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Direito Tributário para RFB-2015

Curso de Jurisprudência
Prof. Fábio Dutra- Aula 00

AULA 00: Conceito e Classificação dos Tributos

SUMÁRIO PÁGINA
Apresentação do Professor e Considerações sobre o Edital 01
Informações sobre o Curso 03
Cronograma do Curso 04
Conceito e Classificação dos Tributos 05
Espécies de Tributos 07
Lista das Questões Comentadas em Aula 29
Gabarito das Questões Comentadas em Aula 35

Apresentação do professor e considerações sobre o edital

Olá meu amigo(a)! Tudo bem com você?

Seja bem-vindo ao nosso curso de Direito Tributário


Jurisprudencial! É uma honra ter sido convidado para escrever este curso no
Estratégia Concursos, ao lado de grandes professores! A equipe do Estratégia,
atualmente, conta com os melhores profissionais do mercado.

Nosso curso é focado nos concursos da Receita Federal, preparando você


tanto para o cargo de Analista-Tributário como de Auditor-Fiscal!

A grande vantagem é que ainda não temos edital na praça, e como o


conteúdo é bastante extenso, a hora de se preparar é agora!

Se você está lendo esta aula demonstrativa é porque está de alguma


forma interessado pertencer aos quadros da RFB, correto?

Para motivá-lo ainda mais, lembre-se da remuneração inicial do cargo a


partir de Janeiro de 2015: R$ 16.116,64 para AFRFB e R$ 9.629,42 para
ATRFB.

No entanto, para que essa remuneração possa chegar até você, será
necessário se dedicar muito, pois a ESAF, a banca responsável pela
elaboração desse c oncurso, tem pegado c ada vez mais pesado em
suas provas!

No último certame, realizado em 2014 para Auditor-Fiscal, tive


notícias de diversos candidatos que não conseguiram alcançar o mínimo
em Direito

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Tributário. Sem dúvidas, a prova foi de altíssimo nível. Para fazer os mínimos
(40% da disciplina) foi necessário contar com uma boa e antecipada
preparação.

É por esse motivo que o candidato deve possuir diferenciais no momento


da prova. O nosso curso tem exatamente esta proposta: abordar os principais
entendimentos do STF e do STJ, relativos à disciplina de Direito Tributário.

Antes de eu apresentar como será o nosso curso, permita-se fazer uma


breve apresentação pessoal: meu nome é Fábio Dutra. Nasci no estado do Rio
de Janeiro, mas morei a maior parte da minha vida em Minas Gerais.

Sou pós-graduando em Direito Tributário. Fui aprovado no concurso de


Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil de 2012, tendo alcançado a 28a
posição nesse certame extremamente difícil.

Além disso, trabalho como especialista na orientação de candidatos para


concursos públicos da área fiscal federal, estadual e municipal, no site E-
concurseiro. Acredito que muitos já me conheçam de lá. Aos demais, será um
grande prazer tê-los como alunos.

Comprometo-me em oferecer um excelente trabalho, para


contribuir com a sua aprovação!

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Apresentação da Metodologia do Curso

Este curso tem como propósito facilitar a vida dos candidatos, que, por
terem tantos conteúdos a estudar, não possuem tempo suficiente para ficar
lendo os mais diversos julgamentos dos tribunais superiores.

Levando em consideração os temas que as bancas mais têm cobrado


em concursos, esse curso trará pra você os principais entendimentos que já
caíram em provas anteriores, bem como aqueles que possuem grandes
chances de serem cobrados nas próximas provas de Direito Tributário.

Sendo assim, nosso curso será bem prático, pois traremos diversas
questões abordando o posicionamento do STF ou do STJ. É certo que haverá
temas que, conforme foi dito, ainda não foram cobrados. Neste caso, vamos
elaborar questões inéditas, abordando o assunto da mesma maneira
que as bancas costumam cobrar.

Vamos bater em cima dos pontos mais cobrados e dos que possam vir a
ser cobrados, sempre chamando atenção para o que deve ser memorizado
para fins de prova.

Ressalto que alguns julgados, dada a clareza com que foram expostos
pelos tribunais, não receberão comentários, a fim de tornar a aula mais
enxuta! Caso você tenha dúvidas, não deixe de me acionar no fórum, ok?

Quero oferecer ainda, na última aula, um simulado de Direito


Tributário, abordando somente jurisprudência. Assim, o aluno terá
condições de verificar os tópicos que precisa estudar melhor.

Observação: Este curso não deve ser utilizado como único material de
estudo, pois se trata de um curso complementar. Se você está iniciando os
seus estudos ou deseja reforçar os seus conhecimentos de Direito Tributário,
recomendamos que adquira os cursop teóricos de minha autoria.

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Cronograma do Curso

Vamos verificar agora como será o cronograma de nossas aulas:

AULA ASSUNTO ABORDADO PUBLICAÇÃO


00 • Conceito e classificação dos tributos. 01/07
• Limitações constitucionais ao poder de tributar
01 16/07
(Parte I).
• Limitações constitucionais ao poder de tributar
02 01/08
(Parte II).

03 • Competência tributária; 16/08


• Impostos previstos na CF/88.
• Legislação tributária;
• Interpretação e integração da legislação
tributária;
04 • Obrigação tributária; 01/09
• Responsabilidade tributária.
• Crédito tributário e Lançamento;
• Suspensão da Exigibilidade do Crédito Tributário;
• Extinção do Crédito Tributário
• Exclusão do Crédito Tributário
05 • Garantias e privilégios do crédito tributário; 16/09
• Administração tributária;
• Simulado geral.

Perceba que o conteúdo foi dividido em várias aulas, o que deixa o


curso bem tranquilo. Assim, você pode utilizar este material como
complemento, sem alterar a sua programação! Compreendido?

Então, comecemos nosso curso!

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1 - CONCEITO E CLASSIFICAÇAO DOS TRIBUTOS

Vamos dar início ao primeiro tópico de hoje, tratando do conceito e


classificação dos tributos. Vejamos a primeira jurisprudência acerca desse
assunto:

"De efeito, a par das três modalidades de tributos (os impostos, as taxas e
as contribuições de melhoria) a que se refere o artigo 145 para declarar que
são competentes para instituí-los a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, os artigos 148 e 149 aludem a duas outras m odalidades
tributárias, para cuja instituição só a União é competente: os
em préstim os com pulsórios e as contribuições sociais, inclusive as de
intervenção no dom ínio econôm ico e de interesse das categorias
profissionais ou econôm ica."

(STF, Pleno, RE 146.733/SP, Rel. Min. Moreira Alves, Julgamento em


29/06/1992, Extrato do voto do relator)

A CF/88 adotou a teoria pentapartida. Dessa forma,


podemos dividir as espécies tributárias em: impostos,
taxas, contribuições de melhoria, empréstimos
compulsórios e contribuições especiais.

Questão 1 - FM P-R S/Procurador Estadual-AC/2012

Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal existem três espécies


tributárias em nosso Sistema Tributário Nacional: impostos, taxas e
contribuição de melhoria.

Comentário: Como podemos observar, o entendimento do STF é o de que


existem 5 espécies tributárias em nosso Sistema Tributário Nacional, e não
três como previsto no art. 5° do Código Tributário Nacional. A questão,
portanto, está errada.

Questão 2 - FD /IN ÉD ID A /2014

Tanto a Constituição Federal como o Código Tributário Nacional adotaram, de


acordo com entendimento pacificado no STF, a teoria tripartida.

Comentário: Na realidade, o CTN adotou a teoria tripartida, conforme está


previsto em seu art. 5°, mas a CF/88 já trouxe no seu texto originário a
previsão de 5 espécies tributárias. Portanto, a questão está errada.

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Se você já estudou Direito Tributário, com certeza deve ter ouvido falar
na tributação do rendimento decorrente de atividades ilícitas, correto? Sobre
ele, vejamos o seguinte julgado:

Sonegação fiscal de lucro advindo de atividade criminosa: "non olet".


Drogas: tráfico de drogas, envolvendo sociedades comerciais organizadas,
com lucros vultosos subtraídos à contabilização regular das empresas e
subtraídos à declaração de rendimentos: caracterização, em tese, de crime
de sonegação fiscal, a acarretar a competência da Justiça Federal e atrair
pela conexão, o tráfico de entorpecentes: irrelevância da origem ilícita,
mesmo quando criminal, da renda subtraída à tributação. A exoneração
tributária dos resultados econômicos de fato criminoso - antes de
ser corolário do princípio da moralidade - constitui violação do
princípio de isonomia fiscal, de manifesta inspiração ética.

(STF, , HC 77.530/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence,


Julgamento em 25/08/1998)

Sobre o princípio do pecunia non olet, vejamos a seguinte questão:

Questão 3 - CESPE/Juiz Federal-5a Região/2013 - Adaptada

De acordo com a CF, as normas gerais de direito tributário e a jurisprudência


do STJ e do STF, julgue o item a seguir: o CTN adota expressamente o
princípio do non olet, cuja aplicação implica tributação do produto da atividade
ilícita, bastando, para tanto, que a hipótese de incidência da obrigação
tributária se realize no mundo dos fatos.

Comentário: A questão trata do princípio denominado pecunia non olet, ou


seja, dinheiro não cheira. Segundo o entendimento do STF, não seria
isonômico tributar aqueles que ganham a vida honestamente, e exonerar
aqueles que praticam atividades ilícitas. Por esse motivo, a assertiva está
correta.

Questão 4 - ESAF/ACE-MDIC/2012

A renda obtida com o tráfico de drogas deve ser tributada, já que o que se
tributa é o aumento patrimonial, e não o próprio tráfico.

Comentário: De acordo com o art. 118, I, do CTN, A definição legal do fato


gerador é interpretada abstraindo-se da validade jurídica dos atos
efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem
como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Sendo assim, ao auferir
rendimentos, ocorre o fato gerador do imposto de renda, devendo ser cobrado,
mesmo que decorra de atividade ilícita. Esse tem sido o entendimento do STF
a respeito do tema. Questão correta.

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Preste atenção, agora, neste detalhe:

Súmula STJ 353 - As disposições do Código Tributário Nacional não se


aplicam às contribuições para o FGTS.

Questão 5 - CESPE/Analista Jud. - 2a Região/2012

As contribuições para a Previdência Social e para o Fundo de Garantia do


Tempo de Serviço, dentre outras, é de natureza tributária, aplicando-se-lhes
as normas gerais de Direito Tributário na sua cobrança e instituição.

Comentário: As contribuições para a Previdência Social são sim tributos, mas


o mesmo não podemos dizer em relação ao Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço - FGTS -, eis que o STJ já até cristalizou o seu entendimento na
Súmula 353. O fato de as disposições do CTN (lei que dispõe sobre as normas
gerais em matéria tributária) não se aplicarem ao FGTS significa que este
fundo não é reconhecido como exação de natureza tributária. Dessa forma, a
questão está errada.

2 - ESPÉCIES DE TRIBUTO

2.1 - Impostos

Veremos, em aula própria, cada um dos impostos previstos na CF/88 e


seus respectivos entendimentos jurisprudenciais.

2.2 - Taxas

Comecemos a falar sobre as taxas, abordando as taxas de polícia:

"O texto constitucional diferencia as taxas decorrentes do exercício do poder


de polícia daquelas de utilização de serviços específicos e divisíveis,
facultando apenas a estas a prestação potencial do serviço público. A
regularidade do exercício do poder de polícia é imprescindível para a
cobrança da taxa de localização e fiscalização. À luz da
jurisprudência deste STF, a existência do órgão administrativo não é
condição para o reconhecimento da constitucionalidade da cobrança
da taxa de localização e fiscalização, mas constitui um dos
elementos admitidos para se inferir o efetivo exercício do poder de
polícia, exigido constitucionalmente. É constitucional taxa de renovação de
funcionamento e localização municipal, desde que efetivo o exercício do
poder de polícia, demonstrado pela existência de órgão e estrutura
competentes para o respectivo exercício, tal como verificado na espécie

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quanto ao Município de Porto Velho/RO."

(STF, Plenário, RE 588.322/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, Julgamento em


16/06/2010, com repercussão geral.)

No mesmo sentido, temos o seguinte julgado:

EMENTA: TAXA DE LICENÇA PARA LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO.


EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA. ART. 145, II, DA CONSTITUIÇÃO. -
Ausência de prequestionamento - fundamento suficiente, que não restou
impugnado pela agravante. - A cobrança da taxa de localização e
funcionam ento, pelo Município de São Paulo, prescinde da efetiva
com provação da atividade fiscalizadora, diante da notoriedade do
exercício do poder de polícia pelo aparato adm inistrativo dessa
m unicipalidade. Precedentes. - Agravo regimental a que se nega
provimento.

(STF, 1a Turma, RE 222.252-AgR/SP, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgamento em


16/04/2001, com repercussão geral.)

Vejamos como a ESAF já cobrou tal assunto:

Questão 6 - ESAF/ISS-RJ-Agente de Fazenda/2010

A exigência da taxa em decorrência do exercício do poder de polícia não mais


exige a concreta fiscalização por parte dos órgãos competentes, ou seja, a
simples regulação de certas atividades por meio de atos normativos também
caracteriza o exercício desse poder.

Com entário: Atualmente, o STF tem entendido que para a exigência da taxa
de polícia não é mais necessário que haja a efetiva fiscalização por parte dos
órgãos administrativos. Dessa forma, a existência de um órgão fiscalizador, ou,
no entender da ESAF, a simples re| ulação de certas atividades por meio de
atos normativos, também caracteriza o exercício regular do poder de polícia.
Portanto, a questão está correta.

Outro tema farto de jurisprudência diz respeito à distinção entre taxas e


tarifas ou preços públicos. Pela relevância do assunto, abordaremos, a seguir,
vários entendimentos dos tribunais:

"Taxa e preço público diferem quanto à compulsoriedade de seu pagamento.


A taxa é cobrada em razão de uma obrigação legal enquanto o preço
público é de pagamento facultativo por quem pretende se beneficiar
de um serviço prestado."

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(STF, Plenário, RE 556.854/AM, Rel. Min. Cármen Lúcia, Julgamento em


30/06/2011)

O caráter facultativo é um dos elementos diferenciadores das tarifas/preços


públicos das taxas, tendo em vista que estas, pelo próprio conceito de tributo,
são prestações compulsórias.

Súmula STF 545 - Preços de serviços públicos e taxas não se confundem,


porque estas, diferentemente daqueles, são compulsórias e tem sua
cobrança condicionada a prévia autorização orçamentária, em relação a lei
que as instituiu.

Embora a súmula faça menção ao princípio da


anualidade, tal postulado não foi previsto na atual Carta
Magna. Dessa forma, a súmula teve sua parte final
prejudicada. Mesmo assim, o tema tem sido objeto de
provas.

Questão 7 - ESAF/ISS-RJ/2010

Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,


diferentemente daqueles, são compulsórias, e têm sua cobrança condicionada
à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.

Comentário: Perceba que foi cobrada a literalidade da súmula 545. A rigor, a


parte final dela está prejudicada, tendo em vista que a CF/88 não previu o
princípio da anualidade. Contudo, ainda assim a ESAF a considerou correta.
Isso nos mostra que esta banca tem forte apego à literalidade dos
entendimentos jurisprudenciais. Fique atento! A questão está correta.

Observe que a ESAF cobrou a mesma assertiva no concurso para ACE-


MDIC, realizado em 2012:

Questão 8 - ESAF/ACE-MDIC/2012

Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,


diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à
prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.

Comentário: Novamente, a ESAF cobra a questão sobre a súmula 545 do STF.


Preste atenção! Questão correta.

Sobre as tarifas de água, é importante saber que, para o STJ, é legítima


a cobrança de tarifas progressivas escalonadas de acordo com o consumo:

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Súmula STJ 407 - É legítima a cobrança da tarifa de água, fixada de acordo


com as categorias de usuários e as faixas de consumo.

Ainda sobre as tarifas, guarde o seguinte:

"EMENTA: (...) A tarifa de energia elétrica não é considerada de


natureza tributária. Sendo assim, o prazo prescricional é vintenário. (...)"

(STJ, REsp 30.847/SP, Rel. Min. Helio Mosimann, Julgamento em


02/10/1995)

Recentemente, o STF assim também decidiu:

"EMENTA: ÁGUA E ESGOTO - TARIFA VERSUS TAXA. A jurisprudência do


Supremo é no sentido de haver, relativamente ao fornecimento de
água e tratamento de esgoto, o envolvimento de tarifa e não de
taxa."

(STF, AI 753.964-AgR/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento em


15/10/2013)

Nesse contexto, podemos perceber que tanto o fornecimento de energia


elétrica como a prestação do serviço de água e esgoto não se submetem à
cobrança de tributos, mas sim de tarifas.

Questão 9 - ESAF/SEFAZ-SP-AFC/2009

Assinale a opção que representa uma taxa pública.


a) Serviço de água
b) Serviço de energia.
c) Serviço de esgoto.
d) Pedágio explorado diretamente ou por concessão.
e) Serviço postal.

Comentário: Vamos resolver esta questão por eliminatória, ok? De imediato,


com base no que acabamos de ver, as letras A, B e C estão erradas, pois são
serviços remunerados por tarifas. A letra D também está errada, pois o
pedágio só será taxa se for explorado diretamente pelo poder público (art.
150, V, CF/88). Se, ao contrário, for explorado mediante concessão, será
tarifa. Por último, só resta a letra E, sendo esta o gabarito da questão. A
melhor explicação para justificar esse posicionamento da ESAF é a de que o
serviço postal é de competência exclusiva da União (art. 21, X, da CF/88). Por
tal motivo, não pode ser explorado mediante delegação. Sendo assim, o
gabarito da questão é a letra E.

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Ainda sobre as taxas, há outros detalhes que precisamos ficar atentos,


quando o assunto é provas de concurso público. Senão, vejamos:

"Taxa: correspondência entre o valor exigido e o custo da atividade estatal. A


taxa, enquanto contraprestação a uma atividade do Poder Público,
não pode superar a relação de razoável equivalência que deve existir
entre o custo real da atuação estatal referida ao contribuinte e o
valor que o Estado pode exigir de cada contribuinte, considerados, para
esse efeito, os elementos pertinentes às alíquotas e à base de cálculo fixadas
em lei. Se o valor da taxa, no entanto, ultrapassar o custo do serviço
prestado ou posto à disposição do contribuinte, dando causa, assim, a uma
situação de onerosidade excessiva, que descaracterize essa relação de
equivalência entre os fatores referidos (o custo real do serviço, de um lado, e
o valor exigido do contribuinte, de outro), configurar-se-á, então, quanto a
essa modalidade de tributo, hipótese de ofensa à cláusula vedatória inscrita
no art. 150, IV, da CF. Jurisprudência. Doutrina."

(STF, ADI 2.551, Rel. Min. Celso de Mello, Julgamento em 02/04/2003)

Sobre a taxa de polícia, observe como o STF já decidiu:

"É condição constitucional para a cobrança de taxa pelo exercício de


poder de polícia a competência do ente tributante para exercer a
fiscalização da atividade específica do contribuinte.

Em termos gerais, por se tratar de competência comum, exercida


concomitantemente pela União, pelos estados (Distrito Federal) e pelos
municípios, as diversas iniciativas de fiscalização das atividades
potencialmente modificadoras do meio ambiente não são mutuamente
exclusivas (arts. 23, VI, 24, VI e VIII da Constituição e 6°, III da Lei
9.985/2000)."

(STF, RE 602.089-AgR/MG, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Julgamento em


24/04/2012)

Questão 10 - INÉDITA/FD/2014

Para que seja constitucional a cobrança de taxa pelo exercício do poder de


polícia, faz-se necessário que o ente federado seja competente para exercer tal
fiscalização.

Comentário: É dessa forma que o assunto deve ser encarado em provas de


concurso, pois é assim que o STF tem decidido recentemente. Aliás, ao
analisar o assunto em si, percebemos que é bem óbvio, concorda? A questão,
portanto, está correta.

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Ainda sobre as taxas, o CTN (art. 77, parágrafo único) afirma que as
taxas não podem ter base de cálculo idêntica às dos impostos. Sobre o
assunto, a CF/88 (art. 145, §2°) assevera que as taxas não podem ter base de
cálculo própria de impostos. E a jurisprudência? Qual o seu posicionamento?
Veja a seguir:

Súmula Vinculante STF 29 - É constitucional a adoção no cálculo do valor


de taxa de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado
imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra.

Questão 11 - PUC-PR/JUIZ-TJ-RO/2011

é constitucional a adoção, no cálculo do valor da taxa, de um ou mais


elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não
haja integral identidade entre uma base e outra.

Comentário: Essa questão cobra a literalidade da Súmula Vinculante 29 do


STF. Segundo a CF/88 (art. 145, §2°), as taxas não poderão ter base de
cálculo própria de impostos. Podemos dizer que tal súmula vem, na realidade,
explicar o que foi dito no texto constitucional. Questão correta.

Súmula STF 595 - É inconstitucional a taxa municipal de conservação de


estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica a do imposto
territorial rural.

Vejamos como a súmula já foi cobrada em prova:

Questão 12 - VUNESP/OAB-SP/2007

Com o objetivo de viabilizar financeiramente a conservação de estradas de


rodagem, foi editada lei municipal instituindo taxa de conservação a ser
cobrada dos proprietários de imóveis sediados na zona rural, tendo como base
de cálculo o número de hectares de propriedade do contribuinte. A aludida
taxa é inconstitucional, dentre outras razões, por determinar base de cálculo
típica de imposto.

Comentário: É vedado que as taxas tenham base de cálculo própria de


imposto. Além disso, cabe ressaltar outro argumento que torna a referida taxa
inconstitucional: não há especificidade e divisibilidade nesta prestação de
serviços. A questão está correta.

"A escolha do valor do monte-mor como base de cálculo da taxa judiciária


encontra óbice no art. 145, § 2°, da CF, visto que o monte-mor que
contenha bens imóveis é também base de cálculo do imposto de

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transmissão causa mortis e inter vivos."

(STF, Plenário, ADI 2.040-MC, Rel. Min. Maurício Corrêa, Julgamento em


15/12/1999)

Observação: Monte-mor significa o valor total dos bens a partilhar deixados


por pessoa falida.

Questão 13 - ESAF/PROC.-PGDF/2007

é constitucional a escolha do valor do monte-mor (inventário) como base de


cálculo da taxa judiciária, por não afrontar o artigo 145, § 2°, da CF.

Comentário: Se não é possível que as taxas tenham base de cálculo própria


de imposto, também não é possível que a taxa judiciária tenha como base de
cálculo o valor do monte-mor (total da herança). Questão errada.

"EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE COLETA DE LIXO:


BASE DE CÁLCULO. IPTU. MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS, S.P. I. - O fato de
um dos elementos utilizados na fixação da base de cálculo do IPTU -
a metragem da área construída do imóvel - que é o valor do imóvel
(CTN, art. 33), ser tomado em linha de conta na determinação da
alíquota da taxa de coleta de lixo, não quer dizer que teria essa taxa
base de cálculo igual à do IPTU: o custo do serviço constitui a base
imponível da taxa. Todavia, para o fim de aferir, em cada caso concreto, a
alíquota, utiliza-se a metragem da área construída do imóvel, certo que a
alíquota não se confunde com a base imponível do tributo. Tem-se, com isto,
também, forma de realização da isonomia tributária e do princípio da
capacidade contributiva: C.F., artigos 150, II, 145, § 1°. II. - R.E. não
conhecido."

(STF, RE 232.393/SP, Rel. Min. Carlos Velloso, 12/08/1999)

Vejamos uma questão que aborda essa jurisprudência:

Questão 14 - CESPE/CONS. LEG.-CAM. DEPUTADOS/2002

A taxa de lixo domiciliar que, entre outros elementos, toma por base de cálculo
o metro quadrado do imóvel, preenche os requisitos da constitucionalidade,
atendidos os princípios da isonomia tributária e da capacidade contributiva,
ainda que o IPTU considere como um dos elementos para fixação de sua base
de cálculo a metragem da área construída.

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Comentário: Perceba que o fato de a taxa tomar o metro quadrado do imóvel


como um de seus elementos não torna a base de cálculo da taxa de lixo
idêntica à do IPTU. Por esse motivo, a questão está correta.

"A Corte adota entendimento no sentido da inconstitucionalidade da


cobrança da Taxa de Licença de Localização e de Funcionamento pelos
municípios quando utilizado como base de cálculo o número de empregados.

(STF, RE 614.246-AgR/SP, Rel. Min. Dias Tóffoli, Julgamento em


07/02/2012)

De acordo com a mesma Corte (RE 202.393/RJ), "não se coaduna com


a natureza do tributo o cálculo a partir do número de empregados".

Súmula Vinculante STF 12 - A cobrança de taxa de matrícula nas


universidades públicas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição
Federal.

"Em face do art. 144, caput, V e parágrafo 5°, da Constituição, sendo a


segurança pública, dever do Estado e direito de todos, exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, através, entre outras, da polícia militar, essa atividade do
Estado só pode ser sustentada pelos impostos, e não por taxa, se for
solicitada por particular para a sua segurança ou para a de terceiros, a título
preventivo, ainda quando essa necessidade decorra de evento aberto ao
público."

(STF, Plenário, ADI 1.942-MC, Rel. Min. Moreira Alves, Julgamento em


05/05/1999)

Questão 15 - ESAF/PROC.-PGDF/2007

Os serviços gerais prestados por órgãos de Segurança Pública não podem ser
sustentados por taxas. Essa atividade pública, por sua natureza, deve ser
retribuída, genericamente, por impostos.

Comentário: Os serviços gerais não são considerados específicos e divisíveis,


não podendo, portanto, ser custeado por taxas. Nesse sentido, são
remunerados pelos impostos, tributo cujo fato gerador é uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte
(CTN, art. 16). Questão correta.

"É constitucional a destinação do produto da arrecadação da taxa de


fiscalização da atividade notarial e de registro a órgão público e ao próprio

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Poder Judiciário".

(STF, Plenário, ADI 3.151, Rel. Min. Ayres Britto, 08/06/2005)

"As custas, a taxa judiciária e os emolumentos constituem espécie tributária,


são taxas, segundo a jurisprudência iterativa do Supremo Tribunal Federal.
(...) Impossibilidade da destinação do produto da arrecadação, ou de
parte deste, a instituições privadas, entidades de classe e Caixa de
Assistência dos Advogados. Permiti-lo, importaria ofensa ao
princípio da igualdade. Precedentes do STF."

(STF, Plenário, ADI 1.145, Rel. Min. Carlos Velloso, Julgamento em


03/10/2002)

O entendimento do STF é o de que não se pode destinar as taxas para


(custas e emolumentos) a entidades de direito privado, como as entidades de
classe, por exemplo. Noutro sentido, seria a destinação ao próprio Poder
Judiciário, permitida pelo STF (ADI 2.059-PR).

Questão 16 - CESPE/JUIZ FEDERAL-TRF 5a REGIÃO/2011

Consoante a jurisprudência do STF, as custas, a taxa judiciária e os


emolumentos constituem espécies de preço público. Assim, é admissível que
parte da arrecadação obtida com essas espécies seja destinada a instituições
privadas, entidades de classe e caixas de assistência dos advogados.

Comentário: Essa questão pode ser descartada de imediata, pois ela


mencionada que a "taxa" judiciária constitui espécie de "preço público". Ora,
meu amigo, nós já estudamos que preço público e taxa não se confundem.
Você não pode confundir essa, ok? Além disso, perceba que não é possível
realizar tal destinação com os recursos arrecadados. Questão errada.

Vamos ver se você está "a f ado" agora: podemos destinar as taxas
(emolumentos) para modernizar o próprio Poder Judiciário? Veja o julgado a
seguir:

"Preceito de lei estadual que destina 5% dos emolumentos cobrados pelas


serventias extrajudiciais e não oficializadas ao Fundo Estadual de
Reaparelhamento e Modernização do Poder Judiciário - FUNDESP não
ofende o disposto no art. 167, IV, da CF. Precedentes. A norma
constitucional veda a vinculação da receita dos impostos, não
existindo, na Constituição, preceito análogo pertinente às taxas."

(STF, RE 570.513-AgR, Rel. Min. Eros Grau, Julgamento em 16/12/2008)

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Perceba que o foco da decisão é que as taxas não estão impedidas de


ter a arrecadação vinculada, como os impostos estão por meio do art. 167, VI.
Contudo, podemos entender também que é possível a destinação ao Poder
Judiciário, mas não para entidades de direito privado, como vimos acima!
Entendido?

Súmula Vinculante STF 19 - A taxa cobrada exclusivamente em razão dos


serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou
resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição
Federal.

Esta súmula vinculante teve como precedente o seguinte julgado:

Com efeito, a Corte entende como específicos e divisíveis os serviços


públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos
provenientes de imóveis, desde que essas atividades sejam
completamente dissociadas de outros serviços públicos de limpeza
realizados em benefício da população em geral (uti universi) e de
forma indivisível, tais como os de conservação e limpeza de logradouros e
bens públicos (praças, calçadas, vias, ruas, bueiros).

(STF, RE 576.321 RG-QO, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Julgamento em


04/12/2008)

Com base no que foi acima exposto, a ESAF propôs a seguinte


assertiva:

Questão 17 - ESAF/ACE-MDIC/2012

O Supremo Tribunal Federal entende como específicos e divisíveis, e passíveis


de tributação por meio de taxa, os serviços públicos de coleta, remoção e
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, desde
que essas atividades sejam complatamente dissociadas de outros serviços
públicos de limpeza realizados em benefício da população em geral (uti
universi) e de forma indivisível.

Comentário: Esse tem sido o entendimento pacífico do STF. Acrescente-se


que o tema já possui uma súmula vinculante (Súmula Vinculante 19). A
questão está correta.

(...) Decorre daí que as taxas cobradas em razão exclusivamente dos


serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou
resíduos provenientes de imóveis são constitucionais, ao passo que é
inconstitucional a cobrança de valores tidos como taxa em razão de
serviços de conservação e limpeza de logradouros e bens públicos.

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(...)

(STF, RE 576.321/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Julgamento em


04/12/2008)

Não confunda! Permite-se a cobrança da taxa de coleta


domiciliar de lixo, mas não taxa sobre serviço de limpeza
de logradouros e bens públicos!

Questão 18 - CESPE/JUIZ FEDERAL-TRF 5a REGIÃO/2011

A cobrança de taxa exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta,


remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de
imóveis não viola o texto constitucional.

Comentário: Novamente, o tema é prova. Não restam dúvidas que a


famigerada taxa de lixo é constitucional! Questão correta.

EMENTA: TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE


INSTRUMENTO. TAXA JUDICIÁRIA. BASE DE CÁLCULO O VALOR DA CAUSA
OU DA CONDENAÇÃO. OFENSA AO PRINCÍPIO DO LIVRE ACESSO AO
JUDICIÁRIO. INEXISTÊNCIA. AGRAVO IMPROVIDO. I - É legítima taxa
judiciária que tenha base de cálculo o valor da causa ou da
condenação. Precedentes. II - A simples circunstância de não haver sido
estipulado um teto-limite para a taxa judiciária não constitui razão suficiente
para que se tenha por violado o princípio do livre acesso ao Poder Judiciário.
III - Agravo regimental improvido.

(STF, AI 564.642-AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 30/06/2009)

Com base no exercício regular do poder de polícia, o STF também já


decidiu ser constitucional a taxa de fiscalização de anúncios, cobrada pelo
Município de Belo Horizonte:

"EMENTA: TRIBUTÁRIO. MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE. TAXA DE


FISCALIZAÇÃO DE ANÚNCIOS (TFA). CONSTITUCIONALIDADE. De
presumir-se a efetividade da fiscalização exercida pelos agentes da
Municipalidade de Belo Horizonte, uma das maiores do País, no controle da
exploração e utilização da publicidade na paisagem urbana, com vista a
evitar prejuízos à estética da cidade e à segurança dos munícipes.
(...)"

(STF, RE 216.207/MG, Rel. Min. Ilmar Galvão, 02/03/1999)

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Ainda abordando a jurisprudência da taxa, temos os seguintes


posicionamentos do STF:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. TAXA DE INCÊNDIO.


CONSTITUCIONALIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - É legítima a cobrança
da Taxa cobrada em razão da prevenção de incêndios, porquanto
instituída como contraprestação a serviço essencial, específico e
divisível. Precedentes. II - Agravo regimental improvido.

(STF, AI 677.891-AgR/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 17/03/2009)

Súmula STF 670 - O serviço de iluminação pública não pode ser


remunerado mediante taxa.

Questão 19 - CESPE/JUIZ FEDERAL-TRF 5a REGIÃO/2013

E possível a instituição de taxa sobre o serviço de iluminação pública.

Comentário: Conforme vimos, de acordo com o STF, não é possível que o


serviço de iluminação pública seja custeado por taxas, pois trata-se de serviço
prestado à população em geral, não atendendo aos requisitos de especificidade
e divisibilidade. A questão está errada.

Questão 20 - CESPE/ANALISTA JUD.-STJ/2012

Segundo entendimento do STF, o serviço de iluminação pública não pode ser


remunerado mediante taxa.

Comentário: Trata-se da literalidade da súmula 670 do STF, abordada


durante a aula. Questão correta.

Súmula STF 665 - É constitucional a Taxa de Fiscalização dos Mercados de


Títulos e Valores Mobiliários instituída pela Lei 7.940/89.

Questão 21 - ESAF/PROC.-PGDF/2007

É inconstitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores


mobiliários instituída pela Lei n. 7.940, de 1989, haja vista não ser conferido,
pelo ordenamento jurídico positivado, poder de polícia à Comissão de Valores
Mobiliários.

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Comentário: De acordo com o entendimento da Súmula 665 do STF, é


considerada constitucional a Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e
Valores Mobiliários. Questão errada.

A respeito da taxa judiciária, vamos entender um pouco sobre o histórico


de entendimentos do STF. Desde 1995, o STF já entendia que o valor da taxa
judiciária deveria ser proporcional ao custo da atividade estatal:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. TAXA JUDICIÁRIA.


NATUREZA JURÍDICA: TRIBUTO DA ESPÉCIE TAXA. PRECEDENTE DO STF.
VALOR PROPORCIONAL AO CUSTO DA ATIVIDADE DO ESTADO. Sobre o
tema da natureza jurídica dessa exação, o Supremo Tribunal Federal
firmou jurisprudência no sentido de se tratar de tributo da espécie
taxa (Representação 1.077). Ela resulta da prestação de serviço público
específico e divisível, cuja base de cálculo é o valor da atividade estatal
deferida diretamente ao contribuinte. A taxa judiciária deve, pois, ser
proporcional ao custo da atividade do Estado a que se vincula. E há
de ter um limite, sob pena de inviabilizar, à vista do valor cobrado, o
acesso de muitos à Justiça. (...)

(STF, ADI 948/GO, Rel. Min. Francisco Rezek, 09/11/1995)

A que limite a Suprema Corte se referia? Qual seria o limite que poderia
ser imposto como "teto" para cobrança da taxa judiciária? Em 2003, o STF
publicou a seguinte súmula:

Súmula STF 667 - Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a


taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.

Em 2009, há indícios que o entendimento do STF se tornou um pouco


mais flexível, no sentido de não haver necessidade de ser estipulado um "teto-
limite" para a referida taxa. Senão, vejamos:

EMENTA: TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE


INSTRUMENTO. TAXA JUDICIÁRIA. BASE DE CÁLCULO O VALOR DA CAUSA
OU DA CONDENAÇÃO. OFENSA AO PRINCÍPIO DO LIVRE ACESSO AO
JUDICIÁRIO. INEXISTÊNCIA. AGRAVO IMPROVIDO. I - É legítima taxa
judiciária que tenha base de cálculo o valor da causa ou da
condenação. Precedentes. II - A simples circunstância de não haver
sido estipulado um teto-limite para a taxa judiciária não constitui
razão suficiente para que se tenha por violado o princípio do livre
acesso ao Poder Judiciário. III - Agravo regimental improvido.

(STF, AI 564.642-AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 30/06/2009)

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"Como agir na prova, professor?" Vamos lá! Vou ensinar um esquema


pra matar as questões de prova sobre esse assunto:

• O valor das taxas, de um modo geral, deve


corresponder com o custo da atividade estatal prestada
ao contribuinte.
• É legítima a taxa judiciária cobrada sobre o valor
da causa.
• Como a ESAF se apega à literalidade das súmulas
dos tribunais, a Súmula 667 deve ser tomada como
verdadeira, se cobrada de forma literal.
• Se a questão cobrar o novo entendimento, sobre a
não previsão de "teto-limite", é muito provável que
se faça literalmente.

Questão 22 - FGV/JUIZ-TJ-MS/2008

Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada


sem limite sobre o valor da causa.

Comentário: O candidato deve ficar sempre atento às súmulas do STF e STJ,


pois, como você pode ver, elas são cobradas literalmente! Isso pode ser um
grande diferencial na hora da prova! Como previsto, a questão cobrou a
literalidade da Súmula 667 do STF. Questão correta.

Devemos acrescentar também que o STF (ADI/3.887-SP) também já se


posicionou no sentido de que é possível utilizar o valor do imóvel como
fator de referência para a cobrança de taxas aos cartórios para
transferir imóveis. Neste caso, não há que se falar em identidade de base de
cálculo com o IPTU e ITBI, tendo em vista que essa não é a base de cálculo da
referida taxa, mas tão somente um parâmetro para a cobrança do tributo
devido.

Por último, cumpre-nos destacar o recente entendimento do STF sobre


a inconstitucionalidade da denominada "taxa de alimentação" ou "anuidade-
alimentação":

EDUCAÇÃO - DIREITO FUNDAMENTAL - ARTIGOS 206, INCISO IV, E 208,


INCISO VI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - ENSINO PROFISSIONALIZANTE -
ESTADO - ALIMENTAÇÃO - COBRANÇA - IMPROPRIEDADE. Ante o teor dos
artigos 206, inciso IV, e 208, inciso VI, da Carta de 1988, descabe a
instituição pública de ensino profissionalizante a cobrança de
anuidade relativa à alimentação.

(STF, RE 357.148/MT, Primeira Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento

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em 25/02/2014)

A cobrança da referida "taxa" teria sido instituída por portarias


administrativas, violando claramente o princípio da ilegalidade.

2.3. Contribuições de Melhoria

"EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO


AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA. FATO
GERADOR: QUANTUM DA VALORIZAÇÃO IMOBILIÁRIA. PRECEDENTES. 1.
Esta Corte consolidou o entendimento no sentido de que a
contribuição de melhoria incide sobre o quantum da valorização
imobiliária. (...)"

(STF, AI 694.836, Rel. Min. Ellen Gracie, 24/11/2009)

Nesse contexto, para o STF, no que se refere à pavimentação de vias


públicas, a realização de pavimentação nova justifica a cobrança da
contribuição de melhoria. Contudo, o recapeamento configura serviço
de manutenção, não sendo razoável a cobrança do tributo ora em
análise.

Questão 23 - INÉDITA/FD/2014

Para a cobrança da contribuição de melhoria, basta que haja a realização de


uma obra pública.

Comentário: O fato gerador da contribuição de melhoria não ocorre com a


realização de uma obra pública, mas sim quando esta gere valorização
imobiliária para os contribuintes. Fique sempre atento a esses detalhes. As
bancas tentam distrair o candidato, ao mencionar o gasto da obra, sem levar
em consideração a valorização. Questão errada.

2.4. Empréstimos Compulsórios

Cumpre ressaltar, inicialmente, que os empréstimos


compulsórios são inegavelmente tributos. De acordo como vimos no
primeiro tópico, o STF (RE 146.733-9/SP) já se posicionou nesse sentido,
caracterizando-os como espécie tributária autônoma.

"EMENTA: EMPRESTIMO COMPULSORIO - AQUISIÇÃO DE COMBUSTIVEIS. O


empréstimo compulsório alusivo a aquisição de combustíveis - Decreto-Lei n.
2.288/86 mostra-se inconstitucional tendo em conta a forma de devolução -
quotas do Fundo Nacional de Desenvolvimento - ao invés de operar-se na

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mesma espécie em que recolhido (...)"

(STF, RE 175.385/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, 01/12/1994)

Sobre esse julgado, é importante guardar que a restituição do valor


recolhido a título de empréstimo compulsório deve ser feita na mesma
espécie em que foi recolhido.

Questão 24 - IN ÉD IT A /FD /2 01 4

Os empréstimos compulsórios não podem ser considerados tributos, pois sua


receita é temporária, visto que os recursos devem ser devolvidos aos
contribuintes.

Comentário: Já vimos que o STF considera o empréstimo compulsório um


tributo, correto? Além disso, eles foram inseridos dentro do capítulo que cuida
do Sistema Tributário Nacional, na CF/88. Por fim, vale ressaltar que a
necessidade de que as receitas sejam permanentes não foi mencionada no
conceito de tributo, estampado no art. 3° do CTN. A questão está errada.

2.5. Contribuições Especiais

"Todas as contribuições, sem exceção, sujeitam -se à lei


com plem entar de normas gerais, assim ao C.T.N. (art. 146, III, ex vi
do disposto no art. 149). Isto não quer dizer que a instituição dessas
contribuições exige lei complementar: porque não são impostos, não
há a exigência no sentido de que os seus fatos geradores, bases de
cálculo e contribuintes estejam definidos na lei com plem entar"

(STF, RE 148.754/RJ, Rel. Min. Carlos Velloso, 24/06/1993)

"O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido da


dispensabilidade de lei com plem entar para a criação das
contribuições de intervenção no dom ínio econôm ico e de interesse
das categorias profissionais.

(STF, AI 739.715, Rel. Min. Eros Grau, 26/05/2009)

A exigência de lei complementar é para instituir novas contribuições


(contribuições residuais). As contribuições já descritas na CF/88 podem ser
instituídas por lei ordinária.

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Questão 25 - ESAF/AFRFB/2009

Para a instituição de contribuições ordinárias (nominadas) de seguridade


social, quais sejam, as já previstas nos incisos I a IV do art. 195 da
Constituição, basta a via legislativa da lei ordinária, consoante o entendimento
pacificado do Supremo Tribunal Federal.

Comentário: Somente será exigido lei complementar para criar contribuições


de seguridade social não previstas no art. 195 da CF/88, consoante o disposto
no art. 195, § 4° da própria Constituição. Questão correta.

Súmula STF 688 - É legítima a incidência da contribuição previdenciária


sobre o 13° salário.

A referida súmula foi cobrada literalmente pelo CESPE:

Questão 26 - CESPE/JUIZ FEDERAL-TRF 1a REGIÃO/2009

O STF mantém entendimento de que não é legítima a incidência da


contribuição previdenciária sobre a gratificação natalina.

Comentário: De acordo com a Súmula 688 do STF, "é legítima a incidência da


contribuição previdenciária sobre o 13° salário" (gratificação natalina). Questão
errada.

Súmula STJ 458 - A contribuição previdenciária incide sobre a comissão


paga ao corretor de seguros.

Súmula STF 659 - É legítima a cobrança da COFINS, do PIS e do


FINSOCIAL sobre as operações relativas a energia elétrica, serviços de
telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.

Ressalte-se que o FINSOCIAL (Fundo de Investimento Social) foi extinto


e substituído pela PIS e COFINS na década de 90. No entanto, como já vimos,
se a assertiva "copiar e colar" a súmula, provavelmente ela estará correta.

Questão 27 - CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF ia REGIÃO/2009

No entendimento do STF, é legítima a cobrança da COFINS e do PIS sobre as


operações relativas a combustíveis e derivados de petróleo.

Comentário: De acordo com a Súmula 659 do STF, é legítima a cobrança de


tais contribuições sobre operações relativas a combustíveis e derivados de
petróleo, entre outros elencados na referida súmula. A questão está correta.

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Questão 28 - ESAF/AFR F/2005

E legítima a cobrança da COFINS e do PIS sobre as operações relativas à


energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo,
combustíveis e minerais do País.

Comentário: Percebam que essa questão é a literalidade da Súmula 659 do


STF, embora já tenha corrigido a parte que se refere ao FINSOCIAL. Não há
dúvidas, portanto, de que a questão está correta.

Ainda sobre as operações relativas a energia elétrica:

"É legítim o o repasse às tarifas de energia elétrica do valor


correspondente ao pagam ento da Contribuição de Integração Social -
PIS e da Contribuição para financiam ento da Seguridade Social -
COFINS devido pela concessionária."

(STJ, REsp 1.185.070, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 22/09/2010)

O STF também já se posicionou da seguinte forma sobre a base de


cálculo da COFINS:

"O conceito de receita bruta sujeita à incidência da COFINS envolve,


não só aquela decorrente da venda de m ercadorias e da prestação de
serviços, mas também a soma das receitas oriundas do exercício de
outras atividades em presariais."

(STF, RE 444.601, Rel. Min. Cezar Peluso, 07/11/2006)

Súmula STJ 423 - A Contribuição para Financiamento da Seguridade Social


- Cofins incide sobre as receitas provenientes das operações de locação de
bens móveis.

Grave isso! A COFINS incide sobre receita de locação de


bens MÓVEIS!

Questão 29 - ESAF/ACE-M DIC/2012

A Cofins - Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - constitui


espécie tributária prevista no art. 195, alínea b, da Constituição Federal, e tem
como base de cálculo a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica.

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Sobre ela, podemos afirmar que não incide sobre a receita oriunda da locação
de bens móveis, se esta não for a atividade econômica preponderante da
pessoa jurídica.

Comentário: Segundo a Súmula 423 do STJ, incide COFINS sobre as receitas


provenientes das operações de locação de bens móveis. Por esse motivo, a
questão está errada.

"CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. RECEITAS ORIUNDAS DE EXPORTAÇÃO.


ARTIGO 149, § 2°, I, DA CF. IMUNIDADE. CSLL. NÃO EXTENSÃO. RECEITA E
LUCRO. CONCEITOS DISTINTOS. RECURSO DESPROVIDO.1. A Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido incide sobre o lucro auferido pelas
empresas de exportação, mercê de a incidência não recair sobre as
receitas, tout court, considerando-se que o método analógico interpretativo
não pode gerar exclusão tributária."

(STF, RE 524.444, Rel. Min. Luiz Fux, 02/05/2011)

Questão 30 - INÉDITA/FD/2014

Não há incidência da CSLL sobre o lucro auferido pelas empresas de


exportação, eis que, se não há ônus tributário sobre as receitas de exportação,
também não deve haver sobre o lucro delas decorrente.

Comentário: Deve-se ter em mente que receita e lucro são conceitos


distintos. O fato de a regra ser a desoneração tributária sobre as operações de
exportações, não implica que o lucra advindo de tais transações também seja
imune. Questão errada.

Súmula STF 732 - É constitucional a cobrança da contribuição do salário-


educação, seja sob a Carta de 1969, seja sob a Constituição Federal de 1988,
e no regime da Lei 9.424/96.

"As contribuições cobradas pela OAB são créditos civis e como tal
submetem-se às regras pertinentes a esta seara jurídica".

(STJ, REsp 1.066.288, Rel. Min. Eliana Calmon, 09/12/2008)

As anuidades cobradas pela OAB NÃO são consideradas


tributos. No entanto, as anuidades cobradas pelos
demais conselhos de fiscalização profissionais são
consideradas tributos. Guarde isso!

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Questão 31 - INÉDITA/FD/2014

As contribuições cobradas pela OAB, da mesma forma que as cobradas pelos


demais conselhos de fiscalização profissionais, trata-se de tributo com
finalidade parafiscal.

Comentário: De acordo com o STJ, as contribuições cobradas pela OAB não


são tributos, como ocorre com as contribuições cobradas pelos demais
conselhos profissionais. Questão errada.

"E inconstitucional interpretação da Lei Orçamentária n° 10.640, de 14 de


janeiro de 2003, que implique abertura de crédito suplementar em rubrica
estranha à destinação do que arrecadado a partir do disposto no § 4° do
artigo 177 da Constituição Federal".

(STF, ADI 2.925, Rel. Min. Ellen Gracie, 19/12/2003)

Para facilitar o entendimento do julgado citado acima, lembre-se que o


art. 177, § 4°, da CF/88, trata da CIDE-Combustíveis. Nesse sentido, não é
permitido que seja dada destinação diferente das que deram ensejo à
instituição deste tributo.

Questão 32 - ESAF/ACE-MDIC/2012

No caso da contribuição de intervenção no domínio econômico, é considerada


inconstitucional a lei orçamentária no que implique desvio dos recursos das
contribuições para outras finalidades que não as que deram ensejo à sua
instituição e cobrança.

Comentário: Como vimos, o STF entende que não é permitido dar destinação
diversa aos recursos arrecadados pela CIDE. Assim, a questão está correta.

"A contribuição do SEBRAE é contribuição de intervenção no domínio


econômico, não obstante a lei a ela se referir como adicional às alíquotas
das contribuições sociais gerais relativas às entidades de que trata o art. 1°
do D.L. 2.318/86, SESI, SENAI, SESC, SENAC."

(STF, RE 396.266, Min. Carlos Velloso, 26/11/2003)

Além da contribuição do SEBRAE, também foram consideradas CIDEs os


seguintes tributos: Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante
(AFRMM) e Adicional de Tarifa Portuária (ATP).

Por outro lado, o STF (RE 138.284-8/CE) já se posicionou no


sentido de que as contribuições vertidas para os demais serviços

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sociais autonomos sao consideradas contribuições sociais gerais.
Foram citadas, no julgamento, as contribuições do SENAI, do SESI e do
SENAC.

Resumindo, podemos esquematizar o assunto da seguinte forma:

Vejamos mais uma questão sobre CIDE:

Questao 33 - CESPE/JUIZ FEDERAL-TRF 4a REGIÃO/2006

Segundo o Supremo Tribunal Federal, o Adicional ao Frete para Renovação da


Marinha (AFRRM) constitui Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
(CIDE).

Comentário: De fato, no entendimento do STF, o AFRMM é considerado


tributo, na modalidade CIDE. Por esse motivo, a questão está correta.

Por fim, no que se refere à Contribuição de Iluminação Pública, faz-se


necessário demonstrar o seguinte posicionamento da Suprema Corte:

I - Lei que restringe os contribuintes da COSIP aos consumidores de


energia elétrica do município nao ofende o princípio da isonomia,
ante a impossibilidade de se identificar e tributar todos os beneficiários do
serviço de iluminação pública.

II - A progressividade da alíquota, que resulta do rateio do custo da


iluminação pública entre os consumidores de energia elétrica, nao afronta
o princípio da capacidade contributiva.

III - Tributo de caráter sui generis, que não se confunde com um imposto,
porque sua receita se destina a finalidade específica, nem com uma taxa,
por não exigir a contraprestação individualizada de um serviço ao
contribuinte.

IV - Exação que, ademais, se amolda aos princípios da razoabilidade e da


proporcionalidade.

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V - Recurso extraordinário conhecido e improvido.

(STF, RE 573.675-SC, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, 25/03/2009)

Vamos para a nossa última questão da aula!

Questão 34 - INÉDITA/FD/2014

De acordo com o entendimento do STF, como o serviço de iluminação pública


beneficia toda população, afronta o princípio da isonomia restringir os
contribuintes apenas aos consumidores de energia elétrica.

Comentário: Como vimos, não é essa a posição do STF acerca do tema. Para
a Corte, "ante a impossibilidade de se identificar e tributar todos os
beneficiários do serviço de iluminação pública", é possível restringir o custeio
desse serviço aos consumidores de energia elétrica. Questão errada.

Nossa aula inicial e demonstrativa finaliza aqui. Nas próximas aulas,


teremos grandes aventuras no mundo do Direito Tributário.

Espero que tenha gostado da aula e que venha fazer parte da nossa
turma! Será um prazer fazer parte da sua trajetória como concurseiro.

