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recebido: 27/05/2016

aprovado: 24/10/2016 Volume 5. Número 3 (dezembro/2016). p. 143 - 161 ISSN 2238-9377

Revista indexada no Latindex e Diadorim/IBICTo

Tabuleiros de pontes híbridas aço-concreto: mode-


los de dimensionamento das
regiões de ligação
Pedro M. Esteves1*, José J. Oliveira Pedro1 e João F. Almeida1
1
CEris, ICIST, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa, Avenida Rovis-
co Pais, 1 — 1049-001 Lisboa – Portugal, pedro.esteves@ist.utl.com, jo-
se.oliveira.pedro@ist.utl.pt, jalmeida@civil.ist.utl.pt

Steel-concrete hybrid bridge decks: design models for connection regions

Resumo
Os tabuleiros híbridos aço-concreto são utilizados em diversas pontes por razões construtivas
e/ou económicas. Tipicamente, a estrutura do tabuleiro é constituída por vigas de concreto
nos tramos laterais e vigas de aço ou mistas aço-concreto nos tramos principais, habitualmen-
te ligadas com continuidade nas regiões de transição entre os dois materiais.
As normas de projecto referem-se separadamente ao dimensionamento de estruturas de aço e
concreto. Contudo, a ligação híbrida deve ser projectada de uma forma integrada, utilizando
um modelo eficiente e intuitivo de encaminhamento das cargas na região de ligação. Deste
modo, propõe-se um novo modelo de dimensionamento para estas zonas, baseado em formu-
lações desenvolvidas nas últimas décadas, relacionadas com a instabilidade de placas e mode-
los de campos de tensões. Analisa-se pormenorizadamente o caso de estudo de uma ligação
utilizada no tabuleiro híbrido de um viaduto sobre a auto-estrada A4, em Portugal.
Palavras-chave: tabuleiros de pontes híbridas; regiões de ligação; modelos de campos de ten-
sões; instabilidade de placas; modelos de bielas e tirantes.

Abstract
Steel-concrete hybrid bridge decks have been used in several bridges due to constructive and
economical reasons. Usually they adopt reinforced concrete back spans and main spans with
all-steel or steel-concrete composite girders, typically with monolithic connections in between.
Design codes address separately to the design of the steel and concrete parts of the connec-
tion. However, a rational design, with an efficient transfer of stresses between the steel and
the concrete parts, should be based on a global understanding of the connection region struc-
tural behaviour. Therefore, a new model for the design of the connection region is proposed,
based on web shear buckling models developed over the last decades for steel panels and
stress field models for structural concrete elements. A detailed case-study of the connection
region of a hybrid bridge deck, crossing the A4 highway, in Portugal, is presented.
Keywords: hybrid bridge decks; connection regions; tension field models; plate buckling;
strut-and-tie models.

*autor correspondente 143


1. Introdução

Nos últimos anos, pontes híbridas constituídas pela combinação de tabuleiros de aço
ou mistos aço-concreto, e de concreto armado, têm merecido a atenção dos Engenhei-
ros, devido às suas vantagens económicas, construtivas e estruturais. O conceito fun-
damental de uma estrutura híbrida consiste na utilização racional dos materiais estru-
turais. Tabuleiros de concreto armado protendido são usualmente soluções económi-
cas em pontes de pequeno vão, enquanto os tabuleiros metálicos ou mistos são, em
geral, utilizados em pontes de maior vão, por serem mais leves, rápidos e fáceis de
construir.

As soluções híbridas permitem conjugar as vantagens das duas tipologias anteriores,


adotando-se tabuleiros em concreto nos tramos laterais e tabuleiros totalmente metá-
licos ou mistos aço-concreto nos longos vãos principais. Este foi o caso, por exemplo,
da Ponte da Normandia, da Ponte Stonecutters ou, recentemente, da Terceira Traves-
sia do Bósforo, contribuindo para o aumento dos vãos destas estruturas.

