
"herança" neste momento.

César (Tito) ordenou que toda a Judéia fosse colocada à


venda; porque ele não encontrou nenhuma cidade lá, mas
reservou o país inteiro para si mesmo. 142

Portanto, Josefo está revelando que Tito é o Salvador, ou


o Messias, pela sua afirmação tácita de que a profecia de
Isaías acontecerá. A profecia de Isaías que Josefo usa para
identificar Tito como o Salvador é a seguinte:

"Naquele tempo haverá cinco cidades na terra do Egito que


falarão a língua de Canaã e farão juramento ao Senhor dos
Exércitos; e uma se chamará: Cidade de destruição.
Naquele tempo o Senhor terá um altar no meio da terra do
Egito, e uma coluna se erigirá ao Senhor, junto da sua
fronteira.
E servirá de sinal e de testemunho ao Senhor dos Exércitos
na terra do Egito, porque ao Senhor clamarão por causa dos
opressores, e ele lhes enviará um salvador e um protetor,
que os livrará.
E o Senhor se dará a conhecer ao Egito, e os egípcios
conhecerão ao Senhor naquele dia, e o adorarão com
sacrifícios e ofertas, e farão votos ao Senhor, e os
cumprirão.
E ferirá o Senhor ao Egito, ferirá e o curará; e converter-se-
ão ao Senhor, e mover-se-á às suas orações, e os curará;
Naquele dia haverá estrada do Egito até à Assíria, e os
assírios virão ao Egito, e os egípcios irão à Assíria; e os
egípcios servirão com os assírios.
Naquele dia Israel será o terceiro com os egípcios e os
assírios, uma bênção no meio da terra.
Porque o Senhor dos Exércitos os abençoará, dizendo:
Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas
mãos, e Israel, minha herança."

"Isaías 19:18-25"

A "estrada fora do Egito" que Josefo alude ao invocar a


visão de Isaías é um "cumprimento" de outra profecia do
Novo Testamento, a "estrada para o Senhor". Esta estrada é
prevista por João Batista, que cita outra passagem de Isaías:

"Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do


Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus."
Isaías 40:3

Embora a declaração de João Baptista a respeito de fazer


uma "estrada para o Senhor" sempre tenha sido vista como
uma visão de Jesus, a passagem de Isaías que João está
citando indica que a "estrada" só existirá depois que a
"guerra terminar". Portanto, o "Senhor" que João está
prevendo só poderia ser Tito.

"Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.


Falai benignamente a Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua
milícia é acabada, que a sua iniqüidade está expiada e que
já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus
pecados.
Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do
Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus."

Isaías 40:1-3

A narração de Josefo segue em frente e, em uma seqüência


paralela ao Novo Testamento, introduz um Paulo,
"Paulinus", no mesmo ponto em que o Novo Testamento
introduz seu Paulo. Este Paulo, como seu equivalente no
Novo Testamento, tem um impacto no judaísmo. Josefo
afirma que ele tornou o templo judeu "totalmente
inacessível". Eu considero a passagem que descreve
"Paulino" como uma óbvia paródia do apóstolo Paulo.

E agora Lupus, o governador de Alexandria, após


o recebimento da carta de César, veio ao templo e
levou embora algumas das doações dedicadas ao mesmo, e
fechou o próprio templo. E como Lupus morreu um pouco
depois, Paulino foi o sucessor dele. Este homem não deixou
nenhuma dessas doações lá, e ameaçou os sacerdotes
severamente se eles o deixasse levar tudo; ele não permitiria
quem estivesse desejoso de adorar a Deus sequer
chegar perto daquele lugar sagrado; e asim fechando
os portões, ele o tornou totalmente inacessível, de tal modo
que não restaram mais qualquer sinais de que houvesse
qualquer adoração divina naquele lugar. Agora, a duração
do tempo desde a construção deste templo até que foi
fechado novamente foi de trezentos e quarenta e três anos.

PASSAGENS PARALELAS SOBRE PAULO

JOSEFO

"E como Lupus morreu um pouco depois, Paul(o)[inus] foi


o sucessor dele. Este homem não deixou nenhuma dessas
doações lá, e ameaçou os sacerdotes severamente se eles o
deixasse levar tudo; ele não permitiria quem estivesse
desejoso de adorar a Deus sequer chegar perto daquele lugar
sagrado; e asim fechando os portões, ele o
tornou totalmente inacessível, de tal modo que não
restaram mais qualquer sinais de que houvesse qualquer
adoração divina naquele lugar.(Guerra 7, 10, 2)"

LIVRO DE ATOS

"Ora, muitos anos depois, vim trazer à minha nação esmolas


e ofertas."

Atos 24:17

"Clamando: Homens israelitas, acudi; este é o homem que


por todas as partes ensina a todos contra o povo e contra
a lei, e contra este lugar; e, demais disto, introduziu
também no templo os gregos, e profanou este santo lugar.
Porque tinham visto com ele na cidade a Trófimo de Éfeso,
o qual pensavam que Paulo introduzira no templo.
E alvoroçou-se toda a cidade, e houve grande concurso de
povo; e, pegando Paulo, o arrastaram para fora do templo, e
logo as portas se fecharam."

Atos 21:28-30

A paródia de Paul é interessante na medida em que traz a


questão de quando as diferentes partes do Novo Testamento
foram escritas. Embora seja possível que houvesse versões
anteriores do Novo Testamento, em algum momento os
quatro Evangelhos foram unificados em seu todo satírico
atual. Alguém com controle editorial manipulou o Novo
Testamento e a Guerra dos Judeus em alinhamento uns com
os outros. Nesse sentido, todos os quatro evangelhos devem
ter sido escritos ao mesmo tempo.

Outra questão levantada por essa análise é quem manteve o


controle sobre o produto acabado? Os autores, tendo
colocado revelações veladas sobre a origem real da religião
nos quatro Evangelhos, tiveram que elaborar algum método
para assegurar que essas revelações não fossem editadas por
redatores posteriores. Por exemplo, se uma das declarações
de fato nas diferentes versões das ressurreições de Jesus
fosse mudada ou omitida, então a estória combinada
perderia sua lógica. E o mesmo problema existiria para a
outra metade deste sistema satírico, as obras de Josefo.

Josefo conclui ”Guerra dos Judeus" com o estranho conto


de um "Jonatas", um dos sicarii, e um "Catulo", um
governador romano que faz uma falsa acusação contra
Josefo, bem como uma "Berenice" e um "Alexandre", por
iniciar a "inovação" de Jonatas. "Inovação" é a palavra que
Josefo usa para descrever a seita religiosa
dos sicarii porque era uma nova versão, ou "inovação" do
judaísmo. De fato, os três foram falsamente acusados de
fazer alguém criar uma nova seita judaica.

Jonatas era claramente um indivíduo messiânico que, como


Jesus, se prevalecia com os pobres mostrando-lhes "sinais e
aparições". Porque Jonatas era o nome de um dos cinco
filhos de Matias Macabeu, esse é outro exemplo da conexão
que Josefo chama entre aquela família e os sicarii. Há
também uma lógica satírica para Josefo 'lidar com "Jonatas"
neste momento em "Guerra dos Judeus". Como ele já
"lidou" com os outros quatro filhos de Matias Macabeu -
Eleazar, Simão, Judas e João - ele agora conclui
seu trabalho com a destruição do último, Jonatas.

SOBRE JONATAS, UM DOS SICARII, QUE SE FIXOU


EM UMA SEDIÇÃO SOBRE CIRENE E FOI
FALSO ACUSADOR [DO INOCENTE].

E agora fez-se a loucura dos sicário, como uma


doença, chegar até a cidade de Cirene; por um Jonatas,
uma pessoa vil, e por um comerciante tecelão, foram para
lá e se prevalecendo, com um não pequeno número, de
pessoas do tipo mais pobre para dar ouvidos a ele; assim os
levou ao deserto, prometendo-lhes que lhes mostrariam
sinais e aparições. E quanto aos outros judeus de Cirene, ele
escondeu sua maldade deles, e aplicou truques sobre eles;
mas aqueles de maior dignidade entre eles informou Catulo,
o governador da Líbia em Pentapolis, de sua marcha para o
deserto, e dos preparativos que ele havia feito para isso.
Então ele enviou atrás deles muitos cavaleiros e lacaios, e
facilmente os superou, porque eram homens desarmados;
destes muitos foram mortos na luta, mas alguns foram
capturados vivos e levados para Catulo. Quanto a Jonatas,
o chefe desta trama, ele fugiu naquela vez; mas em uma
grande e muito diligente busca, que foi feita por todo o país,
ele foi finalmente capturado. E quando ele foi levado para
Catulo, ele inventou uma forma, pela qual ele escapou do
castigo e proporcionou uma ocasião para Catulo fazer
danos a muitos; porque ele falsamente acusou os homens
mais ricos entre os judeus, e disse que eles o obrigaram a
fazer o que ele fez.

Agora, com Catulo admitindo facilmente estas calúnias, se


agravaram muito as coisas, e ele fez exclamações trágicas,
que ele também poderia ter auxiliado para o fim da guerra
judaica. Mas o que foi ainda mais duro, ele não só deu
crédito muito facilmente às suas estórias, mas também
ensinou os sicarii a acusarem falsamente a outros homens.
Isto tornou lícito para Jonatas, portanto, citar a um
Alexandre, um judeu (com a quem ele anteriormente teve
uma briga, e professou abertamente que ele o odiava); ele
também conseguiu citar sua esposa Berenice, que estava
preocupada com ele. A estes dois Catulo ordenou
serem mortos em primeiro lugar; mais que isso, depois
deles, ele provocou a morte de todos os judeus ricos e
abastados, isto em torno de três mil. Isso ele pensou que
poderia fazer com segurança, porque ele confiscara seus
bens e os adicionoara ao rendimento de César.

Mais que isso, de fato, para que nenhum judeu que vivesse
em outro lugar condená-lo por sua vilania, ele estendeu suas
falsas acusações além disso, e persuadiu Jonatas, e alguns
outros que foram pegos com ele, para fazerem acusações de
tentativas de disseminar a "inovação" entre os judeus que
eram de caráter ilíbado tanto em Alexandria como em
Roma. Um deles, contra a quem esta acusação traiçoeira
fora imputada, foi Josefo, o escritor desses livros. No
entanto, este enredo, assim planejado por Catulo, não
logrou de acordo com suas expectativas; pois embora ele
tenha vindo a Roma, e trazido Jonatas e seus companheiros,
com que m tinha vínculos, junto com ele, não deveria ter
feito mais inquisição além das mentiras que foram forjadas
sob seu governo, ou por seus meios; Vespasiano ainda
suspeitou do assunto e instaurou um inquérito para
descobrir até onde era verdade. E quando ele entendeu que
essa acusação feita contra os judeus era injusta,
ele absoulveu-os dos crimes que lhes foram imputados, e
isso mostra a preocupação de Tito sobre o assunto, que
trouxe uma merecida punição sobre Jonatas; porque ele foi
primeiro torturado e depois queimado vivo.

Mas quanto a Catulo, os imperadores eram tão gentis com


ele, que ele não sofreu condenação severa neste momento;
mesmo assim, não demorou muito para que ele fosse
afligido por uma complicada e quase doença incurável, e
morreu miseravelmente. Ele não foi apenas afligido no
corpo, mas a enfermidade em sua mente era mais grave
sobre ele do que a outra; porque ele estava terrivelmente
perturbado, e continuamente gritava que ele vira os
fantasmas daqueles a quem ele havia matado, em pé diante
dele. Então ele não sendo capaz de se conter, saltou para
fora de sua cama, como se tanto os tormentos como fogo
fossem trazidos para ele, assim esse comportamento
cresceu ainda muito pior e pior continuamente, e suas
próprias entranhas estavam tão corroídas que elas se
derramaram de seu corpo, e nessa condição ele morreu.
Assim ele se tornou um tão grande exemplo da Divina
Providência que, como sempre, demonstrou que Deus pune
os homens maus. (113)

A passagem cria um quebra-cabeças que usa a técnica de


troca de nome encontrada no quebra-cabeças de "Decius
Mundus", citada anteriormente, para identificar os criadores
do cristianismo. Eles são os indivíduos que foram
falsamente acusados por Catulo - Josefo, Berenice e
Alexandre. Os inventores do cristianismo assinaram seu
trabalho, por assim dizer, no lugar correto - no final de sua
história.

Eu acredito que a "Berenice" e o "Alexandre" na


passagem são facilmente identificados como a amante de
Tito, Berenice, e também Marcus Alexandre, que na
verdade era o marido de Berenice, mas que morreu antes da
guerra judaica, ou seu irmão Tiberius Alexandre, chefe de
gabinete judeu de Titus durante o cerco de Jerusalém. Esses
indivíduos tinham tanto o conhecimento técnico do
judaísmo quanto a perspectiva ética exigida para criar o
cristianismo. O Novo Testamento, continuando seus
paralelos com "Guerra dos Judeus", menciona em Atos
tanto um Alexandre, (144) acreditado pela maioria dos
estudiosos como sendo de fato Tibério Alexandre e
Berenice.

Para reconhecer que existe um enigma, o leitor deve, mais


uma vez,
reconhecer paralelos - neste caso, que Catulo e Judas, o
identificador de Jesus, compartilham um número de
atributos.

O paralelo mais óbvio entre os dois é que Catulo morre da


mesma maneira improvável - desconhecida pela ciência
médica - como Judas. Isto é, "suas próprias entranhas (...)
se derramaram de seu corpo". Este é um paralelo exato com
a morte de Judas. "Ora, este adquiriu um campo com o
galardão da iniqüidade; e, precipitando-se, rebentou pelo
meio, e todas as suas entranhas se derramaram. [Atos
1:18]" (145)

A descrição das entranhas de Judas não ocorre


nos Evangelhos, mas em Atos. O evento está no Novo
Testamento neste ponto para manter seu paralelo com os
eventos em "Guerra dos Judeus". Os "derramamentos
intestinais" paralelos criam outra profecia no ministério de
Jesus que é cumprida na campanha de Tito.

Judas e Catulo também são paralelos, pois ambas as


acusações envolvem um indivíduo messiânico, e nenhuma
é verdadeira. Josefo, Berenice e Alexandre certamente não
iniciaram uma religião, ou "inovação", liderada por um
membro dos sicarii que se parecia com o Messias. Eles
teriam estabelecido exatamente o tipo oposto de
"inovação": "Jesus" é, claro, famoso por haver sido
inocente. Ele certamente não era o tipo de líder
militar sicarii que Poncio Pilatos precisaria crucificar. De
fato, Jesus era exatamente o oposto de tal indivíduo.

A técnica que estabelece que há um quebra-cabeça que


precisa ser resolvido é o mesmo usado em todo o Novo
Testamento e "Guerra dos Judeus" - isto é, paralelos. Tal
como acontece com o enigma "Decius Mundus",
paralelismos incomuns entre os personagens convidam o
leitor a buscar uma explicação. Mas, para resolver o enigma
que os paralelos criam, o leitor precisa sair da narrativa
superficial para outra perspectiva. O leitor tem que se
relacionar com o texto a partir de uma perspectiva ampla e
precoce.

Eu observaria que o sistema satírico que une o Novo


Testamento e a "Guerra dos Judeus" pode ser visto como
um exercício de expansão mental, na medida em que, para
resolver os enigmas, o leitor deve aprender a pensar "fora
da caixa", por assim dizer. Os autores enfatizavam que o
foco estreito que os Zelotes Sicarii mantinham em relação
a apenas alguns pergaminhos era um modo de pensamento
limitado e impreciso. Os autores parecem sugerir que só
vendo todos os lados de um problema a verdade pode ser
conhecida. Portanto, é possível que eles tenham projetado o
Novo Testamento como uma ferramenta para elevar
intelectualmente os rebeldes messiânicos. Se essa foi a
intenção dos autores, isso só aumenta a incrível natureza do
trabalho, que talvez seja mais surpreendente quando visto
como um dispositivo psicológico secular, e não como um
trabalho religioso histórico mundial.

Judas falsamente acusa Jesus de ser o Messias dos Sicarii


DERRAMAMENTO INTESTINAL

Judas realmente acusa Jonatas de ser o Messias dos Sicarii


IMPENSÁVEL

Catulo acusou falsamente Bernice, Alexander e Josefo de


colocar Jônatas como um falso Messias
DERRAMAMENTO INTESTINAL

Catulo realmente acusa Berenice, Alexandre e Josefo de


colocar Jesus como um falso Messias
IMPENSÁVEL

O enigma que explica os paralelos entre Judas e Catulo é


projetado para transformar as duas histórias de contos que
relatam o que é falso em contos que afirmam o que é
verdadeiro.

Para resolver o quebra-cabeça, o leitor deve simplesmente


fazer como "Decio Mundus" recomenda no capítulo
seguinte e "não valorize esse negócio de nomes". Para criar
a "verdade", simplesmente mude os nomes dos messias.
Assim, se Judas tivesse chamado "Jonatas" como o Messias
que precisava ser crucificado, e Catulo acusara Josefo,
Berenice e Alexandre de terem atribuído a "Jesus" "até o
que ele fez", ambas as passagens seriam transformadas na
verdade. Jonatas era um sicarii líder messiânico que, do
ponto de vista dos romanos, merecia ser crucificado, e Jesus
tinha sido "levado a fazer o que fez" - isto é, foi criado por
- Josefo, Berenice e Alexandre.

O fato de que o "Alexander" que participou do enredo


é descrito como marido de Berenice nos ajuda a ver o ponto
sutil. Como o Alexandre que era marido de Berenice estava
morto antes do início da guerra, não é Josefo, Berenice e
seu falecido marido que estão sendo identificados aqui são
as famílias desses indivíduos que criaram os Evangelhos -
os Flavianos, Herodes e Alexanders.

Eu notaria novamente que os autores do Novo Testamento


parecem estar afirmando que não se pode conhecer a
verdade a menos que se considere mais de um livro ou
pergaminho. Neste caso, Atos e "Guerra dos Judeus" criam
os paralelos. Suspeito que os autores estejam criticando os
"zelotes sicariis", que acreditavam poder conhecer a
verdade a partir de um conjunto muito limitado de
documentos. Os autores apresentam um exemplo real das
imprecisões que ocorrem sempre que os leitores não
conseguem enxergar além da única narrativa colocada
diante deles.

Josefo conclui “Guerra dos Judeus” com o parágrafo


seguinte. Ele insiste que escreveu a verdade "depois da
maneira que esta guerra dos romanos com os judeus foi
administrada".

E aqui nós colocaremos um fim a esta nossa história; a qual


nós anteriormente prometemos entregar a mesmo com toda
a precisão, tal como é desejável para se entender depois, de
que maneira esta guerra dos romanos com os judeus foi
gerenciada. De cuja história, quão bom o estilo é, deve ser
deixado para a determinação dos leitores; mas quanto ao
seu acordo com os fatos, não hesitarei em dizer, e com
ousadia, que a verdade tem sido só o que eu só tenho visado
através de sua inteira composição. (146)
Josefo, como o apóstolo Paulo, lembra ao leitor
repetidamente que ele está escrevendo a "verdade". Talvez
essa seja uma das razões pelas quais os autores do Novo
Testamento e as obras de Josefo criaram o elaborado
sistema pelo qual sua autoria do cristianismo poderia ser
conhecida. Eles não desejavam que fossem esses no futuro,
os que um dia descobririam a verdade, pensando neles
como mentirosos.

CAPÍTULO 10

O Método Tipológico

Acredito que os Flavianos não pretendiam que pessoas


sofisticadas como eles levassem a sua invenção, o
Cristianismo, a sério. Josefo descreve os indivíduos que
fomentaram a rebelião na Judéia como "escravos" e
"escória". Estes são os indivíduos que Roma teria visto
como suscetíveis a uma paixão pelo judaísmo militante. Foi
para esse grupo, "hoi polloi", que eles criaram a religião.

É por isso que os autores do Novo Testamento e Josefo se


sentiram livres para colocar em suas criações os quebra-
cabeças e satirizados que "notificaram" os educados da
verdadeira origem da religião. Eles não acreditavam que as
massas - os escravos e camponeses sem instrução para
quem o Cristianismo era destinado - entenderiam esses
enigmas, uma suposição que se provou correta. No entanto,
eles certamente queriam que os quebra-cabeças fossem
resolvidos eventualmente. Só então a maior conquista de
Tito - a de se transformar em "Jesus", seria apreciada.
Minha interpretação das seguintes passagens é que elas
criam um quebra-cabeças cuja solução mostra como os
enigmas do Novo Testamento podem ser resolvidos. O
quebra-cabeças em si é muito fácil de resolver; O único
aspecto difícil é reconhecer que o enigma existe.

Existem três "peças" para o quebra-cabeça. Uma delas é o


"Testimonium Josefo", que é o nome que os eruditos deram
à única e curta descrição de Josefo do "Cristo". As outras
duas "peças" do quebra-cabeça são os dois contos que
imediatamente seguem o Testimonium.

Até hoje, os estudiosos não reconheceram que


o Testimonium e os dois contos que o seguem criam um
enigma, simplesmente porque falharam em ver que os três
contos devem ter sido criados como um conjunto inter-
relacionado - isto é, eles foram criados em relação direta de
um para o outro. Uma vez que essa proposição é entendida,
fica claro que eles formam um quebra-cabeças cuja solução
também é óbvia.

Aqui está o Testimonium e os dois contos ímpares que o


seguem.

Agora havia sobre este tempo Jesus, um homem sábio, se


fosse lícito chamá-lo de homem; pois ele era um realizador
de maravilhosos trabalhos, um professor do qual os homens
recebem a verdade com prazer. Ele atraiu para si muitos dos
judeus e muitos dos gentios. Ele era o Cristo. E quando
Pilatos, por sugestão dos principais homens entre nós, o
condenou à cruz, aqueles que o amavam não o
abandonaram a princípio, pois ele apareceu para eles vivo
no terceiro dia, como os profetas divinos haviam predito
estas e outras dez mil coisas maravilhosas concernentes a
ele. E a tribo dos cristãos, assim chamados por ele, não
estão extintos neste dia. Mais ou menos na mesma época,
outra triste calamidade causou tumulto entre os judeus;
foram certas práticas vergonhosas que ocorreram no templo
de Ísis que havia em Roma. Eu vou agora primeiro relatar
sobre a tentativa iníqua sobre o templo de Ísis e, em
seguida, darei conta dos assuntos judaicos.

Havia em Roma uma mulher cujo nome era Paulina; a qual,


por causa da dignidade de seus ancestrais, e pela conduta
regular de uma vida virtuosa, tinha uma grande
reputação, ela também era muito rica; e embora ela fosse
possuidora de um belo semblante, e estivesse na flor de sua
idade, em que as mulheres são mais alegres, ela levava uma
vida de grande modéstia. Ela era casada com Saturnino, um
homem que de todas as formas se dedicava a ela e era de
um excelente caráter. Decius Mundus se apaixonou por
essa mulher. Ele era um homem que ocupava uma alta
posição na ordem equestre; e como ela era de grande
dignidade para ser conquistada por presentes, e já os
rejeitara, mesmo sendo enviados em grande abundância, ele
ainda ficou mais inflamado de amor por ela, tanto que ele
prometeu dar-lhe duzentos mil dracmas áticos para passar
uma noite com ela; mas como isso não veio a surtir efeito
sobre ela, e ele não foi capaz de suportar tal infortúnio em
sua aventura amorosa, ele pensou que a melhor maneira
para se libertar disso seria morrer de fome deixando de
comer, por causa da triste recusa de Paulina ele determinou
para si mesmo a morrer depois de tal maneira, e assim
ele continuou conforme o seu propósito. Nessa
ocasião Mundus tinha por mulher uma escrava liberta, que
fora libertada por seu pai, cujo nome era Ide, hábil em todos
os tipos de folguedos. esta mulher ficou muito triste com a
decisão do jovem de se suicidar (pois ele não ocultou dos
outros suas intenções de se entregar à morte), então
aproximou-se dele e encorajou-o com sua conversa,
fazendo-o esperar, através de promessas, que ela poderia
conseguir que ele passasse uma noite com Paulina; então
quando ele alegremente deu ouvidos a ela, disse que não
necessitava mais do que cinquenta mil dracmas para obter
os favores da mulher. Então, encorajando o rapaz e
recebendo tanto dinheiro quanto solicitou, ela não adotou
os mesmos métodos de antes, porque percebeu que a mulher
não era de modo algum tentada pelo dinheiro; mas como ela
sabia que ela era muito dada à adoração da deusa Isis, ela
inventou o seguinte estratagema: Ela foi a alguns dos
sacerdotes de Ísis, e com as mais fortes garantias [de
ocultação], ela os persuadiu com palavras, mas
principalmente pela oferta de dinheiro, de vinte e cinco mil
dracmas como sinal, e muito mais quando seu intento se
concretizasse; contou-lhes a paixão do jovem e persuadiu-
os a usar todos os meios possíveis para seduzir a mulher.
Assim eles foram atraídos para prometer que assim fariam,
por essa grande soma de ouro que eles deveriam receber.
Assim, o mais velho deles foi imediatamente ter com
Paulina; e após ser recebido, ele pediu para falar com ela
para seu próprio bem. Quando isso lhe foi concedido, ele
disse a ela que ele fora enviado pelo deus Anúbis, que se
apaixonara por ela, e ordenou que ela fosse até ele. Com
isso ela aceitou a mensagem muito gentilmente, e se sentiu
muito honrada com essa condescendência de Anúbis, e
assim disse ao marido que ela havia recebido uma
mensagem, para bebericar e deitar-se com o deus Anúbis;
então ele concordou com sua aceitação dessa proposta,
totalmente confiante na castidade de sua esposa. Assim, ela
foi ao templo e depois de chegar a hora de dormir, o
sacerdote fechou as portas do templo, quando, na parte
sagrada, as luzes também foram apagadas.
Então Mundus saltou para fora (porque ele estava
escondido), e não falhou em aproveitar-se dela, que esteve
a sua disposição, supondo que ela estava com o Deus; e
quando ele foi embora, que foi antes dos sacerdotes, que
nada sabiam sobre esse estratagema iniciassem suas
atividades, Paulina foi cedo ao marido e contou-lhe como o
deus Anúbis apareceu para ela. Entre suas amigas, também,
ela declarou quão grande valor ela colocara sobre
esse favor, que em parte descreram da coisa, quando
refletiram sobre sua natureza, e em parte ficaram surpresas
com isso, mas não tendo pretensão de não acreditar, quando
consideravam a modéstia e a dignidade da pessoa. Mas
agora, no terceiro dia após o que tinha sido feito, Mundus
procurou Paulina, e
disse: "Paulina, tu me fizeste economizar duzentos mil
dracmas, a soma que você poderia ter acrescentado à tua
própria família; Não só isso, mas também, ainda tu não
falhaste em colocar-se a minha disposição da maneira que
eu te havia convidado. Quanto às injúrias que recairão sobre
os "Mundus", eu não valorizo a questão dos nomes; mas eu
me regozijo com o prazer que eu tive com o que eu fiz,
enquanto eu tomei para mim o nome de Anúbis. "Depois
dele haver dito isso, seguiu seu caminho. Mas ela porém
percebendo a vulgaridade do que ela havia feito e rasgando
suas vestes, contou ao marido sobre a natureza horrenda do
artifício iníquo e pediu que ele não negligenciasse ajudá-la
nesse caso. Então ele relatou o fato ao
imperador; Tiberius mandou investigar completamente o
assunto inquirindo aos sacerdotes a respeito e ordenou que
fossem crucificados, bem como Ide, que fora a causa de sua
perdição, e quem havia engendrado toda a trama, que havia
sido tão injuriosa para a mulher. Ele também mandou
demolir o templo de Ísis, e deu ordem para que sua estátua
fosse lançada no rio Tibre; porém ele só baniu Mundus, não
tomando mais nenhuma medida contra ele, supor que o
crime que ele havia cometido, fora devido à paixão do
amor. E estas foram as circunstâncias envolveram o templo
de Ísis, e as injúrias ocasionadas por seus sacerdotes. Eu
agora volto à relação do que aconteceu sobre esse tempo
com os judeus em Roma, como eu havia dito anteriormente.

Havia um homem que era judeu, mas ele havia deixado seu
próprio país por uma acusação contra ele por transgredir
suas leis, e pelo medo que ele tinha da pena de punição por
isso; era em todos os aspectos um homem mau. Estando ele
então morando em Roma, declarou-se como instrutor
de homens da sabedoria das leis de Moisés. Ele também
convenceu três outros homens, a assumirem a mesma
personagem como ele, para serem seus parceiros. Esses
homens persuadiram Fulvia, uma mulher de grande
dignidade e que abraçara a religião judaica, para enviar
púrpura e ouro para o templo em Jerusalém; e quando eles
conseguiram isso, eles os empregaram para seus próprios
usos, e gastaram a soma de dinheiro que a princípio
exigiram dela com eles mesmos. Então Tibério, que tinha
sido informado de tal coisa por Saturnino, marido de
Fulvia, que desejava saber o que poderia ser feito sobre
isso, ordenou que todos os judeus fossem banidos para fora
de Roma; fora eles, nessa ocasião os cônsules listaram
quatro mil homens mais, e os enviou para a ilha da
Sardenha; mas puniram um número ainda maior deles, que
não estavam dispostos a tornar-se soldados, por manterem
as leis de seus antepassados Assim foram esses judeus
expulsos da cidade pela maldade de quatro homens. (152)

Primeiro, deve ser notado que os dois contos que seguem


o Testimonium são estranhamente tangenciais da narrativa
de Josefo, que descreve a atividade militar de Pôncio Mates
na Judéia, na qual até ele esteve envolvido. Eles se
destacam tanto por conta de sua localização, Roma, quanto
por sua substância leve e irreverente.

Josefo está usando aqui uma estrutura literária judaica


incomum chamada "composição pedimental", em que as
diferentes passagens formam colunas de um templo. Josefo
usa um estilo de composição pedimental em que três pilares
formam um templo literário. (153)

As duas colunas laterais são pequenas; ambas dizem


respeito a questões relacionadas aos judeus, e a coluna da
esquerda é a famosa passagem sobre Cristo. Infelizmente,
os estudiosos se concentraram na passagem da esquerda,
ignorando a composição literária e a estrutura retórica
gerais, as quais indicam que o foco de atenção deveria estar
sobre a coluna central.

Foi outro golpe satírico de Josefo usar uma estrutura de


templo literário para descrever o relato de um templo. Essa
estrutura pedimental com o foco na passagem central é
similarmente usada no Livro de Levítico, no qual os
capítulos 18 e 20 formam as colunas laterais e o capítulo 19
forma a coluna central de um templo literário.

Além disso, há uma asserção dentro dos contos que é


fácilmente constatada ser falsa. O templo de Ísis não foi
destruído durante esta época, um fato sobre o qual Josefo
estava ciente. Ele escreveu que Vespasiano e Tito haviam
passado a noite antes da celebração da conclusão da guerra
judaica no templo de Ísis. Isso me levou a questionar por
que Josefo conscientemente registra uma paródia, tão
óbvia, como história.

Para começar esta análise, quero salientar o que


entendi sobre o nome do protagonista no primeiro e mais
longo conto, Decius Mundus. Mundus é a palavra latina
para "mundo" ou "terra". O nome Decius Mundus, creio eu,
é um trocadilho com Decius Mus, os nomes do pai e filho
que figuravam entre os maiores heróis militares de Roma.
Tanto o pai quanto o filho devotaram-se (devotio); isto é,
no meio de batalhas ferozes, eles se sacrificaram.
O devotio era um ritual religioso do exército romano que
era dirigido a todos os deuses, conhecidos e desconhecidos,
romanos e inimigos. Um de seus propósitos era induzir os
deuses do inimigo a desertarem para Roma. Como eu
mencionei, os romanos sentiam-se como se eles fossem
divinamente inspirados para conquistar. No início do
primeiro século E.C., Roma lutou e conquistou, durante
centenas de anos, não apenas seus inimigos, mas também os
deuses de seus inimigos. O devotio era uma técnica usada
para neutralizar os deuses de seus inimigos.

No ritual, um romano, juntamente com as legiões


do inimigo, seria "devotado" aos deuses. Com efeito, um
romano se sacrificaria pelo bem de muitos. Assim, Decius
Mus ofereceu-se como um sacrifício a todos os deuses,
concordando em desistir de sua vida em troca de sua ajuda
em levar o inimigo junto com ele para o submundo.
DEVOTIUS DE DECIU MUS - Tapeçaria do Sec. XVII

No início, os dois exércitos lutaram com igual força e


igual determinação. Depois de um tempo os hastati
romanos à esquerda, incapazes de resistir à insistência dos
latinos, retiraram-se
para a retaguarda dos principes. Durante a confusão
temporária criada por este movimento, Decius exclamou
em voz alta para M. Valerius: "Valerius, precisamos da
ajuda dos deuses! Venha agora, você é um pontífice do
povo romano - dite a fórmula através da qual eu possa me
dedicar para salvar as legiões. . .
HASTATIS ROMANOS

PRÍNCIPE HASTATI

"... Janus, Júpiter, Pai Marte, Quirino, Bellona, Lares,


Novos Deuses, Deuses Nativos, divindades a quem
pertence o poder sobre nós e sobre nossos inimigos, e vós
também, Divino Manes, Eu rezo para vós, eu vos
reverencio, eu anseio por vossa graça e favorecimento, que
os Quiritas abençoem o povo romano com poder e vitória,
e encham os inimigos do povo romano de medo, pavor e
morte. Da mesma maneira como eu pronunciei esta
oração que eu assim e agora em nome da riqueza comum
dos Quiritas, em nome do exército, das legiões, dos
auxiliares do povo romano, dedico aos Quiritas, as legiões
e auxiliares do inimigo, junto comigo mesmo para o Divino
Jubileu e para a Terra ".

DEVOTIUS AOS QUIRITAS - ROMA

... Para aqueles que o assistiram em ambos os exércitos,


isto pareceu algo horrível e sobre-humano, como se
fora enviado do céu para expiar e apaziguar toda a raiva dos
deuses e para evitar a destruição de seu povo e trazer para
seus inimigos todo o pavor e terror que ele carregava
consigo, lançando confusão sobre as fileiras de vanguarda
dos latinos que logo se espalhou por todo o exército.
Isto ficava mais evidente, pois onde quer que seu cavalo o
levasse, todos ficavam paralisados como se houvessem sido
atingidos pelo ataque mortal de uma estrela; mas quando ele
caiu, atingido por lanças, a guarniçaõ latina, em um estado
de perfeita consternação, fugiu do local deixando um
grande espaço vazio. Os romanos, por outro lado, libertos
de todos os medos religiosos, avançaram. (155)

O famoso auto-sacrifício de "Decius Mus" foi realizado


para "libertar os romanos de todos os medos religiosos".
Para conseguir isso, ele ofereceu sua vida tanto aos deuses
dos romanos (os Quiritas) quanto aos deuses de seus
inimigos. Essa técnica visava "apaziguar" os deuses dos
inimigos de Roma e, assim, libertar os romanos das
preocupações sobre se esses deuses dariam assistência
divina a seus inimigos. Note-se que Decius também apelou
para "novos deuses". Eu suspeito que Decius "Mundus" ou
Décio "Mundo" teria sido entendido por um patrício como
um trocadilho de Decius Mus em escala mundial. Este jogo
de palavras para mostrar uma escala maior para Decius
Mus se torna mais claro pelo fato de que "mus" significa
"rato" em latim. Se um dramaturgo criasse uma personagem
chamada "Napoleão Mundo", seria óbvio qual personagem
da história ele estaria satirizando. Décio talvez fosse o herói
de guerra mais famoso de Roma e todos os patrícios
estavam cientes de suas façanhas. Por exemplo, o satírico
romano Juvenal, escrevendo durante a era Flaviana, falou
sobre o heroísmo de Decius Mus. Juvenal entendeu
claramente que seu público estava familiarizado
com Decius e seu devotio, já que ele se refere a ambos sem
explicação.

Na história, o autor escreve que Decius Mundus tinha uma


"resolução para se entregar à morte (. . .porque ele não
escondia suas intenções de se entregar à morte dos outros. .
.)". Decius Mundus é, portanto, paralelo tanto a Decius
Mus quanto a Jesus, pois nenhum deles ocultou dos outros
sua intenção de se entregar à morte. Josefo colocou essa
ideia entre parênteses, ressaltando a importância disso. Esta
revelação torna mais clara a conexão entre Decius
Mus e Decius Mundus. Um patrício romano teria entendido
uma personagem chamada Decius Mus como uma sátira
de Decius Mus.

Também estabelece um paralelo entre Decius Mus e Jesus.


Esse paralelo é claro porque Jesus se esforçou para tornar
os outros conscientes de seu auto-sacrifício vindouro. "Bem
sabeis que daqui a dois dias é a páscoa; e o Filho do homem
será entregue para ser crucificado." [Mateus 26:2]

A seguinte passagem do Evangelho de João compara o


auto-sacrifício de Jesus ao devotio de Decius Mus. Observe
que Caifás, o sacerdote que mais tarde supervisionará a
crucificação de Jesus, declara que: . . .Nem considerais que
nos convém que um homem morra pelo povo, e que não
pereça toda a nação. . . Esta é a própria definição
do devotio. Além disso, Caifás deixa clara sua crença de
que Jesus deve ser sacrificado para salvar todos os "filhos
de Deus", expressando a idéia de um devotio em escala
mundial.

"Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram


conselho, e diziam: Que faremos? porquanto este homem
faz muitos sinais.
Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos,
e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação.
E Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano,
lhes disse: Vós nada sabeis,
Nem considerais que nos convém que um homem morra
pelo povo, e que não pereça toda a nação.
Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo
sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer
pela nação.
E não somente pela nação, mas também para reunir em um
corpo os filhos de Deus que andavam dispersos."

