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autor correspondente:william_guimaraes_santos@hotmail.com
Resumo:
Uma das maiores dificuldades de um setor de engenharia clínica em um hospital é localizar os muitos
e mais variados tipos de equipamentos médico hospitalares dentro da instituição, uma vez que
determinados equipamentos desta categoria são de uso comum a mais de um setor, localizá-los passa a
ser uma tarefa difícil em situações emergenciais. A equipe de engenharia clínica também enfrenta
dificuldades durante o inventario dos equipamentos pois seus dados de cadastro e patrimônio são
realizados com simples etiquetas coladas ao externo do equipamento sujeitas a danos ou perca
impossibilitando a identificação precisa do equipamento. Este projeto visa através da utilização de
tecnologia de Identificação por radiofrequência rastrear os equipamentos assim como também
cadastrá-los gerando histórico de manutenção até o fim de sua vida útil.
Abstract:
One of the major difficulties of a clinical engineering sector in a hospital is to locate the many and
varied types of hospital medical equipment within the institution, since certain equipment of this
category are commonly used in more than one sector, difficult task in emergency situations. The
clinical engineering team also faces difficulties during the inventory of the equipment in their data of
cadastre and patrimony are realized with simple and informative information on the space subject to
damages or it is lost making impossible the precise identification of the equipment. This project aims
to track the equipment as well as to record them generating equipment history up to the end of its
useful life through radio frequency identification (RFID) technology.
Fundamentação teórica
Histórico
A tecnologia RFID teve a sua origem na II Guerra Mundial. Ingleses , Alemães e Japoneses
utilizavam os seus radares para saberem , com antecedência, que aviões se aproximavam, mas não
identificavam se eram amigos ou inimigos.( RFID Versus Código de barras).
Os Alemães descobriam que se o piloto, na rota de aproximação, girasse o seu avião , o sinal
de retorno era alterado. Este simples procedimento avisava os controladores de que se tratava de um
avião alemão. Este é considerado o primeiro sistema passivo de RFID. (BREVE HISTORIA,2007).
Sob o comando de Sir Robert Watson-Watt , que é considerado o inventor do radar, os
ingleses desenvolveram um dispositivo que era colocado em seus aviões. A este dispositivo deram o
nome de IFF- Identification Friend or Foe. Este dispositivo era um transponder que respondia ao sinais
enviados pela estação de rastreio. Se o avião respondia era considerado amigo se não respondia era
considerado inimigo. (BREVE HISTORIA,2007).
A história do RFID começa verdadeiramente em 1973, quando o americano Mario W. Cadullo
consegue a patente de um dispositivo ativo de RFID, com memória regravável. No seu pedido de
patente, alem da descrição técnica englobava, também , áreas de aplicação do seu invento e uma dela é
muito semelhante a nossa atual Via Verde. (BREVE HISTORIA,2007).
Nos dias atuais é muito comum encontrar sistemas de RFID aplicado as mais diferentes áreas.
São utilizados em controle de estoque em grandes armazéns aumentando a precisão do controle da
quantidade de produto, controle de acesso em ambientes restritos através de crachás de identificação,
controle de segurança em lojas para a prevenção de furtos e até controle perimetral para mapeamentos
de objetos, por exemplo localizar produtos de um supermercado e diversas outras aplicações que
surgem com o avanço desta tecnologia.
Arquitetura e Funcionamento
O leitor emite através da antena um sinal por radiofrequência tentando localizar as TAG's que
estão na sua área de cobertura e estas emitem um sinal (com todas as informações contidas na
etiqueta) quando estão na área de cobertura do leitor, que envia as informações recebidas para um
computador que possui um software específico para manipulação das informações recebidas. A figura
1 mostra a arquitetura de um sistema RFID destacando os elementos fundamentais.