Um abraço e até a próxima aula!

Prof. Fábio Dutra


Email: fabiodutra@estrategiaconcursos.com.br
Facebook: http://www.facebook.com/FabioDutraFS

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3 - LISTA DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA

Questão 1 - FMP-RS/Procurador Estadual-AC/2012

Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal existem três espécies


tributárias em nosso Sistema Tributário Nacional: impostos, taxas e
contribuição de melhoria.

Questão 2 - FD/INÉDIDA/2014

Tanto a Constituição Federal como o Código Tributário Nacional adotaram, de


acordo com entendimento pacificado no STF, a teoria tripartida.

Questão 3 - CESPE/Juiz Federal-5a Região/2013 - Adaptada

De acordo com a CF, as normas gerais de direito tributário e a jurisprudência


do STJ e do STF, julgue o item a seguir: o CTN adota expressamente o
princípio do non olet, cuja aplicação implica tributação do produto da atividade
ilícita, bastando, para tanto, que a hipótese de incidência da obrigação
tributária se realize no mundo dos fatos.

Questão 4 - ESAF/ACE-MDIC/2012

A renda obtida com o tráfico de drogas deve ser tributada, já que o que se
tributa é o aumento patrimonial, e não o próprio tráfico.

Questão 5 - CESPE/Analista Jud. - 2a Região/2012

As contribuições para a Previdência Social e para o Fundo de Garantia do


Tempo de Serviço, dentre outras, é de natureza tributária, aplicando-se-lhes
as normas gerais de Direito Tributário na sua cobrança e instituição.

Questão 6 - ESAF/ISS-RJ-Agente de Fazenda/2010

A exigência da taxa em decorrência do exercício do poder de polícia não mais


exige a concreta fiscalização por parte dos órgãos competentes, ou seja, a
simples regulação de certas atividades por meio de atos normativos também
caracteriza o exercício desse poder.

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Questão 7 - ESAF/ISS-RJ/2010

Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,


diferentemente daqueles, são compulsórias, e têm sua cobrança condicionada
à prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.

Questão 8 - ESAF/ACE-MDIC/2012

Preços de serviços públicos e taxas não se confundem, porque estas,


diferentemente daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à
prévia autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.

Questão 9 - ESAF/SEFAZ-SP-AFC/2009

Assinale a opção que representa uma taxa pública.


a) Serviço de água
b) Serviço de energia.
c) Serviço de esgoto.
d) Pedágio explorado diretamente ou por concessão.
e) Serviço postal.

Questão 10 - INÉDITA/FD/2014

Para que seja constitucional a cobrança de taxa pelo exercício do poder de


polícia, faz-se necessário que o ente federado seja competente para exercer tal
fiscalização.

Questão 11 - PUC-PR/JUIZ-TJ-RO/2011

é constitucional a adoção, no cálculo do valor da taxa, de um ou mais


elementos da base de cálculo próprig de determinado imposto, desde que não
haja integral identidade entre uma base e outra.

Questão 12 - VUNESP/OAB-SP/2007

Com o objetivo de viabilizar financeiramente a conservação de estradas de


rodagem, foi editada lei municipal instituindo taxa de conservação a ser
cobrada dos proprietários de imóveis sediados na zona rural, tendo como base
de cálculo o número de hectares de propriedade do contribuinte. A aludida
taxa é inconstitucional, dentre outras razões, por determinar base de cálculo
típica de imposto.

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Questão 13 - ESAF/PROC.-PGDF/2007

E constitucional a escolha do valor do monte-mor (inventário) como base de


cálculo da taxa judiciária, por não afrontar o artigo 145, § 2°, da CF.

Questão 14 - CESPE/CONS. LEG.-CAM. DEPUTADOS/2002

A taxa de lixo domiciliar que, entre outros elementos, toma por base de cálculo
o metro quadrado do imóvel, preenche os requisitos da constitucionalidade,
atendidos os princípios da isonomia tributária e da capacidade contributiva,
ainda que o IPTU considere como um dos elementos para fixação de sua base
de cálculo a metragem da área construída.

Questão 15 - ESAF/PROC.-PGDF/2007

Os serviços gerais prestados por órgãos de Segurança Pública não podem ser
sustentados por taxas. Essa atividade pública, por sua natureza, deve ser
retribuída, genericamente, por impostos.

Questão 16 - CESPE/JUIZ FEDERAL-TRF 5a REGIÃO/2011

Consoante a jurisprudência do STF, as custas, a taxa judiciária e os


emolumentos constituem espécies de preço público. Assim, é admissível que
parte da arrecadação obtida com essas espécies seja destinada a instituições
privadas, entidades de classe e caixas de assistência dos advogados.

Questão 17 - ESAF/ACE-MDIC/2012

O Supremo Tribunal Federal entende como específicos e divisíveis, e passíveis


de tributação por meio de taxa, os serviços públicos de coleta, remoção e
tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, desde
que essas atividades sejam completamente dissociadas de outros serviços
públicos de limpeza realizados em benefício da população em geral (uti
universi) e de forma indivisível.

Questão 18 - CESPE/JUIZ FEDERAL-TRF 5a REGIÃO/2011

A cobrança de taxa exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta,


remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de
imóveis não viola o texto constitucional.

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Questão 19 - CESPE/JUIZ FEDERAL-TRF 5a REGIÃO/2013

É possível a instituição de taxa sobre o serviço de iluminação pública.

Questão 20 - CESPE/ANALISTA JUD.-STJ/2012

Segundo entendimento do STF, o serviço de iluminação pública não pode ser


remunerado mediante taxa.

Questão 21 - ESAF/PROC.-PGDF/2007

É inconstitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores


mobiliários instituída pela Lei n. 7.940, de 1989, haja vista não ser conferido,
pelo ordenamento jurídico positivado, poder de polícia à Comissão de Valores
Mobiliários.

Questão 22 - FGV/JUIZ-TJ-MS/2008

Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada


sem limite sobre o valor da causa.

Questão 23 - INÉDITA/FD/2014

Para a cobrança da contribuição de melhoria, basta que haja a realização de


uma obra pública.

Questão 24 - INÉDITA/FD/2014

Os empréstimos compulsórios não podem ser considerados tributos, pois sua


receita é temporária, visto que os recursos devem ser devolvidos aos
contribuintes.

Questão 25 - ESAF/AFRFB/2009

Para a instituição de contribuições ordinárias (nominadas) de seguridade


social, quais sejam, as já previstas nos incisos I a IV do art. 195 da
Constituição, basta a via legislativa da lei ordinária, consoante o entendimento
pacificado do Supremo Tribunal Federal.

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Questão 26 - CESPE/JUIZ FEDERAL-TRF 1a REGIÃO/2009

O STF mantém entendimento de que não é legítima a incidência da


contribuição previdenciária sobre a gratificação natalina.

Questão 27 - CESPE/JUIZ FEDERAL/TRF ia REGIÃO/2009

No entendimento do STF, é legítima a cobrança da COFINS e do PIS sobre as


operações relativas a combustíveis e derivados de petróleo.

Questão 28 - ESAF/AFR F/2005

é legítima a cobrança da COFINS e do PIS sobre as operações relativas à


energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo,
combustíveis e minerais do País.

Questão 29 - ESAF/ACE-M DIC/2012

A Cofins - Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - constitui


espécie tributária prevista no art. 195, alínea b, da Constituição Federal, e tem
como base de cálculo a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica.
Sobre ela, podemos afirmar que não incide sobre a receita oriunda da locação
de bens móveis, se esta não for a atividade econômica preponderante da
pessoa jurídica.

Questão 30 - IN ÉD ITA /FD /2 01 4

Não há incidência da CSLL sobre o lucro auferido pelas empresas de


exportação, eis que, se não há ônus tributário sobre as receitas de exportação,
também não deve haver sobre o lucro delas decorrente.

Questão 31 - IN ÉD ITA /FD /2 01 4

As contribuições cobradas pela OAB, da mesma forma que as cobradas pelos


demais conselhos de fiscalização profissionais, trata-se de tributo com
finalidade parafiscal.

Questão 32 - ESAF/ACE-M DIC/2012

No caso da contribuição de intervenção no domínio econômico, é considerada


inconstitucional a lei orçamentária no que implique desvio dos recursos das
contribuições para outras finalidades que não as que deram ensejo à sua
instituição e cobrança.

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Questão 33 - CESPE/JUIZ FEDERAL-TRF 4 a REGIÃO/2006

Segundo o Supremo Tribunal Federal, o Adicional ao Frete para Renovação da


Marinha (AFRRM) constitui Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
(CIDE).

Questão 34 - IN ÉD ITA /FD /2 01 4

De acordo com o entendimento do STF, como o serviço de iluminação pública


beneficia toda população, afronta o princípio da isonomia restringir os
contribuintes apenas aos consumidores de energia elétrica.

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4 - GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA

1 ERRADA
2 ERRADA
3 CORRETA
4 CORRETA
5 ERRADA
6 CORRETA
7 CORRETA
8 CORRETA
9 Letra E
10 CORRETA
11 CORRETA
12 CORRETA
13 ERRADA
14 CORRETA
15 CORRETA
16 ERRADA
17 CORRETA
18 CORRETA
19 ERRADA
20 CORRETA
21 ERRADA
22 CORRETA
23 ERRADA
24 ERRADA
25 CORRETA
26 ERRADA
27 CORRETA
28 CO^ RETA
29 ERRADA
30 ERRADA
31 ERRADA
32 CORRETA
33 CORRETA
34 ERRADA

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AULA 01: Limitações Constitucionais ao Poder de


Tributar (Parte I)

SUMÁRIO PÁGINA
Observações sobre a aula 01
Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar 02
Princípios Constitucionais 03
Lista das Questões Comentadas em Aula 34
Gabarito das Questões Comentadas em Aula 40

Observações sobre a aula

Olá, concurseiro(a)! Tudo bem?

Seja muito bem-vindo ao nosso curso de Direito Tributário


Jurisprudencial! É um prazer conduzi-los rumo ao cargo de Auditor-Fiscal
da RFB! Esse é o momento certo de se preparar com calma para o próximo
concurso.

No que se refere ao nosso curso, estamos trabalhando muito para


fazer o melhor para você!

Na aula de hoje, estudaremos a primeira parte das limitações


constitucionais ao poder de tributar. Vamos tratar apenas dos princípios
constitucionais, sendo que as imunidades ficarão para a próxima aula (parte
II). Ok?

Comecemos!

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1- LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR

Dando início ao nosso primeiro tópico, vamos falar um pouco sobre as


limitações constitucionais ao poder de tributar.

"(...) 2. A Emenda Constitucional n. 3, de 17.03.1993, que, no art. 2.,


autorizou a União a instituir o I.P.M.F., incidiu em vício de
inconstitucionalidade, ao dispor, no parágrafo 2. desse dispositivo, que,
quanto a tal tributo, não se aplica "o art. 150, III, b e VI", da Constituição,
porque, desse modo, violou os seguintes princípios e normas imutáveis
(somente eles, não outros): 1. - o princípio da anterioridade, que e
garantia individual do contribuinte (art. 5., par.2., art. 60, par.4., inciso
IV e art. 150, III, b da Constituição); 2. - o princípio da imunidade
tributária reciproca (que veda a União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios a instituição de impostos sobre o
patrimônio, rendas ou serviços uns dos outros) e que e garantia da
Federação (art. 60, par.4., inciso I,e art. 150, VI, a, da C.F.);

(STF, Pleno, ADI 939/DF, Rel. Min. Sydney Sanches, 14/12/1993)

Perceba que neste julgado o STF considerou como cláusula pétrea o


princípio da anterioridade e a imunidade tributária recíproca. Ambos assuntos
serão abordados com maior profundidade em tópico específico e na próxima
aula, respectivamente. Por hora, é necessário que o candidato saiba da
existência dessas cláusulas pétreas.

QUESTÃO 01 - CESPE/MPE-RR/2008

Consoante jurisprudência firmada pelo STF, o poder que tem o Estado de


tributar sofre limitações que são tratadas como cláusulas pétreas. CORRETA

Comentário: Conforme o entendimento que expusemos acerca da


jurisprudência do STF sobre o tema, podemos concluir que a questão está
correta.

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2 - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

Estudaremos, a partir de agora, os princípios constitucionais.

2.1 - Princípio da Legalidade

No que se refere ao princípio da legalidade, é sabido que, quando se


trata de tributo, há que se respeitar a estrita legalidade para sua instituição ou
modificação. Isso quer dizer que se exige a edição de uma lei formal,
tramitada no âmbito do Poder Legislativo.

Com base nisso, as bancas gostam de cobrar os temas mais


polêmicos, como as medidas provisórias. Por esse motivo, vejamos os
julgados a seguir para saber tudo o que é necessário pra prova!

Com a Emenda Constitucional de n° 32/2001, tivemos a expressa


disposição sobre instituição ou majoração de impostos por meio de medidas
provisórias. Contudo, há que se destacar que tal possibilidade (instituir ou
modificar tributos) já havia sido prevista pelo STF antes mesmo da edição da
referida EC, conforme vemos a seguir:

"EMENTA: Recurso extraordinário. 2. Medida provisória. Força de lei. 3. A


Medida Provisória, tendo força de lei, é instrumento idôneo para instituir
e modificar tributos e contribuições sociais. Precedentes. 4. Agravo
regimental a que se nega provimento."

(STF, 2a T., AgR no AI 236.976/MG, Rel. Min. Néri da Silva, j. em


17/08/1999, DJ de 24/09/1999).

No mesmo sentido, temos o seguinte:

EMENTA: Agravo regimental em recurso extraordinário. 2. Aumento de


alíquota da contribuição social sobre o lucro - CSLL. Medida
provisória n° 1.807/99. Possibilndade. 3. Agravo regimental que se nega
provimento.

(STF, 2a T., AgR no RE 422.795/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. em


30/09/2008, DJe de 21/11/2008)

QUESTÃO 02 - INÉDITA/2014

De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, o Chefe do Poder


Executivo pode se valer de medidas provisórias para instituição ou aumento de
tributos, desde que obedecidos os requisitos constitucionais, pertinentes a tais
atos normativos.

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Comentário: Vimos que a jurisprudência do STF é pacífica nesse sentido.


Portanto, há a possibilidade de instituir ou majorar tributos por meio de
medidas provisórias. Questão correta.

Ainda sobre as medidas provisórias, vejamos como tem sido tratado o


conceito de relevância e urgência (requisito constitucional para edição das
MPs):

EMENTA: - Ação Direta de Inconstitucionalidade. Medida Provisória n°


111/89. Prisão Temporária. Pedido de liminar. - Os conceitos de
relevância e de urgência a que se refere o artigo 62 da Constituição,
como pressupostos para a edição de Medidas Provisórias, decorrem, em
princípio, do Juízo discricionário de oportunidade e de valor do
Presidente da República, mas admitem o controle judiciário quando
ao excesso do poder de legislar, o que, no caso, não se evidencia de
pronto. (...)

(STF, Pleno, Medida Cautelar na ADI 162/DF, Rel. Min. Moreira Alves, j. em
14/12/1989, DJ de 19/09/1997).

Veja também:

EMENTA:CONSTITUCIONAL. MEDIDA PROVISÓRIA:


/V
REEDIÇÃO: /V

POSSIBILIDADE. REQUISITOS DE RELEVÂNCIA E URGÊNCIA.


PREVIDENCIÁRIO: CONTRIBUIÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS AO PSSSP.
MEDIDA PROVISÓRIA n° 560, de 26.7.94. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
NONAGESIMAL: C.F., art. 195, § 6°. I. - Reedição de medida provisória não
rejeitada expressamente pelo Congresso Nacional: possibilidade. Precedentes
do STF: ADIns 295-DF, 1.397-DF, 1.516-RO, 1.610-DF, 1.135-DF. II. -
Requisitos de relevância e urgência: caráter político: em principio, a
sua apreciação fica por conta do Chefe do Executivo e do Congresso
Nacional. Todavia, se uma ou outra, relevância ou urgência,
evidenciar-se improcedente, no controle judicial, o Tribunal deverá
decidir pela ilegitimidade comstitucional da medida provisória.
Precedente: ADIn 162-DF (medida liminar), Moreira Alves, Plenário,
14.12.89; ADIn 1.397-DF, Velloso. RDA 210/294. III. (...).

(STF, 2a T., RE 217.162/DF, Rel. Min. Carlos Velloso, j. em 14/12/1998, DJ


de 26/02/1999)

Vejamos como esse assunto poderia ser tratado pelas bancas


examinadoras:

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Questão 03 - INÉDITA/2014

Os requisitos constitucionais de urgência e relevância, no que se refere à


edição de medidas provisórias, não pode, de forma alguma, ser apurado no
âmbito do Poder Judiciário, pois possuem caráter político.

Comentário: Como vimos acima, apesar de terem realmente caráter político,


os requisitos de urgência e relevância podem ser apurados pelo Poder
Judiciário, na hipótese de evidente excesso de poder de legislar, por parte do
Presidente da República. Questão errada.

Além das medidas provisórias, as bancas de concurso público,


cobram também as exceções ao princípio da legalidade, de acordo com
a jurisprudência da Suprema Corte. Veja:

EMENTA: TRIBUTÁRIO. ICMS. MINAS GERAIS. DECRETOS N.°S 30.087/89 E


32.535/91, QUE ANTECIPARAM O DIA DE RECOLHIMENTO DO TRIBUTO E
DETERMINARAM A INCIDÊNCIA DE CORREÇÃO MONETÁRIA A PARTIR DE
ENTÃO. ALEGADA OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE, DA
ANTERIORIDADE E DA NÃO-CUMULATIVIDADE. Improcedência da alegação,
tendo em vista não se encontrar sob o princípio da legalidade estrita e
da anterioridade a fixação do vencimento da obrigação tributária; já
se havendo assentado no STF, de outra parte, o entendimento de que a
atualização monetária do débito de ICMS vencido não afronta o princípio da
não-cumulatividade (RE 172.394). Recurso não conhecido.

(STF, 1a T., RE 195.218/MG, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. em 28/05/2002, DJ


de 02/08/2002)

A alteração do prazo de recolhimento do tributo pode ser


feita por ato infralegal, sem ofensa ao princípio da
legalidade!

Questão 04 - CESPE/AGU/2004

O prazo para o recolhimento do tributo, por se tratar de elemento que tem


repercussão na definição do montante a ser recolhido, deve ser definido em lei,
não podendo ser estabelecido tão somente em regulamento.

Comentário: Conforme entendimento expresso do STF, o prazo de


recolhimento do tributo não está sujeito ao princípio da legalidade, podendo,
portanto, ser alterado por ato infralegal. Dessa forma, a questão está errada.

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A atualização do valor monetário da base de cálculo foi


expressamente dispensada do princípio da legalidade pelo § 2° do art.
97 do CTN. Ressalte-se que não se deve confundir atualização com aumento
(aumento em percentual superior aos índices oficiais), este está sujeito a
edição de lei. Nesse sentido, o STJ sumulou o seguinte entendimento:

Súmula STJ 160 - É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante


decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária.

Por fim, o candidato deve ter ciência de que todos os elementos da


hipótese de incidência (material, espacial, pessoal, temporal e quantitativo)
devem ser previstos em lei.

Satisfeitos tais requisitos, é possível, de acordo com o STF,


complementar os conceitos abertos utilizados pelo legislador. Por exemplo,
definiram-se por meio de atos normativos infralegais os conceitos de
atividades preponderantes e grau de risco leve, médio e grave, que foram
previstos na Lei 8212/91, e que se refere à contribuição para custear o SAT.

EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO: SEGURO DE


ACIDENTE DO TRABALHO - SAT. (...) O fato de a lei deixar para o
regulamento a complementação dos conceitos de atividade
preponderante e grau de risco leve, médio e grave, não implica
ofensa ao princípio da legalidade genérica, C.F., art. 5°, II, e da
legalidade tributária, C.F., art. 150, I. IV. (...).

(STF, Pleno, RE 343.446/SC, Rel. Min. Carlos Velloso, j. em 20/03/2003, DJ


de 04/04/2003)

2.2 - Princípio da Isonomia

Esse é um dos princípios mais fartos de jurisprudência, no estudo do


Direito Tributário. Prestemos, pois, total atenção no que virá a seguir.

Em primeiro lugar, é importante sabermos que, embora o art. 145, §


1°, da CF/88, mencione expressamente apenas a submissão dos impostos ao
princípio da capacidade contributiva, o STF entende que tal postulado é
extensível a outras espécies tributárias, obedecendo, claro, as singularidades
de cada uma delas.

Nesse sentido, temos:

"IPVA. Progressividade. Todos os tributos submetem-se ao princípio da


capacidade contributiva (precedentes), ao menos em relação a um de
seus três aspectos (objetivo, subjetivo e proporcional),
independentemente de classificação extraída de critérios puramente

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econômicos."

(STF, RE 406.955-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 4-10­


2011, Segunda Turma, DJE de 21-10-2011)

Questão 05 - ESAF/SEFAZ-SP-APOF/2009

O princípio da capacidade contributiva aplica-se somente às contribuições.

Comentário: Neste caso, o candidato deve ter em mente que cada tributo
possui suas particularidades. Isso faz com que eles se submetam ao princípio
da capacidade contributiva de formas diferentes. O importante é saber que o
STF já mencionou que TODOS os tributos se submetem a este postulado. A
questão está errada.

Questão 06 - ESAF/SEFAZ-SP-APOF/2009

O princípio da capacidade contributiva aplica-se somente aos impostos.

Comentário: Novamente, temos uma questão que restringe o campo de


aplicação do princípio da capacidade contributiva. Lembre-se, segundo o STF,
ele se aplica a todos os tributos. Questão errada.

Questão 07 - CESPE/AGU/2004

Visando implementar a justiça fiscal, a CF consagra o princípio da capacidade


contributiva, segundo o qual os tributos devem ser graduados de acordo com a
capacidade econômica do contribuinte.

Comentário: A questão explica como se dá a aplicação do princípio da


capacidade contributiva. No entanto, observe que a questão se refere aos
tributos, de forma geral, e não aos irn postos, conforme preceitua a CF/88. Isso
não torna a questão incorreta, pois a interpretação do STF a respeito do
princípio da capacidade contributiva é ampla, conforme vimos. Questão
correta.

Na hora da prova, tenha muito cuidado com assertivas


literais em relação ao princípio da capacidade
contributiva (art. 145, § 1°). SEMPRE leia as demais
alternativas antes de tomar a decisão.

Destaque-se que, apesar de todos os tributos se submeterem ao princípio


da capacidade contributiva, isso ocorre de maneira distinta.

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Questão 08 - ESAF/SEFAZ-SP-APOF/2009

O princípio da capacidade contributiva aplica-se indistintamente a todas as


espécies tributárias.

Comentário: Conforme comentamos, apesar de todos os tributos se


submeterem ao referido princípio, a aplicação deste ocorre de maneira distinta,
pois cada tributo guarda consigo certas peculiaridades. Questão errada.

Sobre a progressividade de alíquotas, ressalte-se que não se confunde o


fato de as alíquotas do IPVA serem diferenciadas por tipo e por utilização do
veículo com progressividade. Veja este julgado:

"AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IPVA. LEI


ESTADUAL. ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS EM RAZÃO DO TIPO DO VEÍCULO.

1. Os Estados-membros estão legitimados a ditar as normas gerais


referentes ao IPVA, no exercício da competência concorrente prevista no
artigo 24, § 3°, da Constituição do Brasil.

2. O Supremo possui orientação no sentido de que não há tributo


progressivo quando as alíquotas são diferenciadas segundo critérios
que não levam em consideração a capacidade contributiva.

Agravo regimental a que se nega provimento".

(STF, RE 466.480-AgR/MG, Rel. Min. Eros Grau, 24/06/2008)

Ainda sobre a progressividade de alíquotas, veja o que diz a súmula 656


de lavra do STF:

SÚMULA STF 656 - É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas


progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis -
ITBI com base no valor venal do imóvel.

Questão 09 - CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012

Dado que o estabelecimento da progressividade de alíquotas constitui


instrumento a serviço do princípio da capacidade contributiva, entende o STF
ser constitucional lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de
transmissão inter vivos de bens imóveis, com base no valor venal do imóvel.

Comentário: O STF sumulou o seu entendimento (Súmula 656), afirmando no


texto desta que a progressividade de alíquotas no ITBI, com base no valor
venal do imóvel, são inconstitucionais. Questão errada.

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Da redação da súmula, em conjunto com o entendimento que tem sido


demonstrado pelo STF, percebemos que a Corte não admite a
progressividade de alíquotas para os impostos reais, salvo quando
houver expressa permissão do texto constitucional. Para o STF, não é
possível graduar impostos reais segundo a capacidade contributiva do
contribuinte.

Nesse contexto, o Supremo considera inconstitucional o seguinte:


/ }
SÚMULA STF 668 - é inconstitucional a lei municipal que tenha
estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas
progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da
função social da propriedade urbana.

No entanto, o ITCMD, embora tido como imposto real, possui


características que tornam possível graduá-lo conforme a capacidade
contributiva de cada um. Observe o julgado a seguir (um dos mais
importantes da aula):

"EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.


TRIBUTÁRIO. LEI ESTADUAL: PROGRESSIVIDADE DE ALÍQUOTA DE
IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO DE BENS
E DIREITOS. CONSTITUCIONALIDADE. ART. 145, § 1°, DA
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRINCÍPIO DA IGUALDADE MATERIAL
TRIBUTÁRIA. OBSERVÂNCIA DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO.".
(...)
Transcrição parcial do voto da Min. Ellen Gracie:
"Por revelar efetiva e atual capacidade contributiva inerente ao acréscimo
patrimonial, o imposto sobre transmissão "causa mortis", também conhecido
como imposto sobre heranças ou sobre a sucessão, é um imposto que bem
se vocaciona à tributação progressiva."

(STF, RE 562.045/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em


06/02/2013, publicado em 27/11/2013)

O STF entende que o ITCMD pode ser tributado com base


em alíquotas progressivas, por ser possível graduá-lo
conforme a capacidade contributiva de cada um.

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"EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONSTITUCIONAL.


TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE IMÓVEL TERRITORIAL E
URBANA. IPTU. PROGRESSIVIDADE. ALÍQUOTA ÚNICA. VARIAÇÃO DA BASE
DE CÁLCULO CONFORME A ESSENCIALIDADE OU A FRIVOLIDADE DO BEM
(TIPOS DE IMÓVEL PRECÁRIO, POPULAR, MÉDIO, FINO E LUXO). ÍNDICE
PRÓPRIO PARA MENSURAR A CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E DAR DIMENSÃO
EXTRAFISCAL À EXAÇÃO. UTILIZAÇÃO ANTES DA EC 29/2000.
IMPOSSIBILIDADE
(...)
O efeito extrafiscal ou a calibração do valor do tributo de acordo com
a capacidade contributiva não são obtidos apenas pela modulação da
alíquota. O escalonamento da base de cálculo pode ter o mesmo
efeito. 3. Ao associar o tipo de construção (precário, popular, médio, fino e
luxo) ao escalonamento crescente da avaliação do valor venal do imóvel, a
Lei 3.326/1996 do Município de Campo Grande passou a graduar o valor do
tributo de acordo com índice hábil à mensuração da frivolidade ou da
essencialidade do bem, além de lhe conferir mais matizes para definição da
capacidade contributiva. Impossibilidade, nos termos do texto constitucional
anterior à inovação trazida pela EC 29/2000. Agravo regimental ao qual se
nega provimento."

(STF, AI 583.636-AgR/MS, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 06/04/2010)

Em síntese, o escalonamento da base de cálculo é capaz também de


gerar o efeito extrafiscal do tributo ou calibrar este de acordo com a
capacidade contributiva.

Além disso, ressalte-se que associar o tipo de construção ao


escalonamento crescente do valor venal do imóvel significa conferir
progressividade fiscal ao IPTU, sendo esta vedada antes da EC
29/2000 (Súmula 668 do STF). No mesmo sentido, temos o AI 498.249-
AgR, que não vamos citá-lo para não tornar a aula prolixa.

A capacidade contributiva pode ser mensurada não só


pela aplicação de diferentes alíquotas, mas também pelo
escalonamento da base de cálculo.

Ainda temos muitas outras jurisprudências relevantes para fins de


concurso público, como as que vamos estudar a partir de agora!

"EMENTA : - Isenção de IPTU, em razão da qualidade de servidor


estadual do Agravante, postulada em desrespeito da proibição
contida no art. 150, II, da Constituição Federal de 1988."

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(STF, AI 157.871-AgR/RJ, Rel. Min. Octabio Gallotti, 15/09/1995)

Com base no entendimento do STF, fere o princípio da isonomia a


discriminação com base na função ou ocupação exercida.

EMENTA: ACÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. SISTEMA


INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS
MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE. CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DAS PROFISSÕES LIBERAIS. PERTINÊNCIA TEMÁTICA.
LEGITIMIDADE ATIVA. PESSOAS JURÍDICAS IMPEDIDAS DE OPTAR PELO
REGIME. CONSTITUCIONALIDADE. (...). 4. Não há ofensa ao princípio da
isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime
tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte
de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do SIMPLES
aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho
sem assistência do Estado. Ação direta de inconstitucionalidade julgada
improcedente.

(STF, Pleno, ADI 1.643/UF, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. em 05/12/2002, DJ


de 14/03/2003).

Questão 10 - ESAF/MDIC/2012

Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos


extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de
pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do
simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho
sem assistência do Estado.

Comentário: Não há como escapar, você vai ter que decorar isso. Tanto o
CESPE como a ESAF já cobraram. Fique ligado, pois é cópia parcial da Ementa
da ADI 1.643/UF. Questão correta. |

Questão 11 - CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013

Segundo o STF, não haverá ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei


complementar, por motivos extrafiscais, imprimir tratamento desigual a
microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributiva
distinta, afastando do regime diferenciado aquelas cujos sócios tenham
condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado.

Comentário: A questão faz cópia parcial da Ementa da ADI 1.643/UF. Repare


que a questão menciona lei complementar devido a reserva de lei
complementar prevista no art. 146, III, "d", inserida pela EC 42/03, não
existente à época do julgamento da ADI 1.643. Questão correta.

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Questão 12 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2011

Segundo a jurisprudência do STF, ofende o princípio da isonomia tributária a


instituição de lei que, por motivos extrafiscais, imprima tratamento desigual a
microempresas de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do
SIMPLES aquelas cujos sócios tenham condição de disputar o mercado de
trabalho sem auxílio estatal.

Comentário: A questão nega o que foi estabelecido no julgamento da ADI


1.643. Não há ofensa ao princípio da isonomia quando a lei imprime tal
tratamento diferenciado, por razões extrafiscais. Esse é o entendimento do STF
que você deve levar para a prova. Questão errada.

Sobre os incentivos fiscais, temos que:

Ementa: Ao instituir incentivos fiscais a empresas que contratam


empregados com mais de quarenta anos, a Assembléia Legislativa
Paulista usou o caráter extrafiscal que pode ser conferido aos tributos, para
estimular conduta por parte do contribuinte, sem violar os princípios da
igualdade e da isonomia.

(STF, ADI 1.276, Rel. Min. Ellen Gracie, 28/08/2002)

Questão 13 - ESAF/MDIC/2012

Viola o princípio da isonomia a instituição, por parte de lei estadual, de


incentivos fiscais a empresas que contratem empregados com mais de
quarenta anos.

Comentário: De acordo com o entendimento do STF, a lei estadual utilizou-se


de caráter extrafiscal para estimular certo comportamento por parte dos
contribuintes. Questão incorreta.

Vejamos outra mais uma jurisprudência já cobrada em provas de


concurso público sobre o princípio da isonomia:

EMENTA: PROCESSO CIVIL. MEDIDA CAUTELAR. EFEITO SUSPENSIVO A


RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. ADICIONAL. § 1° DO ART.
22 DA LEI N° 8.212/91. A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e
às entidades financeiras, no tocante à contribuição previdenciária
sobre a folha de salários, não fere, à primeira vista, o princípio da
isonomia tributária, ante a expressa previsão constitucional (Emenda

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de Revisão n° 1/94 e Emenda Constitucional n° 20/98, que inseriu o § 9° no


art. 195 do Texto permanente). Liminar a que se nega referendo. Processo
extinto.

(STF, AC 1.109-MC, Rel. Min. Marco Aurélio, 31/05/2007)

Sobre esse assunto, preciso que você guarde ainda o disposto no art.
195, § 9°, da CF/88: "As contribuições sociais previstas no inciso I do caput
deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão
da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-deobra, do porte da
empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho." Lembrem-se que
as referidas contribuições são aquelas a cargo do empregador.

Questão 14 - ESAF/MDIC/2012

Não se permite a distinção, para fins tributários, entre empresas comerciais e


prestadoras de serviços, bem como entre diferentes ramos da economia.

Comentário: Tal distinção é permitida, pois há previsão constitucional nesse


favor (art. 195, § 9°, da CF/88). Questão incorreta.

Questão 15 - ESAF/ISS-RJ/2010

A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no


tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, não fere o
princípio da isonomia tributária, ante a expressa previsão constitucional.

Comentário: De acordo com o art. 195, § 9°, da CF/88, permite-se que as


contribuições sociais a cargo do empregador tenham alíquotas ou bases de
cálculo diferenciadas em razão da atividade econômica, da utilização intensiva
de mão de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de
trabalho. Questão correta.

Questão 16 - ESAF/AFRFB/2012-ADAPTADA

Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue


o seguinte item: A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades
financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários,
fere o princípio da isonomia tributária.

Comentário: Veja como a ESAF gosta desse tipo de questão. Basta decorar o
art. 195, § 9° da CF/88, bem como o posicionamento da Suprema Corte acerca
deste assunto. É ponto certo na prova. Nesta, a banca afirmou que a
sobrecarga fere o princípio da isonomia. Questão errada.

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"EMENTA: (...) 1. A lei complementar estadual que isenta os membros


do Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais,
cartorárias e quaisquer taxas ou emolumentos fere o disposto no
artigo 150, inciso II, da Constituição do Brasil."

(STF, ADI 3.260, Rel. Min. Eros Grau, 29/03/2007)

O dispositivo constitucional mencionado na ementa trata mais uma vez


do princípio da isonomia.

Questão 17 - ESAF/AFRFB/2012-ADAPTADA

Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue


o seguinte item: Lei complementar estadual que isenta os membros do
Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e
quaisquer taxas ou emolumentos fere o princípio da isonomia.

Comentário: Conforme acabamos de estudar, tais isenções afrontam o


princípio da isonomia, conforme jurisprudência do STF. Questão correta.

EMENTA: Importação de automóveis usados. - Recentemente, o Plenário


desta Corte, ao julgar os RREE 203.954 e 202.313, firmou o entendimento
de que é inaceitável a orientação de que a vedação da importação de
automóveis usados afronte o princípio constitucional da isonomia,
sob a alegação de atuar contra as pessoas de menor capacidade
econômica, porquanto, além de não haver a propalada discriminação, a
diferença de tratamento é consentânea com os interesses fazendários
nacional que o artigo 237 da Constituição Federal teve em mira proteger, ao
investir as autoridades do Ministério da Fazenda no poder de fiscalizar e
controlar o comércio exterior.

(STF, RE 312.511, Rel. Min. Moreira Alves, 11/06/2002)

Veja como caiu em prova:

Questão 18 - ESAF/ISS-RJ/2010

A proibição de importação de veículos usados não configura afronta ao


princípio da isonomia.

Comentário: Não há qualquer ofensa ao princípio da isonomia, pois a vedação


de importação de veículos usados apenas restringe algo consentâneo com os
interesses fazendários nacional. Questão correta.

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Outro tema já cobrado em prova diz respeito à exclusão das operações


de arrendamento mercantil do campo de aplicação do regime de admissão
temporária, conforme a jurisprudência a seguir:

Violação do princípio da isonomia (art. 150, II da Constituição), na


medida em que o art. 17 da Lei 6.099/1974 proíbe a adoção do
regime de admissão temporária para as operações amparadas por
arrendamento mercantil. Improcedência. A exclusão do arrendamento
mercantil do campo de aplicação do regime de admissão temporária atende
aos valores e objetivos já antevistos no projeto de lei do arrendamento
mercantil, para evitar que o leasing se torne opção por excelência devido às
virtudes tributárias e não em razão da função social e do escopo empresarial
que a avença tem.

(STF, RE 429.306/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Julgado


em 01/02/2011)

A admissão temporária é um regime aduaneiro especial que permite a


importação, com suspensão total ou parcial de tributos, de bens que devam
permanecer no país sobre prazo fixado.

Para a Lei 6.099/74, as operações de arrendamento mercantil não se


confundem com o referido regime aduaneiro especial, estando sujeitas às
normas gerais de importação.

O STF também se posicionou no mesmo sentido, tendo em vista que se


assim não o fosse, as operações de arrendamento mercantil iriam se beneficiar
das vantagens tributárias oferecidas pelo regime de admissão temporária.

Questão 19 - ESAF/AFRFB/2012-ADAPTADA

Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue


o seguinte item: A exclusão do arrendamento mercantil do campo de aplicação
do regime de admissão temporária não constitui violação ao princípio da
isonomia tributária.

Comentário: De acordo com o que vimos, o STF entende que a exclusão do


arrendamento mercantil do campo de aplicação do regime aduaneiro especial
de admissão temporária não ofende o princípio da isonomia. Questão correta.

Questão 20 - ESAF/MDIC/2012

A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, veda o


tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
equivalente. Sobre esta isonomia tributária, é correto afirmar que o STF
entendeu inconstitucional, por ofensa a tal princípio, norma que proibia a

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adoção do regime de admissão temporária para as operações amparadas por


arrendamento mercantil.

Comentário: Opa! Você percebeu, caro candidato, que a ESAF tem cobrado
questões praticamente idênticas? Veja a importância do nosso curso para você
garantir um bom desempenho nas provas. Conforme já dissemos, tal proibição
não ofende o princípio da isonomia. Portanto, questão errada.

Por fim, destaque-se que o STF considerou inconstitucional parte da


Emenda Constitucional 41/2003, pois esta imprimia tratamento discriminatório
entre servidores públicos da União e os dos Estados, Municípios e do DF, no
que se refere ao limite a partir do qual incidiria contribuição previdenciária
sobre aposentadoria e pensões.

Observe a seguinte ementa:

EMENTAS: (...) Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e


pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária. Bases de
cálculo diferenciadas. Arbitrariedade. Tratamento discriminatório entre
servidores e pensionistas da União, de um lado, e servidores e
pensionistas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de
outro. Ofensa ao princípio constitucional da isonomia tributária, que é
particularização do princípio fundamental da igualdade. Ação julgada
procedente para declarar inconstitucionais as expressões "cinquenta por
cento do" e "sessenta por cento do", constantes do art. 4°, § único, I e II, da
EC n° 41/2003. Aplicação dos arts. 145, § 1°, e 150, II, cc. art. 5°, caput e §
1°, e 60, § 4°, IV, da CF, com restabelecimento do caráter geral da regra do
art. 40, § 18. São inconstitucionais as expressões cinquenta por cento do e
sessenta por cento do, constantes do § único, incisos I e II, do art. 4° da
Emenda Constitucional n° 41, de 19 de dezembro de 2003, e tal pronúncia
restabelece o caráter geral da regra do art. 40, § 18, da Constituição da
República, com a redação dada por essa mesma Emenda.

(STF, Pleno, ADI 3.105/DF, Rel. p/ Acórdão Min. Cezar Peluso, j. em


18/08/2004, DJ de 18/02/2005).

2.3 - Princípio da Irretroatividade

Para facilitar a sua compreensão do posicionamento dos tribunais a


respeito deste princípio, faz-se necessário conhecer dois importantes aspectos
da hipótese de incidência tributária: o aspecto material e o temporal.

O aspecto material se refere ao fato descrito na norma como ensejador


do surgimento da obrigação tributária. Por exemplo, o fato de auferir rendas
faz com que a pessoa se sujeite à tributação pelo Imposto de Renda. Já o
aspecto temporal da hipótese de incidência diz respeito ao momento em que a
lei considerar consumado o fato gerador da obrigação tributária. Por exemplo,

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o Imposto de Renda Pessoa Física tem o seu fato gerador ocorrido em 31 de


dezembro de cada ano, muito embora decorra de vários fatos isolados ao longo
do ano-calendário.

Por falar do Imposto de Renda, devemos levar em consideração que se


trata de um tributo complexivo, ou seja, é formado por um conjunto de fatos
que ocorridos durante determinado período (exercício financeiro).

Agora que você já entendeu tais conceitos, vamos à seguinte


jurisprudência:

EMENTA: Embargos de declaração acolhidos para complementar a


fundamentação do acórdão embargado e alterar a respectiva ementa, que
passa a ter o teor seguinte: "Contribuição social: correção monetária:
atualização pela UFIR: constitucionalidade do art. 79 da L. 8.383, de
30.12.91: precedentes. Se o fato gerador da obrigação tributária
relativa à contribuição social reputa-se ocorrido em 31 de dezembro,
conforme a orientação do STF, a lei que esteja em vigor nessa data é
aplicável imediatamente, sem contrariedade ao art. 5°, XXXVI, da
Constituição."

(STF, 1a T., ED no AgR no AI 333.209/PR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j.


em 02/03/2007, DJ de 30/03/2007).

Observação: a ementa se refere à CSLL, tributo que segue a mesma


sistemática de apuração e pagamento do Imposto de Renda.

Perceba, neste caso, que o STF adotou o aspecto temporal da


hipótese de incidência, pois, para o Tribunal, basta que a lei esteja vigente
na data da consumação do fato gerador para que se aplique a ele, bem como a
todos os eventos dos quais ele é composto.

Já tivemos um voto da Ministra Ellen Gracie, no sentido de que deve se


considerado o aspecto material da nipótese de incidência tributária, para que
seja respeitado o princípio da irretroatividade tributária.

Parece ainda cedo para dizermos que o STF já mudou o seu


posicionamento, mas, de qualquer forma, se o seguinte julgado for cobrado na
íntegra, você pode considerar a questão como correta:

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" É o aspecto material - e não o aspecto temporal da norma - que


deve ser considerado para fins de resguardo da irretroatividade e da
anterioridade da lei tributária (...). Havendo afirmação constitucional
expressa da irretroatividade da lei ao fato gerador, bem como da
anterioridade da lei tributária, e considerando-se que tais garantias
constituem desdobramentos inequívocos do princípio da segurança jurídica,
pode-se concluir que não tem lugar, no direito tributário brasileiro, a
chamada retroatividade imprópria."

(RE 587.008; Voto da Min. Ellen Gracie, Relator: Dias Toffoli, J. 02/02/2011,
DJ 05/05/2011)

No que se refere ao princípio da irretroatividade tributária, ainda


precisamos comentar a respeito da polêmica Súmula 584 do STF, cuja redação
é a seguinte:

SÚMULA STF 584 - Ao imposto de renda calculado sobre os rendimentos do


ano base aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser
apresentada a declaração.

O fato de essa súmula levar em consideração apenas o aspecto


temporal da hipótese de incidência traz à tona o conceito da retroatividade
imprópria (aplicação de uma lei sobre fatos iniciados no passado, mas que
ainda não foram concluídos).

O entendimento do STF tem sido a favor da aplicação da


Súmula 584, considerando o aspecto temporal da
hipótese de incidência tributária.

Embora ela tenha sido editada em 1976, já foi ratificada diversas vezes
pelo STF, mesmo após a CF/88. No entanto, não é assim que o STJ se
posiciona:

"A Súmula 584/STF está superada nos moldes colocados no seu


verbete, entendendo-se que na atual redação da CF/88 aplica-se ao
Imposto de Renda a lei vigente no ano antecedente, de modo a já estar ela
com plena eficácia no início do ano-base. (...)"

(STJ, EDcl no REsp 377.099/RS, Voto da Min. Relatora Eliana Calmon,


Julgado em 02/03/2004)

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De acordo com o STJ, a Súmula 584, do STF, já está


superada. As bancas de concurso público
normalmente seguem esse posicionamento! Fique
atento!

Questão 21 - ESAF/ATRFB/2009

O Supremo Tribunal Federal tem como referência, para análise da


irretroatividade, o aspecto temporal da hipótese de incidência, ou seja, o
momento apontado pela lei como sendo aquele em que se deve considerar
ocorrido o fato gerador.

Comentário: Perceba que essa questão (2009) foi elaborada antes do voto da
Ministra Ellen Gracie (2011), no qual é ressaltado a importância do aspecto
material da hipótese de incidência. Fiquemos atento às próximas questão que
possam versar sobre esse assunto. Questão correta.

Questão 22 - ESAF/ATRFB/2009

A lei instituidora ou majoradora de tributos tem de ser, como regra,


prospectiva; admite-se, porém, a sua retroatividade imprópria.

Comentário: Perceba que, mesmo o STF considerando ainda válida a Súmula


584, a ESAF entende que a retroatividade imprópria não é admitida, motivo
que fez a banca considerar esta questão como errada.

2.4 - Princípio da Anterioridade

O princípio da anterioridade está previsto no art. 150, III, b, da CF/88.


Segundo ele, é vedado cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que
haja sido publicada a lei que os instituiu ou os aumentou, ressalvadas as suas
exceções. Sobre tal princípio, temos as seguintes jurisprudências:

"O princípio da anterioridade da lei tributária, além de constituir limitação ao


poder impositivo do Estado, representa um dos direitos fundamentais
mais importantes outorgados pela Carta da República ao universo
dos contribuintes. (...)"

(STF, Pleno, ADI 939/DF, Voto do Min. Celso de Mello, Rel. Min. Sydney
Sanches, j. em 15/12/1993, DJ de 18/03/1994).

A interpretação conjunta dos art. 5 °, § 2° e do art. 60, § 4°, IV, ambos


da CF/88, permite-nos inferir claramente que o princípio da anterioridade
tributária é uma cláusula pétrea.

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Ainda sobre esse princípio, temos:

Súmula 669 STF - Norma legal que altera o prazo de recolhimento da


obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.

No mesmo sentido, a Suprema Corte também já decidiu:

"EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL.


PIS. FINSOCIAL. PRAZO DE RECOLHIMENTO. (...) A regra legislativa que
se limita simplesmente a mudar o prazo de recolhimento da
obrigação tributária, sem qualquer repercussão, não se submete ao
princípio da anterioridade. Recurso extraordinário conhecido e provido".
2. Precedentes de ambas as Turmas, nos quais têm sido rejeitados os
argumentos em contrário, ora renovados pela agravante. 3. Agravo
improvido."

(RE 274.949 AgR/SC, Primeira Turma, Rel. Min. Sydney Sanches, Julgado em
13/11/2001)

Além disso, há outras situações que não se submetem ao princípio da


anterioridade:

"EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO - MATÉRIA TRIBUTÁRIA -


SUBSTITUIÇÃO LEGAL DOS FATORES DE INDEXAÇÃO - ALEGADA OFENSA
ÀS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO ADQUIRIDO E DA
ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA - INOCORRÊNCIA - SIMPLES ATUALIZAÇÃO
MONETÁRIA QUE NÃO SE CONFUNDE COM MAJORAÇÃO DO TRIBUTO -
RECURSO IMPROVIDO."

(RE 200.844 AgR/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, Julgado em
25/06/2002)

De acordo com o STF, a redu ção ou extinção de desconto concedido


para pagamentos antecipados de tributos ou outras condições previstas em lei
não precisar respeitar o princípio abordado neste tópico:

"EMENTA: Medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade. 2. Art. 3°


da Lei n° 15.747, de 24 de dezembro de 2007, do Estado do Paraná, que
estabelece como data inicial de vigência da lei a data de sua publicação. 3.
Alteração de dispositivos da Lei n° 14.260/2003, do Estado do Paraná, a qual
dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA.
4. Alegada violação ao art. 150, III, alínea "c", da Constituição Federal. 5. A
redução ou a extinção de desconto para pagamento de tributo sob
determinadas condições previstas em lei, como o pagamento
antecipado em parcela única, não pode ser equiparada à majoração

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do tributo em questão, no caso, o IPVA. Não-incidência do princípio


da anterioridade tributária. 6. Vencida a tese de que a redução ou
supressão de desconto previsto em lei implica, automática e
aritmeticamente, aumento do valor do tributo devido. 7. Medida cautelar
indeferida.”

(ADI 4.016 MC/PR, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, Julgado em
01/08/2008)

Questão 23 - INÉDITA/2014

Determinado estado brasileiro decidiu conceder, em 2010, desconto de 5%


para pagamento antecipado do IPVA. No ano subseqüente, o referido estado
editou uma lei que reduzia o desconto concedido para 3%. De acordo com a
jurisprudência do STF, tal redução de desconto configura majoração de tributo.

Comentário: Como estudamos, o STF não entende dessa forma. Para a


Suprema Corte, redução de desconto não se enquadra no conceito de
majoração de tributos. A questão, portanto, está errada.

Por fim, no que se refere às revogações de isenções, eis o que é preciso


saber para encarar as provas de concursos públicos:

EMENTA: - CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO: REVOGAÇÃO.


PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE. I. - Revogada a isenção, o tributo
torna-se imediatamente exigível. Em caso assim, não há que se
observar o princípio da anterioridade, dado que o tributo já é
existente. II. - Precedentes do Supremo Tribunal Federal. III. - R.E.
conhecido e provido.

(RE 204.062/ES, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 19/12/1996)

Caro concurseiro, embora o nosso curso seja somente de


jurisprudência, chamo sua atenção para o art. 104, III, do CTN:

Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte


àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a
impostos sobre o patrimônio ou a renda:

III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser


de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo
178.

Sem nos aprofundarmos nisso, percebe-se que há certa divergência entre


o posicionamento do STF e a literalidade do CTN.

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Qual seguir na hora da prova?

Se a questão mencionar "impostos sobre patrimônio ou a renda" ou


disser apenas "segundo o CTN", siga o art. 104 do referido código. Por outro
lado, se a questão versar sobre a jurisprudência do STF, marquemos segundo
ela. Ok?

Vejamos questões nos dois sentidos:

Questão 24 - ESAF/TRF/2003

Os tributos não podem ser cobrados no mesmo exercício financeiro em que foi
publicado o ato legal que os criou ou majorou, com exceção de alguns
impostos, entrando em vigor no primeiro dia do exercício seguinte ao de sua
publicação os dispositivos de lei que criam ou majoram impostos sobre o
patrimônio ou a renda.

Comentário: Nesta questão, embora a banca tenha se referido ao primeiro


inciso do art. 104, é bom ficar atento ao fato de ter sido citado os "impostos
sobre o patrimônio ou a renda". A questão poderia ter abordado também o art.
104, III, do CTN. Questão correta.

Questão 25 - CESPE/AGU/2002

Segundo o Código Tributário Nacional, os dispositivos de lei que revoguem


isenções relativas a impostos sobre o patrimônio ou a renda somente entram
em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua
publicação, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte.

Comentário: Conforme eu disse, se a questão seguir a literalidade do art.


104, III, do CTN, deve ser considerada como correta. Questão correta.

Questão 26 - CESPE/AGU/2002

Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal as isenções não


condicionadas ou sem prazo definido podem ser revogadas a qualquer tempo
por lei e, uma vez revogada a isenção, o tributo volta a ser imediatamente
exigível, sendo impertinente a invocação do princípio da anterioridade.

Comentário: Neste caso, citou-se a jurisprudência do STF. Agora, faz-se


necessário resgatar o que aprendemos sobre isso. Se a questão mencionar o
posicionamento da Suprema Corte, considere como imediatamente exigível. No
que se refere ao fato de as isenções estarem incondicionadas ou sem prazo
definidos, leia o art. 178 do CTN, o qual será estudado em aula posterior.
Questão correta.