João 11:47-52

Do ponto de vista dos Flavianos, o auto-sacrifício de Jesus


é muito parecido com um devotio. A religião que Jesus
estabeleceu com a sua morte certamente ajudou a
neutralizar o judaísmo militarista messiânico que os
Flavianos haviam combatido. Na verdade, para os
Flavianos, enquanto o sacrifício de Decius só havia ajudado
a salvar uma legião romana, o sacrifício de Jesus, pode-se
dizer, haver ajudado a salvar todo o mundo romano
(mundus).

Um ponto histórico interessante a esta linha de pensamento


é que enquanto, certamente, a intenção de que Jesus viesse
a ser entendido como o Messias que Daniel previra que
seria "imolado", o significado real por trás do auto-
sacrifício de Jesus pode não estar no judaísmo, como tem
sido universalmente acreditado, mas sim em um ritual da
religião romana , como uma paródia do devotio.

Se esta conjectura a respeito do significado da sátira


em nomear Decius Mus for correta, é o caso de que
"Decius", o nome do mais famoso auto-sacrifício de Roma,
seja o nome do herói do conto que se segue diretamente ao
"testimonium" de Josefo, a descrição do mais famoso auto-
sacrifício da história . Mostrarei abaixo que Decius
Mundus e Jesus compartilham um paralelo muito mais
profundo e único.
A pista mais clara que Josefo fornece para nos informar que
somos capazes de lidar com um quebra-cabeças é que tanto
a história de Decius e Paulina quanto a história de Fulvia
têm o mesmo enredo. Como eu mostrei, os paralelos dentro
do Novo Testamento e de "Guerra dos Judeus" são
significativos. Em ambos os casos, os sacerdotes perversos
enganam uma mulher de "dignidade" e, em ambos os casos,
a fraqueza da mulher pela religião é explorada. Além disso,
não apenas as duas histórias têm o mesmo enredo, mas
também contêm vários elementos que são intercambiáveis.
Ambas as mulheres dignas enganadas, surpreendentemente,
têm maridos chamados Saturnino. Ambos os maridos
exatamente nomeados "Saturnino", conhecem o Imperador
Tibério, a quem cada marido vai reclamar sobre o que foi
feito à sua esposa. Em ambos os contos, entre outras
punições, Tibério então "bane" um ou mais dos
perpetradores.

Josefo também forneceu outras declarações para ajudar o


leitor a reconhecer que as duas histórias devem ser
entendidas como paralelas e, portanto, intercambiáveis.
Primeiro, ele inverte a ordem em que ele afirma que irá
descrevê-los.

". . . -Mais ou menos na mesma época, outra triste


calamidade causou tumulto entre os judeus; foram certas
práticas vergonhosas que ocorreram no templo de Ísis que
havia em Roma."

". . . -Eu vou agora primeiro relatar sobre a tentativa iníqua


sobre o templo de Ísis e, em seguida, darei conta dos
assuntos judaicos."
Além disso, no início da terceira história, Josefo afirma
que estaria retornando a um episódio sobre os judeus "em
Roma", como ele havia "declarado anteriormente".

". . . -Eu agora volto à relação do que aconteceu sobre esse


tempo com os judeus em Roma, como eu havia dito
anteriormente."

No entanto, foram as "práticas vergonhosas no templo de


Ísis" que Josefo afirmou anteriormente terem ocorrido "em
Roma", não o episódio relativo aos judeus. Josefo não
menciona onde ocorreu a "triste calamidade [que] causou
tumúlto entre os judeus." Ele mencionou pela última vez os
judeus em uma história sobre sua perseguição por Pôncio
Pilatos na Judéia. Josefo parece estar tratando as duas
histórias como se fossem intercambiáveis. Ao fazê-lo, ele
continua a estranha "lógica" existente entre elas, já que suas
únicas diferenças significativas estão nos nomes de alguns
dos elementos nelas contidos.

Também é notável que Paulina "começou a entender a


grosseria daquilo que havia feito e rasgou suas roupas". O
rasgar de peças de vestuário é uma expressão judaica bem
conhecida de tristeza e é, na verdade, exigido pela lei
religiosa judaica em alguns casos. No Evangelho de
Marcos, por exemplo, quando o Sumo Sacerdote que
questiona Jesus o ouve referir-se a si mesmo como o "Filho
do Homem", ele rasga suas vestes. Ele faz isso porque no
Sinédrio se afirma que um juiz que ouviu palavras
blasfemas deverá fazê-lo. O Talmud relata dez "tristes
acidentes" pelos quais os judeus são instruídos a rasgar suas
vestes. Josefo também registra numerosas ocasiões em
suas histórias em que os judeus rasgam suas roupas como
uma expressão de pesar. Portanto, por que Paulina, membro
do culto de Isis, seria a única a rasgar suas vestes e não
Fulvia, a judia, sendo que ela passou pela mesma
experiência?

Há outra pista, um paralelo que liga


o Testimonium ao conto de Decius Mundus. É um dos
paralelos mais significativos que apresentarei ao leitor neste
trabalho.

O Testimonium descreve a ressurreição de Jesus, afirmando


que ele
"apareceu para eles vivos novamente no terceiro
dia." Decius Mundus também aparece para Paulina no
terceiro dia. Há, claro, uma diferença. Enquanto Jesus
aparece no terceiro dia para mostrar que ele é um
deus, Decius aparece no terceiro dia para anunciar que ele
não é um deus.

É implausível que algo tão incomum quanto dois "terceiros


dias de declarações de divindade" acabariam uma ao lado
da outra por acaso. O Testimonium contém a única
descrição, fora do Novo Testamento, da vida de Jesus no
primeiro século. A probabilidade de um espelho oposto à
ressurreição de Jesus, um evento singular em literatura,
ocorrer por acaso no parágrafo seguinte a sua única
documentação histórica é, creio eu, muito baixa para ser
considerada. Na verdade, em toda a literatura, estas são as
duas únicas histórias que eu conheço que descrevem
alguém que vem em um "terceiro dia" para proclamar que
é, ou que não é "um deus", a única explicação racional é que
esse paralelo espelho-oposto foi, por algum motivo,
colocado ao lado do Testimonium deliberadamente.

Outra conexão entre Decius e Jesus é o fato de que Anúbis,


o deus que Decius fingiu ser, é um deus com muitos
paralelos com Cristo. Anúbis, como Jesus, é um filho de
deus, e é referido como a "criança real" dentro do culto de
Ísis. Mais importante ainda, Anúbis é um deus que volta dos
mortos. O culto de Isis na verdade celebrou sua morte nas
mãos de Set e sua subseqüente ressurreição.

O mito da ressurreição de Anúbis também contém, como a


de Jesus, uma forte mensagem escatológica.

Todas as três histórias são descritas como ocorrendo "em


torno de um tempo", que os liga um ao outro
"temporalmente". Enquanto é dificilmente incomum para
os eventos que acontecem mais ou menos na mesma época,
Josefo liga a história de Fulvia ao Testimonium de outra
forma mais singular. Na passagem ele escreve:

". . . - Havia um homem que era judeu, mas ele havia


deixado seu próprio país por uma acusação contra ele por
transgredir suas leis, e pelo medo que ele tinha da pena de
punição por isso; era em todos os aspectos um homem mau.
Estando ele então morando em Roma, declarou-se como
instrutor de homens da sabedoria das leis de Moisés". A
personagem é, claro, o apóstolo Paulo.

"E quando os sete dias estavam quase a terminar, os judeus


da Ásia, vendo-o no templo, alvoroçaram todo o povo e
lançaram mão dele,
Clamando: Homens israelitas, acudi; este é o homem que
por todas as partes ensina a todos contra o povo e contra a
lei, e contra este lugar; e, demais disto, introduziu também
no templo os gregos, e profanou este santo lugar.
Porque tinham visto com ele na cidade a Trófimo de Éfeso,
o qual pensavam que Paulo introduzira no templo.
E alvoroçou-se toda a cidade, e houve grande concurso de
povo; e, pegando Paulo, o arrastaram para fora do templo,
e logo as portas se fecharam.
E, procurando eles matá-lo, chegou ao tribuno da coorte o
aviso de que Jerusalém estava toda em confusão;
O qual, tomando logo consigo soldados e centuriões, correu
para eles. E, quando viram o tribuno e os soldados,
cessaram de ferir a Paulo.
Então, aproximando-se o tribuno, o prendeu e o mandou
atar com duas cadeias, e lhe perguntou quem era e o que
tinha feito."

Atos 21:27-33

Que o homem perverso da história de Fulvia possa ser visto


como uma sátira de Paulo parece difícil de contestar. (157)
Josefo liga a história de Fulvia ao Testimonium de outra
maneira:

". . . - Estes homens persuadiram Fúlvia, uma mulher de


grande dignidade, e que abraçou a religião judaica, para
enviar púrpura e ouro ao templo em Jerusalém. . ."

A púrpura era a cor real no primeiro século. Envio de


púrpura para o templo de Jerusalém sugere que a artimanha
que os sacerdotes iníquos usaram para enganar Fúlvia
envolvia um rei ou uma pessoa de classe real entre os
judeus. Talvez alguém que fosse religioso e também
secular. Como Josefo indicou que esse evento ocorre "quase
ao mesmo tempo" em que Jesus viveu, ele seria pelo menos
um candidato para ser referido como real. De fato, uma vez
que a referência à púrpura ocorre na mesma página
do Testimonium, a única descrição histórica de Jesus, que
outro "rei dos judeus" poderia vir à mente?

"E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, lhe


puseram sobre a cabeça, e lhe vestiram roupa de púrpura.
E diziam: Salve, Rei dos Judeus. E davam-lhe bofetadas."

João 19:2,3

Todas as "dicas" acima trabalham juntas para sugerir que


existe alguma relação entre as três histórias. Por exemplo,
o Testimonium parece relacionado à história
de Decius porque eles compartilham declarações de
divindade ao terceiro dia. Da mesma forma, a história de
Fulvia deve estar relacionada à história de Decius, porque
eles compartilham o mesmo enredo, o nome de ambos os
maridos é o mesmo, etc. Os paralelos e elementos
intercambiáveis dentro das três histórias mostram que o
autor estabeleceu deliberadamente alguma relação entre
eles. Isso não é aparente na superfície, um problema que o
leitor deve tentar "resolver". Em outras palavras, as três
histórias são um enigma.

Quando as três histórias são vistas como um quebra-


cabeças, a solução se torna óbvia. Josefo realmente
tem Decius Mundus como a solução para o quebra-cabeça
dentro da sátira:
. . . eu não valorizo a questão dos nomes. . .

Decius não valorizou "a questão dos nomes" e adotou o


nome de Anúbis. Para resolver o enigma de Decius, o leitor
só precisa fazer o mesmo.

Para resolver o enigma, o leitor deve simplesmente trocar


os nomes das personagens e das religiões que Josefo
identificou como paralelas, de modo que, enquanto as
histórias forem as mesmas, os nomes das personagens serão
diferentes. Essa técnica é usada em todo o Novo
Testamento e em "Guerra dos Judeus". O nome de uma
personagem em uma história é dado a uma outra
personagem em um conto paralelo.

Na história de Décio Mundus, basta mudar o nome


da personagem Paulina, que é membro do Culto de Ísis,
com o de Fúlvia da terceira história, que é membro da
religião judaica. Observe que Josefo realmente nos mostrou
que essas duas personagens são intercambiáveis. Ambas as
mulheres têm uma experiência com sacerdotes iníquos;
ambas têm maridos com o mesmo nome; ambos os maridos
apelam para Tibério; e ambas as mulheres compartilham a
qualidade da dignidade.

Josefo também indicou que o culto de Isis e a religião dos


judeus são intercambiáveis ao reverter deliberadamente
qual história ele conta primeiro e qual religião estava "em
Roma".

O leitor pode agora substituir o nome da personagem


"Decius Mundus" da primeira estória com" o Cristo"
do Testimonium. Mais uma vez, Josefo mostrou que os
nomes são intercambiáveis pelos atributos paralelos desses
dois personagens. Ambos afirmam ser deuses, ambos fazem
revelações sobre sua divindade no terceiro. dia; e ambos
fizeram resoluções públicas de se sacrificarem.

A nova estória de Decius Mundus, criada pela mudança dos


nomes das personagens e religiões que Josefo identificou
como intercambiáveis, pode ser resumido da seguinte
forma:

Decius Mundus, um romano, está desejoso de Fulvia, uma


judia de dignidade, a quem ele não pode seduzir com
dinheiro. Aprendendo que sua fraqueza é sua religião, ele
paga a sacerdotes perversos para convencê-la de que ele é o
Cristo, para que ele possa "manter relações" com ela. No
terceiro dia, ele reaparece para lhe dizer que ele não é
realmente o Messias, mas teve prazer em fingir ser um deus.
Os judeus são então banidos e seu templo destruído.

Enquanto esta nova história ainda é uma sátira, e é aquela


cujo significado pode ser facilmente compreendido. A
tradução que ofereço é a seguinte:

Roma deseja a Judéia, mas não pode tentá-la com riqueza


por causa das fortes convicções religiosas de seu povo.
Portanto, um romano engana aos zelotes judeus para
acreditar que ele é o Cristo. Ele paga sacerdotes iníquos
para ajudá-lo a realizar seu plano. Os autores do
cristianismo "gostam" da experiência de fingirem "ser o
Messias".

O judeu não identificado no conto final que "declarou-se


como instrutor de homens da sabedoria das leis de Moisés"
é identificado como Paulo na descrição paralela em Atos 21
dada acima. Josefo também ajuda o leitor com essa
identificação, iniciando as histórias paralelas com
descrições dos gêneros de "Paulina" e "judeu em Roma".
Uma vez que o leitor saiba que as estórias são projetadas
para terem elementos intercambiáveis, não é difícil
perceber que, ao mudar seus gêneros, Paulina pode se tornar
Paulo, o que esclarece completamente a identidade do
"judeu em Roma".

A história criada pela resolução do quebra-cabeça revela


como César enganou os judeus para chamá-lo de "Senhor"
sem que o conhecessem, simplesmente, mudando seu nome
para Jesus - o grande segredo do cristianismo. Ele também
revela as chaves para entender a sátira dentro do Novo
Testamento - uma personagem pode assumir outro nome,
histórias que compartilham paralelos podem ser
combinadas para criar outra história, e um personagem sem
nome em uma passagem terá o mesmo nome que um
personagem. em uma passagem paralela.

Embora o enigma seja simples, a ideia técnica por trás disso


é engenhosa. A história que surge quando o leitor inverte as
personagens e religiões intercambiáveis pode ser lida
literalmente como o evento histórico que Josefo registrou.
Assim, Josefo, como ele lembra o leitor tantas vezes,
escreveu a "verdade".

A nova estória de Decius Mundus criada pela mudança dos


nomes
encontrado nos três contos se encaixa naturalmente na
estória que Josefo está relatando. Ela se conecta às
passagens anteriores que têm a ver com a reação dos judeus
às efígies de César em Jerusalém e o esforço romano de
comprar os favores dos judeus. As estórias que substitui não
se conectam às passagens anteriores a elas, são incoerentes
e têm um senso de fantasia. Josefo, como ele nos lembrou
com tanta frequência, escreveu a verdade - a verdade estava
contida em um quebra-cabeças.

O principal objetivo do quebra-cabeças era mostrar o


método pelo qual as verdadeiras identidades das
personagens do Novo Testamento e de "Guerra dos
Judeus podem ser conhecidas, que é simplesmente
combinar as histórias que contêm paralelos. Esta técnica
revela as identidades do "certo jovem" capturado no Monte
das Oliveiras, do filho sem nome de Maria, cuja carne foi
comida, dos apóstolos Simão e João e, finalmente, do
próprio Jesus. Observe também que a sedução de Paulina
por Decius ocorre "no escuro", como quando Maria
Madalena confunde a tumba de Lázaro com a de Jesus,
descrita anteriormente.

O Testimonium é encontrado em "Antiguidades dos Judeus"


de Josefo, segunda obra da "história", que ele supostamente
escreveu durante o reinado do irmão de Tito, Domiciano.
Se o cristianismo foi criado pelos Flavianos para que César
pudesse secretamente se tornar o Messias, então Domiciano
poderia ter sido visto como "Jesus" quando se tornou
imperador, após a morte de Tito. A obsessão de Domiciano
por sua divindade era bem conhecida. Ele exigiu, por
exemplo, ser tratado pelos membros do senado romano
como "Mestre e Deus". Assim, Domiciano, enquanto
supervisionava a produção de "Antiguidades dos Judeus",
pode ter sido a base para a personagem Decius Mundus.
Esta conjectura é apoiada por um paralelo interessante
entre episódios da vida de Domiciano e a história de Decius
Mundus. Os Flavianos derrubaram Vitélio, o último dos
imperadores Julio-Claudianos, com uma batalha que
ocorreu em Roma em 69 d.C. Durante a batalha, Domiciano
ficou preso atrás das linhas inimigas. Para escapar, ele
vestiu uma máscara de Anúbis, exatamente como Decius
Mundus, e fingiu ser um sacerdote de Ísis.

Também de interesse é a passagem da história de Decius


Mundus
sobre o personagem chamado "Ide".

... bem como "Ide", que foi a ocasião da sua perdição ...

O antigo calendário romano celebrava os idos [ides] do


mês no dia quinze de março, maio, julho e outubro. Nos
outros meses os idos [ides] ocorriam no décimo terceiro dia.
Nisan, que na verdade se sobrepõe a março e abril, é
geralmente traduzido como abril. Josefo data a Páscoa até o
décimo quarto dia de Nisan.

Como agora a guerra no exterior cessou por um tempo, a


sedição foi intimamente revivida; durante a celebração dos
pães ázimos, que agora chegou, sendo o décimo quarto dia
do mês Xanthicus [Nisan], quando se acredita que os judeus
foram por primeiro libertados do jugo dos egípcios. . . (158)

Eu sugiro que a frase "a ocasião de sua perdição" é jogo de


palavras referindo-se aos Idos de Nisan, a data da
crucificação de Jesus como registrada no Evangelho de
João, que é o Evangelho que Josefo usa para ligar datas de
sua história à crucificação - a data da "perdição".

De qualquer forma, minha interpretação das três histórias


resolve muitas questões antigas sobre como elas se
relacionam umas com as outras. Essa teoria concilia todos
os elementos das três histórias que surgiram. Além disso,
essa interpretação resolve o longo debate sobre como as três
histórias se relacionam com as passagens que estão
imediatamente antes e depois delas.

A primeira frase da história de Decius Mundus afirma


que"outra triste calamidade causou tumulto entre os judeus,
"tumulto" em grego [θορυβέω; thorubeo] também aparece
nas duas primeiras passagens do capítulo, que
imediatamente precedem o Testimonium. Começando com
uma referência a "outro tumulto", a história de Decius
Mundus parece ignorar o Testimonium. Este fato levou
alguns estudiosos a suspeitar que o Testimonium foi,
portanto, "inserido em Antiguidades dos Judeus" por
redatores cristãos posteriores.

G. A. Wells em The Jesus Myth (O Mito Jesus) argumenta


esse ponto da seguinte maneira:

"A palavra (tumulto) conecta esta introdução de 4 (o conto


de Decius Mundus), com os "tumultos" especificados em 1
e 2. Assim, 3 - a passagem sobre Jesus - ocorre em um
contexto que trata do alvoroço trazendo perigo ou
infelicidade para os judeus. Que 4 segue imediatamente
após 2 é óbvio a partir das palavras de abertura de 4 - "Outra
calamidade". Não há nenhuma referência possível para 3."

O argumento de Wells é apenas uma das várias maneiras


pelas quais os estudiosos tentaram explicar o estranho
posicionamento do Testimonium. Nesse caso, Wells sugere
duas razões para suspeitar que o Testimonium foi inserido
por redatores cristãos posteriores entre a história
de Decius e a passagem anterior referente a Pilatos. Seu
primeiro argumento é que desde a palavra "tumúlto" ocorre
nas passagens um e dois e não é encontrada na terceira
passagem do capítulo, "O Testimonium", mas reaparece na
passagem quatro, isso sugere que quatro deve vir depois de
dois. Wells também argumenta que, como a expressão
"outra calamidade", que começa na quarta passagem, não
pode se referir ao Testimonium, deve ter originalmente
seguido a segunda passagem, que, de fato, descreve uma
calamidade.

Muitos estudiosos notaram essa aparente falta de


continuidade entre o Testimonium e o capítulo que o
contém. H. St. John Thackeray, em seu trabalho de 1929
sobre Josefo, argumenta, como Wells, que a falta de
continuidade no assunto do "tumúlto" sugere a ele que os
redatores, para fazer a história se conformar com sua fé,
criaram e inseriram o Testimonium. Thackeray conclui que
o argumento de que o Testimonium pode ter sido inserido
por redatores posteriores "tem grande peso".

Estudiosos como Thackeray e Wells erroneamente viram


falta de continuidade entre o Testimonium e as duas
histórias que o seguem e o resto da história de Josefo
simplesmente porque eles falharam em reconhecer que as
três histórias só poderiam ter sido criadas em relação direta
umas com as outras e não são contos independentes.

Argumentar que o Testimonium foi inserido em


"Antiguidades Judaicas" por redatores cristãos posteriores
que o colocaram por acaso entre as histórias sobre os
"tumúltos" de Pilatos e a história de Decius Mundus é
ilógica. Isso ocorre porque tal argumento é baseado
unicamente na lacuna percebida na continuidade sobre o
assunto dos "tumúltos" e ignora a continuidade criada pelas
aparições paralelas de "terceiro dia" de Jesus e Decius.
Como os tumultos eram comuns nas obras de Josefo e as
declarações do terceiro dia a respeito da divindade são
únicas na literatura, esse paralelo é claramente mais
importante. Ele conecta o Testimonium à história
de Decius de uma maneira muito mais forte do que a falta
da palavra "tumúlto" no Testimonium sugira uma
desconexão.

Portanto, todas as três histórias devem ter sido criadas


juntas. Essa pequena cadeia de lógica tem conseqüências de
longo alcance, porque também demonstra um propósito
para sua criação conjunta. Se alguém aceita que eles são um
conjunto relacionado criado para algum propósito, esta
interpretação parece ser a única possível.

É útil listar a problemática ou os aspectos, aparentemente,


incoerentes das três histórias que esta interpretação
pretende mostrar com poder explicativo que ela possui.

A primeira resolução para um "problema" que quero


mostrar é a maneira antinatural em que o Testimonium e
seus dois contos seguintes se encaixam na narrativa da
estória de Josefo, o problema de uma lacuna na
continuidade que Wells e Thackeray observaram acima.
Para esclarecer para o leitor a natureza dessa
descontinuidade, apresento a seguinte seqüência:
18:35 Pilatos chega à Judéia para abolir as leis judaicas;

18: 55-59 Pilatos introduz imagens imperiais no


templo causando um "tumulto";

18: 60-62 Pilatos tenta construir um aqueduto, causando


outro "tumulto";

18: 63-64 O Testimonium aparece;

18: 65-80 A história de Decius Mundus aparece;

18:81 -84 A história de Fulvia aparece;

18: 85-7 Pilatos tem um confronto com os samaritanos;

18: 88-9 Pilatos é removido como procurador.

Quando a sequência de eventos é vista dessa maneira, é fácil


entender por que estudiosos como Wells e Thackeray
questionaram se redatores posteriores inseriram
o Testimonium. A narrativa histórica antes e depois
do Testimonium é exclusivamente sobre Pilatos. Observe,
no entanto, que as histórias de Decius e Fulvia também se
destacam. Nenhuma das histórias neste "conjunto" discute
a atividade romana na Judéia, o tema das passagens
vizinhas. Essa interpretação do "quebra-cabeças" resolve
essa falta de continuidade na narrativa de Josefo. Além
disso, a sátira revelada por essa solução se encaixa
perfeitamente no fluxo da narrativa.

Esta interpretação também resolve o aparentemente


inadequado início das palavras da história de Decius,
"Outra calamidade". Como mencionado acima, muitos
estudiosos acreditam que esta frase não poderia relacionar-
se com o Testimonium e Jesus. No entanto, dentro do
contexto da minha explicação, o posicionamento da frase
faz sentido perfeito, embora irônico. Os romanos
inventaram o cristianismo com o propósito expresso de
trazer uma calamidade aos judeus e colocá-los em
"tumúlto". Os leitores relembrarão como, na passagem do
"Filho de Maria", Maria usa a palavra "calamidade" para
descrever o efeito que seu filho se tornará "palavra por
palavra ao mundo" sobre os judeus.

". . . - Venha; sê tu a minha comida, e sê tu uma punição


para estes serventes sediciosos, e um exemplo para o
mundo, que é tudo o que agora está faltando para completar
as calamidades para nós judeus . . ."

As três passagens que compõem o quebra-cabeças estão


relacionadas com as duas passagens que precedem
o Testimonium de outro modo. As duas primeiras passagens
de cinco curtas passagens do capítulo, resumem
satiricamente as razões pelas quais os Flavianos inventaram
o cristianismo, bem como o fato de que ao inventar a
religião, os romanos estavam, de fato, tomando o controle
do movimento sicarii. Abaixo estão estas duas passagens.

1. Mas agora Pilatos, o procurador da Judéia, removeu


o exército de Cesaréia para Jerusalém, levando seus
alojamentos de inverno para lá, a fim de abolir as leis
judaicas. Então ele introduziu as efígies de César, que
estavam sobre seus estandartes, e trouxe-os para a cidade;
enquanto a nossa lei nos proíbe a muito a confecção de
imagens; tanto que os antigos procuradores costumavam
fazer sua entrada na cidade com tais estandartes, que não
tinham esses ornamentos. Pilatos foi o primeiro que trouxe
essas imagens para Jerusalém, e as instalou lá; o que foi
feito sem o conhecimento do povo, porque foi feito no
período noturno; mas assim que eles souberam disso,
vieram em multidões para Cesaréia, e interviram junto
a Pilatos durante muitos dias para que ele retirasse as
imagens; e como ele não atendeu seus pedidos, porque isso
iria configurar uma injúria a César, eles ainda assim
perseveravam em seu pleito, no sexto dia, porém, ele
ordenou a seus soldados que tivessem com suas armas a
postos, enquanto ele veio e sentou-se em seu tribunal, cujo
assento estava assim armado em um lugar aberto da cidade,
que ocultava o exército que estava preparado para oprimi-
los; e quando os judeus o fizeram outra petição, ele deu um
sinal aos soldados para cercá-los e ameaçou-os, nada menos
do que, com a punição de morte imediata, a menos que eles
parassem de perturbá-lo e voltassem para suas casas. Mas
eles se jogaram no chão, e deixando seus pescoços
nus, disseram que eles aceitariam sua morte de bom grado,
ao invés de transgredir a sabedoria de suas leis, às quais
Pilatos afetara profundamente: assim, devido à sua firme
resolução em manter suas leis invioláveis, ele atualmente
ordenou que as imagens fossem levadas de Jerusalém de
volta para Cesaréia.

2. Mas Pilatos se comprometeu a trazer água corrente


para Jerusalém, e fez com o dinheiro sagrado, e sua origem
derivada de um fluxo que estava a duzentos furlongs (40
Km.) de distância. No entanto, os judeus não ficaram
satisfeitos com o que havia sido feito sobre esta água; e
mais de dez mil pessoas se juntaram e fizeram um clamor
contra ele, e insistiram que ele deveria deixar de lado esse
projeto. Alguns deles também usaram de censuras, e abusos
sobre os homens; entre eles havia um grande número de
seus soldados que tinham por hábito carregar adagas sob
suas vestes, ele os enviou para um lugar onde
puderam cercá-los. Então ele pediu aos judeus que fossem
embora; mas eles corajosamente começaram a lançar
injurias sobre ele, então sinalizaram aos soldados como fora
previamente combinado; mas eles desferiram sobre os
judeus golpes muito maiores do que os ordenados por
Pilatos e igualmente puniram aqueles que
estavam tumultuando como a aqueles que não estavam; não
poupando nenhum deles: e como as pessoas estavam
desarmadas, e foram apanhados por homens preparados
para o que estavam fazendo, houve um grande número de
mortos por este meio, e outros fugiram feridos. E assim foi
posto um fim nesta sedição. (159)

As duas passagens satiricamente confirmam toda a


premissa a respeito do cristianismo. Os judeus não
adoravam os imperadores romanos e não eram
influenciados pela violência; portanto, Roma foi forçada a
"tornar-se" no movimento sicarii. A descrição satírica dos
romanos se tornando sicarii é descrita acima na frase:

". . . - entre eles havia um grande número de seus soldados


que tinham por hábito carregar adagas sob suas vestes. . ."

Os indivíduos cujo "hábito" incluía carregar "adagas sob


suas vestes" eram, claro, os sicarii.

". . . - E quando eles se juntaram a muitos dos sicarii, que


se aglomeravam entre as pessoas mais fracas (esse era o
nome de tais ladrões que tinham sob seus peitos espadas
chamadas "Sicae") . . ."(160)

O efeito do cristianismo também é registrado dentro da


sátira. Este
efeito foi acabar com a rebelião.

". . . - E assim foi posto um fim a essa sedição."

Ao determinar a força de uma teoria, é útil enxergar quanto


"poder explicativo" ela possui. A lista a seguir demonstra
quantos "enigmas" essa interpretação resolve.

Esta interpretação:

• resolve a confusão percebida por Josefo sobre qual


religião
estava "em Roma";

• resolve porque Paulina, do culto de Isis, e não Fulvia, a


judia, é quem rasga suas vestes;

• resolve porque Josefo registrou que o templo de Isis


fora destruído, embora estivesse ciente de que tal destruição
não ocorrera;

• resolve porque as mulheres nas diferentes histórias


tinham maridos chamados Saturnino que conheciam o
imperador;

• resolve porque a história de Decius e a história de Fulvia


têm o mesmo enredo;
• resolve porque um personagem tem o nome incomum
"Decius Mundus";

• resolve porque um personagem tem o nome incomum


"Ide";

• resolve o uso paralelo no Testimonium e na estória


de Decius, da expressão "recebida com prazer";

• resolve os paralelismos incomuns entre o judeu perverso


na estória de Fulvia e o apóstolo Paulo;

• explica porque Decius Mundus não escondeu sua


resolução de se matar;

• e mais importante, esta interpretação explica como as duas


"declarações de divindade do terceiro dia" na literatura
acabam sendo colocadas uma ao lado do outra.

Há ainda outro paralelo entre o conto de Decius Mundus e


o Testimonium, um paralelo apenas aparente quando se lê
as passagens em seu original em grego. No Testimonium,
Jesus é descrito como um professor de pessoas que "aceitam
a verdade com prazer". A palavra grega para prazer que
Josefo usa é hedone, a raiz da palavra em português
"hedonismo". Estudiosos têm se intrigado sobre o uso
de hedone por Josefo aqui. Hedone geralmente denota
prazer sensual ou malicioso, e "aceitar a verdade
com hedone" é um conceito estranho. A frase que Josefo
escreveu em grego também poderia ser traduzida "recebeu
a verdade com prazer malicioso."
O verbo Josephus usa nesta frase é dechomenon,
que significa receber, esta é a frase lida em grego "hedonei
talethe dechomenon". No conto de Decius
Mundus, Decius também recebe algo com "prazer
sensual". Decius recebe a "trama" armada para Ide que lhe
permite seduzir Paulina com prazer sensual - hedone, lido
em grego como "dechomenou ten hiketeian hedonei".

O mesmo verbo, dechomenou (que significa tanto "aceitar


ou receber"), é usado com hedone no Testimonium. Isso
cria mais um paralelo entre a estória do Testimonium e
de Decius. Com base no contexto fornecido pela estória
de Decius, uma conjectura lógica é que essa combinação de
verbos / substantivos cria o idioma "se ferrando" (mantendo
relações). Eu fui incapaz de confirmar essa conjectura por
outro exemplo do grego clássico, no entanto.

Hedone também é usado de maneira interessante com outra


palavra. Josefo conclui seu prefácio à "Guerra dos Judeus"
com a seguinte declaração;

". . . - Tauta panta perilabon en hepta bibliois kai medemian


tois epistamenois ta pragmata kai paratuchousi toi
polemoi katalipon e mempseos aphormen e kategorias, tois
ge ten aletheian agaposin, alia me pros hedonen
anegrapsa. Poiesomai de tauten tes exegeseos archen, hen
kai ton kephalaion epoiesamen." (161)

A tradução de Whiston para o inglês é a seguinte:

Eu compreendi todas estas coisas em sete livros, e não


deixei nenhuma oportunidade para reclamação ou acusação
aos que foram familiarizados com esta guerra; e eu escrevi
o que se segure para aqueles que amam a verdade, mas não
para aqueles que se agradam [com relações fictícias]. E
assim eu vou começar minhas considerações sobre essas
coisas com o que eu chamo de meu primeiro capítulo.

A razão pela qual Whiston coloca parênteses ao redor da


frase ". . . mas não para aqueles que se agradam [com
relações fictícias] . . .", foi para alertar o leitor de que é uma
tradução imprecisa. As palavras gregas que Josefo usa
aqui, hedonen anegrapsa, não significam "agradar a si
mesmas com relações fictícias", mas sim agradar a si
mesmas em "serem registradas". Usado em conexão com
uma pessoa, como é aqui, a palavra-chave anagrapho,
significa registrar ou registrar nomes. Whiston
arbitrariamente inseriu a frase [com relações fictícias] em
sua tradução porque ele acreditava que essa era a ideia que
Josefo realmente queria dizer. Uma tradução literal da
sentença seria a seguinte:

". . . e eu escrevi para o bem daqueles que amam a verdade,


mas não para aqueles que se agradam com o registro de
nomes. . ."

Enquanto Whiston achou esta tradução incoerente, de


minha parte em última análise, faz todo o sentido, pois a
técnica usada pelos autores do Novo Testamento e das
obras de Josefo, para transformar o judaísmo em
cristianismo era a troca ou o "não registro" dos
nomes. Decius tornou-se Anúbis e Tito se tornou Jesus.
Nenhum dos dois valorizava muito "essa questão de
nomes". As aparentes "incoerências" de Josefo são muito
significativas e devem ser traduzidas exatamente como
foram escritas.

CAPÍTULO 12

O Pai e o Filho de Deus

"Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e


ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece
o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser
revelar."

Mateus 11:27

As profecias do juízo final de Jesus foram dirigidas contra


a "geração perversa" dos judeus que se rebelaram contra
Roma. Portanto, sua "segunda vinda" ameaçava predizer a
destruição de Jerusalém por 70 EC. Este foi o entendimento
da maioria dos teólogos cristãos até este século e ainda é a
forma como os cristãos pretendem compreender essas
profecias. O teólogo do século 17 Reland viu o assalto
romano a Jerusalém desta maneira: "O Filho de Deus veio
agora para se vingar dos pecados da nação judaica". Seu
contemporâneo, William Whiston, foi ainda mais
específico. Ele entendeu que as palavras de Jesus indicavam
"que ele viria à frente do exército romano para sua
destruição. "
Eu estou em completo acordo com Reland e Whiston. Tudo
do ministério de Jesus era sobre a próxima guerra com
Roma e foi projetado para estabelecer Jesus como precursor
de Tito. Portanto, a relação entre Jesus e "o Pai", referida ao
longo dos Evangelhos, é um precursor do relacionamento
entre Tito e seu pai, o imperador e deus Vespasiano.

Todos os diálogos que descrevem o relacionamento de


Jesus com o Pai usam jogos de palavras em sátiras que
realmente descrevem o relacionamento de Tito com seu pai
verdadeiro, Vespasiano. Apoiando essa premissa está o fato
de que todas as descrições de Jesus de seu relacionamento
com o pai mencionam que pai e filho possuem identidades
secretas conhecidas apenas pelos dois.

"E, se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque


não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou.
E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois
homens é verdadeiro.
Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica
também o Pai que me enviou.
Disseram-lhe, pois: Onde está teu Pai? Jesus respondeu:
Não me conheceis a mim, nem a meu Pai; se vós me
conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai."

João 8:16-19

Em Mateus, Jesus também fala de uma identidade secreta


conhecida apenas ele e seu pai.
"Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou,
ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas
aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.
Sim, ó Pai, porque assim te aprouve.
Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém
conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai,
senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar."

Mateus 11:25-27

No Evangelho de João, Jesus discute novamente seu


relacionamento com o pai. Mais uma vez a discussão ocorre
dentro do contexto de uma identidade oculta. Neste caso,
seus questionadores estão tentando determinar se Jesus está
afirmando ser o Messias. Teólogos cristãos fizeram
numerosos esforços para explicar o significado de Jesus
aqui. Minha explicação é que é uma revelação que Jesus era
um "deus" e não "Deus".

"E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e


ninguém as arrebatará da minha mão.
Mas a que Meu Pai, me deu, é maior do que todos; e
ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.
Eu e o Pai somos um.
Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o
apedrejar.
Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras
boas procedentes de meu Pai; por qual destas obras me
apedrejais?
Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos
por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu
homem, te fazes Deus a ti mesmo.
Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu
disse: Sois deuses?
Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de
Deus foi dirigida, e a Escritura não pode ser anulada, aquele
a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis:
Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?
Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis.
Mas, se as faço, e não credes em mim, crede nas obras; para
que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim e eu nele."

João 10:28-38

Se o diálogo de Jesus é, como sugiro, uma maneira satírica


de descrever Tito e seu pai, o deus Vespasiano, então a
passagem acima faz perfeito sentido.

É de interesse que Tito é a única pessoa, além de


Jesus, quem é referido no Novo Testamento com a frase
"vinda de".

Mas Aquele que conforta os deprimidos - até mesmo Deus


- confortou a nós pela vinda de Tito, e não somente por sua
vinda. . . (163)

Um "Tito" também é descrito nas cartas paulinas como


"verdadeiro filho".