Os tabuleiros híbridos têm sido também utilizados em pontes de pequeno a médio


vão, com vantagens funcionais e construtivas, nomeadamente nos casos de alarga-
mento de tabuleiros existentes.

Os regulamentos EN1992 e EN1993 sugerem modelos de dimensionamento individuais


das regiões metálica e de concreto estrutural. Contudo, a questão fundamental no di-
mensionamento de uma ligação híbrida consiste na definição integrada da solução es-
trutural mais eficiente para transmitir os esforços entre a região metálica e a região de
concreto.

2. Principais tipos de ligações híbridas

As ligações híbridas aço-concreto podem transmitir apenas esforços de corte ou tam-


bém momentos fletores, sendo neste último caso uma ligação monolítica executada:
(1) com chapas e conetores; (2) com barras e/ou cabos de protensão; ou
(3) combinando as duas soluções anteriores.

144
Uma solução do primeiro tipo foi utilizada nos viadutos sobre a auto-estrada
auto estrada A3 (Figu-
(
ra 1). Nesta ligação, localizada na seção a 1/5 do vão, onde os esforços de flexão das
cargas permanentes são mais reduzidos, os esforços de corte são distribuídos pelos
conetores
onetores dispostos nas almas e banzos de uma peça metálica auxiliar, que permite a
ligação à parte metálica do tabuleiro por soldadura ou aparafusamento.

Figura 1 – Peça metálica utilizada na ligação dos viadutos sobre a auto-estrada


auto A3
(Portugal) onde se dispõem os conetores de corte (Cabral, Bispo & Rito, 2011).
2011)

O segundo tipo de ligação utiliza a compressão da seção de ligação com barras ou ca-
c
bos de protensão.. O afastamento entre barras permite resistir ao momento fletor ins-
in
talado na seção.. Frequentemente, prolongam-se
prolongam se também os cabos de protensão do
tabuleiro de concreto protendido,
protendido ancorando-os
os na zona metálica ou mista. A obra de
alargamento da PI 275 (Portugal) constitui um exemplo deste tipo de ligação, tendo
sido utilizados simultaneamente
ltaneamente cabos e barras protendidass na conexão monolítica -
Figura 2a (Rito & Loureiro, 2006).
2006)

A solução utilizando
zando simultaneamente conectores e barras ou cabos protendidos foi
aplicada, por exemplo, na Ponte de Nagisa (Japão) e na Terceira Travessia do Bósforo
(Turquia). Ambas adotaram um tabuleiro híbrido, suspenso por tirantes e pendurais,
mas vãos principais bastante diferentes, 110 m na Ponte de Nagisa e 1408 m na Tercei-
Terce
ra Travessia do Bósforo.

Na ligação híbrida da Ponte de Nagisa é utilizada uma peça metálica pré-fabricada,


pré
preenchida por concreto armado autocompactável (Figura
( 2b). A transmissão de flexão
é assegurada pelos conetores dispostos nos banzos da peça de ligação,
ligação, enquanto a
transmissão do corte é assegurada pelos conetores dispostos na chapa vertical e pela
força de atrito mobilizada pela compressão das barras de protensão.

145
(a) Ligação adotada na PI 275 - Portugal (Rito & (b) Ligação adotada na Ponte de Nagisa -
Loureiro, 2006) Japão (Sato, et al., 2003)
Figura 2 – Exemplos de ligações híbridas com cabos e barras de protensão
(unidades: m).
A ligação utilizada na Terceira Travessia do Bósforo é topo a topo, com “dentes” metá-
licos na seção de concreto, barras protendidas e conetores. As barras protendidas são
dimensionadas para equilibrarem o binário produzido pelo momento fletor atuante,
garantindo ainda a compressão da ligação. O esforço cortante é equilibrado pelos
“dentes” e conetores soldados verticalmente ao longo da extremidade do tabuleiro
metálico e pela força de atrito gerada na interface de ligação entre os dois materiais.