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Enfim, podemos dizer que não se submetem ao princípio da


anterioridade:

• Alteração do prazo para recolhimento da obrigação


tributária;
• Atualização monetária do tributo;
• Redução ou extinção de desconto concedido sob
determinadas condições previstas em lei (pagamento antecipado,
por exemplo);
• Revogação de isenção (observar sempre a literalidade
do art. 104, III, do CTN).

Além disso, há alguns casos que também não se submetem ao princípio


da legalidade. São eles:

• Alteração do prazo para recolhimento da obrigação


tributária;
• Atualização monetária do tributo.

2.5 - Princípio da Noventena

A necessidade de se obedecer ao prazo de 90 dias para se cobrar


tributos em geral somente surgiu com a EC 42/2003. Antes disso, tal prazo era
aplicável apenas às contribuições para financiamento da seguridade social (art.
195, § 6°, da CF/88).

Sobre este princípio, vejamos as principais jurisprudências dos


tribunais:

TRIBUTÁRIO. ICMS. MAJORAÇÃO DE ALÍQUOTA. PRORROGAÇÃO.


INAPLICABILIDADE DO PRAZO NONAGESIMAL (ARTIGO 150, III, C, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL). RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E
PROVIDO. 1. A Lei paulista 11.813/04 apenas prorrogou a cobrança do ICMS
com a alíquota majorada de 17 para 18%, criada pela Lei paulista
11.601/2003. 2. O prazo nonagesimal previsto no art. 150, III, c, da
Constituição Federal somente deve ser utilizado nos casos de criação
ou majoração de tributos, não na hipótese de simples prorrogação de
alíquota já aplicada anteriormente. 3. Recurso extraordinário conhecido e
provido para possibilitar a prorrogação da cobrança do ICMS com a alíquota
majorada.

(STF, RE 584.100/SP, Tribunal Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgado em


25/11/2009)

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Questão 27 - CESPE/DELEGADO/PF/2004 - ADAPTADA

Considere que a União tenha instituído a cobrança de CPMF durante o período


de 2 anos e, 1 mês antes de findar o prazo de vigência, em outubro, tenha
prorrogado a cobrança por mais 6 meses. Em face dessa consideração, julgue
o seguinte: a cobrança devida pela prorrogação não poderá ser realizada no
mesmo exercício financeiro, tendo em vista o princípio da anterioridade.

Comentário: Como vimos, a mera prorrogação de alíquota já aplicada


anteriormente não resulta em surpresa para o contribuinte, não sendo
necessário respeitar tal prazo para continuar a cobrança. Questão errada.

"EMENTA: - (...) O inciso I do art. 3° da Lei 7.787/89 não é fruto da


conversão do disposto no art. 5°, I, da Medida Provisória 63/89. E,
assim sendo, o período de noventa dias a que se refere o disposto no §
6° do art. 195 da Constituição Federal se conta, quanto a ele, a partir
da data da publicação da Lei 7.787/89, e não de 1° de setembro de
1989. - Isso implica dizer que o art. 21 dessa Lei 7.787/89 ( "Art. 21. Esta
Lei entra em vigor na data da sua publicação, produzindo efeitos, quanto a
majoração de alíquota, a partir de 1° de setembro de 1989") só é
constitucional se entendido - interpretação conforme a Constituição - como
aplicável apenas aquelas majorações de alíquota fruto de conversão das
contidas na Medida Provisória 63/89. Recurso extraordinário conhecido e
provido.

(STF, Pleno, RE 169.740/PR, Rel. Min. Moreira Alves, julgado em


27/09/1995, DJ de 17/11/1995).

Colega concurseiro, sabemos que é possível a edição de medidas


provisórias para instituir ou majorar tributos. No entanto, estando o tributo
sujeito ao princípio da noventena, a contagem desse prazo se inicia, via de
regra, a partir da publicação da MP.

Podemos dizer que a jurisprudência acima aborda a exceção, que


ocorre quando há mudanças significativas no texto da medida
provisória, fazendo com que o prazo nonagesimal se inicie com a
publicação da lei de conversão.

Questão 28 - CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013

Segundo o STF, o prazo da anterioridade nonagesimal começa a ser contado a


partir da promulgação da lei que resulte da conversão de medida provisória
editada, e não da publicação da medida provisória que institua ou modifique
contribuição.

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Comentário: Não, como eu expliquei, a regra é a contagem a partir da


publicação da medida provisória, salvo se houver alterações substanciais no
texto da lei de conversão. Questão errada.

Sobre o princípio da noventena, ainda podemos citar o seguinte


julgado:

Ementa: "(...) AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - IPI -


MAJORAÇÃO DA ALÍQUOTA - PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL
- LIMINAR - RELEVÂNCIA E RISCO CONFIGURADOS. Mostra-se relevante
pedido de concessão de medida acauteladora objetivando afastar a
exigibilidade da majoração do Imposto sobre Produtos
Industrializados, promovida mediante decreto, antes de decorridos
os noventa dias previstos no artigo 150, inciso III, alínea "c", da
Carta da República."

(STF, Pleno, ADI 4661 MC / DF, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgado em
20/10/2011, DJe de 23/03/2012).

Embora o art. 150, III, c, da CF/88 mencione que aplica-se o princípio


da noventena quando a "lei" instituir ou majorar tributos, devemos nos
lembrar que o fato de o IPI poder ser majorado por "decreto" (exceção ao
princípio da legalidade) não inibe a necessidade de respeitar o prazo
nonagesimal.

2.6 - Princípio do Não Confisco

Inicialmente, deve-se ter em mente que o que se coíbe com este


princípio é o efeito confiscatório que os tributos podem ter, ao onerarem
desproporcionalmente o patrimônio dos contribuintes.

Por esse motivo, grave que o efeito é confiscatório é subjetivo, não


havendo um valor constitucional ou legalmente estipulado como sendo o limite
para se tributar.

Vejamos os seguintes julgados:

Ementa: "(...) A proibição constitucional do confisco em matéria


tributária nada mais representa senão a interdição, pela Carta
Política, de qualquer pretensão governamental que possa conduzir,
no campo da fiscalidade, à injusta apropriação estatal, no todo ou em
parte, do patrimônio ou dos rendimentos dos contribuintes,
comprometendo-lhes, pela insuportabilidade da carga tributária, o
exercício do direito a uma existência digna, ou a prática de atividade
profissional lícita ou, ainda, a regular satisfação de suas
necessidades vitais (educação, saúde e habitação, por exemplo). A
identificação do efeito confiscatório deve ser feita em função da

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totalidade da carga tributária, mediante verificação da capacidade de que


dispõe o contribuinte - considerado o montante de sua riqueza (renda e
capital) - para suportar e sofrer a incidência de todos os tributos que
ele deverá pagar, dentro de determinado período, à mesma pessoa
política que os houver instituído (a União Federal, no caso),
condicionando-se, ainda, a aferição do grau de insuportabilidade econômico-
financeira, à observância, pelo legislador, de padrões de razoabilidade
destinados a neutralizar excessos de ordem fiscal eventualmente praticados
pelo Poder Público (...)"

(STF, Pleno, ADC 8 MC / DF, Rel. Min. Celso de Mello, Julgado em


13/10/1999)

Além de definir o conceito do princípio do não confisco, o julgado traz


ainda como deve ser identificado o efeito confiscatório:

É a soma de toda carga tributária a que o contribuinte


esteja sujeito em relação à mesma pessoa política,
dentro de determinado período.

Faz-se necessário conhecer ainda o seguinte julgado:

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONSTITUCIONAL.


TRIBUTÁRIO. VEDAÇÃO DO USO DE TRIBUTO COM EFEITO DE CONFISCO.
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO - II. AUMENTO DE ALÍQUOTA DE 4% PARA 14%.
DEFICIÊNCIA DO QUADRO PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE DE
REABERTURA DA INSTRUÇÃO NO JULGAMENTO DE RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. 1. A caracterização do efeito confiscatório
pressupõe a análise de dados concretos e de peculiaridades de cada
operação ou situação, tomando-se em conta custos, carga tributária
global, margens de lucro e condições pontuais do mercado e de
conjuntura social e econômica (art. 150, IV da Constituição). 2. O
isolado aumento da alíquota do tributo é insuficiente para comprovar a
absorção total ou demasiada do produto econômico da atividade privada, de
modo a torná-la inviável ou excessivamente onerosa.

(STF, Segunda Turma, RE 448.432 AgR / CE, Rel. Min. Joaquim Barbosa,
Julgado em 20/04/2010)

Questão 29 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2013

Configura-se o caráter confiscatório de determinado tributo sempre que o


efeito cumulativo, resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas

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pela mesma entidade estatal, afetar, substancialmente e de maneira


irrazoável, o patrimônio ou os rendimentos do contribuinte.

Comentário: Conforme estudamos, o efeito confiscatório é caracterizado pela


soma das incidências tributárias a que o contribuinte esteja submetido em
relação à mesma pessoa política. Questão correta.

Questão 30 - ESAF/AFRFB/2009

Entre as limitações constitucionais ao poder de tributar, que constituem


garantias dos contribuintes em relação ao fisco, é incorreto afirmar que a
identificação do efeito confiscatório não deve ser feita em função da totalidade
da carga tributária, mas sim em cada tributo isoladamente.

Comentário: Conforme estudamos, o efeito confiscatório é caracterizado pela


soma das incidências tributárias a que o contribuinte esteja submetido em
relação à mesma pessoa política. A questão afirma algo errado, dizendo, no
início, que isso está incorreto. Logo, está mesmo incorreto, e a questão é
correta. Questão correta.

Questão 31 - ESAF/AFRFB/2009

Uma alíquota do imposto sobre produtos industrializados de 150%, por


exemplo, não significa necessariamente confisco.

Comentário: A análise do efeito confiscatório deve ser feita em relação a


toda carga tributária a que o contribuinte esteja sujeito em relação à mesma
pessoa política. Neste caso, não é possível dizer que tal alíquota seja
confiscatória, pois o IPI é considerado um tributo extrafiscal, sendo utilizado
como instrumento de intervenção do Estado na economia. Questão correta.

Questão 32 - FGV/ICMS-RJ/2011

O princípio da vedação do tributo confiscatório impede a utilização de imposto


com efeito de confisco, / mas não há percentual que estabeleça previamente
os limites do tributo confiscatório.

Comentário: Realmente, o conceito de tributo com efeito confiscatório é


subjetivo e demanda a análise de outros fatores para verificar sua ocorrência.
Questão correta.

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No que se refere às taxas, o efeito confiscatório é analisado de uma


forma diferente:

Ementa: "(...) Se o valor da taxa, no entanto, ultrapassar o custo do serviço


prestado ou posto à disposição do contribuinte, dando causa, assim, a uma
situação de onerosidade excessiva, que descaracterize essa relação de
equivalência entre os fatores referidos (o custo real do serviço, de
um lado, e o valor exigido do contribuinte, de outro), configurar-se-á,
então, quanto a essa modalidade de tributo, hipótese de ofensa à cláusula
vedatória inscrita no art. 150, IV, da Constituição da República. (...)"

(STF, Pleno, ADC 2.551 MC-QO / MG, Rel. Min. Celso de Mello, Julgado em
02/04/2003)

A taxa é um tributo cuja instituição tem como objetivo custear certas


atividades do Estado, devendo, portanto, guardar relação entre seu valor e o
custo de tais atividades. Caso contrário, nota-se o efeito confiscatório do
referido tributo.

No que concerne às taxas judiciárias, o STF (ADI 2.078/PB) já decidiu


que elas podem ter limites mínimos e máximos, também sendo possível
a disciplina progressiva de alíquotas, somente sendo devido o pagamento
de valores maiores para causas que envolvam considerável valor econômico.

O tema é relevante e foi objeto de prova no concurso para AFRFB,


realizado em 2014:

Questão 33 - ESAF/AFRFB/2014

Leis estaduais que estipulam margens mínima e máxima das custas, dos
emolumentos e da taxa judiciária e realizam uma disciplina progressiva das
alíquotas - somente sendo devido o pagamento dos valores elevados para as
causas que envolvam considerável vulto econômico - configuram ofensa ao
princípio constitucional do não confisco.

Comentário: O STF decidiu, ao julgar a ADI 2.078/PB que as custas, os


emolumentos e a taxa judiciária podem ter limites mínimos e máximos,
podendo, ainda, haver disciplina progressiva de alíquotas. Não há, portanto,
qualquer ofensa ao princípio do não confisco. Questão errada.

Vamos ao próximo julgado:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. §§ 2.° E 3.° DO ART.


57 DO ATO DAS DOSPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS DA
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. FIXAÇÃO DE VALORES
MÍNIMOS PARA MULTAS PELO NÃO-RECOLHIMENTO E SONEGAÇÃO

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DE TRIBUTOS ESTADUAIS. VIOLAÇÃO AO INCISO IV DO ART. 150 DA


CARTA DA REPÚBLICA. A desproporção entre o desrespeito à norma
tributária e sua conseqüência jurídica, a multa, evidencia o caráter
confiscatório desta, atentando contra o patrimônio do contribuinte,
em contrariedade ao mencionado dispositivo do texto constitucional
federal. Ação julgada procedente.

(STF, Pleno, ADI 551/RJ, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgado em 24/10/2002)

Deve ficar claro que, para o STF, tanto as multas moratórias


(decorrentes do não recolhimento no prazo) como as multas punitivas estão
submetidas à proibição constitucional do confisco em matéria tributária.
Observe a seguinte ementa:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.


TRIBUTÁRIO. MULTA PUNITIVA. VEDAÇÃO DE TRIBUTAÇÃO
CONFISCATÓRIA. ART. 3° DA LEI 8.846/94. ADI 1.075-MC/DF. EFICÁCIA
ERGA OMNES DA MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - É aplicável a proibição
constitucional do confisco em matéria tributária, ainda que se trate de
multa fiscal resultante do inadimplemento pelo contribuinte de suas
obrigações tributárias.

(STF, Primeira Turma, AI 482.281-AgR/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,


Julgamento em 30/06/2009

O princípio da vedação ao efeito de confisco também é


aplicável às multas tributárias, sejam elas moratórias
ou punitivas. No entanto, as multas não se confundem
com tributos.

Questão 34 - ESAF/AFRFB/2014

A chamada 'multa moratória', que tem por objetivo sancionar o contribuinte


que não cumpre suas obrigações tributárias, prestigiando a conduta daqueles
que pagam em dia seus tributos aos cofres públicos, não possui caráter
confiscatório, independentemente de seu importe.

Comentário: A multa moratória também pode vir a ter caráter confiscatório,


conforme demonstra o entendimento do STF. Questão errada.

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Por fim, cabe ressaltar que a legislação aduaneira brasileira prevê


hipóteses de perdimento de bens. Neste caso, isso é totalmente possível, pois
não há que se confundir a penalidade de perdimento de bens (em consonância
com o art. 5°, XLVI, b, da CF/88), com a tributação com efeitos
confiscatórios.

2.7 - Outros Princípios Constitucionais Tributários

2.7.1 - Princípio da Uniformidade Geográfica da Tributação

Tal princípio está previsto no art. 151, I, com a seguinte redação:

"Art. 151. É vedado à União:

I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou


que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito
Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de
incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento
sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;"

Sobre tal princípio, o STF assim já decidiu:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IPI. CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS.


ALÍQUOTAS REGIONALIZADAS. LEI 8.393/91. DECRETO 2.501/98.
ADMISSIBILIDADE. 1. Incentivos fiscais concedidos de forma genérica,
impessoal e com fundamento em lei específica. Atendimento dos requisitos
formais para sua implementação. 2. A Constituição na parte final do art.
151, I, admite a "concessão de incentivos fiscais destinados a
promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as
diferentes regiões do país". 3. A concessão de isenção é ato discricionário,
por meio do qual o Poder Executivo, fundado em juízo de conveniência e
oportunidade, implementa suas políticas fiscais e econômicas e, portanto, a
análise de seu mérito escapa ao controle do Poder Judiciário. Precedentes:
RE 149.659 e AI 138.344-AgR. 4. Não é possível ao Poder Judiciário
estender isenção a contribuintes não contemplados pela lei, a título
de isonomia (RE 159.026). 5. Recurso extraordinário não conhecido.

(STF, Primeira Turma, RE 344.331/PR, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgado em


11/02/2003)

Questão 35 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2006

Consoante o princípio da uniformidade, é vedado à União instituir tributo que


não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou
preferência em relação a estado, ao DF ou a município, em detrimento de
outro. Todavia, entende o STF ser admissível a fixação de alíquotas do imposto

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sobre produtos industrializados (IPI), de forma diferenciada por regiões, uma


vez que há previsão constitucional para a execução.

Comentário: Conforme vimos, o STF já decidiu favoravelmente à diferença de


alíquotas do IPI entre diferentes regiões brasileiras. Questão correta.

2.7.2 - Princípio da Vedação às Isenções Heterônomas

Este princípio encontra guarida no art. 151, III, da CF/88. No entanto,


caso o Presidente da República atue como Chefe de Estado, firmando
tratados internacionais, ele está agindo em nome da República
Federativa do Brasil, e não da União.

Observe o seguinte julgado:

EMENTA: "(...) 1. A isenção de tributos estaduais prevista no Acordo Geral de


Tarifas e Comércio para as mercadorias importadas dos países signatários
quando o similar nacional tiver o mesmo benefício foi recepcionada pela
Constituição da República de 1988. 2. O artigo 98 do Código Tributário
Nacional "possui caráter nacional, com eficácia para a União, os Estados e os
Municípios” (voto do eminente Ministro Ilmar Galvão). 3. No direito
internacional apenas a República Federativa do Brasil tem
competência para firmar tratados (art. 52, § 2°, da Constituição da
República), dela não dispondo a União, os Estados-membros ou os
Municípios. O Presidente da República não subscreve tratados como
Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a
existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III,
da Constituição. 4. Recurso extraordinário conhecido e provido."

(STF, Pleno, RE 229.096/RS, Rel. Min. Cármen Lúcia, Julgado em


16/08/2007)

Questão 36 - FGV/ADV. SENADO FED./2008

A vedação às isenções heterônomas impede a concessão de isenções em


tratados internacionais.

Comentário: De acordo com a jurisprudência do STF, quando o Presidente da


República age em nome da República Federativa do Brasil, concedendo
isenções de tributos estaduais ou municipais, não se caracteriza isenções
heterônomas. Questão errada.

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2.7.3 - Não Discriminação com Base em Procedência ou Destino

Estudaremos tal princípio, ao analisarmos o art. 98, à luz da


jurisprudência do STF.

2.7.4 - Princípio da Liberdade de Tráfego

Sobre este princípio, o único ponto a ser destacado (pela simplicidade,


dispensa-se a transcrição do julgado) é que o pedágio cobrado em vias
conservadas pelo próprio Poder Público é considerado tributo, de
espécie taxa.

Por outro lado, caso determinada via seja administrada por empresas
em regime de concessão, permissão ou autorização, o pedágio por elas
cobrado é considerado preço público ou tarifa, tendo em vista a natureza
contratual (e não legal) da exação.

Questão 37 - INÉDITA/2014

Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer limitações
ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, inclusive a cobrança de pedágio pela utilização de vias
conservadas pelo Poder Público.

Comentário: Na verdade, a questão não trata de jurisprudência, mas apenas


da literalidade da Constituição. O objetivo dessa questão é mostrar ao
candidato que ele deve ter muito cuidado com questões que "parecem"
transmitir exatamente o texto legal. Nessa questão, por exemplo, foi
substituída a palavra "ressalvada" por "inclusive". Eu espero que você não
tenha errado. Caso tenha errado, não se deixe levar por essas pegadinhas da
próxima vez, ok? Questão errada.

Questão 38 - FGV/AFRE-RJ/201NL-ADAPTADA

De acordo com o Princípio da Liberdade de Tráfego, é vedado à União, Estados


e Municípios estabelecer tributos pelo fato de pessoa ou bem estar indo ou
voltando de um ponto a outro. Por isso, o pedágio não pode ter natureza de
tributo.

Comentário: Como vimos acima, o pedágio pode sim ter natureza de tributo,
desde que seja cobrado em vias conservadas pelo poder público. Fique atento!
A questão está errada.

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Caro aluno, por hoje é só!

Sempre que possível, resolvam novamente as questões comentadas nessa


aula, que foram inseridas, sem os respectivos comentários e gabaritos, logo
abaixo.

Um abraço e até a próxima aula!

Prof. Fábio Dutra

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3 - LISTA DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA

QUESTÃO 01 - CESPE/MPE-RR/2008

Consoante jurisprudência firmada pelo STF, o poder que tem o Estado de


tributar sofre limitações que são tratadas como cláusulas pétreas.

QUESTÃO 02 - INÉDITA/2014

De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, o Chefe do Poder


Executivo pode se valer de medidas provisórias para instituição ou aumento de
tributos, desde que obedecidos os requisitos constitucionais, pertinentes a tais
atos normativos.

Questão 03 - INÉDITA/2014

Os requisitos constitucionais de urgência e relevância, no que se refere à


edição de medidas provisórias, não pode, de forma alguma, ser apurado no
âmbito do Poder Judiciário, pois possuem caráter político.

Questão 04 - CESPE/AGU/2004

O prazo para o recolhimento do tributo, por se tratar de elemento que tem


repercussão na definição do montante a ser recolhido, deve ser definido em lei,
não podendo ser estabelecido tão somente em regulamento.

Questão 05 - ESAF/SEFAZ-SP-APOF/2009

O princípio da capacidade contributiva aplica-se somente às contribuições.

Questão 06 - ESAF/SEFAZ-SP-APOF/2009

O princípio da capacidade contributiva aplica-se somente aos impostos.

Questão 07 - CESPE/AGU/2004

Visando implementar a justiça fiscal, a CF consagra o princípio da capacidade


contributiva, segundo o qual os tributos devem ser graduados de acordo com a
capacidade econômica do contribuinte.

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Questão 08 - ESAF/SEFAZ-SP-APOF/2009

O princípio da capacidade contributiva aplica-se indistintamente a todas as


espécies tributárias.

Questão 09 - CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012

Dado que o estabelecimento da progressividade de alíquotas constitui


instrumento a serviço do princípio da capacidade contributiva, entende o STF
ser constitucional lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de
transmissão inter vivos de bens imóveis, com base no valor venal do imóvel.

Questão 10 - ESAF/MDIC/2012

Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos


extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de
pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do
simples aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho
sem assistência do Estado.

Questão 11 - CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013

Segundo o STF, não haverá ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei


complementar, por motivos extrafiscais, imprimir tratamento desigual a
microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributiva
distinta, afastando do regime diferenciado aquelas cujos sócios tenham
condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado.

Questão 12 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2011

Segundo a jurisprudência do STF, ofende o princípio da isonomia tributária a


instituição de lei que, por motivos extrafiscais, imprima tratamento desigual a
microempresas de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do
SIMPLES aquelas cujos sócios tenham condição de disputar o mercado de
trabalho sem auxílio estatal.

Questão 13 - ESAF/MDIC/2012

Viola o princípio da isonomia a instituição, por parte de lei estadual, de


incentivos fiscais a empresas que contratem empregados com mais de
quarenta anos.

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Questão 14 - ESAF/MDIC/2012

Não se permite a distinção, para fins tributários, entre empresas comerciais e


prestadoras de serviços, bem como entre diferentes ramos da economia.

Questão 15 - ESAF/ISS-RJ/2010

A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no


tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, não fere o
princípio da isonomia tributária, ante a expressa previsão constitucional.

Questão 16 - ESAF/AFRFB/2012-ADAPTADA

Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue


o seguinte item: A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades
financeiras, no tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários,
fere o princípio da isonomia tributária.

Questão 17 - ESAF/AFRFB/2012-ADAPTADA

Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue


o seguinte item: Lei complementar estadual que isenta os membros do
Ministério Público do pagamento de custas judiciais, notariais, cartorárias e
quaisquer taxas ou emolumentos fere o princípio da isonomia.

Questão 18 - ESAF/ISS-RJ/2010

A proibição de importação de veículos usados não configura afronta ao


princípio da isonomia.

Questão 19 - ESAF/AFRFB/2012J-ADAPTADA

Considerando decisões emanadas do STF sobre o princípio da isonomia, julgue


o seguinte item: A exclusão do arrendamento mercantil do campo de aplicação
do regime de admissão temporária não constitui violação ao princípio da
isonomia tributária.

Questão 20 - ESAF/MDIC/2012

A Constituição Federal, entre outras limitações ao poder de tributar, veda o


tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação
equivalente. Sobre esta isonomia tributária, é correto afirmar que o STF
entendeu inconstitucional, por ofensa a tal princípio, norma que proibia a

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adoção do regime de admissão temporária para as operações amparadas por


arrendamento mercantil.

Questão 21 - ESAF/ATRFB/2009

O Supremo Tribunal Federal tem como referência, para análise da


irretroatividade, o aspecto temporal da hipótese de incidência, ou seja, o
momento apontado pela lei como sendo aquele em que se deve considerar
ocorrido o fato gerador.

Questão 22 - ESAF/ATRFB/2009

A lei instituidora ou majoradora de tributos tem de ser, como regra,


prospectiva; admite-se, porém, a sua retroatividade imprópria.

Questão 23 - INÉDITA/2014

Determinado estado brasileiro decidiu conceder, em 2010, desconto de 5%


para pagamento antecipado do IPVA. No ano subseqüente, o referido estado
editou uma lei que reduzia o desconto concedido para 3%. De acordo com a
jurisprudência do STF, tal redução de desconto configura majoração de tributo.

Questão 24 - ESAF/TRF/2003

Os tributos não podem ser cobrados no mesmo exercício financeiro em que foi
publicado o ato legal que os criou ou majorou, com exceção de alguns
impostos, entrando em vigor no primeiro dia do exercício seguinte ao de sua
publicação os dispositivos de lei que criam ou majoram impostos sobre o
patrimônio ou a renda.

Questão 25 - CESPE/AGU/2002

Segundo o Código Tributário Nacional, os dispositivos de lei que revoguem


isenções relativas a impostos sobre o patrimônio ou a renda somente entram
em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua
publicação, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte.

Questão 26 - CESPE/AGU/2002

Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal as isenções não


condicionadas ou sem prazo definido podem ser revogadas a qualquer tempo
por lei e, uma vez revogada a isenção, o tributo volta a ser imediatamente
exigível, sendo impertinente a invocação do princípio da anterioridade.

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Questão 27 - CESPE/DELEGADO/PF/2004 - ADAPTADA

Considere que a União tenha instituído a cobrança de CPMF durante o período


de 2 anos e, 1 mês antes de findar o prazo de vigência, em outubro, tenha
prorrogado a cobrança por mais 6 meses. Em face dessa consideração, julgue
o seguinte: a cobrança devida pela prorrogação não poderá ser realizada no
mesmo exercício financeiro, tendo em vista o princípio da anterioridade.

Questão 28 - CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013

Segundo o STF, o prazo da anterioridade nonagesimal começa a ser contado a


partir da promulgação da lei que resulte da conversão de medida provisória
editada, e não da publicação da medida provisória que institua ou modifique
contribuição.

Questão 29 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2013

Configura-se o caráter confiscatório de determinado tributo sempre que o


efeito cumulativo, resultante das múltiplas incidências tributárias estabelecidas
pela mesma entidade estatal, afetar, substancialmente e de maneira
irrazoável, o patrimônio ou os rendimentos do contribuinte.

Questão 30 - ESAF/AFRFB/2009

Entre as limitações constitucionais ao poder de tributar, que constituem


garantias dos contribuintes em relação ao fisco, é incorreto afirmar que a
identificação do efeito confiscatório não deve ser feita em função da totalidade
da carga tributária, mas sim em cada tributo isoladamente.

Questão 31 - ESAF/AFRFB/2009

Uma alíquota do imposto sobre produtos industrializados de 150%, por


exemplo, não significa necessariamente confisco.

Questão 32 - FGV/ICMS-RJ/2011

O princípio da vedação do tributo confiscatório impede a utilização de imposto


com efeito de confisco, / mas não há percentual que estabeleça previamente
os limites do tributo confiscatório.

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Questão 33 - ESAF/AFRFB/2014

Leis estaduais que estipulam margens mínima e máxima das custas, dos
emolumentos e da taxa judiciária e realizam uma disciplina progressiva das
alíquotas - somente sendo devido o pagamento dos valores elevados para as
causas que envolvam considerável vulto econômico - configuram ofensa ao
princípio constitucional do não confisco.

Questão 34 - ESAF/AFRFB/2014

A chamada 'multa moratória', que tem por objetivo sancionar o contribuinte


que não cumpre suas obrigações tributárias, prestigiando a conduta daqueles
que pagam em dia seus tributos aos cofres públicos, não possui caráter
confiscatório, independentemente de seu importe.

Questão 35 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2006

Consoante o princípio da uniformidade, é vedado à União instituir tributo que


não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou
preferência em relação a estado, ao DF ou a município, em detrimento de
outro. Todavia, entende o STF ser admissível a fixação de alíquotas do imposto
sobre produtos industrializados (IPI), de forma diferenciada por regiões, uma
vez que há previsão constitucional para a execução.

Questão 36 - FGV/ADV. SENADO FED./2008

A vedação às isenções heterônomas impede a concessão de isenções em


tratados internacionais.

Questão 37 - INÉDITA/2014

Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer limitações
ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais, inclusive a cobrança de pedágio pela utilização de vias
conservadas pelo Poder Público.

Questão 38 - FGV/AFRE-RJ/2011-ADAPTADA

De acordo com o Princípio da Liberdade de Tráfego, é vedado à União, Estados


e Municípios estabelecer tributos pelo fato de pessoa ou bem estar indo ou
voltando de um ponto a outro. Por isso, o pedágio não pode ter natureza de
tributo.

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4 - GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA

1 CORRETO
2 CORRETO
3 ERRADO
4 ERRADO
5 ERRADO
6 ERRADO
7 CORRETO
8 ERRADO
9 ERRADO
10 CORRETO
11 CORRETO
12 ERRADO
13 ERRADO
14 ERRADO
15 CORRETO
16 ERRADO
17 CORRETO
18 CORRETO
19 CORRETO
20 ERRADO
21 CORRETO
22 ERRADO
23 ERRADO
24 CORRETO
25 CORRETO
26 CORRETO
27 ERRADO
28 ERRADO
29 CORRETO
30 CORRETO
31 CORRETO
32 CORRETO
33 ERRADO
34 ERRADO
35 CORRETO
36 ERRADO
37 ERRADO
38 ERRADO

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AULA 02: Limitações Constitucionais ao Poder de


Tributar (Parte II)

SUMÁRIO PÁGINA
Observações sobre a aula 01
Imunidades 02
Assunto extra 30
Lista das Questões Comentadas em Aula 33
Gabarito das Questões Comentadas em Aula 38

Observações sobre a Aula

Olá, prezado candidato (a)!

Como vão os estudos? Como não temos edital na praça, a melhor receita
é manter a disciplina e o foco neste momento. Em breve, você colherá os
frutos da sua dedicação!

Na aula de hoje, daremos continuidade ao estudo da jurisprudência


relativa às limitações constitucionais ao poder de tributar, abordando as
imunidades.

Trata-se de um tema farto de jurisprudência, muitas vezes oscilantes.


Sendo assim, é muito importante guardar a literalidade de como o STF
já se posicionou, pois normalmente é assim que cai em provas.

Ao final da aula, abordaremos um assunto extra, que, embora ainda não


haja jurisprudência sobre ele, há grandes chances de vir a ser cobrado na sua
prova!

Vamos começar...

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1 - IMUNIDADES

Sobre as imunidades, de uma forma geral, precisamos saber os seguintes


posicionamentos do STF:

A jurisprudência constitucional do STF já identificou, na cláusula inscrita no


art. 195, § 7°, da CF, a existência de uma típica garantia de imunidade
(e não de simples isenção) estabelecida em favor das entidades
beneficentes de assistência social. Precedente: RTJ 137/965.

(STF, RMS 22.192, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 28-11-1995,


Primeira Turma, DJ de 19-12-1996)

Embora o texto constitucional, no art. 195, § 7°, se refira a uma isenção,


trata-se claramente de uma imunidade. O que fazer diante de questões
literais que mencionem, ipsis Htteris, o dispositivo constitucional? É mais
prudente seguir como consta no texto da CF/88, sempre analisando
todas as alternativas!!

Qualquer dispensa constitucional de pagamento de


tributos é imunidade, ainda que o Constituinte tenha se
dito de outra forma!

Obs.: A cópia literal do dispositivo deve ser encarada


como correta, caso a banca não mencione a
jurisprudência.___________________________________

Sobre a diferença entre isenção e imunidade, o STF assim já decidiu:

"Ementa: (...) A criação de imunidade tributária é matéria típica do


texto constitucional enquanto a de isenção é versada na lei ordinária;
não há, pois, invasão da área reservada à emenda constitucional quando a
lei ordinária cria isenção. O Poder Público tem legitimidade para isentar
contribuições por ele instituídas, nos limites das suas atribuições".

(STF, ADI 2.006-MC/DF, Pleno, Rel. Min. Maurício Corrêa, Julgado em


01/07/1999).

E importante ainda saber que, embora determinada entidade possa estar


imune a algum tributo, tal condição não a exime do cumprimento das
obrigações acessórias, como, por exemplo, a manutenção de livros fiscais.

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IMUNIDADE - LIVROS FISCAIS. O fato de a pessoa jurídica gozar da


imunidade tributária não afasta a exigibilidade de manutenção dos
livros fiscais.

(STF, RE 250.844/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgado em


29/05/2012)

Questão 01 - CESPE/PROMOTOR-MP-RR/2011

Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa jurídica não está


dispensada de cumprir obrigações acessórias e de se submeter à fiscalização
tributária.

Comentário: Conforme entendimento esposado pelo STF, o fato de a pessoa


jurídica gozar de imunidade tributária não a exime da obrigação de cumprir
obrigações acessórias. Questão correta.

Por fim, encerramos este tópico, citando o entendimento do STF acerca


das imunidades tributárias quando há substituição tributária:

A responsabilidade ou a substituição tributária não alteram as


premissas centrais da tributação, cuja regra-matriz continua a incidir
sobre a operação realizada pelo contribuinte. Portanto, a imunidade
tributária não afeta, tão-somente por si, a relação de
responsabilidade tributária ou de substituição e não exonera o
responsável tributário ou o substituto. Recurso extraordinário conhecido,
mas ao qual se nega provimento.

(STF, RE 202.987/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa,


Julgamento em 30/06/2009)

No caso em tela, a entidade imune (SESI) era a adquirente, motivo pelo


qual ficou responsável pelo recolhime nto da obrigação tributária, na condição
de responsável tributário ou substituto. Perceba que seria ilógico não haver
tributação, já que o contribuinte, na verdade, não estava imune.
Compreendido?

Questão 02 - INÉDITA/2014

De acordo com o STF, o fato de uma entidade de educação sem fins lucrativos
estar imune, por expressa disposição constitucional, não a exime do dever de
recolher o tributo, caso seja eleita, por lei, como responsável pela obrigação
tributária.

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Comentário: A questão aborda o entendimento do STF sobre o tema. O fato


de estar imune não elide a necessidade de recolher o tributo, na condição de
responsável tributário. Para relembrar o conceito de responsável tributário, leia
o art. 128 do CTN. Questão correta.

Veremos, a partir de agora, as imunidades em espécie. Adiante!

1.1 - Imunidade Recíproca

A imunidade recíproca está prevista no art. 150, VI, a, da CF/88. Como foi
dito no início da aula anterior, tal imunidade configura verdadeira
cláusula pétrea (ADI 939/DF), pois ela protege a autonomia financeira dos
entes federados, sustentando o pacto federativo.

Questão 03 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2013

A imunidade tributária recíproca é princípio garantidor da Federação, motivo


pelo qual não pode ser restringida nem mesmo por emenda constitucional.

Comentário: Conforme estudamos, a imunidade recíproca constitui cláusula


pétrea. Por esse motivo, não é possível haver proposta de emenda
constitucional com o objetivo de abolir ou restringir tal princípio. Questão
correta.

Sobre a imunidade recíproca, o STF já decidiu:

Ementa: TRIBUTÁRIO. ICMS. SERVIÇOS DE ENERGIA ELÉTRICA.


MUNICÍPIO. CONTRIBUINTE DE FATO. IMUNIDADE RECÍPROCA. ART. 150,
VI, A, DA CONSTITUIÇÃO. INAPLICABILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - A
imunidade do art. 150, VI, a, da Constituição somente se aplica ao
imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio ente
beneficiado, na qualidade de contribuinte de direito. II - Como o
Município não é contribuinte de direito do ICMS relativo a serviços de energia
elétrica, não tem o benefício da immnidade em questão, uma vez que esta
não alcança o contribuinte de fato. Precedentes. III - Agravo regimental
improvido.

(STF, ARE 663.552-AgR/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo


Lewandowski, Julgado em 28/02/2012)

Perceba que a imunidade recíproca, no caso de tributos indiretos,


abrange apenas o contribuinte de direito.

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Questão 04 - FD/INÉDITA/2014

Conforme jurisprudência do STF, a imunidade recíproca somente se aplica ao


imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio ente
beneficiado, na qualidade de contribuinte de direito.

Comentário: De acordo com o STF, a imunidade do art. 150, VI, "a" só


abrange o ente quando estiver na condição de contribuinte de direito. Como no
caso julgado pelo STF (663.552-AgR/MG), o município era contribuinte de fato,
a Suprema Corte decidiu que não haveria imunidade. Questão correta.

Por outro lado, quando se trata de tributos diretos, há coincidência entre a


figura do contribuinte de fato e o contribuinte de direito. Sobre este caso,
temos o seguinte julgado:

"Ementa: (...)A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a da


Constituição aplica-se às operações de importação de bens realizadas
por municípios, quando o ente público for o importador do bem
(identidade entre o "contribuinte de direito" e o "contribuinte de
fato”). Compete ao ente tributante provar que as operações de importação
desoneradas estão influindo negativamente no mercado, a ponto de violar o
art. 170 da Constituição. Impossibilidade de presumir risco à livre-iniciativa e
à concorrência. Agravo regimental ao qual se nega provimento."

(STF, AI 518.405-AgR/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa,


Julgado em 06/04/2010)

A Suprema Corte também já decidiu no sentido de que a imunidade


recíproca alcança o IOF incidente sobre aplicações financeiras dos entes
federados bem como o rendimento decorrente de tais aplicações:

"A garantia constitucional da imunidade recíproca impede a incidência de


tributos sobre o patrimônio e a renda dos entes federados. Os valores
investidos e a renda auferida pelo membro da federação é imune de
impostos. A imunidade tributária recíproca é uma decorrência pronta e
imediata do postulado da isonomia dos entes constitucionais, sustentado pela
estrutura federativa do Estado brasileiro e pela autonomia dos Municípios."

(STF, AI 174.808-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Maurício Corrêa,


Julgamento em 11/03/1996)

Vale ressaltar que a imunidade recíproca, conforme a CF/88 e o STF, não


é extensível às contribuições previdenciárias. Sobre isso, veja como entende o
STF nos dois julgados a seguir:

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É da jurisprudência do Supremo Tribunal que o princípio da imunidade


tributária recíproca (CF, art. 150, VI, a) - ainda que se discuta a sua
aplicabilidade a outros tributos, que não os impostos - não pode ser
invocado na hipótese de contribuições previdenciárias.

(STF, ADI 2.024/DF, Pleno, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em


03/05/2007)

Questão 05 - CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013

O princípio da imunidade tributária recíproca não pode, à luz do


posicionamento firmado pelo STF, ser invocado na hipótese de contribuições
previdenciárias.

Comentário: Questão bem tranquila. A imunidade recíproca não se aplica às


contribuições previdenciárias. Questão correta.

Também entendeu o STF que a imunidade recíproca não alcança as taxas:

"EMENTA: (...) II. - A imunidade tributária recíproca -- C.F., art. 150,


VI, a -- somente é aplicável a impostos, não alcançando as taxas. III.
- R.E. conhecido e improvido.

(STF, RE 364.202/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento


em 05/10/2004)

Questão 06 - INÉDITA/2014

De acordo com a Constituição Federal de 1988, é vedado à União, aos Estados,


ao Distrito Federal e aos Municípios instituir tributos sobre patrimônio, renda
ou serviços, uns dos outros .

Comentário: Pegadinha de prova! O candidato fica com o texto constitucional


tão gravado na memória, que, quando se depara com uma questão literal, já a
considera como correta, sem observar os pequenos detalhes. Perceba que a
vedação diz respeito apenas aos impostos, e não aos tributos como um
todo. Questão errada.

Destaque-se que, muito embora o texto constitucional estenda a aplicação


desta imunidade apenas às autarquias e fundações públicas, o entendimento
predominante no STF (RE 407.099/ r S e AC 1.550-2) é o de que a benesse é
extensível também às empresas públicas (EP) e às sociedades de
economia mista (SEM) prestadoras de serviço público de prestação
obrigatória e exclusiva do Estado.

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Nesse sentido, o STF já concedeu imunidade às seguintes empresas


públicas e sociedades de economia mista:

1. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) - (STF, RE


407.099);
2. Infraero - (STF, RE 524.615-AgR);
3. Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia (CAERD) - (STF,
AC 1.550-2/RO);
4. Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) - (STF, RE
253.472)

5. Casa da Moeda do Brasil (CMB) - (STF, RE 610.517)

Questão 07 - ESAF/PGFN/2012

Sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto


não é abrangida pela imunidade tributária recíproca.

Comentário: Conforme verificamos no caso da CAERD, as SEM prestadoras de


serviço público de água e esgoto estão abrangidas pela imunidade recíproca. A
questão, portanto, está errada.

Questão 08 - INÉDITA/2014

De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a Casa da Moeda


do Brasil (CMB), empresa pública delegatária do serviço público de emissão de
papel moeda, cunhagem de moeda metálica, fabricação de fichas telefônicas e
impressão de selos postais, é considerada imune pelo art. 150, VI, a, da
CF/88.

Comentário: A Casa da Moeda do Brasil foi alcançada pela imunidade


recíproca, conforme decisão do STF, no julgamento do Recurso Extraordinário
610.517-AgR/RJ. Questão correta.

Questão 09 - ESAF/PGFN/2012-Adaptada

A imunidade recíproca, em alguns casos, pode ter como efeito colateral


relevante a relativização dos princípios da livre concorrência e do exercício de
atividade profissional ou econômica lícita.

Comentário: O entendimento do STF sobre a imunidade recíproca é amplo,


mas não ao ponto de permitir que empresas que praticam atividades
econômicas venham a ser abrangidas pela referida imunidade. Isso certamente
colocaria em risco o princípio da livre concorrência. Dessa forma, a questão
está errada.

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Questão 10 - ESAF/PROC.-TCE-GO/2007

A empresa pública Caixa Econômica Federal, que exerce atividade econômica,


é abrangida pela imunidade tributária recíproca, não se sujeitando ao
pagamento de imposto sobre propriedade de veículos automotores incidentes
sobre seus carros.

Comentário: Mais uma questão abordando esse assunto. Como estudamos,


empresas públicas que exerçam atividades econômicas não estão abrangidas
pela imunidade recíproca. A questão está errada.

Além de tais casos, acompanhe os seguintes julgados:

"EMENTA: (...)2 . A prestação de ações e serviços de saúde por sociedades


de economia mista corresponde à própria atuação do Estado, desde que a
empresa estatal não tenha por finalidade a obtenção de lucro. 3. As
sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde,
cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da
imunidade tributária prevista na alínea "a" do inciso VI do art. 150
da Constituição Federal. 3. Recurso extraordinário a que se dá
provimento, com repercussão geral."

(STF, RE 580.264/RS, Pleno, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em


16/12/2010)

Sendo assim, SEM prestadora de serviços de saúde, cujo capital seja


majoritariamente estatal, goza da imunidade recíproca.

"Ementa: (...) 1. Recurso extraordinário interposto de acórdão que


considerou tributável propriedade imóvel utilizada pela Petrobrás para a
instalação e operação de condutos de transporte de seus produtos. Alegada
imunidade tributária recíproca, na medida em que a empresa-agravante
desempenha atividade sujeita a monopólio. 2. É irrelevante para definição
da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a circunstância de
a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal."

(STF, RE 285.716-AgR/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa,


julgamento em 02/03/2010)

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Observação: Na decisão desse Recurso Extraordinário, ficou consignado que


a Petrobrás não foi alcançada pela imunidade tributária recíproca pelos
seguintes motivos:

1- Trata-se de sociedade de economia mista destinada à exploração


econômica em benefício de seus acionistas, pessoas de direito público e
privado, e a salvaguarda não se presta a proteger aumento patrimonial
dissociado de interesse público primário.

2- A Petrobrás visa a distribuição de lucros, e, portanto, tem capacidade


contributiva para participar do apoio econômico aos entes federados.

Questão 11 - ESAF/PGFN/2012

É relevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a


circunstância de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio
estatal.

Comentário: Conforme entendimento do STF, é irrelevante para definição da


aplicabilidade da imunidade recíproca o fato de a atividade desempenhada pela
entidade estar sujeita ou não a monopólio estatal. Questão errada.

Ademais, a imunidade recíproca também alcança a OAB, embora esta não


seja considerada uma entidade pertencente à administração pública indireta:

"EMENTA: (...) 1. A imunidade tributária gozada pela Ordem dos


Advogados do Brasil é da espécie recíproca (art. 150, VI, a da
Constituição), na medida em que a OAB desempenha atividade própria de
Estado (defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado democrático de
direito, dos direitos humanos, da justiça social, bem como a seleção e
controle disciplinar dos advogados). 2. A imunidade tributária recíproca
alcança apenas as finalidades essenciais da entidade protegida. O
reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não impede
a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela
entidade imune. O reconhecimento da imunidade tributária às
operações financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a
correção do procedimento adotado pela entidade imune. Constatado
desvio de finalidade, a autoridade fiscal tem o poder-dever de
constituir o crédito tributário e de tomar as demais medidas legais
cabíveis."

(STF, RE 259.976-AgR/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa,


Julgado em 23/03/2010)

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Questão 12 - ESAF/PGFN/2012

O reconhecimento da imunidade tributária recíproca às operações financeiras


não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento
adotado pela entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a autoridade
fiscal poderá, sendo o caso, constituir o crédito tributário e tomar as demais
medidas legais cabíveis.

Comentário: E aí, candidato, questão correta? Não! A autoridade não "pode",


mas deve constituir o crédito tributário. Nunca se esqueça do parágrafo único
do art. 142. Você deve visualizar a questão, observando detalhes que
mencionam outros assuntos da disciplina! Questão errada.

Dando continuidade ao nosso estudo, o fato de a OAB estar inserida no


seleto rol de entidades abrangidas pela imunidade recíproca, não faz com
que a Caixa de Assistência dos Advogados, mesmo integrando a
estrutura da OAB, esteja imune. Sobre o assunto, veja o julgado a seguir:

"Ementa: (...) 1. O fato da Caixa de Assistência dos Advogados


integrar a estrutura maior da OAB, não implica a extensão da
imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, "a", da Constituição Federal)
conferida a esta, dada a dissociação entre as atividades inerentes à atuação
da OAB e as atividades providas em benefício individual dos associados."

(STF, RE 662.816-AgR/BA, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, Julgado em


28/02/2012)

Questão 13 - INÉDITA/2014

Da mesma forma que o STF concedeu imunidade recíproca à OAB, por


desempenhar atividade própria de Estado, a Corte também estendeu a
limitação constitucional à Caixa de Assistência de Advogados, por pertencer a
estrutura da OAB.

Comentário: Não é esse o entendimento do STF. Para o Tribunal, a Caixa de


Assistência de Advogados possui outra atividade, não sendo própria de Estado,
mas do interesse individual de seus associados. Questão errada.

No que se refere à delegação de serviços públicos (prestação por


particulares), cumpre destacar que se o patrimônio pertencer a um ente
federado, independentemente de estar ocupado por empresa delegatária de
serviços públicos, continua imune à tributação:

EMENTA: TRIBUTÁRIO. IPTU. IMÓVEIS QUE COMPÕEM O ACERVO


PATRIMONIAL DO PORTO DE SANTOS, INTEGRANTES DO DOMÍNIO DA

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UNIÃO. Impossibilidade de tributação pela Municipalidade,


independentemente de encontrarem-se tais bens ocupados pela
empresa delegatária dos serviços portuários, em face da imunidade
prevista no art. 150, VI, a, da Constituição Federal. Dispositivo, todavia,
restrito aos impostos, não se estendendo às taxas. Recurso parcialmente
provido.

(STF, RE 253.394/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgado em


26/11/2002)

Contudo, a atividade delegada em si, caso seja exercida com intuito


lucrativo, não há que se falar em imunidade, como segue o entendimento do
Supremo Tribunal Federal:

"As pessoas que exercem atividade notarial não são imunes à


tributação, porquanto a circunstância de desenvolverem os respectivos
serviços com intuito lucrativo invoca a exceção prevista no art. 150, § 3° da
Constituição. O recebimento de remuneração pela prestação dos serviços
confirma, ainda, capacidade contributiva. A imunidade recíproca é uma
garantia ou prerrogativa imediata de entidades políticas federativas,
e não de particulares que executem, com inequívoco intuito lucrativo,
serviços públicos mediante concessão ou delegação, devidamente
remunerados." ( Trecho da Ementa)

"Nesse sentido, tanto os objetivos como os objetivos como os efeitos


do reconhecimento da aplicação da imunidade recíproca são
passíveis de submissão ao crivo jurisdicional, em um exame de
ponderação e proporcionalidade não bastando a constatação objetiva de
natureza pública do serviço que se está a tributar." (Trecho do Voto do
Min. Joaquim Barbosa)

(STF, Plenário, ADI 3.089/DF, Rel. Min. carlos Britto, Julgamento em


13/02/2008)

Questão 14 - ESAF/PGFN/2012

Tanto os objetivos como os efeitos do reconhecimento da aplicação da


imunidade constitucional recíproca são passíveis de submissão ao crivo
jurisdicional, em um exame de ponderação, não bastando a constatação
objetiva da propriedade do bem.

Comentário: Fique atento, pois a ESAF não facilita a vida do concurseiro. A


questão foi retirada, praticamente "colada", do voto de um dos ministros, no
julgamento da ADI 3.089/DF. Questão correta.

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Há que se destacar que o STF já decidiu que a imunidade recíproca


extensiva alcança o INCRA - autarquia federal desobrigando-o de
pagar ICMS sobre a exploração de unidade agroindustrial:

EMENTA Incra. Imunidade tributária. Exploração de unidade agroindustrial.


Ausência de configuração de atividade econômica capaz de impor o
regime tributário próprio das empresas privadas. 1. A atividade
exercida pelo Incra, autarquia federal, não se enquadra entre aquelas
sujeitas ao regime tributário próprio das empresas privadas, considerando
que a eventual exploração de unidade agroindustrial, desapropriada, em área
de conflito social, está no âmbito de sua destinação social em setor relevante
para a vida nacional.

(STF, RE 242.827/PE, Primeira Turma, Rel. Min. Menezes Direito, Julgado em


02/09/2008)

É valido destacar que, excetuando-se os entes federados, as demais


entidades somente estão abrangidas pela imunidade recíproca, no que se
refere ao patrimônio, renda e serviços vinculados a suas finalidades essenciais:

"O julgado recorrido contempla a conclusão de que a União não está


condicionada ao ônus de comprovar vinculação do bem tributado a
uma finalidade pública, o que somente ocorre nos casos das
autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público no
que se refere à tributação do patrimônio, renda e serviços vinculados
a suas finalidades essenciais. Esse entendimento está em consonância
com a jurisprudência desta Corte que tem se posicionado no sentido de
reconhecer a imunidade recíproca constante do art. 150, VI, a, da Carta
Magna aos entes da administração direta e, somente no que refere ao
alcance da imunidade recíproca às autarquias e fundações instituídas e
mantidas pelo poder público é que aparece a restrição concernente à
vinculação do imóvel às suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes,
na exata dicção da norma constitucional."