". . . Para Tito meu verdadeiro filho em nossa fé comum. .


."

Tito 1: 4,2

Quando Vespasiano morreu em 79 EC, Tito o sucedeu


como imperador. Entre suas primeiras ordens de negócios
estava ter seu pai deificado. Não era uma tarefa rotineira -
Vespasiano seria o primeiro imperador não-Julio-
Claudiano a ser tão honrado. Mas isso era importante
porque a deificação de Vespasiano quebraria a cadeia de
sucessão divina mantida pela linha júlio-claudiana desde
Júlio César e, assim, ajudaria a garantir um futuro imperial
para a família Flaviana.

Para que Vespasiano se tornasse um "divus", o senado


romano teria que assim proclamá-lo por decreto. Era um
costume exclusivamente romano que somente o senado
podia conceder o título de "divus" aos imperadores. Ao
longo dos anos, o Senado recusou muitos candidatos ao
título. Portanto, Tito precisou de alguma forma demonstrar
ao Senado que a vida de Vespasiano tinha sido a de um
deus. Durante esse tempo, ele também estaria envolvido na
criação de uma burocracia de todo o império para
administrar o culto de Vespasiano, uma vez que fosse
estabelecido.

Apesar do fato de que a consagração de Vespasiano ter sido


de grande importância para Tito, isso não ocorreu até seis
meses após sua morte. Este intervalo entre a morte de um
imperador e sua consagração era um tempo
extraordinariamente longo. Foi nessa época que o Novo
Testamento foi criado. A duração do intervalo, devido ao
fato de que durante este período, Tito criou não apenas uma,
mas duas religiões que adoravam seu pai como um deus,
bem como a peça de acompanhamento do Novo
Testamento, "Guerra dos Judeus".

Como as profecias de Jesus aconteceram durante a guerra


judaica, elas provaram que Deus havia sancionado os
eventos que previa. Isso é exatamente o que Tito estaria
tentando demonstrar ao senado romano - que os eventos da
vida de seu pai, certamente incluindo sua conquista da
Judéia, provaram que ele era divino e que ele merecia ser
decretado um divus. Visto dessa perspectiva, as
semelhanças entre o cristianismo e o culto de Vespasiano
são óbvias.

Quando Tito fez com que seu pai fosse declarado um deus,
ele "deificou" os eventos da vida de Vespasiano. Assim,
todas as profecias de Jesus sobre a ira da vinda de Deus
sobre a Judéia fluem sem contradição no culto de
Vespasiano. De fato, os evangelhos poderiam ter sido
apresentados ao senado romano como "prova da absurda
premissa de que a vida de Vespasiano era a de um deus".

Para ver isso mais claramente, simplesmente subtraia o


judaísmo e a Judéia do Novo Testamento. E se Tito, ao
tentar convencer o senado romano de que certos
acontecimentos da vida de seu pai provavam que ele era
divino, afirmara que um profeta havia vagado pela Itália em
30 EC, prevendo que dois deuses romanos, um pai e um
filho iriam, um dia, destruir uma "geração perversa" de
judeus que se rebelaram contra Roma e junto com eles o
templo de Jerusalém? Cada membro do senado teria
entendido que os deuses que esse profeta italiano havia
"previsto" eram Vespasiano e Tito. Claro, nenhum senador
romano teria sido tão ingênuo a ponto de acreditar na
história. Localizar o profeta na Judéia não torna tais
profecias mais plausíveis, mas, o cristianismo não foi criado
para uma audiência sofisticada.
As estórias de Josefo, que profetizaram que
Vespasiano seria o governante mundial previsto pelas
profecias messiânicas do judaísmo, da mesma forma que
forneciam apoio à deificação de Vespasiano. O Novo
Testamento e "Guerra dos Judeus" afirmam que a
destruição da Judéia foi o ato de um deus - a mesma
premissa absurda feita pelo culto de Vespasiano.

Quando alinhamos o Novo Testamento com "Guerra dos


Judeus", uma imagem clara emerge. Jesus previra que um
"Filho do Homem" cercaria Jerusalém com um muro e
destruiria seu templo e traria tribulação sobre a "geração
perversa" que se rebelou contra Roma. Na verdade, um
homem realmente tinha essas características precisas. Um
homem que era um "filho de deus" e cujos seguidores
"pescavam homens" em Genesaré. Um homem que cercou
Jerusalém com uma parede e destruiu o templo de
Jerusalém. Um homem que trouxe a tribulação que Jesus
havia previsto para a "geração iníqua" e então terminou seu
"ministério" condenando Simão e poupando João. O
homem era Tito; "Titus Flavius".

Apenas um homem naquele momento da história tinha o


poder de estabelecer uma religião. Ao mesmo tempo em
que a primeira evidência real do cristianismo emerge, um
homem é conhecido por ter estabelecido uma religião que,
como o cristianismo, sustentava que a destruição de
Jerusalém e seu templo era obra de um deus. O homem era
Tito; "Titus Flavius".

Tenha em mente que ninguém tinha uma motivação mais


forte do que Tito para encontrar um método econômico de
conter o judaísmo militante, que era tão caro para Roma
controlar.

Finalmente, apenas uma família diferente de Jesus está


associada à origem do cristianismo. É a família de "Titus
Flavius". Mesmo se desconsiderando a tradição que
considera Flavius Clementis [Clemente I] como o
primeiro papa, bem como todas as outras tradições dos
Flavianos conectadas às origens do cristianismo, a inscrição
nomeando Flavia Domitila como a fundadora do mais
antigo cemitério para os cristãos em Roma que existe ainda
hoje; se alguém ignorar até mesmo isso, as obras de F|lavio
Josefo seriam suficientes para confirmar a conexão dos
Flavianos com as origens do cristianismo. As obras de
Josefo deliberadamente falsificaram a história para dar
suporte ao dogma cristão. E seja lá quem quer que fosse,
Josefo era um Flaviano adotivo.

Quanto à questão de quem entendia o judaísmo bem o


suficiente para criar o cristianismo, essa informação era
abundante, mesmo dentro do pequeno círculo de
confidentes conhecidos de Tito. A amante de Tito, Bernice,
apesar de herodiana, tinha ancestrais macabeus e afirmava
ter sido judia. Embora os judeus do movimento messiânico
não tivessem visto sua perspectiva religiosa como judaica,
ela claramente saberia muito sobre o judaísmo de seus dias
e teria sido capaz de contribuir para a criação dos
Evangelhos.

Tibério Alexandre era outro indivíduo dentro do círculo


mais íntimo de Tito que conhecia bem o judaísmo e poderia
supervisionar a produção do Novo Testamento. Tibério era
sobrinho do famoso filósofo judeu Filo e Vespasiano o
considerava com tal consideração que fez de Tibério o chefe
de gabinete de Tito durante o cerco a Jerusalém.

Embora judeu, Tibério Alexandre era um cavaleiro romano


que fora moralmente capaz de ordenar o assassinato de
milhares de sua raça para manter a "Pax Romana", a paz
romana. Quando os judeus de Alexandria "perturbaram",
Tibério ordenou que as tropas romanas não apenas
matassem os desordeiros, mas também saqueassem e
queimassem seu gueto. Josefo registra que "cinquenta mil
cadáveres foram empilhados". Tibério, em seu papel de
chefe de gabinete de Tito durante o cerco a Jerusalém e o
subsequente massacre e escravização dos judeus de lá,
mostrou obediência escrava a Roma. Isso seria mais que
suficiente, para alguém de ascendência judaica auxiliar uma
religião que seria usada para oprimir seu próprio povo. Sua
perspectiva religiosa foi romanizada a tal ponto que ele não
era nem mesmo monoteísta. Ele costumava usar a palavra
"deuses". Josefo, que, fato que deve ser lembrado, também
alegou ser um judeu, registrou a estreita relação de Tibério
com os Flavianos.

... como também veio Tiberius Alexandre, que era


amigo dele, mais valioso, tanto por sua boa vontade para
ele, e por sua prudência. Ele já havia sido governador de
Alexandria, mas agora era considerado digno de ser general
do exército [sob Tito]. A razão disso foi que ele havia sido
o primeiro a encorajar Vespasiano muito recentemente a
aceitar este seu novo domínio, e juntou-se a ele com grande
fidelidade, quando as coisas eram incertas, e a sorte ainda
não havia se manifestado a ele. Ele também seguiu Tito
como um conselheiro, muito útil para ele nesta guerra, tanto
por sua idade como pela habilidade em tais assuntos. (165)
Para aqueles indivíduos que eram completamente
escravizados pelos Flavianos e que viam o judaísmo
messiânico militante como uma ameaça a seus interesses
financeiros, fornecer as informações para construir uma
versão do judaísmo que estivesse alinhada com Roma teria
sido automática.

Uma das principais causas da guerra entre os romanos e os


judeus foi a recusa dos judeus em adorar os imperadores
romanos como deuses. Embora o resto do império o fizesse,
os judeus não chamariam César de "Senhor". Como já
observei, a sátira mais cruel do cristianismo foi que, ao
substituir o Deus judeu e o filho de Deus pelos imperadores
romanos, os judeus foram enganados e levados a chamarem
César de "Senhor" sem o saberem. A cristandade roubou as
identidades do Deus do Judaísmo e seu filho Messias, bem
como as de João e Simão, os líderes da rebelião messiânica.
Suas identidades foram dadas a Vespasiano e Tito e aos
"apóstolos cristãos" João e Simão. Essas personagens
disfarçadas foram combinadas com outros símbolos da
conquista romana, a cruz da crucificação e a "carne do
Messias", para criar uma religião que absorvia e
ridicularizava o movimento messiânico.

Este foi o triunfo final da família imperial. Esse


sombriamente satírico conceito de identidades trocadas está
em jogo de tal forma que o Novo Testamento e as obras de
Josefo juntas são um enigma cuja solução produz as
verdadeiras identidades de suas personagens. Por que foi
necessário criar esse vasto quebra-cabeças literário? Porque
era o único método pelo qual Tito podia criar uma religião
que resolvesse o problema da recusa dos judeus em aceitar
o imperador romano como um deus e também dar
conhecimento à posteridade que fora ele quem o fez.

". . . - Mas o que foi mais surpreendente para os


observadores foi a coragem das crianças; porque nenhuma
delas fora até aquele momento obrigada por esses
tormentos, nomear a César como seu senhor. Até então, a
força da coragem [da alma] prevalecera sobre a fraqueza do
corpo." (166)

Os autores do cristianismo pretendiam que seus


enigmas eventualmente fossem resolvidos e o completo
triunfo de Tito seria então revelado, uma tarefa triste que
caiu para este autor.

Eu suspeito que o cristianismo, como a versão satírica do


culto imperial, foi primeiro inserido nas áreas em torno da
Judéia para servir como uma barreira teológica para a
disseminação do judaísmo militarista. Evidentemente
sucedendo além da intenção original de seus criadores, foi
finalmente decretada a religião do estado. A religião
tornou-se assim uma profilaxia para todas as populações
escravas potencialmente rebeldes em todo o império.

Para tornar o culto o mais eficiente possível na promoção


de seus interesses, seus inventores faziam seus paródicos
messias defenderem tanto o pacifismo como o estoicismo,
pelos quais os cristãos aprendem a subjugar sua rebeldia e
encontrar santidade na subserviência. Essa combinação de
teologia cristã e poder imperial romano foi tão eficaz que
manteve a civilização europeia congelada por mais de 1000
anos, durante toda a Idade das Trevas.
Uma burocracia romana chamada Commune Asiae, uma
organização que administrava o culto imperial na Ásia,
provavelmente teria supervisionado a implementação
original do cristianismo. Notavelmente, todas as sete
"igrejas da Ásia" mencionadas em Apocalipse 1:11 eram
conhecidas por terem agentes da Comunne
Asiae localizados dentro delas. Cinco dessas sete cidades
eram locais do festival do culto imperial, realizado uma vez
a cada cinco anos. Nestas cidades, teria sido possível
supervisionar duas versões do culto imperial, uma para os
cidadãos romanos e outra para os "escravos e escória"
vistos como suscetíveis à atração do Messias.

O quebra-cabeça de Decius Mundus descrito anteriormente


indica que "sacerdotes iníquos" aceitavam dinheiro para
construir congregações para o novo judaísmo. Após a
destruição do templo, alguns dos 18.000 sacerdotes que
anteriormente trabalhavam lá, presumivelmente, ainda
estavam vivos e precisariam procurar novos empregos. Os
primeiros sacerdotes cristãos podem ter sido contratados
dos remanescentes do enorme grupo que uma vez ministrou
no agora então destruído templo.

No entanto, se esses fatos foram a versão romana do


judaísmo que foi introduzida às massas por um grupo de
"sacerdotes ímpios"; que teriam sido empregados pelos
Flavianos para pregar os "Evangelhos" - uma palavra que
tecnicamente significa "boas notícias de vitória militar": as
primeiras pessoas a ouvirem a estória de Jesus
provavelmente seriam escravas, cujos patronos
simplesmente lhes ordenaram que comparecessem aos
cultos. Depois de um tempo, alguns começaram a acreditar,
depois muitos.
CAPÍTULO 13

O uso por Josefo do livro de Daniel

Como afirmei, as obras de Josefo forneceram apoio à


doutrina religiosa do cristianismo. Os primeiros escritores
cristãos entendiam que os paralelos entre as profecias de
Jesus e histórias de Josefo provavam que Jesus poderia
prever o futuro. Não só isso, além de simplesmente registrar
que as profecias de Jesus haviam acontecido realmente,
Josefo falsificou as datas dos acontecimentos que ele
descreveu em “Guerra dos Judeus”. Ele faz isso para que a
sequência de eventos pareça "provar" que as profecias de
Daniel vieram a acontecer dentro do primeiro século E.C. e
que Jesus seria o filho de Deus que Daniel imaginou.

A seguinte passagem de Santo Agostinho exemplifica a


crença dos padres da igreja primitiva de que a destruição de
70 E.C. de Jerusalém cumpriram simultaneamente as
profecias de Daniel e Jesus.

“Lucas, para mostrar que a abominação citada por Daniel


terá lugar quando Jerusalém for capturada, recorda estas
palavras do “Senhor” no mesmo contexto: quando você vir
Jerusalém sob um exército, então saiba que a sua
devastação está prestes a acontecer. Para Lucas, muito
claramente isto testemunha que a profecia de Daniel foi
cumprida quando da queda de Jerusalém.” (167)
Não é facilmente reconhecido que Josefo tenha falsificado
as datas dos acontecimentos na guerra dos judeus para que
o trabalho fosse visto como o cumprimento das profecias de
Daniel; Isto é notável porque ele constantemente lembra a
seus leitores que ele está fazendo exatamente isso.

“. . . E, de fato, isso aconteceu, que a nossa nação sofreu


essas coisas com Antíoco Epifânio, de acordo com a visão
de Daniel, e o que ele escreveu muitos anos antes que eles
viessem a ocorrer. Da mesma maneira Daniel também
escreveu sobre o governo romano, e que o nosso país seria
devastado por eles. Todas essas coisas este homem
escreveu, como Deus havia revelado a ele .” (168)

A passagem acima não poderia indicar a proposição mais


claramente. Josefo está afirmando que os acontecimentos
que ele descreve em suas obras são parte do cumprimento
das profecias de Daniel. Ele compartilha essa compreensão
dos acontecimentos com Jesus, que também acreditava que
as profecias de Daniel previam a destruição de Jerusalém
em 70 E.C. .

As profecias de Daniel previram eventos que se estendiam


a cinco séculos. Eles previram que, no final deste período
de tempo, um Messias, que seria um filho de Deus,
apareceria e seria "cortado". Este “corte” do Messias seria
então seguido pela destruição de Jerusalém. Portanto, para
demonstrar que a guerra entre os romanos e os judeus é
aquela que Daniel imaginou, Josefo começa a alinhar sua
história com as profecias de Daniel muitos anos antes dos
acontecimentos do primeiro século E.C. Josefo começa
“Guerra dos Judeus” com uma passagem que descreve o
ataque de Antíoco Epifânio a Jerusalém, que ocorreu
aproximadamente 200 anos antes do nascimento de Cristo.
Josefo claramente indica que o assalto foi um
acontecimento no continuum profético de Daniel —
especificamente, a desolação que Daniel prevê em Daniel
7:13-8:12. Ele faz isso usando uma frase encontrada
somente no livro de Daniel, o "fim do sacrifício diário", e
documentando a quantidade de tempo durante a qual o
sacrifício diário foi interrompido, "três anos e seis meses".
Ao usar estas frases, Josefo está afirmando categoricamente
que as profecias de Daniel estão sendo cumpridas. Esta
posição não pode ser refutada, porque o próprio Josefo
escreve a passagem acima ". . .que nossa nação sofreu estas
coisas sob Antíoco Epifânio, de acordo com a visão de
Daniel."

Enquanto a seguinte passagem pode parecer inócua, é de


fato a prova de Josefo" que o continuum profético de Daniel
estava ocorrendo, e que, portanto, o primeiro século E.C.
veria tanto um Messias que seria" cortado” como a
destruição de Jerusalém. Observe o uso de Josefo da frase
de Daniel "três anos e seis meses".

“Ao mesmo tempo em que Antíoco, que foi chamado


Epifânio, teve uma rixa com o sexto Ptolomeu sobre seu
direito a todo o país da Síria, uma grande sedição caiu entre
os homens poderosos da Judeia, e eles entraram em uma
disputa sobre a obtenção do governo; Enquanto cada um
daqueles que eram dignos não podiam suportar se sujeitar a
seus iguais. No entanto, Onias, um dos sumos sacerdotes,
conseguiu mais, e expulsou os filhos de Tobias para fora da
cidade; que fugiram para Antíoco, e suplicaram-lhe que os
nomeassem como seus líderes em uma expedição à Judeia.
O rei que já estava disposto a isso de antemão, combinou
com eles, e foram sobre os judeus com um grande exército,
e tomaram sua cidade pela força matando uma grande
multidão daqueles que eram a favor de Ptolomeu, e também
depois enviou seus soldados para saqueá-los sem
misericórdia. Ele também profanou o templo, e pôs um fim
à prática constante de oferecer um sacrifício diário de
expiação por três anos e seis meses.” (169)

Ao começar seu trabalho com esta descrição, Josefo está,


de fato, afirmando que todos os acontecimentos no
continuum profético de Daniel virão a passar dentro da era
que suas histórias cobrem. Isto porque uma vez que um
evento é vinculado a um ponto no continuum de Daniel não
pode haver parada até que todas as profecias em seu
continuum tenham sido cumpridas.

O “corte” do Messias que Daniel previu é um desses


eventos. Portanto, mesmo que Jesus não seja mencionado
em “Guerra dos Judeus”, Josefo estava ciente de que, se a
destruição de Jerusalém que as profecias de Daniel
previram eram para ocorrer em 70 E.C., o Messias que
Daniel previu teria vivido e sido "cortado” no início do
primeiro século. Josefo está, de fato, apoiando a afirmação
de que Jesus existia, e foi o Messias que Daniel profetizou
com a primeira sentença de sua obra.

Depois de estabelecer o continuum das profecias de Daniel


com o ataque de Antíoco Epifânio a Jerusalém, Josefo então
registra que a destruição em 70 E.C. de Jerusalém traz um
fim para as profecias de Daniel. Ele faz isso para
"documentar", mais uma vez, que as sequências de tempo
entre os eventos relacionados durante a guerra coincidem
com a conclusão que Daniel imaginou, e usando termos
encontrados apenas no livro de Daniel.
O leitor notará que, em nenhum dos exemplos que
apresento, Josefo tenta retratar certos acontecimentos como
ocorrendo em datas precisas. Não havia nenhum sistema no
primeiro século para determinar precisamente as datas em
que as profecias de Daniel poderiam ser alinhadas. Em
qualquer caso, as profecias de Daniel são tão vagas que
desafiam a especificidade temporal. As únicas certezas que
lhes dizem respeito é que ele usa a palavra "semana" para
se referir a um período de sete anos, não a sete dias e que
suas visões abrangem uma extensão de quatrocentos e
noventa anos.

Josefo orienta seus leitores para chegar a suas conclusões


pretendidas usando palavras e frases como "desolação" e
"fim do sacrifício diário", com a premissa de que o leitor
esteja familiarizado com as profecias de Daniel, e, mais
concretamente, simplesmente afirmando que suas profecias
haviam se cumprido. Além disso, Josefo também data
eventos dentro de sua história em tempos precisos que se
estendem em relação uns aos outros, criando a impressão de
que eles faziam parte das profecias de Daniel. Josefo
registrou que os eventos relacionados ocorreram durante
três anos e meio (meia semana) ou sete anos (uma semana).
A duração da guerra foi de sete anos e o "fim do sacrifício
diário" foi de três anos e meio desde o seu início.

Tenha em mente que Josefo não estava meramente


inventando uma religião; Ele também estava inventando
uma sequência temporal dentro da qual a religião estava
contida. Nenhuma das cronologias do primeiro século,
pelas quais nós nos orientamos hoje, existiram até que o
autor (es) das obras de Josefo criou. Porque ele estava
literalmente criando tanto a história como o tempo, Josefo
foi livre para relacionar um evento ao outro da maneira que
ele escolhesse. Seu registro do alinhamento perfeito de
eventos nas sequências de tempo que Daniel previu é fruto
de seu testemunho de fenômenos sobrenaturais ou uma
falsificação deliberada.

Atualmente há virtualmente uma disputa entre estudiosos


sobre a cronologia que Josefo dá em “Guerra dos Judeus”.
(170) Por exemplo, Josefo dá uma data mais atrasada do
que registram Suetonius (171) e Dio para quando
Vespasiano tenha começado a se preparar para a guerra civil
em Roma, que o levou a tornar-se imperador. É provável
que Josefo tenha feito isso para dar apoio à alegação
flaviana de que Vespasiano não era ansioso para se tornar
imperador. Esta "moldagem" do tempo por Josefo para criar
a propaganda flaviana é exatamente a mesma técnica que
ele usou para criar o alinhamento entre a campanha flaviana
na Judeia e as profecias de Daniel.

Embora não seja necessário que o leitor seja completamente


conhecedor sobre as profecias arcanas de Daniel e seu
sistema de datação, para compreender esta análise, mas
algumas informações são úteis. Daniel imaginou uma série
de tribulações para os judeus durante as quais vários
desastres iriam se abater sobre eles. Dentro deste período de
tempo, ele previu que um Messias, a quem ele se referiu
como o “Filho de Deus”, que seria "cortado". O período
duraria 490 anos, ou "sete vezes 70 semanas" previsto por
Daniel. Várias semanas, períodos de três anos e meio,
ocorreriam em semanas específicas.

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e


sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para
dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a
justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o
Santíssimo.” [Daniel 9:24] (172)

Quando Josefo alinha os acontecimentos do primeiro século


com as profecias de Daniel, ele está criando um contexto
histórico que inclui o “Filho de Deus”, o “Messias”.
Nenhuma outra interpretação é possível.

“Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e


para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá
sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro
se reedificarão, mas em tempos angustiosos.” [Daniel 9:25]
(173)

“E depois das sessenta e duas semanas será cortado o


Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que
há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será
com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão
determinadas as assolações.” [Daniel 9:26] (174)

Daniel prevê uma guerra que durará uma semana (sete


anos). No ponto médio desta semana (três anos e meio após
o seu início), o "sacrifício diário" cessará e a "abominação
da desolação", também prevista por Jesus, ocorrerá.

“E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na


metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e
sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à
consumação; e o que está determinado será derramado
sobre o assolador.” [Daniel 9:27] (175)

Entendendo isso, o leitor deve considerar que a seguinte


passagem de “Guerra dos Judeus” é, sem dúvida,
significativamente para ser entendida como demonstrando
o alinhamento entre as profecias de Daniel e a história como
Josefo está descrevendo. O "fracasso do sacrifício diário",
três anos e meio desde o início da guerra, é um conceito
muito único e preciso, para permitir qualquer outra
interpretação. Além disso, esta passagem deve estar
descrevendo a "abominação da desolação" que Jesus
profetizou no novo testamento, um ponto ao qual devo
aprofundar-me.

A passagem é a mais importante nas obras de Josefo para


revelar a técnica de datação que ele estava tentando criar.
Eu incluí a passagem inteira porque contém muitos pontos
centrais a minha teoria. A passagem começa com Tito
trazendo Josefo às muralhas de Jerusalém para informar aos
rebeldes judeus em sua própria língua da preocupação de
Tito sobre o fim do "sacrifício diário" a Deus. A passagem
deixa completamente claro que Josefo compreende que as
profecias de Daniel estão sendo cumpridas. Observe que
Josefo não está relatando descrições de segunda ou terceira
mão, ou que pode estar meramente sugerindo isso. Josefo
está citando a si mesmo.

"E agora Tito dera ordens aos seus soldados que estavam
com ele para cavarem as fundações da torre de Antônia, e
deixarem pronta nela uma passagem para o seu exército
subir; enquanto ele mesmo havia trazido Josefo consigo,
[porque ele tinha sido informado que naquele mesmo dia,
que era o décimo sétimo dia de Panemus [Tamuz], o
sacrifício chamado "o Dia do Sacrifício "falhara e não fora
ofertado a Deus, pois faltavam homens para oferecê-lo, e de
que o povo estava gravemente incomodado com isso,] e
ordenou-lhe que dissesse as mesmas coisas para João as
quais ele já havia dito antes, que se ele tivesse alguma mal-
intencionada inclinação para lutar, ele poderia sair com o
maior número de seus homens como quisesse, a fim de
lutar, sem o perigo de destruir sua cidade ou templo; mas
que ele não desejava isso, e, não iria profanar o templo, nem
ofender a Deus. Que ele e os judeus poderiam, se
quisessem, oferecer os sacrifícios que haviam sido
interrompidos, a quem ele deveria ficar acima. Sobre isto
Josefo ficou em um tal lugar de onde ele podia ser ouvido,
não apenas por João, mas por muitos mais, e em seguida,
declarou-lhes o que César tinha lhe comunicado, e ele fez
isso no idioma hebraico. Por isso, ele orou fervorosamente
para que poupassem sua própria cidade e impedissem o
fogo que estava pronto para ser ateado ao templo e
pudessem oferecer seus sacrifícios habituais a Deus. Após
estas palavras dele, uma grande tristeza e silêncio foram
observados entre as pessoas. Mas o próprio tirano lançou
muitas críticas sobre Josefo, com imprecações além disso;
e finalmente acrescentou isso, que ele nunca temeu a
tomada da cidade, porque era a cidade de Deus. E em
resposta ao que Josefo dissera, falou assim, em voz alta:
"Para ter certeza de que você manterá esta cidade
maravilhosamente puro pelo amor de Deus; o templo
também deverá continuar não profanado! Nem tu tens sido
culpado de toda impiedade contra ele por cuja ajuda tu
esperas! Ele ainda recebe seus sacrifícios habituais! Que vil
desgraçado teu artificio! Se alguém te privar da tua comida
diária, tu o consideraria como um inimigo; mas tu espera ter
esse Deus como teu apoiador, este a quem privaste-te do seu
culto eterno; e você imputa esses pecados aos romanos, que
até agora tem cuidado de termos nossas leis observadas, e
quase obrigarem que esses sacrifícios ainda fossem
ofertados a Deus, que pelos teus meios teria sido
interrompido! Quem está lá que pode evitar gemidos e
lamentações na incrível mudança que é feita nesta cidade?
Desde que muitos estrangeiros e inimigos agora corrigem
aquela impiedade que você ocasionou; enquanto tu que é
um artista judeu, e foi educado em nossas leis, a tua arte se
tornou um maior inimigo para os judeus do que os outros."
(176)

Josefo está tentando neste momento na passagem seguinte,


"distorcer o judaísmo contra si mesmo". Ele tenta
convencer "João", o líder rebelde, de uma maneira
reminiscente a de Jesus, da sabedoria do "arrependimento".
Para fazer isso, ele aponta que Jeconias, um antigo rei dos
judeus, rendeu-se aos babilônios ao invés de arriscar ter o
templo destruído, um ato pelo o qual os judeus o
reverenciaram para sempre. Observe também que Josefo
está falando diretamente a João, o líder rebelde, que foi a
base para a personagem do novo testamento, "o Apóstolo
João".

Josefo, na verdade, está usando as próprias convicções


religiosas dos judeus para convencê-los a se render, ou,
como Jesus diria, "para virar a outra face."

"Mas mesmo assim, João, nunca será desonroso para ti se


arrepender, e mudar o que tem sido feito de errado, mesmo
em caso extremo. Tu tens um exemplo diante de ti em
Jeconias, o rei dos judeus, que tendo em mente salvar a
cidade, quando o rei da Babilônia fez guerra contra ele, fez
seu próprio acordo de sair desta cidade antes de ser tomada,
e se submeteu-se a um cativeiro voluntário com sua família,
para que o santuário não fosse entregue ao inimigo, e ele
não visse a casa de Deus incendiada; ao que me consta ele
é celebrado entre todos os judeus, em seus memoriais
sagrados, e sua memória se tornou imortal, e será
transmitida fresca para a nossa posteridade através de todas
as eras. Isto, João, é um excelente exemplo em um momento
de perigo, e atrevo-me a prometer que os romanos ainda te
perdoarão. E observai que eu, que faço esta exortação a ti,
sou uma de tua própria nação; Eu, que sou judeu, faço esta
promessa a ti. E se vier você a considerar que sou eu quem
lhe dá este Conselho, e quais são minhas origens; enquanto
eu estiver vivo, nunca estarei em tal escravidão, como
renunciar a meus próprios antepassados, ou esquecer as
suas leis. Você me insulta novamente, e fazes um clamor
para mim, e me repreende; na verdade eu não posso negar,
mas eu sou digno de tratamento pior do que tudo o equivale
a isso, porque, em oposição ao destino, eu faço este convite
amável para ti, e para esforçar-se a forçar a libertação sobre
aqueles a quem Deus condenou. E quem está lá, que não
sabe o que contém os escritos dos antigos profetas antigos,
particularmente, o que o oráculo, que só agora vai ser
cumprido, revela sobre esta cidade miserável? Pois eles
predisseram que esta cidade deverá ser tomada quando
alguém começar o abate de seus próprios compatriotas. E
não estão agora, a cidade e todo o templo, cheios dos
cadáveres de seus compatriotas? Isto é Deus, portanto, é o
próprio Deus que está trazendo este fogo, para purificar a
cidade e o templo por meio dos romanos, e assim arrancar
as pronações desta cidade, das quais ela está cheia.

Voltando à minha análise do uso por Josefo do livro de


Daniel, Eu incluí as duas notas de rodapé do Whiston para
a passagem acima. Como mostram as notas de
rodapé, Whiston compreendeu a relação entre as profecias
de Daniel e a datação de Josefo sobre os acontecimentos da
guerra judaica. Um cristão devoto, facilmente, aceitaria que
Josefo estivera fielmente registrando ocorrências
sobrenaturais.

Na primeira nota abaixo, Whiston reconhece que o cerco a


Jerusalém começou exatamente "três anos e meio depois de
Vespasiano começar a guerra. Este período de tempo
mostra que a profecia de Daniel, "no meio da semana ele
fará com que o sacrifício e a oblação cessem", tinha
chegado a ocorrer. Isto também foi,
como Whiston acreditava, um exemplo do testemunho de
Josefo sobre o sobrenatural ou, como eu prefiro, um
exemplo de sua falsificação deliberada da história para criar
a impressão de que Daniel tinha imaginado a destruição de
Jerusalém em 70 E.C. .

“Este foi um dia notável, de fato, o décimo sétimo


de Paneruns [Tammuz], A.D. 70, quando, de acordo com a
previsão de Daniel, 606 anos antes, os romanos "em meia
semana causaram a cessação do sacrifício e oblação",
Daniel 9:27. Entre o mês de fevereiro, A.D. 66, para a época
em que Vespasiano havia entrado nesta guerra, há um justo
tempo, de apenas três anos e meio.”

A segunda nota de rodapé de Whiston é ainda mais notável.


Nela Whiston vem mostrar a conclusão exata do que Josefo
pretendia. A partir de que Whiston não poderia considerar a
possibilidade de uma explanação homicida para o que leu
em Josefo, conclui que Deus esteve alinhado com os
romanos, que os judeus eram ímpios, e que Jesus e Daniel
compartilharam da mesma visão profética.
“Sobre este oráculo... Josefo, aqui e em muitos passagens
entre outras, mostra assim, que é mais evidente que ele
estava plenamente convencido de que Deus estava do lado
dos romanos, e fez uso deles então para a destruição daquela
nação perversa dos judeus; que era, por certo, a verdadeira
afirmação desta questão, como o profeta Daniel em
primeiro lugar, e nosso próprio Salvador depois, haviam
claramente predito.”

Se aceitarmos o que Josefo registrou acima como


verdadeiro, então o profeta previsto por Daniel só pode ter
sido Jesus. Da mesma forma, as profecias de Jesus "Dia do
Juízo" devem ter previsto a destruição de Jerusalém em 70
E.C., porque esta é a única destruição de Jerusalém que o
Profeta de Daniel poderia ter imaginado se ele vivesse no
primeiro século. Ainda mais justo, que este nó de lógica, é
o fato de que teria sido impossível para Josefo registrar esta
manifestação perfeita das visões de Daniel se não
houvessem, de fato, ocorrido na guerra com os judeus.

Josefo registrou a história para demonstrar que as profecias


de Daniel ocorreram em 70 E.C. Josefo vai ao extremo para
ter certeza de que seus leitores chegam a esta conclusão.
Esta foi uma dos razões primárias do porquê os primeiros
cristãos acreditavam na divindade de Jesus. De alguma
forma este conhecimento foi perdido e não é mais
compreendido hoje, mesmo por estudiosos do novo
testamento.

Estudiosos têm debatido se o Testimonium foi escrito por


Josefo ou adicionado mais tarde por outros redatores
cristãos. Anteriormente, apresentei uma análise
do Testimonium que demonstra que ele não é separado dos
dois contos que o seguem. Entretanto, para Josefo
permanecer consistente em sua colocação de eventos do
primeiro século no contexto das profecias de Daniel, teria
que colocar um "Messias" no ponto da história em que estas
profecias apontam para isso. Porque Josefo afirma que o
"fim do sacrifício diário" previsto pelas profecias de Daniel
veio a ocorrer durante a destruição de Jerusalém em 70 E.C.
pelos romanos, é preciso apenas trabalhar com os registros
de antes de 70 E.C. para determinar se o posicionamento do
"Cristo" em “Antiguidades” é consistente com esta data.
Isto é exatamente o que os eruditos cristãos adiantados
fizeram, usando as datas relevantes dentro Josefo e o Novo
Testamento para demonstrar que Jesus houvera cumprido
as profecias de Daniel. O seguinte exemplo escrito por
Tertuliano, por volta de 200 E.C., representa uma vitória
completa para Josefo. Tertuliano adotou completamente a
perspectiva de Josefo e arranjou a história para mostrar que
Daniel previu Jesus e a destruição de Jerusalém em 70 E.C.
.

Voltando à minha análise do uso por Josefo do livro de


Daniel, Eu incluí as duas notas de rodapé do Whiston para
a passagem acima. Como mostram as notas de
rodapé, Whiston compreendeu a relação entre as profecias
de Daniel e a datação de Josefo sobre os acontecimentos da
guerra judaica. Um cristão devoto, facilmente, aceitaria que
Josefo estivera fielmente registrando ocorrências
sobrenaturais.

Na primeira nota abaixo, Whiston reconhece que o cerco a


Jerusalém começou exatamente "três anos e meio depois de
Vespasiano começar a guerra. Este período de tempo
mostra que a profecia de Daniel, "no meio da semana ele
fará com que o sacrifício e a oblação cessem", tinha
chegado a ocorrer. Isto também foi,
como Whiston acreditava, um exemplo do testemunho de
Josefo sobre o sobrenatural ou, como eu prefiro, um
exemplo de sua falsificação deliberada da história para criar
a impressão de que Daniel tinha imaginado a destruição de
Jerusalém em 70 E.C. .

“Este foi um dia notável, de fato, o décimo sétimo


de Paneruns [Tammuz], A.D. 70, quando, de acordo com a
previsão de Daniel, 606 anos antes, os romanos "em meia
semana causaram a cessação do sacrifício e oblação",
Daniel 9:27. Entre o mês de fevereiro, A.D. 66, para a época
em que Vespasiano havia entrado nesta guerra, há um justo
tempo, de apenas três anos e meio.”

A segunda nota de rodapé do Whiston é ainda mais notável.


Nela Whiston vem mostrar a conclusão exata do que Josefo
pretendia. A partir de que Whiston não poderia considerar a
possibilidade de uma explanação homicida para o que leu
em Josefo, conclui que Deus esteve alinhado com os
romanos, que os judeus eram ímpios, e que Jesus e Daniel
compartilharam da mesma visão profética.

“Sobre este oráculo... Josefo, aqui e em muitos passagens


entre outras, mostra assim, que é mais evidente que ele
estava plenamente convencido de que Deus estava do lado
dos romanos, e fez uso deles então para a destruição daquela
nação perversa dos judeus; que era, por certo, a verdadeira
afirmação desta questão, como o profeta Daniel em
primeiro lugar, e nosso próprio Salvador depois, haviam
claramente predito.”

Se aceitarmos o que Josefo registrou acima como


verdadeiro, então o profeta previsto por Daniel só pode ter
sido Jesus. Da mesma forma, as profecias de Jesus "Dia do
Juízo" devem ter previsto a destruição de Jerusalém em 70
E.C., porque esta é a única destruição de Jerusalém que o
Profeta de Daniel poderia ter imaginado se ele vivesse no
primeiro século. Ainda mais justo, que este nó de lógica, é
o fato de que teria sido impossível para Josefo registrar esta
manifestação perfeita das visões de Daniel se não
houvessem, de fato, ocorrido na guerra com os judeus.