3. Análise da região de ligação

Estuda-se uma ligação híbrida de uma nervura de concreto armado protendido a um


caixão misto com o mesmo contorno exterior, a 1/5 do vão principal, com geometria
semelhante à da Figura 2a (Rito, 2011). No estudo da ligação avalia-se a resistência do
caixão misto. O consolo curto de concreto armado é dimensionado para este esforço
resistente, utilizando modelos de bielas e tirantes.

3.1. Modelo do comportamento estrutural da região mista

A questão fundamental consiste na avaliação da capacidade última ao esforço cortante


do painel de extremidade do caixão misto. A geometria da alma na interface de ligação
torna necessária uma análise local do encaminhamento das cargas. A capacidade da
alma esbelta dos tabuleiros de pontes (são correntes esbeltezas entre 100 e 200, ten-
do-se adotado uma esbelteza de 150) é determinada pela instabilidade local de placa,
sendo, por isso, corrente avaliar a resistência pós-crítica associada à instabilidade por
esforço cortante da alma.

146
A resistência de uma placa ao corte pode ser obtida por diversos métodos (Lebet &
Lääne, 2005), tendo-se adotado o Método do Campo Diagonal de Tração (MCDT), ba-
seado no modelo de Cardiff-Praga. Trata-se do método incluído na ENV 1993-1-1 de
1992, e que deve ser aplicado a vigas de alma cheia com reforços transversais inter-
médios, com espaçamento entre  ≤  ≤ 3, sendo  e  a altura e o espaçamento
entre reforços da alma de espessura
 (Figura 3a). De acordo com este mé-
todo, o painel da alma instabiliza quan-
do se atinge a tensão crítica de corte
 , não tendo capacidade para absor-

ver compressões adicionais. Neste ins-


tante, um novo mecanismo de transmis-
são de forças é desenvolvido, permitin-

(a) Fase pré-crítica do absorver os esforços de corte adicio-


nais através de uma membrana de tra-
ção inclinada que se pode ancorar nos
banzos superior e inferior e nos reforços
transversais da alma (Figura 3b). Pode
estabelecer-se uma analogia entre este
mecanismo de pós-flambagem e o com-
porta-mento estrutural de uma treliça
(b) Fase pós-crítica
de Pratt, equiparando-se a resistência
Sc
Rótula plástica de pós-flambagem disponível na chapa
de alma à resistência da barra diagonal
’ da treliça (Stiemer, 2007), controlada
pela capaci-dade de ancorar a força dia-
gonal com inclinação
. O colapso ocor-
re ao atingir-se a cendência desta dia-
Diagonal gonal fictícia, e com a formação das ró-
St plastificada

(c) Colapso
tulas plásticas nos banzos. A resistência
Figura 3 – Modelo de comportamento se- última é obtida pela sobreposição da
gundo o MCDT (Stiemer, 2007).

147
resistência pré-critica da placa com a resistência do campo diagonal de trações da fase
pós-critica (Figura 3c).

Assim, a resistência total ao esforço cortante ,  é obtida pela soma da parcela e-


lástica ou pré-crítica com a parcela correspondente à resistência pós-crítica:

.  =   + 0.9  sin


(1)

O valor da tensão associada ao campo de trações  pode ser deduzido pelo critério
de von Mises-Hencky. Assim que a tensão de tração na alma atinge o valor da tensão
resistente do aço, ocorre um mecanismo de colapso semelhante ao apresentado na
Figura 4a, formando-se quatro rótulas plásticas nos banzos. A contribuição para a re-
sistência ao corte deste mecanismo, associado ao campo de trações formado na alma,
depende da largura do campo de tensões, definida por . O valor de  é, por sua vez,
função da distância entre rótulas plásticas nos banzos comprimido e tracionado,  e
 , as quais podem ser obtidas através do equilíbrio da viga da Figura 4b.

(a) Plastificação do banzo superior ao ancorar (b) Modelo de resistência plástica do


a diagonal tracionada banzo superior
Figura 4 – Modelo de comportamento do painel de extremidade ao ancorar a
diagonal tracionada.