(RE 635.012/RJ, Decisão Monocrática, Rel. Min. Dias Toffoli, Julgado em


07/02/2013)

Vejamos ainda a seguinte súmula editada pelo STF:


---- ; ,---------------------------------------------------
SÚMULA STF 583 - Promitente comprador de imóvel residencial transcrito
em nome de autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano.

Atualmente, tal restrição já foi prevista na parte final do § 3° do art. 150,


da CF/88. O objetivo é que, havendo contrato de compra e venda entre uma
entidade protegida pela referida imunidade e outra não imune, esta seja
tributada, ainda que a transferência do imóvel não tenha acontecido.

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1.2 - Imunidade Religiosa

A imunidade religiosa está prevista no art. 150, VI, b, e tem como


objetivo proteger a liberdade de culto, direito individual garantido no art. 5°,
VI, da CF/88.

Vejamos alguns julgados importantes sobre tal imunidade:

"EMENTA: (...)Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade


que se encontram alugados. 4. A imunidade prevista no art. 150, VI,
"b", CF, deve abranger não somente os prédios destinados ao culto,
mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços "relacionados com
as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas."

(STF, RE 325.822/SP, Pleno, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgado em


18/12/2002)

De acordo com o STF, a imunidade religiosa aplica-se também aos


imóveis alugados, de propriedade da entidade religiosa, desde que a renda
auferida seja aplicada nas finalidades essenciais da referida entidade.

Ademais, a Suprema Corte, dando entendimento extensivo à imunidade


religiosa, entende que os cemitérios que consubstanciam extensões
destas entidades também são alcançados pela vedação constitucional
em tela:

"Os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho


religioso estão abrangidos pela garantia contemplada no artigo 150
da Constituição do Brasil. Impossibilidade da incidência de IPTU em
relação a eles."

(STF, RE 578.562/BA, Pleno, Rel. Min. Eros Grau, Julgado em 21/05/2008)

Perceba que não são todos os cemitérios que estão


abrangidos pela imunidade, mas apenas aqueles que são,
de fato, mera extensão da entidade religiosa.

Questão 15 - ESAF/ISS-RJ/2010

De acordo com o entendimento do STF, a imunidade dos "templos de qualquer


culto" tem interpretação ampla e finalística.

Comentário: Podemos dizer, com base no que estudamos até agora, que a
interpretação dessa imunidade, de acordo com o STF, é ampla (pois abrange

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não só os templos destinados ao culto em si) e finalística (pois alcança


também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades
essenciais das entidades religiosas). Questão correta.

Questão 16 - CESPE/Juiz-TJ-CE/2012

Ao interpretar o dispositivo constitucional que veda a instituição de imposto


sobre templos de qualquer culto, o STF entende que a imunidade limita-se aos
prédios destinados ao culto.

Comentário: Como vimos, o entendimento do STF é o de que a imunidade


religiosa alcança também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com
as finalidades essenciais das entidades religiosas. Questão errada.

No que se refere às lojas maçônicas, o STF já entendeu que não estão


abrangidas pela imunidade religiosa, conforme a decisão transcrita a seguir:

"(...) III - A imunidade tributária conferida pelo art. 150, VI, b, é restrita
aos templos de qualquer culto religioso, não se aplicando à
maçonaria, em cujas lojas não se professa qualquer religião. IV -
Recurso extraordinário parcialmente conhecido, e desprovido na parte
conhecida."

(STF, RE 562.351/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,


Julgamento em 04/09/2012)

Questão 17 - INÉDITA/2014

Conforme pacífica jurisprudência do STF, a imunidade religiosa alcança as lojas


maçônicas.

Comentário: O STF já decidiu que a imunidade religiosa é restrita aos templos


de qualquer culto religioso, não se a dlicando à maçonaria, em cujas lojas não
se professa qualquer religião. Questão errada.

1.3 - Imunidade dos Partidos Políticos, Sindicato de Trabalhadores e


Entidades Educacionais e Assistenciais Sem Fins Lucrativos

Essa imunidade está prevista no art. 150, VI, c, da CF/88, com a seguinte
redação:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios:

VI - instituir impostos sobre:

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c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive


suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das
instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
atendidos os requisitos da lei;

O que nos chama a atenção - e por tal motivo eu o negritei - é o fato


de a norma constitucional exigir a edição de uma lei, para que as instituições
de educação e assistência social gozem da referida imunidade. Além disso,
seria uma lei ordinária ou complementar?

Para dirimir as dúvidas, é necessário recorrer ao entendimento do STF


acerca do assunto, conforme vemos a seguir:

"Conforme precedente no STF (RE 93.770, Munoz, RTJ 102/304) e na linha


da melhor doutrina, o que a Constituição remete à lei ordinária, no
tocante à imunidade tributária considerada, é a fixação de normas sobre a
constituição e o funcionamento da entidade educacional ou
assistencial imune; não, o que diga respeito aos lindes da imunidade,
que, quando susceptíveis de disciplina infraconstitucional, ficou
reservado à lei complementar."

(STF, Pleno, ADI-MC 1.802/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Julgamento em


27/08/1998)

Vale ressaltar que, da mesma forma como tem ocorrido com a imunidade
religiosa, o STF tem sido bastante flexível na análise da vinculação
asseverada no art. 150, § 4°, da CF/88. Nesse sentido, vamos citar, a
partir de agora, alguns julgados, da própria Corte, que já foram ou que há
grandes chances de serem cobrados em prova. Portanto, atenção total,
candidato!
9
SUMULA STF 724 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao
IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150,
VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas
atividades essenciais de tais entidades.

Questão 18 - CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012

A imunidade tributária conferida pela CF ao patrimônio, renda ou serviços dos


partidos políticos, inclusive suas fundações, às entidades sindicais dos
trabalhadores, às instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, não se aplica aos imóveis alugados a terceiros, ainda que o valor
deles decorrente seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.

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Comentário: Há a imunidade, de acordo com a Súmula 724 do STF, desde


que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais
entidades. Questão errada.

Questão 19 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

O imóvel pertencente a partido político permanece imune ao IPTU, ainda


quando alugado a terceiros, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas
atividades essenciais dessa entidade.

Comentário: No mesmo ano, o CESPE cobrou essa assertiva duas vezes. Na


presente questão, a Súmula 724 foi transcrita, de forma que a questão está
correta.

No mesmo sentido, temos o seguinte julgado:

EMENTA: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA CONSTITUIÇÃO.


INSTITUIÇÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. EXIGÊNCIA DE IMPOSTO PREDIAL E
TERRITORIAL URBANO SOBRE IMÓVEL DE PROPRIEDADE DA ENTIDADE.
ALEGAÇÃO DE QUE O ÔNUS PODE SER TRANSFERIDO AO INQUILINO (...)
Tratando-se de imunidade constitucional, que cobre patrimônio, rendas e
serviços, não importa se os imóveis de propriedade da instituição de
assistência social são de uso direto ou se são locados.

(STF, RE 257.700/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento


em 13/6/2000)

Nesse rumo, foi considerado imune pelo IPTU imóvel de


propriedade de uma entidade beneficente, em cujas instalações era
mantida uma livraria. A imunidade subsiste, neste caso, pois o que importa
é que as rendas auferidas sejam destinadas à manutenção de suas atividades
institucionais.

Observe que não é somente a renda obtida com imóveis alugados a


terceiros, mas também os rendimentos obtidos pela cobrança de
estacionamento na área interna da entidade imune:

EMENTA: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA CONSTITUIÇÃO.


INSTITUIÇÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. EXIGÊNCIA DE IMPOSTO SOBRE
SERVIÇO CALCULADO SOBRE O PREÇO COBRADO EM ESTACIONAMENTO DE
VEÍCULOS NO PÁTIO INTERNO DA ENTIDADE. Ilegitimidade. Eventual
renda obtida pela instituição de assistência social mediante cobrança
de estacionamento de veículos em área interna da entidade,
destinada ao custeio das atividades desta, está abrangida pela
imunidade prevista no dispositivo sob destaque.

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(STF, RE 144.900/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento


em 22/04/1997)

Além disso, ainda que os imóveis estejam sendo utilizados como escritório
e residência de membro da entidade, continuam imunes:

Instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos (...). O fato


de os imóveis estarem sendo utilizados como escritório e residência
de membros da entidade não afasta a imunidade prevista no art. 150,
VI, alínea c, § 4°, da CF."

(STF, RE 221.395, Segunda Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento em


08/02/2000)

Destaque-se que o STF também já considerou imune a renda obtida pelo


SESC com a venda de ingressos de cinema público em geral, conforme vemos
abaixo:

EMENTA: IMUNIDADE TRIBUTARIA. CF, ART. 150, VI, C. SERVIÇO SOCIAL


DO COMERCIO - SESC. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS. PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS DE DIVERSÃO PÚBLICA. A renda obtida pelo SESC na
prestação de serviços de diversão pública, mediante a venda de
ingressos de cinema ao público em geral, e aproveitada em suas
finalidades assistenciais, estando abrangida na imunidade tributaria prevista
no art. 150, VI, c, da Carta Republica.

(STF, AI 155.822/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento


em 20/09/1994)

Para o STF, as escolas de ensino profissionalizante estão


enquadradas no rol de entidades do art. 150, VI, c. Cite-
se, como exemplo, o SENAC e o SENAI.

Em suma, desde que o patrimônio, a renda e os serviços da entidade


imune estejam relacionados com suas finalidades essenciais, a entidade
continua imune. Isso é o que você deve guardar para a prova, tanto no
que se refere à imunidade religiosa como na que estamos tratando
neste tópico.

Sendo assim, pense comigo: uma instituição imune pelo art. 150, VI, c,
possui um terreno baldio, para o qual não foi dada nenhuma finalidade. Estaria
tal terreno imune sobre os IPTU? É claro que não, pois não está relacionado à
finalidade da entidade. Vejamos:

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"Terrenos baldios sem vinculação às finalidades essenciais da


entidade afastam a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da
Constituição Federal. Precedentes."

(STF, RE 375.715-ED/DF, Segunda Turma, Rel. Min. Ellen gracie, Julgamento


em 31/08/2010)

Questão 20 - INÉDITA/2014

O simples fato de uma entidade estar enquadrada no art. 150, VI, "c", da
CF/88 torna os imóveis desta imunes ao IPTU. Nesse sentido, os terrenos
baldios também são alcançados pela imunidade.

Comentário: Observe que sempre há a necessidade de vinculação às


finalidades essenciais da entidade, para aplicação da imunidade prevista no
art. 150, VI, "c". Por isso, os terrenos baldios, sem qualquer destinação
específica, não são imunes ao IPTU. Questão errada.

O STF também já considerou imune em relação ao ICMS incidente sobre a


comercialização de bens produzidos pelas entidades previstas no art. 150, VI,
c:

"O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 210.251 -


EDv/SP, fixou entendimento segundo o qual as entidades de assistência
social são imunes em relação ao ICMS incidente sobre a
comercialização de bens por elas produzidos, nos termos do art. 150,
VI, ”c” da Constituição. Embargos de divergência conhecidos, mas
improvidos."

(STF, RE 186.175 ED-EDv/SP, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgamento em


23/08/2006)

Vejamos ainda o seguinte:

"Não há invocar, para o fim de ser restringida a aplicação da


imunidade, critérios de classificação dos impostos adotados por
normas infraconstitucionais, mesmo porque não é adequado distinguir
entre bens e patrimônio, dado que este se constitui do conjunto daqueles. O
que cumpre perquirir, portanto, é se o bem adquirido, no mercado
interno ou externo, integra o patrimônio da entidade abrangida pela
imunidade."

(STF, RE 203.755/ES, Segunda Turma, Rel. Min. Carlos Velloso, Julgamento


em 17/09/1996)

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Com base no entendimento de que o que importa é saber se o bem


adquirido no mercado interno ou externo integra o patrimônio da entidade
imune, o STF estendeu a citada imunidade às aquisições no mercado interno:

ICMS. IMUNIDADE. (ART. 150, VI, C, DA CF). AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS


E SERVIÇOS NO MERCADO INTERNO. ENTIDADE BENEFICENTE. 1. A
imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c, da Constituição,
compreende as aquisições de produtos no mercado interno, desde
que os bens adquiridos integrem o patrimônio dessas entidades
beneficentes. 2. Agravo regimental improvido.

(STF, AI 535.922-AgR/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Ellen Gracie,


Julgamento em 30/09/2008)

No que se refere à figura do contribuinte de fato (adquirente de


mercadorias ou serviços), o entendimento do STF é o mesmo aplicável à
imunidade recíproca (também visto nesta aula):

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.


TRIBUTÁRIO. ICMS. ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS. IMUNIDADE
RECÍPROCA. IMPOSSIBLIDADE. BENEFÍCIO DA IMUNIDADE NÃO ALCANÇA
CONTRIBUINTE DE FATO. AGRAVO IMPROVIDO. I - Entidade educacional
que não é contribuinte de direito do ICMS relativo a serviço de
energia elétrica, não tem benefício da imunidade em questão, uma
vez que esta não alcança o contribuinte de fato.

(STF, AI 731.786-AgR/SC, Primeira Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,


Julgamento em 19/10/2010)

Embora os dois últimos julgados se refiram a situações em que a entidade


imune é contribuinte de fato, há uma diferença entre eles: no AI 535.922, os
bens adquiridos passam a integrar o patrimônio da entidade; no AI 731.786 se
refere a mero consumo do serviço de energia elétrica.

O que você precisa guardar pra prova é o seguinte: se a


questão mencionar que o bem foi adquirido e passou a
integrar o patrimônio da entidade, haverá imunidade. Por
^ffi^tencão outro lado, se houver apenas menção de que a entidade
está na posição do contribuinte de fato, não haverá
imunidade.

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Sobre operações de importação, assim decidiu a Suprema Corte:

EMENTA: TRIBUTÁRIO. ICMS. IMUNIDADE. OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO DE


MERCADORIA REALIZADA POR ENTIDADE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL.
AGRAVO IMPROVIDO. I - A jurisprudência da Corte é no sentido de que a
imunidade prevista no art. 150, VI, c, da Constituição Federal
abrange o ICMS incidente sobre a importação de mercadorias
utilizadas na prestação de seus serviços específicos. II - Agravo
improvido.

(STF, AI 669.257-AgR/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,


Julgamento em 17/03/2009)

Temos ainda o seguinte:

EMENTA: IOF. Imunidade tributária. Instituição de educação sem fins


lucrativos. A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, c, da Constituição,
estende-se ao imposto sobre operações financeiras. Precedente: RE
230.128-AgR, 1a T., 8.10.2002, Ellen Gracie, DJ 8.11.2002.

(STF, RE 192.899/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence,


Julgamento em 20/06/2006)

Questão 21 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2011

A imunidade tributária conferida aos partidos políticos, às entidades sindicais


dos trabalhadores e às instituições de educação e de assistência social, sem
fins lucrativos, não abrange o imposto sobre operações de crédito, câmbio e
seguro, ou as relativas a títulos ou valores mobiliários.

Comentário: Conforme posicionamento do STF, a imunidade prevista no art.


150, VI, c, da CF/88, abrange o IOF. Questão errada.

Observe que nas operações de importação e financeiras também há


similaridade com a imunidade recíproca.

No tocante às atividades exercidas pelas entidades imunes, o STF já


estendeu o conceito ao ensino de línguas estrangeiras, conforme o julgado
abaixo:

"O ensino de línguas estrangeiras caracteriza-se como atividade


educacional para aplicação da imunidade tributária (art. 150, VI, c, da
Constituição). A distinção relevante para fins de aplicação da imunidade
tributária é o conceito de 'atividade assistencial', isto é, a intensidade e a
abrangência da prestação gratuita ou altamente subsidiada do ensino da

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língua inglesa a quem necessitar."

(STF, RMS 24.283-AgR-segundo, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim


Barbosa, Julgamento em 21/09/2010)

Por fim, no que se refere às entidades fechadas de previdência privada


que cobram contribuição dos seus beneficiários, também não estão
albergadas pela imunidade ora em apreço. Previdência não é assistência
social e, portanto, o STF entende descabida essa equiparação.

Por outro lado, caso a entidade fechada de previdência privada não cobre
contribuição dos seus beneficiários e seja custeada apenas com recursos do
patrocinador, é possível considerá-la imune. Sobre o tema, segue abaixo
importante súmula do STF:

SÚMULA STF 730 - A imunidade tributária conferida a instituições de


assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição,
somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não
houver contribuição dos beneficiários.

Questão 22 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

A imunidade tributária conferida pela CF a instituições de assistência social


sem fins lucrativos somente alcança as entidades fechadas de previdência
social privada se houver contribuição dos beneficiários.

Comentário: Nos termos da Súmula n° 730 do STF, a imunidade conferida a


instituições de assistência social sem fins lucrativos somente alcança as
entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição
dos beneficiários. Questão errada.

1.4 - Imunidade Cultural

A imunidade cultural está prevista no art. 150, VI, d, e abrange os livros,


jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

Inicialmente, precisamos guardar o seguinte posicionamento do STF a


respeito dessa imunidade:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Extraia-se da Constituição Federal, em


interpretação teleológica e integrativa, a maior concretude possível.
IMUNIDADE - "LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O PAPEL DESTINADO A
SUA IMPRESSÃO" - ARTIGO 150, INCISO VI, ALÍNEA "D", DA CARTA DA
REPÚBLICA - INTELIGÊNCIA. A imunidade tributária relativa a livros,
jornais e periódicos é ampla, total, apanhando produto, maquinário e
insumos. A referência, no preceito, a papel é exemplificativa e não

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exaustiva.

(STF, RE 202.149/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Menezes Direito, Julgamento


em 26/04/2011)

O caso em análise refere-se à extensão da imunidade cultural


também às peças sobressalentes para equipamentos de preparo e
acabamento de chapas de impressão offset para jornais.

Conforme a ementa do RE 202.149/RS, a imunidade tributária


cultural pode ser considerada ampla, sendo utilizada como instrumento de
estímulo à cultura.

No entanto, não era esse o entendimento do STF até então. Cite-se,


como exemplo, o texto restritivo da Súmula 657:

SÚMULA STF 657 - A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange


os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e
periódicos.

Perceba que, à época da edição da referida súmula, nada foi dito a


respeito dos outros insumos - que não sejam papel -, bem como dos
maquinários.

Da mesma forma, a imunidade cultural também não abrange as tintas


para jornal, conforme o posicionamento explicitado abaixo:

"Ementa: - Imposto de importação. Tinta especial para jornal. Não-


ocorrência de imunidade tributária. - Esta Corte já firmou o
entendimento (a título de exemplo, nos RREE 190.761, 174.476, 203.859,
204.234 e 178.863) de que apenas os materiais relacionados com o
papel - assim, papel fotográfico, inclusive para fotocomposicão por laser,
filmes fotográficos, sensibilizados, não impressionados, para imagens
monocromáticas e papel para telefoto - estão abrangidos pela imunidade
tributária prevista no artigo 150, VI, "d", da Constituição. (...)"

(STF, RE 273.308/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Moreira Alves, Julgamento


em 22/08/2000)

Questão 23 - INÉDITA/2014

No que se refere à imunidade prevista no art. 150, VI, "d", da CF/88, apesar
de o texto constitucional se referir apenas aos livros, jornais, periódicos e o
papel destinado a sua impressão, o entendimento do STF é o de que a
imunidade alcança também a tinta utilizada para impressão de jornal.

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Comentário: Há entendimento expresso do STF (RE 273.308/SP), no sentido


da não aplicabilidade da imunidade cultural à tinta para jornal. Questão errada.

Você deve estar se perguntando nesse momento: "o que eu devo levar
para a prova?" Boa pergunta, meu amigo!

Como trata-se de um assunto em processo de mudança no entendimento


da Suprema Corte, o ideal é que você decore os objetos que estão sendo
tratados em cada julgado. A banca tenderá a cobrar a literalidade.

Sendo assim, caso a questão mencione tinta para jornal, você vai
considerar não imune. Se, por outro lado, o examinador redigir a assertiva,
dizendo que a imunidade cultural é ampla, abrangendo produto, maquinário
e insumos, você considera imune! Combinado?

Acrescente-se que não há proteção constitucional à prestação de serviços


de composição gráfica a terceiros:

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. LIVRO, JORNAL,


PERIÓDICO E O PAPEL DESTINADO À RESPECTIVA IMPRESSÃO. PRETENDIDA
EXTENSÃO AOS SERVIÇOS DE COMPOSIÇÃO GRÁFICA E DE IMPRESSÃO
POSTOS À DISPOSIÇÃO DO MERCADO CONSUMIDOR. IMPOSSIBILIDADE.
ART. 150, VI, D DA CONSTITUIÇÃO. A imunidade tributária prevista no
art. 150, VI, d da Constituição não alcança os serviços de composição
gráfica ou de impressão onerosos, oferecidos a terceiros
interessados.

(STF, RE 723.018-AgR/MG,Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa,


Julgamento em 06/03/2012)

Questão 24 - CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012

A imunidade tributária conferida aos livros, jornais, periódicos e papel


destinado à sua impressão estende-se aos serviços de composição gráfica
necessários à composição do produto final.

Comentário: Conforme o entendimento do STF, não há extensão da


imunidade cultural aos serviços de composição gráfica. Dessa forma, a questão
está errada.

Faz-se necessário saber também que a imunidade cultural é objetiva, não


se estendendo, por exemplo, às editoras, aos autores etc.

EMENTA: TRIBUTÁRIO. ANISTIA DO ART. 150, VI, D, DA CONSTITUIÇÃO


FEDERAL. IPMF. EMPRESA DEDICADA À EDIÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E
COMERCIALIZAÇÃO DE LIVROS, JORNAIS, REVISTAS E PERIÓDICOS.

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Imunidade que contempla, exclusivamente, veículos de comunicação e


informação escrita, e o papel destinado a sua impressão, sendo, portanto, de
natureza objetiva, razão pela qual não se estende às editoras, autores,
empresas jornalísticas ou de publicidade -- que permanecem sujeitas
à tributação pelas receitas e pelos lucros auferidos.
Consequentemente, não há falar em imunidade ao tributo sob enfoque, que
incide sobre atos subjetivados (movimentação ou transmissão de valores e
de créditos e direitos de natureza financeira). Recurso conhecido e provido.

(RE 206.774, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 3/8/1999)

Ainda sobre o conceito objetivo da imunidade cultural, a jurisprudência do


STF é firme no sentido de que os serviços de distribuição de livros,
jornais e periódicos não são considerados imunes:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


TRIBUTÁRIO. ISS. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ALÍNEA "D" DO INCISO VI DO
ART. 150 DA CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA. DISTRIBUIÇÃO DE
PERIÓDICOS, REVISTAS, PUBLICAÇÕES, JORNAIS E LIVROS. NÃO
ABRANGÊNCIA. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que me
parece juridicamente correta, é firme no sentido de que a distribuição
de periódicos, revistas, publicações, jornais e livros não está
abrangida pela imunidade tributária da alínea "d" do inciso VI do art.
150 do Magno Texto 2. Agravo regimental desprovido.

(STF, RE 630.462-AgR/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Ayres Britto,


Julgamento em 07/02/2012)

Nesse mesmo sentido, não são consideradas imunes as operações


financeiras realizadas pelas empresas que fabricam os produtos imunes:

"Ementa: (...) II - A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Lei Maior


não abrange as operações finanReiras realizadas pela agravante. III -
Agravo regimental improvido."

(STF, RE 504.615-AgR/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,


Julgamento em 03/05/2011)

Além disso, não há que se falar em análise do valor cultural, como


requisito para conceder a imunidade. Nessa linha, temos o seguinte julgado:

"EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. ART. 150, VI, "D"


DA CF/88. "ÁLBUM DE FIGURINHA”. ADMISSIBILIDADE. 1. A imunidade
tributária sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua
impressão tem por escopo evitar embaraços ao exercício da liberdade de

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expressão intelectual, artística, científica e de comunicação, bem como


facilitar o acesso da população à cultura, à informação e à educação. 2. O
Constituinte, ao instituir esta benesse, não fez ressalvas quanto ao
valor artístico ou didático, à relevância das informações divulgadas ou à
qualidade cultural de uma publicação. (...)"

(STF, RE 221.239/SP, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 25/05/2004)

De acordo com o STF, "os álbuns de figurinhas e os respectivos


cromos adesivos estão alcançados pela imunidade tributária prevista
no art. 150, VI, "d", da Constituição Federal".

A referida imunidade também abrange as apostilas:

"EMENTA: IMUNIDADE. IMPOSTOS. LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E PAPEL


DESTINADO À IMPRESSÃO. APOSTILAS. O preceito da alínea "d" do inciso VI
do artigo 150 da Carta da República alcança as chamadas apostilas,
veículo de transmissão de cultura simplificado."

(STF,RE 183.403/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento


em 07/11/2000)

O julgado acima trata das apostilas impressas, mas não de apostilas


virtuais, como o CESPE já abordou na questão abaixo:

Questão 25 - CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011

Manuais técnicos no formato de apostilas virtuais não gozam da imunidade


tributária conferida aos livros, visto que só é considerado livro, para efeitos
fiscais, o que pode ser impresso e identificado como tal.

Comentário: Como foi estudado até o momento, o STF somente possui


jurisprudência pacífica no que se refere às apostilas impressas. No que se
refere a livros, jornais e revistas eletrônicos, o tema será decidido com
repercussão geral no RE 330.817/RJ. Por hora, a meu ver, a questão deveria
ter sido considerada correta pelo CESPE. Poderíamos até forçar algumas
interpretações, mas isso não vem ao caso. Questão errada.

Destaque-se que a inserção de anúncios e publicidade em listas


telefônicas, com o objetivo de permitir a divulgação das informações a custo
zero para os assinantes, não descaracteriza a imunidade em tela:

"EMENTA: IMUNIDADE. LISTAS TELEFÔNICAS. ANÚNCIO E PUBLICIDADE. O


fato de as edições das listas telefônicas veicularem anúncios e
publicidade não afasta o benefício constitucional da imunidade. A
inserção visa a permitir a divulgação das informações necessárias ao

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serviço público a custo zero para os assinantes

(RE 199.183/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 17/4/1998)

Questão 26 - INÉDITA/2014

O fato de as edições das listas telefônicas veicularem anúncios e publicidade


afasta o benefício constitucional da imunidade.

Comentário: Não foi isso que estudamos. De acordo com o STF, o fato de as
listas telefônicas veicularem anúncios não afasta a imunidade do art. 150, VI,
"d". O objetivo da publicidade é permitir a divulgação das listas a custo zero
para os assinantes. Questão errada.

No entanto, é de se ressaltar que os encartes de propaganda com


exclusiva índole comercial não podem ser considerados imunes, como vemos a
seguir:

"EMENTA: TRIBUTÁRIO. ENCARTES DE PROPAGANDA DISTRIBUÍDOS COM


JORNAIS E PERIÓDICOS. ISS. ART. 150, VI, d, DA CONSTITUIÇÃO. Veículo
publicitário que, em face de sua natureza propagandística, de exclusiva
índole comercial, não pode ser considerado como destinado à cultura
e à educação, razão pela qual não está abrangido pela imunidade de
impostos prevista no dispositivo constitucional sob referência, a qual,
ademais, não se estenderia, de qualquer forma, às empresas por eles
responsáveis, no que concerne à renda bruta auferida pelo serviço prestado e
ao lucro líquido obtido."

(RE 213.094/ES, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 22/6/1999)

1.5 - Demais Imunidades da CF/88

Vamos tratar neste tópico dos drincipais julgados, referentes às demais


imunidades distribuídas no texto constitucional.

5. Vilipêndio do dever fundamental de prestação de serviços de saúde (art.


196 da Constituição), pois o bem tributado é equipamento médico (sistema
de tomografia computadorizada). Impossibilidade. Não há imunidade à
tributação de operações ou bens relacionados à saúde. Leitura do
princípio da seletividade.

(STF, RE 429.306/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa,


Julgamento 01/02/2011)

Para facilitar a compreensão, segue abaixo trecho do voto do Min. Rel.


Joaquim Barbosa:

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O princípio da seletividade impõe que o poder público gradua a carga


tributária conforme a essencialidade da operação ou do produto. Isto
não significa haver imunidade, ainda que as operações ou os bens
sejam essenciais ao ser humano. Em especial, há que ser
considerado o princípio da capacidade contributiva, da concorrência e da
livre iniciativa, considerado o postulado da solidariedade no custeio das
atividades estatais.

Sobre o assunto, o CESPE já cobrou a seguinte assertiva:

Questão 27 - CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013

Conforme jurisprudência do STF fundamentada no princípio da seletividade,


operações e bens relacionados à saúde são imunes a tributação.

Comentário: Não há que se alegar que os bens essenciais ao ser humano


devem ser imunes, por conta do princípio da seletividade. Há outros princípios
que devem ser levados em consideração, como o da capacidade contributiva,
da concorrência e da livre iniciativa. Questão errada.

Outro ponto a ser destacado diz respeito à imunidade sobre as


contribuições sociais bem como as CIDE, no que se refere a operações de
exportação:

"Ementa: (...) 4. A imunidade prevista no art. 149, § 2°, I, da


Constituição, introduzida pela Emenda Constitucional n° 33/2001,
não alcança a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), haja
vista a distinção ontológica entre os conceitos de lucro e receita. (...) 7. A
norma de exoneração tributária prevista no art. 149, § 2°, I, da
Constituição também não alcança a Contribuição Provisória sobre
Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de
Natureza Financeira (CPMF), pois o referido tributo não se vincula
diretamente à operação de exportação. A exação não incide sobre o
resultado imediato da operaçãw, mas sobre operações financeiras
posteriormente realizadas. 8. Recurso extraordinário a que se nega
provimento."

(STF, RE 474.132/SC, Pleno, Rel. Min Gilmar Mendes, Julgamento em


12/08/2010)

Veja que, para o STF, o conceito de exportação é restrito, não se


entendendo para outras situações decorrentes daquela.

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Questão 28 - INÉDITA/2014

O STF entende que a imunidade referente às contribuições sociais e


contribuições de intervenção no domínio econômico sobre receitas decorrentes
de operações de exportação abrange também a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido, dado que o lucro pressupõe receita.

Comentário: O entendimento do STF é o de que somente a operação


diretamente relacionada à exportação está imune à tributação. Questão
errada.

No que se refere à imunidade prevista no art. 195, § 7°, da CF/88, é


importante destacar alguns entendimentos já firmados pelo STF e que foram
objeto de cobrança na última prova para Auditor-Fiscal da Receita Federal,
aplicada em 2014.

Conforme preceitua o referido dispositivo, são imunes de contribuição


para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social, desde
que atendidos os requisitos da lei.

A lei 12.101/2009, que regulamentou as regras de constituição e


funcionamento das entidades imunes, exigiu a emissão de um certificado para
que reconhece aptidão delas para gozar da imunidade. O certificado ao qual
estamos nos referindo é o CEBAS (Certificado de Entidade Beneficente de
Assistência Social).

Ocorre que periodicamente, a entidade imune deve renovar o CEBAS,


seguindo as regras vigentes no momento da renovação, caso haja alguma
alteração.

Sobre o tema, vejamos a seguinte ementa do STF:

1. Nenhuma imunidade tributária é absoluta, e o reconhecimento da


observância aos requisitos legais lp ue ensejam a proteção constitucional
dependem da incidência da norma aplicável no momento em que o
controle da regularidade é executado, na periodicidade indicada pelo
regime de regência. 2. Não há direito adquirido a regime jurídico
relativo à imunidade tributária. A concessão de Certificado de Entidade
Beneficente - Cebas não imuniza a instituição contra novas verificações ou
exigências, nos termos do regime jurídico aplicável no momento em
que o controle é efetuado. Relação jurídica de trato sucessivo. 3. O art.
1°, § 1° do Decreto-lei 1.752/1977 não afasta a obrigação de a entidade se
adequar a novos regimes jurídicos pertinentes ao reconhecimento dos
requisitos que levam à proteção pela imunidade tributária. (...)

(STF, Segunda Turma, RMS 26.932/DF, Rel. Min. Joaquim Barbosa,


Julgamento em 01/12/2009)

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De acordo com o que foi exposto, o STF entende que não ofende a CF/88
a exigência de emissão e renovação periódica do CEBAS. Neste caso, não há
direito adquirido ao regime jurídico relativo à imunidade tributária, isto
é, em caso de renovação, a entidade se sujeita às novas leis que porventura
tenham alterado os requisitos e condições para renovação do CEBAS.

Explique-se melhor: para a emissão do CEBAS, a entidade deve se


adequar aos requisitos legais naquele momento. Posteriormente, na época da
renovação, não há alegação de direito adquirido ao regime jurídico
anterior, ou seja, devendo se sujeitar à legislação superveniente.

Vamos ver como a ESAF cobrou?

Questão 29 - ESAF/AFRFB/2014

O entendimento do Supremo Tribunal Federal, no que toca à imunidade de que


gozam as entidades beneficentes de assistência social, é no sentido de que a
jurisprudência do STF é no sentido de afirmar a existência de direito adquirido
ao regime jurídico da imunidade das entidades filantrópicas.

Comentário: Não há direito adquirido ao regime jurídico da imunidade. Nesse


sentido, se a entidade desejar renovar o CEBAS, fica obrigada a cumprir os
requisitos previstos em legislação superveniente. Questão errada.

Questão 30 - ESAF/AFRFB/2014

O entendimento do Supremo Tribunal Federal, no que toca à imunidade de que


gozam as entidades beneficentes de assistência social, é no sentido de que a
exigência de renovação periódica do CEBAS, por parte das entidades
filantrópicas, a cada três anos, ofende o disposto na Constituição Federal.

Comentário: De acordo com o STF, não há qualquer violação à CF/88 a


exigência de renovação periódica do CEBAS. Questão errada.

Por fim, ressaltamos o entendimento do STF no sentido de que a


entidade que satisfaz os requisitos da lei, faz jus à imunidade, não podendo ser
obstada por autoridade administrativa, com o objetivo de restringir a eficácia
do disposto no art. 195, § 7°, da CF/88 (norma que prevê a imunidade):

A Associação Paulista da Igreja Adventista do Sétimo Dia, por qualificar-se


como entidade beneficente de assistência social - e por também atender,
de modo integral, as exigências estabelecidas em lei - tem direito
irrecusável ao benefício extraordinário da imunidade subjetiva
relativa às contribuições pertinentes à seguridade social.
(...)
Tratando-se de imunidade - que decorre, em função de sua natureza mesma,

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do próprio texto constitucional revela-se evidente a absoluta


impossibilidade jurídica de a autoridade executiva, mediante
deliberação de índole administrativa, restringir a eficácia do preceito
inscrito no art. 195, § 7°, da Carta Política, para, em função de exegese
que claramente distorce a teleologia da prerrogativa fundamental em
Referência, negar, à entidade beneficente de assistência social que satisfaz
os requisitos da lei, o benefício que lhe é assegurado no mais elevado plano
normativo.

(STF, Primeira Turma, RMS 22.192/DF, Rel. Min. Celso de Mello, Julgamento
em 28/11/1995)

Sobre tal assunto, a ESAF já se manifestou da seguinte maneira:

Questão 31 - ESAF/AFRFB/2014

O entendimento do Supremo Tribunal Federal, no que toca à imunidade de que


gozam as entidades beneficentes de assistência social, é no sentido de que
tratando-se de imunidade - que decorre, em função de sua natureza mesma,
do próprio texto constitucional -, revela-se evidente a absoluta impossibilidade
jurídica de, mediante deliberação de índole legislativa, restringir a eficácia do
preceito.

Comentário: O texto foi retirado das decisões do STF, e a banca alterou


"índole administrativa" por "índole legislativa". Pura malícia do examinador.
Contudo, bastava conhecer o conceito dos serviços assistenciais para acertar
esta questão. Questão errada.

2 - ASSUNTO EXTRA

Colega concurseiro, ao lançar o curso, eu criei um compromisso em


buscar prepará-lo ao máximo para ser aprovado nesse concurso. Por esse
motivo, mesmo não se tratando de jurisprudência, trago até você uma grande
novidade na seara do Direito Tributário, passível de ser cobrada em provas.

Refiro-me a uma emenda constitucional recente, que afeta diretamente o


tema estudado na aula de hoje. Trata-se da EC 75/2013, denominada PEC da
Música. Vamos ver o que diz o seu texto:

"Art. 1° O inciso VI do art. 150 da Constituição Federal passa a vigorar


acrescido da seguinte alínea e:

VI. instituir impostos sobre:

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e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil


contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou
obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os
suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo
na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a
laser."

O que isso significa? A emenda trouxe mais uma imunidade


tributária.

Sabendo que imunidade é uma forma de não incidência


constitucionalmente qualificada, qual seria, portanto, a limitação imposta ao
Estado pela EC 75/2013? Ora, está vedado a todos os entes federativos
instituir impostos (e não tributos, como as bancas adoram cobrar) sobre
fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral
interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou
arquivos digitais que os contenham.

Destaque-se que a etapa de replicação industrial de mídias ópticas


de leitura a laser foi excepcionada, não estando, por conseguinte,
imune aos impostos.

Para facilitar a memorização de tal exceção, faz-se necessário entender o


motivo de ela ter sido incluída no texto constitucional. Levando em
consideração que a grande maioria dos CDs e DVDs fabricados no Brasil sai da
Zona Franca de Manaus, o que houve foi a tentativa de manter aquele pólo
industrial atrativo para as empresas.

Explique-se melhor: caso o processo de replicação se tornasse imune,


não haveria motivo para as fábricas responsáveis por esta etapa industrial
continuarem instaladas naquela longínqua região, já que o benefício fiscal lá
concedido, hoje estaria imune em todo o território nacional. Entendeu?

O principal aspecto sobre essa novidade é saber como as bancas podem


cobrar este assunto. Eu diria que elas vão permanecer estendendo aos tributos
a imunidade que só abrange impostos, considerando incorreta a assertiva.

Outra possibilidade é cobrar a exceção que nós vimos (sobre a replicação


das mídias), bem como a restrição de que apenas os fonogramas e
videofonogramas musicais produzidos no Brasil e que contenham
obras de autores brasileiros - e/ou interpretadas por artistas
brasileiros - estão imunes aos impostos.

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Enfim, você deve saber o seguinte:

> Os fonogramas e videofonogramas devem ser produzidos no Brasil;


> As obras não precisam ser dos autores brasileiros. Entretanto, devem ser,
no mínimo, interpretadas por artistas brasileiros;
> Abrange os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham;
> A etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser não está
imune.

Questão 32 - INÉDITA/2014

Com o advento da Emenda Constitucional 75/2013, conhecida como PEC da


Música, os fonogramas e videofonogramas produzidos no Brasil estão imunes
de impostos.

Comentário: Nem todos os fonogramas e videofonogramas produzidos no


Brasil estão imunes de impostos, mas apenas aqueles de autores brasileiros ou
interpretados por artistas brasileiros. Lembre-se de que caso os fonogramas
sejam de artistas brasileiros, mas não tenham sido produzidos no Brasil, não
há imunidade sobre eles. Questão errada.

Por hoje, é só! Até nosso próximo encontro!

Um grande abraço e bons estudos!

Prof. Fábio Dutra

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3 - LISTA DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA

Questão 01 - CESPE/PROMOTOR-MP-RR/2011

Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa jurídica não está


dispensada de cumprir obrigações acessórias e de se submeter à fiscalização
tributária.

Questão 02 - INÉDITA/2014

De acordo com o STF, o fato de uma entidade de educação sem fins lucrativos
estar imune, por expressa disposição constitucional, não a exime do dever de
recolher o tributo, caso seja eleita, por lei, como responsável pela obrigação
tributária.

Questão 03 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2013

A imunidade tributária recíproca é princípio garantidor da Federação, motivo


pelo qual não pode ser restringida nem mesmo por emenda constitucional.

Questão 04 - FD/INÉDITA/2014

Conforme jurisprudência do STF, a imunidade recíproca somente se aplica ao


imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio ente
beneficiado, na qualidade de contribuinte de direito.

Questão 05 - CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013

O princípio da imunidade tributária recíproca não pode, à luz do


posicionamento firmado pelo STF, ser invocado na hipótese de contribuições
previdenciárias.

Questão 06 - INÉDITA/2014

De acordo com a Constituição Federal de 1988, é vedado à União, aos Estados,


ao Distrito Federal e aos Municípios instituir tributos sobre patrimônio, renda
ou serviços, uns dos outros.

Questão 07 - ESAF/PGFN/2012

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Sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto


não é abrangida pela imunidade tributária recíproca.

Questão 08 - INÉDITA/2014

De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, a Casa da Moeda


do Brasil (CMB), empresa pública delegatária do serviço público de emissão de
papel moeda, cunhagem de moeda metálica, fabricação de fichas telefônicas e
impressão de selos postais, é considerada imune pelo art. 150, VI, a, da
CF/88.

Questão 09 - ESAF/PGFN/2012-Adaptada

A imunidade recíproca, em alguns casos, pode ter como efeito colateral


relevante a relativização dos princípios da livre concorrência e do exercício de
atividade profissional ou econômica lícita.

Questão 10 - ESAF/PROC.-TCE-GO/2007

A empresa pública Caixa Econômica Federal, que exerce atividade econômica,


é abrangida pela imunidade tributária recíproca, não se sujeitando ao
pagamento de imposto sobre propriedade de veículos automotores incidentes
sobre seus carros.

Questão 11 - ESAF/PGFN/2012

é relevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a


circunstância de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio
estatal.

Questão 12 - ESAF/PGFN/2012

O reconhecimento da imunidade tributária recíproca às operações financeiras


não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento
adotado pela entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a autoridade
fiscal poderá, sendo o caso, constituir o crédito tributário e tomar as demais
medidas legais cabíveis.

Questão 13 - INÉDITA/2014

Da mesma forma que o STF concedeu imunidade recíproca à OAB, por


desempenhar atividade própria de Estado, a Corte também estendeu a
limitação constitucional à Caixa de Assistência de Advogados, por pertencer a
estrutura da OAB.

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Questão 14 - ESAF/PGFN/2012

Tanto os objetivos como os efeitos do reconhecimento da aplicação da


imunidade constitucional recíproca são passíveis de submissão ao crivo
jurisdicional, em um exame de ponderação, não bastando a constatação
objetiva da propriedade do bem.

Questão 15 - ESAF/ISS-RJ/2010

De acordo com o entendimento do STF, a imunidade dos "templos de qualquer


culto" tem interpretação ampla e finalística.

Questão 16 - CESPE/Juiz-TJ-CE/2012

Ao interpretar o dispositivo constitucional que veda a instituição de imposto


sobre templos de qualquer culto, o STF entende que a imunidade limita-se aos
prédios destinados ao culto.

Questão 17 - INÉDITA/2014

Conforme pacífica jurisprudência do STF, a imunidade religiosa alcança as lojas


maçônicas.

Questão 18 - CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012

A imunidade tributária conferida pela CF ao patrimônio, renda ou serviços dos


partidos políticos, inclusive suas fundações, às entidades sindicais dos
trabalhadores, às instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, não se aplica aos imóveis alugados a terceiros, ainda que o valor
deles decorrente seja aplicado nas at vidades essenciais de tais entidades.

Questão 19 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

O imóvel pertencente a partido político permanece imune ao IPTU, ainda


quando alugado a terceiros, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas
atividades essenciais dessa entidade.

Questão 20 - INÉDITA/2014

O simples fato de uma entidade estar enquadrada no art. 150, VI, "c", da
CF/88 torna os imóveis desta imunes ao IPTU. Nesse sentido, os terrenos
baldios também são alcançados pela imunidade.

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Questão 21 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2011

A imunidade tributária conferida aos partidos políticos, às entidades sindicais


dos trabalhadores e às instituições de educação e de assistência social, sem
fins lucrativos, não abrange o imposto sobre operações de crédito, câmbio e
seguro, ou as relativas a títulos ou valores mobiliários.

Questão 22 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

A imunidade tributária conferida pela CF a instituições de assistência social


sem fins lucrativos somente alcança as entidades fechadas de previdência
social privada se houver contribuição dos beneficiários.

Questão 23 - INÉDITA/2014

No que se refere à imunidade prevista no art. 150, VI, "d", da CF/88, apesar
de o texto constitucional se referir apenas aos livros, jornais, periódicos e o
papel destinado a sua impressão, o entendimento do STF é o de que a
imunidade alcança também a tinta utilizada para impressão de jornal.

Questão 24 - CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012

A imunidade tributária conferida aos livros, jornais, periódicos e papel


destinado à sua impressão estende-se aos serviços de composição gráfica
necessários à composição do produto final.

Questão 25 - CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011

Manuais técnicos no formato de apostilas virtuais não gozam da imunidade


tributária conferida aos livros, visto que só é considerado livro, para efeitos
fiscais, o que pode ser impresso e identificado como tal.

Questão 26 - INÉDITA/2014

O fato de as edições das listas telefônicas veicularem anúncios e publicidade


afasta o benefício constitucional da imunidade.

Questão 27 - CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013

Conforme jurisprudência do STF fundamentada no princípio da seletividade,


operações e bens relacionados à saúde são imunes a tributação.

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Questão 28 - INÉDITA/2014

O STF entende que a imunidade referente às contribuições sociais e


contribuições de intervenção no domínio econômico sobre receitas decorrentes
de operações de exportação abrange também a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido, dado que o lucro pressupõe receita.

Questão 29 - ESAF/AFRFB/2014

O entendimento do Supremo Tribunal Federal, no que toca à imunidade de que


gozam as entidades beneficentes de assistência social, é no sentido de que a
jurisprudência do STF é no sentido de afirmar a existência de direito adquirido
ao regime jurídico da imunidade das entidades filantrópicas.

Questão 30 - ESAF/AFRFB/2014

O entendimento do Supremo Tribunal Federal, no que toca à imunidade de que


gozam as entidades beneficentes de assistência social, é no sentido de que a
exigência de renovação periódica do CEBAS, por parte das entidades
filantrópicas, a cada três anos, ofende o disposto na Constituição Federal.

Questão 31 - ESAF/AFRFB/2014

O entendimento do Supremo Tribunal Federal, no que toca à imunidade de que


gozam as entidades beneficentes de assistência social, é no sentido de que
tratando-se de imunidade - que decorre, em função de sua natureza mesma,
do próprio texto constitucional -, revela-se evidente a absoluta impossibilidade
jurídica de, mediante deliberação de índole legislativa, restringir a eficácia do
preceito.

Questão 32 - INÉDITA/2014

Com o advento da Emenda Constitucional 75/2013, conhecida como PEC da


Música, os fonogramas e videofonogramas produzidos no Brasil estão imunes
de impostos.

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4 - GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA

1 CORRETA
2 CORRETA
3 CORRETA
4 CORRETA
5 CORRETA
6 ERRADA
7 ERRADA
8 CORRETA
9 ERRADA
10 ERRADA
11 ERRADA
12 ERRADA
13 ERRADA
14 CORRETA
15 CORRETA
16 ERRADA
17 ERRADA
18 ERRADA
19 CORRETA
20 ERRADA
21 ERRADA
22 ERRADA
23 ERRADA
24 ERRADA
25 ERRADA
26 ERRADA
27 ERRADA
28 ERRADA
29 ERRADA
30 ERRADA
31 ERRADA
32 ERRADA

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AULA 03: COMPETÊNCIA TRIBUTARIA E


IMPOSTOS PREVISTOS NA CF/88
SUMÁRIO PÁGINA
Observações sobre a aula 01
Competência Tributária 02
Impostos Previstos na Constituição Federal de 1988 04
Lista das Questões Comentadas em Aula 43
Gabarito das Questões Comentadas em Aula 50

Observações sobre a aula

Olá, prezado candidato (a)!

Nessa aula, daremos continuidade ao estudo da jurisprudência relativa


ao tema Competência Tributária bem como os impostos previstos na CF/88.
Trata-se de um tema um pouco extenso, motivo pelo qual nossa ficou um
pouco maior do que as demais.

O esforço foi grande para resumir um assunto que podia ser escrito em
mais de 100 páginas! Sempre vamos prezar pela objetividade, para que o
seu tempo gasto nesse curso seja muito produtivo!

Alguns alunos podem estar questionando o fato de eu inserir questões


inéditas com praticamente a mesma redação dos julgados. Pra que isso?
Caros candidatos, a mera leitura de tantos julgados não é suficiente para que
você memorize todos eles, ou pelo menos os mais importantes.

É nesse sentido que eu elaboro algumas questões, instigando a revisão


do assunto, o que com certeza contribuirá para a fixação do conteúdo.
Também não é possível alterar a redação das questões significativamente,
tendo em vista que é assim que o assunto é cobrado em provas!

E aí? Pronto para começar a aula? Então, vamos em frente!

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1 - COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

"AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IPVA. LEI


ESTADUAL. ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS EM RAZÃO DO TIPO DO
VEÍCULO.

1. Os Estados-membros estão legitimados a ditar as normas gerais


referentes ao IPVA, no exercício da competência concorrente prevista
no artigo 24, § 3°, da Constituição do Brasil.

2. O Supremo possui orientação no sentido de que não há tributo


progressivo quando as alíquotas são diferenciadas segundo critérios que não
levam em consideração a capacidade contributiva.

Agravo regimental a que se nega provimento".

(STF, RE 466.480-AgR/MG, Rel. Min. Eros Grau, 24/06/2008)

Para entender melhor o julgado, faz-se necessário saber que o


CTN foi editado sob a égide da CF/46. Nessa CF, não havia previsão
para IPVA, de forma que o CTN não contemplou o referido imposto.

Como hoje existe tal previsão constitucional, não havendo, contudo,


normas gerais editadas pela União sobre o IPVA, o STF entendeu que se aplica
o disposto no art. 24, § 3°, da CF/88, que diz o seguinte:

§ 3° - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão


a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.

A ESAF não hesitou em cobrar esse julgado. Veja:

Questão 01 - ESAF/ISS-RJ/2010

Lei estadual pode estabelecer alíquotas diferenciadas em razão do tipo do


veículo, já que os estados-membros estão legitimados a editar normas gerais
referentes ao IPVA, no exercício da competência concorrente prevista no art.
24, § 3°, da Constituição.

Comentário: Seguindo a linha de entendimento do STF, os Estados-membros


estão legitimados a editar normas gerais referentes ao IPVA. Nesse sentido, lei
estadual pode estabelecer alíquotas diferenciadas em razão do tipo do veículo.
Questão correta.

Trecho do voto do Min. Carlos Velloso: " É que a técnica da competência


residual da União é para o legislador ordinário (C.F., art. 154, I) e não

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para o constituinte derivado."

(STF, ADI 939/DF, Pleno, Rel. Min Sydney Sanches, Julgamento em


15/12/1993)

Para o STF, a competência residual prevista na CF/88 é para o legislador


ordinário e não para o constituinte derivado. O que isso quer dizer? Ora,
quando o legislador for instituir um imposto novo (uso da competência
residual), deverá obedecer a regra prevista no art. 154, I (que diz respeito a
não cumulatividade e o não bis in idem).

No entanto, quando uma emenda constitucional acrescenta um novo


imposto na CF/88, o constituinte derivado não está sujeito ao art. 154, I.
Entendido?

Questão 02 - ESAF/SUSEP-Analista/2010

O exercício da competência residual é reservado ao legislador ordinário, e não


ao constituinte derivado.