Josefo registrou a história para demonstrar que as profecias


de Daniel ocorreram em 70 E.C. Josefo vai ao extremo para
ter certeza de que seus leitores chegam a esta conclusão.
Esta foi uma das razões primárias do porquê os primeiros
cristãos acreditavam na divindade de Jesus. De alguma
forma este conhecimento foi perdido e não é mais
compreendido hoje, mesmo por estudiosos do novo
testamento.

Estudiosos têm debatido se o Testimonium foi escrito por


Josefo ou adicionado mais tarde por outros redatores
cristãos. Anteriormente, apresentei uma análise
do Testimonium que demonstra que ele não é separado dos
dois contos que o seguem. Entretanto, para Josefo
permanecer consistente em sua colocação de eventos do
primeiro século no contexto das profecias de Daniel, teria
que colocar um "Messias" no ponto da história em que estas
profecias apontam para isso. Porque Josefo afirma que o
"fim do sacrifício diário" previsto pelas profecias de Daniel
veio a ocorrer durante a destruição de Jerusalém em 70 E.C.
pelos romanos, é preciso apenas trabalhar com os registros
de antes de 70 E.C. para determinar se o posicionamento do
"Cristo" em “Antiguidades” é consistente com esta data.
Isto é exatamente o que os eruditos cristãos adiantados
fizeram, usando as datas relevantes dentro Josefo e o Novo
Testamento para demonstrar que Jesus houvera cumprido
as profecias de Daniel. O seguinte exemplo escrito por
Tertuliano, por volta de 200 E.C., representa uma vitória
completa para Josefo. Tertuliano adotou completamente a
perspectiva de Josefo e arranjou a história para mostrar que
Daniel previu Jesus e a destruição de Jerusalém em 70 E.C.
.

Vejamos, portanto, como os anos são preenchidos até o


advento do Cristo: — [Anos que]:

Darius reinou... VIIII (9) anos;

Artaxerxes reinou... XLI (41) anos;

Então, o rei Ochus (que também é chamado de Cyrus)


reinou... XXIIII (24) anos;

Argus... I (1) ano;

Outro Darius, que também é chamado de Melas... XXI (21)


anos;

Alexandre o Macedonio, XII (12) anos;


Então, depois de Alexandre, que havia reinado sobre ambos
os medos e persas, a quem ele havia reconquistado, e tinha
estabelecido seu reino firmemente em Alexandria, foi
quando então ele a nomeou (cidade) com seu próprio nome;
X (10) anos depois dele reinou, (lá, em Alexandria) Soter...
por XXXV (35) anos;

A quem sucede Philadelphus, reinando XXXVIII (38)


anos;

A ele sucede Euergetes, por XXV (25) anos;

Então Philopator... XVII (17) anos;

Depois dele Epifanio... XXIIII (24) anos;

Em seguida, outro Euergetes... XXVIIII (29) anos;

Então outro Soter.... XXXVIII (38) anos;

Ptolomeu... XXXVII (37) anos;

Cleópatra... XX anos e V meses (20 anos e 5 meses);

Mais uma vez Cleópatra reinou em conjunto com


Augusto... XIII (13) anos;

Depois de Cleópatra, Augusto reinou outros... XLIII (43)


anos;

Por fim todos os anos do Império de Augusto foram LVI


(56) anos.
Vejamos, aliás, como nos quarenta-primeiros anos do
Império de Augusto, quando ele reinou por XXVIII (27)
anos após a morte de Cleópatra, o Cristo nasce. (E o mesmo
Augusto sobreviveu, depois que Cristo nasceu, XV (15)
anos; e o tempo restante desses anos ao dia do nascimento
de Cristo nos levarão aos anos XL (60) o primeiro ano, que
é o XXVIII (28) do reinado de Augusto após a morte de
Cleópatra. Que compõe (então) CCCXXXVII (337) anos e
V (5) meses: [de onde são preenchidos LXII
(62) hebdomads e meio: que compõem CCCCXXXVII
(437) anos e VI (6) meses]sobre o dia do nascimento de
Cristo. E (então) "a retidão eterna" se manifestou, e "O
Santo dos Santos foi ungido" — isto é, O Cristo — e
"estavam seladas a visão e as profecias", e "os pecados"
foram remidos, que, por meio da fé em nome de Cristo, são
lavados (1) para todos os que creem nele. Mas o que ele
quer dizer com: " estavam seladas a visão e a profecia"?
Que todos os profetas já anunciavam que ele estava por vir
e teria que padecer. Portanto, desde que a profecia foi
cumprida através de seu advento, por essa razão ele disse
que "estavam seladas a visão e a profecia", na medida em
que ele é o sinete de todos os profetas, cumprindo todas as
coisas que, em dias passado, eles haviam anunciado sobre
ele. (2) para depois do advento de Cristo e sua paixão não
há mais "visão ou profeta" para anunciá-las como vir. Em
suma, se isso não for assim, deixe os judeus exibirem,
posteriormente a Cristo, quaisquer volumes de profetas,
milagres visíveis feitos por todos os anjos, (tais como
aqueles) que em dias idos os patriarcas viram até o advento
de Cristo, que agora vem; desde que o evento "foi selada a
visão e a profecia", isto é, confirmado. E justamente o
Evangelista (3) escreve: "a lei e os profetas (foram) até
João" o Batista. Pois, no batismo de Cristo, isto é, na sua
santificação pelas águas no seu próprio batismo, (4) toda a
plenitude passada dos dons da graça espiritual cessaram em
Cristo, selando como ele fez todas as visões e profecias, que
por seu advento se cumpriram. De onde mais firmemente
ele afirma que seu advento "sela visões e profecias".

Assim, mostrando, (como temos feito) tanto o número de


anos, e o tempo dos LXII (62) e
meio hebdomads cumpridos, na conclusão de que, (como
mostramos) Cristo estava vindo, ou seja, nasceria, vamos
ver que (em média) os outros "VII (7) e meio hebdomads ,
"que foram subdivididos na abcisão dos V
(5) hebdomads anteriores; (Vejamos, nomeadamente,) em
que evento eles foram cumpridos:

Pois, depois de Augusto que sobreviveu após o nascimento


de Cristo, foram decorridos... XV (15) anos;

A quem, sucedeu Tibério César, e governou como


imperador... XX (20) anos, VII (7) meses, e XXVIII (20)
dias;

(No quinquagésimo ano de seu império Cristo padeceu,


tendo cerca de XXX (30) anos de idade, quando ele
padeceu.);

Mais uma vez Caius Caesar, também chamado Calígula...


III (3) anos, VIII (8) meses e XIII (13) dias);

Nero Cesar... XI (11) anos, IX (9) meses e XIII (13) dias;

Galba... VII (7) meses e VI (6) dias;


Otho... III (3) dias;

Vitellius... VIII (8) meses e XXVII (27) dias.

Vespasiano, no primeiro ano de seu império, subjugou os


judeus na guerra; que durou LII (52) anos, VI (6) meses.
Porque ele reinou XI (11) anos. Então assim, no dia da sua
invasão, os judeus cumpriram os LXX
(70) hebdomads previstos em Daniel.

Enquanto a cronologia acima é difícil de compreender e


historicamente implausível, só é necessário estar ciente de
que Tertuliano e todos os padres da igreja primitiva
acreditavam que as profecias de Daniel haviam se cumprido
em 70 D.C. Esta crença veio de sua leitura do único
historiador da era, Josefo, em conjunto com o Novo
Testamento.

Outra, menos distorcida, explicação da conexão de Daniel


com o cristianismo foi dada por Sulpcius Severus (353-429
E.C.) em seu livro história sagrada (403 E.C.):

"Mas a partir da restauração do templo para a sua


destruição, que foi concluída por Tito Vespasiano, quando
Augusto foi cônsul, houve um período de quatrocentos e
oitenta e três anos. Isso foi anteriormente previsto por
Daniel, que anunciou que a partir da restauração do templo
para a sua destruição, havia decorrido setenta e nove
semanas. Agora, a partir da data do cativeiro dos judeus até
o momento da restauração da cidade, havia duzentos e
sessenta anos."
A guerra dos judeus, portanto, é inteiramente estruturada,
desde seu primeiro parágrafo até o último, para documentar
que as profecias de Daniel haviam chegado ao fim no
primeiro século. Isso indica que Josefo estava ciente de que
o "Filho de Deus" previsto por Daniel teria surgido no início
do século e fora "cortado". Uma vez que Josefo havia
começado o alinhamento entre sua história e as profecias de
Daniel, não poderia haver parada até que Jerusalém fosse
destruída.

Assim, Josefo não estava levemente consciente de algum


místico religioso sem importância vagando sobre a
paisagem Galileia. Josefo estava profundamente consciente
de que seu trabalho demonstrava que as profecias de Daniel
haviam chegado a acontecer e que Jesus era o Messias que
as profecias tinham imaginado. Desde que este era
obviamente o caso, por que então Josefo fez tão pouco
exame da observação de Jesus?

Tornou a falsificação menos óbvia.

Se alguém deseja "criar" um profeta, é fácil: é suficiente


simplesmente inventar um que existia no passado. Em
seguida, fabricar um trabalho em seu nome datado do tempo
que você alega que ele viveu. No livro, descreva o profeta
prevendo eventos que você sabe que já ocorreram. Inventar
o Profeta e suas previsões não é a parte difícil. A parte
difícil é não ter a falsificação descoberta. Para que a
fabricação do Novo Testamento/Josefo seja crível, os dois
trabalhos tiveram que ser vistos como independentes uns
dos outros. Por isso, Josefo concentrou-se nos
acontecimentos que Daniel tinha previsto e não no "Filho
de Deus".
O bem-sucedido esforço de Josefo na sobreposição de
Daniel em eventos no primeiro século, de certa forma,
fornece apoio para a minha teoria. Fá-lo por ser um artifício
tão óbvio. A "iniquidade" dos judeus do primeiro século foi
a sua recusa em comprometer o judaísmo e submeter-se a
Roma; Eles fizeram exatamente o que a religião de Moisés
e Daniel exigiram. O uso por Josefo das profecias de Daniel
para fundamentar os acontecimentos do primeiro século foi,
claramente, um esforço para manipular o judaísmo em
alinhamento com os interesses romanos — exatamente
como foi o caso com a criação do cristianismo.

Se os romanos foram os criadores do cristianismo e das


obras de Josefo, por que eles retrataram seu Messias fictício
como o previsto por Daniel? Entre os pergaminhos do mar
morto muitos estão relacionados com o livro de Daniel. Eles
mostram que pelo menos alguns dos judeus daquela época
estavam usando o sistema de datação dentro do livro de
Daniel para tentar determinar quando o Messias apareceria
para liderá-los em sua guerra santa contra Roma. Os
romanos entenderam que os rebeldes judeus messiânicos
interpretavam passagens de Daniel e de outros de seus
profetas de uma forma que justificava sua própria teologia
militarista. Entre os pergaminhos do mar morto foram
encontrados inúmeros exemplos deste tipo de
interpretação.

Intelectuais romanos, sem dúvida, analisaram essas obras e


perceberam que era tão possível interpretar as passagens
para criar uma teologia pró-romana totalmente diferente. A
solução de Roma para essas interpretações anti romanas
militaristas do livro de Daniel foi criar uma literatura que
interpretasse as profecias de Daniel de uma forma aceitável
para Roma — “O Novo Testamento” e “Guerra dos
Judeus”.

Agora analisarei em profundidade a ligação entre a


declaração de Jesus sobre a "abominação da desolação" e a
passagem de Josefo descrevendo o fim do "sacrifício
diário".

Os primeiros estudiosos cristãos estavam cientes da ligação


de três vias entre as declarações de Jesus em Mateus 24, o
livro de Daniel e “Guerra dos Judeus”. Santo Agostinho,
por exemplo, compreendeu que Jesus tinha afirmado que as
profecias de Daniel "chegaram a se cumprir" no primeiro
século. Na passagem abaixo, observe que Agostinho é claro
sobre o período ao qual as profecias de Jesus referiam-se
sobre a destruição de Jerusalém como sendo 70 E.C..

Lucas recorda estas palavras do senhor no mesmo contexto:


quando você vir um exército sobre Jerusalém, então saiba
que a sua desolação está próxima. Para Lucas, muito
claramente testemunha que a profecia de Daniel será
cumprida quando cair Jerusalém.

Eusébio compartilhou esse entendimento. Na seguinte


passagem, observe que ele realmente aponta que as obras
de Josefo são a base para sua crença.

“- todas essas coisas, assim como os muitos grandes cercos


que foram realizadas contra as cidades da Judeia, e os
excessivos sofrimentos suportados por aqueles que fugiram
para Jerusalém, como para uma cidade de perfeita
segurança e, finalmente, o curso geral de toda a guerra, bem
como suas ocorrências particulares em detalhes, e como
finalmente a abominação da desolação, proclamada pelos
profetas, se erguia no próprio templo de Deus, tão celebrado
antigamente, o templo que aguardava agora a sua total e
definitiva destruição pelo fogo - todas estas coisas qualquer
um que desejasse poderia encontrar descrito com precisão
na história escrita por Josefo. (177)

Mateus 24:15 é interessante porque é só lá que Jesus


compartilha explicitamente uma visão do futuro com outro
profeta; é também o único lugar no Novo Testamento onde
o leitor é abordado diretamente.

". . . Quando, pois, virdes que a abominação da desolação,


de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê,
entenda;" [Mateus 24:15] (178)

Na passagem do livro de Daniel que Jesus está se referindo,


a "abominação da desolação" começa com o fim do
"sacrifício diário". Observe que o período de tempo que
Daniel descreve é de três anos e meio.

“. . . E desde o tempo em que o sacrifício diário for tirado,


e posta a abominação da desolação, haverá mil duzentos e
noventa dias. [Daniel 12:11]”. (179)

Quando a afirmação de Jesus acima é lida com a passagem


de “Guerra dos Judeus”, que descreve o fim do sacrifício
diário, eles fornecem um exemplo, por excelência, da
ligação profética entre “Guerra dos Judeus” e o Novo
Testamento.

Note-se que Josefo não usa a mesma expressão do livro de


Daniel que Jesus usa acima, a "abominação da desolação",
mas sim usa outra expressão de Daniel, o "sacrifício diário"
deixando para o leitor "entender" que uma leva à outra. Eu
acredito que o uso de termos diferentes de Daniel, mas
complementares ao Novo Testamento e à passagem de
Josefo foi um intencional "truque-de-mãos" destinado a
convencer os primeiros cristãos que o novo testamento e
“Guerra dos Judeus” foram escritos um independentemente
ao outro”.

“. . . E agora Tito dera ordens aos seus soldados que


estavam com ele para cavarem as fundações da torre de
Antônia, e deixarem pronta nela uma passagem para o seu
exército subir; enquanto ele mesmo havia trazido Josefo
consigo, [porque ele tinha sido informado que naquele
mesmo dia, que era o décimo sétimo dia de Panemus
[Tamuz], o sacrifício chamado "o Dia do Sacrifício "falhara
e não fora ofertado a Deus, pois faltavam homens para
oferecê-lo, e de que o povo estava gravemente incomodado
com isso,]”. . . (180)

Na seção abaixo de antiguidades judaicas, Josefo


novamente afirma seu entendimento de que a destruição de
Jerusalém foi o cumprimento das profecias de Daniel. Eu
incluí o argumento egoísta de Josefo que as profecias
cumpridas provam a existência de Deus. Este argumento é
interessante historicamente e pode revelar o raciocínio que
os "missionários" cristãos teriam usado com escravos e
camponeses do primeiro século. Em outras palavras, o
cumprimento das profecias, que, naturalmente, a
combinação do Novo Testamento e as obras de Josefo
representava, não só "provou" que Deus existia, mas que
sua providência estava com os romanos. Também sugere a
obsessão da época com a profecia, mostrando por que ela
se tornou uma parte tão importante do ministério de Jesus.

". . .E, de fato, isso aconteceu, que a nossa nação sofreu


essas coisas sob Antíoco Epifânio, de acordo com a visão
de Daniel, e o que ele escreveu muitos anos antes que elas
viessem a ocorrer. Da mesma maneira Daniel também
escreveu sobre o governo romano, e que o nosso país
deveria haver de ser desolado por eles. Todas essas coisas
foram escritas por este homem sair, como Deus lhe havia
mostrado, de modo que, ler suas profecias, e ver como elas
foram cumpridas, obriga-me a maravilhar-me com a honra
com a qual Deus brindou Daniel; e poder dali descobrir
como os Epicurianos estavam errados, quando forjam a
providência da vida humana, e não acreditam que Deus
cuida dos assuntos do mundo, nem que o universo continua
sendo governado por essa natureza abençoada e imortal,
mas dizem que o mundo é conduzido por conta própria, sem
um governante e um curador; que, se fosse destituída de um
guia para conduzi-lo, como eles imaginam, seria como
navios sem pilotos, que vemos afogados pelos ventos, ou
como carruagens sem condutores, que são tombadas; assim
o mundo seria despedaçado sendo transportado sem uma
providência, e assim pereceria, e daria em nada. De modo
que, pelas previsões acima mencionadas de Daniel, esses
homens parecem-me errar muito quando determinam que
Deus não exerce providência sobre os assuntos humanos;
pois se fosse esse o caso, que o mundo continuasse por
necessidade mecânica, não deveríamos ver que todas as
coisas aconteceriam de acordo com sua profecia . . ." (181)

O argumento de Josefo acima, que as profecias de Daniel


dão evidência à ideia que: “. . .estes homens estavam
errados... quando forjam a providência da vida humana, e
não acreditam que Deus cuida dos assuntos do mundo. . .”
é esse argumento que eu suspeito tenha sido usado com os
originalmente convertidos ao cristianismo. Em outras
palavras, uma vez que “Guerra dos Judeus” revela que as
profecias de Jesus "irão se cumprir", ela demonstra a
divindade de Jesus. Esta "prova da divindade de Jesus" teria
tornado impossível negar o Novo Testamento e outras
reivindicações de Josefo que os judeus são ímpios, que os
escravos devem obedecer, etc. Quem pode argumentar com
aquilo que o cumprimento da profecia provou ser a "palavra
de Deus"?

Além disso, quando o Novo Testamento mostra Jesus


prevendo a "abominação da desolação", como poderia o
leitor "entender" a que ele estava se referindo? Nada no
Novo Testamento permite que seus leitores saibam que a
complexa sequência de profecias que Daniel usou para
prever a "abominação da desolação", "viria a se cumprir"
durante a destruição romana de Jerusalém. Somente um
livro deu a informação que o leitor precisa para chegar nesta
interpretação: “Guerra dos Judeus”. Portanto, o "leitor" a
quem se dirige Jesus, deve também estar consciente, de que
Josefo registrou o cumprimento das profecias de Daniel
como ocorrendo no primeiro século, sem Josefo as palavras
de Cristo ficam sem sentido.

Observe que Jesus está prestando apoio à argumentação de


Josefo de que as profecias de Daniel estavam se cumprindo.
A lógica é executada ao contrário. O uso “por Jesus” do
vocabulário de Daniel identificou-o como o Messias de
Daniel. Se Jesus era o Messias de Daniel, então a destruição
de Jerusalém deve ser aquela que Daniel imaginou, porque
estava na mesma linha do tempo. O Novo Testamento e as
obras de Josefo estão completamente entrelaçadas e
mutuamente solidárias.

Finalmente, Jesus e Josefo, ambos "recomendam" somente


um profeta a seus leitores. Todos recomendam a Daniel.
Josefo escreve: “. . .ainda que qualquer um seja tão desejoso
de conhecer a verdade, como não renunciar a tais pontos de
curiosidade, e não conseguir conter a sua inclinação para a
compreensão das incertezas da “futuridade”, e se elas irão
acontecer ou não, deixá-lo ser diligente na leitura do livro
de Daniel, que ele irá encontrá-la entre os escritos sagrados.
(182)

Ambos os autores, do Novo Testamento e Josefo, tentaram


fazer seus leitores chegarem à mesma conclusão
equivocada sobre as profecias de Daniel, que elas vieram a
se cumprir dentro do primeiro século. Este fato sugere que
a mesma pessoa ou grupo produziu ambos os trabalhos,
porque dois autores independentes não teriam, “por acaso”,
chegado a tal conclusão.

CAPÍTULO 14

Construindo Jesus

Os autores dos Evangelhos construíram Jesus a partir da


vida de vários profetas no cânone judaico. Assim, desde que
Elias e Eliseu haviam levantado as crianças dos mortos,
Jesus faria o mesmo. Sempre que possível, os milagres de
Jesus seriam maiores do que aqueles em que se baseavam.
Por exemplo, Eliseu satisfez cem homens com vinte pães e
houve pão para sobrar. (183) Então Jesus alimentara cinco
mil homens com cinco pães e dois peixes, e houveram doze
cestos para sobrar. Como Jesus deveria ser o profeta
imaginado por Daniel, a vida de Jesus também incluiria
episódios que cumpriam as profecias de Daniel. No entanto,
embora muitas das realizações extraordinárias do
Ministério de Jesus foram tiradas da vida dos profetas
anteriores, o personagem que ele foi baseado
principalmente foi Moisés. Moisés foi escolhido como o
protótipo básico de Jesus porque ele tinha sido o fundador
da religião que o cristianismo substituiria. O fundador da
nova religião era para ser visto como o novo Moisés. Isso
já é amplamente reconhecido nos estudos do Novo
Testamento.

O fato de que Jesus foi baseado em Moisés é fácil de


demonstrar, porque os autores dos Evangelhos saíram de
seu caminho para garantir que os convertidos ao
cristianismo compreendessem isso. Por exemplo, a história
da infância de Jesus em Mateus é baseada na infância de
Moisés. O contorno é o mesmo em ambos os casos: o
nascimento de uma criança que provoca angústia para os
governantes, seguido por uma consulta com homens sábios,
um massacre de crianças, e um resgate milagroso, com o
Egito como a terra de resgate.

Além de criar paralelos entre a vida dos fundadores das


duas religiões, os autores dos Evangelhos também
emprestaram eventos da história de êxodo para criar a
impressão de que o cristianismo, como o judaísmo, era de
origem divina. O mais conhecido destes são os paralelos
que os Evangelhos usam para criar Jesus como um
"Cordeiro Pascal", estabelecendo-o como o "Libertador" da
religião que viera para substituir o judaísmo.

Todos os quatro Evangelhos mostram, assim como Paulo,


que a Páscoa, e o próprio judaísmo, são obsoletos. O auto-
sacrifício de Jesus cria uma nova Páscoa e uma nova
religião. É importante reconhecer como literalmente o
cristianismo primitivo se viu como um substituto para o
judaísmo, mesmo na medida em que os primeiros “Padres
da Igreja” alegaram que os antigos hebreus eram cristãos e
não judeus. Eusébio escreveu:

Que a nação Hebraica não é nova, mas é universalmente


honrada por conta de sua antiguidade, é sabido por todos.
Os livros e escritos deste povo contêm relatos de homens
antigos, raros de fato e poucos em número, mas, no entanto,
distinguidos por piedade e retidão e todas as outras virtudes.
Destes, alguns homens excelentes viveram antes do dilúvio,
outros dos filhos e descendentes de Noé viveram depois
dele, entre eles Abraão, a quem os hebreus celebram como
seu próprio fundador e antepassado.

Se houver alguém que possa afirmar que todos aqueles que


testemunharam a retidão de Abrão, dele mesmo até o
primeiro homem, se não em nome, mas então de fato eram
cristãos, ele não dirá nada além da verdade. (184)

Jesus introduz a ideia de que o cristianismo substituirá o


judaísmo ao afirmar que a sua "carne viva" seria um
substituto para o maná, que foi dado aos israelitas por Deus
durante a sua perambulação pelo deserto.

“Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos


pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este
pão viverá para sempre.”

João 6:58

“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer


deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha
carne, que eu darei pela vida do mundo.”

João 6:51

Para demonstrar que a origem divina do cristianismo é


paralela ao judaísmo, os autores do cristianismo tomaram
os acontecimentos da história do êxodo original que tinha
números associados a eles e inseriram esses números em
sua história do nascimento do cristianismo. Em outras
palavras, desde que Deus deu a lei a Moisés cinquenta dias
após a primeira Páscoa, o cristianismo daria a "nova" lei
cinquenta dias após a sua Páscoa, a crucificação de Jesus.

No dia em que a lei de Moisés foi dada, três mil morreram


por adorar o bezerro de ouro; (185) no dia em que o
"espírito" foi dado aos discípulos de Cristo, três mil foram
adicionados a Cristo e receberam a vida, (186) significando
que a aliança renovada com Deus trouxe vida.

Esses paralelos foram obviamente criados para estabelecer


o cristianismo como o novo judaísmo. Os Evangelhos e os
escritos de Josefo trabalham juntos para este fim. O Novo
Testamento registra o nascimento do novo judaísmo,
enquanto a história de Josefo registra a "morte" do
“Segundo Templo do Judaísmo”.

Todos os paralelos que eu tenho apresentado acima, entre o


cristianismo e o judaísmo e entre Jesus e Moisés, são bem
conhecidos. Além disso, os autores dos Evangelhos
também estabeleceram algo até então desconhecido. Ao
espelhar a sequência encontrada na história do Êxodo e
estabelecendo a crucificação de Jesus como uma nova
Páscoa, eles estabeleceram um continuum, um que
espelhava a história dos israelitas deixando o Egito e
"vagando" até que eles foram autorizados a entrar na “Terra
Prometida” quarenta anos após a primeira Páscoa. Da
mesma forma que com a sequência de tempo para o
cumprimento das profecias de Daniel, uma vez que
o continuum do "Novo Êxodo" havia começado, não
poderia haver parada até que todas as profecias houvessem
se cumprido.

Qual é a conclusão dos quarenta anos de “perambulação”


no Novo Testamento? Desde que os Evangelhos terminam
logo após a morte de Jesus, onde está registrada a conclusão
dos quarenta anos do Êxodo do cristianismo?

A resposta é encontrada dentro da guerra dos Judeus.

Para concluir o ciclo de quarenta anos do cristianismo,


Josefo liga a data da crucificação de Jesus à data que
estabeleceu para a destruição de Massada. Josefo "registra"
que o ano em que que a fortaleza fora destruída foi 73 E.C.
; estudiosos, citando evidências arqueológicas, muitas
vezes datam a queda de Massada como em 74 E.C. e não 73
E.C. Eles podem muito bem estar corretos, mas Josefo não
estava interessado em gravar a história, mas na criação de
mitologia. Ele, portanto, intitulou o capítulo que contém a
passagem descrevendo a destruição de Massada da seguinte
forma:

Quanto ao intervalo de cerca de três anos: a partir da tomada


de Jerusalém por Tito para a sedição dos judeus em Cyrene.
(187)

Josefo não precisa ser mais preciso do que ele está se


mostrando na frase "cerca de três anos." Se sua extensão de
tempo é imprecisa, e certamente é, quem teria estado lá para
apontar seu erro? Josefo só está interessado em usar a
"história" para transmitir a sua mensagem. Neste caso, ele
deseja que o leitor acredite que Massada caiu três anos e
meio após a destruição do templo, ou seja, em 73 D.C.

Josefo dá então o dia e o mês da conclusão ao cerco em


Massada.

"Eles então escolheram dez homens por sorteio para


matarem todo o resto; cada um dos quais se deitou com suas
esposas e crianças no chão, e colocaram seus braços sobre
eles, e ofereceram seus pescoços para aqueles que por
sorteio executaram essa melancólica função; e quando esses
dez haviam, sem medo, matado todos os outros, eles usaram
a mesma regra para sortear aquele que deveria
primeiramente matar os outros nove, e depois de tudo se
matar. . ."
". . . Aqueles outros eram em número de novecentos e
sessenta, sendo as mulheres e crianças incluídas nesse
cálculo. Este abate calamitoso foi feito no décimo quinto
dia do mês Xanthicus [Nisan]." (188)

Josefo registra que o décimo quarto de Nisan é o dia em que


os judeus celebraram a Páscoa. O Evangelho de João afirma
que Jesus foi crucificado no décimo terceiro de Nisan e
surgiu no décimo quinto.

O décimo quinto de Nisan, 73 D.C., ocorre quarenta anos


antes do dia seguinte à ressurreição de Cristo. Somente os
leitores de ambos os Evangelhos e Josefo estariam cientes
deste período de tempo exato de quarenta anos.

Em outras palavras, o Evangelho de João estabelece a data


da ressurreição de Jesus como o décimo quinto de Nisan, 33
D.C., e Josefo estabelece a data do fim da guerra judaica
como o décimo quinto de Nisan, 73 D.C. É somente quando
os dois trabalhos são lidos junto que os leitores podem
compreender que houvera passado, apenas como Jesus
tinha previsto, exatamente quarenta anos entre os dois
eventos. Mais uma vez, ou Josefo inadvertidamente gravou
algo verdadeiramente sobrenatural, ou as duas obras
haviam sido alinhadas para criar esse efeito.

Os autores do novo testamento e Josefo, assim, criaram um


paralelo entre os primeiros quarenta anos do judaísmo,
durante o qual os israelitas vagavam no deserto, e os
primeiros quarenta anos do cristianismo, estes quarenta
anos de "perambulação" para o cristianismo datam o
período compreendido entre a "Ressurreição de Cristo" no
dia 15 de Nisan, 33 D.C., até o final da rebelião judaica, que
é marcada pela destruição dos Sicarii, o movimento que o
cristianismo substituiu, no dia 15 de Nisan, 73 D.C.

O paralelo dos quarenta anos de perambulação nas duas


religiões é, naturalmente, uma continuação dos paralelos
entre Jesus e Moisés, que foram projetados para criar a
impressão de que a origem do cristianismo é paralela à
origem divina do judaísmo. Os quarenta anos de
perambulação do cristianismo foram inspirados pela
seguinte passagem de Josué, que descreve o que aconteceu
aos israelitas após a Páscoa original.

A passagem deixa claro a lógica por trás da decisão dos


autores do novo testamento de estabelecer o intervalo
preciso de quarenta anos entre a morte de Jesus e a
destruição de Massada. Quiseram mostrar não somente que
a origem do Cristianismo paralelizou o Judaísmo, como
provou que tinha substituído o relacionamento especial do
Judaísmo com Deus, mas também que a destruição em 70
C.E. de Jerusalém havia sido ordenada divinamente.

Os "homens de guerra foram consumidos porque não


obedeceram à voz do Senhor" — exatamente como havia
acontecido após a Páscoa original.

“Porque quarenta anos andaram os filhos de Israel pelo


deserto, até se acabar toda a nação, os homens de guerra,
que saíram do Egito, e não obedeceram à voz do Senhor;
aos quais o Senhor tinha jurado que lhes não havia de deixar
ver a terra que o Senhor jurara a seus pais dar-nos; terra que
mana leite e mel.” [Josué 5:6] (189)
Quarenta anos é o período tradicional de penitência para os
israelitas, bem como o comprimento de uma geração. Esta
tradição decorre, é claro, dos originais quarenta anos de
perambulação. Ao dar ao cristianismo um ciclo de quarenta
anos, os romanos estavam "provando" que sua conquista da
Judeia era meramente um outro caso da ira de Deus para a
maldade judaica, como muitas vezes tinha sido registrada
pela própria literatura religiosa dos judeus.

“E os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau aos


olhos do SENHOR, e o SENHOR os entregou na mão dos
filisteus por quarenta anos.” [Juízes 13:1] (190)

Quero sublinhar o quão importante este período de quarenta


anos após a morte de Jesus é para a teoria de haver uma
única fonte para o Novo Testamento e as obras de Josefo.
No evangelho de João, o Ministério de Jesus é descrito
como tendo englobado três Páscoas. Estas três Páscoas não
são mencionados nos Evangelhos sinóticos. O autor de
João, conscientemente, estabelece a data da morte de Cristo
como ocorrendo no ano 33 E.C. . Ele faz isso porque esta é
a única maneira possível, aritmeticamente, para criar o
alinhamento correto com as profecias de Daniel e também
para criar um ciclo de quarenta anos entre a ressurreição de
Jesus e o fim da guerra judaica.

As obras de Josefo foram deliberadamente configuradas


para demonstrar que as profecias de Daniel culminam na
destruição de Jerusalém em 70 E.C. — um entendimento
que ele compartilhou com os escritores dos Evangelhos.
A fim provar que Roma possuíra a divina providência, os
criadores do Cristianismo forneceram como "evidência" o
saque de Jerusalém no ano de 70 E.C. que fora previsto por
Daniel; a fonte da evidência são as "histórias" de Josefo.
Deste modo, todas as datas importantes da vida de Jesus
foram calculadas para estar alinhadas com a destruição de
Jerusalém. Isto é completamente desobstruído no que diz
respeito ao começo de seu ministério e a sua ressurreição.
Minha conjectura é que o nascimento de Jesus também foi
estabelecido em exatamente setenta anos antes do cerco a
Jerusalém. Embora os estudiosos tenham dado uma série de
explicações de como o ano do nascimento de Cristo foi
exatamente setenta anos a partir da destruição de Jerusalém,
minha análise sugere que foi feito para imitar os setenta
anos "das desolações de Jerusalém" descrito no livro de
Daniel.

No primeiro ano de seu reinado, Daniel compreendeu pelos


livros o número dos anos, de onde a palavra do senhor veio
a Jeremias, o Profeta, para que se cumprissem setenta anos
das desolações de Jerusalém. (191)

As datas da vida de Jesus eram simplesmente mais "peças"


do judaísmo escolhidos pelos criadores do cristianismo para
atender às suas exigências lógicas e teológicas. Os
acontecimentos centrais do cristianismo — o nascimento de
Cristo, o início de seu ministério e sua morte, são 1 E.C., 30
E.C. e 33 E.C. Todas essas datas foram calculadas para trás
da destruição de Jerusalém. Elas foram escolhidas para
caber em um padrão que combinava as profecias de Daniel
e a vida de Moisés.

O início do Ministério de Jesus em 30 E.C. foi calculado


para ser exatamente quarenta anos a partir do dia em que os
romanos e Tito acamparam fora de Jerusalém, na segunda
vinda. Este sistema de datação não é baseado no nascimento
de um líder religioso histórico-mundial, mas orienta-se pela
destruição de uma cidade.

Assim, a cronologia teológica criada pelos inventores do


cristianismo decorreu num ciclo de quarenta anos entre a
ressurreição de Jesus e a queda de Massada. Enquanto este
ciclo de quarenta anos estava em movimento, o outro
modelo para o cristianismo, as profecias de Daniel, corria
simultaneamente.

Na verdade, a versão do cristianismo das profecias de


Daniel estava caminhando para a sua conclusão no mesmo
dia que o seu ciclo de quarenta anos de perambulação.

Na seguinte passagem, observe que o dia em que os


romanos acamparam em Jerusalém foi o décimo quarto
de Nisan. Josefo está falsificando a história mais uma vez
para criar um paralelo entre o Ministério de Jesus e a
campanha de Tito e um ponto de orientação para as
profecias de Daniel.

A data que Josefo dá para quando os romanos


estabeleceram o primeiro acampamento fora de Jerusalém
foi exatamente quarenta anos a partir da primeira das três
Páscoas usadas por João para datar no Ministério de Jesus
o primeiro dia em que Jesus veio a Jerusalém. (192) Josefo
deseja que acreditemos que Jesus veio a Jerusalém quarenta
anos antes de Tito começar seu cerco a Jerusalém, um cerco
que Jesus previu que ocorreria antes de sua geração ter
falecido. Ele também deseja que acreditemos que Massada
caiu quarenta anos antes do dia da ressurreição de Jesus.
Estes dois ciclos perfeitos de quarenta anos são,
naturalmente, absurdos e, em si mesmos, mostram a relação
planejada entre o Novo Testamento e “Guerra dos Judeus”.

Eu incluí toda a passagem, porque mostra a brutalidade da


destruição. Observe o uso da palavra "arrepender" em
conjunto com os rebeldes judeus.

"E, de fato, por que eu relaciono essas calamidades


particulares?

Enquanto Manneus, o filho de Lázaro, veio correndo para


Tito neste mesmo momento, e disse-lhe que havia
encontrado através desse portão, que fora confiado ao seu
cuidado, não menos do que cento e quinze mil e oitocentos
cadáveres , no intervalo entre o décimo quarto dia do
mês xanthicus [Nisan], quando os romanos estabeleceram
seu acampamento na cidade, e o primeiro dia do
mês Panemus [Tammuz]. Isso foi em si uma tremenda
multidão; e embora esse homem não tenha sido definido
como responsável por aquele portão, no entanto, ele foi
designado para pagar o estipêndio público por transportar
esses corpos, e assim foi obrigado a numerá-los, enquanto
o restante foi enterrado por seus familiares; Embora todo o
seu enterro fora, apenas, levá-los para longe, e para fora da
cidade. Depois deste homem muitos dos cidadãos
eminentes correram para Tito, e disseram-lhe o número
inteiro dos pobres que estavam mortos, e que não seriam
menos do que seiscentos mil os que foram jogados para fora
nos portões, embora ainda o número do resto não poderia
ser estimado; e eles disseram-lhe ainda, que eles não foram
mais capazes de transportar os cadáveres dos pobres, eles
deitaram seus cadáveres aos montes em casas muito
grandes, e fecharam-nos nelas; como também que uma
medida de trigo era vendida por um talento; e que quando,
mais tarde, não fora possível recolher ervas, pela razão de
que a cidade estava toda sitiada, algumas pessoas foram
levadas àquela aflição terrível de procurar nos esgotos
comuns e nos monturos velhos do gado, o estrume que
havia por lá, para comê-lo; e o que eles antigamente não
podiam sequer suportar ver, eles agora utilizavam como
alimento Quando os romanos mal ouviram tudo isso, eles
se comiseraram a esse respeito; enquanto que os sediciosos,
que também viram, não se arrependeram, mas sofreram
com a mesma angustia , que caiu sobre si mesmos; pois eles
estavam cegos por esse destino que já estava vindo sobre a
cidade, e sobre si também."(193)

É importante ter em mente que, porque as sequências de


tempo de Josefo são fictícias, não há nenhuma maneira real
de saber quando Jerusalém foi destruída ou quando
Massada caiu. Na verdade, se concluirmos que todas as
datas em Josefo não são confiáveis, perdemos toda a nossa
compreensão cronológica do primeiro século. Mas isto é ao
lado do ponto no que diz respeito a este trabalho. Tudo o
que precisamos saber é se Josefo foi intencionalmente
criando a impressão de que fora sete anos desde o início da
guerra até a queda de Massada. E disso podemos ter certeza,
porque os alinhamentos precisos das datas necessárias para
"provar" que as profecias de Daniel estavam chegando a se
realizar só poderiam haver sido uma evidência da mão de
Deus na terra ou foram criados intencionalmente.