Figura 1- Arquitetura RFID
Como a comunicação entre leitor e identificador é feita por radio frequência , todo leitor
possui pelo menos uma antena. O leitor também deve se comunicar com outros dispositivos tais como
servidores , por exemplo. Portanto o leitor deve possuir uma interface de rede. Por fim , no processo
de implementação dos protocolos de comunicação , o leitor deve possuir um microcontrolador ou um
microcomputador para controlar o transmissor(Glover, 2007).
Antena: Dispositivo responsável pela comunicação das TAG's com o leitor através de sinais
de RF, onde sua eficiência está relacionada às características de diretividade (capacidade de
armazenar a energia irradiada em uma determinada direção), ganho (define a eficiência da
antena e pode ser calculada como resultado da diretividade menos as perdas) e
polarização(orientação das ondas eletromagnéticas a partir da antena). Alguns leitores
utilizam uma antena para enviar (TX) e outra para receber (RX), A Figura 2 mostra uma
esteira com caixas identificadas passando primeiro pela antena transmissora e uma antena
receptora, a seta indica a direção da esteira.
Figura 2- Disposição para antenas receptoras e transmissoras
Fonte: Glover, 2007.
Fonte : (Seufitelli)
Circuito integrado
Gravação : Algumas TAG são gravadas na fabrica com número de identificação, outras
permitem ao usuário realizar a gravação;
Desabilitação: É a capacidade de algumas TAG de serem desabilitadas através de comando do
leitor;
Segurança e criptografia: A TAG pode ter a capacidade de criptografar a informação para
aumentar a segurança;
Compatibilidade com padrões : Algumas TAG's possuem mais de um protocolo de
comunicação por exemplo WI-FI.
Antena
A função da antena da TAG é de prover a comunicação com o leitor RFID através da emissão
de um sinal modulado contendo informações do CI. A antena da TAG pode ser do tipo com curva e
ângulo, que permite a comunicação com o leitor em ângulos e posicionamento diversos, são
recomendadas para aplicação onde não há a orientação de passagem pelo leitor. Elas também podem
ser do tipo Longa e reta permitindo maior eficiência em aplicações em leituras direcionadas, possuem
maior alcance em as TAG de antena curva, são indicadas para aplicações onde a TAG passará sempre
na mesma direção e ângulo em relação ao leitor.
Encapsulamento
As TAG RFID ativas são aquelas que possuem sua própria fonte de alimentação elétrica, ou
seja , possuem uma bateria interna responsável por fornecer energia para a operacionalidade e
comunicação com o leitor RFID.
A grande vantagem em relação as TAG passivas é o alcance de comunicação elevado. Por
possuir uma própria fonte de alimentação a TAG mantém o chip operando e processando informações
mesmo fora do alcance do leitor. A desvantagem é o alto custo em comparação com as TAG's
passivas.
A tabela 1 mostra um comparativo entre os tipos de TAG's passivas, semi-passivas e ativas e a tabela 2
a nomenclatura que as etiquetas recebem de acordo a classe a que pertencem:
Acesso em 15/10/2017
Tabela 2 - Descrição das classes das TAG's de acordo com a norma padrão.
Tipo Descrição
Classe 0 Passiva - apenas leitura.
Classe 0+ Passiva - grava uma vez (mas usando protocolos da Classe 0).
Classe I Passiva - grava uma vez.
Classe II Passiva grava uma vez com extras (como criptografia)
Regravável, semi-passiva (chip com bateria, comunicações com energia do
Classe III leitor),
sensores integrados.
Regravável, ativa, identificadores “nos dois sentidos”, que podem conversar
Classe IV com
outros identificadores, energizando suas próprias comunicações.
Pode energizar e ler identificadores das Classes I, II e III e ler identificadores
Classe V das
Classes IV e V
Fonte: Adaptado de Glover & Bhatt (2007).
O que determina a área mínima de alcance da necessário para que a antena consiga ler os
dados é a frequência, que se subdividem em baixa frequência , alta frequência e ultra alta frequência.