Comentário: Perceba que a ESAF retirou a literalidade do trecho de um voto


do Min. Carlos Velloso. Questão correta.

Questão 03 - ESAF/SUSEP-Analista/2010

Consoante entendimento firmado no âmbito do Supremo Tribunal Federal, a


não-cumulatividade e o não bis-in-idem não precisam ser observados quando
da criação de um novo imposto por meio de emenda constitucional.

Comentário: A resposta dessa questão é decorrência da assertiva anterior,


conforme acabamos de estudar. Na realidade, a emenda constitucional não cria
impostos, mas sim confere a um ente federado a competência tributária para
os instituir. Não obstante esse detalhe, a questão está correta.

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2- IMPOSTOS PREVISTOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Vamos tratar agora dos principais julgados referentes a todos os


impostos previstos na CF/88, separando-os conforme a competência tributária
de cada ente.

2.1- Impostos de Competência da União

2.1.1 - Imposto de Importação

De acordo com o art. 19 do CTN, o fato gerador do II ocorre com a


entrada dos produtos estrangeiros no território nacional. Para o Decreto-lei
37/1966, considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro da
declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo.
Para o STJ, não há incompatibilidade entre as normas:

"Ementa: (...) Não obstante o fato gerador do imposto de importação se dê


com a entrada da mercadoria estrangeira em território nacional, torna-se
necessária a fixação de um critério temporal a que se atribua a
exatidão e certeza para se completar o inteiro desenho do fato
gerador. Assim, embora o fato gerador do tributo se dê com a entrada
da mercadoria em território nacional, ele apenas se aperfeiçoa com o
registro da Declaração de Importação no caso de regime comum e, nos
termos precisos do parágrafo único, do artigo 1°, do Decreto-Lei n° 37/66,
"com a entrada no território nacional a mercadoria que contar como tendo
sido importada e cuja a falta seja apurada pela autoridade aduaneira".

(STJ, REsp 362.910/PR, Primeira Turma, Rel. Min. José Delgado, Julgamento
em 16/04/2002)

Questão 04 - ESAF/AFRFB/2009

A simples entrada em território nacional de um quadro para exposição


temporária num museu ou de uma máquina para exposição em feira,
destinados a retornar ao país de origem, não configuram importação, e, por
conseguinte, não constituem fato gerador.

Comentário: Essa questão foi aplicada em prova de Direito Tributário da


ESAF, e você precisa decorar o entendimento da banca nesse caso. Trata-se de
bens que entram no regime aduaneiro especial de admissão temporária, com
suspensão do pagamento de tributos. Questão correta.

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Para a ESAF, não ocorre fato gerador quando o bem


entra no território nacional, amparado por regime
^ffi^têricão suspensivo de tributação (regime aduaneiro especial de
admissão temporária).

" Recurso extraordinário em que se argumento a não incidência do II e


do IPI sobre operação de importação de sistema de tomografia
computadorizada, amparada por contrato de arrendamento mercantil.
Alegada insubmissão do arrendamento mercantil, quer seria um serviço, ao
fato gerador do imposto de importação (art. 153, I, da Constituição).
Inconsistência. Por se tratar de tributos diferentes, com hipóteses de
incidência específicas (prestação de serviços e importação, entendida como
a entrada de bem em território nacional - art. 19 do CTN), a incidência
concomitante do II e do ISS não implica bitributação ou de violação
de pretensa exclusividade e preferência de cobrança do ISS.

(STF, RE 429.306, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Julgamento


em 01/02/2011)

Não ocorre bitributação no caso apresentado pelo STF, pois há dois fatos
geradores distintos: importação e prestação de serviços.

2.1.2 - Imposto de Exportação

"Não é qualquer registro no SISCOMEX que corresponde à expedição do


documento equivalente à guia de exportação prevista no § 1°, in fine, do art.
1° do DL 1.578/1977, como determinante da ocorrência do fato gerador do
tributo. Somente o Registro de Exportação corresponde e se equipara à
Guia de Exportação. Editada a Resolução 2.112/1994 do Banco Central do
Brasil depois dos registros de venda, mas antes dos registros de exportação,
submetem-se as operações respectivas às alíquotas nelas fixadas, visto que
tal fixação se dera antes da ocorrência do fato gerador."

(STF, AI 578.372-AgR,Segunda Turma, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgamento em


09/02/2010)

Para efeito de cálculo do IE, considera-se ocorrido o fato gerador na


data do Registro de Exportação, ainda que a saída da mercadoria
ocorra em momento posterior.

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No que se refere à atribuição para alteração de alíquotas do Imposto de


Exportação, o STF se posicionou da seguinte maneira:

EMENTA: (...)I - É compatível com a Carta Magna a norma


infraconstitucional que atribui a órgão integrante do Poder Executivo
da União a faculdade de estabelecer as alíquotas do Imposto de
Exportação. II - Competência que não é privativa do Presidente da
República. III - Inocorrência de ofensa aos arts. 84, caput, IV e parágrafo
único, e 153, § 1°, da Constituição Federal ou ao princípio de reserva legal.
Precedentes. IV - Faculdade discricionária atribuída à Câmara de
Comércio Exterior - CAMEX, que se circunscreve ao disposto no
Decreto-Lei 1.578/1977 e às demais normas regulamentares. V -
Recurso extraordinário conhecido e desprovido.

(STF, Pleno, RE 570.680/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Julgamento em


28/10/2009)

Questão 05 - INÉDITA/2014

De acordo com a Constituição Federal de 1988, as alíquotas do Imposto de


Exportação não se submetem ao princípio da legalidade. Dessa forma, a
jurisprudência do STF é no sentido de que somente o Presidente da República
pode alterá-las.

Comentário: De acordo com o STF, a competência não é privativa do


Presidente da República, podendo, tais alíquotas, serem alteradas pela CAMEX.
Questão errada.

2.1.3 - Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza:

"O valor pago a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) não
perde a característica de corresponder a parte dos lucros ou da renda do
contribuinte pela circunstância dE ser utilizado para solver obrigação
tributária. É constitucional o art. 1° e parágrafo único da Lei
9.316/1996, que proíbe a dedução do valor da CSLL para fins de
apuração do lucro real, base de cálculo do Imposto sobre a Renda das
Pessoas Jurídicas."

(STF, RE 582.525,Plenário, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em


09/05/2013)

Apesar de ser um tema específico, é importante que você guarde isso,


pois a ESAF já cobrou questão específica sobre a CSLL, na prova de AFRFB-
2009.

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"Conforme jurisprudência reiterada deste STF, não cabe ao Poder


Judiciário autorizar a correção monetária da tabela progressiva do
Imposto de Renda na ausência de previsão legal nesse sentido.
Entendimento cujo fundamento é o uso regular do poder estatal de organizar
a vida econômica e financeira do país no espaço próprio das competências dos
Poderes Executivo e Legislativo."

(STF,RE 388.312, Plenário, Rel. p/ac. Min. Cármen Lúcia, Julgamento em


01/08/2011)

É necessário edição de lei para correção da tabela progressiva do


Imposto de Renda.

Questão 06 - INÉDITA/2014

Conforme jurisprudência pacífica do STF, é facultado ao Poder Judiciário


autorizar a correção monetária da tabela progressiva do Imposto de Renda,
caso não haja previsão legal.

Comentário: De acordo com o STF, o Judiciário não tem essa autonomia para
corrigir tabela do IR. Trata-se de matéria sujeita ao princípio da legalidade, ou
seja, deve ser corrigida pelo Legislativo. Questão errada.

Saber se indenização é, ou não, renda, para o efeito do artigo 153, III,


da Constituição, é questão constitucional, como entendeu o acórdão
recorrido, até porque não pode a Lei infraconstitucional definir como
renda o que insitamente não o seja.

(STF, RE 188.684/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Moreira Alves, Julgamento em


16/04/2002)

Questão 07 - ESAF/PGFN/2012

Pode-se afirmar, a partir de alguns julgados do Supremo Tribunal Federal, que


o conceito legalista/fiscalista de renda, assim considerado aquilo que a
legislação do imposto de renda estabelecer que é, está ultrapassado.

Comentário: Conforme a jurisprudência do STF, o conceito de renda é


definido no texto constitucional, não podendo lei infraconstitucional definir
como renda o que não o é. Questão correta.

Cabe ressaltar que não vamos abordar as súmulas que tratam de temas
específicos do IR, pois esse estudo provavelmente será feito por você, na
disciplina Legislação Tributária.

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2.1.4 - Imposto sobre Produtos Industrializados

"Imposto sobre Produtos Industrializados - Direito a crédito - Correção


monetária - Resistência do Fisco - Possibilidade - Precedentes. A
jurisprudência do Tribunal está pacificada no sentido de ser devida a
correção monetária de créditos tributários quando, por óbice do Fisco,
a compensação não ocorre no momento adequado."

(STF, AI 619.664-AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento


em 16/12/2008)

Seguindo a mesma linha, o STJ sumulou o seguinte entendimento em


2009:

Súmula STJ 411 - É devida a correção monetária ao creditamento do IPI


quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima
do Fisco.

Sobre o princípio da não cumulatividade, obrigatório ao IPI, o STF já


decidiu que não há o aproveitamento de crédito quando os insumos sejam
desonerados (isento, sujeitos à alíquota zero ou não tributáveis), na fabricação
de bens tributados:

"Ementa: (...) 2. O princípio da não-cumulatividade é alicerçado


especialmente sobre o direito à compensação, o que significa que o valor a ser
pago na operação posterior sofre a diminuição do que pago anteriormente,
pressupondo, portanto, dupla incidência tributária. Assim, se nada foi pago
na entrada do produto, nada há a ser compensado. 3. O
aproveitamento dos créditos do IPI não se caracteriza quando a
matéria-prima utilizada na fabricação de produtos tributados reste
desonerada, sejam os insumos isentos, sujeitos à alíquota zero ou não
tributáveis. Isso porque a compensação com o montante devido na operação
subsequente pressupõe, necessariam ente, a existência de crédito gerado na
operação anterior, o que não ocorre nas hipóteses exoneratórias."

(STF, 592.917-AgR/RJ, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, Julgamento em


31/05/2011)

Questão 08 - INÉDITA/2014

O STF entende que, no que se refere ao princípio da não cumulatividade


aplicável ao IPI, ainda que a aquisição de matéria-prima seja desonerada do
imposto, subsiste o direito de creditamento por parte do estabelecimento
industrial.

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Comentário: O STF decidiu exatamente o contrário, ou seja, se nada foi pago


na entrada do produto, não há nada a ser compensado, no momento da saída
do produto industrializado. Questão errada.

Se nada foi cobrado a título de IPI na entrada dos


insumos, não há direito a crédito de IPI, relativo a essa
aquisição. Guarde isso!

"Mas e quando as saídas que forem desoneradas, professor?" Excelente


pergunta!

"CREDITAMENTO DO IPI. PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. AQUISIÇÃO


DE MATÉRIA-PRIMA, PRODUTO INTERMEDIÁRIO E MATERIAL DE EMBALAGEM
DESTINADOS À INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS ISENTOS OU SUJEITOS
AO REGIME DE ALÍQUOTA ZERO. LEI 9.779/99. NOVEL JURISPRUDÊNCIA
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. O direito ao crédito de IPI, fundado
no princípio da não-cumulatividade, decorrente da aquisição de matéria-
prima, produto intermediário e material de embalagem utilizados na
fabricação de produtos isentos ou sujeitos ao regime de alíquota zero,
exsurgiu apenas com a vigência da Lei 9.779/99 (...)"

(STJ, REsp 860.369/PE, Primeira Seção, Min. Rel. Luiz Fux, Julgamento em
25/11/2009)

O direito ao crédito do IPI quando da industrialização de produtos


isentos ou sujeitos a alíquota zero somente passou a existir após a
vigência da Lei 9.779/99. Perceba que o STJ se posicionou na mesma linha da
jurisprudência do STF, de forma que podemos considerar que o STF também
entende dessa maneira.

Ainda de acordo com o STJ (AgRg no REsp 1.213.196/RS), a


interpretação da Lei 9.779/99 deve ser estrita (você já deve saber que,
de acordo com o art. 111 do CTN, as isenções são interpretadas de forma
literal), não abrangendo, por exemplo, saídas de produtos não
tributados.

No que se refere à aquisição de bens integrantes do ativo permanente da


empresa, também não haverá direito a creditamento, conforme súmula do
STJ:

Súmula STJ 495 - A aquisição de bens integrantes do ativo permanente da


empresa não gera direito a creditamento de IPI.

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Sobre o IPI, é válido destacar um posicionamento recente do STF acerca


da importação realizada por sociedade civil prestadora de serviços:

EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário. Incidência do IPI na


importação de produtos por sociedade civil prestadora de serviços.
Impossibilidade. Operação dissociada da base econômica
constitucionalmente definida. 1. A jurisprudência vem evoluindo para
entender que o critério material de incidência na importação não pode
decorrer da mera entrada de um produto no país, na medida em que o
IPI não é um imposto próprio do comércio exterior. 2. A base econômica
do IPI é única, devendo ser analisada à luz do art. 153, inciso IV e § 3°, inciso
II, da Constituição Federal. 3. Não há previsão constitucional expressa que
ampare a incidência do IPI na importação, diferentemente do que ocorre com
o ICMS, a que se refere o art. 155, § 2°, inciso IX, alínea a, da Constituição
Federal, com a redação da EC n° 33/01. 4. Agravo regimental não provido.”

(STF, RE 643.525-AgR/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Dias Toffoli, Julgamento


em 26/02/2013)

Seguindo na mesma direção, no mesmo ano (2013), o STJ também


demonstrou entendimento semelhante:

TRIBUTÁRIO. ACÓRDÃO COM FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. ODIFICAÇÃO.

COMPETÊNCIA DO STF. IMPORTAÇÃO DE VEÍCULO POR PESSOA FÍSICA


PARA USO PRÓPRIO. NÃO INCIDÊNCIA DE IPI. PRECEDENTES. SÚMULA
83/STJ.

1. É firme a orientação no sentido de que não incide IPI sobre a importação de


veículo por pessoa física, para uso próprio, haja vista que o fato gerador
constitui operação de natureza mercantil ou assemelhada.

(AgRg no AREsp 357.532/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins,


Julgamento em 10/09/2013)

Perceba então que tanto na importação realizada por sociedade civil


prestadora de serviços como na que for feita por pessoa física não haverá
incidência do IPI.

2.1.5- Imposto sobre Operações Financeiras

De início, destaque-se que não há incidência do IOF sobre saques


efetuados em caderneta de poupança:

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Súmula STF 664 - É inconstitucional o inciso V do art. 1° da Lei 8.033/90,


que instituiu a incidência do imposto nas operações de crédito, câmbio e
seguros - IOF sobre saques efetuados em caderneta de poupança.

Vejamos mais uma jurisprudência sobre o IOF:

"A alienação de salvados configura atividade integrante das operações


de seguros e não tem natureza de circulação de mercadoria para fins
de incidência do ICMS. Inconstitucionalidade da expressão 'e as
seguradoras', do inciso IV do art. 15 da Lei 6.763, com redação dada pelo art.
1° da Lei 9.758/1989 do Estado de Minas Gerais. Violação dos arts. 22, VII, e
153, V, da CF."

(ADI 1.648, Plenário, Rel. Min. Gilmar Mendes, Julgamento em 16/02/2011)

Os bens salvados pelas seguradoras são aqueles objetos resgatados do


sinistro do bem principal, e que ainda possuem algum valor econômico. Sobre
estes, há incidência de IOF, mas não de ICMS, como veremos ao estudar
tal imposto.

Questão 09 - CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013

Segundo entendimento do STF, a alienação de salvados não integra a própria


operação de seguro, constituindo, por conseguinte, fato gerador autônomo do
ICMS.

Comentário: De acordo com o posicionamento do STF, sobre a alienação de


salvados há incidência de IOF (por se tratar de atividade integrante das
operações de seguro), mas não de ICMS. Questão errada.

EMENTA: IOF: incidência sobre operações de factoring (L. 9.532/97, art. 58):
aparente constitucionalidade que desautoriza a medida cautelar. O âmbito
constitucional de incidência possível do IOF sobre operações de
crédito não se restringe às praticadas por instituições financeiras, de
tal modo que, à primeira vista, a lei questionada poderia estendê-la às
operações de factoring, quando impliquem financiamento (factoring com
direito de regresso ou com adiantamento do valor do crédito vincendo -
conventional factoring); quando, ao contrário, não contenha operação de
crédito, o factoring, de qualquer modo, parece substantivar negócio relativo a
títulos e valores mobiliários, igualmente susceptível de ser submetido por
lei à incidência tributária questionada.

(ADI 1.763-MC/DF, Plenário, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Julgamento em


20/08/1998)

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Ante o exposto, as operações de factoring estão sujeitas ao IOF.

TRIBUTÁRIO - IOF - INCIDÊNCIA SOBRE MÚTUO NÃO MERCANTIL -


LEGALIDADE DA LEI 9.779/99.

1. A lei 9.779/99, dentro do absoluto contexto do art. 66 CTN,


estabeleceu, como hipótese de incidência do IOF, o resultado de
mútuo.

(STJ, REsp 522.294/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, Julgamento
em 09/12/2003)

Contrato de mútuo significa empréstimo de coisa fungível e consumível,


como, por exemplo, dinheiro. Sobre o resultado dessa operação, haverá
incidência do IOF, conforme jurisprudência do STJ.

2.1.6- Imposto sobre propriedade Territorial Rural

De acordo com o art. 31 do CTN, o contribuinte do ITR é o proprietário


do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título.
De acordo com o STF, se o imóvel é invadido, não se faz possível a cobrança
do ITR, tendo em vista que o há perda do domínio e dos direitos inerentes à
propriedade:

TRIBUTÁRIO. ITR. INCIDÊNCIA SOBRE IMÓVEL. INVASÃO DO MOVIMENTO


"SEM TERRA". PERDA DO DOMÍNIO E DOS DIREITOS INERENTES À
PROPRIEDADE. IMPOSSIBILIDADE DA SUBSISTÊNCIA DA EXAÇÃO
TRIBUTÁRIA. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. RECURSO ESPECIAL
NÃO PROVIDO. 3. Ofende os princípios básicos da razoabilidade e da
justiça o fato do Estado violar o direito de garantia de propriedade e,
concomitantemente, exercer a sua prerrogativa de constituir ônus
tributário sobre imóvel exproprift do por particulares (proibição do venire
contra factum proprium).

4. A propriedade plena pressupõe o domínio, que se subdivide nos poderes de


usar, gozar, dispor e reinvidicar a coisa. Em que pese ser a propriedade um
dos fatos geradores do ITR, essa propriedade não é plena quando o imóvel
encontra-se invadido, pois o proprietário é tolhido das faculdades inerentes ao
domínio sobre o imóvel.

(STJ, REsp 1.144.982/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell


Marques, Julgamento em 13/10/2009)

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Questão 10 - INÉDITA/2014

O senhor José Antônio possui uma fazenda, sendo, pois, contribuinte do ITR.
Num dado momento, sua fazenda é invadida pelo movimento "sem terra".
Neste caso, o rico fazendeiro deve continuar arcando com o ônus tributário,
mesmo perdendo o domínio sobre suas terras.

Comentário: De acordo com o STF, não subsiste a exação tributária, caso


haja perda do domínio e dos direitos inerentes à propriedade. Portanto, o
fazendeiro não terá que arcar com o ITR, e a questão está errada.

2.1.7 Imposto sobre Grandes Fortunas

Não há jurisprudência relevante sobre esse imposto que nem mesmo foi
instituído pela União.

2.2- Impostos de Competência dos Estados e do Distrito Federal

2.2.1 - Imposto sobre Transmissão "causa mortis" e doação, de


quaisquer bens ou direitos

No que se refere ao ITCMD, é importante conhecermos algumas súmulas


do STF:

Súmula STF 331 - É legítima a incidência do imposto de transmissão causa


mortis no inventário por morte presumida.

Questão 11 - CESPE/PROCURADOR-PE/2009

O ITCMD estabelecido pela legislação pernambucana sobre a morte presumida


é legítimo.

Comentário: De acordo com a Súmrn la n° 331 do STF, É legítima a incidência


do ITCMD no inventário por morte presumida. Questão correta.

Ainda que não se encontre o cadáver, sendo este o caso de morte


presumida, incidirá o ITCMD.

Seguem abaixo algumas súmulas referentes ao ITCMD (você apenas


precisa saber que elas existem):

Súmula STF 115 - Sobre os honorários do advogado contratado pelo


inventariante, com a homologação do juiz, não incide o Imposto de
Transmissão Causa Mortis.

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Súmula STF 114 - O Imposto de Transmissão Causa Mortis não é exigível


antes da homologação do cálculo.

Súmula STF 113 - O Imposto de Transmissão Causa Mortis é calculado sobre


o valor dos bens na data da avaliação.

Questão 12 - ESAF/AFRFB/2009

Ainda sobre o imposto de transmissão causa mortis, o cálculo do referido


imposto deve operar-se sobre o valor dos bens na data da avaliação.

Comentário: O cálculo do ITCMD deve levar em consideração o valor dos bens


na data da avaliação, conforme Súmula n° 113 do STF. Questão correta.

Súmula STF 112 - O imposto de transmissão "causa mortis" é devido pela


alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão.

Sobre a Súmula 112, é importante que você saiba que a abertura da


sucessão ocorre no momento da morte! Esse é o momento em que se
considera ocorrido o fato gerador do ITCMD, em caso de morte, é claro.

Questão 13 - CESPE/PROCURADOR-MP-TCE-BA/2010

Considere a seguinte situação hipotética: Certa pessoa faleceu em 2/12/2009,


deixando bens móveis e imóveis a partilhar entre os herdeiros. Ocorre que o
ITCMD só passou a ser cobrado, efetivamente, em maio de 2010, quando sua
alíquota já havia sido majorada, em abril de 2010. Nessa situação, o ITCMD
será devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão.

Comentário: É importante que você grave que o ITCMD é devido pela alíquota
vigente ao tempo da abertura da sugessão. Contudo, não se esqueça de que é
calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação. Questão correta.

Questão 14 - ESAF/AFRFB/2009

Consoante entendimento do STF, o imposto de transmissão causa mortis é


devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão e não ao
tempo do início do processo de inventário e partilha.

Comentário: Exatamente o que diz a questão, consoante Súmula 112 do STF.


Questão correta.

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Destaque-se ainda que se duas pessoas realizaram um contrato de


compra e venda de imóvel, a prazo, e que o promitente vendedor falece antes
da quitação da dívida. Incide ITCMD sobre o saldo restante a receber? Para o
STF, incide:

Súmula STF 590 - Calcula-se o imposto de transmissão "causa mortis" sobre


o saldo credor da promessa de compra e venda de imóvel, no momento da
abertura da sucessão do promitente vendedor.

Por fim, não é possível aos Estados fixar suas alíquotas, de forma a criar
vinculação ao teto estabelecido por Resolução do Senado Federal:

TRIBUTA - FIXAÇÃO DE ALÍQUOTA X TETO - IMPOSTO DE TRANSMISSÃO


CAUSA MORTIS - LEI N° 10.260/89, DO ESTADO DE PERNAMBUCO. Não se
coaduna com o sistema constitucional norma reveladora de
automaticidade quanto à alíquota do imposto de transmissão causa
mortis, a evidenciar a correspondência com o limite máximo fixado
em resolução do Senado Federal.

(STF, RE 213.266/PE, Plenário, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento em


20/10/1999)

2.2.2 - Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e prestação de


Serviços

De início, é de se destacar a incidência do ICMS sobre a entrada de bem


ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que
não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade,
assim como sobre o serviço prestado no exterior. Nesse caso, considera-se
ocorrido o fato gerador com o desembaraço aduaneiro:

Súmula STF 661 - Na entrada de mercadoria importada do exterior, é


legítima a cobrança do ICMS por oc| sião do desembaraço aduaneiro.

Questão 15 - ESAF/ACE-MDIC/2012

O fato gerador do ICMS não ocorre com a entrada no estabelecimento do


importador, mas, sim, quando do recebimento da mercadoria, ao ensejo do
respectivo desembaraço aduaneiro.

Comentário: De acordo com a Súmula n° 661 do STF, considera-se ocorrido o


fato gerador do ICMS no momento do desembaraço aduaneiro, em se tratando
de mercadoria procedente do exterior. Questão correta.

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De acordo com o STJ, não havendo a circulação jurídica (transferência de


propriedade) das mercadorias, não há que se falar em cobrança de ICMS. Por
exemplo, no deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento
do mesmo contribuinte ocorre apenas trânsito físico.

Súmula STJ 166 - Não constitui fato gerador do ICMS o simples


deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo
contribuinte.

Observação: O STF (RE 596.983) já decidiu na mesma linha da Súmula 166


do STJ.

Questão 16 - CESPE/JUIZ-TJ-PB/2011

O ICMS tem como fato gerador o deslocamento de mercadorias, inclusive de


um estabelecimento para outro do mesmo contribuinte.

Comentário: De acordo com a Súmula n° 166 do STJm não ocorre fato


gerador do ICMS o mero deslocamento de mercadoria de um para outro
estabelecimento do mesmo contribuinte. Questão errada.

Súmula STF 573 - Não constitui fato gerador do imposto de circulação de


mercadorias a saída física de máquinas, utensílios e implementos a título de
comodato.

Questão 17 - FGV/ICMS-RJ/2010

De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal não constitui fato


gerador do ICMS a saída física de máquinas e utensílio a título de comodato.

Comentário: De acordo com a Súmula n° 573 do STF, não ocorre fato gerador
do ICMS saída de bens a título de comí odato. Questão correta.

No entender da Corte Suprema, não há direito à correção monetária


dos créditos escriturais do ICMS, se não houver lei estadual
autorizadora:

"Conforme orientação firmada pelo STF, depende de lei autorizadora a


correção monetária de créditos escriturais do ICMS. Orientação que
também se aplica aos casos de créditos acumulados, transpostos de um
período de apuração aos sucessivos."

(STF, AI 388.888-AgR,Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa,


Julgamento em 31/08/2010)

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Questão 18 - ESAF/ICMS-CE/2006

Em relação aos créditos escriturais do Imposto sobre a Circulação de


Mercadorias e Serviços, de competência estadual e do Distrito Federal, é
correto afirmar-se que sobre eles não incide a correção monetária quando a
legislação estadual não contiver tal previsão.

Comentário: Conforme estudamos, a correção monetária dos créditos


escriturais do ICMS só se faz possível mediante lei estadual autorizadora.
Questão correta.

Também não há incidência do ICMS sobre operação de venda pela


agência de automóveis de veículo usado, consignado pelo proprietário.

TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO


OCORRÊNCIA. ICMS. OPERAÇÃO DE VENDA PELA AGÊNCIA DE
AUTOMÓVEIS DE VEÍCULO USADO CONSIGNADO PELO
PROPRIETÁRIO. NÃO INCIDÊNCIA. 1. Recurso especial pelo qual se
discute se a operação de venda promovida por agência de automóveis de
veículo usado consignado pelo proprietário está sujeita, ou não, à incidência
de ICMS a ser pago pelo estabelecimento comercial. (...) 4. Ponderado esse
entendimento jurisprudencial, constata-se que a mera consignação do
veículo cuja venda deverá ser promovida por agência de automóveis
não representa circulação jurídica da mercadoria, porquanto não
induz à transferência da propriedade ou da posse da coisa,
inexistindo, dessa forma, troca de titularidade a ensejar o fato
gerador do ICMS.

(STJ, REsp 1.321.681/DF, Primeira Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves,


Julgamento em 26/02/2013)

Súmula Vinculante 32 - O ICMS não incide sobre a alienação de salvados de


sinistro pelas seguradoras.

Conforme já estudamos (ADI 1.648), sobre essa operação há a


incidência do IOF, mas não de ICMS (na dúvida, volte lá e confira a
questão já cobrada sobre o tema).

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E importante saber também que o fornecimento de mercadorias com a


simultânea prestação de serviço em bares, restaurantes e estabelecimentos
similares está sujeito à tributação unicamente pelo ICMS, nos termos do art.
155, § 2°, IX, "b":

Súmula STJ 163 - O fornecimento de mercadorias com a simultânea


prestação de serviços em bares, restaurantes e estabelecimentos similares
constitui fato gerador do ICMS a incidir sobre o valor total da operação.

Questão 19 - CESPE/JUIZ-TJ-AC/2012

A prestação de serviço simultaneamente à venda de mercadorias em


restaurantes constitui fato gerador do ISS.

Comentário: Como acabamos de ver, a Súmula 163 do STJ afirma que só


incide ICMS sobre esta operação. Questão errada.

Por outro lado, o serviço de composição gráfica foi previsto na LC


116/2003, o que o faz sujeito unicamente ao ISS:

Súmula STJ 156 - A prestação de serviço de composição gráfica,


personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de
mercadorias, está sujeita, apenas, ao ISS.

Devido ao fato de a venda de bens do ativo fixo da empresa não se


enquadrar no conceito de mercadoria e essa operação não ser realizada com
habitualidade, não ocorre fato gerador do ICMS:

EMENTA: ICMS. VENDA DE BENS NO ATIVO FIXO DA EMPRESA. NÃO


INCIDÊNCIA DO TRIBUTO. A venda de bens do ativo fixo da empresa não
se enquadra na hipótese de incidência determinada pelo art. 155, I, b,
da Carta Federal, tendo em vista que, em tal situação, inexiste circulação
no inexiste circulação no sentido jurídico-tributário: os bens não se
ajustam ao conceito de mercadorias e as operações não são efetuadas
com habitualidade. Recurso extraordinário não conhecido.

(STF, RE 194.300/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em


24/04/1997)

Súmula STJ 237 - Nas operações com cartão de crédito, os encargos


relativos ao financiamento não são considerados no cálculo do ICMS.

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Vale ressaltar que as operações de transformação de sociedades


não estão sujeitas ao ICMS, tendo em vista que não ocorre qualquer
operação comercial, de acordo com o posicionamento do STJ:

TRIBUTÁRIO - ICMS - COMERCIAL - SOCIEDADE COMERCIAL -


TRANSFORMAÇÃO - INCORPORAÇÃO - FUSÃO - CISÃO - FATO GERADOR -
INEXISTÊNCIA. I - Transformação, incorporação, fusão e cisão
constituem várias facetas de um só instituto: a transformação das
sociedades. Todos eles são fenômenos de natureza civil, envolvendo apenas
as sociedades objeto da metamorfose e os respectivos donos de cotas ou
ações. Em todo o encadeamento da transformação não ocorre qualquer
operação comercial. (...) IV - A transformação em qualquer de suas
facetas das sociedades não é fato gerador de ICMS.

(STJ, REsp 242.721/SC, Primeira Turma, Rel. Min. Humberto Gomes de


Barros, Julgamento em 19/06/2001)

Sobre a incidência do ICMS sobre operações de leasing internacional,


embora o assunto se encontre pendente de julgamento no RE 540.829, ao qual
o STF reconheceu repercussão geral, o que você deve levar para a prova hoje
é o seguinte:

"1. A importação de aeronaves e/ou peças ou equipamentos que as


componham em regime de leasing não admite posterior transferência
ao domínio do arrendatário. 2. A circulação de mercadoria é
pressuposto de incidência do ICMS. O imposto --- diz o artigo 155, II da
Constituição do Brasil --- é sobre "operações relativas à circulação de
mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se
iniciem no exterior". 3. Não há operação relativa à circulação de
mercadoria sujeita à incidência do ICMS em operação de
arrendamento mercantil contratado pela indústria aeronáutica de
grande porte para viabilizar o uso, pelas companhias de navegação
aérea, de aeronaves por ela congtruídas."

(STF, RE 461.968/SP, Plenário, Rel. Min. Eros Grau, Julgamento em


30/05/2007)

Questão 20 - ESAF/ACE-MDIC/2012

Na entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou


jurídica, pode-se afirmar que há operação relativa à circulação de mercadoria
sujeita à incidência do ICMS em operação de arrendamento mercantil
contratado pela indústria aeronáutica de grande porte para viabilizar o uso,
pelas companhias de navegação aérea, de aeronaves por ela construídas.

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Comentário: De acordo com o STF, não há operação relativa à circulação de


mercadoria sujeita à incidência do ICMS em operação de arrendamento
mercantil contratado pela indústria aeronáutica de grande porte para viabilizar
o uso, pelas companhias de navegação aérea, de aeronaves por ela
construídas. Questão Errada.

A respeito das operações de leasing, vamos guardar o seguinte


esquema:

Leasing realizado dentro do país (sem importação) ^ não há incidência


de ICMS. Só há incidência quando ocorrer a venda, ao final do contrato de
leasing.

Leasing internacional ^ incide o ICMS, salvo quando não houver opção de


compra e existir a possibilidade de devolução do bem para o arrendador.

Leasing internacional de aeronaves ^ não há incidência do ICMS (porque,


na prática, não ocorre a transferência do bem)

A Suprema Corte também diferencia a circulação em massa de software


daqueles em que há o licenciamento ou cessão do direito de uso:

EMENTA: TRIBUTÁRIO. ESTADO DE SÃO PAULO. ICMS. PROGRAMAS DE


COMPUTADOR (SOFTWARE). COMERCIALIZAÇÃO. No julgamento do RE
176.626, Min. Sepúlveda Pertence, assentou a Primeira Turma do STF a
distinção, para efeitos tributários, entre um exemplar standard de
programa de computador, também chamado "de prateleira", e o
licenciamento ou cessão do direito de uso de software. A produção em
massa para comercialização e a revenda de exemplares do corpus
mechanicum da obra intelectual que nele se materializa não
caracterizam licenciamento ou cessão de direitos de uso da obra, mas
genuínas operações de circulação de mercadorias, sujeitas ao ICMS.
Recurso conhecido e provido.

(STF, RE 199.464/SP, Primeira Turna, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em


02/03/1999)

Na mesma linha, segue a Súmula 662 do STF:

Súmula STF 662 - É legítima a incidência do ICMS na comercialização de


exemplares de obras cinematográficas, gravados em fitas de videocassete.

Perceba que, como no RE 199.464, acima citado, o texto da súmula se


refere à comercialização em massa de exemplares de obras cinematográficas.
Por outro lado, quando a gravação é feita mediante solicitação de outrem, mas
não destinada ao público em geral, ocorre a incidência do ISS (RE 183.190).

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Questão 21 - INÉDITA/2014

José Antônio, um rico fazendeiro, contrata uma empresa renomada em sua


cidade para realizar a filmagem do casamento de sua filha. Sobre essa
operação, incide ICMS.

Comentário: Quando não há comercialização de exemplares, em prateleiras


de supermercados, lojas etc., não há que se falar em operação sujeita ao
ICMS. Atente-se para o fato de que tanto o julgado referente às vendas de
programas de computador como o da comercialização de obras
cinematográficas seguem a mesma lógica. Questão errada.

Ainda no que se refere aos softwares, o STF já decidiu que incide ICMS,
mesmo que não haja bem corpóreo:

"Ementa: (...) 8. ICMS. Incidência sobre softwares adquiridos por meio


de transferência eletrônica de dados (art. 2°, § 1°, item 6, e art. 6°, §
6°, ambos da Lei impugnada). Possibilidade. Inexistência de bem
corpóreo ou mercadoria em sentido estrito. Irrelevância."

(STF, ADI 1.945-MC/MT, Plenário, Rel. p/ Acórdão Min. Gilmar Mendes,


Julgamento em 26/05/2010)

Questão 22 - CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013

Conforme o entendimento do STF, o ICMS incide sobre a aquisição de


software, ainda que a compra seja feita mediante transferência eletrônica de
dados, sem que haja uma base física que caracterize o corpus mechanicum da
criação intelectual.

Comentário: De acordo com o STF, não é necessário que haja transferência


física de mercadorias, para que haja incidência do ICMS. Sendo assim, há
incidência de ICMS sobre softwares adquiridos por meio de transferência
eletrônica de dados. Questão correta.

O entendimento do STJ é o de que só incide ICMS sobre o valor da tarifa


de energia elétrica correspondente à demanda de potência efetivamente
utilizada, não havendo, portanto incidência desse imposto sobre a demanda
contratada pelo adquirente:

Súmula STJ 391 - O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica
correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada.

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Questão 23 - CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013

Não incide ICMS sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à


demanda de potência efetivamente utilizada.

Comentário: Conforme a Súmula n° 391 do STJ, há incidência de ICMS sobre


o valor de tarifa de energia elétrica correspondente à demanda de potência
efetivamente utilizada. Cuidado, pois pode vir em sua prova a palavra
"potencialmente", o que faz inverter a resposta. Questão errada.

Súmula STJ 457 - Os descontos incondicionais nas operações mercantis não


se incluem na base de cálculo do ICMS.

Acrescente-se que, para o STJ, não há fato gerador do ICMS sobre


prestação de serviço interestadual com a finalidade de exportação das
mercadorias:

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ESPECIAL. ICMS. EXPORTAÇÃO QUE DESTINE MERCADORIA AO EXTERIOR.
NÃO INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
INTERESTADUAL. AGRAVO NÃO PROVIDO.

1. "Os precedentes jurisprudenciais desta Corte Superior afirmam


pela não incidência do ICMS sobre serviço de transporte
interestadual de mercadorias destinadas ao exterior, pois o art. 3°, II,
da LC n. 87/96 tem por finalidade a desoneração do comércio exterior
como pressuposto para o desenvolvimento nacional com a
diminuição das desigualdades regionais pelo primado do trabalho"
(...)

(STJ, AgRg no REsp 1.292.197/SC, Primeira Turma, Rel. Min. Arnaldo


Esteves Lima, Julgamento em 03/09/2013)

Ainda sobre a imunidade do ICMS sobre operações de exportação de


mercadorias e serviços para o exterior, o STF proferiu uma importante decisão,
cuja ementa será parcialmente transcrita abaixo:

"O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, b, da CF, não se confunde
com o conceito contábil."

"Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida


como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição
de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições."

"O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune

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para o exterior não gera receita tributável. Cuida-se de mera


recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada
expressamente pelo art. 155, § 2°, X, a, da CF."

"Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditar-se do ICMS


anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo
credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao
exterior (art. 25, § 1°, da LC 87/1996)."

(STF, Plenário, RE 606.107/RS, Rel. Min. Rosa Weber, Julgamento em


22/05/2013, com repercussão geral)

Na realidade, este assunto é bastante específico do estudo do ICMS, não


sendo razoável entrar em detalhes sobre o tema, já que este assunto
normalmente é cobrado na disciplina de Legislação Tributária Estadual, nos
concursos da área fiscal estadual.

No entanto, é importante inseri-lo no curso, por conta de uma cobrança


da ESAF sobre esse Recurso Extraordinário, na prova de Auditor-Fiscal da
Receita Federal em 2014.

Além de prestar atenção nas principais frases retiradas da ementa deste


julgamento, o candidato deve saber que a imunidade do ICMS sobre
exportação permite o aproveitamento dos créditos de ICMS
decorrentes das operações e prestações que antecedem as
exportações.

O mecanismo é aplicável, por exemplo, àquelas mercadorias que são


frutos de uma cadeia de produção e comercialização, antes de serem
efetivamente destinadas ao exterior.

Outro benefício concedido aos exportadores é possibilidade de transferir


a outros contribuintes (terceiros) os créditos acumulados de exportações que
não foram compensados com os débitos de ICMS.

Decorar a literalidade dos principais julgamentos é


sempre o melhor caminho para enfrentar as questões
jurisprudenciais da ESAF.

Questão 24 - ESAF/AFRFB/2014

A desoneração do ICMS - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de


Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e

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Intermunicipal e de Comunicação - das exportações, cuja finalidade é o


incentivo a estas, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus
econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem
produtos, e não tributos - imuniza as operações de exportação e assegura a
manutenção e o aproveitamento do montante do imposto (ICMS) cobrado nas
operações e prestações anteriores.
Consoante entendimento do STF sobre tal dispositivo, podemos afirmar,
exceto, que:
a) o aproveitamento dos créditos de ICMS, por ocasião da saída imune para o
exterior, gera receita tributável por parte da Cofins e da Contribuição para o
PIS.
b) adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditar-se do ICMS
anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor
acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior.
c) sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como
o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento
novo e positivo, sem reservas ou condições.
d) o aproveitamento de créditos de ICMS, por ocasião da saída imune para o
exterior, constitui mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS,
assegurada expressamente pela Constituição Federal.
e) o conceito de receita, acolhido pela Constituição Federal, não se confunde
com o conceito contábil.

Comentário:

Alternativa A: O STF foi claro, no sentido de que o aproveitamento dos


créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita
tributável. Item errado.

Alternativa B: No momento da aquisição, a empresa exportadora pode


creditar-se do valor que já foi pago nas demais operações, a título de ICMS. No
entanto, a transferência dos créditos acumulados só pode ocorrer após a saída
da mercadoria com destino ao exterior. Item correto.

Alternativa C: Sob a ótica da Constituição Federal, receita bruta pode ser


definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição
de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. Item correto.

Alternativa D: O aproveitamento de créditos de ICMS constitui recuperação


do valor que já foi pago nas etapas anteriores, estando constitucionalmente
assegurado pelo art. 155, § 2°, X, a. Item correto.

Alternativa E: O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, b, da CF/88,


não se confunde com o conceito contábil. Como vimos, sob o prisma
constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que
se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem
reservas ou condições. Item correto.

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Gabarito: Letra A

Não há incidência de ICMS sobre serviços acessórios, intermediários ou


suplementares à transmissão de informações de qualquer natureza:

1. A prestação de serviços conexos ao de comunicação (que são


preparatórios, acessórios ou intermediários da comunicação) não se
confunde com a prestação da atividade fim do processo de
transmissão (emissão ou recepção) de informações de qualquer
natureza, esta sim, passível de incidência pelo ICMS.

2. Desse modo, a despeito de alguns deles serem essenciais à efetiva


prestação do serviço de comunicação e admitirem a cobrança de tarifa pela
prestadora do serviço (concessionária de serviço público), por assumirem o
caráter de atividade meio, não constituem, efetivamente, serviços de
comunicação, razão pela qual não é possível a incidência do ICMS.

(STJ, AgRg no REsp 1.197.495/GO, Primeira Turma, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, Julgamento em 30/08/2013)

Súmula STJ 350 - O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de


telefone celular.

O mesmo raciocínio foi utilizado pelo STJ (AgRg no Ag 1.108.510/RJ)


para os serviços acessórios ou preparatórios de TV a cabo.

Marque incorreta qualquer assertiva que mencione a


incidência do ICMS sobre serviços de habilitação,
religação, conta detalhada, troca de usuário, instalação de
ponto (no caso de TV) ou outros serviços acessórios.

Também precisamos saber que a produção de programas televisivos


não se sujeita ao ICMS (AgRg no REsp 788.583/MG), entretanto, a
transmissão de sinais onerosa (a veículação dos programas na TV a cabo) está
sujeita ao imposto (AgRg no REsp 1.064.596/SP).

Outra jurisprudência relevante (não vou inseri-la aqui, pois sua ementa é
muito grande) diz respeito à incidência do ICMS sobre operações de roaming
de telefone celular (REsp 1.202.437/MT):

> Incide ICMS sobre operações de roaming;


> Sujeito passivo: operadora que viabilizou a chamada (aquela que possui
cobertura na área de onde partiu a ligação);

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> Sujeito ativo: Estado em que estiver instalada a estação que receber a
solicitação do serviço (onde se localiza a operadora que viabilizou a
chamada).

Súmula STJ 334 - O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à
Internet.
1. O acórdão embargado reconheceu a incidência do ICMS sobre os
valores cobrados a título de assinatura básica, pois abrangem uma
franquia de pulsos mínimos por mês e, portanto, remuneram, pelo
menos em parte, o próprio serviço de comunicação.

3. Tratando-se de simples assinatura - que não abrange franquia de


pulsos -, tal como prevista na cláusula 1° do Convênio ICMS 69/98, deve ser
reconhecida a ilegalidade da incidência do ICMS sobre valores
cobrados a esse título, por tratar-se de serviço preparatório e
atividade-meio, que não se confunde com o próprio serviço de
comunicação, este sim tributado pelo imposto. Precedentes de ambas as
Turmas de Direito Público.

(STJ, EDcl no REsp 1.022.257/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira,
Julgamento em 09/12/2008)

No que se refere aos serviços meramente acessórios, o STJ já decidiu


que:

2. A jurisprudência do STJ encontra-se pacificada no sentido de que o disposto


no art. 2°, III, da LC 87/96, só contempla o ICMS sobre os serviços de
comunicação stricto sensu, não sendo possível, pela tipicidade
fechada do direito tributário, estender-se aos serviços meramente
acessórios ou preparatórios. Precedentes.

(STJ,REsp 848.490/RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, Julgamento


em 16/09/2008)

No caso julgado, o STJ decidiu que não há incidência de ICMS sobre


locação de pagers, por se tratar de atividade acessória.

Destaque-se que, para o STF, o fornecimento de água tratada à


população não se caracteriza como operação de circulação de mercadoria, não
havendo, portanto, incidência de ICMS:

EMENTA Tributário. ICMS. Fornecimento de água tratada por concessionárias


de serviço público. Não incidência. Ausência de fato gerador. 1. O
fornecimento de água potável por empresas concessionárias desse
serviço público não é tributável por meio do ICMS. 2. As águas em

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estado natural são bens públicos e só podem ser exploradas por particulares
mediante concessão, permissão ou autorização. 3. O fornecimento de água
tratada à população por empresas concessionárias, permissionárias ou
autorizadas não caracteriza uma operação de circulação de
mercadoria. 4. Precedentes da Corte. Tema já analisado na liminar concedida
na ADI n° 567, de relatoria do Ministro Ilmar Galvão, e na ADI n° 2.224-5-DF,
Relator o Ministro Néri da Silveira. 5. Recurso extraordinário a que se nega
provimento.

(STF, RE 607.056/RJ, Plenário, Rel. Min. Dias Toffoli, Julgamento em


10/04/2013)

Note ainda que:

Súmula STJ 432 - As empresas de construção civil não estão obrigadas a


pagar ICMS sobre mercadorias adquiridas como insumos em operações
interestaduais.

O caso se refere à cobrança da alíquota diferencial de ICMS, quando


determinada empresa é consumidora final da mercadoria e contribuinte do
imposto. No entender do STJ, tais empresas não são contribuintes do ICMS, de
modo que não estão sujeitas ao pagamento do diferencial de alíquotas
(diferença entre alíquota estadual e a interna do estado do destinatário).

Não vamos nos aprofundar nisso, pois, como sempre digo e vale
relembrar, a banca cobrará o tema de forma literal, da mesma forma como o
CESPE o fez:

Questão 25 - CESPE/Procurador-TCE-ES/2009

Segundo o STJ, é legítima a cobrança de ICMS sobre operações interestaduais


realizadas por empresa de construção civil, quando da aquisição de bens
necessários ao desempenho de sua af ividade fim.

Comentário: Não sendo a empresa de construção civil considerada


contribuinte do ICMS, não há que se falar em pagamento de alíquota
diferencial. Questão errada.

Súmula STJ 431 - É ilegal a cobrança de ICMS com base no valor da


mercadoria submetido ao regime de pauta fiscal.

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A fim de que você entenda melhor qual é a real proibição do STJ,


acompanhe o seguinte raciocínio:

1 - Está consolidado na jurisprudência da 1a Seção, deste Superior Tribunal de


Justiça, que é impossível, segundo as regras do ordenamento jurídico
tributário, prestigiar-se a cobrança de ICMS com base no valor da
mercadoria apurado em pauta fiscal.
(...)
3 - "O art. 148, do CTN, somente pode ser invocado para estabelecimento de
bases de cálculo, que levam ao cálculo do tributo devido, quando a ocorrência
dos fatos geradores é comprovada, mas o valor ou preço de bens,
direitos, serviços ou atos jurídicos registrados pelo contribuinte não
mereçam fé, ficando a Fazenda Pública autorizada a arbitrar o preço, dentro
de processo regular. A invocação desse dispositivo somente é cabível, como
magistralmente comenta Aliomar Baleeiro, quando o sujeito passivo for
omisso, reticente ou mendaz em relação a valor ou preço de bens, direitos,
serviços (...)"

(STJ, AgRg no REsp 119337, Primeira Turma, Rel. Min. José Delgado,
Julgamento 22/06/1999)

Vejamos, então, que a ESAF cobrou o assunto:

Questão 26 - ESAF/APOF-SEFAZ-SP/2009

E ilegal a cobrança de ICMS com base em valores previstos em pauta fiscal.

Comentário: Veja que não é proibido arbitrar o preço de mercadorias. O que


se quer coibir é o uso de pauta fiscal para cobrança generalizada do tributo.
Questão correta.

Vejamos, a partir de agora, algumas decisões dos tribunais acerca do


princípio da não cumulatividade, aplicável ao ICMS:

1. O creditamento do ICMS somente é factível nas hipóteses restritas


constantes do § 1°, do artigo 20, da Lei Complementar n° 87/96, qual seja a
entrada de mercadorias que façam parte da atividade do
estabelecimento. Consectariamente, é de clareza hialina que o direito de
creditamento do ICMS pago anteriormente somente exsurge quando
se tratar de insumos que se incorporam ao produto final ou que são
consumidos no curso do processo de industrialização.

(STJ, REsp 889.414/RJ, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, Julgamento em
17/04/2008)

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Portanto, se o insumo não se incorpora ao produto final nem é


consumido no curso do processo de industrialização, não há que se falar em
creditamento de ICMS.

Ainda sobre a não cumulatividade do ICMS, o STJ publicou a seguinte


súmula:

Súmula STJ 509 - É lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar os créditos de


ICMS decorrentes de nota fiscal posteriormente declarada inidônea, quando
demonstrada a veracidade da compra e venda.

O caso se refere ao comerciante de boa-fé que adquire mercadoria, cuja


nota fiscal só é declarada inidônea pelo fisco em momento posterior ao negócio
jurídico. Nesse caso, no entender do Superior Tribunal de Justiça, é lícito o
aproveitamento dos créditos, em face do princípio da não
cumulatividade.

O sujeito ativo da relação jurídico-tributária do ICMS é o Estado onde


estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário
jurídico da mercadoria (alínea "a" do inciso IX do § 2o do art. 155 da Carta
de Outubro); pouco importando se o desembaraço aduaneiro ocorreu
por meio de ente federativo diverso. Recurso extraordinário desprovido.

(STF, RE 299.079/RJ, Primeira Turma, Rel. Min. Carlos Britto, Julgamento em


30/06/2004)

Questão 27 - ESAF/ACE-MDIC/2012

O sujeito ativo da relação jurídico-tributária do ICMS é o Estado onde estiver


situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário jurídico da
mercadoria, pouco importando se o desembaraço aduaneiro ocorreu por meio
de ente federativo diverso.

Comentário: O que importa é saber o estado onde está localizado o


destinatário jurídico da mercadoria, ou seja, o legítimo importador, quem
promoveu o ingresso da mercadoria no território nacional. O caso em questão
tratava de uma empresa que importou mercadorias, enviando-as diretamente
ao estabelecimento adquirente delas em território nacional. Questão correta.

Outra jurisprudência já cobrada pela ESAF em 2012:

ICMS - MERCADORIA IMPORTADA - INTERMEDIAÇÃO - TITULARIDADE DO


TRIBUTO. O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços cabe
ao Estado em que localizado o porto de desembarque e o destinatário
da mercadoria, não prevalecendo a forma sobre o conteúdo, no que

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procedida a importação por terceiro consignatário situado em outro


Estado e beneficiário de sistema tributário mais favorável.