Na verdade, todas as datas que Josefo menciona que estão


em alinhamento com o novo testamento são de se esperar.
Uma vez que Josefo tem ligado eventos da guerra às
profecias de Daniel, ele não pode parar até a conclusão da
"semana"- ou seja, três anos e meio a partir de quando o
"sacrifício diário" terminou. Assim como, uma vez que o
novo testamento começou o ciclo de quarenta anos do
êxodo com o estabelecimento de seu cordeiro Pascal, não
poderia haver parada até que os "homens de guerra fossem
consumidos porque eles não obedeceram à voz do senhor.
". . . E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e
na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e
sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à
consumação; e o que está determinado será derramado
sobre o assolador. . .” [Daniel 9:27] (194)

Uma vez que Josefo mostrou que o fim do sacrifício diário


ocorre exatamente três anos e meio desde o início da
"semana", isto é, desde o início da guerra, ele deve
permanecer dentro dos limites das profecias de Daniel, a
fim de provar que elas têm que "vir a se realizar". Ele deve
concluir a semana de sete anos "três anos e meio a partir da
data que ele dá para o fim do sacrifício diário. Ele orienta o
leitor para esta estrutura de tempo com o título que ele cria
para o capítulo de “Guerra dos Judeus” que descreve a
destruição de Massada:

"Quanto ao intervalo de cerca de três anos: a partir da


tomada de Jerusalém por Tito até a sedição dos judeus
em Cyrene."

Observe que o título deste capítulo usa o mesmo dispositivo


que o autor usou para orientar a queda de Massada para o
ciclo de quarenta anos. Os dois fluxos de apoio teológico
para o cristianismo, Moisés e Daniel, foram fundidos. Eles
estão indo para uma conclusão simultânea em Massada no
dia em que o cristianismo substitui o judaísmo.

Josefo esboça a paisagem simbólica de seu golpe teológico,


registrando que o líder dos rebeldes judeus em Massada era
outro Eleazar — que, como se observou acima, era um
descendente de Judas, o Galileu, e, como seu ancestral, um
líder dos Sicarii.

O Novo Testamento e Josefo trabalham juntos para criar


uma relação sutil, mas clara, entre as famílias de Judas, os
galileus, seus seguidores Sicarii, e Jesus e sua família e
seguidores.

Esta relação tem três pontos centrais. Primeiro, o Novo


Testamento registra que a família de Jesus concordou em
pagar o imposto Romano, indo para Belém para inscrever-
se no censo de Quirinus. Isto coloca a família de Jesus em
oposição direta a Judas, o Galileu, porque Josefo registra
que um certo Galileu chamado Judas convenceu seus
compatriotas a revoltarem-se; e disse que eles seriam
covardes se suportassem pagar um imposto aos romanos e
submeter-se aos homens mortais como seus senhores. . .
(195)

Segundo o novo testamento registra que Judas, o Iscariote


(Sicarii), filho de Simão, o Iscariote, foi responsável pela
crucificação de Jesus, mostrando assim que os Sicarii são
responsáveis pela morte de Jesus.

“E isto dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão; porque


este o havia de entregar, sendo um dos doze.” [João 6:71]
“E, acabada a ceia, tendo já o diabo posto no coração de
Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse . . .” [João
13:2]

Finalmente, Josefo registra que Eleazar, descendente de


Judas o Galileu, e seus seguidores Sicarii aniquilaram a si
mesmos em Massada quarenta anos antes do dia da
ressurreição de Jesus. Isso identifica perfeitamente
os Sicarii como membros da "geração perversa" que Jesus
advertiu seria aniquilada antes da geração vir a falecer.

Massada traz um fim ao que Josefo descreve como a "quarta


filosofia", um sinônimo para os Sicarii, o movimento
messiânico fundado por Judas, o Galileu. O suicídio
dos Sicarii nesta data foi concebido para representar a
"expiação" por seu papel na crucificação de Jesus há
quarenta anos. Ao simultaneamente concluir os quarenta
anos da “perambulação” do cristianismo e o fim da "quarta
filosofia", o movimento messiânico substituído pelo
cristianismo, Josefo está criando o ponto no qual o futuro
pertence ao cristianismo.

E ele estava correto, claro: o futuro pertencia ao


cristianismo. Pela metade do segundo século E.C., o
Judaísmo tinha sido banido de sua pátria e nunca mais seria
uma ameaça significativa para Roma.

O registro de Josefo da queda de Massada contém muitos


pontos dizendo:
Ele reitera que João, o líder Sicarii que foi satirizado como
o Apóstolo João, como o homem de Gadara com o espírito
imundo no Novo Testamento, encheu o campo com
maldade.

"No entanto, João demonstrou por suas ações que


estes Sicarii eram mais moderados do que ele próprio, pois
ele não só matou todos, como não lhes deu um bom
conselho para fazer o que era certo, mas tratou-os pior do
que todos, como os inimigos mais amargo que ele tinha
entre todos os cidadãos; Não, ele encheu todo o seu país
com dez mil casos de maldade. . ."

Josefo registra a crença de Eleazar de que Deus condenou a


nação judaica. O ponto não citado, uma vez que Deus
condenou o judaísmo, é que o cristianismo seria a sua
substituição.

"Tinha sido realmente adequado para nós ter conjecturado


com o propósito de Deus muito mais cedo, e no primeiro
momento, quando estávamos tão desejosos de defender a
nossa liberdade, e quando recebemos tal tratamento
dolorido um do outro, e pior tratamento de nossos inimigos,
teria sido sensato que o mesmo Deus, que houvera sido
favorável à nação judaica os condenasse à destruição. . ."

Josefo faz com que Eleazar proclame repetidas vezes que


Deus se virou contra os judeus.

". . . somos abertamente destituídos pelo próprio Deus de


toda a esperança de livramento; para que o fogo que foi
conduzido sobre os nossos inimigos não por sua própria
vontade voltasse sobre a muralha que havíamos construído;
Este foi o efeito da ira de Deus contra nós por nossos
pecados múltiplos, dos quais temos sido culpados de uma
forma mais insolente e extravagante em relação aos nossos
próprios compatriotas; as punições que não recebemos dos
romanos, mas sim do próprio Deus. . .”

". . . no entanto, as circunstâncias em que estamos agora


devem ser um estímulo para que nós suportemos tal
calamidade corajosamente, uma vez que é pela vontade de
Deus, e por necessidade, que estamos a morrer; Pois agora
parece que Deus decretou sobre toda a nação judaica, que
devemos ser privados desta vida da qual [ele sabia] que não
faríamos o devido uso."

Isto é que nossas leis nos ordenam a fazer isso; é que nossas
esposas e filhos anseiam em nossas mãos; Mais que isso, o
próprio Deus trouxe esta necessidade sobre nós; enquanto
os romanos desejam o contrário, e temem que nenhum de
nós morra antes de sermos levados. Vamos, portanto,
apressar-nos, e em vez de lhes proporcionar tanto prazer,
como eles esperam para nos submeter ao seu poder, vamos
deixar-lhes um exemplo que deve, ao mesmo tempo, causar
o seu espanto com a nossa morte, e sua admiração por nossa
resistência a eles. (196)

A suspeita que os estudiosos têm em relação à exatidão do


discurso de Eleazar é bem fundamentada. Eles deveriam
também questionar as datas de Josefo para o cerco e a queda
de Massada, que não são mais históricas do que suas
descrições do cerco ou do discurso de Eleazar. As datas
foram inventadas para dar apoio ao cristianismo. Os leitores
que desejam confirmar minhas descobertas por si só podem
simplesmente tomar as datas do Ministério de Jesus e
crucificação como encontrado no evangelho de João e
compará-los com as datas que Josefo dá para os
acontecimentos da guerra e seu uso de frases do livro de
Daniel. A verdade será visível.

Quando Josefo termina a guerra no dia seguinte a Páscoa


em 73 E.C., ele unifica os dois "princípios" que o
cristianismo foi baseado em — Êxodo e o livro de Daniel.
Somente o dia que Josefo registra para a conclusão do cerco
de Massada completaria simultaneamente a semana de sete
anos que conclui as profecias de Daniel e o fim dos
simbólicos quarenta anos "perambulando" do cristianismo
após a ressurreição de Jesus. Tal ocorrência milagrosa não
poderia acontecer por acaso e apoia a teoria de que Josefo
falsificou a história para mostrar que o Cristianismo era o
substituto de Deus para o judaísmo. Observe que a técnica
que os autores do cristianismo usaram é consistente por
toda parte. Simão e João são transformados em apóstolos
cristãos. A história da Páscoa e do êxodo tornam-se os
primeiros quarenta anos do cristianismo. Tito torna-se o
Messias.

Deve-se admirar o artesanato dos intelectuais que


produziram as obras de Josefo e do Novo Testamento.
Embora o método que eles usaram, a fusão das profecias de
Daniel com um novo êxodo de quarenta anos, foi totalmente
absurda, tanto de uma perspectiva histórica e teológica, com
ele, eles foram capazes de remover ordenadamente da
história um movimento religioso que se opôs a eles
militarmente e substituí-lo com um alinhado aos seus
interesses. Ao fazê-lo, eles foram capazes de conformar a
história com a teologia a tal ponto que um movimento
terminou e o outro surgiu no mesmo dia.

É interessante que os criadores da cristandade não passaram


adiante desta fusão teológica aos primeiros padres da igreja.
Não há nenhuma evidência de que qualquer um dos
primeiros padres da igreja, com a possível exceção de
Eusébio, compreendeu que a destruição de Massada
representou a conclusão simultânea do cristianismo dos
quarenta anos de “perambulação” e as profecias de Daniel.
Os intelectuais que produziram o cristianismo não devem
ter tido seu trabalho apreciado por dois mil anos.

Esta desconexão entre os criadores do cristianismo e seus


implementadores é fascinante porque sugere que seus
primeiros bispos não precisam entender um elemento-chave
do cristianismo. Isso pode ter alguma influência sobre um
assunto de interesse, mas que eu não vou cobrir neste
trabalho, em que ponto o cristianismo perdeu a memória de
suas origens romanas? A falta de conscientização dos
estudiosos da primeira igreja sobre este elemento teológico
chave talvez sugira que essa desconexão possa ter ocorrido
muito cedo. Um exemplo de um erudito cristão adiantado
que não compreendesse a intenção original do Novo
Testamento foi Orígenes, que ficou incomodado pelo nome
"Jesus Barabbas". Por outro lado, Cesare Borgia, um
cardeal católico romano do século XV e um filho do Papa
Alexandre VI (Rodrigo Borgia) foi citado como dizendo: ".
. . isto serviu-nos bem, este mito de Jesus. . ."

O leitor pode achar interessante ver como o ciclo de


quarenta anos do perambular do cristianismo foi alcançado.
O Evangelho de João foi criado, entre outros motivos, para
fornecer o ponto de orientação necessário para iniciar o
ciclo de quarenta anos. A data foi determinada calculando-
se para trás.

Josefo registra que a destruição de Massada ocorreu no


décimo quinto de xanthicus.

“Este abate calamitoso foi feito no décimo quinto dia do


mês xanthicus. . .” (197)

Xanthicus é a palavra Síria para Nisan. Um típico “truque


de mão” de Josefo, para não ser demasiado óbvio. Josefo
também registra que a Páscoa judaica foi celebrada no
décimo-quarto de xanthicus/Nisan.

Quando Deus revelou que, com mais uma praga, ele


obrigou os egípcios a deixarem os hebreus irem, ele
ordenou a Moisés que dissesse ao povo que deveria ter um
sacrifício pronto e que se preparasse no décimo dia do mês
xanthicus em prontidão para o décimo-quarto (Este é o mês
que é chamado Pharmuthi pelos egípcios, e Nisan pelos
hebreus, mas os macedônios chamavam-no xanthicus), e
ele deveria, então, conduzir os hebreus com tudo o que
possuíam. (198)

O Evangelho de João difere dos sinóticos em sua datação,


porque João descreve três Páscoas e, assim, dá ao
Ministério de Jesus uma extensão de três anos. Os sinóticos
descrevem somente uma Páscoa e assim não revelam o ano
em que Jesus foi crucificado.

O Evangelho de João também é diferente dos sinóticos na


medida em que descreve a crucificação de Jesus como
ocorrendo no dia anterior à Páscoa, enquanto que no
sinótico Jesus é crucificado na própria Páscoa.

Jesus deveria ser o Cordeiro Pascal do novo judaísmo;


Portanto, esta imagem central do cristianismo foi
promovida em todos os Evangelhos — em contraste com o
judaísmo rabínico, que meramente editou ou substituiu
todas as características do segundo judaísmo do templo que
não puderam ser executadas sem o templo. No entanto, os
sinóticos cometem um "erro" quando eles registram a
crucificação de Jesus como ocorrendo no dia da Páscoa.

No evangelho de João Jesus é "abatido" no dia anterior à


Páscoa, que é quando os cordeiros pascais eram realmente
sacrificados. A data de João é mais simbolicamente correta
porque faz de Jesus o verdadeiro "Cordeiro de Deus, que
tira os pecados do mundo". (199)

As diferenças entre as datas da crucificação de Jesus sempre


foram atribuídas ao fato de que cada Evangelho tem uma
tradição distinta. Eu, é claro, discordaria e reiteraria que,
enquanto os quatro Evangelhos podem ter sido produzidos
por diferentes estudiosos individuais, eles estavam sob
controle de um único editor que os editou onde ele enxergou
o ajuste. Isto é demonstrado pela minha análise do enigma
do túmulo vazio (capítulo 6).

Portanto, as diferenças nas datas da crucificação de Jesus


são por desígnio. Ou seja, elas mostram que havia mais de
um "Jesus", porque ninguém pode ser crucificado duas
vezes.

Em qualquer caso, a cronologia em João tem Jesus sendo


crucificado no décimo terceiro de Nisan, um dia antes da
Páscoa. Portanto, ele teria "surgido" no décimo quinto
de Nisan - o terceiro dia. Josefo devia, portanto, datar o
suicídio em massa em Massada, o "abate calamitoso" que
terminou com a rebelião judaica, para o décimo quinto
de Nisan. Somente com esta data ele pode alinhar o
cristianismo "corretamente".

Eusébio, que cita Josefo mais frequentemente do que


qualquer um de seus contemporâneos, estava consciente do
ciclo de penitência de quarenta anos que Josefo registrou
entre a crucificação de Cristo e a destruição em Massada.

“Quanto a essas calamidades, então, que se abateram sobre


toda a nação judaica após a paixão do Salvador e depois das
palavras que a multidão dos judeus proferiu, quando
imploraram a libertação do ladrão e assassino, mas suplicou
que o príncipe da vida deveria ser tirado de seu meio, não é
necessário acrescentar nada à conta do historiador
(Josefo).”

“Mas pode ser apropriado mencionar também esses eventos


que exibiu a benevolência daquela boa Providência que
reteve sua destruição completa quarenta anos depois de seu
crime contra Cristo durante o qual muitos dos Apóstolos e
discípulos, e o próprio Tiago o primeiro bispo de lá, aquele
que era chamado o irmão do Senhor, ainda estava vivo e
habitando em Jerusalém, em si, permaneceu o baluarte mais
seguro do lugar. A Divina Providência, portanto, ainda se
mostrou longânime para com eles, a fim de ver se pelo
arrependimento do que haviam feito poderiam obter perdão
e salvação; e além de tão longo sofrimento, a Providência
também forneceu maravilhosos sinais das coisas que lhes
aconteceriam se não se arrependessem.” (200)

Como já mostrei, numerosos acontecimentos em Josefo são


datados de uma forma que dá ao leitor a impressão de que
eles foram previstos por Daniel. O mais importante é o fim
do "sacrifício diário" e as "abominações da desolação"
descritas acima. Pode-se argumentar que Josefo fez isso por
uma razão diferente de fornecer um contexto histórico para
Jesus. Talvez ele simplesmente quisesse fazer os judeus
acreditarem que Deus tinha sido responsável por sua
destruição. Ele, portanto, sobrepôs as profecias de Daniel
sobre os acontecimentos de 70 E.C. para criar esse efeito.

Ele não tinha conhecimento das reivindicações semelhantes


encontradas no Novo Testamento. Foi apenas a chance de
que o paralelo viesse a existir. Embora eu considerasse este
argumento como improvável, deve pelo menos ser
considerado.

No entanto, tal argumento não pode ser feito para as datas


de estabelecimento de Josefo que se alinham com o
mimetismo do cristianismo do ciclo de quarenta anos do
Êxodo. Se o Novo Testamento e “Guerra dos Judeus”
fossem escritos de forma independente, teria sido
improvável que seus autores registrassem todos os
acontecimentos demonstrando que as profecias de Daniel
estavam vindo a ser cumpridas no primeiro século. No
entanto, para que ambos os autores acidentalmente
gravassem eventos que ligam as sequências de tempo
precisas das profecias de Daniel com as sequências de
tempo precisas do Êxodo beiram o impossível.
Ou o Novo Testamento e as obras de Josefo, ambos,
gravaram um fenômeno sobrenatural (a combinação única
de Moisés e Daniel) ou ambos deliberadamente falsificaram
a história para fornecer apoio para a substituição do
judaísmo pelo cristianismo.

Sugeri acima que o contorno da infância de Jesus era


fictício, e, copiado da vida de Moisés.

Há outro exemplo da infância fictícia de Jesus. Na versão


de Lucas da infância de Jesus, José leva sua família da
Galileia a Belém para se inscrever no censo.

“E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte de


César Augusto, para que todo o mundo se alistasse

(Este primeiro alistamento foi feito sendo Quirino


presidente da Síria).

E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade.

E subiu também José da Galileia, da cidade de Nazaré, à


Judeia, à cidade de Davi, chamada Belém (porque era da
casa e família de Davi),

A fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava


grávida.” [Lucas 2:1-5] (201)

O censo de Quirinus foi imposto sobre a área em torno de


Jerusalém, que estava o domínio romano, e não na Galileia,
que fazia parte da Tetrarquia de Herodes Antipas. Em
nenhum momento durante a vida de Jesus, os romanos
cobraram nenhum tributo na Galileia. Por que, então, José
voluntariamente viajaria para Belém com uma esposa
grávida para se inscrever para um imposto que ele não era
obrigado a pagar?

A passagem também alega que José foi para Belém porque


foi lá que a casa de Davi se registrou. Estudiosos têm
entendido há muito tempo que esta afirmação é falsa, tanto
porque a genealogia é incognoscível e porque o decreto de
Augusto teria sido logisticamente impossível de
implementar. Como E. E Sanders escreveu, de acordo com
a própria genealogia de Lucas, Davi viveu quarenta e duas
gerações antes de José. Por que José deveria registrar-se na
cidade de um de seus antepassados de quarenta e duas
gerações anteriores?

O que estaria Augusto — o mais racional dos Césares —


pensando sobre isso? A totalidade do Império Romano teria
sido erradicada por tal decreto.

Além disso, como um homem poderia saber para onde ir?


Ninguém poderia traçar sua genealogia por quarenta e duas
gerações, mas se ele pudesse, ele iria descobrir que ele tinha
milhões de ancestrais (Um milhão é ultrapassado na
vigésima geração).

Além disso, Davi, sem dúvida, tinha dezenas de milhares de


descendentes que estavam vivos na época. Poderiam todos
se registrar? Se assim for, como eles se registrariam em uma
pequena aldeia?

Podemos ter certeza de que o pragmático Augusto não teria


promulgado um decreto que erradicaria todo o Império
Romano e que seria impossível de implementar.

Por que então o autor deste evangelho incluiu esses detalhes


falsos?

A razão é sutil e fácil de se perder. Ao viajar para Belém,


José está concordando em pagar impostos aos romanos.
Sugiro que esse detalhe ocorra no novo testamento para
garantir que o leitor entenda que o Messias veio de uma
família de contribuintes leais.

Isto também estabelece Jesus o Galileu como um espelho


oposto de Judas, o Galileu, o inventor da misteriosa "quarta
filosofia dos judeus", a seita que se rebelou contra Roma.
Claro, para entender este ponto o leitor deve recorrer a
Josefo.

Em resposta à pergunta de quantas vezes um homem deve


perdoar seu irmão, Jesus respondeu dizendo, "até setenta
vezes sete." Esta é, evidentemente, uma referência à
quantidade de tempo que passaria antes da destruição de
Jerusalém e das "abominações de desolação" que tanto
Jesus como Daniel previram. A resposta de Jesus, muitas
vezes, foi erroneamente citada como um exemplo de sua
paciência. Jesus saberia que esta geração seria destruída.
Jesus está dizendo que a paciência de Deus com a "geração
perversa" acabou. O fim está próximo.

Este comentário de Jesus também mostra que ele está


reivindicando ser o Messias que Daniel tinha imaginado, o
"Filho de Deus". É fácil imaginar como tal diálogo foi
criado. Uma vez que se determinou que as profecias de
Daniel deveriam ser usadas como base para o Messias, era
simplesmente suficiente que Jesus recitasse citações das
escrituras que indicavam sua capacidade de enxergar o
futuro. Apesar da reputação de Jesus para a reflexão
original, há muito pouco entre seus ditos que não estão
parafraseando profetas e filósofos anteriores.

Jesus colocou grande ênfase nos efeitos negativos da


riqueza e do luxo. O tema está firmemente incorporado na
narrativa do nascimento de Jesus, no “Conselho de João
Batista” sobre como viver, no discurso de Jesus na versão
de Lucas das bem-aventuranças (6:20-26), (204) em grande
parte do material de Lucas, (205) e na reivindicação em atos
que a Igreja praticou pelo "bem comum". (206)

Ao longo do Novo Testamento, Jesus é retratado como


lutando contra um estabelecimento privilegiado, cujos
representantes são "amantes do dinheiro" e altamente
treinados em assuntos intelectuais, como os silogistas e os
retóricos denunciados pelos filósofos estoicos Seneca e
Epictetus. Os ataques de Jesus à riqueza e à hipocrisia são,
em geral, uma reminiscência da filosofia estoica que era
popular em Roma neste momento.

O filósofo estoico Seneca (embora imensamente rico)


resumiu seu ensinamento da seguinte forma:

“Falamos muito sobre nos despreender do dinheiro, e nós


damos conselhos sobre este assunto no mais demorado dos
discursos, que a humanidade pode acreditar em verdadeiras
riquezas existentes na mente e não em uma conta bancária,
e que o homem que se adapta aos seus meios esbeltos e
torna-se rico, já o numa pequena soma, é o homem
verdadeiramente rico. . .”

A descrição de Persius dos "benefícios" da filosofia estoica


torna claro quem realmente se beneficiou da aceitação da
subclasse dele — a classe dominante. Persius escreveu:

“Ó pobres miseráveis, aprendam, e venham a conhecer as


causas das coisas, o que somos, para que vida nascemos, o
que a ordem atribuída é, onde o ponto de viragem do curso
é para ser arredondado suavemente, para que limite definir
em dinheiro, para o que é direito de orar , o que é o uso de
dinheiro duro, o quanto você deve gastar em seu país e
naqueles próximos e queridos para você, que tipo de
homem Deus ordenou que você seja e onde um homem
como que você está colocado.”

Na seguinte passagem Jesus defende uma posição próxima


a do estoicismo. De particular interesse é Lucas 3:14, onde
Jesus aconselha os soldados a se contentar com seus
salários. Este não é um assunto que vem à mente como
essencial para o Filho de Deus para tocar durante a sua
breve permanência na terra, mas é, obviamente, algo
sempre presente nas mentes da família imperial.

“E a multidão o interrogava, dizendo: Que faremos, pois?

E, respondendo ele, disse-lhes: Quem tiver duas túnicas,


reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, faça da
mesma maneira.

E chegaram também uns publicanos, para serem batizados,


e disseram-lhe: Mestre, que devemos fazer?
E ele lhes disse: Não peçais mais do que o que vos está
ordenado.

E uns soldados o interrogaram também, dizendo: E nós que


faremos? E ele lhes disse: A ninguém trateis mal nem
defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo.” [Lucas
3:10-14]

A relação entre o estoicismo e a escravidão é interessante.

Para um mestre de escravos, o estoicismo parece a filosofia


ideal porque defende a aceitação de "que pelo teu tipo de
homem, Deus ordenou que você fosse colocado, onde e
como, um homem que você é." A defesa de Jesus de
princípios semelhantes aos dos estoicos levou Bruno
Bauer no século XIX a concluir que o Cristianismo era
simplesmente uma tentativa da família imperial de
implementar o estoicismo em grande escala.

A suspeita de Bauer sobre o cristianismo parece


especialmente lógica quando se considera o grau em que o
Império Romano confiou na escravidão no primeiro século
E.C., onde talvez quarenta por cento da população eram
escravos.

A escravidão também foi prevalente na Judeia durante todo


o primeiro século.

Nenhum registro sobrevive para nos permitir saber


exatamente qual a percentagem da população judia era
escravos, mas a julgar pelo número de referências à
escravidão dentro da “Literatura Hebraica” a partir do
período, era claramente bastante comum. (208)

Klausner escreveu que os escravos eram um fator


importante nas perturbações políticas e espirituais no tempo
de Jesus. Sem eles, não podemos explicar as frequentes
rebeliões e os muitos movimentos religiosos desde o tempo
de Pompeu até depois do tempo de Pilatos. . . 209

Havia dois tipos de escravos na Judeia durante o tempo de


Jesus, Hebraico e "escravos Canaanitish". O escravo
hebreu tinha a melhor sorte. Embora um verdadeiro
escravo, não tinha o direito de mudar de mestre ou escolher
o seu trabalho, o Hebraico era mantido como um escravo
apenas por seis anos e seu corpo não era para ser usado
sexualmente.

Os escravos Canaanitish, ou não-hebreus, eram tratados


como gado. Eles foram marcados, de modo que eles
poderiam ser reconhecidos no caso de eles escaparem, ou
um sino era pendurado sobre eles com uma corrente. Eles
eram baratos para comprar, custando tão pouco como um
único Dinar ouro. (210) o Niddad (211) registra que "os
mestres realizavam as ações mais privadas na frente deles."
Os mestres e seus filhos usavam esses escravos para o
prazer sexual. (212) ao mestre de um escravo foi permitido
bater em seus escravos ao ponto da morte sem
consequência. É preciso notar, no entanto, que se o escravo
morresse de suas feridas, então o mestre seria condenado à
morte.

Klausner escreveu: "a escravidão dos Canaanitish era


então uma praga horrível que afetava o corpo nacional de
Israel como era também o exemplo de outras nações
naqueles dias adiantados." (213)

Alguém abordando as pessoas comuns na Judeia durante o


primeiro século E.C., como Jesus fez, teria falado com
grupos que continham escravos. Josefo especificamente
afirma que os rebeldes judeus que foram inspirados pela
esperança de um Messias militarista eram "escravos" e
"escória". Este foi o contexto histórico, de acordo com o
novo testamento, no qual Jesus foi capaz de fazer
numerosos convertidos, pregando a aceitação de um
mestre.

Em todo o caso, a defesa de Jesus de aceitar a sua situação,


e de pacifismo, eram certamente princípios que os
Flavianos gostariam de ter ensinado dentro da Judeia
rebelde. Se alguém separar das palavras de Jesus o conselho
que era do interesse da família imperial, tudo que
remanesce são altruísmos filosóficos extensamente
conhecidos, e trechos dos escritos judaicos anteriores.

Minha análise sugere que o que foi visto como o ensino


mais original de Jesus - sua instrução para amar o inimigo -
era sim o aspecto mais maligno de seu ministério. Os
volumes foram escritos sobre o significado possível do
último comentário de Jesus particularmente, mas de acordo
com minha análise a interpretação correta é que, desde que
os autores do Novo Testamento consideraram a Deus e ao
César um e o mesmo, Jesus está, de fato, dizendo “deem
tudo para César”

Entre os pergaminhos do mar morto foram encontrados


fragmentos de uma obra intitulada os “Testamentos dos
Doze Patriarcas” — uma obra que tinha sido anteriormente
conhecida apenas por estudiosos em traduções gregas,
latinas ou etíopes, e tinha sido assumida como um texto
cristão apócrifo precoce. Sua descoberta entre os
pergaminhos coloca problemas para o cristianismo,
especialmente à luz do fato de que quem escreveu as
Epístolas Paulinas as tinha claramente usado como fonte.
Há mais de setenta palavras comuns aos “Testamentos dos
Doze Patriarcas” e às Epístolas Paulinas que não são
encontradas no resto do Novo Testamento, fato descoberto
pelo Dr. R. H. Charles e anotado em sua edição dos
“Testamentos dos Doze Patriarcas”. A implicação é,
naturalmente, que os autores das Epístolas Paulinas
estavam usando um material de uma fonte judaica mais
adiantada para criar seu trabalho.

O paralelo mais importante é entre Mateus 25:35-36 e a


passagem do testamento de José 1:5-6. Parece que ou o
primeiro é uma cópia do último ou que ambos foram
derivados de uma fonte comum. Em “Testamentos dos
Doze Patriarcas”, a ordem das palavras comuns é: a fome,
sozinho, doente, prisão e em Mateus: fome, um estrangeiro,
doente, prisão.

“Eu fui vendido para a escravidão, e o Senhor de Todos me


fez livre;

Fui levado para o cativeiro, e sua mão forte socorreu-me;

Eu estava cercado pela fome, e o próprio Senhor nutriu-me;

Eu estava sozinho, e Deus confortou-me;


Eu estava doente, e O Senhor visitou-me;

Eu estava na prisão, e O Senhor se mostrou a meu favor;

E das amarras, ele me libertou.”

[Testamento de José 1:5-6]

Porque tive fome, e destes-me de comer;

Tive sede, e destes-me de beber;


Era estrangeiro, e hospedastes-me;

Estava nu, e vestistes-me;

Fiquei doente, e visitastes-me;

Estive na prisão, e foste me ver.

[Mateus 25:35,36]

Na versão em “Testamentos dos Patriarcas”, O Senhor


libera a pessoa que está orando depois que ela é vendida
para a escravidão, levada em cativeiro, e colocada em
amarras. A versão em Mateus não inclui estas palavras, mas
acrescenta sedento e nua. Em outras palavras, a oração em
Mateus é uma versão da passagem no Testamento de José,
mas não inclui as ideias que Roma não teria desejado. A
versão de Mateus é completamente compatível com os
ensinamentos do Messias pacifista que exorta seus
seguidores a virar a outra face e a evitar até mesmo a raiva,
muito menos o assassinato.

Se a literatura encontrada entre os pergaminhos do mar


morto era na verdade a teologia inspiradora para Judas, o
Galileu e seu movimento rebelde, quando comparamos as
diferenças entre as duas obras acima, estamos realmente
testemunhando a transformação romana da teologia judaica
no cristianismo. Estamos vendo a transformação palavra
por palavra.

Gostaria também de salientar a questão moral envolvida na


edição das passagens acima. Não incluir as orações dos
escravos suplicando a Deus para libertá-los de suas amarras
é remover da religião a sua humanidade.

Um outro exemplo dos autores que emprestam a teologia


encontrado nos “Pergaminhos do Mar Morto” está em sua
descrição do Messias.

Em Lucas 1:32-33 lemos uma descrição do Messias.

“Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o


Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai;

E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá


fim.” [Lucas 1:32,33]

Os pergaminhos encontrados em Qumran também


descrevem um Messias.

“. . . Filho de Deus, ele será chamado e Filho do Altíssimo


eles vão nomeá-lo... Seu reino será um reino eterno... ele
julgará a terra na verdade... O grande Deus... vai entregar as
pessoas em sua mão e todos eles vão lançar-se diante dele.
Sua soberania é a soberania eterna. [“pergaminhos”:21 ' 1]

Na passagem do novo testamento, Lucas parece ter


emprestado sua descrição do Messias a partir da
representação do Messias encontrado em Qumran.
Entretanto, não emprestou a militarística natureza do filho
de Davi, daquele Messias. O Jesus no Novo Testamento é
um pacifista pagador de impostos. Como o Messias foi
definido no novo testamento, ele era um Salvador com
valores romanos, não os valores dos seguidores do
judaísmo militante encontrados nos pergaminhos.

O cristianismo foi criado para ser uma alternativa ao tipo de


judaísmo rebelde que se difundia através da Judeia no
primeiro século E.C. É importante tentar identificar os
indivíduos que estavam se convertendo ao judaísmo
militarista e para quem o Cristianismo deveria ser uma
alternativa. Nós somos afortunados, porque Josefo forneceu
realmente uma descrição destes indivíduos. Observe que ele
os identifica como a "geração perversa".

“. . . nem tampouco, em nenhuma era desde o início do


mundo se procriou uma geração mais frutífera em maldade
do que nesta era.
. . . Eles confessaram o que eram na verdade: que eles eram
os escravos, a escória, e os descendentes espúrios e
abortivos de nossa nação. . .” (215)

Josefo descreve os rebeldes judeus como escravos e escória.


O cristianismo foi desenvolvido para competir com o
judaísmo militarístico e para a fé dessas pessoas, para
impedir que a marca militante do “Judaísmo Messiânico”
se espalhasse sobre eles. É evidente, portanto, que a religião
que foi a base da moralidade ocidental foi inventada para a
pacificação dos escravos.

CAPÍTULO 15

Os Apóstolos e os Macabeus

Minha análise revelou que os apóstolos João e Simão eram


sátiras de militantes judeus que transformaram esses líderes
da rebelião judaica em cristãos. Por isso, tentei determinar
se outras distorções da história, quer no Novo Testamento
ou em “Guerra dos Judeus”, haviam sido usadas na criação
do cristianismo. A primeira coisa que me impressionou
após o início deste inquérito foi que havia simplesmente
demasiados personagens em ambos os trabalhos com os
nomes de Simão, João, Judas, Eleazar
(Lázaro), Matthias (Mateus), José, Maria e Jesus.

Se você consultar o “Dicionário de Nomes Próprios das


Escrituras” em Webster's Unabridged, você vai encontrar
centenas de nomes hebraicos.

Notavelmente, tanto em Josefo quanto no Novo


Testamento, os mesmos poucos nomes judaicos proliferam.
Em “Guerra dos Judeus” há nove “Eleazares”, três “Jacós”
(“Jameses”), seis “Jesuses”, cinco “Matthiases”
(“Mateuses”), uma Maria, quatro “Mariammes”, oito
“Joãos”, sete “Josés”, dez “Judases”, e treze “Simãos”. No
Novo Testamento ocorre o mesmo padrão:

Há sete “Marias”, nove “Simãos”, dois “Joãos”, dois


“Josés”, quatro “Judases”, dois “Lazaros” (Eleazar), dois
“Matthiases” (“Mateuses”), dois “Jameses”, e, no mínimo,
três “Jesuses”. Do ponto de vista da probabilidade, é
improvável que este conjunto de nomes seria mesmo
sobreposição em duas obras que têm tão poucas
personagens nomeadas, muito menos com estas muitas
duplicações.

Eu suspeitava que os autores do novo testamento e as obras


de Josefo haviam deliberadamente usado esses nomes
particulares repetidamente. Mas se esses nomes particulares
foram usados deliberadamente, qual foi a intenção?

A resposta reside no fato de que este mesmo conjunto de


nomes era conhecido por ter sido usado por um terceiro
grupo, os Macabeus, a família que governou Israel durante
o primeiro e segundo séculos E.C., até que foram
substituídos, através dos romanos, por Herodes. Dentro
dessa família são encontrados os mesmos nomes que são
tão amplamente usados, tanto por Josefo como no Novo
Testamento. O fundador da dinastia
foi Mattathias (Mateus), que teve cinco filhos chamados
Simão, Judas, João, Eleazar (Lázaro), e Jonatas.

Agora, neste momento, havia um cujo nome era Mattathias,


que habitava em Modin, o filho de João, o filho de Simeão,
o filho de Asamônio, um sacerdote da ordem de Joarib, e
um cidadão de Jerusalém. Ele tinha cinco filhos; João, que
foi chamado Gaddis, e Simão, que foi chamado Matthes, e
Judas, que foi chamado Maccabeus, e Eleazar, que foi
chamado Auran, e Jonatas, que foi chamado Apphus.
Agora, este Mattathias lamentou aos seus filhos o triste
estado dos seus assuntos, e a devastação feita na cidade, e o
saqueamento do templo, e as calamidades sob as quais
estava a multidão; e ele lhes disse que era melhor para eles
morrerem pelas leis de seu país, do que viver tão
ingloriamente como eles fizeram. (216)

Josefo também afirma sua semente ancestral dos Macabeus,


por meio de uma filha de Simão, filho de Mattathias, que é
mencionado acima.

Ao traçar sua linhagem, Josefo registra que seu ramo da


família alternava os nomes dos homens a cada outra
geração: o pai de Josefo foi nomeado Mattathias, enquanto
seu avô tinha sido nomeado Josefo, etc. Portanto, os nomes
masculinos usados várias vezes no novo testamento são
quase exatamente os mesmos que os Josefo diz que foram
usados pelos homens da família dos Macabeus. Estes
nomes são José, Judas, Simão, Eleazar (Lázaro), João e
Matias (Mateus).