O MCDT foi adotado por permitir individualizar as parcelas pré-crítica e pós-crítica, o


que não se verifica no Método do Campo de Tensões Rodado, incluído na versão atual
do Eurocódigo 3 – Parte 1-5. Acresce que o MCDT trata da mesma forma as situações
de um reforço de extremidade rígido e não rígido, que podem ambas ocorrer nas liga-
ções em estudo.

148
3.2. Modelo do comportamento estrutural da região de concreto estrutural

Os modelos de bielas e tirantes têm sido utilizados na análise, dimensionamento e


pormenorização de regiões especiais em concreto estrutural. Tratam-se de modelos de
aplicação geral, tanto em zonas onde é válido o princípio de Bernoulli, como em zonas
de descontinuidade, apresentando consistência no tratamento das regiões de transi-
ção entre as zonas B e D (Lourenço & Almeida, 2013).

De fato, estes modelos constituem uma ferramenta sólida para avaliar o comporta-
mento estrutural de um elemento de concreto, permitindo simular espacialmente o
caminho das cargas no interior de uma região em estudo e ainda ter em conta o com-
portamento do concreto em estado fendilhado. Estas vantagens conduzem a que o
Método de Bielas e Tirantes seja particularmente interessante no estudo das regiões
de descontinuidade dos tabuleiros híbridos.

3.3. Geometria da ligação híbrida

As dimensões ℎ e  do consolo curto de concreto são importantes no comportamento


da ligação (Figura 5). Existe todo o interesse em que o comprimento  seja curto, sendo
função da carga vertical a transmitir. A altura ℎ limita, por outro lado, a largura da di-
agonal de tração pós-crítica (Figura 5), e consequentemente a resistência ao esforço
cortante.
300
1500

Figura 5 – Exemplo de incompatibilidade geométrica com o MCDT.

149
No dimensionamento do consolo de concreto armado, uma relação /ℎ baixa conduz
a uma transmissão direta da carga, facilitando a pormenorização dessa região. A cali-
bração do comprimento  do consolo curto está também dependente da necessidade
de assegurar que, no caso da adoção de um reforço de extremidade duplo (Figura 6c),
o dimensionamento do painel de apoio  × ℎ! não é condicionado pela sua estabili-
dade, mas sim pela sua resistência plástica.

(a) Corte transversal 1-1

(b) Planta por 2-2 e 3-3


300
790

1500

(c) Corte
650

longitudinal
4-4

Figura 6 – Região mista da ligação híbrida do caso de estudo (unidades: mm).

150
4. Caso de estudo

Na apresentação dos possíveis modelos de dimensionamento da ligação híbrida é utili-


zado o caso de estudo com a geometria apresentada na Figura 6, realizado com aço
estrutural S355 J2K3 e o concreto C35/45 XC4. Primeiramente são apresentados os
modelos de dimensionamento para as regiões de ligação, considerando uma conexão
simplesmente apoiada. Em seguida, o modelo de dimensionamento para uma ligação
monolítica é introduzido. A espessura dos reforços transversais é definida em cada ca-
so, de modo a que estes não condicionem a resistência da ligação.

4.1. Modelo 0 – Modelo de resistência crítica de pré-flambagem

O Modelo 0 admite que a resistência ao corte é limitada pela tensão de corte crítica da
chapa de alma. Trata-se, assim, de um modelo de uma placa sujeita a um estado de
corte puro, com tensões principais orientadas segundo ângulos de 45o em relação à
direção de atuação do esforço cortante (Figura 7). Este modelo deve ser aplicado
quando não existem reforços transversais de extremidade com capacidade para anco-
rar as trações do campo diagonal, no regime pós-crítico.

Figura 7 – Modelo 0 com resistência crítica de pré-flambagem (unidades: mm).