(STF, RE 268.586/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento em


24/05/2005)

Questão 28 - ESAF/ACE-MDIC/2012

O ICMS cabe ao Estado em que estiver localizado o porto de desembarque e o


destinatário da mercadoria, não prevalecendo a forma sobre o conteúdo, no
que procedida a importação por terceiro consignatário situado em outro Estado
e beneficiário de sistema tributário mais favorável.

Comentário: Embora pareça que o posicionamento da Suprema Corte se


alterou nesse último julgado, saiba que este se refere a um caso em que a
importação era feita por uma empresa onde possuía benefícios fiscais para
depois alienar para a real adquirente das mercadorias. Ou seja, tratava-se de
operações simuladas. Nesse sentido, entendeu-se que a forma não pode
prevalecer sobre o conteúdo. Ou seja, cabe ICMS no Estado do real importador
das mercadorias. Questão correta.

Observação: No primeiro caso, houve, de fato, a compra da mercadoria. No


segundo, houve uma simulação. Essa é a diferença entre as duas situações
decididas pelo STF.

Quando há operações interestaduais em que se verifique algum tipo de

benefício fiscal no Estado de origem, o crédito de ICMS deve corresponder


ao que foi efetivamente recolhido, e não ao que seria presumidamente
pago em uma operação normal:

"A jurisprudência desta Corte possui entendimento firmado no sentido de que,


nas operações interestaduais, o preditamento do ICMS na operação
subsequente deve corresponder ao montante que foi efetivamente
recolhido na operação anterior."

(STF, RE 491.651-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,


Julgamento em 08/05/2012)

A jurisprudência do STF firmou-se no sentido da constitucionalidade da


inclusão, na base de cálculo do ICMS, do acréscimo correspondente
ao financiamento realizado pelo próprio alienante nas vendas a
prazo, sempre que integre o valor da operação.

(STF, AI 697.323-AgR/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Rosa Weber,

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Julgamento em 26/02/2013)

No mesmo sentido, "a jurisprudência do STF entende que não há


diferenciação entre operações de venda à vista e a prazo, para fins de
incidência de ICMS" (AI 559.807-AgR).

Questão 29 - INÉDITA/2014

De acordo com posicionamento firmado pelo STF, é constitucional a inclusão na


base de cálculo do ICMS do acréscimo correspondente ao financiamento
realizado pelo próprio alienante de vendas a prazo, desde que integre o valor
da operação.

Comentário: É exatamente esse o entendimento do STF. Leve-o para a prova.


Questão correta.

2.2.3 - Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores

No que diz respeito ao IPVA, é importante que você não se esqueça do


julgado que vimos no início dessa aula, que diz que "Os Estados-membros
estão legitimados a ditar as normas gerais referentes ao IPVA, no
exercício da competência concorrente prevista no artigo 24, § 3°, da
Constituição do Brasil."

"Ementa: (...) 1. Em arrendamento mercantil, a arrendante é responsável


solidária para o adimplemento da obrigação tributária concernente
ao IPVA, nos termos do art. 1°, § 7° da Lei Federal n. 7.431/85, por ser
ela possuidora indireta do bem arrendado e conservar a propriedade
até o final do pacto."

(STJ, REsp 897.205/DF, Segunda Turma, Rel. Min. HUmberto Martins,


Julgamento em 13/03/2007)

EMENTA: IPVA - Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (CF,


art. 155, III; CF 69, art. 23, III e § 13, cf. EC 27/85): campo de incidência
que não inclui embarcações e aeronaves.

(STF, RE 134.509/AM, Plenário, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento em


29/05/2002)

Questão 30 - ESAF/ACE-MDIC/2012

Consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal, o conceito de veículo


automotor alcança embarcações e aeronaves.

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Comentário: De acordo com o STF, o campo de incidência do Imposto sobre


Propriedade de Veículos Automotores não inclui embarcações e aeronaves.
Questão errada.

Questão 31 - CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013

Constitui fato gerador do imposto sobre propriedade de veículos automotores


(IPVA) a propriedade de veículos automotores, incluindo-se a de embarcações
e aeronaves.

Comentário: Agora foi a vez do CESPE cobrar o mesmo posicionamento do


STF. Para a Corte, o campo de incidência do Imposto sobre Propriedade de
Veículos Automotores não inclui embarcações e aeronaves. Questão errada.

2.3- Impostos de Competência dos Municípios

2.3.1 - Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana

" é inconstitucional a majoração do IPTU sem edição de lei em sentido formal,


vedada a atualização, por ato do Executivo, em percentual superior aos
índices oficiais."

(STF, RE 648.245, Plenário, Rel. Min. Gilmar Mendes, Julgamento em


01/08/2013, DJE de 24/02/2014, com repercussão geral)

Já estudamos esse assunto em aula anterior. Naquele momento,


apresentamos a Súmula 160 do STJ. De qualquer maneira, é sempre bom
frisar, sobretudo porque o tema foi objeto de repercussão geral no âmbito do
STF.

Questão 32 - CESPE/JUIZ FEDERAL-23 REGIÃO/2013

O município pode atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual não


superior ao índice oficial de correção monetária.

Comentário: É isso aí. Alterações superiores aos índices oficiais caracterizam


majoração de tributo, estando, portanto, sujeitas ao princípio da legalidade.
Questão correta.

No que se refere à tributação com base em alíquotas diversas em razão


da destinação do imóvel, há que se destacar o seguinte:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.


CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IPTU. ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS. OFENSA
À CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AUSÊNCIA I - A jurisprudência da Corte é no

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sentido de que não viola a Constituição Federal a fixação de alíquotas


diversas do IPTU em razão da destinação do imóvel. Precedentes II -
Agravo regimental improvido.

(STF, AI 470.555/RJ, Primeira Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,


Julgamento em 21/06/2007)

Outra jurisprudência importante do STF a respeito do IPTU diz respeito à


progressividade de alíquotas:

Súmula STF 668 - É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido,


antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU,
salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade
urbana.

A EC 29/00 acrescentou dois incisos ao § 1° do art. 156 da CF/88. O


primeiro diz respeito à possibilidade de se ter alíquotas progressivas em função
do valor do imóvel. O segundo menciona a permissão para se estabelecer
alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel.

Questão 33 - INÉDITA/2014

A câmara de vereadores do município XY editou uma lei, em 2002, prevendo


alíquotas progressivas em função do valor do imóvel. Nesse sentido, conforme
jurisprudência do STF, a referida lei é inconstitucional.

Comentário: A lei foi editada depois da EC 29/2000. Por esse motivo, a lei é
considerada constitucional, conforme o posicionamento do STF. Questão
errada.

Questão 34 - ESAF/ISS-RJ/2010

A cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano em alíquotas diferenciadas


em razão da destinação dos imóveis não afronta a Constituição da República.

Comentário: De acordo com o art. 156, § 1°, II, da CF/88, permite-se


diferenciar as alíquotas do IPTU, conforme o uso do imóvel. Questão correta.

Guarde também que é inconstitucional a progressividade de alíquotas do


IPTU em função do número de imóveis do contribuinte. Sobre o assunto,
vejamos o que diz a Súmula 589 do STF:

Súmula STF 589 - É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do


Imposto Predial e Territorial Urbano em função do número de imóveis do
contribuinte.

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Questão 35 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

E inconstitucional a fixação de adicional progressivo do IPTU em função do


número de imóveis do contribuinte.

Comentário: Conforme a Súmula 589 do STF, é iconstitucional a fixação de


adicional progressivo do Imposto Predial e Territorial Urbano em função do
número de imóveis do contribuinte.Questão correta.

Súmula STF 539 - É constitucional a lei do município que reduz o imposto


predial urbano sobre imóvel ocupado pela residência do proprietário, que não
possua outro.

Questão 36 - ESAF/ISS-RJ/2010

É inconstitucional a lei do município que reduz o imposto predial urbano sobre


imóvel ocupado pela residência do proprietário, que não possua outro.

Comentário: De acordo com a Súmula 539 do STF, é permitido reduzir o IPTU


sobre imóvel ocupado pela residência do proprietário, que não possua outro.
Questão errada.

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. CONSTITUCIONAL.


TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE IMÓVEL TERRITORIAL E
URBANA. IPTU. PROGRESSIVIDADE. ALÍQUOTA ÚNICA. VARIAÇÃO DA BASE
DE CÁLCULO CONFORME A ESSENCIALIDADE OU A FRIVOLIDADE DO BEM
(TIPOS DE IMÓVEL PRECÁRIO, POPULAR, MÉDIO, FINO E LUXO). ÍNDICE
PRÓPRIO PARA MENSURAR A CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E DAR DIMENSÃO
EXTRAFISCAL À EXAÇÃO. UTILIZAÇÃO ANTES DA EC 29/2000.
IMPOSSIBILIDADE. (...) 2. O efeito extrafiscal ou a calibração do valor
do tributo de acordo com a capacidade contributiva não são obtidos
apenas pela modulação da alíquota. O escalonamento da base de
cálculo pode ter o mesmo efeito. 3. Ao associar o tipo de construção
(precário, popular, médio, fino e luxo) ao escalonamento crescente da
avaliação do valor venal do imóvel, a Lei 3.326/1996 do Município de
Campo Grande passou a graduar o valor do tributo de acordo com
índice hábil à mensuração da frivolidade ou da essencialidade do bem,
além de lhe conferir mais matizes para definição da capacidade
contributiva. Impossibilidade, nos termos do texto constitucional anterior à
inovação trazida pela EC 29/2000. Agravo regimental ao qual se nega
provimento.

(STF, AI 583.636-AgR/MS, Segunda Turma, Min. Rel. Joaquim Barbosa,


Julgamento em 06/04/2010)

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A base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel. Contudo, para se


chegar ao valor venal, vários critérios são utilizados pelos municípios. Um dos
critérios poderia ser o tipo de construção (precário, popular, médio, fino e
luxo). Ou seja, à medida que o padrão da construção aumente, haverá
consequente escalonamento da base de cálculo. Como o tributo é calculado
multiplicando-se a base de cálculo pela alíquota, de acordo com a Suprema
Corte, é possível conferir progressividade ao tributo, variando a base de
cálculo e mantendo alíquota única.

"Será que isso algum dia vai cair em prova, professor?" Já caiu!!! Veja:

Questão 37 - ESAF/ISS-RJ/2010

O efeito extrafiscal ou a calibração do valor do tributo de acordo com a


capacidade contributiva não são obtidos apenas pela modulação da alíquota. O
escalonamento da base de cálculo pode ter o mesmo efeito. Ao associar o tipo
de construção (precário, popular, médio, fino e luxo) ao escalonamento
crescente da avaliação do valor venal do imóvel, pode-se graduar o valor do
tributo de acordo com índice hábil à mensuração da frivolidade ou da
essencialidade do bem, além de lhe conferir mais matizes para definição da
capacidade contributiva.

Comentário: Com base no que acabamos de explicar, a questão está


corretíssima!

Um detalhe muito relevante sobre o ITR é a questão da sua


incidência, em vez do IPTU, quando o imóvel for utilizado em
exploração vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial. Segue a
decisão do STJ:

TRIBUTÁRIO. IPTU. ITR. FATO GERADOR. IMÓVEL SITUADO NA ZONA


URBANA. LOCALIZAÇÃO. DESTINAÇÃO. CTN, ART. 32. DECRETO-LEI N.
57/66. VIGÊNCIA. 1. Ao ser promulgado, o Código Tributário Nacional
valeu-se do critério topográfico para delimitar o fato gerador do
Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e o
Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR): se o imóvel
estivesse situado na zona urbana, incidiria o IPTU; se na zona rural, incidiria o
ITR. 2. Antes mesmo da entrada em vigor do CTN, o Decreto-Lei n° 57/66
alterou esse critério, estabelecendo estarem sujeitos à incidência do ITR os
imóveis situados na zona rural quando utilizados em exploração vegetal,
agrícola, pecuária ou agroindustrial. 3. A jurisprudência reconheceu validade
ao DL 57/66, o qual, assim como o CTN, passou a ter o status de lei
complementar em face da superveniente Constituição de 1967. Assim, o
critério topográfico previsto no art. 32 do CTN deve ser analisado em
face do comando do art. 15 do DL 57/66, de modo que não incide o
IPTU quando o imóvel situado na zona urbana receber quaisquer das

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destinações previstas nesse diploma legal.

(STJ, REsp 492.869/PR, Primeira Turma, Min. Rel. Teori Albino Zavascki,
Julgamento em 15/02/2005)

De acordo com o STJ, se o imóvel tiver as destinações


especificadas no Decreto-lei 57/1966, incide ITR, ainda
que localizado em zona urbana do município. Contudo, só
adote isso na prova, se a questão requisitar
expressamente o entendimento do STJ!!!

Repare que o CESPE requisitou a jurisprudência do STJ. Teve de fazer


isso expressamente, sob pena de a questão ficar sujeita a muitos recursos:

Questão 38 - CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013

Segundo o STJ, incide o imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR), e


não o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU), sobre
imóveis comprovadamente utilizados para exploração extrativa, vegetal,
agrícola, pecuária ou agroindustrial, ainda que localizados em áreas
consideradas urbanas por legislação municipal.

Comentário: Com base no entendimento do STJ, mesmo que o imóvel esteja


situado em zona urbana (segundo critérios do art. 32 do CTN), se receber
alguma das destinações previstas no DL 57/66, haverá incidência de ITR.
Questão correta.

TRIBUTÁRIO - IPTU - CONTRIBUINTE - POSSUIDOR - ART. 34 DO CTN. 1. O


IPTU é imposto que tem como contribuinte o proprietário ou o
possuidor por direito real que exerce a posse com animus definitivo -
art. 34 do CTN.

(STJ, REsp 325.489/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, Julgamento
em 19/11/2002)

No sentido da decisão acima, o locatário não pode ser considerado


contribuinte de imóvel alugado (não exerce a posse com animus definitivo).

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2.3.2 - Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis

A respeito do ITBI, não há muito o que guardar. O mais relevante está


mencionado no nosso curso, a seguir:

"Imposto de transmissão de imóveis, inter vivos - ITBI: alíquotas


progressivas: a CF não autoriza a progressividade das alíquotas,
realizando-se o princípio da capacidade contributiva
proporcionalmente ao preço da venda."

(STF, RE 234.105, Plenário, Rel. Min. Carlos Velloso, Julgamento em


08/04/1999)

Na mesma direção, tome conhecimento da Súmula 656 do STF:

Súmula STF 656 - É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas


progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI
com base no valor venal do imóvel.

Questão 39 - FGV/ICMS-RJ/2010

é inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de


transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI, com base no valor venal do
imóvel.

Comentário: Questão retirada integralmente da Súmula 656 do STF, estando,


portanto, correta.

Ademais, o mero contrato de promessa não constitui fato gerador do


ITBI, sendo necessária a existência de registro do instrumento no cartório
competente:

"RECURSO EXTRAORDINÁRIO - IMPOSTO DE TRANSMISSÃO INTERVIVOS DE


BENS IMÓVEIS - FATO GERADOR - CESSÃO DE DIREITOS. A cobrança do
Imposto de Transmissão Intervivos de Bens Imóveis está vinculada à
existência de registro do instrumento no cartório competente."

(STF, AI 646.443-AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento


em 16/12/2008)

Questão 40 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

Na doação de bem imóvel, há incidência do ITBI.

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Comentário: Na doação de bem imóvel incide ITCMD, e não ITBI. Questão


errada.

Cuidado! Embora exista a Súmula 328 do STF (editada


em 1963!), atualmente a competência para instituir
imposto sobre transferência de bens imóveis a título
gratuito é dos Estados (por meio do ITCMD). O ITBI, de
competência municipal, incide sobre transmissões
onerosas!

2.3.3 - Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza

Vejamos, a partir de agora, o último assunto da nossa aula: o ISS! Sobre


o tema, temos as seguintes jurisprudências:

"(...) De igual maneira, é firme a orientação de que não incide o ISS


sobre a atividade-meio utilizada na prestação do serviço, como é o
caso da atividade de secretaria (anotação de recados e digitação de
mensagens) envolvida na prestação de serviços de "radiochamada"
por intermédio de pagers."

(STJ,REsp 848.490/RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, Julgamento


em 16/09/2008)

Atividade-meio indispensável ao alcance da atividade-fim não sofre


incidência de ISS. Esse entendimento é pacífico no âmbito do STJ.

Além disso, destaque-se que não há incidência de ICMS, quando fica


clara a ausência de prestação de serviços a terceiros:

TRIBUTÁRIO. INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. CONSTRUÇÃO FEITA PELO


INCORPORADOR EM TERRENO PRÓPRIO. ISS. NÃO INCIDÊNCIA. AUSÊNCIA
DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO A TERCEIRO. 1. Nos termos da jurisprudência
desta Corte, não incide ISS na hipótese de construção feita pelo próprio
incorporador, haja vista que, se a construção é realizada por ele
próprio, em terreno próprio, não há falar em prestação de serviços a
terceiros, mas a si próprio, o que descaracteriza o fato gerador.

(STJ, AgRg REsp 1.295.814/MS, Rel. Min. Sérgio Kukina, Julgamento em


03/10/2013)

Essa decisão se mantém no âmbito da Segunda Turma do STJ (REsp


1.166.039).

Ademais, o STF também já editou súmula vinculante, vedando a


incidência do ISS sobre operações de locação de bens móveis:

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Súmula Vinculante 31 - É inconstitucional a incidência do Imposto sobre


Serviços de Qualquer Natureza - ISS sobre operações de locação de bens
móveis dissociadas da prestação de serviços.

Ressalte-se que a referida súmula não exonera a incidência do ISS sobre


a prestação de serviços concomitante à locação de bens móveis:

"A Súmula Vinculante 31 não exonera a prestação de serviços


concomitante à locação de bens móveis do pagamento do ISS. Se
houver ao mesmo tempo locação de bem móvel e prestação de
serviços, o ISS incide sobre o segundo fato, sem atingir o primeiro."

(STF, ARE 656.709-AgR, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa,


Julgamento em 14/02/2012)

Questão 41 - CESPE/JUIZ-TJ-AC/2012

Ocorrendo contrato de locação de bens móveis, é possível a instituição de ISS,


uma vez que a locação de bens móveis equipara-se à locação de serviços,
dada a aplicação extensiva atribuída aos contratos pelo Código Civil brasileiro.

Comentário: Não era necessário nem terminar de ler a questão, para


perceber que ela contraria a redação da Súmula Vinculante 31 do STF. Questão
errada.

Questão 42 - CESPE/Procurador-TCE-BA/2010

A pessoa jurídica que atue no ramo de locação de automóveis utilitários e de


passeio não estará obrigada a recolher o ISSQN, uma vez que é
inconstitucional a incidência do referido imposto sobre operações de locação de
bens móveis.

Comentário: Não há incidência de ISS nas operações de locação de bens


móveis. Questão correta.

O ISS incide sobre serviços de qualquer natureza, definidos em lista, por


meio de lei complementar. Embora a Lista de Serviços seja taxativa, admite-se
a interpretação dos itens lá previstos de forma extensiva para serviços
congêneres.

TRIBUTÁRIO - SERVIÇOS BANCÁRIOS - ISS - LISTA DE SERVIÇOS -


TAXATIVIDADE - INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. 1. A jurisprudência desta
Corte firmou entendimento de que é taxativa a Lista de Serviços anexa
ao Decreto-lei 406/68, para efeito de incidência de ISS, admitindo-se,
aos já existentes apresentados com outra nomenclatura, o emprego

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da interpretação extensiva para serviços congêneres.

(STJ, REsp 1.111.234/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Eliana Calmon,


Julgamento em 23/09/2009)

Sobre as operações de arrendamento mercantil, o STF já se posicionou


no sentido de que há incidência de ISS sobre o leasing financeiro e o
lease-back.

Ressalto que o STJ também já se posicionou nesse sentido, por meio da


Súmula 138.

O arrendamento mercantil compreende três modalidades, [i] o leasing


operacional, [ii] o leasing financeiro e [iii] o chamado lease-back. No
primeiro caso há locação, nos outros dois, serviço. A lei complementar
não define o que é serviço, apenas o declara, para os fins do inciso III do
artigo 156 da Constituição. Não o inventa, simplesmente descobre o que é
serviço para os efeitos do inciso III do artigo 156 da Constituição. No
arrendamento mercantil (leasing financeiro), contrato autônomo que não é
misto, o núcleo é o financiamento, não uma prestação de dar. E
financiamento é serviço, sobre o qual o ISS pode incidir, resultando
irrelevante a existência de uma compra nas hipóteses do leasing
financeiro e do lease-back.

(STF, RE 547.245/SC, Plenário, Min. Rel. Eros Grau, Julgamento em


02/12/2009)

Sobre os serviços feitos sob encomenda, guarde o seguinte:

Súmula STJ 156 - A prestação de serviço de composição gráfica,


personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de
mercadorias, esta sujeita, apenas, ao ISS.

Na mesma linha, temos o julgado abaixo:

AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSO CIVIL. TEMPESTIVIDADE DO RECURSO


ESPECIAL. OCORRÊNCIA. TRIBUTÁRIO. INDUSTRIALIZAÇÃO POR
ENCOMENDA. BENEFICIAMENTO DE MATÉRIA-PRIMA. INCIDÊNCIA DO
ISSQN. APLICAÇÃO DA SÚMULA 83/STJ. Verifica-se que, no caso dos
autos, deve incidir o ISS porquanto,trata-se de serviços
personalizados feitos em conformidade com o interesse exclusivo do
cliente, distintos dos serviços destinados ao público em geral.

(STJ, AgRg no AREsp 328.624/ES, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto


Martins, Julgamento 17/09/2013)

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Vamos memorizar também uma importante súmula do STJ:

Súmula STJ 167 - O fornecimento de concreto, por empreitada, para


construção civil, preparado no trajeto até a obra em betoneiras acopladas a
caminhões, e prestação de serviço, sujeitando-se apenas a incidência do ISS.

No tocante à base imponível do ISS, acompanhe a decisão do STJ:

"(...) No que se refere à base de cálculo, mostra-se ilegítima a incidência


do ISS sobre o total das mensalidades pagas pelo titular do plano de
saúde à empresa gestora, pois, em relação aos serviços prestados pelos
profissionais credenciados, há a incidência do tributo, de modo que a nova
incidência sobre o valor destinado a remunerar tais serviços caracteriza-se
como dupla incidência de um mesmo tributo sobre uma mesma base
imponível. Por tal razão, o valor repassado aos profissionais
credenciados deve ser excluído da base de cálculo do tributo devido
pela empresa gestora."

(STJ, REsp 783.022/MG, Primeira Turma, Rel. Min. Denise Arruda, Julgamento
05/02/2009)

Questão 43 - CESPE/JUIZ-TJ-AC/2012

É lícito ao município tributar a receita bruta recebida pelos planos de saúde,


sempre que os respectivos contratos contiverem cláusula de prestação de
serviço e assistência médica ao contratado, ainda que o serviço e a assistência
não sejam efetivamente prestados.

Comentário: Conforme o entendimento do STJ, a empresa gestora de plano


de saúde deve excluir da base de cálculo do ISS os valores repassados aos
profissionais credenciados à rede. Questão errada.

No ano seguinte, o assunto se Repetiu nas provas do CESPE:

Questão 44 - CESPE/DPDF/2013

Nos serviços de plano de saúde, utiliza-se como base de cálculo do ISS o valor
total recebido, ou seja, a mensalidade paga pelo associado à empresa gestora
do plano e as quantias repassadas aos terceiros credenciados que prestam o
serviço médico.

Comentário: Conforme o entendimento do STJ, a empresa gestora de plano


de saúde deve excluir da base de cálculo do ISS os valores repassados aos
profissionais credenciados à rede. Questão errada.

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Por fim, no que diz respeito ao município competente para tributar o ISS,
uma vez ocorrido o fato gerador, o STF considera que é aquele onde tiver sido
prestado o serviço:

"ISS: competência para tributação: local da prestação do serviço."

(STF, AI 571.353-AgR, Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence,


Julgamento em 21/06/2007)

Enfim, finalizamos mais uma aula! Já ultrapassamos mais da metade do


conteúdo a ser visto no nosso curso!

Sempre que possível, volte às aulas anteriores para revisão. Isso é


fundamental!

Um abraço e até nosso próximo encontro!

Prof. Fábio Dutra

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3 - LISTA DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA

Questão 01 - ESAF/ISS-RJ/2010

Lei estadual pode estabelecer alíquotas diferenciadas em razão do tipo do


veículo, já que os estados-membros estão legitimados a editar normas gerais
referentes ao IPVA, no exercício da competência concorrente prevista no art.
24, § 3°, da Constituição.

Questão 02 - ESAF/SUSEP-Analista/2010

O exercício da competência residual é reservado ao legislador ordinário, e não


ao constituinte derivado.

Questão 03 - ESAF/SUSEP-Analista/2010

Consoante entendimento firmado no âmbito do Supremo Tribunal Federal, a


não-cumulatividade e o não bis-in-idem não precisam ser observados quando
da criação de um novo imposto por meio de emenda constitucional.

Questão 04 - ESAF/AFRFB/2009

A simples entrada em território nacional de um quadro para exposição


temporária num museu ou de uma máquina para exposição em feira,
destinados a retornar ao país de origem, não configuram importação, e, por
conseguinte, não constituem fato gerador.

Questão 05 - INÉDITA/2014

De acordo com a Constituição Federal de 1988, as alíquotas do Imposto de


Exportação não se submetem ao princípio da legalidade. Dessa forma, a
jurisprudência do STF é no sentido de que somente o Presidente da República
pode alterá-las.

Questão 06 - INÉDITA/2014

Conforme jurisprudência pacífica do STF, é facultado ao Poder Judiciário


autorizar a correção monetária da tabela progressiva do Imposto de Renda,
caso não haja previsão legal.

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Questão 07 - ESAF/PGFN/2012

Pode-se afirmar, a partir de alguns julgados do Supremo Tribunal Federal, que


o conceito legalista/fiscalista de renda, assim considerado aquilo que a
legislação do imposto de renda estabelecer que é, está ultrapassado.

Questão 08 - INÉDITA/2014

O STF entende que, no que se refere ao princípio da não cumulatividade


aplicável ao IPI, ainda que a aquisição de matéria-prima seja desonerada do
imposto, subsiste o direito de creditamento por parte do estabelecimento
industrial.

Questão 09 - CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013

Segundo entendimento do STF, a alienação de salvados não integra a própria


operação de seguro, constituindo, por conseguinte, fato gerador autônomo do
ICMS.

Questão 10 - INÉDITA/2014

O senhor José Antônio possui uma fazenda, sendo, pois, contribuinte do ITR.
Num dado momento, sua fazenda é invadida pelo movimento "sem terra".
Neste caso, o rico fazendeiro deve continuar arcando com o ônus tributário,
mesmo perdendo o domínio sobre suas terras.

Questão 11 - CESPE/PROCURADOR-PE/2009

O ITCMD estabelecido pela legislação pernambucana sobre a morte presumida


é legítimo.

Questão 12 - ESAF/AFRFB/2009

Ainda sobre o imposto de transmissão causa mortis, o cálculo do referido


imposto deve operar-se sobre o valor dos bens na data da avaliação.

Questão 13 - CESPE/PROCURADOR-MP-TCE-BA/2010

Considere a seguinte situação hipotética: Certa pessoa faleceu em 2/12/2009,


deixando bens móveis e imóveis a partilhar entre os herdeiros. Ocorre que o
ITCMD só passou a ser cobrado, efetivamente, em maio de 2010, quando sua
alíquota já havia sido majorada, em abril de 2010. Nessa situação, o ITCMD
será devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão.

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Questão 14 - ESAF/AFRFB/2009

Consoante entendimento do STF, o imposto de transmissão causa mortis é


devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão e não ao
tempo do início do processo de inventário e partilha.

Questão 15 - ESAF/ACE-MDIC/2012

O fato gerador do ICMS não ocorre com a entrada no estabelecimento do


importador, mas, sim, quando do recebimento da mercadoria, ao ensejo do
respectivo desembaraço aduaneiro.

Questão 16 - CESPE/JUIZ-TJ-PB/2011

O ICMS tem como fato gerador o deslocamento de mercadorias, inclusive de


um estabelecimento para outro do mesmo contribuinte.

Questão 17 - FGV/ICMS-RJ/2010

De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal não constitui fato


gerador do ICMS a saída física de máquinas e utensílio a título de comodato.

Questão 18 - ESAF/ICMS-CE/2006

Em relação aos créditos escriturais do Imposto sobre a Circulação de


Mercadorias e Serviços, de competência estadual e do Distrito Federal, é
correto afirmar-se que sobre eles não incide a correção monetária quando a
legislação estadual não contiver tal previsão.

Questão 19 - CESPE/JUIZ-TJ-AC/2012

A prestação de serviço simultaneamente à venda de mercadorias em


restaurantes constitui fato gerador do ISS.

Questão 20 - ESAF/ACE-MDIC/2012

Na entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou


jurídica, pode-se afirmar que há operação relativa à circulação de mercadoria
sujeita à incidência do ICMS em operação de arrendamento mercantil
contratado pela indústria aeronáutica de grande porte para viabilizar o uso,
pelas companhias de navegação aérea, de aeronaves por ela construídas.

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Questão 21 - INÉDITA/2014

José Antônio, um rico fazendeiro, contrata uma empresa renomada em sua


cidade para realizar a filmagem do casamento de sua filha. Sobre essa
operação, incide ICMS.

Questão 22 - CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013

Conforme o entendimento do STF, o ICMS incide sobre a aquisição de


software, ainda que a compra seja feita mediante transferência eletrônica de
dados, sem que haja uma base física que caracterize o corpus mechanicum da
criação intelectual.

Questão 23 - CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013

Não incide ICMS sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à


demanda de potência efetivamente utilizada.

Questão 24 - ESAF/AFRFB/2014

A desoneração do ICMS - Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de


Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e
Intermunicipal e de Comunicação - das exportações, cuja finalidade é o
incentivo a estas, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus
econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem
produtos, e não tributos - imuniza as operações de exportação e assegura a
manutenção e o aproveitamento do montante do imposto (ICMS) cobrado nas
operações e prestações anteriores.
Consoante entendimento do STF sobre tal dispositivo, podemos afirmar,
exceto, que:
a) o aproveitamento dos créditos de ICMS, por ocasião da saída imune para o
exterior, gera receita tributável por parte da Cofins e da Contribuição para o
PIS.
b) adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditar-se do ICMS
anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor
acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior.
c) sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como
o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento
novo e positivo, sem reservas ou condições.
d) o aproveitamento de créditos de ICMS, por ocasião da saída imune para o
exterior, constitui mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS,
assegurada expressamente pela Constituição Federal.
e) o conceito de receita, acolhido pela Constituição Federal, não se confunde
com o conceito contábil.

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Questão 25 - CESPE/Procurador-TCE-ES/2009

Segundo o STJ, é legítima a cobrança de ICMS sobre operações interestaduais


realizadas por empresa de construção civil, quando da aquisição de bens
necessários ao desempenho de sua atividade fim.

Questão 26 - ESAF/APOF-SEFAZ-SP/2009

é ilegal a cobrança de ICMS com base em valores previstos em pauta fiscal.

Questão 27 - ESAF/ACE-MDIC/2012

O sujeito ativo da relação jurídico-tributária do ICMS é o Estado onde estiver


situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário jurídico da
mercadoria, pouco importando se o desembaraço aduaneiro ocorreu por meio
de ente federativo diverso.

Questão 28 - ESAF/ACE-MDIC/2012

O ICMS cabe ao Estado em que estiver localizado o porto de desembarque e o


destinatário da mercadoria, não prevalecendo a forma sobre o conteúdo, no
que procedida a importação por terceiro consignatário situado em outro Estado
e beneficiário de sistema tributário mais favorável.

Questão 29 - INÉDITA/2014

De acordo com posicionamento firmado pelo STF, é constitucional a inclusão na


base de cálculo do ICMS do acréscimo correspondente ao financiamento
realizado pelo próprio alienante de vendas a prazo, desde que integre o valor
da operação.

Questão 30 - ESAF/ACE-MDIC/2012

Consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal, o conceito de veículo


automotor alcança embarcações e aeronaves.

Questão 31 - CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013

Constitui fato gerador do imposto sobre propriedade de veículos automotores


(IPVA) a propriedade de veículos automotores, incluindo-se a de embarcações
e aeronaves.

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Questão 32 - CESPE/JUIZ FEDERAL-23 REGIÃO/2013

O município pode atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual não


superior ao índice oficial de correção monetária.

Questão 33 - INÉDITA/2014

A câmara de vereadores do município XY editou uma lei, em 2002, prevendo


alíquotas progressivas em função do valor do imóvel. Nesse sentido, conforme
jurisprudência do STF, a referida lei é inconstitucional.

Questão 34 - ESAF/ISS-RJ/2010

A cobrança do Imposto Predial e Territorial Urbano em alíquotas diferenciadas


em razão da destinação dos imóveis não afronta a Constituição da República.

Questão 35 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

E inconstitucional a fixação de adicional progressivo do IPTU em função do


número de imóveis do contribuinte.

Questão 36 - ESAF/ISS-RJ/2010

É inconstitucional a lei do município que reduz o imposto predial urbano sobre


imóvel ocupado pela residência do proprietário, que não possua outro.

Questão 37 - ESAF/ISS-RJ/2010

O efeito extrafiscal ou a calibração do valor do tributo de acordo com a


capacidade contributiva não são obtidos apenas pela modulação da alíquota. O
escalonamento da base de cálculo pode ter o mesmo efeito. Ao associar o tipo
de construção (precário, popular, médio, fino e luxo) ao escalonamento
crescente da avaliação do valor venal do imóvel, pode-se graduar o valor do
tributo de acordo com índice hábil à mensuração da frivolidade ou da
essencialidade do bem, além de lhe conferir mais matizes para definição da
capacidade contributiva.

Questão 38 - CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013

Segundo o STJ, incide o imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR), e


não o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU), sobre
imóveis comprovadamente utilizados para exploração extrativa, vegetal,

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agrícola, pecuária ou agroindustrial, ainda que localizados em áreas


consideradas urbanas por legislação municipal.

Questão 39 - FGV/ICMS-RJ/2010

É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de


transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI, com base no valor venal do
imóvel.

Questão 40 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

Na doação de bem imóvel, há incidência do ITBI.

Questão 41 - CESPE/JUIZ-TJ-AC/2012

Ocorrendo contrato de locação de bens móveis, é possível a instituição de ISS,


uma vez que a locação de bens móveis equipara-se à locação de serviços,
dada a aplicação extensiva atribuída aos contratos pelo Código Civil brasileiro.

Questão 42 - CESPE/Procurador-TCE-BA/2010

A pessoa jurídica que atue no ramo de locação de automóveis utilitários e de


passeio não estará obrigada a recolher o ISSQN, uma vez que é
inconstitucional a incidência do referido imposto sobre operações de locação de
bens móveis.

Questão 43 - CESPE/JUIZ-TJ-AC/2012

é lícito ao município tributar a receita bruta recebida pelos planos de saúde,


sempre que os respectivos contratos contiverem cláusula de prestação de
serviço e assistência médica ao contratado, ainda que o serviço e a assistência
não sejam efetivamente prestados.

Questão 44 - CESPE/DPDF/2013

Nos serviços de plano de saúde, utiliza-se como base de cálculo do ISS o valor
total recebido, ou seja, a mensalidade paga pelo associado à empresa gestora
do plano e as quantias repassadas aos terceiros credenciados que prestam o
serviço médico.

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4 - GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA

1 CORRETO 23 ERRADO
2 CORRETO 24 Letra A
3 CORRETO 25 ERRADO
4 CORRETO 26 CORRETO
5 ERRADO 27 CORRETO
6 ERRADO 28 CORRETO
7 CORRETO 29 CORRETO
8 ERRADO 30 ERRADO
9 ERRADO 31 ERRADO
10 ERRADO 32 CORRETO
11 CORRETO 33 ERRADO
12 CORRETO 34 CORRETO
13 CORRETO 35 CORRETO
14 CORRETO 36 ERRADO
15 CORRETO 37 CORRETO
16 ERRADO 38 CORRETO
17 CORRETO 39 CORRETO
18 CORRETO 40 ERRADO
19 ERRADO 41 ERRADO
20 ERRADO 42 CORRETO
21 ERRADO 43 ERRADO
22 CORRETO 44 ERRADO

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AULA 04: Leg. Tributária, Obrig. Tributária, Resp.


Tributária, Crédito Tributário e Suspensão da
______Exigibilidade do Crédito Tributário

SUMÁRIO PÁGINA
Observações sobre a aula 01
Legislação Tributária 02
Interpretação e integração da legislação tributária 07
Obrigação tributária 08
Responsabilidade Tributária 16
Crédito Tributário e Lançamento 25
Suspensão da exigibilidade do crédito tributário 28
Lista das Questões Comentadas em Aula 32
Gabarito das Questões Comentadas em Aula 37

Observações sobre a Aula

Olá, meu amigo(a)! Tudo bem? Como vão os estudos? Este já é nosso
quinto encontro. Como passou rápido, não é mesmo?

Na aula de hoje, estudaremos muita jurisprudência! A aula será muito


proveitosa, pois são a s s u n t o s certos na sua prova. Não duvide disso!
Estudaremos desde a Legislação Tributária até o Crédito Tributário e outros
temas relativos a este.

Caro aluno, é sempre bom reforçar que nós estamos aqui para aprender
Direito Tributário de verdade! Sendo assim, se você encontrar questões
interessantes que versem sobre jurisprudência, não deixe de entrar em
contato comigo! Teremos o maior prazer em comentá-las na próxima aula!
Beleza?

E aí, pronto para começar mais uma aula?

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1 - LEGISLAÇÃO TRIBU TÁRIA

É importante ressaltar que boa parte da jurisprudência sobre legislação


tributária gira em torno do art. 98 do CTN, o qual elenca algumas matérias
capazes de serem estabelecidas apenas pela lei.

Como nós já vimos o que há de mais importante sobre o assunto, ao


tratar do princípio da legalidade, não vejo razões para fazermos nova análise
sobre o tema.

Portanto, partiremos para a análise dos tratados internacionais.


Inicialmente, é válido dizer que os tratados internacionais não podem
tratar de matéria reservada à lei com plem entar:

"(...) TRATADO INTERNACIONAL E RESERVA CONSTITUCIONAL DE LEI


COMPLEMENTAR. - O primado da Constituição, no sistema jurídico brasileiro,
é oponível ao princípio pacta sunt servanda, inexistindo, por isso mesmo, no
direito positivo nacional, o problema da concorrência entre tratados
internacionais e a Lei Fundamental da República, cuja suprema autoridade
normativa deverá sempre prevalecer sobre os atos de direito internacional
público. Os tratados internacionais celebrados pelo Brasil - ou aos quais o
Brasil venha a aderir - não podem, em conseqüência, versar matéria
posta sob reserva constitucional de lei com plem entar. É que, em tal
situação, a própria Carta Política subordina o tratam ento legislativo
de determ inado tema ao exclusivo dom ínio norm ativo da lei
com plem entar, que não pode ser substituída por qualquer outra espécie
normativa infraconstitucional, inclusive pelos atos internacionais já
incorporados ao direito positivo interno. (...)"

(STF, ADI 1.480-MC/DF, Plenário, Rel. Min. Celso de Mello, Julgamento em


04/09/1997)

Dito isso, acompanhe o que diz o art. 98 do CTN:

Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou


modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela
que lhes sobrevenha.

Na visão da doutrina, o trecho da norma que diz que os tratados


"revogam ou modificam a legislação tributária interna" deve ser interpretado
da seguinte forma (grifamos):

”... não se trata, a rigor, de revogação da legislação interna, mas de


suspensão da eficácia da norma tributária nacional, que readquirirá
a sua aptidão para produzir efeitos se e quando o tratado for
denunciado." (TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e
Tributário. 16a Ed. Renovar, 2009, p.49)

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Não podemos deixar de citar também as lições de Luciano Amaro
(grifamos):

"O conflito entre a lei interna e o tratado resolve-se, pois, a favor


da norma especial (do tratado), que excepciona a norma geral (da lei
interna), tornando-se indiferente que a norma interna seja anterior
ou posterior ao tratado. Este prepondera em ambos os casos
(abstraída a discussão sobre se ele é ou não superior à lei interna)
porque traduz preceito especial, harmonizável com a norma geral."
(AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 14a Ed. Saraiva, 2008,
p.181)

Na contramão da redação dada pelo CTN, o STF já se posicionou no


sentido da paridade normativa entre os tratados internacionais e as leis
o rd in á ria s:

”(...) PARIDADE NORMATIVA ENTRE ATOS INTERNACIONAIS E NORMAS


INFRACONSTITUCIONAIS DE DIREITO INTERNO. - Os tratados ou
convenções internacionais, uma vez regularmente incorporados ao direito
interno, situam -se, no sistem a jurídico brasileiro, nos mesmos planos
de validade, de eficácia e de autoridade em que se posicionam as leis
ordinárias, havendo, em conseqüência, entre estas e os atos de direito
internacional público, mera relação de paridade norm ativa. (...)”

(STF, ADI 1.480-MC/DF, Plenário, Rel. Min. Celso de Mello, Julgamento em


04/09/1997)

Observação: Existe a possibilidade de esse entendim ento mudar,


quando do julgam ento do RE 460.320. O Min. Gilmar Mendes já
demonstrou o entendimento a respeito da prevalência dos tratados
internacionais, em seu voto. Por hora, o que devemos levar para a prova é a
paridade, salvo, em último caso, se a banca fizer menção a esse voto do
ministro relator.

Segundo o STF, se há paridade normativa entre tratado


internacional e as leis ordinárias, estas podem alterar
aqueles.

Questão 01 - ES A F/PFN /2007

Segundo o Código Tributário Nacional (CTN), os tratados internacionais


precisam ser observados pelo legislador, que, assim, não poderá alterá-los por
normas com eles incompatíveis?

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Comentário: O candidato que tem conhecimento de jurisprudência, deve
saber quando utilizá-la, sob pena de errar questões que outros candidatos,
menos preparados, não errariam. Se a questão disser "Segundo o CTN",
resposta segundo o CTN. Então, a assertiva está correta, de acordo com o
art. 98 do Código Tributário Nacional.

Destaque-se que o STJ já fez distinção quanto às formas modalidades de


tratado internacional: tratados-contratos e tratados-leis. No entanto, há
divergência quanto a qual deles se refere o art. 98 do CTN, tendo a Primeira
Turma decidido de uma forma, e a Segunda, de outra. Julgo ser temerária a
cobrança do tema em provas.

A única questão sobre o tema foi cobrada na prova da PFN em 2007. Não
foi possível conhecer os gabaritos definitivos, pois a prova foi completamente
anulada (se você souber de outra questão sobre o tema, envie pra mim no
fórum de dúvidas, ok?).

No entanto, partindo-se do pressuposto de que o gabarito provisório


demonstra o posicionamento da banca sobre o tema, vamos transcrevê-la:

Questão 02 - ES A F/PFN /2007

O STJ, em matéria de direito internacional tributário, tem entendido que os


tratados-leis, diferentemente dos tratados-contratos, não podem ser alterados
pela legislação interna.

Comentário: A questão foi elaborada com base no REsp 426.945/PR, segundo


o qual não se permite que os tratados-leis sejam alterados pela legislação
interna. Questão correta, com as ressaltas que fizemos acima.

Súmula STF 575 - À mercadoria importada de país signatário do (GATT), ou


membro da (ALALC), estende-se a isenção do imposto de circulação de
mercadorias concedida a similar nacional.

Muito embora o art. 111, II, do CTN, afirme que a outorga de isenção
deve ser interpretada literalmente, o GATT prevê o princípio do tratamento
nacional, que foi explicado pelo ilustre professor Ricardo Vale nos seguintes
termos:

"Em linhas gerais, o princípio do tratamento nacional (também


chamado de princípio da paridade) proíbe os membros da OMC de
conceder tratamento mais favorável aos produtos domésticos do que aos
produtos de outros membros da OMC, uma vez que estes últimos
tenham adentrado o território aduaneiro." (Curso de Comércio
Internacional, Prof. Ricardo Vale)

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Conforme a súmula acima citad a, percebemos que este é o
posicionamento da Suprema Corte (e do STJ também) no sentido da extensão
do benefício fiscal.

Destaque-se que o art. 152 da C F/88 também preceitua que é


vedado os entes federados estabelecer diferença tributária entre bens
e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou
destino.

Questão 03 - ESAF/AFR F/2005

A lei instituidora da isenção de mercadorias, mesmo que nada diga a respeito,


é extensiva às mercadorias estrangeiras, quando haja previsão da lei mais
favorecida, porque para não ofender o disposto no art. 98 do CTN ela tem de
ser interpretada como aplicável a todos os casos que não os ressalvados, em
virtude de extensão de isenção pelos tratados internacionais.

Comentário: A questão estaria errada, caso se referisse à extensão de


isenções de forma genérica, tendo em vista a restrição do art. 111, II, do CTN.
Contudo, como se trata de tratados internacionais, há a referida extensão, e a
questão está correta.

Meu aluno, minha aluna, por favor, não se esqueça do


que vim os na Aula 1 : o Presidente da República, ao
firmar tratados internacionais, age em nome da
República Federativa do B ra sil, podendo, inclusive,
conceder isenções a tributos estaduais e municipais, sem
que se caracterize isenções heterônomas.

Antes de encerrar este tópico, vejamos mais uma jurisprudência acerca


de legislação tributária:

3. O art. 3° da LC 118/2005, a pratexto de interpretar os arts. 150, §


1°, 160, I, do CTN, conferiu-lhes, na verdade, um sentido e um
alcance diferente daquele dado pelo Judiciário. Ainda que defensável a
"interpretação" dada, não há como negar que a Lei inovou no plano
normativo, pois retirou das disposições interpretadas um dos seus
sentidos possíveis, justam ente aquele tido como correto pelo STJ,
intérprete e guardião da legislação federal. Portanto, o art. 3° da LC
118/2005 só pode ter eficácia prospectiva, incidindo apenas sobre situações
que venham a ocorrer a partir da sua vigência.
4. Assim, tratando-se de preceito normativo modificativo, e não simplesmente
interpretativo, o art. 3° da LC 118/2005 só pode ter eficácia prospectiva,
incidindo apenas sobre situações que venham a ocorrer a partir da
sua vigência.
5. O artigo 4°, segunda parte, da LC 118/2005, que determina a aplicação

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retroativa do seu art. 3°, para alcançar inclusive fatos passados, ofende o
princípio constitucional da autonomia e independência dos poderes
(CF, art. 2°) e o da garantia do direito adquirido, do ato jurídico
perfeito e da coisa julgada (CF, art. 5°, XXXVI).

(STJ, AgRg no REsp 672.032/DF, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, Julgamento em 07/04/2005)

O art. 168, I, do CTN, prevê que o prazo para pleitear restituição de


pagamento indevido é de 5 anos a contar da data da extinção do crédito
tributário.

O STJ entendia que a extinção, para lançamentos por homologação,


ocorria apenas com a homologação do lançamento, que normalmente ocorre
tacitamente 5 anos após o lançamento (art. 150, § 4°). Na prática, o sujeito
passivo acabava tendo 10 anos (5+5).

Contudo, a LC 118/05, em seu art. 3°, alterou tal interpretação,


estabelecendo que o prazo inicia-se da data do pagamento antecipado. A
decisão ora analisada demonstra que o entendimento do STJ é o de que a lei
não apenas interpretou, mas inovou na ordem jurídica, não podendo ser
aplicada retroativamente, nos termos do art. 106, I, do CTN. Entendido?

Vamos resolver uma questão difícil sobre o assunto:

Questão 04 - ES A F/PFN /2006

A Lei Complementar n. 118, de 9 de fevereiro de 2005, dispõe:

"Art. 3o - Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei n.


5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a
extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a
lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de
que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei.
Art. 4o - Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após a sua
publicação, observado, quanto ao art. 3o o disposto no art. 106, inciso I,
da Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional."

Julgue os itens abaixo segundo o entendimento atualmente dominante no


Superior Tribunal de Justiça - STJ e marque, a seguir, a opção que apresenta a
resposta correta.
I. O art. 3o é preceito normativo e não meramente interpretativo.
II. Os dispositivos são inconstitucionais, pois, ao veicular preceito
interpretativo, fazem-no contra expressa jurisprudência da Corte, violando
assim o princípio da separação dos poderes, já que impõem ao juiz uma
interpretação da lei, função que é privativa deste e vedada ao legislador.

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III. Os processos em curso ao tempo da entrada em vigor da lei devem ser
julgados considerando o disposto no art. 3o.
a) Apenas o item II está errado.
b) Apenas o item I está correto.
c) Apenas os itens I e II estão corretos.
d) Apenas o item II está correto.
e) Apenas o item III está correto.

Comentário: Pela relevância e complexidade da questão, vamos comentá-la,


item por item:

Item I: Embora o dispositivo seja expressamente interpretativo, o


entendimento do STJ é que houve inovação no plano normativo. Item correto.

Item II: Na verdade, o STJ declarou inconstitucional apenas o art. 4°, pois foi
este que concedeu aplicação retroativa ao art. 3°. Item errado.

Item III: De acordo com o STJ, o art. 3° da LC 118/2005 só pode ter eficácia
prospectiva, incidindo apenas sobre situações que venham a ocorrer a partir da
sua vigência. Item errado.

Portanto, apenas o item I está correto, e o gabarito da questão é Letra B.

2 - INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBU TÁRIA

É importante ter conhecimento da diferença entre o instituto da analogia


e a interpretação extensiva:

"TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ISS. LISTA DE SERVIÇOS.


TAXATIVIDADE. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. POSSIBILIDADE. (...) Não se
pode confundir analogia com interpretação analógica ou extensiva. A
analogia é técnica de integração, vale dizer, recurso de que se vale o
operador do direito diante de uma lacuna no ordenam ento jurídico.
Já a interpretação, seja ela extensiva ou analógica, objetiva
desvendar o sentido e o alcance da norma, para então definir-lhe,
com certeza, a sua extensão. A norma existe, sendo o método
interpretativo necessário, apenas, para precisar-lhe os contornos.

(STJ, REsp 121.428/RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, Julgamento
em 01/06/2004)

No que se refere ao art. 111, que dispõe acerca da interpretação literal


das normas tributárias, o STJ já decidiu o seguinte:

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"(...)É firme o entendimento do STJ, no sentido de que a busca do real


significado, sentido e alcance de benefício fiscal não caracteriza
ofensa ao art. 111 do CTN ."

(STJ, REsp 1.125.064/DF, Segunda Turma, Min. Rel. Eliana Calmon,


Julgamento em 06/04/2010)

Ademais, no tocante à interpretação mais favorável ao acusado, em


relação às penalidades e infrações, o STJ é firm e no sentido de que, não
havendo dúvidas, não há que se falar em interpretação mais fa vorável:

"(...) No caso, cuida-se de concordata preventiva, inexistindo razão para que


o devedor inadimplente seja privilegiado com a dispensa da multa. O art.
112 do CTN, que recomenda a interpretação mais favorável, somente
tem pertinência quando haja dúvida na exegese da norma punitiva, o
que inexiste na espécie, em face do texto claro do citado dispositivo da Lei
de Quebras."

(STJ, REsp 183.720/SP, Segunda Turma, Min. Rel. Aldir Passarinho Júnior,
Julgamento em 15/06/1999)

Questão 05 - IN ÉD ITA/2014

Consoante o disposto no CTN, a lei tributária que define infrações ou lhe


comina penalidades interpreta-se, sempre que possível, da maneira mais
favorável ao acusado.