É interessante que Jesus, como os filhos de Matatthias, o


fundador da dinastia macabiana, também foi dito ser um dos
cinco filhos. Observe como alguns dos nomes na família de
Jesus são macabeus.

“Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe


Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas?”
[Mateus 13:55]
Os Macabeus foram os criadores da Judeia que Roma
destruiu. Por trezentos e setenta e seis anos,
de Zerubbabel a Jonatas Macabaeu (537-161 A.C.), houve
apenas um Estado judeu insignificante.

Muitos escritores desta época nem sequer sabiam da


existência da Judeia. O historiador grego Herodotus,
meticulosamente exato em sua documentação das "Nações
e Povos do Mundo Conhecido", refere-se apenas aos sírios
da Palestina ("Philistia"), quando ele descreve a área. Mas
as brasas de uma identidade nacional judaica nunca foram
completamente extintas e no segundo século E.C. a família
dos Macabeus tornou-se líder de um movimento que
trouxe Eretz Israel (a terra de Israel) de volta à existência.

Os Macabeus conquistaram os territórios da Samaria,


Galileia, Edom e Moabe e as cidades de Gadara, Pella,
Gersa, Gamala e Gaza. Os habitantes de qualquer área que
os Macabeus conquistaram foram forçados a se converter
ao judaísmo e os homens foram circuncidados. Aqueles que
se recusaram foram executados.

O reinado dos Macabeus terminou em 37 A.C. quando


Herodes, com apoio Romano, derrotou Matthias Antigonus,
o último rei Macabeu de Israel. Herodes originalmente não
era um judeu, mas um árabe edomita. Sua autoridade foi
desafiada pelos judeus religiosamente zelosos que
acreditavam na manutenção de uma identidade racial
separada. "Quem se casa com uma mulher Arameia, os
“Zelotes” o lincham." (217)

O povo de Israel apelidou Herodes de "O Escravo


Edomita", referindo-se tanto ao seu relacionamento servil
com Roma como à sua origem não-judaica. Para muitos
judeus, Herodes e seus descendentes eram assim
inaceitáveis como os reis de Israel. Josefo descreve um
movimento messiânico que ele chama de "quarta filosofia",
que foi iniciada por Judas, o Galileu (no mesmo ano em que
Jesus foi supostamente nascido), que liderou uma rebelião
contra os Herodes e Roma que continuou até a queda de
Massada em 73 D.C.

Como Josefo relata, a maioria dos líderes desta filosofia


tinha nomes Macabeus, e em muitos casos foram
relacionados uns aos outros. Por exemplo, além de Judas, o
Galileu, a quem é creditada a criação da "quarta filosofia",
Josefo lista alguém chamado Eleazar como a pessoa que
realmente começa a guerra. João e Simão eram os nomes
dos "tiranos judeus" que controlaram os rebeldes durante o
cerco a Jerusalém. O movimento termina em Massada
quando os Sicarii se suicidam sob a liderança de alguém
também chamado Eleazar, que também foi identificado
como um descendente de Judas, o Galileu.

Josefo registra os nomes dos líderes da rebelião judaica em


uma lista, no início de 66 E.C. Josefo continua o padrão de
"uso excessivo" de nomes Macabeus e inclui um João,
um Matthias, um Eleazar (Lázaro), um Simão, e um Josefo
(ele mesmo). Notavelmente, há também um Jesus.

Eles também escolheram outros generais para Idumea;


Jesus, o filho de Sapphias, um dos sumos sacerdotes; e
Eleazar, filho de Ananias, o sumo sacerdote; Eles também
ordenaram Níger, o então governador de Idumea, que era
de uma família que pertencia a Peréia, além da Jordânia, e
foi dali chamado o Peraite, ele deveria ser obediente aos
renomados comandantes. Nem negligenciaram o cuidado
de outras partes do país; Mas José, filho de Simão, foi
enviado como General a Jericó, assim como Manassés a
Peréia, e João, o Ouvidor, à toparquia
de Thamna; Lydda também foi adicionado à sua porção,
e Joppa, e Emaús. Mas João, o filho de Matthias, foi feito
governador das toparquias de Gophnitica e Acrabattene;
Como foi Josefo, filho de Matthias, de ambos os galileus.
Gamala também, que era a cidade mais forte nessas partes,
foi colocada sob seu comando. (218)

Porque os Macabeus eram a família real que Herodes


derrotou, e eram fanáticos religiosos, é lógico que eles
teriam sido um foco daqueles judeus zelosos que se
rebelaram contra a regra de Herodes. Herodes também é
registrado como matando sistematicamente os membros da
família dos macabeus.

Pareceu-me, baseado em seu uso persistente de nomes


macabeus, que a família de Judas o Galileu era descendente
dos Macabeus, embora este não seja registrado por Josefo
ou em qualquer outra história existente. Ainda tenho outra
razão para chegar a esta conclusão. A descoberta da
verdadeira identidade dos Apóstolos João e Simão, bem
como o Messias original, Eleazar, tinha-me mostrado que
Josefo poderia deliberadamente ter ofuscado suas
verdadeiras identidades para criar a confusão histórica em
que o cristianismo foi enxertado sobre o movimento Sicarii.
Portanto, se Josefo tiver omitido o registro do fato de que a
família de Judas o Galileu foi descendente dos Macabeus,
ele simplesmente teria continuado esta ofuscação
intencional.
Josefo e os autores do Novo Testamento transformaram a
família dos Macabeus, cujos membros haviam liderado a
revolta do primeiro século contra Roma, nos apóstolos e na
família de Jesus, o Messias da paz, que Roma havia
inventado para substituir o Messias guerreiro de Judaísmo
Macabeu.

Eu suspeito que dentro da Judeia do primeiro século, a


família dos macabeus foi considerada como messiânica, e
foi semelhante ao que é chamado de Califado em todo o
mundo islâmico hoje - califa significa "sucessor" em árabe.
Tal família necessitava ter uma maneira de identificar seus
membros, particularmente seus sucessores. O propósito e o
uso excessivo de nomes de Macabeus, “ad absurdum”, em
Josefo e no Novo Testamento era interferir com este
processo e, na confusão, para transplantar o cristianismo
para o movimento que centrou-se nessa família. O fato de
que havia famílias messiânicas no primeiro século na Judeia
é confirmada por uma citação de Eusébio citando uma obra
anterior de Hegesipo.

Vespasiano, após a captura de Jerusalém, emitiu uma ordem


para garantir que ninguém que fosse do ramo real fosse
deixado entre os judeus, que todos os descendentes de Davi
deveriam ser descobertos e, por essa razão, uma nova
perseguição generalizada foi novamente infligida aos
judeus. (219)

A citação anterior mostra que os romanos estavam


realmente tentando erradicar pelo menos uma família
messiânica. Observe que o Messias que era um problema
para os romanos foi identificado como judeu.
A destruição da família da qual este Messias foi gerado é
descrita como uma continuação das perseguições dos
judeus. Isto mostra Roma oprimindo, no primeiro século,
um movimento messiânico judeu, e não um cristão.

O que apoia a alegação de que Roma viu a família de Judas,


o Galileu, como parte deste problema messiânico é o fato
de que Josefo registra que o "governante do mundo", ou
profecias messiânicas, foram o que mais incitou as massas
a se revoltarem, e que a única família especificamente
alvejada para destruição pelos romanos era a família de
Judas, o galileu. Observe na seguinte passagem que os
filhos de Judas são chamados de Tiago e Simão, assim
como dois dos apóstolos. Observe na seguinte passagem
que os filhos de Judas são nomeados Tiago e Simão, assim
como dois dos Apóstolos.

E, além disso, os filhos de Judas da Galileia foram agora


mortos;

Eu quero dizer daquele Judas que causou no povo a revolta,


quando Cyrenius veio para tomar conta das propriedades
dos judeus, como nós mostramos em um livro precedente.
Os nomes desses filhos eram Tiago e Simão, a quem
Alexandre ordenou ser crucificado. (220)

Josefo também registra que o descendente de Judas


"Eleazar" estava encarregado dos Sicarii em Massada em
70 E.C., quando a "quarta filosofia" foi finalmente
destruída. Parece claro que uma família que tinha liderado
os revolucionários messiânicos geração após geração teria
sido a família de quem um Messias seria esperado.
A passagem acima sugere que os Zelotes viram a família de
Judas, o Galileu, como uma família messiânica. Entretanto,
os Macabeus eram do ramo de Aarão e não da família de
Davi. Se a família de Judas, o Galileu, fossem descendentes
dos Macabeus e, portanto, de Aarão, como poderiam ter
sido vistos como messiânicos pelos rebeldes judeus?

Embora “O Filho de Davi” viesse a ser o epíteto do Messias,


tanto no Talmud como no Novo Testamento, no primeiro e
segundo séculos E.C. muitos judeus olharam para um
Messias que não era o "que vem" da família de Davi. O
rabino Akiba, por exemplo, acreditava que bar Kokhbah, o
revolucionário líder judeu do século II E.C., era o
verdadeiro Messias, embora em nenhum lugar fosse
afirmado que ele fosse da casa de Davi.

Mais importante é o fato de que foram encontradas, entre os


pergaminhos do mar morto, duas obras: o documento de
Damasco e o estatuto TTT, ambos descrevem uma seita que
aguardava o aparecimento de um Messias. Em ambos os
trabalhos, esta vinda do Messias é descrita como um
membro da família de Aarão.

Esta é a declaração exata dos estatutos em que (Eles


deverão caminhar até a vinda do Messias) Arão e Israel,
perdoarão sua iniquidade. (221)

“Eles devem afastar-se de qualquer dos conselhos da lei


. . . até que venha o Profeta e os MESSIAHS de Aarão e
Israel. . . (222)

Cada trabalho também se refere à família de Aarão de uma


forma que mostra que ele está em uma posição de
liderança.

Mas Deus se lembrou da aliança com os antepassados e


levantou de Aarão homens de discernimento. . . (223)

Só os filhos de Aarão comandarão em assuntos de Justiça e


de propriedade. . .”

Os autores do novo testamento estavam bem cientes de que


o Messias não precisava ser da família de Davi. Jesus é
citado como afirmando exatamente que:

“E, falando Jesus, dizia, ensinando no templo: Como dizem


os escribas que o Cristo é filho de Davi?

O próprio Davi disse pelo Espírito Santo: O Senhor disse


ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita até que eu ponha
os teus inimigos por escabelo dos teus pés.

Pois, se Davi mesmo lhe chama Senhor, como é logo seu


filho? E a grande multidão o ouvia de boa vontade.”
[Marcos 12:35-37]

Que Jesus afirmou que o Messias não precisa ser da família


de Davi não deve ser surpreendente, porque o próprio Jesus
não era daquela família. Os Evangelhos de Mateus e Lucas
trazem versões completamente diferentes da genealogia de
Jesus como da "família de Davi" por intermédio de seu pai
José, que, claro, não era seu pai. Um fato bem conhecido
pelos autores dos Evangelhos porque, segundo eles, ele
nasceu do Espírito Santo e de uma virgem.
Dado o fato de que a família de Aarão foi considerada
messiânica por muitos judeus desta era, e que a dinastia dos
macabeus era a família real judaica desta época e era da casa
de Aarão, é provável que Zelotes teriam visto os Macabeus
como a família da qual o "Messias de Aarão" apareceria. Se
esta teoria está correta, então o movimento messiânico da
Judeia do primeiro século desenvolveu-se como uma reação
contra Roma, que havia derrubado os Macabeus e os
substituiu por seus fantoches, a família de Herodes.
A luta da Judeia do primeiro século foi semelhante a muitas
na Europa medieval, que envolveram uma família real
deposta buscando voltar ao poder, um governo estrangeiro
sustentando um rei impopular, e uma disputa sobre a
religião.

Fanáticos judeus, na esperança de restaurar a família dos


macabeus, focados naquelas partes de sua escritura que eles
acreditavam profetizaram que Deus estava enviando um
Messias que iria restaurar Israel como um "Estado Judeu"
soberano. O livro de Daniel, que não especifica de que
família terrena viria o Messias, teria parecido especialmente
apto porque prevê um "Filho de Deus" que ajuda a restaurar
Israel depois de uma série de tribulações. Os Zelotes
aplicaram essas profecias aos Macabeus.

Os autores romanos de “Guerra dos Judeus”, a fim


transformar os Macabeus da família messiânica dos judeus
na família fundadora do cristianismo, criaram uma história
"oficial", a “Guerra dos Judeus”, que contém um grupo
indiferenciado dos indivíduos com nomes de Macabeus.
Estes indivíduos são descritos invariavelmente como
ladrões e falsos profetas. Uma das finalidades de “Guerra
dos Judeus”, consequentemente, era obscurecer a história
real dos "cinco filhos de Matthias".

===
Então, os Evangelhos transplantam Jesus e seus quatro
irmãos, chamados Judas, Simão, José e Tiago, seu pai,
chamado José, e sua mãe, chamada Maria, assim como seus
discípulos, chamados Simão, Judas, João, Eleazar e Mateus
sobre a história da família macabiana Ao criar tantos
personagens com nomes macabeus, os autores do Novo
Testamento e de “Guerra dos Judeus” procuraram enganar
os ignorantes em crer que o cristianismo tinha origem
dentro da família macabiana.

Esta enxertia simbólica do cristianismo sobre a tradição


messiânica dos Macabeus foi espelhada por um esforço
para transplantar fisicamente a família herodiana para os
Macabeus. (225) Herodes casou-se com Mariamme,
descendente direta de Mattathias, fundador da dinastia
macabiana. Depois que ela lhe deu quatro filhos, Herodes
executou a ela e seu irmão, garantindo assim que apenas
seus filhos macabeus permaneceriam.

Ao longo de suas obras Josefo é muito cuidadoso para evitar


fazer qualquer menção do Messias. Ele usa a palavra apenas
duas vezes, em conjunto com Jesus, e nunca explica
exatamente o que o termo significa. Josefo menciona
inúmeras figuras messiânicas sem nunca se referir a eles
como um Messias ou um Cristo, chamando-os de falsos
profetas, ladrões ou charlatães. Por exemplo, Josefo usa
esses termos seculares pejorativos com uma personagem
chamada Theudas (45 D.C.), sem dúvida, o
mesmo Theudas mencionado no novo testamento, que
prometeu levar seus seguidores com os “calçados secos”
como Josué antes de Jericó.
Em outras palavras, ele alegou ser capaz de "abrir" as águas
como Moisés. É evidente que ele era um indivíduo
operando dentro de um quadro religioso e não
simplesmente, como Josefo descreve-o, um ladrão.

Em outras palavras, ele alegou ser capaz de "parte" da água


como Moisés. É evidente que ele era um indivíduo
operando dentro de um quadro religioso e não
simplesmente, como Josefo descreve-o, um ladrão.

Josefo faz reformulação da história novamente, desta vez


excluindo a partir dele os aspirantes messiânicos que tinha
liderado revoltas contra Roma durante o primeiro século
E.C. Ele usa o truque de mudar o nome para transformar
MESSIAHS em ladrões. Ele está novamente dificultando
traçar a linhagem da verdadeira família messiânica. A única
linhagem messiânica remanescente após 70 D.C., de acordo
com o novo testamento e Josefo, é a de Jesus, que, depois
de endossar Roma, “deixou o planeta”.

Mesmo quando Josefo aplica uma profecia messiânica a


Vespasiano, ele não se refere diretamente ao profeta, mas
sim à visão de algum "oráculo ambíguo". Eu argumentaria
que Josefo evitar as profecias específicas que predizem o
Messias, bem como do próprio termo, é um exemplo de
como ele deliberadamente desfoca a história do judaísmo
para que o cristianismo possa, na confusão, reivindicar a
história como sua própria. Neste caso, ele borrou a
identidade e a intenção dos aspirantes messiânicos
macabeus desta era, deixando apenas o Messias do
cristianismo visível.
Com sua descrição da morte de Eleazar, um descendente de
Judas, o Galileu, em Massada em 73 E.C., Josefo esperava
não só limpar da história a verdade da família que tinha
agitado tal oposição a Roma, mas na verdade para usar seus
indivíduos e história como a "rocha "sobre o qual a nova
religião seria construída. A transformação de Simão e João
acima é apenas parte de uma decepção em uma escala
enorme, englobando não apenas a história de uma família,
mas também de uma religião inteira, por mais de um
século.

O cristianismo é o movimento Sicarii de Judas, o Galileu


deliberadamente borrado e transformado. Os romanos
transformaram a história do culto do Messias Macabeu
militante na história do cristianismo.

Robert Eisenman apontou uma série de sobreposições entre


o movimento Sicarii e o cristianismo durante a segunda
metade do primeiro século E.C. Ambos eram movimentos
messiânicos, ambos estavam na Judeia durante o mesmo
período, e ambos se engajaram em atividades missionárias.
Mais importante é a afirmação de Eisenman que a palavra
"sicarii" em si pode ser um "quase-anagrama" e um
possível pejorativo em grego para a palavra" cristão ". (226)
Se verdadeiro, esta palavra que cria "cristão" a partir de
"Sicarii" caberia perfeitamente no teste padrão de criar o
cristianismo fora do movimento Sicarii.

Josefo descreve numerosos "Eleazares" dentro de “Guerra


dos Judeus”. Creio que os atributos desses “Eleazares”,
juntamente com os de Lázaro no novo testamento, se
destinam a revelar a identidade do verdadeiro Messias. O
que está dizendo é que estes Eleazares são tão
frequentemente descritos como os líderes de um
movimento messiânico. Josefo começa isto afirmando que
um Eleazar era responsável pelo "verdadeiro começo" da
guerra.

“Ao mesmo tempo, Eleazar, o filho de Ananias, o sumo


sacerdote, um jovem muito ousado, que era naquele tempo
governador do templo, persuadiu aqueles que oficiavam o
serviço divino para não receberem nenhuma doação ou
sacrifício de qualquer estrangeiro. E este foi o verdadeiro
começo de nossa guerra com os romanos; por eles
rejeitarem o sacrifício de Cesar nesta conta . . ." (227)

Na passagem abaixo, observe que outro Eleazar é descrito


como o sobrinho de "Simão, o tirano", que eu identifiquei
como o Apóstolo Simão. Isso sustenta a afirmação de que
uma família messiânica liderou a rebelião judaica e as
identidades desses membros da família foram
transformadas nos apóstolos e em Jesus.

“Dos sediciosos, aqueles que lutaram bravamente nas


batalhas anteriores fizeram o mesmo agora, como além
deles fez Eleazar, filho do irmão de Simão, o tirano. Mas
quando Tito percebeu que seus esforços para poupar um
templo estrangeiro virou-se para o dano de seus soldados, e
depois ser morto, ele deu ordem para incendiar os portões.”
(228)

Josefo identifica um Simão e um Judas como filhos de


“Jairo".

Um Eleazar também é identificado como um membro desta


família, o Eleazar que é um "tirano" em Massada e um
descendente de Judas, o Galileu, e também é identificado
como um parente de Simão, o tirano (o Apóstolo Simão)
acima.

“Alguns deles que escaparam em particular de Massada,


entre os quais estava Eleazar, o filho de Jairo, que era
parente de Manahem, e comportou-se assim como um
tirano depois de Massada. . .” (229)

Isto estabelece a família de Jairo como parte da família de


Judas, o Galileu, a verdadeira família messiânica, e conecta
os apóstolos à família de Judas, o Galileu, que conecta os
apóstolos à família de Jairo que se encontra no novo
testamento.

A genealogia irremediavelmente interligada descrita acima


é deliberadamente difícil de seguir. As genealogias
excessivamente complexas no Novo Testamento e Josefo
servem tanto para impedir os ignorantes de compreendê-los
como paródias dos judeus e para expandir a confusão geral
sobre quem os verdadeiros membros da família macabiana
foram - a confusão em que o cristianismo foi introduzido.

Embora Josefo tenha feito propositadamente as genealogias


difíceis de seguir, elas foram construídas para revelar — ao
leitor atento — que os personagens do Novo Testamento e
“Guerra dos Judeus” não são apenas os mesmos indivíduos,
mas são todos membros da mesma família.

Todos os “Eleazares” nas obras de Josefo e todos os


“Lazaros” no Novo Testamento são as sátiras do real
"Eleazar", que foi ungido como o Messias pelos rebeldes
judeus que defendiam Jerusalém em 70 E.C. O Eleazar, que
é "um filho de Jairo" e um "descendente de Judas, o
Galileu", e que era o líder do Sicarii em Massada, também
faz parte deste construto. Apoiando isso está o fato de que
no Novo Testamento a filha de alguém também chamado
Jairo, o "governante" de uma sinagoga, é, como Lázaro,
"ressuscitado dos mortos" por Jesus. Na passagem abaixo,
observe que Jesus traz com ele apenas Simão, João e Tiago.
Como observado acima, este "apóstolo" Simão é de fato o
tirano judeu Simão, que é descrito em Josefo como tanto
um filho de Jairo e irmão de um João e um Jaime (Jacó). O
leitor deve apreciar apenas o quão pequeno é o círculo que
estamos lidando aqui. É um pequeno círculo porque é uma
única família.

Saber que os apóstolos de Jesus trazem consigo, para


testemunhar a "ressurreição" da filha de Jairo, os seus
parentes, ajuda-nos a compreender o verdadeiro significado
da passagem. É uma sátira de uma crença na ressurreição
dos mortos, uma crença realizada pelos seguidores da
família messiânica. É possível que esta sátira fosse baseada
em um incidente real, em que os romanos descobriram
membros da família messiânica escondida nas cavernas
subterrâneas abaixo de Jerusalém e Tito "restaurou" uma
jovem mulher à vida. Observe que na passagem Jesus
instrui que seja dado à menina "algo para comer", bom
conselho, se a causa da doença da criança é a fome.

A filha é outra personagem sem nome do novo testamento.


Eu suspeito que Josefo pretendia que o "leitor atento" fosse
capaz de adivinhar o seu nome, no entanto. Como "Eleazar"
é o filho de Jairo e suas irmãs são nomeadas Maria e Marta,
isso sugere que a filha "ressuscitada" de Jairo teria sido
mais uma "Maria", ou seja, uma mulher rebelde.

Josefo e o Novo Testamento criaram uma sátira sobre as


muitas "Maras famintas" durante a guerra. O leitor lembrará
que Josefo descreve como a fome "traspassava as entranhas
de Maria" no capítulo sobre "o filho de Maria cuja carne é
comida" e que a "Maria" no novo testamento, que é a mãe
de Jesus, foi profetizada para um dia ser "traspassada".
“. . . enquanto a fome traspassa suas próprias entranhas e
medula, quando também seu sofrimento foi elevado a um
ponto além da própria fome; . . .” [Josefo – Guerra dos
Judeus VI’III]
"E Simeão os abençoou, e disse a Maria, sua mãe: Eis que
este é posto para queda e elevação de muitos em Israel, e
para sinal que é contraditado
(E uma espada traspassará também a tua própria alma);
para que se manifestem os pensamentos de muitos
corações.". . . [Lucas 2:34,35]

35Enquanto Jesus ainda estava falando, chegaram algumas


pessoas vindas da casa de Jairo, o dirigente da sinagoga, a
quem informaram: “Tua filha já está morta! Não adianta
mais incomodar o Mestre”. 36Mas Jesus não deu atenção
àquelas notícias, e voltando-se para o dirigente da sinagoga
o encorajou: “Não temas, tão somente continue crendo!”
37E ordenou que ninguém o acompanhasse a não ser Pedro,
Tiago e João, irmão de Tiago. 38Assim que chegaram à
casa do dirigente da sinagoga, Jesus observou grande
agitação, com muitas pessoas consternadas, chorando e se
lamentando em alta voz. 39Ao entrar na casa lhes
questionou: “Por que estais em alvoroço e pranteais? A
criança não morreu, mas está dormindo!” 40E todos ali
menosprezaram o juízo feito por Jesus. Ele, contudo,
mandou que saíssem, chamou para perto de si o pai e a mãe
da criança, bem como os discípulos que estavam em sua
companhia, e adentrou o recinto onde jazia a criança.
41Então, pegando na mão da menina, ordenou em
aramaico: “Talitha koum!”, que significa “Filhinha! Eu te
ordeno, levanta-te!”. 42E no mesmo instante, a menina que
tinha doze anos de idade, ergueu-se do leito e começou a
andar. Diante disso, todos ficaram assombrados. 43Então
Jesus lhes recomendou expressamente para que nenhuma
outra pessoa viesse a saber do que haviam presenciado. E
mandou que dessem algo de comer à menina. [Marcos 5
35:43]

A passagem de Josefo que descreve o flagelamento de


Eleazar e a fuga milagrosa da crucificação, que analisei
anteriormente, é seguida imediatamente em “Guerra dos
Judeus” pela descrição de Josefo sobre o cerco de Massada.
Nessa história ainda outro Eleazar convence os
defensores Sicarii de Massada para cometer suicídio ao
invés de arriscar ser capturado pelos romanos.

Eu considero a famosa passagem de Josefo descrevendo o


suicídio em massa dos defensores judeus como ficção
completa. Josefo não era interessado no registro da história,
mas em criar a propaganda eficaz. É por isso que, embora
houvessem certamente Sicarii que foram sitiados pelos
romanos em Massada, eu não acredito que eles se mataram.
Acredito que Josefo tenha inventado o discurso de Eleazar
exortando os judeus a se matar para instilar nos judeus e
na hoi polloi (plebe) a adotar a crença de que o suicídio é
nobre quando se é confrontado com a força romana
“majore”."Nobres" suicídios de rebeldes judeus correm por
toda a obra de Josefo e esperava-se, sem dúvida, que eles
iriam contrariar o costume corajoso dos defensores judeus,
que lutaram até o último homem, e assim custou a família
imperial mais de suas tropas. Observe que, como com a
crucificação de Jesus e a destruição do templo, são os
judeus, não os romanos, que são novamente "responsáveis"
pelo “abate” em Massada.

É também para propósitos simbólicos que Josefo coloca o


Eleazar final, o descendente de Judas, o Galileu, no ato final
da conquista romana do movimento messiânico. Faz a com
que a conclusão de sua história fictícia seja a conclusão de
uma era e o começo de outra - isto é, o fim do Judaísmo dos
Macabeus e o começo do Cristianismo.

Com a morte deste Eleazar final, Josefo está trazendo um


fim para a família messiânica de Judas, o Galileu e seu
movimento messiânico, a "quarta filosofia", ou o Sicarii.

. . . Havia apenas uma forte influência que ainda estava em


rebelião. Esta fortaleza chamava-se Massada. Era Eleazar,
um homem potente, e o comandante destes Sicarii, que que
tinham se apoderado de lá. Ele era um descendente daquele
Judas que tinha persuadido a muitos dos judeus, como
temos anteriormente relatado, não se submeterem à
tributação como quando Cyrenius foi enviado para a Judeia
para assim fazer uma; . . . (230)

Assim como a morte de Eleazar traz um fim à sua família e


à sua "filosofia", ela também anuncia o início de outra
família e outra filosofia. Josefo conclui sua descrição da
batalha de Massada alegando que, de alguma forma, um
grupo sobreviveu ao suicídio em massa.
Então, essas pessoas morreram com essa intenção, que não
deixariam nenhuma viva alma entre elas para estarem
sujeitas aos romanos. No entanto, havia uma anciã, e outra
mulher que eram parentes de Eleazar, e superiores à maioria
das mulheres em prudência e saber, com cinco filhos, que
se esconderam em cavernas no subsolo, e levaram água para
lá para beberem, e ficaram escondidas lá enquanto todos os
outros cumpriam o objetivo de abaterem um ao outro.
(231)

Como mostrado no capítulo “Construindo Jesus”, a data do


“abate” em Massada, foi o décimo quinto de Nisan 73 C.E.,
é significativo ser compreendido como o final dos quarenta
anos de “perambulação” do cristianismo, assim como o
começo de seu domínio sobre a terra de Israel e seu
substituição do judaísmo. É fácil ver que dentro do cenário
simbólico que Josefo criou, os "cinco filhos" mencionados
na passagem acima, que são "parentes de Eleazar", devem
ser entendidos como os fundadores da dinastia cristã.

Josefo, que havia começado “Guerra dos Judeus” com a


descrição do começo de uma dinastia, o Macabeus -"
"Assim Matthias se armou, junto com sua própria família,
que possuía cinco filhos ..." - termina seu trabalho com o
começo de um outro dinastia que começa com uma mulher
que era parente de Eleazar e seus "cinco filhos."

Seus nomes não são dados. No entanto, estou confiante de


que, no seio da corte flaviana, teriam sido conhecidos como
Maria, o seu filho Jesus, os seus quatro irmãos. Eles são a
nova dinastia, prontos para entrar na terra prometida que
lhes foi dada por "Deus".
“Ora, não é este o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe
não é Maria, e o de seus irmãos: Tiago, José, Simão e
Judas?” [Mateus 13:55] (233)

Embora Josefo tenha simbolicamente convertido a família


Macabiana para o cristianismo em Massada, as rebeliões
messiânicas centradas na família aparentemente
continuaram até a derrota de Simon bar Cochba em 135
E.C. bar Cochba significa "filho da estrela". Simão era tão
só um apelido por causa da "estrela" da profecia do
judaísmo que aponta para um Messias, a mesma profecia
que o novo testamento reivindica para Jesus.

Nas moedas cunhadas pelos rebeldes judeus durante sua


revolta de 132-135 E.C., apenas dois indivíduos são
comemorados. Uma moeda é dedicada a bar Cochba e
sua inscrição lê "Simão, Príncipe de Israel." O outro
indivíduo tão comemorado é Eleazar. Sua moeda diz
"Eleazar, o sacerdote". (234) As moedas apresentam a
mesma dicotomia que existe no novo testamento e “Guerra
dos Judeus” — isto é, entre um líder militar chamado Simão
e um espiritual chamado Eleazar. A luta de Roma com
"Simão" e "Eleazar", evidentemente, continuou mesmo
após a "extinção" da família em Massada.
Desde que o Ministério de Jesus satiríza os judeus
desenhando paralelos em sátiras sombrias com a campanha
de Tito através da Judéia, parece lógico que haveria também
uma sátira dos doze apóstolos dentro de “Guerra dos
Judeus”. Desta forma, a simetria entre os dois trabalhos
seria mantida. Eu assumi que a sátira envolveria uma
técnica semelhante à troca de identidade usada para
transformar os líderes rebeldes judeus Simão e João em
cristãos. Eu descobri precisamente tais sátiras dentro da
descrição de Josefo dos assaltos pelos romanos ao templo
de Jerusalém. Dentro das passagens doze soldados romanos
duas vezes tentam capturar a muralha que levava ao
templo.

As passagens que contêm esta sátira complexa começam


com um discurso por Tito que conclama para que
voluntários ataquem o templo. Um soldado chamado
"Sabinius" aceita o desafio e de uma maneira muito
parecida com o devotio de Decius Mus (capítulo 11), ele se
voluntariou para sacrificar sua vida no esforço.

“. . .Sobre este discurso de Tito, o resto da multidão ficou


amedrontado por tão grande perigo. Mas havia um, cujo
nome era Sabinus, um soldado que serviu entre as coortes,
e sírio por nascimento, que parecia ser de grande força,
tanto nas ações que havia realizado, como pela coragem de
sua alma que ele havia mostrado. . .”

“. . . Sabinius foi acompanhado por onze outros e os doze


realizaram o assalto, que falha quando Sabinius tropeça
sobre uma "grande pedra", reminiscente da grande pedra
que havia sepultado Jesus.”

-Note abaixo que Sabinius estava possuído por uma “fúria


divina".

“. . . Seguiram-se onze outros, e ninguém mais, que


resolvesse imitar sua bravura; assim mesmo foi ele a
principal pessoa entre todos, e se lançou por primeiro, como
animado por uma “fúria divina.”

". . . E agora não podemos deixar de reclamar aqui da


fortuna, como ainda invejosa em virtude, e sempre
impedindo a realização de realizações gloriosas: este era o
caso do homem diante de nós, quando ele tinha acabado de
obter seu propósito; pois ele tropeçou em certa pedra grande
e caiu sobre ela precipitadamente, com um ruído muito
grande." (235)

Um segundo assalto é feito e, novamente, Josefo se refere


ao número doze, embora desta vez ele acrescente outros a
ele.

“. . Dois dias depois, doze daqueles homens que estavam à


frente e vigiavam as margens, reuniram-se e chamaram o
porta-estandarte da quinta legião, e outros dois de uma tropa
de cavaleiros e um trombeteiro. ; estes foram sem ruído,
sobre a nona hora da noite, através das ruínas, para a torre
de Antônia; e quando eles cortaram as gargantas dos
primeiros guardas do lugar, enquanto eles dormiam, eles
tomaram posse da muralha. . . (236)

Na minha opinião, Josefo está usando o templo como um


símbolo do judaísmo e a tentativa de forçar "doze" nele é
uma descrição satírica da inserção dos apóstolos no novo
judaísmo. O ponto é que o templo não será mais judeu, mas
cristão, uma vez que os "doze" forçem a entrada. No
segmento seguinte, perceber que entrar no templo
"iniciaria" toda a conquista dos romanos, uma frase que
lembra "completar". as calamidades dos judeus "no capítulo
do Filho de Maria.

“Então os sediciosos de ambos os corpos do exército judeu,


bem como os pertencendo a João como os pertencente a
Simão, os afugentaram; e de fato não estavam querendo o
mais alto grau de força e vivacidade; pois eles se
consideravam inteiramente arruinados se uma vez os
romanos entrassem no templo, como os romanos
consideravam o mesmo que o começo de toda a sua
conquista. Assim, uma batalha terrível foi travada na
entrada do templo, enquanto os romanos estavam forçando
o seu caminho, a fim de obter posse daquele templo. . .”
(237)

Josefo em seguida faz referência a uma confusão sobre a


identidade dos combatentes, que ocorre quando esta batalha
é travada na porta do templo. O jogo de palavras é bastante
interessante porque, se essa interpretação é correta, é uma
paródia da confusão planejada de identidades usadas pelos
romanos para inaugurar o cristianismo.

“. . . Agora, durante essa luta, as posições dos homens eram


indistinguíveis dos dois lados, e eles lutavam ao acaso, os
homens sendo misturados uns com os outros e confundidos,
em razão da estreiteza do lugar; enquanto o barulho que foi
feito foi ouvido de uma maneira indistinta, porque era muito
alto. Um grande massacre aconteceu agora de ambos os
lados, e os combatentes pisaram nos corpos e na armadura
dos que estavam mortos, e os despedaçaram. Assim, para o
lado que a batalha se inclinava, aqueles que tinham a
vantagem exortavam um ao outro a continuar, assim como
aqueles que eram espancados faziam grande lamentação.
Mas ainda não havia espaço para fugir nem para perseguir,
mas sim para revoluções e recuos desordenados, enquanto
os exércitos se misturavam uns aos outros; mas aqueles que
estavam nas primeiras fileiras estavam sob a necessidade de
matar ou ser morto, sem qualquer maneira de escapar; e
aqueles de ambos os lados que vieram para trás forçavam
os que estavam à sua frente, sem deixar nenhum espaço
entre os exércitos.” (238)
Josefo, então, lista aqueles judeus que mais "se destacaram"
na batalha.

“. . . Agora, aqueles que mais se destacaram e lutaram com


mais zelo nessa batalha do lado judaico foram: Alexas e
Gyphtheus, do partido de João, e do partido de Simão,
Malachias, e Judas, filho de Merto, e Tiago, filho de Sosas,
o comandante dos idumeus; e dos zelotes, dois irmãos
Simão e Judas, filhos de Jairo.” (239)

Outro ataque é feito e, novamente, nenhum dos lados pode


distinguir um do outro, porque os exércitos estão
entremeados. Confusão reina, o que fez menos mal aos
romanos, que se lembravam de sua palavra de ordem.
Acredito que Josefo esteja novamente fazendo um ponto
satírico em relação à confusão de identidades que permitiu
aos romanos criar apóstolos cristãos a partir de rebeldes
judeus.

“. . . pois o grande barulho confuso que era feito de ambos


os lados os impedia de distinguir as vozes uns dos outros,
assim como a escuridão da noite os impedia de fazer
distinção pela visão, além daquela cegueira que surgia de
outra forma também da paixão e do medo que eles estavam
ao mesmo tempo; por essa razão, isso aconteceu para cada
um dos soldados que estvama sendo atacados. No entanto,
essa ignorância causou menos danos aos romanos do que
aos judeus, porque eles estavam unidos sob seus escudos e
faziam suas incursões com mais regularidade do que os
outros, e cada um deles se lembrava de sua palavra de
ordem; enquanto os judeus estavam perpetuamente
dispersos no exterior, e faziam seus ataques e retiradas ao
acaso, e assim freqüentemente se enxergavam um ao outro
como inimigos; porque cada um deles recebiam os seus
próprios homens que voltavam no escuro como romanos, e
os atacavam; de modo que mais deles foram feridos por
seus próprios homens do que pelo inimigo, até que, na
iminência do dia, o discernimento da correta natureza foi
depois enxergada.