A chapa de reforço de extremidade inferior de 10 mm cumpre as exigências mínimas


de inércia aplicáveis a reforços transversais com a função de apoios de painéis de alma

151
do Eurocódigo 3 – Parte 1-5. A resistência ao corte calculada por este modelo é de
817 kN, para uma chapa de alma com 1500 mm de altura e 10 mm de espessura.

4.2. Modelo 1 – Modelo com reforço de extremidade simples

A utilidade de um reforço transversal de extremidade no aumento da resistência ao


corte é notável, permitindo ancorar um campo diagonal de tração que se desenvolve
após a chapa de alma instabilizar. A resistência total ao corte da seção de ligação é da-
da pela soma desta parcela pós-crítica com a resistência crítica ao corte, avaliada pelo
Modelo 0. O modelo 1A utiliza um reforço transversal de extremidade simples (Figura
8) e não considera a contribuição da laje de concreto na resistência ao esforço cortan-
te, metodologia habitual no dimensionamento de vigas mistas.

Figura 8 – Modelo de dimensionamento 1A (unidades: mm).

A Figura 9 apresenta o mecanismo de colapso associado à plastificação dos banzos e


do reforço transversal de extremidade, para um esforço cortante atuante de 1429 kN,
traduzindo-se num aumento de resistência de 75% em relação ao Modelo 0.

O modelo 1B (Figura 10) apresenta a mesma composição de um reforço transversal de


extremidade simples, tal como o 1A. A diferença consiste unicamente ao nível da con-
sideração da contribuição parcial da resistência à flexão da seção mista formada pela
laje de concreto armado e pelo banzo superior de aço para a resistência pós-crítica ao
esforço cortante (Figura 10).

Para assegurar o comportamento misto entre o banzo superior e a laje de concreto


deve existir uma pormenorização adequada de conetores, sujeitos localmente aos es-
forços impostos pela diagonal tracionada da alma (Figura 11).

152
2
∅1

Área (A)

= /
∅2
4

(a) Mecanismo global do painel de (b) Modelo de cálculo plástico do


extremidade reforço de extremidade

Figura 9 – Mecanismo de colapso proposto para o Modelo 1.

(a) Modelo de dimensionamento proposto 1B


20//0.20 + 16//0.20

400x35 mm2
20//0.20 + 12//0.20
3200

(b) Seção mista do banzo superior e da laje de concreto armado

Figura 10 – Modelo de dimensionamento 1B (unidades: mm).

Figura 11 – Esforços de dimensionamento dos conetores devido à ação do


campo diagonal de tração.

153
Verifica-se que, considerando apenas 10% da resistência à flexão da laje de concreto,
obtém-se um esforço cortante resistente de 1596 kN (95% superior ao do Modelo 0).
Apesar deste modelo se basear numa adaptação do MCDT, ensaios laboratoriais têm
comprovado a influência benéfica da laje de concreto na resistência ao corte pós-
crítica das vigas mistas (Gomes, Cruz & Silva, 2000).

4.3. Modelo 2 – Modelo com reforço de extremidade duplo

No Modelo 2 adotam-se dois reforços de extremidade constituídos por chapas de


13 mm, para assegurar a sua estabilidade local, o que conduz a um esforço cortante
resistente de 1712 kN, 110% superior ao do Modelo 0 (Figura 12).

300
674
790

1500
650

Figura 12 – Modelo de dimensionamento 2 (unidades: mm).

Através da Figura 13 verifica-se que, ao contrário dos modelos anteriores, a carga ver-
tical não pode ser transmitida na vertical até ao apoio pela chapa do reforço de extre-
midade, dando origem à força de desvio "# . Torna-se, assim, necessário adaptar o

modelo de cálculo do reforço de extremidade (Figura 13c), devido à existência desta


força de desvio e ao fato do comportamento estrutural do reforço ser distinto dos mo-
delos anteriores, na situação em que é vencida a força de atrito no apoio.