A figura 5 ilustra a relação típica de RFID.
Fonte: Embarcados
Baixa frequência (LF): Esta faixa compreende as frequências de 30 kHz até 300 kHz. A
etiquetas fabricadas dentro deste espectro são de 125 kHz ou 134,2 kHz.Geralmente são
etiquetas passivas. Este tipo de etiqueta necessita de antenas grandes , o que resulta em altos
custos de produção, elas sofrem pequenada degradação de sinal na presença de líquidos e
metais. Suas principais aplicações são imobilização de veículos, identificação de animais e
controle de acesso;
Alta frequência (HF): De 3 MHz até 30 MHz. Para está faixa as etiquetas RFIS são apenas nas
frequências de 13,56 MHz . Possuem melhor aproveitamento do alcance do que as de baixa
frequência. Para quem não necessita de um alcance muito grande e nem de uma grande
quantidade de etiquetas lidas ao mesmo tempo, é o tipo ideal. É utilizada em controle de
pagamentos, identificação de objeto, controle de bagagens livrarias, lavanderias e também
pode ser utilizada em controle de acesso;
Ultra alta frequência (UHF): Compreende o espectro de frequência de 300 MHZ ATÉ 1 GHz.
Na Europa as etiquetas as etiquetas fabricadas são de 868 MHz enquanto nos Estados Unidos
são na frequência de 915 MHz. Geralmente são utilizadas em processos logísticos, como por
exemplo transporte de cargas. São mais baratas e seu alcance pode ir até 5 metros, e em
comparação com as LF e HF são mais baratas e permitem a leitura de múltiplas etiquetas ao
mesmo tempo.
Middleware
Segundo Bhatt & Glover(2007), existem três motivos básicos de utilização do middleware na
rádio frequência:
MySQL
Java
Java é uma linguagem de programação e plataforma computacional lançada pela primeira vez
pela Sun Microsystems em 1995. Existem muitas aplicações e sites que não funcionarão, a menos que
você tenha o Java instalado, e mais desses são criados todos os dias.
Arduíno Ethernet
O Arduino Ethernet é uma placa de microcontrolador baseada no ATmega328. Diferente de
outras placas ele possui interface Wiznet Ethernet, possui 14 pinos de entrada/saída digitais, 6 entradas
analógicas, um oscilador de cristal e conexão RJ45, permitindo fazer o interfaceamento da antena com
o software mediador. A antena possui cabo de saída RS232, sendo necessário o uso do adaptador
Shield, que possibilita de forma prática a comunicação da placa Arduino com a antena.(Extraído de:
https://store.arduino.cc/usa/arduino-ethernet-rev3-without-poe em 20 de novembro de 2017).
Materiais e Métodos
O sistema é composto por três partes, a primeira parte é a TAG ou etiqueta, esta é responsável
pelo reconhecimento do item; A segunda parte é o leitor, que é o dispositivo composto pelo circuito
eletrônico gerador do sinal de radiofrequência e a antena; por fim o mediador ou middleware que é
responsável pela integração entre os componentes do sistema de RFID com o banco de dados, o
middleware irá tratar o sinal recebido, processar e cadastrar os dados relevantes no banco de dados.
Utilizando plataforma JAVA e MySQL, o mediador passa a se comunicar com os demais itens
permitindo também a interface homem máquina(IHM).
Este projeto foi desenvolvido para ser aplicado em hospitais de grande porte com uma gama
muito grande equipamentos destinados a assistência médica, dos mais variados tipos e complexidade,
por exemplo, bombas para infusão parenteral, incubadoras, berços aquecidos, mesas cirúrgicas, focos
cirúrgicos, monitores multiparâmetros, eletrocardiógrafos e ventiladores pulmonares (popularmente
conhecido como respiradores). Este ultimo trata-se de um equipamento de grande importância por ser
responsável por proporcionar ar aos pacientes que não podem respirar por conta própria por motivo de
alguma doença ou acidente sofrido. Este tipo de equipamento tem função de realizar a troca dos gases
ciclicamente, oferecendo oxigênio (O2) e retirando dióxido de carbono (CO2). E por causa desta tarefa
fundamental é um equipamento requisitado em todos os setores de assistência médica, mas de
quantidade limitada em qualquer ambiente hospitalar, por isto é o alvo principal para um sistema de
rastreio de patrimônio. As TAG's serão fixadas em sua carcaça, de preferência nas partes não
metálicas para que não ocorra interferências no processo de leitura.