Essa luta, que começou na nona hora da noite, e não


terminou até a quinta hora do dia; e, no mesmo lugar em
que a batalha começou, nenhuma das partes poderia dizer
quem havia feito a outra recuar; mas ambos os exércitos
deixaram a vitória quase em incerteza entre eles; onde
aqueles que se assinalaram do lado romano eram muitos,
porém os que estavam do lado judaico eram: Simão, Judas,
filho de Merto, e Simão, filho de Josias; dos idumeus, Tiago
e Simão, o último dos quais era filho de Cathlas, e Tiago
era filho de Sosas; daqueles que estavam com João,
Gyphtheus e Alexas; e dos zelotes, Simão, filho de Jairo.”
(240)

Minha interpretação é que a sequência inteira é uma


maneira satírica de descrever como os autores do Novo
Testamento, agindo como agentes de Roma por meio de
suas falsas histórias, o Novo Testamento e as obras de
Josefo, transformaram os rebeldes judeus em apóstolos
cristãos. O primeiro ponto o qual quero destacar é que as
duas passagens confusas nas quais Josefo descreve aqueles
que "se destacaram" são um quebra-cabeças. O leitor que
"os resolve" reconhecerá que as listas descrevem os doze
indivíduos que estavam lutando para preservar o templo.

Em outras palavras, quando as duas listas de judeus que "se


destacaram" são combinadas e as duplicações são
canceladas, restam quatro “Simãos”, dois “Judas”, um
“João” e um “Jaime”, bem como Alexas, Gyphtheus,
Malachias e Sosas. Oito têm os nomes dos Apóstolos e
quatro não, para uma lista total de doze indivíduos. Os
leitores podem procesar esta confusão por si mesmo, se
quiserem.

Pegue a primeira lista:

Alexas
e Gyphtheus, da parte de João,
e do grupo de Simão eram Malaquias, e Judas o
filho de Merto,
e Tiago, filho de Sosas, o comandante do
Idumeus;
e dos zelotes, dois irmãos, Simão e Judas, o
filhos de Jairo.

E adicione-a à segunda:

daqueles que estavam com Simão, Judas, filho de Merto,


e Simão, filho de Josué;
dos idumeus, Tiago e Simão, o último dos quais
era o filho de Cathlas, e Jaime era o filho de Sosas;
daqueles que estavam com João, Gyphtheus e Alexas;
e dos zelotes, Simão, filho de Jairo.

Remover as duplicatas produz a seguinte lista de doze


indivíduos:

Alexas
Gyphtheus
João o tirano
Simão, o tirano
Malaquias
Judas, o filho de Merto
Tiago, filho de Sosas
Sosas, o líder dos idumeus
Simão, o filho de Jairo
Judas, o filho de Jairo
Simão, o filho de Josas
Simão filho de Cathlas

Josefo registra então que houve outra batalha, durante a


qual os "doze" novamente "se manifestaram". Ele também
menciona a coragem de outro indivíduo, um Eleazar
(Lázaro). Como mostrei acima, Eleazar era o Messias judeu
para quem Jesus foi mudado no Novo Testamento. A
"sinalização" de Josefo dos "doze" e de um Eleazar
obviamente corrobora essa interpretação. Josefo está
falsificando o verdadeiro Messias e seus doze discípulos.

“. . . Dos sediciosos, aqueles que haviam lutado bravamente


nas batalhas anteriores fizeram o mesmo agora, ainda além
deles Eleazar, filho do irmão de Simão, o tirano. Mas
quando Tito percebeu que seus esforços para poupar um
templo estrangeiro se voltaram para danos de seus soldados,
ele ordenou que ateassem fogo aos portões.” (241)

A fim de "documentar" a troca de apóstolos cristãos por


rebeldes judeus, Josefo registra outro grupo de indivíduos.
Ele apresenta a lista desses indivíduos entre as duas listas
que nomeiam os doze judeus que "se anunciaram" em
batalha. Esta nova lista nomeia os judeus que desertaram
para os romanos no meio da batalha. Observe que temos
outros "cinco filhos de Matias".

“. . . dos quais estavam os sumos sacerdotes, José e Jesus, e


os filhos dos sumos sacerdotes, três, cujo pai era Ismael,
que fora decapitado em Cirene, e quatro filhos de Matias,
como também um filho do outro Matias . . . ” (242)
José, Jesus e Matias são, é claro, todos os nomes associados
ao cristianismo. "Matias" não é apenas o nome de um dos
autores de um Evangelho (Mateus), mas o nome do
discípulo que substituiu Judas como um dos doze apóstolos.
Além desses três, as listas de Josefo incluem cinco filhos de
Matias, um José e um Jesus. Os "cinco filhos de Matias"
devem ser entendidos como os cinco filhos do fundador da
dinastia dos Macabeus - isto é, Judas, Simão, João, Eleazar
(Lázaro) e Jônatas. É claro o porquê de Josefo relatar, esses
"cinco filhos de Matias" como bem diferentes dos "cinco
filhos de Matias" originais, pois eles desertaram para César.
No entanto, o ponto alto da sátira que Josefo está fazendo
aqui é que esses cinco filhos de Matias têm os mesmos
nomes dos cinco filhos originais de Matias.

Assim, os "cinco filhos de Matias" que desertaram para os


romanos e os doze "destacados" rebeldes judeus contêm
nomes que se sobrepõem.

Os nomes sobrepostos são os dos apóstolos e dos filhos de


Matias Macabeu - Judas, Simão, João e Eleazar. A lista
daqueles que desertaram para o lado romano também
contém tanto um Jesus quanto um José, ambos nomes do
cristianismo. O lado judaico também contém
um Malachias, um ponto que explorarei abaixo.

Minha interpretação da passagem é que, durante a confusão


da batalha, os judeus que "se destacaram" e que tinham os
mesmos nomes são transformados nos filhos de Matias que
desertam para os romanos. Assim como Jesus foi
transformado em Tito, os líderes da rebelião judaica são
transformados em doze capangas. É outro exemplo da
técnica de "troca de nome" usada para criar os apóstolos
Simão e João. A complexa confusão sobre identidade é uma
paródia de como os romanos criaram os apóstolos e os
inseriram no templo (judaísmo), transformando a história
dos Macabeus na "história" do cristianismo.

“. . . pois o grande barulho confuso que se fazia de ambos


os lados os impedia de distinguir as vozes uns dos outros,
assim como a escuridão da noite os impedia de distinguir
com a visão. . . No entanto, essa ignorância causou menos
danos aos romanos do que aos judeus, porque cada um deles
se lembrava de sua palavra de ordem; enquanto os judeus. .
. frequentemente percebiam uns aos outros como inimigos;
porque cada um deles recebeu os dos seus próprios homens
que voltavam no escuro, como romanos. . .” (243)

Esta interpretação é reforçada pela inclusão de


um Malachias por Josefo como um dos doze judeus que "se
anunciaram".

O nome Malaquias é o hebraico para "meu mensageiro" e


era sinônimo do profeta Elias. Esse significado vem do livro
de Elias, no qual Deus declara: "Eis que eu envio meu
mensageiro (Malaquias), que preparará o caminho diante de
mim". Elias (Malaquias) acreditava que os judeus
messiânicos do primeiro século E.C. estariam prestes a
retornar à Terra como precursores do Messias. (244)

Os autores do Novo Testamento criaram João Batista para


ser o Elias do cristianismo, isto é, o mensageiro que
anunciava a "vinda" do Messias.

“E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que


dizem então os escribas que é mister que Elias venha
primeiro?
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá
primeiro, e restaurará todas as coisas;” [Mateus 17:10,11]

Como Elias, diz-se que João usou uma cinta de couro e uma
"capa de cabelo". (245) Assim como Elias, João também
morava às margens do Jordão, perto de Jericó. (246) O
último dos Livros dos Profetas é o Livro de Malaquias.
Como os eruditos reconheceram há muito tempo, os autores
dos Evangelhos usaram esse livro, com seus ditos
apocalípticos de um antecessor messiânico, como a base
para as descrições de João do Batista de um Dia do Juízo
Final.

No livro de Malaquias é declarado: “.Porque eis que aquele


dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos
os que cometem impiedade, serão como a palha; e o dia que
está para vir os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de
sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo.” [Malaquias
4:1] (247)

O autor do Evangelho de Mateus faz com que João, o


batista, parafraseie Malaquias:

". . . 10 O machado já está posto à raiz das árvores, e toda


árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada
no fogo . . . 12 Ele traz a pá em sua mão e separará o trigo
da palha. Recolherá no celeiro o seu trigo e queimará a
palha no fogo que jamais se apaga.” [Mateus 3: 10 e 12]
(248)

No entanto, João acrescenta sua própria perspectiva política


a Malaquias, alertando aqueles que acreditam que não têm
nada a temer no Dia do Juízo, porque eles são os "filhos de
Abraão, Isaque e Jacó" - isto é, os judeus - devem estar
cientes de que seu "judaísmo" não os torna seguros. João
declara (com um jogo de palavras) "Deus é capaz dessas
pedras (abanim) de criar filhos (banim) até Abraão." João
Batista, portanto, compartilha com Jesus uma "visão" de um
apocalipse vindouro para os judeus.

De minha perspectiva, porém, o ponto mais importante é


que João está dizendo que "Deus" pode criar "judeus" à
vontade, a mesma ideia que Josefo está relatando com a
história da batalha do templo, durante a qual "as posições
de os homens eram indiferentes dos dois lados e lutavam ao
acaso, os homens sendo misturados uns com os outros ".
Abanim e banim continuam o jogo de palavras sobre "filho"
e "pedra" - isto é, ben e eben - que existe no Novo
Testamento e em “Guerra dos Judeus”.

João Batista também parafraseia o Livro de Malaquias


quando ele afirma que embora ele (João) batize com água,
há uma "vinda" que é mais poderosa e batizará com fogo. E
quem suportará o dia da sua vinda? E quem pode suportar
quando ele aparecer? Pois ele é como o fogo de um
refinador. (249)

“. . .11 Eu, em verdade, vos batizo com água, para


arrependimento; mas depois de mim vem alguém mais
poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de levar
as suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e
com fogo.” [Mateus 3:11]

“. . .2 Contudo, quem suportará o dia da sua vinda? Quem


permanecerá de pé quando ele surgir? Pois ele será como o
fogo do ourives e como o sabão do lavandeiro. 3Ele se
assentará como refinador e purificador de prata; purificará
os levitas e os refinará como ouro e prata . . .” {Malaquias
3:2,3]

Esta profecia, mais uma vez, quando interpretada


literalmente, aconteceu de uma maneira que seria engraçada
para os residentes da corte Flaviana. Ou seja, Tito de fato
"batizou" com fogo.

“. . .Eles ateiam fogo às casas para onde os judeus tinham


fugido e queimaram cada alma neles.” (250)

Malachias (Meu Mensageiro) na lista de Josefo de judeus


"destacados" deve ser entendido, como Elias ou João
Batista, como o precursor de um Messias. Como um "Jesus"
também é um personagem da passagem, a identidade do
Messias que está chegando parece óbvia. A lógica da sátira
sugere que o "Jesus" na lista romana muda com o seu
"precursor" ao mesmo tempo em que seus "Apóstolos"
mudam com seus homônimos judeus.

Minha análise sugere que os Macabeus foram inseridos no


cristianismo no primeiro século E.C. Eles também foram de
alguma forma extraídos do judaísmo ao mesmo tempo. É
preciso olhar para o Livro dos Macabeus para decifrar a sua
origem.

Desde que os romanos inseriram os macabeus no


cristianismo, é no mínimo lógico imaginar se eles também
os removeram do judaísmo, que estava sendo restabelecido
mais ou menos na mesma época. Como Eisenman aponta,
para Tiago, o Irmão de Jesus, o rabino Yohanan ben
Zacchai é descrito no Talmud como tendo trabalhado para
restabelecer uma forma de judaísmo depois do holocausto
em 70 E.C. . Ele trabalhou em uma academia em Yavneh,
estabelecida com a autorização de Roma. Ele também
afirma ter aplicado a “Profecia da Estrela”, o “Messias” ou
a “Profecia do Governante Mundial”, a Vespasiano;
exatamente como Josefo havia feito. Esses fatos fornecem
uma base para a especulação sobre até que ponto Roma
também estava envolvida na criação do judaísmo rabínico.

CAPÍTULO 16

A Mulher Samaritana e Outros Paralelos

O Evangelho de João registra um episódio que não aparece


nos outros Evangelhos, o encontro com uma mulher
samaritana em um poço. Este conto é uma sátira de outra
batalha romana registrada em “Guerra dos Judeus”. Embora
esta batalha tenha ocorrido antes de Tito iniciar sua
campanha no Mar da Galiléia, os autores dos Evangelhos
quiseram fazer um comentário sobre o assunto. Eles,
portanto, precisavam - para manter o ministério de Jesus e
a campanha de Tito em sequência - para identificá-lo como
tendo ocorrido antes do início do ministério de Jesus. Eles
conseguiram isso fazendo Jesus observar que: "a minha
hora ainda não chegou" (João 7: 6). Em outras palavras, que
o evento ocorrera antes de Jesus ter iniciado oficialmente
seu ministério na Judéia.

No Monte Gerizzim, o Evangelho de João fornece um relato


em que Jesus se descreve como "água viva". Como afirmei,
as auto-designações de Jesus são todas sombriamente
satíricas quando justapostas a eventos da guerra com Roma
que ocorreram no mesmo local.
“. . . 6 Havia ali a fonte de Jacó. Jesus, todavia, cansado da
viagem, sentou-se à beira do poço. Isso aconteceu por volta
da hora sexta. 7 Nisso, uma mulher de Samaria veio tirar
água. Pediu-lhe Jesus: “Dá-me um pouco de água para
beber.” 8 Pois seus discípulos haviam ido à cidade comprar
alimentos. 9 Então lhe respondeu a mulher de Samaria:
“Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, uma mulher
samaritana?” 10 Jesus respondeu a ela: “Se conhecesses o
dom de Deus e quem é o que te pede: ‘dá-me de beber’, tu
lhe pedirias, e Ele te daria água viva.” 11 Indagou-lhe a
mulher: “Senhor, tu não tens com que pegar água, e o poço
é fundo; onde tu podes conseguir essa água viva? 12 Acaso
tu és maior do que nosso pai Jacó que nos deu o poço, do
qual ele mesmo bebeu e, bem assim, seus filhos e seu
gado?” 13 Jesus afirmou-lhe: “Quem beber dessa água terá
sede outra vez; 14 aquele, porém, que beber da água que Eu
lhe der nunca mais terá sede. Ao contrário, a água que Eu
lhe der tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a
vida eterna.” 15 A mulher lhe pediu: “Senhor! Dá-me dessa
água, para que eu não tenha mais sede, nem precise voltar
aqui para tirar água.” 16 Pediu-lhe Jesus: “Vai, chama teu
marido e volta aqui.” 17 Confessou-lhe a mulher: “Não
tenho marido.” Replicou-lhe Jesus: “Respondeste
acertadamente, ao dizer que não tens marido; 18 pois cinco
maridos já tiveste, e esse homem com quem tu agora vives
não é teu marido; quanto a isso falaste a verdade.” 19
Reconheceu a mulher: “Senhor, eu percebo que tu és um
profeta! 20 Nossos pais adoravam sobre este monte, mas
vós, judeus, dizeis que Jerusalém é o lugar onde se deve
adorar.” 21 Declarou Jesus a ela: “Mulher, podes crer-me,
está próxima a hora quando nem neste monte, nem em
Jerusalém adorareis o Pai.” [João 4:6,21] (252)
A passagem de Josefo citada anteriormente, contém a única
menção do Monte Gerizzim na Guerra dos Judeus.

A única menção do Monte Gerizzim no Novo Testamento


está na passagem que citei onde Jesus encontra as mulheres
samaritanas. É também a única vez que Jesus se refere a si
mesmo como "água viva". Porque na mesma passagem que
Jesus prevê a dupla destruição de Jerusalém e Gerizzim, um
acontecimento singular na história, podemos ter certeza da
ligação entre essa profecia e a próxima guerra com Roma.

Em outras palavras, quando Jesus diz "está chegando a hora


em que nem nesta montanha nem em Jerusalém você
adorará o pai". ele está se referindo claramente ao "tempo"
de sua destruição mútua. A única ocasião em que ambas
cidades foram destruídas simultaneamente foi durante a
guerra com Roma. Portanto, estamos logicamente em
terreno sólido para entender que a visão de Jesus no
Monte Gerizzim está relacionada à guerra vindoura com
Roma.

Se aceitarmos a premissa de que as profecias de Jesus


sobre Gerizzim e Jerusalém estão relacionadas à sua
destruição vindoura na guerra com Roma, sua pretensão de
ser "água viva" para os habitantes de Gerizzim pode ser
entendida como prevendo sua falta de água durante o cerco
da guerra romana. Tal auto-designação de Jesus, nesse
contexto, pode parecer bastante inocente. No entanto, se
aceitarmos que a descrição de Jesus de si mesmo como
"água viva" está relacionada com os samaritanos que
morrem de sede no Monte Gerizzim, isso confirma minha
premissa a respeito da alegação de Jesus de ser "pão vivo"
- isto é, a prática do canibalismo durante o cerco de
Jerusalém.
Considere como alguém que morasse na corte Flaviana em
80 E.C. teria reagido a Jesus escolhendo o Monte Gerizzim
como o lugar para se descrever como "água viva".
Claramente, tal indivíduo, sabendo que os rebeldes judeus
morreram de sede no Monte Gerizzim, teria achado a
autodenominação de Jesus em Gerizzim como sendo "água
viva", um terrível humor negro.

De fato, é evidente que membros da corte Flaviana teriam


visto todas as auto-designações de Cristo - "pescador de
homens", "pão vivo", "água viva", "a pedra" e "o templo".
tão irônico por causa dos locais onde ele as usava. É
improvável que uma determinada marca de humor ocorra
constantemente por acaso - e o fato de que isso ocorra
consistentemente apoia a alegação de que os evangelhos
foram criados para serem entendidos, em um nível, como
um escárnio dos judeus no que se refere especificamente a
vitórias militares romanas na Judéia.

Agora quero ampliar minha análise aqui e apresentar uma


série de outros paralelos que não vou analisar em detalhes.
Alguns deles são tão reveladores sobre a verdadeira relação
entre Josefo e o Novo Testamento como qualquer outro
mostrado neste trabalho. Outros são simplesmente
informativos por natureza. O que esses indivíduos e eventos
do Novo Testamento compartilham é que sua única outra
documentação histórica vem de Josefo.

Quando se lê sobre o cristianismo primitivo ou sobre a


Judeia no século I A.C. , tanto o contexto social quanto a
datação de eventos são derivados exclusivamente de Josefo.
Uma vez que o Novo Testamento e as obras de Josefo
cobrem as mesmas áreas e prazos, não há nada incomum no
fato de que eventos e personagens apareçam em ambas as
obras.

No entanto, se puder ser demonstrado que Josefo tinha uma


grande consciência do cristianismo, isso tem implicações.
Grande parte da sátira que as duas obras criam é
praticamente auto-evidente. Para demonstrar que Josefo
estava satirizando o cristianismo na passagem em relação
ao filho de Maria, cuja carne foi comida, por exemplo, é
necessário apenas provar que Josefo estava ciente do
cristianismo enquanto escrevia a história.

Durante o tempo em que Josefo estava escrevendo “Guerra


dos Judeus” e “Antiguidades Judaicas”, a família Flaviana
estava claramente envolvida com o cristianismo. Isso
sugere que Josefo, historiador e teólogo, estaria
familiarizado com a religião e seus símbolos.

De fato, a total sobreposição de indivíduos e eventos no


Novo Testamento e as obras de Josefo indicam que ele deve
ter conhecido muito sobre o cristianismo.

A seguir, uma lista de indivíduos, grupos e eventos


mencionados por Josefo e os Evangelhos ou o Livro de
Atos:

Simão, o mago

O falso profeta egípcio

Ananias o sumo sacerdote

Felix o procurador e sua esposa Drusilla

Festus o procurador
Agripa II e Berenice

O sacrifício da viúva de uma pequena quantidade

Rei Herodes

O massacre dos inocentes

Arquelau

O censo de Quirino

O décimo quinto ano de Tibério

João Batista

Fariseus

Saduceus

Tiago, o irmão de Jesus

Judas o Galileu

A fome sob Claudius

A morte de Herodes Agripa I

Jesus

Além dessas personagens e eventos sobrepostos, os


trabalhos compartilham vários paralelos conceituais além
daqueles que eu apresentei anteriormente. Eu quero discutir
brevemente alguns destes. O primeiro, na verdade, antecede
o ministério de Jesus e a campanha de Tito. Consiste no
"massacre dos inocentes" paralelo que ocorre tanto no Novo
Testamento quanto em “Antiguidades dos Judeus” de
Josefo.

Embora outros estudiosos tenham notado esse paralelo, não


estou ciente de que alguém tenha visto a incomum
correspondência temporal entre as duas passagens. As
passagens do Novo Testamento e Josefo tratando do
massacre de inocentes ocorrem ao mesmo tempo. Uma vez
que ambos os contos envolvem Herodes, isso pode parecer
sem importância, uma vez que ambas as passagens parecem
simplesmente refletir o mesmo evento. No entanto, quando
esse paralelo é visto no contexto dos outros paralelos do
Novo Testamento / Josefo, seu significado real se torna
claro.

Do Novo Testamento:

“. . . 1 Após o nascimento de Jesus em Belém da Judéia, nos


dias do rei Herodes, eis que alguns sábios vindos do Oriente
chegaram a Jerusalém. 2 E, indagavam: “Onde está aquele
que é nascido rei dos judeus? Pois do Oriente vimos a sua
estrela e viemos adorá-lo”. 3Quando o rei Herodes ouviu
isso, ficou perturbado e toda a Jerusalém com ele. 4 Tendo
reunido todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do
povo, perguntou-lhes onde havia de nascer o Cristo. 5E eles
lhe responderam: “Em Belém da Judéia, pois assim
escreveu o profeta: 6 Mas tu, Belém, da terra de Judá, de
modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá;
pois de ti sairá o Guia, que como pastor, conduzirá Israel, o
meu povo’”. 7 Então Herodes, chamando secretamente os
sábios, interrogou-os exatamente acerca do tempo em que a
estrela lhes aparecera. 8 Mandou-os a Belém e disse: “Ide,
e perguntai diligentemente pelo menino, e quando o
achardes, comunicai-me, para que também eu vá e o adore”.
9 Após terem ouvido o rei, seguiram o seu caminho, e a
estrela que tinham visto no Oriente foi adiante deles, até que
finalmente parou sobre o lugar onde estava o menino. 10 E
vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso
júbilo. 11 Ao entrarem na casa, encontraram o menino com
Maria, sua mãe, e prostrando-se o adoraram. Então abriram
seus tesouros e lhe ofertaram presentes: ouro, incenso e
mirra. 12 E, sendo por divina revelação avisados em sonhos
para que não voltassem para junto de Herodes, retornaram
para a sua terra, por outro caminho. A fuga para o Egito 13
Depois que partiram, eis que um anjo do SENHOR
apareceu a José em sonho e lhe disse: “Levanta-te, toma o
menino e sua mãe, e foge para o Egito. Permanece lá até
que eu te diga, pois Herodes há de procurar o menino para
o matar”. 14 José se levantou, tomou o menino e sua mãe,
durante a noite, e partiu para o Egito. 15 E esteve lá até a
morte de Herodes. E assim se cumpriu o que o SENHOR
tinha dito através do profeta: “Do Egito chamei o meu
filho”. 16 Quando Herodes percebeu que havia sido iludido
pelos sábios, irou-se terrivelmente e mandou matar todos os
meninos de dois anos para baixo, em Belém e em todas as
circunvizinhanças, de acordo com as informações que havia
obtido dos sábios. 17 Então se cumpriu o que fora dito pelo
profeta Jeremias: [Mateus 2:1,17]

Josefo registra um evento paralelo.

“. . . Ora, havia uma certa seita de judeus que se


valorizavam muito pela habilidade que tinham nos
costumes de seus pais e que acreditavam que eles
observavam melhor as leis favorecidas por Deus - a seita
chamada fariseus - por quem as mulheres do palácio eram
guiadas. Eles eram totalmente capazes de lidar com sucesso
com o rei devido à sua presciência, mas muitas vezes caíam
na luta e estabeleciam obstáculos para ele.

Por exemplo, quando todo o povo judeu prometeu sua


lealdade a César e ao governo do rei, esses homens, mais de
seis mil deles, recusaram-se a jurar; e quando o rei lhes
impôs uma multa, a esposa de Fera [o irmão do rei] a pagou.
Agora, para retribuir essa gentileza dela, acreditando ter,
por inspiração divina, a presciência das coisas por vir,
predisseram que Deus havia decretado que o governo de
Herodes seria tirado dele e de seus descendentes, e que o
reino viria a ela e Pheroras e seus filhos.

Estas previsões, que não escaparam à detecção por Salomé


[a irmã do rei], foram relatadas ao rei, e também que haviam
subvertido algumas outras do palácio. Assim, o rei matou
principalmente os fariseus, além do eunuco de Bagoas e um
certo Karos, que superou todos os seus pares em beleza e
era seu menino favorito.

Ele também matou todos da sua própria casa que se haviam


aliado à conversa dos fariseus. Bagoas tinha sido exaltado
por sua previsão de que seria saudado como o pai e o
benfeitor daquele que seria seu rei designado; pois a este rei
cairia o poder sobre todas as coisas, e ele daria a Bagoas um
casamento e a capacidade de gerar filhos de sua própria
linha.” (253)

A passagem acima de Josefo tem paralelos claros com a


história da natividade dada em Lucas e Mateus. Note que
em cada um temos sábios, que têm o dom da profecia,
prevendo que "o rei que estava para vir" terminará com o
reinado de Herodes. A reação de Herodes em ambos é
"matar os inocentes". Josefo descreve o novo rei como
alguém que terá "o poder sobre todas as coisas". É mais
importante, no entanto, que ambas as histórias envolvam
um nascimento miraculoso por alguém normalmente
considerado incapaz de ter filhos - no Novo Testamento, é
uma virgem, em Josefo, um eunuco.

Este paralelo entre a Virgem Maria e o eunuco Bagoas é o


começo de sequências paralelas de eventos no Novo
Testamento e na Guerra dos Judeus. Os autores trocam um
eunuco por uma virgem para criar um "nascimento
miraculoso" paralelo. A história de Bagoas revela a
mentalidade dos autores do Novo Testamento na medida
em que mostra o desprezo que eles tinham por aqueles que
acreditavam em fábulas sobre nascimentos de concepção
por virgens.

O que é interessante sobre o paralelo acima é que ambas as


histórias usam claramente o mesmo contexto histórico, um
incidente no qual Herodes procura matar uma criança que
ameaça seu poder. Assim, como uma paródia do Novo
Testamento, a passagem em Josefo é completamente
transparente, porque usa o mesmo contexto "histórico" do
Novo Testamento.

Outro ponto interessante é que essa sátira indicaria que os


autores do Novo Testamento estavam, de fato, tentando
criar a impressão de que Maria era uma "virgem", isto é,
alguém incapaz de dar à luz, uma questão de alguma
discórdia entre os estudiosos.

CONCLUSÃO
A análise completa que empreendi neste trabalho apoia
fortemente a premissa de que, em algum momento após a
guerra entre os romanos e os judeus, o cristianismo foi
criado por intelectuais que trabalhavam para os
imperadores Flavianos. Eles criaram a religião para servir
como uma barreira teológica para impedir que o judaísmo
messiânico voltasse a irromper contra o império. Eu
também apresentei uma análise mostrando que a história do
ministério de Jesus contada nos Evangelhos foi construída
como uma sátira "profética" da campanha militar de Titus
Flavius através da Judéia.

Esta sátira usou paralelos tipológicos habilmente para


mostrar que Tito era o verdadeiro "Cristo" que os cristãos
inadvertidamente estavam adorando.

Embora invisível por DOIS MIL anos, o caminho para


entender o significado real dos Evangelhos é claro. O
primeiro passo é simplesmente reconhecer que Jesus foi
criado como figura tipológica. Isto é estabelecido no início
dos Evangelhos, em Mateus, onde a vida de Moisés, o
primeiro salvador de Israel, foi usada como um tipo para
Jesus, o segundo salvador de Israel.

ANTIGO TESTAMENTO
Gn 45-50 José leva o antigo Israel para o Egito
Ex. 1 faraó massacra meninos 2:16
Ex. 4 "Todos os homens estão mortos ..." 2:20
Ex. 12 do Egito para Israel 2:21
Ex. 14 Passando pela água (batismo) 3:13
Ex. 16 tentado pelo pão 4: 4
Ex. 17 Não tente a Deus 4: 7
Ex. 32 Adoração só Deus 4: 10

MATEUS 2:13
José leva “o novo Israel” ao Egito
Herodes massacra meninos
"Eles estão mortos..."
Do Egito para Israel
Batismo
Tentado por pão
Não tente Deus
Adore somente a Deus

O uso de paralelos tipológicos para ligar Jesus a Moisés foi


projetado para criar a impressão de que a literatura judaica
anterior havia "previsto" a vida de Jesus. No entanto, o fato
de que os autores dos Evangelhos criaram Jesus como um
caráter tipológico apoia fortemente a tese de que a ligação
que mostro neste trabalho entre Jesus e Tito também foi
criada deliberadamente. Vamos supor que um criminoso
seja conhecido por cometer seus crimes com uma arma
muito incomum - digamos, uma bola de boliche. Uma cena
de crime em que a vítima é esmagada por uma bola de
boliche sugere fortemente o mesmo autor. O mesmo tipo de
evidência pesa contra os autores dos Evangelhos. É
implausível que um dos poucos grupos que usaram
intencionalmente a tipologia também tenha criado as únicas
relações acidentalmente tipológicas em toda a literatura.

Mesmo se Jesus não fosse um personagem tipológico


óbvio, a relação entre o seu ministério e a campanha de
Titus, por si só, provaria que um se baseava no outro. Os
paralelos entre o ministério e a campanha dos dois "filhos
de Deus" não ocorrem apenas nos mesmos locais, mas na
mesma sequência. Esta é a prova mais clara de que Tito
partiu para nós - prova de que ele partiu para que
pudéssemos ver que ele havia conseguido fazer os judeus
chamá-lo de "Senhor", prova de que ele havia se tornado o
Cristo que o cristianismo adoraria para milhares de anos.

Para ver a relação entre Jesus e Tito, tudo o que é necessário


é ver o ministério de Jesus no que se refere à guerra entre
os romanos e os judeus. Embora essa perspectiva tenha sido
negligenciada pelos historiadores, é uma que deve ser
estudada por várias razões. Primeiro, porque Jesus afirmou
que todas suas profecias seriam cumpridas antes que a
"geração iníqua" de judeus morresse. Para os judeus dessa
época, uma geração tinha quarenta anos de duração e a
guerra de Titus contra os judeus messiânicos chegou ao fim,
"milagrosamente", quarenta anos depois da ressurreição de
Jesus. Portanto, os Evangelhos devem ser lidos no contexto
da guerra - essa foi literalmente a instrução que Jesus nos
deu. Além disso, os vencedores escrevem história. Como os
Flavianos foram os vitoriosos em sua guerra contra o
movimento messiânico na Judéia, todas histórias relativas
àquela época, incluindo os Evangelhos, deveriam ser
escrutinadas para determinar se os Flavianos as produziam.
Uma vez que os evangelhos são vistos a partir da
perspectiva de um membro do círculo interno de Flaviano,
a relação entre Jesus e Tito se torna praticamente auto-
evidente.

Os paralelos

A relação entre Jesus e Tito começa no Monte Gerizzim,


onde Jesus se chama "água viva" no mesmo lugar onde os
judeus mais tarde morreriam de sede durante a guerra.
Como Tito não recebeu controle sobre o exército quando
essa batalha ocorre, os autores dos Evangelhos têm Jesus
anunciando que "meu tempo ainda não chegou" - em outras
palavras, que seu ministério ainda não havia começado -
para manter o paralelismo entre seus exércitos. ministério e
campanha de Tito.

Jesus então começa seu ministério no mar da Galileia, onde


ele se reúne em seus discípulos, que ele chama de
"pescadores de homens". Tito também tem o "início" de sua
campanha no mesmo local, onde seus "discípulos" se
tornam "pescadores de homens", espancando os judeus
enquanto eles tentam nadar em segurança depois que os
romanos afundam seus barcos.

Em seguida, Jesus encontra um homem possuído em


Gadara que desencadeia uma "legião" de demônios que
possuem uma manada de porcos e correm
descontroladamente no rio Jordão. Tito tem uma
experiência estranhamente paralela em Gadara, onde um
homem "demoníaco possuído" desencadeou uma legião de
"demônios" - isto é, os Sicarii - que infectam um rebanho
de "porcos" - isto é, a juventude judaica. O grupo
combinado é então perseguido pelos romanos e corre
"como o mais selvagem dos animais" para o rio Jordão.

Após o encontro de Gadara, o "filho de Maria" viaja para


Jerusalém, onde informa seus discípulos de que um dia
"comerão sua carne". Esta profecia acontece quando um
"filho de Maria" é comido por sua mãe durante o cerco a
Jerusalém por Tito.

Os Evangelhos descrevem em seguida dois assaltos ao


Monte das Oliveiras, um em que um homem nu escapa e
outro em que o Messias é capturado. Esses episódios são
eventos paralelos no Monte das Oliveiras durante o cerco
de Jerusalém a Tito, onde um homem "nu" - Tito - escapa e
um Messias é capturado.

O par de assaltos do Monte das Oliveiras é seguido em


ambos os Evangelhos e na campanha de Tito por uma
descrição de três homens crucificados, um dos quais
sobrevive milagrosamente. Em cada versão, um indivíduo
chamado "José de Arimatéia" (Joseph Bar Matthias) leva o
sobrevivente para baixo da cruz.

Jesus conclui seu ministério prevendo que Simão será


levado a Roma e martirizado, mas que João será poupado.
Na conclusão da campanha de Tito, os líderes rebeldes
Simão e João são capturados. Simão é levado para Roma e
martirizado, mas João é poupado e recebe prisão perpétua.

Cada um desses paralelos é incomum o suficiente para


levantar a questão de saber se foi criado intencionalmente.
O fato dos paralelos ocorrerem na mesma ordem coloca a
questão em repouso, porque tal sequência não poderia
ocorrer acidentalmente. Além disso, Tito era o único
indivíduo, além de Jesus, que poderia ter sido o "Filho do
Homem" previsto nos Evangelhos. Tito foi o único
indivíduo na história que cercou Jerusalém com uma
muralha e demoliu seu templo. O fato da campanha desse
indivíduo singular ser paralelo ao ministério de Cristo
confirma a proposição de que os dois estavam
deliberadamente ligados, uma vez que tal combinação de
singularidades históricas não poderia ter ocorrido
circunstancialmente.

A combinação de Daniel-Moisés

Este trabalho mostrou que, sem questionar, Josefo


manipulou as datas dos eventos para criar a impressão de
que as profecias de Daniel estavam acontecendo no
primeiro século E.C. Ao fazê-lo, Josefo, acidentalmente ou
não, forneceu um contexto histórico fictício para Jesus, que
afirmou ser o Messias que Daniel havia imaginado.

Os autores dos Evangelhos também inseriram numerosos


paralelos com a vida de Moisés em sua história de Jesus, de
modo a fazer parecer que ele era, como Moisés, o fundador
de uma nova religião divinamente inspirada. Josefo ligou
sua história a esse tema registrando que a guerra com os
judeus chegou ao fim quarenta anos depois da ressurreição
de Jesus. Ao fazer isso, ele criou a impressão de que o
cristianismo espelhara os quarenta anos de judaísmo
vagando após a Páscoa original. Somente concluindo a
guerra naquela data, a décima quinta de Nisan, 73 E.C.,
poderia Josefo ter "cumprido" simultaneamente tanto o
ciclo de sete anos de tribulação imaginado por Daniel - a
duração exata da guerra - quanto o espelhamento
cristianizado dos eventos. Seguindo a Páscoa original. A
dupla ligação entre os Evangelhos e a Guerra dos Judeus
prova que os paralelos foram criados deliberadamente
porque dois autores separados não poderiam ter registrado
tal combinação de profecias e datas precisas por acaso.

O quebra-cabeça do túmulo vazio

Minha leitura da história combinada da ressurreição de


Jesus é talvez a prova mais clara da origem flaviana do
cristianismo. Isso ocorre porque a história foi projetada para
ser uma maneira de provar, sem sombra de dúvida, que criar
os Evangelhos como sátira era a verdadeira intenção de seus
autores.
Essa prova também tem a vantagem de ser, se incorreta, tão
fácil de refutar. Especialistas em probabilidade podem
confirmar ou negar as conclusões deste trabalho e a verdade
será revelada.

Este trabalho não foi criado de forma alguma como uma


crítica à fé dos cristãos contemporâneos. Eu me senti
obrigado a apresentar minhas descobertas por causa da luz
que eles lançaram sobre a origem e o propósito tanto do
antissemitismo quanto da estrutura moral das sociedades
ocidentais.

Eu percebo que alguns acharão as conclusões deste trabalho


desorientadoras. Símbolos que há muito se pensava serem
baseados no amor cristão podem ser realmente imagens da
conquista romana. Mesmo a crença de que nossa cultura é
judaico-cristã pode estar incorreta, pois pode ter sido
completamente moldada pela influência "religiosa"
romana. Para mim, o mais enervante é esta: como seria a
civilização ocidental se, em vez de emergir da tradição
cristã, surgisse de uma cultura que cultuasse a força e
desprezasse a fraqueza?

Também é difícil aceitar que tantos tenham perdido as


pistas óbvias deixadas pelos criadores do cristianismo para
nos informar da verdadeira origem da religião. Embora
muitos dos enigmas sejam difíceis de ver e resolver, é
simplesmente surpreendente que ninguém tenha percebido
até agora que a campanha de Tito tinha um esboço
conceitual paralelo ao ministério de Jesus.