154
= / Assim, considerando a fle-
2
∅1 xão vertical do reforço, as-

Área (A) sume-se o modelo de uma


viga de inércia variável,
3
com o vão igual à altura
total da alma (1500 mm)
encastrada no banzo supe-
∅2 [mm]
4
rior/laje e apoiada no ban-
(a) Equilíbrio de forças no (b) Mecanismo de cálculo plás-
apoio de extremidade tico do reforço de extremidade
zo inferior, e sujeita à com-
ponente horizontal do
campo diagonal de tração
da fase pós-crítica. Para
evitar a rotura prematura
da ligação para um valor
inferior à resistência de
1712 kN, adota-se um re-
(c) Deformada aproximada do painel de extremidade
forço transversal de extre-
Figura 13 – Mecanismo de colapso associado ao midade inferior com 39 mm
Modelo 2.
de espessura.

4.4. Modelo 3 – Modelo de ligação monolítica

O Modelo 3 considera a ligação monolítica, com a transmissão adicional do momento


fletor. Utilizam-se reforços transversais duplos semelhantes aos do Modelo 2, devido
ao fato desta solução apresentar uma maior resistência ao corte relativamente às an-
teriores. A transmissão de flexão nesta ligação híbrida é possibilitada através da intro-
dução das barras de protensão e das chapas de topo (Figura 14). As chapas de topo a
toda a largura da seção transmitem as compressões diretamente ao concreto, e as bar-
ras comprimem o tabuleiro na ligação, eliminando as trações que resultam dos mo-
mentos fletores, tornando assim a ligação monolítica.

155
(a) Seção transversal 1-1

300
100
790

1500
650

300

(b) Corte longitudinal 4-4


400
1000

600

(c) Planta por 2-2 (d) Planta por 3-3

Figura 14 – Geometria da ligação proposta para o Modelo 3 (unidades: mm).

A concretagem de um bloco de concreto armado de 1 m no interior da seção mista (Fi-


gura 14) confere maior rigidez e resistência à ligação monolítica, facilitando também a
ancoragem dos cabos protendidos. As chapas de topo facilitam esta concretagem em
2ª fase e evitam que o caixão metálico deslize em relação à seção de concreto. A exis-
tência do bloco de concreto comprimido contra as chapas de topo evita que estas te-
nham flexão significativa, sendo a sua espessura apenas função da rigidez que se pre-
tende assegurar na ligação topo a topo. Assim, na rotura, as rótulas plásticas formam-

156
se na seção mista composta pelo banzo superior/laje, sendo avaliada a resistência à
flexão desta seção tendo em conta:

1) O esforço axial imposto pela diagonal tracionada da alma;

2) Uma compressão/tração adicional devida ao momento fletor global na ligação.

No caso do momento fletor global instalado na ligação híbrida ser de 40% da resistên-
cia plástica do tabuleiro misto, obtêm-se esforços cortantes resistentes de 1677 kN e
1645 kN, em simultâneo com a atuação de um momento fletor positivo e negativo,
respetivamente (Figura 15).

300
661
790

1500
650

(a) Modelo de dimensionamento para uma ligação híbrida sujeita a um


momento fletor positivo 300
664
790

1500
650

(b) Modelo de dimensionamento para uma ligação híbrida sujeita a um


momento fletor negativo

Figura 15 – Modelos de dimensionamento 3 – Ligação monolítica


(unidades: mm).

157
4.5. Distribuição transversal da reação vertical no consolo curto de concreto

Para dimensionar a região em concreto estrutural da ligação para o Modelo 3 é neces-


nece
sário caraterizar a distribuição transversal da reação vertical de 1645 kN no consolo
curto de concreto. De fato,
fato a carga vertical é transmitida lateralmente pelas almas do
caixão misto e, por isso, a sua distribuição transversal depende muito da rigidez da
chapaa de topo da ligação. Com recurso a um modelo de elementos finitos (Figura
( 16),
analisou-se
se a distribuição transversal da reação no
n consolo curto para quatro casos dis-
di
tintos, apresentados na Figura 17.

Chapas de topo

Chapas de reforço

Figura 16 – Modelo de elementos finitos e identificação das chapas intervenientes no


estudo paramétrico.