Comentário: Conforme o art. 112 do CTN, e a jurisprudência do STJ, somente


se há de fazer interpretação benigna em favor do acusado, quando restar
alguma dúvida (e não sempre que possível) sobre a interpretação da
legislação a ele aplicável. Questão errada.

3 - OBRIGAÇÃO TRIBU TÁRIA

É sabido que a obrigação tributária é principal ou acessória. Defendendo


a autonomia das obrigações acessórias, o STJ já decidiu que é permitido que
se exija do contribuinte as notas fiscais de bens deslocados entre
estabelecimentos da mesma empresa, em operação interestadual:

Afirm ou-se que os deveres instrum entais, previstos na legislação


tributária, ostentam caráter autônomo em relação à regra matriz de
incidência do trib u to , uma vez que vinculam, inclusive, as pessoas físicas
ou jurídicas que gozem de imunidade ou outro benefício fiscal, ex vi dos arts.

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175 e 194, parág. único do CTN; assim, ainda que, em tese, o deslocamento
de bens do ativo imobilizado e de material de uso e consumo entre
estabelecimentos de uma mesma instituição financeira não configure
hipótese de incidência do ICMS, compete ao Fisco Estadual averiguar a
veracidade da aludida operação, sobressaindo a razoabilidade e
proporcionalidade da norma jurídica que tão som ente exige que os
bens da pessoa jurídica sejam acom panhados das respectivas notas
fiscais.

(STJ, EDcl nos EDcl no REsp 1116792/PB, Primeira Seção, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, Julgamento em 22/08/2012)

Questão 06 - ESAF/AFRFB/2009

A existência de uma obrigação tributária acessória pressupõe a existência de


uma obrigação tributária principal.

Com entário: Como vimos, a obrigação tributária acessória independe da


existência da obrigação principal. Sendo assim, por exemplo, até mesmo as
entidades imunes estão sujeitas ao cumprimento de certas obrigações
acessórias, conforme art. 14, caput, e incisos. Questão errada.

Um tema muito conturbado na doutrina é a questão da exigência de lei


em sentido estrito para instituição de obrigações acessórias. O CTN - em seu
art. 113, § 2° - afirma que tais obrigações decorrem da legislação tributária,
expressão explicada no texto do próprio CTN (art. 96) como leis, tratados
internacionais, decretos e normas complementares. Nesse sentido:

"(...)É cediço que, nos termos do art. 113, § 2°, do CTN, em torno das
relações jurídico-tributárias relacionadas ao tributo em si, exsurgem outras,
de conteúdo extra-patrimonial, consubstanciadas em um dever de fazer,
não-fazer ou tolerar. São os denom inados deveres instrum entais ou
obrigações acessórias, inerentes à regulam entação das questões
operacionais relativas à tributação, razão pela qual sua regulação foi
legada à "legislação tributária" em sentido lato, podendo ser
disciplinados por meio de decretos e de normas com plem entares,
sempre vinculados à lei da qual dependem ."

(STJ, REsp 724.779/RJ, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, Julgamento em
12/09/2006)

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Vejamos como o assunto foi cobrado pela ESAF em 2009:

Questão 07 - ESAF/AFRFB/2009

A instituição de obrigação acessória, com a finalidade de dar cumprimento à


obrigação principal, deve atenção ao princípio da estrita legalidade.

Comentário: De fato, as obrigações acessórias criam deveres instrumentais,


com a finalidade de dar cumprimento à obrigação principal. Segundo a ESAF, a
instituição de obrigações acessórias não está sujeita à estrita legalidade.
Questão errada.

O art. 113, § 3°, do CTN, assevera que as obrigações


acessórias, quando descumpridas geram uma penalidade
pecuniária. Fique atento, pois essa penalidade está
subm etida ao princípio da legalidade (art. 97, V, do
próprio CTN).

O STJ entende que, para verificar se há ou não a ocorrência do fato


gerador do imposto de renda, o que importa é a realidade econôm ica, e
não a sim ples form a jurídica. Nesse sentido:

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. ABONO CONCEDIDO EM ACORDO


COLETIVO. CARÁTER SUBSTITUTIVO DE REAJUSTE SALARIAL. NATUREZA
SALARIAL. INCIDÊNCIA. INDENIZAÇÃO DE AUXILIO-ALIMENTAÇÃO.
CARACTERIZAÇÃO SUPRESSÃO DE DIREITO TRABALHISTA. CARÁTER
/ A

INDENIZATÓRIO. NÃO-INCIDÊNCIA.
4. Interpretação econôm ica que se impõe, uma vez que a realidade
econôm ica há de prevalecer sobre a sim ples form a jurídica. 5. As
verbas indenizatórias não estão sujeitas à incidência do Imposto de Renda.

(STJ, REsp 696.745/CE, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, Julgamento em
07/06/2005)

Questão 08 - ES A F/PFN /2007

A interpretação econômica se impõe, uma vez que a realidade econômica há


de prevalecer sobre a simples forma jurídica.

Comentário: A foi copiada do REsp 696.745, dispensando os comentários já


realizados sobre o referido julgado. Questão correta.

A respeito do fato gerador, o art. 118 preconiza que sua definição legal é
interpretada abstraindo-se da validade jurídica dos atos praticados bem como
da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Nessa linha, o STJ já decidiu:

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TRIBUTÁRIO - ICMS - SERVIÇO DE TELEFONIA MÓVEL - INADIMPLÊNCIA


DOS USUÁRIOS - FURTO DE SINAL (CLONAGEM) - INCIDÊNCIA DO
TRIBUTO.
1. O fato gerador do ICMS na telefonia é a disponibilização da linha
em favor do usuário que contrata, onerosamente, os serviços de
comunicação da operadora. A inadim plência e o furto por "clonagem "
fazem parte dos riscos da atividade econôm ica, que não podem ser
transferidos ao Estado.
2. Nos term os do art. 118 do Código Tributário Nacional, o
descum prim ento da operação de compra e venda m ercantil não tem o
condão de m alferir a ocorrência do fato gerador do ICMS.

(STJ, REsp 1.189.924/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins,


Julgamento em 25/05/2010)

Questão 09 - IN ÉD ITA/2014

No que se refere aos serviços de telefonia móvel, o STJ já decidiu que a


inadimplência e o furto por clonagem descaracterizam a incidência do ICMS.

Comentário: O que o STJ decidiu é que o fato gerador do ICMS na telefonia é


a disponibilização da linha em favor do usuário que contrata, não importando
se houve furto por clonagem ou inadimplência. De qualquer modo, ocorre o
fato gerador do ICMS. Questão errada.

Na mesma direção:

TRIBUTÁRIO. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO.


ARTIGO 3°, § 2°, I, DA LEI 9.718/98. HIGIDEZ CONSTITUCIONAL
RECONHECIDA PELO STF EM SEDE DE CONTROLE DIFUSO. EXCLUSÃO DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. "VENDAS INAD IM PLID AS". ALEGADA
EQUIPARAÇÃO COM "VENDAS CANCELADAS". ANALOGIA/EQÜIDADE.
INAPLICABILIDADE. ARTIGOS 1 l l E 118, DO CTN. OBSERVÂNCIA.
(...) Entrementes, o inadim plem ento do consum idor não equivale ao
cancelam ento da compra e venda, no qual ocorre o desfazim ento do
negócio jurídico, denotando a ausência de receita e, conseqüente,
intributabilidade da operação.

(STJ, REsp 1.029.434/CE, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, Julgamento em
20/05/2008)

Questão 10 - ESAF/ACE-M DIC/2012

As vendas inadimplidas equivalem às vendas canceladas para fins de incidência


tributária, eis que no sistema tributário nacional, embora tenha consagrado o

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regime de competência como a regra geral de apuração dos resultados, o
inadimplemento constitui hipótese de cancelamento de venda, e não tendo
ingressado a receita de venda, não há que se falar em tributação.

Comentário: No entendimento do STJ, as vendas inadimplidas não podem ser


consideradas como cancelamento, tendo em vista que naquele caso não ocorre
o desfazimento do negócio jurídico como neste. Questão errada.

Conforme você já deve ter estudado, de acordo com o art. 123 do CTN,
"as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de
tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição
legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes."

Nesse contexto, a alienação fiduciária não afasta a pena de perdimento


de veículo, quando houver previsão legal para aplicação de tal pena:

CONVENÇÃO PARTICULAR NÃO OPONÍVEL À FAZENDA PÚBLICA. APLICAÇÃO


DO ART. 123, DO CTN. PRINCÍPIOS DA ETICIDADE E DA FUNÇÃO SOCIAL
DO CONTRATO. ARTS. 421 E 2035, DO CC/2002. JURISPRUDÊNCIA DO
EXTINTO TRIBUNAL FEDERAL DE RECURSOS. COMPATIBILIDADE COM A
SÚMULA N. 138/TFR.
É admitida a aplicação da pena de perdim ento de veículo objeto de
alienação fiduciária.

(STJ, REsp 1.387.990/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell


Marques, Julgamento em 17/09/2013)

Questão 11 - IN ÉD ITA/2014

Não se admite a aplicação da pena de perdimento de veículo objeto de


alienação fiduciária.

Comentário: De acordo com o REsp 1.387.990/PR, admite-se a aplicação da


pena de perdimento de veículo objeto de alienação fiduciária. O embasamento
legal para tal decisão foi o previsto no art. 123 do CTN. Questão errada.

Na mesma linha da irrelevância do adimplemento ou não das vendas


efetuadas, é de se destacar também o entendimento do STF sobre o aspecto
temporal da hipótese de incidência (a partir de que momento considera-se
ocorrido o fato gerador) da COFINS e PIS:

"Quanto ao aspecto tem poral da hipótese de incidência da COFINS e


da contribuição para o PIS , portanto, temos que o fato gerador da
obrigação ocorre com o aperfeiçoam ento do contrato de compra e
venda (entrega do produto), e não com o recebimento do preço

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acordado."

(STF, RE 586.482-RS, Rel. Min. Dias Toffoli, 23/11/2011)

Sobre a solidariedade prevista no art. 124, I, do CTN, é de ressaltar que


o STJ já decidiu que para configurar o interesse comum na situação que
constitua o fato gerador do tributo, é necessário haver, no caso de
prestação de serviços, prestação conjunta por parte das empresas
envolvidas.

O simples fato de as empresas pertencerem ao mesmo conglomerado


financeiro não caracteriza por si só o interesse comum capaz de gerar
solidariedade tributária:

"PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL.


TRIBUTÁRIO. ISS. EXECUÇÃO FISCAL. PESSOAS JURÍDICAS QUE
PERTENCEM AO MESMO GRUPO ECONÔMICO. CIRCUNSTÂNCIA QUE, POR SI
SÓ, NÃO ENSEJA SOLIDARIEDADE PASSIVA.
1. O entendimento prevalente no âmbito das Turmas que integram a
Primeira Seção desta Corte é no sentido de que o fato de haver pessoas
jurídicas que pertençam ao mesmo grupo econôm ico, por si só, não
enseja a responsabilidade so lid ária, na forma prevista no art. 124 do
CTN. Ressalte-se que a solidariedade não se presume (art. 265 do
CC/2002), sobretudo em sede de direito trib u tá rio .(...)"

(STJ, REsp 834.044/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
Julgamento em 08/09/2010)

Um tema muito controvertido é a possibilidade de o sujeito ativo da


obrigação tributária ser pessoa jurídica de direito privado. O STJ já sumulou o
seguinte:

Súmula STJ 396 - A Confederação Nacional da Agricultura tem legitimidade


ativa para a cobrança da contribuição sindical rural.

Ademais, essa Corte também proferiu decisão que o SENAI pode figurar
como sujeito ativo das obrigações tributárias a ele destinadas (REsp
735.278/PR). No entanto, lembre-se que a regra é o que está no art. 119 do
CTN, ou seja, somente pode figurar como sujeito ativo da obrigação
tributária pessoa jurídica de direito público.

Mesmo havendo esse posicionamento do STJ, recomendo


que você siga o texto do art. 119 do CTN, somente
considerando correto se houver cópia literal da
mencionada súmula ou do caso referente ao SENAI.

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Questão 12 - ESAF/AFRFB/2009

No pólo ativo da relação jurídico-tributária, necessariamente deve figurar


pessoa jurídica de direito público.

Comentário: Conforme aprendemos, adotamos o CTN como regra. Somente


consideraremos a Súmula 396, quando a banca mencioná-la literalmente!
Questão correta.

Questão 13 - IN ÉD ITA/2014

De acordo com entendimento sumulado pelo STJ, a Confederação Nacional da


Agricultura tem legitimidade ativa para a cobrança da contribuição sindical
rural.

Comentário: Nessa questão, como foi mencionada a súmula do STJ, devemos


considerar o que diz a sua redação, ou seja, a CNA possui legitimidade ativa
para tal cobrança. Questão correta.

No que se refere ao domicílio tributário do sujeito passivo, destaque-se


que o STJ tem entendido que caracteriza cerceamento de defesa do sujeito
passivo notificação fiscal enviada para endereço diferente do domicílio
tributário, quando este é do conhecimento do fisco:

TRIBUTARIO. DOMICILIO TRIBUTARIO. FIRMA INDIVIDUAL. C.T.N., ART.127,


II. APLICAÇÃO.
I - O acórdão recorrido, ao adm itir como válida notificação fiscal
enviada para local diverso do dom icílio tributário do contribuinte,
que era do conhecim ento do fisco, ofendeu o art. 127, II, do C.T.N. II
- Recurso Especial conhecido e provido.

(STJ, 33.837/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro,


Julgamento em 04/03/1996)

Ademais, destaque-se que, para o STJ, a remessa de carnê para o


endereço do contribuinte configura notificação de lançamento nos termos da
Súmula 397:

Súmula STJ 397 - O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo


envio do carnê ao seu endereço.

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Questão 14 - CESPE/JU IZ-TJ-M A/2013

Segundo entendimento do STJ, o simples envio de carnê ao endereço do


contribuinte não caracteriza notificação do lançamento tributário.

Comentário: Conforme a Súmula 397 do STJ, basta que haja o envio do carnê
ao endereço do contribuinte para que seja caracterizada a notificação de
lançamento tributário. Questão errada.

Ainda sobre o domicílio tributário, não há base legal para impedir o


contribuinte de indicar sua residência como domicílio tributário, pois, de acordo
com o STJ:

DOMICILIO TRIBUTARIO - MESMO DA RESIDENCIA.


Não procede o argumento de que sendo inviolável o domicílio da pessoa
física, dificultaria atuação dos agentes fiscais, caso tenha o domicílio
tributário a mesma sede, porque tal proteção deixaria de existir. É
injustificável e sem base legal im pedir o contribuinte de indicar sua
residência para dom icílio tributário. Recurso improvido.

(STJ, REsp 28.237/SP, Primeira Turma, Rel. Min Garcia Vieira, Julgameno em
16/11/1992)

Questão 15 - IN ÉD ITA/2014

De acordo com entendimento do STJ, os agentes fiscais podem impedir o


contribuinte de indicar sua residência como seu domicílio tributário.

Comentário: Não é possível tal impedimento. Não se mostra razoável obstar o


contribuinte de indicar sua residência para domicílio tributário. Questão errada.

Digno de nota é o fato de o STJ aceitar a pluralidade de domicílios


tributários para pessoas jurídicas ou rnrmas individuais:

TRIBUTARIO. ISS. MUNICIPIO COMPETENTE PARA EXIGIR O TRIBUTO.


CTN,ART. 127, II. DECRETO-LEI 406/68 (ART. 12, 'A').

É juridicam ente possível as pessoas jurídicas ou firm as individuais


possuírem mais de um dom icílio tributário.

(STJ, Primeira Turma, REsp 23.371/SP, Rel. Min. Milton Luiz Pereira,
Julgamento em 31/08/1994)

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Por último, destaque-se o princípio da autonomia de cada
estabelecimento por meio da jurisprudência do STJ:

TRIBUTÁRIO. CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITO DE NEGATIVA. FILIAL.


PENDÊNCIA DA MATRIZ. POSSIBILIDADE.
1. O Tribunal a quo concluiu pela "im possibilidade de a Unidade
localizada em Goiânia ser penalizada pela existência de débito
constituído em nome da matriz ou outras filia is , haja vista que cada
Unidade tem seu registro no CNPJ, de modo que não há que se falar em
negativa de expedição de certidão de regularidade fiscal" (e-STJ fl.445).
2. O art. 127, I, do Código Tributário Nacional consagra o princípio da
autonomia de cada estabelecim ento da empresa que tenha o
respectivo C N PJ, o que justifica o direito à certidão positiva com
efeito de negativa em nome de filial de grupo econôm ico, ainda que
fiquem pendências tributárias da matriz ou de outras filiais.

(STJ, AgRg no AREsp 192.658/AM, Segunda Turma, Rel. Min Castro Meira,
Julgamento em 23/10/2012)

Questão 16 - IN ÉD ITA/2014

O Código Tributário Nacional (Lei 5.172/1966), ao tratar do domicílio


tributário, consagrou o princípio da autonomia de cada estabelecimento.

Comentário: O STJ entende que o art. 127, II (não é o primeiro, como diz a
ementa), do Código Tributário Nacional consagra o princípio da autonomia de
cada estabelecimento da empresa que tenha o respectivo CNPJ. Questão
correta.

4 - RESPONSABILIDADE TRIBU TÁRIA

No tocante à responsabilidade por sucessão, especificamente em relação


à alienação de bens imóveis em hasta pública, o STJ entende que, caso o valor
do débito supere o valor da arrematação, não há ônus para o arrematante:

PROCESSO CIVIL. ARREMATAÇÃO. FALÊNCIA. TRIBUTO PREDIAL INCIDENTE


SOBRE O IMÓVEL ARREMATADO. MATÉRIA CONCERNENTE AO PROCESSO
FALIMENTAR. NEGATIVA DE VIGÊNCIA AO ART. 130 PARÁGRAFO ÚNICO,
CTN. PRECEDENTES DOUTRINA. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
I - Na hipótese de arrem atação em hasta pública, dispõe o parágrafo
único do art.130 do Código Tributário Nacional que a sub-rogação do
crédito trib u tário, decorrente de impostos cujo fato gerador seja a
propriedade do imóvel, ocorre sobre o respectivo preço, que por eles
responde. Esses créditos, até então assegurados pelo bem, passam a ser

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garantidos pelo referido preço da arrematação, recebendo o adquirente o


imóvel desonerado dos ônus tributários devidos até a data da
realização da hasta.
II - Se o preço alcançado na arrem atação em hasta pública não for
suficiente para cobrir o débito tributário, não fica o arrem atante
responsável pelo eventual saldo devedor. A arrematação tem o efeito de
extinguir os ônus que incidem sobre o bem imóvel arrematado, passando
este ao arrematante livre e desembaraçado dos encargos tributários.

(STJ, REsp 166.975/SP, Quarta Turma, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo


Teixeira, Julgamento em 24/08/1999)

Há precedente do STJ (REsp 1.059.102/RS) no sentido da


responsabilização do antigo proprietário caso o valor da arrem atação
não seja suficiente para quitar os débitos existentes.

Só use o entendimento da responsabilização do antigo


proprietário se a banca mencionar a linha que o STJ tem
^ ^ a te n ç ã o seguido. Caso contrário, literalidade do art. 130,
parágrafo único!

Questão 17 - CESPE/D PU/2010

Considere que pessoa jurídica tenha adquirido imóvel não residencial em hasta
pública. Nesse caso, em consonância com a jurisprudência do STJ, a
arrematação tem o efeito de expurgar qualquer ônus obrigacional sobre o
imóvel para a pessoa jurídica arrematante, devendo a transferência ocorrer
livre de qualquer encargo ou responsabilidade tributária.

Comentário: Questão bem tranqüila, não é mesmo? O arrematante, via de


regra, adquire o bem livre de qualquer encargo ou responsabilidade tributária.
Questão correta.

Destacamos, ainda, a possibilidade de o edital de hasta pública


prever que os débitos ficarão a cargo do arrem atante, hipótese em que
este assumirá o ônus tributário, conforme vemos a seguir:

RECURSO ESPECIAL - EXECUÇÃO - PRAÇA - ARREMATAÇÃO - DÉBITOS


FISCAIS E CONDOMINIAIS - RESPONSABILIDADE DO ARREMATANTE,
DESDE QUE H A JA PREVISÃO EXPRESSA NO EDITAL - PRECEDENTES DO
STJ - HIPÓTESE OCORRENTE, NA ESPÉCIE - DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL
NÃO DEMONSTRADO - RECURSO IMPROVIDO.
I - Em regra, o preço apurado na arrematação serve ao pagamento do IPTU
e de taxas pela prestação de serviços incidentes sobre o imóvel (art. 130 e

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130, parágrafo único, do CTN);


II - Contudo, havendo expressa menção no edital acerca da
existência de débitos condom iniais e tributários incidentes sobre o
imóvel arrem atado, a responsabilidade pelo seu adim plem ento
transfere-se para o arrem atante;

(STJ, REsp 1.114.111/RJ, Terceita Turma, Rel. Min Massami Uyeda,


Julgamento em 20/10/2009)

Em regra, o pagamento de tributos é feito com o valor


fruto da arrematação (sub-rogação sobre o preço). No
entanto, pode o arrematante ter de arcar com os tributos
devidos, caso haja previsão expressa no edital de hasta
pública.

Sobre o mesmo assunto, o STJ também já decidiu o seguinte (neste, o


Tribunal se refere aos bens m óveis):

EXECUÇÃO. ARREMATAÇÃO. ADJUDICAÇÃO. CREDOR. ÔNUS RECAÍDOS


SOBRE O BEM. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. (CTN - ART. 130,
parágrafo único).
I - O credor que arremata veículo em relação ao qual pendia débito
de IPV A não responde pelo tributo em atraso . O crédito proveniente
do IPV A subroga-se no preço pago pelo arrematante. Alcance do Art.
130, parágrafo único, do CTN).

(STJ, REsp 905.208/SP, Terceira Turma, Rel. Min. Humberto Gomes de


Barros, Julgamento em 18/10/2007)

Novamente, vale a observação em relação à possibilidade de o edital


atribuir o ônus ao arrematante (REsp 808.101/DF).

Repare que o STJ concedeu interpretação extensiva


(aplicando-o também a bens móveis) ao par. único do
art. 130 do CTN. Contudo, só utilize essa decisão se a
banca expressamente solicitá-la. A regra é que tal
dispositivo legal é aplicável unicam ente aos bens
imóveis.

Sobre o que acabamos de alertar, veja como a ESAF cobrou o tema:

Questão 18 - ESAF/ISS-NATAL/2008

No caso de arrematação de bem móvel em hasta pública pelo credor, o


arrematante adquire o bem livre de quaisquer ônus, não se investindo na

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figura de responsável pelo pagamento de tributos cujos fatos geradores
tenham ocorrido até a data da aquisição.

Comentário: Conforme vimos, o entendimento mais seguro para levar para a


prova é que o parágrafo único do art. 130 do CTN é aplicável unicamente aos
bens imóveis. Contudo, fique sempre ligado ao que pode ser cobrado
pela banca. Questão errada.

A respeito da sucessão causa mortis, vale comentar que a


responsabilidade dos sucessores inclui não só o valor dos tributos devidos, mas
também o valor da multa moratória:

TRIBUTÁRIO. INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 2°, § 8°, DA LEI 6.830, DE 1980,


E DO ART. 131, III, DO CTN.
(...) 3. A multa moratória é imposição decorrente do não pagamento do
tributo na época do vencimento.
4. Na expressão créditos tributários estão incluídas as multas
moratórias.
5. O espólio, quando chamado como sucessor tributário, é
responsável pelo tributo declarado pelo "de cujus" e não pago no
vencimento, incluindo-se o valor da multa moratória. (...)"

(STJ, REsp 295.222/SP, Primeira Turma, Rel. Min. José Delgado, Julgamento
em 12/06/2001)

Questão 19 - IN ÉD ITA/2014

O espólio, quando chamado como sucessor tributário, é responsável pelo


tributo declarado pelo "de cujus" e não pago no vencimento, incluindo-se o
valor da multa moratória.

Comentário: Questão no estilo ESAF, ou seja, "copia e cola" dos julgados do


STJ e STF. Questão correta.

Por outro lado, o mesmo ministro, ao tratar de caso referente à


sucessão em presarial, incluir também as multas punitivas como
sujeitas à sucessão trib u tá ria :

"(...)A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos


devidos pelo sucedido, as multas m oratórias ou punitivas, que, por
representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio
adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a
data da sucessão. (...)"

(STJ, REsp 923.012, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, Julgamento em
09/06/2010)

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• Sucessão causa mortis: multa moratória;


^^•atenção • Sucessão empresarial: multa moratória e punitiva.

Há de se destacar a responsabilidade dos diretores e sócios-gerentes, em


relação a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de
poderes ou infração de lei:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL.


RESPONSABILIDADE DE SÓCIO-GERENTE. LIMITES. ART. 135, III, DO
CTN. PRECEDENTES.
1. Os bens do sócio de uma pessoa jurídica com ercial não respondem,
em caráter solidário, por dívidas fiscais assum idas pela sociedade. A
responsabilidade tributária imposta por sócio-gerente,
adm inistrador, diretor ou equivalente só se caracteriza quando há
dissolução irregular da sociedade ou se comprova infração à lei
praticada pelo dirigente.
2. Em qualquer espécie de sociedade comercial é o patrimônio social que
responde sempre e integralmente pelas dívidas sociais. Os diretores não são
responsáveis pessoalmente pelas obrigações contraídas em nome da
sociedade, mas respondem para com esta e para com terceiros
solidária e ilim itadam ente pelo excesso de mandato e pelos atos
praticados com violação do estatuto ou lei (art. 158, I e II, da Lei n°
6.404/76).
(...)
4. O sim ples inadim plem ento não caracteriza infração legal.
Inexistindo prova de que se tenha agido com excesso de poderes ou infração
de contrato social ou estatutos, não há falar-se em responsabilidade
tributária de ex-sócio a esse título ou a título de infração legal. Inexistência
de responsabilidade tributária do ex-sócio.
5. Precedentes desta Corte Superior.
6. O fato do sócio ter se retiradrn da sociedade em data anterior a da
ocorrência do fato gerador da obrigação tributária discutida constitui
suporte jurídico para excluí-lo de qualquer responsabilidade. (...)"

(STJ, AgRg no REsp 276.779/SP, Primeira Turma, Rel. Min José Delgado,
Julgamento em 20/02/2001)

Embora se trate de uma ementa bastante extensa, julgo transcrever tais


trecho, tendo em vista a possibilidade de a banca retirar uma questão inteira
apenas com base nos entendimentos acima expostos.

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Em suma, você deve guardar o seguinte:

^ Os bens de sócio unicamente quotista não respondem pelas obrigações da


empresa;
^ Só há responsabilização dos administradores quando se tratar de dissolução
irregular (encerramento irregular da sociedade) ou excesso de mandato ou
pelos atos praticados com violação do estatuto ou lei;
^ O simples inadimplemento não caracteriza infração legal.
^ Se o sócio se retira da sociedade antes do fato gerador da obrigação
tributária gerada pelos motivos citados, não é responsável por elas.

Pela relevância do assunto, vejamos duas súmulas do próprio STJ nesse


sentido:

Súmula STJ 430 - O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade


não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente.

Súmula STJ 435 - Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que


deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos
competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o
sócio-gerente.

Questão 20 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2013

O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade é suficiente, por si


só, para atrair a responsabilidade solidária do sócio-gerente.

Comentário: Conforme entendimento do STJ, o inadimplemento da obrigação


tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do
sócio-gerente. Questão errada.

Questão 21 - CESPE/JUIZ FEDERA L-5a REGIÃO/2013

O fato de a sociedade não ser localizada no endereço fornecido como domicílio


fiscal não gera presunção de que ela tenha sido irregularmente dissolvida.

Comentário: Na realidade, ocorre a presunção de que a empresa tenha sido


irregularmente dissolvida. Questão errada.

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No mesmo ano, tal jurisprudência foi novamente objeto de prova do
CESPE:

Questão 22 - CESPE/D PDF/2013

De acordo com o STJ, a não localização de determinada sociedade no domicílio


fiscal fornecido gera presunção iuris tantum de dissolução irregular, sendo
possível, nesse caso, o redirecionamento da execução fiscal ao sócio-gerente
da sociedade.

Comentário: Simples interpretação da Súmula 435 do STJ. Questão correta.

Ainda sobre esse assunto, devemos ter em mente a possibilidade de


redirecionamento da execução para o sócio-gerente:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO


FISCAL. REDIRECIONAMENTO. SÓCIO-GERENTE. ART. 135, III, DO CTN.
DISSOLUÇÃO IRREGULAR. POSSIBILIDADE.
1. Havendo indícios de que a empresa encerrou irregularm ente suas
atividades, é possível redirecionar a execução ao sócio, a quem cabe
provar o contrário em sede de em bargos à execução, e não pela
estreita via da exceção de pré-executividade.
2. Agravo regimental desprovido.

(STJ, AgRg no Ag 561.854/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino


Zavascki, Julgamento em 06/04/2004)

Repare o detalhe: há inversão do ônus da prova, ou seja, cabe ao


sócio provar o contrário.

A responsabilidade alcança apenas os sócios-gerentes, ou


seja, aqueles que intervieram nas atividades da empresa.
^ ^ ^ te n c ã o O sócio c o tista, portanto, não pode ser
resposabilizado.

Questão 23 - ESAF/AFR F/2005

O sócio cotista pode ser responsabilizado com base na regra de solidariedade


do CTN, sem que tenha participado da gerência.

Comentário: A responsabilidade dos sócios surge quando estes forem, ao


mesmo tempo, gerentes da empresa. O sócio cotista, que não exerce qualquer
atribuição dentro da empresa, não pode responder com seus bens por dívidas
fiscais assumidas pela sociedade. Questão errada.

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Questão 24 - ESAF/AFR F/2005

Inadimplemento de obrigações tributárias caracteriza infração legal que


justifique redirecionamento da responsabilidade para o sócio-gerente da
empresa.

Comentário: De acordo com o nosso resumo, o simples inadimplemento nde


obrigações tributárias não caracteriza infração legal. A questão, portanto, está
errada.

Para encerrar o assunto Responsabilidade Tributária, vamos estudar a


jurisprudência pertinente à denúncia espontânea, instituto previsto no art. 138
do CTN.

De acordo com o STJ, para ficar caracterizada a denúncia espontânea, é


necessário que o sujeito passivo promova o pagamento do tributo, e não o
mero parcelam ento. Lembre-se de que o pagam ento deve ser
acom panhado da correção monetária.

TRIBUTÁRIO - DENÚNCIA ESPONTÂNEA - PARCELAMENTO DO DÉBITO -


ART. 138 DO CTN - MULTA MORATÓRIA DEVIDA - SÚMULA 208/TFR -
JURISPRUDÊNCIA REVISTA PELA PRIMEIRA SEÇÃO.
1. A Primeira Seção desta Corte, revendo jurisprudência em torno do
parcelam ento do débito, concluiu que este não equivale a pagamento
e, portanto, não se trata de hipótese de denúncia espontânea, capaz
de ensejar o afastam ento da multa moratória (REsp 284.189/SP).
2. Aplicação da Súmula 208 do extinto TFR.
3. Recurso especial provido.

(STJ, REsp 426.964/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon,


Julgamento em 20/08/2002)

Questão 25 - IN ÉD ITA/2014

A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de o parcelamento poder ser


equiparado ao pagamento para fins de denúncia espontânea, prevista no art.
138 do CTN.

Comentário: O STJ se posicionou exatamente ao contrário, ou seja, o


parcelamento não equivale ao pagamento, não podendo ser caracterizado
como denúncia espontânea. Questão errada.

Sobre a denúncia espontânea, pode-se acrescentar ainda que é


instrumento capaz de afastar a punibilidade de infrações:

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TRIBUTÁRIO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA MORATÓRIA. EXCLUSÃO. LEI


8.212/91, ART. 35, I. COMPATIBILIDADE COM O ART. 138 DO CTN.
1. É desnecessário fazer distinção entre multa m oratória e multa
punitiva, visto que ambas são excluídas em caso de configuração da
denúncia espontânea. Precedentes.

(STJ, REsp 774.058/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,
Julgamento em 01/10/2009)

Contudo, a denúncia espontânea não afasta as penalidades por


descumprimento de obrigações acessórias:

Mandado de Segurança. Tributário. Imposto de Renda. Atraso na Entrega da


Declaração. Multa Moratória. Lei 8.981/91 (art. 88) - CTN, artigo 138.
A responsabilidade acessória autônoma, portanto, desvinculada do
fato gerador do tributo, não está albergada pelas disposições do
artigo 138, CTN. A tardia entrega da declaração de Imposto de Renda
justifica a aplicação de multa (art. 88, Lei 8.981/91).

(STJ, REsp 322.505/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Milton Luiz Pereira,
Julgamento em 21/06/2001)

A denúncia espontânea afasta multas moratórias e


punitivas, mas não aquelas surgidas por descumprimento
de obrigações acessórias.

Ressalte-se que a denúncia espontânea não se aplica aos lançamentos


por homologação, que já foram declarados (houve a declaração de um débito),
mas pagos a destempo.

Súmula STJ 360 - O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos


tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados,
mas pagos a destempo.

Ora, com a entrega da declaração (típica de lançamentos por


homologação), o STJ entende que há a constituição do crédito tributário,
dispensando qualquer providência do fisco. Se já houve a constituição e o
tributo não foi pago, não há que se falar em denúncia espontânea.

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Questão 26 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2013

O contribuinte que declara o tributo sujeito a lançamento por homologação e


deixa de efetuar o pagamento na data estabelecida não perde o direito de se
valer do benefício da denúncia espontânea.

Comentário: Nos termos da Súmula 360 do STJ, o benefício da denúncia


espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação
regularmente declarados, mas pagos a destempo. Questão errada.

5 - CRÉDITO TRIBUTÁRIO E LANÇAMENTO

Inicialmente, cumpre-nos transcrever o entendimento básico do STJ


acerca da amplitude da expressão "crédito tributário":

(...) observa-se que crédito tributário não d iz respeito apenas a tributo


em sentido estrito, mas alcança, também, as penalidades que
incidam sobre e le .

(STJ, Primeira Seção, EREsp 760.290/PR, Rel. Min. Castro Meira, Julgamento
em 13/06/2007)

Na realidade, esse entendimento decorre da própria literalidade do CTN,


já que no art. 113, § 1°, o legislador afirma que a obrigação tributária tem por
objeto o pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária, e no art. 139 ficou
estabelecido que o crédito tributário decorre da obrigação principal.

Portanto, o crédito tributário não diz respeito apenas a tributo, mas


também às penalidades pecuniárias!

Nesse sentido, a ESAF abordou o tema da seguinte forma:

Questão 27 - ESAF/ATRFB/2012

Segundo entendimento do STJ, a expressão 'crédito tributário' não diz respeito


apenas a tributo em sentido estrito, mas alcança, também, as penalidades que
incidam sobre ele.

Comentário: Conforme acabamos de ver, para o STJ, o crédito tributário não


diz respeito apenas a tributo, mas também às penalidades pecuniárias.
Questão correta.

A respeito do lançamento por homologação, é de se destacar que o


entendimento do STJ é que a entrega de declaração (obrigação acessória

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criada para tributos sujeitos a esta modalidade de lançamento) pelo
contribuinte constitui o crédito tributário. Vejamos o que diz a Súmula 436:

Súmula STJ 436 - A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo


débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra
providência por parte do fisco.

Nesse rumo, o STJ também já decidiu:

No caso de tributos sujeitos à lançamento por homologação a declaração


do contribuinte elide a necessidade da constituição form al do créd ito,
podendo ser realizada a inscrição em dívida a tiva .

(STJ, REsp 1.195.286/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon,


Julgamento em 17/09/2013)

Exemplo: A Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) é


uma declaração obrigatória para pessoas jurídicas em geral, referindo-se a
diversos impostos e contribuições federais. O objetivo é informar o fisco sobre
os tributos apurados pela empresa. A entrega dessa declaração constitui o
crédito tributário, dispensando as providências do fisco nesse sentido.

Questão 28 - IN ÉD ITA/2014

O STJ tem entendido que a entrega de declaração pelo contribuinte,


reconhecendo a dívida fiscal, constitui o crédito tributário, podendo o fisco
realizar a inscrição em dívida ativa.

Comentário: Esse é um tema muito bom de ser cobrado em prova. Você


precisa dominar o assunto! Portanto, a entrega da declaração constitui o
crédito tributário. Questão correta.

A respeito da alteração do lag çamento, é evidente o entendimento do


STJ no sentido de não ser possível revisar lançamento por erro de direito (art.
146, CTN):

TRIBUTÁRIO - IMPORTAÇÃO - REVISÃO DE LANÇAMENTO POR ERRO DE


DIREITO - SÚMULA 227/TFR.
1. Em havendo na declaração do contribuinte erro de direito não
detectado pelo Fisco, que a aceita integralm ente, a mudança de
entendim ento constitui-se em alteração de critério vedada pelo CTN.

2. Só a falsidade, o erro ou a om issão são capazes de provocar a


revisão do lançamento com a conseqüente autuação do contribuinte.

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(STJ, REsp 171.119/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon,


Julgamento em 07/08/2001)

Não se esqueça de que o erro de fato, caso identificado, deve ser revisto
pela autoridade administrativa.

Questão 29 - IN ÉD ITA/2014

Só a falsidade, o erro ou a omissão são capazes de provocar a revisão do


lançamento com a conseqüente autuação do contribuinte, não podendo,
portanto, haver alteração motivada por erro de direito.

Comentário: Não pode haver revisão de lançamento por erro de direito. A


mudança de critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no
exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo
sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua
introdução (art. 146, CTN). Questão correta.

Erro de Fato: Inexatidão dos fatos que deram origem


à obrigação tributária;
Erro de Direito: Aplicação incorreta de uma norma.

Havendo, contudo, alguma das hipóteses previstas no art. 149 do CTN, a


autoridade administrativa tem o poder-dever de fazer a alteração, de ofício.

No caso de alterações de lançamentos efetuados com base em


declaração prestada pelo sujeito passivo, o STJ entende que não há
possibilidade de alteração após a notificação do lançam ento, respeitado,
é claro, o direito do contribuinte de pleitear judicialmente a alteração:

A m odificação da declaração do sujeito passivo pela Adm inistração


Fazendária fica obstada a partir da notificação do lançamento,
consoante o disposto pelo art. 147, § 1.°, do CTN. Isto porque, com o
lançamento encerra-se o procedimento administrativo, ficando a Fazenda,
por força do princípio geral da im utabilidade do lançam ento, impedida
de alterá-lo.
(...)
Assim, uma vez feita a notificação ao contribuinte, não poderá a
Adm inistração, de ofício, ou a requerim ento deste, alterar o
procedim ento já definitivam ente encerrado.
(...)
Deveras, mesmo findo referido procedimento, é assegurado ao sujeito
passivo da obrigação tributária o direito de pretender judicialm ente a

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anulação do crédito oriundo do lançamento eventualm ente fundado


em erro de fa to (...)"
(STJ, REsp 770.236/PB, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, Julgamento em
14/08/2007)

Antes de encerrar mais um tópico da aula, um alerta: não se esqueça do


que abordamos na Aula 3, acerca da cobrança de tributos com base em pauta
fiscal. Conforme dissemos, é possível haver o arbitram ento, mas não a
cobrança generalizada por meio do uso de pautas fiscais.

6 - SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

O sujeito passivo, quando discorde de algum crédito tributário contra ele


lançado, tem a seu dispor a via administrativa ou judicial. Caso opte pela via
judicial, há que se fazer o depósito do montante integral para suspender a
exigibilidade do crédito, já que apenas o ajuizamento da ação não é capaz, por
si só, de suspendê-la:

"(...) 3. Decorrência lógica da referida presunção é a e que o crédito


tributário só pode ter sua exigibilidade suspensa na ocorrência de
uma das hipóteses estabelecidas no art. 151 do mesmo diploma
legal.
4. Deveras, o ajuizam ento de ação anulatória de débito fiscal,
desacom panhada de depósito no montante integral, não tem o
condão de suspender o curso de execução fiscal já proposta (...)."

(STJ, REsp 758.270/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, Julgamento em
08/05/2007)

Havendo o mencionado depósito, o STJ entende que ele deve ocorrer da


seguinte maneira:

Súmula STJ 112 - O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito


tributário se for integral e em dinheiro.

O oferecim ento de bens em caução não tem efeito


de depósito (STJ, AgRg no AREsp 354.521/GO).

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Questão 30 - IN ÉD ITA/2014

O oferecimento de bens em caução pode ser caracterizado como hipótese de


suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

Comentário: Acabamos de aprender que o oferecimento de bens em caução


não tem efeito de depósito. Questão errada.

Contudo, tendo o depósito do montante integral o objetivo de suspender


a exigibilidade do crédito tributário, não pode ser exigido como condição
para o ajuizam ento da ação judicial, sob pena de ferir o princípio do
Livre Acesso ao Judiciário (art. 5°, XXV, da CF/88):

Súmula Vinculante 28 - É inconstitucional a exigência de depósito prévio


como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda
discutir a exigibilidade de crédito tributário.

Questão 31 - CESPE/JU IZ-TJ-M A/2013

A jurisprudência do STF já afirmou reiteradamente a possibilidade de exigência


de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual
se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

Comentário: Acabamos de estudar que o depósito do montante integral não


pode ser exigido como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se
pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. Questão errada.

No que se refere ao lançamento por homologação, o STJ assim já


decidiu:

A Segunda Turma, ao julgar o REsp 804.415/RS (15/02/2007) adotou o


entendimento da Primeira Turma de que, com relação aos tributos
lançados por hom ologação, o depósito judicial em dinheiro, efetuado pelo
contribuinte com o intuito de suspender a exigibilidade do crédito tributário,
equivale ao recolhim ento da exação, cuja conversão em renda fica
condicionada à improcedência da demanda. Na hipótese, não transcorre o
prazo decadencial, já que houve constituição do crédito tributário por
lançamento tácito.

(STJ, EREsp 767.328/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Herman Benjamin,


Julgamento em 11/04/2007)

Como nessa modalidade de lançamento, cabe ao sujeito passivo a


apuração e o recolhimento do montante devido, sem prévio exame da

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autoridade administrativa, o depósito do montante integral equivale ao
recolhimento da exação.

Caso posteriormente o sujeito passivo não obtenha sucesso na ação


judicial, o depósito é convertido em renda. Não há de se falar em
decadência, pois houve a constituição do crédito tributário, por
lançamento tácito (sem m anifestação da autoridade).

Por outro lado, caso o sujeito passivo, opte pela via administrativa, a
interposição de recurso já suspende a exigibilidade do crédito
tributário.

Em caso de interposição de recurso administrativo, o


sujeito passivo até pode fazer o depósito do montante
integral, mas este servirá apenas para im pedir a
fluência de juros e correção monetária sobre os
tributos suspensos, já que a im pugnação tem efeito
de suspensão do crédito tributário.

Nesse sentido, vejamos as seguintes súmulas:

Súmula Vinculante 21 - É inconstitucional a exigência de depósito ou


arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo.

Súmula STJ 373 - É ilegítima a exigência de depósito prévio para


admissibilidade de recurso administrativo.

Questão 32 - IN ÉD ITA/2014

é constitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou


bens para admissibilidade de recurso administrativo.

Comentário: Acabamos de estudar que a exigência de depósito ou


arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo é inconstitucional. Questão errada.

Para finalizar, devemos saber também que se o juiz condiciona a


concessão de medida liminar em mandado de segurança à realização do
depósito do montante integral, está, na verdade, indeferindo a liminar.

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Vejamos:

TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CREDITO TRIBUTÁRIO.


DISTINÇÃO ENTRE MEDIDA LIMINAR E DEPOSITO DO TRIBUTO
CONTROVERTIDO.

A medida lim inar em mandado de segurança suspende a exigibilidade


do crédito trib u tário , independentem ente do depósito do tributo
controvertido; se o juiz condiciona a concessão da medida liminar à
realização do depósito, está, na verdade, indeferindo a medida liminar.
Recurso ordinário provido em parte.

(STJ,RMS 3.881/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Ari Pargendler, Julgamento


em 01/09/1997)

Por hoje, é só! Até a próxima aula!

Um abraço e bons estudos,

Prof. Fábio Dutra

Email: fabiodutra@estrategiaconcursos.com.br

Facebook: http://www.facebook.com/FabioDutraFS

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7 - LISTA DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA

Questão 01 - ES A F/PFN /2007

Segundo o Código Tributário Nacional (CTN), os tratados internacionais


precisam ser observados pelo legislador, que, assim, não poderá alterá-los por
normas com eles incompatíveis?

Questão 02 - ES A F/PFN /2007

O STJ, em matéria de direito internacional tributário, tem entendido que os


tratados-leis, diferentemente dos tratados-contratos, não podem ser alterados
pela legislação interna.

Questão 03 - ESAF/AFR F/2005

A lei instituidora da isenção de mercadorias, mesmo que nada diga a respeito,


é extensiva às mercadorias estrangeiras, quando haja previsão da lei mais
favorecida, porque para não ofender o disposto no art. 98 do CTN ela tem de
ser interpretada como aplicável a todos os casos que não os ressalvados, em
virtude de extensão de isenção pelos tratados internacionais.

Questão 04 - ES A F/PFN /2006

A Lei Complementar n. 118, de 9 de fevereiro de 2005, dispõe:


"Art. 3o - Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei n.
5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a
extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a
lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de
que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei.
Art. 4o - Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após a sua
publicação, observado, quanto ao art. 3o o disposto no art. 106, inciso I,
da Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional."
Julgue os itens abaixo segundo o entendimento atualmente dominante no
Superior Tribunal de Justiça - STJ e marque, a seguir, a opção que apresenta a
resposta correta.
I. O art. 3o é preceito normativo e não meramente interpretativo.
II. Os dispositivos são inconstitucionais, pois, ao veicular preceito
interpretativo, fazem-no contra expressa jurisprudência da Corte, violando
assim o princípio da separação dos poderes, já que impõem ao juiz uma
interpretação da lei, função que é privativa deste e vedada ao legislador.
III. Os processos em curso ao tempo da entrada em vigor da lei devem ser
julgados considerando o disposto no art. 3o.
a) Apenas o item II está errado.
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b) Apenas o item I está correto.
c) Apenas os itens I e II estão corretos.
d) Apenas o item II está correto.
e) Apenas o item III está correto.

Questão 05 - IN ÉD ITA/2014

Consoante o disposto no CTN, a lei tributária que define infrações ou lhe


comina penalidades interpreta-se, sempre que possível, da maneira mais
favorável ao acusado.

Questão 06 - ESAF/AFRFB/2009

A existência de uma obrigação tributária acessória pressupõe a existência de


uma obrigação tributária principal.

Questão 07 - ESAF/AFRFB/2009

A instituição de obrigação acessória, com a finalidade de dar cumprimento à


obrigação principal, deve atenção ao princípio da estrita legalidade.

Questão 08 - ES A F/PFN /2007

A interpretação econômica se impõe, uma vez que a realidade econômica há


de prevalecer sobre a simples forma jurídica.

Questão 09 - IN ÉD ITA/2014

No que se refere aos serviços de telefonia móvel, o STJ já decidiu que a


inadimplência e o furto por clonagem descaracterizam a incidência do ICMS.

Questão 10 - ESAF/ACE-M DIC/2012

As vendas inadimplidas equivalem às vendas canceladas para fins de incidência


tributária, eis que no sistema tributário nacional, embora tenha consagrado o
regime de competência como a regra geral de apuração dos resultados, o
inadimplemento constitui hipótese de cancelamento de venda, e não tendo
ingressado a receita de venda, não há que se falar em tributação.

Questão 11 - IN ÉD ITA/2014

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Não se admite a aplicação da pena de perdimento de veículo objeto de
alienação fiduciária.

Questão 12 - ESAF/AFRFB/2009

No pólo ativo da relação jurídico-tributária, necessariamente deve figurar


pessoa jurídica de direito público.

Questão 13 - IN ÉD ITA/2014

De acordo com entendimento sumulado pelo STJ, a Confederação Nacional da


Agricultura tem legitimidade ativa para a cobrança da contribuição sindical
rural.

Questão 14 - CESPE/JU IZ-TJ-M A/2013

Segundo entendimento do STJ, o simples envio de carnê ao endereço do


contribuinte não caracteriza notificação do lançamento tributário.

Questão 15 - IN ÉD ITA/2014

De acordo com entendimento do STJ, os agentes fiscais podem impedir o


contribuinte de indicar sua residência como seu domicílio tributário.

Questão 16 - IN ÉD ITA/2014

O Código Tributário Nacional (Lei 5.172/1966), ao tratar do domicílio


tributário, consagrou o princípio da autonomia de cada estabelecimento.

Questão 17 - CESPE/D PU/2010

Considere que pessoa jurídica tenha adquirido imóvel não residencial em hasta
pública. Nesse caso, em consonância com a jurisprudência do STJ, a
arrematação tem o efeito de expurgar qualquer ônus obrigacional sobre o
imóvel para a pessoa jurídica arrematante, devendo a transferência ocorrer
livre de qualquer encargo ou responsabilidade tributária.

Questão 18 - ESAF/ISS-NATAL/2008

No caso de arrematação de bem móvel em hasta pública pelo credor, o


arrematante adquire o bem livre de quaisquer ônus, não se investindo na

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figura de responsável pelo pagamento de tributos cujos fatos geradores
tenham ocorrido até a data da aquisição.

Questão 19 - IN ÉD ITA/2014

O espólio, quando chamado como sucessor tributário, é responsável pelo


tributo declarado pelo "de cujus" e não pago no vencimento, incluindo-se o
valor da multa moratória.

Questão 20 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2013

O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade é suficiente, por si


só, para atrair a responsabilidade solidária do sócio-gerente.

Questão 21 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2013

O fato de a sociedade não ser localizada no endereço fornecido como domicílio


fiscal não gera presunção de que ela tenha sido irregularmente dissolvida.

Questão 22 - CESPE/D PDF/2013

De acordo com o STJ, a não localização de determinada sociedade no domicílio


fiscal fornecido gera presunção iuris tantum de dissolução irregular, sendo
possível, nesse caso, o redirecionamento da execução fiscal ao sócio-gerente
da sociedade.

Questão 23 - ESAF/AFR F/2005

O sócio cotista pode ser responsabilizado com base na regra de solidariedade


do CTN, sem que tenha participado da gerência.

Questão 24 - ESAF/AFR F/2005

Inadimplemento de obrigações tributárias caracteriza infração legal que


justifique redirecionamento da responsabilidade para o sócio-gerente da
empresa.

Questão 25 - IN ÉD ITA/2014

A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de o parcelamento poder ser


equiparado ao pagamento para fins de denúncia espontânea, prevista no art.
138 do CTN.

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Questão 26 - CESPE/JUIZ FEDERAL-53 REGIÃO/2013

O contribuinte que declara o tributo sujeito a lançamento por homologação e


deixa de efetuar o pagamento na data estabelecida não perde o direito de se
valer do benefício da denúncia espontânea.

Questão 27 - ESAF/ATRFB/2012

Segundo entendimento do STJ, a expressão 'crédito tributário' não diz respeito


apenas a tributo em sentido estrito, mas alcança, também, as penalidades que
incidam sobre ele.

Questão 28 - IN ÉD ITA/2014

O STJ tem entendido que a entrega de declaração pelo contribuinte,


reconhecendo a dívida fiscal, constitui o crédito tributário, podendo o fisco
realizar a inscrição em dívida ativa.

Questão 29 - IN ÉD ITA/2014

Só a falsidade, o erro ou a omissão são capazes de provocar a revisão do


lançamento com a conseqüente autuação do contribuinte, não podendo,
portanto, haver alteração motivada por erro de direito.