Isto não é uma coisa difícil de ver e deveria ter sido um


conhecimento comum séculos antes. O Homo sapiens não
conseguiu ganhar seu título neste caso.
Embora o cristianismo possa ter começado como uma
brincadeira cruel, tornou-se a base para grande parte do
progresso moral da humanidade. Apresento este trabalho
com grande ambivalência, mas a verdade é um todo e
nenhuma parte deve ser ocultada. Durante o tumulto que
está prestes a descer, todos devemos lembrar as palavras de
Jesus: "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".

FINAL DOS CAPÍTULOS


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Apêndice

Um guia do leitor para os nomes e termos no Messias de


César

ACILIUS GLABRIO cônsul em Roma em 91 D.C., ele foi


banido, em seguida, executado por Domiciano em 95 E.C.
como um "inventor de novidade." Tradicionalmente, ele
deve ter sido executado por ser um cristão.

ACHILLEUS camareiro lendário de Flavia Domitilla. Ele


aparece no século VI E.C. escreve os atos dos Santos
Nereus e Achilleus.

AGRIPPA II nascido em 27 D.C., filho de Agripa I, rei da


Judéia, e neto de Herodes, o grande. Como governador
sobre a tetrarquia de Filipe e Lysanias, ele apoiou
Vespasiano durante a guerra judaica, enviando 2.000
homens.

BARABBAS um personagem nos Evangelhos que atua


como uma frustração para Jesus e é liberado em vez dele. O
nome é um composto da barra Hebraica (filho) e Abba (pai),
significando "filho do pai". Em alguns manuscritos
adiantados seu nome é dado como Jesus Barabbas.

BAR COCHBA líder da revolta contra Roma em 131 D.C.


Seu nome em hebreu significa "filho da estrela", referindo-
se à "profecia estelar".

BERNICE nascido em 28 D.C., ela era filha de Agrippa I


(falecido 44 D.C.), rei da Judéia, o neto de Herodes, o
grande. Casou-se com Marcus, irmão de Tiberius
Alexander, e depois tornou-se amante de Tito. Ela pode ser
identificada através de um enigma lógico como um
daqueles que iniciaram a idéia de criar os Evangelhos. Sua
irmã Drusilla, acreditava ser a mulher mais bonita do
mundo, casou-se com Antonius Felix, procurador romano
da Judéia (52-60 C. E).

BRUNO BAUER filósofo, historiador e teólogo alemão


(1809-1882). Ele percebeu que os Evangelhos haviam sido
escritos como propaganda romana utilizando idéias estóicas
e helenísticas, e não haviam sido derivados diretamente do
judaísmo. Ele achava que o primeiro Evangelho tinha sido
escrito em Adriano (117-138 E.C.). Ver Cristo e os Césares
(1879).

CATULLUS um personagem em “Guerra dos Judeus” que


morre quando suas entranhas estouram. Judas, o homólogo
de Catullus no livro de atos, morre quando suas entranhas
estouram. O paralelo é criado para criar um enigma lógico
que, quando resolvido, revela os nomes dos escritores dos
Evangelhos.

CLEMENTE OU CLEMENS, o Papa Clemente I,


tradicionalmente creditado com a autoria da epístola não
canônica de Clemente aos Coríntios 96 E.C. Ele costumava
ser identificado com o cônsul Titus Flavius Clemens, que
foi executado por Domiciano em 95 E.C.

CIPRIANO Bispo e orador cristão, nascido em 240 E.C.

DANIEL livro profético das escrituras hebraicas escritas


em torno de 600 A.E.C., contendo profecias sobre a vinda
de um Messias e a destruição de Jerusalém

DECIUS MUNDUS uma personagem na passagem que


rodeia a famosa passagem Testimonium em antiguidades
judaicas, que supostamente confirma a historicidade de
Jesus. O nome é um trocadilho em Decius Mus (rato), um
herói militar romano que se sacrificou para salvar Roma.

DOMICIANO Titus Flavius Domitianus (51-96 E.C.). O


filho mais novo de Vespasiano que, no nascimento de
Domiciano, era um general do exército. Domiciano sucedeu
seu pai e o irmão mais velho Tito como o terceiro imperador
Flaviano (81-96 E.C.). Seu governo está associado a um
reavivamento literário e a um grande programa de
construção em Roma. Os historiadores o apresentam como
um déspota eficiente, mas cruel e corrupto.

ELEAZAR macabeu nome hebraico que significa "quem


Deus ajuda." É traduzido em grego como "Lázaro". Eleazar
era um membro da dinastia messiânica que foi capturado
pelos romanos durante o cerco de Jerusalém; foi ameaçado
com a crucificação e teve seus membros "podado." Ele foi
então dado de volta para seus parentes-e depois que ele
morreu de seus ferimentos que comeram. Sua tortura e
morte são satirizados quando a figura do canibal Maria
come seu filho como um cordeiro simbólico Pascal, e
quando a figura de Lázaro nos Evangelhos é levantada a
partir do túmulo, em que Maria "faz-lhe uma ceia".

EPICTETUS estóico filósofo e escravo de Epaphroditus,


Secretário de Nero e Domitian. Algumas de suas atitudes
foram refletidas nos Evangelhos.

EUSEBIUS Bispo de Caesarea ao redor 330 E.C. e autor de


uma história da igreja e de uma vida apologética do
Emperor Constantino.

FELIX Antonius Felix, procurador Romano corrupto da


Judeia (52-60 E.C.) e marido de Drusilla, irmã de Bernice.

FLAVIA DOMITILLA neta de Vespasiano, sobrinha de


Tito. Ela casou com Clemente. Ela forneceu a terra para as
primeiras catacumbas cristãs em Roma. Deve ser
distinguida de Domitilla, que era irmã de Tito e
Domiciano.

FLAVIANOS o nome da família para a dinastia dos


imperadores fundada por Vespasiano.

HEGESIPPUS um escritor cristão do segundo século de um


livro das memórias dirigida de encontro aos Gnósticos. Seu
trabalho é conhecido a partir das passagens incorporadas
nos escritos de Eusébio.

HERODES o grande rei da Judéia (73-4 A.C.). De uma


família de Idumeus (não judeu), ele se tornou governador
da Galileia com a idade de vinte e cinco anos e depois fugiu
para Roma, onde Marco Antônio nomeou-o rei fantoche da
Judeia na ausência de César Augusto que finalmente
confirmou o título e com o apoio romano ele foi instalado
como um rei comprado Jerusalém. Ele cooptou a dinastia
macabiana casando-se com uma de suas mulheres,
Mariamme, por com quem teve cinco filhos antes de
executá-la.

HIPPOLYTUS heretico professor cristão e bispo nascido


em 150 E.C.

HONI conhecido em grego como Onias, Honi o Fazedor de


Chuva, (falecido 65 A.E.C.) é tradicionalmente identificado
como um homem santo galileu, e foi um dos modelos sobre
os quais o caráter de Jesus foi baseado.

IRENAEUS teólogo cristão nascido c. 130 E.C. mais


conhecido por seus escritos contra o Gnosticismo.

JEROME Santo cristão e escritor sobre a Bíblia, nascido


cerca de 340 E.C.

JESUS o nome de um personagem retratado nos


Evangelhos. O nome é um homófono grego para a palavra
hebraica Yeshua, que pode significar "Deus salva" ou
"Salvador".

JOSÉ DE ARIMATHEA uma personagem dos Evangelhos,


ele tira o corpo de Jesus da Cruz. No evangelho de Barnabé,
o seu nome é dado como José de Barimathea. Nenhuma
cidade como Arimathea existia. O nome é um trocadilho
para Josephus bar Matthias.

JOSEPHUS originalmente Josephus bar Mattathias (37-100


E.C.), ele recebeu o nome Flavius Josephus (Flavio Josefo)
ao ser adotado pela família imperial flaviana. Ele afirmou
ter sido originalmente um general na Galileia que
reconheceu que a profecia hebraica tradicional sobre o novo
governante do mundo era aplicada a Vespasiano. Ele
abandonou os judeus e se juntou aos romanos. Foi dado um
apartamento no próprio condomínio do imperador e
escreveu a história autorizada “Guerra dos Judeus”, que foi
criticado por comtemporâneos por andar a ficicionar a
história, que contem enigmas escolásticos. Os romanos
ergueram uma estátua em sua homenagem.

JUDAS ISCARIOT um personagem no evangelho que trai


Jesus aos romanos e morre quando seu intestino explode.
Seu sobrenome pode ser um anagrama, indicando que ele
não representa meramente o Macabeu Judas, o Galileu, mas
especificamente o movimento Sicarii. Veja Catullus.

JUDAS o Galileu um zelote macabeu. Ele foi um líder de


uma revolta contra os romanos em torno de 6 E.C. sobre um
censo proposto. Seus filhos Jacó e Simão foram
crucificados pelos romanos, e outro filho, Menahem,
tornou-se líder do movimento Sicarii — que supostamente
assassinou seus oponentes com os punhais depois do qual
seu movimento foi nomeado.

JUSTINO mártir teólogo cristão nascido EM 100 E.C. mais


conhecido por seu diálogo com o judeu Tryphon.

JUVENAL Decimus Iunius Iuvenalis, poeta satírico anti-


semítico ativo no primeiro século E.C. Ele cunhou a
expressão bem conhecida "PANEN ET CIRCENCISIS"
(pão e circo) para descrever como os imperadores
agradavam a população.

LAZARO ver Eleazar.


MACABEUS dinastia messiânica original da Judéia
retirada do poder pelos romanos em 63 A.E.C. Veja
Mattathias.

MARIA pelo menos cinco Marias diferentes são


apresentadas nos Evangelhos, onde o nome é usado
genericamente para se referir a rebeldes do sexo feminino.
A palavra é um termo hebreu que significa "sua rebelião".
Seu equivalente aramaico é Martha, "ela era rebelde."

MATTATHIAS fundador da dinastia militarista e


messiânica dos Macabeus, que em 165 E.C. liderou a
revolta celebrada pelos judeus hoje no Festival de
Hannukah. Mattathias/Matthias (Mateus) teve cinco filhos:
Simão, Judas, João, Eleazar (Lázaro) e Jônatas. Estes
nomes eram dinásticos e foram passados através das
gerações mais antigas até que a dinastia foi removida do
poder pela conquista romana da judeia em 63 A.E.C. (o
local do enterro da dinastia foi descoberto em 1995 em um
local 30 quilômetros ao norte de Jerusalem). Uma vez
retirada do poder, a dinastia continuou a revolta contra a
ocupação romana e os reis fantoches Herodianos. Nos
Evangelhos, os romanos satirizam descaradamente os
judeus usando nomes de Macabeus para personagens
cristãos.

NEREUS lendário camareiro de Flavia Domitilla. Ele


aparece no trabalho do século VI atos dos Santos Nereus e
Achilleus.

ORIGENES Teólogo cristão principal e crítico bíblico


(185-264 E.C.).
PAULO uma figura histórica que pode ter começado sua
carreira a serviço do imperador Nero (como descrito por
Robert Eisenman). Posteriormente, tornou-se
administrador do culto de Jesus. Vários personagens em
Josefo são paródias dele. Estes incluem o caráter maligno
no lado direito do tríptico de Decius Mundus, e Paulinus,
que impede que os judeus tenham acesso ao templo
fechando as portas. Atos 21:28-30 contêm um evento
paralelo em que as portas do templo são fechadas.

PEDANIUS DI0SC0RIDES o médico-chefe e botânico que


acompanhava Vespasiano e Tito na Judéia. Acredita-se que
seu trabalho tenha contribuído para a metáfora botânica
subjacente que os romanos usaram para criar sua sátira. Ele
é mais conhecido como o originador do herbalismo
moderno e como um pioneiro da anestesia.

PERSIUS Aulus Persius Flaccus (34-62 D.C.). Poeta


satírico romano alinhado com a filosofia estóica.

PLÍNIO o Élder Gaius Plinius Secondus foi um amigo e


conselheiro do imperador Vespasiano, a quem visitou
diariamente. Ele é conhecido por ter aconselhado sobre a
criação da sátira romana e ter visitado o exército na Judéia.
Ele é mais conhecido por sua história natural.

PLINIUS o governador mais jovem de Pontus/Bithynia 111


a 113 E.C. Sua correspondência com o Imperador Trajano
sobre como tratar os cristãos sobrevive. O problema como
ele definiu foi que o contágio desta "superstição" tinha
saído do controle e já havia se espalhado além da Judéia,
não só para as cidades, mas também para as aldeias e
fazendas, embora ele ainda achasse possível verificar mais
a sua propagação. O Imperador Trajano, no entanto,
instruiu-o de que os cristãos não deviam ser procurados.

QUIRINIUS governador da Síria. Ele tentou realizar um


censo em 6 E.C. para facilitar a coleta de impostos. Isto
conduziu diretamente à revolta pelo zelote Judas o Galileu.
No evangelho de Lucas, a representação de Maria e José
indo para Belém para se inscrever para o censo é um conto
satírico para esta revolta. O Evangelho retrata os judeus que
cooperam no pagamento dos seus impostos.

C. I. SCOFIELD escritor cristão (1843-1921), que produziu


uma edição da Bíblia que popularizou os ensinamentos pré-
milenares.

SENECA Filósofo estoico e tutor do Imperador Nero.


Algumas de suas atitudes são refletidas nos Evangelhos.

SIMÃO PEDRO uma personagem dos Evangelhos cujo


nome é originalmente "Simão", antes de ser renomeado
Petros, significando "uma pedra". No final de João 21, ele
é dito que ele será amarrado e conduzido para morrer. O
personagem é uma paródia do rebelde Simão, que foi
apreendido no cerco a Jerusalém e levado para Roma para
a execução.

SUETONIUS historiador romano e Secretário do


imperador Adriano. Ele é lembrado principalmente como o
autor de “As Vidas dos Doze Césares”, produzidos em
torno de 120 E.C.

TACITUS Cornelius Tacitus (55-117 E.C.), historiador


romano conhecido por suas histórias dos anais da Roma
Imperial, e uma biografia de seu sogro Agrícola.
TERTULIANO teólogo cristão nascido cerca de 160 D.C.
O primeiro teólogo a escrever em latim.

TIBERIUS ALEXANDER um judeu não praticante, que


era filho do homem mais rico do mundo, o coletor
aduaneiro de Alexandria. Ele era cunhado da amante de
Tito, Bernice e um dos generais que apoiou os romanos no
cerco a Jerusalém. Ele terminou com uma revolta em
Alexandria, matando 50.000 judeus. Ele pode ser
identificado através de um enigma lógico como um
daqueles que iniciaram a idéia de criar os Evangelhos.

TITUS FLAVIUS SABINUS tornou-se cônsul em 82 D.C.,


casou-se com a irmã de Domiciano, Domitilla, e foi
executado por Domiciano. Supostamente o pai ou tio de
Clemente.

TITUS Tito Flavius Vespasianus (39-81 D.C.), o filho mais


velho de Vespasiano. Depois de servir na Grã-Bretanha
como um legado, ele foi como legado da 15 ª Legião para a
Judeia a comando de seu pai. Depois que Vespasiano
retornou a Roma para ser coroado imperador, Tito foi
deixado no comando da campanha na Judeia. Dirigiu a
construção da muralha de cerco que cercou Jerusalém e
conduziu à queda da cidade. Em seu retorno a Roma, ele
compartilhou na administração de seu pai, e tornou-se
imperador na morte de Vespasiano em 79 E.C. historiadores
consideram-no como um administrador eficiente e frugal
como seu pai.

THEOPHRATUS filósofo e botânico grego. Morreu em


287 D.C. foi escolhida por Aristóteles para sucedê-lo na
execução do Lyceum. Várias de suas palavras botânicas
únicas foram usadas pelos romanos do primeiro século
D.C., provavelmente pelo botânico Pedanius Dioscorides,
para criar aspectos da sátira flaviana.

VESPASIAN Titus Flavius Sabinus Vespasianus (9-79


E.C.). Nascido filho de um cobrador de impostos, ele
comandou uma legião durante a invasão da Grã-Bretanha e
desenvolveu experiência em guerra de cerco. Foi por isso
que ele foi convidado por Nero para liderar a força para
derrubar a revolta na Judéia. Na morte de Nero o exército
uniu-se atrás de Vespasiano para apoiá-lo como imperador.
Tornou-se imperador em dezembro de 69 E.C. e é
apresentado pelos historiadores como um administrador
justo e trabalhador. De 71 E.C. até sua morte em 79 E.C.
ele governou com o auxílio de seu filho Tito, que o sucedeu
como imperador.

WILLIAM WHISTON inglês clérigo, matemático e erudito


Classico (1667-1752). Sucedeu a Newton como Professor
Luciano de matemática em Cambridge. Traduziu as obras
de Josefo para o inglês. Concluiu que as várias realizações
proféticas em Josefo provaram que Jesus era o Messias.

ZACHARIAS, filho de Baruch. Um personagem menor em


“Guerra dos Judeus” parodiado em Mateus 23:35 como
Zacari’ah, filho de Barachi’ah, que morre de forma
semelhante.

ZACCHAI O rabino Yohanan Ben Zacchai, descrito no


Talmud como deixando Jerusalém na época do cerco em
um caixão, e levantando-se para aclamar Vespasiano, que
lhe concedeu a cidade de Jamnia, ou Yavneh, a fim de
estabelecer o judaísmo rabínico. Supostamente ele aplicou
a "profecia estelar", ou profecia do governante do mundo,
para Vespasiano exatamente como Josefo também fez.
ZELOTES originalmente um grupo macabeu, eles se
organizaram contra Herodes o grande (73-74 A.E.C.), e
novamente Judas o Galileu em 6 E.C. para resistir a um
censo romano. Depois da destruição do templo os Zelotes
recuaram para Massada onde, de acordo com Josefo, muitos
cometeram suicídio para evitar a captura.

Uma cronologia das vidas de Jesus e Tito

VIDA DE JESUS

1 E.C. suposto nascimento de Jesus.


30 E.C. o Ministério começa.
• No lago da Galileia, Jesus começa seu ministério
chamando seguidores para se tornarem "pescadores de
homens" (Mateus 4:19 e paralelos).

• Em Gadara, Jesus expulsa 2.000 demônios de um homem.


Os demônios migram para os porcos que depois saltam de
um penhasco para o rio (Marcos 5:1-20).

33 E.C. Jesus vai para Jerusalém (Lucas 18:15 e paralelos).


• Um jovem nu escapa no jardim de Getsemani (Marcos
14:51-52).

• Jesus prevê que Jerusalém será cercada por um muro


(Lucas 19:43).

• Três homens são crucificados no morro dos crânios


(Golgotha), um homem é retirado da Cruz por Joseph(us)
(ben) AriMathea, e mais tarde aparece vivo (Matt. 27:33,
27:57-58 e paralelos).
• No final do último Evangelho, Jesus declara que João (o
discípulo amado) viverá, mas que Simão (Pedro) será
amarrado e levado para onde não quer ir, para ser morto
(João 21).

VIDA DE TITO

39 E.C. Titus Flavius Vespasianus (doravante Tito) nasce.

66 E.C. Seu pai, Vespasiano, é designado para derrubar a


revolta na Judéia, e leva Tito com ele.

67 E.C. a campanha romana começa na Galiléia.

• No lago da Galiléia Tito começa a sua campanha com uma


batalha em que os judeus caem na água e são pescados para
fora (guerra 3, 10, 5-8).

68 E.C. o imperador Nero morre.

• Em Gadara, os rebeldes são forçados a apressar-se como


bestas no rio (guerra 4, 7, 1-6).

69 E.C. Em julho, o exército na Judéia, Egito e Síria apóia


Vespasiano para o imperador.

69 E.C. Vespasiano chega em Roma, para reprimir uma


guerra civil, e é feito imperador, deixando Tito para
completar a guerra na Judéia.

70 E.C. Tito vai para Jerusalém.

• Tito, "nu" — sem sua armadura — escapa ao ataque no


jardim do Getsêmani (guerra 5, 12).
• Tito constrói um muro de cerco ao redor de Jerusalém
(guerra 5, 12). Titus estabelece acampamento em Jerusalém
exatamente 40 anos desde o início do Ministério de Jesus

• Três homens são crucificados na aldeia da Inquisição da


Mente (Thecoe/a). Um homem é retirado da Cruz por
Josephus Ben Matthias e milagrosamente sobrevive (Vida
de Josefo, 26).

• João é capturado, mas lhe é permitido viver (guerra 6, 9,


4), mas Simão é apreendido e é levado para Roma para
morrer (guerra 7, 2, 1).

71 E.C. Titus e Vespasiano têm um triunfo conjunto em


Roma. Titus recebe várias honras e começa a compartilhar
o controle da administração.

73 E.C. O massacre em Masada ocorre exatamente 40 anos


da ressurreição de Jesus.

79 E.C. Josefo escreve a história autorizada “Guerra dos


Judeus”, que é dedicada a Tito.

71-79 E.C. os Evangelhos são provavelmente escritos.

79 E.C. Após a morte de Vespasiano, Tito torna-se


imperador.

80 E.C. Tito estabelece um culto imperial para adorar


Vespasiano como um Deus.

81 E.C. Tito morre em setembro, e um culto imperial é


criado para adorá-lo como um Deus. O arco de Tito é
construído postumamente em Roma, afirmando-o como "O
Filho de um Deus".
81 D.C. Seu irmão mais novo Domitian torna-se o terceiro
imperador Flaviano.

94 D.C. Josefo publica “Antiguidades Judaicas” em vinte


volumes, escritos em grego e contendo o "Testimonium
Flavianum", que supostamente testifica independentemente
da existência histórica de Jesus.

Notas

1. Michael Goulder, tipo e história em atos, William Clowes


e sons, Londres,
1963, PP 2-4

2. Josephus, guerra dos judeus III, VII (William Whiston)

3. Josephus, guerra V, XII

4. Josephus, guerra VII, I

5. Daniel 7:13

6. Josephus, guerra V, IX

7. Josephus, guerra prefácio II, v

8. Joseus, antiguidades judaicas XVII, XXIII

9. 4QD 17 6-9

10. Mateus 15:30

11. Josephus, VI guerra, vi


12. 4T547

13. convênio de Damasco (CD) 19,5-13, 32-20,1

14. Targum pseudo-Jonathan Gen 49:10-12

15.1 Clem prólogo: 1

16. Ciprian, Ed. princeps, 66, 8, 3

17. Josephus, III Guerra, VIII

18. Josephus, III Guerra, VIII

19. Brian Jones, o Imperador Titus, St. Martin ' s Press,


1984, p 152

20. Suetonius, vidas dos Césares, parágrafo Titus. 4

21. Suetonius, vidas OJ o Caesars, parágrafo de Titus. 3

22. Tácito, as histórias, livro IV

23. Suetônio: de Vita Caesaram — divus Vespasianus,


XXIII

24. Plínio, Pan 11,1

25. Juvenal, Satire VI, 155

26. Juvenal, sátira X, 365

27. Juvenal, sátira XIII

28. Juvenal, sátira VI. O Haybox foi usado para manter o


alimento morno para o Sabbath, para evitar cozinhar. A
referência à árvore é incerto, mas possivelmente uma
referência ao Menorah, o candelabro de sete ramos.

29. a Enciclopédia Católica, "Clemente"

30. Jerônimo, de viris illustr, x

31. Tertullian, de Praesor. Haer, c. XXXII

32. poços de GA, a legenda de Jesus, publicação da corte


aberta, 1996, p 228

33. poços de GA, a legenda de Jesus, p 228

34. a enciclopédia Católica, "Flavia Domittilla"

35. Talmud babilônico, Gitt. 56B-57a

36. a enciclopédia Católica, "Flavia Domittilla"

37. Josephus, vida, XII

38. Josephus, Ant. XIV, x, II

39. Josephus, III Guerra, x

40. Juvenal, os dezesseis Satires, 4

41. Josephus, III Guerra, x

42. Josephus, III Guerra, x

43. Josephus, III Guerra, x

44. Josephus, III Guerra, x

45 Josephus, III Guerra, IX


46. Josephus, III Guerra, x

47. Josephus, guerra VI, III

48. Josephus, guerra VI, III

49. Êxodo 12:7

50. Êxodo 12:9

51. concordância de Strong 1223

52. concordância de Strong 1330

53. concordância de Strong 5590

54. Mateus 27:25

55. Josephus, guerra VI, VIII

56. Eusébio, história eclesiástica V, XXVI

57. Josephus, guerra VI, III

58. Marcos 5:1-20

59. Josephus, IV guerra, VII

60. Josephus, VII guerra, VIII

61. o termo pode referir-se a uma força armada romana ou


não-romana.

62. Mateus 8:29

63.4T560

64. Mateus 12:43-45.65; Num 32:13-17


66. a seguinte citação de Bruce Chilton é um exemplo:
"alguns têm procurado contornar a força deste texto,
dizendo que a geração de palavras aqui realmente significa
raça, e que Jesus estava simplesmente dizendo que a raça
judaica não iria morrer até que todas essas coisas tomaram
PLA CE. Isso é verdade? Eu desafio você: saia de sua
concordância e Olhar cada A ocorrência do novo
testamento da geração da palavra (em grego, genea) e ver
se ele sempre significa "corrida" em qualquer outro
contexto. Aqui estão todas as referências para os
Evangelhos: Mateus 1:17; 11:16; 12:39, 41, 42, 45; 16:4;
17:17; 23:36; 24:34; Marca 8:12, 38; 9:19; 13:30; Lucas
1:48, 50; 7:31; 9:41; 11:29, 30, 31, 32, 50, 51; 18:8; 17:25;
21:32. nenhuma dessas referências está falando de toda a
raça judaica ao longo de milhares de anos; todos usam a
palavra em seu sentido normal da soma total daqueles que
vivem ao mesmo tempo. Ele sempre se refere a
contemporâneos. Na verdade, aqueles que dizem que
significa "raça" tendem a reconhecer este fato, mas explicar
que a palavra de repente muda seu significado quando Jesus
usa-lo em Mateus 24!"Bruce Chilton, o que aconteceu em
AD70? Publicações do Reino, 1997, p 89

67. Josephus, vida 65, 363

68. Josephus, guerra V, XIII

69. Josephus, guerra VI, VIII

70. Joseph Klausner, Jesus de Nazaré, George Allen &


Unwin LTD, 1925, p 266

71. Josephus, VII guerra, vi


72. Josephus, VII guerra, vi

73. Josephus, guerra V, x

74. Josephus, guerra VI, IX

75. Marcos 5:5

76. Josephus, guerra VII, v

77. Marcos 5:15-20

78. Josephus, guerra VI, IX

79. Josephus, guerra VII, v

80. a identificação de João como "discípulo amado" é a


única leitura direta do texto e foi também a tradição mantida
por Irineu, no fragmento Muratoriano e no prólogo latim
anti-Marcionite. No entanto, alguns estudiosos têm
disputado se o discípulo amado realmente era "João",
embora eles são incapazes de concordar com quem ele
poderia ter sido. O ponto relevante para nossos propósitos
não é quando este capítulo foi inserido nos Evangelhos, ou
se ele foi composto por alguém com o nome de "João", mas
apenas que a intenção do autor era usar a identificação de
"João" como o discípulo amado como parte do sistema de
profecia entre Jesus e Titus.

81. Josephus, guerra VII, II

82.1th VL, 24-27

83. Josephus, guerra VI, II

84. concordância de Strong, 3136, 3137


85. Marcos 5:20

86. João 21:24

87. Lucas 12:41-53

88. Josephus, War V, Oi

89. João, 6:53

90. concordância de Strong 4991

91. concordância de Strong 4990

92. Josephus, guerra VI, IV

93. Josephus, Ant. VJH, II

94. Josephus, VII guerra, vi

95. Josephus, VII guerra, vi

96. Josephus, VII guerra, vi

97. João 12:10

98. Josephus, guerra VI, II

99. David Noel Freedman, a unidade da Bíblia hebraica,


1991, p 57

100. Mary Douglas, Levítico como literatura, 1999, PP 236-


37

101. Robert ALTER, a arte da narrativa bíblica, 1981;


Yairah Amit, lendo narrativas bíblicas, 2001
102. Theophratus, inquérito em plantas e trabalhos menores
em odores e em sinais do tempo, edição de Loeb, 1916; e
HP2.7.6-Passs.Id CPI. 18,9

103. Joseph Klausner, Jesus de Nazaré, p 330

104. Targum, pseudo-Jonathan em Gen. 49:10-12

105. Mateus 26:39

106. Josephus, guerra VI, III

107. Hosea vi, II, P.W. Schmiede, enciclopédia Biblica,


preto, 1901

108. concordância de Strong 4404

109. concordância de strongs 901

110. concordância de Strong 3029

111. de nota é o fato de que a palavra que o autor usa para


este lenço, "soudarion," é uma das poucas palavras no novo
testamento que não é nem Hebraico nem grego, sendo de
origem latina.

112. João 20:1-5

113. concordância de Strong 4578

1 14. Eu não sou o primeiro a postular que havia mais de


uma "Maria Madalena." Eusébio também notou as
contradições entre as várias versões da primeira visita ao
túmulo vazio e tentou "harmonizar" as quatro versões,
alegando que deve ter havido mais de uma "Maria
Madalena".
115. palimpsesto no mosteiro de Santa Catarina no Monte
Sinai: Evangelion da O Mepharreshe. EC Burkitt, Ed. 2
vols. Cambridge, 1904 monastério em Koridethi no
Cáucaso: "o texto dos Evangelhos e o texto de Koridethi,"
revisão Theological 16:1923 de Harvard, PP 267-86; e
"Codex 1 dos Evangelhos e seus aliados", textos e estudos
7 (3): 1902

116. os Evangelhos completos. Robert J. Miller editor,


Sonoma, Polebridge Press, 1992

117. Josephus, WarVH, x

118 Josephus, War III, IX & x

119. Juvenal, sátira XIV, 96

120. 4T252

121. 4T285

122. Josephus, Ant. VIII, x

123. Josephus, guerra VI, II

124. Josephus, guerra VII, II.

125. Josephus, guerra VII. VI

126. Josephus, VII guerra, VI

127. Josephus, Ant. VIII, II — Nota: algumas edições são


impressas incorretamente "pé" em vez de "raíz"

128. Josephus, guerra VI, v

129. Mateus 24:3-44


130. Robert Eisenman, James, o irmão de Jesus, penquin,
1999, p 358

131. Josephus, prefácio à guerra

132. Josephus, IV guerra, III

133. Josephus, IV guerra, v

134. Mateus 23:35

135. William Whiston foi um matemático, teólogo e


linguista do século XVIII. Ele foi nomeado assistente de Sir
Isaac Newton em 1701 e publicou uma edição de Euclides
para o uso do estudante naquele tempo. Em 1703 ele
sucedeu Newton como Professor lucasiano. Ele caiu com
Newton sobre suas diferentes interpretações da Bíblia. A
cosmologia de Whiston conflitou com Newton em que ele
acreditava que Deus interveio diretamente na vida dos
homens, um entendimento que ele obteve de suas leituras
de Josephus, cujas obras ele traduziu. Sua tradução inglesa
de Josephus está ainda na cópia e é a tradução usada durante
todo este trabalho.

136. R. Brown, segunda vinda de Cristo, será pré-milenar?


1858, p 435

137. Josephus, V guerra, IV

138. Josephus, guerra V, III

139. Josephus, guerra VI, v

140. Eusébio, história eclesiástica III, VII


141. Josephus, VII guerra, x

142. Josephus, guerra VII, III

143. Josephus, VII guerra, XII

144. atos 4:6, 25:13

145. atos 1:18

146. Josephus, VII guerra, x

147. Zacharias 11:121

148. Mateus 27:9

149. Malaquias 3:1-2

150. David S. Dockery, interpretação bíblica então e agora,


1992, p 33

151. lQpHab, 4Q169 etc.

152. Josephus, Ant. XVII, IV

153. Mary Douglas, Levítico como literatura, 2000, PP 234-


40

154. Josephus, guerra VII, III

155. Livy, a história de Roma VIII, IX

156. atos 25:27-32

157. para uma discussão Ver Albert a Bell, "Josephus o


satirista? Um indício ao formulário original do
Testimonium Flavianum, “Jewish Quarterly Review”,
67,1976, pp 16-22, 67, 1976, PP 16-22

158. Josephus, War V, Oi

159. Josephus, Ant. XVII, III

160 Josephus, II Guerra, IV

161. Josephus, Guerra (Prefácio), I

162. Josephus, V guerra, IV

163.2 cor 7:6-15

164. Brian Jones, o Imperador Titus, St. Martin ' s Press,


1984, p 152

165. Josephus, guerra V, II

166. Josephus, VII guerra, x

167. Santo Agostinho, os padres nicenos e pós-nicenos


IIIV1I

168. Josephus, Ant. X, IV

169. Josephus, guerra I, II

170. Brian Jones, o Imperador Titus, St. Martin ' s Press,


1984, p 45

171. Suetonius, vEsp. 5

172. Daniel 9:24

173. Daniel 9:25


174. Daniel 9:26

175. Daniel 9:27

176. Josephus, guerra VI, II

177. Eusébio, história eclesiástica III, v

178. Mateus 24:15

178. Daniel 12:11

180. Josephus, guerra VI, II

181. Josephus, guerra X, XI

182. Josephus, Ant. X, III

183.1 Reis, 4:1-37, 42-44

184. Eusébio, história eclesiástica I, IV

185. Êxodo 32:28; & II cor. 3:16-18

186. atos 2:41

187. Josephus, VII guerra, IX

188. Josephus, VII guerra, IX

189. Josephus, V guerra, vi

190. juízes 13:1

191. Daniel 9:2

192. João 5:1


193. Josephus, V guerra, vi

194. Daniel 9:27

195 Josephus, II Guerra, VIII; Ant. XVIII, i

196. Josephus, VII guerra, VIII

197. Josephus, VII guerra, IX

198. Josephus, Ant. II, XIV (Êxodo 11-12)

199. João 1:29

200. Eusébio, história eclesiástica, VII. As previsões de


Cristo.

201. Lucas 2:1-5

202 Lucas 2:7, 2:16, 2:24

203. Lucas 3:10-14

204. Lucas 4:18

205. Lucas 12:13-2, 14:1-14

206. atos 2:44-45, 4:32-35

207. Lucas 16:14

208. ver B. QAMA 27 a ou Gittim I, 6

209. Joseph Klausner, Jesus de Nazaré, p 183

210. B. QAMA IV 5

211 Niddad 17a


212. Lev. R 9, Yeb II, 5

213. Joseph Klausner, Jesus de Nazaré, p 185

214.4T2469

215. Josephus, guerra V IV

216. Josephus, Ant. XII, VII

217. Sanh9:4

218. Josephus, II Guerra, XX

219. Eusébio, história eclesiástica III, XXXII; I-VI

220. Josephus, Ant. XX, v

221. documento de Damasco, XIV

222. regra da Comunidade, VIII

223. documento de Damasco, VI

224. regra da Comunidade, VIII

225. Robert Eisenman, Tiago, o irmão de Jesus, p 967

226. Robert Eisenman, Tiago, o irmão de Jesus, p 181

227. Josephus, II Guerra, XVII

228. Josephus, VI guerra, x

229 Josephus, II Guerra, XVII

230. Josephus, guerra VH, VIII


231. Josephus, VII guerra, VIII

232. Josephus, guerra i, i

233. Mateus 13:55

234. Fergus Millar, o Oriente próximo Romano, Harvard


University Press, 1993, p 372

235. Josephus, War VI, i

236. Josephus, VII guerra, IV

237. Josephus, VI guerra, VII

238. Josephus, VI guerra, VII

239. Josephus, VI guerra, VII

240. Josephus, VI da guerra, vi

241. Josephus, guerra VI, IV

242. Josephus, guerra VI, III

243. Josephus, VI da guerra, vi

244. Ben Sira 48:10-11

245. Reis 1:8 & 1 Reis 19:13

246. Reis 2:4-15

247. Malaquias4: l

248. Mateus 3:10


249. Malaquias 3:2

250. Josephus, guerra VI, v

251. João 4:6-21

252. Josephus, III Guerra, VII

253. Josephus, Ant. XVII, III

Bibliografia selecionada

Aland, Kurt, Matthew Black, Carlo M. Martini, Bruce M.


Metzger, e Allen Wikgren, EDS. O Novo Testamento
grego. 2ª ed. sociedades bíblicas Unidas, 1968.

Aland, Kurt, e Barbara Aland. O texto do novo testamento:


uma introdução às edições críticas e à teoria e prática da
crítica textual moderna. WM. B. Eerdmans Publishing
Company, 1995.

Brandon, S. G. F Jesus e os Zelotes. Filhos de Charles


Scribner, 1967.
Eisenman, Robert. Tiago, o irmão de Jesus, Penguin Books,
1997.
Eisenman, Robert, e Michael Wise. Pergaminhos do mar
morto descobertos. Penguin Books, 1992.

Josephus, Flavius. As obras de Josephus. Editores


Hendricks, 1987.

Klausner, Joseph. Jesus de Nazaré: sua vida, tempos, e


ensino.
Bradford e Dickens, 1925.

Millar, Fergus. O romano Próximo Oriente. Imprensa da


Universidade de Harvard, 1993.

O novo testamento, a versão autorizada do rei Jaime (King


James).
Tcherikover, Victor. A civilização helenística e os judeus.
Atheneum, 1970.

Sábio, Michael, Martin Abegg, Jr., e Edward Cook.


Pergaminhos do mar morto: uma nova tradução. Harper San
Francisco, 1996.

Sobre o autor

Joseph Atwill é um empresário bem-sucedido e um


estudante de longa data do cristianismo. Ele finalmente
virou a sua atenção em tempo integral para a pergunta
irritante sobre as origens cristãs, e foi entre as centenas de
livros que ele estudou que fez as descobertas marcantes
estabelecidas no Messias de César. Ele atualmente vive na
Califórnia com sua esposa e filhos, onde ele está
trabalhando em um segundo livro. Se você quiser entrar em
contato com Joseph Atwill, visite seu site em
www.caesarsmessiah.com.

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