400 NERVURA 400

(a) Chapas de topo com 50 mm e (b) Chapas de topo com 50 mm e


com reforços 30 mm sem reforços

400 400

(c) Chapas de topo com 20 mm e (d) Chapas de topo com 20 mm e


com reforços 30 mm sem reforços
Figura 17 – Distribuição transversal da reação de apoio no consolo curto de concreto
(unidades: mm).

158
É interessante observar a influência da espessura das chapas de topo e das chapas de
reforço/nervuras na uniformização da reação de apoio. A adoção de chapas de topo
com maiores espessuras e de reforços rigidifica a zona central do caixão misto, diminu-
indo os picos de tensão transmitidos à nervura de concreto (observável nas Figu-
ras. 17c e 17d).

4.6. Dimensionamento da região de concreto estrutural

O encaminhamento de car-
gas na nervura em concreto
estrutural pode ser traduzi-
do pelo esquema tridimen-
sional do modelo de bielas
e tirantes proposto (Figu-
(a) Modelo de equilíbrio para a reação vertical atuante sobre
ra 18a). Este modelo cor-
o consolo curto de concreto
responde ao caso (d) da Fi-
gura 17, em que a reação
vertical se concentra essen-
cialmente nos 0.4 m junto
ao contorno da seção
transversal na interface de
ligação, na proximidade das (b) Modelo de equilíbrio das barras protendidas e da reação
almas do caixão misto. A vertical

adoção de barras de pro- Figura 18 – Modelo de bielas e tirantes da região de


concreto da ligação híbrida monolítica.
tensão na ligação conduz ao
segundo modelo de bielas e tirantes (Figura 18b). Na região da nervura de concreto da
ligação híbrida deve ser adotada uma pormenorização de armaduras coerente com as
forças de tração dos tirantes destes modelos.

5. Conclusões

A questão fundamental no dimensionamento de uma ligação híbrida consiste na defi-


nição integrada da solução estrutural mais eficiente para transmitir os esforços entre a

159
região metálica/mista e a região de concreto. Para os casos de estudo de uma ligação
rotulada e monolítica, e com base em modelos de campos de tensões, foram propos-
tos modelos para a transmissão de um esforço cortante e um momento fletor para o
dimensionamento da ligação de um tabuleiro híbrido. O estudo realizado conduziu às
seguintes conclusões:

i. Os modelos propostos permitem entender de forma simples o caminho das car-


gas na região de ligação, constituindo, por isso, uma ferramenta essencial no seu
dimensionamento;

ii. A consideração da contribuição da resistência pós-crítica ao esforço cortante


permite um incremento de 817 kN para 1429 kN do esforço cortante resistente
da ligação;

iii. O Modelo 1B, que considera a contribuição de 10% da resistência à flexão da laje
de concreto armado, permite maiores comprimentos de ancoragem da diagonal
do modelo pós-crítico sobre o banzo superior, o que se traduz no aumento para
1596 kN do esforço cortante resistente;

iv. O Modelo 2, com um reforço de extremidade duplo, é mais eficiente que os an-
teriores, conduzindo ao aumento para 1712 kN do esforço cortante resistente da
ligação;

v. A ancoragem das barras de protensão numa ligação monolítica analisada com o


Modelo 3 aumenta a rigidez da ligação e evita a flexão local das chapas de topo
da ligação;

vi. As chapas de topo aplicadas no Modelo 3 têm uma influência relevante na distri-
buição transversal da reação vertical sobre o consolo curto de concreto; esta dis-
tribuição da reação é essencial para definir os modelos de bielas e tirantes de
dimensionamento da nervura de concreto na zona de ligação.

6. Agradecimentos

Este trabalho foi realizado com o apoio de uma bolsa de iniciação à investigação da
Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), a qual se agradece. Reconhece-se igual-

160
mente o apoio concedido pelos Engenheiros da Armando Rito, S.A. durante a realiza-
ção deste trabalho.

7. Referências bibliográficas

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