Questão 30 - IN ÉD ITA/2014

O oferecimento de bens em caução pode ser caracterizado como hipótese de


suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

Questão 31 - CESPE/JU IZ-TJ-M A/2013

A jurisprudência do STF já afirmou reiteradamente a possibilidade de exigência


de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual
se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.

Questão 32 - IN ÉD ITA/2014

É constitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou


bens para admissibilidade de recurso administrativo.

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8 - GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA

1 CORRETO
2 CORRETO
3 CORRETO
4 Letra B
5 ERRADO
6 ERRADO
7 ERRADO
8 CORRETO
9 ERRADO
10 ERRADO
11 ERRADO
12 CORRETO
13 CORRETO
14 ERRADO
15 ERRADO
16 CORRETO
17 CORRETO
18 ERRADO
19 ERRADO
20 ERRADO
21 ERRADO
22 CORRETO
23 ERRADO
24 ERRADO
25 ERRADO
26 Ie r r a d o
27 CORRETA
28 CORRETO
29 CORRETO
30 ERRADO
31 ERRADO
32 ERRADO

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AULA 05: Extinção e Exclusão do Crédito Tributário,


Garantias e Privilégios do Crédito Tributário e
__________ Administração Tributária.

SUMÁRIO PÁGINA
Observações sobre a aula 01
Extinção do Crédito Tributário 02
Exclusão do Crédito Tributário 13
Garantias e Privilégios do Crédito Tributário 14
Administração Tributária 15
Lista das Questões Comentadas em Aula 22
Simulado 26
Gabarito das Questões da Aula e do Simulado 30

Observações sobre a aula

Olá, prezado aluno!

Vamos para a nossa última aula?

O momento a gora é de revisão, resolução de questões já


solucionadas anteriormente e muita, mas muita leitura de lei seca! No
que se refere à nossa disciplina, eu sugiro que você faça uma leitura nos arts.
145 a 156 da CF/88. Caso sobre algum tempo, invista no Livro Segundo do
CTN, pois é onde há mais detalhes normalmente cobrados.

"Mais alguma recomendação, professor?" Sim. Leia a presente aula e


resolva o simulado, seguindo as orientações após a sua correção. Qualquer
dúvida que você tenha, estaremos à disposição no fórum.

Então, vamos estudar!

Observação: Aproveite a oportunidade que você tem de se aprofundar na


disciplina, já que não temos edital previsto. Qualquer dúvida ou sugestão,
pode me encaminhar um email!

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1 - EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

De acordo com o art. 141 do CTN, o crédito tributário regularmente


constituído somente extingue nos casos previstos no próprio CTN (art. 156).
Diante do exposto, surge a importante dúvida: o art. 156 é taxativo ou não?

Com base no julgamento do mérito da ADI 1.917/DF, o mais recente


posicionamento que temos do STF é de que o art. 156 é taxativo:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUICIONALIDADE. OFENSA AO


PRINCÍPIO DA LICITAÇÃO (CF, ART. 37, XXI). I - Lei ordinária distrital -
pagamento de débitos tributários por meio de dação em pagamento.
II - Hipótese de criação de nova causa de extinção do crédito tributário. III -
Ofensa ao princípio da licitação na aquisição de materiais pela
administração pública. IV - Confirmação do julgamento cautelar em que se
declarou a inconstitucionalidade da lei ordinária distrital 1.624/1997.

(STF, ADI 1.917/DF, Plenário, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Julgamento


em 26/04/2007)

Guarde isso! Não se permite dação em pagamento


em bens MÓVEIS.

Questão 01 - INÉDITA/2014

O STF entendeu inconstitucional lei ordinária que permitia o pagamento de


débitos tributários por meio da dação em pagamento com bens móveis, por
ofender o princípio da licitação na aquisição de materiais pela administração
pública.

Comentário: No julgamento de mérito da ADI 1.917/DF, o STF asseverou que


não é possível prever a dação em pagamento com bens móveis, sob pena de
ofensa ao princípio da licitação. Questão correta.

Contudo, é de se ressaltar a decisão do STJ no sentido da possibilidade


de se extinguir o crédito tributário por meio da confusão:

TRIBUTARIO. IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO. ESBULHO


POSSESSORIO PRATICADO PELO PROPRIO MUNICIPIO QUE EXIGE O
TRIBUTO.
Os litígios possessórios entre particulares não afetam a obrigação de pagar o
Imposto Predial e Territorial Urbano, resolvendo-se entre eles a indenização

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acaso devida a esse título; ja quem, sendo contribuinte só na condição de


possuir, e esbulhado da posse pelo próprio município, não está obrigado
a recolher o tributo até nela ser reintegrado por sentença judicial, à míngua
do fato gerador previsto no art. 32/CTN, confundindo-se nesse caso o
sujeito ativo e o sujeito passivo do imposto. Agravo Regimental
improvido

(STJ, AgRg no Ag 117.895/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Ari Pargendler,


Julgamento em 10/10/1996)

O caso se refere a uma desapropriação indireta realizada pelo município,


que é o próprio sujeito ativo do IPTU. Assim, o ente federado passou a estar
na condição de possuidor (sujeito passivo) e sujeito ativo, o que levou o STJ a
considerar extinto o crédito tributário, por caracterizar confusão.

Questão 02 - INÉDITA/2014

O STJ, ao julgar um caso peculiar envolvendo esbulho possessório praticado


por determinado município, considerou extinto o crédito tributário por meio da
confusão.

Comentário: Só devemos adotar essa possibilidade caso a questão seja


bastante específica, semelhante à redação desta. Neste caso, então, questão
correta.

No tocante aos juros de mora previstos no art. 161, § 1° do CTN, o STJ


entende que não é possível a aplicação cumulativa da SELIC com qualquer
outro índice de correção monetária:

"(...) A taxa SELIC é composta de taxa de juros e taxa de correção


monetária, não podendo ser cumulada com qualquer outro índice de
correção. (...)"

(STJ, REsp 447.690/PR, Segunda Turma, Rel. Min Eliana Calmon, Julgamento
em 05/06/2003)

Ademais, a taxa SELIC também tem sido aceita no âmbito estadual,


como demonstra o trecho da ementa a seguir:

"(...) É cediço nesta Corte o entendimento de que é cabível a


aplicação da Taxa SELIC, na hipótese de haver Lei estadual nesse
sentido, vedada a cumulatividade com outro índice.
3. Agravo regimental não provido."

(STJ, AgRg no AREsp 362.763/PR, Segunda Turma, Rel. Min Campbell

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Marques, Julgamento em 19/09/2013)

Questão 03 - CESPE/PROCURADOR FEDERAL/2010

é legítima a aplicação da taxa SELIC como índice de correção monetária e de


juros de mora, na atualização de débitos tributários em atraso relacionados ao
IPVA, mesmo que inexista lei estadual nesse sentido.

Comentário: De acordo com o STJ, deve haver lei estadual prevendo a


aplicação da taxa SELIC para que seu uso seja legítimo. Há precedentes (REsp
879.844) nesse sentido. Questão errada.

Em se tratando de tributo pago indevidamente, no caso específico dos


tributos indiretos, uma das hipóteses em que o CTN permite a restituição é
quando o contribuinte de direito prova que não transferiu o encargo
financeiro a terceiro (o contribuinte de fato). Nesse sentido é a Súmula 546
do STF:

Súmula STF 546 - Cabe a restituição do tributo pago indevidamente,


quando reconhecido por decisão, que o contribuinte "de jure" não recuperou
do contribuinte "de facto" o "quantum" respectivo.

Questão 04 - INÉDITA/2014

Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por


decisão, que o contribuinte "de jure" não recuperou do contribuinte "de facto"
o "quantum" respectivo.

Comentário: O que está previsto em súmula, seja ela de autoria do STF ou


STJ deve ser guardado ipsis Htteris. A ESAF, como vimos no decorrer do curso,
cobra a literalidade das súmulas. Questão correta.

Há que se ressaltar que a ■ urisprudência do STJ é no sentido da


impossibilidade, como regra, de o contribuinte de fato pleitear restituição de
tributo indireto. Essa é a regra! "E a exceção, professor"? Refere-se ao ICMS
sobre a demanda contratada e não utilizada (caso não se lembre, vimos
isso na Aula 3, ao abordar a Súmula 391 do STJ):

"(...) Diante do que dispõe a legislação que disciplina as concessões de


serviço público e da peculiar relação envolvendo o Estado-concedente, a
concessionária e o consumidor, esse último tem legitimidade para
propor ação declaratória c/c repetição de indébito na qual se busca
afastar, no tocante ao fornecimento de energia elétrica, a incidência
do ICMS sobre a demanda contratada e não utilizada. (...)"

(STJ, REsp 1.299.303/SC, Primeira Seção, Rel. Min Cesar Asfor Rocha,

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Julgamento em 08/08/2012)

A respeito do tema, temos também as seguintes súmulas:

Súmula STJ 188 - Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário,


são devidos a partir do trânsito em julgado da sentença.

Questão 05 - CESPE/DPU/2010

Considere que determinado contribuinte tenha ajuizado ação de repetição de


indébito contra a fazenda pública municipal, em razão do recolhimento a maior
do ISS, e que, após regular trâmite processual, a sentença que julgou
procedente o pedido tenha transitado em julgado. Nessa situação, os juros de
mora são devidos a partir da data da citação da fazenda pública.

Comentário: Consoante o previsto no CTN e o entendimento do STJ, os juros


moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos a partir do trânsito
em julgado da sentença. Questão errada.

Questão 06 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos a partir da


data da citação do processo de execução.

Comentário: Consoante o previsto no CTN e o entendimento do STJ, os juros


moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos a partir do trânsito
em julgado da sentença (podemos repetir o comentário da questão anterior).
Questão errada.

Súmula STJ 162 - Na repetição do indébito tributário, a correção monetária


incide a partir do pagamento indevido.

Questão 07 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

Na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir da


data da prolação da sentença.

Comentário: De acordo com o que preceitua a Súmula 162 do STJ, na


repetição do indébito tributário, a correção monetária incide a partir do
pagamento indevido. Questão errada.

Súmula Vinculante 17 - Durante o período previsto no parágrafo 1° do


artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios

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que nele sejam pagos.

Em prova, é natural que a cobrança seja sobre literalidade das referidas


súmulas. Contudo, caso a questão mencione a taxa SELIC, além de sabermos
que é vedada a sua aplicação cumulada com outro índice de correção,
devemos guardar que ela se aplica desde a data do pagamento
indevido:

2. Aplica-se a taxa SELIC, a partir de 1°.1.1996, na atualização monetária do


indébito tributário, não podendo ser cumulada, porém, com qualquer
outro índice, seja de juros ou atualização monetária.
3. Se os pagamentos foram efetuados após 1°.1.1996, o termo inicial
para a incidência do acréscimo será o do pagamento indevido; no
entanto, havendo pagamentos indevidos anteriores à data de
vigência da Lei 9.250/95, a incidência da taxa SELIC terá como termo
a quo a data de vigência do diploma legal em tela, ou seja, janeiro de
1996. Esse entendimento prevaleceu na Primeira Seção desta Corte por
ocasião do julgamento dos EREsps 291.257/SC, 399.497/SC e 425.709/SC.

(STJ, REsp 1.111.175/SP, Primeira Seção, Rel. Min Denise Arruda,


Julgamento em 10/06/2009)

Além disso, eventual declaração de inconstitucionalidade de tributo não


influencia no prazo para pleitear a restituição do que foi pago
indevidamente. Nesse sentido, vejamos a seguinte ementa:

1. O prazo de prescrição quinquenal para pleitear a repetição tributária, nos


tributos sujeitos ao lançamento de ofício, é contado da data em que se
considera extinto o crédito tributário, qual seja, a data do efetivo pagamento
do tributo, a teor do disposto no artigo 168, inciso I, c.c artigo 156, inciso I,
do CTN.(...)
2. A declaração de inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo
em controle concentrado, pelo STF, ou a Resolução do Senado
(declaração de inconstitucionalidade em controle difuso) é despicienda
para fins de contagem do prazo prescricional tanto em relação aos
tributos sujeitos ao lançamento por homologação, quanto em relação
aos tributos sujeitos ao lançamento de ofício.

(STJ, REsp 1.110.578/SP, Primeira Seção, Rel. Min Luiz Fux, Julgamento em
12/05/2010)

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Relembremos o que foi dito na aula anterior a respeito da


LC 118/05: no caso de tributos sujeitos a lançamento por
homologação, o prazo também é contado a partir da data
do pagamento, que neste caso é antecipado.

No que concerne ao instituto da compensação, o STJ já decidiu que o


mandado de segurança pode ser utilizado para declarar o direito do sujeito
passivo á compensação:

Súmula STJ 213 - O mandado de segurança constitui ação adequada para a


declaração do direito à compensação tributária.

Questão 08 - CESPE/JUIZ-TJ-AC/2012

Cabe interposição de mandado de segurança caso o contribuinte pretenda


obter declaração do direito à compensação das importâncias pagas, a maior, a
título de tributo.

Comentário: De acordo com o que preceitua a Súmula 213 do STJ, cabe


mandado de segurança para obter direito à compensação tributária. Questão
correta.

Contudo, a compensação não pode ser deferida com base em medida


liminar:

Súmula STJ 212 - A compensação de créditos tributários não pode ser


deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar ou antecipatória.

Questão 09 - CESPE/PROMOTOR-MP-RR/2011

Em ação cautelar que vise à autorização da compensação de créditos


tributários, deverá ser concedida medida liminar caso estejam presentes os
pressupostos legais.

Comentário: Nos termos da Súmula 212 do STJ, não cabe medida liminar
para compensação de créditos tributários. Questão errada.

Aliás, consta na própria redação do art. 170-A do CTN que é vedada a


compensação objeto de contestação judicial antes do trânsito em julgado da
decisão judicial.

O Judiciário também não pode convalidar compensação realizada


unilateralmente pelo sujeito passivo, substituindo, assim, a homologação da
autoridade administrativa:

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Súmula STJ 460 - É incabível o mandado de segurança para convalidar a


compensação tributária realizada pelo contribuinte.

O art. 170 (que prevê a compensação) não é


autoaplicável, devendo haver uma lei ordinária de cada
^ ^ ^ te n cã o ente político, para que seja possível realizar o ato
compensatório.

Questão 10 - CESPE/JUIZ FEDERAL-2a REGIÃO/2009

A compensação dos débitos tributários com créditos de outra natureza


(confundindo-se credor e devedor) depende de lei autorizadora de cada ente
com competência para instituição do tributo. Não basta a existência de lei
federal autorizadora.

Comentário: Conforme alertamos, cada ente federado deve editar sua lei
própria para que seja possível realizar o ato compensatório. Questão correta.

Relativamente à decadência e a prescrição, lembre-se de que são formas


de extinção do crédito tributário, segundo o art. 156, V, do CTN.

Assim, o pagamento de uma dívida prescrita ou decaída faz jus à


repetição do indébito (possibilidade de pleitear a restituição), diferentemente
do que ocorre no Direito Civil, em relação à prescrição:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IPTU.


ARTIGOS 156, INCISO V, E 165, INCISO I, DO CTN. INTERPRETAÇÃO
CONJUNTA. PAGAMENTO DE DÉBITO PRESCRITO. RESTITUIÇÃO DEVIDA.

1. A partir de uma interpretação conjunta dos artigos 156, inciso V, (que


considera a prescrição como uma das formas de extinção do crédito
tributário) e 165, inciso I, (que trata a respeito da restituição de tributo) do
CTN, há o direito do contribuinte à repetição do indébito, uma vez que
o montante pago foi em razão de um crédito tributário prescrito, ou
seja, inexistente.

(STJ, REsp 646.328/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques,
Julgamento em 04/06/2009)

Questão 11 - ESAF/SUSEP-Analista/2010

O pagamento de débitos prescritos não gera o direito a sua repetição, na


medida em que, embora extinta a pretensão, subsiste o direito material.

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Comentário: A prescrição, em matéria tributária, extingue o crédito tributário,


não subsistindo qualquer direito material ao tributo que era devido pelo sujeito
passivo. Questão errada.

Cumpre ressaltar que a decadência e prescrição só podem ser reguladas


por lei complementar, o que fez o STF considerar inconstitucionais o art. 5° do
Decreto-lei 1.569/77 e os arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, por
inconstitucionalidade formal (tais dispositivos são leis ordinárias):

Súmula Vinculante 8 - São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5°


do Decreto-Lei n° 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/1991,
que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.

A respeito da decadência, em tributos submetidos à sistemática do


lançamento por homologação, vejamos os seguintes entendimentos do STJ:

1. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, considera-se


constituído o crédito tributário no momento da declaração realizada
pelo contribuinte.
2. A declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do
crédito tributário, sendo este exigível independentemente de qualquer
procedimento administrativo, de forma que, não sendo o caso de
homologação tácita, não se opera a incidência do instituto da
decadência (CTN, art. 150, § 4°), incidindo apenas prescrição nos
termos delineados no art. 174 do CTN.

(STJ, AgRg no Ag 884.833/SC, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de


Noronha, Julgamento em 25/09/2007)

Se o contribuinte declara, mas não faz pagamento, há a constituição do


crédito tributário, e tem por iniciado o curso do prazo prescricional.

"Mas, quando exatamente inicia o prazo prescricional nesse caso,


professor?" Vejamos:

"(...)3. O termo inicial da prescrição, em caso de tributo declarado e não


pago, não se inicia da declaração, mas da data estabelecida como
vencimento para o pagamento da obrigação tributária declarada. (...)"

(STJ, REsp 850.423/SP, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, Julgamento
em 28/11/2007)

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Questão 12 - CESPE/JUIZ FEDERAL-23 REGIÃO/2009

Ao tomar conhecimento de contribuições sociais declaradas por empresa na


declaração de contribuições e tributos federais, cujos valores não foram
recolhidos no prazo estabelecido, deverá a autoridade fiscal notificá-la para
efetuar o recolhimento do débito, sob pena de inscrição em dívida ativa,
ficando suspenso o prazo prescricional.

Comentário: Havendo a declaração, por meio da DCTF, tem-se por


constituído o crédito tributário, contando-se o prazo prescricional a partir da
data de vencimento do tributo. Não há, nesse caso específico, suspensão de
prazo prescricional. Questão errada.

Caso não haja nenhuma declaração por parte do sujeito passivo


(inexistindo também qualquer pagamento), aplica-se a regra geral do art. 173,
I, do CTN:

"(...)2. Inexistindo pagamento antecipado de tributo sujeito a lançamento


por homologação, o termo inicial da decadência é regido pelo art. 173,
I do CTN.REsp. 973.733/SC, Rel. Min. LUIZ FUX, submetido ao rito dos
recursos repetitivos.(...)"

(STJ, AgRg no AREsp 118.085/RS, Primeira Turma, Rel. Min Napoleão Nunes
Maia Filho, Julgamento em 06/08/2013)

A regra da decadência aplicável ao lançamento por homologação está


prevista no art. 150, § 4° do CTN (5 anos contados do fato gerador). Para os
demais tributos, aplica-se a regra geral do art. 173, I, da mesma norma (5
anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado).

No entanto, como percebemos pelo exposto no último julgado, é possível


que se aplique a regra geral (art. 173, I) ao lançamento por homologação,
tendo em vista que se nada foi declarado, não há nada para ser
homologado.

"E se o contribuinte declarar e pagar um valor a menor? Qual é o prazo


para que a autoridade administrativa lance a diferença de ofício?" Tem-se
entendido, prezado candidato, que, como houve declaração e
pagamento, ainda que a menor, é aplicada a regra do lançamento por
homologação, normalmente (5 anos contados do fato gerador).

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Corre prazo prescricional para a importância já


declarada, e prazo decadencial para o que ainda não o
foi.

Em referência à prescrição, o STJ já decidiu que o art. 174 do CTN


aplica-se às multas tributárias:

"(...)A multa fiscal subsume-se aos prazos de prescrição


estabelecidos pelo direito tributário, restando inaplicável o art. 114, I do
Código Penal, pois a sua natureza jurídica não está ligada ao crime.(...)"

(STJ, REsp 840.111/RJ, Primeira Turma, Rel. Min Luiz Fux, Julgamento em
02/06/2009)

Questão 13 - INÉDITA/2014

A multa fiscal não se submete aos prazos prescricionais disciplinados no


âmbito do Direito Tributário.

Comentário: O STJ já decidiu que as multas fiscais estão submetidas aos


prazos de prescrição previstos no CTN. Questão errada.

Faz-se necessário saber também que, constituído o crédito tributário por


parte da autoridade competente, e notificado o contribuinte, tem este um
prazo definido na legislação tributária para impugnar o lançamento.

Na pendência desse processo administrativo, não corre o prazo


decadencial (o crédito já foi constituído) nem o prazo prescricional, tudo de
acordo com o seguinte entendimento do STJ:

"2. Atualmente, enquanto há pendência de recurso administrativo,


não se fala em suspensão do crédito tributário, mas sim em um hiato
que vai do início do lançamento, quando desaparece o prazo
decadencial, até o julgamento do recurso administrativo ou a revisão
ex-officio.

3. Somente a partir da data em que o contribuinte é notificado do


resultado do recurso ou da sua revisão, tem início a contagem do
prazo prescricional.

(STJ, REsp 435.896/SP, Segunda Turma, Rel. Min Eliana Calmon, Julgamento
em 05/06/2003)

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Embora não haja disposição expressa no CTN acerca da suspensão do


prazo prescricional, o STJ entende que, havendo suspensão da exigibilidade do
crédito tributário, há suspensão do prazo prescricional, nos seguintes termos:

"(...)Suspensa a exigibilidade da exação, não há falar em curso do


prazo de prescrição, uma vez que o efeito desse provimento é
justamente o de inibir a adoção de qualquer medida de cobrança por
parte da Fazenda.(...)"

(STJ, REsp 542.975/SC, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,
Julgamento em 14/03/2006)

Questão 14 - INÉDITA/2014

De acordo com a jurisprudência do STJ, estando suspensa a exigibilidade da


exação, não há falar em curso do prazo de prescrição, uma vez que o efeito
desse provimento é justamente o de inibir a adoção de qualquer medida de
cobrança por parte da Fazenda.

Comentário: A prazo prescricional se refere ao período que a Fazenda possui


para adotar medidas de cobrança dos tributos devidos pelo sujeito passivo.
Com a exigibilidade do crédito tributário suspensa, não há como promover a
execução fiscal, não havendo sentido, portanto, em curso de prazo
prescricional. Questão correta.

Dissemos nessa aula que o tratamento da prescrição e da decadência


está sujeito a lei complementar (art. 146, III, c, da CF/88). Sendo assim,
quando a LEF (Lei 6.830/80) estipulou que, com a inscrição do valor em dívida,
fica suspensa a prescrição, houve invasão a assuntos reservados à lei
complementar:

TRIBUTÁRIO - EXECUÇÃO FISCAL -PRESCRIÇÃO - ART. 2°, § 3°, DA LEI


6.830/80 (SUSPENSÃO POR 180 DIAS) - NORMA APLICÁVEL SOMENTE ÀS
DÍVIDAS NÃO TRIBUTÁRIAS - ART. 40 DA LEF: SUSPENSÃO.

1. A norma contida no art. 2°, § 3° da Lei 6.830/80, segundo a qual a


inscrição em dívida ativa suspende a prescrição por 180 (cento e oitenta)
dias ou até a distribuição da execução fiscal, se anterior àquele prazo,
aplica-se tão-somente às dívidas de natureza não-tributárias, porque
a prescrição das dívidas tributárias regula-se por lei complementar,
no caso o art. 174 do CTN.

(STJ, REsp 881.607/MG, Segunda Turma, Rel Min. Eliana Calmon,


Julgamento em 10/06/2008)

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2 - EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

No mesmo sentido do disposto no art. 178 do CTN, o STF já decidiu que


as isenções concedidas sob determinadas condições não podem ser livremente
revogadas:

Súmula STF 544 - Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa,


não podem ser livremente suprimidas.

Questão 15 - INÉDITA/2014

As isenções tributárias, por caracterizarem atos de opção política do legislador,


não podem ser livremente suprimidas.

Comentário: Nem todas as isenções possuem suas extinções restritas, mas


apenas aquelas que foram concedidas sob condição onerosa. Pela redação do
CTN, em seu art. 178, a isenção pode ser revogada ou modificada por lei,
salvo se for concedida por prazo certo e em função de determinadas
condições. Questão errada.

Tributo sob reserva de lei complementar exige este


diploma normativo tanto para a concessão da isenção
como para a revogação desta.

Havendo isenção individual, o interessado deve provar o preenchimento


das condições estabelecidas na lei concessória. Considera-se, para a concessão
da isenção, a lei vigente no momento em que o pedido ingressa para exame no
órgão administrativo competente:

"TRIBUTÁRIO. IPI. ISENÇÃO. CONCESSÃO. REQUISITOS. ART. 179 DO CTN.

1. Considera-se, para fins de concessão de isenção, a lei vigente no


momento em que pedido ingressa para exame no órgão
administrativo competente. Se, nessa oportunidade, encontrarem-se
atendidas os requisitos necessários à obtenção do benefício, terá o
contribuinte o direito a este, ainda que a lei isentiva venha a ser revogada
após a protocolização do pedido.
2. Recurso especial improvido."

(STJ, REsp 511.061/MG, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha,
Julgamento em 03/05/2007)

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3 - GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

As garantias atribuídas ao crédito tributário no CTN são


exemplificativas (não são taxativas)!

No que se refere à ordem dos créditos a serem pagos na falência,


observe o que diz a súmula do STJ:

Súmula STJ 307 - A restituição de adiantamento de contrato de câmbio, na


falência, deve ser atendida antes de qualquer crédito.

Observação: O Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) é uma


antecipação de recursos em moeda nacional (R$) ao exportador, por conta de
uma exportação a ser realizada no futuro.

Questão 16 - ESAF/AFRF/2005

Consoante o caput do art. 186 do Código Tributário Nacional, o crédito


tributário prefere a qualquer outro, seja qual for a natureza ou o tempo da sua
constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou
do acidente de trabalho. Entretanto, por força de alteração legislativa havida
recentemente no referido artigo, e de súmula editada pelo Superior Tribunal de
Justiça, pode-se afirmar que, na falência, o crédito tributário não prefere à
restituição de adiantamento de contrato de câmbio, que deve ser atendida
antes de qualquer crédito.

Comentário: Diante do que acabamos de estudar, percebe-se que a


restituição de adiantamento de contrato de câmbio, na falência, deve ser
atendida antes de qualquer crédito, inclusive dos créditos tributário. Questão
correta.

Destaque-se também que o crédito tributário não se sujeita a concurso


de credores, podendo o fisco ajuizar a ação de execução fiscal individualmente.

Trata-se, pois, de uma prerrogativa, que pode ser renunciada, caso haja
opção pelo juízo universal (juntamente com os demais credores). Com efeito,
a escolha do rito comum implica renúncia da execução privativa, não
havendo garantia dúplice:

"(...) 2. Os arts. 187 e 29 da Lei 6.830/80 não representam um óbice à


habilitação de créditos tributários no concurso de credores da falência;
tratam, na verdade, de uma prerrogativa da entidade pública em

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poder optar entre o pagamento do crédito pelo rito da execução fiscal


ou mediante habilitação do crédito.
3. Escolhendo um rito, ocorre a renúncia da utilização do outro, não
se admitindo uma garantia dúplice. Precedentes."

(STJ, REsp 1.103.405/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira,


Julgamento em 02/04/2009)

Ademais, o parágrafo único do art. 187 do CTN prevê o concurso de


preferência entre as pessoas jurídicas de direito público. O STF entendeu que
tal concurso é constitucional, dando prioridade aos créditos da Fazenda
Nacional (tendo em vista que este beneficia todos os brasileiros):

Súmula STF 563 - O concurso de preferência a que se refere o parágrafo


único, do art. 187, do Código Tributário Nacional, é compatível com o
disposto no Art. 9°, inciso I, da Constituição Federal.

Observação: A súmula se refere à CF pretérita, tendo sido editada em 1976.

4 - ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA

O CTN, ao tratar da Administração Tributária, inseriu nesse títulos os


capítulos referentes à fiscalização, dívida ativa e certidões negativas.

No que se refere às atividades de fiscalização, o STF assim já decidiu:

Súmula STF 439 - Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária


quaisquer livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da
investigação.

Até mesmo os livros não obrigatórios estão sujeitos


à fiscalização, desde que, em qualquer caso, restrinja-
se aos pontos objeto da investigação!

Questão 17 - INÉDITA/2014

Somente estão sujeitos à fiscalização tributária os livros cuja escrituração é


obrigatória pela legislação contábil ou fiscal.

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Comentário: Segundo a Súmula 439 do STF, todos os livros ficam sujeitos à


fiscalização. O contribuinte não é obrigado a escriturar livros opcionais, mas se
o fizer, estará submetido à fiscalização. Questão errada.

É de se ressaltar também o poder investigatório das CPIs, sendo


competentes para quebrar o sigilo fiscal:

CPI - ATO DE CONSTRANGIMENTO - FUNDAMENTAÇÃO. A fundamentação


exigida das Comissões Parlamentares de Inquérito quanto à quebra de sigilo
bancário, fiscal, telefônico e telemático não ganha contornos exaustivos
equiparáveis à dos atos dos órgãos investidos do ofício judicante. Requer-se
que constem da deliberação as razões pelas quais veio a ser determinada a
medida.

(STF, MS 24.749/DF, Plenário, Rel. Min Marco Aurélio, Julgamento em


29/09/2004)

Outro ponto relevante é que durante os procedimentos de fiscalização, é


possível que a autoridade administrativa constate a prática de atos do sujeito
passivo que configurem crimes de ação pública. Nesse caso, é feita a
representação fiscal para fins penais destinada ao Ministério Público, para
que ofereça denúncia, sendo esta a peça inicial do processo penal.

No entanto, quando se trata de crimes contra a ordem tributária, a RFFP


deve aguardar a decisão final, em esfera administrativa, para ser encaminhada
ao Parquet (MP). Nesse sentido:

Súmula Vinculante 24 - Não se tipifica crime material contra a ordem


tributária, previsto no art. 1.°, incisos I a IV, da Lei n.° 8.137/90, antes do
lançamento definitivo do tributo.

Observação: Após o lançamento definitivo, o MP pode oferecer a denúncia


independentemente da apresentação da RFFP pelo Fisco.

"Há exceção, professor?" Como quase tudo o que estudamos em Direito, existe
exceção sim:

"1. A constituição definitiva do crédito tributário é elemento


imprescindível para o desencadeamento da persecução penal fiscal.
In casu, tendo sido instaurado procedimento investigatório
ministerial, anteriormente ao término da apuração administrativo-
tributária, mas sobrevindo a constituição definitiva do crédito antes
do nascimento do respectivo inquérito policial, não há falar em
nulidade."

(STJ, HC 106.064/MA, Sexta Turma, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,

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Julgamento em 11/10/2011)

Pode haver instauração de procedimento investigatório por parte do MP,


sem que tenha havido a constituição definitiva do crédito tributário, desde que
o inquérito policial surja após o lançamento definitivo.

Em casos excepcionais, o STF permite a instauração de inquérito


policial antes do encerramento do processo administrativo fiscal,
quando for imprescindível para viabilizar a fiscalização:

"HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. INSTAURAÇÃO


DE INQUÉRITO POLICIAL ANTES DO ENCERRAMENTO DO PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO-FISCAL. POSSIBILIDADE QUANDO SE MOSTRAR
IMPRESCINDÍVEL PARA VIABILIZAR A FISCALIZAÇÃO. ORDEM DENEGADA.

Deste modo, entendo possível a instauração de inquérito policial para


apuração de crime contra a ordem tributária, antes do encerramento
do processo administrativo-fiscal, quando for imprescindível para
viabilizar a fiscalização."

(STF, HC 95.443/SC, Segunda Turma, Rel. Min Ellen Gracie, Julgamento em


02/02/2010)

Questão 18 - ESAF/SUSEP-Analista/2010

Nos crimes contra a ordem tributária, resta configurada nulidade quando o


procedimento investigatório ministerial é instaurado antes do término da
apuração administrativo tributária, ainda que tenha sobrevindo a constituição
definitiva do crédito antes do nascimento do respectivo inquérito policial.

Comentário: De acordo com o STJ, tendo sido instaurado procedimento


investigatório ministerial, anteriormente ao término da apuração
administrativo-tributária, mas sobrevindo a constituição definitiva do crédito
antes do nascimento do respectivo inquérito policial, não há falar em nulidade.
Questão errada.

Questão 19 - CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012

Sendo crime formal, a sonegação fiscal independe da constituição definitiva do


crédito tributário para se consumar.

Comentário: Em primeiro lugar, a sonegação fiscal não é crime formal, e sim


material (há necessidade da existência de um resultado naturalístico
decorrente da conduta do agente para a consumação do delito). No entanto,

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para nossa prova o que importa é saber que há que se aguardar a constituição
definitiva do crédito tributário. Questão errada.

No que concerne à dívida ativa, tema abordado entre os arts. 201 e 204
do CTN, expomos as seguintes jurisprudências:

"AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO.


DÉBITO FISCAL DECLARADO E NÃO PAGO. AUTOLANCAMENTO.
DESNECESSIDADE DE INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
PARA COBRANÇA DO TRIBUTO.

Em se tratando de autolançamento de débito fiscal declarado e não


pago, desnecessária a instauração de procedimento administrativo
para a inscrição da dívida e posterior cobrança. Agravo regimental
improvido."

(STF, AI-Agr. 144.609/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Maurício Corrêa,


Julgamento em 11/04/1995)

Ou seja, a declaração de débito pelo sujeito passivo já é o suporte


necessário para a inscrição em dívida ativa.

Nessa mesma linha, acompanhe a seguinte decisão de lavra do STJ:

"(...) 3. A falta de recolhimento, no devido prazo, do valor correspondente ao


crédito tributário assim regularmente constituído acarreta, entre outras
consequências, as de (a) autorizar a sua inscrição em dívida ativa;
(b) fixar o termo a quo do prazo de prescrição para a sua cobrança;
(c)inibir a expedição de certidão negativa do débito; (d)afastar a
possibilidade de denúncia espontânea."

(STJ, AgR nos EAg 670.326/PR,Segunda Turma, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, Julgamento em 14/06/2006)

Observação: O julgado acima se refere a tributos submetidos a lançamento


por homologação. Ou seja, a apresentação da declaração pelo sujeito passivo,
desacompanhada do respectivo pagamento acarreta as 4 consequências
citadas pelo STJ, cuja memorização eu considero essencial para a
prova!!!

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E interessante que o candidato conheça também a redação da Súmula


392 do STJ:

Súmula STJ 392 - A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida


ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de
correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo
da execução.

Questão 20 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

A fazenda pública pode substituir certidão de dívida ativa, até a prolação da


sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou
formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução.

Comentário: Questão literal, retirada da Súmula 392 do STJ. Questão correta.

Em se tratando de substituição de Certidão de Dívida Ativa (CDA), temos


que:

"TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


SUBSTITUIÇÃO DA CDA. ERRO NO LANÇAMENTO. EXCLUSÃO DE TAXAS DE
LIMPEZA. IMPOSSIBILIDADE. REGIME DOS RECURSOS REPETITIVOS (ART.
543-C DO CPC). RESP 1.045.472/BA. 1. O tema em questão já foi resolvido
pela eg Primeira Seção do STJ, na sistemática do art. 543-C do CPC- recurso
representativo da controvérsia - Recurso Especial 1.045.472/BA, ao
proclamar o entendimento de que não cabe a substituição da CDA
quando ocorre a modificação do próprio lançamento, pois altera o
fundamento legal, não configurando mero erro formal ou material.
(...)"

(STJ, AgRg no AREsp 353.046/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Julgamento em


08/10/2013)

No que se refere à presunção de certeza e liquidez da CDA, o STJ


também já decidiu o seguinte:

"TRIBUTÁRIO. CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE


RELATIVA, QUE ADMITE PROVA EM CONTRÁRIO. IDENTIFICAÇÃO DAS
MERCADORIAS IMPORTADAS. REEXAME DE ASPECTOS PROBATÓRIOS DA
DEMANDA. SÚMULA 7 DO STJ. 1. A presunção de certeza e de liquidez
que reveste a certidão de dívida ativa é relativa, ou juris tantum, o
que significa que tal atributo pode deixar de ser reconhecido pelo
magistrado, no exame de caso concreto, em virtude de consideração
adequadamente fundamentada. (...)"

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(STJ, AgRg no AREsp 292.398/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, Julgamento em


17/10/2013)

Por fim, para finalizar o conteúdo jurisprudencial do nosso curso,


vejamos alguns julgados a respeito das certidões negativas, tema tratado nos
arts. 205 a 208 do Código Tributário Nacional:

Fazendo um link com o que vimos, ao estudar a responsabilidade


tributária, você precisa saber o seguinte:

"PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO - EMPRESA INADIMPLENTE PERANTE O


FISCO - CERTIDÃO NEGATIVA - FORNECIMENTO AO SÓCIO NA QUALIDADE
DE PESSOA FÍSICA - VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC - INEXISTÊNCIA.
(...)
2. A jurisprudência da Primeira Seção firmou-se no sentido de que
não se admite a responsabilidade objetiva, mas subjetiva do sócio, não
constituindo infração à lei o não-recolhimento de tributo, sendo
necessária a prova de que agiu o mesmo dolosamente, com fraude ou
excesso de poderes, excepcionando-se a hipótese de dissolução irregular da
sociedade comercial. 3. Não se tratando de responsabilidade objetiva,
tem o sócio, na qualidade de pessoa física, direito a certidão negativa
de débito. 4. Recurso especial improvido."

(STJ, REsp 439.198/ES, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon,


Julgamento em 27/05/2003)

Como estudamos, o não pagamento de tributos pela empresa não


configura infração à lei. Portanto, não há responsabilidade do sócio sobre falta
de pagamento pela empresa da qual participa, tendo direito à certidão
negativa de débito, na qualidade de pessoa física.

Frise-se que o indeferimento da Certidão Negativa de Débito não


depende da haver inscrição em dívida ativa, em nome do contribuinte:

"1. A inscrição em dívida ativa não é requisito para recusa à emissão


de certidão negativa de débito, bastando, para tanto, a constituição
definitiva do crédito tributário, regra que não se excepciona aos tributos
sujeitos ao chamado lançamento por homologação, tal qual se dá na espécie.
(...)"

(STJ, REsp 1.131.051/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon,


Julgamento em 06/10/2009)

Nesse rumo, o STJ editou a Súmula 446:

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Súmula STJ 446 - Declarado e não pago o débito tributário pelo


contribuinte, é legítima a recusa de expedição de certidão negativa ou
positiva com efeito de negativa.

Questão 21 - INÉDITA/2014

Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa


de expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa.

Comentário: Por se tratar de uma súmula mais recente, é possível a sua


cobrança literal nas provas. Portanto, atenção! Questão correta.

Caro candidato, ao longo desse curso você deve ter observado a grande
quantidade de conteúdo que você deve memorizar para a prova.

É de se destacar que esse curso tem por objetivo trazer o que é mais
importante, haja vista que estudar toda a jurisprudência torna-se uma tarefa
praticamente impossível, sobretudo para quem ainda deve estudar várias
outras disciplinas de alto nível de complexidade.

Nossa aula ainda não acabou, pois ainda temos um simulado (conforme
prometido) nas próximas páginas. Contudo, eu me despeço de você por aqui!

Foi um grande prazer estar com você durante esses poucos


encontros, que acredito terem sido de grande valia para o seu
aprendizado. Obrigado pela confiança em nosso trabalho!

Desejo que todos os seus sonhos se concretizem, e que você


possa alcançar sua aprovação no concurso da Receita Federal! Vamos
ser colegas de trabalho em breve!

Será um grande prazer parabenizá-lo por essa conquista. Não deixe de


me enviar um email, contando essa excelente notícia.

Um grande abraço e bons estudos!

Prof. Fábio Dutra


Email: fabiodutra@estrategiaconcursos.com.br
Facebook: http://www.facebook.com/FabioDutraFS

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5 - LISTA DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA

Questão 01 - INÉDITA/2014

O STF entendeu inconstitucional lei ordinária que permitia o pagamento de


débitos tributários por meio da dação em pagamento com bens móveis, por
ofender o princípio da licitação na aquisição de materiais pela administração
pública.

Questão 02 - INÉDITA/2014

O STJ, ao julgar um caso peculiar envolvendo esbulho possessório praticado


por determinado município, considerou extinto o crédito tributário por meio da
confusão.

Questão 03 - CESPE/PROCURADOR FEDERAL/2010

é legítima a aplicação da taxa SELIC como índice de correção monetária e de


juros de mora, na atualização de débitos tributários em atraso relacionados ao
IPVA, mesmo que inexista lei estadual nesse sentido.

Questão 04 - INÉDITA/2014

Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por


decisão, que o contribuinte "de jure" não recuperou do contribuinte "de facto"
o "quantum" respectivo.

Questão 05 - CESPE/DPU/2010

Considere que determinado contribuinte tenha ajuizado ação de repetição de


indébito contra a fazenda pública municipal, em razão do recolhimento a maior
do ISS, e que, após regular trâmite processual, a sentença que julgou
procedente o pedido tenha transitado em julgado. Nessa situação, os juros de
mora são devidos a partir da data da citação da fazenda pública.

Questão 06 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos a partir da


data da citação do processo de execução.

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Questão 07 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

Na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir da


data da prolação da sentença.

Questão 08 - CESPE/JUIZ-TJ-AC/2012

Cabe interposição de mandado de segurança caso o contribuinte pretenda


obter declaração do direito à compensação das importâncias pagas, a maior, a
título de tributo.

Questão 09 - CESPE/PROMOTOR-MP-RR/2011

Em ação cautelar que vise à autorização da compensação de créditos


tributários, deverá ser concedida medida liminar caso estejam presentes os
pressupostos legais.

Questão 10 - CESPE/JUIZ FEDERAL-2a REGIÃO/2009

A compensação dos débitos tributários com créditos de outra natureza


(confundindo-se credor e devedor) depende de lei autorizadora de cada ente
com competência para instituição do tributo. Não basta a existência de lei
federal autorizadora.

Questão 11 - ESAF/SUSEP-Analista/2010

O pagamento de débitos prescritos não gera o direito a sua repetição, na


medida em que, embora extinta a pretensão, subsiste o direito material.

Questão 12 - CESPE/JUIZ FEDERAL-2a REGIÃO/2009

Ao tomar conhecimento de contribuições sociais declaradas por empresa na


declaração de contribuições e tributos federais, cujos valores não foram
recolhidos no prazo estabelecido, deverá a autoridade fiscal notificá-la para
efetuar o recolhimento do débito, sob pena de inscrição em dívida ativa,
ficando suspenso o prazo prescricional.

Questão 13 - INÉDITA/2014

A multa fiscal não se submete aos prazos prescricionais disciplinados no


âmbito do Direito Tributário.

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Questão 14 - INÉDITA/2014

De acordo com a jurisprudência do STJ, estando suspensa a exigibilidade da


exação, não há falar em curso do prazo de prescrição, uma vez que o efeito
desse provimento é justamente o de inibir a adoção de qualquer medida de
cobrança por parte da Fazenda.

Questão 15 - INÉDITA/2014

As isenções tributárias, por caracterizarem atos de opção política do legislador,


não podem ser livremente suprimidas.

Questão 16 - ESAF/AFRF/2005

Consoante o caput do art. 186 do Código Tributário Nacional, o crédito


tributário prefere a qualquer outro, seja qual for a natureza ou o tempo da sua
constituição, ressalvados os créditos decorrentes da legislação do trabalho ou
do acidente de trabalho. Entretanto, por força de alteração legislativa havida
recentemente no referido artigo, e de súmula editada pelo Superior Tribunal de
Justiça, pode-se afirmar que, na falência, o crédito tributário não prefere à
restituição de adiantamento de contrato de câmbio, que deve ser atendida
antes de qualquer crédito.

Questão 17 - INÉDITA/2014

Somente estão sujeitos à fiscalização tributária os livros cuja escrituração é


obrigatória pela legislação contábil ou fiscal.

Questão 18 - ESAF/SUSEP-Analista/2010

Nos crimes contra a ordem tributária, resta configurada nulidade quando o


procedimento investigatório ministerial é instaurado antes do término da
apuração administrativo tributária, ainda que tenha sobrevindo a constituição
definitiva do crédito antes do nascimento do respectivo inquérito policial.

Questão 19 - CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012

Sendo crime formal, a sonegação fiscal independe da constituição definitiva do


crédito tributário para se consumar.

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Questão 20 - CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012

A fazenda pública pode substituir certidão de dívida ativa, até a prolação da


sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou
formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução.

Questão 21 - INÉDITA/2014

Declarado e não pago o débito tributário pelo contribuinte, é legítima a recusa


de expedição de certidão negativa ou positiva com efeito de negativa.

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6 - SIMULADO

E chegada a hora de realizarmos o nosso simulado. O objetivo principal é


testar o seu conhecimento e verificar quais aulas você precisa estudar um
pouco mais!

O simulado é sucinto, mas bastante eficaz. É composto por 4 questões


de cada aula, totalizando 24 questões. Após realizá-lo, siga a tabela abaixo
para saber quais aulas precisam de atenção especial de sua parte:

Quantidade de Acertos por Aula O que estudar na Aula


0 a 1 acertos Reler a aula completa
2 a 3 acertos Refazer todos os exercícios da aula
Parabéns! Você precisa apenas
4 acertos
revisar a aula

Ressalto, por fim, que as questões do simulado não acompanham


comentários. Trata-se de assertivas de fácil compreensão, cujo objetivo é
meramente verificar se o candidato entendeu e decorou a jurisprudência citada
em aula. Caso surja alguma dúvida, retorne à aula, como fonte de estudo. Se
ainda persistirem dúvidas, fico à disposição no fórum!

AULA 0

Questão S1 - INÉDITA/(Simulado)/2014

A renda obtida com o desempenho de atividades ilícitas não deve ser


tributada, já que um dos requisitos para que ocorra o fato gerador é a licitude
dos atos praticados pelo sujeito passivo.

Questão S2 - INÉDITA/(Simulado)/2014

É constitucional a adoção no cálculo do valor de taxa de um ou mais elementos da


base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra.

Questão S3 - INÉDITA/(Simulado)/2014

O Supremo Tribunal Federal fixou entendimento no sentido da


indispensabilidade de lei complementar para a criação das contribuições de
intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais.

Questão S4- INÉDITA/(Simulado)/2014

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O STF não permite que haja progressividade de alíquota para a Contribuição de


Iluminação Pública, pois afronta o princípio da capacidade contributiva.

AULA 1

Questão S5 - INÉDITA/(Simulado)/2014

Medida provisória é instrumento normativo capaz de dispor sobre Direito


Tributário. No entanto, só é capaz de instituir ou modificar impostos, por
expressa previsão constitucional.

Questão S6 - INÉDITA/(Simulado)/2014

De acordo com o STF, o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação se


vocaciona à tributação progressiva.

Questão S7 - INÉDITA/(Simulado)/2014

A sobrecarga imposta aos bancos comerciais e às entidades financeiras, no


tocante à contribuição previdenciária sobre a folha de salários, fere o princípio
da isonomia tributária.

Questão S8 - INÉDITA/(Simulado)/2014

Ao subscrever tratados internacionais, o Presidente da República fica restrito


ao princípio da vedação às isenções heterônomas.

AULA 2

Questão S9 - INÉDITA/(Simulado)/2014

A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a da Constituição aplica-se às


operações de importação de bens realizadas por municípios, quando o ente
público for o importador do bem.

Questão S10 - INÉDITA/(Simulado)/2014

A imunidade tributária recíproca não alcança nenhuma sociedade de economia


mista, tendo em vista que tais organizações possuem finalidade estritamente
econômica.

Questão S11- INÉDITA/(Simulado)/2014

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O fato de os imóveis estarem sendo utilizados como escritório e residência de


membros da entidade afasta a imunidade prevista no art. 150, VI, alínea c, §
4°, da CF, pois a imunidade tem por objetivo a entidade e não seus membros.

Questão S12- INÉDITA/(Simulado)/2014

Há imunidade à tributação de operações ou bens relacionados à saúde, pois


são considerados essenciais ao ser humano.

AULA 3

Questão S13 - INÉDITA/(Simulado)/2014

De acordo com o STF, a competência para a fixação de alíquotas do Imposto


de Exportação é privativa do Presidente da República.

Questão S14 - INÉDITA/(Simulado)/2014

é possível haver correção monetária de créditos tributários quando, por óbice


do Fisco, a compensação não ocorre no momento adequado.

Questão S15 - INÉDITA/(Simulado)/2014

Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de


um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte.

Questão S16 - INÉDITA/(Simulado)/2014

é constitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda


Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, ainda que
destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana.

AULA 4

Questão S17 - INÉDITA/(Simulado)/2014

De acordo com o STF, os tratados ou convenções internacionais, uma vez


regularmente incorporados ao direito interno, situam-se, no sistema jurídico
brasileiro, nos mesmos planos de validade, de eficácia e de autoridade em que
se posicionam as leis ordinárias, havendo, em consequência, entre estas e os
atos de direito internacional público, mera relação de paridade normativa.

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Questão S18 - INÉDITA/(Simulado)/2014

O inadimplemento do consumidor equivale ao cancelamento da compra e


venda, unicamente para fins de tributação, haja vista que se não houve o
recebimento das receitas, a tributação sobre esse fato geraria enriquecimento
ilícito por parte do Estado.

Questão S19 - INÉDITA/(Simulado)/2014

Os bens do sócio-quotista de uma pessoa jurídica comercial não respondem,


em caráter solidário, por dívidas fiscais assumidas pela sociedade.

Questão S20 - INÉDITA/(Simulado)/2014

O ajuizamento de ação anulatória de débito fiscal é o bastante para suspender


o curso de execução fiscal já proposta, tendo em vista que é uma das
modalidade de suspensão do crédito tributário expressamente prevista no art.
151 do CTN.

AULA 5

Questão S21 - INÉDITA/(Simulado)/2014

Na repetição do indébito tributário, a correção monetária incide a partir do


trânsito em julgado da sentença.

Questão S22 - INÉDITA/(Simulado)/2014

De acordo com o STJ, o termo inicial da prescrição, em caso de tributo


declarado e não pago se inicia na data da declaração prestada pelo sujeito
passivo.

Questão S23 - INÉDITA/(Simulado)/2014

Em casos excepcionais, o STF permite a instauração de inquérito policial antes


do encerramento do processo administrativo fiscal, quando for imprescindível
para viabilizar a fiscalização.

Questão S24 - INÉDITA/(Simulado)/2014

A inscrição em dívida ativa é requisito para recusa à emissão de certidão


negativa de débito.

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7 - GABARITO DAS QUESTÕES DA AULA E DO SIMULADO

QUESTÕES DA AULA QUESTÕES DO SIMULADO


1 Correto 1 Errado
2 Correto 2 Correto
3 Errado 3 Errado
4 Correto 4 Errado
5 Errado 5 Errado
6 Errado 6 Correto
7 Errado 7 Errado
8 Correto 8 Errado
9 Errado 9 Correto
10 Correto 10 Errado
11 Errado 11 Errado
12 Errado 12 Errado
13 Errado 13 Errado
14 Correto 14 Correto
15 Errado 15 Correto
16 Correto 16 Errado
17 Errado 17 Correto
18 Errado 18 Errado
19 Errado 19 Correto
20 Correto 20 Errado
21 Correto 21 Errado
22 Errado
23 Correto
24 Errado

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