O projeto é que cada leitor RFID seja instalado nas portas de entrada e saída dos setores e em
suas respectivas salas de guarda de equipamento. Ao passar pelo leitor um equipamento com a etiqueta
instalada, ela responderá o sinal RF com as informações contidas de dados cadastrais, permitindo
assim, com ajuda do software apresentar ao usuário (via sistema próprio) localização e estado do
equipamento naquele momento.O leitor de RFID que atende a este projeto é o modelo K19, da marca
Kingjoin&Galo. suas características são descritas na Tabela 3 :
Tabela 3: Especificações técnicas
Marca/Modelo Kingjoin/k19
Antena Antena Integrada
Faixa de Frequência 902-928MHz (FCC),865-868MHz (CE)
Protocolos ISO 18000-6B,ISO18000-6C/EPC GEN2
Dimensões 235x235x57mm /260x260x45mm
Alcance de Leitura 6000mm,dependendo do tag e ambiente
Alimentação +DC 9V (equipamento com adaptador de
energia)
Interface RS232/UART,RS485, Wiegand26/34
Fonte: Reader User Manual.
Para este leitor a TAG compatível a ser utilizada será do tipo passiva de operação em banda de
frequência de 915 MHz , norma iso 1800-6c, EPC e GEN2, em formato retangular de dimensões
100X20 (mm).
A comunicação da antena com o Middware será realizada pelo Shield conversor RS232
conectado ao dispositivo Arduino Ethernet, permitindo conversão dos dados recebidos pela antena e os
encaminhando ao banco de dados via rede (intranet).
Discussões
Devido ao alto investimento inicial para o projeto podendo chegar a uma media de mil reais
por cada setor com projeto instalado ( Projeto de duas antenas, um arduino Ethernet, um shield RS232
e as Etiquetas de identificação ). O controle fica restrito somente aos equipamentos de respiração
mecânica, porém há possibilidade de implementação em todos os equipamentos móveis de um
hospital. Uma forma de redução custos é a utilização da própria mão de obra da empresa na instalação,
sendo investido valores apenas na compra dos componentes.
Sistemas de RFID permitem a leitura sem a necessidade da visada direta, logo existem uma
infinidade de aplicações em um ambiente hospitalar. Este tipo de tecnologia já é comumente usada em
controles de acesso e relógios de ponto, porém através deste estudo pode-se observar que ele ainda é
pouco explorado neste ambiente. Além do controle de patrimônio, o RFID também teria resultados
satisfatórios no aumento da segurança através do controle de pacientes e visitantes, O RFID também
pode ser implantando nas portas de saída, evitando assim, extravios ou saídas não autorizadas de
equipamentos ou pessoas.
Referências Bibliográficas
ANVISA , RDC 7/2010. Disponível em:
https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/legislacao/item/rdc-7-de-24-de-
fevereiro-de-2010. Acesso em: 01 de setembro de 2017.
BREVE HISTORIA. Disponível em:
http://www.gta.ufrj.br/grad/07_1/rfid/RFID_arquivos/breve%20historia.htm. Acesso em: 15 de
outubro de 2017.
GILMORE, W. J. Dominando php e mysql do iniciante ao profissional. 3 ed. Rio de Janeiro: Alta
Books, 2008.
GLOVER, B.; BHATT, H.. Fundamentos de RFID. Alta Books: Rio de Janeiro, 2007.